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TRÊS MULHERES QUE FALAVAM DE TRÊS LOCAIS, MAS COM UMA
CONJUNTURA: EXPERÊNCIAS DE GÊNERO E MILITÂNCIA POLÍTICA NO
BRASIL DO SÉCULO XX.1
Roger Camacho Barrero Junior
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Resumo
Três mulheres, cada uma com suas experiências, origem e classe, mas que tinham em
comum sua condição de gênero. Lélia Abramo entrou em grupos trotskistas em 1933 por
meio de seus irmãos. Luíza Erundina começou a dialogar com as ligas camponesas nos
meios acadêmicos e religiosos nos anos 1960. Por último, Irma Passoni adentrou na vida
religiosa em 1965 durante o crescimento dos debates da Teologia da Libertação, o que
tornou possível sua atuação com grupos de moradores da Zona Sul de São Paulo. Vivendo
em outra geração, as duas últimas mulheres se inseriram nos espaços de militância sem a
necessidade de uma figura masculina, o que não excluía a presença de tensões. Partindo
desses dados, refletiremos sobre a participação e a inserção de mulheres em movimentos
sociais e políticos de esquerda brasileiros no século XX.
Palavras-chave: Gênero, Militância, Trajetórias de vida, Geração, Classe
Introdução
Ao estudarmos a militância e a trajetória de três mulheres militantes, algumas
questões devem ser pontuadas logo de início. Primeiramente, sua origem. Lélia Abramo
nasceu em São Paulo em 1911, sua família provinha da Itália e possuía parentes com
1 Este texto é uma versão resumida de uma das seções (Eu, nós e elas: Memórias e identidades na gênese
das militâncias) do segundo capítulo de minha tese de doutorado, ainda em construção, sob orientação do
professor doutor Benito Bisso Schmidt, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A pesquisa
começou no ano de 2017 e estuda a trajetória das três mulheres aqui citadas. Bolsista CAPES.
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histórico de militância política. Próximos de círculos empresariais, políticos e
intelectuais, ela pôde ter contato com leituras e pessoas que circulavam nesses espaços, e
por meio de seus irmãos, adentrou e se inseriu nesses espaços. Luíza Erundina de Sousa
nasceu em Uiraúna-PB em 1934, sua família tinha uma condição econômica diferente da
primeira militante, eram trabalhadores que em alguns momentos migraram devido à seca
e exerciam trabalhos no campo e na cidade. Com o auxílio de parentes, conseguiu concluir
o ensino básico e entrar no curso de Serviço Social da UFPB, no qual se aproximou dos
meios intelectuais e religiosos, vindo a atuar com mais proximidade de movimentos por
moradia. Nessa conjuntura, Luíza foi ameaçada e decidiu ir para São Paulo onde, como
funcionária pública, conseguiu se aproximar de moradores das periferias paulistanas.
Irma Rosseto Passoni nasceu em Concórdia-SC em 1943, sua família era de comerciantes
descendentes de italianos que se instalaram na região. Ela partiu para São Paulo em 1959,
a fim de estudar em um colégio interno, onde trabalhou com serviços básicos e ingressou
na vida religiosa com o nome de Irmã Angélica. Se desligou da ordem em 1971 e foi
morar em Vila Remo, onde se casou com Armelindo Passoni em 1976, tendo dois filhos.
Ainda, devemos atentar para conceitos que norteiam nossas análises e a nossa
pesquisa. Inicialmente, partimos das noções de projeto, campo de possibilidades e
metamorfose do antropólogo Gilberto Velho (1999, p. 40). De acordo com o autor, projeto
seriam as atitudes realizadas pelos indivíduos para alcançar certos fins; o campo de
possibilidades seria a conjuntura social, cultural, política e econômica na qual o indivíduo
estaria inserido; já a metamorfose ocorreria quando o sujeito entra em contato com o
campo de possibilidades e com outros projetos, coletivos ou individuais,
metamorfoseando os seus e moldando-os àquilo que lhes for possível de se fazer.
Também, o conceito de enquadramento da memória de Michael Pollak (1989, p. 9 – 10)
nos é interessante. Para o autor, a memória seria delimitada e moldada de acordo com
anseios coletivos e individuais, visando dar um sentido narrativo a tais lembranças. Nesse
processo, seria construída uma imagem específica sobre períodos, grupos ou pessoas,
reforçando traços tidos como pertinentes para tais representações e omitindo aquelas que
a contrariassem ou contradissessem.
Ainda, o conceito de experiência de Edward Palmer Thompson (1987, p. 10) é
pertinente para pensarmos nas vivências dos sujeitos históricos e como elas interferiam
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na sua atuação e na criação de imaginários e repertórios, os quais também influíam na
forma como eles criavam seus projetos e agiam dentro daquilo que lhes foi possível em
um determinado período e local. Com base nesse autor, também refletimos sobre o
conceito de classe, a partir do qual os sujeitos criariam laços e identidades com base em
suas experiências comuns, se colocando em oposição a outros grupos que eles definiam
como opostos aos seus anseios, projetos e necessidades.
Por fim, devemos lembrar do conceito de gênero. De acordo com Maria do Carmo
Godinho Delgado (2007, p. 13 – 14), as relações binárias de gênero definiam locais a
serem ocupados pelos homens (o público) e pelas mulheres (o privado). Nessa divisão, as
definições biologizantes de gênero seriam insuficientes para explicá-lo, visto que ele seria
construído culturalmente e socialmente, variando temporalmente, como nos mostra
Margareth Rago (1998, p. 92 – 93). Partindo dessas perspectivas, podemos analisar as
mudanças ocorridas nessas relações em diferentes momentos, assim como as tensões e
silenciamentos decorrentes da entrada de mulheres em espaços tidos como sendo dos
homens, como a política e a militância. Dessa maneira, podemos partir para as trajetórias
supracitadas.
Trotskista pela família? Lélia Abramo e sua militância entre 1932 e 1950.
Em 7 de outubro de 1934, na Praça da Sé, todos nós, os engajados na luta
antifascista (trotskistas, socialistas, anarquistas, stalinistas e democratas),
enfrentamos, com armas na mão ou sem elas, a organização fascista-
integralista, comandada por Plínio Salgado. Os integralistas estavam todos
fardados, bem armados, enquadrados e prontos para uma demonstração de
força, protegidos pelas instituições políticos-militares getulistas e dispostos a
tomar o poder. Nós, espalhados ao longo da praça e nas ruas adjacentes,
esperamos pacientemente que desfilassem primeiro as crianças, também
fardadas, e as mulheres integralistas. Depois disso, quando os asseclas de
Plínio iniciaram seu desfile, todos nós, a um só comando, avançamos e
começou a luta aberta. Não me lembro quanto tempo durou o tiroteio.
(ABRAMO, 1997, p. 54)
As memórias de Lélia Abramo relatadas neste trecho faziam referência a um ponto
de convergência para as narrativas de militantes que experienciaram o crescimento do
fascismo integralista no Brasil, mas também os debates em torno da formação de uma
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Frente Única Antifascista (FUA), a qual congregava a participação de sujeitos oriundos
da Liga Comunista (LC) e de outros grupos de esquerda. De acordo com Ricardo
Figueiredo Castro (2002, p. 363 – 364), havia uma série de conflitos entre o Partido
Comunista Brasileiro (PCB) e aqueles que defendiam a retórica da ação unificada,
diferente de grupos trotskistas, defensores dessa tese.
A lembrança de Lélia quanto à Batalha da Praça da Sé fora construída por meio
deste repertório de união entre os setores tidos por ela como engajados contra o fascismo,
mas auxilia a refletir também sobre outra questão: Como ela se inseriu nesses movimentos
em um período no qual as atividades políticas eram maciçamente ocupadas por homens,
dentro de uma retórica que defendia que as atividades públicas seriam masculinas,
delegando às mulheres o confinamento doméstico?
O direito ao sufrágio feminino e à candidatura de mulheres ainda era algo recente
e a presença delas em atividades políticas sofria resistências, inclusive entre as esquerdas,
no Brasil da década de 1930 (SOIHET, 2000, p. 104 – 105). O projeto de Lélia não era
entrar na política institucional, mas essa questão ajuda a refletir sobre os campos de
possibilidade de uma mulher em um período no qual seus direitos políticos ainda eram
muito frágeis. Andrea D’Atri (2008, p. 6 – 7), escreveu que o trotskismo reproduzia muito
da retórica patriarcal à sua volta, o que não era diferente, segundo a autora, em seu
momento inicial. Nesse sentido, o grupo de Lélia não estava apartado de tais perspectivas.
Em suas lembranças, ela se referia àqueles que estavam ao seu lado com um tom
masculinizante, sendo que a única menção à presença de mulheres era quanto as que
estavam na parada, das quais ela se punha como diferente. Partindo disso, Lélia omitia
sua condição de gênero para escrever que as esperaram passar para iniciar a ofensiva.
Mirian Goldenberg (1997, p. 351) escreveu que muitas mulheres acabavam adotando a
estratégia de se atribuírem características tidas como masculinas (como a oratória), a fim
de alcançar reconhecimento para poder ascender. Por outro lado, neste caso, Lélia
escrevia de um período posterior, filtrando seu olhar por meio daquilo que viveu depois.
Mesmo assim, seu relato também era construído por meio dos repertórios construídos a
partir dos discursos com os quais teve contato, o que influenciava na perspectiva utilizada
pela militante, visto que ela poderia associar aquilo que lembra ao que era dito e escrito
por seus companheiros e que ela conseguiu ter acesso.
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Quanto a isso, Lélia se inseriu em grupos liderados por seus irmãos, o que não era
por acaso. Entre aquelas que foram militantes dos anos 1930, muitas mulheres entravam
nesses grupos por meio de familiares ou maridos. Nesse processo e por meio dessas ações,
muitas eram reconhecidas como esposas, filhas ou irmãs de alguém que por ser homem,
tinha um espaço maior de atuação e chances de conseguir espaço e liderança. Ainda, uma
parcela delas conseguia inserção por meio de seus repertórios e capital culturais
(GOLDENBERG, 1997, p. 355). Talvez pela sua origem de classe, e pelas leituras que
pôde ter acesso, Lélia conseguiu algum reconhecimento dentro da LC, bem como lhe
possibilitava interagir em debates internos, diferente daquelas que construíam seus
repertórios políticos após entrarem nesses grupos, como mostra Goldenberg (1997, p.
355). Mesmo assim, ela possuía um reconhecimento familiar herdado de seus irmãos, de
seu pai e avô, o que lhe abria a possibilidade de circular em espaços ocupados por grupos
políticos de esquerda, sejam eles trotskistas ou vinculados a outras vertentes.
Mesmo com o auxílio familiar, que ainda fomentou o contato dela com militantes
como Mário Pedrosa e com leituras e discussões internas, tensões referentes às mulheres
não deixavam de se fazer presentes. Lélia se inseriu na LC também pela possibilidade que
teve de trabalhar fora de casa e por meio disso aderir ao Sindicato dos Comerciários,
espaço no qual os trotskistas da Liga Comunista tinham força política. Entre as pautas da
instituição de classe, na qual Lélia estava presente, se defendia a: “Abolição do regime
de exploração a que estão sujeitas todas as mulheres que trabalham no comercio,
ganhando salários de fome, apezar (sic) da sua capacidade de trabalho, algumas vezes
superior a dos homens” (SINDICATO, 1934).
Apesar de tocar em uma questão de classe referente às mulheres, os produtores do
panfleto partilhavam de uma perspectiva masculina das atividades políticas. Nesse
sentido, defendiam que as pautas relativas a elas seriam tuteladas pelos companheiros de
classe. Lélia atuou no sindicato em meio a esse imaginário. Outro ponto interessante, é
que nas suas lembranças, ela enfocava a presença de seus irmãos e amigos, todos homens,
nas atividades da Liga (ABRAMO, 1997, p. 53 – 54). Para além de um exercício pessoal
de enquadramento da imagem de pessoas com quem tinha laços afetivos e familiares,
seria pertinente refletir sobre a centralidade masculina como talvez uma sensação daquilo
que observava no cotidiano da LC e do Sindicato dos Comerciários.
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Todavia, sua narrativa a colocava como autônoma e ativa nas atividades dos
grupos nos quais esteve presente. Ao narrar sua passagem pela Itália no período fascista,
Lélia ressaltava sua oposição ao regime e a sua relação conflituosa com a repressão
(ABRAMO, 1997, p. 77; p. 90 – 91). Essa postura consigo mesma não era absolutamente
subjetiva, mas vinha daquilo que ela conseguiu refletir posteriormente a partir do que viu,
ouviu ou sentiu em meio a seus amigos, familiares e companheiros de militância. Assim,
pensando em tudo que fora refletido sobre as experiências de Lélia, podemos pontuar
algumas questões. Ela atuara nas esquerdas daquela época como outras mulheres, como
Laura Brandão, a qual, assim como outras, partiu da oportunidade de trabalhar fora como
uma maneira de romper barreiras e assim poder construir uma perspectiva externa às
opressões de gênero (SCHMIDT, 1998, p. 1459). No caso de Lélia, ela não partiu do
magistério e da docência, como a militante citada e outras, mas de um posto no qual as
mulheres também predominavam, o secretariado, emprego que também foi possível pelos
contatos familiares construídos por seus pais e seus irmãos.
Assistente Social por ser nordestina? Luíza Erundina e sua militância entre
1966 e 1978.
Eu, como assistente social, tinha vínculo com comunidades urbanas pobres e
com comunidades rurais pelo trabalho de Igreja que eu fazia. Era a época do
José Maria Pires, o dom Pelé, que também era uma pessoa muito engajada,
muito comprometida. E isso era visto como algo subversivo.
E dom Pelé era, nessa época, o quê?
Era o arcebispo da Paraíba.
E era uma pessoa super engajada, não?
Era. Ele chegou na Paraíba em 1966. Foi o patrono da minha e de muitas
turmas da universidade. E fui a paraninfa das turmas, na época em que ele foi
o patrono das turmas gerais da universidade (SOUSA, 2002, p. 15).
Luíza enquadrava o período e sua atuação em João Pessoa por meio da imagem
do arcebispo da Paraíba, Dom José Maria Pires, chamado de Dom Pelé por ser negro
(PEREIRA, 2012, p. 59). Percebendo-se próxima de setores da Igreja, ela entendia que
essa relação auxiliou em seu trabalho com grupos populares. Isso também ocorria com
Dom Helder Câmara, por meio de quem ela enfatizava sua proximidade com sujeitos que
tiveram atuação expressiva em setores políticos. Porém, analisando de forma mais ampla
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seus discursos, em falas de 1966, os repertórios utilizados para a construção deles partiam
da noção do ser humano como um todo harmonioso e para quem os religiosos deveriam
se focar (PAULO VI, 1965), como podemos ler:
Como verdadeiro apóstolo, não hesitou em deixar tudo, até mesmo aquela
outra parcela do rebanho que a Providência lhe confiara e que, certamente, lhe
era muito querida, para vir para o Nordeste, consciente de que, no encontro
com o Sumo Pastor, haverá um só rebanho. Aqui fez-se um conosco: tornou-
se nordestino entre os nordestinos, paraibano entre os paraibanos. (...) O
juramento que faremos logo mais será um compromisso assumido diante de
Deus no sentido de colocarmo-nos a serviço do homem. (...) A definição
simplista de que o homem é um ser composto de corpo e alma implica, na
verdade, uma tal profundidade de conceitos que chega a constituir verdadeiro
desafio à nossa inteligência e incentivo à nossa curiosidade face ao mistério
que é o ser humano. Essa realidade espiritual-corporal constitui um dos
mistérios mais insondáveis. Nele se esboçam sempre novos aspectos, cada vez
mais profundos e complexos, mas perfeitamente unificados, formando um todo
harmonioso e irredutível. (SOUSA, 1966 apud SOUSA, 1991, p. 19 – 20)
A proximidade de Luíza e colegas com o Arcebispo remetia à uma rede de
relações construída naqueles anos. De acordo com Vanderlan Paulo de Oliveira Pereira
(2012, p. 80 – 81), a chegada do religioso mineiro à João Pessoa foi bem recepcionada
por setores tanto militantes, quanto das camadas médias da cidade. A expectativa com o
arcebispo aparecia, de acordo com o autor, nos jornais, falas e faixas, tanto de religiosos,
quanto aqueles que não eram. Tal visão ocorria devido à proximidade de Dom José com
as resoluções do Concílio Vaticano II, além de sua proposta de intervenção com as
camadas populares da sociedade e com as juventudes, o que atraía a atenção de estudantes
e militantes. Ainda de acordo com Pereira (2012, p. 91), o arcebispo pautou sua atuação
social na aproximação com setores estudantis, o que auxiliava na criação de laços dos
formandos de 1966 com ele.
Essa proposta de atuação mais estreita de moradores de bairros das periferias
também ocorria em outras regiões geridas por religiosos de alas progressistas da Igreja de
outras capitais brasileiras. Nesse processo, estudantes de serviço social se aproximavam
de trabalhos realizados por essas pessoas e construíam relações de militância ou mesmo
de amizade. Luíza já possuía e formou mais contatos com religiosos como Irmã Porto e
o arcebispo supracitado, fator auxiliado por tais ações.
Em um dos trabalhos organizados pela Igreja paraibana, no bairro do Cordão
Encarnado, de João Pessoa, militantes como Luíza estreitaram laços com clérigos e com
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o próprio Dom José, e a partir disso puderam se inserir no meio de movimentos por
moradia e pela posse da terra (PEREIRA, 2012, p. 118). Chegando em São Paulo em
1971, ela definiu, em sua autobiografia, a sua atuação na nova moradia como um
“compromisso com o povo nordestino” (SOUSA, 1991, p. 55), podendo se ver como
diferente da população local por meio de questões socioculturais, perpassadas muitas
vezes pela discriminação. Mesmo assim, tensões de gênero se faziam presentes em sua
trajetória, como na de outras mulheres. Quando foi escolhida para discursar em 1966 na
formatura das turmas da UFPB, evento citado anteriormente, um jornal de João Pessoa
tratava do impacto de terem-na escolhido:
Os vencidos foram dois elementos do sexo masculino que nessa prova foram
suplantados pela inteligência e agilidade mental característica das mulheres
bem dotadas mentalmente. Não se queira ver nessa história da jovem bacharela
uma prova a mais da superioridade feminina, porque a competição foi posta
nesse pé (...). Os competidores da Dra. Luiza foram homens traquejados nas
pugnas oratórias, mas faltou-lhes o sentido da profundidade dos temas
abordados e por isso perderam a vez de interpretar os sentimentos e o
pensamento de uma turma de diplomandos. (O NORTE, 1966 apud SOUSA,
1991, p. 16 - 17)
Originária de um período posterior de Lélia, Luíza iniciou sua militância em um
período no qual uma mulher tinha um campo maior de atuação dentro de grupos políticos
(GOLDENBERG, 1997, p. 358). Grupos próximos da Igreja também auxiliavam em seu
projeto de inserção e mobilização política, lembrando que possuíam presença expressiva
de mulheres (MONTEIRO, 2017, p. 58 – 59). Os cursos de Serviço Social brasileiros
também tinham uma parcela considerável de mulheres como estudantes e professoras
(ABRAMIDES e CABRAL, 1995). Tais questões ajudaram Luíza a circular em palestras
e eventos acadêmicos e neles se expor. Mesmo assim, tensões referentes à sua condição
de gênero existiam. Se colocando como, naquela conjuntura, resistente à lógica social que
desprezava o trabalho de mulheres, ela apresentou em sua autobiografia o trecho de jornal
acima. Nesse caso, sua ideia era mostrar que, sendo mulher naquele período, ela podia
exercer atividades tidas como masculinas, como a oratória, enquadrando-se como alguém
que conseguiu concretizar seus projetos devido a tal atributo, em um exercício em partes
semelhante ao de Lélia. Por outro lado, o trecho exposto ajuda também a refletir sobre o
impacto quanto ao fato de uma mulher vencer homens na escolha para oradora e as
barreiras pelas quais poderia passar.
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Luíza, como mulher, não utilizou de capital familiar para se inserir politicamente,
como ocorreu com uma parcela das militantes que partiu da militância de seus pais,
maridos e irmãos para entrar na política institucional (PINTO e SILVEIRA, 2018, p. 194
– 195). Diferente de Lélia, ela não possuía familiares militantes, porém também utilizou
de seu capital cultural para adentrar em projetos sociais e políticos com a parceria da
Igreja. Assim como outras mulheres, a aproximação com as bases e a autonomia relativa
propiciada pela orientação de setores religiosos, abria o campo de possibilidades para
outras delas se inserirem nesses espaços, a fim de efetivar projetos pessoais e coletivos.
Na sua chegada à São Paulo, em um período de crescimento da participação delas nos
espaços de trabalho e militância (SOUZA-LOBO, 2011), partiu dessa bagagem para se
aproximar de grupos de moradores da periferia paulistana. Assim, adequando seus
anseios à conjuntura na qual estava, se tornou assistente social da prefeitura e atuou de
dentro do Estado para se mobilizar. Nesse novo campo de possibilidades, ainda construiu
uma relação de classe com o funcionalismo público municipal paulistano, estabelecendo
outras relações. Enquanto nordestina no Sudeste, ainda teve a possibilidade de se
aproximar da população desses bairros, em sua maioria migrantes da mesma região que
Luíza (FONTES, 2009; MONTEIRO, 2017, p. 65 – 66), tendo muitas e muitos partido
por motivos de trabalho e sobrevivência e não por perseguição, como ela.
Moradora da periferia pela militância? Irma Passoni e o Movimento do
Custo de Vida entre 1971 e 1979
Em 1971, eu me desliguei da Congregação. A Congregação se dedicava à
educação formal em escolas particulares; nós (quatro religiosas) resolvemos
adotar uma visão da educação popular, social e fazíamos a pastoral nas
comunidades de base, catequese, Clubes de Mães, Pastoral Operária.
Atuávamos num bairro chamado Jardim Santa Margarida, Paróquia de Vila
Remo. (...) A pedido do monsenhor Ângelo Gianola, vigário episcopal da
região sul da cidade de São Paulo, e da comunidade de Santa Margarida, eu e
Geraldo Magela, com apoio da equipe do monsenhor Ângelo, começamos a
organizar as comunidades de base a partir de cursos chamados Missão
Conciliar. Eram encontros comunitários de vários dias em que estudávamos
trechos bíblicos como os de Abraão, Moisés, Judite, Ester, os profetas, o Novo
Testamento – especialmente os Atos dos Apóstolos – documentos do Concílio
Vaticano II, entre outros. Comparávamos com a realidade que vivíamos (...).
Perguntávamos o que era salvação para nós naquele momento. (PASSONI,
2006, p. 314)
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Irma partia, assim como Luíza, de seus repertórios religiosos e acadêmicos para
construir sua narrativa acerca do período em que iniciou sua militância junto de
moradores da periferia. Ela iniciou seu trabalho no bairro em 1968, ainda como freira e
chamada Irmã Angélica. Em 1971 deixou o hábito e voltou a ser Irma Rosseto. Essa
perspectiva sobre o começo dos trabalhos ainda aparece no relato de outras militantes do
bairro. Numa entrevista dada por sua vizinha, Ana Dias (1979, p. 10), ao jornal da
Arquidiocese, a moradora e militante partia de uma noção e consciência de classe acerca
das atividades geridas pelas religiosas e donas de casa de Via Remo. Mas a visão dela não
era exclusiva, visto que outras também partilhavam dessas experiências. No momento em
que a matéria do jornal foi construída, setores populares da sociedade construíam
identidades baseadas no discurso da autonomia de atuação e mobilização e da dignidade
moral que suas reivindicações possuíam, questões advindas também das retóricas do
chamado Novo Sindicalismo (RODRIGUES, 1997, 18 – 19). Também, esses movimentos
tinham resistência à interferência de pessoas que vinham de fora, as quais eram associadas
às elites por tais sujeitos (OLIVEIRA, 2011, p. 85). No caso aqui analisado, essas pessoas
também não se sentiam contempladas pelas propostas das mulheres do Rotary Club e
pretendiam se mobilizar partindo da opressão que sofriam pela falta de estrutura nos seus
locais de moradia (MONTEIRO, 2017, p. 26).
Ambas atuavam no Movimento do Custo de Vida, surgido em 1973 por meio da
atuação de mães e donas de casa da periferia sul de São Paulo. Tal grupo se mobilizou a
partir do descontentamento gerado pela opressão sofrida pela alta do custo de vida nas
capitais brasileiras desde a década de 1960, a qual se associava ao arrocho salarial e a
falta de estrutura nas regiões onde moravam (MONTEIRO, 2017, p. 26). Assim, com o
apoio da Igreja, produziram abaixo-assinados destinados ao governo. Ainda escreveram
um conjunto de Cartas às Autoridades no decorrer da década de 1970, as quais possuíam
Irma Passoni entre seus signatários (MCC, 1979, p. 3).
Assim como no caso de Luíza, a mudança de orientação da Igreja em cidades e
capitais brasileiras e latino-americanas abria um campo de possibilidades para a
ampliação de trabalhos sociais e de militância de intelectuais ligados à Igreja e religiosos
junto a grupos e movimentos populares. O arcebispado de São Paulo era gerido por Dom
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Agnelo Rossi, próximo de uma perspectiva mais conservadora da Igreja. A arquidiocese
era dividida, em sua gestão, em áreas sob a atuação de bispos auxiliares e, em 1966, ele
nomeou Dom Ângelo Gianola para a região sul, que englobava Vila Remo e o Instituto
Beatíssima Virgem Maria, onde Irmã Angélica trabalhava. Próximo de uma vertente mais
progressista, o bispo auxiliar promoveu trabalhos conjuntos da Igreja com as chamadas
periferias (MONTEIRO, 2017, p. 60). Tais ações possibilitaram que religiosas e
religiosos conseguissem se aproximar de trabalhadores e movimentos sociais, dentre os
quais Irmã Angélica. Com essas pessoas, e por meio dos repertórios construídos no
período, ela pôde sair do internato e trabalhar em Vila Remo, o que se intensificou após
a entrada de Dom Paulo Evaristo Arns na arquidiocese de São Paulo, em 1970, ampliando
projetos de militância na Zona Sul e agora nas demais regiões episcopais sob sua gestão.
As experiências de gênero também auxiliavam na formação de uma solidariedade
entre mulheres de Vila Remo. Irma (2016; 2018) em certos momentos falava dos grupos
de moradores no feminino. Esse imaginário foi analisado por Thiago Nunes Monteiro
(2017, p. 44) que atentou para uma retórica popular que definia a mulher como quem
sentiria a alta do custo de vida e dos problemas do bairro por circular nos mercados e nas
proximidades de sua casa. Essas ideias também apareciam nos textos do MCV. Em um
deles, que tinha a participação de Irma em sua escrita, havia um diálogo no qual uma
mulher conversa com seu marido sobre a relação entre quantidade e valor da alimentação.
Ele se chamava Nós também fazemos política. Encontro sobre: A participação política
da mulher (MCV, 1979).
No final do documento, Irma também aparecia como responsável pelas inscrições
para o debate. Em outro momento, já eleita deputada estadual, ela produziu um discurso
junto das lideranças do bairro e leu na Plenária da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Apropriando-se dessas premissas, mas também partindo de suas experiências quanto aos
problemas referentes ao gênero, notava em sua fala que “as mulheres” estavam tomando
os espaços de militância “nos sindicatos ou se organizando em clubes de mães e
associações de donas de casa” (PASSONI, 1979).
Tal associação se dava também pela maioria maciça delas nas discussões (MCV,
1977). Talvez essa característica dos grupos auxiliou Irma, enquanto mulher, a se tornar
uma liderança no MCV, o que não seria possível, naquela conjuntura, em espaços com
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presença maciça de homens. Assim, sua experiência e seus repertórios acadêmicos e
religiosos abriram-lhe caminho para atuar no Movimento do Custo de Vida auxiliando na
catequese e nos grupos de alfabetização, mas também no treinamento de seus militantes.
Seu nome ainda aparecia entre as responsáveis pela formação de trabalhadoras nos
debates e na organização de dinâmicas (COORDENAÇÃO, 1976 – 1978).
Todavia, Irma (como Ana Dias, que era casada com o sindicalista Santo Dias) era
esposa desde 1976 do também militante Armelindo Passoni, e trabalhava fora de casa, o
que auxiliava em seus projetos políticos, diferente de outras mulheres que sofriam
resistência por parte de seus maridos e por trabalharem em casa, dependiam
financeiramente de seus companheiros, dificultando sua atuação fora de seu domicílio.
Identificada com outras moradoras por meio dos problemas do bairro, das opressões de
gênero ou do repertório religioso, Irma olhava para essas experiências enfocada no auge
dos movimentos dos quais participou na década de 1970. Nesse ponto, ela se distanciava
de uma parte de suas vizinhas e companheiras de militância por ser oriunda das classes
médias e ter concluído o ensino superior em Pedagogia. Mesmo assim, vivenciou os
problemas de Vila Remo e, sendo casada e mãe, ela se identificava com outras mulheres
pela maternidade e moradia em um bairro periférico de uma capital.
Considerações Finais.
Três mulheres, duas gerações e uma mesma condição de gênero. Lélia nasceu
antes de Luíza e Irma, quando ela iniciou sua militância, ambas ainda não eram nascidas,
em um momento no qual os direitos e a militância política de mulheres ainda eram algo
reduzido. Nesse processo, a atuação política de membros da família Abramo e sua
condição de classe possibilitaram a ela se inserir em espaços de debate e mobilização.
Todavia, o fato de conseguir emprego fora de casa ainda lhe auxiliou em seus projetos
relativos à militância, como ocorria com outras mulheres que se inseriam por meio da
possibilidade de sair de casa (SCHMIDT, 1998, p. 1459).
Luíza iniciou sua atividade política no meio acadêmico, visto que seu curso de
Serviço Social e os debates do meio estudantil da década de 1960 lhe aproximaram do
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movimento estudantil em seu período de graduanda. Próxima dos debates em torno do
Concílio Vaticano II devido à presença de religiosos dentro e fora da Universidade e dos
projetos sociais construídos em conjunto (PEREIRA, 2012, p. 124 – 125), ela conseguiu
se aproximar de trabalhadores do campo e da cidade e atuar com mais proximidade de
tais sujeitos. Em São Paulo, seus repertórios e sua formação acadêmica lhe possibilitaram
trabalhar como funcionária pública junto dos moradores de favelas da periferia paulistana.
Irma começou seus trabalhos nesse mesmo período, porém já morava na cidade.
Por se inserir em um movimento com presença expressiva de mulheres e em um período
de crescimento da participação delas nos espaços de trabalho e militância (SOUZA-
LOBO, 2011), teve a possibilidade de se tornar liderança. Ela também adentrou por meio
das atividades da Igreja, porém como religiosa e não como leiga, como ocorrera com
Luíza. Casou-se em 1976, quando já possuía seu trabalho consolidado junto aos
moradores de Vila Remo, os quais inclusive lhe aproximaram do também militante e
acadêmico Armelindo Passoni. Nesse período, apesar das tensões e dos silenciamentos
sofridos por mulheres nos espaços políticos, pôde, assim como Luíza, se inserir nos meios
políticos e nos movimentos sociais sem a interferência de um familiar homem.
Mirian Goldenberg (1997) escreveu que ao analisar as memórias de militantes das
gerações de 1930 e de 1970 pôde notar como as diferenças em suas estratégias de inserção
apareciam em suas lembranças. Para a autora, aquelas que militaram antes do final do
Estado Novo experienciaram um momento no qual a imagem masculina era um meio para
adentrar nos espaços de militância. Nessa perspectiva, muitas delas negavam atributos de
gênero delegados às mulheres e se colocavam como portadoras de traços tidos como
masculinos, como a liderança e a oratória. Já aquelas que atuaram nos anos 1970
atentavam para o crescimento da presença de mulheres nos espaços de militância e
trabalho, podendo se afirmar como mães, donas de casa e outras definições associadas à
feminilidade. Mesmo assim, não podemos esquecer que aquelas que vieram depois
também passaram por repressões devido ao fato de serem mulheres e que em alguns
momentos poderiam também se colocar como distantes desses problemas, atribuído a si
traços tidos como masculinos, entendendo-os como responsáveis pelo sucesso de suas
inserções.
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Nesse sentido, vemos que o momento no qual Lélia entrou na militância política
fora o do crescimento dos grupos que formaram a ANL em 1935 (CASTRO, 2002). A
presença feminina nesses espaços, e nesse período, era muito menor que a de homens. Já
Luíza e Irma se inseriram no momento no qual os debates em torno da Teologia da
Libertação cresciam no Brasil e na América Latina. Pregando a autonomia das bases e a
proximidade com esses sujeitos, os religiosos próximos dessa perspectiva davam mais
liberdade de debate entre seus participantes, muitos dos quais eram mulheres.
Se atentarmos para cada uma delas, veremos que se distanciam de seus pares, mas
também se aproximam. Lélia tinha repertórios culturais e políticos antes de entrar nos
grupos trotskistas dos quais participou, mesmo assim compartilhava de muitas das noções
e dos discursos de seus companheiros de militância. Luíza era nordestina como muitos
dos trabalhadores com os quais trabalhava em São Paulo, mas se distanciava deles devido
à possibilidade que teve de se inserir nas universidades. Ao mesmo tempo diferia de
muitos professores universitários por sua origem de classe. Mesmo assim,
compartilhavam de repertórios e identidades comuns, tanto no que tange a origem, com
relação aos moradores da periferia, quanto a leituras e debates, no que se refere aos
professores e intelectuais com quem teve contato. Irma morava em Vila Remo, mas era
nascida no Sul, em um espaço no qual a maioria dos moradores eram migrantes de outras
regiões. Também se distanciava deles no que tange a sua formação acadêmica e origem
de classe, mas experienciou muitos dos problemas presentes no bairro, compartilhando
de seus imaginários e identidades.
Fontes
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julho de 2016.
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