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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBACENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICACURSO DE LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA
PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA
ANA LUCIA ALVES DOS SANTOS
KIT DIDATICO INCLUSIVO: GEOMETRIA MOLECULAR
Campina Grande - PB
2014
Ana Lúcia Alves dos Santos
KIT DIDATICO INCLUSIVO: GEOMETRIA MOLECULAR
Projeto de pesquisa apresentado como requisito
indispensável à integralização do componente
curricular Pesquisa em Ensino de Química.
Orientador: Givanildo Gonçalves de FariasPROFESSOR DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA
Campina Grande - PB
2014
AGRADECIMENTOS
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta
pesquisa.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 09
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................15
2.1 REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE INCLUSÃO.......................................16
2.2 FUNDAMENTOS DO ENSINO INCLUSIVO.................................................... 19
2.3 UM KIT DIDÁTICO PARA GEOMETRIA MOLECULAR.................................... 22
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 25
3.1TIPOS DE PESQUISA E ABORDAGEM METODOLÓGICA.............................. 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA...........................................................................33
1 INTRODUÇÃO
A educação é a ferramenta básica para a inserção de qualquer pessoa em
seu meio social, ela transmite a cultura, constrói o cidadão, amplia conhecimentos
visando à construção de um mundo melhor para todos. A Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional 9394, em 1996, assegurou que a criança deficiente física,
sensorial e mental, pode e deve estudar em classes comuns. Dispõe em seu art. 58,
que a educação escolar deve situar-se na rede regular de ensino e determina a
existência, quando necessário, de serviços de apoio especializado. Preveem
também recursos como classes, escolas ou serviços especializados quando não for
possível a integração nas classes comuns. O art. 59 contempla a adequada
organização do trabalho pedagógico que os sistemas de ensino devem assegurar a
fim de atender as necessidades específicas, assim como professores preparados
para o atendimento especializado ou para o ensino regular, capacitados para
integrar os educando portadores de necessidades especiais nas classes comuns.
Nesta perspectiva inclusa da educação, torna se imprescindível que nossa escola
esteja pronta e preparada para lidar, no seu interior, com as diferenças se pensando
nisso e como integrar o ensino da geometria molecular no ensino regular para
pessoas portadoras de necessidades especiais e em especial ao portado de
necessidade visual através de um kit pedagógico para ser utilizado com instrumento
mediador de ensino atendendo a necessidade do aluno.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE INCLUSÃO
Entende-se por educação especial a educação dirigida aos portadores de
necessidades especiais mental, auditiva, visual, física múltipla e portadores de altas
habilidades. A deficiência refere-se á perda, anormalidade de estrutura ou função de
toda a alteração do corpo ou da aparência física, de um órgão ou de uma função,
qualquer que seja a sua causa. A incapacidade refere-se à restrição de atividades
em decorrência das consequências de uma deficiência em termos de desempenho e
atividade funcional do individuo e que representam as perturbações ao nível da
própria pessoa. “Desvantagens referem-se á condição social de prejuízo que o
individuo experimenta devido a sua deficiência e incapacidade, as desvantagens
refletem a adaptação do individuo e a interação dele com seu meio”. (AMARAL;
AQUINO, 1998, p. 24-25).
No contexto da inclusão educacional de crianças com necessidades especiais
é fundamental que a criança seja vista como criança, não lhe negando sua diferença
ou característica orgânica, mas nunca se deve supervalorizar esse fator e resumir
uma ação a uma única característica, principalmente aquele que deprecia uma
pessoa ao diferenciá-la diante das demais. “Na escola inclusiva professores e alunos
aprendem uma lição que a vida dificilmente ensina: respeitar as diferenças, esse é o
primeiro passo para construir uma sociedade mais justa”. (MANTOAN, 2005, p. 24-
26). A autora Maria Teresa Eglér Mantoan, é uma das maiores defensoras da
educação inclusiva no Brasil, e crítica convicta das chamadas escolas especiais, a
mesma ressalta na entrevista as grandes lições para professores e alunos, onde a
tolerância, respeito e solidariedade são atitudes importantes na busca de uma
sociedade mais justa, em que todas as pessoas realmente serão iguais perante a lei.
A escola inclusiva deveria ser chamada de escola para todos, pois esta sim
está aberta totalmente para que qualquer pessoa possa ter uma educação digna,
sem ser necessário estudar em uma “escola especial”, uma escola que abrigue as
diferenças e se enriqueça com elas, portanto, a inclusão deve ser defendida e
investida.
A Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional 9394/96 (LDB) e o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), afirma que é incumbência dos docentes zelar
pela aprendizagem do aluno com necessidades especiais na modalidade de
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino.
Entretanto, promover a inclusão apesar de ser um dever das escolas expresso em
lei está bem longe de alcançar o objetivo maior que é garantir a todas as crianças
portadoras de alguma deficiência uma escola acolhedora, de qualidade que supra
suas necessidades, pois a estrutura de ensino esta montada para receber um aluno
ideal, com suportes padrões de desenvolvimento emocional e cognitivo. E incluir as
crianças da educação infantil, garantindo-lhes o direito a educação, demanda
romper paradigmas educacionais vigentes na maioria de nossas escolas.
A educação inclusiva é uma tendência internacional deste final de século. É
considerada escola inclusiva aquela que abre espaço para todas as crianças,
abrangendo aquelas com necessidades especiais.
O principal desafio da escola inclusiva é desenvolver uma pedagogia
centrada na criança capaz de educar a todas, sem discriminação respeitando suas
diferenças, uma escola que dê conta da diversidade das crianças e ofereça
respostas adequadas, a suas características e necessidades solicitando apoio de
instituições e especialistas quando isso se fizer necessário. É uma meta a ser
alcançada por todos aqueles comprometidos com o fortalecimento de uma
sociedade democrática, justa e solidária.
Um requisito para que a inclusão educacional ocorra de forma satisfatória, é o
professor ser criativo, buscar cada vez mais conhecimentos, ampliando seu
repertório de ações e recursos para satisfazer as diferentes necessidades que
advém da diversidade de pessoas inseridas numa sala de aula, porque nem sempre
é possível atender as especificidades inerentes a cada aluno seja ele com ou sem
deficiência. Afinal, um professor predisposto à docência não consegue se acomodar
com as coisas prontas e resolvidas, ele se incomoda diante de um desafio, de algo
que exige dele um maior empenho e compromisso. E diante da inclusão educacional
de crianças com necessidades especiais é essencial que o professor busque inovar-
se, adquirir sempre mais conhecimento, pois todo o conhecimento que viermos a
adquirir no dia a dia no contexto da educação inclusiva em sala de aula no
atendimento a essas crianças será sempre pouco, porque todo o dia estará nos
reciclando.
O processo de ensino-aprendizagem de educando com ou sem deficiência
ocorre num processo de respeito, diálogo e trocas de vivências, pois se o educador
conseguir propiciar a seu educando um ambiente saudável, estimulante e facilitador
da aprendizagem, não haverá no ambiente escolar deficiências nem diferenças, mas
haverá uma prática pedagógica diferenciada.
Por isto é importante a formação do professor, na capacitação continuada
para que se tenha um suporte necessário para modificar práticas retrógadas e
reconstruir o ato de ensinar e aprender.
“A socialização da criança não só ativa e exercita suas funções psicológicas,
como é a fonte do surgimento de uma conduta determinada historicamente (...). A
relação social é a fonte do desenvolvimento dessas funções, particularmente na
criança deficiente mental” (Vygotsky, 1989, p.109).
De acordo com Vygotsky é possível entender que as limitadas oportunidades
de interação do portador de deficiência, em seu contexto social, interferem no
desenvolvimento das funções mentais superiores. A sua exclusão do meio social lhe
traz complicações secundárias na forma de um desenvolvimento social insuficiente,
com considerável prejuízo na aprendizagem e, consequentemente, no
desenvolvimento. Por isso, a escola, espaço interativo por excelência, tem um
importante papel no desenvolvimento, oportunizando a integração social,
impulsionando a aprendizagem, criando zonas de desenvolvimento proximal,
propiciando as compensações ás deficiências.
“A aprendizagem da linguagem é a condição mais importante para o
desenvolvimento mental, porque, naturalmente, o conteúdo da experiência histórico-
social, não está consolidado somente nas coisas materiais; está generalizado e
reflete-se de forma verbal na linguagem” (Vygotsky, 1989, p.114). Ou seja, levar em
consideração a produção da linguagem significa estudar o portador de deficiência
como sujeito da e na história, sujeito produtor de textos, autor da sua palavra. Nesse
sentido, o conhecimento, da educação especial é dialógico, é acontecimento, é
encontro.
2.2 FUNDAMENTOS DO ENSINO INCLUSIVO
De acordo com Susan Stainback &William Stainback Para haver a inclusão é
necessários três componentes que são:
“Há três componentes práticos interdependentes no ensino inclusivo. O
primeiro deles é a rede de apoio, o componente organizacional, que envolve a
coordenação de equipes de indivíduos que apoiam uns aos outros através de
conexões formais e informais (Stainback& Stainback, 1990ª, 1990b,1990c; villa&
Thousand.1990). Stone e collicott (1994) descreveram um sistema bem-sucedido
de uma rede de três camadas: grupos de serviços baseados na escola, grupo de
serviços baseados no distrito e parcerias com as agencias comunitárias. Todos
esses grupos funcionam em uma base de apoio mutuo para capacitar o pessoal e
os alunos. O segundo componente é a consulta cooperativa e o trabalho em
equipe, o componente do procedimento , que envolve indivíduos de varias
especialidades trabalhando juntos para planejar e implementar programas para
diferentes alunos em ambientes integrados (Harris, 1990; Poter, Wilson, Kelly &
den Otter, 1991; Pugach & johnsom, 1990; Thousand& villa,1990). O terceiro é a
aprendizagem cooperativa, o componente do ensino, que está relacionado á
criação de uma atmosfera de aprendizagem em sala de aula em que alunos com
vários interesses e habilidades podem atingir o seu potencial (Johnson & Johnson,
1986; Sapon-Shevin, 1990).”
Os benefícios dos arranjos inclusivos são múltiplos para todos os envolvidos
com as escolas – todos os alunos, professores e a sociedade em geral. A facilitação
programática e sustentadora da inclusão na organização e nos processos das
escolas e das salas de aulas é um fator decisivo no sucesso.
2.3 UM KIT DIDÁTICO PARA GEOMETRIA MOLECULAR
Tendo em vista o crescimento de métodos, estudo e meios para- se alcançar
os almejados objetivos da Educação Inclusiva, este projeto objetivou elaborar um kit
didático adjunto à escrita Braille que compreendesse o conteúdo de geometria
molecular, trabalhado na disciplina Química durante o primeiro ano do Ensino Médio,
com o intuito de promover uma melhor aprendizagem para alunos mormo visuais e
deficientes visuais.
A elaboração desse kit didático para o ensino de Química se denotou
acessível, visto que para a construção do mesmo são necessários apenas materiais
de baixo-custo e de fácil acesso. A interação entre os alunos deficientes visuais e o
professor, bem como os demais alunos, se faz de suma importância, visto que a
utilização da escrita Braille para a produção dos recursos didáticos é essencial para
parte integrante do público-alvo, o que, por conseguinte, denota um quadro de
trocas mútuas e construção de conhecimentos.
3 METODOLOGIA
3. 1 KIT DIDÁTICO INCLUSIVO: GEOMETRIA MOLECULAR
O estudo da geometria molecular é facilmente decodificado nos livros de
química em Braile, porém detectamos limitações no ensino da geometria molecular.
O ensino de química para cegos apresenta diversas dificuldades no nível de
estrutura, de recursos didáticos metodológicos adequados, pois a geometria
molecular baseia-se na forma espacial que as moléculas assumem pelo arranjo dos
átomos ligados. Assim, cada molécula apresenta uma forma geométrica
característica da natureza das ligações (iônicas ou covalentes) e dos constituintes
(como elétrons de valência e eletronegatividade). A teoria da repulsão dos pares
eletrônicos de valência (TRPEV) aponta que os pares eletrônicos (elétrons de
valência, ligantes ou não) do átomo central se comportam como nuvens eletrônicas
que se repelem e, portanto, tendem a manter a maior distância possível entre si.
Mas, como as forças de repulsão eletrônica não são suficientes para que a ligação
entre os átomos seja desfeita, essa distância é verificada no ângulo formado entre
eles.
Formas Geométricas para que se torne mais fácil à determinação da geometria
(e, estrutura) de uma molécula, devem-se seguir os seguintes passos:
1. Contagem do número total de elétrons de valência (levando em consideração
a carga, se for um íon);
2. Determinação do átomo central (geralmente, o menos eletronegativo e com o
maior número de ligações);
3. Contagem do número de elétrons de valência dos átomos ligantes;
4. Cálculo do número de elétrons não ligantes (diferença entre número total e o
número de elétrons dos átomos ligantes com a camada de valência
totalmente completa);
5. Aplicação do modelo da TRPEV.
Modelos Moleculares:
Geometria linear Geometria triangular Geometria angular
Geometria tetraédrica Geometria piramidal Geometria bipiramidal
Geometria octaédrica
Esse kit consiste em, um sistema que estamos desenvolvendo com base em
dispositivos microcontrolados o arduino e o shlied do arduino que é responsável pela
manipulação e execução do kit.
Arduino uno shlied mp3 sd e usb Arduino e shlied acoplados
O protótipo identifica através dos sensores qual figura geométrica está sendo
manipulada pelo educando, emitindo mensagens pré-gravadas automaticamente
sobre as características do objeto em estudo.
O circuito será colocado numa caixa didática onde ficarão as formas
geométricas e os bobões com seus respectivos símbolos em braile e o alto falante.
ESQUEMATIZAÇÃO DO KIT
A utilização do KIT nas aulas de QUIMICA pode vir a contribuir para a construção do conhecimento de maneira significativa, fornecendo sentido prático com a manipulação das figuras geométricas e o feedback fornecido pelo equipamento, tornando o alunado da educação especial sujeito ativo de sua aprendizagem.
O projeto está em fase de construção, a intenção é de levamos para o Instituto dos Cegos de nossa cidade. O kit didático também pode ser utilizado também para outras disciplinas, caracterizando-se como uma ferramenta tecnopedagógica pluridisciplinar!
3.2 DEFICIÊNCIAS VISUAIS: CONCEITOS
Os graus de visão abrangem um amplo espectro de possibilidades: desde a
cegueira total, até a visão perfeita, também total. A expressão ‘deficiência visual’ se
refere ao espectro que vai da cegueira até a visão subnormal.
Chama-se visão subnormal (ou baixa visão, como preferem alguns
especialistas) à alteração da capacidade funcional decorrente de fatores como
rebaixamento significativo da acuidade visual, redução importante do campo visual e
da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades.
Entre os dois extremos da capacidade visual estão situados patologias como
miopia, estrabismo, astigmatismo, ambliopia, hipermetropia, que não constituem
necessariamente deficiência visual, mas que na infância devem ser identificadas e
tratadas o mais rapidamente possível, pois podem interferir no processo de
desenvolvimento e na aprendizagem.
Uma definição simples de visão subnormal é a incapacidade de enxergar com
clareza suficiente para contar os dedos da mão a uma distância de 3 metros, à luz
do dia; em outras palavras, trata-se de uma pessoa que conserva resíduos de visão.
Até recentemente, não se levava em conta a existência de resíduos visuais; a
pessoa era tratada como se fosse cega, aprendendo a ler e escrever em braille,
movimentar-se com auxílio de bengala etc. Hoje em dia, oftalmologistas, terapeutas
e educadores trabalham no sentido de aproveitar esse potencial visual nas
atividades educacionais, na vida cotidiana e no lazer.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Ligia Assumpção; AQUINO, Julio Groppa (Org). Diferenças e
Preconceitos na escola: alternativas teóricas e praticas. São Paulo: Summus,1998.
BRASIL, ministério da educação. Secretaria de educação á distancia. Salto para o
futuro: Educação especial: Tendências atuais. Brasília, DF: Brasil em ação. 1999.
BRASIL. Lei 9394 de 24 de dezembro de 1996. Lei Diretrizes e Bases da Educação
Nacional 9394-96 Eca.
MANTOAN, Maria Tereza Égler; MARQUES, Carlos Alberto. A integração de
pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São
Paulo: Ed. SENAC, 1997.
REVISTA Pátio Educação Infantil, A diversidade como desafio, nº 9, Novembro
2005/Fevereiro2006, Editora Artmed.
REVISTA Nova Escola, São Paulo: Abril, v.20, n.182, p.24-26, maio. 2005.
STAINBACK, Susan; STAINBACK, William. Inclusão: Um guia para educadores.
São Paulo, SP:Artmed® Editora S.A.,2008.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Ed. Martins Fontes,
1989.