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BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS PELA DFC À GESTÃO

FINANCEIRA DAS EMPRESAS

ANA FLÁVIA OLIVEIRA

CUIABÁ-MT

2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

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ANA FLÁVIA OLIVEIRA

BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS PELA DFC À GESTÃO

FINANCEIRA DAS EMPRESAS

Monografia apresentada a UFMT/Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Departamento de Ciências Contábeis, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Ms. João Soares da

Costa

CUIABÁ-MT

2019

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ANA FLÁVIA OLIVEIRA

BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS PELA DFC À GESTÃO FINANCEIRA DAS

EMPRESAS

Monografia defendida e aprovada em ____/_____/_____ pela banca

examinadora constituída pelos professores:

________________________________

Prof. Ms. Jonas da Costa Cruz

Presidente

_________________________________

Prof. Ms. Ederaldo José Pereira de Lima

Membro

___________________________________

Prof.ª Dr.ª Giseli Alves Silvente

Membro

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, acima de tudo, pois foi Ele quem me sustentou em minhas

fraquezas, me deu pessoas incríveis que me compreenderam nesse período da minha

vida.

Agradeço aos meus pais que nunca mediram esforços para me proporcionar

aquilo que eles não tiveram e que em meio a tantas dificuldades se mantiveram de pé

para me ver chegar até aqui.

Agradeço ao meu irmão que uma das pessoas que me inspiram na vida e me

motiva em minhas escolhas.

Agradeço ao meu namorado que sempre esteve ao meu lado me acalmando e

apoiando no que fosse preciso.

Agradeço aos meus amigos que sempre me fazem sorrir, que me escutam e

me ajudam a ser uma pessoa melhor.

Agradeço aos meus professores e todos aqueles que contribuíram direta ou

indiretamente em minha formação.

Em especial agradeço a empresa que eu trabalho e seus gestores que me

dispensaram no período matutino por quatro anos para que eu cumprisse minha

graduação.

A todos, meu muito obrigada!

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Área de atuação do Contador ........................................................................................................ 20 Figura 2 - Esquematização dos Fluxos de Caixas ....................................................................................... 24 Figura 3 - Composição do Fluxo de Caixa ..................................................................................................... 27 Figura 4 - Classificação das transações que envolvem Caixa por Atividade ........................................... 29

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Balanço Patrimonial - Cia A ......................................................................................................... 36 Quadro 2 - Demonstração do Resultado do Exercício - Cia A ................................................................... 37 Quadro 3 - Apuração de Dividendos Distribuído........................................................................................... 37 Quadro 4 - Demonstração dos Fluxos de Caixa - Direto Cia A .................................................................. 38 Quadro 5 - Elemento adicional - Atividade Operacional .............................................................................. 39 Quadro 6 - Demonstração dos Fluxos de Caixa - Indireto Cia A ............................................................... 40

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas

APIMEC Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais

BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo

BP Balanço Patrimonial

CDB Certificado de Depósito Bancário

CFC Conselho Federal de Contabilidade

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa

DOAR Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

EIRELI Empresa Individual de Responsabilidade Limitada

FASB Financial Accounting Standards Board

FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras

IASC International Accounting Standards Committee

IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

LSA Lei das Sociedades Anônimas

LTDA Sociedade Limitada

MEI Microempreendedor Individual

NBC TG Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas Gerais

NPC Normas e Procedimentos de Contabilidade

PMEs Pequenas e Médias Empresas

QC Característica Qualitativa

RDB Recibos de Depósito Bancário

AS Sociedade Anônima

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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RESUMO

Esse trabalho monográfico se dispõe a aplicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa nos métodos Direto e Indireto levando em consideração as alterações da Lei 6.404/76. A aplicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa se dá com base nos dados fornecidos pela “Cia A”, uma empresa de atividade comercial, onde, através da análise financeira dessa aplicação conclui- se que dos benefícios que a Demonstração dos Fluxos de Caixa pode proporcionar aos gestores financeiros das empresas se destaca a visibilidade do comportamento das atividades operacionais, de investimento e de financiamento, relatando em números qual a geração ou aplicação de disponibilidades de cada uma dessas atividades, proporcionando melhor gestão, competitividade e sobrevivência empresarial. Os Princípios da Entidade, da Continuidade e da Oportunidade são abordados nessa pesquisa, o que aumenta sua relevância, visto que um dos objetivos da contabilidade é resguardar e pautar-se nos Princípios de Contabilidade, bem como, fornecer informação contábil-financeira útil para seus usuários, auxiliando-os na tomada de decisão e provendo a continuidade das atividades da empresa. Produzir informações úteis ao usuário da contabilidade é uma das funções básicas do contador e por isso o papel do contador nesse processo de elaboração e gerenciamento de dados também é evidenciado nesse trabalho, frente a importância que esse profissional tem junto aos gestores para a tomada de decisão. Palavras-chave: Contador, Demonstração dos Fluxos de Caixa, Informação Contábil,

Tomada de Decisão

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ABSTRACT

This monographic work sets forth the application of the Statement of Cash Flows in the Direct and Indirect methods taking into account the changes of Law 6404/76. The application of the Statement of Cash Flows is based on the data provided by "Cia A", a commercial activity company, where, through the financial analysis of this application, it is concluded that the benefits that the Cash Flow Statement can provide the financial managers of the companies emphasize the visibility of the behavior of the operational, investment and financing activities, reporting in numbers the generation or application of the availabilities of each one of these activities, providing better management, competitiveness and business survival. The Entity, Continuity and Opportunity Principles are addressed in this research, which increases its relevance, since one of the objectives of accounting is to safeguard and be guided by the Accounting Principles, as well as to provide useful accounting and financial information to its members. users, assisting them in decision making and providing the continuity of the company's activities. Producing useful information to the accounting user is one of the basic functions of the accountant and therefore the role of the accountant in this process of elaboration and data management is also evidenced in this work, considering the importance that this professional has with the managers for the decision making. Keywords: Accountant, Statement of Cash Flows, Accounting Information, Decision Making

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Sumário

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 10

2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................... 15

2.1. EMPRESAS ........................................................................................................................ 15

2.2. LEGISLAÇÃO E OBRIGATORIEDADE DA DFC ......................................................................... 16

2.3. USUÁRIO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL E INFORMAÇÃO CONTÁBIL-FINANCEIRA ÚTIL ........... 19

2.4. CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA ...................................................................................... 23

2.5. FLUXO DE CAIXA VERSUS DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ..................................... 26

2.5.1. FLUXOS DE CAIXA ...................................................................................................................... 26

2.5.2. DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ........................................................................................ 28

2.5.2.1. ATIVIDADES OPERACIONAIS, ATIVIDADES DE INVESTIMENTO E ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO ............. 28

2.5.2.2. MÉTODO DIRETO ....................................................................................................................... 29

2.5.2.3. MÉTODO INDIRETO .................................................................................................................... 30

2.6. QUOCIENTES DE QUALIDADE DO RESULTADO NA ANÁLISE DA DFC ...................................... 30

2.7. GESTÃO FINANCEIRA E A POSIÇÃO DO PROFISSIONAL CONTÁBIL NESSE CENÁRIO ................ 31

2.7.1. GESTÃO FINANCEIRA .................................................................................................................. 31

2.7.2. POSTURA DO CONTADOR NO CENÁRIO ATUAL ................................................................................. 31

3. METODOLOGIA .................................................................................................................... 33

4. ESTUDO DE CASO ................................................................................................................. 35

4.1. ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA DA “CIA A” PELO MÉTODO

DIRETO ....................................................................................................................................... 37

4.2. ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA DA “CIA A” PELO MÉTODO

INDIRETO ................................................................................................................................... 39

4.3. APLICAÇÃO DO QUOCIENTE DE RESULTADO ....................................................................... 40

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 42

6. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 43

ANEXO ....................................................................................................................................... 47

ANEXO A – EXEMPLOS ILUSTRATIVOS: ELABORAÇÃO DA DFC PELO MÉTODO DIRETO E INDIRETO .. 47

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1. INTRODUÇÃO

Os usuários das demonstrações contábeis de uma entidade estão

interessados em saber como a entidade gera e movimenta caixa e equivalentes

de caixa, por sua vez, a entidade precisa elaborar relatórios contábeis gerados

a partir deste fluxo e extrair desses relatórios informações para levar a efeito

suas operações, pagar suas obrigações e proporcionar um retorno para seus

investidores, para a gestão de suas atividades e fundamentalmente para as

tomadas de decisões. Ocorre que a escassez de recursos financeiros e falta de

planejamento e controle dos gestores, se tornam malefícios a “saúde”

empresarial.

Padoveze (2007, pág.29) define contabilidade como “sistema de

informações que controla o patrimônio de uma entidade”, dessa forma, a

contabilidade oferece diversas ferramentas capazes de orientar as entidades,

pautadas em relatórios contábeis, na expansão, na gestão e controle de seus

negócios.

Albuquerque (2011) em uma pesquisa aplicada a sócios e gestores

empresariais com foco na violação do Princípio da Entidade e a visão dos

gestores acerca da informação contábil, identificou que das 43 empresas

analisadas 72% violam o princípio da entidade e que 60% utilizam a

contabilidade somente para fins fiscais. No estudo a autora conclui que:

Embora possuidores de informações esclarecedoras sobre o princípio da entidade, os gestores o violam, gerando números que não representam a realidade em que a empresa se encontra, fazendo com que a geração das informações contábeis não sejam confiáveis, sendo pouco úteis para a administração empresarial. Também será de pouca utilidade para um planejamento estratégico, pois, sem informações precisas, fica mais difícil visualizar o futuro da empresa (ALBUQUERQUE, 2011, p. 52).

Onde existir necessidade de controle e informações úteis para tomadas

de decisões, ali representa um campo de atuação da contabilidade. Destaca-se

nesse contexto o profissional que alimenta o sistema de informação, por isso

deve se manter atualizado com a legislação, com a inovação usando a tecnologia

a seu favor, para gerar informação útil. A postura de um “novo profissional

contábil” mostra sua capacidade não só de produzir relatórios, mas também

fornecer informações íntegras e tempestivas voltando-se para gestão e inovação

deixando para trás o título de “guarda livros” se tornando peça fundamental nas

tomadas de decisões empresariais juntamente com os gestores.

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A gestão financeira compreende um conjunto de ações e procedimentos

administrativos que visam maximizar os resultados econômicos e financeiros,

sendo crucial para as empresas sobreviverem frente aos desafios do mundo

empresarial.

Uma importante ferramenta apresentada pela contabilidade, que auxilia

na gestão financeira é a Demonstração dos Fluxos de Caixa, pois através dela

os gestores podem avaliar a geração ou aplicação de receitas por atividade.

Para Zdanowicz (1992, p. 33)

O fluxo de caixa é o instrumento que permite demonstrar as operações financeiras que são realizadas pela empresa, facilitando a análise e decisão, de comprometer os recursos financeiros, de selecionar o uso das linhas de crédito menos onerosas, de determinar o quanto à organização dispõe de capitais próprios, bem como utilizar as disponibilidades da melhor forma possível.

Nessa linha de estudo, delimita-se esse tema às analises e perspectivas

de quais benefícios a DFC apresenta aos gestores financeiros.

A problemática dessa questão pode ser evidenciada quando os recursos

financeiros disponíveis de uma empresa passa a ser de difícil controle, quando

os sócios administradores e gestores não praticam a correta contabilidade, ou

ainda, quando utilizam os recursos da empresa para gastos pessoais, o que não

deveria acontecer, conforme dispõe o Princípio da Entidade (Resolução CFC n.º

750/93 alterada pela Resolução CFC nº. 1.282/10). O Princípio da Entidade

reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia

patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no

universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma

pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer

natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, o

Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários.

As práticas incorretas de gestão e utilização de disponibilidades

financeiras geram um cenário de malefícios à gestão empresarial e à tomada de

decisão, pois não é possível se ter uma posição correta do patrimônio da

entidade, da real posição financeira, das entradas e saídas de recursos próprios

e de terceiros, do capital de giro e sua liquidez, o que fere mais dois princípios

de contabilidade: o da Oportunidade e o da Continuidade.

De acordo com um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro

e Pequenas Empresa (2016), sobre a sobrevivência das empresas no Brasil,

feito com 2000 empresas, os principais fatores contribuintes para a

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sobrevivência/mortalidade destas instituições estão relacionados ao

planejamento do negócio, a gestão e a capacitação dos donos em gestão

empresarial. Nos resultados dos motivos alegados pelos empreendedores para

que a empresa deixasse de funcionar aparecem com 25% (vinte e cinco por

cento) e, portanto, em terceiro lugar, os grupos com os seguintes motivos:

Problemas Financeiros/ Faltas de Linhas de Crédito/ Capital de Giro e Gestão/

Problemas Administrativos e Contábeis/ Incapacidade/ Sociedade.

Em muitas empresas as informações geradas pelas demonstrações

contábeis não são levadas em consideração para a tomada de decisão, a

postura do contador nesse cenário deve ser de evidenciar os benefícios que

aquelas informações elaboradas por ele podem trazer aos gestores.

Segundo o SEBRAE (2011), em seus estudos de análise e planejamento

financeiro, com as informações do Fluxo de Caixa, o empresário pode elaborar

a Estrutura Gerencial de Resultados, a Análise de Sensibilidade, calcular a

Rentabilidade, a Lucratividade, o Ponto de Equilíbrio e o Prazo de retorno do

investimento o que o auxilia na gestão, competitividade e sobrevivência

empresarial.

Frente a percepção desse leque de possibilidades, é oportuno questionar

e investigar quais os benefícios que a DFC pode proporcionar aos gestores

financeiros das empresas quando efetivamente elaborada?

A partir da experiência profissional em uma empresa, pode-se notar que

o cenário atual é de competitividade empresarial e que as empresas precisam

de acesso à informação rápida que expresse a correta posição patrimonial e

financeira como respaldo para a tomada de decisão na gestão empresarial.

Muitas vezes os próprios empresários contribuem para que falhas aconteçam,

por exercerem práticas contrárias ao correto exercício da contabilidade, quando,

por exemplo, não mantêm o controle interno de sua empresa com fidedignidade.

A falta de informações precisas sobre os recursos próprios de uma

empresa gera prejuízos e elevam os custos, pois, sem controle de seus recursos

financeiros as empresas tendem a captar recursos de terceiros. Essa falha nos

controles, unida à excessiva captação de recursos com custos elevados

prejudicam a continuidade das empresas tendo em vista que, em épocas de

crise, o empresário necessita de informações precisas e claras para se manter

no mercado.

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A contabilidade fornece ferramentas como a Demonstração dos Fluxos de

Caixa que norteia a empresa para uma gestão eficaz e eficiente de seus recursos

disponíveis para o cumprimento de suas metas e objetivos traçados, mas

principalmente para obter informações fidedignas dos recursos existentes.

Segundo Assaf Neto (2002), o fluxo de caixa é indispensável para a

empresa, ele evidencia o rumo financeiro da mesma. Para a sobrevivência no

mercado a empresa deve liquidar corretamente suas dívidas sem se tornar

insuficiente.

“O importante é avaliar se a empresa conseguirá cobrir todos os

compromissos ou, caso contrário, como está buscando recursos para

incrementar sua insuficiência de caixa” (MARION, 2005, p. 208).

Tanto nas vivências profissionais, quanto na base literária, nota-se que a

DFC tem sua relevância para a “saúde” da empresa, pois indica quais foram as

saídas e entradas de recursos financeiros no caixa durante o período e o

resultado desse fluxo por atividade. Uma efetiva utilização desta ferramenta faz

com que a DFC não seja apenas um instrumento para a sobrevivência da

empresa, mas sim uma ferramenta potencial para um diferencial empresarial,

que resguarda os ativos, evita erros, fraudes e que auxilia na tomada de decisão,

mantendo a eficiência e a eficácia necessária para alcançar os objetivos e metas,

passando a ter competitividade no mercado em que atua.

Portanto, essa pesquisa, justifica-se não apenas como uma exigência de

conclusão do curso, mas sim como uma pesquisa científica que busca utilizar a

DFC, um importante relatório contábil, como ferramenta que contribui para uma

gestão empresarial pautada na observância dos princípios de contabilidade e,

também, evidenciar que o profissional contábil tem adotado uma nova postura

capaz de orientar os gestores no acesso à informação e no processo de tomada

de decisão.

Aprofundar-se nos estudos da DFC, buscando evidenciar os benefícios

que a aplicabilidade, a elaboração e extração de informação, da mesma,

proporcionam para os gestores financeiros das empresas, traz objetivos vitais a

este trabalho de conclusão de curso, dentre os quais estão o geral e os

específicos:

• Evidenciar quais os benefícios proporcionados pela aplicação da DFC à

gestão financeira das empresas.

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• Dissertar sobre o conceito de usuário da informação contábil e da

informação contábil-financeira útil;

• Dissertar sobre o conceito de Fluxo de Caixa e Demonstração do Fluxo

de Caixa;

• Demonstrar como se realiza a DFC, no modelo direto e indireto;

• Dissertar sobre gestão financeira e a postura do profissional contábil

nesse cenário;

• Identificar quais benefícios a DFC proporciona para os gestores e para a

gestão financeira das empresas.

• Aplicar quociente de qualidade de resultado a DFC

Usou-se como metodologia a pesquisa exploratória para o

aprofundamento do tema, a revisão literária e a pesquisa bibliográfica.

Com os dados fornecidos pela “Cia A” foi desenvolvido o estudo de caso

onde foi elaborada a DFC pelos métodos Direto e Indireto, e aplicado os

quocientes de qualidade de resultado.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. EMPRESAS

Segundo o art. 966 da Lei 10.406/2002 que institui o Código Civil

considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica

organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços e esteja

devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil

de Pessoas Jurídicas, exceto aquele que exerce profissão intelectual, de

natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou

colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Empresa é toda entidade sob forma jurídica que explora uma atividade

econômica de forma organizada, seja mercantil, industrial, agrícola ou de

prestação de serviços.

Os tipos de empresas ou sociedades empresárias que podem ser

constituídas no Brasil estão relacionadas na Lei 10.406/2002 entre seus artigos

980-A e 1039 a 1093 sendo elas: Empresa Individual de Responsabilidade

Limitada – EIRELI, Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita

Simples, Sociedade Limitada - LTDA, Sociedade Anônima – SA, Sociedade em

Comandita por Ações, Sociedade Cooperativa.

A Lei 123/2006 institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da

Empresa de Pequeno Porte que estabelece normas gerais relativas ao

tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios. Em seu art. 3º a Lei 123/2006 considera

microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a

sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o

empresário devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no

Registro Civil de Pessoas Jurídicas conforme o caso, desde que no caso da

Microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a

R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e no caso de empresa de

pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$

360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00

(quatro milhões e oitocentos mil reais).

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Independente da obrigatoriedade legal, do tipo de empresas ou

sociedades empresárias e do enquadramento em que estão inseridas, as

demonstrações financeiras, devem ser elaboradas, através de dados íntegros da

posição patrimonial e utilizadas como um auxílio à gestão financeira empresarial,

com o objetivo de estruturar e obter informações úteis no momento da tomada

de decisão.

2.2. LEGISLAÇÃO E OBRIGATORIEDADE DA DFC

A legislação brasileira, no art. 176 da Lei nº 6.404/76 e alterações

posteriores, complementada pelo CPC 26, estabelece como demonstrações

obrigatórias a serem elaboradas individualmente pela entidade : o Balanço

Patrimonial no início e ao final do período; a Demonstração do Resultado; a

Demonstração do Resultado Abrangente; a Demonstração das Mutações do

Patrimônio Líquido; a Demonstração dos Fluxos de Caixa; a Demonstração do

Valor Adicionado e as Notas Explicativas às demonstrações financeiras.

Conforme a NBC TG 1000 (R1):

O objetivo das demonstrações contábeis é oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho (demonstração do resultado) e fluxos de caixa da entidade, de modo que seja útil aos usuários para a tomada de decisões econômicas.

A DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa, no Brasil, é obrigatória para

as companhias fechadas com patrimônio líquido superior a R$ 2 milhões na data

do balanço, conforme dispõe a LSA, no § 6º do art. 176, porém como

característica de demonstrativo contábil, auxilia na gestão de todas as empresas.

A DFC substituiu a DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de

Recursos a partir de 01/01/2008.

A DOAR foi extinta, por força da Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007,

sendo obrigatória para apresentação das demonstrações contábeis encerradas

somente até 31/12/2007, ela indicava as modificações na posição financeira da

companhia discriminando as origens dos recursos, as aplicações de recursos, o

excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações,

representando aumento ou redução do capital circulante líquido e os saldos no

início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o montante do capital

circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.

A DOAR era considera pelos investidores do mercado de capital e pela

classe contábil como uma demonstração rica em informações, porém, sua

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complexidade de elaboração, conceito e linguagem técnica dificultavam a

compreensão para os usuários da informação contábil. A DFC, por sua vez,

utiliza linguagem e conceito mais simples que facilita sua utilização como

instrumento ao usuário da demonstração e da informação contábil sendo, assim,

útil para a tomada de decisão.

A obrigatoriedade de elaboração da DFC é uma importante inovação

trazida pela Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007 que alterou e revogou

dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei de Sociedades por

Ações) que disciplina o assunto de Demonstrações Contábeis em seus artigos

176 a 188, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estendeu às

sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de

demonstrações financeiras para que acontecesse convergência entre as normas

e práticas contábeis nacionais e as normas práticas contábeis internacionais

aceitas no mercados financeiros. É importante ressaltar que a DFC já era,

opcionalmente, elaborada pelas grandes empresas nacionais que não são

constituídas sob forma jurídica de sociedades por ações que, se baseiam em

parâmetros sob orientação da CVM – Comissão de Valores Mobiliários, como

complemento de informação das demais demonstrações elaboradas e

publicadas.

Os critérios adotados pela Lei 11.638/2007 e pela CVM derivam de dois

grandes organismos internacionais: o International Accounting Standards

Committee (Iasc), que tem suas práticas adotadas por grandes países, e o

Financial Accounting Standards Board (Fasb) que é o órgão normatizador das

práticas contábeis dos Estados Unidos.

O Art. 176. da Lei no 6.404/76 dispõe que ao fim de cada exercício social,

a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as

demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do

patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício. No inciso IV com

a alteração da redação dada pela Lei nº 11.638 de 2007 é citada a Demonstração

dos Fluxos de Caixa, porém, não fixado um modelo de DFC a ser observado por

todas as empresas. No inc. I do art. 188 é mencionado apenas que a DFC

indicará as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e

equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três)

fluxos: Operacional; de Financiamento; e de investimentos.

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O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON através da

NPC 20 de 30/04/1999 apresentou orientações sobre a DFC dispondo Princípios

Contábeis Aplicáveis, Definições, Considerações de Técnica Contábil,

Exemplos, Vigência e Anexos. A NPC 20 foi revogada em reunião da Diretoria

de 21/08/2008, mesmo revogada, ela é utilizada por muitos livros e sites para

fins didáticos, pois apresenta exemplos do modelo de estrutura e aplicação dos

métodos existentes. A emissão de normas dessa natureza passou a ser função

do CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis, criado pela Resolução CFC nº

1.055/05, o CPC, surgiu a partir da união de esforços e comunhão de objetivos

da ABRASCA; da APIMEC NACIONAL; da BOVESPA; do Conselho Federal de

Contabilidade; da FIPECAFI; e do IBRACON e tem como objetivo o estudo, o

preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de

Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a

emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização

e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a

convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.

O CPC disciplinou a DFC por meio do PRONUNCIAMENTO TÉCNICO

CPC n. 03/2008 - Demonstração dos Fluxos de Caixa, que está em sua segunda

revisão (R2) aprovada pela deliberação 641/10 da CVM e pelo CFC – Conselho

Federal de Contabilidade deu origem A NBC TG 03 aprovada pela Resolução n.

1.125/2008 e está na terceira revisão (R3).

A NBC TG 03 (R3) aponta, paras as entidades que por lei devem

apresentar a DFC, os requisitos de sua elaboração e apresentação que devem

ser parte integrante das suas demonstrações contábeis apresentadas ao final de

cada período. A NBC TG 03 também tem por objetivo requerer a prestação de

informações acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa

das entidades por meio de demonstração dos fluxos de caixa que classifique os

fluxos do período por atividades operacionais, de investimento e de

financiamento. Esta norma, ainda, destaca a utilidade do fluxo de caixa, como

ferramenta importante de gestão, para as decisões econômicas que são

tomadas pelos usuários da informação contábil e para a avaliação da capacidade

de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época de sua

ocorrência e do grau de certeza de sua geração.

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Embora algumas empresas e sociedades empresárias não sejam

obrigadas pela Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007, pois é voltada para as

Sociedades por Ações, é ela que norteia as práticas contábeis e elaboração de

demonstrações das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte que

estão em expansão e sob o olhar dos investidores. Existe, porém, a NBC TG

1000 (R1) que dispõe sobre a Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas

(PMEs), conjunto esse, composto por sociedades fechadas e sociedades que

não sejam requeridas a fazer prestação pública de suas contas.

Segundo disposto na NBC TG 1000 (R1) as PMEs muitas vezes

produzem demonstrações contábeis apenas para o uso de proprietários-

administradores ou apenas para o uso de autoridades fiscais ou outras

autoridades governamentais. Demonstrações contábeis produzidas apenas

para esses propósitos não são, necessariamente, demonstrações contábeis

para fins gerais. As demonstrações contábeis para fins gerais são dirigidas às

necessidades comuns de vasta gama de usuários externos à entidade, por

exemplo, sócios, acionistas, credores, empregados e o público em geral.

Seja para fins gerais ou para fins fiscais, as Demonstrações contábeis, e

consequentemente, a DFC, devem ser elaboradas porque são de extrema

importância para a tomada de decisão e sobrevivência das entidades.

A Seção 7 da NBC TG 1000 (R1) trata sobre Demonstração dos Fluxos

de Caixa abordando os principais aspectos também citados na NBC TG 03 e os

apresentados na NBC TG - ESTRUTURA CONCEITUAL.

2.3. USUÁRIO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL E INFORMAÇÃO CONTÁBIL-

FINANCEIRA ÚTIL

Uma má gestão quase sempre está relacionada com decisões tomadas

sem respaldo, sem dados confiáveis. Produzir informações úteis ao usuário da

contabilidade é uma das funções básicas do contador.

Os usuários da informação contábil podem ser considerados internos ou

externos uma vez que compreendem todas as pessoas físicas ou jurídicas que

tenham interesse, direto ou indireto, na avaliação da situação e do

desenvolvimento da entidade, como, por exemplo, titulares, sócios ou acionistas,

administradores, governo, fornecedores, clientes, investidores que atuam no

mercado de capitais, bancos entre outros.

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Segundo o CPC 00 que dispões sobre Estrutura Conceitual para

Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, as informações

contidas nos relatórios se destinam primariamente aos seguintes usuários

externos: investidores, financiadores e outros credores, sem hierarquia de

prioridade, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas.

A informação é um dado que sofreu efeitos externos, tendo sido

trabalhado e armazenado de uma forma ou linguagem compreensível. A

construção da informação vai seguir uma linha que é expressa através de: Dado,

Comunicação, Armazenamento e Informação (BITENCOURT, 2008).

Segundo Padoveze (2004), “Informação é o dado processado de forma a

ser entendido pelo seu receptor, e a transferência de informação é a

comunicação”. Uma boa informação gerada, reduz a incerteza no processo de

tomada de decisão, e aumenta, assim, a qualidade da decisão.

Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 24) apresentam um quadro da área de

atuação do contador relacionada a produção de informação para o usuário da

informação:

Fonte: Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 24)

Conforme Deitos (2003), o sistema de informações contábeis, quando

projetado para atender a necessidade de informações gerenciais de seus

usuários, pode conferir a qualquer empresa, uma segurança maior no processo

de tomada de decisões.

Os princípios contábeis, embora revogados, são observados pela classe

contábil, por seu aspecto doutrinário, e estão inseridos indiretamente nas normas

Figura 1 - Área de atuação do Contador

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que estão em vigor. Quando se trata de aspectos relacionados a informação-

contábil útil, mesmo não sendo citado diretamente na NBC TG - ESTRUTURA

CONCEITUAL, não se pode deixar de mencionar dois princípios: o Princípio da

Oportunidade (Art. 6º Resolução CFC nº. 1.282/10) que se refere ao processo

de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir

informações íntegras e tempestivas, ou seja, produzir informações relevantes e

confiáveis dentro do tempo de execução da decisão e, portanto, da oportunidade.

É importante ressaltar que quando há demora indevida na divulgação de uma

informação contábil, é possível que ela perca a relevância, prejudicando a

tomada de decisão e a longevidade empresarial, vindo a ferir o Princípio da

Continuidade (Art. 5º Resolução CFC nº. 1.282/10 - Revogada) que pressupõe

que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a

apresentação dos componentes do patrimônio devem levar em conta esta

circunstância.

Segundo a NBC TG - ESTRUTURA CONCEITUAL no item QC4,

Se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível.

O item QC5 complementa que “as características qualitativas

fundamentais são relevância e representação fidedigna.”

A informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer

diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários.

Para ser considerada relevante, a informação contábil financeira, precisa

ter valor preditivo, valor confirmatório ou ambos, já que, o valor preditivo e o valor

confirmatório da informação contábil-financeira estão inter-relacionados.

Conforme o item QC8 da Resolução CFC n.º 1.374/11 “a informação contábil-

financeira tem valor preditivo se puder ser utilizada como dado de entrada em

processos empregados pelos usuários para predizer futuros resultados”.

Conforme o item QC9 a informação contábil-financeira tem valor confirmatório

se retroalimentar – servir de feedback – avaliações prévias (confirmá-las ou

alterá-las).

A materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade

baseado na natureza ou na magnitude, ou em ambos, dos itens para os quais a

informação está relacionada no contexto do relatório contábil-financeiro de uma

entidade em particular. A informação é material se a sua omissão ou sua

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divulgação distorcida puder influenciar decisões que os usuários tomam com

base na informação contábil-financeira acerca de entidade específica que

reporta a informação. A materialidade depende do tamanho do item ou do erro,

julgado nas circunstâncias específicas de sua omissão ou distorção.

A representação fidedigna, também considerada como uma característica

qualitativa fundamental deve ser completa, neutra e livre de erro, cumprindo com

o máximo de extensão possível esses atributos. Ser completa significa incluir

toda a informação necessária para que o usuário compreenda o fenômeno sendo

retratado, incluindo todas as descrições e explicações necessárias. Ser neutra

implicar em não conter distorções propositais que de modo seletivo contornem

dando peso maior ou menor a informação ou ainda favorecendo ou

desfavorecendo o usuário da informação contábil-financeira. Um retrato da

realidade econômica livre de erros significa que não há erros ou omissões no

fenômeno retratado, e que o processo utilizado, para produzir a informação

reportada, foi selecionado e foi aplicado livre de erros.

Representação fidedigna, por si só, não resulta necessariamente em

informação útil, mas aliada a relevância e as características qualitativas de

melhoria compõe uma importante base para a tomada de decisão empresarial,

estendendo, assim, o índice de sobrevivência das empresas e elevando o grau

de competitividade no mercado financeiro, independente do porte empresarial.

As Características Qualitativas de Melhoria são cruciais para a tomada de

decisão, pois quando se tem duas alternativas consideradas equivalentes quanto

a relevância e fidedignidade de representação, são as Características

Qualitativas de Melhoria que irão representar/decidir qual deve ser usada para

retratar um fenômeno.

A Resolução CFC N.º 1.374/11 aponta as seguintes características

qualitativas de melhoria:

• Comparabilidade: Comparabilidade é a característica qualitativa

que permite que os usuários identifiquem e compreendam

similaridades dos itens e diferenças entre eles. Diferentemente de

outras características qualitativas, a comparabilidade não está

relacionada com um único item. A comparação requer no mínimo

dois itens.

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• Verificabilidade: A verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários

que a informação representa fidedignamente o fenômeno

econômico que se propõe representar. A verificabilidade significa

que diferentes observadores, cônscios e independentes, podem

chegar a um consenso, quanto ao retrato de uma realidade

econômica em particular ser uma representação fidedigna. A

verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta significa

verificar um montante ou outra representação por meio de

observação direta. Verificação indireta significa checar os dados de

entrada do modelo, fórmula ou outra técnica e recalcular os

resultados obtidos por meio da aplicação da mesma metodologia.

• Tempestividade: significa ter informação disponível para

tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas

decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos

utilidade. Contudo, certa informação pode ter o seu atributo

tempestividade prolongado após o encerramento do período

contábil, em decorrência de alguns usuários, por exemplo,

necessitarem identificar e avaliar tendências;

• Compreensibilidade: classificar, caracterizar e apresentar a

informação com clareza e concisão torna-a compreensível. Certos

fenômenos são inerentemente complexos e não podem ser

facilmente compreendidos. A exclusão de informações sobre esses

fenômenos dos relatórios contábil-financeiros pode tornar a

informação constante em referidos relatórios mais facilmente

compreendida. Contudo, referidos relatórios seriam considerados

incompletos e potencialmente distorcidos.

As Características Qualitativas de Melhoria devem ser maximizadas na

extensão possível. Entretanto, as características qualitativas de melhoria, quer

sejam individualmente ou em grupo, não podem tornar a informação útil se dita

informação for irrelevante ou não for representação fidedigna.

2.4. CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA

Basicamente todas as atividades das entidades em algum momento

necessitam da movimentação (fluxo) do caixa ou dos equivalentes de caixa para

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serem realizadas ou concluídas o que, por si só, evidencia a importância dessa

ferramenta indispensável para a continuidade da empresarial. O caixa relaciona

a entidade com o governo, através de pagamento de impostos; com os clientes,

através do recebimento de vendas/prestação de serviços ou duplicatas; com os

bancos e instituições financeiras através do pagamento despesas bancárias e

financeiras; com os funcionários através do pagamento de salários, com os

fornecedores através da aquisição de matéria prima ou estoque, entre outras

transações e atividades feitas pelas empresas que geram a necessidade dessa

movimentação.

Nota-se na figura 1, mostrada a seguir, uma esquematização elaborada

por Marion (2005) exemplificando o movimento de entradas e saídas de caixa

das entidades relacionadas com suas atividades.

Figura 2 - Esquematização dos Fluxos de Caixas

Fonte: Marion (2005)

A Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/76) estabelece, que no Ativo

as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez e, dentro

desse conceito, as contas de Disponibilidades são as primeiras a serem

apresentadas no Balanço, dentro do Ativo Circulante.

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A NBC TG 03 (R3) define que o Caixa compreende numerário em espécie

e depósitos bancários disponíveis, já os Equivalentes de Caixa são definidos

como aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são

prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas

a um insignificante risco de mudança de valor.

Segundo Ribeiro (2010, p.102) “são exemplos de investimentos

financeiros que podem ser considerados como Equivalentes de Caixa a

caderneta de poupança, os CDB e RDB prefixados etc.”

Os investimentos em Equivalentes de Caixa, segundo Iudícibus, Martins

e Gelbcke (1999, pag. 399)

Não são investimentos de caráter especulativo, de obter lucros anormais com tais aplicações, mas apenas o de assegurar a estas sobras temporárias a remuneração correspondente ao preço do dinheiro no mercado.

O item 7.13 da NBC TG 1000 (R1) que trata sobre Fluxo de Caixa em

moeda estrangeira descreve que para conciliar o caixa e os equivalentes de

caixa no início e no fim do período, o efeito das mudanças nas taxas de câmbio

sobre o caixa e equivalentes de caixa, mantidos ou devidos em moeda

estrangeira, deve ser apresentado na demonstração dos fluxos de caixa.

Portanto, a entidade deve recalcular o caixa e os equivalentes de caixa mantidos

durante o período de divulgação (tais como valores em moeda estrangeira

mantidos e contas bancárias em moedas estrangeiras) pela taxa de câmbio do

final do período.

O item 9 do PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC n. 03/2008, do Comitê

de Pronunciamentos Contábeis dispõe que os fluxos de caixa excluem

movimentos entre itens que constituem caixa ou equivalentes de caixa porque

esses componentes são parte da gestão de caixa da entidade e, não, parte de

suas atividades operacionais, de investimento e de financiamento. A gestão de

caixa inclui o investimento do excesso de caixa em equivalentes de caixa.

As aplicações financeiras consideradas como Equivalestes de Caixa,

devem ser relacionadas em Notas Explicativas, quando elaborada a DFC.

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2.5. FLUXO DE CAIXA VERSUS DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE

CAIXA

Apesar de estarem dentro de um mesmo aspecto, há diferenças quando

se fala nos conceitos de Fluxo de Caixa e Demonstração dos Fluxos de Caixa,

principalmente quanto a estrutura e elaboração.

Para Ribeiro (2010, p.100) “a Demonstração dos Fluxo de Caixa é um

relatório contábil que tem por fim evidenciar as transações ocorridas em um

determinado período e que provocaram modificações no saldo da conta Caixa”.

Já o Fluxo de Caixa “compreende o movimento de entradas e saídas de dinheiro

na empresa”.

2.5.1. Fluxos de Caixa

Os Fluxos de Caixa são os registros da movimentação do numerário em

espécie e dos depósitos bancários disponíveis, bem como, dos equivalentes de

caixa. Esses registros já servem como auxilio na tomada de decisão se

analisados fora da DFC, em uma visão diária, semanal ou mensal, ele já oferece

instrumentos de verificação e análise para os negócios, porém, é importante

ressaltar que os registro dos Fluxos de Caixa, o Balanço Patrimonial e a DRE

dão origem a DFC, que é uma base mais ampla de informação para a tomada

de decisão.

A “Cartilha Saiba Mais: Fluxo de Caixa” elaborada pelo SEBRAE (2016),

diz que o Fluxo de Caixa se trata de “um controle que auxilia na visualização e

compreensão das movimentações financeiras num período preestabelecido”.

Sua grande utilidade é permitir a visualização de sobras ou faltas de caixa antes

mesmo que ocorram, possibilitando ao empresário e gestores financeiros

realizar ou planejar melhor suas ações. A figura 2 que também é uma divulgação

do SEBRAE através do artigo “O que é o fluxo de caixa e como aplicá-lo no seu

negócio” (2019), mostra um ciclo de vantagens da composição do fluxo de caixa

dando uma visão aos gestores financeiros do que fazer quanto ao registro e a

utilização das informações geradas por ele.

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Fonte: SEBRAE (2019)

O item 6 da NBC TG 03 (R3) define que os “Fluxos de caixa são as

entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa”.

Para Santos (2001, p. 57) “o fluxo de caixa é um instrumento de

planejamento financeiro que tem por finalidade fornecer estimativas da situação

de caixa da empresa em determinado período à frente”. Ressalta ainda o autor

que a “necessidade de planejamento de caixa está presente tanto nas empresas

com dificuldades financeiras, como naquelas bem capitalizadas”.

De acordo com Zdanowicz (2002, pg. 41) o principal objetivo do fluxo de

caixa é “dar uma visão das atividades desenvolvidas, bem como as operações

financeiras que são realizadas diariamente, no grupo do ativo circulante, dentro

das disponibilidades, e que representam o grau de liquidez da empresa”.

Sendo elaborado na observância contábil, o Fluxo de Caixa se torna um

importante instrumento de controle financeiro, pois, apesar de ter uma linguagem

e elaboração simplificada produz informações que envolvem todas as áreas e

atividades das empresas, o que o torna indispensável nas entidades e o

classifica como fundamental para a tomada de decisão.

Figura 3 - Composição do Fluxo de Caixa

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2.5.2. Demonstração dos Fluxos de Caixa

A DFC tem sua origem atribuída pela Fasb com o objetivo de atender

necessidades dos investidores e das empresas norte-americanas e foi

apresentada em 1987 no Boletim n. 95.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC, tem por objetivo “informar a

capacidade que a empresa tem para liquidar seus compromissos financeiros a

curto prazo e a longo prazo”. SANTOS (2001 p. 57).

Para Ribeiro (2010, p.100) “a função principal da Demonstração dos

Fluxos de Caixa, portanto, é evidenciar as operações relevantes que provocaram

a variação do saldo do Caixa durante um determinado período.”

A DFC evidencia a geração e aplicação de recursos por atividade o que

auxilia os gestores na tomada de decisão.

Para a elaboração da DFC os dados devem ser coletados do Balanço

Patrimonial do exercício atual e anterior e da DRE do exercício atual, e para

algumas contas é necessário a verificação direta nas fichas do Razão.

O contador como responsável pela informação e buscando prestar auxílio

a gestão pode sugerir a aplicação de indicadores sobre a demonstração

elaborada.

2.5.2.1. Atividades Operacionais, Atividades de Investimento e Atividades de

Financiamento

A NBC TG 03 define as de atividades operacionais, de investimento e de

financiamento.

As atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita

da entidade.

As atividades de Investimento são os referentes à aquisição e à venda de

ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes

de caixa.

As atividades de Financiamento são aquelas que resultam em mudanças no

tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da

entidade.

Para a produção de uma DFC adequada as variações do caixa que

influenciaram o caixa são observadas e listadas por seu grupo de atividade.

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A seguir é demonstrado um esquema das atividades que compõe DFC, e

as transações que envolvem o caixa pertencentes a cada atividade:

Figura 4 - Classificação das transações que envolvem Caixa por Atividade

Fonte: Braga e Marques (2001, p. 09)

2.5.2.2. Método Direto

Para elaborar a DFC pelo método direto, o gestor deve evidenciar as

classes de recebimento e desembolsos brutos das atividades operacionais,

dividindo-as por sua natureza contábil (recebimentos de clientes, pagamentos

de fornecedores, dentre outros). Esse método começa a partir da demonstração

das entradas e saídas que passaram pelo caixa e equivalentes de caixa.

Conforme Sá (2006), o fluxo de caixa pelo método direto faz o empresário

perceber se o caixa está tendo um déficit ou superávit.

Apesar de ser um método complexo, tem a vantagem de criar condições

favoráveis para desenvolver a classificação das entradas e saídas de acordo

com critérios técnicos e não fiscais, permitindo, ainda, que as informações de

caixa possam estar disponíveis diariamente. É, atualmente, o método mais

utilizado. O Anexo A que contém a Ata CFC n.º 1.021 apresenta exemplos

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ilustrativos com dados que acompanham a NBC TG 03, onde um modelo de

elaboração da DFC pelo Método Direto e Indireto pode ser observado.

2.5.2.3. Método Indireto

O método indireto de DFC se baseia nos lucros ou prejuízos do exercício

(DRE), que deve ser ajustado pelos itens econômicos como a depreciação e a

amortização, além de variações nas contas patrimoniais. Por se basear na DRE

e não diretamente em uma análise dos fluxos de caixa, recebe este nome.

Segundo Neves (2005) a demonstração do fluxo de caixa pelo método

indireto, é muito similar a DOAR, com a diferença que as variações do Ativo

Circulante (exceto o disponível e o Passivo Circulante passam a integrar as

origens e aplicações de recursos da demonstração.

Com a vantagem de oferecer baixo custo, uma vez que basta a utilização

dos balanços patrimoniais referentes ao início e ao final do período, a

demonstração de resultado do exercício (DRE) e algumas informações extras

obtidas na contabilidade, para elaborar esse método, o método indireto pode

conciliar o lucro contábil com o fluxo de caixa operacional líquido. O Anexo A que

contém a Ata CFC n.º 1.021 apresenta exemplos ilustrativos com dados que

acompanham a NBC TG 03, onde um modelo de elaboração da DFC pelo

Método Direto e Indireto pode ser observado.

2.6. QUOCIENTES DE QUALIDADE DO RESULTADO NA ANÁLISE DA DFC

A DFC serve de base para o cálculo de várias Medidas de Desempenho

e fornecem dados relevantes às empresas que utilizam desses indicadores

podendo diminuir seus riscos e maximizar suas oportunidades. Nesse tópico

será dado ênfase no Quociente de Qualidade de Resultado.

Segundo Braga e Marques (2001) as Medidas de Desempenho mais

importantes encontram-se dispostas em quatro categorias distintas:

• Quocientes de Cobertura de Caixa

• Quocientes de Qualidade do Resultado

• Quocientes de Dispêndios de Capital

• Retornos do Fluxo de Caixa

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O Quociente de Qualidade de Resultado por ser encontrado por meio da

qualidade das vendas que é encontrado através da razão entre Caixa gerado

nas vendas e as vendas; também é utilizada como Medida de Desempenho do

Quociente de Qualidade de Caixa a Qualidade do resultado que é encontrada

através da razão entre o Fluxo de Caixa Operacional e o Resultado Operacional.

Esse indicador compara Fluxo de Caixa Operacional com o Resultado

Operacional, visto que ao Resultado Operacional são computados receitas,

custos e despesas estas não afetam o resultado do período, acarretando uma

relação anormal entre lucro e a geração de caixa do período. É por essa questão

que muitas empresas encerram suas atividades, se vendo com lucros no

período, mas com problemas de caixa que não as permite honrar suas dívidas.

2.7. GESTÃO FINANCEIRA E A POSIÇÃO DO PROFISSIONAL CONTÁBIL

NESSE CENÁRIO

2.7.1. Gestão Financeira

Segundo CHENG E MENDES (1989), a gestão financeira pode ser

definida como a gestão dos fluxos monetários derivados da atividade operacional

da empresa, em termos de suas respectivas ocorrências no tempo.

A Gestão Financeira necessariamente passa pela elaboração de seu

planejamento.

O Planejamento Financeiro torna-se uma ferramenta importante para

quantificar em termos financeiros os anseios declarados no Planejamento

Estratégico, nos Planos Táticos e Operacionais.

A Gestão financeira objetiva encontrar o equilíbrio entre a "rentabilidade"

(maximização dos retornos dos proprietários da empresa) e a "liquidez"(que se

refere à capacidade de a empresa honrar seus compromissos nos prazos

contratados). Isto é, está implícita na necessidade da Gestão financeira a busca

do equilíbrio entre gerar lucros e manter caixa.

2.7.2. Postura do contador no cenário atual

A produção da informação contábil útil e o gerenciamento dela para a

tomada de decisão, é uma das funções do contador. Por muitas vezes essas

funções são distorcidas pelas empresas, pelos sócios, gestores e pela própria

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sociedade, os chamados usuários da informação contábil, sendo dada sua

importância apenas para cumprir exigências fiscais, e nessa visão distorcida a

informação deixa de ser útil para a tomada de decisão. Embora sendo ameaçada

de extinção por diversas revistas conceituadas e até pelo governo, a profissão

contábil não deixará de existir, tão pouco será substituída por softwares. Como

todas as profissões é necessário esse processo de inovação e reestruturação,

tanto das técnicas quanto do profissional.

Seja para atender grandes companhias e exigências internacionais seja

para auxiliar o microempreendedor na tomada de decisão para um melhor

gerenciamento ou ainda para auxiliar o cidadão que declara sua renda, a

contabilidade continuará “viva” o profissional continuará sendo útil. A

informatização e sistematização de dados contábeis em softwares auxilia o

profissional contábil na otimização de tempo na realização de suas atividades,

mas não exclui dele a característica adquirida em sua formação para a análise

desses dados, na elaboração de informação relevante de representação

fidedigna.

O contador e a classe contábil de modo geral, vem buscando se

reposicionar, nesse cenário, apresentando não apenas relatórios financeiros,

mas uma informação completa, integra e tempestiva, apresentando indicadores

e novas visões que possam satisfazer o usuário da informação contábil em suas

exigências.

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3. METODOLOGIA

Realização de pesquisa exploratória para adquirir informações e

conhecimento mais específico com o tema. Buscou-se, também, os conceitos

necessários para o entendimento da Demonstração dos Fluxos de Caixa com

auxílio da pesquisa bibliográfica na busca de embasamento e referencial teórico

que dê sustentações à monografia, através da utilização de livros, revistas, sites

no campo acadêmicos e científicos, sites de enciclopédias, provedores de conteúdo,

sites de serviços de utilidade pública do Governo Federal, entre outros, que justifiquem

e facilitem o entendimento do tema proposto. Será realizado também um estudo

de caso analítico utilizando o Balanço Patrimonial, a DRE e um conjunto de

informações complementares para a elaboração da DFC, que foram fornecidas

pela denominada “Cia A”, uma empresa nacional, de Atividade Comercial que

elabora suas demonstrações em moeda corrente nacional e tem investimentos

avaliados pelo Método de Equivalência Patrimonial.

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências

teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros,

artigos científicos, páginas de web sites (FONSECA, 2002, p. 32).

De acordo com Beuren (2003, p.80)

A caracterização do estudo como pesquisa exploratória normalmente

ocorre quando há pouco conhecimento sobre a temática a ser

abordada. Por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com

maior profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou

construir questões importantes para a condução da pesquisa.

Frente aos documentos fornecidos pela “Cia A” tornou-se necessário a

análise documental, para certificar que as Demonstrações Contábeis fornecidas

estavam de acordo com a legislação vigente e se continham as informações

necessárias para se atingir os objetivos traçados referente a aplicação da DFC

pelos métodos Direto e Indireto.

“A análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa

qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja

desvelando aspectos novos de um tema ou problema” (Ludke e André, 1986).

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Após o levantamento de dados através da pesquisa exploratória e da

pesquisa bibliográfica foi filtrado o material encontrado afim de direcionar melhor

o conteúdo aos objetivos traçados.

Feito o embasamento teórico e a seleção dos referenciais parte-se para

aplicação efetiva da Demonstração dos Fluxos de Caixa e a aplicação do

Quociente de Qualidade do Resultado utilizando os dados fornecidos pela “Cia

A” exemplificando os Métodos Diretos e Indiretos.

O estudo de caso é um instrumento pedagógico que apresenta um

problema mal estruturado, que não tem uma solução pré-definida, exigindo

empenho do aluno para identificar o problema, analisar evidências, desenvolver

argumentos lógicos, avaliar e propor soluções.

Após a realização do estudo de caso será feita análise com os

conhecimentos técnicos adquiridos durante a graduação para elencar os

benefícios apresentados pela elaboração da DFC aos gestores financeiros das

empresas para redigir a conclusão.

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4. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso foi elaborado com base nas informações do Balanço

Patrimonial de dois exercícios (X1 e X2) e da DRE do exercício atual (X2)

fornecidas pelos gestores da “Cia A”, uma empresa de atividade comercial. Os

valores constantes nas demonstrações contábeis fornecidas estão expressados

em reais que é a moeda corrente oficial da República Federativa do Brasil.

O objetivo da aplicação do estudo de caso foi utilizar os dados fornecidos

para elaboração da DFC nos métodos direto e indireto afim de identificar quais

os benefícios que a elaboração da DFC proporciona as empresas. Um dos

objetivos, também, foi evidenciar uma nova postura do contador frete aos

relatórios gerados por ele que são usados pelos administradores/gestores

(usuários da informação) como base para tomada de decisão.

Os modelos de Balanço Patrimonial e DRE serão representados conforme

os modelos adotados pela “Cia A” que foram adaptados, pela mesma, porém

estão em conformidade com as normas vigentes. O modelo de DFC será

adotado com base nos modelos apresentados nos anexos I e II da NPC

n.20/1999 do Ibracon, porém também adaptados para atender a disposição de

contas fornecidas pela “Cia A” em sua DRE e em seu BP.

Alguns dados complementares relacionados com a destinação de valores

ou valores agrupados tanto no Balanço Patrimonial quanto na DRE foram

esclarecidos pela “Cia A”, pois são de fundamental importância na elaboração

da DFC e não seriam de fácil interpretação na análise dos demonstrativos

financeiros se não fossem citados.

A seguir estão a relação de dados complementares que devem ser

levados em consideração no momento da elaboração da DFC pelos métodos

direto e indireto:

• A despesa com depreciação do período está contabilizada em despesas

administrativas;

• Não houve baixa de Investimentos, Imobilizado e Intangível, apenas

novas aquisições.

• Não houve amortização de Empréstimos Bancários, apenas novas

contratações.

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• O aumento de R$ 30.000,00 no capital social teve a seguinte origem:

Valor integralizado em dinheiro pelos sócios: R$28.000,00,

aproveitamento parcial de Lucros Acumulados: R$2.000,00

• No saldo de “Investimentos” registrados no Balanço Patrimonial estão os

valores que Equivalência Patrimonial.

• No saldo de “Impostos a pagar” estão os valores ao Imposto de Renda e

a Contribuição Social

• Os valores recebidos de clientes somam R$62.400,00

• Os valores pagos a fornecedores somam R$90,00

Foram anexadas, para fins de Elaboração da DFC, ao Balanço

Patrimonial fornecido pela “Cia A” colunas de variação (diferença) positiva e

negativa das contas entre os exercícios de X1 e X2, essa variação é encontrada

através do valor do saldo da conta do exercício atual subtraído do saldo da conta

do exercício anterior, todas a variações das contas do BP são importantes,

porém em destaque está a variação das disponibilidades (caixa e equivalente de

caixa) que são o objeto de estudo da DFC. A seguir a o Balanço Patrimonial

fornecido pela “Cia A” com adição das colunas de variação das contas:

Quadro 1 - Balanço Patrimonial - Cia A

Cia A - Balanço Patrimonial findo em 31/12/X2

ATIVO X1 X2 Variação PASSIVO X1 X2 Variação

ATIVO CIRCULANTE

57.330 53.400 -3.930 PASSIVO CIRCULANTE

15.730,00 33.960,00 18.230,00

Disponível 20550,00 21000,00 450,00 Fornecedores 14.340,00 30.870,00 16.530,00

Clientes 14400,00 15000,00 600,00 Salários a pagar

100,00 1.560,00 1.460,00

Estoques 22380,00 17400,00 -4980,00 Impostos a pagar

1.290,00 1.530,00 240,00

NÃO CIRCULANTE

82200,00 139500,00 57300,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE

24.000,00 31.770,00 7.770,00

Investimentos 30600,00 45000,00 14400,00 Exigível a Longo prazo

24.000,00 31.770,00 7.770,00

Imobilizado 51600,00 64500,00 12900,00 Empréstimos Bancários

24.000,00 31.770,00 7.770,00

Máquinas 60000,00 75900,00 15900,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

99.800,00 127.170,00 27.370,00

(-) Deprec. Acumulada

-8400,00 -11400,00 -3000,00 Capital Social 90.000,00 120.000,00 30.000,00

Intangível 30000,00 30000,00 Lucros Acumulados

9.800,00 7.170,00 -2.630,00

TOTAL DO ATIVO

139530,00 192900,00 53370,00 TOTAL PASS + PL

139.530,00 192.900,00 53.370,00

Fonte: “Cia A” - adaptado pela autora.

Como auxilio para elaboração da DFC, a DRE do último exercício deve

ser utilizada junto com as informações do BP, visto que no método indireto se dá

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início a elaboração a partir do resultado de exercício encontrado na última linha

da DRE. A seguir a DRE fornecida pela “Cia A”.

Quadro 2 - Demonstração do Resultado do Exercício - Cia A

Cia A - Demonstração do Resultado do Exercício findo em X2

1. Receita Operacional Bruta 63.000,00

Vendas de Mercadorias 63.000,00

2. Deduções e Abatimentos -9.000,00

(-) Impostos sobre vendas -9.000,00

3. Receita Operacional Líquida 54.000,00

4. Custos Operacionais -21.600,00

(-) CMV -21.600,00

5. Lucro Operacional Bruto 32.400,00

6. Despesas Operacionais -21.800,00

(-) Despesas com Vendas -5.800,00

(-) Despesas Administrativas -15.000,00

(-) Despesas Financeiras -1.000,00

7. Outras Receitas: 6.000,00

Receita de Equivalência Patrimonial 6.000,00

8. Lucro do Exercício antes do IR/CSLL 16.600,00

(-) Provisão para IR/CSLL -2.544,00

9. Lucro Líquido do Exercício 14.056,00

Fonte: “Cia A” - adaptado pela autora.

O valor da distribuição de dividendos não foi informado pela “Cia A” porém

com base no Lucro Líquido apurado pela DRE e nos saldos apurados na conta

de Lucros Acumulados (X1 e X2) que constam no Balanço Patrimonial foi

possível identificar o valor de Dividendos distribuídos como mostra o quadro a

seguir:

Quadro 3 - Apuração de Dividendos Distribuído

CIA A - APURAÇÃO DE DIVIDENDOS DISTRIBUÍDOS – EXERCÍCIO X2

Lucro Líquido do Exercício - X2 14.056,00

Lucros Acumulados Exercício - X1 (+) 9.800,00

TOTAL DE LUCROS ACUMULADOS 23.856,00

Lucros Acumulados Exercício - X2 (-) -7.170,00

Integralização de Capital Social - Aproveitamento de Lucros Acum. (-) -2.000,00

VALOR DE DIVIDENDOS DISTRIBUÍDOS 14.686,00

Fonte: Elaborado pela autora.

4.1. ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA DA

“CIA A” PELO MÉTODO DIRETO

Na elaboração da DFC pelo método de Direto os resultados das atividades

operacionais são demonstrados em função dos recebimentos e dos pagamentos

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ocorridos durante o exercício. Nesse caso, é apresentado inicialmente o total dos

valores recebidos de clientes, bem como o total dos valores pagos a

fornecedores e empregados. Em seguida, são evidenciados os pagamentos

feitos a título de Imposto de Renda e Contribuição Social, os pagamentos de

contingência, os recebimentos por reembolso de seguros, os recebimentos

decorrentes de lucros e dividendos de subsidiárias para, finalmente, ser

informado o valor líquido decorrente do confronto entre os demais recebimentos

e pagamentos ocorridos no período e não incluídos nos itens anteriores.

A seguir a DFC elaborada pelo Método Direto, com base nos dados

fornecidos pela “Cia A”

Quadro 4 - Demonstração dos Fluxos de Caixa - Direto Cia A

Cia A

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA - MÉTODO DIRETO

EXERCÍCIO FINDO EM: 31/12/X2

DESCRIÇÕES EXERCÍCIO

ATUAL

1. ATIVIDADES OPERACIONAIS

Valores recebidos de clientes 62.400,00

Valores pagos a fornecedores -90,00

Valores pagos com Despesas (Vendas, Administrativas e Financeiras) -17.340,00

Imposto de renda e contribuição social pagos -11.304,00

Disponibilidades líquidas geradas/aplicadas pelas atividades operacionais 33.666,00

2. FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Aquisição de Investimentos (excluída a Equivalência Patrimonial) -8.400,00

Aquisição de Imobilizado -15.900,00

Aquisição de Intangível -30.000,00

Disponibilidades líquidas geradas/aplicadas pelas atividades investimento -54.300,00

3. FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

Integralização de Capital 28.000,00

Pagamentos de lucros/dividendos -14.686,00

Empréstimos tomados 7.770,00

Disponibilidades líquidas geradas/aplicadas pelas atividades de financiamentos 21.084,00

4. AUMENTO/REDUÇÃO NAS DISPONIBILIDADES (6 -5) 450,00

5. DISPONIBILIDADES NO INÍCIO DO PERÍODO 20.550,00

6. DISPONIBILIDADES NO FINAL DO PERÍODO 21.000,00

Fonte: Elaborado pela autora.

Segundo Ribeiro (2010), quando a empresa optar pela elaboração da

DFC pelo Método Direto, deverá apresentar adicionalmente, a conciliação do

resultado do exercício com o valor das disponibilidades líquidas geradas ou

utilizadas nas atividades operacionais, ou seja, as informações contidas no item

1 da DFC pelo Método Indireto, que demonstra os Fluxos de Caixa das

Atividades Operacionais a partir do Resultado do Exercício. A seguir o elemento

adicional:

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Quadro 5 - Elemento adicional - Atividade Operacional

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

CIA A - EXERCÍCIO FINDO EM X2

DESCRIÇÕES EXERCÍCIO

ATUAL

1. FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

Resultado do Exercício/Período 14.056,00

Ajustes para conciliar o resultado às disponibilidades geradas pelas atividades operacionais

-3.000,00

Depreciação e amortização 3.000,00

Equivalência Patrimonial -6.000,00

Resultado do Exercício/Período Ajustado 11.056,00

Variações nos ativos e passivos 22.610,00

Aumento em contas a receber -600,00

Redução dos estoques 4.980,00

Aumento em fornecedores 16.530,00

Aumento em contas a pagar e provisões 1.460,00

Aumento no imposto de renda e contribuição social 240,00

Disponibilidades líquidas geradas/aplicadas pelas atividades operacionais 33.666,00

Fonte: Elaborado pela autora.

4.2. ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA DA

“CIA A” PELO MÉTODO INDIRETO

A DFC indireta parte do resultado do exercício, ajustando-o pela

eliminação dos resultados não financeiros e pela edição ou exclusão das

variações ocorridas nos grupos de contas do Ativo Circulante, exceto as

Disponibilidades, e do Passivo Circulante. Portanto, adicionam-se ao resultado

do exercício (quando corresponder a lucro) as despesas não financeiras e

subtraem-se as receitas não financeiras. Em seguida, são informadas na DFC

as variações, para mais ou para menos, ocorridas em todos os grupos de contas

do Ativo Circulante (exceto das Disponibilidades) e do Passivo Circulante,

chegando-se assim ao resultado gerado ou consumido pelas atividades

operacionais. O cuidado a ser tomado refere-se à não inclusão, nos cálculos,

dos valores dos juros sobre o capital próprio, bem como dos dividendos

calculados com base no resultado, uma vez que correspondem a destinações do

resultado que não foram pagas no exercício findo.

A seguir a DFC elaborada pelo método indireto, com base nos dados

fornecidos pela “Cia A”:

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Quadro 6 - Demonstração dos Fluxos de Caixa - Indireto Cia A

Cia A

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA – MÉTODO INDIRETO

EXERCÍCIO FINDO EM:31/12/X2

DESCRIÇÕES EXERCÍCIO ATUAL

1. FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

Resultado do Exercício/Período 14.056,00

Ajustes para conciliar o resultado às disponibilidades geradas

pelas atividades operacionais -3.000,00

Depreciação e amortização 3.000,00

Equivalência Patrimonial -6.000,00

Resultado do Exercício/Período Ajustado 11.056,00

Variações nos ativos e passivos 22.610,00

Aumento em contas a receber -600,00

Redução dos estoques 4.980,00

Aumento em fornecedores 16.530,00

Aumento em contas a pagar e provisões 1.460,00

Aumento no imposto de renda e contribuição social 240,00

Disponibilidades líquidas geradas/aplicadas pelas atividades

operacionais 33.666,00

2. FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Aquisição de Investimentos (excluída a Equivalência Patrimonial) -8.400,00

Aquisição de Imobilizado -15.900,00

Aquisição de Intangível -30.000,00

Disponibilidades líquidas geradas/aplicadas pelas atividades

investimento -54.300,00

3. FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

Integralização de Capital 28.000,00

Pagamentos de lucros/dividendos -14.686,00

Empréstimos tomados 7.770,00

Disponibilidades líquidas geradas/aplicadas pelas atividades de

financiamentos 21.084,00

4. AUMENTO/REDUÇÃO NAS DISPONIBILIDADES (6 -5) 450,00

5. DISPONIBILIDADES NO INÍCIO DO PERÍODO 20.550,00

6. DISPONIBILIDADES NO FINAL DO PERÍODO 21.000,00

Fonte: Elaborado pela autora.

4.3. APLICAÇÃO DO QUOCIENTE DE RESULTADO

Para aplicação do quociente de resultado foi extraída da DRE o valor de

R$ 16.600,00 correspondente ao Resultado Operacional e extraído da DFC o

valor de R$33.666,00 correspondente ao Fluxo de Caixa das atividades

Operacionais.

Visto que esse quociente é encontrado através da Razão entre o valor

apurado de Fluxo de Caixa Operacional pelo Resultado Operacional,

encontramos ao realizar a divisão um quociente de R$2,03

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Esse resultado expressa a dispersão entre lucro e geração de caixa e

representa que para cada R$1,00 de lucro a empresa gerou R$2,03 de caixa na

atividade operacional. Sendo esse um dos vários indicadores possíveis de

aplicação que fornece informação que pode ser utilizada na análise financeira e

ainda na tomada de decisão, pode ser considerado como mais uma ferramenta

ofertada pelo contador à gestão financeira das empresas.

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5. CONCLUSÃO

Aprofundar-se nos estudos da DFC, buscando evidenciar os benefícios

que a aplicabilidade, a elaboração e extração de informação, da mesma,

proporcionam para os gestores financeiros das empresas trouxe os objetivos

vitais a esta monografia. Frente a elaboração da DFC pelos métodos Direto e

Indireto podemos concluir que o benefício mais evidente aos gestores

financeiros das empresas é identificar o comportamento das atividades

operacionais, de investimento e de financiamento relatando em números qual a

geração ou aplicação de disponibilidades de cada uma dessas atividades para

melhor gestão, competitividade e sobrevivência empresarial. Outro benefício

identificado foi a evidenciação do Resultado Financeiro para fazer frente ao

Resultado Econômico.

Aplicação do quociente de resultado, encontrou através da Razão entre o

valor apurado de Fluxo de Caixa Operacional pelo Resultado Operacional, um

quociente de R$2,03. Esse resultado expressa a dispersão entre lucro e geração

de caixa e representa que para cada R$1,00 de lucro a empresa gerou R$2,03

de caixa na atividade operacional. Sendo esse um dos vários indicadores

possíveis de aplicação que fornece informação que pode ser utilizada na análise

financeira e ainda na tomada de decisão, pode ser considerado como mais uma

ferramenta ofertada pelo contador que tem uma nova responsabilidade no

cenário atual e atua diretamente, auxiliando na gestão financeira das empresas.

Com informações precisas e claras para se manter no mercado

aproveitando as circunstâncias e oportunidades. Os gestores têm através da

elaboração da DFC uma visão de futuro que reduz o risco da má administração.

Conclui-se que aplicação da DFC proporciona uma visão financeira da

entidade abre a possibilidade de planejamento estratégico, verifica com mais

detalhe a aplicação e a geração da receita o que torna possível analisar os fluxos

e identificar se a empresa tem capital para cumprir com suas obrigações, e

analisar sua liquidez e solvência.

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SÁ, Carlos Alexandre. Fluxo de caixa: a visão da tesouraria e da controladoria. 1ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006.

SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração Financeira da pequena e média empresa. São Paulo: Atlas, 2001

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESA Análise e Planejamento Financeiro – Manual do participante. BRASÍLIA, 2011. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf Acesso em:10 mai. 2018

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESA. Fluxo de Caixa: O que é e como implantar, 2017. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/fluxo-de-caixa-o-que-e-e-como-implantar,b29e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD Acesso em:11 mai. 2018

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESA Sobrevivência das empresas no Brasil, 2016. Disponível em: https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/sobrevivencia-das-empresas-no-brasil-relatorio-apresentacao-2016.pdf Acesso em: 20 jan. 2019

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SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESA. O que é o Fluxo de Caixa e como aplicá-lo no seu negócio, 2019. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/fluxo-de-caixa-o-que-e-e-como-implantar,b29e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD Acesso em: 04 fev. 2019

ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle financeiros. 5ª Ed. Porto Alegre: Sagra – D. C. Luzzatto, 1992.

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ANEXO

ANEXO A – EXEMPLOS ILUSTRATIVOS: ELABORAÇÃO DA DFC PELO

MÉTODO DIRETO E INDIRETO

Contador José Martonio Alves Coelho

Presidente

Ata CFC n.º 1.021.

Exemplos ilustrativos

Estes exemplos ilustrativos acompanham, mas não são parte integrante da

NBC TG 03.

A. Demonstração dos fluxos de caixa de entidade que não é instituição

financeira

1. Os exemplos mostram somente os saldos do período corrente. Os saldos

correspondentes do período anterior devem ser apresentados de acordo

com a NBC TG 26.

2. As informações extraídas da demonstração do resultado e do balanço

patrimonial são fornecidas para mostrar como se chegou à elaboração da

demonstração dos fluxos de caixa pelo método direto e pelo método

indireto. Nem a demonstração do resultado tampouco o balanço patrimonial

são apresentados em conformidade com os requisitos de divulgação e

apresentação das demonstrações contábeis.

3. As seguintes informações adicionais são também relevantes para a

elaboração da demonstração dos fluxos de caixa:

• Todas as ações da controlada foram adquiridas por $ 590. Os valores

justos dos ativos adquiridos e dos passivos assumidos foram os que

seguem:

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• $ 250 foram obtidos mediante emissão de ações e outros $ 250 por meio

de empréstimo a longo prazo.

• A despesa de juros foi de $ 400, dos quais $ 170 foram pagos durante o

período. Além disso, $ 100 relativos à despesa de juros do período

anterior foram pagos durante o período.

• Foram pagos dividendos de $ 1.200.

• O passivo com imposto de renda e contribuição social sobre o lucro

líquido, no início e no fim do período, foi de $ 1.000 e $ 400,

respectivamente. Durante o período, fez-se uma provisão de mais $ 200.

O imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos foi de $ 100.

• Durante o período, o grupo adquiriu ativos imobilizados (terrenos,

fábricas e equipamentos) ao custo total de $ 1.250, dos quais $ 900 por

meio de arrendamento financeiro. Pagamentos em caixa de $ 350 foram

feitos para compra de imobilizado.

• Parte do imobilizado, registrado ao custo de $ 80 e depreciação

acumulada de $ 60, foi vendida por $ 20.

• Contas a receber no final de 20X2 incluíam juros a receber de $ 100.

• Foram recebidos juros de $ 200 e dividendos (líquidos de imposto na

fonte de $ 100) de $ 200.

• Foram pagos durante o período $ 90 de arrendamento mercantil.

Estoques $ 100

Contas a receber $ 100

Caixa $ 40

Ativo imobilizado (terrenos, fábricas, equipamentos, etc.) $ 650

Contas a pagar $ 100

Dívida de longo prazo $ 200

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(a) A entidade não reconheceu quaisquer componentes de outros resultados ou resultados abrangentes no período findo em 20X2

Demonstração consolidada do resultado para o período findo em 20X2(a)

Vendas $ 30.650

CMV (26.000)

Lucro bruto 4.650

Despesa com depreciação (450)

Despesas de venda e administrativas (910)

Despesa de juros (400)

Resultado de equivalência patrimonial 500

Perda cambial (40)

Lucro líquido antes do imposto de renda e da contribuição social 3.350

Imposto de renda e contribuição social (300)

Lucro líquido $ 3.050

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Balanço patrimonial consolidado em 31 de dezembro de 20X2

20X2 20X1

Ativos

Caixa e equivalentes de caixa 230 160

Contas a receber 1.900 1.200

Estoques 1.000 1.950

Investimentos 2.500 2.500

Ativo imobilizado ao custo 3.730 1.910

Depreciação acumulada (1.450) (1.060)

Ativo imobilizado líquido 2.280 850

Total do ativo $ 7.910 $ 6.660

Passivos

Contas a pagar 250 1.890

Juros a pagar 230 100

Provisão para IR e CSLL 400 1.000

Dívida a longo prazo 2.300 1.040

Total do passivo 3.180 4.030

Patrimônio Líquido

Capital social 1.500 1.250

Lucros acumulados 3.230 1.380

Total do patrimônio líquido 4.730 2.630

Total do passivo e PL $ 7.910 $ 6.660

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(a) Esse valor também poderia ser apresentado no fluxo de caixa das atividades operacionais.

Demonstração dos fluxos de caixa pelo método direto (item 18a)

20X2

Fluxos de caixa das atividades operacionais

Recebimentos de clientes 30.150

Pagamentos a fornecedores e empregados (27.600)

Caixa gerado pelas operações 2.550

Juros pagos (270)

Imposto de renda e contribuição social pagos (800)

Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos (100)

Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais $ 1.380

Fluxos de caixa das atividades de investimento

Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição (Nota A) (550)

Compra de ativo imobilizado (Nota B) (350)

Recebimento pela venda de equipamento 20

Juros recebidos 200

Dividendos recebidos 200

Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento $ (480)

Fluxos de caixa das atividades de financiamento

Recebimento pela emissão de ações 250

Recebimento por empréstimo a longo prazo 250

Pagamento de passivo por arrendamento (90)

Dividendos pagos (a) (1.200)

Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento $ (790)

Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa $ 110

Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) $ 120

Caixa e equivalentes de caixa no fim do período (Nota C) $ 230

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Demonstração dos fluxos de caixa pelo método indireto (item 18b)

20X2

Fluxos de caixa das atividades operacionais

Lucro líquido antes do IR e CSLL 3.350

Ajustes por:

Depreciação 450

Perda cambial 40

Resultado de equivalência patrimonial (500)

Despesas de juros 400

3.740

Aumento nas contas a receber de clientes e outros (500)

Diminuição nos estoques 1.050

Diminuição nas contas a pagar – fornecedores (1.740)

Caixa gerado pelas operações 2.550

Juros pagos (270)

Imposto de renda e contribuição social pagos (800)

Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos (100)

Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais $ 1.380

Fluxos de caixa das atividades de investimento

Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição

(Nota A)

(550)

Compra de ativo imobilizado (Nota B) (350)

Recebimento pela venda de equipamento 20

Juros recebidos 200

Dividendos recebidos 200

Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento $ (480)

Fluxos de caixa das atividades de financiamento

Recebimento pela emissão de ações 250

Recebimento por empréstimos a longo prazo 250

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(a) Esse valor também poderia ser apresentado no fluxo de caixa das atividades operacionais.

Notas explicativas sobre a demonstração dos fluxos de caixa (métodos

direto e indireto)

A. OBTENÇÃO DO CONTROLE DE INVESTIDA

Durante o período, o Grupo obteve o controle da controlada X. Os valores justos

dos ativos adquiridos e dos passivos assumidos são apresentados a seguir, em

$:

Caixa 40

Estoques 100

Contas a receber 100

Ativo imobilizado 650

Contas a pagar – fornecedores (100)

Dívida a longo prazo (200)

Preço total de compra liquidada em caixa 590

Caixa adquirido da controlada X (40)

Caixa pago pela obtenção do controle de X líquido do caixa adquirido 550

B. ATIVO IMOBILIZADO

Durante o período, o Grupo adquiriu ativo imobilizado ao custo total de $ 1.250, dos quais $ 900 por meio de arrendamento financeiro. Pagamentos em caixa de $ 350 foram feitos para aquisição de imobilizado.

Pagamento de passivo por arrendamento (90)

Dividendos pagos (a) (1.200)

Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento $ (790)

Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa $ 110

Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) $ 120

Caixa e equivalentes de caixa no fim do período (Nota C) $ 230

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C. CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA

Caixa e equivalentes de caixa consistem em numerário disponível na entidade, saldos mantidos em bancos e aplicações financeiras de curto prazo. Caixa e equivalentes de caixa incluídos na demonstração dos fluxos de caixa compreendem:

Caixa e equivalentes de caixa no fim do período incluem depósitos em bancos de $ 100, mantidos por uma controlada, os quais não são livremente passíveis de remessa à companhia holding controladora por motivos de restrições cambiais. O Grupo tem linhas de crédito disponíveis para utilização no valor de $ 2.000, dos quais $ 700 poderão ser utilizados somente para expansão futura.

D. INFORMAÇÃO POR SEGMENTO

Segmento A Segmento B Total

Fluxos de caixa de:

Atividades operacionais 1.520 (140) 1.380

Atividades de investimento (640) 160 (480)

Atividades de financiamento (570) (220) (790)

$ 310 $ (200) $ 110

E. CONCILIAÇÃO DE PASSIVOS RESULTANTES DE ATIVIDADES DE

FINANCIAMENTO (Incluído pela NBC TG 03 (R3))

20X2 20X1

Numerário disponível e saldos em bancos 40 25

Aplicações financeiras de curto prazo 190 135

Caixa e equivalentes de caixa conforme apresentado previamente 230 160

Efeito de variações nas taxas de câmbio - (40)

Caixa e equivalentes de caixa ajustados $ 230 $ 120

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APRESENTAÇÃO ALTERNATIVA (MÉTODO INDIRETO)

Como alternativa, na demonstração dos fluxos de caixa pelo método indireto, o lucro operacional antes das mudanças no capital circulante é, por vezes, demonstrado como segue:

Receitas, excluído o resultado de equivalência patrimonial 30.650

Despesas operacionais, excluída a depreciação (26.910)

Lucro operacional antes das mudanças no capital circulante $ 3.740

20X1

Fluxo de

caixa

Alterações em não caixa

20X2

Aquisição Novos

arrendamentos

Empréstimos de longo

prazo

1.040 250 200 – 1.490

Obrigações de

arrendamento

– (90) – 900 810

Dívida de longo prazo 1.040 160 200 900 2.300


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