UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE
ROBERTA DE OLIVEIRA JAIME FERREIRA LIMA DOS SANTOS
AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO DESENVOLVIMENTO DO
CUIDADO
NITERÓI 2016
ROBERTA DE OLIVEIRA JAIME FERREIRA LIMA DOS SANTOS
AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO DESENVOLVIMENTO DO
CUIDADO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira
Coorientadora:
Prof.ª Dr.ª Emília Gallindo Cursino
NITERÓI 2016
S 237 Santos, Roberta de Oliveira Jaime Ferreira Lima dos. Relações interpessoais entre os profissionais de
enfermagem de um hospital pediátrico para o desenvolvimento do cuidado. / Roberta de Oliveira Jaime Ferreira Lima dos Santos. – Niterói: [s.n.], 2016.
91 f.
Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde) - Universidade Federal Fluminense, 2016.
Orientador: Profº. Enéas Rangel Teixeira.
Co-orientador: Emília Gallindo Cursino
1. Relações Interpessoais. 2. Enfermagem. 3. Pediatria. 4. Cuidados de Enfermagem. I. Título.
CDD 610.730699
ROBERTA DE OLIVEIRA JAIME FERREIRA LIMA DOS SANTOS
AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO DESENVOLVIMENTO DO
CUIDADO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.
Aprovada em 15 de Julho de 2016.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________ Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira – UFF
Presidente
______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Benedita Maria Regô Deusdará Rodrigues – UERJ
1ª Examinadora
______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Emília Gallindo Cursino – UFF
2ª Examinadora
______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Marléa Chagas Moreira – UFRJ
Suplente
______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva – UFF
Suplente
Niterói 2016
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, o único que é digno de toda honra, toda glória e louvor, pois reconheço que sem Ele nada seria possível. Porque grandes foram os obstáculos e as dificuldades encontradas, e pela Sua infinita Misericórdia consegui chegar até o fim. Entendendo que é por Ele, para Ele que realizo todas as coisas, dedico a ti ó meu Deus, o fruto desse penoso trabalho. Ao meu esposo Fabrício, por me amparar nos momentos difíceis, ser companheiro e ter muita paciência. Seu amor, compreensão, força e respeito foram essenciais durante essa caminhada. Muito obrigada por tudo, sem você ao meu lado seria tudo muito mais difícil. Muito obrigada! À minha mãe, de forma especial, pelo amor, compreensão, paciência e pelas muitas orações em todos os momentos em minha vida. Se cheguei até aqui foi porque você sempre acreditou em mim. Muito obrigada! À minha família, em especial o meu querido irmão Sidney, meu padrasto Ademar, minhas cunhadas Adriana e Vanusa, e meus sogros Gicelda e Paulo Afonso. Obrigado pela paciência, carinho, incentivo e principalmente por compreenderem minha ausência nestes dois anos. Aos meus afilhados, Miguel Arcanjo e Natália, por compreenderem as minhas ausências e acreditarem no meu amor por vocês. Ao meu orientador, Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira, muita gratidão por me acolher, pela paciência, compreensão e principalmente acreditar em mim. Muito obrigada! À Prof.ª Emília Gallindo Cursino, por aceitar ser minha coorientadora e estar sempre presente como professora, amiga e, principalmente, por acreditar em mim. Seu companheirismo, compreensão, carinho e paciência foram cruciais para a conclusão desta dissertação. Meu muitíssimo obrigada por tudo! A professora e querida amiga Donizete Vago Daher por aceitar participar da minha banca na fase inicial deste processo e pelas palavras de carinho, incentivo, sabedoria e principalmente pelo seu exemplo de como acolher os alunos. Pude em momentos difíceis encontrar conforto em sua presença. Levarei esta gratidão para o resto da vida. Muito Obrigada! A querida prima Profª Drª Darci de Oliveira Santa Rosa pelo carinho, apoio, ajuda, incentivo. Sua presença e força foram fundamentais nesta jornada. Ao grande amigo Miguel Guzzo Coutinho que esteve sempre presente na minha vida , que acompanhou minha trajetória para ingressar no mestrado, estudando comigo muitas vezes por telefone, me dando força, me incentivando. Seu carinho, companheirismo, atenção, força e fé foram essenciais durante esta jornada. Terei eterna gratidão por tudo que fez e faz por mim. Muito Obrigada! A querida amiga Diana pelas constantes orações que tanto alimentaram minha fé nesta jornada.
A todos os meus amigos pela paciência, cuidado, carinho e, principalmente, por compreenderem minha ausência nestes dois anos. Muito obrigada! Meus queridos companheiros de batalha, mestres do MACCS. Soubemos dar apoio uns aos outros e isso vale muito mais do que cada dissertação. Em especial aos amigos Maria Cristina, Thiago, Pedro Paulo, muito obrigada pelas incansáveis vezes que me ajudaram durante o curso. Às minhas amigas, Verônica, Telma e Tavane, que sempre estiveram disponíveis a me escutar, incentivar. Pela compreensão no trabalho e ajuda constante e, principalmente, por acreditarem em mim. Muito obrigada! As professoras Benedita Maria Rêgo Deusdará Rodrigues e Marléa Chagas Moreira por aceitarem participar deste momento tão especial e ainda abrilhantar com suas valiosas contribuições. Muito Obrigada! A professora Rose Mary Costa Rosa por aceitar participar da minha banca e pelas palavras de conforto e sabedoria em momentos de dificuldade. Muito Obrigada! Aos professores do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde, da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense, que colaboraram de formas diversas para minha formação profissional. Aos profissionais de enfermagem da unidade de emergência do Instituto de Puericultura Martagão Gesteira. Muito obrigada pela paciência e por partilharem comigo seus depoimentos, sem eles não seria possível a conclusão deste trabalho.
RESUMO
Este estudo tem como objeto: as relações interpessoais entre os trabalhadores de enfermagem em um hospital pediátrico. As relações interpessoais no trabalho de enfermagem constituem um aspecto importante para o desenvolvimento do processo do cuidar na qual se destaca como uma das formas de comunicação/expressão entre seres humanos visto que inclui os sujeitos no grupo, favorecendo para além de uma realização de vida no trabalho a melhoria da qualidade da assistência prestada. Objetivo geral: compreender como se estabelecem as relações interpessoais entre os profissionais de enfermagem para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família no contexto da emergência pediátrica e como objetivos específicos: descrever os elementos que configuram as relações interpessoais dos profissionais de enfermagem no trabalho em pediatria na perspectiva do profissional e analisar as possibilidades e limites nas relações interpessoais dos profissionais de enfermagem para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família. Cenário: o estudo foi realizado na unidade de emergência (UE) de um hospital universitário federal pediátrico no estado do Rio de Janeiro. Participaram do estudo 19 profissionais de enfermagem sendo seis enfermeiros e 13 técnicos de enfermagem. Resultados: os dados foram analisados baseados na análise temática de conteúdo e emergiram duas categorias temáticas: 1. As relações humanas interpessoais no trabalho da enfermagem e sua implicação na produção de cuidado da criança, O profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família no contexto hospitalar durante o desenvolvimento do cuidado. A categoria 1 não apresentou sub temas, enquanto a categoria 2, expressou dois sub temas: 2.1 As possibilidades nas relações humanas interpessoais dos profissionais de enfermagem com a criança e sua família no desenvolvimento do cuidado; 2.2 Os limites nas relações humanas interpessoais no desenvolvimento do cuidado à criança e sua família. Os temas acolhimento, confiança; diálogo, relações profissionais e pessoais no ambiente de trabalho, amizade e união foram apontados pelos profissionais de enfermagem como elementos que configuram as relações interpessoais entre os profissionais para o desenvolvimento do trabalho. Os profissionais apresentaram o diálogo, respeito, confiança, gostar de cuidar da criança e relacionarem-se bem com a criança como possibilidades no relacionamento interpessoal no desenvolvimento do cuidar da criança. Foram apontados como limites no relacionamento dos profissionais de enfermagem as dificuldades na relação com o familiar que acompanha a criança internada e também o sofrimento relacionado ao envolvimento afetivo durante o cuidado da criança. Conclusão: olhar as relações humanas interpessoais sob a luz da complexidade permitiu compreender o sujeito humano em processo relacional no ambiente de trabalho. Neste estudo cuidar em pediatria pressupões saberes além do saber técnico. O profissional de enfermagem ao entrar em contato com os clientes precisam considerar que o cuidado é relacional e envolver-se na interação eu-tu proporciona vivenciar experiências com próprios sentimentos. Entender o ser humano na perspectiva da complexidade é considerar que as limitações fazem parte da condição humana entendendo que o que aparentemente pode parecer como uma limitação, também torna-se possibilidade quando compreendida como um modo diferente de ver e lidar com o fenômeno. A relações humanas interpessoais devem ser priorizadas uma vez que foi sinalizado que a forma como as pessoas se relacionam interferem no produto final do trabalho, no caso o cuidado a criança e sua família. Palavras-chave: Relação interpessoal. Enfermagem. Trabalho de equipe. Cuidado.
ABSTRACT
This study aims at the interpersonal relationships among nurses in a pediatric hospital. The interpersonal relationships on nursing work are an important aspect for developing the process of caring in which it detaches as being one of the communication/expression ways among human beings since it includes the subjects of the group, facilitating, beyond a work lifetime achievement, the improvement of the quality of the assistance offered. General goal: to understand how interpersonal relationships are set among nurses for developing the care of children and their family on the context of pediatric emergency and as specific goals: to describe the elements that configure the interpersonal relationships of nurses working on Pediatricsin the perspective of the professional and to analyze the possibilities and limits on interpersonal relationships of nurses for developing care of children and their family. Scenario: the study was carried out on an emergency unit (EU) of a Federal University Pediatric Hospitalat Rio de Janeiro. Nineteen nursing professionals have participated: 6 nurses and 13 nursing technicians. Results: the data were analyzed based on content thematic analysis and two categories emerged: 1. Human interpersonal relationships on nursing work and its implication on the production of childcare, The nursing professional on the relationship with the child and his family in the hospital context during care development. The category 1 did not present subthemes, however the category 2 presented two subthemes: 2.1 The possibilities on interpersonal human relationships of nursing professionals with the child and his family on development of care; 2.2 The limits on interpersonal human relationships on development of care concerning the child and his family. The subjects: reception, confidence; dialog, professional and personal relationships on work environment, friendship and union were pointed out by the nursing professionals as elements configuring interpersonal relationships among the professionals for work development. The professionals presented dialog, respect, confidence, liking taking care of the child and having a good relationship with the child as possibilities of interpersonal relationship of childcare. As limits on nursing professionals relationship there were pointed out the difficulties on the relationship with the family member accompanying the hospitalized child and also the suffering concerning affective involvement during childcare. Conclusion: looking at interpersonal human relationships under the light of the complexity allowed understanding the human subject on relational process on work environment. In this study, care in Pediatrics requires knowledge beyond the technical know-how. The nursing professional, when he gets in touch with the clients, needs to consider that the care is relational and engaging in the interaction me-you allows living experiences with the own feelings. Understanding the human being on the perspective of the complexity is to consider that the limitations are part of human condition, understanding that what may look a limitation, becomes a possibility when it is understood as a different way of seeing and dealing with the phenomenon. Interpersonal human relationships must be prioritized once it was shown that the way people relate interferes on the work final product, in this case the care of the child and his family.
Key-words: Interpersonal relationship, Pediatrics, Nursing care
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Fluxograma da seleção de artigos. Santos, 2016, f. 17
Quadro 1 - Características dos artigos analisados. Santos, 2016, f. 18
Quadro 2 - Caracterização dos participantes do estudo quanto ao tempo de atuação na instituição e na Unidade de Emergência (UE), formação complementar e o cargo na instituição. Santos, 2016, f. 41
Quadro 3 - Apresentação das categorias e subcategorias. Santos, 2016, f. 42
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 10 1.1 MOTIVAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 10 1.2 CONTEXTUALIZANDO O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO .................................. 12 1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................ 15 1.3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 15 1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 15 1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL ........................................................... 23 2.1 A NOÇÃO DE SUJEITO NA PERSPECTIVA DA COMPLEXIDADE ................... 25 2.2 AS RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO ........................................................ 26 2.3 HABILIDADES SOCIAIS ......................................................................................... 29 3 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................... 31 3.1 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................................... 31 3.2 O CAMPO DE INVESTIGAÇÃO .............................................................................. 31 3.2.1 Conhecendo o campo de investigação: um breve histórico do hospital .................. 32 3.3 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................ 35 3.4 CRITÉRIOS PARA O ENCERRAMENTO DO TRABALHO DE CAMPO ............ 36 3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ....................................................................... 36 3.6 COLETA DE DADOS ................................................................................................ 37 3.7 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................ 38 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 40 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ........................................................ 40 4.2 DESCRIÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO TEMÁTICO ................................... 41 4.2.1 Categoria 1: As relações interpessoais humanas no trabalho da enfermagem e sua
implicação na produção de cuidado da criança .......................................................
41 4.2.2 Categoria 2: O profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família
no contexto hospitalar durante o desenvolvimento do cuidado ..............................
51 4.2.2.1 Subcategoria 1: As possibilidades nas relações humanas interpessoais dos
profissionais de enfermagem com a criança e sua família no desenvolvimento do cuidado ............................................................................................................
51 4.2.2.2 Subcategoria 2: Os limites nas relações humanas interpessoais no
desenvolvimento do cuidado à criança e sua família ...........................................
57 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 64 6 OBRAS CITADAS ........................................................................................................ 70 7 OBRAS CONSULTADAS ........................................................................................... 80 8 APÊNDICES ................................................................................................................. 87 8.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................................. 87 8.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................................... 89
8.3- AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO 90 9 ANEXOS ........................................................................................................................ 91 9.1 PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ............................................................ 91
10 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1 MOTIVAÇÃO PARA O ESTUDO
O despertar pela dinâmica das interações humanas vem desde o período da
graduação na Faculdade de Enfermagem Raquel Haddock Lobo - UERJ em 2001, quando
atuava em um hospital universitário na condição de interna de enfermagem, uma vez que os
questionamentos sobre as características nas relações de trabalho, neste ambiente, favoreciam
ou não a qualidade da assistência prestada.
Durante este período, pôde-se perceber que quando a relação entre o enfermeiro e os
técnicos de enfermagem era permeada pela ética, compreensão, respeito, vínculo e
acolhimento, o processo de trabalho parecia mais satisfatório apesar das intempéries do
cotidiano laborativo. Tal fenômeno era identificado e manifesto nos discursos dos próprios
clientes e familiares, mostrando-se mais ou menos seguros e acolhidos, dependendo da
relação entre a equipe de enfermagem atuante no dia.
O interesse sobre a temática, acerca das relações interpessoais no ambiente de
trabalho, teve sequência enquanto residente de enfermagem em Nefrologia, no período de
2002 a 2003, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, e ao assumir o primeiro emprego
público como enfermeira, em outro Hospital Universitário Pediátrico, no ano de 2003.
Neste recorte temporal de vida profissional, foi inevitável deparar com situações
conflitantes a respeito das relações interpessoais no processo de trabalho numa equipe de
enfermagem. Ali, as questões éticas nas relações interpessoais, da equipe de trabalho, eram
imperiosas. Naquele contexto era freqüente ouvir dos técnicos e auxiliares de enfermagem a
insatisfação por não sentirem-se ouvidos, uma vez que não adiantava levar os problemas
cotidianos para os enfermeiros, porque percebiam que não havia resolutividade.
Vale ressaltar que, a especialização profissional foi conduzida para o cuidado de
clientes adultos crônicos, em especial com acometimento renal. Foi um momento da formação
muito valoroso, que possibilitou ainda mais a vivência com as relações humanas interpessoais
e aprimorou a intencionalidade de estudar este fenômeno.
Cuidar implica em conhecimento, habilidades, engajamento, esforço, prazer,
curiosidade e paixão. E cuidar de pacientes adultos ou pediátricos, necessita mais que
habilidade e formação profissional, requer coragem para trilhar uma jornada dialógica,
exigindo uma capacidade humana de relação com o outro.
11 Deste modo, pode-se considerar que o cuidado é dialógico, uma vez que une o que
aparentemente está separado, une a racionalidade dos procedimentos técnicos científicos com
a afetividade.
O ser humano que cuida é ao mesmo tempo or (razão) e desordem (afetividade) para
ser ele mesmo. E sendo ele egoísmo/altruísmo onde há contrários sempre em luta e ao mesmo
tempo compondo-se para que a subjetividade exista, produz um movimento dialético que
origina o cuidado (MORIN, 2011b).
E nesta jornada, caminhando com os pacientes, foram estabelecidas relações de
cuidar/cuidado. E com os colegas de trabalho foi preciso aprimorar habilidades de
relacionamento para estabelecer relações humanas de trabalho.
Logo no início do trabalho como enfermeira, no hospital pediátrico, o desafio
enfrentado foi liderar uma equipe do plantão noturno, sem nenhuma experiência prévia em
pediatria, além daquela obtida durante a graduação de enfermagem.
O setor de Unidade de Pacientes Internados consistia em seis enfermarias, com oito
pacientes cada, e nove técnicos de enfermagem, que já trabalhavam naquela unidade com um
conhecimento específico, o qual não dominava o cuidado com paciente pediátrico e seus
familiares. Como liderar pessoas que além de conhecer toda a rotina do setor, tinham uma
expertise no cuidado pediátrico que eu não tinha? Não os conhecia e nem eles a mim.
Naquele momento, coube buscar recursos nas experiências anteriores, nos discursos
das equipes de enfermagem encontradas ao longo da formação profissional; e assim,
estabelecer como princípio aprender a escutar o outro e suas inquietações. Então, foi preciso
desenvolver habilidades de relacionamento para mostrar à equipe que formávamos um grupo
e que como era inexperiente precisava muito de sua ajuda.
Usando de franqueza, ponderando as possibilidades e limites acerca da minha
experiência e inexperiência no cuidar em pediátrica, foi pedida a colaboração de todos para
construir um ambiente de confiança e transparência, destacando a importância de um
ambiente de trabalho dialógico, harmonioso.
Deste modo, o início desta relação foi marcado pelo encontro de pessoas que
buscavam se conhecer em uma inter-subjetividade. Nesta relação dialógica EU-TU
estabeleceu-se uma relação de inclusão, confiança, respeito, apoio, vínculo e acolhimento.
Não imaginava que a passagem pelo plantão noturno seria uma espécie de “Projeto
Piloto”, visto os desafios que ainda viriam na jornada profissional.
No ano de 2003, houve o convite para coordenar a Unidade de Emergência pediátrica
deste hospital, permanecendo como gerente por oito anos. Foi possível aprender que muitas
das dificuldades de relações interpessoais no processo de trabalho são superadas quando o
12 ambiente é respeitoso, valoriza as subjetividades, e permite espaço para troca e partilha de
saberes.
Ainda coordenando esta unidade, foi confiada também a coordenação da comissão de
ambiência, que tinha como objetivo resgatar a humanização no ambiente de trabalho através
de espaços físico acolhedores, que favorecessem um melhor fluxo no processo de trabalho,
visando a biossegurança tanto dos clientes internos (profissionais) e externos (crianças e
familiares).
Durante o processo de transformação da ambiência do setor de emergência
pediátrica, foi necessário ouvir além da equipe de enfermagem outros profissionais, a fim de
atender as necessidades de melhoria no processo de trabalho, de modo que também o cuidado
à criança e seus acompanhantes fossem humanizados.
E para surpresa, mais uma vez as relações no processo de trabalho ganharam
destaque. Algumas das reivindicações, em especial da equipe de enfermagem, eram de uma
estrutura predial que além de facilitar o fluxo de trabalho, favorecesse a comunicação entre as
equipes, espaços comuns de convivência.
Neste contexto, Lunardi et al (2007) em um estudo sobre a organização do trabalho
onde sentimentos de prazer estão associados, demonstrou a valorização do trabalho de
enfermagem, pautado no respeito mútuo, ambiente de trabalho harmonioso, compreensão e
um relacionamento cordial. Para esta autora, a impossibilidade de executar o que consideram
como correto e de manifestar movimentos de resistência explícita, cerceada pelo medo da
punição, geram sentimentos de sofrimento, associados à mágoa na avaliação do trabalho.
1.2 CONTEXTUALIZANDO O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO
O ser humano possui subjetividade que comporta a afetividade, estando este
destinado ao amor, à entrega, amizade, inveja, ciúme, ambição; fechado sobre si mesmo ou
aberto pelas forças de inclusão, ou exclusão. Os sujeitos se auto-organizam em interação com
outros sujeitos (MORIN, 2012).
Morin (2012, p. 78) ainda destaca que:
O sujeito surge para o mundo integrando-se na intersubjetividade, no meio de existência sem o qual perece. Assim como o individuo não se dissolve na espécie nem na sociedade que estão nele como ele está nelas, o sujeito não pode dissolver-se na intersubjetividade, que lhe garante a plenitude. O eu do sujeito não passa de uma estação de transmissão num tecido de intersubjetividade.
13 Todo individuo expressa na interação com seu semelhante o que ele é, o que faz, o
que pensa, o que sabe, o que deseja, o que gosta. Assim agindo, ele se coloca cada vez mais
como pessoa, como ser humano homo sapiens, sapiens demens (MORIN, 2012).
O cotidiano do trabalho influi na vida e nas emoções das pessoas. Haja vista que a
realização de um projeto de trabalho importante resulta em sentimentos positivos, o
trabalhador sente-se realizado e feliz.
Entende-se o trabalho de enfermagem como atividade realizada em equipe, que deve
priorizar a valorização do outro, além de ouvir suas necessidades e dificuldades no ambiente
de trabalho.
As relações no ambiente de trabalho têm um papel de destaque no processo do
cuidado com o cliente pediátrico. Ao cuidar da criança e sua família, a equipe de enfermagem
lida com seus afetos, com a compaixão e desenvolve a empatia pelo outro. Os aspectos
afetivos abrangem uma relação terapêutica com as crianças e com os familiares. Nesse
contexto, os pais percebem os cuidados de enfermagem personalizados como parte essencial
para o estabelecimento de uma relação positiva (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Agindo assim, segundo estas autoras, tanto a equipe de enfermagem quanto a família
se empoderam e mantêm uma comunicação aberta, e muitas das ações de enfermagem podem
servir às necessidades pessoais, como a de sentir-se querida e envolvida.
Assim, lidar com subjetividades dos membros desta equipe torna-se imperioso uma
vez que o prazer deve ser um dos motivos de trabalhar. Realizar o trabalho de modo
satisfatório resulta em sentir-se útil, produtivo, despertando sentimentos de valorização e
reconhecimento. O prazer no trabalho é vivenciado pelo sujeito quando este percebe que o
trabalho que desempenha é significativo e importante para a empresa e a sociedade
(FERREIRA; MENDES, 2001).
Respeitar as diferenças nas relações é tão significativo que o Ministério da Saúde, na
cartilha que fala sobre a rede de produção em saúde, aponta que:
Cada sujeito possui uma história singular que é marcada por trajetos únicos, compostos por perdas, conquistas e escolhas – profissionais, religiosas, políticas, etc. No entanto, essa singularidade está inserida no mundo. Estamos todos vivendo em extensas e complexas teias de relações sociais que se encontram em constante movimento. Isso nos faz estar, igualmente, em permanentes processos de redefinições, diante de novas escolhas e novas produções, individuais e coletivas. BRASIL (2009b, p. 23)
A partir destas considerações, entende-se a necessidade de se proporcionar um
ambiente de trabalho agradável, em que ambiente laboral e as relações humanas que ali se
14 revelam tenham impacto nos resultados da qualidade do trabalho, e no caso deste estudo, do
trabalho em enfermagem no cuidado à criança hospitalizada.
RNAO (2006) corrobora a ideia quando diz que um ambiente de trabalho saudável é
um ambiente para a prática que maximiza a saúde e o bem-estar dos enfermeiros, que
proporciona resultados de qualidade para os pacientes e desempenho organizacional.
A preocupação com a qualidade dos locais de trabalho para o bom desenvolvimento
das atividades de enfermagem também é uma preocupação em nível internacional. O
Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN), em 2007, em um evento comemorativo do dia
do enfermeiro, escolheu tratar do assunto sobre Ambientes Favoráveis à Pratica mencionando
que, as condições de trabalho refletem na qualidade do cuidado prestado e que as
características dos ambientes de trabalho, assim como da identidade dos enfermeiro são
considerados aspectos chave à garantia desta assistência de qualidade aos clientes e familiares
(ICN, 2007).
Em 2007, em Portugal, o Fórum Nacional das Organizações Profissionais de
Enfermeiros (FNOPE), realizado em parceria com o Conselho Internacional de Enfermeiros
(ICN), abordou a questão do ambiente saudável visto a importância da temática abordada. Nas
discussões deste Fórum foi pontuado que além dos equipamentos e materiais adequados, as
necessidades dos profissionais para um ambiente de trabalho seguro, é necessário o
reconhecimento profissional e social da equipe de enfermagem, e que sejam recompensados
financeiramente pelo seu trabalho.
Neste contexto, Freitas (2007) relatou a dificuldade nas relações de trabalho entre
outros fatores que causam consequências na qualidade da assistência prestada:
A realidade não é favorável aos profissionais. O estatuto do enfermeiro é baixo, as relações de trabalho são difíceis, existem riscos variados para todos os profissionais de saúde e especificamente para os enfermeiros, as cargas laborais são pesadas, os horários de trabalho são, muitas vezes, prolongados. Do conjunto dos fatores enunciados resulta uma grande insatisfação profissional. Obviamente, a situação descrita vai influenciar a relação de trabalho entre os profissionais de saúde e a relação destes com os clientes, bem como tem consequências na qualidade dos cuidados de saúde prestados (Freitas 2007, p 11).
Corroborando esta autora, Oliveira e Paula (2010) apontam que longos períodos de
tensão profissional afetam as relações interpessoais e aumentam os conflitos, insatisfação
profissional, rotatividade e ineficiência no trabalho e ainda maior tempo de afastamento do
trabalho por doença.
Diante do exposto, este estudo definiu como objeto de estudo: as relações
interpessoais entre os profissionais de enfermagem em um hospital pediátrico.
15 Assim, foram elaboradas as seguintes questões norteadoras desse estudo:
1. Qual é a percepção dos profissionais de enfermagem a respeito das relações interpessoais
no dia a dia de trabalho em um hospital pediátrico?
2. Quais são as possibilidades e limites das relações interpessoais no processo de cuidar da
criança hospitalizada?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
• Compreender como se estabelecem as relações interpessoais entre os profissionais de
enfermagem para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família no contexto da
emergência pediátrica.
1.3.2 Objetivos específicos
• Descrever os elementos relacionais
• que configuram as relações interpessoais dos profissionais de enfermagem no trabalho
em pediatria, na perspectiva do profissional.
• Analisar as possibilidades e limites nas relações interpessoais dos profissionais de
enfermagem para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família.
1.4 JUSTIFICATIVA
Ao pensar o que representa as relações interpessoais no trabalho de enfermagem foi
iniciada uma pesquisa bibliográfica a fim de buscar publicações, de livros e artigos recentes
sobre a temática, e que se aplicam na prática profissional empiricamente. Encontrou-se ampla
literatura, discutindo-se relações interpessoais no que tange ao relacionamento profissional
com o cliente.
Mesmo com a temática em ampla discussão, percebeu-se uma escassez de publicação
no que se refere ao relacionamento entre os profissionais de enfermagem, especificamente,
em pediatria.
Pensar o que representa as relações interpessoais no trabalho da equipe de
enfermagem no cuidado à criança hospitalizada implica pensar em habilidades sociais, por
entender que o cuidar em pediatria perpassa por diversas subjetividades, sendo assim o
16 processo relacional entre os profissionais e entre o profissional de enfermagem com a criança
e o seu acompanhante, complexo e capaz de gerar questionamentos a respeito da melhor
prática de cuidado.
Diferente do cuidado ao paciente adulto, onde a interação ocorre principalmente
entre o profissional e o paciente, podendo se estender ao familiar durante as visitas, o cuidado
ao paciente pediátrico envolve uma relação contínua com a família, sempre presente na
internação.
Para que houvesse uma aproximação com o tema escolhido, foi realizada uma
revisão integrativa, cujo método de análise de pesquisa possibilita síntese do conhecimento,
uma vez que esta metodologia busca sumarizar estudos significativos em uma determinada
área do saber, permitindo apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com
a realização de novos estudos (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Como primeira etapa da revisão integrativa, definiu-se como questão norteadora:
qual o conhecimento produzido sobre relacionamento interpessoal entre os trabalhadores de
enfermagem?
Em seguida, na segunda etapa, se instituiu como critérios de inclusão: artigos
originais publicados no recorte temporal do ano de 2000 a 2015, nos idiomas português,
inglês e espanhol, que de alguma forma abordassem o relacionamento interpessoal entre os
trabalhadores de enfermagem. Estabeleceu-se como critérios de exclusão: estudos de reflexão,
relatos de experiência, artigos de revisão, monografias, dissertações, teses e estudos que
abordassem relações interpessoais dos trabalhadores de enfermagem com a clientela.
Os dados foram coletados de junho a setembro de 2015, foi realizada a busca nas
bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE); resultou em um total
de 164.287 estudos.
Os descritores utilizados foram: “Interpersonal relation”, “Relações interpessoais”,
“Relaciones interpersonales Nursing”, “Enfermagem”, “Enfermería”, “Ambiente de trabalho”,
“Working environment”, “Ambiente de trabajo”. Estes foram controlados e combinados
através dos operadores booleanos “AND” e “OR”; obteve-se o total de 245 estudos.
Na terceira etapa, para a seleção dos artigos, foram realizadas leituras de títulos e
resumos, de modo a confirmar se os estudos contemplavam a questão norteadora da pesquisa;
obteve-se 31 artigos.
Figura 1 – Fluxograma da seleção de artigos. Santos, 2016.
17
Fonte: elaborada pela autora
A seguir, na quarta etapa, foi realizada a leitura, na íntegra, a fim de verificar se os
estudos atendiam aos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, sendo selecionados 09
artigos. Elaborou-se, um quadro sinóptico (Quadro 1) que caracteriza os artigos analisados,
composto pelos seguintes itens: autores, título, periódico, ano de publicação, local de origem
da pesquisa, desenho e base de dados. A quinta etapa correspondeu, a análise e interpretação
de dados.
18
Quadro 1- Características dos artigos analisados. Santos, 2016.
AUTORES TÍTULO PERIÓDICO ANO ORIGEM DESENHO BASE DE
DADOS
A1 - URBANETTO, J S e CAPELLA, BB
Processo de trabalho em enfermagem: gerenciamento das relações interpessoais
Rev. bras. enferm. 2004 Brasil Qualitativo Scielo
A2 - THOFEHRN, MB, LEOPARDI, MT
Teoria dos vínculos profissionais: um novo modo de gestão em enfermagem
Texto & contexto enferm.
2006 Brasil Qualitativo Lilacs
A3 - BAGGIO, MA
Relações humanas no ambiente de trabalho: o (des)cuidado de si do profissional de enfermagem
Rev. gaúch. enferm. 2007 Brasil Qualitativo Lilacs
A4 - CUNHA, PJ e ZAGONEL, IPS
As relações interpessoais nas ações de cuidar em ambiente tecnológico hospitalar
Acta paul. enferm.
2008 Brasil Qualitativo Scielo
A5 - WAGNER. LR, et al
Relações interpessoais no trabalho: percepção de técnicos e auxiliares de enfermagem
Cogitare enferm. 2009 Brasil Qualitativo Scielo
A6 - BEHERI, WH
Diversity within nursing: effects on nurse-nurse interaction, job satisfaction, and turnover.
Nurs. adm. q. 2009 Arabia
Saudita Quantitativo Medline
A7 - WARSHAWSKY, N H, et al
The influence of interpersonal relationships on nurse manager’s work engagement and proactive work behavior
J Nurs Adm 2012 Estados Unidos
Quantitativo Medline
A8 - FERNADES, HN, et al
Relacionamento interpessoal no trabalho da equipe multiprofissional de uma unidade de saúde da família
Rev. pesqui. cuid.
fundam. 2015 Brasil Qualitativo Bdenf
A9 - MOORE.JP et al
Social interaction and colaboration among Oncology nurses
Nurs Res Pract 2015 Canadá Qualitativo Medline
Fonte: elaborada pela autora
19 A caracterização dos estudos mostrou que a maioria, n = 6 (67,00 %), originou-se do
Brasil; n = 3 (33,00%) eram estrangeiros, de origem canadense, Estados Unidos e Arábia
Saudita. De acordo com o recorte temporal definido, somente a partir do ano de 2004
ocorreram publicações que atendiam a questão norteadora do estudo. Havendo concentração
nos anos de 2009 (A5 e A6) e 2015 (A8 e A9) que corresponde a 44,4%.
Sobressaíram-se os estudos de natureza qualitativa n =7 (A1-A5, A8, A9) (78%),
seguidos de quantitativos n = 2 (22%).
Dois estudos, A5 e A8, destacaram que a confiança, cooperação, comunicação,
espaço para reuniões, acolhimento e vínculo, são mediadores importantes para a manutenção
de uma boa relação interpessoal, no ambiente de trabalho de enfermagem.
Os mesmos autores destacaram ainda, que as relações interpessoais no ambiente de
trabalho são dificultadas pela falta de comprometimento dos membros da equipe, dificuldade
de entendimento das manifestações divergentes, assim como a falta de espaço para reuniões,
ocasionando ainda um distanciamento entre os colegas de trabalho. O autor A5, ainda
ressaltou a importância dos profissionais de enfermagem reconhecerem a relevância de lidar
com as relações, assim como conhecer também os processos de trabalho, com o intuito de
manter relações saudáveis, uma vez que estas interferem significativamente no cuidado
prestado ao cliente.
No estudo A4, as relações interpessoais com os colegas de trabalho baseadas na
cooperatividade, são fundamentais para a realização das tarefas do dia a dia, sendo um
facilitador para alcançar objetivos comuns estabelecidos no ambiente laboral.
Outro estudo, A2, que abordou a questão dos vínculos profissionais, destaca que o
movimento das relações grupais, oportuniza aos indivíduos um conjunto de experiências que
pode levá-lo ao maior conhecimento de si e dos outros, entendendo que processo de
integração grupal corresponde à formação de processo social, onde tarefas realizadas em
conjunto carecem de cooperação de cada membro do grupo, onde as subjetividades se
encontram e cada um contribui com suas aptidões para o trabalho coletivo.
Para o autor A3, a subjetividade nas relações interpessoais no ambiente de trabalho
depende de como cada sujeito dispensa o cuidado de si; uma vez que quando o indivíduo está
bem, tende a se relacionar melhor com o outro. Quando os profissionais relacionam-se de
forma ética, respeitosa, cooperativa, estão cuidando um dos outros.
Dois artigos, A2 e A9, corroboram com a importância de reuniões regulares no
ambiente de trabalho, pois entendem que além de favorecer a descoberta de criatividade
individual e coletiva, minimizam as dificuldades estabelecidas no grupo. As reuniões são
20 facilitadoras para que os colegas de trabalho se conheçam, e auxiliam a construir
relacionamentos.
O estudo A9, realizado por enfermeiras norte-americanas, enfatizou que as interações
sociais para além dos assuntos de trabalho, contribuem positivamente para a colaboração no
trabalho, promovendo relações interpessoais positivas, comunicação eficaz e respeito mútuo.
Este mesmo estudo ainda diz que, a colaboração é considerada como uma
competência exigida a todos os enfermeiros, e é listado como um dos padrões de ambiente de
trabalho saudável. O trabalho colaborativo é importante para a satisfação do trabalhador na
realização das tarefas grupais da enfermagem, assim como para o tratamento do paciente. Os
sujeitos com bom relacionamento interpessoal são mais produtivos no trabalho, e a presença
das habilidades sociais é significativa no desenvolver das relações favorecendo o trabalho em
equipe.
O trabalho em equipe incide em uma modalidade de trabalho coletivo com que os
profissionais de saúde e de enfermagem comumente executam seu trabalho no cotidiano dos
serviços de saúde. O trabalho em enfermagem caracteriza-se pela impossibilidade de ser
realizado por um único profissional, ou seja, existe pela prática efetivada por um conjunto de
agentes, o que de um lado exige ações de coordenação e supervisão e de outro configura o
trabalho coletivo. Deste modo, existe uma divisão social e técnica do trabalho em
enfermagem, com diferenciação pela formação acadêmica distinguida e pela hierarquização
das funções (PEDUZZI; CIAMPONE, 2005).
Dois estudos, A9 e A1, apontaram que o enfermeiro gerente/líder tem papel
fundamental na manutenção das relações interpessoais sadias, buscando uma forma de
gerenciar que não seja autocrática e/ou permissiva, pois causam dificuldades nas relações
interpessoais grupais no local de trabalho; e que a formação acadêmica e profissional não
instrumentaliza o suficiente as enfermeiras para a gestão das relações interpessoais, pois acaba
sendo centrada no papel burocrático do gerenciamento.
O autor A1 diz que o enfermeiro quando assume seu papel para além do
gerenciamento de recursos matérias e estruturais, atentando também para o lado humano, isto
é, para as relações interpessoais, precisa buscar instrumentalizar-se no sentido de desenvolver
competências, habilidades relacionais necessárias para que ocupe o lugar de destaque e o
espaço ainda existente das subjetividades.
Para estes autores, desenvolver competências relacionais exige um grande
investimento do enfermeiro, pois implica na revisão de conceitos e práticas amplamente
utilizadas na área da saúde, ou seja, necessita quebrar o antigo paradigma do gerenciamento
centrado nos aspectos burocráticos do trabalho de enfermagem.
21 Para Balsanelli e Cunha (2006) é fundamental que a equipe tenha alguém que se
preocupe não só com a coordenação do trabalho, mas também com quem realiza o cuidado. O
enfermeiro precisa estar apto a resolver conflitos, agir com ética e com igualdade com todos,
estabelecendo assim uma relação de confiança associada à motivação.
O estudo A6, sobre a diversidade cultural na equipe de enfermagem nos Estados
Unidos, apontou a importância da qualidade e da formação dos enfermeiros, mostrando que
enfermeiros com o nível de formação mais elevado tinham mais facilidade em estabelecer
relações de confiança, e valorizar as diferenças culturais.
Além das habilidades sociais desempenhadas pelo enfermeiro na interação com sua
equipe, a gestão geral de enfermagem também é responsável pelo bem-estar em todos os
níveis de trabalho. Para que isso ocorra, verifica-se a necessidade da valorização do
profissional enquanto ser composto de subjetividades.
A valorização da dimensão humana é a consideração para com os sentimentos
presentes nas relações de trabalho, exigindo de quem gerencia, além do autoconhecimento,
conhecimento do comportamento humano, presteza emocional no manejo das diferenças de
interesses e de projetos, e o real envolvimento com os membros da equipe, resgatando seus
valores, crenças, hábitos, costumes, potencialidades, necessidades e expectativas que
permeiam, e até determinam os relacionamentos (KURCGANT et al, 2005).
O estudo A7 pontuou que o engajamento está relacionado com o modo de gestão de
enfermagem. Assim, o comprometimento no trabalho sugere que as relações interpessoais são
de melhor qualidade.
Mediante o exposto, considerando o enfermeiro, o responsável pela gestão de
pessoas na equipe de enfermagem, é de suma importância que este profissional busque
ferramentas que possam ajudá-lo a estimular as potencialidades para habilidades sociais
existentes em cada individuo, melhorando assim a qualidade do local de trabalho.
Santos, Oliveira e Castro (2006) dizem que se a influencia do líder/gerente de
enfermagem for negativa pode levar os liderados a questionarem o poder exercido por ele
dentro da equipe. Assim, quanto mais a enfermeira estabelecer relações de poder
administrativo/burocrático com sua equipe, o seu poder/saber de enfermagem a ser
compartilhado será reduzido.
Ao analisar o conhecimento produzido sobre as relações interpessoais entre os
trabalhadores de enfermagem, constatou-se a necessidade do enfermeiro estar mais atento
para a gestão de pessoas com enfoque na humanização, a fim de estimular nas equipes
habilidades relacionais como: a solidariedade, a colaboração, o vinculo; assim quebrando o
paradigma, ainda estimulado nas universidades, com ênfase na área burocrática do
22 gerenciamento, formando enfermeiros com dificuldades para gestão de pessoas. Ressalta-se
ainda, a necessidade de uma reflexão acadêmica quanto ao modo de ensinar gestão em
enfermagem.
As atuais preocupações com a formação dos profissionais de enfermagem colocam
os processos reflexivos na centralidade da formação do enfermeiro, haja vista, como se pode
observar nestes estudos, a importância do gerente de enfermagem para a manutenção das
relações de trabalho cooperativas e humanizadas.
Apesar das limitações advindas do baixo número de produções achadas, pois dos
nove estudos selecionados, apenas um abordava as relações interpessoais em ambiente
pediátrico, as evidências encontradas podem ser úteis às discussões sobre a temática relações
interpessoais entre os trabalhadores de enfermagem, bem como, o desenvolvimento de futuras
pesquisas que abordem o processo relacional no ambiente de trabalho com foco nas relações
de trabalho da equipe de enfermagem entre si, com outros membros da equipe
multiprofissional, e com a família.
Ressalta-se que, com o cliente pediátrico, além da criança e de seus familiares, a
equipe de enfermagem, em virtude da sua proximidade e atuação direta junto ao binômio
mãe-filho, também compartilha as angústias e reações da família e da criança (FACIO;
MATSUDA; HIGARASHI, 2013). Portanto, compreende-se que as relações interpessoais no
ambiente de trabalho pediátrico têm um papel de destaque no desenvolvimento do cuidado à
criança e sua família, por entender que a organização do trabalho na pediatria não está
relacionada apenas à atividade em si, mas também às relações que nascem de relações sociais
de produção do cuidado.
Mediante o exposto, justifica-se a elaboração desta dissertação, entendendo que o
estudo das relações interpessoais entre os profissionais de enfermagem, na área das Ciências
do Cuidado em Saúde e Enfermagem, pode contribuir para o ensino e a pesquisa em
enfermagem pediátrica propiciando reflexões criticas no modo de pensar/fazer o trabalho de
enfermagem e o cuidar da criança e sua família, assim como gestão de enfermagem com foco
nas relações humanas apontando para além das questões técnicas e burocráticas do trabalho
em enfermagem.
23 2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL
Com relação ao norte teórico-conceitual da pesquisa, adotou-se o paradigma da
complexidade de Edgar Morin (2011a), por considerar que ele possibilita olhar o fenômeno
das relações interpessoais a partir da noção de sujeito humano, sem a necessidade de rechaçar
as contradições, resistências, incertezas e desordens constituintes da inter-relação humana no
ambiente de trabalho.
O conceito de noção de sujeito segundo o pensamento complexo de Morin é
ressaltado neste trabalho, uma vez que o autor o entende como um ser ativo que interfere e
sofre as consequências da interação com o outro e com a sociedade.
Edgar Nahoun nasceu em Paris em julho de 1921, filho único de Vidal Nahoun e
Luna Bressi, adotou o sobrenome Morin, posteriormente. Sua formação teórica e acadêmica
dialoga com diversas áreas do conhecimento humano. Graduou-se em História, Geografia,
Direito; migrou para a Filosofia, Sociologia e Epistemologia, depois de ter participado da
resistência ao nazismo, na França ocupada, durante a Segunda Guerra Mundial (MORIN,
2011a).
Ele desenvolveu um estudo sociológico e antropológico sobre suas observações e
vivências no tempo da guerra, além de esboçar algumas bases importantes do seu pensamento
complexo, principalmente a dialógica vida-morte, esperança-desesperança, felicidade-tristeza,
etc., incorporando em sua formação o princípio da incerteza (PETRAGLIA; MORIN, 2010).
Edgar Morin apresenta o paradigma da complexidade como uma saída à
simplificação do pensamento. Ele critica conceitos clássicos sobre o mundo e o homem que
são estabelecidos como verdades simplificadoras. O pensamento complexo tenta, assim, dar
conta daquilo que os tipos de pensamento mutilante se desfez, e por isso propende pela
consideração de cada objeto de estudo como algo complexo. Somos seres físicos, biológicos,
sociais, culturais, psíquicos e espirituais, e a complexidade visando conectar saberes e não
fazendo dicotomia sujeito e objeto, aponta compreender a identidade e a diferença de todos
estes aspectos (MORIN, 2008).
O pensamento complexo vai além da formalização e da quantificação que domina a
ciência clássica. “A realidade antropossocial é multidimensional; ela contém, sempre, uma
dimensão individual, uma dimensão social e uma dimensão biológica (MORIN, 2010, p.
189)”.
Para avançar no incerto e no aleatório do pensamento complexo, é necessária a
existência de um método, que o autor também atribui à estratégia, da complexidade como
24 sendo um momento para pensarmos nas singularidades e na junção de conceitos que lutam
entre si.
O método da complexidade pede para pensarmos nos conceitos, sem nunca dá-los por concluídos, para quebrarmos as esferas fechadas, para restabelecermos as articulações entre o que foi separado, para tentarmos compreender a multidimensionalidade, para pensarmos na singularidade com a localidade, com a temporalidade, para nunca esquecermos as totalidades integradoras. É a concentração na direção do saber total, e, ao mesmo tempo, é a consciência antagonista e, como disse Adorno, “a totalidade é não verdade”. A totalidade é, ao mesmo tempo, verdade e não verdade, e a complexidade é isso: a junção de conceitos que lutam entre si (MORIN, 2010, p. 192).
Morin, (2010), diz ser curioso que a identidade seja completamente ignorada pelos
programas de instrução. Podem-se perceber alguns aspectos do homem biológico na
Biologia, alguns aspectos psicológicos na Psicologia, mas a realidade humana é indecifrável.
Os seres humanos são indivíduos de uma sociedade e fazem parte de uma espécie.
O autor ainda diz:
Estamos em uma sociedade e a sociedade está em nós, pois desde o nosso nascimento a cultura se imprime em nós. Nós somos de uma espécie, mas ao mesmo tempo a espécie é em nós e depende de nós.(...). Portanto, o relacionamento entre indivíduo-sociedade-espécie é como a trindade divina, um dos termos gera o outro e um se encontra no outro (MORIN, 2000, p. 12).
A realidade humana é trinitária:
O ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Esta unidade complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la, de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos (MORIN, 2000, p. 15).
Nas idéias de identidade e de diversidade, nas obras de Morin, estão impressas sua
visão do ser humano. Este é concebido, por ele, biológica e culturalmente na perspectiva
dialógica indivíduo, sociedade e espécie. A identidade é resultante, também, do envolvimento
e reconhecimento do ser humano em seu grupo de convívio, como parte integrante da cultura
de seu tempo e de uma relação com e compreensão dos seus antepassados (RODRIGUES et
al, 2013).
O pensamento complexo de Morin subsidia a reflexão acerca das relações entre os
trabalhadores de enfermagem, tendo em vista que são sujeitos (indivíduos) implicados no
25 mesmo espaço coletivo, reconhece que o sujeito humano está incluído no objeto; concebe
inseparavelmente as unidades e as diversidades humanas; reconhece todas as dimensões ou
aspectos atualmente separados da realidade humana, que são físicos, biológicos, sociais,
mitológicos, econômicos, sociológicos, históricos, entende homo não apenas como sapiens,
faber e economicus, mas também como demens, ludens e consumans.
2.1 A NOÇÃO DE SUJEITO NA PERSPECTIVA DA COMPLEXIDADE
A proposta de tratar a questão das relações humanas entre os trabalhadores de
enfermagem em pediatria, no cotidiano da assistência hospitalar, encaminha para a
compreensão do Ser Humano e suas dimensões biopsicossociais de forma integrada e não
compartimentada.
Para compreender as relações sociais dos indivíduos no ambiente de trabalho, faz-se
necessário entender o Ser humano enquanto sujeito.
Abordando a subjetividade sob a luz do pensamento complexo, define-se sujeito
como:
Ser sujeito supõe um indivíduo, mas a noção de indivíduo só ganha sentido ao comportar a noção de sujeito, e que trata-se de uma lógica de auto afirmação do indivíduo vivo, pela ocupação do centro do seu mundo, correspondendo literalmente à noção de egocentrismo. A ocupação do site egocêntrico comporta o princípio de exclusão e o de inclusão (MORIN, 2012, p. 74).
O autor apresenta o principio da exclusão, que inseparável do de inclusão, possibilita
integrar na subjetividade outros diferentes sujeitos. É essa indissociação entre exclusão e
inclusão, que permite ao sujeito oscilar entre o egocentrismo absoluto, ou seja, o predomínio
do principio de exclusão, e a abnegação, o sacrifício pessoal, que se refere ao principio de
inclusão. Esta dialética existente, entre o sujeito egocêntrico e o sujeito capaz de se abnegar
em função do outro, não pode ser excluída na concepção dos processos de relação, solicitando
o conhecimento sobre esses diferentes sujeitos que atuam neste ambiente.
A noção de sujeito para Morin (2003) é próxima de um modelo voltado para os
aspectos relacionais e complexos por considerar a interferência, autonomia, particularidades e
subjetividades do sujeito, que passa a ser visto como um ser ativo que interfere e sofre as
consequências da interação com o outro e com a sociedade.
Assim de acordo com Morin (2012, p. 76) “o sujeito por apego intersubjetivo, pode
por amor dedicar-se a outro em uma relação”. Para o autor, o outro significa o semelhante e o
26 dessemelhante. Semelhante pelos traços humanos ou culturais comuns, dessemelhantes pela
singularidade individual ou pelas diferenças.
2.2 AS RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO
As relações de trabalho estão relacionadas com a história do ser humano. São
relações que ocorrem a partir da vida em sociedade e das interações de trabalho nas
instituições e sofrem influência de acordo com a organização do trabalho (MATOS, 2002).
A organização do trabalho não está apenas relacionada à atividade em si, mas
também às relações que nascem de relações sociais de produção do cuidado, as quais
constituem a interação entre os diferentes sujeitos, que muitas vezes ocupam posições
complementares e similares; visíveis, por exemplo, nas relações que ocorrem entre
trabalhadores que estão em posições hierárquicas e complementares tais como, na equipe de
enfermagem (PIRES; GELBCKE; MATOS, 2004).
Estes mesmos autores ainda discorrem que as relações que se estabelecem no
interior das instituições de saúde, e que fazem parte da organização do trabalho, sofrem
influência de variáveis internas do próprio ambiente institucional, bem como de variáveis
externas, da própria sociedade. A organização do trabalho tem, portanto, um papel de
destaque na vida do profissional, tanto pelo modo como o próprio trabalho é realizado quanto
pelas inter-relações estabelecidas, ou seja, a organização do trabalho aparece como uma
relação intersubjetiva e uma relação social. Deste modo, não se pode pensar na organização
do trabalho só de forma técnica, da forma como o trabalho é desenvolvido. Ele é técnico, mas
passa, também, por uma integração humana, que a modifica e lhe dá forma concreta (PIRES;
GELBCKE; MATOS, 2004).
O trabalho é a forma como o homem interage e transforma o ambiente garantindo
sua subsistência e mantendo relações interpessoais entre sujeitos com objetivos diferentes,
contrastando com o propósito coletivo da instituição. É por meio do trabalho que o sujeito tem
oportunidade de interagir, ter suporte social, encontrar propósito que valha a pena dedicar-se,
despender tempo, encontrar desafios, obter renda e construir sua identidade (ZANELLI;
SILVA; SOARES, 2010).
Trabalhar é uma das formas mais importantes de socialização do ser humano, é fonte
de prazer e realização. O trabalho constitui um fenômeno psicossocial fundamental à
existência humana, sobretudo nas organizações. Esta condição se explica pelo fato de que, por
meio de esforços físicos e psíquicos, mediamos nossas relações com as pessoas com as quais
27 nos relacionamos. Deste modo, o trabalho se caracteriza como uma categoria central da vida
humana (SILVA; TOLFO, 2012).
Assim, a participação em organizações é muito importante na vida das pessoas,
porque conduz ao envolvimento com outras pessoas em grupos. Nestes grupos, os indivíduos
procuram manter sua identidade e seu bem-estar psicológicos, e, para que se estabeleça um
processo de interação entre pessoas e organização, deve-se considerar as pessoas como seres
humanos dotados de personalidade própria, com uma história particular e diferenciada,
possuidoras de conhecimentos, habilidades e capacidades para a adequada gestão dos recursos
organizacionais (CHIAVENATO, 2014).
O mesmo autor ainda destaque que:
(...) Muitas vezes usam seus relacionamentos com outras pessoas para obter informação sobre si mesma e sobre o ambiente em que vivem. Os dados obtidos constituem uma ‘realidade social’ para o grupo e para os indivíduos que nela se baseiam para testar e comparar suas próprias capacidades, ideias e concepções, no sentido de aumentar sua autocompreensão (CHIAVENATO, 2014, p. 109).
As pessoas trabalham e se esforçam para poder conviver com seus pares em grupos
sociais. Assim sendo, o homem, um ser gregário, valoriza as recompensas sociais como forma
básica de motivação humana para satisfazer as necessidades sociais e de estima das pessoas
(CHIAVENATO, 2014).
A vida em grupo oportuniza um universo de experiência para o desenvolvimento e
crescimento das pessoas a partir das descobertas de si mesmas e dos outros; e é a partir da
vivencia grupal que há a possibilidade de conquistar um ambiente favorável para o
desenvolvimento das habilidades que promovem as ações transformadoras no trabalho
mediante a construção da interação com o outro, facilitando o crescimento e aprimoramento
das relações humanas (CHIAVENATO, 2015).
As organizações, de acordo com Baldissera (2012), tornam-se um importante lugar
para que os sujeitos, mediante seu trabalho, consigam desenvolver suas habilidades e
competências e, dessa forma, sentirem-se social e culturalmente pertencentes ao sistema.
O reconhecimento do trabalho mediante elogios (particularmente os públicos), a avaliação positiva realizada por lideranças e colegas de trabalho sobre ideias apresentadas, o sentimento de pertença, o atingimento de metas, o simbólico associado à organização (a organização ser publicamente reconhecida como referencia), o respeito às subjetividades e às diferenças, e a possibilidades de os sujeitos continuarem a se desenvolver (ampliar seus conhecimentos), dentre outras coisas, são fontes de prazer para os sujeitos que laboram nas organizações (BALDISSERA, 2012, p. 6-7).
28
A dimensão relacional no âmbito organizacional considera igualmente, os diferentes
sujeitos com os quais a organização interage, que constituem o outro da relação, inseridos em
um contexto social específico, com subjetividades, expectativas, interesses e discursos que lhe
são próprios (OLIVEIRA; PAULA, 2010).
Todo encontro social implica no encontro entre subjetividades. Esta relação
intersubjetiva terá sua qualidade a partir do respeito das peculiaridades de cada individuo,
com suas aspirações, desejos, realizações e frustrações. Deste modo o sujeito ao ingressar em
um novo grupo, poderá sentir-se acolhido, uma vez que o acolhimento é um importante
instrumento relacional a se considerar nas relações humanas com destaque no ambiente de
trabalho.
O acolhimento, nas relações interpessoais, pode ser uma estratégia de mudança do
processo de trabalho em saúde, que busca alterar as relações entre os trabalhadores,
humanizar a atenção, estabelecer vínculo e responsabilização das equipes, aumentar a
capacidade de escuta às demandas apresentadas, resgatar o conhecimento técnico da equipe de
saúde, ampliando a sua intervenção (MALTA, 2001).
Brasil (2009a) reforça essa ideia quando ressalta que, conceber a realidade implica
em observar os acontecimentos, focalizando as suas interligações e os efeitos que produzem
cada ligação, implicando em refletir sobre o papel de cada um dos atores, dentro do sistema
de relações.
Entretanto é importante destacar que acolher não denota resolver inteiramente os
problemas, mas está conexo à atenção dispensada na relação estabelecida a qual envolve a
escuta, a valorização das queixas e definição de necessidades, sendo estas individuais ou
coletivas (PEREIRA, 2006).
Neste contexto, compreendendo o trabalho de enfermagem como uma atividade
realizada em equipe, é importante que esteja presente nestas relações interpessoais, a
valorização do outro, ouvindo suas necessidades e dificuldades no ambiente de trabalho,
reconhecendo o valor de cada sujeito como parte da equipe, fazendo-o sentir-se, como ser
humano único, que está sendo compreendido enquanto profissional e individuo em suas
singularidades.
2.3 HABILIDADES SOCIAIS
As habilidades sociais são comportamentos que expressam sentimentos, atitudes,
opiniões de uma forma adequada e eficaz para com o contexto, respeitando o comportamento
29 das outras pessoas e resolvendo problemas, diminuindo a probabilidade do surgimento de
dificuldades futuras (CERUTTI; WAGNER, 2014).
Habilidades sociais são consideradas como uma classe de respostas aprendidas e
envolvem interações sociais, abrangem relações interpessoais e as habilidades de
comunicação, de resolução de problemas, de cooperação e de desempenhos interpessoais nas
atividades profissionais. Compõe o repertório comportamental que possibilita agir e lidar de
modo adequado nas mais diversas situações relacionais (DEL PRETTE; DEL PRETTE
2014a).
Para Pureza et al (2012),as habilidades sociais englobam diversos comportamentos
necessários para uma relação interpessoal bem-sucedida, como comportamentos de iniciar e
finalizar conversas; pedir ajuda; fazer perguntas e pedidos; defender-se; expressar agrado e
desagrado; pedir mudança no comportamento do outro; lidar com críticas e elogios, dentre
outros. Estas habilidades são expressas em comportamentos necessários a uma relação
interpessoal bem-sucedida, conforme características de cada cultura.
Bandeira et al (2006) destacam que os profissionais de saúde requerem habilidades
que estão estreitamente mediadas pelas interações sociais e que foram denominadas de
habilidades sociais profissionais, na literatura da área. Foram definidas, por estes autores,
como aquelas habilidades que atendem às diferentes demandas interpessoais do ambiente de
trabalho, objetivando o cumprimento de metas, a preservação do bem-estar da equipe e o
respeito aos direitos de cada um.
No trabalho de enfermagem a interação entre os membros da equipe é inevitável,
assim, dependendo de como as interações entre as pessoas aconteçam, o ambiente laboral
pode ser satisfatório ou tornar-se hostil. De tal modo, um grupo torna-se equipe quando
estabelecem objetivos e metas comuns, quando o processo de comunicação flui entre todos os
membros possibilitando o desenvolvimento das ações (DEL PRETTE; DEL PRETTE,
2014b).
Os mesmos autores ainda ponderam:
[...] habilidades sociais referem-se à existência de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do individuo para lidar de maneira adequada com as demandas das situações interpessoais e conjecturar que um sujeito socialmente competente sempre alcança seus escopos nas interações com os outros pares é um equivoco (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2014b, p. 15).
Sabe-se que as potencialidades são forças existenciais humanas e que podem ser
estimuladas com o uso de ferramentas. As interações sociais podem ter objetivos variados
30 como transmitir ou obter informações, solicitar mudança de comportamento, estado
emocional, atitudes ou crenças do outro, assim como também pode ser um mecanismo para
manter conversação trivial em um grupo e até mesmo supervisionar atividades (DEL
PRETTE; DEL PRETTE, 2014b).
As interações interpessoais podem ser caracterizadas conforme sua capacidade de
produzir os efeitos pessoais e sociais, ou seja, nos termos da satisfação das necessidades
individuais (TAVARES; COUTO; SILVA, 2012).
Nas interações interpessoais as relações são construídas entre pessoas em um espaço
de tempo onde permeia uma história e um contexto de vida. Nessas relações, padrões culturais
são reforçados e construídos, pelo fato do homem ser incompleto. Assim, ao longo da sua
vida, vai se completando através das interações que sedimenta ao longo dos tempos, e que se
chama cultura (SOUZA; OLIVEIRA, 2010).
É possível pensar que nas interações todos os envolvidos modificam e são
modificados, revelando que as relações não são de natureza unidirecional, uma vez que elas se
contemplam as noções de produto e produtor (MORIN, 2010). Este autor, ainda ressalta que
uma sociedade é produzida pelas interações entre indivíduos e essas interações produzem um
todo organizador que retroage sobre indivíduos para coproduzi-los enquanto indivíduos
humanos, o que eles não seriam se não dispusessem da instrução, da linguagem e da cultura.
31 3 PERCURSO METODOLÓGICO
3.1 TIPO DE ESTUDO
Foi realizada uma pesquisa do tipo exploratória com abordagem qualitativa
descritiva, uma vez que o universo deste tipo de pesquisa “é a produção humana que pode ser
resumido no mundo das relações, das representações e das intencionalidades” (MINAYO,
2014, p. 21).
Para Minayo (2014, p. 21), as pesquisas qualitativas trabalham com realidades que
não são quantificáveis, ou seja:
Abordam o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes, uma vez que o ser humano se diferencia não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por decodificar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus pares.
As pesquisas descritivas objetivam a descrição das características de determinada
população ou fenômeno, ou então o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 2008).
Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em
torno de um determinado problema, consistindo na aproximação de um tema, possibilitando a
familiarização com o fenômeno (GIL, 2008).
Deste modo, neste estudo, descreve-se e analisa-se como ocorrem as relações
interpessoais dos profissionais de enfermagem para o desenvolvimento do cuidado à criança e
sua família, no contexto da emergência pediátrica.
3.2 O CAMPO DE INVESTIGAÇÃO
O cenário da realização deste estudo foi um hospital universitário federal pediátrico,
situado no estado do Rio de Janeiro, tendo como publico alvo os profissionais de enfermagem
que atuam na emergência.
Optou-se por este campo de investigação pela especificidade do setor, visto que o as
relações humanas interpessoais, especificamente para a enfermagem, em unidades de urgência
e emergência geram envolvimento emocional diante da atividade de trabalho e do convívio
com situações de dor e morte,podendo ou não desencadear sofrimento, uma vez que as
exigências, para a equipe que atua nestas unidades, centram-se nas habilidades manual e
intelectual, somadas à rapidez diante da pressão para o desempenho das tarefas. O espaço de
32 urgência e emergência é determinado pela grande demanda de pacientes com risco elevado de
morte, ocorrências imprevisíveis, longas horas de trabalho, cobrança na agilidade, cobrança
dos familiares e um pequeno tempo para se prestar uma excelente assistência (FREITAS et al,
2015).
Neste contexto de trabalho, as interações humanas na emergência pediátrica são mais
intensas tanto pela necessidade de diálogo constante entre os membros da equipe de saúde,
como pela necessidade da proximidade desta equipe junto da criança e sua família com vistas
a manter vigília constante (SILVA; SANTOS; BRASILEIRO, 2013).
3.2.1 Conhecendo o campo de investigação: um breve histórico do hospital
O Instituto Nacional de Puericultura foi criado em 13 de janeiro de 1937, pela Lei nº
378, que teve por finalidade reorganizar o Ministério da Educação e Saúde. Em dezembro de
1937 foi incorporado à Universidade do Brasil, com a designação Instituto de Puericultura,
pelo Decreto-lei nº 98.
Em outubro de 1941, torna-se Instituto Nacional de Puericultura, incorporando-se ao
Departamento Nacional da Criança, pelo Decreto-lei nº 3.775.
No ano de 1942, houve a transferência de seu pessoal, material e dotações
orçamentárias para a cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância da Faculdade
Nacional de Medicina, retornando à Universidade do Brasil pelo Decreto-lei nº 8.774 em
janeiro de 1946 (ROCHA, 1957).
Em julho de 1949, foi iniciada a construção do novo prédio do Instituto de
Puericultura da Universidade do Brasil, que foi inaugurado em 1952, na Ilha do Fundão, pelo
Prof. Joaquim Martagão Gesteira, que era o diretor e primeiro catedrático da cadeira de
Puericultura e Clínica da Primeira Infância, da Faculdade Nacional de Medicina.
O Instituto era organizado por quatro divisões, com as respectivas subdivisões:
I - Divisão Administrativa – contadoria seccional, serviço de documentação e estatística,
serviço de pessoal, serviço de transporte e comunicação, zeladoria, almoxarifado e
rouparia e lavanderia;
II - Divisão Assistencial – Subdivisão de Puericultura compreendia ambulatório de
puericultura, pupileira, abrigo maternal e banco de leite; Subdivisão de Pediatria,
compreendia ambulatórios e serviços de hospitalização; e ainda os serviços de arquivo
médico, de alimentação, de diagnóstico e tratamento, social, de enfermagem, de
residentes e internos;
33 III - Divisão de Pesquisas – setor de bioquímica, setor de bacteriologia, setor de anatomia
patológica, setor de pesquisas biométricas, setor de pesquisas alimentares e setor de
bioestatística.
IV - Divisão de Ensino – setor de cursos, setor centro de estudos, setor de material
pedagógico e setor de publicações (LEAL, 2000).
Considerando que as disciplinas de Puericultura e Pediatria eram inseparáveis, foi
proposto, na Congregação da Faculdade de Medicina e no Conselho Universitário, que o
Instituto passasse a ser chamado Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira -
IPPMG (ROCHA, 1957).
O regimento interno do IPPMG foi aprovado em 1955 e modificado nos dois anos
posteriores, que definiu na ocasião como finalidade do instituto: realizar estudos e
investigações sobre todos os problemas biológicos e sociais da criança brasileira,
particularmente o seu crescimento, desenvolvimento físico e mental; realizar o ensino da
Cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância da Faculdade Nacional de Medicina;
realizar cursos especializados de Clínica Pediátrica e Puericultura; ministrar noções essenciais
de Puericultura individual e social a enfermeiras, assistentes sociais, mães e futuras mães; e
manter um Centro de Estudos destinado à apresentação de casos clínicos e trabalhos
científicos, franqueado a profissionais nacionais, ou estrangeiros, que dele poderiam
participar, apresentando trabalhos, ou realizando conferências, quando para isto eram
convidados (ROCHA,1957).
O Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), quando fundado,
atendia diariamente 100 crianças, e oferecia atendimento de puericultura, internação em
enfermarias que tinham capacidade para 107 leitos, subdivididos nas enfermarias de doenças
infectocontagiosas, de lactentes e meninos na 2ª infância. O Centro de Prematuros atendia 16
crianças, e em atendimento ambulatorial atendiam crianças com doenças contagiosas,
oftalmologia, otorrinolaringologia, neurologia, psiquiatria, cardiologia, dermatologia e clínica
dentária (LEAL,2000).
Nos dias atuais o perfil do hospital mudou. Não se faz mais puericultura, e tem um
serviço materno-infantil onde atende gestantes portadoras do vírus HIV. Nos ambulatórios,
além de atender pediatria geral, atende também 33 especialidades médicas além de consultas
de psicologia, nutrição e de enfermagem.
O hospital tem um centro cirúrgico; enfermaria de pacientes com 48 leitos, sendo
uma enfermaria somente para os pacientes com doenças hematológicas; unidade de terapia
intensiva com 7 leitos pediátricos e 3 leitos neonatal; e a unidade de emergência.
34 O cuidado ao cliente pediátrico é específico e especializado, e a equipe de
enfermagem é a categoria profissional que cuida integralmente das crianças hospitalizadas.
O Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), é um hospital
vinculado a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e teve o seu perfil de atendimento
à criança doente completamente modificado a partir do surgimento do Serviço de Emergência
Pediátrica, em dezembro de 1986, representando um marco para a instituição, uma vez que
passou a manter ativos durante as 24 horas do dia vários setores diretamente relacionados à
assistência (BEVILACQUA; MORAES; FERNANDES, 2000).
O serviço de emergência do IPPMG apresenta características que são diferenciadas
das outras unidades pediátricas, visto que “tornou-se progressivamente referencia para o
atendimento de demanda espontânea externa e também dos pacientes acompanhados pelos
ambulatórios de especialidades do próprio Instituto com os mais diversos níveis de
complexidade” (BEVILACQUA, MORAES; FERNANDES, 2000).
Atualmente, o quadro de funcionários de enfermagem deste setor é composto por 8
(oito) enfermeiros e 35 (trinta e cinco) técnicos de enfermagem, distribuídos da seguinte
forma: 1(um) enfermeiro coordenador, 1(um) enfermeiro diarista e o restante divididos em
turnos diurnos e noturnos de plantão de 12 horas. O serviço possui 6 (seis) equipes,
compostas por 1 (um) enfermeiro e 5 (cinco) técnicos de enfermagem cada, sendo distribuídas
3 (três) equipes para o serviço diurno e outras 3 (três) para o noturno.
O serviço de emergência, atualmente é administrado por uma coordenação conjunta
de 1 (um) enfermeiro e 1 (um) médico. A equipe multiprofissional é composta por equipe
médica, de enfermagem e nutricionista. Pela característica de estar dentro de um hospital
escola, também passam por lá acadêmicos de medicina e de enfermagem, assim como
residentes médicos, profissionais de farmácia, nutrição, fisioterapia e enfermagem em
treinamento, em serviço, nos moldes de residência multiprofissional.
A unidade atende crianças na faixa etária de 28 dias de nascidos até 11 anos, 11
meses e 29 dias, isto é, 12 anos incompletos.
O setor é dividido em área interna, que tem capacidade para atender 12 pacientes
pediátricos internados e seus acompanhantes, dividido em 2 (duas) enfermarias de curta
permanecia (ECP 1 e 2 ), e área de atendimento externo, o qual possui 6 boxes de atendimento
médico, 1 consultório para avaliação por classificação de risco (no momento desativada), 1
sala para preparo de medicação e nebulização, e 1 sala vermelha. A sala vermelha é preparada
para atender crianças que chegam à unidade em risco imediato de vida.
Atualmente, a unidade funciona atendendo as crianças encaminhadas pelo Sistema de
Regulação de Vagas do Rio de Janeiro (SISREG), crianças que já são clientes do hospital e
35 tratam em alguma especialidade médica ou pediatria geral, que são encaminhadas pelo
próprio médico durante algum atendimento ambulatorial, ou os clientes que entram via
Central de Acolhimento. A Central de Acolhimento atende as crianças de demanda livre que
buscam atendimento no hospital no horário de 7:00 às 17:00 horas. Estas, passam por
avaliação de um enfermeiro que realiza o atendimento seguindo os critérios de classificação
de risco.
A classificação de risco é uma ferramenta da Política Nacional de Humanização
(PNH) que visa atender a todos os pacientes, organizando o atendimento não por ordem de
chegada, mas por níveis de gravidade (BRASIL, 2009a). Cada paciente, após avaliação do
enfermeiro, recebe um cartão com cor (vermelho, amarelo, laranja, azul ou verde)
classificatória que indica o tempo máximo em que pode aguardar atendimento, onde:
VERMELHO - prioridade 0: indica atendimento imediato,
LARANJA - prioridade 1: atendimento em até 20 minutos
AMARELO - prioridade 2: atendimento em até 60 minutos
VERDE - atendimento ambulatorial: atendimento no mesmo dia
AZUL - agendamento ambulatorial: atendimento em 24 a 48 horas.
No que diz respeito à área administrativa, a emergência possui 1 (uma) secretaria
geral e sala da equipe médica e 1 (uma) sala da coordenação de enfermagem. Esta unidade
ainda possui 1 (uma) copa, 1 (um) banheiro e 1(um) quarto para repouso da equipe de
enfermagem do serviço noturno. A equipe médica realiza o repouso no quarto fora da
unidade, porém próximo.
3.3 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Os participantes deste estudo foram 6 enfermeiros e 13 técnicos de enfermagem, que
trabalham em turnos diurnos ou noturnos.
Os critérios de inclusão foram: fazer parte do quadro efetivo da instituição e estar na
equipe há pelo menos 6 meses. E como critério de exclusão, foram eliminados aqueles
profissionais que estavam de férias ou licença médica no período da coleta de dados.
É importante ressaltar que a pesquisa qualitativa permite não definir previamente um
número de amostragem, visto que se pretende valorizar a informação, o sentido, e se estes
apresentarem saturação em determinadas nuances, a coleta de pode ser encerrada (FLICK,
2009).
3.4 CRITÉRIOS PARA O ENCERRAMENTO DO TRABALHO DE CAMPO
36
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, a amostragem deu-se por saturação. Desse
modo, o número de participantes foi definido durante o processo de transcrição e análise dos
dados, ou seja, enquanto surgiram dados que podiam levar a novas perspectivas, as entrevistas
continuaram.
Amostragem por saturação é uma ferramenta conceitual frequentemente empregada
nos relatórios de investigações qualitativas. É usada para estabelecer ou fechar o tamanho
final de uma amostra em estudo. Sugere a suspensão de inclusão de novos participantes
quando os dados obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância
ou repetição (FONTANELLA et al, 2011).
Segundo estas autoras, nesta etapa, as informações fornecidas pelos novos
participantes da pesquisa pouco acrescentariam ao material já obtido, não mais contribuindo
significativamente para o aperfeiçoamento da reflexão teórica fundamentada nos dados que
estão sendo coletados.
3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de
Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (UFRJ), processo de número
42625815.9.0000.5264, obedecendo às exigências previstas de acordo com a Lei nº 466/12,
que define as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos
(ANEXO 9.1).
No momento da entrevista a pesquisadora apresentou-se a cada profissional de
enfermagem, esclareceu os objetivos da pesquisa e o convidou para participar do estudo,
sendo-lhe garantido anonimato e sigilo no tratamento dos dados. Se consentida a participação,
está só ocorreu após a assinatura do TCLE.
3.6 COLETA DE DADOS
Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, com roteiro-guia,
que visou abordar a percepção dos trabalhadores de enfermagem sobre o relacionamento
interpessoal no processo de trabalho cotidiano; e foi testado previamente para possíveis
ajustes no intuito de melhorar a compreensão e clareza das questões. Assim, foram realizadas
37 4 entrevistas piloto com residentes de enfermagem, o que permitiu ajustes no instrumento de
coleta de dados.
As entrevistas foram gravadas com a utilização de um aparelho de mp4, com a
devida autorização prévia dos entrevistados e posteriormente foram transcritas para que
nenhuma informação passasse despercebida. Os participantes foram identificados segundo sua
categoria profissional, seguido da numeração conforme a ordem das entrevistas, para os
enfermeiros E1 e para técnicos de enfermagem TE1, e assim, sucessivamente.
Os participantes foram informados e esclarecidos quanto a temática bem como os
objetivos do estudo, tendo a liberdade de sair do estudo a qualquer momento. Todos
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (APÊNDICE 8.1).
A entrevista semiestruturada possibilita discorrer de forma mais ampla e aprofundada
sobre o tema abordado, sem se prender a questionamentos estanques, busca-se a compreensão
do objeto de estudo a partir dos depoimentos coletados (MINAYO, 2014).
A entrevista pode ser definida como um processo de interação social entre dois ou
mais interlocutores, mediada por um entrevistador na qual uma delas, o entrevistador, tem o
objetivo de obter informações. É uma conversa com finalidade e se caracteriza pela sua forma
de organização (HAGUETTE, 2013; MINAYO, 2014).
Neste estudo, a efetivação das entrevistas pautou-se em um roteiro-guia que
contemplava as seguintes questões: sexo, idade, religião, cargo na instituição, formação
complementar, especialização, tempo que trabalha no hospital, tempo que atua na unidade de
emergência. Nas questões abertas, os participantes foram estimulados a discorrem sobre:
como acontecem suas relações de trabalho; o que contribui e o que dificultam nas relações
para a realização do trabalho; como o entrevistado se percebia nas relações com os pacientes e
seus familiares; como a forma de se relacionar interfere na produção do cuidado; como o
entrevistado se percebe nas relações com os colegas do trabalho e com as realização das
atividades do trabalho e o que poderia melhorar nas relações no ambiente de trabalho
(APÊNDICE 8.2).
Todas as entrevistas aconteceram em horário formal de trabalho, num ambiente
reservado, em que a pesquisadora elegia como ideal juntamente com o entrevistado, a fim de
que ele se sentisse a vontade para falar. Para o adequado andamento da entrevista e respeito
para com as crianças e familiares atendidas na unidade de estudo, o profissional de
enfermagem poderia interromper a entrevista dependendo da necessidade e retomá-la em
outro momento que fosse mais adequado, sem causar prejuízos nem para a pesquisa nem para
a assistência das crianças e familiares da unidade.
38 As gravações foram transcritas na íntegra pela própria pesquisadora. Após a
transcrição, os dados foram trabalhados e editados, excluíram-se vícios de linguagem,
palavras repetidas e erros gramaticais, para auxiliar a compreensão do sentido da entrevista do
depoente.
3.7 ANÁLISE DOS DADOS
Para tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, mais especificamente a
análise temática.
A análise de conteúdo busca a interpretação de formas de comunicações através de
um conjunto de técnicas de investigação, ao descrever de forma objetiva ou sistemática o
conteúdo dessas comunicações. Aborda técnicas de pesquisa que possibilitam replicar e
validar inferências sobre dados de um determinado contexto, por meios de procedimentos
específicos (BARDIN, 2009; MINAYO, 2014).
Existem várias modalidades de análise de conteúdo dentre as quais a análise
temática, que consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõe a comunicação e cuja
presença ou frequência de aparição pode significar algo para o objeto analítico do estudo. O
tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto, podendo ser
recortado em ideias e em proposições portadores de significações isolados (MINAYO, 2014).
A autora ainda pondera que o tema é uma unidade de significação complexa de
cumprimento variável. A sua validade não é de ordem linguística, mas de ordem psicológica:
podendo se apresentar tanto como uma afirmação ou como uma alusão.
De acordo com Minayo (2014), a técnica da análise temática desvela-se em três
etapas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos dados obtidos e sua
interpretação.
A primeira etapa da análise temática, pré-análise, versou na eleição dos documentos
a serem analisados e na retomada das hipóteses e dos objetivos iniciais da pesquisa. A pré-
análise consistiu em três fases: leitura flutuante, constituição do corpus e formulação das
hipóteses e dos objetivos.
I - Leitura flutuante: consiste em contato exaustivo com o material coletado, permitindo-se
impregnar pelo conteúdo.
II - Constituição do corpus: refere-se ao material que será submetido à análise. É a fase de
organização do material.
III - Formulação e reformulação de hipótese e objetivos: retomada da fase exploratória para
que se tenha oportunidade de reformulação das hipóteses. É também nesta fase pré-
39
analítica que se definem a unidade de registro (palavras chave ou frases) que concebem o
sentido do discurso; e a unidade de contexto, isto é, a delimitação do contexto de
compreensão, os recortes, a forma de categorização, a modalidade de codificação e os
conceitos teóricos mais gerais que orientam a análise.
Na segunda etapa, busca-se alcançar a essência do texto examinado. Para o feito, o
pesquisador examina o material adquirido e realiza a categorização, ou seja, encontrar
expressões ou palavras significativas às quais o conteúdo encontrado dos depoimentos será
organizado (MINAYO, 2014).
A terceira etapa é a fase a qual se realiza o tratamento e interpretação dos resultados,
ou seja, os resultados brutos são tratados de modo a serem válidos e significativos (MINAYO,
2014). É neste momento que o pesquisador interpreta os dados através de seu quadro teórico e
expressa suas conclusões.
Para a operacionalização do processo de análise, após a transcrição das entrevistas,
iniciou-se a leitura exaustiva do material para sua exploração. Posteriormente, foi realizada a
classificação das falas através do método colorimétrico, onde falas com o mesmo sentido
foram coloridas com a mesma cor. Após essa etapa fez-se a agregação dos dados, que gerou
subtemas. Os subtemas de sentido relacionados foram agregados em uma única unidade
temática. De forma que surgiram duas categorias, sendo a primeira categoria: relações
humanas interpessoais no trabalho da enfermagem e sua implicação na produção de cuidado
da criança, e a segunda: o profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família,
no contexto hospitalar durante a produção do cuidado. A segunda categoria originou duas
subcategorias: as possibilidades nas relações humanas interpessoais dos profissionais de
enfermagem com a criança e sua família no desenvolvimento do cuidado, e os limites nas
relações humanas interpessoais no desenvolvimento do cuidado à criança e sua família.
40 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
Foram entrevistados 6 enfermeiros e 13 técnicos, sendo três profissionais do sexo
masculino e dez do sexo feminino. A maioria trabalha na instituição há mais de 10 anos.
Quanto à formação, 100% (6) dos enfermeiros possuíam pós-graduação lato sensu sendo 50%
(3) em pediátrica, 16% (1) neonatal, e 34% (2) em áreas não relacionadas à saúde da criança.
Dos 13 técnicos de enfermagem seis tinham graduação em enfermagem, desses,
todos tinham pós-graduação lato sensu em neonatologia, pediatria, auditoria e obstetrícia.
Conforme mostra o Quadro 2 a seguir.
Quadro 2 - Caracterização dos participantes do estudo quanto ao tempo de atuação na instituição e na Unidade de Emergência (UE), formação complementar e o cargo na instituição. Santos, 2016.
IDENTIFICAÇÃO TEMPO DE TRABALHO
NA INSTITUIÇÃO TEMPO DE ATUAÇÃO
NA UE FORMAÇÃO
COMPLEMENTAR CARGO NA
INSTITUIÇÃO E1 8 meses 8 meses Mestranda em Enfermagem Enfermeiro
TE2 14 anos 9 anos Graduação em Enfermagem
Pós-graduação em Pediatria e neonatal
Tec. Enfermagem
TE3 1 ano 1 ano Graduação em Enfermagem Tec. Enfermagem E4 25 anos 15 anos Pós-graduação em Pediatria Enfermeiro
E5 25 anos 15 anos Pós-graduação em Adm. hospitalar e Auditoria Enfermeiro
TE6 2 1/2 anos 2 1/2 anos Não Tec. Enfermagem TE7 11meses 11 meses Graduação em Enfermagem Tec. Enfermagem TE8 20 anos 10 anos Não Tec. Enfermagem
E9 14 anos 7 anos Graduação em Enfermagem Pós-graduação em Auditoria
hospitalar Enfermeiro
TE10 13 anos 13 anos Graduação em Enfermagem Pós-graduação em Obstetrícia Tec. Enfermagem
TE11 23 anos 23 anos Graduação em Belas artes Tec. Enfermagem
TE12 29 anos 6 anos Graduação em Enfermagem Pós-graduaçãoTerapia intensiva Tec. Enfermagem
TE13 10 anos 7 anos Não Tec. Enfermagem TE14 8 meses 8 meses Não Tec. Enfermagem TE15 8 meses 8 meses Não Tec. Enfermagem TE16 7 anos 7 anos Não Tec. Enfermagem
TE17 14 anos 14 anos Graduação em Enfermagem Pós-graduação Neonatologia Tec. Enfermagem
E18 7anos 3 anos Pós-graduação em Terapia Intensiva em adulto e pediátrica Enfermeiro
E19 26 anos 26 anos Pós-graduação Pediatria e Saúde Pública Enfermeiro
Fonte: elaborado pela autora.
41 Os dados mostraram que 54% (sete) dos técnicos entrevistados possuem nível
superior, sendo que destes 46% (seis) possuem graduação em enfermagem; o que caracteriza
uma equipe diferenciada, visto que são enfermeiros que atuam como técnicos de enfermagem.
Entendendo que o sujeito está na parte assim como a parte está no sujeito, não se
pode dissociar, no ato de cuidar deste profissional, o conhecimento agregado pela formação
superior. O conhecimento adquirido faz parte do sujeito, e o conhecimento, por sua vez, pode
ou não transformar o sujeito (MORIN, 2011a).
4.2 DESCRIÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO TEMÁTICO
Após a leitura exaustiva das entrevistas proferidas pelos profissionais de
enfermagem, identificou-se e destacaram-se os núcleos de significação determinados,
mediante a repetição dos temas apresentados pelos depoentes, conforme foi descrito na
análise dos dados. As Unidades de Significação foram agrupadas por semelhança temática,
emergindo então, as categorias e subcategorias apresentadas no quadro a seguir.
Quadro 3 - Apresentação das categorias e subcategorias. Santos, 2016.
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS 1. As relações humanas interpessoais no trabalho da enfermagem e sua implicação na produção de cuidado da criança
2. O profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família no contexto hospitalar durante o desenvolvimento do cuidado
2.1 As possibilidades nas relações humanas interpessoais dos profissionais de enfermagem com a criança e sua família no desenvolvimento do cuidado 2.2 Os limites nas relações humanas interpessoais no desenvolvimento do cuidado à criança e sua família
Fonte: elaborado pela autora.
4.2.1 Categoria 1: As relações humanas interpessoais no trabalho da enfermagem e sua
implicação na produção de cuidado da criança
Esta categoria expressa os elementos que configuram as relações dos profissionais de
enfermagem, no desenvolvimento do cuidado à criança. As falas trouxeram temas como
acolhimento, confiança, diálogo, relações profissionais e pessoais no ambiente de trabalho,
amizade e união dos colegas de trabalho.
42 Para o grupo investigado as relações interpessoais são pautadas na boa interação com
os colegas. Notou-se nas falas, que existem maneiras diferentes de inclusão para com os
novos membros da equipe, através da atitude de acolhimento. Para os enfermeiros e técnicos
entrevistados, devido o longo convívio, as relações pessoais e profissionais se misturam,
favorecendo a interação do grupo. Pode-se evidenciar nos depoimentos que o diálogo é
mencionado como ponto chave para a boa relação de trabalho, assim como a confiança; onde
a falta deste, entre os membros da equipe, causam conflitos no ambiente de trabalho.
Identificou-se através das falas dos depoentes TE3, E1 e E5 o comportamento de
aceitação do outro, para com os novos integrantes na equipe de enfermagem, os quais se
mostraram receptivos, acolhedores, colaborativos e hospitaleiros.
Fui muito bem recebido pelo grupo, o grupo me recebeu muito bem. Eu não sabia o que ia encontrar aqui. O meu relacionamento com o grupo, com todos eles tem sido ótimo, com troca de experiências. Eu não tenho tanta experiência em pediatria quanto o grupo, mas todo mundo está disposto a me ensinar, com atenção, presteza (TE3). Fui muito bem acolhida pelo grupo, realmente funciona como uma equipe. Então, não tive dificuldade com relação a isso. Pelo contrário me surpreendi (E1). Agora entrou uma menina nova. Então, assim, sempre que entra um funcionário novo a gente tem que acolher, conversar sobre o grupo. Acho que é essa a ideia de grupo de formar uma equipe (E5).
Os depoentes apontaram que os membros do grupo de enfermagem estão sempre
dispostos a colaborar com o novo colega ensinando as rotinas e até mesmo compreendendo a
falta de experiência prévia, transformando o que poderia ser um problema em oportunidade de
entrosamento e aproximação.
Hospitalidade é habitualmente compreendida como virtude de alguém que é
hospitaleiro, que acolhe gentilmente outrem em um ambiente estranho, novo. Trata-se da
atitude de se conviver lado a lado com o diferente, com a alteridade (ALENCAR;FREIRE,
2007).
No contexto da valorização do humano pode-se conceber a
hospitalidade/acolhimento, ressaltando a relação dinâmica e inter-relacional entre acolhedor e
acolhido, de forma recíproca e geradora de novos saberes (BAPTISTA, 2008).
Entendendo hospitalidade/acolhimento como fenômeno que se instaura no espaço
constituído entre o sujeito que deseja acolher e o sujeito que deseja ser acolhido; hospitalidade
ou acolhimento seria, nessa perspectiva, uma área constituída na interseção resultante do
encontro dinâmico de pleitos distintos, com origem, necessariamente, numa perspectiva
subjetiva do desejo orbitada por eventos circunstanciais (SCHNEIDER; SANTOS, 2013).
43 A hospitalidade encerra troca expressiva de civilização e de humanidade,
viabilizando a interação social, sendo, portanto, das relações de hospitalidade que aconteceria
o elo social, decorreriam os valores de solidariedade, permitindo que o sistema gregário,
próprio da natureza humana-social, se instale se consolide e se desenvolva. Deste modo, a
hospitalidade constitui um complexo fenômeno humano que se exprime em vários contextos e
lugares, e que envolve múltiplas dimensões da realidade (SANTOS; PERAZOLLO;
PEREIRA et al, 2012).
Destaca-se que a hospitalidade se traduz como experiência fundamental, própria da
subjetividade humana na medida em que representa a disponibilidade da consciência para
acolher a realidade do fora de si, devendo ser potenciada em todas as suas modalidades e em
todos os contextos de vida. Compreender as relações de hospitalidade é acreditar na ideia de
que o outro não é apenas mais um igual a mim, mas é absolutamente outro, o qual eu devo
servir, porque é o outro que me constitui como tal, eu sou responsável por ele porque ele me
constitui (SANTOS; PERAZOLLO, 2012).
Deste modo, para que ocorra o acolhimento, ambos os sujeitos têm que se ajustar
dinamicamente na interação de suas necessidades, o que exige, de cada um, o olhar do olhar
do outro, a renúncia da tranquila certeza do saber prévio, o exercício empático da
compreensão, ainda que não essencialmente de forma sincrônica no tempo e no espaço. Trata-
se, portanto, de um vértice esboçado a partir de certa dialética do desejo, como uma variância
das relações humanas no âmbito cotidiano (IKAWA, 2012).
Os depoentes apontaram que uma equipe coesa e integrada contribui para o bom
relacionamento e gera amizade até fora do hospital, conforme as falas a seguir:
[...] Enfim, a equipe é muito coesa, é muito integrada entre si. As pessoas novas que estão entrando também possuem uma experiência larga na enfermagem, isso é muito bom. Então, acredito que essa interação contribua para o bom relacionamento no trabalho e ainda tem a amizade com a enfermeira, que também contribui muito com a relação interpessoal. Existe amizade fora daqui entre nós. Amizade mesmo (TE2). Eu acho que o fato da gente ter essa vivencia prolongada, pois no serviço publico, eu sei que na semana que vem vou chegar e vou te encontrar, eu vou chegar e vou encontrar os colegas, favorece este fortalecimento de laços e quando a gente consegue levar esta amizade para fora do hospital, no âmbito familiar, poxa, maravilhoso (E9).
A hospitalidade é uma questão de lugar, de tempo e de espaço, está fundada na
convivência com o outro e no respeito às diferenças. O encontro entre o acolhido, quando
aceito como tal, e quem acolhe, pode dar origem a um ritual de amizade e de vínculo humano
ou ao contrário, de agressão e de hostilidade. A ambiguidade da figura do outro tanto pode ser
44 o inimigo em potencial, o intruso, como pode ser o hóspede, o amigo, aquele para o qual se
concretiza, por meio do acolhimento (COMANDULLI, 2015).
No ambiente de trabalho os encontros intersubjetivos devem ser regidos pela ética a
fim de permear os relacionamentos de forma sadia, onde o espírito colaborativo e solidário
faz-se presente, visto que trabalhar requer aproximação com o outro, para a atividade fim. No
trabalho em saúde, em especial em enfermagem, o labor é realizado em uma inter-relação
grupal e a atividade fim é o cuidado humano. Para cuidar do outro o individuo deve se sentir
cuidado, valorizado pelos seus pares a fim de garantir autoestima e confiança no processo
grupal.
Quando receptivos e acolhedores, autorizando a entrada do outro, essa presença
humana acaba por nos “tirar do nosso lugar”, chamando-nos para a aventura da solidariedade
por força de um misterioso poder de interpelação e de apelação. Acolher alguém de forma
hospitaleira significa abrir o espaço próprio sem reservas ou desconfianças. Esta atitude
receptiva e confiante corresponde a um passo decisivo na direção de outrem, mas não define,
ou esgota o sentido da hospitalidade social. Ela corresponde, tanto e tão só, ao movimento que
dá lugar à experiência de afecção mútua que conduz ao compromisso interpessoal
(BAPTISTA, 2008).
O acolhimento é manifesto por meio do pertencimento, sentimento de inclusão,
sendo um fator preponderante para o estabelecimento de confiança nos relacionamentos de
trabalho em equipe.
O depoente E1 pontua que a confiança favorece um bom relacionamento de trabalho
contribuindo para uma relação harmoniosa e consequentemente uma melhor assistência.
Eu acho que a partir do momento que você está dentro de uma equipe e se vê dentro dessa equipe, quanto mais harmoniosa se dá essa relação, maior a qualidade da assistência que você pode oferecer. A partir do momento que você sabe que pode confiar naquela pessoa como profissional. Por exemplo, eu, enquanto enfermeira, tenho uma boa relação com os meus técnicos de enfermagem. Acho que, quem só tem a ganhar é o paciente, a criança e os pais, porque com certeza você vai oferecer uma assistência melhor. Eu entendo que influencia (E1).
A confiança é um elemento importante para o sentimento de pertença no trabalho em
equipe. Assim, a confiança é um lugar de intimidade, onde os laços afetivos são claros, onde a
crença no valor do grupo parece sobressair ou sobrepor-se aos diversos membros que dele
fazem parte, ao mesmo tempo em que assegura um espaço de diferenciação de cada membro
em relação à sociedade em geral (KOURY, 2010).
45 Para este autor, a confiança é uma atitude que permite àqueles que a possuem, uma
espécie de segurança íntima de procedimento, uma vez que o outro passa a ser visto como
uma extensão ou prolongamento do eu. É um lugar de familiaridade, onde os laços afetivos
são claros, onde a crença no valor do grupo parece justapor-se aos diversos membros que dele
fazem parte, ao mesmo tempo em que assegura um espaço de distinção de cada membro em
relação à sociedade em geral. Ele se torna membro de um grupo e, nessa transubstanciação,
parece adquirir um sentido de individualidade pessoal, tornando-se sujeito de fala e de ação
frente aos demais.
Confiar é, portanto, uma categoria analítica que remete o sentimento de proteção, de
se sentir protegido e proteger, diz respeito também ao sentimento de lealdade. Ser leal e obter
lealdade em troca são fundamentos da proteção, do sentir-se seguro e do ter segurança, que
remete, por sua vez, aos espaços construídos de confiança e confiabilidade no, para e pelo
grupo (GOFFMAN, 2012).
A confiabilidade traduz-se na ação de conceber ou de conceder confiança. É um ato
que requer a aceitação das regras ou códigos de conduta, que movimentam as interações entre
os diversos membros, e que fazem do grupo uma realidade fora do comum, o que permite aos
membros uma concepção sobre a ação de todos e de cada um no mundo exterior e sobre os
pares ou parceiros da intensa e constante interação no interior do grupo (KOURY, 2010).
Além da confiança, outros atributos, para manutenção das relações humanas
interpessoais no ambiente de trabalho dos profissionais de enfermagem investigados, foram
indicados nas falas.
A escuta e o diálogo, além de atributos presentes no acolhimento, são apontados
neste estudo pelos depoentes como habilidades importantes para a manutenção da
comunicação e do bom relacionamento interpessoal na equipe de enfermagem. É falar e
resolver, como mostra a fala a seguir:
Caso a gente, não esteja satisfeito com alguma coisa, a enfermeira, que é a gerente, dá muita liberdade para que as pessoas se expliquem. Então, por isso que eu acho que existe um bom relacionamento, porque não tem aquele negócio de um colega não gostar de alguma coisa e guardar, e ter que reclamar para alguém. Ela [enfermeira] dá toda liberdade para que a gente fale ali mesmo no grupo, falar ali e resolver ali (TE13).
No depoimento acima, identificou-se que é fundamental que o enfermeiro,
gerente/líder da equipe de enfermagem, esteja apto para resolver conflitos em uma postura
ética, na busca de uma gestão centrada no individuo humano que trabalha e não apenas no
humano profissional trabalhador.
46 A valorização da dimensão humana exige de quem gerencia muito além do
autoconhecimento, exige o conhecimento do comportamento humano, o real envolvimento
com os membros da equipe, manejando as diferenças, resgatando seus valores, crenças,
hábitos, costumes, potencialidades, necessidades e expectativas dos elementos que permeiam
e determinam os relacionamentos (KURCGANT et al, 2005).
A falta de diálogo favorece conflitos no ambiente de trabalho e é evidenciada nas
falas de TE10 e TE15, que também destacaram que a falta de escuta do outro influencia na
assistência à criança.
Têm pessoas que se acham melhores que as outras, têm enfermeiros que não ouvem o que o outro enfermeiro fala ou o que um técnico fala. Tem gente que é até mais antiga que a pessoa e a pessoa não escuta. Aí, faz besteira, arranja briga na equipe sem necessidade. Se você fica de cara feia com a pessoa, se você não quer falar com aquele colega, isso interfere porque você não consegue um feedback naquela comunicação, numa hora de troca de horário, uma medicação, o colega viu alguma coisa, você ̂ não vai conseguir passar isso objetivamente. Vai ficar aquela briguinha e isso vai atrapalhar o serviço (TE10). As pessoas não ouvem as outras e isso dificulta muito. Às vezes a gente sugere outro modo de fazer um cuidado para ficar melhor para a criança, mas a colega não aceita, do tipo eu aprendi assim e tem que ser assim, uma imposição. Eu já prefiro ouvir. Se o modo que está sendo sugerido pelo colega for melhor para a criança eu revejo meu modo de agir e vamos aprendendo e agregando conhecimento (TE15).
O diálogo na busca da compreensão mútua, da construção de acordos e consensos,
não se refere a uma situação imaginada na mente dos integrantes do diálogo, mas se refere ao
plano concreto que envolve os aspectos objetivos e subjetivos do diálogo, para a coordenação
das ações (SOUZA, 2011).
De acordo com Jares (2008), o diálogo é um fator essencial para melhorar a
qualidade das relações humanas nas instituições, assim como uma estratégia para abordar e
resolver conflitos. O autor ainda pondera que quando o diálogo é rompido se inviabiliza a
possibilidade de convivência entre os profissionais.
Neste contexto, estudo de Santos, Oliveira e Castro (2006) mostrou importância do
enfermeiro líder da equipe evitar as relações de poder administrativos e burocráticos e buscar
relações compartilhadas para resolver conflitos. Desse modo, em uma equipe as habilidades e
talentos são individuais; porém, quando ocorre uma intervenção gerencial compartilhada, a
produção do cuidado pode tornar-se mais eficiente e efetiva. O destaque deve ser dado ao
processo de comunicação (NAVARRO; GUIMARÃES; GARANHANI, 2013).
A comunicação humana é essencialmente complexa. Não se pode comunicar se não
houver um juntamento de partes que aparentemente parecem disjuntas. Para que haja
comunicação humana, precisa-se da linguagem verbal e não verbal. É complexa porque junta
47 o que aparentemente estaria separado, porque precisa tecer em conjunto, humanos diferentes
pela própria condição humana. Edgar Morin (2012, p. 81) diz que o “sujeito humano é
complexo por natureza e por definição [...] apresenta-se como singular e comum,
comunicador e incomunicável”.
Fazendo a leitura das falas à luz do pensamento complexo, pode-se perceber a
manifestação do anel recursivo. A recursividade se manifesta uma vez que ausência de
diálogo gera conflito, que gera mais falta de comunicação, como em um anel. E o mesmo
acontece para a comunicação eficaz. A comunicação estabelecida sem ruídos, gera mais
entendimento e maior possibilidade de manutenção de uma comunicação eficaz entre os
profissionais. Mas, isto não significa que em algum momento a recursividade não seja
quebrada. O homem é sapiens e demens ora está lúcido, ora está louco. Ora acerta e ora erra.
A complexidade é um tecido de constituintes heterogêneos inseparáveis, ela coloca o
paradoxo do uno e do múltiplo, é efetivamente o tecido de acontecimentos e retroações,
determinações e acasos que se constituem no nosso mundo fenomênico (MORIN, 2011a, p.
13).
A comunicação entre a equipe de enfermagem no ambiente hospitalar corresponde ao
relacionamento entre duas pessoas que devem interagir, trocar informações, influenciar,
estimular, compartilhar ideias e sentimentos, com o propósito de estabelecer níveis de
confiança e de relacionamento diante de um objetivo comum, que é o cuidar da criança
doente.
O trabalho na enfermagem, sendo comprometido com as mudanças e a influência de
outros, envolve inteiramente o processo interpessoal, deste modo, é uma profissão que
necessita de ajuda e fornece ajuda ao outro (LEOPARDI, 2006).
Não há interação sem comunicação e ambas são inerentes ao cuidado, sendo
capacidades necessárias de serem desenvolvidas para que o cuidado se efetive. Quando se
abarca o processo comunicativo, seus elementos formadores e suas consequências tornan-se
mais fácil o enfrentamento dos desafios da comunicação que surgem no trabalho cotidiano
(BRAGA; DYNIEWICZ; CAMPOS, 2008).
Os mesmos autores ainda destacam que:
Os profissionais de saúde convivem constantemente com problemas de comunicação, que, consequentemente, interferem na continuidade, qualidade e consecução do trabalho ou na satisfação das necessidades dos profissionais, de forma que o trabalho transcorra de maneira produtiva e eficaz. Para o desenvolvimento do trabalho em equipe, a comunicação é imprescindível, sendo um fator de desagregação ou agregação dependendo de como ocorra. A comunicação é,
48
também, uma importante e essencial ferramenta na obtenção de valiosas informações para a condução terapêutica (BRAGA; DYNIEWICZ; CAMPOS, 2008, p. 1).
A vida humana é afetada dependendo de como a comunicação é realizada no que diz
respeito aos relacionamentos humanos interpessoais, assim, entender esse processo com seus
determinantes e consequências, aumentam a capacidade do indivíduo de compreender e
conseguir sobrepujar as dificuldades relacionadas à comunicação no seu ambiente de trabalho,
uma vez que o processo de comunicação é complexo e ultrapassa o sentido das palavras,
envolvendo gestos e expressões (BALTOR; BORGES; DUPAS, 2014).
Assim, o diálogo que busca consenso é um elemento essencial para o trabalho em
equipe, uma vez que permite o desenvolvimento de uma prática comunicativa. A
comunicação é parte da vida do ser humano, e na área da saúde torna-se essencial para
obtenção de informações valiosas permitindo o desenvolver da assistência. Entretanto, nota-se
que no dia a dia do trabalho, muitas pessoas têm dificuldade em falar ou interpretar a língua
de comunicação, o que pode gerar conflito nas relações (ALMEIDA; CIOSAK, 2013).
A interação é um elemento importante, sustentador do sistema interpessoal, sendo
um processo de percepção e comunicação entre as pessoas e o ambiente, entre pessoas ou
entre grupos de pessoas, por meio verbal e não verbal, para se alcançar uma meta, se
caracterizando pela interdependência. A interação é o objetivo do processo de comunicação
dos seres humanos, em que fonte e receptor criam uma relação de interdependência, ou seja,
um influencia o outro. (BROCA; FERREIRA, 2015).
Neste contexto, de acordo com os depoimentos, é fato que existe a necessidade da
boa interação interpessoal no trabalho em equipe de enfermagem da emergência pediátrica,
para que não haja interferência no cuidado.
Nas falas a seguir, pode-se perceber que uma equipe que interage, reflete
positivamente no cuidado à criança e à família.
Então, quando um não faz algum cuidado, o outro faz. Esta forma da equipe interagir, ela é boa. Se as pessoas agissem como máquinas, cada um só preocupado com o seu trabalho, provavelmente um colega que estivesse em um momento de dispersão, ia ficar o furo, e isso causaria um dano na assistência à criança e à família (E9). Acho que a forma que o grupo se relaciona interfere de forma positiva, porque tudo isso vai colaborar para você desenvolver melhor as atividades. Essa boa interação do grupo, acaba colaborando para um bom desempenho, consequentemente, numa boa possibilidade de tratamento para as crianças durante a internação (TE3).
49 O trabalho em equipe surge da necessidade de estabelecer objetivos e metas em
comum, por meio do qual se desenvolva o crescimento individual e do grupo. Desse modo o
trabalho em equipe também pode ser visto, como processo de inter-relação entre os
profissionais (NAVARRO; GUIMARÃES; GARANHANI, 2013).
As relações interpessoais no ambiente de trabalho se constituem a partir de um
processo de interação entre os membros de uma mesma equipe, criando-se vínculos
profissionais, uma condição relacional entre trabalhadores, a fim de efetuarem uma ação
coletiva e impetrarem um objetivo em comum, pautados em fazeres e palavras coerentes,
representados por motivação, flexibilidade, comprometimento, realização pessoal e ênfase na
subjetividade humana (WAGNER et al, 2009).
Para Morin (2012, p. 72-74):
As interações são ações recíprocas que modificam o comportamento ou a natureza dos elementos, corpos, objetos, fenômeno sem presença ou em influência [...,] uma espécie de nó górdio de ordem e desordem. [...]. A interação torna-se assim, uma noção intermediária entre desordem, ordem e organização. Isso significa que esses termos são ligados via interações, em um circuito solidário, em que nenhum desses pode ser concebido além da referência aos outros e onde eles estão em relações complexas, ou seja, complementares, concorrentes e antagônicas.
Deste modo, a estrutura das interações sociais tem a função de possibilitar a
negociação de acordos entre os envolvidos, não representando, portanto, uma rede ou o
caminho que regula diretamente as ações humanas. Ela orienta apenas a comunicação que
tornará determinadas ações mais prováveis do que outras. (NOVELLI; MOURA;
CURVELLO, 2013).
Cabe ressaltar que o trabalho em saúde e enfermagem configura-se por uma relação
mútua de duas dimensões complementares, sendo a ação produtiva, e a interação social na
qual o cuidado é produzido e consumido no próprio ato. A dimensão interativa do trabalho
realiza-se por meio da ação dialógica, na qual se apoia para a busca do entrosamento entre os
sujeitos envolvidos em diferentes momentos do processo de trabalho (SOUZA, 2011).
Em algumas falas pode-se identificar uma interface entre relações de trabalho e
pessoais naquele cenário. O depoente E1 reconhece que devido à longa permanência no
mesmo setor, com os mesmos profissionais, aos poucos a intimidade é instalada, o que
favorece uma abertura para que questões pessoais sejam conversadas entre os colegas. O
mesmo depoente ainda destaca a impossibilidade de bloquear-se e não misturar o Eu que sou
com o Eu profissional conforme pode-se observar no trecho de sua fala:
50
Eu acho que por ser um ambiente o qual permanecemos muitas horas do dia, fica difícil separar a relação pessoal da relação do trabalho. Porque cada plantão, eu acho que vai aumentando a intimidade entre os profissionais, e isso é inevitável, porque não dá para a gente se bloquear aqui dentro deste lugar, que a gente fica tanto tempo. Então, aos pouquinhos, eu acho que a gente acaba se abrindo não como profissional, mas como pessoa para aqueles profissionais, através de conversa (E1).
Nesta perspectiva, a consideração do sujeito constituído por partes que constroem um
todo, e um todo que detém estas partes, pode ser efetivamente aplicada, tanto do ponto de
vista conceitual, como uma atitude relacional direcionada ao sujeito inserido no contexto
social (MORIN, 2011b).
Assim, Morin (2011b, p. 43) diz: “o mundo está no interior de nossa mente, que está
no interior do mundo. Sujeito e objeto nesse processo são constitutivos um do outro”.
Entretanto, o depoente TE7 apesar de sentir-se como se estivesse em família, ele e
sua equipe mantêm momentos de confraternização fora do ambiente de trabalho, frequentam a
casa uns dos outros, mas pondera que são capazes de no ambiente de trabalho separar
relacionamento pessoal do profissional.
A relação [entre a equipe de enfermagem] é maravilhosa. Eu costumo falar que é uma grande família, nós conseguimos separar muito bem o pessoal do profissional. Somos capazes de nos confraternizar na casa de alguém, fazer nossa festa. E se no dia seguinte estiver de plantão e precisar abaixar a cabeça para levar uma bronca: é isso aí, e ninguém fica chateado (TE7).
Na busca da compreensão das falas acima sob a perspectiva do pensamento
complexo, pode-se dizer que as relações humanas é um sistema complexo onde subjetividades
se encontram e se inter-relacionam.
Assim, olhar as relações humanas sob a luz da complexidade é entender que o
pensamento complexo traz consigo uma nova maneira de conceber a ação humana e de
compreender a condição humana sob diferentes perspectivas, derrubando as barreiras do
egocentrismo e o etnocentrismo. O complexo é um tecido de constituintes heterogêneos, de
ações e reações, e de determinismo e acasos, que inclui ambiguidade e incerteza.
A complexidade compreende a possibilidade dialógica, opondo-se aos princípios
simplificadores da redução, à abstração e à disjunção, oriundos do pensamento cartesiano que
apenas rechaça o pensamento simplificador, que concebe um sujeito isolado e um objeto
concluído, quando sujeito e objeto coexistem e interagem na realidade (ERDMANN et al,
2004).
51 4.2.2 Categoria 2: O profissional de enfermagem na relação com a criança e sua família no
contexto hospitalar durante o desenvolvimento do cuidado
Esta categoria, através de duas subcategorias, expressa as possibilidades e limites dos
profissionais de enfermagem, nas relações destes com as crianças e sua família, para o
desenvolvimento do cuidado. As falas trouxeram temas relacionados ao diálogo, interação,
respeito, confiança, gostar de cuidar da criança e relacionar-se bem com a criança, que
caracterizam as possibilidades na relação dos profissionais com as crianças e sua família.
Mostraram, ainda, as dificuldades na relação com o familiar que acompanha a criança
internada e também o sofrimento relacionado ao envolvimento afetivo durante o cuidado da
criança, que caracteriza os limites desta relação.
4.2.2.1 Subcategoria 1: As possibilidades nas relações humanas interpessoais dos
profissionais de enfermagem com a criança e sua família para o
desenvolvimento do cuidado
O depoente TE3 expõe que o diálogo nas relações de cuidado é a uma forma de
adquirir a confiança da criança. Seu depoimento demonstrou que o profissional utiliza o
diálogo antes de realizar algum procedimento. Na experiência do depoente, na maioria das
vezes em que ele conversa com a criança, antes de realizar a punção venosa, esta se mostra
mais colaborativa e estabelece uma relação de confiança com o profissional.
Eu acho que eu consigo agradar. Aqui a gente consegue atender bem o pessoal, não tem nenhuma situação desagradável, as crianças, tem uma boa interação. Eu gosto muito de conversar com criança antes de puncionar um acesso. E 90% das vezes que eu faço isso, elas [crianças] colaboram bastante. Eu não acho que tem que segurar. Às vezes, a gente espera um pouquinho mais e a criança acaba colaborando. Eu acho que eles me aceitam direitinho. Isso gera confiança, as crianças confiam naquilo que você está fazendo (TE3).
A fala a seguir, mostra a importância do diálogo no ato de cuidar centrado na família,
uma vez que existe a preocupação em tratar bem a criança através da conversa com a família,
a fim de entender o processo de internação.
Eu percebo a importância de uma boa relação com os familiares. Porque quando a criança interna, a gente procura conversar com a mãe, saber o motivo da internação se a criança passou por outros lugares. Assim, numa conversa, estabelece-se um bom relacionamento com a mãe. Tanto é que nunca tivemos problemas com
52
reclamação de acompanhante da criança, de achar que a equipe não dá atenção, ou que teve maus tratos (TE13).
O entrevistado entende que não há como cuidar da criança hospitalizada sem a
aproximação com o familiar. Observou-se no depoimento, que o cuidar da criança é um
cuidar humanizado, pautado no diálogo, no bom relacionamento.
O agir dos profissionais da saúde, em presença da criança e sua família deve ser
norteado mediante o respeito, o diálogo, a criatividade, a relação entre pessoas, a
responsabilidade, a intencionalidade, a reciprocidade e a intersubjetividade (RODRIGUES et
al, 2014).
O diálogo é uma das condições de existência para o homem e por estar diretamente
relacionado às vivências e relações estabelecidas no mundo e com o mundo, é que se acredita
em sua significação como modo de ser, estar e conviver. Assim, pensar sobre os diálogos
existentes nas relações que se compõem no mundo do cuidado, mostra-se uma maneira de
compreender a complexidade que engloba os encontros entre seres humanos durante o evento
de cuidar em enfermagem (SCHAURICH; CROSSETI, 2008).
Para que este encontro aconteça, faz-se necessário existir um Ser com
disponibilidade para ajudar, e um Ser que necessite de ajuda, de modo que ambos estejam
abertos à relação dialógica com o outro, pois entende-se que é o diálogo que conduz ao
cuidado. Assim, compreende-se, por conseguinte, que o diálogo conforma um dos elementos
que instauram o cuidar, uma vez que é por meio dele que o Ser que cuida, quando chamado
pelo Ser que necessita de ajuda, reconhece esse apelo existencial e responde por meio do
cuidado (SCHAURICH, 2007).
Entendendo o dialogo como um fator primordial para melhorar a qualidade da vida
das relações humanas, e que sem ele não haveria possibilidade de se estabelecer uma relação
de ajuda, considera-se que o cuidado de enfermagem é um encontro vivido e dialogado entre
o ser que cuida e o ser que é cuidado, onde estão presentes tudo o que um ser é e não é, suas
possibilidades de ser mais, suas limitações em “não-ser” e suas potencialidades para “estar-
melhor” no mundo da vida (SCHAURICH; CROSSETI, 2008; JARES, 2008).
Schaurich e Crosseti (2008) consideram a enfermagem como um modo especial de
dialogo humano. Estes autores ponderam que a Enfermagem é um diálogo vivo, isto é, um
modo dialogal de ser e de existir em uma determinada situação intersubjetiva. Deste modo, os
diálogos que se produzem emanam de um chamado e uma resposta, e conduzem ao cuidado,
que é entendido como um evento relacional-dialógico entre seres humanos.
53 Para que se estabeleça a relação profissional/criança/família, o cuidado com a criança
começa com a aproximação com a família, evitando-se uma abordagem meramente mecânica,
na busca do sentimento de confiança:
Por se tratar de crianças, para se aproximar delas a gente precisa se aproximar dos pais, senão fica aquela assistência mecânica. Porque eles confiando em você já é um caminho para a criança não te olhar com olhos de que vai maltratar, machucar. E aí, depois que você ganha a confiança dos pais explicando para a criança, as coisas de forma que ela vai entender, como vai ser feita, acho que isso facilita. Acho primordial para estabelecer a relação (E1).
No momento da hospitalização e do processo de permanência no ambiente
hospitalar, a enfermagem deve buscar se aproximar da criança e sua família, de forma que
haja constantemente o diálogo entre ambos. O acolhimento do familiar, permite que o
encontro se estabeleça e o diálogo ocorra. O estar presente, o relacionar-se, a criação de
vínculo entre familiar/enfermagem, são formas de se estabelecer as relações de acolhimento e
confiança (BARROS; ARAUJO;NERI et al, 2013).
Para Celich (2004), o profissional de enfermagem ao desenvolver o cuidado, precisa
estabelecer uma troca e interação com o paciente, ou seja, um cuidar compreendido como
autêntico que oportuniza o encontro entre o ser cuidado e o ser cuidador, que deve acontecer
alicerçado no respeito, na confiança, na ética e na experiência compartilhada de vida, por
meio de formas criativas e efetivas, em uma percepção de cuidar que alie a ciência e a arte na
Enfermagem.
A preocupação em estabelecer uma relação de confiança com a criança a partir da
relação com os pais torna o cuidado ético, uma vez que a ética não se preocupa tanto com as
coisas como são, mas como as coisas podem ser, e, em especial, como devem ser. A dimensão
ética da responsabilidade dos profissionais de enfermagem está presente em todas as ações no
processo de cuidar sendo de responsabilidade de todos os profissionais garantirem ao paciente
o direito a uma assistência livre de riscos e danos, físicos e psicológicos (PUGGINA; SILVA,
2009; SILVA; MOREIRA, 2015).
O indivíduo, profissional de enfermagem, traz consigo uma carga de valores morais e
éticos que são apreendidos no decorrer de sua formação, para a realização do seu trabalho.
Este profissional está em constante interação e relacionamento com o mundo que o cerca, ou
seja, o contexto social onde vive ou na unidade hospitalar. É através destas relações que o
homem desenvolve sua consciência ética, isto é, uma voz interna, o julgamento interior dos
atos que movem o humano. (PUPULIM; SAWADA, 2002).
Neste contexto, Morin (2011c, p. 22), disserta sobre a ética considerando:
54
(...) um ato individual de religação com o outro, existindo assim uma fonte individual da ética, no princípio de inclusão, que inscreve o indivíduo na comunidade (Nós), impulsionando-o à amizade e ao amor, levando-o ao altruísmo e tendo valor de religação. Há, ao mesmo tempo, uma fonte social nas normas e regras que impõe aos indivíduos um comportamento solidário […]. Nutrir a ética nas suas fontes, pois a ética tem fontes, raízes, está presente como sentimento do dever, obrigação moral; permanece virtual dentro do princípio de inclusão, fonte subjetiva individual da ética. Doravante a ética só tem a si mesma como fundamento, mas depende da vitalidade do circuito indivíduo/espécie/sociedade, cuja vitalidade depende da vitalidade da ética.
O mesmo autor ainda diz que a ética, isolada, não tem mais um fundamento anterior
ou exterior que a justifique, embora possa continuar presente no indivíduo como aspiração ao
bem ou repugnância ao mal. Só tem a si mesma como fundamento, ou seja, seu rigor, seu
sentido do dever. É uma emergência que não sabe do que emerge. Destarte, a ética, como toda
emergência, depende das condições sociais e históricas que a fazem emergir. Entretanto, é no
indivíduo que se situa a decisão ética cabendo a ele escolher os seus valores e as suas
finalidades.
Vale ressaltar, que o ato moral é um ato de religação com o outro, com uma
comunidade, com uma sociedade e, no limite, religação com a espécie humana. Para um
honesto agir ético é necessário evitar o mal pensar, oriundo da fragmentação,
compartimentação e atomização do saber, e trabalhar pelo pensar bem, que reconhece a
complexidade humana, não dissociando indivíduo/sociedade/espécie (MORIN, 2011c).
Destarte, deve-se considerar que toda ação resiste, cada vez mais, à vontade do seu
autor, na medida em que entra no jogo das relações inter-retro-ações do meio onde intervém.
Assim , é preciso saber que, muitas vezes uma boa ação pode fracassar, ser distorcida ou
desviada de seu objetivo inicial. É preciso estar atento às condições próprias ao meio onde ela
acontece (MORIN, 2011c).
Para o entrevistado E5, o cuidado à criança é estendido ao familiar, em especial às
mães, e extrapola o cuidado técnico, visto que mostra preocupação com o bem-estar
psicossocial da mãe e enfatiza a afetividade.
Meu relacionamento é excelente, adoro cuidar das crianças. Extrapolo o cuidado para a afetividade, pego no colo, converso com as mães, não só tecnicamente, mas questões pessoais quando elas querem, quando você percebe uma mãe muito ansiosa, sozinha, uma mãe que está passando uma situação de muito conflito, de estresse pela internação da criança. A relação com a criança tem os procedimentos técnicos, as coisas que tem que fazer, mas a gente tenta extrapolar isso, porque é uma clientela que eu elegi para trabalhar (E5).
55 O cuidar da criança hospitalizada implica em relacionar-se com os familiares, e
mediante este contexto, o estabelecimento de vínculo entre familiares em saúde mostra-se de
extrema importância para que os pais/responsáveis possam esclarecer seus medos e dúvidas e,
dessa forma, construírem juntos um atendimento humanizado efetivo à criança hospitalizada
(VEIGA; PINA;MELLO et al, 2009).
Um dos desafios no atendimento de enfermagem em urgência/emergência é atender
às expectativas dos familiares, pois quando um recebe a notícia de que o paciente necessita
ser internado na unidade de emergência, ocorre uma sensação de estranheza e impotência,
permeada de medos e ansiedades, culminando com o desequilíbrio emocional,
desestabilização e crise familiar (BARROS; ARAUJO; NERI, 2013).
O relacionamento com a equipe pode evoluir para o estreitamento do vínculo, a partir
do momento em que a família sente-se compreendida e atendida em suas necessidades, ou
então, gerar conflitos. A participação da família e uma boa interação com a equipe de
enfermagem é fundamental durante a hospitalização da criança para o processo terapêutico
desenvolvido na emergência (REIS et al, 2013).
Corroborando com os achados deste estudo, Strasburg et al (2011) destacaram a
importância da família no cuidado à criança internada. Para estes autores, torna-se imperioso
que os profissionais de enfermagem reconheçam esta família não apenas como fonte de
cuidados à criança, mas como um grupo a ser instrumentalizado para o cuidado.
A interação entre o profissional de enfermagem com a criança e sua família é
caracterizada pelo desenvolvimento de ações, atitudes e comportamentos norteados por
fundamentação científica e ética, experiência, intuição e pensamento crítico. Este processo é
realizado para e com o cliente, visando promover, manter e/ou recuperar sua dignidade e
totalidade humana, e não apenas a sua integridade física (FORMOZO et al, 2012).
A equipe de enfermagem mantém uma contínua convivência com a criança e sua
família, de modo que isso lhe possibilita grandes oportunidades de interação durante o
processo de cuidar. A habilidade de ouvir e de se aproximar do cliente favorece a relação
terapêutica e abre espaço para a dimensão sensível do cuidado. Para isso, é relevante saber
aproximar-se do cliente e ter sensibilidade uma vez que se vê implicado com as
representações dos sujeitos que entram em cena na relação cuidadora. Em relação a isso, uma
postura ética torna-se desejável, no sentido de respeitar as divergências, as crenças e os
hábitos dos clientes (TEIXEIRA, 2000).
Teixeira ressalta a necessidade da reflexão a respeito dos efeitos psicoafetivos no
processo de cuidar, entendendo que os profissionais de enfermagem não simplesmente
exercem uma ação uma vez que quem cuida compartilha os cuidados e não simplesmente
56 pratica um ato. Profissionais e clientes interagem ativamente durante os cuidados em um
assentado contexto e isso origina um processo contínuo de criação e reprodução de sentidos,
sendo denominados como uma forma de produção de subjetividades (TEIXEIRA, 2004).
Neste contexto, “subjetividade é entendida como produção de sentido, com
potencialidade de criação e não simplesmente como algo vago relacionado à introspecção
individual”. Subjetividade não é uma essência, pois está aludida na produção continua de
novas virtualidades, ou em um processo de criação ininterrupto por meio das singularidades.
Neste ponto de vista, tanto o sujeito quanto o objeto são produzidos e não existe
subjetividade, mas subjetividades muitas são produzidas pelo processo de cuidar em
enfermagem (TEIXEIRA, 2000, p. 01-02).
A finalidade do cuidar na enfermagem tem por primazia o alivio do sofrimento
humano, mantendo a dignidade e promovendo meios para manobrar as crises com as
experiências do viver e do morrer. Deste modo, entende-se como objetivos do cuidar:
confortar, ajudar, restaurar, envolvendo verdadeiramente uma ação interativa calcada em
valores e no conhecimento do ser que cuida para e com o ser que é cuidado, passando assim a
ser cuidador (WALDOW, 2001).
O mesmo autor (op cit.p127) entende o “cuidar como ações que compreendem
valores, habilidades, conhecimento e atitudes empreendidas no sentido de favorecer as
potencialidades das pessoas para manter ou melhorar a condição humana no processo de viver
e morrer ”.
Neste contexto, Teixeira (2004) diz que o cuidado tem cerne técnico-científico,
estético, ético e oferece transversalidades com outros saberes e práticas. O cuidado de
enfermagem abarca a relação, o desejo, a comunicação, a saúde, a doença e a morte.
Cuidar inclui a realização de procedimentos técnicos coligados à expressão de
atitudes combinados com princípios humanísticos, entre os quais a manutenção do respeito,
da dignidade e da responsabilidade entre as pessoas na relação de cuidado. Ao cuidar o
profissional de enfermagem estabelece com o cliente uma relação que deve ser permeada
tanto por valores morais, éticos e sociais, quanto pela interferência do meio. Pode-se dizer,
também, que o processo de cuidar é diretamente influenciado pela formação pessoal e pela
personalidade do cuidador e do ser cuidado, adquiridas através de suas experiências, crenças e
cultura (FORMOZO et al, 2012).
4.2.2.2 Subcategoria 2: Os limites nas relações humanas interpessoais no desenvolvimento do
cuidado à criança e sua família
57 Pode-se observar nas falas de TE10 e TE8 que os profissionais de enfermagem
buscam manter distancia emocional, para não se envolverem afetivamente com a criança,
como estratégia defensiva durante o processo de cuidar, que caracteriza limite na relação com
a criança e sua família.
Eu procuro manter uma distância emocionalmente segura. Eu brinco, dou risadas com as crianças, mas se eu me envolver, me jogar na vida desta família, eu acabo sofrendo junto. Isso me faz muito mal. Têm crianças aqui que a gente está vendo o desenvolvimento [da doença] e sabe o que vai acontecer, isso machuca muito, porque você tem aquela situação, sabe que você está perdendo [a criança]. Quem trabalha com saúde não gosta de perder vidas. E essa perda dói muito. Então eu prefiro manter uma distância segura; não me envolvo muito nas relações familiares para não me magoar (TE10). Então eu procuro não me envolver emocionalmente com a criança nem com a família para não sofrer, e para que minha emoção não atrapalhe o meu trabalho (TE8).
O trabalho em saúde e enfermagem envolve uma relação entre sujeitos. O cuidador -
sua subjetividade, história, direitos, necessidades, relações com os demais participantes do
trabalho coletivo, concepção cultural-profissional de saúde; e o sujeito cuidado - suas
necessidades e concepções culturais de saúde. Estas expectativas e interesses podem
aproximar-se, potencializando a perspectiva do cuidado "de si e do outro" ou distanciar-se
gerando conflitos (PIRES, 2009).
O sofrimento no trabalho pode ser mantido através de desenvolvimento de estratégias
defensivas que garantam a normalidade aparente e insensibilizem contra o que faz sofrer. Esse
trabalhador protege a sua saúde mental, de modo a tornar tolerável o sofrimento ético que
experimenta ao cominar um sofrimento indevido ao outro, objetificando-o e a si mesmo num
processo de produção de procedimento e não de saúde (MARTINS; ROBAZZI; BOBROFF,
2010).
O trabalhador quando se depara com situação de sofrimento, pode utilizar estratégias
de enfrentamento contra o sofrimento, tais como o conformismo, negação e passividade. As
utilizações destas estratégias de defesa afetiva propiciam proteção do sofrimento e a
manutenção do equilíbrio por possibilitar o enfrentamento e o contorno das situações
causadoras de sofrimento (DEJOURS et al, 2014).
Os trabalhadores têm capacidade de se proteger, de buscar saídas, de transformar, de
reconstruir a realidade, ou seja, de analisar a dinâmica dos processos psíquicos envolvidos na
confrontação do sujeito com a realidade do labor, esta confrontação é denominada de
estratégia defensiva. Estratégias defensivas são mecanismos por meio dos quais o trabalhador
58 busca modificar, transformar e minimizar sua percepção da realidade que o faz sofrer
(MARTINS; ROBAZZI, 2012).
O depoente TE11 afirma ser necessária uma "blindagem emocional” durante o
cuidado da criança e que esta acaba sendo prejudicial para a assistência, pois torna-se fria,
assim, o profissional centra o cuidado apenas na prescrição médica.
Às vezes, tem que se blindar de uma fortaleza para não demonstrar sentimento para a criança e essa blindagem acaba sendo negativa, porque a gente acaba sendo frio. Você alivia a dor da criança olhando a prescrição. Você olha a prescrição, o médico passou isso, então é isso que você tem que fazer (TE11).
Da Rosa dos Reis et al (2014), apontaram que os profissionais que cuidam da criança
gravemente enferma, buscam estratégias de defesa na tentativa de se adaptarem à situação
vivenciada, de maneira a reduzir seu caráter aversivo. Diante da convivência com a criança
nos momentos mais difíceis, o profissional de enfermagem busca se afastar na tentativa de
evitar o envolvimento emocional, e esforça-se para limitar sua relação com a criança aos
procedimentos técnicos e à rotina assistencial, de modo a separar a relação pessoal da
profissional, buscando amenizar seu sofrimento e melhorar o processo de cuidar dos pacientes
pediátricos.
O depoente TE2, ainda explica que procura não criar vínculos com as crianças, nem
ter envolvimento emocional quando cuida de criança potencialmente grave, por medo de
sofrer decepção da perda, identificando-se com sua história familiar.
Quando eu vejo que é criança potencialmente grave, como as crianças da hematologia, eu não me envolvo, porque eu vou sofrer. Depois que eu perdi meu pai, eu procuro não me envolver, principalmente com crianças de hematologia, porque eu não posso ter outra decepção. Eu vou, presto o cuidado e pronto. Não fico como os colegas que ficam bajulando, tirando fotos. Não posso criar vínculos. Vou prestar cuidados, assistência, mas não me envolvo emocionalmente (TE2).
Cuidar de uma forma mais inteira dos pacientes pode trazer à tona os medos e
sofrimentos. Tanto o envolver-se quanto o não se envolver têm consequências. O não se
envolver traz uma ilusória e cômoda sensação de segurança. Ignorar os sentimentos alheios
pode levar a uma prática assistencial reducionista, na qual cabe somente a dimensão técnica
(PUGGINA; SILVA, 2009).
O depoente TE13 relata uma experiência com um familiar, como aprendizagem para
lidar com a criança doente e sinaliza que a sensibilidade aumentada ao cuidar pode prejudicar
59 também a atuação do profissional, visto que ele pode não conseguir prestar assistência à
família.
Eu aprendi muito com a doença do meu pai. Então, eu não sei se isso contribui para o positivo ou para o negativo dentro da profissão, mas você acaba ficando, mais sensível. Quer dizer, tudo te sensibiliza e isso também não é bom para a gente como profissional. Se tudo que a gente vê ficar emocionado, a gente não vai conseguir dar uma força para a família (TE13).
Corroborando os achados, Rockembach, Casarin e Siqueira (2010), dizem que no
processo de cuidar, as possibilidades do profissional de enfermagem se envolver
emocionalmente e desenvolver uma relação de afeto com o paciente são maiores. Algumas
vezes essa relação é intensa, o que gera sentimentos de empatia e apego, ou então leva o
profissional a projetar a situação como se fosse seu próprio parente. Nessa situação, os
sentimentos de perda e frustração podem ser potencializados e provocar o luto.
No cuidar da criança, o profissional corre o risco de se envolver e constituir vínculo
afetivo, que é concebido como sendo uma forma de comportamento em que uma pessoa
mantém a proximidade com outra que é diferente e preferida. Este vínculo, é visto como uma
base de segurança e, quando é interrompido, como na presença da morte, provoca sofrimento
e sentimento de perda, ou seja, provoca o luto que é uma reposta esperada frente à separação
(COSTA; ARAÚJO; BARROS, 2009).
A condição de saúde de alguns pacientes constitui um processo que gera intenso
desgaste e sofrimento no trabalho de enfermagem, sobretudo quando se trata de crianças,
principalmente pela característica humana desse trabalho, em que o envolvimento afetivo com
as pessoas assistidas é inevitável (MARTINS; ROBAZZI, 2012).
Assim, pode-se considerar que os efeitos do trabalho da enfermagem afetam a vida
dos profissionais envolvidos, por lidarem cotidianamente com situações de risco e que
ameaçam a vida de outras pessoas (REZENDE; FERREIRA NETO, 2013).
Para compreender esses sentimentos vivenciados durante a realização do trabalho de
enfermagem com crianças, é importante ponderar que o agente do trabalho e o sujeito que
recebe a ação são seres humanos, o que resulta em uma estreita ligação entre o trabalho e o
trabalhador com contato direto com as vivências de sofrimento, dor, inconformismo,
desespero, incertezas, processo de morte e outros sentimentos despertados pelo processo de
doença (GARCIA et al, 2013).
Para estes autores, o indivíduo é entendido não apenas como recurso humano no
ambiente de trabalho, mas como uma rede de complexidades e subjetividades, as quais são
decisivamente inseridas no processo de trabalho e nas trocas entre os atores do cuidado. O
60 sofrimento ou a morte de alguns pacientes constitui um processo que gera intenso desgaste e
sofrimento no trabalho, principalmente quando se trata de crianças.
No grupo investigado os depoentes verbalizaram facilidade para lidar com a criança,
porém, a mesma facilidade de relacionamento não é percebida quando se referiram aos
familiares, o que significa limites nesta relação.
Um depoente verbalizou:
Eu acho que criança é bem mais fácil de lidar, muito mais fácil de ter jeito de se aproximar. Eu gosto muito desta relação diretamente com a criança. Tem pais que não se têm muita abertura com eles quando se fala, tem familiar que é bem complicado (TE15).
O estudo de Souza (2007) descreveu que o familiar/acompanhante não é tão
valorizado por ainda não ser visto como parte integrante do cuidado à criança, e torna-se um
desafio para a enfermagem, que tem o costume de decidir sobre as situações do cuidado. Esta
autora, ainda ressalta que quando o familiar/acompanhante conhece o diagnostico e aprende
os cuidados com a criança, a equipe de enfermagem parece recuar e se defender, e passa a
definir o familiar como exigente.
Nas relações de cuidado, os profissionais, muitas vezes não se sentem preparados
para dividir os mesmos espaços com os familiares das crianças internadas, o que dificulta o
estabelecimento de vínculos tão necessário para o desenvolvimento do cuidado (VEIGA,
PINA;MELLO, 2009).
O vínculo e a comunicação são instrumentos importantes para o fortalecimento das
relações na unidade de pediatria, auxiliando a família na compreensão do processo de
hospitalização. Um aspecto que pode gerar conflitos é a habitual falta de oportunidade da
família de expressar suas emoções e expectativas. A maneira como a equipe de enfermagem
percebe a presença do familiar pode determinar sua postura nessa convivência, avalizando a
qualidade do cuidado (RODRIGUES et al, 2013).
Neste contexto, é preciso perceber que o cuidado voltado para a criança exige dos
profissionais de enfermagem atenção, cuidar ativo e dinâmico envolvendo a família, uma vez
que a hospitalização mobiliza toda a estrutura familiar. A família, junto com a criança, passa
por uma série de fatores estressantes e muitas vezes repentinos, em decorrência da doença
(RODRIGUES et al, 2014).
As falas a seguir demonstraram que apesar de gostar de cuidar da criança, a relação
com a família é estressante, complicada pela existência de uma crise sociocultural.
Ah, eu gosto do cuidado com a criança. Já com o familiar é meio estressante, porque eles já chegam aqui cheios de problemas deles, e as crianças que estão aqui são mais
61
trabalhosas porque têm doenças mais raras, tem câncer. Eu acho que meu relacionamento com eles, eu tento ser o mais profissional possível para não passar nada de mal para eles (TE14). A relação com os acompanhantes é um pouco complicada porque existe uma crise sociocultural muito grande aí fora, onde as pessoas estão perdendo o parâmetro das coisas e eu particularmente sou muito veemente com alguns aspectos, então, eu encontro algumas dificuldades com o acompanhante (TE12).
Analisando-se o conteúdo das entrevistas, pode-se perceber o princípio dialógico do
pensamento complexo, o qual une duas noções que tendem a excluir-se reciprocamente, mas,
são indissociáveis em uma mesma realidade (MORIN, 2002).
A complexidade considera a incerteza e as contradições como parte da vida e da
condição do homem e, ao mesmo tempo, sugere a solidariedade e a ética como caminhos para
a religação dos seres e dos saberes. Ela concebe o ser humano como um ser complexo, capaz
de se auto-organizar e de estabelecer relações com o outro, num processo de auto-eco-
organização a partir de sua dimensão ética, que reflete seus valores, escolhas e percepções do
mundo (MORIN, 2011c).
O depoente a seguir fala sobre a dificuldade no relacionamento com a família:
Minha relação com a criança é boa, mas existem famílias e famílias. Têm famílias que são casos sociais e são casos de policia, e aí realmente eu não consigo me relacionar com estas pessoas quando eu vejo o erro da família que está acompanhando a criança, e eu falo e percebo que a pessoa não está nem aí para o que eu estou falando. Por exemplo: quando oriento sobre a higiene da criança e ela não dá importância, cria-se uma barreira (TE9).
A situação vivenciada pela criança, família e equipe de saúde, necessita de uma
forma diferenciada de cuidar em que a intersubjetividade seja norteadora, enfocando o ser
humano como princípio de toda ação. O caráter relacional do cuidado implica em considerar a
intersubjetividade que se estabelece na relação interpessoal (CUNHA; ZAGONEL, 2008).
A produção do cuidado à criança no hospital confunde-se com o próprio processo de
constituição e de desenvolvimento de um sujeito família-criança, na sua relação com outro
sujeito. Destarte, falar em cuidado significa falar, ao mesmo tempo, em constituição de
sujeitos que conhecem – cada um na sua singularidade. Isso expressa que o cuidado que
parece estável em um assentado momento, se desestabiliza em outro para que um novo
arranjo seja feito. Essa construção é realizada em parceria, pois, ao agrupar novos elementos
ao cuidado da família-criança, a enfermagem vai, gradualmente, modificando os processos
anteriores para reorganizá-los às novas construções (COLLET, 2012).
62 Strasburg et al (2011), pontuam que a internação da criança ocorre, muitas vezes, de
forma inesperada, causando angústia na família que pode apresentar-se vulnerável,
necessitando de auxílio para adaptar-se à situação.
Analisando-se as falas, pode-se perceber o princípio dialógico do pensamento
complexo o qual, une duas noções que tendem a excluir-se reciprocamente, mas são
indissociáveis em uma mesma realidade (MORIN, 2002).
As relações interpessoais têm um lugar expressivo nos processos psicossociais e
tratam da forma como as pessoas constituem relações umas com as outras. Toda relação
interpessoal divide certas propriedades que formam sua estrutura e qualidades afetivas;
quando essas relações se situam em âmbito profissional adquirem implicações e
características específicas, com fins terapêuticos, denominadas relação terapêutica ou relação
de ajuda (VILELA; CARVALHO; PEDRÃO , 2014).
Corroborando estes autores, Rodrigues et al (2014), afirmam que a compreensão
atual do cuidado à criança, não permite excluir deste processo, a mãe e a família da criança.
Esta concepção se fundamenta, por um lado, na indissociabilidade destes elementos,
compondo um único universo sócio-psico-emocional e, por outro lado, na mútua influência
que exercem entre si, contribuindo positiva ou negativamente para a construção de uma
relação terapêutica.
Neste sentido, mediante o exposto, salienta-se a importância do envolvimento
emocional com a criança e sua família pelo profissional de enfermagem, considerando que
almeje estabelecer uma relação autêntica, uma vez que o envolvimento é vital na relação
terapêutica, pois, pode promover empatia e permite ainda que o profissional conheça melhor a
criança e sua família para suprir suas necessidades, sem prejudicar o desenvolvimento do seu
trabalho.
63 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados deste estudo é possível identificar que os objetivos propostos
forma alcançados. Olhar as relações humanas, referenciando complexidade de Edgar Morin,
permitiu compreender o sujeito humano em processo relacional no ambiente de trabalho.
Assim, foi possível compreender como se estabelecem as relações interpessoais entre
os profissionais de enfermagem, para o desenvolvimento do cuidar da criança e sua família,
no contexto de uma emergência pediátrica.
A relação interpessoal entre os profissionais de enfermagem, em unidade de
emergência, precisa ser permeada de valores e sentimentos humanos que visem o bem-estar e
o estar melhor da tríade equipe/criança/família, colocado em cena peculiaridades do universo
afetivo, cultural e social dos sujeitos envolvidos através da presença genuína e autêntica
estabelecida nas relações de cuidado.
Dentro desta perspectiva, o cuidado a criança perpassa, primeiramente, pelas relações
estabelecidas no ambiente de trabalho, considerando os encontros das diferentes
subjetividades sendo imperioso o respeito ao individuo e suas singularidades.
Por meio deste estudo pode-se apreender que escutar o outro, não se refere apenas a
questões comunicativas presentes nos processos relacionais, mas sugere o respeito às
singularidades, uma vez que o ser humano necessita sentir-se incluído como sujeito único, e
ser ouvido, o enviam ao sentimento de pertença e reconhecimento do EU pelo TU.
O sujeito estabelece no ambiente de trabalho relações dialógicas, visto que junta o
que aparentemente parece separado. Família e trabalho são estruturas sociais distintas, mas,
neste estudo, alguns depoentes referem-se à relação com a equipe como se fosse uma família.
As relações pessoais e profissionais caminham juntas, tecidas em um só sistema
complexo de relacionamento humano. Não se pode reduzir o profissional apenas ao saber
técnico e ignorar sua subjetividade. Na condição relacional não cabe o reducionismo nem a
disjunção. O sujeito nunca apenas é, mas, continuamente está sendo, se modificando, se
reinventando. Ora age como profissional, ora age como sujeito social.
Nas relações humanas interpessoais entre os profissionais de enfermagem, durante o
trabalho na emergência, foi evidenciado o acolhimento, a confiança, a amizade, o respeito;
assim como, o entrosamento da equipe e o dialogo, foram caracterizados como fundamentais
no estabelecimento de boas relações de trabalho para o cuidar da criança, onde a ausência
destes elementos relacionais podem gerar conflitos no ambiente de trabalho impactando no
desenvolvimento do cuidado.
64
A cooperação e a solidariedade também foram características identificadas neste
grupo, e estas atitudes, contribuem para a formação de vinculo e o espírito de equipe entre os
colegas de trabalho. Para os profissionais de enfermagem, da unidade de emergência, gostar
de cuidar, o diálogo, o respeito, a confiança e relacionar-se bem com a criança, são
possibilidades para o processo de relacionamento durante o desenvolvimento do cuidar.
O estudo evidenciou a importância do diálogo no ato de cuidar, uma vez que existe a
preocupação em conversar com a criança durante o desenvolvimento do cuidado, visando
adquirir confiança da criança. Evidenciou-se ainda, que não há como cuidar da criança sem a
aproximação com o familiar em uma relação pautada no diálogo e respeito.
Assim, neste estudo, foi revelado que buscando adquirir uma relação trinitária
profissional/criança/família, o cuidado deve ser pautado no diálogo e confiança evitando uma
abordagem meramente mecânica e tecnicista.
As relações interpessoais envolvem a equipe de enfermagem na presença de
sentimentos humanos que repercutem no seu modo de fazer enfermagem. Dentro deste
contexto, no que diz respeito às relações interpessoais no desenvolvimento do cuidado, os
afetos têm forte influência na interação com a criança e sua família.
No estudo, foi identificado que os profissionais de enfermagem buscam estratégias
defensivas para o relacionamento com a criança grave e seus familiares durante a assistência,
que significam limites na relação de cuidado.
As falas mostraram que os profissionais procuram não criar vínculos, buscando não
ter envolvimento emocional durante o cuidado com as crianças graves e seus familiares.
Devido ao sofrimento, estes profissionais, mediante a possibilidade da criança morrer,
recorrem ao posicionamento defensivo, procurando limitar a relação com a criança aos
procedimentos técnicos e à rotina assistencial para não sofrerem.
No cuidar da criança o profissional corre o risco de se envolver e constituir vínculo
afetivo, que quando é interrompido, como na presença da morte, acende sofrimento e
sentimento de perda. Entretanto, a condição de saúde de algumas crianças constituem um
processo que pode causar ou não sofrimento e desgaste durante o desenvolver do trabalho do
profissional de enfermagem.
Destarte, pode-se considerar que os efeitos do trabalho da enfermagem, em uma
emergência pediátrica, afetam a vida dos sujeitos profissionais submergidos por suportar, no
dia a dia do cuidar, situações de sofrimento; podendo apresentar um posicionamento
defensivo, a fim de se proteger afetivamente.
Ao apresentar um posicionamento defensivo como o distanciamento psicoafetivo, o
profissional revela suas fragilidades, angústias, incertezas e, para se proteger fecha-se em si
65 mesmo num movimento de exclusão, onde apenas ele é o centro, não permitindo a entrada do
outro. O egocentrismo manifesto nesta conduta protetora de si, retroalimenta a dificuldade em
lidar e vivenciar seus medos e angústias, influenciando na assistência prestada, uma vez que
buscam implementar estratégias para limitar o envolvimento durante o cuidado.
Por outro lado, ao tomar consciência de suas limitações afetivas, como revelado
neste estudo, o ser humano tem a possibilidade de escolher entre fechar-se em si mesmo, ou
abrir-se num postura descentrada quando vai de encontro com o outro.
Apesar de ser importante para o restabelecimento da saúde da criança internada, a
presença dos familiares, ainda representa um desafio para os profissionais de enfermagem
entrevistados. Dentro deste contexto, identificou-se neste estudo que os profissionais de
enfermagem, da unidade de emergência, possuem dificuldades na relação com os
acompanhantes, durante o fazer da assistência de enfermagem, considerando que a
comunicação com os familiares que acompanham a criança é difícil, uma vez que o
profissional se aproxima deste familiar com conceitos preestabelecidos, e os denominam
como difíceis, complicados.
Entendendo que a criança que está internada na unidade de emergência encontra-se
em situação de saúde comprometida e por vezes com risco de morrer, os profissionais ficam
sobre tensão, precisam ter agilidade no atendimento; e muitas vezes ser questionado pelos
familiares causa angústia, visto que o prognóstico do problema da criança é frequentemente
obscuro.
Deste modo, os profissionais de enfermagem podem acabar adotando uma postura
defensiva por não conseguir dar conta do sofrimento do outro, uma vez que também entram
em contato com suas próprias vivências internas e conflitos, sentindo-se incomodados com o
sentimento de identificação com os familiares. Então, para conseguir sobreviver ao misto de
sentimentos, estes sujeitos, dentro de toda sua humanidade buscam através de um
posicionamento defensivo excluir o outro na tentativa de excluir sua dor.
Entretanto, destaca-se que para o estabelecimento de uma relação interpessoal
legítima durante o cuidado, é importante o envolvimento afetivo pelo profissional de
enfermagem com o binômio criança-família, para conseguir estabelecer uma relação ética de
empatia, permitindo que o profissional conheça melhor este binômio e assim atenda às suas
necessidades, sem prejuízo em sua atuação.
Durante o desenvolver do trabalho, o sujeito humano profissional de enfermagem se
desorganiza quando se depara com as diferenças intersubjetivas que fazem entrar em contato
direto com as limitações da sua própria humanidade e se desorganiza quando se identifica
com uma situação de cuidado similar em sua historia de vida.
66 Este sujeito humano profissional, ao mesmo tempo em que se aproxima para cuidar,
se afasta para não sofrer. Se organiza no cuidado, desorganiza no distanciamento para o não
sofrimento, e volta a se organizar quando se protege deste sofrimento. O ser humano é sapiens
sapiens demen, convive com sua capacidade de racionalizar e com suas loucuras, é insano e
sensato ao mesmo tempo.
As situações limites nas relações interpessoais, mostradas neste estudo, mobilizam
um desafio para o enfermeiro líder, que deve fazer uma gestão centrada no ser humano, e
assim compreender as limitações dos profissionais da equipe de enfermagem, considerando
que não são apenas pessoas trabalhando, mas sujeitos singulares.
O enfermeiro gerente/líder deverá buscar alternativas para não submeter o
profissional a situações que lhe cause sofrimento e, sobretudo, não deve perder de vista a
ética, a qualidade e a garantia da assistência ao binômio criança e sua família.
Deste modo, ressalta-se que para enfrentar as questões limites encontradas neste
estudo, acerca das relações interpessoais dos profissionais de enfermagem no
desenvolvimento do cuidado a criança e sua família, o enfermeiro deve compreender os
conflitos além da racionalidade gerencial burocrática e formalista; entendendo que não cabe a
carência de comunicação e integração entre os sujeitos no ambiente de trabalho.
Contudo, gerenciar, com vistas nas relações interpessoais, exige uma capacidade de
conhecer e reconhecer as habilidades individuais para melhor contornar as situações
problemas, assim como necessita buscar recursos para habilidades sociais a fim de resolver as
questões com olhar centrado no ser humano que trabalha e não apenas com atitudes
burocrática-administrativas, as quais devem ser utilizadas, nestes casos, como instrumento
organizacional para equalizar os fluxos e processos. Entendendo que pensar em gestão de
pessoas é pensar no ser humano.
Do mesmo modo, a resolução de problemas quando realizada em grupo, torna-se um
potencial para o estreitamento dos laços afetivos no ambiente de trabalho, favorece a
integração, o trabalho em equipe, assim como a comunicação, e o respeito para consigo e para
com o outro.
A interação das subjetividades no local de trabalho considera o lugar dos afetos, uma
vez que o sujeito está no objeto, assim como o objeto está no sujeito, não sendo possível uma
disjunção.
Cuidar em pediatria pressupõe saberes além do saber técnico. O profissional de
enfermagem, ao entrar em contato com os clientes, precisa considerar que o cuidado é
relacional, e envolver-se na interação eu-tu-nós proporciona vivenciar experiências com
próprios sentimentos e afetos. Entender o ser humano na perspectiva da complexidade é
67 considerar que as limitações fazem parte da condição humana. Entretanto, o que
aparentemente pode parecer como uma limitação, também torna-se possibilidade quando
compreendida como um modo diferente de ver e lidar com o fenômeno.
Por fim, entende-se que as relações humanas interpessoais, entre os profissionais de
enfermagem, na unidade de emergência, no desenvolvimento do cuidado, é complexa. Porque
junta o aparentemente separado. Há uma busca constate de uma relação dialógica vai
construindo uma teia de interações, onde, para o equilíbrio dos relacionamentos, existe uma
dança entre a ordem e desordem, movimentos de inclusão e exclusão dos sujeitos. Tendo em
vista que o sujeito humano relacional apresenta para o outro sua condição humana e recebe do
outro ações humanas; num balé dialógico, recursivo e hologramático. Como de fato o sujeito
segue se construindo e desconstruído na busca de organizar o universo das
intersubjetividades.
Compete mencionar as contribuições deste estudo na compreensão das relações
humanas interpessoais no trabalho de enfermagem, no desenvolvimento do cuidado à criança
e sua família. Aponta-se deste modo os múltiplos elementos que constituem a dimensão
interativa do trabalho: diálogo, comunicação, confiança, vínculo, respeito mútuo,
reconhecimento do trabalho do outro, entendendo que o trabalho de enfermagem, quando
realizado em equipe com a existência de colaboração e ética, permite ampliar a qualidade da
assistência de enfermagem centrada nas necessidades de cuidado da criança e sua família.
A opção da utilização exclusiva da entrevista como técnica de coleta de dados
configurou-se uma limitação do estudo. Entende-se que a utilização, também, da observação
permitiria triangular o material empírico das entrevistas e das observações, com intuito de
compreender em conjunto, as concepções de relações interpessoais e de cuidado à criança,
não somente na perspectiva dos profissionais, mas também, através da observação e associar a
comunicação verbal e não verbal aos discursos.
Cabe esclarecer que limitações estão em partes relacionadas à necessidade de um
recorte maior do objeto de estudo, por se tratar de um mestrado. Nesse sentido, as próprias
limitações instigam para a continuidade do estudo e futuras pesquisas que permitirão
compreender de forma mais ampla o tema da pesquisa.
Sugere-se, a partir deste ponto, a realização de outras pesquisas que reforcem o
caráter complexo das relações humanas interpessoais na produção do cuidado de enfermagem
à criança e sua família, e contribuam na reflexão do modo de fazer e gerenciar enfermagem
para a execução do cuidado na saúde da criança.
Este estudo não esgota o tema abordado, porque as maneiras de ver e sentir um
fenômeno são dinâmicos. É possível, através de novos estudos e pesquisas, progredir com o
68 objetivo de refinar outras compreensões sobre o ser humano e de como a equipe de
enfermagem estabelece suas relações interpessoais ao cuidar da criança em distintos
ambientes hospitalares.
A conclusão deste estudo foi uma experiência singular e valiosa, a qual conduziu à
transformação do pensar e ao crescimento enquanto profissional e ser humano.
A finalização desta dissertação estimulou ainda mais a continuar trilhando novos
caminhos de investigação, com vista a mergulhar na inesgotável fonte de compreensão do ser
humano e seus processos relacionais em ambiente de cuidado.
69 6 OBRAS CITADAS
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8 APÊNDICES
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8.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Resolução n° 466/12- Conselho Nacional de Saúde Convidamos o(a) Sr.(a) para participar da pesquisa: AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO E O DESENVOLVIMENTO DO CUIDADO, que tem como objetivos: 1- Descrever o processo relacional do profissional de enfermagem no dia a dia de trabalho em pediatria; 2- Discutir as possibilidades e limites nas relações de trabalho da equipe de enfermagem para o desenvolvimento do processo de cuidar da criança hospitalizada. A pesquisa está sob a responsabilidade dos pesquisadores Roberta de Oliveira Jaime Ferreira Lima dos Santos e Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira, com o término previsto para junho de 2016. Suas respostas serão tratadas de forma confidencial e anônima, isto é, em momento algum será divulgado seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário destacar alguma parte do seu depoimento, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído, usando sua categoria profissional seguido da numeração, conforme a ordem das entrevistas. Para os enfermeiros E1, e para técnicos de enfermagem TE1, e assim, sucessivamente. Os dados coletados serão utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas. Sua participação é voluntária e se dará por meio de entrevistas em uma sala reservada, próxima ao seu setor de trabalho, em dia e horário convenientes para você. As entrevistas terão uma duração média de 20 minutos, serão gravadas em Mp4, para posterior transcrição, e será guardada por (05) anos e incinerada após este período. O(A) Sr.(a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração. Os riscos relacionados à pesquisa estão relacionados aos sentimentos negativos que podem surgir durante a entrevista. E, entendendo que relembrar determinadas situações vividas poderá lhe causar algum desconforto emocional, a pesquisadora encerrará imediatamente a entrevista caso seja necessário. O benefício relacionado à sua participação se deve à contribuição para novos saberes na área do Cuidado, Gestão e do Trabalho em saúde. Se depois de consentir em sua participação o(a) Sr.(a) desistir de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa. O(A) Sr.(a) receberá este termo, onde consta o e-mail do pesquisador responsável, e o telefone do Comitê de Ética em Pesquisa, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradeço sua colaboração. _____________________________ _____________________________ Roberta de O.J.F.L. dos Santos Enéas Rangel Teixeira Mestranda Professor Orientador
88 Depoente_____________________ e-mail do pesquisador responsável: [email protected] INSTITUTO DE PUERICULTURA E PEDIATRIA MARTAGÃO GESTEIRA-UFRJ Comitê de Ética em Pesquisa – Rua Bruno Lobo, 50 – Ilha do Fundão - RJ Telefones: 38396124/25903842 Este estudo foi revisado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, formado por um grupo que se reúne para avaliar os projetos e assegurar que os mesmos não tragam nenhum dano aos participantes da Pesquisa. “O Comitê de Ética em Pesquisa é o setor responsável pela permissão da pesquisa e avaliação dos seus aspectos éticos. Caso você tenha dificuldade em entrar em contato com o pesquisador responsável, comunique-se com o Comitê de Ética do IPPMG pelo telefone supracitado”. Declaro estar ciente do conteúdo deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer punição ou constrangimento. Recebi uma cópia assinada deste formulário de consentimento.
Rio de Janeiro, ___ de ___________ de 2015.
89 8.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DIRECIONADO
AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS Idade: ___________.
Sexo: ___________________.
Religião: __________________.
Cargo na Instituição: ________________________.
Formação complementar: _____________________. Especialização: __________________.
Tempo que trabalha no hospital: __________________.
Tempo que atua na unidade de emergência: ____________________.
RELAÇÕES DE TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA PEDIATRIA (relação
do sujeito com ele mesmo, com o outro e com o trabalho):
*Como você se percebe nas relações com os pacientes?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
*Como você se percebe nas relações com os colegas do trabalho e com as atividades do
trabalho?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
ÉTICA
*Como esta forma de se relacionar interfere na produção do cuidado?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
* Para você, o que poderia melhorar nas relações no ambiente de trabalho?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
90 9. ANEXOS
91