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27-11-2015 111 É de alma que se fala. De sentimentos. De saudade. De uma voz que encanta pela doçu- ra, mas sobretudo pela intensi- dade. Que se faça silêncio, então, porque vamos falar de fado e de uma “menina-mulher” que tem tudo para ser uma grande can- tora. Beatriz Santos tinha cinco anos quando o avô lhe ensinou o “Fado da Sina”, da Hermínia Silva. A partir daí, começou a trautear e nunca mais parou. Aos 11 anos cantou numa festa de escola e, pouco tempo depois, “já cantava em algumas casas de Coimbra, e também em Lisboa, nomeadamente no espaço Mesa de Frades e no Senhor Vinho”. No 7.º ano começou a ter aulas e hoje é Carlos Manuel Proen- ça (que acompanha alguns dos mais importantes fadistas como Camané, Joana Amendoeira ou Carlos do Carmo) quem lhe en- sina os segredos do fado. Ainda tinha 17 anos quando, em julho deste ano, realizou o sonho de editar o álbum de es- treia “Beatriz”. O trabalho con- tém várias músicas de fadistas que considera referências suas, como “Foi Deus” e “Barco negro” ou “Estranha forma de vida”, de Amália Rodrigues, uma “Marcha da Mouraria” ou “Coimbra (Avril au Portugal)”, uma criação de Alberto Ribeiro. Dos temas inéditos, dois têm le- tras suas, “No reino de Portugal” e “Fado é a minha vida”, ambos com música de Pablo Lampidu- sas, que assina a produção, e o terceiro é “Fado alegre”, de Jôko (letra e música). Neste álbum, a fadista é acom- panhada pelos músicos Guilher- me Banza, na guitarra portu- guesa, Nélson Aleixo, na viola, e Gustavo Roriz, no contrabaixo, mas há também participações de Carlos Manuel Proença, Bernardo Couto, Ricardo J. Dias e Bernardo Moreira. “A vida foi-me dando peque- nos sinais de que deveria seguir este caminho”, diz a jovem de 18 anos, que é caloira na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. O primeiro sinal terá sido aque- le fado cantado pelo avô. “Podes mentir às leias do teu coração, mas quer queiras quer não, tens que cumprir a tua sina”, cantava Hermínia Silva. E não dú- vida nenhuma de que a sina de Beatriz é o fado. | Patrícia Cruz Almeida A fadista, de 18 anos, estreou-se em julho 2015 discograficamente com o álbum “Beatriz” Beatriz Santos Entregar-se ao fado até que a voz lhe doa DR José Frade Coordenação: Patrícia Cruz Almeida

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Page 1: DR Beatriz Santos Entregar-se - Universidade de Coimbra · Beatriz Santos tinha cinco anos quando o avô lhe ensinou o Fado da Sina , da Hermínia Silva. A partir daí, começou a

27-11-2015

111 É de alma que se fala. De sentimentos. De saudade. De uma voz que encanta pela doçu-ra, mas sobretudo pela intensi-dade. Que se faça silêncio, então, porque vamos falar de fado e de uma “menina-mulher” que tem tudo para ser uma grande can-tora.

Beatriz Santos tinha cinco anos quando o avô lhe ensinou o “Fado da Sina”, da Hermínia Silva. A partir daí, começou a trautear e nunca mais parou.

Aos 11 anos cantou numa festa de escola e, pouco tempo depois, “já cantava em algumas casas de Coimbra, e também em Lisboa, nomeadamente no espaço Mesa de Frades e no Senhor Vinho”.

No 7.º ano começou a ter aulas e hoje é Carlos Manuel Proen-ça (que acompanha alguns dos mais importantes fadistas como Camané, Joana Amendoeira ou Carlos do Carmo) quem lhe en-sina os segredos do fado.

Ainda tinha 17 anos quando,

em julho deste ano, realizou o sonho de editar o álbum de es-treia “Beatriz”. O trabalho con-tém várias músicas de fadistas que considera referências suas, como “Foi Deus” e “Barco negro” ou “Estranha forma de vida”, de Amália Rodrigues, uma “Marcha da Mouraria” ou “Coimbra (Avril au Portugal)”, uma criação de Alberto Ribeiro.

Dos temas inéditos, dois têm le-tras suas, “No reino de Portugal” e “Fado é a minha vida”, ambos

com música de Pablo Lampidu-sas, que assina a produção, e o terceiro é “Fado alegre”, de Jôko (letra e música).

Neste álbum, a fadista é acom-panhada pelos músicos Guilher-me Banza, na guitarra portu-guesa, Nélson Aleixo, na viola, e Gustavo Roriz, no contrabaixo, mas há também participações de Carlos Manuel Proença, Bernardo Couto, Ricardo J. Dias e Bernardo Moreira.

“A vida foi-me dando peque-

nos sinais de que deveria seguir este caminho”, diz a jovem de 18 anos, que é caloira na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

O primeiro sinal terá sido aque-le fado cantado pelo avô.

“Podes mentir às leias do teu coração, mas quer queiras quer não, tens que cumprir a tua sina”, cantava Hermínia Silva. E não dú-vida nenhuma de que a sina de Beatriz é o fado. | Patrícia Cruz Almeida

A fadista, de 18 anos, estreou-se em julho 2015 discograficamente com o álbum “Beatriz”

Beatriz Santos Entregar-se ao fado até que a voz lhe doa

DR

José Frade

Coordenação : Patrícia Cruz Almeida

Page 2: DR Beatriz Santos Entregar-se - Universidade de Coimbra · Beatriz Santos tinha cinco anos quando o avô lhe ensinou o Fado da Sina , da Hermínia Silva. A partir daí, começou a

27-11-2015

Beatriz Santos: toda ela é fado

Beatriz Santos é dona de uma voz que não se esquece. Com 18 anos e natural de Coimbra, a jovem fadista lançou, em julho deste ano, o álbum “Beatriz”, no qual gravou peças que aponta como referência, dos repertórios de fadistas, e três inéditos, entre eles dois de sua autoria >pág. 18

DR