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 1 MÁRCIA MARIA ARCO E FLEXA FERREIRA DA COSTA NEUROMARKETING: Uma análise crítica das aplicações do neuromarketing nas áreas da comunicação empresarial e de marketing  ESTUDO EMPÍRICO UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Comunicações e Artes Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo Curso de Pós-Graduação Lato Sensu de Especialização em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas São Paulo, 2005

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    MRCIA MARIA ARCO E FLEXA FERREIRA DA COSTA

    NEUROMARKETING:

    Uma anlise crtica das aplicaes do neuromarketing nas

    reas da comunicao empresarial e de marketing

    ESTUDO EMPRICO

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    Escola de Comunicaes e Artes

    Departamento de Relaes Pblicas, Propaganda e Turismo

    Curso de Ps-Graduao Lato Sensu de Especializao em Gesto

    Estratgica em Comunicao Organizacional e Relaes Pblicas

    So Paulo, 2005

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    MRCIA MARIA ARCO E FLEXA FERREIRA DA COSTA

    NEUROMARKETING:

    Uma anlise crtica das aplicaes do neuromarketing nas

    reas da comunicao empresarial e de marketing

    ESTUDO EMPRICO

    Monografia apresentada ao Departamento de

    Relaes Pblicas, Propaganda e Turismo da

    Escola de Comunicaes e Artes da Universidade

    de So Paulo, em cumprimento parcial s

    exigncias do Curso de Ps-Graduao Lato

    Sensu, para obteno do ttulo de Especialista em

    Gesto Estratgica em Comunicao

    Organizacional e Relaes Pblicas, sob

    orientao do Prof. Dr. Dlson Gabriel dos Santos.

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    Escola de Comunicaes e Artes

    So Paulo, 2004

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    BANCA EXAMINADORA

    ____________________________________________

    ____________________________________________

    ____________________________________________

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    DEDICATRIA

    Dedico, sobretudo ao meu Deus, Jesus Cristo, por

    sustentar-me at aqui, debaixo de sua mo forte.

    Aos meus pais, que me ensinaram a

    caminhar um degrau de cada vez, e em

    especial, ao meu pai, que me inspira com sua

    prpria brilhante vida acadmica.

    Clia e Jos, que de muitas formas

    tornaram este passo possvel. Muito obrigada pelo

    amor, carinho e pacincia de vocs.

    E finalmente, ao meu marido, maravilhoso

    que , acompanhou-me dia a dia, permitindo no

    apenas esta, mas todas as realizaes dos

    ltimos dez anos.

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    AGRADECIMENTO

    Agradeo de forma especial ao meu

    orientador, pelo auxlio, zelo e competncia. Por

    encontrar em sua agenda, espao para me ouvir e

    partilhar comigo seu saber.

    Gil e sobretudo Rosngela, que da

    secretaria da ECA / USP, alcanaram um lugar

    inimaginvel neste momento da minha histria,

    no apenas pela ateno dispensada, mas peloincentivo, fazendo-me acreditar que cada aula era

    uma conquista.

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    Resumo

    RESUMO: Destaca a explorao do tema neuromarketing,

    assunto discutido nas reas de marketing, comunicao,

    propaganda e afins. Pesquisa contm fundamentos tericos e

    prticos de natureza emprica. Objetivos:Para refletir sobre o

    uso, viabilidade, aplicabilidade e utilidade dos mtodos do

    neuromarketing, alm de permear questes ticas. Mtodo:

    Pesquisa emprica, baseada na anlise de textos de lnguaestrangeira, preponderantemente encontrados na Internet e

    conceitualmente pautado em livros de autores de referncia.

    Resultados: Aps pesquisa do tema, verifica-se que o

    neuromarketing a mistura, aparentemente desconexa, porm

    atraente, de marketing e neurocincia. As discusses em torno

    do tema tm pouco mais de cinco anos e vm se desenvolvendo

    com mais intensidade no eixo Europa e Estados Unidos.

    Concluso: O tema bastante novo, ainda h muito

    aprimoramento e amadurecimento para que o neuromarketingconstrua resultados convincentes. Figurando, portanto na fase

    de formulao de conceitos e constataes e no ainda de

    resultados e construtos. As discusses acerca do tema ainda

    no apresentam suficientes respostas para assegurar que o

    neuromarketing j seja mais vantajoso do que os mtodos

    usuais de pesquisa em grupo. Existe seriedade no tema em

    questo e certamente as contribuies advindas destas

    reflexes sero inevitavelmente mola propulsora que estar

    entre as descobertas dos novos cenrios mercadolgico,publicitrio, de marketing e comunicao.

    Descritores:Neuromarketing, tica, Marketing, Comunicao.

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    Summary

    SUMMARY: Detaches the exploration of the theme

    neuromarketing, subject discussed in the marketing areas,

    communication, propaganda and similar. Research contains

    theoretical and practical foundations of empiric nature.

    Objective:To contemplate on the use, viability, applicability and

    usefulness of the methods of the neuromarketing, besides

    permeating ethical subjects. Method: Empiric research, basedon the analysis of texts mainly from the Internet and based on

    some books of reference in marketing, behavior and

    neuroscience. Results:After we research the theme, we verified

    that the neuromarketing is an intriguing mixture, apparently

    strange, however attractive, of marketing and neuroscience. The

    discussions around the theme have a little more than five years

    old with greater development and intensity in the axis Europe

    and United States. Conclusion: Neuromarketing is still quite

    new, there are a lot of adjustments and ripening to be done sothat the neuromarketing wins convincing results. Neuromarketing

    is, therefore in the phase of formulation of concepts and

    verifications and not in the phase of bringing strong results and

    theoretical or practical concepts. We didn't understand that the

    discussions concerning the theme have enough answers to

    assure that the neuromarketing already brings advantages on the

    usual methods of research in-group. We identified the

    seriousness of the theme in subject and we believed that the

    contributions that come from this source of reflections would beunavoidably important discoveries for the new scenarios of the

    future markets, advertising, marketing and communication.

    Key-words:Neuromarketing, Ethics, Marketing, Communication.

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    Sumrio

    Resumo 7

    Abstract 8

    1o) Reviso de literatura em MarketingTeoria de consumo e compra 10 - 13

    O que marketing? 14 - 22Reflexes acerca dos processos de mudana 23 - 27

    2o) NeurocinciasO que neurocincia? 28 - 32O que EEG e fMRI? 33 - 36

    3o) NeuromarketingO que neuromarketing? 37 - 47

    4o) A Pesquisa

    Problema de Pesquisa 48Natureza questes da pesquisa 48Questes da pesquisa 48 - 49Metodologia 50

    5o) ticaA Questo tica 51 - 58

    6o) ConclusoConcluso 59 - 63Limitaes 6465Recomendaes 65

    7o) BibliografiaInternet 6670Livros 71

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    Teoria de consumo e compra

    Comportamento do Consumidor

    A importncia de se procurar entender como se processa o

    comportamento de compra do consumidor, os fatores por ele

    considerados prioritrios ou que agregam mais valor aos seus

    objetivos principais, reside no fato de que, segundo Kotler (1994),

    existe uma relao direta entre a satisfao do consumidor, qualidade

    do produto e servio e a rentabilidade da empresa. Este estreitamento

    com o cliente externo deve fazer parte do planejamento estratgico

    de uma empresa que busque aprimorar a qualidade de seus

    produtos, devendo a mesma definir o seu posicionamento em relao

    ao seu mercado e sociedade onde atua, principalmente

    estabelecendo diretrizes para as suas decises cotidianas (SEBRAE-

    SP & FSP,1994). Estes objetivos devem ser abastecidos por dados

    de mercado que tornem o seu produto mais competitivo e atraente.

    (Elenara Stein Leito 2002 Disponvel em:

    www.planeta.terra.com.br/servicos/elenaraleitao/nova_pagina_2.htm> set 2002

    No que tange a reflexo acerca da importncia do processo de deciso,

    pensemos no seguinte: se o desemprego no Brasil, medido at 2004, vinha em uma

    curva descendente, tendo os salrios congelados ou desvalorizados, como

    convencer as pessoas a comprar? O que e quem pode fazer o comprador comprar

    mais?

    O que podem, de fato, fazer as agncias de comunicao e publicidade, alm

    de informar, atrair, seduzir e entreter com o propsito de vender e aumentar vendas?

    Para Solomon (1996), o processo de deciso envolve a anlise de como as

    pessoas escolhem entre duas ou mais opes de compra (levando em considerao

    que uma compra uma resposta para um problema do consumidor).

    Ainda segundo o mesmo autor, o processo de deciso de compra do

    consumidor vem abraar todo um campo terico, o qual inclui atitudes, estilo de vida,

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    percepo, e todo um leque de fatores motivacionais que influenciam, direta ou

    indiretamente, na correta tomada de deciso por parte do consumidor.

    Segundo a abordagem de Engel, Blackwel e Miniard (1995), podemos

    distinguir cinco papis assumidos pelos indivduos num processo de deciso de

    compra. O profissional de marketing precisa identificar corretamente esses papis,

    uma vez que eles tm implicaes diretas na determinao de estratgias eficazes

    de comunicao e no direcionamento do oramento promocional. Para Engel,

    Blackwel e Miniard (1995), os papis assumidos so:

    Iniciador: pessoa que sugere comprar o produto ou servio e rene

    informaes que ajudam na deciso.

    Influenciador: pessoa cujos pontos de vista influenciam a deciso.

    Decisor: aquele que decide se deve comprar, o que, como e onde

    comprar.

    Comprador: quem efetua a compra.

    Usurio: pessoa que usa ou consome o produto ou servio.

    Kotler (1994) afirma que: ... o reconhecimento da necessidade, coincidentecom o incio do processo de compra, ocorre quando o consumidor percebe a

    diferena entre seu estado atual e um estado desejado. Ele sabe que h um

    problema a ser resolvido, que pode ser pequeno ou grande, simples ou complexo.

    Ainda segundo o mesmo autor, quanto mais intensa a necessidade e quanto mais

    perdurar, tanto mais forte ser o impulso do indivduo para reduzi-lo por meio da

    manifestao do comportamento de procura e, finalmente, da aquisio de um

    objeto que venha a satisfazer sua necessidade....

    Mowen (1995), aponta vrios fatores que podem influenciar o estadodesejado ou as aspiraes de um consumidor. Entre eles, pode-se citar a cultura,

    grupos de influncia e estilo de vida. Assael (1992), parece ir mais longe e define os

    benefcios buscados pelos consumidores como sendo funo de outras variveis,

    tais como:

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    Experincias passadas do consumidor: se o consumidor tiver uma experincia

    positiva com um determinado produto, este produto estar mais propenso a

    ser includo entre as opes da prxima compra.

    Caractersticas do consumidor: os benefcios que o consumidor procura e

    suas atitudes de marca so parcialmente condicionados por suas

    caractersticas demogrficas, estilo de vida e a prpria personalidade do

    consumidor.

    Motivos do consumidor: experincias passadas e caractersticas pessoaispodem criar motivos nos consumidores. Segundo Assael (1992), motivos so

    impulsos gerais que definem uma necessidade e direcionam o

    comportamento para atender essa necessidade

    Influncias ambientais: muitos produtos so comprados e usados em um

    grupo social.

    Aes de marketing: promoo, produto, preo, estratgias dirigidas ao

    consumidor no ponto de venda. De uma maneira geral, os homens demarketing tentam influenciar o estado atual e desejado pelos consumidores,

    desenvolvendo campanhas promocionais que liguem seus produtos ou

    servios a uma alta atratividade individual.

    Essas variveis influenciam os tipos de estmulos que o consumidor percebe

    (propaganda, opinio de amigos ou vendedores). O resultado pode vir a ser o

    reconhecimento de uma necessidade para um determinado produto ou marca.

    O texto esclarecedor acima, de autoria de Luciano Augusto Toledo e Sidney

    Maazzo Caigawa in Marketing Social e Comportamento do Consumidor.

    em busca de respostas s perguntas formuladas aos compradores e

    consumidores de uma forma geral, que h anos estudiosos, antroplogos,

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    socilogos, administradores, psiclogos e toda e sorte de profissionais interessados

    no consumo, na compra, no capital e/ou no comportamento humanos, cultura, social

    unem-se para discorrer, dissertar e pesquisar. Assim, esta no uma teoria finita e

    cremos que jamais encontraremos uma. Atender e provocar este ser humano

    inquietante ser sempre o grande desafio. Imaginemos as futuras geraes,

    influenciadas por uma tal lgica de games e que passem a ter no s seu

    comportamento alterado, mas seus hbitos, desejos, sonhos, formas, estilos. Como

    sero atendidos, como influenci-los, como compr-los?

    Talvez o neuromarketing seja simplesmente o caminho natural para se

    entender este novo comprador que desponta aos poucos na gerao de hoje, ou

    mundo ps capitalismo, ou ainda o mundo dos games 3D...

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    O que marketing?

    Antes, de entrar nas questes definidas no problema de pesquisa,

    imprescindvel investirmos um pouco na reflexo sobre o marketing e seu conceito,

    para assim caminharmos com outras definies.

    Umas destas definies ou reflexes importantes, que cabem neste estudo,

    so as consideraes acerca do significado de marketing. De certo, no vamos

    abordar as inmeras controvrsias, os avanos, tcnicas, processos tericos, ou

    esgotar a reflexo, mas simplesmente citar alguns conceitos de marketing, para

    melhor inserirmos o tema.

    1) Expresso anglo-saxnica, marketing, deriva do latim mercare, que

    definia o ato de comercializar produtos na antiga Roma. Enquanto tudo o que se

    produzia era vendido, no havia necessidade de um esforo adicional de vendas,

    portanto, o marketing era desnecessrio. Somente no sculo passado constatou-se

    a necessidade do marketing ... que foi criado nos Estados Unidos, corao docapitalismo. De l para c, ningum obteve mais sucesso do que os americanos,

    nesta rea. O marketing vem, ento, evoluindo da soberania do produto, para a

    soberania do cliente. (Um resumo do percurso do marketing brasileiro revista FAE

    BUSINESS, n. 4, dez, 2002, de Marcos Cobra)

    2) Marketing construir e sustentar infra-estrutura dos relacionamentos

    de clientes. a integrao destes empresa: desde o projeto, desenvolvimento,

    processos industriais, at as vendas. Todos os empregados precisam estar no

    negcio de construir relacionamentos de clientes. Regis Mackenna (1991).

    3) Marketing significa comunicar a personalidade de uma empresa, a fim

    de criar uma presena nica e torn-la perfeitamente visvel. (Regis MacKenna )

    [RTM1] Comentrio: Ou dcada ou ano que est errado

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    4) Espcie de orculo da administrao de negcios nas ltimas quatro

    dcadas, Peter Drucker disse no incio dos anos 60 que "a primeira tarefa de uma

    companhia gerar consumidores". Para ele, "marketing to bsico que no pode

    ser considerado uma funo em separado. Marketing o negcio visto do ponto de

    vista do seu resultado final, ou seja do ponto de vista do cliente. O sucesso nos

    negcios no determinado pelo produtor, mas pelo consumidor". Essa mudana de

    foco fundamental para a compreenso do marketing. At a dcada de 50, nos

    Estados Unidos, as empresas geravam um produto e vendiam-no aos consumidores

    mediante um esforo de vendas. Ou seja, quem definia o que seria oferecido ao

    mercado era o vendedor. Para o marketing, quem define o que ser oferecido aomercado, o prprio mercado. O vendedor ausculta o comprador previamente,

    analisa suas necessidades, desejos e gera um produto de tal forma adequado

    demanda, que do esforo de vendas restam apenas as vendas - o esforo torna-se

    desnecessrio. Nas palavras de Drucker: "Haver sempre alguma necessidade de

    vender, mas o objetivo do marketing conhecer e compreender o consumidor to

    bem, que o produto ou servio atende-o completamente, que, em conseqncia,

    vende-se sozinho. Idealmente, o marketing deve resultar em um consumidor que

    est pronto para comprar. Tudo o que preciso fazer tornar disponvel o produto

    ou servio". (Peter Drucker )

    5) Marketing uma atividade que data dos anos ps-guerra. Vemos nos

    ensinamentos de Kotler, Peter Drucker, Marcos Cobra, Al Ries e outros, uma correta

    viso do que representam as suas tcnicas.

    6) O termo marketing, em seu sentido original, determina as relaes

    comerciais de uma instituio com sua clientela. Ele poderia ser tambm chamado

    de comercializao (Camacho, 1983).

    7) O desempenho de atividades da empresa que se relacionam com o

    fluxo de bens e servios, do produtor para o consumidor ou usurio..." (Simonsen

    Jnior, 1970).

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    8) Para Kotler (1999), "O marketing a funo dentro de uma empresa

    que identifica as necessidades e os desejos do consumidor; determina quais os

    mercados-alvo que a organizao pode servir melhor e planeja produtos, servios e

    programas adequados a esses mercados. No entanto, o marketing muito mais do

    que uma funo isolada - uma filosofia que orienta toda a organizao. A meta do

    marketing satisfazer o cliente de forma lucrativa, criando relao de valor com

    clientes importantes".

    9) Segundo Richers (1985), ... as finalidades bsicas do marketing so

    detectar espaos abertos (oportunidades abertas no mercado e demandas

    insatisfatoriamente satisfeitas) e ocupar esses espaos.... Para que isso ocorra

    satisfatoriamente, existem as quatro funes do marketing, ou Teoria dos Quatro

    As de Richers: Anlise (investigao para compreender as foras do mercado);

    Adaptao (ajustamento da oferta da empresa s foras externas); Ativao (que

    so medidas para fazer o produto chegar aos mercados definidos, entre elas a

    propaganda); Avaliao (investigao e interpretao dos resultados - preparando-

    se para o futuro). Sendo que estas quatro funes devem girar em torno dos

    objetivos e metas gerais da empresa. Portanto, a propaganda apenas uma parte

    do composto, ou mix de marketing.

    Assim, consideradas as definies acima, o Marketing pode ser visto como

    tcnica de gesto, que pressupe o planejamento, anlise, implementao e

    controle de programas e metas, destinadas a provocar trocas voluntrias dentro de

    alvos mercadolgicos definidos, no sentido de alcanar os objetivos da empresa. E

    permite ao empresrio conduzir seus negcios dentro de um padro de causa x

    efeito; objetivo x resultado e portanto no se trata de uma palavra mgica. O

    marketing sempre tem por objetivo a satisfao do consumidor, para que esteconsuma sempre mais.

    Conclumos que fazer um bom marketing hoje, significa colocar o produto

    certo, no mercado certo, pelo preo certo, na quantidade certa, na hora certa, para

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    os consumidores certos, sabendo que ir receber na data certa, e promover a

    satisfao do cliente a longo prazo.

    Tambm consideramos relevante o levantamos de algumas definies de

    outra modalidade de marketing, hoje chamada de Marketing de Relacionamento :

    a) Marketing de relacionamento atrair, manter e, em organizaes de multi -

    servios, ampliar relaes com clientes. Leonard B. Berry (1983).

    b) O marketing de relacionamento o marketing para ganhar, construir e

    manter relaes duradouras e fortes com clientes industriais. Brbara Bund Jackson

    (1985).

    c) Marketing de relacionamento trata sobre como maximizar o valor do cliente

    para a empresa, criando, construindo e prolongando relacionamento de clientes com

    o fim de vender mais, fazer venda cruzada, e mantendo clientes em longo prazo.

    Adrian Payne (1991).

    d) Marketing de relacionamento o processo por meio do qual ambas as

    partes o comprador e o fornecedor- estabelecem relaes eficazes, eficientes,

    agradveis, entusiastas e ticas, isto , pessoalmente, profissionalmente e

    proveitosamente recompensadoras para ambas as partes. Michael E. Porter (1993).

    e) Identificado como o ps-marketing e definido como o processo de

    proporcionar satisfao contnua e reforo aos indivduos ou organizaes que so

    clientes atuais ou que j foram clientes. Os clientes devem ser identificados,

    reconhecidos, comunicados, auditados em relao satisfao e respondidos. O

    objetivo do ps-marketing construir relacionamentos duradouros com todos os

    clientes. Terry Vavra (1993).

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    f) Marketing de relacionamento o marketing visto como relaes, redes e

    interao. Evert Gummerson (1994).

    g) Deve-se pensar em termos de gerncia de relacionamento tanto como em

    marketing de relacionamento e gerncia de relacionamento que necessitam de

    abordagens funcionais cruzadas baseadas em processos. Martin Christopher

    (1995).

    h) A compreenso, explicao e gerenciamento de relaes de negcio

    colaborativas contnuas entre fornecedores e clientes. Jagdish N. Sheth (1994).

    i) O marketing de relacionamento total (TRM-Total Relationship Marketing)

    o marketing baseado em relacionamentos, redes e interaes, reconhecendo que

    marketing est envolvido no gerenciamento global de redes da organizao de

    vendas, mercado e sociedade. Est direcionado para relacionamentos ganha-ganha

    com clientes individuais e o valor criado conjuntamente pelas partes envolvidas,

    transcende os limites entre disciplinas e funes especialistas. Evert Gummerson(1999).

    Outra modalidade, que tem sido alvo de estudo e reflexes na atualidade o

    chamado Marketing Social (Marketing Social e Comportamento do Consumidor por

    Luciano Augusto Toledo e Sidney Maazzo Caigawa), que definiremos abaixo:

    1) Para Vaz (1995), Marketing social a modalidade de ao

    mercadolgica institucional que tem como objetivo principal atenuar ou eliminar osproblemas sociais, as carncias da sociedade relacionadas principalmente s

    questes de higiene e sade pblica, de trabalho, educao, habitao, transportes

    e nutrio. Ainda segundo o mesmo autor: Os programas baseados no marketing

    social so trabalhos cuidadosos de pesquisa, que procuram encontrar a raiz do

    problema social, identificando-se os focos de resistncia a uma mudana

    (comportamental) e, ento, definindo um planejamento de apresentao das idias,

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    de formulao das propostas e de preparao da estrutura necessria para dar

    sustentao campanha... O marketing social cria e administra todo o processo,

    cujas aes e resultados passam a construir valores que se agregam aos produtos.

    O assistencialismo, mesmo se efetuado de forma sistemtica, pouco agrega ao

    conceito da empresa, pois ela no gerencia nem detm a autoria e o controle do

    processo....

    2) Criao, implementao e controle de programas implementados para

    influenciar a aceitabilidade das idias sociais e envolvendo consideraes relativas

    ao planejamento de produto, preo, comunicao, distribuio e pesquisa de

    marketing. (SCHIAVO, 1999, PG.29)

    3) O uso de princpios e tcnicas de marketing para a promoo de uma

    causa, idias ou comportamento social. (KOTLER, 1992, p.19)

    Conclui-se, portanto que alm das definies apresentadas acima, existem

    muitas outras, inclusive abordando outros tipos e formas de marketing, tais como,marketing esportivo, marketing social, marketing de varejo, marketing internacional,

    marketing internos, marketing de servios.

    Cremos que a seleo acima suficientemente representativa para mostrar o

    universo absolutamente imenso e competitivo que decodificado de inmeras

    formas, mas que tem por essencial valor, o vender mais, girar capital, o lucro!

    De qualquer forma, separamos como base de indagao e reflexo dentro

    da rea do marketing o conceito de Kotler de que o marketing a funo dentro de

    uma empresa que identifica as necessidades e os desejos do consumido e que

    necessrio construir uma marca que v de encontro a estes desejos e por sua vez

    esta construo tem por base princpios de valores humanos, tais como:

    Identidade (Significadotransmitido)

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    Personalidade (Caractersticashumanas)

    Posicionamento (Benefciosaos cliente)

    Carter (Integridade, honestidade, Confiabilidade)

    Imagem (Como vistano Mercado)

    e o Valor Liquido

    E especialmente o conceito de marketing de Al Ries, de que o marketing est

    relacionado sobretudo a criao de uma marca que deve ser fixada na mente dos

    clientes e potenciais. Ou seja, posicionar o produto na mente do cliente, buscando

    uma mensagem que tenha sintonia com a mente do cliente.

    E para tanto preciso conhecer o espao que existe na mente do cliente, e ento,

    desenvolver uma publicidade da marca que v de encontro a este espao. Para

    tanto, Al Ries, salienta as Leis do Marketing:

    Liderana (Ser o 1o e no necessariamente o melhor Cristvo Colombo)

    Categorizar (Se tornar o 1o em certa categoria)

    MENTE (Ser o 1o nome na mente mais importante do que ser 1o no

    mercado)Percepo

    Foco

    ...

    Assim, entendemos uma preocupao de humanizar o marketing, no sentido

    de centr-lo na pessoa, no cliente, nas suas necessidade e portanto, dando especial

    e crescente foco e concentrao mente das pessoas como fonte de conhecimento

    a ser vasculhada, estudada, se tornando portanto alvo do marketing.

    Ao verificarmos tantas definies sobre marketing, burila na mente as

    possveis associaes entre o marketing e a neurocincia que parecem, em certa

    feita, desconexas, j que a princpio no esto relacionadas. Mas quando o assunto

    neuromarketing, esta relao torna-se muito tnue, pois entre vender, marketing e

    sade, medicina ou tcnicas mdicas no parece haver combinao, pelo menos,

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    no at o momento. Afinal, se o avano da cincia, dos estudos do crebro so para

    a sade, como comum quando se fala no uso de mapeamento cerebral, EEG ou

    fMRI, o que o marketing tem haver com isso? O estudo da mente caminha sem o

    marketing, no precisa deste para desenvolver-se. Suas descobertas so

    independentes. Mas, no neuromarketing, a neurocincia a pea central, uma vez

    que a tcnica da neurocincia que d ao neuromarketing um tom completamente

    diferenciado e tecnolgico. Por esta razo, tem havido discusses ticas acerca do

    assunto, pois se o eixo central da neurocincia a sade e o eixo central do

    marketing , sobretudo, o ganho, que relao pode, ou precisa haver entre os dois?

    E se a relao existe, ser ela lcita?

    O assunto vem ganhando no Brasil, mesmo que timidamente, espao na

    grande imprensa e na mente de pessoas que estudam ou trabalham com

    comunicao, propaganda e marketing. Prova deste interesse, ainda limitado, porm

    crescente, so os muitos sitesque citam o assunto. Exemplo: quando acessado o

    site de busca Google encontramos:

    86 urls em portugus,

    15.800 urls, entrando na Web de forma irrestrita.

    14.600 urls em portugus, sob o tema neurocincia,

    48.500 urls, sob o tema neurocincia, entrando na Web de forma irrestrita.

    Alm disso, na Revista Veja, de circulao nacional, edio de Agosto de

    2004, havia uma matria sobre o assunto, revelando de forma sucinta o que o

    mundo j est estudando no eixo Europa e Amrica no Norte e aguando a

    curiosidade do leitor, colocando em questo um assunto que at ento vinha sendo

    discutido apenas no mbito da propaganda, do marketing, da neurocincia fora do

    Brasil. Segue trecho da revista para corroborar a afirmao feita em termos de

    neurocincia:

    Fora do mbito mdico, a curiosa associao entre marketing e neurocincia

    o neuromarketing leva a que se "leia" o pensamento dos consumidores.

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    Ao se monitorar a atividade cerebral do pesquisado, d para saber se ele

    aprova ou rejeita determinado produto ou marca e, mais importante, por qu.

    As experincias ocorrem da seguinte forma: enquanto o voluntrio permanece

    em uma mquina de ressonncia magntica funcional, os pesquisadores lhe

    apresentam fotos ou video-clipes. Dependendo da rea cerebral mais ativada

    pelo fluxo sangneo, conclui-se que tipo de reao o estmulo causa. Os

    neurocientistas j constataram, por exemplo, que a migrao de sangue para

    uma rea do crebro conhecida como crtex pr-frontal medial, no momento

    em que o voluntrio est olhando para um determinado logotipo, significa que

    ele identifica-se com a marca. Esse um campo com um potencial imensopara empresas de marketing e institutos de pesquisa, que costumam trabalhar

    apenas com informaes que recebem por meio de questionrios. Como nada

    garante que o entrevistado esteja falando a verdade, h sempre um fio de

    suspeita nessas sondagenssuspeita que seria inteiramente cancelada com

    exames de imagens cerebrais.

    Esta mesma ediode Agosto de 2004,da Revista Veja, registra a seguinte

    definio de neuromarketing: Pesquisadores j esto utilizando imagens do crebro

    de consumidores para saber quais os produtos que agradam e quais os mais

    evitados por uma determinada amostragem antes de lan- los no mercado ... J

    possvel ver o crebro em plena atividade. As descobertas so fascinantes e esto

    levando a uma melhor compreenso do funcionamento da mente humana. - na

    matria especial entitulada O crebro devassado de 04/08/04.

    Salvo, consideraes sem cunho cientfico, cremos que o trecho traz a idia

    de que o assunto interessante e talvez agregue vantagem aos que se antevirem

    ao processo de mudana.

    No que diz respeito definio de neuromarketing, na grande imprensa, vale

    conferir a citao feita pela edio da revista Economist:

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    Using the tools of neuroscientists, such as electroencephalogram (EEG)

    mapping and functional magnetic-resonance imaging (fMRI), they are trying to

    learn more about the mental processes behind purchasing decisions. The

    resulting fusion of neuroscience and marketing is, inevitably, being called

    neuromarketing. (Inside the mind of the consumer , Jun 10th 2004, From

    The Economist print edition).

    Por conta dos propsitos e definies acima elencados, conclumos que este

    um assunto essencialmente interessante. Oriundo e desenvolvido pela, e para a

    rea de marketing, propaganda e comunicao, certamente no um assunto da

    rea mdica, no obstante as contribuies que advm destas pesquisas. No

    entanto, a medicina diagnostica no precisa do marketing para desvendar o crebro.

    Embora estejam sendo utilizadas tcnicas normalmente usadas no meio

    mdico e na neurocincia, este uso no torna, de forma alguma, o neuromarketing

    um assunto da rea da sade. Por esta razo, como veremos adiante, existem

    muitas consideraes ticas em torno do tema. Afinal lcito usar com o propsito

    de ganhar, obter lucro, tcnicas que se prestam, em tese, exclusivamente

    promoo da sade e sua manuteno?

    Reflexes acerca dos processos de mudana

    Como foi observado, o neuromarketing, poder provocar ou no mudanas

    considerveis em vrios aspectos. E cremos que j o est provocando. Nada mais

    justo, portanto aprofundarmos um pouco o conceito de mudana e suas implicaes.

    A mudana pode ser conceituada de diversas formas, sob variados aspectos

    e graus de intensidade.

    Para Marchiori, a mudana organizacional, por exemplo, no se restringe

    apenas ao carter tecnolgico, mas deve ser acompanhada de uma mudana de

    carter organizacional, que envolve sistemas de informao, forma de gesto entre

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    outros. A autora cita Pettigrew, que aponta que as mudanas tm de ser

    consideradas a partir:

    Do contexto: O porqu da mudana,

    Variveis internas e externas da organizao : O contedo

    O qu da mudana: reas especficas

    Como a mudana se realiza: O processo de mudana

    As aes, reaes e interaes

    Fleury, por sua vez, define as mudanas como mudana revolucionria emudana gradual, que podem ser geradas a partir de problemas no ambiente

    externo organizao ou por problemas internos. A autora explica que a mudana

    revolucionria aquela em que os novos valores so antagnicos aos anteriores,

    gerando um processo radical de destruio dos elementos simblicos, de redefinio

    completa das prticas organizacionais. E que a mudana gradual se d quando

    novos valores propostos so complementares aos existentes, ampliando leques de

    alternativas existentes para a soluo de problemas.

    Morgan, identifica duas linhas s quais se recorre para descrever a mudana.A primeira, de carter mais descritivo, analisa os dados concretos da mudana,

    como a tecnologia, o mercado e outros fatores scio-econmicos. A segunda mais

    analtica e tenta caracterizar a mudana em termos de conceitos mais abstratos. O

    autor afirma que esta viso teve sua importncia para classificar a natureza da

    mudana, mas no foi capaz de identificar sua dinmica bsica. Para Morgan, o

    mais importante compreender a lgica da mudana, o que torna possvel

    administr-la em um nvel mais elevado de pensamento e ao. Este autor coloca

    que a mudana tem uma lgica dialtica em que tenso e contradio sempre esto

    presentes, mas a sua clareza varia de acordo com as aposies que se manifestam.As relaes esto sempre em estado de fluxo e a estabilidade (caso exista mesmo

    tal fenmeno em sistemas complexos) existe sempre no meio deste fluxo.

    Entre as definies podemos perceber a existncia de fatores que levam a

    inferir que a mudana no pode ser considerada isoladamente ou por partes. A

    mudana deve ser compreendida em seu contexto e com suas implicaes.

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    A mudana orgnica, pois no podemos isol-la, j que tudo que ocorre em

    meio ao processo de mudana afeta todas as partes, direta ou indiretamente.

    O sucesso da mudana, portanto, depende da integrao entre todos os

    elementos envolvidos no processo. Devem ser consideradas muitas variveis: foras

    externas ao processo, diretas e indiretas, variaes de ambiente, necessidades

    subjacentes e o processo em si, tais como a comunicao, trabalho dos envolvidos,

    entendimento do processo, adequao e adaptao mudana em si.

    Na maioria das vezes, as pessoas esto preocupadas fundamentalmente com

    os custos, com os transtornos envolvidos no processo, com o prprio receio

    mudana, com angstia do novo. Muitas vezes se esquecem do mais importante

    agente da mudana.

    Em empresas, por exemplo, autores como Gouillart e Kelly, entendem que o

    segredo da vida eterna da empresa estaria em sua capacidade de orquestrar a

    transformao simultnea de todos os seus sistemas numa busca unificada de

    metas comuns. Para tanto os sistemas precisam ser examinados e trabalhadosconcomitantemente, sempre com a preocupao de mant-los coesos durante a

    transformao. A base para que a empresa alcance a vida eterna o seu capital

    humano.

    Considerando que as mudanas em geral determinam novas prticas e

    valores, automaticamente elas tm impacto sobre a cultura da populao em que

    esto inseridas. Assim, toda mudana em certa feita uma mudana cultural e no

    nem boa ou m em si, depende das aes e conseqncias produzidas.

    O temor frente ao desconhecido, o medo de correr risco ao inovar, a tenso

    com o que pode vir em seguida, a necessidade de adaptao, todos estes fatores

    podem transformar o processo de mudana em algo muito desgastante. Nestes

    casos, o resultado acaba sendo, entre outras coisas, uma sensao generalizada de

    impotncia e, em alguns casos, revolta e indignao. O choque na maioria das

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    vezes inevitvel. Nas organizaes empresariais, por exemplo, seis em cada dez

    administradores, deixam o cargo durante os cinco primeiros anos de fuso.

    Frente s perspectivas de mudana, grande parte das pessoas, como

    mencionamos, pode apresentar resistncia, ainda que a mudana traga a

    possibilidade de progresso individual e/ou grupal, comunitrio ou ainda, seja

    induzida para facilitar o trabalho de todos. A resistncia consiste em qualquer atitude

    intencional para desacreditar, atrasar ou impedir a implementao de uma mudana

    e surge quando a mudana percebida como ameaadora para a segurana, a

    posio, a auto-estima do indivduo, ou para uma interao social. Em geral aspessoas tentam proteger-se dos efeitos de mudanas, independentemente da sua

    natureza.

    As pessoas, tendem a procurar um ponto de equilbrio, a chamada zona de

    conforto. Isto significa que aprendem a lidar com as relaes, a lidar umas com as

    outras e sobretudo a trabalhar frente aos desequilbrios e a necessidade de ajustes

    que percebida de formas diferentes em cada indivduo, e portanto resulta nas mais

    variadas reaes.

    A percepo acerca da mudana depende principalmente da histria e

    caractersticas das pessoas, de uma cultura e so estes fatores que vo, em um

    primeiro momento, determinar o apoio ou a resistncia s mudanas propostas.

    As pessoas, em determinadas situaes, tm de desaprender as formas

    conhecidas de lidar com a situao e aprender novamente; este tambm pode ser

    um processo difcil, at doloroso, que as pessoas procuram evitar. A tendncia a

    resistir s mudanas pelos custos psquicos que acompanham-nas, pode ser

    parcialmente compensada pelos desejos que as pessoas tm de novas experinciase pelas recompensas percebidas, associadas a estas novas experincias.

    De qualquer forma, a mudana precisa ser encarada como uma oportunidade,

    muito mais do que um transtorno ou incomodo. Embora em alguns casos possam

    ser traumticos, os processos de mudana encerram dois aspectos: por um lado

    desestabilizam a dinmica da sociedade, como por exemplo, a sociedade mdica,

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    tica, de fisiologistas e at a de comunicao e por outro geram oportunidade de

    crescimento, funcionando como mola propulsora para passos seguintes, podendo

    inclusive, levar a completa reestruturao e apesar do possvel sofrimento e/ou

    desgaste envolvidos nos processo.

    Parte desta reflexo foi feita com base no trabalho de Concluso de Curso em

    Comunicao Interna como fator estratgico nos processo de mudanadeCristina

    Elisabeth Arnold Beraldo de 2003 da ECA/USP

    Tudo isto visto at aqui, em termos de mudana, mostra o que o

    neuromarketing enfrentar para tornar-se realidade. A realidade, como vimos, no

    muda da noite para o dia e nem ganha ou perde adeptos por osmose. O processo

    e a forma como o indivduo vivencia o processo que definem a adeso ou no, ou

    ao menos a adeso imediata ou mais lenta, pois que em certos assuntos a adeso

    mudana obrigatria.

    A mudana fora motriz e mola propulsora do desenvolvimento, seja este

    para o bem ou no, mas o fato que ela acontece a medida que o homem,

    insatisfeito com seu tempo, quer buscar algo novo em prol de algo ou de algum.

    A mudana traz em seu bojo implicaes que estaro ou no a servio ou sob

    o poderio do homem em qualquer esfera. Isto quer dizer que o ser humano um

    agente de mudana, porm sofre com estas mudanas no sentido de que o mundo

    no est a sua inteira disposio e tudo que este tocar, ter repercusso, sofrer ou

    no mutao e a conseqncia destas mutaes podem ou no estar sob seu

    controle. E isto ocorre, tanto a mudana como suas implicaes e conseqncias,

    controlveis ou no em todas as esferas, por exemplo; sociais, naturais, pessoas,

    organizacionais, culturais e etc.

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    O que neurocincia?

    Segundo Robert Lent, professor titular de departamento de Anatomia do

    Instituto de Cincias Biomdicas da UFRJ, na ocasio em que editou o livro Cem

    Bilhes de Neurnios, Conceitos Fundamentais de Neurocincia esta deveria ser

    chamada de neurocincias e no neurocincia, j que se trata de basicamente

    cinco disciplinas neurocientficas: Neurocincia molecular, celular, sistmica,

    comportamental e cognitiva. Esta diviso didtica e no facilmente vista ouparticionada.

    So dois, os tipos de profissionais que trabalham diretamente com a

    neurocincia como sistema nervoso, ou seja, os neurocientistas (voltados pesquisa

    cientfica em neurocincia) e os profissionais da sade (cujo ofcio est voltado

    preservao e restaurao do desempenho funcional do sistema nervoso).

    Segundo, Lent, as neurocincias dizem respeito s atividades do sistema

    nervoso central e sistema nervoso perifrico que so, por sua vez, as duas principaisdivises do sistema nervoso. Assim, a reunio de estruturas localizadas dentro do

    crnio, da coluna vertebral e de estruturas distribudas pelo organismo forma o

    sistema nervoso. Ambas estruturas so formadas de dois tipos celulares principais:

    os neurnios e gliccitos. D-se o nome de Neuroglia ao conjunto de clulas no

    neuronais, aos glicitos, mais numerosos que os neurnios, e que desempenham

    funes de infra-estrutura: nutrem, do sustentao mecnica, controlam o

    metabolismo dos neurnios, ajudam a construir o tecido nervoso durante o

    desenvolvimento, funcionam como clulas imunitrias.

    As conexes entre os neurnios so denominadas sinapses e no

    estabelecem contato entre uma clula e outra. A transmisso do impulso atravs

    dela depende da liberao de um transmissor qumico especfico para a natureza de

    cada tipo de estmulo (neurotransmissor). (Site de anatomia:

    http://www.fortunecity.com/campus/biology/752/snc.htm)

    [RTM2] Comentrio: Verificar se no nota de rodap

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    A histria da fisiologia do sistema nervoso em qualquer pas confunde-se com

    a prpria histria da Fisiologia,a disciplina da Biologia que estuda o funcionamento

    dos seres, segundo a acertada, mas pouco conhecida e ainda menos acatada

    definio de Jean F., anunciada no sculo XVI. Essa vinculao resulta do fascnio

    que o sistema nervoso exerceu e exerce sobre cientistas e leigos, a ponto de que

    todos os fisiologistas do passado terem tido interesse pela neurofisiologia, ao menos

    em alguma etapa de sua vida profissional. No sculo V, A.C., Alkmaeon, discpulo de

    Pitgoras, na regio da Magna Grcia, que a Calbria italiana, descobriu o nervo

    ptico e chegou ao avanado conceito de que o sistema nervoso, particularmente oencfalo, a sede das sensaes e da atividade mental.

    Na mesma poca, outro grande grego, Hipcrates, fundador da medicina

    objetiva, expressou conceito semelhante ao afirmar que " no encfalo

    (enkephafon),e somente nele, que nascem nossos prazeres, alegrias, os risos e as

    graas, assim como as tristezas, angstias e o pranto. por ele que pensamos,

    vemos, ouvimos e distinguimos o feio do belo, o mau do bom, o agradvel do

    desagradvel. o mesmo encfalo que nos loucos ou delirantes, inspira pavor e o

    medo, seja de noite ou de dia, que nos traz o sono e o engano, o indesejvel, aansiedade intil, a distrao e os atos contrrios nossa conscincia e que muitas

    vezes nos torna enfermos". admirvel a conceituao de Hipcrates, que 25

    sculos atrs atribua ao sistema nervoso a gnese da mente em todas as formas

    normais, mas tambm em suas manifestaes psiquitricas. Enquanto Hipcrates

    que vivia na modesta poro insular da Magna Grcia, que era a ilha de Cs,

    escapava dos crticos da objetividade, Alkmaeon, que habitava um dos principais

    ncleos da cultura continental, era acerbamente criticado, sobretudo pelo influente

    Parmnides que no acreditava que os sentidos, a observao e a experimentao

    pudessem revelar segredos da mente. Esse retrgrado conceito ainda muitopoderoso em nossos dias. AIkmaeon chegou a ser vtima de perseguio poltica por

    suas idias avanadas.

    Outro motivo pelo qual a histria da neurofisiologia confunde-se com a histria

    da Fisiologia que toda e qualquer funo do organismo animal, dos invertebrados

    espcie vertebrada mais evoluda que o Homo sapiens, gerada, regulada ou

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    pelo menos modificada, pelo sistema nervoso. Os estudiosos dos sistemas

    cardiovascular, respiratrio, digestivo, imunolgico, endcrino e renal sempre

    tiveram de investigar sua regulao nervosa Quanto mais se estuda a fisiologia

    nervosa cada vez menos se pode dissociar o anatmico (sobretudo hodolgico) da

    abordagem funcional do sistema nervoso.

    A fisiologia neste sentido, relaciona-se com a neurocincia e junto a medicina

    faz descobertas num territrio fascinante, o crebro. J possvel decifrar, com

    imagens, alguns dos mistrios do funcionamento do crebro humano.

    "Acho que a gente est num crescimento bastante acelerado e vamos ter

    cada vez mais novidades", comenta a doutora e neurocientista, Eliane

    Volchan, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) citada no

    trabalho que pinamos agora, intitulado Neurocincia: o futuro da medicina

    de 02 de novembro de 2003, editado no sitehttp://www.forumnow.com.br.

    " uma rea que envolve pessoas vindas de formaes bastante distintas.

    Ento tem mdicos, bilogos, fsicos, psiquiatras, e cada um tem o seu papel

    dentro disso", diz o fsico Luiz Guilherme Lutterbach, tambm da UFRJ.

    o conhecimento de ponta em todas essas reas que encara o desafio de

    decifrar o crebro. A ferramenta principal a conhecida ressonncia magntica,

    chamada nesse caso de ressonncia magntica funcional, cujo funcionamento pode

    ser exemplificado desta forma: para mexer a mo, uma certa regio do crebro

    comea a trabalhar mais. Para isso, precisa de mais energia, mais oxignio

    passando ali. exatamente essa diferena de oxignio numa certa rea cerebral,

    que captada pela ressonncia magntica funcional.

    Os neurocientistas querem identificar as reas do crebro responsveis pelas

    mais variadas tarefas, sensaes e emoes.

    "Em uma reproduo do crebro de uma pessoa que est olhando para

    fotografias, enquanto ns estamos fazendo o teste da ressonncia magntica

    funcional, podemos ver que as fotografias tm um contedo bastante forte

    http://www.forumnow.com.br/http://www.forumnow.com.br/http://www.forumnow.com.br/
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    para essa pessoa. Esse contedo pode ser muito negativo ou muito

    agradvel", explica Eliane Volchan.

    Os exames mostraram atividade acima do normal em uma rea bem no meio

    do crebro. a chamada amgdala que no tem a ver com a amgdala da garganta.

    Essa amgdala cerebral uma espcie de central de emergncia.

    "Essa regio mostrou que ela fica extremamente ativa, sempre que a gente

    est numa situao emocionalmente relevante, principalmente quando a

    situao aversiva, uma situao de ameaa", ensina a neurocientista daUFRJ.

    E se levarmos em conta assassinos, ou bandidos, como os do filme de fico

    "Laranja Mecnica", que nem sequer se importam com as mais horrveis cenas de

    violncia? No futuro, a ressonncia magntica funcional poder detectar muito cedo

    algum que vai crescer e ter esse tipo de comportamento. Esta mais uma vez uma

    das razes da discusso tica.

    "Vamos supor que, no futuro, se detecte que a amgdala tem um maufuncionamento nesses indivduos que so assassinos em srie. No existe

    outra maneira de fazer com que o indivduo no seja um risco muito grande

    para a sociedade. lcito fazer uma cirurgia, extirpar as amgdalas do

    crebro? Vamos especular. Acho que essa discusso importante e uma

    discusso que a sociedade tem que tomar", comenta Eliane Volchan, j citada

    acima.

    A tcnica tambm tem aplicaes mais prticas, diretas. Pode ser til, por

    exemplo, para ajudar um mdico, a saber, se um remdio est funcionando.

    Uma vez feito o diagnstico de uma determinada doena, voc conseguiria

    dizer qual a probabilidade desse indivduo se desenvolver bem no caso do

    tratamento ser bem sucedido, ou no, dependendo de como ns

    interpretarmos as imagens. Em outras palavras, se voc precisa mudar o tipo

    de tratamento ou mesmo mudar a dose da medicao, ou ainda mudar o tipo

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    de fisioterapia que est sendo feita", explica o radiologista, Edson Amaro

    Jnior, da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo (USP).

    "Podemos saber quais so as melhores formas da gente ter crianas

    desenvolvendo suas capacidades ao mximo. A gente vai poder tambm

    superar algumas leses que hoje em dia so irreversveis, como as da

    medula espinhal em que a pessoa fica paraltica", ressalta Eliane Volchan

    (idem).

    Tem muita coisa nova acontecendo. o incio de uma cincia. como sequem estudou fsica no sculo XIX, fosse estudar neurocincia no sculo

    XXI", empolga-se Luiz Guilherme Lutterbach.

    (Bibliomaratona de Frias: Interpretaes da FQ // Vive la diference // Anjo: a

    Face do Mal // Tbula Rasa // Crebro: Um guia para o usurio)

    Para mais profundidade no tema, recomendamos acesso ao texto abaixo que

    traz uma boa reflexo sobre o tema, no universo brasileiro:

    http://www.fesbe.org.br/sbnec/perspectiva.pdf.

    [RTM3] Comentrio: muitas vezes apalavra gente!

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    O que EEG (Eletroencefalograma) E fMRI (Imagem de Ressonncia Magntica

    Funcional)?

    De forma sucinta segue abaixo, a definio das duas tcnicas mencionada

    neste trabalho, EEG e fMRI:

    EEGEletroencefalograma

    Segundo a histria do Eletroencefalograma, ele foi criado em 1929, por umpsiquiatra alemo chamado Hans Berger, que trabalhava na cidade de Jena,

    que teria anunciado ao mundo cientfico e mdico ser possvel registrar as

    fracas correntes eltricas geradas no crebro humano, sem a necessidade de

    abrir o crnio, e mostr-las na forma de um registro em papel. Berger

    denominou a esta nova forma de registro fisiolgico do EEG. Esta atividade

    mudava de caractersticas de acordo com o estado funcional do crebro, tais

    como no sono, na anestesia, na hipxia (falta de oxignio) e em certas

    doenas nervosas, como a na epilepsia. (Texto A Histria do

    Eletroencefalograma, sem data inserido no sitehttp://www.cerebromente.org.br/n03/tecnologia/historia_p.htm.

    Este trabalho foi mais tarde, em 1957, aprimorado por Gray Walter, que alm

    de ser mdico, era engenheiro, e criou o toposcpio, que possibilitava

    construir mapas bidimensionais da atividade de EEG na superfcie do crebro.

    O toposcpio tinha 22 tubos de raios catdicos (semelhantes a um tubo de

    TV), cada um deles conectado individualmente a um par de eletrodos colados

    sobre o crnio. Os eletrodos e seus tubos correspondentes, eram dispostos

    em um padro geomtrico bidimensional, de tal forma que cada tubo

    mostrava em sua tela fosforescente a intensidade e velocidade dos vrios

    ritmos do EEG em uma rea especfica do crebro, tais como os lobos

    frontais, parietais, occipitais, etc. Esse conjunto de tubos era fotografado

    periodicamente, com suas telas para cima, e uma espcie de movimento

    espiral fosforescente era usado para evidenciar as diferentes freqncias

    http://www.cerebromente.org.br/n03/tecnologia/historia_p.htmhttp://www.cerebromente.org.br/n03/tecnologia/historia_p.htm
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    presentes no EEG, naquelas partes do crebro. Tudo isso trazia maior clareza

    e preciso as informaes requeridas no crebro e mais tarde veio a se

    chamar ou Mapeamento Colorido do Crebro. A EEG hoje indicada principal

    para determinar a presena e localizao de tumores e doenas focais do

    crebro (incluindo epilepsia, malformaes arteriovenosas e derrame).

    Tambm apropriada quando determinados distrbios da conscincia e

    vigilncia esto presentes, tais como narcolepsia (o aparecimento abrupto de

    sono), coma, etc. Alm disso, a topografia cerebral de EEG est sendo usada

    cada vez mais para monitorar os efeitos da abstinncia de drogas psicoativas

    aditivas, em infeces do crebro, tais como a meningite, assim como parafazer o acompanhamento ps-operatrio de pacientes que foram submetidos

    cirurgia cerebral. Em psiquiatria, a topografia cerebral do EEG tem sido de

    utilidade para o diagnstico diferencial de diversas enfermidades, tais como

    esquizofrenia, demncias, hiperatividade, depresso, atrofia cerebral e

    distrbios da ateno em crianas. (http://www.cerebromente.org.br)

    fMRI -(imagem de ressonncia magntica funcional)

    Na ltima dcada, o estudo do crebro ganhou uma tcnica de alta resoluoespacial, capaz de produzir imagens de cortes tomogrficos do crebro com

    resoluo de at 50mu. Esta tcnica de produo de imagens por

    ressonncia magntica tem sido usada na clnica radiolgica para o estudo da

    estrutura neuroanatmica do encfalo. Mais recentemente, esta tcnica

    evoluiu para mapear aspectos funcionais do crebro, mais especificamente,

    para mapear o pensamento. A correlao de imagens por ressonncia

    magntica durante a ao e o repouso, permitiu o desenvolvimento da

    ressonncia magntica funcional. A atividade eltrica de redes de neurnios

    no neocrtex produz representaes neurais que se expressam comopercepes, sentimentos, atos motores, comportamentos, relgios biolgicos,

    produo de fatores de liberao de hormnios e pensamentos. A atividade

    eltrica de conjuntos de neurnios que se expressam em pensamento

    produzem variaes de propriedades magnticas do tecido que podem ser

    visualizadas pela ressonncia magntica funcional.

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    Para mais profundidade no tema, recomendamos acesso a alguns sites.

    Destacamos um que foi ponto de partida para as nossas pesquisas por contar com

    informao, por trazer contatos e entidades envolvidas no assunto no Brasil e fora

    dele: http://www.fmriexp.com/index.html.

    Cada vez mais se tem pensado no crebro, em sua relao com o

    pensamento e ao em como interessante observar a tentativa de se descobrir o

    crebro, o pensamento e as escolhas. J existem algumas descobertas ecuriosidades trazidas com o uso da ressonncia magntica funcional sobre o crebro

    humano e sobre as diferenas entre homens e mulheres. Seguem abaixo algumas

    delas:

    As imagens confirmam que o crebro de homens e o de mulheres tm

    diferenas. As principais so:

    1. O crebro feminino cerca de 10% menor que o masculino, mas tem maior

    nmero de conexes entre as clulas nervosas.2. Uma das diferenas estruturais claras o hipotlamo, maior em crebros

    masculinos do que em femininos. nessa regio que se processam o sono e

    os ciclos menstruais das mulheres.

    3. As mulheres sintetizam menos serotonina que os homens. A baixa nessa

    substncia qumica cerebral, ligada sensao de bem-estar, associada a

    uma srie de doenas, entre elas a depresso.

    4. O crebro feminino predominantemente programado para a empatia,

    enquanto o masculino voltado para sistemas de construo e compreenso.

    5. A ressonncia magntica funcional mostrou que meninos submetidos a

    fotografias de rostos com expresses de medo apresentam uma ativao

    menor da amgdala que as meninas.

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    6. Homens se saem melhor em tarefas que envolvem clculos, enquanto as

    mulheres so melhores em habilidades verbais. As imagens mostram que o

    lobo parietal inferior, envolvido em tarefas matemticas, maior no crebro

    deles.

    Quanto a questo da aplicabilidade do neuromarketing, se a neurocincia for

    mesmo vantajosa ao neuromarketing, como tcnica do ponto de vista cientfico, ou

    seja, se o retorno for mesmo inusitado, surpreendente e revelador, ser o custo

    benefcio plausvel? Ser o tempo investido e a rapidez na obteno das respostas

    realmente um diferencial?

    No encontramos nada conclusivo ou assertivo que pudesse ser fonte

    credvel para afirmar que o retorno estrondoso e que o que j se descobriu

    absolutamente inusitado em relao ao que era sabido com o uso de tcnicas

    tradicionais. O que de certa forma pode ser considerado um limitante de nossa

    pesquisa, devido indisponibilidade de informao e a imaturidade do tema,

    especialmente ao alcance do grande pblico.

    O que se pode afirmar, entre as duas tcnicas, que embora a anlise via

    ressonncia magntica funcional seja mais rica de informaes, ela sem duvida

    muito mais cara do que o eletroencefalograma.

    Entendemos que estamos na estrada de um conhecimento que

    aparentemente infinito, dada a magnitude de tudo aquilo que envolve o homem e o

    ser social que ele , mas ansiamos por descobertas, mesmo estando, ainda muito

    prximos do incio.

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    O que neuromarketing?

    Neuromarketing a intrigante mistura, aparentemente estranha, porm

    atraente, de marketing e neurologia, ou neurocincia. As discusses em torno do

    tema tm pouco mais de cinco anos e vm sendo desenvolvidas com mais

    intensidade no eixo Europa e Estados Unidos. Neste trabalho, exploraremos o

    contedo representativo desenvolvido at o momento, para conhecer a originalidade

    e implicaes do tema, Para refletir sobre o uso, viabilidade, aplicabilidade e

    utilidade dos mtodos do neuromarketing, alm de permear algumas questes

    ticas.

    O chamado neuromarketing talvez seja o comeo de uma grande descoberta.

    De qualquer forma, com base em tudo visto e envolvido neste assunto, descartamos

    a idia de que seja apenas um modismo. Mesmo que o uso da neurocincia, a

    servio do neuromarketing no prossiga por qualquer razo, inclusive por suas

    implicaes ticas, os passos dados em direo ao conhecimento do crebro, do

    pensamento, das escolhas do ser humano, no sentido de melhor conhec-lo, sosempre, rumo a desvendar questes que foram e so alvos da especulao, da

    fantasia, da cincia, do desejo, da descoberta do ser humano, ainda que a

    neurocincia no precise do marketing para esta explorao. Explorar esta questo,

    uma forma de participar de maneira ativa deste processo de descoberta.

    A relevncia do tema se faz ainda mais justificvel, quando levantamos fatos

    de que a questo do neuromarketing vem sendo trabalhada por universidades

    idneas (Harvard; Califrnia; Universidade de Ulm, na Alemanha, Universidade

    George Washington, entre outras), empresas de porte mundial (Coca-Cola, Delta

    Airlines), fabricantes de carros (DaimlerChrysler e a Ford europia), a indstria

    farmacutica (Procter & Gamble) e institutos mdicos de crdito no mbito global e

    empresas de marketing, (Lieberman Research Worldwide).

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    A informao disponvel, embora cresa dia a dia, ainda pequena para dar

    segurana no sucesso das empreitadas neste campo. Reiteramos que esta ser,

    eminentemente, uma pesquisa exploratria e de reflexo crtica. De certo, uma

    reflexo ousada, uma vez que abordar um tema muito atual e que no pertence

    ainda a realidade do marketing, comunicao e publicidade brasileira.

    Para melhor situar o leitor desta pesquisa, vido por um conceito de

    neuromarketing, identificamos algumas definies que nortearo a caminhada:

    neuromarketing (noo.roh.MAR.kuh.ting) O estudo neurolgico do estado

    mental de uma pessoa e reaes enquanto sendo exposto a mensagens de

    marketing / comerciais. Tambm: neuro-marketing.-neuromarketer

    (ttp://www.wordspy.com/words/neuromarketing.asp)

    Neuromarketing is a controversial new field of marketing which uses medical

    technologies such as functional Magnetic Resonance Imaging (fMRI) -- not to

    heal, but to sell products. (Citao no datada do sitehttp://www.commercialalert.org/index.php/category_id/1/subcategory_id/82/arti

    cle_id/202,no texto intitulado Neuromarketing overview)

    O trabalho dos neurocientistas, amparado por esse impressionante aparato

    tecnolgico, vai alm de desvendar o funcionamento do crebro. Est-se

    descobrindo de que maneira ele responde a estmulos externostanto que j

    se criou uma nova modalidade nos Estados Unidos, o neuromarketing. Em

    suas pesquisas, os profissionais do marketing utilizam os aparelhos que

    fornecem imagens do crebro, para saber que reas so ativadas quando a

    pessoa exposta a marcas, produtos ou imagens e falas de polticos. Dessa

    forma, ao detectarem as emoes suscitadas, podem direcionar melhor

    campanhas publicitrias. No se exclui, ainda, que esse tipo de iniciativa

    tambm seja empreendido em tratamentos psicolgicos. (O texto O crebro

    http://www.commercialalert.org/index.php/category_id/1/subcategory_id/82/article_id/202http://www.commercialalert.org/index.php/category_id/1/subcategory_id/82/article_id/202http://www.commercialalert.org/index.php/category_id/1/subcategory_id/82/article_id/202http://www.commercialalert.org/index.php/category_id/1/subcategory_id/82/article_id/202http://www.commercialalert.org/index.php/category_id/1/subcategory_id/82/article_id/202
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    considerado a caixa-preta do corpo humano est arquivado, no datado,

    no site da Associao Mdica de Braslia http://www.ambr.com.br/noticias.asp?Cod_not=473)

    Using the tools of neuroscientists, such as electroencephalogram (EEG)

    mapping and functional magnetic-resonance imaging (fMRI), they are trying to

    learn more about the mental processes behind purchasing decisions. The

    resulting fusion of neuroscience and marketing is, inevitably, being called

    neuromarketing. (Inside the mind of the consumer, Jun 10th 2004 , From

    The Economist print edition)

    Ativistas esto pedindo o fim das pesquisas em neuromarketing, a mistura

    macabra de publicidade e neurocincia que estuda os efeitos da primeira

    sobre o crebro das vtimas. Agora que a caixa foi aberta, fech-la s atrasa o

    processo: cedo ou tarde algum vai reproduzir e avanar com experimentos

    que tem como objetivo fazer com anncios dem o drible no seu

    raciocnio.(Commercial Alert Asks Emory University to Halt Neuromarketing

    Experiments)

    El neuromarketing est revolucionando las estrategias de comunciacin de

    las empresas. Los casos de Coca, Pepsi, P&G y Starcom, entre otras... Si la

    neurobiologa (el estudio del cerebro), sigue avanzando como en los ltimos

    meses, pronto este tipo de historias podran acercarse a la realidad. Con una

    diferencia: donde dice "extraterrestres", tache y ponga "marcas" o "empresas".

    La aplicacin de herramientas de neurobiologa para disear estrategias de

    venta est revolucionando el mundo del marketing. Mediante el estudio

    exhaustivo del cerebro se estn detectando fenmenos que no se registran en

    los estudios de mercados tradicionales, y que podran explicar por qu menos

    del 5% de los productos que se lanzan al mercado sobreviven despus de un

    ao. (As Marcas Comienzan a abrir la Caja Negradel proceso de decission

    de compras - La batalla por conquistar el cerebro del consumidor) por

    Sebastin Campanario de 12 de setembro de 2004, editado no suplemento

    econmico do jornal (http://www.clarin.com/suplementos/economico/2004/09/12/n-00311.htm)

    http://www.ambr.com.br/noticias.asp?Cod_not=473http://www.ambr.com.br/noticias.asp?Cod_not=473http://www.ambr.com.br/noticias.asp?Cod_not=473http://www.ambr.com.br/noticias.asp?Cod_not=473
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    Estas e muitas outras definies encontradas denotam os conceitos, as

    opinies e os humores envolvidos no assunto. No material recolhido at aqui,

    verificamos aqueles que simplesmente reportam a notcia e os fatos e aqueles que

    emitem parecer de descrdito e/ou desaprovao. De qualquer maneira, a idia

    alastra-se dia a dia entre os profissionais de marketing e estudiosos, podendo indicar

    uma tendncia.

    importante salientar que a bibliografia encontrada para esta pesquisa na

    sua maioria recolhida da Internet, dada a novidade do tema, e ao fato de que o

    neuromarketing um assunto de maior interesse para a rea de marketing e para a

    sociedade comercial. Embora tenha seu rigor de estudo, no tem a mesma

    preocupao cientifica apresentada, necessria ou requerida aos estudos mdicos.

    Mesmo sendo um assunto que vem ganhando relevncia, sendo levado a

    srio e que envolve recursos financeiros, grandes empresas e tambm um eixo da

    classe mdica, no encontramos pesquisas cientficas nem livros que discutam o

    assunto na sua inteireza e amplitude.

    Alm deste aspecto bibliogrfico, entramos em contato com algumas das

    empresas citadas, procurando buscar na fonte respaldo para o tema, mas os

    contatos mantidos no foram relevantes.

    Vamos caminhar por muita informao, pouca histria e muita curiosidade.

    Esta combinao tem como mola propulsora o desejo de se antever, de realmente

    estar frente do processo em prol do ganho, do lucro, do capital, uma vez que toda

    a tentativa em torno do marketing para se ganhar mais, qual seja a lgica

    mercadolgica em vigor. J que em tese, a toada da medicina e as tcnicas da

    neurocincia no se prestam ao ganho e sim promoo da sade, ao diagnstico,

    tratamento.

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    Se antevir aos drivers (o que orienta, motiva, norteia) de compra ou escolha

    pode pressupor uma tremenda vantagem competitiva e comercial, esbarram

    contudo, nas questes humanitrias e ticas que j permeiam o uso da neurocincia

    no neuromarketing. Entre outros aspectos, salientamos que a neurocincia, por ser

    uma cincia designada sade, vida, vem travestida de uma pretensa

    inefabilidade ligada medicina.

    Como imaginar que algum pensa ou deseja poder no dar sada ao

    comprador, espectador, e consumidor, quando encontrar neste, o que de fato o faz

    agir, atravs do mapeamento de sua mente? Isso seria uma manipulao da

    vontade, seria mais uma questo da ps-modernidade? Estas so algumas das

    angustiantes questes com as quais o ser humano das novas geraes tenha que

    se haver.

    Doutra sorte, porm, pode-se levantar a questo de que a tecnologia est a

    servio do homem, pois feita e desenvolvida por ele. Tentar barrar este avano

    tecnolgico cientfico, seria apenas perda de tempo, j que no terico processo

    evolutivo o ser humano estaria no curso normal de sua histria.

    Pode-se pensar que se at aqui a neurocincia no foi usada para outros fins,

    alm da sade em si, talvez seja porque simplesmente no haviam ainda sido

    descobertos outros fins para ela, ou ainda que barrar a caminhada em prol do

    conhecimento da mente seria uma estranha controvrsia, j que conhecer talvez

    uma das angstias inevitveis do ser humano.

    Estas questes, que ganham espao de reflexo ao longo da explorao do

    tema nesta pesquisa, tm na prpria reflexo sua maior conquista e certamente ser

    o melhor resultado deste trabalho.

    Aprofundando um pouco mais o conceito e informaes de neuromarketing,

    verificamos que o mesmo usa mtodos de neurologia tradicionais para conhecer os

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    drivers que esto por trs das escolhas feitas pelos consumidores. Usando o

    mtodo de imagem de ressonncia magntica (MRI), os investigadores traam

    padres do crebro dos participantes, que revelam como eles respondem a um

    anncio, propaganda, comunicao ou produto. Estas informaes podem ser

    usadas como base, orientao, norteador para novas campanhas publicitrias e

    branding techniques.

    O neuromarketing tem sido vendido corporaes como o "pulo do gato" que

    revolucionar a indstria, como salientado nas muitas definies acima, que

    portanto, revolvem ao redor da noo de que os consumidores escolhem quais

    produtos e marcas para comprar quase subconscientemente, segundo a revista The

    Science (os Shopping de George Prodanou).

    Uma das empresas envolvidas e bastante citada nas informaes acerca do

    neuromarketing, a Thought Science. Para Adam Koval, operador chefe da

    empresa, pioneira neste negcio, o que faz a cincia algo nico, sem igual, que

    enquanto os anunciantes projetaram campanhas dirigidas a capturar o interesse da

    audincia, o neuromarketing um mtodo dirigido a conhecer os drives (o que

    orienta, motiva, norteia) as aes dos consumidores.

    Segundo ele, o funcionamento do mtodo simples, basta a empresa

    contratante saber o que quer, conhecer sobre um produto ou campanha, e a

    empresa Thought Sciences desenvolve um teste. medida que o participante do

    teste colocado diante de um estmulo, o crebro dele mapeado, via imagem de

    ressonncia magntica. Com este mapa, so desenhados padres cerebrais,

    determinando se o paciente gostou ou no do que estava vivenciando e o seu grau

    de apreo.

    At o momento se tem avanado no sentido de procurar a melhor

    conceituao acerca do tema. Muitos artigos mencionam que o neuromarketing

    comeou seus primeiros passos no fim dos anos 90, com o mdico Gerry Zaltman,

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    da Universidade Harvard, que foi o primeiro a colocar um voluntrio deitado em um

    equipamento de ressonncia magntica.

    Seguem abaixo, citaes acerca dos estudos do neuromarketing e de seus

    resultados.

    Na poltica, o terreno para o neuromarketing parece ser vasto. Pesquisadores

    da Universidade da Califrnia testaram as respostas cerebrais de dez

    voluntrios americanos, metade eleitora do Partido Republicano, metade do

    Democrata, a trs vdeos de propaganda poltica. Em um deles, o presidente

    republicano George W. Bush faz meno aos atentados do 11 de Setembro.

    Em outro vdeo, aparece seu concorrente, o democrata John Kerry, que no

    aborda o tema do terrorismo. Numa terceira fita, mostrado um comercial

    famoso nos anos 60, utilizado pelo candidato democrata Lyndon Johnson

    contra o republicano Barry Goldwater. Uma garota segura uma margarida e

    imagens de uma exploso nuclear so sobrepostas a ela uma aluso

    possibilidade de ser deflagrada uma guerra atmica caso o belicista

    Goldwater fosse eleito. Os pesquisadores notaram que os voluntriosdemocratas reagiram s imagens violentas com uma atividade maior da

    amgdala em relao aos republicanos. Isso sugere que eles se sensibilizam

    mais com as cenas de terror. Outra vertente desse estudo foi analisar o que

    acontecia no crebro dessas pessoas quando expostas s imagens de Bush

    e Kerry fora do contexto de um comercial de TV. Confrontadas com fotos de

    seus prprios candidatos, elas tiveram ativado uma parte do crtex pr-frontal

    associada a reaes instintivas. Mas, quando a imagem era do candidato do

    outro partido, ativaram-se reas mais voltadas para a racionalidade.

    No estudo de neuromarketing conduzido por encomenda da DaimlerChrysler,

    foram mostradas imagens de 66 carros 22 esportivos, 22 seds e 22

    veculos pequenos a um grupo de doze homens na faixa dos 30 anos. A

    concluso: os esportivos excitam reas do crebro associadas a poder. A

    viso do crebro em funcionamento tambm revelou reaes de

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    consumidores aos refrigerantes Pepsi e Coca-Cola. As imagens mostraram

    uma maior preferncia cerebral pelo sabor da Pepsi. Mas por que, ento, a

    Coca-Cola vende mais? Porque a marca estimula mais as reas do crebro

    ligadas aos atos de vontade. Ou seja, seu logotipo mais poderoso que o da

    Pepsi.

    Os trechos acima so de textos reproduzidos inmeras vezes na mdia e em

    diversos sites, tais como O crebro considerado a caixa-preta do corpo humano..

    publicado / arquivado, sem data, no site da Associao Mdica de Braslia, o

    http://www.ambr.com.br/noticias.asp?Cod_not=473)

    Entre as publicaes consultadas, uma delas trouxe acrscimo muito

    interessante acerca do tema e seus avanos no texto que traduzimos a seguir da In

    Search of the Buy Button de Melanie Wells, (c) 09.01.03 Forbes.com

    What makes some products irresistible? Neuroscientists are racing to find the

    answer to that question--and to pass it along to consumer marketers.

    Publicidade, no momento, mais arte do que cincia. Marketeiros que

    trabalham a questo da "marca" (Brand) j tentaram apelar para a emoes

    das pessoas, para as suas sensaes, para razo. J tentaram a "culpa", a

    ansiedade, a inveja, o medo, o humor e expectativa. No existe nenhuma

    garantia de que eles batero a marca por decodificao de sinapse e medio

    da flutuaes no fluxo sanguneo. Mas eles podem tentar. Neuroscientistas

    dizem que perscrutando "dentro de cabea" eles podem dizer se uma pessoa

    se identifica mais fortemente com J.K. de Harry Poter, do que com J.R.R. de

    Frodo. Uma companhia de bebida pode escolher um novo suco ou um

    refrigerante baseado na recompensa cerebral. concebvel que programasde cinema e TV sero vetados antes de seu lanamento pelas companhias de

    "Processamento de Imagens Cerebrais". Uma "possibilidade fascinante, diz

    William Raduchel, at recentemente o "CTO" (Chief Technology Officer) na

    AOL Time Warner, que explorou e a tecnologia de fMRI com este propsito.

    " parecido com uma "leitura do crebro", diz Henrik Walter, neurologista e

    psiquiatra da Clnica da Universidade de Ulm, na Alemanha, onde ele conduz

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    "processamento de imagens cerebrais" para a DaimlerChrysler.

    Tudo isso mudando em direo a uma meta enganosa: para encontrar o

    "boto de compra" dentro do crebro / crnio e para testar produtos e

    publicidade/propaganda em sua habilidade de ativar isto. At agora,

    pesquisadores esto compreendendo que estados cerebrais facilitam o

    reconhecimento do produto e a escolha; eles esto relacionados a desejos

    primrios como os de poder, sexo e alimento. No que tange a fidelidade

    marca , sabem que memria e emoo desempenham grande papel. "No

    futuro no-muito-distante, firmas podero dizer com preciso se umacampanha de publicidade ou redesenho de produto, ativa (triggers) a

    atividade cerebral e associao neuroqumica, lanada com a memria e

    ao," prediz Muralha de James, professor de comportamento organizacional

    na Universidade de George Washington. (In Search of the Buy Button

    Melanie Wells, (c) 09.01.03 Forbes.com Original at:

    http://www.forbes.com/infoimaging/free_forbes/2003/0901/062.html)

    A afirmao que chamada no texto de "boto de compra" dentro do crebro

    bastante elucidativa quanto fora que o neuromarketing traz consigo. Talvez seja

    precoce a considerao acima, uma vez que at aqui temos visto constataes e

    no descobertas.

    O que tambm curioso nesta questo, que embora se procure uma nova

    forma de entender e chegar mais rpido ao bolso dos compradores de carros,

    refrigerantes, etc, a noo de homem massificado permanece no neuromarketing,

    assim como nas tcnicas tradicionais. Desta forma verificamos que a noo de

    homem permanece, no evolui. O que muda de fato a forma de chegar a ele emmais uma tentativa de deix-lo sem escolha, procurando invadir o espao, de uma

    certa forma ainda privado da mente humana, pressupondo que o homem tolo e

    ao ser mapeado seja, por isso, facilmente manipulado.

    http://www.forbes.com/infoimaging/free_forbes/2003/0901/062.htmlhttp://www.forbes.com/infoimaging/free_forbes/2003/0901/062.html
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    Desta maneira pode-se pensar em duas alternativas: os cientistas sero dia a

    dia obrigados a constatar que o homem absolutamente transcendente e a cincia

    est sempre a quilmetros de distncia de sua perfeio ou ser preciso ser bem

    mais criativos para descobrir na essncia o que dirige, motiva e modela o homem.

    Essa uma hiptese mais vivel, caso aliem-se tica multidisciplinar de

    antroplogos, socilogos, psiclogos e de todo aquele que perscruta o ser humano

    ansiando respostas.

    Mais uma vez, quanto originalidade e inovao do tema neuromarketing,

    cremos, no h na inteno do marketing nenhuma novidade, pois sempre foi fora

    motriz da rea, auscultar os desejos, os motivadores, a forma, o estilo, o

    comportamento do comprador. da natureza do marketing inovar no sentido de

    redescobrir formas cada vez mais assertivas de se comprar mais, movimentando

    assim a macroeconomia e o bolso de seus patrocinadores. De outra sorte, a forma

    inovadora no sentido de que as tcnicas mdicas, antes usadas nica ou

    exclusivamente em prol da sade, hoje estejam sendo colocadas a servio do

    marketing.

    Citamos a seguinte afirmao, que vale inserir nesta reflexo: " O crebro

    humano a coisa mais complicada no universo," diz John Van Trompa, pesquisador

    e professor em psicologia e cincias do crebro em Dartmouth College. "Seria

    arrogante dizer que ns podemos pegar algum, colocar em uma mquina e a

    entender tudo o que se passa no crebro."

    Assim conclumos que a forma de tentar (ainda consideramos uma tentativa,

    j que no tivemos acesso a dados oficiais e nem estudos comparativos) ver o outro

    e seus drivers inusitada e diferenciada. No nova a inteno de perscrutar o

    desejo, a motivao o comportamento de compra. Alm, disso, esta a questo

    central que nos leva reflexo tica quanto ao uso da medicina, da neurocincia,

    para fins lucrativos, para fins de venda, para fins comerciais, mercadolgicos.

    Questo esta, que verificamos nesta monografia.

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    No que tange a originalidade da tcnica, ainda necessrio refletir se o que

    conseguido atravs do neuromarketing de fato inusitado, inovador e diferenciado,

    frente ao que se tem obtido com os mtodos tradicionais de grupos foco / dirigidos e

    pesquisas tradicionais. No entanto, as tcnicas da neurocincia aplicadas ao

    marketing (neuromarketing) so muito novas e no encontramos dados bibliogrficos

    que possam de fato atestar respostas suficientemente maduras. No esquecendo

    tambm que o neuromarketing ainda no chegou realidade brasileira.

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    Problema de pesquisa

    O neuromarketing, assunto que vem sendo discutido nas reas de marketing,

    comunicao, propaganda e afins contm fundamentos tericos e prticos, mesmo

    que de natureza emprica, que justifiquem um estudo sobre sua aplicao nas reas

    de comunicao e de marketing?

    Natureza da Pesquisa

    Esta , sem dvida, uma pesquisa emprica, na medida a pesquisa dedicada

    ao tratamento da "face emprica e fatual da realidade; segundo Demo, 2000, p. 21,

    produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle emprico e fatual".

    Onde o valor desse tipo de pesquisa visto pela "possibilidade que oferece maior

    concretude s argumentaes, por mais tnues que possam ser as bases fatuais. O

    significado dos dados empricos dependem do referencial terico, mas estes dados

    agregam impacto pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximao

    prtica, mais uma vez segundo Demo, no trabalho de DEMO, Pedro. Pesquisa e

    construo do conhecimento: metodologia cientfica no caminho de Habermas. Rio

    de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. Assim, proporcionar maior familiaridade com a

    questo atravs de levantamento bibliogrfico, entrevistas e artigos, especialmente

    em ingls e oriundos da Internet, dada a novidade do assunto. Enriquecer,

    certamente a trajetria pessoal e profissional alm de contribuir para a evoluo do

    conhecimento no prprio tema e tambm da originalidade do acervo de monografias

    do curso em questo, o Curso de Gesto Estratgica em Comunicao

    Organizacional e Relaes Pblicas.

    Questes da Pesquisa

    Neste estudo, pretendemos aprofundar a questo do neuromarketing, atravs

    dos seguintes dos eixos de anlise, j salientados:

    [RTM4] Comentrio: No esquea de

    quebrar a pg para que no fique s estetrecho jogado aqui

    [RTM5] Comentrio: Definir o que

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    1) Exploratrio:

    O que neuromarketing?

    Qual a aplicao?

    Que tipos de trabalhos, pesquisas, experimentos se tem feito at o momento?

    Quem tem realizado estes trabalhos?

    2) Originalidade:

    Traz contribuies inovadoras para comunicao, marketing e publicidade?

    Apresenta respostas diferentes daquelas j obtidas atravs dos meios

    tradicionais de grupo foco e pesquisa? Se sim, quais? Se no, por qu?

    3) Aplicabilidade:

    Se o neuromarketing for vantajoso, qual o motivo? A exatido, o custo

    benefcio, o marketing appeel, o tempo investido?

    4) tica:

    Ser lcito buscar conhecimento da mente e do crebro na forma do

    neuromarketing?

    Ser tico o marketing utilizar a neurocincia para as suas descobertas?

    Ser que o marketing no est mascarando uma inteno de fato macabra

    ao usar a neurocincia a pretexto de mapear a mente e us-la

    mercadologicamente a seu favor?

    Ser que as descobertas do mundo da mente podem ser utilizadas para finscomerciais?

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    Mtodo

    Para a realizao deste trabalho, consultamos, sobretudo, textos oriundos da

    Internet, uma vez que o tema requeria este tipo de fonte, dado ao fato de que o

    mesmo bastante novo e no encontramos redao em livros.

    Consultamos alguns livros de referncia, para embasar os conceitos usados.

    Alm disso, algumas empresas forma contatadas para que pudssemos averiguar a

    realidade dos fatos, notcias e informaes publicados na rede mundial.

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    A questo tica

    Ser que o mundo interno, cerebral pode ou poderser desvendado para

    fins comerciais? Qual ser a real inteno deste tipo de tcnica?

    tica, uma das palavras do momento. Cada um menciona como e onde quer,

    Da maneira que pode e para o propsito que quer. No que tange a comunicao, a

    tica s vezes citada, outras vezes esquecida em favor dos ndices de audincia

    medidos pelo Ibope, para no incremento de vendas, como no caso de exemplares de

    mdia impressa.

    Na definio do Dicionrio Aurlio Buarque de Holanda, TICA significa:

    Do lat. ethica < gr. ethik.] S. f. Filos. 1. Estudo dos juzos de apreciao

    referentes conduta humana suscetvel de qualificao do ponto de vista do

    bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo

    absoluto. [Cf. bem (1) e moral (1).]" e comunicao "Do lat. communicatione.]

    S. f. 1 - ...Comunicao de massa. Teor. Inf. 1. Comunicao social dirigida a

    uma ampla faixa de pblico, annimo, disperso e heterogneo, atingindo

    simultaneamente (ou a breve trecho) uma grande audincia, graas

    utilizao dos meios de comunicao de massa (q. v.). Comunicao humana.

    Teor. Inf. 1.Teor. Inf. 1. Processo de comunicao de carter indireto e

    mediato, estabelecido no seio da sociedade, por meio de jornal, revista,

    teatro, rdio, cinema, propaganda,etc...".

    Entendemos que a tica deve nortear a vida de todo e qualquer cidado,enquanto princpio orientador de sua conduta. Nada deve desviar-nos do que se

    entende por Bem. Cada um deve refletir sempre sobre uma maneira simples e

    eficaz, visando o bem coletivo ao individual.

    Alm da definio do dicionrio Aurlio, verificamos que a origem da palavra

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    tica vem do grego ethos, que quer dizer o modo de ser, o carter. Os romanos

    traduziram o ethos grego, para o latim mos (ou no plural mores), que quer dizer

    costume, de onde vem a palavra moral. Tanto ethos (carter) como mos

    (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que no

    natural, o homem no nasce com ele como se fosse um instinto, mas adquirido ou

    conquistado por hbito (VZQUEZ).

    Portanto, tica e moral, pela prpria etimologia, dizem respeito a uma

    realidade humana que construda histrica e socialmente a partir das relaes

    coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem.

    Pode-se diferenciar de maneira didtica, a tica e moral das seguintes

    formas:

    1. tica princpio, moral so aspectos de condutas especficas;

    2. tica permanente, moral temporal;

    3. tica universal, moral cultural;

    4. tica regra, moral conduta da regra;

    5. tica teoria, moral prtica.

    So diversos os autores que colocaram a tica no centro das discusses,

    alguns deles foram os pr-socrticos, Aristteles, os Esticos, os pensadores

    Cristos (Patrsticos, escolsticos e nominalistas), Kant, Espinoza, Nietzsche, Paul

    Tillich etc.

    tica de forma corporativa, aquela que abraa a idia de coletividade. A

    tica de uma corporao a maneira pela qual deve proceder em sociedade, e o

    que a define ou constri, a soma das ticas pessoais que a compem. Sendo

    assim, a tica corporativa formada por indivduos unidos por um fim comum de

    pensamentos e idias, que possuem uma mesma concepo no modo de realiz-

    los, estando sujeitos a regulamentos que fornecero procedimentos adequados a

    serem seguidos.

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    A busca pela tica nas empresas tambm impe limites: a empresa realmente

    est adotando uma postura tica ou est apenas fazendo um trabalho de marketing?

    So corporaes que do exemplos comunidade e aos seus colaboradores do que

    ter uma boa conduta tica. Uma das conseqncias positivas da boa conduta,

    que as pessoas, ao incorporarem a imagem correta de tica, estendero esses

    conceitos para dentro de suas casas e continuaro dando bons exemplos para a

    vizinhana prxima.

    Quando tratamos de corporaes ticas, podemos usar o jargo o exemplo

    deve vir de cima. Se os superiores no realizarem suas atividades dentro dos

    padres morais da sociedade, como podero exigir que seus funcionrios faam o

    mesmo? Este um dos desafios que as corporaes precisam enfrentar.

    necessrio que os seus superiores sejam exemplos, referncias de boa ndole, para

    que todos os membros da corporao entrem no esprito tico da empresa.

    Transpondo a questo tica com mais foco no tema, neuromarketing,

    apresentaremos algumas questes essenciais como a carta enviada Universidade

    de Emory, em dezembro de 2003, na figura do Sr. James Wagner, presidente daCommercial Alert e proeminente expe