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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SCIO ECONMICO DEPARTAMENTO DE CINCIAS ECONMICAS

VIABILIDADE ECONMICA E FINANCEIRA DE UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELTRICA NO BRASIL

GUILHERME EICK

Florianpolis, 2010

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GUILHERME EICK

VIABILIDADE ECONMICA E FINANCEIRA DE UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELTRICA NO BRASIL

Monografia submetida ao curso de Cincias Econmicas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito obrigatrio para a obteno do grau de Bacharelado. Orientador: Prof. Joo Randolfo Pontes

Florianpolis, 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SCIO ECONMICO DEPARTAMENTO DE CINCIAS ECONMICAS

A Banca Examinadora resolveu atribuir a nota 9 (nove) ao aluno Guilherme Eick na disciplina CNM 5420 Monografia, pela apresentao deste trabalho.

Banca Examinadora:

------------------------------------------------Prof. Joo Randolfo Pontes

-------------------------------------------------Prof. Cau Serur Pereira

-------------------------------------------------Prof. Ricardo Faria Giglio

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RESUMO O presente trabalho de pesquisa tem como objetivo promover a anlise da viabilidade econmico-financeira da Pequena Central Hidreltrica (PCH) Caa-Yari, situada no Rio Lajeado Grande, entre os municpios de Tiradentes de Sul e Crissiumal no estado do Rio Grande do Sul. A implantao de usinas hidreltricas no Brasil faz parte do Plano de Expanso 2009-2030 que tem como fundamento bsico assegurar a oferta de eletricidade e atender a crescente demanda energtica por meio de fontes de baixo custo e impacto ambiental. Projetos dessa natureza vm contribuir com a estratgia de desenvolvimento econmico sustentvel que tem como pressuposto a existncia de uma infra-estrutura econmica adequada e integrada. A pesquisa realizada levou em considerao as principais caractersticas e fundamentos do mercado de energia eltrica no Brasil, os quais permitiram identificar a existncia de vrias alternativas de fontes energticas capazes de produzir eletricidade. A metodologia adotada neste trabalho foi atravs de um estudo de caso especfico, sendo complementada pelos procedimentos operacionais de levantamento bibliogrfico, obteno de dados e informaes tcnicas de fontes publicadas (livros e artigos) e entrevistas com tcnicos envolvidos na construo deste projeto. No desenvolvimento da anlise de viabilidade econmico-financeira da usina, fez-se necessria a projeo econmico-financeira no decorrer de sua vida til, bem como o uso de mtodos de anlise de investimentos. Os resultados obtidos mostram que esta usina apresenta resultados positivos, gerando fluxos potenciais de lucro e de caixa ao longo do perodo de concesso, bem como de indicadores que medem sua eficincia econmica de forma positiva.

Palavras-Chave: Pequena Central Hidreltrica, Anlise de Viabilidade EconmicoFinanceira, Energia.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma do processo de investimento

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LISTA DE GRFICOS

Grfico 1: Representao Grfica do Ponto de Equilbrio Grfico 2: Os maiores consumidores de energia em 2007 Grfico 3: Os maiores consumidores de energia em 2030 Grfico 4 : O consumo da energia em 2007 e em 2030 Grfico 5: Quanto os empresrios gastaram para mitigar possveis ameaas Grfico 6: Consumo Histrico de Energia no Brasil Grfico 7: Crescimento PIB x Aumento Consumo

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Recursos Hdricos por pas Tabela 2: Potenciais Hdricos com capacidade de explorao no mundo Tabela 3: Parque Eltrico Brasileiro Tabela 4: Fontes Alternativas de Energia versus Matriz Energtica Brasileira Tabela 5: Posio das PCHS X Maiores UHEs Tabela 6: Consumo de energia per capita, base 2000 Tabela 7: Classes de Usinas abaixo de 30 MW Tabela 8: Necessidades de mquinas e equipamentos Tabela 9: Construes e Instalaes Tabela 10: Oramento de mveis e Utenslios Tabela 11: Custo de Produo Tabela 12: Despesas fixas Tabela 13: Tributos Tabela 14: Resumo dos Investimentos Tabela 15: Previso da DRE em reais Tabela 16: Previso da Gerao interna do fluxo de caixa em reais Tabela 17: Ponto de Equilbrio Contbil Tabela 18: Ponto de Equilbrio Econmico Tabela 19: Ponto de Equilbrio Financeiro Tabela 20: Payback simples Tabela 21: Payback descontado Tabela 22: Retorno sobre o Patrimnio Lquido Tabela 23: Retorno sobre o Ativo

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SUMRIO

RESUMO ....................................................................................................................iii LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................iv LISTA DE GRFICOS ................................................................................................v LISTA DE TABELAS .................................................................................................vi CAPTULO 1 INTRODUO .................................................................................10 1.1 PROBLEMTICA ................................................................................................10 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................13 1.2.1 Objetivo Geral ...............................................................................................13 1.2.2 Objetivos Especficos ..................................................................................13 1.3 METODOLOGIA ..................................................................................................13 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................15 CAPTULO 2 MARCO TERICO ..........................................................................16 2.1 VIABILIDADE ECONMICO-FINANCEIRA ........................................................16 2.2 MTODOS DE AVALIAO ...............................................................................16 2.2.1 Fluxo de Caixa Projetado ...............................................................................18 2.2.2 Payback ...........................................................................................................20 2.2.3 Valor Presente Lquido ..................................................................................22 2.2.4 Taxa Interna de Retorno ................................................................................24 2.3 NDICES DE RENTABILIDADE ..........................................................................25 2.3.1 Retorno sobre o Investimento .......................................................................25 2.3.1.1 Retorno sobre o Patrimnio Lquido ..............................................................26 2.3.1.2 Retorno sobre o Ativo ....................................................................................27 2.4 GASTOS NA VIABILIDADE DE UM PROJETO ..................................................28 2.4.1 Definies dos conceitos ..............................................................................28 2.4.1.1 Gasto ............................................................................................................ 28 2.4.1.2 Custo ............................................................................................................ 28 2.4.1.3 Despesa ........................................................................................................29 2.4.1.4 Custos e Despesas Fixas ..............................................................................30 2.4.1.5 Custos e Despesas Variveis ........................................................................30 2.5 INVESTIMENTO ..................................................................................................31

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2.5.1 Investimento Inicial de um Projeto ...............................................................32 2.6 PONTO DE EQUILBRIO ....................................................................................33 2.6.1 Ponto de Equilbrio Contbil .........................................................................33 2.6.2 Ponto de Equilbrio Econmico ....................................................................35 2.6.3 Ponto de Equilbrio Financeiro .....................................................................36 CAPTULO 3 PERSPECTIVAS DO SETOR DE ENERGIA ELTRICA E CARACTERSTICAS DAS USINAS HIDRELETRICAS ...........................................37 3.1 PERSPECTIVAS DO SETOR ENERGTICO BRASILEIRO ..............................37 3.2 CENRIO MUNDIAL E A MATRIZ ELTRICA BRASILEIRA..............................41 3.3 COMPORTAMENTO DO CONSUMO DE ENERGIA .........................................45 3.4 CARACTERSTICAS BSICAS DAS USINAS DE PRODUO DE ENERGIA ELTRICA.................................................................................................................47 3.5 PCH ................................................................................................................... 48 CAPTULO 4 ESTUDO DE CASO: PCH CAA-YARI ............................................51 4.1 HISTRICO DA EMPRESA ................................................................................51 4.2 CARACTERIZAO DA PCH ............................................................................51 4.3 INVESTIMENTO INICIAL ....................................................................................51 4.3.1 Investimento Fixo ...........................................................................................52 4.3.1.1 Mquinas e Equipamentos ............................................................................52 4.3.1.2 Construes e Instalaes ............................................................................52 4.3.1.3 Mveis e Utenslios .......................................................................................53 4.3.1.4 Estudos e Projeto ..........................................................................................54 4.3.1.5 Organizao da Firma ...................................................................................54 4.3.2 Capital de Giro ................................................................................................54 4.4 PREO DE VENDA E RECEITA ........................................................................55 4.5 CUSTOS E DESPESAS ......................................................................................55 4.5.1 Custos .............................................................................................................55 4.5.1.1 Custo de Produo ........................................................................................55 4.5.2 Despesas .........................................................................................................56 4.5.2.1 Despesas Fixas .............................................................................................56 4.5.2.2 Despesas Variveis .......................................................................................57 4.5.2.2.1 Despesas Tributrias ..................................................................................57

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4.5.2.2.2 Tarifa de Fiscalizao de Servios e Energia Eltrica TFSEE.................58 4.5.2.2.3 Taxa CCEE .................................................................................................58 4.5.2.2.4 Taxa ONS ...................................................................................................58 4.5.2.2.5 Tarifa de uso do Sistema de Transmisso - TUST ....................................58 4.6 CAPITAL DE GIRO .............................................................................................59 4.7 RESUMO DO INVESTIMENTO TOTAL ..............................................................59 4.8 PROJEO DO RESULTADO ECONMICO.....................................................59 4.9 GERAO INTERNA DO FLUXO DE CAIXA GICx.........................................60 4.10 AVALIAO ECONMICO-FINANCEIRA ........................................................61 4.10.1 Ponto de Equilbrio .......................................................................................61 4.10.2 Payback .........................................................................................................62 4.10.3 Valor Presente Lquido ................................................................................63 4.10.4 Taxa Interna de Retorno ..............................................................................64 4.10.5 Retorno sobre o Patrimnio Lquido (ROE) ...............................................64 4.10.6 Retorno sobre o Ativo (ROA) ......................................................................64 CAPTULO 5 CONCLUSES ................................................................................66 REFRNCIAS ...........................................................................................................67

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CAPTULO 1 - INTRODUO 1.1 PROBLEMTICA

A vida econmica dos pases extremamente dependente e atrelada ao uso intensivo de energia na medida em que atende as principais necessidades bsicas das populaes nos mais diversos segmentos econmicos. Historicamente pode-se dizer que a evoluo da humanidade inseparvel da disponibilidade e do uso dos recursos energticos, potencializando seu crescimento e desenvolvimento. Ao longo de toda a histria o progresso do desenvolvimento humano vem incentivando o uso intensivo de novas tecnologias, provocando como conseqncia um aumento no consumo global de energia. Essa conjuntura, somada ao fato da atual sociedade ser baseada em recursos no renovveis, criou questionamentos sobre a interao do homem com o meio ambiente e a manuteno do atual desenvolvimento. O domnio tecnolgico dos meios de produo de energia foi um dos fatores que permitiram o crescente progresso econmico, social e cultural. Inicialmente, a descoberta do fogo como um fator de aquecimento do alimento e de ambientes potencializou o desenvolvimento de tecnologias que se transformaram na base atual das sociedades modernas. Em seguida os combustveis fsseis, sendo o carvo o primeiro e, em seguida, os derivados de petrleo e o gs natural, que permitiram a substituio da fora humana pela fora mecnica. Hoje, procuram-se novas fontes de energia que consigam garantir as crescentes necessidades humanas e sustentar o processo de desenvolvimento econmico. Essa evoluo trouxe grandes mudanas no nvel e na qualidade de vida, afetando intensamente as estruturas de consumo e de comportamento da sociedade. A gerao e a distribuio de energia eltrica tm grande destaque neste ambiente, j que permitiram um grande avano na obteno de conforto tecnolgico. Tambm viabilizou a vida nos grandes centros urbanos e no emprego de tecnologias avanadas, que proporcionaram de forma limpa e segura a uma fora motriz integrada. Nas ltimas dcadas a energia eltrica viabilizou a informao em massa e a comunicao a longa distncia de forma rpida e barata, por meio do rdio, telefone, televiso e a internet. Invenes que foram responsveis por considerveis mudanas no modo de viver das pessoas.

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Simultaneamente, ocorreram progressos na agricultura e na sade, que resultaram em reduo da mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida, levando ao crescimento populacional. Este crescimento, acrescido do uso intensivo de energia, conduziu a escassez energtica. O problema, porm, no apenas a questo do abastecimento de energia. A sociedade atual estreitamente vinculada ao uso de recursos energticos no renovveis, cujas reservas diminuem de forma sistemtica medida que aumentam as necessidades energticas. Atualmente, segundo o Ministrio de Minas e Energia (2003), a participao de fontes renovveis no mundo de apenas 14% do total de energia consumida. O restante obtido de combustveis fsseis. A dependncia excessiva de recursos no renovveis cria uma situao frgil para a economia como um todo. aconselhvel buscar novos modelos de desenvolvimento econmico com tendncias auto-sustentabilidade, prolongando a vida de recursos no renovveis e dando tempo para se desenvolver novas fontes de energia, sejam elas renovveis ou no. Inserida neste cenrio, a rea de gerao de energia eltrica um mercado com crescimento constante. A energia eltrica est presente na vida de todos, e essa afirmao pode ser entendida em perodos de crise, como a que ocorreu no Brasil no denominado Apago de 2001. Independente de como se chegou nessa desproporo entre a demanda e a oferta de energia, o fato que acima de tudo, esse setor muito atrativo para investir. O mercado de consumidores de energia o termmetro do crescimento da economia. Quando os mercados mostram sinais de expanso, conseqentemente ocorre um aumento na demanda de energia impulsionada pelo crescimento no nmero de postos de trabalho, maior nmero de empresas no mercado, expanso do poder aquisitivo da populao e novas tecnologias. A gerao de eletricidade de suma importncia para o crescimento sustentvel de qualquer pas. No Brasil no diferente, existe uma grande necessidade de energia eltrica para impulsionar o desenvolvimento e industrializao. Isso determinou a prioridade do uso das guas no Brasil para o fim energtico. As condies geogrficas e fsicas do pas foram determinantes para a criao de um parque gerador de energia eltrica dominantemente hdrica. No Brasil 95% do parque eltrico advm da energia hidreltrica, isso ocorre porque 15% da gua doce no mundo est no Brasil (Portal Ambiental, s.d.)

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Para qualquer pas, ser favorecido por recursos naturais que se transformam em fontes de energia estratgico. J que reduz a dependncia do suprimento externo, e como conseqncia aumenta a segurana quanto ao abastecimento de um servio vital para o desenvolvimento econmico e social. Esses argumentos se tornam mais favorveis para os potenciais hdricos, somados a outros dois: o baixo custo do suprimento quando comparado com outras fontes (carvo, petrleo, urnio e gs natural) e o fato de usinas hidreltricas no emitirem gases que agravam o efeito estufa. No mercado internacional a energia hidreltrica classificada como limpa. Segundo Alcaide (2003), durante dcadas, servios como eletricidade, petrleo, gua potvel e esgoto foram controlados por organizaes

governamentais, que nos ltimos anos comearam a se retirar destas atividades, atuando como reguladores e cabendo a iniciativa privada a funo de provedora destas utilidades. Hoje no Brasil, aps as privatizaes, cabe aos investidores privados a implantao de novos projetos de gerao de energia hidreltrica, ficando ao governo a responsabilidade de regular e fiscalizar. Este fato somado a conscientizao da populao sobre preservao ambiental, tornou cada vez mais burocrtico a viabilizao de novas usinas de grande porte. Isto porque grandes usinas hidreltricas alagam grandes reas, alteram a fauna e flora local, causam desmatamentos, e por vezes podem reduzir terras arveis e mudar a vida de povoados inteiro. Isso traz a tona uma alternativa para essa situao, que so as Pequenas Centrais Hidreltricas, onde a gerao pode ser mais prxima dos centros de consumo e possuem um baixo impacto ambiental.As Pequenas Centrais Hidreltricas PCH representam, atualmente, uma forma rpida e eficiente de promover a expanso da oferta de energia eltrica, visando suprir a crescente demanda verificada no mercado nacional. Esse tipo de empreendimento possibilita um melhor atendimento s necessidades de carga de pequenos centros urbanos e regies rurais, uma vez que, na maioria dos casos, complementa o fornecimento realizado pelo sistema interligado. (ANEEL, 2004)

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As Pequenas Centrais Hidreltricas (PCH) de um total de 1.206 Megawatts (MW) gerados no Brasil produzem hoje o correspondente a 1,37% da gerao eltrica no pas, tendo, portanto um grande espao para investidores privado nesse segmento (ANEEL, 2004). Uma PCH normalmente opera a fio dgua, ou seja, so prximas superfcie da gua e utilizam turbinas que aproveitam a velocidade do rio para gerar energia. Esse tipo de usina reduz as reas de alagamentos e no formam reservatrios, dessa forma resulta em um menor impacto ambiental. Diante desse contexto, o presente trabalho procura responder a seguinte pergunta de pesquisa: qual a viabilidade econmica da pequena hidreltrica, CaaYari, localizada no rio Lajeado Grande, no municpio de Crissiumal no Estado do Rio Grande do Sul.

1. 2 OBJETIVOS 1.2.1. Objetivo Geral

Analisar a viabilidade econmico-financeira de uma usina hidreltrica de pequeno porte no Brasil.

1.2.2. Objetivos Especficos a) Identificao dos fundamentos econmicos que subsidiam os estudos

de viabilidade econmica;b)

Estruturar oramentos de investimento inicial necessrios para colocar

em operao a usina;c)

Projetar informaes financeiras;

1.3. METODOLOGIA Como observa Gil (1991) a pesquisa cientifica a efetivao de investigao projetada e desenvolvida conforme normas reconhecidas pela metodologia cientifica. Existem inmeras maneiras de classificar as pesquisas: em relao natureza, que pode ser bsica ou aplicada; quanto a analise do problema, podendo ser quantitativa

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ou qualitativa, no que diz respeito aos objetivos, a abordagem pode ser explicativa, exploratria ou descritiva; por ltimo, quanto ao procedimento tcnico, que fornece grande auxilio que so as bibliografias das mais variadas formas, levantamentos, identificao de estudo de caso, documentos, etc. Gil (1989) ressalta que cada pesquisa nica por apresentar variveis e delineamentos prprios, onde quem o determina o prprio objeto de anlise. Para realizar os objetivos da pesquisa o mtodo adotado foi o estudo de caso, o qual contemplou o levantamento bibliogrfico, a coleta de dados baseada em fontes primrias, como scios e engenheiro da usina e fontes secundrias, como livros, artigos e stios eletrnicos de instituies renomadas na rea estudada, de forma a obter dados de qualidade e atuais para fundamentar o marco terico e dar suporte ao estudo de caso. O levantamento bibliogrfico um tipo de pesquisa exploratria, sendo realizada com o intuito de obter conhecimentos a partir de informaes j publicadas. Desta forma, esta pesquisa consiste na leitura de produes registradas em artigos, livros, monografias entre outros documentos, para levantamento e anlise do que j foi produzido sobre o assunto, definido como tema de pesquisa. A empresa J.H.M Gerao de Energia LTDA, dona da usina hidreltrica em estudo, disponibilizou todas as informaes apontadas como relevantes ao estudo do projeto, por meio de entrevistas com os scios, engenheiro do projeto e funcionrios. Quanto ao mtodo de anlise de dados, adotou-se a anlise quantitativa, j que se trata de um estudo de viabilidade de um projeto, o que envolve anlise de dados referentes a custos, despesas, lucro operacional, etc. O tratamento dos dados seu deu pelo uso do programa Microsoft Excel, por meio das ferramentas disponveis no programa como o Solver. O referencial terico foi utilizado e trouxe ao estudo fontes tericas, que deram suporte a anlise de dados coletados e que permitiu analisar a viabilidade econmica da usina em estudo e assim chegar a uma concluso bem embasada.

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1.4 ESTRUTURA DO TRABAHO

O presente trabalho apresenta a seguinte estrutura: o Captulo 1 identifica problemtica, objetivos gerais e especficos, metodologia e a estrutura do trabalho. O Captulo 2 aborda a fundamentao terica que foi utilizada ao longo da monografia, tais como os instrumentos utilizados na anlise de investimentos e os modelos de decises de projetos de investimentos. O Captulo 3 relata o balano energtico, incluindo informaes sobre PCHs e a demanda energtica no Brasil, sem aprofundar demais no assunto. A seguir, o Captulo 4 contm o estudo de viabilidade econmica da usina hidreltrica Caa-Yari. O Captulo 5 trata das concluses

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CAPTULO 2 - MARCO TERICO

2.1

VIABILIDADE ECONMICO-FINANCEIRA

O estudo de viabilidade de qualquer negcio iniciado pela esfera econmica. Dentre as vrias alternativas de investimentos possvel a identificao do projeto mais vivel que possua bom retorno e que o investidor tenha afinidade. Para mostrar sua consistncia preciso que seja feito com base em estimativas coerentes e confiveis dos elementos de custos e de receitas, o que permitir montar um fluxo de caixa projetado. Para tanto, inicialmente, se anlisa se o lucro projetado positivo, resultado do fato que as sadas projetadas necessitam ser menores que as entradas. Para Bernstein (2000), quando a deciso de investimento est baseada somente na anlise comparativa das receitas entrantes e de sadas referentes aos custos e despesas, resultando em lucro, trata-se de viabilizao econmica. Ainda segundo este autor (Op. Cit) quando a deciso de investir for baseada na disponibilidade de recursos, com a finalidade de se obter o equilbrio entre as entradas e sadas, considerando o fluxo de caixa, trata-se de viabilidade financeira. Resumindo, um estudo de viabilidade econmica-financeira procura caracterizar um empreendimento que proporciona lucro aos investidores, sendo capaz de evitar saldos negativos, de forma a proporcionar um fluxo de caixa positivo ao longo da vida til do empreendimento. Bruni e Fam (2003) afirmam que a anlise de viabilidade de investimentos deve se concentrar em verificar se os benefcios gerados com os investimentos compensam os gastos realizados. Para tanto, preciso construir estimativas futuras de fluxos de caixa.

2.2

MTODOS DE AVALIAO

Um bom estudo de viabilidade precisa se aproximar da realidade, para tanto, necessrio um modelo de simulao condizente com o cenrio, conhecer os indicadores calculados no modelo e saber interpret-los, definindo critrios de deciso.

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Na grande maioria das vezes, as decises de investimentos so tomadas de forma intuitiva, de acordo com a experincia e percepes do empresrio, sem uma anlise embasa em dados. Existe uma infinidade de variveis que afetam o desempenho de um negcio, por essa razo, torna-se importante um estudo de viabilidade econmicofinanceira, levando em conta as diferenas que cada projeto possui. Os principais mtodos de avaliao de projetos, de acordo com Bruni e Fam (2003), envolvem consideraes referentes ao perodo necessrio para a recuperao do investimento inicial, taxa de retorno decorrente do investimento feito e o lucro decorrente do capital investido. As ferramentas mais usadas para uma anlise de viabilidade de um projeto so: a Taxa Interna de Retorno (TIR); o Valor Presente Lquido (VPL); o Perodo de Retorno do Investimento (Pay Back); e ndices de retorno. A anlise por meio destas ferramentas permite identificar o lucro e se a taxa de retorno do projeto estudado maior que a taxa mnima de atratividade (TMA), tambm conhecida como custo de oportunidade. A deciso de qual projeto se deve investir se resume em escolher um projeto entre diversas alternativas, aps um estudo embasado na engenharia econmica. Porm, se houver apenas um projeto em estudo, sua rentabilidade precisa ser comparada com o rendimento de aplicaes financeiras disponveis ao

empreendedor ao mesmo volume de recursos. Como a TMA a taxa de juros que representa o mnimo que o investidor deseja obter, as rentabilidades destas aplicaes serviro de base para definir a TMA. Segundo Bruni e Fam (2003) o processo de avaliao envolve trs etapas: projeo do fluxo de caixa, clculo da TMA e aplicao de tcnicas de avaliao. Ainda segundo Bruni e Fam (2003), aps definir o horizonte da anlise, coletar dados relevantes, elaborar as estimativas de fluxo de caixa e obter a TMA, o passo seguinte elaborao da perspectiva do investimento consiste na anlise dos ganhos oferecidos pela deciso, conforme pode ser visto na Figura 1 a seguir:

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Figura 1: Fluxograma do processo de investimento

Fonte: BRUNI e FAM (2003)

A anlise de ganhos se baseia na estimativa conjunta dos custos e benefcios decorrentes da aceitao do investimento. Para tanto se utiliza as ferramentas mencionadas anteriormente. Para uma melhor anlise, importante considerar o momento em que ocorrem as receitas e os gastos e traz-los para o mesmo perodo, por meio de um fluxo de caixa descontado. A seguir so apresentados os principais parmetros associados a uma anlise econmico-financeira de um projeto, que auxiliam na tomada de decises financeiras.

2.2.1 Fluxo de Caixa Projetado

Conforme Kuhnen e Bauer (1996), a maioria dos problemas de anlise de investimentos envolve receitas e despesas, portanto, para facilitar o raciocnio desses problemas, preciso representar as receitas e despesas atravs do diagrama de fluxo de caixa. Segundo Bruni e Fam (2003, pg. 16)Com base nos ativos operacionais necessrios ao investimento so estimados os fluxos de caixa, dentro do perodo de anlise ou horizonte de projeo. Os fluxos so estimados com base no conceito de incrementos (apenas valores associados s variaes decorrentes do novo investimento so modelados) das operaes (apenas valores associados s operaes do investimento so analisados, o que exclui o pagamento e o eventual benefcio fiscal do pagamento de juros e demais desembolsos com despesas financeiras) e analisados em sua forma lquida excludos os gastos com Imposto de Renda.

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O Fluxo de Caixa Projetado (FCP) o resultado das entradas e sadas projetadas para certo perodo de tempo, podendo ser representado graficamente e serve para identificar os excessos e faltas de caixa. Copeland (2002) defende que a criao de valor para o acionista no mercado de capitais ligada a alguma medida de valor intrnseco. Sendo este, movido pela capacidade de gerao de fluxo de caixa da empresa no longo prazo. Para construir um FCP necessrio montar um diagrama, que representa o fluxo de dinheiro no tempo. Utiliza-se uma linha horizontal que representa o tempo, com vetores que identificam os movimentos monetrios do caixa da empresa, sendo que fluxos positivos so para cima e fluxos negativos para baixo. Outro modo de montar o fluxo de caixa por meio de uma matriz que relacione as movimentaes de caixa de acordo com os perodos em que forem efetuadas. O FCP serve para dar subsdio s decises a serem tomadas pelos investidores e para possibilitar na construo dos indicadores considerados necessrios para se fazer uma anlise econmico-financeira. Por meio do fluxo de caixa possvel visualizar o momento em que o projeto necessita de recursos, assim como definir o momento em que ter lucro para os acionistas. A projeo do fluxo de caixa serve como referncia para definir as polticas de recebimento e pagamento da empresa antes de iniciar suas operaes. Dessa forma possvel apressar os recebimentos para impedir que eventuais faltas de caixa prejudiquem o funcionamento da empresa. De acordo com Zdanowicz (1998), o fluxo de caixa projetado varia de acordo com vrios aspectos, como a do setor da empresa, o porte, ciclo de produo e comercializao, as fontes de caixa, etc. O fluxo de caixa parte essencial de qualquer anlise de investimentos, sem ele se torna impossvel realizar qualquer anlise. Sua importncia advm do fato que o caixa no est sujeito a interpretaes. Ou o dinheiro entrou ou no entrou, ou ele saiu ou no saiu. Dessa forma o fluxo de caixa reproduz um retrato sem distores da realidade da empresa, ao contrrio do lucro contbil, que de acordo com Bruni e Fam (2003), mesmo dentro de critrios perfeitamente adequados, pode ser manipulado. Da de se dizer em Wall Street, que lucro opinio; caixa fato.

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2.2.2 Payback

O Payback uma ferramenta de grande uso no mundo dos negcios para auxiliar nas tomadas de decises, decorrente do seu fcil entendimento e aplicabilidade. Nas palavras de Bruni e Fam (2003), o tempo necessrio para recuperar o investimento geralmente medido pelo pagamento de volta ou payback, uma palavra que vem do ingls. Payback definido por Gitman (2002) como o perodo de tempo necessrio para recuperar o capital investido, ou seja, o perodo de tempo necessrio para que os lucros de um investimento consigam cobrir o capital empregado. Este mtodo, nas palavras de Senac (2004), consiste em apurar o tempo necessrio para que um investimento cubra os dispndios iniciais. Existe um tempo para recuperar o que foi investido e somente depois que o valor dos lucros se equipararem ao investimento inicial que se pode afirmar que tal empreendimento est tendo retorno. Kuhner e Bauer (1996) afirmam que a melhor alternativa de investimento aquela que apresenta o menor perodo de retorno do investimento. Na anlise de investimentos existem dois tipos de Payback, o simples e o descontado. O Payback simples se resume em identificar o nmero de perodos em que retorna os investimentos, subtraindo do capital inicial o caixa de n perodos, at a liquidao do capital investido. Para Bruni e Fam (2003), como no se considera o custo de capital, a soma do saldo do investimento pode ser feito com base nos valores nominais (nas datas futuras). Como critrio de aceitao de novos projetos com base no payback simples, basta ele ser igual ou menor que o prazo mximo de recuperao do capital investido aceito. Bruni e Fam (2003) destacam as vantagens e desvantagens do payback simples: As principais vantagens do mtodo payback simples podem ser

apresentadas como: (i) aplicao fcil e simples; (ii) fcil interpretao; (iii) serve como medida de risco: j que sua estimativa reduz o grau de incerteza, quanto menor seu valor, menor o risco associado ao projeto; (iv) serve como medida de liquidez: j que representa o tempo de recuperao do capital, assim, quando menor seu valor, maior a liquidez.

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J as principais desvantagens desse mtodo so: (i) no leva em conta o dinheiro no tempo; (ii) no considera todos os capitais do fluxo de caixa, com isso existe a tendncia de excluir projetos mais longos e rentveis; (iii) no uma medida de rentabilidade, mede apenas o prazo de recuperao do investimento. J o Payback descontado calcula o perodo de tempo necessrio para recuperar os investimentos, aplicando a taxa mnima de atratividade para descontar o fluxo de caixa gerado pelo projeto. De forma similar ao payback simples, como critrio de aceitao de novos projetos, basta ele ser igual ou menor que o prazo mximo aceito de recuperao do capital investido. Bruni e Fam (2003) levantam as principais vantagens e desvantagens do payback descontado: As principais vantagens existentes no uso do payback descontado so: (i) considera o custo do dinheiro no tempo; (ii) seu valor pode ser interpretado como o prazo de recuperao do investimento remunerado de acordo com o custo de oportunidade, valores situados alm da data do payback descontado contribuiro com lucros extras; (iii) tambm pode ser interpretado como um ponto de equilbrio. J as desvantagens inerentes ao uso do payback descontado so: (i) no considera todos os capitais do fluxo de caixa, com isso existe a tendncia de recusa de projetos mais longos e rentveis; (ii) no uma medida de rentabilidade, mede apenas o prazo de retorno. Matematicamente, o Payback descontado representado da seguinte forma:

t

FCC (t )

Ij 1

(Rj C j ) (1 j) j

;

1 t

n

Onde: FCC(t): valor presente do capital, ou seja, o fluxo de caixa descontado ao valor presente acumulado at o perodo t; I= investimento inicial (em mdulo), ou seja, -I o valor algbrico do investimento, localizado no instante zero (incio do primeiro perodo);R j = receita do ano j; C j = custo proveniente do ano j;

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i = taxa de desconto (TMA) j = ndice genrico que representa os perodos Quando ocorrer FCC(t) = 0, t o payback descontado, com t inteiro. Se ocorrer FCC(t) < 0 em j -1 interpola-se para determinar um t fracionrios.

O fato de apenas analisar o prazo de recuperao do investimento, torna o payback uma medida mope para Bruni e Fam (2003), j que possui uma viso curta dos nmeros financeiros, no sendo capaz de enxergar os nmeros distantes. Se por exemplo, o payback de um projeto for de quatro anos, sabe-se apenas que se recupera o investimento nesse tempo. Se no quinto, ou mesmo no sexto ano, existir um fluxo acima do normal, tanto positivo quando negativo, nada ser informado pelo payback.

2.2.3 Valor Presente Lquido

Como o prprio nome revela o Valor Presente Lquido, resulta da adio de todos os fluxos de caixa na data zero. Gitman (2002) afirma que o Valor Presente Lquido (VPL) uma tcnica sofisticada de anlise de oramento de capital, j que considera de forma explicita o valor do dinheiro no tempo. Seu valor obtido subtraindo do valor presente dos fluxos de entrada de caixa, o valor inicial do projeto. De acordo com Guerra (2006), o VPL de um fluxo de caixa consiste em calcular o valor presente de uma srie de pagamentos (ou recebimentos), descontado a uma taxa, e deduzir, deste, o valor do fluxo de caixa inicial (valor do emprstimo, do financiamento ou do investimento). Esse mtodo desconta os fluxos de caixa futuro de uma empresa para o presente atravs de uma taxa especfica. Essa taxa chamada de custo de oportunidade, e se refere ao retorno mnimo exigido pelos investidores, tambm denominada de TMA. O VPL um critrio de referncia nas decises de investimentos. Quando o VPL superior a zero, esse fato indica, de acordo com Bruni e Fam (2003), que os fluxos futuros trazidos e somados a valor presente superam os investimentos. Logo, o projeto dever ser aceito. Numa situao de VPL negativo, os investidores iro

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considerar novos projetos que tenham VPL positivo ou nulo, j que um resultado negativo no atrativo. Dessa forma, a viabilidade de um projeto existe quando o resultado, do fluxo de caixa futuro descontado ao presente subtrado do capital investido, positivo. O VPL uma ferramenta mais trabalhosa que as outras usadas em anlises de investimentos, sendo, portanto superior ao Payback. Essa superioridade decorrente do VPL representar a lucratividade futura do investimento, considerando o tempo e o tamanho do investimento, assim como o custo de oportunidade do capital investido. Para SENAC (2004) essa ferramenta importante quando se quer verificar investimentos mais complexos e que tenham valores diferentes de receita e de gastos nos vrios exerccios compreendidos pelo investimento. A determinao do valor do dinheiro no tempo e a uso do fluxo de caixa descontado so pontos que precisam fazer parte de uma anlise de investimentos. Pois o tempo influencia na mudana do valor do dinheiro, j que ele depende de uma taxa de retorno e de um nmero de perodos. A frmula do VPL pode ser assim apresentada:

VPL

FC1 1 i

FC2 (1 i)2

...

FC j (1 i)j

...

FCn (1 i)n

FC0

Onde: VPL = Valor Presente LquidoFC j : fluxo de caixa de ordem j, para

j= 1,2,3,...,n; i= taxa de descontoCF0 = fluxo de caixa no momento zero (fluxo de caixa inicial)

A frmula do VPL para um fluxo de caixa perptuo apresentada por Bruni (2008) da seguinte forma:

VPL

FC1 (TMA g )

FC0

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Onde:

TMA = taxa mnima de atratividade, ou taxa de desconto. g = taxa de crescimento anual do fluxo de caixaFC0 = fluxo de caixa no momento zero (fluxo de caixa inicial)

FC1 = fluxo de caixa no perodo 1

2.2.4 Taxa Interna de Retorno

a tcnica mais sofisticada para avaliar investimentos, sendo muito utilizada por empresrios e analistas. A Taxa Interna de Retorno (TIR) definida por Gitman (2002) como a taxa de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade de investimento iguale-se a zero (j que o valor presente das entradas de caixa igual ao investimento inicial). A TIR obtida atravs do fluxo de caixa projetado do projeto, no tendo necessidade de arbitrar um valor para a taxa de desconto. Nas palavras de Guerra (2006), a taxa interna de retorno iguala no momento zero, o valor presente das entradas (recebimentos) com o das sadas (pagamentos) previstas no fluxo de caixa. Matematicamente, a TIR representada da seguinte forma:

n

FC0j 1

FC j (1 i ) j

Onde:FC j : fluxo de caixa de ordem j, para

j= 1,2,3,...,n; i= Taxa Interna de RetornoFC0 = Investimento Inicial

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Segundo Bruni e Fam (2003) algumas concluses podem ser extradas da aplicao da TIR: (i) durante o prazo de anlise do projeto, todos os retornos gerados sero reinvestidos no valor da taxa interna de retorno; (ii) quando calculados com a taxa interna de retorno, o valor de todas as sadas igual ao valor presente de todas as entradas do fluxo de caixa do projeto; (iii) a TIR mensura a rentabilidade do projeto de investimento sobre a parte no amortizada do investimento, rentabilidade dos fundos que permanecem, ainda, internamente investidos no projeto. Como ferramenta de deciso, Stalla (2000) defende que se a TIR de um projeto de investimento for superior ao custo de capital para financi-lo, o projeto agregar valor ao investidor, e, portanto, deve ser aceito. Porm, caso a TIR seja menor que o custo de capital do financiamento, o projeto deve ser rejeitado. Seguindo esse pensamento Tracy (2004) afirma que as empresas devem preferir os investimentos com TIR alta, desde que todos os outros fatores permaneam constantes. Por essa razo, as empresas no devem aceitar investimentos com TIR inferior a TMA. Outra maneira de dizer isso que uma empresa no deve realizar um investimento com VPL negativo.

2.3 NDICES DE RENTABILIDADE

2.3.1 Retorno sobre o Investimento

O Retorno sobre o Investimento (Return on Investiment, da sigla, ROI) a medida mais usada pelos gestores de empresas e analistas, tendo grande eficincia, j que o clculo relaciona os rendimentos obtidos por um projeto com o valor total investido neste projeto. Isto permite uma boa comparao entre investimentos, o que auxilia no processo de gesto dos administradores. Hoji (2001) afirma que o ROI relaciona os investimentos efetuados com o lucro anual gerado por esses investimentos. O mesmo autor comenta que o modelo mais utilizado nas anlises de investimentos. O ROI para Tracy (2004) um conceito muito genrico, que se aplica a qualquer medida de lucro durante certo lapso de tempo, dividido pelo capital investido que efetivamente contribuiu para a gerao daquele lucro. Por essa razo Matarazzo (2007) defende que preciso ter

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cuidado na apurao da rentabilidade, preciso saber relacionar investimento e lucro, saber que investimentos geram quais lucros. Quase sempre expresso em forma percentual. Nas empresas, duas importantes medidas de ROI so mais utilizadas, o Retorno sobre o Patrimnio Lquido (Return on Equity, da sigla, ROE) e o Retorno sobre o Ativo (Return on Assets, da sigla, ROA). Matarazzo (2007) afirma que os ndices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto , quanto rendeu os investimentos e, portanto, qual o grau de xito econmico da empresa.

2.3.1.1 Retorno sobre o Patrimnio Lquido

Tracy (2004) afirma ser um ndice fundamental, expresso percentualmente. obtido pelo lucro lquido do ano dividido pelo patrimnio lquido. O ROE deve ser mais alto do que os juros sobre capital de terceiros, j que os acionistas assumem maiores riscos. Segundo SENAC (2004) o patrimnio lquido rene as obrigaes da empresa para com os scios, por esta razo o lucro lquido pertence aos scios. Identificar quanto do patrimnio lquido se transforma em lucro resultante de sua operacionalizao uma tima referncia para visualizar se a empresa est tendo sucesso em seus propsitos. Este ndice mede a taxa de retorno dos acionistas, portanto, ele de grande interesse dos investidores. Quanto maior o a taxa, mais atrativo o investimento. Sua frmula matemtica apresentada da seguinte forma:

ROE = (Lucro Lquido/ Patrimnio Lquido) *100

Para Matarazzo (2007), este ndice indica quanto o projeto obtm de lucro para cada R$ 100,00 de capital prprio investido. O autor afirma que a pura verificao do valor do lucro lquido de uma empresa no esclarecedora, fundamental comparar esse valor com o capital prprio investido. O ROE pode ser comparado com outros rendimentos alternativos no mercado, como caderneta de poupana, CDBs, letras de cmbio, etc. Com isso possvel avaliar se o projeto oferece uma rentabilidade superior a essas opes.

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2.3.1.2 Retorno sobre o Ativo

O ROA considerado como um dos ndices mais importantes na anlise de balano, j que ele mostra o desempenho da empresa de uma forma global. Segundo Tracy (2004) no existe uma prtica uniforme para o clculo desse ndice, porm, geralmente trata-se do lucro operacional (lucro antes das despesas financeiras, do imposto de renda, depreciao e amortizao LAJIDA) dividido pelo total de ativos usados para gerar o lucro.

De acordo com SENAC (2004, pg.158):O ativo rene os bens e direitos da organizao. Em outras palavras rene todas as aplicaes de recursos, ou seja, tudo que foi investido para que a empresa se desenvolvesse e obtivesse lucro. Sendo assim, esse ndice indica o nvel de retorno que todo o gerenciamento do negcio e de seu processo operacional est conseguindo obter. importante comparar esse ndice como referncia as perspectivas de retorno esperada pelos acionistas.

O ROA o principal ndice utilizado para verificar se os ativos da empresa esto gerando lucro o suficiente para cobrir os gastos da empresa, incluindo o custo de capital. Por meio dele tambm possvel verificar o ganho ou perda com a alavancagem financeira. Sua frmula apresentada da seguinte forma:

ROA = (Lucro Operacional/ Ativo Total)*100

Este ndice para Matarazzo (2007) indica quanto o projeto obtm de lucro operacional para cada R$ 100,00 de investimento total. Para o autor, uma medida do potencial de gerao de lucro por parte do projeto, uma medida da capacidade do projeto de gerar lucro operacional e assim poder se capitalizar. um timo ndice para comparar o desempenho do projeto ano a ano.

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2.4 GASTOS NA VIABILIDADE DE UM PROJETO

O domnio sobre os gastos parte essencial para o sucesso de qualquer empreendimento. Em um estudo de viabilidade econmico-financeiro uma previso realista dos gastos e o adequado tratamento destes gastos possuem grande influncia sobre a viabilidade, podendo levar a inviabilidade de um investimento de projeto. Por isso importante definir corretamente os conceitos utilizados nesta matria. Para tanto, ser discutido os conceitos no item a seguir.

2.4.1 Definies dos conceitos

2.4.1.1 Gasto

todo dispndio financeiro para a aquisio de um produto ou servio qualquer. Dispndio esse, representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos, sendo esses ativos representados normalmente em dinheiro, ou seja, s existe um gasto no ato do reconhecimento contbil da dvida contrada ou na reduo dos ativos dados em troca. Em resumo, tudo que gera um desembolso de caixa para empresa. Portanto, segundo Bruni (2006) um gasto pode ser um investimento, um custo ou uma despesa.

2.4.1.2 Custo

Oliveira (1995) define custo como um dispndio necessrio a obteno de um produto. Ou seja, todo aquele gasto para se fabricar um produto e, sem o qual, o processo de produo no se completaria. So gastos inerentes, de forma direta ou indireta, produo de bens ou servios. Como esto ligados a atividade produtiva, isso inclui a produo em si e a administrao da produo. Custos esto diretamente ligados a atividade fim da empresa, sendo recuperados normalmente, por meio do lucro previsto. Iudcibus (1980) afirma que quando um gasto atribudo aos vrios produtos de uma empresa, ele passa a ser denominado de custo, ou custo de produo. Sendo o custo, portanto, um gasto atribudo a produo.

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A principal caracterstica do custo segundo Oliveira (1995) que, se o produto for vendido, haver um acrscimo ou reduo do patrimnio lquido contbil, a depender do valor de venda. Porm, se no for vendido, o valor contbil da empresa no se modificar. Neste caso, apenas ter ocorrido uma permuta entre ativos (dinheiro por produto) ou uma compensao (dvidas em troca de produtos). Em nenhuma das hipteses o valor do patrimnio lquido ser modificado. Segundo Bruni (2006) os custos podem ser classificados sob a ptica contbil em trs grandes grupos: (ii) material direto (MD), todo material que pode ser identificado como unidade do produto que est sendo fabricado; (ii) mo de obra direta (MOD), todo salrio de operrios que trabalham diretamente com a produo; (iii) custos indiretos de fabricao (CIF), todos os custos relacionados fabricao, mas que no podem ser identificados com as unidades que esto sendo produzidas.

2.4.1.3 Despesa

Oliveira (1995) defende que despesa todo gasto, pago ou incorrido, relativo a benefcios obtidos ou consumidos. Despesa para Iudcibus (1980) pode ser entendida como um gasto que serve para, direta ou indiretamente, produzir uma receita. Diminuindo o Ativo ou aumentando o Passivo, uma despesa feita com o objetivo de se obter uma receita cujo valor seja superior a diminuio que ela provoca na situao lquida. As despesas no se identificam com o processo de produo de bens e servios. Dessa forma um gasto realizado aps o processo produtivo, no poder ser alocado como custo. As despesas esto relacionadas com valores gastos com a estrutura comercial (fora de vendas, propaganda...) e a estrutura administrativa (pr-labore, telefone, impostos...). Segundo Iudcibus (1980) a denominao de despesa fica reservada aos gastos atribudos aos exerccios contbeis. Sua principal caracterstica de acordo com Oliveira (1995) que a despesa reduz o valor contbil da empresa, ou seja, o patrimnio lquido, sendo a despesa paga ou incorrida. Ocorre um gasto de dinheiro ou assuno de uma dvida devido a benefcios consumidos, e, portanto, o patrimnio lquido reduzido.

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De acordo com Bruni (2006) gastos significativos, porm no classificados como custos, so agrupados como despesas diversas, e no podem ser alocadas ao produto final. Exemplo: salrio do pessoal administrativo, gua, despesas com vendas, etc.

2.4.1.4 Custos e Despesas Fixas

Segundo Tracy (2004) todas as empresas possuem gastos fixos. Fixo significa que esses gastos, para todos os efeitos prticos, mantm-se constantes durante o ano, ao longo de uma ampla faixa de nveis de produo. So gastos fixos que incorrem num determinado perodo,

independentemente da quantidade produzida, isto , mesmo que a empresa no produza ou venda uma grande quantidade, os custos e despesas fixas continuaro a existir na mesma quantidade. Tracy (2004) defende que esses gastos so compromissos assumidos com antecedncia, que no podem ser alterados no curto prazo. Porm, quanto mais longo o horizonte de tempo, maior a possibilidade de ajustar estes gastos para baixo ou para cima. Bruni (2006) enfatiza que os custos fixos so associados produo e podem ser agrupados em: custo fixo de capacidade relativo s instalaes da empresa, refletindo a capacidade instalada da empresa, como depreciao, amortizao, etc.; custo fixo operacional relativo operao das instalaes da empresa, como imposto predial, seguro, etc. destacada por Bruni (2006) uma caracterstica interessante dos gastos fixos, quando calculados unitariamente, so considerados variveis em funo das economias de escala. Como exemplo de custos fixos de maior peso a mo de obra direta. J as despesas fixas mais significativas numa empresa so os gastos administrativos.

2.4.1.5 Custos e Despesas Variveis

De acordo com Tracy (2004) os gastos variveis so divididos em dois tipos: aqueles que variam de acordo com o volume de vendas e aqueles que variam de

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acordo com a receita de vendas. Em geral o atributo varivel significa que os gastos oscilam em funo das atividades de vendas seja com o volume de vendas (a quantidade de unidades vendidas), seja com a receita de vendas (valor monetrio gerado pelas vendas). So gastos que se movimentam mais ou menos junto com o aumento da produo ou das vendas, isto , para cada unidade produzida ou vendida, h um incremento marginal relacionado nos custos e despesas. No caso de uma produo nula, esses gastos invariavelmente sero nulos. Bruni (2006) ressalta uma caracterstica dos gastos variveis, na sua forma unitria so tratados genericamente como fixos. As despesas variveis mais representativas numa empresa so os impostos, como PIS, COFINS, IRPJ, CSLL. So impostos que variam com a receita e o lucro obtidos pela empresa. J os custos variveis mais representativos so os gastos com matrias-primas.

2.5 INVESTIMENTO

Para Oliveira (1995) todo valor aplicado ou gasto em troca de algo, sobre o qual se espera obter um benefcio futuro. Bruni e Fam (2003) afirmam que um investimento pode ser caracterizado de forma genrica com um sacrifcio em prol de um serie de benefcios futuros. Em finanas, os conceitos de sacrifcio e benefcios futuros esto associados aos fluxos de caixa necessrios e gerados pelo investimento. Por isso, a anlise de investimento consiste, basicamente, em uma anlise da projeo do fluxo de caixa, de acordo com Bruni e Fam (2003) So gastos que podem ser destinados a qualquer rea da empresa, beneficiando a empresa em mais de um ano social, como aquisio de ativos permanentes. Os investimentos viram com o tempo custos ou despesas, em forma de depreciao ou amortizao. Investimentos so gastos ativados, classificados no ativo, em razo da utilidade futura de bens ou servios obtidos, ou seja, qualquer gasto cujo bem ativado ser considerado um investimento. Dessa forma, quando um gasto ser utilizado na atividade da empresa, porm, no de forma imediata, ele ir se tornar um investimento, isto , gasto

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realizado no presente que ser recuperado num determinado momento, da mesma forma que o lucro, porm, sem uma data determinada. Sob a ptica financeira empresarial, os investimentos podem ser de duas naturezas: investimentos financeiros propriamente ditos ou investimento de capital. Na primeira categoria esto presentes as compras de ttulos e valores imobilirios. Na categoria de investimentos de capital esto os gastos corporativos mais vultosos, como aquisio de mquinas, reforma da planta industrial, entre outros. Essa perspectiva de investimento de capital costuma ser denominado projeto de investimento, como afirmam Bruni e Fam (2003). Segundo Oliveira (1995) sua principal caracterstica que sua aquisio ou aplicao no modifica o valor patrimonial da empresa. O que ocorre uma transio entre ativos, dinheiro, por outro ativo, um equipamento por exemplo. De qualquer maneira, no ocorre reduo do valor contbil.

2.5.1 Investimento Inicial de um Projeto

Holanda (1987) afirma que o estudo do investimento de um projeto tem por objetivo estimar o total de recursos de capital que sero necessrios para realizar o projeto. Este estudo de grande importncia e necessrio para elaborar a avaliao do projeto, j que em funo das estimativas dos investimentos, ser estruturado o esquema de financiamento do projeto. De acordo com Buarque (1984) a determinao do nvel de investimento necessrio para a implantao de um projeto de grande importncia, j que ela pode definir a viabilidade do mesmo. Segundo Sanvicente e Santos (1983) o investimento lquido de um projeto corresponde ao montante de capital necessrio para sua implantao. O investimento inicial de um projeto segundo Holanda (1987) diz respeito imobilizao de recursos que so aplicados no projeto, tendo como objetivo a permanncia na atividade selecionada por um perodo de tempo relativamente longo. O investimento, de forma resumida, composto de duas contas, capital circulante e capital fixo (Dria, 1988). O investimento inicial ou imobilizaes pode ser dividido em:

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(i). Imobilizaes fixas: so elas que financiam o ativo imobilizado da nova empresa. Sendo as mais relevantes os gastos com terrenos, edificaes, maquinrios e equipamentos, mveis, utenslios, veculos; (ii). Imobilizaes financeiras ou necessidade de capital de giro: so os recursos destinados a financiar o funcionamento da empresa at comear a entrar dinheiro no caixa da empresa. Essas imobilizaes correspondem ao patrimnio do qual a empresa necessita para atender as operaes e comercializao dos bens.

2.6 PONTO DE EQUILBRIO

Para Martins (2003) o Ponto de Equilbrio evidencia em termos quantitativos, o volume que a empresa necessita para produzir ou vender para que consiga cobrir todos os custos e despesas fixas, alm dos custos e despesas variveis que incorrem normalmente ao fabricar e vender um produto ou servio. Crepaldi (2005) acrescenta que a informao do ponto de equilbrio da empresa, tanto global, como por produto individual, importante porque identifica o nvel mnimo de atividade em que a empresa precisa operar para no ter prejuzo nem lucro. De acordo com Bruni (2006) a separao e a classificao volumtrica dos gastos permite obter o ponto de equilbrio do projeto, representado pelo volume mnimo de operao que possibilita a cobertura dos gastos. Martins (Op. Cit) resume o ponto de equilbrio como indicao da capacidade mnima que a empresa deve operar para no ter prejuzo. Como no ponto equilbrio, no existe lucro nem prejuzo, a partir do momento que empresa vender uma unidade adicional, passara a obter lucro. Bruni (2006) afirma existir diferentes conceitos de ponto de equilbrio, como o ponto de equilbrio contbil, financeiro e econmico.

2.6.1 Ponto de Equilbrio Contbil

O ponto de equilbrio contbil apresenta o volume de vendas ou faturamento que determinado projeto precisa atingir para cobrir todos seus gastos. Neste ponto o lucro nulo. Matematicamente pode ser apresentada a seguinte equao:

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Receita Total Gastos Totais = 0

Como a Receita Total igual ao Preo multiplicado pela Quantidade e os Gastos Totais so os Gastos Fixos mais o Gasto Varivel Unitrio multiplicado pela quantidade, a equao anterior pode ser reescrita do seguinte modo:Preo*Quantidade [Gasto Fixo + ( Gasto Varivel Unitrio* Quantidade)] = 0

Removendo os parnteses e colocando a Quantidade em evidncia, chegase na seguinte equao:(Preo Gasto Varivel Unitrio)*Quantidade = Gasto Fixo

Dessa forma, a Quantidade a ser produzida e comercializada para ter um lucro nulo, ou seja, o Ponto de Equilbrio Contbil (PECq), apresentado na seguinte equao:PECq = Gasto Fixo / (Preo Gasto Varivel Unitrio)

Para se obter o Ponto de Equilbrio Contbil expresso em unidades monetrias (PEC$), basta multiplicar a quantidade anterior pelo preo.

Algebricamente:

PEC$ = PECq*Preo

A representao grfica dos Pontos de Equilbrios Contbeis em Quantidades (PECq) e em Unidades Monetrias (PEC$) pode ser vista no Grfico 1.

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Grfico 1: Representao Grfica do Ponto de Equilbrio

Fonte: BRUNI (2006)

2.6.2 Ponto de Equilbrio Econmico

Alfred Marshall (1890, p. 142) escreveu:O que resta de seus lucros (do proprietrio ou administrador) aps a deduo dos juros sobre o seu capital taxa em vigor pode ser considerado como sua remunerao pela realizao da administrao.

Em resumo o que Marshall diz que uma empresa para gerar lucro deve considerar no apenas as suas despesas e custos, mas tambm precisa levar em considerao o custo de oportunidade do capital investido, ou seja, a taxa mnima de atratividade do investidor. Este tipo de anlise foi desenvolvido pela primeira vez por Marshall, originando todas as demais anlises. A partir da viso de Marshall possvel entender o ponto de equilbrio econmico, PEE, que apresenta o volume de vendas em quantidade ou unidades monetrias, que atinge um resultado econmico igual a zero. Por resultado

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econmico igual a zero se entende que todos os fatores sero remunerados, principalmente, a remunerao sobre o capital prprio investido no projeto. Para calcular o PEE, s adicionar aos gastos fixos a remunerao desejada pelos investidores, utilizando a TMA. Algebricamente apresentado como:PEEq = (Gasto Fixo + Capital Prprio*TMA) / (Preo Gasto Varivel Unitrio) PEE$ = (Gasto Fixo + Capital Prprio*TMA)*Preo / (Preo Gasto Varivel Unitrio)

2.6.3 Ponto de Equilbrio Financeiro

O ponto de equilbrio financeiro, PEF, apresenta o volume de vendas, em quantidade ou unidades monetrias, para uma gerao de caixa nulo. Para conhecer seu valor, deve-se subtrair os gastos que no representam sada de caixa, como depreciao e amortizao, dos gastos fixos. Algebricamente apresentado como:PEFq = (Gasto Fixo - Gastos Unitrio) PEF$ = (Gasto Fixo - Gastos no desembolsveis)*Preo / (Preo Gasto Varivel Unitrio) no desembolsveis) / (Preo Gasto Varivel

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CAPTULO 3 PERSPECTIVAS DO SETOR DE ENERGIA ELTRICA E CARACTERSTICAS DAS USINAS HIDRELETRICAS

3.1 PERSPECTIVAS DO SETOR ENERGTICO BRASILEIRO

Ernst & Young e FGV (2008) afirmam que o Brasil ser o stimo maior mercado consumidor de energia em 2030, com um consumo de aproximadamente 468,7 milhes de toneladas equivalentes de petrleo (tep). At 2007 o pas estava em 11 posio. O estudo aponta tambm que a demanda brasileira de energia dever crescer na ordem de 3,3% ao ano nas prximas duas dcadas, exigindo do Brasil investimentos na ordem de US$ 750 bilhes. Assim sendo, estima-se que 3,8% de todos os investimentos feitos no mundo sejam destinados ao Brasil. Essas informaes podem ser vistas nos Grficos 2 e 3 demonstrados a seguir:

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Grfico 2 : Os maiores consumidores de energia em 2007

Fonte: ERNST & YOUNG (2008)

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Grfico 3 : Os maiores consumidores de energia em 2030

Fonte: ERNST & YOUNG (2008)

De acordo com o estudo, a energia eltrica no Brasil deve ter um crescimento na sua demanda na ordem de 4,4% ao ano, como pode ser observado no Grfico 4. Por essa razo Ernst & Young e FGV (2008) projetam um aumento de 31,2% no preo da energia at 2030.

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Grfico 4 : O consumo da energia em 2007 e em 2030

Fonte: ERNST & YOUNG (2008)

Como a previso de um aumento expressivo do consumo de energia eltrica no mundo e em especial no Brasil, a nica forma de atender esse aumento por meio de investimentos na gerao, distribuio e transmisso de energia, o que torna esses segmentos muito atrativos no longo prazo. Esse crescimento da demanda energtica traz incertezas no meio empresarial. Estudo feito pela PriceWaterHouseCoopers (2008), mostra que existe uma insegurana muito grande por parte dos empresrios com relao ao fornecimento e ao preo da energia, sendo considerado pelos empresrios uma grande ameaa para o crescimento dos negcios e os resultados das empresas, como mostra o Grfico 5.

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Grfico 5 : Quanto os empresrios gastaram para mitigar possveis ameaas

Fonte: PRICEWATERHOUSECOOPERS (2008)

3.2 CENRIO MUNDIAL E A MATRIZ ELTRICA BRASILEIRA

O Brasil o pas que detm maior quantidade de gua no planeta. Na Tabela 1 possvel observar os pases com maiores recursos hdricos. Por meio dessa tabela nota-se a importncia que o Brasil possui no mundo quando se trata de recursos hdricos.

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Tabela 1: Recursos Hdricos por pasRecursos hdricos Recursos hdricos Pas interno ao territrio de origem externa (km/ano) Brasil Rssia Canad Indonsia China 5418 4312,7 2850 2838 2812 (km/ano) 2815 194,6 52 0 17,2 71 297 636,1 383 510,7 Total % do

(km/ano) total 8233 4507,3 2902 2838 2829,2 2071 1913 1896,6 1283 1233,2 43.764 18,81% 10,30% 6,63% 6,48% 6,46% 4,73% 4,37% 4,33% 2,93% 2,82% 100%

Estados Unidos 2000 Peru ndia Congo Venezuela Mundo 1616 1260,5 900 722,5 43.764

Fonte: NATIONS (2003)

FOOD

AND

AGRICULTURE

ORGANIZATION

OF

THE

UNITED

A partir dos recursos hdricos totais possvel avaliar quanto aproveitvel para gerao de energia, como mostra a Tabela 2.

Tabela 2: Potenciais Hdricos com capacidade de explorao no mundoPas Brasil Rssia Canad Indonsia China Estados Unidos Peru ndia Congo Venezuela Capacidade Terica (TWh/ano) 5920 2800 2040 1289 1397 4485 527 650 1578 600 Tecnicamente Explorveis (TWh/ano) 1920 1670 1488 951 774 529 264 260 260 260 Produo em Economicamente 2005 Explorveis % Total (TWh/ano) (TWh/ano) 337 165 337,46 358,61 5,8 269,69 15 2,84 17,98 136,4 1260 852 811 523 419 376 264 260 260 180 13% 12% 10% 7% 5% 4% 2% 2% 2% 1%

Fonte: WORLD ENERGY CONCIL (2007)

O parque energtico brasileiro um dos mais limpos do mundo. De acordo com dados da Eletronorte (2009), 14,7% da matriz energtica brasileira de fonte hidrulica, sendo que a energia hidrulica representa 85,6% da oferta interna de

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energia eltrica. Desta forma, pode-se afirmar que o Brasil uma grande referncia para o setor de energia eltrica no mundo, em razo da alta participao de fontes renovveis. Alm disso, segundo Eletronorte (2009), de todo o potencial hdrico brasileiro, apenas 30% se transformaram em usinas construdas ou outorgadas. Essa situao ocorre, porque 70% do potencial aproveitvel est localizado nas bacias do Amazonas e do Tocantins/Araguaia. Assim em 2008 os potenciais da regio Sul, Sudeste e Nordeste j estavam quase que integralmente explorados, em razo dos grandes centros consumidores estarem nessas localidades. Apesar do Brasil ser referncia no setor de energia, a participao das PCHs ainda pequena como pode ser observado na Tabela 3. No entanto essa participao vem aumentando de forma consistente nos ltimos anos.

Tabela 3: Parque Eltrico BrasileiroTipo Quant. Potncia Fiscalizada (KW) 272.650,00 2.336.976,00 20,00 75.066.931,00 22.500.308,00 2.000.700,00 %

Elica PCH Solar Grandes Hidreltricas Trmica Termonuclear Total

17 542 1 159 1.039 2 1.760

0,27% 2,29% 0,00% 73,46% 22,02% 1,96%

102.183.885,00 100,00%

Fonte: ANEEL (2009)

Nota-se pela Tabela 4 que a participao de PCHs em construo teve um grande crescimento, quando comparado com a porcentagem das PCHs em operao, um aumento de 2,3% para 17,4%. A potncia instalada das PCHs que esto em construo so aproximadamente 50% superior do que a capacidade de gerao das que esto operando atualmente. Sendo que a potncia das futuras PCHs que j possuem autorizao da ANEEL maior que a atual potncia eltrica em funcionamento.

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Tabela 4: Fontes Alternativas de Energia versus Matriz Energtica BrasileiraTipo PCH Elica Biomassa Total Brasil (PCH/Brasil) % Operao 2.336,00 273,00 4.600,00 7.209,00 102.183,00 2,3% Construo 1.264,00 174,00 176,00 1.614,00 Autorizao 2.446,00 3.181,00 970,00 6.597,00 Total 6.046 3.628 5.746 15.420

7.266,00 33.557,00 143.006 17,4% 7,3% 4,2%

Fonte: ANEEL (2009)

Na Tabela 5 pode-se visualizar o atual potencial de gerao eltrica das PCHs em comparao com as maiores usina hidreltricas brasileiras. Somando a potncia gerada pelas 542 PCHs que operam atualmente pelas diversas regies do Brasil, se chega potncia de 2.336 MW, fazendo essa considerao elas ficam destacadas em sexto lugar entre as maiores usinas. bem possvel que em alguns anos, com o ritmo de crescimento das PCHs atual, juntas, as PCHs tenham uma capacidade de gerao eltrica superior que qualquer usina hidreltrica no pas.

Tabela 5: Posio das PCHS X Maiores UHEs 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tucuru I e II Itapu (Parte do Brasil) Ilha Solteira Xing Paulo Afonso IV PCH (542) Itumbiara So Simo Jupi Porto Primavera 8.370 7.000 3.444 3.162 2.462 2.336 2.280 1.710 1.551 1.540

Fonte: ANEEL (2009)

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3.3 COMPORTAMENTO DO CONSUMO DE ENERGIA

Quando se compara o consumo per capita de energia no Brasil, em 2000, com o consumo de pases mais desenvolvidos, se constata uma considervel possibilidade de aumento da demanda, conforme se pode observar na Tabela 6.

Tabela 6: Consumo de energia per capita, base 2000 Pas Canad EUA Austrlia Frana Alemanha Espanha Rssia frica do Sul Polnia Ucrnia Argentina Brasil China ndiaFonte: IPEA

Consumo per capita (kWh/pop) 16.967,61 13.843,00 10.052,51 7.301,77 6.683,95 5.248,00 5.236,00 4.535,00 3.224,00 2.755,00 2.129,00 1935,00 992,88 392,99

Consumo por dlar do PIB (kWh/US$) 0,74 0,42 0,43 0,25 0,2 0,3 2,13 1,14 0,76 3,08 0,27 0,42 1,2 0,86

O Brasil apresenta um consumo inferior ao de pases em desenvolvimento e at que pases com economia menor que a sua, como a Ucrnia, Polnia e Argentina. Se confrontado com economias em desenvolvimento que so lideres regionais, como frica do Sul e Rssia, o consumo brasileiro fica inferior de duas a trs vezes. Comparando com os pases desenvolvidos, o consumo brasileiro inferior a nove vezes ao canadense e sete vezes ao americano. Em 2008, de acordo com a KPMG (2009), o consumo per capita no Brasil foi de 2200 kWh, um crescimento de quase 14% em 8 anos. J a China passou a ter um consumo de 2414 kWh, um crescimento de mais de 143% em 8 anos. O que mostra uma grande defasagem de crescimento no Brasil. Na terceira coluna da Tabela 6 pode-se interpretar a grande disparidade observada na segunda coluna. O Brasil possui um ndice de consumo em relao renda gerada parecida com a de pases desenvolvidos, como Estados Unidos e

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Austrlia. Com isso se conclu que a pobreza no Brasil leva ao baixo consumo de energia, portanto apenas o crescimento econmico do pas levaria ao crescimento do consumo da energia, como ocorreu com a China entre 2000 e 2008. possvel ter uma viso melhor sobre a correlao entre a riqueza brasileira e o consumo de energia eltrica, ao analisar historicamente essas duas variveis. Segundo a Eletrobrs (2004), o consumo de energia no Brasil cresceu na ordem de 1.100% entre 1963 e 2003, num perodo de 40 anos, o que resulta numa taxa de crescimento mdio de 6,75% ao ano. Durante a dcada de 70 ocorreu o crescimento mais acentuado, justamente no denominado milagre econmico, quando o consumo de energia eltrica cresceu a taxas acima de 10% ao ano, como mostra o Grfico 6.

Grfico 6 : Consumo Histrico de Energia no Brasil

Fonte: Eletrobrs/ IPEA

Mesmo na dcada de 80, quando o crescimento foi mais lento no Brasil, o crescimento do consumo foi em mdia superior a 5% ao ano. Porm nesses 40 anos analisados, entre 2000 e 2001, perodo que ocorreu o racionamento, a variao do consumo foi negativa, em razo da escassez da oferta e no pelo recuo da demanda de energia.

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Olhando o Grfico 7 possvel constatar que o consumo de energia cresce mesmo quando o pas no possui crescimento econmico acelerado, o consumo cresceu inclusive em momentos em que o ocorreu retrao na economia.

Grfico 7: Crescimento PIB x Aumento Consumo

Fonte: Eletrobrs/ IPEA

Ao comparar a curva azul (evoluo do produto interno bruto com base 2003) com a curva bege (evoluo do consumo mensal dessazonalizada), nota-se com mais clareza que o consumo de energia eltrica evolui mesmo em pocas em que h baixo ou at negativo crescimento econmico. Isso evidencia que existem outras variveis alm do PIB que influenciam na demanda de energia eltrica.

3.4 CARACTERSTICAS BSICAS DAS USINAS DE PRODUO DE ENERGIA ELTRICA

Para produzir energia a partir de uma fonte hidrulica necessrio integrar a vazo do rio, a quantidade de gua disponvel em certo perodo de tempo e os desnveis de relevo, sejam naturais ou criados, artificialmente. A estrutura bsica de uma usina composta resumidamente por uma barragem, sistema de captao e aduo de gua, casa de fora e vertedouro, que funcionam de forma integrada. A barragem interrompe o curso normal do rio e permite a formao do reservatrio. Alm de estocar a gua, os reservatrios possuem outras funes:

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possibilitar a formao do desnvel necessrio para configurao da energia hidrulica, a captao da gua em volume apropriado e a regularizao da vazo do rio em pocas de chuva ou estiagem. Algumas usinas so denominadas a fio d'gua, isto , no existe reservatrio de gua, o que diminui a capacidade de armazenamento. Os sistemas de captao e aduo so formados por canais, tneis ou condutos metlicos que possuem a funo de induzir a gua at a casa de fora. Neste local ficam instaladas as turbinas, formadas por uma srie de ps ligadas ao eixo que est conectado ao gerador. Durante o movimento das ps, as turbinas transformam energia cintica em energia eltrica por meio dos geradores. As guas depois que passam pelas turbinas so restitudas ao leito natural do rio pelo canal de fuga. O vertedouro tem a funo de possibilitar a sada da gua sempre que os nveis do reservatrio ultrapassar o limite recomendado. Sua abertura ocorre em razo do excesso de vazo ou chuva, isto , quando a quantidade de gua maior que a necessria para o armazenamento ou para gerao de energia. Em tempos de chuva, o processo de abertura de vertedouros procura evitar enchentes nas regies de entorno da usina.

3.5 PCH

As PCHs so feitas na maioria das vezes em rios de mdio e pequeno porte que possuam um desnvel expressivo durante seu percurso, que possa gerar potncia hdrica o suficiente para movimentar as turbinas. Geralmente uma PCH opera a fio da gua, ou seja, o reservatrio no possibilita a regularizao do fluxo da gua. Dessa forma, em pocas de estiagem a vazo disponvel pode ficar menor que a capacidade das turbinas, o que leva a ociosidade. Em outras circunstncias as vazes so maiores, o que leva a passagem da gua pelo vertedouro. Isso faz com que o custo da energia eltrica gerada pelas PCHs seja maior que de uma usina de grande porte, onde o reservatrio pode ser operado de forma a contornar a ociosidade ou os desperdcios de gua. Porm as PCHs so usinas que trazem um menor impacto ambiental e ajudam na gerao descentralizada da energia no pas.

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Alm dos elementos tcnicos para definir o porte de uma barragem, como o volume de gua do rio, caractersticas geogrficas e fragilidade ambiental, o porte de usina tambm pode sofrer influncia de aspectos sociais e polticos, o que reduzem a otimizao da usina. Mas na maioria das vezes os recursos so os fatores restritivos a maximizao do aproveitamento do potencial hdrico. De acordo com a resoluo n 652 da ANEEL, foi determinado que sero denominadas de Pequena Central Hidreltrica (PCH). A classificao, segundo a Eletrobrs, das centrais quanto capacidade de regularizao so classificadas da seguinte forma: (i) de acumulao, com regularizao diria ou mensal do reservatrio; (ii) a fio d'gua. Uma PCH de acumulao construda quando a vazo do curso da gua no suficiente para gerar a energia necessria de descarga para o sistema gerador. Dessa forma a barragem ter que acumular gua nos momentos de baixo consumo, para utiliz-la no perodo de pico. Em situao extrema, as mquinas param o suprimento de energia no baixo consumo, que dever ser suprido com outras fontes como geradores a diesel. Esse tipo de PCH tem maiores efeitos ambientais, em especial sobre a vida aqutica, j que o reservatrio estar em constante mudana de nvel. J uma PCH a fio d'gua possuiu um rio com volume de gua maior que a descarga necessria para o sistema gerador. Com isso a aduo pode ser feita a partir de uma barragem mnima, j que o aproveitamento do potencial hdrico ser parcial, ocorrendo descarga de forma continua pelo vertedouro. Pelo Manual de Pequenas Centrais Hidreltricas feito pela Eletrobrs, existem trs classificaes para as usinas abaixo de 30 MW, conforme a Tabela 7 a seguir:

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Tabela 7: Classes de Usinas abaixo de 30 MW Classificao Potncia -P das centrais (KW) Micro Mini Pequena Queda de Projeto - HD(m) Mdia 15130

Baixa P