edição 128

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Autorização nº 01182010GRC Director: Joaquim Santos • Propriedade: INFORLETRA - Edição e Publicação de Jornais, Lda. Rua das Bouças, 12 - Valongo 2420-205 Colmeias - Portugal | Tel. 244721747 [email protected] www.noticiasdecolmeias.com Mensário Informativo da Freguesia de Colmeias • Edição nº 128 de 1 de Agosto de 2010 • Ano XI • 1,50 Euros Novela de Cunca de Almeida Episódio 2 Quando saí da Universidade era um mo- cinho magro, bastante pálido e cheio de com- plexos. Meus pais eram gente humilde, tirei aquele curso de História e Filosofia graças à ajuda de um velho médico. Celibatário e sem parentes, que me havia tirado a ferros do ven- tre massacrado de minha mãe. Todos julga- vam que eu vinha morto, mas não. Quem deu por o meu ténue sopro de vida foi a velha Ana, a quem chamaram com a devida antecedên- cia para assistir minha mãe; mas a pobre da mulher, pela primeira vez na vida, não se en- tendera com aquele parto e dava largas ao seu desalento, dizendo repetidas vezes que ti- nha ajudado mais de cem crianças a nascer, no decurso dos seus já longos anos, e jamais lhe acontecera tal. Fui então declarado perdido e tratou-se de salvar minha mãe; por isso o doutor Vaz foi chamado às quatro da manhã. Dizem que me deitaram com muito jei- tinho lá para um canto e a velha Ana, para manter a tradição, resolveu dar-me banho e vestir-me a roupinha que antecipadamente me haviam destinado para o feliz dia em que iria a baptizar. Ao que parece a água estava esperta demais e assim a boa mulher pôs-me no banho. Eu reagi com um débil gemido e um estremeção. A alegria foi geral. O doutor Vaz ficou radiante e a partir dali começou a olhar para mim. Confesso que foi a minha sorte… Pude assim estudar. Acabei o curso com um magnífico dezoito e logo fui convidado para ficar assistente do velho Mestre, mas a mi- nha timidez levou-me a rejeitar. Que faria eu perante a irreverência daquele numeroso pu- nhado de rapazes e raparigas? Optei por um modesto emprego num co- légio de província, que era pertença de duas ir- mãs que o haviam herdado dos pais. Era um casarão magnífico, era e é, pois ainda lá está, soberbamente instalado numa colina que con- templa um formosíssimo vale, fertilizado por um rio que todo o ano apresenta águas crista- linas. Nos nossos dias isto é praticamente iné- dito. Mas a pureza da região tem um elevado preço para os seus habitantes. Não há indus- trias, não há destruição da natureza, não há trabalho bem renumerado. Há sim muita ter- ra para fecundar, à custa do braço humano, em troca de um exíguo e amargo punhado de escudos. Será melhor assim? Passei por lá cer- ca de seis maravilhosos anos. Depois o dou- tor Vaz morreu. Ninguém me avisou, por isso nem ao funeral fui. Confesso que quando rece- bi a carta de um advogado, comunicando-me que o doutor Vaz me nomeara em testamen- to seu herdeiro universal, senti que acabara de perder um verdadeiro pai, e tamanha angús- tia que, ainda hoje me interrogo, se não senti mais o desaparecimento daquele bom velho- te, que o desaparecimento dos meus próprios pais, igualmente já falecidos. O doutor Vaz era pobre. Um homem bom e honesto. Nunca fez fortuna. Traba- lhou toda a vida segundo as normas do Ser- viço Nacional de Saúde e naquele tempo o go- verno não pagava. A única coisa que me dei- xou, e já não foi pouco, foi a bela casa onde hoje habito com a minha família e todo o seu magnífico recheio, com destaque para a bi- blioteca que é completíssima. E mesmo assim tudo aquilo o bom médico, por sua vez, herda- ra dos seu pais. Limitou-se a manter a casa e o esplêndido quintal. Foi uma vida ao serviço dos seus semelhantes. Recordo-o com sau- dade, assim como recordo os meus humildes pais, tão pobrezinhos, mas tão dignos. Foram estas as únicas pessoas que tive na vida. De- pois recebi duas bênçãos: A minha Isabel e a minha pequena Joana. A existência tem vindo a decorrer. Pou- co a pouco perdi os complexos e finalmente, resolvi aceitar o cargo de docente na vetus- ta universidade. Para minha grande alegria sou um dos assistentes do meu velho Mestre. Apesar da idade não perdeu o excepcional ta- lento e eloquência. Em relação a este homem peço ao ser Supremo que, provavelmente, rege o Universo, que o faça permanecer tal qual está, pois é um grande homem com uma notável obra. A gastronomia e a festa em quatro dias tradicionais Páginas 4 e 5 Festival de Sabores e Tradições de Colmeias

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Notícias das Colmeias, Edição 128, Agosto 2010

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Page 1: Edição 128

Autorização

nº 01182010GRC

Director: Joaquim Santos • Propriedade: INFORLETRA - Edição e Publicação de Jornais, Lda.

Rua das Bouças, 12 - Valongo2420-205 Colmeias - Portugal | Tel. [email protected]

Mensário Informativo da Freguesia de Colmeias • Edição nº 128 de 1 de Agosto de 2010 • Ano XI • 1,50 Euros

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Novela de Cunca de Almeida Episódio 2

Quando saí da Universidade era um mo-cinho magro, bastante pálido e cheio de com-plexos. Meus pais eram gente humilde, tirei aquele curso de História e Filosofia graças à ajuda de um velho médico. Celibatário e sem parentes, que me havia tirado a ferros do ven-tre massacrado de minha mãe. Todos julga-vam que eu vinha morto, mas não. Quem deu por o meu ténue sopro de vida foi a velha Ana, a quem chamaram com a devida antecedên-cia para assistir minha mãe; mas a pobre da mulher, pela primeira vez na vida, não se en-tendera com aquele parto e dava largas ao seu desalento, dizendo repetidas vezes que ti-

nha ajudado mais de cem crianças a nascer, no decurso dos seus já longos anos, e jamais lhe acontecera tal.

Fui então declarado perdido e tratou-se de salvar minha mãe; por isso o doutor Vaz foi chamado às quatro da manhã.

Dizem que me deitaram com muito jei-tinho lá para um canto e a velha Ana, para manter a tradição, resolveu dar-me banho e vestir-me a roupinha que antecipadamente me haviam destinado para o feliz dia em que iria a baptizar. Ao que parece a água estava esperta demais e assim a boa mulher pôs-me no banho. Eu reagi com um débil gemido e um estremeção. A alegria foi geral. O doutor Vaz ficou radiante e a partir dali começou a olhar para mim. Confesso que foi a minha sorte…Pude assim estudar. Acabei o curso com um magnífico dezoito e logo fui convidado para ficar assistente do velho Mestre, mas a mi-nha timidez levou-me a rejeitar. Que faria eu perante a irreverência daquele numeroso pu-nhado de rapazes e raparigas?

Optei por um modesto emprego num co-légio de província, que era pertença de duas ir-mãs que o haviam herdado dos pais. Era um

casarão magnífico, era e é, pois ainda lá está, soberbamente instalado numa colina que con-templa um formosíssimo vale, fertilizado por um rio que todo o ano apresenta águas crista-linas. Nos nossos dias isto é praticamente iné-dito. Mas a pureza da região tem um elevado preço para os seus habitantes. Não há indus-trias, não há destruição da natureza, não há trabalho bem renumerado. Há sim muita ter-ra para fecundar, à custa do braço humano, em troca de um exíguo e amargo punhado de escudos. Será melhor assim? Passei por lá cer-ca de seis maravilhosos anos. Depois o dou-tor Vaz morreu. Ninguém me avisou, por isso nem ao funeral fui. Confesso que quando rece-bi a carta de um advogado, comunicando-me que o doutor Vaz me nomeara em testamen-to seu herdeiro universal, senti que acabara de perder um verdadeiro pai, e tamanha angús-tia que, ainda hoje me interrogo, se não senti mais o desaparecimento daquele bom velho-te, que o desaparecimento dos meus próprios pais, igualmente já falecidos.

O doutor Vaz era pobre. Um homem bom e honesto. Nunca fez fortuna. Traba-lhou toda a vida segundo as normas do Ser-

viço Nacional de Saúde e naquele tempo o go-verno não pagava. A única coisa que me dei-xou, e já não foi pouco, foi a bela casa onde hoje habito com a minha família e todo o seu magnífico recheio, com destaque para a bi-blioteca que é completíssima. E mesmo assim tudo aquilo o bom médico, por sua vez, herda-ra dos seu pais. Limitou-se a manter a casa e o esplêndido quintal. Foi uma vida ao serviço dos seus semelhantes. Recordo-o com sau-dade, assim como recordo os meus humildes pais, tão pobrezinhos, mas tão dignos. Foram estas as únicas pessoas que tive na vida. De-pois recebi duas bênçãos: A minha Isabel e a minha pequena Joana.

A existência tem vindo a decorrer. Pou-co a pouco perdi os complexos e finalmente, resolvi aceitar o cargo de docente na vetus-ta universidade. Para minha grande alegria sou um dos assistentes do meu velho Mestre. Apesar da idade não perdeu o excepcional ta-lento e eloquência. Em relação a este homem peço ao ser Supremo que, provavelmente, rege o Universo, que o faça permanecer tal qual está, pois é um grande homem com uma notável obra.

A gastronomia e a festa em quatro dias tradicionais Páginas 4 e 5

Festival de Sabores e Tradições de Colmeias

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www.noticiasdecolmeias.com� notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010

Que políticas e que políticos neste limiar do século XXI?

Quase dez anos após a passagem do milénio, podemos resumir que tivemos uma década de sucessivos sacrifícios, es-pecialmente depois da queda das Torres Gémeas em Nova Iorque. Desde aí que as-sistimos a crises financeiras num “bura-co sem fundo”, a golpes nos sistemas fi-nanceiros, com protagonistas como Ber-nard Madoff ou nos típicos casos portu-gueses que abalaram com toda a estru-tura económica de Portugal, destacando o BPN – Banco Português de Negócios e o BPP – Banco Privado Português.

O país, com tão pouca expressão no sistema monetário do mundo, vive de-pendente das decisões de terceiros na área financeira e é dependente do Ban-co Central Europeu (BCE), do Fundo Mo-netário Internacional (FMI), dos emprés-timos da banca do estrangeiro.

O que se decidir bem nos circuitos do exterior, significará evolução para o nos-so país mas, o que se decidir mal, terá efeitos negativos para Portugal. Assim tem sido sempre. Ou seja, “comemos” o que os outros cozinham para nós, na Co-munidade Europeia, nos países mais for-tes da Europa e do resto do mundo, no BCE e FMI, nas agências de rating e nos

bancos credores de Portugal. Os factores externos têm forte influência em Portu-gal.

Isto tem de ser dito com celeridade e também de forma muito directa. Não podemos ser coniventes com os dispa-rates que se têm feito nestes últimos anos, quer no mundo, quer em Portu-gal. O problema é que vivemos várias al-terações neste mundo marcadamente in-justo e indefinido. A crise, ou melhor, as várias crises estão aí: financeira e social. Não existem valores porque isso já pas-sou de moda e quem mais souber men-tir ou “furar” sistemas de forma astuta e camuflada será o verdadeiro herói, ou o afortunado.

Neste cenário desastroso de crise profunda o que mais me incomoda são os políticos. Já nem falo nos Deputados que estão no Parlamento a disputarem

como se estivessem no teatrinho, ou nos dinheiros públicos que se gastam em au-tênticas mordomias para alguns sortu-dos. O problema é mais profundo. É es-trutural, genérico, de um sistema doente e que não possibilita correcções.

Se nada for feito urgentemente, algo de mal se avizinhará. Uma terceira guer-ra mundial? Os cidadãos do mundo es-tão apreensivos, os sistemas políticos de-sacreditados e os países e pessoas endivi-dados. Por onde e como começar? As me-didas de austeridade, anunciadas como resolução dos problemas, não chegarão nunca para atingir esse objectivo se não passarmos a ver num tempo muito cur-to os políticos sem carros de luxo, a te-rem contenção de despesas, não efectu-arem viagens dispensáveis, dispensarem almoços ou jantares caros, afastar-se de vez a construção do TGV, novo aeropor-to de Lisboa e a terceira travessia do Tejo. No meu entender, estes poderão ser pe-quenos mas muito elementares ‘cami-nhos’ que nos podem conduzir às correc-ções estruturais da economia e das boas práticas políticas.

Por outro lado, que ética existe, ao sabermos que existem seres humanos a

receberem um modesto salário de pouco mais de 400 euros e assistimos a ordena-dos de milhões auferidos pelos gestores de empresas com participação pública (e até mesmo privados)? Que pensar nos jo-gadores de futebol que recebem salários que muitos de nós nem na vida toda con-seguiremos receber o que estes recebem num mês? Estão a asfixiar-nos e nenhum sufocado poderá sobreviver quando mer-gulha no fundo.

Quando vir que na Assembleia da República Portuguesa se legisla e se zela verdadeiramente a favor dos cidadãos que os elegeram, aí sim, começo a acredi-tar. Nós deveríamos ter mais voz, exigin-do mais da classe política. Não é só dos políticos que germinam os problemas, mas eles estão no plano central. Dúvi-das? Ficam duas questões para reflexão pura. Nas gestões danosas, nos prejuízos que muitas Autarquias e Institutos Pú-blicos apresentam, porque será que es-tes gestores que ganham ordenados cho-rudos só gerem mal estes organismos do Estado? Porque será que nas suas fi-nanças particulares são exímios gestores mas nos seus deveres para com o Estado não os conseguem cumprir?

O NOTÍCIAS DE COLMEIAS assume-se como um órgão informativo da freguesia de Colmeias, alheio a qualquer movimento político ou reli-gioso, de qualquer interes-se empresarial ou outro, que não seja da ética jornalística, ou do interesse da freguesia de Colmeias.

O NOTÍCIAS DE COLMEIAS estabelece com a comunida-de em que se insere, a divul-gação dos problemas locais e revela todas as ideias ino-vadoras cujas linhas se orien-tem em prol da freguesia.

O NOTÍCIAS DE COLMEIAS tem como objectivos defini-dos, a amizade entre os que sejam residentes na fregue-sia, noutros pontos do país ou no estrangeiro.

Como órgão independente, o NOTÍCIAS DE COLMEIAS não abdicará de divulgar o que mais possa prejudicar o interesse colectivo de toda a área integrante de Colmeias, não abusando da boa fé dos leitores, encobrindo ou de-turpando a informação.

O NOTÍCIAS DE COLMEIAS pretende contribuir para o desenvolvimento sócio-eco-nómico e cultural da fregue-sia de Colmeias.

Com periodicidade mensal, o NOTÍCIAS DE COLMEIAS tem como responsável o Di-rector, que respeita e faz res-peitar os princípios deonto-lógicos da imprensa e ética profissional.

Estatuto Editorial do mensário NOTÍCIAS DE COLMEIAS

Joaquim Santos [email protected]

ficha técnicaDirector: Joaquim Santos (Carteira Profissional nº 7731)

Apoio EditorialClara Silva

ColaboradoresPatrícia Pascoal; Lurdes Breda; Silvino Gaspar; Celso Santos; Manuel Bento dos Santos

RevisãoAlice Dionísio, Teresa Morgado, Lurdes Breda, Paula Vasconcelos, Ambrósio Ferreira

FotografiaAires Portela, Cláudio Ribeiro

Design Gráficopauloadriano.com | criacionario.pt

Redacção e AdministraçãoRua das Bouças, 12 Valongo2420-225 Colmeias – PortugalTelefone 244 721 747

Propriedade/EditorInforletra - Rua das Bouças, 12Valongo - 2420-225 Colmeias

Departamento ComercialPatrícia Santos

Internet www.noticiasdecolmeias.com

Email [email protected]

Preço assinaturaPORTUGAL 17,50 euros • EUROPA 30,00 eurosRESTO DO MUNDO: 45,00 euros

Detentores de mais de 10% de capitalJoaquim Manuel Alves dos Santos,Cristina Isabel Oliveira A. Santos

ImpressãoQuilate - Albergaria dos Doze

Edição ElectrónicaPaulo Mendes

Nº de Registo Pessoa Colectiva: 504 655 191

Nº de Registo Título: 123431

Depósito Legal: 144032/99

Tiragem: 1.550 exemplares

Page 3: Edição 128

notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010 �

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A convite do meu colega de profis-são Joaquim Santos, Director do mensário NOTÍCIAS DE COLMEIAS, apresento nes-ta edição de Julho uma breve reflexão do estado actual do jornalismo local/regional.

Após o meu percurso de estudante co-laborei num jornal regional. Iniciei o per-curso na mais ingrata das tarefas, a busca de publicidade.

Vi muitas vezes o descrédito e o enfa-do com que muitas pessoas me recebiam, vi como é difícil encher as páginas de um jornal com anúncios que ninguém quer fa-zer.

Evoluí e passei para a gestão comer-cial. Aí enfrentei outros “monstros”. Da busca infrutífera da publicidade porta-a-porta, junto do pequeno comerciante e das pequenas empresas da região, pas-sei a lidar com organismos públicos, em-presas de maior porte que nos ignoram e, principalmente, com agências de meios pouco interessadas nos números que te-mos para lhes mostrar.

Vi as contas que chegam a toda a hora, a gráfica, a Segurança Social, a renda das instalações, a luz, a soma astronómica do telefone, a inacessibilidade do porte pago

e a falta de coisas tão simples como uma resma de papel. Porque é assim que vivem os jornais regionais – a lutar por se manter à tona de água a cada momento. A lutar contra o IVA das facturas que não lhes fo-ram pagas, e das contas por saldar há me-ses, às vezes até anos.

Muitas vezes a viver da publicação de editais e outras obrigações públicas, estes órgãos de comunicação asfixiam à espera de um pagamento.

Depois, são as vendas que baixam e as assinaturas que por falta de apoio, e em contra senso com a sua função, ficam mais caras ao leitor do que comprar o jornal no quiosque da esquina.

Mas vi também as pessoas que espe-ravam religiosamente o jornal de manhã junto ao quiosque e reclamavam pelo atra-so da chegada, ou as senhoras que telefo-navam a reclamar uma falta na página do horóscopo e as polémicas, o fervor que as pessoas da terra discutem aquilo que é seu e lhes toca.

Ninguém espera junto ao quiosque um jornal nacional, com a paixão com que espera as notícias da terra. Disso estou certa.

Mas muitos são os jornais locais e re-gionais que ao longo dos últimos tempos têm fechado as suas portas. São os desíg-nios de uma economia em declínio. Os as-sinantes que se perdem com os anos e que as novas gerações não substituem, as pá-ginas de publicidade que não chegam à re-dacção e as vendas em queda livre que não deixam alternativa.

Cada jornal que fecha é uma voz a me-nos na nossa comunidade, um decréscimo da nossa liberdade de escolha e na plurali-dade de opiniões.

São também pedaços de história das comunidades que deixam de ser docu-mentados. Um arquivo valioso da vivência de pequenas populações para quem a In-ternet é ainda algo estranho e longínquo. O jornal da Terra é o único porta-voz das boas e más notícias.

Mas a agonia destes pequenos meios agrava-se a cada mês que passa. Muitos sobrevivem ainda graças à boa vontade daqueles que ao longo dos tempos enca-raram o jornalismo de proximidade como uma arte que não se pode perder mas que infelizmente está a desaparecer.

O declínio do jornal local

Ângela Mendes - JornalistaRevista Pormenores, Portalegre

Mudança de morada postal e novas instalaçõesA partir do dia 1 de Setembro o mensário informativo NOTÍCIAS DE COLMEIAS vai mudar a sua morada postal e terá

novas instalações. Assim, para qualquer informação, pagamento de assinatura ou outra informação, o favor de escrever ou de se deslocar à Rua das Bouças, nº 12 – Valongo – 2420-225 Colmeias Portugal.

Poderá também ligar para 244 721 747 ou 939 688 866.

Pagamento de AssinaturasPara além da nova morada em Valongo para tratar de qualquer assunto do nosso jornal, a assinatura também poderá ser

paga no Café Mendes, em Eira Velha, de Segunda-feira a Sábado.A Direcção do jornal NOTÍCIAS DE COLMEIAS agradece a atenção dispensada.

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www.noticiasdecolmeias.com� notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010

Festival de Sabores e Tradições de Colmeias

Iniciativa não atingiu objectivos pretendidos mas primou pelo formato inovador

A primeira edição do Festival de Sabo-res e Tradições de Colmeias, organizada num novo conceito, no Campo de Jogos de São Miguel, decorreu de 15 a 18 de Ju-lho. A iniciativa de 2010, muito mais ambi-ciosa que as anteriores, não conseguiu al-cançar o número suficiente de participan-tes mas surgiu com inovações na gastro-nomia que os restaurantes disponibiliza-ram no evento e na animação durante os quatro dias do festival.

No primeiro dia do evento, 15 de Julho, actuaram os ‘FH5’. Raul Castro, Presidente da Câmara Municipal de Leiria e Gonçalo Lopes, Vereador da Cultura e Educação da Autarquia leiriense, juntamente com ou-

tros autarcas da região, estiveram presen-tes no evento e num jantar especial que marcou o arranque do festival que preten-deu trazer ‘novos sabores’ à terra.

No dia 16 a actuação dos famosos ‘Função Pública’. Na ocaisão, a banda fez a oferta de uma caderneta que sorteará uma viagem a Palma de Maiora em mea-dos de Outubro deste ano.

No Sábado, 17 de Julho, estiveram pre-sentes o Rancho Folclórico das Meirinhas, os ‘Acordeões em Sintonia’, com a presen-ça do Colmeense Nelson Marto, José Cid e Big Band e finalmente os ‘Auditorium’.

O derradeiro dia, 18 de Julho, propor-cionou aos visitantes do festival mais mo-

mentos de folclore português com os ran-chos do Casal da Quinta e de Leiria. Pela noite dentro, a banda sensação de Col-meias ‘Bee Hive’ mostrou que embora re-cente já se apresenta com boa qualidade musical.

Quatro dias com muita animação mas também uma excelente gastronomia. As ementas tradicionais portuguesas foram a delícia dos muitos visitantes. No recinto, como novidade, foi montada uma taberna típica e introduziu-se a oferta do porco no espeto.

Esta quarta edição do Festival de Sa-bores e Tradições de Colmeias surgiu com melhores condições, um programa de en-

tretenimento e gastronómico com ofer-ta mais variada e de acordo com o próprio nome do festival ‘sabores e tradições’. Na opinião de muitos visitantes, “o progra-ma de animação foi excessivamente caro para o orçamento e as entradas pagas, fo-ram o ponto menos positivo da iniciativa”. Artur Santos, Presidente da Junta de Fre-guesia de Colmeias, referiu no último dia do evento, “assumo todas as responsabili-dades de algum aspecto que tenha corrido menos bem mas o balanço de tudo o que se fez foi amplamente positivo”.

Joaquim Santos

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notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010 �

OPINIÃO

Realizou-se de 15 a 18 de Julho o Fes-tival de Sabores e Tradições de Colmeias. Podemos discutir a localização do evento, o custo do mesmo e até mesmo a forma como foi organizado. Tudo pode ser ob-jecto de análise, num Estado democráti-co, onde os cidadãos têm liberdade e direi-tos consagrados para exercerem os seus direitos.

O Festival de Sabores e Tradições de Colmeias foi uma iniciativa da Junta de Freguesia de Colmeias, em colaboração com algumas instituições da freguesia, mostrando uma vez mais o que represen-tam, assim como os serviços e produtos que promovem na freguesia.

No final de cada iniciativa chega-nos sempre o tempo de balanço, de mostrar o saldo. Não devemos apenas contabilizar os resultados financeiros, elemento tão criticado deste evento, mas também ao que se fez para promover e fomentar ini-ciativas na freguesia de Colmeias e à ten-tativa uma vez mais gorada de termos mais bairrismo e orgulho no que se faz na nossa terra.

Se quiser efectuar uma análise ao

campo financeiro, não me poderei pro-nunciar porque não conheço as contas fi-nais. Mas, posso afirmar que a Junta de Freguesia ao realizar um evento desta na-tureza, promoveu uma vez mais a nos-sa terra, num esforço de muitas pessoas que durante várias semanas, trabalharam de forma desmedida para tornar possível esta edição de 2010 do festival. Cada vez são menos as pessoas que se entregam às iniciativas locais e este Festival de Sabores e Tradições de Colmeias ainda poderia ser uma maior amostra do que se faz na nos-sa freguesia.

Por isso, não podendo efectuar um ju-ízo sobre os débitos e créditos, nos mon-tantes do gasto e dos lucros obtidos, pode-rei afirmar que esta iniciativa primou pelo seu modelo arrojado e inédito, num recin-to com melhores condições e com novas propostas gastronómicas e de animação. Nesse capítulo, afirmo que valeu a pena. Foi pena, isso sim, verificar que muitos Colmeenses, uma vez mais se demitem de ajudar nas iniciativas da terra, remetendo-se ao silêncio do conforto das suas casas ou então na crítica feroz, tão infelizmente

vulgar por estas paragens.Assim, não se consegue fazer nada de

construtivo nesta terra. Para onde a socie-dade Colmeense quer caminhar desta for-ma? Não temos o direito de criticar se nada fizermos de construtivo, porque juntos po-deremos ser um reforço às iniciativas des-ta freguesia. Já era tempo de pensar colec-tivamente, sem hipocrisias, sem jogadas de bastidores, sem o símbolo da honesti-dade e frontalidade. O Festival de Sabores e Tradições fez-se… Houve algo mal fei-to? Para o ano de 2011, vamos lá a melho-rar. Já perguntou a si próprio o que fez para que tivesse sido melhor e diferente?

As duas críticas que fiz ao Sr. Presiden-te da Junta de Freguesia, Artur Santos, for-malizei as mesmas directamente ao visa-do. Passo a citar. As duas coisas que alte-raria em relação ao formato de 2010, seria reduzir o orçamento previsto no orçamen-to para os artistas contratados e também possibilitar acesso gratuito ao espaço do festival. Quanto ao restante programa e formato do evento, pessoalmente, consi-derei uma evolução face às outras edições, embora também tenha gostado do esfor-

ço dos anteriores executivos. Tudo o que seja para engrandecer Colmeias eu apoio. Poderia ser melhor? Quem é perfeito? Só quem faz poderá ser ajuizado mas os que nada fazem ficarão remetidos ao esqueci-mento da história.

Na nossa terra e preciso que tenha-mos uma atitude participativa, numa cla-ra certeza que todos precisamos de to-dos. Ao não ajudarmos os nossos pares que igualmente querem promover a nos-sa freguesia estamos a dificultar e a hipo-tecar futuras realizações. É por isso que esta é uma terra cada vez mais órfã de ini-ciativas locais. A Junta de Freguesia, as as-sociações, os clubes e até mesmo o nosso jornal, juntos conseguiremos atingir os ob-jectivos comuns. Será que custa muito en-caixar que todos sairemos beneficiados? Questione-se de forma profunda sobre o que tem feito e o que poderá fazer futura-mente por estas organizações/instituições de Colmeias. Tire as suas próprias conclu-sões e a seguir tente agir. Colabore. Parti-cipe.

Joaquim Santos

Fazer alguma coisa em Colmeias é obra quase impossível

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www.noticiasdecolmeias.com� notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010

18 de Setembro de 2010

Vem reviver os nossos tempos de criança Traz os teus filhos e netos

Organização a cargo de: Telefone Telemóvel E-mail

Aquilino Ferreira GasparRua de S. Silvestre, 96 2420 – 202 Chã / Colmeias

244 722253 93 6267856

Manuel Bento dos SantosRua Central, 28622420 – 192 Alfaiatas / Colmeias

244 722121 96 5002885 [email protected]

Maria Sousa João Dias SilvaLargo Padre Carvalho, 9, 4.º E2410 – 093 Leiria

244 827604 96 1244700 [email protected]

Silvino Ferreira GasparRua José Carlos Afonso, 222410 – 049 Leiria

244 814050 96 4029650

1.º ENCONTRO / CONVÍVIOANTIGOS ALUNOS DA

ESCOLA PRIMÁRIA DE COLMEIAS

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notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010 �

Aposte no Chão RadianteO aquecimento de pavimentos não é

um conceito novo, mas esta a ganhar po-pularidade, especialmente devido ás van-tagens impares que oferece. Conforto, se-gurança, economia, liberdade de design e manutenção, são apenas algumas das áreas onde este tipo de aquecimento tem marcado pontos em relação aos seus con-correntes. O aquecimento de pavimento funciona por meio da circulação de água quente através de tubos de polietileno (re-ticulado). Ao contrário de outros sistemas de aquecimento, os tubos estão instala-dos no pavimento e formam uma rede que abrangem todo o espaço. A água que cir-cula esta aquecida transformando todo o chão num emissor de calor de baixa tem-peratura, o conforto é mantido através do aquecimento por radiação, e não através de convecção, que é a característica prin-cipal do aquecimento por radiadores.

ConfortoA área de superfície do chão irra-

dia calor para a sala onde e necessário, proporcionando uma suave e envolvente sensação de conforto. Os pontos quen-tes, correntes de ar e áreas frias, que são típicos das fontes de calor localizadas e de alta intensidade, são assim evitados. A instalação sob o pavimento está con-cebida de modo a fornecer a quantidade de calor adequada as condições da sala em questão, por exemplo, proporcionan-do uma “divisão por zonas”, o que permite distribuir diferentes níveis de calor por di-ferentes partes da mesma sala.

ControloOs sistemas de controlo que benefi-

ciam de uma tecnologia de chips de sili-cone permitem que os sistemas de aque-cimento do pavimento por irradiação pos-sam ser utilizados de forma a fornecerem uma fonte de calor altamente eficaz.

EconomiaO facto de o calor estar concentrado

exactamente onde é necessário, onde as pessoas se encontram e não nas áreas do tecto permite poupanças significativas. O aquecimento de pavimento está concebi-do para utilizar as mais eficientes caldei-ras de condensação actuais, as quais pro-porcionam uma poupança máxima atra-vés das baixas temperaturas da água de retorno.

Liberdades de designOs radiadores são naturalmente con-

dicionantes; as opções quanto à disposi-ção dos móveis tornam-se mais reduzidas e a decoração mais difícil. Sem esta condi-cionante é possível fazer uma abordagem diferente ao espaço em termos de de-sign de construção ganhando mais espa-ço e dando aos arquitectos maior liberda-de para tentarem novas ideias e formas. A escolha do tipo de pavimento é também variada: é possível escolher na fase do de-sign, entre alcatifas, madeira, pedra, PVC e outros acabamentos.

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notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010 �

Desde Outubro de 2008 que Manuel Antunes tem à beira da estrada do Valon-go, perto da sua residência, uma constru-ção de bonecos em movimento que mos-tram as suas profissões ao longo da sua vida, assim como alguns dos passatempos preferidos do artesão. Do resineiro ao ser-rador, do pedreiro ao regar os campos, do palhaço do circo ao burro que dá coices e do típico moinho de vento até ao grupo de

amigos que se junta para beber umas cer-vejas e jogar umas cartas, tudo serviu de base para mostrar as preferências de Ma-nuel Antunes que ao longo de 79 anos de vida experimentou várias actividades pro-fissionais e sociais.

O Colmeense tem esta construção vi-sível para quem passa em frente da sua casa e são muitas as pessoas que o visitam para ver os bonecos em movimento. Atra-

vés de um motor eléctrico, o palhaço bate os testos das panelas, o burro dá coices, o homem que rega coloca as noras a rodar, os serradores cortam o tronco e o resineiro faz o desgaste no pinheiro para colocar os púcaros que recolhem a resina.

Manuel Antunes levou perto de um ano a construir a plataforma de bonecos e actualmente deseja que seja apreciada por mais pessoas.

Em Valongo, Manuel Antunes recriou as suas profissões com uma construção artesanal

Crianças e graúdos deliciam-se com os bonecos em movimento

A Primavera chega vestida de verde e enfeitada de mil cores. Sente-se o perfume no ar de uma estação em flor! Tudo parece contente: as árvores verdinhas dan-çam, as flores sorriem, os pássaros esvoaçam pelos céus e conversam à sua maneira, fazendo planos para iniciar a construção dos ninhos e criarem a «filharada».

Os campos, esses, parecem espaços completa-mente relvados e salpicados de florinhas silvestres, que a natureza foi dispondo a seu gosto e espelhando, em tufos, ou canteiros de variadas cores. A temperatura está amena e o sol brilha e aquece. Margarida acorda e abre a janela do seu quarto. Parece que um raio de sol vem convidá-la até ao jardim da sua casa. Desce a esca-da e presta mais atenção a tudo o que a rodeia. Há mais luz, os canteiros estão floridos e a relva viçosa. Nesse dia, resolve não olhar para as casas e nem ver as pesso-as a saírem para a rotina do trabalho, nervosas e apres-sadas, enquanto os carros se acotovelam nas ruas. Ela fica muitas vezes sozinha e, embora já esteja habitua-da, sabe Deus quanto lhe custa.

Às vezes pensa em fugir pois sente o coração aper-tado por não ter ninguém junto dela, para ouvir as suas queixas e os seus desabafos.

Pensa, também, na tristeza de muitas outras crian-ças que ainda estão mais sozinhas, pois nem sequer co-nhecem os pais nem família. Ignoram a doçura de um lar, neste mundo tão agressivo e sem amor.

E muito baixinho, diz:- Como ficaria feliz se encontrasse agora um ami-

go! Descontraída, começa a saltitar pela relva verde-

jante. De repente, ao levantar o pé direito, para dar mais um saltinho, fixa o olhar numa coisa que lhe pa-receu estranha. Que havia de ser? Um caracol cami-nhando a passo lento, lento demasiado para os novos tempos. Certamente, ele queria chegar ao seu destino.

Margarida, curiosa, inclina-se sobre ele e faz-lhe algu-mas perguntas:

- Como te chamas? E para onde vais? Vais por os “corninhos” ao sol?

Ele fica indiferente às perguntas da Margarida e prossegue na sua marcha, tão devagarinho que chega mesmo a irritá-la

Mas., fixando-o novamente, disse para consigo:- Ora aqui está um companheiro e, talvez, um ami-

go que não me vai causar problemas. Sim, porque mui-tas vezes, os amigos zangam-se connosco e quebram os laços de amizade.

A Margarida lá tinha as suas razões… Volta à con-versa e diz-lhe:

- Afinal podemos ser amigos verdadeiros! Queria

desabafar contigo, contar-te a minha história e falar-te da minha solidão

O caracol, em voz muito baixinha, responde:- Eu também acho que sim.- Porque és tão lento? Pergunta a Margarida.- Foi a natureza que me fez assim e acho bem. Des-

ta maneira não vou morrer de ataque cardíaco. - Tens razão. Grande parte das doenças e das mor-

tes é causada pelo stress da vida apressada que as pes-soas levam.

- E porque levam essa vida tão apressada?- Porque querem fazer muitas coisas ao mesmo

tempo.- Isso é impossível! E o tempo tem os seus limites.- Mas os que mandam dizem que, a favor do pro-

gresso, tudo vale a pena.- Bem, isso é coisas dos humanos! E ao menos vi-

vem felizes?- Penso que não, pois, os meus pais dizem que anda

toda a gente doida e com a cabeça nas nuvens.- Ora! Ora! Vamos com calma. Vejo que demasia-

do “progresso” não é assim tão bom como anunciam. Eu bem sei o que sofro com a poluição e com os pes-ticidas.

- Que posso fazer?- Parece que há muito que fazer e tu irás aprenden-

do, ao longo dos tempos, como se poderá construir um mundo melhor, sem tanto stress nem tanta poluição. Olha, eu vou continuar a correr muito devagarinho, muito devagarinho pois preciso de ir à minha vida.

A conversa está agradável, mas o dia começa a es-curecer e eles despedem-se amigavelmente.

Agora, todos os dias, após as aulas, Margarida e o caracol encontram-se no jardim onde têm longas con-versas e se divertem muito.

Esta é, na verdade, uma amizade diferente e sau-dável! Até o sol passou a brilhar com mais intensidade e o céu ficou mais azul, por vê-los tão felizes!

João Domingues Alves C. PiresIdade: 12 anos

Leiria

A Margarida e o caracol

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www.noticiasdecolmeias.com10 notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010

Em 20 de Agosto de 1965, o Excelen-tíssimo Director de O Mensageiro chamara à liça da investigação histórica vários colec-cionadores de «velharias»,para que disses-sem da sua justiça quanto à freguesia de Colmeias e outras terras circunvizinhas.

Dos chamados, só quem estas linhas escreve apareceu a terreiro, com três ar-tigos, intitulados S. Miguel de Colmenis- Priorado de Santa Cruz de Coimbra, onde ficava Alcouvim? E S. Miguel do Monte- S. Miguel de Alcouvim. Foi isto em 1965.

Parte dos documentos aduzidos fo-ram o resultado de persistentes buscas e visitas à Biblioteca Erudita de Leiria, nas tardes de sábado. Temos, no entanto, de penitenciar-nos de outras leituras peca-rem por serem bastante remotas, muito para além do ano da graça de 1954 (ulti-mamente invocado por outro amador de velharias), e poderem, por isso mesmo, enfermar de antiguidade.

Referimo-nos, por exemplo, à leitura feita na Revista da Universidade de Coim-bra de um trabalho de homenagem à gran-de romanista D. Carolina Michaelis de Vas-concelos, onde se inclui, entre vários docu-mentos sobre o termo leiriense, a permu-tationem seu comcanbium do reguengo de Maçanaria, registada no Livro I de Doa-ções de D. Afonso III, fl. 70 V e 3, fl.19 e ain-da no Livro 2 de Direitos Reais, fl.238. Se houver qualquer pequeno lapso nesta ci-tação, pedimos desculpa ao leitor, pois já vão longe os anos de 1941 e 1942, em que, por obrigação profissional, fizemos a pri-meira leitura da citada Revista da Universi-dade de Coimbra. Aí, qualquer interessado poderá fazer elucidativos confrontos com quaisquer transcrições diplomáticas que haja feito sobre a matéria versada.

Como certamente muitos terão pre-sente, aludimos a esta histórica permu-ta no nosso artigo S. Miguel de Colme-

nis- Priorado de Santa Cruz, n º 2488 de O Mensageiro, olvidado pelo pesquisador que ultimamente acorreu à travessia do rio seja o Letes, o rio do esquecimento, tão celebrado pelos autores da antiguidade...

Tinhamos prometido aos leitores de O Mensageiro tratar oportunamente da fre-guesia de Colmeias, ao escrevermos: «Col-menis e S. Miguel do Monte ficarão para quando o diálogo desejado pelo Excelen-tíssimo Director de O Mensageiro se tor-ne realidade». Agora que o diálogo acon-teceu, não podemos faltar à promessa, embora tenhamos que dizer, desde já, que certos pormenores, com cotas e transcri-ções, receberão maior desenvolvimento, quando falarmos desta freguesia em No-tas e Aditamentos a O Couseiro.

Vamos seguir de perto, para melhor apreciação, os artigos recentemente pu-blicados, confessando, porém, para nos-sa salvaguarda, que nunca tivemos opor-

tunidade de dialogar com ninguém, acer-ca das Colmeias, excepto o Reverendo Pa-dre Lacerda, cuja lição nos mereceu sem-pre a maior atenção e interesse.

Começamos, assim, numa situação desfavorecida em relação ao nosso inter-locutor, que diz ter sido convidado para escrever uma monografia das Colmeias e que pôde dialogar com um falecido páro-co desta freguesia sobre várias matérias de interesse, entre as quais a própria topo-nímia regional.

Alfredo de Matos

OBS: O mensário NOTÍCIAS DE COL-MEIAS nos próximos meses vai apresen-tar um conjunto de textos dedicados a Col-meias, publicados no jornal “O Mensagei-ro” entre 17 de Fevereiro e 7 de Abril de 1966. Este levantamento efectuado parece-nos um bom contributo para perceber melhor a história de uma freguesia ancestral.

Ecclesiade Colmenis

Colmeias no jornal

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notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010 11

O jovem Fábio Gaspar, do Barreiro, com apenas 20 anos de idade, é uma espe-rança na criação artística. Na sua bagagem já soma um palmarés de criações e de pré-mios que distinguem os seus trabalhos.

Cumpriu a frequência de dois anos no curso superior de Engenharia Civil no ISEC de Coimbra e actualmente é desenhador/medidor orçamentista na empresa “Ar-quitecta Tânia Ventura”, em Pombal. Na sua actividade desenvolve medições e or-çamentos, executa desenhos técnicos de construção civil e cria projectos e três di-mensões (3d).

Mas Fábio Gaspar encontra na criação artística a sua satisfação pessoal. No de-senho, fotografia, pintura, edição de víde-

os e fotografia, construção de logótipos e cartazes e a construção de maquetas, são vertentes que o jovem artista explora todo o seu apurado sentido criativo.

O conjunto de prémios e distinções que Fábio Gaspar já recebeu são imensos, no período de 2003 a 2010. O último trabalho premiado foi entregue no dia 5 de Junho, com o primeiro lugar alcançado no concur-so de ideias para o logótipo da Casa do Pes-soal do Hospital Distrital de Pombal.

Percurso artístico de Fábio Santos 2003: Vencedor do 1º prémio do concur-so de desenho “Ano Europeu das Pessoas com Deficiência”, (organizado pela Câma-

ra Municipal da Marinha Grande pelo Cen-tro da Área Educativa de Leiria e pelo Go-verno Civil de Leiria)2005: Vencedor do 1º Prémio do concurso literário “Ao som da Imaginação”, (organi-zado pela Escola Básica Integrada de Col-meias)2008: Vencedor do 1º Prémio do 1º Con-curso de Fotografia da ETAP na categoria “tema livre”, (organizado pela Associação

de estudantes da Escola Tecnológica, Ar-tística e Profissional de Pombal) 2009: Menção Honrosa no concurso de fo-tografia 2009 – Freguesia de Taveiro (or-ganizado pela Junta de Freguesia de Ta-veiro); 2º classificado no concurso de ideias para um Monumento ao Músico – do 140º aniversário da Filarmónica Tavei-rense (Organizado pela Junta de Fregue-sia de Taveiro)2010: Vencedor do 1º prémio do concurso de ideias inovadoras para um produto Hi-Tech da Chipicao (Organizado pela Chipi-cao); Vencedor do 1º prémio do concurso de ideias para o logótipo para a Casa do Pessoal do Hospital Distrital de Pombal – CPHDP (organizado pela CPHDP)

Colmeense Fábio Gaspar e o seu lado artístico

O valor e a arte de criar

“Houve um silêncio no mundo que me assusta e Aristides de Sousa Mendes de Sousa Mendes foi a excepção”, assume Mi-riam Assor, jornalista e autora do livro Aris-tides de Sousa Mendes – Um Justo Contra a Corrente. Em 1940, o cônsul português em Bordéus assinou, num muito curto es-paço de tempo e contra as ordens do regi-me de Salazar, os vistos de milhares de pes-soas em fuga a Hitler. Oficialmente salvou 30 mil seres humanos, entre judeus e não ju-deus. Recebeu ameaças do Estado. Prosse-guiu na sua certeza de que há valores mais altos do que a vontade de qualquer gover-nante e quer, por isso mesmo, não mere-cem obediência. Resultado? “ Pelo seu acto de coragem (do qual nunca se arrependeu) foi perseguido e castigado mesmo após o fim da Guerra”. Teve um fim de vida mise-rável na terra onde nasceu, Cabanas de Vi-riato. Oskar Achinelei, segundo Miriam As-sor, não se lhe comparou: Schindler é co-nhecido. Para mim não são comparáveis: o empresário alemão ganhou dinheiro e nun-ca se desvinculou do partido nazi. Este ho-mem nunca pertenceu ao partido nazi; sal-vou pessoas e estragou a sua vida.” Acres-centa: “O acto de Aristides de Sousa Men-des é consciente. Já tinha sido avisado pelo Antigo Regime de que se passasse mais vis-tos sem autorização teria um processo dis-ciplinar à porta. ”Em Julho de 1940 “quan-do França é invadida: Lille, Paris... ele de-para-se com um mar de aflitos (já se tinha deparado em Março e em Maio) e no meio de uma conjuntura política de chacina – em 1940 não há ainda qualquer solução à vista – assume-se um visionário; percebeu que as pessoas precisavam de ser salvas pois não iam para um campo de trabalho ou para um campo de férias mas iam ser mortas!”

Aristides de Sousa Mendes agiu con-

tra as ordens da célebre Circular 14, emiti-da pelo Ministério dos Negócios Estrangei-ros português a 11 de Novembro de 1939 (cerca de dois meses após rebentar a Se-gunda Guerra Mundial). Enleva Miriam As-sor que estas “ definiam que os cônsules não podiam dar vistos sem prévio aval do MNE. A quem? Às pessoas que estavam aflitas...comunistas, antifascistas, judeus, apátridas (e estes eram quase todos Judeus...” Rema-ta: A Circular 14 é o ponto em que Portu-gal, que vivia uma neutralidade (só) aparen-te, pactuou com os nazis até que seja per-cebido que a guerra não vai ser ganha pe-los alemães.” Justifica: “Não ponho em dú-vida que não quisessem cá judeus simples-mente porque era a vontade de Hitler. Se Hitler não quisesse amarelos, pretos ou ver-melhos, então essa seria a posição de Sala-zar. Acho que Salazar foi pró-nazi da mes-ma forma que se o Hitler dissesse: ‘ Viva a mini-saia! ‘ andaríamos aqui todos de mini-saia. Salazar não queria era problemas.” Com o desfecho do conflito mundial, a du-alidade do pai da trilogia “Deus, Pátria e Fa-mília” veio ao de cima. A jornalista estaca: ”Salazar era, de certeza, bipolar. Os discur-sos a seguir à Guerra são assustadores – pa-rece que fomos sempre pró-aliados. Encon-trei, por exemplo, no Diário de Notícias da época, informação em que no dia a seguir ao fim da II Guerra, Salazar faz um discurso que exalta a cumplicidade com Inglaterra. Quatro dias antes, também no DN, faz ape-lo ao luto português pela morte de Hitler. Fi-quei a perceber que o Antigo Regime não ti-nha medula!”

Por sua vez, Aristides de Sousa Men-des sentiu na pele, até aos seus últimos dias, o preço de ter desafiado Salazar. Demitido pelo Regime, todas as portas se lhe fecha-ram. Ficou sem fonte de rendimento. A fa-

mília teve que sair do país e dispersar-se pelo mundo. “A quem dizia que era Sousa Mendes ninguém lhe dava emprego”, conta Miriam Assor aproveitando para sublinhar: “Ele acaba sozinho na sua casa e, por sua vez, as dívidas eram tão grandes que esta termina em hasta pública! Acho que a popu-lação também não esteve à altura. Hoje vai-se a Cabanas de Viriato e ainda se vê que um tem um casaco que era do Aristides, outro uma chávena que foi dele, outro ainda umas salvas de prata...isto não pode acontecer! Um País tem que apanhar isto tudo!” Nes-se âmbito, a jornalista alerta para o estado em que actualmente está a casa que perten-ceu ao cônsul: ”Parece uma assombração! Em 1998, Jaime Gama teve uma atitude de grande ombridade ao dar dinheiro para que a casa de Aristides fosse comprada. Toda-via, apesar de ser classificado Monumen-to Nacional desde 2005, o Estado não fez nada; esta casa – que devia ser um museu – continua em avançado estado de degrada-ção; está a cair...” Findo mais de meio sécu-lo sobre a morte do cônsul português (fale-ceu a 3 de Abril de 1954), Miriam Assor não aceita que Portugal seja o país que mais difi-culdade tem em reconhecê-lo: ”há uma rua,

que é um cubículo em Telheiras, que se cha-ma Aristides de Sousa Mendes. No entanto, vai-se à Áustria, a Paris, aos EUA, a Israel...e há avenidas com o nome dele! Os france-ses pensam que ele é francês, os belgas que é belga, os americanos que é americano, os israelitas que é israelita... mas é português! Nasceu em Cabanas de Viriato!” Comple-menta: ”Há um museu em Israel (que foi o primeiro país que o reconheceu) com uma ala dedicada a Aristides Sousa Mendes. Há uma floresta, chamada Alameda dos Jus-tos, onde estão plantadas árvores em sua homenagem. Que Bruxelas quis prestar a de Aristides Sousa Mendes...por que é que aqui temos tanta dificuldade em reconhe-cê-lo?” Conclui:” A minha opinião é que o país que não tem memória não tem alma. Sinto que Portugal tem alguma reticência em reconhecer este tipo de pessoas. Ele foi o único que, sozinho, propulsionou a maior acção de resgate do Holocausto. Não hou-ve outro!”

Quando se sabe de antemão que Mi-riam Assor nasceu e cresceu no seio de uma família judaica ortodoxa e o seu pai, Abraham Assor, foi rabino da comunidade israelita de Lisboa durante cinquenta anos, há que perguntar: até que ponto as suas pró-prias raízes e sensibilizam de forma acresci-da para o Holocausto e para o heróico gesto de Aristides de Sousa Mendes? A resposta é frontal e dada sem hesitações: “Não é preci-so ser judia para que o Holocausto seja um motivo para que eu escrevesse. Na minha família não tenho ninguém que tenha mor-rido no Holocausto. O meu pai é de Marro-cos e a minha mãe brasileira. Não tenho nin-guém que tenha morrido em Auschwitz, no entanto, para mim é como se estivessem todos mortos.

Orlando Fernandes

ARISTIDES DE SOUSA MENDES

O “REGIME SEM MEDULA”

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notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010 1�

José Daniel nasceu em Colmeias – Lei-ria a 31 de Outubro de 1757, donde cedo saiu. Chega a Lisboa aos dois anos de ida-de, onde falecera a 7 de Outubro de 1832.

Sob o pseudónimo de Josino Leirien-se, que usava nas tertúlias da Arcádia Lu-sitana, Rodrigues da Costa teve uma vida de notoriedade social e intelectual, teste-munhadas em várias obras literárias que publicou, quase sempre sob a forma de folhetos, que se vendiam como “livros de cordel”.

Foi promovido a Major da Le-gião Nacional do Paço da Rainha. Go-zou da protecção do Intendente-Ge-ral Pina Manique, empenhado em man-ter a ordem social e reprimir os ide-ais iluministas da Revolução Francesa e seus defensores, como o poeta Bocage. Ontem como hoje, ter uma “boa protecção” era meio caminho andado para a fama... se houvesse alguma arte, também ajudava! Atentemos no percurso destes dois ho-mens, enquanto o “protegido” via a sua obra ser divulgada e apadrinhada, o “crí-tico” de “ideias arrojadas e perigosas”, era repelido. Mas como sempre, a verda-deira arte triunfa: Bocage permanecerá para sempre no universo do nosso conhe-cimento, enquanto José Daniel Rodrigues da Costa talvez não esteja esquecido pre-cisamente por Bocage ter existido.

Uma das suas obras mais célebres será «O Balão aos Habitantes da Lua» (1819). Desta obra deixo aqui o seu prólogo:

Com a cabeça lá por esses ares – Cá por certas razões particulares –, A fazer um Poema corri pronto, Mas fiquei ainda mais aéreo e tonto! E talvez que saísse limitado, Pelo fazer no ar muito apressado: Que feito ser não pode com assento Tudo o que tem no ar o fundamento. Agora, qual Balão que atrai o povo, Eu me apresento ao público de novo:

Subindo pouco e pouco sem perigos, Na lembrança entrarei dos meus Amigos, Dos meus Apaixonados, meus Leitores, Dos Assinantes meus e mais Senhores Que em Belas-Letras são do meu partido, Que as minhas Obras têm comprado e lido, A rogar-lhes, pedindo acolhimento, – Ou me encontrem ou não merecimento –, Para que o meu Poema gasto seja E produza uma cousa que se veja. Ou papel ou metal, tudo convém Apesar do defeito que ambos têm: Que o dinheiro papel, que nos consome, Qualquer vento que vem o leva e some; E o metal, que em despesas o consumo, É um ar que lhe dá, torna-se em fumo! Mas deixando o que já não tem melhora, Da Máquina tratar pretendo agora. Notei que ela subiu com gravidez, Que teve o bom-sucesso nesse mês:

Sem parteira ou parteiro, desovou E os ares de filhinhos povoou; Pois viram-se, por ópticas lunetas, Todos eles tornados em Cometas, Que eram uns Balõezinhos muito anões Por cima da Travessa dos Ladrões, No sítio de Pedrouços, em Almada, No Rossio, Olarias, na Tapada, Fora alguns que, segundo o que se pensa, Ficaram afogados à nascença. Mas visto que esta mãe em tanta lida Fora no parto seu bem sucedida... Que muito que eu também deseje agora Que este Poema tenha boa-hora! Não se estranhe a prenhez ver-se hoje em macho, Que igual sucesso nas Gazetas acho: Pois já houve um rapaz que, sem defeito, Lhe tiraram de dentro outro sujeito. Na verdade me vejo confundido

Do que em Lisboa tem aparecido! Que se mais dez ou vinte anos aturo, Ainda espero de ver, eu lho seguro, Que algum, que venha aqui de engenho e arte, Tente a terra furar de parte a parte, Para ouvir os Antípodas falar E podermos com eles conversar. Empreende-se ir além das nuvens rotas! Em vez de botes, navegar em botas! Uns cumprem o que dizem, outros não, No entanto, haja prazer, viva a função! Mas entre tudo quanto se tem feito, Subir ao ar merece algum respeito: Pois não é cousa pouca em quem se anima A andar de guarda-costa lá por cima. Porém talvez mais útil se fizesse, Se caça nos piratas dar pudesse: Ora descendo ao mar, ora subindo, E onde quer que os achasse, ir-lhes caindo, Qual falcão, vendo a lebre, aceso em fogo. Que em cima. como um raio, lhe cai logo, A dispersar aquela cruel praga Que o Comércio do mundo estorva e es-traga! Fúrias que de veneno são nutridas, Que aos Navegantes roubam, tiram vidas. O meu herói brilhar deve na História Ir o seu nome ao Templo da Memória; Confessar lhe devemos a destreza, O grande arrojo, a impávida afouteza; E o seu merecimento abalizado Seja ao Globo em meus versos decantado. Argumento

Matemáticos pontos combinando, Tendo por base a grande Astronomia, Um Génio, que não tem nada de brando, Projecta ir ver o Sol, fonte do dia: Em pejado Balão vai farejando, Subindo mais e mais como devia; Divisa a Lua, mete-se por ela, Pasma de imensas cousas que viu nela.

Poeta Colmeense José Daniel Rodrigues da Costa viveu entre 1757 e 1832

“Josino Leiriense” foi o amado da Corte de Portugal

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www.noticiasdecolmeias.com1� notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010

à sombra da bananeira 67 Manuel Bento dos [email protected]

1 – “Ser ou não ser, eis a questão”.Esta frase, é de William Shakespeare,

um poeta e dramaturgo inglês, tido por muitos como o poeta nacional da Inglater-ra. Ainda que distante do significado da fra-se de Shakespeare deixem-nos, por agora, fazer uma adaptação: Escrever ou não es-crever, eis a questão.

A vontade de escrevermos, e darmos a conhecer sobre o que nos aconteceu, como que em testemunho, apareceu-nos sem nos apercebermos bem como, nem saber-mos a razão. Simplesmente, sentimos uma necessidade profunda, como que um ape-lo. A seguir sentimos a vontade do não, depois a da incerteza. Gerou-se uma con-fusão, um conflito. Foi a dúvida. Por vezes com vontade de escrever e outras com von-tade de não escrever. Foi este o nosso gran-de dilema.

Que deveríamos fazer? Dá-lo a conhe-cer ou não? Para quê ou para quem? Será que alguém esteja interessado em ler? Fará bem a alguém? Mal não faz, pensámos. Lembrámo-nos das recentes palavras do Papa Bento XVI, em Portugal, sobre a “exis-tência de crentes envergonhados”. Não querendo fazer parte desse grupo, ganhá-mos alguma coragem e, ainda que com al-gum receio, avançámos e escrevemos.

Mesmo que na dúvida e o tal receio, cá vai.

Sabemos muito bem que “Meter a foi-ce em seara alheia é sempre difícil e perigo-so”, seja sobre que assunto seja. Mas num assunto religioso, que não dominamos ou não dominamos bem, é bastante pior. Po-deríamos ter pedido ajuda. Não o fizemos, para o bem e para o mal. Entendemos que assim seria mais genuíno, mais puro, ain-da que carregado da ingenuidade de quem pouco sabe. A responsabilidade é só nossa.

Se, até mesmo nas nossas Notas men-sais, há tantas e tantas mensagens que não são perceptíveis, ou melhor, parecem não o ser, pois, por vezes, algo a quem são diri-gidas, por muito ocultas que pareçam, esse alguém entende-as e “assobia para o lado”, ou “atira para fora, ou para canto”. Não lhe convém entender. Se, repetimos, até nessas avançámos, qual a razão para não avançarmos agora?

A presente, a princípio, talvez seja pou-co perceptível para a grande maioria mas nós que a escrevemos entendemo-la, por a termos sentido e pensamos que quem a ler a vai entender. Sabemos que poderá ser útil para muita gente, e essa vai entendê-la, mas admitimos que muita gente não a queira entender, ou nela não queira crer. Se isso suceder, poderá ser só para nós pró-prios.

As ideias estiveram na nossa cabeça muito tempo. Algumas semanas. De vez em quando arrepiávamos caminho, negá-vamo-nos a escrever, e outras, estávamos decididos a ir em frente. Houve tantas hesi-tações. Finalmente resolvemo-nos.

Julgamos que até as muitas repetições que, a frio, se detectam e, nós próprios de-tectámos, são testemunho das tais hesita-ções. Propositadamente não as corrigimos.

E aí sim é que aparece o “Ser ou não ser…” ou o “Escrever ou não escrever…”

Será que alguém a lê? Será que alguém pensa um pouquinho nela? Claro que há. Nós (eu), pelo menos, pensamos, e julga-mos que outros que sofram ou tenham so-frido a possam entender e, venham a po-der reflectir um pouco, também. Assim o queiram.

Por razões que pouco ou nada interes-sam, a não ser a nós próprios, acabámos por passar um mau bocado. Caímos por di-versas vezes e levantámo-nos sempre, ain-da que, por vezes, com dificuldade. Umas vezes sozinhos ou com a ajuda da família e outras ainda com a ajuda de muitos ami-gos. Directamente, por telefone, por e-mail, por SMS, enfim de todas as maneiras. Pro-curámos ajuda externa, ouvimos muitas pessoas que viveram o mesmo problema ou problemas similares e ainda a de “des-conhecidos”. Ouvimos conselhos técnicos e outros ligados à essência humana, ao espí-rito, à alma, ao Alto. Que cada um entenda como queira entender.

Alguém, um ancião, muito compreen-sivo e conhecedor das fraquezas e misté-rios da vida e da natureza humana, profun-do conhecedor da Bíblia Sagrada, que nos ouviu muito atentamente, com muita cal-ma, calma que nos transmitiu e acalmou, depois de reflectir disse-nos:

Irmão, dou - lhe por conselho ler a Bí-blia. Leia, e escreveu-nos num papel: 1.º Li-vro dos Reis: 2, 2-4; Cartas de S. Paulo aos Romanos: 12,9-21; e Livro dos Salmos: n.º 1 e 150.

Naturalmente que agradecemos e, mal chegámos a casa abrimos a Bíblia para ler e pensar no que nos tinha sido aconselhado.

Permitam-nos a transcrição, pelo me-nos em parte, para evitar a algum interes-sado o trabalho de procura.

Livro dos Reis. Faz referência às últi-mas instruções de David a Salomão.

Só o n.º 2- “Eu vou, disse ele, pelo ca-minho que seguem todos os mortais. Sê co-rajoso, e porta-te como um homem.” N.º 3- “Observa os preceitos do Senhor, teu Deus, …”n.º 4- “Deste modo, o Senhor cumprirá a promessa que me fez, ou seja, que eu te-rei sempre um descendente no trono de Is-rael …”

Cartas de S. Paulo aos Romanos. Con-selhos e exortações. 12- Harmonia na vida comunitária.

12,9- “Que a vossa caridade seja since-ra, aborrecendo o mal e aderindo ao bem.”

12,10…12,20…12,21- “Não te deixes vencer pelo mal;

vence antes o mal com o bem.”Livro dos Salmos. São um louvor a

Deus, da Sua grandeza e magnificência, da Sua bondade e misericórdia.

Salmo n.º 1- Os dois caminhos. 1,1- “Feliz do homem que não segue o conselho dos ímpios não se detém no caminho dos pecadores, nem toma assento na reunião dos enganadores;” 1,2, … 1,5… 1,6- “É que Deus conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios conduz à perdição.”

Salmo n.º 150-Hino final de louvor. 150,1-“Aleluia! Louvai o Senhor no Seu san-tuário, louvai - O no firmamento do Seu po-der,”150,2 … 150,6- “tudo o que respira louve o Senhor! Aleluia!”

A nossa leitura e análise foi efectua-

da de fio a pavio, reflectido ponto por pon-to, e por muito tempo em cada ponto, cada ideia, cada palavra. Cada um deles era e é, um manancial de pensamentos sem fim.

Não seria só fastidioso descrever to-dos os nossos pensamentos mas, acima de tudo, completamente impossível.

Por isso resolvemos simplesmente re-sumir e convidar que, quem necessita, ou alguém que queira, se dê ao cuidado de ler e meditar, como nós fizemos. Garantimos que vale a pena.

O homem há-de seguir o caminho de todos os mortais - nascer, viver e morrer - ser corajoso e portar-se como um homem? Certamente. Todos sabemos e é compre-ensível que quem nasce, um dia acaba por morrer. Isso é a lei da vida. Pode custar, mas é o normal.

O homem deve seguir o bem e afas-tar-se do mal? Sem dúvida. Todo o homem, crente ou não crente. Todos entendemos isso.

O homem deve louvar a Deus em tudo? Todo o crente o deve saber e, naturalmen-te, fazer.

Portanto, e tendo em conta estas três questões, em género de resumo, pensamos nós, depois de compreendermos e acei-tarmos com naturalidade as leis da vida, quem nasce acabará por morrer, acabamos por aceitar tudo melhor e cair, pelo menos nós caímos, no que aprendemos aquando da nossa catequese, em miúdos.

Os dez mandamentos encerram-se em dois que são: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.”

Ora, deste modo parece-nos abarcar tudo. Se for cumprido, tudo estará bem. É a serenidade. É A PAZ.

Se tudo isto for pensado e seguido, o homem, ser mortal, deixará de temer seja o que for. Os medos desaparecem. A vida será mais calma. Sempre? Talvez não. Por vezes, iremos cair. Mas, se quisermos e com a ajuda de Deus, e Ele quer, também nos levantaremos. Sempre.

Esta nossa Nota, como todas, tem só o valor que lhe quisermos dar.

Nós sentimos um impulso para a escre-ver. Acatámo-lo. Está escrita.

Ficaremos satisfeitos se alguém a ler e pensar na mensagem que nos levou à sua escrita pois, a intenção é e só, o tentar aler-tar alguém que necessite de ajuda. Acredi-tem que essa ajuda há-de aparecer, se for esse o nosso desejo, e essa ajuda possibi-lita-nos encarar de forma diferente as ad-versidades. Todas as adversidades. Seja em que caso seja.

Se ninguém a ler, ficámos com a sen-sação óptima de termos respeitado um im-pulso que recebemos. É como se fosse, ou até seja mesmo, como que um dever cum-prido.

Resta-nos pedir desculpas pelas muitas falhas que, sem dúvida, existem.

Viemos trazer alguma coisa de novo a alguém? Temos a certeza que não, nem essa era a nossa pretensão.

Mas, desejamos que cada um saiba en-contrar o seu próprio caminho e que esse caminho seja o do bem, o do seu próprio bem. A SUA PAZ.

2 - Escola Primária – Encontro / Convívio -“Recordar é viver”Tudo se encaminha para que o tão de-

sejado encontro / convívio seja realizado.A “Organização” ou “Comissão”, com-

posta por mim próprio com a Maria de Sou-sa João Dias da Silva, o Aquilino Ferreira Gaspar e o Silvino Ferreira Gaspar, realizou já uma reunião para análise da situação.

Foi deliberado optar pelo dia 18 de Se-tembro. Haverá missa pelos professores e antigos alunos já falecidos e almoço (já re-solvido mas ainda em estudo).

Mas, o “prato forte” é mesmo vermo-nos e convivermos. Recordar episódios pas-sados na nossa meninice.

Definimos algumas tarefas entre os quatro. Daí que, nesta altura em que es-crevemos esta Nota, nada mais possa di-zer com certeza. O Silvino Gaspar ficou de escrever um pequeno texto a indicar tudo, depois de tudo se saber.

Vamos aguardar por ele mas, para já, vamos reservar o dia 18 de Setembro para o 1º Encontro dos antigos alunos do ensino primário da escola de Colmeias.

É justo informar que para além dos co-legas acima mencionados há outros que vão dando uma ajuda preciosa, com mui-to entusiasmo.

3 – Cruzamento em Alfaiatas.Por diversas vezes temos alertado para

os muitos perigos e acidentes que aí decor-rem. Maus escoamentos nos tempos das chuvas, dificuldades para os peões atra-vessarem a estrada de um lado para o ou-tro, principalmente aquando da passagem dos peregrinos para Fátima, sem esquecer o mau estacionamento, mesmo na curva, principalmente dos carros da Apoio a Pere-grinos e que retiram a visibilidade dos con-dutores de veículos.

Mas, mesmo nos dias normais, sem grande trânsito, os acidentes vão apare-cendo e, ultimamente, com bastante fre-quência.

Escrevemos esta Nota no dia 4 de Julho e, hoje mesmo, um pouco depois do meio-dia, deu-se mais um. Felizmente sem feri-dos.

Um BMW que ia de Agodim para o cen-tro da freguesia, julgamos que devido a al-guma distracção, ou fosse pelo que fosse, bateu num Clio que seguia do centro da freguesia para a Boavista.

Foram só as latas. Mas os carros tive-ram que ser retirados por reboques.

Voltamos a perguntar. Será que nada haja a fazer para tentar evitar estas situ-ações? Semáforos ou lombas em atenção aos veículos, para além de passadeiras na estrada para que os peões possam atraves-sar em segurança?

Peões, incluindo os peregrinos, que se-guem de Galego para Alfaiatas, devem se-guir pela berma esquerda da estrada como manda a lei e, para voltar à direita para se-guir o caminho de Fátima, há necessidade de atravessar a estrada. Com que seguran-ça?

Quem resolve?

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crónicas 24

Onde param as minhas ricas botas?

Silvino Gaspar

A Primavera de 1952 aproximava-se do fim. O sol surgia cedo no horizonte, sorri-dente, fazendo aumentar o calor com o de-correr das horas. Os terrenos à volta da Es-cola Primária de Colmeias eram cobertos de vegetação silvestre, em que predomi-navam, entre outras, espécies como o tojo, o rosmaninho e a carqueja. Entre elas, nas traseiras da Casa do Povo, acoitavam-se as alunas sempre que iam fazer as suas neces-sidades fisiológicas. Para o mesmo efeito, os rapazes iam à barroca, do lado da Acha-da.

Nessa época do ano, as plantas encon-travam-se vestidas de flores de diversas co-res, e de abelhas e outros insectos que se banqueteavam com o pólen que elas lhes ofereciam. A passarada, com seus cantos alegres, esvoaçava à procura de alimento para os seus filhotes.

O relógio da torre da igreja badalava as três horas da tarde e os garotos aban-donavam a sala de aula pela porta traseira, enquanto as classes femininas, saíam pela da frente, como mandava a tradição, para não haver misturas. Dirigiam-se a casa em grande algazarra, como forma de diminuir a tensão acumulada durante a aula. Uns re-tiravam os piões dos bolsos e jogavam-nos, outros atiravam pedras a qualquer coisa, não importava a quê.

Num desses dias, eu e um companhei-ro de quem já não me lembro, dirigimo-nos à Casa do Povo, que há muito, sofria os efei-tos do abandono. Tínhamos combinado ir aos ninhos de pardais – charéus, como por cá lhes chamamos, que habitavam o sótão.

Sem dar nas vistas, entrámos por uma janela mal fechada, das traseiras e, de um sala que tinha um alçapão e dava para o sótão, trepámos para ele. Encontrámos ni-

nhos com ovos e outros com os filhotes ainda muito pequeninos. Mas viemos de mãos a abanar!

A maioria dos garotos dessa época an-dava descalça. Era melhor assim! As botas pesavam nos pés e estorvavam para as cor-ridas e para jogar a bola. E levar um pon-tapé de um pé descalço, ou de um pé cal-çado, todos sabíamos que havia grande di-ferença.

Os garotos que tinham calçado eram poucos. Esses, normalmente, as mães obri-gavam-nos a que fossem para a escola cal-çados. Porém, não tardava que os retiras-sem, assim que as mães não viam. Liga-vam-nas pelos atacadores e dependura-vam-nas ao ombro.

Não me lembro em que dia da sema-na se passou a ida aos ninhos. Mas lembro-me, perfeitamente que, mal chegou o Do-mingo e quis calçar as botas para ir à mis-sa, elas não apareceram. Valeu-me um dos meus irmãos, que, «mais felizardo» do que eu, possuía não só um par de botas, mas também, um par de sapatos. E lá me em-prestou as botas.

Eu andava nervoso, e sofria só de pen-sar no que me aconteceria quando os meus pais descobrissem esta história. De uma boa tareia, estava certo que ninguém me iria livrar e, como diz na gíria popular, já ia pondo as costas de molho. Que explica-ção haveria de inventar? Por mais que pen-sasse, nenhuma ideia me ocorria, e o meu sofrimento era grande. Não havia volta a dar, pensava!

Dias depois, ao regressar escola, e, quando passava em frente à Casa do Povo, veio-me uma luz. Será que tenha deixado as botas lá dentro? Aceitei a ideia como boa e, ansioso, corri para lá, entrando pela

mesma janela e, lá dentro, na sala do tal al-çapão, estavam as minhas ricas botas. Ai, com que alegria peguei nelas e as acariciei! «Uf!» Exclamei. E senti as costas aliviarem.

Já na rua, pus-me a apalpá-las. Perce-

bi que estavam rijas e secas. Experimen-tei dobrar uma e vi que o cabedal estala-va. «Ai meu Deus!» E agora! Não vou conse-guir calçá-las. E se o faço elas partem-se por todo o lado. Mas que diabo vou fazer? No-vamente senti a dor nas costas Triste, lá fui

indo para casa. E pensava: «Bem, do mal, o menos! As botas, já eu as tenho!».

Ao passar pela fonte, junto à estrada, decidi mergulhá-las na pia onde os bois iam beber. Ao retirá-las, percebi que elas ti-nham amolecido, mas ainda não o suficien-te. As minhas esperanças renasceram. Vol-tei a mergulhá-las. Ficaram mais moles, e já não partiam. Enfim, pude calçá-las.

Bolas! Desta já eu me livrei.

Já não há beleza

Já não há belezaNas aldeias da minha infânciaGravadas no livro de memóriasE onde vivi alegrias e tristezas!

Já não ouço o chiar dos carrosCarregados de palha ou de feno,Que os bois iam puxandoCom ar calmo e sereno!

E as hortas tão viçosas,Orgulho do lavradorQue cuidava da terra Com esperança e amor!?

E as águas das nascentesA engrossar as ribeirasE a dar força aos moinhosQue iam moendo o grãoP´ra que tivéssemos pão!?

No adro brincavam as crianças;Mas, ao toque das TrindadesCorriam para a famíliaE todos agradeciam ao SenhorUm dia mais de labor!

A mocidade cantava e dançavaNum ritmo sem igual;Corria a rosca, jogava à malha,Carregava a lenhaP´ra festa do Natal!

Seria bom que a vida regressasse Às aldeias tão desertas,Para que se lavrassem de novo os cam-pos,Se povoassem casas e ruasE se reorganizassem as festas!...

Deolinda Domingues Alves

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www.noticiasdecolmeias.com1� notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010

Especial Boa Vista O seu nome primitivo era Boa Vista

mas, por um fenómeno de aglutinação, houve uma evolução natural que culmi-nou em Boavista. Sobre a origem do to-pónimo apenas se pode conjecturar, mas deve-se filiar no panorama proporcionado por esta povoação relativamente aos seus arredores. Mas há quem avente uma hipó-tese inversa e perfeitamente plausível: a povoação, por se ver bem dos montes em seu redor, oferecia aos seus observadores distantes uma deliciosa paisagem, ou seja uma boa vista.

Desta freguesia da Boavista, não são conhecidos feitos históricos de antigui-dade já que a fundação da laboriosa al-deia que lhe daria o nome, deve remontar a meados do século XIX. Crê-se que nessa época ter-se-ão aqui fixado uns marchan-tes de gado, que ficaram conhecidos como “Os Moços das Vacadas”, os quais instala-ram casas comerciais. Pela mesma altura e na sequência da abertura da antiga estra-da real que ligava o Porto a Lisboa constru-íram-se estalagens para apoio dos viajan-tes e negociantes que de norte se dirigiam para as feiras do sul e vice-versa.

A freguesia criada em 28 de Janeiro de 1928, com 200 fogos, sob a protecção de N. Sra das Dores, ocupa uma área desane-xada das freguesias de Pousos, Marrazes e Colmeias. A Paróquia foi criada a 29 de Ja-neiro de 1946. A congrua, paga em géne-ros, foi fixada num alqueire de cereal por cada fogo e ½ alqueire por cada ½ fogo, nunca inferior a 300 alqueires de cereal, 70 litros de azeite e 30 medidas de vinho. Da congrua faziam também parte os emolu-mentos. Esta freguesia é atravessada pela antiga estrada real, hoje desvio da actu-al IC2 (antiga Nacional 1) e pela auto-es-trada Lisboa-Porto. Está rodeada de per-to pelo Pinhal do Rei e mais distante pelos contrafortes da Serra do Branco e da Ser-ra de Aire.

Associação de Solidariedade Social e Cultural de Boa Vista

Criada há vários anos, esta associação abrange toda a freguesia, sendo composta por cerca de dezena e meia de elementos e uma centena de sócios. Orientada para a acção social, a associação tem como hori-zonte o apoio à terceira idade; o seu prin-cipal objectivo é a construção de um cen-tro de dia para idosos.

GDRB – Grupo Desportivo e Recreativo da Boavista

Foi fundado oficialmente no dia 22 de Novembro de 1977. Desde então tem exercido actividade desportiva ininterrup-tamente, proporcionando a prática des-portiva aos habitantes e amigos da fre-guesia.

A partir do verão de 2007 o Clube viu as suas instalações melhoradas com a ins-talação do relvado sintético e a construção de mais um conjunto de balneários.

Este facto criou um grande incremen-to na actividade desportiva do Clube resul-tando num grande acréscimo de pratican-tes. Na época desportiva que recentemen-te terminou o Clube movimentou cerca de 120 atletas, distribuídos por nove equipas de vários escalões de futebol, a partir dos cinco anos de idade e de futsal.

No final da presente época a equipa de juvenis deslocou-se a Lyon – França, onde participou num torneio com 12 equipas de vários países, tendo um comportamento bastante meritório, tendo mesmo, con-quistado o troféu Fairplay que premeia a equipa mais disciplinada e simpática

Desde 2007 que o GDR Boavista os-tenta o estatuto de “Pessoa Colectiva de Utilidade Pública”.

Actualmente conta com 459 sócios inscritos.

Associação Amigos dos Machados

Tal como o nome indica nasceu de um

grupo de amigos do lugar de Machados.Dispõe de uma sede que serve de pon-

to de encontro dos habitantes da povoa-ção.

Tem uma actividade muito intensa, com destaque para as já famosas Festas de S. João, sempre acompanhadas de sar-dinhada, febras e enchidos, para além da animação musical.

Em Junho deste ano a Associação or-ganizou 1º ralye dos Machados, que re-sultou num grande êxito, para repetir nos próximos anos.

Centro Recreativo Cultural e Social do Povo do Alqueidão da Boa Vista de Leiria ( CRAB)

Tendo como objectivos principais in-centivar a união e o convívio do povo do Alqueidão, por um lado, e gerir o patrimó-nio adquirido com a ajuda, esforço e dedi-cação de todos, por outro, foi criado no Al-queidão em Setembro de 2004 o centro Recreativo Cultural e Social do Povo do Al-queidão da Boa Vista de Leiria (designa-ção jurídica).

Actualmente conhecido como CRAB, a associação é composta por 19 elemen-tos e 69 sócios. Organiza várias activida-des, nomeadamente no âmbito do des-porto tradicional (chinquilho) e do conví-vio (comemoração do S. Martinho, passa-gem de ano...).

Escuteiros (Agrupamento 1227 do CNE)

O actual Agrupamento 1227 do CNE na Boa Vista foi formado por Mário Duro, em 1995. O CNE (Corpo Nacional de Es-cutas) tem como objectivo proporcionar aos jovens uma educação integral (física, intelectual, social e espiritual), levando as crianças e jovens a trabalharem em grupo, a partilharem valores e a tomarem contac-to com a natureza, orientando-se por três

princípios basilares “O Escuta é Filho de Portugal e Bom cidadão”, “O Escuta tem Fé e por ela orienta toda a sua vida”, “O dever do Escuta começa em casa.” Inicial-mente reunia nas instalações cedidas pela junta de Freguesia; actualmente, o agru-pamento tem a sua sede na antiga escola do Alqueidão.

Rancho Típico da Boa VistaO Rancho Típico da Boa vista dedica-

se à divulgação das danças, dos cantares, dos usos e dos costumes da região, toda ela enraizada, em termos folclóricos, na velha Alta Estremadura, de onde tem re-colhido a maneira de trajar, de cantar e de dançar. Foi fundado em 1978 por um gru-po de jovens. Em 1989, foi extinto por falta de elementos, tendo renascido em 1996. Presentemente, com cerca de 50 elemen-tos, está inscrito na Associação de Folclore de Alta Estremadura.

Festa de Nª Srª das DoresInicialmente celebrada em Maio, a

festa era designada como Festa do Pen-tecostes. Posteriormente, a festa passou a ser dedicada a Nossa Senhora das Dores, sendo realizada em Agosto, para permitir a participação dos emigrantes. Porém, no início do milénio, a tradição voltou a ser o que era e a festa passou a realizar-se em Maio.

A festa é conhecida pelos seus ando-res em arame e canas compridas, enfei-tadas com papel colorido, e guarnecidos com bolos tradicionais.

Esta festa é também marcada por uma procissão ao longo da Rua N. Sra. das Dores que se encontra engalanada com vistosos arcos e, à noite, é grandiosamen-te iluminada.

A ornamentação da igreja, a animação nocturna e o fogo-de-artifício são também desta romaria.

Dados para conhecer a história e caracterização de uma aldeia laboriosa

Área: 9,39 km2Localidades: Boa Vista, Alqueidão, Fonte do Oleiro, Machados, Murtó-rios, Figueiras (parte)População: 1 926 (hab.2001)Densidade: 205,13 hab./km2Festas e Romarias: N. Sra. das Dores (último fim de semana de Maio) e N. Sra. das Graças (1.ª quinzena de Agos-to)Património: Igreja matriz e Capela de AlqueidãoColectividades: GDRB - Grupo Despor-tivo e Recreativo da Boavista, Rancho Típico da Boa Vista, CRAB – Centro Recreativo do Alqueidão da Boa Vista e Associação Amigos dos MachadosOrago: N. Sra. das Dores

Brasão da Freguesia:

- escudo verde (símbolo da floresta circundante);- porco de ouro malhado negro (símbolo da pecuária);- flor-de-lis de prata (símbolo do conselho de Leiria);- duas espigas de trigo de ouro (símbolo da principal acti-vidade económica);- parte superior: coroa mural de prata de três terras;- parte inferior: listel branco com a legenda, a negro, Boa Vista – Leiria

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notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010 1�

Especial Boa Vista Mário Rodrigues, natural

de Buenos Aires (Argentina),

51 anos de idade, casado

e pais de duas filhas,

reside actualmente na Boa

Vista, localidade em que

desenvolve os seus negócios

e onde desenvolve a função

de Presidente da Junta de

Freguesia. Tirou o curso

geral de electricidade,

concluído em 1974 com a

média de 12,6 valores e o

curso complementar de

electrotecnia, concluído em

1977 com a média de 15

valores, ambos ministrados

pela Escola Industrial e

Comercial de Leiria (actual

Domingos Sequeira).

O NOTÍCIAS DE COLMEIAS

quis conhecer a freguesia da

Boa Vista através da visão

e experiência do autarca e

empresário. A situação actual

da Boa Vista, a sua relação

com freguesias vizinhas como

Colmeias e na qualidade de

cidadão e empresário, a sua

opinião sobre o estado actual

de Portugal. Uma entrevista a

Mário Rodrigues, na primeira

pessoa…Entrevista: Joaquim Santos

A 11 de Outubro de 2009 foi eleito Presidente da Junta de Freguesia da Boa Vista. O que mudou na comunidade bo-avistense e o que tem na agenda para al-terar futuramente?

A mudança mais importante é que se passou a falar verdade aos Boavistenses. Além disso, estes passaram a ter acesso a uma quantidade de informação que, no passado, não existia e à qual não estavam habituados. Os cidadãos têm o direito de participar nas decisões que, de certa for-ma, contribuem para o futuro da sua ter-ra, dando a sua opinião. São eles a verda-deira razão da existência da freguesia, sen-do que o objectivo é, sempre, melhorar a sua qualidade de vida. Por isso, agora, os Boavistenses são convidados a “VIVER A BOA VISTA”.

Outra mudança significativa é que os Boavistenses começaram a ser tratados todos por igual. Deixou de haver pesos e medidas diferentes.

Além disso, hoje podemos orgulhar-nos de ter uma freguesia limpa. Ainda não

está no ponto ideal mas, mantendo os es-forços que têm sido realizados, brevemen-te estaremos lá.

A mudança mais difícil é inverter a mentalidade de algumas pessoas. Aquelas que pensam que a Junta de freguesia re-solve todos os problemas… Obviamente que isso não é assim e, antes que haja ne-cessidade de resolver problemas deve ha-ver a preocupação de não os criar ou, pelo menos, de os evitar. É que, não havendo problemas, não se gastam energias e tem-po a resolvê-los, podendo-se canalizar es-sas energias e esse tempo para coisas que realmente contribuam para o melhora-mento da nossa terra.

Mais difícil que fazer obra material é fazer obra humana. Este deve ser o nos-so grande objectivo, pois são os humanos que fazem a obra material. Nunca o con-trário! E quando todos querem, tudo se consegue…

É do conhecimento de todos que os tempos estão difíceis para executar obra. Não obstante isso, acreditamos que o nos-

so programa, embora ambicioso, é execu-tável.

A Boa Vista tem uma localização pri-

vilegiadíssima porque o IC2 atravessa a freguesia. Uma zona industrial dotada de condições ideais para atrair mais in-vestimento não seria importante?

De facto temos a sorte de a nossa fre-guesia estar muito bem servida de vias de acesso. Realmente o IC2 permite o aces-so rápido às duas auto-estradas que ras-gam o país de Norte a Sul e, simultanea-mente, faz a ligação a todo o distrito. Não podemos, também, ignorar a importância da estrada que nasce na Boa Vista e faz a ligação às aldeias situadas a Nordeste do concelho e, até, do distrito e que passa pe-las Colmeias.

O IC2 tem a particularidade de dividir a freguesia. De um lado temos a zona ur-bana, onde proliferam os estabelecimen-tos comerciais, com natural destaque para a restauração. Do outro situa-se a zona maioritariamente REN. Existe uma fran-ja classificada como industrial ao longo da Rua da Granja (estrada dos Pinheiros).

É desejo deste executivo estender esta franja para nascente, nos terrenos si-tuados entre o IC2 e o limite da freguesia confinante com o Janardo possibilitando, assim, o alargamento da ZICOFA, que se encontra praticamente toda ocupada.

Nos restaurantes da freguesia pode-

se degustar o saboroso leitão assado à moda da Boa Vista, bem como as mor-celas de arroz de Leiria. Sabemos que existe um projecto para que a Boa Vis-ta fique como uma região demarcada do leitão. Como está o processo?

De facto o projecto vinha sendo fala-do há vários anos mas, de concreto, não existia nada. Abarcámos esta causa com todo o interesse. Deslocámo-nos a Segó-via, onde implementaram um processo do género (leitão de Segóvia) e partilharam connosco as várias fases do processo reali-zado em Espanha, as dificuldades por que passaram, os constrangimentos, etc…

Posteriormente, reunimos com os res-tauradores, debatemos várias questões e elegeu-se um grupo de trabalho para co-meçar a trabalhar no âmbito do cader-no de especificações. O grupo de traba-lho é composto pelos seguintes agentes

Entrevista a Mário Rodrigues, Presidente da Junta de Freguesia e empresário local

“A Boa Vista é uma freguesia relativamente pequena, mas que tem enormes potencialidades”

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www.noticiasdecolmeias.com1� notíciasdecolmeias | 1 de Agosto de 2010

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do leitão: Quinta dos Castanheiros/Mor-gatões, Aldeia do Leitão/Leitão Dourado, Vitório dos Leitões, Restaurante Fonte do Corvo e Restaurante Pinto (Barracão). As sessões de trabalho têm sido frutuosas e, para além de algumas especificações con-cretas, está em análise o caminho a seguir quanto à certificação: DOP, ITG ou ETG.

A freguesia de Boa Vista tem uma

actividade cultural e religiosa que pro-movem a união entre a população. O ac-tual executivo aposta a congregação das Instituições da freguesia para uma orien-tação comum? Qual é o segredo?

A Boa Vista é uma freguesia relativa-mente pequena, mas que tem enormes potencialidades. Os recursos humanos, as pessoas, são de facto uma mais valia que importa potenciar. Sendo uma fregue-sia pequena, algumas pessoas estão inse-ridas em diversos grupos (movimento as-sociativo), e torna-se importante articular e gerir bem as actividades a realizar. Natu-ralmente, o executivo tudo tem feito para apoiar as várias iniciativas e incentivar a re-alização das mesmas. É intenção da Jun-ta de Freguesia a criação de uma “agen-da” que permita periodizar as iniciativas, espaçando-as durante o ano, contribuindo para a conjugação de esforços, evitando a concorrência entre elas, de modo a que o movimento associativo, de carácter cultu-ral, recreativo, desportivo ou religioso saia fortalecido. Uma palavra de apreço e grati-dão para a Paróquia, que, através do páro-co, tem desenvolvido trabalho nesta área juntando as várias associações de modo a que as iniciativas não coincidam.

O desporto baseia-se apenas no fu-

tebol ou existem outras modalidades?O desporto na Freguesia tem sido as-

segurado pelo Grupo Desportivo e Recrea-tivo da Boavista, que movimenta cerca de 120 atletas nas modalidades de Futebol 5, Futebol 7, Futebol 11 e Futsal, registando-se também uma equipa de Futebol Femi-nino sub 17. De destacar o excelente tra-balho dos escalões de formação, desde o escalão de escolinhas com atletas a partir dos 5 anos. Para além destas modalidades

está a ser criada a secção de Paintball, em-bora autónoma relativamente às outras modalidades.

Nos âmbitos recreativos e de lazer destacam-se o CRAB - Centro Recreativo do Alqueidão, da Boa Vista e a Associação Amigos dos Machados. No âmbito Cultu-ral o Rancho Típico da Boa Vista é o gran-de embaixador da freguesia.

Paralelamente, a Junta de Fregue-sia tem em desenvolvimento o Projecto “Danças de salão” e é entidade parceira no projecto da ginástica desportiva e de ma-nutenção. Neste momento, está em equa-ção uma parceria para que os jovens boa-vistenses tenham acesso a outras modali-dades, nomeadamente na área da “defe-sa pessoal”

As transferências para as freguesias

provavelmente serão afectadas com o novo PEC – Programa de Estabilidade e Crescimento. Como fica a Boa Vista nes-te âmbito?

As situações previstas no Plano de Es-tabilidade e Crescimento preocupam-nos. Do ponto de vista financeiro, sinceramen-te, ainda não temos noção quanto ao im-pacto das mesmas no orçamento das fre-guesias. No entanto, a ideia de poupança e de racionalização de meios e recursos, são uma ideia chave deste Executivo, desde o momento em que tomou posse.

Ainda quanto ao PEC, preocupa-nos, de facto, as limitações relativamente à (im)possibilidade de afectação (contrata-ção) de recursos humanos necessários ao normal funcionamento dos serviços e exe-cução das diversas tarefas acometidas às freguesias.

Quais as principais necessidades da Boa Vista?

Uma grande necessidade é criar fon-tes de rendimento para a freguesia. Se as tivéssemos podíamos fazer face a várias situações do dia a dia que seriam resolvi-das de imediato.

Actualmente as prioridades do execu-tivo passam por:

- Ampliação da zona escolar com a construção de duas novas salas de forma a permitir juntar no mesmo local, que é de excelência, todos os alunos do 1º ciclo da freguesia. Um ano por cada sala.

- Construção de passeios, a começar pelo Alqueidão, cuja estrada tem muito movimento pedonal e que é extremamen-te perigosa para os transeuntes;

- Requalificação da Rua Nª Sª das Do-res;

- Requalificação e abertura de várias ruas. Neste particular foram efectuados projectos que candidatámos ao PRODER de 14 ruas, dos vários lugares da fregue-sia;

- Requalificação dos cruzamentos nor-te e sul com o IC2, de forma a resolver de vez o problema das principais entradas da freguesia;

- Requalificação do cemitério, de for-ma a dar-lhe a dignidade que um lugar da-queles requer;

As prioridades aqui apontadas, bem como outras necessidades, já são do co-nhecimento da Câmara Municipal e esta-mos, em conjunto e dentro dos condicio-nalismos financeiros que são do conheci-mento de todos, a tratar da sua implanta-ção.

Outra grande necessidade é o Centro

de Dia, que se encontra em fase avança-da de construção. De referir que esta obra, bastante meritória, diga-se, é da respon-sabilidade da Associação de Solidariedade Social e Cultural da Boa Vista, que tem vin-do a ser executada graças à grande entre-ga e entusiasmo dos seus membros, com a colaboração de toda a comunidade bo-avistense.

A relação da Boa Vista com as fre-

guesias vizinhas como Colmeias foi sem-pre saudável. Tendo em conta esta par-ticularidade, que iniciativa cultural ou recreativa se poderia promover futura-mente em conjunto?

Já partilhamos alguns projectos. Por exemplo, o Agrupamento de Escolas de Colmeias integra estabelecimentos de en-sino da Boa Vista, de Colmeias, de Mila-gres, da Bidoeira e de Memória.

Neste momento, a freguesia está a avançar para o projecto da rede social, Numa primeia fase, trabalharemos a nível do Conselho local de Acção Social, com o envolvimento de vários parceiros, incluin-do o Agrupamento de Escolas. Posterior-mente, é nossa intenção avançar para Co-missão Inter-freguesias, contando natural-mente com as freguesias vizinhas já men-cionadas.

Pontualmente, relativamente à vida autárquica, e numa perspectiva de parti-lha de experiências, temos desenvolvido alguns contactos com Colmeias, com as freguesias já referenciadas e com a San-ta Eufémia, por exemplo. Ainda há relati-vamente pouco tempo, aquando da rea-lização do rallye promovido pela Associa-ção dos Amigos dos Machados se verifi-cou articulação entre as duas freguesias: Boa Vista e Colmeias.

Nesta partilha, para já, ainda não abor-dámos nenhum projecto estruturante…

Esta visão de conjunto, e de articu-lação de projectos e recursos, é do nosso agrado e, relembro que foi uma das ideias chave da campanha. Aliás, já há quatro anos, integrado na equipa que se apresen-tou ao eleitorado, defendemos a criação duma Associação de Freguesias (com as freguesias vizinhas) cujo objectivo era pre-

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cisamente a defesa dos interesses e o de-senvolvimento de projectos comuns para as respectivas comunidades.

O facto de a zona central da Boa Vis-

ta (antiga estrada Real) estar desenvol-vida com um conjunto de infra-estrutu-ras e serviços, não se pondera a hipótese de uma candidatura a vila?

Apesar de, na verdade, a freguesia da Boa Vista possuir um conjunto de infra-es-truturas e serviços, bem como aspectos culturais e históricos que, na generalidade, satisfazem as condições necessárias para a elevação a vila, não possuímos uma condi-ção essencial que é ter um mínimo de três mil eleitores. Por isso é uma questão que, por enquanto, não se pode colocar.

Como autarca e empresário, fale-

nos sobre o estado actual da conjuntura económica de Portugal?

Como autarca direi que pior é impos-sível. Para mais tendo em conta que a nos-sa freguesia não tem um cêntimo de ren-dimentos. No entanto, temos que recor-rer aos escassos meios que ainda estão aos dispor das freguesias, que são poucos. Muito poucos, mesmo.

Enquanto empresário, direi que a res-posta é semelhante à anterior. Estamos a viver numa fase em que, praticamente, não há obras em Portugal. Os clientes da EST são maioritariamente da área indus-trial e tivemos a sorte (ou o mérito) de, nos últimos anos, estar presentes, prati-camente, nos maiores projectos do nos-so país, principalmente na área da pasta e do papel. Agora estes projectos estão em fase de conclusão e, na ausência de novos projectos, temos que nos virar para outras alternativas, como seja a eficiência ener-gética que é um mercado que tem mui-ta potencialidade, mas que depende mui-to da mentalidade, quer dos empresários, quer do cidadão comum. É pena, pois to-dos teríamos a ganhar, principalmente os próprios utilizadores.

Acha que a crise que vivemos é real

ou de especulação económica?Costumo dizer que quando os arqui-

tectos e os projectistas estão sem trabalho é muito mau sinal. Os efeitos aparecem al-gum tempo depois. A verdade é que vejo muitos parados…

Embora haja sempre alguém que, la-mentavelmente, se aproveita destas situ-ações, a crise não é apenas especulativa. É bem real.

O que fazer a uma sociedade forte-

mente impulsionada para o consumo? Como inverter esta assimetria tão for-

te que se baseia em cartões de crédito e empréstimos particulares, facilitando as pessoas a gastarem tantas vezes o que não podem?

Os cartões de crédito são um perigo!!! Possibilitam gastar o que se tem e, o que é grave, permitem gastar o que não se tem. Francamente não sei como se pode inver-ter uma tendência consumidora, estando esta implantada de forma tão enraizada.

Acredito que, por vezes, o desespero faça com que se cometam algumas impru-dências, como seja o recurso àqueles em-préstimos “malucos”. Acredito, também, que as campanhas, algumas delas bastan-te convincentes, como por exemplo, das grandes marcas, ou espaços comercias, para citar apenas alguns, façam “perder a cabeça” a muita gente.

Sem dúvida que as instituições de cré-dito têm muitas responsabilidades no car-tório. O que as pessoas têm que ter pre-sente é que essas instituições não são de caridade, logo não dão nada a ninguém. E o ditado é velho: “Quando a esmola é grande, o pobre desconfia…”.

A aposta nas novas tecnologias e in-

vestigação é um dos caminhos obrigató-rios das empresas portuguesas. Como se investe nos equipamentos, na moderni-zação tecnológica se muitos dos empre-sários portugueses não querem remune-rar qualitativamente os seus funcioná-rios? Um factor não depende do outro?

É sabido que Portugal forma dos me-lhores técnicos a nível mundial, alguns dos quais são imediatamente “absorvidos” pe-las grandes multinacionais do sector, prin-cipalmente por aquelas que têm centros tecnológicos no nosso país. Por vezes não é uma questão de remuneração, mas de curriculum e, frequentemente, as expec-tativas dos técnicos acabam por sair frus-tradas, pois não correspondem ao que ini-cialmente idealizavam.

No caso da EST, e só posso falar por nós, a aposta é estarmos sempre na linha da frente no que respeita às novas tecnolo-gias. Aqui são desenvolvidos sistemas que têm sido instalados, com muito sucesso, praticamente por todo o mundo. Falo de sistemas de automação, que muito con-tribuem para a modernização industrial e que muita gente não imagina, sequer, que são desenvolvidos em Portugal.

Temos tido a sorte de ter bons téc-nicos e bons engenheiros. Fiéis e dedica-dos. Gente de muito trabalho e amor à ca-misola. A questão da remuneração é mui-to subjectiva pois quando se trabalha des-ta forma dificilmente se consegue ser in-teiramente justo. Eu sou dos que acredi-ta que há coisas que o dinheiro não paga.

Porque não estamos sós no mercado e vi-vemos uma era de muita competitividade e no nosso sector é muito fácil vender gato por lebre, temos que procurar uma gestão equilibrada.

De notar que a grande maioria dos técnicos da EST, ao nível da engenharia, é proveniente da ESTG de Leiria, que forma dos melhores engenheiros que há em Por-tugal, pelo menos na nossa área. Este fac-to deve ser realçado, porque é justo e deve representar um motivo de grande orgulho para a nossa região.

Como vê o jornalismo local e regio-nal? Que importância tem para as popu-lações os jornais de proximidade?

Leiria é conhecida por ser terra de po-etas e escritores. Ou seja: o “vício” já vem de trás. De tal modo que Leiria é, com toda a justiça, reconhecida com sendo de gran-de dinamismo em termos jornalísticos. Te-mos vários títulos regionais, de periodici-dade diferente, sendo que, um deles (com o devido respeito por todos os outros) é, mesmo, considerado um dos melhores a nível nacional tendo já recebido alguns prémios internacionais. Além disso uma empresa de Leiria é detentora de um título diário de âmbito nacional, que actualmen-te se encontra em grande expansão. Po-demos, então, considerar que Leiria é uma potência em termos jornalísticos.

Os jornais regionais têm o mérito de dar voz ao povo. São, também, um gran-de veículo, por vezes o único, de promo-ção regional, designadamente na divul-gação de eventos. A sua importância é in-questionável.

A freguesia da Boa Vista é um pro-

jecto que no seu entender é para tentar cumprir nos próximos mandatos?

Em boa verdade, não estava nada, mesmo nada, nos meus planos estar na actual situação de autarca. Até porque a minha actividade profissional é muito in-tensa. Quando fui convidado fiquei mui-to honrado, agradeci muito, mas recusei com firmeza.

Algum tempo depois, fui novamen-te pressionado por um grupo de verda-deiros Amigos da Boa Vista que me fize-ram ver que as coisas não podiam conti-nuar como vinham acontecendo na nossa querida terra. Fizeram-me ver, embora eu não concorde em absoluto, que eu seria a pessoa certa para dar um novo rumo à Boa Vista. A decisão não foi imediata, até por-que a família, que para mim é o mais im-portante, estava dividida. Mas o amor que tenho pela terra que me acolheu e que es-colhi para viver falou mais alto e, se o meu contributo era assim tão importante para

dar um novo rumo à Boa Vista, senti que ti-nha um dever a cumprir e aqui estou.

Embora com o apoio do PSD, candi-datei-me como independente. Para mim, as cores políticas acabaram no dia 11 de Outubro de 2009. Sou o presidente de to-dos os Boavistenses.

Que fique bem claro que não sou po-lítico. Sou autarca. Hoje!... O futuro… a Deus pertence.

Quero realçar, porque é justo, o exce-lente apoio e desempenho da equipa que me acompanhou nesta jornada. O mérito também é deles. Quero, também, registar a grande capacidade de trabalho e a per-manente disponibilidade dos meus com-panheiros do executivo, a Elisabete e o Paulo. Sem dúvida que formamos uma ex-celente equipa. Uma palavra, ainda, para os colaboradores da Junta, tantas vezes incompreendidos e alvos de críticas, quase sempre sem qualquer fundamento.

Renovação da certificação ISO 9001

EST continua a orientar rumos para a qualidade

A EST acaba de concluir com êxi-to o processo de renovação da certi-ficação ISO 9001. Este procedimen-to traduziu-se ainda na adaptação do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) ao novo referencial normati-vo ISO 9001:2008. A empresa pas-sou a estar certificada para a instala-ção de sistemas de micro-produção de energia.

A EST foi criada no dia 11 de Abril de 1990, tem a sua sede na Boa Vis-ta e já participou em obras em qua-tro Continentes, evoluindo poste-riormente para a internacionalização com a criação de duas outras empre-sas em Angola (ESTPOR e GREE-NEST). Seis anos depois da sua cria-ção, começa a diversificar a activi-dade, angariando clientes em novos sectores de economia. Em 2001, o sócio fundador, Mário Rodrigues, ad-quire a totalidade do capital social e desde aí a expansão tem sido notó-ria. O maior projecto até à data de-correu na Celbi em 2008.

Agora, com as certificações de qualidade garantidas continua com capacidade de resposta para os ru-mos do futuro.

Especial Boa Vista

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Espaço Leirisonda

O mensário Colmeense a contribuir para um melhor conhecimento

das freguesias que se ligam historicamente

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Aos 87 anos, José Saramago disse adeus à vida, depois de, nos últimos anos, ter lutado contra um cancro.

Foi em Lanzarote, onde se auto exi-lou em 1993, aos 71 anos, desiludido pelo veto governamental – concretizado pelo então secretário de Estado da Cultura, Sousa Lara –, à candidatura de O Evange-lho Segundo Jesus Cristo ao Prémio Lite-rário Europeu, que a 18 de Junho de 2010 morreu o único português a receber uma das maiores distinções universais, o Novel da Literaturas.

Romancista, poeta, dramaturgo, cro-nista, ensaísta, o escritor que mais se des-tacou nas Letras Portuguesas na segun-da metade do século XX nunca deixou de ser, o primeiro que tudo, filósofo. E na gé-nese da filosofia está o ato de questionar, de pôr em causa, de fazer pensar, de agi-tar consciências.

Foi isso mesmo que José Saramago nascido a 16 de Novembro de 1922, na al-deia de Azinhaga do Ribatejo, no seio de uma família do povo que enfrentou a du-reza da labuta no campo – devotou a sua actividade literária, uma actividade auto-didacta a que só se dedicou em exclusivo já na plenitude da vida (depois de ter sido serralheiro mecânico, funcionário admi-nistrativo, editor de livros, jornalista).

Saramago chegou ao DN, a Revolu-ção galopava para o auge nesse Verão. Dois dias antes, Luís de Barros tinha sido empossado director do jornal. A nova di-recção publicaria uma nota:”O DN é im-portante demais para que os seus traba-lhadores aceitem vê-lo transformar-se em

feudo de alguém.” Pela mão de Sarama-go, porém, durante os seis meses seguin-tes o DN seria feudo do PCP e do gonçal-vismo.

Lembrou-me de um episódio passa-do no DN. Sou chamado ao gabinete do director depois tomo conhecimento de que estou despedido. José Saramago es-tava rodeado de gente, ao pé da sua se-

cretária. Era ele o recém-chegado direc-tor adjunto do jornal, designado pelo Par-tido Comunista para conduzir o Diário de Notícias pelos caminhos da revolução, ge-neral com poder para movimentar o que houvesse que movimentar. Mas não foi ele quem me recebeu, antes um jornalis-ta chamado Luís de Barros, militante que o partido designara para director do jornal.

De modo que foi Barros quem me transmi-tiu, de forma atabalhoada, a sentença di-tada por Saramago.

Não soube do que era acusado, nem ouvi menção a faltas, crimes ou desvarios, ideológicos ou outros. Soube apenas que estava na rua (“sedeado”) e ponto final.

Graças a uma obra que o elevou a um patamar superior da Literatura, José Sara-mago transcendeu, de facto, a mortalida-de. E, contrariamente a quem opina pelos ideias que defende, a sua obra perderá ac-tualidade e, como tal, leitores, tudo indica que enquanto a civilização mantiver uma réstia de humanismo Saramago fará sen-tido a quem o ler.

Quem ler Saramago com a abertura de espírito suficiente para entender a be-leza da sua mensagem terá de reconhecer que o escritor foi muito mais do que um panfletário dos ideias comunistas que de-fendeu – de uma forma hormonal, segun-do palavras do próprio –, mesmo depois de ter admitido que os regimes falharam; foi mesmo mais do que um ateu que ques-tionou a divindade de Deus; foi muito mais do que um polémico movido pelo prazer da controvérsia.

No total, escreveu 46 obras, vendeu quase 20 milhões de livros e foi traduzido em 42 línguas. O prémio Novel, que ga-nhou em 1998, foi anunciado quando Sa-ramago se encontrava no aeroporto de Frankfurt, vindo da Feira do Livro.

Nos últimos tempos, apesar de já es-tar muito debilitado devido à doença, con-tinuou a escrever sempre que podia, ao lado do amor da sua vida.

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A escola como um ponto de encontro entre diferentes indivíduos, de diferentes realidades familiares e sociais, sempre foi uma instituição que além de ser sinónimo de educação, conhecimento e ascensão so-cial, também é um lugar de grandes confli-tos. Há os conflitos típicos dos corredores ou salas de aula, empurrões, discussões, ar-ranhões, por causas vulgares e que se re-solvem de imediato e existem também os actos de violência considerados de má con-vivência ou indisciplina, que são passagei-ros, pois os autores resolvem o conflito de imediato. Porém um acto de violência mais sério, denominado bullying tem vindo a to-mar conta do quotidiano escolar.

Bullying é um termo de origem inglesa utilizado para descrever actos de violência física ou psicológica, intencionais e repeti-dos, praticados por um indivíduo (bully) ou por um conjunto de indivíduos com o ob-jectivo de intimidar ou agredir outro indi-víduo incapaz de se defender.

Nos últimos meses, este é um assun-

to que muito se tem discutido, no entanto, apesar de agora todos conhecerem as suas características e as consequências para as vítimas, continua a faltar o mais importan-te: ter um olhar crítico sobre as situações, saber identificá-las correctamente e saber como actuar.

Os jovens que até há pouco tempo não sabiam o que era o bullying, actualmente servem-se da informação que têm de uma forma inadequada. O que antes era uma

agressão, um roubo, uma alcunha, agora passou tudo a ser bullying.

As agressões, as ameaças, as humilha-ções, a exclusão não devem ser considera-das bullying. Estes são, de facto, alguns dos métodos de praticar bullying, no entanto para que consigamos saber se estamos re-almente perante uma situação de bullying este deve cumprir três regras chave: o com-portamento ser intencional e negativo; o comportamento ser executado repetida-mente; o comportamento ocorrer num re-lacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Quando observamos uma situação temos de ana-lisar se esta cumpre realmente estas três regras chave, caso contrário poderá estar perante, outro tipo de agressão que não o bullying.

Saber identificar uma situação correc-tamente é o melhor caminho para uma cor-recta intervenção. É importante termos um olhar crítico e não ter medo de denunciar e intervir.

TELEFONES DE COLMEIASJornal Notícias de Colmeias244 721 747Junta Freguesia de Colmeias244 722 608Paróquia de Colmeias244 722 182Escola EBI 123 de Colmeias244 720 200Centro Saúde de Colmeias244 722 375Farmácia Valente Colmeias244 722 354Caixa Agrícola de Colmeias244 720 460Caixa G. Depósitos Colmeias244 720 540Ass. Hum. Amigos Colmeias244 721 127Ass. Cult. Desp. Igreja Velha244 721 514Clube Desp. Rec. Cult. Abelha917 553 433

TELEFONES MUNICIPAISCâmara Municipal de Leiria244 839 500Bombeiros Municipais Leiria244 832 122Bombeiros Voluntários Leiria244 881 120Cruz Vermelha Portuguesa244 823 725Protecção Civil244 860 400Polícia de Segurança Pública244 859 859Guarda Nacional Republicana244 830 150Segurança Social - Leiria244 890 700Hospital de Santo André244 817 000Gabinete Médico Legal244 817 056Centro Hosp. S. Francisco244 819 300Biblioteca Municipal Leiria244 820 850Brisa Auto Estradas Leiria244 800 300Teatro Miguel Franco244 860 480Teatro José Lúcio da Silva244 823 600Castelo de Leiria244 813 982TV CABO808 200 400PT - Portugal Telecom244 500 500EDP800 505 505SMAS - Água e Saneamento244 817 300Correios de Portugal 244 830 483CP - Comboios de Portugal808 208 208Rodoviária do Tejo244 811 507SIMLIS244 849 100VALORLIS244 575 540Direcção Estradas de Leiria244 820 670Direcção Geral de Impostos244 859 300Direcção Geral de Viação244 800 460Direcção Regional Agricultura244 800 580Direcção Recursos Florestais244 832 001Serv. Estrangeiros e Fronteiras244 831 610Escola Superior Educação244 829 400Escola Superior Tec. e Gestão244 820 300Escola Superior de Saúde244 813 388ISLA - Instituto Superior244 820 650Secundária Afonso L. Vieira244 880 000Secundária Dom. Sequeira244 848 250Secundária F. Rodrigues Lobo244 890 260Escola Profissional de Leiria244 848 610Estádio Municipal de Leiria244 843 000Piscinas Municipais de Leiria244 860 760LEIRISPORT244 848 420Tribunal Administrativo Fiscal244 870 600Tribunal do Círculo da Comarca244 848 800Tribunal do Trabalho244 870 520Estabelecimento Prisional244 824 278IAPMEI Leiria244 817 900Centro Formalidades Empresas244 870 440NERLEI Assoc. Empresarial244 890 200Instituto de Emprego244 849 500Instituto Português Juventude244 813 421

NACIONAIS E DE INTERESSE PÚBLICOSOS Número Nacional Socorro112SOS Incêndios117Linha Emergência Social144Linha Vida SOS Drogas1414Intoxicações808 250 143Banco de Portugal213 130 000Busca e Salvamento Marítimo214 401 919SOS Grávida808 201 139SOS Criança800 202 651Criança Maltratada213 433 333Recados da Criança800 206 656Linha do Cidadão Idoso800 203 531Assoc. Apoio à Vítima707 200 077Alcólicos Anónimos217 162 969Assoc. Narcóticos Anónimos800 202 013Sexualidade em Linha808 222 003SOS SIDA800 201 040ABRAÇO800 225 115SOS Voz Amiga800 202 669Provedor da Justilça808 200 084

telefones úteis

Bullying, ser ou não ser!

análisepsicológica Rita Pacheco Paixãopsicóloga

Rua Nª Srª do Amparo – Lote 4 – R/C Esquerdo – 2415-526 LEIRIATelefone 244 820 436 - Fax 244 820 437 - Telemóvel 918 623 166Email: [email protected] • www.contasdacasa.com

URBENTENDIDO, LDA.PROPERETY MANAGEMENT

Conferência de São Vicente de Paulo

Agradecimento

Sr. Joaquim Santos:Venho agradecer-lhe, muito sensibi-

lizada, a oferta dos livros da sua autoria e que muito apreciei.

Já tinha adquirido “Estrelas que Voam para os Céus”.

Em todos eles perpassam sentimen-tos muito profundos e muito ternos.

Li o último número do jornal NOTÍ-CIAS DE COLMEIAS e apresento as mi-nhas felicitações pelo excelente e oportu-no trabalho sobre as pessoas que, no si-lêncio, sofrem tantas injustiças. Agrade-ço o facto de referir a Conferência de S. Vi-cente de Paulo, pois é constituída por pes-soas que estão atentas e, com muita per-sistência e sacrifício, de facto, levam âni-mo e aquecem os corações de tantos des-falecidos.

Sendo a sua missão, muito discreta, contudo revolucionam tantas vidas, pois o amor move montanhas.

Quanto a “10 Anos NOTÍCIAS DE COLMEIAS” está muito interessante e re-vela grande capacidade de pesquisa, de síntese, de esforço e de sabedoria.

Obrigado pela pessoa que é, pelo pro-fissionalismo que demonstra, pela entre-ga que coloca nas iniciativas e eventos.

Agradeço a simpatia que revelou hoje, no Festival de Sabores e Tradições de Col-meias.

Com os mais respeitosos cumprimen-tos,

Maria Inês Lourenço

carta ao director

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