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Editorial

realizaçãoUniversidade Federal Fluminense - Reitor: Cícero Mauro Fialho Rodrigues - Vice-Reitor: Antonio José dos Santos PeçanhaNúcleo de Comunicação Social - Diretora: Cristina Ruas - Momento UFF - Editora: Luiza Peluso - Sube ditora: PamelaArchontakis- Redação: Kátia Vieira, Luiza Peluso, Pamela Archontakis, Regina Schneiderman, Rosane Fernandes e Sonia deOnofre Programação Visual e Diagramação: Afonso Vicente Araujo Almeida e Marcos Aurélio do Rego MonteiroBolsistas: Carolina Bittencourt, Daniel Braga, Fernanda Gomes, Fernanda Pimentel, Flora Lobosco e Priscilla Mansano(Jornalismo), Arnold Eduardo Zárate Aldana, Carolina Vignoli, Daniel Saturnino Braga e Rafael Martinelli (Programação Visual eDiagramação), Eduardo Heleno de Jesus Santos (Fotografia) Endereço: Rua Miguel de Frias, 9, 8º andar, Icaraí, Niterói/RJ - 24220-000 Tels.: 2629-5239 e 2629-5240 (telefax) - E-mail: [email protected] - Tiragem: 13.000 exemplares -Fotolito e impressão offset: Graftipo Gráfica e Editora Ltda. - Site UFF Notícias: www.uff.br

Pensar a inclusão social como umapolítica pública de resgate dacidadania de milhões de brasileiroshistoricamente excluídos, implicaaceitar duas constatações e umaresponsabilidade, quais sejam: aexistência de um processo ativo deexclusão; b) a percepção de que,enquanto processo social, suacorreção não pode ser entendidacomo dádiva, mas sim comoconquista através de uma ação pró-ativa e, finalmente, assumir aresponsabilidade de combate aoprocesso de exclusão, pelas suascausas e não somente atacando ossintomas.

Ainda que a discussão sobre aexclusão social e o seu reverso � ainclusão - possa ser exemplificada emvários campos do corpo social(saúde, lazer, emprego, etc), nosrestringiremos a comentar o campoeducacional, especialmente aeducação superior.

Assim, dados do INEP mostramque apenas 9% dos jovens comidades entre 18 e 24 anos chegam àuniversidade e a maioria deles seencontra nas universidades privadas.Este baixo percentual não surpreendemuito tendo em vista que o campoeducacional reflete as desigualdadesentre as classes no sistema capitalistae que o governo não vem investindoo suficiente na educação pública.

Com a tentativa de reverter estequadro na atual conjuntura daReforma da Universidade, ogoverno propõe a política de cotas.Acreditamos, contudo, que estasolução seja insuficiente e a suadiscussão marcada por equívocos.

INCLUSÃO SOCIALA política de cotas é insuficienteporque, para ela ser levada a sério,ela deve vir associada a um conjuntode outras medidas que demonstremo real compromisso do governo empromover a ruptura do processo deexclusão que marca a sociedadebrasileira, tais como: melhoria daescola pública, em todos os níveis;investimentos para garantir apermanência dos incluídos,valorização do trabalho dosprofessores, em todos os níveis,incluindo pisos salariais dignos,fortalecimento das organizaçõessociais e de classe para que as mesmaspossam garantir, na luta políticacotidiana, as conquistas alcançadas.

Em síntese, o problema real que oEstado brasileiro tem de enfrentar é ode criar uma política de oportunidadesiguais para todos e isto só pode seralcançado com o fortalecimento doensino público, gratuito e de boaqualidade em todos os níveis.

Recentemente temos assistido,decorrente da anunciada política decotas, a uma discussão marcada porequívocos, particularmente quandose trata de identificar os gruposexcluídos e do quanto devemosbeneficiá-los. Demaneira recorrente,argumentos biológicos ressuscitamdefinições cientificamente mortas esepultas: as raças humanas. Sabemosjá, de longa data, que as propaladasraças humanas são uma falácia.Biologicamente e taxonomicamentetodos os humanos constituem umaúnica raça � homo sapiens sapiens. Maisdo que isto, estudos biológicos jáantigos demonstram que paraquaisquer grupos humanos definidos

a priori por critérios fenotípicos, taiscomo, cor da pele, tipo de cabelo,feições do rosto, ou mesmo a partirdo conjunto destas características,encontram, do ponto de vistamolecular (marcadores nãoacessados facilmente pelos interessesideológicos), mais variação entre osindivíduos dentro de um mesmogrupo do que entre os grupos. Ouseja, existe mais variação entre osbrancos - eles mesmos; entre osnegros - eles mesmos; do que entreos grupos de negros, brancos,amarelos, etc. A situação é ainda maisreveladora quando se analisa, doponto de vista molecular, o supostogrupo de brasileiros brancos. Assim,ficou demonstrado que, em umgrupo relativamente significante depessoas consideradas brancas, 60%delas apresentavam, em suaconstituição genética, genesmitocondriais (herança materna) deorigem negra ou indígena.

Tudo isto indica que a questãocentral para resolver o problemada exclusão é a garantia daigualdade de condições para todaa sociedade e isto não pode serfeito com o modelo neoliberal,privatizando o Estado.

Tendo em v i s t a que aresponsabilidade para com a inclusãosocial não se restringe ao governo, aUniversidade Federal Fluminensevem ampliando a inclusão do outrosocietário através de uma políticaextensionista comprometida comesta causa e, além disto, aumentandosuas vagas de graduação na sede eno interior do Estado do Rio deJaneiro, através de uma política deinteriorização ousada e responsável.

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Um estudioso, no passado, chegoua dizer: �Deus criou a terra, os homens eas doenças venéreas.�No Antigo Testamento da Bíblia,

no livro de Levítico, a gonorréia écitada como algo impuro. Indicavaque o doente devia ser afastado doconvívio social.Na época dos grandes

descobrimentos, o primeiro mundoeuropeu, procurando esconder osmales médico-sociais provocadospelos estigmas das doenças venéreas,tentou impor a situação de queforam os marinheiros de Colombo,e até o próprio, que levaram para oVelho Continente tais doenças.Na mesma Europa, nenhum país

queria para si tamanha ofensa. Ecada um atribuía às doençastransmitidas por relação sexual onome de outra região. Assim, eramconhecidas como mal francês, malgálico, mal napolitano, malportuguês, mal espanhol...A verdade é que a frase inicial é

mais verdadeira do que tudo.Inúmeros trabalhos já descobriramcasos e casos de múmias, incluindocrianças com lesões de sífiliscongênita, documentando, de formacabal, que essas doenças remontamamilênios.O porquê de algumas bactérias,

vírus, protozoários e fungoselegerem os órgãos sexuais comoseus habitats é, e possivelmente serápor muito tempo, uma incógnita.Os microorganismos têm estreitas

relações com determinadas áreas docorpo humano nas quais sedesenvolvem melhor do que emoutras. Muitas vezes, saindo da área�padrão�, são facilmente aniquilados.Para minimizar a transmissão de

doenças, mas também para evitar agravidez não-desejada, o homemprimeiro colocou em seu pênis tripade porco, evoluindo para material deborracha e, recentemente, de látex.A esse artefato chamamos camisinha.Da evolução surgiu o moldecontrário, a camisinha feminina.No início do século passado,

cientistas inventaram injeções debismuto, de arsenicais e de mercúrio.Naquela ocasião, como a cura com

esses �antimicrobianos� era muitoincerta, um ditado popular apareceu:�Uma noite com Vênus e depois toda avida com Mercúrio.�Com a descoberta da penicilina, e

sua aplicação médica durante aSegunda Grande Guerra, o mundoacreditou que o fim do sofrimentocausado pelo efeito colateralinfeccioso da relação sexualexperimentava seu fim.Ledo engano.Osmicroorganismos,

vide a primeira frase, também sãofilhos de Deus.Esconderam-se nos guetos

humanos. Aprenderam a destruir osseus agressores. Mudaram suasvestimentas. Foram morar emunidades mais bonitas, mais ricas,mais limpinhas. E voltaram maisresistentes, mais sabidos e cobrandoum preço bem maior para saíremdos corpos.

Esconderam-se tanto que o povonada deles falava, ocorrendo queoutros agentes, da mesma laia e maisnovos, ganharam mais notoriedade.O mundo, então, só dos novos fala.Do final do século passado até

hoje, quase só há espaço para o HIV.Outro agente também ganhougrande apelo na mídia, o HPV.Programas de rádio, televisão,

revistas de famosos, novelastelevisadas já foram palco paraproblemas de saúde pública(infecciosos ou não). Entretanto, asvelhas e clássicas DST (doençassexualmente transmissíveis)dificilmente são veiculadas até emrádios comunitárias.Todavia, os números envolvendo

as DST são da cifra de centenas demilhões. No mundo são mais de 340milhões de casos novos a cada anode apenas quatro DST (tricomoníase= 174, clamídia = 92, gonorréia =

DST, Darlene, celebridade,Lula e educação

62 e sífilis = 12). No Brasil, osnúmeros andam na casa de dezmilhões de novos casos por ano:tricomoníase = 4, clamídia = 1,9,gonorréia = 1,5 e sífilis = 900 mil.Estima-se que mais de 25 mil casosde sífilis congênita ocorram no Brasila cada ano.A maioria da população e dos

profissionais de saúde desconheceque pelo menos 40% dos casos desífilis congênita, ou matam osconceptos, ou causam gravesproblemas às crianças acometidas.A maioria da população e dos

profissionais de saúde desconheceque as DST podem aumentar em até17 vezes (1.700%) as chances detransmissão do HIV.A maioria da população e dos

profissionais de saúde desconheceque pelo menos metade dos casosde tricomoníase, infecção por

clamídia ou gonococos nas mulheresnão causa alterações importantes nocorpo. Mas as seqüelas no tratogenital são brutais. Dentre elasincluem-se dor pélvica e obstruçãodas tubas uterinas, levando àesterilidade. Pior, atualmente as DSTsão mais freqüentes na população deadolescentes.É tão marcante o dado de que

essas doenças podem ocorrer comausência de sinais e sintomas queVinicius de Moraes, em seu poema�Balada do Mangue�, citava: �pobresflores gonocócicas que à noite despetalais asvossas pétalas tóxicas...� O Poeta sabiaque, vendendo prazer, essas mulheresdavam uma gonorréia sem saber.Hoje, com certeza, temos todas as

armas para combater as clássicasDST. Entretanto, nos falta inteligênciapara ganhar o jogo. Acredito quetemos de jogar não com tanques oumetralhadoras, mas com inteligência

estratégica. Nesse campo, imaginoque dar publicidade ao inimigo, tirá-lo das trincheiras, fazer dele umacelebridade, talvez possa mexer comsua vaidade de ser estrela e tornar-sevulnerável. Presa fácil, poissaberemos onde se localiza. Para isso,teremos de fazer com que as pessoassaibam da verdadeira situação, quefiquem sabendo se possuem ou nãoesses microorganismos em seuscorpos.Para tanto, teremos de usar e

abusar de falar das DST. Em todosos cantos. Em todos os canais. Sempreconceitos para falar de secreçõesfétidas, de úlceras purulentas, decorrimento com cheiro de peixepodre ou de crianças natimortas,necrosadas pelo treponema. Mastambém valorizar o fato de quemuitas pessoas, em determinadasfases das infecções, nada apresentamde exuberante. O IDH (índice dedesenvolvimento humano) brasileirojamais esquecerá o benefício.Imagino o bem que Darlene,

celebridade, faria para os brasileirose para os povos que compram eassistem a nossas novelas, contraindouma DST, amadurecendo, dando avolta por cima, transando com maisamor e, sobretudo, com educaçãoem saúde sexual e reprodutiva.Imagino o bem que Lula faria para

o povo brasileiro se na abertura doCongresso DST 5, Prevenção 5, Aids1 (agosto de 2004, em Recife, sitewww.congressodstaids2004.com.br) falasseque em sua época de adolescente nãoexistia tanta disponibilidade, comohoje, de ações em educação em saúdesexual nem oferta de camisinhas,masculina e feminina, para a prevençãodasDST. Poderia falar, ainda, que todaa sociedade deve respeito e educaçãoa um dos mais nobres atos que osseres humanos podem praticar: fazeramor com dignidade.Evoluindo no sonho dos

�deessetologistas�, poderia Lulapedir para que todos assumíssemosum compromisso (�zinho�) deinteragir para uma sífilis congênita(quase) zero.Mauro Romero é professor adjunto, chefe do Setorde DST da Universidade Federal Fluminense

Mauro Romero Leal Passos

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Casas em ruínas, árvores secas, troncosarrancados do solo, inscrições bíblicas sobre ofim do mundo. O mar avança e destrói tudo.E não há nada que possa contê-lo. O cenárioapocalíptico, que parece ter surgido de umfilme de ficção científica, é o retrato doprocesso natural que vem ocorrendo emAtafona, no Norte fluminense.Situada na parte meridional do delta do Rio

Paraíba do Sul, Atafona é um distrito domunicípio de São João da Barra e se tornou,durante certo tempo, praia preferida doscampistas e dos sanjoanenses. Seja pela areiamonazítica e suas propriedades terapêuticas oupela proximidade com a cidade de Campos dosGoytacazes, a praia de Atafona ganhounotoriedade na região, a ponto de sua populaçãoquadruplicar na alta temporada. Mas o processoerosivo, registrado desde a década de 1950, temafetado o distrito. Segundo a arquiteta MárciaHissa, mestranda da Universidade CandidoMendes, houve no período de 30 anos adestruição de 183 casas em 14 quarteirões. Omobiliário urbano sofreu diversas mudanças: ofarol mudou de lugar duas vezes. Um posto degasolina, uma escola e a colônia de pescadoressão outros exemplos de imóveis que tiveramde ser reconstruídos.O artesão Jair Vieira, de 68 anos, morador

local, quase foi uma das vítimas do avanço

do mar: �Eu queria comprar a casa em queeu morava de aluguel. Dei uma oferta, mas aproprietária recusou. Um mês depois o marcomeçou a invadir o terreno. A dona voltouatrás e ofereceu um preço três vezes menor,mas eu recusei. Hoje o local onde está a casaestá submerso�, conta.A ilha da Convivência, próxima ao distrito,

também sofre as conseqüências da erosão.Belita Ribeiro Pedra, de 76 anos, vive lá desdeque nasceu. Ela relata que quando tinha 18anos havia cerca de 30 famílias na ilha.Atualmente, oito famílias residem lá. ComoAtafona, a ilha perdeu a igreja e várias casas.Vítima do processo erosivo, Belita mudou decasa seis vezes, nos últimos 26 anos.

Causas da erosão

Aquecimento global, fenômenoElNiño, a forçado vento nordeste, diminuição da vazão do rioParaíba do Sul, ação antrópica, quais seriam asrazões para o fenômeno que ocorre em Atafona?Isto é o que busca responder a equipe depesquisadores daUFF, coordenada pelos geólogosAlberto Figueiredo e Cleverson Silva, e peloengenheiro cartógrafo Gilberto Pessanha.Eles formularam o projeto �Atafona:

Avaliação do Processo de Erosão Marinha�, quefoi iniciado em dezembro de 2003. Com a

A FORÇA �QUASE�IMPLACÁVELDANATUREZA

Especialistas da UFFmonitoram a erosão em Atafona

MEIO

AMBIENTE

participação de alunos da graduação, domestrado e da pós-graduação, o projeto,financiado pelo CNPq, compreende olevantamento de dados físico-ambientais com oobjetivo de relacioná-los com a erosão costeira,a fim de determinar os principais agentes dadinâmica do processo erosivo e estimar avelocidade e a intensidade do fenômeno para ospróximos anos

O MapeamentoNa pesquisa, a equipe faz medições das

coordenadas com GPS*, marcando pontosde controle específicos, como casas, linha depraia, falésias, etc. Para se ter uma idéia davelocidade da erosão, em pouco mais dequatro meses de trabalho, um dos pontos foitotalmente destruído pelo mar. Para auxiliaro planejamento da coleta de amostras, oengenheiro Gilberto Pessanha coordena omapeamento.�O trabalho que faço é demapeamento cartográfico e temático dodelta do Paraíba do Sul, com base no acervoque temos da área, e em levantamento decampo com o sistema de posicionamentoGPS. O material servirá de apoio para ocontrole da localização das amostras desondagem geológica e também para avaliaçãoda dinâmica que ocorre na orla.�

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Eduardo Heleno e Luiza Peluso

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Há dez mil anos, o primeiro indício

Na análise inicial, os pesquisadoresdescobriram, a partir dos mapas, fotografiasaéreas e imagens de satélite, que a região do deltado Paraíba já teve diversos processos erosivossemelhantes, em épocas remotas, como explicao geólogo Alberto Figueiredo. �Atafona fica emuma porção do delta do rio que se projeta emdireção ao mar. De pelo menos dez mil anos paracá, o delta como um todo vem avançando emdireção ao oceano. Atafona, portanto, é um localpropício a processos erosivos. O que se observano mapa é a ocorrência de períodos erosivosanteriormente, antes da presença do homem, daextração de areia e da construção das represas�.

Um dos indícios desse fenômeno é a presençade dunas, localizadas em faixas paralelas à regiãocosteira. �Toda vez que ocorre erosão, há aformação de dunas pelo efeito do aumento naforça dos ventos. Os grãos de sedimentos demenor tamanho são retirados da praia ecarregados pelo vento em direção ao continente,formando as dunas. Nesta região, o processo deformação das dunas é um excelente concentradorde minerais pesados, geralmente de cor escura eentre estes está a monazita�. A constatação feitapela equipe abre novas possibilidades paradetectar o fenômeno erosivo em épocas remotas.Para isso eles estão realizando mediçõesradioatividade para quantificar a presença de areiamonazítica. Segundo o professor Alberto, �aradiação emitida pela monazita serve como índiceda concentração de minerais pesados e estes sãobons indicadores do processo erosivo. A forçado vento além de criar as dunas, provoca ondasno mar e estas causam erosão nas praias�.

O Rio Paraíba do SulApesar de as primeiras informações indicarem

que a erosão faz parte de um evento cíclico, que játeve similares em tempos remotos, os pesquisadorestambém estão analisando como a ação do homempode ter contribuído para essa situação.Outro fatorque pode ter alterado a dinâmica da costa é adiminuição da força do Rio Paraíba do Sul. Oprofessor Alberto Figueiredo explica que a vazão

do rio tem papel importante no equilíbriohidrodinâmico. �A força do rio, quando ele entrano mar, funciona como uma barreira hidráulica,reduzindo os efeitos das ondas erosivas denordeste�, afirma. Uma das causas da redução davazão estaria nas represas ao longo do curso do rio,que acabam por diminuir e regularizar sua força.

A bacia do Paraíba do Sul drena uma das áreasmais desenvolvidas dopaís. Comanascente na Serrada Bocaina, no estado de São Paulo, abrange osestados deMinasGerais e do Rio de Janeiro. Dadosdo serviço de informações do Paraíba do Sulindicam que há 8,5 mil indústrias que utilizam seusrecursos hídricos. Além do fornecimento para asatividades industriais e agropecuária, há a captaçãopara abastecimento da população. Segundoo IBGE(1996), mais de 5 milhões de pessoas residem naárea da bacia do rio, que corresponde a 55 milquilômetros quadrados. ARegiãoMetropolitana doRio de Janeiro, com oito milhões de habitantes, étambém uma das beneficiadas.

Entendendo o passado para planejar o futuro

A análise de alguns indícios já está ajudando aexplicar como fatores naturais e antrópicos estãomodificando o local. Mesmo assim, outros tiposde estudos serão feitos. A equipe planeja realizarsondagens geológicas em áreas erosivas antigas afim de avaliar a idade e a duração destes eventos.As amostras serão datadas por meio de Carbono14 e termoluminescência de quartzo. O grupopretende contar também, dentro de poucos meses,com a colaboração dos moradores da cidade paramonitorar as características das ondas e dos ventos.Essasmedições sãonecessárias para o entendimentode como cada fator influencia emodifica a dinâmicadas forças que atingem o litoral atafonense. Acompreensãodoque aconteceuna região emépocasremotas é a chave para estimar o que acontecerácom o distrito. A população da região do delta doParaíba do Sul sofre as conseqüências por vivernuma região que se tornou cenário de destruição,onde a dinâmica dessas forças naturais foi aceleradapelas transformações que o homem proporcionou.

Primeiros resultadosA avaliação preliminar da erosão foi

apresentada no II Simpósio Brasileirode Oceanografia, evento organizadopela USP, realizado de 31 de maio a 4de junho de 2004. Participam doprojeto os professores AlbertoFigueiredo, Cléverson Silva e GilbertoPessanha, e os alunos Sérgio Cadenade Vasconcelos, Ricardo Álvares dosSantos, Anderson Gomes, CorbinianoSilva, Suzana Hinds Ferreira da Silva,Priscila Silva da Costa Moreira,Maurício de Souza Dias Guimarães.

A cura pelo minérioA monazita é um mineral composto por fos-

fato de terras raras dentre elas, o Tório. Por suascaracterísticas radioativas, após processamento, élargamente utilizada na indústria de eletro-eletrô-nicos, como, por exemplo na fabricação de tu-bos deTV,como contraste radioativo na área mé-dica e como combustível nuclear para as usinasatômicas e submarinos nucleares.A areiamonazítica na forma como é encon-

trada é também associada à cura de doenças.EmAtafona, foram registrados casos de polineurite(inflamação dos nervos) e de varíola, cujo trata-mento indicado foi a exposição à areia.

Além disso, por ter uma densidade maior(4.5)que a do quartzo(2.6), ela é encontrada uma jun-to com outros minerais pesados economicamenteimportantes como a granada (usada como abra-sivo na fabricação de lixas), ilmenita (base brancapara tintas) e a zirconita (película brilhosa paracerâmica).

O sistema de navegação GPSPara fazer medições geodésicas precisas a equi-

pe utiliza instrumentos de posicionamento porsatélite. Atualmente existem dois sistemas de na-vegação: GPS (global positioning system) feitopelos americanos e o GLONASS elaborado pe-los russos. Cada sistema é formado por 24 saté-lites. Eles emitem sinais de rádio que são inter-ceptados pelos instrumentos na Terra. Para que ousuário saiba a sua localização, é necessário queele receba o sinal de pelo menos três satélites.

O Apocalipse é tema comum nas ruínas de Atafona

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Em entrevista ao Momento UFF, MércioGomes aval ia a si tuação atual dos povosindígenas e aler ta sobre a necess idade dedemarcar e homologar suas terras.O que é ser índio hoje?

Ao fazer uma reflexão sobre o que é ser índioresgato um pouco da história desse povoguerreiro, com base nos versos de GonçalvesDias, o grande poeta da alma brasileira e quebuscou encontrar uma identidade para o Brasil.Diz a frase: �Os índios foram instrumento de quantoaqui se praticou de útil e grandioso. São o princípio detodas as nossas coisas. São os que deram a base para onosso caráter nacional, ainda mal desenvolvido e será acoroa de nossa prosperidade o dia de sua inteirareabilitação.� Na minha opinião, ser índio hojeno Brasil significa sentir orgulho de um povoguerreiro, que sempre defendeu suas terras ecostumes, e que mesmo diante dos desafiosimpostos pelo progresso, continua preservandoas tradições, transmitindo todo o legado deconhecimentos dos antepassados aos maisjovens, na expectativa de manter viva a culturade cada etnia.

Atualmente, como está a situação política ede subsistência dos índios no Brasil?

Os índios, em sua maioria, são representadosnas aldeias por caciques ou capitães, dentre outrasdenominações, responsáveis por conduzir as

Presidente da Funai avaliaa situação indígena no Brasil

reivindicações a órgãos como a Funai,Ministério Público, ministérios e outrasinstâncias governamentais e não-governamentais. Quanto à subsistência, amaioria dos povos indígenas, cujas terras já estãodemarcadas e homologadas, vive do plantio deroças e do artesanato. Em geral, os índiosplantam roças de mandioca, arroz, feijão emilho, produzem farinha de mandioca eartesanato variado, conforme as tradições

de cada etnia. Em algumas áreas, ainda prevalece aprática da caça e da pesca, mas em pequena escala,sempre com a preocupação de se preservar omeio ambiente.Os índios sofrem mais preconceito da

população rural do que da urbana. Por queisso acontece, na sua opinião?

Infelizmente, acredito que o preconceito emrelação aos indígenas ocorre no meio rural eurbano. No meio rural, talvez em função dasconstantes disputas judiciais pela posse de terrasque anteriormente já pertenciam aos índios e quehoje estão ocupadas por fazendeiros, opreconceito talvez estejamais enraizado.Tudo issoé muito lamentável. Por exemplo, comopodemos ter certeza de que o estudante indígena,ao ingressar em um curso superior, também nãoestará sujeito ao preconceito dos que vivem nascidades? Sou contra qualquer tipo de preconceito.Em especial, com os povos indígenas, em funçãodo que eles representaram e continuamrepresentando na luta e na defesa de seu povo edo nosso território.

O nosso país é muito grande e comdiferenças sociais, culturais e étnicas. Comose dão essas diferenças nos nossos gruposindígenas?

São conhecidos hoje, no Brasil,aproximadamente 220 povos indígenas, comculturas específicas e diferentes entre si e da

sociedade brasileira. Em muitos casos �aproximadamente 180, � estes povos seexpressam por meio de línguas tambémdiferentes. Essa pluralidade deve ser vista nãocomo um obstáculo ao desenvolvimento do país,mas como uma imensa riqueza cultural, da qualtodos nós, brasileiros, devemos ter orgulho.

Para assentamentos de terras, às vezes, sãonecessários anos de engajamento por parte dosíndios. Isso pode agravar os conflitos. Como ogovernopodeagirparaminoraressesproblemas?

Os índios sempre souberam como lidar coma terra. Na verdade, eles conhecem toda aimportância do território que tradicionalmenteocupam para sua reprodução física e cultural.Tudo isso é resultado de um aprendizado dosantepassados. Por isso é que eles sabem quandoé o período certo para o plantio e para a colheitadas roças. São ainda profundos conhecedoresda natureza, de seus mistérios, enfim, são grandespoetas. Os conflitos, quando ocorrem, são, emsua maioria, decorrentes do descontentamentodaqueles que perderam na Justiça o direito decontinuar ocupando terras que pertenciam aosindígenas anteriormente.

No site da Funai, o senhor foi firme emsua defesa pela obediência aos direitosindígenas e pelo resgate da dívida que o paíscontraiu com as comunidades indígenasdesde o processo de colonização e genocídioda raça. De acordo com a ConstituiçãoFederal, quais são os direitos que cabem aosíndios? Como nós poderíamos resgatar isso?

AConstituição Federal, no capítuloVIII, artigos231 e 232, ressalta, entre outros pontos, que aosíndios é reconhecida sua organização social, bemcomo seus costumes, crenças e línguas, além dosdireitos originários sobre as terras quetradicionalmente ocupam, sendo competência da

Fernanda Pimentel

Mércio Pereira Gomes, 53 anos, antropólogo, é presidente da Fundação Nacionaldo Índio (Funai) e professor dos cursos de graduação e pós-graduação emAntropologia da UFF.Lecionou na Unicamp, Uerj e Macalester College, em Minnesota (EUA). Realizoupesquisas antropológicas entre os índios tenetehara (1975 a 2000), guajá (1980 a2002), parakanã, avá-canoeiro e diversos povos indígenas do baixo Rio Xingu,além dos urubu-kaapor, krikati, canela e waimiri-atroari.É autor de diversas publicações sobre povos indígenas, destacando-se O índio naHistória, O povo tenetehara em busca da liberdade e Os índios e o Brasil, esteeditado também em língua inglesa.

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União proceder à demarcação. Acho que o Brasilresgatará uma dívida histórica com os povosindígenas quando consolidar o processo dedemarcação de suas terras. Tenho a convicçãode que esse processo estará concluído até 2006.Na minha opinião, a demarcação e ahomologação de todas as terras indígenas são onosso maior desafio. Atualmente, 75% destasestão demarcadas, num país que conta com 620terras indígenas, uma população estimada em410 mil índios.

Como se configura a importância do índiona formação do �caráter nacional�,evidenciada pelo senhor em palestra, em abrildeste ano, na Academia Brasileira de Letras(ABL)?

Caráter nacional é aexpressão usada porGonçalves Dias, em 1849,a qual citei na minha fala naABL. Atualmente,deveríamos traduzi-la para�sentimento denacionalidade brasileira�. Entretanto, na minhaavaliação, essa questão ainda está em formação.Umadas causas do não-reconhecimento dos índios naformação da nossa identidade é que, na visão dosnossosprincipais intelectuaisbrasileiros, sãoosnegrose os europeus os principais elementos dessaidentidade. Muito se credita verdadeiramente aoportuguês e ao negro. O índio ficou em terceirolugar. Como se fosse um resíduo, isto é, o queforneceu a matriz para os primeiros habitantes e aformação das primeiras populações e que deixoude ser interessante. Personalidades como o saudosoDarcy Ribeiro � com quem tive a oportunidade deconviver durante anos, umhomemsemprededicadoàquestão indígena� tambémse sentiramangustiadasna busca incessante por descobrir o verdadeiroespaço do índio naformação do caráternacional, o caráterdessabasepopular quenósherdamos.Énessesentido que,mais umavez, a poesia deGonçalves Diascontribui paraconsolidar a importância que o índio tem nanacionalidade brasileira, pela sua trajetória de luta.

Qual a sua avaliação do curso deNegociação e Mediação de Conf lito,promovido recentemente pela Funai?

Acredito que foi importante para o corpotécnico de servidores da sede da Funai, emBrasília,e das administrações regionais nos estados ondehá maior incidência de conflitos que, em geral,envolvem ocupações de terras indígenas. Emboratenham sido apenas cinco dias de atividades, o

aprendizado será fundamental para asatividades diárias dos servidores da Funainessas regiões. Eles também repassarãoos conhecimentos adquiridos aos demaiscolegas de trabalho, contribuindo para oaprimoramento das ações e para a buscade uma solução negociada dessasquestões, sem a necessidade do uso deviolência ou situações de tensão.

O que o senhor quis dizer aodeclarar que �os índios são opresente. E digo mais, os índios sãoo futuro do Brasil�, na audiênciapública na Comissão de Agriculturada Câmara dos Deputados, emBrasília?

Sempre digo que osíndios são anossa referênciacomo cidadãos brasileiros.Foram eles que aquichegaram inicialmente eprotegeram nossas terras.São eles que hoje mantêm

vivos costumes, crenças e tradições de seusantepassados. São eles que nos ajudam a mantervivas nossasmatas e contribuempara a preservaçãode nossosmananciais. Por isso é que avalio que elestambém são nosso futuro, principalmente quandoconsolidarmos nossa maior dívida com eles, queconsiste na demarcação e homologação de todasas suas terras. Isso significa não apenas um resgatee o pagamento de uma dívida que está dentro donosso ser. Mesmo as pessoas que não sãosimpáticas à questão indígena reconhecem que hálegitimidade no índio, no sentido de ter a sua terra.Isso se reconhece em seu ser poeta e em seu ser deopinião pública, bem como no sentido de que aconservação dessas terras nos garantirá apreservação do meio ambiente por muitos anos.

Por que a revisãodemográfica, segundoo senhor, �é uma dassurpresasdaHistória�?

Calculo que osíndios já somaram 5milhões no Brasi l .Houve uma queda

acentuada, o que fez com que essa populaçãotenha chegado a 120 mil, em 1955. Hoje, osíndios são 410 mil, reconhecidos pela Funai,isto é, houve aumento acentuado docrescimento dessa população. Em outrasdécadas, acreditava-se que os indígenasdesapareceriam e era com base nessepressuposto que a atuação do Estado brasileiroera definida. Consciente da mudança desseparadigma, a Funai tenta realizar um censoindígena, com o apoio do IBGE, para quepossamos realmente conhecer quem é índio, o

que é ser índio e assim pautarmos nossa atuaçãona garantia da defesa dos direitos desses povos.

O que fez os povos indígenas começarema recuperar sua população?

Os povos indígenas vêm crescendo e achoque tudo isso é um grande resgate. Algunscrescem com um índice de 5% ao ano, emfunção, principalmente, da queda da mortalidadeinfantil, da diminuição da morbidade e de umasérie de outros fatores como as doenças gravesque não existem mais, entre elas, a varíola � quematava mais � e o sarampo, atualmente sobcontrole. Considero que os índios estão inseridosnesse novo papel de reconhecimento no Brasil.Penso que a regularização das terras às quais elestêm direito, aliada ao fortalecimento de projetosauto-sustentáveis, constitui-se o caminho para aconsolidação desse crescimento. Assim, numfuturo próximo, o país poderá se orgulhar deter contribuído para o equilíbrio em relação aospovos indígenas. Quando o Brasil fizer isso, seráreconhecido mundialmente.

A vida é cheia de desafios. Quais os seusprojetos na presidência da Funai paramelhorar a qualidade de vida dos índios esuperar esses obstáculos?

Além da questão da demarcação e dahomologação de todas as terras indígenas do Brasil,existem ainda outras metas a serem alcançadas.Destaco, por exemplo, o compromisso de implantaro Plano de Cargos e Salários para os servidores doórgão, a realização de um concurso público, com500 vagas para nível médio e superior, até o final doano, ampliando o atual quadro de funcionários,estimado em 2,1 mil, e o incremento de projetos naárea de educação e saúde indígena. Também sãorelevantes as açõespara a implementaçãodeprojetosauto-sustentáveis e de proteção do meio ambientepara os povos indígenas e, principalmente,permanecer firme no propósito de lutar pela defesadessas populações que são o orgulho da nação.

“São eles que nos ajudam amanter vivas nossas matas e

contribuem para a preservação denossos mananciais”

“(...) são os negros e os europeus osp r inc ipa is e lemen tos dessaiden t idade . Mu i to se c red i taverdadeiramente ao português e aonegro. O índio ficou em terceiro lugar”

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O trânsito faz parte da vida de todos nós: mo-toristas, motociclistas ciclistas, pedestres. O novoCódigo de Trânsito, instituído em setembro de 1997,prevê que �o trânsito, em condições seguras, é umdireito de todos e dever dos órgãos e entidadescomponentes do Sistema Nacional de Trânsito, aestes cabendo, no âmbito das respectivas compe-tências, adotar as medidas destinadas a asseguraresse direito�.

O curso de Engenharia Civil da UFF dá ênfasea estradas e transportes há 18 anos, sendo um dospioneiros na restrita área de estudo de trânsito. �Nomínimo, 25% da atividade humana depende dotransporte�, assegura o coordenador do Grupode Estudos e Pesquisa em Engenharia de Trânsito(Gepetran), professor José Fernandes Senna.

Mudanças necessárias

O Código de Trânsito prevê a municipalização dotrânsito, isto é, o município deve assumir as ques-tões do trânsito, com a participação da GuardaMunicipal, multando e orientando os motoristas.Antes disso, essa responsabilidade era dos gover-nos federal e estadual. �A presença dos municípiosno trânsito ainda é muito incipiente�, critica o pro-fessor José Jairo Araújo.

Não se exige somente conhecimentos técnicospara o estudo de trânsito, mas também pesquisasde comportamento, já que as características das viasvariam de acordo com a utilização. É importanteobservar se é uma via utilizada basicamente parapasseio ou para trabalho, por exemplo. Faz-se ne-cessário um estudo especial para cada caso. �Aindicação de velocidade máxima ou a colocação

UFF desenUFF desenUFF desenUFF desenUFF desenvvvvvolvolvolvolvolve Gre Gre Gre Gre Grupo de Estudosupo de Estudosupo de Estudosupo de Estudosupo de Estudose Pe Pe Pe Pe Pesquisa em Engesquisa em Engesquisa em Engesquisa em Engesquisa em Engenharia deenharia deenharia deenharia deenharia de TTTTTrânsitorânsitorânsitorânsitorânsito

de quebra-molasacaba sendo estipu-lada por políticos,na base do �bomsenso�, semnenhumcritério, enquantodevia ser feita porengenheiros capaci-tados�, afirma JoséJairo Araújo.

Segundo o pro-fessor Walber Pas-choal, alguns fatoresque perturbam otrânsito passamdes-percebidos, como alocalização de uma

banca de jornal ou de um ponto de táxi dificultan-do a visão dos motoristas e atrapalhando o fluxo,ou um ponto de ônibus próximo a local de tra-vessia perigosa. �O quebra-molas, geralmente rei-vindicado pelas associações demoradores, vai con-tra a segurança do motorista e não é a soluçãoideal, além de ser utilizado com interesses políti-cos�, diz Paschoal.

Uma área importante da pesquisa diz respeito à

Flora Lobosco

GEPETRAN: UM NOVO CONCEITO EM ENGENHARIA DE TRÂNSITO

redução dos gastos com os acidentes, principal-mente do Ministério da Saúde. Segundo José JairoAraújo, é necessária a conscientização não só deusuários, mas de autoridades. �Um investimentoem reorganização do trânsito pode resultar em eco-nomia de 40 a 60 vezes do que se investe.�

As estatísticas apontam o Brasil como campeãomundial em mortes por acidentes automobilísti-cos. �Todo mundo só sabe falar do motorista�,condena Araújo. Mas, segundo o professor, osacidentes muitas vezes são causados por falta deorganização no trânsito. Para ele, o Código de Trân-sito ainda tem muitos erros, e a tendência é de se-rem corrigidos com a experiência. Colégios e uni-versidades têm papel essencial no processo de hu-manização do trânsito. O novo código é o iníciode uma maior conscientização da importância doassunto. �Antes, se uma estrada não comportava otráfego, fazia-se outra. Agora, as causas e conseqü-ências são estudadas e tomam-se medidas opera-cionais, como a faixa exclusiva para ônibus�, exem-plifica ele.

O Código de Trânsito está disponível no sitewww.senado.gov.br/web/codigos/transito/httoc.htm.

Professores integrantes do Gepetran: José Jairo Araújo, José Fernandes Senna, Wainer da Silveira e Silva, José LuizMartins e Walber Paschoal

PESQUISA

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EXTENSÃO

O curso de extensão Realidade Brasileira é umaaula de participação, literalmente. No primeiroencontro da coordenação político-pedagógica docurso, jovens cheios de energia se movimentavampela sala, decidindo que filme passar para a turmae organizando apostilas, com muito bom humor.Ao mesmo tempo, a coordenadora VirgíniaFontes fumava um cigarro enquanto concedia estaentrevista e auxiliava o grupo. �Virgínia, há doisfilmes para exibir amanhã. Qual deles vocêprefere?� interrompe um dos alunos. �Qual vocêprefere? Você sabe que aqui eu nãomando nada�,responde a professora, sorrindo. Um curso ondea coordenadora não manda? Não é bem assim.Os alunos são responsáveis por todas as decisõessobre as aulas. A maior parte do trabalho dosprofessores da UFF foi durante a organizaçãodo conteúdo.Quando o Movimento dos Trabalhadores

Rurais Sem-Terra (MST) procurou a UFF paraministrar o curso que já tinha sido implantadoem Minas Gerais e São Paulo, os professoresVirgínia Fontes, Marcelo Badaró e Ana Motaquestionaram o conteúdo programático, pois estejá estava fechado, exatamente igual ao dos outrosestados. A proposta dos professores foi umaorganização acadêmica e uma abrangência maiorque o universo do MST. Entre 2001 e 2002,foram realizados várias discussões e encontros

Um curso diferenteParceria entre MST e UFF gera participação ativa dos alunos

que resultaram no curso oferecido hoje pelauniversidade. Segundo Virgínia, o que está sendooferecido é da melhor qualidade e adaptado aopúblico da UFF, do MST e de outrosmovimentos. A única solicitação do MST foi ummódulo sobre a obra de Karl Marx, O Capital.�É isso o que a universidade precisa aprender

com o MST. Essa didática de participação�,defende a coordenadora. Os alunos participamde todas as decisões sobre as aulas. Nos dias docurso os participantes são divididos em oitogrupos, chamados de brigadas, que organizamlimpeza, alimentação, documentação do curso(brigada de memória), participação e militância(mística). O curso tem duração de dois anos eteve início em agosto de 2003, com términoprevisto para 2005. As aulas acontecem uma vezpor mês, num fim de semana. Os participantesse encontram no Gragoatá, onde formam asbrigadas; a coordenação-geral se reúne na semanaanterior à das aulas. A expectativa dosorganizadores era completar as 65 vagas para ocurso, mas hoje já são 83 alunos.Cadamovimento social fez uma seleção e indicou

os participantes. A única exigência é a freqüência doaluno. Como não apresenta pré-requisito, a turma éformada por pessoas com diferentes histórias devida. Alguns têm curso superior completo, outrosnão concluíram o ensino médio. Essa diversidadegera troca de aprendizado, de dificuldades que

fortalecem o curso: aprendem os alunos, auniversidade e o MST.Maria Aparecida Piza, 46 anos, integra a Pastoral

Fé e Cidadania e o Comitê de Luta contra a Alca,ambos da Paróquia Santuário das Almas, em Icaraí.Ela está voltando a estudar Ciências Sociais na UFFe diz que nos movimentos sociais falta a reflexãocrítica que a universidadeoferece. �Esse curso é umatentativa de �amarrar� a nossa militância a umconhecimento mais aprofundado da História e dapolítica�, explica ela. Outro aluno, Azer AzevedoFilho, 37 anos, é integrantedoComitê deLuta contraa Alça, de Angra dos Reis, e do Sindicato doEletricitários de Niterói. Com o curso, ele tentaaumentar a inserção social entre os movimentossociais. �Temos um objetivo único, que é gerardiscussão�, provoca Azer.Os participantes serão avaliados por uma

pesquisa sobre o movimento social em que estãoinseridos e até por uma possível monografia. Aoque parece, a turma vai muito bem. Os professoresconvidados adoram a experiência, e os alunos nãoparam de trazer questões dos movimentos sociaispara a sala de aula. O professor de economia daUERJ, Cezar Honorato se encantou com a turmapela participação dos alunos. Segundo ele, auniversidade é uma instituiçãomedieval, construídapara os sábios falarem entre si, mas interromper oprofessor e questioná-lo faz parte da aprendizagem.�Eugostode turmabarulhenta�- brinca oprofessor.

Priscilla Mansano

A socialização como alternativaEduardo Heleno

A professora e socióloga Edna Del Pomo, doInstituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF)da UFF, retoma um programa para que réusbeneficiários de penas alternativas prestemserviços à universidade. De acordo com asocióloga, a UFF foi a primeira instituição deensino superior do estado a receber osprestadores do programa de penas alternativas,na década de 90. Naquela época, foi feito umconvênio com a Central de Penas do Rio deJaneiro, e o programa teve a coordenação doprofessor Santo Conterato, com a participaçãoefetiva da professora Edna.A nova iniciativa planejada pela professora

contempla uma perspectiva diferente de atuaçãoda universidade. Além de receber o beneficiário,a equipe de Edna também irá acompanhar eavaliar não só a qualidade dos serviços prestadoscomo os resultados obtidos junto à comunidadee ao prestador.Para ampliar a oportunidade aos prestadores

da Central de Penas de Niterói, foi assinado no

início de mês de julho um novo convênio com oTribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Recuperação e reincidência

A principal função da pena de reclusão é areadaptação da pessoa na sociedade porque apassagem pela cadeia não traz ao presidiárioqualquer expectativa de inserção social. Para opresidente do Tribunal de Justiça do Rio deJaneiro, Miguel Pachá, � a pena alternativa dá maisdignidade, ressocializa o preso e faz com que,cumprido o seu período, ele encontre um trabalhodigno. Dessa forma, estaremos contribuindotambém para diminuir a população nas delegaciase casas de custódia, que estão cheias de detentosque não precisavam estar lá�.Uma das grandes dificuldades para os ex-

presidiários é conseguir emprego, e por isso,muitos deles voltam a cometer crimes. Segundoa professora Edna, a taxa de reincidência para osque cumprem pena em regime fechado é de 80%

e no caso das penas alternativas é bem menor.Os dados da última pesquisa do Instituto LatinoAmericano das Nações Unidas para Prevençãodo Delito e Tratamento do Delinqüente -ILANUD, realizada em 1997, mostram que oíndice é de 12,5%. Relacionado a esta diminuição,está o fato de que neste tipo de medida não háperda do contato do condenado com os seusfamiliares e nem das responsabilidades, emespecial o emprego.Com o trabalho a ser desenvolvido na UFF,

novas informações poderão ser obtidas.Rosângela Máximo, coordenadora da Central dePenas de Niterói, ressalta a importância desteconvênio: �Por isso estamos buscando junto aUFF essa parceria, pois acreditamos que a partirdaí poderemos ampliar nossa missão com maiscritério técnico junto à comunidade de Niterói,em benefício da sociedade, inclusivepossibilitando pesquisas essenciais que nos tragamdados avaliativos para nosso aprimoramento,como, por exemplo, a taxa de reincidência�.

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A educação à distância (EAD) tem umahistória antiga, em termos de metodologia e foina década de 1970 que viveu seu grande boom,quando foram criadas as maiores universidadesà distância que temos hoje no mundo, como aOpen University na Inglaterra, a UniversidadNacional de Educación a Distancia na Espanhae a Fern Universitat na Alemanha.Com a internet, a EAD ganhou nova

roupagem. Na sociedade da informação aspessoas têm um �espaço� a partir da tela docomputador, podendo ler textos e obter infinitasinformações, comunicando-se em tempo real (e-mails ou chats), e isso altera todos os tipos detrabalho, inclusive o do professor.O computador e a internet vieram modificar

o mundo. São potencializadores da comunicaçãoentre as pessoas e entre as organizações. Em umcurso à distância, para que se obtenha sucesso, éfundamental, além da qualidade, um sistema comalta interatividade. A internet é, então, espaço deinteração muito importante, onde pode-se terreduzida a questão do espaço físico que separaos vários atores do processo na educação àdistância. Todas as grandes universidades àdistância do mundo usam a internet comoferramenta para provocar a interatividade eexercer a tutoria (atendimento online ou presencialfeito por profissionais para orientar os estudosem cada disciplina).Vivemos no Brasil uma fase de grande promessa

em relação ao desenvolvimento em EAD. �Équestão de necessidade�, explica o professor titularda UFF e vice-presidente de Educação à Distânciado Consórcio Centro de Educação Superior aDistância (Cederj), Celso Costa.

UFF e CederjA UFF ofereceu o primeiro curso à distância,

em novembro de 2001, com o vestibular delicenciatura em Matemática, em quatro pólosregionais. Segundo Celso Costa, isso marcou umpioneirismo porque foi o primeiro curso de

Educação à distânciaUFF é pioneira no Brasil a oferecer

curso de graduação ‘online’

graduação à distância, aberto àpopulação, realizado no Brasil.Até então, os cursos que existiamna área EAD em graduação eramde Pedagogia, para os professoresda rede pública que não tinham atitulação prevista pela LDB.O Consórcio Cederj tem o

objetivo de expandir o ensinosuperior gratuito e de qualidade,com cursos de graduação,extensão e especialização, e éformado pelas seis universidades

públicas do Estado do Rio de Janeiro: UFF, UFRJ,Uni-Rio, Uerj, Uenf e as prefeituras municipais,realizando atividades curriculares, presenciais e àdistância.

Matemática ‘online’ da UFFA UFF caminha para a inserção dessa

metodologia. Do consórcio, o curso degraduação com metodologia à distância que temo maior corpo discente é o de Matemática daUFF. Em 2004 serão mais de 1,2 mil alunos e 16pólos regionais no interior do estado. O cursotem cerca de 20 professores e 45 tutores. Oprofessor Celso Costa explica a importância dainternet no processo da educação: �Eu vejo quea tecnologia em si não deve ser o foco, mas serusada pedagogicamente. A internet ainda é umrecurso limitado, para o nosso país. Para ter umaboa internet é preciso ter uma banda larga e estanecessita investimentos de recursos.�A metodologia do curso se baseia em material

impresso produzido pelo núcleo gestor doconsórcio. Os autores são professores dasuniversidades e uma equipe técnica de webdesigners,desenhistas, programadores, ilustradores que dãoo formato e a linguagem do material. Os alunostêm nos pólos regionais encontro marcado com atutoria, de duas horas por semana, para dinamizaresse material didático. Nos pólos regionais estãoos laboratórios com computadores conectados àinternet � rede com uma banda de 256 kbps �,além de laboratórios de física, química e biologia.Há infra-estrutura montada no interior do estadopara apoiar o estudante. �A internet é o meio decomunicação com a sala de coordenação, que ficaaqui na universidade, e com os tutores do cursopara que os alunos possam dirimir quaisquerdúvidas�, diz Costa.A plataforma Cederj de ensino faz toda a

administração acadêmica do estudante. Além datutoria oferecida nos pólos e pela internet, o alunotem a opção de se comunicar também por

telefone, por um número 0800. �Quando o alunotem alguma dúvida pode ligar para a sala decoordenação e tutoria que está localizada noNúcleo de Educação Assistidos por MeiosInterativos (Neami) na UFF, que trata as questõesdas novas tecnologias de informação ecomunicação no ensino. E é ummomento muitointeressante e até emocionante ver um tutorresponder a uma questão de matemática pelotelefone�, afirma Celso Costa.A EAD é um complexo e todos os meios

(internet, telefone, material impresso) devem estara seu favor. Nesse processo, além de um bomesquema de tutoria, destaca-se a avaliação. Estatem de dar credibilidade ao sistema. Muitas vezeso senso comum pode ter uma opinião distorcidado processo. No sistema do Consórcio Cederj aavaliação do aprendizado é feita através de provascomo as dos cursos presenciais, formuladas peloscoordenadores de disciplinas que estão aqui naUFF e são aplicadas nos pólos. Esse mecanismobem tradicional é responsável por 80% da nota;o restante é por meio de exercícios à distância.O professor Celso Costa explica que a

avaliação institucional no curso à distância éelemento importantíssimo, ao contrário dopresencial. O ensino à distância não teria chancede ter sucesso se prescindisse desta avaliação. Nocurso de Matemática à Distância da UFF existeavaliação permanente � o aluno estárespondendo, passando e-mails, criticando,elogiando. �Há visitas de avaliação nos pólosfreqüentemente, e ficamos o dia todoconversando com os estudantes, a direção dopólo e com os tutores para saber como está oprocesso como um todo. Isso imediatamente fazcom que a gente direcione o curso para alcançaro objetivo proposto. É um processo dinâmico,vivo, e que a qualquer momento pode sercorrigido�, ressalta Costa.Cursos à distância exigem investimentos, tanto

do ponto de vista pessoal, quanto de infra-estrutura. Quem está inserido no processopercebe a complexidade. Em um pólo regional,por exemplo, há investimento de R$ 400 mil eminfra-estrutura com laboratórios, materialpermanente e biblioteca. Segundo Celso Costa,a meta é de alcançar, até o ano de 2006, 25 pólos,pois já existem 16 em funcionamento.Há dois anos, a Portaria do MEC nº 2.253, de

18 de outubro de 2001, conhecida como a �dos20%�, apresenta incentivo à graduação online, poispermite que as instituições de ensino superiorofereçam até 20% de suas disciplinas regularesna modalidade à distância. Assim, como afirmaMarco Silva no livroEducação online, a informaçãoe a educação tendem a transitar dos suportestradicionais para a internet.

Rosane Fernandes

Professor Celso Costa, vice-presidente de Educaçãoà Distância do Ceder j

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Part ic ipar com seriedade dos editais ,construir projetos que ref l i tam aspreocupações teóricas e conceituais da áreasão alguns dos motivos que a coordenadorada pós-graduação em Comunicação Social daUFF, professora Marialva Barbosa, pontuacomo o grande sucesso dos grupos depesquisa em comunicação.

O curso é um trabalho sólido e unido detodos os profissionais em torno de umobjetivo comum: a construção de um campode pesquisa reconhecido. Esse é um dosfatores que contribuíram para o rápidocrescimento do curso na universidade. Criadoem 1997, está na liderança na Região Sudeste,ao lado da UFMG.

�Nós nos esforçamos para conseguirinstalações compatíveis com a importância dapós-graduação�, diz Marialva Barbosa. Oslaboratórios de Mídia e Identidade e o deTecnologias estão funcionando, ainda aquémdo ideal. �Há muito a ser feito no que dizrespeito à estrutura física, mas estamos nocaminho certo�, acrescenta.

Quanto ao aperfeiçoamento do programa,a coordenadora destaca que todos osprofessores estão trabalhando juntos parainternacionalizá-lo. �O professor Denis de

convergidas para três eixos comuns:identidade, mídia e exclusão social�, afirma.

E os objetivos do laboratório vão além:tornar-se um banco de dados, promoverseminários e encontros, publicar livros, além desediar estudos. Com a verba conseguida peloedital, haverá compra de material permanentee equipamentos para desenvolver a pesquisa.

O tema do trabalho contemplado, mídia eexclusão social, de acordo com a professoraAna Lúcia, é um caminho indispensável parauma discussão, onde se busca ampliar a áreade conhecimento, permitindo a reflexão sobrea exclusão social e colocando a atuação damídia em perspectiva. O olhar etnog ráf ico,suger ido por e la no proje to, enr iquecea c omu n i c a ç ã o , p e r m i t i n d o um ainterd isc ip l inar idade fundamenta l .

Refletir a exclusão social e suas relações com osmeios de comunicação tornou-se papel importante,pois tem sido objeto de preocupações constantesna sociedade. A universidade ganha não sómaterialmente, mas aglutina reflexões quepermitem o maior entendimento das pessoas eevidencia seu principal papel � o de sediar epromover a reflexão.

Moraes está publicando obras no exterior, eJoão Luis Vieira, Tunico Amâncio e HildaMachado estão participando de importantescoletâneas. Tudo isso a f im de f irmarconvênios internacionais com universidades derenome, como o que estamos ementendimento com a Univers idade deMichigan e de Leads, na Inglaterra�, diz Marialva.�Construir pós-graduações reconhecidas éextremamente importante para a UFF.�

Ana Lúcia Enne faz parte dos êxitos desseprograma. Foi contemplada com o Edital daFaper j �Pr imeiros Projetos�, com umtrabalho que é uma extensão do programade Produção Docente (ProDoc/Capes),iniciado em 2003. �Por meio de dotações,como a bolsa de pesquisa que recebo paraatuar como recém-doutora na pós emComunicação da UFF e de verbas anuaisdestinadas às atividades de pesquisa, estoudesenvolvendo um trabalho sobre a relaçãoentre a imprensa e as imagens acerca da regiãoda Baixada Fluminense�, explica ela.

A professora conta com a colaboração deuma bolsista para realizar pesquisas e montarum laboratório sobre mídia e identidade. �Alivou congregar minha pesquisa e também outrascom temas afins, como memória, violência,história, globalização, tempo e espaço, todas

Comunicação Socialprova que é possível

crescer em terreno áridoFernanda Pimentel

PÓS-GRADUAÇÃO

Professoras Ana Lúcia Enne (esquerda) e Marialva Barboza

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A agropecuária nacional vemdemonstrando crescimentoeconômico e ampliação domercado profissional. A áreaconquista espaço com osindicadores das exportações emalta, incentivos do governo àagricultura familiar e importantespesquisas tecnológicas, muitas vezesligadas a projetos ambientais � umaparceria quase que obrigatória. Apolítica agrária brasileira, por meiode iniciativas como o ProgramaNacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar (Pronaf),pretende fortalecer e expandir aagricultura de base familiar. OMinistério do DesenvolvimentoAgrário está realizando o primeiromapeamento da agricultura familiarbrasileira. O mapeamento objetivafacilitar a inserção dos agricultoresfamiliares no mercado consumidorbrasileiro. A previsão é que o estudoesteja concluído em agosto desse ano.

A metodologia de assistênciaagrícola estava voltada, até há bempouco tempo, para os grandesagricultores. Quando se escolhe osetor da agricultura familiar, a formade diagnosticar problemas e aassistência técnica têm de ser

reorientadas, já que até agoraestavam dirigidas ao setorempresarial. Segundo o professorde Economia da UFF CarlosGuanziroli, a metodologia deDiagnóstico de Sistemas Agrários(DSA) foi desenvolvida paraformular tecnologia e assistênciatécnica adaptada ao pequenoprodutor, produzindo diagnósticosregionais. A metodologia enfatizaa diversidade de práticas agrícolas� e não o monocultivo � e propõeum modelo de agriculturasustentável, tanto do ponto de vistaeconômico como ecológico.Acredita-se que o esforço para ofortalecimento da agricultura familiarem áreas de reforma agrária devetambém identificar e promovermodelos capazes de substituir, deforma eficiente e produtiva, aagricultura empresarial em declínio.�O mercado de trabalho para

técnicos agrícolas é amplo, mas éimportante que se tenha uma visãosócio-econômica da realidade,principalmente dos pequenosagricultores�, afirma Guanziroli. Aagropecuária brasileira temapresentado novas características �a maioria das propriedades se baseia

quase que exclusivamente notrabalho familiar. O professorinforma que 40% dos agricultorestêmmenos de seis hectares e apenas16% deles receberam assistênciatécnica. �Aí entra o papel dostécnicos agrícolas, na aplicação deuma metodologia voltada aospequenos agricultores e produtores�,acrescenta.

Os colégios agrícolas da UFF

Diferentemente do que se pensa,nem só de graduação e pós-graduação vive a universidade. AUFF tem dois colégios agrícolas queoferecem o curso técnico emAgropecuária e funcionam emfazendas localizadas no sul e nonoroeste fluminense.Localizado em Pinheiral, o

Colégio Agrícola Nilo Peçanha(Canp) é anterior à UFF e acaba decompletar 63 anos na região domédio vale do Paraíba do Sul.Hoje, juntamente com o Colégio

Técnico-Agrícola Ildefonso BastosBorges (CTAIBB), é referênciaregional na formação de alunos naeducação profissional de níveltécnico na área de agropecuária.Além do ensino médio e do

curso técnico emMeio Ambiente, eseguindo a tendência atual deintegração da prática daagropecuária à conservação domeio ambiente, o Canp oferecetambém o curso técnico emAgropecuária, que é dividido em trêshabilitações:ProduçãoAnimal,Vegetale Agropecuária. �Essa nova áreaprofissional já desponta como degrande importância e evidencia otrabalho do colégio e sua inserção narealidade local e regional�, dizodiretordo Canp, professor José Arimathéa.Para Arimathéa, o Canp tem

buscado parcerias e convênios para

aprimorar a formação profissionalde seus alunos e atualizar seusprofissionais. Recentemente, auniversidade, com intermediação docolégio, celebrou, dentre outros,convênios com a Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária(Embrapa), Prefeitura de BarraMansa e Companhia SiderúrgicaNacional (CSN). Estão sendonegociados convênios comprefeituras e cooperativasagropecuárias da região.

O colégio tem projetos na áreaambiental e de agroturismo, além desetores de reflorestamento, horta,criação de suínos, coelhos, aves,abelhas, peixes, entre outros. OCanp administra 19 unidadeseducativas de produção (UEP),onde os alunos podem vivenciar osconteúdos teóricos e práticosrelacionados à área escolhida. Ainstituição comercializa produtosque são confeccionados no Núcleode Indústrias Rurais do colégio, sobo acompanhamento dos alunos emdisciplinas práticas, comoprocessamento de produção.O CTAIBB, em Bom Jesus do

Itabapoana, que oferece, alémdo ensino médio, o curso técnicoem Ag r op e c u á r i a , r e c e b ereconhecimento do seu trabalhopela significativa aprovação dosalunos nos vestibulares emuniversidades como a UFF, Ufes,Uenf, Cefet, UFRRJ, Uni-Rio, Ufop,dentre outras.

AGRICULTURA FAMILIAR CONQUISTA MERCADO DE TRABALHO

Colégios agrícolas contribuem para aquecimento do setor

AGRICULTURA FAMILIAR CONQUISTA MERCADO DE TRABALHO

Flora Lobosco

Outras informações sobre oCanp pelo telefone (24) 3356-2362 ou pelo site www.uff.br/canp. Sobre o CTAIBB, entrarem contato pelos telefones (22)3831-1248 e (22) 3831-9021 oupelo site www.uff.br/ctaibb.

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