educação a distancia - dismistificando mitos e barreiras
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Discute sobre as dificuldades, as barreiras e entraves da educação a distanciaTRANSCRIPT
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD): desmitificando as barreiras culturais
RESUMO
A pesquisa que discorre sobre a educação a distancia teve como objetivo discutir a educação à distância no âmbito das barreiras culturais existentes em sua prática. Metodologicamente utilizou-se a pesquisa bibliográfica, pautada numa pesquisa Básica, de Abordagem Qualitativa, que quanto aos objetivos, mostra-se descritiva e exploratória. Abordam-se discussões sobre a qualidade no ensino; a importância da educação à distância e as vantagens desta modalidade. Após o período de investigação bibliográfica detectou-se que a educação à distância deve estar acompanhada de integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade, equipe profissional multidisciplinar, infraestrutura de apoio, avaliação da aprendizagem e avaliação institucional, entre outros instrumentos que garantam à qualidade da modalidade, justifiquem sua importância e valorize suas vantagens. Conclui-se portanto, que a Educação à Distância no Brasil é um tema de relevante importância na democratização da Educação no Brasil, e por isso, precisa manter diretrizes que avaliem e monitorem sua qualidade, garantindo sua função pedagógica que perpassa barreiras através das vantagens que possui e das tecnologias disponíveis para seu sucesso.
Palavras-chave: Educação à distância. Qualidade de ensino. Importância da Ead.
ABSTRACT
The distance education has been widely questioned, mainly by their tendency to cross traditional barriers of classroom teaching models. This study discusses the distance education within the existing cultural barriers in their practice. It addresses discussions on quality in education; the importance of distance education and the advantages of this mode. This research was designed as a systematic literature review, developed through survey, selection and reading of relevant works related to the topic they could argue and justify the theoretical frameworks raised. As a result, one can see that distance education should be accompanied by integration policies, guidelines and quality standards, multidisciplinary professional team, supporting infrastructure, evaluation of learning and institutional assessment, among other instruments to ensure the quality of mode, justify its importance and value its advantages. Finally, it is understood that the Distance Education in Brazil is a relevant topic in Education importance of democratization in Brazil, and so we need to keep guidelines to assess and monitor its quality, ensuring the pedagogical function that passes through the barriers advantages which features and technologies available to its success.
Keywords: Distance Education. Teaching quality. Importance of Ead.
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................................... 92 MARCO TEÓRICO........................................................................................... 122.1 A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA E A QUALIDADE NO ENSINO...................... 13
2.2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA NO CENÁRIO
EDUCATIVO......................................................................................................... 19
2.3 AS VANTAGENS DA EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA......................................... 24
3 MÉTODO........................................................................................................... 314 RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................... 334.1 A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO A DISTANCIA PARA ATENDER AS
NECESSIDADES EDUCACIONAIS EMERGENTES........................................... 33
4.2 PORQUE A EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA É TÃO IMPORTANTE NO
CENÁRIO EDUCATIVO....................................................................................... 35
4.3 AS CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA................................. 38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 44REFERÊNCIAS.................................................................................................... 47
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Com o avanço da tecnologia e aumento da necessidade de capacitação
profissional diante ao mercado de trabalho concorrido, tem surgido uma grande
procura pelos cursos através do sistema EAD (Educação a Distância). Nota-se que
a educação a distância tem se potencializado através da Tecnologia da Informação
e Comunicação derrubando paradigmas em torno da qualidade do modelo, no
processo de aprendizagem.
Neste estudo procurou conhecer a realidade do ensino da Educação a
Distância (EAD) no Brasil, convergindo à evolução histórica, as vantagens e
desvantagens equiparando ao ensino presencial e importância que esse tipo de
ensino tem para e democratização da educação no país. EAD é um sistema
avançado de informação de ensino que se destaca no cenário atual, principalmente
porque se adapta a diferentes realidades dos alunos que procuram formação
mediante este meio. Mas, também, por não se tratar de uma forma fácil de
conquistar títulos, e muito menos de uma formação de má qualidade. Trata-se de
uma tecnologia que atende as necessidades de um público específico que está
atingindo cada vez mais segmentos.
A educação a distância surge como uma alternativa que exige uma reflexão
rigorosa, principalmente, dos educadores, para vencer tanto os paradigmas
educacionais tradicionais como a mitificação do mundo tecnológico. Portanto, para a
maioria das pessoas atualmente, a expressão educação á distância (EAD) é logo
associada à educação que utiliza recurso de alta tecnologia.
Inovações tecnológicas alteraram a educação à distância que progrediu de
cursos por correspondência que permitia uma interação muito limitada entre
professores e alunos até a situação atual com interação em tempo real, multimídia e
uma experiência de aprendizagem que ainda está sendo discutida. A tecnologia
propicia ganho de espaço físico e de tempo. Desse modo, a idéia de que os alunos
pudessem receber instrução de forma mais eficiente estudando individualmente, por
meio de materiais e meios de ensino, desenvolvidos a partir do que se convencionou
chamar de “tecnologia de informação”, fez com que muitos pesquisadores
estudassem esse fenômeno.
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A EAD existe há vários anos, sem utilização de tecnologias modernas e
sofisticadas como as atuais, ela surgiu como modalidade de ensino no Brasil, desde
o século XIX, a partir da necessidade de atualizar conhecimentos e capacitar
pessoas impossibilitadas de cursar o ensino regular ou ensino profissionalizante.
Pois era uma forma de treino breve eficiente e eficaz de atendimento aos anseios de
universalizar a educação e o ensino técnico, principalmente do meio rural.
A partir do século XIX até meados do século XX, os programas de EAD
estavam amparados principalmente, na produção de materiais impressos, com
distribuição via correios, para isso ficaram mais conhecidos como ensino por
correspondências. Com a aplicação da tecnologia na educação, a EAD passou a
utilizar os recursos do computador, da internet para as da tele/vídeos conferencias.
Segundo Silva (2010), o avanço dos recursos tecnológicos digitais,
gradativamente, aproxima as modalidades educacionais e cria novas formas de
aprendizagens. Haja vista, que Educação a Distância (EAD) propõe o papel de
grande importância, que vêm se expandindo cada vez mais na implantação de
programas na capacitação e educação continuada no intuito de melhorar a prática
pedagógica e a infraestrutura tecnológica para obter uma educação de qualidade.
Pois o ensino a distância tem contribuído para a formação acadêmica tornando-se
parceiros na construção de conhecimento.
Os maiores problemas e a qualidade de ensino, instalações, materiais
didáticos e alunos em dificuldade com os Tutores, devido à demora de obter
resposta dos questionamentos. Discussões e reflexões podem não ocorrer em
tempo real. Porém, existem as desvantagens, pois quem é disperso não se dá bem,
e a turma de um curso da educação á distância é maior do que de um presencial, os
professores são menos qualificados, e ainda há um grande preconceito em relação
aos formandos em EAD.
Muito se fala sobre a EAD, principalmente o lado negativo que o curso
oferece, mas percebe-se que tem mais pontos positivos do que pontos negativos,
uma vez que o tempo de duração do curso é o mesmo que na modalidade
presencial e o nível de exigência das provas que são discursivas são as mesma
aplicadas nas faculdades presenciais. O curso em EAD é o mesmo que na
modalidade presencial. Muitas vezes, elas se tornam ainda mais difíceis pelo
acúmulo de conteúdos cobrados. Haja vista, que no curso de qualidade o
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conhecimento sobre o material complementar disponível no ambiente virtual é
também avaliado.
Porém, não é possível estudar quando quiser; os alunos não ficam isolados;
Não há como estudar menos. Pois ir aos pólos presenciais é necessário, mais
também há flexibilidade de tempo e espaço.
E para responder aos problemas aqui elencados elegeu-se as seguintes
questões que deverão ser investigadas e ao final respondida pelos pesquisadores,
tais como:
- Será que educação à distância tem uma educação de qualidade?
- Qual a importância da educação á distância no cenário educativo?
- E quais as vantagens que a educação á distância oferece?
Enfatiza-se que o estudo é relevante, pois considera-se que o ensino a
distância surge como uma alternativa que exige uma reflexão rigorosa,
principalmente, dos educadores, para superar tanto os paradigmas tradicionais
como a mitificação do mundo tecnológico, e também por observar atualmente, um
contínuo movimento de consolidação e expansão da EAD, ampliando-se em
inúmeros países, empresas, educacionais e alunos realizando os cursos em
diferentes instancias e meios.
Diante dos questionamentos pergunta-se. Quais as dificuldades enfrentadas
pelos sistemas de ensino da educação a distância para atingir a educação de
qualidade?
O processo de ensino-aprendizagem associado à necessidade de flexibilidade
de tempo e espaço, bem como as facilidades de interação do sujeito com as
diversas fontes de informações, ressaltam a importância da educação à distância
(EAD), nos dias atuais e trazem a reflexão sobre as vantagens que a EAD
proporciona aos discentes.
Nesse contexto, o objetivo geral foi investigar a educação à distância tendo
como foco os aspectos relacionados às barreiras culturais existentes. Porém, os
objetivos específicos são analisar a educação à distância como uma educação de
qualidade, qual a importância da educação á distância no cenário educativo e quais
as vantagens que a educação á distância oferece.
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2 MARCO TEÓRICO
Diversos são os conceitos de Educação à Distancia (EAD) que se podem
encontrar na literatura especializada. O mais simples e objetivo é aquele que define
a EAD como qualquer forma de educação em que o professor se encontra distante
do aluno.
A EAD não é sinônimo de tecnologia, pois a definição simples inclui a
utilização de um grande número de tecnologias, desde as mais simples e antigas
(por exemplo, a utilização de um livro), até as mais modernas e complexas
(videoconferências e utilização de internet).
Educação a distância é uma modalidade de ensino na qual o professor e o
aluno estão separados temporalmente ou espacialmente. Nessa metodologia de
ensino os alunos e professores estão separados fisicamente, mais podem ao
mesmo tempo estarem interligados pela tecnologia. Os mecanismos utilizados para
esta modalidade podem ser correio, televisão vídeo, CD-ROM, telefone, fax e outras
tecnologias.
A educação a distância é dependente de algum mecanismo que possibilita
essa transmissão de conhecimento sem a necessidade de contato físico, de acordo
com Chaves (1999), a primeira evolução que permitiu que fosse possível essa
transmissão foi a invenção da escrita, depois a tecnologia da tipografia possibilitou
uma ampliação desse processo, o autor lembra que as Epistolas do Novo
Testamento são um ótimo exemplo de EAD, que no primeiro momento foi limitado,
mais depois transformado em livros.
Os livros compõem uma parte importantíssima da EAD, pois representaram a
transmissão atemporal e abrangente de conhecimento. O surgimento do rádio e da
televisão deu sequência ao crescimento da EAD pelo mundo, o rádio permitiu que a
voz de um interlocutor pudesse transpor barreira, e ser levada por todos os lugares.
A televisão proporcionou um contato mais real, pela visibilidade e por
consegui ultrapassar as limitações que o rádio apresentava. Enfim no auge da
evolução tecnológica foram criados os computadores, que permitiram que os textos
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fossem enviados por remotas localidades, e que pudessem ser encontrados por
todos.
As propriedades do sistema web e das inovações dos computadores
liberaram a sincronização de conhecimentos, proporcionando uma interligação entre
culturas muito diferentes, além de possibilitar a disseminação ilimitada de todas as
produções textuais e visuais, democratizando o acesso à informação e
consequentemente a educação.
A tecnologia deve ser utilizada como meio ou ferramenta para os processos
de disponibilização e interação do conteúdo educacional e não com um fim em si,
pois, ao ser uma das tantas formas de educação, os conceitos pedagógicos
deveriam, em teoria, predominar. Também os autores chamam a atenção ao fato de
que nem sempre a tecnologia mais nova e sofisticada é a melhor.
Assim, a fim de alcançar um entendimento sobre as barreiras culturais da
Educação à distância é preciso discutir alguns pressupostos e conceitos que
tangenciam o tema.
Desta forma, aborda-se a qualidade de ensino da modalidade em questão, a
importância da educação à distância e as vantagens da mesma, para que assim se
possa refletir sobre os empecilhos e entraves existentes e encontrados na literatura.
2.1 A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA E A QUALIDADE NO ENSINO
No entendimento de Bowden & Marton (2008), para que se possa discutir a
qualidade no ensino antes é preciso caracterizar esta conceituação e compreender
os mecanismos que a quantificam. Qualidade é uma palavra de vários significados,
pode ser definida como o nível de qualidade ou até a falta de qualidade em um
determinado produto. Pode ser também usada para apontar os atributos de uma
pessoa, por exemplo, uma pessoa que possui várias qualidades, qualidades essas
que podem ser também negativas. Na educação, mas precisamente para medir os
atributos de um curso, uma disciplina ou até mesmo de uma universidade inteira
com suas numerosas atividades e serviços, qualidade é usada para definir o grau de
excelência e distinção de uma determinada universidade.
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Para que se atinja excelência no ensino em questão, pois, devem-se
pesquisar meios cada vez mais adequados de gerir a EAD, levando em conta o
público e a instituição a que ela será levada.
Atualmente vive-se em uma sociedade que exige constantemente das nossas
responsabilidades como cidadãos, pais de família, filhos, amigos, empregados,
empregadores, entre outras coisas. O mesmo espera-se do governo federal em
todas as suas negociações e atividades, incluindo a educação. Quer-se uma
educação responsável, genuína, autêntica e de boa qualidade. As responsabilidades
das instituições educacionais sempre foram muitas, entre elas desenvolver cidadãos
capazes de desempenhar um bom trabalho em sua área de especialidade, capazes
de serem críticos e de continuar o seu desenvolvimento profissional.
Neste sentido, no entender de Nusche (2008), as responsabilidades das
instituições são ainda maiores, pois devem possuir cursos de qualidade, formar
profissionais capazes de entrarem no mercado de trabalho, e além disso, mostrar
que usam o dinheiro público e de seus alunos com responsabilidade e transparência
(prestação de contas).
Mas, para Bertolin & Leite (2008), embora tudo isso pareça ser simples e
esperado das instituições educacionais, tanto públicas como privadas, existe ainda
no Brasil muitas barreiras que impedem essa transparência.
Por isso, é imprescindível, hoje, que se busquem soluções viáveis e eficazes,
amparadas pela tecnologia crescente e pela constante capacitação de pessoal
envolvido, desde professores, tutores, coordenadores, implementadores e gestores.
Segundo Mill (2011), a EAD representa um avanço da Educação no sentido
de oportunizar conhecimento e oportunidade a quem possuía dificuldades e
limitações para ocupar o espaço de educações presenciais e regulares. Entretanto,
como tudo que depende de um referencial ela apresenta pontos positivos e
negativos.
Ainda conforme Mill (2011), como pontos positivos indica-se: a Inclusão de
pessoas com necessidades especiais; a Democratização do acesso ao ensino; a
Maior flexibilidade de horários para os alunos acessarem a educação e, a Facilidade
de acesso a cursos de graduação e pós-graduação.
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Como pontos negativos, destaca-se: a Dependência da tecnologia; a
Dispersão física dos participantes; a Necessidade de maior comprometimento do
aluno; as Limitação nas discussões e, o Custo Financeiro.
E, por conta destes pontos positivos e negativos, a grande maioria dos países
preocupados com a qualidade da educação oferecida no ensino superior possui
algum sistema de avaliação (quality assurance) para garantir alto nível de qualidade
da educação oferecida. Considerando que a EaD, é ainda um modelo recente de se
oferecer educação, comparado com os modelos tradicionais, as preocupações em
oferecer bons cursos, com professores qualificados e com métodos de
aprendizagem inovadores, são ainda maiores e complexas em relação ao ensino
tradicional.
Dessa forma, Bottomley & Calvert (2008) destacam que a batalha das
instituições brasileiras e internacionais para provar que seus alunos que estudam a
distancia apresentam desempenho da mesma forma, ou até melhor do que os
alunos que estão estudando presencialmente, torna-se constante.
Os sistemas para avaliar EaD variam de país para país. Lezberg (2008)
afirma que alguns estão ligados ao processo de credenciamento dos cursos
tradicionais presenciais, como é o caso dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido,
outros fazem parte de um processo individual de credenciamento como é o caso do
Brasil, que segue as diretrizes estabelecidas pelo MEC (2007).
Na Austrália, por exemplo, segundo DEST (2008), as universidades são auto-
creditadas, isto é, apresentam autonomia para criar, manter, e se necessário,
remover cursos tanto presenciais como a distância.
Além dos sistemas, existe também um conjunto de critérios (frameworks) que
servem de base para as avaliações da EaD, que também variam consideravelmente
entre diferentes países. No Canadá, conforme indicação de Barker (2008), retrata-se
que eles desenvolveram o Guia Canadense de Recomendações para E-learning
(Canadian Recommended E-learning Guidelines - CanREGs).
Belawati & Zuhairi (2008) falam que os Estados Unidos possuem o Manual de
Credenciamento para EaD (the Accreditation Handbook), desenvolvido pelo
Conselho de Treinamento e Educação a Distância (Distance Education and Training
Council - DETC).
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O framework brasileiro é composto pelos Referenciais de Qualidade para
Educação Superior a Distância desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC,
2007) e a Secretaria de Educação a Distância (SEAD).
Conforme Kirkpatrick (2008), esses frameworks costumam analisar diversos
aspectos do desenvolvimento, implementação e distribuição de cursos à distância,
incluindo desenvolvimento do material didático, desenvolvimento de políticas
institucionais, capacitação do corpo docente, desempenho do aluno e avaliações
diversas.
Filippakou & Tapper (2008), retratam que há uma grande quantidade de
materiais disponíveis na literatura especializada para melhoria e controle de
qualidade em EaD, que auxiliam, dentre outras coisas, o desenvolvimento de
frameworks para garantir e avaliar a qualidade de programas em EaD.
Os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância auxilia o
MEC na avaliação de vários aspectos da oferta de EaD nas instituições. Uma
avaliação positiva traz o credenciamento do curso. Foi debatida anteriormente a
necessidade das instituições educacionais de prestarem contas das suas atividades
aos cofres públicos e aos alunos.
Mas se tratando da educação, Bowden & Marton (2008) destacam que as
avaliações institucionais têm que proporcionar muito mais do que simplesmente a
prestação de contas, deve-se, dessa forma, conduzir a melhoria do ensino.
Alguns críticos dos modelos de avaliação educacional que são focados na
prestação de contas argumentam que “quando o foco é a melhoria da educação, as
evidências para as prestações de contas surgirão automaticamente”, o oposto nem
sempre acontece.
Além disso, Bowden & Marton (2008) também refletem que se o alvo central
das avaliações institucionais é somente a prestação de contas, ao invés de
melhoramento da qualidade, pode-se levar as instituições a ocultarem informações
ou alterar resultados internos para ter uma avaliação positiva.
Neste contexto, percebe-se que a sociedade da informação é uma realidade
que leva-nos a uma reflexão do papel do homem dentro do contexto repleto de
máquinas, tecnologia e rapidez no processamento das informações. A inserção da
informática na escola vem se consolidando no meio educacional, exigindo da escola
e do professor, uma concepção clara quanto ao uso de seus recursos.
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Assim, Mill (2011) evidencia que se de um lado, a tecnologia computacional
oferece condições para implementar práticas que contribuam para a construção do
conhecimento, seus partícipes devem assumir, de vez, uma postura coerente com
esta concepção, apropriando-se dos meios necessários para sua consecução.
A mesma resistência quanto à inclusão do computador nos processos
educacionais, ou ainda, a Aprendizagem Mediada pela Tecnologia (AMT), parece ter
alcançado a EAD implantada através de ambientes computacionais, especialmente
através da Web, ou ainda, as novas Tecnologias da Informação e das
Comunicações (TICs).
Entretanto cabe considerar que na “Informática e na Educação”, nada é
estático e definitivo, já que o computador só encontra seu limite na imaginação de
professores e alunos.
Para LITWIN (2011), vale salientar que a EAD não decreta a ruína da
educação presencial. Ela apenas representa mais um meio pelo qual se dispõe para
promover a educação. E a tecnologia, deve-se admitir que é um meio que vem
mudando lógicas de pensamento e maneira de viver. Portanto, superada a barreira
da ausência de uma cultura para a disseminação da educação à distância no Brasil,
deve-se voltar o foco para a qualidade.
Tanto no ensino presencial como no ensino a distância, o maior desafio de
todos, é o compromisso ético de um plano pedagógico libertador capaz de
transformar a vida do sujeito. Para tanto, conforme Oliveira (2008), é preciso ter em
foco a qualidade do ensino e da aprendizagem do aluno. O fundamento é a
educação da pessoa para a vida, e “atendeu à demanda de uma parcela
significativa de brasileiros por uma educação ao longo da vida”.
As discussões sobre o uso da internet na educação distância estão sempre
relacionadas à precisão da avaliação quanto à qualidade. O centro da questão
resume-se na legitimidade em medir níveis de desempenho do educando, que
executa atividades colaborativas na rede. Ainda que nem sempre os cursos
ofereçam toda a grade de matérias on-line – especialmente aqueles com
experiências práticas -, as melhores universidades do mundo democratizam o
ensino para indivíduos que desejam qualificação a distância.
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Parece ser absolutamente ultrapassada esta visão de ineficiência da
aprendizagem pela rede, visto que em todos os setores e em todas as atividades a
presença marcante da internet só qualifica e moderniza o trabalho e as relações.
O mais prudente neste questionamento é exatamente determinar os
referenciais de qualidade, e mais uma vez, como demonstrado nos capítulos
anteriores, alunos e docentes devem estar capacitados e comprometidos com as
especificidades dos cursos à distância. Com as práticas mencionadas
perfeitamente atendidas, a qualidade terá o resultado desejado.
As incertezas a respeito da EaD, certamente oportunizam reflexões que
incluem os estudantes, professores e a gestão escolar, e são altamente favoráveis
para gerar ressignificações de alguns paradigmas em torno da educação e
promover novas compreensões na direção do conhecimento sem restrições.
Inicia-se a reflexão avaliando a qualidade do material didático
produzido para o estudo dos alunos. Em seguida, as avaliações que denotam
significativamente o progresso do educando, e, que perpassam pela aplicação dos
conhecimentos adquiridos. Estratégias estas, conteudistas e avaliativas, totalmente
relacionadas com a interação promovida pelas ferramentas tecnológicas.
O Ministério da Educação indica dez itens básicos para compor os
referencias de qualidade: compromisso dos gestores; desenho do projeto; equipe
profissional multidisciplinar, comunicação e interação entre os agentes; recursos
educacionais, infraestrutura de apoio; avaliação contínua e abrangente; convênios
e parcerias; transparência nas informações e sustentabilidade financeira. Todos
estes elementos reforçam as estratégias do modelo, remetendo a um padrão de
qualidade ainda mais exigível do que propriamente os cursos presenciais.
Fazer parte do modelo de educação à distância, como docente, instituição,
educando ou sociedade, requer compreensão das características, dos processos
acadêmicos, pedagógicos e administrativos fundamentais para que se alcance os
resultados esperados.
Certamente não se tem uma metodologia única para EAD mediada por
computador, mas todas deverão dar conta dos amplos aspectos envolvidos nesta
modalidade de trabalho educativo, sem perder de vista a coerência de cada ponto
com a concepção de educação assumida pelo proponente.
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Assim, isso nos leva a refletir junto com Litwin (2011), sobre a validade das
propostas de desenvolvimento de produtos e de estratégias para trabalhar neste
ambiente, e, talvez a considerar, finalmente, que as propostas com qualidade para
EAD mediada por computador, não devem ser outras diferentes daquelas orientadas
por educadores.
A Educação a Distância, tem sido vista como um fenômeno, entendido como
parte de um processo de inovação educacional mais amplo que é a integração das
novas tecnologias de informação e comunicação como proposta de democratização
do conhecimento e aprimoramento nos processos educacionais.
No entanto deve-se desenvolver um olhar crítico para as políticas públicas
formuladas no Brasil, além de considerar as realidades que emergem no cenário
educacional.
A EaD deve ser visto como uma possibilidade de acesso maior à educação,
mas como forma de um acesso que traga a preocupação com a qualidade do ensino
já que o acesso, por si só, não tem o sentido pleno de democratização da educação.
2.2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA NO CENÁRIO EDUCATIVO
O Ensino a distância é uma ótima opção para estudantes que querem se
especializar e valorizam seu tempo. O ensino a distância é uma modalidade de
ensino que permite ao aluno administrar melhor o tempo dos estudos podendo fazê-
lo em casa ou nos horários livres do trabalho.
No que se refere à compreensão da EaD como mecanismo de aumento da
oferta no ensino superior, o Plano Nacional de Educação – PNE estabelece, na meta
nº 4, a formação de(...) um amplo sistema interativo de educação a distância, utilizando-o, inclusive, para ampliar as possibilidades de atendimento nos cursos presenciais, tanto os regulares como os de educação continuada, observando as metas estabelecidas no capítulo referente a essa modalidade de ensino. (PNE, 2000, p. 74)
Os princípios democráticos que sustentam a sociedade brasileira
pressupõem uma educação que promova a equidade, a inclusão social e a
elevação da cultura geral da população. Em conformidade a esse ideal, o art.2º, da
LDB (1996) prevê a preparação do indivíduo “para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”. São, portanto, indicativos de que a educação tem um
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importante papel a desempenhar no processo de desenvolvimento geral da
sociedade.
Todavia, enormes desafios estão por se equacionar no que tange ao alcance
dos objetivos e metas contidos no Plano Nacional de Educação. A questão do
atendimento à população em idade escolar apresenta índices assustadores no
ensino superior, colocando o Brasil em situação questionável em relação a vários
países do mundo, inclusive da América Latina.
Nesse contexto, observa-se o aparecimento de iniciativas que se apoiam em
modelos inovadores de ensino, como por exemplo, a educação a distância. Ações
dessa natureza têm sua posição localizada claramente no problema da
seletividade, isto é, busca romper com o elitismo até então predominante no ensino
superior brasileiro.
O ensino on-line difere do presencial pela ausência do contato direto e diário
numa sala de aula. Mas tanto o presencial quanto o on-line cumprem o papel de
ensinar e tornar o conhecimento mais acessível aos alunos. As vantagens de se
fazer um curso a distância são diversas e têm feito com que a procura por esta
modalidade de ensino aumente ano após ano. Entre elas está a flexibilidade de local
e horário, ou seja, o aluno pode escolher o melhor horário para se dedicar ao estudo
e ainda estudar onde quiser.
Para Levy (2009), no atual período permeado pela intervenção tecnológica, a
Internet e as ferramentas da TIC têm sido os pontos-chave de transformação,
enquanto processo inovador e capaz de estabelecer novos conceitos de interação
social. Elas trouxeram à organização social uma maior liberdade, em que o
sincronismo e tempo real substituíram o espaço e a interconexão substituiu
praticamente a questão do tempo.
O fato de poder estudar onde quiser se constitui uma vantagem significativa,
pois os alunos podem ter acesso ao estudo em cidades que não contém com aquele
determinado curso ou fazer uma faculdade em locais que não tem uma universidade
disponível. Outra vantagem é que os cursos a distância são mais baratos em ralação
aos presenciais, além da economia de tempo e dinheiro gasto com transporte até o
local de curso. Para se ter uma ideia da importância do ensino a distância no país,
de acordo com o Censo da Educação Superior de 2010, cerca de 5 mil estudantes
estavam matriculados no ensino superior à distância no ano 2000. Em dez anos este
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número aumentou 170 vezes, subindo para 930 mil alunos. Estes dados atestam
que o Ensino a distancia é uma modalidade consagrada e que a cada ano cresce no
país.
Segundo Belloni,A Educação a Distância (EaD) está expandindo cada vez mais, por ser uma modalidade que busca atender as novas demandas educacionais decorrentes das mudanças na nova ordem econômica mundial, que vêm acontecendo em ritmo acelerado sendo visíveis no crescente avanço das tecnologias de comunicação e informação, tendo como consequências mudanças no campo educacional (BELLONI, 2011).
O ensino e a aprendizagem estão cada vez mais ligados ao processo de
comunicação. Há uma mutação pedagógica no processo educacional influenciando
profundamente a relação aluno-professor-instituição de ensino. O que antes era
acessório para o desenvolvimento profissional e educacional, hoje se mostra como
parte essencial da educação.
Muitos jovens assim como adultos, buscam uma forma de se especializarem
em uma determinada área do conhecimento, contudo não tem tempo para se
dedicar exclusivamente aos estudos em vista que muitos já trabalham. Através
desse crescimento em ritmo acelerado no avanço das tecnologias de comunicação e
informação, vem aumentado o número de instituições dentre elas a de ensino
superior que as ofertam, aumentando a participação dessas pessoas nessa
modalidade de ensino e ao mesmo tempo criando um conjunto de ferramentas
ligadas ao processo de ensino e aprendizagem, além de professores e alunos são
produtores de conteúdo.
Maia e Mattar (2008) definiram a Educação a Distância (EaD) como sendo
uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados
fisicamente e é planejada por instituições que utilizam diversos recursos
provenientes das tecnologias de comunicação e informação.
Percebe-se que o cenário educacional contemporâneo mostra uma forte
tendência: a crescente inserção dos métodos, técnicas e tecnologias de educação a
distância em um sistema integrado de oferta de ensino superior, permitindo o
estabelecimento de cursos com combinação variável de recursos ensino-
aprendizagem, presenciais e não presenciais, sem que se criem dois sistemas de
formação separados e mutuamente excludentes.
A atribuição de maior ou menor presença, maior ou menor uso de tecnologia
nos processos educativos de nível superior será determinada pela ponderação da
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natureza do curso, de seus objetivos e conteúdos, e da possibilidade de acesso
metodológico à tecnologia adequada.
A estrutura legal brasileira, no entanto, ainda reflete uma visão segmentada
tratando, de uma maneira geral, educação a distância como uma alternativa para
situações emergenciais. Essa visão reducionista não corresponde ao enorme
potencial da educação a distância para democratizar o acesso e melhorar a
qualidade da educação superior, além de contribuir para a incorporação de atitudes
autônomas que levam o cidadão a aprender ao longo da vida.
Percebe-se que os recursos tecnológicos, tomaram o lugar antes ocupado por
cartilhas, livros e guias que eram materiais utilizados no inicio da EaD.
Segundo Litwi (2011) acrescentaram outros meios de comunicação como:
televisão, rádio e mais adiante áudios e vídeos. Hoje estão sendo implantadas as
redes de satélite, correio eletrônico e internet ou rede mundial de computadores.
Com a revolução tecnológica no inicio do século XXI e no decorrer do período de
transição das sociedades industriais para as sociedades de conhecimento e
informação a classe trabalhadora passou a buscar por necessidade qualificação
profissional valorizando a educação geral e a formação continuada.
Nesse contexto o Brasil marcado por desigualdade social até hoje, vem
buscando meios de promover e ampliar a inclusão a educação. Assim a modalidade
de ensino a distância no Brasil foi respaldada a partir da promulgação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei n.9.394, de20/12/1996. Essa
Lei dispõe, em seu Artigo 80 regulamentado pelo Decreto 5.622, de 19/12/2005 que
o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de
ensino a distância em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação
continuada.
Segundo Litwi (2011), aos poucos a EaD foi ganhando espaço no ensino,
sendo vista como uma modalidade alternativa de ensino, que vinculada aos meios
de capacitação e pós-graduação oferece maior oportunidade as pessoas de
estudarem.
A EaD se desenvolveu no Brasil segundo Vianney et al (2010) a partir de
cinco modelos que são: • O modelo de tele-educação com transmissão ao vivo e via satélite em canal aberto para todo o País. O exemplo mais conhecido e de alcance nacional é o Telecurso da Fundação Roberto Marinho.
23
• O modelo de vídeo educação com reprodução pré-gravada em forma de tele aulas. • O modelo semipresencial, com uma proposta de interiorização universitária que combina a educação a distância com a presencial em polos regionais, que funcionam como unidades presenciais de apoio para acesso dos alunos a laboratórios, bibliotecas, e salas de aula para realização de tutoria presencial em parceria com as prefeituras municipais. Este modelo foi adotado inicialmente pela UFMT, por outras instituições e pela UAB. • O modelo de universidade virtual, com uma EAD caracterizada pelo uso intensivo de tecnologias digitais para a entrega de conteúdos e atividades para os alunos e para promover a interação destes com professores, colegas e suporte técnico e administrativo. Neste modelo as etapas presenciais são reservadas para a realização de provas, com as demais atividades sendo realizadas a distância.• O modelo em que os alunos dos cursos a distância permanecem períodos regulares na instituição (de forma presencial) onde realizam não apenas provas, mas atividades em laboratório, por exemplo (VIANNEY et al, 2009).
Segundo Nunes (2008), hoje é crescente o número de instituições e
empresas que desenvolvem programas de treinamento de recursos humanos por
meio da educação à distância.
Segundo Dourado (2008), um exemplo do avanço da educação a distância no
Brasil é o movimento recente no campo da educação superior privada com o
incremento de matrículas por meio da criação de centros de educação tecnológica,
que passaram de 6 mil matrículas, em 2002, para 50 mil, em 2006.
De acordo com Alonso a possibilidade do estabelecimento de linhas de ação
mais definidas na EaD se coloca hoje nos projetos de Lei de Diretrizes e Bases da
Educação em tramitação no Congresso Nacional. São dois os projetos apresentados
que definem que a EaD será utilizada com maior ênfase em programas destinados a
jovens e adultos, assegurando que os títulos obtidos não serão discriminados ou
restringidos, desde que expedidos por instituições habilitados nos níveis e à
modalidade de ensino a que se dirijam os programas. É a primeira vez que se verá
em leis específicas o reconhecimento da EaD, isto depois de mais de 25 anos de
experiências na área.
Segundo Nunes, ações governamentais e não governamentais mobilizaram
grande contingentes técnicos e financeiros, não foram suficientes para gerar um
processo de irreversibilidade na aceitação governamental e social da modalidade de
educação a distância no Brasil.
24
Nunes (2011) alega que os principais motivos disto são a descontinuidade de
projetos, a falta de memória administrativa pública brasileira e certo receio em adotar
procedimentos rigorosos e científicos de avaliação dos programas e projetos.
É importante observar que embora a Educação a Distância apresente como
característica básica a separação física, e principalmente, temporal entre os
processos de ensino e aprendizagem, ela não concorre com a educação
convencional, tendo em vista que este não é o seu objetivo. Alonso (1996) afirma
que a educação não pode ter em sua base a substituição de sistemas presenciais
por sistemas à distância.
Para Beloni (2012), devido às desigualdades sociais, inclusive a exclusão
digital, a baixa cidadania, a precariedade dos sistemas de educação, a qualidade da
educação deve priorizar em suas definições, em primeiro lugar, pela capacidade dos
sistemas e programas educacionais de contribuírem pra preencher lacunas e
compensar as desigualdades conforme as demandas da população.
A Educação a Distancia não deve ser vista como uma solução de emergência
para problemas educacionais, deve ser considerada como um auxílio na melhoria da
qualidade do ensino presencial em todos os níveis.
Atualmente, a Educação á Distância surge neste quadro de mudanças como
mais um modo regular de oferta de ensino, perdendo o caráter de supletivo, paliativo
ou emergencial, e assume funções de crescente importância, em todos os níveis de
ensino.
Por meio do desenvolvimento desse projeto que visa a democratização da
educação a partir da EAD, pode-se perceber a emergência de novas políticas
públicas, sócio-culturais e pedagógicas para a área educacional, para que se
construa uma sociedade mais justa e solidária, já que objetiva a universalização do
acesso as redes de informações e ao conhecimento.
Nesse aspecto Nunes (2008) relata que a educação a distância é um recurso
de extrema importância para atender a grandes demandas de alunos de forma mais
efetiva que outras modalidades e sem riscos de redução na qualidade de ensino,
mas, por outro lado, o EaD em algumas situações é utilizado para fins rentáveis,
causando o preconceito quanto a esse método de ensino.
2.3 AS VANTAGENS DA EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA
25
Para Oliveira (2012), o crescimento da EaD nos últimos anos pode ser
explicado por uma razão muito simples: sua viabilidade financeira e praticidade
pedagógica em termos de aproximação ao ensino presencial. No setor privado, um
dos pontos mais valorizados é a redução de custos que possibilita economia em
escala. Para algumas empresas, cursos de capacitação e aperfeiçoamento só são
viáveis se forem oferecidos à distância.
A impossibilidade que alguns funcionários têm de se deslocarem a outras
cidades para receberem treinamento, como também o custo elevado para a
empresa, caso uma atividade de formação em serviço qualquer fosse realizada de
forma convencional, são alguns dos motivos que fundamentam a utilização a EaD
no setor.
Neste contexto, existem certas características na educação a distância,
citadas por Martins (2013), que nos levam a enumerar algumas vantagens deste tipo
de ensino, como: a flexibilidade de acesso e permanência por parte dos alunos; a
ruptura na relação espaço e tempo, que permite ao aluno associar as demandas
familiares com as do seu trabalho, sem deixar de qualificar-se para o trabalho e a
vida; a educação direcionada à população adulta, proporcionando uma segunda ou
terceira oportunidade; e o aspecto econômico para o aluno, uma vez que seus
deslocamentos são programados pelos encontros presenciais, permitindo redução
nos custos em relação ao sistema presencial tradicional de ensino.
Além da dimensão econômica, onde a EaD ocupa uma posição vantajosa
pelos diversos motivos já mencionados, o contexto das transformações
tecnológicas impõe, naturalmente, como exigência, a ampliação das formas e a
melhoria dos processos educacionais.Numa sociedade, onde a automação, a informação e o tempo correm velozes, não é possível pensar que os sistemas convencionais de ensino possam responder à formação contínua, face às necessidades dos momentos presente e futuro (MATA, 2011, p. 80).
Percebe-se na EAD um novo tempo, um novo espaço para a aprendizagem:
preocupar-se não com como eu ensino, mas sim com como o aluno aprende. A
educação a distância é o princípio da interaprendizagem em ação, é um caminho de
mão dupla. Uma das características da EAD é sua trajetória, pois ela flexibiliza
metodologias, adota novos espaços geográficos, imaginários e simbólicos, nos quais
o aluno encontra consistência.
26
Nesse sentido, a EaD revela não apenas situações de vantagem em relação
ao ensino convencional, mas assume o papel de responder às exigências do
mundo do trabalho, em termos de qualificações e competências, à socialização do
saber e à posse de informações a curto prazo. Ela, portanto, segundo Mata (2011,
p.80) ganha validade não somente “como alternativa tecnológica, mas como
alternativa de democratização da educação”.
Para Pessanha (2008), um dos principais desafios da formação a distância é
a possibilidade de estabelecer um ambiente favorável à aprendizagem que seja
altamente interativo e produtivo para os profissionais que se dispõem a continuar a
aprender. Para vencê-lo, é extremamente importante a preparação de tutores como
facilitadores e promotores desse ambiente.
A EAD é uma nova proposta de ensino e aprendizagem que não veio para
substituir a educação presencial e nem com ela decorrer. Haja vista, que ambas
apresentam vantagens e desvantagens, e devem existir simultaneamente em
espaços. Tendo como preocupação a qualidade da educação que se sugere a
desenvolver.
Além disso, conforme Belloni (2011), vale lembrar que as condições
impostas por um modelo capitalista são de competitividade, tanto em nível nacional,
quanto internacional para uma “economia globalizada e altamente tecnologizada”.
Por esse motivo, somente um modelo de educação que supere os limites de
tempo e espaço é capaz de oferecer condições permanentes de aprendizagem ao
longo da vida. Um indivíduo que, mesmo com uma formação inicial sólida, não tiver
interesse ou oportunidade de uma formação ao longo da vida, terá dificuldade de
competir no mercado de trabalho globalizado.
Por outro lado, Daniel (2013) afirma que a EaD pode se tornar um importante
instrumento da recomendação da UNESCO a fazer com que os países
ofereçam Educação para Todos. A educação de boa qualidade para todos resultará
na formação de um capital humano e social. “O capital humano significa o
conhecimento e a capacitação individuais que tornam a pessoa mais autônoma,
mais flexível e mais produtiva”.
Entretanto, somente capital pessoal não é suficiente. É preciso a elevação
no nível de capital social, para que, no coletivo, cada um venha a usufruir desse
crescimento. Para isso, alguns autores, como Daniel (2008), Luckesi (2011), entre
27
outros, defendem a EaD como portadora de um potencial capaz de atingir, de forma
transversal e efetiva, os autênticos objetivos educacionais de uma sociedade
democrática.
Gonzalez (2008, p.33) diz que a Educação a Distância (EAD) é uma
estratégia desenvolvida por sistemas educativos para oferecer educação a setores
ou grupos da população que por razões diversas, tem dificuldade de acesso a
serviços educativos regulares.
Neto (2011, p. 12) afirma que a Educação a Distância exige por sua própria
natureza, um projeto minucioso, um planejamento na fonte mais detalhado, mais
técnico e mais trabalho de equipe do que o sistema de educação ao vivo.
Litto e Formiga (2009 p.148) afirmam que o homem contemporâneo convive
com processos educativos a distância em crescente desenvolvimento, com inúmeros
recursos tecnológicos, mas precisa aprender a utilizar tecnologia sem abrir mão da
reflexão aprofundada acerca de seus valores e participação na sociedade como
cidadão responsável e crítico.
Segundo Belloni (2009, p.5): As sociedades contemporâneas e as do futuro próximo, nas quais vão atuar as gerações que agora entram na escola, requerem um novo tipo de indivíduo e de trabalhador em todos os setores econômicas: a ênfase estará na necessidade de competências múltiplas do indivíduo, em equipe, na capacidade de aprender e de adaptar-se a situações novas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96) trouxe amparo
legal a Educação a Distância. Foi sancionada pelo Presidente da Republica em 20
de dezembro de 1996, por meio da Lei Federal nº 9.394, e trouxe expressivas
contribuições para a modalidade no artigo de nº 80.
De acordo com Litto e Formiga (2009, p. 163) a educação a distância deve
transmitir de fato, de maneira maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer
evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências
do futuro.
Segundo o Censo/EAD/Br (2010, p. 18) de acordo com dados do Ministério da
Educação um a cada cinco novos alunos que pretendem fazer um curso de
graduação prefere a modalidade à distância.
Ainda de acordo com o Censo/EAD/Br (2010, p.18) a flexibilidade da
modalidade à distância amplia a oportunidade de acesso ao estudo e faz aumentar a
credibilidade na EAD.
28
Segundo ENAP (2008, p.410) no ponto de vista da EAD, principalmente no
âmbito das organizações, na perspectiva da formação e da capacitação
continuadas, torna-se importante caracterizar o público a ser atendido, o aluno
adulto que busca o aprendizado, tendo por base suas condições de vida que
representam os fatores condicionantes.
Com a variedade de abordagens de educação à distância existente
atualmente, deve ser dada atenção à tecnologia, ambiente, corpo docente,
estudantes e questões relacionadas a como transmitir o ensino, assegurando uma
implementação efetiva e acompanhando os cursos que utilizam essa abordagem.
Para Barket e Holley (1996), o futuro guarda muitas oportunidades e várias
questões devem ser levantadas referindo-se ao modo ensino/aprendizagem irá
produzir benefícios ótimos para todos os participantes Essa jornada pelos caminhos
da educação à distância deve vislumbrar para onde se está indo e ser guiada pela
visão de possibilidades para a sala de aula do futuro.
Percebe-se que apesar de toda evolução nas formas como o ensino a
distância é aplicado, muitas das limitações existentes nos seus primórdios,
permanecem até hoje. Podem-se apontar como algumas das principais limitações: a
falta da presença física dos professores, existindo apenas uma relação superficial
entre eles e os alunos; a dificuldade em manter o aluno motivado; a necessidade de
o aluno ser bastante disciplinado; problemas quanto a alta taxa de evasão e
dificuldade para validação do diploma, uma vez que não existem provas presenciais.
Nota-se que apesar da flexibilidade do tempo e local e a economia de tempo
e dinheiro serem os fatores que favorecem a opção por um curso a distância, ainda
existem fortes barreiras a serem superadas para que ele seja adotado por um maior
número de pessoas. Apesar de toda evolução, o estudante adulto de hoje teve a
maior parte do seu processo de aprendizagem realizado através do ensino
presencial, o que faz que haja uma forte barreira cultural quanto a adoção do e-
learning.
Uma das condições para aumentar a aceitação do e-learning como nova
forma de ensino é a reprodução no ambiente virtual de situações que ocorrem no
ambiente presencial, com o qual estes estudantes adultos sempre foram
acostumados a lidar. Para que isto ocorra, devem ser implementadas ações para
29
evitar os problemas causados pela falta de contato pessoal e da falta de disciplina
necessária para fazer com que um aluno conclua com êxito o curso.
Em relação à falta de contato pessoal é sugerido às empresas e instituições
de ensino que adotam a modalidade à distância, que valorizem e promovam cada
vez mais a interação entre os alunos e entre eles e os professores. Para que isto
resulte em sucesso, não basta apenas criar canais de comunicação, torna-se
necessário uma séria estratégia de integração e troca de informações que devem
ser constantemente monitoradas e incentivadas pela fornecedora do curso.
Uma das opções para se atingir este objetivo seria a existência de horários
pré-fixados para ocorrerem essas interações. Uma possibilidade é a criação de
diversas opções de horários, nas quais os alunos se comprometeriam a participar de
um número mínimo pré-determinado de sessões.
Além disso, a participação dos professores seria essencial nestes encontros
virtuais, não apenas respondendo as dúvidas, mas também estimulando a interação
entre os alunos. Sendo que a segunda função poderia também ser desempenhada
por um tutor qualificado.
A interação entre os alunos e professores e entre eles próprios reduziria a
sensação de frieza, a falta de contato pessoal e a dificuldade no esclarecimento das
dúvidas. Para atingir o objetivo de um aluno se beneficiar com o esclarecimento das
dúvidas dos outros e preservando o anonimato daqueles que querem perguntar sem
se identificarem, poderia ser criada uma área onde seriam publicadas todas as
perguntas dos alunos respondidas pelo professor, organizadas por assunto e
podendo ser acionadas através de palavras chaves. A autoria da questão seria
preservada e todos os outros alunos poderiam se beneficiar com as respostas do
professor.
Algumas universidades e outras instituições de ensino já utilizam há algum
tempo modelos bastante focados na interação entre os participantes e entre eles e
os professores e há testemunhos que estão obtendo bastante sucesso com este
modelo. Uma segunda barreira a ser superada é a falta de disciplina que a maioria
dos alunos possui e que impede um melhor aproveitamento ao realizar um curso
online. Pode-se superá-la com o desenvolvimento de uma melhor interação entre
alunos e deles com os professores e com a implementação de um modelo mais
rígido para delegar tarefas aos alunos e monitorar o seu cumprimento.
30
Por exemplo, definir datas limites para conclusão de etapas, entrega de
trabalhos e realização de provas e monitoramento constante exercido por uma
pessoa ou equipe da instituição fornecedora do curso, podendo ser o próprio
professor. Seria, entretanto, essencial encontrar a dose correta de cobrança, pois
também poderá contrapor aquele que é considerado um dos principais benefícios do
e-learning: a flexibilidade de horário.
Não se deve também esquecer aqueles que participam de um curso online
apenas para obter informações pontuais, que não se interessam em aprofundar o
seu conhecimento sobre o conteúdo completo do curso. Nesse caso, ao se tratar de
um cliente de uma empresa fornecedora de cursos online, aconselha-se perguntar
ao aluno que está se inscrevendo o grau de acompanhamento que considera
adequado.
No caso de universidades e demais instituições de ensino, seria muito
estranho possibilitar essa abertura, sendo nesse caso aconselhável a existência de
um padrão a ser seguido e respeitado por todos. Aparentemente, as empresas e
instituições que estão sendo melhores sucedidas na implementação de ensino a
distância são aquelas que estão conseguindo a melhor ponderação entre os fatores
expostos, ou seja, criando um canal eficiente de comunicação entre alunos e
professores e entre eles próprios, obtendo a disciplina, cobrando o cumprimento de
tarefas e prazos e ainda assim respeitando a flexibilidade de horário de estudo dos
alunos.
Quanto a questão da credibilidade do certificado, recomenda-se a aplicação
de provas presenciais para os casos dos cursos que necessitam validação formal. A
prova presencial evitaria uma série de fraudes que pode acontecer num ambiente de
avaliação virtual e pode permitir a comparação dos resultados das turmas que
fizeram o curso pelo formato online com aqueles que fizeram presencialmente.
Essa prática, de validar com uma prova presencial o aprendizado obtido no
curso online, já é bastante comum nas universidades que utilizam ensino a distância.
No entanto, não é adotada na maior parte das empresas fornecedoras de
ensino a distância pelo próprio caráter informal de aprendizado, que não possui
necessidade de seguir legislação específica sobre a questão de aplicação de provas
e apuração da avaliação final. Apesar de toda evolução tecnológica que possibilitou
novas formas de realizar educação à distância, muitas limitações ainda não foram
31
satisfatoriamente superadas. Este artigo pretendeu apresentar algumas estratégias
para superar estas limitações.
3 MÉTODO
Este estudo propôs como tema a Educação a Distância (EaD) como
modalidade de ensino que está em constante crescimento na contemporaneidade. O
intuito desta pesquisa bibliográfica está em apresentar as características da EaD e
os desafios a serem superados na formação de indivíduos que almejam uma
educação de qualidade.
32
Esta pesquisa é um estudo descritivo, qualitativo e bibliográfico, centrada na
construção de um marco teórico na área de Educação à distância, pois, percebeu-se
que embora seja uma modalidade de ensino relativamente com desenvolvimento e
aceitação recente, a mesma vem crescendo e ganhando credibilidade no meio
educacional, atingindo cada vez mais alunos, se firmando como forma efetiva de
formação, atingindo a maioria da população brasileira e melhorando a qualidade
devido à aceitação e evolução que no decorrer dos tempos vem acontecendo,
principalmente pelo uso progressivo e crescente do computador e internet.
Para Costa e Costa (2012) a pesquisa descritiva é considerada como a mais
tradicional e descreve as peculiaridades de um determinado grupo ou evento,
esclarecendo-os.
Segundo Farias Filho; Arruda Filho (2013), na pesquisa qualitativa a
abordagem se dá de forma subjetiva, com ênfase na interpretação dos resultados e
atribuição de significados, não podendo ser traduzido em números, denominado
também como análise intersubjetiva.
Segundo Severino (2008, p. 122) a pesquisa bibliográfica é aquela que se
realiza a parte do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em
documentos em preços, como livros, artigos, tese e etc. Utiliza-se de dados ou de
categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores devidamente
registrados. Os textos se tornarão fontes do tema a ser pesquisados. O pesquisador
trabalhará a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes
dos textos. Assim, inicialmente busca-se referências sobre o foco em estudo e
procura-se selecionar as variáveis investigadas a partir da leitura e fichamento.
Utilizou-se o método bibliográfico buscando abordar a educação a distância,
as tecnologias da informação utilizadas na EaD, os ambientes virtuais de
aprendizagem (AVA), a atuação dos tutores no processo de aprendizagem e as
dificuldades da educação a distância online.
Foram utilizadas fontes secundárias junto a autores nacionais e
internacionais, periódicos, artigos científicos, dissertação de mestrado, buscas on-
line no período de fevereiro a março de 2015.
Após leitura exaustiva sobre a temática, chegou-se aos núcleos temáticos:
Qualidade no ensino; importância da educação à distância e as vantagens desta
33
modalidade. Tais elementos constituíram os pontos de referencial teórico e
apresentam também os resultados encontrados na pesquisa.
A revisão bibliográfica possibilita entender as características e o atual
contexto da EaD no Brasil, evidenciados em pesquisas e dados bibliográficos bem
como através da análise dos desafios que esta modalidade de ensino enfrenta
diante da análise do panorama educacional e das tecnologias utilizadas.
Na modalidade de ensino a distância observa-se um crescente aumento
quantitativo e qualitativo de ofertas de cursos em todo o país. Assim, existe um
interesse dos pesquisadores em analisar esse método de ensino que atualmente
permite o acesso à educação de milhares de pessoas, ofertando cursos em diversas
áreas do conhecimento e buscando formar e capacitar os indivíduos conforme as
necessidades de aprendizagem, promovendo, assim, a equidade, a inclusão social e
a elevação da cultura geral da população.
Os fatores influentes para o desenvolvimento da EaD estão caracterizados na
metodologia e mídias utilizadas pelos educadores durante o processo pedagógico.
Para a eficácia na realização dos cursos na modalidade de ensino a distância os
profissionais envolvidos devem desenvolver habilidades e competências para
superar as dificuldades e adaptar suas práticas pedagógicas a realidade dos
discentes.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
34
Após o levantamento feito no marco teórico, a partir de agora, apresentam-se
as sememlhanças, distorções e conclusões a que chegam os teóricos avaliados
sobre as variáveis analisadas na pesquisa.
4.1 A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO A DISTANCIA PARA ATENDER AS
NECESSIDADES EDUCACIONAIS EMERGENTES
Com base nas leituras feitas a cerca da qualidade de ensino à distância sobre
o atendimento de necessidades educacionais emergentes, encontra-se discussões e
respostas para esta questão nas leituras de Bertolin & Leite (2008), Bottomley &
Calvert (2008), Bowden & Marton (2008), Dest (2008), Filippakou & Tapper (2008),
Kirkpatrick (2008), Lezberg (2008), Litwin (2011), Mill (2011), Nusche (2008) e
Oliveira (2008).
Bertolin & Leite (2008), Bottomley & Calvert (2008), Bowden & Marton (2008)
concordam que a EAD tem se tornado em todo o mundo uma maneira muito
importante para a promoção de oportunidades para muitas pessoas, devido à
facilidade que dispões de romper barreiras como: distância, o difícil acesso e a falta
de tempo que vivencia o povo atualmente, por serem muitos ocupados, o ensino a
distância facilita que cada um faça o seu horário de acordo com o tempo que dispõe
e escolha cursos que não tenha a possibilidade de participar em aulas presencias,
também facilita às pessoas não se arriscarem saindo de casa para enfrentar o
trânsito que hoje em dia nas grandes cidades é caótico, e ainda diminui os riscos
que elas se expõem à violência, pois principalmente o trabalhador que necessita de
estudar à noite nos grandes centros urbanos, ás vezes deixam de participar de
formações e cursos importantes.
Estas facilidades precisam ser vistas como instrumentos facilitadores e
precisam garantir a eficiência e a eficácia da modalidade de ensino, devendo por
isso serem constantemente aferidas e qualificadas.
Entretanto, Filippakou & Tapper (2008) evidencia que essa modalidade de
ensino exigir um maior comprometimento do aluno, muitas disciplinas e vontade de
aprender, nesse caso são necessária autonomia para concluir o curso, mas isso é
muito importante num país como o Brasil que está em crescimento e que a
educação apresenta muitos impasses para o aluno, ele terá oportunidades de
35
desenvolver sua autonomia e participar efetivamente de mais cursos com uma
qualidade melhor se tiver interesse.
Para Litwin (2011, p.73)a grande preocupação é a busca por cursos a distância que ofereçam estímulos pela participação no processo ensino-aprendizagem, além é claro, da credibilidade em sua qualidade já que a Educação a Distância é uma alternativa indispensável para os avanços das soluções educacionais que visam democratizar o acesso ao ensino, elevar o padrão de qualidade do processo educativo e incentivar o aprendizado ao longo da vida, mas, para o efetivo uso desse modelo, condições de infra-estrutura, inovações e metodologias são necessárias.
Logo, entende-se que para que possa mostrar-se como uma modalidade de
ensino de qualidade é necessário trabalhar com avaliações processuais, com a
finalidade de priorizar as diferentes construções do conhecimento, sejam individuais
ou coletivas, bem como ser submetida a cada elemento do processo, haja vista as
barreiras culturais presentes no processo de construção do ensino.
Além disso, Kirkpatrick (2008), Lezberg (2008) destacam que a avaliação
nesta modalidade deve ser implementada por meio de instrumentos que garantam a
reflexão, a critica emancipatória e a busca da coerência na teoria e na ação,
ressignificando o processo de ensino e de aprendizagem.
Desta forma, é fundamental selecionar instrumentos que proporcionem
verificar as transformações que ocorrem, se houve assimilação e aproveitamento
dos estudos, se estes modificaram no cursista seu modo de ver o mundo, se lhes
propiciaram interferir na sua realidade e também a abordar com êxito a
aprendizagem dos conteúdos estudados. Os instrumentos devem ainda apontar
possibilidades de ajuste às intervenções pedagógicas à obtenção de melhor
aproveitamento da aprendizagem.
Finalmente, com base em Nusche (2008) e Oliveira (2008) constata-se, por
meio das diferentes vozes, sobretudo pelos instrumentos utilizados no marco teórico,
que estes constituem-se em um mais recurso capaz de inserir os homens na
sociedade, oportunizar ampliar o leque de informações e conhecimentos numa
dinâmica que se articula entre saber de senso comum e conhecimento elaborado
com vistas a integrar a tornar as pessoas mais dignas, autônomas e mais
humanizadas.
Logo, destaca-se que com a EAD, há o grande desejo de promover a
educação, onde o indivíduo é trabalhado para desenvolver sua autonomia,
36
capacidade de pensar, de resolver problemas, de tomar decisões e de aprender a
aprender. Trata-se de investir na criação de competências e isso não virá apenas
pela democratização do acesso à educação, mas pela qualidade do processo
educativo.
4.2 PORQUE A EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA É TÃO IMPORTANTE NO CENÁRIO
EDUCATIVO
Na tentativa de compreender a importância da educação à distância no
cenário educativo, apoiamo-nos nos estudos de Alonso (1996), Belloni (2011),
Dourado (2008), Levy (2009), Litwi (2011), Maia e Mattar (2008), Nunes (2008) e
Vianney et al (2010).
Vianney et al (2010) explicam que o cenário atual da EAD vem passando por
transformações a partir de um contexto de mudanças de valores, em que a
diversidade cultural é presente, tendo um significado maior em sua contextualização,
de saberes e conhecimentos, assumindo um papel importante na sociedade vigente,
na qual a globalização gera uma necessidade de comunicação e informação sem
fronteiras.
Percebe-se portanto que a educação a distância, por reunir e alcançar
diferentes sujeitos, também integra culturas e oportuniza a troca de experiências e
saberes adquiridos de diferentes maneiras.
Os elementos propostos por Keegan (1986) e adaptados por Verduin e Clark
(1991, p.11) para compreender a educação à distância são: (i) separação entre
professor e aluno durante a maior parte do processo instrucional; (ii) influência de
uma organização educacional, incluindo avaliação do aluno; (iii) o uso da mídia
educacional para unir professor e aluno e disponibilizar o conteúdo; (iv)
disponibilidade de comunicação, em duas vias, entre o professor ou agente
educacional de ensino e o aluno.
Os cursos à distância nem sempre envolvem o uso de tecnologia avançada
ou computadores e softwares. No processo, a instrução e aprendizagem são
conduzidas de forma interativa com o auxílio de veículos tais como correio, telefone,
fax, rádio, televisão, vídeo, transmissão por satélite, teleconferência, computador, e-
mail, e mais recentemente baseados na rede eletrônica.
37
Apesar de cursos por correspondência ainda ser a forma mais comum de
educação à distância o termo não é definido pelo sistema de entrega e nos últimos
dez anos o treinamento pela mídia eletrônica proliferou, (GEBER, 1991) dando
origem aos cursos via internet.
Reflexo disso é que o Ensino a distância mostra-se como uma ótima opção
para estudantes que buscam formação, especialização, aperfeiçoamento ou
treinamento, pois além de oferecer o ensino permite ao aluno administrar melhor o
tempo dos estudos podendo fazê-lo em casa ou nos horários livres do trabalho.
Para compreender as mudanças em curso no campo educacional,
especialmente no campo das práticas docentes, Alonso (1996) esclarece que basta
promover uma análise global do que vem ocorrendo na sociedade. Para Belloni
(2011), educação e sociedade estabelecem uma relação de mútua influência,
entretanto, parece que a intensidade da influência é maior quando parte da
sociedade. A educação se torna, pois, conforme Dourado (2008), o reflexo da
sociedade.
Nesse sentido, a EaD é também entendida como manifestação das
inovações tecnológicas e das novas práticas sociais mediadas pelas novas
tecnologias de comunicação e informação disponíveis na sociedade atualmente.
No ensino superior, além das razões sociais e das necessidades individuais
que justificam a EaD, Levy (2009) ressalta que convém lembrar que este nível de
ensino funciona como um laboratório das novas práticas pedagógicas, resultando
em inovações no ato de ensinar e aprender.
Neste entendimento, novas estratégias de ensino, apoiadas em tecnologias
de mediatização estão sendo pensadas e propostas para a educação, fazendo com
que a EaD se consolide ainda mais e avance em termos de sua cientificidade
técnica, validade social e viabilidade financeira.
Conforme Maia e Mattar (2008), Nunes (2008) e Vianney et al (2010), em se
tratando de formação de professores, a inovação tecnológica se traduz em inovação
pedagógica, uma vez que o exercício da profissão docente, exige, necessariamente,
a busca incessante pelo novo, sobretudo se considerar o processo de banalização
da informação, gerado pela acessibilidade da Internet. O professor é quem conduz
ao saber; não se pode conduzir, se não se sabe para onde ir. Além disso, ele deve
dar sentido ao conhecimento, precisa problematizar, ajudar o aluno a pensar além
38
do que está posto nas informações que recebe. Isto é, sem dúvida, a face mais
evidente da inovação a que a educação como um todo se refere. Inovar não é
somente a utilização de novas técnicas, antes de mais nada e, principalmente, é o
desenvolvimento de uma postura que envolve o modo de ser, agir e pensar.
Pela leitura de Levy (2009) e Litwi (2011), viu-se que o ensino on-line difere
do presencial pela ausência do contato direto e diário numa sala de aula. Mas tanto
o presencial quanto o on-line cumprem o papel de ensinar e tornar o conhecimento
mais acessível aos alunos. As vantagens de se fazer um curso a distância são
diversas e têm feito com que a procura por esta modalidade de ensino aumente ano
após ano. Entre elas está a flexibilidade de local e horário, ou seja, o aluno pode
escolher o melhor horário para se dedicar ao estudo e ainda estudar onde quiser.
Litwi (2011) afirma ainda que O fato de poder estudar onde quiser se constitui uma vantagem significativa, pois os alunos podem ter acesso ao estudo em cidades que não contém com aquele determinado curso ou fazer uma faculdade em locais que não tem uma universidade disponível. Outra vantagem é que os cursos a distância são mais baratos em ralação aos presenciais, além da economia de tempo e dinheiro gasto com transporte até o local de curso. Para se ter uma ideia da importância do ensino a distância no país, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2010, cerca de 5 mil estudantes estavam matriculados no ensino superior à distância no ano 2000. Em dez anos este número aumentou 170 vezes, subindo para 930 mil alunos. Estes dados atestam que o Ensino a distancia é uma modalidade consagrada e que a cada ano cresce no país.
Assim, evidencia-se que a Educação a Distância (EAD) é um recurso
importante para atender a grandes contingentes de alunos de forma efetiva e sem
riscos de reduzir a qualidade do ensino. E o Brasil está numa fase de consolidação
da EAD, principalmente no Ensino Superior com crescimento expressivo e
sustentado. Prova disso são os dados do Ministério da Educação que mostram que
um em cada cinco novos alunos de graduação no país ingressa em um curso a
distância. Ou seja, cerca de 20% dos universitários estudam entre aulas na internet
e em polos presenciais.
Conforme Belloni (2011)Trata-se de uma educação centrada no “sujeito coletivo” que reconhece a importância do outro, a existência de processos coletivos de construção do saber e a relevância de criar ambientes de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento do conhecimento interdisciplinar, da intuição e da criatividade.
Desta forma, se a EAD é uma forma de qualificar e alargar o processo
educacional, obviamente não utilizá-la é perder um instrumento contemporâneo e
39
valioso para auxiliar na alavancagem nacional. Além disso, a metodologia consegue,
em um país como o Brasil, de proporções geográficas gigantes, contribuir para a
redução das desigualdades sociais e regionais, bem como para a promoção do bem
comum, sem preconceito de raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
4.3 AS CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA
Sobre as vantagens que a educação à distância no atual cenário educacional
proporciona, discuti-se sobre os entendimentos de Belloni (2009), Daniel (2013),
Enap (2008), Gonzalez (2008), Litto e Formiga (2009), Martins (2013), Mata (2011),
Neto (2011), Oliveira (2012), Pessanha (2008).
Belloni (2009) e Daniel (2013) compartilham do conceitos reflexivo de que a
educação a distância é um processo de ensino aprendizagem mediado pelas novas
tecnologias da informação e comunicação, onde alunos e professores desenvolvem
atividades educativas em tempos e lugares diferentes.
Percebe-se que a educação à distância pode ser cursada por pessoas que
estejam em qualquer ponto do território desde que as mesmas tenham os requisitos
mínimos para o estudo, seja o acesso à tecnologia ou a polos presenciais.
Segundo Nisar (2002, p. 256) o e-learning está ganhando cada vez mais
popularidade como forma de treinamento e diversos profissionais da área de ensino
o tem aceitado como estratégia de treinamento que possui tanto vantagens como
desvantagens.
Percebe-se que a educação à distância avança não apenas na educação
formal, mas se faz presente também em cursos de qualificação, aperfeiçoamento e
afins.
Segundo os dados do Enap (2008), representa uma modalidade que está
atraindo cada vez mais um número maior de estudantes, principalmente daqueles
que moram distante ou que preferem organizar sua própria rotina de estudo.
Entretanto faz-se necessário uma rígida disciplina de estudos e muita perseverança
para vencer os desafios de um curso a distância.
Toda tecnologia auxilia no processo educativo, depende da forma que o aluno
a utiliza. Ao mesmo tempo em que facilitam a interação virtual, também podem
40
atrapalhar o aprendizado se o aluno não tiver o domínio das novas tecnologias e dos
recursos multimídia.
Ao comentar sobre educação via computador, Doughty (1996, p. 88) já
afirmava que os principais benefícios para os estudantes seriam: permitir melhor
entendimento, maior acesso a informação, maior controle sobre o aprendizado e
melhor feed-back; o fato dos erros serem cometidos de forma privativa; poder ser
mais flexível, rápido e proveitoso que os meios tradicionais; possibilitar recursos
extras de aprendizagem e maior atenção individual; as avaliações serem menos
influenciadas por fatores pessoais; o ensino ser mais prático e os estudantes podem
estudar no seu próprio ritmo; além de uma melhor comunicação proporcionada por
meio da mídia eletrônica.
Logo, as vantagens deste processo tangenciam diferentes esferas e
interesses.
Conforme Gonzalez (2008), a educação a distância do ensino superior esta
revolucionando o cenário educacional brasileiro.
Pois, o número de estudantes vem crescendo a cada ano e a aceitação dessa
modalidade está cada vez maior, pois as instituições estão se adaptando para
oferecer uma qualidade maior nos cursos à distância.
Litto e Formiga (2009) evidenciam queA modalidade de educação a distância vem ganhando cada vez mais espaço devido a sua versatilidade, pois permite ao aluno fazer combinações de sua vida social com o seu constante aperfeiçoamento profissional. Entretanto essa modalidade requer muita disciplina, persistência, empenho e autodidatismo, pois o aluno tem que organizar sua rotina de estudos e estudar sozinho, sem a cobrança constante de um professor. O aluno que ingressa em um curso a distância assume um compromisso perante a sua formação profissional. O estudante deve ser atento e disciplinado, a fim de reservar um tempo adequado para seus estudos e participar das atividades propostas on-line.
Neste contexto, a educação a distância vem possibilitando que pessoas das
camadas mais carentes da população ou que moram muito afastadas tenham
acesso ao ensino superior e que aos estudantes que trabalham tenham a
oportunidade de estudar, realizando as atividades no horário que estiverem livres.
Apesar da possibilidade de se criar uma lista enorme de benefícios do e-
learning, Oakes (2003, p.57) afirma que a mais valiosa proposição é a
independência de local e horário. Valley (1996, p. 78) complementa que a
41
flexibilidade de local e horário possibilita que os estudantes tenham acesso às
matérias e à expertise do professor, onde e quando eles necessitarem.
O autor conclui que um importante efeito é o acesso à educação que pode ser
realizado por pessoas que de outra forma estariam excluídas, incluindo estudantes
com menor poder aquisitivo, e adultos que desejam assumir maior controle sobre
seu aprendizado.
Oakes afirma que apesar da flexibilidade de tempo e local poder ser aplicada
apenas nos e-learning assíncronos, sem interação simultânea entre as partes
envolvidas no aprendizado, o uso do método síncrono atualmente é a forma mais
popular de e-learning, apesar de contradizer uma das suas proposições principais:
flexibilidade de tempo. O método síncrono é utilizado para possibilitar comunicação
e interação em tempo real, ou seja, apesar do local continuar a ser um fator
independente, o horário passa a ser fixado. As interações em tempo real incluem as
entre estudantes e o instrutor e também as entre os próprios estudantes.
Segundo Oakes, uma razão para o e-learning síncrono continuar ganhando
popularidade é o fato de ele copiar o formato com a qual a maior parte das pessoas
está acostumada, com a tradicional sala de aula e um instrutor liderando o
treinamento, o que está relacionado com interações em tempo real. A habilidade de
aprender através de uma interação direta com o instrutor e com os outros
estudantes é usualmente visto como uma das mais efetivas formas de obter
conhecimento.
Oakes afirma que nos primórdios do e-learning muitos observadores fizeram
previsões que seu avanço tornaria as salas de aula obsoletas. No entanto, o tempo
provou que a metodologia de ensino utilizado em sala de aula continua importante e
sua efetividade e conveniência cresceu com as vantagens das tecnologias
síncronas.
Outro benefício importante oferecido pelo e-learning, segundo Shute (2004,
p.46), são as economias proporcionadas e os ganhos de produtividade. Shute afirma
que se a comparados o e-learning e o treinamento tradicional utilizando sala de aula,
o primeiro economiza tempo. Esta redução do tempo de treinamento se traduz em
economias relacionadas com o tempo que o funcionário poderia estar realizando
outras tarefas.
42
Concordando com o exposto por Shute (2004) e Nisar (2002) acrescentam
que o e-learning também ajuda a reduzir custos diretos de treinamento.
Isto é obtido por meio do aumento do desempenho no emprego, uma vez que
o funcionário não precisaria se ausentar do local de trabalho e não haveria despesas
de viagens e hospedagens. Nisar complementa que assim como o e-learning
possibilita aos empregadores treinar colaboradores que não precisariam se ausentar
para participar de um curso convencional, também é mais barato que os cursos
convencionais e os empregadores podem adaptar os treinamentos de acordo com
as necessidades profissionais.
Para Tham (2005, p. 15) aprender numa “sala de aula invisível” possibilita o
acesso a uma quantidade ilimitada de informações. Além disso, remove uma série
de fronteiras físicas e sociais, tais como: timidez, sexo, raça, localização, etc. Isto
deixa os alunos numa situação mais igualitária, sendo que todos,
independentemente da distância, poderão contribuir para o sucesso do aprendizado.
Complementando essa análise, Schank e Cleary (1995, p. 171) afirmam que
quando um aluno assiste a uma aula presencial e o professor se refere a assuntos
que ele não tem conhecimento, a única forma de elucidar sua dúvida é interromper o
professor e expor sua ignorância perante todos os outros alunos.
Dependendo do sistema de ensino a distância adotada, o aluno poderá
perguntar de maneira privada, sem interromper o aprendizado dos outros alunos, o
que é mais uma vantagem do elearning.
O fato do estudante poder avançar em seu próprio ritmo e a possibilidade de
estudar utilizando diversos modelos de treinamento é analisada por Knox (1996,
p.46) que afirma que os estudantes podem aumentar ou reduzir a quantidade de
estudo em função das demandas de sua carreira e suas próprias necessidades de
treinamento.
Para o autor, os estudantes devem selecionar programas individuais de
treinamento baseado nos seus interesses pessoais e profissionais.
Ademais, Knox e Shute (2004, p.46) afirmam que cada pessoa aprende de
um modo diferente: em seu estilo, com seu próprio ritmo e muito do que ela aprende
é filtrado pela suas experiências de vida.
O e-learning não obriga as pessoas a aprenderem de uma forma única e
inflexível, o que facilita seu aprendizado.
43
Sobre a questão do conteúdo dos cursos, Masie (2003, p.8) comenta que se o
conteúdo do curso é rei então o contexto é rainha.
Afirma que os estudantes querem saber o contexto na qual o conteúdo
apresentado será aplicado. Eles querem exemplos práticos, conhecer as melhores
práticas e saber como utilizá-las no dia-a-dia das organizações onde trabalham.
Seguindo o raciocínio da flexibilidade do aprendizado, Shute (2004) afirma
que o e-learning é conveniente para os empregados. Eles estudam as lições que
são mais importantes para suas necessidades, de forma interativa e entregue
diretamente em seu posto de trabalho, no seu computador.
Podem aprender o que tiverem interesse e “aprender fazendo”.
Para o autor, os participantes se lembram melhor do que estudaram e retêm o
aprendizado por mais tempo. E são capazes de aplicar este aprendizado com
eficiência para incrementar seu desempenho.
O autor conclui que o e-learning irá suprir a necessidade de treinamento de
profissionais de uma forma nunca realizada antes.
Cornachione e Silva (2000) apontam algumas vantagens adicionais da
educação a distância: rompimento de barreiras geográficas e sociais; disseminação
de conhecimento mais abrangente e veloz; apoio e acompanhamento até 24 horas
por dia; integração do maior número de pessoas e atualização da metodologia e
método.
Martins (2013), ressalta também que apesar de ainda existir preconceito, hoje
ainda há muito mais compreensão de que a EAD é fundamental para o país, fato
comprovado pelo número crescente de alunos que procuram por um curso a
distância. Mas ainda é vista como uma modalidade supletiva destinada apenas a
quem mora em regiões afastadas ou que não tem tempo para frequentar uma
instituição presencial.
Para que essa modalidade continue crescendo, é necessária a
democratização no acesso a internet, a expansão desse meio para regiões mais
afastadas e políticas públicas destinadas a qualificação dos alunos, pois para se
estudar a distância é necessário conhecimento básico de informática.
Logo, na implementação da EaD na Universidade Pública, deve-se ter em
mente a formação da cidadania e a busca da igualdade de oportunidades entre as
44
diversas camadas sociais evitando-se, assim, a predominância da lógica do
mercado.
Para isso, segundo Mata (2011), o investimento governamental é fundamental
e a busca de parcerias se torna importante, visto que ainda é pequeno o número de
pessoas que possuem acesso às atuais tecnologias disponíveis no campo da
educação.
Do ponto de vista dos países menos desenvolvidos como o Brasil, Neto
(2011), Oliveira (2012), entendem que os efeitos da globalização no campo da
educação aberta e a distância tendem a ser mais perversos do que positivos, pois,
salvo se houver políticas de desenvolvimento do setor, corre-se o risco de
importação e/ou adaptação de tecnologias (equipamentos e programas) caras e
pouco apropriadas às necessidades e demandas, que acabam obsoletas por falta de
formação para seu uso.
Por fim, amparados em Pessanha (2008), vê-se que no aspecto pedagógico é
importante uma ampla discussão, que vise a adequação das tecnologias às
metodologias, propiciando a integração aluno-professor, com destaque ao primeiro.
Tudo indica que o trabalho de aprendizagem e ação no futuro consistirá em
uma sequência de 'reuniões sucessivas', ora presenciais ora a distância, interligando
pessoas, problemas, fatos e idéias, inteligências e conhecimentos, espalhados pelo
mundo, mais interdependentes e intercambiáveis. Eis o novo ambiente para o
trabalho e aprendizagem do futuro.
45
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação a distância (EaD) é uma modalidade de ensino de cunho social,
contínuo e organizado que contribui com o direito humano básico de “aprender”
(todo ser humano tem direito à informação), pois uma de suas características é a
possibilidade de ultrapassar barreiras geográficas e temporais. Atualmente, a
crescente demanda por educação continuada, é o fator fatores que aponta para a
expansão da EaD no Brasil.
Ao falar de Educação à distância tem sido um grande desafio, pois vem
agregando as pessoas que não teriam o tempo para estudar em tempo real ou
presencial e aderiram essa forma de estudo para conseguir conciliar os horários que
seriam destinados para estar em sala de aula quando se pode estar por presente
através de uma tecnologia de alta qualidade em horas diferenciadas e são
destinadas ao estudo em EAD.
Os ambientes virtuais de aprendizagem, ao permitir a inserção de diferentes
mídias (som, imagem estática ou dinâmica, dentre outras) tem tornado o processo
de ensino-aprendizagem mais dinâmico e interativo apoiando, por sua vez, a
construção do saber.
A pesquisa foi relevante para o aprendizado das acadêmicas, pois durante os
estudos percebeu-se a importância de estudar à distância com a contribuição de
uma tecnologia em que o professor tem a possibilidade de mediar as informações
para com os milhares de alunos a longa distância.
46
Sabe-se que tudo que é novo, que confronta formas cristalizadas na
sociedade, sempre geram críticas. Admiti-se não ter visto, a princípio, com bons
olhos a formação do estudante do ensino a distância, pois acredita-se que sua
formação ficaria prejudicada pela falta de convivência entre os sujeitos do processo
de ensino e aprendizagem.
Parte desse preconceito surgiu pelo desconhecimento do funcionamento
dessa modalidade de ensino e ao discurso de que o profissional formado pela EaD
teria uma formação superficial e aligeirada em relação aos demais profissionais
formados pela educação tradicional.
Acredita-se que ainda haja preconceitos em torno dessa modalidade de
educação, inclusive dos próprios alunos de cursos em EaD.
Em parte, esse pré-conceito que ainda habita o imaginário das pessoas em
relação à EaD se deve ao passado, quando as instruções e informações eram
passadas aos alunos por meio dos correios que recebiam destes as respostas das
instruções e ou lições propostas. Com o desenvolvimento de outras tecnologias de
comunicação, como rádio e televisão como meio de repasse rápido de informações,
juntamente com os materiais impressos enviados pelos correios, foi impulsionada,
cada dia mais, essa modalidade de ensino.
As tecnologias de comunicação anteriores, que favoreceram a disseminação
e a democratização do conhecimento em diferentes níveis por permitir atender a um
grande número de alunos, foram ainda mais ampliadas com as tecnologias digitais e
a Internet. Com os devidos méritos, o advento da internet criou um cenário
totalmente novo para a educação a distância.
Para que haja mudanças no paradigma de ensino brasileiro não bastam
mudanças apenas nas formas de ensinar, nos suportes e nos ambientes de
aprendizagem, faz-se necessário e urgente uma mudança de postura dos
aprendizes frente a esse outro paradigma que se apresenta nesse novo cenário
educacional, o da EaD.
As mudanças requeridas às instituições de ensino e aos educadores devem
ser estendidas aos aprendizes que deverão se conscientizar de seu papel social e
de quais práticas letradas necessita, ressaltando a necessidade de centrar as
investigações no contexto aplicado, ou seja, investigar com mais detalhes as
atitudes dos sujeitos aprendizes nessa nova realidade de ensino, o lugar onde esses
47
aprendizes vivem e agem, além da compreensão das mudanças relacionadas à vida
sociocultural, política e histórica que eles experienciam, uma espécie de etnografia
do comportamento linguístico dos sujeitos em suas práticas sociais de letramento na
modalidade EaD.
Faz-se necessário uma imersão mais profunda nos elementos que constituem
a identidade de sujeitos aprendizes na EaD, frente ao boom das TICs e que estão
emergindo de relações complexas, heterogêneas frente a esses meios de
comunicação, cada dia mais interativos e que têm afetado as práticas sociais já
instauradas. É neste contexto que surge a necessidade de se definir as novas
identidades dos aprendizes e tipos de práticas sociais letradas que estão sendo
construídas nesse outro ambiente de ensino e aprendizagem.
Na atual sociedade da informação, a internet é uma espécie de protótipo de
novas formas de comportamento comunicativo. Se bem aproveitada, ela pode
tornar-se um meio eficaz de lidar com as práticas pluralistas sem sufocá-las, mas
ainda não se sabe como isso se desenvolverá.
Este trabalho não tem a pretensão de encerrar as discussões. Muito antes
pelo contrário. Trata-se de um processo dialógico e formativo, que implica em
diagnósticos e melhorias continuadas acerca do processo de aprendizagem. O
modelo EaD é inclusivo, comunicativo, com força tecnológica, mas também
democrático, moderno e inovador. Totalmente aceitável que o novo traga dúvidas e
incertezas.
Os desafios que permanecem neste cenário é adaptar o aluno que vem de
experiências presenciais para uma modalidade desafiadora e criativa. Desafiador
também aos professores, que devem propiciar atividades de trabalho autônomo
sem o distanciamento e abandono que o modelo possa erroneamente transparecer.
Ainda mais desafiador, são os investimentos necessários das instituições de ensino
em qualificação do seu corpo docente e das ferramentas tecnológicas gerando
infraestrutura de alta performance.
Apostar na interação é firmar o eixo motor da EaD na motivação, na
construção do conhecimento dialogado e cooperativo . A certeza de que não basta
o aluno enviar, no término do curso, um relatório para apreciação dos
examinadores para que o estudante receba seu certificado, e sim um conjunto de
48
práticas é que efetivamente lhe trarão uma diplomação qualificada e reconhecida
no mercado de trabalho.
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