educaÇÃo do campo brasília – dezembro 2014 antonio fernando gouvêa da silva ufscar –...

23
EDUCAÇÃO DO CAMPO EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro Brasília – dezembro 2014 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica na pedagogia crítica freireana freireana

Upload: bruna-hernandes

Post on 07-Apr-2016

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

EDUCAÇÃO DO CAMPOEDUCAÇÃO DO CAMPOBrasília – dezembro 2014Brasília – dezembro 2014

Antonio Fernando Gouvêa da SilvaUFSCar – Sorocaba

Pesquisa qualitativa na Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireanapedagogia crítica freireana

Page 2: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

ANÁLISE DE UM EXEMPLO

Page 3: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

FALA SIGNIFICATIVA: “Professora, eu não fiz a lição porque a gente tá sem luz lá em casa. Meu pai fez um “gato” na casa do vizinho, mas a luz ficou fraquinha e depois apagou tudo, aí o vizinho mandou tirar. Ele (o vizinho) também fez “gato” e a luz é boa ... Por que todo mundo não pode ter luz boa?”

PEDAGOGIA DE INTERESSE – EXEMPLO DE PROGRAMAÇÃO

PROGRAMAÇÃO DE CIÊNCIAS•ORIGEM DA ENERGIA ELÉTRICA:•MAQUETE DE UMA HIDRELÉTRICA EXPLICANDO SEU FUNCIONAMENTO;•DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA PARA GRANDES CENTROS;•UTILIZAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA PELO HOMEM;•FORMAS ALTERNATIVAS DE SE OBTER ENERGIA ELÉTRICA;

ENERGIA ELÉTRICA

ATIVIDADE PEDAGÓGICADESCRIÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES QUE OCORREM EM UMA USINA

HIDRELÉTRICAO QUE É ENERGIA ELÉTRICA? PARA QUE UTILIZAMOS?DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM UMA CIDADELEITURA E PESQUISA SOBRE ITAUPU; HISTÓRICO, CAPACIDADE,

REGIÕES ATENDIDASCOMO A ENERGIA CHEGA EM SUA CASA?

Page 4: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

FALA SIGNIFICATIVA: “Professora, eu não fiz a lição porque a gente tá sem luz lá em casa. Meu pai fez um “gato” na casa do vizinho, mas a luz ficou fraquinha e depois apagou tudo, aí o vizinho mandou tirar. Ele (o vizinho) também fez “gato” e a luz é boa ... Por que todo mundo não pode ter luz boa?”

PRÁXIS DO DIÁLOGO CRÍTICO – EXEMPLO DE ATIVIDADE: ACESSO À ENERGIA ELÉTRICA NA FAVELA

PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL1. O QUE É FAZER “GATO”? POR QUE AS PESSOAS PRECISAM FAZER “GATO”? 2. POR QUE A LUZ FICOU FRACA NA CASA DO ALUNO? E POR QUE NA CASA DO VIZINHO A LUZ É BOA, EMBORA TAMBÉM SEJA “UM GATO”?3. POR QUE NÃO HÁ LUZ PARA TODOS?4. PROCURE ESQUEMATIZAR OS DOIS TIPOS DE LIGAÇÃO ELÉTRICA (”GATO”): A QUE PERMITE A LUZ FICAR “FRACA” E AQUELA EM QUE A LUZ FICA “BOA”.

APROFUNDAMENTO TEÓRICO

Por que a lâmpada acende? Por que a lâmpada não “pega” fogo?

Fig. 1. Funcionamento de uma lâmpada: fechando o circuito

-+

Filete incandescente

soquete

pilha

Corrente elétrica

FATALISMO RESISTÊNCIA

Page 5: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

Fig. 2. Circuito em série

O que acontece com a luminosidade da segunda lâmpada? Por quê?

Retire a segunda lâmpada do circuito sem retirar o soque: o que acontece com a luminosidade da primeira lâmpada? Por quê?

Fig. 3 Circuito em paralelo

Retire uma lâmpada e veja o que acontece. Por que o “gato” na casa do aluno não funcionou bem?

PLANO DE AÇÃO1. Como funciona um interruptor de luz? O que acontece quando a lâmpada queima?2. Como deve ser o circuito elétrico de uma casa para que a queima de uma lâmpada não ocasione o desligamento geral do sistema elétrico? 3. O QUE DETERMINA O ACESSO À ENERGIA ELÉTRICA EM NOSSA SOCIEDADE?4. FAZER “GATO” É LEGAL? É LEGÍTIMO? POR QUÊ? QUE RISCOS FÍSICOS E LEGAIS CORREMOS?5. Como a comunidade pode se organizar para que todos tenham acesso à energia elétrica?

“Gato” em paralelo

“Gato” em série

Page 6: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

PRINCÍPIOS GERAIS DA EDUCAÇÃO POPULAR 1. Intencionalidade política (excluídos)2. Pesquisa em educação processos educativos de participação3. Conhecimentos populares e científicos transformação social4. Prática educativa totalidade concreta (integração das práticas sociais e simbólicas, suas bases epistemológicas, culturais e político-econômicas)5. Consciência crítica (da consciência à conscientização) organização / mobilização dos excluídos (transformação da realidade injusta)

DIÁLOGO COMO MÉTODO DE TRABALHO POPULAR : PRESSUPOSTOSTodos têm sabedoria. Busca o saber sistematizado pertinente às necessidadesA formação se dá a partir da ação: a educação popular é um

processo de luta e de formação permanenteO trabalho popular é crítico:

parte da visão da classe trabalhadora é coletivo e planejado, deve ser feito com a ajuda de todos é conflituoso e não inventa necessidades, mas desvela

interesses e intencionalidades

Page 7: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

PED PROJ X PED PED PROJ X PED CRÍTICACRÍTICA

Page 8: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

PEDAGOGIA DE PROJETOSPEDAGOGIA DE PROJETOS

POSICIONAMENTO EPISTEMOLÓGICO : PEDAGOGIA POSICIONAMENTO EPISTEMOLÓGICO : PEDAGOGIA DE PROJETOS OU PEDAGOGIA CRÍTICADE PROJETOS OU PEDAGOGIA CRÍTICA

PEDAGOGIA CRÍTICAPEDAGOGIA CRÍTICA

Formar o sujeito para a prática da cidadania crítica

Meta educativa

Formar o indivíduo como cidadão

Diálogo / pesquisa investigativa

Metodologia priorizada

Descoberta / pesquisa instrumental

Curiosidade críticaÊnfase cognoscente Curiosidade ingênua

Seleção a partir dos limites observados nas concepções dos educandos

Seleção dos conteúdos

Seleção a priori pelo professor

Realidade a partir do educando / comunidade

Objeto de estudo

Realidade a partir do olhar do educador

Page 9: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

TEMA GERADOR OU PEDAGOGIA DE PROJETOS?

TEMA GERADOR (EXEMPLOS)

PEDAGOGIA DE PROJETOS

SAÚDETRABALHO

TRANSPORTE

PELO MENOS EXISTESANEAMENTO BÁSICO

FALTA DE ESCOLARIDADE

PROBLEMA NATURAL

FATALIDADE

- FALTA DE TRANSPORTE

- DESEMPREGO

- DOENÇA

- ESGOTO A CÉU ABERTO

SITUAÇÃO: PROBLEMA SOCIOCULTIRAL LIMITE EXPLICATIVO

COMO CONCEBEM?

Page 10: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

Pesquisa qualitativa a

partir de falas significativas

Page 11: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

CRIANDO MÉTODOS DE PESQUISA: APRENDENDO A FAZÊ-LA MELHOR ATRAVÉS DA AÇÃO (FREIRE).

“Para muitos, a realidade concreta de uma certa área se reduz a um conjunto de dados materiais ou de fatos cuja existência ou não, de nosso ponto de vista, importa constatar. Para mim, a realidade concreta é algo mais que fatos ou dados tomados mais ou menos em si mesmos. Ela é todos esses fatos e todos esses dados e mais a percepção que deles esteja tendo a população neles envolvida. Assim, a realidade concreta se dá a mim na relação dialética entre objetividade e subjetividade”.

Page 12: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

DADOS QUANTITATIVOS coletados em órgãos públicos e privados sobre as condições sociais da localidade.

DADOS QUALITATIVOS: VISÃO DA COMUNIDADEResgate dos problemas e explicações que a comunidade explicita Visitas e entrevistas e dinâmicas na escola envolvendo pais, alunos, funcionários, moradores lideranças comunitárias.

PESQUISA PARTICIPANTE

CONSTRUÇÃO DA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO CRÍTICA

REALIDADE LOCAL

QUADRO SINTÉTICO – PESQUISA E PROPOSTA POLÍTICO-PEDAGÓGICA

VISÃO DOS EDUCADORES POPULARESIdentificação de necessidades e contradições, de diferentes formas de preconceitos e de opressões (sociais, culturais, econômicas, etc.);Análise contextualizada da realidade local (caracterização de relações entre macro e micro da estrutura social;

Page 13: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

Representa um problema, um conflito, uma necessidade que está presente na expressão, no mundo visualizado pela comunidade, pelo educando, pelo “OUTRO”;A seleção se dá por contradições, conflitos, diferenças nas visões de mundo e concepções da realidade concreta entre educadores e comunidade (evitar a escolha narcisista, do idêntico) – Devem ser falas explicativas que extrapolem a simples constatação ou situações restritas a uma pessoa, que opinem sobre dada realidade e que envolvam a coletividade;Quando marcada pela baixa auto-estima, pode estar implícita em diferentes formas de expressão;Ao selecionar uma fala significativa já estamos, implícita ou explicitamente, relacionando informações, conteúdos e conceitos a serem trabalhados.

OBSERVAÇÕES SOBRE A SELEÇÃO DE FALAS SIGNIFICATIVAS

Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Mário Quintana

Page 14: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

ANÁLISE DE UM EXEMPLO - PESQUISA QUALITATIVA- ESCOLA ARNON AFFONSO DE FARIAS MELLO – MACEIÓ / MARÇO/2002 – FALAS COLETADAS

AtividadeFormar grupos para a escolha de falas (3) que o grupo considera serem significativas. Justificar as escolhas.

Page 15: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

ANÁLISE DE UM EXEMPLO - PESQUISA QUALITATIVA- ESCOLA ARNON AFFONSO DE FARIAS MELLO – MACEIÓ / MARÇO/2002 – FALAS COLETADAS

GROTA DO MOREIRA - MORADORES / PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO 18/5/09

1.  “Minha mãe ficou desesperada e veio morar aqui em Maceió depois que faliu a vendinha do meu pai”.2. “Na grota não mudou nada, está é pior. Só as escadas que foram colocadas”.3. “O lixo está em toda parte, as próprias pessoas colocam lixo no esgoto, não adianta limpar”.não adianta limpar”.4. “Se já existia pessoas que praticavam maldade, agora triplicou. Em termos de segurança piorou”.5. “Mesmo os policiais prendendo, não resolve. Só resolveria o problema da violência aqui se houvesse sempre a ronda”.6.  “Os bandidos vem de São PauloOs bandidos vem de São Paulo, onde são mais experientes, ensinar os daqui”.7.  “Nós vivemos preso dentro de casa. O povo se droga na frente das crianças”.8. “Eu tenho vontade de estudar, mas não consigo terminar o ano. São muitos problemas. Acho que se um professor tivesse mandado um se um professor tivesse mandado um bilhetinho pra mim, eu não teria desistido de estudar”.bilhetinho pra mim, eu não teria desistido de estudar”.9. “O Arnon está melhorando agora, os professores e a Olindina estão se preocupando com o ensino. Antes qualquer um passava de ano. São contados os professores que tem competência”.

Page 16: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

ANÁLISE DE UM EXEMPLO - PESQUISA QUALITATIVA- ESCOLA ARNON AFFONSO DE FARIAS MELLO – MACEIÓ / MARÇO/2002 – FALAS COLETADAS

GROTA DO MOREIRA - MORADORES / PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO10.  “Aqui tem é muito menino fumando maconha e cheirando cola”.11.   “A droga é um negócio sem dono, igual a mercado de farinha”.12. “Outro problema é o bueiro, quando chove enche as casas de lixo:

sofá, garrafas...”.13. “Se der uma chuva igual a de São Paulo todo mundo morre afogado”. 14. “A mulher (prefeita) que todo cuidado A mulher (prefeita) que todo cuidado com o mosquito da dengue,

agora me explique como pode com esse buraco aqui?”.15. “Aqui ainda não tem canal porque a prefeita não se interessaAqui ainda não tem canal porque a prefeita não se interessa, fizemos

até abaixo-assinado. Olha lá se nos arquivos da prefeitura isso (canal) não já tá pronto, lá na Brasília”.

16.  “Em época de eleição ela aparece sorridente, depois chau”.17.  “A associação aqui não faz é nada”.18.  “Aqui a gente acorda de manhã, olha para o buraco, de noite olha

para o buraco de novo e vai dormi”.19.  “Eu desisti de estudar porque a professora gaseava muito”.20.  “Divertimento aqui só quando toma uma, diz um monte de palavrão e

fica todo mundo rindo”.21. “Tem trabalho para quem sabe lerTem trabalho para quem sabe ler, o erro é do governo. Devia ter

emprego para quem não sabe ler”.22. “Tem muito político que vive as custas dos pobrezinhos, que vive no

catibó do interior que nem sabe ler. Quem não sabe ler não devia votar”.

Page 17: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

ANÁLISE DE UM EXEMPLO - PESQUISA QUALITATIVA- ESCOLA ARNON AFFONSO DE FARIAS MELLO – MACEIÓ / MARÇO/2002 – FALAS COLETADAS

GROTA DO MOREIRA – MORADORES 1. “A grota do Moreira é enorme. Fica da praça da macaxeira até a rua Ana Duarte tem 7.203 habitantes”. 2. “Na associação nós temos 258 pessoas cadastradas, dessas 52 contribuem financeiramente. Todos participam das discussões. O saneamento é um dos piores problemas”. 3. “Maceió também é alagoas e se a prefeita não resolve vamos conversar com o governador, se ele não resolver vamos procurar o ministério público”.4.“Depois que construíram o Peixoto a água e o esgoto da rua principal escorre para grota”.5. “O espaço da grota cresceu desordenadamente”.6. “Não tem espaço para o divertimento, nossas crianças não têm direito de brincar. Um dia fiz uma loucura, levei 35 crianças para à praia e elas ficaram abismadas, tinha criança que nunca tinha visto o mar”.7. “Só com educação é que essa situação poderia melhorar”.8. “A violência é um dos principais problemas. A questão principal é a questão principal é a drogadroga”.10. “O problema quem vem de fora se esconder dos policiais. Eu conto nos dedos os moradores que estão realmente envolvidos com drogas”.11. “Se não tomarmos uma atitude vai acontecer o que acontece no rio de janeiro, teremos que abandonar nossas casas e isso não podemos deixar acontecer”.

Page 18: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

ANÁLISE DE UM EXEMPLO - PESQUISA QUALITATIVA- ESCOLA ARNON AFFONSO DE FARIAS MELLO – MACEIÓ / MARÇO/2002 – FALAS COLETADAS

GROTA DO GROTA DO PAU DARCO II 1. “Viemos pra Maceió porque no interior não tinha estrutura para

trabalhar. Vim pra trabalhar em casa de família”.2. “Os maiores problemas é a falta de tudo, emprego, violência que é

demais. Essa semana mataram seis por aqui”.3. “As pessoas se drogam demais, compram aquela polêmica e um

mata o outro.”4. “Tem muitos terrenos que poderia abrir industrias. O gás é muito abrir industrias. O gás é muito

caro, fazer uma industria de gás para diminuir o preçocaro, fazer uma industria de gás para diminuir o preço para a comunidade. Eu mesma comprei o gás esse mês fiado”.

5. “Eu não sei se vocês acham assim, mas pra mim quem poderia mas pra mim quem poderia resolver tudo isso é Jesus”.resolver tudo isso é Jesus”.

6. “ O principal problema é o risco de vida que a gente corre com a barreira aqui nos fundo da casa”.

7.  “O esgoto é onde todo mundo joga lixo e carniça. As crianças vivem doentes aqui”.

8. “A droga é terrível. As crianças de menor tem soluçãocrianças de menor tem solução. O governo poderia fazer escolas onde também tivesse trabalho onde também tivesse trabalho e os meninos ficassem o dia todo lá. Até pai de família vai pra droga porque não família vai pra droga porque não tem empregotem emprego”.

9. “Aqui não tem nada pra se distrair. Os meninos ficam presos o dia todo em casa”.

Page 19: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

ANÁLISE DE UM EXEMPLO - PESQUISA QUALITATIVA- ESCOLA ARNON AFFONSO DE FARIAS MELLO – MACEIÓ / MARÇO/2002 – FALAS COLETADAS

GROTA DO GROTA DO PAU DARCO II 10. “Meninas que você olha para ela e nem peito tem, ficam nas portas

esperando os homens velhos para fazerem programa”.11. “O Peixoto é um conjunto bom, mas como tem grota, né? Volta e

meia tem tiro por aqui”.12. “Fica difícil a gente ver uma pessoa , outra, tentando fazer alguma

coisa, tomando providência e a violência nunca acaba”.13. “Aqui se começa a fazer alguma coisa e depois desiste”.14. “Vim pra cá, por causa das condições de trabalho do interior”. 15. “A gente aqui morava a muito tempo e não via bagunça, agora é só

o que tem. Bandido troca arma na frente de todo mundo”.16. “O que deveria ter é um vigia como um policial o tempo todo. Os

bandidos ficariam com medo”.17. “Há 19 anos, os meninos brincavam de jogar bola na rua, depois

quando o povo da grota chegou não dda grota chegou não dá nem pra jogar pau”.18. “A escola é ótima, as professoras também, o ensino é muito bom”.19. “As reuniões da escola é pra falar dos meninos preguiçosos,

danados, bagunceiros”.20. “Tem as festas de são joão, mas hoje em dia faz até medo sair pra

ir”.

Page 20: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

Seleção de falas e temas locais (problemas,

conflitos, contradições)

Problematização das dificuldades

observadas no cotidiano comunitário

Pesquisa qualitativa envolvendo educadores, educandos e comunidade

Avaliação permanente das práticas pedagógicas

e curriculares

Articulação de práticas pedagógicas com a transformação

da realidade concreta

Recorte de conteúdos a partir da contextualização da

realidade local (critérios dialógicos para o recorte do

conhecimento)

Organização dialógica da prática pedagógica

(práxis libertadora)

MOMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO CRÍTICA DA PRÁTICA MOMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO CRÍTICA DA PRÁTICA DIALÓGICADIALÓGICA

Page 21: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

MÉTODOS DE COLETA DE DADOS

1. DESCRIÇÃO DOS SUJEITOS.

2. RECONSTRUÇÃO DE DIÁLOGOS.

O CONTEÚDO DAS OBSERVAÇÕES

6. OS COMPORTAMENTOS DO OBSERVADOR.

3. DESCRIÇÃO DE LOCAIS.

4. DESCRIÇÃO DE EVENTOS ESPECIAIS.

5. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES.

.ANOTAÇÕES ESCRITAS, COMBINAÇÕES ENTRE ANOTAÇÕES E MATERIAL TRANSCRITO DE GRAVAÇÕES, DE FILMES, FOTOGRAFIAS, SLIDES, ETC. AO INICIAR O REGISTRO, O OBSERVADOR INDIQUE O DIA, A HORA E O LOCAL.

REGISTRO DAS OBSERVAÇÕES

SENTIMENTOS, PROBLEMAS, IDÉIAS, IMPRESSÕES,

AS ANOTAÇÕES INCLUEM AS OBSERVAÇÕES

PESSOAIS DO PESQUISADOR

DÚVIDAS, INCERTEZAS, SURPRESAS DECEPÇÕES

Page 22: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

ENTREVISTA PADRONIZADA OU ESTRUTURADAOBTENÇÃO DE RESULTADOS UNIFORMES ENTRE OS ENTREVISTADOSPERMITE TRATAMENTOS ESTATÍSTICOSO ENTREVISTADOR TEM QUE SEGUIR UM ROTEIRO DE PERGUNTAS FEITAS A TODOS OS ENTREVISTADOS DE MANEIRA IDÊNTICA (APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO)

A ENTREVISTA

PERMITE O APROFUNDAMENTO DE PONTOS LEVANTADOS POR TÉCNICAS DE COLETA SUPERFICIAL, COMO O QUESTIONÁRIO.

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADAAPRESENTA UM ESQUEMA BÁSICO, PORÉM NÃO APLICADO RIGIDAMENTE, PERMITINDO QUE O ENTREVISTADOR FAÇA AS NECESSÁRIAS ADAPTAÇÕESTIPO DE ENTREVISTA MAIS ADEQUADO PARA A PESQUISA EM EDUCAÇÃO

Page 23: EDUCAÇÃO DO CAMPO Brasília – dezembro 2014 Antonio Fernando Gouvêa da Silva UFSCar – Sorocaba Pesquisa qualitativa na pedagogia crítica freireana Pesquisa

EXIGÊNCIAS REQUERIDAS PARA QUALQUER TIPO DE ENTREVISTA

O ENTREVISTADOR TEM QUE DESENVOLVER A CAPACIDADE DE OUVIR E DE ESTIMULAR O FLUXO NATURAL DE INFORMAÇÕES POR PARTE DO ENTREVISTADO.

RESPEITO PELA CULTURA E PELOS VALORES DO ENTREVISTADO •RESPEITO AO LOCAL E HORÁRIO MARCADOS, À PERFEITA GARANTIA DO SIGILO E ANONIMATO EM RELAÇÃO AO INFORMANTE. •UMA DISTORÇÃO IMPOSIÇÃO DE UMA PROBLEMÁTICA: O ENTREVISTADOR INTRODUZ UM QUESTIONAMENTO QUE NADA TEM A VER COM SEU UNIVERSO DE VALORES E PREOCUPAÇÕES. •A TENDÊNCIA DO ENTREVISTADO, NESSAS OCASIÕES, É A DE APRESENTAR RESPOSTAS QUE CONFIRMEM AS EXPECTATIVAS DO QUESTIONADOR.

USO DE UM ROTEIRO QUE GUIE A ENTREVISTA ATRAVÉS DOS TÓPICOS PRINCIPAIS, SEGUINDO UMA ORDEM LÓGICA E PSICOLÓGICA, PARA QUE HAJA UMA SEQÜÊNCIA ENTRE OS ASSUNTOS, DOS MAIS SIMPLES AOS MAIS COMPLEXOS.