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Linha Direta LD EDIÇÃO 215 . ANO 19 . FEVEREIRO 2016 EDUCAÇÃO POR ESCRITO GESTÃO PÚBLICA Fortalecendo a educação Justina Iva de Araújo Silva PARCERIA OEI no Brasil Adriana Weska SOCIEDADE Disrupção digital Manoel Alves CONQUISTA Novas regras para a Carteira de Identificação Estudantil CONHECIMENTO Ensino de português para alunos surdos ENTREVISTA Maestro João Carlos Martins atrela música a superação GRIPE: A VILÃ ENTRE PROFESSORES Vacinar o quadro profissional é a melhor forma para prevenir as faltas ao trabalho

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Linha DiretaLD

EDIÇÃO 215 . ANO 19 . FEVEREIRO 2016

EDUCAÇÃO POR ESCRITO

GESTÃO PÚBLICA Fortalecendo a educaçãoJustina Iva de Araújo Silva

PARCERIAOEI no BrasilAdriana Weska

SOCIEDADEDisrupção digitalManoel Alves

CONQUISTA Novas regras para a Carteira de Identificação Estudantil

CONHECIMENTOEnsino de português para alunos surdos

ENTREVISTAMaestro João Carlos Martins atrela música a superação

GRIPE:A VILÃ ENTRE PROFESSORESVacinar o quadro profissional é a melhor forma para prevenir as faltas ao trabalho

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Conselho ConsultivoAdriana Rigon Weska, Airton de Almeida Oliveira, Amábile Pacios, Anna Lydia Collares dos Reis Favieri Ferreira, Antônio Eugênio Cunha, Antônio Lúcio dos Santos, Átila Rodrigues, Benjamin Ribeiro da Silva, Bruno Eizerik, Dalton Luís de Moraes Leal, Emiro Barbini, Fátima de Mello Franco, Fátima Turano, Gabriel Mario Rodrigues, Gelson Menegatti Filho, Hermes Ferreira Figueiredo, Ivo Calado, Jacir J. Venturi, Jorge de Jesus Bernardo, José Carlos Barbieri, José Carlos Rassier, José Janguiê Bezerra Diniz, Krishnaaor Ávila Stréglio, Manoel Alves, Marco Antônio de Souza, Marcos Antônio Simi, Maria Augusta Oliveira Senna, Maria da Gloria Paim Barcellos, Maria Nilene Badeca da Costa, Miguel Luiz Detsi Neto, Odésio de Souza Medeiros, Paulo Antonio Gomes Cardim, Paulo Sérgio Machado Ribeiro, Suely Melo de Castro Menezes, Victor Maurício Nótrica

Presidente

Marcelo Chucre da Costa

Diretora-Executiva

Laila Aninger

Gerente Administrativo-Financeiro

Flávia Alves Passos

Consultor Editorial

Ryon Braga

Consultor em Gestão Estratégica

e Responsabilidade Social

Marcelo Freitas

Consultora em Inovação

Educacional

Maria Carmen T. Christóvão

Consultor de Novos Negócios

Marcelo Abdala Bittencourt

Editor de ArteRafael Rosa

EditorLucas Fonseca

Analista de ComunicaçãoAna Karolina Machado

Estagiária de Design GráficoMichelle Pereira

Revisoras/Preparadoras de TextoCibele Silva

Liza Ayub

Tradutor/Revisor de EspanholMessias Lacerda

As ideias expressas nos artigos ou

matérias assinados são de responsa-

bilidade dos autores e não represen-

tam, necessariamente, a opinião da

Revista. Os artigos são colaborativos

e podem ser reproduzidos, desde que

a fonte seja citada.

Tiragem: 15.000 exemplares

A Revista Linha Direta (ISSN 2176-4417) é uma publicação mensal da Linha Direta Ltda.

Rua Felipe dos Santos, 825 - Conj. 305/306 - Lourdes - Belo Horizonte - MG - CEP: 30180-160Tel.: (31) 3281-1537 – [email protected] - www.linhadireta.com.br

EDIÇÃO 215 | ANO 19 | FEVEREIRO | 2016

Pré-Impressão e Impressão

Tel.: (31) 3303-9999

Linha DiretaEDUCAÇÃO POR ESCRITO

LD

Marcelo Chucre, presidente da

Linha Direta

Ed

son

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SAÚDE QUE IMPULSIONA A EDUCAÇÃOOferecer ensino de qualidade é uma das metas de qualquer instituição educativa. Quesito que engloba, evi-dentemente, o bem-estar do corpo docente. Professores saudáveis esta-rão mais dispostos e atentos a todo o processo de ensino-aprendizagem e livres de licenças médicas, muitas vezes, causadas por doenças de curta duração, como a gripe, que afasta das salas de aula centenas de professores. O contexto também levanta análises a respeito dos malefícios do absen-teísmo para os campos administra-tivo e financeiro das instituições de ensino – objeto de suma importância para o cenário nacional, em que a redução de custos torna-se necessá-ria na gestão da crise econômica que afeta o País. Prevenir continua sendo a melhor solução, e a vacina é a prin-cipal aliada no combate às doenças infecciosas. A temática é destaque desta edição e conta com o conhe-cimento do presidente da Medical Work Services, Marcelo Andrade, e do médico Mauro Silva Jr. Boa leitura!

SALUD QUE IMPULSA LA EDUCACIÓNOfrecer enseñanza de calidad es una de las metas de cualquier institución de enseñanza. Requisito que incluye, evidentemente, el bienestar de cuerpo docente. Profesores saludables esta-rán más dispuestos y atentos a todo el proceso de enseñanza y aprendizaje y libres de estar de baja, muchas veces, causadas por enfermedades de corta duración, como la gripe, que aleja de las clases centenas de profesores. El con-texto también levanta análisis a respeto de los maleficios del absentismo para los áreas administrativa y financiera de las instituciones de educación – objeto de suma importancia para el escenario nacional, en que la reducción de los costos se vuelve necesaria en la gestión de la crisis económica que aflige el País. Prevenir continua siendo la mejor solu-ción, y la vacuna es la principal aliada en el combate a las enfermedades infecciosas. La temática es destaque de esta edición y cuenta con el cono-cimiento del presidente de la Medical Work Services, Marcelo Andrade, y del médico Mauro Silva Jr. ¡Buena lectura!

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CONQUISTA ESTUDANTIL

Com novo padrão de carteira de

identificação de estudantes, UE Brasil

ganha adeptos em todo o País e promete

ser a mais autêntica representante da

categoria

Inovação e segurança, valorização da categoria e empoderamento do movimento estudantil. Esses são os principais benefícios do novo padrão nacional da Carteira de Identificação Estudantil

(CIE), que personifica uma luta de 15 anos da União dos Estudantes do Brasil (UE Brasil), instituição não governamental e apartidária que representa, com total autonomia, os direitos e interesses de estudantes desde o Ensino Fundamental até a Pós-Graduação.

Para atender ao que preconiza a Lei da Meia-Entrada (Lei n. 12.933/2013) e o decreto n. 8537, publicado em 06 de outubro de 2015, no Diário Oficial da União, a UE Brasil lança sua nova carteira estudantil. Dentre outras providências, a Lei e o decreto asseguram 40% do total de ingressos de eventos artístico-culturais e esportivos para aqueles que têm direito à meia-en-trada e estabelecem a obrigatoriedade de um modelo nacionalmente padronizado para a CIE, com certifi-cação digital, sendo permitidos 50% de característi-cas locais.

Nessa direção, a UE Brasil é a primeira entidade a lançar a carteira estudantil com a tecnologia de segurança e a confiança da marca VALID, empresa credenciada a emitir os certificados digitais ICP-Bra-sil, do e-DIPLOMA, e-CPF, e-CNPJ, NF-e, CT-e e SSL. A iniciativa representa um diferencial a mais no ser-viço prestado ao estudante. O investimento realizado em segurança, por exemplo, dificulta a ocorrência de falsificações e irregularidades na concessão da CIE.

Em entrevista exclusiva à Linha Direta, o presidente da União dos Estudantes do Brasil, Rodrigo Esqui-vel, e o diretor de Marketing e Inovação da Conecto (empresa responsável pelo desenvolvimento do Pro-jeto de Marketing da UE Brasil), Leonardo Berquó Linhares, falaram um pouco mais sobre a nova CIE e ainda sobre a importância dos movimentos estudan-tis e a atuação da UE Brasil. Veja na íntegra.

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Qual a importância dos movimentos estudantis para o progresso da educação brasileira?

Esquivel: O estudante é o agente da mudança. É ele que cria o Brasil que denuncia e combate a corrupção, que promove a justiça e a prática dos direi-tos igualitários, que pratica a liberdade de expressão e incentiva a inovação e o empreendedorismo. Este Brasil entende que a educação é o patrimônio que constrói uma sociedade justa por ter o conhecimento acessível a todas as pessoas. E, neste papel, o estudante é o próprio tijolo da construção. É a cons-tante ação dele, ciente de seu compro-misso social, que, ativo no movimento da classe, com organização e consis-tência, transforma o presente e cria um futuro cada vez mais colaborativo e social.

Que tipo de ações e resultados a UE Brasil desenvolveu nos últimos anos?

Esquivel: Foram muitas as ações realiza-das. Vale ressaltar a assistência a milha-res de alunos com a doação de materiais escolares e cestas básicas, encami-nhamento ao primeiro emprego, aten-dimentos médicos e odontológicos. Alinhado a isso, temos um programa de doação a instituições, hospitais e casas de recuperação. A nossa meta para este ano é aumentar ainda mais a cobertura, os atendimentos e as ações. Mas nosso principal desafio é restaurar a grandeza do movimento estudantil como agente de mudanças e forma-ção de líderes capazes de consolidar melhorias na vida das pessoas tanto na gestão de empresas privadas quanto governamentais.

No que diz respeito à Carteira de Identificação Estudantil, por que é importante estabelecer um padrão nacional?

Linhares: Por não existir um padrão nacional com critérios de segurança, houve um aviltamento da Carteira e a banalização do direito que devia ser exclusivo de quem estuda e está devida-

Rodrigo Esquivel, presidente da União dos Estudantes do Brasil

Leonardo Berquó Linhares, diretor de Marketing e Inovação da Conecto

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mente matriculado em uma instituição de ensino. Quando o documento ofi-cial é restritivo à classe, todos ganham. Quando é facilmente falsificado ou distribuído sem critério, a classe perde poder, e o documento, a função. Foi o que aconteceu com a antiga carteira estudantil.

Agora, com a padronização e as novas regras de fiscalização e segurança, ela se torna um documento nacional cri-terioso, que resguarda o direito exclu-sivo. Assim, os valores cobrados pelos espetáculos e eventos esportivos e culturais serão reais, e o direito a pagar a meia-entrada será respeitado, sem a necessidade de os produtores inflacio-narem o mercado para ter lucro. Essa é uma grande conquista dos estudantes, para a qual muito contribuímos.

Quais são os grandes diferenciais da nova CIE da UE Brasil?

Linhares: Por meio da parceria com a VALID, conseguimos trazer vários recursos de segurança utilizados nos melhores cartões de crédito do País. Isso proporciona, notadamente, segu-rança na validação de informações e qualidade na identificação do usuário.

Nossa Carteira é formada por fundo numismático, que certifica a validade do cartão, tinta UV na impressão de textos, que reage sob a exposição a luzes especiais, guilhoches (traçados finos, complexos, para formar motivos geométricos que dificultam qualquer

tentativa de reprodução), degradê har-monioso, tinta upconvert, tarja mag-nética, QR Code e certificado de atri-buto padrão ICP-Brasil.

Como o aluno pode solicitar sua carteira de identificação pela UE Brasil?

Linhares: Através de um processo sim-ples, fácil e eficiente, desenvolvido com exclusividade para a UE Brasil, o estu-dante pede a sua carteira em apenas três passos. Toda a logística de impres-são e envio ficará a cargo da VALID.

Além disso, para atendermos de forma plena a universidades, faculdades, ins-tituições de ensino, sindicatos, esco-las, cursos profissionalizantes, diretó-rios centrais dos estudantes, centros e diretórios acadêmicos, diretórios estu-dantis estaduais e municipais, criamos um sistema de bonificação, solicitação e atendimento aos alunos que queiram fazer a carteira através de instituições credenciadas pela UE Brasil. Após aprovação da parceria e da quantidade de estudantes, é montado um projeto em conjunto, que poderá disponibili-zar site personalizado para solicitação da carteira, stand de atendimento e impressão local, além de outras exclu-sividades.

Nota: Até o fechamento desta edição, o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) ainda não havia dis-ponibilizado o modelo da nova CIE como determina a Lei n. 12.933/2013.

Divulgação

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GRIPE:A VILÃ ENTRE PROFESSORESVacinar o quadro profissional é a melhor forma para prevenir as faltas ao trabalho

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o dia a dia, o corpo diretor das escolas enfrenta um problema sério: o elevado índice de absen-teísmo entre professores, coordenadores e funcionários.

Em comparação com outras profissões, a taxa de absen-teísmo entre os professores é uma das mais elevadas, por estar diretamente relacionada ao risco ocupacio-nal. Frequentemente, os docentes apresentam proble-mas relacionados à voz e ao estresse associado ao tra-balho. Porém, 70% das faltas por motivos de saúde são efêmeras (1 ou 2 dias) e de caráter imprevisível, como nos casos de doenças infecciosas de curta duração, a exemplo da gripe, principal causa de afastamentos.

Os profissionais da educação ficam mais expostos ao vírus por passarem muitas horas em ambientes fecha-dos com crianças e adolescentes, muitas vezes, de escola em escola. Além disso, lidam ainda com o corpo funcional e pais de alunos transitando, tornando-se, assim, potenciais agentes transmissores do vírus, quando infectados.R

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O QUE É, AFINAL, A GRIPE?

A gripe é uma enfermidade infecciosa, virótica, contagiosa e, muitas vezes, epidêmica, caracterizada por estado de abatimento geral e presença de sin-tomas variados (febre, congestiona-mento das vias respiratórias, dores de cabeça e de garganta). Os primeiros sintomas da doença sur-gem entre o primeiro e o quarto dia após a infecção pelo vírus (chamado período de incubação), e a sua severi-dade é multifatorial, incluindo a imu-nidade da pessoa infectada.

“De um modo geral, a gripe apresenta alta taxa de transmissão, e seu perío- do de contágio costuma se iniciar de um a dois dias antes mesmo do apa-recimento dos sintomas. Pode durar

até cinco dias, período em que pode contagiar inúmeras pessoas, além de acarretar complicações principal-mente em crianças, idosos e imunos-suprimidos (pessoas com imunidade baixa)”, comenta o médico Mauro Silva Jr., mestre em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde e especialista em Medicina Preventiva e Social.

Segundo ele, entre as complicações mais simples, a otite média e a sinu-site são as mais comuns. Já em rela-ção às mais graves, a pneumonia é a principal, seguida por bronquite, asma, entre outras que levam muitas pessoas a buscar tratamento médico específico, aumentando o número de internações nos hospitais.

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A GRIPE AFETA TAMBÉM A SAÚDE FINANCEIRA DAS EMPRESAS

Além de afetar a saúde dos funcionários, a gripe impõe outros custos às instituições, como:

1. Financeiros∞ Eleva os níveis de absenteísmo, em média dois dias de afastamento no período de contágio;∞ Aumenta o problema do presenteísmo, que dimi-nui o rendimento do corpo funcional por conta da indisposição causada pelo vírus;∞ Onera os custos de saúde, principalmente nos pla-nos de saúde, devido ao aumento significativo de consultas médicas e internações causadas por com-plicações ocasionadas pela gripe.

2. Administrativos/organizacionais ∞ Gasta-se tempo para recrutar um substituto e adaptá-lo à turma; ∞ Tarefas administrativas assumidas pelo professor faltante têm que ser executadas por outros funcio- nários; ∞ Atividades de planejamento são canceladas ou prorrogadas, impondo ainda custos ao aprendi-zado dos alunos e, consequentemente, ao nome da escola.

PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR

Segundo Marcelo Andrade, presidente da Medical Work Services (MWS), a forma mais eficaz de preven-ção contra o vírus da gripe é a vacinação. Para ele, “a vacina apresenta eficácia em torno de 80% para evitar o contágio e 98% na diminuição dos sintomas, sendo, sem dúvida alguma, o sistema mais confiável de proteção”.

Invisível. Sorrateiro. Oportunista. Esses são apenas alguns dos ad-

jetivos que servem para descrever o vírus da gripe. Ele pode estar

em qualquer lugar. Ataca e rouba a saúde de seus funcionários e

ainda agride impiedosamente a saúde financeira de sua institui-

ção. Ágil e adaptável, ele se espalha rapidamente. Passa por por-

tões fechados, seguranças, não é registrado em câmeras, muda

de cara todos os anos e não respeita ninguém. Com esse vilão

à solta, todo cuidado é pouco. Proteja sua empresa com a única

arma capaz de combatê-lo: a vacina contra a gripe.

O VÍRUS VILÃO

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Mauro Silva Jr. acredita que uma escola que adere ao programa de vacinação só tem a ganhar. “Além de manter a saúde e a qualidade de vida de seus funcioná-rios, professores e alunos, há o aspecto financeiro positivo. Em uma campanha bem-feita, para cada real investido em vacinação, no mínimo R$ 2,00 deixam de ser gastos no tratamento de doenças relacionadas ao aparelho respiratório, procedimentos ambulatoriais, atendi-mentos de urgência e internação hospi-talar”, completa o médico. Quando questionado sobre a relação entre vírus e absenteísmo/presenteís- mo, Marcelo Andrade diz que, antes de qualquer coisa, é preciso ter como norte a maior produtividade de uma pessoa saudável. Outro fato de fácil constatação é o alto nível de indisposição ocasionado pela gripe em qualquer indivíduo.

Levando a questão para a sala de aula, onde o professor passa grande parte do tempo em pé, atento aos alunos e trans-mitindo seu conhecimento em tempo real, torna-se fácil entender o problema gerado pelo vírus da gripe: por maior que seja o profissionalismo, é difícil manter o nível de prestação de serviço diante dos sintomas de uma doença que mina as forças de qualquer pessoa.

“O Brasil está acordando ao longo dos últimos anos e compreendendo a importância de manter seu corpo

funcional protegido. Muitas empre-sas já têm o ato vacinal como parte de seu calendário, a fim de minimizar os impactos financeiros desse vírus vilão. Para efeito de informação, nos Estados Unidos, o custo total do absenteísmo em escolas primárias e secundárias, somente para os professores, chega a U$ 5,1 bilhões anualmente, segundo matéria divulgada no site da Forbes, em julho de 2013”, complementa o presi-dente da MWS.

Além do impacto na produtividade pro-fissional, o problema do absenteísmo/presenteísmo afeta o rendimento dos alunos. Isso porque o modelo educa-cional é baseado na interação profes-sor-aluno, portanto é fácil perceber que, se um dos atores não vai bem, a relação de aprendizagem fica prejudi-cada. “Vale lembrar que, se o profissio-nal falta, o fluxo contínuo de interação é interrompido, e o tempo produtivo da aula, reduzido, já que parte desse tempo é utilizada para a apresentação do novo docente, bem como sua adaptação à rotina. Sem contar que, muitas vezes, a ausência do professor afeta a motivação dos alunos. Ou seja, é muito mais eco-nômico e vantajoso prevenir esse tipo de impacto, investindo na vacinação dos profissionais”, acrescenta Andrade.

Mesmo com todos esses dados, há ins-tituições de ensino que optam por não vacinar o quadro de colaboradores, fato que, segundo Mauro Silva Jr., é um erro. “Cerca de 39% do absenteísmo

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decorre da gripe e suas complicações, ocasionando 22 milhões de consultas médicas no Brasil, por ano, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Esse aumento no volume de atendimen-tos onera os reajustes dos planos de saúde, inclusive daqueles contratados pelas instituições de ensino”, afirma o médico. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013. Os dados mostram que, apenas nas duas sema-nas que antecederam a pesquisa, cerca de 14 milhões de pessoas faltaram ao trabalho. Desse total, 17,8% das faltas foram por casos de gripes e resfriados, como mostra, acima, o gráfico do IBGE.

ESTENDENDO O BENEFÍCIO

De acordo com o presidente da MWS, a prevenção se torna mais eficaz quando estendida a alunos e familiares. Segundo ele, “a gripe tem alto grau de propagação, e toda instituição possui um grande volume de pessoas envol-vidas em sua operação (funcionários, professores, alunos, visitantes etc.), assim, facultar a vacinação a alunos e familiares é uma prática que expande

significativamente as barreiras con-tra o vírus da gripe, além de ser mais cômodo e mais barato para as famílias. Particularmente, considero este um ato responsável e educativo”. Andrade comenta ainda que a MWS pode ajudar bastante no planejamento e execução de qualquer programa de saúde ocupacional das instituições de ensino. “Possuímos simuladores de resultados, considerando todas as variáveis necessárias ao cálculo da viabilidade econômica de cada pro-jeto. Contamos com uma ampla rede de parceiros devidamente autorizados a aplicar vacinas em todo o território nacional, além de sistemas de suporte à campanha, logística de operação e sistema de cobrança para facultar às famílias a adesão à campanha. Tudo para ajudar as instituições de ensino na tomada de decisão e execução de todo o projeto da melhor forma possí-vel”, finaliza.

Para as escolas que se interessarem por mais informações, a MWS dis-ponibilizará um amplo programa de planejamento de vacinação em todo o País, por meio do site www.naoagripe.com.br ou dos telefones (11) 2767-7972/(81) 3127-0037.

Distribuição percentual das pessoas que

deixaram de realizar atividades habituais

por motivo de saúde, no período de

referência das duas últimas semanas, com indicação do intervalo de confiança de 95%, segundo o principal

motivo de saúde que as impediu de

realizar suas atividades habituais – Brasil/2013

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Intervalo de confiançaFonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional de Saúde 2013.

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O PELA MELHORIA DA QUALIDADE

E DA IGUALDADE NA EDUCAÇÃO

Adriana Weska, diretora do Escritório da Organização

dos Estados Ibero- -americanos no Brasil,

conta sobre a atuação da Instituição no País

A Organização dos Estados Ibero-ame-ricanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) é um importante órgão internacional de caráter governamen-

tal, que atua na cooperação entre os países da Ibero-América. Com sede central em Madri, na Espanha, a OEI conta também com Escri-tórios Regionais na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equa-dor, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.

No Brasil, Adriana Weska vem atuando como diretora do Escritório da Organização dos Esta-dos Ibero-americanos (OEI Brasil) desde maio de 2015. Ela, que é mestra em Gestão e Avaliação da Educação Pública, também foi diretora de Desenvolvimento da Rede de Instituições Fede-rais de Ensino Superior e assessora e secretária substituta da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação.

A Linha Direta conversou com a diretora da OEI no Brasil. Confira!

Faça uma análise sobre o atual cenário educacional no Brasil.

Acredito que as condições criadas recentemente no Brasil para aumentar a qualidade social da

educação são muito importantes. Há muito tempo, criou-se um grande sistema de financiamento da educação, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação [Fundeb]. Fo - ram criados também muitos mecanis-mos de acesso à Educação Superior, assim como à rede de Educação Técnica e Tecnológica. Embora alguns indicadores, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica [Ideb], ainda não mos-trem a totalidade dos avanços, as bases nesse sentido já estão dadas. E elas ten-dem a produzir resultados mais veemen-tes nos próximos anos.

O que ainda é preciso para que o Brasil avance no que diz respeito à educação?

Dentre os maiores desafios da educação no Brasil, e na América Latina em geral, destacaria a ampliação dos esforços feitos pela melhoria da qualidade e

Adriana Weska Diretora do Escritório da OEI Brasil // Directora de la Oficina de la OEI Brasil

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POR LA MEJORÍA DE CALIDAD Y DE IGUALDAD EN LA

EDUCACIÓN

Adriana Weska, directora de la Oficina de la

Organización de los Estados Iberoamericanos en Brasil,

cuenta sobre la actuación de la Institución en el País

La Organización de los Estados Iberoame-ricanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI) es un organismo interna-cional de carácter gubernamental para la

cooperación entre los países iberoamericanos. La sede central de su Secretaría General está en Madrid, España, y cuenta con Oficinas Regiona-les en Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, El Salvador, Ecuador, Guatemala, Honduras, México, Nicaragua, Panamá, Para-guay, Perú, República Dominicana y Uruguay.

En Brasil, Adriana Weska ha actuado como directora de la Oficina de la Organización de los Estados Iberoamericanos (OEI Brasil) desde mayo 2015. Ella, que es maestra en Gestión y Evaluación de la Enseñanza Pública, también ha sido directora de Desarrollo de la Red de Instituciones Federales de Educación Superior y asesora y secretaria sustituta de la Secreta-ría de Educación Superior del Ministerio de la Educación.

Linha Direta ha hablado con la directora de la OEI en Brasil. ¡Míralo!

Haga un análisis sobre el actual escenario de la educación en Brasil.

Creo que las condiciones creadas reciente-mente en Brasil para aumentar la calidad social de la educación son muy importantes. Hace mucho, se creó un gran sistema de financia-miento de la educación, el Fondo de Apoyo a la Manutención y el Desarrollo de la Educación Básica y de Valoración de los Profesionales de la Educación [Fundeb]. Se crearon también muchos mecanismos de acceso a la Educación Superior, así como a la red de Educación Téc-nica y Tecnológica. Aunque algunos indica-dores, como el Índice de Desarrollo de la Edu-cación Básica [Ideb], no enseñen la totalidad de avances, las bases en este sentido ya están dadas. Y ellas tienden a producir resultados más vehementes en los próximos años.

¿Qué es todavía necesario para que Brasil tenga más éxito en la educación?

De entre los más grandes desafíos de la edu-cación en Brasil, y en América Latina en gene-ral, se destaca la ampliación de los esfuerzos hechos por la mejoría de calidad y de equidad en educación para hacer frente a la pobreza y a la desigualdad. Y eso no es fácil en el contexto de la crisis financiera mundial. Sin embargo,

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da equidade em educação para fazer frente à pobreza e à desigualdade. E isso não é fácil no contexto da crise financeira mundial. Porém, direito a aprender é um direito humano ina-lienável. Além de sujeitos de direi tos, nossa população estudantil é, cada vez mais, prota-gonista de novos direitos e realidades. Consi-derando isso, minha visão de futuro aponta para a necessidade de um compromisso com a educação que envolva governantes, parlamen-tares e sociedade, na perspectiva da execução do Plano Nacional de Educação [PNE] vigente. Este contém um conjunto de metas articula-das, para as quais há previsão de aumento gra-dativo de recursos financeiros.

Quais ações a OEI desenvolve hoje, visando ao aprimoramento das políticas educacionais no Brasil?

A ação da OEI, em toda a Ibero-América, está consubstanciada na oferta de cooperação técnica internacional no sentido de fortale-cer, aportar conhecimentos e práticas, apoiar estudos e pesquisas que visem à melhoria incessante de processos nacionais de for-mulação e implantação de políticas públicas. A sua ação é, pois, cooperativa. Os estados nacionais contam com a participação da OEI quando dela solicitam cooperação técnica e envolvimento em estudos, pesquisas diag-nósticas, estruturações programáticas e inter-câmbios de conhecimentos e experiências.

Como é a relação da OEI com o Ministério da Educação (MEC)?

A OEI mantém intensa relação institucional e programática com o Ministério da Educação. Primeiramente, existe uma total sintonia entre as missões de ambos: promover a educação como fator de desenvolvimento humano e econômico e como base psicossocial para a consolidação das liberdades individuais, para a supressão de quaisquer discriminações e para o fortalecimento dos regimes governamentais democráticos. Sob essa perspectiva de futuro, e a partir desses princípios de atuação insti-tucional, a OEI e o MEC mantêm, ao longo do tempo, integral sintonia quanto às referências conceituais e político-filosóficas para a educa-ção. Aproximam-se, também, quanto aos con-teúdos programáticos para a formulação e a implantação de ações concretas para o desen-volvimento das diferentes áreas que compõem o setor educacional no Brasil.

Essa aproximação entre as duas instituições contribui para o cumprimento das Metas Educativas 2021: a educação que queremos para a geração dos bicentenários?

A relação entre a OEI e o MEC é muito importante, especialmente no que diz respeito às correlações existentes entre as Metas Educati-vas 2021: a educação que queremos para a geração dos bicentenários, que representam as linhas prioritárias de ação cooperativa para esses dez anos, e o Plano Nacional de Edu-cação 2014/2024, que estabelece as diretrizes e as estratégias brasileiras para a atuação política, programática e administrativa dos governos fede-ral, estaduais e municipais no campo da educação em todo o País. A partir dessa coexistência de ideias e princí-pios em relação aos fundamentos da educação, e de sua intrínseca inter-veniência nos processos de desen-volvimento socioeconômico do Bra-sil e da Ibero-América, foi possível estabelecer e implantar, conjunta-mente, programas de ação em várias áreas.

Na próxima edição da Linha Direta, você confere a continuação da entre-vista com Adriana Weska. Nela, a diretora conta um pouco mais sobre a atuação da OEI no Brasil. Até lá!

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el derecho a aprender es un derecho humano inalienable. Más allá de los sujetos de derecho, nuestra población estudiantil es, cada vez más, protago-nista de nuevos derechos y realidades. Considerando esto, mi visión de futuro apunta hacia la necesidad de un com-promiso con la educación que incluya gobernantes, parlamentares y la socie-dad, en la perspectiva de ejecución del Plan Nacional de Educación [PNE] vigente. El PNE contiene un conjunto de metas articuladas, para las cuales hay previsión de aumento gradual de recur-sos financieros.

¿Cuáles acciones la OEI desarrolla hoy, en Brasil, visando al perfeccionamiento de las políticas de educación?

La acción de la OEI, en toda Iberoamé-rica, está corroborada en la oferta de coo-peración técnica internacional en el sen-tido de fortalecer, aportar conocimientos y prácticas, mantener estudios y pes-quisas que visen a la mejora incesante de procesos nacionales de formulación e implantación de políticas públicas. Su acción es, pues, cooperativa. Los Estados Nacionales cuentan con la participación de la OEI cuando se le requieran coope-ración técnica y envolvimiento en estu-dios, pesquisas diagnósticas, estructu-raciones programáticas e intercambios de conocimientos y experiencias.

¿Cómo es la relación de la OEI con el Ministerio de la Educación (MEC)?

La OEI mantiene intensa relación institucio-nal y programática con el Ministerio de la Educación. Primeramente, existe una total sintonía entre las misiones de ambos: pro-mover la educación como factor de desarrollo humano y económico y como base psicoso-cial para la consolidación de las libertades individuales, para la supresión de cualesquier discriminaciones y para el fortalecimiento de los regímenes gubernamentales democráti-cos. Bajo esta perspectiva de futuro, y desde estos principios de actuación institucional, la OEI y el MEC mantienen, a lo largo del tiempo, integral sintonía cuanto a las referencias con-ceptuales y filosóficas políticas para la educa-ción. Se acercan, también, cuanto a los con-tenidos programáticos para la formulación y la implantación de acciones concretas para el desarrollo de las diferentes plazas que compo-nen el sector educacional en Brasil.

¿Este acercamiento entre las dos instituciones contribuye para el cumplimiento de las Metas Educativas 2021: la educación que queremos para la generación de los bicentenarios?

La relación entre la OEI y el MEC es muy importante, especialmente en lo que con-cierne a las correlaciones existentes entre las Metas Educativas 2021: la educación que queremos para la generación de los bicente-narios, que presenten las líneas prioritarias de la acción cooperativa para estos diez años, y el Plan Nacional de la Educación 2014/2024, que establece las directrices y las estrategias brasileñas para la actuación política, pro-gramática y administrativa de los gobiernos federal, estaduales y municipales en lo que toca la educación en todo el País. A partir de esta convivencia de ideas y principios en relación a los fundamentos de la educación, y de su intrínseca intervención en los proce-sos de desarrollo socioeconómico de Brasil y de Iberoamérica, ha sido posible establecer e implantar, conjuntamente, programas de acción en varias áreas.

En la próxima edición de Linha Direta, podrás ver la continuación de esta entrevista con Adriana Weska. En ella, la directora nos cuenta un poco más sobre la actuación de la OEI en Brasil. ¡Hasta pronto!

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Cláudia Pessoa Bacharela em Letras – Habilitação em Português – e pesquisadora da área de Estudos Surdos. Revisora do Sistema Ari de Sá

MORFOLOGIA E ENSINO DE PORTUGUÊS PARA SURDOSA morfologia é apenas uma das áreas dos estudos gramaticais que podem ser utilizadas como ferramenta de aprimoramento do ensino de português para surdos

As línguas naturais possuem diversas formas de organi-zação. A construção sintá-tica delas depende de vários

aspectos, como a semântica, a prag-mática e o contexto. Portanto, há mais do que apenas itens lexicais dispostos aleatoriamente na construção das sen-tenças de uma língua. Além disso, a categorização delas é estudada desde os filósofos antigos e auxilia o estudo comparativo entre as mesmas. Essa categorização se dá por meio de cri-térios mórficos, semânticos e sintáti-cos e tem relação com o uso da língua pelos falantes.

Cada vez mais, a língua de sinais assume seu papel de língua natural, e estudos comparativos de característica morfológica têm ajudado a compreen-

dê-la, de modo a facilitar seu ensino. Tem crescido no País a quantidade de escolas bilíngues que trabalham a Língua Brasileira de Sinais (Libras) em consonância com o português. No entanto, há dificuldades quanto ao ensino da língua portuguesa para sur-dos, pois existe ainda pouca divulgação sobre o que são as línguas de sinais, e muitos profissionais não recebem o preparo necessário para trabalhar, de modo adequado, o português em sala de aula por meio da Libras.

Quando se fala no ensino de português para surdos, muitos aspectos limitam essa atividade. Ainda é comum a prá-tica, em sala de aula, de muitos profes-sores, não tendo o conhecimento da Libras, recorrerem a um intérprete (em alguns casos, há, inclusive, a ausência

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dele em sala de aula). Ligado a isso, está o problema de que o não conheci-mento da língua de sinais faz com que muitos professores de português limi-tem o conteúdo abordado para “facili-tar” a vida do aluno. Há muitos casos de discentes surdos que estudaram apenas substantivos e adjetivos em seu Ensino Básico e não compreendem tantos outros elementos que compõem a língua portuguesa.

O modo de ensinar o português para surdos requer conhecimento em am- bas as línguas para que a abordagem da língua portuguesa alcance o aluno, pois é adequado que ele aprenda o con-teúdo por meio de sua língua materna: a Libras. Ainda que uma língua seja oral-auditiva, e a outra, gestual-visual, existem semelhanças entre elas, por exemplo: as duas são naturais, ou seja, elas possuem fonologia, morfologia, sintaxe e semântica.

Há, portanto, um leque imenso de pos-sibilidades de trabalhar o português em sala de aula, facilitando a compreensão do aluno, pois, ainda que a construção de uma língua se dê por meio de um número infinito de possibilidades, isso se realiza com um número limitado de regras. Assim como no português, os itens lexicais da Libras são construí-dos por meio de unidades menores que se unem a fim de formar unidades maiores.

A aprendizagem dos substantivos e adjetivos, por exemplo, se dá de forma simples pelo aluno surdo, pois é possí-vel indicar gêneros e números por meio das duas línguas, fazendo com que se compreenda rapidamente o conteúdo. Porém, as diferenças geram, em mui-tos casos, um afastamento do aluno surdo em relação à língua portuguesa.

É importante que o professor, ao ensi-nar um aluno surdo, tenha conhe-cimento de como as duas línguas se assemelham; dessa forma, ele poderá utilizar esses dados para auxiliar o estudante na compreensão do portu-guês. Ainda que a língua portuguesa

possua desinências que indicam o tempo e o modo verbal, a Libras possui características semelhantes, como o uso de adjuntos adverbiais e classifica-dores, que auxiliam na compreensão do tempo verbal. O modo como este se expressa no português, por exemplo, possui semelhanças com a Libras. O estudo comparativo entre as línguas pode auxiliar, de forma eficaz, a apren-dizagem e fazer com que o ensino do português para alunos surdos receba a importância que, de fato, tem.

Além dos mitos que giram em torno do ensino da Libras, é necessário que os educadores se abram à inclusão e à acessibilidade, temas que são recor-rentes em discussões relacionadas à educação. Compreendendo melhor a língua do aluno, o professor pode tra-balhar, em sala de aula, aquilo que é necessário, de acordo com o tempo de aprendizagem do estudante. Enten-dendo que o surdo deve aprender em sua língua materna, a língua de sinais, o ensino de qualquer outra língua se torna possível e simples. Além disso, a presença do intérprete na educação se daria de forma mais eficaz tanto para o professor quanto para o aluno.

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DISRUPÇÃO DIGITAL E EDUCAÇÃO

Com o tema Disrupção digital e instituições de ensino, foi realizado importante semi-nário em Londres, na Central

Saint Martins, no dia 2 de dezembro de 2015. O evento foi promovido pelo Innovate UK, National Institute of Adult Continuing Education (NIACE) e University of the Arts London. O destacado time de conferencistas contou com a participação de Lord Jim Knight, ex-ministro britânico de Educação, atualmente membro do Parlamento (House of Lords), e do pro-fessor Graham Brown-Martin, funda-dor da Learning Without Frontiers. Com exclusividade para a Linha Direta, seguem, sintetizadas, algumas ideias expostas nesse colóquio.

Algumas “ondas tecnológicas” têm produzido profundas mudanças na sociedade como um todo e no mundo dos negócios em especial. A conver-gência dessas ondas configura os chamados ciclos de inovação tecno-lógica, os quais tendem a ocorrer em intervalos de tempo cada vez meno-res. Hoje, para certos especialistas, algo em torno de uma década. De tais ondas se podem citar os gadgets móveis, as nuvens computacionais, as plataformas de comunicação global, o big data. O atual ciclo de inovação tecnológica está na base do que se convencionou denominar disrupção digital.

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Manoel AlvesDoutor em Ciências da Educação. Presidente da Fundação L’Hermitage, diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Gestão em Educação (Ibradege) e consultor

Disrupção, em âmbito geral, des-creve a interrupção de um processo. Abrupta, inesperada, acidental, pla-nejada, evolutiva, sequencial, modu-lar. Ainda que possa variar na adje-tivação, a substância da disrupção consiste sempre na interrupção de um processo em curso, geralmente associado a inovação. Em tecnologia, convencionou-se entendê-la como a interrupção de um processo social e economicamente já estabelecido, pela emergência de um novo ciclo de inovação que venha a afetar a socie-dade em parte ou no seu todo. Isso implica a universalização de uma certa tecnologia pela redução do custo de acesso, pela simplificação na sua utilização, pela substituição em larga escala de uma tecnologia anterior, pelo aparecimento de um recurso tecnológico que altera uma forma consolidada de relaciona-mento interpessoal e/ou comercial etc.

Hoje são diversas as iniciativas con-cretas que exemplificam isso e se avo-lumam diante de nós. A título de ilus-tração, tem-se o site-serviço Airbnb, que, em pouco tempo, passou a comercializar quartos em todo o mundo numa escala muito superior à da maior rede hoteleira, em que pese esta rede ter iniciado o seu negócio há mais de meio século. Da mesma forma, a Amazon no comércio de

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Seminário realizado em Londres, com o tema Disrupção digital e instituições de ensino

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livros e outros produtos, a Uber no transporte privado etc. Na Educa-ção Superior, são bons exemplos a Educação a Distância, assim como os Massive Open Online Courses (MOOCs) – Cursos Online Abertos e Massivos, como Coursera e TES Institute. Tudo isso assinala um pro-fundo deslocamento do eixo decisó-rio nas organizações, transferindo o poder real para funcionários, clien-tes e usuários, com inegável trans-formação gerencial e mercadológica. Como no processo de evolução das espécies, em que uma “disrupção evolutiva” conduziu muitos seres à extinção, também as organizações e as profissões não estão imunes ao mesmo fim.

Na esfera educacional, o conceito de disrupção foi introduzido pelo professor de Harvard, Clayton M. Christensen , na sua conhecida obra Inovação na sala de aula - como a inovação disruptiva muda a forma de aprender. Ele apresenta, em seu estudo, três aspectos a serem con-siderados na análise e compreensão do impacto da disrupção digital na educação, a saber: faculta nova pers-pectiva para o serviço educacional ao reformulá-lo pela mediação da tecnologia e ao permitir que a educa-ção, formal ou não, escolarizada ou não, seja considerada por essa pers-pectiva por um público consumidor latente e potencial; permite acesso a um serviço educacional, passando a ser seu destinatário quem não lhe ti- nha acesso anteriormente, superando uma prévia condição de ausência de consumo e constituindo-se em um novo mercado; introduz a modulari-dade como conceito de viés sistêmico e como prática de organização curri-cular (não seriação e/ou linearidade), “desordenando” a relação das partes do processo com o seu todo e vice--versa, individualizando e contextua- lizando o currículo para o usuário, quando é facultado ao consumidor definir o próprio processo educa-cional (Christensen apresenta aqui

outros interessantes conceitos, como os de multiversity e nanodegrees).

A rápida evolução de algumas ten-dências globais, em complexa rela-ção com a disrupção digital, com-põe o cenário da discussão desta temática, quais sejam: crescimento e envelhecimento populacional, resis-tência aos antibióticos, surgimento de novas ideologias, aumento da desigualdade social, diversidade cul-tural, degradação do meio ambiente e mudança climática etc. São evi-dentes e múltiplas as questões que emergem deste contexto. No entanto, concomitantemente, afirmam-se al-gumas constantes. Por exemplo, ao lado do surgimento de um profes-sor global, acentua-se a constante de que este somente será um grande profissional se for capaz de, em qual-quer contexto e independentemente da mediação didático-pedagógica usada, fazer brilhar o olhar de seus alunos. O legado de um bom docente perdurará sempre para além do seu lugar e do seu tempo.

Por isso, pode-se ter a certeza de que o professor não será substituído pela tecnologia, o que se verá serão pro-fessores ágeis e capazes de atuar em ambiente tecnológico substituindo os demais. Se a tecnologia não o substituir, também por si mesma não o transformará. Fica patente, ainda que se considerem outros fatores, que a disrupção digital na educação não ocorrerá adequadamente sem profissionais engajados, ou seja, comprometidos com e qualificados para tal processo. Assim, como nas demais áreas da atividade econô-mica mencionadas acima, também o avanço da tecnologia no negócio educacional estará condicionado ao desenvolvimento de uma ampla base de profissionais detentores da qualidade conceitual, técnica e ope-racional exigida para tal avanço. Como se vê, a disrupção digital em educação concerne, em primeiro lugar, ao docente e à transformação

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da sua realidade profissional: a for-mação-qualificação, o engajamento e o afeto no exercício do seu mister.

Assim, a eficácia da tecnologia na educação está diretamente relacio-nada ao nível de engajamento do professor no seu uso como mediação didático-pedagógica. Sabe-se que o percentual de professores tecnolo-gicamente engajados ainda é muito reduzido, inclusive nos países mais avançados nesse quesito (onde esta-ria o Brasil?). Essa variável recru-desce ao ser analisada no âmbito de outras dimensões, como: a atrati-vidade e a formação dos docentes; a sua valorização e remuneração; o elevado turnover na carreira docente; e a elevada demanda por professo-res, sobretudo em algumas áreas do conhecimento (vide a projeção da crescente demanda de novos docen-tes no mundo: 2015 – 2,7 milhões; 2020 – 10,9 milhões; 2030 – 25,8 milhões).

A transformação da realidade profis-sional docente, assim como a de tan-tas outras dimensões, afeta direta-mente os responsáveis pelas políticas públicas, atentos à competitividade nacional, mas, sobretudo, os contro-ladores e gestores das instituições educacionais privadas, sintonizados com o impacto da disrupção digital na evolução de seus negócios. A dis-rupção digital em educação inclui e pressupõe, na sua fórmula, a trans-formação da realidade educacional. Como já dito, a transformação não concerne unicamente à docência, mas também à gestão institucional e ao negócio educacional, público ou privado, no geral, e, de modo par-ticular, à concepção dos métodos e sistemas educacionais. Assim, vai-se além unicamente da disrupção digi-tal em educação para abrir-se a uma perspectiva que permite antever uma disrupção educacional, fomentada, em grande parte, pela emergência da tecnologia nas suas práticas, insti-tuições e sistemas.

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Disrupção digital, como qualquer ou -tra dimensão da educação formal, ali-nha-se e harmoniza-se com o que para esta se define, objetiva e planeja. Se se considera como finalidade da educa-ção dotar as novas gerações das habi-lidades cognitivas e socioemocionais de que elas necessitarão para a sua plena realização pessoal e social no futuro, tal futuro será (não se sabe, mas se pretende), em boa parte, o reflexo do que a nossa geração está a reali-zar agora. Assim, é nessa via de mão dupla que se estabelece, subjacente à demanda pela excelência nos serviços educacionais, a efetividade das inicia-tivas e ações promovidas e sustentadas pela disrupção digital. O mercado não perdoaria o contrário e agiria implaca-velmente, negando vida longa a quem não oferecesse tal excelência. Eviden-cia-se como irreversível o impacto e a contribuição da tecnologia nas futuras mudanças da educação formal.

Mas o que realmente a tecnologia muda na educação? Alguns aspectos dessa tendência são facilmente per-ceptíveis e já razoavelmente dissemi-nados na educação, em todos os seus níveis: a ampliação do acesso à edu-cação não presencial; a facilitação do trabalho docente; a contribuição na aprendizagem discente; a utilização na resolução de problemas etc. No entanto, no Ensino Superior, as possi-bilidades vão além dessas, pois a rea-lidade é, de per se, bem mais abran-gente, e as perspectivas, mais amplas, por exemplo: educação continuada de adultos (aprendizagem ao longo da vida); parceria com o mundo corpo-rativo, especialmente com empresas que agem e pensam fora da “caixinha”; compartilhamento acelerado das pes-quisas por meio de laboratórios coo-perativos; e tantas outras tendências que sinalizam ações digitalmente disruptivas responsáveis por trans-formações substantivas na Educação Superior. Tudo isso sem mencionar importantíssimos e imponderáveis reflexos nos processos cognitivos e de ensino-aprendizagem.

As conhecidas e históricas dificul-dades em promover as necessárias e urgentes transformações educa-cionais, tanto da parte dos gestores quanto dos docentes, ganham novos desafios com a disrupção digital, entre outros, os que tangem a: como a instituição de ensino pode usar, de maneira mais criativa e inova-dora, as tecnologias de que dispõe; como fazer com que as instituições de ensino absorvam e incorporem as inovações tecnológicas que vão aparecendo ao longo do tempo; como avaliar os riscos nos investi-mentos em tecnologia, bem como o seu custo-benefício; como investir num docente frente a outros agentes que elaboram, validam e entregam conteúdos com custo menor ou até nenhum; como lidar com a educa-ção aberta e de conteúdos gratuitos versus a manutenção de um serviço educacional pago e, por vezes, cada vez mais caro; como definir e asse-gurar-se de um novo modelo de negócio educacional mais adequado à disrupção digital e com qual nível de participação da tecnologia.

Diante desse quadro, pode-se con-cluir que a disrupção digital se insi-nua, já há algum tempo, como indu-tora de um intenso e célere processo de disrupção na educação formal, impactando, direta e fortemente, seus agentes, conteúdos, avaliação, recursos didáticos, relações, comer-cialização, imagem, instituições, sis- temas etc. Oxalá as mudanças em educação há tanto sonhadas e por tantos desejadas não se afirmem, finalmente, como fruto desse vetor externo. Fato é que, em consequência de tudo isso, deparamo-nos com ins-tigantes questionamentos e desafios. Igualmente certo é que o novo em educação surgirá inexoravelmente e, se se quer fazer parte disso que nunca existiu, será preciso fazer algo que nunca foi feito. Isso é disrupção em educação.

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EquipeLinha Direta

FORTALECENDO A EDUCAÇÃO

Conhecida como a “Cidade do Sol”, o município de Natal/RN vem realizando umasérie de ações em favor do crescimento da educação pública municipal

Nos últimos três anos, o muni-cípio de Natal/RN passou por uma profunda reorganização na Rede Municipal de Educação.

A prefeitura da cidade, por meio de sua Secretaria Municipal de Educação, inves-tiu na reforma e construção de novas unidades escolares, na aquisição e distri-buição do fardamento para mais de 50 mil alunos e em ações que visam a melhorias na carreira docente. Agora, a Secretaria de Educação vem desenvolvendo um estru-turado plano de incentivo à leitura.

Até o momento, foi investido mais de R$ 1,1 milhão para equipar os 72 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e as 72 escolas de Ensino Fundamental em atividade na cidade. Além disso, foi feita a distribuição de 32 mil livros de literatura e a aquisição de mais 891 obras dos mais variados títulos para suprir as necessidades do Setor de Articulação Escola e Comunidade e do Setor de Ações e Projetos do Ensino Fundamental.

Secretária de Educação de Natal, a pro-fessora Justina Iva de Araújo Silva, que também é especialista em Gestão Pública e mestra em Educação, comemora o

sucesso das ações e dos programas de incentivo à leitura. “O retorno dos pro-fessores e dos estudantes tem sido muito positivo”, diz.

Algumas iniciativas do plano contam com a parceria de instituições privadas e organizações não governamentais. Esse é o caso do projeto Paralapracá, que envolve docentes, funcionários, pais e alunos da Educação Infantil, e do Prazer em Ler, que tem como objetivo formar leitores e aperfeiçoar as políticas públi-cas que tenham essa destinação. Ambos são concebidos pelo Instituto C&A.

Quem também é parceiro da Secretaria de Educação é o Instituto Ayrton Senna, por meio de projetos condizentes com as propostas do Plano Nacional de Edu-cação (PNE). “O programa Se Liga, por exemplo, ajuda a combater o analfabe-tismo nos anos iniciais do Ensino Fun-damental, corrigindo o fluxo escolar, fato que, dentre outros benefícios, contribui para a diminuição da evasão”, explica Justina Iva. Em 2015, dos 1.197 alunos atendidos no programa, 85% foram total-mente alfabetizados.

Outra ferramenta utilizada na Rede Municipal de Educação é o instrumento pedagógico Programa MenteInovadora, adquirido pelo município de Natal e que já está presente em 10 unidades da Rede. No primeiro ano do Programa, a Secreta-ria investiu mais de R$ 740 mil e atendeu mais de três mil alunos e 60 professores. Em 2015, o investimento foi de R$ 880 mil para beneficiar 4.444 alunos e 83 profes-sores. O MenteInovadora tem como prin-cipal objetivo o desenvolvimento de habi-lidades cognitivas, emocionais, sociais e éticas dos estudantes e da mediação da aprendizagem dos docentes.

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GESTÃO ESCOLAR E VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO

Fortalecer as unidades de ensino com ações que favoreçam o exercício da cida-dania é um dos objetivos da Secretaria de Educação. Um trabalho que engloba também a gestão escolar.

Cientes disso, a Secretaria estabeleceu uma mesa permanente de negociação com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte/RN) e investiu na formação de todos os gestores da Rede e em um encontro mensal com eles. Além disso, foi implementada, por parte do Poder Executivo Municipal, a Lei Complemen-

tar n. 147/2015, que trata da democratiza-ção da gestão escolar na Rede Municipal, ampliando o processo de eleição para gestões dos CMEIs e estabelecendo a for-mação da equipe com um gestor peda-gógico e um administrativo-financeiro.

A valorização do profissional do magisté-rio é outro ponto. “A atual gestão imple-mentou uma lei municipal que garante a correção do salário de docentes com o mesmo índice do piso nacional. Com isso, a remuneração foi corrigida em 49,7% nos últimos três anos”, comemora a secretária.

Outra ação desempenhada pela Secre-taria, e já encaminhada ao Poder Execu-tivo para providências, é a proposta de alteração da legislação municipal para padronizar e aproximar os benefícios e direitos das carreiras de professor e educador infantil, além da extinção das gratificações por título e transformação em níveis de carreira (graduação, espe-cialização, mestrado e doutorado).

RESULTADOS

Avanços importantes foram alcançados por meio do trabalho realizado na Rede Municipal de Natal. Dentre as conquis-tas, está o Prêmio Gestão Escolar 2015, em âmbito estadual, concedido à Escola Municipal Professor Antônio Campos, que atingiu a marca de 6,2 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o maior entre as escolas públicas do Rio Grande do Norte.

Outra premiação importante foi a con-quistada pela professora de geografia Ana Beatriz Câmara Maciel, da Escola Municipal Professora Terezinha Paulino, classificada em 1º lugar na categoria do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, em âmbito estadual, no Prêmio Professores do Brasil. O projeto inscrito na premia-ção foi a Revista Geográfica TP, uma alu-são ao nome da escola.

“Nossa educação municipal avançou muito. E esse tipo de premiação é um importante reconhecimento de que existe o novo acontecendo em nossa Rede”, con-clui Justina Iva.

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Justina Iva de Araújo Silva, secretária de Educação

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Alunos da Educação Infantil atendidos pela Rede

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EquipeLinha Direta

A inspiração vem da melodiaMesmo diante das intempéries da vida, maestro João Carlos Martins mostra que é possível superar obstáculos com foco e determinação

A intimidade com o piano come-çou aos oito anos de idade, quando João Carlos Martins, ainda menino, teve o seu pri-

meiro contato com a obra de Bach. Na adolescência, já demonstrava a veia lírica nas suas apresentações e, aos 18 anos, iniciou a carreira no exterior. O maestro tocou nas principais orques-tras americanas, com gravações na lista das mais vendidas, além de ser o único músico brasileiro a ter a vida registrada em dois filmes produzidos por cineastas europeus.

O currículo é digno de quem entregou a vida à música. Mesmo diante de inúme-ros desafios, o maestro nunca desistiu da sua paixão: o piano. Durante a sua his-tória, vários foram os empecilhos que o afastaram dos palcos – cirurgia no braço direito, distúrbios musculares relaciona-dos ao trabalho e o desenvolvimento da contratura de Dupuytren, uma doença que limita os movimentos das mãos. R

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Nada foi capaz de parar a vontade do maestro de transmitir os sentimentos pelas notas musicais, e acrescentou outras habilidades. Começou os estu-dos em regência, apresentando-se em Londres, Paris e Bruxelas, além de fun-dar a Bachiana Filarmônica Sesi/SP, uma das orquestras mais importantes do País. Atualmente, o músico também realiza palestras motivacionais, como a que acontece no GEduc 2016: Supe-rando os desafios – gestão para resul-tados e oportunidades de crescimento, que será realizado de 30 de março a 01 de abril de 2016, em São Paulo/SP. Nas palestras, o maestro conta a sua história desde o início da carreira até a atuação como regente, um exem-plo de superação, foco no resultado e disciplina.

A Linha Direta conversou com o maes-tro João Carlos Martins sobre a sua tra-jetória profissional e como essa expe-riência pode servir de exemplo para o setor educacional, principalmente nesta época em que o País passa por uma crise.

A música está presente em toda a sua trajetória pessoal e profissional. Como ela surgiu na sua vida?

A paixão pela música surgiu com meu pai, que tinha como sonho ser pianista, mas, em razão de um acidente na mão direita, nunca pôde estudar o seu ins-trumento preferido. A música dá signifi-cado a minha vida.

Durante a sua trajetória, alguns problemas físicos fizeram com que você se afastasse do palco. As dificuldades podem ser um trampolim para o sucesso profissional?

Dificuldades sempre aparecem na vida de um ser humano. O importante é fazer de uma adversidade uma plata-forma para planejar um novo rumo em sua vida. O mais importante, na minha opinião, é jamais perder o objetivo que você se propôs e ter a humildade de mudar a trajetória caso a realidade lhe seja adversa.

Apesar do impedimento físico, a música continua sendo a sua companheira fiel. A regência musical pode ser um exemplo de como devemos orquestrar a nossa vida pessoal e profissional?

O piano foi, é e será parte do meu destino, mas, no momento em que você, impedido por moti-vos físicos, não pode alcançar o perfeccionismo, o importante é buscar refúgio na própria música, no meu caso, na regência. Eu sempre digo que a música é a régua do mundo, pois, se um governo vai bem, todo mundo diz que funciona como uma orquestra e, se há uma manifestação nas ruas, o governo dirá que há uma orquestração contra ele.

O cenário econômico brasileiro atual não é favorável, e muitas instituições de ensino já sentem os impactos da crise. Neste contexto, baseado em sua experiência de vida, como o setor educacional pode superar esse obstáculo?

O setor educacional necessita fazer intercâm-bio com outros países que tiveram sucesso para conseguir melhores resultados com custos mais baixos, o que tornará o ensino e a aprendizagem mais efetivos.

De que forma a música pode ajudar no desenvolvimento das crianças, principalmente no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem?

Sempre digo que o músico deve ter a alma do poeta e a disciplina do atleta. Se você consegue, através da música, despertar na criança a alma do poeta e a disciplina do atleta, não é necessário dizer mais nada.

A Lei n. 11.769, de 2008, tornou obrigatório o ensino musical nos níveis Fundamental e Médio das escolas de todo o País. De que forma a gestão escolar pode trabalhar esse ensino para que ele realmente seja colaborativo na educação?

Ainda estamos engatinhando nesta questão, e estou profundamente empenhado em realizar o sonho de Villa-Lobos de fechar o Brasil em forma de coração, democratizando a música, principal-mente em escolas da periferia de cidades brasi-leiras.

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