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EJA: EDUCAÇÃO DEJOVENS E ADULTOS, UMBREVE HISTÓRICOPublicado em Artigo, Educação, Jovens e Adultos por Pedagogiaao Pé da Letra no dia 24 de maio de 2013
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DE JOVENS E ADULTOS, UM BREVE HISTÓRICO
EJA: Educação de Jovens e Adultos, um breve histórico
Introdução
Alfabetizar Jovens e Adultos éuma preocupação antiga quenão se limita a uma tarefameramente escolar, estáintimamente ligada a sonhos,expectativas, anseios demudança e a escolha do temadeste trabalho se deu com oconvívio com jovens e adultosdurante o estágiosupervisionado na EJA.
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24 mai 2013
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Geralmente é depois da adolescência que o indivíduo reconhece quenecessita do conhecimento escolar e passa a buscálo. As causas denão ter se alfabetizado na infância podem ser várias, como o fatodeter que trabalhar para sobreviver, não ter acesso a escola no localonde mora e até mesmo a evasão escolar, por isso é comum aindahaver escolas que alfabetizam jovens e adultos.
É muito gratificante para uma pessoa leiga poder aprender a ler eescrever consciente da necessidade e importância de tal ato para asua vida, um mundo novo se abre para ela é como se fosse cega e derepente abrisse os olhos e enxergasse coisas que até então não via.Alfabetizar tais pessoas é proporcionar para elas grandes mudanças,uma nova visão de mundo, a chance de ter uma vida melhor pelomenos com mais oportunidades.
Para os professores, já docentes ou em formação, é fundamentalsaber como acontece e vem acontecendo o processo de alfabetizaçãonestas fases da vida, é nítido que com os jovens e adultos aalfabetização não acontece da mesma forma como na infância, osadultos precisam ser incentivados para que tenham motivação e nãodeixem que os problemas rotineiros os afastem da escola, o professorprecisa conhecer as metodologias atuais e as que foram aplicadas etiveram êxito para melhor atender ao seu aluno que independente deser criança ou adulto também necessita de formação crítica e social.
A educação de jovens e adultos é um direito assegurado pela lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), é asseguradogratuitamente aos que não tiveram acesso na idade própria esegundo a LDBEN o poder público deverá estimular o acesso e apermanência do jovem e do adulto na escola.
Existem diversos fatores que muitas vezes não possibilitam aalfabetização no período da infância no decorrer dos anos o indivíduosente a necessidade de inserirse nesse processo e procuram a EJA(Educação de Jovens e Adultos) oferecido por escolas pública e porprojetos comunitários de alfabetização, essa pesquisa enfatiza esseprocesso de alfabetização, analisando informações sobre o tema e avalidade das metodologias aplicadas.
Essa pesquisa possibilitou a compreensão da necessidade eeficácia da educação de jovens e adultos para cidadãos que desejamadquirir conhecimento e o papel dos professores nesse processo,poderá contribuir para o entendimento de como acontecer e estáacontecendo a Educação de Jovens e Adultos no Brasil eespecificamente na cidade de Santa Maria – DF, tem como objetivoanalisar os processo de alfabetização, procurando identificar asmetodologias utilizadas, investigar a eficácia das propostas dealfabetização e identificar os anseios dos jovens e adultos aoinseriremse nesse processo.
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No primeiro capítulo é abordado o histórico da EJA no Brasil, atrajetória até os dias atuais e cita também a alfabetização como umtodo. O segundo capítulo trás as reflexões teóricas sob a visão dealguns autores como Paulo Freire que dedicou a sua vida a educaçãopopular, e é referencial para a EJA, fala sobre a evasão, o perfil doaluno e do professor da EJA.
O terceiro capítulo tratase de uma pesquisa de campoapresentando os dados coletados por meio de questionários aplicadosa professores alfabetizadores e alunos da EJA, a pesquisa de campopossibilita conhecer a opinião dos jovens e adultos, os seus anseios ea opinião dos docentes que atuam na EJA. A pesquisa foi qualitativa, oque permitiu uma compreensão detalhada das opiniões referentes aotema, a pesquisa qualitativa tem um caráter descritivo e foco amplo,os dados obtidos são analisados e comentados no terceiro capítulo nointuito de esclarecer e justificar a relevância do tema.
Com este trabalho, concluiuse que os alunos da EJA esperammuito mais que aprender a ler e a escrever, eles pretendem continuarestudando e serem atuantes na sociedade e muitos que não pensamem seguir com os estudos, pretendem aprender a ler e escrever poruma realização pessoal; este trabalho proporcionou um amploconhecimento sobre a EJA.
CAPÍTULO I
CONTRIBUIÇÕES DA TRAJETÓRIA DAEDUCAÇÃO POPULAR NO BRASIL EPROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO
A educação de jovens e adultos antecede até mesmo as datasdocumentadas; de forma indireta adultos interessavamse emaprender as primeiras letras, ao menos escrevendo o próprio nome,este capítulo abordará a trajetória da EJA no Brasil, e sua contribuiçãopara a população brasileira e ao mesmo tempo os processos dealfabetização que são contribuições para que ela aconteça de maneiraeficaz.
1.1 Histórico da EJA
Alfabetizar jovens e adultos não é um ato apenas de ensino –aprendizagem é a construção de uma perspectiva de mudança; noinicio, época da colonização do Brasil, as poucas escolas existentesera pra privilégio das classes média e alta, nessas famílias os filhospossuíam acompanhamento escolar na infância; não havia anecessidade de uma alfabetização pra jovens e adultos, as classespobres não tinham acesso a instrução escolar e quando a recebiam
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era de forma indireta, de acordo com Ghiraldelli Jr. (2008, p. 24) aeducação brasileira teve seu início com o fim dos regimes dascapitanias, ele cita que:
A educação escolar no período colonial, ou seja, a
educação regular e mais ou menos institucional de
tal época, teve três fases: a de predomínio dos
jesuítas; a das reformas do Marquês de Pombal,
principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do
Brasil e de Portugal em 1759; e a do período em
que D. João VI, então rei de Portugal, trouxe a
corte para o Brasil (18081821)
O ensino dos jesuítas tinha como fim não apenas atransmissão de conhecimentos científicos, escolares, mas apropagação da fé cristã. A história da educação de jovens e adultosno Brasil no período colonial se deu de forma assistemática, nestaépoca não se constatou iniciativas governamentais significativas.
Os métodos jesuíticos permaneceram até o período pombalinocom a expulsão dos jesuítas, neste período, Pombal organizava asescolas de acordo com os interesses do Estado, com a chegada dafamília Real ao Brasil a educação perdeu o seu foco que já não eraamplo.
Após a proclamação da Independência do Brasil foi outorgadaa primeira constituição brasileira e no artigo 179 dela constava que a“instrução primária era gratuita para todos os cidadãos”; mesmo ainstrução sendo gratuita não favorecia as classes pobres, pois estesnão tinham acesso à escola, ou seja, a escola era para todos, porém,inacessível a quase todos, no decorrer dos séculos houve váriasreformas, Soares (2002, p. 8) cita que:
No Brasil, o discurso em favor da Educação
popular é antigo: precedeu mesmo a proclamação
da República. Já em 1882, Rui Barbosa, baseado
em exaustivo diagnóstico da realidade brasileira da
época, denunciava a vergonhosa precariedade do
ensino para o povo no Brasil e apresentava
propostas de multiplicação de escolas e de
melhoria qualitativa de Ensino.
A constituição de 1934 não teve êxito, pois Getúlio Vargas oentão presidente da república tornou – se um ditador através do golpemilitar e criou um novo regime o qual chamou de: “Estado Novo”,sendo assim cria – se uma nova constituição escrita por FranciscoCampos. Ghiraldelli Jr.(2008, p.78) cita que:
A constituição de 1937 fez o Estado abrir mão da
responsabilidade para com educação pública, uma
vez que ela afirmava o Estado como quem
desempenhariaum papel subsidiário, e não central,
em relaçãoao ensino. O ordenamento democrático
alcançado em 1934, quando a letra da lei
determinou a educação como direito de todos e
obrigação dos poderes públicos, foi substituído por
um texto que desobrigou o Estado de manter e
expandir o ensino público.
A constituição de 1937 foi criada com o objetivo de favorecer oEstado pois o mesmo tira a sua responsabilidade; uma populaçãosemeducação (educação para poucos) torna a sociedade mais suscetívelaaceitar tudo que lhe é imposto; logo se entende que esta constituiçãonão tinha interesseque o conhecimento crítico se propagasse, masbuscava favorecer o ensino profissionalizante, naquele momento eramelhor capacitar os jovens e adultos para o trabalho nas industrias.
Um dos precursores em favor da alfabetização de jovens eadultos foi Paulo Freire que sempre lutou pelo fim da educaçãoelitista, Freire tinha como objetivo uma educação democrática elibertadora, ele parte da realidade, da vivência dos educandos,segundo Aranha (1996, p.209):
Ao longo das mais diversas experiências de Paulo
Freire pelo mundo, o resultado sempre foi
gratificante e muitas vezes comovente. O homem
iletrado chega humilde e culpado, mas aos poucos
descobre com orgulho que também é um “fazedor
de cultura” e, mais ainda, que a condição de
inferioridade não se deve a uma incompetência
sua, mas resulta de lhe ter sido roubada a
humanidade.O método Paulo Freire pretende
superar a dicotomia entre teoria e prática: no
processo, quando o homem descobre que sua
prática supõe um saber, conclui que conhecer é
interferir na realidade, de certa forma. Percebendo
– se como sujeito da história, toma a palavra
daqueles que até então detêm seu monopólio.
Alfabetizar é, em última instância, ensinar o uso da
palavra.
Na época do regime militar, surge um movimento dealfabetização de jovens e adultos, na tentativa de erradicar oanalfabetismo, chamado MOBRAL, esse método tinha como foco oato de ler e escrever, essa metodologia assemelha – se a de Paulo
Freire com codificações, cartazes com famílias silábicas, quadros,fichas, porém, não utilizava o diálogo como a de Freire e não sepreocupava com a formação crítica dos educandos.
A respeito do MOBRAL; Bello (1993) cita que:
O projeto MOBRAL permite compreender bem esta
fase ditatorial por que passou o país. A proposta
de educação era toda baseada aos interesses
políticos vigentes na época. Por ter de repassar o
sentimento de bom comportamento para o povo e
justificar os atos da ditadura, esta instituição
estendeu seus braços a uma boa parte das
populações carentes, através de seus diversos
Programas.
A história da Educação de jovens e adultos é muito recente,durante muitos anos as escolas noturnas eram a única forma dealfabetizá – los após um dia árduo de serviço, e muitas dessasescolas na verdade eram grupos informais, onde poucos que jádominavam o ato de ler e escrever o transferia a outros; no começodo século XX com o desenvolvimento industrial é possível perceberuma lenta valorização da EJA.
O processo de industrialização gerou a necessidade de se termão de obra especializada, nesta época criou – se escolas paracapacitar os jovens e adultos, por causa das indústrias nos centrosurbanos a população da zona rural migrou para o centro urbano naexpectativa de melhor qualidade de vida, ao chegarem nos centrosurbanos surgia à necessidade de alfabetizar os trabalhadores e issocontribuiu para a criação destas escolas para adultos e adolescentes.
A necessidade de aumentar a base eleitoral favoreceu oaumento das escolas de EJA, pois o voto era apenas para homensalfabetizados. Na década de 40 o governo lançou a primeiracampanha de Educação de adultos, tal campanha propunhaalfabetizar os analfabetos em três meses; dentre educadores, políticose sociedade em geral, houve muitas críticas e também elogios a estacampanha, o que é nítido e que com esta campanha a EJA passou ater uma estrutura mínima de atendimento. Com o fim desta primeiracampanha, Freire foi o responsável em organizar e desenvolver umprograma nacionalde alfabetização deadultos, porém com o golpemilitar o trabalho de Freire foi visto como ameaça ao regime ; assim aEJA volta a ser controlado pelo governo que cria o MOBRAL conformefoi citado anteriormente.
O ensino supletivo foi implantado com a Lei de Diretrizes eBases da Educação, LDB 5692/71. Nesta Lei um capitulo foi dedicado
especificamente para o EJA. Em 1974 o MEC propôs a implantaçãodos CES (Centros de Estudos Supletivos), tais centros tinhaminfluências tecnicistas devido à situação política do país naquelemomento.
Em 1985, o MOBRAL findou – se dando lugar a FundaçãoEDUCAR que apoiava tecnicamente e financeiramente as iniciativasde alfabetização existentes, nos anos 80 difundiram – se váriaspesquisas sobre a língua escrita que de certa forma refletiam na EJA,com a promulgação da constituição de 1988 o Estado amplia o seudever com a Educação de jovens e adultos.
De acordo com o artigo 208 da Constituição de 1988:
“O dever do Estado com a educação será
efetivado mediante a garantia de: I – ensino
fundamental obrigatório e gratuito, assegurada
inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a
ele não tiveram acesso na idade própria;”
Na década de 90 emergiram iniciativas em favor da Educaçãode jovens e adultos, o governo incumbiu também os municípios a seengajarem nesta política, ocorrem parcerias entre ONG’s, municípios,universidades, grupos informais, populares, Fóruns estaduais,nacionais e através dos Fóruns a partir de 1997 a história da EJAcomeça a ser registrada no intitulado “Boletim da Ação Educativa”.
É notório que nesta fase da história da Educação brasileira, aEJA possui um foco amplo, para haver uma sociedade igualitária euma Educação eficaz é necessária que todas as áreas da Educaçãosejam focadas e valorizadas, não é possível desvencilhar uma daoutra.
1.2 Reflexões sobre Alfabetização
A comunicação oral antecede a comunicação escrita. Éoralmente que se expressam a maioria das pessoas desde os temposmais remotos. A história nos mostra que até mesmo os povoshumanos da préhistória utilizavam símbolos gráficos para fazerregistros em cavernas, em grutas, em rochas, ou seja, já havia anecessidade de expressão gráfica, Bajard (2001, p. 15) diz que aescrita surgiu na Mesopotâmica por volta do ano 4000 a.C., entre osSumérios, era uma escrita representada por desenhos, figurasrupestres, indicavam ações cotidianas desses povos como caçar epescar, essa fase ficou conhecida como pictográfica, após ela veio afase ideográfica, onde os símbolos já representavam também idéias,tornouse fonética, depois alfabética e a partir daí a escrita foievoluindose, alfabetos foram surgindo de acordo com as
particularidades de cada língua.
A fase alfabética determinou a necessidade de transmissão decódigos alfabéticos escritos dando início ao que hoje chamamos dealfabetização Ferreiro (2001, p. 12) cita que:
A invenção da escrita foi um processo histórico de
construção de um sistema de representação, não
um processo de codificação. Uma vez construído
poderse ia pensar que o sistema de representação
é aprendido pelos novos usuários, como um
sistema de codificação.Entretanto, não é assim,
no caso dos dois sistemas envolvidos no início da
escolarização ( o sistema de representação dos
números e o sistema de representação da
linguagem) as dificuldades que as crianças
enfrentam são dificuldade conceituais semelhantes
as da construção do sistema e por isso podese
dizer em ambos os casos que a criança reinventa
esses sistemas. Bem entendido: não se trata de
que as crianças reinventem as letras nem os
números, mas que, para poderem se servir desses
elementos como elementos de um sistema, deve
compreender seu processo de construção e suas
regras de produção, o que coloca o problema
epistemológico fundamental: Qual é a natureza da
relação entre o real e a sua representação?
A alfabetização não é uma ação prioritária para a fase infantil da vida.Ferreiro (2001, p. 09) cita que “é recente a tomada de consciênciasobre a importância da alfabetização inicial como a única solução realpara o problema da alfabetização remediativa (de adolescentes eadultos)”.
Alfabetizar é um tema que está ligado ao ensino da leitura e da escritade códigos alfabéticos, existem inúmeros significados para este tema.Larousse (2003, p. 21) limita o significado de alfabetizar a ensinar aler.
Vários conceitos definem alfabetizar como o ato de ensinar a ler, aospoucos esses conceitos vem mudando, ainda que livros e dicionáriosdefinamo assim, hoje muitos educadores e alfabetizadores utilizam otermo “letramento”, letrar vai além de alfabetizar, se trata dacompreensão da leitura e escrita, a criança está alfabetizada ao saberler e escrever e letrada ao compreender o que leu e escreveu, estáletrada quando domina a leitura e a escrita e faz o uso social deambas. Soares (2007) em uma entrevista a respeito de letramento cita
ao ser questionado sobre tal definição:
Letramento é, de certa forma, o contrário de
analfabetismo, aliás, houve um momento em que
as palavras letramento e alfabetismo se alteravam
para nomear o mesmo conceito. Ainda hoje há
quem prefira a palavra letramento eu mesma acho
alfabetismo uma palavra mais vernácula que
letramento, que é uma tentativa de tradução da
palavra inglesa literary, mas curvome ao poder
das tendências lingüísticas, que estão dando
preferência a letramento. Analfabetismo é definido
como o estado de quem não sabe ler e escrever,
seu contrário, alfabetismo ou letramento, é o
estado de quem sabe ler e escrever, ou
seja:letramento é o estado em que vive o indivíduo
que não só sabe ler e escrever, MS exerce as
práticas sociais de leitura e escrita que circulam na
sociedade em que vive.
Os parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) da Língua Portuguesa(BRASIL 2001, p. 21) fala explicitamente sobre este termo, mas a suaproposta vai de encontro às propostas do letramento, isso éperceptível ao observar o que é citado nos PCN’s a respeito depesquisas e investigações referentes à alfabetização nas sériesiniciais.
Os resultados dessas investigações também permitiram compreenderque a alfabetização não é um processo baseado em perceber ememorizar, e para aprender a ler e escrever, o aluno precisa construirum conhecimento de natureza conceitual: ele precisa compreendernão só o que a escrita representa, mas também de que forma elarepresenta graficamente a linguagem.
A alfabetização é um processo contínuo, iniciase desde os primeirosanos de vida, com a linguagem e a partir daí tudo que a pessoaaprende serve como base para uma aprendizagem eficaz, Ferreiro(2005, p.19) afirma que as crianças que crescem em famílias onde hápessoa alfabetizadas e onde ler e escrever são atividades cotidianasrecebem esta informação através da participação em atos sociaisonde a língua escrita cumpre funções precisas.
A respeito da aquisição de leitura e escrita o PCN da línguaportuguesa (Brasil, 2001, vol. 2, p.15) cita que: “O domínio da línguaoral e escrita é fundamental para a participação social efetiva, pois épor meio dela que o homem se comunica, tem acesso a informação,expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões demundo, produz conhecimento.”
A alfabetização, como a educação em geral, é um direito de todos,infelizmente para muitos ela não pode acontecer na infância, apreocupação de como fazêla com qualidade e êxito impulsionainvestigações de como alfabetizar para compreender a leitura e aescrita. Ferreiro (2005, p. 09) cita que:
É difícil falar de alfabetização evitando as posturas
dominantes neste campo, por um lado, o discurso
oficial e, por outro, o discurso meramente
ideologizante, que chamarei “discurso da
denúncia”. O discurso oficial centrase nas
estatísticas, o outro despreza essas cifras
tratando de desvelar “a face oculta” da
alfabetização, onde o discurso oficial fala de
quantidade de escolas inauguradas, o discurso da
denúncia enfatiza a má qualidade dessas
construções ou desses locais improvisados que
carecem do indispensável para a realização de
ações propriamente educativas.
A Alfabetização de Jovens e Adultos não é uma ação recente, teveinício desde a colonização apesar de ter sido reconhecida oficialmentesomente após o ano de 1945, muitos motivos interferem o processode alfabetização na infância de alguns jovens e adultos, outros nemsequer iniciam esse processo nesta fase e ao longo dos anos sentema necessidade de alfabetizarse. Segundo Moll (2004, p. 11):
Nesse sentido, quando falamos “em adultos em
processo de alfabetização” no contexto social
brasileiro, nos referimos a homens e mulheres
marcados por experiências de infância na qual não
puderam permanecer na escola pela necessidade
de trabalhar, por concepções que as afastavam da
escola como de que “mulher não precisa aprender”
ou “saber os rudimentos da escrita já é suficiente”,
ou ainda, pela seletividade construída internamente
na rede escolar que produz ainda hoje itinerários
descontínuos de aprendizagens formais. Referimo
nos a homens e mulheres que viveram e vivem
situações limite nas quais os tempos de infância
foi, via de regra, tempo de trabalho e de sustento
das famílias.
Ler e escrever é uma arte, principalmente para muitos que nãoaprenderam a ler e escrever na infância e conseqüentemente na vidaadulta sentem falta desses atos, nas últimas décadas a oferta de
ensino aumentou bastante, porém o acesso ainda é limitado paramuitos, nem todos os brasileiros tiveram ou tem a oportunidade dealfabetizarse na infância diversos fatores contribuem ou contribuírampara isso, como a necessidade de trabalhar nessa fase da vida, a faltade acesso a escola, ou até mesmo a falta de interesse, ao chegar najuventude ou na fase adulta a pessoa percebe o quanto a educaçãobásica lhe faz falta e começa a persistir em busca do conhecimento.
No decorrer da história da educação a alfabetização de jovens eadultos teve diferentes focos e contou com significantes projetos dealfabetização como o MOBRAL e Método Paulo Freire que já foi vistoneste trabalho. O processo de aquisição da leitura e da escrita não éuma preocupação apenas de professores e alfabetizadores, aalfabetização é a base para uma educação eficaz, portanto para oaluno esta bem nas séries posteriores ele precisa de umaalfabetização sólida.
Vivemos atualmente na sociedade do conhecimento, não só doconhecimento do senso comum como sempre foi, mas doconhecimento científico que facilita aos indivíduos uma vivência socialde acordo com as imposições do meio e para tal o conhecimentotransferido no ambiente escolar é fundamental.
Atualmente a EJA tem objetivos maiores além da alfabetização porparte dos alunos, da necessidade de estar capacitado para o mercadode trabalho, ser atuante na sociedade e também o interesse políticode reduzir o máximo a estatística de analfabetismo no país, este fatorfavorecerá com a pretensão de um dia o Brasil se tornar uma grandepotência mundial.
As primeiras formas de alcançar melhores condições de trabalho eampliar conhecimento é que faz com que muitos jovens e adultos quenão se alfabetizaram na infância ingressem em uma turma de EJAoferecida pelas escolas ou por grupos comunitários que desenvolvemprojetos de alfabetização, ser alfabetizado nestas fases da vidadepende de muita motivação e força de vontade, não basta apenasquerer, a alfabetização de jovens e adultos ocorre de maneiraintencional e consciente, segundo Pinto (2007, p.92):
Os conceitos de “necessitar saber” vem da origem
do interior do ser, considerado em sua plena
realidade, enquanto o de “saber” e “não saber”
(como fatos empíricos) colocase na superfície do
ser humano, é um acidente social, além de ser
impossível definir com rigor absoluto os limites
entre o “saber e o não saber” (daí que não há uma
fronteira exata entre o alfabetizado e o analfabeto).
Porque o “necessitar” é uma coisa que ou é
satisfeita (se é exigência interior) ou, se não é, não
permite ao indivíduo subsistir como tal entre (por
exemplo: as necessidades biológicas). O
“necessitar” ao qual se referem a leitura e a escrita
é de caráter social (uma vez que tem por
fundamento o trabalho).
É válido ressaltar que o direito a educação de Jovens e Adultos éassegurado por lei e as instituições de ensino devem realizála demaneira que atenda tal clientela sem ignorar suas limitações.
Alfabetizar jovens e adultos é muito mais que transferirlhes noções deleitura e escrita, o jovem ou adulto ao ingressar em uma escola eletem um objetivo delimitado e compreende a escola como um meiopara alcançar tal objetivo, o professor alfabetizador se torna então ummediador entre o aluno e o conhecimento, por isso ele precisa estarbem informado, motivado e querendo realizar um trabalho deconstrução.
Há algumas décadas era comum grupos de pessoas adultas sereunirem para aprender escrever o nome e conhecer as letras doalfabeto, tais pessoas ficavam extremamente maravilhadas, poisdentro do contexto delas tal aprendizado era suficientementesatisfatório. Atualmente grupos ainda se reúnem, mas as expectativassão outras, só o aprendizado do próprio nome não é suficiente, omercado de trabalho exige mais, até mesmo o simples fato deprecisar identificar o itinerário do ônibus requer leitura. SegundoLibâneo (2003, p.53):
A escola de hoje precisa não apenas conviver com
outras modalidades de educação não formal,
informal e profissional, mas também articularse e
integrarse a elas, a fim de formar cidadãos mais
preparados e qualificados para um novo tempo.
Para isso o ensino escolar deve contribuir para:
Formar indivíduos capazes de pensar e de
aprender permanentemente;
Prover formação global para atender à
necessidade de maior e melhor qualificação
profissional;
Desenvolver conhecimentos, capacidades e
qualidades para o exercício consciente da
cidadania;
Formar cidadãos éticos e solidários.
A motivação é a chave para o sucesso da educação de jovense adultos, desmotivados eles não conseguirão enfrentar as barreirascotidianas, tudo se tornará mais difícil, cabe aos professores e aescola em geral incentiválos para que não desistam.
CAPÍTULO II
REFLEXÕES TEÓRICAS SOBRE AEDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Ao abordar a Educação de Jovens e Adultos como tema éfundamental conhecer e destacar o pensamento de alguns autores eeducadores como Paulo Freire e outros que ao longo da vidaprofissional dedicaramse a alfabetizar e que contribuem para aformação docente continuada. Este capítulo aborda tais reflexões e asparticularidades do tema.
2.1 Pensamento de Paulo Freire sobre aeducação popular
De acordo com Wikipédia, a enciclopédia livre, educaçãopopular é uma educação comprometida e participativa orientada pelaperspectiva de realização de todos os direitos do povo. Quando sepensa em educação popular nos remetemos à imagem de PauloFreire que foi o grande mentor, é uma educação que visa à formaçãodo indivíduo com valores, conhecimento e consciência de cidadania,busca utilizar o que a pessoa já tem de conhecimento popular paratransformar na matéria prima do ensino.
Esta educação popular é muito utilizada em assentamentosrurais, favelas, aldeias indígenas, pequenas comunidades, ONG’Sdentre outras; por se tratar de uma educação que atende asnecessidade em comum de um povo, uma educação em que tem osmesmos interesses em ampliar os seus conhecimentos e tornarcidadãos conscientes do seu papel na sociedade.
Paulo Freire, o mais célebre educador brasileiro, tinha opensamento de que a escola tinha que ensinar o aluno a “ler omundo” para obter transformações, tendo em vista que se o aluno nãosaber a realidade do mundo em que vive não é possível lutar embusca de melhorias; para que haja transformação é essencial aconscientização, por isso Paulo Freire criou o seu método de ensino,pois não acreditava que uma pessoa adulta dor nordeste por exemploque não conhecia “uva” pudesse aprender a ler e escrever apenasutilizando cartilhas com frases: EVA VIU UVA, pensou em aproximaros alunos a sua própria realidade, à sua rotina do dia a dia com aspalavras geradoras.
De acordo com a revista Nova Escola “Grandes Pensadores”:Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoastambém não aprendem sozinhas, os homens se educam entre simediados pelo mundo. O pensamento de Paulo Freire é que oprofessor não é detentor do conhecimento e que não domina todas asáreas do conhecimento e é de fundamental importância a troca deexperiências entre professor e aluno, o conhecimento de um completao outro, todos nós somos dotados de inteligências e exercemosinteligências, porém nem todos a desenvolvem para a mesma área,muitas vezes um professor é excelente na sua profissão e não temhabilidades como pedreiro e o pedreiro constrói lindas casas eedifícios, mas não é alfabetizado e quando esse professor encontraeste pedreiro podem trocar experiências distintas e ambos aprendementre si.
Para Freire um professor dedicado para a educação populartem que acreditar em mudanças, não pode ensinar apenas a ler eescrever, é preciso haver uma mudança de paradigma, e transmitiresperanças, fazer com que o aluno se transforme em sujeitopensante, crítico e consciente do que lhe envolve no dia a dia,oprofessor tem que ter prazer, alegria e transmitir aos alunos. PauloFreire (2002, p.80)
Há uma relação entre a alegria necessária à
atividade educativa e a esperança. A esperança de
que professor e alunos juntos podemos aprender,
ensinar, inquietarnos, produzir e juntos igualmente
resistir aos obstáculos à nossa alegria. Na
verdade, do ponto de vista da natureza humana a
esperança não é algo que a ela se justaponha. A
esperança faz parte da natureza humana.
Para Freire é importante que o professor tenha esperança,uma vez que os jovens e adultos se espelham nos professores, ecomesperança pode se acreditar em uma mudança de direção para avida e para o mundo, para a sociedade, cita uma história popular queum passarinho viu um incêndio na floresta e correu para chamar osamigos para apagar o fogo, mas ninguém quis ir, então resolveu irsozinho apagar o fogo, viu um rio e foi pegando água e jogando nofogo, certamente esse pássaro sabia que sozinho não poderia apagartoso o fogo, mas teve esperança que tomando a iniciativa talvez osoutros pudessem acreditar que também seria capaz. Podemoscomparar Paulo Freire a este passarinho, pois ele apenas deu início aessa educação e a cada dia pessoas se juntam a suas ideologias afim de transformar a educação no nosso país e começam a mudareste paradigma.
2.2 O perfil do professor alfabetizador
Alfabetizar jovens e adultos é uma ação peculiar e nemsempre se dá da mesma forma com se alfabetiza uma criança nainfância o professor alfabetizador deve partir dor princípios de açãoreflexãoação e deve estar aliado à formação continuada.
A formação continuada permite refletir suas ações e repensar a suaprática, elaborando planos e/ou projetos que possam aprimorar a suaprática educativa.
Alfabetizar na EJA envolve também a afetividade, o gosto e aresponsabilidade. É fundamental que o professor da EJA tenha aconsciência da valorização do outro, é importante valorizar oconhecimento que este aluno possui, pois durante toda a vida o alunoadquire um vasto conhecimento do senso comum e valorize tambémas suas experiências de vida, entretanto o diálogo tem que estarpresente nas aulas, o professor tem que usar uma linguagem simplese acessível. O professor é um incentivador um meio para alcançar amotivação dos alunos e nesta fase da vida motivação é um aspectofundamental. A prática da açãoreflexãoação permite ao professorlançar estratégias para o sucesso do processo de ensinoaprendizagem. Ao observar turmas da EJA é comum observar que osprofessores regentes em tais turmas são geralmente professoresexperientes que despertam a confiança em seus alunos e queacreditam na educação como foco de mudança. Segundo Leal (2005,p.114):
O conhecimento na ação, ou o conhecimento
tácito, seria aquele constituído na prática cotidiana
do exercício profissional. Concebemos que esse é
um saber que se constrói com base nos
conhecimentos prévios de formação inicial,
articulado com os saberes gerados na prática
cotidiana, de forma assistemática e muitas vezes
sem tomada de consciência acerca dos modos de
construção. Para um projeto de formação numa
base reflexiva, tornase fundamental conhecer e
valorizar esses conhecimentos que são
constituídos pelos professores, seja através de
uma reflexão teórica, seja através desses
processos eminentemente assistemáticos.
A aprendizagem não pode ser simplesmente transmitida, ela é umprocesso de construção onde professora busca oferecer meios quefavoreçam tal construção, a do conhecimento: tudo o que já foi vividopelo aluno serve como base, o professor deve utilizar também avivência e o conhecimento prévio do aluno para ajudálo naconstrução do saber. Aquilo que é oferecido ao alfabetizando devefazer sentido para ele, se o professor partir de um ponto
desconhecido que foge à realidade do aluno ele poderá não alcançara compreensão necessária ao letramento.
A principal função do professor na EJA é mediar, interagir o aluno como meio, usar metodologias que favoreçam o processo de construçãode ensinoaprendizagem, o aluno da atualidade espera muito maisque aprender a assinar o nome, portanto exercício de meramemorização, atividades mecânicas não permitem o êxito na EJA.
A interdisciplinaridade deve fazer parte também desse processo ostemas transversais como, ética, valores e cidadania são temas quenorteiam a construção do conhecimento nesta fase.
A educação de Jovens e Adultos traz muitos desafios tanto paraprofessores quanto para alunos e são esses desafios que constroempráticaseficazes de alfabetização.
Kelly Camargo Pulice in Moll (2004, p.140) esclarece muito bem opapel do educador na EJA, ao citar:
O papel do educador é pensar formas de intervir e
transformar a realidade, problematizandoa,
dialogando com o educando. Em sala de aula o
importante não é “depositar” conteúdos, mas
despertar uma nova forma de relação com a
experiência vivida. Portanto, antes de qualquer
coisa, é preciso conhecer o aluno: conhecêlo
como indivíduo num contexto social, com seus
problemas, seus medos, suas necessidades,
valorizando seu saber, sua cultura, sua oralidade,
seus desejos, seus sonhos, isto possibilita uma
aprendizagem integradora, abrangente, não
compartimentalizada, não fragmentada.
2.3 Perfil do aluno da EJA e os motivos daevasão
Os alunos da EJA são geralmente pessoas vindas de famíliasde baixa renda, sendo que muitas vezes os pais também não sãoalfabetizados, isso faz com que muitas vezes se sentem discriminadospela sociedade; vivemos em uma sociedade que para toda a nossarotina é necessário a leitura,para se tomar um ônibus é necessárioconseguir identificálo, para fazer compras tem que conhecer osnúmeros,contudo esse aluno da EJA pode se sentir excluído dasociedade, quando pensamos em exclusão nos remetemosa pessoascom deficiência, mas a exclusão não se limita a deficiência intelectuaise mentais, para esses alunos que por algunsmotivos não estudaram
nos primeiros anos de vida este termo também cabe.
O autor Bieler (2004, p.11)fala sobre a importância dainclusão.
A perspectiva da educação inclusiva vai além da
deficiência. Esta é apenas uma das áreas que
seriam beneficiadas com ela (educação inclusiva)
A qualidade da educação é que está em debate
porque hoje não se considera (nos sistemas
educacionais ) a diversidade dos alunos, os níveis
de necessidade e as características individuais. A
proposta da educação inclusiva melhoraria a
qualidade do ensino para todos. Não se trata só de
incluir deficientes nas sala de aula.
O aluno da EJA possui necessidade educacional especialindependente de ter ou não deficiência física. Uma vez que estesalunos vão para a escola após um longo dia de serviço, sua mente jáestá cansada, ao contrario de uma criança que não trabalha e nemtem preocupações com a família, como os adultos.
A maioria destes alunos da EJA têm a necessidade de voltar aescola para se sentir incluído na sociedade, procuram melhorescondições de vida , almeja um melhor cargo no trabalho, muitosbuscam a leitura com o objetivo de ser mais participativos e críticos nasociedade e até por motivos religiosos como o sonho de aprender lerpara conseguir ler a bíblia, entretanto boa parte destes alunos buscauma realização pessoal, principalmente os mais idosos que as vezessão motivos de chacotas por estarem estudando nesta fase da vida.
Os alunos da EJA por se tratarem de adolescentes acima de14 anos e adultos, já tem suas experiências de vida, muitas vezes atétraumas podemter sido criados por não ter conseguido estudaranteriormente por vários motivos, desta forma os alunos criam umbloqueio, por isto o professor deve estar seguro para tentar quebrarestes bloqueios. Às vezes estes alunos podem estar com sua autoestima muito baixa, aí entra o papel do professor para traçar práticasadequadas para incentiválos a motivação. A autoestima éfundamental para este processo de alfabetização, pois quando háesperanças se tem forças para vencer os desafios na busca de umobjetivo. As turmas da EJA funcionam geralmente a noite que é ohorário disponível para pessoas que trabalham diariamente, devehaver muita força de vontade e incentivo para jovens e adultosconcluírem o curso.
O número de evasão na EJA é muito grande, os alunos sesentem desmotivados e cansados; a grande maioria trabalha o dia
inteiro, pegam ônibus lotado, muitas mulheres não trabalham fora,porém trabalham em casa. É fundamental que os professores da EJAsejam dinâmicos, aproximem o conteúdo à realidade do aluno,procurem sempre inovar e não criem barreiras para afastar essesalunos. O professor da EJA tem que estar motivado para conseguirmotivar os alunos, todavia que os alunos são reflexos dosprofessores.
Quando se pensa em evasão na EJA é de suma importância conhecero perfil destes alunos, para tentar entender por que se dá estaevasão.
As causas evasão na EJA são muitas, podemos destacar o cansaçoapós um dia de serviço, a distância entre casa/escola que aumenta aspossibilidades de assaltos, entre outros fatores que se dá por conta daviolência urbana. Outro fator é o apoio da família que nem sempreexiste, o apoio do governo, da escola, direção, professores muitasvezes não estimulam os alunos; e também o desinteresse interferesobre esta questão.
É notório que existem fatores que contribuem direta ou indiretamentena evasão escolar, isso é uma preocupação de muitos, tais comoescola, gestão escolar, governo, entre outras instituições.
O fracasso escolar também é uma das causas de evasão, naProposta Curricular para o 1º segmento do ensino fundamental (1997)consta que:
No público que efetivamente frequenta os
programas de educação de jovens e adultos, é
cada vez mais reduzido o número daqueles que
não tiveram nenhuma passagem anterior pela
escola. É também cada vez mais dominante a
presença de adolescentes e jovens recém saídos
do ensino regular, por onde tiveram passagens
acidentadas.
É fundamental que aluno e professor compreendam que erros podemser transformados em aprendizagem, é possível aprender com eles,os erros não podem ser contribuintes para causar evasão. De acordocom Cortella (1999, p. 112):
O erro não ocupa um lugar externo ao processo de
conhecer, investigar é bem diferente de receber
uma revelação límpida, transparente e perfeita. O
erro é parte integrante do conhecer não porque
“errar é humano”, mas porque nosso conhecimento
sobre o mundo dáse em uma relação viva e
cambiante (sem o controle de todas e quaisquer
interveniência com o próprio mundo. Errar é, sem
dúvida, decorrência da busca e, pelo óbvio, só
quem não busca não erra. Nossa escola
desqualifica o erro, atribuindolhe uma dimensão
catastrófica; isso não significa que, ao revés,
devase incentiválo, mas isso sim, incorporálo
como uma possibilidade de se chegar a novos
conhecimentos. Ser inteligente não é não errar, é
saber como aproveitar e lidar bem com os erros.
Outro fator prejudicial é o tempo, muitos se deixam levar pelapassagem dele e acham que é tarde para voltar a estudar, ou que otempo que dispõem é pouco para estudar, trabalhar e ter outrosconvívios sociais.
A desigualdade social também é um agravante que sempreafetou e continua afetando a educação; hoje a função da escola éformar cidadãos críticosreflexivos que compreendam os seus papeisna sociedade e tenham sede de mudança.
2.4 Pensando em métodos
No processo de ensino aprendizagem o professor não utilizaum único meio, uma única forma para alfabetizar, eles optam pordiferentes metodologias que variava de acordo com asparticularidades da instituição ou da preferência do alfabetizador, asmetodologias utilizadas variam entre as mecanicistas conhecidascomo métodos tradicionais e as construtivistas, interacionistas como aproposta por Emília Ferreiro. Beatriz Vichessi e Melissa Diniz em umareportagem da revista nova escola (2009) afirmam que:
O processo de alfabetização das turmas da
educação de jovens e adultos (EJA) está em
práticas indispensáveis de leitura e escrita que
também são desenvolvidas com as crianças das
séries iniciais do ensino fundamental. Isso não que
dizer que o professor vá trabalhar lançando mão
dos mesmos materiais e estratégias com públicos
tão distintos. Não faz sentido. Esse é inclusive,
um dos motivos que levam os mais velhos a
fracassar e abandonar a escola.
Na EJA o uso de metodologias apropriadas também deve serpensado e repensado em algumas classes o professor utiliza ametodologia adotada e proposta pela instituição, outras o professoradota a que julga adequada ou até mesmo opta pelo que se chama
de método eclético que é o uso de várias metodologias.
Na mesma reportagem citada acima as autoras frisam que“para que os estudantes de EJA aprendam a ler e escrever, é precisorespeitar algumas especificidades e acionar quatro situaçõesdidáticas.” São elas: Leitura pelo professor; Leitura pelo aluno paraaprender a ler; Produção de texto oral com destino escrito; Escritapelo aluno para aprender a escrever.
É válido ressaltar que independente da metodologia utilizada oprofessor deve usar meios que incentivem os seus alunos a buscar oconhecimento, para alfabetização nesta fase da vida o incentivo é umdos meios fundamentais.
Durante muito tempo a base do ensino alfabético foram osprocessos sintéticos e analíticos.
O método sintético parte da letra, do fonema e da sílaba, elefaz uma correspondência entre o oral e a escrita, é a metodologiamais antiga, nela o aluno deve nomear as letras, soletrálas e grafálas, Barbosa (1994, p. 48) diz que: “no início do século XIX, o métodosintético se aperfeiçoa mudando a ênfase do nome para o som daletra”. Nessa metodologia as letras de grafias parecidas sãoapresentadas separadamente.
O processo analítico parte de unidades completas delinguagem e depois dividese em partes, o aluno reconhece palavras efrases e depois faz a análise de seus componentes, a leitura nesseprocesso é uma tarefa visual.
Barbosa (1994, p. 46) ao analisar esses dois métodos justifica:
As duas abordagens se opõem nitidamente quanto
às operações básicas que envolvem: síntese e
análise. Mas as duas tem um acordo em comum:
para aprender a ler a criança tem de estabelecer
uma correspondência entre som e grafia. Tanto
para uma como para outra, esta correspondência é
a chave da leitura, ou seja, a criança aprende a ler
oralizando a escrita.
Não é apenas com criança que a aprendizagem se dá desta forma; foipor meio destas linhas sintética e analítica e da linha eclética(analíticosintética) que surgiram as cartilhas que geralmente sãodivididas em:
Cartilhas sintéticas: de soletração ou silabação; Cartilhasanalíticas: de palavração ou setenciação; Cartilhas mistas ou
analítico sintéticas.
Atualmente, o uso de cartilhas ainda é discutido , algunseducadores apóiam outros discriminam, outros usam cartilhas comomaterial de apoio, complementar, até algumas décadas atrás o usodelas na EJA era marcante.
Na educação fundamental no período da infância, a casinhafeliz foi uma das cartilhas que ficou bem conhecida e apresentou ométodo de fonação condicionada e repetida. Barbosa (1994, p. 60)cita que:
O único objetivo das cartilhas é colocar em
evidência a estrutura da língua escrita, tal como é
concebida pelos métodos de alfabetização. Por
isso, as cartilhas tendem a apresentar uma escrita
sem significados. As cartilhas geralmente não
consideram a “bagagem” que o aluno traz consigo,
eles são tratados da mesma forma e a
alfabetização iniciase em um mesmo ponto, como
regra.
Um grande marco da educação de jovens e adultos é ametodologia utilizada por Paulo Freire, o objetivo dele era umaeducação democrática e libertadora, tal metodologia é consideradapor alguns educadores como uma teoria do conhecimento, mais doque uma metodologia de ensino, ele parte do conhecimento do aluno,propõe temas geradores extraídos do cotidiano dos alunos, a partirdaí os alunos participam de debates, observam temas cenas e slidesde sua realidade, após isso iniciase o estudo das famílias silábicasdas palavras propostas. Brandão (1981, p. 2122) a respeito dométodo de Freire cita que:
Um dos pressupostos do método é a idéia de que
ninguém educa ninguém e ninguém se educa
sozinho. A educação, que deve ser um ato
coletivo, solidário – um ato de amor dá pra pensar
sem susto, não pode ser imposta. Porque educar é
uma tarefa de trocas entre pessoas e, se não pode
ser nunca feita por um sujeito isolado (até a auto
educação é um diálogo a distância), não pode ser
também o resultado do despejo de quem supõe
que possui todo o saber, sobre aquele que, do
outro lado, foi obrigado a pensar que não possui
nenhum.
Há questionamentos sobre a eficácia dos métodos de
alfabetização, falase no construtivismo como método, mas ele éconsiderado como uma contribuição para o entendimento da formacomo acontece o aprendizado é um referencial para a educação, aorientação dos parâmetros curriculares nacionais é que se faça umprévio diagnóstico do aluno antes de optar por um método.
As práticas construtivistas estão norteando escolas de EJA e mesmo ainstituição optando por uma cartilha ou uma metodologia específica,pode se notar a presença de algumas práticas construtivistas.
CAPÍTULO III
EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NA EJA EMUMA ESCOLA PÚBLICA DE SANTA MARIA –
DF
Os primeiros capítulos abordaram a pesquisa bibliográfica,apresentando a visão de alguns autores sobre o tema apresentado,parte fundamental desta pesquisa qualitativa; este terceiro capítulotrata da pesquisa de campo, com o objetivo de comprovar ou não ashipóteses previstas por meio de questionários à professoresalfabetizadores que atuam na Educação de Jovens e Adultos e aalunos que estudam nas turmas de EJA. De acordo com Webster’sInternational Dictionary, citado por MARCONI e LAKATO (2007, p.15)afirmam que:
a pesquisa é uma indagação minuciosa ou exame
crítico e exaustivo na procura de fatos e princípios;
uma diligente busca para averiguar algo. Pesquisar
não é apenas procurar a verdade; é encontrar
respostas para questões propostas, utilizando
métodos científicos
3.1 Mapeamento
O Distrito Federal possui 30 regiões administrativas e por isso contacom um número significativo de escolas públicas que oferecemalfabetização para jovens e adultos, conta também com cursos dealfabetização oferecidos por grupos cristãos, projetos organizados porONGs, empresas de construção civil que oferecem aos seusfuncionários, entre outros.
A escola onde se realizou a pesquisa fica na região administrativa de“Santa Maria DF, RAXIII”, nesta escola se oferece além daalfabetização as demais séries do ensino fundamental a jovens eadultos.
A escola foi fundada no dia 07 de fevereiro de 1994 com o
objetivo de atender a demanda da comunidade local, que crescia emlarga escala, a escola foi reconhecida na resolução 4.574, de20/04/1994 e na portaria 259, de 2/12/2008 SE/DF. A biblioteca éampla, com um acervo muito bom, ela fica aberta durante todo dia efecha as 21h00 o que dificulta o acesso dos alunos do noturno.
A escola tem 1927 alunos distribuídos em 47 turmas nos três turnos,as turmas diurnas são de ensino fundamental e no noturno sãoturmas do primeiro e do segundo segmento da EJA, a escola contacom 16 salas de aula para atender esta demanda de alunos.
De acordo com a supervisora administrativa da escola, aproposta pedagógica tem o objetivo de enriquecer e subsidiar otrabalho metodológico a fim de que os educandos sejam capazes dereconhecer o seu papel como cidadãos conscientes e ativos nasociedade. A proposta pedagógica encontrase baseada na Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96).
Art. 37. A educação de jovens e adultos será
destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos no ensino fundamental e
médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão
gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não
puderem efetuar os estudos na idade regular,
oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho,
mediante cursos e exames.
§ 2º O poder público viabilizará e estimulará o
acesso e a permanência do trabalhador na escola,
mediante ações integradas e complementares
entre si.
3.2 Análise dos dados
Por meio da pesquisa realizada em uma escola pública de SantaMaria – DF foram coletados dados com base na informação de dozeprofessores pesquisados, e vinte alunos. (segue modelo dosquestionários em anexo.)
3.2.1 Dados obtidos por meio de questionáriosaos professores
Gráfico – 01 Opção de trabalhar com a EJA
Fonte: Pesquisa de Campo: FREIRE, V.A – Santa Maria – DF –2010.
Comentários dos professores:
“Cada cidadão (a) alfabetizador (a) é um (a) a menos dosmilhões de brasileiros que não conhece a ‘luz’ da leitura”.
“Surgiu a oportunidade e encarei o desafio, nunca haviatrabalhado antes com jovens e adultos”.
80% do professores afirmaram trabalhar com a EJA por escolhaprópria, por se interessar e desejar transmitir conhecimentos a outraspessoas, os outros 20% trabalham por outros motivos como aoportunidade ou a falta de outras turmas no momento. A respeito deprofessores para adultos MOLL (2004, p.17) cita:
Fazerse professor de adultos implica disposição
para aproximações que permanentemente
transitam entre saberes constituídos e legitimados
no campo das ciências das culturas e das artes e
saberes vivenciais que podem ser legitimados no
reencontro com o espaço escolar. No equilíbrio
entre os dois, a escola possível para adultos.
Fazerse professor de adultos implica postura para
uma sensível escrita cotidiana como também para
uma ampliação do olhar. Serem ouvidos e serem
vistos pode colocar estes adultos, que carregam o
estigma de analfabetos, em outro lugar nos
espaços sociais nos quais transitam, pode
(re)colocálo na vida pública, predispondo os de
outra maneira no universo de saberes entre os
quais a escrita.
Metodologias utilizadas pelos professores
Ao serem questionados a respeito das metodologias utilizadas naprática educativa, todos os professores afirmaram utilizar práticasmetodológicas diferenciadas para cada situação.
Comentários dos professores:
“Cada turma tem um potencial diferenciado e exige práticadiversificada.”
Os alunos que ingressam na EJA trazem consigo bastantebagagem, é comum em uma turma eles não estarem num mesmo
nível de aprendizagem, o professor cria estratégias para atender atodos sem desmerecer o seu conhecimento prévio, segundoNicola (2003, p.32)
O conhecimento é cada vez mais universal e o
ensino moderno, acompanhando essa tendência,
deve realçar e aprofundar as relações
interdisciplinares. Cabe ao (a) professor (a) atuar
como mediador dessas relações e promover a
integração entre as diversas áreas, para que o
aluno seja capaz de construir uma visão holística
do mundo, de adquirir e elaborar conhecimento na
sua totalidade, de “crescer” como pessoa e de
socializarse.
De acordo com os professores 20% acham que a secretaria deeducação oferece satisfatoriamente formação continuada aos seusprofessores e 80% afirmam o contrário na opinião deles a secretariadeveria oferecer mais formação voltada para essa área de ensino;Esther Pillar Grossi in Fuck (2007, p.11) afirma que:
Os professores tem que ter acesso às teorias mais
atualizadas sobre como se aprende, às
descobertas extraordinárias que os avanços em
vários ramos do conhecimento ensejaram sobre o
aprender e o não aprender, dando inclusive à
didática o estatuto de um campo científico próprio,
da maior utilidade e atualidade.
Nível de evasão
Segundo os professores entrevistados ao serem questionados sobre onível de evasão, se esse nível é maior ou menor que 50%, todosafirmaram sermenor que 50%, vale ressaltar que estas afirmações sedão com a realidade das turmas em que eles atuam.
A erradicação da evasão é fundamental para o sucesso nasturmas de EJA, um aluno incentiva o outro com a suapermanência. Segundo Erika Klingl em matéria do jornalCorreio Braziliense publicado em 04 de agosto de 2009:
No Distrito Federal, a média de evasão da EJA é
de 32%, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) concluída no
início do ano. No Brasil, este índice é de 42%. “A
taxa de DF é uma das menores do país junto de
São Paulo e está bem longe dos estados do
Nordeste, mas, sem dúvida, ainda é muito alta.”
Uso de outros meios como incentivo ao processo de ensinoaprendizagem
Sobre o uso de outros meios como incentivo ao processo deensino – aprendizagem, todos os professores afirmaram utilizar eadotar outros meios que os usuais como incentivo ao processo deensino aprendizagem de seus alunos, como já foi citado no primeirocapítulo desta pesquisa, o incentivo é fundamental para a motivaçãode jovens e adultos. De acordo com a proposta curricular para o 1ºsegmento do ensino fundamental na educação de jovens e adultos(BRASIL 1997, p.46):
É especialmente importante, no trabalho com
jovens e adultos, favorecer a autonomia dos
educandos, estimulálo a avaliar constantemente
seus progressos e suas carências, ajudálos a
tomar consciência de como a aprendizagem se
realiza. Compreendendo seu próprio processo de
aprendizagem, os jovens e adultos estão mais
aptos a ajudar outras pessoas a aprender, e isso é
essencial para pessoas que, como muitos deles já
desempenham o papel de educadores na família,
no trabalho e na comunidade.
Comentários dos professores:
“Dinâmicas, músicas, escrita, interpretação, mensagens diáriasde incentivo, motivação.”
Todos os professores afirmaram utilizar e adotar outros meios queos usuais como incentivo ao processo de ensino aprendizagem deseus alunos, como já foi citado no primeiro capítulo desta pesquisa, oincentivo é fundamental para a motivação de jovens e adultos. Deacordo com a proposta curricular para o 1º segmento do ensinofundamental na educação de jovens e adultos (BRASIL 1997, p.46):
É especialmente importante, no trabalho com
jovens e adultos, favorecer a autonomia dos
educandos, estimulálo a avaliar constantemente
seus progressos e suas carências, ajudálos a
tomar consciência de como a aprendizagem se
realiza. Compreendendo seu próprio processo de
aprendizagem, os jovens e adultos estão mais
aptos a ajudar outras pessoas a aprender, e isso é
essencial para pessoas que, como muitos deles já
desempenham o papel de educadores na família,
no trabalho e na comunidade.
Comentários dos professores:
“Horário de trabalho, cansaço, muitas mães não têm com quemdeixar os filhos, os maridos não incentivam, doenças, muitosse apaixonam por colegas e ficam sem saber como lidar com asituação (essa situação somente nós de sala de aulasabemos) muitos já são casados e fogem dessa nova relação”.
De acordo com os professores 20% dos alunos evadem pordesinteresse e 80% por motivos causados pela vivência, o cansaço,os problemas pessoais entre outros que afetam diretamente a suapermanência na escola; na proposta curricular para o 1º segmento doensino fundamental (BRASIL 2007, p.36) é citado:
A quase totalidade dos alunos desses programas,
incluídos os adolescentes, são trabalhadores. Com
sacrifício, acumulando responsabilidades
profissionais e domésticas ou reduzindo seu pouco
tempo de lazer, dispõemse a frequentar cursos
noturnos, na expectativa de melhorar suas
condições de vida. A maioria nutre a esperança de
continuar os estudos: concluir o 1º grau, ter
acesso a outros graus de ensino e a habilitações
profissionais.
3.2.2 Dados obtidos por meio de questionárioaos alunos
Observando este item, 42% dos alunos afirmaram teringressado na EJA nesta fase por decisão própria e 58% afirmaramter ingressado “agora” porque não tiveram condições de permanecerna escola durante a infância, é o caso de muitos alunos oriundosprincipalmente na região nordeste que lidavam no campo, na zonarural onde não tinham acesso aos estudos, os 42% se referem aaqueles que tiveram oportunidade, mas somente na fase adultasentiram necessidade ou gosto.
Neste aspecto, 83% dos alunos que responderam aoquestionário afirmaram ter prazer em frequentar às aulas da EJA,nestes casos afirmam a validade dos incentivos e do uso demetodologias diferenciadas, estes 83% demonstram também ointeresse em mudança ao freqüentar as aulas, já 17% afirmam não terprazer em freqüentar as aulas, muitas vezes frequentam porobrigação ou outro motivo que pode ser por causa do cansaço, entreoutros. Moll (2004, p.12) cita que:
Reconstruir o trajeto de retorno e de “inscrição
simbólica” no espaço escolar é um dos primeiros
desafios no trabalho com estes homens e
mulheres marcados por situações escolares,
inúmeras vezes, desfavoráveis. Para muitos a
escola ficou para trás há muito tempo, é coisa de
criança, apesar do seu desejo de aprender a ler e
escrever.
A maioria desses alunos, 67% trabalham durante o dia e 33%não trabalham, esses 33% são especificamente mulheres que nãotrabalham fora, porém trabalham em casa, cuidando dos filhos e dosafazeres domésticos.
Ao abordar este item, 33% afirmaram freqüentar as aulas pornecessidade e/ou obrigação e 67% freqüentam por vontade própria;essa obrigação muitas vezes é um sinônimo de responsabilidade,como já foi abordado neste trabalho, muitos fatores comprometem apresença deste aluno na escola, porém a sua responsabilidade einteresse de mudança é que faz com que ele deixe em evidência osseus problemas e frequente as aulas, a assiduidade é um fatornecessário para a aprovação deste aluno junto com o seu rendimento.
Neste item, 83% dos alunos demonstraram arrependimentopor não ter estudado na infância, é notório que nem todostiveram oportunidade de ingressar na escola na infância,outros tiveram, mas não souberam aproveitar, 17%demonstraram não se arrepender.
Neste quesito, 25% dos alunos estão freqüentando a EJA como único objetivo de aprender ler e escrever e 75% pretendemcontinuar os estudos e fazer um curso com formação superior; ouseja, usar a educação como fator de mudança, ascensão social. Deacordo com Cagliari (1992, p.80): “A convencionalidade da linguagemnão rege só as relações entre os signos lingüísticos e o mundo, masestá presa também a valores sociais econômicos, ideológicos,políticos e religiosos.
Considerações finais
Alfabetizar vai muito além de compreender signos linguísticos, ao setratar de jovens e adultos ela se torna uma perspectiva de mudança.No primeiro capítulo foi possível perceber como se deu o processo dealfabetização ao longo dos anos, e perceber como ele acontece nosdias atuais.
O segundo capítulo, além da educação popular, abordou o perfil deprofessores e alunos da EJA, abordou a evasão que é preocupação
de muitos e um fator bastante significante na EJA ao longo dos anos,através desse capítulo foi possível fazer uma reflexão sobre a EJA ecomo ela acontece de maneira eficaz.
No terceiro capítulo foi possível enxergar os anseios depessoas que não tiveram oportunidades de estudar em tempo escolare muitos que tiveram, porém não demonstraram interesse em estudarna infância e hoje se arrependem de não ter aproveitado asoportunidades que a vida lhes ofereceu.
É gratificante perceber por meio do convívio que existem pessoas quemesmo após um longo dia de trabalho sentem prazer em freqüentaras aulas como foi observado na pesquisa apresentada neste trabalho;a maioria dos alunos entrevistados trabalha fora durante o dia e aindaassim freqüenta as aulas a noite, isso mostra que tais alunos possuemobjetivos e estão ali lutando por eles, a maioria deles ingressou naescola na fase adulta porque não teve condições de permanecer ouingressar na escola ainda na infância e arrependemse por não têlofeito, ainda que não dependesse deles a sua estadia no ambienteescolar; atualmente a maioria freqüenta por vontade própriaindependente de suas limitações, é válido ressaltar que é louváveltambém a atitude da minoria que frequenta por necessidade ouobrigação, mas não desiste de frequentar; notase que eles tambémacreditam na educação escolar como uma forma de mudança, casocontrário não estariam ali, contribuiriam para a evasão que nestaescola onde se realizou a pesquisa o número é menor que 50% e acausa da evasão são fatores cotidianos como tempo, cansaço,problemas pessoais, entre outros.
Ao analisar a segunda questão, tivemos a certeza que os professoresnão se prendem a um único método, o que favorece o aprendizado doaluno, e a 5ª questão mostra como é fundamental usar meios paraincentivar os alunos (dinâmicas, músicas, história, entre outras) noprocesso de ensinoaprendizagem; o gráfico – 05 mostra que 83%dos alunos sentem prazer em freqüentar as aulas, isso demonstra ointeresse destes alunos em uma nova perspectiva de vida.
Com essa pesquisa foi possível constatar que os alunos esperam daEJA muito mais que aprender, ler e escrever, eles pretendemcontinuar os estudos e utilizálo para a sua formação crítica e social,eles enxergam a escola como uma chance, uma oportunidade paraum futuro melhor.
É perceptível que os professores alfabetizadores são fundamentaispara o crescimento pessoal e intelectual desses alunos e a maioriados professores trabalham com EJA por escolha própria por gostar edesejar ajudar os outros com oseu conhecimento, para isso muitasvezes eles usam vários meios para incentivar a aquisição deaprendizagem e a permanência dos alunos na escola; os professores
são conscientes de que não é fácil para um adulto que trabalha emuitas vezes têm problemas pessoais permanecer na escola; osalunos que eles recebem apresentam níveis diferentes deaprendizagem ao chegar na escola e todos os professoresentrevistados afirmaram utilizar práticas metodológicas diferentes paracada situação, de acordo com a maioria dos professores eles nãorecebem satisfatoriamente da secretaria de educação formaçãocontinuada e notase com apesquisa bibliográfica que esta oferta éfundamental para o docente.
O tema, Alfabetização de Jovens e Adultos, está sempre em focoentre docentes, governo e comunidade, pois a educação como umtodo e principalmente a escolar é sinônimo de perspectiva demudança de conscientização de formação crítica e ética.
Uma das dificuldades de realizar a pesquisa de campo é adisponibilidade de professores em responder ao questionário, muitosalegam falta de tempo, mas ainda assim a contribuição dada podeacrescentar a proposta do trabalho; os dados coletados puderamcomprovar as hipóteses levantadas ao realizar o projeto de pesquisa emostrar como acontece a prática da EJA nas escolas públicas.
Pude constatar que os sonhos de muitos Jovens e Adultos emsealfabetizar, as vezes não se torna realidadepor estes deixarem queas limitações que a vida lhes oferece superem as suas expectativas,em contrapartida muitos destes alunos enfrentam todas as barreiraselutam para a sua realização pessoal.
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APÊNDICE
Caro(a) professor(a), este questionário tem como finalidade subsidiaruma pesquisa de campo para o TCC a fim de adquirir um título degraduação em pedagogia
Questionário do Professor( a)
1)Você leciona no EJA por gosto e escolha própria?
() Sim() Não
Comentários:_________________________________________________________
2)Você utiliza:
() Metodologia específica para alfabetizar ou
() Utiliza práticas metodológicas diferenciadas de acordo com asituação?
Comentários:_____________________________________________________
3)Na sua opinião a Secretaria de Educação oferecesatisfatoriamente formação continuada aos seus professoresalfabetizadores?
() Sim() Não
Comentários:________________________________________________________
4)Nas suas turmas o nível de evasão escolar:
() é menor que 50%?
() está acima de 50%?
5)Além da(s) metodologia(s) que você utiliza você adota outrosmeios como incentivo ao processo de ensino aprendizagem deseus alunos?
() Sim() Não
Comentários:________________________________________________________
6)Na sua opinião o que causa a evasão:
() é o desinteresse do aluno
() são motivos causados pela vivência cotidiana
Comentários:________________________________________________________
Tags: alfabetização, astecnicasutilizadasnaeja,conhecimento, EJA, formação crítica e social, LDB,metodologias, motivação, Paulo Freire, projetos, visão domundo
Caro(a) aluno(a), este questionário tem como finalidade subsidiaruma pesquisa de campo para o TCC a fim de adquirir um título degraduação em pedagogia.
Questionário do Aluno
1)Por qual motivo você ingressou em uma turma de EJA nestafase da vida.
() decisão própria.
() não teve condições de permanecer na escola durante a infância.
2)Você frequenta as aulas com prazer:
() Sim () Não
3)Você trabalha durante o dia?
() Sim() Não
4)Você frequenta as aulas por vontade própria ou pornecessidade e/ou obrigação?
() vontade própria.
() necessidade e/ou obrigação
5)Você se arrepende por não ter continuado os estudos nainfância?
() Sim() Não
6)Você deseja:
() apenas aprender ler e escrever.
() continuar os estudos e fazer um curso com formação superior.
CONHECER COMOSE APRENDEPARA SABERCOMO ENSINAR
APOSTILA: MAISDE 2000DESENHOS PARAMONTARATIVIDADES
O SEU FILHOENTROU ESTEANO PARA AESCOLA? DICASPARA O SUCESSO
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