elementos da iconografia da serra catarinense

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ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE O livro Elementos da Iconografia da Serra Catarinense apresenta de forma pioneira um estudo iconográfico específico de uma região. Através de um trabalho em equipe entre profissionais e especialistas das mais diversas áreas e em parceria com universidades locais, foram levantadas minuciosamente as mais importantes referências regionais e seu contexto histórico e cultural. As belas fotografias, os textos e os símbolos não pretendem ser meramente ilustrativos, mas são um patrimônio que poderá agregar valores a produtos e serviços na região serrana, além de contribuir para a pesquisa iconográfica e o resgate da cultura material e imaterial. ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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Page 1: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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O livro Elementos da Iconografi a da Serra Catarinense apresenta de forma

pioneira um estudo iconográfi co específi co de uma região. Através de um

trabalho em equipe entre profi ssionais e especialistas das mais diversas áreas

e em parceria com universidades locais, foram levantadas minuciosamente

as mais importantes referências regionais e seu contexto histórico e cultural.

As belas fotografi as, os textos e os símbolos não pretendem ser meramente

ilustrativos, mas são um patrimônio que poderá agregar valores a produtos e

serviços na região serrana, além de contribuir para a pesquisa iconográfi ca e

o resgate da cultura material e imaterial.

ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

Page 5: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

Todos os direitos reservados e protegidos por lei de 19/2/1998. Nenhuma parte

deste material, texto ou imagens, poderá ser reproduzida nem transmitida

sem autorização prévia por escrito do(s) autor(es), sejam quais forem os meios

empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação.

DIEDERICHSEN, Lars Jorge e outros

Elementos da Iconografi a da Serra Catarinense.

Florianópolis: Sebrae/SC, 2006.

1. Iconografi a. 2. Santa Catarina 3. Sebrae 4. Design

I. Título

Page 6: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

CONSELHO DELIBERATIVO

Presidente: Antônio Edmundo Pacheco

ENTIDADES QUE COMPÕEM O CONSELHO DELIBERATIVO

Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina - FECOMÉRCIO

Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina - FACISC

Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC

Fundação Centros de Referência em Tecnologia Inovadoras - CERTI

Banco do Brasil S.A

Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE

Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina – FAESC

Federação das Associações das Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina - FAMPESC

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE

Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina - BADESC

Caixa Econômica Federal - CEF

Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina - FCDL

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

DIRETORIA SEBRAE/SC

CARLOS GUILHERME ZIGELLI – Diretor Superintendente

ANACLETO ÂNGELO ORTIGARA – Diretor Técnico

JOSÉ ALAOR BERNARDES – Diretor Administrativo Financeiro

SPYROS ACHYLLES DIAMANTARAS – Gerente de Comunicação e Mercado

SORAYA TONELLI – Desenvolvimentos de Projetos

MARCONDES DA SILVA CÂNDIDO - Gerente de Projetos Regionais e Setoriais

CARLOS ROBERTO MENEZES - Gestor de Turismo e Artesanato

PAULO CÉSAR SABBATINI ROCHA - Agente de Articulação

DANIEL KELLER ALVEZ - Consultor

ROBERTA TEALDI FOGAÇA - Assistente

EQUIPE TÉCNICA

Especialistas

Lucélia L. Rodrigues

Alceu R. Santos

Cláudio Silveira

Cíntia Studzinski Rafael Antunes

Antonio Rogério de Macedo

Cleberson Espíndola

Tere Arruda

Chica Grass

Vivian V. R. Brandão

Marcelo Kowalski

Margareth C.F. Merkle

Antonio Edu Arruda

Pedro Donizete de Souza

Ana Paula Kuhn Gocks

Vera Rute Cruz da Silveira

Mercedes Maria Gevaerd

Rudimar Cifuentes

Zilma Isabel P.

Rosa Werner

Iolanda M. de Lima Zanella

Regina Ap. Córdova

Paulo César S. Rocha

Daniel Keller Alvez

James Faraco Amorim

TEXTOS

Iáscara Almeida Varela

James Faraco Amorim

Lars Diederichsen

Nelson Camargo (ABCCL)

Ulisses de Arruda Córdova

FOTOGRAFIAS

Anders Adq

Antonio Macedo

Anselmo

Cláudio Silveira

James Faraco Amorim

Lars Diederichsen

Luiz

Museu Thiago de Castro

Ricardo Almeida

Ricardo Vagner

CONSULTORIA

Lars Diederichsen

DESIGN E CONCEPÇÃO

Lars Diederichsen, Terra Design, São Paulo

Renata Bressan, Terra Design, São Paulo

Agradecimentos

UNIPLAC

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Page 8: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

APRESENTAÇÃO

O artesanato da Serra Catarinense tem mostrado um grande avanço em relação a qualidade, organização, apresentação

e locais de comercialização. Mas a falta de uma identidade restringe a venda de muitos produtos ao mercado local.

O Sebrae e parceiros, com o objetivo de fornecer aos artesãos locais e ao público em geral um acervo de imagens,

textos e representações gráfi cas que possam fortalecer a identidade do produto local, lançam o livro Elementos da Iconografi a

da Serra Catarinense. O acervo iconográfi co apresentado, além de aumentar o valor agregado do artesanato local, ajudará

a fortalecer a identifi cação da população com sua região.

Com a ajuda de um grupo de especialistas de várias áreas, foram identifi cados os elementos mais representativos

da iconografi a da região, encontrados nas artes, na arquitetura, nas paisagens, nos artefatos, na fauna, na fl ora, no folclore

e nas tradições populares. O livro traz belas imagens, representações gráfi cas e um texto especialmente elaborado para

permitir ao leitor entender o ícone dentro de sua realidade histórica e cultural e ainda ampliar seus conhecimentos sobre a

fauna e a fl ora locais.

O maior desafi o será, sem dúvida, promover e disseminar o conteúdo desse acervo para que ele possa fazer parte

do repertório comum. O ícone somente agregará valor aos produtos se ele for reconhecido por sua imagem e seu signifi cado

como elemento da cultura local.

A publicação servirá como ferramenta para o fortalecimento do artesanato local, acrescentando valor aos produtos

regionais; à economia local, como fomento ao turismo e educação dos jovens; como livro de referência, elevando a auto-

estima e evidenciando nossos patrimônios culturais e humanos.

CARLOS GUILHERME ZIGELLI

Diretor-superintendente

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Page 10: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

METODOLOGIA

Ao observarmos pinturas, obras arquitetônicas, até mesmo simples objetos decorados, peças bordadas ou entalhadas,

é comum nos depararmos com a pergunta: o que esses objetos signifi cam? O que se esconde por trás deles?

Nem sempre os adornos são legíveis ou de fácil interpretação. Esse conteúdo muitas vezes “escondido”, outras

claramente visível, é designado como conteúdo simbólico. Esse elemento simbólico na imagem é um valor implícito,

um intermediário entre a realidade reconhecível e o reino místico e invisível, estendendo-se, portanto, desde o que é

conscientemente compreensível até o campo do inconsciente. Nesse sentido, pode-se dizer que o artista ou artesão é, na

verdade, um mediador entre o mundo visível e o invisível. Um ícone cuja beleza, muitas vezes realçada por certa estilização,

destina-se inteiramente a revelar o conteúdo simbólico e inspirar o observador. O ícone teve, desde os primórdios de nossa

história, uma função importante na visualização do conteúdo simbólico. Os vasos decorados, as pinturas rupestres e outras

manifestações artísticas do homem são claros exemplos. Um dos ícones ou símbolos mais estilizados é o da cruz: Cristo crucifi cado.

Imagens simples, estilizadas através de um ícone, facilitam sua leitura como portadora de um vasto conteúdo

simbólico do ideário de um povo. Como as imagens se transformam em sinais simbólicos?

O ponto de partida de nossa pesquisa foi a identifi cação dos elementos mais representativos da cultura da Serra

Catarinense, encontrados nas manifestações culturais, que chamamos de ambiente cultural, e na manifestação da natureza

ou do ambiente natural. O ambiente cultural compreende as ações do habitante da serra através de sua arquitetura, seus

artefatos, do folclore, da culinária, das crenças e manifestações populares, compondo um vasto repertório de cultura material

e imaterial. Do ambiente natural, por outro lado, fazem parte as principais características naturais da região, como sua fauna,

sua vasta fl ora e seus atrativos naturais, como cachoeiras, rios e relevos.

Com a pesquisa em mãos, levantamos com os fotógrafos locais um banco de imagens que serviu como base para a

interpretação gráfi ca dos ícones, cujas representações pictóricas foram estilizadas. Os ícones como portadores deste conteúdo

e signifi cado da cultura local somente serão reconhecidos se fi zerem parte do repertório do observador, que poderá, através

dos textos e fotografi as, compreender, apreender e absorver a rica e vasta cultura da Serra Catarinense.

Embora este acervo tenha como público-alvo os artesãos que poderão aplicar os ícones nas diversas técnicas manuais,

agregando valores culturais e econômicos aos seus produtos, poderá ser utilizado também por todos os interessados em

preservar, pesquisar e difundir os valores culturais locais.

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INTRODUÇÃO

Este trabalho é mais uma iniciativa do Sebrae-SC, através do escritório regional de Lages, visando oferecer

ferramentas que possam estimular as micro e pequenas empresas da região serrana a se tornarem competitivas através de

valores como a identidade e a diferenciação.

O livro Elementos da Iconografi a da Serra Catarinense apresenta de forma pioneira um estudo iconográfi co específi co

de uma região. Através de um trabalho em equipe entre profi ssionais e especialistas das mais diversas áreas e em parceria com

universidades locais, foram levantadas minuciosamente as mais importantes referências regionais e seu contexto histórico e

cultural. As belas fotografi as, os textos e os símbolos não pretendem ser meramente ilustrativos, mas são um patrimônio que

poderá agregar valores a produtos e serviços na região serrana, além de contribuir para a pesquisa iconográfi ca e o resgate

da cultura material e imaterial.

Convido vocês a viajar conosco através da cultura e das belezas naturais da Serra Catarinense.

LARS DIEDERICHSEN

Coordenador do projeto

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REGIÃO DA SERRA CATARINENSE

Araucária

Uva

PedraFurada

Cachoeira

Truta

Igreja Nossa Senhora de Lourdes

Gado lageano

Caminho de Bom Jardim da Serra

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Page 16: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

15Igreja Nossa Senhora de Lourdes em Morrinhos

Foto por Ricardo Almeida

AMBIENTE CULTURAL

TropeirismoFazendas

GastronomiaReligiosidade

LagesPrefeitura

Colégio Vidal RamosCatedral Diocesana

Ciclo da madeiraMercado Municipal

Edifício dos Correios e TelégrafosEdifício Doutor Acácio

Cine Marajoara

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CRONOLOGIA

Ciclo da MadeiraÍcones:LocomóvelSerrariasCasas de MadeiraTurfeArt Déco

1900 1930 196017961766

Colonização

Fundação de Lages

Depressão econômicaTropeirismo

Ícones:FazendasCorredor de TaipasFestas e religiosidadeLendas e CausosCulinária (coalhada, doces, queijos, conservas, café tropeiro, charque, carreteiro, revirado)Vestimentas e FerramentasRodeio Cavalgada

Ícones:UvaPinusKiwiMaçã

Kaingang Xokleng

Ícones:1º Plano DiretorTanqueCacimbaArq. Colonial e AçorianaMercado Antigo 1880Convento 1890

Ícones:Palácio MunicipalCatedral 1922Colégio Vidal Ramos 1913Jardim Vidal Ramos

O ambiente cultural compreende

as manifestações da cultura local através da

materialidade de suas edifi cações, praças,

traçados urbanos, objetos e ferramentas do

cotidiano e seu patrimônio imaterial, sua culi-

nária, suas lendas, a religiosidade; enfi m, o

saber e o saber fazer as coisas na Serra Cata-

rinense.

A partir de uma linha traçada através

do tempo, buscou-se visualizar e contextuali-

zar os elementos da cultura local capazes de

dar legitimidade e força aos ícones identifi -

cados. Os ícones mais importantes estão lo-

calizados cronologicamente no seu contexto

histórico-cultural.

Page 19: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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A ocupação ofi cial da região do planalto catarinense

iniciou-se no século XVIII, com a chegada dos paulistas. Mas é

importante mencionar que essas não eram terras vazias à espera

da civilização ocidental. Elas já eram habitadas por grupos

indígenas das nações xoclengue e caingangue, que nesse processo

de ocupação foram aprisionados, expulsos ou aniquilados

em curto tempo, mas ainda estão presentes na cultura local,

através dos costumes alimentares, da medicina popular e da

materialidade dos sítios arqueológicos ainda encontrados na

região, como, por exemplo, as pontas de fl echas e as pinturas

rupestres encontradas na região de Urubici.

Razões geopolíticas e militares vinculadas às disputas

territoriais entre as coroas espanhola e portuguesa, assim como

razões estratégicas de abastecimento da região de Minas Gerais,

A OCUPAÇÃO DA SERRAdeterminaram no início do século XVIII a ocupação ofi cial eu-

ropéia na região. Os muares, criados nos campos do sul, foram

introduzidos em resposta ao desumano, caro e pouco efi ciente

meio de transporte escravo, indispensável no atendimento à cor-

rida desenfreada do ouro.

Foi nesse contexto que se originaram o tropeirismo e as

conseqüentes políticas de ocupação da Região Sul. O tropeirismo

possibilitou a toda a porção meridional do Brasil uma confi gura-

ção diferenciada. Primeiramente porque foram os tropeiros que

efetivaram a política de ocupação e manutenção das fronteiras

da região; em segundo lugar porque, ao ser um sistema voltado

para a circulação e o abastecimento internos, as relações e a

divisão social e territorial do trabalho eram diferenciadas; em

terceiro, porque possibilitou, mesmo que de forma rudimentar,

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Page 20: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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1. Tropeiros (Arquivo Rogério Macedo)

2. Tropeiros (Arq. Museu Thiago de Castro)

3. Peão de fazenda (Ricardo Almeida)

4. Peão de fazenda (Ricardo Almeida)

5. Mangueira (Ricardo Almeida)

6. Corredor de Taipas (Ricardo Almeida)

a comunicação entre os mais distantes e isolados povoados, vilas

e cidades, através de um complexo de rotas e trilhas que passou

a cortar todo o território, e, por fi m, ensejou o surgimento de

inúmeras vilas e cidades ao longo das rotas.

O tropeirismo, como força econômica, social e cultural

dinamizadora da Região Sul, e a fundação da Vila de Lages, em

decorrência, são fatos vinculados ao ciclo colonial da economia

escravista mineira, então em seu apogeu.

Em meados do século XVIII, o sargento-mor Souza

Farias realizou a primeira viagem para o sul, e, em 1733,

Cristóvão Pereira de Abreu, para aperfeiçoar e encurtar o

caminho, estabeleceu outra rota ligando Viamão, na província

de São Pedro, à feira de Sorocaba, na capitania de São Paulo.

Ofi cializou-se, assim, o “Real Caminho de Viamão”, que se

tornou o principal eixo de ligação entre o sul e o centro do Brasil.

Ainda é possível ver as marcas do período através da

presença única dos “corredores de taipas” e a arquitetura

luso-brasileira nas sedes das fazendas, o modo de vida que

se revela nas lidas campeiras, na culinária, nas festas, nas

práticas do pixurum (mutirão), na linguagem, no modo de

vestir, na religiosidade, na utilização das ervas medicinais, nas

benzedeiras, no acolhimento, enfi m, no modo de produzir e

reproduzir a existência.

A divisa entre as Capitanias de São Pedro e São Paulo

é demarcada pelo leito do rio Pelotas. Nele situa-se o Passo de

Santa Vitória, na região denominada de Coxilha Rica. Este passo

servia como posto alfandegário do Real Caminho de Viamão por

ser um local privilegiado de acesso para ambas as margens do

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Page 21: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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Rio Pelotas. Possui lajes de pedra em forma de suave escadaria

desde a água, nos dois sentidos da travessia; além disso, o

represamento do Pelotas pelo ingresso do Rio dos Touros forma

o poço onde era feita a passagem das tropas. Na margem

direita, do lado catarinense, em aclive acentuado, foi construído

o acesso que demanda a ampla mangueira, curral usado para

confi namento do gado, geralmente em forma de círculo.

Com a abertura do Caminho das Tropas, estabeleceu-

se a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lages, cujo

fundador, Antonio Correia Pinto de Macedo, foi nomeado pelo

Governador da Capitania de São Paulo, Morgado de Matheus,

para tal fi m. A vila assegurou as fronteiras para a coroa

portuguesa e serviu de entreposto no caminho das tropas.

Esse período foi responsável pela confi guração da cidade

e a passagem dos tropeiros nessa região delineou um modo de

vida para essa sociedade, baseada na economia rural.

Após duas tentativas fracassadas de fundar a vila, a

primeira na chapada do Cajurú, localidade de Morrinhos, e a

segunda em Correia Pinto Velho, às margens do Rio Canoas se

instala em 1766 defi nitivamente a Vila das Lagens. Em 1910, a

vila contava com 15 casas de moradia, alguns ranchos, igreja,

uma biblioteca, um clube (Social, Literário e Recreativo Sete de

Setembro), um bodegão, uma pousada e um cemitério.

Ao longo do Caminho das Tropas, foram se organizando

sedes de fazendas, pousos, cemitérios, igrejas, vilas, povoados e

bodegões, novos espaços de interações sociais, de trocas de bens,

de informações e mercadorias. Construíram-se, dessa forma,

as diferentes identidades culturais e étnicas da população da

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Page 22: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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7. Fazenda São João (Ricardo Almeida)

8. Fazenda Cajurú (Ricardo Almeida)

9. Fazenda Cajurú - detalhe (Ricardo Almeida) 10. Chifre de carneiro (Ricardo Almeida)

11. Fazenda São João (Ricardo Almeida)

Serra Catarinense, cujos sujeitos sociais eram índios, brancos,

negros, caboclos e eurodescendentes que se fi xaram mais ao

norte do estado. De fato, “o que se tem mostrado é que os

caminhos, mais do que condutores de veículos, mercadorias,

passageiros, são condutores de história e memórias. Caminhos

são testemunhos de cultura e de vida; são espaços que permitem

a troca e a refl exão, o trabalho e o lazer” (Santos, 2001).

Inúmeras fazendas da época dos tropeiros sobrevivem

até hoje. Além de se constituir em rico patrimônio cultural,

oferecem inúmeras potencialidades para o turismo rural. A

Fazenda Cajurú, datada de 1865 e tombada em 1980 por lei

estadual, representa hoje o mais importante remanescente

arquitetônico do período de ocupação ofi cial da Serra. A Fazenda

Tijolinho não segue a tradição luso-brasileira da maioria: feita

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Page 23: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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em tijolo aparente, é oriunda da tradição italiana.

Na Fazenda Igrejinha é possível avistar o gado da raça

Crioula Lajeana. As fazendas são cuidadosamente projetadas e

implantadas com respeito ao conforto térmico, às orientações

solares, aos espaços de trabalho e aos lugares íntimos da família.

Em todos eles estão as taipas, feitas de pedras encaixadas, sem

recortes nem entalhes e com junta seca. Sua construção segue

uma ordem: nas áreas de serviço ou no campo, as taipas são

menos elaboradas; já nas áreas nobres, ou seja, na casa e em seu

entorno, são construídas de forma mais cuidadosa e bem acabada.

Em algumas edifi cações observa-se certa preocupação

com a pintura, em que aparecem elementos decorativos.

FAZENDAS

12 13 14

Page 24: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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12. Preparo do camargo 13. Pães e comidas típicas 14. Compotas 15. Cavalo e celas16. Arreio e laço artesanal17. Arreio e laço artesanal(Fotos Ricardo Almeida)

Nos galpões, além das atividades de manejo dos animais,

como o brete, por onde se leva o gado para marcá-lo, curá-lo,

vaciná-lo, pesá-lo, conduzi-lo ao banho, é comum encontrarmos

vaqueiros ordenhando ou preparando o típico café tropeiro com

leite fresco, chamado camargo. No interior das casas, na chapa

do fogão à lenha, encontram-se o pinhão assado, o café e o leite

quente, e, no forno, a rosquinha de coalhada. Sobre a mesa,

esperam os derivados de leite, como a nata, diferentes tipos

de queijo, a manteiga, a coalhada, o salame e o queijo caseiro

de porco, o mel e os doces, também caseiros, de pêssego,

marmelo, goiaba nativa, maçã, pêra, gila, fi go, broas, bolachas,

pães e bolos.

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Page 25: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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Page 26: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

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18. Cemitério x??? (Ricardo Almeida)

19. Cemitério dos Ramos (Ricardo Almeida)

20. Frontispício da Igreja do Conventinho dos Franciscanos (James Faraco Amorim)

21. Torre dos fundos da Igreja do Conventinho dos Franciscanos (James Faraco Amorim)

22. Torre central da Igreja da Santa Cruz (James Faraco Amorim)

23.Igreja Nossa Senhora de Lourdes (Ricardo Almeida)

24. Altar na Fazenda Cajuru (Ricardo Almeida)

25. Tapete de Corpus Christi em Lages (Ricardo Vagner)

As igrejas como a de Nossa Senhora de Lourdes em

Morrinhos, pontos de encontro das comunidades geografi camente

dispersas, são o espaço onde a comunidade realiza suas reuniões

mensais, celebra sua religiosidade e sepulta seus mortos. A

Igreja de Nossa Senhora de Lourdes comemora sua padroeira

em fevereiro, quando é realizada sua festa anual.

Os fi eis confeccionam tapetes coloridos e tomam as ruas

e avenidas no mês de junho, na procissão de Corpus Christi que

lembra a eucaristia, um dos sete sacramentos da Igreja Católica.

Os cemitérios fazem parte da paisagem rural,

testemunhando o encontro da vida com a morte, celebrado por

essas populações originárias.

23 24 25

Page 27: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

26

A CIDADE DE LAGES Em mais de dois séculos de história, Lages constituiu-

se em pólo da região serrana de Santa Catarina. Ao longo do

tempo, a “Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens” viu

surgir a cidade de Lages, hoje com quase 200 mil habitantes,

rica em patrimônio cultural e natural.

A cidade encontra-se a cerca de 900 metros acima do

nível do mar. Tem clima subtropical, com temperatura média

anual de 15,6 graus centígrados, e a temperatura média do mês

mais frio se situa entre 3 e 18 graus centígrados.

Segundo Ítalo Calvino, “a cidade não conta seu passado,

ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas,

nas grades das janelas, nos corrimões das escadas, nas antenas

dos pára-raios, nos mastros das bandeiras...”. Descobrindo

essa cidade, encontram-se marcas de todos os tempos, seja

nos remanescentes da arquitetura colonial, com alguns poucos

exemplares espalhados pela cidade, seja na predominância da

arquitetura Art déco, marca do ciclo econômico da madeira e do

processo de urbanização e modernização da cidade.

Por mais de um século, a economia pecuária foi a

principal atividade da região. Ainda estão presentes na cidade

marcas desse período como por exemplo a Cacimba de Santa

Cruz. Serviu como fonte abastecedora de água potável para

consumo dos tropeiros e viajantes que ali acampavam e para

toda a população da Vila de Lages. Tropeiros e viajantes foram

26 27 28

Page 28: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

LENDA DA SERPENTE DO TANQUE Nas segundas-feiras, no tanque, as lavadeiras, debruçadas sobre as tábuas, torcendo as roupas dos senhores coronéis e de suas famílias, trabalhavam enquanto batiam aquele papo gostoso do dia-a-dia. Em meio a essas conversas, as histórias iam sendo contadas e a lenda do tanque se repetia no palavreado simples das mulheres que ali lavavam suas roupas. A história narrada era de que uma mãe solteira, para encobrir o fruto de sua vergonha, jogara a criança naquele tanque onde estavam a labutar. Estranhamente, todavia, a criança não morrera, mas se transformara numa cobra. Contavam elas que a cabeça da cobra permanecera ali no tanque e a cauda se encontrava no Rio Carahá, estendida em todo o seu percurso. Nossa Senhora, a padroeira de Lages, ciente do hediondo crime praticado pela desnaturada mãe, prendia com os pés a cabeça da moderna hidra ao berço úmido da desgraça mítica, procurando assim evitar que a criança, transmutada em monstro, se revelasse ao mundo. No dia em que a santa abandonasse esse propósito, a cidade seria totalmente tomada pelas águas, escapando somente da enchente a Cacimba da Santa Cruz. Diversas vezes notou-se verídica a previsão, pois quando era tirada a imagem da santa de seu altar, na catedral, mesmo em procissões, começava a chover torrencialmente, parecendo que o mundo ia se desfazer em água. Porém, bastava retornar a imagem da santa a seu altar que o sol voltava a brilhar, afastando-se assim a promessa do cumprimento do trágico cataclisma. O relato das mulheres lavadeiras se espalhou por toda a cidade e o medo se apossou de todos, vindo assim a fazer com que as mulheres nunca comparecessem sozinhas ao tanque, sempre acompanhadas ou em grupos. Ninguém se atrevia a passar a noite naquele ermo, porque, ao lado do coaxar dos sapos, ouvia-se plangente e lúgubre o grito de um ser perdido em angústia e desesperança.

26. Praça do mercado em Lages na década de 30 (Antonio R. Macedo)

27. Picnic no Salto (Arq. Museu Thiago de Castro )

28. Parque Jonas Ramos - Tanque (Lars Diederichsen)

29. Cacimba (Lars Diederichsen)

30. Cavalgada (Gugu Garcia)

incentivados pelo fundador a fazerem parada e pousada na

colina, ao argumento de que o local oferecia uma ótima visão da

região, pastagem e principalmente água pura e cristalina para

o consumo, além do privilégio de estarem próximos à vila. Com

a canalização de água nas residências, a Cacimba foi desativada

em 1968. Soterrada por algum tempo, foi restaurada em 1976.

Outro ícone da cidade antiga é o Parque Jonas Ramos,

mais conhecido como Tanque. Foi construído em 1771 como um

espaço para as mulheres lavarem as roupas em um ambiente

protegido de ataques de animais e de tribos indígenas. O tanque

inspirou a famosa Lenda da Serpente do Tanque.

29 30

27

Page 29: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

28

O processo de urbanização da cidade de Lages teve como

característica básica a utilização dos critérios de demarcação

indicadores do período colonial, ainda presentes no traçado

urbano em formato xadrez, construído a partir de três praças

centrais, unidas pela Rua Nereu Ramos. A Praça do Mercado,

local das feiras, do comércio, espaço privilegiado de

interação com o campo; a Praça Municipal,

palco dos comícios, do teatro e

também do comércio; e,

por fi m, a Praça da

Igreja, espaço de

sociabilidade

e de eventos

públicos.

31 32 33

Page 30: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

29

31. Praça Vidal Ramos em 1945 (Arquivo Antonio R. Macedo)

32. Fachada da Prefeitura de Lages (Lars Diederichsen)

33. e 34. Detalhes da fachada da Prefeitura (Lars Diederichsen)

35. Colégio Vidal Ramos (Antonio R. Macedo)

36. Portão do Colégio (Antonio R. Macedo)

O fi m do século XIX caracterizou-se pela expansão do

poder da oligarquia rural, que conseguiu representatividade

política estadual e nacional, atraindo para a região

importantes investimentos nas áreas sociais. A construção, em

1902, do Paço Municipal refl etiu esse momento político.

A grandiosa obra do Palácio Municipal teve início em 29

de outubro de 1898, com a colocação da pedra fundamental.

A obra teve como diretor-técnico o frei Feliciano Schlag.

Foi feita do mesmo material da catedral, uma pedra abundante

na região. O prédio recebeu uma reforma e, com o aterramento

da rua desapareceu a escadaria. Um segundo pavimento foi

erguido, porém mantendo as características iniciais do projeto.

Dez anos mais tarde, o governo do estado inaugurou

em Lages a primeira escola pública e laica de Santa Catarina,

o Colégio Vidal Ramos. Com construção em estilo neoclássico,

foi o primeiro grupo escolar-“modelo” de Santa Catarina e a

primeira escola estadual em Lages, inaugurada em 1912. Foi

tombada pelo governo do estado como patrimônio histórico em

1984. A construção da Catedral Diocesana foi também um marco

desse período, cuja arquitetura se caracteriza pela infl uência

centro-européia. Erguida em blocos de arenito, ou pedra laje,

pelos padres franciscanos, encabeçados pelo frei Rogério

Neuhaus, foi concluída em 1922, após dez anos de construção.

Seus vitrais importados da Alemanha, o altar-mor, em estilo

gótico, as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das

Dores, também vindas da Alemanha, são uma atração à parte.

34 35 36

Page 31: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

30

A Capela e o Convento de São José foram

iniciados em 1915 também pelos frades franciscanos. Trata-se de

uma edifi cação de tijolo aparente e pedras de arenito, sendo a mais

importante dentro dessas características no planalto catarinense.

A infl uência européia é visível também em locais públicos,

como a Praça Vidal Ramos, anteriormente espaço do mercado.

Era nesse lugar que aconteciam, mais do que relações comerciais,

encontros de troca de mercadorias, informações e modos de vida.

Quem freqüentava as feiras do mercado eram pessoas simples,

trabalhadores da cidade e do interior, como mostra um artigo

publicado na década de 80 como “Notas em Arquivo”:

37 38 39 40

Page 32: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

31

37. Vitral da Catedral Diocesana Nossa Senhora dos Prazeres(Lars Diederichsen)

38. Vista aérea da Catedral (Gugu Garcia)

39. Vitral da Catedral (James Faraco Amorim)

40. Piso da Catedral (Lars Diederichsen)

41. Dobradiça da porta da Igreja Presbiteriana (Lars Diederichsen)

42. Parte superior da porta da Igreja do Convento dos Franciscanos

“Lembro tipos humanos; compradores na pechincha sempre engambelados

pelo nosso jeca, que somente fazia contas de cabeça, com uma rapidez

incrível, empenhando todo mundo. Mercadorias expostas dentro e fora

das bruacas de couro cru, enfi leiradas na calçada de pedra laje, rosário

de castanhas, cestos de butia, arroz-doce da tia Chica ou Marcolina e um

favo juntando abelhas no braço seco e preto da tia Maria cega, pinhão,

batata, feijão e batata-doce, tudo vendido em quartas e meias-quartas...”

Esse tipo de mercado, característico da época dos

tropeiros, deu lugar a um novo e bem equipado mercado público,

construído na década de 40. Na primeira metade do século XX

as relações econômicas, sociais e culturais da região sofreram

profundas mudanças.

41 42

Page 33: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

32

CICLO DA MADEIRA A partir da década de 40, iniciou-se um período de

desenvolvimento econômico e social da Serra Catarinense: o

ciclo da madeira. Caracterizou-se, por um lado, como uma

economia extrativista, durante um longo tempo de “abate” das

fl orestas nativas de araucária. Por outro, foi um momento de

grande efervescência social, política e cultural, evidenciando a

cidade no contexto estadual e nacional e rendendo-lhe o título

de “princesa da serra”.

Nesse contexto, a região recebeu um contingente

enorme de trabalhadores de outras regiões, que vinham para

suprir as necessidades geradas pelas serrarias, tendo como

maior símbolo os locomóveis, geradores de energia. Além dessas

unidades de extração da madeira, instalaram-se na região as

indústrias de pasta mecânica e papeleiras. Pequenos povoados

foram formados em suas imediações, interferindo nas práticas

cotidianas da sociedade local. São dessa época muitas das casas

de construção de madeira, cujas fachadas são enfeitadas com

lambrequins e que fazem parte, ainda hoje, da arquitetura

tradicional da serra.

A cidade, vivenciando um singular momento de

prosperidade, tomou novos ares, correspondendo à expectativa

nacional do período getulista. Essa efervescência pode ser

observada nas construções de teatros, cinemas, prédios para

43 44 45

Page 34: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

33

43. Corte de madeira (Arq. Cláudio R. Silveira)

44. Locomóvel (Arq. Cláudio R. Silveira)

45. Transporte das toras (Arq. Cláudio R. Silveira)

46.Casa em madeira (Antônio R. Macedo) 47.Lambrequim (Antônio R. Macedo)

comércio e moradia no estilo Art déco. Após o auge econômico

do ciclo da madeira veio um período de estagnação: a exploração

extrativista de mais de 80% da mata nativa esgotou as reservas

naturais de araucária e de outras madeiras nobres, gerando

uma grave crise no setor madeireiro a partir de 1960 e causando

a estagnação econômica por um longo período. É importante

ressaltar que o não-investimento na diversifi cação da produção

e na agregação de valor ao produto oriundo da indústria da

madeira contribuíram sobremaneira para o colapso do setor.

Tardiamente iniciou-se o plantio de fl orestas de pinus,

espécie de rápido crescimento, possibilitando, por um lado, o re-

aquecimento do setor fl orestal a partir de meados da década de

80, e, por outro, problemas sociais e ambientais típicos da mo-

nocultura, interferindo na paisagem original da Serra Catarinen-

se, como a Coxilha Rica e as sobreviventes matas de araucária.

O ostracismo econômico entre os anos 60 e 80 permitiu

a ruptura do poder das oligarquias tradicionais, possibilitando

novas práticas políticas através de administrações populares.

46 47

Page 35: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

34

Os mercados, ao longo da história urbana, foram

muitas vezes, senão o motivo principal da fundação de cidades,

sua maior razão de ser. O antigo mercado de Lages, criado em

meados do século XIX, era pleno de centralidade, cumprindo por

um longo período a função de espaço de comercialização, troca

de mercadorias, vivências e saberes. A construção de um novo

mercado público em 1931, trouxe consigo os novos momentos de

modernização que a cidade vivia nesse período.

O estilo arquitetônico presente também nessa edifi cação

é o Art déco, que marca toda essa nova fase de crescimento e

modernização de Lages.

MERCADO MUNICIPAL

48 49 50

Page 36: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

35

48. Mercado Municipal 49. Detalhe da fachada Mercado Municipal 50. Prédio dos Correios e Telégrafos51. e 52. Vitral do Prédio dos Correios(Fotos por Ricardo Almeida)

A disseminação das edifi cações dos Correios por todas as

principais cidades brasileiras corresponde ao período varguista,

constituindo-se em uma estratégia modernizante do Estado Novo.

Entre outras edifi cações públicas desse período, os Correios

correspondem a uma imagem de um estado onipresente e

modernizador. A linguagem arquitetônica desse novo equipamento

urbano é moderna e, sem dúvida por isso, é o Art déco o

recurso mais empregado em todo o Brasil para sua construção.

No caso dos Correios de Lages, obra datada de 1936, a

linguagem do Art déco sofreu infl uências do racionalismo clássico,

presente no coroamento e em detalhes como os ornamentos de

serralheria. Cabe salientar a coerente marcação da entrada,

o jogo volumétrico da composição e o correto desenho da

esquina, formalizando uma arquitetura que reforça o caráter

monumental do edifício.

EDIFÍCIO DOS CORREIOS E TELÉGRAFOS

51 52

Page 37: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

36

Esse edifício de apartamentos, também projetado por

Rau e executado em 1941, parece inaugurar em Lages outro espaço

arquitetônico urbano: o morar coletivo. Sua posição estratégica,

marcando uma das principais esquinas de Lages, na Praça João

Costa, reafi rma sua importância no bojo das transformações da

cidade de então. Estabelece-se aí um diálogo essencialmente

urbano entre o edifício, a esquina e a praça, acentuando o

caráter do cenário assim confi gurado, de um espaço público que

enfatiza uma centralidade moderna, de novos hábitos como o

café, a discussão política ou o simples fl anar descompromissado.

EDIFÍCIO DR. ACCÁCIO

53 54 55 56

Page 38: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

37

53. e 54. Detalhe Edifício Accácio55. Fachada do Edifício Accácio56. Corrimão Ed. Accácio57. Fachada do Cine-teatro Marajoara58. Detalhe luminária Cine-teatro Marajoara59. Coluna iluminada Cine-teatro Marajoara(Fotos por Ricardo de Almeida)

O desenho de apresentação do projeto de Ludwig Rau é

esclarecedor das intenções simbólicas do empreendimento: em

uma cena urbana, uma dama de vestido longo contracena com

um faiscante automóvel atravessando uma larga avenida para

chegar ao cinema. Estão aí colocadas as premissas da inserção do

prédio e de sua função na cidade: o cinema traz a modernidade.

Por outro lado, a volumetria e a plástica do projeto

chamam a atenção do olhar, através da formulação de uma

torre lateral à fachada, propondo marcar a distância pela

verticalização de um elemento compositivo e – essa é sua função

– a chegada de um ícone urbano, tentando aparentemente

rivalizar com a torre da Catedral, essa símbolo de outros

tempos. Demais elementos compositivos da linguagem Art déco

são habilmente empregados na formulação da fachada. Podem

ser salientados aí o equilíbrio entre cheios e vazios, saliências e

TEATRO MARAJOARA

reentrâncias, marcações verticais e horizontais, propondo uma

dinâmica que coerentemente traduz o espírito moderno déco.

Na escala do cidadão passante se fazem notar a proteção

dada pela projeção da marquise, as amplas portas de acesso e

também as texturas e os desenhos da parede externa, como

que o convidando a entrar. Os interiores, então, se sucedem em

uma hierarquia espacial própria do programa de necessidades

de um cine-teatro. O foyer e seu tratamento cenográfi co, com

mobiliário especialmente desenhado, sofás, biombos à frente

das portas dos sanitários, espelhos estratégicos e a indispensável

bombonière certamente davam o tom apropriado ao ato social

de ver e ser visto.

Certamente a construção do Cine-Teatro Marajoara em

1947 foi um marco no processo de modernização de Lages,

tombado pela Lei de Tombamento do Município de Lages desde 1997.

57 58 59

Page 39: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE
Page 40: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

39

REFERÊNCIA CROMÁTICA AMBIENTE CULTURAL

Page 41: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE
Page 42: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

Campos Nativos

Foto por James Faraco Amorim

AMBIENTE NATURAL

Atrativos naturaisFlores e frutos

BorboletasMamíferos

Peixes

41

Page 43: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

42

A chegada à região pelo oeste ou pelo norte não é su-

fi ciente para aparentar maiores alterações na paisagem, que

vêm ocorrendo suavemente – cerca de 700 metros, no extremo

oeste, e cerca de 800 metros, no planalto norte –, até porque

tanto campos quanto a mata de araucária se estendem em uma

e outra direção. Do leste, pela Rodovia BR-282, a Serra Cata-

rinense começa a se mostrar a partir de Bom Retiro, com as

primeiras formações montanhosas do Campo dos Padres.

A aprazível Bom Retiro situa-se num vale entre

montanhas, com a cidade sendo abraçada por bela formação

montanhosa de um lado e pelo Morro da Cruz de outro, por trás

do qual se estende outro vale conhecido hoje como Paraíso da

Serra (antes, Campos de Trás da Serra), passagem de acesso ao

60 61 62

Neste capítulo, apresentamos um percurso através do

ambiente natural da Serra Catarinense, citando os aspectos

característicos típicos da região. É claro que alguns dos ani-

mais, plantas ou paisagens são encontrados em outras regiões,

principalmente naquelas limítrofes, mas são considerados um

patrimônio valioso para os habitantes da serra.

Na Serra Catarinense, área geográfi ca de clima tempe-

rado, situada aproximadamente entre 900 metros e 1.800 metros

de altitude, isso não é diferente. Com clima frio, geadas cons-

tantes e esporádicas nevadas no inverno (ocasião em que são

freqüentes as temperaturas abaixo de 0 grau), de fantástica con-

formação geográfi ca, o planalto sul-catarinense encerra riquíssi-

ma variedade de elementos naturais em cujo seio fervilha vida.

Page 44: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

60. Serra e Nuvens em Urupema (Marcio Oliveira)

61. Pedra Furada (Anselmo Viana Nascimento)

62. Serra do Rio do Rasto (James Fraco Amorim)

63. Canyon em Bom Jardim da Serra (Arq. Luiz Spuldaro)

64. Geada em Urupema (Marcio Oliveira)

Campo dos Padres pelo leste, em cavalgada forçada, íngreme,

de cerca de quatro horas.

Essa formação geográfi ca única, que é contida a sudeste

pelas escarpas, segue em direção a Urubici até as imediações

do Resfriador, na Serra do Panelão, a norte daquela formação,

e o Cânion do Espraiado e a Serra do Corvo Branco – alusão à

ave também conhecida como urubu-rei (Sarcoramphus papa)

–, mais ao sul, de onde se parte para a primeira abrupta e

deslumbrante descida, por uma estrada de chão batido, entre

penhascos, à região sul do estado.

O Campo dos Padres, extenso platô entre altitudes

aproximadas de 1.400 a 1.800 metros de altitude, formado por

campos com características próprias – os campos de altitude ou

campos de cima da serra –, hospeda as nascentes do Rio Canoas,

curso d’água fundamental para a vida na região e que domina a

paisagem em extensas áreas da Serra Catarinense.

Ao longo de seu curso, em Urubici, são encontradas as

locações com pinturas rupestres e cavernas – também em

Lages e em Bocaína do Sul –, diversas cachoeiras e a forte subi-

da em direção à montanha ao lado do Morro da Igreja, de onde

se avista também a Pedra Furada. É também nas altitudes de

Urubici, no Parque Nacional de São Joaquim, que nasce o Rio

Pelotas, outro importante curso d’água da região que, quilôme-

tros adiante, na direção oeste, se junta ao próprio Canoas para

formar o Rio Uruguai.

63 64

1343

Page 45: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

44

Na saída para

São Joaquim, ainda um

atrativo natural de rara

beleza: a magnífi ca Cascata do

Avencal. Segue-se daí pelos campos

e matas de Rio Rufi no e Urupema até

a Serra do Rio do Rastro, em Bom

Jardim da Serra, onde se vê uma das

obras de engenharia mais belas de

nosso estado, com a estrada que desce,

serpenteando pelas fantásticas escarpas,

para o sul de Santa Catarina. Continuando

pelos campos naturais de lá, passando por

São Joaquim, Painel, adentrando Lages pela exuberante Coxilha

Rica, até Capão Alto, Cerro Negro, Campo Belo do Sul e Anita

Garibaldi, avançando, ainda, a nordeste, em direção a Correia

Pinto, Palmeira e Otacílio Costa.

Esses campos naturais possuem dezenas de milhões de

anos. Formam a primeira cobertura vegetal a revestir os solos

que se formaram após os derrames de lavas vulcânicas que co-

briram todo o sul da América, em uma época em que o clima

seco e frio não permitia o estabelecimento de qualquer outro

tipo de vegetação. Portanto, sua formação é anterior às matas.

Constituem-se num ecossistema único, onde espécies de

gramíneas e leguminosas, em conjunto com outras famílias que

incluem exemplares campestres, também numerosos, formam

65 66 67 68

Page 46: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

1345

65. Ponte em Capão Alto (James Faraco Amorin)

66. Coxilha Rica (Ricardo Almeida)

67. Caminho em Bom Jardim da Serra (Arquivo Luiz Spuldaro)

68. Araucária (Arquivo Anders)

69. Paisagem de araucárias(James Faraco Amorim)

70. Paisagem araucária e rio (James Faraco Amorim)

uma biodiversidade que ultrapassa o total de espécies vegetais

encontradas nas fl orestas tropicais úmidas. Além disso, o valor

inestimável desses campos está associado a sua importância

histórica e cultural. Neles ainda vivem descendentes de famílias

que, no amanhecer da formação do sul do Brasil, pelos idos

de 1700, aqui estavam, criando pátria e querência, repelindo

castelhanos e enfrentando a tenaz – e justa – resistência

dos povos nativos; e foram palco de revoluções, através dos

farroupilhas, dos federalistas e dos fanáticos do contestado.

Por esses campos forjou-se o tropeiro, que, por seus

históricos corredores de taipas, fez passarem incalculáveis

tropas de bovinos, muares e eqüinos, a garantir outros

ciclos da economia brasileira, como o do ouro, da cana-de-

açúcar e do café. Ignorando tratados de além-mar, abrindo

trilhas no campo, enfrentando intempéries e intercambiando

valores culturais com os povos do Prata, o tropeiro,

resignado e no passo cadenciado de suas mulas, empurrou

as fronteiras do Brasil até as barrancas do Rio Uruguai.

Apesar de esses campos se caracterizarem como um

recurso natural de grande valor ecológico, pela cobertura vegetal

que proporcionam aos solos; por fatores genéticos, em função da

variabilidade de espécies vegetais que apresentam, muitas delas

até hoje desconhecidas; e econômica e socialmente, os campos

estão sujeitos a diversos tipos de pressão, a ponto de, nas últimas

décadas, aproximadamente um terço das áreas de campos

existentes na região ter sido substituído por outras culturas.

69 70

Page 47: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

A preservação dos campos naturais não interessa

apenas aos serranos, mas a toda a sociedade catarinense e

brasileira, especialmente pelo potencial de produção sem uso

de pesticidas, desenvolvimento de atividades como o turismo

rural e ecológico, além da manutenção de um ecossistema único

no mundo, com todos os seus valores históricos e culturais.

Nesse contexto, o mesmo pínus que alavanca a pujança

econômica da Serra Catarinense, em especial Otacílio Costa e

Correia Pinto, servindo à indústria papeleira e madeireira da

região, sem que se estabeleçam critérios responsáveis para

sua cultura, se transforma numa praga invasora e daninha, a

ameaçar, mais recentemente, a fascinante Coxilha Rica, região

característica de tudo quanto restou dito sobre campos nativos.

Nesses campos que ondulam pela paisagem da Serra

Catarinense, formavam-se as fl orestas de araucárias, exaus-

tivamente exploradas no chamado primeiro ciclo da madei-

ra, das quais hoje se têm apenas alguns remanescentes, num

mosaico de bosques e capões, campos naturais, campos for-

mados a partir da exploração e devastação das fl orestas e

monoculturas de maçã e de pinus.

No que restou dessa que é também chamada Floresta

Ombrófi la Mista, Mata dos Pinhais ou Mata das Araucárias, viceja

predominantemente o notável pinheiro-brasileiro (Araucaria

angustifolia), em risco de extinção, em meio a outras espécies

vegetais, como a canela-lageana (Mespilodaphne pulchella),

o cedro-lageano, a goiabeira-serrana (Feijoa sellowiana),

a bracatinga (Mimosa scabrella), mais o xaxim (Dicksonia

selowiana), o pinheirinho (Podocarpus lambertii) e a erva-mate

71 72 73

46

Page 48: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

1347

71. Salto Caveiras (Ricardo Almeida)

72. Cachoeira (Gugu Garcia)

73. Rio Pelotinhas (James Faraco Amorim)

74. Cachoeira em Urupema ( Anders Adq. )

75. Cascata do Avencal - Uribici (James Faraco Amorim)

(Ilex domestica), dentre outras da rica fl ora regional. Também

nos desfi ladeiros e às margens dos cursos d’água a araucária se

faz presente, nas matas de galeria e ciliares.

Enfi m, é nessa paisagem natural, nos campos e nas

matas, nas várzeas e nos capinzais, nos planaltos, nos morros

e nas encostas, nas propriedades rurais e até nas cidades ou

em suas imediações que vamos encontrar riquezas naturais ím-

pares, como aves, anfíbios e mamíferos e inúmeras borboletas

de variados matizes, fl ores, ervas e frutos silvestres e cultiva-

dos, dentre incontáveis outros animais e plantas (inclusive as

cultivadas, como a maçã, a uva e o Pinus sp) que podem ser

considerados típicos da Serra Catarinense.

74 75

Page 49: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

48

Dos inúmeros frutos e fl ores encontrados na Serra

Catarinense, dentre outras formações vegetais silvestres ou

não, alguns podem ser classifi cados como típicos, com os quais

é possível haver uma identifi cação especial com a região.

Entre as fl ores, destacam-se a azedinha – Oxalis

rubra, um trevo nativo, com pequena fl or rósea, habitualmente

mastigada nas caminhadas pelos campos e matas, de sabor

bastante azedo, a justifi car o nome; o brinco-de-princesa

– Fuchsia regia, um arbusto ascendente (trepadeira), com fl ores

pendentes, muito delicadas e belas, relativamente comum

na Serra Catarinense; e a belíssima fl or da goiaba-serrana.

Nos campos nativos, bem como nas beiras de estradas

e caminhos da serra, aglomeram-se outras plantas por si só

de interesse típico, cujas fl ores se destacam: a maria-mole

(senécio, tasneirinha, fl or-das-almas) – Senecio

brasiliensis, que aparece principalmente na

região centro-sul do Brasil e, embora pouco

se conheça da intoxicação em humanos,

sabe-se ser perigosa para animais, que incluem entre os

principais sintomas necrose do fígado e lesões pulmonares.

A despeito disso, a fl oração é esteticamente interessante.

A macela – Achyrocline satureoides, erva da fl ora

brasileira também conhecida por marcela-do-campo, marcela,

macelinha, carrapichinho-de-agulha, camomila nacional etc., é

um arbusto perene que atinge cerca de 1 metro de altura e

que, na Região Sul, costuma fl orescer em março, ao que se

atribui daí ter se originado o nome. Na Região Sul do Brasil,

as fl ores da marcela costumam ser usadas pela população

FLORES E FRUTOS

76 77 78 79 80

Page 50: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

1349

como estofo de travesseiros (inclusive

para os bebês, por se acreditar que tenha

efeitos calmantes). Em Santa Catarina e

no Rio Grande do Sul, há a tradição de

colheita da marcela na Sexta-Feira Santa, já que existe a

crença de que a colheita nesse dia traga mais efi ciência ao

chá das fl ores, com propriedades fi toterápicas.

Também a espalhar-se pelos campos e às margens das

veredas serranas, a carqueja (carqueja-amargosa, carqueja-

amarga) – Braccharis trimera, como a macela, possui proprie-

dades medicinais. Supõe-se que a carqueja seja originária do

Brasil. Planta invasora de pastagens, nasce espontaneamente

em quase todo o território nacional, concentrando-se na Região

Sul e fl orescendo indiferentemente no verão e no inverno.

76. Maria-mole e borboleta77. Flor do maracujá-preto78. Flor silvestre79. Brinco-de-princesa80. Azedinha81.Goiaba-serrana82.Flor da goiaba-serrana83. Carqueja(Fotos por James Faraco Amorim)

81 82 83

Page 51: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

50

Quanto aos frutos, em meio às formações vegetais

abertas de altitude (campos e matas de pinhais), encontra-se

a goiaba-serrana (goiaba-do-campo, goiaba-silvestre, goiaba-

crioula, goiaba-da-serra, goiaba-verde, goiaba-ananás) – Feijoa

sellowiana, cuja fl or é extremamente bela e o fruto, muito sa-

boroso. Em São Joaquim, vem sendo cultivada comercialmen-

te e é chamada, também, de feijoa. Aparece do norte do Rio

Grande do Sul até o Paraná.

Também bastante comum na região, especialmente na

mata, nos capões, às vezes à beira de estradas com capoeira mais

densa, encontra-se a amora-preta (ou amora-vermelha, amora-

silvestre, amora-do-campo, amora-brava, moranguinho) – Rubus

sp, fruta nativa, do gênero Rubus, da família das rosáceas. A

amoreira-silvestre é um arbusto frágil, de até 2 metros, composto

de longos caules curvos, bastante ramifi cados,

com espinhos curtos (também nos ramos e nas

folhas), levemente encurvados e aguçados,

que aparece no Sul e Sudeste do Brasil.

Dentre outras encontradas na Ser-

ra Catarinense, o maracujá-preto e o ma-

racujá-da-serra (Passifl ora sp.) são duas espécies silvestres

de maracujá que ocorrem na região (das espécies de ma-

racujá conhecidas no Brasil, são mais de sessenta as que

produzem frutos comestíveis, dentre as quais as serranas).

Não se pode deixar de mencionar, como típicas de

nossa região, a maçã e, mais recentemente, a uva. O cultivo da

maçã na Serra Catarinense é considerado uma das atividades

econômicas mais relevantes e está de tal modo associado à região

84 85 86

Page 52: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

1351

que há muitos anos se realiza, em São Joaquim, a Festa Nacional

da Maçã. Nossa maçã se destaca por sua excelente qualidade,

sendo um importante item de exportação de Santa Catarina.

A uva, por sua vez, tem merecido atenção especial, nos

últimos anos, a partir de estudos recentes sobre a excelência

do clima e do solo para o cultivo de espécies destinadas à

vinicultura de alto nível.

Também fortemente associadas à Mata de Pinhais

encontra-se o xaxim (Dicksonia selowiana), uma das espécies

vegetais mais antigas, contemporânea dos dinossauros, e cuja

extração, especialmente para fabricação de vasos para plantas

ornamentais, está proibida.

A ressaltar ainda que há na Serra Catarinense expressivo

número de bromélias, orquídeas e epífi tas em geral, que enfeitam as

árvores e as formações rochosas nas proximidades de cursos d’água.

Finalmente, não é possível falar em Serra

Catarinense sem mencionar a imponente araucária (Araucaria

angustifólia), também chamada pinho, pinheiro-do-paraná,

pinheiro-brasileiro, pinheiro-caiová, pinheiro-das-missões e pi-

nheiro-são-josé, que se destaca das outras espécies brasileiras

principalmente por sua forma original, que dá às paisagens do

sul uma característica toda especial.

84. Amora-preta (James Faraco Amorim)

85.Maçã (Arquivo Luiz Spuldaro)

86. Uva (Lars Diederichsen)

87. Pinha e pinhão (Anders)

88. Xaxim (James Faraco Amorim)

87 88

Page 53: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

52

A araucária é uma árvore de grande porte: atinge cerca

de 50 metros de altura e seu tronco pode medir até 8,5 metros

de circunferência, embora seja cada vez mais raro encontrar

espécimes que consigam atingir esse tamanho, tal foi e ainda

é a exploração dessa espécie. Seu fruto, a pinha, contém até

150 sementes – os famosos pinhões –, que são muito nutritivas,

servindo de alimento a aves, a animais selvagens e ao homem.

A semente da araucária, o pinhão, é realmente

muito nutritiva. Pesquisas históricas e arqueológicas sobre as

populações indígenas que viveram no planalto sul-brasileiro, de

6 mil anos atrás até nossos dias, registram a importância do

pinhão no cotidiano desses grupos. Restos de cascas de pinhões

aparecem em meio aos carvões das fogueiras acesas pelos

antigos habitantes das matas com araucária. Um depósito de

restos de pinhões em uma espessa camada de argila evidencia

não apenas a existência do pinhão na dieta diária dos grupos,

mas também uma engenhosa solução para conservá-lo durante

longos períodos, evitando o risco de deterioração pelas ações

do clima ou do ataque de animais.

À araucária estão associados inúmeros animais sil-

vestres, como papagaios, bugio, gralha-azul, ouriço, caititu,

rato-do-mato etc. Ela, e mais especialmente sua semente, o

pinhão, são com certeza dos maiores símbolos da região serrana.

A Serra Catarinense é agraciada, também, por inúmeras

espécies de borboletas, que enfeitam com seu colorido as matas,

os jardins e as beiras de cursos d’água de nossa região.

90 9189

Page 54: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

1353

89. Macela90. Borboleta91. Borboleta92. Borboleta sobre fl or silvestre(Fotos por James Faraco Amorim)

Para ter idéia da dimensão da distribuição geográfi ca das

aves, vale dizer que se sabe ocorrerem no Brasil aproximadamente

1.800 espécies; em Santa Catarina, em torno de 650; e, na

Serra Catarinense, não menos de 200. Existem algumas aves na

Serra Catarinense, mais conhecidas do que outras, consideradas

típicas da região. Desse universo animal, seguem alguns bons

exemplos de aves registradas na Serra Catarinense, muitas

das quais se valem comumente dos mourões e das cercas de

arame farpado como pouso, além de muitas delas estarem

associadas à mata de araucária ou aos campos nativos.

Carrapateiro (40 centímetros) – Milvago chimachima.

O nome desse gavião se refere ao hábito de pousar sobre o gado

ou outros animais, como a capivara, para catar carrapatos e

bernes, de que se alimenta. Em termos de alimentação, o carra-

pateiro possui dieta bem variada. É comum vê-lo às mar-

gens de rodovias asfaltadas, alimentando-se da carniça

de animais mortos por atropelamento; preda ninhos de

outras aves; come lagartas, pesca, caça cupins em revoada.

De ampla distribuição em Santa Catarina, é um dos gaviões mais

comuns do estado. Aparece desde a América Central, em todo o

Brasil, até o norte do Uruguai. Ocorre em toda a região, em áre-

as abertas. Comumente visto em bordas de plantações de Pinus.

Curucaca (69 centímetros) – Theristicus caudatus.

Habita paisagens campestres e campos agropecuários, sendo

comum na Serra Catarinense. Vale-se das araucárias para a

construção de ninhos e como dormitório, e para lá se dirige

no crepúsculo, em bandos, parecendo gritar seu nome.

Caminha freqüentemente pelos campos catando insetos e

AVES

92

Page 55: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

outros pequenos animais. Ocorre em toda a Serra Catarinense,

sendo vista inclusive nas cidades, em ambiente urbano.

Gralha azul (39 centímetros) – Cyanocorax caeruleus.

Na Serra Catarinense, é fortemente associada às araucárias

e ao pinhão, tida como “plantadora de pinhões”, informação

controversa, até hoje não comprovada. Por isso mesmo foi

escolhida como ave-símbolo da maior festa popular serrana, a

Festa Nacional do Pinhão, em Lages.

Marreca-pardinha (40 centímetros) – Anas fl avirostris.

Considerada rara em Santa Catarina, só há registros na Serra

Catarinense e no litoral sul do estado. Costuma ser vista aos

pares ou em pequenos bandos em laguinhos no meio do campo

ou açudes de propriedades rurais. Em Lages, há pelo menos

três pequenos grupos, na localidade de Macacos (açude do

sítio Repouso do Guerreiro), na estrada de

Morrinhos e na antiga BR-02.

Seriema (90 centímetros)

– Cariama cristata . Aparece nos países

vizinhos (Uruguai, Argentina, Paraguai

e Bolívia) e em extensa área no Brasil não amazônico. Em

Santa Catarina, está restrita aos campos do Planalto Sul,

especialmente na região da Coxilha Rica. É vista com freqüência

caminhando pelos campos, geralmente em grupos de dois

a quatro indivíduos, capturando insetos e outros pequenos

animais. O canto das seriemas, melancólico e rascante, é

característico das manhãs dos campos nativos de cima da serra

Perdiz/perdigão (37 centímetros)– Rhynchotus

rufescens. Vive nos campos da Serra Catarinense, do Planalto

93 94 95 96

54

Page 56: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

LENDA DA GRALHA-AZUL Há muito tempo, nos campos de Lages, levava-se uma vida tranqüila e pacata. Só as festas, quermesses, casamentos ou pixuruns quebravam sua monotonia. Admiradores respeitosos de suas coisas, os serranos se surpreendiam vendo surgir onde menos se esperava grupos de pinheiros, e, por mais que o fi zessem, não conseguiam explicação para o fato. Conta-se que, em certo tempo, essa gente serrana foi surpreendida por uma forte trovoada. Em meio à correria e aos gritos, recolheram as criações e se abrigaram em suas casas junto ao fogo de chão. Um dos moradores atreveu-se a olhar a tempestade, desrespeitando as crendices populares, que diziam ser perigoso vê-la. Ele observou uma cena jamais vista. Ele contou que, no meio da tempestade, uma avezinha – a gralha-azul – estava tentando se abrigar, e um dos pinheiros gigantescos estirou seus galhos como braços e acolheu a pobre avezinha. O morador foi correr para chamar o povo para ver, mas um clarão o surpreendeu e disse a ele que era para contar a todos o que tinha visto e tomar como exemplo. Maravilhado, o morador passou a explicar às pessoas que era a gralha a responsável pelo aparecimento de tantos pinheiros. Ela enterrava o pinhão para se alimentar no inverno, e, esquecendo o lugar onde escondera, ela buscava outros, deixando na terra a semente de novos pinheiros. Fora, portanto, um gesto de gratidão quando o pinheiro se envergou para proteger a pobre avezinha. A partir daquele dia, todos souberam o porquê dos pinheiros surgirem sem que alguém os plantasse.

93. Marreca-pardinha94. Seriema95. Quero-quero96. Perdiz97. Curucaca 98. Carrapateiro99. Gralha-azul (Fotos por James Faraco Amorim)

Norte e do meio-oeste, e prefere capim alto, com inços e arbustos.

Sofre grande pressão pela caça. Os ninhos construídos nos campos,

na primavera, muitas vezes são destruídos pela queimada. Além

disso, o uso abusivo de agrotóxicos infl uencia negativamente na

preservação da espécie. Ocorre nos campos de toda a região.

97 98 99

Page 57: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

56

Naturalmente, é muito mais difícil avistar e manter

qualquer contato com mamíferos na natureza. De modo geral,

a percepção da presença desses animais acontece através de

indícios de sua presença, como rastros, restos da vítima, a toca

onde eventualmente se esconda, até fezes ou o cheiro caracte-

rístico. Esses que são apresentados a seguir são apenas alguns.

Gado lageano (nome científi co?) Essa raça vem sofrendo

seleção natural há quase quatro séculos na Serra Catarinense, e

atualmente sua população se encontra bastante reduzida e estaria

provavelmente extinta não fosse o trabalho perseverante dos cria-

dores Antônio Camargo e Nelson de Araújo Camargo e seus anteces-

sores, que, com a percepção do valor desses animais, preservaram

o acervo genético que hoje serviu de base para a fundação da Asso-

ciação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Crioula Lageana.

Ovelha-serrana. Também chamada ovelha-crioula, é

considerada uma raça local, com origem nos rebanhos intro-

duzidos pelos jesuítas no Rio Grande do Sul durante o século

XVI e do cruzamento com outras raças importadas a partir

da colonização portuguesa. A ovelha-crioula está classifi cada

como rara e conserva traços dos ovinos primitivos que lhe

deram origem, representando uma enorme importância so-

cial nas comunidades em que outros animais da espécie não

sobrevivem e contribuem para a manutenção do homem no

campo. No processo de produção de lã para artesanato e ta-

peçaria industrial, por exemplo, a ovelha-crioula apresenta

uma variedade natural de cores e um bom comprimento de

mecha. Sua fi bra é resistente e áspera ao tato, enquanto sua

pele é comercializada in natura ou curtida.

MAMÍFEROS

100 101 102

Page 58: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

1357

Tatu – Dasypus sp. Essa é uma dentre mais de 20 espécies

de tatu conhecidas no Brasil. Todas cavam galerias, onde passam

o dia refugiados e também à procura de algum alimento, sob

a forma de vermes e larvas. À noite, vagam pelos campos,

remexendo formigueiros e cupins, seus principais alimentos.

Leão-baio – Puma concolor. Provavelmente seja o ma-

mífero que mais povoa o imaginário do serrano. Conta-se nos

dedos, porém, o número de pessoas que já o viram na natureza.

Nos últimos tempos, sua presença na Serra Catarinense tem sido

percebida de forma conflituosa. Premido pela intervenção

humana em seu habitat natural, com a conseqüente diminuição

de suas presas (veados, capivaras, porcos-do-mato, macacos

etc.), o leão-baio vem, há algum tempo, atacando criações no

meio rural, especialmente nos campos da Coxilha Rica e prin-

100. Gado raça-crioula (Ricardo Almeida)

101. Ovelha Serrana (Ricardo Almeida)

102. Tatu (James Faraco Amorim)

103. Leão Baio (Cláudio R. Silveira)

104. Bugio (James Faraco Amorim)

cipalmente ovinos, razão por que tem sido caçado por fazen-

deiros da região. O leão-baio consta da lista do Ibama das espé-

cies da fauna ameaçadas de extinção, na categoria vulnerável.

Bugio – Alouatta guariba (bugio, bugio-ruivo,

guariba, barbado). A mais destacada característica dos bugios

é a vocalização – o “ronco do bugio” –, produzida pelo grande

desenvolvimento do osso hióide (localizado entre a laringe e a

base da língua), que se transforma numa caixa de ressonância por

onde emite um som muito alto que pode ser ouvido a quilômetros.

O macaco bugio é dotado de uma curiosa habilidade: é capaz de

debulhar cuidadosamente as pinhas que guardam os pinhões.

103 104

Page 59: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

Veado – Mazama sp. As espécies de veados que aparecem

na Serra Catarinense sofreram e ainda sofrem grande pressão

pela ação do homem, seja pela caça, seja pela destruição de seus

habitats. Além do interesse pela caça em si, há outra situação

confl ituosa entre os veados serranos e o homem: o gosto desses

animais pelos tenros brotos da macieira!

Graxaim-do-campo (graxaim, cachorro-do-mato) – Pseu-

dalopex gymnocercus. Animal de porte mediano, com peso médio

de 5 quilos (de 3 a 8 quilos), com pelagem bem densa. Apresenta

hábitos usualmente noturnos, podendo, contudo, ser diurno.

Aparece na porção centro-leste da América do Sul, a partir do

sul do Brasil e leste da Bolívia, nos habitats abertos dos pampas,

savanas e chaco. Sua alimentação consiste de frutos, pequenos

vertebrados (principalmente mamíferos), insetos e carniça. As

105. Veado106. Graxaim (James F. Amorim)

107. Truta (Anselmo)

105 106 107

principais ameaças à espécie são a perda de habitat para áreas

agrícolas e abate por predação de cordeiros e galinhas.

Dentre os peixes, destaca-se, na região, a truta ou tru-

ta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss), animal introduzido e criado

comercialmente, muito bem adaptado a nosso clima e adotado

por Urupema com a Festa Nacional da Truta; e o lambari (As-

tyanax sp), que todo ano, na comunidade de Salto Caveiras, é

“homenageado” com a Festa Mundial do Lambari.

58

Page 60: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE

59

REFERÊNCIA CROMÁTICA AMBIENTE NALTURAL

Page 61: ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE
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ICONOGRAFIA AMBIENTE CULTURAL

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Cacimba Marca de gado 1

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Marca de gado 3Marca de gado 2

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Locomóvel 1 Locomóvel 2

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AraucáriaCorte do tronco

AraucáriaCorte do tronco

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PinhaChifre de carneiro

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Trançado de couro Laço de couro

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Casas de madeiraDetalhe lambrequim

Casas de madeiraDetalhe lambrequim

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Fazenda CajuruDetalhe

Casas de madeiraDetalhe lambrequim

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Igreja N. S. LourdesCorpus Christi

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Igreja N. S. LourdesDetalhe vitral Cruz 1

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Cruz 2 Cruz 3

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Cruz 4 Cruz 5

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Praça Nereu RamosPlanta original

Prefeitura de LagesDetalhe da fachada

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Prefeitura LagesDetalhe da fachada 2

Prefeitura de LagesDetalhe da fachada 3

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Colégio V. RamosDetalhe do gradil 1

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Igj. do ConventoDetalhe do vitral

Igreja PresbiterianaDetalhe da dobradiça

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Catedral de LagesDetalhe do piso

Catedral de LagesDetalhe do vitral

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Mercado MunicipalDetalhe da Janela

Mercado MunicipalDetalhe da Fachada

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Prédio dos CorreiosDetalhe do gradil 1

Préd. dos CorreiosDetalhe do gradil 2

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Ed. AccácioCorrimão

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Teatro MarajoaraDetalhe interno

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ICONOGRAFIA AMBIENTE NATURAL

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Pedra Furada Geada

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Cachoeira Araucária

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Casca da PinhaPinha

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MaçãXaxim

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Uva Folha da uva

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Brinco-de-princesaCarqueja

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Maria-mole Azedinha

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Borboleta Curucaca

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Gralha-Azul Seriema

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Marreca-pardinha Tatu

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Gado lageano Leão baio

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TrutaOvelha serrana

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