eliene chacon - diversidade sexual na perspectiva de profissionais e estudantes de psicologia.docx

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Diversidade Sexual a Partir da Perspectiva de Estudantes e Profissionais da Psicologia Eliene Cristina Alves Chacon Ana Flávia do Amaral Madureira Centro Universitário de Brasília RESUMO – Qual é a atual concepção de profissionais e estudantes de psicologia acerca das discussões sobre diversidades sexuais na atualidade? Quais são as convergências e divergências de opiniões. Os estudantes e profissionais da área clínica estão preparados para lidar com o sofrimento de indivíduos que “fogem” à norma heterossexual? Este artigo visa mostrar as concepções e crenças de profissionais e estudantes de psicologia acerca da homofobia, e das questões de diversidade sexual. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo, no qual foram realizadas entrevistas semiestruturadas e a utilização de imagens para serem realizados questionamentos referentes às opiniões dos participantes acerca da temática da psicologia e a diversidade sexual Palavras-chave: Homofobia; diversidade sexual; psicologia; identidade; hierarquias de sexualidade e gênero. Contexto atual da discussão sobre homofobia no Brasil.

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Diversidade Sexual a Partir da Perspectiva de Estudantes eProfissionais da PsicologiaEliene Cristina Alves ChaconAna Flvia do Amaral MadureiraCentro Universitrio de BrasliaRESUMO Qual a atual concepo de profissionais e estudantes de psicologia acerca das discusses sore diversidades se!uais na atualidade" Quais so as converg#ncias e diverg#ncias de opinies$ %s estudantes e profissionais da rea cl&nica esto preparados para lidar com o sofrimento de indiv&duos 'ue (fogem) * norma heterosse!ual" Este artigo visa mostrar as concepes e crenas de profissionais e estudantes de psicologia acerca da homofoia+ e das 'uestes de diversidade se!ual$ ,ara tanto+ foi reali-ada uma pes'uisa de campo+ no 'ual foram reali-adas entrevistas semiestruturadas e a utili-ao de imagens para serem reali-ados 'uestionamentos referentes *s opinies dos participantes acerca da temtica da psicologia e a diversidade se!ualPalavras-chave. /omofoia0 diversidade se!ual0 psicologia0 identidade0 hierar'uiasde se!ualidade e g#nero$ Contexto atual da discusso sobre homofobia no rasil!Qual a percepo dos estudantes e profissionais de psicologia sore a homofoia" Quais so suas percepes sore a diversidade se!ual" 1e 'ue maneira elesperceem o papel da psicologia no 'ue se refere *s 'uestes de g#nero e se!ualidade"Este traalho est vinculado ao pro2eto de pes'uisa guarda3chuva da professora doutora Ana Flvia Madureira+ intitulado (4dentidades 5ociais$ 1iversidade e ,reconceito)$ 1entro de tal pro2eto e!istem tr#s vertentes de estudo+ este traalho responde pela segunda vertente. (6ases 5ociais e ,sicol7gicas do ,reconceito)$ 1e forma mais espec&fica o tema . 1iversidade 5e!ual a ,artir da ,erspectiva de Estudantes e ,rofissionais da ,sicologia$Este artigo tem relev8ncia devido *s discusses acerca da homofoia terem receido espao miditico e pol&tico nunca antes alcanados$ 9al discusso inicialmente iniciada pela tentativa de distriuio de :its anti3homofoia em escolas p;licas+ rechaada por diversos deputados pertencentes * ancada evanglica e cat7lica+ com a acusao de 'ue o :it+ pe2orativamente nomeado de ()+ incentivaria a homosse!ualidade dos estudantes$A partir dessa discusso sore a tentativa de se inserir no ensino p;lico materiais 'ue levassem a compreenso da homosse!ualidade+ discutiu3se tamm a ,?C@AABCD+ 'ue um ,ro2eto de ?ei Complementar de iniciativa da C8mara dos 1eputados+ com o o2etivo de criminali-ar a discriminao motivada unicamente pela orientao se!ual EFecchiatti+ AC@@G$ A no aprovao desse ,?C teve como fundamento o pre2u&-o * livre e!presso dos indiv&duos 'ue+ segundo o pastor 5ilas Malafaia@+ contra o artigo HI da constituio+ por'ue criminali-a a opinio+ em como a lierdade de e!presso. At onde essa lierdade poderia ir sem+ no entanto+ ofender e denegrir a imagem do outro" Alivre opinio tamm a livre demonstrao de 7dio" A lierdade religiosa arange tamm o direito de e!pulsar homosse!uais+ e outros indiv&duos 'ue no se encai!am naheteronormatividade+ de espaos p;licos" %u de trat3los de forma 'ue poderiam receer um tratamento psicol7gico como previsto na proposta conhecida como (cura ga>)"Estes acontecimentos recentes levam ao 'uestionamento 'uanto * pertin#ncia de se investigar as concepes de estudantes e profissionais de psicologia sore a homofoia$ Jma ve- 'ue a discusso relevante em termos socioculturais+ a partir do fato de 'ue modificam valores 2 enrai-ados na sociedade e na cultura rasileira+ frutos de heranas religiosas 'ue afetam toda a forma de se en!ergar os indiv&duos+ suas concepes+ preconceitos e conhecimentos acerca da homofoia$" #uesto da hierar#ui$a%o entre as identidades de g&nero' breve discusso sobre a homofobia!1 1ispon&vel em. http.BBKKK$vitoriaemcristo$orgBLgutenKeBLsiteBhotsiteB,?3@AABMovido pelo conceito de hierar'ui-ao social analisado por 5antos EACCHG+ no 'ual os gregos cultivaram a ideia de superioridade deles em relao aos outros+ os 'uais denominavam e (raros)+ no 'ual os gregos se viam superiores por serem detentores do conhecimento e de (civilidade)$ En'uanto os raros tinham uma sociedade diferente+ e por isso+ eram 2ulgados inferiores$ A sociedade era hierar'ui-ada a partir dosconceitos de (Moilidade)+ no 'ual o estaeleceu3se 'ue os seres eram 2ulgados como superiores e inferiores de acordo com sua 'ualidade$% conceito de moilidade parte do pressuposto 'ue o superior EnormaG considerado o m7vel 'ue move os outros EinferioresG sem precisar se mover+ pois+ neste caso+ a imoilidade o 'ue representa a perfeio+ logo no necessita de modificao$ Ao aordar este conceito no 8mito da discusso de se!ualidade e de g#nero+ inferirei a'ui 'ue o im7vel e superior EnormaG+ corresponde * heteronormatividade+ e ao se!o masculino$ En'uanto 'ue o m7vel e inferior corresponde *'ueles 'ue transgridem$ A viso da heteronormatividade como conceito de superioridade sore outros indiv&duos+ 'ue no se encai!am nessa normativa+ ganha uma pro2eo mais real 'uandose utili-a o conceito de 'ue a'uilo 'ue no se muda a norma$ E nesta norma podemos inserir o superior como modelo a ser seguido+ a'uele 'ue socialmente considerado como o certo+ no caso+ a heterosse!ualidade+ mais precisamente+ o homem ranco+ heterosse!ual+ casado$Ao discutir a hierar'uia se!ual das sociedades+ a antrop7loga =a>le Muin E@NON0 citado por 9oledo P ,inafi+ AC@AG evidencia 'ue a e!ist#ncia dessa hierar'uia surge da necessidade de traar e manter uma fronteira entre o se!o (om) e o (mau)$ Jma ve- 'ue a partir da herana 2udaico3crist+ os outrora chamados de sodomitas tornam3se transgressores das leis divinas+ e+ com isso+ encai!am3se na categoria de (mau)$ 9al pensamento converge com os preconceitos 'ue+ segundo Madureira EACCQG definem3se como (fronteiras sim7licas r&gidas+ constru&das historicamente+ com um forte enrai-amento afetivo+ 'ue acaam por se constituir em arreiras culturais entre grupos sociais e indiv&duos)Como se!o (om) temos o topo da hierar'uia. casais heterosse!uais casados+ monog8micos e procriativos como norma de oa conduta se!ual a ser seguida por todos$,or outro lado+ temos na ase dessa hierar'uia os homosse!uais+ 'ue transgridem a arreira dos universos masculino e feminino+ 3 no 'ual o universo feminino tangido pela delicade-a+ fragilidade+ sumisso+ respeitailidade e honrade-0 en'uanto 'ue o universo masculino tangido pela virilidade+ viol#ncia+ fora e dominao 3 so ainda vistos como hereges+ marginais e prom&scuos+ soretudo com o discurso religioso to patente em nossa pol&tica na atualidade$ E9oledo P ,inafi+ AC@A0 ,ar:er+ @NN@0 Mott+ AC@AG4sso fundamenta o discurso de 6orrillo EACCNG+ 'uando ele apresenta preconceitocomo uma manifestao aritrria consistindo em 'ualificar o outro como contrrio+ inferior ou anormal$ ,or essas caracter&sticas esse outro posto fora do universo comumdos humanos$ Ro caso+ seria o 'ue Muin E@NON+ citada por 9oledo P ,inafi+ AC@AG classificaria como se!o (mau) todas as outras configuraes de casais 'ue fu2am da normativa heterosse!ual+ soretudo+ a homosse!ualidade$Ainda traalhando com o conceito de hierar'uias+ o se!ismo como forma de separao e constituio de arreiras entre o universo masculino e o feminino+ o 'ue contriui ainda mais para a homofoia$ Ro universo masculino determinados padres deconduta so altamente aceitos+ e at mesmo e!igidos da'ueles 'ue tentam se encai!ar nopadro de superioridade masculina+ sore a inferioridade feminina$ % ser homem significa ter poder+ ser o dominador+ com todos os atrativos+ cercado de mulheres0 este modelo duramente con'uistado pelo homem+ necessitando um rduo traalho para mant#3lo$ Em contrapartida+ o 'ue identifica uma mulher sua condio sumissa+ frgil+ imperfeita+ delicada$ 4sso trata3se do 'ue Sun'ueira EACCNG chama de masculinidade hegemTnica$ A concepo de um homem dominante versus uma mulher dominada vista como uma f7rmula ;nica+ fi!a e permanente$ Essa f7rmula imutvel e deve ser seguida$ E,ar:er+ @NN@0 ?ouro+ @NNQ0 Madureira+ AC@C0 Sun'ueira+ ACCNG$A identidade para ser formada e e!istir depende de algo e!terior * ela+ como a identidade masculina depende de uma identidade feminina+ na 'ual a identidade feminina dotada de caracter&sticas 'ue no devem e!istir na identidade masculina e vice e versa$A identidade heterosse!ual+ depende da ideia de homosse!ualidade$ Jma ve- 'ue o termo (heterosse!ualidade) s7 passou a e!istir ento+ ap7s a instituio do termo (homosse!ualidade)+ como uma forma de identificar e diferenciar os indiv&duos pertencentes a um grupo ou ao outro$ Com isso+ a heterosse!ualidade s7 ganha sentido 'uando ento e!iste a homosse!ualidade$ A diferenciao homoBhtero no apenas constatada+ ela serve+ soretudo+ para ordenar o regime de se!ualidade no 'ual somente os comportamentos heterosse!uais se 'ualificam como modelo social$ E?ouro+ ACCN0 UoodKard+ ACCC0 6orrillo+ ACCNG$5egundo UoodKard EACCCG e Moreira P Camara EACCOG+ ao se focali-ar as identidades como formas de diferenciao+ tamm fortalece a ideia de identidades e!cludentes$ Ro caso+ caracter&sticas pertencentes * identidade feminina+ no podem fa-er parte da identidade masculina$ Jma ve- 'ue um homem dotado de caracter&sticas ditas pertencentes ao universo feminino perde seu status de (macho)+ assim como uma mulher dotada de caracter&sticas masculinas+ passa a transgredir o universo feminino+ visando se encai!ar num universo (superior) ao seu$ 1a mesma forma+ caracter&sticas 'ue constituem o indiv&duo homosse!ual+ o de transgressores da norma+ no podem estar contidas na constituio do indiv&duo heterosse!ual$ %u se2a+ as identidades masculina e feminina0 heterosse!ual e homosse!ual so consideradas mutuamente e!cludentes$ / entre essas identidades uma arreira r&gida 'ue delimita o espao de onde comea uma e termina a outra E?ouro+ ACCN0 Madureira+ AC@C0 ,ar:er+ @NN@G$% discurso de hierar'ui-ao e delimitao de espaos e caracter&sticas pertencentes a um grupo e ao outro+ a2uda3nos a compreender o surgimento da homofoia$ % atrelamento da perfeio * figura masculina e da imperfeio a figura feminina+ mostra3nos 'ue o indiv&duo 'ue transpe essas arreiras firmemente montadasao longo da construo da heteronormatividade+ invadindo 'ual'uer um dos dois universos 'ue delimitam o 'ue masculino+ e o 'ue feminino+ um transgressor da norma+ e dessa forma ele deve ser punido e e!clu&do$9odavia+ esse indiv&duo no pode ser considerado um homem (verdadeiro)+ ou uma mulher (verdadeira) pois falta3lhe os gen7tipos t&picos dos g#neros dicotTmicos aceitos pelo discurso da (verdadeira) se!ualidade+ dentro dos limites da heterosse!ualidade reprodutiva$ A transgresso dessa norma heterosse!ual no afeta somente a identidade se!ual do su2eito+ pois muitas ve-es considerada socialmente como uma (perda) do seu g#nero (original) E,ar:er+ @NN@0 ?ouro+ ACCN0 Madureira+ AC@CG$% homosse!ual v#3se ento e!clu&do de dois grandes grupos delimitados uma ve- 'ue e'uivale a uma personalidade inacaada de integrao da (nature-a) masculina ou feminina+ tornando3se * margem+ uma ve- 'ue suas caracter&sticas so transgressoras+e nesta pir8mide de hierar'uias de su2eitos e de se!ualidade+ encontra3se na ase+ inferior$ Essa viso do indiv&duo como inferior 'ue fomenta a viol#ncia psicol7gica+ f&sica+ e a e!cluso social por ele vivida$ ,ois a homofoia assim como todos os tipos depreconceitos+ pode resultar em discriminao+ 'ue o preconceito posto em ao$ As prticas discriminat7rias so sustentadas por ideias preconceidas$ Especificando+ a homofoia uma modalidade de preconceito e discriminao direcionada contra homosse!uais+ aseada na suposio da normatividade da heterosse!ualidade e dos estere7tipos de g#neros$ Emergido coo conse'u#ncia do regime inrio essenciali-ado de feminilidade e masculinidade como identidades e!cludentes E?iono P 1ini-+ ACCN0 Mios+ ACCN0 ?ouro+ ACCN0 Madureira P 6ranco+ AC@AG$" pes#uisa reali$ada( e a opinio dos entrevistados!A pes'uisa na 'ual foi emasada este artigo foi apoiada nos pressupostos da Epistemologia Qualitativa+ proposta por =on-le- Me> ECitado por Madureira P 6ranco+ ACC@G+ cu2o um dos pressupostos a produo do conhecimento na pes'uisa como um processo construtivo interpretativo+ no 'ual se privilegia a pluralidade a pluralidade dos fenTmenos 'ue vai alm de uma relao causa e efeito entre si$ % enfo'ue da Epistemologia Qualitativa o da construo entre pes'uisador e pes'uisado+ no somente uma relao entre pes'uisador e teoria$ % pes'uisador+ em como o pes'uisado so coautores no processo da construo do conhecimento$As entrevistas foram reali-adas seguindo um roteiro previamente estaelecido+ com perguntas 'ue deveriam ser feitas a todos os entrevistados+ pelo modelo da entrevista semiestruturada+ 'ue permite com 'ue entrevistador e entrevistados formules sore as respostas dadas+ e 'ue essas possam gerar novos 'uestionamentos a serem respondidos durante a entrevista EMan--ini+ @NN@ citado por Man--ini+ ACCV0 Man--ini+ ACCVG$%utro mtodo utili-ado durante a pes'uisa foi o uso de imagens como artefatos culturais proposto por Madureira EACCOG$ A autora+ em sua passagem por museus+ e oservando oras de arte na Europa+ notou a partir das anlises desenvolvidas por F>gots:> Ecitado por Madureira+ ACCOG 'ue as artes envolveriam uma srie de tcnicas sociais+ e sentimentos 'ue promoveriam novos n&veis de mediao culturais nos aspectos emocionais e afetivos+ de forma integrada aos processos cognitivos EF>gots:>+ citado por Madureira+ ACCOG$ % o2eto art&stico corresponderia a sentimentos encarnadosem forma EMosa+ citado por Madureira+ ACCOG$1e acordo com Madureira EACCOG+ atravs da viso 'ue as pessoas classificam as outras pessoas em grupos sociais distintos no cotidiano+ sendo 'ue estere7tipos cumprem um papel de identificao na tarefa cotidiana e canali-am as e!peri#ncias vivenciadas por elas$ Este conceito foi utili-ado para emasar a pes'uisa com a utili-ao de imagens visando oservar o impacto 'ue elas poderiam causar aos entrevistados na pes'uisa$Foram entrevistados 'uatro participantes+ sendo dois psic7logos graduados e duas estudantes de psicologia+ de duas faculdades distintas$ Com eles firam utili-adas astcnicas de entrevista semiestruturada+ 'ue seguia um roteiro de perguntas+ e a utili-aode imagens como artefatos culturais+ na 'ual utili-aram3se cinco imagens previamente selecionadas$Foram utili-ados como instrumentos de pes'uisa um roteiro com @A perguntas para a entrevista semiestruturada+ H imagens+ com cinco perguntas utili-adas para a segunda parte da entrevista$%s materiais utili-ados para o registro das entrevistas foram. um talet =ala!> @C$@ 5amsung com um aplicativo de gravao de udio+ um aplicativo de te!to onde estava escrito o roteiro de perguntas e onde estavam montadas as imagens$ Ainda foram utili-adas oito folhas de papel AV nas 'uais estava impresso o 9ermo de Consentimento ?ivre e Esclarecido EAne!o @G+ uma caneta esferogrfica a-ul$ ,articipantes. participaram da pes'uisa ao todo+ 'uatro pessoas+ no houve delimitao 'uanto ao g#nero e idade$ 1esses participantes dois+ um homem e uma mulher+ amos psic7logos 2 graduados0 duas estudantes do curso de psicologia+ sendo uma do se!to semestre+ e outra do dcimo semestre$,rocedimento. ,rimeiramente foram elaoradas em grupo as 'uestes 'ue fariam parte do roteiro de perguntas+ e a seleo das imagens 'ue fariam parte da pes'uisa$As imagens foram selecionadas de maneira 'ue no fossem ofensivas+ ou causassem 'uais'uer transtornos aos entrevistados$ Ra parte de apresentao de imagens foram apresentadas ao entrevistado.W Jma montagem de duas imagens com dois casais homosse!uais Eum casal de ga>s e um casal de lsicasG cada um em suas respectivas cerimTnias de casamento0W Jma montagem de duas fotos de dois casais homosse!uais Eum casal de ga>s c um casal de lsicasG araados aos seus respectivos filhos0W Jma imagem de 'uatro garotos rincando com onecas0W E uma montagem de tr#s casais. um heterosse!ual+ um casal de ga>s+ e um casal de lsicas$Ap7s a montagem do instrumento para a pes'uisa+ e do 9ermo de Consentimento?ivre e Esclarecido+ os pro2etos de pes'uisa foram enviados ao CE, JniCEJ6+ sendo aprovados pelo Comit# EAne!o AG$En'uanto a pes'uisa passava pela avaliao+ foi feito o contato com os provveisparticipantes. doisBduas estudantes e doisBduas profissionais da rea de psicologia+ para saer a disponiilidade de serem entrevistados$Ros dias marcados para a entrevista+ foi entregue aos participantes o 9C?E contendo todas as instrues da proposta e riscos da pes'uisa+ 2 assinados pela orientadora+ para 'ue os participantes o lessem e os assinassem+ dando sua autori-ao para a participao das entrevistas$A partir das respostas dos entrevistados+ pode3se analisar as variadas concepese crenas a respeito da diversidade se!ual$ Ainda 'ue atualmente no ha2a estudos definitivos 'ue possam atestar sore a possiilidade de a orientao se!ual ser uma opo+ ou uma condio do indiv&duo devido a causas genticas$ Como apresentados por 6aile> et al$ E@NNX0 @NOD citado por 6aile> et al$ ACCCG em seus estudos com g#meosmono-ig7ticos e di-ig7ticos+ foi constatado 'ue a homosse!ualidade ocorre mais devido* gentica do 'ue ao amiente familiar e outras influ#ncias amientais$ Acreditava3se 'ue no caso do homosse!ual masculino a causa estava no cromossomo Y+ contudo no caso da homosse!ualidade feminina no estavam certos 'uanto a causa gentica$ Entretanto+ em outro estudo+ reali-ado pelo mesmo cientista em ACCC+ a concluso chegada foi a de 'ue o amiente influenciaria mais na se!ualidade do indiv&duo do 'ue a gentica em si$ Resta segunda pes'uisa foram encontrados pelo cientista e seus colaoradores fatores familiares 'ue podem influenciar na orientao se!ual de um indiv&duo+ sendo dois desses fatores relacionados a inf8ncia do su2eito$ % cientista afirma ter sido dif&cil separar as contriuies genticas e as do amiente compartilhados pela vari8ncia familiar$ E6aile> et Al$ ACCCG$ ,ode3se entender+ ento+ 'ue apesar dos estudos reali-ados pelo cientista em 'uesto e seus colaoradores+ ainda no se chegou a 'ual'uer concluso sore as causas da homosse!ualidade$% o2etivo geral da pes'uisa 'ue emasou este artigo foi o de analisar as concepes e crenas de estudantes e profissionais de psicologia sore 'uestes relativas * diversidade se!ual no conte!to da sociedade rasileira$ %s o2etivos espec&ficos so. analisar se h ind&cios de homofoia nos relatos dos participantes0 investigar o papel da psicologia no 'ue se refere *s 'uestes relativas * diversidade se!ual+ identificar diverg#ncias entre relatos de estudantes e profissionais de psicologia$)!*! Concep%o e cren%a dos estudantes e profissionais de psicologia sobre a diversidade sexualAo ser 'uestionada sore a homosse!ualidade+ a estudante 1$ emitiu a seguinte opinio. (Eu ve2o a 'uesto da homosse!ualidade como como um direito do indiv&duo+ uma opo das pessoas Z$$$[ acho 'ue uma opo e no uma condio ( E1$+ estudante de ,sicologiaG$ A concepo de opo mostra3se contradit7ria com a l7gica de 'ue+ uma ve- 'ue se o indiv&duo escolhesse entre as opes (heterosse!ualidade) e (homosse!ualidade)+ ele poderia a 'ual'uer momento dei!ar de ser homosse!ual ou heterosse!ual+ sem 'ue isso cause ao indiv&duo 'ual'uer sofrimento$ ,ara a psic7loga Adriana M\llerA+ a 'uesto da homosse!ualidade uma orientao do dese2o 'ue comea a aparecer durante a puerdade do indiv&duo+ a pessoa ento se percee se!ualmente atra&do por outra pessoa do mesmo se!o$ Essa orientao do dese2o pode gerar confuso no indiv&duo+ soretudo 'uando este se encontra inserido em um amiente+ ou grupo no 'ual se valori-a a heterosse!ualidade sore as outras formas de e!presso da se!ualidade e patologi-am ou demoni-am 'ual'uer outra orientao se!ual$ Reste conte!to+ poucos 2ovens se 2 ,rograma da rdio C6R C6R e Fam&lia da cidade de Fit7ria E5+ e!iido em Aril de AC@X 3 http.BBga-etaonline$gloo$comBLconteudoBAC@XBCVBcnLvitoriaBcomentaristasBadrianaLmullerB@VXXCVA3homosse!ualidade3nao3e3uma3opcao3e3e3preciso3haver3respeito$htmlsentiro * vontade em se e!porem+ e no raramente enfrentaro processo de intensa negao da pr7pria se!ualidade ESun'ueira+ ACCNG$ Entretanto+ cae 'uestionar se a fala da psic7loga M\ller de fato condi- com a realidade+ uma ve- 'ue h casos de homosse!uais 'ue descorem sua orientao se!ual somente durante a idade adulta+ e h crianas 'ue 2 manifestam a orientao homosse!ual desde a mais tenra idade$% discurso da opo ignora o sofrimento do indiv&duo causado pela discriminao sofrida por sua orientao se!ual+ uma ve- 'ue certos tratamentos poderiam ento ser utili-ados para a mudana dessa opo+ ou (cura)+ como apresentado por 5anders E@NNV+ citado por 9oledo P ,inafi+ AC@AG. 9cnicas ehavioristas eram empregadascom o uso de controles aversivosX para a (redesignao) de um homosse!ual para 'ue se tornasse heterosse!ual+ sugerindo o contato com o se!o oposto numa usca por um relacionamento heterosse!ual antes de ga>s e lsicas aceitarem sua pr7pria homosse!ualidade$ 9al prtica visava fa-er com 'ue homosse!uais tentassem descorir se sua homosse!ualidade era real+ ou somente uma perverso$Contrapondo a concepo da estudante+ temos a'ui a opinio de outra entrevistada. (Eu acho 'ue a se!ualidade Z$$$[ acontece independente da gente controlar+ ou da gente manipular$ A gente no ad'uire se!ualidade+ ela se impe e no tem nenhum momento em 'ue a gente consiga Z$$$[ direcionar$ Z$$$[ Eu penso assim+ se a gente pudesse escolher+ de fato a gente no escolheria ser homosse!ual+ por'ue de fato a nossa sociedade muito preconceituosa) E6$ M$+ psic7logaG$ Esta concepo encontra3se mais favorvel ao 'ue direcionado * despatologi-ao da homosse!ualidade+ e de 'ue 'ual'uer tratamento a ser reali-ado com o homosse!ual deve ser voltado ao sofrimento acarretado pelo preconceito por eleBa sofrido+ e no voltado a uma mudana de opo ou ao tratamento de uma suposta doena$5egundo Casta]eda EACCQ+ citado por 9oledo P ,inafi+ AC@AG+ a'uele psic7logo 'ue coloca em pauta a homosse!ualidade do indiv&duo como causa dos prolemas 'ue 3 Controle aversivo. Aplicao de procedimentos aseados em conting#ncias aversivas+ nos 'uais em um determinado conte!to apresentam3se punies e reforos negativos+ 'ue so a retirada de est&mulos positivos+ com o intuito de fa-er com 'ue o indiv&duo modifi'ue o comportamento$ E6aum+ ACCDGele enfrenta+ mostra seu vis homof7ico$ % terapeuta tamm no pode compartimentali-ar a homosse!ualidade do indiv&duo e atriu&3la somente ao 8mito dos relacionamentos se!uais+ e nem trat3lo como heterosse!ual+ pois ele no o $%utra viso curiosa a ser apresentada sore a percepo da diversidade se!ual+ a imagem das lsicas+ e como o relacionamento entre elas perceido$ (Era muito comum duas mulheres andarem de mos dadas+ eu costumava araar meninas com carinho+ dar araos$ Z$$$[ se eu ver uma menina andando de mos dadas com outra+ eu no vou dedu-ir 'ue se2a homosse!ual+ mas vou acreditar 'ue uma heterosse!ual de mo dada com a outra) E1$ Estudante de ,sicologiaG$Essa viso acentua a invisiilidade das lsicas$ Jm e!emplo dessa invisiilidade foi apresentado por 6orrillo EACCNG+ em uma anedota atriu&da * rainha Fit7ria+ 'ue instituiu penas *s relaes se!uais entre homens$ Quando interrogada do por'u# de no punir tamm mulheres 'ue tinham relaes se!uais umas com as outras+a rainha respondeu. (Como punir algo 'ue no e!iste" )$ Entretanto essa invisiilidade tamm atriu&da e 2ustificada pela ideia do afeto com o mesmo se!o+ 'ue naturalmente feminino citada por ele na 'ual comum oservar mulheres trocando car&cias pulicamente$ Essa aceitao pode ser confundida com uma maior toler8ncia em relao aos relacionamentos homosse!ual entre mulheres+ 'uando+ no entanto+ essa (toler8ncia) pode ser oservada com relao a casais nos 'uais amas so mulheres de aspectos f&sicos e comportamentais (femininos)+ rancas e (casadas) E6orges+ ACCH citado por Sun'ueira+ ACCN0 Sun'ueira+ ACCN0 ?ouro+ ACCNG$A ideia de amas as mulheres participantes de um relacionamento homosse!ual terem as caracter&sticas ditas femininas+ vem de um imaginrio fantasioso por parte de alguns homens heterosse!uais+ e a possiilidade de dominar duas mulheres+ como e!presso na fala de outro entrevistado$(Eu acho 'ue tem um senso comum em relao a isso+ parece 'ue a feminina um pouco mais aceita Z$$$[ do 'ue a masculina+ a masculina tem ainda como se fosse um rep;dio+ Z$$$[ 'uanto a feminina+ acontece 'ue alguns homens aceitam+ tem a'uela vontade de participar Z$$$[$ ) EA$ R$+ psic7logoG$Entretanto+ essa aceitao por parte do p;lico masculino pode ser cessada+ a partir do momento em 'ue o casal de mulheres possa rechaar essa fantasia+ em como se uma das integrantes do relacionamento tiver uma apar#ncia masculini-ada e pouco atraente para a reali-ao dessa fantasia+ 'ue sedimentada pela iconografia pornogrfica heterosse!ual$ 4sso um refle!o da misoginia+ no 'ual a se!ualidade feminina tratada como um o2eto do dese2o masculino$ Resse sentido+ os 2ogos se!uaisentre mulheres so utili-ados somente para a e!citao do homem+ e ser sempre o homem 'ue encerrar a relao se!ual+ pela penetrao e e2aculao E6orrilo+ ACCNG$A homosse!ualidade sendo tratada como uma opo+ demonstra 'ue o senso comum ainda acredita 'ue a orientao dos afetos algo totalmente racional e mutvel segundo o dese2o+ ou humor dos indiv&duos$ Ainda no se chegou a 'ual'uer consenso sore as causas da homosse!ualidade+ entretanto+ oserva3se 'ue esse movimento em usca de causas para a orientao se!ual e afetiva est somente voltada *s pessoas 'ue so homosse!uais+ uma ve- 'ue no se prolemati-am as causas da heterosse!ualidade+ dita como normal e natural+ 'ue foi sedimentada pela cultura e religio como sendo a norma e padro a ser seguido$ )!+ , " cura ga- em discusso!Em @NNN+ o Conselho Federal de ,sicologia provou a Mesoluo nI C@BNN 'ue estaelece 'ue a homosse!ualidade no constitui doena+ dist;rio ou perverso+ e 'ue psic7logos no devam e!ercer 'ual'uer ao 'ue contriua para a patologi-ao das prticas homosse!uais+ e nem reali-ar 'ual'uer tratamento 'ue vise curar a homosse!ualidade E9oledo P ,inafi+ AC@AG$Em contrapartida+ o deputado federal Soo Campos escreveu o pro2eto de lei ,1C AXVB@@ apelidado de (cura ga>)+ 'ue determina o fim da proiio do CF, ao tratamento da homosse!ualidade$ % ,ro2eto de ?ei Complementar em 'uesto permite ao homosse!ual 'ue no estiver em concord8ncia com a sua se!ualidade a procurar tratamento psicol7gico uscando a reconfigurao da sua orientao se!ual por meio de terapias$ 9odavia+ cae 'uestionar se a causa da discord8ncia do homosse!ual em relao a sua se!ualidade est ligada * se!ualidade propriamente dita+ ou a outros fatores 'ue possam impulsionar a no aceitao de sua orientao se!ual+ como a sua no aceitao em espaos sociais como escola+ traalho+ lugares p;licos ou na pr7pria fam&lia$ A 'uesto 'ue 'uando o psic7logo emasa seu diagn7stico e+ conse'uentemente+ volta o tratamento * se!ualidade do su2eito+ ele e!clui todos os fatores sociais+ culturais e familiares no 'ual o indiv&duo em sofrimento ps&'uico est inserido$ Cae compreender 'ue cl&nica psicol7gica deve tratar o sofrimento do indiv&duo compreendendo o meio e a cultura no 'ual ele se encontra$ Compreender 'ue o indiv&duo no so-inho em um universo+ e 'ue ele participa+ age influenciando e sendo influenciado por este meio$ 1esta forma oservando e perceendo 'ue este indiv&duo pode estar sofrendo discriminaes+ ou sendo alvo de chacota dentro da pr7pria fam&lia+ ou em espaos os 'uais fre'uenta$ Como mostra a fala de A$ R$. (Z$$$[ 9em 'ue ver o conte!to em 'ue ele vive+ ver se realmentenecessrio ele passar por esse processo Z$$$[ dei!ar de ser homosse!ual+ ou se na verdade o prolema outra coisa$ R" Eu acho 'ue como psic7logo tem 'ue verificar na verdade todo esse conte!to em 'ue ele vive Z$$$[+ por'ue na realidade ele pode estar atriuindo ao sofrimento dele o fato de ser homosse!ual+ mas 'ue na verdade esse sofrimento 'ueele tenha se2a outra coisa+ entendeu" ) EA$ R$ psic7logoG$5eria soremaneira dif&cil umBa 2ovem homosse!ual crescer e se desenvolver psicologicamente de maneira saudvel e aceitar sua orientao se!ual plenamente em um conte!to homof7ico no 'ual constantemente massacrado+ e tripudiado por sua orientao se!ual$ Sovens homosse!uais so motivo de chacota+ humilhaes e agresses f&sicas em amientes familiares+ profissionais e em instituies de ensino ESun'ueira+ ACCN0 ?iono+ ACCN0 Mott+ AC@AG$ Atriuir o sofrimento desses 2ovens e adultos simplesmente * sua orientao seria voltar a homosse!ualidade ao conceito de doena+ emora os defensores deste pro2eto de lei neguem 'ue essa se2a a inteno$,oder3se3ia+ ento+ afirmar 'ue a homofoia seria uma das causas do sofrimento ps&'uico do homosse!ual$ % medo da no aceitao por parte de familiares+ amigos+ instituies religiosas+ de ensino+ e no traalho pode levar alguns homosse!uais a desenvolverem 'uadros de depresso+ alcoolismo+ to!icomania+ etc$+ podendo chegar mais gravemente ao suic&dio EMott+ ACCN0 Sun'ueira+ ACCNG$ As causas desses comportamentos autodestrutivos encontram sua causa na homofoia internali-ada+ 'ue o 7dio voltado a si mesmo e aos outros homosse!uais+ no 'ual o indiv&duo no aceita sua orientao se!ual+ e no aceita o comportamento de outros indiv&duos deste grupo$ A homofoia internali-ada uma reproduo do heterosse!ismo+ 'ue+ assim como o se!ismo est para o machismo+ inferiori-ando as mulheres0 o heterosse!ismo est para a homofoia$ 1iversos discursos de 7dio so reprodu-idos pelos pr7prios homosse!uais+ como denigrindo e estigmati-ando$ Como Madureira EACCQG apresenta em seu artigo+ participantes homosse!uais reali-ando uma espcie de deslocamento+ 'uando utili-am o (eles) Eterceira pessoa do pluralG+ ao invs do (n7s)+ ou do (eu) 'uando falam sore a homosse!ualidade$ %u como 5ou-a P ,ereira EAC@XG apresentam em seu artigo falas contendo discursos agressivos por parte de homosse!uais contra outros homosse!uais 'ue e!ercem o papel de passivo+ e demonstram tre2eitos mais efeminados$ Estes entrevistados utili-am3se de termos como (veados)+ (ichinhas)$ Chegando mesmo a demonstrar raiva em sua fala+ 'uando um participante e!plicita (eu odeio ichinhas)$Este 7dio no voltado somente ao outro+ mas a si mesmo+ 'uando ele tenta se e!cluir de um grupo ao 'ual pertence$ Essa autoe!cluso gera sofrimento ao indiv&duo+ uma ve- 'ue ele tamm no pode ser aceito no grupo dos heterosse!uais+ da forma como alguns creiam pertencer$,or mais 'ue se defenda 'ue o tratamento da homosse!ualidade se2a voltado somente aos indiv&duos 'ue procuram por ele+ por atriu&rem seu sofrimento a homosse!ualidade+ a volta do discurso patologi-antes da orientao se!ual e afetiva+ 'ue foge a forma heteronormativa torna3se inevitvel$ Jma ve- 'ue se atriui o sofrimento ps&'uico a uma ;nica causa+ 'ue seria a homosse!ualidade+ e 'ue esta homosse!ualidade seria pass&vel de um tratamento 'ue poderia vir a curar o sofrimento pelo 'ual o indiv&duo passa+ ao ser motivo de chacota+ ou por sofrer discriminao dentro de espaos p;licos e particulares+ em como no 8mito familiar$,oder3se3ia di-er ento 'ue seria mais (fcil) tratar o 'ue dito+ implicitamente neste novo discurso+ ser uma doena+ do 'ue se educar toda uma populao+ dar3lhes esclarecimentos sore as diversas orientaes se!uais e afetivas dos seres humanos$)!. , O papel da psicologia em rela%o a diversidade sexualComo descrito no C7digo de ^tica ,rofissional do ,sic7logo+ cae ao profissional de ,sicologia+ em sua atuao+ compreender a anlise cr&tica da realidade pol&tica e social+ 'ue lhe permita a elaorao de condies 'ue visem eliminar opresses e marginali-ao do ser humano$ % papel do psic7logo como profissional da sa;de seria+ ento+ o de promover o em3estar social e individual das pessoas$ Contudo+ no conte!to desse deate surge ainda a discusso da chamada (psicologia crist)$A psicologia crist utili-a3se de preceitos &licos no conte!to de terapia$ Messalta3se a'ui 'ue o C7digo de ^tica veda 'ual'uer manifestao religiosa dentro do conte!to cl&nico$ Entretanto+ a psic7loga Marisa ?ooV uma das fervorosas defensoras 4 Crist 3 ,sic7loga formada pela Jniversidade 9uiuti do ,aran+ escritora+ ,7s =raduada em sa;de mental+ ,rofessora de p7s graduao+ ,alestrante nacional+ em depend#ncia 'u&mica+ transtornos psicol7gicos$ EMetirado de seu log pessoal. http.BBmarisaloo$logspot$com$rBGda proposta dessa psicologia+ cu2as prticas cl&nicas so orientadas por princ&pios religiosos+ soretudo no trato da 'uesto da homosse!ualidade$5egundo Casta]eda EACCQ+ citado por 9oledo e ,inafi+ AC@@G+ so o vu da neutralidade e de um saer especiali-ado 'ue o psic7logo pode di-er 'ual'uer coisa sore a homosse!ualidade$ Entretanto+ 'uanto do pensamento do psic7logo de fato neutro" E 'ue neutralidade essa 'ue nos conferida" 5oretudo se o psic7logo a trata como uma doena$,or trs dessa (neutralidade) conferida ao psic7logo por sua formao+ a psicologia crist se disfara de ci#ncia en'uanto pode reali-ar 2ulgamentos contraproducentes no traalho cl&nico+ especialmente com a populao ?=69$ Estigmati-ando+ geralmente e incitando a discriminao$ Ao se tratar da psicologia crist+ o psic7logo no se despe de suas crenas religiosas dentro de seu consult7rio E9oledo P ,inafi+ AC@AG$A psic7loga 6$ M$ apresenta sua viso sore esta psicologia afirmando 'ue a religio no deve interferir na atuao do psic7logo+ ela deve ser mantida fora do consult7rio$ ,ara 1$ A$+ estudante de ,sicologia+ a religio algo muito pessoal+ e tal forma de se atuar em psicologia seria como o psic7logo impor ao paciente as suas pr7prias crenas. (A& as pessoas chamam a gente de _doutor`+ e elas acreditam$ Ento a gente vai estar passando uma coisa 'ue deveria ser de escolha+ de cultura+ como uma origatoriedade maior) E1$ A$+ estudante de ,sicologiaG$ % psic7logo dentro de seu consult7rio tem o poder de au!iliar os pacientes a mudarem e ressignificarem suas vises de vida e de mundo+ o 'ue 2unto com a crediilidade * eles atriu&da+ podem indu-ir o paciente tamm em suas crenas+ 'uando o profissional+ dentro do conte!to cl&nico as manifesta livremente$Quanto ao papel da ,sicologia nas 'uestes de diversidade se!ual+ os entrevistados acreditam 'ue ela deva ter um papel acolhedor+ do tratamento do sofrimento do indiv&duo+ e no da se!ualidade em si$ ,ara 1$ estudante de ,sicologia+ a ,sicologia deve defender o direito do homosse!ual ser o 'ue ele $ 5egundo 1$ A$+ o papel da ,sicologia o do acolhimento+ do tratamento do sofrimento+ e no o de propor um tratamento curativo para a homosse!ualidade$1e acordo com 5anders E@NNV+ citado por 9oledo P ,inafi+ AC@AG+ o papel da terapeuta a2udar o indiv&duo a refletir positivamente sore suas e!peri#ncias com pessoas do mesmo se!o+ dessa forma apoiando o paciente a ressignificar a forma pe2orativa com a 'ual ele v# a homosse!ualidade+ transformando3a em uma forma positiva$ 1eve tamm a2ud3los a verem3se como v&timas de ideias carregadas de preconceitos+ desigualdade de g#neros e convidar os pacientes a e!teriori-arem a homofoia internali-ada+ por suas crenas na inferioridade do homosse!ual no conte!to da cultura heteronormativa$% papel da ,sicologia seria+ ento+ fomentar e promover a sa;de mental+ f&sica e social das pessoas+ soretudo nos casos de homosse!ualidade+ e no estigmati-ar e patologi-ar pessoas com a orientao se!ual distinta da normativa heterosse!ual E9oledoP ,inafi+ ACCN0 ?iono+ ACCNG$Eticamente a psicologia+ deve estar voltada a tratar um indiv&duo em seu conte!to social e cultural$ 1evido a isso+ o psic7logo no tem o direito de utili-ar3se de sua posio para indu-ir pessoas em 8mito religioso+ nem utili-ar3se da religio para o tratamento de pessoas$ 5oretudo nas 'uestes em 'ue concernem g#neros e orientaesafetivas e se!uais$Considera%/es 0inaisCom toda a discusso emergida a partir do 'ue foi apresentado ao longo deste artigo+ cae ressaltar pontos 'ue foram cruciais no entendimento da identidade+ diversidade se!ual+ e da homofoia+ em como poderia ser a atuao da psicologia em casos de preconceitos contra homosse!uais$%servou3se nos te!tos utili-ados na construo da fundamentao te7rica+ a recorr#ncia da hierar'ui-ao e separao de g#neros+ a partir e!ig#ncias sociais 'ue se fa- do homem e da mulher+ na 'ual segundo Fre>re E@NO@+ citado por ,ar:er+ @NN@G+ o homem deve fa-er da mulher algum totalmente diferente dele$ 5endo 'ue+ o homem deve ser forte+ viril+ violento e deve se fa-er oedecer0 e a mulher deve ser sumissa+ respeitvel+ honrada+ frgil+ e deve ceder ao poder do homem EMadureira+ AC@C0 ,ar:er0 @NN@G$ E o indiv&duo 'ue transita entre essas duas identidades e por isso+ no pode ser considerado nem homem e nem mulher+ pois falta3lhe os gen7tipos t&picos dos g#neros dicotTmicos aceitos pelo discurso da se!ualidade dentro dos limites normativos da heterosse!ualidade reprodutiva+ para ser considerada do se!o masculino ou feminino+ uma ve- 'ue a transgresso da norma heterosse!ual no afeta somente a identidade se!ual do su2eito+ mas muitas ve-es representa como uma (perda) do seu g#nero (original) E,ar:er+ @NN@0 ?ouro+ ACCN0 Madureira+ AC@CG$Alm dessa (perda) do (g#nero) original+ 'ue pode gerar conflito+ soretudo 'uando essa percepo se d durante a adolesc#ncia+ poca de d;vidas e de desenvolvimento se!ual do indiv&duo+ no 'ual eleBela passa a descorir a se!ualidade$Alm de todas essas mudanas+ oBa homosse!ual ainda deve enfrentar uma sociedade e uma cultura fundamentada na religiosidade 2udaico3crist+ 'ue utili-ando3sede escrituras sagradas 2ulgam a homosse!ualidade como um pecado+ demoni-ando3a EMott+ ACCN0 9oledoP ,inafi+ AC@AG$ Alm de haver a herana da patologi-ao da homosse!ualidade$Ao aordar a patologi-ao da homosse!ualidade nos sculos passados+ ressalta3se tamm na atualidade a tentativa de iniciar um tratamento dos homosse!uais a partir da ,1C AXVB@@+ criada pelo deputado federal Soo Campos+ 'ue visa permitir o tratamento do homosse!ual 'ue no estiver de acordo com a pr7pria se!ualidade$ Contudo tamm oservou3se a relev8ncia do conte!to social+ cultura+ e familiar 'ue possa influenciar nesta no aceitao da homosse!ualidade por parte do indiv&duo$ 5egundo 6orrillo EACCNG+ no importa se a homosse!ualidade uma opo de vida do indiv&duo+ ou se uma condio de vida dele$ 5e causada por fatores genticos+ ou psicol7gico$ A homosse!ualidade deve ser respeitada e legitimada como a heterosse!ualidade+ como mais uma manifestao do pluralismo se!ual e afetivo humano$ Ao homosse!ual deve ser garantido os mesmos direitos civis 'ue so conferidos aos heterosse!uais$ 1eve ser considerada um dado no pertinente na construo pol&tica do cidado e na 'ualificao do su2eito de direitos$Quanto ao papel da psicologia sore as 'uestes da homosse!ualidade+ oservou3se uma concord8ncia de ideias entre os participantes+ uma ve- 'ue para ele+ esse papel se distingue no acolhimento+ e tentativa de compreenso do conte!to no 'ual este indiv&duo vive$ A psicologia tem portanto o papel de no tentar curar o indiv&duo+ uma ve- 'ue 2 foi estipulada a despatologi-ao da homosse!ualidade+ no encai!ando3a como perverso+ parafilia+ transtorno ou dist;rio+ e 'ue o psic7logo 'ue seguir o pensamento por esta linha+ dei!a a mostra seu vis homof7ico+ como tamm+ ainda vai contra a conduta tica do profissional de psicologia$Refer&ncias6aile>+ S$ M$ EMaro de ACCCG$ =enetic and Environmental 4nfluences on 5e!ual %rientation and 4ts Correlates in an Australian 9Kin 5ample. ,ersonalit> ,rocesses and 4ndividual 1ifferences$ Sournal of ,ersonalit> and 5ocial ,s>cholog>$6aum+ U$ M$ EACCDG$ Compreender o 6ehaviorismo$ ,orto Alegre. Artmed$6orrillo+ 1$ EACCNG$ A /omofoia$ Em 9$ ?iono+ P 1$ 1ini-+ /omofoia e Educao. Jm 1esafio ao 5il#ncio Epp$ @D 3 VDG$ 6ras&lia. JR6$Sun'ueira+ M$ 1$ EACCNG$ /omofoia nas Escolas+ Jm prolema de 9odos$ Em M$ 1$ Sun'ueira+ 1iversidade 5e!ual na Educao. A ,rolemati-ao sore a /omofoia nas Escolas$ Epp$ pp$ @X 3 H@G$ 6ras&lia. MECBJnesco$?iono+ 9$+ P 1ini-+ 1$ EACCNG$ /omofoia+ 5il#ncio e Raturali-ao. ,or uma Rarrativa da 1iversidade 5e!ual$ Em 9$ ?iono+ P 1$ 1ini-+ /omofoia e Educao. Jm 1esafio ao 5il#ncio Epp$ VQ3Q@G$ 6ras&lia. JR6$?ouro+ =$ ?$ EACCNG$ /eteronormatividade e /omofoia$ Em M$ 1$ Sun'ueira+ 1iversidade 5e!ual. ,rolemati-ao 5ore a /omofoia nas Escolas Epp$ OH3NXG$ 6ras&lia. MECBJnesco$?ouro+ =$ ?$ E@NNQG$ =#nero+ 5e!ualidade e ,oder$ Em =$ ?$ ?ouro+ =#nero se!ualidadee educao. uma perspectiva p7s3estruturalista Epp$ XQ3HDG$ ,etr7polis. Fo-es$Madureira+ A$ F$ A$+ P 6ranco+ A$ J$ EACC@G$ A pes'uisa 'ualitativa em psicologia do desenvolvimento. 'uestes epistemol7gicas e implicaes metodol7gicas$ Em 56,+ 9emas em ,sicologia da 56, Epp$ DX3QHG$ 6ras&lia. 56,$Madureira+ A$ F$ A$EACCOG$ 4magens como artefatos culturais na pes'uisa sore as ases sociais e psicol7gicas do preconceito. uma proposta metodol7gica$ Em ,es'uisa de p7s3doutorado reali-ada pela autora em ACCO na Facultad de ,sicolog&a da Jniversidad Aut7noma de Madrid+ na Espanha+ so a superviso do ,rof$ 1r$ Alerto Mosa Mivero$ Madrid. CA,E5+ 6rasil$Madureira+ A$ F$ A$ EAC@CG$ =#nero+ 5e!ualidade e ,rocessos 4dentitrios na 5ociedade 6rasileira. 9radio e Modernidade em Conflito$ Em ?$ =$ A$+ P 5$ C$+ =#nero e,sicologia 5ocial. 4nterfaces Epp$ X@3DXG$ 6ras&lia. 9echnopoliti:$Madureira+ A$ F$ A$ Es$d$G$ 4magens como artefatos culturais na pes'uisa sore as ases sociais e psicol7gicas do preconceito. uma proposta metodol7gica$ ,es'uisa de p7s3doutorado reali-ada pela autora em ACCO na Facultad de ,sicolog&a da Jniversidad Aut7noma de Madrid$ Em s$ a$ Espanha$Madureira+ A$ F$ A$+ P 6ranco+ A$ J$ EAC@AG$ As ra&-es hist7rico3culturais e afetivas do preconceito e a construo de uma cultura democrtica na escola Epp$ @AH3@HHG$ Mio =rande do 5ul. Mediao$Madureira+ A$ F$ A$+ P 6ranco+ A$ J$ EACCQG$ 4dentidades se!uais no3hegemTnicas. processos identitrios e estratgias para lidar com o preconceito Epp$ O@3NCG$ 6ras&lia. Mediao$Man-ini+ E$ S$ EACCVG$ Entrevista 5emiestruturada. Analise de %2etivos e de Moteiros$ Mar&lia$Moreira+ A$ F$ A$+ P C8mara+ M$ S$ EACCOG$ Mefle!es sore o curr&culo e identidade. implicaes para a prtica pedag7gica$ Em A$ F$ Moreira+ P F$ M$ Candau+ Multiculturalismo. diferenas culturais e prticas pedag7gicas Epp$ XO3DDG$ ,etr7polis 3 MS. Fo-es$Mott+ ?$ EAC@AG$ Ma&-es persistentes da homofoia no 6rasil$ Em 9$ M$ Fieira+ Minorias se!uais. direitos e preconceitos Epp$ @DH3@NHG$ consule!$,ar:er+ M$ =$ E@NN@G$ Corpos+ ,ra-eres e ,ai!es$ 5o ,aulo. Rova Cultura$Mios+ M$ M$ EACCNG$ /omofoia na perspectiva dos direitos humanos e no conte!to dos estudos de preconceito e discriminao$ Em M$ 1$ Sun'ueira+ 1iversidade se!ual na educao. prolemati-ao sore a homofoia nas escolas Epp$ HX3OCG$ 6ras&lia. MECBJnesco$5antos+ =$ A$ EACC@G$ Filosofia e as gentes 3 um estudo sore a origem das diferenas$ Em 1$ S$ 5ilva+ P M$ M$ ?i7rio+ Falores+ preconceitos e prticas educativas Epp$HQ3Q@G$ 5o ,aulo. Casa do ,sic7logo$5ou-a+ E$ M$ de+ P ,ereira+ 5$ S$ R$ EAC@XG$ EMeGproduo do heterosse!ismo e a heteronormatividade nas relaes de traalho Epp$ QD3@CHG$ 5o ,aulo. Mac:en-ie9oledo+ ?$ =$+ P ,inafi+ 9$ EAC@AG$ A Cl&nica ,sicol7gica e o ,;lico ?=69$ Mido de Saneiro$Fecchiatti+ ,$ M$ E@A de Maro de AC@@G$ Entenda % ,?C@AABCD$ Fonte. ,?C @AA 3 5ite %ficial. http.BBKKK$plc@AA$com$rBentenda3plc@AABaa!--A:vF,me?nUoodKard+