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Jovem: Transformador do mundo 2º SEMESTRE / 2012

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Edição | 2º Semestre 2012

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Page 1: Em Família | Arquidiocesano

Jovem: Transformador do mundo

2º SemeStre / 2012

Page 2: Em Família | Arquidiocesano
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Page 4: Em Família | Arquidiocesano

22 ExpedienteCombinação única de bons valores com excelência.

O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que diariamente vivenciam e disseminam importantes valores humanos

e cristãos, com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e jovens.

Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da educação, da escola à universidade, formamos

pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a

melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas a ação social está presente

com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla

rede de solidariedade.

Bons valores com excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.

Rua Imaculada Conceição, 1155Prado Velho – Curitiba – PRPrédio Administrativo PUCPR – 8º andarCEP: 80215-901Tel.: (41)3271-6500

www.colegiosmaristas.com.br

BRAsílIA • Colégio Marista de Brasília - Educação Infantil e Ensino Fundamental - SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília - DF - 70200-690 - (61) 3442-9400

Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio - SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília - DF - 70200-750 - (61) 3445-6900

CASCAVEL • Colégio Marista de Cascavel - Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel - PR - 85812-011 - (45) 3036-6000

CHAPECÓ • Colégio Marista São Francisco - Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chape-có - sC - 89801-500 - (49) 3322-3332

CRICIÚMA • Colégio Marista de Criciúma - Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma - sC - 88811-503 - (48) 3437-9122

CURITIBA • Colégio Marista Paranaense - Rua Bispo Dom José, 2674 Seminário - Curitiba - P1) 3016-2552

Colégio Marista santa Maria - Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - Curitiba - PR - 82200-210 (41) 3074-2500

GOIâNIA • Colégio Marista de Goiânia - Avenida Oitenta e Cinco, n. 1440

St. Marista - Goiânia - GO - 74.160-010 - (62) 4009-5875

JARAGUÁ DO SUL • Colégio Marista São Luís - Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 Centro - Jaraguá do sul - sC - 89251-700 - (47) 3371-0313

JOAÇABA • Colégio Marista Frei Rogério - Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba - SC - 89600-000 - (49) 3522-1144

LONDRINA • Colégio Marista de Londrina - Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - londrina - PR - 86060-000 (43) 3374-3600

MARINGÁ • Colégio Marista de Maringá - Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro - Maringá - PR - 87010-430 - (44) 3220-4224

PONTA GROSSA • Colégio Marista Pio XII - Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carva-lho - Ponta Grossa - PR 84015-440 - (42) 3224-0374

RIBEIRÃO PRETO • Colégio Marista de Ribeirão Preto - Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis - Ribeirão Preto - sP - 14015-130 - Fone:(16) 3977-1400

SÃO PAULO • Colégio Marista Arquidiocesano - Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana - são Paulo - sP - 04035-000 - (11) 5081-8444

Colégio Marista Nossa senhora da Glória - Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - são Paulo - sP - 01518-000 - (11) 3207-5866

Jornalista Responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 | supervisão: Maria Fernanda RochaRedação: Michele Bravos / Julio Cesar Glodzienski / Elizangela Jubanski | Diagramação: Julyana WerneckRevisão: Editora Champagnat | Divisão APC – Grupo MaristaR. Amauri lange silvério, 270 - Pilarzinho – Curitiba/PR – CEP: 82120-000 – Fone: (41) 3271-4700 www.grupolumen.com.br

Periodicidade da publicação: semestral

Quer anunciar? Entre em contato conosco pelo fone (41) 3271-4700 ou pelo site www.grupolumen.com.br

Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

Presidente das Mantenedoras: Ir. Delcio Afonso Balestrin

superior Provincial: Ir. Joaquim sperandio

superintendente Executivo do Grupo: Marco Antõnio B. Cândido

Rede de Colégios: Ir. Paulinho Vogel, André Garcia, Isabel Cristina

Michelan Azevedo

Comunicação e Marketing ABEC/UCE: Fabiane Campana, Camila

schmid, Bruno Bonamigo, Tiago Ienkot, Fábio Egg Mais, Kelen

Y. Azuma, Silvia S. Tateiva, Alexandre L. Cardoso, Denise Neves

Machado

Comunicação e Marketing Colégios: Bruna F. Gonçalves,

Cristiane R. santos, Eros A. A. Martins, Eziquiel M. Ramos, Fábio

S. Aparício, Guilherme F. Neto, Kely C. de Souza, Luana M. D.

dos santos, luiza B. Fleury, Mateus Vitor Tadioto, Mayara A.

Haudicho, Raquel A. Bortoloso, Samira D. Dutra, Tatiane Pereira,

Mayara Gutjahr

Capa: Gabriel Cauduro, Vagner Vergara, lucas Jiang, Bruna Braga luz e Geórgia Furquim, estudantes do Colégio Marista Rosário - Porto Alegre (Rs)

Elaboração da arte realizada pela professora Maria Cristina Kersting, do Colégio Marista são Pedro - Porto Alegre (Rs)

Foto: Wesley santos

Em Família | 10ª Edição | 2º Semestre 2012

Page 5: Em Família | Arquidiocesano

23Primeira impressão

Para abrilhantar o tema desta edi-

ção, permitam-me iniciar nossa

reflexão sobre a juventude com duas

frases instigantes, uma do escritor

francês Albert Camus: “A juventude é

sobretudo uma soma de possibilida-

des”, e a outra, de Franklin Roosevelt:

“Nem sempre podemos construir o

futuro para nossa juventude, mas

podemos construir nossa juventude

para o futuro".

Certamente, muitos de nós, assim

como os autores citados, acreditamos

que a juventude tem um potencial

enorme de transformação não só do

futuro, como de toda uma socieda-

de. Mas não há como a juventude, ou

qualquer outro grupo social, ser essa

mola propulsora de transformação,

se não estiver apoiada em valores em

que ela própria acredite.

O tempo em que vivemos hoje é de

transformações e mudanças. segun-

do alguns, não apenas uma época de

mudança, mas uma mudança de épo-

ca. A crise de muitas instituições como

a família, a escola, o Estado e a Igreja,

gerada por esse tempo de modifica-

ções, faz os jovens tentarem entrar na

sociedade, não mais por essas insti-

tuições, mas a partir das relações com

seus pares, gerando assim seus pró-

prios modelos culturais de identidade,

de formas tão originais e criativas quan-

to as realidades juvenis que existem em

cada cidade.

Quando os valores são vivos na

mente e no coração dos jovens, inde-

pendente de instituições, encontramos

uma juventude com vontade de parti-

cipar da transformação da realidade.

são jovens que procuram uma socie-

dade sustentável, baseada no respeito

à natureza, nos direitos humanos uni-

versais, na eficiência da justiça econô-

mica e em uma cultura de paz desde

uma perspectiva ecológica integral.

Muitos deles tratam de promover a

mudança a partir de seu compromisso

com organizações não governamen-

tais ou políticas, atentos para que os

temas pertinentes à juventude sejam

discutidos. Podemos dizer, além disso,

que a grande maioria dos jovens pro-

cura intensamente pela espiritualidade

hoje. são novas expressões, não neces-

sariamente ligadas às grandes religiões,

mas que manifestam de outra forma

a espiritualidade e a transcendência

latentes, de um modo que talvez não

consigamos descobrir nem entender.

Para os jovens, a fase da juventude é

uma etapa de magia, porque repleta

de alegria, liberdade, vitalidade e ener-

gia. É um tempo cheio de curiosidade,

com vontade de conhecer, provar e

sentir uma infinidade de experiências,

mas, em certos momentos, permeado

pela solidão, quando carentes de lar e

da companhia familiar.

O encontro e o protagonismo juve-

nil podem ser realizados na escola, na

rua, no bar, na balada, nas organizações

pastorais, nos movimentos sindicais,

nos fóruns de juventude e em outros

espaços públicos que propiciem o

encontro e permitam que se reconhe-

çam como jovens. Além dos lugares, há

também os espaços de encontro: fes-

tivais de música, eventos esportivos,

internet, reuniões de reflexão, experi-

ências de trabalho ou intercâmbio aca-

dêmico e cultural, bailes, expressões

culturais autóctones ou juvenis, mani-

festações em defesa dos direitos, rebe-

liões, guerras, prisões etc.

Cabe às instituições, ao poder públi-

co e aos órgãos governamentais desen-

volver nos jovens os valores essenciais

à vida humana e propiciar os espaços

adequados para que sua atuação este-

ja garantida. Garantindo formação e

espaço adequado, a juventude espon-

taneamente transformará o mundo à

sua volta. Assim, construímos nossa

juventude para o futuro, oferecendo a

ela todas as possibilidades de ser feliz e

fazer os outros felizes, como sonhava

Marcelino Champagnat, que acreditava

que, fazendo os outros felizes, encon-

trávamos nossa própria felicidade.

A transformação como possibilidade!Por Ir. Paulinho Vogel

Ir. Paulinho Vogel é Diretor Executivo da Rede Marista de Colégios

Page 6: Em Família | Arquidiocesano

24 Entrevista

Page 7: Em Família | Arquidiocesano

Chamado paratransformarA tarefa de contribuir para um futuro

ie um mundo melhores é respon-

sabilidade de cada um dos 7 bilhões de

habitantes do planeta. O jovem argen-

tino Juan Andrés Mussini, de 29 anos,

mestre em Ciência da Computação pela

PUCPR, tem feito sua parte a serviço

da nação do Timor leste, por meio da

Organização das Nações Unidas (ONU).

Como especialista em tecnologias

de informação e comunicação para

o Programa das Nações Unidas para

o Desenvolvimento (PNUD), Mussini

tem aprendido a lidar com frustrações

e percebido que sua missão é dar o

melhor de si, fazendo o que for possí-

vel pelo bem-estar das pessoas.

Como foi sua trajetória até chegar à ONU? Era um sonho?

Minha chegada à ONU foi resultado

de uma busca por um trabalho que

me desse um retorno moral comple-

to. sendo formado na área de Exatas/

Computação, tive dificuldade em unir,

ao mesmo tempo, um serviço que me

desse garantia econômica e um sen-

timento de estar fazendo algo que

valesse a pena. Já me sentia um pouco

assim ao trabalhar em uma faculdade,

por muitos anos. sentia que estava

ajudando os professores, estudantes e

funcionários da instituição a fazer seu

trabalho de forma eficiente. A informá-

tica é uma área que não produz nada

por si própria, ela serve de base para

outros aplicarem suas habilidades ou

seu conhecimento. Acredito que, se

cada um fizer bem seu trabalho, inicia-

-se uma reação em cadeia, na qual o

usuário do seu produto, por sua vez,

fará o mesmo, e assim por diante. Há

vários níveis de "ajuda", nenhum mais

importante que o outro, com todos tra-

balhando em harmonia até se formar

um produto final. se todos os membros

fizerem um trabalho decente, haverá

qualidade equivalente. Na ONU, con-

sigo ajudar outras pessoas mais direta-

mente, passando meu conhecimento a

pessoas que nunca tiveram condições

e nunca sonharam estar trabalhando

com informática.

De que forma você acabou sendo

enviado para o Timor Leste?

A ONU é equivalente a um órgão públi-

co, mas em âmbito mundial. Há várias

missões e agências da ONU. Cada uma

delas tem seu quadro de funcionários,

como se fossem empresas normais, e,

como tal, publicam vagas e contratam

colaboradores. Eu vi a oportunidade de

trabalhar para a ONU como voluntário

na área de informática e gostei muito

da ideia. O país era algo secundário, eu

me interessei mesmo pela proposta da

ONU. Como uma das línguas oficiais do

país é o português, já há muitos brasi-

leiros aqui. Esses brasileiros, por sua

vez, já aplicam o conhecimento que

aprenderam no Brasil desde que che-

gam aqui – entre eles, o conhecimento

sobre informática, particularmente de

linux, que é muito forte no Brasil. Ten-

do sido educado no Brasil, eu me tornei

um especialista nessa tecnologia, o que

ajudou no processo de seleção.

Como é seu dia a dia nesse país?

Meu trabalho é situado diretamente no

Ministério da Justiça do Timor leste,

especificamente voltado para os timo-

renses colaboradores da Procuradoria

Geral da República. Todos eles fazem

parte da equipe de TI da instituição.

Eu dou aula para eles duas manhãs por

semana. Depois da aula, temos treina-

mentos específicos em cada institui-

Homens trajados com vestimentas típicas timorenses.

UN

MIT

Page 8: Em Família | Arquidiocesano

26 Entrevista

Trabalhando na ONU,

eu sou um agente de mudanças.

eu sinto que as coisas acontecem

porque nós fazemos acontecer

eu Tenho que tratar as pessoas

com respeito

eu quero ajudar da forma que

for possível

eu vou fazer muito bem feito o

que tenho que fazer

A restauração da independência do Timor leste, ocorrida em 2002, é motivo de comemoração no país.

Mar

tine

Perr

et/U

NM

IT

Um agente da paz desembarca no Timor leste, trazendo ajuda para a população.

UN

MIT

ção, atendendo a suas necessidades e

demandas. Aqui, aplica-se o conceito

de formação de capacidade, que vai

além de aulas normais. É possível se

dedicar àqueles que têm mais dificul-

dades, por exemplo.

Qual o maior desafio em estar em

missão?

Do ponto de vista profissional, é lidar

com as frustrações. Do lado pessoal,

é a saudade. sou uma pessoa muito

família, com três irmãs e, a partir de

dezembro, seis sobrinhos. Estar lon-

ge deles é difícil e ver os pequenos

crescendo e mudando, também. O

dia a dia aqui é seguro, mas instável.

No meio do ano, depois do resultado

das eleições, houve focos de revol-

tas, com muitos carros apedrejados

e queimados e até pessoas feridas e

mortas. Durante aquela semana, o cli-

ma ficou tenso, mas por sorte não se

agravou. A situação pode mudar rapi-

damente, por isso temos que sempre

estar atentos e ter um bom ponto de

segurança, como a própria casa, com

mantimentos e provisões básicas.

Como é conviver com a frustração

de que nem sempre a solução está

em suas mãos?

O maior desafio é fazer as pessoas

entenderem a importância do que

está sendo feito. Em outros luga-

res do mundo, essa formação de

capacidade diretamente aplicada ao

local de trabalho é algo raro, já que

os treinamentos tradicionais são

sempre dados em horário diferente

do horário do trabalho. As empre-

sas preferem que seus funcionários

estejam envolvidos em suas tarefas

laborais nesse horário. Aqui, a tarefa

laboral deles é aprender. Mas, mesmo

assim, muitos deles não dão valor a

isso e acabam por se interessar pou-

co, perdendo a oportunidade que

oferecemos. Para lidar com essa frus-

tração, temos que manter a meta e

nos concentrar naquelas pessoas que

apreciam isso e que estão mudando

com o que nós oferecemos. Ver que

estamos melhorando a vida de uma

pessoa é uma recompensa extrema-

mente gratificante, que nos dá força

pra seguir adiante.

Quando mais novo, de que for-

ma você fazia a diferença em sua

realidade?

Posso dizer que eu nunca fui um

rapaz extrovertido e com facilida-

des sociais, por isso não me envolvia

ativamente em causas sociais. Mas,

graças à educação que tive, gosto de

pensar que sempre diferenciei o bom

do mau. Por isso, em tudo que fazia

eu tratava de levar sempre em conta

isso, perguntando-me quais seriam

as consequências de minhas ações.

Acho que era algo simples, mas que

fazia a diferença em minha realidade.

Qual a maior recompensa que o seu

trabalho lhe proporciona?

Profissionalmente, é ver os colegas

aprendendo e mudando. Pessoal-

mente, é saber que estou fazendo

algo pra melhorar a vida de alguém.

Quais características esse trabalho

desenvolveu em você?

Trabalhar com tecnologia em um país

pós-conflito é algo muito desafiante.

Tive que aprender a lidar com situa-

ções difíceis, como falta de comuni-

cação e de energia durante quase o

dia todo. Aprendi a lidar com outras

culturas, porque cada pessoa tem

uma forma de lidar com as coisas.

Estou mais tolerante.

Hoje, trabalhando para o Timor Les-

te, qual é seu maior desejo?

Que eu consiga fazer a diferença para

mais pessoas. Quando eu for embora,

quero olhar para trás e enxergar um

trabalho bem-feito, uma diferença

clara (para melhor!) entre o momen-

to em que cheguei e o momento em

que estiver partindo.

Page 9: Em Família | Arquidiocesano
Page 10: Em Família | Arquidiocesano

28 Capa

Rebeldes com causaEste século é marcado por jovens transformadores e com irreverência suficiente para causar um impacto positivo no mundo

O ijeitão despojado e até blasé

iengana à primeira vista. Quem

vê pode pensar que são jovens per-

didos, que não levam nada a sério e

que vivem conectados – até demais.

O engano vai embora quando esses

jovens falam sobre o que pensam,

o que creem e como gostariam de

colocar em prática suas ideias para

melhorar o mundo.

Estamos falando dos jovens do

século XXI, as chamadas gerações

Y e Z. Jovens com causas, planos e

liberdade de sobra para transformar.

Segundo o Ir. Evilázio Teixeira, doutor

em Filosofia, Teologia e atual vice-rei-

tor da PUCRS, essa é “uma juventude

que se nega a simplesmente repetir

as gerações anteriores e que busca

afirmação”.

Diferente de décadas passadas,

o jovem da atualidade só se engaja

naquilo que realmente lhe faz sen-

tido. A vontade de ver pequenas

mudanças os move

para grandes con-

quistas. O soció-

logo Cézar Lima,

professor de Ci-

ências Sociais da

PUCPR, explica

que o jovem atual tem entendimento

de que não vai mudar o mundo, mas

sabe que tem em mãos a possibili-

dade de contribuir para um convívio

mais harmonioso.

Para os estudantes do 2º ano do

Ensino Médio, Bruna Luz, do Colé-

gio Marista Rosário (RS), e Alexan-

dre Longo Filho, do Colégio Marista

Pio XII, de Ponta Grossa (PR), ajudar

uma senhora a atravessar a rua ou

ser gentil com alguém já são atos de

grande valor. “Com certeza, pensar

nas próprias atitudes e acreditar que

elas provocam transformações é uma

combinação que mudaria o mundo”,

diz Alexandre.

Para o Ir. Evilázio Teixeira, os

jovens estão mais sensíveis por natu-

Além do voluntariado, a estudante Bruna Luz, do 2º ano

do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (Rs), acredita

que atitudes do cotidiano podem fazer a diferença.

“ser gentil com o porteiro ou com uma senhora são coisas que, por vezes, não são valorizadas. Mas fazem diferença na vida das pessoas.”

Page 11: Em Família | Arquidiocesano

Além das ações voluntárias, o estudante Gabriel Cauduro,

do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (RS),

realiza a doação de roupas para pessoas carentes.

“Eu gosto de me envolver com outras pessoas, de ajudar. A possibilidade de fazer isso no voluntariado me chama a atenção, por isso sou voluntário.”

reza e querem um mundo melhor

para todos. É nesse contexto que as

causas específicas ganham força. “A

juventude atual está muito sensi-

bilizada perante os problemas das

desigualdades sociais, a realidade de

marginalização, de ataque ao ecossis-

tema, da pobreza e morte que asse-

diam muitos dos países em desenvol-

vimento. Muitos deles estão dispos-

tos a dedicar parte de seu tempo, de

seu dinheiro, de suas férias e até anos

inteiros, a aliviar esses problemas”.

Mas tudo isso só dura enquanto o

jovem crê na bandeira que levantou.

A partir do momento em que ele não

acredita mais, ele não insiste e parte

para uma nova empreitada. O sociólo-

go afirma que as manifestações atuais

duram menos tempo se comparadas

às de 20 ou 30 anos atrás; no entanto,

são mais diretas e efetivas.

Minha, sua, nossa causaAtualmente, não se tem mais

a noção de mudanças grandiosas,

buscam-se mudanças pontuais. Já as

décadas de 60, 70 e 80 foram marca-

das por um anseio de grandes refor-

mulações. O contexto pedia alteração

na estrutura da sociedade, na política

ditatorial que sufocava a liberdade

dos seres humanos, na economia

que não favorecia boas condições de

vida. Quando essas conquistas foram

alcançadas, a noção de luta que havia

se construído se dispersou e um novo

molde surgiu, no formato que tem

sido apresentado hoje pelos jovens.

O estudante Heitor Fantinatti, do

3º ano do Ensino Médio do Colégio

Marista de Ribeirão Preto (sP), é um

exemplo dessa juventude. “Quando

nós falamos em mudar o mundo,

parece que é uma coisa gigantesca

e muito difícil de fazer. Isso se torna

realmente difícil se você falar em um

contexto global. Mas e se pararmos

para pensar e começarmos a mudar

o lugar onde vivemos? Primeiro, a

escola; depois, o bairro; até chegar a

uma cidade inteira”, diz.

A partir da década de 90, com o

conceito de globalização mais institu-

ído na vida das pessoas, veio também

o firmamento do multiculturalismo.

Assim, as lutas e causas também se

tornaram desterritorializa-

das, o que contribui

para o alcance de

conquistas glo-

bais. A internet

se tornou, e ain-

da é, uma forte

aliada para isso.

Das ruas para as redes socias“Revolução de verdade se faz na

rua.” Ou seria "se fez"? Os caras-pin-

tadas, os hippies ganharam a cidade

com seus gritos de revolução e pas-

seatas. Hoje, a manifestação é menos

alarmante – embora tão ou mais efe-

tiva que – e o ponto de encontro é no

mundo virtual.

O estudante Gabriel Cauduro,

do 1º ano do Ensino Médio do Colé-

gio Marista Rosário (Rs), conta que o

canal de comunicação do grupo de

voluntariado do qual participa são as

redes sociais. “Pela rede social, orga-

nizamos os grupos que vão visitar as

instituições que ajudaremos. O gru-

po da internet também é usado para

comentar outras atividades envolvi-

das com o voluntariado”.

Page 12: Em Família | Arquidiocesano

30 CapaPara que outras gerações possam

entender essa transição de espaços,

o questionamento deve ser: as pla-

taformas já conhecidas (cartazes,

manifestos nas ruas) ainda são con-

dizentes com a forma de expressão

do jovem Y ou Z?

Vale lembrar que essa juventude

nasceu em outro contexto, cercada

pela teia da World Wide Web. logo, é

natural que seus gritos e pensamen-

tos por mudanças sejam explicita-

dos em páginas de redes sociais, por

exemplo. Para o Ir. Evilázio Teixeira,

“é incontestável que esses avanços

tenham facilitado muitos aspectos

de nossa vida diária, tornado mais

compreensível nosso mundo e apro-

ximado os problemas de todos”.

O mundo virtual oferece um espa-

ço de encontro plural para os jovens,

onde podem encontrar pessoas com

inquietações similares, o que se tor-

na um incentivo para agirem. “A

internet proporciona a mobilização

de quem nem se conhece”, completa

o sociólogo Cézar lima.

Do meu jeitoOlhando para o passado, o jovem

Y e Z reconhece as vitórias alcança-

das pelos pais e avós, mas percebe

quantas barreiras foram impostas

pelas instituições com as quais a

velha juventude estava ligada. Por

isso, hoje o jovem luta por suas cau-

sas por conta própria. Ele não está

preocupado se terá o apoio de uma

ONG ou de um partido político; pelo

contrário, ele não crê nessas insti-

tuições. sendo assim, dá o primeiro

passo. No caminho, encontra outros

jovens com interesses similares. Jun-

tos, eles vão atrás do que querem.

O desafioDiante do contexto de jovens enga-

jados em causas mais específicas e des-

crentes do sistema político e econômi-

co, é preciso encontrar formas para que

esses jovens possam tornar suas pautas

específicas potentes influenciadoras

dos direitos fundamentais. “Ainda não

vejo o jovem envolvido em lutas que

transcendam os interesses específicos.

Esse é o desafio do momento”, diz o

sociólogo.

Processo em cursosegundo Cézar lima, o que vivemos

hoje é um reflexo dos anos anteriores e

continuará sendo assim. Por isso, é pre-

ciso perceber que discussões acerca da

juventude e de seus comportamentos

não é um ciclo que se fecha, mas que se

altera com o passar do tempo. Quando

se fala em geração 2000, as percepções

são ainda mais incompletas, uma

vez que este é um processo

em curso.Por iniciativa própria, a estudante Georgia Furquim, do 2º ano do Ensino Médio do

Colégio Marista Rosário (Rs), começou a se envolver em atividades voluntárias:

“Acho que o Colégio me incentivou, trabalhando isso na minha vida desde pequenininha. Eu gosto de ajudar e quando conto histórias para a minha família, eles até sentem vontade de contribuir.”

Page 13: Em Família | Arquidiocesano

A juventude atual me parece assim...

Lucas Jiang, estudante do 3º ano

do Ensino Médio do Colégio Marista

Rosário (Rs), pratica voluntariado

desde 2010 e conta com o apoio

dos pais nessa atividade:

“Meus pais me apoiam. Converso muito

com meu pai sobre as atividades do grupo e ele

se sente orgulhoso.”

Os pais de Vagner

Vergara, do 3º ano do

Ensino Médio do Colégio

Marista Rosário (RS), nunca

praticaram ações voluntárias, mas

isso não impediu o estudante de se engajar:

“Comecei no voluntariado por influência dos meus amigos.”

Maria Carvalho, 63 anossalgadeira“Acredito que a juventude de

hoje não está perdida, mas

falta respeito dos jovens com os

outros. Penso que os pais não

querem que os filhos passem

pelo que eles passaram e por

isso não impõem limites.”

roseli silva, 48 anosDoméstica“A educação dos jovens de

hoje é bem diferente. Acre-

dito que os pais deixam os

adolescentes e as crianças

soltas demais, e isso torna

alguns jovens rebeldes.”

euclides s. Pereira, 48 anosCabeleireiro“Em relação ao comportamento

de antigamente, a juventude de

hoje tem mais liberdade. Nos

meus 40 anos de cabeleireiro, por

exemplo, o pai escolhia o corte

do filho até os 15 anos de idade;

hoje, a criança mais nova corta

o cabelo do estilo que quer."

eloir rosa, 42 anosCinegrafista

“Está cada vez mais difícil

educar um filho. Hoje em dia

está tudo muito livre. Acredito

que um pouco de censura

não faria mal. A culpa é da

sociedade, a televisão mostra

muita coisa que não deveria."

Isaura M. oliveira, 65 anosAposentada“Os jovens têm em

mãos uma coisa muito

grande, que se chama

liberdade. Muitos deles

sabem aproveitar isso.”

Eles viram a minissaia sur-

gir, os hippies pregarem

“paz e amor”, o muro de Ber-

lim cair. Alguns participa-

ram ativamente dessas e de

outras emblemáticas situ-

ações no mundo. Outros,

simplesmente, foram espec-

tadores. As gerações nas-

cidas no fim da década de

1950 e durante a de 1960

enxergam que os jovens

da atualidade desfrutam de

muita liberdade, são mais

donos de si que seus pais e

avós, mas isso muitas vezes

se torna ausência de limites

e falta de respeito.

O sociólogo explica que

a noção de respeito que se

tinha nas décadas passadas

estava muito ligada à obedi-

ência. “As gerações anterio-

res eram mais obedientes,

por uma questão de tradi-

ção”. Atualmente, os jovens

são mais questionadores,

não seguem aquilo que não

acreditam e expõem aberta-

mente o que pensam.

Page 14: Em Família | Arquidiocesano

32 Capa

Anos 60 l Liberdade sexual

l Filhos da geração Baby Boom (grande

crescimento populacional ocorrido após as

guerras mundiais)

l Pós-guerra

l Auge do consumismo, que, por sua vez,

é combatido fortemente pelos jovens

l liberdade na moda, na música e no com-

portamento

l Ascensão dos movimentos culturais,

como Op art, Pop art e Nouvelle Vague

l Movimentos estudantis

l Ditadura

Anos 80 l Conformismo

l Geração Y (nascidos em um momento

de grandes avanços tecnológicos. Atual-

mente, são reconhecidos como aqueles

que estão sempre em busca de inovação,

além de serem engajados em causas so-

ciais)

l Época de recente derrubada da ditadura

l Juventude mais conformista e mais po-

litizada

l Grandes conquistas políticas que in-

fluenciarão a próxima década

l sem protagonismo dos jovens

Anos 70 l Liberdade de Expressão

l Perda da inocência e das crenças nos íco-

nes dos anos 60

l Aprofundamento das discussões da dé-

cada anterior

l Combate à censura e ao racismo

l Direito das minorias

l Jovem menos ingênuo e mais cínico, mais

contestador

l Aumento da repressão

l Dúvida dessa geração: “Ficar à margem

do sistema ou entregar-se?”

Page 15: Em Família | Arquidiocesano

O jovem na linha do tempoO tempo passou e, com ele, os jovens se trans-

formaram. Os propósitos de vida são outros, assim

como seus ídolos, seus sonhos e sua forma de

expressão. Há quem diga que são acomodados,

menos ativos que outras gerações, que lutam por

causas pequenas demais. Na verdade, são apenas

diferentes. A equipe da revista em Família, junto

com o sociólogo Cézar lima, organizaram a linha do

tempo abaixo para que você entenda a geração atual,

conhecendo mais dos antecedentes desses jovens.

Anos 90 l Defensores

l Alto engajamento político

l Proliferação de ONGs

l Há uma necessidade comum em suprir

as necessidades emergenciais da socieda-

de civil

l Jovens unidos para a defesa de uma plu-

ralidade de direitos

Anos 2000 l Individualismo

l Geração Z (nascidos no universo digital,

são indivíduos muito familiarizados com a

tecnologia, com a internet e seus recursos)

l Globalização

l Capitalismo afeta o protagonismo do

jovem

l Jovem mais individualista

Anos 2010 l Conectados

l Críticos em relação às instituições e aos

governos

l Noção de Estado, família

l Intolerante à corrupção

l Cobra com rigor, exige bons exemplos e

questiona a hierarquia convencional

l Aquilo que se pensa deve

ser aquilo que se faz

l Acredita que é preciso fazer para merecer

l Luta por causas específicas, crendo que

transformar o pouco traz reflexos para o

muito

Page 16: Em Família | Arquidiocesano

34 Dia a dia

Filhos engajados epais preocupadosAfinal, a insegurança dos pais deve ser recompensada com a experiência dos filhos?

A criança lidera a turma em causas

sociais, promove a igualdade e

luta por justiça. Prepare-se: seu filho

é um ativista nato e o seu coração

ficará dividido entre orgulho e medo.

Eles querem conhecer cada canto do

mundo e se sujeitar às mais novas

experiências. Mas, a bandeira erguida

de que o filho deve ser criado para o

mundo logo dá espaço à proteção e

ao medo de expô-lo a uma realidade

tão dura. E aí, os pais estão preparados

para desengatar o laço de proteção?

Na tentativa de proteger os filhos,

os pais podem perder o controle da

situação. O ideal é conversar sobre

os riscos e o benefício da atividade

que será praticada. Foi assim que,

em 2006, Gabriela Howes, ex-aluna

Marista e atualmente colaboradora

no Colégio Marista Rosário (Rs), no

setor de Pastoral, conseguiu a per-

missão do pai, Mário César Howes,

para ir à África com apenas 19 anos.

“Foi um impacto muito grande esta

decisão dela. Confesso que foi difícil

para nós. Diziam que eu estava louco

em apoiá-la”, lembra Mário.

Gabriela partiu para Moçambi-

que em missão pela ONG Associação

Page 17: Em Família | Arquidiocesano

do Voluntariado e da solidariedade

(Avesol). Ela ficou em terras africanas

durante nove meses e passou por situ-

ações com as quais jamais teria conta-

to caso não aceitasse a empreitada.

Howes sabia que a filha enfrentaria

problemas, afinal, ela se depararia com

uma realidade muito diferente da de

seu país. “Perguntei se ela sabia das

dificuldades que ia enfrentar. Vi que

estava determinada e apoiei a deci-

são”. Para a desarmonia da família, a

mãe foi totalmente avessa à viagem e

até o último instante, antes de embar-

car, pediu que a filha não fosse. “Não

queria que minha filha ficasse longe

de casa. Achava ela muito nova para

ficar num país totalmente diferente”,

apontou Ivelise Howes.

Test-drive

A vontade de ir à África teve capí-

tulos importantes a serem vencidos.

Dois anos antes, Gabriela teve a opor-

tunidade de fazer um intercâmbio – o

Rondon Internacional. lá, ela passou

três meses vivendo o desprendimento

familiar. “Quando eu voltei do Canadá,

falei aos meus pais que eu estava pre-

parada para ir a Moçambique”, conta

ExperiênciaEnfim, Gabriela pisou na África,

enquanto a mãe ainda sofria por aqui.

“Eu não acreditei, até o último ins-

tante”. lá, a ideia inicial da missão de

Gabriela tomou outras proporções, e

o que antes era um trabalho volun-

tário, acabou sendo uma experiência

pessoal e intrasferível. “Eu ia ser pro-

fessora de inglês da 6ª e 7ª série, tanto

de ensino regular como na educação

de jovens e adultos. Quando cheguei

lá, percebi que a demanda era muito

maior, eu ia ser mais que uma profes-

sora, ia ser uma pessoa de outra cultu-

ra que ia aprender muito sobre eles. A

sensação que eu tenho, hoje, é que eu

não fiz nada, quem fizeram foram eles

na minha vida”, disse.

Já para Ivelise, a sensação era outra,

e a cada dia aguardava a volta da filha.

“Durante todos os meses envelheci

50 anos. Passava noites sem dormir,

conseguia falar com ela somente por

telefone e de madrugada. Às vezes

passava 15 dias sem notícias dela”.

Gabriela conta que a comunicação

era precária e o local onde tinha acesso

à internet ficava a pelo menos 30 qui-

lômetros de onde eles estavam. “Não

sei nem com qual periodicidade falava

com meus pais”, recorda.

Realidade“Eu sentia que a morte estava sem-

pre presente comigo”, revelou Gabrie-

la, que escutava a todo o momento

sobre a naturalidade com que os afri-

canos lidavam com esse tema. “Quan-

do alguém não chegava para a aula,

eles respondiam ‘morreu, professora’,

assim, sem pudor. Diziam que mor-

riam por causa de doença. Então,

eu dava aula de inglês, mas sempre

que podia falava sobre higiene, pre-

venção, doença, até mesmo da aids.

Coisas que a demanda da realidade

faziam com que eu falasse”, revela.

Valeu?O retorno foi alegre e vigoroso. A

mãe, que tanto rejeitou a ideia, ren-

deu-se. “Ela voltou diferente, mais

madura”. Mas ressalta a importância

de se saber com quem o filho está

indo. “Antes de qualquer decisão,

verifiquem realmente o lugar para

onde irão, com quem vão morar e

que tipo de situação vão enfrentar”,

aconselha. O pai reforçou a tese do

apoio e disse: “precisamos saber

criá-los e orientá-los para vida, pois

não somos donos dos nossos filhos.

somos simplesmente pais, amigos e

companheiros”.

Hoje, Gabriela é formada em Psi-

cologia e diz que só consegue se defi-

nir e se autoconhecer depois do que

viveu em Moçambique. "Tive experi-

ência de vida goela abaixo. Conheci o

ser humano na essência, sem bens,

sem ter, sem nada. só ele”, finaliza.

Apesar de tudo isso, Gabriela e a

mãe tiveram algo bastante significa-

tivo em comum. Enquanto a viagem

durou nove meses, a sensação para

as duas foi de que esse tempo durou

anos a fio.

Page 18: Em Família | Arquidiocesano

A grande aventuraPara tornar um sonho realidade, às vezes, pode ser preciso se desapegar

daquilo que traz segurança. e é aí que se ganha muito mais.Por roy rudnick

É agora ou nunca. Agora! Este é o

subtítulo do primeiro capítulo do

livro Mundo por Terra – uma fascinante

volta ao mundo de carro, que trata de uma

viagem, feita em um veículo automotor,

por 60 países, 5 continentes, 1.033 dias

e mais de 160 mil quilômetros.

Viajar por tanto tempo sempre foi

um paradigma para mim e para Michelle

Weiss, minha namorada e companheira

de viagem. Aliás, tudo que extrapolasse

o período de férias – 30 dias – era algo

impossível, mas bastou um “nós vamos”

e tudo mudou. Tudo passou a convergir

em favor do que havíamos decidido: ir à

busca de nosso sonho.

Por mais que essa decisão aparente-

mente tenha sido difícil, durou menos

que um segundo. Foi como num passe

de mágica. Antes dela, seguíamos uma

vida regida por rotinas e regras e, depois,

os dias passaram a ser diferentes um do

outro, com acontecimentos marcantes

que jamais experimentaríamos em casa.

Um segundo que acarretou uma grande

mudança de vida, mas que teve suces-

so por termos nos deixado levar por um

fator que é muito discutido nos dias atu-

ais: o desapego.

Saímos de uma casa confortável e

embarcamos em um veículo com um

pequeno motorhome de 4 m² para

morar nele por três anos. Ali carregáva-

mos somente o essencial – uma cozinha,

uma boa cama, espaço para se ficar em

pé e armários para os mantimentos –,

tudo feito para oferecer o mínimo de

segurança e conforto. As estradas do

mundo e os quintais de nossos acampa-

mentos passaram a ser nosso patrimô-

nio, pelo qual jamais tivemos que reco-

lher o IPTU. Éramos livres para seguir

sempre que tivéssemos vontade, livres

das atribuições que nossos próprios

bens materiais nos incumbem.

Agora, claro que adversidades tam-

bém faziam parte do nosso dia a dia e o

acúmulo delas é que era duro de suportar.

Estar em lugares desconhecidos, comuni-

cação difícil, adaptação a novas culturas,

comidas exóticas, problemas mecânicos,

lugares inóspitos, aduanas, dificuldades

para achar lugar para dormir, dias sem

banho, falta de privacidade em países

populosos, estradas ruins e saudade eram

apenas algumas delas.

Mas a recompensa era sempre supe-

rior e, percebendo isso, o ato de “desistir”

nunca foi parte de nossos planos. Além

disso, o que nos manteve foi ter metas

claras e definidas. Nós partimos, vivemos

o mundo, cumprimos o planejado e volta-

mos para casa, certamente enriquecidos

de alma. Aprendemos que a vida é muito

mais do que ter uma boa conta bancária.

Aprendemos a viver com menos e nos

tornamos muito mais simples.

O livro mundo por

terra – uma fasci-

nante volta ao mun-

do de carro é um

relato da viagem do

casal roy e michelle.

essa narrativa des-

creve com detalhes

todos os assuntos relacionados à via-

gem. As histórias seguem o itinerário

realizado e são traduzidas de forma

simples e informal – uma conversa

entre o leitor e os viajantes.

Site: www.mundoporterra.com.br

e-mail: [email protected].

Michelle Weiss e Roy Rudnick partiram para uma viagem de três anos rumo à realização de um sonho.

Olhar36

Page 19: Em Família | Arquidiocesano

Crianças e jovens são os grandes agentes transforma-

dores do mundo. Por meio de gestos e atitudes diárias,

eles comprovam, a cada dia, que estão aptos a mudar a

realidade com vistas a futuro melhor. O protagonismo da

juventude se torna diariamente mais forte e consolidado.

E para que isso seja exercido de maneira solidária e com

valores fundamentais, a escola desempenha papel primor-

dial nesta formação de jovens engajados.

Nesta parte da em Família leia histórias, projetos e

ideais de alunos em trecho exclusivo do Colégio Marista

Arquidiocesano, de são Paulo, que tem participação fun-

damental na construção de um futuro melhor para todos.

Page 20: Em Família | Arquidiocesano

38 Com a palavra Ascânio João (Chico) Sedrez – Diretor-Geral

"Já pensou, tudo sempre igual?Ser mais do mesmo, o tempo todo, não é tão legalJá pensou, sempre tão igual?Tá na hora de ir em frente:

Ser diferente é normal "Quando pensamos em educação

escolar, na maioria das vezes,

vem-nos à mente a imagem de filas,

lousa, processos iguais para pessoas

diferentes. Em um mundo que bus-

ca “customizar” quase tudo, mesmo

as produções em grande escala, é

impensável que nossa relação edu-

cativa, no Colégio Marista, possa se

manter de maneira ética e qualificada

sem o respeito às maravilhosas carac-

terísticas que cada ser humano tem.

são esses singulares aspectos que

nos tornam únicos e inéditos. Juntar

seres ou coisas iguais em coleções ou

bandos deve ser bem fácil – apesar

de um tanto enfadonho. Trabalhar

juntas, e de maneira eficaz, as pes-

soas que compõem uma complexa

comunidade educativa como a nos-

sa é muito mais desafiador – mesmo

que muito mais humano e ético.

Estamos aprendendo a viver jun-

tos, superando a pretensão das ver-

dades prontas, dos axiomas dados,

dos conceitos já terminados. Temos

valores que nos sustentam cotidia-

namente, porém a outra boa parte de

nossa aprendizagem deve ter abertu-

ra, pesquisa, comunicação, solidarie-

dade, acolhida.

Convido todos a olharem um

pouco para nosso Marista Arqui-

diocesano, com seus profissionais,

seus alunos e ex-alunos, suas famí-

lias, como uma nave tripulada por

gente que quer ser feliz, que busca

aprender sempre, que não se cansa

de encontrar razões para viver hoje

com os olhos num futuro melhor

para todos(as).

Quero agradecer muito:

l aos estudantes que transformaram empenho em aprendizageml aos queridos professores, por seu trabalho com estudantes e famíliasl ao corpo técnico-administrativo do Colégio, o qual se desdobrou para garantir tudo o que precisamos para “educar do jeito de Maria”l às famílias Maristas: razão e apoio para nossa missão de educar.

Nos corações de

Maria e de Champagnat,

Ascânio João Sedrez

Page 21: Em Família | Arquidiocesano
Page 22: Em Família | Arquidiocesano

40 Educa� Educação Infantil

Conhecer as necessidades alimentares

do corpo é uma atividade que instiga

as crianças pequenas. O tema tem rele-

vância também ao considerarmos a fai-

xa etária e suas principais características.

Por volta dos 4 ou 5 anos, as crianças já

começam a recusar alimentos que antes

aceitavam. Alguns pediatras chamam

isso de “a idade da dieta branca”, ou seja,

é aquela fase em que muitas delas

querem “abolir” da mesa tudo

que é mais colorido.

segundo Marlene Menino Alvarez,

membro do Departamento de Nutrição

e Metabologia da SBD, é “a partir dos 2

ou 3 anos que a criança inicia, efetiva-

mente, suas preferências alimentares.

Nessa ocasião, é importante o fortale-

cimento dos hábitos saudáveis. A edu-

cação alimentar é um processo que

deve ser iniciado o mais precocemente

possível e ser mantido e fortificado ao

longo da vida”.

sabemos que nessa idade as crian-

ças conseguem se envolver totalmente

nas temáticas abordadas, são curiosas e

investigativas e demonstram motivação

para mergulhar nos desafios propostos.

Enfim, são verdadeiros pesquisadores.

Nesse sentido, criamos, há alguns

anos, o Projeto da Alimentação sau-

dável, com o qual cenouras e pepinos,

por exemplo, já ganharam espaço no

cardápio das crianças. A escola lançou

uma proposta de ação coletiva para a

reflexão e a formação de hábitos saudá-

veis na alimentação de crianças e adul-

tos. Os pequenos são muito concretos

e visuais, por isso, uma das ações mais

eficientes é, de fato, a degustação de

alimentos.

A proposta é simples: por meio de

sorteio, são escolhidos uma criança e

um grupo de alimentos, sendo que as

“O pão nosso de cada dia”Um projeto para o desenvolvimento da alimentação saudável

Por Professoras da educação Infantil e do 1º ano e Silvana Garuti*

*Coordenadora Psicopedagógica.

Page 23: Em Família | Arquidiocesano

verduras ganham o mesmo espaço

que as frutas, por exemplo.

Dividimos os alimentos em qua-

tro grandes grupos, e, para cada um

deles, existe uma caderneta, que é

explorada individualmente a cada

mês, sendo dividida em:

A criança sorteada pode escolher o

que mais gosta de comer da lista que

compõe cada grupo e deve levar para

a sala porções desse alimento, para

que todos possam provar.

A função dessas cadernetas, que

são levadas às casas das crianças, é

registrar e informar os pais sobre os

alimentos trazidos à escola, garantin-

do, assim, a variedade de sabores.

O mais interessante tem sido a cria-

tividade das famílias e a forma como

elas aderiram ao projeto: chegam à

escola tortas de espinafre, bolinhos

de arroz, frutas picadas em pequenos

potes como se fossem doces, fazen-

do que a criatividade dos adultos tam-

bém seja instigada.

Os resultados do projeto já apa-

recem. Veja o que alguns familiares

dizem:

"Há alguns anos, o colégio incen-

tiva a alimentação saudável. Graças

a esse projeto, meu filho de 8 anos,

Felipe, aprendeu a comer manga com

‘palitinho’, quando estava na Educa-

ção Infantil. Até hoje, preciso cortá-la

em cubos e oferecer palitos de dente. É

uma diversão! O caçula Guilherme, de 4

anos, que possui um paladar mais sele-

tivo, após participar das degustações

em sala de aula, mudou seu discurso:

‘Mãe, minha professora disse que tenho

que experimentar as comidas’. Agora,

tudo ele quer provar! Com os amigos,

tudo se torna divertido e desafiador. É

um trabalho maravilhoso, que reforça

o discurso familiar."

Catherine, mãe de Felipe e Guilherme

“Minha filha adora os momentos

em que esse projeto é trabalhado. Ela

fica ansiosa para chegar logo o dia em

que poderá mostrar aos colegas seus

alimentos prediletos e se diverte expe-

rimentando os alimentos trazidos por

outras crianças. Diversas vezes precisei

conversar com outras mães, pedindo

a receita do prato enviado, que fora

muito apreciado pela minha pequena.

Acho extremamente válido, principal-

mente para os pequenos.”

Vanessa, mãe de Gabriela e Mariana

Com esse projeto, conseguimos

fazer com que nossos pequenos sejam

protagonistas de algumas mudanças

de hábitos alimentares em suas casas.

Os pais agradecem!

Frutas ou frutas secas

Verduras

Legumes e tubérculos

Cereais e/ou castanhas

Page 24: Em Família | Arquidiocesano

42 Ser melhor

A experiência que ensinaPor Cleber Alves Araujo*

Um dos desafios da educação, no

contexto atual, é aliar o discurso

das práticas educativas a atividades

de cunho social. Em outras palavras, a

escola de hoje não pode negligenciar o

conteúdo social presente nas diversas

disciplinas, o qual, por vezes, é trazido

ao contexto escolar com um distancia-

mento da própria realidade aborda-

da. Dessa forma, quando ensinamos

aos alunos sobre a segregação social

no Brasil – situação que ainda atinge

milhares de pessoas –, devemos mos-

trar-lhes os diversos lugares onde tal

problema ocorre, as pessoas afetadas,

os humanos segregados.

Nesse sentido, a tarefa educati-

va hoje emerge da potencialidade do

educador em elencar tais problemas e,

ainda mais, favorecer a experiência dos

educandos com essas realidades, para

que eles possam “tocá-las”.

Não adianta apenas discursar em sala

de aula sobre as realidades que reificam

a pessoa humana e que a empobrecem,

que lhe negam as condições adequadas

de vida, o tempo para os seus, a liber-

dade e a festa. É preciso sair do redu-

cionismo fantasioso da realidade social,

principalmente quando tais temas são

expostos apenas formalmente em sala

de aula, sem verdadeiro compromisso

com a vida de todos.

Com esse espírito, o Colégio Marista

Arquidiocesano possibilita aos educan-

dos a vivência de diversos contextos que

compõem nossa sociedade, em especial

os lugares mais afetados pela exclusão

e pela marginalização. Os temas sociais

trazidos para a sala de aula são conheci-

dos pelos estudantes com base na expe-

riência concreta desses contextos.

Durante o ano letivo, os alunos são

motivados a participar das mais diver-

sas ações de voluntariado, que incluem

a construção de casas para pessoas em

situação de vulnerabilidade – destaque

desta edição –, bem como visitas a casas

de repouso, creches e outras ONGs. Eles

protagonizam diversas ações para ajudar

aqueles que estão em condições menos

favoráveis e, além disso, reconhecem

nessas pessoas uma humanidade mui-

tas vezes negada, mas possível, da qual

todos nós somos corresponsáveis.

Como escola católica, acreditamos

na pessoa humana, apesar das inúme-

ras condições que bloqueiam uma vida

mais justa. Acreditamos, sobretudo, nos

ideais de nosso fundador são Marcelino

Champagnat, que nos deixou um legado

de educação integralizante, compreen-

dendo todas as dimensões humanas.

Com ele, somos impelidos a educar coe-

rentemente nossos alunos, levando-os

a uma profunda experiência da cotidia-

nidade daqueles que estão à margem e,

mais, sensibilizando-os para a mudança

possível.

*Agente de Pastoral.

Page 25: Em Família | Arquidiocesano

"(...) CONFESSO, O PROCESSO DE 'SAIR DA bOLHA' ME CHOCOU MAIS DO QUE O PREVISTO."

43

A ONG Teto – Brasil é uma orga-

nização sem fins lucrativos que

trabalha por uma sociedade justa e

sem pobreza, na qual todas as pessoas

tenham oportunidades para desenvol-

ver suas capacidades e exercer plena-

mente seus direitos. Isso acontece por

meio de trabalho conjunto de jovens

voluntários e moradores de comunida-

des pobres. A Pastoral do Arqui realiza

um trabalho com a Teto, dando aos

alunos do Ensino Médio, como eu, a

oportunidade incrível de conhecer e

poder ajudar aqueles que não têm as

mesmas condições que nós.

Nosso primeiro contato com a

ONG foi durante uma Enquete Mas-

siva, quando visitamos favelas e con-

versamos os moradores, fazendo

uma espécie de "peneira" para aque-

les que seriam beneficiados com a

construção das casas – infelizmente,

os recursos não são suficientes para

ajudar a todos. Foi a primeira vez que

entrei em uma favela e, confesso, o

processo de "sair da bolha" me chocou

mais do que o previsto. Entrevistei a

Dona Ana, que compartilha a casa, em

condições deploráveis – com goteiras,

fendas na parede e a visita constan-

te de ratos e baratas –, com mais 13

familiares e 30 animais de rua. Uma

mulher guerreira, que não resiste ao

impulso de ajudar aos outros, mesmo

não tendo quase nada a oferecer. Já

nesse dia, apaixonei-me pelo proje-

to, entrando nessa de cabeça, afinal,

"começou, não para".

Durante o mês de abril, participei,

com outras três alunas do Arqui e dois

representantes da Pastoral, de uma

construção da ONG na comunidade

spama, em Pirituba, e o que eu sen-

ti não cabe em palavras. Nunca havia

participado de nada parecido com uma

construção. Na verdade, nunca tinha

pregado um prego, e minha primeira

experiência foi inesquecível. Em dois

dias, tínhamos finalizado o trabalho. E

que trabalho: carregamos madeira, pre-

gamos, cavamos pilotis, enfim, suamos

a camisa e demos não só um lar, mas

esperança, a uma família maravilhosa.

Dois dias que mudaram não só a vida da

família, mas a minha também.

Durante a construção, almoçáva-

mos com a comunidade e tivemos a

oportunidade de ouvir histórias mar-

cantes, como a de Dona Ana. Foi quan-

do eu percebi o quanto a desigualdade

e a injustiça social brasileira são “iso-

lantes” e como o trabalho voluntário é

essencial para a construção de um Brasil

mais justo, afinal, deveríamos ser todos

iguais.

Saí da comunidade ainda mais grata

pela vida que tenho e pela sorte de nas-

cer em uma família estruturada, já com

um teto sobre minha cabeça. Aguardo

ansiosamente pela próxima constru-

ção, quando construiremos outro lar e

mudaremos outras histórias.

Destaque

Transformar ou transformar-sePor Laura rydlewski*

*Aluna da 3ª série do Ensino Médio.

Page 26: Em Família | Arquidiocesano

44 Caleidoscópi�

Festival Champagnat 2012

Uma mistura de cores e sons, numa festa que deixou saudade! Jogos, cultura, gincanas e ação solidária, em

um momento marcado por possibilidades criativas. É tempo de infâncias e juventudes visíveis!

Fórum de Profissões

O Fórum de Profissões, ponto alto de nosso Programa de Orientação Profissional, mostra que a informação

facilita a escolha. Um dia de encontro com universitários, especialistas e profissionais.

Festival Champagnat 2012

Page 27: Em Família | Arquidiocesano
Page 28: Em Família | Arquidiocesano

Diz aí46 Diz aí

Qual é a sua causa?

Fernanda Martins Coêlho – 7º Ano do Ensino

Fundamental

Eu lutaria para que o governo não

gastasse nosso dinheiro com Copa e

Olimpíadas. Existe muita gente com

fome e sem abrigo, então eu acho

que a gente podia usar esse dinheiro

melhor para fazer a diferença.

Pedro Karam Gomara – 8º Ano do Ensino

Fundamental

Eu lutaria contra a discriminação

social. Todos têm o seu valor, não

importa a classe social da pessoa.

Pedro Felipe de Carvalho Fermanian – 1ª Série

do Ensino Médio

Minha causa é a redução da desi-

gualdade social. Não é possível aceitar

um mundo onde milhões não têm o

que comer e onde a gente vive no mais

alto luxo. luto por uma sociedade mais

justa e igualitária.

Naira sathiyo Ferreira silva – 2ª Série do Ensi-

no Médio

lutaria para um mundo com mais

humanidade. Um mundo onde as

pessoas pudessem viver em harmo-

nia, sem guerras e sem destruição.

Nicole KaissarGhorayeb – 3ª Série do Ensino

Médio

Pela redução de crianças e ado-

lescentes sem abrigos. Participar de

movimentos que lutem contra o aban-

dono de crianças nas ruas.

Clara Paulino Pelizon – 3ª Série do Ensino

Médio

lutaria para que as pessoas pudes-

sem ter liberdade de seguir o caminho

que as fizessem felizes. Não só meus

amigos e familiares, mas futuramente,

quem sabe, até aquelas pessoas que

não conheço.

Page 29: Em Família | Arquidiocesano
Page 30: Em Família | Arquidiocesano

48

A transição da cultura do ensino

para a da aprendizagem é um

processo lento, descontínuo e que

não pode ser levado a cabo individual-

mente. Essa passagem requer trabalho

coletivo, reflexão, avaliação e renova-

ção das ações didáticas.

Na cultura do ensino, a proposta

e as práticas pedagógicas concebem

os conteúdos escolares das diferen-

tes disciplinas desconectados entre

si e, muitas vezes, desconectados do

contexto sociocultural no qual são

ensinados. Além disso, na maioria das

vezes, encerram-se em si mesmos e

não são associados a um projeto mais

amplo de formação cultural e social.

Na cultura da aprendizagem, pau-

tada na definição prévia de compe-

tências e habilidades a serem adqui-

ridas pelo aluno, há uma redefinição

Educa� Ensino Fundamental

Aprender melhor e semprePor Prof. marcelo Pereira

Page 31: Em Família | Arquidiocesano

do tratamento didático dado aos con-

teúdos escolares das disciplinas que

compõem o currículo formal. Esses

conteúdos continuam sendo funda-

mentais no processo pedagógico,

porém, o foco deixa de estar centrado

neles e é desviado para a aprendizagem

do aluno. Os conteúdos passam a estar

a serviço dela.

Desse modo, um currículo pautado

no paradigma da aprendizagem pres-

supõe que aceitemos um novo desa-

fio: o de tentar promover os conheci-

mentos específicos de cada disciplina

articuladamente às competências e às

habilidades dos alunos. E uma aprendi-

zagem significativa é resultado apenas

de conteúdos contextualizados e tra-

tados pela equipe escolar com base no

princípio da interdisciplinaridade.

se, por um lado, essa transição

das concepções e práticas pedagógi-

cas é lenta e descontínua, por outro,

vivemos em um tempo de aceleração,

um tempo de mudanças tecnológicas

vertiginosas que nos obrigam a repen-

sar continuadamente as linguagens,

bem como a incorporação das novas

tecnologias nas práticas didáticas.

Certamente, esse processo nos coloca

diante de um enorme desafio: tornar a

aprendizagem efetivamente significa-

tiva sem perder de vista as novas for-

mas de comunicação e de produção do

conhecimento.

Nesse novo cenário, o que menos

interessa é a quantidade de conteú-

dos. O objetivo maior é a qualidade

da aprendizagem. Assim, apropriar-

-se das diferentes linguagens torna-

-se chave fundamental no processo

educativo. linguagens são entendi-

das aqui como sistemas simbólicos,

instrumentos de conhecimento, de

compreensão, de leitura e de cons-

trução do mundo.

Apropriar-se das múltiplas lin-

guagens é compreender suas espe-

cificidades, fazer uso delas para ler e

entender o mundo; delas utilizar-se

para expressar ideias e realizar inter-

venções. Os conteúdos de História,

Matemática, Português, Geografia pre-

cisam dialogar a partir de problemas

e temas significativos para a comuni-

dade escolar, mobilizando o desejo de

investigação e pesquisa, sem nunca

perder de vista o trabalho efetivo com

as diferentes linguagens (escrita, oral,

visual, corporal, tecnológica).

É importante ressaltar que o domí-

nio dessas linguagens representa um

fator fundamental para a edificação

da autonomia, a chave para o acesso a

informações, permitindo não apenas

a comunicação de ideias, mas, tam-

bém, a leitura crítica sobre as questões

socioeconômicas, políticas, culturais

e ambientais que afetam o mundo

contemporâneo.

Em última análise, conteúdos isola-

dos contribuem unicamente para frag-

mentar a compreensão dos fenôme-

nos. Apenas um indivíduo que domina

as especificidades das múltiplas lingua-

gens e faz uso de conteúdos contex-

tualizados e significativos é capaz de

garantir sua aprendizagem continuada.

É tempo de experenciar, de ressig-

nificar. É tempo de rever e redefinir per-

cursos e práticas. Não há receitas, não

há dogmas. Há possibilidades. Assim,

o diálogo permanente entre as disci-

plinas do currículo escolar tornou-se

aspecto indispensável para enfrentar

os novos desafios que se apresentam

e para garantir uma aprendizagem efe-

tivamente significativa.

(...) VIVEMOS EM UM

TEMPO DE ACELERAçãO,

UM TEMPO DE MUDANçAS

TECNOLóGICAS

VERTIGINOSAS QUE NOS

ObRIGAM A REPENSAR

CONTINUADAMENTE AS

LINGUAGENS, bEM COMO

A INCORPORAçãO DAS

NOVAS TECNOLOGIAS NAS

PRáTICAS DIDáTICAS.

Page 32: Em Família | Arquidiocesano

50 Educa� Ensino Médio

As Juventudes:construção e protagonismo!Por rafael Parente*

A Pastoral Juvenil Marista (PJM) do

Colégio Marista Arquidiocesano

tem desenvolvido algumas ações já

direcionadas ao ano de 2013, quando

acontecerão o Encontro Internacional

Marista de Jovens, a Jornada Mun-

dial da Juventude, no Rio de Janeiro,

assim como a Campanha da Fraterni-

dade 2013, que abordará a questão da

Juventude.

Para os jovens do Ensino Médio, que

participam dos grupos do terceiro e do

quarto momentos da PJM, um proces-

so de fomento foi realizado tendo em

vista as atividades do ano de 2013. É

evidente a importância da visibilidade

juvenil para o próprio processo pasto-

ral que construímos em nosso Colégio,

com foco na divulgação da PJM e no for-

talecimento da espiritualidade juvenil

e dos grupos – entendendo que esses

são espaçotempos de partilha de vida e

de construção dos projetos de vida.

Esses estudantes, com os jovens

das outras unidades do Grupo Marista

da cidade de são Paulo, foram os res-

ponsáveis pela organização do Fórum

de Juventudes, que aconteceu no dia

2 de setembro de 2012, no Arqui. Essa

atividade teve como objetivo a discus-

são e a produção de materiais acerca da

realidade juvenil de nossa cidade, sub-

sidiando as publicações e os estudos

posteriores sobre o tema “Juventudes”

para o ano de 2013.

A partir da problematização sobre a

solidariedade e a missionariedade, rea-

lizada nos encontros com os grupos da

PJM, temos refletido sobre a importân-

cia do serviço e do desejo dos jovens

na participação da Jornada Mundial da

Juventude de 2013. Também proble-

matizamos a participação juvenil nos

espaços de organização do evento.

Contamos, ainda, com a partici-

pação dos estudantes nas reuniões

de articulação da semana Missionária,

promovida pela Igreja de são Paulo,

bem como nos encontros da Região

Episcopal Ipiranga e da Arquidiocese

de são Paulo.

A participação dos estudantes nes-

ses diferentes espaços de preparo e

de organização dos peregrinos para a

Jornada Mundial da Juventude favo-

rece a apropriação de informações e o

desenvolvimento de mecanismos para

o engajamento dos próprios jovens.

Vale destacar que nosso Colégio sedia-

rá a Vigília da Juventude da Região Ipi-

ranga, em julho de 2013, a qual contará

com a presença de centenas de jovens

peregrinos de todo o mundo.

Com a Associação Nacional de

Escolas Católicas (ANEC), temos rea-

lizado encontros de pastoralistas e

jovens sobre a temática da Juventu-

de, os quais contribuem para o apro-

fundamento de propostas e metodo-

logias de trabalho, assim como para

a responsabilidade e o compromisso

com a Evangelização.

É gratificante ver o protagonismo

dos jovens do Colégio, sua vontade

de abraçar a ideia e seu orgulho de ser

Marista e ser Igreja! sem dúvida, che-

garemos ao ano de 2013 com uma PJM

mais organizada e estruturada.

* Agente da Pastoral.

Page 33: Em Família | Arquidiocesano
Page 34: Em Família | Arquidiocesano

52 Gente noss�

Educação Marista: com você por toda a vida!

Gustavo santini Teodoro, 39 anos,

teve uma longa trajetória como

estudante Marista. Começou a estu-

dar no Arquidiocesano, em 1979, no

pré-primário, depois de ter passado

pelo jardim de infância no interior do

Estado. Concluiu o Ensino Médio em

1990 e, no ano seguinte, dedicou-se ao

Ensino Superior na Faculdade de Direito

da Universidade de são Paulo. Gustavo

se formou em 1995 e advogou por dois

anos, até ingressar, por concurso públi-

co, na magistratura do Estado de são

Paulo.

Hoje, pai de alunos Maristas, Gustavo

leva os valores cultivados ao longo de sua

vida, na família e na escola, para seu tra-

balho no Judiciário. Sua família enrique-

ce a família Marista do Arquidiocesano.

O que representa o Marista Arquidio-cesano na sua vida?Os 12 anos de estudos no Arqui foram

muito importantes, não só pelo tem-

po que representaram em minha vida

estudantil, como, também, por terem

sido determinantes em minha forma-

ção e nas escolhas de vida familiar e

profissional.

De suas memórias como estudante Marista, quais o marcaram mais? Que pessoas e atitudes foram espe-ciais para você? As memórias são muitas e envolvem

sempre tantas pessoas que, ao tentar

nominá-las, com certeza cometeria

injustiça com as não mencionadas.

Porém, não há como deixar de falar do

Ir. leão, exemplo de pessoa e educador,

norte não só para os alunos, como tam-

bém para os professores. Deles recebi

não apenas conhecimento, mas, espe-

cialmente, a consciência da necessidade

de sempre aprender. O convívio com os

colegas resultou em amizades das quais

guardo boas lembranças, que se com-

põem também dos eventos esportivos,

da semana Champagnat, dos recreios

no pátio central e nos campões de areia

(onde hoje estão as quadras), das aulas

de natação (a piscina era descoberta

e sem aquecimento), dos encontros

na Chácara do Arqui, para mencionar

somente alguns dos muitos fatos que

permearam aquela fase.

Escolher o Arqui para os seus filhos estudarem representou o que para sua família?Representou a oportunidade de lhes

assegurar educação e formação inte-

grais, em conformidade com valores

que minha esposa e eu consideramos

importantes, como o espírito de família

e a simplicidade.

Dos valores Maristas, qual se desta-ca em sua vida profissional e como cidadão brasileiro?Cada um dos valores Maristas traz dife-

renciais para minha vida profissional e

como cidadão. Mas, tendo que esco-

lher um deles, certamente o que se faz

presente com mais força é o amor ao

trabalho.

Page 35: Em Família | Arquidiocesano

Acesse: www.grupolumen.com.br

Page 36: Em Família | Arquidiocesano

54

Nos últimos anos temos visto uma

variedade de estudos e pesquisas

sobre o fenômeno juvenil. Muitas des-

sas pesquisas objetivam apenas avaliar

padrões de comportamento e consumo.

Outras são extraordinariamente inusita-

das e esclarecedoras, como os estudos

geracionais comparativos, os estudos

sobre protagonismo juvenil, as experi-

ências de voluntariado juvenil, os mapas

da violência, as escutas abertas sobre as

expectativas e sonhos dos adolescentes

e jovens da geração atual. O Grupo Maris-

ta − cujo carisma é o trabalho e a presença

evangelizadora entre crianças e jovens −

não poderia perder esse bonde da histó-

ria. sendo assim, em 2010 decidimos efe-

tuar uma ampla pesquisa denominada

Aspectos Culturais e Crenças da Juventude

Marista, abrangendo jovens com mais

de 13 anos, representativos de todos os

colégios e centros sociais Maristas do Bra-

sil. No total, foram 11.509 respondentes

que opinaram sobre afetividade, rela-

cionamentos, família, educação, visão

de sociedade, consumo, mídias, reli-

gião, valores pessoais e outros assuntos

importantes. O resultado foi compilado

no vídeo Dossiê da Juventude Marista, já

disponibilizado no YouTube (em cinco

blocos, iniciados a partir de (www.you-

tube.com/watch?v=v9fphYI5H9M). O

material vem servindo como um recur-

so importante para revermos concep-

ções enraizadas e nos reposicionarmos

em alguns processos pedagógicos,

sociais e de evangelização – sem dizer

dos inúmeros insights e provocações

oriundas dessa experiência. Pois bem,

fechado esse parêntesis, merece um

destaque elogioso a pesquisa realizada

pela agência BOX 1824: O Sonho Brasilei-

ro Manifesto (osonhobrasileiro.com.br).

Quem ainda não viu nem participou,

está perdendo a chance de conhecer

um novo Brasil e uma nova geração de

jovens protagonistas.

Num mundo em constantes mudan-

ças, nossos jovens passam a questionar

e ressignificar muitos modelos até então

estabelecidos. Os jovens atuais avaliam

que os sonhos de seus pais foram gran-

des e ideológicos demais, que por isso

acabaram nunca acontecendo e gera-

ram frustração. sendo assim, preferem

sonhar com os pés no chão, operando

microrrevoluções a partir daquilo que é

possível ser realizado. Noventa e dois por

cento dos jovens brasileiros concordam

que a soma das pequenas ações do dia a

dia pode melhorar a sociedade.

Quem está agindo pelo sonho cole-

tivo? são jovens anônimos, porém

influentes, que a pesquisa da Box con-

vencionou chamar de “jovens-ponte”.

É possível reconhecê-los atuando em

vários espaços com características bem

interessantes: é o jovem com bom rela-

cionamento interpessoal, que, ao invés

de fechar-se num grupo de identidade

homogênea, prefere transitar por muitos

grupos. O jovem-ponte funciona como

um catalisador de ideias, gerando um

novo tipo de influência, que se dá pela

transversalidade e pelo contágio das

pessoas por causas altruístas. A partici-

pação cidadã ganha novos significados

a partir do jovem-ponte, pois na medida

em que esse conecta e promove a troca

com otimismo pragmático, esses jovens

promovem a construção do novo Brasil

e, por que não, de um novo mundo. Esse

jovem-ponte é simultaneamente local e

global, conectado a novas maneiras de

pensar, agir e se localizar no mundo.

Mais do que um meio de entreteni-

mento, os jovens usam a internet para

mobilizar as pessoas e fazer política. As

manifestações no mundo árabe iniciadas

na Tunísia em 2010, também conheci-

das como “Primavera Árabe”, são prova

irrefutável disso. Os protestos que se

espalharam pelo Oriente Médio têm

compartilhado técnicas de resistência

civil, envolvendo greves, manifestações,

passeatas e comícios, mas, sobretudo, a

articulação com o uso das mídias sociais,

como Facebook, Twitter e YouTube. A

internet tem sido utilizada para organi-

zar, comunicar e sensibilizar as pessoas.

A maioria dos manifestantes é jovem

– o que fez com que os protestos no

Egito recebessem também o nome de

“Revolução da Juventude”. Com telefo-

nes celulares e computadores, os jovens

protagonistas da Primavera Árabe muda-

ram a maneira como a história falará das

mobilizações populares e da mobilização

juvenil. É fato que as macrorrevoluções

nascem da soma dessas microrrevolu-

ções cotidianas.

Num mundo tão plural como o nos-

so, somos desafiados a derrubar “muros

de preconceito” para construir “pontes de

diálogo”. E se, em nosso trabalho, em nos-

sa Igreja, no dia a dia, agíssemos como os

jovens-ponte? Essas são algumas, dentre

tantas outras coisas boas, que podemos

aprender com as juventudes que nos

cercam em toda a sua diversidade.

Toda geração de jovens encontra seu modo de

mudar o mundoPor Ir. Adriano Brollo

Essência

Page 37: Em Família | Arquidiocesano

Ao vivermos uma mudança de época, com influ-

ências das mídias e da interatividade, resultados

do avanço científico e tecnológico, encontramo-nos

num mundo caracterizado pela multiculturalidade e

por diferentes formas de compartilhar este mundo.

Nesse universo de possibilidades, as Juventudes,

organizadas por grupos, redes ou tribos, encontram-

-se marcadas pelo dinamismo, pelo acesso variado às

informações, pela comunicação e pela exposição de

si com inúmeras possibilidades de (re)inventar-se.

Consequentemente, as mudanças nas relações

interpessoais compuseram uma realidade que vai

além das tradicionais fronteiras de espaço/tempo.

As manifestações públicas, paralisações, greves

dão espaço e lugar a manifestações livres nas redes

sociais, com posicionamentos que, em pouco tem-

po, atraem adeptos, consolidam pontos de vista e

interesses comuns.

Para tanto, os diálogos, as imagens, os recados,

os depoimentos, as interações entre os sujeitos,

as comunidades e as metrópoles são aspectos que

manifestam múltiplos posicionamentos, seguidos,

na maioria das vezes, pela adesão por reconheci-

mento, identificação com as mais diferentes causas

nas quais as Juventudes se sintam engajadas. Na

interação com os outros, constroem-se saberes que

dão sentido às múltiplas expressões do sentimento

coletivo.

Tendemos para um mundo em rede. Por mais

que pertençamos a grupos diferentes na sociedade,

compartilhamos algo em comum com ela, sendo

essa a forma, o modo, a maneira como interagimos

com o outro.

Juventudes: “Curtir e Compartilhar”Por Ir. Manuir José Mentges

Jovens reinventados, engajados com causas que nem

faziam sentido algumas décadas atrás. A juventude atu-

al ressignifica a própria realidade e os sonhos de gerações

passadas. Para se aprender com as gerações Y e Z, é preci-

so parar e refletir sobre o que eles pensam e como têm se

expressado. Os Irmãos Manuir Mentges, diretor do Instituto

Marista Graças, e Adriano Brollo, diretor do setor de Pasto-

ral do Grupo Marista, compartilharam aqui suas reflexões

sobre a temática.

Uma nova geração

Ir. Manuir Mentges

Ir. Adriano brollo

Page 38: Em Família | Arquidiocesano

56 Como fazer

E stimular as crianças para que

sejam voluntárias, mostrando a

importância disso para elas e para

quem recebe a ação, não é uma mis-

são fácil. É importante que, entre os

afazeres do dia a dia, os pais incen-

tivem os pequenos, de algum modo,

a praticarem alguma ação social,

desenvolvendo nos filhos essa capa-

cidade, para que eles, futuramente,

tornem-se cidadãos ativos.

Mas nem tudo é um mar de rosas,

e as crianças preferem cuidar dos

seus games e redes sociais, a desen-

volver alguma atividade para bene-

fício de um terceiro. E que desafio:

como ensinar uma criança quanto à

importância da sua participação em

atividades voluntárias e fazê-la enten-

der que toda a carga de conhecimen-

to e estudos que ela adquire na escola

é aplicável, muitas vezes, às comuni-

dades, e que esse envolvimento con-

tribui para o seu desenvolvimento e

formação humana?

A missão é árdua para os pais:

mostrar para os pequeninos que a

vivência de gestos concretos e a prá-

tica da solidariedade é o termômetro

para a boa vivência cidadã. É o traba-

lho voluntário que vai possibilitar esse

contato com a realidade, e ele tem

muito a ver com os valores. A psicope-

dagoga e professora de Pedagogia da

PUCPR Evelise Portilho aponta que é

em casa que tudo começa: “exemplos

que a família pode e deve dar, viven-

ciando no seu dia a dia o voluntariado,

por que, como valor, não é do dia para

noite que a criança vai perceber essa

prática em casa. Com essa prática, ao

longo do tempo ela vai efetivamente

valorizar isso”.

quAL A IMPorTânCIA Do InCenTIvo FAMILIAr?

A própria ação em si é a razão de

ser do propósito. logo isso não pode

ser algo mecânico, e nem isso pode

ser feito por moda, muito menos a

criança deve fazê-lo por obrigação ou

para ganhar status de boa gente. “Essa

é uma ação para as pessoas que que-

rem viver numa sociedade mais justa,

mais ética, mais sustentável, é preciso

trabalhar com isso”, aponta o antropó-

logo, educador popular, idealizador e

presidente do Centro Popular de Cul-

tura e Desenvolvimento, Tião Rocha,

ao expor que a criança deve estar

ciente de que não receberá nenhum

prêmio pelo ato, mas sim de que pro-

porcionará o benefício a alguém.

Portanto, os pais têm que ser

também parte importante na vida

do próprio filho, que se integra nes-

se processo de missão, pois o que

se vive na escola não é toda a reali-

dade. “Os pais, juntamente com as

crianças, devem ter a humildade de

reconhecer que a própria escola não é

todo mundo, mas todo mundo pode

aproveitar aquilo que se aprende na

escola”, como explica o responsável

Pequenos gestos, grandes mudançasComo os pais podem incentivar os pequenos a desenvolver o voluntariado, e como essa ação pode contribuir para o desenvolvimento da criança

Page 39: Em Família | Arquidiocesano

pelo secretariado de Colaboração

Missionária Internacional (CMI), Ir.

Chris Wills.

Além dos benefícios éticos e

morais que a criança desenvolve, há

um benefício no seu desenvolvimen-

to pessoal, uma formação integral. A

criança passa a desenvolver a aquisi-

ção de um conhecimento quando ela

começa a problematizar a realidade,

relacionando os conteúdos que a

escola passa, ou seja, ela passa a ser

alguém que já interfere, de algum

modo, mesmo que em pequenos

gestos, na sociedade. Além da rela-

ção emocional, pois a proximidade de

realidades que não necessariamente

comunguem com as mesmas ques-

tões que ela vive provoca a reflexão.

“É muito importante ela ir se dando

conta, desde muito cedo, de que ela

vive em uma realidade diferente de

muitas outras”, explica a psicope-

dagoga Evelise, ao indicar que essa

aprendizagem envolve a questão

sociocultural.

Desse modo, existe um favoreci-

mento para que os pequenos tenham

esse desenvolvimento e percebam a

sociedade do jeito que ela é, e não do

modo que um livro aponta ou como

as experiências que a família lhe pro-

porcionam. “são práticas que ajudam

sem sombra de dúvidas, mas sempre

tendo um ambiente que potencialize

isso, que evidencie e que faça inter-

venções em relação a isso”, completa

Evelise.

A criAnçA pAssA

A desenvolver A

Aquisição de um

conhecimento

quAndo elA começA

A problemAtizAr A

reAlidAde.

Page 40: Em Família | Arquidiocesano

58

"A criança não tem

condições de, por ela

mesma, tomar posição

e sair a fazer coisas,

mas ela tem que ter o

adulto que a leve. Desde

pequenininha ela vendo um

pai e uma mãe atendendo

bem essas pessoas que

estão ao seu redor,

isso já faz parte das

primeiras noções da

prática social."

MIssão: CoMo InCenTIvAr?É claro que o incentivo é impor-

tante, que o desenvolvimento de

ações voluntárias vai ajudar a criança

a construir um senso crítico, e ela será

um cidadão mais comprometido. Mas

como fazer isso?

segundo Tião, “ela tem, como

criança, no seu ritmo, na sua idade,

um monte de possibilidades de ações

umas com as outras, de brincar, de

construir, sempre em grupo”. Para os

educadores, uma atividade possível

que as crianças podem realizar é um

bazar no próprio condomínio, ven-

dendo objetos para ajudar outras pes-

soas. Outros simples gestos são funda-

mentais. As crianças pequenas podem

começar a aprender e saber fazer coi-

sas do voluntariado, por exemplo, em

contato com os estudantes maiores,

com os adultos que já tiveram essa

experiência. “Ao haver essa transmis-

são, nasce na criança a vontade justa-

mente de fazer qualquer coisa”, com-

pleta o Ir. Chris Wills.

A imagem dos pais é extrema-

mente importante nessa fase. Como

a criança não tem autonomia para

ir e vir, ela vai ter que estar junto de

alguém, e é alguém que já tenha isso

como uma prática e que acredita nisso.

“A criança não tem condições de, por

ela mesma, tomar posição e sair a fazer

coisas, mas ela tem que ter o adulto

que a leve. Desde pequenininha ela

vendo um pai e uma mãe atendendo

bem essas pessoas que estão ao seu

redor, isso já faz parte das primeiras

noções da prática social”, pontua Eve-

lise, ao revelar que a melhor receita

está dentro de casa. Por fim, o melhor

exemplo ao incentivo é mais simples

do que parecem: “o que os pais podem

dar para os filhos é serem uma referên-

cia”, conta Tião. Afinal, os filhos olham

para os pais como um espelho e eles

refletem atitudes dos pais. se os pais

têm uma atitude de solidariedade, de

desenvolver ações voluntárias, se tive-

rem compromisso social, os filhos vão

observar, acompanhar e vão aprender.

Vão assimilar primeiro pela observa-

ção, pela imitação, pelo reconheci-

mento e pelo exemplo. Isso incorpora

como valor; o que é valor para o pai vai

passar a ser valor para o filho.

Como fazer

Page 41: Em Família | Arquidiocesano
Page 42: Em Família | Arquidiocesano

Compartilhar60

A correria e as preocupações do dia a dia por vezes impedem muitas pessoas de serem voluntárias, e isso não significa apenas plantar árvores, coletar lixo ou contar histórias. Atualmente, existem várias formas de desenvolvimento das mais diferentes atividades para ajudar o próximo.

VoLuntárIo onLInE

Essa opção permite que aqueles que não têm tempo

de sair de casa para praticar uma boa ação coloquem

em prática seus conhecimentos, em qualquer hora do

dia ou da noite, em qualquer local. Isso facilita a partici-

pação, como voluntário, em diferentes organizações,

de qualquer Estado.

Onde: voluntariosonline.org.br

LIVros E JogosVocê pode ajudar as organizações pesquisando e pro-

pondo livros para leitura, auxiliando na implementação

de oficinas, jogos e dinâmicas, que podem contribuir

para a formação de crianças e/ou adolescentes. são

vários temas de estímulo, como educação ambiental,

cidadania e respeito.

DoE uMA árVorE

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Vidágua

possuem o clikarvore, site por meio do qual qual-

quer pessoa pode doar árvores para recuperar a

Mata Atlântica. O programa só funciona se as pessoas

plantarem as árvores com seus clicks, e o internauta

pode fazer uma nova doação a cada 24 horas.

Onde: clickarvore.com.br

Logo Ao LADo

Que tal ir até o orfanato mais próximo, ou ao asilo, ou

a qualquer outro lugar que necessite de ajuda, e saber

de que forma você pode ajudá-los? se você possui

habilidades de trabalho online, a construção de sites

de divulgação e campanhas é uma boa pedida. Mas, se

você gosta de ler, quem sabe pode ajudar a construir

uma minibiblioteca. Ou, então, se faz algum trabalho

artesanal, que tal dedicar parte de seu tempo, em casa

mesmo, para a confecção de produtos que possam

ser vendidos, revertendo o lucro em benefício da

instituição? Fica a dica.

AJuDE o MunDo

Já pensou em ajudar o mundo com um clique? Você

pode apoiar a causa do Greenpeace como ciberativista.

Essa participação online é uma forma de mobilizar

empresas e governantes a protegerem o planeta.

Onde: greenpeace.org

Ser voluntário é fácilSer voluntário é fácilCompartilhar

Page 43: Em Família | Arquidiocesano

Prateleira

lIVRO

o guArAnI

José de Alencar, Editora ática, 2011

Os clássicos da literatura brasileira agora podem ser encontrados no formato de

histórias em quadrinhos. A linguagem é adequada aos estudantes, e as ilustrações

são bem divertidas. Pela arte dos quadrinhos, os livros dessa série levam o leitor

a se envolver com os grandes clássicos brasileiros.

Quem indica: Roberta Dannemann, bibliotecária do Colégio Marista João

Paulo II, Distrito Federal

MÚsICA

CAPItAL InICIAL Ao VIVo MuLtIshow

Capital Inicial, sonY BMg, 2008

Mesmo com anos de estrada, a banda Capital Inicial conquista novos fãs

a todo momento. Isso acontece por conta das músicas empolgantes e do

carisma de seus integrantes, principalmente do vocalista Dinho Ouro Pre-

to. Esse álbum se destaca por reunir as melhores músicas da carreira do

grupo, incluindo "Não olhe pra trás" e "Natasha". Vale a pena conferir!

Quem indica: sandra Inês limberger, auxiliar de biblioteca do Colégio

Marista São Luís, de Santa Cruz do Sul

VÍDEO

CYBErBuLLY

Charles Binamé, 2011

Recomendo o filme Cyberbully para ser assistido com toda a família, pois ele mostra

que o cyberbullying está presente em nosso cotidiano mais do que podemos imagi-

nar. Esse longa-metragem, se trabalhado nas séries finais do Ensino Fundamental,

pode alertar sobre como as ferramentas da internet e de outras tecnologias de

comunicação e informação podem ser utilizadas com o propósito de maltratar,

humilhar, ofender, constranger, intimidar e até excluir pessoas inocentes.

Quem indica: Idonês Rossin Lucatelli, professora de Língua Portuguesa e

literatura do Colégio Marista Aparecida, de Bento Gonçalves

Page 44: Em Família | Arquidiocesano

62 SolidariedadeSolidariedade

Page 45: Em Família | Arquidiocesano

Crianças brincam o tempo todo,

com o que estiver a seu alcance. No

início da vida, o brinquedo é o próprio

corpo; depois, elas se divertem com

o esconde-esconde de tecidos, com

o abrir e fechar de gavetas, jogando

tudo no chão, com vassouras que

viram cavalos ou com batuques em

panelas, que ganham das mais baru-

lhentas baterias de bandas de rock.

No início, achamos tudo lindo e até

brincamos junto, mas, com as ocupa-

ções do dia a dia, o tempo de brincar

junto vai ficando escasso, e a sofistica-

ção do brinquedo eletrônico compra-

do vai ocupando o lugar dos objetos

criativos que estão à disposição da

criança, em qualquer lugar. O brinque-

do torna-se o objeto de consumo, até

que o próximo lançamento seja ainda

mais atrativo, com uma propaganda

mais convincente.

Nesse jogo do desejo instantâneo,

onde fica o lugar do brincar junto, do

construir uma cabana de panos que

daqui a pouco vira barco, para, depois,

virar uma ilha deserta? Onde fica o

espaço para ensinar as gerações mais

novas a brincar com brincadeiras de

nossa infância? E o tempo de conviver

com a criança que cresce tão rápido?

Em uma sociedade consumista

como a nossa, é preciso resgatar a

importância do brincar espontâneo

na infância, com materiais não estru-

turados pelo adulto.

O brincar é uma atividade humana

imprescindível. Ao brincar, a criança

faz uma elaboração cognitiva e psico-

lógica profunda, além de representar

as situações sociais em que vive, dan-

do a elas novo significado. Ao brincar,

a criança também produz a cultura

infantil, construindo significados e

interpretando sua existência no mun-

do. O brincar facilita uma criatividade

que pode se desenvolver sem obstá-

culos, por causa do estado de espírito

com que se brinca. Deve ser por isso

que brincar é um direito da criança,

garantido na Convenção da ONU sobre

os Direitos da Criança (1989).

Desenvolvido pela Rede Marista de

solidariedade, com parceiros como a

Rede Nacional Primeira Infância, o

Direito ao Brincar é um programa que

busca disseminar e fortalecer o tema

por meio da mobilização da sociedade

e do poder público.

Você brinca com seu filho?Por Viviane Aparecida da Silva

Conheça as 10 iniciativas pelo Direito ao Brincar.

Acesse solmarista.org.br/brincar

Page 46: Em Família | Arquidiocesano

64 Solidariedade

Resultado do Programa de Forma-

ção Contínua e das ações desen-

volvidas na Rede Marista de solida-

riedade, o livro educação Infantil:

reflexões e práticas para a produ-

ção de sentidos apresenta experi-

ências e estudos de educadores rela-

cionados às suas iniciativas diárias na

Educação Infantil Marista, tendo como

ponto de referência aspectos funda-

mentais da atualidade.

Publicada pela Editora Universitária

Champagnat e lançada no dia 11 de

agosto, na 22ª Bienal Internacional do

livro de são Paulo, a obra reúne mate-

rial elaborado por 32 educadores e visa

dialogar com outros atores da socieda-

de sobre o papel da educação na defe-

sa e na promoção dos direitos da crian-

ça. “É o resultado do que pensamos

como proposta de Educação Infantil,

não só para a Rede Marista, mas tam-

bém para a escola pública. Defende-

mos que toda criança tem o direito

de estudar em uma boa instituição de

ensino, com professores que primam

pela excelência e com uma proposta

pedagógica que atenda às necessida-

des de hoje e de amanhã”, enfatiza

Viviane Aparecida da silva, uma das

organizadoras do título e assessora da

Rede Marista de solidariedade.

Composta de relatos de práticas

desenvolvidas nas Unidades sociais

e nos Colégios Maristas, a publicação

provoca a reflexão do leitor ao abordar

temas como formação de professores,

participação infantil, inclusão, transi-

ção para o Ensino Fundamental, entre

outros. Além de contar com ilustrações

e frases das crianças, há também o pre-

fácio escrito por Vital Didonet, profes-

sor e especialista em Educação Infan-

til. segundo ele, “Crianças são livres.

Dançam a liberdade de seus corpos e

a leveza de suas mentes, em busca de

sentidos para o mundo que as cerca.

Crianças têm ritmos – não um, mas tão

vários quanto é o número delas. Cada

uma é única, não repetível, original. Por

isso, crianças são diversas” (p. 11).

A pedagoga e educadora social

infantil do Centro social Marista Ita-

quera, Cristiane de Novais, foi uma

das colaboradoras do livro. Ela conta a

trajetória de Gabriel, uma criança com

encefalopatia crônica não progressiva

(ECNP) que ensinou a todos sobre soli-

dariedade, espera e compreensão da

diversidade. “A obra é importante, pois

ajuda a capturar um universo único e

nos traz o desafio de nos aprimorar”,

afirma Cristiane.

Reflexões e práticas para a produção de sentidosObra traz a imagem de criança ativa, competente, capaz de participar ativamente na construção de sua vida e na produção de cultura

Por Cíntia Gomes

Interessados na obra podem adquiri-la pelo e-mail [email protected]

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66

Diversão em famíliaÉ hora de soltar a criatividadePor Paulo Zaniol

O que era bom, vai ficar ain-da melhor. Se passar o fim

de semana em família é motivo de diversão, agora a festa está completa. O professor Paulo d’Assumpção Zaniol, do curso de Design da PUCPR, preparou um passo a passo de três instrumen-tos para serem confeccionados por toda a família. A criatividade é a peça-chave para a produção. Inclusive, o professor deixa claro que o material e a quantidade usada para preencher os potes são fatores que diferenciam o som de cada um deles. A diver-são será em dose dupla – a pre-paração e a brincadeira.

Diversão

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De que precisa:

• 1 garrafa pet

• 5 tampinhas plásticas

• Fita crepe para acabamento

• Fitas adesivas coloridas

• Tesoura

Como faz:

• Corte o fundo e a parte superior da garrafa pet

• Coloque as tampas plásticas

• Encaixe a parte debaixo dentro da parte de cima

• Coloque fita colorida na junção dos potes

Chocalho

De que precisa:

• Cano conduíte de 26 cm para ins-

talação elétrica ou mangueira

• Lixa para usar no corte onde vai

colocar a boca

• Tesoura

• 1 bexiga

• Fita adesiva colorida

• Grão (arroz, sagu, feijão)

Como faz:

• Tirar as rebarbas das pontas cortadas

e lixar bem a borda para não machucar a

boca

Sopro D´água

De que precisa:

• 6 copinhos de iogurte

• 1 copo de grão (sagu, arroz, feijão)

• Tesoura

• Alicate

• Arame

• Fita adesiva

• Fita crepe

Como faz:

• Cortar o fundo de 4 copos e um arame

de 60 cm

• Torcer o arame enrolando até formar uma

bola de arame com vãos, colocar 6 bolinhas

uma para cada pote

• Colocar os potes fechados nas pontas, para

evitar que os grãos caiam para fora. Colocar

fita crepe na borda

• Colocar as bolinhas de arame em cada

pote, ocupando o espaço vazio entre eles;

eles não podem ficar soltos

• Montar 3 pares

Pau de Chuva

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68 Inspiração

Ninguém melhor para ensinar algo

senão aquele bom e velho amigo

da escola. Ele conhece e entende as

dúvidas em particular e pode usar

de exemplos próprios para ajudar o

colega com dificuldade. Essa facilida-

de em entender as matérias quando

explicadas por quem está no mesmo

nível hierárquico se deve à comunica-

ção horizontal, na qual é empregada

uma mesma linguagem e existe troca

mútua de conhecimento.

Ainda quando pequeno, leonir

João lavratti Marcon, 14 anos, alu-

no do 9º ano do Colégio Marista Frei

Rogério, de santa Catarina, percebeu

que era importante ajudar aos outros.

Diante do incentivo dos pais, e como

tinha facilidade em aprender, leonir

passou a ajudar os colegas, ensinando

a eles os assuntos em que apresen-

tavam dificuldades de aprendizado.

Para o sempre solícito aluno, a

caridade e a amizade que desenvolve

são virtudes básicas do bom conví-

vio. “Percebi que queria ser diferente

dos outros; algumas pessoas apenas

falam que é preciso ser solidário e não

fazem nada, mas, para mim, é preciso

ação”, afirma. Para a assistente psico-

pedagógica do Colégio, Ivete Rosso,

leonir “tem um grau de solidariedade

que é fabuloso”, pois, quando alguém

solicita sua ajuda, ele dificilmente

nega.

“ser solidário não é necessaria-

mente dar dinheiro, mas, sim, aju-

dar como se pode”, conta o aluno, ao

afirmar que ajudar outros estudantes

o faz se sentir melhor, pois “o conhe-

cimento foi feito para todo mundo”,

completa.

sua busca é pelo aprendizado

efetivo. Para o jovem solidário, “se a

pessoa não absorver o conhecimen-

to, é importante que depois absorva,

pois o que se aprende na escola se

leva a vida toda”. O aluno dedicado,

que realiza monitoria em Matemáti-

ca e Inglês, “tem paixão por ajudar os

colegas”, afirma Ivete, e “se relaciona

bem com os colegas”, completa ela.

Para ele, o prazer em ajudar, e ver que

aqueles que ajuda realmente apren-

deram, é uma realização, além de

um aprendizado mútuo. “Para mim,

é um bônus duplo: ajudo os outros

e aprendo junto, acabo estudando

e aprendendo ainda mais”, explica o

estudante sempre pronto a ajudar.

É possível ser solidário no colégio?Aluno marista mostra que, para ajudar quem precisa, basta fazer uso de suas próprias habilidades

"PERCEbI QUE QUERIA SER DIFERENTE DOS OUTROS; ALGUMAS PESSOAS APENAS FALAM QUE É PRECISO SER SOLIDáRIO E NãO FAZEM NADA, MAS, PARA MIM, É PRECISO AçãO."Leonir João Lavratti Marcon

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