empresas x sustentabilidade
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5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com
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• GESTÃO DE RESÍDUOS
• TECNOLOGIA
• SUSTENTABILIDADE
Ano 1 • no 4 • Janeiro/Fevereiro 2010 •
A n o 1 • n o 4
• J a n e i r o / F e v e r e i r o 2 0 1 0 • R $ 1 9 , 0 0 •
V I S Ã O
A M B I E N
T A L
ECONOMIA
VERDEEMPRESAS INVESTEM
EM SUSTENTABILIDADE
RESÍDUOS URBANOSO consumo cotidiano
deixa rastros
Consciência ambiennas passare
MOD
AUTOMÓVEPaixão nacio
agora menos polue
Invasões trazconsequênc
OCUPAÇÕEIRREGULARE
MERCADO DTRABALH
Meteorologistas nunforam tão necessári
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6 MATÉRIA DE CAPA
Empresas
Verdes
SUMÁRIO
30 Mercado Walmart: exemplode consciência estratégica
42 Internacional COP15: Uma conferência muito morna
48 Reciclagem Isopor para o que der e vier
59 Negócios A moda é verde
62 SPFW Moda e consciência ambiental
64 Visão Econômica Por Ricardo Ernesto Rose
74 Radar Contatos das empresas e
colaboradores desta edição
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16 Eco EstiloA onda é preservar
ResíduosSólidosUrbanosO lixo nosso
de cada dia
36
34 Consumo Consciente
Produtos que ajudama preservar o planeta
52 OcupaçõesIrregularesA naturezapune
20 AutomotivosPreservando o meioambiente a toda velocidade
19 Visão Legal Antonio Carlos Porto Araujo
26 Mercado de Trabalho Tempo bom para os meteorologistas
29 Visão Política Por Conceição Clemente
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Renovação de mentalidadeamplia mercado
O começo de um novo ano é sempre estimulante. Para nós, não é
dierente. Observar de longe as mudanças nas questões ambientais,
mesmo que tímidas, já é um alento. Poder participar delas, dissemi-nando inormações e instigando nossos leitores à reexão, az-nos
sentir parte dessas mudanças, e isso muito nos gratifca.
Esta edição tem como matéria de capa a sustentabilidade
nas empresas, algo que pode dar resultados extraordinários em
várias eseras dos negócios, inclusive com aumento de receita. Até
atitudes pequenas podem azer uma enorme dierença. Que tal
ser esse um pensamento comum e um dos objetivos deste novo
ano? E não necessariamente no âmbito empresarial. As atitudes
pessoais contam tanto quanto, ou mais, já que esperar que tudo
venha dos outros, principalmente dos governantes, parece não
ser uma atitude muito coerente, como podemos constatar pela
matéria sobre Copenhague.
Nossa parceria com a Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) oi renovada e
ampliada para toda a revista, uma vez que nosso Caderno de
Resíduos, cobrindo eventos e temas específcos do setor, agora é
parte integrante de nosso conteúdo geral.
Há muitas matérias interessantes nesta edição. Esperamos
que gostem. Mas a grande novidade mesmo é que agora, devido
aos muitos pedidos, estamos aceitando assinaturas. No início,
mostramo-nos reticentes, uma vez que, originalmente, a revista
seria distribuída apenas para nosso mailing. Entretanto, depois das
pesquisas realizadas nos eventos dos quais participamos, e tambématravés de nosso portal, constatamos que, mesmo havendo a pos-
sibilidade de ler nosso conteúdo pelo site, e até de azer download
da revista, muitos preerem tê-la impressa. Por isso, atendendo à
vontade desses leitores, a partir desta edição eles poderão assinar
e receber a revista Visão Ambiental em casa.
Ter assinantes é mais um passo para o crescimento e consoli-
dação da revista no mercado editorial. A receptividade que vimos
obtendo nos coloca como um dos destaques no segmento do meio
ambiente e sustentabilidade. Termos conquistado isso nos leva a
crer que estamos no caminho certo. Agradecemos a nossos leito-
res, colaboradores e anunciantes assumindo o compromisso de
buscar melhorar sempre. Para isso, esperamos receber sugestões,opiniões e críticas, sempre que você, leitor, considerar pertinente.
Boa leitura!
José Antonio Gutierrez, Nilberto Machado de Sá e Susi Guedes
As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são deresponsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.
EXECUTIVO EDITORIALNilberto Machado de Sá[email protected]
EXECUTIVO FINANCEIROJosé Antonio Gutierrez
EDITORA-CHEFESusi Guedes
PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo
JORNALISTASArielli Secco, Henriete Mirrione, João Paulo
Amorim, Samuel Nunes e Tais Castilho [email protected]
REVISÃODiego Teixeira
FOTOGRAFIAFábio Tavares e Luciana Yole
COLABORADORPaulo César Lamas (tratamento de imagens)
COLUNISTAS DESTA EDIÇÃOAntonio Carlos Porto Araújo, Conceição Clemente
e Ricardo Ernesto Rose
COMERCIAL e PUBLICIDADE
Cristopher [email protected]
Jurema Jardin [email protected]
JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes (MTb .7/SP)
PERIODICIDADE – BimestralTIRAGEM – 6.000 exemplares
IMPRESSÃO – Litokromia
ATENAS EDITORARua José Debieux, 3, Cj. 2
Santana – São Paulo/SP – CEP: 02038-030
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ATENDIMENTO AO LEITORFone: -11-269-0110
EXPEDIENTE
Capa: Fotomontagem SXC e Divulgação por [email protected]
ERRATA
• Na matéria sobre Seguro Ambiental da edição anterior, os créditos das oto-
grafas dos deputados Leonardo Monteiro e Rubens Moreira Mendes Filho são
“Divulgação”; já a otografa do empresário Fumiaki Oizumi é de Luciana Yole.
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CAPA
Na nova cartilha das empresas, a palavrasustentabilidade está atrelada a uma
visão moderna, consciente e vitoriosa.Esse conceito será, sem sombra de dúvidas,
um diferencial no futuro
EmpresasVerdes
Sustentabilidade. Termo que
adquiriu uma importância sem pre-
cedentes e já az parte da rotina de
inúmeras empresas. Esse conceito está
na boca dos empresários, na cabeça
dos banqueiros, registrado em inúmeras
propagandas dos mais diversos produtos.
Está também nas atitudes de quem anseia
por um mundo melhor, sempre levando em
consideração o uso racional dos recursosnaturais. As ações de sustentabilidade e pre-
servação ambiental têm conquistado cada vez
mais espaço nas estratégias de negócios e são
responsáveis pela sobrevivência de grandes,
médias e micro empresas no mercado.
A sociedade civil tem se organizado para
exigir dierentes atitudes por parte das empresas.
Trata-se de movimentos que buscam colocar o
Brasil na trilha do crescimento econômico aliando
equilíbrio ambiental com justiça social, bases
undamentais da sustentabilidade. Se o meio
ambiente não or preservado, qual será a herança
Por João Paulo Amorim
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deixada para as gerações uturas? Se a palavra
“conscientização” não zer parte do dicionário da
vida, haverá apenas um solo pobre, uma atmosera
poluída, a alta de água. Em suma, uma biosera
toda alterada, suja e sem diversidade.
Desde a década de 80, as grandes compa-
nhias têm eito, a passos lentos, campanhas
verdes e de responsabilidade socioambiental.
De orma simples, a responsabilidade social no
âmbito empresarial é um modelo de gestão pau-
tado na relação ética e transparente da empresa
com todos os públicos com os quais ela se re-laciona. Metas empresariais compatíveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade são
estabelecidas. Por consequência, os recursos
ambientais e culturais são preservados para as
gerações uturas, a diversidade é respeitada (e
mantida) e as desigualdades sociais são consi-
deravelmente reduzidas.
Segundo dados apresentados pelo diretor
do Departamento de Meio Ambiente (DMA)
da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp), Nelson Pereira dos Reis, durante a
Conerência do Clima em Copenhague no ano
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passado, % das empresas possuem indica-
dores do consumo especíco de energia e 98%
oerecem programas de treinamento ambiental
a seus uncionários. “Estes são apenas alguns
dados para dar ideia do que o setor privado do
Brasil já promove em relação aos cuidados com
o meio ambiente”, diz.
Ainda de acordo com o diretor, 4% das
corporações brasileiras só contratam ornece-
dores que seguem procedimentos de gestão am-
biental. Além disso, 48% das empresas dispõem
de projetos para reduzir a emissão de gases de
eeito estua e 42% já utilizam ontes renováveis
de energia.
Esse é o cenário atual. A evolução é nítida e
animadora. Atitudes sustentáveis e empresas
agora são grandes parceiras. O tino empresarial
passa por uma visão globalizada dos problemas
ambientais que assolam o planeta. Pode-se de-
nominar esse momento atual chamando-o de
“nova economia”. As caracterís-
ticas dessa mudança estão
relacionadas a uma mentemoderna e uturista, em que
os recursos e insumos são recu-
perados, reusados e reciclados
muitas e muitas vezes.
Para exempliicar
esse cenário de
conscientiza-
ção, de novos
conceitos e de
apereiçoamento dos modelos de gestão, a revista
Visão Ambiental apresenta aqui as atividades e
os pensamentos de grandes empresas que visam
uma economia orte e rentável, mas que não se
esquecem da importância do meio ambiente.
MCASSAB
“O tamanho de um grupo empresarial é me-
dido pelo seu tempo de história e, principalmen-
te, por suas realizações”. É com essa rase que a
MCassab resume os seus 2 anos de existência. A
empresa atua em mais de uma dezena de áreas,
com destaque para: tecnologia animal, química
na, química industrial, nutrição humana, labo-
ratório, utilidades domésticas, eletrodomésticos,
utensílios prossionais, brinquedos, rede de lojas
Spicy, investimentos imobiliários e trading.
Ao longo desses anos, o desenvolvimento
sustentável tornou-se um dos grandes aliados
da empresa na construção de uma imagem só-
lida e vitoriosa. O diretor acionista da MCassab,
Victor Cutait, ressalta as razões pelas quais as
grandes empresas são de suma importância napreservação do meio ambiente: “Em primeiro
lugar, por serem grandes consumidoras de ma-
térias-primas não renováveis e de energias em
geral. Em segundo, como têm grande exposição
na mídia, viram exemplo.”
E complementa: “Desde 2001 a MCassab vem
implantando programas e processos de respon-
sabilidade ambiental e social, como o Processo
de Distribuição Responsável (Prodir) – certicado
pelo British Standards Institute –, cujos escopos
são o meio ambiente, a saúde e a segurança.
Além disso, há programas de controle e redução
“Um exemplo denossa atuação
social é que
construímos e
mantemos uma
escola para 300
crianças carentes,
administrada
pela ONG AçãoComunitária, num
bairro próximo
à empresa”
Victor Cutait, diretor
acionista da MCassab
Victor Cutait,da MCassab
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de energia, água e gases de eeito estua. Nosso
Manual da Qualidade impõe procedimentos que
constam das diretivas da SA8000, que é uma
norma de responsabilidade social. Outro exem-
plo de nossa atuação social é que construímos e
mantemos uma escola para 300 crianças carentes,
administrada pela ONG Ação Comunitária, num
bairro próximo à empresa.”
BRASKEM
Foi no ano de 2002 que a Braskem – líder emresinas termoplásticas na América Latina e uma
das maiores companhias industriais privadas de
capital nacional – começou a ocar suas ações
baseando-se numa política de tecnologia, ino-
vação e sustentabilidade.
Em 2004 a empresa elaborou o 1º Relatório
de Desenvolvimento Sustentável. Já em 2005,
oi listada no Índice de Sustentabilidade Empre-
sarial (ISE) da BM&FBovespa, onde continua até
hoje em virtude de suas ações ecologicamente
e socialmente corretas.
No ano de 200, a empresa oi a primeira
a lançar o polímero verde – polietileno de
alta densidade produzido a partir da cana-
de-açúcar. Seu desempenho e qualidade são-
superiores em relação a outros polímeros. As
indústrias automobilísticas, de embalagens
alimentícias, cosméticos e artigos de higiene
pessoal são as maiores consumidoras desse
tipo de plástico.
Essa inovação resultou de um projeto con-
tínuo de pesquisa e desenvolvimento. O alto
investimento – cerca de US$ 100 milhões ao ano– é usado na melhoria das instalações, visando
aprimorar as práticas sustentáveis dentro e ora
da empresa. Associa-se a esse valor um investi-
mento de R$ milhões em ações voltadas para
o beneício da sociedade em geral.
Jorge Soto, diretor de Desenvolvimento Sus-
tentável da empresa, diz: “A sustentabilidade,
para a Braskem, é um ator de dierenciação. Os
investimentos são voltados para alavancar os
negócios, mas não visamos apenas os resultados,
o aturamento; o objetivo é contribuir também
com ações sociais e ambientais.” V I S
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CAPA
“A sustentabilidade,
para a Braskem,é um ator de
dierenciação. Os
investimentos
são voltados
para alavancar os
negócios, mas não
visamos apenas
os resultados,
o aturamento;
o objetivo é
contribuir também
com ações sociais
e ambientais”
Jorge Soto, diretor
de Desenvolvimento
Sustentável da Brasken
Troéu do GP Brasil de Fórmula 1:desenhado pelo arquiteto OscarNiemeyer, em 2008 oi coneccionadoem plástico verde.No ano passado, anova versão do troéu oi produzidaem plástico reciclado, a partir detampinhas recolhidas durante a prova
F o t o s : D
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Banco Imobiliário Sustentável é umaversão ecológica do tradicional jogo
Banco Imobiliário, da Estrela
Carrinho Estrela produzidoem plástico verde
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NATURA
A Natura, maior abricante brasileira de
cosméticos e produtos de higiene e beleza,
líder no setor de venda direta, tem sua imagem
totalmente vinculada às causas ambientais.Ao longo de sua história, a Natura sempre se
baseou em um modelo de gestão voltado ao
crescimento econômico e à perpetuação da
empresa, sem deixar de lado a preocupação
com os impactos ambientais e sociais. Em 1983,
uma das primeiras iniciativas nesse sentido oi a
introdução dos res no setor de cosméticos do
Brasil. Era o começo da sustentabilidade.
No ano de 2000, a Natura oi a primeira em-
presa brasileira a adotar o modelo do ranking
Global Reporters. Levando em consideração osrelatórios anuais, o Global Reporters relaciona
as 50 empresas com melhor desempenho eco-
nômico e socioambiental. As empresas desse
ranking seguem as diretrizes do Global Repor-
ting Initiative (GRI), instituição que desenvolve
e dissemina um modelo de comunicação sobre
os impactos econômicos, sociais e ambientais
das atividades empresariais. Ao longo dos anos,
a Natura investiu em novas tecnologias para
reduzir o impacto dos seus produtos no meio
ambiente, descobrindo novos ingredientes e
contribuindo para a valorização e o crescimento
de comunidades locais.
No ano passado, as órmulas da linha Natura
Ekos, por exemplo, passaram a ter mais de 0%
de matéria-prima vegetal renovável, extraída de
maneira sustentável. Renata Puchala, gerentede marketing da linha ala um pouco sobre essa
ação: “Vegetalizar é substituir ingredientes de
origem animal, mineral ou sintética por outros
de origem vegetal, os quais, se extraídos de
orma sustentável, renovam-se sempre. Em
2004, começamos esse movimento de reno-
vação em nossas órmulas, vegetalizando os
sabonetes em barra Ekos. Em 200, vegetali-
zamos os óleos triásicos e passamos a utilizar
em nossos perumes álcool orgânico ao invés
do álcool comum.”A maioria dos produtos, cosméticos e não
cosméticos, utiliza matérias-primas de origem
sintética e outras de origem não renovável, como
por exemplo, o petróleo. Em suma, é retirado da
natureza aquilo que não é possível devolver a
ela. Priorizar matérias-primas de origem vegetal
é contribuir para a perpetuação da natureza.
A Natura pretende reduzir em 33% o impacto
ambiental relativo às suas atividades até 2011.
De 200 para 200, a empresa baixou em %
a quantidade de GEEs (gases que provocam o
eeito estua) lançados na atmosera.
“Vegetalizaré substituir
ingredientes de
origem animal,
mineral ou
sintética por
outros de origem
vegetal, os quais,
se extraídos deorma sustentável,
renovam-se
sempre”
Renata Puchala,
gerente de Marketing
da linha Natura Ekos
Área de convivênciana unidade da Naturaem Cajamar e,ao lado, um exemplode sacola retornável
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GRUPO PÃO DE AÇÚCAR
Abílio Diniz é um dos homens mais bem-suce-
didos do Brasil. Ele preside o Grupo Pão de Açúcar,
líder absoluto no mercado de varejo. Ano passado,
a empresa investiu R$ 45 milhões na expansão desupermercados sustentáveis (verdes).
Paulo Pompilio, diretor de Responsabilidade
Social do Grupo Pão de Açúcar, conta que “o
desenvolvimento e implantação das tecnolo-
gias sustentáveis é um processo de contínuo
aprendizado e evolução; a decisão pelas solu-
ções implantadas tiveram como objetivo sen-
sibilizar e mobilizar nossos clientes, parceiros e
colaboradores em torno dessa causa e, assim,
promover movimentos relevantes em toda ca-
deia de valor”.Além da expansão dos supermercados sus-
tentáveis, certicados pela Leed (Leadership in
Energy and Environmental Design), o Grupo Pão
de Açúcar oca também seus investimentos em
programas de estações de reciclagem, sacolas
retornáveis e ações para redução de consumo
de água e energia. Selo verde em mãos, certi-
cação garantida. Com isso, o supermercado é o
único da América Latina a possuir aprovação do
United States Green Building Council (USGBC),
a ONG mais conhecida do mundo no ramo de
certicação ambiental de edicações.
Pioneirismo, sustentabilidade, aproximação
com o cliente. Esses são alguns dos ingredientes
que tornam o Pão de Açúcar uma das maiores
empresas do País. João Edson Gravata, diretor
de operações da rede Pão de Açúcar, enalte-
ce o feeling da empresa e promete ainda maisnovidades.
“O Pão de Açúcar é conhecido por seu pionei-
rismo em ações socioambientais. Avançamos com
cinco supermercados verdes em poucos meses e
vamos expandir ainda mais nos próximos anos. Foi
assim com as iniciativas pioneiras adotadas pela
rede, como as sacolas e as estações de reciclagem,
que hoje servem de modelo para os mais diversos
segmentos de negócios”, diz.
Desde 2005, as sacolas retornáveis vêm ga-
nhando mais adeptos a cada dia. E, para incen-tivar o seu uso, o programa de relacionamento
Mais lançou no ano passado a campanha “Ga-
nha pontos quem ajuda a preservar o planeta”.
O uncionamento é simples: ao utilizar sacolas
retornáveis, os clientes ganham pontos que po-
dem ser trocados por vales-compra. A iniciativa
começou em São Paulo em março de 2009 e
logo caiu nas graças do consumidor. Para se ter
uma ideia, mais de 2 milhões de pontos oram
contabilizados em um total de 44,2 mil compras,
realizadas ao longo de oito meses.
O sucesso dessa ação pode ser traduzido
em números, ainal, nesse período, cerca de
1,9 milhão de sacolas plásticas deixaram de ser
descartadas no meio ambiente. E mais: no ano
passado, o Grupo Pão de Açúcar comercializou
cerca de 1,3 milhão de sacolas retornáveis, um
crescimento de 35% se comparado a 2008.
Hoje, a iniciativa já está presente em todas as
lojas da rede.
Ligia Dall Acqua Korkes, gerente do Grupo Pão
de Açúcar, acha eciente a comunicação entre a
empresa e os clientes: “Temos contato direto como consumidor através das rádios e televisões inter-
nas. Já zemos, por exemplo, vídeos inormativos
sobre os beneícios das sacolas retornáveis contra
as desvantagens das sacolas plásticas, divulgamos
e estimulamos as nossas estações de reciclagem,
entre outras.”
Ações como essas envolvem os uncioná-
rios dos supermercados, todos devidamente
capacitados. “Além disso, temos várias ini-
ciativas nas lojas, como o caixa verde – que
é uma iniciativa de reciclagem pré-consumo
–, as estações de reciclagem pós-consumo, as
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“Temos contato
direto com o
consumidor
através das rádios e
televisões internas.
Já fzemos vídeosinormativos sobre
os beneícios das
sacolas retornáveis
contra as
desvantagens das
sacolas plásticas,
divulgamos e
estimulamosnossas estações
de reciclagem,
entre outras”
Ligia Dall Acqua Korkes,
gerente do Grupo
Pão de Açúcar
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Ligia Dall AcquaKorkes, do GrupoPão de Açúcar
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embalagens eitas de papel reciclado, as pró-
prias lojas verdes”, diz Ligia. E conclui: “Enm,iniciativas sustentáveis para as quais todos os
colaboradores recebem um treinamento de 10
horas, entre outras iniciativas”.
SABESP
A Sabesp, Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo, consolida-se cada dia
mais no mercado como uma empresa de soluções
ambientais. Além dos serviços prestados estarem
diretamente relacionados ao ramo, a companhia
vem desenvolvendo, ao longo de seus 35 anos de
existência, programas voltados ao consumo cons-
ciente e à redução de perdas, bem como ações
de conscientização alertando sobre a necessidade
da preservação dos recursos hídricos.
Em setembro de 2009, a empresa lançou
o projeto Sabesp Abraço Verde. O objetivo
principal é agregar melhorais estéticas no am-
biente ao redor das áreas de responsabilidade
da companhia. A consequência? Mais verde e
retenção de carbono. Segundo a empresa, até
o im deste ano, 4 mil unidades, entre áreas
administrativas e operacionais, receberão 20mil mudas de árvores.
TETRA PAK
Desde sua criação, a Tetra Pak, líder mundial
em processamento e embalagem de alimentos,
possui em seu DNA o conceito de sustentabili-
dade. Há 52 anos atuando ortemente na cadeia
de valor dos alimentos no País, a empresa tem
investido cada vez mais em equipamentos que
causam menos impacto ambiental. No Brasil,
a Tetra Pak desenvolveu uma tecnologia para
abricação de placas, telhas, móveis, canetas,
vassouras e outros objetos, tudo a partir da
mistura de plástico e alumínio das embalagens.O processo passa pela retirada do papel que
é usado na produção de caixas de papelão e
papel reciclado.
Em parceria com outras empresas, a Tetra Pak
desenvolveu a tecnologia de reciclagem a plasma,
que permite a separação do plástico e do alumínio
contidos na embalagem após a retirada do papel.
Transormados em parana líquida e lingotes, o
plástico e o alumínio voltam para a cadeia produ-
tiva como matérias-primas de primeira qualida-
de. A primeira unidade de reciclagem a plasma,
pioneira no mundo, começou a operar em maio
de 2005 na cidade de Piracicaba, interior de São
Paulo, e já desperta o interesse de outros países.
Com investimento de R$ 14 milhões, a usina tem
capacidade para reciclar 8 mil toneladas de plás-
tico e alumínio por ano, equivalentes a 32 mil
toneladas de embalagens.
Outra atividade de destaque da empresa é
o Portal de Educação Ambiental. O site oerece
inormações completas, desde como gerenciar
e selecionar o lixo, até o processo de reciclagem
de cada material. Trata-se de uma importan-te erramenta para os proessores, na medida
em que oerece inormações e sugestões de
atividades para os alunos. Além disso, as inor-
mações e ocinas estimulam os alunos a reali-
zarem experiências e colocarem os conceitos
em prática. O novo portal é uma evolução do
Programa Cultura Ambiental nas Escolas, cujo
oco é a distribuição de kits educativos com
inormações sobre reciclagem e preservação do
meio ambiente. Criado em 199, o programa
já beneciou mais de milhões de estudantes
e 40 mil escolas públicas e privadas.
A Sabesp vem
desenvolvendo,
ao longo de
seus 35 anos
de existência,programas
voltados ao
consumo
consciente e à
redução de perdas,
bem como ações
de conscientização
alertando sobrea necessidade da
preservação
dos recursos
hídricos
Técnicos da Sabesp espalhamcomposto orgânico sobrevegetação danifcada
Sabesp tambéminveste para tornar seusprédios sustentáveis
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VALE
Mineradora de atuação global, a Vale sempre
escreveu sua história baseada no compromisso
de transormar recursos minerais em riqueza e
desenvolvimento sustentável. Há várias manei-
ras de dimensionar essa relação próxima entre
a mineradora e as questões sociais. A Fundação
Vale é um grande exemplo. Em parceria com
ONGs, setores do poder público e da sociedade
civil, ela realiza diversos programas com oco no
desenvolvimento econômico, ambiental e social
das localidades onde atua. Um desses programas
consiste na conservação do meio ambiente e na
reabilitação de espécies nativas dos ecossistemas
da Mata Atlântica, do Cerrado e da Amazônia.
Em 2008, a empresa investiu US$ 8 milhões
na área de meio ambiente, desde projetos de
reforestamento e conservação, até programas de
desenvolvimento de tecnologias limpas.
O combate ao aquecimento global tambémé uma das principais preocupações da empresa.
No ano passado, ela lançou suas Diretrizes sobre
Mudanças Climáticas e Carbono. Entre as ações
rmadas, merece destaque a substituição de
óleo combustível por gás natural nas usinas de
pelotização do Espírito Santo e de Minas Gerais,
que resultou na redução de 139 mil toneladas
de CO2
na comparação com o ano de 2008. Para
este ano, os investimentos chegarão a US$ 999
milhões: US$ 829 milhões serão investidos em
proteção e conservação do meio ambiente e US$
10 milhões em projetos sociais.
SUSTENTABILIDADE X AUMENTO DOS CUSTOS
A instituição que se mantiver atenta a esse
movimento em prol do verde tende a aumentar
sua visibilidade e seu valor de mercado. É uma
relação de troca em que todas as partes saem lu-
crando. Mais do que preocupação socioambiental
ou estratégia de marketing, empresas de diversos
setores começam a repensar seu próprio modelo
de negócios para sobreviver em uma economia
na qual exigências socioambientais estão se
tornando uma realidade. Os resultados são um
alento para todos os envolvidos no processo.
É notório que, entre outros objetivos, as prá-
ticas empresariais sustentáveis visam vincular o
nome da empresa a produtos e serviços de qua-
lidade, preços justos e responsabilidade social. O
resultado é imediato. As boas práticas da empresa
levam-na a um estreitamento na relação com o
consumidor, o que acarreta em novos valores
para seu público-alvo. Essa dinâmica relação entreempresa e consumidores acilita a criação de uma
via de mão dupla: a organização investe em ações
de responsabilidade socioambiental, o mercado
as aprova. Há uma valorização da marca.
A sustentabilidade é uma realidade. Conse-
quentemente, as empresas devem responder
rapidamente a essa mudança. Do contrário, se-
rão engolidas pela concorrência. Então, como
agir? Essa é a primeira pergunta dos empresá-
rios. De uma orma simples – e não simplista –,
az-se necessário um remodelamento da gestão.
O pensamento deve estar ocado no presente, V I S
à O A
M B I E N T A L • J A N E I R O / F E V E R E I R O •
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12
CAPA
A Vale sempre
escreveu sua
história baseada
no compromissode transormar
recursos minerais
em riqueza e
desenvolvimento
sustentável. Há
várias maneiras de
dimensionar essa
relação próxima
entre a mineradora
e as questões
sociais. A Fundação
Vale é um grande
exemplo
mas principalmente no uturo.A necessidade de um redesenho
das organizações se az essen-
cial a esta nova visão de posi-
cionamento sustentável. Claro
que as questões que envolvem
sustentabilidade são complexas
e mesmo diíceis de serem com-
preendidas, pois muitas vezes
signiicam aumento de inves-
timentos para as organizações
empresariais.
A Monsanto, por exemplo,
Fundação Vale:Cultivo de espéciesnativas dos
ecossistemas daMata Atlântica
F o t o s : D i v u l g a ç ã o
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que trabalha com produtos e soluções para agri-
cultura e meio ambiente, ampliou em 2009 seus
projetos voltados a ações ambientais e educa-
cionais, com o investimento em programas de
sustentabilidade chegando à casa dos R$ 9,4 mi-
lhões. Um aumento considerável se comparado
ao passado recente, já que até meados de 200a Monsanto destinava por volta de R$ 4 milhões
ao ano em projetos socioambientais.
Em 2009, a rede de varejo Walmart também
se engajou na questão sustentável. A empresa
reuniu ornecedores, autoridades e ONGs para
anunciar o Pacto Walmart Brasil pela Sustenta-
bilidade, pelo qual os presidentes das 20 maio-
res indústrias ornecedoras da rede irmaram
compromissos em prol do meio ambiente. Os
objetivos são explícitos: apoio à preservação da
Floresta Amazônica por meio do boicote à com-pra de produtos provenientes de desmatamento,
principalmente os das cadeias da carne, madeira
e soja; redução de embalagens; e desenvolvi-
mento de novos produtos com dierenciais sus-
tentáveis. Segundo o hipermercado, o programa
de descontos de R$ 0,03 para clientes que não
usam sacolas plásticas evitou a circulação de
13,5 milhões de sacolas plásticas durante o ano
passado e gerou um repasse de mais de R$ 405
mil para os consumidores conscientes.
Sejam oriundas do mercado ou da regulação,
as exigências desse novo ambiente econômico
são grandes. Consequentemente, não é tarea das
mais áceis repensar esse modelo de negócios.
Compreender a complexidade da sustentabili-
dade será um ator de sucesso nesta que é uma
das principais empreitadas do século XXI. Para o
vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itaca-
rambi, a implantação de medidas sustentáveis
em todos os setores da economia é emergencial.
“Embora o custo seja alto, não há mais como
retardar essas ações”, disse.
Segundo uma pesquisa realizada pelo ins-tituto, se o Brasil investir 1% do PIB em ações
sustentáveis, é possível reduzir em 0%, até
2030, a emissão de gases do eeito estua no
País. “Devemos entender que, apesar de o tema
ambiental ser a principal preocupação, a questão
envolve diversos outros atores, como os sociais
e econômicos. É necessário reduzir, além das
emissões, a exploração ineciente dos nossos
recursos naturais”, naliza o vice-presidente doInstituto Ethos.
VISÃO INSTITUCIONAL
No segmento empresarial, para haver maior
compreensão sobre a sustentabilidade, a organi-
zação precisa incorporar os conceitos e objetivos
em seu DNA, ou seja, enraizá-los proundamente
em sua cultura organizacional, abrangendo mis-
são, visão, valores e estratégia em todos os seus
níveis hierárquicos. Mas é importante salientar:
esse novo signicado, traduzido em um novoposicionamento empresarial, deve estar bem
claro nas grandes lideranças das empresas. Todos
concordam que uma estratégia de marketing am-
biental sem o devido embasamento conceitual
do processo de “esverdeamento” da empresa é
totalmente inecaz.
Para o diretor acionista da MCassab, Victor
Cutait, há inúmeros beneícios para as empre-
sas que optam por manter projetos ambientais:
“Podemos separar os beneícios nanceiros em
mensuráveis e não mensuráveis. No primeiro
caso, temos alguns clientes que já nos auditam
em quesitos ambientais como condicionantes
para sermos ornecedores. Os não mensuráveis
são aqueles ligados à imagem. Mas não tenho
dúvidas de que esse é um tema de crescente cons-
cientização da sociedade e, portanto, cada vez
mais as empresas serão cobradas nesse sentido,
passando a ser obrigação, e não uma vantagem
competitiva.”
A gerente do Pão de Açúcar, Ligia Dall Acqua
Korkes, também expõe sua opinião: “Os beneí-
cios são inúmeros. Externos, por exemplo, dan-do boa imagem para a empresa, conquistan-
do e delizando clientes, preservando o meio
ambiente, desenvolvendo as
comunidades onde a empresa
está inserida, aquecendo a eco-
nomia, infuenciando a cadeia
de ornecedores, entre outros.
Além, é claro, dos beneícios
internos, como, por exemplo,retenção de talentos, orgulho
de azer parte da empresa e
aumento da produção.”
Um programa de responsa-
bilidade social traz só resultados
positivos para a sociedade e, se
or realizado de orma autênti-
ca e proissional, rende bons
rutos para as empresas. Os ga-
nhos são imensos: valorização
da imagem institucional e damarca, maior lealdade do con-
sumidor, eciência em recrutar
e manter talentos, fexibilida-
de, capacidade de adaptação
e longevidade. Ou seja, o pen-
samento dos empreendedores
deve estar alinhado à cultura de
responsabilidade social. Na con-
tramão desse ideal, desenvolver
programas sociais apenas para
divulgar a empresa, ou como
orma compensatória, não traz
resultados positivos sustentá-
veis ao longo do tempo.
Medidas amplas e, princi-
palmente, ações honestas; par-
cerias entre iniciativa privada,
poder público e sociedade civil.
Esses são os preceitos práticos
de um projeto concreto e de re-
sultado em prol de um ambien-
te mais saudável para toda a
sociedade. Na teoria, fcam mui-tas ações vazias, demagogas e
sem eicácia. Mas as pessoas
sabem separar o joio do trigo.
A sociedade civil brasileira, que
já superou grandes obstáculos
para consolidar a democracia,
vai precisar de sua visão inova-
dora e de seu mais concentrado
esorço de engajamento para
superar dierenças, derrubar
muros e erguer pontes rumo
à sustentabilidade.
Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISEJá há alguns anos que a tendência mundial é os investidores procurarem empresas socialmente
responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. O ISE é reerência para undos de
investimentos que levam em conta práticas de sustentabilidade e de governança ao montarem seus
portólios. As empresas listadas são consideradas capazes de gerar valor aos acionistas, pois apre-
sentam melhor capacidade de superar riscos econômico-fnanceiros e socioambientais.
No ano passado, 30 companhias integraram a carteira 2008/2009 do ISE. Essas empresas totalizaram
R$ 372 bilhões em valor de mercado, quantia que corresponde a 30,7% da capitalização total das 394
empresas que têm ações negociadas na BM&FBovespa.
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ECO ESTILO
Surfstas de dierentes partes do Brasil conectam-se
por um objetivo em comum: zelar pelo meio ambiente
A onda é preservar
Para João Malavolta, sursta, jornalista e ati-
vista socioambiental, descer por uma onda é ta-
rea ácil. Ele sura desde os dez anos, quando se
iniciou no esporte por incentivo do pai nas praias
de Itanhaém, litoral de São Paulo. “O sur é pura
harmonia entre o homem e a natureza. Dentro do
mar nos sentimos limpos, livres. É uma sensação debem-estar que mantém acesa uma chama dentro
da gente, que provoca uma liberdade ísica e es-
piritual indescritível”, diz. O trabalho árduo está é
ora do mar, na missão de agir para garantir o sur
de amanhã e a beleza de uma natureza livre da
poluição e das intererências negativas do homem.
Para isso, ele e o amigo também sursta André
Coimbra undaram a ONG Entidade Ecológica dos
Surstas (Ecosur).
Itanhaém é a segunda cidade mais antiga do
Brasil, com 14 praias e 27 quilômetros de orla. O
município tem cerca de 600 km² de área, sendo
300 deles de Mata Atlântica. O turismo é uma ati-
vidade econômica signicativa para a região, que
é conhecida como “Amazônia Paulista”. Um dos
atores que motivaram João e André a se mobilizar
oi justamente esse, já que a grande circulação de
pessoas nas temporadas resultava em grandes
quantidades de lixo e sujeira nas paisagens. “A
ideia surgiu a partir da indignação que sentíamos
ao ver nossas praias sujas após eriados e nais
de semana”, conta o jornalista. Instruindo-se a
partir de conversas e tomando conhecimento deprojetos que já atuavam em prol da preservação
ambiental, como o Sur Rider Foundation e o No
Stress, os dois amigos decidiram entrar nessa
onda no ano de 2000.
João não deixa de citar a diculdade enren-
tada durante esse tempo dedicado à articulação
do pensamento sustentável: “Foi tudo muito diícil
porque as pessoas diziam que a ideia era boa
mas não se dispunham a colocar a mão na mas-
sa. Poucos acreditavam que chegaríamos aonde
chegamos; pensavam primeiramente nos bene-
ícios individuais que nosso trabalho traria, sem V I S
à O A
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“Foi tudo muito
difícil porque as
pessoas diziam
que a ideia era
boa mas não sedispunham a
colocar a mão na
massa. Poucos
acreditavam que
chegaríamos
aonde chegamos”
João Malavolta, sobre osdez anos da Ecosurf
Por Arielli Secco
F o t o s : D i v u l g a ç ã o / E c o s u r f
encará-lo como uma missão a serviço do planeta”.
Os undadores se ativeram a dizeres como “pensarglobalmente e agir localmente”, que até hoje são
diundidos por eles, para manter os princípios da
preservação e dar continuidade ao projeto. Em
2010, a Ecosur completa dez anos de atuação,
com ações que envolvem jovens, turistas e a co-
munidade litorânea de São Paulo.
A campanha Onda Limpa, por exemplo, é um
dos eventos de destaque da entidade. Consiste em
um trabalho de sensibilização e conscientização
ambiental que acontece no verão e dura dois
meses. A estrutura conta com tendas armadas
nas praias, onde o público pode realizar atividades
Mutirão de limpeza
da praia
João Malavolta
Campanha Onda Limpa
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lúdicas para as crianças, onde há ocinas de artesa-
nato com materiais reutilizáveis, exposições sobre
o meio ambiente e orientações sobre preservação.
A Ecosur participa da ação internacional Clean Up
the World, que reúne e incentiva empresas, grupos
comunitários, escolas, governos e indivíduos na
concretização de atividades ambientais em todoo mundo, sempre no mês de setembro, marcando
o Dia Mundial da Limpeza de Rios e Praias.
Outros projetos que vêm ganhando espaço
são: A Onda É Água Limpa, que, através de uma
parceria com a rádio Jovem Pan, veicula boletins
diários sobre a gestão sustentável dos recursos
hídricos, saneamento ambiental e saúde pública
no litoral; O Rio do Nosso Bairro, que tem início
em março e vai envolver nove cidades da bacia
hidrográca da Baixada Santista com mobiliza-
ções em escolas e ormação de educadores sobrequestões de saneamento; e Sur Sustentável,
uma rede online que reúne surstas de todo o
País na discussão de problemas e soluções para
o meio ambiente.
Os resultados desse engajamento trazem nú-
meros signicativos, que refetem o envolvimento
da sociedade na preservação dos locais onde a
ONG atua. “Era diícil você ver pessoas que se
mobilizavam pela proteção do meio ambiente,
e a Ecosur veio com essa proposta através de
mutirões e encontros, e isso denota uma mudan-
ça de consciência das pessoas por uma causa
de interesse coletivo”, ressalta João. Para se teruma ideia, as ações, que antes contavam com
pouco mais de vinte pessoas, hoje mantêm uma
participação média de 300 voluntários em cada
saída para limpeza das praias.
João Malavolta acredita que o sur contribui
para a conscientização ambiental: “Os surstas
têm esse lance da percepção, conhecem os ven-
tos, as marés, as luas, os animais marinhos. Esse
contato garante um reencantamento humano,
voltando ao signicado da vida, à comunhão com
tudo que está ao nosso redor. Existe um respeitopor aquilo que se conhece e só cuidamos daquilo
que conhecemos.”
INICIATIVAS EM REDE
A partir da rede do programa Sur Sustentável,
suristas de todo o País mantêm contato para
discutir os problemas de cada região do litoral
brasileiro e o que pode ser eito para reverter a
degradação ambiental. João destaca a parceria
com outros projetos, como o Global Garbage,
iniciado em 2002 pelo otógrao baiano Fabiano
Barreto, e o Instituto Ilhas Do Brasil, no Pântanodo Sul, em Florianópolis, iniciado em 2005 pelo
biólogo e sursta gaúcho Alexandre Guimarães
Só de Castro, que tem entre suas iniciativas o
movimento Surando por um Mundo Melhor.
O alerta que demonstrou a necessidade da
sustentabilidade no esporte vem também da
indústria de surwear. Os equipamentos utili-
zados pelo sur, esporte tão ligado à natureza,
são abricados com materiais extremamente
agressivos ao meio ambiente, como o poliu-
retano, que não pode ser re-
ciclado. Alexandre lembra o
episódio do echamento da
Clark Foam, uma das maiores
abricantes de placas para pran-
chas do mundo, por questões
ambientais nos Estados Unidos:
“Queremos que as ábricas co-
mecem a substituir materiais. Já
existe lash (cordão) reciclável,
raspador de parana eito de
madeira de móveis inutilizados,e até a parana ecológica, que
é abricada aqui em Florianó-
polis e que não é derivada de
petróleo.” Todos esses produtos
já são comercializados na base
do instituto, chamada Espaço
Arquipélago.
O objetivo do Surando por
um Mundo Melhor é incenti-
var atividades de sensibilização
em sur shops e capacitar, emparceria com escolas de sur,
instrutores com oco na sus-
tentabilidade e valorização da
cultura local. A esperança é de
que as grandes ábricas e gran-
des marcas se envolvam nessa
causa quando perceberem um
consumidor exigente. Apesar
de viver da natureza, desse per-
l saudável, relaxado, de bem
com a vida, historicamente a
indústria do sur não é assim.
“O mar não está
sempre igual. Ele
está diferente!
Assim é a vida. Não
adianta a gentequerer que a vida
seja sempre igual,
porque ela não é”
Alexandre Guimarães Sóde Castro, diretor geral do
Instituto Ilhas do Brasil
Alexandre Guimarães
e seu flho Pepe
Produtos ecológicos
comercializados no
Espaço ArquipélagoProjeto oerece aulas
de sur às crianças
da comunidade do
Pântano do Sul. Na
oto, João Manuel
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ECO ESTILO
n Consultoria para certifcação ambiental (ISO 14000)
n Análise e otimização de processos de produção,
diminuindo custos operacionais diretos e indiretos,
melhorando a qualidade de produtos e serviços
e reduzindo o consumo de recursos naturais
n Contratação e intermediação de seguro ambiental
n Licenciamento junto aos órgãos ambientais
n Elaboração de Relatórios de Impacto Ambiental
n Assessoria na elaboração de Termosde Compromisso Ambiental
n Administração de passivo ambiental
n Projeto e planejamento de usinas de reciclagem
(projetos turn-key )
n Venda de máquinas e equipamentos para reciclagem
de pneus, plásticos, RCD, madeira e outros
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TERCEIRO SETOR EM AÇÃO
Alexandre de Castro az parte da Ashoka,
uma organização mundial de empreendedo-
res sociais, e ensina que a postura de quem in-gressa no terceiro setor é a de cobrar, orientar,
propor soluções, participar dos canais criados
pelo governo e pela sociedade, ter um papel
determinante na viabilização de projetos. No
caso especíco do Instituto Ilhas do Brasil, ele
conta que é importante entender o perl das
comunidades litorâneas e utilizar o esporte,
em especial o sur, na educação socioambiental
como estímulo para os jovens: “O sur te ajuda a
enxergar valor na simplicidade das coisas. É um
canal de comunicação com a natureza que te
permite a conexão com o meio ambiente. Dentro
da água somos todos iguais.” E naliza: “O marnão está sempre igual. Ele está dierente! Assim
é a vida. Não adianta a gente querer que a vida
seja sempre igual porque ela não é.”
João Malavolta também se reere à importân-
cia das organizações sociais e da persistência para
a continuidade dos trabalhos, visando uma nova
ordem mundial e a valorização do ser humano:
“As organizações passam por um processo natural
de amadurecimento ideológico e administrativo.
Links:www.ecosur.orgwww.ilhasdobrasil.org.brwww.globalgarbage.orgwww.ashoka.org.brwww.cleanuptheworld.orgwww.sursustentavel.orgwww.projetosurando.blogspot.com
A partir disso, elas conseguem
seu espaço e reconhecimento.”
A revista Visão Ambiental
compartilha o espírito de espe-rança e respeito dos surfstas e
aproveita para fnalizar esta ma-
téria à altura: aloha!
Projeto Surando por
um Mundo Melhor, do
Instituto Ilhas do BrasilEquipe Eco-
surf e p
arceiros D i v u l g a ç ã o / I l h a s d o B r a s i l
D i v u l g a ç ã o / E c o s u r f
I m a g e m F u n d o : S X C
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VISÃO LEGAL
Antonio Carlos Porto Araujo
IPI sustentável
A recente decisão do governo de prorrogar
a redução da alíquota do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) incidente sobre os
carros ex e caminhões zero quilômetro traz
importantes indicações sobre a agenda am-
biental e tecnológica do governo.
Um dos vieses desse incentivo tem como
escopo o desenvolvimento de tecnologia paraque os novos veículos reduzam a emissão de
gases poluentes e gases de eeito estua, os
vilões do aquecimento global.
Sob esse aspecto, seria altamente viável
uma complemen-
tação da norma,
c o m i n c l u s ã o
de mecanismos
m a is e ic a z e s
para a renovação
da rota, não só
neste momento,
mas, sobretu-
do, em caráter
permanente.
Uma das su-
gestões é que se
crie uma dierenciação de alíquotas para os
veículos zero quilômetro com vida útil deter-
minada desde a produção. Por exemplo: na
compra de um carro novo – ou caminhão –, o
indivíduo escolheria o modelo de tributação
desse veículo. No caso do automóvel de passeio,a escolha seria pela tributação menor desde
que o veículo não pudesse ser licenciado após
dez anos de uso.
Se o comprador optasse pelo direito de
licenciá-lo indefnidamente, a alíquota dos tri-
butos seria aquela do patamar original, sem
os incentivos. Ao inal dos dez anos, o pro-
prietário do carro “incentivado” o entregaria
em um dos postos de coleta, para desmonte
e reciclagem.
Juridicamente, não haveria qualquer prejuí-
zo, já que o comprador aria a opção consciente
ANTONIO CARLOS PORTO ARAUJO
é consultor de energia renovável
e sustentabilidade da [email protected]
D i v u l g a ç ã o
ao adquirir o carro. No mercado haveria grande
quantidade de veículos que não receberam o
incentivo e que poderiam ser comercializados
normalmente.
Os enormes ganhos se dariam em várias
eseras, sobretudo na ambiental. É cada vez
mais evidente que o desenvolvimento tec-
nológico dos novos veículos e a retirada dosantigos promoveria o consequente resultado
de se manter uma rota mais moderna, com
menores índices de emissão de gases.
Assim, a indústria automobilística, uma das
mais importantes
do Brasil, geraria
mais empregos
e atuar ia mais
fortemente na
questão da pre-
servação ambien-
tal. Além disso, é
fácil imaginar o
impulso para o
desenvolvimen-
to da indústria
de reciclagem no
País, extremamente necessária neste momen-
to em que sempre vem à tona a limitação da
exploração de recursos naturais. Deve-se levar
em conta até mesmo a economia de energia
elétrica, que é um dos mais importantes insu-
mos para toda a cadeia produtiva.Ou seja: vê-se que a decisão do governo é
importante neste momento, mas poderia ser
melhorada com mais mecanismos de incentivo
e pressão para que a questão da sustentabili-
dade tenha seu peso mais reconhecido, com
expressivos modelos de crescente aproveita-
mento da combustão; diminuição da inten-
sidade energética; aumento da capacidade
de rodar, na equação quilômetros por litro; e
incentivo para ganho de escala na produção
de veículos movidos à base de combustíveis
renováveis e agroenergia.
É cada vez mais evidente que o
desenvolvimento tecnológico dos
novos veículos e a retirada dos
antigos promove o consequenteresultado de se manter uma frota
mais moderna, com menores
índices de emissão de gases
A prorrogação da redução do imposto no setor automotivo trazimportantes indicações sobre a agenda ambiental e tecnológica do governo
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AUTOMOTIVOS
Pesquisas em tecnologias renováveis
devem tirar os automóveisda lista de maiores poluidoresdo ar nos próximos anos
Preservando o
meio ambientea toda velocidade
Quem chega de avião a uma grande cidade
como São Paulo, de longe pode ver uma umaça
amarela que se espalha por todo o lugar. Nessa
nuvem espessa, que impossibilita a visão do
horizonte, há uma grande quantidade de gases
e partículas nocivas à saúde. Dados do Relatório
de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável,
publicado em 2008 pelo Instituto Brasileiro de
Geograa e Estatística (IBGE), apontam que os
automóveis são a segunda maior onte de toda
a poluição nas regiões metropolitanas do Brasil.
Porém, tanto a indústria automotiva quanto os
motoristas dão sinais de que pretendem mudar
logo esse quadro.
As principais pesquisas eitas no Brasil para
diminuir a emissão de gases dos veículos traba-lham no sentido de tornar mais leves os carros e
de melhorar a eciência de seus motores, além
de buscarem tecnologias renováveis e recicláveis
tanto para os combustíveis como para as peças.
Segundo Jomar Napoleão da Silva, vice-diretor do
Comitê de Veículos de Passeio da Sociedade de
Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), há uma
tendência na indústria para se utilizar materiais
mais leves, como o alumínio e o plástico.
Partes dos veículos que antes eram eitas de
erro ou aço agora possuem compostos plásticos,
que já têm resistência parecida e são acilmente V I S
à O A
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20
Por Samuel Nunes
S X C
recicláveis. “Os cabeçotes dos motores, por exem-
plo: eitos de plástico, reduzem muito o peso
dos veículos e, consequentemente, melhoram o
desempenho”, diz Jomar. Ele ainda ressalta que
materiais alternativos, como a bra de coco, têm
sido usados requentemente para substituir o
próprio plástico em algumas aplicações. A bra de
carbono, usada em carros de Fórmula 1 e carros
esportivos, também pode ser uma alternativa em
alguns anos, mas ainda deve demorar a chegar
aos veículos menores. “Preços mais acessíveis
para esses materiais dependem de uma série
de atores comerciais”, lembra Jomar.
Além das peças, os combustíveis renováveis
são também undamentais para reduzir o im-
pacto causado pelos veículos. Novas ideias es-
tão sendo estudadas, como o uso de hidrogênio
e os veículos híbridos (com um motor movidoa combustão e outro movido a eletricidade
atuando juntos), mas, no Brasil, isso ainda não
é comum. Antônio Moreira, proessor do Depar-
tamento de Engenharia Mecânica da Escola de
Engenharia de São Carlos (EESC/USP), acredita
que o problema não está apenas em trazer a
tecnologia: “A difculdade é inerente à viabilida-
de técnica e econômica dessas alternativas. O
hidrogênio não existe livre na natureza; precisa
ser produzido. E se gasta mais energia para isso
do que se pode tirar dele. No caso dos motores
elétricos, ainda não se conseguiu resolver a
“Os cabeçotes
dos motores, por
exemplo: feitos de
plástico, reduzem
muito o pesodos veículos e,
consequentemente,
melhoram o
desempenho”
Jomar Napoleão da Silva,
vice-diretor do Comitê
de Veículos de Passeio da
Sociedade de Engenheiros
da Mobilidade (SAE Brasil)
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questão dabaixa autono-
mia dos veículos.”
Mesmo sem carros elé-
tricos, o Brasil se destaca no cená-
rio mundial por apresentar soluções em
combustíveis renováveis. Segundo o proessor
Moreira, os primeiros estudos datam da década
de 30, quando o engenheiro Eduardo Sabino
de Oliveira converteu mais de 70 motores para
o uso de álcool no Instituto Nacional de Tecno-
logia do Rio de Janeiro. Quatro décadas depois,Oliveira, juntamente com os proessores Ur-
bano Ernesto Stump e Romeu Corsini, da
EESC/USP, participou do processo que
levou o governo brasileiro a criar
o Programa Nacional do Álcool
(Proálcool), em 1975. Os primeiros
carros nacionais movidos a etanol e
gasolina, os chamados “fex”, oram
lançados em 2003.
Inovações do setor automobilístico
geralmente são apresentadas nos chamados
“carros-conceito”, veículos que raramente che-
gam às linhas de montagem, mas que apre-
sentam possibilidades de uso para as novas
tecnologias. Uma das atrações do último Salão
do Automóvel, em 2008, oi o Fiat Concept Car
II (FCC II). Com um motor elétrico, ele é capaz
de andar até 100 quilômetros sem precisar de
recarga. A Fiat também usou essa tecnologia
para a produção de dois outros veículos elétri-
cos, em parceria com a Itaipu Binacional. Um
deles já está disponível para venda no mercado
brasileiro (ver box na pág. 23). O revestimentodos bancos possui 30% de poliol, uma bra eita
a partir de óleo de soja reciclado. Segundo a
empresa, a mesma tecnologia já é usada em
todos os bancos dos veículos de série, mas em
menor proporção.
Só produzir carros mais ecientes, no en-
tanto, não signiica danos menores ao meio
ambiente. A proessora do curso de Engenharia
Ambiental da Universidade do Sul de Santa Ca-
tarina (Unisul), Ivete de Fátima Rossato, ressalta
que “os impactos se iniciam já na abricação dos
veículos e de todos os seus componentes, na
instalação da inraestrutura
necessária para sua produção”.
Alguns exemplos das montadoras
mostram que elas têm consciência disso,
investindo em diversas ações de sustentabilida-
de e preservação dentro de suas ábricas.
HONDA
A empresa japonesa Honda, que tem ábri-
cas de motos no País desde
1976 e de veículos desde
1997, investe principalmente
em ações de gerenciamen-
to de resíduos. De acordo
com a montadora, mate-
riais como areia de undi-
ção, madeira, aço, alumínio
e papel se transormam emmatéria-prima para reutiliza-
ção interna e externa. Na sede
administrativa da empresa e nas
ábricas, todo o lixo é separado e recolhido por
uma empresa especializada em reciclagem.
Além disso, a ábrica de motocicletas desen-
volveu um sistema de transporte por meio de
racks retornáveis. Isso acabou com a necessi-
dade de se embalar as motocicletas e resultou
na diminuição de resíduos provenientes do
método antigo.
Também existe um programa decerticação da Honda para suas con-
cessionárias. Aquelas que seguem
uma série de normas para descarte e
recolhimento de todos os seus resídu-
os recebem um selo de identicação
da ábrica.
FORD
Mais antiga montadora a se instalar
no Brasil, a norte-americana Ford pro-
move diversas atividades internas e externas.Dentre elas, a coleta do óleo vegetal de cozinha
dos restaurantes das ábricas. Todo o material
é destinado à reciclagem. Fora isso, a empresa
também investe em tecnologias renováveis,
como o uso da bra de sisal para a produção
dos painéis de portas e dos consoles centrais
dos veículos.
Como atividade externa, a montadora pro-
move anualmente o Prêmio Ford de Conserva-
ção Ambiental. Essa premiação abrange diversos
setores da sociedade, entre escolas, desenvol-
vedores de produtos e ornecedores.
CG 150 Titan Mix EXe NXR 150 Bros Mix,ambas da Honda
Principais gasesresponsáveispela poluição
do ar
- Monóxido de carbono(CO): gás incolor;- Dióxido de nitrogênio (NO
2):
gás marrom avermelhado;- Dióxido de enxofre (SO
2):
gás incolor com forte odor;- Dióxido de carbono (CO
2); e
- Hidrocarbonetos
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RENAULT
Ao todo, 60% da área do complexo industrialda Renault do Brasil, em São José dos Pinhais
(PR), é de preservação permanente. A empresa
investe em programas de restauração e ma-
nutenção da mata nativa e do ecossistema ao
redor de sua ábrica. Essa iniciativa já rendeu
diversos prêmios para a empresa. Além disso,
há investimentos em reciclagem e reaprovei-
tamento de recursos.
Outra iniciativa é quanto ao descarte de seus
produtos. A montadora rancesa possui no com-
plexo industrial uma área exclusiva para desmon-
tagem de veículos ora de uso. Todas as partes
recicláveis, como metais e plásticos, são destinados
à abricação de novas peças para veículos. Ao mes-
mo tempo, a empresa investe em tecnologias de
reuso de outros produtos. Os revestimentos dos
carpetes e bancos dos veículos são produzidos a
partir de garraas PET recicladas.
AUTOMOTIVOS
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22
VOLVO
Os suecos da Volvo produzem caminhõese ônibus em suas ábricas no Brasil. Em todo o
mundo a empresa investe no desenvolvimento de
veículos mais ecientes, motores híbridos e menos
poluentes. Aqui, porém, seus investimentos são
voltados para a redução de gastos com energia e
diminuição de resíduos em suas ábricas.
Destaca-se também uma iniciativa de reu-
tilização de peças. As concessionárias da Volvo
contam com um programa de remanuatura de
peças, em que as partes avariadas são utilizadas
como parte do pagamento na compra de uma
equivalente, remanuaturada.
TOYOTA
Assim como a Renault, a ábrica da Toyota
também possui uma grande área de preservação
ambiental, de cerca de 450 mil metros quadrados.
Ações para reduzir o gasto de energia são adotadas
em todas as áreas da empresa.
Apoios institucionais para pro-
jetos de preservação azem par-
te dos gastos da empresa com
atividades socioambientais. Um
exemplo disso é a parceria com
o Projeto Arara Azul, que visa apreservação das aves do Panta-
nal sul-mato-grossense.
De acordo a montadora, o
processo de desenvolvimento
de seus veículos também leva
em conta a capacidade de reci-
clagem de seus componentes.
Isso ocorre, por exemplo, no
recolhimento de baterias usa-
das: o mesmo caminhão que
entrega as novas peças na lojarecolhe as antigas.
MOTORISTAS BUSCAM
CARROS MENOS POLUENTES
Os consumidores se mos-
tram preocupados com o quanto
seus carros poluem. A conclusão
é do projeto lançado pela Fiat
O sonho de Fragassi O debate sobre como diminuir a poluição gerada pelos veículos é intenso no meio
acadêmico. Além da EESC/USP, outras instituições e pesquisadores independentesbuscam criar soluções para tornar os veículos mais efcientes, que se aproximem
do mínimo de emissões possível. O proessor Leone Fragassi é um exemplo. Desde
1985, quando se ormou designer, ele tenta criar um veículo que atenda as principais
necessidades do consumidor e que não agrida o meio ambiente. “Meu projeto de
graduação, na época, tratava de um veículo urbano de dois lugares com mecânica
de Fusca para atender a demanda de transporte adequado ao uso urbano. Segundo
minhas pesquisas, a média de pessoas que ocupavam os carros nos horários de
pico era de 1,8 pessoa, ato que não mudou muito até hoje.”
O pequeno carro recebeu o nome de Fragale. Tinha cerca de três metros de
comprimento, carroceria em fbra de vidro, lugar para duas pessoas e pesava
340 quilos a menos que um Fusca. “Utilizei o carro por uns cinco anos, até o dia
em que uns vândalos puseram ogo nele, ato que, até hoje, não compreendi”,
conta Fragassi.
Há sete anos que Fragassi desenvolve o projeto de um veículo elétrico. Feito para
um ocupante, o carrinho já recebeu diversos prêmios de design. Em 2004, o pro-essor inscreveu o primeiro carro desenvolvido por ele e seus alunos. “Construímos
um carro elétrico a partir de um kit elétrico de cadeira de rodas ‘emprestado’.
Testamos e homologamos o modelo no campo de provas da GM. O protótipo
andou por 3 horas na pista de testes, a uma velocidade média de 40 km/h. Até
hoje afrmo para a Dreambike, doadora do kit, que oi a cadeira de rodas mais
rápida do Brasil.”
A ideia do pequeno carro cresceu e chegou a ganhar
uma versão híbrida, com um motor de motocicleta
e um motor elétrico uncionando juntos. Segundo
Fragassi, o modelo alcançou a marca de 113 qui-
lômetros por litro de gasolina. O objetivo agora é
produzir uma versão elétrica revestida de células
otovoltaicas. A difculdade, que persiste desde
o Fragale, é conseguir patrocínios para tirar as
ideias do papel. “Venho construindo esses car-
ros com orçamento próprio e material doado
por algumas empresas do setor plástico, que
sempre acreditaram no desenvolvimento
de veículos experimentais sustentáveis esupereconômicos”, diz.
Renault do Brasil: linha de produçãono Complexo Ayrton Senna
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Ecologicamente corretos
TOYOTA PRIUS: O modelo da montadora japonesa é sucesso de vendas nos Esta-
dos Unidos e em vários países da UniãoEuropeia. A versão 2010 combina um motor
1.8 a gasolina e um motor elétrico. Em baixasvelocidades, apenas o motor elétrico funciona. À medida que o mo-
torista aumenta a aceleração, o motor convencional é ativado e uma parte desua energia vai para as rodas, enquanto outra parte recarrega a bateria. Quandoo freio é ativado e o carro para, automaticamente o motor a gasolina é desligadopara economizar combustível. Nos EUA, o preço inicial do híbrido é de US$ 22,8mil. Para os padrões de lá, o Prius não está na categoria dos carros populares,apesar de fazer cerca de 30 quilômetros por litro de gasolina.
CHEVROLET VOLT: Lançado como carro-conceito em2007, deve chegar às ruas americanas no próximo ano. OVolt possui uma bateria capaz de fornecer energia para ro-dar até 64 quilômetros, podendo ser recarregado em qual-quer tomada. E, se a bateria acabar no meio do passeio,não há motivo para desespero: um gerador a gasolina podecarregar novamente a bateria e estender a viagem por mais 420 quilômetros.
HONDA FCX CLARITY: Também é um carro elétrico,
assim como o Volt. Mas no lugar do gerador a ga-
solina, o que vem no Honda unciona com cé-
lulas de hidrogênio. O resultado da queima
desse gás resulta em vapor d’água. A Honda
do Brasil diz que ainda não tem previsão de
azer carros com essa tecnologia no Brasil, nem de importar o FCX Clarity, devido ao
elevado custo que o carro teria aqui. Além disso, a montadora alega que demoraria
muito até existir uma rede de postos de combustíveis com hidrogênio.
FIAT PALIO WEEKEND ELÉTRICO: Só há 21 deles noBrasil e todos rodam na região da Usina Hidrelétrica
de Itaipu. O motivo: esse carro elétrico nasceu de
uma parceria entre a Fiat, a Itaipu Binacional e a
empresa suíça KWO. Ele possui um motor elétrico que
o leva a velocidades de, no máximo, 100 km/h e sua autonomia chega a 120
quilômetros. Dentre as vantagens estão o custo baixíssimo para se carregar a bate-
ria e um silêncio interno que dá inveja a modelos de luxo, pois só se ouve o barulho
do contato dos pneus com o piso. O problema, porém, é o preço: cada um custou
cerca de R$ 140 mil para ser produzido.
IVECO DAILY ELÉTRICO: Assim como o Palio
Weekend, o pequeno caminhão de uso urbano
também oi desenvolvido em parceria com a
Itaipu Binacional. Este, porém, já está disponí-
vel no mercado. Seu motor possui autonomia
de 100 quilômetros e utiliza uma tecnologia semelhante à de carros de Fórmula 1 para
armazenar energia durante as renagens. Com um chassi cabine dupla, pode transpor-
tar até seis passageiros e 2,5 toneladas de carga. Tudo isso com velocidade máxima de
85 km/h. Ele pode ser recarregado em qualquer tomada 110 ou 220 volts.
GURGEL ITAIPU: João Conrado do Amaral Gurgel oi um dos principais sonhadores
no que diz respeito à abricação de automóveis no Brasil. Em 1974, ele apresentava o
primeiro projeto de um carro elétrico na América Latina. O Itaipu recebeu o nome em
homenagem à usina. A revista Quatro Rodas o caracterizou como um “trapézio sobre
rodas”. A carroceria do Itaipu era de fbra de vidro e sua velocidade máxima não passa-
va dos 50 km/h. Mesmo assim, o projeto deixou uma semente, que oi retomada anos
depois, com o lançamento de uma minivan que oi comercializada pela Gurgel.
para a construção de seu terceiro carro-conceito,
o FCC III. Em outubro passado, a empresa lançou
uma campanha na internet convidando os clientes
a darem sugestões para a criação do projeto.
O site www.fatmio.cc está disponível em três
idiomas e já recebeu ideias de pessoas de mais
de 40 países, entre eles Alemanha, França, Japão,México, Laos e Vietnã, além do Brasil. Segundo o
levantamento eito pela montadora, os clientes
buscam um carro urbano, compacto, econômico e
que utilize energia limpa e materiais ecológicos. O
projeto nal do FCC III deve ser apresentado ainda
neste ano, no próximo Salão do Automóvel de São
Paulo. Os direitos de criação do carro oram lança-
dos sobre o sistema Creative Commons, sendo to-
talmente livres, ou seja: as tecnologias do próximo
carro poderão ser utilizadas e apereiçoadas até
por outras montadoras, sem qualquer custo.O proessor de design Leone Fragassi (leia
mais na página ao lado) acredita que “muitos mo-
toristas estão cientes dos danos ambientais que
os carros à combustão causam, mas ainda não
têm uma segunda opção nas lojas”. Segundo ele,
altam incentivos governamentais, na orma de
créditos bancários e redu-
ção de impostos, para
m o d e l o s
de emissão
zero. No ano
p a s s a d o ,
a H o n d a
lançou no
m e r c a d o
norte-ameri-
cano um ve-
ículo movido a
hidrogênio, que emite apenas vapor
d’água pelo cano de descarga. No Brasil,
porém, o carro não deve chegar tão cedo.
A empresa alega que o custo ainda é muito
elevado para o mercado nacional e enxergaaqui maior diculdade de se ter uma inraes-
trutura de postos de abastecimento.
Enquanto outros modelos não chegam ao
País, algumas medidas podem ser tomadas pelos
motoristas que se preocupam com o meio am-
biente. Basta seguir algumas dicas do proessor
Antônio Moreira, da EESC/USP: “Os proprietários
de veículos antigos podem contribuir para um
meio ambiente melhor azendo a manutenção
regular de seus veículos, trocando velas de igni-
ção, reparando carburadores, ajustando o ponto
de ignição, entre outras medidas”.
Fiat FCC II
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RODANDO TECNOLOGIA C
COLETA NÃO AGRESSIVA E EFICIENTE
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MERCADO DE TRABALHO
Profssionais têm um grande leque de possibilidades de atuaçãoe já contam com três décadas de regulamentação no Brasil
Tempo bom para os
meteorologistas
Estamos sujeitos aos dias de chuva, de sol, às
mudanças bruscas de temperatura, às ações dovento, à agitação do mar. Parar para ver a previsão
do tempo nos telejornais tornou-se algo tão roti-
neiro que parece não mais despertar a curiosidade
sobre os bastidores da transmissão. “Mesmo nos
dias atuais, em que o meteorologista está ganhan-
do cada vez mais espaço nos dierentes setores da
sociedade, o reconhecimento do prossional está
sempre relacionado à previsão do tempo, se vai
chover ou não. Na verdade isso mostra o quão a
prossão é desconhecida no seu caráter interdis-
ciplinar, que aborda ísica, matemática, química,
astroísica, oceanograa, geograa e computação”,
arma Lincoln Alves, meteorologista e vice-diretor
nanceiro da Sociedade Brasileira de Meteorologia
(SBMET). Ele diz ainda que a alta de conhecimento
acerca das atribuições desse prossional muitas
vezes acaba dicultando sua inserção no mercado
de trabalho, e cita como exemplo os concursos
públicos que mencionam o engenheiro agrícola
em lugar do meteorologista para uma vaga de
climatologia agrícola.
A importância de entender os sinais meteo-
rológicos vai além das situações do cotidiano. “A
capacidade de prever o tempo e o clima é essencial
para um país como o Brasil, seja pela sua extensãoterritorial, pela atividade econômica baseada na
agricultura, na pecuária e na pesca, como tam-
bém para garantir a segurança alimentar através
de uma previsão de sara conável, utilizando os
conhecimentos e a tecnologia à disposição da
meteorologia”, esclarece Luiz Cavalcanti, chee do
Centro de Análise e Previsão do Tempo do Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet). As previsões
meteorológicas são relevantes também para di-
minuir os eeitos de catástroes naturais, uma vez
que o atual cenário de mudanças climáticas alerta
os prossionais para a requência cada vez maior
de enômenos como ventos intensos, tornados,
tempestades e enchentes.
Parte das ciências naturais, a meteorologia,
ou ciência atmosérica, engloba tanto o tempo
quanto o clima e compreende aspectos ísicos,
dinâmicos e químicos da atmosera. Lincoln ex-
plica a base que adquire quem ingressa no curso:
“O prossional meteorologista tem uma sólida
ormação cientíca e prossional, que o capacita
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26
Por Arielli Secco
Caderneta de Antonina
O Inmet reúne 12 milhões de documen-tos com os mais antigos registros mete-orológicos do Brasil. Eles constituem amemória do clima no País. É intenção doinstituto digitalizar todos esses dados edisponibilizar todas essas observaçõesmeteorológicas. A caderneta ao ladocontém registros eitos na Estação deAntonina (PR) em junho de 1884, antesmesmo do Inmet ser criado.
“A simples
capacidade deprever o tempo e
o clima é essencial
para um país
como o Brasil,
seja pela sua
extensão territorial,
pela atividade
econômica
baseada na
agricultura,
na pecuária
e na pesca,
como também
para garantir
a segurançaalimentar através
de uma previsão
de sara confável”
Luiz Cavalcanti,
chefe do Centro de
Análise e Previsão do
Tempo do Inmet
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a absorver e desenvolver novas tecnologias, que
lhe possibilita gerar, analisar e interpretar inor-
mações meteorológicas e climatológicas para
aplicação nos diversos ramos das geociências,
com visão crítica, criativa, ética e humanística,
voltada às demandas sociais”.
O Instituto Nacional de Meteorologia admi-
nistra mais de 400 estações no País, distribuídasentre dez distritos regionais. A sede onde se con-
centram todos os dados coletados está localizada
em Brasília (DF). É lá que computadores proces-
sam números relacionados a medição de ventos,
umidade relativa do ar, precipitação, pressão
atmosérica, etc. Os resultados são equiparados a
imagens de satélite, que conerem maior precisão
às previsões de curto prazo. Novas imagens po-
dem ser geradas a cada meia hora e visualizadas
em três canais dierentes: inravermelho, visível
e vapor d’água. Outro instrumento comumenteutilizado é o radar meteorológico, que ornece
a cobertura de áreas em menor proporção, mas
que, em compensação, analisa as condições me-
teorológicas com mais rapidez.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
O meteorologista Marcelo Martins, do Cen-
tro de Inormações de Recursos Ambientais e de
Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram),
órgão ligado à Empresa de Pesquisa Agropecuária
e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), explica
que essa ciência tem vertentes bem especícas e
possibilidades de atuação que não se atêm ape-
nas à previsão do tempo de maneira simplória: “A
meteorologia tem diversos ramos. Tem a agrome-
teorologia, a hidrometeorologia, a meteorologia
aplicada à aviação militar e comercial, à navegação,
ao turismo, sempre em beneício da sociedade.”
O prossional de meteorologia, portanto, pode
trabalhar como pesquisador ou proessor, ou nas
áreas de agricultura e pecuária, gerenciamento
de recursos hídricos, biometeorologia, geração
de energia, transportes, construção e urbanismo,indústria e comércio.
Os prossionais do tempo estão sempre em
comunicação com órgãos como a Deesa Civil
e o Corpo de Bombeiros de cada região, haja
vista que a qualquer momento uma situação
inesperada pode acontecer. Diante dessa pos-
sibilidade, os devidos alertas são emitidos para
garantir a segurança da população. No caso da
Epagri/Ciram, a equipe de meteorologistas pre-
cisa estar pronta para prestar serviço ao público.
Onde trabalham, o teleone não para de tocar:
quem busca inormações ora é a imprensa, ora o
F o t o s : I n m e t / L u i z C a v a l c a n t i
O modelo oi desenvolvido pelo Deutscher Wetterdienst (DWD), o serviço mete-orológico alemão, e oi implementado no Inmet em dezembro de 1999, atravésde parceria técnico-científca entre as duas instituições.Utiliza uma grade com espaçamento horizontal de 25 quilômetros, com 301 pontosna direção Leste-Oeste, 301 pontos de direção Norte-Sul, 40 camadas na verticale modelo de solo de sete camadas.O MBAR é processado duas vezes ao dia (00:00 UTC e 12:00 UTC) para um períodode 120 horas de prognóstico. UTC é uma reerência padrão de horário mundial,também conhecida como Hora Média de Greenwich.As indicações do mapa acima correspondem às medições dos acúmulos de chuva,captados de seis em seis horas no dia 28 de janeiro deste ano.
Mapa Meteorológico de Precipitação (MBAR)
Centro de Previsãodo Inmet
Estações de mediçãoautomática e convencional
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MERCADO DE TRABALHO
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Links:www.inmet.gov.brwww.sbmet.org.br
www.epagri.sc.gov.brwww.wmo.int
pescador, ora o turista, ora o comerciante. Além
desse atendimento, vários boletins são divul-
gados na internet, com análises mais precisas
das previsões.Com o desenvolvimento das tecnologias que
auxiliam nas medições, os acertos tornaram-se
mais constantes e proporcionaram credibilidade
à meteorologia. A chance de acerto na previsão
para um período de cinco dias, por exemplo, é
de 90%. Para duas semanas, é de 70%, e para
um mês, cai para 50%. Marcelo também destaca
o reconhecimento que a meteorologia adquiriu
no mundo, visto que, desde 1950, a Organização
Mundial da Meteorologia (OMM) az parte dos
organismos internacionais especializados da Or-ganização das Nações Unidas. “A OMM é o órgão
vinculado à ONU que garante que tudo seja eito
de modo padronizado e contempla tudo o que está
relacionado ao clima e ao tempo no mundo”.
MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL
O exercício da prossão de meteorologista é
regulamentado pela Lei 6.835/80. Lincoln Alves
constata que o surgimento de vagas no Sul e Su-
deste é predominante, já que nas outras regiões do
País há pouco investimento nesses prossionais,
tanto por parte do governo quanto das empresas
privadas. Ele acredita que isso ocorra porque no
sul os impactos climáticos são notáveis e cons-
tantes. “No Brasil, as regiões Sul e Sudeste sorem
a infuência, no inverno, de rentes rias intensas,
que provocam geadas; e no verão, de chuvas tor-
renciais, que causam grandes transtornos, tanto
em áreas urbanas quanto rurais”.
Para Luiz Cavalcanti, a demanda por pro-
ssionais no Brasil varia de acordo com as par-
ticularidades de cada região: “O mercado de
trabalho no Centro-Oeste é ocado na expansãoordenada e com conhecimento das atividades
agrícolas; no Nordeste, direciona-se aos proble-
mas seculares das secas; no Norte, à preservação
das forestas.”
A meteorologista Gilsânia Cruz, também in-
tegrante da equipe da Epagri/Ciram, pensa que
a visibilidade que a prossão vem adquirindo é
consequência da preocupação ambiental depois
que catástroes climáticas tornaram-se constantes
na vida dos brasileiros: “É uma ciência relativa-
mente nova no Brasil. Só agora que as pessoas
estão se dando conta do que elas têm a ganhar
com a previsão do tempo para a agricultura, para
o comércio. O espaço que temos hoje não existia
antes, e a previsão, da década de 90 para cá, me-
lhorou muito.”
Trabalhar com o tempo, principalmente hoje,
com mais possibilidades de comunicação e de
cobertura de áreas, signica estar preparado para
enrentar mudanças repentinas ou períodos de
estabilidade, chuvas de verão ou tornados. Mar-
celo Martins destaca justamente esse aspecto da
prossão: “É muito graticante porque não é uma
rotina diária. Sempre tem uma dierença de um dia
para o outro. A temperatura vai mudar, as pessoas
vão nos ligar por motivos dierentes, o mar vai
estar dierente, as ondas vão se comportar de uma
outra orma. Então, há muito o que se explorar na
previsão do tempo.”
“Só agora que
as pessoas estão
se dando conta
do que elas têm
a ganhar com aprevisão do tempo
para a agricultura,
para o comércio.
O espaço que
temos hoje não
existia antes, e
a previsão, da
década de90 para cá,
melhorou muito”
Gilsânia Cruz,meteorologista
da Epagri/Ciram
Cursos superiores no BrasilREGIÃO SUDESTE
Universidade Federal do Rio de JaneiroUniversidade de São Paulo
REGIÃO NORTEUniversidade Federal do Pará
Universidade Estadual do AmazonasREGIÃO NORDESTE
Universidade Federal de Campina Grande (PB)Universidade Federal de Alagoas
REGIÃO SULUniversidade Federal de Pelotas (RS)
Universidade Federal de Santa Maria (RS)
F o t o s : A r i e l l i S e c c o
Meteorologistas e técnicos emMeteorologia da Epagri/Ciram
Mapa meteorológico
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VISÃO POLÍTICA
Conceição Clemente
Qual o futuro da exploração
mineral no Brasil?Inúmeros projetos de lei envolvendo temas
de direito minerário estão em tramitação no Con-
gresso Nacional. A discussão sobre as propostas
legislativas que cuidam do marco regulatório do
pré-sal, sobretudo em matéria de participação
governamental, reavivaram os debates em torno
da mineração, não apenas em relação aos royal-
ties, mas também sobre a criação de uma agência
reguladora dos recursos minerais. Considerandoesse cenário, comento brevemente algumas das
propostas em análise no Congresso.
Em 2007, o Projeto de Lei Nº 903 pretendia
instituir a Agência Nacional dos Recursos Mi-
nerais, extinguindo o Departamento Nacional
de Produção Mineral. No entanto, o projeto
oi devolvido ao autor por contrariar dispo-
sitivo constitucional que determina ser esse
tipo de legislação de iniciativa do presidente
da República (art. 61, §1º, II, e). Por isso, não
temos elementos concretos que nos indiquem
as características e as atribuições de um uturo
ente regulador.
Apresentado também em 2007, o Projeto
de Lei Nº 2.375, que dispõe sobre o regime de
aproveitamento das substâncias minerais (com
exceção dos minérios nucleares, petróleo, gás
natural e outros hidrocarbonetos uidos e das
substâncias minerais submetidas ao regime
de licenciamento previsto no Decreto-Lei Nº
227), encontra-se atualmente em análise pela
Comissão de Trabalho, de Administração e Ser-
viço Público.Esse projeto altera o regime de aproveitamen-
to dos recursos minerais ao prever o regime de
concessão, precedida de licitação, para a pesquisa
e a lavra de substâncias minerais, nos moldes do
que ocorre no setor do petróleo (Lei Nº 9.478/97).
Não há dúvidas que o atual regime de aprovei-
tamento dos recursos minerais não atende às
expectativas do mercado nacional, não apenas
pela inexpressiva competitividade como também
pela ausência de regras (prazos, investimentos
mínimos e realização de estudos) que imponham
um maior dinamismo às atividades.
CONCEIÇÃO CLEMENTE é sócia
da área de mineração do Doria,
Jacobina, Rosado e Gondinho
Advogados Associadoswww.djrlaw.com.br
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Há projetos (PL 145/2007 e PL 1.117/2007)
que cuidam da majoração do percentual dos
royalties incidentes no aturamento líquido re-
sultante da venda do mineral. Há projeto que cria
uma participação especial nos casos de grande
volume de produção ou de grande rentabilidade
na exploração dos recursos minerais. Há também
os que buscam equiparar o setor de minérios ao
setor petrolíero como justifcativa para alterar
a disciplina da compensação inanceira para
exploração de recursos minerais (CFEM).
Outros projetos, não menos relevantes, estão
em pauta no Congresso. Projetos sobre a explo-
ração de recursos minerais em terras indígenas
e áreas de ronteira. Todos eles são de grande
complexidade e, por isso, necessitam ser deba-
tidos entre os diversos agentes econômicos do
setor e a sociedade.
Almeja-se a defnição dos contornos de um
novo marco regulatório minerário capaz de
incentivar a atração de investimentos, com a
previsão de regras claras e um ambiente político
estável, comparativamente aos demais paísesprodutores de recursos minerais. É isso que se
az imperioso há muito no Brasil, país de vocação
eminentemente mineral.
Pelas sucessivas interrupções e não con-
tinuidade dos trabalhos político-legislativos
aqui cogitados, vê-se que o ritmo necessário
à potencialização da dinâmica exigida para se
estabelecer um consenso mediano sobre o tema
– a atualização dos caminhos da mineração no
País – ainda está muito distante. E o uturo da
exploração mineral no Brasil também se perde na
incógnita dessas indefnições do presente.
Não há dúvidas que o atual regime deaproveitamento dos recursos minerais não
atende às expectativas do mercado nacional,não apenas pela inexpressiva competitividade
como também pela ausência de regras
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MERCADO
Aliar consciência ambiental e marketing é uma estratégia muitobem-vinda em tempos de novas atitudes empresariais
Walmart: exemplo de
consciência estratégica
O Walmart tem um histórico de atitudes
amigas do meio ambiente, sendo pioneiro em
muitas ações nesse sentido. E mais uma vez a
rede sai na rente, mostrando que é possível
congregar parceiros num objetivo comum,
visando resultados que vão além do simplesinteresse mercadológico e comercial.
Numa atitude ímpar e ousada, a empresa
buscou alguns de seus ornecedores com uma
ideia interessante, mas talvez arrojada demais
aos olhos da maioria. Dez desses parceiros abra-
çaram a proposta, que previa a criação de um
espaço dierenciado nas lojas de toda a rede,
onde, com comunicação própria, produtos dis-
tintos dos demais ganhariam um tipo de “selo
verde”. Os produtos que azem parte desse es-
paço oram selecionados em unção de terem
em sua ormulação, embalagem ou processo V I S
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Por Susi Guedes
produtivo algo que os liga ao conceito de sus-
tentabilidade ou consciência ecológica.
As empresas que aderiram ao projeto mos-
traram-se empolgadas com o desaio e con-
antes nos resultados. Cada empresa ocou aprincípio em um produto especíco, novo ou
já existente, o qual oi desenvolvido, adaptado
ou melhorado para atender ao conceito original
proposto pelo Walmart. A relação custo x be-
neício se enquadrou na proposta comercial de
todos os envolvidos, e o resultado certamente
agradou ao consumidor mais exigente.
Aqui está a relação dos primeiros produtos
dessa ação, os quais já se encontram disponí-
veis em toda a rede. É possível observar que o
conceito de responsabilidade ambiental é bas-
tante amplo e que detalhes azem a dierença.
Diminuir embalagens, o consumo de energia
e de água, trocar matérias-primas, incorporar
elementos recicláveis ou reciclados, incentivar
a reutilização, criar postos de coleta, dar pre-
erência aos produtos orgânicos e certicados,
entre tantas outras ações, algumas mais simples,
outras que demandam investimentos mais vul-
tosos, trazem consigo retorno a médio e longo
prazos, além do mais importante, que é a vonta-
de de mudar conceitos e de quebrar paradigmas.
Essa é a mais admirável característica da açãocomandada pelo Walmart e acompanhada pelas
empresas participantes.
Sabão TopMax
Conscientização e engajamento de clientes,
uncionários
e parceiros
para a sepa-
ração e des-
tinação cor-
reta do óleo
de cozinha
usado; criação de um processo
de logística reversa para esse
mesmo óleo coletado nas lo-
jas participantes; utilização de
20% do óleo de cozinha recicla-do para a abricação do sabão;
aumento do número de pontos
de coleta de óleo vegetal nas
lojas Walmart; oerecimento de
um produto mais sustentável
e com preço 20% menor para
o consumidor.
Esponja de banho Curauá
Consumo 44% menor de ma-
téria-prima na produção das
embalagens doproduto e das
caixas de trans-
porte; redução
de 32% na gera-
ção de resíduos
sólidos, devida ao
desenho inovador
da esponja, que
permite um melhor
aproveitamento da
manta de ibra;redução de 52%
no consumo de
energia elétrica
no processo industrial; simpli-
cação do material de emba-
lagem para acilitar o processo
de reciclagem; incorporação de
42% de matéria-prima de on-
te renovável (bra de curauá e
cordão de algodão); aumento
de198% no uso de material re-
ciclado com a adição de bras
Héctor Núñez,
presidente e CEO
do Walmart Brasil
E u g ê n i o G o u l a r t
5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/empresas-x-sustentabilidade 31/68
Cada empresa
envolvida no
projeto ocou
a princípio em
um produto
específco, novoou já existente,
o qual oi
desenvolvido,
adaptado ou
melhorado
para atender ao
conceito original
proposto peloWalmart
PET e de papelão 100% recicladas; uso de ma-
téria-prima certicada pelo Conselho Brasileiro
de Manejo Florestal para produção das caixas
de papelão para transporte dos produtos.
Óleo de Soja Liza Redução de 26% no consumo de água e de 18%
no consumo de energia elétrica na produção
das garraas plásticas; redução de 35% na
quilometragem rodada por caminhões
para o transporte de produtos até os
centros de distribuição do Walmart
Brasil com a otimização de viagens;
redução de 56% no consumo de com-
bustíveis ósseis por meio da troca de
parte da matriz energética de petró-
leo para biomassa de origem contro-lada; uso de matéria-prima certicada
pelo Conselho Brasileiro de Manejo
Florestal e pelo Programa Brasileiro
de Certicação Florestal (Cerfor) na
produção das caixas de papelão dos
produtos nais; redução de 10% na
quantidade de matéria-prima plástica
necessária para a produção das embalagens do
produto; redução total de 40% nas emissões de
gases de eeito estua.
Pinho Sol
Redução de 17% no consumo de material plás-
tico da embalagem do produto; embalagens
com material PET 100% reciclado,
sendo 90% pós-consumo e 10%
pré-consumo; redução de 15%
da gramatura da tampa com
a retirada do selo de vedação,
acilitando também o proces-
so de reciclagem; utilização
de 45% de papelão reciclado
pós-consumo nas caixas detransporte, resultando em uma
economia de 416 toneladas de
matéria-prima virgem por ano;
reuso de 3% da água e redução
de 6% no consumo de energia
durante o processo produtivo;
100% de utilização de papel
certiicado pelo Conselho Bra-
sileiro de Manejo Florestal na produção dos
rótulos; utilização de essências provenientes
de ornecedores certicados de acordo com a
norma ISO 14001.
Matte Leão Orgânico
Uso de 100% de erva-mate orgânica, certica-
da pela Ecocert e pelo Instituto Biodinâmico
(IBD Certicações), atestando a não utilização
de ertilizantes químicos ou pesticidas no seu
cultivo; uso de material100% reciclado na em-
balagem do produto,
sendo 30% reciclado
pós-consumo; redução
da emissão de CO2
no
transporte da erva-
mate pelo uso de 10%
de biodiesel; redução
de 90% na quantidade
de tinta de impressão
da embalagem; 93% de redução na emissãode compostos orgânicos voláteis (COV) com
o uso de tinta de impressão com baixo teor
desses compostos; comunicação na embala-
gem sobre o aproveitamento do resíduo do
chá como adubo orgânico e sobre o ciclo de
vida do produto, desde a produção até sua che-
gada ao consumidor nal; redução de 23% no
consumo de energia e de 36% no consumo de
água durante o processo produtivo; utilização
de caixas de transporte eitas com matéria-
prima certicada pelo Conselho Brasileiro de
Manejo Florestal.
Band-Aid
Redução de 18% no uso de matérias-primas para
a embalagem, que é eita de 30% de matéria-pri-
ma reciclada pós-consumo, representando uma
economia de mais de 32 milhões de embalagens
que utilizariam matéria-pri-
ma virgem em sua produção;
utilização de 40% de maté-
ria-prima reciclada pós-con-
sumo na caixa de transportedo produto, representando
um ganho equivalente a 1,8
milhão de caixas de papelão;
redução de 2 mil toneladas
por ano de material em perdas no processo de
produção e redução de aproximadamente 1,2
mil megawatt-hora (MWh) por ano de energia;
reciclagem de 50 toneladas por ano de resíduos
de papel siliconado, que deixam de ser encami-
nhados para aterros industriais; redução de 11,6
mil quilômetros em transporte de contêineres
de produtos no Brasil e América Latina, devi-
da à redução da embalagem;
redução de 3.228 paletes e de
72 contêineres por ano para o
transporte de produtos para
os Estados Unidos e Canadá,
devida à redução da embala-gem; redução das emissões de
CO2, devida ao menor uso de
energia no processo produti-
vo e no transporte; redução
das emissões de CO2, devida
à menor quantidade de resí-
duos de celulose pós-consumo
nos aterros.
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o s : D i v u l g a ç ã o
5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com
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Água Pureza Vital
Redução do consumo de material plás-
tico utilizado nas garraas de água
sem gás, sendo 36% de redução na
massa das tampas das garraas, 25%
de redução nas garraas de 300 ml e
3% nas de 510 ml e de 1,5 litro; redu-
ção do consumo de material plástico
utilizado nas garraas de água com
gás, sendo 25% de redução na mas-
sa das tampas das garraas, 25% de
redução nas garraas de 300 ml, 22%
nas garraas de 510 ml e 19% nas de
1,5 litro; eliminação de pigmentos
das tampas, acilitando a recicla-
gem e agregando valor na cadeia do
pós-consumo; redução no consumo de água, de26% em São Lourenço (MG) e 51% em Petrópolis
(RJ); redução de 9% no consumo de energia
em São Lourenço; eliminação do pigmento das
garraas de Pureza Vital e Petrópolis, acilitando
a reciclagem e agregando valor na cadeia pós-
consumo; redução de 18% no consumo de plás-
tico shrink (“termoencolhível”) da embalagem;
redução de 25% na massa de papelão utilizada
na paletização; redução de 31% no consumo
do plástico (stretch flm) que envolve os paletes;
rótulo mais ácil de ser removido no pós-con-
sumo, acilitando sua reciclagem; uso do braile
MERCADO
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nas garraas, para que possam ser identifcadas
por consumidores com necessidades especiais;
capacitação de 70 educadores da rede escolar de
São Lourenço, para que divulguem os conceitos
de educação ambiental.
Amaciante Comfort Concentrado
Redução de 63% no consumo de
papel para as caixas de papelão
utilizadas no transporte e distri-
buição do produto; redução de
37% no consumo de plástico
para a embalagem; redução no
consumo de energia para pro-
dução e transporte de produ-
to; redução do uso de água na
ormulação do Comort Con-centrado; redução de 37% na
quantidade de resíduo sólido
no pós-consumo.
Toddy Orgânico
Utilização de 100% de cacau e açúcar orgâni-
cos certiicados; uso de ma-
terial 100% reciclado para a
produção de rótulos (75% a
80% pré-consumo e 25% a
30% pós-consumo); uso de
matéria-prima certicada pelo
Conselho Brasileiro de Manejo
Florestal para produção do
rótulo; redução da emissão de
gases de eeito estua; elimi-
nação do uso de queimadas
para a colheita da cana-de-açúcar utilizada na
produção do Toddy Orgânico.
Pampers Total Confort
Redução de 30% no uso de polpa de celulose;
redução de 7,5% no volume, pela compactaçãoda embalagem e do produto; redução de 7% no
peso total da ralda, resultando em menor gera-
ção de resíduos pós-consumo; aumento de 25%
na eciência do transporte do produto, devido
a sua compactação; redução
de 9% no consumo de energia
utilizada na produção da ralda;
redução de 10% nas emissões
de CO2, devida ao menor uso
de energia no processo produ-tivo e no transporte.
Detalhar cada resultado é
um incentivo para que outras
empresas empreendam me-
lhorias no sentido da susten-
tabilidade, e conrma que, na
prática, não se deve esperar
mudanças vindas do poder
público, que parece não con-
seguir chegar a um consensosobre a questão. As mudanças
ambientais de peso passam
necessariamente pela econo-
mia de mercado. Os preços -
nais ao consumidor não apre-
sentam grandes variações, e
mesmo que apresentassem, o
consumidor consciente diz não
se importar em pagar mais se
considerar que está agindo em
beneício do planeta.
Encantados com o projeto
e vislumbrando os beneícios
às suas empresas e ao meio
ambiente, novos parceiros já
maniestaram desejo de parti-
cipar dele. Os que já participam
planejam inserir outros produ-
tos nos “espaços verdes” da rede
Walmart. As empresas que arão
parte da nova etapa são: Am-
Bev, Bunge, L’Oréal, Cadbury,
Danone, Kimberly-Clark, ReckittBenckiser, Santher, Mars Brasil,
Whirlpool, Sara Lee e Philips. O
mercado aguarda ansioso por
elas e seus lançamentos.
De maneira generosa, o
Walmart não restringe a venda
desses produtos à sua rede. En-
tão, espera-se que muitas outras
corporações venham a aderir ao
projeto. Ganha quem az, quem
vende, quem compra. E o pla-
neta também, é claro.
E u g ê n i o G o u l a r t
Daniela de Fiori, vice-presidente de
Sustentabilidade do Walmart Brasil
F o t o s p r o d u t o s : D i v u l g a ç ã o
5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com
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CONSUMO CONSCIENTE
As carteiras eco-friendly são elaboradas commaterial reciclável para tornar os bolsosmais práticos e modernos. Feitas em papelultrarresistente, as carteiras Mojo, criadas pelodesigner Pedro Gerab, não rasgam e nem seestragam com água. Leves, possuem seis bolsospara acomodar melhor todos os pertences semazer muito volume. Estão disponíveis em trêsmodelos, assinados por alguns dos ilustradores eartistas plásticos mais bacanas da atualidade:Carlo Giovani, Mulheres Barbadas e Wagner Pinto.www.supercoolmarket.com.br
Durante o período de volta às aulas, os biscoitosTrakinas e a Faber-Castell azem a promoção “Voltaàs Aulas com Trakinas”. A cada R$ 6 em compras de
produtos Trakinas, o consumidor ganha um Kit EscolarFaber-Castell, composto por um estojo com 6 EcoLápis
bicolores (12 cores), 2 EcoLápis grate, 1 apontador e 1
borracha. A promoção, válida de 19/1 a 15/2, aconteceem 500 lojas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.Todos os EcoLápis comercializados pela Faber-Castell
são produzidos com madeira 100% reforestada ecerticados pelo FSC (Forest Stewardship Council).
www.aber-castell.com.br
A Joyul, marca de roupas emininas,reorça as questões sustentáveis na
moda. As peças são eitas à base detecidos naturais ou ecologicamentecorretos: bras de celulose da marca
Tencel; algodão orgânico oriundoda agricultura amiliar (sem
utilização de agrotóxicos);seda, linho e pele de peixe deprocedência regulamentada.O tingimento é eito comtintas que têm em suabase extratos vegetais ouminerais ou pigmentosnaturais (pau-brasil,açarão, acácia e nogueira).Até o amaciamento do
tecido é natural, utilizandomanteiga de cupuaçu.
Coerente com esse conceito,até a loja oi reormada deacordo com os parâmetrosde green building.www.joyulsustentavel.com.br
A Glisser desenvolveu produtos dehigiene pessoal ecologicamentecorretos e que não pesam no bolso.Os sabonetes da marca cariocasão 100% naturais e eitos com osmelhores óleos essenciais, que
promovem limpeza, nutrição ehidratação para todos os tipos depele. As embalagens dos produtosGlisser são recicláveis e a empresaorgulha-se por não realizar testesem animais.www.glisser.com.br
F o t o s : D i v u l g a ç ã o
Os tacos de madeira ganharam versãoecológica. A linha Ecomadeiras, da Lepri, trazpisos de cerâmica eitos a partir da reciclagemde lâmpadas fuorescentes descartadas, oque ajuda na preservação do meio ambiente.Padronagens Embuia e Cerejeira.www.lepriceramicas.com.br
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Germinar : Histórias de
T ransf ormação reúne his tórias
de dez pro ssionais dos
es tados do Ceará, Pernambuco,
Bahia, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo e San ta
Ca tarina que par ticiparam
do Programa Germinar e
tornaram-se mul tiplicadores
em suas regiões. São indi víduos que a tuam
como líderes vol tados ao
desen vol vimen to de pessoas,
grupos e organizações.
Criado em 2002, o programa é
desen vol vido pelo
Ins ti tu to EcoSocial.
w w w.ecosocial.com.br
O livro FunçãoSocial do Direito
Ambiental, coordenadopor
Maurício Mo ta, é compos to por
te x tos elaborados a par tir das
re fe xões e pesquisas cien tí cas
desen vol vidas no Programa
de Pós-Graduação emDirei to
da Faculdade de Direi to da
UERJ (Mes trado e Dou torado )
– Direi to da Cidade. Di vidida
emduas par tes, a obra aborda
assun tos variados, como Direi tos
In telec tuais Cole tivos e Função
Social da Propriedade In telec tual,
e Conhecimen tosTradicionais
Associados à Biodi versidade.
w w w.campus.com.br
A Zig Zag Shoes acaba de trazer a coleção de tênis estilizadosda marca Öus, empresa 100% brasileira que tem uma grandepreocupação ambiental. Seus produtos são abricados a partir
de garraas PET e tecidos provenientes de brechós. Além da altaresistência e durabilidade, os tênis possuem estampas exclusivasassinadas pelo artista Rimon Guimarães e versões inspiradas noskatista Giancarlo Niccarato. www.zigzagshoes.com.br
A Cassiopéia coloca no mercadoa BioWash, uma linha de lava-louças biodegradáveis quetem entre seus dierenciais anão utilização de matérias-primas petroquímicas, o que lhegarantiu o selo natural do IBD(Instituto Biodinâmico). Alémdisso, suas órmulas contêm
Aloe vera orgânica, corantesnaturais e óleos vegetais.www.cassiopeiaonline.com.br
A lavadora Blue Touch, da Electrolux, possui painel digital acionadocom apenas um leve toque, levando a tecnologia dos aparelhoseletrônicos de uso pessoal para os eletrodomésticos. Altamenteresistente e seguro, o painel é impermeável e de ácil manuseio eprogramação. Com capacidade para 12 quilos, a lavadora conta coma unção “nível automático de água”, que ajuda a evitar o desperdício.
www.electrolux.com.br
A Brasil e Cia, loja de artesanato popular que ca emIpanema, no Rio de Janeiro, reúne artesãos que trabalhamcom materiais naturais em produção limitada e comconsciência ambiental. Há, por exemplo, bolsas e carteiraseitas com palha de taboa, planta aquática muito comumno estado de Alagoas. Vende pelo site e entrega emqualquer lugar do Brasil ou do exterior.www.brasilecia.com.br
5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com
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Quanto mais aumenta o consumo,menos espaço existe para os resíduos
O lixo nossode cada dia
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Por Tais Castilho
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com
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Nas últimas décadas, a questão do lixo e sua
destinação tem preocupado governantes de
todo o mundo. Se providências urgentes não
orem tomadas, as uturas gerações podem ser
drasticamente comprometidas.
O rápido crescimento da população mundial
e, consequentemente, dos resíduos geradospor ela, exige a criação de medidas inovadoras
no sentido de abrandar, e muito, as agressões
causadas ao meio ambiente.
De acordo com a Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo (Cetesb), cerca de 28
mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares
são produzidas diariamente só no estado. No
País, o número chega a 150 mil toneladas. Se
os resíduos não orem tratados e destinados
corretamente, podem gerar diversos problemas,
como a disseminação de doenças através devetores, a contaminação do solo e das águas
(tanto subterrâneas como as superciais), a po-
luição do ar pelo gás metano, entre outros.
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
Os resíduos sólidos urbanos (RSU) abran-
gem os materiais inertes e orgânicos descarta-
dos por cada residência, comércio ou empresa
de um município.
Divididos em pelo menos quatro grandes
grupos, os dierentes tipos de RSU recebem
tratamento especíco, obedecendo as normas
estabelecidas.
Lixo doméstico: é aquele produzido nos
domicílios residenciais, tais como papéis, jor-
nais velhos, embalagens de plástico e papelão,
vidros, latas e resíduos orgânicos (restos de ali-
mentos, trapos, olhas de plantas, papel higiêni-
co e até mesmo pequenos animais mortos).
Lixo comercial e industrial: o comércio em
geral produz praticamente os mesmos resíduos
de uma residência, porém, em maior quantida-
de; supermercados e lojas produzem excessode embalagens; escritórios jogam ora muito
papel; restaurantes geram muito lixo orgânico
(restos de comida).
Os resíduos das indústrias, assim como os
do comércio, são de vários tipos (lixo dos es-
critórios, da limpeza de corredores, pátios ou
jardins, do próprio processo de abricação). Mas
o que determina realmente a classicação dos
RSU é o setor de onde eles se originam.
Existem também os resíduos industriais es-
peciais, como explosivos, inamáveis e tóxicos,
que constituem uma categoria à parte.
Lixo público: engloba os resíduos de varri-
ção, capina e outros, originados nas ruas e praças
públicas. Mesmo que não sejam gerados pelo
poder público, passam a ser de sua responsabi-
lidade quando a população, indevidamente, os
deixa nas ruas (móveis velhos, galhos grandes,
entulhos, objetos quebrados, etc.). O ideal seriaque o poder público municipal disponibilizasse
um local próprio onde a população pudesse
despejar esse tipo de resíduo. Mais inteligente
ainda seria criar um esquema de reaproveita-
mento de resíduos por meio do qual objetos
inúteis pudessem ser transormados em algo
útil. Móveis velhos e restos de madeira seriam
utilizados em ocinas de carpintaria para a cria-
ção de móveis novos; galhos de podas serviriam
como carvão para pizzarias e restaurantes com
orno à lenha; entulhos de construção virariammaterial para a abricação de blocos, guias e
sarjetas, entre outros.
Lixo de fontes especiais: devido a carac-
terísticas próprias, merece cuidado e destino
especiais. Subdivide-se em várias categorias:
resíduos sólidos de saúde (RSS), resíduos de
construção e demolição (RCD), resíduos tóxicos,
radioativos, químicos, entre outros.
O TRAJETO DOS RSU
O consumo de produtos industrializados
tem crescido nos últimos anos, e o resultado
disso é que houve um aumento signicativo no
volume de lixo urbano. Como consequência, as
áreas para destinação de resíduos vão se tornan-
do escassas. Uma das soluções para o problema
do excesso de lixo passa necessariamente pela
mudança de hábitos da população. É preciso
que as pessoas consumam menos produtos,
que maximizem seu uso e que separem o lixo
seco (embalagens de produtos, plásticos, papéis
e vidros) passível de ser reciclado. Ou seja: é
preciso adotar a cultura do ecologicamentecorreto, que se resume, basicamente, nas pa-
lavras “reduzir, reaproveitar e reciclar ”.
A coleta dos RSU é de responsabilidade do
poder público municipal, que deve planejar
e denir como, quando e onde ela será eita.
Entretanto, é possível que ele terceirize o servi-
ço contratando empresas especializadas. Para
que o esquema de coleta realmente uncione é
preciso traçar uma estratégia, que vai desde a
otimização de áreas e horários até a destinação
nal dos resíduos.
A população deve ter conhecimento da cole-
ta em sua região, evitando que
o lixo seja depositado em dias
errados e cause transtornos a
outras pessoas e ao meio am-
biente. Isso é muito importan-
te, já que cães e gatos de rua
costumam perurar e espalhar
o lixo doméstico em busca de
alimentos. Se isso acontece, as
chuvas podem levar o lixo para
rios e mananciais, contaminan-
do-os, e também para bocas de
lobo e bueiros, entupindo-os ecausando alagamentos.
“As cidades brasileiras,
algo em torno de 5,5 mil, são
as responsáveis pelo seu lixo.
Por isso, cada município deve
resolver a questão dos resíduos
e da limpeza urbana como um
todo: capina, varrição, coleta e
outros”, ressalta Enio Noronha
Rafn, administrador de em-
presas e consultor nas áreas
de Limpeza Urbana e Meio Am-
“As cidades
brasileiras, algo
em torno de
5,5 mil, são as
responsáveis pelo
seu lixo. Por isso,
cada município
deve resolver
a questão dos
resíduos e da
limpeza urbana
como um todo:
capina, varrição,
coleta e outros”
Enio Noronha Rafn,
consultor nas áreas
de Limpeza Urbana
e Meio Ambiente
5/9/2018 Empresas x Sustentabilidade - slidepdf.com
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RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
que a indicação do caminhão
correto depende de vários a-
tores: da necessidade de cadacidade, do número de habitan-
tes, das características topo-
grácas, da opção pela coleta
mecanizada ou manual, entre
outros elementos: “Aqui no
Brasil usamos como padrão
compactadores/coletores com
carregamento traseiro, salvo
raras exceções. Por exemplo,
de acordo com a distância do
aterro e o descarregamento
em estações de transbordo é
indicado um tipo dierente. Te-
mos equipamentos que variam
de 6 a 21 metros cúbicos, com-
pactadores de pequeno porte
para municípios com poucos
habitantes e ruas estreitas, e
assim por diante.”
VEÍCULOS COLETORES
A Cartilha de Limpeza Ur-
bana, elaborada pelo Centro deEstudos e Pesquisas Urbanas
do Instituto Brasileiro de Ad-
ministração Municipal (Ibam)
em convênio com a Secretaria
Nacional de Saneamento do
Ministério da Ação Social, é um
manual simples e ecaz para
direcionar as administrações
públicas em relação à coleta
de resíduos.
Os veículos normalmente
indicados para as atividades de
COLETA TERCEIRIZADAQuando uma preeitura decide contratar o serviço de coleta de lixo de uma empresa priva-da, é preciso que, no edital de licitação, ela defna claramente os pré-requisitos e tambémas responsabilidades que constarão do contrato. O valor do pagamento para a empresaque presta o serviço pode ser estabelecido de acordo com a quantidade de lixo coletadaou pode ser fxo mensal.
Vantagens• A preeitura não gasta verbas com a compra e manutenção de equipamentos, nem com aimplantação de instalações ísicas e nem com a mão de obra;• De modo geral, a mão de obra é mais efciente, pois é composta de pessoal especializa-do (as preeituras precisam realizar concurso público para novas contratações e, por isso,acabam direcionando para o serviço os uncionários já contratados de outros setores, muitasvezes sem critério algum);
• Maior agilidade para, quando necessário, azer modifcações na equipe ou no quadros deuncionários, bem como para a aquisição de material para os veículos coletores (as preei-turas precisam abrir licitação para comprar materiais cujos valores sejam maiores do que oestabelecido em lei e precisam também publicar editais para remanejar uncionários);• A preeitura sabe o quanto vai gastar por mês ou ano com a coleta e, assim, contabiliza ovalor acordado no orçamento, equilibrando as contas do município e evitando surpresas.Eventualmente, caso haja a necessidade, pode-se estabelecer a cobrança de taxas ou tariaspara os munícipes.
Desvantagens• É preciso que a preeitura fscalize rigorosamente o serviço, principalmente se ele or pagopor quantidade de lixo coletado;• Esporadicamente, a preeitura é obrigada a solucionar ocorrências que não estavam previs-tas no contrato, como a coleta de resíduos decorrentes de inundações, greves, entre outros,o que acarreta em gastos extras;
• Risco de raudes em licitações, como mostram os inúmeros casos ocorridos no Brasil nosúltimos tempos.
biente. Enio critica as empresas de lixo pelo ato
de que elas só operam em cidades com mais
de 50 mil habitantes, já que as menores não
são economicamente interessantes: “Temos
cerca de 650 cidades com mais de 50 mil habi-
tantes que terceirizam os serviços de limpezaurbana, sendo que algumas aplicam o modelo
concorrencial de concessão administrativa por
longos anos – 20 anos renováveis por mais 20.”
O consultor, que também publicou por conta
própria o livro Máfa do Lixo al Kartell , conta
que no Rio Grande do Sul o Tribunal de Justiça
já anulou dois contratos de concessão do lixo
(em Rio Grande e em São Leopoldo) devido
a irregularidades: “As concessionárias estão
esperneando e recorreram ao Superior Tribunal
de Justiça. Lá, o resultado pode mudar. Vamosver o que acontece.”
O transporte do lixo
deve ser realizado por
veículos próprios para a atividade. A Planalto
Indústria Mecânica trabalha há 20 anos na
abricação de equipamentos para coleta etransporte de resíduos sólidos domiciliares,
industriais e inectantes. O diretor comercial
da empresa, Marcos Pacíco Homem, explica
D i v u l g a ç ã o / P l a n a l t o
Caminhão coletorda Planalto
S X C
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coleta podem ser caminhões com carrocerias
sem compactação ou com carrocerias compac-
tadoras. Os caminhões basculantes convencio-
nais são vantajosos para o municípios menores,
já que podem ser utilizados em outros serviços
públicos; por outro lado, podem espalhar lixo echorume pela cidade. Segundo a cartilha, outro
ponto a ser observado na hora de escolher o
caminhão apropriado é a altura da carroceria,
que não deve exigir grande esorço dos garis
na manipulação do lixo. Já o caminhão baú
permite que o lixo recolhido que bem acon-
dicionado e não se espalhe durante o trajeto,
mas o problema é justamente a diculdade de
arrumá-lo em seu interior.
Os caminhões compactadores são os mais
utilizados e, certamente, os que apresentammais beneícios, já que, devido aos seus meca-
nismos, têm capacidade de transportar maior
quantidade de lixo, agilizando tanto a coleta
quanto a descarga. São recomendados para
áreas de média e alta densidades demográcas,
onde possam circular em vias que apresentem
condições avoráveis de tráego. Eles só não são
tão interessantes para as cidades com baixo
número de habitantes, pois seus preços são
bem mais elevados e a manutenção deve ser
eita com muito mais requência, o que acarreta
em mais gastos.
Assim, o ideal é que os municípios escolham
o veículo coletor de acordo com alguns atores
como a quantidade do lixo, o local onde o ca-
minhão irá traegar e o valor do equipamento
e de sua manutenção. Em resumo, devem levar
em conta a relação custo x beneício. Nunca
é demais lembrar que, em cidades médias e
grandes, existem áreas com características di-
erentes entre si, que podem justicar o uso de
diversos tipos de equipamentos.
ENTERRO DIGNO
É obrigação de todo município manejar ade-
quadamente seus resíduos. Mas, na prática, isso
está longe de acontecer. Segundo o Panorama
dos Resíduos Sólidos no Brasil 2008, elabora-
do pela Associação Brasileira das Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe),
3.109 municípios possuem algum programa
de coleta seletiva. Apesar desse número re-
presentar 55,9% do total, ainda alta muito.
Falta também consciência a muitas pessoas
que podem contar com o serviço de coleta Fontes: O Estado de S. Paulo e www.linde.com
F o t o s : D i v u l g a ç ã o / L i n d
e
Imagine caminhões coletores de lixo, cen-tenas deles, transitando pela cidade semcausar poluição. Na verdade, nem é precisoimaginar, pois, desde novembro de 2009,o metano gerado pela decomposição dedetritos no aterro de Altamont, no estado
da Caliórnia, nos Estados Unidos, é trans-ormado em gás natural liqueeito (GNL)para abastecer toda a rota das cidadesde Oakland e São Francisco. O GNL é umcombustível que produz menos dióxido decarbono do que a gasolina convencional e,por isso, é muito menos poluente. É impor-tante destacar que o metano utilizado naabricação do GNL é capturado antes deser absorvido pelo ambiente.Segundo a Agência de Proteção Ambien-
tal dos Estados Unidos, dos cerca de 1,8
mil aterros municipais espalhados pelo
país, 517 produzem energia, ou seja,quase 30% deles têm projetos voltados
à preservação do meio ambiente. Os aterros têm os ingredientes necessáriospara a produção de metano, que é 21 vezesmais efcaz do que o CO
2na retenção do ca-
lor na atmosera. Restos de comida, papéis,vegetais e resíduos orgânicos são alimentopara as bactérias. Esses materiais se ermen-tam à medida em que são decompostos,gerando gases em abundância, entre eles,o metano (cerca de 50% do total).Quase 500 caminhões de lixo e reciclagem
NA CALIFÓRNIA,O COMBUSTÍVEL
VEM DO LIXO
da empresa Waste Management oram de-senvolvidos para receber o combustívelecológico ao invés do diesel. O GNL vemdo lixo despejado desde 1980 no aterrode Altamont. O gás metano produzido nos96 hectares do aterro é sugado por tubos eenviado para uma máquina que o purifcae o transorma em gás natural. São mais de
100 poços com tubos pretos que retiram ometano a vácuo das pilhas de lixo. O GNL ébombeado para os caminhões de lixo e reci-clagem em uma estação de Oakland. Já emoutras partes da Caliórnia os veículos sãoabastecidos em postos especializados.A usina de Altamont oi desenvolvida peloGrupo Linde, que também administra aábrica de GNL. O valor investido, cerca deUS$ 15,5 milhões, oi custeado com subsí-dios de quatro agências estaduais de meioambiente. Esse valor é muito mais alto doque o normalmente dispendido para cons-truir uma pequena usina elétrica, o quetorna o projeto inviável para a maioria dospaíses. Por outro lado, a empresa estimaque a usina produzirá combustível sufcien-te para os próximos 20 anos ou mais.O aterro de Altamont é o maior do mundoem obtenção de GNL, produzindo 49,4 millitros por dia e, consequentemente, reti-rando do meio ambiente mais de 30 miltoneladas de CO
2por ano.
Espera-se que, com o avanço da tecnologia,os custos se tornem mais baixos e, assim,projetos inteligentes como esse espalhem-se pelo resto do mundo.
A maior usinade Gás Natural
Liqueeito(GNL) domundo, naCaliórnia (EUA)
Motorista encheo caminhão-tanquecom GNL
Os tanques de armazenamentotem capacidade para até 15 millitros de GNL
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RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
seletiva. “Separar o lixo seco do úmido já é um
grande passo e um bom começo”, diz a bióloga
e ambientalista Paula Batassini.
Todo o lixo que não é separado pela popula-
ção vai para os aterros, onde deveria passar por
uma triagem e, depois, ser destinado correta-mente. Mas o que acontece em grande parte do
País é dierente: caminhões e mais caminhões
de lixo são jogados diariamente a céu aberto
e sem critério algum. Lixo orgânico misturado
com alumínio, plástico, papel, pilhas, baterias
– itens que demoram centenas de anos para se
decompor, contribuindo para a contaminação
do solo e do ar e para a diminuição das áreas de
depósito. “Consumimos milhares de produtos e
geramos montanhas de resíduos anualmente;
então, se uma sacola plástica pode demorar até200 anos para desaparecer, dá para imaginar
o tempo necessário para reparar esse dano ao
meio ambiente?”, indaga a bióloga.
Em países como a Coréia do Sul e a China,
a legislação proíbe o ornecimento de sacolas
plásticas aos consumidores. Em muitos países
europeus, as sacolas plásticas são cobradas, o
que az com que a população leve sacolas retor-
náveis às compras. Na Suíça, os moradores de
Berna, por exemplo, têm de pagar pelo lixo não
reciclável que produzem – um saco de 60 litros
custa 3 rancos suíços (aproximadamente R$ 5)
– e a coleta nas ruas é eita duas vezes por se-
mana. Mas os sistemas de coleta e de cobrançadas taxas variam de cidade para cidade.
O DESTINO FINAL
Uma das etapas mais importantes de todo o
processo de coleta e encaminhamento do lixo é
a escolha do local onde ele será depositado.
Depois da coleta, os RSU podem ter três
destinos: aterro sanitário, aterro controlado ou
lixão/vazadouro. Dependendo do local a que
será destinado, o lixo passa por uma triagem,
quando são retirados os resíduos que poderão
ser reaproveitados. Na maioria das vezes, essa
O TRAJETO IDEAL
Num mundo pereito, os resíduos orgânicos seriam coletados diariamente. Eles estariam devi-damente separados do lixo reciclável, para que tivessem como destino fnal o aterro sanitário. Acoleta seletiva seria eita três vezes por semana, recolhendo plásticos, papéis, vidros e metais jápreviamente separados. A cada quinze dias passariam os caminhões de coleta de entulhos – nãode resíduos de construção, mas de objetos velhos ou simplesmente indesejados (por exemplo,um liquidifcador que não unciona, mas que poderia ter utilidade para alguém que soubesseconsertá-lo).Os aterros sanitários fcariam em locais aastados das cidades e seriam cercados por uma enorme
plantação de eucaliptos cheirosos. Damas-da-noite também seriam uma boa opção. Uma parte desua área seria usada para compactar o lixo; a outra, para abrigar usinas de energia, de reciclageme de compostagem.Assim que os caminhões carregados chegassem, seriam pesados por uma balança precisa eespecífca, que orneceria os dados gerenciais necessários para o controle do lixo. Logo depois, olixo da coleta seletiva seria descarregado na usina de reciclagem. Os resíduos orgânicos iriam paraa usina de compostagem, onde seriam transormados em adubo, reduzindo signifcativamenteo volume destinado ao aterro. Já os gases liberados durante o processo de decomposição do lixoseriam transormados em energia, o sufciente para manter o aterro, os caminhões e muito mais.Toda vez que uma carga osse depositada no aterro, um trator a empurraria contra um barrancopara, então, subir e descer a nova rampa umas cinco vezes. Com isso, o volume do lixo seria reduzi-do a cerca de 10% do volume que teria se osse simplesmente despejado no solo.No fnal do dia, o montante de resíduos receberia uma cobertura de terra de cerca de 30 centíme-tros, fcando, assim, constituída a célula sanitária. Quando atingisse o limite de sua capacidade, oaterro seria selado, recebendo uma camada de 60 centímetros de terra bem compactada.
triagem é eita por cooperati-
vas de catadores de recicláveis,que, em parceria com o poder
público ou com a iniciativa pri-
vada, azem a separação do lixo
em esteiras ou galpões.
Os resíduos que não inte-
ressam para essas cooperativas
acabam parando em aterros
apropriados. Só na Grande
São Paulo são recolhidas 15
mil toneladas de lixo por dia
(lixo residencial, de saúde, res-
tos de eiras, podas de árvores,
entulho, etc.), inorma a Secre-
taria Municipal de Serviços. As
coletas seletiva, de resíduos do-
miciliares e de resíduos hos-
pitalares são executadas por
diversas concessionárias. No
total, essas empresas possuem
quase 500 veículos (caminhões
compactadores e outros espe-
cícos para o recolhimento dos
resíduos de serviços de saúde)e empregam cerca de 3,2 mil
trabalhadores, beneciando as
11 milhões de pessoas que vi-
vem na região. A maior parte do
material coletado é levada para
o aterro de Caieiras. O restante
vai para o aterro São João, em
São Mateus, e para o CDR Pe-
dreira, um aterro particular.
Em 2008, oram recolhi-
das por dia, em média, 9,5
mil toneladas de resíduos do-
Rodotec: desenvolvimentode coletores e compactadoresde resíduos sólidos
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ATERRO SANITÁRIO,
ATERRO CONTROLADO E LIXÃO
O aterro sanitário é o lugar mais adequado
para os resíduos sólidos. O lixo é disposto em ca-
madas que, por sua vez, são cobertas com material
inerte – são as chamadas “células sanitárias”, quetêm o objetivo de evitar a propagação de mos-
cas, baratas, ratos, urubus, etc. Outro dierencial
dos aterros é que eles são dotados de sistemas
de drenagem e tratamento para os gases e os
líquidos produzidos pelo lixo.
Todos os projetos devem observar os critérios
e normas operacionais especícas, de maneira
a evitar danos ou riscos à saúde pública e de
minimizar os impactos ambientais.
A Norma Técnica NBR 8.419, do ano de 1984, es-
tabeleceu algumas das regras para a viabilidade dosaterros sanitários. Ela determina,
por exemplo, que esses
aterros não podem
ser construídos em
áreas sujeitas à inun-
dação e que entre a superfície
inferior do aterro e o mais alto
nível do lençol freático deve ha-
ver uma camada de, no mínimo,
1,5 metro de solo insaturado.
Outro detalhe importante é que
o solo deve ser argiloso, ou seja,
de baixa permeabilidade.
Os aterros controlados têm
esse nome porque se adequa-
ram tardiamente às normas
dos aterros sanitários. Ou seja:
embora hoje recebam o lixo de
maneira correta, o ato é que
oram iniciados sem a imper-
meabilização de base. Como
eles não dispõem de sistemas
de tratamento dos gases e dochorume, as águas subterrâneas
acabam sendo atingidas.
Já os lixões são aqueles que
recebem qualquer tipo de resí-
duo sem qualquer cuidado ou
preparação do solo. Todo o lixo é
simplesmente depositado a céu
aberto.
Referências:
www.mudancasclimaticas.andi.org.brwww.forumclima.org.br
www.planetasustentavel.abril.com.brwww.coppe.ufrj.br
Coleta de RSUO Brasil evoluiu na questão da coleta de RSUentre 2007 e 2008. Em todas as macrorregiõesdo País, o índice de coleta cresceu mais que
o índice que mede a quantidade de lixoproduzido por pessoa. Em média, enquantoa quantidade de lixo per capita cresceu 2,8%,a quantidade de resíduos sólidos urbanoscoletados cresceu 5,9%.Coleta seletivaDos 5.565 municípios existentes no Brasil,aproximadamente 56% indicaram a existênciade iniciativas de coleta seletiva. Porém, muitasvezes as iniciativas dos municípios resumem-sena implementação de pontos de entregavoluntária ou na simples ormalização deconvênios com cooperativas de catadorespara a execução dos serviços.
Destinação fnal dos RSU coletadosSão quase 150 mil toneladas de lixo coletadasdiariamente. Desse total, 55% recebeu destina-ção correta e adequada (o aterro sanitário).O restante, ou seja, 67 mil toneladas de lixo,ainda oi para aterros controlados ou lixões.Serviços de limpeza urbanaO negócio da limpeza urbana movimentoua economia do País em 2008. Cerca de R$ 12bilhões oi a quantia gerada pelos serviçosprestados por empresas privadas, o queatesta a importância desse ramo naeconomia brasileira.
DADOS SOBRE OS RESÍDUOSSÓLIDOS NO BRASIL
Fonte: Panorama de RSU no Brasil 2008, da Associação Brasileira
de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe )
miciliares, 130 toneladas de
recicláveis, 270 toneladas de
varrição, 3 mil toneladas de
lixo inerte e 90 toneladas de
resíduos hospitalares.
Além dos aterros sanitários,existem outros destinos para
o lixo, como, por exemplo, as
usinas de compostagem, os
incineradores e as usinas de
reciclagem. Porém, ainda há
localidades onde os resíduos
acabam parando em lixões e
aterros clandestinos, sem ne-
nhuma scalização e transbor-
do correto.
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Impasses e divergências impossibilitaram um acordo frmee obrigatório entre as nações participantes da COP15
Uma conferência muito morna
Cento e noventa e três países tiveram duassemanas de reuniões para discutir as mudanças
climáticas mundiais. Diversas culturas, economias
e dierenças reunidas em torno de um objetivo
principal: chegar a um acordo para reduzir a
emissão de gases poluentes na atmosera, já que
o Protocolo de Kyoto expira em 2012. O que ca
no ar, porém, é a sensação de desapontamento
e de resultados insatisatórios para o que se es-
perava do evento. Sem decisões concretas, seja
na perspectiva política ou na econômica, ainda
parece altar uma percepção mundial de que a
sociedade é parte integrante do meio ambiente, V I S
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Por Arielli Secco e que, por isso, ele deve ser considerado quando
o assunto são os interesses de crescimento e
desenvolvimento dos países.A Organização das Nações Unidas (ONU)
conta com dois grupos de trabalho sobre mu-
danças climáticas: o de Novos Compromissos
para os Membros do Anexo I do Protocolo de
Kyoto (AWG-KP), criado em 2005, e o de Ações
de Cooperação a Longo Prazo (AWG-LCA), criado
em 2007. Eles deveriam apresentar, na COP15,
um relatório sobre o que será eito para conter
a elevação da temperatura global. O AWG-LCA
e o AWG-KP cuidaram de questões dierentes. O
primeiro tinha responsabilidade de estabelecer
metas para todos os países voltadas à redução
Hall da conerênciano dia da abertura
F o t o s : D i v u l g a ç ã o
INTERNACIONAL
da emissão de gases do eeito
estua, enquanto o segundo
devia tratar da sequência doProtocolo de Kyoto, a partir
de 2013.
Os dias da COP15 renderam
todo tipo de manchete aos jor-
nais, mas não a mais esperada:
a notícia sobre um avanço nas
conversas em torno dos investi-
mentos e ações para uma meta
global que vise à manutenção
do meio ambiente até o nal do
século. A Visão Ambiental traz
aqui um apanhado dos atos que
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marcaram a Conerência do Clima e que repercu-
tiram na imprensa de 7 a 18 de dezembro.
TENSÃO E RITMO LENTO NAS NEGOCIAÇÕES
Durante a abertura, a preeita de Copenha-
gue, Ritt Bjerregaard, ez um trocadilho entre onome da cidade e a palavra “hope” (esperança,
em inglês). Ela armou que o lugar precisava
se tornar “Hopenhague”.
Nos primeiros dias da COP15, EUA e China
– os dois países que, juntos, emitem 40% do
total de gases poluentes no mundo – trocaram
acusações e cobranças. De um lado, a China
declarava que os Estados Unidos e os países da
União Europeia têm o dever de disponibilizar
tecnologia e dinheiro como compensação pela
emissão histórica de poluentes na atmosera; deoutro, Todd Stern, chee da delegação dos EUA,
alegou que os undos públicos estadunidenses
não iriam para a China. De acordo com o Portal
Exame, Todd armou aos jornalistas. “Nós gosta-
ríamos de direcionar nossos recursos públicos
para os países mais necessitados”.
Foi um conito de palavras entre os blocos
das nações desenvolvidas e das em desenvolvi-
mento que se estendeu até o m das negocia-
ções, já que nem todos os países reconheceram
o acordo a que alguns chees de estado chega-
ram no último dia da conerência.
RENÚNCIAS E INSATISFAÇÃO
Na reta nal da COP15, Connie Hedegaard,
presidente da cúpula da ONU sobre mudanças
climáticas, renunciou ao cargo. O ato pode
ter sido consequência de polêmicas, já que a
ex-ministra do meio ambiente dinamarquesa
oi acusada de pretender beneciar os países
ricos durante as negociações, interrompidas
pelo bloco aricano no dia 14. A substituição
de Connie pelo primeiro-ministro Lars Lokke
Rasmussen ocorreu no dia 16. Connie justi-
cou sua renúncia alegando que a unção era
apropriada ao primeiro-ministro, devido ao
grande número de líderes políticos presentes
na conerência. Alguns dias depois, houve uma
nova troca: Philip Weech assumiu o cargo, tor-
nando-se o terceiro a presidir a COP15.
As conerências mundiais sobre o meio ambiente promovidaspela Organização das Nações Unidas tiveram seu marco inicial
em Estocolmo, capital da Suécia, no ano de 1972. Esse primeiromovimento no sentido de unir dierentes nações na busca de umpensamento comum, que aliasse o homem ao meio ambiente,resultou apenas em uma declaração de princípios. O primeirodocumento com uma visão crítica e concreta dos modelos deindustrialização, porém, oi publicado em 1987 pela ComissãoMundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. O RelatórioBrundtland, também conhecido como “Nosso Futuro Comum”,tratava da necessidade de cooperação internacional e da adoçãodo desenvolvimento sustentável como garantia de recursosuturos.No ano de 1992, em resposta ao documento, ocorreu a ECO92, ouCúpula da Terra. O envolvimento da sociedade civil oi signica-
tivo e os destaques oram: lançamento da Agenda 21, um plano
com a unção de direcionar o planejamento de ações sustentáveisdos países que assinaram o acordo; a Convenção da Biodiversida-
de, para preservação das espécies naturais do planeta; a Conven-ção do Rio, que conciliava soberania, direito ao desenvolvimentoe manejo sustentável dos recursos naturais; e a Convenção doClima, que iniciou as articulações para a elaboração do Protocolode Kyoto, negociado em 1997 no Japão. Vale lembrar que esseprotocolo expira em 2012 e o mundo já entrou em contagemregressiva para o estabelecimento de acordos que ormalizem umnovo protocolo ou que dêem continuidade ao que já oi propostoem 1997.A partir de 1995, como resultado das discussões da ECO92, ospaíses signatários das Conerências das Partes (COPs) passarama se reunir anualmente para estabelecerem de metas de redução
na emissão de gases poluentes.
Histórico das conerências pelo clima
O acontecimento revelou
certa alta de rigidez na dire-
ção da cúpula. Durante uma
entrevista à Globo News, Sér-
gio Besserman, economista e
comentarista de sustentabi-
lidade, airmou que a Dina-
marca não tinha peso econô-
mico e político para assumir
a liderança de um evento de
tamanha dimensão.
Em artigo publicado no
jornal Planeta Coppe (do Insti-
Reunião entre chees de Estado,chees de governo e ministros
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tuto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação
e Pesquisa de Engenharia), Luiz Pinguelli Rosa,
coordenador do Programa de Planejamento
Energético da Coppe e secretário-executivo
do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas,
reorça essa ideia. Escreveu ele: “Os países de-
senvolvidos ameaçaram dar o calote climático:
queriam extinguir o Protocolo de Kyoto, pois
a maioria não está cumprindo as metas a que
se obrigaram. Faltou na reunião uma liderança
de nível global, que não oi assumida por Oba-
ma, contrariando as expectativas.” Pinguelli,
que oi presidente da Eletrobrás no início do
governo Lula, acha que o presidente brasileiro
preencheu esse vácuo porque oi aplaudido
em discursos improvisados, criticou o rumoque a conerência tomou e porque tachou de
intransigentes os países que não quiseram abrir
mão de seus interesses.
O BRASIL EM COPENHAGUE
A comissão brasileira contou com gente
como: Dilma Roussef (ministra-chee da Casa
Civil), Celso Amorim (ministro das Relações Ex-
teriores), Luiz Alberto de Figueiredo Machado
(embaixador e diretor de Meio Ambiente do
Ministério das Relações Exteriores), Carlos Minc
(ministro do Meio Ambiente), Sérgio Rezende V I S
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(ministro de Ciência e Tecnologia), Suzana Khan
Ribeiro (secretária de Mudanças Climáticas e
Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Am-
biente), José Serra (governador do Estado de SãoPaulo), e muitos outros. Ao todo, 17 membros da
delegação oram os responsáveis por articular as
propostas do País nas reuniões.
Os primeiros compromissos, com a chegada
do presidente à capital da Dinamarca, oram
reuniões com Gordon Brown (primeiro-ministro
britânico), com Lars Loekke Rasmussen (quando
ainda presidia a Conerência do Clima), com
representantes de países da América Latina e
com o grupo que representava os países arica-
nos. No dia 18, em discurso durante uma sessão
plenária de debate inormal, Lula relatou sua
INTERNACIONAL
AcordosInternacionais pela
Sustentabilidade• Declaração da ONU sobreDireitos Humanos (1948)• Declaração da ONU sobre oAmbiente Humano (1972)• Declaração da ONU sobreMeio Ambiente e Desenvol-vimento (1972)• Agenda 21• Declaração de Joanesburgoe Plano de Implementação(2002)
Fonte: Vitae Civilis (www.vitaecivilis.org.br)
Chegada de Obamano Bella Center, hotel
em Copenhagueonde oi realizadaa conerência
F o t o s : D i v u l g a ç ã o
Dilma Roussef entreministros da China,Índia e Árica do Sul
Ban Ki-moon, secretá-rio-geral das NaçõesUnidas, em conversacom Yvo de Boer,
secretário-executivoda UNFCC, Lars Lokke,primeiro ministro di-namarquês, e RichardKinley, secretário-executivo adjuntoda UNFCC, durante asessão de encerramen-to da COP15
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rustração diante da inviabilidade de acordos.
Disse ele: “Eu adoraria sair daqui com o docu-
mento mais pereito do mundo assinado. Mas
se não tivemos condições de azer até agora
(...), eu não sei se algum anjo ou algum sábio
descerá neste plenário e irá colocar na nossa
cabeça a inteligência que nos altou até a hora
de agora.”
Ao fm da conerência, o Brasil estabeleceu
objetivos que se propôs a cumprir voluntaria-
mente: o País pretende reduzir o desmatamento
da Amazônia em 80% e a diminuir de 36,1%
a 38,9% a emissão de gases do eeito estua
até 2020.
No programa de rádio Café com o Presidente
do dia 21 de dezembro, Lula alou que aindahá mais questões para resolver: a do desmata-
mento do Cerrado; a do setor siderúrgico, que
precisa utilizar carvão vegetal, e não carvão
mineral; e a da matriz energética brasileira, em-
bora 85% da energia elétrica já seja produzida
de maneira “limpa”.
As metas de redução do Brasil oram base-
adas em um cálculo da equipe da Secretaria
de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio
Ambiente, que teve supervisão da Casa Civil e
participação dos ministérios da Ciência e Tec-
nologia, Minas e Energia e Agricultura, além da
Reerências:www.mudancasclimaticas.andi.org.brwww.forumclima.org.br
www.planetasustentavel.abril.com.brwww.coppe.ufrj.br
Fique por dentro
• A ONU lançou 2010 comoo Ano Internacional da Bio-diversidade, ocializando adata durante a 2ª Reunião so-
bre Cidades e Biodiversidade,em Curitiba, no dia 7 de janei-ro. Já está sendo preparadaa 10ª Conerência das Partessobre Diversidade Biológica,marcada para 10 de outubroem Nagoya, no Japão.
• A COP16 acontece noMéxico em 2010, entre 29 denovembro e 10 de dezembro.
• A União Europeia conrmou
com a ONU, em 27 de janeiro,o compromisso para reduziras emissões de CO
2. Os países
da UE se comprometem areduzir em 20% as emissõesaté 2020, e anunciaram apretensão de chegar a 30%se houver um esorço maiordos integrantes.
contribuição de instituições ederais de pesquisa
(Inpe, Embrapa e EPE).
FICOU PARA 2010
Nenhum acordo legal ou obrigatório oi
echado. O documento inal da Conerência
de Copenhague oi uma carta de intenções
assinada por Brasil, Índia, EUA, China e Árica
do Sul, sem o reconhecimento de países como
Venezuela, Sudão, Bolívia, Nicarágua e outros.
O protocolo das Nações Unidas tem como pre-
missa a unanimidade, ou seja, a oposição de
apenas um país já é o suciente para invalidar
qualquer acordo.
A carta de intenções deende que as nações
trabalhem para que o aumento da temperaturaglobal não ultrapasse 2 oC, mas não especica
nenhuma meta de redução para a emissão de
gases do eeito estua. Agora, o objetivo é che-
gar a um acordo obrigatório, com valor legal, até
a realização da COP16, no México, neste ano.
O resultado de dois anos de preparação e
duas semanas de conerência é um texto de
duas páginas e meia, que pode ser acessado
no endereço eletrônico da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima
(UNFCCC): www.unccc.int/fles/meetings/cop_15/
application/pd/cop15_cph_auv.pd
À esquerda na oto, JacobZuma, presidente sul-aricano,e Wen Jiabao, premiê chinês;à direita, Manmohan Singh,primeiro-ministro indiano, eLuiz Inácio Lula da Silva
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EcoSoftware Sistema de Administraçãode Resíduos
Aumente o lucro diminuindo as perdas
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e Petróleo, Indústria e Hospitais, o SAR simplifcao gerenciamento de resíduos, disponibilizando
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da empresa e de suas subsidiárias, permitindo que eles sejamacessados de qualquer computador conectado à rede mundial.Toda a inormação é apresentada de orma consolidada, através
de relatórios customizáveis desenvolvidos por profssionaisexperientes e atuantes. O sistema possui ainda interace para
exportar esses dados para sua planilha eletrônica.Resíduos em excesso signifcam desperdício de matérias-primas
ou insumos. O SAR permite que se conheça de orma diretaa quantidade de resíduos produzida em cada etapa da produção,
identifcando, assim, os processos pouco efcientes.Essa poderosa erramenta possibilita ainda a emissão dos ormulários
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RECICLAGEM
Por falta de conhecimento da população, esse material 100%reaproveitável e totalmente atóxico ainda não conquistou espaçono cenário da reciclagem do País
Isopor para o que der e vier
Que o isopor é conhecido e tem dezenas de
utilidades, todos sabem. Ele está nas prateleiras
dos supermercados, embalando produtos que
precisam de proteção, em decorações de estas,entre tantos outros lugares. O que poucos sabem
é que “isopor” é a marca registrada do poliestire-
no expandido, uma espécie de plástico inado
com ar. Esse material chegou ao Brasil nos anos
60 por intermédio da Isopor – atual Knau Iso-
por – e, por isso, fcou conhecido pelo nome da
empresa e não por seu nome genérico.
O isopor é, na verdade, a marca comercial
para dois tipos de produtos: o poliestireno ex-
pandido (utilizado na abricação de caixas tér-
micas para alimentos e bebidas, nas embalagens
protetoras de aparelhos elétricos e eletrônicos,entre outros) e o poliestireno extrusado, que
se dierencia do expandido por seu processo
de produção e por suas aplicações (é utilizado,
por exemplo, para azer copos e bandejas). De
acordo com a norma DIN ISO 1.043/78, a sigla
EPS designa o poliestireno expandido, e XPS,
o poliestireno extrusado.
Dierentemente do que se costuma ouvir,
o isopor, apesar de não ser biodegradável, é
100% reciclável. Através de processos industriais,
pode ser reutilizado como matéria-prima naabricação de diversos produtos e até mesmo
voltar a sua orma original.
A ORIGEM E SUA FORMAÇÃO
Tecnicamente chamado de EPS, o poliesti-
reno expandido, ou isopor, teria sido acidental-
mente “descoberto” em 1839 por Eduard Simon,
um armacêutico de Berlim, que destilou uma
resina de âmbar e a chamou de estirol. Depois
de alguns dias ele percebeu que a tal subs-
tância havia inchado, provavelmente devido
à oxidação, tomando a orma de uma subs- V I S
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2 0 1 0
48
Por Tais Castilho
tância gelatinosa, a que chamou de óxido de
estirol (estiróxido). Outra versão dá os louros
aos pesquisadores químicos Fritz Stastny e Karl
Buchholz. Eles criaram o poliestireno em 1949,
enquanto aziam pesquisas nos laboratórios da
Bas, na Alemanha.
Esse novo produto se revelou possuidor de
características extremamente positivas. O EPS
era barato, moldável, isolante térmico, leve e
poderia ser utilizado em diversos segmentosda indústria.
Produto sintético derivado do petróleo, o
EPS nada mais é que um plástico celular rígi-
do, resultante da polimerização do estireno
em água. Em sua produção não é utilizado o
gás CFC (clorouorcarboneto) – extremamen-
te prejudicial à camada de ozônio –, e sim o
pentano (hidrocarbureto composto binário de
carbono e hidrogênio) como agente expansor.
Esse hidrocarbureto deteriora-se rapidamente
através de uma reação otoquímica gerada pelos
raios solares, e, por isso, não compromete o
O isopor, apesar
de não ser
biodegradável, é
100% reciclável.
Através de
processos
industriais, podeser reutilizado
como matéria-
prima na
fabricação de
diversos produtos
e até mesmo
voltar a sua
forma original
Fardos de isopor prontos
para ser reciclados
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A Plastivida Instituto Sócio-Ambientaldos Plásticos oi undada em 1994 eé responsável pela interação entre a
sociedade, os governos e as indústriasdo setor. Um dos principais objetivosdo instituto é promover a utilizaçãoecologicamente correta do plástico. Elaainda promove a educação ambientale tem um sério compromisso com omanejo de resíduos sólidos urbanos,coleta seletiva e reciclagem. Um dosseus maiores e mais notáveis eitos oia criação do Projeto Repensar, que visaa divulgar as vantagens e beneícios doisopor e, principalmente, desazer umainormação errada que muitos têm so-
bre o material: que ele não é reciclável.Em 2006, o projeto deu início às ativi-dades educativas e de ação, reunindoabricantes de matéria-prima, indús-trias transormadoras e empresasrecicladoras para ativar o programa.Atualmente, grandes redes de todo oBrasil (Carreour, Pão de Açúcar, Extra,Walmart, Magazine Luiza, Casas Bahia,Laboratórios Roche, entre outros)participam da iniciativa, assim como asmaiores cadeias produtivas e trans-ormadoras de EPS (Dow Brasil, Bas,Innova, Meiwa, Knau Isopor, Proeco/Santa Luzia e Termotécnica). Com trêsanos de vida, o projeto já reciclou cercade 300 toneladas do produto. SegundoFrancisco de Assis Esmeraldo, presidenteda Plastivida, até outubro de 2009 oramrecicladas 141 toneladas por meio doprograma, e a tendência para 2010 é queesse número cresça ainda mais: “Paraque esse número aumente, é importanteque as pessoas saibam que o isopor éplástico, é 100% reciclável e que temdestino certo no mercado de reciclagembrasileiro”.
Os objetivos do Projeto Repensar são:divulgar e inormar sobre a reciclabili-
dade do isopor e suas aplicações; iden-tifcar quem gera e quem recicla o EPS;frmar novas parcerias entre as ontes
geradoras e a cadeia de reciclagem doproduto; encontrar alternativas para so-lucionar os problemas e inconvenientesda cadeia de reciclagem; e desenvolvere divulgar material educativo.A Termotécnica é a maior transorma-dora de EPS da América Latina e azparte da Global Packaging Alliance– aliança entre os principais abricantesdo mundo para troca de tecnologias esoluções em reciclagem. O grupo pos-sui unidades recicladoras em Manaus(AM), Joinville (SC) e Sumaré (SP), onde
o isopor é produzido para três segmen-tos dierentes: o primeiro é o de emba-lagens de proteção para eletrodomés-ticos, eletroeletrônicos e peças técnicasda indústria automobilística; o segundoé o da construção civil (isolamento,chapas, orros, lajotas, etc.); e o terceiroé o de utilidades domésticas (caixasmultiuso, conservadoras térmicas e atémesmo caixas para agroindústria). Emtodas as unidades abris do grupo háum setor de reciclagem de EPS, e 20%do total produzido por eles volta aomercado depois de reciclado. “Somosuma empresa responsável pelo queproduz”, diz Albano Schmidt, o presi-dente da Termotécnica. “Nossa preocu-pação está voltada para a sustentabili-dade e o meio ambiente. Coletamos ourecebemos o EPS em todas as unidadese depois reciclamos.” O sistema deoperação recolhe os resíduos de EPS decooperativas de coleta seletiva e outrasontes geradoras, como indústrias deaparelhos eletroeletrônicos e outrossegmentos, que geram e descartam oEPS que sobra da produção.
A problemática que gira em torno dareciclagem de isopor continua sendo,
em primeiro lugar, a alta de conheci-mento da população sobre o material.Ou seja: a maioria acredita que o isopor
não é reciclável. Outra grande difculda-de é relacionada à logística do produto,afrma Albano Schmidt: “O isopor preci-sa ser destinado corretamente.É preciso um trabalho que envolvaa sociedade, o poder público eprodutores. Compactar o EPS não azcom que ele perca peso, só volume.Um produto que é composto por 98%de ar e apenas 2% de massa acaba nãosendo rentável para o coletor e eledeixa de lado mesmo.”Realmente, é isso o que acaba acon-
tecendo. Rosalina Martin é diarista ecomplementa sua renda com a vendade lixo reciclável em Bauru, interior deSão Paulo. Em relação ao isopor, elaassume que é muito leve e ocupa muitoespaço, além de ser diícil de vender:“Eu não pego. Caixas de papelão nósdesmontamos e latinhas de alumínionós amassamos. O isopor não pesa,só ocupa espaço, e onde eu levo,eles nem compram.”Albano Schmidt explica que o EPS podeser reciclado de três maneiras: mecâ-nica, quando é transormado em ma-téria-prima para a abricação de novosprodutos; energética, para a recupera-ção e geração de energia, devido ao seualto poder calorífco; e química, paraobtenção de óleos e gases. “Trituradoou moído, o isopor volta à condição dematéria-prima para ser utilizado princi-palmente na construção civil. Desga-seifcado e transormado, o EPS podevirar caneta, copo, embalagem. A outraorma é através de um equipamento dedegasagem – processo térmico que re-tira o ar do isopor e o compacta –, que
tranorma a matéria-prima em moldu-ras de quadros, rodapés e outros.”
PROJETO REPENSAR
meio ambiente.
Na produção do EPS, pequenas pérolas, de
até três milímetros de diâmetro, são expandidas
através de vapor e chegam a ter seu volume au-
mentado em cerca de 50 vezes. Por isso, elas são
acilmente moldáveis e undíveis. Cada pérola
expandida tem 98% de ar e apenas 2% de polies-
tireno. Em 1m³ de EPS expandido, por exemplo,
existem de 3 a 6 bilhões de células echadas e
cheias de ar. “O EPS é totalmente
inerte, não ataca a camada
de ozônio, não gera euen-
tes tóxicos em sua produção
e, por não ser biodegradável,
fca durante 100, 200 anos em um
canto sem nunca contaminar o meio
ambiente”, explica Albano Schmidt, presi-
dente da Associação Brasileira de Poliestireno
D i v u l g a ç ã o
Prancheta eita de
isopor reciclado
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Expandido (Abrapex) e
presidente da Termotécni-
ca, a maior produtora de EPS da
América Latina.
UM BEM MUTÁVEL
Segundo a Associação Brasileira da Indús-tria Química (Abiquim), em 2008 o Brasil pro-
duziu 62,9 mil toneladas de EPS e cerca de 20
mil toneladas de XPS, totalizando quase 83 mil
toneladas de poliestireno. Estima-se que tenham
voltado para o processo produtivo, através da
reciclagem, entre 6,8 mil e 7,2 mil toneladas.
Segundo estimativas de Albano Schmidt, em
2010 a produção de EPS continuará em torno de
62 mil toneladas, havendo, porém, um aumento
do índice de reciclagem: “É um número impor-
tante, e acredito que até o fnal da década 10%
de todo EPS produzido retornará ao mercadodepois de reciclado. A porcentagem de EPS no
total de resíduos sólidos recicláveis é de apenas
0,1% hoje.” Cerca de 70% do EPS reciclado oi
coletado por recicladores associados à Plastivida
e cooperativas de coleta seletiva parceiras do
Projeto Repensar (veja o box na pág. 49).
DURÁVEL E VERSÁTIL
São muitas as vantagens do EPS para em-
balar qualquer tipo de produto, tanto bens de
consumo e alimentos quanto eletroeletrônicose eletrodomésticos. Os custos são baixos e a
produtividade é grande. Por ser versátil e acil-
mente transormável, o EPS consegue agrupar
uma infnidade de vantagens. Segundo Albano
Schmidt, as embalagens são eitas a partir de
projetos específcos (moldes) e de acordo com
a necessidade de cada produto, garantindo
proteção, tanto térmica quanto ísica, ao pro-
duto: “Produtos embalados com isopor podem
ser transportados em qualquer posição. Ele é
impermeável, além de altamente efcaz contra
impactos e vibrações.”
ARTIGOS DE CONSUMO
Excelente isolante térmico, prático e bara-
to, o EPS é muito utilizado na conecção
de peças de consumo. As caixas térmi-
cas, por exemplo, não vazam. São uma
excelente opção para guardar e transportarbebidas e alimentos, pois permitem que os
produtos fquem conservados na temperatura
ideal, tanto quente quanto ria.
NA AGRICULTURA
O EPS é bastante utilizado também na área
agrícola, em diversas unções. Como condicio-
nador de solos, por exemplo. Incorporado às
argilas, muda suas características ísicas. Então,
a água e o adubo passam a penetrar o solo mais
acilmente, as raízes desenvolvem-se aeradas,e a vegetação pode crescer de maneira mais
saudável e com menos riscos. Além de ser ex-
celente na aeração e drenagem de solos, o EPS
também é utilizado na produção de mudas. Em
bandejas de isopor, as raízes das plantas não
fcam emaranhadas. Assim, as mudas podem
crescer sem sorer com o replantio.
NA CONSTRUÇÃO CIVIL
O EPS proporciona isolamento térmico e
acústico à construção, além de contribuir para
RECICLAGEM
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Excelente
isolante térmico,
prático e barato,
o EPS é muitoutilizado na
confecção
de peças de
consumo
ONDE A HISTÓRIA ACONTECE
Em outubro de 2009, o parque industrial da Renault do Brasil, localizado em
São José dos Pinhais (PR), passou a azer parte do Projeto Repensar. Geran-
do cerca de quatro toneladas de EPS ao mês – por causa das embalagens
de peças veiculares vindas do exterior – e necessitando de 13 caminhões
para transportar os resíduos, a montadora decidiu investir na reciclagem do
material. “O espaço era praticamente inutilizado com as embalagens”, afrma
Douglas Vellasques de Castro, da divisão de Engenharia de Materiais.
Através da Plastivida, a montadora conseguiu em comodato uma máquina
de degasagem (processo térmico que retira o ar do isopor) e compactação daempresa Proeco/Santa Luzia, de Santa Catarina. Com isso, depois de proces-
sado, o poliestireno vira matéria-prima e pode ser transormado em materiais
escolares como réguas e canetas, além de brinquedos, rodapés, molduras
de quadros e solas de sapato. Os beneícios já estão sendo sentidos pela Re-
nault. Um espaço antes tomado por embalagens agora tem outras serventias,
e houve também economia com o transporte – atualmente, os resíduos do
mês são transportados em apenas um caminhão até a Proeco/Santa Luzia,
que realiza reciclagem. Grazielle Coutinho, responsável pelo setor de Gestão
de Resíduos da montadora, acha que este é o caminho certo: “Projetos como
o Repensar são extremamente importantes e benéfcos para a natureza. Ao
reciclar o isopor que vem do nosso processo de abricação, conseguimos re-
duzir o consumo de matéria-prima virgem, minimizamos o impacto ambien-
tal pela disposição dos resíduos em aterros, economizamos energia elétrica e
contribuímos para a geração de empregos.”
D i v u l g a ç ã
o Desempenadeira utilizada
em construção
Porta-retratos
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Consultoria e agradecimentos: Alba-no Schmidt, presidente da Abrapex– Associação Brasileira do PoliestirenoExpandido e Termotécnica Ltda.; Val-demar Didone, diretor proprietárioda Valki Plásticos e Máquinas Ltda.;Roberta Provatti, da Yellow Comuni-
cação – Assessoria de comunicaçãoda Plastivida.
da montadora mineira, Didone colocou a primei-
ra máquina de reciclagem de EPS para uncionar.
Primeiro, o material passa pelo processo de
trituração e compactação, e seu volume passa
a ser 50 vezes menor. Em seguida, esse material
vai para uma extrusora, onde é derretido atéfcar homogêneo. Na etapa fnal, o que sai da
extrusora é resriado e picotado e, novamente,
volta a ser o poliestireno.
No entanto, o processo de reciclagem só
é viável, segundo Didone, quando existe uma
grande quantidade de isopor para trabalhar.
As máquinas precisam de peso e, por isso, uma
quantidade razoavelmente alta, de pelo me-
nos 10 toneladas, é necessária. O investimento
também é alto. A primeira ase do projeto custa
mais de R$ 20 mil, e acaba sendo inviável paramuitos que trabalham com o EPS, como, por
exemplo, cooperativas e associações.
Hoje, nas indústrias Valki, qualquer produto
fnal vem da reciclagem. “Tudo que produzimos
aqui vem da coleta seletiva, de resíduos de asso-
ciações, cooperativas e grandes indústrias”.
A Fiat tem seus resíduos de EPS reciclados
pela Bemplast atualmente. Cerca de 98% do total
de resíduos gerados pela empresa tem destino
ecologicamente correto. Em quase 15 anos, mais
de 1,7 mil toneladas de isopor oram reapro-
veitadas, virando solas de sapato, mangueiras,embalagens e diversos outros produtos.
POR UM MUNDO MELHOR
Se por um lado cresce a produção de EPS, com
novas ormas de aplicação sendo descobertas a
cada dia, por outro lado alta incentivo do poder
público para ampliar a reciclagem no País. Valde-
mar Didone conta que desde 1972 vem pleiteando
junto ao governo ederal incentivos fscais para
esse im. “O Brasil só não evoluiu plenamente
na questão da reciclagem por causa dos altosimpostos. Pagamos 40% de taxas! As empresas
de reciclagem são equiparadas com mineradoras”,
desabaa o empresário e precursor da reciclagem
no País. Além dos impostos, Didone reclama da
alta de leis específcas para acilitar a reciclagem,
ajudar o meio ambiente e gerar mais renda e mais
empregos. “Deveria ser obrigatório que o consu-
midor devolvesse as embalagens em postos de
coleta ou que as empresas geradoras reciclassem
esse material. Afnal de contas, sem incentivo, a
reciclagem não acontece”, fnaliza.
O crescente aumento da produção deve ser
acompanhado do aumento dos
números da reciclagem. Nes-
te ano, a Abiquim e a Abrapex
divulgam um novo relatóriosobre o EPS no Brasil e espe-
ram que ele aaste a alta de
conhecimento sobre o produ-
to. O presidente da Abrapex,
Albano Schmidt, acrescenta:
“A coleta precisa ser mais es-
truturada todo o País. É preciso
muito incentivo por parte de
todos nós porque o EPS não
contamina o meio ambiente,
só precisa ter destino correto.Ele oi eito para proteger e, por
isso, tem que durar. Então, é
preciso que a coleta seja eetiva
e inormativa.”
a economia de energia e para a durabilidade
da obra. Pode ser empregado na abricação de
lajes, coberturas, tubos e até em ornamentos de
decoração. Um projeto realizado com EPS cria
um sistema sustentável e muito mais barato,
já que , por sua leveza e resistência, torna alogística mais prática e menor quantidade de
material é desperdiçada.
Com o patrocínio da Abrapex, em 2002 oi
realizada em Curitiba (PR) uma experiência de
produção de concreto leve a partir de isopor
moído, cimento, areia e cola. Trata-se de uma
excelente alternativa para o reaproveitamento
do EPS. Além de versátil, é bastante vantajoso
economicamente. De acordo com a Abrapex,
preeituras e órgãos públicos que têm coleta
seletiva de lixo deveriam usar o EPS moído naprodução de concreto leve, devido ao seu co-
efciente de dilatação menor que os concretos
convencionais. O concreto leve pode ser usado
na construção de calçadas, quadras esportivas,
bancos de jardim, vasos e até mesmo em casas
pré-abricadas. Ele só não pode ser utilizado
em estruturas.
O COMEÇO DA RECICLAGEM
Tudo começou em 1995, quando a mon-
tadora de automóveis Fiat procurou Valdemar
Didone, proprietário da indústria Valki, em Lou-veira, interior de São Paulo. Didone trabalha
com reciclagem desde 1963 e já tinha bastante
notoriedade no ramo. “Na época, a Fiat gerava
toneladas de isopor, que vinham de embala-
gens de autopeças e resíduos industriais. Ela
nos procurou com a proposta de montar um
equipamento para reciclar o EPS em sua unidade
de Betim (MG)”, lembra. A ideia era transormar
o poliestireno expandido em poliestireno na
sua condição original.
No local chamado de ilha ecológica, dentro
D i v u l g a ç ã o
Molduras
D i v
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Ioiô
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OCUPAÇÕES IRREGULARES
Alagamentos em Santa Catarina. Deslizamentos de encostasem Angra dos Reis. Destruição de áreas de mananciais.
Ocupação irregular em várzeas de rios. Todos essesingredientes, aliados ao descaso das autoridades, comprovam
a incapacidade humana de lidar com a natureza
A natureza pune
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52
Novembro de 2008. O Estado de Santa Cata-
rina soreu com as chuvas. Mais de 62 municípios
oram atingidos. A tragédia se concentrou no Vale
do Rio Itajaí, que transbordou e atingiu níveis
jamais vistos. As enchentes transormaram as
cidades em grandes rios. Houve deslizamentos
de terra destruidores. Pelo menos 1,5 milhão de
pessoas oram prejudicadas. Cerca de 80 mil ca-
ram desabrigadas, sendo que 27,4 mil perderam
tudo. Mais de 100 pessoas perderam a vida.
Represa Billings. Um dos maiores e mais im-
portantes reservatórios de água da Região Metro-
politana de São Paulo. Seu espelho d´água possui
pouco mais de 10,8 mil hectares, correspondendo
a 18% da área total de sua bacia hidrográca. A
represa oi idealizada nas décadas de 1930 e 1940
pelo engenheiro Billings – daí o nome. O cenário
atual? A cobertura vegetal está desaparecendo. O
crescimento populacional é estrondoso. As ocupa-
ções irregulares na região acarretam em destruição
do meio ambiente e poluição das águas.
Jardim Romano. O bairro, localizado nazona leste de São Paulo, sore com alagamentos
desde o dia 8 de dezembro de 2009. Ao todo,
1,5 mil amílias moram na área. Para ir trabalhar
ou comprar um simples pãozinho na padaria, os
moradores utilizam-se de botes, capas de chuva
e botas. A água abaixa, mas só até a próxima
chuva. As crianças, no auge de sua inocência,
brincam em “piscinas de esgoto”. Estão sujeitas
a doenças. O que azer? Não há outra moradia.
Não há mais ânimo para clamar por mudanças.
Não há mais esperança.
Madrugada do dia 1 de janeiro de 2010. Aexuberante ilha de Angra dos Reis, localizada no
litoral sul do Rio de Janeiro, brindava a chegada
do ano-novo. Hora de relembrar os aspectos
positivos e negativos do ano que terminava.
Lembranças da amília e dos amigos. Planos e
promessas uturas. Emoção, esta, alegria, descon-
tração, êxtase. Tudo oi interrompido em questão
de segundos. Deslizamentos de encostas atingi-
ram o Centro de Angra dos Reis e a enseada do
Bananal, na Ilha Grande. Casas destruídas, pessoas
eridas e 52 mortes. Famílias arrasadas.
Tragédias anunciadas? Respostas da nature-
za? Descaso das autoridades? Falta de inraes-
trutura? Ou simplesmente obra do acaso? Um
pouco de tudo. A realidade salta aos olhos: o ser
humano ainda não sabe lidar com a natureza. É
bem verdade que em muitos casos a necessidade
– os problemas socioeconômicos do País – az a
ocasião. Por outro lado, a ganância e a incessante
busca por bens materiais seguem na direção da
insensatez. Moral da história? Como numa roleta-
russa, a vida das pessoas ca à mercê da sorte.
NOVO ANO, VELHOS PROBLEMAS
“Já vi esse lme antes”. Muito provavelmente,
essa expressão deve ter ecoado na cabeça dos
moradores de Angra dos Reis no início do ano.
Em 2002, a cidade carioca já havia sido aetada
por deslizamentos semelhantes aos de agora,
e o nal da história oi igualmente trágico. Na
ocasião, 39 pessoas perderam a vida.
Como de costume, as autoridades se mobili-
zaram. Investimentos pesados oram prometidos,
assim como uma maior iscalização das áreas
Por João Paulo Amorim
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consideradas de risco. Nada disso oi eito. Anos
se passaram. A principal promessa das autori-
dades girava em torno de um detalhado mapa
geológico, um estudo da região, a fm de verifcar
quais terrenos eram impróprios para construção.
O trabalho seria árduo, intenso, e salvaria muitas
vidas. Não se estaria agora chorando, novamente,
as vidas perdidas. E o problema é nacional, prin-
cipalmente quanto às ocupações irregulares em
áreas de média a alta declividade e em regiões
serranas tropicais. Logo, atinge cidades como Rio
de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador,
Recie, Petrópolis, Nova Friburgo, Campos do Jor-
dão, Ouro Preto, Cubatão, Guarujá, Angra dos Reis,
Caraguatatuba, entre outras.
D i v u l g a ç ã o
“Quem pretende
comprar um
terreno para
construção,
especialmente emzonas de encosta,
deve respeitar
as características
naturais da
área e levar em
consideração não
apenas os cálculos
de estrutura daundação, mas
também análises
geológicas”
Álvaro Rodriguesdos Santos, geólogo
e ex-diretor dePlanejamento e Gestão
do instituto dePesquisas Tecnológicas
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-
diretor de Planejamento e Gestão e também ex-
diretor da Divisão de Geologia do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT), coloca o dedo na
erida: “Quem pretende comprar um terreno para
construção, especialmente em zonas de encosta,
deve respeitar as características naturais da área
e levar em consideração não apenas os cálculos
de estrutura da undação, mas também análises
geológicas. Essa análise deveria ser uma exigência
do comprador.”
As prometidas mudanças não saíram do pa-
pel. Aqueles discursos infamados de 2002, ano
de eleições, oram sumindo na mesma proporção
da esperança dos amiliares das vítimas, que
ansiavam por atitudes drásticas e ecientes. O
raio, anal, não poderia cair duas vezes no mes-
mo lugar. Mas caiu. E com mais brutalidade. A
previsível tragédia aconteceu mais uma vez. A
natureza pune no melhor estilo “a justiça tarda,mas não alha”. E os verdadeiros culpados sempre
escapam ilesos. Literalmente.
O flme também se repetiu em Santa Catarina.
O Vale do Itajaí já havia sorido duas enchentes
históricas, em 1983 e 1984, causando a morte de
43 pessoas. A vulnerabilidade da região estava
clara. O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos
ressalta o descaso das autoridades competentes:
“Não há uma questão técnica sequer relacionada
a esses problemas que já não tenha sido estudada
e pereitamente equacionada pela Engenharia
Geotécnica e pela Geologia de Engenharia bra-
Álvaro Rodrigues
dos Santos
S X C / L u i z B a l t a r
As duas aces deAngra dos Reis:belas paisagens... ...e deslizamento de encostas
A n
d r e L
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sileiras, tanto âmbito da abordagem preventiva
como da corretiva”.
E complementa: “Todos os estudos já oram
eitos. Cartografa geotécnica (para dierenciar as
áreas que não poderiam ser ocupadas em hipótese
alguma das áreas passíveis de ocupação, uma vezobedecido um elenco de restrições e providências),
tipologia de obras de contenção mais adequadas,
projetos de ocupação urbana apropriados a áreas
topografcamente mais acidentadas, cartas de ris-
co, metodologia e tecnologia de Planos de Deesa
Civil, e tudo o mais que se reere à questão. Aí se
ressalta o descompromisso das administrações
públicas e privadas envolvidas.”
A intererência urbana se acentua nessas áreas
de risco. Uma série de problemas surgem na região.
Vêm as instabilidades. Na medida em que se vaitirando a vegetação, mudam-se as características
da drenagem natural nas cabeceiras dos rios (como
em Itajaí), há desmatamento das matas ciliares,
impermeabilização das cidades. Asalto, calçadas,
casas... A possibilidade de infltração da água no
solo diminui a cada dia. Outro raio caiu duas vezes
no mesmo local. Mais uma tragédia anunciada.
A IMPORTÂNCIA DAS CARTAS GEOTÉCNICAS
José Eduardo Zaine, geólogo e proessor
doutor da Unesp, ala um pouco sobre as car-
tas geotécnicas ou mapas geotécnicos. “São
documentos cartográcos que representam as
características do meio ísico-geológico, ou seja,
apresentam de orma integrada as inormações
do substrato geológico (características das ro-
chas e estruturas geológicas), da geomorologia
(eições do relevo), dos solos (capa ou cobertura
de materiais intemperizados) e hidrogeológicas
(comportamento da água em subsuperície). Esse
conjunto de características ajuda a entender a
dinâmica dos processos geológicos, como ero-
sões e deslizamentos, por exemplo.”
E complementa: “A carta geotécnica, com base
nas características e comportamentos dos terre-
nos, deve orientar qualquer tipo de intervenção ou
obra de engenharia, tanto na ase de planejamen-
to como em ações corretivas e emergenciais. Para
cada unidade ou zona geotécnica são atribuídos
dierentes níveis de restrição e são elaboradas
diretrizes para o uso e ocupação do solo, assim
como são indicadas áreas mais restritivas a deter-
minadas intervenções. A carta geotécnica ornece
suporte e respaldo técnico aos instrumentos legais
e ações administrativas.”
Dada a importância desses documentos, é ne-
cessário que o poder público e a iniciativa privada
“A carta
geotécnica,
com base nas
características ecomportamentos
dos terrenos,
deve orientar
qualquer tipo
de intervenção
ou obra de
engenharia,
tanto na ase deplanejamento
como em ações
corretivas e
emergenciais”
José Eduardo Zaine,geólogo e professor
doutor da Unesp
Procedimentos para a realização das cartas geotécnicas
• Busca de inormações prévias da área (trabalhos anteriores);• Defnição da base topográfca compatível;• Interpretação de otografas aéreas e imagens de satélite;• Trabalhos de campo com a descrição das características das rochas, relevo, solo e registro deeições oriundas dos processos geológicos;• Coleta de amostras e ensaios de laboratório e de campo;• Análise e integração dos dados na orma de carta geotécnica, com tabelas de classifcação edescrição detalhadas das características de cada uma das unidades mapeadas;• Um banco de dados para complementar essa série de procedimentos.O nível de aproundamento e detalhamento depende da complexidade geológica e do objetivo ge-ral em ações de planejamento até mais específcas em obras. Geralmente, é um trabalho em equipe,centrada em geólogos com conhecimento e atuação em geomorologia e geotecnia, podendocontar com a participação de outros profssionais, como geógraos e engenheiros geotécnicos.
D i v u l g a ç ã o
José Eduardo Zaine
prestem atenção ao seu conte-
údo e, portanto, que ajam com
responsabilidade. José Eduardo
Zaine destaca o papel de cada
um para que as orientações das
cartas sejam seguidas: “Toda ci-
dade deve possuir uma. Cartas
geotécnicas municipais ou vol-
tadas para comunidades devem
ser realizadas pelo poder público.
Em cidades médias e grandes, o
próprio município deve ter umaequipe técnica, pelo menos para
gerenciamento. Em cidades pe-
quenas, o Estado pode assumir
essa unção. Nos empreendimen-
tos e obras especíicas, como
um loteamento, por exemplo,
os estudos de caracterização
geológico-geotécnica já são,
por lei, de responsabilidade do
empreendedor. A fscalização fca
a cargo do poder público, porém,
a comunidade organizada deve
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participar. O Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (Crea) tem um papel
importante, fscalizando e cobrando a participação
de profssionais habilitados com a devida Anotação
de Responsabilidade Técnica (ART).”
Há uma série de regras impostas, e o poderpúblico deve iscalizar a aplicação delas. Mas
quem almeja comprar um terreno, por exemplo,
também deve azer a sua parte. José Eduardo
conclui dizendo que, antes de qualquer coisa, o
comprador precisa se inormar para evitar pro-
blemas uturos: “Todo cidadão deve verifcar as
características do terreno onde pretende construir.
Assim, numa situação desejável, a preeitura deve
ter a carta geotécnica e um técnico deve ornecer
as inormações necessárias. Na prática, se isso
não ocorre, alguns órgãos, como a Deesa Civil,podem ornecer as inormações ao cidadão. Algu-
mas cidades possuem até cartilhas de orientação
para a população, principalmente para prevenir
a ocupação de várzeas e margens de córregos e
de encostas íngremes, para que não se tornem
áreas de risco.”
CONVENIÊNCIA E CONIVÊNCIA
Outro grande problema dessas ocupações
irregulares está diretamente ligado à condição
precária a que muitos brasileiros são subme-
tidos. Famílias de baixa renda (até 3 salários
mínimos) muitas vezes só conseguem constituir
moradia em áreas impróprias. Salvo exceções,o baixo orçamento dessas pessoas as empurra
para favelas, cortiços, margens de córregos e
encostas de alta declividade nas zonas perifé-
ricas das cidades.
As residências dos moradores do Jardim Ro-
mano, zona leste de São Paulo, oram construídas
na margem (chamada de várzea) do Rio Tietê. Ou
seja, quando a cidade é atingida por ortes chuvas,
o rio transborda e, consequentemente, alaga as
casas. Atualmente, está prevista a tranerência
de cerca de 6 mil amílias das 12 áreas alagadas
na várzea do Rio Tietê, onde uturamente será
construído um parque linear. O problema é que
Lei Federal nº. 6.766, de 19 de dezembro de 1979
Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para fns urbanos em zonasurbanas, de expansão urbana ou de urbanização específca, assim defnidas peloplano diretor ou aprovadas por lei municipal.
Parágrao único. Não será permitido o parcelamento do solo:I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providên-cias para assegurar o escoamento das águas;II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública,sem que sejam previamente saneados;III - em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvose atendidas exigências específcas das autoridades competentes;IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edifcação;V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça con-dições sanitárias suportáveis, até a sua correção.
medidas como essa chegamtarde demais.
Outro exemplo desse tipo é o
do Morro da Carioca, localizado
no Centro de Angra do Reis, um
dos lugares atingidos pelos des-
lizamentos de terra neste ano.
Mais de 20 pessoas aleceram.
Na maioria das vezes, a
administração pública leva in-
raestrutura (água, iluminação,
saneamento básico) às pesso-
as que vivem nas encostas. Ou
seja, todos os aspectos necessá-
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rios para um cidadão viver dignamente. Trata-se
de uma espécie de ilegalidade, de imoralidade,
uma vez que esses locais são impróprios para
construções.
Regina Meyer, proessora titular da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universida-de de São Paulo (USP), critica veementemente
essa postura, que, por sinal, é corriqueira em
muitos morros e encostas espalhados pelo Brasil
aora: “A legalização não muda o ato de um lugar
ser impróprio para morar. O risco não deixa de
existir, pelo contrário; em geral, ele só aumenta
com a ocupação.”
DESCUMPRIMENTO DAS LEIS
Alguns especialistas oram taxativos ao ar-
mar que a tragédia de Angra dos Reis oi causadapelas contínuas e intensas chuvas que assolaram
a região. De ato, do começo de dezembro até
a primeira semana de janeiro, caiu o dobro de
água que se esperava. A título de curiosidade, só
nos dois últimos dias de 2009 desabaram sobre
Angra 220 bilhões de litros de água, o suciente
para encher 116 mil piscinas olímpicas. Foi o
maior índice em dez anos.
Porém, as mudanças climáticas que estão
“virando o planeta de cabeça para baixo” já não
são novidade. Então, por que não tomar medidas
preventivas? Essa é a pergunta de Regina Meyer.
“Os conceitos de declividade para a denição de
áreas de risco, por exemplo, talvez tenham de
ser atualizados para compensar o aumento de
pluviosidade (volume de chuvas) causado pelo
aquecimento global em determinadas áreas.
As mudanças climáticas já são absolutamente
claras”, salienta a arquiteta.
Mas essa não é a principal explicação para o
que aconteceu em Angra dos Reis. Primeiramen-te, a ocupação do solo segue regras municipais,
estaduais e ederais, que se sobrepõem. Uma
das denições da palavra “regra” é: conjunto de
leis ormais de prescrições e proibições, que ex-
põem os principais requisitos quanto à atitude
do indivíduo em uma sociedade. Ou seja, na
teoria, um estudo detalhado deveria ser eito
e apresentado antes da realização de qualquer
construção. O próximo passo seria a permissão
dos órgãos competentes.
Pegue-se como exemplo a Lei Federal no
.6.766, de 19 de dezembro de 1979, que dispõe
sobre o parcelamento do solo urbano e outras
providências. O caput do artigo 3º diz o seguinte:
“Somente será admitido o parcelamento do solo
para ns urbanos em zonas urbanas, de expan-
são urbana ou de urbanização especíca, assim
denidas pelo plano diretor ou aprovadas por
lei municipal”. A regra é clara.
O mesmo se aplica à ocupação do solo no País.
O parágrao único do mesmo artigo 3º da Lei no.
6.766/79 não deixa dúvidas sobre o que é proibido
(veja a íntegra do artigo no box da pág. 55). Os cida-
dãos, entretanto, desconhecem as determinações.
Parece que os governantes também.
A represa Billings respira por aparelhos. Ape-
sar de ser protegida pela Lei de Proteção dos
Mananciais desde a década de 70, a região vem
sorendo ao longo dos últimos anos as consequ-
ências de um processo acelerado de ocupação
irregular, sem qualquer planejamento. O resulta-
do é que a qualidade da água da represa Billings
encontra-se bastante comprometida.
A Lei Estadual no. 9.866, de 28 de novembrode 1997, trata da proteção e recuperação das
bacias hidrográcas dos mananciais de interesse
regional do Estado de São Paulo. Diz o artigo
1º: “Esta lei estabelece diretrizes e normas para
a proteção e a recuperação da qualidade am-
biental das bacias hidrográcas dos mananciais
de interesse regional para abastecimento das
populações atuais e uturas do Estado de São
Paulo, assegurados, desde que compatíveis, os
demais usos múltiplos”. O artigo 2º também é
bem claro (leia no box ao lado). Apesar disso, a
lei não é aplicada. Inelizmente.
Lei Estadual nº. 9.866, de28 de novembro de 1997
Art. 2º - São objetivos da presente Lei:I - preservar e recuperar os mananciais deinteresse regional no Estado de São Paulo;II - compatibilizar as ações de preservaçãodos mananciais de abastecimento e as deproteção ao meio ambiente com o uso eocupação do solo e o desenvolvimento socio-econômico;III - promover uma gestão participativa, inte-grando setores e instâncias governamentais,bem como a sociedade civil;IV - descentralizar o planejamento e a gestãodas bacias hidrográfcas desses mananciais,com vistas à sua proteção e à sua recupera-ção;V - integrar os programas e políticas habita-
cionais à preservação do meio ambiente.
“Enrentamos
grandes
difculdades
para averiguar
os pedidos de
licença para novas
obras. Em 60% dos
casos, os projetos
apresentam um
tipo de vegetação
dierente da
real e boa parte
deles prevê
empreendimentosem áreas de
preservação
permanente”
Danilo Amorim, diretorregional do Departamento
Estadual de Proteção deRecursos Naturais (DEPRN)
CRESCIMENTO ACELERADO E
FISCALIZAÇÃO INEFICIENTE
Para que uma construção
seja aprovada, ela precisa pas-
sar por uma espécie de vistoria
no Departamento Estadual deProteção de Recursos Naturais
(DEPRN), agora sob responsabi-
lidade da Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo (Cetesb),
que é vinculada à Secretaria
Estadual do Meio Ambiente. O
diretor regional do DEPRN, Da-
nilo Amorim, conta que é diícil
o dia a dia no que diz respeito
à scalização.
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“Enrentamos grandes diculdades para ave-
riguar os pedidos de licença para novas obras.Em 60% dos casos, os projetos apresentam um
tipo de vegetação dierente da real e boa parte
deles prevê empreendimentos em áreas de pre-
servação permanente”, disse.
Na visão da arquiteta Regina Meyer, as re-
gras atuais sobre ocupação do solo e denição
de áreas de risco precisam ser revistas diante
das novas condições climáticas e da ocorrência
de tragédias como a de Angra dos Reis. “Não
adianta mais só cobrar o cumprimento das regras
existentes. Elas não dão mais conta do recado.
Precisamos de uma legislação mais severa e mais
responsável”, enatizou.
Como se não bastasse, no caso de Angra, acidade apresenta um crescimento populacional
acima da média. A construção da rodovia Rio-
Santos levou até lá milhões de turistas. A usina
nuclear Angra 1 atraiu milhares de trabalhadores
para a região. Para se ter uma ideia, a população
do município, que era de 40 mil habitantes na
década de 70, havia dobrado em 1990 e triplicado
em 2000, quando 5,5% já moravam em avelas.
Esse crescimento, é quase três vezes a média
brasileira no período.
O espaço é insuciente. Atualmente, a ci-
dade de Angra dos Reis está, literalmente, es-
premida entre a serra e o mar.
Os números são autoexplicati-
vos: 60% dos moradores vivem
em áreas de encosta, onde as
características do relevo da
região tornam tudo mais pe-rigoso. A cidade não tem para
onde crescer.
A pousada Sankay (“entre o
mar e a montanha”, em japonês),
que virou ruínas na virada do
ano, tinha licença de unciona-
mento da preeitura, mas não
a licença ambiental do estado.
As casas atingidas no Morro da
Carioca não apresentavam qual-
quer tipo de licença. No Brasil,muitas vezes, a prioridade é a
construção. Só depois dela pron-
ta é que se busca a licença.
Entre 2006 e 2007, Angra
dos Reis oi palco de um gran-
de escândalo, que envolveu 44
uncionários da preeitura, do
governo estadual e do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Reno-
váveis (Ibama). Todos oram
presos, acusados de vender
pareceres técnicos avoráveis
às construções. O governador
do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral,
também agiu de orma ineliz.
Em junho do ano passado, ele
assinou um decreto autorizando
retroativamente a construção
em áreas que antes não eram
edicáveis, na zona de proteção
ambiental. Em outras palavras,
o ilegal oi legalizado, para eli-cidade de poucos.
Fica a revolta por todos
esses acontecimentos. Faltou
prevenção, compromisso com
a população. A sensação de
esquecimento, de descaso, fca
evidente a cada tragédia que,
invariavelmente, tira a vida de
muitas pessoas. Fica a insatisa-
ção, a tristeza, mas também a
esperança de que algo seja eito
para mudar essa situação.
D i v u l g a ç ã o
Represa Billings:processo aceleradode ocupação irregular
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• GESTÃO DE RESÍDUOS
• TECNOLOGIA
• SUSTENTABILIDADE
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p r e s e r v a ç ã o
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s o c i a l n u m a
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NEGÓCIOS
Empresas de moda começam a olhar paraa sustentabilidade visando o crescimento dos negócios
A moda é verde
Atualmente somos bombardeados por em-
presas, gries e produtos que exploram ações
ligadas à sustentabilidade, ecologia e preservaçãodo meio ambiente. Essa verdadeira “onda verde”
envolve todo o segmento de moda (têxtil, vestuá-
rio, calçadista, etc.) e ganha a cada dia mais e mais
adeptos no mundo, sinalizando o surgimento de
uma nova postura de consumidor: aquele que não
se importa em pagar um preço mais caro por um
determinado produto se ele apresentar qualidades
e valores muito além do ashion.
Em janeiro de 2007, por exemplo, a São Paulo
Fashion Week mostrou as coleções de Outono/
Inverno de 37 marcas tendo a sustentabilidade
como tema. Enatizou seu caráter econômico,
social e ambiental, adotando-o, inclusive, como
postura e inspiração para omentar e ampliar as
discussões sobre esse assunto, até então com
pouca evidência no segmento de moda.
Entre algumas das ações apresentadas pelo
calendário, destacaram-se: a utilização de pape-
lão como elemento cenográfco, sendo reciclado
a cada edição e tendo sua renda revertida para
projetos de responsabilidade social; a reutilização
de estruturas modulares usadas na montagem
das salas de desfles e lounges, em substituiçãoàs tradicionais ontes de energia; e o uso de ge-
radores movidos a biodiesel. Essa estrutura é
adotada e adaptada a cada temporada, como
oi visto na última edição do evento, realizado
em janeiro de 2009.
Quando o assunto é moda “eco” de vanguarda,
o trabalho da designer inglesa Stella McCartney
é destaque no mundo. A estilista é vegetariana,
totalmente contra o uso de peles, integrante da
ONG Peta (People or the Ethical Treatment o
Animals) e utiliza tecidos naturais em sua marca
homônima. Também é diretora criativa da Adi-
Por Henriete Mirrione das e, em outubro de 2007, oi contratada pela
loja de departamentos Barneys para desenhar a
primeira linha de roupas ecológicas da história
da rede americana, com tecido 100% orgânico.
Além disso, é ligada à ONG britânica Marine Con-nection – de proteção a baleias, golfnhos e vida
oceânica em geral. Em parceria com a marca de
jeans Notiy, Stella criou uma minicoleção para
benefciar a entidade.
No Brasil, a carioca Osklen, do designer Oskar
Metsavaht, oi uma das gries pioneiras no uso
de materiais voltados ao desenvolvimento sus-
tentável, tendo apoiado diversas ações de cunho
socioambiental. A marca acredita que boa parte
do sucesso de suas iniciativas é em virtude da
visão pessoal que Oskar imprime ao seu tra-
balho, baseada em alguns princípios e valores
undamentais, como a educação, a valorização
da natureza, a preservação do meio ambiente,
a busca por qualidade de vida, a visão global
para o estabelecimento de ações locais e a orte
consciência social.
Há nove anos, Oskar undou o Instituto e,
uma organização ocada na produção de tecidos
orgânicos com projeto e-abrics, marca ecossocial
voltada para divulgação de matérias-primas e
produtos de origem sustentável. Até 2006, o
Instituto e uncionava sob a denominação dee-brigade, movimento de combate à desinorma-
ção ambiental que nasceu há quase 10 anos por
iniciativa do diretor criativo da Osklen e de um
grupo de pesquisadores, ambientalistas, flósoos,
artistas plásticos e designers que decidiram agir
contra a degradação do meio ambiente.
De acordo com essa ideia, o projeto e-abrics
divulga matérias-primas e produtos de origem
sustentável, atraindo o desejo do consumidor e
chamando a atenção das indústrias têxtil e de
conecção nacionais para mais de 15 tipos de
materiais de origens reciclada, orgânica, natural
S X C
Essa verdadeira
“onda verde”
envolve todo o
segmento de
moda e ganha
a cada dia mais
e mais adeptos
no mundo,
sinalizando o
surgimento de
uma nova postura
de consumidor:
aquele que não
se importa em
pagar um preçomais caro por
um determinado
produto se
ele apresentar
qualidades e
valores muito
além do fashion
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ou artesanal,
desenvolvi-
dos por co-
mu n i d a d e s ,
cooperativas ou grupos indus-
triais conscientes.
Dentre eles, destaque para o
algodão orgânico, cultivado com bases bioló-gicas, que evita a destruição do meio ambiente
provocada por pesticidas e agentes químicos,
assegurando um padrão elevado na qualidade
do produto fnal. É coneccionado por amílias
da Paraíba, do Ceará e do Paraná e é utilizado
em malhas circulares ou em tecidos planos de
empresas parceiras do projeto. A seda orgânica,
por exemplo, é produzida manualmente, sem
utilizar agrotóxicos, e é tingida naturalmente,
por meio do uso de pigmentos provenientes da
biodiversidade brasileira, como cascas de cebola,
olhas de manga e sementes de urucum.
Já na produção da lã orgânica, o número
de ovelhas é limitado por área, a alimentação é
pura e não há química nos pastos. O tingimento
também é realizado com corantes naturais, para
não contaminar o solo e os lençóis reáticos.
Mais de 26 amílias de dierentes regiões do
País são benefciadas através desse processo.
O poliéster reciclado é obtido por meio da
reciclagem de garraas PET, que levam cerca
de 300 anos para se decompor. Essas garraas
são transormadas em fbras de poliéster, quepodem ou não ser combinadas ao algodão
ou à lã para serem usadas na produção de
malhas, tecidos planos e não tecidos para a
indústria da moda, além de orração de au-
tomóveis, eltros e cobertores.
A Osklen aposta ainda na adequação e
no reposicionamento de ações das indústrias
em geral para o crescimento do nicho. Metsa-
vaht destaca que o mercado vive um período
de transição. “Já existem muitos materiais de
sustentabilidade de ótima qualidade e estética,
como os selecionados pelo projeto e-abrics, mas
a indústria como um todo ainda levará alguns anos
para se adaptar”, explica o designer.
INDÚSTRIA SE MOVIMENTA
Vale ressaltar que a ideia de oerecer produ-
tos sustentáveis não é algo novo. Ela nasceu na
Europa no fnal dos anos 1990 e com o tempo
oi se disseminando, até se tornar uma poderosa
estratégia de marketing no início deste século,
com um grande potencial a ser explorado, prin-
cipalmente em solo nacional.A Levi`s, por exemplo, oereceu jeans orgâ-
nico pela primeira vez no Brasil na década de
1990, porém, naquela época o consumidor ainda
não estava aberto a receber esse tipo de artigo.
Já no inverno de 2007, a empresa notou uma
nova postura se ormando no cenário e optou
por lançar peças coneccionadas em denim,
com algodão plantado em solo livre do uso de
agrotóxicos e pesticidas.
No setor têxtil, uma das conquistas do eco-
negócio vem do algodão colorido orgânico,
que é transormado em roupas, acessórios e
artigos de decoração pela Co-
operativa de Produção Têxtil e
Afns do Algodão do Estado da
Paraíba (CoopNatural). Pelo ato
de o algodão já nascer colorido,
ele não precisa de aditivos quí-
micos nem na lavoura nem no
processo de industrialização,
uma vez que não necessita de
tingimento. A cooperativa, que
produz peças próprias terceiri-zadas – como cuecas para a Zor-
ba, por exemplo –, já exportou
itens para Itália, Japão, Portugal
e Estados Unidos.
Os algodões de cores verde
e marrom-avermelhado são re-
sultado de um melhoramento
genético iniciado em 1995 pela
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) para
obtenção de lavouras com
novas cores da ibra, além da
marrom-claro já existente. O
plantio comercial do algodão
colorido no Brasil oi iniciado
em 2000, com o cultivo de 10
hectares no estado da Paraíba.
Porém, a primeira lavoura plan-
tada para atender a um pedido
da CoopNatural oi numa área
de 20 hectares do município
de Bom Sucesso, colhida entre
maio e junho de 2007.Tecidos orgânicos, coran-
tes inoensivos e técnicas que
protegem o meio ambiente
começam também a empla-
car na linha de produção das
fações e tecelagens de médio
e grande porte, como na São
José do Nordeste. A proposta
da empresa é verticalizar a pro-
dução de tecidos orgânicos e
de baixo impacto ambiental.
Há uns três anos que a tecela- V I S
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NEGÓCIOS
Coleção Inverno
2010 da Osklen
D i v u l g a ç ã o
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gem vem apostando na produção de um jeans
ecologicamente correto, abricado com algodão
orgânico (sem agrotóxicos ou ertilizantes quí-
micos) cultivado por 150 agricultores do sertão
do estado de Pernambuco.
A empresa já é certifcada pelo Instituto Bio-
dinâmico (IBD) para a produção de denim 100%
orgânico, com a utilização de algodão, índigo
blue e químicos auxiliares naturais e orgânicos
também certifcados. Agora, ela busca ampliar
cada vez mais sua cartela de lançamentos comprodutos voltados para este segmento.
Com cerca de 70% da produção de etiquetas e
tags da Newcolor Etiquetas voltada para o segmen-
to de jeanswear, a empresa é outra da área têxtil
que desenvolve, abrica e comercializa etiquetas
com tecnologia avançada, a partir da reciclagem
e reaproveitamento de materiais como copos
descartáveis, caixas de leite, olhas de árvores,
latas de alumínio, fltros de papel, borra de caé,
jornais, grama, cascas de arroz e de cebola, fbras
de bananeira e de coco e câmaras de pneu.
A Associação Brasileira de Indústria Têxtil e
de Confecção (Abit), percebendo a dimensão
que os produtos sustentáveis têm no mercado e
preocupada com a regulamentação da produção,
já conta com projetos direcionados a esse nicho,
além de investir em outros que estão em fase
de implantação.
Sylvio Napoli, gerente de Inraestrutura e
Capacitação Tecnológica da Abit, diz: “Estão
em andamento os programas de autorregula-
mentação das roupas profssionais por meio de
um selo que será conquistado de acordo comas normas do Inmetro e do Projeto do Produto
Orgânico, envolvendo basicamente a cultura
do algodão. Já a parceria com a preeitura de
São Paulo, para buscarmos soluções éticas e
organizadas para os insumos despejados pelas
conecções nas ruas do Brás e do Bom Retiro,
ainda está em planejamento.”
Até o setor de componentes para couro e
calçados se mobiliza para se adaptar a essa nova
postura do mercado. Em evereiro oi realizado
na capital paulista o primeiro Inspira Mais – Salão
de Design e Inovação das Empresas de Compo-
nentes para Couro, Calçados e Arteatos. Uma
das novidades apresentadas durante o salão
oi o laminado vegetal da companhia Ecológica
Laminado Vegetal do Brasil.
Capaz de substituir o couro animal e os re-
vestimentos sintéticos derivados do petróleo,
esse laminado pode ser utilizado na abricação
de artigos manuaturados como tênis, bolsas,
casacos e bolas. O material é produzido a par-
tir de matéria-prima vegetal renovável, isenta
de resíduos em todo o processo de produção.Fabricado com látex natural, extraído da serin-
gueira, o produto chega ao mercado na orma
de bobinas de 25 metros de comprimento por
1,22 metro de largura, em dierentes espessuras,
cores e estampas.
O fator que mais determina a comercializa-
ção desses itens é o alto custo de fabricação.
Os materiais de sustentabilidade ainda têm
preços mais elevados porque não são produ-
zidos em larga escala. Assim, o consumidor
que entende o valor socioambiental de um
item confeccionado a partir de um ecotecido,
por exemplo, deve se dispor a pagar um pouco
mais caro por ele.
Para que produção seja totalmente susten-
tável dentro de alguns anos, é
preciso que os consumidores
passem a exigir das marcas essa
preocupação e que as indústrias
busquem o caminho da pro-
fssionalização e da pesquisa.
Muitas já estão preparadas, ou-
tras estarão prontas em pouco
tempo, mas tudo vai depender
da demanda do mercado.
“Em qualquer área, ‘susten-tabilidade’ baseia-se em quatro
pilares, os quais devem ser res-
peitados: alta qualidade do pro-
duto (desempenho e segurança);
apelo dirigido ao meio ambiente
(as empresas devem ter cuidado
com os insumos desde sua entra-
da até seu descarte); responsabi-
lidade social (obrigação relativa
às pessoas que produzem esses
itens); e, por fm, algo que é mui-
to novo, porém essencial, que é
a ética nos negócios, na relação
comercial, na venda, na nota, na
entrega”, fnaliza Napoli.
D i v u l g a ç ã o
Levi’s
D i v u l g a ç ã o / E m b r a p a
Algodão verde
Algodão marrom
Algodão vermelho
Algodões verde
e vermelho
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MODA
Moda e consciência ambiental na mesma passarela
SPFW e a sustentabilidade
Por conceito, a semana de lançamentos de
moda em São Paulo é palco de inovações, e agre-
gar as novidades tecnológicas e sustentáveis aos
cenários, coleções e espaços mostra-se, cada vez
mais, um dierencial importante, que deve ir gra-
dativamente se incorporando ao cotidiano de
quem cria, az e usa moda.
Na mais recente edição do evento, além das
ações gerais, como a já característica decoração
do espaço comum constituída de papelão, houve
também o esorço para anular a emissão de carbo-
no – o evento oi “carbon ree” – e para separar os
resíduos e enviá-los para reciclagem. Os desfles
apresentaram algumas inovações, reafrmando,mesmo que timidamente, a tendência de a cons-
ciência ambiental entrar no mundo dos negócios.
A moda não fcaria de ora.
Novidades têxteis e também de marcas que
têm alguma ligação com sustentabilidade e
que desejam associar sua imagem à moda tam-
bém tiveram espaço no evento. A seguir, alguns
destaques:
• Tencel é uma importante marca da indústria
têxtil. Ela produz o Liocel, uma fbra de celulose
eita a partir da polpa de madeira. O Tencel não é só
uma boa opção por contribuir para a preservação
do meio ambiente, mas também porque oerece
conorto. Entre outras propriedades, ele absorve
e expele a umidade do corpo, uncionando como
uma segunda pele. Além de vantajoso como tecidoacabado em si, o Tencel também leva vantagem
quando se considera o seu processo de desen-
volvimento. Com a adição da fbra ecológica aos
jeans convencionais, o impacto ambiental pode
ser signifcativamente diminuído, já que se reduz a
área de plantio do algodão e, consequentemente,
o desperdício de água para irrigação e o uso de
agrotóxicos. Pode-se afrmar que 25% de Tencel
signifca 25% menos impacto ambiental.
• O azeite Gallo ez uma ação no desile da
Iódice. Alinhada às causas ambientais e de sus-
tentabilidade, a marca portuguesa de azeites V I S
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Por Susi Guedes
F o t o s : D i v u l g a ç ã o
inspirou o estilista a divulgar o
tema. Durante o desfle da grie,
a Gallo distribuiu para todos os
convidados mudas de oliveira,que representam um elemento
importante da vegetação e agri-
cultura, com excelentes expecta-
tivas de cultivo no Brasil. “É mui-
to importante para a empresa
abraçar causas ambientais e de
sustentabilidade, uma vez que
nossa essência vem da natureza.
E poder unir moda à marca em
prol desta ação é muito gratif-
cante”, disse Rita Bassi, diretora-
geral da Gallo Brasil.
Mudas de oliveira do azeite Gallo
oram distribuídas para os convidados
durante o desfle da Iódice
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• No desile da estilista
Glória Coelho, a passarela
oi ormada por 120 cole-
tores solares cedidos pela Transsen. Os equipamentos
utilizados são parte de uma
edição limitada da linha
Premium Magnum, e as-
sociam alto rendimento
térmico a um design
avançado, moderno.
“A associação de nossa
marca com a de Glória
Coelho é altamente
inovadora porque, ao
mesmo tempo em que
reorça a ousadia no processo criativo da estilista,
ajuda-nos a promover a tecnologia sustentável
junto a um público dierenciado, com orte poder
ormador de opinião e infuenciador de compor-
tamentos”, comenta Susana Cintra, presidente
da empresa.
• No desle da marca 2nd Floor, teve desta-que o denim Vision Paper Megafex. Ele az parte
da linha Hi-Comort, da Canatiba, composta por
denims que oerecem máximo conorto e são
ecologicamente corretos devido à presença da
bra Liocel em sua abricação. Desenvolvido com
matérias-primas renováveis, o Liocel proporcio-
na um toque agradável em ambos os lados do
tecido, além de ser produzido em harmonia com
o meio ambiente. Marli Vernille Guth, gerente
de marketing da Canatiba, destaca: “Estamos
muito contentes em participar do desle da 2ndFloor, uma marca jovem que oerece aos seus
consumidores um jeans valorizado por inovação
tecnológica, com atributos dierenciados de be-
leza e conorto. Os produtos da linha Hi-Comort
são também harmoniosos com o consumidor
jovem, que prioriza produtos que respeitam o
meio ambiente.”
• A questão da sustentabilidade
também oi levantada no desile
de Ronaldo Fraga. As sacolas re-
tornáveis com estampas utilizadas
em várias das coleções do estilista
zeram sucesso. Elas oram disputa-
das no espaço Verdemar, que vende
produtos para alta gastronomia em
Belo Horizonte, capital de Minas
Gerais. “Assim como Ronaldo,
temos a mesma preo-
cupação em agradar
e surpreender nosso
público, além do oco
em questões urgentes
como sustentabilida-de”, explica o empresá-
rio Alexandre Poni, da
rede de supermerca-
dos Verdemar.
• Ainda no des-
le de Ronaldo Fraga,
a maquiagem cou
a cargo da Natura,
que tem a sustenta-
bilidade como prin-
cípio e cria coleções
de produtos sempre
com base em elementos da na-
tureza. Foram as preocupações
socioambientais que zeram da
empresa um destaque.
• A Osklen carrega em seu
gene a ilosoia do criador da
marca, Oskar Metsavaht. Ele exigeque as matérias-primas de suas
coleções sejam prioritariamente
ligadas à sustentabilidade (leia
mais sobre a Osklen na pág. 59).
• No desle da Ellus, a San-
tana Textiles lançou sua coleção
de tecidos denim produzidos
com a inovadora e exclusiva
tecnologia BEM (Bi Elastic Mo-
vement). Desenvolvido em par-
ceria com a Creora Eco, empresado grupo sul-coreano Hyosung,
o tecido se desloca multidire-
cionalmente. Ele é produzido
segundo as orientações “eco
riendly”, que exigem o uso de
menos produtos químicos.
• Um Mini Cooper Cabrio,
da BMW, oi customizado para
decorar a passarela do desfle de
Glória Coelho. A pintura do carro,
exclusiva, oi inspirada em uma
estampa da coleção da estilista.
Entre os conceitos de concepção
da linha Mini estão a utilização
de menos material, a produção
mais limpa e a possibilidade de
customização. Parte dos mate-
riais são reciclados ou reciclá-
veis. No site da marca há uma
divertida demonstração disso
(http://www.minibrasil.com/br/
pt/recycling/index.jsp ).
Como se pode ver, no mun-do da moda os negócios susten-
táveis vão além da eemeridade.
Mas são moda no sentido de
estarem em movimento, de se
atualizarem constantemente,
de buscarem novos caminhos
que aliem conorto, bem-estar e
qualidade de vida com respeito
ao meio ambiente. Nisso, moda
e sustentabilidade são mais que
parceiras comerciais, são irmãs,
e gêmeas!Denim Canatiba nodesfle da 2nd Floor
Desfle Colcci
com Tencel®
Desfle 2nd Floor
com Tencel®
Coletores solares da Transsen
e até um Mini Cooper Cabrio
da BMW (oto à esq.)
decoraram a passarela do
desfle de Glória Coelho
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VISÃO ECONÔMICA
Economia à moda antiga
O uncionamento da economia mundial
reete a ignorância, ou pelo menos uma des-
consideração, quanto a alguns princípios da na-
tureza que a ciência identifcou ao longo dos úl-
timos cem anos. Descobriu-se que não existem
ações isoladas e que toda atividade humana
inuencia no ambiente local e global. Sabemos
que os recursos naturais não são inesgotáveise que a espécie humana exerce um grande
impacto sobre o planeta Terra. Somos hoje
mais de 6 bilhões de pessoas que, bem ou mal,
alimentam-se, geram resíduos, utilizam água
e realizam diversas atividades que modifcam
o ambiente natural das regiões onde atuamos
e também de toda
a Terra.
Tomemos como
exemplo a ativida-
de agrícola. Sabe-
mos que a agricul-
tura é o setor da
economia mundial
que mais consome água, cerca de 60% do total
usado num ano. As constantes cargas de de-
ensivos agrícolas jogadas sobre cada colheita
acabam penetrando no solo e matando grande
parte dos microorganismos que mantêm a terra
saudável e produtiva, como era originalmen-
te. O arado, revirando o solo, expõe a terra às
intempéries, azendo com que as substâncias
nutritivas contidas na terra sejam arrastadas pelachuva e pelo vento. O passo seguinte então é
tentar devolver à terra sua ertilidade, através da
aplicação de ertilizantes – produtos químicos
derivados do petróleo – à base de nitrogênio,
ósoro e potássio. Todavia, parte dos produtos
aplicados não penetra no solo, que perdeu sua
permeabilidade, e são arrastados pelas ortes
chuvas para os rios, poluindo-os. Dessa maneira,
trata-se apenas de uma questão de tempo para
que os solos se tornem cada vez mais pobres e
– círculo vicioso – necessitem cada vez mais de
deensivos agrícolas e de ertilizantes.
Outras atividades econômicas uncionam da
mesma maneira, sem considerar suas consequên-
cias sobre o restante da natureza. Preocupamo-
nos apenas com o beneício que queremos
obter, sem atentar para a inuência que exer-
cemos sobre o todo. Exemplo extremo dessa
situação é a atuação da indústria pesqueira no
mundo. Depois do aumento da rota de barcose da utilização de métodos eletrônicos cada vez
mais sofsticados para localizar os cardumes, a
produtividade da pesca aumentou tanto que
diversas espécies de peixes já não conseguem
mais se reproduzir na velocidade e na quan-
tidade necessárias para sua sobrevivência.
O resultado, além
da quase extinção
de alguns desses
peixes, é que nos
últimos dez anos a
produtividade do
setor vem caindo,
causando desem-
prego e crise econômica em regiões depen-
dentes de pesca.
A maneira como vimos explorando a oresta
amazônica é outro exemplo dessa orma míope
de exercer uma atividade econômica predatória.
Extensas áreas de oresta, incluindo plantas e
animais desconhecidos da ciência, são derru-
badas e transormadas em carvão e cinza para
dar lugar à cultura de soja ou à criação de gado.Essas atividades acabarão por desgastar com-
pletamente o solo, que só era értil por causa da
cobertura orestal de que dispunha. Guardadas
as proporções, é o mesmo que dinamitar o morro
do Pão de Açúcar para calçar as ruas do Rio de
Janeiro com paralelepípedos.
Nossa economia ainda atua em grande
parte como se os recursos naturais ossem
inexauríveis e como se a contínua destruição
da natureza – para manter o sistema em uncio-
namento – não tivesse qualquer consequência
sobre o uturo.
Ricardo Ernesto Rose
D i v u l g a ç ã o
RICARDO ERNESTO ROSE
é diretor de Meio Ambiente e
Sustentabilidade da Câmara
Brasil-Alemanha; ormado em
jornalismo e flosofa, possui
cursos de extensão em gestão
ambiental e de especialização
em energia, economia,marketing e fnanças
A agricultura é o setor da
economia mundial que mais
consome água, cerca de 60%do total usado num ano
Os recursos naturais não são inesgotáveis e a espécie humanaexerce um grande impacto sobre o planeta Terra
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