empresasestãoapagar - aventri · omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.opresidentedoconselhode...

8
Quarta-feira, 23 de Maio de 2012 Diário Ano XII Nº 2258 € 1,60 Director: Pedro Santos Guerreiro Directores-adjuntos: Helena Garrido, João Cândido da Silva Subdirector: Nuno Carregueiro Alvará da D. G. T. nº 88/2002 Lic. 021 © Copyright 2012 .pt com sabor a cereja Douro Venha conhecer o Douro num cruzeiro e nós oferecemos-lhe cerejas de Resende para se deliciar. De 21 de Maio a 17 de Junho nos cruzeiros: Porto » Pinhão e Porto » Régua. [email protected] Tel. 223 402 500 FOLLOW US! facebook.com/DouroAzul Pub Transporte 20% mais caro devido a menos importações Camiões viajam cada vez mais leves na viagem de regresso Aboanotíciadaquebradasimportaçõesestá aretirarcompetitividadeàsexportadoras,que pagammais cercade 20% no frete paracom- pensar o custo da falta de mercadorias com destino aPortugal. Empresas 14 e 15 Empresas estão a pagar mais para exportar Trabalhadores do BdP ameaçam com tribunal devido a cortes de subsídios Economia 29 Ensul Meci não conseguiu entrar no fundo de recuperação da construção Empresas 13 Miguel Baltazar Jorge Coelho sobre Miguel Relvas: “nunca deixei cair um amigo na vida, nunca”. Jorge Coelho no Hora H “Se a construção não tiver futuro, o país vai desta para melhor” EDP Renováveis atira a rede a Marrocos, Turquia e África do Sul Fundos que apostam em depósitos bancários estão a atrair investidores Mercados 18 e 19 Manso Neto, presidente- -executivo da EDP Renováveis, revelou ontem as novas oportunidades de crescimento da empresa. Empresas 12 e 13 Governo e PS estão a negociar agenda para o crescimento Sociais-democratas não dão voto a favor como garantido. Declarações de Cavaco poderão levar Seguro e Passos a um acordo. Economia 26 e 27 Octávio Teixeira e António Bagão Félix Os vistos da esquerda e da direita Opinião 37 a 39 www.negocios.pt Futuro dono da ANA determina prazo da concessão Empresas 16 Quarta-feira, 23 de Maio de 2012 Diário Ano XII Nº 2258 € 1,60 Director: Pedro Santos Guerreiro Directores-adjuntos: Helena Garrido, João Cândido da Silva Subdirector: Nuno Carregueiro Primeira Linha 4 a 11

Upload: others

Post on 09-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Empresasestãoapagar - Aventri · Omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhode Administraçãodaminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose,

Quarta-feira, 23 de Maio de 2012� Diário � Ano XII � Nº 2258 � €1,60Director: Pedro Santos GuerreiroDirectores-adjuntos: Helena Garrido, João Cândido da SilvaSubdirector: Nuno Carregueiro

Alvará da D. G. T. nº 88/2002 Lic. 021 © Copyright 2012

.ptcom sabor a cereja DouroVenha conhecer o Douro num cruzeiro e nós oferecemos-lhe cerejas de Resende para se deliciar. De 21 de Maio a 17 de Junho nos cruzeiros: Porto » Pinhão e Porto » Régua.

[email protected]. 223 402 500

FOLLOW US! facebook.com/DouroAzul

Pub

� Transporte 20%mais caro devido amenos importações

� Camiões viajamcada vez mais levesna viagem de regresso

Aboanotíciadaquebradasimportaçõesestáaretirarcompetitividadeàsexportadoras,quepagammaiscercade20%nofreteparacom-pensar o custo da falta de mercadorias comdestino aPortugal. Empresas 14 e 15

Empresas estão a pagarmais para exportar

Trabalhadores do BdPameaçam com tribunaldevido a cortesde subsídios Economia 29

Ensul Meci nãoconseguiu entrar nofundo de recuperaçãoda construção Empresas 13

Mig

uelB

alta

zar

Jorge Coelho sobreMiguel Relvas: “nuncadeixei cair um amigona vida, nunca”.

Jorge Coelho no Hora H

“Se a construçãonão tiver futuro, o paísvai desta para melhor”

EDP Renováveisatira a redea Marrocos,Turquiae África do Sul

Fundos que apostamem depósitos bancáriosestão a atrairinvestidores Mercados 18 e 19

Manso Neto, presidente--executivo da EDPRenováveis, revelou ontemas novas oportunidadesde crescimento da empresa.Empresas 12 e 13

Governo e PSestão

a negociaragenda para

o crescimentoSociais-democratas

não dão votoa favor como

garantido.Declarações deCavaco poderão

levar Seguroe Passos

a um acordo.

Economia 26 e 27

Octávio Teixeirae António Bagão Félix Os vistosda esquerda e da direitaOpinião 37 a 39

www.negocios.pt

Futuro donoda ANAdetermina prazoda concessãoEmpresas 16

Quarta-feira, 23 de Maio de 2012� Diário � Ano XII � Nº 2258 � €1,60Director: Pedro Santos GuerreiroDirectores-adjuntos: Helena Garrido, João Cândido da SilvaSubdirector: Nuno Carregueiro

Primeira Linha 4 a 11

Page 2: Empresasestãoapagar - Aventri · Omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhode Administraçãodaminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose,

4 | Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012.

Primeira Linha

Hoje [ontem], há greve no Metro de Lis-boa. Nos últimos dias, houve na TAP. Estas greves são razões acrescidas para privatizar? O sector dos transportes é mui-

to complexo, hámuitos anos vinhaescondendo – escondendo com oconhecimentodetodaagente,edoEurostat–osprofundosdéficesdasempresas.Portanto,osectortemdeserreestruturado,nãoésuportávelterosresultadosdeexploraçãoqueteme adívidaque tem.

Aindahoje vi que a“troika” estácáequeumadascoisasquevemve-rificaréoquefoifeitoparaqueosec-tor dos transportes tenha resulta-dos de exploração positivos no fimdo ano. Sinceramente, eu já andeiporláe digo-lhe umacoisa: se o ac-tualGovernoconseguirque,defor-maclaraecomasregrasemcimadamesa, no fim deste ano o sector te-nharesultados de exploração posi-tivos, eu sou o primeiro subscritor,comumaentradasignificativa,parafazer uma estátua a quem conse-guiu tal coisa. Porque é um proble-ma gravíssimo que o País tem. Eunãovejooutramaneiraquenãosejacomainjecçãodecapitaisprivadosemalgumas das empresas.

Essa estátua, nesse caso, será ao minis-tro Álvaro Santos Pereira, que hoje coordena os Transportes . Sevocêachaqueéesseministro,

tudo bem, por mim qualquer umserve (risos).

Já percebi que quer dar a estátua a ou-tra pessoa. Quem? Isso logo se vê, eles lá se organi-

zam-se,umqualquer...(risosnapla-teia)

Passos Coelho ou alguém da “troika”? Ou seja, quem manda em Portugal? Quem manda em Portugal é a

“troika”.Masdissonãohádúvida.Éumadascoisasquemeperturba,que

é não só atroikamandarem Portu-galmasdemonstrartodososdiasquemanda. Ao menos podia disfarçarumpouco,semprenosdeixavaaquinumasituaçãomelhorcomcadaumde nós... Mas pronto, é asituação aqueoPaíschegou,asregrassãoestasnãoéverdade?OGovernoachaqueestaé amelhorformade encontrarsolução paraos problemas do país,peloqueassumearesponsabilidadedestametodologiadetrabalho...

Está a fazer uma crítica ao Governo. Não estou afazerumacríticaao

Governo,éumaconstatação.Daúl-tima vez já acabaram as conferên-cias de imprensa, já não foi mau.Sabe uma coisa? Em 83, quando oFMI veio paraPortugal, eufuiche-fe de gabinete do Dr. MurteiraNabo, era ele secretário de Estadodos Transportes. A prestação doFMI naalturaeramuito mais con-tida.Asenhoraquecáestavanuncadeu uma entrevista, mantinha-senum posicionamento técnico. Ostempos mudarammuito e as sobe-ranias dos países também, infeliz-mente, nomeadamente a nossa, eisso é umacoisaque me perturba.

Perguntámos aos convidados nesta sala se, um ano depois, a troika foi uma boa solução para Portugal. Três quar-tos disseram que sim. Concorda? É a solução possível, não havia

outra,nãohaviaalternativa.Écomonasempresas,nomomentoemquese tem de pagar salários, em que setem de pagar aquilo que é funda-mental para que a empresa, nestecaso o País continuar a funcionar,tem de se recorrer às soluções queexistam.Nestecaso,foiatroika.Tal-veztenhavindoumpoucojátardia.Setivessemtomadoestadecisãohámaistempo,secalharteriasidome-lhorparao futuro do País.

Falou do papel do Governo. E quanto

ao papel do PS enquanto oposição? Nãofaçopartedenenhumórgão

do PS. Agoraháumacoisalhe digo,équeemqualquerPaís,eemPortu-galtambém,temdehavernoParla-mento alternância forte. É funda-mentalparaquemgovernae é fun-damental para que os cidadãos sevejam representados, as suas posi-ções, os seus problemas, noutraspessoas. E isso aplica-se ao PS, aoBloco de Esquerda, ao Partido Co-munista, atodos os partidos.

E quanto ao PS? O Partido Socialista é um parti-

do em transição. É um partido emqueoseulídersaiudeprimeiro-mi-nistro, já há um ano, com as carac-terísticas que tinha, com a marcaquedeixounasociedadeportugue-sa. O Dr. António José Seguro, ac-tual líder do PS, e meu amigo hámuitosanos,éumapessoadeeleva-da seriedade. É uma pessoa comuma postura moderada relativa-menteàsociedadeportuguesaequetemde tero seutempo parase afir-marrelativamenteaoquesãoasal-ternâncias necessárias àsociedadeportuguesa.

Há uma coisa que estou a vercomo positiva, aquilo que ele temvindoadefender,porexemploane-cessidade de acompanhar a políti-ca de consolidação orçamental, dehaverumapolíticade crescimentodaeconomiaedeemprego.Elevembatalhandonistoháumano.Noiní-ciomuitosozinho,maspelosvistosestá a fazer escola. O presidentefrancês eleito, defende o mesmo.

Eeu,nãoseiporquê,mascheira-mequeiráhaveralgomuitoimpor-tante paraacoesão do País: encon-trar maneira de o Governo e o PS,nãoseiporqueforma,introduziremumaditamento ao Tratado no sen-tido de criar uma obrigatoriedadede políticas de crescimento econó-mico e criação de emprego.

J ORG E COELH O, PRESI DEN TE EXECU TI VO DA M OTA-EN G I L , N O H ORA H

“Mas há dúvidas?Quem mandaé a troika”

Percebe a frustração com os políticos e garante que jánão o é - nem será. Diz que a construção tem as costaslargas. E que é preciso salvá-la PEDRO S. GUERREIRO e MIGUEL BALTAZAR Fotos

Hora H | Entrevista ao vivo, perante uma plateia de 150 convidados e em directo onli

Page 3: Empresasestãoapagar - Aventri · Omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhode Administraçãodaminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose,

Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 | 5.

ESCU TAS

“Para facilitara vida a quemtem de ouvir oque dizem osoutros mantiveo telemóvel, é omesmo há 20anos.” [Risosna plateia]

ACORDO G OVERN O/PS

“Não seiporquê, mascheira-me queirá haver algomuitoimportantepara a coesãodo País.”

CON SOLI DAÇÃO

“A Europa,com as contascertas, massem ser umaEuropa social,para mim, nãofaz sentido.”

Discursodirecto

O que sente quando ouve dizer que o Dr. Miguel Relvas é “o Jorge Coelho” deste Governo”? Não sinto nada. Mas quero es-

clarecer uma coisa. Eu sou amigodas pessoas quando estão nas fa-ses boas e quando estão nas fasesmás. Sempre. Sou amigo há mui-tos anos do Dr. MiguelRelvas. Nãoé por qualquer situação desta na-tureza...

As pressões sobre o Público. ... que comcertezavaiserinves-

tigada e se houver alguma coisaparaele serpenalizado, deve sê-lo.Mas há uma coisa que para mimnão cai: eu nunca deixei cair umamigo naminhavida, nunca. Prin-cipalmente nas situações em queestejam pior, sejam eles meus ad-versários… Isso, para mim, contapouco. E quanto mais conheço avida, mais acho que o sentimentomais profundo que pode unir aspessoas – podemterdivergências,podem até já se ter pegado – é a

amizade e a solidariedade.

Deixe-me adivinhar: nunca pressio-nou um jornalista. Você pode dizerisso, é director

há muitos anos de um jornal. Fi-caria mal a mim estar aqui a dizerse pressionei oudeixei de pressio-nar. Uma coisa digo: essas coisascostumam ser públicas e eu du-rante muitos anos tive relação di-recta com o jornais, toda a gentetem o meu telemóvel, é o mesmo.Euparafacilitaravidaaquemtemde ouvir o que dizem os outrosmantive o meu telemóvel, é sem-pre o mesmo, há mais de 20 anos.[Risos naplateia] Assimfacilita-see diminui-se os gastos do Estadopara não terem de andar à procu-ra dos telemóveis.

Os jornalistas sabem qual é omeu número de telefone. Eu falocom todos com respeito, mas exi-gindo tambémque tenhamrespei-to por mim. E não me tenho dadomal ao fim destes anos todos.

Relvas? “Nunca deixei cairum amigo na minha vida”

Fala num possível entendimento entre o PS e o Governo para anteciparem me-didas de crescimento na Europa. O crescimentoéumdesafioqueas

forçaspolíticasquegovernamoPaísnãopodemcontinuaradizerquenão.Todaagente jádisse isto. O senhorProf.CavacoSilva,cadavezquefala,metadedotempoestáadizeristo.ÉopresidentedosEUA,daFrança,éaSrª.Merkel.Euseiquetemosumaestra-tégia combinada com os alemães eachamosqueéporaíocaminho,quetudoistovaificarcerto.Mastambémnãoéprecisoquetenhaquesermes-mo aSrª. Merkel adizerque vamospôr[ocrescimentonopacto]parade-

pois dizermos nós que também va-mospôr.Temosdeterautonomia.

Estás preocupado com a Europa? AEuropaouseafirmaenquanto

projectoeuropeunomomentodecri-sequeestamosaatravessar,oudeixadeexistirenquantoprojecto.Eseelasearticulouparateraquianecessida-dedeobrigarospaísesaumprocessodeconsolidaçãoorçamental,éobriga-tórioparaaEuropaencontrarmanei-radecriarumprocessodeconsolida-ção social. AEuropa com as contascertas,massemserumaEuropaso-cial,paramim,nãofazsentido.Achoqueissoéqueédeterminante.

“Crescimento? Não há queesperar pela Sr.ª Merkel...”

“O ministro dos Negócios Estran-geiros tem feito um trabalho ex-celente”, afirmou Jorge Coelho,já à saída do Hora H. “Tem tidoum relacionamento com as em-presas muito forte, no sentido daarticulação dos interesses das em-presas com outros países. O Dr.Paulo Portas não visita nenhumpaís em que não envolva as em-presas portuguesas e prepare oterreno. E resolveu o problema

dos vistos em Angola, que era umproblema grande para as empre-sas”. Sobre Angola, Jorge Coelhodeixaumarecomendação: “O Go-verno devia aproveitar mais oprestígio enorme que o Presiden-te da República tem em Angola.Um prestígio enorme! O Dr. Ca-vaco Silva é uma pessoa respeita-díssima em Angola e amada peloseu povo. Isso é muito importan-te também para Portugal.”

“Cavaco é prestigiado,Portas é excelente”

ine

Page 4: Empresasestãoapagar - Aventri · Omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhode Administraçãodaminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose,

.6 | Primeira Linha | Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012

A “política de betão” das últimas déca-das em Portugal foi um erro? Gosto de falar daquilo que sei, e

o que sei melhor foram os temposemque tive funções governativas efui co-responsável de decisões quelevaram a que Portugal tivesse umsalto no seudesenvolvimento. Nosúltimos dias estive a ler documen-tos e a preparar-me, porque vou aum encontro ibero-americano emMadridparafalarsobreopapeldasparcerias público-privadas (PPP)naresoluçãodosdéficesdeinfra-es-truturasqueexistemnessespaíses.Todosessespaísesnãoterãoloucosa governá-los que acharão que asPPPsãoabasedaliquidaçãodeumpaís como muitas vezes aqui se es-creve emPortugal!

Não percebe por que se escreve isso? Porque é que se discute a ques-

tão das PPP, do betão, em todo omundo? Emprimeirolugar,osEs-tados,atravésdosgovernos,sentemnecessidadederesolverproblemasdosseusconcidadãosdeumaformamaisrápidadoqueseriaopercursonormalparadesenvolveressespaí-ses. Têm essa pressão do cidadão.

Em segundo lugar, quase nenhumpaís tem capacidade através do in-vestimento público directo paradesenvolveressesprojectos.Omo-delodasPPPéumexcelentemode-lo, tem é de ser bem feito. E o quequerdizerserbemfeito?

Boa pergunta: o quê? Tem de haver um encontro ge-

racionalentreaquiloquesãooscus-tosquedaíadvêmparaaquelagera-çãoeparaasgeraçõesseguintes,eacapacidade que os países têm decriar riqueza que lhes permita pa-gar esses compromissos. Esse é opontodeequilíbrioemqueasques-tões têm de ser tratadas. E sabe oque fuifazer? Até fiqueisatisfeito edormihojemaistranquilo...Fuiveros anos emque fui do Governo, emque foi aprovado e organizado porJoão Cravinho um pacote de PPP.Ele organizou, mas eu sou tão res-ponsável quanto ele porque estavanoConselhodeMinistrosqueapro-vou isso e depois fui ministro dasObras Públicas e dei sequência aesseprojecto.Fuivertaxasdecres-cimento, défice e emprego nestesseisanosemqueestivenogoverno.

E nestes seis anos as taxas de cres-cimento foram sempre acima dos3%, o défice sempre abaixo dos 3%e tínhamos uma taxa de 7% de de-semprego. Estas são condições bá-sicasparasepoderdesenvolverumprojecto de PPP asério.

Mas o pagamento passou para as pró-ximas gerações... Naalturafoi feito um pacote de

PPP, lançadas com a economia acrescer,odéficecontrolado,comca-pacidade para as gerações vindou-raspoderemusufruirdeumdesen-volvimentodiferentedopaís.EstasPPP são geradoras de desenvolvi-mento,deeficiênciaedecoesãona-cional. O desenvolvimento de umpaísnãopodeserfeitosónaáreadobetão, como é óbvio, mas aáreadobetão,deconstruçãodeinfra-estru-turas, deconstruçãodeequipamen-tos,melhoraavidadaspessoas.Cadavezquesefazumaauto-estradapararasgar o Interior parasítios inaces-síveisestá-seacriarempregoedes-envolvimento naquelaregião. Ago-ra,tudoistotemdeserfeitocomar-ticulaçãoeponderação.Eutrabalheinisso, tomei decisões, estou cons-

cientedelaseachoquefizbem.

Não está arrependido de nenhuma de-las? De nenhuma delas. Fui estudá-

lasagoraporquevoutercomcerte-za de ir à comissão de inquérito aoParlamento falarde PPP. O que fiz,fizbem,nomomentocertoecomoenquadramento correcto.

Quando for à comissão de inquérito vai defender as PPP? Voudefenderaquiloqueconhe-

ço.Eoqueconheçoéaquiloemqueparticipei.

Deixe-me fazer a pergunta de uma for-ma prosaica: há estradas a mais em Portugal? Nãoháestradasamaisnemame-

nos.OndeháestradasamenoséemAngola, em Moçambique, nos paí-ses onde procuro neste momentotercomoobjectivocentralconstruirestradasnovas.EmPortugal,emter-mos de infra-estruturas destaárea,estamos a acabar de construir oDouroInterioretemosemconstru-ção o Pinhal Interior. Não temosmais nada em termos de estradas.

EmPortugalmuitasvezessearran-jabodesexpiatóriosparaosproble-mas que vivemos. Muitas vezes sediscute, e eu vejo natelevisão mui-tos programas de debate, arespon-sabilizaçãodaáreadobetão,masnaáreado betão, infelizmente paraasempresas,tem-sefaladomaisdoquesefaz.Veja:oquejásediscutiusobreonovoaeroportodeLisboa! Omeugrupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhodeAdministração da minha empresa[AntónioMota]começouasuavidaprofissionalquandotinha23anose,quandoentrou,opaimandou-otra-balhar na área da construção donovoaeroportodeLisboa!Devemosser o país onde mais estudos se fa-zem no mundo. As consultoras emPortugaltêmummercadoextraor-dinário. Imagino quanto é que jásegastouemestudosparaoaeroportoe paraas diversas altas velocidades.Háumacoisaqueéumfacto:nãosepode dizer que é por causa da con-cessão do aeroporto que o país en-trou em crise. Não há aeroporto!Não é por causa da alta velocidadeque o país entrou em crise, porquenãoháaltavelocidade!

“O modelodas PPP é umexcelente modelo,tem é deser bem feito”

Jorge Coelho, que se prepara para ir àcomissão de inquérito às PPP, garanteque o Governo que integrou avançoucom parcerias no enquadramento certo

Jorge Coelho no Hora H

Jorge Coelho | O CEO da Mota-Engil tem estado a estudar as PPP contratadas pelo Governo de que fez parte.

Page 5: Empresasestãoapagar - Aventri · Omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhode Administraçãodaminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose,

.Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 | Primeira Linha | 7

No último Governo, a Mota-Engil ganhou duas grandes sub-concessões de estra-das e foi o grupo que ganhou mais obras na Parque Escolar. Foi a construtora do regime. Omeupresidentedoconselhode

administração costuma dizer quequandooprofessorCavacoSilvafoiprimeiro-ministro o grupo Mota-Engil, onde eu não trabalhava, eraconsideradaaconstrutoralaranja;depoispassouaoengenheiroGuter-res e eraaconstrutorarosa; agoraéconstrutoradeoutracoisaqualquer.Também fui analisar atemáticadoParqueEscolar.Ejátivequeterumaconversamuitosériacomomeuco-legaquelideraaáreadaconstruçãoemPortugalporque,naverdade,nósnão fizemos bom trabalho na Par-queEscolar.Nósnãotivemossequermetadedequotadecontratos,queéo que que temos no país. [Risos naplateia] Se temos mais trabalhado-res, mais equipamento, mais insta-

lações, pagamos mais impostos, te-ríamos de ter mais obras do que ti-vemos.Nessaáreafizemosoquefa-zemos em todas, com profissiona-lismo, acabando as obras a tempo,sem derrapagens, correspondendoaoscadernosdeencargos.

O que se vai passar no sector da cons-trução nos próximos meses? Cadavezhámenostrabalho.Nos

últimos dois anos aMota-Engil di-minuiuemPortugalcercade30%dasuaactividade e temos previsto di-minuiràvoltade 10% em 2012. Es-tamos aadaptar as diminuições devolume de negócios que temos emPortugalàquiloqueresultadaestra-tégiade internacionalização de ne-gócios e diversificação. Temos milportugueses atrabalharno estran-geiro.Estamosacolocar300portu-gueses naobraque temos no Mala-wi paraaVale do Rio Doce e vamosmandar 30engenheirosparaoPeru.

Há futuro para o sector da construção? Tem de haver. O sector corres-

pondea20%doPIBea18%domer-cado de trabalho. Se não tiverfutu-ro o País vaidestaparamelhor.

Há uns meses disse que a banca devia liderar a reestruturação do sector. Em boa parte isso já está a acontecer atra-vés dos fundos de reestruturação... Acho muitoimportante Asem-

presas têm de se reorganizar, criarcondiçõesdeestabilidade,dedimi-nuição de custos, juntar forças nocampodainternacionalização,paraimpedir que hajao desmoronar demuitas dessas empresas. E há me-didas quetêmdesertomadas.Umaé a questão da reabilitação. Depoishá medidas concretas para ajudarasempresas:resolverosproblemasdasgarantiasbancárias,opagamen-to das dívidas do Estado às empre-sas, nomeadamente do sector au-tárquico e daMadeira.

Quando fala em redução de custos, quer dizer que vai despedir? Nósestamosareduzircustossem

fazerqualquerdespedimentocolec-tivo. Na minha empresa andámosmaiscedoqueoGoverno,hámuitosanosqueosadministradoresedirec-toresviajamemexecutiva.

Executiva? Ou turística?Económica! Eudisse executiva?

Era a vontade que eu tinha (risos).Baixámosoníveldoscarros,renego-ciámosseguros,viagens...tudo!Pou-pámos milhões comestas decisões.Estamos a fazer tudo para que nãohajadespedimentoscolectivos.

E estão a estudar a criação de “hol-dings” fora de Portugal... Exactamente,temavercomasi-

tuaçãofinanceira.Éimpensávelcon-tinuarmosafinanciarinvestimentosnoexterioratravésdabancaportu-guesa.

PARQU E ESCOLAR

“Nem sequerfizemos umbom trabalhona ParqueEscolar.Devíamoster tidomais obra.”

PPP

“Vou defenderaquilo queconheço. E oque conheçoé que aquiloem queparticipei.”

Discursodirecto

Recebemos muitas perguntas dos lei-tores do Negócios. Mas não posso fa-zer-lhe metade dessas perguntas, por causa da linguagem e da agressivida-de. Todas elas têm uma coisa em co-mum, o seu passado político e a sua passagem para a Mota. Ser hoje polí-tico, mais do que currículo, dá cadas-tro? Essareacçãodaspessoaséabso-

lutamentenormal.Vivemosnumasociedade em crise, num país comproblemasprofundosecomoéob-vio há sempre necessidade de en-contrar focos para fazer incidiraquiloqueéonossoestadodeespí-rito, neste caso mais negativo. Eusaí exactamente há11 anos daacti-vidade governativa, tenho levadopancadadafortesemqualquertipode problema.

Mas vejo sair nos últimos tem-pospessoasquevãodirectasdeumlado para o outro e ninguém falanisso,nomeadamenteacomunica-ção social. Fico contente, é porqueeu na verdade devo ter significadoalguma coisa em Portugal quandoexerci funções políticas, e devo si-gnificar algumacoisahoje quandoexerço funções empresariais.

Há animosidade em relação aos políti-cos. É uma culpabilização da classe po-lítica ou se o povo está errado? Parto sempre do pressuposto

queopovonuncaestáerrado.Ore-

sultadodaseleiçõesfoisemprejus-to. Háuns anos eu disse que só umindivíduo que não esteja mesmomuito bem da cabeça é que vaiexercerfunções políticas. Porcau-sa das consequências que daí ad-vêmparaaspessoas.Tudovaisem-pre acabar mal. Não tenham duvi-da nenhuma, mesmo as pessoasquehojeestãoagovernarPortugale que até achamque estão afazeroseumelhorparaqueopaíssejame-lhor,nãotenhamdúvidanenhumaque tudo isto vai acabar mal, por-que acabasempre mal.

Vai acabar mal para as pessoas ou para o país? Espero que para o país acabe

melhor,paraaspessoasésecundá-rio,porqueresolverãoasuavidadeoutramaneira.Masodesgastehoje,a mediatização com que são exer-cidas essas funções é gigantesco. Oproblema é genérico e também deavidez por parte dos cidadãos dequerereminvestigar,inspeccionaravidados políticos, de quem exer-ce as suas funções ao mais alto ní-vel, em todas as instituições. E istocomeça a ser assim também nosempresários.Avidaestádifícil.Nãosóparaospolíticos,estádifícilparaosempresárioseaté,segundoouçodizer, para os jornalistas e para osresponsáveis da comunicação emtodo o mundo...

“Há avidez dos cidadãosem inspeccionara vida dos políticos”

“Se a construção não tiver futuroo país vai desta para melhor”

A actividadeinternacional contribuiu,no primeiro trimestre do

ano, com 55% para o negócio daMota-Engil, tendo África sido oprincipal responsável peloaumento de 11,6% das receitasdo grupo. No primeiro trimestre,o volume de negócios daempresa liderada por JorgeCoelho subiu de 431 para 481,5milhões de euros. O resultadolíquido atribuível ao gruporegistou um avanço de 45%,passando de 3,1 milhões de eurospara 4,5 milhões. Em Portugal foiregistada uma quebra de 6% dovolume de negócios para 223milhões de euros. A carteira deencomendas no final de Marçoascendia a 3,7 mil milhões deeuros, dos quais 2,6 mil milhõesem mercados externos, ou seja,mais de 70%.

África dá impulsopara subida de45% dos lucros

Page 6: Empresasestãoapagar - Aventri · Omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhode Administraçãodaminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose,

8 | Primeira Linha | Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012

“Ainda há um pensamento bastanteneo-colonialista” em relação a AngolaInvestimento angolano é igual ao feito pela China ou por Omã

Jorge Coelho no Hora H

I N VESTI M EN TO

“Nãoaconselhonenhumaempresacom problemafinanceirosa ir paraAngola.Não é lá que osvai resolver.”

Discursodirecto

TAP devecontinuara ser “umaempresade bandeira”

Quando contratou Fernando Pin-to para a TAP achou que ele podia aqui estar 12 anos depois? Quando eu e o engenheiro

Guilhermino Rodrigues, pre-sidente da ANA, tomamos adecisão de o contratarasitua-ção da TAP era só esta: estavaem falência absoluta e o Esta-do português estava proibidode lá injectar dinheiro, e bem.pela UE (tínhamos a sorte naaltura de a vice-presidente daComissão Europeia ser umaquerida amiga de Portugal epessoal,LoyoladelPalácioqueinfelizmente já morreu). Nãotinha dinheiro para pagar sa-lários!EoengneheiroFernan-do Pinto, um profissional ex-traordinário, teve um papelfantástico narecuperação da-quela empresa. É um grandeprofissional e eu acho que osdiversos governos só tiverama ganhar em o ter cá e o ter àfrente da privatização da em-presa, porque ele é uma enor-me mais-valiaparaaempresae aprivatização.

Defende a privatização da TAP neste momento? A TAP tem um problema:

as regras de não injecção defundos públicos porparte dosgovernos que já existia há 12anos continua a manter-se. ATAP não tem capacidade fi-nanceiraparase aguentarporsi própria. Portanto tem queterinjecção de capital. O Esta-do português não tem capaci-dade de injectar capital naTAP.Nãoháalternativasenãoaaberturade capital.

Mas acho que a empresadeve continuaraser umaem-presa de bandeira com as ca-racterísticasportuguesasees-toude acordo comaprivatiza-ção da TAP articulada com aprivatização daANAno senti-do de manter em Portugal ohub que foi possível quer aTAP quer a administração daANAcriarem.

O poder no Hora H | Maria de Belém, presidente do Partido Socialista, marcou presença no Hora H. Assim como Francisco Murteira Nabo.

Há alguns meses disse que quem vai para Angola sem estar preparado deve também levar o caixão porque cá sem-pre é mais barato. Viu muita gente en-terrar-se em Angola? EstamosaviveremPortugaluma

situação muito complexae é natu-ral que os empresários procuremoutras soluções para as suas vidas.Masaexperiênciadiz-mequeépre-ciso muito cuidado. É preciso estu-dar o mercado, ter bons parceiros,ter músculo financeiro. Eu nãoaconselhoanenhumaempresaquetenhaproblemafinanceirosairparaAngola. Não é láque os vairesolver.Tem de ter músculo paraaguentarpagamentostardios.

Quanto é que a Mota -Engil tem a rece-ber do Estado angolano? Tudo corre com normalidade.

Nãohámaisnadaquesepossadizer:tudocorrecomnormalidade.Aliás,nenhumaempresaque pode dizeroutracoisa:tudocorrecomnorma-lidade[risosnaplateia].

Estive em Angolano sábado, es-tiveemalgumasreuniõescomfigu-ras de responsabilidade, nomeada-mente o ministro daCoordenaçãoEconómica,easituaçãoeconómicae financeirado país é notável. Uma

taxadecrescimentoprevistade10%,umataxadeinflaçãocontrolada,aonívelmaisbaixodesdeofimdague-rra,eumsuperávitorçamental,queéalgoquenóssóconhecemosdosli-vros.

Angolarepresentamais de 20%dopesoglobaldoGrupo.Masnóste-mos umaestratégia: não queremosficardependentes de nenhumpaís,de nenhum mercado, de nenhumnegócio, nem de nenhumapessoa.Incluindo de mim. Essa é umaquestãocentralnaestratégiadogru-po.Nãopodehaverdependênciasdeninguém. Portanto também nãoqueremosficardependentesdeAn-gola. É por isso que estamos acres-cerem Moçambique, no Peru e emoutrospaíses.

Há muitas reservas em relação ao inves-timento angolano em Portugal. É pre-conceito ou há razões para essas reser-vas? Eusou-lhefranco...Secalharaté

éarriscadoaquiloquevoudizer.Ain-daháumpensamentobastanteneo-colonialistaemcadaumdenós.An-gola, goste-se ou não, é um país in-dependente,soberano,temleispró-prias.Ganhouasuaindependência,tem direito agovernar-se segundo

aquelasquesãoassuasprópriasre-gras. Na situação em que estamos,demuitacomplexidade,emquene-cessitamos de investimento exter-no, acho que só por pensamentosum pouco negativos relativamenteaalgum passado por resolver é quepode não se considerar o investi-mento angolano idêntico ao inves-timento chinês que entrou naEDPenaREN, aoinvestimentodeOmãque entrou na REN, ou outro queviráparaaTAPeparaaANA,secal-harcolombianooudeoutranature-zaqualquer.

Aquestão que se pode colocar ése Portugal está a privatizar o quedeveeseestáafazê-lodaformamel-hor.Massobreissoaíquemdedirei-to que se pronuncia. Não podemosé querer que Angola nos abra osbraços parairmos trabalharparaláesermosbemtratados,eaquiosca-pitaiseosquadrosangolanosnãose-rembemtratados.Temdehaverre-ciprocidadetotalatodososníveis.

Veria com bons olhos a entrada da So-nangol no capital da Mota-Engil em Por-tugal? Aempresaestánabolsa,estáco-

tada, se um dia quiserem compraracções,sãobem-vindos.

Page 7: Empresasestãoapagar - Aventri · Omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhode Administraçãodaminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose,

.10 | Primeira Linha | Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012

O engenheiro Motanão estavanopequeno-almoço que o presidenteexecutivo da sua empresa tomouontem em Lisboa. Erapreciso queestivesse? Não. Jorge Coelho nãoprecisade seracolitado, nem leva-do em braços, nem de palavrinhasde incentivo no intervalo de cadaround.JorgeCoelhoédeumaauto-suficiênciarara.Éhumilde,nãotempeneiras. Mas sabe dasuacompe-tência.Einteligência.

Manhãdeterça-feira.Quemestáno Hora H com Jorge Coelho?Onde estáo dinheiro? Onde estãoosbanqueiros?Amassa,aquelaquefaltaaopaís,deveestaralgures.Pen-seiqueestivessenaconstrução,umavezquenãoestánosbancos–dizemos bancos. Mas não estánasala. Asalaestácheiadeumpoderquenãoaparece nas primeiras páginas dosjornais. Um poderque não mandachamaratroika.Umpodersemno-mes sonantes. Mas um poder quefazgrandesnegócios.Logo,umpo-derquemanda.

Na sessão anterior do Hora H,comCarlosCosta,opoderexplícitodissepresenteaosenhorGoverna-dor.Bancos,CEO’sdeempresasdoPSI-20, advogados de negócios.Respeitinho é muito bonito. Destavez, os Salgados e os Amados estãoatomaro pequeno-almoço noutrafreguesia. Mesmo que Salgado, se-gundoconsta,sejaumamigo.Oúni-cobanqueironasalaéCarlosRodri-gues, presidente do BIG (o melhordos pequenos bancos, segundo aExame).

Queméestepoderquequerou-virJorgeCoelho?O‘oldmoney’nãoestá.Ooutro‘money’nãoestápor-que, apesarde estarmos em Maio,nãoétempoderosas.

Começaasessão. Pedro SantosGuerreirofaladoníveldeagressivi-dadenasquestõesdosleitores.Hou-ve um tempo em que se praticou,como quem pratica musculação,

umódiodeestimaçãoaJorgeCoe-lho. Coelhone, paraos seguidoresdo Contra-Informação, era o ho-mem que tinhamão no aparelho eoaparelhonamão.Comoarbona-cheirão de quemnão estáadarummurro no estômago, se forprecisodarummurronoestômago.PorqueéqueCoelhonenãoéquerido?“Te-nholevadopancadadaforte”,diz.Ecomeçaaseduzir.

Estaplateiagostadele.Estapla-teia precisa dele? Quase todas aspessoasdestaplateiadesejamfazernegócios.Comele?Porquenãocomele?

Háumaseduçãoquevempron-tadecasa.Provavelmentetrazianobolsoesta:“Sóumtipoquenãoestábom dacabeçavai paraapolítica…Tudo isto vai acabarmal.” Ouesta:“Há futuro para a construção emPortugal? Tem de haver, senão opaísvaidestaparamelhor.”

Usarexpressões populares, nãobotarumapalavrapomposanodis-curso criaumainstantâneaproxi-midade. Todos dizemos palavrõesno recreio. E chamamos os ‘boys’pelos nomes. Numaentrevistape-ranteumaplateiaéprecisotercui-dados. Sobre Angola, porexemplo,é prudente dizerque tudo corre nanormalidade.Todaagentecomdoisdedosdetestasabequenãopodedi-zer outracoisa, mesmo paraabrirum café com balcão de alumínio.Pelomenos,foiistoqueentendidaspalavras(omissas)deCoelhosobreAngola.

Também não se pode dizerqueasPPPforamruinosas.Coelhocon-sultoupáginasepáginasparadebi-taroquesabequevaisertítuloere-petidoàsociedade:nãosearrepen-dedenenhumaPPPquetenhasaí-do do seuministério. Nemdas quenegociouquandopassouparaoou-tro lado dabarricada, presume-se.Naplateia,detectam-sealgunsolha-rescínicos.Mastímidos.

Saiu da política e continua a ser visto como homem político AMota-Engil foi aconstrutoradoregime?Oentrevistadormeteuestaaseco, com o manifesto desejo deprovocarCoelho.Seráqueelenun-caseirrita?Não.Masarespostasaienrolada.Falarnaformaçãodosjo-

vensapropósitodaParqueEscolarfoi um remate demasiado fora dagrandeárea.Semparecer.

JorgeCoelhorematasempre.Ecomo rematasempre, não parecequefalhamuitosgolos.Amemóriafica nos que marca. Dito de outramaneira: Jorge Coelho respondesempre, e não responde comsins enãos.Éumextraordináriocontadordehistórias.Enocontardahistória,dissecaoproblema,engatilhaoquequeriaengatilhar,terminacomum‘soundbite’deeficáciagarantida.

Aplateiacontinuaasegui-lo.Osconsultores ouvem-no dizer quePortugaléopaísdomundoondeseelaborammaisestudos.Osadvoga-dosalimentamaesperançaderedi-gircontratos no Peru, onde o volu-me de negócios é de 200 milhões.(Pedro Rebelo de Sousachegatãotardequeficanumacadeirarenteàporta; é um habitué destes peque-nos-almoços.Ignorosenaqualida-dedeadvogadoou,agora,nadead-ministradordaCaixa.) Os directo-resdasagênciasdecomunicaçãoes-tão ali porque é preciso assistir àprocissão.Osamigosdesemprees-tão láporque há30 anos trabalha-ramnomesmogabinete,ouemga-binetes contíguos. MurteiraNabo,

Guilhermino Rodrigues, TorresCampos. “Nunca deixei cair umamigo”,dissenofinaldasessão.

Ospolíticosquasenãoestão,por-que “um grupo empresarial não semete empolítica. Ninguémme co-nheceactividadepolítica”.Coisaes-tranha: tendo saído dapolíticaháanos, Jorge Coelho continuaaserpercepcionado como um homempolítico. Queixa-se, aliás, das pes-soasqueandamcáelá,cáelá,enãoapanhamcommetade dos estilha-çosquelhecaíramemcimaquandopassoudoMinistériodasObrasPú-blicas paraumaempresade obraspúblicas.Comanosdeintervalo,de-fende-se. (Umadas raras vezes emqueotomdeCoelhosealtera:quan-do,peremptório,dizqueaindanãochegouomomentodedizerporquesaiudapolítica.)

Que políticaestánasala? Mariade Belém, a presidente do PS, namesa da frente. E só. O PS não é omesmo. O PS é “um partido emtransição”. Mesmo assim, Coelhodecide darumacolherde cháaSe-guro.Sãoamigosháanos,“éumho-mem de elevada seriedade”. E dáumaalfinetadazinhaaSócrates:“Atroikafoiasoluçãopossível,efoitar-dia…”.Atroikaquenemdisfarçaqueéelaquemanda.“NãoéumacríticaaoGoverno.Éumaconstatação.”

QueméJorgeCoelho?Éumpo-lítico,éumgestor?Éumgestorquefoipolítico.Oqueéqueelefoifazerao HoraH? Exibir, sem exibir, re-sultadostrimestrais.Enfiá-lospelagoeladosqueoacusamdefazerne-góciosàcustadapolítica.Calarpre-conceitoscomrelatórios.Falardos70% que se facturam lá fora. Dos30%decortescádentro(mais10%paraoano),semanecessidadedefa-zer despedimentos colectivos. Dodinheiroquepassouasermuitodi-fícil e caro em Portugal. Do grupo(Mota-Engil) que tem de servistocomo um todo. Dos números queestãodoladodele.

E quanto a percepções públi-cas,éparaoladoparaondedormemelhor. Coelho deve olhar para aplateia e pensar para si próprio:paraondetuvais,jáeudelávenho.Nunca exibe esta atitude. Pelocontrário. Mas jásão muitos anosavirarfrangos.

Tomem lá do Coelho

Jorge Coelho responde sempre, e não responde com sins e nãos.É um extraordinário contador de histórias. E termina com um‘soundbite’ de eficácia garantida

Jorge Coelho no Hora H

S A L A C H E I A

Luís Santana | O administrador daCofina marcou presença na iniciativado Negócios.

POLÍTI CA

Jorge Coelhodecide daruma colher dechá a Seguro.“É um homemde elevadaseriedade.”

Discursodirecto

REPORTAGEMANABELAMOTARIBEIRO

Page 8: Empresasestãoapagar - Aventri · Omeu grupoacaboudesairdoquartocon-sórcio.OpresidentedoConselhode Administraçãodaminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose,

.Jornal de Negócios | Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 | Primeira Linha | 11

PA R A O U V I R O L ÍD E R D A M O TA- E N G I L

Pub

António de Almeida | Opresidente da FundaçãoEDP, em primeiro plano.A seu lado, Hélder Oliveira,presidente da SPE.

Francisco Ribeiro dos Reis(à esq.) e António Capinha| Pesidente do Metro deLisboa e o assessor delonga data Jorge Coelho.

Pedro Gonçalves |Presidente do Vallis, fundopara a consolidação dosector da construção e ex--líder da Soares da Costa.

Da esquerda para a direita nasfotos pequenas. Maria de Belém,Pedro Araújo e Sá e Carlos CostaPina | A presidente do PS, oadministrador da Cofina e oadministrador da Galp Energiaforam três das mais de 150personalidades que marcarampresença no Hora H com JorgeCoelho, presidente executivo daMota-Engil. Sala cheia, no hotelSheraton, para ouvir o líder damaior construtora nacional.