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ANO XII • NÚMERO 36 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2004 • Congresso de alto nível, celebração solene, carrilhão magnífico e cantata imponente | pág. 261 Encerramento do Ano Agostiniano • Ordenações | pág. 276 Dois presbíteros e um diácono para a Diocese • História | pág. 333 O Bispado de Leiria nos Séculos XVII e XVIII documentos pastorais em destaque notícias reflexões história docu

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Page 1: Encerramento do Ano Agostiniano Dois presbíteros e um ... e cor no Colégio de S.Miguel 294 “A vida em Cristo” – Guião para formação permanente 294 Congresso Eucarístico

ANO XII • NÚMERO 36 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2004

• Congresso de alto nível, celebração solene,carrilhão magnífico e cantata imponente | pág. 261

Encerramento doAno Agostiniano

• Ordenações | pág. 276

Dois presbíteros e um diácono para a Diocese

• História | pág. 333

O Bispado de Leiria nos Séculos XVII e XVIII

documentos pastorais • em destaque • notícias • reflexões • história • docu

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Leiria-FátimaÓrgão Oficial da Diocese

ANO XII • NÚMERO 36 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2004

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Ficha Técnica

DirectorLuís Inácio João

Chefe de RedacçãoLuís Miguel Ferraz

AdministradorHenrique Dias da Silva

Conselho de RedacçãoBelmira de SousaJorge GuardaLuciano CristinoManuel MelquíadesSaul Gomes

Capa, Grafismo e PaginaçãoLuís Miguel Ferraz

PropriedadeDiocese de Leiria-Fátima

SedeSeminário Diocesano de Leiria2414-011 LeiriaTel. 244 832 760Fax 244 821 102Mail: [email protected]

Periodicidade . QuadrimestralTiragem . 420 exemplares

Assinatura anual - 12 eurosNúmero avulso - 4 euros

Impressão - Gráfica de Leiria

Depósito Legal - 64587/93

Os textos não assinados das secções noticio-sas são elaborados pelo chefe-de-redacção da revista LEIRIA-FÁTIMA, tomando por base os jornais diocesanos A VOZ DO DOMINGO e O MENSAGEIRO. As paróquias, serviços e movimentos poderão enviar-nos ecos das suas iniciativas e programação, para os contactos indicados nesta ficha técnica.

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Índice

EditorialSolidariedade 253

Documentos PastoraisNota Episcopal sobre o Sec. Diocesano das Obras Missionárias Pontifícias 255Comunicado do Conselho Pastoral Diocesano 256Comunicado do Conselho Presbiteral 257Nomeações episcopais 257Decreto episcopal da constituição da Comunidade Pastoral de S. Romão e Guimarota 258Decreto episcopal da constituição canónica do CPM da Diocese de Leiria-Fátima 259Saudação Natalícia 260

Em DestaqueEncerramento do Ano Agostiniano 261Inauguração do Carrilhão da Catedral 269Dia da Diocese - Celebrações ricas, mas tímidas 272Ordenações - Dois presbíteros e um diácono para a Diocese 276“Bíblia Manuscrita” - Diocese aderiu à iniciativa 280Projecto ASA 2004 282O Santuário de Fátima e as iniciativas inter-religiosas 285

NotíciasEspecialistas em azulejaria visitam igrejas de Ourém 291Semana da Pastoral Social - Compromisso dos Cristãos 291Pároco, Bispo e outros padres homenageados em Fátima 29150º aniversário da Fraternidade de Nuno Álvares 292Jubileus sacerdotais 293Encontro de Catequistas: Oração na catequese e na vida 293Santuário dos Milagres quer acolher melhor 293Alegria e cor no Colégio de S.Miguel 294“A vida em Cristo” – Guião para formação permanente 294Congresso Eucarístico Internacional 295Vicentinos elegem novo Conselho Central da Diocese 296Baptismo na cadeia de Leiria 297Homenagem ao ex-capelão das prisões de Leiria 297Assembleia-Geral das Conferências 298Coroa de ouro e pedras preciosas para Fátima 298Arcebispo Emérito de Belo Horizonte em Fátima 298Associação Promotora de Ensino e Formação de Fátima 299Nova equipa diocesana da JOC 299

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Índice

Vigília Missionária Diocesana 300Jornada de Espiritualidade 300Encontro regional Jovens Sem Fronteiras 300VI Fórum Ecuménico Jovem 301Papa recebe relíquias de S. Agostinho no Vaticano 301Semana dos Seminários 302Encontro Anual dos Animag 302Processo dos Pastorinhos já foi entregue no Vaticano 30420 anos da Fundação Maria Mãe da Esperança 305“O Compromisso Cristão na Sociedade e na Igreja” 305Jornada diocesana da Pastoral familiar 306Crianças adoram “Jesus Escondido” 306Fátima acolheu 2ª Missa da Esperança 307Assembleia do Apostolado Mundial de Fátima 307Jornadas de Pastoral Urbana de Leiria 308Jornadas do Movimento da Mensagem de Fátima 308CFC - Reflexão bíblica e teológica 308Encontro Nacional da Pastoral da Saúde 309Coesima - Fátima na optimização do turismo religioso 310Jovens sem Fronteiras – Criada a Região Centro 311Conselho Nacional da Pastoral Juvenil 31220º aniversário da JuFra 312Bodas de ouro sacerdotais e matrimoniais na Sé 312Hospitais das Misericórdias da Batalha e de Leiria 313“Luz da Paz” no Santuário de Fátima 314“Dez milhões de estrelas” no Natal 315Colóquio “A Paz na Doutrina Social da Igreja” 316Taizé em Lisboa 316Escolinha Três Pastorinhos em Moçambique 317Jornadas Mundiais da Juventude 318Secretariado da Juventude criou Blog 318Ex-votos do Santuário de N.ª Srª da Encarnação de Leiria 319

ReflexõesUma referência para o Ano da Eucaristia 320Unidade Pastoral de São Romão/Guimarota - Memorando 326Imaculada Conceição - 150 anos da proclamação do dogma 329Natal: de Quem, para quem? 331

HistóriaElementos para a História do Bispado de Leiria nos Séculos XVII e XVIII 333

Índice Geral - 2004 361

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Editorial

SolidariedadeQuem poderá ignorar o trágico tsunami que acaba de espalhar a morte e a

destruição numa extensa faixa costeira dos países do Sudoeste Asiático? Repentino, chocante, completamente ao arrepio das festas natalícias no seu auge. Num lapso de tempo, toda a humanidade foi abalada. O mundo chocou-se com os primeiros relatos e imagens, vai ficando apavorado com os detalhes horríveis que continuam a chegar, e siderado com a contagem interminável das vítimas. Improvisaram-se socorros e buscas, tentam-se agora identificações impossíveis e os mortos já são chorados nos quatro continentes. O sismo e a onda gigante repercutem-se pela Terra como se habitada por uma só família. Uma semana volvida, a mobilização é impressionante e deixa esperar que o auxílio seja suficiente. Assim este chegasse a tempo. Multiplicam-se iniciativas em todos os azimutes, a solidariedade está em marcha, como se cada um accionasse o próprio instinto de sobrevivência, numa identificação máxima com as vítimas.

No caos inevitável, é providencial uma entidade que, estimando as grandes urgências, coordene imediatamente as operações e proceda à consecução rápida dos meios. As Nações Unidas estão a agir e os governos dos mais diversos países sucedem-se a disponibilizar verbas, algumas verdadeiramente avultadas, e o desbloqueamento imediato de parte delas.

Não fora um apelo insistente a todos os países para que venham a concretizar efectivamente o que agora prometem, teríamos acreditado num instante que se reuniriam fácil e rapidamente os meios elevadíssimos requeridos não só para o socorro imediato como também para a subsequente reconstrução. Fortes reticências esfriaram a confiança. O referido apelo, em claro contraste com tanta manifestação de solidariedade, parece inscrever-se numa prudência aprendida numa experiência acumulada. Em circunstâncias idênticas, alguns dos países mais ricos e mais “generosos” em promessas têm ficado efectivamente aquém das verbas anunciadas. Onde estão as garantias da solidariedade prometida e tão necessária? Os próprios cidadãos pareceram resfriar, primeiro com a “boa consciência” da aplicação humanitária dos seus impostos, depois cedendo à “memória curta” e ao inevitável “longe da vista, longe do coração”. Perfidamente, os governos enalteceram-se, primeiro exibindo o sentimento de “dever humanitário” em uníssono com o sentimento do povo, depois, tirando vantagens do não cumprimento oportunista, certos do efeito amnésico do tempo na psicologia das multidões.

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A actual mobilização geral é sem precedentes, tal como o horror da catástrofe, e manter-se-á pelo menos enquanto as notícias, em vagas sucessivas, continuarem a desvendar, em chocante “directo”, a real dimensão do drama. Mas será esta solidariedade tão consistente e duradoura, quanto espontânea? Em todo o caso, por ora, ela aí está, forte, como sempre em circunstâncias idênticas. Tem que ser maximamente aproveitada mesmo que, e sobretudo porque talvez seja apenas episódica. A trágica situação das vítimas, essa vai, por certo, prolongar-se.

Em momentos como estes, um apelo ao cumprimento das promessas assumidas, soa como aviso e denúncia. A solidariedade tem que ser um atributo constante da condição humana. Não é suficiente que, em momentos particularmente dramáticos, a humanidade pareça talhada para activar “instintivamente” uma solidariedade de sobrevivência. Aliás, surjam iniciativas e meios que ponham a claro os fatídicos tsunami resultantes dum sistema globalizado de exclusão, que vitimam milhões de pessoas em curtíssimos lapsos de tempo. Talvez o “instinto” de sobrevivência da humanidade valha a tantas vítimas a quem se nega o mais elementar direito de justiça.

Só uma solidariedade ancorada no sentimento humano da comunhão, exigência ética e social, fundada na transcendência da pessoa humana e na igualdade fundamental de cada pessoa, povo e nação, evitará os tsunami mais terríveis, imputáveis ao próprio homem. Nessas catástrofes, como nas que, como a presente, apenas se podem atribuir à força implacável da natureza, será ainda e apenas essa solidariedade mais profunda, vivida como atributo da verdadeira cultura humana e que os cristãos sentem reforçada pelo Mandamento novo de Jesus, a garantir a profundidade e persistência de uma comunhão fiel com as vítimas, mesmo que se esvaneçam os sentimentos de compaixão e de afinidade suscitados pelo trauma da visibilidade dos dramas. As ajudas continuarão a ser imprescindíveis muito para além do choque inicial e da cobertura episódica dos acontecimentos.

Editorial

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Documentos Pastorais

Nota Episcopal sobre o Secretariado Diocesano

das Obras Missionárias Pontifícias1. O Secretariado Diocesano das Obras Missionárias Pontifícias tem estado

activo. É o pólo e o motor da acção missionária desta ‘porção’ da Igreja Universal, que é a Diocese de Leiria-Fátima.

A nossa Diocese tem acompanhado, e louva, quanto este serviço tem feito e projecta fazer no despertar e animar do espírito de evangelização e missionação. Do mesmo modo, presta homenagem aos missionários que partiram da nossa querida Diocese de Leiria-Fátima para terras e nações “que esperam por Alguém”.

2. De facto, a religiosidade está em toda a gente. E há muitas religiões, com os seus valores e costumes, que deverão ser respeitadas. Todavia, todos os cristãos devem estar estruturalmente convencidos e ser testemunhalmente convincentes, sem exageros de cruzada ou quase fundamentalismo e com a luz da Verdade e da Esperança, que o único Salvador é Jesus Cristo. Também não poderemos ficar indiferentes ou passivos perante ondas de materialismo ou indiferentismo, e sobretudo de face a organizações ateístas e satânicas, que surgem aqui e ali como bandeiras de rebelião, ou formas mais encarnadas de ateísmo prático, que proliferam como cogumelos em terrenos não cultivadas.

3. A nossa Igreja é toda ela missionária. Por consequência, todo o católico tem dentro de si o imperativo da missão. E há muitos cristãos leigos que consagram algum tempo do seu itinerário de vida para acções de solidariedade e evangelização nas antigas colónias portuguesas e noutras paragens. A Igreja não tem fronteiras e a sua Mensagem é universal.

Todavia, os missionários ordenados com o sacramento da Ordem são indispensáveis. Os documentos conciliares do Vaticano II sublinham esse aspecto. Por exemplo, diz expressamente, como recorda João Paulo II, na sua mensagem sobre “Eucaristia e Missão”, que “não se edifica a comunidade cristã se ela não tiver por raiz e centro a celebração da Eucaristia” (cfr. PO, 6). Por isso, precisamos mesmo de vocações sacerdotais missionárias. Não esquecer. Todos estamos empenhados e comprometidos com as vocações missionárias em geral e sacerdotais em especial. Para que “Eucaristia e Missão” sejam pólos de crescimento e celebração da Vida.

Leiria, 6 de Setembro de 2004† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

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Documentos Pastorais

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Documentos Pastorais

Comunicado do Conselho Pastoral DiocesanoA 9 de Outubro reuniu-se, em Fátima, o Conselho Pastoral Diocesano. A

análise da situação e da orientação pastoral nas suas diversas expressões foi o tema dominante deste Conselho. Concretamente, foi avaliado o trabalho efectuado no ano 2003/2004 e acompanhado o trabalho de planificação da Pastoral Diocesana para o ano 2004/2005. Foi também feito um ponto de situação ao estado de elaboração do Projecto de Pastoral, trabalho em realização na sequência do Sínodo Diocesano.

Foi analisada a situação da Pastoral das Vocações e detalhado um conjunto de sugestões para trabalho futuro, reconhecendo que a dinamização da Pastoral Vocacional requer o envolvimento global da Diocese e em especial de todos os agentes pastorais, educadores e animadores, a começar pela família.

Sobre o enquadramento actual da Pastoral de Fátima, o Conselho manifestou o total apoio às orientações e iniciativas dos responsáveis do Santuário.

Antes de concluir os trabalhos foi abordada a questão de novos centros de vida cristã e de animação pastoral, especialmente nas áreas urbanas.

No tempo de intervalo, foi possível a visita à exposição do projecto e maqueta da nova igreja da Santíssima Trindade e às obras da sua construção, tendo sido verificado com satisfação o bom curso das mesmas.

As próximas reuniões do Conselho Pastoral Diocesano realizar-se-ão nos dias 5 de Fevereiro, 18 de Junho e 8 de Outubro do ano 2005.

Solidários com o “Altar do Mundo” na abertura ao diálogo inter-religioso Na sequência das notícias vindas a público sobre a abertura do Santuário

de Fátima ao diálogo inter-religioso, o Conselho Pastoral Diocesano pensa ser importante informar:

1. em sintonia com o Concílio Vaticano II e as iniciativas Pastorais do Papa João Paulo II, é com satisfação que este Conselho, reconhece o esforço desenvolvido pelo Santuário de Fátima na promoção do diálogo ecuménico e inter-religioso, congregando em torno da Mensagem de Fátima o crescimento e fortalecimento deste diálogo;

2. na orientação e na prática Pastoral do Santuário é constante a interpretação da Mensagem de Fátima, sempre em comunhão com a Igreja e na atenção a todas as manifestações de graça de Nossa Senhora;

3. este Conselho Pastoral, respeitando a inquietação que veio a público a propósito de alguns acontecimentos ocorridos no Santuário, considera não existir fundamento para a mesma;

4. o Conselho Pastoral Diocesano lamenta a forma, sensacionalista e pouco objectiva, como alguns meios de comunicação social lançaram na opinião pública a questão.

Por fim, o Conselho Pastoral Diocesano manifesta o seu solidário apoio à linha de orientação seguida na Pastoral de Fátima.

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Documentos Pastorais

Comunicado do Conselho PresbiteralO Conselho Presbiteral da diocese de Leiria-Fátima reuniu-se no passado dia 18

de Outubro, sob a presidência de D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva.Especial atenção mereceu a Pastoral das Vocações, nomeadamente no que se

refere às vocações ao ministério ordenado. Elencaram-se algumas das características do mundo e da sociedade moderna, particularmente no que toca à vida da juventude. Concluiu-se que há necessidade de um forte trabalho de evangelização e catequese, para o qual se pede o envolvimento de toda a Diocese, em especial de todos os agentes de pastoral, educadores e animadores das comunidades. Referiu-se como muito importante o trabalho que realizam as famílias cristãs na educação da fé dos seus filhos. Referiu-se ainda a necessidade da nomeação de uma equipa diocesana responsável por este sector e da elaboração de um programa de acção que contemple os diversos níveis a que deve desenvolver-se este trabalho.

O plenário fez uma avaliação do modo como decorreu o Dia da Igreja Diocesana, celebrado no primeiro Domingo de Outubro e reconheceu a necessidade de uma maior mobilização para a participação nos diversos pontos do programa preparado, a fim de se dar maior expressão e visibilidade à realidade da Igreja como mistério de comunhão de crentes à volta do seu Bispo.

O Ano da Eucaristia, proclamado pelo Papa João Paulo II na sua alocução a propósito do Congresso Eucarístico Internacional, mereceu várias intervenções, que salientaram a urgência de congregar os fiéis à volta da mesa da Eucaristia, tanto nas celebrações dominicais, como noutros momentos de oração e adoração eucarística a promover pelas paróquias e pela Diocese.

A propósito da dinamização de novos centros de vida cristã na zona urbana de Leiria e Marinha Grande, o Conselho Presbiteral apontou para a oportunidade de investir em pessoas e meios adequados, pois são muitos os milhares de pessoas que ali estão a fixar residência. Soube-se que se estão a dar passos significativos para a construção de novos pólos pastorais na Quinta do Alçada e em S. Romão/Guimarota e que se pensa também na zona do Vale Sepal e Andrinos.

O Conselho Presbiteral manifestou ainda a sua solidariedade para com o Bispo da Diocese e o Reitor do Santuário de Fátima, no contexto das recentes notícias veiculadas por alguma comunicação social que envolviam as suas pessoas e as referidas instituições.

Nomeações episcopaisSerafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo da diocese de Leiria-Fátima, achou por bem:1. Tornar pública a nomeação do Rev. P. Pedro Miguel Ferreira Viva como

membro da equipa sacerdotal formadora do Seminário diocesano;

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Documentos Pastorais

2. Nomear vigário paroquial de Nossa Senhora das Misericórdias de Ourém o Rev. P. Manuel Henrique Gameiro de Jesus;

3. Nomear colaborador residente da paróquia da Maceira o Rev. Diácono André Antunes Batista.

Tendo presente o cânone 1111, delego nos Reverendos P. Manuel Henrique Gameiro de Jesus e André Antunes Batista a faculdade geral de assistir a Matrimónios dentro dos limites da respectiva paróquia.

Este Decreto entra em vigor na presente data.Leiria, 7 de Novembro 2004

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Decreto episcopal da constituição da Comunidade Pastoral de S. Romão e Guimarota

1. Considerando- que o objectivo supremo de toda a acção e organização pastoral na Igreja é

“o imediato e contínuo cuidado das almas” (Directório do Ministério Pastoral dos Bispos - DMPB, nº 176);

- que, na zona de S. Romão e Guimarota, das paróquias de Pousos e da Sé de Leiria, devido à crescente urbanização, tem aumentado consideravelmente a população residente e ali está em desenvolvimento uma comunidade cristã;

- que essa comunidade, em breve, poderá começar a construir uma nova igreja e centro pastoral e, segundo o parecer dos párocos em causa, se torna conveniente prover a um serviço pastoral mais próximo e estável, para o crescimento da vida cristã;

- que a referida comunidade ainda não reúne condições suficientes para ser erecta em paróquia (cân. 515) nem em quase-paróquia (cân. 516);

2. Tendo ouvido o Conselho Presbiteral e os párocos interessados, constituo, de acordo com o cân. 516 §2, a comunidade pastoral de S. Romão e Guimarota, abrangendo os aglomerados populacionais de Casais de S. José, Casal dos Matos e S. Romão, da paróquia dos Pousos; e Guimarota, Quinta de S. Venâncio e Quinta do Taborda (lado sul), da paróquia da Sé de Leiria.

3. A Comunidade será orientada por um sacerdote como seu responsável pastoral, com a faculdade de nela exercer o ministério, como se fosse pároco (cf DMPB, nº 183), em ordem a promover a vida cristã, pessoal e comunitária, incluindo a celebração dos sacramentos e sacramentais, nos termos do artigo 5 deste decreto.

4. A Comunidade organizar-se-á para que nela seja anunciada a palavra de Deus, celebrada a liturgia e vivido o amor fraterno, bem como praticada a solidariedade social, de modo especial para com os mais necessitados; nesse sentido, constituir-se-

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Documentos Pastorais

ão, quanto antes, as estruturas de comunhão previstas pelo direito canónico, como é o caso dos Conselhos Económico e Pastoral.

5. Tendo em conta a exigência canónica da sua anotação no registo paroquial, a celebração de baptismos, casamentos e óbitos far-se-á, em princípio, na igreja da Sé ou dos Pousos, conforme a paróquia a que os fiéis em causa pertençam. Para não prejudicar a acção pastoral e os legítimos desejos dos fiéis, os párocos em causa e o responsável pastoral procurarão acordar entre si as condições em que tais celebrações se realizarão e qual o ministro que a elas presidirá.

6. A Comunidade gozará de autonomia administrativa, devendo orientar-se pelas normas do Regulamento da Administração de Bens da Igreja na Diocese de Leiria-Fátima. O registo de bens e as contas bancárias, enquanto não for determinado diversamente, manterão a actual titularidade em nome da Fábrica da Igreja Paroquial dos Pousos – Comunidade de S. Romão e Guimarota, mas sob administração do responsável pastoral da Comunidade e respectivo Conselho Económico.

7. Os fiéis envidarão esforços para que a Comunidade seja dotada o mais depressa possível de igreja e outros edifícios necessários à acção pastoral nas suas várias dimensões.

8. A Comunidade contribuirá, segundo as suas possibilidades, para a remuneração dos responsáveis pastorais que estejam ao serviço da mesma.

9. Os casos omissos serão resolvidos segundo as normas do direito canónico, à luz da caridade pastoral, mediante o diálogo fraterno entre as partes interessadas. Se a dúvida persistir, consultar-se-á a autoridade diocesana competente.

10. Nomeio o Padre Augusto Ascenso Pascoal, como responsável pastoral da Comunidade agora constituída, mantendo-se a sua anterior nomeação como vigário paroquial da Sé.

11. Este decreto entra em vigor na presente data.Leiria, 21 de Novembro de 2004, solenidade de Jesus Cristo, rei do universo

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Decreto episcopal da constituição canónica do Centro de Preparação para o Matrimónio da Diocese de Leiria-Fátima

Dom Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, faz saber:1. A diocese de Leiria-Fátima tem beneficiado, desde há cerca de trinta anos,

do dedicado serviço apostólico de equipas de casais e sacerdotes assistentes, organizados em Centros de Preparação para o Matrimónio, que têm prestado um valioso contributo na ajuda aos noivos para receberem mais frutuosamente o referido sacramento e viverem mais profundamente o seu amor conjugal e a respectiva missão ao serviço da vida, na Sociedade e na Igreja.

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Documentos Pastorais

2. Em 4 de Fevereiro de 2000, aprovámos, por cinco anos, e fizemos publicar os Estatutos da associação denominada Centro de Preparação para o Matrimónio da Diocese de Leiria-Fátima (Leiria-Fátima, Ano VIII, n° 22, Jan.-Abr. de 2000, p. 35- 41).

3. Tendo presente os fins e o serviço apostólico da referida associação, e atendendo ao pedido do assistente da mesma, em conformidade com o cân. 114, havemos por bem constituir como pessoa jurídica o referido Centro, que pode usar a sigla CPM - Leiria-Fátima.

4. O CPM - Leiria-Fátima reger-se-á pelas normas do direito e dos respectivos Estatutos, que, depois de revistos, nos deverão ser apresentados para a aprovação definitiva.

5. Este decreto entra imediatamente em vigor.Leiria, 1 de Dezembro de 2004

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Saudação NatalíciaMais uma vez estamos a comemorar o Nascimento do Salvador Jesus Cristo, e a

fazer votos que aconteça o Natal da Paz! Todos queremos o bem-estar, o progresso e a segurança. Manifestamos esperança que o mundo seja mais pequeno e mais pacífico, e que Portugal seja melhor. Estamos verdadeiramente empenhados nesse projecto?

A propósito da reconciliação e da solidariedade, João Paulo II lembra na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz que é necessário perdoar, destruir a vingança e pagar o mal com o bem. A radicalidade do Evangelho é a chave do segredo para a justiça e a paz.

Saudando os leitores de “Leira-Fátima – Órgão Oficial da Diocese” e todos os diocesanos de Leiria-Fátima, formulo votos de um novo ano mais promissor.

Aproveito para agradecer todas as atenções que me foram dispensadas por motivo dos 50 anos de ordenação sacerdotal e 25 anos de ordenação episcopal.

Na forma do costume, disponibilizo a tarde do dia 1 de Janeiro para cumprimentar quantos queiram passar pela casa episcopal.

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

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Em Destaque

Encerramento do Ano Agostiniano Congresso de alto nível, celebração solene,

carrilhão magnífico e cantata imponente

Por Luís Miguel Ferraz

É impossível fugir aos adjectivos, ao falarmos dos eventos que marcaram o encerramento do Ano Agostiniano, nos dias 11 a 14 de Novembro, em Leiria.

O Congresso “Santo Agostinho: o homem, Deus e a cidade” superou todas as expectativas, trazendo a Leiria um dos momentos mais altos da sua história no que respeita à reflexão filosófica e teológica, sobre um dos maiores vultos intelectuais da humanidade, o nosso padroeiro Santo Agostinho.

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Em Destaque

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Em Destaque

As celebrações de domingo começaram com a eucaristia solene, presidida pelo Bispo diocesano, enriquecida com a animação litúrgica de alguns coros da Diocese, e participada por largas centenas de fiéis que encheram por completo a catedral.

Depois, no adro da Sé, os presentes puderam voltar a escutar o som dos sinos restaurados, e também dos novos sinos que compõem este magnífico carrilhão, no qual se podem executar as mais complexas peças musicais compostas para este instrumento.

De regresso ao interior da Sé, cerca de 1200 pessoas assistiram à Cantata “Santo Agostinho – o cantor da sede de Deus”, do padre António Cartageno, interpretada de forma imponente pelos cerca de 200 músicos que compunham a orquestra e o coro.

Depois de um ano marcado por mais de 20 realizações culturais e religiosas à volta da figura do padroeiro Santo Agostinho, este foi um final que bem merece receber a famosa classificação da “chave-de-ouro”. Diversas exposições de pintura e escultura, espectáculos musicais, representações teatrais, jornadas e encontros de reflexão, encontros de oração, celebrações solenes, peregrinações a Fátima e ao Norte de África (lugares onde viveu Agostinho), publicação de diversas obras sobre a temática, e diversos outros eventos de cariz religioso, cultural e social, são momentos que ficarão para a história da nossa Diocese como marco deste grandioso Ano Agostiniano, conduzido pelo Centro de Formação e Cultura e que contou com a colaboração de inúmeras entidades civis e religiosas, do mundo da cultura, das artes, da educação e da sociedade em geral.

No rescaldo, somente uma ligeira “pena” por tudo isto ter passado ao lado de muitos fiéis da nossa Diocese, inclusivamente de alguns dos seus pastores.

O homem, Deus e a cidadeA expectativa para este congresso foi plenamente cumprida quando, no dia 11

de Novembro, num auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, se sentaram cerca de 180 congressistas. Durante os três dias seguintes, tiveram oportunidade de escutar 18 dos maiores filósofos e teólogos do nosso País, que apresentaram abordagens “tão antigas e sempre novas” ao pensamento deste génio da humanidade chamado Agostinho, nascido em Hipona, Norte de África, em 354.

Costa Freitas, Cerqueira Gonçalves, Manuela Carvalho, João Duque, Joaquim Teixeira, Jacinto Farias, Arnaldo de Pinho, Noronha Galvão (presidente da Comissão Científica), Manuela Brito Martins, José Rosa, Michel Renaud, Carlos Silva, Santiago de Carvalho, Santiago Sierra, Fernando Cristóvão, Mendo de Castro Henriques, Manuel Pereira de Matos e D. Manuel Clemente foram os catedráticos que nos revelaram alguns dos principais aspectos do pensamento e da espiritualidade deste Santo, como Homem em constante procura, que se encontrou ao encontrar Deus e que, a partir da conversão da vida, desenhou a estrutura da Cidade dos homens orientada para a Cidade de Deus. Um desenho que, aliás, viria a marcar a sociedade moderna tal como a conhecemos actualmente.

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O choque de teorias e de perspectivas demonstrou, claramente, a riqueza do pensamento e da vida do Bispo de Hipona, impossível de sintetizar, mas sempre actual como fonte de sabedoria e de manifestação da graça. Como resumo, deixamos na íntegra as Notas Conclusivas aprovadas por aclamação no final do Congresso (ver abaixo).

Na abertura e no encerramento, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, afirmou o seu “orgulho” pela realização deste evento, com um nível raramente visto na nossa cidade e reconhecido nas várias instâncias académicas e pastorais do País. Agostinho foi “um homem fantástico, que ainda hoje nos ensina o verdadeiro sentido do Homem, de Deus e da sociedade em que estamos inseridos”, sintetizou o prelado.

Um momento cultural marcou cada uma das noites do Congresso. No primeiro dia, foi apresentada na Sé a Summa Augustiniana, de João Santos, pelo Coro SAMP (Pousos), dirigido pelo maestro Jorge Narciso, com o solista Paulo Lameiro, o organista João Santos, o saxofonista Alberto Roque e os percussionistas Filipe Simões e Tiago Cordeiro. No segundo dia, a igreja de S. Francisco recebeu o concerto Servus Tuus Humilis, composto e dirigido por Alberto Roque, interpretado pela Orquestra de Sopros da Escola de Música do Orfeão de Leiria (EMOL). No último dia, apresentaram-se no local do congresso alguns dos Motetos Agostinianos, compostos e dirigidos por Pedro Figueiredo, com o Coro de Câmara da EMOL.

Celebrações de encerramentoNa celebração da Eucaristia de encerramento, perante uma Sé recheada de fiéis,

D. Serafim voltou a manifestar a sua alegria pelo sucesso desta grande realização diocesana, uma forma nobre e grandiosa de celebrar o Padroeiro. Para nós, fica sobretudo o exemplo de Agostinho, sublinhou o prelado: “Agostinho, mestre de filosofia e de linguística, deu-nos nas suas palavras e na sua vida a medida do amor: o amor sem medida”. O apelo do Bispo aos presentes foi dirigido no sentido da “fidelidade, que é o segredo da felicidade”.

Depois da missa, a Sé esvaziou-se para o adro, para escutar os sons do carrilhão recentemente restaurado e aumentado com 23 novos sinos. Da torre, outrora tão significativa na vida dos leirienses que dela escutavam as melodias litúrgicas, voltaram a soar músicas, agora com a possibilidade de um reportório que pode ir do litúrgico ao clássico (sobre este momento, damos notícia alargada mais adiante nesta seccção da revista).

De regresso ao interior da catedral, cerca de 1200 pessoas puderam apreciar a magnífica cantata composta pelo padre António Cartageno, “Santo Agostinho – o cantor da sede de Deus”. O exímio solista João Pedro Sebastião, o grandioso coral (Coros do Orfeão, Coral Catábilis, Coral da Casa do Pessoal do Hospital de Santo André, Coro do Ateneu Desportivo de Leiria, Grupo Coral das Obras Sociais do Pessoal da Câmara Municipal de Leiria e Grupo Corális) e a orquestra

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Sinfonietta de Lisboa, sob a direcção do maestro Paulo Lourenço, deram um brilho de grandiosidade a esta obra, composta propositadamente para este dia.

A prolongada ovação do público e os comentários entre os ouvintes confirmam uma tónica comum: esta é uma composição bem conseguida e muito harmoniosa, que consegue transpor de modo muito belo os sentimentos que a inspiraram, os estados de emoção, interioridade e exaltação que marcam o caminho de conversão de Agostinho, nos textos das suas “Confissões”. Sem dúvida, a não perder.

A Cantata iria ser repetida no Mosteiro de Alcobaça (dia 18), na Sé Nova de Coimbra (dia 19), no Teatro-Cine de Pombal (dia 20) e na igreja de N.ª Sr.ª das Misericórdias – Ourém (dia 21). Está ainda programada a sua execução na próxima Peregrinação Diocesana a Fátima, no dia 13 de Março de 2005, e em Alijó, terra natal do compositor, em .

Assim terminou o Ano Agostiniano, num dia que bem merece ser designado por “chave-de-ouro” desta iniciativa. Estão de parabéns todos os que realizaram e colaboram no seu sucesso, nomeadamente o padre Manuel Armindo Pereira Janeiro, director do Centro de Formação e Cultura, que foi a alma (e muito do corpo) desta organização nos últimos dois anos.

Notas Conclusivas do congressoNo final do Congresso “Santo Agostinho: o homem, Deus e a cidade”, puderam

ser sublinhadas, à maneira de Conclusão, algumas ideias que haviam surgido ao longo dos três dias.

Santo Agostinho como homem continua a ser, para hoje, um modelo da procura da verdade e da abertura à graça. Porque se converteu a Deus, converteu-se à sabedoria. As questões sobre as relações entre a natureza e a graça que o “Doutor da Graça” suscitou continuam a desafiar a reflexão teológica moderna e a servir-lhe de inspiração. A posição que, no século V, tomou não foi “pessimista”, mas uma aguda percepção das dificuldades em que o próprio homem pecador se coloca quando se afasta de Deus. A estas, porém, é o próprio Deus que responde pela oferta de uma nova criação em que, na Igreja e mediante os sacramentos, o homem é continuamente renovado e conduzido à sua plenitude.

Para o bispo de Hipona, Jesus Cristo é o mediador que o Pai envia para nos reconduzir, como Filho e como Verbo, à casa paterna. Uma mediação que se realiza pelas Escrituras, cujo sentido profundo espiritual o Verbo feito carne ilumina, revelando assim o que significam, nesta nova ordem da graça, todas as realidades criadas.

Nas Confissões, o percurso do pecador convertido é descrito como a fuga da casa do Pai (aversio a Deo) a que se segue, em virtude da “humilhação do Verbo incarnado” e da Sua glorificação no Espírito Santo, a conversão a Deus (conversio ad Deum). Na acção divina da história da Salvação (oikonomia) se manifesta o Deus

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Trindade, restaurando na Igreja o “homem interior”, a alma humana, na sua natureza de “imagem de Deus”. Deste modo, é possível tomá-la como base da analogia que, por excelência, nos permite vislumbrar o Pai, o Filho e o Espírito Santo reflectidos, como Trindade una, no interior do homem.

Para Santo Agostinho, feliz é aquele que em Deus encontra o seu fim último, saciando o seu desejo. Mas é também aquele que sabe usar dos bens criados ordenando-os ao Sumo Bem. A reflexão agostiniana pode iluminar questões do homem moderno: o seu desejo de felicidade, as desolações das suas debilidades, as dificuldades de viver a fé num contexto de confronto com outras convicções, e as tensões entre solidão e comunhão.

“Se vês o Amor, vês a Trindade”: o amor é a via para o conhecimento da Trindade. Face à consciência moderna da fragilidade das realidades objectivas em que vivemos, o mistério trinitário divino vem revelar-nos que o fundo do ser é a comunhão pessoal.

Perante transcendências que são falsas, a sabedoria da fé ensina-nos a conviver com o respeito pelos outros e suas diversas convicções, mantendo a própria. Santo Agostinho soube usar de linguagem e pensamentos correntes no seu tempo e, ao mesmo tempo, superá-los pela perspectiva cristã da pessoa, do amor divino na comunhão trinitária, da relação mútua e do dom recíproco.

Retomou, nomeadamente, o tema filosófico e bíblico das duas cidades, interpretando-o no sentido de uma visão da história que permite tornar a fé cristã em crítica da racionalidade política. O que julga a história é o fim para que se encaminha. Ao instituir a Ressurreição como sua finalidade, Jesus Cristo dá-lhe o sentido de uma peregrinação para a plenitude da paz final.

A cidade de Deus surge com a radicalidade utópica de um ideal que, sendo humanamente impossível, se torna possível pela graça de Deus: “a medida do amor é o amor sem medida”. Um povo é, assim, um “grupo de seres racionais, ligados pela posse harmoniosa das coisas que amam”.

A dupla pertença (à cidade de Deus e à cidade terrena) dessacraliza as instituições sociais e políticas. A legitimidade destas terá de definir-se pela sua referência à justiça, a ser realizada plenamente no final da história.

A Jerusalém celeste é o mistério invisível da Igreja, tornado visível na Igreja terrestre. É o Christus totus, de que Maria é membro eminente. Com Maria, a Igreja partilha a fecundidade da caridade e a integridade virginal da fé.

No campo pastoral, o Bispo de Hipona desenvolveu uma incansável prática catequética e de pregação, em que manifestou, como de resto em toda a sua actuação, um profundo respeito e afecto pelos humildes e todos os que necessitavam da sua ajuda, do seu discernimento e da sua orientação. Deste modo, exprimia na sua acção a doutrina que, no meio de todos os seus trabalhos, continuava a elaborar. Considerava, com efeito, como sua indeclinável obrigação de pastor a instrução dos seus fiéis.

Leiria-Fátima - 13 de Novembro de 2004

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…ainda antes do encerramento

Concerto na Sé de LeiriaNo âmbito das iniciativas do Ano Agostiniano, os Claustros da Sé de Leiria

acolheram, no dia 18 de Setembro, um concerto protagonizado pela Banda Juvenil da Academia de Música da Banda de Ourém. Giuseppe Verdi foi um dos autores em destaque no reportório seleccionado, merecendo também referência os arranjos musicais de Sílvio Pleno sobre temas de Amália Rodrigues. A dirigir a Banda Juvenil esteve o maestro José Mortágua.

Exposição “Augustinus”A exposição “Augustinus”, inaugurada a 28 de Agosto, veio propor uma viagem

pelas “Confissões” de Santo Agostinho através das telas da pintora Irene Gomes: treze quadros que se abrem para cada um dos treze volumes desta obra maior do génio Agostinho. Treze patrocinadores garantiram a aquisição deste trabalhos, que ficarão com morada permanente no ambiente sagrado da igreja que a diocese dedica ao seu padroeiro, enriquecendo, assim, o seu património.

Foi exactamente no dia do Padroeiro da Diocese de Leiria-Fátima, celebrado a 28 de Agosto, que a igreja de Santo Agostinho, em Leiria, abriu as portas ao público para revelar esta exposição, doze quadros colocados, dois a dois, nas seis capelas laterais da igreja, e um grande painel no retábulo da capela-mor. Até ao dia 14 de Novembro, foi proporcionada aos visitantes uma visita guiada à exposição. Para o futuro, sobre o branco imaculado das grossas paredes seiscentistas, as cores e as formas da pintura de Irene Gomes ficam patentes, a desvendar as “Confissões” de Santo Agostinho, a mais célebre obra deste pensador, que é ao mesmo tempo autobiografia, filosofia, teologia, mística e poesia. Um tesouro da arte de pintar que veio enriquecer o património deste imponente templo do século XVI.

“Mistério e Intimidade” na Igreja de S. PedroPor ocasião do Dia da Diocese, 2 de Outubro, a Comissão de Arte e Património

Cultural de Leiria-Fátima inaugurou, na igreja de São Pedro, em Leiria, a exposição “Mistério e Intimidade”, que ficou patente ao público até 14 de Novembro de 2004.

De entre os tesouros artísticos de iconografia trinitária existentes na Diocese, escolheu-se o mais significativo. A exposição foi composta por cinco núcleos, que acompanhavam a revelação do Mistério (1) e a sua vivência nas celebrações da fé (2), no pensar da teologia (3), na expressão popular da fé (4) e na Mensagem de Fátima (5).

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Com esta exposição, desejou-se não só evocar Santo Agostinho (354-430) – Bispo e Doutor da Igreja, Padroeiro da Diocese e autor de um dos mais belos e profundos escritos sobre o mistério da Santíssima Trindade – De Trinitate –, como também oferecer a todos os interessados a oportunidade de contemplar, através das obras de arte legadas pelas gerações que nos precederam, o mistério dos mistérios da Fé cristã. Por outro lado, mostrou-se que este diálogo entre fé e cultura não aconteceu só no passado, mas continua no presente, inspirando as artes, como é exemplo a nova igreja da Santíssima Trindade, em construção no Santuário de Fátima.

Livros publicadosVários foram os materiais editados no âmbito do Ano Agostiniano, como cartazes,

folhetos, catálogos de exposições, guiões para as diversas iniciativas, brochuras para concertos, etc. Mas serão três as publicações mais importantes, apresentadas em simultâneo durante o Congresso de encerramento, a que se juntará a publicação das actas do próprio Congresso, obra que está em elaboração.

“As Confissões – itinerário espiritual de Agostinho”A obra “Confissões” de Santo Agostinho, escrita há

pouco mais de 1600 anos, não só fez um percurso único na vida da Igreja e da cultura ocidental, dando estatuto ao género autobiográfico, como, pela sua densidade, profundidade e originalidade, manteve e mantém toda a sua capacidade de provocação. Neste livro, apresentam-se as comunicações das jornadas de abertura do Ano Agostiniano, promovidas pela Escola de Formação Teológica de Leigos, nos dias 22 e 23 de Fevereiro de 2003, no Seminário Diocesano. Estas comunicações, explorando o itinerário espiritual de Santo Agostinho – enquanto procura de liberdade (padre Costa Freitas),

da felicidade (padre Miguel Ângelo), da beleza (padre João Beato), do amor (padre Joaquim Costa), da verdade (padre Luciano Guerra) e do Deus de Jesus Cristo (padre Isidro Lamelas) –, são um precioso contributo para a leitura e interpretação das nossas inquietações mais profundas.

“Santo Agostinho e a Cultura Portuguesa”Neste volume se reuniram as comunicações das Jornadas sobre Santo Agostinho

e a Cultura Portuguesa, realizadas nos dias 14 e 15 de Fevereiro de 2004, organizadas pela Escola Teológica em parceria com o Centro de Apoio ao Ensino Superior e o Movimento de Educadores Católicos. No projecto do Ano Agostiniano,

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estas situaram-se a meio caminho entre as jornadas de abertura e o Congresso. Nestes dois eventos, a reflexão orienta-se, no primeiro para a pessoa e, no segundo, para o percurso e actualidade do pensamento de Santo Agostinho. Faltava pois, a abordagem da sua relação com a cultura portuguesa. Assim, com o objectivo de estudar a presença da tradição agostiniana na nossa cultura e, mais concretamente, na diocese de Leiria-Fátima, se programaram estas jornadas. E, de facto, os trabalhos apresentados, pelas competências dos seus autores, fizeram-nos viajar na história e pelos caminhos do saber, identificando o rasto do pensamento agostiniano e descobrindo o seu contributo na construção da nossa identidade.

Ciclo de Teatro sobre Santo AgostinhoO Centro de Cultura e Formação da Diocese de

Leiria-Fátima convidou os grupos de teatro mais representativos da região a apresentarem a sua leitura do percurso espiritual e intelectual de Agostinho. Foi proposto aos dramaturgos e encenadores como base de trabalho o livro das “Confissões” de Santo Agostinho, relato da sua procura apaixonada de um sentido para a vida, que a tornou uma obra-prima da cultura ocidental. As peças nascidas deste desafio passearam-se por diversos palcos da região no âmbito do VI Festival de Teatro da Alta Estremadura. Com esta proposta, aquele festival ganhou, pela primeira vez, um tema, composto

por quatro diferentes olhares e outras tantas leituras do percurso humano e espiritual do padroeiro da Diocese de Leiria-Fátima. Os espectáculos foram levados à cena pelos grupos de teatro: Nariz, Sport Operário Marinhense, Teatro Amador de Pombal (TAP) e Te-Ato. Uma outra peça, a quinta, levada à cena por um grupo criado para o efeito, pela divisão de Cultura da Câmara de Ourém, com a participação de vários grupos daquele concelho, completou o olhar do teatro sobre Santo Agostinho. Realizaram-se mais de trinta espectáculos pela diocese. Neste volume estão reunidas todas as peças originais. Vale a pena deambular pelas diversas peças para encontrar, na pluralidade de perspectivas e sentires, a riqueza da personalidade e do espírito de Agostinho.

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Inauguração do Carrilhão da CatedralPor Paulo Santos Lameiro

Foi inaugurado, no passado dia 14 de Novembro de 2004, o novo Carrilhão da Catedral, com um concerto executado pelo carrilhanista Abel Chaves e os trompetistas Manuel Sousa e Carlos Lopes. A festa decorreu no dia de encerramento do Ano Agostiniano, servindo para engrandecer ainda mais esta importante data do calendário diocesano,

A cerimónia foi antecedida por um almoço de confraternização, em que estiveram presentes o responsável holandês pela construção do novo instrumento, Han van Blooijs, da firma Petit en Fritsen, o engenheiro Carlos Jerónimo, da empresa portuguesa responsável pela obra, Serafim Jerónimo e filhos, o Cónego Luciano Coelho Cristino, presidente do Cabido, os cónegos António Neves Gameiro e José Oliveira Rosa, respectivamente, tesoureiro da campanha de restauro, e antigo carrilhanista da Catedral, e os padrinhos e madrinhas (financiadores) de alguns dos novos sinos

Pelas 14h00, na presença destes e outros convidados, o Bispo diocesano, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, procedeu ao Ritual da Bênção dos novos sinos. Depois da Bênção, deu-se voz ao senhor Cónego Rosa para que este pudesse fazer soar os velhos sinos restaurados no histórico teclado da torre. Muito prejudicado pelo facto de não estar ainda completo o restauro deste teclado, que necessita de uma última afinação técnica, foi, para os que couberam na torre, dos momentos mais emotivos de toda a jornada ver o histórico carrilhanista da cidade aceitar este desafio.

O concerto de inauguração decorreu, então, pelas 16h00, no final da missa de encerramento do Ano Agostiniano, com o adro repleto de pessoas a olhar a torre sineira, na encosta do castelo. Como nota de abertura, Abel Chaves tocou um cântico bem conhecido de todos, “Cantarei ao Senhor enquanto viver”, da autoria do Cónego leiriense Carlos da Silva. Depois, os três instrumentistas executaram as seguintes obras:

• M. Moussorgsky – Passeio de “Quadros de uma exposição”• W.A. Mozart – Ave Verum Corpus• G.F. Haendel – Música para os Reais Fogos de Artifício: Ouverture, Allegro,

La rêjouissance – Allegro, Menueto I, Menueto II• W.A. Mozart – Adágio do “Concerto para Clarinete”• J.S. Bach – Jesus, meiner Seele Wonne• S. Joplin – The Entertainer• The Beatles – Yesterday• Abel Chaves – Improvisação sobre “Coimbra”

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A história deste carrilhão continua, pois ainda há que conseguir o financiamento para pagar o montante em dívida, providenciar um sistema que não deixe os pombos danificar as novas estruturas e mecanismos da torre, dar início aos cursos livres de carrilhão programando as primeiras audições e concertos, bem como pensar na melhor forma de manter a casa do sineiro e a torre em boas condições físicas, a fim de se salvaguardar todo o complexo patrimonial da Diocese e cidade agora substancialmente enriquecido.

Abriu a Escola de Carrilhão!Entretanto, no passado dia 29 de Dezembro, teve lugar, às 15h00, na torre da

Catedral, a primeira aula da classe de carrilhão da cidade. Esta sessão contou com a presença de 9 candidatos, e foi orientada pelo professor da classe Abel Chaves, carrilhanista do Palácio Nacional de Mafra. Os alunos, a que se juntaram vários curiosos pelo instrumento, foram recebidos na casa do sineiro que dá acesso à torre, e aí introduzidos ao universo dos carrilhões e da sua história em Leiria.

Com a presença do reverendo cónego António das Neves Gameiro revisitou-se a história da Torre que não está na Sé, e da rua direita que é torta. Lembraram-se os tempos em que ouvir os sinos era mau sinal, dado que a torre foi também o calaboiço da polícia da cidade. Evocou-se o quotidiano do sineiro a habitar aquele espaço exíguo mas de paisagem única sobre o jardim de casas e ruas históricas. Quantas vezes por dia é necessário dar corda ao relógio? Que formação existiu para se tocarem sinos? O que distingue um carrilhão mecânico de um eléctrico? Que músicas se podem tocar neste instrumento? Quem dá hoje corda ao relógio? É o carrilhão que toca as horas? Como? Foram estas algumas das questões colocadas pelos primeiros alunos do curso. Mas entretanto todos estavam já desejosos de subir à torre e tocar os sinos de que se falava há quase uma hora. Ainda não era tempo.

Todos saíram para o exterior da torre, e junto ao antigo Paço Episcopal, agora Comando da PSP, ouviu-se o carrilhão tocado por Abel Chaves que, entretanto, havia subido para o instrumento. É que dentro da torre não é possível ter uma noção exacta do som, dado o elevado volume sonoro produzido pelos sinos. Os sinos foram feitos para se ouvir na cidade e não debaixo deles! Foi o primeiro encanto da tarde. Aquilo é uma “caixinha de música gigante”. Depois de dois momentos musicais, e dado que boa parte dos alunos são já estudantes de outros instrumentos, maioritariamente órgão e percussão, era impossível resistir mais tempo sem os deixar experimentar. Todos subiram à torre, mas a passagem estreita e escura deixou revelar o mecanismo do relógio, e lá se esqueceram os sinos por momentos para perceber melhor que

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mecanismo era aquele, e de que materiais eram feitos os pesos que desciam da torre ao antigo quarto do sineiro.

Chegados à torre, o som era ensurdecedor pois o professor continuava a tocar. Aí se percebeu melhor a potência sonora do instrumento. Foi então feita a apresentação dos velhos sinos e do antigo teclado. Voltam a surgir perguntas em série sobre os mecanismos à vista, a organização das teclas, a comparação de escalas, o frio e a chuva que assolam as consolas, os pombos que teimam em visitar os velhos sinos mas vão poupando os novos, o mecanismo de prender as folhas numa estante exposta a ventos e chuvas, etc.

Havíamos chegado ao grande momento da primeira aula. Um a um, todos os candidatos foram convidados a tocar uma música na nova consola. Sob a orientação do professor foram-se melhorando as posições das mãos, o tempo de contacto mais ajustado à pressão das teclas, o repertório natalício, etc. A surpresa era geral, pois já se ouviu muito mais música do que o esperado. Nenhum candidato esperou poder tocar logo na primeira aula no instrumento real. Todos pensavam ir primeiro suportar um tempo de aulas na consola de estudo, mas efectivamente toda a cidade pode ouvir a primeira aula do novo carrilhão. Desta aula ficou também o momento em que o novo e velho carrilhão se juntaram para tocar uma música a 4 mãos. Aí se programaram já composições especificamente para os dois teclados. A afinação não é perfeita, já o sabíamos, pois foi uma das razões que impediu a utilização dos velhos sinos no novo instrumento. Mas o efeito é surpreendente e aliciante.

Era tempo de descer à Sé e aí contactar com a consola onde efectivamente irão decorrer as aulas da escola. Mais um conjunto de questões se amontoam sobre a diferença dos teclados, a pedaleira, as colunas de som, as possíveis articulações com o órgão, a mudança de espaço para o seminário, o transporte, etc. O desejo de ouvir um teclado de 5 oitavas era enorme. Até aqui parecia efectivamente fácil tocar carrilhão. Todos o havíamos experimentado numa consola real na torre, mas o professor Abel Chaves deu então um breve recital que deixou em êxtase toda a classe e desiludiu aqueles que pensavam já ter tocado carrilhão! Afinal o que se havia ouvido na torre era repertório muito simples que está longe de mostrar as capacidades deste instrumento. Foi o sinal escolhido para dizer aos alunos o que é necessário trabalhar para fazer soar o instrumento. Fazer soar os sinos por toda a cidade é fácil. Fazer arte com aquele instrumento é muito mais difícil. Ficaram marcadas as aulas, que serão de periodicidade quinzenal no Seminário Diocesano, aos Sábados à tarde. Notamos aqui o interesse de um dos padrinhos dos sinos, que resolveu levar por diante o acompanhamento do seu afilhado, frequentando a escola. Estão ainda abertas inscrições para mais alguns candidatos de qualquer idade, com ou sem conhecimentos musicais [Portaria do Seminário Diocesano – 244 832 760, ou Secretaria da Escola de Artes SAMP – 244 801 685].

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Dia da DioceseCelebrações ricas, mas tímidas

Por Luís Miguel Ferraz

O primeiro domingo de Outubro tem sido, nos últimos anos, a data escolhida para a festa da Igreja Diocesana de Leiria-Fátima. Um dia em que se pretende lembrar e celebrar o facto de sermos uma Igreja particular que, embora formada por muitas comunidades, está unida por um único pastor, o Bispo diocesano. Por norma, esta comemoração corresponde ao início do Ano Pastoral, com o respectivo lançamento das orientações pastorais comuns e das iniciativas particulares dos diversos serviços, movimentos e comunidades.

Os actos celebrativos realizam-se a nível paroquial, havendo uma programação a nível diocesano nos dias que antecedem a data, especialmente do sábado anterior.

Assim, no passado dia 2 de Outubro, foi proposto um programa de reflexão, celebração e também com alguns momentos culturais, para os quais toda a Diocese foi convidada, nomeadamente através dos meios de comunicação regionais e do convite pessoal aos agentes mais directos da pastoral. Um programa variado que preencheu todo este dia, rico de iniciativas, mas tímido quanto ao número de pessoas que nelas participaram…

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Reunião de dirigentesUma reunião que juntou cerca de duas dezenas de dirigentes de serviços,

movimentos e obras diocesanos marcou a parte da manhã. Em agenda, a análise das linhas de orientação pastoral emanadas do Bispo para o corrente ano de 2004/2005 e a partilha dos objectivos e programas específicos de cada sector.

“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” é o lema adoptado por todos os serviços e movimentos nas acções de formação, de celebração e de encontro. Um tema que remete para a 4ª parte do Catecismo da Igreja Católica e aponta para uma reflexão sobre a importância da oração e do encontro pessoal com Deus.

Ligado a este, também o tema da Eucaristia está presente na programação pastoral do ano, por indicação do Santo Padre para toda a Igreja. Por isso foi apresentada a encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, cuja leitura é recomendada a todos os cristãos e foi unanimemente reconhecida a necessidade de se investir na forma como se prepara e se celebra a Eucaristia nas nossas comunidades, pois é nela que se alimenta a fé, é dela que parte toda a acção eclesial e é nela que o cristão encontra luz e força para a sua vida do dia-a-dia.

Durante o encontro foi ainda realçada a necessidade de maior coordenação e colaboração para que as linhas comuns de orientação pastoral permitam um trabalho mais unido e frutuoso. Isto numa altura em que os responsáveis, demasiado sobrecarregados, parecem sentir sérias dificuldades de organização, como parece confirmar a ausência dos representantes de cerca de metade dos secretariados e comissões da Diocese, por falta de uma agenda comum e coordenada.

A manhã terminou com a celebração eucarística presidida pelo Bispo diocesano e participada por este pequeno grupo “representativo de toda a Diocese, na sua variedade de carismas e sensibilidades e nos múltiplos sectores da sua acção pastoral”, como frisou D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva. Em ambiente “familiar”, na igreja do Seminário, a celebração foi ainda marcada pelo envio simbólico dos três representantes ao Congresso Eucarístico Internacional, no México, de 10 a 17 deste mês de Outubro.

Intimidade e MistérioNo início da tarde, no âmbito do Ano Agostiniano e com organização da

Comissão diocesana de Arte e Património Cultural (CAPC), o Dia da Diocese foi assinalado pela inauguração da exposição “Intimidade e Mistério” sobre a Santíssima Trindade. A mostra de peças originais e fotografias de arte sacra, ficará patente na igreja de São Pedro, em Leiria, até 14 de Novembro. Pintura, escultura, literatura e expressões diversas da religiosidade popular revelam, naquele espaço, o modo como o “Mistério dos mistérios” foi visto, reflectido e retratado ao longo dos tempos, em peças do património cultural e artístico da diocese.

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Na inauguração, o padre Armindo Janeiro, director da CAPC e do Centro de Formação e Cultura, explicou as opções da Comissão quanto à escolha das peças e orientou um périplo pela sala, comentando o valor artístico e teológico das obras. Uma viagem que cada visitante poderá refazer, com ajuda dos painéis recheados de trechos históricos e textos actuais, de um “bulário” agostiniano do século XV e de uma estátua de alabastro da mesma época, percorrendo obras dos séculos seguintes, até às manifestações culturais e piedosas dos nossos dias, sem esquecer o futuro próximo, representado pelo projecto da nova igreja do Santuário de Fátima, dedicada precisamente à evocação da Santíssima Trindade.

Perante cerca de duas dezenas de pessoas, entre as quais as principais personalidades do mundo académico, cultural e político da cidade, D. Serafim manifestou o seu contentamento pelo trabalho realizado, pedindo um aplauso para os organizadores e sugerindo que fossem promovidos “passeios culturais” das comunidades de Leiria, das paróquias da Diocese e, mesmo, das escolas e outras instituições da sociedade civil. “É muito importante que a exposição não fique às moscas!”, pediu.

Apresentação do congresso agostinianoDo programa deste dia constava a apresentação oficial do congresso “Santo

Agostinho – o homem, Deus e a Cidade”, a decorrer no auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, de 11 a 13 de Novembro. “Trazer à Diocese um espaço qualificado de reflexão sobre Santo Agostinho, que permita lançar luz sobre as grandes inquietações do tempo presente” foi o objectivo do evento que pretendeu ser a chave-de-oiro do Ano Agostiniano, como referiu o padre Armindo Janeiro, salientando que “normalmente é a filosofia que se interessa pelo pensamento deste Doutor da Igreja, sendo um marco importante para a nossa Diocese receber um congresso que propõe a reflexão do mesmo sob a perspectiva teológica”. Para tanto, foi assegurada a presença dos maiores especialistas do pensamento agostiniano, como garante da qualidade e do interesse que irão marcar a iniciativa.

O professor Doutor Henrique Noronha Galvão, da UCP, presidente da Comissão Científica do Congresso, referiu também a importância desta reflexão sobre aquele que foi “o primeiro homem europeu”, na forma como concebeu a organização social e como “influenciou a cultura ocidental e a própria história do pensamento cristão”. Referindo-se concretamente ao programa, afirmou que se trata de “um esquema de reflexão muito feliz: partindo do homem, encontra Deus no centro e tem como meta a sua tradução no contexto da cidade”. “É importante afirmar que este pensamento continua a ser fecundo nos nossos dias, pois todas as épocas culturais posteriores lhe são devedoras”, concluiu o catedrático.

D. Serafim Ferreira e Silva quis também vincar a tónica da qualidade: “Não será um congresso mediático e de multidões, mas sim de qualidade e de estudo”,

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afirmou, sem no entanto deixar de referir que “não será apenas para pensadores e filósofos, mas aberto a todos os que quiserem parar para pensar e reflectir, a todos os que queiram saber quem são, para onde vão e onde estão”, numa clara referência à temática de “homem”, “Deus” e “cidade”. Um congresso para “todo o povo que quer construir a cidade de Deus na cidade dos homens onde vive” e que não esteja ainda embrenhado “neste tempos de superficialidade e de pouca reflexão”, acrescentou.

Concerto de órgãoUm concerto de órgão, por Domingo Losada, exímio organista da igreja

agostiniana de Madrid, foi o ponto de encerramento das comemorações deste dia. Em vésperas do 7º aniversário do Grande Órgão da Sé, foi também o momento de celebrar essa efeméride. Trechos de Casanoves, de Bruhns, de Soler, de Walther, de Buxtehude, de Carlos Seixas e do próprio Losada, magistralmente executados, ecoaram pelas naves da catedral, infelizmente demasiado vazias. Aliás, fora esta a imagem de toda a jornada: um programa rico de iniciativas, mas com pouco sabor a “dia diocesano”.

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Ordenações

Dois presbíteros e um diácono para a DioceseA Semana dos Seminários foi marcada por um acontecimento muito significativo

para toda a diocese de Leiria-Fátima. No passado domingo, dia 7 de Novembro, o Bispo diocesano, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, presidiu à ordenação de dois novos sacerdotes – Manuel Henrique Gameiro de Jesus, natural da paróquia de S. Simão de Litém, e Pedro Miguel Ferreira Viva, da paróquia de Leiria, e de um diácono – André Antunes Batista, da paróquia do Souto da Carpalhosa.

Cerca de uma centena de sacerdotes e muitos fiéis, familiares e amigos dos novos ministros consagrados, deram graças a Deus por este dom à Sua Igreja e pediram a luz divina para a sua futura acção pastoral.

Pedimos aos dois novos presbíteros que nos dessem um testemunho sobre este importante passo das suas vidas.

Da esquerda para a direita: P. Manuel Henrique Jesus, P. Pedro Viva e Diác. André Batista

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Ser padre: um projecto felizHá momentos na vida em que as palavras não conseguem dizer tudo o que

gostaríamos e, mais ainda, não conseguem dizer aquilo que sentimos e não conseguimos exprimir. Talvez esteja a viver um desses momentos. O silêncio saboreia por dentro a realidade que somos e queremos ser, concentra-nos, ajuda-nos à abertura a Deus. E depois, parece que não é necessário dizer muito, mas o importante. Neste sentido, deixo um breve testemunho da minha caminhada vocacional.

Chamo-me Pedro Miguel Ferreira Viva, de 26 anos de idade, e sou da cidade de Leiria, onde nasci, da paróquia da Sé, Igreja onde fui baptizado a vinte e nove de Janeiro de 1978. A partir deste dia começou uma história de amor entre Deus e mim, de que só mais tarde tomei consciência. Deus já me amava como Seu filho. A partir do Baptismo, pela fé da Igreja na qual fui baptizado, os meus pais e padrinhos, por mim, assumiram ajudar-me a descobrir que faço parte de um grande povo, o Povo de Deus que caminha, peregrina, em direcção à casa do Pai. Ajudaram-me a viver na terra, com os olhos postos no céu. Ensinaram-me a chamar Abbá, Paizinho, a Deus.

Vivi com os meus pais até aos catorze anos, idade com que fui para o Seminário Diocesano de Leiria. Deixei pai, mãe, irmãos, avós, colegas e amigos da Escola Secundária Domingues Sequeira, onde estudava. Deixei a Quinta do Cabeço, onde sempre vivi, e fui para a Quinta da Bela Vista, onde se encontra o Seminário. Porquê? Ainda hoje não sei bem explicar. Tinha recebido o Sacramento da Confirmação havia uma semana quando me convidaram para o Seminário. Não por ser dos melhores, dos eleitos, mas para me deixar moldar por Deus. O Espírito de Deus ajuda-nos em ordem à fortaleza, à confiança. Foi uma caminhada longa, de doze anos, seis em Leiria e seis em Coimbra. Muitos me ajudaram.

A caminhada da vida tem um início e já não tem fim. Só Deus é Eterno, porque não tem princípio nem fim e as coordenadas do tempo não o limitam. Nós, pelo contrário, filhos do tempo, caminhamos para fora do tempo, para Deus que é o Alfa e o Omega, o nosso princípio e fim. E esta caminhada vai tendo algumas etapas. A ordenação de presbítero, no domingo, foi uma delas. É mais um momento de partida do que de chegada.

Prostrado no chão da Sé, pude rever a minha vida. Chorei. Um homem também chora. Não eram lágrimas de arrependimento ou de pena pelo que deixei para trás. Mas porque me reconheço um vaso de barro, indigno, no qual o Senhor Deus depositou um grande tesouro, que não é para mim apenas, mas para o Povo de Deus: o tesouro do sacerdócio ministerial. É uma grande graça, um dom tão grande, confiado a quem é tão pequeno, e frágil, e pecador. Por reconhecer isso, chorei. Serenaram-me as palavras de Santo Inácio de Loyola: «as lágrimas são a maior consolação espiritual que podemos ter».

Ser padre, no século XXI, é um projecto de vida feliz, muito feliz. Um caminho

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de felicidade a par de muitos outros. É Deus que chama, vai dando sinais, deu-me sinais. Para um cristão é imperioso fazer esta pergunta: o que Deus quer de mim? A partir daqui já não somos nós a querer, mas Deus a querer em nós. E tudo muda de perspectiva.

Como padre estarei ao serviço do povo de Deus, em união à Igreja, ao Presbitério Diocesano e ao Bispo. Servirei, onde a Igreja achar melhor. Por agora como formador do Seminário Diocesano. No futuro, Deus sabe e isso me basta.

Que projectos de vida? Apenas um. A santidade. Deus ajudar-me-á a vivê-la pelos melhores caminhos.

O que fazer? S. Paulo ajuda-me a dar a resposta: «…esquecendo-me daquilo que está para trás e lançando-me para o que vem, corro em direcção à meta, para o prémio a que Deus, lá do alto, nos chama em Cristo Jesus» (Fl 3, 13-14). O padre, à semelhança do Bom Pastor, Jesus Cristo, Único e Eterno Sacerdote, procurará guiar o povo para a Casa do Pai, pela sua palavra e pelo seu exemplo. Tarefa tão nobre quanto difícil, mas, com a ajuda de Deus, o longe se fará perto e as trevas serão mais brilhantes que a luz do sol.

Pe. Pedro Viva

Aqui estou… porque Tu queres Há sensivelmente 26 anos, os meus pais quiseram que fosse cristão, e esse

sonho realizou-se pelo baptismo. Crescendo numa família com bases católicas, fui conhecendo a realidade de um Deus que se faz homem, para que o homem possa participar da Sua realidade divina.

Numa comunidade concreta – São Simão de Litém – cresci como pessoa e como cristão, realidades inseparáveis como me fui apercebendo. Nessa comunidade aprendi, desde muito novo, que Deus estava presente e que era Ele que fazia com que todos trabalhassem com o mesmo objectivo, o amor aos outros. Uma comunidade de onde iam saindo numerosas vocações, pessoas que deixaram marcas da sua entrega e amor à Igreja.

Na escola comecei a apreender uma cultura e uma educação. Não esqueço todos aqueles que me ajudaram, em especial os professores, muitos deles com um grande e feliz testemunho de Deus.

Aos treze anos comecei a aperceber-me que as fronteiras de um cristão não se confinavam à minha paróquia, mas iam muito mais longe. Decidi então procurar mais e entrei no Seminário Menor de Leiria (Setembro de 1991), onde pude continuar a crescer como homem e sobretudo como cristão. Para isso muito contribuíram os meus colegas e professores, que foram muitos, mas principalmente os padres que, com o seu testemunho de vida, me ajudaram a despertar para Deus que é amor e para uma vida de serviço e entrega aos irmãos.

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Um das etapas mais importantes foi, sem dúvida, o ano propedêutico, pela sua característica mais reflexiva. De forma calma e mais responsável, fui clarificando alguns pontos e também aprendendo a amar esta Igreja a que pertenço com muita alegria e muita esperança.

O curso de teologia, no Instituto Superior de Estudos Teológicos em Coimbra, ajudou a melhor conhecer e, acima de tudo, a procurar servir a Igreja. Foram seis anos intensos e muito proveitosos. Também não posso esquecer que, durante estes seis anos, a formação humana e cristã continuou no Seminário Maior de Coimbra onde fui descobrindo o Projecto de Deus para mim.

O Projecto que assumi no passado domingo é pois fruto de muitos anos de oração, direcção espiritual, verdadeira amizade com colegas também hoje presbíteros ou a caminho de o serem. Também recordo com amizade aqueles que deixaram o seminário fazendo outras opções. Também eles suscitaram em mim o desejo de avaliar e de decidir.

Sinto que a missão que abraçamos não é nossa, mas depositada nas nossas mãos, fracas e pecadoras, pelo próprio Deus. Percebo que é nestes vasos de barro que Deus quer que o Seu amor e salvação se concretizem neste mundo. Se temos a humildade de depositar a nossa confiança no Senhor, temos a certeza que o Seu Espírito trabalha em nós e por nós. Aqui estou… pronto a acolher e a transmitir a mensagem de Deus e reconhecer a grandeza do Seu amor.

Aqui estou… porque Tu queres.Pe. Manuel Henrique G. Jesus

Padres Jubilários em 200550 anos de sacerdócioP. Fernando de Oliveira Jorge

P. Joaquim Duarte PedrosaP. Martinho Manuel Vieira

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“Bíblia Manuscrita”Diocese de Leiria-Fátima aderiu à iniciativa

Suscitar um maior interesse pela Bíblia e abrir as portas de novas abordagens do Livro Sagrado foi o grande propósito do projecto “Bíblia Manuscrita”. Promovido pela Sociedade Bíblica de Portugal, o projecto convidava todos os portugueses, de todas as idades, níveis de educação e opções religiosas a participar da cópia à mão de versículos das Sagradas Escrituras que resultariam numa edição muito especial da obra mais célebre do mundo. Durante duas semanas, nos fins-de-semana de 6-7, 13-14 e 20-21 de Novembro, em cada uma das cidades capitais de distrito, abriram-se as portas de um autêntico “scriptorium” (lugar de escrita), onde todos os interessados puderam dar o seu contributo e também deixar o seu cunho pessoal num projecto que teve bastante cobertura mediática e que moveu toda a sociedade portuguesa.

A elaboração de uma “Bíblia Manuscrita” foi apenas a face mais visível de uma iniciativa que também integrou uma série de actividades e eventos culturais, como concertos, exposições, conferências, cursos, publicações… O objectivo comum era gerar um grande debate e reflexão plural sobre a nossa identidade nacional, a nossa espiritualidade, cultura, valores e maneira de estar no mundo.

Projecto em grande escala, a “Bíblia Manuscrita” fez a sua estreia em Portugal em Março deste ano e com grande sucesso através de uma edição “jovem” das Sagradas Escrituras. Essencialmente destinada às comunidades educativas do 2º e 3º ciclos do Ensino Básico e do Secundário, a iniciativa mobilizou nada menos que 50 mil estudantes e mais de 200 escolas de todo o país. Desta feita, a uma maior escala, toda a sociedade portuguesa foi convidada a participar e mais de 80 mil pessoas aceitaram o convite.

Na cidade de Leiria, o projecto “Bíblia Manuscrita” teve o seu “scriptorium” a funcionar no Arquivo Distrital. A cerimónia oficial de abertura teve lugar pelas 15h00 do dia 6, contando com a presença das principais entidades civis e religiosas da região, bem como de inúmeras pessoas representativas de instituições ligadas à cultura, educação e igrejas de várias confissões, entre as quais se contou D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima.

A nível nacional, a abertura oficial do projecto teve direito a

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gala, que decorreu no dia 5, em Lisboa. O Presidente da República, Jorge Sampaio, presidiu à cerimónia de abertura e foi também o primeiro a deixar o cunho da sua caligrafia numa bíblia manuscrita muito especial. A marcar o lançamento do projecto, teve lugar também um concerto, que apostou num reportório feito de músicas de várias épocas, inspiradas na mensagem das Escrituras, intercaladas pela leitura dramatizada de textos bíblicos seleccionados.

Os exemplares que resultarem desta acção irão ser usados para fins culturais e pastorais, tais como exposições, congressos e outros eventos relacionados com a Bíblia, sendo um deles oferecido à Biblioteca Nacional e estando prevista a oferta de outro à Biblioteca de Alexandria, no Egipto, uma recriação moderna da maior biblioteca da antiguidade.

As Sagradas Escrituras – dos copistas à imprensaAté ao século XV, o texto bíblico foi

reproduzido pela mão dos copistas. Do exercício da necessidade, a fim de publicar e preservar os conteúdos, depressa os respectivos artefactos foram também objecto de expressão artística. Do desenho da caligrafia, às iluminuras que acompanhavam os textos, passando pela qualidade dos materiais usados, a Bíblia figurava então entre as obras artísticas de maior vulto à época.

Todavia, o tempo e os materiais despendidos tornavam o preço de aquisição dos manuscritos apenas ao alcance de alguns indivíduos ou organizações abastadas. Com efeito, o invento da imprensa não só veio diminuir o custo de produção, como permitiu uma disseminação sem precedentes dos textos. Desde então, por todo o mundo não só se reuniram esforços para traduzir o texto bíblico nas línguas vernáculas, como se pretendeu que cada indivíduo possuísse uma cópia completa ou partes substanciais da Bíblia.

Se por um lado a imprensa permitiu uma produção e divulgação tal que tornou a Bíblia no livro mais vendido em todo mundo, este mesmo processo despiu-a da intimidade que lhe conferia a cópia manuscrita.

Voltar a escrever a Bíblia com o próprio punho, além do regresso simbólico à intimidade com o texto mediante a personalizada caligrafia dos potenciais copistas, impõe-se como uma reafirmação da sua importância na história da Humanidade.

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Projecto ASA 2004Por P. Vítor Mira

Com a alegria estampada no rosto, um luminoso brilho no olhar, as meninas de cabelo trançado, todos vestidos com trajes angolanos e sabe Deus que mais nos corações, regressou de Angola, ao fim do dia 15 de Setembro, o grupo missionário que levou a cabo o “Projecto ASA - Acção Solidária com Angola 2004”.

A partida para aquele país lusófono ocorrera a 17 de Julho, um sábado. Os dois dias seguintes serviram para descansar da longa viagem aérea e conhecer um pouco de Luanda, com visita a alguns pontos históricos e museus, com o objectivo de ir conhecendo uma realidade completamente nova.

Terça-feira, dia 20, rumámos, bem cedo, em direcção ao Sumbe, 330 km a sul, num jipe que a diocese de Novo Redondo pôs à nossa disposição. Seis horas depois chegávamos e dirigimo-nos para a casa que a diocese destinara para nosso “quartel-general” durante dois meses. Aí estivemos em plena autonomia.

Feitas as apresentações e visitas da praxe, sempre marcadas por um simpático acolhimento, continuámos o trabalho já iniciado em Portugal, preparando-nos de

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forma mais próxima para a missão que nos levara a tão longínquas terras. No sábado seguinte, de manhã, rumámos em direcção ao Gungo, numa viagem de 111 km que durou quase cinco horas devido ao mau estado da picada. Foi o primeiro contacto com aquela realidade, completamente nova para os quatro voluntários. O trabalho a desenvolver, que já vinha a ser preparado antes do embarque, pôde agora ser programado de forma mais concreta, graças a este encontro com a comunidade local e seus responsáveis.

Após esta breve visita de fim-de-semana, regressámos ao Sumbe. Agora cada um já sabia de forma mais concreta o que iria fazer, dedicámo-nos à organização de alguns meios, pois iríamos estar no Gungo um período de doze dias seguidos. E ainda houve tempo para uma rápida e saltitante (devido ao estado das picadas) visita a algumas missões do interior: em dois dias estivemos na Gabela, Kilenda, Boa Entrada e Conda, em contactos que muito enriqueceram os voluntários que foram testemunhando o trabalho dos missionários que dedicam toda a sua vida a esta causa.

No último dia de Julho, a missão começou mais a sério. Partimos para a Chipinga, sede do posto missionário, onde passámos o fim-de-semana. Na segunda de manhã rumámos em direcção à Donga, percorrendo cerca de 40 km de picada. Ali nasceu a primeira missão da vasta área do Gungo – cerca de 2.100 km2. Lá estão ainda, embora algo degradadas, as estruturas criadas pelo nosso compatriota P. Vieira Lopes, no início dos anos 70. Desde meados da década de 80 que não se fazia ali qualquer trabalho missionário, devido à guerra. A área ficou então bastante despovoada e as pessoas só agora vão regressando, a pouco e pouco.

O Gungo é uma zona montanhosa e isolada, onde a guerra deixou as suas marcas na desestruturação familiar e social e reduziu a população a uma subsistência primária que origina muitas doenças. Os bens essenciais escasseiam: comida, roupa, água potável… e também o acesso à saúde, à educação e a uma formação cristã que liberte as pessoas dos medos e superstições... O acompanhamento social e pastoral é muito reduzido, apenas com a visita mensal de um padre a uma aldeia situada no extremo da comuna.

Permanecemos na Donga dez dias, numa experiência de completo isolamento do mundo. Mas as precárias condições materiais, próprias deste tipo de lugar e de missão, foram largamente compensadas pela forma como a população nos acolheu e pela alegria de estarmos com quem precisava verdadeiramente de nós. E como se sente a presença de Deus junto dos seus filhos mais pobres, nem por isso menos amados…

A quarta-feira feira, dia 11 de Agosto, foi marcante. Regressámos ao Sumbe, ainda dentro da comuna do Gungo, por um caminho diferente que nos permitiu passar por algumas aldeias bem distantes entre si. Por onde passávamos éramos saudados com alegria. Sentíamos que só a nossa presença já era uma bênção para aquele povo tão abandonado a si mesmo. O desejo era chegar cedo. Mas em duas

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aldeias tivemos que nos render às “exigências” de quem nos recebia. O ambiente era de festa. Algumas pessoas “mais velhas” (homens e mulheres), verdadeiros achados por estas paragens, que mal podiam andar, foram atendidas de confissão; “tivemos” ainda que comer um naco de galinha com arroz branco – a recusa seria grande ofensa; por fim dirigimos à comunidade algumas palavras concluídas com uma bênção e despedimo-nos todos com a promessa de voltar para o ano com mais tempo.

Após breve passagem pelo Sumbe para tratarmos de documentos e outros assuntos, regressámos ao Gungo, no dia 14 de Agosto, para mais duas semanas completas, uma na aldeia do Uquende, junto à sede da administração comunal, e outra, a 20 km, na Chipinga, onde tem funcionado a missão retirada da Donga. A experiência foi idêntica. Óptimo acolhimento e em todos o desejo imenso de aproveitar ao máximo a presença da equipa. A estada do grupo em três locais diferentes possibilitou o contacto com um maior número de pessoas. Durante todo aquele tempo ficámos em casas cedidas pela comunidade e comemos sobretudo do que o povo nos ofereceu.

Nos três locais em que estivemos a actividade missionária foi desenvolvida nas seguintes áreas: a Ana Rute e a Susana trabalharam com professores, a quem deram formação, e com crianças; a Vânia dedicou-se à promoção feminina, com senhoras e jovens, e também colaborou no trabalho com as crianças; o Paulo Pereira deu formação a promotores de saúde e fez atendimento de enfermagem; o P. Vítor Mira, coordenador do projecto, dedicou-se à formação de catequistas e à assistência espiritual. Assim, foi sempre crescendo o enriquecimento mútuo, proporcionado pela partilha de conhecimentos e testemunho de vida. E lindos momentos de oração e convívio tornavam esta experiência verdadeiramente inesquecível.

Os últimos 15 dias dos voluntários em Angola foram vividos no Sumbe. Colaboraram com as irmãs Guadalupanas na escola da Pedra Um, como já tinha acontecido em anos anteriores, e numa escola de informática propriedade da diocese do Sumbe. Esta fase do projecto proporcionou uma maior aproximação com a diocese a nível institucional e, ao mesmo tempo, permitiu a realização de uma nova experiência.

Este foi o quinto ano consecutivo em que a diocese de Leiria-Fátima enviou missionários leigos, 22 ao todo, à diocese de Novo Redondo - Sumbe. Com os sucessivos projectos, a aproximação das duas dioceses tem-se intensificado e parece já despontar no horizonte a possibilidade de uma geminação e da realização de um sonho: uma presença contínua de uma equipa missionária de Leiria-Fátima em terras do Gungo.

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O Santuário de Fátimae as iniciativas inter-religiosas

O Santuário de Fátima assegurou que o Vaticano estava a par de tudo o que aconteceu no Congresso “O presente do homem, o futuro de Deus. O lugar dos santuários na relação com o sagrado”, realizado em Outubro de 2003, onde estiveram presentes vários líderes religiosos de todo o mundo.

Apresentando em conferência de imprensa as actas integrais do Congresso – num livro que conta com um texto assinado pelo presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso –, o Pe. Anacleto de Oliveira, da Comissão Científica do Congresso, recordou que esta iniciativa do Santuário de Fátima contou com a colaboração da Faculdade de Teologia da UCP na escolha dos temas e que o próprio Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso ajudou a indicar alguns dos conferencistas, através do subsecretário do Dicastério. “Para escolher alguns conferencistas, deslocámo-nos de propósito a Roma para pedir ajuda”, disse aos jornalistas.

Várias manifestações de desagrado, que falam em “profanação” e “blasfémia”, começaram desde que se realizou em Fátima este Congresso sobre santuários e religiões, de 10 a 12 Outubro de 2003. As tensões aumentaram com a recente vinda de um grupo de hindus ao Santuário. D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, considerou que esta agitação foi provocada por “uma liga de inimigos de Fátima”. “O atrito é quase inevitável, o conflito é que é evitável se houver seriedade, busca da verdade e serenidade”, referiu. “As vozes que vieram do estrangeiro, sobretudo do Canadá, só precisaram de arranjar pretextos, mesmo de ontem. O Bispo tem toda a confiança no Reitor e tem a confiança dos seus superiores”, assinalou o prelado.

O presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, D. Michael Fitzgerald, esteve em Fátima durante esses dias, altura em que defendeu que a acção do Papa João Paulo II a favor do diálogo e da abertura da Igreja Católica a outras religiões “deve ser vista como um exemplo para todos”. O metropolita Epiphanios, do Patriarcado Ortodoxo de Constantinopla, Rusmir Mahmutcehajic, presidente do Fórum Internacional Bósnia e Taka Fukushima, monge budista japonês, foram alguns dos que se quiseram juntar a esta reflexão e testemunhar a importância

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de se evitar tomar a religião como ideologia, “o que levou à arrogância e ao desejo de submeter o outro”.

O Pe. Anacleto Oliveira reconheceu que “sabíamos que o tema poderia gerar polémica, porque não é unânime. Por isso não trabalhámos sozinhos e procurámos estar em sintonia com instâncias oficiais da Igreja, sobretudo com o contacto permanente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso. Tivemos aqui a pessoa autorizada pelo Papa para discutir estes temas”.

Para D. Serafim, faz parte da missão do Santuário de Fátima “ajudar a pensar, promover um casamento entre o culto e a cultura”.

Segundo os defensores de posições mais conservadoras, expostas em importantes sítios Web católicos internacionais, o que está em causa é a intenção de abrir definitivamente o Santuário a outras religiões, como um centro inter-religioso, algo que nunca foi assumido por nenhum dos seus responsáveis. O Bispo de Leiria-Fátima desmentiu que o Santuário de Fátima venha a deixar de ser Católico e afirmou: “O Santuário de Fátima é um centro católico, mariano, e já o disse aos peregrinos”.

O representante da Comissão Científica do Congresso confirmou que o Vaticano pediu explicações, mas desdramatizou a situação. “Nós sabemos que por detrás desse pedido de explicações estarão concepções diferentes sobre este tema”, disse o Pe. Anacleto Oliveira. “Antes de ele se realizar já havia contestação, em vários artigos de opinião e na imprensa. Durante o Congresso, houve grupos que contestaram a iniciativa e depois, é evidente que a intervenção de um teólogo (Jacques Dupuis) que tinha tido algumas dificuldades com a Congregação para a Doutrina da Fé provocou uma outra reacção negativa, não tanto pelo conteúdo, mas pela presença dessa pessoa”, assegurou.

A questão levantada à volta de Fátima aparece, de facto, como um acontecimento fora de tempo e de sinal contrário a toda a acção de João Paulo II, que num esforço religioso e diplomático reconhecido por todos tem procurado mostrar que o caminho para a paz é o da maturidade humana e espiritual, que conduz ao diálogo e evita o tão temido “choque de civilizações”. O Papa, que entrou em sinagogas e mesquitas, sabe que a guerra é provocada pela falta de respeito à cultura, à religião, à liberdade legítima do outro, e tem vindo a abrir a Igreja Católica ao diálogo com as outras religiões, de uma forma que até, muitas vezes, não é recíproca. A campanha foi liderada pela revista Fatima Crusader (O Cruzado de Fátima) o maior periódico do mundo dedicado à Mensagem de Fátima, ligada às posições do padre canadiano Gruner, conhecido pela defesa de valores tradicionais. A campanha agressiva contra o Bispo de Leiria-Fátima e o Reitor do Santuário espalhou milhões de mensagens na Internet, criticando as intenções supostamente “panreligiosas” dos mesmos.

D. Serafim Ferreira e Silva criticou “as vozes do estrangeiro, sobretudo do Canadá”, vincando que, estando a chegar ao final do seu mandato por limite de idade, está de consciência tranquila “porque me dediquei de alma e coração à minha Diocese”.

In Ecclesia

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Cabido da Sé de Leiria apoia Bispo e SantuárioAo tomar conhecimento de atoardas, absolutamente inoportunas e desprovidas

de qualquer fundamento credível, veiculadas por alguns órgãos de comunicação social, no passado dia 29 de Setembro, festa dos Santos Arcanjos, Miguel, Rafael e Gabriel, que atingiram, na pessoa do Exmo. e Revmo. Bispo Diocesano de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, e do Reitor do Santuário de Fátima, Mons. Luciano Guerra, toda a nossa Igreja Diocesana, resolveu o Cabido da Sé de Leiria manifestar o seu veemente repúdio por tal atitude e afirmar absoluto apoio às sábias orientações pastorais, que têm orientado a pastoral diocesana e nomeadamente a pastoral do Santuário de Fátima.

Queremos destacar, sobremaneira, o que se refere a iniciativas oportunas, referentes ao espírito ecuménico e ao diálogo inter-religioso, na linha do Concílio Vaticano II. Estamos certos de que a “Senhora da Mensagem” continuará a inspirar e a orientar todos os esforços em ordem a que, do Altar do Mundo, irradie a luz da salvação e da paz para toda a Humanidade.

Com esta certeza e com sentimentos de fraterna solidariedade subscrevemo-nos respeitosamente.

(Assinam todos os membros do Cabido)

Comunicado Episcopal esclareceDepois de ter apresentado o Presidente da Peregrinação Aniversária

Internacional de Outubro, Sua Eminência o Arcebispo de Bombaim Cardeal Dias, e de ter lembrado que o tema especial do mês é a oração pelos governantes, entendo dirigir aos Peregrinos de Fátima uma breve comunicação sobre acontecimentos que recentemente têm perturbado a imagem da Pastoral neste Santuário Mariano.

Temos apostado na clareza, por isso estamos a publicar cuidadosamente todos os documentos, projectos e contas, para que não haja segredos ou ocultações. E assim ouso expor sumariamente os seguintes factos:

1. Em 27 de Novembro de 2001 o Prémio Nobel Dalai Lama visitou o Santuário de Fátima, como têm feito outras Personalidades, e que procuramos acolher com toda a seriedade, segundo os princípios da Igreja no que concerne a relações ecuménicas ou inter-religiosas, que cumprimos com todo o rigor e solicitude. Foi o que aconteceu na visita de Dalai Lama.

2. Em 10-12 de Outubro de 2003 foi realizado no Centro Pastoral Paulo VI um Congresso Internacional sobre “O Presente do homem – O Futuro de Deus – O lugar dos Santuários na relação com o Sagrado”. Participaram notáveis oradores, e teve o patrocínio científico da Universidade Católica Portuguesa. Surgiram, entretanto, alguns mal entendidos ou equívocos, que foram esclarecidos. Hoje mesmo foi

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apresentado o primeiro exemplar das Actas com os textos integrais das lições e comunicações pronunciadas no referido Congresso, e que serão divulgadas nos próximos dias.

Acrescentarei que está em bom curso a construção da igreja da Santíssima Trindade, para a qual o Papa ofereceu uma pedra extraída do túmulo de S. Pedro, que será um grande espaço de culto católico e de evangelização, com outras vivências na pastoral de conjunto do Santuário, nomeadamente da reconciliação sacramental, e que esperamos venha a ser inaugurada, Deo volente, no dia 13 de Maio de 2007.

3. No dia 19 de Abril de 2004 visitou o Santuário de Fátima uma Comunidade Hindu de Lisboa, com cerca de 50 pessoas, acompanhadas pelo seu líder religioso, que subiu até junto da imagem de Nossa Senhora a quem cantou uma canção a favor da concórdia e da paz. Poderá ter havido benigna condescendência por parte dos funcionários que os acolheram, mas tudo decorreu com dignidade. Já foi explicado que não se tratou de uma celebração inter-religiosa. Ao recorrerem a Nossa Senhora de Fátima, os nossos irmãos hindus testemunharam sinceramente que aceitam a sua intercessão maternal a favor de todos os homens.

De qualquer modo prestaremos mais atenção, para que não surjam ambíguas interpretações. Toda a equipa sacerdotal do Santuário merece total confiança e garantia de doutrina e comunhão em Igreja.

Fátima, 12 de Outubro 2004† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Comunicado da Reitoria do SantuárioA Igreja da Santíssima Trindade não será um «templo ecuménico»

1 - Os leitores da «Voz da Fátima» estarão recordados de um Comunicado da Reitoria do Santuário, publicado em Janeiro 2004, com o título «Fátima Santuário de todas as religiões?».

2 - Os movimentos que então se salientaram na oposição ao nosso Congresso de Outubro aí recordado, aproveitaram agora a vinda de um grupo de hindus ao Santuário, noticiada na «Voz da Fátima» de Maio 2004, para se relançarem na sua campanha maciça de carácter anti-ecuménico e mesmo contra o diálogo inter-religioso.

3 - Dado que nos chegam pedidos de esclarecimento, e a fim de encontrar uma forma de a todos responder com celeridade, redigimos este breve comunicado, dando por conhecidos os princípios já apresentados quanto ao acolhimento de irmãos de outras confissões ou religiões, e fixando-nos nos dois pontos agora em foco: a vinda de um grupo de hindus e o destino da nova igreja da Santíssima Trindade.

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4 - O grupo hindu escreveu-nos com antecedência, dizendo que desejava «reconstituir a visita efectuada pelo Sr. ‘Morari Bapur’, que precedeu a de Sua Santidade o Papa João Paulo II», em Maio de 1982.

5 - Até junto da Imagem de Nossa Senhora subiu o sacerdote que traziam consigo e um tradutor, tendo os restantes membros ficado em baixo.

6 - O sacerdote cantou uma oração durante alguns minutos. Não fez qualquer gesto, não realizou qualquer rito, sobre ou fora do altar. O tradutor explicou que ele pedira «à Santíssima Mãe que desse aos governantes das nações sabedoria e discernimento, para que no mundo pudesse haver paz, paz, paz».

7 - Anotamos que esta intenção da paz, por ser universal, é a mesma, ao que supomos, que vem trazendo ao Santuário outras personalidades não católicas, como por exemplo o Dalai Lama, o Presidente da República da União Indiana, e as esposas dos Presidentes Clinton e Arafat. Os grupos cristãos não católicos virão também com a intenção de pedir a unidade da Igreja. Embora não com grande frequência, têm sido acolhidos alguns altos representantes das Igrejas ortodoxas. Recentemente umas dezenas de sacerdotes anglicanos, acompanhados do seu Bispo, realizaram um retiro espiritual, numa das casas do Santuário.

8 - Feita a oração na Capelinha, os peregrinos hindus foram recebidos, numa sala, pelo Senhor Bispo de Leiria-Fátima e pelo Reitor do Santuário, a quem disseram que vieram por devoção para com a «Santíssima Mãe». Não falaram em semelhança, ou transferência deste nome para qualquer entidade da sua religião. Deve por isso ser dado o devido desconto a aproximações que tenham sido invocadas pelos media, cuja presença não pudemos preparar, por dela termos tido conhecimento tardio.

9 - Quanto à igreja da Santíssima Trindade, e uma vez que persiste a vontade de a chamar «templo ecuménico», podemos dizer que esta denominação, aliás susceptível de interpretação católica, não é do Santuário, e não temos, nem nunca tivemos, intenção de realizar, na igreja em construção, quaisquer celebrações que não estejam previstas nas directrizes da Igreja Católica. O Santuário procura ser fiel à mensagem de que Deus o fez depositário, e não pode deixar de notar o carácter nitidamente católico que a mesma inculca, tanto nas aparições do Anjo, que nos inspiraram na escolha do título da futura igreja, como nas de Nossa Senhora, que contêm alusões dramáticas ao papel mediador do Papa e dos Bispos, na unidade da Igreja, e para a paz do mundo.

10 - Na esperança de que nos compreendam todos os irmãos que desejam e rezam pela união possível de todos os cristãos, de todos os crentes, e de todos os homens, elevamos também nós a nossa prece a Nossa Senhora de Fátima, para que nos fortaleça na vontade de unir e nos livre de todo o espírito de dissensão e polémica.

29 de Junho de 2004, Solenidade de S. Pedro e S. PauloMons. P. Luciano Guerra, Reitor do Santuário de Fátima

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Padre Adelino da Silva NunesVítima de doença, o Padre Adelino da

Silva Nunes, pároco de Vermoil e Meirinhas, encontrava-se em estado muito crítico havia já

algumas semanas. Veio a falecer na casa paroquial de Vermoil, no mesmo dia de Natal em que aí se acolhera havia precisamente dezassete anos, aquando da sua nomeação para as referidas paróquias, em 1987. Segundo testemunho das pessoas que o acompanharam durante as últimas semanas, manifestou sempre uma grande serenidade.

O Padre Adelino era filho de Manuel Nunes Salvador e de Emília da Silva Ferraz. Nasceu a 17 de Março de 1932, em Casais da Abadia, freguesia de Caxarias, ao tempo freguesia de Seiça. Ingressou no Seminário de Leiria em 1945 e veio a concluir o curso de teologia em 1957, ano em que foi ordenado presbítero. Iniciou o trabalho pastoral como coadjutor da freguesia da Maceira, logo em 1957, e foi nomeado pároco de Nossa Senhora dos Prazeres, de Aljubarrota, em 1961. Em 1967 começou a paroquiar a freguesia de Pataias, onde permaneceu vinte anos. Nessa altura leccionou a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica na Marinha Grande. Finalmente foi nomeado pároco de Vermoil e Meirinhas a 25 de Dezembro de 1987.

As exéquias tiveram lugar no dia 26 de Dezembro, em Vermoil, presididas pelo Senhor D. Serafim, Bispo de Leiria-Fátima. Concelebraram cerca de duas dezenas de sacerdotes e participou muito povo das duas paróquias onde o Padre Adelino exercia o munus sacerdotal, bem como das outras por onde passara ao longo da vida. Presente esteve também o presidente da Câmara Municipal de Pombal. No dia 27, segunda-feira, realizou-se o funeral, precedido de Missa presidida pelo Senhor Bispo, na igreja paroquial de Caxarias. Estavam a quase totalidade do clero diocesano e muitos fiéis. Na homilia, o Senhor Bispo salientou a grande capacidade que o Padre Adelino sempre manifestou de criar laços de amizade com as pessoas, nos diferentes lugares por onde passou. A testemunhá-lo estiveram muitas pessoas e também instituições, como os Bombeiros de Pataias.

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Especialistas em azulejaria visitam igrejas de OurémUma delegação da Direcção Regional dos Edifícios e Monumentos Nacionais

visitou, no início de Setembro, alguns dos tesouros arquitectónicos do concelho de Ourém. A igreja do Olival, a capela da Conceição da mesma freguesia, e a ermida de Nossa Senhora da Conceição, na zona histórica da cidade de Ourém, foram os destinos da equipa que se deslocou a convite da autarquia. O principal objectivo da visita foi responder à necessidade de um acompanhamento técnico para algumas áreas específicas da recuperação de património. A delegação, especializada em azulejaria, analisou as peças deste tipo, nos três edifícios, com vista à elaboração dum relatório das técnicas a seguir na respectiva recuperação.

Semana da Pastoral Social - Compromisso dos CristãosO Secretariado Nacional da Acção Social e Caritativa organizou, de 6 a 10 de

Setembro, em Fátima, a XXII Semana Nacional da Pastoral Social, sob o tema “O Compromisso Social dos Cristãos”. Como nos anos anteriores, os objectivos apontavam para uma maior visibilidade da Igreja através do compromisso social dos seus membros, a sensibilização das comunidades para a indispensabilidade do compromisso social, e a formação de agentes da Acção Social.

A escolha do tema teve em conta a própria natureza da Igreja que será reconhecida antes de mais pela Caridade. Desde os primórdios do Cristianismo que as comunidades se constroem sobre a base do espírito de partilha e de solidariedade. A Acção Social, que corrige desequilíbrios e injustiças, deve mobilizar todos os cristãos e homens de boa-vontade. Nisto se tornarão “o sal da terra e a luz do mundo”.

As sessões plenárias, debates alargados e workshops que se estenderam por cinco dias, assumiram particular relevo para os agentes de Acção Social que desenvolvem o seu trabalho nos Centros Sociais e Paróquias, nas Misericórdias e outras instituições sociais da Igreja, tal como para os animadores sociais em geral e estudantes de sociologia, de serviço social e de teologia.

Pároco, Bispo e outros padres homenageados em FátimaA comissão da igreja de Fátima levou a efeito uma sessão festiva, nos passados

dias 18 e 19 de Setembro, com o objectivo de homenagear o seu pároco, padre Manuel António Henriques, o Bispo diocesano, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, e alguns outros sacerdotes da diocese de Leiria-Fátima, a saber: Diamantino Maurício, Luís Kondor, Manuel Pereira Júnior, Manuel Santos e Manuel Carreira.

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O programa começou com um jogo de futebol, no campo João Paulo II, pelas 16h00, entre as “velhas glórias” do Centro Desportivo de Fátima (CDF) e as “velhas glórias” do Sport Lisboa e Benfica. Depois do encontro, foi inaugurado o salão de troféus do CDF, que foi baptizado com o nome do pároco, Manuel Henriques. Sobre a vida e obra deste padre, foi apresentado, pelas 20h30, um espectáculo multimédia, no salão da igreja paroquial.

No domingo, pelas 11h00, o Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim, presidiu à celebração eucarística, durante a qual foram lidos alguns dados biográficos dos homenageados aos quais se entregou uma lembrança simbólica. No final foi descerrado o busto do padre Manuel Henriques e seguiu-se um convívio que se iniciou com um almoço e prosseguiu, de tarde, com uma animação em que participaram artistas da terra e todas as localidades da paróquia. À noite, pelas 20h30, houve um espectáculo musical intitulado “Grandes canções do século passado”, no salão da igreja local.

50º aniversário da Fraternidade de Nuno ÁlvaresNo passado dia 19 de Setembro, em Fátima, milhares de pessoas vieram

participar na Eucaristia dominical, presidida pelo Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Manuel Clemente, e concelebrada por 59 sacerdotes, grande parte deles ligados à Fraternidade de Nuno Álvares (FNA), associação de antigos escuteiros.

A peregrinação marcou o início do 50.º Aniversário da Fundação da Federação e reuniu em Fátima, além dos filiados da FNA e suas famílias, largas centenas de actuais escuteiros e familiares. O Santo Padre João Paulo II também se associou concedendo à Fraternidade de Nuno Álvares uma “Bênção Apostólica, penhor de graças e favores celestiais”.

De todo o país, vieram ao encontro de Maria – Mãe dos Escuteiros – e consagraram-se ao Seu Imaculado Coração. “Senhora de Fátima, Mãe de Deus e nossa Mãe, aqui estamos hoje, neste Altar do Mundo, para nos consagrarmos ao Vosso Imaculado Coração: a nós e à Associação dos Antigos Filiados no Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português. Somos muitos nesta celebração, mas representamos tantos mais, que ao longo de várias décadas encontraram no escutismo católico o campo natural e espiritual para o cultivo dos valores evangélicos, de defesa e promoção da vida e da criação inteira, do amor a Deus e ao próximo, sempre alerta para servir!”, refere o texto da consagração.

Estes milhares de antigos e actuais escuteiros são unânimes ao afirmar que a jornada em Fátima foi “de Fé e Louvor à Virgem Maria” e também “um dia inesquecível de confraternização e vivência associativa”.

D. Manuel Clemente, também ele escuteiro, exortou todos os participantes na Missa internacional a seguirem o Evangelho que interpela à justiça e à solidariedade. Rogou para que as pessoas possam “sentir liberdade em relação às coisas, para servir

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a Deus e ao próximo”. E considerando que todos devem ter os bens suficientes para viver, realçou a palavra “Servir”, pois “ninguém é feliz sozinho”. Aos jovens que exercem actividades de voluntariado, o D. Manuel Clemente salientou que essa é “a verdade de Jesus Cristo”. Deixou ainda como palavra especial aos associados da Fraternidade de Nuno Álvares, que “a vida só tem significado e gosto quando é feita de caridade e entrega ao próximo”.

Jubileus sacerdotaisComo é habitual, a Fraternidade Sacerdotal da diocese de Leiria-Fátima

promoveu a celebração dos jubileus sacerdotais dos seus irmãos. Este ano, houve as bodas de prata do padre Armindo Castelão Ferreira, pároco de Nossa Senhora das Misericórdias, Ourém, as bodas de ouro dos padres Diamantino da Silva Maurício, vigário paroquial da Maceira, Elias Ferreira da Costa, pároco do Olival, e Manuel António Henriques, pároco de Fátima, e as bodas de diamante (60 anos) do padre Francisco Jorge, pároco de Casal dos Bernardos e Ribeira do Fárrio.

A celebração de graças pelo dom da vida e do ministério sacerdotal foi no dia 23 de Setembro, na Eucaristia das 11h00, na basílica do Santuário de Fátima, presidida por D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo da Diocese, também em ano jubilar.

Encontro de Catequistas: Oração na catequese e na vidaRealizou-se no dia 26 de Setembro, no salão do Colégio da Cruz da Areia,

o XXXIV Encontro Diocesano de Catequistas de Leiria-Fátima, que teve como tema: “A oração na catequese e na vida”. Após um momento de oração, fez-se a apresentação por vigararias e uma reflexão sobre o tema proposto, ao que se seguiu um almoço partilhado. De tarde, prosseguiram os trabalhos, terminando com a apresentação do Plano Anual do Secretariado e a celebração da Eucaristia. Segundo o director do SDECIA, padre Augusto Gonçalves, o principal objectivo da iniciativa foi “ajudar as comunidades cristãs a renovar a catequese, para responder cada vez melhor aos desafios, que são lançados pelas crianças e adolescentes, a todos os educadores”.

Santuário dos Milagres quer acolher melhorNo Dia Mundial do Turismo, a 27 de Setembro passado, os responsáveis do

Santuário dos Milagres, talvez o monumento mais visitado na região de Leiria, sentaram-se à mesa e fizeram o compromisso de “receber cada vez melhor os turistas e peregrinos” cujo aumento exponencial, nos últimos anos, tem surpreendido.

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O pároco e o Conselho Económico do Santuário consideram que, quer a população quer o próprio Santuário, devem preparar-se para acolher ainda melhor os visitantes do Senhor dos Milagres. Neste sentido, criaram um pequeno posto de acolhimento a funcionar sempre que necessário e com esperança de, num futuro próximo, poder abrir todos os dias. Para tal, o Santuário deverá contratar uma pessoa que possa prestar ajuda, esclarecimentos e acolhimento, além de distribuir algum material já preparado para divulgação.

Alegria e cor no Colégio de S.MiguelNo passado 29 de Setembro, a comunidade educativa do Colégio de São Miguel,

em Fátima, procedeu, pela 43ª vez, à abertura solene do ano lectivo. Foi um dia de comemoração, tradição, festa e muita alegria!

As cerimónias abriram às 9h35 com uma palavra de acolhimento e de boas-vindas pelo director, padre Joaquim Rodrigues Ventura, que dirigiu a alunos, professores, funcionários e pais, palavras de esperança e confiança, centradas no lema para o presente ano: “De mãos dadas, unidos pelo Espírito, chegaremos mais além.” De imediato, foram hasteadas as bandeiras de Portugal, da União Europeia e a do Colégio de São Miguel, um acto embelezado por um coro de vozes que entoou os respectivos hinos.

Numa actividade colectiva, realizada no Pavilhão Gimnodesportivo do Colégio com a perticipação de alunos de todos os anos, foram homenageados o padroeiro do Colégio, Arcanjo São Miguel, e o seu Bispo fundador, D. João Pereira Venâncio. Brincando e reflectindo todos deram o seu contributo numa festa fosse de todos.

Pelas 15h00, alunos, professores e funcionários, numa prova de cicloturismo – uma paleta de cores e alegria que são o lema do Colégio de São Miguel – percorreram as ruas de Fátima e saudaram os seus habitantes.

“A vida em Cristo” – Guião para formação permanente Foi apresentado, no passado dia 9 de Outubro, no Seminário Diocesano, o guião

“A vida em Cristo”, para grupos de formação permanente. São doze temas que abordam os grandes conteúdos da terceira parte do Catecismo da Igreja Católica, com temas como “A pessoa humana”, “Liberdade, responsabilidade e moralidade”, “Consciência Moral Cristã”, “A vida humana”... Oferece-se deste modo aos que desejam conhecer o essencial do mistério cristão, um itinerário temático adequado à nossa realidade eclesial e cultural. A perspectiva não é tanto a de um conjunto de conteúdos a saber ou de regras a cumprir, mas sobretudo de aprofundamento da relação pessoal com Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, e da descoberta das suas implicações na vida de todos os dias.

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Com este instrumento de trabalho, o Centro de Formação e Cultura proporciona uma oportunidade de crescimento na fé, e, ao privilegiar o trabalho em grupos, incentiva a descoberta da experiência comunitária.

O guião foi concebido para um trabalho orientado por um moderador devidamente preparado. Deseja-se que, em ambiente espiritual exigente mas feliz, se aprofundam as razões da fé através da reflexão, do diálogo e da oração. Sugerem-se dois ritmos de trabalho: de quinze em quinze dias até à Páscoa, ou nos tempos fortes da liturgia (Advento/Natal e Quaresma/Páscoa).

A proposta insere-se num programa alargado de formação, comum para toda a Diocese, que engloba outros dois níveis oferecidos pela Escola de Formação Teológica. O primeiro nível (Curso Pensar a Fé), a funcionar nas cidades de Ourém, Marinha Grande e Leiria, e o segundo nível (Curso Geral de Teologia e Formação Específica), a funcionar no Seminário Diocesano.

Os guiões sobre A Vida em Cristo podem ser requisitados ao Centro de Formação e Cultura, ao preço unitário de 2 euros.

Congresso Eucarístico InternacionalDe 10 a 17 de Outubro, realizou-se, em Guadalajara, México, o 48º Congresso

Eucarístico Internacional. Numa cidade de 5 milhões de habitantes, estavam inscritos cerca de 15.000 participantes, dos quais 45 eram portugueses. O padre Rui Acácio Amado Ribeiro, um dos representantes da nossa Diocese, resume na primeira pessoa o que foi a sua vivência:

Num ambiente de recolhida oração e séria reflexão, foram-se sucedendo os momentos mais marcantes do Congresso: eucaristias festivas e solenes, celebradas durante a manhã, conferências e partilha de experiências, encontros linguísticos, tempos de adoração, a grande procissão do Santíssimo Sacramento, tudo a par com um vasto programa cultural que durante uma semana marcou o ritmo da cidade de Guadalajara.

A distância temporal permite-nos uma maior tomada de consciência do que ali fomos vivendo e experimentando, mas ao mesmo tempo perde-se o calor da emoção que de algum modo limita a capacidade narrativa.

Para lá da experiência, sempre enriquecedora, do encontro com nova cultura e nova mentalidade, mais espontânea, mais emotiva e mais humilde, destacam-se os conteúdos que pouco a pouco foram surgindo a partir das orações, das reflexões e das partilhas:

a) a Eucaristia foi deveras encarada como o caminho para o encontro do homem com Deus e consigo mesmo, o mesmo é dizer que ela foi apontada como porta para o equilíbrio da vida;

b) a Eucaristia foi ainda afirmada como vida da Igreja e do cristão, não tanto como celebração que marca o ritmo semanal, quanto como dimensão que marca

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todo o agir do cristão e da própria Igreja no meio do mundo;c) a Eucaristia foi compreendida como chave para a nova Evangelização

pois nela se concretiza o mandato missionário ao mesmo tempo que se vive uma experiência cativante para o ser humano.

Dos momentos altos vividos durante aquela semana destacam-se as celebrações da Eucaristia e sobretudo a procissão com o Santíssimo Sacramento. A grande avenida da cidade de Guadalajara, foi percorrida ao longo dos seus 4 quilómetros, por um mar de gente que durante mais de quatro horas se manteve firme junto à estrada. O trânsito parou, o comércio fechou, toda a cidade confluiu para a grande avenida. E à passagem do cortejo, finalizado por uma grande custódia colocada em cima de uma viatura e na qual fora exposto o Santíssimo Sacramento, todos gritavam, cantavam e aclamavam vivas a Jesus. O mote era contínuo e fazia tremer quem passava, via e ouvia o entusiasmo com que ele era proferido: “Se ve, se siente, Jesus está presente”....

Diante de tudo o que ali se viveu, se rezou e se reflectiu, os interesses turísticos relativos a um país tão distante e tão pouco conhecido, mesmo apesar da sua cultura e do seu interesse histórico, caíram por terra. Importante, foi, afinal, viver esta experiência única de fé e de oração. Só por esse motivo valeria a pena repetir.

No final, a celebração da Eucaristia, celebrada no grande estádio de futebol onde a nossa selecção deixou tão negra imagem no mundial de 1986, com cerca de 55.000 mil participantes, foi o culminar em cheio e em festa de uma semana que já por si tinha sido única e inesquecível. Depois foi a voz e a imagem do Papa que de Roma se associou aos milhares de fiéis ali presentes para se congratular com esta realização, pedir empenho para que a Eucaristia seja efectivamente “luz e vida do novo milénio” e finalmente anunciar a realização do próximo Congresso Eucarístico em 2008 no Quebec, Canadá.

Regressámos a Portugal com a bagagem cheia, mas tendo trocado os habituais souvenirs, por uma mão cheia de textos, imagens, documentos úteis para reforçar a temática deste congresso. No espírito fazia efeito esta vitamina e este banho de fé. Que ele perdure sempre e nos motive para voltarmos a falar deste assunto em próximos apontamentos.

Vicentinos elegem novo Conselho Central da DioceseSob orientação do Conselho Central da Diocese, teve lugar, no passado dia

11 de Outubro, no Centro Pastoral das Cortes, a Assembleia-Geral Diocesana das Conferências de S. Vicente de Paulo.

Das diversas conferências espalhadas pela Diocese, 30 em actividade, estiveram presentes cerca de centena e meia de vicentinos. Além do Conselho Central, presidido por João Vieira de Almeida, estiveram presentes o senhor Bispo, D. Serafim, o presidente do Conselho Nacional, Manuel Torres da Silva, o presidente da

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Cáritas Diocesana, Ambrósio dos Santos, e ainda os padres Adelino, dos Parceiros, Vítor Mira, de Regueira de Pontes, e António Faria, do Arrabal.

Presidiu à abertura solene o presidente do Conselho Nacional, que começou por dar as boas-vindas a todos os vicentinos. Seguiu-se a leitura da acta da última Assembleia, pelo secretário, Jorge Carreira de Oliveira, e a apresentação de contas, pelo tesoureiro, José da Silva Henriques.

Depois do almoço partilhado em são convívio, procedeu-se à eleição da nova presidente do Conselho Central, Inês Lourenço, actual presidente da Conferência de Regueira de Pontes. Uma vez que foi apresentada uma única lista, aquela foi eleita por unanimidade e aclamação. Para além da presidente, a nova equipa é composta por Maria da Encarnação Barreiro (vice-presidente), Maria Alice Silva (secretária), Maria Helena Carreira (tesoureira) e Cecília Lourenço Duque (vogal).

A Assembleia foi encerrada com a celebração da Eucaristia, presidida pelo senhor Bispo, na Igreja das Cortes, a que deu especial solenidade o contributo do conhecido e apreciado coral da paróquia das Cortes. Durante a celebração, tomaram posse os novos elementos do Conselho Central e a leitura do compromisso de honra.

Baptismo na cadeia de LeiriaCarolina Sá, uma jovem detida na Cadeia Regional de Leiria, está a fazer uma

caminhada de reinserção social e, ao mesmo tempo, quis dar um passo importante para uma conversão, também a nível espiritual. Foi no recôndito da cela, fechada do mundo, que o seu coração se abriu a Deus. Ali fez uma cuidada caminhada de catequização e preparação espiritual, após a qual pediu o Baptismo.

O próprio Bispo diocesano, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, quis ir à Cadeia Regional celebrar a eucaristia e administrar os sacramentos do Baptismo e do Crisma a esta jovem, que recebeu também a sua primeira comunhão. A celebração foi no passado dia 13 de Outubro, onde, além das 18 reclusas, do capelão, padre Albino Carreira, e do director da Cadeia, João Pessoa, estiveram presentes alguns visitadores, a mãe, duas irmãs e os padrinhos da Carolina. Ela fez o seu acto de fé e prometeu começar uma vida nova, renunciando ao demónio e às suas obras e dedicando a sua vida à prática do bem e ao amor a Deus e ao próximo. Com estas disposições, foi baptizada, crismada e recebeu a sagrada comunhão.

Homenagem ao ex-capelão das prisões de Leiria“O Espírito do Senhor enviou-me a anunciar a Boa Nova ao pobres, a proclamar

a Liberdade aos cativos, a dar a vista aos cegos e a Liberdade aos oprimidos.” Assim exprimiu o padre Albino da Luz Carreira, ex-capelão das prisões de Leiria e agora nomeado pároco da vila de Minde, o sentido da sua missão.

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No passado dia 16 de Outubro, este sacerdote celebrou a santa missa na igreja do Seminário de Leiria, para marcar o fim do seu munus como capelão, durante 16 anos e meio, nos dois estabelecimentos prisionais de Leiria. Aludindo à viúva da parábula do evangelho, que pedia justiça ao “juiz iníquo”, o padre Albino testemunhou mais uma vez a sua capacidade de acolhimento, escuta e compreensão dos mais fragilizados e sofredores. Cerca de 60 pessoas, visitadores das prisões e da Pastoral dos Ciganos e outros amigos, participaram na Eucaristia e reuniram-se depois num jantar partilhado. Num momento único uma visitadora entregou ao padre Albino um ramo de orquídeas e disse: “Sr. padre Albino, a sua forma de ser e o seu bom coração fazem com que nós possamos ter por si a melhor admiração. De todos nós, visitadores e amigos, receba as flores mais lindas que cada um encontrou no seu jardim interior. São as flores da amizade, do carinho e do amor, aquelas que nunca murcham.” Foram também oferecidas uma caneta e uma agenda com dedicatória, sinais de gratidão e amizade a quem, ao dizer SIM a Deus, soube acolher os seus filhos, desde o mais simples ao mais culto.

Assembleia-Geral das ConferênciasRealizou-se no passado dia 17 de Outubro mais uma Assembleia-Geral das

Conferências de S. Vicente de Paulo da diocese de Leiria-Fátima. Durante o encontro que decorreu no centro pastoral da paróquia das Cortes, com início às 09h30 e termo pelas 16h00, com a celebração da Eucaristia, na igreja local, procedeu-se à eleição e tomada de posse dos membros do novo Conselho Central.

Coroa de ouro e pedras preciosas para FátimaUm ourives italiano ofereceu recentemente ao Santuário de Fátima uma coroa

de ouro maciço ornamentada com pérolas e pedras preciosas. A coroa assenta numa base que tem incrustadas cinco pedras a simbolizar os cinco mistérios do Rosário, unidas por dez brilhantes que representam as dez Ave Marias de cada mistério. No interior da base, estão gravadas as intenções do autor e a cauda do terço. O Santuário de Fátima recebe regularmente inúmeras ofertas de todo o mundo. Recentemente um peregrino ofereceu, em cumprimento de uma promessa, uma imagem da Virgem Peregrina esculpida por ele próprio, dom que o Santuário endereçou a um dos muitos países pobres que lhe pedem imagens.

Arcebispo Emérito de Belo Horizonte em FátimaD. Serafim Fernandes de Araújo, Arcebispo Emérito de Belo Horizonte, do

estado brasileiro de Minas Gerais, visitou Fátima em meados de Outubro, onde se

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confessou “plenamente mariano”, uma devoção que diz sentir desde criança, quando a sua mãe lhe ensinou a rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria.

“Nossa Senhora é como a minha mãe, umas vezes veste-se para ir à missa, outras para ir para o trabalho, outras para cozinhar, mas o importante é que quando precisamos ela está sempre ali. Nossa Senhora apareceu no México como índia, no Brasil como preta, em Portugal apareceu numa altura muito importante, quando o mundo sofria com a guerra e os avanços do comunismo. Conforme vamos precisando, Ela está sempre ali”, afirmou o arcebispo emérito de Belo Horizonte.

Apresentando-se como um peregrino comum, a acompanhar um pequeno grupo de peregrinos do Brasil, D. Serafim Araújo deixou uma crítica aos responsáveis europeus “que não quiseram colocar Cristo no preâmbulo da Constituição Europeia”. “Foi a Igreja Católica que fez a Europa, sem a referência a Cristo não há Europa. O Parlamento Europeu deixou de fora os valores que deram origem à sua criação”, disse. Perante um mundo “totalmente violento por se ter afastado de Cristo”, considerou que “a paz não é urgente como ponto de chegada mas como ponto de partida”. E afirmou ainda: “Como disse o Papa, sem perdão não há paz, isto a nível do mundo, mas também das nossas casas, das nossas famílias, onde cada vez mais as pessoas perdoam menos”.

Associação Promotora de Ensino e Formação de FátimaA Associação Promotora de Ensino e Formação de Fátima (APEFF), entidade que

agrega a Câmara Municipal de Ourém, a Escola Profissional de Ourém, o Santuário de Fátima, o Centro de Estudos de Fátima, a Congregação dos Padres Monfortinos e a Universidade Internacional, abriu inscrições para seis pós-graduações iniciadas neste ano lectivo. Segundo a APEFF, os cursos, todos com uma forte componente prática, foram criados para responder às necessidades formativas sentidas pelas empresas e empresários da região. Depois de atenta análise aos principais sectores de actividade dos concelhos limítrofes do concelho de Ourém e do próprio concelho, a APEFF acrescentou ao seu programa curricular seis pós-graduações: Reabilitação Psicossocial, Organização e Optimização da Produção, Gestão de Empresas de Construção, Gestão de Energia, Gestão Prática de Micro, Pequenas e Médias Empresas e Acompanhamento Pastoral e Aconselhamento.

Nova equipa diocesana da JOCA nova equipa diocesana da Juventude Operária Católica da diocese de Leiria-

Fátima foi eleita no passado dia 23 de Outubro de 2004, na Assembleia Diocesana do Movimento. A equipa é constituída por: Coordenadora - Sónia Neves (mandato de 2 anos); Secretária - Inês Moreira (mandato de 3 anos); Tesoureira - Rita Moreira

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( mandato de 2 anos); Dirigente livre Nacional que apoia a diocese - José Henriques Soares. A JOC da Diocese de Leiria-Fátima tem como assistente/acompanhante diocesano a Ir. Nancy Ortiz, da Congregação das Filhas de Nossa Senhora de Guadalupe.

Esta equipa foi ratificada pelo Bispo diocesano, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, no dia 12 de Novembro de 2004.

Vigília Missionária DiocesanaNo dia 23 de Outubro, véspera do Dia Mundial das Missões, a paróquia de

Pataias recebeu uma Vigília Missionária Diocesana, cujo conteúdo se harmonizou com a mensagem do papa para este ano, “Eucaristia e Missão”, com o tema deste Outubro Missionário, “Eu ouvi o grito do meu povo”, e ainda com o da diocese para este ano pastoral, “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”.

Foi uma iniciativa do Secretariado Diocesano da Animação Missionária, em conjunto com os IMAG (Institutos Missionários Ad Gentes), inserida no programa que o mesmo Secretariado vem desenvolvendo nos últimos anos. A escolha de Pataias deveu-se ao facto de se ter realizado nesta paróquia, juntamente com a da Maceira, em Março passado, uma semana de animação missionária.

Jornada de Espiritualidade“Irradiadores da Palavra” foi o tema das Jornadas de Espiritualidade promovidas

pela Fundação Maria Mãe da Esperança (FMME), a 23 de Outubro passado, no salão da Congregação das Filhas da Igreja, em Fátima, para aprofundamento espiritual de quantos já participaram nos seus retiros ou outras actividades.

Sob o título “Faz-te ao largo”, baseado num apelo de João Paulo II, a mesma Fundação promoveu mais um retiro, de 29 e 31 de Outubro, no Centro Pastoral de Aljubarrota. Orientada pelo padre Victor Mira e dirigida a todos os cristãos com mais de dezassete anos, a iniciativa pretendeu valorizar a dimensão missionária da fé cristã. A exemplo de São Paulo que exclamava “Ai de mim se não evangelizar!” os participantes aprofundaram a dimensão testemunhal da fé cristã.

Encontro regional Jovens Sem FronteirasOs Jovens Sem Fronteiras da região Centro (Casal dos Bernardos, Caneiro,

Ribeira do Fárrio e Santa Eufémia) passaram o dia 24 de Outubro em Santa Eufémia. Estiveram presentes três missionários espiritanos e presidiu o coordenador nacional, padre Tony Neves. A Eucaristia, cheia de ritmos, cores e símbolos, remeteu para a missão – de partir de si próprio e ir mais além duma forma física ou emocional.

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Depois do almoço partilhado, decorreu uma apresentação multimédia sobre os “20 anos dos JSF”, e o ponto alto da tarde foi a partilha/testemunho do casal missionário Paula e Emídio, de Santa Eufémia, que estiveram em Angola e Moçambique em projectos de dois anos. Há 5 anos, da última vez que regressaram (por razões de saúde da família) trouxeram o Ricardo, um menino que foi abandonado no hospital e que fez as delícias de todos os presentes.

VI Fórum Ecuménico JovemPelo sexto ano consecutivo, o Movimento Ecuménico Juvenil, constituído pelas

Igrejas Metodista, Lusitana, Presbiteriana e Católica, organizou o Fórum Ecuménico, promovendo um encontro entre jovens cristãos a nível nacional. O evento anual tem percorrido o país. Começou em Leiria, passou por Lisboa, Porto, Coimbra, Aveiro e este ano, a 6 de Novembro, chegou a Santarém.

Cerca de 200 jovens encheram de alegria e cor uma sala onde um bonito cenário elaborado pela Igreja Metodista preparava para o tema “Peregrinos numa Europa Plural”, apresentado duma forma fragmentada pelas diferentes denominações cristãs. A Igreja presbiteriana abordou “o que é ser peregrino, o que é estar a caminho?!”, enquanto que a Igreja Lusitana reflectiu sobre a “Europa de hoje – os movimentos de migrações e suas consequências”, focando o caso de Portugal onde há técnicos de saúde que não falam português e alunos que não têm o português como língua maternal, e os correspondentes problemas de comunicação.

O painel sobre “pluralidade”, a cargo da Igreja Católica, foi apresentado pelo Movimento dos Focolares cujo carisma é a Unidade. Partindo da experiência de 8 de Maio – encontro de Estugarda sobre a “Construção duma Europa do Espírito” ao lado da Europa do poder, onde mais de 150 Movimentos procuraram “descobrir as riquezas dos outros e partilhá-las” –, falou-se do amor que gera a simplicidade e cria unidade na pluralidade de línguas, países, culturas, pontos de vista... através da escuta, da doação e da concretização da palavra de Jesus: “Dou-vos um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros”.

Papa recebe relíquias de S. Agostinho no VaticanoJoão Paulo II quis ser o guardião das relíquias de Santo Agostinho, por ocasião

do 1650º aniversário de nascimento do Padre da Igreja. A urna foi encaminhada para Roma, no dia 7 de Novembro, e confiada ao Papa que a guardou na sua capela privada. Esta foi uma “visita” inédita, a primeira vez que um Papa guarda no Vaticano as relíquias do Bispo de Hipona, um dos maiores teólogos e homens de Igreja. As relíquias foram também mostradas ao público na basílica de Santo Agostinho, em Roma.

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Semana dos SemináriosDe 7 a 14 de Novembro decorreu a semana de oração pelos Seminários. A

ordenação de dois presbíteros e um diácono, no domingo, dia 7, constituiram o melhor início e mobilizaram algumas comunidades cristãs que vieram encher a Sé Catedral. Durante a semana, várias paróquias promoveram momentos de oração pelas vocações sacerdotais. O próprio Seminário organizou uma Vigília de Oração, na quinta feira, 11 de Novembro, e realizou dois encontros vocacionais para adolescentes e jovens: 10º, 11º e 12º anos de escolaridade no dia 13 de Novembro; 7º, 8º e 9º anos de escolaridade, posteriormente, no dia 20 de Novembo. Deste modo, retomaram-se os trabalhos do pré-seminário, depois de alguns meses de interregno.

Naturalmente centrados na vocação, os encontros tiveram momentos de oração, reflexão e convívio, bem como momentos de partilha com os seminaristas do Tempo Propedêutico. e um encontro com o Bispo diocesano, que exortou os mais novos a não terem medo do futuro e de assumirem a sua vocação diante dos outros, dando o seu próprio testemunho.

Reaviva-se a esperança. Muito há a fazer pelas vocações sacerdotais. Com a generosidade de todos e a confiança em Deus, que é a fonte de todas as vocações, o futuro não será uma incerteza. É Deus quem chama e quer precisar de nós. Que o nosso testemunho de vida seja a melhor promoção vocacional que fazemos.

Encontro Anual dos AnimagMeia centena de Animadores Missionários pertencentes aos Institutos

Missionários Ad Gentes (IMAG) participaram na Assembleia Anual, no Colégio Montariol, em Braga, de 9 a 12 de Novembro.

O primeiro dia foi dedicado à Antena Portuguesa da Rede Fé e Justiça África-Europa (AEFJN), criada pelos Institutos Missionários, em Roma, para fazer ‘pressão’ sobre a União Europeia no que diz respeito a decisões que afectem as populações do continente africano. O padre Rocha, missionário da Consolata e responsável pela AEFJN em Portugal, e a irmã Rosária Nunes falaram da Justiça, Paz e Integridade da Criação, na perspectiva da Antena e das acções para 2005: perdão da dívida aos países pobres e, no que diz respeito à Agricultura, a questão do Açúcar e dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM). Há ainda outros dossiers ligados às armas, aos medicamentos, à água e a acordos preferenciais.

O segundo dia foi orientado pelo padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, em Portugal. O padre Jardim apresentou dados sobre a pobreza e a exclusão social na Europa e em Portugal, referiu as suas consequências sociais e inventariou as causas estruturais do fenómeno. A conclusão global foi que a exclusão se deve não à carência de meios mas à concentração indevida nas mãos de poucos, como resultado de políticas comandadas pelo egoísmo neo-liberal que visa

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o lucro sem atender à centralidade da pessoa, situação que se pode inverter apenas com vontade política. Num segundo momento, o padre Jardim Moreira dedicou-se a olhar e JULGAR a realidade a partir de alguns textos da Palavra de Deus e da Igreja. E passando ao momento do AGIR, destacou algumas linhas de acção: a atenção à integridade da pessoa, numa linha da antropologia bíblica, sem a dicotomia platónica; o primado do ser sobre o ter; o assumir o mistério da Incarnação, com todas as suas consequências, na vida e na intervenção social e política. Mais que trabalhar para os pobres há que trabalhar com os pobres. Sem experimentar a sua situação não se ouvirá o seu grito nem se entenderão os seus problemas; valorizar a caminhada do ‘discipulado’ como Maria na Anunciação, levando a palavra de Deus à vida, sendo consequente, indo ao encontro do outro sem esperar que venha bater à porta.

Neste Ano da Eucaristia, o padre Jardim Moreira convidou a ter bem presente a força do ‘Ide’ final e que não se pode fazer comunhão com o Cristo da Eucaristia se antes a não fizermos com o Cristo vivo que está no excluído; a não diluir a justiça na caridade. O devido por justiça não pode ser atribuído à caridade. Por isso, a Igreja deverá rever as suas instituições de solidariedade social para não ser correia de transmissão de políticas desajustadas e ocasião de o Estado se descartar. A concluir, chamou a atenção para a importância do Plano Nacional para a Inclusão a implementar em todos os países da União Europeia: reforço da cidadania e da participação de todos na sociedade; subsidiariedade como processo de comunhão; articulação e interacção das políticas – ‘mainstreaming’; e avaliação dos resultados.

O terceiro dia foi dedicado a assuntos ligados mais directamente aos Institutos Missionários Ad Gentes. Houve uma apresentação multimédia dos Animag, pelo padre José Augusto Leitão, presidente dos IMAG, outra sobre a MissãoPress, com o padre Tony Neves e uma terceira sobre as Obras Missionárias Pontifícias, com uma exposição pelo padre Manuel Durães, director Nacional das OMP. O Outubro Missionário, as Jornadas Missionárias, o Curso de Missiologia, um desdobrável sobre os Institutos Ad Gentes, as Semanas de Animação Missionária, as publicações da Imprensa Missionária, um eventual Congresso para 2008... foram alguns dos temas discutidos durante a manhã. À tarde houve visita cultural a Nossa Senhora do Alívio (Vila Verde), Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Ponte de Lima.

O último dia foi de programação de actividades a nível de Zonas e contou com o depoimento de Bernardino e João Pedro, da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga. Ambos participaram na Assembleia e falaram do trabalho que estão e realizar, sobretudo do diagnóstico social, a apresentar a 3 de Dezembro, no Fórum Social, e da ideia de criação do Observatório Social da Arquidiocese. D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, lançou um grande estímulo ao trabalho de animação missionária na Arquidiocese e presidiu à Eucaristia de Encerramento.

Os Animag elegeram a nova direcção: Padre José Martins, Consolata (presidente), Teresa, Companhia Missionária (vice-Presidente), irmã Carmo, Comboniana (secretária) e padre José Luís Pimenta, Verbita (tesoureiro).

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Processo dos Pastorinhos já foi entregue no VaticanoA cerimónia de clausura do processo de Canonização de Francisco e Jacinta

Marto teve lugar no dia 15 de Novembro de 2004, na Casa de Nossa Senhora das Dores, no Santuário de Fátima. Organizada a documentação por parte do Tribunal instituído no passado dia 13 de Outubro, pelo Bispo Diocesano, D. Serafim Ferreira e Silva, o processo, devidamente assinado, carimbado e autenticado seguiu lacrado para Roma, onde foi entregue, na terça-feira seguinte, dia 16, pelas mãos do Vice-Postulador para a Causa da Canonização, na Congregação Pontifícia para as Causas dos Santos. O processo original será guardado na Diocese de Leiria-Fátima, devidamente selado, e só poderá ser aberto com autorização do Bispo Diocesano.

Na sessão canónica, o Vice-Postulador, o padre Luís Kondor disse desejar que, ainda antes da entrega da documentação, o Santo Padre dê a sua bênção ao processo, “porque confiamos no Santo Padre”, e porque o “Santo Padre é muito grato aos Pastorinhos”. Nesta viagem à Santa Sé, o Vice-Postulador encontrou-se também com o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o Cardeal José Saraiva Martins.

Na saudação aos presentes, o Bispo de Leiria-Fátima, visivelmente emocionado, afirmou ter vindo a aperceber-se “de que mesmo fora de Portugal, há um carinho muito grande (por Francisco e Jacinta), muita gente os quer ver no altar”. “Porquê? Porque são dois pontos de referência, dois modelos para as crianças de todo o mundo e também para os adolescentes. (…) Este acto é uma manifestação da intercessão e da solidariedade. (…) Há uma vida para além da morte e aqueles que estão para além da vida podem interceder”, afirmou D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva.

Em termos processuais, após a entrega do processo na Congregação para as Causas dos Santos, há uma primeira averiguação da autenticidade dos documentos apresentados, no total de 127 folhas. Após esse procedimento, o Relator fará o relatório do processo, a entregar a sete médicos que apresentarão uma declaração. Se for confirmar a cura inexplicável, permitirá à Congregação declarar o milagre da intercessão por Francisco e Jacinta. Estará então aberto o caminho para a canonização dos dois videntes de Fátima, que trará à Igreja Universal o culto a Francisco e a Jacinta.

O processo de canonização de Francisco e Jacinta é, segundo afirmou o Padre Kondor, “muito normal e simples”, com muitas provas: os documentos da doença da criança, agora com cinco anos; os documentos que provam a cura, com um ano, e também várias provas da invocação dos pastorinhos para a cura. O Vice Postulador reafirmou a grande confiança da família do menino Filipe Moura Marques nos Beatos, em especial da avó materna, que tinha “uma confiança extraordinária, impressionante, em Francisco e Jacinta”.

No período entre a abertura (13 de Outubro) e a clausura (15 de Novembro) do processo para a canonização de Francisco e Jacinta, o Tribunal realizou oito sessões

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e ouviu oito testemunhas. Foi uma fase que se pode considerar de “instrumental”, com apresentação dos factos e organização “burocrática” do processo, agora entregue em Roma.

20 anos da Fundação Maria Mãe da EsperançaEntre 18 e 21 de Novembro, realizou-se, no Centro de Espiritualidade Francisco

e Jacinta Marto, em Fátima, o retiro À Beira do Poço, que comemorou o 20º aniversário da Fundação Maria Mãe da Esperança (FMME). Nestes dias, os retirantes foram chamados a entrar, progressivamente, na experiência de Deus vivida pela mulher samaritana através do Encontro, rico em profundidade, com Jesus. O recurso à linguagem simbólica e celebrativa, aliada à comunicação do orientador, padre Manuel Santos José, muito profunda, mas ao mesmo tempo simples e, por isso, ao alcance da heterogeneidade do grupo, fez com que a experiência fosse extremamente fecunda para todos os participantes. Aquele Encontro é paradigmático, para os homens e mulheres de hoje e, mais do que isso, contém em si uma energia, plena de actualidade capaz de produzir, a quem nele entra, uma vontade renovada de se deixar transformar, tal como aconteceu com a samaritana.

A experiência fundadora da FMME foi evocada, dado tratar-se dum retiro comemorativo. E foi interessante constatar a interpelação causada ao padre Manuel por três pessoas de Mira d’Aire (o casal José Luís e Fátima Serôdio, já falecidos tragicamente num acidente, e Helena Azóia), quando, em Agosto de 1983, na sequência de uma Experiência de Deus, lhe falaram da necessidade de se investir na formação espiritual dos agentes da pastoral, nomeadamente catequistas.

O sinal mais palpável da comunhão de Igreja, por todos experimentada, esteve na Eucaristia de encerramento, presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, garante dessa mesma comunhão. O seu tom afável e acolhedor, bem como as palavras de incentivo e apoio dadas à FMME, tornaram o encerramento do retiro um ponto muito alto.

A juntar-se aos participantes do retiro vieram muitos outros, ligados à FMME, que também fizeram festa com os que estavam, participando na Eucaristia de encerramento e no pequeno convívio que se seguiu.

“O Compromisso Cristão na Sociedade e na Igreja” O Salão Paroquial de Regueira de Pontes acolheu, no passado dia 19 de Novembro,

uma conferência subordinada ao tema “O Compromisso Cristão na Sociedade e na Igreja”. Foi orador Luís Sebastião, licenciado em Biologia e Geologia, doutorado em Ciências da Educação, presidente do Conselho de Administração do Instituto Português da Juventude entre 1993 e 1996 e, actualmente, coordenador da equipa interdisciplinar para os assuntos da família da Arquidiocese de Évora.

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Jornada diocesana da Pastoral familiar Dirigida antes de mais às comunidades paroquiais, nomeadamente aos párocos e

equipas de pastoral familiar (ou casais com vista à sua constituição), aos movimentos e serviços diocesanos especialmente orientados para a família, e aos casais em geral, a Jornada da Pastoral familiar teve lugar a 20 de Novembro transacto, das 15h00 às 18h00, no Seminário Diocesano, por iniciativa do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar. Com o objectivo principal de apoiar e incentivar uma acção organizada e coordenada, orientada para a família, os trabalhos dividiram-se em duas partes. A primeira, de carácter mais formativo, e a segunda dedicada à partilha pastoral.

A parte formativa constou de uma reflexão sobre os meios de comunicação social e a família, eco do tema das recentes Jornadas nacionais promovidas pela Comissão Episcopal da Família. Sem tempo para abarcar outros âmbitos, focou-se a relação entre a família e televisão, e em especial a necessidade de mediar o consumo televisivo dos filhos de forma a criar espaços de diálogo e capacidade crítica.

A partilha pastoral centrou-se na constituição e papel das equipas paroquiais, e na intenção do Secretariado Diocesano de avançar quanto antes com o Conselho Diocesano da Família. Não tem sido fácil formar equipas nas comunidades, embora se assuma a sua urgência. Mesmo assim, algumas já se apresentaram e estão a trabalhar, e alguns dos casais presentes foram enviados para serem elementos aglutinadores nas suas paróquias. Uma vigararia apresentou, mesmo, um projecto de esforço coordenado, com vista à formação das referidas equipas. Sobre o Conselho Diocesano da Família, o Secretariado Diocesano manifestou a intenção de se avançar muito em breve com representantes dos movimentos desta área e delegados vicariais. Se possível, far-se-á a sua apresentação no dia diocesano da família, a 14 de Maio de 2005.

Crianças adoram “Jesus Escondido”Com o apoio do Santuário e da paróquia de Fátima, o Movimento da Mensagem

de Fátima (MMF) organizou, na manhã de 20 de Novembro, uma adoração eucarística pelas crianças daquela comunidade. Cerca de 750 crianças, entre os 7 e os 12 anos, em companhia dos familiares e catequistas, estiveram na Basílica do Santuário a rezar ao Santíssimo Sacramento.

Nossa Senhora insistiu, em Fátima, no convite à oração e desagravo ao Senhor. Os Pastorinhos foram os primeiros seguidores e mensageiros desses apelos. No Beato Francisco, apesar da pouca idade, foi crescendo um grande amor ao recolhimento e à adoração a Jesus escondido, dizia. Já doente, pedia à prima Lúcia “Olha: vai à Igreja e dá muitas saudades minhas a Jesus escondido. Do que eu tenho pena é de não poder já ir e estar uns bocados com Jesus escondido” (Memórias da Irmã Lúcia

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– 4.ª Memória). Refere a Irmã Lúcia, na mesma publicação: “Enquanto que a Jacinta parecia preocupada com o único pensamento de converter pecadores e livrar as almas do inferno, ele parecia só pensar em consolar Nosso Senhor e a Nossa Senhora que lhe tinham parecido estarem tão tristes”. Neste mesmo sentido de fidelidade aos pedidos do Anjo e de Nossa Senhora, as crianças de Fátima reuniram-se para rezar. Este projecto da Adoração Eucarística pelas crianças, desenvolvido pelo MMF, tem percorrido praticamente todo o país.

Fátima acolheu 2ª Missa da EsperançaPelo segundo ano consecutivo, o Santuário de Fátima acolheu a “Missa da

Esperança”, uma iniciativa promovida pelo Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, com o apoio da Embaixada do Brasil em Portugal e da Região de Turismo Leiria/Fátima, que decorreu no dia 21 de Novembro. Milhares de peregrinos e devotos marcaram presença no Altar do Mundo, para assistir à missa e à recitação do terço que se seguiu e teve lugar, como habitualmente, na Capelinha das Aparições. Foi um momento de grande emoção, que contou com a presença da conhecida apresentadora brasileira Ana Maria Braga e com as participações musicais de Roberto Leal, Marco Paulo e o padre António Maria. Com a sua actuação, estes conhecidos artistas, quiseram demonstrar, cantando, a sua fé a Nossa Senhora de Fátima, numa mensagem de esperança que convidou todos os peregrinos e devotos de Nossa Senhora presentes a participarem naquela celebração.

Assembleia do Apostolado Mundial de FátimaEntre os dias 22 e 26 de Novembro, realizou-se, na Domus Pacis, em Fátima, a

Assembleia Internacional do Apostolado Mundial de Fátima (Exército Azul). Neste encontro estiveram representadas mais de 20 nações dos cinco continentes.

O Apostolado Mundial de Fátima (AMF) é um movimento internacional da Igreja Católica, inspirado na Mensagem de Nossa Senhora em Fátima. Actualmente presente em mais de 110 países, tem como principal objectivo divulgar e promover a vivência da Mensagem de Fátima no mundo.

A Assembleia-geral do AMF tem lugar habitualmente de quatro em quatro anos, e pretende acima de tudo ser um encontro de partilha entre os vários representantes do movimento nas diversas nações onde opera com a aprovação da Conferência Episcopal ou do Bispo local. No programa para esta Assembleia de 2004, constava a revisão e aprovação dos Estatutos, a discussão de novas metodologias para tornar a Mensagem de Fátima mais amplamente conhecida e vivida, e a eleição de uma nova Comissão Executiva para o AMF. Ao mesmo tempo, e como não podia deixar de ser, o encontro foi também fortemente marcado por momentos de oração e

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formação. Para tal, foram convidadas algumas personalidades, nomeadamente o Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, o Reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra, e o padre Luís Kondor, Postulador do Processo de Canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, para abordarem temáticas relacionadas com a Mensagem de Fátima.

Jornadas de Pastoral Urbana de LeiriaA vigararia de Leiria, composta pelas nove paróquias que circundam a cidade,

atenta ao crescimento da cidade e aos problemas que este acarreta, tem proposto, nos últimos anos, uma reflexão sobre algumas problemáticas tipicamente urbanas. A 26 e 27 de Novembro, no auditório do Instituto Politécnico de Leiria, decorreu mais uma edição das “Jornadas de Pastoral Urbana”, desta feita sobre o lugar de Deus na cidade – Está Deus na cidade? Se sim, onde? Como conciliar a modernidade com a ideia de Deus?...

Jornadas do Movimento da Mensagem de Fátima O Movimento da Mensagem de Fátima (MMF), sedeado no Santuário de Fátima,

promoveu, de 26 a 28 de Novembro, as suas Jornadas de 2004. Sob o mote “Como pão que se parte e se reparte”, o programa decorreu no Centro Pastoral Paulo VI, durante quatro dias intensos de convívio e reflexão.

A abertura foi no dia 26, com a presença de D. Serafim, Bispo de Leiria-Fátima. Ao longo do dia, em torno de “A Eucaristia na História da Igreja”, vários temas estiveram em debate, com intervenções de especialistas consagrados: “A instituição do Sacerdócio e Eucaristia”, “Eucaristia, ritual e memória” e “A Eucaristia na Mensagem de Fátima”. No dia 27, a “Eucaristia e Mensagem de Fátima” inspirou os diversos painéis: “A Aparição do Anjo”, “Maria e a Eucaristia”, “Cristo, Pão da Vida” e “Presenças Reais”.

No último dia, 28 de Novembro, “A Eucaristia, Anúncio de Salvação” foi o tema central de uma sessão que se desdobrou em temas como “Eucaristia e Mistério Pascal” e “Celebrar o Amor”. Uma vez mais, e a presidir à sessão de encerramento, D. Serafim marcou presença especial como Assistente Geral do MMF e na qualidade de Bispo de Leiria-Fátima.

CFC - Reflexão bíblica e teológicaO Centro de Formação e Cultura (CFC) promoveu, no dia 28 de Novembro,

primeiro domingo do Advento, no Centro Paroquial de Nossa Senhora da Piedade, Ourém, a apresentação do Evangelho de São João. O padre Anacleto Oliveira,

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membro do presbitério de Leiria-Fátima e especialista em Bíblia conduziu os participantes na descoberta dos traços essenciais com que São João convida a contemplar o Rosto do Senhor.

O CFC promoveu também as Meditações sobre o Mistério da Encarnação, no segundo domingo do Advento, 5 de Dezembro, na igreja de São Pedro, em Porto de Mós. Foi um contributo para uma vivência mais intensa do Natal do Senhor, dentro do objectivo geral de valorização dos momentos mais importantes da celebração do Mistério Cristão. A reflexão foi orientada pelo padre Clemente Dotti do presbitério de Leiria-Fátima e capelão do Santuário de Fátima e completou-se com um tempo de silêncio e de oração pessoal e comunitário.

Encontro Nacional da Pastoral da SaúdeRealizou-se, de 30 de Novembro a 3 Dezembro, em Fátima, o XVIII Encontro

Nacional da Pastoral da Saúde, que contou com cerca de mil participantes e foi fundamental para a definição de prioridades por parte desta pastoral no seio da Igreja. A saúde mental, a toxicodependência e a Sida foram alguns dos temas em debate. Deixamos as notas conclusivas do encontro:

A) Considerando a importância do Plano Nacional de Saúde para a renovação dos serviços de saúde em Portugal, voltados para uma dinâmica de acção

- centrada no cidadão e, por isso, preocupada pela educação de todos para a saúde;

- aberta à inovação, com um sentido ético claramente definido;- marcada da suficiente qualidade, sem esquecer a humanização;- dotada da assistência espiritual e religiosa, como um direito do doente.B) Considerando que a Igreja Católica não pode ser indiferente a este esforço por

dar mais e melhor saúde às populações, sobretudo aos mais pobres e carenciados, o que obriga a algumas intervenções criativas e inovadoras.

C) Considerando a originalidade da intervenção da Pastoral da Saúde (acção organizada da Igreja) no contributo que dá à política da saúde, sobretudo no que se refere à humanização dos cuidados, à educação para a saúde, à dimensão ética da investigação, ao interesse nos apoios sociais indispensáveis e, como se impõe, à garantia da ajuda espiritual e religiosa do cidadão doente sempre que solicitada.

D) Considerando finalmente, que o Plano Nacional de Saúde, é um projecto que recebe o consenso dos grandes grupos que se têm dedicado ao estudo da saúde em Portugal e que foi aceite, com o parecer favorável de peritos dos vários quadrantes da sociedade portuguesa.

Os 800 participantes neste XVIII Encontro Nacional da Pastoral da Saúde comprometem-se a exercer uma acção organizada, a nível nacional e diocesano (as diversas regiões do país) que permita:

1. Valorizar a presença da Igreja Católica em todas as unidades de Saúde

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– hospitais públicos, privados, sociais, S.A, – através dos serviços da Assistência Religiosa suficientemente renovados na sua composição – capelães e seus colaboradores – e nos seus objectivos, levando à prática, de forma consistente, os DR 58/80 e DR 22/90, sobretudo com a definição clara das suas competências, descritas no Artº. 5º. do primeiro destes documentos.

2. Colaborar com os serviços de saúde do Estado, sobretudo através dos hospitais e clínicas dos Institutos Religiosos que se dedicam a situações mais difíceis, como a saúde mental, a toxicodependência e a Sida, pedindo para estes, da parte dos Ministérios da Saúde e da Segurança Social, o apoio indispensável para proporcionar aos doentes uma vida digna e um tratamento de qualidade e eficaz.

3. Sugerir às estruturas da Igreja, especialmente vocacionadas para o serviço aos doentes mais carenciados, uma certa reformulação dos objectivos e dos modelos e métodos de intervenção, para que as instituições de Idosos, os Centros de Dia e apoio ao domicílio, os pequenos hospitais do interior se possam abrir aos cuidados continuados e, mesmo, aos cuidados paliativos.

4. Provocar, através de encontros, jornadas, seminários regionais ou locais, uma formação que integre a redobrada preocupação pela humanização, fundamentada nos valores humano-cristãos que vêm do Evangelho, procurando insistir na humanização das relações nos serviços de saúde e na humanização de espaços e das estruturas, para que as unidades de saúde sejam lugares de bem estar para os doentes.

5. Dar atenção privilegiada a alguns grupos humanos mais carregados de sofrimento, como sejam os imigrantes, os sem abrigo, os toxicodependentes, as pessoas com deficiência.

6. Preparar a realização do 2º. Congresso Nacional da Pastoral da Saúde, a ter lugar em Novembro de 2006, onde se estudem as características da intervenção da Igreja Católica nesta área da vida humana a que hoje se é tão sensível e em que a Igreja tem valores que acrescentarão mais valia à prevenção, ao tratamento, ao acompanhamento e ao alívio do sofrimento em todas as situações.

Neste Ano da Eucaristia, a Pastoral da Saúde deseja eucaristizar a vida das comunidades de saúde onde o sofrimento dos doentes se encontre com a esperança, onde o trabalho dos profissionais se converta num serviço de qualidade e amor, onde a assistência espiritual e religiosa tenha uma dimensão terapêutica e de salvação integral da pessoa humana.”

(Fátima, 4 de Dezembro de 2004 - A Comissão Nacional)

Coesima - Fátima na optimização do turismo religiosoA Região de Turismo Leiria/Fátima (RTL/F) esteve presente no Santuário

Mariano de Lourdes, em França, no mês de Novembro, no decorrer da assinatura do convénio de colaboração do Projecto Coesima (Comissão Europeia dos Locais

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Maiores de Acolhimento). Trata-se de uma iniciativa desenvolvida pela Associação de Desenvolvimento de Lourdes, que se destina à optimização da actividade turística relacionada com as peregrinações religiosas, a nível europeu.

O Projecto Coesima viu a sua candidatura ao Programa Interreg III C ( Zona Sul) aprovada no passado mês de Julho, com um total de 1,7 milhões de euros, a serem aplicados ao longo de três anos. O principal objectivo é construir uma rede de locais que promova e valorize os maiores centros de peregrinação da Europa e fazer reconhecer esta actividade como uma componente de grande relevância para o seu desenvolvimento económico e social. Os parceiros do projecto são sete: França (Santuário de Lourdes), Itália (Santuário do Loreto), Alemanha (Santuário de Altotting), Polónia (Santuário de Czestochowa), Espanha (Santuário de Santiago de Compostela), Grécia (Santuário de Patmos) e Portugal (Santuário de Fátima). No seu conjunto representam o acolhimento de mais de 20 milhões de peregrinos por ano, provenientes de cerca de 160 países.

São acções prioritárias do Projecto Coesima o estudo aprofundado do perfil do “peregrino europeu” e da frequência das deslocações e estadas para melhor identificar as expectativas dos visitantes, incluindo a identificação das alterações a efectuar para que os locais se adaptem melhor aos novos públicos (adaptação das infra-estruturas aos peregrinos com incapacidade motora), a valorização do património cultural e o desenvolvimento de uma estratégia de promoção internacional comum aos sete santuários parceiros.

Jovens sem Fronteiras – Criada a Região CentroOs 41 grupos Jovens sem Fronteiras (JSF) existentes em Portugal continental, do

Minho ao Algarve, têm estado sob a “ jurisdição” de 3 coordenações: Braga, Porto e Centro Sul. Esta última abrangia desde Coimbra ao Algarve. Dada a sua extensão, sentiu-se necessidade de uma nova coordenação no centro do país, justificada também pela existência de mais de meia dúzia de grupos. A comissão instaladora da Coordenação da Região Centro tomou posse em Novembro passado, no encontro nacional de animadores, com a presença do P. Manuel Sabença, constituída pelo P. Tony Neves, o Bruno da Benedita, a Yolanda do Caneiro, a Rita do Fárrio e a Lúcia de Santa Eufémia e realizou a primeira reunião a 3 de Dezembro, na Benedita.

O 11º aniversário do grupo JSF do Fárrio, a 8 de Dezembro, reuniu na Ribeira do Fárrio diferentes grupos da região centro bem como das regiões do Norte a Sul. É que muitos dos que, no Verão passado, realizaram nesta comunidade, perto de Fátima, a semana missionária (uma experiência que marca quem é acolhido e quem acolhe), não quiseram deixar passar a oportunidade de voltar e matar saudades, dos lugares das gentes. Como actividade congregadora, a região centro terá, no primeiro sábado dos meses pares, uma oração em conjunto que será, com certeza, um momento de encontro, partilha e unidade.

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Conselho Nacional da Pastoral Juvenil“Falta capacidade na Igreja de congregar os jovens de forma participativa”

– realçou Oliveira de Sousa, director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, à Agência ECCLESIA, depois do Conselho Nacional de responsáveis da Pastoral Juvenil reunido pela primeira vez em Fátima, nos dias 3 e 4 de Dezembro. O ponto aglutinador, que irá marcar também as próximas reuniões, será a “unidade na caminhada pastoral” e “os conteúdos inerentes aos jovens e à pastoral juvenil”. E adianta: “a unidade na diversidade e a comunhão eucarística”.

Um encontro, com a presença de cerca de 50 representações, presidido por D. António Carrilho, presidente da Comissão Episcopal do Apostolado dos Leigos, onde se referiu que a questão fulcral está no “afastamento dos jovens da Eucaristia”. Este facto é notório e preocupante porque “existem comunidades onde nem existem jovens”. Perante a questão, não fazia falta um documento onde os bispos portugueses apelassem a essa participação? Oliveira de Sousa avançou que “não se vai mais por notas pastorais. O fundamental está no documento «As bases para a Pastoral Juvenil». O mais importante é a vontade explícita em avançar com o disposto no n.º 10 do documento (depois dos dez anos de catequese, haver um tronco comum)”.

Em relação às linhas de acção, o director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil sublinhou que “o apelo fora da Igreja é maior do que dentro da Igreja”. As comunidades são abrangentes mas é necessário “tomar a decisão de se avançar para a participação e protagonismo dos jovens na Eucaristia”. A aparição dos jovens “não pode ser fugaz. Não pode ser apenas na linha do voluntarismo” – frisou.

Três objectivos estruturais estiveram em destaque: partilha, selecção e decisão sobre propostas comuns. O caminho terá de ser diferente porque em relação ao tronco comum ainda não conseguimos dar passos em frente.

20º aniversário da JuFra“Viver e celebrar a alegria de ser JuFra” foi o tema do vigésimo Dia Nacional

da Juventude Franciscana, que comemorou em Fátima, nos passados dias 4 e 5 de Dezembro. O encontro pretendeu assinalar o aniversário dos 20 anos, “sublinhando a alegria de ser JuFra, vivendo essa forma de estar e celebrando-a com todos os que integraram ou apoiaram este Movimento”.

Bodas de ouro sacerdotais e matrimoniais na SéO Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, que este ano

completou as suas bodas de ouro sacerdotais, e os padres jubilários Elias Ferreira da Costa, Manuel António Henriques e Diamantino Silva convidaram todos os

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casais que fizeram as bodas de ouro matrimoniais no decurso deste ano para uma celebração de Acção de Graças e de confraternização pelo dom dos sacramentos do Sacerdócio e do Matrimónio.

A celebração teve lugar na Sé Catedral de Leiria, no dia 5 de Dezembro, com a Eucaristia e um beberete de convívio. O senhor Bispo e os sacerdotes ofereceram as bebidas, cabendo aos casais trazer o demais necessário para compor as mesas.

Esta iniciativa revestiu-se de grande significado, já que girou em torno de dois sacramentos absolutamente essenciais e complementares na vida da Igreja. Foi também uma “catequese” de (re)descoberta da importância e complementaridade dos dois ministérios, e uma acção de graças pela fidelidade sacerdotal e matrimonial que 50 anos tornam testemunho sempre marcante, hoje especialmente.

Hospitais das Misericórdias da Batalha e de LeiriaNa Batalha…A reconversão do antigo hospital psiquiátrico das Brancas é uma das lutas da

Santa Casa da Misericórdia da Batalha. Luta que dura há cerca de seis anos e que, com a nova legislação surgida, virá a resultar na construção de uma Unidade de Cuidados Continuados. O investimento ronda os 2 milhões de euros, dos quais cerca de 400 mil euros financiados pelo Estado, através do programa Saúde XXI.

No passado 11 de Dezembro, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, abençoou os alicerces desta obra, numa cerimónia em que participaram a secretária de Estado da Saúde, Regina Ramos Bastos, o secretário de Estado adjunto do ministro-adjunto do primeiro-ministro, Feliciano Barreiras Duarte, o governador civil de Leiria, José Leitão, o presidente da Câmara da Batalha, António Lucas, o vice-presidente do secretariado distrital de Leiria da União das Misericórdias Portuguesas, Joaquim dos Santos Guardado, e o provedor da Misericórdia da Batalha, António Almeida Monteiro.

Na sessão solene que se seguiu no auditório municipal, António Lucas frisou a importância desta unidade “pioneira no país e que virá colmatar uma lacuna existente no concelho, ao nível da oferta de cuidados de saúde em regime de internamento, para pessoas em fase de recuperação”. Uma resposta que “conjuga duas vertentes do acompanhamento aos doentes, apoio social e apoio de saúde”, como é proposto pela nova legislação ainda não completamente regulamentada, mas que terá já forma prática na Batalha. Não deixou também de salientar “o papel fundamental da Igreja Católica no nosso país, no que respeita ao apoio e assistência social aos mais necessitados”, como é o caso desta iniciativa da Misericórdia batalhense.

Por sua vez, o provedor António Monteiro lembrou o longo percurso do projecto e manifestou contentamento pelo seu arranque e optimismo na rápida concretização desta infra-estrutura. Ainda segundo o provedor, o principal objectivo é “instalar os doentes que saem do hospital em convalescença e que no alojamento familiar

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não têm condições”, um serviço que garante o internamento e o acompanhamento médico aos doentes em recuperação de curta duração. Não está ainda definida a sua utilização para cuidados paliativos, mas “o acolhimento de doentes terminais seria a verdadeira obra de misericórdia”, desabafa António Monteiro, que pretende a afectação de algumas camas para essa finalidade, dando às pessoas mais carenciadas do concelho a possibilidade “de um acompanhamento digno no final da vida”.

Também Feliciano Barreiras Duarte colocou a tónica na importância da acção da Igreja nesta área, sobretudo através “das Misericórdias e dos muitos voluntários que dão o melhor de si pelos outros”, e não poupou elogios à acção da Câmara da Batalha nos mais diversos domínios, em prol do desenvolvimento e da qualidade de vida no concelho. No discurso de encerramento, a secretária de Estado da Saúde frisou a importância de se “gastar com bom senso e em respostas humanizadas o dinheiro dos contribuintes”, apontando esta unidade como exemplo. “O Estado deve assumir o seu papel de prestador de serviços de saúde, mas deve também estabelecer parcerias com entidades, como as Misericórdias, que ajudem a aproximar os doentes do seu ambiente familiar”, afirmou Regina Bastos, lembrando que o hospital deverá ser sempre “o último recurso” de um processo que começa “na família e na promoção de estilos de vida saudáveis e tem a primeira resposta médica nos centros de saúde locais”. Só assim se conseguirá “a utilização racional e eficaz dos recursos disponíveis”, rematou.

… em LeiriaTambém a Santa Casa da Misericórdia de Leiria vai reabilitar o antigo edifício do

Hospital D. Manuel Aguiar para uma Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos, que deverá começar a funcionar ainda em 2005. A par, decorrem a recuperação da residencial, outro projecto da Misericórdia, para reabilitar alguns anexos do antigo hospital, e a construção da sua futura sede, que ficará no edifício localizado junto às antigas urgências. No mesmo edifício funcionará ainda uma creche social com capacidade para 70 crianças.

As obras de remodelação do Hospital Dr. Manuel Aguiar arrancaram já no dia 18 de Dezembro, numa cerimónia que contou com a presença do secretário de Estado adjunto do ministro adjunto do primeiro-ministro, Feliciano Barreiras Duarte, do governador civil de Leiria, José Leitão, e da presidente da câmara municipal de Leiria, Isabel Damasceno.

“Luz da Paz” no Santuário de FátimaApós a Segunda Guerra Mundial, Portugal acolheu centenas de crianças

que passaram alguns meses, às vezes anos, no nosso país. Uma campanha de solidariedade onde o papel da Caritas Portuguesa foi fundamental. Pode até afirmar-se que foi nesta acção que nasceu a Caritas em Portugal. Muitas dessas crianças não esqueceram o acolhimento proporcionado por tantas famílias portuguesas.

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Algumas mantêm ainda contacto com a “sua” família e organizaram, na Áustria, uma associação.

A Caritas da Áustria leva a efeito, todos os anos, antes do Natal, uma cerimónia que denomina “Luz da Paz”: uma criança vai à Terra Santa acender uma chama que traz para a Áustria e é distribuída como símbolo de paz e da esperança. Este ano, a Associação daqueles que estiveram em Portugal solicitou à Caritas austríaca que a “Luz da Paz” fosse entregue às famílias que as acolheram em Portugal. Da Áustria vieram 60 pessoas que em crianças estiveram no nosso país, acompanhadas de um representante da Caritas austríaca e da TV deste país. A cerimónia decorreu no Santuário de Fátima, no dia 14 de Dezembro.

Na nossa região as crianças refugiadas foram acolhidas, nomeadamente em Alcobaça, Alqueidão, Batalha, Fátima, Leiria, Marinha Grande, Minde, Mira d’Aire, Pedreiras, Pombal, Porto de Mós, Reguengo/Fátima e Ourém.

“Dez milhões de estrelas” no NatalSensibilizar e educar para a Paz, alicerçada na Justiça e na Solidariedade, foi o

propósito da operação “Dez Milhões de Estrelas - Um gesto de Paz”, que a Cáritas Diocesana realizou neste Natal, pelo segundo ano consecutivo.

Não faltam razões para conferir actualidade a esta iniciativa. A paz está longe de ser conquista definitivamente adquirida e o retrato da humanidade que nos entra em casa continua a reclamar a multiplicação de acções e esforços que afirmem os direitos humanos, o diálogo e a compreensão, caminho único para a superar os conflitos e pôr termo ao sofrimento de milhões de seres humanos.

“Dez milhões de estrelas - Um gesto de paz”, uma iniciativa dirigida a toda a população, independentemente das convicções religiosas ou políticas, que pretende sensibilizar para a importância da paz e da reconciliação, num gesto colectivo que seja entendido como compromisso efectivo na sua construção.

A operação recorreu ao simbolismo da luz em dois momentos: um de âmbito colectivo, com a iluminação de um espaço público nalgumas cidades de Portugal; outro mais pessoal e familiar, com a colocação de velas nas janelas ou varandas das habitações, na noite de 24 para 25 de Dezembro, expressão do querer dos que nelas habitam, de contribuir para a paz na família, no trabalho, na escola e na sociedade.

A Cáritas disponibilizou velas apropriadas, concebidas especialmente para este fim. Num tempo de Natal que ajuda a compreender a conexão íntima entre a solidariedade e a paz, a sua venda reverteu para a Cáritas do Haiti empenhada na ajuda às vítimas dos furacões dos últimos meses, e para a Cáritas de Leiria, necessitada de camas articuladas e cadeiras de rodas para pessoas em situação de dependência.

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Colóquio “A Paz na Doutrina Social da Igreja”A Aula Magna do Seminário Diocesano de Leiria acolheu, no passado dia 17 de

Dezembro, um colóquio promovido pela Comissão Diocesana Justiça e Paz e pela Caritas Diocesana, subordinado ao tema “A Paz na Doutrina Social da Igreja”. O orador foi José Dias da Silva, presidente da Comissão Diocesana do Apostolado dos Leigos de Coimbra e especialista em Doutrina Social da Igreja. Fica um resumo das palavras do orador:

Os caminhos da paz não são lineares nem alternativos mas formam uma rede complexa em que se cruzam condições subjectivas e objectivas. A paz implica antes de mais uma forte vontade interior e um desejo profundo de “querer a paz”. Contudo não basta esta vontade moral, geradora de disposições interiores e pessoais. É necessário juntar-lhe uma vontade política, promotora de condições objectivas que permitam traduzir este desejo universal em realidade eficaz.

Os dois pilares que suportam a vontade moral são o perdão e o diálogo. O perdão dispõe interiormente para perceber que “também eu tenho culpas”, colocando-me, assim, em igualdade de circunstâncias como o outro. Sentindo-nos ao mesmo nível, estamos prontos para o diálogo, essa capacidade humana de estender da mão, que visibiliza o estender dos espíritos, sinal eficaz da disponibilidade para aceitar o outro, para ir ao seu encontro em terreno neutro ou na sua própria casa.

Infelizmente o diálogo entre dois interlocutores pode ser posto em causa por terceiros. É aqui que entra a vontade política, isto é, a criação de condições objectivas que levem os interlocutores e aqueles que os rodeiam a tomar a sério este encontro entre irmãos desavindos. Estas condições obrigam a dois exercícios exigentes: o do desenvolvimento e o da justiça. Efectivamente, como proclamava Paulo VI, “o desenvolvimento é o novo nome da paz”, quando é visto como “a interpretação dinâmica de todos aqueles direitos fundamentais em que se baseiam as aspirações dos indivíduos e das nações”. Contudo, não pode haver desenvolvimento integral e solidário se faltar o exercício da justiça, entendida como “o reconhecimento da dignidade e dos direitos do próximo.

Construir a paz passa, pois, por um entrançado onde o perdão e o diálogo se cruzam com o desenvolvimento e a justiça reforçando-se mutuamente na conquista diária do dom da paz, que permite que o lobo e o cordeiro vivam juntos e as espadas se transformem em arados.

Taizé em LisboaDer 28 de Dezembro e 1 de Janeiro, Lisboa foi a capital europeia da cristandade,

ao acolher quarenta mil jovens, em mais um encontro europeu da comunidade de Taizé. Pedro Moniz, um dos jovens de Leiria que marcaram presença, dá-nos o seu testemunho:

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Era um regalo ver, paralelamente ao Tejo, um outro rio de multi-nacionalidades, enxameando a zona da Expo’98. Os pavilhões da FIL (Feira Internacional de Lisboa) encheram-se de nacionais e estrangeiros, qual Babel harmonizada pela linguagem universal da solidariedade.

O programa de quatro dias foi intensivo: desde as manhãs passadas nas paróquias de acolhimento, até às orações meditadas, passando pelos Workshops, ora de cariz cultural, como a visita ao Mosteiro dos Jerónimos ou ao Castelo de S. Jorge, ora de matriz espiritual, através de testemunhos e conferências.

Cerca de duzentas paróquias das dioceses de Lisboa, Setúbal e Santarém aderiram ao apelo dos monges de Taizé, proporcionando grande intercâmbio de experiências entre as famílias de acolhimento e os jovens. Durante a passagem de ano, foi celebrada uma vigília de oração pela paz, complementada por momentos recreativos de exibição de danças, coreografias e cantares típicos dos diversos países. Pormenor curioso foi o comportamento de alguns bielorrussos, que nunca tinham visto o mar e, no fim do dia, pediram desculpa por terem faltado ao programa para contemplar o oceano. Outros não se contiveram e foram até Fátima. Foi aí que, ao final da tarde de sábado, vários autocarros pararam antes do regresso a casa, para participar na missa da Epifania. Já no domingo, o Mosteiro dos Jerónimos acolheu a comunidade dos irmãos de Taizé, numa Eucaristia celebrada pelo cardeal patriarca, D. José Policarpo.

No final, todos se despediam, cientes de que tinham feito uma experiência humano-divina gratificante, de molde a continuar na vida do dia a dia com o espírito de Taizé. Nem tudo são notícias chocantes ou catastróficas, há também sinais de esperança...

Escolinha Três Pastorinhos em MoçambiqueAs Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora das Dores, de Fátima, chegaram a

Lichinga, no Niassa, em 2001. Em 2003 foram residir no Bairro da Cerâmica, nos arredores da cidade, onde

fora construída, em 2000, uma igreja dedicada ao Imaculado Coração de Maria e recentemente uma residência para as Irmãs. No bairro há uma comunidade de cerca de cinco mil cristãos, em ambiente muçulmano.

As Irmãs que se dedicam sobretudo à promoção da mulher e às crianças, deram-se conta de uma multidão de crianças que passam o dia na rua entregues a si mesmas, muitas órfãs de pais vítimas da Sida e de outras doenças, outras cujos pais trabalham e não têm a quem as deixar. Deram então inicio a uma escolinha que acolhe actualmente 33 crianças das quais 12 são órfãs, das 7h30 às 16h00, e distribui três refeições diárias. As Irmãs Rosa e Olívia, educadoras sociais, dirigem a escolinha. Colaboram com elas uma monitora e uma cozinheira.

Dos pais que trabalham recebem uma pequena contribuição, conforme as

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possibilidades, mas não têm nenhum subsídio oficial ou particular. Precisam urgentemente de ajuda para poderem admitir órfãos. Por isso tentam encontrar madrinhas ou padrinhos que, com 15 euros por mês, ajudem uma criança a ser feliz, na escolinha “Três Pastorinhos”. Contacto: Irmã Júlia da Conceição Moreira – Casa Cón. Formigão – Rua Santo António, 71 – Apartado 227 – 2496-908 FÁTIMA – Tel. 249 534 893.

Jornadas Mundiais da JuventudeCem mil jovens de toda a Europa já marcaram lugar para as XX Jornadas

Mundiais da Juventude (JMJ) que a cidade alemã de Colónia vai acolher de 11 a 21 de Agosto de 2005. As JMJ são uma iniciativa pessoal do Papa João Paulo II. Pouco antes da Páscoa do ano de 1984, no final do “Ano Santo”, convidou jovens de todo mundo para celebrarem o Domingo de Ramos, em Roma. Entusiasmado pelo elevado número de respostas, o Papa escolheu o ano seguinte, declarado pela ONU como Ano da Juventude, para voltar a promover um grande encontro em Roma. O sucesso foi ainda maior. A partir daí, de 2 em 2 anos, celebrar-se-ia em diferentes lugares do mundo.

Na preparação para Colónia, os responsáveis apontam o “papel significativo do ecumenismo”. Sir Matthias Kopp, principal organizador, diz observar já, “Nas paróquias e em todo o país um grande interesse por parte das outras confissões cristãs, como os Ortodoxos e a Igreja Evangélica”. As comunidades evangélicas de Colónia ofereceram as suas igrejas e centros para albergar manifestações e participantes das JMJ. Estima-se que mais de 800 mil jovens venham a inscrever-se.

Secretariado da Juventude criou “blogue”Aderindo à onda dos “weblog’s” que vão aparecendo por todo o lado, o

Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Leiria-Fátima acaba de lançar o seu. A ideia foi criar um espaço de divulgação de notícias e opiniões dos agentes e destinatários daquele serviço diocesano de uma forma mais interactiva. Por isso, este blogue (forma aportuguesada de “blog”, diminutivo de “weblog”) pode ser dinamizado por todos os que quiserem associar-se. É lá que vão estar todas as notícias, textos e opiniões mais recentes.

Quem quiser participar, poderá enviar um e-mail para [email protected], ou visitar a página em www.sdpjleiria.com/blog.

O que é um blogue?O blogue é uma página web actualizada frequentemente, composta por pequenos

parágrafos apresentados de forma cronológica. É como uma página de notícias ou

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um jornal que segue uma linha de tempo com um facto após o outro. O conteúdo e tema dos blogues abrange uma infinidade de assuntos que vão desde diários, piadas, links, notícias, poesia, ideias, fotografias, enfim, tudo que a imaginação do autor permitir.

Usar um blogue é como mandar uma mensagem instantânea para toda a web: escreve-se sempre que tiver vontade e todos os que visitam o blogue têm acesso ao que se escreveu.

Vários blogues são pessoais, exprimem ideias ou sentimentos do autor. Outros são resultado da colaboração de um grupo de pessoas que se reúne para actualizar um mesmo blogue. Alguns blogues são voltados para a diversão, outros para o trabalho e há até mesmo os que misturam tudo.

Os blogues também são uma excelente forma de comunicação entre uma família, amigos, grupo de trabalho, ou até mesmo empresas. Ele permite que grupos se comuniquem de forma mais simples e organizada do que através do e-mail ou grupos de discussão, por exemplo. Pode criar-se um blogue privativo para uma equipa de trabalho discutir projectos e apresentar soluções. Ou até criar um blogue familiar para que parentes troquem notícias e fotos entre todos os membros.

Ex-votos do Santuário de N.ª Srª da Encarnação de LeiriaQuem não conhece os ex-votos do Santuário da Nossa Senhora da Encarnação de

Leiria, ficará surpreendido com o seu número e diversidade, da pintura e desenho à fotografia, da escultura às artes decorativas.

A área da pintura e desenho dispõe de treze peças – aguarelas, guaches, um óleo e uma estampa. A fotografia tem a maior representação com sessenta e oito exemplares, mas há apenas uma escultura e cinco exemplares de artes decorativas.

A qualidade artística é semelhante à dos restantes núcleos do país, de cunho nitidamente popular. Além da marca estética do tempo e testemunho de formas de estar na vida (séculos XIX e XX), as peças retratam a devoção dos habitantes à Padroeira a quem recorriam por motivos vários, da saúde à ansiedade da guerra. No seu conjunto, são ainda um testemunho da história do Santuário e sua importância no contexto religioso e cultural da região.

O interesse por foi suscitado, em grande parte, por uma proposta de um trabalho académico e teve seguimento com a limpeza, conservação e inventariação das peças. Os responsáveis procuram, em boa hora, melhorar o seu condicionamento, em termos de temperatura e humidade, e espera-se por um espaço museológico que permita, enfim, a sua exposição ao público.

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ReflexõesReflexões

Uma referência para o Ano da EucaristiaDr. Augusto Ascenso Pascoal

Lembrar as figuras do passado, em contexto de renovação pastoral, não tem outra finalidade senão encontrar sugestões, algumas pistas que nos ajudem a levar à prática os princípios inovadores de uma verdade que não muda, e cuja fecundidade faz com que nunca envelheça. E, se não envelhece, devemos procurar na tradição bases de esperança e critérios que nos permitam ser criativos sem pôr em risco a segurança do caminho.

Foi por isso que me pareceu útil, no ano em que o Papa nos convida a centrar novamente a nossa acção pastoral na Eucaristia, da qual a Igreja vive e para a qual se orienta toda a sua obra evangelizadora, falar de um sacerdote da nossa diocese injustamente esquecido e que, entre outras coisas, foi, ao mesmo tempo, pioneiro e fiel intérprete das orientações da hierarquia, a começar pelo Vigário de Cristo, ao tempo Pio X, que ficaria na história como o Papa da Eucaristia.

Trata-se do Padre Jacinto António Lopes, que, depois de ter desempenhado o cargo de professor e prefeito do Seminário de Coimbra, foi pároco da freguesia do Souto da Carpalhosa, de 4 de Agosto de 1907, até à sua morte, que se verificou a 8 de Janeiro de 1938, com a idade de sessenta e dois anos e poucos meses (nascera a 12 de Setembro de 1875).

Não vamos agora traçar a biografia deste sacerdote, de cuja passagem por aquela paróquia há ainda marcas visíveis: procuraremos apenas frisar alguns aspectos do seu zelo pastoral, sobretudo no que se refere à piedade eucarística.

Inquietações de um coração apaixonado por Jesus Cristo e pelas almasEstamos a 4 de Agosto de 1907. O Padre Jacinto Lopes vinha tomar posse de

uma das maiores, se não a maior paróquia do concelho de Leiria, que, ao tempo, pertencia à diocese de Coimbra1.

Acaso ou não – para os crentes não há acasos –, ao chegar à residência paroquial, uns dias antes, é alertado para a aproximação de um cortejo fúnebre que levava a sepultar alguém que a morte ceifara em plena juventude.

Ouçamos como ele próprio narra este facto:Era na tarde de um dos últimos dias de Julho de 1907. (...) Rodeavam-me

algumas pessoas de família. Mal tinha entrado na residência paroquial, quando um toque a finados me chamava a atenção. Informei-me. Num dos lugares mais distantes da freguesia tinha falecido um rapaz, e aquele toque indicava que em breve os seus restos iam ser lançados à sepultura.

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(...) No domingo, 4 de Agosto, lia aos meus novos paroquianos a carta de pároco colado e, na prática com que dava começo à minha acção paroquial, a breve espaço me afastei dos termos adrede preparados. Quando dei pelo erro, estava apontando o sacrário, a comunhão frequente como meio de santificação e penhor seguro e certo de eterna salvação.

Sentia-me bem. Errando tinha acertado. Estava junto do sacrário, encontrava o verdadeiro lugar do pároco. Estava bem, estava no meu lugar. Procuraria com a graça de Nosso Senhor não sair mais dali.

(...) Prometi encontrar-me, a começar desde aquele momento, ou no confessionário ou junto do sacrário. Ali me deviam procurar2.

Os factos não desmentiram esta afirmação do recém-chegado pastor:O sacrário e o confessionário – podemos acrescentar-lhe o púlpito, porque o P.

Jacinto só abandonou a pregação quando a doença de todo o impediu de exercer o ministério da palavra, com que provia à fome de verdade dos seus paroquianos – ficaram na memória de toda a gente como o lugar certo para ver o seu prior, ouvi-lo e falar com ele.

Poderíamos pensar que tal aconteceu apenas porque a doença, que já o minava nessa altura, acabaria por lhe impor o retiro forçado, impedindo-o assim de mergulhar na actividade pastoral directa. É a tentação de apreciar as pessoas pelo protagonismo que assumem abertamente nos acontecimentos marcantes da época histórica em que vivem. E, quando se trata de pastoral, esta tentação traz também consigo o esquecimento de que a obra é de Deus, e só na medida em que Deus está nela, se podem esperar frutos duradouros.

O P. Jacinto Lopes, que consumia o tempo que lhe sobrava das confissões e da pregação, em oração diante do sacrário, embora não pudesse envolver-se directamente na acção, foi até ao último momento, segundo o testemunho dos que o conheceram, o verdadeiro dinamizador de toda a acção pastoral, que programava, prescrevia e acompanhava na execução, informando-se do modo como corriam as coisas, sugerindo rectificações, animando a ir por diante.

Claro que a doença lhe impunha um estilo de vida diferente, com muitas limitações de ordem física; mas o que espantava os seus colaboradores era a força que tirava desse estilo de vida e o fogo que conseguia pegar à sua volta.

A Obra de Santificação ParoquialA acção pastoral desta alma de incendiário merecia um estudo aprofundado, à luz

do tempo, do seu e do nosso, pondo em realce também o que ficou dessa acção, que, como se disse já, ainda hoje se detecta em muitos pormenores da vida religiosa da paróquia que serviu durante mais de trinta anos.

Vamos, porém, fixar-nos no modo original como pôs a Eucaristia no centro das suas inquietações de pastor e da vida cristã da sua paróquia.

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Naturalmente, como é óbvio, não vamos à procura de receitas fáceis, nem se trata de imitar acções concretas que nasceram noutro contexto cultural: mas podemos contemplar o espírito que as produziu e guiou, tornando-as fecundas, em frutos de apostolado e santidade.

Santidade, sim. Porque quem conheceu a paróquia do Souto da Carpalhosa das primeiras cinco décadas do século XX, se não andava de olhos fechados, para além do ambiente geral, deu-se bem conta da existência de vidas cristãs que poderiam perfeitamente entrar na galeria dos que merecem um pronunciamento solene da Igreja sobre a heroicidade das suas virtudes.

Cinquenta e oito anos antes da constituição Lumen Gentium, que, retomando a doutrina tradicional da Igreja, havia de se referir ao “sacrifício eucarístico” como “fonte e centro de toda a vida cristã”3, o Padre Jacinto Lopes percebeu, desde o princípio, que não poderia levar por diante o propósito de fazer da sua paróquia uma comunidade viva, no sentido mais amplo da palavra, senão centralizando a sua acção pastoral na Eucaristia: a Eucaristia acção celebrativa e a Eucaristia como comunhão sacramental. A Eucaristia como ponto de chegada e a Eucaristia como ponto de partida.

Aliás, importa dizê-lo em abono do sentido de Igreja que animará todo o seu zelo apostólico, apesar das lutas que teve de travar e as incompreensões de muitos colegas, sobretudo no que se refere à comunhão das crianças, apoiava-se nas mais recentes orientações vindas de Roma4 e sempre fez questão de não levar por diante qualquer iniciativa sem o acordo expresso do seu bispo5.

A Obra de Santificação Paroquial chegou a ser uma estrutura que testemunha bem o espírito organizativo do seu criador:

Constando de nove graus, abrangia todas as fases etárias e não deixava de lado nenhuma das realidades humanas que são objecto da missão da Igreja e devem, por isso mesmo, interessar o zelo de um pároco.

Começava-se pela infância, com um cuidado extremo na catequese para a primeira comunhão, depois da qual as crianças eram acompanhadas na prática da comunhão frequente por pessoas disponíveis, que as iniciavam na piedade eucarística, com doutrina e prática adequadas.

E terminava-se com a Associação de Sufrágios, que constituía o último grau e, na mente do fundador, não se destinava apenas a rezar pelos mortos, mas queria ser uma afirmação de solidariedade com os que ficavam marcados pelo falecimento de parentes e amigos.

Pelos outros graus ficavam distribuídos: a atenção à juventude, a recristianização (ele chamava-lhe santificação) das festas religiosas, com a promoção do esplendor litúrgico, o cuidado dos pobres, a santificação das famílias, etc.

E tudo com a Eucaristia, sobretudo a comunhão frequente, como centro.A terminar algumas reflexões sobre a necessidade de comungar, diz:O Filho de Deus, que veio ao mundo para nos salvar, aponta-nos a Divina

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Eucaristia e diz: se queres a Vida Eterna, se queres salvar-te – Comunga.A Igreja, estabelecida por Nosso Senhor Jesus Cristo para a nossa salvação,

aponta-nos a Divina Eucaristia e diz. Se queres a Vida Eterna, se queres salvar-te – Comunga.

A Obra de Santificação Paroquial, cujo fim é cooperar com o pároco na santificação da freguesia, aponta a todos o sacrário e vai clamando. Se queres a Vida Eterna, se queres salvar-te – Comunga.

E a seguinte citação, talvez demasiado longa, mas que nos dá a síntese do seu programa feita por ele próprio:

A Obra de Santificação Paroquial, tendo por fim a santificação de todos a todos aponta a Sagrada Comunhão, como meio seguro de santificação.

Às crianças, logo aos primeiros lampejos da razão, para as iniciar na vida cristã, para lhes conservar a candura da alma, a encantadora inocência, a graça baptismal com que a Igreja as recebe nos seus braços e lhes restitui os direitos à herança do céu, a Obra aponta-lhes: Jesus – a Sagrada Comunhão.

À mocidade, para a precaver da corrupção do mundo, como força contra as ciladas dos seus inimigos, como verdade contra as ilusões e como arma contra os rudes combates da vida, a Obra aponta: Jesus – a Sagrada Comunhão.

Aos chefes de família, como força para suportar o peso da sua cruz, como meio para alcançar a graça de se desobrigarem com agrado de Deus dos seus sagrados deveres, a Obra aponta também: Jesus – a Sagrada Comunhão.

Ao que vai partir para a eternidade, como consolo e conforto, como penhor certo de vida eterna e felicidade perdurável na posse de Deus, a Obra aponta ainda: Jesus – a Sagrada Comunhão.

E ainda aos que viram partir um ente querido, que uma falta leve ou insuficiência das satisfações retém no Purgatório, como meio mais eficaz e seguro para prontamente o aliviar e lhe abrir as portas do seu cárcere e o transportar à mansão da glória, a Obra aponta sempre e a todos: Jesus – a Sagrada Comunhão.

São também do P. Jacinto as reflexões seguintes:A Sagrada Comunhão estabelece entre Deus e o homem a união mais íntima e

perfeita que pode existir, nesta vida, entre a criatura e o Criador.Quanto mais vezes o homem se aproxima da Sagrada Mesa, tanto mais se

estreitam desta união, e, portanto, mais se encurta a distância que nos separa do nosso Criador. E nesta aproximação não é Deus que perde, é o homem que ganha; (Deus) não ganha nem perde nas Suas perfeições, não aumenta nem diminui. Só o homem, que é finito, é capaz de aumento e de diminuição. Se o homem se volta para o mundo, necessariamente aumenta em miséria e imperfeição, só imperfeição e miséria se encontram na terra. Se, pelo contrário, o homem se volta para Deus, se caminha para Deus, que é Santidade e Perfeição infinita, necessariamente se santificará e se irá revestindo das virtudes e perfeições que, pela união realizada na

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Sagrada Comunhão, vai descobrindo em Nosso Senhor.A Sagrada Comunhão faz-nos subir tanto, faz-nos aproximar tanto de Nosso

Senhor, que a nossa vida chega a confundir-se com a de Jesus.Todos à santa comunhão porque todos temos necessidade de nos santificar, todos

temos necessidade de nos salvar. Todos e todos os dias, porque de todos os dias é a obrigação de nos santificarmos.

O dia em que não trabalhares neste negócio, é dia perdido diante do Senhor.Queres salvar-te? Tens de amar a Deus! A maior prova de amor que Deus podia

dar ao homem á Divina Eucaristia.A Divina Eucaristia é o meio mais eficaz que o homem tem para despertar na sua

alma o amor de Deus.

Para nos não alongarmos, deixamos de lado a referência concreta ao modo como insere nesta Obra o programa de promoção humana e social dos seus paroquianos, no qual se insere a fundação da Escola Católica, como ficou designada na linguagem dos paroquianos do Souto da Carpalhosa. Com edifícios que, tanto pela sua estrutura como pela localização que para eles escolheu, desafiaram muito tempo as mais modernas construções do próprio Estado, inicia as suas actividades a 7 de Outubro de 1931, com oitenta alunos, de ambos os sexos.

Também podíamos falar das Quarenta Horas e dos tríduos preparatórios das grandes festas, sempre marcados por cuidadosa formação da fé – por ali passaram os melhores pregadores de todo o país -, e intensa piedade eucarística.

Ou ainda as originais “Jornadas Eucarísticas”, que ficaram na memória das pessoas durante longos anos e foram, para o P. Jacinto, o meio mais adequado que encontrou para promover a harmonia entre as paróquias vizinhas e o são convívio das populações.

A terminar, permito-me transcrever um trecho da homilia de D. Alberto Cosme do Amaral, ao tempo bispo de Leiria, pronunciada a quando das celebrações do centenário do P. Jacinto Lopes e na qual fala do carácter profético da sua vida.

“O senhor P. Jacinto foi o homem de Deus assumido dentre os homens, o homem da oração, verdadeiro contemplativo que fez da SS. Eucaristia a fonte da sua vida interior. A sua existência girava toda à volta da Santa Missa, centro que polarizava toda a sua pessoa e todo o seu ministério pastoral: a Santa Missa bem preparada, bem celebrada, bem agradecida, bem vivida ao longo do seu dia, ao longo de toda a sua vida.”6

Notas1 Convém recordar que a diocese de Leiria, criada em 1545, por uma acção concertada de D.

João III e do Papa, ao tempo Paulo III, foi suprimida, mais uma vez por acordo do poder político com o religioso, em 1882. O seu território, por força da bula de extinção, fora dividido entre Lisboa e Coimbra. Nesta última diocese era integrado, entre outros, todo o concelho de Leiria, do qual fazia parte, como se diz no texto, a paróquia do Souto da Carpalhosa.

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2 Quando não se disser outra coisa, as citações do P. Jacinto Lopes são tiradas do manuscrito que contém a primeira versão dos estatutos daquilo a que ele próprio chamou “Obra de San-tificação Paroquial”; esta Obra, da qual falaremos a seguir, segundo ele, nasceu precisamente naquele momento. Aos textos contidos neste manuscrito fez larga referência o P. Manuel da Silva Gaspar, numa “Oração de Sapiência”, como se chamava então, pronunciada na abertura solene das aulas do Seminário, que se realizava na festa de Cristo-Rei, fixada por Pio XI no último domingo de Outubro, onde se manteve até à última reforma do missal.A referida “Oração de Sapiência” foi publicada no jornal A Voz do Domingo, entre 16 de Novembro de 1947 e 25 de Janeiro de 1948. Quanto ao manuscrito, para além de alguns extractos publicados por ocasião das celebrações do primeiro centenário do nascimento do P. Jacinto, (A Voz do Domingo, 2229 [01.01.976], 2230 [11.01.976], 2231 [18.01.976]) continua inédito.Sabemos tratar-se de um texto ditado pelo autor, já então impossibilitado de escrever, ao jovem seminarista João Pereira Venâncio, que era natural da vizinha paróquia de Monte Redondo e passava parte das férias escolares com o pároco do Souto da Carpalhosa.Este seminarista viria a ser, como se sabe, primeiro (1954) bispo auxiliar de D. José Alves Correia da Silva e depois (1957), seu sucessor como bispo residencial.Na sessão de homenagem ao P. Jacinto, por ocasião do centenário a que nos referimos, D. João Venâncio, então já bispo emérito de Leiria, confessou publicamente que um dos re-morsos que levava para a sepultura era o de não ter iniciado, enquanto presidiu aos destinos da diocese, o processo de beatificação deste sacerdote, com o qual passara longas horas, trabalhando e rezando.

3 Conc. Ec. Vaticano II, Const. Dogm. Lumen gentium, 11.4 Devido a uma controvérsia surgida na Bélgica, nos primeiros anos do século XX, o Papa

foi chamado a responder à questão se se devia ou não promover entre os fiéis a comunhão frequente. A tal controvérsia, que hoje nos pareceria absurda, responde Pio X, através da Congregação dos Sacramentos; esta, reunida a 16 de Dezembro de 1905, prepara um decreto, que, confirmado pelo Papa a 17, é publicado a 20 do mesmo mês.Nesse texto, que, por se abrir com uma referência aos votos do Concílio de Trento sobre a matéria (Cf. DS 1638-1661), ficou conhecido pelas palavras Sacra Tridentina Synodus, defende-se de modo claro a comunhão frequente nomeadamente das crianças (Cf. Acta Sanctae Sedis 38 [1905/1906], 401 sgs; DS 3375-3383).

5 Deste não querer agir sem o acordo expresso do seu bispo fica-nos um documento de extra-ordinária eloquência na heroicidade, eu atrevo-me a chamar-lhe assim, com que renunciou a um projecto ousado, nascido da sua largueza de vistas e acarinhado pelo seu vivo sentido da fraternidade sacerdotal:O P. Jacinto Lopes adquiriu o terreno e planeou as obras para a construção de uma residência onde os sacerdotes da diocese pudessem encontrar, nos últimos anos da sua vida, o ambiente de repouso e carinho que reclamaria o seu estado de saúde.E a ideia não se concretizou unicamente porque o P. Jacinto achou que devia ter em conta parecer negativo do seu bispo.Desse projecto ficou a casa que ergueu a pensar na sua necessidade de isolamento, e o sonho, que haveria de se concretizar, não já em relação aos sacerdotes, mas aglutinando outras preo-cupações do pastor atento, no Centro Social e Cultural da Paróquia do Souto da Carpalhosa, uma de cujas valências se chama, com inteira justiça, Lar Padre Jacinto António Lopes.

6 A Voz do Domingo: nº 231

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Unidade Pastoral de São Romão/GuimarotaMemorandoDr. Augusto Ascenso Pascoal

1. No início de década de setenta, do século vinte, foi presente, numa das reuniões ordinárias do Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria, a necessidade de se pensar na hipótese da criação de uma estrutura pastoral que facilitasse a vida cristã dos fiéis da área da paróquia dos Pousos sita na margem direita do rio Lis, a norte do lugar do Vidigal; área grosso modo designada por São Romão e que era já então zona de crescente envolvimento urbanístico.

Por sugestão do referido Conselho, foi nomeada pela autoridade diocesana uma comissão à qual se cometeu o encargo de estudar o problema em todas as suas implicações. De tal estudo resultou a criação de um novo centro de culto na zona, que passou a ter a celebração eucarística, de modo regular, ao sábado à tarde, e uma festa de arraial todos os anos, em honra de São Romão, nos princípios de Maio. Desta um dos grandes objectivos era angariar fundos, não só para as despesas do culto semanal, mas sobretudo para a construção de um templo adequado, já que a celebração da Eucaristia se efectivava numa cave da Rua das Flores, graciosamente cedida para o efeito pelo respectivo proprietário.

2. Assim se encontravam as coisas em 1994, quando foi sujeito à aprovação da Câmara Municipal de Leiria um projecto de “capela”, a construir em terreno cedido pela mesma Câmara. Esta, tendo em conta o parecer favorável, ainda que notavelmente condicionado, do bispo diocesano, aprovou esse projecto, dando seis meses de prazo para se iniciarem as obras.

Acontece, porém, que, não só pelas condições impostas pelo terreno destinado a essa construção, mas sobretudo pela necessidade de se alargarem as perspectivas e terem em conta as previsões urbanísticas para a zona, adquirida a certeza de que a Câmara aceitaria entrar em negociações no sentido da troca de terrenos, começaram a dar-se passos para interessar no projecto de uma futura comunidade também a parte da paróquia de Leiria que fica na margem esquerda do Lis, designada, em temos genéricos, por Guimarota.

E procuraram-se alternativas ao primeiro terreno, tendo em vista tanto estruturas que pudessem servir uma futura comunidade paroquial, como a necessidade de aproximar a sua localização da zona da Guimarota.

Foi assim que, a certa altura, as atenções se fixaram no terreno que actualmente serve de apoio às actividades pastorais e cujo proprietário aceitou ceder, em troca do que a Câmara destinara a este fim.

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Tem sido um processo longo, que não está ainda concluído, mas apresenta garantias de irreversibilidade.

3. Paralelamente e com o apoio da equipa sacerdotal da Vigararia de Leiria, que entretanto constituíra o pelouro dos Novos Centros de Vida Cristã, foi-se procurando desenvolver na área o sentido de comunidade, dando-lhe uma certa autonomia pastoral, em ralação às paróquias de Leiria e dos Pousos, ainda que o trabalho fosse realizado pelos sacerdotes ao serviço dessas paróquias: tentou-se e conseguiu-se, em parte, que fosse normalmente o mesmo sacerdote a acompanhar os trabalhos pastorais, bem como os passos relacionados com a localização da futura igreja.

Quando pareceu oportuno, porque já se tinha um espaço mais digno e se viam os efeitos aglutinadores da celebração dominical da Eucaristia, fez-se a transferência para esse espaço e para o domingo de manhã, apesar das dificuldades que foi preciso vencer, no resto da paróquia dos Pousos.

Graças a Deus, os frutos foram muito além do esperado, sobretudo com a presença de habitantes da Guimarota e a possibilidade de convívio entre as duas zonas.

4. Mas tornou-se também evidente que, para se não perder o ritmo adquirido, tanto no aspecto mais material, como sobretudo nas iniciativas de ordem pastoral, de modo a interessar as pessoas na caminhada para a constituição de uma autêntica comunidade, tem de haver um rosto que sirva de referência e procure aglutinar os esforços que isso vai exigir. E, visto tratar-se de uma comunidade paroquial, esse rosto tem de ver-se na celebração da Eucaristia e em tudo aquilo de que ela é centro, ponto de partida e ponto de chegada.

Fala-se naturalmente de um sacerdote que as pessoas vejam como particularmente afecto aos seus projectos e que, ele próprio, se deixe envolver nesses projectos.

O que implica uma especial autonomia em relação às estruturas paroquiais de que actualmente dependem as populações em questão.

5. É claro que essa autonomia se torna particularmente difícil, uma vez que se trata de duas paróquias, e não parece oportuno criar imediatamente uma estrutura canónica da qual se tivesse depois de voltar atrás; como seria o caso de uma paróquia ou quase-paróquia.

Isso brota também do facto de não se poderem ainda estabelecer os limites da nova circunscrição.

Creio, no entanto, que se deveria ter coragem de avançar o máximo possível, mesmo correndo certos riscos, aproveitando todas as pistas que, apesar de tudo, são abertas pelo actual ordenamento jurídico.

O §2 do cânone 516, que acrescenta uma novidade total à novidade relativa que constitui já de si o articulado do cânone, obedecendo à orientação essencialmente pastoral do actual Código do Direito Canónico, parece permitir a erecção de

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comunidades cuja autonomia pode ir até à das quase-paróquias, ainda que não sejam erectas como tais, desde que, claro, se guardem as devidas cautelas, para não serem prejudicados os direitos dos fiéis.

Tem origem nos dados que aqui se sintetizam a proposta de decreto que a seguir se apresenta.

Projecto de Decreto de ErecçãoO crescimento da área urbana de Leiria, com a chegada de pessoas – por vezes

famílias inteiras – que, além de nada terem a ver com as tradições da região, se aglomeram sobretudo em função das condicionantes criadas pelos sistemas urbanísticos adoptados, criou especiais problemas de ordem pastoral.

A estes problemas não respondem adequadamente as circunscrições eclesiásticas existentes, que datam já dos inícios do século XVIII.

Por outro lado, não parece oportuno proceder já à criação de novas paróquias (ou quase paróquias), de modo indiscriminado.

Nalguns casos, face ao trabalho desenvolvido pela equipa sacerdotal da Vigararia de Leiria, em ordem à promoção de novos centros de vida cristã, será preferível criar uma estrutura intermédia, como aliás prevê o actual Código do Direito Canónico (cf. C. 516, § 2).

Isto será o que acontece com a zona, globalmente designada por São Romão/ Guimarota:

Tendo em conta as informações fornecidas pela referida equipa sacerdotal da Vigararia de Leiria, nomeadamente dos responsáveis das paróquias de Leiria e Pousos;

Ouvido o Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima;De acordo com o articulado do cânone 516, §2, decreta-se a constituição de uma

comunidade pastoral abrangendo os aglomerados populacionais:Casais de São José, Casal dos Matos e São Romão, da paróquia dos Pousos;

e Guimarota, Quinta de São Venâncio, Quinta do Taborda (lado sul), Rua da Assunção e Rua Vale de Lobos, da paróquia de Leiria.

Esta comunidade será confiada a um coordenador pastoral, nomeado directamente pelo bispo diocesano, que gozará de total autonomia em tudo o que se refere à promoção da vida cristã, individual e comunitária, incluindo a celebração dos sacramentos e sacramentais, excepto Baptismo, Matrimónio e Exéquias.

Relativamente a estes, enquanto não for determinada outra coisa, compete ao respectivo pároco tudo o que à sua celebração se refere.

Dada, porém, a importância pastoral destes eventos, deverá procurar-se um entendimento entre os párocos e o referido coordenador, no sentido de serem devidamente enquadrados nas inquietações e nos programas pastorais da comunidade.

Deverão constituir-se o mais rapidamente possível as estruturas de comunhão previstas no direito, como é o caso dos Conselhos Económico e Pastoral.

A comunidade gozará de total autonomia administrativa e, nesta matéria,

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organizar-se-á segundo as normas estabelecidas pelo Regulamento da Administração de Bens da Igreja na Diocese de Leiria - Fátima.

As contas bancárias, enquanto não se determinar o contrário, manterão a actual titularidade, mas a sua movimentação será feita simultaneamente pelo sacerdote responsável desta comunidade e um ou dois membros do Conselho Económico, tal como estabelece o referido Regulamento.

Os fiéis destes lugares são convidados a envidar esforços para que a comunidade seja dotada o mais depressa possível das estruturas materiais necessárias à acção pastoral da Igreja, na sua tríplice dimensão: evangelizadora, celebrativa e de solidariedade social.

Os casos omissos neste decreto serão resolvidos segundo as normas do direito, à luz da caridade pastoral, com o diálogo fraterno entre as partes interessadas. Se a dúvida persistir, consulte-se a autoridade diocesana competente.

Imaculada Conceição150 anos da proclamação do dogmaDr. José Jacinto Ferreira de Farias (SCJ)

1. O dogma da Imaculada Conceição, proclamado a 8.12.1854 por Pio IX (Bula “Ineffabilis Deus”), declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência, desde a sua Conceição, ou seja, que ela foi preservada desde sempre da mácula do pecado original, no qual nascem todos os filhos de Adão. Enquanto estes estão privados da graça divina, a Virgem Maria foi toda pura, santa e imaculada desde o início da sua vida. Esta foi desde sempre a convicção profunda da Igreja, que viu na Virgem Maria a ‘Nova Eva’ (Santo Ireneu).

2. Apesar da sua reconhecida devoção a Nossa Senhora, homens como S. Bernardo, Santo Alberto Magno, S. Boaventura e S. Tomás tiveram dificuldade em admitir a Imaculada Conceição, porque difícil de conciliar com o dogma da universalidade da Redenção. Proclamar a Imaculada Conceição parecia implicar retirar a Virgem Maria da órbita da Redenção em Jesus Cristo, a qual, por ser necessária e absoluta, era tão universal como o pecado original. Se a Virgem Maria não estivesse incluída no número dos que contraíam o pecado de Adão, ficava então igualmente excluída da redenção, e esta não seria universal, pois não abrangeria todos os descendentes de Adão. Perante esta alternativa, foram como que obrigados a negar o privilégio de Maria até ser possível conciliá-lo com o dogma da universalidade da redenção em Cristo.

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3. A solução do problema foi dada pelo beato Duns Escoto (séc. XIV), segundo o qual a Imaculada Conceição não exclui a Virgem Maria da redenção, porque ela foi preventivamente redimida pelo seu próprio Filho. Ela foi antecipadamente redimida e por conseguinte preparada para a sua divina maternidade. Esta explicação acabou por ser recebida na teologia e nas declarações do magistério.

4. Como todos os dogmas, também a ‘Imaculada Conceição’ foi a solene proclamação da fé do povo de Deus, do sentir da Igreja, do que nós poderíamos chamar a ‘devoção popular’. A ‘Imaculada Conceição’ caracteriza o catolicismo em Portugal, tendo sido sob esta invocação Nossa Senhora proclamada por D. João IV Rainha e Padroeira de Portugal, no dia 25 de Março de 1646, título que nenhum regime, mesmo o republicano e o que surgiu de Abril de 1974, foi capaz de abolir. Na Universidade de Coimbra, ela é a Padroeira, ainda hoje, e houve tempos em que defender esta verdade da fé era título de honra e compromisso de todo o lente daquela Universidade! Mas que significa para nós hoje este admirável mistério?

5. O dogma da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria foi a solene confirmação do mistério central da fé. A Virgem Maria foi pensada por Deus como a mediadora do mistério da Incarnação. Porque chamada a ser a mediadora deste mistério, a Virgem Maria não podia ser pensada senão como a primeira totalmente redimida, e como a primeira redimida é que ela concebeu sem pecado o Filho de Deus, porque sem pecado foi concebida. Ao acolher a Palavra do Anjo, a Virgem Maria permitiu que a Palavra eterna de Deus assumisse a carne do pecado e por causa desta assunção ela foi previamente redimida pelo seu próprio Filho. Por ela o Verbo de Deus entra na história, inaugurando o tempo da Graça e da Liberdade dos filhos de Deus. A Virgem Maria abriu a porta do mundo para o Advento do Deus redentor, na carne da humanidade. Ela é por excelência a primeira na ordem da Redenção.

O dogma da Imaculada Conceição proclama que ela desde o início do seu ser não foi apenas envolvida pelo mistério da Graça da redenção prometida, mas a primeira redimida pelo seu Filho que ia gerar; este dogma toca, portanto, no centro do mistério da Redenção. A ‘Imaculada Conceição’ mostra a Virgem Maria como a primeira na ordem da Redenção, Redenção esta que não pode acontecer sem ela. Sem a Imaculada Conceição da Virgem Maria não seria pensável a redenção, como vitória divinizante da natureza humana sobre o pecado do mundo.

6. A Virgem Maria é a primeira redimida: depois dela e por meio dela, todos são chamados a participar na vitória da redenção, através do baptismo, pelo qual o homem é regenerado, e chamado também a ser santo e imaculado na presença de Deus. A Imaculada Conceição eleva a Virgem Maria a paradigma da antropologia cristã. Ela manifesta de um modo eminente a transfiguração do homem que se opera pela participação no mistério de Cristo, com o qual por graça o homem é chamado a configurar-se. A Imaculada Conceição da Virgem Maria revela a ontológica transfiguração do ser e da existência na relação com o Verbo de Deus encarnado. Paradigma da antropologia cristã, a Imaculada Conceição é o caso eminente da

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redenção pela graça, a que ela corresponde, na plena liberdade do ‘ecce ancilla’, no mistério da Anunciação. Não apenas do ‘homem novo’, mas também da Igreja.

Mariano, com certeza, o dogma da ‘Imaculada Conceição’ é também eclesial, porque nela se espelha o que é o mistério da Igreja a qual, tendo na Virgem Imaculada a sua figura excelsa (cf. LG 53; 63), é também santa e imaculada, Mãe e Virgem puríssima dos seus filhos gerados nas águas do baptismo. Por isso, com razão na ‘Imaculada Conceição’, a Igreja e todos os fiéis exultam de alegria, talvez como em nenhum outro dia, porque aí está o exemplo das maravilhas de Deus na história, do que Ele pode fazer na Igreja e na vida de cada crente se como a Virgem Santa Maria cada qual se colocar na mesma atitude de filial obediência e de amor, naquele cujo Nome é grande e que grandes coisas realizou na sua humilde serva! Bem-aventurada a nação que se honra por tê-la como Mãe e Padroeira!

Natal: de Quem, para quem?Pe. Pedro Viva

Fui ao dicionário ver o que queria dizer o vocábulo natal. Se tomado como adjectivo, é respeitante a nascimento. Se tomado como substantivo, significa dia do nascimento. E se natal aparecer com letra maiúscula refere-se ao dia ou época em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo.

Parece uma inutilidade estar com estas precisões. Não saberá o mundo o que significa o Natal? Mas será que sabemos todos o que significa o Natal? No prólogo do Evangelho de S. João (1,14) diz-se: «E o Verbo fez-se carne e pôs entre nós a sua morada, e contemplámos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade». E S. Paulo, na Carta aos Gálatas, escreve: «Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher» (Gal 4,4).

A plenitude dos tempos identifica-se com o Mistério da Encarnação do Verbo, Filho consubstancial ao Pai, e com o Mistério da Redenção do mundo, afirma o Santo Padre João Paulo II ao nº 1 da Carta Apostólica Tertio Millenio Adveniente. Nestas palavras do Santo Padre facilmente intuímos que ao nascimento de Jesus está intimamente ligada a sua missão no mundo: a Redenção.

Se afirmarmos que Jesus Cristo encarnou por causa dos nossos pecados, incorremos na antiga heresia do amartiocentrismo. Não são os pecados a razão, o centro, a motivação da vinda do Salvador ao nosso mundo, à nossa vida. Mas somos nós. Cristo Jesus, Deus e Homem verdadeiro, veio para nós e por nosso amor. Foi por amor que Deus Pai O enviou. Foi por amor que Jesus veio à história dos homens. É por amor que, ainda hoje, Jesus quer vir a cada um de nós, habitar o nosso coração para que o homem se possa, cada vez mais, assemelhar a Deus. E é na medida em que somos

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amados, que somos perdoados. Melhor dizendo, é na medida em que nos deixamos amar por Deus, que reconhecemos o perdão de Deus para nós. Antes da Redenção, operada vitoriosamente por Cristo, ao longo da Sua vida, e que na cruz se manifestou de forma plena, já Deus nos amava. Amava-nos quando ainda éramos pecadores.

S. João, por três vezes, no prólogo da narração do Evangelho que escreveu, afirma que Jesus foi rejeitado: «A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam.» (Jo 1, 5); «Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não o reconheceu.» (Jo 1, 10); «Veio para o que era seu, e os seus não o receberam» (Jo 1, 11). E nós hoje, será que reconhecemos Jesus?

Reconhecer Jesus hoje é curvarmo-nos humildemente para entrarmos na gruta de Belém e podermos contemplar o mistério que lá se manifestou: o Mistério da Encarnação. Os empertigados, cheios de si, incapazes de se dobrar perante nada e ninguém não serão capazes de entrar na gruta e contemplar o Menino.

Reconhecer Jesus hoje é olhar para o alto de Jerusalém e podermos contemplar o mistério que lá se manifestou: o Mistério da Redenção. Os de olhos tapados, fechados em si mesmos, amuados com a vida e desesperados dificilmente levantarão a cabeça para ver que o Menino que nasceu em Belém, para nós, é o mesmo que no alto de Jerusalém entrega a Sua vida.

Jesus nasceu e morreu por amor. Viveu de amor. Ele mesmo é amor, pois o que é Deus senão amor? E veio para os seus e os seus não o receberam.

Amigos cristãos, leitores, celebrar o Natal não pode ser apenas a festa da família, luzes e música, muitas prendas, tempo de descanso e de paz e reconciliação. É preciso que o Natal seja Natal: a celebração do nascimento de Cristo Jesus, pois é a Sua vinda que os profetas anunciaram, que o povo esperava, é a vinda do Messias que nos faz fazer festa e é fundamento para as nossas manifestações de alegria.

O Natal é de Cristo. Se alguém merece presentes é Ele, por nos ter amado tanto. Se alguém merece a nossa atenção é Ele e os mais pequeninos, com quem Ele se identifica preferencialmente. Se devemos construir a paz e a reconciliação é com Ele e n’Ele, príncipe e fundamento de toda a paz. O Natal é de Cristo e é para todos. Ninguém está excluído, ninguém está a mais.

A população mundial cifra-se em cerca de seis biliões de pessoas. Destas, apenas um bilião e duzentos milhões são cristãs. Isto quer dizer que apenas um quinto da população mundial sabe o quanto Deus nos amou, entregando o Seu próprio Filho, por amor, para nos salvar. Da gruta de Belém ao alto de Jerusalém: uma vida. De amor: gratuito, intenso, pleno. Perante este mistério de amor, eu, tu, o outro e toda a gente não podemos ficar calados, não podemos guardar este tesouro só para nós, pois é de todos. Há que anunciar ao mundo que Deus existe e está connosco. É o Emanuel. E o melhor anúncio que podemos fazer deste Mistério de amor é amar a Cristo e os outros como Ele nos amou. Quem? Eu, tu, o outro e toda a gente, amando este, o outro, sem excluir ninguém.

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Elementos para a História do Bispadode Leiria nos Séculos XVII e XVIIIDoutor Saul António Gomes 1

1 — A história das dioceses portuguesas nos séculos modernos carece de estudos científicos aprofundados e sistemáticos. Conhecendo-se, em geral de forma bastante informada, as biografias dos prelados que assumiram tais bispados, ou, ainda, aspectos particulares da acção pastoral de alguns deles — lembremos, por exemplo, o significado eclesiológico e teológico da obra intelectual do arcebispo D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, figura merecedora do estudo rigoroso de D. Fr. Raul de Almeida Rolo (†2004), ou, ainda, dos estudos acerca das visitações na arquidiocese primaz bracarense assinados por Franklin Neiva Soares — nem por isso se dispõe de obras monográficas históricas, diocese a diocese, satisfatórias do ponto de vista das modernas metodologias heurísticas ou sequer da problematização científica actualizada e informada.

A Diocese de Leiria conta com alguns cimélios relevantes. Desde logo o conhecido “Couseiro”, em redacção cerca de 1657, de autoria ainda por estabelecer de modo cabal e definitivo, circulando em cópias manuscritas até conhecer uma primeira edição, em Braga, em 1868, mais tarde reeditado, em 1898, com valiosas elementos de actualização e preocupações gráficas de ilustração dos monumentos diocesanos. Pertence a Vitorino da Silva Araújo uma das mais significativas biografias de um prelado português, justamente a obra “Um Bispo segundo Deus ou Memórias para a Vida de D. Manuel de Aguiar, 17º Bispo de Leiria”, saída em Coimbra em 1885, dedicada de forma empenhada e apologética, sem que por isso perca objectividade informativa, à prelazia do mencionado antiste (1790-1815).

A História da Igreja em Portugal, de Fortunato de Almeida, cuja primeira edição remonta a 1910-1918, contém elementos essenciais que informam concisamente o passado diocesano leiriense. Não superam, de qualquer forma, a obra relevante nos anais historiográficos leirenenses, assinada por Afonso Zúquete com o título “Leiria — Subsídios para a História da sua Diocese”, publicada em Leiria no ano de 1943. Permanece desde então como livro de referência a que aporta religiosamente todo o estudioso do passado eclesiástico do Bispado da cidade do Lis.

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A segunda metade do século XX não conheceu nada de semelhante. O esforço de alguns investigadores, como Luciano Justo Ramos2 ou Alfredo de Matos3, do ponto de vista da elucidação do passado diocesano leirenense, resultou bastante parcelar, além de que muitas das suas páginas mais relevantes se encontram adormecidas nos jornais locais especialmente das décadas de 1960-1970. Mais significativos se têm vindo a revelar os estudos rigorosos do Cónego Luciano Coelho Cristino4 dedicados, justamente, ao passado da Diocese de Leiria. Isto para além de alguns outros contributos, entre os quais os de Monsenhor J. Almeida Fernandes, de José Carreira e ainda os do autor deste artigo5, a que deveremos associar os estudos do âmbito da história da arte da Diocese assinados por nomes como os de Gustavo Matos Sequeira, G. Kubler, Pedro Dias, Virgolino Jorge e Vítor Serrão. Mas continua a faltar uma necessariamente nova e actualizada história do Bispado de Leiria-Fátima.

De um modo muito simples, escreveremos que o fazer da história desta Diocese necessita de um profundo e amplo levantamento das fontes arquivísticas, com a respectiva publicação dos elementos diplomáticos relevantes, tanto quanto de estudos monográficos de investigação, para, só então, chegarmos ao desejável patamar do ensaio e da síntese fundamentada. Só por esses estudos se poderá aprofundar o conhecimento histórico necessário acerca da vida religiosa pretérita na Diocese, mormente as suas estruturas de organização institucional e carreiras eclesiásticas, os contornos da sua vida económica e social, os meios pastorais utilizados, os conteúdos eclesiológicos e a vida intelectual e artística do clero leirenense, as condutas, crenças e práticas religiosas e espirituais da população, os quadros monásticos diocesanos e os comportamentos da Igreja face ao poder político, judicial e administrativo do Estado.

2 — Os elementos documentais que apresentamos neste artigo, pouco conhecidos ou mesmo inéditos, elucidam alguns pontos relevantes da vida pretérita da Diocese do Lis. O Documento 1 é a bula de Paulo V, Decet Romanum Pontificem, de 9 de Outubro de 1614, pela qual foram integrados, na jurisdição episcopal dos Bispos de Leiria, as vilas de Alpedriz e de Aljubarrota. Por pedido do rei D. Filipe II, o Sucessor de Pedro, considerando a maior solicitude pastoral que do acto resultava para o povo cristão dessas localidades, bem como a necessidade de reforçar as fontes de rendimento do Bispado de Leiria, mormente as rendas da Mesa Capitular, decidiu-se a integrá-las nas fronteiras da Diocese então governada por D. Martim Afonso Mexia6.

Recorda o papa Paulo V a não muito distante integração no Bispado dos territórios de Ourém e de Porto de Mós, em 1585, subtraídos ao Arcebispado de Lisboa não sem protestos e uma notória redução de proventos dizimistas para este. Dízimos que, mau grado o património fundiário transferido, em 1545, de Santa Cruz de Coimbra para a Mitra leiriense, cujos rendimentos se revelaram moderados ou mesmo insuficientes face às necessidades reais de afirmação e organização da novel

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Diocese, constituíam proventos absolutamente necessários face às muitas despesas com projectos de infra-estruturação diocesana, mormente a sua catedral, o seu paço episcopal e outros santuários e igrejas do termo, para além do mantimento digno dos seus bispos e cónegos capitulares, que tinham de ombrear com outros seus pares residentes em dioceses circunvizinhas, mas largamente mais ricas e dotadas em fundos financeiros do que a de Leiria, uma das de menor renda em todo o Reino7.

O Documento 2 apresenta-nos o bispo D. João de Nossa Senhora da Porta (1746-1760), futuro Arcebispo de Évora e Cardeal Patriarca de Lisboa, mercê dos seus compromissos políticos e eclesiásticos com o Marquês de Pombal8, a assinar o contrato, datado de 5 de Setembro de 1756, com o Superior em Portugal da Congregação de S. Vicente de Paulo, Pe. João Gonçalves, em ordem a que esta Congregação da Missão se instalasse em Leiria, aqui abrindo uma Casa ou um Seminário9. Para tanto, o Prelado doava à Congregação vicentina a Quinta da Paraíso, no sopé do monte de Nossa Senhora da Encarnação, garantindo-lhe, ainda, o financiamento e ajuda para a edificação material da respectiva casa. Aceite a doação pela mencionada Congregação e, ainda, autorizada pelo Papa10, esperar-se-ia a sua instalação célere na cidade. Esta, contudo, não viria a suceder ou porque não tenha sido autorizada pelo poder régio, ou por outra razão que desconhecemos.

Sabemos que D. João de Nossa Senhora da Porta — título que expressa o seu apego à devoção muito viva no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde se fizera sacerdote e cónego regrante reformado, desse mesmo orago — foi, em Leiria, a cujo sólio episcopal subiu com 31 anos de idade, um prelado residente e empenhado no seu múnus. O seu acto em favor da Congregação de S. Vicente de Paulo não pode deixar de revelar uma segura simpatia por esse novo modelo de acção católica proposto pelos Lazaristas, protagonistas de uma visão instruída e esclarecida acerca da presença do clero no mundo, cuja formação intelectual apurada urgia, favoráveis, ainda, à elevação da consideração do estatuto e dignidade da mulher dentro e fora da Igreja, bem como de uma prática assistencial eficaz que ultrapassasse uma descomprometida caridade para com os mais pobres, doentes e necessitados.

Da atracção das novas congregações pós-tridentinas sobre os diocesanos leirenenses, dá-nos um breve testemunho o Documento 3, com data de 24 de Fevereiro de 1762. Por ele entrevemos o leiriense Fr. Joaquim Roberto como pupilo no Convento de S. Francisco de Paula, sito em Lisboa, ao que parece natural da freguesia da Barreira, em cujo limite detinha algumas propriedades rurais que faz vender ao Pe. Francisco Pereira Nobre, pároco de S. Miguel de Colmeias, por trinta mil réis11.

Não menos reveladora, no Documento 5, é a informação colhida do testamento do Cónego Francisco Xavier de Figueiredo, Deão da Sé de Leiria, do ano de 1794, pela qual haveria expectativa, em Leiria, de uma possível instalação, eventualmente associada ao serviço hospitalar da Misericórdia da cidade, dos padres da Congregação de S. Camilo de Lellis12.

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Estas breves referências setecentistas, entre clérigos leirienses, a congregações claramente situáveis no espírito reformista tridentino, atestam, de algum modo, a sua actualização face às novas propostas apostólicas de vida religiosa, claramente empenhada num serviço social activo, que proliferavam na Europa católica do século do Iluminismo e do espírito racionalista. Significativo é, no entanto, que não se tenham verificado condições para a efectiva instalação dessas congregações em território leiriense. Permanece, contudo, o facto de elas terem tido adeptos entre o alto-clero da pequena urbe episcopal, cujo Lis, Francisco Rodrigues Lobo tanto amou.

Foram as Ordens Religiosas de raiz medieval, como os Franciscanos, os Dominicanos e os Eremitas de Santo Agostinho, as únicas que lograram erguer claustros nestas paragens entre os séculos XVI e XVIII. A vizinha influência de Cister, posto que localizada no Patriarcado de Lisboa, revela-se importante pela capacidade de atracção dos Mosteiros de Alcobaça e de Santa Maria de Cós sobre as vocações espirituais dos homens e mulheres naturais da região de Leiria13. A pequenina Abadia de Santa Maria dos Tomaréis, no concelho de Ourém, como se sabe, não ultrapassaria a segunda metade do século XVI, pelo que a sua influência se paroquializou e secularizou nessas centúrias modernas14.

Entre os novos conventos modernos de Leiria, citaremos, na sede do Bispado, o de Nossa Senhora da Graça ou de Santo Agostinho, de Eremitas Agostinhos, fundado em 157615 e o de Santo António dos Capuchos, franciscano, erigido em 165716. Na próspera vila de Ourém, integrada na Diocese de Leiria em 1585, instituir-se-á um Convento de Franciscanos Capuchos, da Província da Piedade, por 1600, contando doze frades cerca de 165717. Anos mais tarde, em 1673-76, na vila de Porto de Mós, foi erigido o Convento do Bom Jesus, entregue aos Eremitas Recolectos ou Descalços de Santo Agostinho18.

Na serrana povoação de Minde, então do termo civil portomosense, estabelecer-se-iam, ainda, os Franciscanos no Hospício de Nossa Senhora da Arrábida19. Franciscanas terceiras foram, por seu lado, as religiosas que impulsionaram a actividade do Recolhimento dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, anexo à antiga igreja de Santo Estêvão de Leiria, fundado na década de 1740, por influência de alguns clérigos seculares desta cidade, não assumindo, contudo, em rigor, a designação ou estatuto canónico de célula conventual20.

Poderemos, deste modo, verificar que no capítulo dos quadros monásticos, a renovação e expansão dos claustros na Diocese de Leiria, entre os séculos XVI e XVIII, foi ditada mais pelas políticas endógenas dessas mesmas Ordens, do que por uma acção eficaz e consequente de renovação perspectivada pelo clero secular, em especial o corpo episcopal e canonical diocesano, cujas obras pastorais mais notáveis se arrimariam à assistência protagonizada pelas Misericórdias do Bispado, pela reforma e multiplicação dos núcleos paroquiais e pela assunção de grandes santuários regionais (Nossa Senhora do Fetal, Nossa Senhora da Encarnação e Jesus

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dos Milagres, entre os principais, sem esquecer os concorrentes não muito distantes situados já fora dos limites diocesanos, em que avultou o de Nossa Senhora da Nazaré).

3 — Os Documentos 4 e 5 mostram-nos, muito justamente, a capacidade económica de alguns cónegos de Leiria, no último terço do século XVIII. Pelo primeiro, datado de 1788, testemunhamos a instituição na Misericórdia da cidade de Leiria, pelo Cónego capitular Rafael Lopes Barreto, de uma capela pelas Almas do Purgatório e pela sua com uma dotação bastante substancial de um conto de réis. Pelo segundo, lavrado em 1794, ratifica-se a doação e contrato estabelecidos com a mencionada Misericórdia pelo Cónego Francisco Xavier de Figueiredo, Deão da Sé de Leiria.

Senhor de considerável fortuna, o Deão Capitular revela-se um devoto empenhado na restauração do culto na velha capelinha de Nossa Senhora dos Anjos, na margem direita do Lis, para cujo altar-mor mandou fazer novas imagens e na qual queria que se celebrassem sazonalmente missas votivas, para além da presença permanente do Santíssimo. Eram muitos os santos da sua veneração, podendo destacar-se, pela sua maior actualidade à época, os nomes de S. Camilo de Lellis e de S. Francisco Xavier, para além de se revelar um fiel de grande sensibilidade mariana.

Vivendo numas “casas nobres”, com seu quintal, situadas atrás da igreja da Misericórdia, que deixava a esta instituição para alargamento das enfermarias e hospitais da convalescença da mesma, o Deão Francisco Xavier de Figueiredo mostra-se homem informado acerca do passado local, mormente a pretexto do passado da capela de Nossa Senhora dos Anjos, cujas informações históricas terá bebido nalguma cópia manuscrita em circulação do Couseiro, senão nalguma fonte arquivística primária. Era seu irmão Inácio Xavier de Figueiredo, matrimoniado que fora com D. Ana Joaquina Esteves Oriol, o que nos deixa entrever a sua ligação social a famílias da aristocracia brasonada da cidade. Uma parte substancial da sua fortuna derivava de foros e direitos dominiais que percebia sobre prédios urbanos e rústicos localizados na cidade e nos arredores.

Por estas duas últimas cartas, verificamos a íntima simbiose de interesses entre os cónegos capitulares da Sé e a Mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Leiria. Não deixa de ser significativo, na verdade, que bispos e cónegos leirienses tenham procurado influir de forma sempre muito relevante sobre os destinos e grandezas desta Misericórdia. Disso nos dão testemunho os elencos dos mesários e provedores da Santa Casa da Misericórdia de Leiria, como ainda o facto conhecido dela contar, invariavelmente, entre os seus Provedores, com os nomes dos “excelentíssimos, ilustríssimos e reverendíssimos” bispos da cidade21.

Mas a acção pastoral dos reverendos cónegos capitulares de Leiria não se resumiria às suas ligações à rica Misericórdia leiriense. Integravam e animavam, ainda, os corpos de confrarias e irmandades locais e protagonizavam um papel

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religioso e espiritual de enorme responsabilidade nos destinos da Diocese. No entanto, o seu conhecimento, naturalmente, necessita de novos e mais aprofundados estudos históricos.

Doc. 11614 OUTUBRO, 9, Roma — Bula Decet Romanum Pontificem, do papa Paulo V, pela

qual são integrados no Bispado de Leiria os lugares de Alpedriz e de Aljubarrota, atribuindo-se os respectivos dízimos ao Cabido leiriense.

TT – Mosteiro de Alcobaça, Livro 67, fls. 415-420.Obs.: Cópia setecentista em papel.

Copia da Bulla da annexação de Aljubarrota e Alpedriz a este Bispado e dos dizimos ao Cabido.

Paulus episcopus servus servorum Dei, ad perpetuam rei memoriam. Decet Romanum Pontificem supra universas orbis ecclesias cum apostolica potestatis plenitudine, Domino constitutum, ad ea per quae personarum quarumlibet quieti et tranquilitati animarumque saluti consulitur et eis delinquendi occasio subtrahitur, ac delinquentibus subterfugii, et impunitates spes praecluditur necnon ecclesiarum ministris rerum temporalium penuria laborantibus congruae subventionis auxilia subministrantur propensis studiis intendere ac in his pastoralis officii sui partes favorabiliter interponere, prout pia catholicorum regum vota locorumque et Dioecesum rationes postulare videntur. Cum itaque sicut charissimus in Christo filius noster Philippus Portugalliae et Algarbiorum rex catholicus nobis nuper // [Fl. 415vº] exponi fecit loca de Alpedriz Ulisbonensis, et de Algibarrata partim ejusdem et partim Leiriensis dioecesis civitati Leyriensi infra duodecim milliaria vicina sint et a civitate Ulisbonensi longius distent, ac in dicto loco de Algibarrota maxime inconvenientia cum gravi non solum perturbatione jurisdictionis ecclesiasticae, sed etiam dispendio salutis animarum oriri soleant et possint ex eo quod delinquentes statum comisso de licito ab ea parte loci in qua comissum est, ad alium pertransire, atque ita forum illius ordinarii a quo puniendi venirent declinare et a poena quam simul merito pendere deberent se subducere possunt, et idem locus de Algibarrota in una tantummodo via, et quibusdam adjacentibus viculis consistat, ac ab una cum Sanctae Mariae Archiepiscopo Ulisbonensi ab altera vero partibus cum Sancti Vincentii parochialibus ecclesiis episcopo Leiriensi pro tempore existentibus in spiritualibus subjaceat, et exinde ad hanc, vel illam ipsius loci partem facilis fiat transitus ac saepe saepius ex hac diversitate jurisdictionis ecclesiasticae maleficia et deluta impunita re // [Fl. 416] remaneant et plerumque aliis audendi similia occasio et pessimum exemplum praestetur dictum vero Philippus rex provide considerans inconvenientia hujusmodi sicuti illa his inconvenientibus ex diversitate jurisdictionis oriuntur, ita etiam diversitate hujusmodi sublata facile tolli posse opera pretium ac expediens fore existimat ut ambo loca praedicta procomoderre et faciliori spiritualis jurisdictionis administratione a dicta Dioecesi Ulisbonensi in quantum illi subsunt dismembrentur ac in totum jurisdictioni dicti episcopi pro tempore existentis subjiciantur, decimae autem Diocesano in ibi competentes et ad valorem ducentorum nonaginta ducatorum auri de camera vel circiter annuatim ascendentes mensae Capitulari Ecclesiae Leyriensis quaetenus redditus et proventus annuos habet ac beneficio et effectu dismembracionis et

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applicationis quorumdam fructuum ecclesiasticorum loci de Orem dictae Vlisbonensis Dioecesis alias a sede Apostolica factae cum magno suo damno frustratra remansit applicentur. Quare pro parte dicti Phi // [Fl. 416vº] lippi regis nobis fuit humiliter supplicatum quatenus super his opportune providere de benignitate apostolica digneremur, Nos igitur qui dudum inter alia voluimus quod petentes beneficia ecclesiastica aliis uniri tenerentur exprimere verum annuum valorem secundum communem aestimationem etiam beneficii, cui aliud uniri peteretur alioquin unio non valeret et semper in unionibus commissio fieret ad partes, vocatis quorum interest, ac idem observaretur in quibuscumque dismembrationis et applicationibus de quibus vis bonis et rebus ecclesiasticis quique negotium huiusmodi non nullis examinandum comissimus, et ex illorum relatione auditis prius partibus nobis facta dismembrationem, subjectionem et applicationem praefatas pro futuras fori intelleximus, quarumcumque unionem et applicationum dictae mensae hactenus quomodolibet factarum tenores illius que fructuum veros annuos valores praesentibus pro expressis habentes hujusmodi supplicationibus inclinati praedicta loca in parte et partibus quibus dictae Dioecesi Vlisbonensi subsunt, authoritate Apostolica tenore praesentium // [Fl. 417] perpetuo separamus et dismembramus eadem qui loca in parte et partibus hujusmodi quibus dictae Dioecesi Ulisbonensi subsunt in omnibus et per omnia ac eorum incolas et habitatores tam ecclesiasticos et regulares quam laicos seu saeculares necnon monasteria, hospitalia et alia pia loca ac parochiales ecclesias et beneficia ecclesiastica quaecumque ab omni visitatione, correctione, obedientia, superioritate, dominio, potestate et jurisdictione pro tempore exercentis, non tamen venerabilis fratris nostri moderni Archiespiscopi Vlisbonensi necnon decimarum hujusmodi praestatione et solutione auctoritate et tenore praefatis etiam perpetuo exunimus et liberamus, sicque exempta et liberata ac exemptos et liberatos moderno et pro tempore existenti episcopo praefato in spiritualibus eisdem authoritate et tenore similiter perpetuo subjicimus et supponimus decimas vero praefatas cujuscumque valoris et quantitatis illae sint vel fuerint dictae mensae Capitulari Leiriensi pro illius fructuum et reddituum augmento ita // [fl. 417vº] quod liceat dilectis filiis Capitulo et Canonicis ipsius Ecclesiae Leyriensis corporalem, realem et actualem possessionem decimarum hujusmodi ac jurium et pertinentiarum suorum quorumcumque per se vel alium seu alios eorum, ac dictae mensae nomine propria authoritate apprehendere et apprehensam perpetuo retinere, fructus quaeque redditus, proventus, jura, obventiones ac emolumenta ex eis provenientia quaecumque percipere, exigere, levare, recuperare, locare et arrendare ac in communes suos et ejusdem mensae usus ac utilitatem convertere Dioecesani loci vel cujuscumque alteriis licentia de super minime requerita authoritate et tenore similibus pariter perpetuo applicamus et appropriamus sine tamen praejudicio dicti moderni Archiepiscopi qui quandiu Ecclesiae Ulisbonae praefuerit, in eiusdem locis jurisdictionem spiritualem hujusmodi in omnibus et per omnia ut prius exercere et administrare dictasque decimas consequi et habere libere et // [Fl. 418] et licite voluerit decernentes praesentes literas etiam ex eo quod causae propter quas emanauerunt coram aliquo ordinario tamquam a Sede praedicta delegato vel alias examinatae, verificatae et justificatae dictusque modernus Archiepiscopus necnon incolae et habitatores locorum hujusmodi ac alii quicumque in praemissis interesse habentes seu habere praetendentes ad id vocati non fuerint nec eisdem praemissis consenserint seu alias exquocumque alio capite vel causa quantum vis legitima et juridica de subreptionis vel obreptionis seu nullitatis vitio aut intentionis nostrae vel quo pium alio defectu notari, impugnari, retractari, annullari vel invalidari seu ad viam et terminos juris reduci aut ad versus illi quod eumque juris gratiae vel facti remedium impetrati vel concedi nullactenus unquam posse neque subquibus vis similium vel dissimilium gratiarum

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revocationibus, suspensionibus, limitationibus modificationibus, derogationibus aut aliis contrariis dispositionibus etiam per Nos et successores nostros pro tempore existentes // [Fl. 418vº] et Sedem praefatam sub quibuscumque verborum formis et expressionibus ac cum quibus vis etiam derogatiarum derogatoriis aliisque efficatioribus efficasissimus et in solitis clausulis irritantibusque et aliis decretis pro tempore quomodolibet factis comprehendi vel confundi sed ab illis semper exceptas et quoties illae emanabunt, toties inpristinum et validissimum statum restitutas, repositas et plenarie reintegratas ac de novo etiam subquaecumque posteriori data per Episcopum Leyriensem ac Capitulum et Canonicos praefatos, nunc pro tempore existentes quandocumque eligenda concessas ac perpetuo validas et efficaces esse et fore suos que plenarios et integros effectus sortiri et obtinere ac eisdem Episcopo et Capitulo ac Canonicis suffragari debere perinde ac in separatio, dismembratio, exemptio, liberatio, subjectio, applicatio et appropriatio praedictae in consistorio nostro secreto de fratrum nostrorum Sanctae Romanae Ecclesiae cardinalium consilio ac cum omnium interesse habentium expresso consensu factae fui // [Fl. 419] fuissent sicque per quoscumque judices ordinarios et delegatos etiam causorum Pallatii Apostolici auditores judicari et deffiniri debere irritum quoque et inane si secus super his a quoquam quavis authoritate scienter vel ignoranter contigerit attentari non obstantibus priori nostra voluntate et aliis praemissis ac Lateranensis concilii novissime cellebrati uniones perpetuas nisi in casibus a jure praemissis fieri prohibentis, aliisque Apostolicis necnon in provincialibus et universalibus conciliis edictis specialibus vel generalibus constitutionibus et ordinationibus necnon Ulisbonensis et Leiriensis Ecclesiarum praedictarum juramento confirmatione Apostolica vel quavis firmitate alia roboratis statutis et consuetudinibus, privilegiis quoque indulti et litteris apostolicis illis, earumque Praesulibus et Capitulis in quibus vis superioribus et personis sub quibuscumque tenoribus et formis necnon cum quibusvis etiam derogatariarum derogatoriis aliisque // [Fl. 419vº] efficacioribus efficacissimis et in solitis clausulis et decretis etiam irritantibus in gerare vel specie etiam motu proprio et ex certa scientia ac consistorialiter et alias quomodolibet concessis confirmatis et innovatis quibus omnibus etiam si de illis eorumque totis tenoribus specialis specifica expressa et individua ac de verbo ad verbum non autem per clausulas generales idem importantes mentio seu quae vis alia expressio habenda aut aliqua alia exquisita forma ad hoc seruanda fuerit illis alio in suo robore permansuri harum serie specialiter et expresse derogamus caeterisque contrariis quibuscumque. Nulli ergo omnino hominum liceat hanc paginam nostrae separationis, dismembrationis, exemptionis, subjectionis, suppontionis, applicationis, appropriationis22, liberationis, decreti et derogationis infringere vel ei ausu temerario contraire. Si quis autem hoc attentare praesumpserit indignationem omnipotentis Dei ac Beatorum // [Fl. 420] Petri et Pauli Apostolorum ejus senoverit incursurum. Datum Romae apud Sanctam Mariam Mayorem anno Incarnationis Dominicae millesimo sexcentesimo quarto decimo. Septimo Idus Octubris. Pontificatus nostri anno decimo.

Doc. 21756 SETEMBRO, 5, Leiria — D. João de Nossa Senhora da Porta, Bispo de Leiria, doa

à Congregação de S. Vicente de Paulo, representada pelo Padre João Gonçalves, Superior da Casa de Rilhafoles, a Quinta do Paraíso, em Leiria, a fim de ali ser edificada uma Casa ou Seminário para instalação dos Missionários daquela Comunidade, de cuja presença se esperavam grandes benefícios espirituais para todos os diocesanos leirienses. A fundação

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da nova Casa missionária de Leiria, autorizada já pela Congregação, contudo, ficava dependente da devida anuência régia, ainda não alcançada na data deste contrato.

Arquivo Distrital de Leiria — Registos Notariais: 9-D/ 44, fls. 119-120.Refª: Afonso Zúquete, Leiria — Subsídios para a História da sua Diocese, Leiria,

Gráfica, 1943, p. 228.

Escriptura de doação e de fundação de nova caza ou de contrato que para ella faz o Exmº e Rmº Senhor Bispo desta cidade de Leiria com o Padre Superior e mais comunidade da Caza de Rilhafoles da cidade de Lixboa.

Saybão quantos este publico intromento de doação, fundação ou como em Dereito melhor lugar possa ser virem que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e setecentos e sincoenta e seis annos aos sinco dias do mes de Setembro do dito anno nesta cidade de Leyria no Passo Episcopal della ahonde rezide o Excellentissimo e Reverendissimo Senhor Dom João de Nossa Senhora da Porta Conego Regular da Congregação Reformada de Santo Agostinho e Bispo da mesma cidade e todo o seu Bispado ahi pello mesmo Senhor foi dito a mim tabalião a seu rogo chamado perante as testimunhas ao diante nomeadas e asignadas que dezejando muyto dezempenhar as obrigassois pastorais que Deus Nosso Senhor foi servido empor-lhe para com as Almas e Povo deste Bispado e movido dos ardentes dezejos da salvassão dellas e ahinda do bem temporal que pode ajudar a tão santo fim // [Fl. 119vº] fim, considerando que o Instituto do Gloriozo Sam Vicente de Paullo fundado[r] da Congregassão da Missão e que os ministerios de seus Missionarios o podem ajudar a tão grande empreza e a procurar a gloria de Deus na santificassão de seus Diocezanos pregando missois, fazendo comferencias esperituais aos Eccleziasticos, tratando elles as leis todas que devem praticar para serem verdadeyros Menistros de Christo e dando exercecios esperituais aos ordenandos para receberem bem suas ordens e tãobem aos seculares que por meyo delles quizerem reformar sua vida e procurar o caminho da salvassão e pratica das virtudes cujos menisterios tem praticado os ditos Missionarios nos Reynos estranjeiros e neste de muytos annos a esta parte com aseytação commua e as vidas grandes utilidades que se tem manefestado com muyto proveyto do clero cuja circunstancia moveo ao Fidelissimo Senhor Dom João o quinto que Santa Gloria haja a trazer para este Reyno a dita Comgregação e a fundar-lhe huma grande caza com muytas rendas no sitio de Rilhafolles da corte e cidade de Lisboa detreminava fundar huma Caza nesta cidade ahonde perpectuamente rezidão alguns dos ditos Missionarios para mais commodamente se poderem aplicar a cultura espiritual do bem das Almas e tãobem para poderem reger e educar o Seminario que com ajuda de Deus dezejava e pretendia estabalecer tudo comforme o custume de sua Comgregassão e espirito de seu fundador e que por ser senhor de huma Quinta situada honde chamão o Paraizo junto a esta dita cidade que parte do Norte com estrada publica e do Nascente com fazenda dos filhos do Doutor Manoel Andrade Serrão e do Poente com estrada dos Barreiros e jogo do bollão della e de todas suas serventias e logradouros fazia pura e inrevogavil doação aos Padres da Comgregassão da Missão do dito Instituto e sobredita Caza de Rilhafolles para nela e asentamento da caza que pretendia erigir e fundar nesta cidade a fim de exercitarem nella e seu Bispado todos os seus menesterios custumados fazendo para isso rezidencia respectiva aos Padres que se poderiam sustentar a proporção das rendas que for tendo a dita Caza segundo a tayxa de Sua Magestade Fidelissima que Deus guarde de quem com sua fazenda para a

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fundassão pois elle dito Excelentissimo e Reverendissimo Senhor Bispo tem algumas pessoas pias, devotas e abonadas que querem ajudar com a real entrega de seus bens ou parte delles a dita fundassão, e quanto ao material da Caza e construção de sua habitassão para morar com oficinas e o mais competente quais os cubicullos, igreja, sanchristia, enfermaria, elle dito senhor a sua conta e cuydado e factura de sorte que com a pocivel brevidade possa ver comseguidos os seus grandes dizejos e o bem que espera provenha desta obra a seu Bispado e a honra de Deus. E porque emquanto não for edificio de que se necessita para a perpectuidade pertende compor nas cazas da dita Quinta algum modo de habitação para algum Padre ou Padres poderem vir asistir nella que desde agora transferia ahinda pella clauzulla constituti todo o dominio e posse da dita Quinta e de tudo o mais que nella se achar obrado ou tiver mandado fazer no tempo da primeira habitação athe o emteyro complemento necessario para os sobreditos Menisterios de modo que de tudo fiquem os Padres da mesma Caza e Congregassão verdadeyros senhores e pussuidores por virtude desta escriptura e doação pura e inrevogavel que lhes fazia pello modo mais valiozo desde agora para então e que quando por algum acontecimento que se não espera advenha algum impedimento para não ter efeito a dita fundação e ereção de nova Caza nesta cidade que // [Fl. 120] que elle dito Excelentissimo e Reverendissimo Senhor Bispo fazia a mesma doação da dita Quinta e suas pouzadas ao Padre Superior e mais Padres da dita Caza de Rilhafoles para ajuda do custo de virem exercitar seus menisterios neta cidade e seu Bispado nas ocaziois necessarias. E sendo outrosim prezente o Reverendo Padre João Gonsalves suprior da dita caza da Comgregassão da Missão sita em Rilhafolles da corte e cidade de Lisboa pessoa conhecida das mesmas testemunhas por elle foi dito perante elles e de mim tabalião que por sy e em nome de toda a sua Comunidade aseytava esta doação e todas as clauzullas declaradas nesta escriptura pello milhor modo que podia e mais valiozo fosse com dereyto e que em nome de toda a Comgregassão se obrigava a cumprir as obrigassois consernentes aos pios dezejos do dito Excelentissimo e Reverendissimo Senhor Bispo e todos os ministerios que os Missionarios della custumão fazer segundo o Instituto de seu santo fundador e viram para esta cidade os Missionarios necessarios para a dereita fundação tanto que se comseguir licença regea para ella ou insinuassão indubitavel de sua aprovassão e concessão e estiver feita a habitação congruente para assistencia dos tais Missionarios na dita Quinta. E que no cazo de se não poder efectuar a dita fundação de nova caza ou constituissão de Seminario que em tal cazo em nome de toda a sua communidade se obrigava a virem fazer neste Bispado seus ministerios quando delles houvesse conveniencia ou necessidade da forma que o premitem seus estatutos e constituissois com beneplacito do seu Reverendissimo Padre Suprior Geral. E em fe e testimunho de verdade asim o disserão o dito Excelentissimo e Reverendissimo Senhor Bispo e o Reverendo Padre Suprior e otrogarão e mandarão fazer este publico instromento nesta nota e della dar os treslados necessarios que cumprirem deste theor que aseytarão. E eu tabalião pellos auzentes a que tocar possa quanto o direito me permite. Forão testimunhas a tudo prezentes perante as quais esta por mim lhes foi lida e que com os sobreditos aqui assignarão o Reverendo Doutor Francisco Xavier de Figueredo, Dião da Sé Cathedral desta cidade e o Capitão Jacinto das Neves e Oliveira desta mesma cidade. Antonio Carlos de Pina publico tabalião de notas que o escrevi.

(Ass.) D. João Bispo de Leiria. João Gonçalves Superior. Francisco Xavier de Figueiredo. O Capitam Jacinto das Neves e Oliveira. //

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Assinaturas autógrafas do Bispo D. João de Nossa Senhora da Porta, do Padre João Gonçalves, da Congregação da Missão, do Cónego Francisco Xavier de Figueiredo, Deão da Sé de Leiria, e do Capitão Jacinto das Neves e Oliveira [Doc. 2].

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Doc. 31762 FEVEREIRO, 24, Leiria — O Pe. Francisco Pereira Nobre, pároco de S. Miguel de

Colmeias, faz compra a Fr. Joaquim Roberto, pupilo no Convento de S. Francisco de Paula, de Lisboa, por seu procurador e irmão, José Joaquim de Oliveira, com substabelecimento de procuração em José Correia, de um chão com olival e mato, bem como de um outro pedaço de terra com quatro oliveiras, situados no Forno da Reixa, junto à estrada da Cumeira do Paço (fregª. Barreira, c. Leiria), pelo valor de 30 mil réis. Insere certidão do pagamento da sisa, de 22 de Fevereiro de 1762, e cópia da procuração datada de 10 de Março de 1760 com aditamento de 19 de Dezembro de 1761.

Arquivo Distrital de Leiria — Registos Notariais: 9-E/4, fls. 51-[54].

Compra que faz o Reverendo Padre Francisco Pereira Nobre cura da freguesia das Colmeas a Frei Joachim Robertto pupillo na Relegião de S. Francisco de Paula por seu procurador Joze Correia da Barreira.

Saybam quantos este publico instromento de carta de pura // [Fl. 51vº] de pura venda deste dia para todo sempre virem que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e setesentos e sesenta dois annos aos vinte e quatro dias do mes de Fevereiro do dito anno nesta cidade de Leyria e cazas de morada de mim tabalião ao diante nomeado ahi foi prezente Jozeph Correa pesoa que eu tabalião conhesso morador no lugar da Barreira termo desta dita cidade como procurador substabelesido pera este auto bastante do Reverendo Frei Ruberto digo Frei Joachim Ruberto popillo no Convento de Sam Francisco de Paulla da cidade de Lixboa como tudo me fez serto por huma sua procurasam que me aprezentou feita nesta minha nota e continuada aos des dias do mez de Março de mil e setesentos sesenta annos com hum substabalesimento feito pello procurador da dita procurasam Jozeph Joachim de Oliveira irmão do dito Reverendo constituinte e morador no lugar da Barreira que tudo milhor constara da dita procurasam e substabalesimento deste conhesimento que no fim desta escriptura hira tresladada e nos treslados que desta nosa sahirem em virtude da qual procurasam e poderes que nella lhe heram comsedidos dise elle dito Jozeph Correya perante mim tabaliam e das testemunhas ao diante nomeadas e asignadas que hera verdade que elle em nome do dito seu constituinte de sua propria e livre vontade sem constrangimento de pessoa alguma vendia como com effeito logo vendeo deste dia para todo sempre ao Reverendo Padre Francisco Pereyra Nobre natural do lugar da Barreira e curra na freguesia de Sam Miguel das Colmeas tudo termo desta dita cidade pera elle e para todos seus herdeiros e subsesores e pessoas que despois delle vierem convem a saber dise que lhe vendia hum olival com seu cham e com seus mattos que esta aonde chamão o Forno do Reyxa com huma sarradinha no mesmo sitio que parte tudo do Nassente com estrada que vay para a Comeira do Passo e do Poente com o Padre Manoel de Oliveira desta cidade e maes hum pedasso de matto com quatro oliveiras e seu chão que esta no mesmo sitio que parte do Nassente com Jozeph Ribeiro da Barreira e do Poente com o dito Padre Manoel de Oliveira desta cidade, o que tudo asim dise estavão em os ditos lougos em o termo desta dyta cidade e que partiam com aquellas mais comfrontasois e divizois com que de direito devam e hajam de partir as quais assim dise que vendeu ao // [Fl. 52] ao dito Reverendo comprador para elle e para todos os seus herdeiros com todas as suas entradas e sahidas, direitos, pertensas, serventias e logradouros na mesma forma que seu constituinte vendedor as pesuia e lhy pertensia e melhor sendo posivel e por suas forras, livres,

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izentas e dezembargadas sem deverem mais couza alguma a nenhuma outra pesoa salvo a esta dita venda como dito he e por preso serto logo nomeado de trinta mil reis brancos da moeda hora corrente em paz e em salvo da siza e mais custas para elle dito vendedor os quais logo ao asignar desta escriptura lhes foram ali dados, contados e entregues todos em dinheiro de conta por moedas de ouro e prata das correntes nestes Reynos de Portugal sem lhes faltar nem hum so real por mão do dito Jozeph Pereyra Nobre irmão delle dito comprador morador no dito lugar da Barreira e seu procurador atual que dise lhos daria, contaria e entregaria do proprio sobredito Reverendo comprador pera effeito desta dita compra os quais trinta mil reis elle dito Jozeph Correya recebeo e contou para delles fazer entrega ao dito Reverendo vendedor seu constituinte e em minha prezensa e das mesmas testemunhas de que eu tabalião dou minha fe e por asim receber a dita quantia dos ditos trinta mil reis de seguro por virtude desta escriptura se dava por bem pago e entregue e satisfeito de todo o dito presso desta dita venda do dito Reverendo comprador e seus herdeiros para nunca mais agora ou tempo algum lhes ser tornado a pedir couza alguma por si nem por sentença e deo logo poder e autoridade ao dito Reverendo comprador e a seus herdeiros para que logo asy de partir por este publico instromento sem ser necesario mais outra alguma autoridade e justisa posa tomar ou mandar tomar pose do dito olival e seu cham e mattos e sarradinha e hum pedasso de matto com quatro oliveiras e de todas suas pertensas serventias e logradouros real, sivil, autoal, corporal, material e judisial e que fasa de tudo e em tudo o que quiser e por bem tiver como de cousa sua propria livre, izenta e dezembargada que sam e ficão sendo por virtude desta escriptura e que lhe havia a dita pose por dada emvistido e encorporado nella de hoje para todo sempre quer elle a tome ou não pella clauzolla constituti sendo necessario e que elle dito procurador em nome do dito vendedor renunsiava logo de si toda a pose, domenio, senhorio rezam, asam e asoins que nas ditas propriedades lhe puzesse e ter poderia o que tudo asim dise que punha e premudava, sedia e trespassava // [Fl. 52vº] e trespassava no dito comprador e m seus herdeiros obrigando-se logo elle dito procurador em nome do dito vendedor por todos os seus bens e rendas prezentes e futuros onde quer que lhes fosem achados a lhes fazer esta dita venda sempre boa, de paz e justo titullo de lha defender e emparar de quem lha tolher, tomar ou embargar quizer sendo em tudo autor e difensor asem em juizo como fora delle sob penna de lhe tornar o dito presso em dobro e custas e bemfeitorias em tresdobro. E por estar prezente o dito Jozeph Pereira Nobre por elle foi dito perante as mesmas testemunhas que como procurador do dito comprador seu irmão aseitava esta dita compra na forma e maneira que nesta escriptura se conthem e declara. E em fe e testemunho de verdade asim o diseram e outrogarão, pedirão e aseitaram e eu tabalião pelos auzentes a que tocar posa quanto o direito me permite. E logo por parte do dito comprador me foi aprezentada sertidão de como tinha pago sisa desta compra da qual procurasam e substabalesimento seu teor he o seguinte:

O Dr. Joze Manoel de Lima Pita juiz de fora com alsada por El Rey nosso senhor em esta cidade de Leiria e seu termo juiz e prezidente das sizas por bem do regimento dellas em esta mesma cidade e termo e na Povoa de Monte Real e seu destrito ctª. Faso saber que o Reverendo Padre Francisco Pereira Nobre cura na freguesia de S. Miguel das Colmeas comprou de prezente a Fr. Joachim Ruberto popilo de S. Francisco de Paula hum olival com seus mattos aonde chamão a Forno da Reyxa com huã seradinha no mesmo sitio que parte do do [sic] Nascente com estrada que vay para a Comeira do Passo e do Poente com o Padre Manoel de Oliveira desta cidade mais hum pedasso de matto com quatro oliveiras no mesmo sitio que parte do Nascente com Joze Ribeiro da Barreira e do Poente com o Padre Manoel de Oliveira desta cidade tudo em presso de trinta mil reis de que pagou a siza ou meya siza

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tres mil reis ao depuzitario dellas o Dr. Manoel de Mattos Fortes de que lhe pasou este em virtude do qual se fez termo no livro das sizas, e com o dito depuzitario. Terça feira vinte e dois de Fevereiro de mil e setesentos e sesenta e dois. Desta e do termo do livro sasenta reis e a de signar vinte reis. E eu Dionizio da Fonseca Ferreira escrivão das sizas o escrevi e asignei. — Dr. Pitta. — Dionizio da Fonseca Ferreira e Manoel de Mattos Fortes.

Saybam quantos este publico instromento de poder e procurasam bastante virem que no anno do Nassimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e setesentos e sasenta annos aos dez dias do mez de Março do dito anno nesta cidade de Leiria e cazas de morada de mim tabaliam ao diante nomeado ahi foi prezente Fr. Joachim Ruberto popilo no Convento de S. Francisco de Paula da cidade de Lixboa pesoa que eu tabalião digo ta // [Fl. 53] tabalião conheso pelo qual logo ahi me foi dito perante as testemunhas ao diante nomeadas e asignadas que hera verdade que elle prezente e outrogante de sua propria e livre vontade sem constrangimento de pessoa alguma fazia e ordenava como com efeito logo fez e ordenou por seu seto e em todo avondozo e bastante procurador com toda a sua livre e geral adiministrasão e com o poder de poder soestabaleser os poderes desta em hum e muitos procuradores e revoga-los se cumprir cada vez que quizer ficando-lhes esta em si sempre boa na forma e maneira que em ella se contem sem falta alguma a saber a seu irmão Jozeph Joachim de Oliveira morador no lugar da Bareira termo desta dita cidade para que elle ou seus sobstabalesidos todos juntos ou qualquer delles de per si in solidum posam em nome delle constituinte requerer e alegar todo o seu direito e justisa em todas as suas cauzas e demandas movidas e por mover crimes e civeis asim ecleziasticas como seculares e em todos os juizos e tribunais asim nesta dita cidade como em outra qualquer parte deste Reyno em que elle constituinte for autor e reo apelante ou apelado, agravante ou agravado, embargante ou embargado e todo perante todos e quaisquer julgadores e offisiais de justisa ou de perante quem as ditas suas cauzas e demandas devão e hajão de ser contratadas e requeridas e alegadas estando a todos os termos e autos judisiais e extrajudisiais dellas vindo contra as partes tentes ou embargantes com pitisois, citasois, libelos, contrariedades, replicas, treplicas, parseres e litigios, defezas, excesois que quizerem e a tudo prova darem, testemunhos das partes verem jurar e virem-lhes com contraditas que lhis pareserem ententando se suspeitos a todos os julgadores e ofisiais de justisa que suspeitos lhes pareserem e nos recuzados comsentirem ou em outros de novo se louvarem e os louvamentos ou consentimentos asignarem e seguirem as ditas suspensois athe final sentença e as dadas a seu favor reseberem mas estarem por ellas fazendo-as tirar do proseso e darem-nas a sua devida e verdadeira execusão e das contrarias apelarem, agravarem ou embargarem qual no cazo mais couber e as apelasois agravos ou embargos seguirem e fazerem seguir athe mayor alsada e supremo juizo correndo com execusois os termos dellas conthinuando dias pesoais levando as continuasois em nome delle constituinte, lansando nos bens das partes comdenadas com lisensa da justisa requerendo cartas de arrematasois, tomando posse dos bens rematados, requerendo outrosim pinhoras, sequestros, prizoins, soltruas, embargo de bens e desembargo delles estando e demandando todas as pessoas que devedores e obrigadas lhe forem por qualquer via ou rezão que seja aseitando acertar com todos os seus devedores e a credores e finalizarem-nas jurando na alma delle constituinte ju // [Fl. 53vº] juramento de calunia e outro qualquer lisito e onesto juramento que com direito lhis for demandado e fazerem-no dar as partes adversas paresendo-lhes, mudando asoins d’alma para prova e de prova para alma e fazendo e asignando todos os mais requerimentos por palavra ou escripto como a bem de sua justisa comprir. E que outrosim poderia o dito seu procurador dar, cobrar e arrecadar todas as suas dividas que por qualquer via se lhe estiverem devendo e do que cobrar

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passar quitasoins publicas ou razas como pedidas lhes forem. E que outrosim poderia vender quaisquer bens de rais que a elle constituinte lhe pertensão pellos pressos que se asertar com as partes fazendo e asignando escriptos ou escrepturas das tais vendas para seguransa das partes com as condisoins e clauzolas estepuladas nas mesmas escripturas e tudo pelo dito seu irmão e procurador feito e requerido, alegado e asignado promete de haver por bom, firme e valiozo sob obrigasão de todos os seus bens moveis e de raiz que para hisso havia por obrigados e de os relevar do emcargo da satisfasam que o direito em tal cazo outorga e que nam rezervava para si nova citasam e todas se faram na pesoa do dito seu procurador. E em fe e testemunho de verdade asim o dise e outrogou, pedio e aseitou e eu tabeliam como pesoa publica estepulante e aseitante aseitei e estepulei em nome da pesoa ou pesoas aqui auzentes quanto em direito devo e posso e forão testemunhas ao todo prezentes perante as quais esta procurasam lhes foi lida e que com ellas aqui asignarão Manoel de Jezus solteiro e Francisco Pereira cabeleyreiro ambos desta dita cidade. Bernardo Caetano e Souza publico tabeliam de notas que o escrevi. Fr. Joachim Ruberto, Manoel de Jezus, Francisco Pereira.

O qual instromento tresladei do meu livro de notas bem e na verdade sem couza que duvida fasa ao qual me reporto e eu Bernardo Caetano e Souza publico tabeliam de notas que o escrevi e asignei com publico e razo e em testemunho de verdade. Lugar do signal .†.publico. Bernardo Caetano e Souza.

Substabelesso os poderes desta procurasam na mesma forma que me são consedidos em Jozeph Correya do lugar da Barreira termo desta cidade de Leiria, dezanove de Dezembro de mil e setesentos sesenta e hum. Jozeph Joachim de Oliveira.

Reconheso a letra e signal do nome do substabalecimento ser tudo de Jozeph Joachim de Oliveira nelle contheudo pelo fazer em minha prezensa. Leiria dezanove de Dezembro de mil e setesentos e sesenta e hum. Em testemunho de verdade. Lugar do signal .†. publico. Barnardo Caetano e Souza.

E treslada[da] asim a dita certidão de siza e procurasam e substabalesimento como dito he diseram ellas partes que com estes papeis outrogavam esta escriptura a qual procurasam a tornei a emtregar ao dito procurado sendo a tudo prezentes por testemunhas perante as quais // [Fl. 54] as quais esta por mim lhes foi lida e que com ellas aquy asignarão Luis Netto pedreiro e Antonio Ribeiro Nogueira (?) espritaleyro da Santa Caza ambos desta cidade, eu Bernardo Caetano e Souza publico tabalião de notas que o escrevi.

(Ass.) Joze Pereira Nobre. † De Jozeph Correya vendedor. Antonio Ribeiro. Luis Neto.

Doc. 41788 AGOSTO, 21, Leiria — Rafael Lopes Barreto, Cónego Capitular da Sé de

Leiria, institui uma capela de aniversários pelas Almas do Purgatório na Santa Casa da Misericórdia de Leiria, para cujo efeito entrega à mencionada instituição um conto de réis, a fim de se poderem suportar, dos respectivos rendimentos, as despesas dessa instituição pia. Foi contratante, como procurador da Misericórdia, o Cónego Penitenciário Luís Teotónio Soares de Amaral.

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Assinaturas autógrafas do acto de venda efectuado por Fr. Joaquim Roberto, do Convento de S. Francisco de Paula de Lisboa, através de seus procuradores [Doc. 3].

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Arquivo Distrital de Leiria — Registos Notariais: 9-E/31, fls. 55vº-56vº.

Escriptura de instituhição e dote de capella e contracto que o Muito Reverendo Conego Raphael Lopes Barretto faz com a Santa Caza da Mizericordia desta cidade.

Saibam quantos este publico instromento de carta de instetuhiçam de cappella digo de instituhiçam e dote de cappella e contrato ou como em Direito mais valido seja e dizer se possa virem que sendo no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil setecentos outenta e outo annos aos vinte e hum dias do mes de Agosto do ditto anno nesta cidade de Leyria e Caza do Despacho da Santa Caza da Mizericordia da mesma aonde eu tabeliam ao diante nomiado vim por destrebuiçam ahy sendo prezentes o Muito Reverendo Raphael Lopes Barretto conego prebendado na Se Cathedral desta mesma cidade de huma parte e da outra o Muito Reverendo Conego Reverendo Luiz Theotonio Soares de Amaral, Conego Pinitenciario na mesma Sé Cathedral desta mesma cidade, como procurador para este effeito bastante que mostrou ser do Exmº Provedor e mais Irmãos da Meza da dita Santa Caza como me fez certo por huma sua procuraçam que me aprezentou asignada pello Muito Reverendo Dor. Jozé Ferreyra Gaspar escrivam da Meza da mesma Santa Caza em auzencia do dito Exmº e Reverendissimo Provedor della, aquellos Irmãos da Meza da mesma Santa Caza, e sellada com o sello della, que no fim desta escriptura hirá trasladada e nos traslados que desta notta sahirem e ambos pesoas conhecidas de mim tabeliam e das testemunhas ao diante nomiadas e asignadas. E logo pello ditto Muito Reverendo Conego Raphael Lopes Barretto foy ditto na minha prezença e na das mesmas testemunhas que era verdade que elle estava detreminado em instetuhir e dotar huma cappella perpetua e deambulatoria com a congrua anual de quarenta mil reis para missas por muitos Defunctos e Almas do Purgatorio conforme sua tenção, e mente de que somente em cada hum anno ficariam livres ao cappellão vinte e quatro missas para as poder dizer por outra qualquer aplicaçam e esmolla. E de que sempre elle instituhidor preferiria para cappellão e depois delle algum seu sobrinho ou parente sacerdote. E tinha feito aprezentaçam ao Difinitorio da Santa Caza da Mizericordia desta cidade para este se deliberar que queria aceitar a administraçam da referida cappella para cujo dote lhe entregaria logo hum conto de reis em dinheyro para ella por a render, e do seu anual rendimento pagar a ditta congrua de quarenta mil reis para a dita cappella, e poder aplicar a demazia do rendimento para as suas cotidianas despezas, com declaraçam porem de que cazo para o futuro sem culpa ou ommissam dos administradores da Santa Caza venha a deminuir-se ou a falhir o rendimento da dita cappella, ou seja precizo augmentar-se aquela congrua doz quarenta mil reis para se cumprir a obrigaçam da dita cappella sempre em cada anno ficará salva para a ditta Santa Caza pella sua administraçam a quantia de dez mil reis do rendimento que existir // [Fl. 56] existir, e somente a demazia delle se despendera pro rata em missas pella referida obrigaçam. Mas que no cazo que a imaginada deminuição ou falencia suceda por culpa dos ditos administradores sempre a dita Santa Caza será obrigada a comprir a obrigaçam da dita capella cotidianna na forma da institucião digo na forma da instituhição. E logo pello ditto Muito Reverendo Conego Penitenciario Luis Theotonio Soares de Amaral procurador me foi dito perante as mesmas testemunhas que tendo sido por elle vista a dita reprezentação do dito Muito Reverendo Instituhidor elle se tinha deliberado em aceitar a administração da dita cappella com todas as clauzolas, obrigaçoens e declaraçoens com que elle a instituhia, e lha tinha offerecido. E logo pello ditto Muito Reverendo Conego Instituhidor me foy aprezentado digo Instituhidor foy aprezentado e contado o referido conto

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de reis que disse digo de reis todos por moedas de ouro das currentes neste Reyno de Portugal sem lhes faltar nem hum só real que disse eram dote da referida capella que na dita forma instituhia, cuja quantia recebeu o dito Reverendo Procurador pella referida cauza e disse que em nome do ditto Definitorio se obrigava a dar satisfaçam da ditta cappella na forma da sua instituhição, a qual terá principio no dia vinte e sinco de Dezembro, que hé dia de Natal deste prezente anno. E declarou mais o mesmo Muito Reverendo Conego Instituhidor, que como em seu testamento, que tem feito e se acha aprovado deixava esmolla para a roupa digo para se comprar roupa para os Hospitais desta Santa Caza, e agora tinha noticia que esta percizão estava providenciada por outra aplicação, determinava que a dita esmolla que constar de seu testamento ou toda a mais que elle declarar em codicillo, ou por palavras digo em codicillo ou testamento, que haja de fazer, ou ainda por palavras ou deixe a esta Santa Caza por outro qualquer titulo queria e he sua vontade que se annexe ao fundo e dote desta cappella com a mesma natureza applicaçam e declaraçam que já tinha determinado a respeito delle. E em fé e testemunho de verdade assim o disseram e outorgaram, e pello assim dizerem e declararem a se obrigarem na dita forma mandaram fazer este publico instromento nesta notta e della dar os traslados necessarios que cumprirem desthe theor que aceitaram. E eu tabeliam pellos auzentes a que tocar possa quanto o Direito me premitte. E o traslado da dita procuraçam he do theor e forma seguinte:

O Provedor e Deputados da Meza da Santa Caza da Mizericordia desta cidade de Leyria pella prezente fazemos e constituhimos nosso bastante procurador ao nosso Irmão o Muito Reverendo Conego Penitenciario Luis Theotonio Soares de Amaral para que em nosso nome possa estipular huma escriptura da constituhiçam e dote de cappella que o Muito Reverendo Conego Raphael Lopes Barretto desta cidade fáz com esta Santa Caza em que lhe entrega hum conto de reis para estabelecimento e fundo da mesma capella cuja quantia o dito nosso Procurador poderá receber e obrigar-se em nosso nome e de nossos sucessores ao adimplemento das clauzolas com que o dito Reverendo Conego institue a referida cappella constantes da minuta que lhe será aprezentada, e tudo o que pello ditto nosso Procurador for feito e obrado haveremos por bom, firme e valiozo para o que lhe damos todos os nossos poderes em Direito necessarios. Dada e passada e por nós assignada e sellada em Meza de Deffinitorio de tres de Agosto de mil setecentos outenta e outo. Lugar do sello. E em auzencia do Exmº e Reverendissimo Senhor Provedor Jozé // [Fl. 56vº] Jozé Ferreira Gaspar, Escrivão da Meza, Mathias Lopes da Sylva, Joze Antonio Salgado, Joaquim Vicente de Moura, Antonio de Oliveira, Domingos Gomes Midoens, Ignacio Vieyra da Silva, Joze da Sylva, Antonio Joze Ferreira, Manoel Ribeiro de Oliveira, Mathias de Oliveira Guerra, Antonio Joze, Antonio de Lima.

E trasladada assim a dita procuraçam como ditto he com ella disseram que outorgavam esta escritura sendo a tudo prezentes por testemunhas perante as quais esta por mim lhes foi lida e que com elles aqui asignaram Jozé Soares de Carvalho cartorario da dita Santa Caza da Mizericordia desta cidade e Carlos Joze de Moura da mesma. Joaquim Antonio daz Neves publico tabeliam de nottas que o escrevi.

(Ass.) O Conego Raphael Lopes Barreto. Luiz Theotonio Soarez de Amaral — Procurador. Jozé Soares de Carvalho. Carllos Joze de Moura. //

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Assinaturas autógrafas dos Cónegos Rafael Lopes Barreto e Luís Teotónio Soares de Amaral, contratantes da instituição de uma capela na Misericórdia de Leiria, em 1780 [Doc. 4].

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Doc. 51794 MARÇO, 8, Leiria — Ratificação da doação e contrato estabelecidos, em 28 de

Junho de 1793, pelo Cónego Francisco Xavier de Figueiredo, Deão da Sé de Leiria, com a Misericórdia da mesma cidade, pelo qual aquele lhe legava um conto de réis, as suas casas nobres situadas na Rua de André Bravo, junto ao edifício da Misericórdia, e outros direitos e rendas dominiais, a fim de que a dita Misericórdia lhe celebrasse missas por sua Alma, bem como pudesse ampliar os seus hospitais e enfermarias de convalescença. Caso a Congregação de S. Camilo de Lellis viesse a fundar alguma casa em Leiria, contudo, parte destes rendimentos ser-lhe-iam destinados.

Arquivo Distrital de Leiria — Registos Notariais: 9-E/35, fls. 54-58.

Escretura de reteficação de doação e contrato que fez o Reverendo Padre Francisco Xavier de Figueiredo, Dião da Se Cathedral desta cidade de Leiria com a Santa Caza da Mizericordia desta mesma cidade.

Saybam quantos este publico instromento carta de reteficação de duação e contrato virem que sendo no anno do Nascimento de Noço Senhor Jezus Christo de mil e settecenttos e noventa e quatro annos aos oitto dias do mes de Março do ditto anno em esta cidade de Leiria e cazas de murada do Reverendo Doutor Francisco Xavier de Figueiredo Diam da Sé Cathedral desta dita cidade ahonde eu tabaliam ao diante nomiado vim por destrebuição ahi sendo elle prezentte e pesoa conhecida de mim tabalião e das testemunhas au diante nomiadas e asignadas por elle me foi ditto em prezença das mesmas que era verdade que elle tinha asignado huma escretura de duação e contratto que avia feito com a Santa Caza da Mizericordia desta mesma cidade, no dia vinte e oitto de Junho de mil e settecenttos e noventa e tres annos em esta notta, a qual hera do tior e forma seguinte:

Escretura de contrato que faz o Munto Reverendo Doutor Francisco Xavier de Figueiredo Diam da Sé desta cidade com a Santa Caza da Meziricordia da mesma e de duação entre vivos valedoira que o mesmo lhe faz das suas cazas na rua de Andre Bravo, atras da igreja da mesma Santa Caza.

Saybam quantos este publico instromento carta de contrato e de pura e irevogavel duação entre vivos valedoira de hoje para todo o sempre ou como em direito mais valido seja e dizer se poça virem que sendo no anno do Nassimento de Nosso Senhor Jezus Cristto de mil e setecenttos e noventa e tres annos aos vinte e oito dias do mes de Junho do ditto anno nesta cidade de Leiria e cazas de murada do muntto Reverendo Doutor Francisco Xavier de Figueiredo Diam da Sé Cathedral desta ditta cidade ahonde eu tabaliam ao diante nomiado vim por destrebuição ahi sendo elle prezente, e pesoa que eu tabaliam conheço murador nesta ditta cidade por elle me foi ditto perante as testemunhas ao diante nomiadas e asignadas que era verdade que querendo continuar em beneficiar a Santa Caza da Miziricordia desta ditta cidade por ser notorio e constante o munto zello e caridade com que nos ospitais da mesma se curam os duentes, e com que ella exercita outras obras de piedade, e juntamente para conseguir de Deuz beneficio para a sua alma e para remedio da mesma tinha exposto ao Definitorio e Meza que na ditta Santa Caza se tinha selebrado no dia vinte e sette do prezente mes e anno que elle estava deliberado em fazer com ella o contrato na forma // [Fl. 54vº] na forma seguinte:

Que ella ditta Santa Caza ficaria inteira e porsipuamente com hum conto de reis que elle

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tinha mandado intregar no cofre da mesma em duas adisoens sem então lhe dar aplicação alguma por a rezervar para quando a concordace com o Definitorio a saber, huma de seiscentos mil reis em o anno de mil e setecenttos e noventa e a outra de quatrocentos mil reis no de mil e setecentos e noventa e hum e que agora oferecia e queria dar a mesma Santa Caza para sempre alguns dereitos dominicais das quantias de dinheiro e fruttos de trigo, milho, sevada, feijoens e azeite e galinhas e frangos impostos em fundos de terras de que era senhor directo, e que lhe pagavam varias pesoas do termo desta cidade para que a ditta Santa Caza ficase obrigada para sempre com os rendimentos do ditto dinheiro e direitos domenicais a satisfazer anualmente os incargos e obrigasoens seguintes:

Tres missas por sua tenção cantadas com tres padres no altar da capella mór da igreja de Nossa Senhora dos Anjos do Bayrro desta cidade com os cantores nesesarios a saber huma em dois de Agosto dia de Nossa Senhora dos Anjos, outra em dois de Outubro dia do Anjo da Guarda, e outra em vinte e sete de Dezembro dia de Sam João Evangelista, e para ellas se dizerem nesses dias se armara com desencia a ditta capella mor e se illuminarão os altares da dita igreja como te agora se tem feito nesta funsoens e que ja ahi se praticarão.

Ficara a mesma Santa Caza obrigada tambem a comcorrer com o azeite nesesario para a alampada da ditta capella mor estar sempre aceza de dia e de noitte e pagar a quem lho deite e alimpe a ditta capella mor e as imagens da Senhora do Anjo da Guarda e Sam João Evangelista, sem que por hisso se entenda o dahi se poça deduzir em tempo algum que a Santa Caza ou elle ditto Reverendo outorgante tem o padruado da ditta igreja ou alguma obrigação de reparo della pois ainda que lhe comprasse a lampada, a bamquetta de estanho e caliz e alguns paramentos e mandasse fazer alguns consertos mais os fizera por mera devoção e atendendo ao mizeravel estado em que a igreja se achava e não por ser a hisso obrigado sem constar quem tivesse obrigação de a reparar e somente saber-sse que Dom Frei Miguel de Bulhoens Bispo que foi deste Bispado e o Reverendo Chantre João Manoel Correia de Menezes vezinho que foi da ditta igreja comcorreram para a despeza do pavimento e do retabullo da capella mor, e constar da vida de Dom Frei Gaspar do Cazal segundo Bispo deste Bispado que elle mandara reedeficar a ditta igreja por se achar aruinada mas ao conserto digo mas ao certo se não sabe de quem ella he e tem a obrigação do seu reparo, e que portantto // [Fl. 55] portanto no cazo de ella se aruinar e se por emcapaz de nella se selebrar o sacreficio da miça podera a ditta Santa Caza mandar tirar della as duas imagens do Anjo da Guarda e de Sam João Evangelista que elle tinha mandado fazer e colucar nella e fazer conduzi-llos parta a sua igreja para ahi satisfazer a obrigação das dittas tres missas na forma referida.

Sera obrigada mais a ditta Santa Caza a mandar dizer anualmente para sempre na sua igreja trinta missas rezadas pella tenção dele ditto outorgante digo tenção delle ditto Reverendo outorgante a saber huma em dia do Santicimo Nome de Jezus, e outra no dia dos Despuzorios de Nossa Senhora, das Chagas de Cristo, de Sam Joze, das Dores de Nossa Senhora, da Maternidade, da Ascenção do Senhor, de Sam Venancio, do Corpo de Deus, do Santicimo Coração de Jezus, da Pureza de Nossa Senhora, de Sam Camillo de Lelis, Santa Anna, Nossa Senhora das Neves, Assunção de Nossa Senhora, Natividade, do Santicimo Nome de Maria, de Nossa Senhora das Merses, Dominga do Ruzario, Patrocinio de Sam Joze, dia de Todos os Santtos, Cumemuração dos Defuntos, Prezentação de Nossa Senhora, Sam Francisco Xavier, Conceição de Nossa Senhora, Nossa Senhora do Ó, e mais huma missa em dia do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Cristto que por todas fazem o numero de trinta e huma missas.

Como tambem consedirando elle ditto Reverendo outorgante a grande percizão que a ditta Santa Caza tinha de estender os seus ospitais e emfermarias para milhor acumudação

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dos duentes que segundo as suas prezentes pusubilidades que nella recolhia e curava, digo pusublidades nellas recolhia e curava, e dos mais que pello decursso do tempo ouvesse de recolher e curar, e tambem de fazer huma convalescença para elles convalesserem depois de curados e pellas ja referidas cauzas de continuar em benefecia-lla e pello remedio, e bem espiritual de sua alma queria fazer-lhe pura e errevogavel doação entre vivos valedoira de hoje para todo o sempre das suas cazas nobres com seu quintal e pertenças na rua de Andre Bravo atras da igreja da ditta Santa Caza as quais sam prazo fatiozim de que algum dia se pagava de foro outto mil reis como lhe tinham sido afuradas pello admenistrador do morgado do Capitam mor que foi desta cidade Grigorio Cernache de Noronha por escretura de vinte e seis de Março de mil e setecentos e sincoenta e seis depois do que o ditto foro se reduzio a quantia de quatro mil reis pello seguinte admenestrador Felix Xavier Bravo Pereira do Lago da villa de Alemquer que prezentemente se paga a Donna Joaquina digo a Donna Anna Joaquina Esteves Oriol viuva de seu irmão Ignacio Xavier de Figueiredo // [Fl. 55vº] de Figueiredo por titullo de subrogação feitta com os bens do d[it]o morgado, e a caza mais bacha a mam esquerda das sobredittas tem a penção annual de sinco missas de esmolla de sincoenta reis cada huma dittas no Convento de Sam Francisco desta cidade pella alma de João Viegas.

E que pello ditto Definitorio ter aseitado esta referida oferta e contrato com as referidas clauzullas e obrigasoens e se querer sugeitar a compri-llas para sempre disse elle ditto munto Reverendo outorgante que de sua propria e livre vontade sem constrangimento de pesoa alguma dava por bem entregue a ditta Santa Caza as dittas duas quantias de dinheiro que perfazem o conto de reis como tambem da mesma forma lhe dava e duava para sempre por duação entre vivos valedoura os dereitos domenicais seguintes:

Hum da quantia de seis mil e quatrocentos reis que em cada anno lhe pagam os herdeiros do Cappitam Joze Antonio dos Reis Montenegro desta cidade imposto nas cazas em que asistem nos Balcoens desta cidade.

Outro de mil e seiscentos reis que lhe paga Antonio Ferreira dos Oiteiros da Gandara dos Olivais por huma terra ahi.

Outro de tres mil reis e mais dozentos e quarenta reis aquelles de foro e estes de renda por hum talho de terra no sitio da Rapuzeira que lhe paga Joze Pereira soldado do Vedigal.

Outro de mil e settecentos e huma galinha ou dozentos reis por ella que lhe paga Joze Francisco, padre do Vedigal de Sima, por humas cazas vinha e sarradas.

Outro de mil e seiscenttos e huma galinha que lhe paga Manoel Francisco do Valle do Sumo por hum olival e sarrada.

Outro de mil e dozentos reis que lhe paga Manoel Ferreira Netto de João Lopes da Azoia primeiro fureiro que foi deste prazo que he hum olival, pinhal e mattos.

Outro de mil e dozentos reis que lhe paga João Antunes da Silva Frias do Bairro dos Anjos por huma vinha, pumar e terra no sitio da Cumeira do Passo.

Outro de mil e quinhentos reis e huma galinha ou cento e sincoenta reis por ella que lhe paga Manoel Joze dos Ferreiros por huma terra, arvores e matos com sua agoa de regar no sitio do Valle da Grasia.

Outro de sinco mil e trezentos reis digo outro de sinco mil reis e trezentos reis pella terssa parte de huma marca que lhe paga João de Souza do Rezoiro de Espitte.

Outro de novecentos reis e huma galinha que lhe paga João Ferreira dos Marrazes.Outro de trinta alqueires de trigo, sinco de sevada, huma marãa ou quatrocentos e oitenta

reis por ella e huma galinha que lhe pagam os herdeiros de Antonio Roiz Paciencia da Alagoa da Pedra por metade do Cazal da Alagoa da Pedra.

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Outro de trintta alqueires de trigo, sinco de sevada huma marãa ou quatrocenttos e oitenta reis por ella e huma galinha que lhe paga Manoel de Jezus da Cumieira de Espite pella outra metade do referido cazal.

Outro de des alqueires de trigo a que // [Fl. 56] a que hoje se acha reduzido o que antesedentemente hera de doze alqueires e lhe paga Donna Francisca Joaquina do Nassimento e Vasconsellos da Barreiria por huma sarrada ahi.

Outro de hunze alqueires de milho que hoje se acha reduzido o que antesedentemente hera de honze alqueires e huma quartta e lhe paga Valerio Ferreira desta cidade por huma terra ao Arrabalde da Ponte.

Outro de treze alqueires de milho e tres de feijoens brancos e huma galinha que lhe paga Manoel Vieira Branco dos Praseiros por huma terra em Portogunho.

Outro de vinte e sinco alqueires de milho que lhe paga Luis de Oliveira Cascam da Gandara dos Olivais por huma sarrada de terra e vinha no mesmo lugar.

Outro de doze alqueires de milho e duas frangas que lhe paga João Coelho Galego de Carvide por hum cazal chamado Dorrego23 em que vive.

Outro de quinze alqueires de milho e huma galinha ou dozentos reis por ella que lhe paga Antonio Ferreira Ganina dos Marinheiros por huma terra ahi.

Outro de oitto digo de dezoito alqueires e meio de milho e huma galinha que lhe paga Francisco Marques de Cazal Menino por hum muinho e fazenda pegada a elle ahonde chamam o Cubal.

Outro de alqueire e meio de azeitte cada anno ou tres alqueires a safra e huma galinha que lhe paga Joze Ferreira do Padram.

E esto com a clauzulla e obrigação da dita Santa Caza em cada hum anno para sempre mandar comprir e satisfazer em os rendimentos do ditto dinheiro e dereittos dominicais as referidas missas e mais encargos atras declarados, e aver de despender o resto dos ditos rendimenttos no curatorio dos duentes que recolher e curar nos seus ospitais e infermarias com declaração purem que se em algum tempo os Padres da Congregação de Sam Camillo de Lelis vierem fundar e asistir nesta cidade para exercerem o seu santo instituto se aplicara para seu sustento o resto dos referidos rendimenttos na mesma forma que elle munto Reverendo outorgante tem ja declarado e contratado com a mesma Santa Caza em duas escreturas de contratto que com ella tem selebrado e asignado nesta mesma minha notta como tambem disse mais elle ditto muntto Reverendo duador que pello prezente instromento fazia pura e errevogavel duação entre vivos valedoura de hoje para todo o sempre a dita Santa Caza da Mizericordia das referidas suas cazas nobres com seu quintal e pertenssas sitas na rua de Andre Bravo para ella poder par’ahi alargar as suas infermarias e ospitais e fazer comvalescença o outras quaisquer obras e acumudasoes que uteis e precizas lhe forem como milhor asentarem os admenistradores da dita Santa Caza. E declarou mais elle dito Reverendo outorgante e duador que o comprimento e satisfação das missas // [Fl. 56vº] missas e emcargos que a Santa Caza fica obrigada a comprir prinsipiaria ja a fazer-sse no prezente anno que prensepia em tres de Julho de mil e settecenttos noventta e tres e que rezervava para si os diereitos domenicais que estivessem vencidos e que se vensesem ate ao fim do prezente anno de mil setecentos e noventa e tres e se obrigava por seus bens e rendas a fazer sempre bons os dittos dereittos domenicais a ditta Santa Caza, e portanto sedia, trespasava nella todo o duminio e posse que nelles e nas dittas cazas ate agora tinha e ter podia para ella os desfrutar e pesuir como bem lhe paresser e puder tumar posse dellas cada ves que quizer e quer a tome ou não a há por investida nella pella clauzula constitute sendo nesesario.

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E sendo tambem prezente o Doutor Joze Gomes Henrriques pesoa que eu tabaliam conheço morador nesta ditta cidade como procurador que mostrou ser do Exmº e Reverendissimo Bispo Provedor e Deputados do Definitorio Meza da dita Santa Caza como me fes certto pella procuração que me prezentou que no fim desta escritura hera tresladada e nos treslados que desta notta sahirem e por elle me foi ditto perante as mesmas testemunhas que era verdade que elle em virtude da dita procuração e em nome dos ditos seus constetuintes administradores dos bens e rendas da dita Santa Caza aseitava e outorgava este contrato e se obrigava pellos bens e rendas da mesma a comprir e satisfazer as referidas missas e mais imcargos a que a mesma fica obrigada na forma ja declarada nesta escretura e confeçava ter ella ja resebido o referido conto de reis que intraram no cofre da mesma nos proprios da fazenda do Diam nos conttos dos referidos annos de mil e settecenttos e noventa e hum. E da mesma forma a referida duação das cazas digo forma aseitava a referida duação das cazas como pello muntto Reverendo duador se acha feitta.

E declararam mais tanto elle dito muito Reverendo outorgante como o dito procurador que a Santa Caza ficava obrigada a mandar dizer mais huma missa rezada na sua igreja na mesma forma que as outras em dia da Vezitação de Nossa Senhora.

E em fe e testemunho de verdade asim o diseram e outurgarão e declararam e mandaram fazer este publico instromento nesta notta e della dar os treslados nesesarios que comprirem deste tior que aseitarão, eu tabaliam pellos auzentes a que tucar possa quanto o Dereitto me permitte. E o treslado da procuração he do tior e forma seguinte:

O Provedor e Deputados do Definitorio e Meza da Santa Caza da Mizericordia desta cidade de Leiria constituimos nosso bastante procurador ao nosso Irmão o Senhor Doutor // [Fl. 57] Doutor Joze Gomes Henrriques para que em noso nome possa asignar a escretura de contratto que com esta Santa Caza pretende fazer o muito Reverendo Doutor Francisco Xavier de Figueiredo, Diam da Sé desta cidade em que lhe entrega hum conto de reis e varios direitos domenicais de dinheiro e fruttos para a mesma Santa Caza ficar senhora delles e dos seus annuais rendimentos e lhe mandar dizer por sua tenção tres missas cantadas na igreja da Senhora dos Anjos, ter sempre aseza a alampada da capella mor da mesma e tratar do aseio della e das imagens dos Santos e juntamente trinta missas rezadas na igreja desta Santa Caza todos para sempre cujo contrato pudera estipular obrigando-sse a satisfação das suas clauzolas como tambem pudera aseitar em nosso nome qualquer duação que elle faça a esta Santa Caza e tudo pello dito nosso Procurador obrado a este respeitto o averemos por firme, debacho da obrigação das rendas desta Santta Caza dada em Definitorio de vinte e sete de Junho de mil settecentos e noventa e tres debacho de nossos signais e sello da dita Santa Caza. E eu Joze Dias Ferreira Escrivam da Meza a sobscrevi e asignei. Lugar do sello. Manoel Bispo Provedor, Joze Dias Ferreira, Escrivam da Meza, Joze Gomes Henrriques, Manoel da Silva e Souza, Joaquim Vicente de Moira, Manoel Ribeiro de Oliveira, Joze da Silva, Venancio Coelho de Moira, Carllos Joze de Muira, Joze da Costa Amorim, Antonio de Lima, Antonio Carllos de Moira, Joze Carllos de Asis, Luis Theotonio de Amaral.

E tresladada asim a dita procuração como ditto he com ella diseram que outorgavam esta escretura sendo a tudo prezenttes por testemunhas perantte as quais esta lhe foi lida e que com elles aqui asignarão Manoel de Oliveira Guerra Bacalhau e Manoel Carllos de Oliveira solteiro filho de Luis Antonio do Soutto Rodrigues ambos desta cidade. Joaquim Antonio das Neves publico tabaliam de nottas que o escrevi e declaro que dis a entrelinha na terseira lauda regra oitenta e sinco, e ostentta, tudo sem embargo de sua continuação. Testemunhas os sobredittos sendo mais testemunha Joze Antonio de Faria asistente in caza do dito munto

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Reverendo duador. Joaquim Antonio das Neves publico tabaliam de nottas que o escrevi e declarei. Francisco Xavier de Figueiredo. Como procurador resebi a propria procuração que fica juntta ao treslado desta escretura no cartorio da Santta Caza. Joze Gomes Henrriques, Manoel Carllos de Oliveira, Manoel de Oliveira Guerra Bacalháo, Joze Antonio de Faria.

E sendo asim copiada a ditta escritura como ditto he pello ditto muntto Reverendo outorgante duador me foi ditto em prezença das mesmas testemunhas // [Fl. 57vº] testemunhas que era verdade que elle dito Reverendo duador munto de sua livre vontade veyo agora de sua munto livre e deliberada vontade novamente rateficava e aprovava a ditta duação e contrato da mesma forma que constavam da referida escretura a qual queria que tivesse o seu devido efeitto e observancia e sendo prezente o Doutor Joze Gomes Henrriques como procurador que mostrou ser da ditta Santa Caza pella procuração ao diante tresladada disse que aseitava a ditta rateficação e aprovação da referida escretura de duação e contratto, e obrigava a sua observancia pello que dis respeitto a ditta Santa Caza os bens e rendimenttos da mesma tudo na forma que nesta escretura se contem e declara. E em fe e testemunho de verdade asim o diseram e outorgaram e mandaram fazer este publico instromento de ratificação de contratto digo de retificação de duação e contratto nesta notta e della dar os treslados nesesarios que comprirem deste tior que aseitarão. E eu tabaliam pellos auzentes a que tucar possa quantto o Dereitto me premitte. E o treslado da ditta procuraçam he pella forma seguintte:

O Provedor e Deputados da Meza da Santa Caza da Mezericordia desta cidade de Leiria pella prezente constituimos nosso bastante Procurador ao nosso Irmão o Senhor Doutor Joze Gomes Henrriques para aseitar em nome desta Santa Caza a escretura de ratificação da duação e contrato que lhe fez o Reverendo Doutor Francisco Xavier de Figueiredo Diam da Sé desta cidade por honde ratifica e aprova a escretura que lhe fes asignada em os vinte e oito dias do mes de Junho de mil settecenttos noventa e tres annos para o que lhe consedemos todos os nossos puderes em Dereitto nesesarios para a sua observansia pudera obrigar os rendimenttos desta Santa Caza o que asim averemos por bem. Dada em Meza sob nossos signais e sello da ditta Santta Caza aos sete de Março de mil setecenttos e noventta e quatro. E eu Joze Dias Ferreira escrivão da Meza a fis passar sobescrevi e asignei em auzencia do Excelenticimo e Reverendicimo Senhor Bispo Provedor, Joze Dias Ferreira, Escrivam da Meza, Joze da Costta Amorim, João Ferreira, Antonio de Lima, Manoel de Silva Souza , Cazemiro Joze de Oliveira, Luis Pereira da Silva, Antonio Barboza de Lira.

E sendo asim tresladada a ditta procuração como ditto he com ella diseram que outorgavam esta escritura sendo a tudo // [Fl. 58] a tudo prezenttes por testemunhas perantte as quais esta por mi lhe foi lida que com elles aqui asignaram Manoel Ignacio Pereira procurador da ditta Santa Caza e Joze Antonio criado do ditto Reverendo duador. E eu João Barboza de Sa Gutterres publico tabaliam de nottas que o escrevi.

(Ass.) Francisco Xavier de Figueiredo. Como Procurador e recebi a propria procuração. — Joze Gomes Henriques. Manoel Ignacio Pereira. Joze Antonio de Faria.

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Assinaturas autógrafas do Cónego Francisco Xavier de Figueiredo, deão da Sé de Leiria, e demais contratantes e testemunhas presentes ao contrato de doação feito por aquele em favor da Misericórdia de Leiria [Doc. 5].

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Notas1 Do Instituto de Paleografia e Diplomática da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Membro do Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra. Cola-borador do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa.

2 Leiria do Lis e do Lena, Leiria, Câmara Municipal de Leiria, 1972.3 Vd., Frei Brás de Barros, D. João III e a Construção da Sé de Leiria, Leiria, Gráfica de

Leiria, 1957.4 Entre outros estudos deste Autor, sobrelevemos os títulos de textos como “Os primeiros 50

anos da Diocese de Leiria (segunda metade do século XVI) no contexto do mundo e de Portugal da mesma época”, in Leiria. 450 Anos. Diocese [e] Cidade, Leiria, Biblioteca Pú-blica e Arquivo Distrital de Leiria, 1996, pp. 97-116; e “O Santuário de Nossa Senhora da Encarnação de Leiria em 1588. Os milagres e as procissões”, in Colóquio sobre a História de Leiria e da sua Região, Leiria, Câmara Municipal de Leiria, 1991, pp. 57-89.

5 José de Almeida Fernandes, Diocese de Leiria. Subsídios para a sua história, Leiria, 1986; Idem, O Seminário de Leiria. Achegas para a sua história, Leiria, Seminário Diocesano de Leiria, 1987; José Carreira, O Clero da Diocese de Leiria e o seu passado, Leiria, Gráfica, 1984; S. A. Gomes, “Oficinas Artísticas no Bispado de Leiria nos Séculos XV a XVIII”, in Actas do VI Simpósio Luso-Espanhol de História da Arte - Oficinas Regionais, Viseu - 1991, Tomar, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Tomar, 1996, pp. 237-330.; Idem, “Algu-mas Empreitadas Artísticas na Sé de Leiria de Setecentos”, in Leiria-Fátima. Órgão Oficial da Diocese, Ano III, Nº 7, Janº-Abril 1995, pp. 61-76; Idem, “Diocese de Leiria-Fátima”, in Dicionário de História Religiosa de Portugal (Dir. Carlos Moreira Azevedo), Vol. III, Círculo de Leitores, 2001, pp. 74-81; Idem, “ ‘O ano do trigo sujo’: as rendas do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra no Priorado de Leiria nas vésperas da criação do Bispado (1541-1545)”, in Leiria-Fátima. Órgão Oficial da Diocese, Ano XII, Nº34, Janeiro-Abril 2004, pp. 115-159; José Pedro Paiva, “Dioceses e organização eclesiástica”, História Religiosa de Portugal (Dir. Carlos Moreira Azevedo), Vol. II (Coord. João Marques e António Camões Gouveia), Lisboa, Círculo de Leitores, 2000, pp. 187-191.

6 Vd. O Couseiro…, pp. 199-202.7 Abaixo de Leiria, entre os anos de 1615 e 1640, situavam-se, em média, as Dioceses de Elvas,

Portalegre e Miranda; todas as demais superavam muito confortavelmente os rendimentos diocesanos da cidade do Lis. Vd. J. Veríssimo Serrão, História de Portugal. Vol. IV. Governo dos Reis Espanhóis (1580-1640), Lisboa, Verbo, 1990, pp. 286-292: 291.

8 Vd. Afonso Zúquete, Leiria…, pp. 225-243.9 Arquivo Distrital de Leiria — Registos Notariais: 9-D/44, fls. 119-120. Vd. M. Alves de

Oliveira, “Lazaristas”, in Verbo. Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Vol. 11, Lisboa, Verbo, 1971, cols. 1568-1569; Idem, “Vicente de Paulo (São)”, in Verbo. Enciclopédia Luso-Brasileira, cit., Vol. 18, Lisboa, 1976, cols. 1032-1033

10 Afonso Zúquete, Op. cit., p. 228.11 Arquivo Distrital de Leiria — Registos Notariais: 9-E/4, fls. 51-54. Vd. Félix Lopes, “Mí-

nimos”, in Verbo. Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Vol. 13, Lisboa, Verbo, 1972, cols. 826-828; M. Alves de OLIVEIRA, “Francisco de Paula (São)”, in Verbo. Enciclopédia Luso Brasileira..., cit., vol. 8, Lisboa, Verbo, 1969, cols. 1572-1573.

12 Arquivo Distrital de Leiria — Registos Notariais: 9-E/35, fls. 54-58. Vd. J. Pécantet, “Camilo de Lellis (São)”, in Verbo. Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Vol. 4, Lisboa, Verbo, 1966, cols. 636-637.

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13 Vd. Cristina Maria de Pina e Sousa e S. A. Gomes, Intimidade e Encanto. O Mosteiro Cis-terciense de Santa Maria de Cós (Alcobaça), Leiria, Magno e IPPAR, 1998.

14 D. Maur Cocheril, Routier des Abbayes Cisterciennes du Portugal, Lisboa, Fundação Ca-louste Gulbenkian, 1978, pp. 339-340; O Couseiro, 2ª parte, Capº 14, p. 226; Gustavo Matos Sequeira, Inventário Artístico de Portugal. Vol. III. Distrito de Leiria, Lisboa, Academia Nacional de Belas Artes, 1955, p. 150; S. A. Gomes, “Olival: antiga igreja da Abadia de Santa Maria de Tomaréis (vulgo, Nossa Senhora da Conceição da Ribeira)”, in Imagens da Expansão em Terras de Ourém, cit., pp. 37-40. [De referir que, segundo outras opiniões, a velha Abadia se situaria em terras, hoje em dia, da freguesia de Caxarias.]

15 Vd. A. Zúquete, Op. cit., pp. 317-320; Luciano Coelho Cristino, “A igreja de Santo Agostinho de Leiria”, in Mundo da Arte, Nº 14, Coimbra, Junho de 1993, p. 14; S. A. Gomes, “A defesa do Convento de Stº Agostinho de Leiria num documento de 1800”, in Leiria-Fátima. Órgão Oficial da Diocese, Ano VI, Nº 17, Maio-Agosto 1998, pp. 123-160; Vanda Lisa Lourenço, “Para a História do Mosteiro de Santo Agostinho de Leiria”, in Leiria-Fátima. Órgão Oficial da Diocese, Ano IX, Nº 27, Setembro-Dezembro 2001, pp. 223-234.

16 Fr. José de Jesus Maria, Chronica da Provincia de Santa Maria da Arrabida (…), Lisboa, Oficina de José António da Silva, 1737, Parte II, Livro II, Capºs XIV-XVII, pp. 267-287; Tito Larcher, “O Hospital Militar de Leiria”, in Leiria Illustrada, Nº 15, 20 de Abril de 1905; Afonso Zúquete, Op. cit., pp. 321-323.

17 Vd. Fr. Manuel Monforte, Chronica da Provincia da Piedade, Primeira Capucha de toda a Ordem e Regular Observancia, Lisboa, 1751, pp. 597-600, 644-647; Abílio Mendes Amaral, O Convento de Santo António de Ourém, Lisboa, 1969; Luciano Coelho Cristino, “Ourém: Convento de Santo António dos Capuchos”, in Imagens da Expansão em Terras de Ourém. Exposição. 24 de Fevereiro a 15 de Março de 1991. Centro Pastoral Paula VI – Fátima, Fátima, Colégio de S. Miguel, 1991, pp. 40-42; O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, Braga, Typographia Lusitana, 1868 [reimpressão de O Mensageiro, Leiria, 1980, edição que seguimos), 2ª Parte, Capº 7, p. 220.

18 Teodoro C. Madrid, “Agostinhos Recolectos ou Descalços”, in Dicionário de História da Igreja em Portugal (Dir. Alberto Banha de Andrade), 1º Volume, Lisboa, Editorial Resis-tência, 1980, pp. 72-76.

19 O edifício e cerca deste Hospício franciscano foram pedidos, pela Junta de Paróquia de Minde, para cemitério, conforme Portaria do Ministério da Fazenda de 29 de Setembro de 1840. (Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo (doravante referido por TT) — Sala de Referência ou Catálogo, Usuais, Livro 559, p. 384, s. v. Minde. (Antigo Arquivo Histórico do Ministério das Finanças — Hospício de Nossa Senhora da Arrábida de Minde, Caixa 2237).

20 O Couseiro, 2ª Parte, pp. 295-298.21 Lembremos que foram ocuparam a provedoria da Misericórdia de Leiria, pelos menos, os

bispos D. Martim Afonso Mexia (1605-1615), D. Dinis de Melo e Castro (1627-1636), D. João de Nossa Senhora da Porta (1746-1760) e D. Manuel de Aguiar (1790-1815). Vd. O Couseiro, 1ª Parte, Capos. 47 a 51, pp. 77-81; Afonso Zúquete, Leiria – Subsídios…, pp. 172 e seguintes; [Vitorino Silva Araújo], Um Bispo Segundo Deus. Memorias para a Vida de D. Manuel de Aguiar, Bispo de Leiria, Colligidas e Coordenadas (1860-1863), agora dadas à Estampa por um Filho da Extinta Diocese, Coimbra, Tip. De Reis Leitão, 1885.

22 Cor. ex “approprieationis”.23 Entenda-se “do Rego”.

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Ano XII • Número 34 • Janeiro / Abril • 2004

EditorialEm jeito de apresentação 5

Actos EpiscopaisConselho Pastoral Diocesano 6

Pe. Jorge Guarda retoma função de vigário geral 7Celebração do Crisma na Diocese 7

Em DestaqueCónego Francisco Vieira da Rosa - Falecimento 8

Evocação da restauração da Diocese 10Igreja da Santíssima Trindade 16

Peregrinação diocesana a Fátima - “Só a Vós quero servir…” 23Ano Agostiniano 25

Centenário de D. João Pereira Venâncio 31Restauro do Carrilhão da Sé 36

Museu de Arte Sacra do Seminário Diocesano - Espólio rico espera espaço condigno 38Notícias

Resumo noticioso do quadrimestre 41Documentos Pastorais

Nota Episcopal para a Quaresma – “Como Eu vos fiz, fazei vós também” 72Nota dos Bispos Portugueses – Meditação sobre a vida 74

Nota dos Bispos do Centro – Depois dos incêndios, cuidados para o futuro 81Serviços e Movimentos

Comunicado do Conselho Pastoral Diocesano 84Comunicado do Conselho Presbiteral 84

Confraria de Nossa Senhora da Encarnação – Relatório da Direcção 2001-2003 85Convenção de Direitos Humanos dos Migrantes 89Imigração e comunicação social: que imagens? 92Seminário Nacional de Capelanias Hospitalares 93

ReflexõesReflexão para um começo de ano – “Assim como vos fiz fazei também vós” 96

A jeito de testemunho - Provocações do Espírito 100A propósito do livro “Laudate” – Cantar nas celebrações litúrgicas 104

Órgãos humanos no mercado – Qual o preço da vida? 106Visita Pascal 109

História“O ano do trigo sujo”: as rendas do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra . no Priorado de Leiria nas vésperas da criação do Bispado (1541-1545) 116

Índice Geral - 2004

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Ano XII • Número 35 • Maio / Agosto • 2004

EditorialJuntos na corrida 165

Em DestaqueCongresso: Santo Agostinho – o homem, Deus e a cidade 166

D. Serafim, padre há 50 anos e Bispo há 25 167Ordenações – Diocese em festa 182

Cónego Manuel Rodrigues Pires faleceu 184

Documentos PastoraisLinhas pastorais para 2004/2005 - “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” 185

Nomeações Episcopais 193Nota Episcopal sobre o Euro 2004 194

Comunicado – Conselho Pastoral Diocesano 195

Serviços e MovimentosSecretariado da Educação Cristã da Infância e Adolescência 197

Pastoral do Povo Cigano 201Pastoral Carcerária – “Os Samaritanos” 202

Movimento dos Convívios Fraternos 204Escola de Formação Teológica de Leigos 208

Ano Agostiniano“Tarde Te amei”, em Ourém 209

Recital comemorativo da criação da diocese 209“Música em Leiria” evoca presença dos Agostinhos 209

Festival de Teatro da Alta Estremadura 210Comemoração do baptismo de S. Agostinho 210

A Diocese no dia do seu padroeiro 211Próximos eventos 212

NotíciasResumo noticioso do quadrimestre 213

ReflexõesVisita Pascal 229

A nova Concordata – Estado e Igreja em cooperação 235A busca de Deus – Intervenção na Recolecção do Clero de 02.08.2004 237

Índice Geral - 2004

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Índice Geral - 2004

Ano XII • Número 36 • Setembro / Dezembro • 2004

EditorialSolidariedade 253

Documentos PastoraisNota Episcopal sobre o Sec. Diocesano das Obras Missionárias Pontifícias 255

Comunicado do Conselho Pastoral Diocesano 256Comunicado do Conselho Presbiteral 257

Nomeações episcopais 257Decreto episcopal da constituição da Comunidade Pastoral de S. Romão e Guimarota 258

Decreto episcopal da constituição canónica do CPM da Diocese de Leiria-Fátima 259Saudação Natalícia 260

Em Destaque

Encerramento do Ano Agostiniano 261Inauguração do Carrilhão da Catedral 269

Dia da Diocese - Celebrações ricas, mas tímidas 272Ordenações - Dois presbíteros e um diácono para a Diocese 276

“Bíblia Manuscrita” - Diocese aderiu à iniciativa 280Projecto ASA 2004 282

O Santuário de Fátima e as iniciativas inter-religiosas 285

NotíciasResumo noticioso do quadrimestre 291

Reflexões

Uma referência para o Ano da Eucaristia 320Unidade Pastoral de São Romão/Guimarota - Memorando 326

Imaculada Conceição - 150 anos da proclamação do dogma 329Natal: de Quem, para quem? 331

HistóriaElementos para a História do Bispado de Leiria nos Séculos XVII e XVIII 333

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E d i ç ã o

Consulte a Diocese on-line em

www.leir ia-fatima.pt

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