encontro poético na biblioteca de chapela: algúns poemas
DESCRIPTION
A Biblioteca de Chapela celebrou o pasado mes de maio un encontro poético. Aquí tedes unha mostra das composicións de cada un dos poetas participantes no evento. Gozade da poesía!TRANSCRIPT
Encontro poético
na
Biblioteca de
Chapela
Chapela, 13 de Maio de 2011
Nolim González
Carmeliña García Pereira
¿ONDE A MIÑA PATRIA?1
1 Do libro: Antología poética I. Escrito e editado pola autora no ano 2000.
Asunción Arias
SEN TÍTULO2
2 Do libro: Muller de vidro (Poemario). Escrito pola autora e ilustrado pola obra gráfica de Pablo Otero.
Edicións A Pena d´auga. 2004.
Rosa García Machado
BOLBORETAS
Atopácheme
cando me descortezaba,
para que puidese respirar
o corazón apresado
por milleiros de aneis.
Viñeches
sen preguntar,
se era preciso abrigar
o sorriso debuxado
nas polas máis vellas.
Brindácheme,
a humidade precisa
nas follas, sacudiches
sen que ninguén cho pidese
escaravellos e vermes.
Recórdame que recorde
nos apretados invernos
as bolboretas no ventre,
a suor nas meixelas,
o arrecendo da herba.
Carlos Rafael
SONETONESONETONESONETONESONETONE Como me gata, rabuñosa, os meus perfís,
canto me lua en renovadas perspectivas;
me raposa voando baixo e mais arriba,
gozosa me Guevara unha axenda de Abrís.
Azul me oceana na sede das suas velas,
verde me carvalla crecendo nos meus ombros;
me estrada liberando-me de escombros,
sempre me horaria desfiando bailadelas.
Me noitébrega a cavar na madrugada,
me palavra denegando-me as caretas,
luminosa me Lisboa para dever-me nada.
Me gamela revelando as miñas betas,
me aspirina cando o tempo me degrada,
me primavera dando luz aos meus planetas.
Belem de Andrade
Escrever,
escrever-te a ti
escrever-lhe aos alentos que nos ficarem em cada cidade,
escrever quando posso e quando não estamos
escrever-te em quanto perco o tempo
apostando por estâncias em palácios de reinos
já conquistados.
Buscando a formula magistral para
não deixar de escrever-te,
porque isso seria
uma tragédia
deixar de escrever-te seria
uma tragédia.
Topei passos escondidos esperando ser andados
Não me importa levar os cordões dos sapatos
sem atar,
nem carregar a minha mochila
de coisas incisarias,
um io-io, uma garrafa valeira
três canetas e duas maças,
ainda que as maças,
não deixam de ser necessárias.
Escrever,
escrever-te a ti
contar-te, como se a primeira vez
o muito que gosto da neve,
ou caminhar despida pela casa,
e quando posso
subir as cerdeiras para comer cerejas;
andar pelos caminhos por onde não passa ninguém,
estar na cima do teu colo
em quanto o coração te bate a ritmo de cantiga de berço
exercendo um efeito sedativo
sobre mim
e a minha mão direita;
baixar as escadas sempre a correr,
passar para dentro e para fora
sem parar muito,
estar calada, durante muito tempo estar calada
e quando menos o esperes
falar em idiomas diferentes
criados para dizer frases curtas, e logo
ser esquecidos.
Sempre poderia escrever-te um conto,
um desses com final feliz,
ou uma novela, de intriga
uma novela de amor,
quem diz um conto ou uma novela
diz um poema,
por que não?
a lírica, o que tem
e que sempre emociona.
Eu, no fundo
prefiro apertar a minha cara contra a tua
e deixar que um a um
os silêncios
falem por mim.