“engordar” saberes - repositorio-aberto.up.pt · “engordar” saberes relatório de estágio...
TRANSCRIPT
“Engordar” saberes
Relatório de Estágio Profissional
Orientadora: Mestre Patrícia Maria da Silva Gomes
Luís Miguel Faria Ribeiro
Porto, 22 de setembro de 2014
Relatório de Estágio Profissional apresentado com
vista à obtenção do 2.º ciclo de Estudos
conducente ao grau de Mestre em Ensino da
Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário
(Decreto-lei n.º 74/2006 de 24 de março e do
Decreto-lei n.º 43/2007 de 22 de fevereiro).
II
Ficha de Catalogação
Ribeiro, L. (2014). “Engordar” Saberes: Relatório de Estágio Profissional. Porto:
L. Ribeiro. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre
em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado
à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, SER PROFESSOR, DESPORTO
ESCOLAR, REFLEXÃO.
III
Agradecimentos
Este trabalho representa uma caminhada para um crescimento
intelectual e pessoal para o qual contribuíram várias pessoas. Com toda a
sinceridade e gratidão desejo agradecer:
À Ana Miguel, por todo o carinho, amor e compreensão que todos os
dias me entrega e porque me acompanha em todos os momentos da minha
vida.
Aos meus Pais, em especial à minha Mãe, pelo amor incondicional e por
acreditar em mim, desde o primeiro dia da minha vida.
Aos meus irmãos (João e Eduardo), pelo que representam na minha
vida, por todos os momentos partilhados em conjunto e pelo crescimento
contínuo que ambos temos tido.
Ao meu padrinho pelo incentivo ao meu crescimento pessoal e
intelectual e pelo carinho com que sempre me tratou.
À Fatinha, por todo o carinho, afeto e amizade que me tem tratado,
desde que a vida nos “cruzou”.
Aos meus amigos, Miguel e Margarida, pelo companheirismo, amizade,
alegria, apoio e incentivo demonstrado ao longo de todo o ano.
À professora Andreia Canedo, pela partilha de saberes, orientação e
disponibilidade prestada. À professora Patrícia Gomes, pela orientação e apoio
durante o ano e pelo crescimento que me proporcionou durante a construção
deste relatório.
Aos meus alunos do 11.º C pelo excelente ano que me proporcionaram,
por todos os desafios, por toda a espontaneidade, colaboração e dedicação.
A toda a minha família e amigos, pelo bons momentos de convívio e
união durante toda a minha vida.
V
Índice geral
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2. DIMENSÃO PESSOAL ..................................................................................... 5
2.1. Reflexão autobiográfica.......................................................................... 7
2.2. Estágio Profissional ................................................................................ 9
2.3. Expetativas iniciais e Contexto real ..................................................... 10
2.4. A pluridimensionalidade do ser professor ............................................ 13
2.5. Professor reflexivo: refletir para a ação, na ação e sobre a ação ......... 17
3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ...................................... 21
3.1. A Escola e o Meio Envolvente .............................................................. 23
3.2. O grupo de Educação Física ................................................................ 25
3.3. Caraterização da turma ....................................................................... 26
4. ENQUADRAMENTO FUNCIONAL .................................................................. 29
4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ........... 31
4.1.1. Conceção no ensino de Educação Física ............................................ 31
4.1.2. Planeamento ........................................................................................ 33
4.1.2.1. Planear segundo o Modelo de Estrutura de Conhecimento ...... 33
4.1.2.2. Plano Anual .............................................................................. 34
4.1.2.3. Plano de Unidade Didática ....................................................... 37
4.1.2.4. Plano de aula ............................................................................ 39
4.1.3. Realização do Estágio Profissional ...................................................... 40
4.1.3.1. Modelo de Educação Desportiva .............................................. 41
4.1.3.2. Controlo da turma ..................................................................... 43
4.1.3.3. Gestão do tempo, espaço e materiais ....................................... 45
4.1.3.4. Comunicação e feedback ......................................................... 47
4.1.4. Avaliação ............................................................................................. 49
VI
4.1.4.1. Avaliação Diagnóstica............................................................... 51
4.1.4.2. Avaliação Formativa ................................................................. 52
4.1.4.3. Avaliação Sumativa .................................................................. 52
4.2. Área 2 –Participação na Escola e Relação com a Comunidade .......... 54
4.2.1. Desporto Escolar.................................................................................. 55
4.2.2. Direção de Turma ................................................................................ 58
4.2.3. Corta-mato ........................................................................................... 59
4.2.4. Ação de Formação ............................................................................... 60
4.2.5. Torneios ............................................................................................... 61
4.3. Área 3 – Desenvolvimento Profissional ................................................ 63
5. ESTUDO INVESTIGAÇÃO-AÇÃO .................................................................. 67
6. CONCLUSÃO ................................................................................................. 83
7. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 88
VII
Índice de Quadros
Quadro 1 – Número de alunos, média de idades média de alturas, média de
pesos, média de IMC e desvio ......................................................................... 79
Quadro 2 – Valores de corte de IMC inicial .................................................... 81
Quadro 3 – Valores de IMC para situar os alunos na ZsApf ........................... 82
Quadro 4 – Resultados obtidos sobre a composição corporal e AF ................ 82
IX
Resumo
O presente relatório de estágio parte da minha perceção, enquanto estudante
estagiário, sobre as dificuldades sentidas e os conhecimentos adquiridos, sobre
a minha atuação dentro e fora do espaço de aula e sobre as capacidades
desenvolvidas, frente aos objetivos e desafios colocados pelo estágio
profissional. Este decorreu numa escola básica e secundária do Porto, com a
colaboração de um núcleo de estágio constituído por três estudantes
estagiários, sob a supervisão da professora cooperante da escola e a
orientação da professora orientadora da faculdade. O presente relatório
encontra-se organizado em seis capítulos: Introdução, que apresenta os
principais temas desenvolvido no documento; Dimensão Pessoal, que
incorpora uma reflexão autobiográfica, as expetativas relativas ao estágio e o
meu entendimento acerca do que é ser Professor; Enquadramento da Prática
Profissional, que integra uma caraterização da escola e do meio envolvente,
do grupo de Educação Física e da Turma; o Enquadramento Funcional, que
subdivide-se em três áreas de desempenho (Área I – “Organização e Gestão
do Ensino e da Aprendizagem”, as Áreas II – “Participação na Escola e
Relações com a Comunidade” e a Área III – “Desenvolvimento Profissional”);
Estudo de Investigação-Ação, que se centra numa pesquisa acerca do papel
do Desporto Escolar no combate à obesidade; e Considerações Finais, que dá
enfâse à importância da experiência de Estágio Profissional na minha formação
para a docência.
Palavras-Chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL, SER PROFESSOR,
DESPORTO ESCOLAR, REFLEXÃO.
XI
Abstract
This practicum report, part of my perception as a student teacher, on the
difficulties encountered and knowledge adquired, on my performance inside and
outside the classroom space and the developed capabilities, compared to goals
and challenges of the practicum. This took place in primary and secondary
schools of Porto, with the collaboration of group stage with of three student
teachers, under one cooperating teacher and the one faculty supervisor. The
present report is structured and organized into six chapters: the introduction
presents the main subjects developed in the document; the Personal dimension
reports to an autobiographical reflection on the expectations for the practicum
and my knowledge of what is to be a teacher; the professional practice
framework integrates a characterization of the school and surroundings,
physical education group and characterization of the class; the realization of
professional practice is subdivided into three performance areas: (Area I -
"Organization and Management of Teaching and Learning", Areas II -
"Participation in School and Community Relations" and Area III - "Professional
Development”); Action-Research Project which focuses on research on the role
of School Sport in combating obesity; and Final Considerations which gives
emphasis to the importance of experience practicum in my formation for
teaching.
Keywords: PROFESSIONAL PRATICUM; TO BE A TEACHER, SCHOOL
SPORTS, REFLECTION.
XIII
Abreviaturas
AD – Avaliação Diagnóstica
ApF – Aptidão Física
AS – Avaliação Sumativa
CF – Condição Física
CM – Corta-mato
DE – Desporto Escolar
DT – Diretor de Turma
EE(s) – Estudante(s) estagiário(s)
EEFEBS – Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário
EF – Educação Física
EP – Estágio Profissional
ISMAI- Instituto Superior da Maia
FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
IMC – Índice de Massa Corporal
MEC – Modelo de Estrutura do Conhecimento
MED – Modelo de Educação Desportiva
PAA- Plano Anual de Atividades
NEE – Necessidades Educativas Especiais
PA – Plano de aula
Pc – Perímetro da cintura
PC – Professor Cooperante
PO – Professor Orientador
UD – Unidade Didática
OMS – Organização Mundial de Saúde
ZSApF - Zona Saudável de Aptidão Física
1.Introdução
3
1. Introdução
O Relatório de Estágio (RE) é um documento de caráter individual, que
resulta do trabalho desenvolvido no Estágio Profissional (EP), sendo também
parte integrante do processo de formação do estudante estagiário (EEs). O EP
é uma unidade curricular (UC), inserida no 2.º ano do 2.º ciclo em Ensino e
Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS), da Faculdade
de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).
O EP decorreu numa Escola Secundária situada no concelho do Porto.
Esta fase formativa foi vivenciada juntamente com os meus colegas de estágio
e supervisionada por um professor cooperante (PC) (da escola) e uma
professora orientadora (da faculdade).
As minhas funções passaram pela conceção, planeamento, realização e
avaliação do processo de ensino, devidamente justificado, a fim de
proporcionar o desenvolvimento integral dos alunos da turma do 11.ºC e do
grupo de Desporto Escolar (DE) de Futsal.
Pretendo com este documento relatar este meu processo formativo, que
potenciou o desenvolvimento de certas capacidades, como a postura, a
disciplina, a observação e a liderança, diminuindo as dificuldades e lacunas
detetadas ao longo do ano. Neste processo, além das competências
adquiridas, aprendi a rentabilizar os recursos disponíveis, em favor da
organização e gestão do ensino e da aprendizagem, da participação na escola
e das relações com a comunidade, bem como no desenvolvimento profissional.
O presente relatório encontra-se organizado em seis capítulos:
Introdução, que apresenta os principais temas desenvolvido no documento;
Dimensão Pessoal, que incorpora uma reflexão autobiográfica, as expetativas
relativas ao estágio e o meu entendimento acerca do que é ser Professor;
Enquadramento da Prática Profissional, que integra uma caraterização da
escola e do meio envolvente, do grupo de Educação Física e da Turma; o
Enquadramento Funcional, que subdivide-se em três áreas de desempenho
(Área I – “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”, as Áreas II –
“Participação na Escola e Relações com a Comunidade” e a Área III –
4
“Desenvolvimento Profissional”); Estudo de Investigação-Ação, que se centra
numa pesquisa acerca do papel do Desporto Escola no combate à obesidade;
e Considerações Finais, que dá enfâse à importância da experiência de
Estágio Profissional na minha formação para a docência.
2. Dimensão Pessoal
7
2.1. Reflexão autobiográfica
Acerca de mim muito haverá para dizer mas, certamente, muito ficará
por dizer.
Nasci há 25 anos, a 5 de Fevereiro de 1989, no Porto. Precisamente
passado poucos minutos do João nascer. Sim, é verdade, tenho um irmão
gémeo.
Qualquer auto adjetivação que possa explanar neste espaço será
sempre superficial, tendo em conta a heterogeneidade caraterística de
qualquer ser humano, que adota comportamentos também eles distintos,
conforme o contexto em que se insere. Na verdade, a definição daquilo que
sou resulta de consecutivas conquistas, vitórias, dúvidas, frustrações e
derrotas, que vivenciei ao longo da vida.
Se me perguntassem se sou ou estou feliz, responderia:
- Sou feliz.
“Sou” porque “ser” implica permanência, enquanto que “estar” apenas
demonstra uma felicidade pontual.
Na verdade, sinto-me feliz e privilegiado porque a vida tem, juntamente
com a minha determinação, me encaminhado rumo aos meus sonhos. Foi esta
determinação que me trouxe até ao curso, onde estou hoje, sendo esta a área
que sempre me interessou. Sou, efetivamente, tudo o que sonho, embora com
entraves e limitações impostas pelo quotidiano ou pelos contextos, mas a nível
académico tudo o que sonhei foi alcançado na vivência desta experiência de
Estágio Profissional (EP).
Quando olho para mim, vejo um ser social em constante evolução e não
poderia ser de outra maneira. Tímido nuns contextos, comunicativo noutros,
mas imutavelmente crítico e discreto, sou um ser em constante evolução, que
em todos os momentos tenta absorver o máximo de aprendizagens.
O meu gosto pelo desporto, fortemente partilhado com o João,
desabrochou desde cedo dentro do seio familiar, tanto pelo lado materno como
pelo parentesco paterno. Por conseguinte, ingressei ainda com 5 anos de idade
na Escola de Futebol Artur Baeta, no antigo Campo da Constituição.
8
O gosto pelo Futebol, particularmente pelo Futebol Clube do Porto, teve
sempre a forte influência dos meus pais que, sendo sócios, nos
acompanhavam com frequência aos jogos de Futebol e nos levavam a assistir
outras modalidades desportivas.
Aos oito anos de idade, incentivado pelo técnico, participei nas
captações para a equipa do Futebol Clube do Porto, tendo ultrapassado as
várias fases e ingressado na equipa de infantis, juntamente com o João.
Passando depois por outros clubes como o Futebol Clube Infesta e o Lapa
Futebol Clube. Aliás, para não me tornar repetitivo ao longo de toda esta minha
história, aproveito, desde já, para esclarecer que toda a minha caminhada
desportiva foi realizada a par com o meu companheiro João. Sim, o João é
companheiro e muito mais que um irmão!
Aos dez anos de idade ingressei no 2.º Ciclo de Ensino Básico, no
Colégio Universal, e sendo uma instituição reconhecida pelo nível académico e
desportivo, logo me entusiasmou a integrar durante cinco anos na equipa de
Andebol de DE. Muitas foram as aventuras vividas ao longo deste percurso,
que me permitiram, inclusivamente, estar presente em fases finais regionais,
conquistar títulos e construir novas amizades. É nesta fase da minha formação
que se dá o “click” pela área do desporto. Esta decisão foi ainda fortemente
influenciada pelos meus professores de Educação Física (EF), que assumiram
um papel importante no meu entusiasmo e motivação pelo Desporto, pois via
neles um exemplo a seguir e, sempre me souberem transmitir os valores
essenciais nesta área. Através deles fui mantendo o gosto pela prática da
atividade física.
Mais tarde, optando pelo curso de Ciências e Tecnologias, sou admitido
no Ensino Secundário numa escola do Porto, onde, passados vários anos,
acabo por realizar o meu EP - Escola Básica e Secundária Rodrigues de
Freitas. Nesta fase de transição e de determinantes decisões, reforcei os
treinos desportivos, no sentido de me capacitar melhor para a realização dos
pré-requisitos do único curso a que me candidatei.
Mais uma vez, a determinação concedeu-me a alegria de no ano letivo
2009/2010, ingressar na licenciatura em Educação Física e Desporto no
9
Instituto Superior da Maia (ISMAI), e mais tarde, no Mestrado em Ensino de
Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS) na Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).
Espero, agora, daqui a uns meses ou anos revisitar esta reflexão e
tomar maior consciência da evolução que a minha vida levou.
2.2. Estágio Profissional
A formação inicial, responsável pelo desenvolvimento profissional do
professor, reserva um papel bastante importante para o EP e/ou supervisão
pedagógica. Considero que o EP é o local ideal para colocar em prática todas
as aprendizagens adquiridas enquanto estudante, aprender no contexto real as
dificuldades do dia a dia na escola, absorver ao máximo tudo quanto me foi
possível, quer através do PC e colegas de estágio, quer através dos outros
professores do grupo. Era neste ano que podíamos errar, colocar em prática
ideias e ensinamentos adquiridos, pois tínhamos quem nos acompanhasse e
nos indicasse um caminho a seguir.
Na perspetiva de Vieira e Moreira (2011), a supervisão permite “construir
caminhos de libertação de uma lógica de controlo e sujeição rumo a uma lógica
de transformação e emancipação, sabendo, contudo, que as duas lógicas
coexistem de forma conflitual, gerando dilemas e paradoxos com os quais é
necessário aprender a lidar”. Neste sentido, a supervisão permite a melhoria do
desenvolvimento profissional do professor e, consequentemente, a melhoria da
escola, numa atitude autocrítica e autorreflexiva em torno das suas práticas.
É precisamente nesta linha de pensamento que Cruz (2011) enuncia a
supervisão como “encontros de partilha reflexiva”, que permitem desenvolver o
pensamento, a dimensão profissional do docente e, previsivelmente, a
organização em que este se insere. Este processo, que se desenrola numa
dialética entre teoria e prática, centra-se no processo de ensino e de
aprendizagem, que ocorre ao nível da escola e além do contexto de aula, com
vista à sua melhoria.
10
O EP é, assim, o clímax formativo que se centra no desenvolvimento e
promoção de autonomia do formando em várias dimensões – capacidade
autorreflexiva e autocrítica, trabalho de grupo, autoformação, conhecimento
científicos, resolução de problemas, inovação educacional, consciência das
limitações, conhecimentos e implicações no sucesso dos aluno (Alarcão, 1987).
2.3. Expetativas iniciais e Contexto real
O EP, foi fundamental e determinante para o meu futuro enquanto
profissional de EF. Como tal, as minhas expetativas iniciais para este ano de
estágio eram grandes, nomeadamente no que concerne à superação das
dificuldades que pudessem surgir. Desde logo, procurei encarar o EP com um
espírito de sacrifício e determinação, embora, por vezes, tivesse alguma
dificuldade em encontrar o melhor caminho em determinado contexto. Este
primeiro impacto com a realidade escolar é sempre algo difícil de explicar e de
traduzir em palavras.
A Escola onde realizei o EP era uma instituição pela qual já tinha
passado, enquanto aluno, tendo cumprido lá o ensino secundário. Contudo, as
diferenças entre ser aluno e ser professor são bastante diferentes.
Estas diferenças foram um pouco nostálgicas, mas paralelamente,
desafiantes, já que foi necessário uma grande adaptação, de modo a tornar
esta experiência agradável e possível de colocar em prática todos os
conhecimentos adquiridos até ao momento.
A integração na comunidade escolar foi importante e, para isso, foi
essencial o bom relacionamento com os outros professores de EF, os restantes
professores da escola, funcionários e restante comunidade educativa, pois
proporcionou um envolvimento favorável à aplicação de todos os meus
conhecimentos e competências ao serviço do ensino de qualidade. Nesta
etapa, pretendia conseguir mobilizar as minhas capacidades e competências
específicas num ensino de qualidade conforme a minha formação me preparou.
11
Senti-me sempre muito bem acolhido por toda a comunidade escolar, o
que fez com que pudesse estar mais tranquilo e disponível para desempenhar
as funções previamente estabelecidas. Já conhecia alguns funcionários e foi
muito bom rever algumas caras durante este ano letivo, que já me eram
familiares.
Relativamente às minhas expetativas, penso que não eram
exageradamente ambiciosas, pois sempre tive consciência do longo caminho a
percorrer, estando pronto para aceitar todo o trabalho necessário para que as
metas e objetivos fossem alcançados com sucesso.
No que diz respeito à relação com os alunos, esperava criar uma relação
de companheirismo com todos e que a mesma pudesse contribuir para o seu
desenvolvimento cognitivo, sócio afetivo e psicomotor, impondo a disciplina
necessária para isso. Na realidade, consegui manter sempre uma boa relação
com todos os alunos, mas, por vezes, foi necessário impor disciplina e algum
distanciamento, para que percebessem o seu papel.
Relativamente ao grupo de estágio, constituído por mim e mais dois
colegas, esperava que nos pudéssemos ajudar mutuamente, através da
entreajuda nas respetivas dificuldades emergentes. Somos todos diferentes,
com conhecimentos e vivências distintas, o que se tornou bastante útil em
vários momentos. Pois a partilha de conhecimento tornou-se fulcral durante
todo o ano, e, em conjunto, conseguimos suprimir as lacunas de cada um.
O trabalho em núcleo de estágio pressupõe, na minha opinião, uma
ação de colaboração de todos os membros, com reflexos claros nas suas
prestações. Assim, é relevante que todos, sem exceção, promovam um
ambiente saudável, de cooperação e entreajuda.
Este era um dos aspetos que me preocupava inicialmente, até porque
não conhecia nenhum dos seus membros – professores estagiários; professora
cooperante; e orientadora. No entanto, foi um ano muito positivo onde aprendi
muito com todos os intervenientes.
Após o EP, faço um balanço positivo deste percurso devido à partilha de
experiências e de conhecimentos. Esta partilha, caraterísticas do trabalho em
12
equipa, enriqueceu, com certeza, a minha prática e permitiu-me conhecer
diferentes formas de atuar.
Contudo, devido às especificidades de cada turma atribuída a cada
estagiário, existiu um incontornável trabalho individual que era, facilmente,
conjugado com o trabalho em equipa.
Já a integração no grupo de EF, que me parecia ser um grupo coeso,
unido e com uma participação bastante ativa na vida escolar, esperava partilhar
com todos esta união, assumindo também uma participação ativa na escola, e
que, efetivamente, veio a acontecer. Este grupo concedeu-me espaço para
contribuir na melhoria da comunidade Escolar.
A professora cooperante, que sempre me fez perceber qual o melhor
caminho a seguir, tal como expetava, ajudou-me a desenvolver competências
reais, nomeadamente ao nível do contacto com os alunos, da simplicidade da
instrução, da qualidade do feedback e dos tempos de transição. Este apoio foi
importante para suprimir dificuldades e inseguranças que foram surgindo ao
longo do EP e, simultaneamente, para maximizar as potencialidades que
possuía. Entendo que não haveria uma “receita” que me pudesse ser fornecida
pela professora cooperante, mas o auxílio que nos prestou foi de facto
fundamental.
Em relação à professora orientadora tinha a expetativa de que me pudesse
guiar, fazendo uso dos seus conhecimentos, para auxiliar e orientar nas
diversas tarefas que foram surgindo ao longo do ano. Tal como esperado, esse
apoio foi fundamental para ultrapassar várias lacunas e dificuldades
encontradas ao longo do ano, ajudando na elaboração de estratégias para
contornar os obstáculos encontrados.
Todas estas expetativas iniciais, foram de encontro à realidade
encontrada ao EP, que para mim foi o culminar de anos de constantes e
progressivas aprendizagens. Foi muito bom crescer e aprender com todos os
intervenientes, nomeadamente o núcleo de estágio, orientadora, grupo de EF e
a minha turma, com quem muito aprendi ao longo do corrente ano.
13
2.4. A pluridimensionalidade do ser professor
A escola, enquanto organização localizada numa sociedade de
aprendizagem é, na perspetiva de Alarcão (2007, p.15), “um sistema aberto
sobre si mesmo, aberto à comunidade em que se insere” , “pensante e flexível”.
Neste local privilegiado, (mas não único), para a aquisição de conhecimento, o
professor, enquanto profissional de educação, assume a responsabilidade de
“criar, estruturar e dinamizar situações de aprendizagem e estimular a
aprendizagem e a autoconfiança nas capacidades individuais (dos estudantes)
para aprender” Alarcão (2007, p. 30).
Na mesma linha concetual, Roldão (2007, p. 32) defende que “a função
específica de ensinar já não é hoje definível pela simples passada do saber,
não por razões ideológicas ou apenas opções pedagógicas, mas por razões
sócio históricas”. Por esta razão, no meu entendimento, ser professor é
assumir-se como um profissional pluridimensional, que se afasta da
desatualizada perspetiva do professor como mero transmissor de conteúdos.
Neste enquadramento, a profissão de professor assume três dimensões
indissociáveis que lhe permite exercer a sua atividade na escola– dimensão
profissional, pessoal e social (Alarcão, 2007). Nestas três dimensões
convergem um conjunto de conhecimentos que o profissional de educação
deve, segundo Alarcão (2007), ter em conta: conhecimento científico;
conhecimento didático-pedagógico; conhecimento do estudante e das suas
caraterísticas; conhecimento dos contextos; conhecimento dos fins educativos,
e conhecimento de si mesmo enquanto profissional humano.
Todos estes conhecimentos permitem ao professor adotar papéis e
funções de gestão, quer de momentos de aprendizagens complexas,
interativas e dinâmicas, quer de problemas sociais diversificados, que se
relacionam com os quatro pilares da educação, definidos pela UNESCO1 para
o século XXI – “aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a conviver”
e “aprender a ser”. Neste seguimento, o primeiro pilar definido “aprender a
1 UNESCO (2010).Educação: um tesouro a descobrir. Brasília: UNESCO
14
conhecer” relaciona-se com a cultura geral que beneficia a educação ao longo
da vida e das oportunidades que daí advêm. O pilar “aprender a fazer” implica
a construção de uma “qualificação profissional (…) abrangente” que permitirá
ao estudante ingressar no mundo do trabalho com competências profissionais
para tal. Paralelamente, o pilar “aprender a conviver” envolve o “respeito pelos
valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz” social. Não menos
importante, o pilar “aprender a ser” refere-se à essência do indivíduo em
formação, pressupondo-se o estimular da “autonomia e responsabilidade
pessoal” (UNESCO, 2010, p. 31).
Ao sustentar a minha visão de ser professor nesta corrente teórico-
concetual, com a vivência no EP e a construção do presente relatório, é minha
convicção de que não existe uma “receita” para a função docente, pois todos
os alunos são diferentes uns dos outros, com níveis cognitivos e motores
diferentes, que faz com que o professor não possa assumir um papel uniforme.
O professor é aquele que inova, que evolui e que deve estar sempre
predisposto a aprender. Neste sentido, creio que o professor deve sustentar a
sua prática em sólidos e diversificados conhecimentos (como acima
mencionado), procurando maximizar o tempo potencial de aprendizagem dos
alunos, tanto motor, como cognitivo e social. Para tal, acredito que é importante
que o professor alimente a motivação dos alunos, para que se envolvam na
própria aprendizagem e apreciem os momentos formativos, em vez de os
encarem como desinteressantes. Acredito ainda que o professor é, acima de
tudo, um educador, que visa o desenvolvimento científico, pessoal, social e
democrático dos alunos e que, por isso, deve manter uma postura de
autoridade para com os alunos, sem autoritarismo, assumindo-se como o
principal mediador da prática pedagógica.
Todo este processo de educar é uma atividade teórico-prática (que
relaciona conhecimentos científicos e os aplica num determinado contexto), em
que o professor sustenta a sua ação numa contínua e sistemática reflexão. Ou
seja, o professor deve atender às caraterísticas dos seus alunos e ao contexto
em que se insere, direcionando a sua prática de acordo com estas
caraterísticas. Paralelamente, o professor é, também, um investigador da sua
15
própria prática, uma vez que o contexto educativo é um espaço privilegiado
para a investigação e para a construção de um conhecimento científico
rigoroso que produz efeitos na sociedade.
Para corroborar a complexidade desta profissão (ser professor) apelo à
visão de Roldão, quando refere que “(…) Ser professor não é, pois, o resultado
da soma de umas tantas ‘ciências da educação’ arredondada por um qualquer
‘estágio pedagógico’. Só quando a competência de um professor é incorporada
esteticamente num habitus profissional, ou seja, num saber-ser que se torna
competência em pessoa, só então a distinção profissional se eleva à
excelência pessoal de um agir sempre naturalmente bem” (Roldão, 1998 cit.
Roldão, 2010, p. 51).
Esta perspetiva do que é, para mim, ser professor resulta de uma
maturação teórico-prática vivenciada ao longo da minha formação académica,
com maior impacto no EP. Acredito que esta minha visão do ser professor é um
produto inacabado que se irá desenvolver ao longo do tempo, quer devido ao
meu crescimento profissional, quer à inevitável formação contínua, e contantes
mutações sociais, que se vão verificando.
O professor é um dos personagens principais da escola e de todos os
processos nela envolvente. A sua função deve assim merecer o devido valor e
respeito pela missão difícil e de grande responsabilidade que alberga. No
entanto, têm-se desvalorizado o papel do professor. De acordo com Savater
(1997), referindo-se à visão generalizada da sociedade, “à carreira de professor
primário se dedicam apenas os incapazes de horizontes mais rasgados, gente
sem a aptidão requerida para levar a cabo uma formação universitária
completa”, o papel daquele que influenciará toda a nossa formação, porventura
o mais importante para criar alicerces fortes para uma futura boa estrutura,
desvalorizado pela comunidade e sociedade em geral.
O professor deveria ser um modelo de conduta para todos os alunos,
mesmo os jovens mais rebeldes vêm o professor como um modelo e exemplo a
seguir, pelo que a postura ética e social, deve sempre ser primada por valores
corretos que sirvam de exemplo nos alunos que seguem os professores, em
especial o de EF. Com o clima que se vive nos dias de hoje, em torno da
16
profissão docente, é essencial que os professores não percam o gosto pela sua
profissão e assumam a docência como algo especial e uma vocação, pois a
educação é o futuro da sociedade.
17
2.5. Professor Reflexivo: refletir para a ação, na ação e sobre a ação
A escola reflexiva, é como “organização que continuamente se pensa a
si própria, na sua missão social, e na sua organização, e se confronta com o
desenrolar da sua atividade em um processo heurístico simultaneamente
avaliativo e formativo”. (Alarcão, 2001, p. 25)
Partindo desta afirmação de Alarcão, constata-se que a escola engloba
várias dimensões e que a sua avaliação assume um papel de relevante
importância. Naturalmente, esta perspetiva de escola reflexiva está relacionada
com a autonomia da organização escolar e com a postura dos seus
profissionais que, atendendo ao contexto em que se inserem, procuram
promover uma comunidade de aprendizagem. Todavia, a escola reflexiva de
que se fala, não se resume a estes pontos, mas alarga-se aos diferentes
intervenientes na comunidade educativa que se envolvem na construção de
uma instituição que, através da autogestão, produz conhecimento e
aprendizagem e se avalia sistematicamente.
O profissional de educação, enquanto interveniente nesta organização,
necessita, claramente, de assumir, também, uma atitude de sistemática
reflexão. Mas quando é que emerge esta necessidade de refletir? Atendendo à
minha vivência ao EP, esta necessidade reflexiva, principalmente, no confronto
da prática pedagógica, ou seja, antes, durante e depois da ação do professor.
Para Alarcão (2007, p. 41), o professor reflexivo assume-se como “uma
pessoa que, nas situações profissionais, tantas vezes incertas e imprevistas,
actua de forma inteligente e flexível, situada e reactiva”. Na concepção de
schön, “uma actuação deste tipo é produto de uma mistura integrada de
ciência, técnica e arte e evidencia uma sensibilidade quase artística aos
índices, manifestos ou implícitos, na situação em presença” (Shön, 1983, p.
1987).
Neste sentido, importa enfatizar o valor epistémico da reflexão, pelo qual
o professor (re) constrói o conhecimento, que irá ter reflexos na sua ação. O
valor epistémico da reflexão corresponde a um percurso que se inicia com a
reflexão para a ação (planificação), seguida da reflexão na ação, reflexão sobre
18
a ação e termina com a reflexão sobre a reflexão na ação (Alarcão, 2007).
Todos estes momentos são sustentados por um quadro teórico sólido,
alicerçado num saber multidimensional que se refletirá na experimentação
prática (Alarcão, 2007).
Retomando a perspetiva de Alarcão (2007, p. 46), “queremos que os
professores sejam seres pensantes, intelectuais, capazes de gerir a sua acção
profissional”. Neste sentido, é proposta a investigação-ação como metodologia
que confere ao profissional de educação uma predisposição para a mudança
das suas práticas e para um trabalho colaborativo, entre os profissionais de
educação, que gera motivação e para um ambiente democrático. Quero com
isto defender que o professor, ao partilhar aprendizagens e conhecimentos com
os colegas, vai-se enriquecendo, o que lhe provoca maior conforto e melhor
desempenho profissional. Para isto, é determinante a recetividade para mudar
e melhorar as suas práticas após uma atitude de reflexão e investigação . Esta
metodologia desenrola-se numa espiral de ciclos que contempla os momentos
que se seguem: planificar, atuar, observar e refletir. Assim, Importa ressalvar,
neste processo, a importância da observação como instrumento de recolha de
dados que serão o foco da reflexão do docente, podendo esta ação reflexiva
conduzir à reconstrução de significados da situação (dimensão reconstrutiva).
(Alarcão, 2007) Este processo comprova assim, a flexibilidade da planificação
do processo de ensino aprendizagem (dimensão construtiva). (Alarcão, 2007)
Deste modo, compreende-se que o ato de refletir é o motor da ação,
assim como a ação é o motor impulsionador da reflexão, sendo esta uma ação
que acontece ao longo de todo o processo. Isto significa que a reflexão não se
encerra em meros pensamentos isolados e descontextualizados da prática.
Destes pressupostos, alimentei-me da ideia de Isabel Alarcão (1996)
para definir o título deste ponto do relatório que defende que a reflexão dos
professores decorre em todos os momentos da sua prática. O professor reflete
para a ação (antes da ação); reflete na ação, ou seja, durante a sua prática
propriamente dita; e reflete, também, sobre a ação (depois da sua prática).
Assim, enquanto que a reflexão para a ação permite prepará-la, a reflexão na
19
ação possibilita reestruturar a ação em curso e a reflexão sobre a ação implica
uma reconstrução da ação onde é possível melhorar ações futuras.
Pelo disposto anteriormente, pode-se concluir que um professor reflexivo
é, necessariamente, um professor investigador que se empenha para a
melhoria do processo de ensino e de aprendizagem.
3.Enquadramento da Prática
Profissional
23
Hoje em dia, a escola é, por excelência, o maior local de ensino-
aprendizagem, onde se desenvolvem as diversas capacidades dos alunos e
todo o conjunto de relações que se estabelecem entre a comunidade escolar,
com vista ao alcance de objetivos educativos (Postic, 1984).
Segundo Pina (1995), a escola desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento integral de crianças e jovens, bem como na formação de
comportamentos, no contexto dos fenómenos sociais e em interação com
outras influências educativas. Bento (1991) vai mais longe ao referir que a
escola não é apenas a única instituição social onde todas as crianças e jovens
se juntam, mas sim o único local onde podem e devem ser apreciadas
experiências e competências. Por isso, a escola assume-se, como um local
privilegiado para a verdadeira democratização da cultura do desporto.
Contudo, importa perceber que uma prática de qualidade se encontra
sujeita às condições que a escola oferece, daí ser importante conhecer a
escola onde decorre o EP.
3.1. A Escola e o meio envolvente
A Escola onde realizei o meu EP, localiza-se numa freguesia do Porto, e
recebe alunos de praticamente todo o concelho. Foi criada em 1906 e deste
agrupamento, fazem atualmente parte, seis escolas.
Hoje em dia, a Escola, está completamente diferente, fruto das obras
que foi alvo ao abrigo de um programa de requalificação da parque escolar,
levado a cabo pelo Ministério da Educação, mantendo, no entanto, ainda os
mesmos “traços”.
Em relação às condições para a prática da EF, esta escola apresenta
bons espaços, nomeadamente, um pavilhão novo, com boas condições, e um
espaço exterior requalificado, com capacidade para praticar várias
24
modalidades. Existe também um ginásio pequeno, para a prática de ginástica
ou dança e um outro espaço, ginásio central, que permite entre outras, a
prática de voleibol e badminton. Todos estes espaços apresentam limitações
ao nível de material que, por vezes, é impeditivo para a execução de um
determinado exercício. Este é talvez o ponto mais negativa das condições que
a escola apresenta para a prática da EF e que todos os anos é debatido pelo
grupo de EF. Pois, este fator condiciona e limita o trabalho de todos os que o
utilizam.
Uma outra situação com que me deparei na escola deveu-se ao
roulement2, que obrigou a uma rotação constante de instalações, ou até a
divisão do mesmo espaço com outras turmas. Esta condição obrigou-me a
adquirir uma boa gestão de espaço e a desenvolver a capacidade de
improvisação (decisões na ação).
A escola oferece ainda um espaço para alunos com NEEs, equipada com
material adequado e específicos para a execução de vários exercícios. Na
verdade, o acompanhamento destes alunos é uma grande preocupação desta
escola, por isso, em algumas turmas, é nomeado um professor que tem como
único objetivo acompanhar o aluno durante toda a aula, trabalhando com ele de
forma autónoma.
.
2 Sistema de rotação das aulas de EF de cada professor pelos diferentes espaços desportivos.
25
3.2. O grupo de Educação Física
O Grupo de EF, ao longo de todo o ano, mostrou-se unido e coeso,
participando ativamente na vida escolar, sempre com a intenção de melhorar a
comunidade que nos rodeia. Foi uma mais valia contar com a ajuda de todos
os colegas do grupo, em todas as dificuldades com que me deparei ao longo
do ano.
Em todas as atividades dinamizadas pelo grupo, ao longo do ano, todos
os professores se mostraram disponíveis para desempenhar as funções a
executar, enriquecendo cada momento com a sua experiência. Aprendi muito
com todo o grupo, e aprendi que a partilha é fundamental na nossa profissão.
Neste processo de troca, acredito que ao longo do ano consegui transmitir
sempre algo aos outros professores, tal como eles me transmitiram.
Um momento importante na convivência com este grupo foram as
reuniões de grupo, pois permitiram-me crescer e perceber a forma como são
discutidas questões como o material em falta, a conceção, o planeamento e a
operacionalização das atividades.
O conjunto de ensinamentos advindos desta conveniência, contribuíram
para melhorar as minhas atuações, para aprimorar lacunas e, acima de tudo,
preparar-me para a docência.
Ao longo do ano, o grupo nunca me colocou constrangimentos ou
limitações, antes, pelo contrário. Sempre que foi necessário, os pedidos para
troca de instalações, foram sempre correspondidos. A única limitação foi nos
momentos de más condições climatéricas, mas isso, não havia forma de
contornar, pois afetava todos de igual forma e exigia uma capacidade grande
de adaptação.
26
3.3. Caraterização da Turma
No processo de ensino-aprendizagem, é crucial ponderar sobre as
diferentes estratégias de intervenção, pois cada aluno, possui necessidades e
caraterísticas particulares, e, consequentemente, com um ritmo de
aprendizagem singular. Por isso, torna-se preponderante conhecê-lo, não só
como aluno, mas também como pessoa.
A caraterização da turma é, assim, fundamental para que o professor
possa conhecer os seus alunos e o seu contexto social, no sentido de melhorar
e aperfeiçoar a interação inerente a todo este processo de ensino-
aprendizagem. Esta caraterização da turma que se apresenta de seguida foi
elaborada após ter sido fornecida a cada aluno, no início do ano letivo, uma
ficha de caraterização para que estes preenchessem.
A partir da análise destes dados, foi-me possível promover uma
adequação do processo de ensino aprendizagem, tanto a nível genérico
(turma), como a nível individualizado (aluno). As informações recolhidas foram
relativas a sete parâmetros: dados biográficos, constituição do agregado
familiar, saúde/hábitos de vida, situação escolar, Educação Física, atividades
de tempos livres e Escola.
Após a recolha de dados por questionário, através da análise da
caraterização da minha turma, foi possível diagnosticar as necessidades e
expetativas dos alunos e assegurar a adequação do ensino às suas
peculiaridades, estabelecer prioridades, níveis de aprofundamento e definir
sequências adequadas, adotando estratégias de diferenciação pedagógica que
favorecessem a aprendizagem. Este foi o ponto de partida, através da ficha de
caraterização do aluno, que antecede as avaliações diagnósticas de cada
unidade didática (UD).
A turma com quem trabalhei durante o EP, pertencentes ao 11.º ano de
escolaridade, referentes ao curso de Línguas e Humanidades, era inicialmente,
composta por dezanove alunos. No entanto, no final do 1.º período, com a
entrada de dois novos alunos passou a ser constituída por vinte e um. Esta era
uma turma composta maioritariamente por elementos do sexo feminino, com 15
27
raparigas e 6 rapazes. Em termos etários, a sua composição revelava-se
heterogénea, pois as idades dos alunos oscilam entre os 15 e os 17 anos,
sendo que uma clara maioria rondava os 16 anos de idade (59%).
Através da recolha de dados acerca do ambiente familiar, pude realizar
um enquadramento do contexto sociocultural em que se inseriam - concelho de
residência, constituição do agregado familiar, hábitos de vida, nível académico
e a profissão dos elementos do agregado familiar. A maioria dos alunos da
turma residiam no concelho do Porto (75%), embora existissem residentes na
Maia (13%), V. N. de Gaia (6%) e Valongo (6%). Em termos académicos, a
maioria dos pais dos alunos eram licenciados, enquanto as mães eram
detentoras do Ensino Secundário. Em termos profissionais, 65% dos pais dos
alunos apresentavam uma situação de empregabilidade.
Relativamente a questões mais direcionadas com a prática da EF,
tornou-se profícuo analisar dados que permitiram concluir que a totalidade da
turma era não-fumadora. Em relação às modalidades preferidas, 33% dos
alunos assumiram gostar de futebol e 33% voleibol, seguindo-se de
basquetebol (11%), atletismo (11%) e ténis (6%). Paralelamente, 35%
indicaram a ginástica como a modalidade que menos gostavam, seguindo-se o
voleibol (23%).
Destes alunos, 65% assumiram nunca ter participado no DE e 59%
afirmaram não praticarem atividade desportiva. O confronto com estes dados
tornou-se desafiante para mim no sentido de maximizar o tempo de prática dos
alunos nas aulas de EF e promover a motivação para a prática desportiva.
Estes dados de baixa atividade assumem um paralelismo com os 35% de
alunos sedentários, uma vez que a visualização de televisão era a principal
ocupação de tempos livres. Nesta turma, 29% dos alunos indicaram a EF como
a sua disciplina preferida.
Assim, foi-me possível focar a ação nas especificidades da turma/aluno,
rentabilizando-os da melhor forma, maioritariamente, na preparação da minha
prática pedagógica, tanto, na escolha das modalidades lecionadas em cada
período, como no relacionamento com os alunos. Além disso, permitiu-me
entender as vivências, gostos, atitudes e contexto social.
4. Enquadramento Funcional
31
4.1. Área 1 - Organização e Gestão do Ensino e da
Aprendizagem
Esta primeira área de desempenho centra-se no processo de
aprendizagem do aluno nas aulas de EF. Esta área visa a construção de
estratégias de intervenção que nos direcione no caminho da eficácia
pedagógica, orientada por objetivos pedagógicos específicos e válida por um
conhecimento profundo no ensino da EF na escola. Estas estratégias de
intervenção resultam de uma análise e reflexão dos diferentes momentos deste
processo (conceção, do planeamento, da realização e avaliação).
4.1.1. Conceção do ensino de Educação Física
A EF é uma disciplina cujo objetivo passa por uma formação integral dos
alunos, recorrendo à sua matéria de ensino (o Desporto), para ensinar
conteúdos específicos das modalidades (habilidades motoras), para ensinar
uma cultura desportiva e para ensinar valores sociais e culturais, essenciais à
sua formação como cidadãos.
Aliando às aprendizagens motoras, conhecimentos específicos e valores
socioafetivos indispensáveis, a disciplina de EF procura promover o
desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade dos alunos, ao longo de
todo o processo de ensino-aprendizagem. Aqui, os alunos são formados para
respeitarem as regras de participação e realização das tarefas, assim como
todas as regras de funcionamento e segurança.
Além disso, como a aula de EF é um espaço caraterizado pelas
constantes interações entre os agentes, esta assume-se como um meio
excelente no desenvolvimento da cooperação entre os alunos, criando um
ambiente relacional propício ao aperfeiçoamento pessoal.
32
Nos 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico, a EF é uma disciplina
obrigatória, contando, semanalmente, com um bloco de noventa minutos e um
de quarenta e cinco minutos. Recorrendo ao programa nacional de educação,
verifica-se que o conteúdo de cada uma das matérias encontra-se especificado
em três níveis, existindo uma progressão lógica:
Introdutório – habilidades, técnicas e conhecimentos que representam a
aptidão específica ou preparação de base.
Elementar – Conteúdos que representam o domínio da matéria nos seus
elementos principais e á com carácter mais formal, relativamente aos
modelos de prática e organização da atividade.
Avançado – Conteúdos e formas de participação nas situações típicas
da atividade referente, correspondentes ao nível superior que poderá ser
atingido no âmbito da disciplina de EF.
No Ensino Secundário, semanalmente, a disciplina de EF conta com
uma carga horária de 3 horas, podendo ser distribuída por dois blocos de
noventa minutos, existindo também uma progressão lógica, de acordo com o
nível introdutório, elementar e avançado.
No 10.º ano pretende-se, fundamentalmente, consolidar a formação do
Ensino Básico e nos dois últimos anos (11.º e 12.º anos), pretende-se que os
alunos atinjam um nível mais avançado de desempenho nos vários conteúdos.
Em relação a este nível avançado, considero que, por vezes, é algo
irrealista para a maioria dos alunos, que têm dificuldade na exigência do nível
elementar. Na minha opinião, este desequilíbrio prende-se com a falta de
progressão pedagógica nos níveis anteriores, existindo alguma rutura em
certas modalidades entre o 3.º Ciclo e o Ensino Secundário, bem como um
elevado número de conteúdos a ensinar em cada ano de escolaridade.
Embora já estivesse familiarizado com este documento regulador,
emanado pelo Ministério da Educação, foi um desafio planear de acordo com
as indicações propostas e adequá-las às necessidades da turma.
33
4.1.2. Planeamento
A planificação é a tarefa que especifica a nossa ação enquanto
professores, orientando-nos num sentido que pensamos ser o mais adequado
para alcançar o sucesso educativo. Em termos específicos, durante o EP, o
planeamento foi realizado segundo o Modelo de Estrutura de Conhecimento
(MEC) de Vickers (1990).
Assim, atendendo a este modelo, a elaboração dos planos anuais, de
unidades didáticas e planos de aulas, tiveram em conta algumas fatores, tais
como: o conhecimento da matéria, os recursos da escola (roulement dos
espaços e o material); as caraterísticas dos alunos (informações obtidas da
ficha de caraterização do aluno e das avaliações diagnósticas); a sequências e
extensão dos conteúdos ao longo as aulas; os objetivos e a avaliação; bem
como as progressões de ensino. Naturalmente, com esta panóplia de fatores, a
tarefa de planeamento impôs-se cuidadosa e extensa, até porque todos os
momentos foram alvos de reflexão (para a ação) com o intuito de melhorar e
maximizar as aprendizagens dos estudantes.
4.1.2.1. Planear segundo o Modelo de Estrutura de Conhecimento
O Modelo de Estrutura de Conhecimento (MEC) é um documento, na
qual pretendemos sintetizar toda a informação de determinada modalidade. A
elaboração deste documento exige uma busca constante de conhecimentos,
mas é importante referir que a elaboração do MEC é também um momento
importante de reflexão sobre as dimensões transdisciplinares.
Este modelo divide-se em três grandes fases, designadamente a fase de
análise, a fase das decisões e a fase de aplicação. Todas refletem, claramente,
um pensamento transdisciplinar. Ou seja, O MEC permite identificar as
habilidades e estratégias disponíveis para o ensino, tendo em conta as várias
34
dimensões das Ciências do Desporto (motora, cognitiva, socioafetiva), que
influenciam o processo de ensino-aprendizagem.
A fase de análise compreende 3 módulos, a análise de uma modalidade
desportiva, através de um conhecimento estruturado e hierarquizado, a análise
do envolvimento escolar e a análise dos alunos. A fase de decisão é composta
por 4 módulos, a extensão e a sequência da matéria de ensino, a definição dos
objetivos, a configuração da avaliação e, por fim, a estruturação das
progressões de ensino. A última fase compreende a aplicação propriamente
dita da planificação (planos de aula) (Vickers, 1990).
Uma das maiores dificuldades na elaboração desta estrutura de
conhecimento foi sintetizar toda a informação essencial para a prática, tornado
a sua estrutura simples e eficaz.
Numa fase inicial, o MEC das UDs continha informação excessiva e
desnecessária, que com a ajuda da PO e do PC, fui melhorando, tornando a
estrutura e a informação deste documento mais objetiva. Assim, ao longo do
ensino das várias modalidades, a consulta do MEC passou a ser mais
frequente, principalmente, no ensino das modalidades que apresentava maior
dificuldade, nomeadamente o salto em altura.
Seguidamente, serão apresentados alguns aspetos que considero
fundamentais na elaboração dos diferentes níveis de planeamento, servindo de
guião a todo o processo de ensino-aprendizagem.
4.1.2.2. Plano Anual
O plano anual realizado durante o EP foi cuidadosamente elaborado,
tendo em conta alguns aspetos fundamentais, entre os quais: as modalidades
previstas no programa curricular; os espaços disponíveis para a realização das
aulas; o número de aulas disponíveis para cada modalidade; as caraterísticas
dos alunos; e o plano de atividades da escola.
35
Uma das maiores condicionantes na elaboração do plano anual foi o
roulement. Isto, porque era meu objetivo lecionar uma modalidade de forma
seguida e sequencial, sem alternância com outras modalidades. No entanto, tal
situação não foi possível porque a rotação dos espaços (de acordo com a
disponibilidade da escola) assim o exigiu. Os espaços foram, aliás, um dos
maiores entraves neste planeamento, uma vez que as modalidades lecionadas
tinham de ser distribuídas de acordo com os espaços disponíveis.
A escolha das modalidades que constam no planeamento, correspondeu
as modalidades definidas pelo programa nacional de EF do Ensino Secundário.
Contudo, a distribuição do número de aulas por cada modalidade foi
estruturada sob a minha responsabilidade.
Assim, no 1.º período, optei por abordar as seguintes modalidades:
voleibol, rugby, atletismo (velocidade e resistência), ginástica de solo e a
bateria de testes fitnessgram para avaliação da condição física (CF). Esta
planificação sofreu alguns (re)ajustes, devido a condicionalismos climatéricos -
algumas aulas estavam previstas para o exterior e, devido à chuva, tiveram de
ser realizadas num terço do pavilhão. Para a modalidade de ginástica de solo
reservei os datas em que tinha o ginásio pequeno disponível para a turma, por
ser o único espaço disponível para esta modalidade. Na modalidade de
voleibol, consegui que fosse utilizado o ginásio central e o pavilhão desportivo.
A modalidade alternativa – rugby - podia ser lecionada em qualquer um dos
espaços, embora no ginásio pequeno tivesse algumas limitações. A questão
dos espaços foi, aliás, um dos entraves mais significativos neste planeamento.
Nesta distribuição, reservei doze aulas para o voleibol, sendo esta, a
modalidade com mais aulas dedicadas, não só por ser uma modalidade
coletiva de categoria A, mas também por considerar que se deve aumentar o
seu tempo de exercitação nesta modalidade, uma vez que este tempo é
fundamental para que haja desenvolvimento e aprendizagem. Para Ginástica
de solo dediquei seis aulas, enquanto que para atletismo, tinha quatro aulas
programadas, mas, devido ao corta mato, só foi possível realizar três aulas. Por
último, para rugby restaram três aulas. Esta foi uma modalidade que, embora
36
com um número reduzido de aulas, surtiu grande interesse por parte dos
alunos e me deu um gozo especial a orientar.
No 2.º período, as modalidades abordadas foram: futebol, andebol,
badminton e ginástica acrobática. Mais uma vez, à semelhança do que
sucedeu no 1.º período, a rotação de instalações foi o que mais limitou a minha
prática. Procurei lecionar a UD de futebol sem interrupções, para garantir
sequencialidade na aquisição de conteúdos. Após o ensino de futebol, iniciei a
UD de andebol. Inicialmente, pretendia igualar o número de aulas para as duas
modalidades (futebol e andebol). No entanto, devido ao torneio de voleibol,
acabei por ficar com oito aulas de futebol e sete de andebol. Posteriormente,
dividi as restantes oitos aulas, por quatro aulas de badminton e quatro aulas de
ginástica acrobática que, embora sendo poucas sessões para a exercitação de
figuras em grupo, permitiu ensinar alguns conteúdos que constam do programa
para este ano de ensino. Este foi um período em que me senti à-vontade com
os conteúdos das quatro modalidades, por isso, consegui elaborar um
planeamento mais criativo (a meu ver).
Por último, no 3.º período, o mais curto dos três, tinha apenas treze
aulas, o que me limitou a seleção das modalidades que o programa previa.
Desta forma, uma aula foi dedicada para avaliação da CF, com a aplicação da
bateria de teste fitnessgram, onde fiz uma comparação da evolução que os
alunos tiveram em relação ao 1.º período. Seguidamente, reservei um maior
número de aulas (7 sessões) para a modalidade coletiva, neste caso o
basquetebol, onde apliquei o modelo de educação desportiva. Para a
modalidade de atletismo (salto em altura), dediquei quatro aulas, considerando
ser o suficiente para a evolução e aprendizagem desta modalidade, frente a
este panorama. A última aula do período teve caráter livre, onde pude participar
na aula com os alunos e estes realizaram a auto e hétero avaliação, com o
objetivo de lhes propiciar momentos de reflexão e autoconhecimento.
37
4.1.2.3. Plano de Unidade Didática
As UDs procuram garantir “a sequência lógico-específica e metodológica
da matéria, e organizar as atividades do professor e dos alunos por meio de
regulação e orientação da ação pedagógica, endereçando às diferentes aulas
um contributo visível e sensível para o desenvolvimento dos alunos” (Bento,
2003, p. 60). Segundo o mesmo autor, as UDs são partes essenciais do
programa de uma disciplina e constituem-se como unidades fundamentais e
integrais do processo pedagógico, pois apresentam aos professores e alunos
etapas claras e distintas de ensino e aprendizagem.
No conjunto de módulos estruturados para as UDs, o modulo 4 foi o que
mais me auxiliou no planeamento das aulas, uma vez que incorporava: o
número de aulas da modalidade lecionada, a função didática para cada
conteúdo ensinado em cada sessão e os conteúdos respeitantes aos quatro
domínios transdisciplinares. Neste domínios faziam parte: i) a cultura
desportiva, com conteúdos como acerca da história da modalidade, a
terminologia específica da modalidade e regulamento; ii) as habilidades
motoras, com conteúdos específicos de cada modalidade; iii) os conceitos
psicossociais, com conteúdos como o respeito, espírito de equipa, autonomia,
superação, responsabilidade e cooperação/entreajuda; e iv) a fisiologia do
treino e da CF, com os conteúdos respeitantes às capacidades motoras
condicionais e coordenativas.
As UDs foram construídas, obedecendo a alguns pressupostos
importantes e fundamentais. O número das aulas para cada modalidade que
constava no plano anual, foi o primeiro elemento a ser colocado nas UDs. De
seguida, após uma análise e interpretação dos dados recolhidos da avaliação
diagnóstica (AD), foram selecionados os conteúdos a ensinar nas aulas, de
acordo com o nível em que os alunos se encontravam. A primeira e última aula
foram sempre reservadas às avaliações diagnóstica e sumativa,
respetivamente.
Na elaboração das UDs, concretamente no modulo 4, a minha
preocupação centrou-se, sempre, em ordenar os conteúdos por grau de
38
dificuldade e complexidade crescente, criando critérios bem definidos e
ajustados à realidade, garantindo ainda, que em cada aula eram trabalhados
não só conteúdos de ordem técnica, como também tática, isto no que respeita
às habilidades motoras. Para a introdução dos conteúdos era,
maioritariamente, utilizada uma aula, bem como para a consolidação. Para a
exercitação dos conteúdos, o número de aula variava conforme o nível de
desempenho dos alunos no momento da AD e as suas respostas ao longo da
unidade. Obviamente, que o número de conteúdos a transmitir por aula tem
influência no processo de ensino, pois importa não sobrecarregar os alunos
com informação.
Atendendo ao ensino das habilidades motoras, particularmente nas
modalidades coletivas, optei, inicialmente, por recorrer aos exercícios
analíticos, uma vez que, assim, a turma tinha maior oportunidade de
exercitação. No entanto, numa fase mais avançada, as situações de jogo
reduzido estiveram muitas vezes presentes, procurando, dessa forma,
desenvolver tanto as habilidades motoras dos alunos como a sua compreensão
do jogo.
A cultura desportiva assumiu um papel importante, na medida em que
permitiu uma rápida assimilação dos conteúdos. Nesta dimensão
transdisciplinar, a história e o regulamento eram, habitualmente, transmitidos
na segunda aula, sendo que os restantes conteúdos eram incluídos ao longo
das aulas.
Os conceitos psicossociais estiveram sempre presentes nas aulas, no
sentido de manter o bom funcionamento das sessões.
Finalmente, os conteúdos respeitantes à fisiologia do treino e CF, foram
trabalhados com alguma predominância em todas as aulas, excetuando nas
aulas de AD e sumativa, por serem aulas com preocupações mais centradas
na quantificação e qualificação do desempenho técnico/tático dos alunos.
39
4.1.2.4. Plano de aula
Os planos de aula (PA) são documentos que nos orientam durante toda a aula.
Neste documento, consta toda a extensão e sequência dos conteúdos
selecionados para a aula, as situações de aprendizagem e a gestão do tempo
das atividades.
Embora o PA seja um documento que está sujeito a pressupostos
básicos, ele é “realmente o verdadeiro ponto de convergência do pensamento e
da ação do professor” (Bento, 2003, p. 101).
Durante a conceção dos planos de aula tive a preocupação de os
estruturar de forma simples e cuidada, com o objetivo de serem um documento
acessível, de fácil leitura. Assim, do cabeçalho do PA, fazia parte a
identificação da UD, a turma, data, o número da sessão, hora, duração, local
da aula, matéria utilizado, número de alunos previstos, função didática e
objetivos de aula nos quatro domínios previstos pela UD correspondente. Para
além deste cabeçalho, o PA tinha na sua estrutura três partes distintas, parte
inicial da aula, parte fundamental e parte final na aula. Cada uma destas partes
continha os objetivos específicos, situações de aprendizagem e componentes
críticas.
Por vezes, em determinados contextos não seguia o PA na sua íntegra,
principalmente, quando ocorriam alterações de espaço devido às condições
climatéricas. Pois, nestas situações, uma aula programada para o exterior,
passava necessariamente para um terço de um pavilhão, exigindo bastantes
ajustes, devido à limitação do espaço para o bom funcionamento da aula, tal
como evidencia o excerto seguinte:
“A aula de quarta-feira foi realizada no pavilhão desportivo. Mais uma vez,
o mau tempo não permitiu que realizasse a aula no exterior, pelo que tive de
fazer aula num terço do pavilhão. Este cenário é bastante desolador, uma vez
que ao longo de toda a unidade didática apenas por duas vezes tive um campo
inteiro à minha disposição, sendo que uma dessas vezes foi a primeira aula, de
40
AD. É quase impossível desenvolver alguns exercícios apenas com um terço
de campo, sendo que situações jogadas é bastante complicado” (Diário de
bordo-semana 4 de fevereiro, 2014).
4.1.3. Realização do Estágio Profissional
A realização do EP coincide com a fase da aplicação, em que tudo é
colocado em prática, no sentido de promover o desenvolvimento dos alunos e
maximizar as suas aprendizagens e vivências. E, embora fosse um momento
também formativo para mim, a minha ação centrava-se sempre na
aprendizagem dos alunos. Ou seja, preocupava-me com todos os fatores que,
direta ou indiretamente, poderiam interferir no processo ensino e de
aprendizagem, bem como as diferenças e semelhanças dos alunos, as suas
preferências e as suas motivações. Nestes momentos de ensino, o tempo de
exercitação foi sempre privilegiado, pois considero que a repetição e
sistematização de exercícios contribuem largamente para a aprendizagem (não
só para a rápida assimilação de conteúdos, como também para o
aperfeiçoamento e consolidação dos mesmos).
Nesta fase de realização, ao longo do EP, algumas dimensões da
intervenção pedagógica mereceram maior reflexão e tratamento,
nomeadamente, o MED, o Controlo da turma, a Gestão de tempo, espaço e
materiais, a Comunicação e feedback e a Avaliação. Estes temas enunciados
fizeram parte da prática reflexiva diária, que contribuíram para o meu
crescimento pessoal e profissional.
Estes momentos da prática pedagógica, foram momentos de
descoberta, na qual aprendi a melhorar a minha ação como professor. Neste
processo, os diários de bordo, as experiências vivenciadas e partilhadas, bem
como as observações de outras aulas, foram essências para refletir sobre o
meu desempenho enquanto professor (e aluno).
41
4.1.3.1. Modelo de Educação Desportiva
O Modelo de Educação Desportiva pretende cultivar e reforçar o espírito de
grupo e surge como alternativa ao modelo tradicional, incumbindo uma
multiplicidade de tarefas aos alunos (Mesquita e Graça, 2009). Através deste
modelo, ao longo do processo de ensino-aprendizagem, os alunos
desempenham várias funções, tais como, árbitros, treinadores, repórteres,
jornalistas e/ou estatísticos. Esta é uma forma de desempenharem vários
papeis e perceberem que todos, assumem especial importância.
Este modelo foi aplicado durante o EP numa das UD, na qual procurei
desenvolver algumas tarefas/atividades específicas inerentes ao MED. A
modalidade escolhida para aplicação deste modelo foi o basquetebol, no 3.º
período. Esta escolha deveu-se à logística de formação de equipas, que
noutras modalidades, tornar-se-ia complicado para que todos os alunos
desempenhassem várias funções. Assim, abordando o 3x3, foi possivel ter
sempre alunos de fora para que desempenhassem os vários papéis
pretendidos.
Em termos de implementação do MED, organizei os alunos por quatro
equipas, sendo atribuída a cada uma, um nome definido pelos alunos e uma
cor, pelo qual tinham de se apresentar nas aulas. A não comparência nas aulas
com a cor respetiva, poderia significar uma perda de pontos.
Inicialmente, dentro de cada equipa foi escolhido um capitão, que
desempenhava, por vezes, a função de treinador, sendo responsável por
orientar alguns exercícios previamente propostos por mim. Para o efeito, era
disponibilizado ao capitão/treinador de cada equipa um skill card, de forma a
poderem corrigir os colegas, atendendo às componentes críticas de cada
conteúdo.
A escolha dos capitães foi feita por mim, de acordo com as
caraterísticas dos elementos de cada equipa. A escolha da cor das equipas e
do nome, resultou de um acordo mútuo entre todos, trabalhando, assim, o
conceito de democracia. Para além dos pontos atribuídos pelas vitórias nos
42
jogos, decidi premiar ou penalizar equipas que se apresentavam de forma
correta ou incorreta na aula (cor), bem como pontuar equipa conforme a
prestação e disciplina revelada no decorrer da sessão. Esta pontuação podia
ser acompanhada pelos alunos, ao longo da aula, uma vez que era exposta
num quadro.
Estruturei o MED através de uma época desportiva e um evento
culminante. Na época desportiva eram realizadas as jornadas do campeonato,
onde todas as equipas se defrontavam em várias jornadas. O evento
culminante foi realizado no último dia da UD, em que se pretendu averiguar a
equipa vencedora, através da realização de um play-off, cuja ordem de jogos
foi definida de acordo com os resultados obtidos ao longo da época desportiva.
O acompanhamento de todo a época desportiva do MED era
indispensável e, para isso, criei uma página no Facebook. O primeiro
documento que coloquei na página, para que todos os alunos pudessem ler foi
o manual de equipa, que continha as regras, os sinais de arbitragem, as fichas
de jogo e o esclarecimento das funções de alguns papeis (papel do repórter,
jornalista e capitão). Todos os alunos da turma tiverem acesso ao documento,
de forma a poderem desempenhar adequadamente os diversos papéis.
Ao contrário do que é habitual, não forneci aos alunos um manual de
treinador com a totalidade de exercícios a serem aplicados, pois decidi fazer
um manual de treinador específico para cada aula, em que o capitão orientava
apenas aquele exercício. Penso que entregar um documento com muitos
exercícios aos alunos não traz benefícios, uma vez que, na minha opinião,
pode-se tornar confuso e desmotivante para o treinador. Considero ser mais
benéfico, a entrega do exercício aos responsáveis uns dias anteriores à aula,
focando a atenção deles para essa tarefa.
43
4.1.3.2. Controlo da turma
A liderança revelou ser um fator determinante na conquista de todos os
meus alunos. Segundo Arends (2008, p. 89), “A liderança de um professor é
fulcral na medida em que, se os alunos não se sentirem motivados para
participar e persistir nas tarefas de aprendizagem académica ou se não forem
orientados eficazmente, o resto do ensino pode ficar comprometido”. Ou seja,
os alunos sentem qualquer insegurança por parte do professor, pelo que é
necessário manter uma postura firme e confiante, para que percebam quem é a
autoridade.
O confronto inicial com os meus alunos foi algo que me trouxe alguma
ansiedade e nervosismo, talvez por não saber que tipo de alunos encontraria e
como os conseguiria controlar.
Em termos práticos, tinha algumas dificuldades em encontrar um
equilíbrio entre o uso da minha autoridade e a liberdade concedida aos alunos.
Foram estas dificuldades que me levaram a refletir com maior profundidade
acerca da relação professor-aluno.
Neste âmbito, considera-se que a autoridade é um valor
tradicionalmente necessário para educar, que não deve ser colocada de lado
pelo educador. No entanto, o seu uso excessivo deve ser evitado para não
perder o controlo dos alunos. Este equilíbrio do uso da autoridade, por parte do
professor, deve permitir ao aluno o desenvolvimento da autonomia e da
responsabilização. E, para isso, é necessário conceder ao aluno uma certa
liberdade. O equilíbrio entre a autoridade e liberdade concedida pelo professor
depende da resposta do aluno e do uso que os alunos fazem dessa liberdade
(liberdade com responsabilidade).
Segundo Sprinthall e Sprinthall (1998), trata-se de atender a uma teoria
socioconstrutiva do ensino em que o professor, enquanto gestor do currículo,
deve promover e estimular a autonomia dos alunos através da socialização,
mas sem nunca perder o controlo da turma, e desresponsabilizar-se dos
conhecimentos fundamentais que possui para o exercício da sua função
docente.
44
Freire (1997) considera a autonomia como o ponto de equilíbrio capaz
de estabelecer a legitimidade entre autoridade e a liberdade. O mesmo autor,
refere-se à autonomia como um processo dialético de construção da
subjetividade individual, que depende das relações interpessoais desenvolvidas
no espaço vivencial. Neste caso, das relações entre os alunos e professores,
Freire (1997, p. 121) defende que a autonomia precisa de “estar centrada em
experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade (…) em
experiências respeitosas da liberdade”
Atendendo às ideias expostas acima, com o intuito de ganhar a
confiança e estabelecer o controlo da turma, decidi entregar aos alunos um
regulamento com regras e condutas a cumprir, logo na primeira aula.
Ao longo de todo o ano letivo as regras a cumprir pelos alunos foram
trabalhadas, embora com maior relevo nas primeiras aulas do 1.º período. O
cumprimento das regras era essencial para o bom funcionamento das aulas, na
medida em que o professor não precisa de se preocupar com comportamentos
fora da tarefa, podendo assim, focar-se no essencial. Penso que houve sempre
um clima de grande respeito e seriedade. No entanto, devido à proximidade
desenvolvida entre nós (professor – aluno) ao longo do 1º período, por vezes,
no 2.º período surgiram alguns problemas pelo excesso de confiança. Nestes
momentos, procurei dominar a situação com assertividade, demonstrando
“firmeza” nas minhas decisões, para que o respeito dos alunos por mim
(professor) se mantivesse.
A boa relação com os alunos, conquistada e estabelecida ao longo de
todo o ano, deixou marcas nos alunos, que com orgulho e satisfação relembro:
“O professor é um ótimo professor. Firma mas educado e um bom
“amigo”. – Aluno 1
“Achei as aulas muito boas e produtivas, um stor que sabe ensinar os
alunos e ao mesmo tempo consegue ser amigo deles, é deste stor que
precisamos.”- Aluno 2
45
“Gostei muito das aulas do professor Luís, em 3 anos em que tive
professores estagiários este foi sem dúvida o que me dei melhor e que me fez
participar mais nas aulas, com mais vontade e ânimo.”- Aluno 3
Sinto que todo o meu investimento valeu a pena sendo, inclusive,
reconhecido pela turma. Além disso, entendo que a boa relação estabelecida,
foi o principal motor para envolver e motivar os alunos a participar nas aulas de
EF com dedicação e com espírito de cooperação. Salvo uma ou outra exceção,
a turma funcionou sempre como um grupo unido e coeso. Assim, para que o
espírito de grupo e união pudesse ser ampliado, no final de cada aula
assegurava a realização do grito de turma.
4.1.3.3. Gestão de tempo, espaço e materiais
A gestão do tempo é determinante quando falamos de uma aula, por isso,
o professor deve realizar uma gestão rigorosa do tempo útil da aula, no sentido
de maximizar o tempo potencial de aprendizagem dos alunos.
Desde cedo que a gestão do tempo de aula foi uma das minhas
preocupações na preparação e realização da prática pedagógica. Nesta
preocupação, a minha atenção centrava-se fundamentalmente no tempo de
instrução, no tempo disponibilizado para as tarefas de organização e no tempo
necessário para a transição de exercícios. Neste último ponto, residia uma das
minhas maiores dificuldades, que consegui superar ao longo de toda a prática
pedagógica. Para tal, foi fundamental a implementação de algumas estratégias
e rotinas, capazes de tornar as transições entre exercícios mais rápidas,
aumentando assim o tempo de exercitação.
O tempo de exercitação é, na minha opinião, um dos aspetos centrais,
quando se fala em otimização do tempo de aula. Segundo Arends (2008, p.
124) “A gestão do tempo de aula é uma tarefa difícil e complexa para os
professores, embora aparentemente pareça ser um assunto simples e direto.”
46
Penso que, uma base de conhecimentos bem desenvolvida e consolidada,
permite tornar esta mais eficaz (rápida e fluente). Ou seja, a experiência, bem
como os conhecimentos do professor, acabam por ser determinantes na gestão
destes aspetos.
As rotinas que fui promovendo na turma serviam como passaporte para
maximizar o tempo útil de aula, tendo imposto algumas delas logo na fase
inicial do EP, designadamente: um limite máximo de atraso à aula de cinco
minutos, bem como algumas rotinas associadas a alguns gestos ou outros
meios de comunicação, como por exemplo o apito:
“Nestas aulas, sempre que apito, os alunos sabem que rapidamente
devem chegar junto de mim, caso contrário faço a contagem de 5 segundos e
rapidamente se colocam à minha frente, sabendo que, enquanto falo, a bola
tem de estar debaixo do braço. Nesta aula voltou a acontecer, sem qualquer
problema, com os alunos já familiarizados com esta rotina.” (Diário de bordo-
semana 1 de maio, 2014)
Relativamente à gestão do espaço e do material, este foi outro dos
fatores que condicionou bastante a minha a prática pedagógica, tendo muitas
vezes que aprender a gerir situações imprevistas. Em termos de espaço
adequado às aulas de EF, a Escola, possui quatro espaços adequados às mais
diversas modalidades, reconhecendo-lhes versatilidade. No entanto, ao nível
de materiais existentes, fui confrontado com um défice significativo, quer em
termos quantitativos, quer qualitativos. Por exemplo, nas aulas realizadas no
exterior tinha um número muito reduzido de bolas para vinte e um alunos, na
modalidade de Basquetebol, sendo ainda material de má qualidade em
modalidades como o Andebol e o Futebol. Esta questão implicou alguns
condicionalismos e, por isso, em situações de aulas no exterior, tornou-se
necessário optar por realizar, maioritariamente situações de jogo reduzido, em
detrimento de exercícios analíticos. Pois, ao optar por exercícios em que fosse
necessária uma bola por aluno, tal implicaria um tempo de espera dos alunos
elevado, o que não é profícuo numa aula de EF.
47
Além disso, quando estava previsto a realização de aulas no exterior,
devido às condições climatéricas adversas, era necessário transferir aula para
o pavilhão (interior), que já estava a ser ocupado por outras turmas, por isso
tínhamos disponível apenas 1/3 do pavilhão. Assim, frente às reduzidas
dimensões dos espaços, sentia alguma dificuldade na seleção dos exercícios,
tendo em conta a distribuição dos alunos.
No entanto, frente a estes constrangimentos estou convencido de que foi
a necessidade de adaptar os planos de aula aos espaços e às respetivas
imprevisibilidades, que me propiciou boas aprendizagens e promoveu o
desenvolvimento da minha criatividade na estruturação das aulas
(planeamento).
4.1.3.4. Comunicação e feedback
O tipo e a qualidade de comunicação realizada em contexto de aula é
fundamental para o sucesso do processo de ensino e de aprendizagem. Neste
sentido, torna-se premente afirmar que a comunicação neste contexto, deve
ser audível para todos e, simultaneamente, esclarecedora.
Um professor de EF, ao dirigir-se à turma, principalmente num pavilhão
gimnodesportivo, em que normalmente existe ruído, necessita de saber gerir
com perspicácia os momentos de comunicação. Para tal, é importante o uso de
estratégias e rotinas que permitam aos alunos escutá-lo com atenção e
perceber claramente as indicações do professor. No meu entendimento, essas
rotinas são assim importantes para que a turma perceba que em determinados
momentos é necessário parar e escutar o professor. Inicialmente, não tive
necessidade de criar essas rotinas, mas ao longo do ano, devido à confiança
que os alunos foram criando comigo, ocorreram alguns comportamentos fora
da tarefa foram-se acentuando e percebi a importância de criar essas rotinas:
“Assim, trouxe uma mudança, que pretendo que fiquem definidas como
rotinas nas próximas aulas, bem como no próximo período na unidade didática
48
de basquetebol.(…) sempre que apito e pretendo que os alunos cheguem perto
de mim, começo uma contagem decrescente de 5 segundos. Outra regra, que
implementei, é de que sempre que apito e os alunos estão com as bolas
debaixo do braço. Nesta aula, estas alterações já foram postas em prática e no
futuro manter-se-ão inalteradas.” (Diário de bordo-semana 3 de março, 2014)
Seguidamente, tendo as rotinas já bem presentes, a emissão de um
feedback ou qualquer outra intervenção verbal, tornou-se mais simples.
Centrando-me assim na qualidade dos feedbacks, entendo que vários
recursos podem ser utilizados para tornar a informação mais clara
(demonstração, desenhos, instrução). No entanto, a pertinência do feedback,
depende essencialmente da capacidade que o professor tem para perceber o
que está errado e emitir um feedback adequado. Para isso, penso que o
conhecimento aprofundado da matéria é fundamental.
Como refere Mesquita e Rosado (s.d, p.85) “A qualidade de uma
correção depende, em primeiro lugar, como vimos, da competência de
diagnóstico dos professores ou treinadores. Essa competência exige o
conhecimento dos modelos de execução e dos contextos em que se
concretiza, de tal modo que se possam determinar os erros de execução”. Por
esta razão, procurei sempre ter um conhecimento de todas as modalidades
lecionadas, para que através da observação dos exercícios, conseguisse
transmitir feedbacks precisos. O feedback é, de facto, uma mais valia para a
evolução do desempenho do aluno, pelo que quanto mais preciso for, melhor
será a perceção por parte do aluno daquilo que deve fazer no futuro.
Efetivamente, ao longo do EP, uma das minhas preocupações foi a
melhoria da qualidade no feedback, mas entendi também a necessidade de
fechar o ciclo de feedbacks.
49
4.1.4. Avaliação
Metzler (2000) identifica a avaliação como uma das principais funções
do ensino, permitindo calcular a aprendizagem do aluno em relação aos
objetivos estabelecidos na instrução. Wood (2003) refere que a avaliação está
integrada na instrução do ensino.
Ao programar a UD, devemos reservar sempre dois momentos formais
para a avaliação: avaliação inicial e final. São o ponto de partida e de chegada
de todo o processo, adequar as nossas práticas aos diferentes níveis dos
alunos e analisar a sua evolução.
A avaliação é um elemento fundamental em todos os setores da vida e
que, formal ou informalmente, é bastante recorrente no nosso dia-a-dia. Esta
pode emergir como uma avaliação de si próprio e dos outros, como um
processo espontâneo e intuitivo das nossas vidas enquanto cidadãos ou
profissionais (Cabral, 2003, p. 3). A avaliação é, portanto, uma forma básica de
comportamento humano, que embora possa ser, estruturada e formal é
frequentemente bastante subjetiva.
No âmbito da atividade educativa, a avaliação assume-se como um
elemento inevitável e fundamental para o processo e pode ser realizada a
vários níveis no sistema de ensino, com a intenção de “obter e difundir
informação clara, objetiva e fiável acerca do estado do sistema educativo e dos
seus componentes” (Ruiz, 1999, p. 15).
Na perspetiva de Cabral (2003, p.4), a avaliação é um elemento
regulador do processo de ensino e de aprendizagem que visa um “conjunto de
atitudes que permitem valorizar as potencialidades de cada um (…) e deverá
ser um enriquecimento sistematicamente orientado”. Mais ainda, é entendida
como “uma necessidade e, por isso mesmo, uma realidade omnipresente no
dia-a-dia” (Cabral, 2003, p. 3), bem como uma “metodologia de investigação,
no sentido de criar um instrumento ao serviço da construção de um novo
conhecimento” (Cabral, 2003, p. 4).
Assim, sendo a avaliação um elemento inevitável, fundamental e
regulador da atividade educativa, esta visa obter e difundir informação clara,
50
objetiva e fiável acerca do processo e resultados do ensino, caraterizando o
início e o fim de todo este processo. As suas finalidades são diversas e,
consoante o momento em que é realizada, permite: recolher informação e
apoiar a tomada de decisões adequadas à qualidade do processo de ensino-
aprendizagem e do sistema educativo; conhecer o grau de concretização dos
objetivos propostos e a adequação do processo de desenvolvimento curricular
ao contexto e situação; detetar défices ou dificuldades e reformulação de
estratégias; apoiar o processo educativo, de modo a sustentar o sucesso de
todos os alunos, permitindo o reajustamento dos projetos curriculares de escola
e de turma (seleção de metodologias e recursos), certificar as diversas
competências adquiridas do aluno através da avaliação sumativa (Ruiz, 1999,
p. 15-24).
Segundo Bento (2003, p.190), “o importante é que cada professor,
independentemente da sua conceção de ensino, de educação ou da respetiva
disciplina: decida clara e exatamente aquilo que para ele é importante e aquilo
que procura; escolha o tipo de observação e/ou documentação que poderá
fornecer mais dados naquele sentido; documente os dados mais significativos;
escolha de antemão critérios que ajudem a decidir acerca da satisfação ou
insatisfação com os resultados da análise; encare possibilidades de melhoria,
em caso de resultados negativos, não deixando porém de as experimentar e de
controlar o seu efeito”. Interpreto destas palavras que o que o professor deve
definir o que avaliar, como avaliar, como registar, como qualificar/diferenciar o
bom do mau desempenho (critérios de avaliação), como propor melhoria aos
alunos.
Relativamente à avaliação na minha prática pedagógica, percebi que o
processo de avaliação exige, também ele, planeamento e reflexão. Pois, a
avaliação implica a seleção do objeto de avaliação em função das
necessidades, das modalidades e dos tipos de avaliação mais apropriados
para o objeto de estudo. Siedentop e Tannehill (2000) contemplam um amplo
espectro de formas de avaliação, diferenciando a avaliação formal
(procedimentos padronizados e controlados) e a avaliação informal
(procedimentos menos estruturados); avaliação formativa (informação sobre a
51
instrução em curso) e a avaliação sumativa (AS) (exame final sobre a
aprendizagem). Assim, conhecer os tipos de avaliação foi muito importante
para mim, para facilitar a realização eficaz do processo de ensino-
aprendizagem e para verificar os resultados alcançados. Através deste meu
processo de aprendizagem, pude constatar que a utilização de um tipo de
avaliação não invalida a prática das restantes tipologias.
Ao longo do meu EP, foram implementadas 3 tipos de avaliação –
diagnóstica, formativa e sumativa – que são seguidamente apresentadas.
4.1.4.1. Avaliação Diagnóstica
A AD acontece como ponto de partida do processo de ensino-
aprendizagem, tanto no início do ano letivo, como no início de uma UD. Esta
serve para averiguar, nos alunos, os pré-requisitos (conceções prévias,
conhecimentos, atitudes ou aptidões indispensáveis à aquisição de outros)
para novas aprendizagens a adquirir, isto é, verifica a posição do aluno perante
aprendizagens anteriores e determina a sua posição face a novas
aprendizagens. (Ribeiro, 1999 cit. Silva, 2009, p. 41-42).
Esta avaliação foi realizada sempre no início de cada UD, ajudando na
sua construção, sendo realizada uma análise não classificativa, que serviu de
base para a organização das situações de aprendizagem. Ou seja, a AD
permitiu-me estruturar o processo de ensino-aprendizagem de forma eficiente,
selecionando e adequando os conteúdos à minha turma.
As primeiras avaliações foram difíceis, pelo desconhecimento dos alunos
e pela construção do instrumento de avaliação. Inicialmente, na procura de um
processo mais pormenorizado acabava por exagerar nas habilidades e critérios
a observar, o que tornava o processo mais complicado, tendo em conta o
número de alunos e tempo atribuído para esta função. No entanto, ao longo do
EP, percebi que a AD, deve incidir sobre as habilidades e critérios
fundamentais para as aprendizagens.
52
4.1.4.2. Avaliação Formativa
A avaliação formativa assumiu um caráter contínuo e sistemático ao
longo do processo de ensino-aprendizagem, sendo informal para os alunos,
teve como objetivo determinar a qualidade do processo, melhorando e
ajustando o mesmo quando necessário, para atingir as metas propostas. A
avaliação formativa é a aferição da evolução em direção a uma meta (Rink,
1985).
Este procedimento não se destina a classificar, mas sim a melhorar o
processo. Pois, fornece informações ao professor sobre o processo da
aprendizagem, permitindo detetar os seus problemas e êxitos, e refletir sobre o
que fazer para melhorar o processo de ensino e de aprendizagem.
Esta foi, claramente, a avaliação mais frequente durante o EP e a minha
preocupação com esta avaliação não era “numerar” os alunos (classificar), mas
sim, permitir, como suposto, recolher indicações do estado das aprendizagens
realizadas e remediar ou enriquecer as aprendizagens futuras.
4.1.4.3. Avaliação Sumativa
A AS é a aferição do nível em que os objetivos estabelecidos foram
atingidos (Rink, 1985). Ou seja, esta avaliação permite situar o aluno face a
uma meta previamente definida para cada UD, bem como classificá-lo no final
de um período. Esta centrou-se em processos terminados, isto é, no produto do
processo de ensino, permitindo a atribuição de uma classificação.
Ao longo do EP, terminei as UD com esta avaliação para verificar a
progressão nos alunos e o seu sucesso, em função dos objetivos estabelecidos
inicialmente. Para o efeito, procurei que as aulas de avaliação não fossem
muito diferentes das restantes aulas, procurando pontos comuns, com
preparação prévia de alguns exercícios, de forma a que os alunos se sentissem
confortáveis.
53
No entanto, entendo que a avaliação não se deve resumir à AS, antes pelo
contrário, deve ser o verdadeiro impulsionador do desenvolvimento curricular que
fornece indicações ao estudante para uma reorientação do seu estudo; permite
avaliar a eficácia do processo de ensino e de aprendizagem e fornece ao
professor dados fundamentais para reajustar a sua ação didático-pedagógica
que visa a melhoria da qualidade de ensino.
Entendo que, o processo de avaliação deve estar integrado no ensino e
concorrer diretamente para a aprendizagem. Como Siedentop e Tannehill
(2000) afirmam, as novas tendências do processo avaliativo tentam alterar o
modo e o objeto de avaliação para que esteja integrada no processo ensino
aprendizagem e descreva e analise a aprendizagem dos alunos. A avaliação
deve corresponder a um momento em que o aluno pode (e deve!) aprender.
Assim, nos momentos desta avaliação, tentei proporcionar uma experiência
agradável e retirar a carga negativa daquele momento que, muitas vezes, inibe
os alunos. Neste âmbito, Siedentop e Tannehill (2000) destacam a similaridade
que deve existir entre as situações de aprendizagem e o momento de
avaliação, tendo em conta que ambas criam oportunidade de prática e
aprendizagem do que vai ser alvo de avaliação.
Uma preocupação nestas aulas de avaliação, foi proporcionar aos
alunos, um tempo elevado de prática, que me permitisse observar mais tempo
o aluno e, assim, tornar a avaliação mais justa. Uma das dificuldades sentidas,
prende-se com a justiça da classificação atribuída comparativamente a todos
os alunos. Dessa forma, procurei sempre garantir a igualdade de condições e
tempo de prática, bem como cuidar a formação de grupos heterogéneos,
garantindo o equilíbrio das equipa nas UDs de modalidades coletivas.
Esta responsabilidade de atribuição de nota classificativa, foi das
experiências mais enriquecedoras deste EP, que com o apoio da PC, consegui
desempenhar esta função da melhor forma.
54
4.2. Área 2 - Participação na Escola e Relação com a Comunidade
O que faz parte, também, das competências dos professores a
participação em atividades não letivas, quer na escola, quer fora dela, com o
objetivo de ajudar, não só a criar um relacionamento saudável entre os
membros da comunidade educativa, como também promover atividades que
contribuam para o sucesso educativo dos alunos. Com efeito, ao longo do EP,
tentei dar o meu contributo para a promoção do sucesso educativo, reforçando
o papel do professor de EF na escola, através da participação em atividades
não letivas. Procurei igualmente, assumir uma intervenção contextualizada,
cooperativa, responsável e inovadora.
Ao longo deste ano letivo, tive a oportunidade de desenvolver uma
panóplia de atividades, que me permitiu vivenciar novas experiências e
enriquecer a minha prática na Escola. Foi muito positivo participar e
desenvolver um vasto leque de atividades do Plano Anual de Atividades (PAA),
pois pude verificar como são organizados os torneios na Escola e adquirir
ensinamentos que no futuro, serão, certamente uma mais valia.
Além disso, considero que estas se constituiriam num excelente meio de
promoção da prática regular de AF. Neste sentido, a minha intervenção foi
pautada pelos seguintes eixos: promover o fair-play, o espírito de equipa,
incentivar estilos de vida saudáveis, proporcionar momentos lúdico-desportivos
e desenvolver competências do domínio social e individual dos alunos. Desta
forma, em conjunto com o núcleo de estágio e o grupo de EF, colaborei nas
atividades promulgadas pelo PAA, com o intuito de responder aos desafios
lançados.
Seguidamente, serão apresentados alguns tópicos a ser desenvolvidos
neste ponto, que estão relacionados com a prática na Escola, ao nível de
atividades desenvolvidas, tais como o DE, Direção de Turma, Corta Mato e
Ação de Formação.
55
4.2.1. Desporto Escolar
Segundo Rodrigues (1995), o DE tem como principal objetivo ocupar os
tempos livres dos alunos com atividades lúdico-desportivas, respeitando um
regime de liberdade de escolha. Dessa forma, o DE é uma atividade de
complemento curricular inserida no plano de atividades da escola, que embora
seja de caráter voluntário, deve e pode ser entendida como um direito do aluno.
Na minha opinião, o desporto deve fazer parte da formação dos jovens e
o DE surge como uma atividade de complemento curricular, que se deve
articular com a disciplina de EF. Isto implica que, o DE seja complementar à
formação curricular do aluno, através das práticas desportivas organizadas
pela escola. Devidamente apoiado pelo educador e pela comunidade escolar,
o aluno deverá ser responsável por todos os momentos na sua prática. No
entanto, a partir do momento que assume o compromisso de pertencer a uma
equipa, deve ter a responsabilidade de assiduidade, já que, passa a ser parte
integrante de uma estrutura.
Neste momento, os jovens têm uma excelente oportunidade de começar
a praticar desporto na escola, de forma gratuita, ao contrário do que sucede em
muitas equipas federadas dos mais variados desportos. Fiquei muito agradado
ao verificar que na Escola onde estagiei, muitos alunos frequentam o DE, tendo
inclusive, alcançado bons resultados em antigas competições. Esta escola
chegou a representar Portugal, na modalidade de Futsal, nos campeonatos de
Malta.
Uma vez que, no âmbito do EP, a participação no DE é uma das áreas
de desempenho a ser desenvolvida pelo EE, ao longo deste ano letivo,
acompanhei o DE de Futsal. Aqui pude vivenciar novas experiências que me
fizeram crescer enquanto professor. Foi muito positivo o que vivenciei nesta
atividade e muito gratificante o contributo prestado para o desenvolvimento
desportivo dos alunos desta Escola, principalmente, pela experiência, de
acompanhar a evolução dos alunos desde o primeiro treino até ao último.
A equipa tinha treino três vezes por semana e à quarta feira era eu o
responsável pela sua orientação, sendo que os treinos de segunda-feira e
56
sexta-feira, ficavam a cargo da professora responsável pela modalidade. Deste
modo, ao longo de algumas semanas, fui desenvolvendo a capacidade de
realizar um treino mais personalizado ao nível técnico-tático, que revelou os
seus frutos, na medida, em que nas duas últimas jornadas, a equipa não
perdeu qualquer jogo. Era prazeroso ver a boa capacidade de organização em
campo deste grupo, tanto nas transições ofensivas, como defensivas:
“De seguida, iniciei o treino com os restantes alunos. Foi mais um treino
intenso e motivante para mim e para os alunos. Tenho insistido bastante com
eles ao nível do posicionamento defensivo e ataque organizado, para que se
possam criar rotinas, para os próximos jogos.” (Diário de bordo-semana 4 de
março, 2014)
O comportamento dos alunos também melhorou imenso, visto que
aprenderam a respeitar e aceitar o que era decidido e exigido pelos
professores quer no jogo, quer no treino.
A minha escolha por esta modalidade resultou do gosto que nutro pelo
futsal (porque fui praticante de futebol durante vários anos), mas, também, pelo
facto de nunca ter tido oportunidade de treinar uma equipa de futsal,
procurando melhorar os meus conhecimentos práticos nesta modalidade. Esta
experiência tornou-se, bastante aliciante para mim e transcendendo a
formação motora dos alunos, ao longo de todas as semanas de trabalho neste
grupo, tive sempre a preocupação de conversar com os alunos acerca do seu
aproveitamento escolar. Assim, consegui criar, um laço afetivo de amizade com
todos eles, não descurando o lado curricular da vida escolar de cada um.
Encarei esta minha participação na equipa de futsal com seriedade e
responsabilidade, aproveitando para trabalhar algumas lacunas que detetava
(nomeadamente nos meus feedbacks) e encontrar soluções para os problemas
que foram surgindo. Por vezes, não era fácil gerir situações em que tinha cerca
de vinte e cinco alunos no treino, mas o gosto que os alunos revelaram nos
treinos, tornaram esta experiência cada vez mais aliciante:
57
“Foi um treino diferente, em que decidi fazer um torneio, devido ao
elevado número de miúdos presentes. O elevado nível de entrega que
impuseram nos jogos, fazia parecer que de uma competição federada se
tratasse. Em todos os lances, jogadas, disputas de boa, davam o máximo,
nunca desistindo.” (Diário de bordo-semana 5 de abril, 2014)
Tentei sempre manter um ótimo clima com todos os alunos, que
favorecesse o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, o facto de me
encontrar numa equipa de infantis, com idades compreendidas entre os 10 e os
12 anos e originava, por vezes, algumas atitudes menos adequadas por parte
dos alunos e intervenção mais rígida, para os fazer ver que existiam regras a
serem cumpridas:
“Neste treino, tive de fazer algumas adaptações porque estavam muitos
alunos e esta situação originou um percalço no jogo, no momento da
substituição de um aluno que tem muitas capacidades (…) e não estava a
aceitar que naquele momento fosse substituído, (…)Penso que nestas idades é
uma situação normal e, cabe ao treinador educá-los, para que possam crescer,
entendendo que uma equipa é um todo e não uma individualidade.” (Diário de
bordo-semana 2 de março, 2014)
Foi extremamente gratificante trabalhar com este grupo, uma vez que
tive a oportunidade de vivenciar um conjunto de novas experiências
extraordinárias, de enriquecer o meu reportório de conhecimentos e de criar
bons momentos de convívio e de partilha, que se traduziram numa ótima
relação com os atletas. Pude ter um contacto direto com a função do professor
na escola, neste caso no DE no qual aprendi a gerir, a orientar e a organizar
um treino específico.
58
4.2.2. Direção de Turma
Durante o EP, os momentos de trabalho no âmbito da direção de turma
em que participei foram os conselhos de turma, uma vez que não foi atribuída
esta função à professora cooperante. Contudo, visto que a função de diretor de
turma (DT) está intrinsecamente relacionada com a função docente, cabe-me,
neste relatório, abordar a sua importância em contexto escolar.
O DT assume o papel de intermediário e de orientador, entre os
diferentes intervenientes da comunidade educativa - alunos, professores,
Encarregados de Educação, cujo o objetivo comum é de promover o
desenvolvimento intelectual, moral, afetivo e psicomotor dos alunos, bem como
a fomentar a sua integração sociopessoal (Diogo, 1998). Isto implica,
naturalmente, que o DT conheça as especificidades de cada aluno e as articule
com o propósito de promover o sucesso pessoal e educativo de todos.
Deste modo parece que, o DT assume um papel complexo na gestão
intermédia da escola, o que implica, de acordo com Marques (2002), só um DT
que se entregue aos outros com entusiasmo, que seja compreensivo,
disponível, dialogante, aberto, justo, dinâmico, competente, maduro,
equilibrado e coerente é que pode aspirar a alcançar o outro. Todas estas
capacidades necessárias a esta função requerem que este professor assuma
uma papel de liderança e que, sistematicamente, realize tomadas de decisões
promovendo a constante colaboração entre os diferentes agentes educativos.
Neste seguimento, importa ressalvar ainda que o DT tem um papel
fulcral na elaboração, implementação e avaliação do Projeto Curricular de
Turma, além de assumir a liderança nos Conselhos de Turma. Nesta tarefa, o
DT ao centra-se no Plano Anual de Atividades da Escola e no Projeto
Educativo de Escola, procurando adequá-los às caraterísticas próprias da
turma e dos alunos.
59
4.2.3. Corta-mato
O corta-mato (CM), realizado no dia 11 de dezembro, foi a primeira
atividade em que a totalidade de planeamento e conceção ficaram a cargo do
núcleo de estágio. No entanto, contamos com a colaboração e cooperação de
todos os professores do grupo de EF.
O CM começou a ser preparado com algumas semanas de
antecedência, pois havia vários aspetos que deviam ser planeados com algum
cuidado e rigor, nomeadamente os dorsais do percurso, a organização dos
escalões, das medalhas e fitas a distribuir aos alunos no decorrer do percurso,
que permitiam identificar o número de voltas realizadas.
Mas antes da preparação e realização de todas estas tarefas era
necessário promover a adesão dos alunos para o evento. Assim, de forma a
garantir a participação maciça, a primeira tarefa realizada para o CM foi a
elaboração de um cartaz para divulgar o evento, que foi afixado em vários
pontos da escola para que todos os alunos tivessem conhecimento. Neste
cartaz, foi apresentada a mascote que foi criada para o evento. Além disso, os
professores foram promovendo o evento junto das suas turmas, incentivando
os seus alunos a participar, entregando-lhes a ficha de inscrição previamente
criada e fornecida a todos os professores.
Em termos de organização, foi distinguida uma fita para cada escalão
com cor específica, para ser entregue a cada volta cumprida pelos alunos, que
deveria ser colocado no pulso, evitando assim algum tipo de batota.
Para além da organização das fitas, procuramos criar prémios apelativos
e preparar o percurso, o programa do evento e organizar os dorsais.
Este evento foi bastante emblemático na Escola devido à presença da
grande campeã Rosa Mota que acedeu ao nosso convite para estar presente
no CM. Como seria de esperar, este ícone do atletismo português, teve um
papel especial durante esta atividade, uma vez que teve a oportunidade de dar
algumas “partidas”, entregar medalhas e ainda de correr com um aluno com
necessidades educativas especiais. Para além disso, a sua “simples” presença
60
dignifica o evento e incentiva todos os jovens da comunidade a escolar a
praticar no mesmo, lutando pelos seus objetivos com determinação e garra.
Considero que esta atividade foi um sucesso, pela ajuda de todos os
professores de EF e pela adesão de muitos alunos, não só pela participação,
mas pela assistência e apoio fornecido aos colegas. Penso que foi um evento
bem dinamizado e organizado, fruto também do empenho dos alunos, que se
preocuparam em alcançar a melhor classificação possível, em vez de desistir à
primeira adversidade.
4.2.4. Ação de formação
O núcleo de estágio promoveu na escola, uma ação de formação de
Dança, subordinada ao tema “ Dança em contexto escolar: Dança criativa,
pesquisa do movimento e composição coreográfica”, com a finalidade de
envolver os colegas do grupo de EF no ensino desta modalidade. Pois, esta
parece ser uma modalidade, na qual muitos professores não se sentem
confiantes e motivados para a lecionar. Esta atividade surgiu após um debate
de ideias entre os elementos do grupo de estágio, sobre a necessidade de
cativar os professores para as novas metodologias de ensino da dança na
escola.
Esta foi uma ação de formação teórico-prática que promoveu, na minha
opinião, motivação adicional aos formandos, tendo em conta que bastante na
apresentação de bases importantes ao ensino da dança no contexto escolar.
Felizmente, o grupo de estágio pode contar com a presença de uma
professora da FADEUP, que com a sua presença e com os seus
conhecimentos, engrandeceu e dignificou o evento. Todo o processo de
preparação e realização desta formação envolveu uma enorme força de
vontade e entrega por parte de todo o grupo. Este trabalho potenciou, não só o
relacionamento com os membros da escola, mas também com os da
comunidade que a envolve, uma vez que a inscrição nesta ação de formação
era livre a professores externos à escola.
61
Planear uma ação de formação exige uma série de procedimentos que
foram conjuntamente realizados, nomeadamente a criação de um cartaz de
promoção do evento, bem como o convite a todos os interessados do Grupo
de EF e à representante da Área Disciplinar de EF. Os interessados podiam
fazer a sua inscrição através de um endereço de correio eletrónico criado
exclusivamente para o evento.
Esta atividade foi, na minha opinião, tarefa bem sucedida. Além disso,
toda a informação fornecida e as experiências vividas ao longo desta ação de
formação, certamente que serão aproveitadas e aplicadas em contexto
educativo pelos diferentes professores presentes. Os feedbacks dirigidos à
equipa organizadora foram positivos e a ação contou com cerca de 20
pessoas.
4.2.5. Torneios
A par do CM, decorreu em simultâneo o torneio do Compal-air,
destinado a dinamizar a prática de Basquetebol e a sensibilizar por meio da
competição mais jovens para a prática desta modalidade. A organização não
ficou a cargo do nosso núcleo de estágio, uma vez que nos encontrávamos
focados no CM, no entanto, tínhamos a responsabilidade de promover o evento
junto da nossas turmas.
Adicionalmente, no início do 2.º período foi também realizado um torneio
de voleibol e ténis de mesa que pretendia comemorar o “Dia do Patrono”. Este
dia ficou marcado pela atividade dos “Free Hugs-Abraços Grátis”, esta que é
uma atividade de integração social, que consiste em dar e receber abraços
“grátis”. O torneio de ténis de mesa foi realizado no ginásio pequeno e envolvia
um menor número de alunos, pelo que não eram necessários muitos
professores para organizar e assegurar o bom funcionamento do mesmo. A
minha participação ficou relegada para o torneio de voleibol, onde fiz de tudo
um pouco, desde arbitrar jogos, controlar equipas, organização de jogos, entre
62
outras tarefas. Esta foi uma atividade muito bem sucedida, que se traduziu
numa elevada adesão dos alunos e na criação de um clima festivo e
emocionante. Paralelamente, contribuiu para o desenvolvimento das
competências do domínio social e fomentou o espírito de equipa e de fair-play
junto dos alunos.
O último evento organizado pelo grupo de EF, foi o torneio de Andebol,
também realizado no 2.º período. Este foi mais um momento de aprendizagem
com grande afluência dos alunos, quer nas equipas que participavam, quer nos
alunos que assistiam. Mais uma vez, pretendíamos desenvolver competências
sociais e individuais, nomeadamente a autonomia, a responsabilidade, o
respeito, o espírito de equipa e o fair-play. Este torneio acabou por ficar
manchado por um confronto verbal entre um professor e um aluno, que
felizmente não teve consequências mais graves, mas ensombrou um momento
de festividade e cordialidade que se vivia até ao referido momento. Este foi
mais um momento de aprendizagem, onde retiro consequências e formas de
atuar para o futuro, de acordo com determinado contexto.
Através do desenvolvimento destas tarefas de grupo, tive também a
oportunidade de averiguar a minha capacidade colaborativa, comunicativa e
criativa. Todo o sucesso alcançado nas atividades desenvolvidas pelo grupo só
foi possível com a atribuição de funções e a definição de objetivos, que
permitiram estruturar e gerir todas as tarefas em conjunto. Obviamente que
todas as ações realizadas exigiram tempo e dedicação para que a resposta aos
desafios fossem positivos. A evolução foi notória ao longo do ano e todos os
segundos vivenciados nestas atividades valeram a pena.
63
4.3. Área 3 – Desenvolvimento Profissional
Nesta área específica tentei aplicar e potenciar os conhecimentos
científicos e didático-metodológicos adquiridos e desenvolvidos durante a
minha formação inicial. Ao procurar colocar estas aprendizagens em prática e
ao serviço da docência, consegui uma melhoria constante da minha forma de
atuar, como futuro professor.
Ao longo do ano confirmei algumas situações que já entendia como
essenciais para alcançar o sucesso profissional. Pude, ainda, confirmar que a
capacidade de adaptação e decisão são cruciais nesta profissão. Pois, quase
todos os dias me deparei com situações inesperadas, que rapidamente tive de
ser capaz de dar resposta, contornando as adversidades da melhor forma
possível. Esse foi um desafio constante e, durante o ano letivo, foi necessário
realizar várias adaptações, designadamente quando tinha os grupos de alunos
previamente selecionados e eles faltavam, tendo que reajustar os grupos;
quando o material era insuficiente para determinados exercícios; quando os
lesões de alunos; exercícios eram demasiadamente complexos, obrigando-me
a retornar a exercícios mais básicos; entre outras situações que poderiam ser
aqui mencionadas. No entanto, importa referir que esta capacidade de
adaptação, foi sendo melhor conseguida com o tempo, pois com o adquirir de
alguma experiência, tornei-me capazes de reagir aos contratempos que
surgem no dia a dia da Escola.
As dificuldades foram naturalmente muitas, mas tentei ter em cada uma
dessas dificuldades oportunidade de crescimento e de enriquecimento
profissional. Na minha perspetiva, entendo que é fundamental ter uma mente
aberta e sempre disposta à aprendizagem, sendo que esta capacidade de
“absorver” o máximo possível de aprendizagens com todos os intervenientes
que nos rodeiam.
Deve partir sempre de nós, EE. Muitas foram as modalidades que não
dominava na totalidade e que obrigou a um trabalho mais aprofundado de
estudo dos conteúdos, antes da elaboração das UD. Adicionalmente, procurei
uma panóplia de exercícios para trabalhar esses conteúdos e selecionava a
64
que, na minha opinião, se ajustavam melhor às circunstâncias e às
carateristicas da minha turma.
Ao longo deste percurso, foi também importante manter um empenho
em todas as atividades e tarefas realizadas na Escola, tal como o corta mato,
a ação de formação, os torneios, as aulas, o DE. Toda a minha participação
nestas atividades, foi importante para o meu crescimento enquanto EE, na
medida em que toda a minha presença foi útil na absorção de aprendizagens e
conhecimentos que serão uma mais valia para o desempenho da nossa
profissão.
Para o reconhecimento e melhoria de todo este processo educativo as
reflexões realizadas, através do diário de bordo, assumiram-se como uma
tarefa permanente da minha evolução do professor. Refletir é fundamental, pois
é o momento em que de forma ponderada pensamos sobre a nossa ação,
realizando um balanço sobre o processo e as estratégias utilizadas. Este
processo reflexivo, permite-nos partir para o uso de novas estratégias que, por
vezes, se tornam fundamentais no succeso da prática pedagógica.
Um dos aspetos mais importantes para o EE, durante o anos, prende-se
com a observação que é uma fonte que alimenta a compreensão das nossas
práticas, que desvenda muitos enigmas e indica muitos caminhos que
podemos seguir, quando bem absorvidos.
De acordo com Alarcão (1996), a observação de aulas constitui o ponto
de partida para o desenvolvimento profissional do professor, para que, através
da compreensão das suas ações e das ações dos colegas ou de outros
professores, possa controlar melhor o seu próprio processo de ensino.
Para que a prática tenha um efeito formativo, é fundamental que a
observação seja criteriosa e analisada à luz de quadros teóricos e de valores
educativos consciencializados. O professor deve ter a oportunidade de se ver
ao espelho, de se ver em situação, pela mediação da observação de outros,
para que, através de uma prática reflexiva, possa estabelecer uma relação
teórico-prática que resulte numa maior consonância entre o pensamento e a
ação (Rodrigues, 2001). Neste mesmo seguimento, é minha convicção de que
a observação dos meus colegas me permitiu aceder um crescimento pessoal e
65
autocrítico. Como tal, sempre que possível, procurei assistir ao maior número
de aulas, aproveitando esses momentos para fazer registos, debater e
esclarecer dúvidas que foram surgindo, bem como refletir acerca dos registos,
antes e durante as reuniões após as observações.
Para mim, a observação dos diferentes modos de atuar dos meus
colegas e dos restantes professores de EF foi fundamental para colher ideias e,
posteriormente, interpretar e melhorar a minha ação. Ao longo do tempo, esta
ação torna-se uma mais valia na minha planificação e, também, no meu modo
de agir.
Um dos aspetos de maior preocupação, como já referi, deveu-se aos
registos durante as aulas, acerca dos aspetos mais importantes, ou seja, da
postura adotada, dos feedbacks, do modo de organizar a turma e gestão do
tempo de aula, entre outros aspetos que considerei relevantes. Desta forma, ao
centrar-me nos pontos chave, fui adquirindo informações essenciais para
enriquecer a minha prática.
As reuniões de núcleo, a par das observações das aulas, tornaram-se
momentos de partilha, que tiveram como principal objetivo refletir em torno das
nossas atuações. Era uma forma de reviver as aulas, na perspetiva de quem as
observou, o que considero ter sido uma excelente estratégia para promover o
nosso processo formativo. Obviamente, que perante este cenário, tornou-se
essencial adotar uma postura (auto e hétero) crítica, mostrando-me recetivo às
criticas dos meus colegas, para que cada elemento do núcleo pudesse tirar
ensinamentos e repensar a sua ação.
Concluindo, foi determinante a observação das aulas dos meus colegas
do núcleo de estágio e também de outros professores de EF, pois enriqueci as
minhas práticas, retirei ideias, analisei diferentes estratégias e formas de atuar,
aprendendo, inclusive, a nomeadamente contornar determinadas adversidades.
Sem esta ação, restringindo-me apenas à minha experiência singular,
certamente que a prática seria menos inovadora e mais fechada.
5. Estudo investigação-ação
69
ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO-AÇÃO: “DESPORTO ESCOLAR NO COMBATE À
OBESIDADE ”
Luís Ribeiro.
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Resumo
O presente estudo pretende verificar o impacto das sessões de treino do Desporto Escolar de
futsal na aptidão física do aluno; particularmente associada à saúde. A amostra é constituída
por seis rapazes do sexo masculino com idades compreendidas entre os 10 e 12 anos,
pertencentes à equipa de Desporto Escolar de Futsal, de uma escola do concelho do Porto.
Foram utilizados baterias de exercícios aeróbios com bola para a programação dos treinos e a
bateria de testes Fitnessgram, (testes de Índice de Massa Corporal , perímetro da cintura,
resistência aeróbia (vaivém) e força (flexões e abdominais)). Para análise estatística foi
adotado o Paired Sample t-test. Os resultados apresentam uma ligeira aproximação dos alunos
à Zona Saudável da Aptidão Fsica, com melhorias significativas na composição corporal e na
Aptidão Física.
Palavras-chave: DESPORTO ESCOLAR, OBESIDADE, APTIDÃO FÍSICA,
COMPOSIÇÃO CORPORAL.
71
Introdução
Segundo os dados provenientes da Organização Mundial de Saúde
(OMS), em Portugal, 39,4% dos Portugueses são pré-obesos e 14,2% obesos,
o que revela que metade da população se encontra com valores de Índice de
Massa Corporal (IMC) superiores a 25. Este aumento dos níveis de obesidade
nestes últimos anos, resultante principalmente do aumento do sedentarismo e
da má alimentação, reforça a necessidade de aplicar e criar programas de
exercício físico, que estimule estilos de vida saudável. Pois, importa combater
este problema, que acarreta consigo uma panóplia de doenças e limitações
para os seus portadores.
Centrando a atenção nos nossos alunos verifica-se que, há também um
aumento da prevalência da obesidade infanto-juvenil, documentada em
inúmeros países (Lissau et. al, 2004), sendo também considerada uma doença
de proporções pandémicas (Roth et. al, 2004). Esta representa um grave
problema de saúde pública e o seu avanço só poderá ser travado com
rigorosas medidas de intervenção e de prevenção.
Em Portugal, a percentagem de prevalência de excesso de peso é de
15% (Janssen et al, 2005). E, segundo um estudo da autoria de Padez,
Mourão, Moreira e Rosado (2005), realizado em crianças entre os 7 e os 9
anos, o excesso de peso afeta cerca de 31,6% desta população, resultado este
que coloca Portugal entre os países da União Europeia com taxas mais
elevadas de obesidade infantil.
A obesidade está associada a um excesso de gordura corporal/tecido
adiposo, tanto em crianças como adultos, resultando num balanço energético
positivo (consumo calórico superior ao gasto) (Rodriguez, 1993). De um modo
geral, podemos afirmar que obesidade é a quantidade percentual de gordura
corporal ou massa gorda acima da qual o risco de doença aumenta (ACSM,
1995). Para avaliar os níveis de gordura corporal, são utilizados vários
métodos, no entanto, o IMC (relação peso/altura) e a percentagem de massa
gorda (calculada através de pregas cutâneas) são os métodos mais utilizados
72
na prática clínica (Cardoso, 2000). Assim, de forma a promover o
desenvolvimento de um estilo de vida saudável e o desenvolvimento das
capacidades condicionais e coordenativas, procurando situa-los na Zona
Saudável de Aptidão Física (ZSApF) é necessário proporcionar, nas aulas de
EF e DE, condições aos alunos para o trabalho e melhoria da ApF.
Ao longo dos tempos, o conceito de AF tem sofrido algumas alterações e
de acordo com Maia et al. (2001), a ApF tem duas vertentes, uma mais
relacionada com o rendimento desportivo-motor, em que são avaliadas um
conjunto diversificado de capacidades (força, velocidade, resistência,
flexibilidade), e outra, mais relacionada com a saúde, que são habitualmente
avaliadas através da flexibilidade, da força, da capacidade cardiorrespiratória e
da composição corporal3 tal como incide o meu estudo. Maia e Lopes (2002),
definem a ApF relacionada com a saúde, como um estado caraterizado pela
capacidade de realizar as tarefas diárias com vigor, sendo que estas estão
associadas a um baixo risco de desenvolvimento de doenças hipocinéticas.
As causas desta doença estão normalmente associadas a fatores genéticos,
ambientais e demográficos, ((in)atividade física e comportamentos
alimentares). No entanto, considera-se que a sua principal causa, prevalece
devido a fatores sociais e ambientais e não do foro genético (Mota & Sallis,
2002). Com efeito, é importante modificar alguns hábitos de vida menos
saudáveis adotados nos dias de hoje (hábitos alimentares e comportamentais
(atividade física)).
Segundo a OMS, como prevenção, deverão ser realizados pelo menos
60 min por dia de atividade física moderada a vigorosa. Se observarmos as
crianças e adolescentes em contexto escolar, poderemos concluir que este
meio poderá contribuir significativamente para o cumprimento das
recomendações da OMS, prevenindo os excessos de peso.
Neste enquadramento, no meu entendimento, o DE pode ser
reconhecido como um meio interventivo e preventivo da obesidade dos alunos
3 Refere-se às diferentes componentes químicas do corpo humano, tais como peso corporal, massa
gorda e perímetro da cintura.
73
na escola, afigurando-se importante verificar qual o impacto das sessões de
treino na ApF do aluno, particularmente associada à saúde.
Com este estudo pretendo alertar todos os Profissionais de Desporto e
Saúde, mais concretamente os Professores de EF das nossas escolas, para a
importância que o DE assume no combate ao sedentarismo e na mudança de
hábitos e costumes relativos à prática desportiva. É na escola que tudo começa
e é lá que as crianças e adolescentes passam a maior parte do seu tempo, por
isso, o seu desenvolvimento depende de todas as experiências que lá
vivenciam. Com a minha participação ativa no DE de futsal, procurei que os
alunos adquirissem gosto pelo desporto e percebessem a importância que a
atividade física poderá ter nas suas vidas, ajudando-os a melhorar os níveis da
sua ApF associada à saúde.
Objetivo
O presente estudo tem como objetivo verificar o impacto das sessões de
treino do DE de Futsal, na ApF associada à saúde dos alunos.
Procedimentos Metodológicos
Caraterização da Amostra
A amostra foi constituída por 6 alunos do sexo masculino, de uma escola
do concelho do porto, com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos.
74
No quadro 1 são representados dados relativos à idade, à altura, ao
peso e ao IMC dos alunos participantes.
Quadro 1 – Número de alunos, média de idades e desvio, média de alturas e desvio, média de pesos e desvio,
média de IMC e desvio
(N) Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Idade 6 10 12 10,83 0,752
Altura 6 141 155 150 5,585
Peso 6 48 75 62,66 9,288
IMC 6 24.1 31,2 27,86 1,517
Metodologia de Recolha
Foram efetuados 3 momentos de avaliação (inicial, intermédia e final) à
composição corporal, à força muscular e à resistência muscular. A avaliação
intermédia, serviu para averiguar a veracidade do processo, ou seja, verificar
se os procedimentos adotados, estavam ajustados.
Para a recolha de dados relativos à composição corporal foi utilizada
uma balança digital (peso e percentagem de massa gorda) e uma fita
métrica(perímetro da cintura). Relativamente à força muscular e à resistência
muscular foi utilizada a resistência aeróbia (vaivém) e força (flexões e
abdominais). Estes testes permitem averiguar o número de repetições que o
aluno executa, sendo que, quanto maior o número de repetições, melhoro nível
de ApF apresentado. O programa de treinos focou-se numa bateria de
exercícios aeróbios com bola, que permitissem o aumento da atividade aeróbia
com intensidade moderada e vigorosa.
Ao longo de 13 semanas, o grupo de futsal foi submetido a 3 sessões de
treino semanais com a duração de 1h. Este programa teve início no dia 3 de
75
fevereiro e terminou no dia 30 de abril. A sessão de treino da minha
responsabilidade decorria às quartas-feiras, na qual tinha oportunidade de
intensificar os exercícios aeróbios com bola e incidir particularmente, sobre os
alunos com obesidade. Às segundas-feiras e sextas-feiras, o treino era da
responsabilidade da professora de desporto escolar da equipa de futsal, na
qual eu ficava responsável por realizar sessões complementares com os
alunos identificados com obesidade.
Metodologia de Análise
Para análise dos dados foi utilizada a Estatística Descritiva e Inferencial,
que comporta a descrição e comparação dos dados nos três momentos de
avaliação (inicial, intermédio e final). Para o efeito, recorreu-se às frequências
absolutas (n) e relativas (%), bem como, à média e desvio padrão, como
medidas de tendência central e dispersão, respetivamente com utilização do
programa IBM SPSS Statistics 21®, considerando um valor de significância de
p<0,05. Para a comparação de resultados da avaliação inicial, intermédia e
final dos participantes, recorreu-se ao t-teste de amostras emparelhadas
(Paired Sample t-test).
No quadro 2 podem ser observados os valores de corte do IMC
(adaptado de Cole et al., 2000), para definir o sobrepeso e obesidade em
rapazes, com idades compreendidas entre os 10 e 12 anos. Neste quadro, o
valor da esquerda, representa o limite inferior da ZSApF e o da direita o limite
superior.
76
Quadro 2 – Valores de corte de IMC inicial
IMC Rapazes
10 15,3 21,0
11 15,8 21,0
12 16,0 22.0
Assim, partindo dos valores de IMC, exposto acima, no quadro 3, são
apresentados os valores relativos à avaliação inicial do IMC, 6 alunos
identificados acima da ZSApF.
Quadro 3 – Valores recolhidos do IMC para situar os alunos na ZSApF
Alunos Idade Peso(kg) Altura(m) IMC ZSApF
1 12 48 1,41 24,1 Pré-obesidade
2 11 61 1,46 28,6 Obesidade
3 10 75 1,55 31,2 Obesidade
4 10 60 1,53 26,6 Pré-obesidade
5 11 62 1,50 27,6 Pré-obesidade
6 11 70 1,55 29,1 Obesidade
Ao analisar o quadro 3 são caraterizados os alunos, relativamente à
ZSApF, idade, Peso, Altura e IMC. Verifiquei, efetivamente o IMC elevado dos
alunos e, nesse sentido, ao longo do estudo, trabalhei na evolução destes
fatores.
No quadro 4 são apresentados os valores médios relativos ao IMC,
Força (Abdominais e Flexões), Perímetro da Cintura (Pc) e Resistência
(Vaivém), dos seis alunos, nos 3 momentos de avaliação (inicial, intermédia e
final). Pretende-se com estes dados verificar se houve ou não melhorias ao
77
nível da composição corporal (IMC e Pc) e da ApF (Vaivém, abdominais e
flexões).
Quadro 4 – Resultados obtidos sobre a composição corporal e ApF
Composição Corporal Média % N Desvio Padrão T P
IMC Inicial 27,86 2,40 39,31
IMC Intermédio 27,50 2,87% 6 2,13 42,64 ,00
IMC Final 27,06 2,58 37,34
PC Inicial 96,66 6,02 39,31
PC Intermédio 96,00 1,55% 6 5,51 42,64 ,01
PC Final 95,16 6,24 37,34
Aptidão Física Média % N Desvio Padrão T P
Vaivém Inicial 12,00 4,24 6,92
Vaivém Intermédio 12,50 8,53% 6 4,32 7,08 ,01
Vaivém Final 13,16 5,03 6,40
Abdominais Inicial 13,50 1,87 17,67
Abdominais Intermédio 14,66 17,33% 6 2,42 14,83 ,00
Abdominais Final 16,33 2,42 16,51
Flexões Inicial 2,66 2,73 2,39
Flexões Intermédio 3,16 39,26% 6 2,92 2,65 ,05
Flexões Final 4,38 2,42 4,38
Ao analisarmos o quadro 4, verificamos que os valores de significância
das cinco variáveis revelam diferenças significativas (p≤5), em somente as
flexões atingem um nível de significância igual a 0,05. Os níveis de
significância obtidos (IMC p=0,00; Pc p=0,01; vaivém p=0,01; abdominais
p=0,00) são reveladores da eficácia dos treinos de Futsal na ApF dos alunos,
embora os valores relativos de IMC (2,87%) sejam pouco representativos da
aproximação dos alunos à ZSApF.
Discussão dos Resultados
Através dos dados obtidos, é possível verificar melhorias significativas
em todos os fatores da composição corporal e da ApF. Pois, foi possível
observar evoluções significativas nos valores médios de todas as variáveis
(IMC 2,87%, Pc 1,55%; vaivém 8,53%; abdominais 17,33%; flexões 39,26%),
78
com valores de significância relevantes (p≤5). A maior evolução recaiu sobre a
força (flexões), eventualmente pela maior incidência desta capacidade nos
treinos, embora, se verifique evolução significativa nas outras capacidades
(resistência) e composição corporal. É importante ressalvar as melhorias ao
nível das repetições dos exercícios de ApF, cuja diferença poderia ser ainda
mais significativa se o número de treinos fosse superior.
Desta forma, é possível afirmar que as sessões de treino do DE tiveram
um impacto positivo na ApF associada à saúde dos alunos. Com este estudo é
possível afirmar que o DE pode assumir um papel essencial, no combate à
obesidade, particularmente na modalidade de futsal. Pois, além dos benefícios
da sua prática, o futsal parece reunir grande empatia com os alunos, sendo
uma modalidade que alicia os jovens a praticar desporto com regularidade
combatendo assim, o sedentarismo.
Frente a estes resultados parece ser essencial que se continue a motivar
os alunos a praticar DE, de forma a criar hábitos de vida saudáveis, que
perdurem ao longo das suas vidas.
Como forma complementar, durante os três meses de aplicação do
programa, muito centrado em exercícios aeróbios, fui falando individualmente
com os alunos, tentando procurar e criar uma relação próxima com eles, afim
de os motivar para as sessões futuras. Esta relação professo-aluno revelou ser
uma influência positiva no envolvimento dos alunos neste programa. Além
disso, fazer um controlo regular do seu aproveitamento escolar, ajudava os
alunos a serem mais disciplinados com as suas responsabilidades,
nomeadamente no treino de DE de Futsal.
A avaliação das variáveis num momento intermédio, permitiu fazer um
controlo regular do processo e verificar se as estratégias utilizadas sortiam
efeitos. Ao constatar esse facto, através da melhoria significativa de algumas
variáveis, mantive a mesma linha de exercícios, intensidade de treino,
motivação e organização. Este controlo de regulação do processo permitiu na
avaliação final obter resultados positivos, tal como se verificou.
Importa ainda referir, a necessidade das próximas investigações
atenderem a outros fatores, que não foram controlados no presente estudo,
79
designadamente a alimentação dos alunos participantes (equilibrada e
saudável). Pois, apesar de ter falado com eles sobre estas questões, não
houve um controlo desta variável.
Conclusão
Após a aplicação das sessões de treino de futsal e a comparação dos
resultados obtidos, entre a avaliação inicial, intermédia e final, verifica-se que
as sessões de treino foram aplicadas de forma eficaz, tendo conseguido
resultados positivos (melhoria da ApF e Composição corporal). Estes dados
positivos, refletem a motivação com que os alunos se apresentavam em cada
treino com o objetivo de melhorar os seus resultados. Obviamente, que o seu
gosto pela modalidade contribuiu para a presença constante nos treinos
ajudando na sua evolução. As condições disponibilizadas pela escola para a
prática da modalidade são bastantes boas, sendo um fator de motivação para a
integração de muitos alunos na equipa.
Para investigações futuras, deixo algumas recomendações,
nomeadamente ao nível do aumento da amostra da análise de dados, tendo
em conta a diversidade nas caraterísticas da amostra (sexo e idade).
80
Referências Bibliográficas
American College of Sports Medicine. (1995). Guidelines for Exercise Testing
and prescription (5ª ed.): Lea & Febiger.
Cardoso, J. D. (2000). Doenças Metabólicas e Exercício Físico. In A. M. Pinto
(Ed.), Saúde e exercício Físico. Coimbra: Quarteto Editora.
Fragoso, I., & Vieira, F. (2000). Morfologia e Crescimento. Cruz Quebrada:
Edições FMH.
Janssen, I., Katzmarzyk, P. T., Boyce, W. F., Vereecken, C., Mulvihill, C.,
Roberts, C., et al. (2005). Comparison of overweight and obesity
prevalence in school-aged youth from 34 countries and their
relationships with physical activity and dietary patterns. Obesity Reviews:
An Official Journal Of The International Association For The Study Of
Obesity, 6(2), 123-132.
Lissau I, Overpeck MD, Ruan WJ, Due P, Holstein BE, Hediger ML. (2004).
Body mass index and overweight in adolescents in 13 European
countries, Israel, and the United States 5. Arch Pediatr Adolesc
Med,158(1):27-33.
Maia, J., Lopes, V. (2002). Estudo do Crescimento Somático, Aptidão Física,
Actividade Física e Capacidade de Coordenação Corporal de Crianças
do 1º Ciclo do Ensino Básico da Região Autónoma dos Açores. Porto,
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da
Universidade do Porto e Direcção Regional de Educação Física e
Desporto da Região Autónoma dos Açores.
Maia, J., Lopes, V.P. & Morais, F.P. (2001). Actividade Física e Aptidão Física
Associada à Saúde. Um Estudo de Epidemiologia Genética em Gémeos
e suas Famílias Realizado no Arquipélago dos Açores. Porto. Editores
FCDEF-UP/Direcção Regional de Educação Física e Desporto da
Região Autónoma dos Açores.
81
Mota, J., & Sallis, J. (2002). Actividade Física e Saúde. Factores de Influência
da Actiidade Física nas Crianças e Adolescentes Editores S.A. Campo
das Letras.
Padez, C., Mourão, I., Moreira, P., & Rosado, V. (2005). Prevalence and risk
factors for overweight and obesity in Portuguese children. Acta
Paediatrica (Oslo, Norway: 1992), 94(11), 1550-1557.
Rêgo, C. (2011). Crianças Obesas Comprometem Qualidade de Vida e a
Expectativa da Vida. Ciência Hoje Consult. 14 de julho de 2009,
disponível em http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=33276&op=all
Rodríguez, M. (1993). Prevención y tratamiento de la obesidad. Alimentacion
infantil (2ª ed.). (p.189-200) Madrid: Dias Santos.
Roth J, Qiang X, Marb n SL, Redelt H, Lowell BC. (2004). The obesity
pandemic: where have we been and where are we going? Obesity
Research 2004;12 S88-S101
WHO. Physical Activity and Young People. Recommended levels of physical
activity for children aged 5 - 17 years:. Word Health Organization
Consult. 27 de Junho de 2011, disponível em
http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_young_people/en/index.
html
6. Conclusão
85
Conclusão
Este EP foi uma experiência única de aprendizagem, tanto pelo contato
com a realidade escolar, como pela oportunidade de vivenciar a profissão
docente. Após a conclusão deste EP, reconheço a importância dos
conhecimentos adquiridos, que neste processo ganharam cada vez mais
significado. Contudo, percebo que ainda à muito para descobrir, sendo a
vontade de aprender, o principal motor do desenvolvimento profissional do
professor (formação contínua).
Foram muitas as dificuldades e obstáculos que tive de ultrapassar neste
primeiro confronto com os alunos e com a realidade escolar. Todos os desafios
encontrados na lecionação, e todos os planos e estratégias utilizadas,
resultantes da reflexão, muniram-me de competências e capacidades que me
permitirão dar resposta às contrariedades desta nossa profissão. Com
liberdade na seleção de exercícios e construção dos planos de aula,
experimentar diferentes metodologias e de errar, aprendendo também com os
erros. Este foi, de facto, um ano de provação que penso ter ultrapassado com
ganhos significativos.
A envolvência resultante desta profissão e a partilha constante de
conhecimentos e experiências com toda a comunidade educativa, foram outros
dos fatores que contribuíram para o meu crescimento, tanto profissional como
pessoal. Neste campo, as atividades que realizei e participei na escola foram
fundamentais para a minha integração na comunidade educativa, tendo
permitido adquirir aprendizagens, tanto ao nível da organização de eventos,
como ao nível das relações humanas.
.A investigação fez também parte deste meu ano de estágio e todo o
processo desencaminhado pela realização do estudo, permitiu-me não só
desenvolver e consolidar conhecimentos acerca da obesidade e da ApF, como
também me consciencializou para a importância do combate à obesidade. Esta
86
problemática afeta uma grande percentagem da nossa sociedade e a escola
pode ter um contributo fundamental nesta luta.
Assim, no confronto com a realidade, foi a necessidade de refletir sobre
a minha prática, que me possibilitou evoluir e trilhar com segurança o meu
caminho enquanto professor de EF.
7. Bibliografia
89
7. Bibliografia
Alarcão, Isabel (1987). Supervisão da Prática Pedagógica – Uma perspectiva de desenvolvimento e aprendizagem. Coimbra: Livraria Almedina.
Alarcão, Isabel (1996). Formação Reflexiva de Professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora.
Alarcão, Isabel (2001). Escola Reflexiva e Nova Racionalidade. Porto Alegre: ARTMED.
Alarcão, Isabel (2007). Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. São Paulo: Cortez Editora.
Albuquerque, A., Graça, A., & Januário, C. (2005). A supervisão Pedagógica em Educação Física. A prespectiva do orientador de estágio. Lisboa: Livros Horizonte.
Arends, Richard (2008). Aprender a Ensinar. Amadora: MacGraw-Hill. Bento, J.O. (1991). Desporto, saúde, vida: em defesa do desporto. Lisboa:
Livros Horizonte. Bento, J. O. (2003). Planeamento e Avaliação em Educação Física (3ªEdição).
Lisboa: Livros Horizonte. Cabral, N. (2003). Avaliação no ensino básico. Porto: Porto Editora Diogo, J. M. L. (1998). Parceria escola-família. A caminho de uma educação
participada. Porto: Porto Editora. Freire, P. (1997). Pedagogia da Autonomia. (Paz e Terra, Ed.) São Paulo Grundy, S. (1987). Curriculum: product or praxis? (F. Press, Ed.) London. Marques, R. (2002). O director de turma e a relação educativa. Lisboa:
Presença. Mesquita, I., & Graça, A. (2009). Modelos instrucionais no ensino do Desporto.
In A. Rosado & I. Mesquita (Ed.), Pedagogia do Desporto (pp. 39-68). Lisboa:
Edições FMH.
Metzler, M. W. (2000). Instructional Models for Physical Education. Massachusetts: Allyn and Bacon.
Mosston, M. (1996). Teaching Physical Education. Columbus, OH: Charles E. Merrill Publishing Co.
Kemmis, S. (1988). El curriculum: más alla de la teoría de la reproducción. (E. Morata, Ed.) Madrid
Onofre, M. (1996). Teaching Physical Education. Columbus, OH: Charles E. Merrill Publishing Co.
Pina, M. (1995). Dossier desporto escolar: o núcleo/clube escolar génese do modelo organizativo do futuro. Revista Horizonte, XI(65), 1-8
Postic, M. (1984). A Relação Pedagógica. Coimbra: Coleção Psicopedagogia. Rink, J. E. (1985). Teaching Physical Education for Learning. St. Louis: Times
Mirror/Mosby. Rodrigues, A (2001). A formação de formadores para a prática na formação
inicial de professores. Comunicação apresenta no Seminário Modelos e Práticas de Formação Inicial de Professores. Faculdade Psicologia e Ciências da U.L.
90
Rodrigues, M. d. C. (1995). Desporto Escolar, trampolim para o desporto federado? Porto: Maria da Conceição Rodrigues
Roldão, M. C. (2007). Colaborar é preciso. Questões de qualidade e eficácia no trabalho dos professores. Recuperado em 2011, Junho 21, de http://www.min-edu.pt/data/Noesis/Noesis71.pdf Ruiz, J. M. (1999). Como hacer una evaluación de centros educativos. Madrid:Narcea.
Roldão, M. C. (2010). Os Desafios da supervisão pedagógica e avaliação de docentes. Comunicação apresentada na Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Educação e Psicologia, Lisboa.
Savater, F. (1997). El valor de educar. (E. Ariel, Ed.) Barcelona. Schön, D. (1983). La formación de profesionales reflexivos. Barcelona: Paidós. Siedentop, D., & Tannehill, D. (2000). Developing Teaching Skills in Physical
Education (4ªedição). Mayfield Publishing Company. Silva, J. M. (2009). A avaliação de professores e o desenvolvimento das
lideranças intermédias nas escolas. In Ruivo, J. e Trigueiros, A. (Coord.) Avaliação de desempenho de professores. RVJ Editores/Associação Nacional de Professores.
Sprinthall, R. C., Sprinthall, N.A. & Oja, S.N. (1998). Educational psychology: Adevelopment approach (7th ed.). New York: McGraw-Hill.
Unesco (2010).Educação: um tesouro a descobrir. Brasília: UNESCO (versão eletrónica disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf, acedido em 25 de julho de 2014).
Vickers, J. (1990). Instructional Design for Teaching Physical Activities: A Knowledge Structures Approach. (H.K. Books, Ed.) Champaign, IL
Wood, T. M. (2003). Assessment in Physical Education: The Future is Now!. In S. J. Silverman & C. D. Ennis (Eds.), Student Learning in Physical Education: Applying Research to Enhance Instruction (2ªEdição) (pp.187-203). Champaign (Illinois): Human Kinetics.