ensino de relações públicas: uma proposta de estrutura curricular

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  • 7/31/2019 Ensino de Relaes Pblicas: uma proposta de estrutura curricular

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao

    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    ENSINO DE RELAES PBLICAS:

    UMA PROPOSTA DE ESTRUTURA CURRICULAR

    Dra. Cludia Peixoto de Moura

    (FAMECOS/PUCRS)

    Este trabalho versa sobre a aplicao das diretrizes curriculares na Comunicao Social,

    no que tange a habilitao em Relaes Pblicas, possibilitando a elaborao de uma nova

    estrutura modular proposta para a formao na rea. Como metodologia foram utilizadas: a) a

    tcnica de pesquisa bibliogrfica, que abordou investigaes anteriormente feitas em Relaes

    Pblicas, dirigidas questo do novo currculo para a rea; b) a tcnica de pesquisa documental,

    que possibilitou o estudo do documento final das diretrizes curriculares encaminhadas

    aprovao no Conselho Federal de Educao CFE/MEC.

    As pesquisas realizadas a respeito do currculo adequado para o curso datam de 98. Por

    ocasio do Frum do Movimento pela Qualidade de Ensino e Encontro Nacional dos

    Representantes de Entidades de Comunicao (INTERCOM, ABECOM, ENECOS, COMPS,

    FENAJ, UCBC)xii, ocorrido na Universidade Federal de Pernambuco, dia 10 de setembro de

    1998, realizamos um levantamento da posio dos participantes do evento a respeito da questocurricular do Curso de Comunicao Social, mediante a aplicao de um questionrio O Frum

    contou com a representao das entidades acima citadas que apresentaram suas posies sobre o

    assunto, contribuindo para o debate com os participantes, durante o XXI Congresso Brasileiro de

    Cincias da Comunicao, promovido pela INTERCOM, na cidade de Recife.

    Na ocasio 40 questionrios foram respondidos por docentes interessados no assunto, de

    29 Instituies de Ensino Superior que possuem o Curso de Comunicao Social com uma, duas

    ou trs habilitaes (Jornalismo, Relaes Pblicas, Publicidade e Propaganda), sendo utilizados

    para a tabulao dos dados, que revelou diferentes posies, informaes e conhecimento sobre o

    assunto. Os dados obtidos demonstram suas posies a respeito das seis questes do instrumento

    de pesquisa. relevante o registro das Matrias ou disciplinas do Tronco Comum, da Resoluo

    n 02/84, que, na opinio dos pesquisados, devero ser conservadas. Foi considerado, para o

    trabalho, as matrias que obtiveram percentual acima de 50%, pois este valor demonstra que mais

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    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    da metade dos respondentes indicaram tais contedos. So elas, em ordem decrescente de

    percentual:

    com 92,50% Teoria da Comunicao com 87,50% Teoria e Mtodo de Pesquisa em Comunicao

    com 85,00% Sociologia (Geral e da Comunicao)

    com 80,00% Filosofia

    com 80,00% Lngua Portuguesa - Redao e Expresso Oral

    com 60,00% Psicologia

    com 60,00% Histria da Comunicao

    com 57,50% Realidade Socioeonmica e Poltica Brasileira

    com 50,00% Cultura Brasileira

    Como resultado, h nove matrias indicadas, sendo que quatro delas apresentam a palavra

    Comunicao em sua denominao, e as outras cinco esto relacionadas formao social e

    humanstica. Igualmente, matrias ou disciplinas da parte especfica da habilitao em Relaes

    Pblicas, da Resoluo n 02/84, foram avaliadas pelos pesquisados. Apenas 30 docentes nesta

    habilitao indicaram as matrias a serem conservadas no novo currculo. E, das sete matrias

    apresentadas (Resoluo n 02/84), todas obtiveram um percentual superior a 50%, conforme

    pode ser observado: com 86,66% Planejamento de Relaes Pblicas

    com 83,33% Lngua Portuguesa Redao e Expresso Oral

    com 76,66% Teoria e Pesquisa de Opinio Pblica

    com 73,33% Tcnicas de Relaes Pblicas

    com 73,33% Legislao e tica de Relaes Pblicas

    com 63,33% Tcnica de Comunicao Dirigida

    com 56,66% Administrao e Assessoria de Relaes Pblicas

    Nesta pesquisa, os docentes tambm sugeriram matrias ou disciplinas para compor o

    novo currculo da habilitao em Relaes Pblicas. O resultado foi o seguinte:

    Novas Tecnologias de Comunicao/Multimdia(Novos Meios)

    Marketing em Comunicao (Tcnicas)

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    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    Cincias Sociais/Sociologia/Sociologia das Organizaes

    Comunicao Organizacional

    Teorias de Relaes PblicasO fato dos docentes indicarem matrias ou disciplinas j contempladas na Resoluo n

    02/84 (MEC) demonstra uma falta de conhecimento do Currculo Mnimo para o Curso de

    Comunicao Social. Este o caso da indicao de Sociologia, embora a nfase em Organizaes

    tenha sido identificada em algumas respostas.

    Outro aspecto relevante o registro das opinies de representantes de entidades a respeito

    de questes relacionadas ao ensino da Comunicao. Para tanto, na coleta de dados utilizamos a

    tcnica de Entrevista a fim de obter informaes junto aos referidos representantes das entidades

    selecionadas. Estas possuem abrangncia nacional, representam a classe profissional nas trs

    reas (Jornalismo, Relaes Pblicas, Publicidade e Propaganda), representam as instituies de

    ensino, com Cursos de Comunicao Social, em nvel de graduao, e em nvel de ps-

    graduao, representam os pesquisadores e os estudantes da rea da Comunicao.

    A partir dos registros das opinies dos entrevistados, representantes da FENAJ,

    CONFERPxii, APPxii, ABECOM, INTERCOM, COMPS, ENECOS, foi possvel estabelecer a

    tendncia observada como resposta para a pauta utilizada na entrevista. Uma das questes

    pertinentes ao trabalho foi a sugesto dos entrevistados para as novas diretrizes curriculares. Demodo geral foi indicado:

    liberao, flexibilizao dos currculos;

    projetos interdisciplinares;

    diversidade de projetos acadmicos/pedaggicos;

    valorizao dos aspectos regionais;

    indicao de 4 ou 5 contedos;

    indicao das Cincias Sociais como Psicologia, Histria, Filosofia,

    Antropologia, Sociologia para compor os contedos;

    indicao de disciplinas de anlise do prprio mercado (do fazer da

    profisso);

    suporte nas novas tecnologias;

    equilbrio entre matrias tericas e prticas;

    ensino fora da sala de aula;

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    De modo especfico, o representante do CONFERP sugeriu o desenvolvimento da

    capacidade de inter-relacionar conhecimentos, das habilidades de gesto, de conduzir o processo

    administrativo, mediante disciplinas para estimular o pensamento mercadolgico.As sugestes identificadas na pesquisa realizada junto a docentes tambm indicam

    algumas matrias para compor um novo currculo. Isto nos permite afirmar que os novos

    contedos curriculares sugeridos esto atrelados tecnologia, produo das mensagens e s

    instituies, apresentando um vnculo com a Comunicao. Na verdade, h uma confirmao das

    expectativas dos docentes pesquisados e dos entrevistados em relao ao novo currculo para o

    curso.

    Quanto s Diretrizes Curriculares elaboradas para a rea, sua definio coube Comisso

    de Especialistas de Ensino em Comunicao, da Secretaria de Educao Superior - SESu/MEC.

    Apesar de serem genricas, apresentam parmetros para os Cursos de Comunicao Social, com

    uma ou mais habilitaes. O estudo desta questo motivou muitos debates, crticas e sugestes,

    sendo constatada uma grande influncia da rea de Jornalismo na verso final do documento. Nos

    tpicos de estudo, temas abrangentes foram identificados, permitindo que os cursos sejam

    diferenciados em todo o Pas. A diversidade uma possibilidade para as instituies de ensino

    elaborarem projetos pedaggicos/acadmicos inovadores.

    A verso final do documento das Diretrizes Curriculares para a rea da Comunicao

    Social contm caractersticas relevantes para a elaborao da nova estrutura curricular do curso, a

    ser dividida em duas partes: contedos bsicos relacionados ao contexto da sociedade (indicados

    pelo MEC) e contedos especficos definidos pela prpria Instituio de Ensino Superior. No

    existe um elenco de matrias/disciplinas obrigatrias e eletivas para o Tronco Comum e Parte

    Especfica. O que h so indicaes de Tpicos de Estudo de contedos bsicos e especficos.

    Quanto aos Tpicos de Estudo, estes so apresentados da seguinte forma:

    a) Tpicos de Estudo Contedos Bsicos:

    Relativos formao geral na rea da Comunicao e formao especfica de cada

    habilitao, envolvendo conhecimentos tericos, tcnicos, prticos, reflexes e aplicaes ao

    campo, numa perspectiva crtica. Para estes tpicos de estudo so indicados:

    conhecimentos tericos-conceituais conceitos e teorias gerais e especficas, para

    interpretar a realidade social e profissional;

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    conhecimentos analticos e informativos sobre a atualidade informao como

    matria-prima essencial e anlises qualificadas da realidade;

    conhecimentos de linguagens, tcnicas e tecnologias miditicas domnio, reflexo,pesquisa e inovao das linguagens, tcnicas e tecnologias empregadas na

    Comunicao e nas habilitaes;

    conhecimentos tico-polticos atuao dos profissionais, exerccio do poder,

    constrangimentos, repercusses sociais, demandas e necessidades da sociedade na

    rea da Comunicao.

    b) Tpicos de Estudo Contedos Especficos:

    Definidos pela Instituio de Ensino Superior, envolvendo conhecimentos tericos,

    tcnicos, com reflexes e prticas na rea da Comunicao e em cada uma das habilitaes

    especficas, numa perspectiva humanstica, que ultrapasse os aspectos utilitrios das tecnologias.

    Para estes tpicos de estudo so indicados:

    parte geral dos contedos referncia ao campo geral da Comunicao, com

    nfase nas questes bsicas, trabalhadas de forma terica e prtica e relacionadas

    rea;

    parte especfica dos contedos (habilitacional) referncia especfica profissional,

    inserida no campo geral da Comunicao, com nfase nas questes bsicas,trabalhadas de forma terica e prtica, relacionada s habilitaes.

    Considerando os tpicos bsicos para uma estrutura curricular na rea, possvel buscar

    nos resultados das pesquisas anteriormente citadas o elenco de matrias fundamentais para a

    formao adequada em Relaes Pblicas. Nas diretrizes curriculares os dois contedos (bsicos

    e especficos) dizem respeito s teorias e prticas da Comunicao, sendo tratadas

    simultaneamente, assim como recomendadas as perspectivas humanstica e crtica. Quanto aos

    tpicos especficos, com contedos indicados pela Instituio de Ensino Superior, as sugestes

    dos docentes pesquisados poderiam ser utilizadas conforme o perfil e as

    competncias/habilidades traadas para identificar o seu egresso.

    As informaes obtidas tanto no documento oficial como nos dados da pesquisa realizada,

    permitem indicar os contedos necessrios para a formao profissional na rea. Convm

    registrar que estes contedos no so disciplinas indicadas, e sim tpicos de estudo a serem

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    ministrados no curso com a referida habilitao. Isto significa dizer que os contedos a serem

    ministrados nos cursos com esta habilitao devem contemplar:

    Quadro n 1 Tpicos de estudo para a habilitao

    DIRETRIZES CURRICULARES

    DOCUMENTO FINAL

    SUGESTO PARA OS TPICOS DE

    ESTUDO

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    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    Contedos Bsicos relacionados ao contexto

    da sociedade, formao geral na rea da

    Comunicao e formao especfica decada habilitao (conhecimentos tericos,

    tcnicos, prticos, reflexes e aplicaes ao

    campo, numa perspectiva crtica)

    conhecimentos tericos-conceituais

    conceitos e teorias gerais e especficas, para

    interpretar a realidade social e profissional;

    conhecimentos analticos e informativos

    sobre a atualidade informao como

    matria-prima essencial e anlises

    qualificadas da realidade;

    conhecimentos de linguagens, tcnicas e

    tecnologias miditicas domnio, reflexo,

    pesquisa e inovao das linguagens, tcnicas e

    tecnologias empregadas na Comunicao e nas

    habilitaes;

    conhecimentos tico-polticos atuao

    dos profissionais, exerccio do poder,

    constrangimentos, repercusses sociais,

    demandas e necessidades da sociedade na

    rea da Comunicao.

    Teoria da Comunicao

    Teoria e Mtodo de Pesquisa em

    Comunicao

    Sociologia (Geral e da Comunicao)

    Filosofia

    Lngua Portuguesa - Redao e Expresso

    Oral

    Psicologia

    Histria da ComunicaoRealidade Socioeconmica e Poltica

    Brasileira

    Cultura Brasileira

    Planejamento de Relaes Pblicas

    Redao e Expresso em Relaes Pblicas

    Teoria e Pesquisa de Opinio Pblica

    Tcnicas de Relaes Pblicas

    Legislao e tica de Relaes Pblicas

    Tcnica de Comunicao Dirigida

    Administrao e Assessoria de Relaes

    Pblicas

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    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    Contedos Especficos definidos pela

    Instituio de Ensino Superior

    (conhecimentos tericos, tcnicos, comreflexes e prticas na rea da Comunicao

    e em cada uma das habilitaes especficas,

    numa perspectiva humanstica, que

    ultrapasse os aspectos utilitrios das

    tecnologias)

    - parte geral dos contedos referncia ao

    campo geral da Comunicao, com nfase

    nas questes bsicas, trabalhadas de forma

    terica e prtica e relacionadas rea;

    - parte especfica dos contedos

    (habilitacional) referncia especfica

    profissional, inserida no campo geral da

    Comunicao, com nfase nas questes

    bsicas, trabalhadas de forma terica e

    prtica, relacionada s habilitaes.

    Novas Tecnologias de Comunicao/

    Multimdia(Novos Meios)

    Marketing em Comunicao (Tcnicas)

    Sociologia das Organizaes

    Comunicao Organizacional

    Teorias de Relaes Pblicas

    Apesar das crticas Resoluo n 02/84, devido s imposies do Estado, os contedos

    curriculares indicados so necessrios para a formao profissional. Com base na leitura das

    ementas, cada matria da habilitao em Relaes Pblicas est vinculada a alguma atividade

    especfica da profisso, identificando uma coerncia. As matrias apresentam, tanto em termos

    tericos como prticos, o desenvolvimento das atividades profissionais. J a matria Legislao e

    tica de Relaes Pblicas necessria a todas as atividades profissionais.

    Percebemos que a busca pela qualidade do ensino em Comunicao Social est vinculada

    ao desenvolvimento das competncias e habilidades no aluno em funo do perfil pretendido para

    o futuro egresso do curso. Com a nova LDB, houve uma modificao na estrutura do ensino no

    Pas. Os currculos mnimos impostos pelo Estado deixam de existir, determinando uma abertura

    por parte do governo federal e uma responsabilidade pela qualidade do ensino por parte das

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    instituies educacionais. A construo do currculo ser diferenciada nas escolas, porm os

    contedos inerentes s atividades profissionais devero ser abordados. Cabe aos contedos

    indicados explicitar o serefazerda profisso de relaes pblicas.Evidentemente, para a construo de um currculo adequado necessrio a definio do

    perfil, competncias e habilidades pretendidas para o egresso. Os termos podem ser definidos

    como:

    - perfil caracterizar essencialmente e de modo sumrio o que o profissional egresso

    de habilitao. Trata-se portanto do SER da profisso, explicitado de modo bsico e essencial,

    por meio de uma caracterizao geral ou em poucos itensxii;

    - competncias e habilidades explicitar o que um profissional deve ter condies de

    fazer para se ajustar quele perfil. Trata-se portanto do FAZER da profisso, de modo concreto,

    sumrio e direto, expresso em verbo no infinitivoxii;

    Para Relaes Pblicas tanto o perfil como competncias e habilidades foram retiradas do

    documento denominado CONCLUSES DO PARLAMENTO NACIONAL DE RELAES

    PBLICAS, que foi um Frum de Debates promovido pelo Conselho Federal dos Profissionais

    de Relaes Pblicas CONFERP. O resultado das discusses foi redigido em outubro de 1997,

    por uma comisso nomeada pela entidade nacional, para estabelecer os consensos observados nos

    fruns de debates organizados pelos Conselhos Regionais de Profissionais de Relaes Pblicas CONRERPs.

    Um quadro demonstrativo foi elaborado a partir das caractersticas do perfil do egresso e

    das competncias e habilidades a serem desenvolvidas na habilitao em Relaes Pblicas,

    identificadas no documento final das diretrizes curriculares para a rea. Este tipo de registro

    possibilitou um cruzamento de informaes relativas ao SER e FAZER da profisso, como pode

    ser observado a seguir:

    Perfil do Egresso: Ser o

    qu?

    Profissional caracterizado:

    Competncias/habilidades:

    O que fazer?

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    Pela administrao do

    relacionamento das

    organizaes com seusdiversos pblicos, tanto

    externos como internos,

    atravs de estratgias de

    comunicao

    - Estabelecer programas que caracterizem a comunicao

    estratgica para criao e manuteno do relacionamento

    das instituies com seus pblicos de interesse- Acompanhar os desenvolvimentos de programas e avaliar

    os resultados obtidos na administrao dos processos de

    relacionamento das entidades com seus pblicos

    Pela elaborao de

    diagnsticos, prognsticos,

    estratgias e polticas

    voltadas para o

    aperfeioamento das

    relaes entre instituies,

    grupos humanos organizados

    - Desenvolver pesquisas e auditorias de opinio e imagem

    - Realizar diagnsticos com base em pesquisas e auditorias

    de opinio e imagem

    - Elaborar planejamentos estratgicos de comunicao

    institucional

    - Fazer pesquisas de cenrio institucional

    - Planejar, coordenar e executar programas de interesse

    comunitrio, de informao para a opinio pblica, de

    comunicao dirigida, de utilizao de tecnologias de

    informao aplicadas opinio pblica, e de

    esclarecimento de grupos, autoridades e opinio pblicasobre os interesses das instituies abordadas em seu

    trabalho

    - Coordenar o desenvolvimento de materiais de

    comunicao, em diferentes meios e suportes, voltados

    para a realizao dos objetivos estratgicos do exerccio da

    funo de Relaes Pblicas

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    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    Pelo trabalho na implantao

    de programas e instrumentos

    que assegurem estainterao, acompanhando,

    avaliando e aperfeioando os

    processos e produtos

    pertinentes com base nos

    resultados obtidos

    - Desenvolver pesquisas e auditorias de opinio e imagem

    - Realizar diagnsticos com base em pesquisas e auditorias

    de opinio e imagem- Fazer pesquisas de cenrio institucional

    - Planejar, coordenar e executar programas de interesse

    comunitrio, de informao para a opinio pblica, de

    comunicao dirigida, de utilizao de tecnologias de

    informao aplicadas opinio pblica, e de

    esclarecimento de grupos, autoridades e opinio pblica

    sobre os interesses das instituies abordadas em seu

    trabalho

    - Coordenar o desenvolvimento de materiais de

    comunicao, em diferentes meios e suportes, voltados

    para a realizao dos objetivos estratgicos do exerccio da

    funo de Relaes Pblicas

    - Dominar as linguagens verbais e audiovisuais para seu

    uso efetivo a servio dos programas de comunicao que

    desenvolve- Acompanhar os desenvolvimentos de programas e avaliar

    os resultados obtidos na administrao dos processos de

    relacionamento das entidades com seus pblicos

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    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    Pelo trabalho na implantao

    de programas e instrumentos

    que assegurem estainterao, acompanhando,

    avaliando e aperfeioando os

    processos e produtos

    pertinentes com base nos

    resultados obtidos

    - Desenvolver pesquisas e auditorias de opinio e imagem

    - Realizar diagnsticos com base em pesquisas e auditorias

    de opinio e imagem- Fazer pesquisas de cenrio institucional

    - Planejar, coordenar e executar programas de interesse

    comunitrio, de informao para a opinio pblica, de

    comunicao dirigida, de utilizao de tecnologias de

    informao aplicadas opinio pblica, e de

    esclarecimento de grupos, autoridades e opinio pblica

    sobre os interesses das instituies abordadas em seu

    trabalho

    - Coordenar o desenvolvimento de materiais de

    comunicao, em diferentes meios e suportes, voltados

    para a realizao dos objetivos estratgicos do exerccio da

    funo de Relaes Pblicas

    - Dominar as linguagens verbais e audiovisuais para seu

    uso efetivo a servio dos programas de comunicao que

    desenvolve- Acompanhar os desenvolvimentos de programas e avaliar

    os resultados obtidos na administrao dos processos de

    relacionamento das entidades com seus pblicos

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    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    Pelo trabalho junto a

    instituies pblicas ou

    privadas que incluamatividades caracterizadas em

    termos das estratgias de

    comunicao segundo as

    quais aquelas instituies

    possam desenvolver

    interaes com os

    interlocutores pertinentes

    - Elaborar planejamentos estratgicos de comunicao

    institucional

    - Estabelecer programas que caracterizem a comunicaoestratgica para criao e manuteno do relacionamento

    das instituies com seus pblicos de interesse

    - Dominar as linguagens verbais e audiovisuais para seu

    uso efetivo a servio dos programas de comunicao que

    desenvolve

    Pelo exerccio de

    interlocuo entre as funes

    tpicas de RRPP e as demais

    funes profissionais ou

    empresariais existentes na

    rea da Comunicao, e

    ainda com outras reas

    sociais, culturais eeconmicas com as quais as

    RRPP exeram interface

    - Identificar a responsabilidade social da profisso,

    mantendo os compromissos ticos estabelecidos

    - Assimilar criticamente conceitos que permitam a

    compreenso das prticas e teorias referentes s estratgias

    e processos de Relaes Pblicas, repercutindo-os sobre

    sua prtica profissional

    - Ter as demais competncias e habilidades que

    caracterizam o trabalho nas circunstncias em que oprofissional de relaes pblicas normalmente inserido

    Pelo exerccio de todas as

    demais atividades que, no

    estado ento vigente da

    profisso, sejam

    reconhecidas pelo bom

    senso, pelas entidades

    representativas ou pela

    legislao pertinente, como

    caractersticas do

    profissional de RRPP

    - Identificar a responsabilidade social da profisso,

    mantendo os compromissos ticos estabelecidos

    - Assimilar criticamente conceitos que permitam a

    compreenso das prticas e teorias referentes s estratgias

    e processos de Relaes Pblicas, repercutindo-os sobre

    sua prtica profissional

    - Ter as demais competncias e habilidades que

    caracterizam o trabalho nas circunstncias em que o

    profissional de relaes pblicas normalmente inserido

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    XXIV Congresso Brasileiro da Comunicao Campo Grande /MS setembro 2001

    Podemos observar que dois itens apresentados para o perfil do egresso exigem o

    desenvolvimento da maioria das competncias e habilidades. So eles:

    - profissional caracterizado pela elaborao de diagnsticos, prognsticos, estratgias e polticasvoltadas para o aperfeioamento das relaes entre instituies, grupos humanos organizados,

    setores de atividades pblicas ou privadas, e a sociedade em geral,

    - profissional caracterizado pelo trabalho na implantao de programas e instrumentos que

    assegurem esta interao, acompanhando, avaliando e aperfeioando os processos e produtos

    pertinentes com base nos resultados obtidos.

    Perrenoud (1999)xii define como competncias uma capacidade de agir eficazmente em

    um determinado tipo de situao, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. O autor

    ainda registra que as competncias so importantes metas da formao. Elas podem responder a

    uma demanda social dirigida para a adaptao ao mercado e s mudanas e tambm podem

    fornecer os meios para apreender a realidade e no ficar indefeso nas relaes sociais.xii Faz

    referncia s reas interdisciplinares, como a Comunicao, na qual as competncias

    profissionais desenvolvidas apiam-se em diversos conhecimentos, disciplinares,

    interdisciplinares e profissionais.xii Assim, podemos constatar que as competncias indicadas

    para a rea refletem a necessidade de um conhecimento adequado ao desenvolvimento de

    capacidades profissionais e de aes sociais.

    A discusso das diretrizes curriculares possibilitou uma identificao de aspectos

    relevantes no que tange s competncias e habilidades desejadas aos egressos do curso, com base

    na documentao do MECxii. As referidas habilidades esto relacionadas aos seguintes fatores:

    formao profissional

    formao interdisciplinar

    especificidades da rea

    habilidades cognitivas competncias formativas

    aptides esperadas

    desempenho de papis bsicos da profisso

    preparao para o exerccio de funes profissionais

    execuo de atividades tpicas da profisso

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    E o currculo pleno do curso est vinculado :

    estrutura com ncleo especfico que define a identidade do curso

    estrutura flexvel que permite uma diversificao na formao do aluno perfil do egresso a atingir, com as habilidades a desenvolver

    integrao entre teoria e prtica, pesquisa bsica e aplicada

    Para a estruturao do referido currculo, pertinente utilizar o resultado do Seminrio

    Nacional de Diretrizes Curriculares do Ensino de Jornalismo, que ocorreu nos dias 24 e 25 de

    abril de 1999, na cidade de Campinas, So Paulo. Em seu documento que aponta uma

    PROPOSTA DE DIRETRIZES CURRICULARES DA REA DE COMUNICAO E

    HABILITAES ESPECFICAS, h o seguinte registro: na estrutura geral do curso, observando

    disciplinas e atividades especficas para as habilitaes, alm da adequao entre disciplinas

    tericas e prticas, existe a indicao de um percentual mnimo fixado em 50% para as

    disciplinas tcnico-profissionais (tais como reportagem, redao e edio para diferentes mdias),

    e de um ensino de redao jornalstica ministrado ao longo do curso.

    Ora, estabelecendo um comparao com a habilitao em Relaes Pblicas, pode-se

    igualmente indicar um percentual mnimo para as disciplinas tcnico-profissionais, que so

    aquelas responsveis pelo ensino das atividades especficas da rea, alm de um ensino de

    redao com nfase nas funes desempenhadas. H possibilidade tambm de compararmos aResoluo n 02/84 e o documento final das Diretrizes Curriculares, para ento formalizar uma

    proposta de distribuio da carga horria para o Curso de Comunicao Social com habilitao

    em Relaes Pblicas.

    Quadro n 3 Distribuio da Carga Horria do curso

    Carga Horria mnima de 2.700 horas-aula

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    Resoluo n 2/84 DIRETRIZES

    CURRICULARES

    DOCUMENTO FINAL

    PROPOSTA PARA O

    CURSO com habilitao em

    Relaes Pblicas

    20% - para Contedos Bsicos

    da Comunicao

    (540 horas-aula)

    45% - para matrias ou

    disciplinas do Tronco Comum

    (1.215 horas-aula)

    30% - para Contedos Bsicos

    de Relaes Pblicas (810

    horas-aula)

    10% - para Contedos

    Especficos da Comunicao

    (405 horas-aula)

    45% - para matrias ou

    disciplinas da Parte Especfica

    (1.215 horas-aula)

    Contedos Bsicos

    Contedos Especficos

    parte geral e especfica

    20% - para ContedosEspecficos de Relaes

    Pblicas (270 horas-aula)

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    10% - para Projetos

    Experimentais

    (270 horas-aula). Deve serexcludo o tempo reservado a

    Estudo de Problemas

    Brasileiros e Educao

    Fsica(Art. 6).

    Projetos Experimentais ou

    Trabalho de Concluso de

    Curso

    10% - para Projetos

    Experimentais ou Trabalho de

    Concluso de Curso (270horas-aula)

    ---- 10% (no mximo) para

    aproveitamento de atividades

    extra-escolares (270 horas-aula)

    ----

    20% (no mximo excludo o

    tempo dedicado a Projetos

    Experimentais ou Trabalho de

    Concluso de Curso)

    para estgios e atividades

    complementares (540 horas-

    aula)

    5% para aproveitamento de

    atividades extra-escolares (135

    horas-aula)MAIS

    5% - para estgios e atividades

    complementares

    (270 horas-aula)

    --------------------------------------

    --------------------------

    OU

    10% - para estgios e

    atividades complementares

    (405 horas-aula)

    A carga horria mnima para o curso continua sendo 2.700 horas-aula. Entretanto, no

    existe mais uma distribuio identificando aspectos tericos e prticos da estrutura do currculo

    para o curso. Outra inovao o reconhecimento de atividades extra-escolares. E os estgios

    continuam fazendo parte das atividades curriculares, quando a instituio de ensino assim

    determinar, desde que respeite a porcentagem mxima estabelecida pelas novas diretrizes.A proposta apresentada prev um estrutura modular dividida em

    - rea da Comunicao Social: com contedos bsicos, conforme o perfil,

    competncias e habilidades indicadas no documento oficial, e contedos

    especficos, de acordo com o perfil, competncias e habilidades indicadas pela

    instituio de ensino, totalizando 30% da carga horria (810 horas-aula)

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    construo do currculo ser diferenciada nas escolas, porm os contedos inerentes s atividades

    profissionais devero ser abordados. Cabe aos contedos indicados explicitar o sere fazer da

    profisso de relaes pblicas, sendo esta uma preocupao que observamos nas novas diretrizescurriculares da Comunicao Social.

    Fontes Consultadas:

    CONCLUSES DO PARLAMENTO NACIONAL DE RELAES PBLICAS. Atibaia/So

    Paulo: Conselho Federal de Profissionais de Relaes Pblicas CONFERP, outubro de

    1997.

    DIRETRIZES CURRICULARES DA REA DA COMUNICAO E SUAS

    HABILITAES. Braslia: CEE/COM (Documento Final).

    MEC/CFE. Documenta, Braslia, n.278, p.209-211, fev. 1984.

    MOURA, Cludia Peixoto de. A Comunicao Social e a Legislao de Ensino Brasileira: do

    currculo mnimo s novas diretrizes curriculares. So Paulo: ECA/USP, 2000 (Tese de

    Doutorado)

    PERRENOUD, Philippe. Construir as competncias desde a escola. Trad. Bruno CharlesMagne. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul, 1999

    PROPOSTA DE DIRETRIZES CURRICULARES DA REA DE COMUNICAO E

    HABILITAES ESPECFICAS. Campinas: Seminrio Nacional de Diretrizes Curriculares

    do Ensino de Jornalismo, 24 e 25 de abril de 1999.

    http://www.mec.gov.br