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ENSINO Bolonha e as necessidades do mercado: ainda é cedo para avaliar Pág. II RUI TEIXEIRA EM ENTREVISTA Politécnico de Viana lança programa de apoio a alunos carenciados Pág. VI JOÃO PROENÇA, ASSEGURA “É fundamental desenvolver proximidade entre universidades e empresas Pág. VIII Abandono do ensino superior em Portugal aumenta com a crise Págs. IV e V ENSINO SUPERIOR ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1449, DE 15 JUNHO DE 2012, E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

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Page 1: ENSINO SUPERIOR - VidaEconomica€¦ · ENSINO SUPERIOR TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt SANDRA RIBEIRO sandraribeiro@vidaeconomica.pt Em 2009, os ministros da Edu-

ENSINO

Bolonha e as necessidades do mercado: ainda é cedo para avaliar

Pág. II

RUI TEIXEIRA EM ENTREVISTA

Politécnico de Viana lança programa de apoio a alunos carenciados

Pág. VI

JOÃO PROENÇA, ASSEGURA

“É fundamental desenvolver proximidade entre universidades e empresas

Pág. VIII

Abandono do ensino superior em Portugal aumenta com a crise

Págs. IV e V

ENSINO SUPERIOR ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1449, DE 15 JUNHO DE 2012,

E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Page 2: ENSINO SUPERIOR - VidaEconomica€¦ · ENSINO SUPERIOR TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt SANDRA RIBEIRO sandraribeiro@vidaeconomica.pt Em 2009, os ministros da Edu-

CIP E IEFP SÃO UNÂNIMES N0 BALANÇO DOS IMPACTOS DAS REFORMAS NO ENSINO SUPERIOR

Bolonha e as necessidades do mercado de trabalho: ainda é cedo para avaliarO Processo de Bolonha veio introduzir duas alterações que podem contribuir para que os estudantes estejam mais adaptados às exigências profissionais quando transitam para o mercado de trabalho: maior enfoque nas competências transversais e a comparação entre formações num mercado de trabalho mais alargado, o que potencia a mobilidade. Uma conclusão é, porém, certa: Bolonha entrou oficialmente no ensino português no ano de 2006, mas os parceiros envolvidos dizem que ainda é cedo para fazer a avaliação final dos impactos da mudança. TERESA [email protected]

SANDRA [email protected]

Tirando o facto de os licencia-dos de Bolonha serem “tenden-cialmente mais novos” à entrada no mercado de trabalho, “ainda é cedo para identificar diferenças substanciais” entre os licenciados pré e pós-Bolonha, afirma o Ins-tituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Em declarações à “Vida Eco-nómica, o IEFP diz, aliás, que “também ainda é difícil perceber se o comportamento dos empre-gadores mudou substancialmente no recrutamento destes profis-sionais”, dado o atual contexto de contração económica e de au-mento do desemprego, em que o “acesso ao primeiro emprego está mais dificultado para todos e para os jovens em particular”.

Na mesma linha, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, não hesita em afirmar: “ainda é cedo para fazer essa avaliação”, sendo aqui mais relevante per-ceber “se a Universidade desem-penha hoje a sua missão melhor do que no passado”, dadas as suas “muitas e variadas funções, mis-sões e responsabilidades”.

“Costumo dizer que não há economia sem empresas e que não há empresas sem pessoas, que são o ativo mais valioso das organizações”, frisa António Sa-raiva à “Vida Económica”. Daí ser de opinião que “as empresas

precisam de pessoas qualifica-das, preparadas, formadas para, no ambiente profissional, ob-terem estímulos à sua própria realização pessoal e profissional, mas, também, proporcionarem melhoria da atividade empresa-rial”.

Ora se a Universidade é “es-sencial para as sociedades se de-senvolverem, preparando conve-nientemente os jovens que um dia as empresas vão recrutar”, é necessário, diz o presidente da CIP, que, entre outros fatores, haja “um essencial: a preparação tem de ser feita de acordo com as necessidades das empresas”.

Bolonha exige estratégias de aprendizagem de forrna autónoma

Na mesma linha de pensamen-to, Gillian Owen Moreira, pró-reitora da Universidade de Aveiro (UA), explica à “Vida Econó-mica”, também de acordo com o feedback recebido do mundo empresarial, que “a experiência de trabalhar, estagiar e/ou realizar projetos de investigação em am-biente empresarial tem-se revela-do o instrumento mais eficaz na formação dos estudantes”. Os re-sultados indicam, aliás, que “esta experiência deverá ser alargada a todas as formações, podendo to-mar diferentes formatos de acor-do com o grau e a área de estudo,

incluindo ainda uma dimensão internacional”, refere Gillian Owen Moreira.

Assim, diz a pró-reitora da UA, “a planificação e realização das aprendizagens dos estudantes de-verão ser feitas em estreita articu-lação com as entidades emprega-doras, adequando cada vez mais as formações às necessidades do mercado de trabalho”.

Sem se desvalorizar os conhe-cimentos técnicos, que são “in-dispensáveis ao desempenho pro-fissional”, diz por sua vez o IEFP que “as competências pessoais são particularmente valorizadas pelos empregadores”. Razão por que “é fundamental que as pessoas sejam capazes de avaliar criticamente o seu trabalho e de implementar estratégias de aprendizagem de forrna autónoma”.

Ciente de que a organização do trabalho, atualmente, “requer equipas de trabalho multidisci-plinares”, o IEFP vê nesta abor-dagem introduzida pelo processo de Bolonha “uma mais-valia” ga-nha. Salienta ainda o IEFP que esteve subjacente ao processo de Bolonha o reconhecimento pelos Estados-membros das qualifica-ções adquiridas em cada país e que esse aspeto “é fundamental, pois promove a mobilidade sus-tentada dos detentores de quali-ficação superior”. E, com isso, “o mercado de trabalho assume uma maior abrangência e, consequen-

temente, aumenta as hipóteses de emprego”.

“Na CIP, estamos muito atentos à questão da empregabilidade”

Dizendo-se “muito atento à questão da empregabilidade”, o presidente da CIP também explica à “Vida Económica” que “as empre-sas referem frequentemente que há desajustamentos entre a oferta e a procura de emprego e que continu-am a ter dificuldades em contratar profissionais com as competências adequadas às suas necessidades”.

Ora, sabendo que às empresas “cabe dizer quais as qualificações que os seus profissionais devem ter e às escolas e às estruturas de formação transmitir as com-petências necessárias à obtenção das qualificações pretendidas”, António Saraiva deixa a crítica: “as políticas educativas em Por-tugal têm assentado muito mais em tentativas de implementação de conceções teóricas do que em concepções estratégicas, concre-tas e integradas”.

A solução, diz, é “voltar o Ensino simultaneamente para o quotidiano e o global”, pois o mercado de tra-balho precisa, de um lado, de um carácter mais técnico, mais prático, e com forte componente de ‘saber fazer’; e do outro, de banda mais larga e, simultaneamente, mais aprofundado.

sexta-feira, 15 Junho de 2011 ENSINO SUPERIORII

“As empresas referem frequentemente que há desajustamentos entre a oferta e a procura de emprego e que continuam a ter dificuldades em contratar profissionais com as competências adequadas”, revela António Saraiva.

Programa Contacto da Sonae já tem mais de 16 mil jovens registadosTERESA [email protected]

SANDRA [email protected]

Contrariamente a “todas as expectativas iniciais”, a Rede Contacto da Sonae conta já com mais de mais de 16 mil jovens registados. Um número que “ultrapassa as expectativas iniciais” da empresa e relativa-mente ao qual, volvido o Dia Contacto, “podemos afirmar que o balanço é francamente positivo”, revela Ana Cristina Fonseca, Diretora de Recursos Humanos do Centro Corpora-tivo da Sonae, à “Vida Econó-mica”.

Lançado pela Sonae em 1986, o Programa Contacto “permite não só dar a conhecer aos jo-vens universitários informação e oportunidades que temos em aberto, como, também, que estes se deem a conhecer atra-vés da participação ativa e de qualidade nos desafios que vão sendo propostos”. O Programa tem, aliás, vindo a “assumir-se como uma ferramenta privile-giada de comunicação e deteção de talento jovem” ao longo dos anos, diz Ana Cristina Fonseca, sendo que a empresa já recebeu mais de 34 mil candidaturas, das quais foram selecionados cerca de 3900 jovens para par-ticipar no Dia Contacto.

Este ano, e em linha com os anos anteriores, a Sonae abriu as portas aos jovens que mais se destacaram, “procurando apoiar o desenvolvimento das suas competências e desafian-do-os a mostrarem o seu valor”, frisa a responsável de recursos humanos da Sonae.

Questionada sobre que con-selhos dá aos jovens finalistas do ensino superior que não conseguem aceder a este tipo de oportunidades e se veem con-frontados com o desemprego, Ana Cristina Fonseca aponta uma resposta positiva.

“Estamos conscientes que a realidade do mercado atual cria obstáculos à integração de jovens em novos contextos de trabalho”, mas “acreditamos convictamente na importância da procura ativa, por parte dos jovens finalistas, de oportuni-dades que vão de encontro às suas motivações”. E, para isso, acrescenta, é “crucial a persis-tência nesta busca pelo desafio e a capacidade de se diferen-ciarem pelas competências de-senvolvidas nos mais diversos contextos em que se inserem, bem como pelos conhecimen-tos adquiridos ao longo da sua formação académica”.

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ugue

ses

e os

res

tant

es

de

outr

as

naci

onal

idad

es,

espe

-ci

alm

ente

dos

PA

LOP

– te

riam

ab

ando

nado

o e

nsin

o”.

Inst

ado

a co

men

tar

a afi

rmaç

ão

prof

erid

a po

r vá

rios

re

spon

-sá

veis

de

que

nenh

um e

stud

ante

de

ve d

eixa

r de

est

udar

por

fal

ta

de r

ecur

sos

econ

ómic

os,

o pa

dre

Nun

o Sa

ntos

adv

erte

que

“a

fras

e co

rre

o ri

sco

de s

er d

emag

ógic

a”.

Diz

, ai

nda

assi

m,

que

“dev

emos

ap

osta

r no

s bo

ns a

luno

s, i

nde-

pend

ente

men

te d

os s

eus

recu

rsos

ec

onóm

icos

”.

Dev

ería

mos

, di

z o

resp

onsá

vel

da I

grej

a C

atól

ica,

“te

r co

mo

refe

-rê

ncia

o m

érito

aca

dém

ico”

, ain

da

que

“sem

dei

xar

de t

er e

m c

onta

ca

sos c

oncr

etos

”, a

pont

ando

que

“a

refe

rênc

ia m

ais

grita

nte

tem

a v

er

com

os

filho

s qu

e co

ntin

uam

a e

s-ta

r im

pedi

dos d

e ac

eder

à b

olsa

por

vida

s fis

cais

ou o

utra

s de

alg

um

elem

ento

do

agre

gado

fam

iliar

”.Já

so

bre

se

o fe

nóm

eno

do

aban

dono

do

ensi

no s

uper

ior

po-

derá

agr

avar

-se

aind

a m

ais,

Nun

o Sa

ntos

não

hes

ita: “

eu n

ão p

enso

; eu

ten

ho a

cer

teza

”. E

sses

alu

nos

“dei

xarã

o de

se

insc

reve

r no

ens

i-no

sup

erio

r de

sde

logo

”, p

ois

“os

agre

gado

s fam

iliar

es v

iram

os s

eus

recu

rsos

sere

m b

asta

nte

atin

gido

s,

outr

os v

iram

os

seus

fam

iliar

es a

pe

rder

em

preg

os e

, por

isso

, a t

e-re

m m

enos

din

heir

o e

os c

usto

s de

vid

a au

men

tara

m e

m t

odas

as

dire

cçõe

s”. E

não

há,

diz

est

e pa

-dr

e, “u

ma

únic

a id

eia

de m

udan

ça

real

da

situ

ação

”.Ig

ualm

ente

qu

estio

nada

pe

la

“Vid

a E

conó

mic

a”,

a vi

ce-r

eito

ra

da U

nive

rsid

ade

de C

oim

bra

para

as

áre

as d

e pe

dago

gia,

e 2º

ci-

clos

, M

adal

ena

Ala

rcão

, nã

o te

m

dúvi

das

em a

firm

ar q

ue “

a de

sis-

tênc

ia o

u su

spen

são

tem

porá

ria

de e

stud

os p

or m

otiv

os d

e or

dem

fin

ance

ira

só n

os p

ode

preo

cu-

par”

, um

a ve

z qu

e “a

for

maç

ão

supe

rior

é i

mpo

rtan

te p

ara

o de

-se

nvol

vim

ento

pe

ssoa

l de

ca

da

um e

par

a o

dese

nvol

vim

ento

da

próp

ria

soci

edad

e”.

A f

requ

ênci

a do

ens

ino

supe

-ri

or,

refe

re a

inda

Mad

alen

a A

lar-

cão,

“co

nfer

e nã

o só

um

con

junt

o de

com

petê

ncia

s té

cnic

as e

spec

í-fic

as,

nece

ssár

ias

a um

ade

quad

o ex

ercí

cio

profi

ssio

nal,

com

o um

co

njun

to c

onhe

cim

ento

s e

com

-pe

tênc

ias

tran

sver

sais

, qu

e pe

r-m

item

um

a m

elho

r ad

apta

ção

num

mun

do q

ue e

stá

em c

ons-

tant

e m

udan

ça e

evo

luçã

o”.

É,

aliá

s, e

xata

men

te p

or t

erem

ess

a pe

rcep

ção

que

“os

estu

dant

es e

re

spet

ivas

fa

míli

as

faze

m,

mui

-ta

s ve

zes,

um

esf

orço

im

port

ante

pa

ra a

sseg

urar

que

est

a fo

rmaç

ão

supe

rior

não

fiqu

e co

mpr

omet

i-da

, es

peci

alm

ente

num

per

íodo

de

cri

se e

m q

ue a

com

petê

ncia

e

a qu

alid

ade

pode

m s

er e

lem

ento

s di

fere

ncia

dore

s cr

ucia

is”.

E q

ue e

feito

s po

de t

er n

o de

-se

nvol

vim

ento

da

s in

stitu

içõe

s qu

e re

pres

enta

m

o ag

rava

r do

fe

nóm

eno

do

aban

dono

?,

per-

gunt

amos

ain

da à

vic

e-re

itora

da

Uni

vers

idad

e de

Coi

mbr

a.

Em

res

post

a à

“Vid

a E

conó

-m

ica”

, M

adal

ena

Ala

rcão

dei

xa a

ce

rtez

a: “a

Uni

vers

idad

e de

Coi

m-

bra

cont

inua

a a

post

ar n

a qu

ali-

dade

da

sua

form

ação

, pa

ra q

ue,

mes

mo

em te

mpo

de

dific

ulda

de,

ou a

té p

or c

ausa

del

a, a

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ação

qu

e m

inis

tra

poss

a se

r de

seja

da

por

um c

ada

vez

mai

or n

úmer

o de

est

udan

tes n

acio

nais

e in

tern

a-ci

onai

s”.

sext

a-fe

ira,

15

jun

ho

de

2011

ENS

INO

SU

PER

IOR

IVse

xta-

feir

a, 1

5 ju

nh

o d

e 20

11V

Ban

cos

apos

tam

na

s un

iver

sida

des

apes

ar d

o de

sem

preg

o en

tre

licen

ciad

osTE

RE

SA

SIL

VEIR

Ate

resa

silv

eira

@vi

daec

onom

ica.

pt

SA

ND

RA

RIB

EIR

Osa

ndra

ribe

iro@

vida

econ

omic

a.pt

Até

dez

embr

o de

201

1, h

avia

78

92 d

iplo

mad

os d

esem

preg

a-do

s na

áre

a da

form

ação

de

pro-

fess

ores

/for

mad

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e

ciên

cias

de

edu

caçã

o, o

u se

ja,

mai

s do

do

bro

do n

úmer

o re

gist

ado

em

junh

o do

mes

mo

ano

(387

4),

reve

lou

no fi

nal d

a úl

tim

a se

ma-

na o

Gab

inet

e de

Pla

neam

ento

, E

stra

tégi

a, A

valia

ção

e R

elaç

ões

Inte

rnac

iona

is d

o M

inis

téri

o da

E

duca

ção

e C

iênc

ia.

Ain

da a

ssim

, os

ing

ress

os n

o en

sino

sup

erio

r m

antê

m o

mes

-m

o ri

tmo

e as

ins

titu

içõe

s ba

n-cá

rias

con

tinu

am a

apo

star

no

fi-na

ncia

men

to d

os v

ário

s cu

rsos

, po

is,

mes

mo

cara

s, a

edu

caçã

o e

a fo

rmaç

ão s

ão “

cada

vez

mai

s

vist

as c

omo

um i

nves

tim

ento

” e

“o n

úmer

o de

em

prés

tim

os

apro

vado

s nã

o pá

ra d

e au

men

-ta

r”,

reve

la à

“V

ida

Eco

nóm

i-ca

” fo

nte

da

Cai

xa

Ger

al

de

Dep

ósit

os (

CG

D).

O o

bjet

ivo,

ex

plic

a a

CG

D,

é “p

erm

itir

aos

un

iver

sitá

rios

ou

futu

ros

alun

os

do e

nsin

o su

peri

or a

apr

ovaç

ão

de e

mpr

ésti

mos

de

form

a qu

ase

imed

iata

, co

m ‘s

prea

d’ m

áxim

o de

1%

e t

axas

de

juro

con

vida

-ti

vas”

.Ig

ualm

ente

que

stio

nado

pel

a “V

ida

Eco

nóm

ica”

, o

BPI

ex-

plic

a qu

e “o

ban

co r

egis

tou,

ao

long

o do

s an

os,

um a

umen

to

sust

enta

do,

tant

o em

mon

tan-

te t

otal

com

o em

núm

ero

de

oper

açõe

s”,

no

créd

ito

con-

cedi

do

no

Cré

dito

Fo

rmaç

ão

dest

inad

o a

finan

ciar

des

pesa

s de

ed

ucaç

ão

com

lic

enci

atu-

ras,

pós

-gra

duaç

ões,

mes

trad

os

e do

utor

amen

tos,

em

Por

tuga

l ou

no

estr

ange

iro”

. Is

to,

embo

-ra

“de

sde

final

de

2010

que

se

veri

fica

uma

tend

ênci

a de

red

u-çã

o no

cré

dito

atr

ibuí

do”,

diz

o

banc

o de

Fer

nand

o U

lric

h.T

ambé

m

o M

illen

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BC

P e

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ES

disp

õem

de

solu

-çõ

es p

ara

finan

ciar

as

desp

esas

com

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enci

atur

as,

pós-

grad

ua-

ções

, m

estr

ados

e d

outo

ram

en-

tos,

mas

é o

cré

dito

pes

soal

par

a es

tuda

ntes

do

ensi

no s

uper

ior

com

gar

anti

a m

útua

que

mai

s te

m

susc

itad

o in

tere

sse

por

part

e do

s es

tuda

ntes

. U

ma

das

prin

cipa

is r

azõe

s pr

ende

-se

com

o

fact

o de

o “

spre

ad”

máx

imo

não

ultr

apas

sar

1% e

as

taxa

s de

ju

ro

sere

m

“pro

posi

tada

men

te

conv

idat

ivas

” e

inco

rpor

arem

“u

m

apoi

o do

s in

terv

enie

ntes

no

sis

tem

a”,

subl

inha

o p

resi

-de

nte

da S

PG

M“A

res

post

a qu

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banc

a e

o si

stem

a na

cion

al

de

gara

ntia

m

útua

têm

dad

o re

pres

enta

um

in

vest

imen

to

sign

ifica

tivo

no

fu

turo

do

país

. M

esm

o nu

ma

conj

untu

ra

em

que

o cr

édit

o é

esca

sso

e ca

ro,

tem

sid

o po

s-sí

vel

resp

onde

r a

milh

ares

de

estu

dant

es

com

um

pr

odut

o ad

equa

do à

s su

as n

eces

sida

des,

se

m g

aran

tias

pat

rim

onia

is n

em

fiado

res”

, re

alça

Jo

Fern

an-

do

Figu

eire

do,

pres

iden

te

da

SPG

M –

Soc

ieda

de d

e In

vest

i-m

ento

, em

pres

a qu

e fu

ncio

na

com

o um

a es

péci

e de

hol

ding

do

sis

tem

a, e

tam

bém

das

qua

-tr

o so

cied

ades

de

gara

ntia

mú-

tua

que

oper

am

em

Port

ugal

(A

grog

aran

te, G

arva

l, L

isga

ran-

te e

Nor

gara

nte)

.C

om 4

537

estu

dant

es a

poia

-do

s e

mai

s de

52,

1 m

ilhõe

s de

eu

ros

empr

esta

dos,

do

s qu

ais

50,8

% (

mai

s de

26,

4 m

ilhõe

s)

fora

m u

tiliz

ados

, o

ano

leti

vo

2010

/201

1 fo

i aq

uele

em

que

m

ais

créd

ito

foi

conc

edid

o, r

e-ve

la a

SP

GM

. E a

té 3

1 de

Mar

-ço

des

te a

no já

fora

m fo

rmal

iza-

dos

1437

nov

os c

ontr

atos

, num

va

lor

supe

rior

a 1

6,9

milh

ões

de

euro

s, t

endo

sid

o já

uti

lizad

os

quas

e 2,

24

milh

ões

de

euro

s (1

3,2%

).

Segu

ndo

a SP

GM

, “t

anto

em

qu

anti

dade

co

mo

em

valo

r a

proc

ura

tem

aum

enta

do s

em-

pre,

des

de q

ue,

em 2

007/

2008

, fo

i la

nçad

o es

te p

rodu

to fi

nan-

ceir

o es

pecí

fico”

.

Gara

nti

a M

útu

a lid

era

em

pré

sti

mo

s a

estu

dan

tes

O e

stud

o “C

usto

dos

Est

udan

tes

no E

nsin

o S

uper

ior”

co

orde

nado

pel

a in

vest

igad

ora

Luís

a C

erde

ira,

da

Uni

vers

idad

e de

Lis

boa,

apr

esen

tado

a s

eman

a pa

ssad

a, r

evel

a qu

e, e

m 2

01

0/2

01

1, 3

3,6

% d

os

estu

dant

es d

o en

sino

pol

itéc

nico

era

m b

olse

iros

, en

quan

to n

o en

sino

uni

vers

itár

io e

ssa

perc

enta

gem

se

sit

uava

nos

24

,9%

. A

mai

or p

erce

ntag

em d

e bo

lsei

ros

veri

ficou

-se

no e

nsin

o po

litéc

nico

púb

lico

(35

,9%

), s

egui

do d

o un

iver

sitá

rio

públ

ico

(27

,8%

),

send

o qu

e a

mai

or q

uebr

a de

bol

seir

os s

e re

gist

ou

nos

estu

dant

es d

o en

sino

pol

itéc

nico

púb

lico

(de

47

,3%

par

a 3

5,9

%).

O

mes

mo

estu

do c

oncl

ui a

inda

que

um

est

udan

te d

o en

sino

sup

erio

r cu

stou

em

méd

ia, em

20

10

/20

11

, em

Por

tuga

l, 6

62

4 e

uros

, m

as q

ue n

o an

o le

tivo

pa

ssad

o 4

,9%

dos

alu

nos

teve

de

pedi

r um

empr

ésti

mo

para

sup

orta

r os

cus

tos

com

o e

nsin

o. E

fo

ram

os

estu

dant

es d

o po

litéc

nico

pri

vado

(9

,3%

) e

do u

nive

rsit

ário

pri

vado

(5

,7%

) os

que

mai

s se

en

divi

dara

m ju

nto

das

inst

itui

ções

fina

ncei

ras

para

es

se e

feit

o.M

ais

reve

la o

est

udo

que,

em

méd

ia, o

valo

r do

s em

prés

tim

os c

once

dido

s a

estu

dant

es é

de

98

51

eu

ros,

que

cer

ca 6

6,7

% f

oram

atr

avés

do

sist

ema

naci

onal

de

gara

ntia

mút

ua e

que

os

banc

os c

om

mai

or n

úmer

o de

em

prés

tim

os s

ão a

CG

D (

47

,1%

), o

S

anta

nder

(1

3,7

%)

e B

CP

(7

,8%

). O

s em

prés

tim

os

de f

amili

ares

e a

mig

os t

ambé

m c

onst

itue

m u

ma

fati

a im

port

ante

(7

,8%

), s

endo

que

os

estu

dant

es

mai

s ve

lhos

(>3

0 a

nos)

são

os

que

cont

raem

mai

or

perc

enta

gem

de

empr

ésti

mos

(1

1%

), a

ssim

com

o os

pr

oven

ient

es d

e ag

rega

dos

com

men

or r

endi

men

to.

“É p

reci

so u

m

esfo

rço

impo

rtan

te

para

ass

egur

ar

que

a fo

rmaç

ão

supe

rior

não

fica

co

mpr

omet

ida

nest

e pe

ríod

o de

cri

se”,

fri

sa

Mad

alen

a A

larc

ão,

da U

nive

rsid

ade

de

Coi

mbr

a

“Dev

ería

mos

ter

com

o re

ferê

ncia

o m

érit

o ac

adém

ico,

ain

da q

ue

sem

dei

xar

de t

er e

m

cont

a ca

sos

conc

reto

s”,

diz

o pa

dre

Nun

o Sa

ntos

da

Past

oral

do

Ens

ino

Supe

rior

Page 5: ENSINO SUPERIOR - VidaEconomica€¦ · ENSINO SUPERIOR TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt SANDRA RIBEIRO sandraribeiro@vidaeconomica.pt Em 2009, os ministros da Edu-

BOLSA DE ALUNOS COLABORADORES REMUNERADOS E CALENDÁRIOS PERSONALIZADOS DE PAGAMENTO DE PROPINAS

Politécnico de Viana lança programa de apoio a alunos carenciadosPortugal vai “demorar anos a sair da situação [de crise] em que se encontra” e os seus efeitos, apesar de, para já, “difíceis de quantificar”, pesam forte sobre o ensino superior, universitário e politécnico, avisa Rui Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).Em entrevista à “Vida Económica”, o também vice-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) revela as medidas já implementadas para mitigar as carências dos alunos no Instituto a que preside. E até mesmo as adotadas junto dos não carenciados, com calendários de pagamento de propinas ajustados às situações colocadas pelas famílias.Não sendo este o milagre para o fim de todos os problemas, garante Rui Teixeira que as ajudas vão manter-se “enquanto houver um aluno, que seja, com carências”.

TERESA [email protected]

Vida Económica - Dos cerca de 4500 do IPVC, quantos estão identi-ficados como tendo dificuldades eco-nómicas ao ponto de não consegui-rem suportar o custo das propinas?

Rui Teixeira - Os alunos carenciados são bolseiros. O pagamento das propinas é a primeira prioridade no conjunto de apoios que preenchem o conceito ‘bolsa de estu-do’. O IPVC tem cerca de 1300 bolseiros, ou seja, o Estado substitui-se aos agregados familiares destes alunos no dever de pagar as propinas. Nota-se um aumento, difícil de quantificar, dos atrasos no pagamento de propinas por parte de alunos ‘não ca-renciados’, nos termos dos regulamentos de bolsas e das leis da Segurança Social. Com estes, vamos fazendo acordos de ca-lendários de pagamento personalizados, ajustando o calendário pretendido pela família ao calendário da lei a que estamos sujeitos.

VE - Quantos alunos do IPVC já te-rão abandonado o ensino superior de-vido a carências económicas?

RT - Até à data não podemos registar, com clareza, o abandono. Até 31 de de-zembro, não houve qualquer aumento face aos anos anteriores. Nesta fase o abandono prende-se, quase sempre, com razões de ordem académica (não gostam do curso)

ou social (não se adaptam à situação de deslocados, etc.). Após esta fase não há registos nem quaisquer indicadores fide-dignos. Raramente o aluno desiste de um dia para o outro. Começam por, numa ou noutra semana, não virem às aulas, mas, depois, muitas vezes, vêm aos exames. Só vamos ter possibilidade de medir o aban-dono com a exatidão nas reinscrições do início do próximo ano letivo.

VE - Do ‘feedback’ que vai tendo, que destino levam esses alunos que deixaram o ensino superior e que fu-turo os espera?

RT - Temos por hábito abordar todos os estudantes cujo desejo de abandono ou abandono recente chega ao nosso conheci-mento. Este conhecimento é raro, diga-se. Da nossa experiência, as razões do aban-dono devem-se, quase sempre, ao terem encontrado um emprego e à pouca fé que têm na formação superior como condição de favorabilidade para o emprego. Procu-ramos, à exaustão, demonstrar-lhes que estão enganados, as mais das vezes sem sucesso.

Uma grande maioria regressa um ou dois anos mais tarde. Muitos outros mantêm os seus empregos, quase sempre indiferencia-dos e muito mal pagos. Alguns, também, os empreendedores, atingem o sucesso. Poucos. Um número significativo, tam-bém, especialmente no público feminino, abandona ou interrompe por razões de maternidade.

VE - Que medida concreta lançou

o IPVC para ir ao encontro e minorar essas carências?

RT - Desde a atenção reforçada com mecanismos de deteção mais rápida de casos de dificuldade que, muitas vezes, correm envergonhados e silenciosos e que permita a atuação na hora, por parte dos serviços, quando detetamos situações de dificuldades com o estudo da situação dos alunos. Também lançamos uma bolsa de colaboradores, constituída por alunos que prestam pequenos serviços na instituição, com o primeiro objetivo de propedêutica à profissionalização e pelos quais auferem algum dinheiro ou outros benefícios de ajuda à sua frequência. Também disponi-bilizamos cabazes de produtos básicos nos bares a preço reduzido, a interação com movimentos solidários como os Rotários e os Lions, entre outros.

VE - Como é feita na prática a tria-gem e o controlo dos alunos com di-ficuldades? Certamente não apenas com a declaração de IRS referente ao ano anterior...

RT - A definição de ‘aluno carenciado’ não é, nem pode ser, obviamente, uma criação do IPVC. É uma definição políti-ca, legal e regulamentar do Estado, cujas regras são semelhantes para todos os cida-dãos e para todas as prestações sociais de base não contributiva. Na minha opinião pessoal, os princípios pelos quais se rege, atualmente, a determinação de ‘aluno ca-renciado’, um trabalho iniciado pelo an-terior governo e que o atual continuou, são claros e justos. Os limites económicos

a partir dos quais se considera ‘carência’ é que são que muito baixos e excluem logo muita gente, de facto, carente. Esta é uma decorrência da situação que o país vive.

VE - As medidas de apoio aos alu-nos carenciados têm suporte finan-ceiro e não põem em causa as recei-tas do Instituto? Quanto representa para o IPVC, em termos numéricos, essa ajuda?

RT - Os Serviços de Ação Social (SAS) têm, em regra, nas instituições de ensino superior, autonomia e orçamento pró-prios. As bolsas de estudo são pagas dire-tamente pelo Estado aos alunos, também não passando pelos orçamentos das insti-tuições. Os alunos do IPVC recebem do Estado em bolsas de estudo, por ano, cerca de 3,2 milhões de euros, mais cerca de 400 mil euros de orçamento dos SAS em aloja-mento, alimentação e outros. O IPVC, do seu orçamento próprio, soma a estes valo-res para fins sociais cerca de 250 mil euros por ano, dos quais 90 mil euros investimos na bolsa de colaboradores. É um enorme esforço, dadas as circunstâncias em que vivemos.

VE - Por quanto tempo espera ter de manter esta ajuda aos alunos?

RT - Este nível de ajudas deve tornar-se uma prática da vida das instituições. Have-rá sempre ajudas enquanto houver um alu-no, que seja, com carências. Alterará, isso sim, é o caudal dessa ajuda. Infelizmente, todos sabem que o país demorará uns anos a sair da situação em que se encontra.

sexta-feira, 15 Junho de 2011 ENSINO SUPERIORVI

“Frequentam o IPVC cerca de 4500 alunos, cerca de 200 em cursos de especialização tecnológica, 3700 em cursos de licenciatura e 600 em mes-trado”, revela Rui Teixeira à “Vida Económica”.

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FERNANDA SILVA [email protected]

O diretor da Faculdade de Economia do Porto (FEP), João Proença, acredita que “é fun-damental desenvolver relações próximas” entre as universida-des e as empresas, mas também “com muitas outras instituições que são centrais na nossa vida social”, como, por exemplo, organizações sociais, políticas e económicas”.

Admitindo que essa ligação “já está a ser desenvolvida em muitas instituições”, seja pela participa-ção de pessoas ligadas às empre-sas nos corpos sociais das várias

universidades, seja pelo envol-vimento da comunidade civil e empresarial nas várias dimensões da vida académica, João Proença admite, contudo, que “é possível potenciar ainda mais essa liga-ção”, nomeadamente através do desenvolvimento de estruturas que permitam “a interação com os ‘alumni’, com os empresários e gestores, com os políticos que conectem e aproximem estes atores”.

Por isso, afirma o docente, “é importante que as Escolas criem condições para que os elementos externos, em parti-cular os ‘alumni’, sejam parte integrante da Escola”, cola-

borando em múltiplas frentes como, por exemplo, “na ob-tenção de estágios para os estu-dantes, em programas de ‘men-toring’, na procura e consumo de serviços prestados pelas ins-tituições de ensino superior, na procura e dinamização de estudos aplicados, no apoio às ações empreendedoras dos es-tudantes e, em particular, às in-cubadoras de empresas de base tecnológica, na valorização e no incentivo ao envolvimento dos estudantes em atividades extra curriculares e com conexão ao exterior da Escola, ou no desen-volvimento de uma política de aproximação e diálogo com as

JOÃO PROENÇA, DIRETOR DA FACULDADE DE ECONOMIA DO PORTO, ASSEGURA

“É fundamental desenvolver relações próximas” entre as universidades e as empresas

João Proença, diretor da FEP.

PUB autoridades regionais e/ou na-cionais”. Paralelamente, todas estas ações “facilitam e aproxi-mam as universidades ao seu exterior e permitem encontrar novas fontes de financiamento para executarmos a nossa mis-são”, assegura João Proença.

Seria um “crime encerrar as estruturas localizadas no interior” do país

Igualmente “fundamental” é para o diretor da FEP a pre-sença de instituições de ensino superior no interior do país, na medida em que esta localização “dá competências para o desen-volvimento local, pode estimu-lar o empreendedorismo e cria atividade económica e emprego direto e indireto nessas regiões”.

Em declarações à Vida Económica , o docente conside-ra por isso que seria um “crime encerrar as estruturas localizadas no interior”, pois esse cenário “agravaria ainda mais as assime-trias do país, em particular as do litoral face ao interior”. Ainda assim, João Proença não descarta a possibilidade de ocorrer uma “reorganização e alguma conso-lidação” do sistema e admite que “isso não signifi ca que não se encontrem formas novas e mais efi cientes do sistema cumprir essa missão”.

Nesse sentido, uma reorgani-zação “deve permitir assegurar que as estruturas do interior do país tenham mais qualidade e permitam, com maior eficiên-cia e racionalização, cumprir a missão do ensino superior português em todo o espaço nacional”. Por isso, o diretor da FEP defende que algumas instituições de ensino superior “devem ter incluído na sua mis-são o desenvolvimento das regi-ões onde estão localizadas”. “É esse o caso da Universidade do Porto, que, a prazo, pode incor-porar na sua missão a contri-buição para o desenvolvimento de todo o Norte do país, o que poderia incluir também as áreas do interior”, remata João Pro-ença.

sexta-feira, 15 Junho de 2011 ENSINO SUPERIORVIII

ENQUADRAMENTO:

OBJETIVOS:

PROGRAMA:

FORMADORA: Raquel Reis -

PORTOJUNHO (6ºf e Sáb.)

16 22232930Hotel Holiday Inn Porto-Gaia

Preços: � 390

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: Vida Económica – Patricia Flores

E-mail: [email protected]

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