entrevista com lois weaver sala preta 10-libre

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Entrevista com Lois Weaver 263 E ntr ntr ntr ntr ntrevista com Lois W evista com Lois W evista com Lois W evista com Lois W evista com Lois Weaver eaver eaver eaver eaver por Ana Bernstein NY, julho de 2004 Entrevista realizada como parte da pesquisa de Ana Bernstein para sua tese de doutorado DO COR- PO/DO TEXTO – DESEJO E AFETO EM PERFORMANCE no programa de Estudos da Perfor- mance da New York University. Ana: Eu gostaria que você falasse sobre o pro- cesso de trabalho de To My Chagrin, de What Tammy Needs to Know e do trabalho que você fez em London, On the Scent – eu entendo que você fez este trabalho no Brasil também. Lois: Sim, fizemos em Porto Alegre, num festival. Ana: Como foi? Lois: Foi ótimo. Nós gostamos muito. O trabalho é realmente traduzível. Acabei de fazê- lo também em Xangai, com um tradutor. So- mos três, e cada uma de nós usa um cômodo de uma casa ou de um apartamento. Eu fico na sala, Leslie Hill na cozinha e Helen Paris no quarto e as pessoas entram em grupos de qua- tro. Elas entram no meu espaço e eu sou a anfi- triã. É uma performance teatral mas é bastante presente e interativa porque nós estamos bem ali e é tudo sobre cheiros e memória. Então eu as trago para dentro e conversamos sobre me- mórias que associamos com cheiros e produzi- mos os cheiros enquanto estamos conversando. Eu faço um tipo de mulher mais velha decaden- te que é viciada em perfume e chocolate. Eu ofe- reço a elas perfumes e chocolates, violetas, ro- sas, mas não lhes dou imediatamente; tenho essa coisa tipo “entrem, mas não cheguem muito perto”. Falo sobre perfumes e minhas memóri- as sobre perfumes de quando era criança. Então eu vou para a cozinha de Leslie e ela stá cozi- nhando costeletas de porco e fumando cigarros e falando sobre o sudoeste do Novo México, sobre ser de Los Alamos. Ela combina essas me- mórias olfativas com um sentimento de ter cres- cido com medo de uma guerra nuclear e fala sobre Hiroshima; ela entrelaça essas coisas. No quarto de Helen, ela está na cama, doente, en- tão é um quarto de doente, cheira como um quarto de doente. O trabalho dela é sobre en- velhecimento e memória, sentimento de perda e sobre classe, de certa forma, porque é sobre ser uma mulher de classe média que está enve- lhecendo, é sobre a mãe dela. Depois o público retorna para mim e eu lhes peço que me con- tem uma memória associada a um cheiro e eu gravo isso em vídeo. A Leslie e a Helen estão recolhendo este material em vídeo e fazendo coisas diferentes com ele. Elas fizeram um DVD de todas as performances que fizemos em Lon- dres chamado Essências de Londres, mas elas estão basicamente recolhendo o material para diferentes tipos de documentação. R5-A6-Entrev_Weaver.PMD 03/06/2011, 11:18 263

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    EEEEE n t rn t rn t rn t rn t re v i s t a com Lo i s Wev i s t a com Lo i s Wev i s t a com Lo i s Wev i s t a com Lo i s Wev i s t a com Lo i s We a v e re a v e re a v e re a v e re a v e r

    por Ana BernsteinNY, julho de 2004

    Entrevista realizada como parte da pesquisa de Ana Bernstein para sua tese de doutorado DO COR-PO/DO TEXTO DESEJO E AFETO EM PERFORMANCE no programa de Estudos da Perfor-mance da New York University.

    Ana: Eu gostaria que voc falasse sobre o pro-cesso de trabalho de To My Chagrin, de WhatTammy Needs to Know e do trabalho que vocfez em London, On the Scent eu entendo quevoc fez este trabalho no Brasil tambm.

    Lois: Sim, fizemos em Porto Alegre, numfestival.

    Ana: Como foi?Lois: Foi timo. Ns gostamos muito. O

    trabalho realmente traduzvel. Acabei de faz-lo tambm em Xangai, com um tradutor. So-mos trs, e cada uma de ns usa um cmodo deuma casa ou de um apartamento. Eu fico nasala, Leslie Hill na cozinha e Helen Paris noquarto e as pessoas entram em grupos de qua-tro. Elas entram no meu espao e eu sou a anfi-tri. uma performance teatral mas bastantepresente e interativa porque ns estamos bemali e tudo sobre cheiros e memria. Ento euas trago para dentro e conversamos sobre me-mrias que associamos com cheiros e produzi-mos os cheiros enquanto estamos conversando.Eu fao um tipo de mulher mais velha decaden-te que viciada em perfume e chocolate. Eu ofe-reo a elas perfumes e chocolates, violetas, ro-sas, mas no lhes dou imediatamente; tenho essa

    coisa tipo entrem, mas no cheguem muitoperto. Falo sobre perfumes e minhas memri-as sobre perfumes de quando era criana. Entoeu vou para a cozinha de Leslie e ela st cozi-nhando costeletas de porco e fumando cigarrose falando sobre o sudoeste do Novo Mxico,sobre ser de Los Alamos. Ela combina essas me-mrias olfativas com um sentimento de ter cres-cido com medo de uma guerra nuclear e falasobre Hiroshima; ela entrelaa essas coisas. Noquarto de Helen, ela est na cama, doente, en-to um quarto de doente, cheira como umquarto de doente. O trabalho dela sobre en-velhecimento e memria, sentimento de perdae sobre classe, de certa forma, porque sobreser uma mulher de classe mdia que est enve-lhecendo, sobre a me dela. Depois o pblicoretorna para mim e eu lhes peo que me con-tem uma memria associada a um cheiro e eugravo isso em vdeo. A Leslie e a Helen estorecolhendo este material em vdeo e fazendocoisas diferentes com ele. Elas fizeram um DVDde todas as performances que fizemos em Lon-dres chamado Essncias de Londres, mas elasesto basicamente recolhendo o material paradiferentes tipos de documentao.

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    Ana: Quanto tempo dura a performance?Lois: Quarenta minutos.Ana: E quantas performances vocs fazem

    em um dia?Lois: Fazemos at oito por dia.Ana: E a Leslie fica cozinhando costeletas

    de porco todo o tempo...Lois: Ela fica cozinhando costeletas de

    porco (ri)... E eu fico comendo chocolate. uma experincia realmente interessante paramim porque cada uma de ns escreveu sua pr-pria parte e depois juntamos tudo. Tenho a sen-sao de ser bastante feminina, h algo muitofeminino a respeito, para mim. No acho quepretendamos fazer isso, mas foi o que aconte-ceu. E muito ntimo; eu no tinha tido esse tipode experincia ntima de performance. umtrabalho de tempo integral, como ter um tra-balho de oito horas por dia, ento voc est lapenas, acho fascinante. Eu gosto.

    Ana: Vocs fazem esse trabalho regular-mente?

    Lois: Fazemos quatro vezes e paramospara descansar e depois fazemos mais quatro[num dia]. Trs dias o mximo que fizemossem ter que parar porque muito...

    Ana: exaustivo emocionalmente?Lois: Sim, emocionalmente e por ser to

    ntimo com estranhos quase como ser umaprostituta, acho. Quero dizer, voc sabe, de umjeito engraado, voc traz algum bem ali comvoc...

    Ana: Voc os seduz.Lois: E ento voc tem que estar presente

    de forma to diferente de quando voc est nopalco.

    Ana: De que forma diferente?Lois: Acho que no palco voc busca estar

    absolutamente presente no momento, na respi-rao e tendo este tipo de contato com as pes-soas, voc realmente no consegue tanto no pal-co, porque voc tem aquela distncia. E voctem tambm a preocupao de manter algo semovendo por uma hora inteira. Ao passo quequando as pessoas entram, voc pode apenasestar ali e seguir o roteiro. Voc tem que ter um

    roteiro, mas muito imediato. Minha partedura apenas seis minutos por vez, ento sisso, seis minutos, no preciso construir e terum arco de energia, o que quer que se passeentre ns e ento isso.

    Ana: A relao de controle tambm umpouco diferente. No palco voc tem controle dotrabalho, h todas essas convenes sobre a for-ma de participao do pblico, o que diferen-te quando voc est no mesmo espao, voc notem tanto controle...

    Lois: Voc no tem tanto controle e mi-nha tarefa controlar. minha tarefa seduzir etrazer o pblico para dentro e fazer com que sai-bam onde esto os limites, fazer com que sai-bam que sim, podem entrar, podem interagirconosco, mas ns estamos fazendo isso. Eu ado-ro isso; esse tipo de jogo de poder to prximo,adoro. Adoro ver o quo perto posso deix-loschegar sem perturbar nosso show, basicamente.Porque s vezes eles interagem comigo e eu te-nho que sem alterar meu personagem te-nho que manter o fluxo.

    Ana: E as memrias do pblico afetamseu roteiro de alguma forma?

    Lois: No. Ns temos um tipo de lbumde recortes e ele apenas adiciona a este lbum,ento no o mudam de fato. Porque quando elesvoltam e me contam suas memrias, eu sou defato a mesma personagem, mas estou atrs dacmera. Estou atrs da cmera quando eles en-tram, contando minha prpria memria, comose a estivesse gravando, como se a estivesse ca-talogando, como se estivesse engarrafando essacoisa porque tenho que faz-la, uma con-veno que criei. E ento quando eles retornameu digo, ok, vocs tm que contribuir algo an-tes de partir para que eu possa continuar fazen-do isso.

    Ana: E elas se sentem confortveis comisso?

    Lois: Sentem. Acho que h algo sobre otrabalho, sobre a forma como se desenvolve, queno momento em que elas chegam a este pontoelas se sentem muito emocionais e acho que terum cheiro ajuda as pessoas a se abrirem de qual-

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    quer maneira. Elas esto incrivelmente abertas.De fato, algumas pessoas retornam e dizem,no posso acreditar que lhe contei essa hist-ria. engraado porque na China eles distri-buram algumas coisas antes da performance, deforma que as pessoas estavam cientes de que iri-am contar uma estria, ento houve uma for-ma muito diferente de contar estrias.

    Ana: Como funcionou com a lngua?Lois: Tnhamos um tradutor em cada c-

    modo, ento cada uma de ns tinha sua pr-pria pessoa. Tentamos fazer a traduo aconte-cer a partir da perspectiva do pblico. Em outraspalavras, ao invs de ser outro personagem co-migo na sala, era uma voz de dentro da cabeado pblico que ajudava a traduzir. Acho quefuncionou melhor para mim do que pode terfuncionado para as outras.

    Ana: Voc j tinha trabalhado com aLeslie e a Helen antes?

    Lois: Eu as conheo h muito tempo. Deialgumas oficinas em Londres h algum tempoe uma delas fez a oficina. Leslie e eu fizemosum pequeno projeto na internet tempos atrs.Estivemos nos mesmos lugares, ao mesmo tem-po, nos mesmos painis, elas fizeram coisas di-ferentes comigo, mas esta a primeira vez quede fato fizemos um projeto criativo juntas. Evamos fazer outro se tudo der certo, vamoscomear a trabalhar durante a conveno repu-blicana aqui em NY com o suporte da FranklinFurnace, um projeto chamado Roupa Suja. Va-mos usar a Conveno e cada uma de ns vaifazer uma performance na rua por dois dias efilmar. Minha performance vai ser pendurar len-is. A Leslie vai pendurar blusas e Helen vaipendurar toalhas de mesa e guardanapos. Eu es-tou enfrentando problemas com meus lenis,eu chamo Confrontando Sonhos, ento a mi-nha performance gira em torno da brancura [daquesto da brancura]. E a Leslie tambm, masdo ponto de vista do homem branco, a minha mais da perspectiva de uma mulher do sul e aHelen vai examinar questes de etiquetas e ma-neiras porque classe uma questo importante

    para ela. E a razo porque vamos fazer isso du-rante a conveno porque uma tima atmos-fera para fazer aes de rua. A idia pendurarroupa como uma forma de terrorismo domsti-co. No sei o que vamos fazer at certo pontopodemos apenas encontrar um lugar pblico ependurar a roupa e distribuir um carto dizen-do voc est presenciando um ato de terroris-mo domstico e ento alm disso ns incluire-mos o que nossa roupa suja voc sabe, roupasuja para o resto deste governo, para este pas,para nossas questes culturais, culpa, o queseja... E ento editaremos esse material juntocom outras sries de curtas que esperamos pro-jetar na rua.

    Ana: Voc no fez algo parecido com asmulheres nas prises no Brasil?

    Lois: Bem, eu h muito sou obcecadacom roupa suja, ento fizemos In the House,que uma instalao, onde instalamos toda essaroupa branca no espao e projetamos o traba-lho em vdeo que as mulheres fizeram. Pendu-ramos uma corda de roupas e projetamos nasroupas. E fizemos o evento Dia Internacionalda Roupa Suja, em que pedimos as pessoas paraescrever seus desejos nas roupas.

    Ana: Este trabalho e tambm On theScent me lembram da performance da MarinaAbramovi ela fez duas performances que tmmuito a ver com o que voc est descrevendo.Uma se chama Come Wash with Me, em queas pessoas trazem sua roupa suja para ela lavar...

    Lois: Oh, uau...Ana: E a outra tem a ver com seu ltimo

    trabalho, porque o trabalho dela todo voltadopara a participao do pblico, fazer o pblicoser parte do trabalho ao ponto de transformar opblico na prpria obra. Ela cria objetos para opblico sentar ou se deitar, ou ficar em p sobreeles. Ento ao invs do pblico assistir o artistafazendo algo, voc v o artista ou o pblico as-sistindo ao pblico fazer algo, uma espcie deinverso. Traz o pblico para dentro da obra, oque On the Scent tambm faz.

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    Lois: Faz, faz sim. Voc tem que estar ali,voc no um espectador passivo. No mnimo,voc tem que ir de um espao ao outro e cami-nhar por esses ambientes.

    Ana: Voc os leva para os outros ambien-tes tambm?

    Lois: Eu dou uma espcie de indicao,usando meu texto. Minha memria inicial so-bre uma vendedora da Avon que nunca retor-nou voc no pode depender das vendedorasda Avon porque elas so itinerantes, temporri-as, vo de porta em porta, e eu os guio at aprxima porta usando o texto. E eu estou nocorredor quando eles saem daquele quarto dependendo da geografia para indicar o ou-tro ambiente. Ento tenho uma espcie de pre-sena orientadora, mas muito sutil.

    Ana: interessante porque voc pode fa-zer este trabalho em praticamente qualquer lu-gar, muito fazer viajar com este trabalho.

    Lois: fcil de viajar e surpreendementeh muitos apresentadores interessados noachvamos que ia ser o caso porque voc nopode admitir muitas pessoas, ento economica-mente no um bom negcio em termos delugares. Ns tambm queremos que seja de gra-a, ento quando fazemos tem sido entradafranca. Temos tido muita sorte com convitespara temporadas. Parece que vamos para a Aus-trlia em fevereiro. Abramovi foi uma grandeinfluncia no muito para mim, embora euadore o trabalho dela mas uma grande influ-ncia para elas, ento no me surpreende se al-guns desses elementos esto presentes.

    Ana: Gostaria de falar um pouco sobreTo My Chagrin.

    Lois: Tudo comeou quando a Peggy foiabordada por Jump Start, de Santo Antnio,Texas, para fazer um projeto com a comunida-de e uma performance com o Esperanza Center.Eles tm muitos espaos, tem uma bolsaRockefeller Map e outras coisas, mas no fim elesno receberam todo o dinheiro e ento no pu-deram fazer o trabalho com a comunidade. Maso suporte era para um trabalho em torno de raae herana, esse era o projeto, ento ela acabou

    fazendo um trabalho baseado na relao delacom Ian [neto de Peggy Shaw]. Ento quandoela recebeu o convite/bolsa, ela teve que escre-ver o trabalho. Ns no tnhamos trabalhadojuntas por muito tempo daquela maneira e euno dirigia h algum tempo, desde que a com-panhia se separou. Uma vez que a companhiase separou comeou uma dinmica de poderque ns no tnhamos quando estvamos nacompanhia. Ento nos juntamos e experimen-tamos isso, eu dirigindo para ver se funcionava.

    Ela queria muito colaborar com a Vivian[Stoll, msica] e ela sabia que queria ter umamsica no palco. Elas comearam a trabalharjuntas fazendo escrita associativa, escrita de im-pulso, apenas escrevendo todos os dias, discu-tindo idias. Algumas vezes essas idias se trans-portavam para o reino musical e elas brincavamcom idias musicais. Elas fizeram isso por algunsmeses e no vero anterior a performance elas meapresentaram bastante material bruto e esta aforma como trabalhamos no passado. Ns real-mente liberamos a escrita porque algumascoisas se aplicam ao projeto e outras no, masso escritas em torno das idias. E ento eu re-corto e colo numa forma. Uma vez que eu re-corto e colo essas partes individuais, de formaque as partes esto intactas, elas comeam a tra-balhar nelas e transform-las em partes musi-cais. E ento eu as examino de novo e as edito euma vez que decidimos quais as partes corretas,ns as experimentamos em ordens diferentes.Eu normalmente determino a ordem vocdeve fazer isso e isso, tentar isso. Ento eu basi-camente editei o texto e a estrutura do trabalhoque ela fez em San Antonio. Era para eu ter idoe dirigido o trabalho para ela. Mas a semana queamos passar montando o trabalho foi a semanado 11 de setembro. Eu estava no avio vindopara c para ensaiar mas o avio teve queretornar, ento no pude chegar l. E essa era anica semana que tinha, por causa da faculda-de. Ento a Peggy foi fazer o trabalho em SanAntonio e arranjou algum l s para ajudarcom a montagem, Steve Bailey. E levou aStormy Brandenberger ns j amos traba-

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    lhar com a Stormy como coregrafa, entoSteve e Stormy coreografaram o trabalho na for-ma original que eu editei. Fizemos muitas coi-sas por telefone tambm, como sempre fazemos.E ento ela apresentou novamente o trabalho le fui ver o trabalho naquele formato alguns me-ses depois. E trabalhamos em reformatar ereeditar o trabalho. Ento ela fez o que ns cha-mamos da verso rock and roll para a NationalPerformance Network Conference ns extra-mos a estria da rvore e ela fez basicamente osnmeros mais musicais. E as pessoas realmenteamaram. Ento quando chegou a hora de fazera temporada aqui [em NY, no PerformanceSpace 122] tivemos realmente que pensar o quequeramos fazer se queramos expandir aquiloou se queramos reintegrar e repensar a estriada rvore no trabalho. E decidimos recolocar aestria da rvore. Ento comeamos a ensaiarcom o que ela [Peggy] j tinha feito e realmentedesconstrumos tudo em termos de direo, masestvamos ainda re-editando e mudando coisase cortando. E num certo momento ns pega-mos duas ou trs partes diferentes e juntamospara fazer aquela msica que chamamos de m-sica de Otis Reading, em que ela fala sobre diri-gir sendo negro. Este foi o tipo de trabalho cria-tivo mais cru naquela parte do processo, todo oresto foi sobre direo e brincar com a estruturae edit-la um pouco, montando o trabalho.

    Ana: O Ritmo & Blues uma grande in-fluncia para Peggy, falamos muito disso. Voctambm tem este background?

    Lois: Acho que porque somos parte damesma gerao, este o meu reservatrio maisforte voc sabe, cresci com Otis Reading, viOtis Reading se apresentando quando era cri-ana e, para mim, vendo Otis Reading, Sam &Dave, Four Tops, foi quando compreendi o quesignificava estar no palco e o quo excitante po-dia ser. E no acho que como jovem, uma jo-vem do sul, eu no pensava que isto era o queeu queria ser, mas entendi o prazer que estarno palco daquela forma. Ento um grande re-servatrio para mim, mas acho que ainda mai-or para Peggy, muito mais a linguagem dela

    que a minha. Eu no tenho uma linguagem tomusical quanto a Peggy. Sim, ns comparti-lhamos isso, ento no foi um recurso difcilpara ns.

    Ana: E o carro sempre foi parte do traba-lho?

    Lois: Bem, foi no incio do primeiro ve-ro quando estvamos apenas trabalhando noshow e ainda estava muito cru... carros sempreforam algo importante para Peggy, ns sempregozamos disso, sempre temos um par de carrosvelhos por perto e ambas somos fascinadas coma idia de ferro velho. Falamos sobre querer fa-zer um trabalho de fato, pensamos em fazernossos dois trabalhos juntos no contexto de umferro velho onde Tammy est no trailer e Peggyna caminhonete. Acho que para ns umaquesto de classe. Ambas vimos da classe traba-lhadora, daquele lixo branco ou lixo detrailer, ento o ferro velho uma boa atmosfe-ra. E isso comeou a penetrar este trabalho e elano podia parar de pensar em carros. Tambmquando ela comeou a pensar diretamente so-bre o trabalho e o que significava descrever mas-culinidade para seu neto, era sempre a imagemde um carro que surgia, ento era a coisa maislgica ela disse, quero um carro no palco.Eu disse, ok, vamos experimentar. E entoporque os texanos so pessoas para quem tudo possvel, eles disseram, ok, vamos tentar. Econsegui uma caminhonete.

    Ana: Mas vocs tambm tinham um car-ro em Lesbians Who Kill.

    Lois: verdade, verdade. Meu Deus, ti-nha me esquecido disso.

    Ana: A rvore est presente tanto emMenopausal Gentleman quanto em To MyChagrin Peggy comea Menopausal Gentle-man narrando como estava andando pela rua ebateu numa rvore. interessante tambmcomo ambas narrativas so dirigidas pelo cor-po, estruturadas em cima do corpo. tambmo corpo como mquina e h a metfora do tremem Menopausal Gentleman e a do carro em ToMy Chagrin. Para mim, To My Chagrin umaseqncia de Menopausal Gentleman.

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    Lois: Ela tencionava fazer uma trilogia.Quando ela fez Menopausal Gentleman elaqueria fazer uma trilogia. Pois , a mente dePeggy no funciona desse jeito. Quero dizer, decerta forma, ela tem sua prpria lgica, por issoela uma escritora sensacional, acho. E eu soumuito lgica. Na verdade, este um dos nossosmaiores conflitos. Ela no teria pensado isso di-retamente, completamente subconscientecomo isso aparece. Voc tem razo, isto sai docorpo e das experincias dela.

    Ana: Qual o outro trabalho da trilogia?Lois: Youre Just Like My Father. Ela dis-

    se depois de Menopausal Gentleman, Vou fa-zer uma trilogia. Vou fazer a terceira parte datrilogia. Mas no acho que ela pensou isso es-truturalmente. Acho que ela mesma se surpre-endeu ao dizer isso. E para ela muito mais arespeito do corpo butch, da experincia butch,sendo uma criana com sua me, crescendo e seidentificando daquela forma e em MenopausalGentleman passando pela menopausa comouma mulher butch e depois como av, entoela fez esta conexo.

    Ana: Acho fascinante, to rico, h tan-tas coisas que voc pode pensar a respeito, nosomente em termos de sexualidade, mas tam-bm em termos de noes de feminino e de dis-cursos cientficos, do discurso mdico sobre ocorpo, e como isso afeta as mulheres...

    Lois: E como isso se expressa e vivido porque aquela experincia no se expressa. Umadas coisas para mim em Menopausal Gentle-man que to mais fcil ouvir isso vindo deuma mulher butch em um terno do que de umafemme, de certa maneira. Porque como a ms-cara, como cross dressing torna claro esse pon-to. Acho que cross dressing de fato torna issoclaro para a menopausa neste caso. E isso queeu amo neste trabalho.

    Ana: E este outro trabalho que eu gostotanto, que parte de Double Agency, Its aSmall House and We Lived In it Always...

    Lois: Eu adoro este trabalho.Ana: E como vocs tiveram a idia de

    faz-lo?

    Lois: Minha colega Suzy Willson estavaensinando comigo na faculdade quando eu co-mecei a dar aula no Queen Mary em Londres eela treinada na escola Lecoq e em teatro fsi-co, teatro visual. Teatro alm da palavra, ela cha-ma. Ela viu Salad of the Bad Caf e gostou domeu trabalho e de Peggy e disse, gostaria defazer uns workshops com vocs, workshops depesquisa apenas, vocs topam? E eu disse, sim,seria timo, porque gostaramos de experimen-tar algo diferente. Ento fizemos algunsworkshops em que ela nos guiou em sua meto-dologia e ao fim ela disse, vocs gostariam defazer um trabalho curto juntos? E dissemos,sim, seria timo. Ento conseguimos uma pe-quena comisso para uma Oktober Fest emLondres e comeamos a trabalhar. Ela dirigiu ejunto com o parceiro dela, Paul que tam-bm fez a msica para Tammy estruturaram otrabalho, escreveram a msica e escreveram asidias e Peggy e eu trouxemos nosso ... vocsabe, a forma como sempre trabalhamos juntas,o que estamos pensando a respeito. Eu no con-seguia tirar a palavra trespassar da minha cabe-a, eu apenas pensava que era uma palavra tobonita, trespassar, a forma como parece, a for-ma como soa, a idia. Eu disse, gostaria de fa-zer algo sobre trespassar. E conversamos a res-peito obviamente isso levantou a questo delimites e isso por sua vez levantou a idia da-quilo que estamos sempre trabalhando em nos-sas performances nossa relao, nossa longarelao. E comeamos a improvisar no estilodeles [Suzy e Paul], o que algo que no faze-mos, ns no improvisamos, ns construmos.Comeamos a improvisar e estes pequenos en-redos comearam a se desenvolver em torno decompetio, limites, amor e relao. Ento aSuzy comeou a construir uma estrutura emtorno dessas idias realmente pequenas e suatarefa conosco era fazer com que fssemos sim-ples e quietas, porque ns queramos acrescen-tar ns acrescentvamos isso e acrescent-vamos aquilo...

    Ana: O vaudeville retorna...

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    Lois: O vaudeville e as mltiplas cama-das: sim, isso mas tambm isso, e ela umhomem e tambm uma mulher... E obviamen-te isso existe no trabalho, mas ela [Suzy] estconstantemente tentando fazer com que nousemos nossos hbitos no que concerne a sedu-o do pblico, apenas fazer o pblico chegar ans e confiar na presena ao invs de forar apresena, algo que temos feito ao longo dosanos. Ento um prazer to grande, eu possoentrar no palco neste momento e fazer este tra-balho, o que interessante porque isso realmen-te informa o modo como tenho feito On theScent tambm, h algo a respeito... algo queapagou em mim esse tipo de linha entre perfor-mance e vida e eu adoro isso.

    Ana: Gostaria de falar sobre a separaoda companhia e o que isso significa. Voc disseque as relaes de poder se transformaram, que-ria que voc falasse um pouco sobre isso... Sevocs tm planos para as trs trabalharam jun-tas novamente ou...

    Lois: Acho que h duas separaes de cer-ta forma. H a separao da Deb [Margolin] eeu e Peggy nos separamos de forma diferente.A separao da Deb acho que foi uma progres-so natural. Sei que era difcil para ela trabalharcom um casal e ns trabalhamos constantemen-te para tentar melhorar essa situao, mas a di-nmica de duas pessoas que vivem juntas e quetm uma sutileza de linguagem e tambm euestava cuidando de todos os negcios e haviauma forma com que eu podia me comunicarcom Peggy mas que por vezes no se traduziacom a Deb. E sei bem as dificuldades dessa di-nmica porque estou vivendo neste momentocom a Leslie e a Helen, ento me lembro decomo deve ter sido difcil para a Deb apenasnesse nvel pragmtico. Tambm ns ramosqueer e estvamos nos identificando cada vezmais como queer e embora Deb fosse bastantequeer, ela no queria ser conhecida como umacompanhia lsbica. No que ela tivesse algumahomofobia a respeito, mas esta no era sua iden-tidade. No acho que como ela queria ser vis-

    ta. E ela queria muito uma carreira solo. E aela casou e teve todos esses bebs. Acho que elapoderia ter tido uma carreira solo e ns poder-amos ter continuado a trabalhar juntas se essascoisas no tivessem se acumulado de certa for-ma. No foi uma separao acrimoniosa, foiuma espcie de distanciamento. Comeamos anos distanciar depois que fizemos Lesbians WhoKill, que foi a primeira vez que ela escreveuconosco mas no atuou conosco. E acho queessa foi a ponte para isso e depois disso ela ficoumuito mais envolvida em seu prprio trabalhoe sua famlia. O outro conflito real que existiudurante todo o tempo era que Debbie no que-ria fazer turns, o que era difcil. Se voc vai le-var todo esse tempo fazendo um trabalho, ob-viamente voc no pode ficar parada.

    Ana: E tambm por razes econmicas...Lois: Exatamente, caso contrrio voc no

    ganha nenhum dinheiro sem fazer turns. E elano gostava de viajar. Ento essa foi a dificulda-de fundamental entre ns. Isso e de certa formaessa dinmica hetero/gay, solteira/casal que noestava ligada personalidade de fato, acho queera apenas parte da coisa. Ento depois deLesbians Who Kill nos distanciamos. Tambmlogo aps Lesbians Who Kill comecei a traba-lhar em Londres, e isso tambm rompeu a ex-pectativa de que eu e Peggy ou eu, Peggy eDebbie seramos essa unidade. E acho que issolevou separao entre Peggy e eu, porque est-vamos fundidas demais, ramos um casal emdemasia, ns fazamos coisas demais juntas. Nsvivemos juntas, criamos uma filha juntas, tra-balhamos juntas e algumas vezes passvamosmais de seis meses sem deixar a companhia umada outra. E h essa dinmica de casal que surgena qual eu quero ter minha prpria voz vocsabe, temos essa dinmica em que eu sussurravae Peggy gritava e isso de certa forma se manifestaquando eu era diretora e Peggy atriz. Ela recebiatoda a ateno por ser atriz enquanto que mui-to do trabalho que eu fazia ficava escondido.

    Eu estava sendo vista como atriz, mas isso onde nossas foras estavam e eu precisava rom-

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    per e ter minha prpria voz. Tambm havia coi-sas mundanas como terminar as frases uma daoutra e Peggy dizia que no podia tomar umadeciso se eu no estivesse por perto, voc sabe.Tambm na nossa relao estvamos experimen-tando no ser mongamas e ter outras amantes.Ento acho que ambas estavam realmente lu-tando por alguma independncia, tanto emnosso trabalho quanto em nossas vidas. Entoaceitei um trabalho em Londres parte do tem-po como diretora artstica do Gay Sweatshope isso me deu o status e a voz que eu queria.E isso no estava ligado a Peggy, queria ver verse podia trabalhar sem ela. Me perguntava se po-dia trabalhar sem ela porque ramos meiosimbiticas, de certa forma. Ela muito proa-tiva, orientada pela ao; eu sou orientada pelopensamento. Ento ela realizava as coisas queeu pensava. E eu queria tentar fazer isso pormim mesma. Foi quando aceitei esse trabalho eela fez sua performance solo. E cada vez maismeu tempo se direcionou para o trabalho queeu estava fazendo e cada vez mais seu tempo sedirecionou para seu trabalho solo. E isso che-gou realmente ao extremo quando ela fez Me-nopausal Gentleman e trabalhou com uma di-retora diferente.

    Nos juntamos de novo para fazer Saladof the Bad Caf e tivemos alguns conflitos in-tensos naquele trabalho. Um deles que ela tevemuita dificuldade em me deixar dirigir de den-tro do trabalho eu sempre fiz isso e eu fizisso desde o princpio porque ela no tinha ex-perincia como performer. Eu era a professora,a diretora e a administradora da companhia.Esse tipo de relao de poder foi sempre aceitae estava implcita na nossa relao. E quandocomeamos a descontruir isso e voltamos a tra-balhar juntas ela no queria que eu dirigisse eatuasse porque difcil; difcil de qualquer jei-to. Ns tnhamos sido capazes de aceitar issoantes mas agora no podamos. E isso causouproblemas. Ento havia uma dinmica de po-der de fato em relao a eu ser capaz de fazer oque sei fazer, que dirigir.

    Houve algo que tambm surgiu por cau-sa do fato de Menopausal Gentleman ser toidentificado com masculinidade, havia tanta bu-chicho em torno de transexualidade naquelemomento na comunidade e Peggy de certa for-ma se moveu nesta direo, embora no literal-mente, mas por meio dessa identificao com ogentleman. Ento quando fizemos Salad of theBad Caf, tivemos rupturas srias sobre a repre-sentao do feminino e grandes brigas a respei-to. Ns pusemos isso no show eu disse, euquero usar um terno, quero representar Tennes-see Williams de terno, eu queria ter esse tipode identidade masculina. E Stacy [Makishi] es-tava fazendo a outra identidade, a japonesa-americana e ns queramos que houvesse umvestido, eu queria que Peggy usasse um vestidoe ela no queria usar um vestido. E a briga era ela dizia, eu sou feminina de terno e eu dizia,eu sei que voc feminina de terno mas opblico no vai ler dessa forma necessariamen-te. Eu quero que haja um vestido no palco. EPeggy, se voc quer que haja um vestido nopalco, voc use o vestido no palco. Ento foiuma verdadeira luta em torno disso e acho queisso surgiu de minhas questes sobre o femini-no e sobre visibilidade e surgiu na poca em queera professora e diretora. E tambm quando fizminha performance solo, Faith and Dancing,que era muito mais autobiogrfica, ao lado daperformance de Peggy...

    Ana: No conheo este trabalho...Lois: O trabalho sobre mim crescendo

    como garota na Virgnia e o de Peggy sobreela crescendo como garoto em Boston. Nsapresentamos os trabalhos juntos e eles atraramtipos de ateno muito diferentes. Voc sabe, [aperformance de] Peggy realmente assim, defrases curtas, meio que incomum, engraada,desafiadora, tima, da forma como drag chamaa ateno, enquanto que eu sendo garota eramais difcil no palco. De qualquer modo, eumesma estava lutando com essas questes, o que uma resistant femme, o que o feminino,como o feminino pode ocupar o espao sem o

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  • EEEEEntrevista com Lois Weaver

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    binrio masculino, como ele compete e nocompete e tambm essa idia de quais so asqualidades do meu eu feminino e da minha ar-tista feminina que de fato me tornam invisvel.

    Ana: Mas isso engraado porque emoutros trabalhos vocs tm essa inverso, ondevoc usa terno e ela, vestido...

    Lois: Sei que fizemos, mas por alguma ra-zo, desta vez, encontramos resistncia. Massempre fizemos, Peggy estava sempre de vestidoe algumas vezes eu usava um terno. No eranada novo, mas o conflito, a luta pelo poder,era.

    Ana: Este o nico trabalho recente devocs que eu no vi, vi todos os outros. Ento,no final, ela usou ou no o vestido?

    Lois: Ela usou o vestido, mas ns briga-mos a esse respeito. Pusemos a briga no espet-culo, ento ela teve que usar o vestido. Mas elausou um vestido chins, ento havia todas essestipos de camadas de alteridade. Ns trabalha-mos nesse espetculo por trs anos e nunca acer-tamos. Acho que acertamos da primeira vez masno confiamos e continuamos a refazer o traba-lho e isso sou eu. Acho que porque eu tam-bm no podia resolver estas questes para mimmesma. E havia problemas pessoais ocorrendoao mesmo tempo. Ela estava saindo com al-gum, teve uma grande ruptura, ficou de cora-o partido e descontou em mim porque eu es-tava perto, e era minha culpa, quero dizer, noliteralmente, mas voc sabe como as coisas fun-cionam em uma relao... ento muito da nos-sa relao estava informando aquilo tambm.E ento meio que fomos cada uma para um lu-gar. Tambm, eu tinha algumas questes sobreFaith and Dancing, o fato de que no ficou emcartaz o tempo que eu queria e, novamente, issovolta a essas dinmicas entre eu e Peggy, mas euno cheguei a me apresentar muito. Remonteio trabalho novamente este outono para a Uni-versidade de Duke. Vou encontrar uma manei-ra de fazer o trabalho novamente em outros lu-gares, mesmo que seja um trabalho antigo. Masns nos resolvemos muito e acho que crescemos

    e ganhamos nossa confiana. Peggy, agora comessa terceira pessoa [Vivian Stoll] e eu, tendodirigido de forma to bem sucedida, sentimosque temos uma relao de trabalho muito boa evamos re-montar Dress Suits for Hire...

    Ana: Vi que vocs vo remontar o traba-lho no Texas...

    Lois: A Universidade do Texas est nosdando uma residncia para remontar o traba-lho e vamos apresentar provavelmente apresen-tar no La MaMa no prximo ano. Ento achoque o momento de reexaminar alguns dos tra-balhos mais antigos e fazer um novo talvez. Nosei se vamos fazer um novo, no sei. Mas achoque estamos muito mais independentes e capa-zes de fazer trabalhos juntas agora do que est-vamos antes e tivemos algumas lutas para che-gar at aqui.

    Ana: Ento Split Britches agora voce Peggy.

    Lois: algo meio que no dito, mas achoque Deb se dissociou de nossa companhia.De novo, no de uma forma m. da mesmaforma como eu me dissociei por fim da compa-nhia The Spiderwoman foi muito intenso emtermos da minha vida, meu desenvolvimento eeu celebrei isso e ainda me sinto parte do gru-po, mas precisava fazer meu prprio trabalho eacho que Deb precisava fazer o mesmo. O queaconteceu no incio da carreira dela que elanunca identificou seus trabalhos solos comoSplit Britches, enquanto ns queramos conti-nuar mesmo fazendo trabalhos solos fazen-do aquela identificao. Uma das coisas que euquero fazer porque esse website com a Peggy novo, estamos construindo ele agora, e eu aca-bei de receber um suporte financeiro para tra-balhar nele colocar um link para Deb de for-ma que ela possa estar na pgina conosco massem ser Split Britches.

    Ana: Voc tambm dirigia em Spider-woman?

    Lois: Esta foi provavelmente um das ra-zes pelas quais eu sa, porque era o momentode dirigir. Embora ns sempre tenhamos ditos

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    que no havia uma diretora. Mas Muriel Miguelera quem via o trabalho de fora, ns costum-vamos cham-la, ela era a diretora, era ela defato, sua viso e sua liderana. Eu liderei em ter-mos de negcios e coisas do gnero, mas nocomo diretora. Eu era um dos membros origi-nais da companhia.

    Ana: Quanto tempo voc ficou com acompanhia?

    Lois: Sete anos. um longo tempo. Te-nho muita longevidade nos meus genes. Meu

    pai e minha me foram casados por 52 anos,minha irm est casada h quarenta e tantosanos, meu irmo est casado h quase cinquentaanos e todas minhas relaes tm sido longas...

    Ana: E voc e Peggy ficaram juntas porquanto tempo?

    Lois: Bem, depende de quando paramos. difcil dizer quando paramos. Ficamos juntode uma certa forma por vinte e tantos anos ens realmente no nos separamos, obviamente.Ns seremos sempre famlia.

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