escaldante e s c a n t e - livros fantasmalivros-fantasma.com/wp-content/uploads/2017/03/lf...7...
TRANSCRIPT
E
S
CA
L
DA
.
N
TE
LF-06/003
2017
ESCALDANTE
CAVALODADÁ AMBOS
ESCALDANTE
CAVALODADÁ AMBOS
E
S
CA
L
DA
.
N
TE
For it is bad not to use the talk
which God has sent us.
I am Speak-Fluently.
Of all the groups of symbols,
I am a symbol by myself.
SPEAK-FLUENTLY, POETA ÍNDIO DA NAÇÃO OSAGE
Dis is Madman Scratchy
you better watch it!!!
He draw matches
and di place go BOOM!!!
LEE SCRATCH PERRY, DUBMASTER JAMAICANO
7
surgem pela noite os animaise os cheiros misturados do rio e da matamergulhados até a cinturacolo curvo cheio de sementespequenos estigmasereções gritantes de plantas troncudasquietude nem tantoestes caulesfoguetes certa vezsombra grandenegrume rombudo no bojo do negro asfaltopresença impossível das águas
98
estive aqui muitas vezesainda acho bonitojusteza dos cajus rarossatélites dedos d’águafuturo raiz secretadistâncias ñ retilíneas
estive aqui muitas vezesvim antes de haver motivolouvor dos pés aos ouvidosretícula luminescentesolares crótons dementeslabaredas enérgicas
estive aqui desde cedoreincidente celestefervendo oxigênioprótons de pólens planetasa graça plural dos átomoscor íntima das partículasestive aqui sem ter medonos peitos das águas vivas
estive aqui muitas vezesainda acho bonitoestranhos seres levezasentranhas paz precipícios
longínquas palmas parreirasmosquitos febres minúsculasdos músculos nascem os dentestorrente de sangue molearrudas corujas répteiscantares mares enguiasvermelho cheiro esplendoresamoras glórias terrestres
estive aqui muitas vezestrinados círculos esferasaladas estradas marinhascavalos cacos de vidroinstintos guias ancestrescadentes ângulos oblíquosestive aqui muitas vezesagradecendo perigos
13
d vz em qd a areia me visitaurubus reviram o meio da ilhaboto fogo no corpo a pé na ponteastronauta a pé no gargalo do dialonges lobos guarás assoviam
1514
a perdaestá contida na possibilidade da perdaestá p quem a possui = a coisa qtbm a coisaq ainda possui
caixapares de sapatograus d febre
quem sabe qe vai vive a idae vemos em volta = estrelasfaíscasno retrovisor do futuro
e se olhamos p foraolhamos p trás no tempoatravés da históriado universo
e depois dalg1 tempochegamos ao Big Bang
atordoante derreter descer escadasprimeiro ar do diarotação brutal dos ventos santos brutal forçavento guiaflorações abrasivas d baixo das pupilasevapora sol sem hora fumaça evola -se eleva-se em ti adiantechão nascente dos teus pés tubérculosantro d astros umidade fértil1 jeito de qorpo que é bruxariasó diz a verdade na própria gíriadizeres mágicos atrás da camisaa sua força cresce das raízese bebe e fuma e se regozija
1716
se agradar ao rei ñ estareiperdido?inquire minha faca gentil
meu anzol vaziode tudo digno
ñ vou rir ou chorar
circunstâncias de poder te escravizamqem come da inveja é inimigo de siengrunhe tua voz mas meu ouvido
trovejae ñ é qe ñ haja
verdade mas ela jazn1 abismo
circunstâncias de poder cegaramtuas garras1 choq nos ouvidos
farelo pedra caiada
a tudo rege o raio fulgurantemudo peixe / guelras aberranteso qe qer o coração custa o preço da vida
a distância percorrida por ardor
1 coração ininterruptoperplexo ciliar
é criança e brincamar comprido amamenta-ocoxas folhudas / farfalhos
/ paus d chuvameios-dias
terraçosventos claroscoroas d’ eros
murossonoras tardes
taras1 ócio 1 agarro
goiabas
18
praça do sol às 3 da tarderisca o fósforo do incendiáriopraça do sol às 3 da tardeabre o nariz p o fedor dos murospraça do sol às 3 da tardeesconde a senha dos holocaustospraça do sol às 3 da tardeenerva cada coração covardepraça do sol às 3 da tardeescangalha os mísseis da glóriapraça do sol às 3 da tardedespista o fumo dos policiaispraça do sol às 3 da tardeaponta a sombra p o cegoampara o baque das ondasergue a lombra do pipoqueiroacorda a renca dos ventosloas ao biquíni túrgidopraça do sol às 3 da tardedevora a muvuca das gentesouve o reggae das bacantescede teus bancos às fodaslegisla a rixa dos traficantespraça do sol às 3 da tardeabre tuas pernas p os pivetesengole o mijo da criança
2322
A bomba no ventre da mãe vietnamitaqe sabe o segredo dos cultos a Shivae o exilado egípcio argelino e a grafiteiraindiana e a sacerdotisa mestiça jamaicanaqe invade e embaralha o esquemanos guetos dos centros dascapitais das colôniasA força qe puxa a planta pro altoe a menteqe se concentra ese reparteentre as solas calmas dos sapatosO Capitão da Areiaqe amava Lampião efoi pro mato
/ temporada de caça / ao índio ka’apor /drones tele guiam / kanoés / caiapós /
varis vivos / encobrem a cova rasaurubus farejam / temporada de caça /
/ a navalha / some / na mão do mendigo /noite revirada / corpos d caídos
estrelas brilham / mastigam lixo /incorporo a navalha da prosódia dos
mendigos / cada narciso / come da /própria sede / a cabeça do justo /
/ esmagada na parede/ sentenças/ vendidas por / juízes /
/ sentenças vendidas /por juízes // fazendas maiores que países /
2524
as vozes cortam o ar sobre a relvaos rostos se fecham igual cicatrizes1 sim explode sim gargalhahahaas plantas parecem imóveis
será que ouvem sirenes?se distraído o coração parece estar paradorespira bem e torna-te palpávelvirar na relva 1 viveiro de bichosmanchas solares saem dos vítreos
insetos no centro da esfera
porosa noite por entre o dia
por outra noiteporoso dia
por outra noitede novo dia de noite o diaa rosa noite
de novo diapor norte a noiteporoso dia
porosa noite
2726
amarelod compostofolhas findasvespas pássaros
gatos rãs
humano pássaro na passarela d metal. vetores altos indo reto. pesado pássaro 1 peso carrega. planos e retas te apertam. persegue entradas. fraga brechas. humano vago d rosto fechado passa reto. saídas repentinas rostos repetidos. casas sempre abertas.
31
banco d areiabaleia branca
leito lisopraia rasa perto d casa
algas línguasna orla
metros de espuma grossa
3332
c a paciência do incensoatento à sapiência dos ventos
1 pássaro d longas pernas d cifra s gnos extra terrestres
deixados aos cuidados apenasdas plantas bichos alados
insetos e peqenos répteis
bananeirasreinam naribanceiracoalhada debrotospalmas altasvista altacoisa raran1 cidade =a essasilvoscifras depássaros epessoas 1 citar sobrevoa
3534
qebrar os qopos ñ qonter mais nadavender os óqlos leiloar os ossosencher os bolsos com moedas falsasqaber o tempo n1 onda n’águatanta cidade ñ sei nem mais qontarresta-me estar a estrelas de distânciaandar os anos nessa msm ânsiamolhar os olhos n1 espelho fosqovarar a noite tua sombra roxamorder as qoxas boas da alegriaqerer o dia qaso o qorpo qaibavedar janelas mas o sol esqapaqebrar os qopos ñ qonter mais nada
nem sempre lembro de aparar as unhasdesato mistérios c a msm entregano céu aberto da boca
o rapto do peixe no bucho da gaivotaa semente se abriu c o raiobonito é o cheiro d cerveja d manhã na rualuzente 1 esquina sequer sem coveiros
neste cemitérioinstintiva féd q o universo todo é só 1 tatuagemna concha preta e pérolado umbigo d meu bem
veiocedoo dom
da rápi da mudança o ritmo q a morte marca o ritmo q a morte rompe
3736
a velha pariu 1 sonho a duna comeu a cidade em cima da terra debaixo da lua cheia garis dormem no galho da goiabeira no colo da grama na raiz qe rasga a cerca
vem o cheiro da chuva: passao rasta faz sinal o céu: desabadispersa o baculejo na zonao astronauta cruza a ruapousa vaza ñ recuada experiência-mundose despega da perda: entra
noutra estória
38
/ furdunço e pedras / na caixa prego / respira a /pedra / cheia de / bichos / me lanço / à onda e/ beiro logo a orla / indague o oceano / sobreterritório /
4342
banhados ñ
vestidosd solareia movida a pilhaespinha d peixeradioativo
cabeças brisadas no mangue
tira a sandália e abre a asadesata o caroço do cadarçonem sempre é fácil
atravessar a ruanem disse tchau fiquei
a boca mudasei 1 atalho pra tua estrelareviro os olhos no voo d’abelha
teu nome aceso na cinza do skankacorda a saudade nossa pena doce
1 saci assombradobrinca de roda no meu olho pasmo teu umbigo calma cura veloz e livre danço = 1 grilo
febril e firme sou a terra dura
4544
tropeço e entulhos e corações partidosbaseado em riste no risco da boca aos cacosdesvio e escapo aa boferagem dos dervixese vibro o q posso entre as pernas do cosmossó tenho olhos p os vãos urgentes dos vestidosvestígios de pólvora no limiar dos sapatose incorporo a navalha da fala dos mendigose leio a sorte na azeitona no teu pratoenquanto espero paciente 1 sanduiche
/ altura dos olhos / luz dos satélites /brilho afluente / mares celestes/ concórdia cadente / sinais ascendentes /
4746
teu cabelo d espumasol cabeça d corujatuas pesadas ondasteu cabelo no azul
é a 2a vez q dás o ar da graça
a 1a pássaro em pleno pouson1 braço d ventoabençoa e paira ao som do baile roots na praiaa 2a rosto rarefeito luz difusasol cabeça d coruja sol cabeçad coruja
chão grosso polvilhar d aromasnas cavidades do caule da copaíbaatração dos líquidos vegetaispela carne e da carnepelos líquidos vegetais
energia gentil ter intento
as possibilidades acometem
arcos futuros alçados mil anos atrás
48
quando escuta-se a voz e ñ se entendenada
farinha d’água mandiocaamarga
pão dos trópicos pórtico da noite tez do céu
deu na castanheira carne vegetal
cavalodadá vulgo Reuben da Rocha ou ambos (São Luís/MA, 1984) publicou os livros Miragem no olho aceso, As aventuras de cavaloDada em + realidades q canais de TV, Na curva da cobra nos cornos do touro no couro do tigre na voz do elefante, O astronauta cruza a rua, e o seriado em seis fascículos Siga os sinais na brasa longa do haxixe. Autoeditor da gurugutu baratos gráficos.
cavalodada.com.br
Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura apresentam
Escaldantecavalodadá / ambos
LF-06/003
Composto em Graphik e LyonText e impresso em Risograph sobre papel Chambril Avena+ 90 g/m2, com tiragem de 500 exemplares.
São Paulo, 2017.
PDF disponível para download gratuito no site.
livros-fantasma.com
apoio
E
S
CA
L
DA
.
N
TE
LF-06/003
2017
ESCALDANTE
CAVALODADÁ AMBOS
vem o cheiro da chuva: passa o rasta faz sinal o céu: desaba dispersa o baculejo na zona o astronauta cruza a rua pousa vaza ñ recua da experiência-mundo se despega da perda: entra
noutra estória »
«