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Esgoto Sanitrio de Aeronaves Dezembro/2013
ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goinia - 6 Edio n 006 Vol.01/2013 dezembro/2013
Esgoto Sanitrio de Aeronaves
Gilson Schssler [email protected]
MBA Percia, Auditoria e Gesto Ambiental
Instituto de Ps-Graduao e Graduao - IPOG
Porto Alegre, RS, 01 de maio de 2013
Resumo
Este artigo sobre a composio bsica dos esgotos sanitrios originados em aeronaves que
operam no Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre/RS. Qual a
caracterstica bsica dos esgotos sanitrios originados em aeronaves? A hiptese que esses
esgotos tm caractersticas diferentes daquelas tipicamente encontradas no esgoto sanitrio
domstico. O objetivo foi caracterizar os parmetros bsicos dos esgotos sanitrios gerados
em aeronaves e destinados para Estao de Tratamento de Esgotos (ETE) do aeroporto. Para
isso, foi acompanhado o servio de QTU (drenagem do esgoto de aeronaves) e criadas
planilhas de controle e, foram avaliados os resultados dos Relatrios de Anlises do esgoto
de aeronaves afluente ETE, no perodo de novembro de 2010 a novembro de 2012. Esses
resultados foram comparados com os valores j publicados na literatura tcnica
especializada para esgotos domsticos. O valor mdio encontrado para DBO5 foi de 412mg
O2/L, DQO 658mg O2/L, nitrognio total Kjeldahl 345mg N/L e fsforo total 35mg P/L e
predomina a ausncia de coliformes termotolerantes. A concluso que as caractersticas
dos esgotos sanitrios de aeronaves diferem daquelas tipicamente encontradas nos esgotos
sanitrios domsticos.
Palavras-chave: Aeroporto Internacional Salgado Filho. Caractersticas. Esgoto sanitrio de
aeronaves.
1. Introduo
O gerenciamento adequado de esgotos sanitrios necessrio para evitar inconiventes de
ordem esttica, sanitria, ambiental e econmica e, para isso, fundamental conhecer suas
caractersticas.
Os autores so unnimes em considerar a importncia da caracterizao dos esgotos. Braga et
al. (2005:120), afirma que importante conhecer os esgotos sanitrios, tanto no que diz
respeito sua composio quantitativa quanto sua composio qualitativa. Para Mihelcic e
Zimmermann et al. (2012:329), a coleta de dados da gua e do esgoto passo fundamental
no projeto de um sistema de distribuio ou um sistema de coleta de esgoto ou no
dimensionamento de uma estao de tratamento.
Os aeroportos no fogem a essa necessidade e segundo Souza Jnior e Ribeiro (2011:17 apud
REIS, 2004), o aeroporto considerado o maior equipamento urbano de um municpio,
sendo que consomem grandes quantidades de gua e geram efluentes lquidos. Ainda segundo
Souza Jnior e Ribeiro (2011:171), as guas residurias dos aeroportos possuem composio
complexa, pois so constitudas de esgotos de vasos sanitrios, mictrios, pias, limpeza de
reas dos terminais de passageiros e de cargas, restaurantes, sanitizantes e esgotos de
aeronaves.
mailto:[email protected]
Esgoto Sanitrio de Aeronaves Dezembro/2013
ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goinia - 6 Edio n 006 Vol.01/2013 dezembro/2013
Diante dessa necessidade, foi realizado o presente estudo com o objetivo de caracterizar o
esgoto sanitrio originado em aeronaves que operam no Aeroporto Internacional Salgado
Filho em Porto alegre/RS. Para isso, foi acompanhado o servio de QTU, desde a aeronave
em solo at a ETE/SBPA e foram analisados os Laudos e Relatrios de Anlises do esgoto
bruto afluente ETE, no perodo compreendido entre novembro de 2010 e novembro de
2012.
O estudo demonstrou que o esgoto sanitrio de aeronaves tende a apresentar ausncia de
coliformes termotolerantes, maior carga orgnica (DBO5 e DQO) e maior concentrao de
nutrientes (fsforo e nitrognio) do que o esgoto sanitrio domstico, confirmando a hiptese
levantada.
Com isso demostra-se a importncia deste trabalho que divulga as caractersticas do esgoto
sanitrio de aeronaves e contribui com a pesquisa sobre o tema. No se tem a pretenso de
esgotar o assunto, mas sim iniciar a discusso e instigar outros pesquisadores a caracterizar os
esgotos sanitrios de aeronaves.
2. Esgotos sanitrios
O esgoto sanitrio pode provocar danos de ordem sanitria e ambiental e prejuzos
econmicos. No entender de Nuvolari (2011:225), o lanamento de esgoto sanitrio sem
prvio tratamento, num determinado corpo dgua, pode causar a deteriorao da qualidade
dessa gua, que passaria ento a ser uma ameaa sade da populao.
Alm das guas superficiais, as subterrneas tambm podem sofrer degradao. Segundo
Teixeira et al. (2003:438), os esgotos domsticos possuem concentraes de diferentes
elementos qumicos e micro-organismos patognicos, sendo que os que representam os
maiores riscos gua subterrnea so o nitrognio e os microorganismos patognicos.
Por isso importante que os esgotos sanitrios sejam gerenciados de forma adequada. Mas o
que esgoto sanitrio? O termo esgoto sanitrio no unnime entre os autores e, por isso,
importante conceitu-lo no contexto deste trabalho. Segundo Braga et al. (2005:119), esgoto
difere de esgoto sanitrio:
Esgoto o termo usado para caracterizar os despejos provenientes dos
diversos usos da gua, como o domstico, comercial, industrial, agrcola, em
estabelecimentos pblicos e outros. Esgotos sanitrios so os despejos
lquidos de esgotos domsticos e industriais lanados na rede pblica e guas
de infiltrao (BRAGA et al., 2005:119).
Philippi et al. (2005:197), utiliza o termo Sistema de Tratamento de guas Residurias (SAR)
para descrever o conjunto de obras necessrias desde a coleta at a disposio final das guas
residurias.
Segundo Mihelcic e Zimmermann et al. (2012:411), existem quatro componentes para o
esgoto domstico: (1) esgoto de usurios domsticos, comerciais, e industriais; (2)
escoamento superficial de gua da chuva; (3) infiltrao e; (3) coleta da gua da chuva. Mas
logo em seguida, os mesmos autores usam o termo guas residurias industriais para
descrever que estas variam em quantidade, composio e concentrao dependendo das
especificidades da fonte industrial.
J no entender de Jordo e Pessoa (2005:37),
Esgoto Sanitrio de Aeronaves Dezembro/2013
ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goinia - 6 Edio n 006 Vol.01/2013 dezembro/2013
Os esgotos costumam ser classificados em dois grandes grupos principais: os
esgotos sanitrios e os industriais. Os primeiros so constitudos
essencialmente de despejos domsticos, uma parcela de guas pluviais, guas
de infiltrao, e eventualmente uma parcela no significativa de esgotos
industriais, tendo caractersticas bem definidas (JORDO e PESSOA,
2005:37).
O autor ainda faz uma crtica averso do uso do termo esgoto quando afirma que:
A averso injustificada pelo termo esgoto tem levado alguns autores ao
emprego do termo guas residurias, que expressa a traduo literal de
wastewater, amplamente usada em ingls para substituir o rejeitado termo
sewage. Esta tendncia tem proliferado o uso da sigla ETAR (Estao de
Tratamento de guas Residurias) conflitando com a sigla ETE (Estao de
Tratamento de Esgoto), tradicional de recomendada pela ABNT (JORDO e
PESSOA, 2005:37).
Alm dessa diversidade de termos usados pelos autores, de acordo com a preferncia de cada
um, existem ainda as definies legais. A Resoluo RDC n 2, de 8 de janeiro de 2003, da
Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), que aprova o Regulamento Tcnico,
para fiscalizao e controle sanitrio em aeroportos e aeronaves define:
Efluente Sanitrio: o lquido resultante de guas servidas e dejetos oriundos
das aeronaves e do terminal de passageiros e que foram submetidos a
tratamento primrio, apresenta certa turbidez, odor caracterstico do meio
sptico e certo grau de contaminao, sendo necessrio monitoramento para o
seu lanamento no meio ambiente (ANVISA, 2003).
A Resoluo n 430 do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, que dispe sobre
condies e padres de lanamento de efluentes e complementa e altera a Resoluo n 357,
de 17 de maro de 2005 do CONAMA define em seu artigo 4que: efluente: o termo usado
para caracterizar os despejos lquidos provenientes de diversas atividades ou processos e
esgotos sanitrios: denominao genrica para despejos lquidos residenciais, comerciais,
guas de infiltrao na rede coletora, os quais podem conter parcela de efluentes industriais e
efluentes no domsticos (CONAMA, 2011).
E finalmente tm-se as Normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT: a
NBR 9648:1986 estabelece procedimentos para o estudo de concepo de sistemas de esgoto
sanitrio e define:
Esgoto sanitrio: Despejo lquido constitudo de esgotos domstico e
industrial, gua de infiltrao e a contribuio pluvial parasitria.
Esgoto domstico: Despejo lquido resultante do uso da gua para higiene e
necessidades fisiolgicas humanas.
Esgoto industrial: Despejo lquido resultante dos processos industriais,
respeitados os padres de lanamento estabelecidos (ABNT, 1986:01).
J a NBR 7229:1993 que estabelece diretrizes para projeto, construo e operao de sistemas