especial - dia mundial da Água

8

Upload: reporter-diario

Post on 29-Mar-2016

229 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Mundial da Água

TRANSCRIPT

2 18 de março de 2011

Rua Álvares de Azevedo, 210 – Centro– Santo André - Tel.: 4427-7800

www.reporterdiario.com.br

Jornalista responsável: Airton Resende

Edição: Aline Bosio e Maria do Socorro Diogo

Reportagem: Aline Bosio, Natália Fernandjes, Leandro Amaral,

Carolina Neves e Larissa Marçal.

Comercial: Claudia Plaza e Alessandra DuranFotos: Marciel Peres, Carolina Neves e divulgaçãoProjeto Gráfico: Rubens JustoSuporte Operacional: Pedro DiogoAdministrativo: Rita de Cássia B. da Silva

Oarquiteto e urbanista Renato Tag-nin, especialista em Planejamento

Urbano, afirma que não há o que ser co-memorado no Dia Mundial da Água, ce-lebrado em 22 de março. Na visão dele,o atual cenário protagonizado pelo po-der público e pela sociedade é alarman-te e, se não houver reflexão profundaque provoque intervenções, o quadropoderá piorar.

O especialista cita como primeiroitem da lista de mudanças os indicado-res que sustentam as avaliações de cres-cimento da economia. Tagnin afirmaque vibrar com o crescimento dosnúmeros ‘frios’ sem aferir o contextoambiental ‘finito’ é algo surreal.

Outro ponto citado pelo arquiteto éo controle da expansão dos limites ur-banos.Se não houver mecanismos e po-líticas públicas que concentrem os mo-radores em locais próximos do trabalho,as incidências de chuva, segundo Tag-nin, serão cada vez maiores.

Repórter Diário: O que temos a come-morar no Dia Mundial da Água?Renato Tagnin: Não temos muito o quecomemorar porque a maioria dos pro-cessos que ameaça a renovação daágua está em crescimento. Temos sim aevolução da consciência,mas em menorproporção. Vamos precisar de mais es-forço para empatar esse jogo. Se a eco-nomia continuar a medida por indica-dores de crescimento sob uma base am-biental finita, a conta não vai fechar.RD: Quais são esses processos?Tagnin: Um deles é a expansão da mono-cultura.A natureza é diversa e nós quere-mos escolher quem vai viver e morrerpor meio desta prática.O equilíbrio se dápela diversidade e não o contrário. Paravocê ter uma ideia,o Brasil é o maior con-sumidor mundial de agrotóxicos. Só quetem um detalhe: boa parte deles estáproibida no próprio País fabricante.

RD: Você falou de indicadores. Qual seriaa fórmula para aferir o crescimento?Tagnin: Tem de medir as regiões. Porexemplo,se os ecossistemas estão se ex-pandindo ou sendo degradados. Se asáreas equilibradas estão diminuindo detamanho. Se as áreas que permitem avida estão diminuindo. Não tem comofalar em crescimento econômico. Nãotem fábrica de água que vai sintetizar is-so. Como está a fábrica de água que é anatureza? A maioria das coisas fabrica-das depende de água. Se a água não éfabricada, temos problemas.Tudo isso éfácil de detectar,é só olhar a nossa volta.RD: Qual o principal alerta para a socie-dade?Tagnin: Para termos água na natureza.Se nós estamos destruindo a naturezapara enriquecer aos poucos, o gato su-

biu no telhado (risos). Quanto menosnatureza protegida nós tivermos, me-nos nós vamos ter vida.RD: O governo do Estado pretende enviarparte da evasão das águas do rio Pinhei-ros à Billings. Não vai prejudicar a represado ABC?Tagnin: Quando que a gente vai pensarem ações preventivas para as inunda-ções? Elas não estão na pauta. A regiãometropolitana ainda não é participativae nós insistimos no autoritarismo de ca-da município. Boa parte das enchentesgraves é causada pela ocupação e ex-pansão urbana e o número de vítimastende a aumentar. Nós causamos as en-chentes e estamos aumentando as cau-sas com a especulação imobiliária. Essainiciativa é o mesmo que você ter umvizinho no apartamento de cima que foiviajar e deixou a torneira aberta para en-cher uma banheira.Vai encher a banhei-ra e todo o apartamento e, consequen-temente, vai afetar o morador debaixo.Não adianta o apartamento debaixotentar ‘vedar’ o teto.Tem de agir para fe-char a torneira. Isso que o Estado querfazer é o mesmo que tentar vedar o teto,não resolve.RD: O Estado vai encaminhar a lei queprevê a criação das regiões metropolita-nas. O que acha disso?Tagnin: Isso vem com, no mínimo, 30anos de atraso.RD: O que o poder público pode fazer deimediato?Tagnin: Parar a expansão urbana e dis-cutir o papel de cada município. Pensarnas compensações para aqueles locaisque estimulam a produção de água nanatureza e num plano habitacional queestimule as pessoas a residir perto dotrabalho. Além disso, é preciso incenti-var proprietários e municípios pela im-plantação de áreas verdes que dimi-nuam as ilhas de calor e, consequente-mente, as enxurradas.

Não há o que comemorar,diz especialistaRenato Tagnin afirma

que poder público e

sociedade protagonizam cenário alarmante.

Editorial

Só no papelA lei específica da Billings está em vigor há um ano. Apesar doestardalhaço propagado pela aprovação no plenário daAssembleia Legislativa, na prática,sua execução está estagnada.Às vésperas do Dia Mundial daÁgua (22 de março), os gestoresmunicipais alegam que a novalegislação demanda ajustes emcada Plano Diretor. Mas será queem um ano isso não poderia já ter sido encaminhado? Aliás, maisde um ano. Antes mesmo da aprovação, os itens do documentojá eram discutidos e, se houvessevontade política, muitos pontospoderiam estar em outro patamar.A torcida é para que, ao longodeste ano, o tema ganhe a realidade dos moradores do entorno da represa que tantoaguardam as regularizações e asdevidas reformulações e contra-partidas. Se o projeto extrapolarpara 2012, dificilmente sairá dopapel, pois, em ano eleitoral, todasas aspirações políticas têm umúnico endereço: as urnas.Ninguém quer que a lei específicada Billings tenha o mesmo marasmo e inoperância da legisla-ção da represa de Guarapiranga,em São Paulo. Não bastam apenasleis salutares. É preciso legislaçãoviável e executável. E mais, cabe ao poder público – na gestão compartilhada entre Estado emunicípios – fiscalizar as áreas demananciais com afinco para queoutras instalações impróprias nãosejam ratificadas. Caso contrário,o marketing evidenciado na aprovação será visto também na sua rejeição. Nessa equação,perde o meio ambiente e perde a população.

Tagnin: conta não vai fechar

318 de março de 2011

Alei específica da Billings, nº 639/2008, aprovada com alarde pela

Assembleia Legislativa de São Pauloem junho de 2009 e regulamentadapelo então governador José Serra(PSDB) em janeiro de 2010, completouum ano sem resultados palpáveis ouperceptíveis à população que vive noentorno da represa.

Segundo Márcia Maria do Nasci-mento, subgerente do Projeto Estra-tégico Mananciais e secretária executi-va do Subcomitê da Billings-Taman-duateí, a lei trouxe ferramentas impor-tantes que facilitam a regularizaçãofundiária, mas dentro de conjunto denormas e critérios, a regularização dasedificações já existentes irá ocorrermediante compensação ambiental.“Todas as moradias terão possibilidadede regularização se efetuar essa con-trapartida”, diz. A compensação varia deacordo com o tamanho do lote e a áreaconstruída.

Na prática, as regularizações aindanão se deram na velocidade alardeada.Segundo Márcia, o primeiro ano serviupara adaptações do poder público noque diz respeito ao corpo técnico desti-nado para licenciamentos e fiscalização.“Antes, a Secretaria Estadual de MeioAmbiente fazia as duas coisas. Agora, olicenciamento fica com a Cetesb (Com-panhia de Tecnologia de SaneamentoAmbiental) e a fiscalização com a pasta”,completa.

Apesar da baixa velocidade na mate-rialização da lei, a secretária cita que al-gumas residências já foram regulariza-

das.Porém, afirma que não há como cal-cular quantas regularizações foram fei-tas no período, pois várias situações jáestavam encaminhadas com base na leivigente até então, a lei de mananciais(1172/76).

CONFLITOMárcia conta que o grande problema

da legislação anterior foi a falta de sinto-nia com a lei peculiar dos municípios.Como as determinações previstas nodocumento estadual eram divergentesdo estabelecido no Plano Diretor na al-çada municipal, o morador conseguia olicenciamento apenas numa esfera. Talfato comprometia a regularização, aqual demanda o crivo favorável nos doisâmbitos.

A subgerente afirma que a nova le-gislação apara essa aresta com a adequa-ção do Plano Diretor de cada município.“A lei específica estabelece parâmetrosgerais de tamanho de lote, área cons-truída, taxa de permeabilidade e áreavegetada. Para não gerar conflito, cadacidade deve adaptar-se à nova realida-de”, diz, ao justificar que seria impossívelfazer lei estadual numa escala regional.

Segundo a secretária, o período de-corrente da regulamentação da lei ser-viu para conscientizar a população doentorno da represa. Márcia afirma quevários profissionais têm atuado no con-tato direto com os moradores, principal-mente nas escolas.“Vamos realizar tam-bém cursos de capacitação junto aos ór-gãos públicos municipais”, salienta, semprecisar a data.

Lei da Billings completa um ano sem resultado palpável

Ribeirão Pires finalizou em março asmodificações no Plano Diretor,tendo emvista a nova legislação. Depois de noveaudiências públicas e da participaçãoefetiva do Condema (Conselho Munici-pal de Meio Ambiente), agora a propos-ta seguirá para o Executivo ratificar e,posteriormente, a Câmara chancelar. Amedida se faz necessária porque 67%do município está situado em áreas queexigem aplicação da lei da Billings.

Segundo as regras estabelecidas, lo-tes de 125 m2 já poderão ser regulariza-dos – a legislação municipal previa quesomente áreas de 240 m2 tivessem asituação regularizada. “Nós tivemos de

fazer adequação do Plano Diretor.Por is-so acredito em resultados efetivos, nes-te sentido, a partir do segundo semes-tre”, disse o prefeito Clóvis Volpi (PV). Deacordo com informação extraoficial,cerca de 10 mil moradias aguardam re-gularização.

Santo André, São Bernardo, Dia-dema e Rio Grande da Serra informa-ram fazer os levantamentos necessá-rios para se enquadrarem às exigên-cias. “O processo deve ser maturadoassim mesmo, pois implica, principal-mente, na conscientização”, diz o secre-tário de Gestão Ambiental de São Ber-nardo, Giba Marson.

Ribeirão adequou o Plano

Especialistacritica demora

O arquiteto e urbanista,Renato Tagnin, critica a moro-sidade do projeto. Segundo oespecialista, atribuir às ade-quações o ‘marasmo’ do pri-meiro ano de vigência da lei édesculpa.“Não é um trabalhode adequação que começaagora. Esse diálogo já existehá, no mínimo, cinco anos”,disse ao ressaltar que faltaprioridade na execução.Apesar das projeções otimis-tas feitas pelos envolvidos,Tagnin prevê futuro menospromissor para a Billings.“E sóvejo piorar a situação sob oaspecto da aplicação.Temosfuncionários preparados? Te-mos mapas?”, questiona o ar-quiteto, referindo-se ao zonea-mento delimitado pela lei queinterfere na regularização.Projeto visa preservar represa

4 18 de março de 2011

Ninguém duvida que o rio Taman-duateí, que corta Santo André, São

Caetano e Mauá, é poluído. Entretanto,dados preliminares de estudo do Grupode Pesquisa e de Análise do Meio Am-biente da Universidade Municipal deSão Caetano (USCS), iniciada em outu-bro passado, apontam que a qualidadeda água é pior do que se imaginava.

A coleta das amostras analisadas pelaequipe, formada por professores e estu-dantes,é distribuída em 17 pontos espa-lhados pelo rio, além do Córrego dosMeninos, Córrego das Grotas/Utinga eCórrego Moinho, que verificam o IPH(Índice de Poluentes Hídricos), levandoem conta as características do entornodo curso d’água, como relevo, tipo demoradia e indústrias.

Para a professora e coordenadora doprojeto, Marta Marcondes, o que mais asurpreendeu nos cinco meses de estudosfoi a alta concentração de bactérias dogrupo coliformes, aqueles encontradosnas fezes, no esgoto jogado nos córregose, consequentemente, no rio Tamandua-teí. “Todas as águas analisadas apresen-tam alto índice de contaminação.Isso já eraesperado, mas não nestas proporções”, la-menta Marta,que conta que a metodolo-gia do estudo teve de ser ajustada paraconseguir contabilizar a quantidade decolonias de bactérias nas amostras.

A pesquisa utiliza cebolas para fazer

parte das análises. Nela, cebolas são co-locadas em água limpa para estimular ocrescimento da raiz e, posteriormente,colocadas nas águas retiradas para testes.Dependendo da composição do material,pode haver mutação nas células.“Isso nãosignifica que as pessoas que entram emcontato com estas águas durante asenchentes,por exemplo,vão virar mutan-tes. Mas correm risco de apresentar pro-blemas, como de pele”, esclarece.

Poluição não é só esgoto

Além do esgoto, os rios e córregos deSão Caetano também sofrem com odescarte de outros materiais nocivos àágua, como o fosfato, presente no sabãoe detergente.“Quando ele é encontradoem um índice muito alto, contribui paraalterar a característica do rio e até mes-mo provocar sua morte”, diz. No córregoUtinga a concentração do material su-

pera o índice aceitável (quevaria de 0 a 1). Metais

pesados provenien-tes de indústriastambém foramencontrados nasamostras.

OBJETIVOO objetivo da pes-

quisa é avaliar comoSão Caetano contribui pa-

ra a qualidade das águas do rio edos córregos.“O município capta e man-da para tratamento 100% do esgotoproduzido. Teoricamente, não contribuicom o descarte de esgoto no rio, mas aolongo da pesquisa poderemos verificarse há, por exemplo, ligação irregular ouproblema em coletor que esteja jogan-do dejetos in natura na água”, explica.

“Também conseguiremos verificarcomo a água do córrego dos Meninos,que vem de São Bernardo, chega e saina cidade. O que podemos adiantar éque verificamos pequena melhora de-pois que ele recebe a água que vem daestação de tratamento de esgoto”, com-pleta. Segundo a professora, a ideia éque outros municípios utilizem a meto-dologia da pesquisa – que deverá ser fi-nalizada até o fim do ano – para a cria-ção de políticas públicas voltadas aomeio ambiente.

Oprocesso de despoluição do rioTietê, iniciado há 19 anos, cami-

nha com dificuldade em razão de di-vergências políticas entre represen-tantes dos municípios que fazem par-te da bacia hidrográfica. Além disso, oProjeto Tietê, de responsabilidade daSabesp, não inclui Diadema, Mauá, SãoCaetano, Mogi das Cruzes e Guarulhos,pois os cinco possuem serviço de cole-ta e tratamento de esgoto próprio.

A não inclusão do grupo prejudicao projeto, pois não há controle sobredescarte no rio. Na visão da coordena-dora da Rede das Águas da SOS MataAtlântica,Malu Ribeiro,o quadro mostraque o Brasil ainda conta com “guetospolítico-partidários”. “A diferença parti-

dária é uma das maiores dificuldades eum desafio ainda a vencer”, comenta.

Segundo Malu, esses problemas ge-ram dificuldades físicas e atrapalhamações de benefício público. “Quandoolhamos para o rio na Capital temos asensação de que pouca coisa foi feita,mas os municípios ribeirinhos já podemsentir diferenças, como a melhoria dosindicadores de navegabilidade e a pre-sença de mais peixes”, destaca. Para a co-ordenadora, isso é possível porque, des-de 2009,as ações do Projeto Tietê passa-ram a enxergar o rio como um todo.

NO ABC - Entre os municípios do ABCque não participam do Projeto Tietê, ape-nas São Caetano conta com 100% do esgo-

to tratado.Diadema trata 13% e Mauá 5%.A Saned (Companhia de Saneamen-

to de Diadema) alega que não participado Projeto Tietê, mas que está preocu-pada com a despoluição dos córregos,tanto que aumentou os investimentosem redes de coleta de esgoto (nos últi-mos dois anos implantou cerca de 20km) e está construindo coletores tronco.

A Foz do Brasil, responsável pela cole-ta de esgoto de Mauá, informa que es-tão previstos investimentos da ordemde R$ 150 milhões para ampliação dosistema de esgotamento sanitário.

META - Diadema produz 1,8 milhão dem3 de esgoto por mês, mas apenas 13%tratado. A expectativa é chegar a 38%

até dezembro, com o coletor troncoCurral Grande, um investimento de R$4,2 milhões. Em 2012, a meta é atingir63% com mais dois coletores: Canhe-ma (investimento de R$ 1,1 milhão) eMonteiros/Floriano/Serraria (R$ 2,6 mi-lhões). O índice de 100% de esgotocoletado e tratado só deve ser alcança-do em Diadema por volta de 2018,com o coletor tronco Couros, contem-plado pelo PAC 2.

Mauá conta com 86% de coleta deesgoto e 5% de tratamento, segundo aFoz do Brasil. A previsão é tratar tudoapós instalação de ETE (Estação deTratamento de Esgoto), prevista para2014. Com os investimentos, a coletapassará para 95% em 10 anos.

Tamanduateí está mais poluído do que se imagina

Três cidades do ABC ficam fora do projeto de despoluição do Tietê

Alta concentração de coliformes assusta Marta Marcondes

518 de março de 2011

Ao contrário do que muitos pensam, não é qual-quer líquido que pode substituir a água no

nosso organismo. Quando se fala na importância detomar pelo menos dois litros de água por dia, sucos,refrigerantes e afins não cumprem a cota. De acordocom a clínica geral do Grupo Ana Rosa, Eliani Glória,somente a água mineral tem compostos suficientespara hidratar, saciar a sede e contribuir para a manu-tenção de uma vida saudável. A água de torneiradeve ser evitada, a menos que seja filtrada.

Presente em grande proporção no organismo doser humano, a água favorece e participa de todas asfunções fisiológicas.Órgãos como coração, rins e pul-mões são compostos por cerca de 80% de água.Segundo a médica, uma pessoa saudável gasta maisde três litros de água por dia.“Temos perda de águaquando respiramos, transpiramos, andamos e come-mos. Em tudo perdemos água, por isso é importantea hidratação constante e reposição dos nutrientes,como sódio, potássio e sais minerais”, afirma.

Para repor as necessidades do corpo, o ato debeber água não deve ser lembrado apenas quandosurge sede. Segundo a médica, o certo é tomar águaantes mesmo do aparecimento da sede. “A necessi-dade significa que o corpo já está no início do pro-cesso de desidratação. Por isso, o hábito de tomar

água deveria ser algo muito mais presente no dia adia de cada um”, explica.

BEM-ESTAR - Para quem pratica exercícios físicos, aágua favorece o funcionamento adequado de mús-culos e nervos. Também é igualmente importantepara a digestão, pois regula a temperatura do corpo,atividade cerebral e o funcionamento do sistemanervoso, além da lubrificação dos olhos.

Na estética a água mineral é fundamental para ahigiene do rosto, do corpo e dos cabelos, além de mi-nimizar os efeitos de manchas provocadas pelo sol.Ingrediente indispensável nas dietas,ela também aju-da a controlar o apetite e regula o sistema digestivo.

DESIDRATAÇÃO - Uma pessoa pode passar atédois meses sem ingerir alimentos sólidos,no entanto,não suportaria mais de 48 horas sem consumidorlíquido. A perda de 15% a 20% de água do organis-mo pode levar à morte por uremia, que é a intoxica-ção do sangue. Perdas de líquido de até 5% são con-sideradas leves; de até 10% são consideradas mode-radas e de até 15% são consideradas graves. Outraconsequência da falta de água é que o corpo desi-dratado fica mais vulnerável a bactérias e vírus, o quefacilita o desenvolvimento de doenças.

Você já bebeu água hoje?

Água participa de todas funções fisiológicas

6 18 de março de 2011

Em tempos de alto índice de polui-ção e do aparecimento de doenças

transmitidas por mosquitos e outrosagentes ambientais, a manutenção dacaixa d’água é determinante para aqualidade da água que sairá da tornei-ra e, principalmente, para a preserva-ção da saúde da população. A caixadeve ser higienizada com cloro ou águasanitária e ter as paredes limpas comescovas constantemente. O tempomédio de duração desta importantemanutenção é de duas horas e meia.

Mesmo tampada,a caixa d’água pos-sui entrada de ar, que possibilita o de-senvolvimento de organismos produ-tores de toxinas, como alguns tipos dealgas. Outro problema é o limo, que sedeposita no fundo do reservatório e emcasos extremos pode causar alergiasem quem consumir tal água. Nessescasos um médico deve ser procurado

para indicar qual o melhor tratamento.“Manter a limpeza de forma periódi-

ca,a cada seis meses,garante mais segu-rança na hora do consumo,pois não é sóuma questão de higiene, garante tam-bém a saúde da família”, lembra o técni-co químico do ETA (Estação de Trata-mento de Água) do Semasa (ServiçoMunicipal de Saneamento Ambientalde Santo André), Osmar Camilo Souza.

Os cuidados também devem ser es-tendidos quando houver troca de ca-nos, pois quando são manipulados po-dem trazer bactérias e material conta-minado para a água. Quando o objetomanipulado for a boia, o cuidado deveser redobrado para evitar contamina-ção. Se a caixa d’água estiver instalada acéu aberto ou no telhado, a atenção de-ve ser com relação às frestas, que po-dem atrair pombos e ratos, que liberamdesejos no ambiente.

DENGUEAlém de possibilitar o desenvolvi-

mento de causadores de doenças, co-mo alergia, a caixa d’água tambémpode ser criadouro de mosquitos,como o da dengue. Se ela estiver des-tampada ou sem nenhuma proteção, omosquito transmissor da doença (ae-des aegypti) pode depositar os ovos naparede do reservatório. A água limpa eparada propicia o desenvolvimentodas larvas.

Para o professor de Ciências Biológi-cas da Fundação Santo André, José LuisLaporte, é um erro acreditar que caixad’água destampada não representa peri-go. “Dizer que sem tampa a caixa ficaarejada é um erro, pois o recipiente setorna foco de procriação do mosquitoda dengue”, lembra. “A questão preocu-pante é que o mosquito também podepicar moradores vizinhos”, finaliza.

Manutenção da caixa d’água garante qualidade do produto

1 - Feche os registros;2 - Esvazie a caixa d’água e espere que ela

fique com cerca de 15 cm de água – elaserá usada na limpeza e evita que a sujei-ra desça pelo cano;

3 - Esfregue as paredes internas com escovade fibra vegetal ou de fios de plástico;

4 - Remova a água suja com o auxílio depanos limpos e baldes;

5 - Coloque dois litros de cloro ou água sani-tária (principalmente nas paredes inter-nas) e espere pelo menos duas horas.Neste ponto é importante que a saída deágua esteja vedada para que o a soluçãonão entre em contato com as pessoas;

6 - Enxágue com água limpa as paredesdesinfetadas e abra o registro. Não esque-ça de anotar a data da limpezas. O ideal éque ela seja feita a cada seis meses.

Limpe o reservatório

Autilização indiscriminada da águanas últimas décadas deixou graves

consequências, uma delas a escassez.Uma das medidas para amenizar a faltado recurso foi criar mecanismos paraevitar o desperdício. Tratar o esgoto ereutilizar a água para fins menos nobres,como resfriamento de caldeiras indus-triais e limpeza urbana, tem sido umaaplicação com sucesso.

O reuso planejado da água faz parteda estratégia global para a administra-ção da qualidade das águas, propostapelo Programa das Nações Unidas parao Meio Ambiente e pela OMS (Organiza-ção Mundial de Saúde).

Em São Caetano, desde maio de 2001água não potável originária da ETE ABC(Estação de Tratamento de Esgotos doABC) é utilizada para fins urbanos.Só em2010 o município consumiu 2,5 mil m3

de água de reúso em lavagens de ruas,rega complementar de áreas verdes, en-tre outros.

Em Santo André a água de reúso tam-bém é proveniente da ETE ABC e, entreoutros fins, também é usada para de-sobstrução de redes de esgoto e do sis-tema de drenagem. “Este tipo de açãodeveria ser aplicada por todos os muni-cípios,pois evita que a água potável seja

utilizada para fins menos nobres”, afirmao gerente de operações do Semasa (Ser-viço Municipal de Saneamento Ambien-tal de Santo André), Clemente AntônioChicchi.

Segundo o executivo, a autarquia uti-liza cerca de 300 m3 de água de reúsopor mês.“Nosso objetivo é implantar umprojeto dentro do município, pois hojecompramos diretamente da Sabesp.Desta forma, além de economizar águapotável, iríamos economizar verba pú-blica”, completa.

Reúso de água é estratégia para evitar desperdício

Além de utilizada pelas prefeituras,parte da água tratada na ETE ABC retor-na limpa para os córregos e rios.“Se issonão fosse feito e o esgoto industrial edoméstico fosse jogado, mais uma vez,in natura, acarretaria numa série de pro-blemas, com morte de possíveis peixese da vegetação, fortes odores e assorea-mento dos rios”, lembra a engenheira de

Processos da Estação de Tratamento doABC, Sheila Carvalho.

VÁRIAS FASES A ETE ABC, na divisa de São Caetano

e São Paulo, recebe 2m3 de esgoto porsegundo da região do ABC e de algunsbairros de São Paulo. Todo o materialpassa por ao menos três fases de trata-mento. A ação preliminar retira o mate-rial grosseiro e a areia por meio de siste-ma caixa de areia. A etapa primária éfeita com decantadores e ponte rolante,apelidada de raspador. Ao mesmo tem-po em que o sistema arrasta para o fun-do e sedimenta o lodo, a parte superiorretira a gordura da superfície da água.

Já o processo secundário conta combactérias. O lodo e a gordura retiradosvão até o decantador secundário pormeio de canais aerados.Nessa fase, o es-goto, o lodo e a gordura estão dissolvi-dos. Para que os microorganismos con-sumam o material é necessário que res-pirem, e é neste ponto que entram oscompressores e os difusores.

O lodo retirado do processo secun-dário fica no digestor por 30 dias até fi-car totalmente desidratado. O resultadofinal vai para o aterro sanitário ou é utili-zado como adubo.

Água tratadavolta para os rios

Engenheira Sheila Carvalho aponta para quantidade de bactérias

Fonte: Semasa

718 de março de 2011

Shoppings colhem bons resultados

Na carona da sustentabilidade,em al-ta em todo o mundo, o ambiente

corporativo no ABC é de políticas deproteção ambiental, como economia ereutilização da água. Os projetos, queenvolvem reutilização, reciclagem e pre-servação da água, chegam a reduzir até25% do consumo nas empresas.

Bom planejamento com investi-mentos voltados à economia de águaé fundamental para o empreendedor,avisa o coordenador do curso deEngenharia Ambiental da FundaçãoSanto André, Murilo Valle. “É impor-tante que se tenha em mente proje-tos, de baixo ou alto custo, a seremrealizados em curto ou médio prazo.A economia é um dos principais as-pectos observados com essas ações,que precisam ser incentivadas pelopoder público”, comenta.

A Pirelli, fabricante de pneus para ca-minhões, ônibus e veículos agrícolas,em Santo André, reaproveita 100% daágua utilizada no processo produtivo.A unidade, que recolhe água direta-mente de poços, trata todo o recursonatural usado durante a fabricação dospneus na própria estação de tratamen-to de efluentes industriais. As ações,somadas a programas de conscientiza-ção de funcionários, reduziram o con-sumo de água na unidade em 17% nosúltimos quatro anos.

DO AR-CONDICIONADOO restaurante McDonald’s, da aveni-

da Brigadeiro Faria Lima, centro de SãoBernardo, é o único do ABC com reutili-zação da água coletada no sistema dear-condicionado na limpeza externa erega de jardins da casa. O sistema gera900 litros de água por dia e o volume étodo aplicado nas duas áreas. A reutili-zação do recurso já resultou numaredução de 11% do consumo de águada unidade.

A Petrobras é outra empresa comprojetos de reutilização de água no pro-cesso produtivo do petróleo, assim co-mo purificação de efluentes para reusoe aprimoramento do sistema de acom-

panhamento e gestão de informaçõessobre o tema. A meta do programa dereuso de água da Petrobras é economi-zar 650 milhões de litros por mês, o queequivale ao consumo de uma cidadecom 150 mil habitantes. Nas unidadesdas áreas de Abastecimento e Interna-

cional, em 2009, foram reutilizados 17,3milhões de m3 de água.

Todas as refinarias da Petrobras pos-suem estações de tratamento de água,que permitem captação e tratamentodo recurso utilizado no processo indus-trial e tratado novamente antes do des-

carte. Inaugurada em 2008, a estação dereúso de água da Refinaria de Capuava,em Mauá, permite o descarte zero deefluentes e a economia de 880 mil m3 deágua por ano. Além disso, todo o efluen-te é reaproveitado por outras empresasda região para fins industriais.

Reutilização da água virarotina nas empresasPirelli, McDonald’s, Refinaria da

Petrobras e os shoppings Mauá Plaza e

Grand Plaza são alguns exemplos de iniciativas bem-sucedidas no ABC

Os shoppings também comemoramresultados. O Mauá Plaza Shopping pos-sui três poços artesianos para atender oconsumo de água utilizado pelo sistemade ar condicionado. Segundo CléberBrocchi, gerente de Manutenção, estáem fase de conclusão sistema de capta-ção da água da chuva. Previsto paraabril, o reservatório instalado no subso-lo do shopping armazenará água dachuva para que, depois de tratada, sejautilizada em bacias e mictórios. Com in-vestimento de R$ 45 mil, o projeto bus-ca economia de 25% com água.

O reuso de água é rotina no GrandPlaza Shopping, em Santo André. Desde2008, o centro recicla cerca de 3,5 mi-lhões de litros de água por mês. O resul-tado é uma queda de 22% no consumo

e economia de 25% em termos finan-ceiros.Desenvolvido no Canadá,o pro-grama de reuso de água - destinada àlimpeza do shopping, rega de jardins,descarga sanitária, lavagem de pisos eabastecimento de torres de resfria-mento - utiliza reator vertical de 90metros de profundidade e trata oesgoto com injeção de ar sob altapressão.

O Grand Plaza também faz capta-ção de água diretamente de três po-ços artesianos instalados sob o terre-no do empreendimento, a 400 metrosde profundidade. Com a substituiçãode parte da água comprada no siste-ma convencional pela água extraídados poços, o shopping já economizoudesde 2007 quase R$ 1 milhão.

Refinaria da Petrobras possui estação de reúso de água e unidade do McDonald’s é exemplo

Brocchi: Mauá Plaza terá reservatório

8 18 de março de 2011