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ESTRATÉGIA PARA CRESCE R Lições de países que incluem o empreendedorismo e as micro e pequenas empresas na agenda do desenvolvimento

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ESTRATÉGIA PARA

CRESCERLições de países

que incluem oempreendedorismo

e as micro epequenas empresas

na agenda dodesenvolvimento

ESTRATÉGIA PARA

CRESCERLições de países

que incluem oempreendedorismo

e as micro epequenas empresas

na agenda dodesenvolvimento

Organizado por Eloi Zanetti

ESTRATÉGIA PARA

CRESCERLições de países

que incluem oempreendedorismo

e as micro epequenas empresas

na agenda dodesenvolvimento

Organizado por Eloi Zanetti

Autores:

Agnaldo Gerson CastanharoAlba Silva Anastacio Soares

Allan Marcelo de Campos CostaClaudio Eduardo de Assis

Fabio Hideki OnoHeverson Feliciano

Joailson Antonio AgostinhoJose Gava Neto

Jose Ricardo Castelo CamposJulio Cezar AgostiniLuiz Carlos da Silva

Marcos Aurélio de LimaOrestes Hotz

Rainer JungesRenata Borges Todescato

Vitor Roberto Tioqueta

Brasília, DF • 2014

Organizado por Eloi Zanetti

2014. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae

Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema e armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito do Sebrae. A

reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n.º 9.610/1998).

SEBRAE NACIONAL

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional

Roberto Simões

Diretor Presidente

Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho

Diretor Técnico

Carlos Alberto dos Santos

Diretor de Administração e Finanças

José Claudio dos Santos

Gerente da Universidade Corporativa Sebrae

Alzira de Fátima Vieira

SEBRAE PARANÁ

Presidente do Conselho Deliberativo Estadual

João Paulo Koslovski

Diretor Superintendente

Vitor Roberto Tioqueta

Diretor de Operações

Julio Cezar Agostini

Diretor de Administração e Finanças

José Gava Neto

Gerente da Unidade de Gestão Estratégica

Fabio Hideki Ono

Conselho Editorial e Coordenação Técnica

Raquel Cardoso Bentes

Leandro DonattiFabio Hideki Ono

Textos produzidos e organizados por: Eloi Zanetti

Entrevistas com: Agnaldo Castanharo, Alba Anastácio Soares, Allan Marcelo de Campos

Costa, Cláudio Assis, Fabio Hideki Ono, Heverson Feliciano, Joailson Agostinho, José Gava

Neto, José Ricardo Castelo Campos, Julio Cezar Agostini, Luiz Carlos da Silva, Marcos Aurélio Lima, Orestes Hotz, Rainer Junges, Renata Todescato e Vitor Roberto Tioqueta

Revisão de conteúdos: Elisa Marília Carneiro, Fabio Hideki Ono, Leandro Donatti

Fotos: produzidas pelos integrantes das missões

Todos os textos são fruto da percepção e análise colhidas durante três missões

internacionais realizadas por diretores e gerentes do Sebrae/PR em 2012, para Coreia

do Sul, Tailândia, Malásia e Cingapura; Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia; e Índia (Mumbai, Bangalore, Nova Deli), Hong Kong, Taiwan e China.

Diagramação e editoração: iComunicação

Informações e ContatoSebrae Nacional

SGAS 605 – Conj. A – Asa Sul – 70200-904 – Brasília/DF

Telefone: (61) 3348-7100

Sebrae Paraná

Rua Caeté, 150 - Prado Velho – Curitiba/PRTelefone: (41) 3330-5800

www.sebrae.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Bibliotecária responsável: Jaciara Coelho P. de Oliveira

E82Estratégia para crescer : lições de países que incluem o empreendedorismo e as micro e pequenas empresas na agenda do desenvolvimento. / Eloi Zanetti (org.). – Brasília : Sebrae, 2014.

164 p.ISBN (impresso) 978-85-7333-626-9ISBN (eletrônico) 978-85-7333-625-2

1.Benchmarking internacional 2. Pequenos negócios 3. Ásia I. Zanetti, Eloi (org.) II. Sebrae

CDU – 005.642.1

“Viajar só tem vantagens: se formos

para países melhores, podemos

aprender a melhorar o nosso.

Se pararmos em países piores,

podemos passar a apreciar o nosso”

Samuel JohnsonEscritor inglês

Experiência global, atuação local

O Sebrae é uma empresa de conhecimento, de saberes e boas práticas. Aprendemos mais a cada dia e disseminamos as nossas experiências para realizarmos um atendimento mais qualificado aos nossos clientes, afinal somos especialistas em pequenos negócios.

Anualmente, preparamos as altas e médias lideranças do Sebrae dentro de parcerias da Universidade Corporativa com renomadas instituições de ensino nacionais e internacionais. O objetivo é trazer a experiência global para a atuação local. Com isso, buscamos atualizar os conhecimentos e construir um modelo de liderança que reflita os objetivos e as diretrizes estratégicas do Sebrae.

Este livro é fruto da experiência de líderes do Sebrae que participaram de três missões internacionais – ao Sudeste Asiático, à Rússia e Escandinávia e ao Leste Asiático. É uma forma de disseminar o conhecimento adquirido.

As escolhas dos países visitados levaram em conta o relatório Doing Business do Banco Mundial – os melhores lugares do mundo para se fazer negócio. Os grupos formados pelo Sebrae no Paraná optaram por regiões consideradas competitivas, modernas e que estão bem inseridas no novo mundo globalizado.

A publicação apresenta o resultado e o aprendizado dos grupos em cada instituição visitada – universidades, agências de fomento, parques tecnológicos, bancos e incubadoras – para aplicar localmente essas boas práticas.

Dessa forma, temos na Universidade Corporativa Sebrae uma importante aliada na gestão do conhecimento de todo o Sistema. Esse tipo de investimento gera uma rica experiência e eleva o nível de inovação e de atuação do Sebrae, além de aperfeiçoar o nosso trabalho.

Recomendo que aproveite esta oportunidade de aprendizado.

José Claudio dos Santos

Diretor de Administração e Finanças

Sebrae Nacional

Uma viagem rumo ao desenvolvimento

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.” A frase, eternizada pelo físico e humanista alemão Albert Einstein, revela o poder do conhecimento e sua capacidade de transformar pessoas e realidades. O desconhecido, que em via de regra provoca indagações e conduz a reflexões, gera também aprendizados importantes na esfera dos negócios e nas instituições que o representam.

Este livro, Estratégia para crescer - Lições de países que incluem o empreendedorismo e as micro e pequenas empresas na agenda do desenvolvimento, é um exemplo disso. O Sebrae do Paraná, representado por seus diretores e gerentes, realizou em 2012 três missões técnicas rumo ao desconhecido, para países que, segundo o Banco Mundial, tornaram-se os melhores lugares do mundo para se fazer negócios.

Na bagagem dos exploradores, a curiosidade pelo novo e o desejo de uma equipe jovem em conhecer modelos de desenvolvimento, marcados pela inclusão dos pequenos negócios, bandeira do Sebrae também no Brasil. Conhecimento que tem sido aplicado pelo Sebrae no Paraná na sua reinvenção, com foco em 2022, quando a entidade comemorará 50 anos de existência como serviço de apoio às micro e pequenas empresas.

Passados dois anos da experiência, e absorvidas as principais lições aprendidas com gigantes como Cingapura, Coreia do Sul, Dinamarca, Suécia, Noruega, Hong Kong e China, é hora de compartilhar. Que este livro, uma iniciativa acolhida e estimulada pelo meu antecessor na Presidência do Conselho Deliberativo, Jefferson Nogaroli, possa despertar a curiosidade de quem acredita no empreendedorismo, além de também servir de subsídio para a busca permanente pela melhoria da gestão, criatividade e superação dos desafios que os micro e pequenos empresários enfrentam todos os dias.

Curiosidade que leva ao desconhecido, que gera conhecimento, que amplia a mente e que promove transformações! Compartilhemos o aprendizado do Sebrae no Paraná revelado nesta obra e planejemos o desenvolvimento do nosso País!

João Paulo Koslovski

Presidente do Conselho Deliberativo

Sebrae no Paraná

Lição que nos faz olhar para o futuro

O Sebrae começou a escrever uma nova página da sua história no Paraná. Em 2011, uma profunda discussão sobre o seu papel, missão e visão em longo prazo, no apoio ao empreendedorismo e aos pequenos negócios, começou a ser trilhada, com o olhar voltado para 2022, quando o Sebrae completará 50 anos e precisará dialogar com novos cenários.

Esse trabalho, iniciado pela Diretoria Executiva do Sebrae no Estado, que tinha à época Allan Marcelo de Campos Costa, como então diretor-superintendente; Julio Cezar Agostini, diretor de Operações; e Vitor Roberto Tioqueta, então diretor de Gestão e Produção, nasceu de uma necessidade da instituição em se consolidar como serviço de apoio aos pequenos negócios. Com base nos anseios dos empreendedores, empresários, representantes de entidades empresariais e sociedade paranaense, e de olho no futuro, a instituição sentiu a necessidade de conhecer experiências exitosas para melhor atender e enfrentar os desafios permanentes impostos ao empreendedorismo.

As três missões técnicas aos países considerados os que oferecem melhor ambiente para se fazer negócios, tema deste livro, foram minuciosamente estudadas para contribuir na construção dessa nova estratégia, que hoje já é uma realidade. Aprendizado que incorporamos no planejamento que vai orientar o Sebrae dos próximos anos e que balizará a sua atuação no Paraná. Uma experiência marcada pelo conhecimento a partir de boas práticas. Em cada visita, novas descobertas e também constatações de que o Sebrae, como instituição de apoio e articulação, está no caminho certo, quando defende a ideia de que as micro e pequenas empresas são a melhor alternativa para o desenvolvimento do país.

O principal ensinamento, que nos levará mais fortes para 2022, foi perceber que boa parte dos países que atingiram maturidade no estímulo aos negócios prosperou graças a uma conjugação de interesses comuns, dos cidadãos às forças políticas, aliada a planejamento, foco e muito trabalho. Atitude que ajudou na superação de adversidades e tem servido de amálgama para o desenvolvimento. Exemplos que inspiraram e ainda vão inspirar muito o Sebrae do Paraná.

Agradecemos ao Sebrae Nacional pela oportunidade de materializar, por meio deste livro, o conhecimento gerado com as missões, que têm nos ajudado muito nessa jornada. E assim provocar, e estimular, a discussão sobre a necessidade de uma

estratégia para crescer de fato, que leve em consideração os pequenos negócios, como propulsores de empregos e renda, e a sua representatividade na economia e na vida das pessoas.

Vitor Roberto Tioqueta

Diretor Superintendente do Sebrae no Paraná

Julio Cezar Agostini

Diretor de Operações do Sebrae no Paraná

José Gava Neto

Diretor de Administração e Finanças do Sebrae no Paraná

SumárioPREFÁCIO

Otaviano Canuto

APRESENTAÇÃO

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

Coreia do Sul, Tailândia, Malásia e Cingapura

MISSÃO RÚSSIA-ESCANDINÁVIA

Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia

MISSÃO LESTE ASIÁTICO

Índia, Hong Kong, Taiwan e China

AS LIÇÕES APRENDIDAS

As opiniões dos grupos

PALAVRAS FINAIS

ANEXOS

15

21

27

51

79

121

129

135

Prefácio

Prefácio

Reflexões para uma agenda de desenvolvimento

Crescimento e desenvolvimento econômico são temas que há muito tempo despertam o interesse de economistas. Quais fatores levaram alguns países a crescer e a se desenvolver mais rapidamente do que outros? Que medidas países e regiões emergentes poderiam tomar para acelerar o seu desenvolvimento de forma sustentável? Há uma miríade de teorias e modelos que visam a responder perguntas como essas.

Inegavelmente, variáveis macroeconômicas, como investimento, taxas de câmbio, de juros, dentre outras, são determinantes para o crescimento e competitividade dos países. Contudo, muitos fatores de competitividade são determinados no nível micro, das pessoas, dos empreendedores e das pequenas empresas, e influenciados pelo ambiente regulatório para os negócios.

A competição não ocorre somente entre empresas, mas também entre cidades e nações. O relatório Doing Business, publicado anualmente pelo Banco Mundial, traz uma base de comparação entre os ambientes de negócios do mundo e visa oferecer referências objetivas para melhorias. Trata-se, portanto, de um importante referencial para reformas e para que países em pior classificação possam tomar lições daqueles melhor qualificados. Conhecer as melhores práticas internacionais e adaptá-las às realidades locais é uma forma de catalisar o processo de desenvolvimento.

Nesse sentido, considero louvável a iniciativa do Sebrae, de buscar as boas práticas internacionais de fomento ao empreendedorismo e ao desenvolvimento dos pequenos negócios.

Por meio de visitas in loco, a equipe do Sebrae do Paraná conheceu experiências de pessoas e de instituições presentes em países com níveis distintos de desenvolvimento e de eficiência de seus ambientes regulatórios. As condições apresentadas em Cingapura, país em melhor posição no ranking Doing Business, são bastante distintas de outros

países visitados, como Rússia, China e Índia, que, juntos com o Brasil, compõem o BRICS. Essa diversidade é muito rica em qualquer processo de benchmarking e o livro traz uma importante consolidação desse conhecimento. Traz ainda um conjunto de lições aprendidas, muitas das quais o Sebrae já incorporou em seu planejamento estratégico, conforme apresentado no anexo.

Considerando os desafios atuais da economia brasileira, no que diz respeito ao aumento da produtividade e das condições de competitividade, é muito salutar que se compartilhem as boas referências internacionais. As lições apresentadas pela equipe do Sebrae trazem importantes reflexões para uma agenda de desenvolvimento não somente do próprio Sebrae, como para outras instituições.

Parabéns ao Sebrae por trazer esse conhecimento a público.

Otaviano CanutoConselheiro Sênior do Banco Mundial para Economia BRICS

Apresentação

Apresentação

23

APRESENTAÇÃO

Quando um grupo de técnicos, gerentes e diretores do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas do Estado do Paraná (Sebrae PR) começou a pensar, em 2011, na estratégia da instituição,

com vistas a um período de dez anos, esbarrou com os seguintes questionamentos: e o Brasil? E as

nossas empresas? E o nosso povo? E os nossos sistemas de apoio aos novos empreendedores? Será

que conseguiremos em 2022, quando a instituição completar 50 anos de existência, encontrar um

país altamente competitivo no mercado internacional ou ainda estaremos restritos ao fornecimento

de commodities, como sempre fizemos? As primeiras reflexões levaram a outro questionamento:

podemos, sim, pensar em nós mesmos como instituição para dali a dez anos. Mas o que poderíamos

fazer para colaborar também com um futuro melhor para todos aqueles que estão à nossa volta?

Afinal, o primeiro compromisso do Sebrae com a sociedade é deixá-la sempre melhor.

Foi então que surgiu a ideia de procurar, dentre os inúmeros países que estão

fazendo os seus deveres de casa bem, alguns que nos servissem de espelho. Não seriam

apenas estudos baseados em material já publicado em revistas e jornais de negócios

e em informações disponíveis na internet. Todo mundo sabe como a Coreia do Sul, a

China e a Noruega trabalham e disputam mercado. A ideia inicial foi ver in loco, sob

o olhar aguçado do próprio Sebrae PR, por técnicos que conhecem como ninguém

o dia a dia dos empresários de micro e pequenas empresas e os meandros da nossa

legislação comercial. Só assim, poderíamos comparar e tirar a melhor lição de cada país

a ser observado e aplicar esse aprendizado aqui mesmo no Brasil. Por que começar da

estaca zero, se podemos encurtar caminhos e aprender com a experiência de outras

pessoas e instituições? Buscamos assim retirar dessa experiência a essência de cada

instituição visitada: universidades, agências de fomento, parques tecnológicos, bancos

e incubadoras e apresentá-las aos nossos clientes, políticos, autoridades e parceiros

sob as mais diversas formas: publicações, palestras, seminários e um livro – este livro.

Em um mundo dito globalizado, interligado por comunicações instantâneas que

aproximam países e povos antes tão distantes e diferentes, buscar essas informações,

vivenciá-las de perto e reparti-las não seria tarefa fácil. O primeiro objetivo foi definir

o que queríamos saber. Depois, em que lugar realmente encontraríamos essas

informações, uma vez que a mídia corporativa fala delas todos os dias, mas, muitas

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ESTRATÉGIA PARA CRESCER

vezes, de forma dispersa, desorganizada e até como lenda urbana. A pergunta lançada

como desafio foi: “Será que o povo, as leis, a competência, a qualidade das indústrias e

a velocidade desses países em fabricar, vender, estruturar e entregar os produtos que

vendem são tão competentes como parecem ser? Na realidade, carecia ver de perto, e

em grupos diferentes, para se ter visões distintas e compreender o que o mundo está

fazendo de inusitado e o que ele pode nos ensinar. A equipe entusiasmou-se com a

ideia de mapear as práticas, conversar com especialistas, buscar e aprender os processos

inovadores que fizeram com que o ambiente de negócios para pequenas empresas se

tornasse mais favorável nesses países. Foi dado um passo à frente com a ideia – surgiu

o Projeto Missões Sebrae PR.

E O PRIMEIRO DESAFIO FOI DESCOBRIR COMO SE FAZ UM BENCHMARKING DE PAÍSES;

E O PRÓPRIO RANKING DO BANCO MUNDIAL DEU AS COORDENADAS – COM UMA

DIVISÃO GEOGRÁFICA QUE FIZESSE SENTIDO.

Aprovada a ideia de buscar informações em países que estavam fazendo a

diferença no mundo, nossos olhos dirigiram-se ao relatório Doing Business do Banco

Mundial – “Os melhores lugares do mundo para se fazer negócios”. Não queríamos

olhar para nações já há muito desenvolvidas e estabilizadas, como Alemanha, França e

Estados Unidos. Nossos espelhos seriam as regiões recém-expostas à mídia mundial

como agressivas, competitivas, modernas e que estão bem-inseridas no novo mundo

globalizado. Por exemplo, sabíamos pouco sobre o Leste Asiático, não conhecíamos

quase nada da sua história, cultura e as trajetórias que o levaram ao topo do ranking

do Banco Mundial. Ver, tocar, conversar, olhar de perto e debater o que poderíamos

observar, de forma organizada e sistemática, em grupo, nos próprios locais de

observação, nos dariam lições valiosas, práticas e rápidas sobre esses países. Assim

seria mais fácil e produtivo a sua disseminação e aplicação aqui no Brasil.

Ajudou-nos na jornada a criação de um manual que contivesse todo o processo

de benchmarking, fornecendo-nos informações sobre roteiros, lugares, instituições,

modo de vida e de se fazer negócios, dados econômicos, culturais e históricos locais.

Ganhamos em economia de tempo e praticidade de viagem. Para alguns de nós,

certos países eram desconhecidos, pois só tínhamos vagas referências. As pesquisas

25

APRESENTAÇÃO

prévias e as informações disponíveis nesse manual nos prepararam para um olhar mais

acurado e nos ajudaram na elaboração de perguntas mais pertinentes a nossa meta de

trabalho. Também ficou acertado que cada um de nós, em cada uma das três missões,

ficasse de estudar a fundo um determinado país. Depois, deveria repartir com o restante

o que aprendera. Assim, partiríamos melhor preparados.

Montar o planejamento da viagem nos ajudou e nos guiou por todo o caminho.

Nosso objetivo era importar os processos e os instrumentos que esses povos usam

para incentivar o progresso dos seus empreendedores. Saber o que fazem para

justificar tanto sucesso comercial. Sabíamos que lidaríamos com culturas diversas de

povos milenares que pensam de forma diferente de nós e, apesar da sua proximidade

geográfica, até entre eles.

DEPOIS DE UM EXTENUANTE DIA DE VISITAS – MAIS REUNIÕES

Ao final de cada dia, nos hotéis, nos reuníamos para trocar impressões e repartir

o que cada um havia visto de interessante, que pudesse ser útil aos empreendedores

do nosso país. A disciplina imposta era férrea. Mesmo cansados, ouvíamos uns aos

outros, falando sobre o que foi percebido. Após as explanações, trocávamos percepções

e anotávamos numa espécie de diário de viagem.

Esses encontros diários nos ajudavam a organizar as informações ainda frescas

sobre o que havíamos visto durante o dia. Em viagens a vários lugares ao mesmo

tempo, o nosso cérebro processa muitos dados, e a tendência final é misturar tudo e

esquecer assuntos importantes.

Além disso, esse sistema nos ajudou a comparar, da melhor forma, tudo o que

cada um havia visto. Ao mesmo tempo, um resumo da conversa ia para um blog que,

alimentado passo a passo, servia de canal de informação para todos aqueles que

quisessem dispor das notícias. Uma curiosidade: o blog1 nasceu no aeroporto de partida,

na espera em Cumbica.

1 http://pelaasia.blogspot.com.br/http://escandinaviaerussia.blogspot.com.br/http://missaolesteasiatico.blogspot.in/

Missão Sudeste Asiático

OPINIÃO DOS PARTICIPANTES:

Allan Marcelo de Campos Costa,Allan Marcelo de Campos Costa,Fabio Hideki Ono,

Heverson Feliciano,Rainer Junges e

Renata Borges Todescato Renata Borges Todescato

Coreia do Sul, Tailândia, Malásia e Cingapura

Missão Sudeste Asiático

28

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Em todos os países que visitamos, encontramos uma dística, um pensamento único, expressado

por todos: políticos, empresários, líderes dos diferentes setores e pelo mais humilde cidadão.

Ouvíamos esse mantra ser repetido por atendentes nos hotéis e pelos taxistas que nos levavam

para alguma reunião ao saberem quais os nossos interesses em seus países. O credo das populações

visitadas reza:

Temos que investir e trabalhar unidos a fim de tornar o nosso país um lugar

super competitivo para se fazer negócios – o adjetivo é necessário, porque é isso

mesmo. Vamos facilitar ao máximo a execução dos trabalhos dos nossos parceiros –

empresários e empreendedores – locais e internacionais. Estamos sempre investindo

em logística, tornando nosso sistema de transporte – estradas, terminais, portos e

aeroportos – mais eficiente e econômico para quem o usa. Lutamos constantemente

contra a burocracia, retirando leis que não servem para nada. Acreditamos que estamos

no caminho certo, pois os resultados estão aparecendo a olhos vistos.

Coreia do SulSonhos compartilhados

“Priorizamos a educação, porque ela nos ajuda a realizar nosso maior objetivo como

nação: ser competitivos.” Depoimento de um taxista.

Há três décadas, o pensamento dos coreanos foi claro: “Para que possamos ser

um país exportador de alta tecnologia agregada em produtos manufaturados de alto

valor, teremos que investir maciçamente em educação.” Portanto, quando se fala que

29

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

a Coreia do Sul investe muito em educação é porque esta é a base dos seus planos de

negócios: a necessidade de preparar, a médio e longo prazos, bons técnicos, cientistas,

pesquisadores, homens de negócio e mão de obra qualificada para as atividades de

produção, comércio e exportação.

A equação coreana é simples – médias empresas, altamente competitivas, atreladas

a grandes conglomerados para lhes dar suporte e torná-los agressivos no mercado

internacional. Essas empresas são hoje as grandes alavancadoras do processo de

inovação da Coreia do Sul. É um pouco diferente do modelo brasileiro, temos bons

sistemas de apoio às nossas micro e pequenas empresas, facilitamos o crédito aos

grandes conglomerados e quase nos esquecemos de apoiar as médias empresas,

justamente as que precisam de atenção nos seus períodos de crescimento. Usando

uma metáfora: somos bons pediatras e sabemos tratar os adultos, mas não exercemos

nada de puericultura. Fica uma reflexão: por que não ampliamos os programas de apoio

às médias empresas brasileiras?

O sistema coreano, de privilegiar médias e grandes empresas, faz com que o

sonho de todo jovem local seja o de se trabalhar nelas. Quase ninguém sonha em ser

empreendedor ou pequeno empresário. Há um respeito muito grande pela hierarquia

no país e uma espécie de resignação sobre o lugar de cada um na cadeia produtiva,

pois o país foi criado para isso.

O papel do governo coreano não é induzir ou ensinar o empreendedorismo

individual, mas sim tirar os obstáculos do caminho para quem queira crescer e tornar-

se competitivo no mercado mundial.

Em termos de qualidade de vida, os coreanos estão muito bem no sentido

material, com acesso a bens de consumo, estrutura de cidades e apoio à educação e

à saúde. Por outro lado, há um estresse constante, motivado pela ameaça do vizinho

do norte, sempre em posição beligerante. Essa tensão faz parte do cotidiano local

e é comum ver aviões de caça sul-coreanos patrulhando o espaço aéreo do país de

forma permanente – a cada hora poderá cair uma bomba em suas cabeças. Viver sob a

ameaça de uma “espada de Dâmocles” não é nada confortável. Outro fator de estresse

é o medo de perder as condições econômicas conquistadas, uma vez que o coreano

é muito consumista. Somam-se a isso as exigências do trabalho árduo, competitivo,

30

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

a concorrência brutal entre si e o sistema escolar com muitas horas de estudo – oito

horas por dia são obrigatórias – e pouco tempo de lazer para jovens e crianças. É fácil

e difícil viver na Coreia do Sul – nada é perfeito.

Enxergamos a Coreia do Sul como um “sonho de consumo”, um Brasil para daqui

duas décadas. Se o nosso país fizer o que tem de ser feito: facilitar a vida dos seus

empresários, retirar o excesso de leis, promover uma reforma fiscal, simplificar o

recolhimento dos impostos e privilegiar a educação de qualidade, com o potencial que

temos, seremos muito mais do que a Coreia é hoje.

COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL EM SINTONIA COM A POLÍTICA DE ESTADO

O Korea Eximbank é o banco de exportação e importação local. Atualmente,

desenvolve um programa chamado Hidden Champions, que se dedica a fazer com que

em dez anos um grupo de 100 médias empresas cresça e consiga 8,1% de participação

nas exportações do país e, com isso, responder por 80% dos empregos da população

jovem e acrescentar 2 bilhões de dólares ao PIB coreano.

O Eximbank teve um papel fundamental nos planos da Coreia do Sul, pois, durante 11

anos, focou no financiamento para a melhoria da infraestrutura; nos 12 anos seguintes,

no fomento à globalização da economia e das exportações. E atualmente, últimos 12

anos, na busca do desenvolvimento e na sofisticação das soluções financeiras a serem

colocadas à disposição das empresas locais.

A opção pela competitividade empresarial está sempre em sintonia com a política

de Estado. É uma função estratégica, visto que o país é pobre em recursos naturais

e tem de lutar para agregar valor às suas exportações. Qualquer escolha, para apoio

a alguma empresa, deve seguir nessa direção, no desenvolvimento tecnológico e ter

potencial para crescimento agressivo.

Em 2011, a instituição atendeu 26.148 pequenas empresas em processo de expansão

e consolidação, mais 16.944 em projetos de inovação tecnológica. O financiamento para

pequenas e médias empresas na Coreia, em 2011, contou com recursos na ordem de 70

bilhões de dólares, oriundos do governo, e 443 bilhões de dólares, de bancos privados.

31

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

Percebemos que o conceito de pequena empresa para os coreanos é relativo. As

grandes empresas são entendidas como os grandes conglomerados – Samsung ou LG –

abaixo desses estão as empresas que têm potencial de faturamento entre 500 milhões

e 1 bilhão de dólares/ano. Ou seja, bem distantes da realidade das pequenas empresas

brasileiras. Mas ainda assim, alguns aprendizados destacam-se e o mais relevante, a

nosso ver, são as iniciativas com foco claramente definido.

Uma das estratégias mais utilizadas é financiar compradores dos produtos coreanos.

Caso um grande comprador estrangeiro tenha a intenção de adquirir grandes volumes

de uma empresa local, o banco financia a compra e paga à empresa coreana com o

próprio dinheiro coreano. Em resumo, faz com que o recurso retorne ao próprio país.

Esse banco teve papel preponderante durante a crise asiática de 1997 dando

suporte aos bancos privados e às empresas locais, para que pudessem resistir à

instabilidade econômica. O orçamento dessa instituição é de 1,9 bilhão de dólares,

para as atividades operacionais, e de mais 6 bilhões, para fundos de financiamento.

As empresas candidatam-se aos recursos e somente as que têm melhores condições

de prosperar são aceitas. É uma espécie de seleção natural – “Coreia do Sul – onde os

fracos não têm vez”.

Nos últimos anos, o Eximbank tem aumentado seu foco em pequenas empresas,

a fim de reduzir a dependência dos grandes conglomerados coreanos. Tivemos a

oportunidade de assistir a uma conferência promovida pelo SBC – Small Business

Corporation, com a participação dos países da APEC – Asia-Pacific Economic

Cooperation, que tratou de temas relacionados às pequenas empresas e startups.

As instituições que oferecem estrutura de suporte às pequenas e médias empresas

na Coreia têm responsabilidade concreta no cumprimento das metas e estas estão

relacionadas à participação daquelas no PIB do país, nas exportações e na geração de

empregos. Ou seja, os resultados não se medem pelo número de empresas atendidas,

mas sim por aquilo que foi gerado com o trabalho realizado. Se comparados com o

Brasil, os indicadores de resultado são completamente diferentes. A visão é de longo

prazo, nada é imediatista.

Visitamos o SMBA – Small and Business Association, a instituição mais importante

de toda a estrutura de apoio às pequenas empresas. Concentra sete grandes entidades

32

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

sob seu guarda-chuva, tem orçamento de 1,9 bilhão de dólares para operações, mais 6

bilhões de dólares para fundos de financiamento. Cada instituição tem bem-definido

o seu trabalho e não há sobreposição de tarefas, cada uma sabe o que a outra faz e

cuida bem da sua parte.

SBC – Small and Medium Business Corporation

Treinamento para CEO e gestão dos fundos para apoio às pequenas empresas.

TIPA – Korean Technology and Information Promotion Agency for SMEs Desenvolvimento e informação.

SBDC – Small Business Distribution Center Distribuição de produtos para pequenas e médias empresas.

KISED – Korean Institute of Startups and Entrepreneurship Development Startups.

KVIC – Korean Venture Investment Corp Venture Capital.

SEDA – Small Enterprise Development Agency Microempresas.

KOSBI – Korean Small Business Institute Pesquisa e formulação das políticas.

Os critérios para classificar pequenas empresas:

Área industrial Com menos de 300 empregados

Capital inferior a 6,8 milhões de dólares

Áreas da mineração, construção e transporte

Com menos de 300 empregados

Capital inferior a 2,5 milhões de dólares

Área do varejo Com menos de 200 empregados

Faturamento inferior a 20 milhões de dólares/ano

Para os coreanos, microempresas possuem menos de dez empregados. Para essas,

existem programas de educação a distância, via e-learning e um canal de tevê voltado

à educação da sua força de trabalho. Também dispõem de programas de reformulação

de lojas, ampliação e melhoria no atendimento. Para suprir a carência de mão de obra

33

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

técnica, as escolas de formação tecnológica tentam atrair os estudantes, tirando-os

das escolas de formação genérica. Existe um desencontro entre as vagas disponíveis

em pequenas empresas e o número de jovens à procura de emprego nos grandes

conglomerados.

Atualmente, a Coreia do Sul interpreta de forma muito clara a percepção de

que é preciso diversificar a economia para reduzir a dependência dos grandes

conglomerados que, por causa da sofisticação dos processos industriais, estão

empregando cada vez menos.

Por isso, buscam apoiar mais os pequenos negócios. Fazem isso da maneira

coreana, nada de ações massificadas com milhares de pequenas ações pontuais

de efetividade questionável. Mas com programas de médio e longo prazos, com

responsabilidade conjunta pelo desenvolvimento das empresas que apoiam e estas,

com muita competitividade, visando sempre ao mercado internacional.

DA POBREZA À RIQUEZA ENTRE AS NAÇÕES EM POUCAS DÉCADAS

Após a Segunda Guerra Mundial e a guerra entre as Coreias, a Coreia do Sul era um

dos países mais pobres da Ásia e do mundo. Seus dirigentes, ao analisar a realidade do

país, concluíram que não tinham muitas alternativas – o país é pequeno e sem recursos

naturais. Portanto, a única saída seria importar insumos, recursos e matéria-prima e

processá-los, agregando valor por meio de alta tecnologia. As expertises deveriam ser

aprendidas em outras nações e incorporadas às suas indústrias.

Em outras palavras, era preciso transformar a Coreia do Sul em um país exportador.

O resultado, todos conhecemos. Vimos uma beira de rio, onde, há 20 anos, não havia

absolutamente nada, ser hoje a região mais próspera de Seul – o seu centro financeiro.

Na Coreia do Sul, tudo se constrói com rapidez, porque não há burocracia nem entraves

legais para atrapalhar a vida de quem quer crescer e desenvolver-se.

34

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

A ACADEMIA SÓ TRABALHA EM FUNÇÃO DAS NECESSIDADES INDUSTRIAIS – TUDO

PARA CUMPRIR AS METAS DO PAÍS

O Center Seoul Technopolis – Seoul Tech faz a integração das necessidades das

indústrias com o meio acadêmico. A universidade existe para servir as necessidades

industriais. Currículos são alterados, para suprir as necessidades das empresas

e prioridades de desenvolvimento do país; laboratórios são usados para ajudar

no desenvolvimento de novos produtos e dar apoio a projetos competitivos. As

incubadoras são voltadas à instalação de empresas com potencial inovador, que

trabalham de braços dados com os pesquisadores. Professores e cientistas trabalham

com entusiasmo, atendendo essas necessidades, pois assim, atendem ao país.

UMA NOVA CIDADE NASCE EM UM ESTUÁRIO

Num braço de mar, que alagava com a maré cheia, os coreanos estão construindo, desde

2003, uma cidade modelo para abrigar 600 mil habitantes – a Incheon Free Economic Zone.

É um projeto de 20 anos, com término previsto para 2023. Como os coreanos impõem

metas concretas para tudo, a Incheon Free Economic Zone, que, atualmente, ocupa a 221ª

posição no ranking do Banco Mundial entre as cidades, quer ser a 10ª colocada em 2023.

A construção dessa cidade está calcada em alguns conceitos-chave:

z compacta – tudo deve estar à mão, num raio de cinco quilômetros ou a

cinco minutos de carro;

z autossuficiente – não depender de Seul para nada;

z inteligente – conceito just plug in;

z verde – 32% da sua área deve ser ocupada por áreas verdes;

z limpa – as indústrias deverão ser limpas.

Além de uma fortíssima política de incentivos fiscais e para investimentos diretos,

foi realizado um trabalho de atração de universidades de ponta. A agressividade é

tanta que escolas internacionais de primeiro time podem candidatar-se a receber

incentivos de até 1 milhão de dólares por ano, durante cinco anos.

35

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

Já passados nove anos, a cidade abriga o prédio mais alto da Coreia do Sul e uma ponte

com 21,3 quilômetros, que liga seu aeroporto ao de Seul, considerado um dos aeroportos

mais eficientes do mundo. Além disso, está em construção um porto gigantesco.

A cidade é toda monitorada por câmeras, o que dá segurança quase total aos seus

habitantes. Todos têm acesso à educação de primeira linha, transporte fácil e barato,

atividades culturais e de lazer e, é claro, facilidades para realizar negócios, serviços

financeiros e sistema de saúde.

Como exemplo, podemos citar que o John Hopkins é o candidato a administrar o

hospital local, pelo visto um estado da arte em instalação hospitalar.

TailândiaE o caminho do meio

Na Tailândia, a impressão é de que se trabalha para a economia da suficiência – não

existe entre seu povo aquilo que chamamos de ganância desmedida. Os tailandeses, por

serem budistas, seguem o princípio de consumir apenas o que é suficiente. Esse modo

de viver é até ensinado em sua escola de negócios, sob o título de Sufficiency Economy

Philosophy. Essa doutrina é propalada pelo rei e usada como base dos outros cursos

lecionados na escola. Ela enfatiza o caminho do meio, como um princípio de conduta

apropriado, que deve ser predominante em todos os níveis da sociedade. Acreditam

que, por seguirem essa diretriz, o país tenha superado bem a crise que abalou a Ásia

em 1997. Porém, quando questionamos sobre detalhes da aplicação dessa norma de

conduta e seus benefícios, algumas pessoas nos deram a entender, nas entrelinhas,

36

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

que já não é bem assim, que o espírito competitivo e os hábitos do consumo ocidentais

estão batendo à porta dos tailandeses.

A indústria mais desenvolvida na Tailândia é a do turismo, seguida de uma forte

agricultura. O país não tem indústrias inovadoras, o que há são empresas estrangeiras

que lá se instalam por causa dos baixos custos de mão de obra. Elas se posicionam,

como eixo central no relacionamento, com os vizinhos – notadamente os mais

pobres – como Myanmar, Filipinas, Laos, Camboja e Vietnã. Por enquanto, a mão de

obra tailandesa é barata e muitos trabalhadores são contratados para montar peças

das indústrias coreana e japonesa. O custo de um operário tailandês é de 10 dólares

ao dia, mas em Myanmar, país vizinho, é de apenas 2,5 dólares, porém a instabilidade

jurídica e a interferência dos militares dificultam a execução de negócios neste país.

Nos últimos tempos, tanto a Tailândia quanto a Malásia não têm mais pessoas para

inserir no mercado de trabalho. Em função disso, está sendo montada a AFTA – Asean

Free Trade Area, que deverá entrar em operação em 2015 e cujo objetivo é zerar as tarifas

e liberar o tráfego de profissionais qualificados entre dez países asiáticos. Essa nova

estrutura promete movimentar o comércio mundial, aumentando a competitividade

e atraindo mais investimentos para os países do bloco.

Vimos que, em termos de infraestrutura, os tailandeses estão bem avançados,

apesar do seu aspecto terceiro mundista, muito semelhante ao Brasil. Há um grande e

novo aeroporto, estradas largas com várias faixas de rolagem e asfalto perfeito – quase

todas cobram pedágio.

Em termos de desenvolvimento econômico, os tailandeses consideram a Coreia

do Sul como um exemplo a ser seguido. Na Tailândia, as políticas públicas de apoio às

pequenas empresas são assistencialistas. Ao comparar os dois países, perguntamos:

devemos nos espelhar na Coreia do Sul ou na Tailândia? Se continuarmos da forma

que atuamos hoje, estaremos muito próximos da Tailândia. Se quisermos mudar

completamente, e nos aproximar de um país competitivo, devemos nos espelhar na

Coreia do Sul.

37

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

MalásiaO país mais próximo da nossa maneira de ser

A grande surpresa nessa viagem foi a Malásia, parecia que estávamos em casa.

O malaio tem um comportamento quase latino, muito parecido com o do brasileiro.

Gosta de bater um bom papo, antes das reuniões, enturma-se com facilidade com

gente desconhecida e fala de amenidades. Em resumo: são extremamente informais

e agradáveis. O curioso é que, mesmo tendo momentos de informalidade antes das

reuniões, quando os trabalhos são abertos tudo fica na mais rígida formalidade e as

apresentações ocorrem como se a gente nunca tivesse se visto ou conversado.

Com respeito ao apoio às empresas, costumam dizer que gostam de apostar em

cavalo que ganha páreo. Na época, estavam apoiando aproximadamente 400 empresas

de tamanho médio para grande – com 100 milhões de dólares de faturamento ano.

Como em outros países visitados, o apoio vai até a abertura de capital na Bolsa de

Valores. É quando dão a missão de apoio como finda. Sabem em quem apostar, porque

o pensamento geral é cumprir a estratégia de ser um país competitivo.

A expressão usada para esse tipo de apoio financeiro e técnico é hand-holding,

literalmente, pegar pela mão uma empresa, ajudá-la em seu processo evolutivo,

caminhando sempre juntos. Em suma, assumir também a responsabilidade pelo seu

sucesso no mercado.

Visitamos o SME Bank, o banco malaio para apoio aos pequenos negócios. Esse

banco começou o seu trabalho em 1974 e, de início, teve forte inclinação assistencialista,

ajudando pequenas empresas independentemente do seu setor de atividade ou

condição de competitividade. Com o tempo, o papel transformou-se e agora está mais

focado em apoiar empresas realmente competitivas com forte potencial exportador.

Também aprenderam que os bancos de desenvolvimento devem ser divididos por

funções: comércio, agricultura e pequenas empresas. Cada um mantém o foco na sua

atividade principal, agem com extrema precisão e evitam a sobreposição de trabalho.

Todos ganham com isso.

38

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Bancos em todo o mundo são criados para oferecer resultados financeiros, isto é,

dar lucro. Na Malásia, essa também é a meta, porém não a sua prioridade. O principal

papel desse tipo de banco é ajudar a desenvolver a economia, apoiando o crescimento

das pequenas empresas. Se uma delas não tem condições de pagar pelo que emprestou,

a primeira preocupação do banco não é recuperar os recursos, mas sim, recuperar a

empresa, dando-lhe todo tipo de apoio. Procuram saber por que o financiamento não

pode ser pago, para, aí sim, pensar na questão financeira.

O crédito fornecido pelo banco está sempre acoplado à consultoria e à capacitação

na aplicação do recurso empregado. Talvez, isso ajude a explicar a baixa taxa de

insucesso das empresas atendidas pelo banco. Embora as estatísticas não sejam

precisas, estima-se que apenas 10% das empresas assistidas acabem morrendo no

médio prazo.

As incubadoras estão ligadas aos grandes bancos que as criaram e oferecem

mecanismos de incentivo, injetando capital nas empresas mais promissoras, além de

acompanhar o seu desenvolvimento. Por serem muçulmanos, não aceitam a usura,

ou seja, não se pode cobrar juros sobre empréstimos, mas os bancos, com certeza,

encontram uma forma de se ressarcir desses investimentos.

O SME Bank mantém uma espécie de incubadora, a Entrepreneur Premise Bank, com

estrutura própria de condomínios, para alojar pequenas empresas que ficam entre cinco

e nove anos pagando aluguel amigável e aplicando o recurso fornecido pelo banco na

forma de empréstimos. As empresas incubadas contam com assessoria permanente do

banco e também da SME Corp. Malaysia, uma agência dedicada à formulação de políticas

e estratégias globais, que concentra, desde outubro de 2009, serviços de informação e

consultorias para o segmento. Algumas incubadoras desse tipo possuem espaço para

abrigar mais de 400 empresas simultaneamente e espalhadas em vários pontos do país.

Na Malásia, a competitividade não se mede pelo nível de inovação decorrente de

automação ou coisa do gênero. Visitamos uma dessas instalações e conversamos com

um empresário que compra kits de aviões de lazer dos Estados Unidos, monta-os e

vende toda sua produção para a Austrália. Outra empresária produz biscoitos e cookies

de forma absolutamente artesanal para os padrões convencionais. Todo o processo de

embalagem é feito de forma manual. Apesar disso, a empresária que possui certificação

39

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

Halal – necessária para vender alimentos para mercados muçulmanos – exporta 70%

da sua produção para a China e já foi vítima de pirataria por uma empresa chinesa.

Visitamos também o MPC – Malaysia Productivity Center, que é similar à nossa

Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), cuja finalidade é impulsionar a competitividade

das empresas malaias por meio da melhoria de processos. O foco dessa instituição

também evoluiu ao longo dos últimos anos.

Anos 1960 Treinamento em gestão e serviços de aconselhamento

Anos 1990 Pesquisas e desenvolvimento de sistemas produtivos

1995 – 2000 Produtividade e aumento de eficiência

Início ano 2000 Benchmark e melhores práticas

2005 – 2010 Competitividade e inovação

2010 – 2015 Alto impacto, produtividade e drivers de inovação

A Malásia é formada por várias etnias que, no seu dia a dia, não se misturam, porém,

quando se encontram no ambiente corporativo, convivem de forma harmoniosa. O

que os une é o foco em prol de um objetivo comum – construir um país desenvolvido.

Ouvimos de um malaio:

Temos que ser um país competitivo no mercado internacional e o

esforço de todos é necessário. Trabalhar juntos, não nos importando

se fulano é desta ou daquela etnia, está ajudando a criar uma nova

identidade e um novo país.

Em alguns países, as mulheres ainda são segregadas por motivos religiosos. Na

Malásia, elas têm a maior força. Muitos dos altos cargos nas empresas, inclusive os de

CEO, são de responsabilidade delas.

Ao contrário da Coreia do Sul, onde os jovens são formados para trabalhar em

grandes empresas, a Malásia os prepara para serem empreendedores. É grande o

40

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

número de startups e a concorrência entre eles é violenta. Para ilustrar o quanto gostam

de competições, chegaram a contratar o Japão e a Coreia do Sul para construir duas

torres idênticas – as Petronas – uma ao lado da outra – havia uma premiação para quem

entregasse o trabalho primeiro – a Coreia do Sul foi a vencedora.

Com um orçamento bastante modesto, se comparado ao das instituições brasileiras

similares, a Matrade – Malaysia External Trade Development Corporation executa ações

concretas para ajudar as empresas locais a venderem seus produtos no mercado externo.

Como sempre, destaca-se o foco na atividade principal. Não há desvio de caminho. A

Matrade mantém um showroom permanente com mais de 400 empresas, cada uma

pagando uma taxa de 400 dólares anuais para manter seus produtos em exposição.

Até agora, os países visitados nos mostram que, no Brasil, possuímos uma rede

de suporte aos pequenos negócios de primeira linha. Não vimos nenhuma instituição

com a abrangência e o formato do Sebrae. Observamos também que nossos produtos

não são ruins para disputar o mercado internacional, se comparados aos que eles

produzem, mas temos um sério pecado: o de querer reinventar a roda o tempo inteiro.

Parece que o nosso povo tem uma obsessão por grandes números, pela complexidade

e pela tendência de achar que tudo está obsoleto e que temos que “fazer algo novo”

sempre. Isso nos tira o foco e dispersa os esforços. Essa eterna busca do brasileiro,

por novos produtos e soluções, torna difícil fazer comparativos históricos para poder

investir mais tempo e recursos na evolução das empresas que atendemos. Buscamos

uma sofisticação da qual não precisamos. Está aí um bom assunto para refletir.

41

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

CingapuraA número 1 no ranking do Banco Mundial

UM PAÍS-EMPRESA – UMA CIDADE-ESTADO

Cingapura leva tão a sério a sua vocação para negócios que seu povo chama o seu

presidente de CEO. E, como todo presidente de “empresa”, tem metas claras a cumprir.

Administram o país, que é um pouco maior do que a cidade de Campinas/SP, como

se fosse uma grande empresa. Seu crescimento geográfico está no limite, só pode

crescer construindo aterros no mar. Nos últimos dez anos, aumentaram de 650 km²

para 710 km².

Focados assim, transformaram o seu porto e aeroporto entre os mais eficientes

do mundo e conseguiram chegar ao topo do ranking Doing Business – publicado

anualmente pelo Banco Mundial como o melhor país do mundo em facilidades para

se fazer negócios. Quando lembramos, à época da missão, que o Brasil estava no 121º

e pulamos para o 128º neste ranking pudemos então perceber o quanto ainda temos

para escalar.

Tamanhos à parte, pois não dá para compará-los com o nosso país, o que temos

de aprender com eles é manter-nos no foco dos negócios estratégicos e não deixar

a política governamental relegar, a segundo plano, ações de melhoria mercantis e

econômicas.

SE NÃO FORMOS RICOS, SUMIREMOS DO MAPA

Cingapura tem uma das cinco maiores rendas per capita do mundo, porém há 40

anos, ao se separar da Malásia, de onde foram praticamente expulsos, era um país

paupérrimo, sem recursos e com o PIB inferior aos países mais miseráveis do planeta.

Contando apenas com uma localização geográfica privilegiada, o desafio, na época,

42

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

era gerar emprego para uma população de miseráveis. O foco então foi transformar

o país em uma economia criativa e inovadora, com altos índices de produtividade e

um polo de atração de talentos e empresas. Deu tão certo que hoje exibe menos de

3% de desemprego.

A Spring Singapore – Standards, Productivity and Innovation for Growth foi criada

para fomentar o desenvolvimento econômico do país e é também responsável pelas

pequenas e médias empresas. Ela diferencia-se do modelo de outras congêneres,

porque, além de ajudar nos programas de gestão e apoio, também estabelece os

padrões e certificações das pequenas empresas, a fim de assegurar que as empresas

tenham níveis de competitividade internacional.

Os cingapurianos ficaram impressionados com o nosso propósito, o do Sebrae

PR, em atender milhares de micro e pequenas empresas. Ao serem informados de

como trabalhamos, disseram que nós fazemos um trabalho social, que, enquanto

eles apoiam o crescimento, parece que apoiamos a subsistência. Para eles,

pequenas empresas são lojinhas e chegaram a nos dizer que “a padaria da esquina

vai sobreviver ou não, independente do apoio de alguém”. Colocam o modelo

empresarial acima da política partidária. O importante é fazer negócios e o que vai

mudar o seu país são as grandes empresas. As pequenas empresas estão sempre

aliadas às estratégias das maiores.

A ASME – Association of Small and Medium Enterprises é uma espécie de braço

da Spring, que financia em grande parte as suas operações, para trabalhar só com

microempresas. Enquanto a Spring concentra-se em empresas competitivas, inovadoras

e de potencial exportador, a ASME cuida dos microempresários.

Em Cingapura, pelas instituições que conhecemos, está presente na cabeça de

todos, e de forma bastante forte, a ideia do “mito fundador”. Todas as instituições

explicaram seus papéis com base na história do desenvolvimento econômico, desde a

sua independência em 1965.

A evolução do país percorreu o seguinte caminho:

43

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

De 1967 a 1978 Foco em exportação.

De 1979 a 1985 Reestruturação da indústria.

De 1986 a 1997 Capacitação das empresas e diversificação econômica.

De 1998 até hoje Transformação de Cingapura em uma economia do conhecimento.

No caso de outra instituição visitada, a Economic Development Board (EDB), essa

história fica mais ou menos assim:

Anos 1960 Desenvolvimento de economia intensiva em mão de obra.

Anos 1970 Intensiva em habilidades do trabalhador.

Anos 1980 Intensiva em capital.

Anos 1990 Intensiva em tecnologia e serviço.

Anos 2000 Intensiva em inovação e talento.

Essas mudanças de foco, em cada uma das agências, estão sempre conectadas ao

momento econômico e ao plano de desenvolvimento do país.

A National University of Singapore produz pesquisas de altíssimo nível, para dar

total apoio às indústrias. Os pesquisadores têm recursos disponíveis à vontade, desde

que expliquem como pensam que os produtos da sua pesquisa serão comercializados.

Enviam estudantes para programas de intercâmbio, de seis meses a um ano aos

Estados Unidos, principalmente ao Vale do Silício, não só para estudar suas matérias

acadêmicas, mas para ficar imersos em alguma empresa startup, sob a mentoria de

empreendedores experientes. A velha máxima “me ajuda, que eu faço sozinho” vale

perfeitamente aqui.

Visitamos uma empresa tocada por três jovens que produzem software para

interpretação semântica, cujo mercado principal é os Estados Unidos. Dois deles já

haviam participado de estágios no Vale do Silício.

44

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

INFRAESTRUTURA E NOVAS IDEIAS, ALIADAS DO DESENVOLVIMENTO

Ser expulso da Malásia, mas ficar com a melhor localização geográfica que um

porto pode oferecer – a melhor rota de passagem entre o Ocidente e o Extremo

Oriente – ajudou muito o desenvolvimento local. O Porto de Cingapura é o segundo

maior do mundo em movimentação de contêineres e dez vezes maior do que o

nosso Porto de Santos. Não se vê um único estivador, toda a movimentação de

contêineres é feita de forma centralizada e automatizada. Há dez anos, implantou um

conceito, na época inexistente em outros portos, de “single window”, onde qualquer

contêiner é liberado em minutos a partir de um único local. Quando vemos o quanto

se arrastam os nossos pobres portos em greves, ameaças, problemas crônicos de

infraestrutura, leis ambientais e intervenções políticas e sindicais de toda ordem,

vemos o quanto estamos longe da eficiência exigida pela nova ordem global.

Cingapura tem menos de 6 milhões de habitantes e todos falam inglês com fluência,

aprendem na escola como primeira língua, o que facilita, em muito, suas investidas no

mercado internacional. Vimos uma estudante local, em uma incubadora, trabalhando

com outros jovens – uma sueca, um australiano e um finlandês – para desenvolverem,

juntos, uma luva com um dispositivo que permite o touch dos novos aparelhos celulares

e telas de smartphones para uso em lugares de muito frio. O usuário não precisa mais

tirar a luva para acessar seus aparelhos. É um belo exemplo de uma empresa em um

país tropical desenvolvendo um produto para ser usado em regiões geladas. Isso é

globalização, pois a luva jamais será usada em Cingapura.

LEIS, NORMAS E REGULAMENTOS, SE NÃO SERVEM PARA NADA, TIRA-SE DO CAMINHO

Ao se determinar por “ser o melhor lugar do mundo para se fazer negócios”, decidiu-

se também limpar todos os entraves burocráticos. Foi feita nos últimos cinco anos

uma limpeza geral sob a ordem: “Se não serve para nada, tira-se do caminho.” Mais de

duas mil leis, normas e regulamentos foram extirpados. A busca pela simplicidade nas

relações comerciais é total. Tornar o país competitivo é uma questão de sobrevivência,

ele não tem fontes de energia, nem água potável em quantidade suficiente para

abastecer a população. Uma curiosidade: ter um carro em Cingapura não é fácil, pois

não basta comprá-lo, tem de ir a um leilão de placas que chegam a custar 75 mil dólares.

45

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

O número de veículos é controlado pelo governo e, a cada dez anos, o proprietário tem

de revalidar a placa – no total, o país possui aproximadamente 600 mil veículos. Essa

dificuldade de locomoção fez o transporte público supereficiente, tudo funciona. Por

exemplo, o tempo de uma mala sair de um avião que pousa e ir até a esteira é de no

máximo 12 minutos para a primeira e até 25 para a última.

CORRUPÇÃO QUASE ZERO

Em Cingapura, o combate à corrupção é levado a sério. Existe uma agência anticorrupção

ligada diretamente ao presidente. É, talvez, o país que mais respeita as leis de direitos

autorais e a propriedade intelectual. Andar com mercadoria falsificada ou pirata dá cadeia.

A transparência é total e, ao contrário de muitos países, não se rasgam contratos. Tudo pela

competitividade nos negócios, mas de forma transparente.

AGÊNCIAS DE FOMENTO, BANCOS E INCUBADORAS – CADA UMA FAZ A SUA PARTE

z A Spring Singapore – Standards, Productivity and Innovation for Growth

concentra-se nas pequenas empresas competitivas, inovadoras e de

potencial exportador.

z A EDB Singapore – Economic Development Board cuida de levar empresas

para fora de Cingapura.

z A ASME – Association of Small and Medium Enterprises é um braço da

Spring, que se responsabiliza pelos microempresários, desde a sua formação

técnica até a atração de talentos para essa causa.

z A IE Singapore tem papel fundamental na economia externa de Cingapura

e promove a exportação de bens e serviços. Também cuida de atrair

comerciantes de commodities globais para estabelecer sua base global,

ou asiática, no país. Para tanto, montou um ecossistema completo para

os setores da energia, agro commodities, metais, minerais e aglomerados

comerciais.

z A National University of Singapore produz pesquisas de altíssimo nível, para

dar total apoio aos interesses industriais e comerciais do país.

46

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

NINGUÉM FAZ UMA REVOLUÇÃO SOZINHO

Nos países que visitamos, ficou claro que as mudanças não foram realizadas pelo

estímulo de um grande líder ou instituição – o sonho é coletivo. Escutávamos, de todos,

o mesmo discurso. Dividiam o mesmo “mito fundador”. Cada um realizava seu papel

na sociedade.

OFERECER AS FERRAMENTAS E NÃO IMPOR AS SOLUÇÕES

Essa observação nos fez lembrar o livro de James Collins e Jerry Porras, “Feitas

para durar”, no qual discorrem que o crucial para o sucesso de empresas visionárias

está em: “As empresas visionárias tornaram-se líderes de mercado, porque seus líderes

preocupam-se com o futuro das empresas e a visão delas, não com eles mesmos”.

A POBREZA FÍSICA É DECORRENTE DA POBREZA MENTAL

A cultura do empreendedorismo não é privilégio de poucos centros de excelência,

nos países que visitamos. Percebe-se o espírito de grandeza presente em todos os

níveis da sociedade. Em contraponto ao que acontece aqui, criamos também bons

centros de excelência, porém levantamos barreiras e fechamos os olhos para o que

ocorre ao nosso redor. Temos algumas das melhores escolas do mundo, porém a maior

parte do ensino é de país subdesenvolvido. Temos hospitais que são referência mundial,

e a nossa saúde pública padece. Não somos contra centros de excelência, porém o que

percebemos é que só se muda uma realidade quando o acesso a serviços e padrões de

excelência for do alcance de todos.

AH! ESSA TAL DE ZONA DE CONFORTO

Cingapura não tem água e pouquíssimos recursos naturais. A Coreia do Sul,

por não ter também recursos naturais, concluiu que a sua única opção para sair da

pobreza seria importá-los, agregar valor a eles e exportá-los. Em algumas décadas,

saiu da extrema pobreza para ter um PIB superior ao nosso.

47

MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO

LIBERDADE ECONÔMICA – A CRIAÇÃO DE FACILIDADES PARA SE FAZER NEGÓCIOS

Todos os governos são pró-business e têm seu desempenho medido por indicadores

de facilidade de negócios – doing business. As ações governamentais são guiadas a

remover empecilhos e a facilitar o curso da economia e não interferir no seu processo.

Em Cingapura, a sociedade expõe ao governo as suas dificuldades e esse governo

não pode sustentar a manutenção de uma lei ou regra que atrapalha a realização

de negócios deve retirá-la imediatamente. Quanta diferença com o nosso regime

cartorial, burocrático, fiscalizador e controlador, em que, para se abrir uma empresa

ou movimentar uma carga em um porto, passam-se dias e até meses.

INVESTIMENTOS PESADOS EM INFRAESTRUTURA

“To make money you have to spend money” – em todos os países visitados

predomina essa consciência básica: para se fazer dinheiro, é necessário investir. A nossa

visão de curto prazo acredita que remendar asfalto, tapar buracos, “dar uma maquiada”,

e contar isso na televisão, é investimento em infraestrutura.

COMO LIDAMOS COM A CORRUPÇÃO

A agência anticorrupção de Cingapura tem força total de ação. Um taxista nos

relatou o caso de um político que fora flagrado envolvido em corrupção e este teve

que deixar o país, pois não havia mais possibilidade de convivência. Todas as portas

se fecharam para ele.

A GENTE JÁ FAZ MUITA COISA E, EM CERTOS ASPECTOS, MELHOR QUE ELES

Nossos produtos não são ruins ou desatualizados, se comparados aos que eles

utilizam. Idem sobre os processos que usamos para dar apoio às empresas. Na Malásia,

utiliza-se como ferramenta para medir competitividade das micro e pequenas empresas

uma metodologia muito próxima da que já utilizávamos há muitos anos, que é o

diagnóstico de competitividade – que mais tarde inspirou a criação do sistema de

diagnóstico do Varejo Mais, do Sistema Fecomércio e Sebrae PR.

48

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Os instrumentos de capacitação e consultoria não são muito diferentes dos que

utilizamos aqui, o que muda é a estratégia de aplicação, o foco, comprometimento com

resultado e persistência – constância.

“SE VOCÊ CONSTRUIR, ELES VIRÃO.”

No filme “Campo dos Sonhos”, o personagem, interpretado pelo ator Kevin Costner,

tem uma visão e constrói um campo de beisebol no meio de um milharal e atrai, de

forma “espiritual”, os melhores jogadores de todos os tempos. Nesse filme, uma “voz”

sempre lhe dizia... “if you build it, they will come” – “se você construir, eles virão.” Essa

metáfora aplica-se muito bem ao que descobrimos nessa missão: é preciso, antes de

tudo, ter uma visão, depois acreditar que é possível, planejar e executar. Se criarmos

as oportunidades e as condições para a atração de negócios, eles virão. Não há limites

para o empreendedorismo e para a transformação de uma sociedade e de um país.

A TESE DA MALDIÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

Na década de 1990, desenvolveu-se uma tese nos meios acadêmicos de economia

sobre a “maldição dos recursos naturais”. Essa tese estava amparada em evidências

empíricas de que países com uma abundância em recursos naturais (sobretudo petróleo)

tenderiam a crescer de forma mais lenta que países com recursos mais escassos. Coreia

e Cingapura suportam essa evidência.

O ESTADO PRÓ-BUSINESS

Todos os governos desses países estão voltados à facilitação dos negócios e a não

criar regras, leis e normativas para atrapalhá-los. E não são, necessariamente, liberais.

Chegam a ser fortes e até intervencionistas. Negócios modernos e agressivos fazem

parte da estratégia de desenvolvimento desses países.

Câmbio de 2011 – 1 real = 0,51161 dólar

Missão Rússia-

Escandinávia

OPINIÃO DOS PARTICIPANTES:

Agnaldo Gerson Castanharo, Agnaldo Gerson Castanharo, José Gava Neto,

José Ricardo Castelo Campos,José Ricardo Castelo Campos,Julio Cezar Agostini,

Luiz Carlos da Silva eOrestes Hotz

Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia

Missão Rússia-

Escandinávia

.

52

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Trabalhar de forma sistemática, com objetivos de longo prazo, pensando de forma global,

abertos para o mundo, e muito focados nas resoluções dos seus problemas, são alguns dos

aprendizados que o grupo trouxe desse trabalho de observação em terras escandinavas.

“Não existe tempo ruim, existe roupa inadequada.” Essa frase reflete bem o

comportamento e as atitudes do povo escandinavo frente aos problemas que

enfrentam no seu dia a dia. Submetidos à inclemência de um clima na maior parte

do ano gelado, chuvoso e com temperaturas abaixo de zero, eles não se entregam às

lamentações. Nada de dar desculpas para não fazer o que tem que ser feito: “Não fui,

porque estava chovendo”, “Não fiz, porque era feriado”, “Não fui, por causa do trânsito”,

“Não faço o curso, porque estou muito velho, porque sou moço, porque sou mulher,

porque, porque, porque…”. Ao contrário dos nossos compatriotas que dão desculpas

para não fazer o que precisam fazer, os escandinavos focam na solução dos seus

problemas e tentam resolvê-los da melhor forma possível. Choradeiras, lamentações,

ficar esperando por soluções milagrosas, ou por promessas de políticos e governantes,

não fazem parte do seu repertório. Foco na solução dos problemas, sim.

DinamarcaO melhor país em quase tudo

A Dinamarca possui o mais alto nível de igualdade de riqueza do mundo e o melhor

clima para se fazer negócios, segundo a Revista Forbes. Com base em normas de

saúde, assistência social e educação, foi classificada como “o lugar mais feliz do

planeta”, entre 2006 e 2008. É considerado o segundo país mais pacífico do mundo

53

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

e o menos corrupto de todos. Sua capital, Copenhagen, é altamente especializada

em indústrias criativas e inovadoras.

O país ocupa o primeiro lugar no mundo em tecnologia verde, assunto que

leva muito a sério – na Dinamarca, o discurso ecológico não é só da boca para fora,

pratica-se a sustentabilidade mesmo. Recicla-se 90% do lixo e o que não pode ser

reaproveitado vira aterro. Existe, por toda parte, uma preocupação muito forte

entre a relação sustentabilidade/qualidade de vida. O que fez, ao longo do tempo,

principalmente o setor da construção civil, tomar iniciativas práticas, inovadoras

e eficientes no uso das energias naturais renováveis. Conjuntos de escritórios e

habitacionais são construídos dentro de normas que devam atender aos mínimos

detalhes da sustentabilidade. Uma construção em forma de oito permite que todos

os apartamentos recebam boa claridade, farta exposição ao sol e ampla visibilidade

ao mesmo tempo. É tudo tão bem calculado que até o acesso para os moradores

que usam bicicleta foi facilitado. Os benefícios da “face sul” para eles – “norte” para

nós brasileiros – nesse tipo de arquitetura vêm de todos os lados.

O meio de transporte mais utilizado pelos dinamarqueses é a velha, boa e não

poluente bicicleta, veículo que faz parte do cenário local, ocupando, em alguns

lugares, estacionamentos maiores do que os dedicados aos automóveis. Ela é

usada como meio de transporte por todas as pessoas, de todas as idades e classes

sociais – inclusive pelo alto escalão do governo. O veículo colocado à disposição

das autoridades não é um automóvel de luxo, mas uma “magrela”. Assim, não há

custos com motoristas, licenciamentos, manutenção, seguros, dentre outros. O

bom cuidado com os bens públicos é cultural.

O EMPREENDEDORISMO PRECISA SER ENSINADO DE NOVO

A situação da população dinamarquesa sempre foi tão confortável nas últimas

décadas que ninguém mais se lembrava de como era ser um empreendedor. A

Copenhagen Business School – CBS é uma escola financiada pelo Estado, que

procura criar sinergia entre seus professores – capacitados para o ensino e a

difusão do empreendedorismo – e os jovens. Para cumprir sua meta, usa programas

54

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

específicos, ações de treinamento e a difusão de histórias de sucesso. O foco

principal é atuar com as startups locais, dispondo de uma incubadora. Atualmente,

a CBS abriga uma carteira de 50 novas empresas.

A CLARA DEFINIÇÃO DOS PAPÉIS FACILITA NEGÓCIOS A DISTÂNCIA

Apresentaram-nos uma empresa incubada que atua no mercado brasileiro, a

ChefClub, cujo modelo de negócio é oferecer aos seus associados a possibilidade de

se alimentar em uma rede de restaurantes credenciados. Ela cobra uma taxa anual

de manutenção, disponibiliza ofertas e promoções em compras coletivas e trabalha

duro na fidelização dos seus associados. Os restaurantes, por sua vez, ganham em

volume de clientes que irão também consumir bebidas, as quais não estão na taxa de

desconto oferecida. Os estabelecimentos parceiros podem usar o banco de dados dos

consumidores e os seus perfis detalhados, o que permite a elaboração de campanhas

específicas para público-alvo segmentado. O desafio de gerenciar um negócio de tão

longe, com sócios oriundos de diferentes culturas e experiências, é vencido pela clara

definição dos papeis de cada um.

A Væksthus, cujo significado é “casa de crescimento e casa verde”, é também

financiada pelo governo. Existe há cinco anos e seu foco são as empresas com

grande potencial e ambição para crescimento. Para isso, tem um comportamento

proativo na busca de novos clientes. Uma equipe de consultores experientes dá

apoio aos empreendedores, para o melhor desenvolvimento das suas ideias e

negócios, além de disponibilizar aos boas e modernas ferramentas de gestão. Cada

empresário tem no mínimo 25 e no máximo 100 horas de atendimento e todos os

serviços são gratuitos. Além do diagnóstico inicial, uma eficiente ferramenta de

planejamento permite à empresa incubada ter sua visão e missão desdobradas em

ações ao longo do tempo – curto e longo prazos.

O EMPREENDEDORISMO NA SALA DE AULA

A Foundation for Entrepreneurship and Young Enterprise é uma fundação que

trabalha exclusivamente no desenvolvimento da cultura empreendedora junto ao

55

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

sistema de ensino dinamarquês, do pré-escolar ao superior, uma verdadeira cadeia

de valor do ensino. Os professores da Copenhagen Business School – CBS já haviam

nos relatado as dificuldades de se mudar a mentalidade do jovem dinamarquês

sobre o assunto. Décadas de boas leis sociais, perspectivas de trabalho em grandes

corporações e em estatais embotaram o espírito empreendedor. O que sobra de

gente querendo empreender no Brasil falta na Dinamarca. A carência de espírito

empreendedor entre os jovens dinamarqueses começou a ser percebida com a crise

de 2008. Hoje, são incentivados, por meio de bolsas, a sair da casa dos pais e a

se incorporarem ao mercado de trabalho, tanto como empregados quanto como

empreendedores. Na linha oposta das leis brasileiras, em que o trabalho do menor é

cerceado por normas e regulamentos, os escandinavos incentivam seus adolescentes

a ir cedo para o trabalho, a fim de aprender uma profissão, seus valores e os sentidos

da economia e da poupança.

As expectativas e o trabalho dessa Fundação são convergentes com o que o Sebrae

PR planeja e almeja para 2022.

ESTRATÉGIA FOCADA NA COMPETITIVIDADE

Entidade governamental encarregada de coordenar as ações relacionadas ao

desenvolvimento da inovação, a Dasti – Danish Agency for Science Technology

and Innovation é quem define as linhas de pesquisas e as financia, por meio das

incubadoras, todas de alta base tecnológica e voltadas, atualmente, para os temas

saúde e meio ambiente. Dispõe de 320 milhões de euros/ano equivalentes a 415

milhões de dólares/ano para serem investidos de forma estratégica na elevação

da competitividade das empresas dinamarquesas. É praticamente um misto de

BNDES, CNPq e Finep.

SE A IDEIA É BOA, VAMOS ARRISCAR

A Vækstfonde é uma instituição pública que atua onde e quando o mercado

financeiro tem dúvidas. Investe em fundos de capital de risco por meio da garantia

de crédito e empréstimo. Quando há possibilidade, torna-se parceira da iniciativa

56

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

privada. O público-alvo é segmentado em empresas locais, regionais e internacionais,

sendo que, para cada um desses tomadores de crédito, há produtos bem definidos.

Além de trabalhar com empresas já sedimentadas, apresenta linhas específicas para

as iniciantes.

Em parceria com os bancos locais, empresta até 230 mil dólares, garantindo 75%

do valor. Desde 2005, realizou aproximadamente 1,2 mil operações. Seus dirigentes

dizem que correm o risco mesmo em se tratando de dinheiro público, porque se a ideia

for boa, e o empreendimento der certo, o lucro volta na forma de benefícios para a

sociedade: mais empregos, realização pessoal dos empreendedores, recolhimento de

impostos, dentre outros. Calcula-se que para cada processo de garantia de crédito são

criados cinco novos empregos. O modelo de ação dessa instituição é muito parecido

com o nosso BNDES.

SuéciaA grande lição: desenvolvimento de forma cooperada e estratégica

Visão compartilhada, políticas e estratégias bem definidas alavancam o

desenvolvimento da Suécia. São claros os papéis de cada um no processo: governo,

instituições, agências regionais de negócios e desenvolvimento, empresários e

universidades. Todos agem de forma integrada e com foco nos objetivos traçados para

o país. Isso facilita o trabalho, não há sobreposição de atividades e cada um sabe o que

tem que fazer e o faz bem.

Pesquisas acadêmicas são focadas na resolução de problemas práticos e

globais, tudo o que incomoda o ser humano interessa a um pesquisador sueco. Nas

57

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

universidades, são raros os trabalhos de interesse individual ou segmentado, a visão

tem que ser global. Por inventar e abrigar a realização do Prêmio Nobel, do qual a Suécia

já foi contemplada com sete distinções, a população respira a atmosfera do Prêmio e

tudo o que o cerca, isto é, o povo sueco está sempre no centro do que se produz de

inovador e de bom no mundo. É uma espécie de DNA da excelência das realizações

humanas. Essa visão globalizada e natural já vem de tempos, pois a Suécia foi um dos

grandes atores do mercantilismo. “A cada Prêmio Nobel, a excelência do que melhor

se está fazendo no mundo vem até nós.” – frase de um taxista sueco.

GOTEMBURGO – A AMEAÇA ASIÁTICA FEZ NASCER UM NOVO POLO INDUSTRIAL

Nos anos 1960 e 1970, a cidade comportava grandes estaleiros, fruto de uma

expertise histórica acumulada por séculos de tradição na arte da construção

naval. A ameaça econômica veio na forma do aumento da competitividade global,

principalmente dos países asiáticos. Com o tempo, a cidade viu suas plataformas

industriais navais sucateadas e a maior parte das indústrias deixar o local. No ano

2000, foi criado o Business Region Gotemburg, com a finalidade de pensar o futuro,

atrair investimentos, criar novas empresas e apoiar as já existentes. Em consequência,

gerar novos empregos. É uma instituição sem fins lucrativos, que segue o modelo da

parceria público-privada. Conta com 80 colaboradores e já, há muito, deixou de atender

somente Gotemburgo, para dar assistência a mais 13 municípios que desenvolvem

clusters com interesses comuns e específicos.

Três parques tecnológicos desenvolvem pesquisa aplicada nas áreas biomédicas,

automotiva, meio ambiente, transporte inteligente e ciências da vida. Isso faz com que

população de Gotemburgo, que é de aproximadamente 500 mil habitantes, movimente

70 mil estudantes/ano.

A entidade atua dentro de três estratégias:

z apoio aos empreendedores com boas ideias, mas sem condições financeiras

para colocá-las em prática. Nesse caso, entra com assessoria comercial e

financiamento;

58

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

z faz o mesmo, auxiliando empresas existentes e com potencial de

crescimento;

z dá apoio às empresas em crise. O índice de efetividade para esse tipo de

ação chega a 67%.

UM EXEMPLO DE COOPERAÇÃO QUE DÁ CERTO

Sahlgrenska Science Park é um complexo e gigantesco parque que cuida da

ciência da vida, concentrando-se nos ramos farmacêutico, alimentos funcionais,

biomedicina, diagnósticos, serviços/logística/comunicação e tecnologia médica.

Recebe apoio técnico, logístico e intelectual de um grande hospital, uma incubadora

e duas universidades, cujo arranjo territorial é realizado de uma forma inteligente e

prática: de um lado o hospital, do outro as universidades e no meio a incubadora. Sua

sustentação provém da cooperação entre a Universidade de Gotemburgo, o Instituto

Superior Tecnológico, o Business Region Gotembourg e a Província – o equivalente ao

nosso conceito de Estado. Atualmente, mantém 50 projetos de startups incubados e

outros 40 em fase de averiguação, isto é, na fila para entrar na incubadora. Entre 2007

e 2008, 26 novas empresas de biomedicina lançaram-se no mercado.

Os aprendizados desta visita são: encontre seu foco e permaneça nele, e é preciso

uma aproximação íntima entre a prática acadêmica e o setor privado. Esse tipo de

associação salutar, entre o mundo acadêmico e o empresarial, é encontrado em quase

todos os países que visitamos.

SUÉCIA, CATALISADORA DE INVESTIMENTOS

A Invest Sweden é uma instituição oficial do governo, que facilita os

investimentos estrangeiros no país. E eles são muito bons nisso, pois 67% das

empresas estrangeiras que investem nos países nórdicos estão na Suécia, o que

demonstra efetivamente a abertura da economia local a investimentos externos.

A estratégia é abrangente, sobretudo em relação às empresas em fase inicial. Além de

receber investimentos, nascem fortalecidas, pensam de forma global e com conhecimento

e network internacional.

59

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

A Suécia procura atrair, desenvolver e reter empresas diversificadas e inovadoras

onde quer que elas estejam. Elas são fortalecidas pelos diversos tipos de apoio e

cooperação e com isso criam um grande diferencial competitivo. Ações que fazem com

que a economia sueca tenha aproximadamente 50% do seu PIB oriundo da exportação

de produtos com alto valor agregado.

Abrir uma empresa na Suécia é fácil. Em uma semana, já está totalmente legalizada,

mesmo que seja de porte internacional, e são necessários 10 mil euros, cerca de 13 mil

dólares de capital inicial.

Atualmente, o governo sueco canaliza esforços para atrair investimentos de

seis países considerados como potenciais, dentre os quais o Brasil, onde mantém

um escritório de negócios em São Paulo, que é a segunda cidade do mundo com o

maior número de trabalhadores em empresas suecas.

ESTÍMULO À INOVAÇÃO

A Vinnova é uma agência de governo fundada em 2000, que conta com 200

colaboradores, na sua maioria PhD, além de um orçamento anual de 200 milhões de

euros ou 260 milhões de dólares. Sua função é investir em pesquisa, desenvolvimento e

inovação nas empresas suecas, principalmente nas áreas da saúde, transporte, serviços

e manufaturados.

APOIO A ÁREAS SELECIONADAS E ESTRATÉGICAS PARA A ECONOMIA SUECA

A Tillvaxt Verket também é uma agência de governo com foco no apoio ao

empreendedorismo e desenvolvimento regional. Procura acelerar o crescimento das

empresas com alto potencial e que atendam as estratégias econômicas do país. A

instituição atua preferencialmente com empresas que tenham capacidade contínua

de inovação e atualização, de acordo com as tendências mundiais e, é claro, que

gerem empregos. A Tillvaxt Verket trabalha com fundos estruturais, que possibilitam

operações subsidiadas e empréstimos financeiros para o desenvolvimento de negócios

e dá apoio de capital. Seu orçamento é de aproximadamente 3,7 bilhões de coroas ou

479 milhões de dólares. Tem um quadro de 350 colaboradores e está presente nas nove

regiões da Suécia. Faz o seu trabalho em completa sinergia com outras instituições.

60

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

NA HORA DO CAFEZINHO, A CRIATIVIDADE APARECE

O povo sueco toma café o tempo inteiro e sempre junto aos amigos, colegas

de trabalho e vizinhos. Esta socialização é proposital e favorece a troca de ideias e

as inovações. Nas empresas, em intervalos definidos, existe o momento do “fico”,

uma parada de cinco minutos, a cada duas horas de trabalho, para tomar um café e

conversar. É uma forma de incentivar o ambiente criativo, pois são nesses momentos

de descontração que as boas ideias florescem. Em todas as instituições visitadas, vimos

ambientes preparados e estruturados como forma de incentivar essa prática. A Suécia

é o segundo maior consumidor de café do mundo e um dos mais criativos e inovadores

também. “É na hora do cafezinho, e na carona para casa, que a verdadeira comunicação

se processa na minha empresa”, nos disse um empresário.

A LICENÇA-MATERNIDADE PODE CHEGAR A 16 MESES

A licença maternidade das mulheres suecas pode ser de até 16 meses, caso os

maridos concedam os meses a que também têm direito às suas esposas.

O salário médio é de 25 mil coroas – equivalentes a 3.500 dólares/mês.

O inverno vai do final de outubro a maio do ano seguinte – nesse período, tem-

se apenas quatro ou cinco horas diárias de claridade e, em certos dias chuvosos, a

escuridão perdura o dia todo. O comércio abre por volta das 10 horas e fecha às 17

horas, com um intervalo para almoço de 30 minutos. São 10 milhões de habitantes,

sendo 2 milhões em Estocolmo, uma cidade formada por 14 ilhas interligadas por

pontes e túneis.

Estocolmo tem dois parlamentos: o primeiro vinculado ao poder local, em que

não existe a figura do prefeito, ficando a administração a cargo de oito vereadores

que cuidam, entre outras atribuições, da saúde, do transporte público e da segurança.

O poder decisório é realizado por 101 vereadores, que definem as políticas que

atenderão às necessidades da sociedade. O segundo parlamento é o federal, que

estabelece leis nacionais.

61

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

NoruegaMais de 140 empresas norueguesas já se instalaram no Brasil para aproveitar as oportunidades do pré-sal

Aqui se vê o modelo social dos países escandinavos aplicado em sua totalidade:

saúde universal, ensino superior subsidiado e abrangência na previdência social.

Os noruegueses vivem no melhor país do mundo em desenvolvimento humano –

classificação em todos os relatórios da Organização das Nações Unidas – ONU, desde

2001. Em 2009, foi considerado o melhor país do mundo para se viver e, em 2007,

como o lugar mais pacífico.

A partir da década de 1970, com a descoberta de grandes jazidas de petróleo

no Mar do Norte e no Mar da Noruega, aconteceu o desenvolvimento natural da

indústria petrolífera, em consequência, a moeda fortaleceu, permitindo pesados

investimentos em políticas de bem-estar social. O país possui recursos naturais

na forma de gás, hidroeletricidade, pesca, serviços florestais e riquezas minerais.

Além de uma atividade marítima mercante bastante robusta – a sexta maior frota

do mundo. Possui indústrias pesadas nas áreas de processamento de alimentos,

metais, produtos químicos, mineração, pesca e produção de papel. A estratégia do

país é bastante definida e intensiva quanto à inovação constante dos seus produtos

e serviços e à busca pela internacionalização das suas empresas.

DO NASCIMENTO DA EMPRESA AO MERCADO

Criada em 2003 para o desenvolvimento e inovação das empresas norueguesas, a

Innovation Norway conta com 700 colaboradores e está presente nas 17 províncias –

estados. Dispõe de representações em 30 países, na maioria das vezes junto às

embaixadas/consulados. No Brasil, mantém um braço no Rio de Janeiro, onde dá apoio

a cerca de 140 empresas norueguesas, principalmente as do setor petrolífero e de gás.

62

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Forma aliança estratégica com a Petrobras, por meio do desenvolvimento conjunto

e fornecimento de tecnologias para a exploração de petróleo em águas profundas.

Prioridades:

z energia;

z saúde;

z agricultura;

z navegação e atividades marinhas;

z petróleo;

z turismo.

Sua atuação vai desde as fases iniciais do empreendimento – classificação das

ideias – ao desenvolvimento e preparação da empresa para o mercado. Oferece,

como apoio, 25 serviços relacionados a negócios internacionais: consultoria,

estudos de mercado, identificação de parcerias estratégicas, ajuda na elaboração de

contratos internacionais e entendimento de regulamentos aduaneiros, mentoring,

posicionamento estratégico, marketing e design, entre outros. Os serviços são

subsidiados e vão de 0 a 50%, dependendo da maturidade do projeto. O objetivo

é muito claro: agregar valor aos produtos e serviços dos seus clientes, tornando-os

competitivos, inovadores e com pensamento globalizado.

A entidade atende em média 10.000 empresas/ano. Dispõe de orçamento anual

de 40 bilhões de coroas ou 7,12 bilhões de dólares, considerando os financiamentos

alavancados pelas empresas e indústrias atendidas. Resumindo, é praticamente uma

empresa privada que presta serviços de consultoria ao governo norueguês para facilitar

a vida das empresas instaladas no Brasil.

A Innovation Norway transformou a Noruega, que por muito tempo era conhecida

apenas como fornecedora de matéria-prima, em um dos países mais inovadores do

mundo, reconhecido por ter um dos melhores ambientes para negócios.

63

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

A BUSCA PELA EXCELÊNCIA – O MODELO VEIO DE FORA

A Universidade de Oslo desenvolveu o seu centro de empreendedorismo baseado

na estada de um dos seus professores – 1997/1998 – na Universidade de Stanford, na

Califórnia. No ano seguinte, lançou um programa para que estudantes noruegueses

passassem a fazer estágios em universidades de excelência em empreendedorismo. Os

exemplos vieram de Berkeley, Boston, Houston e da NUS de Cingapura. A colaboração

de diversas universidades norueguesas proporciona ao país manter em média 140

estudantes por ano, estudando empreendedorismo fora da Noruega. As áreas são

escolhidas, de acordo com os setores prioritários da Innovation.

Os critérios de escolha para estes estágios são: notas, currículo escolar e,

principalmente, a motivação pessoal do candidato. Trezentos e cinquenta estudantes

disputam a cada ano as 140 vagas disponíveis.

O Siva é um organismo de desenvolvimento industrial, criado pelo governo

norueguês em 1968, para contribuir para o crescimento e o desenvolvimento industrial

em áreas mais distantes da capital. Objetiva promover ambientes inovadores e

sustentáveis.

A história, aqui, também começou quando as plataformas da indústria naval

começaram a ser desativadas, frente à predatória concorrência internacional – eles

de novo, os asiáticos. A economia norueguesa ficou em situação complicada, pois a

indústria naval era um dos setores mais fortes do país. A partir de então, os esforços

foram direcionados para a criação de ambientes inovadores – parques científicos e

desenvolvimento de clusters – 23 unidades atualmente. O Siva participa de forma

direta, contribuindo com até 80% nas propriedades que são os bens imóveis onde

se localizam os parques e com participação direta (entre 22% e 33%) nas empresas

estabelecidas.

O Siva cria e faz a gestão dos chamados Jardins Empresariais, presentes em

55 cidades e desenvolvidos a partir do final da década de 1990. Essa geografia

empresarial é voltada para o apoio às pequenas empresas. Na época, percebeu-

se que as cidades menores, onde não havia universidades, necessitavam de uma

estrutura que incentivasse, permitisse e proporcionasse o empreendedorismo e o

desenvolvimento dos negócios locais. Essa estrutura física – um mundo geográfico,

64

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

em um espaço único, criado especialmente para atrair e incentivar negócios – criou

parques altamente estruturados, capazes de reunir todos os atores importantes do

empreendedorismo. Esse arranjo proporciona o espírito da cooperação, as ações de

network e de relacionamentos comerciais, motiva e, principalmente, inspira confiança

nos participantes. Após 45 anos da sua fundação, a estatal conta com 45 colaboradores

diretos e tem orçamento anual de três bilhões de coroas – aproximadamente 518

milhões de dólares.

UM CLUSTER DE COMPETÊNCIAS NO SÉCULO DA COMPLEXIDADE

A uma hora de distância de Oslo, está a cidade de Kongsberg e, na região, o

NCE Systems Engineering Kongsberg, um cluster de empresas inovadoras e de alta

tecnologia, com foco em energia e indústria espacial, aeronáutica, automotiva, marítima

e de submarinos.

A história de Kongsberg começou há 400 anos – época em que a Noruega

era dominada pela Dinamarca. Na ocasião, dois garotos descobriram, sem querer,

pepitas de prata no topo de uma montanha. Por ordem real, iniciou-se a exploração

do mineral, que seguiu até os meados de 1840 quando o veio esgotou-se. A nova

circunstância fez com que os moradores buscassem outras atividades e passassem

a produzir armamentos, expertise que durou até o final da Segunda Guerra Mundial.

Na década de 1950, iniciou-se a produção de sistemas computacionais, para o

controle de mísseis e, nos anos 1970, percebeu-se que poderia levar as experiências da

área de defesa para outras atividades econômicas. Foram iniciados, assim, os estudos

para aplicação nas áreas marítima, automotiva e da energia. Hoje, Kongsberg é uma

cidade com pouco mais de 20 mil habitantes, detém o melhor cluster da Noruega e um

dos melhores do mundo em inovação e desenvolvimento para novas tecnologias. O

parque tecnológico e científico NCE reúne 7 mil colaboradores e congrega pessoas de

40 países diferentes. As pessoas que trabalham no local sentem orgulho em afirmar

que fazem parte de um cluster de “inteligência” e não de indústria. Os noruegueses

podem transferir os direitos de produção das suas invenções, porém fazem questão

de administrar bem os seus direitos de propriedade intelectual – suas patentes. Para

65

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

se ter uma ideia da sua importância, esse pessoal desenvolve 70% da automação

das atividades marítimas em todo o mundo e detém 45% do mercado mundial de

submarinos.

Equipamentos para coleta de dados sobre o clima em todo o planeta também são

desenvolvidos por eles. Além disso, o NCE detém vários recordes de atuação em águas

profundas, sobretudo no Brasil, onde mantém parceria com a Petrobras. Também são

grandes fornecedores de armamento de alta tecnologia para os Estados Unidos.

O paradoxo é que, sendo a Noruega um dos maiores produtores mundiais de

armamentos, é lá que se faz a entrega do Prêmio Nobel da Paz.

FinlândiaAqui nasceram os Angry Birds

Você conhece aquele jogo dos pássaros mal humorados? Pois é, os Angry Birds

nasceram pelas mãos da Rovio, uma empresa finlandesa, conquistaram o mundo e

até incorporaram no elenco alguns pássaros do filme Rio.

NOSSO NEGÓCIO É ESTAR ABERTO PARA O MUNDO

A Finlândia é um país com cinco milhões de habitantes, que mantém 65 escritórios

em 45 países diferentes e conta com colaboradores e com atuação também no exterior.

A maior parte da população finlandesa está concentrada no sul. É o oitavo maior

país da Europa em extensão e o menos povoado. A língua materna é a finlandesa e

66

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

a segunda língua oficial, a sueca – nativa para 5,5% da população. Recente pesquisa,

baseada em indicadores sociais, econômicos, políticos e militares, classificou o país

como o segundo mais estável do mundo.

Depois de uma grave depressão, no início dos anos 1990, os governantes fizeram,

de forma sucessiva, uma completa reforma no sistema econômico: privatizações,

desregulamentação e cortes de impostos.

Para a Finlândia, o processo de industrialização demorou. Ela se manteve até meados

de 1950 como um país essencialmente agrícola. Posteriormente, o desenvolvimento

econômico foi rápido e, já no início da década de 1970, atingiu um dos melhores níveis

de renda do mundo.

Os finlandeses consideram que a reforma educacional foi fundamental para o

aumento do Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH. A reforma foi tão bem

feita, que hoje o país é exemplo do que há de mais moderno e eficiente em termos

de educação no mundo. Dezenas de países e instituições de ensino enviam seus

pedagogos e técnicos em educação para fazer benchmarking na Finlândia.

RADAR DE TENDÊNCIAS

A Finpro é uma instituição público-privada, fundada em 1919, e focada unicamente

na internacionalização das empresas finlandesas. É composta por 550 empresas que

atuam em parceria com os setores públicos. A Finpro não oferece aos associados

soluções para as questões básicas da gestão empresarial, porque considera que, para

isso, já existem outras instituições. Seu foco está nos processos do planejamento

estratégico, de mercado e no monitoramento sistemático de setores estruturais

da economia.

Mantém um serviço de previsão global chamado Foresight, uma espécie de radar

que emite sinais sobre as tendências de mercado em todo o mundo para orientar o

direcionamento das empresas locais. Um grupo de especialistas se reúne, duas vezes

ao ano, para analisar de forma global diferentes setores que possam interessar ao país,

como: ciências da vida, meio ambiente, energia, florestas, media digital, softwares,

logística, máquinas, equipamentos e serviços.

67

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

A Sitra, outra instituição público-privada que vistamos, foi criada em 1967 para

promover o desenvolvimento estável e balanceado, o crescimento econômico e

a competitividade internacional de empresas consideradas de alto risco. Atua

de forma independente na internacionalização das empresas, por meio de

participações societárias que vão de 10% a 40% do capital social.

GUIA DA INOVAÇÃO FINLANDESA

O Ministério da Economia e Emprego do Governo Finlandês possui uma política

de desenvolvimento específica e voltada para a inovação e a internacionalização

das empresas finlandesas. Faz parte da estratégia de desenvolvimento do país e

apoia a criação e crescimento de centros de excelência – clusters nas áreas metal

mecânica, construção de smart/cities e saúde, entre outros interesses. Possui

fundos na ordem de 304 milhões de dólares, para investir no sistema de inovação.

A simplicidade da organização do sistema de inovação, aliada ao volume de

recursos aplicados junto ao número de empresas existentes, mostra o porquê de

a Finlândia ocupar a 4ª posição no Global Innovation Index, divulgado pelo Insead.

O Brasil, de acordo com esse mesmo relatório, recuou dez posições no ranking,

ocupamos o 58º lugar. Entre os BRICS, fomos o país que mais perdeu posições.

OS DEZ PAÍSES TOP, SEGUNDO O GLOBAL INNOVATION ÍNDEX

1. Suíça

2. Suécia

3. Cingapura

4. Finlândia

5. Reino Unido

6. Holanda

7. Dinamarca

8. Hong Kong (China)

9. Irlanda

10. Estados Unidos

68

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Ainda sobre o assunto inovação, conhecemos a agência de financiamentos Tekes,

criada há 25 anos, quando o governo optou por desenvolver produtos de alto valor

agregado como estratégia de desenvolvimento. A opção foi correta e a terra do Mika

Häkkinen – piloto de Fórmula 1 – passou de produtora de matéria-prima para um

dos lugares mais inovadores do mundo em alta tecnologia. Os finlandeses orgulham-

se em dizer que foram os únicos que quitaram integralmente a dívida da Segunda

Guerra Mundial com a Rússia.

Em 2012, a Tekes financiou 1.928 projetos, sendo parte deles via cobertura

por subvenção – que vão de 35% a 50% e, no caso de empréstimos, até 70%.

A instituição é uma espécie da nossa Finep, sendo que a diferença de trabalho

entre nós e eles é que lá os recursos não necessitam ser transferidos por meio

de editais. Os critérios de escolha de quem recebe os recursos são muito claros,

ou seja, potencial de mercado, competência, plano de internacionalização,

viabilidade de mercado, network, parceiros, portfólio de produtos e capacidade

para crescer no mercado global.

O orçamento anual da Tekes é de 741 milhões de dólares destinados a financiar

projetos que resultem em produtos comercializáveis, em serviços ou novos conceitos

de negócios. Não há a necessidade de garantias, podendo ser uma combinação de

empréstimo e subvenção.

Uma das instituições pertencentes ao sistema de inovação finlandês é o VTT

(Technical Research Centre of Finland) – o maior centro de pesquisas aplicadas e

serviços tecnológicos do norte da Europa. Esse centro não tem fins lucrativos e é

ligado ao Ministério do Trabalho e da Economia. Por meio de uma rede nacional e

internacional voltada à ciência, o VTT produz informações, atualiza o conhecimento

das novas tecnologias e ajuda na inteligência dos negócios dos seus stakeholders.

Está presente na Coreia, Austrália, Japão, China, Rússia e no Brasil, em São Paulo.

A Federação Finlandesa das Indústrias de Base Tecnológica também tem seu

foco principal em tecnologia e inovação. Fundada em 1903, conta hoje com 125

colaboradores e mantém atuação também fora do país. Compreende cinco setores

estratégicos: eletrônica e eletrotécnica industrial, engenharia mecânica, metais

industriais, informação e tecnologia e consultoria em engenharia. Congrega mais

69

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

de 1,6 mil associados, sendo 92% de pequenas empresas. Considera-se pequena

uma empresa com até 249 colaboradores – acima disso, todas enquadram-se

como grandes, pois não existem as chamadas médias empresas. É a federação mais

representativa e importante do país, pois 60% das exportações são oriundas de

empresas de base tecnológica.

A Culminatum Innovation é uma instituição considerada independente, mesmo

recebendo recursos públicos. Funciona como uma plataforma de pesquisa, serviços

e inovação em prol do desenvolvimento da região metropolitana de Helsinque – três

municípios. Conta com 30 parceiros e 50 PhD trabalhando em 33 projetos diferentes

com foco na identificação “gaps” e no atendimento as necessidades dos clientes.

Localizam os problemas e provisionam as soluções.

A instituição trabalha com muita sinergia com as instituições de ensino e pesquisa,

governo e empresas. Foca na revitalização de espaços e desenvolvimento de territórios

ampliando principalmente as facilidades para logística e infraestrutura.

Nas suas estratégias de atuação, estão a regeneração de negócios e a promoção

da competitividade regional. Orienta a reforma dos serviços e dos processos dos

municípios regionais e busca a promoção do desenvolvimento sustentável.

Trabalha em tempo integral para diminuir a burocratização, considerando que

alvarás, normas e regulamentos governamentais devem ser “amigáveis.”

O PONTO DE VISTA DO CLIENTE E O APROVEITAMENTO DAS COMPETÊNCIAS E

CAPACIDADES DA REGIÃO

Duas linhas de atuação podem ser observadas, a primeira é o desenvolvimento

de projetos sempre com a ênfase na ótica do cliente. Por exemplo, um projeto

relacionado à segurança não pesquisa ações sobre como proteger as pessoas, mas

como elas se sentem estando seguras. A outra linha refere-se ao aproveitamento das

competências e capacidades existentes na região. Para os finlandeses, o investimento

correto em educação é o que proporciona a plataforma intelectual apropriada ao

desenvolvimento das novas tecnologias e da inovação. A intelectualidade local tem

de ser aproveitada ao máximo.

70

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

O QUE PODEMOS APRENDER COM OS ESCANDINAVOS E PONTOS EM COMUM

z É necessária uma visão de desenvolvimento nacional comum que deve ser

compartilhada com toda a sociedade, assim, cada um sabe da estratégia

maior do seu país e qual o papel que lhe cabe dentro do sistema.

z Como o mercado interno desses países é restrito, com média entre 5 e

10 milhões de habitantes, o desafio é incentivar empresas competitivas

capazes de disputar o mercado internacional. Todos trabalham em prol

desse objetivo.

z A pauta principal da estratégia para o desenvolvimento de todos é a

inovação. Para tanto, são essenciais a construção de modernos parques

tecnológicos, que aparecem na forma de clusters, centros de excelência,

e o apoio total às instituições de ensino e pesquisa. Também é necessário

construir a sinergia entre todas as entidades que prestam serviços

especializados que dão apoio ao mundo empresarial.

z Tem de haver sinergia e aproximação entre universidades, instituições de

apoio à inovação e setor privado, bem como entre os mecanismos práticos

que promovam essa inovação.

z É elevado o investimento em inovação e tecnologia, em todos os países,

desproporcionalmente superiores aos patamares brasileiros. A Suécia e a

Finlândia foram consideradas pelo Insead, respectivamente, o segundo e o

quarto países mais inovadores do mundo, e a Dinamarca aparece na lista dos

dez países que mais investem em inovação. Um exemplo que materializa

essa desproporcionalidade é o fundo Tekes da Finlândia que, com 5 milhões

de habitantes, investe por ano cerca de 790 milhões de dólares em subsídios

e empréstimos ao sistema de inovação finlandês. O nosso Paraná, por sua

vez, com 10,5 milhões de habitantes investe cerca de 100 milhões de dólares.

z Há monitoramento constante, em termos mundiais, sobre os setores

definidos como estratégicos. São estudadas as principais tendências

tecnológicas e a evolução dos mercados-chave.

z Todos promovem de forma agressiva a integração entre os projetos de

desenvolvimento territoriais e o mercado internacional. Possuem escritórios

71

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

de representação e de relacionamento tanto nos seus territórios quanto no

resto do mundo, principalmente nos países considerados como mercados-

alvo.

z Há uma definição bastante clara sobre os papéis desempenhados pelas

diferentes instituições. Existe sinergia e convergência entre elas e não há

sobreposição de trabalho. Cada entidade tem o seu foco bem definido com

uma única proposta de valor.

z Os modelos organizacionais e o desenho dos sistemas de inovação são de

extrema simplicidade e têm por base a educação gratuita de alto nível do

jardim de infância ao ensino superior. O inglês é a segunda língua falada

por todos e de forma fluente. O alto nível da educação proporciona a

plataforma intelectual indispensável para o desenvolvimento de novas

tecnologias e inovação.

z A crise do mercado financeiro internacional, eclodida em 2008, impactou

toda a região, que era muito dependente do mercado externo. A inovação,

a internacionalização das empresas e a busca da competitividade foram as

respostas encontradas.

z O empreendedorismo entrou na pauta governamental e educacional

nos últimos cinco anos – a crise de 2008 foi o estopim. É o novo modelo

escandinavo para a geração de empregos.

z As instituições de apoio às startups dão mais foco na geração de valor do

que na concepção de planos de negócios.

z Todos adotam o modelo econômico social democrata que possui uma

das maiores taxações de impostos do planeta. Colocam de um lado a alta

competição de mercado – capitalismo, e do outro o que fornece serviços

sociais do mais alto nível: educação, saúde, transporte, segurança, bem-estar

social e serviços públicos de primeira linha. Todos conseguiram equilibrar

uma base social mais igualitária a um alto padrão de vida.

z O modelo político parlamentarismo é comum entre esses países.

z Infraestrutura e logística da mais alta qualidade.

z Forte sentimento de patriotismo e orgulho nacional.

72

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

z Transformaram a adversidade climática – inverno quase o ano todo e falta

de claridade – em um diferencial competitivo.

z A cultura de que o foco sempre deve estar na solução e não nos problemas.

z As principais instituições de apoio à inovação e tecnologia, que recebem

recursos públicos, têm presença internacional.

z Não há intervalo para coffee-break durante as reuniões – o café, água, bolo,

frutas e sucos são colocados na sala e oferecidos aos visitantes antes do

início dos trabalhos, para serem consumidos antes e/ou durante a reunião.

z Pontualidade para início e finalização das reuniões.

Brasil não é um lugar desconhecido para eles, todos possuem presença intensiva

em nosso País e, há muito tempo, algumas empresas aqui já são quase centenárias.

Encontramos pessoas fluentes em nosso idioma em todas as instituições visitadas,

um sinal claro de que o Brasil é atualmente um país de oportunidades. Temos de

olhar em volta e ver o quanto o povo escandinavo já participa das nossas vidas

e trabalha lado a lado com o nosso povo. Mas, apesar desse tempo todo, ainda

não aprendemos a aproveitar a mútua convivência, quer trocando experiências ou

negociando de forma mais intensiva.

RússiaA busca por uma nova identidade

O país sofreu mudanças significativas desde o desmembramento da União

Soviética, passando de um regime de economia fechada para um mercado aberto

e integrado com o mundo. Seus habitantes viveram um século de transformações

radicais, tanto políticas, quanto econômicas e sociais. Passaram por duas guerras

73

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

mundiais, só na Segunda Guerra mais de 27 milhões de russos foram mortos –

se considerarmos que sua população atual é de 143,5 milhões de habitantes, a

perda foi enorme. A experiência comunista, que durou décadas, deixou profundas

cicatrizes. A nova fase de transição ainda está sendo dolorosa para uma geração

inteira que viveu sob o regime socialista. Muitos têm dificuldades para se adaptar

às novas circunstâncias, pois existe um conflito existencial nessa busca de uma

nova identidade. A grande potência em quase tudo, em passado recente, agora

é chamada de BRICS. A herança de governantes corruptos causa revolta em

idosos e jovens, mas a geração atual já está encontrando uma nova maneira de

“ser russo”.

A Rússia possui 17 milhões de quilômetros quadrados – país com maior área do

planeta – e tem um nono da área terrestre. É também o nono país mais populoso.

Estabeleceu poder e influência desde os tempos do Império Russo (1721-1917) até ser

o maior e principal estado constituinte da União Soviética (1922-1991), desempenhou

papel decisivo na vitória aliada na Segunda Guerra Mundial. A Federação Russa foi

criada na sequência da dissolução da União Soviética em 1991. É um dos cinco estados

reconhecidos com armas nucleares, tendo o maior arsenal de armas de destruição

em massa do planeta. É membro permanente do Conselho de Segurança das Nações

Unidas e destacado membro da Comunidade dos Estados Independentes.

Seu povo orgulha-se das manifestações culturais e artísticas, especialmente na

música e na dança. Tem forte tradição nas ciências e na tecnologia e foi o primeiro

país a realizar um voo espacial humano. É também forte nas artes plásticas e com um

histórico de alta competência na educação.

O potencial do país é enorme, pois possui uma das maiores reservas petrolíferas

do mundo, sendo o segundo maior produtor de petróleo e gás. Por tradição, tem uma

fortíssima indústria aeroespacial e de armamentos.

Ancorado na sua boa história cultural, possui grandes ativos turísticos, mas pouco

preparados para a recepção de turistas internacionais. A Rússia atrai mais de 5 milhões

de visitantes por ano somente na cidade de Moscou e outros 5 milhões na cidade de

São Petersburgo. É notória a deficiência nos serviços aos consumidores. Nos hotéis,

restaurantes e museus quase não se fala o inglês. Os serviços de alimentação são

morosos e, em poucos lugares, se aceita cartões de crédito.

74

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

A infraestrutura aeroportuária está sendo ampliada. Moscou, com 12 milhões de

habitantes, possui cinco aeroportos, sendo três internacionais. No entanto, o de São

Petersburgo, com 5 milhões de habitantes, é ainda bem acanhado, mas passa por

ampliações.

Ambas as cidades possuem linhas expressivas de metrô. Aliás, um orgulho nacional.

Tanto que em Moscou, em cada estação, é desenvolvido um tema de design. Em função

da deficiência energética, foi instalado um sistema de climatização natural que mantém

a temperatura em 18ºC mesmo nas suas imensas profundidades, os trilhos chegam a

se localizar algumas dezenas de metros abaixo do solo.

As iniciativas de inovação e empreendedorismo não parecem ser prioridade

para as políticas públicas. Fala-se em inovação, mas os instrumentos identificados

são basicamente os tradicionais e, às vezes, rudimentares. Na lista dos países mais

inovadores, divulgada pelo Insead, a Rússia encontra-se na 51ª colocação e o Brasil

ocupa a posição 54ª.

PETROGRADO, LENINGRADO E SÃO PETERSBURGO – A MESMA CIDADE

Fundada no início do Século 17, quando o imperador Czar Pedro decidiu construir

uma nova capital mais parecida com os padrões europeus vigentes na época, recebeu

o nome de Petrogrado, cidade de Pedro. A segunda alteração foi no início de 1900,

quando o líder da revolução soviética Lênin dedicou um tempo maior da sua vida ao

local, que passou a se chamar Leningrado. O nome perdurou até 1991 quando, por

meio de um plebiscito, a cidade mudou novamente de nome e, dessa vez, para Saint

Petersburg, ou São Petersburgo, em português.

Foi a cidade que segurou a invasão alemã durante a Segunda Guerra Mundial, ao

custo de aproximadamente dois milhões de vidas, metade soldados, metade civis.

Atualmente, é uma cidade dinâmica, estruturada e conta com aproximadamente cinco

milhões de habitantes. É declarada patrimônio mundial pela Unesco.

A Rússia foi escolhida para sediar a Copa do Mundo em 2018 e, dessa forma, terá a

oportunidade de melhorar os aspectos relacionados ao turismo.

75

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

PROGRAMAS DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

O CEDIPT – Conselho Público de Desenvolvimento Econômico, Política Industrial

e Comércio do Governo de São Petersburgo tem como principais funções aumentar o

nível de emprego e renda da população local, por meio de programas de apoio às micro,

pequenas e médias empresas; aumentar a competitividade e a inovação das empresas;

e melhorar a qualidade de vida da população, por meio da melhoria da qualidade

dos serviços. Dispõe de recursos públicos, na forma de subsídios, financiamentos e

garantias, que são aplicados no apoio ao desenvolvimento de novos negócios.

Conhecemos várias instituições que compõem este Conselho e que atuam de forma

integrada para atender seus macro-objetivos econômicos:

z geração de emprego e renda – utilização da figura do empreendedor

individual e das incubadoras de base tecnológica como instrumentos;

z melhorar a qualidade de vida da população, com foco na avaliação dos

processos burocráticos e investimento em infraestrutura;

z reestruturação setorial, promovendo a inovação e internacionalização das

pequenas empresas e buscando com que se tornem médias.

Também tivemos a oportunidade de conhecer mais de perto o St. Petersburg

Foundation for SME Development, uma organização sem fins lucrativos, fundada

em 1995, que presta serviços sociais, atendendo quase mil empresas individuais/ano

em um universo de 340 mil pequenas e médias. Na Rússia, não existe a categoria

microempresa. A empresa individual pode ter até 15 funcionários e possui impostos

diferenciados. A pequena empresa pode ter até cem funcionários e faturamento anual

de 12 milhões de dólares.

A fundação presta serviços de consultoria em planos de negócios, acompanhamento

gerencial, treinamento e seminários, serviços de informação, gerenciamento

de projetos, pesquisa de mercado, network nacional e internacional. Também

presta serviços a outras instituições em diversos países. O trabalho é realizado por

profissionais especializados da própria entidade e segue a orientação de dois comitês

estratégicos que atuam de forma complementar: o Comitê do Trabalho e Emprego e o

de Desenvolvimento Econômico.

76

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

AGÊNCIA RUSSA DE SUPORTE ÀS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Vinculada ao Ministério de Comércio Exterior, a Russian Agency – for Small and

Medium Business Support foi criada em 1992 com o objetivo de dar assistência às

empresas locais no mercado mundial. Trabalha em parceria com um banco estatal,

que oferece financiamento e garantias às empresas exportadoras. Exerce um

mix de atividades como microcrédito, apoio às startups junto às incubadoras de

negócios, auxílio às exportações, inclusive financiando infraestrutura no exterior e

acompanhamento à inovação nos clusters locais.

Conhecemos ainda uma associação de empreendedores – 1.500 associados e 53

câmaras temáticas. Trabalha para defender o interesse dos associados na condução

dos negócios, preparação e formação de empreendedores, participação em feiras e

exposições, cooperação internacional e assessoria jurídica.

APONTAMENTOS SOBRE A ESTADA NA RÚSSIA

As entidades de representação e de serviços aos pequenos empresários encontram-

se ainda em estágio organizacional incipiente. Apesar da busca por aprendizados e

know-how, o assunto não é prioridade nacional.

Reconhecem que a burocracia oficial dificulta os negócios internacionais das suas

empresas e muitos dirigentes de entidades demonstraram enorme preocupação com

os elevados níveis de corrupção no país. A redução da corrupção é colocada como

fundamental para a criação de um melhor ambiente de negócios.

O mercado se abre aos especialistas em consultorias corporativas. Com essa

ampliação, intensificam-se as demandas por serviços especializados em gestão de

negócios e mercados internacionais. Os profissionais dessa área estão formando

associações e intensificando a prática de network.

Se os russos descobrissem o modus operandi do Sebrae, com certeza, desejariam

nosso tipo de serviços por lá. No atual estágio de desenvolvimento do país, um

77

MISSÃO RÚSSIA-

ESCANDINÁVIA

sistema como o Sebrae faria uma grande diferença para o desenvolvimento das micro

e pequenas empresas, para o fomento do empreendedorismo e para a criação de um

ambiente de negócios mais favorável.

Câmbio de 2011 – 1 real = 0,51161 dólar

Missão Leste

Asiático

OPINIÃO DOS PARTICIPANTES:

Alba Silva Anastácio Soares, Alba Silva Anastácio Soares, Cláudio Eduardo de Assis,Cláudio Eduardo de Assis,

Joailson Antonio Agostinho,Joailson Antonio Agostinho,Marcos Aurélio Lima e Marcos Aurélio Lima e

Vitor Roberto TioquetaVitor Roberto Tioqueta

Índia, Hong Kong, Taiwan e China

Missão Leste

Asiático

80

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

“Um sapo dentro de um poço olha para cima e pensa que o mundo é apenas uma roda de luz,

ao subir para a superfície percebe que o mundo é muito maior do que ele pensava.”

Com esse pensamento do ex-líder chinês, Mao Tsé-Tung, queremos dizer que, por mais que

acreditemos saber muito, sempre há o que aprender. Esta missão do Sebrae PR foi extremamente

rica em informações sobre o que alguns dos países que mais crescem economicamente no mundo

estão fazendo em prol das suas micro, pequenas e médias empresas. Poder observar, conversar

e entender sobre o funcionamento das instituições que apoiam essa causa nos trouxe valiosos

ensinamentos, nos quais estamos repassando aos nossos clientes, instituições e parceiros.

O nosso trabalho de apoio aos empresários será bem mais eficiente com o que

aprendemos na viagem. “Inovar para um futuro melhor.” Ao nos apropriarmos de uma

frase que guia um grande parque tecnológico chinês, podemos dizer que a missão valeu a

pena, já que aprendemos ensinamentos relacionados ao empreendedorismo com o outro

lado do mundo – nos lugares onde o Ocidente encontra o Oriente.

ÍndiaAmigos, amigos - negócios inclusive

O grande desafio aqui é cumprir horários e agendas – as distâncias são grandes

e os deslocamentos caóticos. A maneira milenar de resolver problemas começa com

muita paciência.

Com um dos maiores mercados internos do mundo (1,2 bilhão de habitantes), a

Índia, nas últimas décadas, está se desenvolvendo de forma rápida e constante. Abrem-

81

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

se oportunidades em quase todos os setores, principalmente na produção de bens e

serviços.

Curiosamente, apesar do imenso mercado, o Brasil tem apenas 12 empresas

na Índia, entre elas Azaléia, WEG e Marcopolo, enquanto os indianos mantêm

32 empresas sediadas no Brasil. O comércio bilateral pode ser considerado

irrisório, cerca de dez bilhões de dólares/ano. Só a Índia movimenta 880 bilhões

de dólares/ano e o nosso país, 550 bilhões de dólares/ano em importações.

OS PROBLEMAS DO GIGANTISMO POPULACIONAL

Os indianos são ávidos em buscar oportunidades para a atração de empresas

estrangeiras para investir em sociedade com seus empresários locais. Procuram

especialmente empresas de base tecnológica.

O salário médio é de dois dólares/dia e não há segurança de trabalho, nem

previdência social. Geralmente, as empresas contratam informalmente muito mais

funcionários do que realmente necessitam porque nunca sabem quando cada um

comparecerá ao trabalho. É comum o funcionário começar, receber o salário e sumir

por vários dias até consumir o que ganhou e depois voltar a trabalhar como se nada

tivesse acontecido.

As ruas estão sempre cheias, não importa o dia da semana ou horário, a impressão é

de que as famílias se revezam para ficar em casa, de tanta gente morando num pequeno

espaço. Chama a atenção que, apesar da grande pobreza do país, a taxa de criminalidade

é baixa.

ENERGIA ELÉTRICA É O GRANDE PROBLEMA DE INFRAESTRUTURA

A base da geração de energia é a queima de óleo ou carvão, o que acarreta altos

custos ambientais. Para esse assunto ser resolvido, seria necessária uma iniciativa

conjunta dos vários países vizinhos, a fim de consorciarem-se para construir

hidrelétricas, o que não é nada fácil, considerando-se as questões geopolíticas regionais.

É comum a instalação de geradores na frente das empresas, bem como o fato de

82

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

algumas quebrarem porque o tempo entre a sua operação e a devida disponibilização

não acompanha o cronograma inicialmente previsto pelo governo.

RAIO-X DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NA ÍNDIA

z Criam por ano 1,3 milhão de novos postos de trabalho.

z Estima-se que existam 30 milhões de micro e pequenas empresas em todos

os setores.

z Cerca de oito mil diferentes produtos de qualidade superior são gerados.

z São responsáveis por mais de 20% do PIB.

z Geram 45% da produção, e dessa, 40% tem destino à exportação.

z Todas têm acesso diferenciado ao crédito. Por determinação governamental,

40% dos financiamentos devem ser destinados às pequenas e médias

empresas e, desse total, no mínimo 18% à agricultura.

CRITÉRIOS PARA SER UMA PEQUENA E MÉDIA EMPRESA

A Índia não adota a classificação por número de empregados, nem valores de

faturamento para enquadrar suas empresas como micro, pequenas e médias empresas,

pois são dados que causam distorções em determinados segmentos, por exemplo, o

da Tecnologia da Informação – TI.

Os critérios seguem as tabelas:

INDÚSTRIAS

Até 62 mil dólares Micro

De 62 mil a 1,25 milhão de dólares Pequena

De 1,25 milhão a 2,5 milhões de dólares Média

83

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

Valores referentes a investimento em instalações, máquinas e equipamentos.

Serviços

Até 25 mil dólares Micro

De 25 mil a 500 mil dólares Pequena

De 500 mil a 1,5 milhão de dólares Média

Valores referentes a máquinas e equipamentos.

DIFICULDADES PARA CRIAR UMA EMPRESA NA ÍNDIA

1. Infraestrutura: terrenos valorizados, custo alto de construção, custo

de energia altíssimo e com pouca segurança de fornecimento de forma

constante.

2. Burocracia: são caros os custos de emissão de certificados e dos processos

que têm que ser encaminhados entre as próprias entidades públicas.

3. Crédito: ao contrário do que dizem os bancos, 95% dos empreendedores

dizem não ter acesso fácil ao crédito. Eles preferem buscar recursos

financeiros, primeiro com a família, depois com amigos ou até mesmo

com associados, só depois tentam o sistema bancário formal. Os principais

entraves que as micro e pequenas empresas encontram ao procurar

empréstimos são: o empresário precisa dispor e comprovar pelo menos

25% de capital próprio sobre o projeto a ser financiado, é necessária uma

licença de Small Scale Industry e o fornecimento de energia elétrica para o

futuro investimento deve estar garantido. Devido à saturação do mercado

nos ramos têxtil e de confecções, os bancos são relutantes em realizar

empréstimos para esses segmentos.

4. Falta de mão de obra qualificada no chão de fábrica: é difícil encontrar

funcionários para as atividades mais básicas. A Índia dispõe de mão de

obra bem preparada apenas para os níveis superiores.

84

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

5. Inadimplência: os números são preocupantes, atualmente, existem cerca

de 300 mil empresas em dificuldades financeiras. Isso é péssimo tanto

do ponto de vista econômico quanto social, pois na Índia um empresário

inadimplente fica “congelado”, impedido de negociar seus bens, abrir

uma nova sociedade e até mesmo votar. Por essa razão, empresários

trabalham em conjunto com o governo para elaborar uma lei específica

para tratar as questões de inadimplência e falência. As principais razões

ligadas à insolvência das empresas consistem em mudança de tecnologia,

transição familiar, disputas e concorrência entre empresas e até falta de

energia elétrica para trabalhar.

NOVA DELI, O MAIOR CENTRO COMERCIAL DO PAÍS

A capital da Índia tem uma população estimada em 13 milhões de habitantes – a

oitava do mundo. É o maior centro comercial do país, com o PIB girando em torno

de 24,5 bilhões de dólares. O setor de serviços contribui com 71% do PIB, enquanto

a indústria e a agricultura contribuem com 25% e 4%, respectivamente. Deli possui a

maior atividade varejista da Índia e está em crescente expansão. Em função disso, os

preços dos imóveis crescem assustadoramente. Atualmente, é considerada a sétima

área de escritórios mais cara do mundo.

TRANSPORTE PÚBLICO – O GRANDE ENTRAVE

A densidade demográfica, uma das mais expressivas do mundo, 9.340 habitantes/

quilômetros quadrados, a presença do mais importante entroncamento ferroviário do

país e a falta de planejamento deixam o trânsito caótico, em que cada um cuida de si.

A população se vira em um transporte característico local, o riquixá (rickshaw), uma

espécie de triciclo, a maioria tocada por GLP ou força humana nos pedais, nas versões

coletiva e individual.

O ônibus, por sua vez, é o transporte mais popular, seguido do metrô, que tem

três linhas, 78 estações e 190 quilômetros de extensão nas suas duas primeiras fases.

85

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

Várias outras linhas estão em construção. A cidade é o mais importante entroncamento

ferroviário do país, sede da Zona das Ferrovias do Norte, uma das 16 Zonas da Índia

Railways.

O Aeroporto Internacional Indira Gandhi, com tráfego estimado em 25 milhões

de passageiros/ano, foi reconhecido como um dos melhores do mundo em 2011. A

preocupação com a segurança é extrema, só entra no aeroporto quem tem bilhete ou

e-ticket. Da chegada ao aeroporto até a hora do embarque, apresentamos o passaporte

sete vezes. Essa preocupação com a segurança estende-se aos hotéis e aos shoppings,

que possuem detector de metal, aparelhos de raio-X e revista em bolsas e mochilas

de mão.

Como o Brasil, o maior desafio da Índia é diminuir sua desigualdade social. É

grande o número de bilionários, em maior número e mais ricos do que no Brasil. Ao

mesmo tempo a sua população favelada é imensa. No entanto, abriga um mercado

consumidor de 350 milhões de pessoas e esse número está em contínua expansão.

Um grande potencial a ser explorado é o turismo, pois a expectativa é a de que

nos próximos quatro anos 22 milhões de turistas indianos saiam pelo mundo.

UMA CERIMÔNIA DE LUZES PARA O SUCESSO DA NOSSA MISSÃO

Em quase todos os países e entidades fomos recebidos com muita atenção e

cortesia, mas nada superou a surpresa da primeira reunião na Índia – realizar uma

cerimônia de luzes para dar boas-vindas aos visitantes e desejar-lhes uma missão

coroada de sucesso é da tradição hindu. Deu certo, tudo o que vimos e assimilamos nos

países visitados foi de extrema valia para o trabalho no Brasil. Ao comparar nosso país

com os outros, vemos o quanto temos a fazer ainda e o quanto já fizemos, e bem-feito.

Em muitos aspectos estamos adiantados, em outros carecemos de vontade política e

do empenho de governantes e empresários.

Mumbai é a maior cidade da Índia – a região metropolitana comporta 20 milhões de

habitantes. É o principal e mais desenvolvido centro financeiro e comercial, responsável

por 10% da mão de obra industrial, 25% da produção industrial bruta. Arrecada, só de

86

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

impostos, 33% nas atividades financeiras e 20% do setor de serviços do país. A cidade

sofre pelo seu tamanho: a oferta de moradias é insuficiente, o que torna proibitiva a

aquisição e locação de imóveis. Um apartamento de três quartos custa em média 10

mil dólares/mês de aluguel. É grande o número de favelas onde vive 68% da população

de Mumbai. Com exceção da moradia, o custo de vida em geral é relativamente baixo

se comparado com a realidade brasileira.

A cidade divide-se em duas partes: Sul, mais desenvolvido, limpo e organizado,

onde os milhares de riquixás não circulam, e o Norte, onde há a maior favela da Índia

e a segunda maior do mundo, chamada Dharavi. Mumbai, como toda grande cidade

em países emergentes, é cheia de contrastes entre a extrema riqueza e a miséria,

onde coexistem lojas de grife mundialmente famosas ao lado de pequenos negócios

totalmente mal organizados e cuidados. Revendas de automóveis de luxo ao lado de

pessoas em completa situação de abandono.

CONDOMÍNIO EMPRESARIAL – UMA DAS ALTERNATIVAS INDIANAS

Visitamos o IIT - Infotech – International Infotech Park, um condomínio empresarial

que atua nas áreas de TI e Call Center – está instalado em cima de uma estação de trem,

a Vashi Railway Station, e abriga empresas como:

z Árete Technologies – pequena empresa com visão de grande, muito focada

no que faz e com marca bem-definida.

z Mystre Enterprises Ltd.  – grande empresa que atua nos ramos de

entretenimento, infraestrutura, turismo e produção.

z Emphasis Landscapes – trabalha com paisagismo de maneira verticalizada,

procurando integrar todas as atividades envolvidas, desde a concepção,

desenvolvimento, implementação e manutenção dos projetos. Com 200

funcionários, aplica design inovador em seus projetos, tendo recebido

inúmeros prêmios. A iniciativa é de grande relevância num país cuja

população ainda carece de consciência sobre as questões ambientais.

87

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

NOVA MUMBAI – UM PROJETO A LONGO PRAZO

Ainda em passagem pela Índia, conferimos o esforço indiano em superar desafios.

Conhecemos e trocamos impressões com representantes da CIDCO – S.S. Chaudhari,

uma empresa governamental que existe há 40 anos para cuidar da construção da Nova

Mumbai. O objetivo, nos relataram, é desafogar a cidade antiga ao criar condições

e infraestrutura por meio do planejamento do território: ruas, escolas, hospitais,

praças, trens, metrô e um novo aeroporto, que será o maior da Índia. O recurso

financeiro provém da venda de terrenos mais aportes do próprio governo. Procura

dar autossuficiência aos bairros que são interconectados por corredores de transporte,

uma proposta para desafogar o trânsito caótico da cidade.

A CENTENÁRIA CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA

Na Câmara de Comércio e Indústria, criada em 1907 e, portanto, uma das mais

antigas entidades empresariais do país, descobrimos que a entidade era formada

inicialmente por comerciantes com forte orientação nacionalista, tendo Mahatma

Gandhi como membro honorário. A Câmara possui 3.200 associados, dos quais 75%

provenientes de pequenas empresas. Além das associadas diretas, mantém 250

associações filiadas, e atua como canal institucional entre o governo e os empresários,

levando suas necessidades e sugestões a fim de obter melhores condições de operação

e desenvolvimento.

As atividades principais da Câmara de Comércio e Indústria são: apoio e soluções

para colocação de novos produtos no mercado e facilidade de acesso ao mesmo,

comitês técnicos especializados, organização de seminários e encontros de negócios

internacionais, treinamento, pesquisas, serviços jurídicos, arbitragem e conciliação,

além de informações de interesse dos associados. Tem autorização do governo para

emitir certificado de origem para determinados produtos. Na área de premiações,

destacam-se as da qualidade, da inovação e do empreendedorismo. O Prêmio Mulher

Empreendedora está na sua 25ª edição.

A entidade produz ainda boletins semanais sobre importação, exportação e diversos

outros assuntos. Alguns incentivos, como a redução de impostos em algumas regiões

88

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

e setores por tempo determinado, são resultado dessa interlocução. A carência de

conhecimento e profissionalismo das empresas, especialmente das familiares, faz com

que a entidade promova regularmente capacitação em gestão.

O VALE DO SILÍCIO DA ÍNDIA

Capital do Estado de Karnataka, Bangalore é a terceira cidade mais populosa da

Índia, com 8,5 milhões de habitantes – 18ª do mundo em população. Foi considerada em

2009 pelo Banco Mundial como um dos melhores locais para investimentos e atividades

empresariais. É conhecida como Vale do Silício da Índia, grande exportadora de TI.

Das 500 mil micro e pequenas empresas em Karnataka, 30% estão em Bangalore

e, das 500 maiores empresas do mundo, 87 estão instaladas lá, segundo eles. Diferente

de Mumbai, onde 68% da população vive em favelas, em Bangalore esse índice é de

apenas 10%.

CENTRAL DE ATENDIMENTO AOS PEQUENOS NEGÓCIOS

A KSITDC – Karnataka Udyog Mitra é uma agência governamental ligada à

Secretaria de Estado da Indústria, especialmente criada para dar apoio às pequenas

empresas. Apuramos, durante a missão, que ela disponibiliza, em um só local, todas as

informações sobre licenças e encaminha pedidos e processos às diversas instituições:

licenças ambientais, tratamento de efluentes e armazenagem de material inflamável.

Usa um sistema de geoprocessamento que mapeia e identifica áreas adequadas à

instalação de novas empresas e fornece a infraestrutura necessária ao terreno.

Com vistas à atração de investimentos para a região, a KSITDC realiza um evento

internacional a cada dois anos – o GIM Global Investors Meet, que até o ano passado

era focado em minério de ferro e na transformação do aço. O estado é o segundo maior

produtor de minérios de ferro e o terceiro maior produtor de aço do país. Atualmente,

sua atenção está voltada para o turismo rural em grande escala e em energias eólica e

solar. Na linha da promoção comercial e na busca de parceiros e investidores externos,

esteve em São Paulo (2010), Buenos Aires e no México (2012).

89

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

POLÍTICA DE INCENTIVOS

A construção de hotéis e resorts que recebem benefícios na forma de isenção

de impostos – uma das prioridades do Karnatataka Tourism Development – é uma

realidade. As demais atividades também recebem incentivos, porém não na mesma

proporção. Para a concessão desses benefícios, os candidatos devem se enquadrar

em uma das cinco categorias, que levam em consideração o volume do investimento

total e a lotação do mesmo – quanto mais distante da capital Bangalore, maior é

o subsídio. Para os investidores de fora, os incentivos são os mesmos que para os

locais. O foco é somente na infraestrutura, o apoio à gestão é competência de outras

entidades.

Exemplos: o Jungle Lodge foi instalado em uma área de floresta onde vivem

tigres, elefantes e outros animais selvagens. A experiência é permitir ao turista

hospedar-se dentro de uma misteriosa selva indiana. Já The Golden Chariot é um

trem de luxo que percorre sete localidades, um verdadeiro “cruzeiro sobre trilhos”.

Os pacotes abrangem de três a nove dias. Nesse trem, há academia de ginástica,

sauna, salões de banho, diversos shows, restaurantes, um deles especializado

em comida étnica indiana, em que são optativos pratos apreciados antigamente

apenas pelos marajás.

AÇÕES DE COOPERAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

Pudemos perceber o interesse dos empresários indianos no nosso mercado. A

Railways Board é uma empresa estatal com 1,4 milhão de empregados, composta por

70 fábricas espalhadas por todo o país. Produz 10 milhões de dormentes por ano e

desenvolve tecnologia própria para substituir os tradicionais dormentes de madeira

pelos de concreto, por meio de um processo inovador chamado de “clip and forget”,

que é um sistema de encaixe dos trilhos no dormente, reduzindo significativamente

os custos com material/instalação – além de preservar o meio ambiente. Do total

de 100 mil quilômetros de ferrovias, nas últimas três décadas, substituiu 70 mil

quilômetros de trilhos com os novos dormentes.

90

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

A maioria dessas fábricas ligadas à Railways Board é pequena ou média e tem muito

interesse em fornecer serviços, equipamentos e máquinas ao Brasil, por meio de ações

de cooperação e transferência de tecnologia. Produzem vagões e locomotivas a custos

que chegam a um terço dos fornecidos pelas fábricas europeias.

DA INVENÇÃO DO NÚMERO ZERO ÀS EMPRESAS ALTAMENTE ESPECIALIZADAS EM

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – AS SEZ/ÁREAS

A Índia é considerada o berço da Matemática. De lá a ciência dos números espalhou-

se pelos países árabes e desses para a Europa. Foi deles, por exemplo, o conceito do

número zero. A cultura matemática está presente em toda a população e isso reflete na

habilidade dos seus profissionais em lidar com os sistemas complexos da tecnologia da

informação. A Índia é um dos melhores lugares do mundo para se instalar uma empresa

de TI, pois a mão de obra é farta e altamente qualificada.

As chamadas SEZ – Special Economic Zones – uma espécie de Zona Franca – estão

localizadas próximas a portos e aeroportos, oferecendo infraestrutura, atuação em

comércio exterior além de incentivos fiscais e acesso ao crédito.

Uma empresa pode instalar-se em uma dessas zonas de duas formas: comprando o

terreno e construindo sua sede/instalações ou alugando imóvel previamente construído

por outros investidores.

O SISTEMA DE FINANCIAMENTO PARA PEQUENAS EMPRESAS

O Future Invest organiza a forma e os sistemas de financiamento para as pequenas

e médias empresas. Até recentemente, a maior parte era para financiamentos de capital

de giro, hoje é para compras de equipamentos. Uma microempresa pode financiar até

62 mil dólares e uma pequena, até 1 milhão de dólares. Para os fornecedores de serviços,

é possível uma microempresa financiar até 25 mil dólares e uma pequena até 50 mil

dólares. Investimentos estrangeiros devem se limitar a 24% do capital.

91

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

O SEBRAE DOS INDIANOS

O NSIC – National Small Industries Corporation Ltd., criado pelo Governo Federal,

está presente em todos os estados do país, atua de forma muito semelhante ao Sebrae,

apoiando o crescimento das micro e pequenas empresas. Existe há 50 anos e opera

por meio de uma rede de escritórios e centros técnicos, não apenas na Índia, mas em

alguns países africanos.

Percebemos que o seu forte é estimular a organização de consórcios de pequenas

empresas para que elas se capacitem e forneçam produtos e serviços ao governo e às

grandes empresas, especialmente às atacadistas. Promove rodadas de negócios com

esses grandes compradores, ajudando os pequenos a familiarizarem-se com as práticas

das negociações por atacado. Ajuda a entender os termos contratuais, as licitações e a

seguir os padrões exigidos pelo mercado.

Opera como ponto único para um registro necessário ao sistema de compras

governamentais, no qual as micro e pequenas empresas recebem preferência no

fornecimento às empresas públicas. Esse registro garante às micro e pequenas

empresas isenção do pagamento de um depósito de caução, que é exigido nos

contratos governamentais para reduzir riscos de problemas com fornecedores.

O NSIC criou um portal para prestar serviços aos importadores, exportadores e

provedores de serviços. E apoia participações em feiras, por meio da concessão de

espaços, ajudando o acesso dessas empresas às práticas internacionais.

Facilita o acesso ao crédito nas seguintes áreas:

1. capital de giro para aquisição de matéria-prima – curto prazo de até 90

dias. Estimula a compra de matéria-prima no atacado para obter melhores

condições de negociação. Facilita a importação de matéria-prima, quando

de difícil aquisição no mercado interno, encarregando-se da documentação,

procedimentos e emissão de carta de crédito;

2. financia atividades relacionadas ao marketing interno e externo;

3. financiamentos por meio de associações com bancos;

92

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

4. está começando a estabelecer alianças estratégicas com bancos comerciais

para financiamento de investimento/capital de giro por todo o país, com

o objetivo de assegurar o fluxo contínuo de disponibilidade de crédito

para micro e pequenas empresas. O acordo prevê o encaminhamento das

solicitações pelo próprio NSIC e o compartilhamento das taxas de serviços;

5. desenvolve um sistema de classificação de crédito e desempenho para as

micro e pequenas empresas em conjunto com diversas agências indianas. O

objetivo deste diagnóstico é ajudar a empresa a melhorar seu ranking. Essa

evolução é levada em consideração pelos bancos, na definição dos limites,

taxas e concessão de recursos.

O NSIC oferece alguns suportes, por meio dos seus centros técnicos de serviço e

de extensão, tais como o aconselhamento na aplicação de novas técnicas; instalações

para teste de materiais por meio de laboratórios reconhecidos; design de produto;

instalações de suporte para usinagem em grupo; serviços sobre as questões de

energia e meio ambiente em centros específicos; e aulas e treinamento prático para

desenvolvimento de habilidades.

As pequenas e médias empresas indianas desejam uma aproximação estreita com

as empresas brasileiras, seja para absorver tecnologia que lhes permita dar um salto de

qualidade, seja para acompanhar e/ou trabalhar com as grandes empresas.

REDE NACIONAL DE APOIO

Estabelecida em 1967, inicialmente como Naye – National Alliance of Young

Entrepreneurs, a Fisme foi reestruturada em 1995, quando passou a ter este nome.

Mudança que acarretou a evolução para o formato federativo, hoje uma grande rede

nacional de micro e pequenas empresas, com um quadro de 730 associações distribuídas

tanto de forma geográfica como setorial. Percebemos na visita que, apesar de contar

com uma rede de parceiros iguais em 22 países, sente falta de não haver uma entidade

forte no Brasil para compor este grupo.

93

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

É uma instituição privada sem fins lucrativos que conta com uma parcela de recursos

do governo e outra de uma taxa mínima cobrada anualmente dos associados. O

restante é obtido por meio de patrocínios, doações e serviços prestados aos associados

e ao governo.

O TEMPLO SAGRADO DA EDUCAÇÃO

O Kusum Group of Companies  – próspero grupo empresarial das áreas da

mineração, aço, chumbo e açúcar – decidiu investir com força em educação e criou

duas universidades. O campus da APG – Shimla University, na cidade de mesmo nome,

conhecida pelos indianos como “rainha das montanhas”, oferece educação de classe

mundial, conta com 400 alunos e disponibiliza cursos de maior especialização como

engenharia, moda, artes, ciências e gestão. Todos contam com completa infraestrutura

e gama de serviços para o desenvolvimento integral dos seus alunos, como laboratórios

de ponta, bibliotecas, modernas salas de aula, auditórios, acomodações, cantinas,

restaurante, assistência médica, piscinas, ginásio, equitação, golfe, salas de meditação

e yoga.

O empresário que idealizou essas universidades trata tanto o seu escritório

quanto as suas universidades como verdadeiros templos sagrados. Durante a

nossa visita, nos foi solicitado que tirássemos os sapatos. Ele implantou uma visão

holística do ensino, seguindo a premissa de que “nós não entendemos a mente

como uma entidade independente, mas sim como parte de um todo”.

ASSOCIATIVISMO – UMA LIGA QUE UNE AS EMPRESAS

Fundada em 1978, a Peenya Industries Association é uma das maiores e mais antigas

associações representativas do Distrito Industrial do Sudeste da Ásia. Iniciou suas

atividades numa área de 40 quilômetros quadrados e hoje conta com 5 mil pequenas

indústrias associadas que abrigam 500 mil empregados, dos quais 50% mulheres;

fatura 3 bilhões de dólares anuais e exporta 1,2 bilhão de dólares. O condomínio está

dividido em indústrias de manufaturas, manutenção, serviços, indústria farmacêutica,

automobilística, mecânica, elétrica, eletrônica, civil e ferramental.

94

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Em parceria com o governo (que aporta os recursos), prepara o espaço e

a infraestrutura como o fornecimento de água e energia. Disponibiliza suas

operações de condomínio às empresas interessadas em se estabelecer. As empresas

responsabilizam-se pela edificação, pagam aluguel pelo espaço e uma taxa de

adesão – uma espécie de joia. Não há mensalidades. A associação representa seus

associados em comitês de comércio e indústria junto às autoridades governamentais

e é reconhecida pelos governos central e estadual como principal instituição de

representação da atividade industrial do Estado.

A Peenya Industries Association organiza programas de crescimento,

desenvolvimento de vendas, certificação de ISO, treinamentos, seminários, reuniões

de intercâmbio no aspecto técnico, comercial e de gestão, de acordo com o interesse

dos seus associados. Esse modelo de desenvolvimento existente em vários lugares da

Índia soma diversas iniciativas bastante conhecidas por nós no Brasil, como: condomínio

empresarial, associação empresarial, federação de indústrias e ainda a participação do

Estado com aporte de recursos na aquisição de terrenos e infraestrutura básica, para

atrair e estimular a criação de novos investimentos.

APOIO FINANCEIRO É PULVERIZADO

Na nossa missão de conhecer um pouco mais o modus operandi dos indianos, no

que diz respeito ao apoio financeiro dispensado aos pequenos negócios, confirmamos

que o State Bank of India, é, sem dúvida, o maior e um dos mais antigos bancos da Índia,

quase 200 anos. Conta com 250 mil funcionários e seu capital tem 68% de participação

estatal – uma espécie de Banco do Brasil.

Somente a partir dos anos 1960 é que passou a apoiar as pequenas empresas, que

hoje representam 40% do total dos negócios. O restante está dividido entre 40% para

a agricultura e 20% para grandes corporações. A inadimplência gira em torno de 4%.

Como 60% da população indiana vive na área rural, o banco atua em parceria com

agências governamentais nas pequenas cidades, financiando a agricultura familiar

e informal, além de contribuir para identificar oportunidades e organizar pequenas

propriedades.

95

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

Atua também em parceria com associações de indústrias, viabilizando

oportunidades e financiando joint ventures com participação de até 75% do capital,

com taxa de 10% a 15% ao ano. As taxas são iguais para todas as modalidades de

financiamento, tanto para capital de giro quanto para investimento. A diferenciação

nas taxas ocorre de acordo com a característica do setor e a solidez da empresa.

Existe também um grande número de pequenos bancos comerciais privados no

país, além de cooperativas de crédito muito parecidas em atuação com as nossas Sicredi

e Sicoob.

Hong KongUma ilha de vantagens para os grandes negócios mundiais

Hong Kong é o 2º melhor lugar do mundo para se fazer negócios, segundo o

ranking do Doing Business, do Banco Mundial. É uma das duas Regiões Administrativas

Especiais – RAE, da República Popular da China; a outra é Macau. Com uma área de

1.104 km² e uma população de 7,1 milhões de habitantes, tornou-se uma das áreas mais

densamente povoadas do planeta. Noventa e cinco por cento dos seus habitantes são

da etnia chinesa.

A localização é estratégica – em quatro horas de voo conecta-se com os principais

centros de negócios da Ásia: Pequim, Tóquio, Taipei e Kuala Lumpur e com a região

do Rio Delta na China Continental. Seu sistema tributário é simples e não oneroso,

os impostos são baixos. Pessoa física paga no máximo 15%. Conta com uma extensa

96

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

lista de produtos isentos de impostos e taxas de importação; mais recentemente,

houve a inclusão de vinho e cerveja. A China já é o maior importador de vinhos

brasileiros e a maior parte dos produtos alimentícios brasileiros destinados ao Japão

passa por Hong Kong.

Em 1898, após a Primeira Guerra do Ópio (1839 a 1842), a China entregou o

território por um prazo de 99 anos ao Império Britânico, do qual foi colônia, exceto

entre os anos de 1941 e 1945 quando esteve sob domínio japonês, na Segunda Guerra

Mundial. De acordo com a Declaração Conjunta Sino-Britânica de 1997, Hong Kong

terá a sua independência em 2047. Hoje, Hong Kong tem autonomia em tudo, exceto

nas áreas da defesa e da política externa. Descrita como o lugar onde “o Oriente

encontra o Ocidente”, Hong Kong é um porto livre e um dos principais centros

financeiros mundiais, sendo que sua moeda, o dólar de Hong Kong, é a oitava mais

negociada no mercado.

Grandes empresas estão realocando suas sedes administrativas para Hong Kong e

buscando investidores na China. Com essa manobra, visam à exportação chinesa. Esses

dois movimentos combinados proporcionam grandes demandas e oportunidades para

prestadores de serviços especializados em mercado internacional.

Os habitantes locais dizem que os seus “recursos naturais” são as pessoas que lá

vivem. Por causa disso, o governo investe pesadamente em educação. Algumas das

principais faculdades da Ásia e do mundo estão ali representadas.

O governo ajuda a subsidiar as atividades de pesquisa, desenvolvimento e design,

na maioria das vezes, na forma de reembolso das despesas – geralmente na base de

50%. A participação em feiras também tem subsídio governamental.

RENDA CONCENTRADA

Há muitos milionários em Hong Kong e na região do River Delta – China Continental.

Essa alta concentração de renda faz com que a população abonada da China vá para lá

em busca de produtos de alto luxo. O custo do metro quadrado no centro é o mais caro

do mundo, porém quando se vai para a periferia o preço cai drasticamente – cerca de

97

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

40% menos. Seu pequeno território, e a consequente falta de espaço, causou uma forte

demanda por construções mais altas, o que a tornou uma das cidades mais verticais

do planeta.

CONEXÃO COM OS MERCADOS

O Hong Kong Trade Development Council – HKTDC, também visitado pelo grupo,

foi criado em 1966 para fazer o marketing internacional de Hong Kong. É um órgão

administrado por um conselho com 19 membros, formado por líderes empresariais e

funcionários do governo local. Planeja e supervisiona as operações globais e os serviços

e atividades promocionais. Supervisiona também o funcionamento do Hong Kong

Centro de Convenções e Exposições. Mantém 40 centros comerciais em todo o mundo.

Na América Latina, tem escritórios em Santiago, São Paulo e Cidade do México. Só em

território chinês possui 11 escritórios. Todos promovendo as vantagens empresariais

da cidade e oferecendo uma ampla gama de serviços para ajudar o comércio local e

promover Hong Kong como uma excelente plataforma para se realizar negócios com a

China e o restante da Ásia. Quando iniciaram suas atividades, tiveram aporte financeiro

do governo, porém, hoje, 85% da sua receita vêm de serviços prestados e somente 15%

vêm de apoio governamental.

A HKTDC edita revistas de produtos específicos em que se encontram os cadastros

dos fornecedores, separados por produtos: é uma espécie da publicação como as

Páginas Amarelas. Só sobre os assuntos de relógios, vinhos e games são mais de 5

milhões de exemplares vendidos anualmente. Existem versões digitais para iPhone e

iPad. A venda dessas informações é uma das formas de receita da entidade, que também

possui um cadastro de importadores.

Seus números são expressivos – um cadastro com mais de 120 mil empresas

fornecedoras, que abrange quase todos os setores da economia. Essas são disponibilizadas

para cerca de 1,2 milhão de compradores. Atende aproximadamente 23 milhões de

consultas por ano e realiza mais de 30 feiras de negócios anualmente, dentre elas, as três

maiores do mundo – eletrônica, pérolas, e joias e relógios.

98

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

AS FEIRAS E OS NEGÓCIOS COM O BRASIL

Todo ano, mais de 4,5 mil empresários brasileiros participam de feiras em Hong

Kong, 2 mil apenas na área dos eletrônicos, a maioria, compradores. Já como expositores,

30 empresas brasileiras costumam participar da feira de joias e pedras, pois as pedras

brasileiras têm um bom mercado na Ásia.

Os asiáticos acreditam que o Brasil tem potencial enorme para a exportação de

produtos alimentícios, como açúcar, frutas, suco de laranja e produtos orgânicos.

Estamos num bom momento para ampliar esse mercado, porque há preconceito

sobre os alimentos produzidos na China; o maior receio é a aplicação de produtos

químicos para melhorar a aparência das frutas e vegetais. Os chineses aplicam corantes

para melhorar a aparência das melancias, por exemplo. Hoje 60% das importações do

Brasil são de alimentos congelados. O Hong Kong Trade Development Council – HKTDC

dispôs a ser o provedor de informações sobre legislação, fornecedores e mercado,

visando ao crescimento da relação comercial entre os dois países, e já possui parcerias

com a Apex e o Ministério da Agricultura no Brasil.

O MARKETING DE HONG KONG

A The Government of the Hong Kong Special Administrative Region – InvestHK foi

fundada em julho de 2000 e tem como objetivo fortalecer o status de Hong Kong como

a localização ideal para negócios das empresas internacionais. Sua missão é atrair e reter

investimentos estrangeiros diretos, de importância estratégica para o desenvolvimento

econômico local. Trabalha com empresários no exterior e no continente com pequenas e

médias empresas e multinacionais que desejam montar escritório ou expandir negócios

já existentes. Oferece consultoria e serviços gratuitos para apoiar empresas desde a

fase de planejamento até o lançamento e expansão dos negócios.

SUPORTE E ORIENTAÇÃO PARA ABERTURA DE NEGÓCIOS

Para apoiar as empresas, soubemos, durante a missão, que Hong Kong criou,

em 2000, a Success – Support and Consultation Centre for SMEs, um centro

de informação e consultoria para pequenas e médias empresas. A Success está

vinculada ao Departamento de Comércio e Indústria do Governo.

99

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

As pequenas e médias empresas representam 95% do total de estabelecimentos

da cidade, que são em torno de 300 mil. A Success possui 38 mil empresas cadastradas

em seu site e todas recebem informações atualizadas, a cada duas ou três semanas,

sobre mudanças na legislação ou oportunidades de negócios.

Colabora com várias organizações industriais e de comércio, associações

profissionais, empresas privadas e departamentos governamentais para dotar as

pequenas e médias empresas de uma vasta gama de informações de negócios,

consultorias e serviços.

Seu enorme banco de dados só pode ser acessado de forma presencial na própria

entidade. Para isso, fornecem equipamentos para pesquisas e uma coleção de material

de referência. Edita uma publicação semestral com assuntos de oportunidades de

negócios – a PME Pulse – cuja tiragem é de 15 mil exemplares. O site da entidade tem

62 mil acessos por mês.

Suas principais atividades são:

z prestar informações sobre como iniciar um negócio em Hong Kong

e os requisitos exigidos para obtenção de licenças e autorizações

governamentais. Ajuda na elaboração de planos de negócios. Caso

necessário, encaminha o assunto para especialistas e/ou financiamento;

z serviços de consultoria por meio de um programa chamado Mentoria – uma

espécie de consultoria coletiva com duração de um ano. É prestada por

mentores, em geral profissionais experientes, cedidos por empresas privadas,

que executam o trabalho de forma voluntária. Compreende 25 áreas distintas

e cada consultoria tem duração de 25 minutos, consistindo praticamente de

conselhos. O agendamento com esses mentores pode demorar de 15 dias

a três meses;

z organização de seminários e workshops, para ajudar a ampliar o

conhecimento das pequenas e médias empresas e aprimorar suas

habilidades empreendedoras. Realiza aproximadamente 100 seminários

por ano, contando com cerca de 100 entidades parceiras para viabilizar

as ações;

100

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

z todas as informações prestadas e serviços de consultoria são gratuitos.

Os recursos financeiros para manutenção da entidade vêm do governo.

As empresas privadas participam mediante cessão de mentores. A Success

é muito parecida com o Sebrae dos anos 1990, o Balcão Sebrae, que tinha

uma estrutura de biblioteca, área de atendimento e baias de consultoria.

LOBBY PARA AS INDÚSTRIAS

Na missão para o leste asiático, conhecemos a FHKI – Federation of Hong Kong

Industries. Das quatro grandes federações de Hong Kong, a FHKI é a única criada

pelo governo, que a manteve de 1960 até 1980, quando passou a ser mantida pelas

contribuições anuais dos associados, pelas cobranças de certificações de qualidade

e de origem e pelas doações e patrocínios. Atualmente, conta com 3 mil associados,

compreende 25 grupos industriais, dois da área do comércio e serviços – incluindo os

serviços de suporte de trading, consultoria e contabilidade.

A FHKI organiza eventos, visitas e seminários de interesse dos seus associados.

Facilita contato entre entidades oficiais e entidades empresariais, fazendo lobby junto

ao governo para defender os interesses das indústrias. Sinaliza, principalmente na troca

de governo, quais são os interesses do setor industrial. Publica uma revista mensal com

assuntos de interesse do setor industrial e mantém parcerias internacionais para troca

de informações sobre importações e exportações. Realiza treinamentos em diversas

áreas, principalmente nas de RH, logística e produção, preparando empresários que

trabalham na China, pois a maioria das fábricas está no continente, onde o custo de

produção é mais barato. A base administrativa, o desenvolvimento e os serviços de

inteligência ficam em Hong Kong.

ESTÍMULO AO CRESCIMENTO DE EMPRESAS COM BASE TECNOLÓGICA

O Hong Kong Sciencie & Technology Park foi criado por iniciativa governamental

em 1992, com o objetivo de promover o crescimento de novas empresas de base

tecnológica de ponta e design. Faz esse trabalho oferecendo suporte nas áreas de

produtos/serviços, marketing, gestão e também oferece apoio financeiro por tempo

determinado. São três os programas de incubação: a Incu-Tech, Incu-Bio e Incu-App.

101

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

1. A Incu-Tech foi iniciada em 1992 e nela as empresas podem permanecer

por até três anos. Abrange os segmentos: eletrônicos, ITC – Tecnologia da

Informação e Comunicação, Engenharia de Precisão e Tecnologia Ambiental.

Oferece apoio financeiro, a fundo perdido de até HK$ 83 mil, bem como toda

a estrutura administrativa necessária como laboratórios, equipamentos e

maquinário para o desenvolvimento dos produtos/serviços. Uma parte do

valor disponibilizado é utilizada para pagamento da locação do espaço e

das taxas de serviço de suporte administrativo. Trata-se de uma espécie de

aluguel de um condomínio.

2. A Incu-Bio foi lançada em 2009 como parte do programa de aceleração da

ciência da vida, onde as empresas podem ficar incubadas por até quatro

anos. As áreas de atuação são as da biotecnologia, farmacêutica e medicina

chinesa. Recebem apoio financeiro, também a fundo perdido, de ate HK$

110 mil dólares, bem como toda a estrutura administrativa necessária e de

laboratórios que são equipados com o que há de melhor para a realização de

testes e experimentos. Assim como a Incu-Tec, parte desse recurso é utilizada

para custear despesas com a estrutura da incubadora. A diferença é que

nesse caso cada empresa pode pleitear um programa de suporte laboratorial.

As empresas aceitas podem especificar o tipo de equipamento laboratorial

a ser adquirido pelo HKSTPC. O valor máximo por projeto é de HK$ 515 mil.

A ideia é de que os laboratórios sejam modernizados frequentemente e os

equipamentos sejam usados em conjunto por mais de uma empresa.

3. A Incu-App, lançada em 2012, permite às empresas permanecer por até um

ano e meio incubadas. Ela atua nas áreas de desenvolvimento de aplicativos

para Web, Smartphones, Tablets e Games – PC, internet, celulares e consoles,

recebe apoio financeiro a fundo perdido de até HK$ 38 mil, em média,

estrutura administrativa, acesso a treinamentos técnicos e específicos à

plataforma de desenvolvimento e de gestão e apoio na promoção de seus

produtos. Possui áreas de escritórios, salas de reuniões, área de convivência,

dentre outros. O suporte técnico para o desenvolvimento é realizado por

meio de parcerias com os principais fabricantes do mercado, entre eles a

Microsoft, Nokia, Samsung, Citik Telecom e a Wtia.

102

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

A diferença em relação aos outros dois programas é que seus incubados trabalham

em uma área coletiva com até duas estações de trabalho gratuitas. Eles precisam

cumprir um cronograma de trabalho com marcos críticos ao terceiro, sexto, nono

(opcional) e décimo segundo meses, contados a partir do início da incubação. Esses

marcos críticos são negociados na hora da aceitação da empresa na Info-App. Abrange

status de desenvolvimento de produto, utilização dos serviços de suporte e projeção

de vendas e lucros. As empresas que não cumprirem os marcos críticos perdem o apoio

na redução do custo de locação e precisam sair da incubadora.

De 1992 até hoje foram graduadas 300 empresas e atualmente 100 empresas estão

incubadas e 20 em processo de avaliação.

TRADIÇÃO E MODERNIDADE CAMINHAM JUNTAS

A Universidade Chinesa de Hong Kong – CUHK é uma entidade de pesquisa,

fundada em 1963, com visão global e missão de integrar a tradição e a modernidade, a

China e o Ocidente. Com mais de 20 mil alunos entre graduação e pós-graduação, dos

quais 3 mil são oriundos das mais diversas regiões do mundo.

A universidade também disponibiliza cursos abertos com vistas a atender as

empresas de forma prática, por isso não exige diploma formal dos participantes. São

cursos que procuram aliar teoria e prática e trabalham com exemplos reais do mundo

dos negócios.

Seus professores prestam consultoria às empresas incubadas no Parque Tecnológico

de Hong Kong e sempre com o acompanhamento dos alunos. Estes, no período

de férias, fazem estágio nas empresas atendidas. Com isso, têm a oportunidade de

observar como fazer uma empresa crescer ou como solucionar seus problemas do dia

a dia. Esses cursos fazem parte de uma grade curricular optativa. Além dessa parceria,

a CHUK trabalha em conjunto com o HK Design.

UMA ESPÉCIE DE DESAFIO SEBRAE, HOJE DESAFIO UNIVERSITÁRIO EMPREENDEDOR

Compreendemos durante a missão que o objetivo do Hong Kong Social

Enterprise Challenge é estimular, entre os estudantes, uma competição de geração

103

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

de ideias criativas de negócios, a fim de promover o bem-estar social. Por meio de

uma série de seminários, treinamentos, workshops e encontros, os estudantes são

preparados para desenvolver ideias sobre empreendimentos sociais. Isto é, pela

integração de operações comerciais com as necessidades sociais. Eles interagem

com profissionais de negócios durante todo o processo. Desde 2007, mais de 3

mil estudantes de graduação, pós-graduação e recém-formados, oriundos de 22

instituições acadêmicas, têm participado e gerado mais de 500 ideias de negócios

para os empreendimentos sociais; dessas, oito já viraram negócios.

A competição surgiu por iniciativa do governo de Hong Kong, que pediu às

universidades alternativas para resolver os problemas sociais, como a redução do

desemprego, a desinformação sobre gestão ambiental e assim por diante.

A inscrição para a competição é gratuita, cada equipe é composta de dois a cinco

estudantes. Na inscrição é exigida uma resenha da ideia com no máximo cinco páginas.

Aprovada, tem de elaborar um plano de negócio e tem até 15 minutos para apresentá-lo

a uma banca de jurados, externos ao corpo da universidade. Eles têm 20 minutos para

as perguntas que devem ser respondidas na hora pelos participantes.

São escolhidas 24 equipes que vão para uma semifinal. Na ocasião, devem entregar

o plano de negócios mais detalhado – máximo 20 páginas. Saem seis grupos finalistas

e entre eles dois vencedores que terão um mentor para acompanhar a implantação do

negócio sugerido. Os outros quatro também podem ter apoio nas suas implantações.

A equipe campeã, em 2008, apresentou um projeto de reciclagem de lixo orgânico

e a de 2011, um projeto para o aproveitamento do pelo da tosa dos cães para confecção

de roupas. O foco da competição é mudar a mentalidade dos alunos por meio da análise

dos problemas sociais.

104

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

TaiwanE o seu papel-chave na economia global

Um dos quatro tigres asiáticos, Taiwan é a 26ª maior economia do mundo, com

uma população de 23,2 milhões de habitantes. Sua capital Taipei abriga 6,6 milhões

de pessoas. Em pouco tempo tornou-se centro mundial de produção de circuitos

integrados e monitores de tela, bem como um polo de fabricação de produtos

ligados à tecnologia, cuja indústria desempenha papel-chave na economia global.

O forte da produção de Taiwan são os eletrônicos:

z produz a metade do mercado mundial de displays de tela plana;

z ocupa o 1º lugar no mundo em fornecimento de circuitos integrados para

notebooks, motherboards e monitores;

z é a número dois no ranking mundial em design aplicado a circuitos

integrados e a 4ª em produção deste item.

Nos últimos 50 anos, o governo e os setores privados de Taiwan têm trabalhado

juntos para melhorar de forma contínua e estável a sua competitividade industrial.

Os principais marcos dessa escalada são:

z década de 1950: o governo adota medidas estruturais como a reforma

agrária e o Programa de Desenvolvimento Econômico – foi a época da

mão de obra intensiva buscando substituir as importações;

z década de 1960: o governo institui o estatuto para incentivo ao investimento

e estabelece as zonas de processamento para exportação, direcionamento

de esforços para investimentos em capital-intensivo, estratégias para

expansão das exportações e maciços investimentos em infraestrutura;

z década de 1970: o governo investe na criação de programas e institutos

relacionados à P&D, cria parques industriais científicos, desregulamenta e

reduz impostos e foca no aprimoramento da infraestrutura e na liberalização

da economia;

105

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

z década de 1980: o governo cria o estatuto para incentivo à atualização

industrial, implanta o plano nacional de desenvolvimento hexa-anual

e libera investimentos na China Continental. Consolida a mudança dos

investimentos de capital para o setor tecnológico-intensivo, com ênfase

no aprimoramento tecnológico industrial;

z anos 2000: a estratégia adotada foi buscar posicionamento mundial

relacionado à cultura da inovação, desenvolvimento da economia baseada

em conhecimento, implementação do plano nacional de desenvolvimento

e promoção das seis indústrias emergentes: turismo, saúde, cultura e

criatividade, biotecnologia, energias renováveis e agricultura;

z década de 2010: foco na integração econômica regional. Promulgação do

Estatuto para Inovação Industrial e acordo para estruturar as operações de

cooperação econômica.

Como se pode ver, em aproximadamente 50 anos, graças ao planejamento do

governo e da iniciativa privada, a economia do país passou da indústria convencional

à industrialização inovadora. Ações planejadas, com foco no conhecimento,

investimentos governamentais e legislação favorável, ajustada aos diferentes períodos

de desenvolvimento e do planejamento estratégico de longo prazo, proporcionaram

essa virada crucial.

Para sustentar esses resultados, o país adotou um sistema tributário relativamente

simples, que veio sendo revisado e se adequando aos diferentes momentos da sua

economia.

Depois das reformas em 1998 e 2006 pode-se resumir a sua carga de impostos da

seguinte forma:

z o imposto sobre renda para pessoas jurídicas é de, no máximo, 17%,

compensável pelos recolhimentos individuais dos acionistas. Empresas com

movimento superior a 69 mil dólares recolhem no mínimo 10% de imposto;

z as tarifas médias de importação são de 6%, sendo que para produtos

industriais 4,23% e para os agrícolas 14,86%;

z imposto comercial sobre valor adicionado: 5%;

106

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

z as empresas que trabalham com P&D podem abater até 15% do imposto

sobre renda com base no Estatuto para Inovação Industrial em vigor desde

1º/1/2010.

Além das questões tributárias, alinhadas ao planejamento estratégico para o

desenvolvimento de Taiwan, o incentivo à inovação e produção de conhecimento

desempenha um papel fundamental nesse processo, o que incentivou a criação de

mais de 100 parques industriais no país. Destes, 18 foram desenvolvidos pelo governo

e 93 pela iniciativa privada. Com esse nível de suporte e investimentos, Taiwan ocupa o

6º lugar como “estado para desenvolvimento de clusters” entre 133 economias globais

avaliadas pelo World Economic Forum Global Competitiviness Report – 2009-2010.

Existem três grandes clusters no território, assim distribuídos:

z na área metropolitana de Taipei, estão os clusters das indústrias baseadas

em conhecimento: software, design de circuitos integrados e biotech;

z na área metropolitana de Taipei/Hsin-chu, estão os da tecnologia de

informação e comunicação, ótico-eletrônica, biotecnologia e maquinário

de precisão;

z no centro do país, maquinário de precisão, indústria têxtil e indústria de

bicicletas;

z no Sul, há os nichos específicos de P&D, sistemas micronano, integração 3C,

softwares de comunicação e internet.

BUREAU DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL

O MOEA – Industrial Development Bureau opera com seis companhias nacionais, 14

agências administrativas (o IDB – Ministry of Economic Affairs é uma delas), 16 unidades

de apoio e 64 escritórios no exterior.

O IDB atua com dois escritórios, um na região central e outro na região sul de Taiwan,

além da coordenação de uma central para promoção de investimentos.

107

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

Os escritórios principais (região central e região sul) operam com os seguintes

departamentos:

z Política industrial;

z Indústria metal-mecânica;

z Indústria da tecnologia da informação;

z Indústria química e de bens de consumo;

z Serviços do conhecimento;

z Desenvolvimento sustentável;

z Parques industriais.

Já o Centro de Assistência à Indústria trabalha por meio de comitês e programas

distribuídos em 11 setores:

1. Programa de cooperação industrial;

2. Desenvolvimento da aviação e indústria espacial;

3. Desenvolvimento da indústria de comunicações;

4. Desenvolvimento da indústria de maquinário de precisão;

5. Desenvolvimento da indústria ferroviária;

6. Programa da indústria de biotecnologia e farmácia;

7. Promoção da indústria de semicondutores;

8. Promoção da indústria de conteúdos digitais;

9. Promoção da indústria de color imaging;

10. Promoção da indústria de veículos elétricos inteligentes;

11. Promoção da indústria de scooters elétricos – motonetas elétricas.

108

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

PRESENÇA MACIÇA DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Atualmente, a economia de Taiwan é baseada em pequenas e médias empresas, as

quais representam mais de 98% do mercado e respondem por aproximadamente 78%

dos empregos gerados. Estima-se existir 1.270.000 pequenas e médias empresas no

país e, por ano, são criadas entre 80 a 100 mil novas empresas.

O Smea – Small & Médium Enterprise Administration é uma organização criada para

promover o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. É mantida, em grande

parte, pelo governo, o que lhes permite subsidiar seus serviços mais especializados,

como os de consultoria e suporte à obtenção de crédito – em média 40%. Para cumprir

seu papel, atua por meio de três abordagens:

z de 65% a 70% de seus recursos são direcionados para empresas iniciantes;

z de 27% a 34% são destinados aos serviços de orientação estratégica;

z de 1% a 3% são aplicados em empresas top.

Para as empresas iniciantes, os serviços concentram-se na cooperação mútua, na

formação de clusters industriais, na indústria baseada na cultura local e em programas

de financiamento.

Para as empresas intermediárias, trabalham oferecendo consultoria especializada –

guidance systems – nas mais diversas áreas: segurança industrial, P&D, prevenção à

poluição, tecnologia de produção e temas de gestão.

Os serviços de consultoria da Smea são realizados por empresas contratadas –

licitadas, por isso ela possui apenas 105 funcionários. Está presente em 21 cidades,

normalmente com um representante local, estrutura que permite atender em média

150 a 160 mil empresas/ano. Nesse cálculo estão incluídos os serviços de treinamento.

109

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

Classifica os portes de empresa com base nos seguintes critérios:

SETORES PEQUENAS E MÉDIAS MICRO

Indústria, Construção, Mineração e Pedreiras

Investimento Integralizado < 2,6 milhões de dólares ou < 200 empregados < 5 empregados

Comércio e Serviços Faturamento anual < 3,3 milhões de dólares ou < 100 empregados < 5 empregados

Segundo estudos realizados pelo Asean/Suíça, divulgados em seu relatório sobre

Índices de Competitividade Mundial, Taiwan ocupa o 1º lugar no mundo em abertura

eficiente de pequenas e médias empresas e 7º no indicador de competitividade mundial.

Quanto à promoção de acesso ao crédito, possui um tipo de fundo de aval que pode

cobrir até 80% do valor do financiamento, com taxas de juros variando de 0,5 a 1,5%

ao ano. Além disso, dispõe de legislação especial que lhe permite investir em empresas

privadas. Isso é feito após criteriosa análise (terceirizada) do plano de negócios da

empresa, a qual, se favorável, dá a condição ao Smea de tornar-se associado ao negócio.

Outras linhas de ação envolvem aulas em faculdades sobre como criar uma empresa,

facilitação de empréstimos diferenciados a jovens que estiverem abrindo seu 1º negócio.

INOVAR PARA UM FUTURO MELHOR – ESTE É O LEMA

Aqui vemos na prática o quanto uma boa e consistente estrutura de pesquisa e

desenvolvimento, tocada por gente capacitada, pode ajudar um país a crescer, inovar

e se modernizar. O ITRI Industrial Technology Research Institute é uma organização

sem fins lucrativos, que, desde 1973, tem papel vital nas conquistas tecnológicas de

Taiwan. Conta com 5.728 funcionários, destes, 1.163 são doutores e 3.152 possuem

mestrado. Juntos produzem a incrível média de cinco patentes de invenções por dia.

Funciona como um centro de pesquisa multidisciplinar, com seis laboratórios

centrais e sete centros tecnológicos. Atua em diversas áreas, todas ligadas à economia

moderna e de futuro, como a tecnologia da informação/comunicação, eletrônica e

óptico-eletrônica, química, nanotecnologia, dispositivos médicos e tecnologias

biomédicas, mecânica e sistemas de tecnologia de energia verde e meio ambiente.

110

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

DE NOVO, A EDUCAÇÃO COMO VANTAGEM COMPETITIVA

Durante muito tempo Taiwan enviou seus jovens, em regime de bolsas, para

estudar em países tecnologicamente mais adiantados, com o objetivo de observar,

aprender e voltar ao país para aplicar seus conhecimentos em prol do programa de

desenvolvimento e competitividade estabelecido pelo governo. Tudo em longo prazo,

de forma constante e escalonada.

Para não ficar longe das novidades dos grandes centros tecnológicos mundiais e

poder participar do que há de mais novo e avançado nos seus setores estratégicos, o

ITRI mantém filiais no Vale do Silício, Tóquio, Berlim e Moscou, além de um centro de

treinamento e um outro relacionado à criatividade em parceria com IBM e o MIT dentro

do Parque. Tudo visando ao desenvolvimento das suas empresas.

Um bom exemplo da assistência que a entidade presta ao mundo corporativo é o de

uma empresa que produzia bicicletas e solicitou ajuda para melhorias do seu produto.

O ITRI desenvolveu um material em fibra de carbono, a um custo de 1 milhão de dólares

para dominar essa tecnologia. Além dessa ajuda na parte do desenvolvimento do

material, deram apoio na implantação desse novo produto. Resultado: um verdadeiro

sucesso mundial em vendas. A ajuda que o ITRI oferece não se limita às empresas

localizadas nos parques tecnológicos.

ESTÍMULO À P&D E À PRODUÇÃO

O Parque Tecnológico/Científico de Hsinchu o HSP – Hsinchu Science Park – é uma

espécie de zona franca onde as empresas ali instaladas têm isenção de impostos e

contam com subvenções do governo. Essa agência governamental foi criada em 1980

e propicia a infraestrutura necessária para facilitar o desenvolvimento dos trabalhos

das empresas, deixando-as livres para se dedicar exclusivamente à P&D e à produção.

As empresas não têm que se preocupar com assuntos do tipo alimentação,

vestuário, habitação, transporte, educação e recreação e seus funcionários recebem

subsídios para a capacitação profissional. O espaço é ocupado por 150 mil empregados,

dos quais 3 mil vivem nos alojamentos do parque.

111

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

Estão instaladas no parque HSP 481 empresas, das quais 65 estrangeiras – 17 dos

Estados Unidos e 14 do Japão. Sessenta e oito por cento delas produzem semicondutores

e 19%, produtos óptico-eletrônicos. Somadas, respondem por 8% do PIB de Taiwan.

CHINA, ATÉ ENTRE OS GRANDES, A ESCALA É OUTRA

Quando se fala ou se pensa em China, há que se ter presente a diferença substancial

de escalas. A “escala chinesa” é completamente distinta do restante dos países. Afinal,

trata-se de um país-continente com 1,3 bilhão de habitantes, abrigando a cidade mais

populosa do planeta – Chongquing, hoje com 33 milhões de habitantes. Os números

chineses impressionam: eles são primeiro lugar em vários setores e, em muitos, ocupam

o segundo lugar. Por exemplo, eles são o maior produtor de ferro e aço – siderurgia; o

segundo lugar, ocupado pelo Japão, produz seis vezes menos. Possuem a maior frota de

veículos da Terra e se todo chinês fosse proprietário de um carro não haveria petróleo

suficiente para abastecê-los. Tamanha escala de grandeza, aliada a uma base energética

de carvão, faz da sua atmosfera uma das mais poluídas do mundo.

ESCALA QUE TAMBÉM SE APLICA ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Estima-se que existem hoje na China mais de 13 milhões de pequenas empresas e

mais de 37 milhões de micro, num total de 50 milhões de micro e pequenas empresas,

que representam 99% das empresas chinesas. Elas são responsáveis por 59% dos

impostos recolhidos, 58% do PIB, 80% dos empregos e 70% dos assuntos ligados à

inovação, motivos pelos quais o governo chinês inicia um grande programa de apoio

às micro e pequenas empresas, já que até aqui a ênfase havia sido voltada às grandes

empresas.

Entre as principais dificuldades enfrentadas pelas micro e pequenas empresas na

China, destacam-se: a falta de dinheiro/crédito e a falta de mercado devido à crise

econômica de 2008, que afetou as exportações. Em 2003, o governo chinês aprovou

uma lei nacional de apoio e promoção das micro e pequenas empresas, assemelhada

à Lei Geral da Micro e Pequena Empresa do Brasil, compreendendo questões ligadas

112

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

a empreendedorismo, inovação tecnológica, crédito, dentre outros. Tal lei representa,

a rigor, o reconhecimento oficial, por parte do governo chinês, da importância social

e econômica das micro e pequenas empresas. A tendência é investir mais nas micro

e pequenas empresas e também importar mais e exportar menos, principalmente

em tecnologias que não dominam. Por isso, o governo pretende atrair ainda mais

investimentos ao país.

O país vive um momento de transição de governo, o que ocorre a cada dez anos. Essa

é a quinta geração de governantes a assumir o comando e é vista como ponto crucial

para o futuro da China e do mundo. Os novos governantes indicarão o posicionamento

e o direcionamento do país em relação à política econômica, especialmente no que se

refere ao mercado interno e externo e às políticas internas, para a próxima década.

O governo exerce papel forte junto às grandes estatais e às empresas privadas,

principalmente no financiamento subsidiado, e a opinião pública chinesa começa a

ter peso cada vez maior nas decisões do governo.

A educação exerce papel fundamental na China, tendo por base a filosofia de

Confúcio: rigor, disciplina, respeito à hierarquia. O ensino dá ênfase à memorização.

Como a mão de obra especializada começa a ficar “cara”, existe um movimento

de transferência de grandes plantas industriais para outras regiões, como é o caso do

Camboja e da Coreia.

A RELAÇÃO GANHA-GANHA CHINA/BRASIL

As relações comerciais entre os dois países estão bastante aquecidas. Atualmente,

há um grande número de missões técnicas de ambos os países trocando informações e

estabelecendo parcerias técnico-comerciais. Os chineses demonstram grande interesse

em conhecer a nossa realidade e querem fazer alianças com empresários brasileiros. A

China é hoje o principal parceiro comercial do Brasil, porém, ainda estamos exportando

produtos de base, sem valor agregado (milho, soja e minério de ferro) e importando

produtos com alto valor agregado.

113

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

PEQUENAS EMPRESAS SÃO PREPARADAS PARA A EXPORTAÇÃO

Com sede em Pequim e fundada em 1990, a Cicasme – China International

Cooperation Association of Small and Medium Enterprises é a primeira instituição

de caráter não governamental, criada para ajudar as micro e pequenas empresas da

China. É uma espécie de ONG, composta por 2 mil membros/associados e, dentre

outras finalidades, está voltada à preparação das micro e pequenas empresas para a

exportação e à realização de parcerias e alianças internacionais.

Sua receita provém basicamente de três fontes: cobrança de mensalidade dos

associados, doações/patrocínios e prestação de serviços aos associados e ao governo.

Por exemplo, recentemente o governo encomendou uma pesquisa para avaliar, junto

aos empresários, os efeitos e resultados da lei nacional de incentivo às micro e pequenas

empresas, que está em vigor há dez anos.

CADA UM CUIDA DE UM NICHO

Na passagem pela China, conhecemos a Prosme – Promotion of Small and Medium

Development, uma organização governamental vinculada ao Ministério da Indústria

e Comércio e responsável pela Secretaria Geral da Cicasme. Focada na preparação e

organização das micro e pequenas empresas, possui filiais em várias cidades e perto

de mil pontos de atendimento; assemelha-se ao Sebrae.

Apesar da atuação conjunta, cada uma faz o seu trabalho em separado: a Prosme

atua na capacitação, gestão de negócios, tecnologias, busca da melhoria da qualidade

global, levanta as dificuldades para o desenvolvimento dos pequenos negócios e as

encaminha à Cicasme para que faça recomendações/sugestões de políticas junto ao

governo.

Ambas visam a facilitar o desenvolvimento das pequenas e médias empresas

chinesas. Hoje a atuação é conjunta, mas a tendência é que, em pouco tempo, atuem

de maneira independente, dentro do foco de cada uma.

114

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

ZONAS DE COOPERAÇÃO – UMA BOA IDEIA

É grande o interesse em ajudar as empresas brasileiras interessadas em atuar na

China. As chamadas zonas de cooperação, por exemplo, oferecem o apoio necessário.

Já têm convênio de cooperação com a Alemanha, experiência bem-sucedida, da qual

resultou a criação de uma espécie de parque industrial exclusivo para empresas

alemãs, em que se acham instaladas 150 empresas do setor de eletrônicos.

Nas conversas que mantivemos, os chineses manifestaram a intenção de criar

uma zona de cooperação com o Brasil ou com a América Latina, possibilitando ações

concretas e negócios com o nosso continente, assim como fazem com a Alemanha.

Eles mantêm um banco de dados e informações úteis para as micro e pequenas

empresas chinesas que desejam se internacionalizar – informações sobre as diferentes

legislações tributárias, costumes, cultura local, dentre outros. Para as empresas chinesas

que querem atuar no Brasil, fornecem informações gerais sobre o mercado brasileiro.

Quando há necessidade de dados mais específicos, realizam o levantamento de que

as empresas necessitam. Dão apoio inclusive na questão do idioma – serviços de

tradução – e ajudam na participação em feiras, por exemplo.

A classificação de micro e pequena empresa na China é de acordo com o número

de empregados e faturamento anual, com algumas exceções pontuais. Para facilitar

o entendimento dos empresários e o enquadramento da empresa, criaram um livro

“tira-dúvidas”, com perguntas e respostas mais frequentes (infelizmente este material

não está disponível em outras línguas).

A China aproxima-se de um momento decisivo para a definição do próximo ciclo de

desenvolvimento. Será difícil manter o alto nível de investimentos públicos que foi a

base do crescimento de 10% ao ano até 2010. É grande a intervenção e o envolvimento

do Estado nos negócios privados, em alguns setores fica difícil estabelecer uma linha

divisória entre empresa e governo.

115

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

PERCEPÇÕES GERAIS DA PASSAGEM PELO LESTE ASIÁTICO

z Índia, Hong Kong, Taiwan e China são exemplos de países que apostam em

planejamento de longo prazo, como estratégia para crescer.

z Taiwan e Hong Kong desenvolveram rapidamente suas economias com

base em investimentos em tecnologia, infraestrutura e educação, incentivos

às exportações, abertura para a entrada de capital estrangeiro, forte

participação na economia de mercado e incentivos tributários. China e Índia

seguem na mesma direção.

z Os quatro países têm muito a ensinar ao Brasil, seja por seus erros seja pelos

seus acertos com relação ao empreendedorismo.

z Do ponto de vista do desenvolvimento econômico e social, um ponto que

nos chamou a atenção foi o planejamento estratégico com foco bastante

definido. Mesmo cada país tendo suas peculiaridades, até na Índia, onde

ainda se há muito para crescer e melhorar economicamente, o foco de longo

prazo é bem claro.

z Nós pudemos perceber que eles têm foco no que querem e sabem bem para

onde vão. O planejamento de longo prazo explica o porquê da maioria dos

países asiáticos desenvolveu-se tanto em tão pouco tempo.

z Na Índia, há uma enorme desigualdade social do país, que tem praticamente

metade da sua população de 1,2 bilhão de pessoas na pobreza e, por

outro lado, tem o maior número de bilionários do mundo. No entanto, o

planejamento dos governantes do país é sair dessa situação em 20 anos, já

que eles possuem um expressivo mercado consumidor de 350 milhões de

pessoas com poder aquisitivo, em franca e crescente expansão, assim como

uma extraordinária capacidade de produção.

z É possível ver que a Índia já está fazendo o caminho inverso para o

crescimento. Eles espelharam-se muito no Brasil da década de 1960, que

fez muitos investimentos em infraestrutura. Mas nós paramos e passamos

a crescer sem investimentos. Lá está acontecendo o contrário. Mesmo

116

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

com toda pobreza que o país tem, estão investindo em infraestrutura. Em

função disso, a Índia provavelmente vai ter uma base sólida para acelerar

seu crescimento.

z Como o crescimento econômico na Índia ainda é incipiente, os empresários

de micro e pequenas empresas ainda não contam com apoio e organização

suficiente. Vimos muitos negócios informais por lá. Muitas portinhas.

Estamos bem à frente. Porém, percebemos grande interesse em fazer

negócios com o Brasil.

z Apesar de ter uma grande quantidade de micro e pequenas empresas na

Índia e na China, as ações voltadas aos empresários de pequeno porte,

nesses países, estão concentradas em algumas regiões ou em alguns órgãos.

Na há uma instituição que dê amplo apoio. Os governos têm mais interesse

em atrair grandes corporações porque, como a população é muito grande,

há necessidade de geração de emprego. E a microempresa não absorve isso.

z Assim como a China já faz há um bom tempo, a Índia também tem vontade

de aprender, buscar tecnologias para crescer. Eles querem acesso a novas

tecnologias para aprender e desenvolver por lá. Eles carecem de tudo um

pouco. E isso abre oportunidades para empresários estrangeiros.

z A China também tem a mesma vontade de aprender. A diferença é que já

está traçando o caminho há mais tempo. Vimos que os chineses investem

muito em educação e em um sentido bastante amplo. Isso está dentro do

planejamento estratégico deles.

z A indústria chinesa tem qualidade sim. Eles passaram por um processo de

aprendizado copiando. Agora têm a tecnologia. E é preciso acompanhá-los,

pois eles têm qualidade e preço.

z A palavra de ordem nos dois países gigantes – Índia e China - é inovação e

há muito investimento em pesquisa e desenvolvimento, principalmente na

China. Os indianos nos disserem que têm muito interesse no nosso etanol.

Eles querem vir ao Brasil aprender a tecnologia, pois querem plantar e

produzir por lá.

117

MISSÃO LESTE

ASIÁTICO

z Hong Kong e Taiwan, dois dos quatro ‘tigres asiáticos’ (este apelido foi

dado em função do rápido crescimento econômico e social dos países),

sofreram com sérios problemas políticos, hoje se consideram autônomos

e independentes da China, têm territórios pequenos e, no caso de Hong

Kong, com poucos recursos naturais – em especial água potável e energia.

Mas, apesar das condições desfavoráveis, eles estão hoje bem classificados

no ranking Doing Business. E isso graças ao foco na direção correta e ao

planejamento estratégico de longo prazo.

z Hong Kong nasceu com recursos limitados. Por ser uma ilha, não há recursos

naturais. No entanto, eles definiram o que queriam e traçaram o caminho

sem desvios. O foco dos dois países deve servir de exemplo para o Brasil.

Hong Kong, que é denominada uma Região Administrativa Especial até

2047, posicionou-se como a principal porta de entrada de mercadorias para

China continental. Com investimentos pesados em infraestrutura, o país

trabalha para atrair exportadores e importadores para os seus portos.

z Um posicionamento estratégico do governo de Hong Kong é procurar

deixar claro ao mundo que sua legislação é diferente e independente da

China e que lá a falsificação de produtos não é tolerada e os contratos são

respeitados. Lá a legislação é clara e oferece segurança para investimentos

e propriedade intelectual.

z O governo tem o papel de facilitador, apenas. Em Hong Kong não se sente a

interferência do Estado nos negócios, como acontece na China. O governo

só cria condições, arruma a casa sem ser percebido.

z Ao contrário de muitos países, em que as regras e a legislação mudam a

cada instante, desconcertando e desorientando os agentes econômicos. Nos

países visitados, há segurança jurídica nas relações de negócio e respeito

aos contratos.

z A tecnologia do futuro está sendo desenvolvida em Taiwan. Essa foi a

primeira impressão que tivemos no país que não se considera território

chinês apesar de ser reclamado pelo governo da China. Apesar de ao

chegarmos a Taipei termos a impressão que estávamos em uma cidade

118

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

bem menos desenvolvida que Hong Kong, nos enganamos. Taiwan é a

26ª maior economia do mundo. A indústria de tecnologia desempenha um

papel-chave na economia global.

z O setor industrial tem sido a força motriz para o desenvolvimento

econômico de Taiwan. Nos últimos 50 anos, o governo e os setores privados

de Taiwan têm trabalhado em conjunto para melhorar continuamente a

competitividade industrial e para alcançar um crescimento econômico

estável. E o setor de serviços também cresce a passos largos.

z O crescimento deste país se deu porque desde os anos 1950 foi feito um

planejamento de nação, as escolhas foram acertadas e nunca se saiu do

foco. A cada dez anos eles desenvolvem um planejamento para uma nova

frente. Com isso, foram dando passos de escada e hoje estão na indústria

da inteligência. Isto é, em cerca de 50 anos, a economia de Taiwan passou

da indústria convencional à industrialização inovadora baseada em

conhecimento.

z Hong Kong e Taiwan devem se preocupar mais com os empresários de

micro e pequenas empresas daqui para frente. E, como são países com

competitividade internacional, devem voltar o foco para outras economias.

z Eles vão entrar no nosso mercado. Então, nossas micro e pequenas empresas

precisam ser competitivas em nível internacional. Eles têm infraestrutura,

desenvolvimento de pesquisas, dinheiro, entidades de apoio às pequenas

empresas e foco. Além disso, podem não ter visão empreendedora, mas têm

muita visão de negócio.

Câmbio de 2011 – 1 real = 0,51161 dólar

As lições aprendidas

As lições aprendidas

As opiniões dos grupos

122

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

NENHUM PAÍS PODE SER BOM EM TUDO, POR ISSO A NECESSIDADE DE FOCO

De todos os países visitados, observamos uma característica comum: são muito

focados em suas escolhas estratégicas e não se desviam delas ao sabor de cada

mudança de circunstância, quer política, econômica ou de qualquer outra natureza.

Todos sabem onde desejam e precisam chegar. É questão de sobrevivência, orgulho

de pertencer a uma causa nobre – o destino dos seus países – e disciplina espartana.

Os projetos dessas nações são repartidos com todos os seus habitantes, da alta

hierarquia ao cidadão mais comum. A cada reunião, parecia que escutávamos um

mantra de tão repetitivos eram os ordenamentos das suas missões e objetivos.

Todo cidadão incorpora o dever coletivo e colabora com a sua execução. As metas

estabelecidas, normalmente para 30-50 anos, são baseadas na economia, mercado,

história, necessidade de sobrevivência, recursos naturais e potencial da região. E

sobre essas escolhas são analisadas as necessidades de se preparar a população e a

infraestrutura do país para alcançá-las. Nada é sonhar um sonho impossível, nada

é utópico, o possível é possível com preparo, educação e trabalho árduo e sem desvio

do foco. Por exemplo, a Malásia quer ser o país mais avançado do mundo em 2022 e

todo o caminho político, econômico e social decorre desta decisão com todas as ações

girando em torno deste conceito.

Para ser o que querem ser, precisam de gente altamente qualificada – educação,

boa remuneração para todos, menos impostos e entraves burocráticos, produzir

produtos de classe mundial e extremamente competitivos no mercado internacional.

Cingapura quer ser o melhor país do mundo para se fazer negócios. Há 50 anos, a

Coreia do Sul precisava ser um gigantesco polo exportador porque é carente em

recursos naturais, o que hoje é uma realidade. De um país de extrema pobreza, a

Coreia ostenta hoje uma das maiores rendas per capita do mundo.

APOIO OU ASSISTENCIALISMO

“Não vamos dar apoio para que nossas pequenas e médias empresas sobrevivam ao

longo do tempo, isso vicia, queremos que elas cresçam e se tornem grandes e disputem

123

AS LIÇÕES APRENDIDAS

com agressividade o mercado mundial.” Ouvíamos essa frase, com frequência, em quase

todos os países.

Nada de assistencialismo, mas sim apoio no preparo da mão de obra qualificada, no

uso da melhor matéria-prima, nas facilidades do crédito e nos desentraves burocráticos.

DEFINIÇÃO CLARA DOS PAPÉIS – CADA ENTIDADE SABE O QUE FAZ E FAZ BEM

Um costume brasileiro é ter várias pessoas ou instituições fazendo a mesma coisa,

ao mesmo tempo, em total sobreposição de papéis. Como as ações se embaralham e a

responsabilidade fica difusa e sem dono, o que tem que ser feito, demora ou não é feito.

Em nosso país é comum se ouvir: “o socorro não veio a tempo, porque esta ação é da

alçada de tal departamento”. E tudo fica parado. Assim acontece com as concessões de

financiamento, com as licenças ambientais, com os impostos e taxas, os quais chegamos

a pagar duas ou três vezes pela mesma coisa.

Este empurra-empurra trava e dificulta nossas ações e perdemos competitividade.

Ninguém faz nada porque todos têm que fazer a mesma coisa. Essa sobreposição de

trabalhos dos organismos governamentais não foi vista nos países que visitamos, cada

instituição sabe do seu papel no contexto geral e até onde pode chegar. Assim o pequeno

e médio empresário sabe em que porta bater para solicitar auxílio de gestão, crédito ou

buscar expertise técnica para ajudá-lo a desenvolver os seus negócios.

O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

“As grandes empresas vivem e sobrevivem por si só e, normalmente, não necessitam

mais do apoio e de políticas governamentais. Elas têm condições de andar sozinhas.

Quem precisa mesmo de apoio é a média empresa que passa pela crise e pelos perigos

do crescimento”, diziam quando o assunto sobre os tamanhos das empresas era

abordado. Esta, talvez, seja a lição mais importante em todas as viagens.

Nós brasileiros, temos que fazer um mea culpa, somos bons em ser pediatras

de empresas e nada bons em assuntos de puericultura empresarial. Por exemplo,

quando uma empresa passa de pequena para média, sobe rapidamente de 10 para 100

funcionários e de um faturamento de R$3 milhões para R$15 milhões que com certeza

124

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

precisará de mais máquinas e equipamentos, melhorar seus processos internos, de

novas ferramentas de TI, armazenagem maior, dentre outros. Nesse momento, quando

a empresa está se aprumando, as instituições brasileiras viram-lhe as costas.

Nos países visitados isso quase não acontece, os parâmetros para definir se uma

empresa é pequena ou média são outros: eles consideram o número de funcionários,

faturamento e, importante, o setor ao qual a empresa pertence. Empresas industriais com

50 funcionários são diferentes de outras do setor de serviços. Um escritório de software,

por exemplo, com esse número de funcionários já pode ser considerado grande.

Quase todos os países apostam suas fichas, oferecendo total apoio às médias e

querem fazer delas verdadeiros tigres no comércio internacional. Com isso, acontece a

excelência da classe mundial e as expertises da competitividade.

INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO DE ALTO POTENCIAL

Costumamos no Brasil entender a inovação como refinamentos tecnológicos

acessíveis apenas às grandes empresas. Para a maioria dos países visitados, a inovação

abrange tudo – produtos e serviços. Desde uma nova forma de se vender produtos

de um supermercado ao desenvolvimento de uma impressora em 3D ou de uma

plataforma de CRM. A inovação, para eles, não é discurso da boca para fora, é caso

concreto em como tornar formas conhecidas de produtos e serviços em formatos

inusitados e mais eficientes e altamente competitivos no mercado mundial.

Quando percebem empreendedores com ideias de alto potencial inovador, e que

possam conquistar o mercado internacional, investem pesado na ideia e no criador,

dando-lhes apoio de pesquisa científica, da técnica e do financiamento. Alguns países

chegam a arriscar o dinheiro público em alguns projetos dizendo que se um projeto

vingar, isto é, der certo, paga o prejuízo de todos aqueles que não acertaram.

EMPREENDEDORISMO, CRIAÇÃO DE EMPRESAS E GERAÇÃO DE NEGÓCIOS

Quase todos os países visitados são pragmáticos com este assunto: as ideias de

negócios têm de gerar negócios e não aventuras de empreender ou de pesquisar.

Se alguém tem uma ideia para um business qualquer ou quer fazer uma pesquisa

125

AS LIÇÕES APRENDIDAS

acadêmica a pergunta sempre é: “Qual o potencial da sua ideia em gerar negócios?”. Se

não houver o potencial, nada feito. Nas universidades, não se fazem pesquisas estéreis,

elas sempre têm de estar ligadas a uma atividade empresarial, que, por sua vez, liga-se

ao mercado mundial.

Existem programas como o nosso Empretec, no qual o empreendedor estuda, conhece

melhor suas características empreendedoras e sai com a empresa aberta e operando no

mercado. Diferente da nossa visão do empreendedorismo, voltado para a vida e para a

realização pessoal de alguém, empreendedorismo, para eles, é gerar negócios.

PESQUISAS ACADÊMICAS, SÓ COM APLICAÇÃO PRÁTICA

Há muito dinheiro para os pesquisadores nas universidades, desde que suas

pesquisas tenham aplicação prática e possam gerar negócios. A simbiose empresa

universidade é total – uma apoia a outra e os empresários são sempre bem-vistos

pelos acadêmicos. Praticamente não existem as pesquisas do tipo arte pela arte.

Quem submete uma ideia para um trabalho acadêmico responde, na própria

universidade, perguntas como: “Que aplicação comercial a sua pesquisa vai gerar?”,

“Como o resultado do seu trabalho poderá ser vendido e conquistar o mercado?”,

“Como é que você vai vender isto?”. No Brasil, ainda estamos muito longe desse tipo

de comportamento, por cultura de longa data.

O EMPREENDEDORISMO COMO CARREIRA

Para nós, por muito tempo, o empreendedor era aquela pessoa que perdera

o emprego e não encontrava outro ou tivera acesso a um capital, na maioria das

vezes, fruto de uma demissão voluntária ou negociada. Nos países visitados, o

empreendedorismo está virando curso de formação profissional, no qual as pessoas

estudam para serem empreendedoras.

Em alguns países, principalmente nos escandinavos, onde o espírito empreendedor

declinou ao longo do tempo, por causa da oferta de bons empregos em grandes

empresas ou nas estatais, a necessidade de jovens com espírito empreendedor é

grande. Assim, ensinam o processo de empreender do jardim de infância à faculdade.

126

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Alguns países estão importando jovens empreendedores munidos de boas ideias,

inclusive do Brasil.

O MUNDO COMO CAMPO DE BATALHA – INTELIGÊNCIA DE MERCADO E MONITORAMENTO

DE TENDÊNCIAS

Os países visitados, em sua maioria pequenos em extensão territorial e com

pouca população, exceto Índia, China e Rússia, visam com veemência ao mercado

internacional, até mesmo por questão de sobrevivência. Por causa disso, precisam

melhorar constantemente os seus produtos e preparar sua população para o grande

jogo internacional.

O Brasil, pela dificuldade na fluência da língua inglesa, pela distância aos grandes

centros consumidores internacionais e pela atração do seu amplo mercado interno, é

frágil participante desse jogo comercial, pois é mais cômodo para nossos empresários

vender seus produtos e serviços internamente do que sair disputando essa briga.

ALTA COMPETITIVIDADE ENTRE AS NAÇÕES É O NOME DO JOGO

Nossa cultura comercial como fornecedores de commodities é notória e vem de

longa data. Está no nosso DNA. Começou no período colonial, quando exportávamos

pau-brasil, açúcar e madeira, e cruzou o século passado com os cereais e minerais.

Enviamos matéria-prima e importamos produtos acabados, o que é sempre uma

desvantagem para a nossa balança comercial.

Fomos o maior produtor de café in natura do mundo durante quase 300 anos

e não inventamos o filtro de café, a máquina de café, o descafeinado ou qualquer

outro produto que seja relacionado ao café, que pudesse nos oferecer valor agregado

nas transações comerciais. É uma herança genética difícil de ser expurgada, pois o

comodismo instalou-se de tal forma, que pensar em entrar na competição global

torna-se difícil.

Vimos programas específicos em algumas nações que visavam tão somente à

competição dos seus produtos no mercado mundial. A empresa já nasce pensando no

comércio global e para tal se prepara pensando nas exigências dos seus clientes e de olho

127

AS LIÇÕES APRENDIDAS

nas aptidões e vantagens competitivas dos seus concorrentes. Ser melhor e mais apto do

que o vizinho é exigência para a sobrevivência. Por isso, monitoram de forma constante

as tendências e fazem ajustes às exigências do mercado internacional. Olhar, monitorar

e fazer estratégias inteligentes e de longo prazo são tarefas de todos, hoje e sempre.

LEIS, REGRAS, REGULAMENTOS E PORTARIAS – SE NÃO SERVEM PARA NADA, TIRA-

SE DO CAMINHO

Muitos dos países perceberam logo que o excesso de leis e regulamentos são travas

para a competição e para o progresso da sociedade. Alguns realizaram verdadeiros

mutirões para limpar o excesso de leis e regulamentos e, com isso, deram passos largos

em direção às facilidades comerciais.

Portos foram destravados, ampliaram-se de forma rápida as condições de

infraestrutura, estradas e aeroportos e as maneiras de se fazer negócios. Com isso, mais

empregos foram gerados e mais impostos arrecadados. E pensar que no Brasil criam-

se barreiras alfandegárias e complicam-se sistemas tributários de forma kafkaniana

a todo o momento.

Quem quer ‘empresar’ no Brasil, seja um empreendedor de fora ou local esbarrará

num cipoal de regras e incertezas jurídicas. O ambiente regulatório brasileiro –

burocracia – é um dos mais hostis do mundo ao empreendedorismo. Entre as 189

economias analisadas pelo Doing Business, do Banco Mundial, inspiração para nossas

missões, aparecemos na 116ª posição.

Palavras fi nais

130

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Sebrae PR 2022 Os horizontes estão abertos

Quando visitávamos as diversas instituições, era inevitável compará-las ao nosso

Sebrae, com atuação no Paraná. Fazíamos reflexões sobre os serviços que prestamos

à sociedade e aproveitávamos para tirar dessas visitas referências para o nosso

planejamento rumo a 2022, quando completaremos 50 anos de existência.

Em que pesem as diferenças culturais, econômicas e históricas entre nossos países,

podemos considerar que o Sebrae é uma das instituições mais efetivas do mundo em

termos de apoio aos pequenos negócios. Vimos in loco que instituições gigantes de

apoio ao empreendedorismo não têm, nem de longe a abrangência e a relevância da

nossa instituição.

Quando falávamos sobre os nossos programas, a maneira de trabalhar e o número

de empresários atendidos, as pessoas espantavam-se e queriam saber mais e mais

sobre a nossa forma de agir. Para alguns países, um sistema como o Sebrae e a

competência dos nossos parceiros de trabalho cairiam como uma luva neste momento.

Sobre o Sebrae PR, podemos dizer que sempre estivemos no caminho certo

sabendo moldar nosso trabalho às circunstâncias e às necessidades dos nossos clientes

nas horas apropriadas. Essas viagens, planejadas em minúcias e em rigoroso trabalho

de benchmarking, vieram em boa hora e estão sendo de extrema valia para nossas

ações presentes e futuras.

Algumas aplicações já estão sendo realizadas, por exemplo:

z sonhos, metas e visão estratégica devem ser compartilhados com todos;

z é necessário reforçar as parcerias estratégicas com as demais entidades

que prestam serviços ao mundo empresarial, cuidando para que não haja

sobreposição de serviços;

131

PALAVRAS FINAIS

z a inovação deve ser pauta permanente e, como tal, deve ser estimulada

ao máximo, tanto em nível interno quanto como incentivo e apoio aos

nossos clientes;

z atenção e apoio aos parques tecnológicos, clusters, centros de excelência e

às instituições de ensino e pesquisa;

z é necessária maior aproximação entre o mundo universitário e o setor

privado. Mecanismos práticos de comunicação e parceria devem promover

essa aproximação;

z é preciso monitorar de forma constante as principais tendências

tecnológicas e a evolução do mercado mundial. O Sebrae PR e seus

parceiros empreendedores precisam se abrir para o mundo;

z apoiar, participar e ajudar o estado do Paraná em seus projetos regionais

de governo e de entidades setoriais a alcançarem o mercado internacional;

z médias empresas brasileiras precisam de mais atenção;

z convencer nossos políticos e empresários de que todos são responsáveis

pela melhoria do nível educacional do nosso povo. Só com educação de

primeira linha, conseguiremos um novo e desenvolvido país;

z infraestrutura e logística devem ser da mais alta qualidade e de execução rápida;

z ajudar a despertar no jovem empreendedor forte sentimento de patriotismo

e orgulho nacional;

z incentivar sempre a necessidade de foco nas ações estratégicas e não sair

delas até que o trabalho esteja realizado.

z Provavelmente, os asiáticos devem ter algo similar ao provérbio latino “res,

non verba”, pois levam muito seriamente a execução dos planos e metas,

ou seja, “ação e não palavras”.

O Brasil, por causa do seu enorme mercado doméstico, fica fora do radar da maioria

das micro e pequenas empresas brasileiras. Mas, se almejamos ser um importante

player no mercado mundial, não podemos ignorar o papel que as micro, pequenas e

médias empresas deveriam buscar.

132

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Reflexões FinaisPLANEJAMENTO, FOCO E PERSEVERANÇA – O SEGREDO DO SUCESSO

Após o término dessa viagem, cada um de nós escreveu suas observações e

reflexões sobre o que vimos, não apenas no mundo das instituições congêneres que

dão apoio aos pequenos negócios, mas sobre as diferentes culturas e costumes e suas

diferentes realidades.

É preciso compartilhar sonhos!

Anexos

Anexos

136

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Anexo 1O Sebrae no Paraná e o Desdobramento da Estratégia do Sistema Sebrae – da visão para a ação

Em 2012, o Sebrae completou 40 anos de uma história marcada pela transformação

da vida de muitos empreendedores e pela promoção do desenvolvimento no Brasil.

Entretanto, bons resultados passados não são a garantia de um sucesso no futuro,

ou seja, o modelo de atuação que nos trouxe até o presente poderia não ser capaz de

responder ao dinamismo da sociedade e aos anseios dos empreendedores do futuro.

Foi pensando no futuro que se iniciou em 2011 uma profunda reflexão sobre a

atuação do Sebrae no Paraná, o Projeto Sebrae PR 2022. Uma data cheia de significados.

2022 marcará os 200 anos da independência do Brasil e os 50 anos do Sebrae.

Como serão o Brasil, as empresas e os empreendedores em 2022? Essa reflexão

iniciou-se com a premissa de debater, de forma ampla e irrestrita, o futuro do Sebrae

com a comunidade empresarial do Paraná. Na crença do Conselho Deliberativo

do Sebrae PR, o futuro da instituição deveria ser construído coletivamente, por

representantes da sociedade paranaense, dentre eles empreendedores, empresários

de micro e pequenas empresas, conselheiros do Sebrae PR, lideranças empresariais,

colaboradores, parceiros, clientes e não clientes.

Foram promovidos 15 encontros em todo o estado nos quais os quase 500

participantes contribuíram com 338 ideias. Essas ideias foram consolidadas e

organizadas em seis linhas estratégicas de atuação.Dessa reflexão sobre o passado e

o futuro do Sebrae PR, resultou uma constatação. De que o papel do Sebrae foi e será

o de promover transformações na sociedade, a partir do empreendedorismo e dos

pequenos negócios. E, se o papel da instituição é promover transformações, decorre

uma questão fundamental: qual é o agente elementar da transformação?

Esse raciocínio conduziu a uma conclusão simples, mas de extrema profundidade. O

agente de transformação da sociedade por meio do empreendedorismo e dos pequenos

negócios não é a pequena empresa, mas sim, o empreendedor.

137

ANEXOS

Atuando nos pequenos negócios, há sempre um ser humano, empresário e

empreendedor. Em outras palavras, o empreendedor ou empreendedora tem na

empresa o seu meio para provocar transformações na economia e sociedade. Todavia,

a amplitude de tais mudanças possui fatores limitantes. O ambiente de negócios

condiciona a capacidade de transformação do empreendedor.

Dessa forma, conforme figura abaixo, foram organizadas propostas de valor para

o Sebrae PR em seis linhas estratégicas e em vertentes relacionadas ao ambiente

negócios e à empresa, mas com ênfase no papel do empreendedor como agente da

transformação.

Com base nessa visão, em certa medida conceitual, utilizamos como ferramenta

o Business Model Canvas – inicialmente proposto por Alexander Osterwalder – para

detalhar o modelo de negócios para cada uma das linhas estratégicas e redefinir a forma

de atuação do Sebrae PR. Mas por que começar da estaca zero, se podemos encurtar

caminhos e aprender com a experiência de outras pessoas e instituições?

138

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Em 2012, para ampliarmos nosso horizonte, buscamos as melhores referências

e melhores práticas no mundo para o fomento ao empreendedorismo e à inovação

e realizamos três diferentes missões internacionais. Foi por meio de experiências in

loco que pudemos comparar e tirar a melhor lição, de cada país, para assim aplicar o

aprendizado aqui mesmo no Brasil.

A primeira dessas lições chama-se foco! As dificuldades enfrentadas pelos pequenos

negócios no Brasil são imensas, bem como as possibilidades para atuação do Sebrae.

Na ausência de foco, as chances de desperdícios de esforços são grandes. Por isso,

antes de tudo, deve haver clareza sobre o papel institucional do Sebrae. Definimos a

nossa proposta de valor para a economia e sociedade, ou seja, a missão institucional

do Sistema Sebrae, que é a de promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentável dos pequenos negócios e fomentar o empreendedorismo para

fortalecer a economia nacional.

O foco deve ser, portanto, não no esforço, mas nos resultados, que, por seu turno,

precisam ser medidos de forma sistemática. Isso requer a definição clara de indicadores de

resultados. E assim, uma vez que o objetivo final da jornada tenha sido definido, melhores

são as condições para que se planejem e se aloquem devidamente os recursos visando à

obtenção de resultados. Isso implica num reforço da forma de atuação do Sistema Sebrae,

ou seja, na aplicação de uma Gestão Estratégica Orientada para Resultados (GEOR).

Ainda em 2012, o Sistema Sebrae, capitaneado pelo Sebrae Nacional, conduziu

uma revisão do seu direcionamento estratégico com vistas ao ano de 2022. Esse

direcionamento teve como objetivo rever e reafirmar os conceitos fundamentais da

organização e orientar a atuação das Unidades Estaduais e do Sebrae Nacional, rumo

à excelência no apoio ao desenvolvimento dos pequenos negócios.

Esse exercício de reflexão estratégica teve como ponto de partida a construção

de cenários até o ano de 2022 e, na sequência, contou com a participação de técnicos,

gerentes e dirigentes em oficinas presenciais, e também com a contribuição dos

colaboradores por meio de uma plataforma, onde registraram ideias, comentários e

votações.

139

ANEXOS

Ao final, construiu-se um mapa estratégico para o Sistema Sebrae que sintetiza a

nossa visão para o futuro e reafirma nosso objetivo de ser referência para os pequenos

negócios e contribuir para o desenvolvimento e o fortalecimento da economia nacional.

MAPA ESTRATÉGICO DO SISTEMA SEBRAE

Com base no direcionamento estratégico do Sistema Sebrae, o Sebrae no Paraná

reafirmou a sua missão e visão e desdobrou sua estratégia em seis principais linhas:

Pequenos Negócios de Alto Potencial e Potencialização

Indicadores de resultado:

z Índice de Evolução da Maturidade de Gestão da Empresa;

z Índice de Gestão da Inovação da Empresa;

140

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

z Índice de Crescimento Econômico Sustentável da Empresa.

z Índice de Obtenção /Evolução em Certificações

z Índice de Maturidade do Ambiente Setorial

Outra lição aprendida nas missões foi a busca incessante pelo desenvolvimento

de empresas com alto potencial de competitividade. Possivelmente, devido ao amplo

mercado doméstico que temos no Brasil, o mercado externo ainda está fora do

radar da grande maioria dos pequenos negócios no Brasil. Mas se o país almeja ser

um importante player no mercado mundial, não podemos ignorar o papel das micro,

pequenas e médias empresas na competição internacional. As instituições de apoio

que visitamos, de uma forma geral, procuram não “atender” uma pequena empresa,

mas sim “desenvolvê-la” (juntamente com seus CEO, líderes) para que possam crescer,

criar empregos e exportar. Se um pequeno negócio no Brasil tiver condições de alcançar

níveis internacionais de competitividade, certamente prosperará também nos mercados

domésticos.

Com esse pensamento, o Sebrae PR definiu como objetivo estratégico desenvolver

empresas com potencial competitivo, em padrões internacionais. Para isso, as tais

empresas, independentemente do seu setor de atuação, deverão buscar a melhoria da

sua gestão e fortalecer os mecanismos de inovação (tratam-se dos dois indicadores de

resultado almejados). Adicionalmente, uma empresa de alto potencial precisa crescer.

Uma empresa com modelos excelentes de gestão e práticas inovadores, mas que não

cresce em termos de faturamento e lucratividade, seria como Bonsai (árvores frondosas,

mas em miniatura, que não crescem além do tamanho de um vaso). Uma importante

forma para catalisar o desenvolvimento da empresa é favorecendo um processo de

obtenção e evolução em certificações, pois traz consigo a melhoria em diversos fatores

de competitividade.

Sendo assim, o Sebrae PR entende que a busca por inovações deve fazer parte

da rotina de pequenos negócios de alto potencial. Isso requer, conforme lições

internacionais, um relacionamento mais estreito das empresas com centros de

pesquisas, laboratórios e universidades. Inovação é um forte fator de diferenciação,

competitividade e crescimento empresarial.

141

ANEXOS

Fazemos aqui uma observação importante acerca do crescimento empresarial e de

aspectos tributários do ambiente de negócios. A legislação tributária em vigor, relativa

ao Simples Nacional, classifica como pequenos negócios as empresas com receita bruta

anual de até R$3,6 milhões. Acima desse valor de faturamento as empresas já são

classificadas como médias e deixam de auferir os benefícios tributários do Simples. Em

muitos países visitados, há uma atenção especial não só às pequenas, mas às médias

empresas, reconhecendo o seu papel dinamizador da economia.

Startups

Indicadores de resultado:

z Taxa de Conversão de Startups Formalizadas;

z Taxa de Evolução da Startup;

z Índice de Maturidade do Ecossistema.

Há outra modalidade de empresa de alto potencial, mas com necessidades e

particularidades em relação às empresas mais “tradicionais”. As chamadas startups

são negócios recém-criados, com propostas inovadoras, com baixo custo operacional,

modelos repetíveis e escaláveis, atuando num contexto de incerteza e de alto risco.

Em razão de suas características peculiares, o Sebrae PR definiu, como objetivo

estratégico, contribuir para o desenvolvimento das startups e de seus

ecossistemas no estado. Ou seja, a atuação se dará em duas frentes de trabalho.

A primeira, com uma abordagem empresarial, visa a auxiliar os empreendedores a

converter suas ideias inovadoras em um negócio formal. Para isso, ainda que o foco

de atuação do Sebrae se dê nas etapas iniciais de um ciclo de maturidade de uma

startup, será importante monitorá-la nas etapas seguintes desse ciclo e, com isso,

apurar o seu efetivo desenvolvimento. A segunda frente refere-se ao desenvolvimento

de ecossistemas de startups no estado, formados por partes interessadas como:

startups, incubadoras, aceleradoras, espaços de co-working, investidores,

consultorias, prestadores de serviços, eventos, associações, treinamentos, incentivos

governamentais, universidades e entidades de apoio.

142

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Empreendedorismo e Gestão

Indicadores de resultado:

z Taxa (Market Share) de Empresas Atendidas;

z Taxa de Empresas Atendidas Presencialmente em ou por Parceiros;

z Taxa de Sobrevivência de Empresas Atendidas com um Conjunto de

Produtos Específicos;

z Taxa de Contribuição para Abertura de Pequenos Negócios.

É fundamental reconhecer que o Brasil é um país de contrastes, em que empresas

com efetivo potencial de competitividade em níveis internacionais coexistem com

empresas e empreendedores com necessidades bastante básicas e em nível de quase

subsistência. Apesar dos avanços com a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa2, há

ainda um grande contingente de empreendedores trabalhando na informalidade. Sendo

assim, com uma ênfase em inclusão produtiva, o Sebrae PR objetiva ampliar o número

de empresas atendidas, preparando o indivíduo para empreender e gerenciar

melhor o seu empreendimento.

Tanto aquelas pessoas que empreendem por visualizarem uma oportunidade de

negócio inexplorada quanto aquelas que o fazem por uma necessidade imposta pelas

circunstâncias da vida têm um sonho, um desejo de ver a prosperidade de seu negócio.

Cabe ao Sebrae auxiliar esse empreendedor a ter o sucesso almejado. Isso passa por

dar conhecimento e oferecer condições para gerir a sua empresa, ou ainda, para que

possa avaliar as condições de sucesso do seu plano antes mesmo de abrir a empresa.

Nosso desafio é atuar de forma massificada, por meio da ampliação de canais

de atendimento, e oferecer a um grande número de potenciais empreendedores e

empresários de pequenos negócios uma gama de soluções de grande efetividade e

valia para suas necessidades.

Dessa forma, o Sebrae PR reconhece que empresas e empreendedores com

necessidades diferentes devem ser atendidos de formas distintas, e, assim, desdobrou

o objetivo estratégico do Sistema Sebrae de “ter excelência no atendimento com foco

no resultado para o cliente” em três diferentes linhas de atuação: “empreendedorismo

e gestão”, “startups” e “pequenos negócios de alto potencial e potencialização”.

2 Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006

143

ANEXOS

Empreendedorismo e Gestão

Indicadores de resultado:

z Taxa (Market Share) de Empresas Atendidas;

z Taxa de Empresas Atendidas Presencialmente em ou por Parceiros;

z Taxa de Sobrevivência de Empresas Atendidas com um Conjunto de

Produtos Específicos;

z Taxa de Contribuição para Abertura de Pequenos Negócios.

É fundamental reconhecer que o Brasil é um país de contrastes, em que empresas

com efetivo potencial de competitividade em níveis internacionais coexistem com

empresas e empreendedores com necessidades bastante básicas e em nível de quase

subsistência. Apesar dos avanços com a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa2, há

ainda um grande contingente de empreendedores trabalhando na informalidade. Sendo

assim, com uma ênfase em inclusão produtiva, o Sebrae PR objetiva ampliar o número

de empresas atendidas, preparando o indivíduo para empreender e gerenciar

melhor o seu empreendimento.

Tanto aquelas pessoas que empreendem por visualizarem uma oportunidade de

negócio inexplorada quanto aquelas que o fazem por uma necessidade imposta pelas

circunstâncias da vida têm um sonho, um desejo de ver a prosperidade de seu negócio.

Cabe ao Sebrae auxiliar esse empreendedor a ter o sucesso almejado. Isso passa por

dar conhecimento e oferecer condições para gerir a sua empresa, ou ainda, para que

possa avaliar as condições de sucesso do seu plano antes mesmo de abrir a empresa.

Nosso desafio é atuar de forma massificada, por meio da ampliação de canais

de atendimento, e oferecer a um grande número de potenciais empreendedores e

empresários de pequenos negócios uma gama de soluções de grande efetividade e

valia para suas necessidades.

Dessa forma, o Sebrae PR reconhece que empresas e empreendedores com

necessidades diferentes devem ser atendidos de formas distintas, e, assim, desdobrou

o objetivo estratégico do Sistema Sebrae de “ter excelência no atendimento com foco

no resultado para o cliente” em três diferentes linhas de atuação: “empreendedorismo

e gestão”, “startups” e “pequenos negócios de alto potencial e potencialização”.

2 Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006

Educação Empreendedora

Indicador de resultado:

z Taxa de Alunos Capacitados pelo Programa Educação Empreendedora.

Ter visão de longo prazo implica um olhar sobre as gerações futuras. Se desejamos

um país empreendedor, é necessário formar uma cultura nacional com base no

empreendedorismo, ou seja, significa educar nossos jovens, despertando neles o

espírito empreendedor – desde o ensino fundamental até o ensino superior. Isso

significa despertar o chamado para a ação, ou seja, a visão de que é possível transformar

boas ideias em negócios.

Em quase todos os países visitados, observamos vultosos investimentos em

educação: um tema tratado como prioridade nacional. Nos países nórdicos, há foco ainda

maior na educação empreendedora. O Sebrae PR entende que, para cumprir a missão

de fomentar o empreendedorismo, é necessário um amplo esforço de “semeação”

para inserir empreendedorismo em todos os níveis da educação, contribuindo para o

desenvolvimento da cultura empreendedora. Sendo assim, o resultado a ser mensurado

está relacionado ao conceito de market-share, ou seja, uma relação entre a quantidade

de estudantes capacitados e a quantidade de estudantes do sistema educacional.

Trata-se, portanto, do desdobramento do objetivo estratégico do Sistema Sebrae

de “promover a educação e a cultura empreendedora”.

Lideranças

Indicadores de resultado:

z Índice de Efetividade do Programa Sebrae de Liderança;

z Índice Qualitativo de Desempenho do Líder.

No contexto das organizações contemporâneas, a liderança é um foco crescente

de atenção devido à sua abrangência e importância na obtenção de resultados. Não

obstante, em face aos grandes desafios da economia e da sociedade brasileira, é ainda

mais relevante o papel de líderes – não somente designados pelos cargos que ocupam,

mas como pessoas íntegras, autênticas e comprometidas com algo maior que si, ou

seja, com espírito altruísta e preocupados com a coletividade.

144

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Pensando dessa forma, o Sebrae PR tem como objetivo preparar lideranças

com foco em competências duráveis (ser) e competências transitórios (saber)

tornando-os agentes eficazes de transformação. Em muitos países visitados,

percebemos a importância das lideranças na construção de um sonho ou desejo coletivo

em termos da prosperidade da nação.

Aplicando essa experiência ao Brasil, entendemos que diferentes empresários,

trabalhadores, profissionais liberais, ou representantes dos diversos segmentos da

sociedade poderão assumir, através de grupos de trabalho voluntários, a liderança de

diferentes projetos com foco no equacionamento de dificuldades/carências existentes

nas comunidades onde vivem. Em outras palavras, o Sebrae acredita que no futuro

teremos muitos líderes, relacionando-se com outros líderes, visando ao benefício

coletivo, ao desenvolvimento de setores econômicos, territórios e à melhoria do

ambiente de negócios.

Ambiente de Negócios

Indicadores de resultado:

z Índice Doing Business aplicado ao Estado do Paraná;

z Índice Radar Municipal de Ambiente de Negócios.

Nas missões internacionais, aprendemos o quão intenso e duro é o jogo

da competitividade das nações. Nos últimos anos, em todas as medições de

competitividade dos países, como o ranking Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil

vem perdendo posições. Isso é explicado pelo foco e agilidade de diversos países em

identificar seus entraves e montar estratégias para a melhoria do ambiente de negócios,

atraindo investimentos e favorecendo o florescimento dos negócios nesses países.

Dentre os entraves ao ambiente de negócios no Brasil, destaques para a burocracia

na abertura de novas empresas e para a tributação das empresas. O problema aqui não

é meramente a elevada carga de impostos, mas a complexidade dos regimes tributários.

Nesse sentido, o Sebrae PR tem como objetivo articular e mobilizar os diversos

agentes com propostas de estratégias capazes de melhorar as condições do

ambiente de negócios. Isso significa, por exemplo, ampliar e aprimorar os mecanismos

de acesso ao crédito, favorecer o associativismo empresarial, os mecanismos de acesso à

145

ANEXOS

justiça, simplificar a legislação vigente, reduzir a carga tributária dos pequenos negócios,

ampliar as compras de micro e pequenas empresas pelos governos, dentre outros.

Isso requer uma forte articulação entre os diversos agentes envolvidos e uma

clara definição de papéis e responsabilidades. Uma das lições aprendidas nas missões

foi a importância do arranjo institucional em prol de objetivos comuns, evitando-se

sobreposições e buscando sinergias.

O Paraná já vem dando alguns passos importantes nesse sentido, por meio da

regulamentação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa Estadual e ainda com a

articulação entre as instituições do chamado Sistema S (formado pelo Sesc, Senac,

Sesi, Senai, Sebrae, Sescoop, Senar, Sest e Senat). Em 2013, essas instituições

formaram grupos de trabalho com foco em diferentes temas, como a definição de

setores estratégicos, sinergia de compras, pesquisas conjunturais e estruturas físicas

de atendimento e a definição de uma política de educação comum.

A linha estratégica “ambiente de negócios” é, portanto, um desdobramento

do objetivo do Sistema Sebrae de “potencializar um ambiente favorável para o

desenvolvimento dos pequenos negócios”.

Concluindo, a figura abaixo relaciona as seis linhas estratégicas do Sebrae PR e

também a maturidade e complexidade das necessidades dos pequenos negócios.

146

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Entretanto, um plano estratégico não é algo estático e imutável. É preciso

reconhecer a velocidade dos movimentos e transformações da sociedade, a importância

de tecnologias rompidas e seus impactos para os pequenos negócios no Brasil e para o

próprio modelo de atuação do Sebrae. Reconhecendo o Sebrae como uma instituição

baseada no conhecimento, é fundamental fortalecer processos de inteligência e gestão

do conhecimento. Em outras palavras, que se utilizem dados, fatos e inteligência para a

tomada de decisões, mapeando, protegendo e disseminando de forma mais adequada

o conhecimento gerado.

Em última instância, o Sebrae PR pretende tornar-se uma organização mais

inovadora, flexível, dinâmica e mais atenta a tendências. Uma instituição que agregue

mais valor para empreendedores e pequenos negócios (tanto do presente quanto

do futuro, com necessidades que ainda estão por vir) e que, de forma mais eficiente,

cumpra sua missão e visão.

147

ANEXOS

MODELO DA OPERAÇÃO (FRAMEWORK) DO SEBRAE PARANÁ

A essência do direcionamento é maximizar a entrega de valor do Sebrae Paraná aos

pequenos negócios e à sociedade. Essa proposta de valor é expressa por nossa missão,

que é “promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos

negócios e fomentar o empreendedorismo para fortalecer a economia nacional”. O

foco da atuação do Sebrae é, portanto econômico, ou seja, buscamos fortalecer a

economia nacional por meio da maior competitividade dos pequenos negócios. Por

outro lado, não buscamos a promoção do crescimento dos pequenos negócios a

qualquer custo. O desenvolvimento dos mesmos precisa ocorrer de forma sustentável,

não somente em uma perspectiva econômica (visando a sobrevivência das empresas),

mas também preservando o meio ambiente e fortalecendo o capital social. Para isso,

o foco deve ser nas competências e no comportamento empreendedor como o agente

da transformação, promovendo assim o empreendedorismo no Paraná e no Brasil.

Essa transformação observa quatro princípios, que são a territorialidade, a

análise estratégica e sistêmica do mapa de produção de cada território, a inteligência

competitiva descentralizada e em rede, e o uso de padrões de referência internacionais.

Os espaços territoriais são dotados de características particulares, têm uma

identidade específica, reúnem pessoas e entidades que acreditam e apostam no

crescimento, melhoria e desenvolvimento daquele espaço. Territórios distintos

possuem características distintas com relação à infraestrutura, capital social, recursos

naturais, ambiente de negócios, ativos tecnológicos, instituições, aspectos de formação

cultural singulares, dentre outros. Sendo assim, a aplicação das 6 linhas de ação deve

dialogar com as especificidades de cada território, aproveitando as oportunidades,

mitigando as fraquezas e desenvolvendo as fortalezas da região.

148

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

O modelo de operação da atuação estratégica do Sebrae possui assim uma forte

visão territorial. É apropriado inferir que a mesma estratégia será aplicada de forma

distinta em cada um dos 14 territórios presentes nas 6 regionais do Sebrae no Paraná.

Para isso, é fundamental que o Sebrae possua um profundo conhecimento dos

territórios e uma visão estratégica e sistêmica sobre o desenvolvimento dos mesmos.

Em outras palavras, será necessário conhecer em detalhes o mapa da produção dos

territórios, não somente em uma perspectiva presente como também em uma visão

futura. Para o Sebrae Paraná, significa por exemplo observar 100% dos ativos dos

territórios, os ativos econômicos, políticos, sociais e culturais, mas não somente sob

a perspectiva das micro e pequenas empresas, mas também das médias e grandes

empresas, universidades, instituições de pesquisa e tecnologia e demais instituições. É

por meio desta análise estratégica e sistêmica do mapa da produção que será possível

vislumbrar a economia do futuro, identificar os setores emergentes, descobrir o

potencial dos espaços. Este olhar envolve também uma análise das três dimensões da

competitividade territorial (empresarial, estrutural e sistêmica).

149

ANEXOS

Será necessário ainda ter um amplo campo de visão, utilizar uma inteligência

competitiva descentralizada e em rede. O modelo de operação do Sebrae Paraná

prevê isso. A análise da estratégia do Sebrae Paraná também está na base da entidade,

representada pelas unidades estaduais e pelos escritórios regionais, com atuação direta

nos territórios. Com essa análise em rede, as ações ganham dimensão.

A busca de padrões de referência internacionais (não somente nacionais e

estaduais) também é um componente importante da estratégia, para compreender o

posicionamento competitivo dos territórios e dos pequenos negócios neles presentes

e vislumbrar oportunidades. A busca de padrões internacionais ajudará na criação e no

fortalecimento dos empreendimentos e do ambiente de negócios, visando ao aumento

da competitividade empresarial e territorial. Passaremos a ter como referência os

padrões de desempenho e competitividade de empresas e territórios que apresentam

as melhores performances mundiais.

O desafio na execução da estratégia com uma visão territorial, com análise do

mapa da produção, com inteligência competitiva descentralizada e em rede, e usando

como referência padrões internacionais, será criarmos uma verdadeira organização

ambidestra, ou seja, que promova a eficácia e eficiência na operação e ao mesmo

tempo abra espaço para a inovação e o relacionamento estreito com clientes. Em outras

palavras, na aplicação da estratégia em cada uma das 6 linhas de ação, coexistirão

2 modelos de negócios: a) excelência operacional: com foco em desempenho de

processos e programas formatados; e b) hub de soluções: um conjunto de produtos,

técnicas e ferramentas aplicáveis às necessidades específicas de clientes e parceiros,

estabelecendo um atendimento customizado.

Para viabilizar essa visão estratégica, o Sebrae Paraná revisou seu modelo funcional,

estabelecendo gestores responsáveis por cada uma das 6 linhas estratégicas em nível

estadual e replicando esse mesmo modelo em suas regionais, na figura dos gestores

regionais das linhas estratégicas. Tais gestores têm como incumbência a leitura do mapa

da produção do Estado e de seus territórios, por meio de processos de inteligência

executar a estratégia da forma mais apropriada às características dos territórios. Esse

modelo é exemplificado pelo diagrama a seguir:

150

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Com isso, ao mesmo tempo em que deverá haver cada vez mais clareza sobre a

estratégia, haverá condições favoráveis à inovação, à aplicação de conhecimento na

resolução de problemas específicos de cada território. Em outras palavras, haverá maior

clareza sobre a direção a ser tomada e também condições para que os colaboradores

escolham os melhores caminhos rumo ao norte, isto é, à direção desejada pelo Sebrae

no Paraná. Isso vai possibilitar aos colaboradores identificar e aplicar soluções que

maximizem o valor da entrega do Sebrae Paraná para os pequenos negócios e para a

sociedade.

SOBRE O SEBRAE

Criado na década de 1970, o Sebrae PR (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas do Paraná) apoia as decisões dos empresários, dos potenciais empresários

e dos potenciais empreendedores, no campo e na cidade, porque é a instituição que

entende de pequenos negócios e possui a maior rede de atendimento do País. Ao todo,

são 27 unidades e aproximadamente 600 postos de atendimentos espalhados de norte a

sul do Brasil. No Paraná, conta com seis regionais e 11 escritórios. A instituição chega aos

399 municípios do estado por meio de atendimento itinerante, pontos de atendimento

e de parceiros locais, como associações, sindicatos, cooperativas, órgãos públicos

151

ANEXOS

e privados. O Sebrae PR oferece palestras, orientações, capacitações, treinamentos,

projetos, programas e soluções empresariais, com foco em desenvolvimento de

empreendedores; impulso a empresas avançadas; competitividade setorial; promoção

de ambiente favorável para os negócios; tecnologia e inovação; acesso ao crédito; acesso

ao mercado; parcerias internacionais; redes de cooperação; e formação de líderes.

152

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Anexo 2As instituições visitadas

PAÍS CIDADE INSTITUIÇÃO

Coreia do Sul Seoul KOSBI – Korea Small Business Institute

Coreia do Sul Seoul Korea Eximbank

Coreia do Sul Seoul Seoul Tech – Seoul National University

Coreia do Sul Seoul SBC – Small & Medium Business Corporation

Coreia do Sul Seoul SMBA – Small and Medium Business Administration

Coreia do Sul Incheon IFEZ – Incheon Free Economic Zone

Tailândia Bangkok SME Bank

Tailândia Bangkok SEALAC – Southeast Asia and Latin America Trade Centre

Tailândia Bangkok Thai Chamber of Commerce

Tailândia Burapha Burapha University

Malásia Kuala Lumpur MPC – Malaysian Productivity Corporation

Malásia Kuala Lumpur SME Bank

Malásia Kuala Lumpur Matrade

Malásia Kuala Lumpur SME Corp

Cingapura Cingapura Spring Singapore

Cingapura Cingapura ASME – Association of Small and Medium Enterprises

Cingapura Cingapura EDB – Singapore Economic Development Board

Cingapura Cingapura International Enterprise (IE) Singapore

Dinamarca Copenhagen The Danish Foundation for Entrepreneurship – Young Enterprise

Dinamarca Copenhagen Danish Agency for Science, Technology and Innovation

Dinamarca Copenhagen CBS – Copenhagen Business School

153

ANEXOS

PAÍS CIDADE INSTITUIÇÃO

Dinamarca Copenhagen Væksthuset

Dinamarca Copenhagen Vækstfonden

Suécia Gotemburgo Business Region Gotembourg

Suécia Gotemburgo Sahlgrenska Science Park

Suécia Estocolmo Invest Sweden

Suécia Estocolmo Vinnova

Suécia Estocolmo Till Vaxt Verket

Noruega Oslo Innovation Norway

Noruega Oslo Oslo University

Noruega Oslo Siva

Noruega Kongsberg NCE Systems Engineering

Finlândia Helsinki Finpro

Finlândia Helsinki Ministério da Economia e Emprego do Governo Finlandês

Finlândia Helsinki Tekes

Finlândia Helsinki VTT

Finlândia Helsinki Federação Finlandesa das Indústrias de Base Tecnológica

Finlândia Helsinki Culminatum Innovation

Rússia São Petersburgo Cedipt

Rússia São Petersburgo St. Petersbourg Foundation for SME Development

Rússia Moscou Russian Agency – for Small and Medium Business Support

Rússia Moscou Moscow Entrepreneurs Association

Rússia Moscou B2B Consulting

Índia Mumbai IMC Indian Merchant Chamber of Commerce

Índia Mumbai CIDCO Ltd.

Índia Mumbai Arete Technologies

Índia Mumbai Infotech – International Infotech Park

154

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

PAÍS CIDADE INSTITUIÇÃO

Índia Bangalore BCIC – Bangalore Chamber of Industry and Commerce

Índia Bangalore Peenya Industries Association

Índia Bangalore Unnathi CNC Technologies Put. Ltd

Índia Bangalore SBD – Karnataka Comercial Bank

Índia Bangalore State Bank of India

Índia Bangalore KSITDC – Karnataka State Industrial Development Corporation

Índia Bangalore Karnataka Tourism Development

Índia Nova Delhi Railway Board (Government Indian Railways)

Índia Nova Delhi FISME – Federation of Indian Micro and Small & Medium Enterprises

Índia Nova Delhi NSIC – National Small Industries Corporation

Índia Nova Delhi APG Shimla University

Índia Nova Delhi Future Finvest Co. Pyt.Ltd

Hong Kong Hong Kong HKTDC – Hong Kong Trade Development Council

Hong Kong Hong Kong Invest HK – Hong Kong Special Administrative Region

Hong Kong Hong Kong Support and Consultation Centre for SME

Hong Kong Hong Kong FHKI Federation of Hong Kong Industries

Hong Kong Hong Kong Hong Kong Science & Technology Parks

Hong Kong Hong Kong Cuhk Business School

Taiwan Taipei IBD – Industries Development Bureau, Ministry of Economic Affairs

Taiwan Taipei SMEA – Small and Medium Enterprise Administration

Taiwan Taipei Escritório Comercial do Brasil em Taipei

Taiwan Taipei ITRI – Industrial Technology Research Institute

Taiwan Taipei Hsinchu Science Park

China Pequim Cicasme China International Cooperation Association of Small and Medium Enterprises

155

ANEXOS

Anexo 3Definição de Pequenos Negócios em Países Selecionados

BRASIL

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

FATURAMENTO ANUAL

Indiferente

Microempreendedor Individual

Indiferente

Até R$ 60 mil

Microempresa De R$ 60 mil a R$ 360 mil

Empresa de Pequeno Porte

De R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões

COREIA DO SUL

SETOR PORTEQUANTIDADE DE EMPREGADOS

FATURAMENTO ANUAL (MOEDA LOCAL)

FATURAMENTO ANUAL (R$)

ManufaturaMicro, pequenas ou médias

até 300 Até 8 bilhões de Won Até R$ 17,5 milhões

Mineração, Construção e Transporte

Micro, pequenas ou médias

até 300 Até 3 bilhões de Won Até R$ 6,6 milhões

Varejo e Serviços

Micro, pequenas ou médias

até 200 Até 20 bilhões de Won Até R$ 43,7 milhões

156

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

MALÁSIA

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

FATURAMENTO ANUAL (MOEDA LOCAL)

FATURAMENTO ANUAL (R$)

Manufatura

Média De 51 a 150 De 10 milhões a 25 milhões de Ringgits Até R$ 17,4 milhões

Pequena De 5 a 50 De 250 mil a 10 milhões de Ringgits Até R$ 6,9 milhões

Micro Até 5 Até 250 mil Ringgits Até R$ 174 mil

Serviços

Média De 20 a 50 De 1 milhão a 5 milhões de Ringgits Até R$ 3,5 milhões

Pequena De 5 a 19 De 200 mil a 1 milhão de Ringgits Até R$ 694 mil

Micro Até 5 Até 200 mil Ringgits Até R$ 139 mil

TAILÂNDIA

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

FATIVOS FIXOS (MOEDA LOCAL) ATIVOS FIXOS

ManufaturaMédia de 51 a 200 De 50 a 200 milhões de

Bahtde R$ 3,4 a R$ 13,7 milhões

Pequena até 50 Até 50 milhões de Baht Até R$ 3,4 milhões

AtacadoMédia de 26 a 50 De 50 a 100 milhões de

Bahtde R$ 3,4 a R$ 6,8 milhões

Pequena até 25 Até 50 milhões de Baht Até R$ 3,4 milhões

VarejoMédia de 16 a 30 De 30 a 60 milhões de

Bahtde R$ 2 a R$ 4,1 milhões

Pequena até 15 Até 30 milhões de Baht Até R$ 2 milhões

ServiçosMédia de 51 a 200 De 50 a 200 milhões de

Bahtde R$ 3,4 a R$ 13,7 milhões

Pequena até 50 Até 50 milhões de Baht Até R$ 3,4 milhões

157

ANEXOS

CINGAPURA

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

CLASSIFICAÇÃO MONETÁRIA(MOEDA LOCAL)

EM R$

Indiferente Pequenas e médias <=200 Até S$100 milhões Até 180

milhões

UNIÃO EUROPEIA

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

CLASSIFICAÇÃO MONETÁRIA (MOEDA LOCAL)

EM R$

Indiferente

Médio < 250 <= 50 milhões EUROS Até R$ 155 milhões

Pequeno < 50 <= 10 milhões EUROS Até R$ 31 milhões

Micro < 10 <= 2 milhões EUROS Até R$ 6,2 milhões

ÍNDIA

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

INVESTIMENTOS NA FÁBRICA E MAQUINÁRIOS, EXCLUINDO O TERRENO E CONSTRUÇÕES

EM R$

Manufatura

Micro

Indiferente

< 2,5 milhões de Rs Até R$ 96 mil

Pequeno >= 2,5 milhões de Rs e < 50 milhões de Rs

Até R$ 1,9 milhões

Médio >= 50 milhões de Rs e < 100 milhões de Rs

Até R$ 3,8 milhões

158

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

INVESTIMENTOS NA FÁBRICA E MAQUINÁRIOS, EXCLUINDO O TERRENO E CONSTRUÇÕES

EM R$

Serviços

Micro

Indiferente

< 1 milhão de Rs Até R$ 38 mil

Pequeno >= 1 milhão de Rs e < 20 milhões de Rs Até R$ 766 mil

Médio >= 20 milhões de Rs e < 50 milhões de Rs

Até R$ 1,9 milhões

RÚSSIA

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

CLASSIFICAÇÃO MONETÁRIA (MOEDA LOCAL)

EM R$

Indiferente

Médio 101 - 250 RUB 1 bilhão Até R$ 64 milhões

Pequeno 15 - 100 RUB 400 milhões Até R$ 26 milhões

Micro 1 - 15 RUB 60 milhões Até R$ 3,9 milhões

TAIWAN

SETOR PORTE QUANTIDADE DE EMPREGADOS

CLASSIFICAÇÃO MONETÁRIA (MOEDA LOCAL)

EM R$

Manufatura, Construção, Mineração

Pequeno/Médio < 200 <= NT$ 80 milhões Até R$ 6

milhões

Demais Pequeno/Médio < 100 <= NT$ 100 milhões Até R$ 7,5

milhões

Conversão para R$ segundo taxa média de câmbio de maio/2014.

159

ANEXOS

Anexo 4Grupo 1

(Missão Sudeste Asiático)

Encontro no SMBA – Small & Medium Business Administration, na Coreia do Sul

Panorâmica de Songdo, que faz parte de Incheon Free Economic Zone, na Coreia do Sul, uma cidade modelo para abrigar 600 mil habitantes

Visita a uma pequena exportadora, na Malásia.Recepção do SME Bank, na Malásia.

160

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Vista aérea do Gardens By The Bay, em Cingapura, um impressionante jardim botânico

Encontro com a Spring Singapore, criada para fomentar o desenvolvimento econômico de Cingapura

Visita à International Enterprise, agência do governo de Cingapura com foco na economia externa

Encontro na SEALAC – Southeast Asia and Latin America Trade Centre, da University of The Thai Chamber of Commerce, na Tailândia

Encontro na Malásia, com representantes da Matrade, instituição que executa ações concretas para ajudar as empresas locais a venderem seus produtos no mercado externo

161

ANEXOS

Grupo 2

(Missão Rússia Escandinávia)

Na Dinamarca, encontro na Væksthuset, instituição financiada pelo governo e cujo foco são empresas com grande potencial e ambição para crescer

Grupo da missão Sebrae-PR, na Noruega

Encontro no Parque Tecnológico em Kongsberg, na Noruega Grupo visita a Tekes, promotora da inovação, na Finlândia

162

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Encontro na VTT Impulse, maior centro de pesquisas aplicadas e serviços tecnológicos do norte da Europa, na Finlândia

Vista da Praça Vermelha, no coração de Moscou, na Rússia

Encontro com representantes da Russian Agency for Small and Medium Business Support, em Moscou

Visita à Innovation Norway, criada em 2003 para o desenvolvimento e inovação das empresas na Noruega

Marca dos países nórdicos, bicicletas fazem parte da paisagem da Noruega

Panorâmica de Estocolmo, na Suécia, mostra integração de transportes

163

ANEXOS

Grupo 3

(Missão Leste Asiático)

Visita do grupo à Shimla University, instituição indiana que oferece educação de classe mundial, conta com 400 alunos e disponibiliza cursos de maior especialização, como engenharia, moda, artes, ciências e gestão

Encontro com representantes da Hong Kong Development Council, em Hong Kong

Visita ao Invest HK, fundado em julho de 2000 com o objetivo de fortalecer o status de Hong Kong como a localização ideal para negócios das empresas internacionais

Encontro na Federation of Hong Kong Industries, em Hong Kong

164

ESTRATÉGIA PARA CRESCER

Grupo da missão, em Hong Kong Visita do grupo à CUHK Business School, uma entidade de pesquisa, fundada em 1963, com visão global e missão de integrar a tradição e a modernidade, a China e o Ocidente

O Consulado do Brasil, nos diversos países visitados, deram apoio às missões do Sebrae-PR

Grupo, na Embaixada de Nova Delhi, na Índia Visita do grupo à Small and Medium Enterprise Administration Ministry of Economic Affairs, em Taipei, Tawain

Visita ao Industrial Technology Research Institute, organização sem fins lucrativos, que, desde 1973, tem papel vital nas conquistas tecnológicas de Taiwan