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UNIVERSIDADE METODISTA DE SˆO PAULO Orlando Marreiro de Souza Jœnior EstratØgias de enfrentamento utilizadas por praticantes de Artes Marciais Sªo Bernardo do Campo 2007

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

Orlando Marreiro de Souza Júnior

Estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes de

Artes Marciais

São Bernardo do Campo

2007

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ORLANDO MARREIRO DE SOUZA JUNIOR

Estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes de

Artes Marciais

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da

Universidade Metodista de São Paulo como

requisito parcial para obtenção do titulo de Mestre

em Psicologia da Saúde Orientadora: Profa. Dra. Marília M. Vizzotto.

São Bernardo do Campo

2007

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ORLANDO MARREIRO DE SOUZA JÚNIOR

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO UTILIZADAS POR PRATICANTES DE

ARTES MARCIAIS

Banca Examinadora

Presidente: titular Universidade Metodista São Paulo _____________________________ Profa. Dra. Marília Martins Vizzotto

Titular Universidade Metodista São Paulo ______________________________________ Profa. Dra. Hilda R.C. Avoglia

Titular Universidade Federal Uberlândia _______________________________________ Profa. Dra. Áurea F. Oliveira

Dissertação aprovada em _____/_____/__________/

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO Programa Mestrado em Psicologia da Saúde

São Bernardo do Campo 2007

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FICHA CATALOGRÁFICA

So89e

Souza Junior, Orlando Marreiro de Estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes de

artes marciais / Orlando Marreiro de Souza Junior. 2007. 84 p. Dissertação (mestrado em Psicologia da Saúde) �Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007. Orientação de: Marília M. Vizzotto

1. Enfrentamento 2. Artes marciais I. Título

CDD 157.9

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Dedico este trabalho aos meus pais e minha irmã

por estarem sempre em meu coração mesmo

quando deixei de estar com eles para poder me dedicar a este trabalho, a minha esposa Estela que me acompanha desde o começo na batalha sobre

escrever e produzir trabalhos sobre as Artes Marciais, e principalmente a minha filha Heloisa que quando for à defesa deste, será recém nascida

e estando pronta a ser a mais nova guerreira na luta contra as controvérsias do nosso mundo, mas

persistente e perseverante, sempre como deve ser todo (a) praticante de Artes Marciais.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a várias pessoas que tornaram possível a realização deste

trabalho.

À Profa Dra Marilia Martins Vizzotto que literalmente me adotou como orientando

mesmo ante aos contratempos que tive desde a definição do orientador até mesmo a decisão

sobre o que dissertar, sempre respeitando e ajudando quanto a tudo que acredito com

relação às Artes Marciais.

À Coordenadora de curso Profa Dra Mirlene Maria Matias Siqueira, por ser mais

que uma coordenadora, uma verdadeira líder e protetora de nossos objetivos, necessidades e

dificuldades, zelando sempre por todos, sendo austera e ao mesmo tempo compreensiva e

atenciosa, sempre zelando para o bem de todos.

À Elisabeth Chirotto da Secretária do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da

Saúde da Universidade Metodista de São Paulo que não ponderou esforços para ajudar e

colaborar com meu trabalho.

A todos os professores do curso, pela paciência, dedicação e atenção pela minha

parcial falta de conhecimento sobre a área de psicologia, onde a instrução foi devidamente

realizada para a conclusão do trabalho.

A Andréia Maura Moura, mais que uma amiga, uma irmã, alguém em especial que

nunca me desamparou ou mesmo me abandonou quando mais precisei para a formatação e

acertos finais do meu trabalho.

A União Qwan Ki Do Brasil, e em especial meu Mestre Evandro Crestani que além

de ser meu mestre de formação marcial, é o irmão que não tive um amigo em especial que

acreditou e sempre me apoiou nesta jornada sobre escrever e acreditar nas Artes Marciais.

A todos os mestres de Artes Marciais e alunos praticantes que participaram direta e

indiretamente desta pesquisa cedendo seu tempo e acreditando nesta empreitada sobre as

Artes Marciais, colaborando com a necessidade de nos unirmos sempre com o intuito de

tornar a nossa prática a mais significativa e por que não dizer a mais cientifica possível.

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�Se você negligência o treino espiritual do

coração e só pratica técnicas, nada resulta disto.

Técnicas somente se aperfeiçoam. Mas concentre-

se no aspecto espiritual e o caminho se abrirá

para você."

Hikitsuchi Sensei

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SOUZA, O.M.J. Estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes de artes

marciais. Dissertação de Mestrado � Universidade Metodista de São Paulo, 2007, 80 p.

RESUMO

O presente estudo teve por objetivos, descrever as estratégias de enfrentamento

utilizadas por praticantes de artes marciais; relacionar as estratégias de enfrentamento

utilizadas por praticantes iniciantes em artes marciais com aquelas utilizadas por praticantes formados; e relacionar as estratégias de enfrentamento ao tempo de pratica das artes marciais. Participaram 94 sujeitos do sexo masculino, numa faixa etária de 15 até 56 anos,

com nível de instrução médio, praticantes de: Kung Fu Chinês, Kung Fu Vietnamita (Qwan Ki Do), Taekwondo e Karatê, artes marciais de contato semelhantes tecnicamente. Foram distribuídos em dois grupos: Grupo 1 � 67 praticantes com tempo de pratica superior a 12 meses podendo ser ou não formados �faixa-preta�, ou seja, aqueles que tiveram

experiência, treino e estudo necessários exigidos dentro de sua modalidade marcial e entre esses estão incluídos também os que se formaram e lecionam e o Grupo 2 - 27 praticantes chamados iniciantes, com tempo de prática compreendido até 12 meses. Utilizou-se a Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas: EMEP e um Questionário. Os dados foram submetidos ao Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 15.0 para Windows, para analise estatística descritiva e r-Person. Os resultados indicaram que quanto ao uso de estratégias de enfrentamento utilizadas por estes praticantes de artes marciais não

foram encontradas diferenças significativas entre os dois diferentes grupos. Numa

compreensão conforme o ponto médio da escala pôde-se observar que as estratégias de

enfrentamento �focado no problema� e �busca de suporte social�, apresentaram uma média

de utilização (estável); isso significa que os sujeitos utilizam-nas dentro de um padrão

adequado em ambos os grupos. É interessante também observar que com relação à �estratégias focadas na emoção�, estas estão entre as menores médias observadas. Isto significa que os sujeitos praticantes de artes marciais utilizam menos estas estratégias,

denotando pouco mais de controle emocional em relação às outras estratégias. Outros

aspectos interessantes, dizem respeito a um índice significativo, ou uma relação entre os

anos de ensino e busca de suporte social entre os sujeitos do Grupo 1 (formados que lecionam). Pode-se entender que quanto mais tempo essas pessoas se dedicam ao ensino, mais estratégias de suporte social eles desenvolvem. De um ponto de vista lógico, pode-se dizer que essa convivência com alunos durante os anos que o sujeito leciona, também

favorece um melhor contato social.

Palavras-chave: Estratégias de Enfrentamento; Artes Marciais; Psicologia do Esporte.

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SOUZA, O.M.J. Strategies of coping used by practitioners of martial arts. Dissertação de

Mestrado � Universidade Metodista de São Paulo, 2007, 80 p.

ABSTRACT

This study objectives to describe the strategies of coping used by practitioners of martial arts; to relate the strategies of coping used by beginning practitioners in martial arts with those used by practitioners with experience; and to relate the strategies of coping to the time of practises of the martial arts. Mens between 15 and 56 years old, most of them were single mens, students till high school, thus distributed: 94 practitioners of Kung Fu Chinese, Kung Fu Vietnamese (Qwan Ki Do), Taekwondo and Karatê similar martial arts of contact technical. They had been distributed in two groups: Group 1 - 67 practitioners with time of practise up to 12 months but they don´t have "black belt" necessary. In this group, there are just teachers and just practitioners and Group 2 - 27 practitioners called beginning, till 12 months of experience. It was used Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas: EMEP and a Questionary. The data had been submitted to the Statistical Package will be the Social Science (SPSS), version 15.0 for Windows for descriptive statistical analysis and r-Person. The results had indicated the strategies of coping used by these beginning practitioners or those have black belt. Analyzes showed differences not so important between two groups. In an in agreement understanding the average point of the scale, could be observed that the strategies of coping with "care on problem" and "searching for social support", present a good average of use (steady). It means they use them inside of a standard adjusted in both the groups. It is interesting also to observe about "strategies on the emotion", these are between the observed average minors. The practitioners use these strategies but just a little, denoting more than emotional control in relation to the other strategies. Other important information is that with more time dedicated to Martial Arts teaching, more strategies of social support they develop. Of a logical point of view, this relationship with pupils during teaching helps to better contact social. Word-key: Strategies of Coping; Martial Arts; Psychology of Sports.

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SUMÁRIO

Orlando Marreiro de Souza Júnior ............................................................................... i

RESUMO

ABSTRACT

1. APRESENTAÇÃO....................................................................................................... 1

2. SOBRE O ENFRENTAMENTO ................................................................................. 3

2.1 Tipo de Enfrentamento e Análise ............................................................................... 7

2.2 Estratégias de Enfrentamento em situações de doênça ............................................ 10

2.3 Enfrentamento e prática esportiva ............................................................................ 16

3. ORIGEM E HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS .................................................. 19

3. 1 Kung Fu Chinês ....................................................................................................... 23

3. 2 Kung Fu Vietnamita (Qwan Ki Do) ........................................................................ 25

3. 3 Taekwondo... ........................................................................................................... 29

3. 4 Karatê............ .......................................................................................................... 35

3. 5 As Artes Marciais e a Saúde.................................................................................... 39

Objetivos......................................................................................................................... 41

4. MÉTODO ................................................................................................................... 42

4.1 Participantes ............................................................................................................. 42

4.2 Ambiente .................................................................................................................. 43

4.3 Instrumentos ............................................................................................................. 43

4.4 Procedimentos .......................................................................................................... 44

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 46

5.1 Caracterização da Amostra Estudada ....................................................................... 46

5.2 Modalidades Esportivas e Anos de Prática............................................................... 48

5.3 Estratégias de Enfrentamento ................................................................................... 51

5.4 Estratégias de Enfrentamento e Anos de Experiência .............................................. 54

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6. CONCLUSÃO............................................................................................................ 56

7. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58

ANEXOS

ANEXO I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................ 62

ANEXO II � EMEP - Escala Modos de Enfrentamento de Problemas.......................... 63

ANEXO III - APRESENTAÇÃO DOS ÍTENS DA EMEP SEGUNDO OS FATORES

QUE A COMPÕEM ....................................................................................................... 67

ANEXO IV � QUESTIONÁRIO DE LEVANTAMENTO DE DADOS...................... 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 � Faixa Etária e Estado Civil da Amostra Estudada ........................................ 46

Tabela 2 � Dados de Instrução da Amostra Estudada .................................................... 47

Tabela 3 � Modalidades Esportivas praticadas pelos sujeitos da amostra ..................... 48

Tabela 4 � Anos de prática da Amostra Estudada .......................................................... 50

Tabela 5 � Estratégias de Enfrentamento segundo os grupos iniciantes e formados. .... 51

Tabela 6 � Índices de Correlação (r de Pearson) entre tipos de enfrentamento e anos de

prática e ensino no Grupo1 (n = 31) ............................................................. 54

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1. APRESENTAÇÃO

Devido à escassez de estudos realizados sobre aspectos psicológicos e práticas

esportivas que envolvam artes marciais é que surgiu o interesse em realizar o presente

estudo. Na nossa prática com esportes direcionados às artes marciais, temos observado que

os indivíduos praticantes apresentam diferentes respostas às situações estressoras em seu

cotidiano. Ballone (2005) considera em seus estudos relacionados ao esporte, que os atletas,

devido à disciplina que o esporte proporciona, têm uma capacidade maior de controle sobre

a ansiedade e o estresse, despertando assim uma maior concentração, bem como maior

motivação; tais considerações podem também ser equivalentes nas tarefas da vida diária,

em situações que envolvem estresse.

Outros autores como Zakir (2001) reconhece que as situações estressoras evocam

uma série de respostas, que podem ser classificadas como: stress, propriamente dito ou

coping (enfrentamento). O enfrentamento, também chamado de �coping� ou �estratégias

de coping� vem se destacando atualmente entre os especialistas (MOTTA, EMUNO,

2004a; SEIDL, 2005; BORCSIK, 2006) da área de saúde. Estes autores apontam que as

estratégias de enfrentamento estão presentes em qualquer situação de risco, atividades da

vida diária ou qualquer situação e atividade humana que exija um controle, excesso

somático e/ou psíquico do ser humano; ou mesmo aqueles relacionados com situações em

que exista uma doença.

No campo da saúde, a profusão de pesquisas sobre enfrentamento, principalmente a

partir dos anos 80, tem permitido a produção do conhecimento sobre o tema e o

desenvolvimento de intervenções junto às pessoas acometidas por agravos diversos, em

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especial enfermidades crônicas. E, justamente as pesquisas sobre estratégias de

enfrentamento têm contribuído para o bem-estar psicológico, identificando as principais

variáveis que envolvem estresse e situações que podem auxiliar aspectos psicológicos das

pessoas acometidas (ENDLER e PARKER 1999 apud SEIDL, TRÓCCOLI e ZANNON,

2001).

Assim, observa-se na literatura que o enfrentamento tem sido compreendido nas mais diferentes situações humanas; de modo que

estudar essas condições de enfrentamento em praticantes de esportes torna-se relevante, já que na especificidade das praticas de artes marciais quase nada, ou nada tem sido investigado.

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2. SOBRE O ENFRENTAMENTO

O enfrentamento, ou Coping é um conceito divulgado por Lazarus e Folkman (1984

apud BORCSIK, 2006) que o define como o conjunto dos esforços cognitivos e de conduta

destinados a controlar, reduzir ou tolerar as exigências internas ou externas que ameaçam

ou superam os recursos de um indivíduo. A idéia de coping diz respeito ao empenho em

vencer os obstáculos; no caso do atleta, se refere à exigência adaptativa diante de seus

objetivos. Essa exigência adaptada também fora longamente estudada por Lazarus (1969).

Os enfoques atuais de coping surgiram de duas fontes principais: psicologia de

orientação psicanalítica e experimentação animal (LAZARUS e FOLKMAN 1984 apud

BORCSIK, 2006). Segundo Vaillant (2000), a concepção psicanalítica surgiu no início do

século XX e apresentou coping como correspondente aos mecanismos de defesa orientados

no sentido de lida com conflitos sexuais e questões relacionadas à agressão. Supunha-se

que o coping tratava-se de operações inconscientes destinadas a reduzir a angústia. Lazarus

e Folkman (1984 apud BORCSIK, 2006) apontam que os atos ligados a coping, nesta

mesma visão psicanalítica, passaram posteriormente a ser tidos como flexíveis, propositais,

orientados para o futuro, consistentes com a realidade externa e diferente dos mecanismos

de defesa. Sendo assim, os primeiros teóricos que investigaram o coping adotaram um

entre dois modelos distintos. No �modelo do stress�, o coping foi definido como atos

inatos ou adquiridos que diminuem condições aversivas, sejam estas por luta ou fuga. No

modelo psicanalítico, o critério de coping bem sucedido relaciona-se à sua flexibilidade,

adequação e adaptação à realidade. Em ambos, o coping é entendido e confundido com

seus próprios resultados.

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Assim, a concepção de coping como atos inatos ou adquiridos faz parte do

referencial de uma primeira geração de pesquisadores, que se dividia entre a visão

psicanalista e a de stress. A partir da década de 1960 surgiu uma segunda geração e, após

esta, ainda uma terceira geração (ANTONIAZZI, DELL�AGLIO e BANDEIRA, 1998).

Por iniciativa da segunda geração de pesquisadores, instituiu-se uma nova

orientação na área e passou-se a definir coping como um conjunto de respostas relevantes

cuja compreensão envolve a identificação de seus determinantes ambientais. Excluíram-se

as respostas de coping relacionadas aos atos inatos.

Lazarus e Folkman (1984 apud BORCSIK, 2006) fazem parte desta segunda

geração de pesquisadores, e tanto estes autores como para Billings e Moss (1984 apud

ANTONIAZZI, DELL�AGLIO e BANDEIRA, 1998), Ray, Lindop e Gibson (1982),

preferem falar de estratégias ou processos de coping, em vez de respostas de coping. Desta

forma, o coping é definido por estes autores como todos os esforços de controle, sem

considerar as conseqüências, ou seja, é uma resposta ao estresse (comportamental ou

cognitiva) com a finalidade de reduzir as suas qualidades aversivas.

Dessa maneira, o próprio instrumental de medida de enfrentamento busca medi-lo

por dimensões, que são distribuídas em áreas como: afetiva (emocional); social; fantasiosas

(religiosas) e práticas direcionadas à resolução dos problemas diários. Com relação à

especificidade do campo afetivo/cognitivo, o enfrentamento (coping) centrado na emoção

envolve as estratégias que derivam principalmente num processo defensivo da pessoa, o

que faz com que os sujeitos evitem confrontar-se com a ameaça. Para Lazarus e Folkman

(1984 apud BORCSIK, 2006) esse tipo de enfretamento (coping), é considerado como um

processo de reavaliação cognitiva. Explicam os autores que muitas vezes o indivíduo busca

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inúmeras formas de artifícios com o objetivo de solucionar os seus problemas deturpando a

realidade e atraindo assim o estado de estresse. O enfrentamento mais amadurecido seria

então aquele que, ao invés de atrair esse estado estressante e alterar a emoção diante da

situação, o indivíduo buscará reduzir a sensação desagradável causada pelo estresse,

conseguindo um equilíbrio psicológico prático e adequado para qualquer tipo de situação,

sem risco algum.

Observa-se diante do exposto, que no controle do estresse, da tensão causada pelo

problema, são importantes os recursos ou estratégias que os indivíduos lançam para a

resolução dos problemas do dia-a-dia. Caso este controle não seja alcançado com maestria,

e caso as estratégias não sejam efetivas para eliminar ou amenizar o fator estressante, o

indivíduo entra em estado de exaustão. Observa-se ainda que o uso do enfrentamento

(coping) relaciona-se também aos acontecimentos que se sucedem ao longo da vida das

pessoas e que se referem às perdas, dificuldades, tragédias ou fatores inesperados em que os

indivíduos precisam enfrentar, e que estão ligados a situações de estresse distintas dos

problemas do dia-a-dia.

Estudando os diversos aspectos da vida que envolve o enfrentamento, observa-se

que as pessoas respondem ao estresse de várias formas. Segundo Weiten (2002), existem

algumas pessoas que são capazes de suportar melhor o mal do estresse, pois existem

variáveis moderadoras que podem diminuir o impacto do estresse sobre a saúde física e

mental, como o apoio social, o otimismo e a consciência. O autor esclarece que o apoio

social refere-se aos vários tipos de auxílios fornecidos por membros de uma rede social da

pessoa; o otimismo é a forma como a pessoa espera os resultados positivos; e a consciência

é um traço de personalidade que se caracteriza como ético, confiável, produtivo e

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determinado. Para Limongi e Rodrigues (1996) já haviam entendido que o coping é a forma

como o indivíduo enfrenta o estresse. Descrevem ainda, que o ser humano é capaz de

utilizar algumas estratégias para lidar com as exigências externas ou internas do nosso

corpo, ou seja, é como se o individuo pudesse seguir etapas do processo de estresse, que

quando gerada pela consciência, a pessoa saberá o momento certo de parar e manter o

equilíbrio do seu organismo.

Antoniazzi, Dell�Aglio e Bandeira (1998), salientam ainda quatro características do

coping, sendo a primeira é vista como um processo ou uma interação que se dá entre o

indivíduo e o ambiente; a segunda é a administração do agente estressor, ao invés do

controle ou domínio deste; a terceira é o como calcular a noção e avaliar, verificando se o

fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado para o indivíduo; e a

quarta consiste em uma mobilização de esforço, ou seja, esforços cognitivos e

comportamentais para administrar as demandas (internas/externas) de sua relação com o

ambiente.

Segundo Anshel (1990) o enfrentamento (coping) é um processo consciente que

permite que a pessoa domine, reduza ou tolere a causa estressante. Já para Pensgaard e

Eriksen (2000 apud LIMA; SAMULSKI e VILANI, 2004) baseados na teoria da ativação

cognitiva do estresse, o coping é uma resposta positiva a um resultado esperado.

Enfim, baseado nessas definições observa-se que o coping consiste na maneira de

enfrentamento do sujeito ante a uma determinada situação nova ou que lhe produz stress; o

indivíduo utiliza o enfrentamento a fim de vencer, ultrapassar e se manter superior às

situações estressantes, sejam elas quais forem. Assim, seja qual for o modo de

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enfrentamento, seja através de formas mais ou menos amadurecidas, elas serão colocadas à

disposição para buscar solucionar problemas. Deste modo, cabe salientar que as estratégias

sempre serão utilizadas, porém, o que irá distinguir a qualidade do enfrentamento será o

tipo de estratégia mais freqüentemente utilizada pelos indivíduos em situações diversas e

estressoras.

Seguindo ainda o estudo sobre o conceito de enfrentamento (JUSTICE, 1988 apud

SAVOIA, 1999), enfatiza que o seu conceito ainda pode ser explorado em pesquisas

futuras, mais até do que o estresse, pelo fato de poder ser definido com maior grau de

precisão por ser um processo pelo qual as pessoas tendem a modificar ou eliminar os

problemas que surgem. O conceito de enfrentamento pode ainda ser correlacionado com

medidas quantitativas de cognições, comportamentos, emoções, reações fisiológicas e

situações sociais, tanto em ambientes controlados, quanto em ambientes naturais.

Em suma, a concepção de enfrentamento enfatiza os resultados adaptativos e não os

aspectos psicopatológicos de possíveis respostas de enfrentamento, valorizando as

diferenças individuais, tanto na avaliação quanto na utilização das estratégias,

compreendendo o enfrentamento no contexto da situação específica e das demandas

particulares, enfatizando a noção de processo e o seu caráter flexível, minimizando aspectos

disposicionais ou de estilos de enfrentamento (GIMENES, 1997).

Assim, essa conceituação difere daquelas que trabalham com a noção de estilos de

enfrentamento, entendidos como características ou maneiras típicas da pessoa confrontar ou

lidar com situações estressoras (CARVER, SCHEIER e WEINTRAUB, 1989; ENDLER e

PARKER, 1999 apud SEIDL, TRÓCCOLI e ZANNON, 2001).

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2.1 TIPO DE ENFRENTAMENTO E ANÁLISE

Na avaliação do enfrentamento, propõem-se uma distribuição de dimensões.

Borcsik (2006) explica duas grandes dimensões na analise do enfrentamento. Uma

primeira centrada no problema, refere-se a quando a preocupação maior que está focada na

resolução. Sendo assim, é necessário definir o problema, avaliar suas alternativas,

confrontá-las e escolher uma solução, a qual será voltada totalmente para a realidade. O

enfrentamento é então adequado e solucionado sem que se modifique o estado

motivacional do indivíduo. A segunda é centrada na emoção, ou seja, envolve mais o

repertorio afetivo-emocional do que a praticidade na resolução do problema; esse modo de

enfrentamento resulta na ação do indivíduo e na mobilização dos sistemas fisiológicos para

busca da solução de modo que muitas vezes resulta em ações impulsivas e soluções pouco

adequadas que causam sofrimento.

Seidl, Tróccoli e Zannon (2001), esclarecem que tais estratégias classificadas em

duas categorias podem ser definidas como: a) enfrentamento focalizado no problema,

quando a pessoa engaja-se no manejo ou modificação do problema ou situação causadora

de estresse, visando controlar ou lidar com a ameaça, dano ou desafio. Em geral são

estratégias ativas de aproximação em relação ao estressor, com solução de problemas e

planejamento; b) enfrentamento focalizado na emoção, que teria como função principal à

regulação da resposta emocional causada pelo problema/estressor com o qual a pessoa se

defronta; podem representar atitudes de afastamento ou paliativas em relação à fonte de

estresse, como negação ou esquiva.

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Esses mesmos autores certificam que essas estratégias não são necessariamente

excludentes, ou seja, diferentes estratégias de enfrentamento podem ser utilizadas

simultaneamente para lidar com determinada situação estressora. Outros estudos

relacionaram o enfrentamento com outras variáveis psicológicas, sociais e ambientais.

Seidl, Tróccoli e Zannon (2005), investigaram o tipo de enfrentamento de

indivíduos portadores de HIV e associaram essas estratégias com suporte social e qualidade

de vida. Identificaram que o suporte social teve sua importância destacada a partir do peso

que alcançou como variável preditora nas diferentes dimensões da qualidade de vida, em

especial o suporte emocional, junto à condição sócio-econômica. Os autores observaram

também que o nível de escolaridade foi o mais forte preditor, apontando que pessoas com

nível de escolaridade mais alto, e que relataram maior disponibilidade e satisfação com os

suportes instrumental e emocional, e que utilizavam menos o enfrentamento focado na

emoção, tenderam a estimar melhores condições e a avaliar de modo mais favorável o

ambiente onde viviam. O modelo que analisou a qualidade de vida geral teve apenas duas

variáveis preditoras: suporte emocional e enfrentamento na emoção (negativo), permitindo

concluir que pessoas soropositivas que referiram melhor apreciação da qualidade de suas

vidas relataram ter maior disponibilidade e estar mais satisfeitas com o suporte emocional e

fazer menor uso de estratégias de enfrentamento focalizado na emoção.

Com relação à dimensão �religiosidade ou pensamento fantasioso� esta é destacada

como uma dimensão não adequada para o enfrentamento de situações estressoras, já que

indica que o sujeito, ao invés de buscar a aproximação e a resolução do conflito, este sujeito

recorre às fantasias ou ao inanimado para explicar e enfrentar a situação conflituosa.

Entretanto, Seidel, Trócoli e Zanon (2005) e Seidel e Faria (2005) colocam em duvida essa

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dimensão (se positiva ou negativa) pois há variações entre indivíduos e tal aspecto deve ser

melhor estudado. Seidel e Faria (2005) investigaram a religiosidade e o enfrentamento em

contextos de saúde e doença, inclusive com portadores de HIV; identificaram que muitas

pessoas atribuem a Deus o aparecimento ou a resolução dos problemas de saúde que as

acometem, recorrendo freqüentemente a religiosidade ou aos pensamentos fantasiosos

como recurso para enfrentar os problemas. Por outro lado, outro estudo de Siegel e

Schrimshaw (2002) realizado com adultos soropositivos norte-americanos, constatou-se

benefícios percebidos na utilização do enfrentamento religioso. Os sujeitos deparam-se com

uma variedade de benefícios provenientes de suas crenças e práticas dessa natureza. Esse

enfrentamento foi observado como associado ao favorecimento de emoções e sentimentos

de conforto, sensação de força, poder e controle, disponibilidade de suporte social e senso

de pertencimento; facilitação da aceitação da doença, alívio do medo e da incerteza perante

a morte. Esses aspectos sugerem mecanismos potenciais de como a religiosidade pode

afetar a adaptação psicológica em contextos de ameaça ou danos à saúde.

Em outro estudo, Seidl, Rossi, Viana, Meneses e Meireles (2005) investigaram as

estratégias de enfrentamento de crianças e adolescentes portadores de HIV. Através da

Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas (EMEP) puderam identificar um

resultado semelhante aos estudos de Seidl e Faria (2005) com relação à religiosidade, ou

seja, mostrou-se que a modalidade de enfrentamento mais utilizada pelas crianças e

adolescentes foi busca de práticas religiosas ou pensamento fantasioso e estratégias

focalizadas na emoção foram relatadas em menor freqüência.

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2.2 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM SITUAÇÕES DE DOÊNÇA

O estudo mais comum encontrado na literatura para abranger as estratégias de

enfretamento está relacionado às situações em que as pessoas estão envolvidas com alguma

doença, ou em alguma situação que leve o indivíduo a um estado psicológico de maior

tensão. Neste caso, o mais prudente seria ter o controle para eliminar ou amenizar o fator

estressante para que a pessoa não entre em estado de exaustão (SEIDL e FARIA, 2006;

SEIDL, TRÓCCOLI e ZANNON, 2005; SANTOS e ENUMO, 2003). Dentre as doenças

mais estudadas, a literatura tem apontado para o enfrentamento em situações frente ao

câncer e o HIV. Trentini, Silva, Valle e Hammerschmidt (2005); Motta e Enumo (2004);

Pereira e Araújo (2005); Silva, Müller e Bonamigo (2006) advertem que tais doenças, por

serem patologias que envolvem um alto risco da saúde, necessitam de um controle maior do

estresse.

Seidl e Faria (2005) e Seidel e Schrimshaw (2002) demonstraram, como já citado

anteriormente, que as estratégias de enfrentamento apoiadas numa variedade de benefícios

provenientes de crenças e práticas religiosas favorecem as emoções e sentimentos de

conforto, sensação de força, poder e controle, disponibilidade de suporte social, senso de

pertencimento, facilitação da aceitação da doença, alívio do medo e da incerteza perante a

morte. Esses aspectos sugerem mecanismos potenciais relacionados à religiosidade diante

da ameaça ou danos à saúde.

Seidl e Faria (2005; 2006), ressaltam a importância da religiosidade como fonte de

suporte emocional.

Numa linha de raciocínio que pressupõe o enfrentamento como capacidade interna

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do indivíduo, Simon (1989) num referencial psicanalítico, explica os recursos internos ou

recursos defensivos utilizados pelo sujeito ante a crise e que o acomodam numa certa

adaptação, podendo ser ou não eficaz. Esta capacidade adaptativa irá ser determinada pela

qualidade das respostas emitidas pelo sujeito na situação de crise. Estas respostas serão,

como define o autor, respostas adequadas, pouco adequadas e pouquíssimo adequadas.

Assim, explica o autor, nunca um indivíduo pode ser considerado �não-adaptado�, pois

assim sendo ele estaria morto. O individuo possui adaptação eficaz ou ineficaz.

Todo o processo de respostas, ainda segundo Simon (1989) dependerão de todo um

aparato interno que o indivíduo já possui, e que foi construído ao longo de seu

desenvolvimento; portanto fazem parte de seu mundo interno. Este autor criou uma escala

EDAO - Escala Diagnóstico Adaptativa Operacionalizada - para medida da eficácia

adaptativa dos indivíduos e que pode ser utilizada tanto para detectar a situação de crise

como para avaliar a qualidade das respostas do sujeito e, por conseguinte sua capacidade

adaptativa. Conforme Zago (2004), esta percepção psicanalítica aliada ao modelo

instrumental de Simon (1989), têm sido bastante utilizada pelos pesquisadores nos casos de

doenças agudas e crônicas, bem como em relações de trabalho.

Analisado sob uma abordagem humanista, um correlato desse aspecto é apresentado

por Kubler-Ross (1998) que discorre sobre fatores ou fases dos indivíduos acometidos por

doença grave e com expectativas de morte; a autora aponta que a doença traz, além de

perdas concretas, como a morte e a mutilação, as perdas de diferentes significados, tais

como a interrupção prematura de atividades e os sonhos e projetos financeiros. Ao tomar

conhecimento da malignidade da doença o paciente passa por estágios que, nada mais são

do que mecanismos psicológicos de enfrentamento e adaptações: negação e isolamento,

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raiva, barganha, depressão e aceitação. A autora enfatiza, que a negação é o primeiro dos

cinco estágios que os pacientes próximos ou diante da possibilidade da morte passam a

sentir, a negação é o estágio que vem diante do diagnóstico, em seguida virão

sucessivamente à tona à raiva, quando o diagnóstico for assimilado, a barganha para tentar

negociar a morte, neste estágio aceita-se o fato, mas procura-se adiá-lo, mais adiante será a

depressão com a revisão da vida e enfim a aceitação, onde a pessoa passa a deixar fluir o

curso natural de sua doença.

Observa-se que, diante da rica literatura psicológica sobre as maneiras de lidar com

a crise ou o sofrimento, existem diferentes correntes de pensamento. A corrente

psicanalítica parte da compreensão do objeto de estudo por um determinismo psíquico; as

correntes humanista e existencialista partem da compreensão do estado em que o sujeito se

encontra. E a corrente cognitivista, compreende o objeto a partir de características internas

e de experiências externas (ambientais) em que o indivíduo se encontra e que o conduzirão

às formas de enfrentamento que este irá colocar em ação.

Nessa visão cognitivista, o estudo realizado com crianças hospitalizadas portadoras

de câncer, os autores Motta e Enumo (2004), puderam identificar e avaliar que a

experiência de hospitalização, para a criança com câncer, pode trazer prejuízos para o seu

desenvolvimento, provocando reações de estresse que interferem na sua qualidade de vida.

Para lidar com essa situação, o brincar no hospital tem funcionado como estratégia de

enfrentamento, entre outras aplicações. Dentre as atividades aplicadas, foram avaliadas as

estratégias: a) facilitadoras: brincar, conversar, (tomar remédio e rezar), e b) não-

facilitadoras: esconder-se, brigar, sentir culpa, fazer chantagem. Os resultados

demonstraram um índice de enfrentamento no grupo (b) nas ações de medo pelos

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procedimentos invasivos, pois foram nestes momentos que se identificaram �estratégias de

enfrentamento não-facilitadoras�, podendo afirmar que as estratégias de enfrentamento com

crianças em situações semelhantes a esta podem alterar-se devido ao fato que ela vivencia,

ou seja, em relação ao ambiente, pois a criança não tem o mesmo controle que adultos em

situações de estresse. Nos resultados em relação ao grupo (a), observou-se que as situações

que envolvam brincadeiras, conversas, etc., foi uma estratégia mais adequada e útil à

compreensão psicológica da hospitalização e ao atendimento prestado à criança com

câncer, pois o brincar correspondeu a 78,6% das respostas relacionadas ao que a criança

gostaria de fazer no hospital.

Um estudo com jovens portadores de diabetes Mellitus tipo I e jovens não

portadores, Santos e Enumo (2003) observaram que as estratégias de enfretamento foram

efetivas nos jovens somente após a descoberta da doença, onde dedicavam seu tempo

freqüentando biblioteca e atividades intelectuais. Os adolescentes não portadores da doença

realizavam atividades sociais como conversar com amigos, o que pôde demonstrar uma

diferença de preocupações e interesses, ou mesmo uma esquiva de situações sociais

relacionadas à doença. Os jovens portadores da doença passaram por situações de estresse

somente ao receber a notícia e nos primeiros momentos do tratamento; observando-se

tristeza. Apesar do estresse observado na vivência inicial observou-se uma convivência

positiva com a doença devido às estratégias de enfretamento utilizadas pelas crianças,

possibilitando a adaptação e a tolerância ao evento estressor. Alguns jovens manifestaram

um discurso que revelou maneiras mais adequadas para conviver com o fato de encarar a

realidade, focalizando-se no problema, buscando cooperar, seja fazendo a aplicação da

insulina ou tentando seguir a dieta prescrita pelo médico. Assim, a atitude de lidar com a

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situação focalizando no problema é descrita como uma estratégia de enfrentamento muito

utilizada por adolescentes mais �seguros� ou �maduros�, como afirmam Williams e

Macgillicuddy-De Lisi (2000). Isso significa, que os adolescentes com menor grau de

maturidade, ou mesmo os mais jovens, teriam maior possibilidade de utilizarem estratégias

focalizadas na emoção, apresentando respostas como revolta, medo e fuga do problema.

Desta forma, nos jovens portadores de Diabetes Mellitus tipo I, observou-se que apesar do

início da doença ser avaliado como de considerável dificuldade, o tempo de convivência fez

com que as dificuldades diminuíssem, não trazendo mais tantos transtornos, e

possibilitando uma diminuição no nível de estresse. Considerando os recursos que, segundo

Lazarus e Folkman (1984 apud BORCSIK, 2006) ajudam no enfrentamento de situações

estressantes, pode-se considerar que, apesar do comprometimento da saúde, esses jovens

com diabetes ainda apresentavam energia, crenças positivas em relação à doença e à vida,

tinham habilidades sociais para a resolução de problemas no dia-a-dia e buscavam suporte

social quando necessário. Pode-se observar que as estratégias de enfretamento quando

utilizadas focadas no problema são fundamentais em qualquer tipo de reabilitação ou

situação nova estressante.

Pereira e Araújo (2005), avaliaram as estratégias de enfrentamento adotadas pelos

pacientes e seus familiares/acompanhantes durante a participação em um programa de

reabilitação em traumatismo raquimedular. Os participantes foram estudados antes do

ingresso no programa e ao seu término, através da aplicação da Escala de Modos de

Enfrentar Problemas (EMEP) e de entrevista semi-estruturada. Os dados obtidos revelaram

mudanças nas modalidades estratégicas empregadas entre a etapa de pré-reabilitação

(religiosidade, pensamento positivo e busca de suporte social) e a etapa de pós-reabilitação

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(focalização no problema, pensamento positivo e busca de suporte social). Houve

mudanças quanto às modalidades de enfrentamento adotadas, ao se comparar às etapas de

pré e de pós-reabilitação. A participação em atividades do programa de reabilitação, a

percepção de aquisição progressiva de independência, bem como a convivência com outros

pacientes e familiares foram fatores promotores que propiciaram uma avaliação menos

ameaçadora da situação de lesão. Os participantes mostraram-se engajados em planos de

alteração de rotina, visando alcançar melhoria da qualidade de vida. No caso específico do

familiar, sua participação no programa de reabilitação deu oportunidade para o

desenvolvimento do seu senso de competência, capacitando-o a conhecer o problema e a

desempenhar seu papel de cuidador.

Em um estudo mais recente, realizado por Arteche e Bandeira (2006) avaliou-se as

estratégias de coping utilizadas pelos jovens para lidar com dificuldades no trabalho, e os

resultados demonstraram que a maior parte dos adolescentes trabalhadores, frente a um

evento estressor, age diretamente sobre o problema, tentando modificá-lo. Este estudo

corrobora os resultados de Williams e Macgillicuddy-De Lisi (2000) em pesquisa realizada

com adolescentes de diferentes idades, em que jovens na etapa intermediária da

adolescência apresentam uma preferência por estratégias mais ativas, como é a solução do

problema.

2.3 ENFRENTAMENTO E PRÁTICA ESPORTIVA

Na prática do esporte, o enfrentamento tem sido estudado desde 1980, não somente

buscando a sua definição, mas principalmente no auxílio teórico e prático, já que os

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indivíduos utilizam a sua técnica muitas vezes em situações de estresse e para o ato

competitivo.

No caso específico do esporte Ramires, Carapeta, Felgueiras e Viana (2001)

explicam que na maioria dos casos, o que acontece com os indivíduos que passam por

treinamentos é que estes indivíduos conseguem exercitar a disciplina, controlar e

conseqüentemente bloquear o estresse; o que facilita a utilização das estratégias positivas

de enfrentamento tanto no esporte como na vida diária.

Segundo Lima, Samulski e Vilani (2004), um atleta disciplinar consegue enfrentar

situações de tensão de uma melhor maneira, por estar em prior com o seu estado emocional;

isso envolve as estratégias de enfrentamento de uma maneira geral. Ou seja, um atleta

praticante enfrenta seus problemas com mais destreza ao entender a vida esportiva unida e

regrada pela disciplina e, um estado maior de consciência, auxilia-o na compreensão da

prática do esporte para controlar as suas expectativas bem como nas situações da vida

diária.

Conforme Gould, Eklund e Jackson (1992B), os atletas com melhores índices de

sucesso no esporte também possuem melhores habilidades psicológicas. Durante a prática

do esporte, competição ou qualquer situação em que o atleta seja submetido a cargas

estressantes este consegue o seu melhor resultado, minimizando ou neutralizando a

condição perigosa ou desagradável, ou seja, controlando o estresse e as possíveis tensões.

Podemos observar assim, que existem diversas formas com que as pessoas utilizam

as estratégias de enfrentamento (coping), em várias situações da vida diária, incluindo o

esporte.

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Lazarus e Folkman (1984 apud BORCSIK, 2006), concebe o enfrentamento como

respostas a eventos específicos, reconhecendo, no entanto, que determinadas estratégias

podem sofrer maior influência de características de personalidade, enquanto outras parecem

sofrer maior influência de aspectos situacionais ou do contexto.

No esporte, estudos específicos relacionados ao enfrentamento ainda são poucos.

No meio esportivo o estresse e a ansiedade também estão presentes e se acentuam no alto

nível devido à intensa exigência na preparação e na busca de resultados.

Entende-se que o estresse pode causar desequilíbrios quando em excesso, mas em

doses razoáveis pode ser um componente indispensável para a ativação do atleta, pois tem

efeito direto sobre o seu desempenho.

Conforme Gouvêa (2001) a competição no esporte é um causador de estresse e pode

ser vivenciado em alto grau quando o atleta não consegue enfrentá-lo adequadamente,

muitas vezes antecipando conseqüências negativas.

Sendo assim o estresse pode originar-se de fatores negativos ou positivos de

múltiplas origens, segundo Sime e Mc Kinney (1994 apud GAERTNER, 2002) o estresse é

definido como qualquer evento físico, psicológico ou cognitivo, de natureza negativa

(adversa) ou positiva (satisfação) que suscita uma resposta fisiológica que requer uma

significante adaptação homeostática. Quando esta adaptação é excessiva ou prolongada o

desvio dos níveis basais pode ser denominado de tensão... podem produzir conseqüências

fisiopatológicas se são experimentadas com grande intensidade e com alta freqüência por

longo tempo. A natureza dos achados fisiopatológicos é determinada primariamente por

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fatores individuais que predispõem um indivíduo a uma ou mais de uma variedade de

doenças relacionadas ao estresse.

Para Gouvêa (2001), o estresse é uma resposta psicofisiológica que se caracteriza

pelo desequilíbrio entre a demanda da situação e a capacidade de resposta do organismo. E,

no esporte, pode ser configurada como positiva ou negativa. Rocha, Nascimento, Silva e

Lazarini (2006) estudaram as conseqüências da ansiedade e do estresse e constataram que

ambos podem influenciar de maneira positiva ou negativa o desempenho do praticante. Um

certo grau de ansiedade pode atuar a favor do atleta, desde que as alterações fisiológicas

deste não sejam excessivas; mas caso as alterações fisiológicas sejam excessivas, todo o

desempenho do atleta fica abaixo do esperado.

Com a finalidade de demonstrar o quão o estresse pode influenciar na vida

esportiva, é indispensável mencionar um estudo feito por Menoncin Jr. (2003), na cidade de

Curitiba, com o objetivo de identificar quais foram os fatores pelos quais levaram os jovens

praticantes de basquetebol competitivo a abandonarem o esporte precocemente. O autor

observou que de uma maneira geral houve diversos aspectos psicológicos que puderam

influenciar o desempenho dos atletas; entre eles cita: motivação, ansiedade, atenção,

concentração, agressividade e estresse. Mas dentre os aspectos psicológicos mencionados, o

estresse é um dos mais importantes e, fator crucial para determinar a qualidade do

desempenho esportivo e a capacidade do atleta em lidar com este tipo de tensão. Sendo

assim, foram propostas possíveis estratégias a serem utilizadas para a melhoria na

qualidade, quantidade e continuidade do basquetebol na capital paranaense, dentre elas

indicou-se o desenvolvimento físico do atleta, a técnica, tática e principalmente os aspectos

psicológicos.

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3. ORIGEM E HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS

A Arte Marcial faz parte da grande herança cultural do Oriente que, com seus

movimentos elegantes e de extrema eficácia tem exercido um enorme fascínio sobre

inumerável quantidade de pessoas. E grande parte dessas pessoas, busca nas Artes Marciais um meio para

aprender defesa pessoal, outros para vencer o medo ou a timidez, outros ainda para manter a saúde. Existem

também aqueles que, além disso, buscam uma resposta no anseio da alma, para completar o seu lado espiritual.

Diante do exposto as Artes Marciais suprem as necessidades de todas essas pessoas, propondo uma

vivência prática que serve como um caminho de autoconhecimento, despertando o poder interno latente em todo

ser humano, além claro de ser benéfico à saúde (SUGAI, 2000).

Para um melhor entendimento do que estamos falando mostramos agora uma análise

do termo �Arte Marcial". Segundo Imamura (1994, p.74);

A palavra Arte denota algo realizado pôr ser capaz, eminente, com habilidade,

perspicácia e sabedoria. Arte implica o sentido de imaginar, inventar, além do

acomodar, adaptar. O termo Marcial é derivado de Marte, nome latino de Ares,

deus da guerra da mitologia grega. Ele era uma das doze divindades do Olimpo,

sendo filho de Júpiter e Juno. Marte foi educado pôr Príapo com quem aprendeu

a dança e outros exercícios corporais, prelúdios da guerra (guerra interior =

busca da paz). Marte simbolizava o caminho da evolução espiritual.

Ainda nas palavras de Imamura (1994, p.75), segue a fusão dos termos:

�Arte Marcial é toda a forma sistematizada de movimentos que representam gestos

de combate, onde os mesmos expressam as idéias e os sentimentos daquele que os executa,

propiciando uma compreensão cada vez maior da natureza da existência humana�.

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Diante dos conceitos citados, define-se a Arte Marcial como sendo toda a atividade

física que envolve a representação de combate, visando, assim, a consciência plena do

indivíduo consigo mesmo, com relação à sua existência no mundo e na sua relação com

todos os seres a sua volta.

Não existem registros escritos precisos sobre a origem das Artes Marciais, no

entanto, acredita-se que elas tenham suas raízes mais remotas na Índia, há mais de dois mil

anos atrás. Há indícios de que nessa época tenha surgido a primeira forma de luta

organizada, chamada de Vajramushti, que seria um sistema de luta de guerreiros indianos

(ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

Ela começa mesmo a tomar uma forma mais concreta a partir do século VI, quando

no ano 520 a.C. um monge budista indiano chamado Bodhidharma - 28º patriarca do

Budismo e fundador do Budismo Zen - deixou seu país e partiu numa longa jornada em

busca da iluminação espiritual. Bodhidharma (conhecido no Japão como Daruma) viajou da

Índia para a China, pernoitando nos templos que encontrava pelo caminho e pregando sua

doutrina aos monges ou a quem quer que fosse.

Após ter perambulado por boa parte do território chinês, o destino o conduziu ao

Templo Shaolin, localizado na província de Honan. Registros dizem ainda, que ao adentrar

no velho mosteiro, Bodhidharma deparou-se com a precária condição de saúde dos monges,

fruto de sua inatividade, que passavam grande parte do seu tempo �meditando�. Foi então

que ele iniciou os monges na prática de uma série de exercícios físicos, ao mesmo tempo

em que transmitia os fundamentos da filosofia Zen, com o objetivo de reabilitá-los tanto

física quanto espiritualmente.

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Os exercícios ensinados por Bodhidharma eram baseados em métodos de respiração

profunda e yoga, e seus movimentos se assemelhavam a técnicas de combate. A prática

desses exercícios logo se tornou uma tradição no templo, vindo mais tarde a atingir um

estado de evolução tal que pôde ser considerada como um verdadeiro e completo sistema de

autodefesa: o Shaolin Kung Fu, que no Japão é conhecido como Shorinji Kenpo

(ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

Esta arte marcial em ascensão logo mostrava sua eficiência, primeiro com relação a

restabelecimento da saúde dos monges, e segundo como método de defesa pessoal

propriamente dito, posto em prática contra bandoleiros que por vez ou outra saqueavam o

templo, de quem os monges em outros tempos eram considerados presas fáceis.

A reputação dos monges lutadores logo se espalhou pela China, fazendo com que o

Shaolin Kung Fu se difundisse amplamente pelo país, principalmente durante a Dinastia

Ming (1368-1644), vindo mais tarde a conquistar outros países da Ásia e a dar origem a

outros estilos de artes marciais, como o Karate em Okinawa.

Okinawa é a maior das ilhas de um arquipélago situado ao sul do Japão: as Ilhas

Ryukyu. Esta região, que atualmente forma a província de Okinawa, constituía um reino

independente até o final do século XIX, quando foi anexada ao império japonês.

Alguns pesquisadores acreditam ainda que as Artes Marciais tiveram sua origem nas

formas primitivas de autodefesa dos seres humanos contra animais selvagens e nas lutas

tribais. A China foi o grande berço das artes marciais, nas quais se combinavam as

habilidades defensivas com a disciplina e o autocontrole (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES

MARCIAIS, 1996).

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As Artes Marciais são tidas como atividades físicas plenas, que trabalham o corpo e

a mente, buscando um equilíbrio fundamental para o desenvolvimento integral do

indivíduo. Sua prática não só é saudável para uma boa forma física, mas também para o

desenvolvimento das virtudes dos adeptos.

Com o avanço da sociedade humana, várias modalidades foram se desenvolvendo,

sempre ligadas a uma filosofia de vida que privilegia o respeito aos outros e a autodefesa

como meta. As Artes Marciais trabalham o corpo e a mente de forma indissociável,

buscando, sobretudo, o desenvolvimento pleno do indivíduo.

Nos dias de hoje as Artes Marciais tem recebido características desportivas, onde o

aspecto competitivo é atualmente enfatizado além do que entre os povos do Oriente,

fazendo culturalmente parte do quadro curricular na rede de ensino junto com as matérias

tradicionais de classe, como se fosse disciplina essencial para a prática da Educação Física,

bem como, completar o aluno com relação à filosofia. (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES

MARCIAIS, 1996).

3.1 KUNG FU CHINÊS

Kung Fu ou Gong Fu (功夫, Pin Yin: gôngfu), que tem a acepção de uma palavra

chinesa em forma coloquial que pode significar "Estudo, virtude ou habilidade, adquiridos

através de esforço" e "Competência na luta corporal" (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES

MARCIAIS, 1996).

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O termo não era muito popular até a segunda metade do século XX; por isso

raramente é encontrado em textos modernos fora da China. Acredita-se que, no Ocidente, a

palavra foi usada pela primeira vez no século XVIII, pelo missionário jesuíta francês Jean

Joseph Marie Amiot. Com a imigração de chineses (cantoneses, em sua maioria) para a

América, o termo começou a se difundir. Os chineses de Guang Dong (Cantão)

costumavam a se referir treino das lutas corporais a atividade que requeria muito tempo de

prática ou trabalho duro sob rigorosa supervisão de um mestre competente, e em seu dialeto

usavam a expressão Gong Fu (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

Entretanto, o termo ganhou popularidade de fato a partir do final dos anos 60,

graças aos filmes de arte marcial de Hong Kong (especialmente os de Bruce Lee), e aos

seriados para televisão que levavam no título o termo Kung Fu. Sua popularidade no

mundo se deu pelos filmes a partir dos anos 60 do século passado e dos EUA através de

Bruce Lee e da série da TV 'Kung Fu' estrelada por David Carradine.

As características mais fortes nos métodos de prática dos movimentos estão na

divisão regional, devido às diferenças geográficas. Apesar da China ser um país com

diversos tipos de relevo e com todos os seus pontos cardeais naturalmente, no Kung Fu,

para facilitar dividiu-se em apenas norte e sul.

O norte chinês é mais montanhoso, com um clima obviamente mais frio. Os

chineses do norte utilizavam-se de roupas mais grossas para melhor proteção do frio e

possuíam as pernas fortalecidas devido à convivência nas montanhas. Sendo assim

desenvolveram um Kung Fu de movimentos mais amplos, de forma a não ser atrapalhados

pelas grossas roupas que coibiam alguns golpes. Valorizaram bastante os chutes,

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principalmente os mais altos, aproveitando as pernas fortes (ENCICLOPÉDIA DAS

ARTES MARCIAIS, 1996).

O sul chinês possui relevo um pouco mais plano em relação ao norte, com maior

abundância de rios e chuvas, com temperaturas mais elevadas. Por esta razão, os estilos de

Kung Fu do sul da China desenvolveram-se com características diferentes aos do norte.As

bases de pernas são mais baixas, ou seja, mais plantado ao solo, adaptando-se a situação

geográfica da região sul daquele país. Com chutes mais baixos e fortes, sempre priorizando

as pernas e o baixo ventre, e em menor quantidade, valoriza-se o uso dos braços através de

socos, arremessos e agarramentos mais rígidos, visando uma luta mais breve.

Esta é apenas uma pequena descrição nas divisões mais marcantes entre os estilos

do Sul e Norte da China. Naturalmente existem outros fatores que se fazem pertinentes

sobre as diferenças estratégicas nas aplicações de suas técnicas, principalmente costumes,

filosofias, religiões, culturas regionais etc.

Além da habilidade em combate e ganho de saúde o Kung Fu trabalha o

desenvolvimento pessoal, advindo da disciplina, persistência e respeito aos limites;

estrutura o corpo e a mente ajudando no equilíbrio psíquico e auxiliando a pessoa a vencer

novos obstáculos e desafios (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

Este esporte de combate pode ser praticado por adultos, idosos e crianças de ambos

os sexos dependendo do estilo. Combina ginástica completa de todo o corpo, na maioria das

vezes seqüências de movimentos, chamados de Taolu ou formas, chamada vulgarmente de

katis, que por mutação lingüística são chamados katas no Japão. Alguns estilos incluem

treinamentos em armas chinesas, como bastão (gun), facão (dao), espadas (jian), lança

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(qiang) entre outras. Se bem desenvolvido, possibilita um equilíbrio corporal total,

aumentando a saúde e a qualidade de vida. Possibilita também o controle do estresse, de

angústias, ajudando na concentração.

3.2 KUNG FU VIETNAMITA (QWAN KI DO)

As artes marciais vietnamitas desenvolveram-se sobretudo num contexto de defesa

aos ataques estrangeiros recebendo, simultaneamente, influências da ocupação estrangeira,

sobretudo dos chineses. Ao longo de vários séculos com lutas civis, mudanças de dinastias,

conquistas estrangeiras e guerrilhas variadas os mestres de artes marciais de origem

vietnamita utilizaram os conhecimentos que possuíam das artes marciais chinesas e

desenvolveram uma forma única e particular de arte marcial. Estas artes marciais eram

utilizadas pelos reis vietnamitas no treino das suas tropas e na defesa nacional contra as

invasões. As famílias de clãs e os templos budistas também cultivaram uma variedade de

estilos para defesa pessoal em disputas nacionais (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES

MARCIAIS, 1996).

É difícil definir com precisão a data da formação das artes marciais vietnamitas. No

fundo, nascem com a história do próprio país e do imperador Hung Vuong I. Este

imperador funda a dinastia Hồng Bàng que dura de 2879 a 258 a.c. A origem da arte

marcial vietnamita situar-se-á por aí, contendo, portanto, mais de quatro mil anos de

existência. Teremos de ter em conta que o imperador Hung Vuong e a sua dinastia situam-

se numa parte pré-histórica e mitológica da história do Vietnam e, sendo que a realidade é

bastante difícil de discernir num tempo tão remoto. Por isso, em vários livros de história do

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Vietnam e esta dinastia não chega a ser sequer considerada. Pinturas encontradas em

cavernas no norte do Vietnam e descrevem cenas de luta com armas. Para além das cenas

de luta com mãos vazias, há registros do uso de machados, pequenos sabres, lanças e paus

longos e curtos. O Vietnam define-se oficialmente como país em 200 d.c. Apesar da

problemática relação com a China, muita da cultura vietnamita assim como pensamento

filosófico provém precisamente daí. Isso seria inevitável já que a China foi o grande pólo

dinamizador cultural no extremo-oriente.

Define-se a mais usada das Artes Marciais o Kung-Fu Vietnamita - O Qwan Ki Do,

que designa o caminho da energia vital, representando em sua terminologia recente a

realização de 25 anos de estudos e pesquisas efetuadas por uma das maiores personalidades

das artes marciais vietnamitas, o mestre Pham Xuan Tong (TONG, 2001)

Este criador da modalidade nasceu em 17 de julho de 1947 em Ninh Binh, próximo

de Nam Dinh (Tankin) e elaborou uma síntese dos mais célebres estilos de artes marciais

chineses e vietnamitas. Teve a honra e o privilégio no Vietnã de ser discípulo de mestre

Chau Qwan Ky que o designou, por testamento, sucessor e depositário de sua Escola

chinesa Nga Mi Ho Hac Trao (E Mei Hu He Zhao). Teve ainda os ensinamentos de arte

marcial vietnamita de seu tio-avô Phan Tru e dos mestres Long Ho Hoi, Pahn Thanh Su e

Le Van Kien. Em 1968, Pham Xuam Tong partiu para a França para terminar os estudos e

passou então a empreender o trabalho de sintetizar as duas grandes correntes que aprendera,

para tanto se servindo da herança do Extremo Oriente e integrando certas descobertas

recentes do campo da Educação Física e da Pedagogia do Ensino, desta forma surge o

Qwan-Ki-Do, fruto de vários anos de pesquisa teóricas e práticas, dos quais 13 anos

passados na França (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996; TONG, 2001).

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Apesar da nova nacionalidade, o mestre Pham Xuan Tong continuou fiel às suas tradições

natal e, particularmente ao culto dos seus antepassados. As duas razões por qual o

motivaram a escolha do termo Qwan Ki Do foram, à vontade de prestar uma homenagem a

seu mestre Chau Quan Ky (mencionando-o foneticamente no nome de seu método), e, o

desejo de valorizar os dois elementos fundamentais de toda a arte marcial, o �Khi� (Qi e

chinês, e Ki em japonês) e o Dão (Dão também em chinês e Do em japonês). Essa dupla

preocupação levou ao termo Qwan Ki Dao (Via da Energia Vital) transcrito, para a

facilidade escrita Qwan Ki Do (TONG, 2001).

É determinada arte marcial vietnamita porque reúne técnicas das mais variadas, com

algumas combinações de diferentes estilos. Utiliza-se diferentes partes do corpo para ataque

e defesa, utilizando-se torções e projeções, chaves, estrangulamentos, imobilizações,

combate corpo a corpo e com armas tradicionais vietnamitas. Tem-se ainda o combate

corpo a corpo e com armas tradicionais vietnamitas. É feito um trabalho de potencia e

endurecimento, velocidade e flexibilidade, onde a concentração e outros aspectos são

importantes nesta arte de combate.

Dentre a filosofia do Qwan Ki Do Está à harmonia entre a força e a agilidade, a

evolução permanente do corpo e do espírito, o equilíbrio do homem com ele mesmo e com

a natureza, a fraternidade entre os seres humanos, coragem, responsabilidade, sinceridade e

lealdade, bondade e cortesia e a serviabilidade. Para prática do Qwan Ki Do não é

necessário ser forte para ser útil, mas ter a formação do homem verdadeiro e não somente

do homem forte (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996; TONG, 2001).

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O Qwan Ki Do inclui ainda a utilização e o estudo de armas como parte integrante

da formação do praticante, no estágio do estudo, da pesquisa e da competição. A utilização

de armas permite o fato ao praticante em desenvolver melhor certas sensações (controle

absoluto dos gestos, sensação mais aguda de perigo) e qualidades (coordenação e

lateralização). O praticante apto das habilidades técnicas e conhecedor da filosofia do

Qwan Ki Do pode utilizar além das armas tradicionais, técnicas utilizadas, utilizar o

principal objetivo da disciplina: a serenidade (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES

MARCIAIS, 1996; TONG, 2001).

Segundo TONG (2001), os benefícios do Kung Fu Vietnamita pode-se destacar

como os principais: a) Longevidade e Prevenção de Lesão: Todas as aulas de Kung-Fu

começam com o aquecimento muscular e das articulações para depois iniciar aos exercícios

de flexibilidade. Isto é feito para fins de prevenir contusões e lesões de tendões e de

músculos. É importante para todas as idades evitando envelhecimento precoce, e também

ideal para prevenção de processo inflamatório que pode ocorrer nas pessoas que trabalham

e m computadores; b) Melhor Capacidade Aeróbia: Visa desenvolvimento progressivo de

capacidade cardiovascular a fim de melhorar aptidão física nos exercícios específicos de

Kung-Fu. Os benefícios são semelhantes aos da ginástica aeróbia como queima de calorias,

resistência aeróbia, fortalecimento muscular, coordenação motora e agilidade; c)

Modelagem Corporal: O trabalho muscular do Kung-Fu é de forma dinâmica e multi-

direcional (não é estática como no halterofilismo). A energia de alto impacto bem como a

força explosiva do Kung-Fu se gera através de contração muscular acelerada. Portanto, a

modelagem corporal dos praticantes é de forma definida e proporcional sem hipertrofia

local, exagerado desenvolvimento muscular, desenvolvimento de Kung-Fu são

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direcionados para proporcionar seu melhor uso técnico e não apenas para fins estéticos; d)

Qualidade Mental: Os exercícios físicos de Kung-Fu ajudam "descarregar" as tensões

geradas por estresse vivido no dia-a-dia; e os exercícios de mentalização, com Chi-Kun e

Meditação melhoram o nível de concentração e direcionam os praticantes buscando seu

conhecimento próprio e proporcionando assim o estado de estabilidade emocional

tornando-os autoconfiantes e tranqüilos, gerando assim alta produtividade no trabalho; e)

Qualidade Espiritual: No Kung-Fu, "o espírito" representa doutrina e disciplina de Vida. É

uma aprendizagem de ser, pensar e viver. A essência espiritual do Kung-Fu é desenvolvido

através de constante reflexão e desafio próprio. Os praticantes através desse processo vêm

desenvolvendo progressivamente qualidade espiritual como coragem, retidão, sacrifício,

respeito, perseverança, paciência, paz, fraternidade, etc... O Espírito do Kung-Fu vem

sendo moldado durante vários séculos, e vem sendo transmitido para suas gerações. O

Kung-Fu não é a arte marcial só de exercício muscular mas sim, a arte marcial do exercício

intelectual, espiritual e sobretudo cultural; f) Defesa Pessoal: Por ser arte marcial, todas as

técnicas de Kung-Fu tem a sua prática para fins de defesa própria, mesmo aqueles estilos

que aparentemente são direcionados para fins de terapia ou promover um melhor estado de

saúde. O Kung-Fu tem como objetivo o desenvolvimento técnico global visando dominar

todas as distâncias e direções de luta, executando com eficiência e simplicidade.

3.3 TAEKWONDO

O Taekwondo, Tae Kwon Do ou Taekwon-Do (跆拳道) é uma arte marcial coreana

que surgiu há cerca de dois mil anos. Hoje em dia, é um desporto difundido em todos os

continentes. Nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, teve seu "batismo de fogo", quando se

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converteu num desporto olímpico de exibição. Em Atlanta, 1996, já constava para a disputa

de medalhas, consagrando-se como desporto olímpico oficial nas Olimpíadas de Sidney,

em 2000 (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

No século VII, a Coréia estava dividida em três reinos: Koguryo, Paekche e Silla.

Descobertas arqueológicas de pinturas nas paredes de Muyong-Chong, uma tumba real que

remonta à época da dinastia Koguryo, permitem-nos evidenciar a prática de Tae-Kyon (a

mais antiga forma de taekwondo) em um período anterior ao ano de 50 a.C.

As pinturas não deixam dúvidas sobre se realmente representam uma manifestação

da antiga arte do Tae-Kyon: mostram homens desarmados praticando um combate e

utilizando técnicas com muitas características da arte, como a "faca da mão", o punho

cerrado e a posição de luta clássica. Nesta época, destes três reinos que viviam em

constantes conflitos, Silla (o menor e menos desenvolvido deles) estava sempre sendo

invadido pelo outros, bem como por piratas japoneses, que se aproveitavam de sua fraqueza

e incompetência militar para saqueá-los. Ignorando suas diferenças com seu vizinho mais

próximo, e preocupado com a segurança de seu próprio reino, o rei de Koguryu amedronta-

se frente aos ataques dos piratas japoneses e resolve enviar forças militares para prestar

treinamento a alguns guerreiros da nobreza de Silla e ajudá-los a combaterem e livrarem-se,

e à própria península, dos ataques inimigos. Esta foi a primeira vez que o taekwondo

(naquela época conhecido como Tae-Kyon) foi introduzido no reino de Silla, que seria, a

partir de então, seu maior propagador (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

Uma vez contando com o apoio militar de Koguryo, o rei de Silla convocou a

nobreza do reino para que formassem um grupo de elite, que se responsabilizaria pela

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defesa e proteção da nação. Esses nobres criaram um grupo que ficou conhecido como os

Hwarang. Os Hwarang foram então treinados em diversas modalidades: arco e flecha,

marcha, espada, bastão, lança, táticas militares e Tae-Kyon. Tornaram-se conhecidos em

todo o reino. Seu rei, porém, acreditava que ainda lhes faltava uma ideologia, pois do

contrário seriam nada mais que um grupo de assassinos bem treinados. Estudaram, então,

história, filosofia confuciana, ética e moral budista. Daí formularam seu código de honra:

Fidelidade ao rei; Lealdade aos amigos; Respeito aos pais; Nunca recuar ante o inimigo; Só

matar quando não houver alternativa. Com a formulação deste código de honra, o

movimento passou a denominar-se Hwarang-Do ("Do" significa "o caminho" em todas as

artes marciais orientais). A partir da formação do grupo dos Hwarang, Silla tornou-se tão

poderosa frente a seus inimigos vizinhos que, no ano de 670 d.C., consegue unificar os três

reinos da península sob a sua bandeira. É por isso que algumas fontes de pesquisa indicam

este ano como o ano de surgimento oficial do taekwondo, na cidade de Surabul da Silla;

mas na verdade, a prática desta arte é bem anterior a este período, como nos provam as

pinturas encontradas na tumba Muyong-Chong, e que remontam ao século I a.C

(ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

A partir daí, os Hwarang viajam pelo interior da península para conhecer mais sobre

a região e a população, e desta forma vão espalhando o Tae-Kyon por todo o reino durante

toda a dinastia Silla, que se estende de 668 d.C. até 935 d.C. Durante esta época, o Tae-

Kyon se torna popular como uma atividade de recreação ou um sistema de

desenvolvimento físico, ainda que fosse também uma excelente forma de defesa pessoal.

Somente durante a dinastia Koryo (935 d.C. - 1392 d.C.) esse foco começa a mudar. Nessa

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época o Tae-Kyon passa a ser conhecido como Subak e deixa de ser visto como um sistema

de desenvolvimento físico, passando a ser encarado como uma arte marcial.

No período de ocupação japonesa, a prática do Tae-kyon foi proibida. Nesta mesma

época, muitos coreanos imigraram para o Japão em busca de melhores condições de vida,

sendo que algum destes aprenderam as artes marciais japonesas, como o Karate (Tang Soo

Do em coreano).

No pós-guerra, começam a surgir às escolas marciais de Tang Soo Do (Kwan): -

CHANG MOO KWAN, onde o Mestre BYUNG IN YOON praticou kung fu Chuan Fa e

Karate Shudokan; - MOO DUK KWAN, onde o Mestre HWANG KEE praticou Tae-Kyon

e um estilo de luta chinês quando viveu na Manchúria. Teve acesso a informações do

Karate de Okinawa, sistematizando suas formas com base nos katas japoneses; - JI DO

KWAN, originada pelo Mestre CHUN SANG SUP que sabia Judô e Karate, sendo

posteriormente liderada pelos mestres KWE BYUNG YOON (4º dan karate shudokan) e

CHONG WOO LEE; - CHUNG DO KWAN, pelo mestre WON KOOK LEE, praticante de

Karate Shotokan. - OH DO KWAN, escola voltada para militares, principalmente oriundos

da Chung Do Kwan, liderada por CHOI HONG HI (praticou Tae-Kyon na juventude, foi

faixa preta no Japão no estilo Shotokan de Karate) e Nam Tae Hi (treinado na Chung Do

Kwan), esta escola teve papel importante na identificação de uma nova luta na Coréia,

tendo em vista que o General Choi Hong Hi propôs o nome Taekwondo em 11 de Abril de

1955 e em 22 de março de 1966 foi fundada a International Taekwon-do Federation

(I.T.F.), que enviou professores pelo mundo para a divulgação da luta, e elaborou 24 novos

katas (conhecidos como Hyong ou Tul), técnicas e regras específicas, resgatando os chutes

muito valorizados no Tae-Kyon (estilo CHANG HUN), que mantém as posturas marciais

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de combate. No início eram utilizados os katas japoneses, com nomes em coreano, daí a

semelhança dos estilos, conhecido na década de 70 como karate coreano (ENCICLOPÉDIA

DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

Houve uma centralização das escolas em torno da ITF, todavia alguns mestres não

concordaram, e continuaram mantendo suas escolas. No início da década de 70, problemas

políticos levaram o Gal. Choi ao exílio, levando consigo a sua federação para o Canadá. O

vazio provocado com essa ruptura gerou a formação da WTF em 28 de maio de 1973, que

passou a subsidiar os mestres, formando um instrumento marcial controlado pelo governo

coreano (estilo KuKiwon), que elaborou novas formas (Palgwe e Poonse), e enfase em

competições olímpicas). Outra Federação é a STF, do Mestre Haeng Ung Lee que veio da

ITF e em 1983 desenvolveu o estilo Songahm, criando suas próprias formas, chamadas de

fórmulas.

No Brasil em julho de 1970 em São Paulo, trazido pelo mestre Sang Min Cho,

enviado oficialmente pela International Taekwondo Federation. Depois vieram os mestres

Sang Min Kim ,Kun Mo Bang, Kum Joon Kwon , Woo Jae Lee, Kwang Soo Shin, Chang

Seun Lim, Soon Myong Choi, Ju Yol Oh, Te Bo Lee, Hong Soon Kang, Sung Jang Hong,

entre outros, também se estabeleceram aqui no Brasil, proporcionando um desenvolvimento

maior da arte. Em Portugal, o Taekwon-Do foi introduzido em 1974 pelo Grão-Mestre

Chung Sun Yong, atualmente 9º dan.

É inquestionável a forte influência japonesa na estruturação e diagramação das

formas, bases, golpes e defesas, com a herança dos movimentos rápidos e precisos do

chutes do Tae-Kyon. Podemos dizer que lutas diversas contribuíram no sistema, todavia o

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Taekwondo é uma moderna arte, estabelecida na metade do século XX e em constante

aprimoramento. A palavra "taekwondo" significa = "caminho dos pés e das mãos através da

mente".

Nos graus de aperfeiçoamento do Taekwondo a caminhada é divida inicialmente em

Gubs e em seguida em Dans. Cada Gub corresponde a uma faixa colorida que o

taekwondista amarra na cintura, por sobre o dobok, a vestimenta característica dessa arte

marcial. São elas: Branca (10º Gub); Laranja (9º Gub); Amarela (8º Gub); Amarela com

Ponta Verde (7º Gub); Verde (6º Gub); Verde com Ponta Azul (5º Gub); Azul (4º Gub);

Azul com Ponta Vermelha (3º Gub); Vermelha (2º Gub); Vermelha com Ponta Preta (1º

Gub).

A partir daí, o praticante chega aos Dans, cujos sinais exteriores limitam-se à

presença não-obrigatória de pequenos traços perpendiculares na faixa preta, indicando 1º

Dan, 2º Dan etc, até o 10º Dan, que só é concedido ao 9º Dan quando o 10° Dan morre. Ou

seja, o 10° Dan é o ultimo e mais importante posto no taekwondo.

Quanto aos seus benefícios, são excelentes para aqueles que procuram fazer uma

atividade física e já estão cansados das aulas convencionais de ginásticas oferecidas nas

academias. O Taekwondo é um esporte que desenvolve a parte física e mental do

praticante, seja ele adulto ou criança. Ele desenvolve a coordenação motora, trabalha a

memória, ensina disciplina e valores, bem como noções de hierarquia e respeito. Além

disso, desenvolve o espírito de luta, a autoconfiança, o espírito de liderança, a seriedade, a

paciência e a humildade e também é um método eficiente de defesa pessoal

(ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

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O "espírito do taekwondo" consiste nos princípios éticos de cortesia, integridade,

perseverança, autocontrole e espírito indomável.

3.4 KARATÊ

A palavra "Karate" é derivada de uma expressão usada na filosofia zen, que pode

ser considerada como parte integrante da filosofia oriental. A palavra "sora" que se

pronuncia também como "kara" ou "kuu", representa o universo. No pensamento zen, a

palavra contém o ato ou processo de libertação da pessoa ou seu ego, conseguindo um

estado de mente que não é afetado por nada, isto é, estado de inexistência. Este "estado",

significa o esforço para livrar a pessoa de qualquer tipo de desejo e desenvolver um caráter

respeitável. Portanto o verdadeiro propósito do karate é treinar de tal forma que o praticante

possa viver de maneira agradável, saudável, honrado e digno, sem criar problemas, sem

temer ao forte ou poderoso, sem se humilhar ante o homem influente, e sem se tornar cego

pelas riquezas da terra (desapego). Esse equilíbrio existe através do Yn e Yang, que em

conjunto, formam o universo, numa combinação do positivo e negativo. O significado atual

do karate, se deve ao mestre Gichin Funakoshi, que mudando o sentido original do nome,

introduziu a palavra �KARA� com significado de vazio, Céu, Universo. �TE� significa mão

e �DO� caminho. Literalmente karate significa o caminho das mãos vazias (Por isso se diz

que o lutador de karate usa o próprio corpo como armas para lutar) ou num sentido mais

filosófico, caminho que contém o universo (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS,

1996).

O Karate foi originado na Índia ou na China, há aproximadamente doze séculos. A

medida em que a arte foi sendo desenvolvida, estudada, cultivada e transmitida através das

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gerações, mudanças e contribuições foram somadas para a formação de diversos estilos de

karate em evidência atualmente.

Há milênios já existiam formas de lutas sem armas, e na época dos samurais no

Japão, não existia o conceito de esporte os guerreiros praticavam artes marciais também

como forma de exercícios físicos, através dos quais educava a disciplina, a moral, o

civismo e impunham à paz e a moral à sua Nação.

O grande responsável pelo desenvolvimento do karate, foi o mestre Gichin

Funakoshi, que introduziu o karate como esporte no Japão e foi convidado pelo ministério

da educação japonês, para dar aulas de karate nas escolas e universidades do país. O mestre

Funakoshi pretendeu com seu método que visava à educação física como forma de defesa

pessoal, aliada à filosofia dos samurais, mas com base científica, ajudar os estudantes em

sua formação como homens e cidadãos úteis à sociedade, tudo isso, sem perder o

verdadeiro espírito marcial da luta (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

O karate foi considerado "arte divina" pela sua grande eficiência no combate real.

Um dos fatos mais importantes para o desenvolvimento do karate, foi o surgimento do

"karate-competição" como esporte. Nos anos 30 e 40, o karate começou a se espalhar pelo

mundo. Aqueles poucos indivíduos, que realmente alcançaram uma alta condição na arte do

karate, exibem capacidades que parecem estar próximas dos limites do potencial humano.

O praticante de karate, uma pessoa altamente treinada nos aspectos físico-mentais, quando

se confronta com o atacante, apresenta um comportamento diferenciado e da provas de

sentimentos completamente incomuns a alguém tão ameaçado. Existe uma ruptura de

pensamento intelectual e de emoções como raiva, medo e orgulho. Em lugar disso, ele não

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se sente como indivíduo separado das coisas que o cercam, como um indivíduo em seu

ambiente. Até mesmo seu oponente é olhado como uma extensão de si próprio. É natural

que tais sentimentos subjetivos estejam abertos ao estudo científico. No karate existe uma

famosa expressão do mestre Funakoshi: "Karate Ni Sente Nashi", que significa que

primeiro a defesa é importante, depois o ataque, sem perder o espírito ofensivo, esse

provérbio explica claramente o objetivo do karate que é conter o espírito de agressão. Dessa

forma, nota-se a atitude de respeito na prática do "Kata" (Luta imaginária), as quais sempre

se iniciam com técnicas de defesa. Através de muito trabalho e dedicação ele busca a

formação do caráter da pessoa e o aprimoramento da sua personalidade.

Cada pessoa tem objetivos diferentes ao optar pela prática do Karate, que devem ser

respeitados. Cada um deverá ter oportunidade de atingir suas metas, sejam elas tornar-se

forte e saudável, obter autoconfiança e equilíbrio interior ou mesmo dominar técnicas de

defesa pessoal. Contudo, não deve o praticante fugir do real objetivo da arte. Aquele que só

pensa em si mesmo, e quiser dominar técnicas de Karate somente para utilizá-lo numa luta,

não está qualificado para aprendê-lo, afinal, o Karate não é somente a aquisição de certas

habilidades defensivas, mas também o domínio da arte de ser um membro da sociedade

bom e honesto. Integridade, humildade e autocontrole resultarão do correto aproveitamento

dos impulsos agressivos e dos instintos primários existentes em todos os indivíduos

(ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

Como de maneira geral entende-se como "saúde" o bem-estar físico, mental e

espiritual do ser humano, e não somente o estado de "ausência de doenças". O Karate é tido

como um vetor de saúde, pois proporciona ao seu praticante: aptidão física total (força,

resistência, razoável flexibilidade articular e um sistema cardiovascular com bom nível de

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capacidade aeróbica); na adequação psico-social o karate desenvolve a moral, a sensação de

bem estar, reduz os níveis de ansiedade, aumenta a auto-estima, melhora a imagem física e

contribui para o auto-conhecimento e controle do estresse.

Além dos benefícios supracitados, a prática correta e disciplinada do karate pode

ainda promover a manutenção da saúde e fortalecimento do físico, estimular à coragem

para enfrentar obstáculos da vida diária, respeitar o próximo, tendo bons costumes em

relação ao meio ambiente, equilíbrio, boa postura e respiração correta, que serão

estimulados pelos rituais tradicionais. Há também um incentivo ao aperfeiçoamento pessoal

no sentido de tentar vencer os próprios limites, como os do medo, da desconfiança, da

preguiça, da indecisão, etc.

A pessoa capaz de adquirir uma disciplina com a pratica do karate pode se

empenhar e se dedicar, exigindo o máximo do corpo e da mente, treinando com paciência e

perseverança até fazer desses objetivos um hábito. A estabilidade emocional também pode

ser conseguida, a situação de luta colabora eficazmente para sua conquista. Qualquer

descontrole de emoções tem imediata repercussão no rendimento e na performance. Por

isso é preciso dedicar-se com empenho, para conseguir a necessária serenidade

(ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

No mundo de hoje, os valores como disciplina, respeito e companheirismo são

muitas vezes deixados de lado. Pai e mãe freqüentemente trabalham e, às vezes, não têm

condições de ajudar a construir estes valores que são conseguidos desde a infância, por não

estarem sempre em contato com os filhos que, normalmente, passam seus dias em frente de

uma televisão e/ou em contato com companhias inadequadas. Além disso, as escolas, em

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geral, priorizam o aspecto intelectual, dando menos ênfase aos fundamentos da educação

moral, cujos ensinamentos estão voltados para o comportamento disciplinar e social.

Portanto, diante de todas as práticas esportivas, no caso as artes marciais e seus

benefícios expostos no presente estudo, a prática de alguma delas sob a orientação de

instrutores qualificados trará benefícios inestimáveis para a criança, na sua fase de

adolescência e na sua vida adulta, pois todo e qualquer ser humano quando bem orientado e

motivado, será um grande passo para se evitar o aparecimento de certos vícios (como o uso

de drogas, por exemplo), nocivos à saúde.

Nesse sentido, pode-se dizer que a prática correta de qualquer tipo de esporte ou

Arte Marcial auxilia enormemente na educação, formação e desenvolvimento de um

individuo. Onde aprendem e respeitam valores, prestando atenção e se relacionando com as

pessoas no dia-a-dia. Com relação ao aspecto físico e psicológico, o praticante estará

sempre se exercitando, o que proporciona um melhor desenvolvimento corporal e cerebral,

contribuindo para uma vida saudável em todos os aspectos, principalmente no intuito de

conseguir o controle do estresse.

3.5 AS ARTES MARCIAIS E A SAÚDE

Antes de tudo devemos assentar as bases de que como qualquer outro tipo de

exercício, realizado em forma e intensidade adequada, os seus praticantes obterão uma série

de vantagens e melhoras comuns a todo treinamento direcionado ao organismo. Como

consideração básica ainda quando procedamos à análise individualizada desses benefícios

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por sistemas e aparelhos, ao ser o corpo humano um todo indivisível, qualquer melhora ou

déficit produzido numa das suas partes repercutirá de forma imediata no conjunto

harmonioso do todo. Condicionando-se este de forma automática, para suprir ou compensar

qualquer desvio ou anomalia de uma das suas partes: princípio de adaptação e da

compensação substitutiva. Sabido é que os cegos possuem um ouvido agudíssimo e um

sentido do tato extremamente fino; os paraplégicos e/ou limitados de membros inferiores,

ao longo do tempo desenvolvem um especial e superior sentido do equilíbrio e

fortalecimento do tronco e extremidades superiores, etc. (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES

MARCIAIS, 1996).

Dentre inúmeros benefícios possíveis pela prática das Artes Marciais de um modo

geral, pode-se destacar os que estão ligados as questões psicológicas dos praticantes, onde

se pode citar alguns exemplos como: a) Fenômenos de adaptação e assimilação perante a

nova situação em que o indivíduo se desenvolve; b) Trabalhar a mente em função da

memória, coordenação, imaginação: katas (movimentos coreografados) e capacidade

decisiva de atuação num dado momento (sentido de ordem e disciplina mental). No aspecto

de convivência e formação de caráter, as artes marciais lhe permitem libertar-se de uma

série de inibições, ao facilitar-lhe o trato num ambiente diferente do meio familiar ou

acadêmico que, além disso, lhe oferece uma normativa ética de comportamento para os

seus companheiros e mestre diferente do habitual; c) Os aspectos psicológicos e de

comportamento têm uma grande transcendência perante os interrogantes e dúvidas de toda

ordem que nessa época da vida surgem em qualquer indivíduo. Uma sólida formação e um

caráter equilibrado vão evitar numerosos problemas de toda índole; d) Por conseguinte, o

conseguir nessa época da vida o mais alto equilíbrio psicofísico dentro de uma linha de

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comportamento adequada, numa mente habituada à análise dos seus atos e reações, é o

melhor resultado que as artes marciais podem conferir aos seus praticantes; e)

Psicologicamente e independentemente dos benefícios obtidos na sua caminhada até este

momento, nesta fase alcança um máximo de segurança e confiança nas suas próprias

capacidades; esta plenitude costuma traduzir-se num equilíbrio de resposta diante de

situações de "stress" da vida quotidiana, e nas suas relações humanas; f) Os trabalhos com

indivíduos de diferentes idades os manterão integrados numa vida esportiva, beneficiando-

se psicologicamente, recorrendo à prática marcial não só para "adquirir saúde", para as suas

artérias, obesidade, etc., mas para desintoxicar-se dos conflitos domésticos, laborais,

profissionais, etc.; g) Por último, a experiência acumulada nos seus anos de prática lhe

permitirá obter, junto com um conjunto de técnicas concretas dentro da arte considerada,

algo mais importante, que será a aproximação ao conhecimento das suas próprias

capacidades, limitações e identidade; haverá aprendido a "ouvir o seu próprio corpo",

saberá concentrar-se, "verá no seu interior" e estará capacitado a relaxar sua mente e

libertar-se dos altos conteúdos de ansiedade e angústia presentes, próprios dos tempos

atuais (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996).

Diante do exposto entende-se que a prática das artes marciais pode estabelecer

relações com o tipo de enfrentamento utilizado pelo sujeito praticante.

Assim, os objetivos desse estudo são:

­ Descrever as estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes de artes

marciais.

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­ Relacionar as estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes iniciantes

em artes marciais com aquelas utilizadas por praticantes formados

­ Relacionar as estratégias de enfrentamento ao tempo de pratica das artes

marciais

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4. MÉTODO

4.1 PARTICIPANTES

Os participantes foram 94 pessoas do sexo masculino, praticantes de artes marciais,

que se encontravam numa faixa etária heterogênea, ou seja, de 15 até 56 anos, em maioria

solteiros e com grande variação de profissões/ ocupações (desde operários, entregadores

conhecidos como office-boy, garçons, até indivíduos de grau superior, como engenheiros,

professores, administradores de empresas e advogados). Também com relação à renda

familiar, esta mostrou heterogeneidade dos grupos, variando de R$ 350,00 reais até R$

15.000,00 mil reais. Estes praticavam (Kung Fu Chinês, Kung Fu Vietnamita (Qwan Ki

Do), Taekwondo e Karatê) artes marciais de contato semelhantes tecnicamente. Esta

amostra foi selecionada por critério de conveniência, como apontam Rea e Parker (2000),

ou seja, os sujeitos foram convidados a participar, não existindo nenhum sorteio prévio.

Porém estabeleceu-se anteriormente que estes sujeitos estivessem em uma faixa etária entre

adolescentes e adultos e que pudessem ser distribuídos em dois grupos:

­ Grupo 1 � 67 praticantes com tempo de pratica superior a 12 meses podendo ser ou não

formados �faixa-preta�, ou seja, aqueles que tiveram experiência, treino e estudo

necessários exigidos dentro de sua modalidade marcial que pode variar de modalidade

para modalidade entre 4 a 8 anos em média para se formar. Nestes estão incluídos os

que se formaram e lecionam e os que praticam, mas não lecionam;

­ Grupo 2 - 27 praticantes iniciantes, com tempo de prática compreendido até 12 meses.

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4.2 AMBIENTE

A aplicação dos instrumentos foi realizada no próprio local de treinamento

(academia) mediante dia e horário marcado. Em cada academia, foram cedidos locais

separados, que garantiram a neutralidade, sem haver interferências e interrupções para que

os sujeitos pudessem responder os instrumentos. Os dados foram coletados em três

academias da região central do município de Santo André e uma academia do centro de São

Paulo que atendem a praticantes de classe media (B2 definida como aquela que tem

rendimento de R$1.891,00 a R$ 3.360,00, segundo a Associação Brasileira de Estudos

Populacionais � ABEP (2006) em tabela corrigida pelo índice IPCA de 2004 e

de 2005 gerando sete classes sociais do Brasil em 2006, que inclui estimativas de

renda informal). Também foi utilizada uma academia localizada próximo à divisa

do município de São Paulo com o município de Diadema em região mais afastada do centro

que atende a alguns praticantes de classe media baixa e baixa C, D e E definida como

aquela que tem rendimento de R$ 420,00 a R$ 1.890,00 segundo essa mesma fonte de

dados.

4.3 INSTRUMENTOS

a) Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas: EMEP (anexo II) na versão adaptada

para a população brasileira por Gimenes e Queiroz (1997) apud Seidl (2005). A escala é

composta por 45 itens, englobando pensamentos e ações apresentados diante de um evento

estressor específico, distribuídos em quatro fatores: o enfrentamento focalizado no

problema (esforços para mudar determinado aspecto do estressor); o enfrentamento

focalizado na emoção; religiosidade e pensamento fantasioso (envolve pensamentos e ações

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para manejar as emoções perturbadoras que surgem dos encontros estressantes); busca de

suporte social (procura de apoio social emocional ou instrumental para ajudar a lidar com o

problema) (SEIDEL, TRÓCCOLI e ZANNON, 2005). A pontuação da escala é baseada em

escores construídos para cada um dos fatores que representam as diferentes estratégias de

enfrentamento, sendo que os maiores escores indicam maior utilização daquela estratégia

de enfrentamento (SEIDL, 2001);

b) Questionário de levantamento de dados sócio-demográficos - Os participantes

responderam a um questionário que levantou dados de identificação, renda e arte marcial

praticada em detalhes quanto à modalidade e tempo de pratica.

4.4 PROCEDIMENTOS

Como anunciado anteriormente, a amostra foi selecionada por critério de

conveniência, ou seja, foram sujeitos da presente pesquisa somente aqueles sujeitos que se

dispuseram a participar. As academias também foram selecionadas pelo mesmo critério,

pois eram locais conhecidos do pesquisador. Entretanto, procurou-se distribuir esses

sujeitos em dois grupos distintos, pois, conforme os objetivos, necessitava-se de sujeitos

ingressantes na prática de artes marciais e de sujeitos veteranos, a fim de que se pudesse

verificar o modo de enfrentamento de ambos os grupos. Após consentimento da academia

os participantes foram contatados um a um e convidados a participar; logo em seguida ao

aceite, marcava-se horário apropriado para aplicação do instrumento. Os instrumentos

foram aplicados após o esclarecimento quanto ao procedimento e assinatura do sujeito do

"Termo de Consentimento Livre e Esclarecido" (anexo I), garantindo que as informações

fossem confidenciais; portanto, preservando a identidade das pessoas que se dispuseram a

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participar. Com a Escala EMEP � auto aplicável, bem como com questionário que a

precedeu, os sujeitos despenderam, em média, um tempo de 20 minutos para respondê-los,

sendo que a aplicação fora realizada nas dependências das próprias academias onde os 94

sujeitos freqüentavam. Porém, buscou-se sempre um local reservado, garantindo a

neutralidade para que os sujeitos pudessem responder os instrumentos. Os dados foram

submetidos ao Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 15.0 para Windows e

utilizou-se estatística descritiva; para correlação usou-se r = Person.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Optou-se por apresentar os dados e discuti-los em uma mesma seção. Para tanto,

foram levantadas categorias que são apresentadas a seguir, e primeiramente é apresentada

uma caracterização da amostra estudada e após são apresentados os dados referentes ao

enfrentamento.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ESTUDADA

Buscou-se nesta categoria descrever a amostra estudada. Julgou-se necessário a

apresentação dessa descrição aqui na seção dos resultados e não restringi-los a uma

descrição breve no método, dado a riqueza dos dados a serem discutidos a partir de suas

características.

Tabela 1 � Faixa Etária e Estado Civil da Amostra Estudada

Faixa Etária

Freqüência

G2

%

Freqüência

G1

%

de 15 até 18 anos

19 ___ 25

26 ___ 32

33 ___ 39

40 ___ 46

47 ___ 56

1

11

9

3

2

1

3,70

40,74

33,33

11,11

7,41

3,70

7

17

14

20

7

2

10,45

25,37

20,89

29,85

10,45

2,98

TOTAL 27 100% 67 100%

Estado Civil

Freqüência

G2

%

Freqüência

G1

%

Solteiro

Casado

Outro*

Não Respondeu

21

6

---

---

77,78

22,22

---

---

43

20

3

1

64,18

29,85

4,48

1,49

TOTAL 27 100% 67 100%

* (Outro) representa aqueles que vivem juntos ou são separados

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Observa-se pela Tabela 1 que a faixa etária vista isoladamente encontra maior

freqüência dos 19 até 25 anos no grupo 2 (praticantes iniciantes) e de 33 até 39 anos Grupo

1 (sujeitos com tempo de pratica superior a 12 meses). Ao se agrupar faixas etárias em

ambos os grupos, verifica-se que sua maior concentração está entre 19 até 39 anos. Isto

demonstra uma faixa etária heterogênea; porém é naturalmente esperado que os iniciantes

sejam sujeitos mais jovens, enquanto que aqueles veteranos tenham mais idade, conforme

tempo de dedicação às artes marciais. Observa-se também que a maioria da amostra, em

ambos os grupos, é composta por indivíduos solteiros; porém, há maior concentração de

casados no grupo G1 (mais de 12 meses de prática), ou seja, os veteranos.

Tabela 2 � Dados de Instrução da Amostra Estudada

Escolaridade

Freqüência

G2

%

Freqüência

G1

%

Ens. Fundamental

Ens. Médio

Ens. Superior

Não Respondeu

2

15

10

---

7,41

55,55

37,08

---

6

30

27

4

8,95

44,78

40,30

5,97

TOTAL 27 100% 67 100%

A Tabela 2 mostra que o nível de instrução, considerando-se a escolaridade dos

sujeitos é de instrução média.

Deste modo, observados esses dados e aqueles anteriormente descritos na seção

Método, pode-se dizer que o total de sujeitos da amostra concentra-se numa faixa etária de

19 a 39 anos, solteiros, com renda mensal variando de R$ 420,00 a R$ 3.360,00 reais e

pertencentes às classes média e baixa, conforme Associação Brasileira de Estudos

Populacionais (ABEP, 2006). Ou seja, no âmbito geral da amostra, pode-se

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considerá-la como heterogênea. Porém, ao separar-se os grupos, verificou-

se que são distintos; o que possibilita tecer associações entre ambos.

Assim, é importante trazer à discussão alguns pontos. Quanto à

questão econômica, verificou-se que os sujeitos do G1 (praticantes com

mais de 12 meses) foram aqueles cujos rendimentos, ainda com variações,

eram maiores (até R$ 3.360,00 reais) e que os iniciantes possuíam nível de

renda menor se comparados os dois grupos (iniciantes com R$ 420,00

reais). De modo que se pode pensar, que como entre os sujeitos

integrantes do G1 (praticantes com mais de 12 meses) e em cujo grupo

estavam incluídos os professores de artes marciais, além outros

profissionais, essas pessoas já teriam uma carreira mais estável e com

ganhos pouco mais elevados; enquanto que sujeitos do G2, iniciantes,

principalmente aqueles que freqüentavam academia na região divisa entre

São Paulo e Diadema, tinham vencimentos mais inferiores, até porque a

região é considerada mais empobrecida ABEP (2006).

5.2 MODALIDADES ESPORTIVAS E ANOS DE PRÁTICA

Tabela 3 � Modalidades Esportivas praticadas pelos sujeitos da amostra

Modalidades

Freqüência

G2

%

Freqüência

G1

%

Qwan ki do

Kung Fu

Karate

Taekwondo

15

3

5

4

55,55

11,11

18,52

14,81

16

3

35

13

23,88

4,48

52,24

19,40

TOTAL 27 100% 67 100%

A Tabela 3 indica que a maior parte dos sujeitos do G2 era praticante de Qwan Ki

Do, enquanto que os praticantes do G1 praticavam Karate. Lembra-se aqui que o Qwan Ki

Do é uma prática que se define como o Kung Fu Vietnamita - O Qwan Ki Do, que designa

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o caminho da energia vital (TONG, 2001). O criador da modalidade elaborou uma síntese

dos mais célebres estilos de artes marciais chinesas e vietnamitas e sintetizou duas grandes

correntes marciais (o kung fu chinês e as técnicas vietnamitas de combate), para tanto se

serviu da herança do extremo oriente e integrou descobertas recentes no campo da

educação física e da pedagogia do ensino, desta forma surge o Qwan-Ki-Do

(ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996; TONG, 2001). O Karatê é uma

prática que tem como propósito o treino que possibilita ao praticante viver de maneira

agradável, saudável, honrado e digno, sem criar problemas, sem temer ao forte ou

poderoso, sem se humilhar ante o homem influente, e sem se tornar cego pelas riquezas da

terra (desapego). Esse equilíbrio existe através do Yn e Yang, que em conjunto, formam o

universo, numa combinação do positivo e negativo. O significado atual do Karate se deve

ao mestre Gichin Funakoshi, que mudando o sentido original do nome, introduziu a palavra

�KARA� com significado de vazio, Céu, Universo. �TE� significa mão e �DO� caminho.

Literalmente Karate significa o caminho das mãos vazias (por isso se diz que o lutador de

Karate usa o próprio corpo como arma para lutar) ou num sentido mais filosófico, caminho

que contém o universo (ENCICLOPÉDIA DAS ARTES MARCIAIS, 1996). A intenção

nesta tabela foi a de demonstrar que em ambos os grupos, os sujeitos praticam artes

marciais semelhantes e que, portanto, o desenvolvimento técnico e de controle exigido por

estas mesmas técnicas devem ser similares. Porém, observa-se que aqueles praticantes de

artes marciais com maior tempo (anos) de prática estão mais concentrados no Karate,

enquanto que os iniciantes concentram-se mais no Qwan Ki Do. Esse dado pode, em

princípio, indicar que em anos passados o Karate teve uma maior preferência entre os

praticantes no Brasil. Todavia, como o presente estudo trabalhou com uma amostra por

conveniência, esse aspecto não pode ser afirmado, pois para tal afirmação, haveria de se ter

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uma amostra maior e estratificada; porém, é de se afirmar que o Karate começou a ser

difundido no mundo a partir dos anos 1930 e 1940 (ENCICLOPÉDIA DE ARTES

MARCIAIS, 1996) e, certamente teve maior difusão no Brasil em décadas passadas. Já o

Qwan Ki Do, segundo Tong (2001) foi uma arte marcial que surgiu já em meados dos anos

40 do século XX. Assim, por uma questão lógica, o Karate é uma arte que fora difundida

primeiro, em nosso País, quando comparada com as demais, e assim os mestres e sujeitos

com maior tempo de prática desta amostra a praticam sob tal influencia. De modo que

esperado que os sujeitos da amostra com maior tempo de prática em artes marciais devam

praticar o Karatê se este era o esporte mais difundido entre nós em anos passados.

Tabela 4 � Anos de prática da amostra estudada em ambos os grupos (G1 e G2)

Grupos Anos de Prática Freqüência %

G2

G1

de 0 até 1

mais de 1 até 2

mais de 2 até 5

mais de 5 até 9

mais de 9 até 13

mais de 13 até 17

mais de 17 até 32

27

4

18

20

9

7

9

28,72

4,25

19,15

21,28

9,57

7,45

9,57

TOTAL 94 100,0%

A Tabela 4 demonstra, conforme um dos critérios de inclusão na amostra, que os

sujeitos do G2 haveriam de possuir um tempo de prática até próximo há um ano, enquanto

que com o G1 esse tempo seria variável embora com mais de um ano. Assim, observa-se no

grupo 1 que há maior concentração quando agrupados duas faixas em anos de prática e que

vão de mais de dois anos até 9 anos de prática. Porém, ainda há de se perceber que entre

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aqueles pertencentes ao G1, 25 pessoas (25,5%) tinham uma larga experiência, ou seja,

contavam entre mais de 9 até 32 anos de experiência em artes marciais.

Com os dados das tabelas 3 e 4 pode-se observar outro dado interessante de

distinção entre os grupos. Os componentes do G2 eram em maioria iniciantes em Qwan Ki

Do e tinham menos de 1 ano de prática; enquanto que os componentes do G1 eram

preferencialmente praticantes de Karate e apresentaram um tempo de prática e

desenvolvimento exigido por esta de mais de 5 anos em sua maioria.

Com esses dados, reafirma-se o fato discutido anteriormente, de que como a arte

marcial �Karate� fora, segundo Tong (2001) a mais difundida no Brasil em anos anteriores

em relação às demais, é natural que os praticantes com mais anos de experiência

predominantemente praticassem essa modalidade esportiva.

5.3 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

Cabe destacar que não encontramos diferenças significativas entre os grupos 1 e 2

quanto à utilização de estratégias de enfrentamento quanto fizemos correlações entre os

grupos. Ou seja, tanto iniciantes quanto veteranos apresentaram respostas muito similares.

Assim, pode-se dizer que os achados do presente estudo puderam demonstrar com clareza

as afirmações de autores como Ballone (2005); Ramires, Carapeta, Felgueiras e Viana

(2001) e mesmo aquelas situações descritas por Lima, Samulski e Vilani (2004), pois

todos esses autores consideram que os atletas, devido à disciplina que o esporte

proporciona, têm uma capacidade maior de controle sobre a ansiedade e o estresse. E mais,

um atleta praticante enfrenta seus problemas com mais destreza ao entender a vida

esportiva unida e regrada pela disciplina e, um estado maior de consciência, auxilia-o na

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compreensão da prática do esporte para controlar as suas expectativas bem como nas

situações da vida diária.

Ora, para afirmar essas posições ante os achados do presente estudo, haveríamos de

ter encontrado diferenças marcantes, significativas em ambos os grupos, fato que não

ocorreu. Porém, quando se analisam os resultados pelo ponto médio da escala,

encontramos resultados interessantes. De modo que, a seguir são apresentadas as

estratégias de enfrentamento utilizadas pelos sujeitos, buscando-se apresentá-las quanto às

categorias ou estratégias distribuídas conforme a EMEP nos grupos 1 e 2 conforme a

média.

Tabela 5 � Estratégias de Enfrentamento segundo os grupos iniciantes e formados.

Estratégias Grupos Média Desvio Padrão Escala de

Respostas

Focadas no problema G1 G2

3,88

3,96

0,77 0,75

1 a 5

Focadas na Emoção G1 G2

2,39 2,41

0,51 0,51

1 a 5

Focadas no pensamento

fantasioso/ religioso

G1 G2

2,93 3,00

0,12 0,10

1 a 5

Focadas na busca de suporte social

G1 G2

2,98

3,31

0,09 0,12

1 a 5

A Tabela 5 mostra os tipos de enfrentamento utilizados pelos praticantes de Artes

Marciais em diferentes situações da vida, conforme a EMEP, analisados conforme o ponto

médio da escala. Por esta tabela pode-se observar similaridade entre os dois diferentes

grupos 1 e 2 (iniciantes e formados) e que conforme a médio da escala, pode-se observar

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que as estratégias de enfrentamento �focadas no problema� e �busca de suporte social�,

foram apresentadas pelos sujeitos de ambos os grupos como formas de enfrentamento

adequadas. Isso significa que os sujeitos utilizam-nas dentro de um padrão adequado e

positivo em ambos os grupos.

Relembramos que estratégias ou processos de coping (ANTONIAZZI,

DELL�AGLIO e BANDEIRA, 1998; , RAY, LINDOP e GIBSON, 1982) são os esforços

de controle, sem considerar as conseqüências, ou seja, respondem ou enfrentam o estresse

(comportamental ou cognitiva) com a finalidade de reduzir as suas qualidades aversivas.

Quanto às estratégias �estratégias focalizadas no problema� e as �estratégias de

busca de suporte social� aqui utilizadas tendo como referencial a escala de modos de

enfrentamento, são entendidas como: �estratégias focalizadas no problema� - esforços para

mudar determinado aspecto do estressor e as �estratégias de busca de suporte social� são

aquelas que possibilitam a busca de apoio social emocional ou instrumental para ajudar a

lidar com a situação causadora do stress (SEIDEL, 2005; SEIDEL, TRÓCCOLI e

ZANNON, 2005).

Portanto, pode-se dizer que são estratégias de enfrentamento mais amadurecidas.

Para Lazarus e Folkman (1984 apud BORCSIK, 2006), o enfrentamento mais amadurecido

seria então aquele que ao invés de atrair o estado estressante e alterar a emoção diante da

situação, o indivíduo buscará reduzir a sensação desagradável causada pelo estresse,

conseguindo um equilíbrio psicológico prático e adequado para qualquer tipo de situação

sem risco algum.

Por isso entendemos esse resultado considerando-se as médias da escala como

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formas de enfrentamento adequadas em ambos os grupos.

Reafirmando essa posição, é interessante também observar pela mesma tabela 5, que

com relação às �estratégias focadas na emoção�, estas estão entre as menores médias

apresentadas. Essas �estratégias focadas na emoção� são aquelas que envolvem

pensamentos e ações para manejar as emoções perturbadoras que surgem dos encontros

estressantes. São as estratégias cognitivas e comportamentais que representam

comportamentos de esquiva ou negação, expressão de emoções negativas, irrealistas

voltadas para a solução mágica do problema, auto-culpa e ou culpabilização dos outros.

Isto significa que os sujeitos praticantes de artes marciais de ambos os grupos

utilizam menos estas estratégias consideradas negativas, denotando melhor controle

emocional.

Assim, verificamos que ambos os grupos obedecem a um padrão de enfrentamento

mais positivo porém similar. Ao identificarmos esses aspectos positivos com aqueles

descritos por Ballone (2005); Ramires, Carapeta, Felgueiras e Viana (2001) e Lima,

Samulski e Vilani (2004) observamos que ambos grupos de praticantes de artes marciais

igualmente enfrentam seus problemas com mais destreza, porém não se pode dizer que

isto se dá por pela disciplina alcançada pelo esporte ou mesmo pelo fato de que a essa

disciplina auxilia-os na compreensão e controle de suas expectativas e situações da vida

diária. Nesse sentido, o grupo 2 haveria de ter de apresentar estratégias focadas no

problema em maior quantidade do que o grupo dos iniciantes. Entretanto, essa contribuição

do autor talvez só fosse possível de ser dita se o presente estudo tivesse avaliado

enfrentamento numa amostra maior e com grupo de controle de não praticantes; ou ainda,

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num estudo longitudinal em que se pudessem avaliar estratégias antes do início da prática e

seu desenvolvimento ao longo do tempo. Porém, existem muitas variáveis intervenientes

que circundam a natureza humana e que se tornam muitas vezes impossíveis de serem

verificadas com tamanha precisão e controle. Considera-se ainda que o grau de instrução e

o nível sócio-econômico-cultural da amostra foram muito dispersos, revelando uma

amostra pouco heterogênea e que também pode comprometer os resultados. Por isso é que

aqui se sugerimos estudos futuros com amostras mais bem definidas, estratificadas e com

critérios mais rigorosos e que possam efetivamente verificar com maior precisão a

influência dessas modalidades esportivas no enfrentamento do sujeito.

É interessante lembrar que o enfrentamento (BORCSIK, 2006) é o conjunto dos

esforços cognitivos e de conduta destinados a controlar, reduzir ou tolerar as exigências

internas ou externas que ameaçam cognitiva ou afetivamente um indivíduo. A idéia de

coping diz respeito ao empenho em vencer os obstáculos; no caso do atleta, se refere à

exigência adaptativa diante de seus objetivos. E, sem dúvida, no presente estudo a amostra

mostra-se bem adaptada. O fato aqui demonstrado é que os sujeitos de ambos os grupos

apresentam menos estratégias voltadas para emoções - aquelas imediatistas e que envolvem

pensamentos e ações para manejar as emoções perturbadoras mas que exigem muito

esforço cognitivo e afetivo, muitas vezes em vão; aquelas relacionadas à esquiva, ou

negação e que são a expressão de emoções negativas. Outrossim, os sujeitos tenderam a

maior utilização de estratégias focadas no problema e busca de suporte social � revelando

melhor capacidade cognitivo-afetiva no enfrentamento de situações problema em suas

vidas. Todavia, não se pode atribuir essa utilização à prática de artes marciais, dado ao fato

de em ambos os grupos apresentarem estratégias semelhantes.

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5.4 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO E ANOS DE EXPERIÊNCIA

Tabela 6 � Índices de Correlação (r de Pearson) entre tipos de enfrentamento e anos de

prática e ensino no Grupo1 (n = 31).

Tipos de Enfrentamento Anos prática Anos Leciona Escala de

Respostas

Focado no problema -0,96 -0,80 1 a 5

Focado na Emoção 0,03 -0,90 1 a 5

Focado no pensamento fantasioso/ religioso

0,07 0,31 1 a 5

Focado na busca de suporte social

0,09 0,38* 1 a 5

A Tabela 6 indica que há um índice significativo, ou seja, há uma relação entre os

anos de ensino e busca de suporte social entre os sujeitos do Grupo 1 (formados que

lecionam). Com estes dados, pode-se entender que quanto mais tempo essas pessoas se

dedicam ao ensino, mais estratégias de suporte social elas desenvolvem. De um ponto de

vista lógico, pode-se dizer que esse contato com alunos durante os anos que o sujeito

leciona, pode favorecer um melhor contato social.

Numa linguagem simples e direta, Weiten (2002) em suas contribuições ao ensino

de psicologia geral, aponta que, existem pessoas capazes de suportar melhor o estresse,

implicando no fato de que existem variáveis moderadoras que possam diminuir o impacto

do estresse sobre a saúde física e mental. Entre elas, está o suporte social, que se refere aos

vários tipos de auxílios fornecidos por membros de uma rede social da pessoa.

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Portanto, há de se pensar que, quando se alude à busca de suporte social, pensa-se

em pessoas que buscam melhores formas de contatos sociais e que ampliam sua rede de

suporte, fato que indica mais amadurecimento. Assim, esses anos de prática no ensino das

artes marciais indicam que esses professores lidam no seu dia-a-dia com o que apontam

Motta, Emuno ( 2004ª; 2004b ; Seidl, (2005) e Borcsik, (2006), que as estratégias de

enfrentamento estão presentes em qualquer situação de risco, atividades da vida diária ou

qualquer situação e atividade humana que exija um controle, excesso somático e/ou

psíquico maior do ser humano. A lida diária com alunos, iniciantes e tudo aquilo que os

envolve no processo ensino aprendizagem, implica em situações geradoras de estresse. De

modo que o uso dessa �busca de suporte social� entre os sujeitos do G2 que lecionam

mostra um amadurecimento e desenvolvimento pessoal importante.

Enfim, baseado nos conceitos anteriormente citados, observa-se que o coping é o

enfrentamento do sujeito ante a uma determinada situação nova ou que lhe produz estresse;

o indivíduo utiliza o enfrentamento a fim de vencer, ultrapassar e se manter superior às

situações estressantes, sejam elas quais forem, ou utilizará formas de enfrentamento menos

amadurecidas. Deste modo, cabe salientar que as estratégias sempre serão utilizadas,

porém, o que irá distinguir a qualidade do enfrentamento será o tipo de estratégia mais

freqüentemente utilizada pelos indivíduos em situações diversas e estressoras. E, conforme

verificado nessa tabela 6, os anos de experiência em ensino das artes marciais pareceram

indicar um desenvolvimento favorável no que diz respeito à ampliação da rede social e

melhor compreensão de contato com pessoas.

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6. CONCLUSÃO

Este trabalho analisou uma amostra de praticantes de artes marciais com o intuito de

verificar estratégias de enfrentamento utilizadas por esses sujeitos e tentar relacioná-las a

pratica de artes marciais.

Para tal estudou-se uma amostra de 94 sujeitos do sexo masculino, praticantes de

(Kung Fu Chinês, Kung Fu Vietnamita (Qwan Ki Do), Taekwondo e Karatê) artes marciais

de contato semelhantes tecnicamente; numa faixa etária de 15 até 56 anos, em maioria

solteiros e com nível de instrução médio e com grande variação de profissões/ ocupações

(desde operários, até indivíduos com profissões de nível superior), distribuídos em dois

grupos. O grupo 1 � 67 praticantes com tempo de pratica superior a 12 meses podendo ser

ou não formados �faixa-preta�, ou seja, aqueles que tiveram experiência, treino e estudo

necessários exigidos dentro de sua modalidade marcial e o grupo 2 - 27 praticantes

chamados iniciantes, com tempo de prática compreendido até 12 meses.

Numa compreensão geral da amostra, pôde-se observar que as estratégias de

enfrentamento chamadas de �focadas no problema� e �busca de suporte social�,

apresentaram maiores médias de utilização entre ambos os grupos, ou seja, os sujeitos

utilizam-nas dentro de um padrão adequado e responderam adequadamente em situações

estressantes.

Em ambos os grupos, independente dos anos de prática ou de experiência com artes

marciais, ou de características específicas de cada grupo, os sujeitos revelaram que

utilizavam esforços cognitivos e afetivos adequados na resolução de seus problemas

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cotidianos (estratégias focalizadas no problema), bem como demonstraram buscar apoio

social ou instrumental para ajudá-los na lida com situações mais estressantes (estratégias de

busca de suporte social).

Outro aspecto interessante que fora revelado, foi o de que esses mesmos sujeitos,

independentemente do grupo em que os classificamos, utilizavam menos as chamadas

�estratégias focadas na emoção� (aquelas que envolvem emoções negativas e recursos

como a esquiva, à negação na resolução de problemas que causam estresse). Fato esse que

demonstrou que esses praticantes de artes marciais utilizavam menos estas estratégias

pouco amadurecidas e, portanto maior controle emocional. Todavia, não podemos afirmar

que esse controle foi de influência das artes marciais, já que ambos os grupos apresentaram

esse mesmo resultado.

Outro dado importante e o único a revelar distinção entre os grupos foi à relação

entre os anos de ensino e busca de suporte social entre os sujeitos do Grupo 1 (formados

que lecionam). Ou seja, pôde-se entender que quanto mais tempo essas pessoas se

dedicavam ao ensino de artes marciais, mais estratégias de suporte social eles

desenvolveram. De um ponto de vista lógico, pode-se dizer que esse contato com alunos

durante os anos que o sujeito leciona, também favorece um melhor contato social, mais se

amplia o universo e a rede de relações.

Embora o estudo tenha possibilitado a verificação do tipo de estratégias de

enfrentamento utilizadas com mais freqüência pelos praticantes de artes marciais, não se

pode dizer, por esses dados que há uma relação entre estratégias de enfrentamento mais

amadurecidas com a prática deste esporte. Para tal afirmação, há de se fazer um estudo com

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amostra maior, estratificada e que tenha maior controle de variáveis; estudo que sugerimos

seja realizado no futuro, comparando com outros esportes, esportes individuais e esportes

coletivos. Considera-se ainda que o grau de instrução e o nível sócio-econômico-cultural da

amostra foram muito dispersos, revelando uma amostra pouco heterogênea e que também

pode comprometer os resultados. Por isso é que aqui se sugerem estudos futuros com

amostras mais bem definidas e com critérios mais rigorosos e que possam efetivamente

verificam com maior precisão a influência dessas modalidades esportivas no enfrentamento

do sujeito.

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ANEXOS

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ANEXO I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE PSICOLOGIA E FONOAUDIOLOGIA

Fui informado (a) da pesquisa que tem por objetivo: Verificar as estratégias de

enfrentamento utilizadas por praticantes de artes marciais. Para coleta de dados, será

utilizado o EMEP � Escala Modos de Enfrentar Problemas. Será acrescido ainda uma

entrevista com dados pessoais. É importante ressaltar que esses dados serão confidenciais.

Este estudo tem caráter acadêmico e será realizado por Orlando Marreiro de Souza

Junior e orientado pela Professora Dr.(a). Marilia Martins Vizzotto da Universidade

Metodista de São Paulo. Declaro, ainda, ter compreendido que não sofrerei nenhum tipo de

prejuízo de ordem psicológica ou física e que minha privacidade será preservada. Concordo

que os dados sejam publicados para fins acadêmicos ou científicos, desde que seja mantido

o sigilo sobre a minha participação. Estou também ciente de que poderei, a qualquer

momento, comunicar minha desistência em participar do estudo.

Contatos: [email protected]

Universidade Metodista/ Mestrado em Psicologia � Fone: 11 4366-5351

Portanto, _________________________________________________________________,

consinto em participar da pesquisa acadêmica que tem por objetivo: Verificar as

estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes de artes marciais.

Assinatura do Participante Local e Data.

RG/ CPF __________________________________

______________________________________________________________________

Assinaturas: Orlando Marreriro de Souza Junior

Profa. Dra. Marilia Martins Vizzotto

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ANEXO II � EMEP - Escala Modos de Enfrentamento de Problemas

As pessoas reagem de diferentes maneiras a situações difíceis ou estressantes. Pense

em uma situação ou problema atual que esteja produzindo mais estresse para você. Escreva

aqui esta situação ou problema:

_________________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Para responder ao questionário, tenha em mente as coisas que você faz, pensa ou

sente para enfrentar esta situação ou problema, no momento atual.

Veja um exemplo:

Eu estou buscando ajuda profissional para enfrentar o meu problema

1 2 3 4 5 Eu nunca faço Eu faço Isso Eu faço Isso Eu faço Isso Eu faço Isso

Isso um pouco às vezes muito sempre

Você deve assinalar a alternativa que corresponde melhor ao que você está fazendo

quanto à busca de ajuda profissional para enfrentar o seu problema. Se você não está

buscando ajuda profissional, marque com um X ou um círculo o número 1 (nunca faço

isso); se você está buscando sempre esse tipo de ajuda, marque o número 5 (eu faço isso

sempre). Se a sua busca de ajuda profissional é diferente dessas duas opções, marque 2, 3

ou 4, conforme ela está ocorrendo.

Não há respostas certas ou erradas. O que importa é como você está lidando com a

situação. Pedimos que você responda a todas as questões, não deixando nenhuma em

branco.

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1 2 3 4 5

Eu nunca faço Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso

isso um pouco às vezes muito sempre

1. Eu levo em conta o lado positivo das coisas.

1 2 3 4 5 2. Eu me culpo

1 2 3 4 5

3. Eu me concentro em alguma coisa boa que pode

vir desta situação.

1 2 3 4 5

4. Eu tento guardar meus sentimentos para mim

mesmo.

1 2 3 4 5

5. Procuro um culpado para a situação.

1 2 3 4 5

6. Espero que um milagre aconteça.

1 2 3 4 5

7. Peço conselho a um parente ou a um amigo que

eu respeite.

1 2 3 4 5 8. Eu rezo/ oro

1 2 3 4 5

10. Eu insisto e luto pelo que eu quero.

1 2 3 4 5

11. Eu me recuso a acreditar que isto esteja

acontecendo.

1 2 3 4 5

12. Eu brigo comigo mesmo; eu fico falando

comigo mesmo o que devo fazer.

1 2 3 4 5

13. Desconto em outras pessoas.

1 2 3 4 5

14. Encontro diferentes soluções para o meu

problema.

1 2 3 4 5

15. Tento ser uma pessoa mais forte e otimista.

1 2 3 4 5 16. Eu tento evitar que os meus sentimentos

atrapalhem em outras coisas na minha vida

1 2 3 4 5 17. Eu me concentro nas coisas boas da minha

vida.

1 2 3 4 5

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9. Converso com alguém sobre como estou me

sentindo.

1 2 3 4 5

18. Eu desejaria mudar o modo como eu me sinto.

1 2 3 4 5

1 2 3 4 5

Eu nunca faço Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso

isso um pouco às vezes muito sempre

19. Aceito a simpatia e a compreensão de

alguém.

1 2 3 4 5

20. Demonstro raiva para as pessoas que

causaram o problema.

1 2 3 4 5

21. Pratico mais a religião desde que tenho esse

problema.

1 2 3 4 5

22. Eu percebo que eu mesmo trouxe o

problema para mim.

1 2 3 4 5

28. Estou mudando e me tornando uma pessoa

mais experiente.

1 2 3 4 5

29. Eu culpo os outros.

1 2 3 4 5

30. Eu fico me lembrando que as coisas poderiam

ser piores.

1 2 3 4 5

31. Converso com alguém que possa fazer alguma

coisa para resolver o meu problema.

1 2 3 4 5

32. Eu tento não agir tão precipitadamente ou

seguir minha primeira idéia.

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23. Eu me sinto mal por não ter podido evitar o

problema.

1 2 3 4 5

24. Eu sei o que deve ser feito e estou

aumentando meus esforços para ser bem

sucedido

1 2 3 4 5

25. Eu acho que as pessoas foram injustas

comigo.

1 2 3 4 5

26. Eu sonho ou imagino um tempo melhor do

que aquele em que estou.

1 2 3 4 5

27. Tento esquecer o problema todo.

1 2 3 4 5

1 2 3 4 5

33. Mudo alguma coisa para que as coisas acabem

dando certo.

1 2 3 4 5

34. Procuro me afastar das pessoas em geral.

1 2 3 4 5

35. Eu imagino e tenho desejos sobre como as

coisas poderiam acontecer.

1 2 3 4 5

36. Encaro a situação por etapas, fazendo uma

coisa de cada vez.

1 2 3 4 5

1 2 3 4 5

Eu nunca faço Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso

isso um pouco às vezes muito sempre

37. Descubro quem mais é ou foi responsável.

1 2 3 4 5

38. Penso em coisas fantásticas ou irreais (como

uma vingança perfeita ou achar multo dinheiro)

que me fazem sentir melhor.

1 2 3 4 5

Você tem feito alguma outra coisa para

enfrentar ou lidar com os seus problemas?

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39. Eu sairei dessa experiência melhor do que

entrei nela.

1 2 3 4 5

40. Eu digo a mim mesmo o quanto já consegui.

1 2 3 4 5

41. Eu desejaria poder mudar o que aconteceu

comigo.

1 2 3 4 5

42. Eu fiz um plano de ação para resolver o meu

problema e o estou cumprindo.

1 2 3 4 5

43. Converso com alguém para obter informações

sobre a situação.

1 2 3 4 5

44. Eu me apego à minha fé para superar esta

situação.

1 2 3 4 5

45. Eu tento não fechar portas atrás de mim.

Tento deixar em aberto várias saídas para o

problema.

1 2 3 4 5

Favor verificar se todos os itens foram

preenchidos.

ANEXO III - APRESENTAÇÃO DOS ÍTENS DA EMEP SEGUNDO OS FATORES

QUE A COMPÕEM

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Enfrentamento focalizado no problema

Eu levo em conta o lado positivo das coisas

Eu me concentro em alguma coisa boa que pode vir dessa situação

Insisto e luto pelo que eu quero

Encontro diferentes soluções para o meu problema

Eu tento evitar que os meus sentimentos atrapalhem em outras coisas na minha vida.

Eu me concentro nas coisas boas da minha vida

Aceito a simpatia e compreensão de alguém

Eu sei o que deve ser feito e estou aumentando meus esforços para ser bem sucedido

Estou mudando e me tornando uma pessoa mais experiente

Eu fico me lembrando que as coisas poderiam ser piores

Eu tento não agir tão precipitadamente ou seguir a minha primeira idéia

Mudo alguma coisa para que as coisas acabem dando certo

Encaro a situação por etapas, fazendo uma coisa de cada vez

Eu sairei dessa experiência melhor do que entrei nela

Eu digo a mim mesmo o quanto já consegui

Eu fiz um plano de ação para resolver o meu problema e estou cumprindo

Eu tento não fechar portas atrás de mim. Tento deixar em aberto várias saídas para o

problema.

Enfrentamento focalizado na emoção

Eu me culpo

Procuro um culpado para a situação

Eu me recuso a acreditar que isto esteja acontecendo

Eu brigo comigo mesmo; eu fico falando comigo mesmo o que devo fazer

Desconto em outras pessoas

Eu desejaria mudar o modo como eu me sinto

Demonstro raiva para as pessoas que causaram o problema

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Eu percebo que eu mesmo trouxe o problema para mim

Eu me sinto mal por não ter podido evitar o problema

Eu acho que as pessoas foram injustas comigo

Eu culpo os outros

Procuro me afastar das pessoas em geral

Eu imagino e tenho desejos sobre como as coisas poderiam acontecer

Descubro que mais é ou foi responsável

Penso em coisas fantásticas e irreais (como uma vingança perfeita ou achar muito dinheiro)

que me fazem sentir melhor.

Religiosidade e Pensamento Fantasioso

Espero que um milagre aconteça

Eu rezo/ oro

Pratico mais a religião desde que tenho este problema

Eu sonho ou imagino um tempo melhor do que aquele em que estou.

Tento esquecer o problema todo

Eu desejaria poder mudar o que aconteceu comigo

Eu me apego a minha fé para superar essa situação

Busca de Suporte Social

Eu tento guardar meus sentimentos para mim mesmo

Peço conselho a um parente ou amigo que eu respeite

Converso com alguém como estou me sentindo

Converso com alguém que possa fazer alguma coisa para resolver o meu problema

Converso com alguém para obter informações sobre a situação

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ANEXO IV � Questionário de Levantamento de Dados

I - IDENTIFICAÇÃO

Nome:

______________________________________________________________________

Idade: __________data nasc____/____/_____

Estado civil: Solteiro ( ) Casado ( ) Outro ( ) . Há quanto tempo

________________________

Grau de Instrução:

____________________________________________________________________

Ocupação: ________________________________ Profissão:

_________________________________

Moradia: Casa Própria ( ) Alugada ( ) Cedida ( )

Renda Familiar Mensal:

_______________________________________________________________

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II � PRÁTICA E FORMAÇÃO NA ARTE MARCIAL

Tipo/ Modalidade:

____________________________________________________________________

Tempo de Prática:

____________________________________________________________________

Grau de Formação:

___________________________________________________________________

Qualidade de Formação:

( ) Apenas se formou ( ) Formou e Pratica ( ) Formou e leciona � Há quanto

tempo______

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