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Universidade Presbiteriana Mackenzie
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ESTRUTURAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO HERBÁRIO DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACK)
Juliana Rodrigues Salgueiro (IC) e Daniela Sampaio (Orientadora)
Apoio: PIBIC CNPq
Resumo
Os herbários são fontes de consulta imprescindíveis para pesquisadores da área da botânica. A evolução do conhecimento sobre a biodiversidade vegetal está associada aos inúmeros trabalhos de coleta de materiais em campo, aos estudos de taxonomia, morfologia e biogeografia, aliados às novas tecnologias moleculares. Neste sentido, o herbário serve de fonte aos estudos de cada espécime, havendo a possibilidade de realizar diversas comparações e avaliar variações intra-específicas e interespecíficas. E com o intuito de criar mais uma coleção biológica, o presente estudo tem como objetivo principal organizar o Herbário da Universidade Presbiteriana Mackenzie dentro dos padrões internacionais, a fim de possibilitar que estudos morfológicos e taxonômicos sejam realizados dentro da UPM e em parceria com outras instituições. Para tanto, a coleção presente no acervo foi devidamente identificada, informatizada, organizada segundo o novo sistema de classificação APG, os espécimes foram montados em cartolina, etiquetados e receberam número de tombo. Todas essas ações levaram ao reconhecimento do Herbário na Rede Brasileira de Herbários, com o acrônimo MACK, sendo que o acervo conta com 770 espécimes identificados e 600 espécimes aguardando a classificação de especialistas. As famílias mais representativas do acervo são Asteraceae (72 espécimes), Lamiaceae (70 espécimes) e Fabaceae (38 espécimes). A formação florestal que está mais representada no acervo é a Floresta Ombrófila Mista, decorrente dos projetos que estão sendo desenvolvidos na região de Campos do Jordão. O Herbário MACK está apto a receber novas exsicatas e cumprir seu papel junto à comunidade científica.
Palavras-chave: herbário, taxonomia, biodiversidade
Abstract
The Herbaria are vital sources of information for researchers in the field of botany. The evolution of knowledge about plant biodiversity is associated with numerous works of collecting materials in the field, studies of taxonomy, morphology and biogeography, coupled with new molecular technologies. In this sense, the herbarium is the source of each specimen to study, with the possibility of performing several comparisons and evaluate intraspecific and interspecific. And in order to create more a biological collection, this study's main objective is to organize the Mackenzie Presbyterian University Herbarium to international standards, in order to enable morphological and taxonomic studies that are carried out with the Mackenzie Presbyterian University and in collaboration with other institutions. To this end, this collection has been properly identified in the collection, computerized, organized according to the APG classification system, the specimens were mounted on cardboard, labeled and given the number of registry. All of these actions led to the recognition of the Herbarium for the Brazilian Network of Herbaria, with the acronym MACK, and the collection includes 770 specimens identified and 600 awaiting classification of species experts. The most representative families of the collection are Asteraceae (72 specimens), Lamiaceae (70 specimens) and Fabaceae (38 specimens.) The forest type that is most represented in the collection is the Araucaria forest, due to the projects that are being developed in the region of Campos do Jordao. The Herbarium MACK is able to receive new exsiccates and fulfill its role in the scientific community.
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INTRODUÇÃO
Coleções biológicas são bancos de dados constituídos de organismos vivos ou preservados,
associados a informações biogeográficas, biológicas e ecológicas das espécies. A formação
e a manutenção de coleções biológicas é uma prática centenária. Entretanto, a verdadeira
importância científica e cultural destes acervos vem sendo reconhecida apenas
recentemente. As coleções de organismos formam a base do conhecimento sobre a
biodiversidade, pois cumprem dois papéis simultâneos fundamentais no processo de
geração do conhecimento: são fontes primárias de material para estudos básicos e
aplicados e servem como testemunho destes estudos (Magalhães & Bonaldo 2003 apud
Bonaldo et al. 2006).
Os herbários, no caso de coleções da Botânica, constituem-se como acervos museológicos
de grande importância para qualquer pesquisa relacionada aos aspectos da diversidade,
estrutura, classificação e distribuição de espécies vegetais (Pirani, 2005). Além disso, os
dados depositados nos herbários sobre a flora apresentam-se como elementos essenciais
para o inventário da diversidade florística, fornecendo informações para estudos florísticos,
fenológicos, ecológicos, e também químicos e moleculares. As coleções botânicas também
colaboram com informações sobre a perda da diversidade, como subsídio para o
estabelecimento de políticas adequadas, que visem o desenvolvimento sustentável e a
preservação ambiental (Magalhães et al. 2001 apud Guglieri et al. 2009). Qualquer pesquisa
séria envolvendo seres vivos necessita da correta identificação científica do material de
estudo, além da adequada documentação com espécimes-testemunha (“vouchers”), que
devem estar depositados em museus passíveis de consulta, que são os herbários, no caso
da botânica (Pirani, 2005).
Muitas linhas de pesquisa que tem relação com os herbários levam ao fortalecimento da
instituição mantenedora devido ao dinamismo dos programas de intercâmbio com
pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Além disso, um herbário permite o aumento e
melhoria da produção científica e a formação de recursos humanos, no caso dos alunos e
pesquisadores associados aos herbários. Estima-se que dos 150 herbários existentes no
Brasil, 125 são ativos em intercâmbio de dados e materiais científicos, 23 são credenciados
junto ao CGEN como fiéis depositários de exemplares da flora brasileira, principalmente nas
pesquisas ligadas à produção de fármacos e, 87 estão registrados no Index Herbariorum
(Barbosa et al. 2006 apud Kury et al. 2006.).
O Index Herbariorum (IH) foi fundado em 1935 e é um sistema informatizado que está sob a
gerência do The New York Botanical Garden (http://sweetgum.nybg.org/ih/). Possui mais de
um milhão de nomes científicos e 3,5 milhões de registros de espécimes, sendo um guia
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crucial para a ciência da biodiversidade e conservação. A inclusão de um herbário no Index
Herbariorum exige a localização física, o endereço da Web, conteúdo (por exemplo, número
e tipo de amostras), história, informações de contato e áreas de especialização do pessoal
associado, além do número mínimo de cinco mil espécimes depositados no acervo.
Somente coleções permanentes estão incluídas no IH e as informações são disponibilizadas
livremente a todos os cientistas, sendo uma forma de reconhecimento internacional da
coleção biológica.
Atualmente, grande parte dos herbários do mundo está em processo de readequação
tecnológica e gerencial, com a incorporação de novos métodos e processos que permitem a
rápida caracterização e documentação do acervo. Com isso, as coleções estão sendo
informatizadas através do uso de vários softwares, com o intuito de disponibilizar na internet
todas as coletas e informações associadas. Para tanto, o Centro de Referência em
Informação Ambiental (CRIA), através do projeto SpeciesLink, financiado pela FAPESP, tem
por objetivo disponibilizar na Web os dados dos acervos de coleções biológicas brasileiras
(www.cria.org.br).
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que após a inclusão de técnicas moleculares na
análise das relações de parentesco entre os grupos taxonômicos, a classificação botânica
passou por grandes mudanças (APG, 1998, 2003, 2009). Por isso, alguns herbários estão
organizando suas coleções de acordo com a nova classificação APG (Angiosperm
Phylogeny Group), atividade que muitas vezes é dificultada ou mesmo inviabilizada devido
ao grande volume de algumas coleções.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivos montar a coleção biológica do
Herbário da Universidade Presbiteriana Mackenzie de acordo com os padrões
internacionais, organizar o acervo de acordo com o novo sistema de classificação APG,
além de classificar e identificar os espécimes depositados no herbário. E frente à
necessidade de modernização e integração do herbário da UPM com as demais instituições
mantenedoras de herbários, assim como o reconhecimento nacional e internacional de sua
coleção, o presente projeto também teve como objetivo a informatização da coleção
biológica que, futuramente, será disponibilizada na web, através de parceria com o CRIA.
Todas essas atividades prepararam o herbário da Universidade Presbiteriana Mackenzie
para o processo de indexação junto ao Index Herbariorum, órgão máximo de
reconhecimento das coleções biológicas da Botânica.
Portanto, foram objetivos do presente trabalho:
• Classificação e identificação das espécies depositadas no acervo do herbário;
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• Informatização dos dados da coleção biológica e organização do banco de dados;
• Montagem das exsicatas e organização da coleção biológica segundo APG;
• Treinamento nos processos de curadoria de Herbários.
MÉTODOS
Todo o processo descrito abaixo foi realizado com espécimes que já estavam depositados
no acervo do Herbário, outros que vieram por meio de doações de instituições parceiras e
também com novos espécimes provenientes de coletas realizadas em projetos de iniciação
científica e em trabalhos de conclusão de curso, desenvolvidos no curso de Ciências
Biológicas, sob orientação da Profa. Dra. Daniela Sampaio.
1 – Montagem das exsicatas:
Nos últimos anos diversas instituições (ESALQ-USP, Instituto Florestal e Herbário do
Município de São Paulo) realizaram doações de espécimes para o Herbário da UPM com o
intuito de estimular e colaborar com a criação de mais uma coleção biológica brasileira.
Além disso, diversos trabalhos de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso
envolveram coletas botânicas no curso de Ciências Biológicas, o que demandou dedicação
na montagem e organização do material biológico. Portanto, no início deste projeto, pode-se
observar que grande parte dos materiais depositados no acervo do Herbário permanecia
dentro dos jornais utilizados no processo de prensagem e desidratação. No entanto,
seguindo os padrões nacionais e internacionais, o material botânico deve ser fixado em
cartolina e etiquetado antes de ser inserido no acervo. Todo o material botânico foi fixado
em cartolina através do uso de fita gomada, sempre evidenciando as características
morfológicas, a fim de facilitar a identificação taxonômica. Todas as partes do vegetal que se
encontravam soltos dentro do jornal, como fragmentos de folhas, flores e frutos que se
soltaram do ramo principal, foram acondicionados dentro de envelopes feitos à mão e
colados na cartolina junto ao ramo. Em seguida, a exsicata recebeu uma etiqueta
padronizada, contendo todas as informações básicas, como nome científico, data e local de
coleta e nome do (s) coletor (es) e do especialista que realizou a identificação. Além disso,
cada ficha contém uma breve descrição física e ecológica do local de coleta e também dos
dados taxonômicos observados em campo pelo coletor. Por fim, cada espécime recebeu um
número de depósito na coleção (número de tombo) para facilitar a organização e a
informatização.
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2 – Identificação dos materiais:
Os materiais provenientes de doações já contavam com identificação em nível de espécie.
Porém, a maioria dos espécimes que já estavam depositados no Herbário da UPM não
estava classificada e, para tanto, foram utilizadas referências bibliográficas especializadas
como a Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, Flora de Santa Catarina, Flora
Neotrópica e, quando necessário, a Flora Brasiliensis. As famílias e/ou espécies
taxonomicamente complexas foram enviadas aos especialistas para confirmação da
identificação. Além disso, os materiais provenientes dos projetos de iniciação científica e
trabalhos de conclusão de curso foram identificados pelos próprios alunos responsáveis por
cada projeto.
3 – Organização da coleção segundo APG:
A organização dos acervos botânicos sob o novo sistema de classificação ainda não foi
instituída na maioria dos herbários, devido ao grande volume das coleções. No entanto, o
Herbário da UPM ainda apresenta um número reduzido de espécimes, o que favoreceu a
organização segundo o atual sistema de classificação APG III (2009). Para seguir a
classificação atual na organização do acervo, foram utilizadas as seguintes referências:
Angiosperm Phylogeny Group (1998, 2003, 2009) e Souza & Lorenzi (2005).
4 – Informatização do acervo:
A informatização dos dados presentes no acervo do herbário foi realizada utilizando-se o
software Microsoft Office Excel, versão 2007. As informações que foram alimentadas dentro
do banco de dados foram: número de tombo, família, gênero, epíteto específico, autoridade
da espécie, coletor, número do coletor, data da coleta, local da coleta (estado, município e
especificações), informações ecológicas do local de coleta, informações morfológicas do
espécime, identificador, data da identificação. Essas informações seguem o padrão adotado
pelo Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA) e também por outros herbários
nacionais e estrangeiros. Durante este processo o nome científico de cada espécie
depositada no acervo foi verificado no sítio eletrônico do The New York Botanical Garden
(www.tropicos.org) e no site da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br), a fim de
apurar possíveis erros de digitação ocorridos durante o processo de identificação ou das
fichas fornecidas, bem como a confirmação do autor de cada espécie.
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5 – Número de Tombo:
Cada espécime do herbário recebeu um número de tombo (ou de depósito) na coleção e foi
inscrito em um Livro do modelo Ata para evitar a perda dos dados em caso de problemas
com o banco de dados eletrônico. O número de tombo é o número de entrada do espécime
no Herbário, é o número de registro oficial. Além de servir como um modo de segurança
contra a perda dos dados da coleção, o número de tombo serve como um meio de consulta
rápido para a localização do espécime dentro dos armários, evitando o manuseio
desnecessário dos outros espécimes, conservando a coleção.
6 – Expurgos:
No início do trabalho foi constatada a presença de pragas (insetos comuns em herbários de
regiões tropicais) que danificam a coleção botânica por ingestão de partes das plantas
desidratadas. O expurgo (desinsetização dos materiais e dos armários do herbário) foi feito
através do congelamento das exsicatas, anteriormente acondicionadas em sacos plásticos,
e limpeza dos armários com o auxílio de veneno apropriado e aspirador de pó. Todo
procedimento foi realizado em um freezer vertical disponibilizado pelo Laboratório de
Virologia, da UPM. Em função da necessidade de dividir o espaço do freezer com outros
projetos, a primeira desinsetização levou cerca de três meses para ser concluída. A
segunda desinsetização levou duas semanas para ser concluída, uma vez que já havia um
freezer disponível exclusivamente para o Herbário.
7 – Reestruturação do espaço físico do Herbário e obtenção de novos equipamentos:
Ao longo deste projeto novos equipamentos foram incorporados ao Herbário para o ideal
funcionamento do acervo. Para tanto, foi necessário a reestruturação do espaço físico
destinado ao Herbário, como realocação dos armários do acervo, mudança na disposição
dos armários de depósito, estufa e freezer. Os equipamentos foram obtidos através do
projeto “Composição florística da área de proteção ambiental do Mackenzie em Campos do
Jordão, São Paulo”, financiado pelo MackPesquisa.
8 – Indexação do Herbário na Rede Brasileira de Herbários:
A Rede Brasileira de Herbários foi criada no ano de 2000 com o auxílio do Centro de
Processamento de Dados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em parceria com
a Sociedade Botânica do Brasil. Através do site da UFRS (http://www.ufrgs.br/taxonomia/
herbarios) é possível localizar todas as coleções de plantas que se destacam no país e, com
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esse intuito, o presente projeto atuou na indexação do Herbário do Mackenzie na Rede
Brasileira de Herbários. Inicialmente, foi necessário selecionar um acrônimo que
representasse o Herbário e, para tanto, foi realizada uma pesquisa na rede nacional e
internacional (Index herbariorum) para que não houvesse sobreposição de sigla com
nenhuma outra instituição. Após essa etapa, procedeu-se com o pedido de cadastramento
da instituição mantenedora e do curador responsável pela coleção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Herbário da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Figura 1) conta com,
aproximadamente, 770 espécimes identificados, montados em cartolina e incluídos no
acervo. Cerca de 600 espécimes ainda permanecem indeterminados, aguardando a
classificação de especialistas ou término de projetos em andamento. Todo o material acima
citado, independente da classificação, foi incorporado ao banco de dados e inscrito no Livro
de Tombo.
Figura 1: Vista Geral dos armários do Herbário MACK.
Atualmente, as famílias com maior número de espécimes
Lamiaceae (70), Fabaceae (38
provenientes de Campos do Jordão ainda não foram inseridos no banco de dados, pois os
projetos ainda estão em andamento e, certamente, após a finalização de tais projetos o
número de exsicatas e a represe
1 - Montagem das exsicatas,
biológica:
As doações de exsicatas efetuadas ao Herbário MACK pelas instituições
Instituto Florestal e Herbário do Município de São Paulo, deram início a uma importante
parceria no processo de permuta de materiais. A permuta é uma prática comum e
consolidada entre herbários. Quando um herbário recebe doações ele assume um
compromisso ético de enviar o mes
aproximada de volta ao doador. Esta prática garante a formação de novas coleções
biológicas e ajuda a dissipar o conhecimento sobre
Até o momento, 250 doações foram enviadas ao Herbário MACK e todas ch
embaladas em jornais, no entanto,
etiquetadas. As etiquetas de identificação que acompanham os materiais na cartolina
também foram esquematizadas e imp
conta com uma etiqueta padrão para toda a sua coleção (Figura 2).
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ias com maior número de espécimes do acervo são
Fabaceae (38) e Euphorbiaceae (30) Rubiaceae (30
provenientes de Campos do Jordão ainda não foram inseridos no banco de dados, pois os
projetos ainda estão em andamento e, certamente, após a finalização de tais projetos o
número de exsicatas e a representatividade das famílias sofrerão fortes alterações.
Montagem das exsicatas, elaboração da etiqueta padrão e represen
As doações de exsicatas efetuadas ao Herbário MACK pelas instituições
e Herbário do Município de São Paulo, deram início a uma importante
parceria no processo de permuta de materiais. A permuta é uma prática comum e
consolidada entre herbários. Quando um herbário recebe doações ele assume um
compromisso ético de enviar o mesmo número de exsicatas ou, pelo menos, uma quantia
volta ao doador. Esta prática garante a formação de novas coleções
biológicas e ajuda a dissipar o conhecimento sobre a biodiversidade de
doações foram enviadas ao Herbário MACK e todas ch
embaladas em jornais, no entanto, já foram montadas em cartolinas e devidamente
As etiquetas de identificação que acompanham os materiais na cartolina
também foram esquematizadas e impressas durante o presente projeto, e hoje o herbário
conta com uma etiqueta padrão para toda a sua coleção (Figura 2).
Figura 2: Etiqueta padrão utilizada no Herbário MACK
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do acervo são: Asteraceae (72),
Euphorbiaceae (30) Rubiaceae (30). Muitos materiais
provenientes de Campos do Jordão ainda não foram inseridos no banco de dados, pois os
projetos ainda estão em andamento e, certamente, após a finalização de tais projetos o
fortes alterações.
e representatividade da coleção
As doações de exsicatas efetuadas ao Herbário MACK pelas instituições ESALQ-USP,
e Herbário do Município de São Paulo, deram início a uma importante
parceria no processo de permuta de materiais. A permuta é uma prática comum e
consolidada entre herbários. Quando um herbário recebe doações ele assume um
ou, pelo menos, uma quantia
volta ao doador. Esta prática garante a formação de novas coleções
e formações vegetais.
doações foram enviadas ao Herbário MACK e todas chegaram
foram montadas em cartolinas e devidamente
As etiquetas de identificação que acompanham os materiais na cartolina
ressas durante o presente projeto, e hoje o herbário
Figura 2: Etiqueta padrão utilizada no Herbário MACK
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Outro aspecto que merece destaque pela quantia de exsicatas geradas, foram os trabalhos
de iniciação científica e de conclusão de curso que realizaram coletas botânicas durante a
vigência do presente projeto:
- Flórula de Lauraceae em um trecho de floresta de restinga da praia de Guaraú em
Peruíbe – São Paulo (aluno responsável: Rodrigo Generali);
- Flórula de Rubiaceae da restinga alta do Guaraú, Peruíbe – São Paulo (aluno
responsável: Eduardo Hase);
- Flórula de Myrtaceae de um trecho de floresta de restinga da praia de Guaraú em
Peruíbe – São Paulo (aluno responsável: Camilo Nicholas Skaliks Carrasco);
- Levantamento florístico de Samambaias e Licófitas da Estação Biológica de Santa
Lúcia – Santa Teresa / ES (aluno responsável: Roseanne Soares Lima);
- Levantamento florístico e guia ilustrado de identificação das espécies de dunas do
litoral sul do estado de São Paulo (aluno responsável: Ana Cristina Vara Crestani);
- Composição florística da área de proteção ambiental do Mackenzie em Campos do
Jordão, São Paulo (aluno responsável: Alessandra Buccaran Canto);
- Flora das espécies de Myrtaceae de Campos do Jordão, São Paulo (aluno
responsável: Monique Batista Fascina).
Todo o material coletado nestes projetos foi identificado pelos alunos responsáveis e,
posteriormente, os materiais foram armazenados nos armários e embalados nos jornais. A
montagem de todo o material em cartolina foi de responsabilidade deste projeto (Figura 3).
Além disso, as saídas a campo com os alunos da disciplina Botânica III, do curso de
graduação em Ciências Biológicas, geraram grande quantidade de exsicatas para o acervo
do Herbário, que também foram montadas e inseridas no acervo.
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Figura 3: Modelo de uma exsicata montada e etiquetada.
Outra função importante de um herbário é ter uma coleção biológica que represente um tipo
específico de vegetação, como é o caso do Herbário SP (I.B. – USP, São Paulo) que possui
uma importante coleção sobre os campos rupestres brasileiros, ou ainda o Herbário do INPA
(Manaus) com a coleção sobre a Amazônia. Sob esse aspecto, o acervo do Herbário MACK
está se tornando uma referência em Floresta Ombrófila Mista. Isto decorre devido o grande
esforço de coleta realizado semestralmente na disciplina de graduação já citada e, mais
recentemente, devido ao projeto de levantamento florístico da área do Mackenzie em
Campos do Jordão, financiado pelo MackPesquisa, e que teve início em Março de 2011. A
Floresta Mista ou Mata de Araucária é uma formação florestal típica da região sul do Brasil,
no entanto, ocorre de forma disjunta na Serra da Mantiqueira, região de Campos do Jordão.
O único herbário que possui uma coleção mais representativa dessa formação no estado de
São Paulo é o SPSF (Instituto Florestal), no entanto, poucos trabalhos de coleta foram
realizados nos últimos anos. Com isso, o Herbário MACK assume a função de representar
na sua coleção as espécies ocorrentes neste importante trecho da Mata Atlântica que ocorre
na região de Campos do Jordão.
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2 - Identificação dos materiais, organização da coleção segundo o novo sistema de
classificação APG e treinamento de alunos da graduação:
O processo de identificação das espécies se deu, principalmente, com os materiais que já
se encontravam depositados no acervo (anterior ao presente projeto). Para tanto, foi
realizado um estudo a cerca dos caracteres vegetativos que são importantes no
reconhecimento de famílias, como por exemplo, a distinção entre folhas simples e
compostas, opostas e alternas, presença ou não de estípulas e látex, bem como de
caracteres reprodutivos (GONÇALVES & LORENZI, 2007; JUDD et al, 2009). Com grande
parte dos materiais identificados, foi possível organizar a coleção de acordo com o novo
sistema de classificação vegetal APG III. A organização das exsicatas dentro dos armários
foi feita seguindo a ordem alfabética de famílias e, dentro de cada família seguiu-se a ordem
alfabética de gêneros. Por fim, dentro dos diferentes gêneros seguiu-se a ordem alfabética
de espécies.
Após passar pelo treinamento de reconhecer as principais famílias botânicas, foi possível
participar no processo de ensino dos alunos da disciplina de Botânica III, do curso de
graduação em Ciências Biológicas. A experiência consistiu em fornecer conhecimentos
sobre taxonomia vegetal, funcionamento e organização de herbários, montagem correta de
exsicatas e a importância da anotação dos dados de cada espécime em campo, para o
posterior preenchimento das fichas de identificação. A partir do presente trabalho também
foi possível fornecer Treinamento Científico aos alunos interessados em taxonomia vegetal,
do curso de Ciências Biológicas, ensinando-os a montagem de exsicatas e identificação de
materiais.
3 - Informatização do acervo e número de Tombo dos materiais:
O banco de dados conta com 770 espécimes informatizados e com os respectivos números
de tombo (Figura 4). Futuramente, esse banco de dados será enviado ao CRIA, que
colocará as informações sobre a coleção do Herbário MACK na web para consulta
pública.Os espécimes inseridos no acervo já receberam um número de tombo na coleção,
que está registrado tanto no banco de dados como na própria exsicata armazenada nos
armários.
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Figura 4: Parte do banco de dados exemplificando os espécimes e seus respectivos números de tombo.
4 - Expurgo, reestruturação do espaço físico do Herbário e obtenção de novos
equipamentos:
A eliminação de pragas ou expurgo é uma prática comum nos herbários da região tropical e,
normalmente, é efetuada quando se detecta a presença de alguns insetos. Muitos herbários
utilizam venenos fortes, como a fosfina, no entanto, recomenda-se que o uso destes
produtos seja feito somente em prédios isolados, sem o funcionamento de outras
dependências. O Herbário MACK fica localizado no prédio da Rua Piauí, 181, primeiro andar
onde funcionam outros laboratórios de pesquisa e salas do curso de Psicologia, o que
inviabiliza o uso de venenos mais poderosos. Como alternativa, existe a prática de
congelamento das exsicatas e aplicação de veneno caseiro nos armários, recurso utilizado
no expurgo do Herbário MACK, realizado nos três primeiros meses deste projeto (Agosto,
Setembro e Outubro de 2010) e no mês de Junho de 2011. O processo consiste em
combater termicamente os organismos adultos, larvas e pupas que infestavam a coleção,
através do acondicionamento das exsicatas em um freezer, por três dias consecutivos.
Paralelamente, é necessária a limpeza dos armários através da utilização de veneno
caseiro, de aplicação e ação local, para combater os ovos presentes entre as frestas dos
armários. O segundo expurgo, realizado no mês de Junho de 2011, ocorreu devido ao
grande número de exsicatas que circularam dentro do Herbário e que foram acondicionadas
dentro dos armários sem antes passar pelo freezer, além da falta do ar condicionado no
local do acervo. A forma mais eficaz de manter a coleção livre destas pragas é a baixa
temperatura. Por isso, houve uma reestruturação na disposição dos armários do acervo para
um local com ar condicionado. Desta forma, a baixa temperatura durante 24 horas por dia
diminui o metabolismo dos insetos que destroem a coleção impedindo, desta forma, sua
proliferação.
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A reestruturação do herbário se tornou urgente nos últimos meses devido ao grande número
de equipamentos que foram incorporados ao Herbário. Todas as novas aquisições foram
possíveis devido ao financiamento do MackPesquisa ao projeto que está sendo realizado na
área do Mackenzie em Campos do Jordão. Dentre os principais equipamentos estão quatro
armários de aço específicos para coleções botânicas, sendo que agora o Herbário passa a
contar com sete armários para armazenar sua coleção biológica. Além dos armários, o
projeto adquiriu um freezer horizontal, com capacidade de 480 litros, para realizar os
expurgos térmicos nos materiais que circulam no Herbário. Vários outros materiais
permanentes e também de consumo foram adquiridos, o que também tornou necessária a
realocação dos armários de depósito. No momento, o Herbário conta com dois armários de
equipamentos de uso no campo, como binóculos, GPS, tesouras de poda manual, tesouras
de alta poda, sacos plásticos de coleta, fitas zebradas, fitas crepe, tabuleiros de papelão,
perneiras, assim como materiais de consumo para a montagem das exsicatas. No segundo
semestre de 2011 uma estufa de desidratação vegetal também será adquirida, aumentando
a independência dos projetos desenvolvidos no Herbário.
5 - Indexação do Herbário na Rede Brasileira de Herbários:
Após uma pesquisa realizada na rede nacional e internacional, constatou-se que o acrônimo
MACK estava livre para ser usado e, com isso, essa sigla foi selecionada para representar o
Herbário do Mackenzie na Rede Brasileira de Herbários. O processo de indexação seguiu
através da solicitação de cadastro do novo Herbário à Coordenadora responsável, Dra. Ana
Odete Santos Vieira. Após a análise da comissão sobre a experiência profissional do
solicitante na área de taxonomia vegetal, assim como da idoneidade da instituição
mantenedora, a indexação do herbário da UPM foi aceita na Rede Brasileira de Herbários.
A indexação do Herbário na Rede Brasileira favorece a divulgação da coleção biológica,
podendo, desta forma, contribuir no desenvolvimento de estudos na área da botânica como,
por exemplo, revisões taxonômicas e estudos florísticos, assim como atuar na permuta e
doação de materiais. Outro fator que deve ser ressaltado, é que a elaboração de grandes
Floras ocorre sempre em parceira entre a instituição que propõe o trabalho e as instituições
colaboradoras. No entanto, para que a instituição colaboradora possa receber as exsicatas
que farão parte do estudo da Flora que está sob sua responsabilidade, é necessário que o
herbário esteja, no mínimo, cadastrado na rede nacional. Uma parte desses objetivos já foi
alcançada pelo Herbário da UPM. Desde que a indexação foi aprovada e o Herbário MACK
passou a fazer parte da comissão nacional de herbários, já recebemos pedidos de
empréstimo de materiais para a realização de dissertações e teses que estão sendo
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desenvolvidas nas seguintes instituições: Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Universidade Federal do Paraná e Instituto de Botânica de São Paulo.
CONCLUSÃO
Após a realização deste trabalho, contatou-se que o Herbário da Universidade Presbiteriana
Mackenzie (MACK) está apto a receber novas exsicatas em seu acervo, podendo servir à
comunidade científica como fonte de pesquisas aplicadas, como depósito de materiais de
pesquisa, bem como de consultas ao acervo, além de ter condições de realizar intercâmbios
de materiais com outros herbários.
REFERÊNCIAS
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BARBOSA, M. R. V.; MAIA, L. C.; MENEZES, M.; PEIXOTO, A. L. Diretrizes e estratégias
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