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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Estudo de fatores de risco, sororreatividade e perfil clínico de pacientes HIV/Aids co-infectados com Toxoplasma gondii em Natal, Rio Grande do Norte. MARIANNE GARCIA DE OLIVEIRA NATAL/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Estudo de fatores de risco, sororreatividade e perfil clínico

de pacientes HIV/Aids co-infectados com Toxoplasma

gondii em Natal, Rio Grande do Norte.

MARIANNE GARCIA DE OLIVEIRA

NATAL/RN

2016

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MARIANNE GARCIA DE OLIVEIRA

Estudo de fatores de risco, sororreatividade e perfil clínico de pacientes

HIV/Aids co-infectados com Toxoplasma gondii em Natal, Rio Grande do

Norte.

Orientador: Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto

Co – orientadora: Profᵃ MD Mônica Baumgardt Bay

NATAL/RN

2016

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação

em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre em Ciências Biológicas. Área de

concentração: Biodiversidade.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências - CB

Oliveira, Marianne Garcia de.

Estudo de fatores de risco, sororreatividade e perfil clínico de pacientes HIV/Aids co-infectados com Toxoplasma gondii em

Natal, Rio Grande do Norte / Marianne Garcia de Oliveira. -

Natal, 2016.

103 f.: il.

Dissertação(Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em

Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto.

Coorientadora: Profa. Ma. Mônica Baumgardt Bay.

1. Toxoplasma gondii - Dissertação. 2. Neurotoxoplasmose -

Dissertação. 3. HIV - Dissertação. 4. Imunossuprimidos -

Dissertação. I. Andrade Neto, Valter Ferreira de. II. Bay, Mônica Baumgardt. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV.

Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 616.993.1

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MARIANNE GARCIA DE OLIVEIRA

Estudo de fatores de risco, sororreatividade e perfil clínico de pacientes

HIV/Aids co-infectados com Toxoplasma gondii em Natal, Rio Grande do Norte.

Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em

Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao membro

externo a esta universidade, como parte dos requisitos necessários para a obtenção

do grau de Mestre em Ciências Biológicas.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto

Departamento de Microbiologia e Parasitologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________

Profa. Msc. Mônica Baumgardt Bay

Departamento de Infectologia

Hospital Giselda Trigueiro

________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes

Departamento de Microbiologia e Parasitologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________

Profa Dra. Ana Paula Sampaio Feitosa

Departamento de Fisiologia e Patologia

Universidade Federal da Paraíba

NATAL/RN

2016

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AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, agradeço a Deus por ter me dado forças para a realização deste

trabalho e por guiar cada um dos meus passos, mostrando sempre o melhor caminho

a ser seguido. À Ele toda a minha gratidão e louvor.

Agradeço à minha família, Mariza (mãe), Ivanildo (pai) e Pedro (irmão), pelo

amor incondicional, pelo constante apoio e por sempre acreditarem nos meus sonhos,

lutando ao meu lado. A vocês devo tudo o que conquistei até hoje.

Ao meu namorado, Victor Reis, por toda paciência e compreensão ao longo

desses dois anos de mestrado. Por ter me arrancado sorrisos em meio ao estresse e

aflição.

Ao meu orientador Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto agradeço

imensamente por ter acreditado em mim, e pelos vários anos de ensinamentos, os

quais contribuíram significativamente para o meu crescimento científico e pessoal.

À minha co-orientadora Dra Mônica Bay, por ter aberto as portas do Hospital

Giselda Trigueiro e por sempre se colocar disponível aos meus chamados. Obrigada

pela valiosa colaboração.

À Debora Aloise, agradeço de forma muito especial por toda a sua generosa

contribuição do princípio ao fim deste trabalho. Obrigada pela paciência e imensa

ajuda.

Aos professores André Pinho e Wendel Coura, pela fundamental colaboração

nas análises estatísticas deste trabalho.

Agradeço de modo especial à Kalyne Oliveira pela valiosa ajuda na coleta de

sangue dos pacientes, e pela amizade que construímos durante o trabalho.

Aos 190 pacientes voluntários, por acreditarem na ciência e por terem me

ensinado tantas lições sobre a vida. Obrigada por essa importante experiência.

À equipe LabMaT (Tenille, Rízia, Claudio Bruno, Valber, Ana Glória, Lisianny...)

por anos de parceria, momentos de alegria e troca de conhecimentos. Especialmente

à Thatiany e Jully pela grande ajuda durante os experimentos.

Finalmente, à CAPES pelo apoio financeiro que possibilitou a realização deste

trabalho.

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RESUMO

O Toxoplasma gondii é o principal agente etiológico responsável pelo acometimento

do SNC em pacientes HIV/Aids. A triagem de pacientes portadores de HIV/Aids em

relação à positividade para T. gondii, associada à determinação do número de

linfócitos TCD4, pode auxiliar na redução da morbi-mortalidade relacionada a esta co-

infecção. O presente estudo teve como objetivo geral avaliar a frequência da infecção

pelo T. gondii em pacientes HIV positivos e correlacionar aos aspectos clínicos,

sorológicos e epidemiológicos. Para isto, foram avaliados 179 pacientes HIV positivos

acompanhados no Hospital Giselda Trigueiro. As análises sorológicas foram

realizadas através da técnica de ELISA, enquanto que as análises clínicas e

epidemiológicas ocorreram por meio da pesquisa em prontuários e aplicação de

questionário, respectivamente. Além disso, foi realizada análise molecular a partir de

PCR em amostras de sangue periférico de 11 pacientes HIV internados com

neurotoxoplasmose (suspeita ou confirmação). Nossos resultados indicam alta taxa

de infecção por T. gondii entre pacientes portadores de HIV/Aids (83,8%), sendo

detectadas a neurotoxoplasmose (11,7%) e a toxoplasmose ocular (3,35%). A

presença de gatos e a ingestão de salada crua foram fatores de risco identificados,

aumentando a chance de adquirir a infecção em 2,6 e 3,4 vezes, respectivamente. As

manifestações clínicas mais frequentes entre todos os pacientes acometidos pela

toxoplasmose cerebral consistiram em: paresia/hemiparesia (65,62%), cefaleia

(37,50%) e alterações da consciência (28,12%). Além disso, entre os pacientes

HIV/Aids internados, a neurotoxoplasmose foi decorrente de reativação da infecção

latente. A avaliação molecular apresentou limitações quanto ao diagnóstico da

neurotoxoplasmose. Conclui-se que a realização deste trabalho permitiu uma

caracterização epidemiológica e clínica da toxoplasmose em pacientes HIV/Aids do

Rio Grande do Norte, sendo um estudo pioneiro na região.

Palavras chaves: Toxoplasma gondii; HIV; neurotoxoplasmose; imunossuprimidos.

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ABSTRACT

Toxoplasma gondii is the main etiological agent responsible for central nervous system

involvement in HIV / AIDS patients. The screening of patients with HIV / AIDS related

to the positivity for T. gondii, associated to the determination of the number of CD4+ T

lymphocytes, may help to reduce the morbidity and mortality related to this co-infection.

The present study had as general objective to evaluate the frequency of T. gondii

infection in HIV positive patients and to correlate clinical, serological and

epidemiological aspects. For this, 179 HIV positive patients were evaluated at the

Hospital Giselda Trigueiro. Serological tests were performed using the ELISA

technique, while the clinical and epidemiological analyzes occured through research

in medical records and questionnaire application, respectively. In addition, molecular

analysis was performed by PCR in peripheral blood samples from 11 HIV patients

hospitalized with neurotoxoplasmosis (suspected or confirmed). Our results indicate a

high rate of T. gondii infection among patients with HIV / AIDS (83.8%), being detected

neurotoxoplasmosis (11.7%) and ocular toxoplasmosis (3.35%). The presence of cats

and raw salad ingestion were identified as risk factors, increasing the chance of

acquiring the infection in 2.6 and 3.4 times, respectively. The most frequent clinical

manifestations among all patients affected by cerebral toxoplasmosis consisted of:

paresis / hemiparesis (65.62%), headache (37.50%) and changes in consciousness

(28.12%). Besides that, among hospitalized HIV / AIDS patients, neurotoxoplasmosis

was due to latent infection reactivation. The molecular evaluation presented limitations

on the diagnosis of neurotoxoplasmosis. It is concluded that the accomplishment of

this work allowed an epidemiological and clinical characterization of the toxoplasmosis

in HIV / AIDS patients of Rio Grande do Norte, being a pioneer study in the region.

Keywords: Toxoplasma gondii; HIV; neurotoxoplasmosis; immunosuppressed.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1. Ciclo biológico do parasito Toxoplasma gondii em hospedeiros

intermediários e definitivos (ROBERT-GANGNEUX; DARDÉ, 2012)........................17

FIGURA 2. Delineamento experimental para os pacientes HIV/Aids acompanhados

no ambulatório (SAE) do HGT, Natal, RN, 2015 – 2016............................................35

FIGURA 3. Delineamento experimental para os pacientes HIV/Aids internados no

HGT com diagnóstico presuntivo ou confirmado de neurotoxoplasmose, Natal, RN,

2015 – 2016...............................................................................................................36

FIGURA 4. Distribuição geográfica dos 179 pacientes HIV/Aids participantes da

pesquisa, Natal, RN, 2015-2016................................................................................47

FIGURA 5. Resultado molecular a partir de 11 amostras de sangue periférico de

pacientes HIV/Aids internados no HGT, Natal, RN, 2015 – 2016. Eletroforese em gel

de agarose a 2%. PM: marcador de peso molecular de 1Kb (Ludwig); C+: (controle

positivo); C-: (controle negativo)................................................................................65

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Características gerais dos pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda

Trigueiro, Natal, RN, 2015-2016.................................................................................48

TABELA 2. Aspectos comportamentais relacionados à ingestão de oocisto pelos

pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro, Natal, RN, 2015 – 2016..............50

TABELA 3. Aspectos comportamentais de pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda

Trigueiro em relação a gatos, Natal, RN, 2015 – 2016..............................................51

TABELA 4. Aspectos comportamentais com relação à ingestão de cistos de T.

gondii peos pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro, 2015-2016...............52

TABELA 5. Análise univariada das características gerais dos pacientes HIV/Aids do

Hospital Giselda Trigueiro, Natal, RN, 2015-2016.....................................................54

TABELA 6. Análise univariada dos aspectos comportamentais relacionados à

ingestão de oocisto pelos pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro, 2015-

2016............................................................................................................................56

TABELA 7. Análise univariada dos aspectos comportamentais de pacientes

HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro em relação a gatos, Natal, RN, 2015 -

2016............................................................................................................................57

TABELA 8. Análise univariada dos aspectos comportamentais com relação à

ingestão de cistos de T. gondii pelos pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda

Trigueiro, Natal, RN, 2015-2016.................................................................................58

TABELA 9. Análise multivariada dos aspectos relacionados à infecção por T. gondii

em pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro, Natal, RN, 2015-2016............59

TABELA 10. Frequência de 179 pacientes HIV-positivos atendidos no SAE do HGT

com diagnósticos soronegativos e soropositivos para Toxoplasma gondii,

relacionados aos níveis de CD4+, CD4/CD8, uso da terapia antirretroviral e carga

viral, em Natal, RN, 2015 – 2016...............................................................................61

TABELA 11. Características clínicas e sorológicas dos pacientes HIV/Aids

internados no HGT com suspeita ou confirmação de Neurotoxoplasme, em Natal,

RN, 2015 – 2016........................................................................................................62

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TABELA 12. Características clínicas de todos os pacientes HIV/Aids participantes da

pesquisa que possuem diagnóstico confirmado ou presuntivo para

neurotoxoplasmose, Natal, RN 2015 – 2016..............................................................63

TABELA 13. Estudo retrospectivo: número de internamentos de pacientes HIV/Aids

internados por neurotoxoplasmose no Hospital Giselda Trigueiro entre 2011 e 2015,

Natal, RN....................................................................................................................64

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DNA – Deoxyribonucleic Acid – Ácido desoxirribonucleico

ELISA – Ezyme-Linked Immunosorbent Assay – Ensaio Imunoenzimático

EDTA – Ethylenediamine tetraacetic acid - ácido etilenodiamino tetra-acético

GRA7 – proteína de grânulo denso 7

HGT – Hospital Giselda Trigueiro

HIV – Human Immunodeficiency Virus – Vírus da Imunodeficiência Humana

IgA – Imunoglobulina da classe A

IgE – Imunoglobulina da classe E

IgG – Imunoglobulina da classe G

IgM – Imunoglobulina da classe M

IL-10 – Interleucina-10

IL-12 – Interleucina-12

IL-17 – Interleucina-17

INF-ɣ – Interferon gama

LCR – Líquido Cefalorraquidiano

NK – Natural Killer

NTX – Neurotoxoplasmose

OR – Odds Ratio

PCR – Polymerase Chain Reaction – Reação em cadeia da P

RIFI – Reação de Imunofluorescência Indireta

SAE – Serviço de Atendimento Especializado

AIDS – Acquired Immune Deficiency Syndrome

SNC – Sistema Nervoso Central

TARV – Terapia antirretroviral

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SUMÁRIO

1 INTRUÇÃO.............................................................................................................13

1.1 TOXOPLASMOSE...............................................................................................13

1.1.1 Histórico............................................................................................................13

1.1.2 O parasito.........................................................................................................14

1.1.3 Ciclo biológico...................................................................................................16

1.1.4 Resposta imunológica ao Toxoplasma gondii...................................................18

1.1.5 Mecanismos de transmissão.............................................................................19

1.1.6 Fatores de risco.................................................................................................20

1.1.7 Toxoplasmose humana.....................................................................................22

1.1.8 Epidemiologia em imunocompetentes...............................................................23

1.1.9 Diagnóstico e tratamento...................................................................................24

1.2 TOXOPLASMOSE EM PACIENTES HIV/Aids...................................................26

1.2.1 Neurotoxoplasmose em pacientes HIV/Aids....................................................28

1.2.2 Diagnóstico da neurotoxoplasmose em pacientes HIV/Aids...........................29

1.2.3 Epidemiologia da toxoplasmose em pacientes HIV..........................................31

2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................33

3 OBJETIVOS............................................................................................................34

4 METODOLOGIA.....................................................................................................35

4.1 DESENHO DO ESTUDO E POPULAÇÃO ALVO................................................35

4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL....................................................................35

4.3 CÁLCULO AMOSTRAL........................................................................................36

4.4 COLETA DAS AMOSTRAS DE SANGUE...........................................................37

4.5 ANÁLISE SOROLÓGICA.....................................................................................37

4.6 ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA..............................................................................41

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA......................................................................................42

4.8 AVALIAÇÃO DE PRONTUÁRIOS MÉDICOS......................................................43

4.9 ANÁLISE MOLECULAR.......................................................................................43

5 RESULTADOS........................................................................................................46

5.1 ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS PACIENTES HIV/Aids DO SAE..................46

5.1.1 Características dos pacientes...........................................................................46

5.1.2 Variáveis relacionadas à infecção por oocistos.................................................49

5.1.3 Variáveis relacionadas à infecção por cistos.....................................................52

5.1.4 Sorologia da toxoplasmose em pacientes HIV/Aids do SAE............................52

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5.1.5 Análise Univariada............................................................................................53

5.1.6 Análise Multivariada..........................................................................................59

5.2 AVALIAÇÕES CLÍNICAS....................................................................................60

5.2.1 Dados de CD4, CD4/CD8 e carga viral dos pacientes HIV/Aids do SAE.........60

5.2.2 Dados clínicos dos pacientes HIV/Aids do SAE...............................................60

5.2.3 Avaliações sorológicas e clínicas dos pacientes HIV/Aids internados.............61

5.2.4 Análise clínica de pacientes HIV/Aids com diagnóstico presuntivo ou

confirmado para neurotoxoplasmose........................................................................62

5.3 ESTUDO RETROSPECTIVO DE INTERNAMENTOS POR

NEUROTOXOPLASMOSE NO HGT.........................................................................64

5.4 ANÁLISES MOLECULARES...............................................................................65

6 DISCUSSÃO...........................................................................................................66

7 CONCLUSÃO.........................................................................................................78

8 PERSPECTIVAS....................................................................................................79

REFERÊNCIAS.........................................................................................................80

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.................96

ANEXO B – PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA........................98

ANEXO C – QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO E BIOLÓGICO.....................101

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1 INTRODUÇÃO

1.1 TOXOPLASMOSE

1.1.1 Histórico

O Toxoplasma gondii, agente etiológico da toxoplasmose, foi inicialmente

descrito em 1908 por Alfonso Splendore a partir de tecidos de coelhos, no Brasil.

Também em 1908, em Tunis, os franceses Charles Nicolle e Louis Hebert Manceaux

descobriram o T. gondii no baço e no fígado do roedor gundi (Ctenodactylus gundi)

(revisado por WEISS; DUBEY, 2009).

Em 1923, 15 anos após a descrição deste parasito, foi relatado por Janku o

primeiro caso de toxoplasmose humana em uma criança de 11 meses de idade, a qual

apresentava hidrocefalia, microftalmia, dentre outras manifestações clínicas (revisado

por COX, 2002). Em 1927, Torres descreveu um caso semelhante no Brasil. Janku se

referiu ao organismo encontrado como Sporozoa, enquanto Torres descreveu como

Encephalitozoon chagasi; Em 1928, Levaditi sugeriu que ambos os casos estavam

relacionados ao Toxoplasma gondii. Em 1937, Arne Wolf e David Cowen descreveram

um parasito, que denominaram E. hominis, no sistema nervoso e na retina de um

neonato, que por sua vez apresentava encefalite, hidrocefalia e corioretinite. (revisado

por COX, 2002; WEISS; DUBEY, 2009).

Em 1948, Albert Sabin e Harry Feldman desenvolveram um teste sorológico, o

teste do corante. Este foi um importante passo no estudo da toxoplasmose, já que a

partir dessa descoberta foi possível facilitar a identificação de infecção por T. gondii,

bem como realizar pesquisas epidemiológicas (SABIN; FELDMAN, 1948).

Em 1970, o ciclo biológico deste parasito foi então estabelecido de forma

completa, sendo então classificado como um coccídeo tendo os felídeos como

hospedeiros definitivos e animais homeotérmicos como hospedeiros intermediários,

dentre eles estão aves, bovinos, ovinos, caprinos, o homem, entre outros (revisado

por WEISS; DUBEY, 2009).

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1.1.2 O parasito

A toxoplasmose é causada pelo parasito intracelular obrigatório, Toxoplasma

gondii (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998), que por sua vez é capaz de infectar

vertebrados homeotérmicos, incluindo humanos (TENTER; HECKEROTH; WEISS,

2000). O T. gondii pertence ao Reino Protista, Sub-reino Protozoa, Filo Apicomplexa,

Classe Sporozoazida, Sub-classe Coccidiasina, Ordem Eucoccidiorida, Família

Sarcocystidae, Sub-família Toxoplasmatinae, Gênero Toxoplasma, Espécie

Toxoplasma gondii (CURRENT et. al., 1990). Recentemente, Ald e colaboradores

(2012) sugeriram uma nova classificação, na qual o parasito Toxoplasma gondii está

inserido dentro de um super grupo denominado SAR, mais especificamente no grupo

Alveolata (primeiro grupo), dentro do qual é classificado como Apicomplexa (segundo

grupo), em seguida como Conoidasida (terceiro grupo), Coccídeo (quarto grupo) e

Eimeriorina (quinto grupo).

Trata-se de um parasito com capacidade de imunomodular o seu hospedeiro,

garantindo seu sucesso na disseminação no organismo (CARRUTHERS; SUZUKI,

2007). Dentre os diversos mecanismos de imunomodulação, está a capacidade que

este protozoário possui de penetrar ativamente em células apresentadoras de

antígenos como os macrófagos (CARRUTHERS; BOOTHROYD, 2007). Além disso,

o Toxoplasma gondii é um importante parasito bem sucedido com vasta distribuição

no meio ambiente, isto se deve a diversos fatores, dentre eles a sua alta capacidade

de adaptação e seus vários mecanismos de transmissão. (DUBEY; SU, 2009).

O T. gondii possui três estágios infectantes, são eles: taquizoítos (livres),

bradizoítos (em cistos teciduais) e esporozoítos (em oocistos). Essas três formas

apresentam organelas citoplasmáticas características do filo Apicomplexa que

constituem o complexo apical: conóide, anéis polares, microtúbulos subpeliculares,

roptrias, micronemas e grânulos densos (SOLDATI e MEISSNER 2004; DUBEY,

2008).

Os taquizoítos se multiplicam rapidamente, além de possuírem a capacidade

de invadir ativamente diversos tipos celulares, onde se multiplicam em vacúolo

parasitóforo, o qual é formado a partir de moléculas do próprio parasito e,

principalmente, de componentes da célula hospedeira (HILL et. al., 2005; MUÑIZ-

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HERNÁNDEZ, 2011). Os taquizoítos estão presentes principalmente na fase aguda

da infecção (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998). Quanto à sua morfologia, apresentam

uma forma arqueada, medindo, aproximadamente, 4 a 8 µm de comprimento por 2 a

4 µm de diâmetro. Consistem na forma menos resistente do parasito, de modo que é

facilmente destruído por condições adversas, tais como desidratação e variáveis

osmóticas (MONTOYA e LIESENFELD 2004).

Os bradizoítos dividem-se lentamente dentro de cistos teciduais, que por sua

vez lhes garante resistência; estes cistos podem ser encontrados em diversos tecidos,

principalmente tecido nervoso e muscular, e sua parede consiste de uma membrana

limitante com numerosas invaginações e uma camada subjacente de material granular

eletro-denso (FERGUSON, 2004). Os bradizoítos apresentam metabolismo lento e

induzem resposta imunológica associada à quimiocina CCL21, que por sua vez,

promove a migração de linfócitos TCD4+ para o SNC (PLOIX et. al., 2011). Os cistos

podem permanecer viáveis como infecção latente e assintomática por muitos anos no

hospedeiro (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998; CRISTINA et. al., 2008;). Além disso,

apresentam grande variação em seu tamanho, essa variação depende do estágio em

que se encontra, da célula hospedeira parasitada, e do número de bradizoítos em seu

interior (WEISS e KIM, 2000; MONTOYA e LIESENFELD 2004). O tamanho varia,

aproximadamente, entre 5 e 70 µm de diâmetro, podendo chegar a 300 µm com

centenas de bradizoítos em seu interior (DUBEY, 1998; INNES, 2010). Os cistos

teciduais estão presentes, principalmente, na fase crônica da infecção.

A infecção crônica persiste latente por toda a vida do indivíduo, sendo

clinicamente assintomática, na maioria dos casos. A infecção latente envolve uma

complexa interação entre o parasito e o hospedeiro, estabelecendo assim um grau de

equilíbrio entre ambos. O T. gondii realiza modificações no ambiente para promover

sua sobrevivência, por outro lado, evita dano tecidual (provocado diretamente pelo

próprio parasito ou indiretamente pela resposta imune) que eventualmente poderia

levar à morte de seu hospedeiro. A variação de fatores por parte do parasito e do

hospedeiro interfere diretamente nesse equilíbrio (CARRUTHERS; SUZUKI, 2007).

Os oocistos contêm os esporozoítos, que por sua vez são formados através do

ciclo sexuado entero-epitelial, nos felinos (hospedeiro definitivo), e eliminados em

suas fezes. A excreção dos oocistos dura de 7 a 20 dias, ocorrendo uma única vez na

vida, normalmente na primo-infecção. Tornam-se infectantes após o processo de

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esporulação, o qual acontece no ambiente. Estes oocistos permanecem infectantes

no ambiente por até 18 meses, desse modo, permitem a sobrevivência do parasito

por longos períodos no meio externo (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998; MAI et. al.,

2009).

Classicamente, esse protozoário possui uma estrutura populacional clonal. É

classificado em três diferentes linhagens clonais (I, II e III). Estas linhagens

apresentam padrões distintos de virulência em modelos murinos (SU et. al., 2002;

SIBLEY et. al., 2009). Estudos observaram que as linhagens tipo I apresentam alta

virulência, enquanto que os tipos II e III levam ao desenvolvimento da cronificação da

infecção por meio da formação de cistos (HOWE; SIBLEY, 1995; KIM; WEISS, 2004;

SAEIJ; BOYLE; BOOTHROYD, 2005). Vários estudos sorológicos têm sido relatados

com relação ao tipo clonal de Toxoplasma gondii pelo qual animais e humanos são

infectados (PEYRON et. al., 2006; SOUSA et. al., 2009). Na América do Sul, contudo,

há uma grande diversidade para T. gondii onde a dispersão clonal não é prevalente.

No Brasil, as frequentes trocas genéticas têm gerado uma ampla variedade de

diferentes genótipos (PENA et. al., 2008). Oitenta e oito genótipos já foram

identificados a partir de vários hospedeiros animais no Brasil, e novos genótipos vem

sendo continuamente identificados em diversas espécies de animais, de modo que

isto indica uma elevada diversidade de T. gondii na população (PENA et. al., 2011;

CLEMENTINO-ANDRADE et. al., 2013).

1.1.3 Ciclo biológico

O Toxoplasma gondii é um parasito intracelular obrigatório que apresenta baixa

especificidade (eurixênico), pois possui a capacidade de infectar qualquer animal

homeotérmico, além de invadir diversos tipos de células nucleadas (DUBEY 1994).

Este parasito apresenta um complexo ciclo de vida, do tipo heteroxeno

facultativo (Figura 1), que por sua vez foi descrito somente em 1970, quando foi

descoberto que os hospedeiros definitivos são membros da família Felidae, incluindo

o gato doméstico (FRENKEL et. al., 1970). Além disso, os animais de sangue quente

(mamíferos e aves) consistem nos hospedeiros intermediários, dentre eles, os

humanos (DUBEY, 2004).

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17

FIGURA 1. Ciclo biológico do parasito Toxoplasma gondii em hospedeiros

intermediários e definitivos (ROBERT-GANGNEUX; DARDÉ, 2012 modificada).

Sabe-se que o T. gondii apresenta um ciclo biológico com duas fases: a fase

assexuada, a qual ocorre em hospedeiros intermediários (mamíferos e aves); e a fase

sexuada, a qual ocorre somente nos hospedeiros definitivos, especificamente nas

células epiteliais do intestino de felídeos.

Na fase assexuada, o parasito penetra no intestino do hospedeiro, e inicia um

processo de multiplicação, denominado endodiogenia, que por sua vez ocorre dentro

do vacúolo parasitóforo, dando origem à células-filhas a partir de uma célula-mãe.

Desse modo, os taquizoítos se multiplicam rapidamente, e são liberados por meio da

ruptura da célula hospedeira. Posteriormente, os parasitos se disseminam pelo

organismo através do sangue ou linfa, infectando novas células em diversos tecidos.

Este processo inicial consiste na fase aguda da infecção (BEAMAN et. al., 1995).

Ao invadirem novas células, principalmente musculares e nervosas, alguns

taquizoítos se convertem em bradizoítos, dando início à fase crônica da infecção, a

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qual é caracterizada pela formação de cistos (TENTER et. al, 2000). Estes cistos

permanecem em estado de latência por um longo período, no entanto, podem sofrer

ruptura com posterior liberação dos bradizoítos, os quais podem se converter em

taquizoítos novamente. Esse processo está bastante associado aos níveis de INF-ɣ e

óxido nítrico, e ocorre, principalmente, em indivíduos imunocomprometidos (KIM e

WEISS, 2008; SKARIAH et. al., 2010).

Os oocistos são formados a partir da fase sexuada, após vários processos de

esquizogonia seguida de gametogonia. Após a fecundação dos gametócitos há a

formação do zigoto, que por sua vez, dá origem ao oocisto imaturo (não esporulado),

que posteriormente é eliminado através das fezes do hospedeiro definitivo. Ao

encontrarem condições favoráveis (temperatura, umidade e oxigenação), estes

oocistos tornam-se infectantes através da esporulação, a qual ocorre de 2 a 4 dias

(DUBEY, 1998; LAPPIN, 2000; MONTOYA e LIESENFELD, 2004).

1.1.4 Resposta imunológica ao Toxoplasma gondii

A resposta imune ao T. gondii é complexa, envolvendo mecanismo humoral e,

principalmente, mecanismo celular, sendo este último um significativo fator de

resistência contra a infecção (KAHI et. al., 1998; MUNOZ et. al., 2011).

A resposta imune a este parasito é desencadeada por meio da imunidade inata

que, apesar de inespecífica, desempenha relevante papel na ativação e diferenciação

celular e, consequentemente, no desenvolvimento de uma resposta específica

(DUPONT; CHRISTIAN; HUNTER, 2012; MILLER et. al., 2009). Nesta fase inicial da

infecção, as células dentríticas, monócitos e macrófagos entram em contato com o

parasito, apresentam os antígenos do invasor, e iniciam a produção de IL-12, a qual

induz a produção de IFN-ɣ pelos linfócitos T CD4+, linfócitos T CD8+, e pelas células

Natural Killer (NK) (ALIBERTI, 2005). Essas citocinas promovem a diferenciação e

proliferação de uma resposta imune com perfil Th1, que por sua vez, consiste no

principal mecanismo de resistência aos patógenos intracelulares (GAZZINELLI et. al.,

1993).

Com relação à toxoplasmose, a principal citocina responsável pela resistência

ao T. gondii é o INF-ɣ, o qual é essencial no controle da infecção, tanto na fase aguda

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(favorecendo a interconversão de taquizoíto em bradizoíto), como na fase crônica

(impedindo a conversão de bradizoíto em taquizoíto) (SUZUKI et. al., 1988; YAP e

SHER, 1999; FUJIGAKI et. al., 2002). O INF-ɣ, por sua vez, possui o papel de ativar

diversas células do hospedeiro, principalmente macrófagos, os quais exercem função

efetora antimicrobianas por meio da produção de radicais tóxicos de oxigênio,

especificamente o óxido nítrico, levando à destruição do parasito (FUJIGAKI, 2002;

MELO, JENSEN, SAEIJ, 2011). Por outro lado, durante uma fase seguida à infecção

aguda, ocorre um processo de imunorregulação, o qual se dá por meio da produção

de IL-10, que por sua vez, ameniza o dano tecidual ao regular a produção de citocinas

pró-inflamatórias, e promovendo o balanceamento entre as respostas Th1 e Th2

(GAZZINELLI et. al., 1996; NEYER et. al., 1997; ALIBERTI, 2005; DAMSKER et.al.,

2010).

Na toxoplasmose, a resposta humoral, isoladamente, não é capaz de promover

proteção no curso da infecção. Sabe-se que essa resposta é também mediada por

linfócitos T, já que a produção de células de memória, bem como a ativação e

diferenciação de linfócitos B, dependem de citocinas produzidas pelos Linfócitos T

CD4+, além da apresentação de antígenos pelas células apresentadoras aos linfócitos

B. De um modo geral, a resposta humoral atua, basicamente, na opsonização de

parasitos (SHARMA, 1990; HUSKINSON et. al., 1990). No início da infecção, há a

produção de anticorpos específicos para o T. gondii da classe IgM, que desaparecem

em algumas semanas ou meses. Por outro lado, os anticorpos anti-T.gondii da classe

IgG têm o seu pico dentro de um a dois meses após a infecção, e permanece em nível

elevado por toda vida (SUBAUSTE e REMINGTON 1993).

1.1.5 Mecanismos de transmissão

A infecção pelo T. gondii se dá através das três formas infectantes: taquizoítos,

bradizoítos e oocistos. A transmissão pode ser horizontal (adquirida) ou vertical

(congênita). No homem (hospedeiro intermediário), a infecção horizontal ocorre pela

ingestão de carne malcozida contendo cistos teciduais provenientes de caprinos,

suínos e ovinos; ocorre também através da ingestão de alimentos ou água

contaminados por oocistos esporulados, que por sua vez são liberados através das

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fezes de felinos (hospedeiro definitivo), os quais são responsáveis pelo principal

mecanismo de disseminação da toxoplasmose em áreas urbanas, associado aos

hábitos de manipular jardins sem uso de luvas (mãos nuas), conforme avaliado pelo

nosso grupo de pesquisa em toxoplasmose humana e animal (BARBOSA; HOLANDA;

ANDRADE-NETO, 2009). A transmissão vertical consiste no mais importante aspecto

relacionado à toxoplasmose humana (ROBERT-GANGNEUX; DARDÉ, 2012); se dá

por via transplacentária quando a mãe se encontra na fase aguda da infecção.

(CARRUTHERS; SUZUKI, 2007).

1.1.6 Fatores de risco

Muitos fatores estão relacionados ao risco de transmissão da toxoplasmose, de

modo que há uma dificuldade em determinar a fonte da infecção. Como citado

anteriormente, existem vários fatores envolvidos, dentre eles estão: consumo de carne

crua ou malcozida, consumo de alimentos ou água contaminados, manipulação de

carne crua, consumo de leite não pasteurizado, jardinagem sem uso de luvas, contato

com as fezes do gato, exposição ao solo contaminado, entre outros (RIEMANN et. al.,

1975; KAPPERUD et. al., 1996; TENTER et. al., 2000).

Sabe-se hoje que a toxoplasmose é transmitida, principalmente, pelo consumo

de carne crua ou mal passada contendo cistos, ou pela ingestão de oocistos presentes

no ambiente e em água ou alimentos contaminados (DUBEY et. al., 2012; TENTER

et. al., 2000). É importante ressaltar que as principais vias de transmissão podem

divergir em populações com culturas e hábitos alimentares diferentes. Além disso, as

condições ambientais/climáticas influenciam consideravelmente na prevalência

elevada em países tropicais da América do Sul e na África, por exemplo (DUBEY et.

al., 2012).

Há divergências, nos estudos, quanto à importância do gato doméstico como

um significativo fator de risco na transmissão da toxoplasmose. Após a infecção

primária, o felino é capaz de liberar milhões de oocistos (JACKSON, HUTCHISON

1989), tal fato coloca seus proprietários em risco para adquirir a infecção por T. gondii.

Além disso, gatos andarilhos, ou que vivem em fazendas, podem contaminar o

ambiente com oocistos.

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Nas Américas, alguns surtos de toxoplasmose aguda, em humanos, foram

associados à presença de oocistos no ambiente (TENTER et. al., 2000). Estudos

epidemiológicos evidenciam que um surto de toxoplasmose aguda, em 1995, ocorrido

em 110 indivíduos de Vancouver, Canadá, estaria ligado à contaminação da água

utilizada para consumo (BOWIE et. al., 1997; ARAMINI et. al., 1999). No Brasil, 600

pessoas da cidade Santa Isabel do Ivaí, Paraná, procuraram o serviço de saúde entre

novembro de 2001 e janeiro de 2002, com sintomas compatíveis com toxoplasmose.

Destas, 426 apresentaram diagnóstico sugestivo de infecção aguda por T. gondii. Este

surto ocorreu em virtude da contaminação de um reservatório de água por oocistos

eliminados em fezes de gatos jovens que habitavam o local (BRASIL. MINISTÉRIO

DA SAÚDE. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2002; DE MOURA et. al., 2006).

Por outro lado, oocistos eliminados pelos gatos não são esporulados. Eles

necessitam de 1 a 5 dias para realizarem a esporulação, e assim tornar-se infecciosos

para outros hospedeiros. Desse modo, o contato direto com o gato, geralmente, não

resulta em infecção por T. gondii, principalmente nos casos onde medidas preventivas

são tomadas, como por exemplo, a higienização diária das fezes do gato doméstico

(TENTER et. al., 2000; DUBEY; ROBERT-GANGNEUX e DARDÉ 2012).

Diversos autores relataram o consumo de carne crua ou malcozida como um

importante fator de risco na transmissão da toxoplasmose (GARCIA et. al., 1999ª;

MILAR et. al, 2008; COOK et. al, 2000; FRAZÃO-TEIXEIRA et. al., 2006; OLIVEIRA

et. al., 2007). O risco associado ao tipo de carne (boi, porco, galinha, etc.) varia entre

os diferentes países, de acordo com os hábitos alimentares local, e de acordo com a

prevalência do T. gondii nesses animais (ROBERT-GANGNEUX e DARDÉ 2012). Na

Europa, por exemplo, um estudo multicêntrico relacionou o consumo de carne crua

com 30 a 68% dos casos de infecção (COOK et. al., 2000).

Com relação aos animais criados em fazenda, a infecção por T. gondii leva à

perda reprodutiva e econômica, e além disso, acarreta danos à saúde pública, já que

o consumo de produtos contaminados derivados desses animais (como carne e leite)

podem ocasionar a transmissão da toxoplasmose (JITTAPALAPONG et al. 2005). No

Brasil, milhões de animais de produção são direcionados para o consumo humano a

cada ano. Avaliações sorológicas mostraram que até 90% dos animais domésticos e

selvagens apresentavam anticorpos para T. gondii no Brasil (DUBEY et al. 2012).

Recentemente, nosso grupo de pesquisa avaliou que 29,41% dos ovinos

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apresentaram infecção por T.gondii em Lages, município do Rio Grande do Norte,

onde a pecuária ovina consiste em uma das principais atividades econômicas

(CLEMENTINO et al. 2007). Além disso, nosso grupo observou que a prevalência de

toxoplasmose ovina no Rio Grande do Norte foi de 22,1%, sendo 26,3% e 17,8% nas

regiões Leste Potiguar e Central Potiguar, respectivamente (CLEMENTINO-

ANDRADE et. al., 2013).

No Brasil, alguns estudos relacionaram a infecção pelo T. gondii aos fatores

socioeconômicos. Foi observado que 84% da população com baixo nível

socioeconômico do Rio de Janeiro foi soropositiva para T. gondii, enquanto que a

população com nível socioeconômico médio apresentou um valor de 62%, e a

população com alto nível econômico apresentou 23% (BAHIA-OLIVEIRA et. al., 2003).

Esse fato pode estar relacionado não apenas ao poder aquisitivo propriamente dito,

mas aos desdobramentos disso, no que se refere ao acesso à informação e às

escolas, fatores também avaliados pelo nosso grupo (BARBOSA; HOLANDA;

ANDRADE-NETO, 2009).

1.1.7 Toxoplasmose humana

No homem, a toxoplasmose ocorre, na maioria das vezes, de forma

assintomática ou autolimitada em pacientes imunocompetentes, desenvolvendo-se de

modo assintomático na maioria dos casos; pode ainda desenvolver-se de forma

oligossintomática apresentando sintomas como quadro febril, linfoadenopatia dentre

outros. No entanto, em pacientes imunocomprometidos a toxoplasmose desenvolve-

se de modo mais grave, com relevância para as manifestações no sistema nervoso

central (MONTOYA; LIESENFELD, 2004).

A toxoplasmose é potencialmente grave durante a gravidez, a qual consiste em

uma das formas clínicas dessa parasitose, e apresenta especial importância devido

aos sérios danos causados ao desenvolvimento do feto (JONES et. at., 2001). A

gravidade está diretamente relacionada com a capacidade da resposta imune da mãe,

virulência da cepa, período gestacional e com a imaturidade no sistema imune fetal

(REMINGTON et al., 2001). As possíveis consequências da toxoplasmose congênita

são principalmente neurológicas e oftalmológicas (CARRUTHERS; SUZUKI, 2007);

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podem ocorrer ainda: epilepsia, retardo psicomotor ou mental, anemia, icterícia,

prurido, petéquias, encefalite, pneumonite, calcificação intracraniana, dentre outras

manifestações (REMINGTON et. al., 2001). A retinocoroidite é uma característica

comum na toxoplasmose congênita; sua particularidade consiste na expressão clínica

em longo prazo após o nascimento (ROBERT-GANGNEUX; DARDÉ, 2012). A

ocorrência da transmissão vertical é menor durante o primeiro trimestre de gestação

quando comparada à infecção ocorrida no terceiro trimestre, no entanto, há um risco

de morbidade maior da doença para o feto quando a primo-infecção ocorre no início

do período gestacional. (FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2005).

Pacientes portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)

consistem em um importante grupo de risco relacionado à toxoplasmose; nesses

indivíduos, a toxoplasmose está diretamente relacionada com os baixos níveis de

células TCD4+; tais pacientes apresentam diversas lesões necrosantes

principalmente em núcleos da base (ABEDALTHAGAFI et al., 2010).

Estudo recente, baseado em inquéritos soroepidemiológicos e de

comportamento animal, sugere que a infecção crônica com T. gondii pode ser um fator

de risco para o desenvolvimento de esquizofrenia ou outros distúrbios

comportamentais em humanos (YOLKEN; TORREY, 2008), fato bastante intrigante

no que se refere aos desdobramentos da neurociência.

1.1.8 Epidemiologia em imunocompetentes

A toxoplasmose apresenta-se de forma variada quanto à sua prevalência,

estima-se algo em torno de 25% a 30% em todo o mundo (MONTOYA; LIESENFELD,

2004). Esta prevalência pode variar entre os países (10% a 80%) ou até mesmo entre

diferentes regiões de um mesmo país (PAPPAS; ROUSSOS; FALAGAS, 2009). Foi

observada uma baixa prevalência (10 a 30%) na América do Norte, no sudeste da

Ásia, no norte da Europa e em alguns países (Sahel) da África; prevalência moderada

(30 a 50%) foi encontrada em alguns países da Europa central e do sul; e altas

prevalências foram observadas na América Latina e nos países africanos tropicais

(LIESENFELD, 2010).

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No Brasil, a prevalência sorológica de infecção por T. gondii é alta, variando em

torno de 50% a 80% na população adulta (BAHIA-OLIVEIRA et. al., 2003; PAPPAS

et. al, 2009). Alguns estudos epidemiológicos foram realizados na população

brasileira, a partir de diversos estados. Foram observadas prevalências de 73% em

São Paulo (GOMES et. al., 1975), 54% em Roraima (FERRARONI et. al., 1980),

78,7% no Rio de Janeiro (COUTINHO et al., 1981), 60% em Goiás (RODRIGUES,

2007), 36% em Minas gerais (MAIA et. al, 2012), dentre outras pesquisas realizadas.

Com relação à toxoplasmose congênita, estudos relataram uma taxa de

incidência no Brasil de 1/3.000 nascimentos (NETO, et al., 2000). No entanto, esse

valor pode variar: em Ribeirão Preto foi encontrada uma prevalência de 0,3/1000

nascimentos, enquanto que em Uberlândia foi visto uma alta prevalência de 5,0/1000

nascimentos (SEGUNDO et. al., 2004).

As lesões oculares representam uma importante manifestação clínica

decorrente da toxoplasmose congênita; um estudo comparativo em crianças

infectadas congenitamente, no Brasil e na Europa, observou que crianças brasileiras

apresentaram um risco cinco vezes maior para desenvolver lesões oculares quando

comparadas às crianças européias, além de que essas lesões se caracterizavam por

serem múltiplas, maiores, mais recorrentes e com comprometimento para a visão

(GILBERT et. al., 2008). Tal fato pode estar associado às características genotípicas

do parasito circulante em nosso meio (CLEMENTINO-ANDRADE et. al., 2013), bem

como ao polimorfismo genético da população humana susceptível, como foi aventado

em estudos conduzidos por nosso grupo, no Rio Grande do Norte (MENDES, 2011).

1.1.9 Diagnóstico e Tratamento

Os exames sorológicos são mais comumente utilizados no diagnóstico da

toxoplasmose. Estes se baseiam na detecção de anticorpos específicos das classes

IgM, IgG, IgA e IgE (CONTRERAS et. al., 2000).

A fase aguda da infecção por T.gondii é caracterizada pelo aumento de

anticorpos IgG (com baixa avidez), além do aumento dos anticorpos IgM, IgA e IgE

(BONFIOLI e OREFICE 2005). Os anticorpos IgM são produzidos na segunda

semana, após a primo-infecção, atingindo níveis máximos no fim do primeiro mês, e

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desaparecem em 6 a 12 meses, geralmente. No entanto, em alguns casos, ocorre a

persistência desses anticorpos até 18 meses após a infecção, dificultando a

interpretação dos resultados (WILSON et. al., 1997).

Os anticorpos IgA possuem uma cinética semelhante aos anticorpos IgM,

porém com maior sensibilidade. Assim, constituem importantes marcadores

sorológicos, principalmente em gestantes, fetos e recém-nascidos, pois desaparecem

da circulação mais rapidamente que os anticorpos da classe IgM (PINON et. al., 2001;

BORGES e FIGUEIREDO 2004). Por outro lado, aproximadamente 5% das pessoas

não produzem IgA, e além disso, o IgA pode persistir por anos em alguns casos.

Desse modo, esta classe de anticorpos é pouco utilizada para compor o diagnóstico

da infecção recente (MONTOYA e LIESENFELD, 2004). Na fase crônica da infecção,

apenas os anticorpos IgG estão presentes, os quais apresentam alta avidez nessa

fase (MONTOYA e LIESENFELD, 2004).

Atualmente, as técnicas mais utilizadas no diagnóstico laboratorial da

toxoplasmose são a reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e o ensaio

imunoenzimático (ELISA). Ambos os testes apresentam boa especificidade e

sensibilidade (MONTOYA e LIESENFELD, 2004; SHAAPAN et. al., 2008). A RIFI, no

entanto, apresenta uma subjetividade na interpretação da fluorescência, tornando este

método de difícil comparação entre laboratórios, o que justifica vários dados na

literatura com grande variabilidade em uma mesma região (SHAAPAN et. al., 2008;

MACRI et. al., 2009). Por outro lado, o ELISA além de apresentar elevada

sensibilidade e especificidade, possui diversas vantagens como: simplicidade técnica,

versatilidade e objetividade na leitura. Desse modo, o ELISA consiste em um teste

eficiente, principalmente quando os reagentes e os parâmetros do ensaio estão bem

padronizados (CAMARGO, 2001; SANCHEZ, 2001).

A determinação da fase de infecção tem maior relevância em gestantes, uma

vez que o tratamento pode acarretar diversos efeitos adversos, incluindo um potencial

efeito teratogênico, principalmente no primeiro trimestre da gestação (DEGERLI et.

al., 2003). Com intuito de estimar a fase de infecção, o teste de avidez de IgG foi

desenvolvido baseado no aumento da afinidade de um anticorpo específico a um

antígeno ao longo do tempo (HEDMAN et. al., 1993). Deste modo, utiliza-se um agente

dissociante da ligação entre antígeno e anticorpo, como a ureia, para determinar o

índice de avidez. Alguns autores relatam que um índice de avidez maior ou igual a

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50% indica uma infecção crônica, enquanto que valores abaixo de 50% são

indicadores de infecção recente (ROBERT-GANGNEUX et. al., 1998; COLOMBO et.

al., 2005; MATTOS et. al., 2011).

Nas últimas décadas, além dos avanços das técnicas imunológicas, as técnicas

moleculares vêm passando por um progresso significativo quanto ao diagnóstico de

doenças infecciosas. Alguns estudos têm demonstrado a utilidade da PCR no líquido

cefalorraquidiano (LCR) para o diagnóstico da toxoplasmose cerebral (JULANDER et.

al., 2001; VIDAL et. al., 2004). Além disso, a técnica de PCR demonstrou bons

resultados para o diagnóstico da toxoplasmose ocular, por meio da detecção do DNA

do parasito no humor aquoso e corpo vítreo (MONTOYA e LIESENFELD, 2004). De

modo mais comum, resultados de diversas pesquisas sugerem que infecções fetais

podem ser diagnosticadas cedo na gravidez, por meio da análise do líquido amniótico,

evitando a necessidade de amostra de sangue fetal ou de procedimentos mais

invasivos (GUY et. al., 1996; REMINGTON, THULLIEZ, MONTOYA, 2004).

Os tratamentos voltados para a toxoplasmose encontram-se ainda limitados

devido aos seus significativos efeitos adversos (SONDA; HEHL, 2006). Dentre

algumas drogas conhecidas que atuam contra o T. gondii, estão: sulfadiazina,

pirimetamina, sulfametoxazol/trimetropim; clindamicina; azitromicina (KAYE, 2011).

De um modo geral, os fármacos atuam inibindo enzimas fundamentais para a

replicação do parasito e podem agir de forma combinada. As enzimas dihidropteroato

sintetase e dihidrofolato redutase, importantes na biossíntese de pirimidinas no T.

gondii, são inibidas pela sulfadiazina e pirimetamina, respectivamente, usadas em

larga escala na rotina de tratamento da toxoplasmose (ANDERSON, 2005).

1.2 TOXOPLASMOSE EM PACIENTES HIV/Aids.

A síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids), ocasionada pelo HIV (Vírus

da Imunodeficiência Humana), é transmitida por meio de relações sexuais, transfusão

sanguínea, compartilhamento de agulhas, ou ainda de mãe para filho. Esta síndrome

é caracterizada pela destruição dos linfócitos TCD4+, comprometendo a imunidade

celular e, portanto, diminuindo a capacidade do organismo de se defender contra

doenças oportunistas.

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A introdução da terapia antirretroviral (TARV) proporcionou uma redução na

incidência de doenças oportunistas em pacientes que têm acesso aos cuidados de

saúde, principalmente nos países desenvolvidos. Por outro lado, há diversas razões

que levam à má resposta aos agentes antirretrovirais, dentre elas: a resistência do

HIV a determinados fármacos, má adesão ao tratamento em função dos efeitos

adversos, uso de drogas, bem como interações medicamentosas (BENSON et. al.,

2004).

A Lei Federal nº 9.313, de 13 de novembro de 1996 garantiu o acesso universal

e gratuito ao tratamento antiretroviral no Brasil. Ao longo do tempo, foi também

estruturado, no país, o acesso da população aos exames de monitoramento

laboratorial da infecção pelo HIV - contagem de linfócitos T CD4+ e Carga Viral (CV),

bem como aos insumos e ações de prevenção (BRASIL, 2010). O Brasil foi um dos

primeiros países a adotar políticas de saúde expressivas no atendimento aos

portadores de HIV, destacando-se no âmbito internacional (BRASIL, 2008a).

Atualmente, para o tratamento do HIV, estão disponíveis as seguintes classes

de antirretrovirais: inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos,

inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos, inibidores da

protease, inibidores da integrase, antagonistas de CCR5 e inibidores de fusão

(HUGHES et al., 2008). A TARV tem a finalidade de reduzir a carga viral no plasma e

em tecidos linfoides, sustentando a supressão da replicação viral e contribuindo na

reconstituição imunológica. No entanto, em muitos casos, essa recuperação

imunológica não tem sido alcançada, podendo ser decorrente do estágio avançado da

infecção, resistência do vírus ao fármaco, ou talvez o período de acompanhamento

clínico da instituição da terapia tenha sido insuficiente para induzir à recuperação

(PLANA, et. al., 2000).

Nos indivíduos imunocompetentes, a resposta imune da toxoplasmose ocorre

de forma adequada, de modo que a fase aguda da infecção é transiente e evolui

rapidamente para a fase crônica. Esta, por sua vez, persiste latente no indivíduo por

toda a sua vida através de cistos teciduais. Assim, na fase crônica da toxoplasmose,

há um equilíbrio com relação à interação entre o parasito e o hospedeiro

(CARRUTHERS; SUZUKI, 2007). Em indivíduos imunocomprometidos, no entanto, a

infecção pode ser reativada, ocorrendo a interconversão de bradizoítos para

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28

taquizoítos, culminando em sua liberação, e ocasionando relevantes danos

patológicos pela reagudização da doença (KODYM, et al., 2015).

Pacientes portadores de HIV/Aids consistem em um importante grupo de risco

no que se refere à toxoplasmose. Nesses indivíduos, a toxoplasmose está diretamente

relacionada com os baixos níveis de células TCD4+, as quais são importantes

integrantes da resposta imune celular que, por sua vez, é o principal mecanismo de

defesa contra parasitos intracelulares (ALIBERTI, 2005). Níveis muito baixos de

linfócitos TCD4+ representam um risco elevado de reativação da infecção (em

pacientes soropositivos) ou primoinfecção (em pacientes soronegativos) em

indivíduos portadores de HIV/Aids (KODYM, et al., 2015).

A toxoplasmose consiste em uma das infecções oportunistas mais comuns que

acomete pacientes HIV - positivos, sendo a neurotoxoplasmose a lesão cerebral focal

mais presente nesses pacientes (WEISS, DUBEY, 2009), de modo que os distúrbios

neurológicos são particularmente mais graves naqueles que apresentam maior

imunossupressão (COLOMBO et al., 2005). Além disso, a retinocoroidite toxoplásmica

é uma importante inflamação ocular secundária manifestada nesses pacientes

(RODGERS; HARRIS, 1996).

A literatura mostra que as infecções oportunistas são um dos principais fatores

para o risco de morte em pacientes portadores de HIV/ Aids (GOMIDES et al., 2002).

Estudos mostram também que a toxoplasmose consiste em uma importante causa de

morbi-mortalidade neste grupo de indivíduos (XAVIER et al., 2013).

1.2.1 Neurotoxoplasmose em pacientes HIV/Aids

Os distúrbios neurológicos relacionados à Aids são responsáveis por um

impacto considerável na morbi-mortalidade, particularmente nos países em

desenvolvimento (SACKTOR, 2002). A neurotoxoplasmose ocorre em

aproximadamente 40% dos pacientes com Aids em todo o mundo, e destes pacientes,

10 a 30% morrem em consequência de complicações da doença (LUFT e

REMINGTON, 1992; TENTER et al. 2000). No Brasil, a toxoplasmose cerebral

consiste na lesão cerebral focal predominante nesses pacientes (VIDAL, PENALVA,

HERNANDEZ, 2003).

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29

De acordo com a literatura, o sistema nervoso central (SNC) é o local mais

afetado pela infecção, no qual a encefalite é a mais importante manifestação da

doença, causando sérios danos ao paciente (FERREIRA, 2000; PEREIRA-

CHIOCCOLA et. al., 2009; DUBEY et. al., 2012). Cerca de 95% da encefalite causada

por T. gondii deve-se à reativação da infecção latente em consequência da perda

progressiva da imunidade celular (LUFT e REMINGTON, 1992). Sabe-se que o risco

da reativação da infecção está diretamente relacionado aos baixos níveis de células

TCD4+ que, por sua vez, tem seus valores de referência entre 508 – 2480 células/mm³

em indivíduos adultos imunocompetentes (GOMIDES et. al., 2002; PARDINI, 2002).

Nos pacientes imunossuprimidos, a encefalite toxoplásmica ocorre quando a

contagem de células TCD4+ está abaixo de 200 células/mm³ (WEISS, DUBEY, 2000).

A neurotoxoplasmose, classicamente, apresenta-se como um processo sub-

agudo ou agudo (HERNÁNDEZ-GONZÁLEZ et. al., 2002). As manifestações clínicas

dependem da localização e do número de lesões presentes. Os sintomas/sinais mais

frequentes incluem: déficits motores focais, hemiparesia, ataxia, distúrbios sensoriais,

alterações da fala, intensa cefaleia, crises convulsivas, confusão mental, letargia e

alterações visuais. Além disso, pode ocorrer disfunção cognitiva e aumento da

pressão intracraniana (VIDAL et. al., 2005; MOULIGNIER, 2006; PEREIRA-

CHIOCCOLA et. al., 2009). Em cerca de 5 a 10% dos casos, os pacientes apresentam

coriorretinite toxoplásmica associada à neurotoxoplasmose (HERNÁNDEZ-

GONZÁLEZ et. al., 2002).

1.2.2 Diagnóstico da neurotoxoplasmose em pacientes HIV/ Aids

O diagnóstico definitivo da neurotoxoplasmose requer a demonstração direta

do parasito no tecido cerebral. Desse modo, na prática clínica, o diagnóstico da

toxoplasmose cerebral é presuntivo e depende da associação dos achados

sorológicos, clínicos e radiológicos (PEREIRA-CHIOCCOLA et. al., 2009; VIDAL et.

al., 2011). Posteriormente, a confirmação é realizada mediante à resposta terapêutica

empiricamente instituída, que ocorre, geralmente, entre 7 a 14 dias (LUFT et. al.,

1993). Assim, em regiões com alta prevalência da toxoplasmose, alguns pacientes

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30

podem ser expostos de forma desnecessária aos efeitos adversos do tratamento anti-

T. gondii, em até 40% dos casos (RAFFI et. al., 1997).

Os exames de imagem são de grande relevância para o diagnóstico presuntivo

da neurotoxoplasmose, e podem ser realizados através da Tomografia

computadorizada (TC) de crânio ou Ressonância Magnética (RM). O diagnóstico

radiológico pode ser classificado em achados típicos ou atípicos. Os padrões típicos

incluem lesões hipodensas, unifocais ou multifocais, que captam o contraste de forma

anelar ou nodular, além de apresentar um edema perilesional, além disso, as lesões

localizam-se preferencialmente em núcleos da base. Tais achados são encontrados

em 80% dos casos, sendo bastante sugestivos de neurotoxoplasmose, no entanto,

não são patognomônicos. Em 20% dos casos ocorrem padrões atípicos, de modo que

as lesões podem ser hipodensas sem captação do contraste e com efeito expansivo,

ou ainda, apresentar encefalite difusa sem lesões focais visíveis (PEREIRA-

CHIOCCOLA et. al., 2009; NISSAPATORN e SAWANGJAROEN, 2011).

As características demonstradas pelos métodos de imagem também podem ser

encontradas de forma semelhantes em tumores, linfomas, abscessos, ou em outras

infecções oportunistas do SNC em pacientes HIV positivos (FERREIRA, 2000).

Portanto, o diagnóstico não pode ser feito baseado somente em observações clínicas

e radiológicas (MONTOYA e LIESENFELD, 2004; MENTZER et. al., 2012).

Com relação ao diagnóstico sorológico, a literatura mostra que a soroevidência

da infecção é geralmente observada em pacientes HIV antes do desenvolvimento da

neurotoxoplasmose, onde a maioria dos casos apresenta altos níveis de anticorpos

anti-T. gondii IgG (COLOMBO et. al., 2005; MEIRA et. al., 2008; NISSAPATORN e

SAWANGJAROEN, 2011). Tais anticorpos apresentam alta avidez, enfatizando a

ideia de que a reativação da infecção latente ocorre na resposta imune secundária

(MECHAIN et. al., 2000; COLOMBO et. al., 2005; PEREIRA-CHIOCCOLA et. al.,

2009). Entretanto, esses anticorpos não são detectados em, aproximadamente, 5%

dos pacientes em consequência da imunossupressão (HELLERBRAND et. al., 1996;

VIDAL et. al., 2005). Além disso, anticorpos anti-T.gondii da classe IgM não são

habitualmente detectados em pacientes HIV com neurotoxoplasmose (BORGES e

FIGUEIREDO, 2004; BHASKAR, 2005).

Os métodos moleculares têm proporcionado um grande avanço para o

diagnóstico da toxoplasmose cerebral através da técnica de PCR, que por sua vez,

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31

permite a detecção do DNA do T. gondii em diferentes amostras biológicas

(NISSAPATORN e SAWANGJAROEN, 2011). Os métodos moleculares são

particularmente apropriados para pacientes HIV/Aids, pois não são interferidos pelo

status imunológico do paciente (PEREIRA-CHIOCCOLA et. al., 2009).

Em amostras de líquido céfalorraquidiano (LCR) tem sido observada uma

grande variação na sensibilidade da PCR (11,5-100%), no entanto, com alta

especificidade (96-100%) (CINGOLANI et. al., 1996; CINQUE et. al., 1996; GIANOTTI

et. al., 1997; JOSEPH et. al., 2002; VIDAL et. al., 2004). É importante ressaltar que a

coleta de líquor pode ser inapropriada em alguns casos, principalmente nos pacientes

que apresentam lesões cerebrais expansivas (CINGOLANI et. a., 1998; COHEN et.

al., 1999; PEREIRA-CHIOCCOLA et. al., 2009). Em adição, amostras de sangue

também vem sendo avaliadas quanto à sua eficiência na técnica de PCR. Estudos

observaram variação na sensibilidade entre 16-86% (PRIYIA et. al., 2002; BASTIEN,

2002; COLOMBO et. al., 2005).

Essa variação quanto à sensibilidade da PCR se deve a diversos fatores

relevantes, tais como: escolha dos primers, processamento e armazenamento das

amostras, padronização da extração de DNA, além do tempo decorrido entre o início

do tratamento específico e a coleta da amostra clínica, a qual deve ser realizada antes

ou até os três primeiros dias após a introdução do tratamento anti-toxoplásmico

(CINGOLANE et. al., 1996; GIANOTTI et. al., 1997; BRETAGNE, 2003; VIDAL et. al.,

2004)

1.2.3 Epidemiologia da toxoplasmose em pacientes HIV

A prevalência da toxoplasmose cerebral nestes pacientes está diretamente

associada à prevalência da infecção por T. gondii na respectiva população. Na

Noruega, a sorologia para T. gondii foi estudada em 698 pacientes HIV positivos,

sendo encontrada positividade para 17,8% (DUNLOP et. al., 1996). Por outro lado, no

Uruguai, foi observada soroprevalência de 69,1% em 492 pacientes HIV (DURAN et.

al., 1997). No Japão, Naito et al. (2007) realizaram estudo com 56 pacientes HIV

positivos. A média da contagem dos linfócitos T CD4+ entre os pacientes foi de 371

céls/mm³; anticorpos específicos para T. gondii foram detectados em apenas três

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pacientes (5,4%). Segundo os autores, a baixa prevalência encontrada poderia estar

relacionada a um menor risco de infecção pelo protozoário, em função dos hábitos

alimentares e das boas condições sanitárias do país (NAITO et. al., 2007).

Com relação à neurotoxoplasmose, na Índia, um estudo avaliou 89 portadores

de HIV/Aids (82 homens e 7 mulheres), dos quais 67,8% apresentaram anticorpos IgG

anti-T. gondii. Destes, 43,4% desenvolveram neurotoxoplamose. A média de linfócitos

TCD4+ encontrada foi de 283,6 céls/mm³. Segundo os autores, o risco de desenvolver

neurotoxoplasmose parece ainda ser elevado mesmo em moderada imunodeficiência

(MEISHERI; MEHTA; PATEL,1997). Por outro lado, na Noruega, 238 pacientes com

Aids foram avaliados, dos quais 19 (8%) desenvolveram toxoplasmose cerebral. No

momento do diagnóstico, a média de células TCD4+ era de 75 céls/mm³ (DUNLOP et.

al., 1996).

No Brasil, alguns estudos epidemiológicos observaram alta prevalência de

anticorpos anti-T.gondii em imunossuprimidos, onde destacam-se o Rio Grande do

Sul (80%) e Bahia (77,3%) (XAVIER et al., 2013; NUNES et al., 2004). Apesar dos

avanços obtidos em consequência do tratamento antirretroviral, a queda da incidência,

no Brasil, foi inferior aos países desenvolvidos, de modo que a toxoplasmose cerebral

consiste em uma doença indicadora de infecção por HIV em 35% dos pacientes e

definidora de Aids em 75% dos casos (VIDAL et. al., 2005).

No Rio Grande do Sul, dos 80% dos pacientes HIV com sorologia positiva para

toxoplasmose, 4,8% e 1,6% apresentaram toxoplasmose cerebral e ocular,

respectivamente (XAVIER et al. 2013). No estado da Bahia, foram avaliadas 82

mulheres atendidas no Serviço de Ambulatório Especializado do Hospital Couto Maia.

Destas pacientes, 48 (58,5%) eram portadoras do HIV e 34 (41,5%) tinham Aids. Das

82 mulheres, 46 (55,4%) apresentaram episódios de infecções oportunistas, onde a

neurotoxoplasmose afetou 12,2%, sendo a segunda infecção oportunista mais

frequente ao longo do acompanhamento, superada apenas por monilíase oral (37,8%)

(NUNES et al., 2004). No Rio de Janeiro, foram necropsiados 154 pacientes com Aids,

no Hospital Universitário Antônio Pedro, no período de 1984 a 1990. A

neurotoxoplasmose foi a manifestação neurológica mais frequente (38,9%) (CAMARA

et al., 2003).

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33

2 JUSTIFICATIVA

As infecções oportunistas são as principais causas de morbidade e mortalidade

entre os pacientes acometidos pelo HIV. A literatura mostra que a toxoplasmose é

uma das principais infecções oportunistas que aflige os pacientes portadores de

HIV/Aids. Diante da importância da toxoplasmose, as organizações de saúde pública,

como a Organização Mundial de Saúde, recomendam o levantamento de dados

epidemiológicos referentes à infecção pelo Toxoplasma gondii, principalmente, em

relação ao impacto para a saúde humana como doença oportunista. No Brasil, alguns

estudos epidemiológicos observaram alta prevalência de anticorpos anti-T.gondii em

imunossuprimidos. Desse modo, é de grande importância a determinação sorológica

quanto à toxoplasmose em pacientes HIV/Aids, para que seja determinada a

população em risco para o desenvolvimento de neurotoxoplasmose, uma vez que

mais de 95% dos casos ocorrem devido à reativação da infecção latente. Além disso,

sabendo que a toxoplasmose cerebral consiste na lesão cerebral focal predominante

em pacientes soropositivos para HIV no Brasil, torna-se pertinente a avaliação deste

aspecto clínico no presente estudo, pois a investigação de complicações neurológicas

é crucial em indivíduos infectados pelo HIV, já que diagnóstico e tratamento eficazes

podem proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente ou até mesmo maior

sobrevida. Portanto, considerando que dados referentes a esta abordagem são

escassos no Rio Grande do Norte, a realização deste estudo é bastante relevante,

visto que a triagem inicial dos fatores de risco, bem como da sororreatividade e perfil

clínico da toxoplasmose em pacientes vivendo com HIV/Aids pode contribuir na

implementação de estratégias em saúde pública, com a finalidade de prevenir a

morbidade associada a essa doença, nesses pacientes. Além disso, trata-se de um

estudo pioneiro em nosso estado, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas

subsequentes.

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34

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL.

Realizar diagnóstico, determinar fatores de risco e avaliar perfil clínico de pacientes

HIV/Aids co-infectados com Toxoplasma gondii em Natal, Rio Grande do Norte.

3.2 OBJETIVOS ESPECíFICOS.

Realizar diagnóstico para a toxoplasmose em pacientes HIV/Aids provenientes

do Serviço de Atendimento Especializado em DST/Aids (SAE) do Hospital

Giselda Trigueiro (HGT), bem como estimar a fase da infecção.

Verificar a associação entre fatores socioeconômicos e biológicos e a

toxoplasmose em pacientes HIV/Aids provenientes do HGT.

Caracterizar perfil clínico dos pacientes e sua relação com a sorologia para T.

gondii, além de investigar diagnóstico prévio para neurotoxoplasmose.

Avaliar prevalência anual da neurotoxoplasmose em pacientes HIV internados

no Hospital Giselda Trigueiro de 2011 a 2015.

Realizar estudo de validação do marcador GRA7 para diagnóstico molecular

da neurotoxoplasmose.

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4 METODOLOGIA

4.1 DESENHO DO ESTUDO E POPULAÇÃO ALVO.

Foi realizado um estudo transversal, no qual a população avaliada consistiu em

179 pacientes portadores do vírus HIV provenientes do Serviço de Atendimento

Especializado em DST/Aids (SAE) do Hospital Giselda Trigueiro (HGT), que por sua

vez é o hospital de referência no tratamento de doenças infecciosas no estado do Rio

Grande do Norte. Além disso, 11 pacientes HIV/Aids internados nos mistos I e II do

HGT, com diagnóstico presuntivo ou confirmado de neurotoxoplasmose (NTX),

também foram inseridos na pesquisa. Os pacientes voluntários que aceitaram

participar do estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Este

trabalho foi aprovado conforme o Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com o CAAE:

39633714.0.0000.5537 (anexo B).

4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

FIGURA 2. Delineamento experimental para os pacientes HIV/Aids acompanhados no

ambulatório (SAE) do HGT, Natal, RN, 2015 – 2016.

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FIGURA 3. Delineamento experimental para os pacientes HIV/Aids internados no HGT

com diagnóstico presuntivo ou confirmado de neurotoxoplasmose, Natal, RN, 2015 –

2016.

4.3 CÁLCULO AMOSTRAL

O número amostral foi calculado utilizando uma fórmula para Amostra aleatória

simples sem reposição, segundo LOHR (1999). Para isso, foi realizado um estudo

piloto por meio de 53 amostras, obtendo-se 0,87 (87%) referente à proporção de

indivíduos HIV acometidos pela toxoplasmose na amostra piloto. Além disso, o

tamanho da população avaliada consistiu em 3000 pacientes HIV/Aids acompanhados

no SAE do HGT, no momento em que foi realizada a pesquisa (abril de 2015 a janeiro

de 2016). Nível de confiança 95% e erro 5%.

n = z²α/2

S² = n0

e² + z²α/2

S² 1+ n0

N N

Em que:

N = Tamanho da população (3000)

S² = Variância, calculada a partir de p (1 – p), sendo p igual a 0,87

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37

n0 = Tamanho da amostra piloto

e² = erro (0,05)

α = Nível de significância (0,05)

Para a aplicação desta fórmula, foi utilizada a versão que considera z²α/2

N

negligenciável (igual a 0). Finalmente, verificou-se que o tamanho mínimo da amostra

necessária para esse estudo é de 165 pacientes.

4.4 COLETA DAS AMOSTRAS DE SANGUE

De cada paciente, foi coletado 5mL de sangue por meio de punção venosa,

usando um tubo do tipo vacutainer® sem anticoagulante e, em alguns casos, foi

coletado mais um tubo com anticoagulante (EDTA). Após a coleta, as amostras foram

encaminhadas para o Laboratório de Biologia da Malária e Toxoplasmose, onde foram

processadas para a obtenção do soro. Após centrifugação, o soro foi aliquotado e

armazenado em eppendorfs a -20°C até a realização do ensaio imunoenzimático.

Para as amostras coletadas com anticoagulante, após o processamento, o anel

leucocitário foi submetido à extração de DNA.

4.5 ANÁLISE SOROLÓGICA

Os soros foram testados através da técnica de ELISA (Ensaio

Imunoenzimático). Para todas as análises sorológicas, foi utilizado antígeno solúvel

total de Toxoplasma gondii (STAg), previamente preparados pelo Laboratório de

Toxoplasmose do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas

Gerais, conforme protocolo descrito por Buery e colaboradores (2014), e

encaminhados ao nosso laboratório.

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4.5.1 ELISA para detecção de anticorpos IgG anti-T. gondii

A técnica ELISA para detecção de anticorpo IgG anti-T. gondii foi realizada in

house (BUERY et. al., 2014), e tinha a finalidade de realizar o diagnóstico da

toxoplasmose em pacientes HIV/Aids. Foram utilizadas placas de poliestireno de 96

poços com fundo chato, as quais foram sensibilizadas com 100μL do antígeno (STAg),

que por sua vez foi adicionado em cada poço na concentração de 5μg/ml diluído em

tampão carbonato/bicarbonato (pH 9,6). A placa foi incubada overnight a 4°C. No dia

seguinte, a solução contendo o antígeno foi desprezada, e posteriormente a placa foi

lavada duas vezes com solução salina contendo Tween 20 a 0,05% (SST). Após o

processo de secagem da placa (por inversão utilizando papel de filtro absorvente),

100 μL de uma solução contendo PBS/Caseína 2% foi adicionado em cada poço,

correspondendo à etapa de bloqueio do teste, em seguida a placa foi incubada durante

30 minutos a 37ºC. Após a incubação, a solução de bloqueio foi desprezada e a placa

foi lavada duas vezes com SST seguido do processo de secagem. Posteriormente, foi

adicionado em cada poço da placa 100 μL do soro, o qual foi previamente diluído em

PBS-T/Caseína 0,25% (Tween 20 a 0,05% em PBS pH 7,2) na proporção de 1:100,

no dia anterior. Os soros foram analisados em duplicada, de modo que em cada placa

foram utilizadas duas amostras como controles positivos, e seis amostras como

controles negativos. Após a distribuição das amostras na placa, esta foi novamente

incubada por 45 minutos a 37°C. Os soros foram desprezados e a placa foi lavada

quatro vezes com SST. Em cada poço foram adicionados 100μL do conjugado

humano anti-IgG marcado com a enzima peroxidase (Sigma – Aldrich: human anti IgG

– A6029), este foi previamente diluído em PBS / Caseína 0,25% / Tween 20 a 0,05%

na proporção 1:5000. Em seguida, a placa foi incubada por 45 minutos a 37°C. Após

a incubação, as placas foram lavadas quatro vezes com SST. Foi preparada uma

solução substrato composta por 3μg de σ-phenylinediamine (Sigma), 15 mL de

solução de ácido cítrico e 3μL de H2O2. Em seguida, 100μL dessa solução substrato

foi adicionada em cada poço da placa. Após 20 minutos, a reação foi interrompida

através da adição de 25μL de H2SO4 (4N) em cada poço. A leitura foi realizada em

espectrofotômetro com filtro de 490nm. Cada ensaio teve seu respectivo ponto de

corte (cut off), o qual é calculado pela média das absorbâncias das seis amostras de

soro negativo para T. gondii (controle negativo) mais três vezes o desvio-padrão. A

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39

média da absorbância dos soros testados em duplicata foi dividida pelo valor do cut

off da placa para determinar o índice de reatividade (IR) de cada amostra testada. Os

soros que apresentaram os valores de IR > 1,1 foram considerados positivos. Aqueles

que apresentaram um valor indeterminado, ou seja, com o valor de IR entre 0,9 e 1,1

foram testados novamente para confirmação do resultado. E aqueles que

apresentaram um valor < 0,9 foram considerados negativos.

Para avaliar a reprodutibilidade do ELISA-IgG, 10% do total de amostras

analisadas neste estudo foram selecionadas aleatoriamente, e avaliadas em duplicata

para a determinação do índice de Kappa, sendo classificado segundo Landis e Koch

(1977), e admitindo-se intervalo de confiança de 0,95.

4.5.2 ELISA para avaliação da avidez de anticorpos IgG anti-T. gondii

A avaliação da avidez de anticorpos IgG anti-T. gondii foi realizada com a

finalidade de diferenciar as infecções recentes e crônicas. Este ensaio sorológico

considerou apenas as amostras IgG positivas, e seguiu o protocolo descrito por

Colombo (2005), utilizando a ureia (6M) como agente dissociante da ligação antígeno-

anticorpo.

Este ensaio foi realizado simultaneamente ao ELISA-IgG convencional

(descrito no item anterior), porém divergindo em algumas etapas. A primeira etapa

diferenciada consistiu na distribuição dos soros na placa, os quais foram organizados

em duas séries duplicadas, de modo que a metade da placa (colunas 1 a 6 para ELISA

convencional) foi uma réplica da outra metade (colunas 7 a 12 para ELISA avidez).

Além disso, outro processo adicionado consistiu nas quatro etapas seguintes à

incubação da placa (45 minutos a 37°C) contendo as amostras de soros. Os soros

foram desprezados e a placa foi submetida à quatro lavagens. A primeira lavagem foi

realizada em todos os poços utilizando SST. Na segunda lavagem foram utilizadas

duas soluções, uma composta por PBS-T/Caseína 0,25% que foi adicionada às

colunas de 1 a 6 (100μL/poço) para o ELISA convencional, e outra composta por uréia

6M (em PBS-T/Caseína 0,25%) que foi adicionada às colunas de 7 a 12 (100μL/poço)

para a avaliação de avidez. Nas últimas duas lavagens, em todos os poços foi

adicionada a solução PBST/ Caseína 0,25%. Todas as quatro lavagens dessa etapa

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40

ocorreram sob agitação (300rpm) por 5 minutos. Após estes procedimentos, o

conjugado humano anti-IgG marcado com peroxidase foi adicionado, conforme

descrito no item anterior para o teste de ELISA convencional. Do mesmo modo

ocorreu para as etapas subsequentes.

A avidez do anticorpo IgG foi calculada como a razão entre a absorbância

média obtida para cada soro nos poços tratados com uréia (AU) pela absorbância

média dos poços não tratados (A) expressos em porcentagem: AU/A X 100 (COZON

et al. 1998). Segundo Buery e colaboradores (2014), valores de avidez ≥ 50% indicam

toxoplasmose crônica, enquanto valores < 50% indicam infecção recente. Outros

autores também têm utilizado este ponto de corte (50%) na interpretação da avidez

de anticorpos IgG (HOLLIMAN 1994; ROBERT-GANGNEUX 1998; MECHAIN et al.

2000; COLOMBO et al. 2005; MONTOYA 2002; MATTOS et al. 2011).

4.5.3 ELISA para detecção de anticorpos IgM anti-T. gondii

A técnica de ELISA para a pesquisa de anticorpos IgM anti-T. gondii foi

realizada com a finalidade de identificar a fase aguda da infecção. Para isso, foram

excluídas amostras que apresentaram resultado positivo para IgG anti-T.gondii

associado à alta avidez desses anticorpos (indicativo de fase crônica da infecção). A

técnica foi padronizada, anteriormente, por nosso grupo de pesquisa (ALOISE, 2016),

o qual se baseou no estudo de Vasconcelos-Santos e colaboradores (2009).

O ELISA-IgM foi realizado de forma semelhante ao ELISA-IgG (descrito no item

4.5.1), exceto pelo uso do conjugado anti-IgM humano marcado com peroxidase

(Sigma – Aldrich: human anti IgM – A6907), o qual foi diluído na proporção de 1:500

em PBS / Caseína 0,25% / Tween 20 a 0,05%. Outra modificação consistiu na diluição

das amostras de soro, que pro sua vez foram diluídas na proporção de 1:50. Foram

utilizadas duas amostras como controles positivos, e seis amostras como controles

negativos. De modo semelhante ao ELISA-IgG, o ponto de corte (cut off) foi calculado

pela média das absorbâncias das seis amostras de soro negativo para T. gondii

(controle negativo) mais três vezes o desvio-padrão. A média da absorbância dos

soros testados em duplicata foi dividida pelo valor do cut off da placa para determinar

o índice de reatividade (IR) de cada amostra testada. Os soros que apresentaram os

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41

valores de IR > 1,1 foram considerados positivos. Aqueles que apresentaram um valor

indeterminado, ou seja, com o valor de IR entre 0,9 e 1,1 foram testados novamente

para confirmação do resultado. E aqueles que apresentaram um valor < 0,9 foram

considerados negativos.

4.6 ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA

Os pacientes foram submetidos a um questionário (anexo C) socioeconômico

e biológico (estruturado e validado). Este questionário abordou dados

socioeconômicos e gerais categorizados da seguinte forma: Gênero (feminino;

masculino); Idade (≥18 e <30; ≥30 e <45; ≥45 e ≥60); Grau de escolaridade

(analfabeto; até 4° sério ensino fundamental; até 8° série ensino fundamental; 2° grau

incompleto; 2° grau completo; 3° grau incompleto ou completo); Profissão

(agricultor/jardineiro; autônomo; cozinheiro/açougueiro; empregado de empresa

privada; profissional da saúde; pedreiro/serviços gerais; dona de casa;

doméstica/cuidador; aposentado ou pensionista; professor; estudante; funcionário

público; não tem; não respondeu) e renda familiar (abaixo de 1 salário mínimo; entre

1 e 2 salários; entre 2 e 3 salários; acima de 3 salários; não respondeu); Já ouviu

sobre toxoplasmose (sim; não; não lembra); Recebeu orientação sobre prevenção da

toxoplasmose (sim; não; não lembra).

As questões associadas aos fatores de risco relacionados à transmissão da

toxoplasmose foram categorizadas da seguinte maneira: Come salada crua (sim;

não); Come salada crua fora de casa (sim; não; não come salada crua); Lava as mãos

antes da refeição (sim; não ou as vezes); Manipula/Manipulou terra (não; sim); Água

que bebe (mineral; filtrada ou fervida; não tratada); Bebe/Bebeu água de poço (não;

sim; não sabe); Bebe/Bebeu água de rio (não; sim; não sabe); Bebe/Bebeu água de

caminhão pipa (não; sim; não sabe); Bebe/Bebeu água de açude (não; sim; não sabe);

Tem/Teve gato (não; sim); Onde o gato fica/ ficava (dentro de casa; dentro e fora de

casa; não lembra; não tem gato); O gato dorme/dormia na cama (não; sim; não tem

gato); O gato dorme/dormia na cadeira/sofá (não; sim; não tem gato); Você

brinca/brincava com o gato (não; sim; não tem gato); As fezes do gato eram/são

recolhidas (com luvas; sem luvas; não se aplica); Há gatos na vizinhança (não; sim);

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42

Gatos da vizinhança entram na casa (não; sim; não se aplica); Tem cachorro (não;

sim); Costuma comer carne crua/mal passada (não; sim; não lembra); Costuma comer

carne bovina crua/mal passada (não; sim; não come carne crua/mal passada);

Costuma comer carne suína crua/mal passada (não; sim; não come carne crua/mal

passada); Costuma comer carne de bode crua/mal passada (não; sim; não come

carne crua/mal passada); Costuma comer carne de frango crua/mal passada (não;

sim; não come carne crua/mal passada).

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Inicialmente, foi utilizado o programa Epidata (versão 3.1) para gerar um banco

de dados com base nas informações obtidas nos questionários e nos resultados

sorológicos. Para análise estatística dos dados foi utilizado o programa STATA versão

10.0. A análise estatística ocorreu nas seguintes etapas:

Determinação da prevalência da infecção por T. gondii.

Análise descritiva das variáveis coletadas no questionário.

Análise univariada: comparações de frequências entre infectados e não

infectados, utilizando-se o teste do qui-quadrado. O efeito de covariáveis em relação

à infecção por T. gondii foi realizada através de regressão logística. A medida de

associação utilizada foi a Odds Relativa (OR) e intervalo de confiança 95%. A

regressão logística foi realizada utilizando-se a função “xtmelogit” do STATA.

Análise multivariada: as variáveis cuja análise univariada apresentaram

nível de significância p < 0,25 foram selecionadas para regressão logística

multivariada. Partiu-se do modelo completo, com descarte sucessivo das variáveis

não significativas, até obtenção do modelo final. Permaneceram no modelo final

somente as variáveis com nível de significância p < 0,05

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43

4.8 AVALIAÇÃO DE PRONTUÁRIOS MÉDICOS

Para a avaliação do perfil clínico dos pacientes HIV/Aids, foi realizada a busca

de dados clínicos desses pacientes, conforme orientações da médica Mônica Bay,

infectologista no HGT. Esta busca se deu através do acesso ao prontuário médico de

cada paciente. A partir desta análise, foram observados os seguintes parâmetros:

contagem mais recente de linfócitos TCD4 + e TCD8+, relação CD4/CD8, carga viral

do HIV, uso de terapia antirretroviral, diagnóstico prévio quanto à sorologia para

toxoplasmose. Além disso, foi observado a ocorrência de neurotoxoplasmose e

toxoplasmose ocular na população alvo do estudo. Para os pacientes HIV/Aids

internados com suspeita ou confirmação de toxoplasmose cerebral, foram observadas

informações referentes à lesão cerebral presentes em exames de imagem.

Além disso, a partir da análise dos livros de internamentos, disponibilizados

pelo HGT, foi realizada busca retrospectiva para prevalência anual da

neurotoxoplasmose em pacientes HIV internados no Hospital Giselda Trigueiro de

2011 a 2015.

4.9 ANÁLISE MOLECULAR

A análise molecular foi realizada nas 11 amostras de pacientes HIV/Aids

internados com suspeita ou confirmação de neurotoxoplasmose, com a finalidade de

desenvolver um diagnóstico molecular para a toxoplasmose cerebral, utilizando

sangue periférico.

4.9.1 Extração de DNA

O DNA foi extraído a partir de amostras de sangue periférico, especificamente

do anel leucocitário, utilizando o Kit Qiagen®, QIAamp DNA Mini Kit 250 (Cat. Nº.

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44

51306) e seguindo as instruções do fabricante. A extração foi realizada no mesmo dia

da coleta e o DNA foi armazenado a -20ºC até o momento da análise molecular. Foram

extraídos DNA a partir das 11 amostras de pacientes HIV/Aids internados no HGT

com suspeita ou confirmação de neurotoxoplasmose.

4.9.2 Nested-PCR

O gene GRA7 foi utilizado como marcador nesse estudo, este foi descrito

recentemente como excelente marcador, principalmente em regiões onde há uma

grande diversidade de genótipos para T. gondii (COSTA et. al., 2016). O DNA de T.

gondii foi detectado por meio da amplificação de um fragmento de 322pb e 222pb na

primeira e segunda etapa do Nested-PCR, respectivamente. Para isso, foram

utilizados os primers GRA7FE e GRA7RE na primeira etapa, e os primers GRA7FI e

GRA7RI na segunda etapa, conforme descrito por Costa e colaboradores (2016). As

duas etapas do Nested-PCR foram realizadas em reações de 20µL contendo 0,25µM

de cada primer, 1,5 mM de MgCl2, 0,01U Taq DNA pol (Ludwig), 0,2mM de cada dNTP

e 1,5µL da amostra de DNA. Para controle negativo foi utilizado DNA extraído a partir

de sangue humano cujo resultado sorológico foi negativo para IgG e IgM. Para

controle positivo foi utilizado DNA extraído da cepa CK3 do T. gondii, que por sua vez

foi obtida diretamente de macerado cerebral de camundongos Swiss previamente

infectados, tendo sido isolada em estudo realizado anteriormente por nosso grupo de

pesquisa (CLEMENTINO-ANDRADE et. al., 2013).

A primeira e segunda etapa do Nested-PCR ocorreram em termociclador

(TECHNE TC-512), nas mesmas condições, as quais consistiram em 30 ciclos

repetitivos com os seguintes parâmetros: desnaturação inicial (94°C por 2 minutos),

desnaturação (94°C por 40 segundos), anelamento (59°C por 40 segundos), extensão

(63°C por 40 segundos) e extensão final (63°C por 3 minutos).

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45

4.9.3 Eletroforese em gel de agarose

O gel de agarose foi preparado a 2%, utilizando 2 g de agarose diluído em 100

mL de TAE 1x, que posteriormente foi aquecido em microondas durante dois minutos.

Após a polimerização do gel, 8 µL do amplicon foi misturado a 2 µL de solução tampão

(6X DNA Loading Dye - Thermo Scientific) e 2 µL de gel red (Invitrogen), este último

usado como corante. Foi utilizado como padrão, 5 µL do marcador de peso molecular

(1kb ladder - Ludwig), o qual foi acrescido de 2 µL de gel red. Finalmente, as amostras

foram pipetadas nas canaletas do gel em cuba eletroforética (APELEX PS 305) e

submetidas à uma diferença de potencial elétrico.

.

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46

5 RESULTADOS

5.1 ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS PACIENTES HIV/Aids DO SAE.

5.1.1 Características dos pacientes

A amostra do presente estudo constituiu 179 pacientes portadores de HIV/Aids

acompanhados no Serviço de Atendimento Especializado (SAE) do Hospital Giselda

Trigueiro (HGT). Por ser um hospital de referência em doenças infecciosas no estado

do Rio Grande do Norte, este estudo abrangeu pacientes provenientes de diversas

cidades do estado, mas principalmente da capital, Natal, e das cidades litorâneas

(Figura 2).

Em relação aos 179 pacientes acompanhados no SAE, observou-se que 46,4%

eram do sexo feminino, e 53,6% eram do sexo masculino. Os voluntários

apresentaram idade entre 18 e 71 anos. O grau de escolaridade foi dividido em

categorias, das quais na categoria “analfabeto” foi observada maior frequência

(27,9%). As atividades profissionais dos pacientes foram diversificadas, com maior

frequência para as categorias “autônomo” (19,6%), “dona de casa” (12,8%) e

“empregado de empresa privada” (12,8%). Apenas 3,3% trabalhavam diretamente

com manipulação de solo (Tabela 1). A renda familiar dos pacientes concentrou-se na

categoria “abaixo de 1 salário mínimo” (30,2%) seguida da categoria “entre 1 e 2

salários mínimos” (24,6%), além disso, 25,7% dos entrevistados não souberam ou não

responderam sobre sua renda familiar. Além disso, 49,2% dos pacientes nunca

ouviram informações sobre a toxoplasmose, e 87,2% declararam nunca ter recebido

orientações a respeito da prevenção para esta doença.

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FIGURA 4. Distribuição geográfica dos 179 pacientes HIV/Aids participantes da

pesquisa, Natal, RN, 2015-2016.

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TABELA 1 – Características gerais dos pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda

Trigueiro, Natal, RN, 2015-2016.

Características dos Pacientes N = 179 %

Gênero Feminino 83 46,4 Masculino 96 53,6 Idade (anos) ≥ 18 e < 30 ≥30 e < 45 ≥45 e < 60

21 74 74

11,8 41,3 41,3

≥60 Grau de escolaridade

10 5,6

Analfabeto Até a 4° série Fundamental Até a 8° série Fundamental 2° grau incompleto 2° grau completo 3° grau (incompleto ou completo) Profissão Agricultor/ Jardineiro Autônomo Cozinheiro/ Açougueiro Empregado de empresa privada Profissional da saúde Pedreiro/ Serviços gerais Dona de casa Doméstica/ Cuidador Aposentado ou pensionista Professor Estudante Funcionário Público Não tem Não respondeu Renda familiar Abaixo de 1 salário Entre 1 e 2 salários Entre 2 e 3 salários Acima de 3 salários Não sabe/ Não respondeu Já ouviu sobre toxoplasmose Sim Não Não lembra Recebeu orientação sobre prevenção da toxoplasmose Sim Não Não lembra

50 39 18 11 45 16

6

35 7

23 5 8

23 15 13 6 2 6

27 3

54 44 16 19 46

89 88 2

18 156

5

27,9 21,8 10,1 6,2

25,1 8,9

3,3

19,6 4,0

12,8 2,8 4,5

12,8 8,4 7,3 3,3 1,1 3,3

15,1 1,7

30,2 24,6 8,9

10,6 25,7

49,7 49,2 1,1

10,0 87,2 2,8

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5.1. 2 Variáveis relacionadas à infecção por oocistos.

A ingestão de salada crua foi relatada por 93,8% dos pacientes, dos quais

69,8% comiam salada crua fora de casa. Foi observado que 82,1% relataram lavar as

mãos antes das refeições (Tabela 2). Em relação à manipulação do solo, 65,4%

relataram ter realizado esta atividade em algum momento de sua vida, onde a maioria

(61,5%) não utilizava luvas para manipular a terra (Tabela 2). Considerando a fonte

de água para o consumo, foi observado maior frequência (63,7%) entre os pacientes

que consumiam água mineral. Por outro lado, no passado, 79,3% haviam consumido

água de poço, 43,0% água de rio, 31,3% água de caminhão pipa e 47,0% água de

açude (Tabela 2).

A maioria dos pacientes (64,2%) tem ou já tiveram gatos em sua residência

(Tabela 3). Destes, 49,7% relataram que os gatos ficavam dentro e fora da casa, e

41,3% dormiam em cadeiras ou sofás. Além disso, foi observado que a maioria dos

gatos defecava na rua (38,0%), e daqueles que defecavam em áreas da residência,

apenas 5,6% dos pacientes declararam utilizar luvas para a limpeza. Sobre a

observação de gatos em região peridomiciliar, a maior parte dos pacientes relataram

a presença de gatos na vizinhança (84,9%), dos quais 52,0% informaram que esses

animais entravam em suas casas (Tabela 3).

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TABELA 2- Aspectos comportamentais relacionados à ingestão de oocisto pelos

pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro, Natal, RN, 2015 – 2016.

Características dos Pacientes N = 179 %

Come salada crua Não 11 6,2 Sim 168 93,8 Come salada crua fora de casa Não Sim Não come salada crua

43 125 11

24,0 69,8 6,2

Lava as mãos antes da refeição Sim Não ou as vezes Manipula/Manipulou terra Não Sim Como manipula/manipulava a terra Com luvas Sem luvas Não se aplica Água que bebe Mineral Filtrada ou fervida Não tratada (Torneira) Bebe/Bebeu água de poço Não Sim Não sabe Bebe/bebeu água de rio Não Sim Não sabe Bebe/Bebeu água de caminhão pipa Não Sim Não sabe Bebe/Bebeu água de açude Não Sim Não sabe

147 32

62

117

7 110 62

114 21 44

37

142 0

100 77 2

117 56 6

94 84 1

82,1 17,9

34,6 65,4

3,9

61,5 34,6

63,7 11,7 24,6

20,7 79,3

0

55,9 43,0 1,1

65,4 31,3 3,3

52,5 47,0 0,5

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TABELA 3- Aspectos comportamentais de pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda

Trigueiro em relação a gatos, Natal, RN, 2015 – 2016.

Características dos Pacientes N = 179 %

Tem/Teve gato Não 64 35,8 Sim 115 64,2 Onde o gato fica/ficava Dentro de casa Dentro e fora de casa Não lembra Não tem gato

24 89 2

64

13,4 49,7 1,1

35,8 O gato dorme/dormia na cama

Não Sim Não tem gato O gato dorme/dormia na cadeira/sofá Não Sim Não tem gato Você brinca/brincava com o gato Não Sim Não tem gato As fezes do gato são/eram recolhidas Com luvas Sem luvas Não se aplica O gato defeca/defecava na rua Não Sim Não se aplica Há gatos na vizinhança Não Sim Gatos da vizinhança entram na casa Não Sim Não se aplica Tem cachorro Não Sim

86 29 64

41 74 64

36 79 64

10 38

131

47 68 64

27

152

60 92 27

87 92

48,0 16,2 35,8

22,9 41,3 35,8

20,1 44,1 35,8

5,6

21,2 73,2

26,2 38,0 35,8

15,1 84,9

33,5 52,0 14,5

48,6 51,4

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5.1.3 Variáveis relacionadas à infecção por cistos.

A ingestão de carne crua ou malcozida foi declarada por 33,5% dos pacientes,

de modo que o consumo de carne bovina malcozida foi relatado por todos os pacientes

que possuíam esse hábito alimentar, sendo o mais frequente (33,9%), seguido da

carne de frangos (13,6%), caprinos (9,6%) e suínos (6,8%), respectivamente. (Tabela

4).

TABELA 4 – Aspectos comportamentais com relação à ingestão de cistos de T.

gondii pelos pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro, 2015-2016.

Características dos Pacientes N = 179 %

Costuma comer carne crua/mal passada Não 117 65,4 Sim Não lembra

60 2

33,5 1,1

Costuma comer carne bovina crua/mal passada

Não Sim Não come carne crua/mal passada

0 60

117

0 33,9 66,1

Costuma comer carne suína crua/mal passada

Não Sim Não come carne crua/mal passada Costuma comer carne de bode ou carneiro crua/mal passada Não Sim Não come carne crua/mal passada Costuma comer carne de frango crua/mal passada Não Sim Não come carne crua/mal passada

48 12

117

43 17

117

36 24

117

27,1 6,8

66,1

24,3 9,6

66,1

20,3 13,6 66,1

5.1.4 Sorologia da toxoplasmose em pacientes HIV/Aids do SAE

A partir da análise de 179 amostras de soro por ELISA-IgG, foi observada

soroprevalência da infecção por T. gondii em 83,8% (150/179) dos pacientes HIV/Aids

acompanhados no SAE do HGT. Os índices de reatividade (IR) para o ELISA-IgG

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variaram entre 0,36 – 11,71. A reprodutibilidade do ELISA-IgG foi avaliada em ensaio

mascarado utilizando 10% do total de amostras por meio da determinação do índice

de kappa que, por sua vez, foi igual a 1, correspondendo a 100% de concordância e,

portanto, indicando ótima reprodutibilidade. Dentre as amostras positivas para IgG

anti-T.gondii, todas apresentaram avidez superior a 50% (entre 60,8% e 100%),

sugerindo que esses pacientes se encontram na fase crônica da infecção por T. gondii.

As amostras negativas (29/179) para anticorpos IgG foram avaliadas quanto à

presença de anticorpos IgM anti-T. gondii. Os valores do IR variaram entre 0,38 e

2,07. Verificou-se positividade (IR > 1,1) em apenas 3 amostras, e resultado

inconclusivo (IR entre 0,9 e 1,1) em 4 amostras mesmo após repetição do teste.

5.1.5 Análise Univariada

5.1.5.1 Características dos pacientes.

Considerando as características gerais dos indivíduos, na análise univariada,

não foi observada diferença estatisticamente significativa em nenhuma das variáveis

avaliadas. As prevalências no sexo feminino e masculino foram semelhantes entre si,

sendo 84,34% e 83,33%, respectivamente (Tabela 5). Em relação ao grau de

escolaridade, a maior prevalência foi observada entre os pacientes que possuíam até

a 8° Série Fundamental (94,44%). Aqueles pacientes com renda entre 1 e 2 salários

mínimos apresentaram maiores proporções de positivos para toxoplasmose (93,18%)

(Tabela 5). Além disso, maior prevalência foi observada entre os indivíduos que nunca

ouviram informações sobre a toxoplasmose (86,36%) (Tabela 5).

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TABELA 5 – Análise univariada das características dos pacientes HIV/Aids do

Hospital Giselda Trigueiro, Natal, RN, 2015-2016.

Características dos Pacientes (N=179) ELISA Positivo(%) Negativo(%)

Univariada OR (IC95%)

P

Gênero Feminino 70 (84,34) 13 (15,66) 1 Masculino 80 (83,33) 16 (16,67) 0,92 (0,4 – 2,0) 0,86 Idade (anos) ≥ 18 e < 30 ≥ 30 e < 45 ≥ 45 e < 60

20 (95,24) 01 (04,76) 61 (82,43) 13 (17,57) 60 (81,08) 14 (18,92)

1 0,2 (0,0 – 1,9) 0,2 (0,0 – 1,7)

0,18 0,15

≥ 60 Grau de escolaridade

09 (90,00) 01 (10,00) 0,5 (0,0 – 8,0) 0,59

Analfabeto Até a 4° série Fundamental Até a 8° série Fundamental 2° grau incompleto 2° grau completo 3° grau Profissão Agricultor/ Jardineiro Autônomo Cozinheiro/ Açougueiro Empregado de empresa privada Profissional da saúde Pedreiro/ Serviços gerais Dona de casa Doméstica/ Cuidador Aposentado ou pensionista Professor Estudante Funcionário Público Não tem Renda familiar Abaixo de 1 salário Entre 1 e 2 salários Entre 2 e 3 salários Acima de 3 salários Já ouviu sobre toxoplasmose Sim Não Recebeu orientação sobre prevenção da toxoplasmose Sim Não

43 (86,00) 07 (14,00) 30 (76,92) 09 (23,08) 17 (94,44) 01 (05,56) 09 (81,82) 02 (18,18) 38 (84,44) 07 (15,56) 13 (81,25) 03 (18,75) 05 (83,33) 01 (16,67) 29 (82,86) 06 (17,14) 05 (71,43) 02 (28,57) 19 (82,61) 04 (17,39) 04 (80,00) 01 (20,00) 06 (75,00) 02 (25,00) 21 (91,30) 02 (08,70) 14 (93,33) 01 (06,67) 11 (84,62) 02 (15,38) 04 (66,67) 02 (33,33) 02 (100,0) 0 (0,00) 06 (100,0) 0 (0,00) 21 (77,78) 06 (22,22) 41 (75,93) 13 (24,07) 41 (93,18) 03 (06,82) 14 (87,50) 02 (12,50) 15 (78,95) 04 (21,05) 72 (80,90) 17 (19,10) 76 (86,36) 12 (13,64) 15 (83,33) 03 (16,67) 130 (83,33) 26 (16,67)

1,4 (0,3 – 6,3) 0,8 (0,2 – 3,3)

3,9 (0,4 – 42,0) 1,0 (0,1 – 7,5) 1,3 (0,3 – 5,6)

1

1 1,0 (0,1 – 9,8) 0,5 (0,0 – 7,4)

1,0 (0,0 – 10,5) 0,8 (0,0 – 17,2) 0,6 (0,0 – 8,7)

2,1 (0,2 – 28,0) 2,8 (0,1 – 53,7) 1,1 (0,0 – 15,2) 0,4 (0,0 – 6,2)

- -

0,7 (0,0 – 7,2)

0,8 (0,2 – 3,0) 3,6 (0,7 – 18,2) 1,8 (0,3 – 11,8)

1

1 1,5 (0,6 – 3,3)

1 1 (0,3 – 3,7)

0,77 0,97 0,26 0,73 0,65

0,98 0,62 0,97 0,89 0,71 0,58 0,50 0,94 0,51

- -

0,76

0,78 0,11 0,5

0,33

1,00

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55

5.1.5.2 Aspectos relacionados a oocistos de T. gondii.

Considerando os aspectos comportamentais relacionados à ingestão de

oocisto pelos pacientes, observou-se maior prevalência entre os pacientes que

relataram comer salada crua (84,52%). Além disso, foi constatado que os indivíduos

que comem salada crua fora de casa possuem maior risco de adquirir a infecção,

apresentando prevalência de 88,0%, e sendo estatisticamente significativa na análise

univariada (Tabela 6). Verificou-se ainda que os pacientes que não possuem o hábito

de lavar as mãos antes das refeições apresentaram maior soropositividade para

toxoplasmose (90,60%), apesar desses dados não serem significativos nesta análise.

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56

TABELA 6 – Análise univariada dos aspectos comportamentais relacionados à

ingestão de oocisto pelos pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro, 2015 –

2016.

Características dos Pacientes (N=179) ELISA Positivo(%) Negativo(%)

Univariada OR (IC95%)

P

Come salada crua Não 08 (72,73) 03 (27,27) 1 Sim 142 (84,52) 26 (15,48) 2,0 (0,5 – 8,2) 0,31 Come salada crua fora de casa Não Sim

32 (74,42) 11 (25,58) 110 (88,00) 15 (12,00)

1 2,5 (1,1 – 6,0)

0,04

Lava as mãos antes da refeição Sim Não ou as vezes Manipula/Manipulou terra Não Sim Como manipula/manipulava a terra Com luvas Sem luvas Água que bebe Mineral Filtrada ou fervida Não tratada (Torneira) Bebe/Bebeu água de poço Não Sim Bebe/bebeu água de rio Não Sim Bebe/Bebeu água de caminhão pipa Não Sim Bebe/Bebeu água de açude Não Sim

121 (82,31) 26 (17,69) 29 (90,60) 03 (09,40)

54 (87,10) 08 (12,90) 96 (82,05) 21 (17,95)

06 (85,71) 01 (14,29) 90 (81,82) 20 (18,18) 96 (84,21) 18 (15,79) 17 (80,95) 04 (19,05) 37 (84,09) 07 (15,91) 34 (91,89) 03 (08,11) 116 (81,69) 26 (18,31) 86 (86,00) 14 (14,00) 62 (80,52) 15 (19,48) 100 (85,47) 17 (14,53) 45 (80,36) 11 (19,64) 80 (85,11) 14 (14,89) 69 (82,14) 15 (17,86)

1

2,1 (0,6 – 7,3)

1 0,7 (0,3 - 1,6)

1

0,8 (0,3 – 2,6)

1 0,8 (0,2 – 2,6) 1,0 (0,4 – 2,6)

1

0,4 (0,1 – 1,4)

1 0,7 (0,3 – 1,5)

1

0,7 (0,3 – 1,6)

1 0,8 (0,4 – 1,8)

0,26

0,39

0,80

0,71 0,98

0,15

0,33

0,40

0,59

Sobre os aspectos comportamentais em relação a gatos, foi observada maior

prevalência entre os pacientes que relataram ter gatos (84,35%), e entre aqueles cujo

gato possuía o hábito de dormir nas camas (93,10%). Contudo, esses valores não

foram significativos nesta análise (Tabela 7). Os pacientes que relataram que os gatos

da vizinhança entram em suas casas apresentaram maior risco de adquirir a infecção

(89,13%), de modo que esta variável foi estatisticamente significativa na análise

univariada (Tabela 7). Além disso, observou-se maior prevalência entre os indivíduos

que possuíam cachorro (88,04%) que, por sua vez, foi inserido como possível

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57

bioindicador da infecção por T. gondii, porém essa variável não foi significativa nesta

análise.

TABELA 7 – Análise univariada dos aspectos comportamentais de pacientes HIV/Aids

do Hospital Giselda Trigueiro em relação a gatos, Natal, RN, 2015 - 2016.

Características dos Pacientes (N=179)

ELISA Positivo(%) Negativo(%)

Univariada OR (IC95%)

P

Tem/Teve gato Não 53 (82,81) 11 (17,19) 1 Sim 97 (84,35) 18 (15,65) 1,1 (0,5 – 2,5) 0,79 Onde o gato fica/ficava Dentro de casa Dentro e fora de casa Não tem gato

22 (91,67) 02 (08,33) 73 (82,02) 16 (17,98) 53 (82,81) 11 (17,19)

2,3 (0,5 – 11,2) 0,9 (0,4 – 2,2)

1

0,31 0,90

O gato dorme/dormia na cama

Não Sim Não tem gato O gato dorme/dormia na cadeira/sofá Não Sim Não tem gato Você brinca/brincava com o gato Não Sim Não tem gato As fezes do gato são/eram recolhidas Com luvas Sem luvas O gato defeca/defecava na rua Não Sim Há gatos na vizinhança Não Sim Gatos da vizinhança entram na casa Não Sim Tem cachorro Não Sim

70 (81,40) 16 (18,60) 27 (93,10) 02 (06,90) 53 (82,81) 11 (17,19) 34 (82,93) 07 (17,07) 63 (85,14) 11 (14,86) 53 (82,81) 11 (17,19) 29 (80,56) 07 (19,44) 68 (86,08) 11 (13,92) 53 (82,81) 11 (17,19) 10 (100,00) 0 (0,00) 35 (92,11) 03 (07,89) 36 (76,60) 11 (23,40) 61 (89,71) 07 (10,29) 23 (85,19) 04 (14,81) 127 (83,55) 25 (16,45)

45 (75,00) 15 (25,00) 82 (89,13) 10 (10,87) 69 (79,31) 18 (20,69) 81 (88,04) 11 (11,96)

0,9 (0,4 – 2,0) 2,8 (0,6 – 13,5)

1

1,0 (0,4 – 2,9) 1,2 (0,5 – 3,0)

1

0,8 (0,3 – 2,5) 1,3 (0,5 – 3,2)

1

1 -

0,4 (0,1 – 1,1) 1

1 0,9 (0,3 – 2,8)

1 2,7 (1,1 – 6,6)

1

1,9 (0,9 – 4,3)

0,82 0,20

1,00 0,71

0,78 0,60

0,36

0,06

0,83

0,03

0,12

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58

5.1.5.3 Aspectos relacionados a cistos de T. gondii

Sobre os aspectos comportamentais relacionados à ingestão de cistos de T.

gondii, não foram observados dados estatisticamente significativos. No entanto,

observa-se uma tendência à maior prevalência entre os pacientes que comem carne

crua ou malcozida (86,67%) (Tabela 8). Além disso, todos os pacientes que relataram

comer carne suína mal passada apresentaram positividade para toxoplasmose.

Verificou-se ainda altas prevalências entre os indivíduos consumidores de carne mal

passada de frango (91,67%), de bode ou carneiro (88,24%) e carne bovina (86,67%)

(Tabela 8).

TABELA 8 – Análise univariada dos aspectos comportamentais com relação à

ingestão de cistos de T. gondii pelos pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro,

Natal, RN, 2015-2016.

Características dos Pacientes (N=179) ELISA Positivo(%) Negativo(%)

Univariada OR (IC95%)

P

Costuma comer carne crua/mal passada

Não 96 (82,05) 21 (17,95) 1 Sim 52 (86,67) 08 (13,33) 1,4 (0,6 – 3,4) 0,43 Costuma comer carne bovina crua/mal passada

Não Sim Não come carne crua/mal passada

0 (0,00) 0 (0,00) 52 (86,67) 08 (13,33) 96 (82,05) 21 (17,95)

- 1,4 (0,6 – 3,4)

1

- 0,43

Costuma comer carne suína crua/mal passada

Não Sim Não come carne crua/mal passada Costuma comer carne de bode ou carneiro crua/mal passada Não Sim Não come carne crua/mal passada Costuma comer carne de frango crua/mal passada Não Sim Não come carne crua/mal passada

40 (83,33) 08 (16,67) 12 (100,00) 0 (0,00) 96 (82,05) 21 (17,95) 37 (86,05) 06 (13,95) 15 (88,24) 02 (11,76) 96 (82,05) 21 (17,95) 30 (83,33) 06 (16,67) 22 (91,67) 02 (08,33) 96 (82,05) 21 (17,95)

1,1 (0,4 – 2,7) - 1

1,3 (0,5 – 3,6) 1,6 (0,3 – 7,7)

1

1,1 (0,4 – 3,0) 2,4 (0,5 – 11,0)

1

0,84

0,55 0,53

0,86 0,26

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59

5.1.6 Análise multivariada

Foram incluídas todas as variáveis com p < 0,25 para a realização da análise

logística multivariada. No modelo final, permaneceram dois fatores de risco

diretamente associados à infecção por T. gondii em pacientes HIV/Aids

acompanhados no HGT (Tabela 9).

Para a variável “come salada crua fora de casa” foi observado que os pacientes

que possuem esse hábito têm 3,6 vezes mais chances de adquirir a infecção por T.

gondii quando comparados àqueles que não se expõem a esse fator de risco.

Considerando a categoria “gatos da vizinhança entram na casa”, os indivíduos que

relataram esse comportamento dos animais possuem 2,8 vezes mais chances de

adquirir a toxoplasmose (Tabela 9).

TABELA 9 – Análise multivariada dos aspectos relacionados à infecção por

T. gondii em pacientes HIV/Aids do Hospital Giselda Trigueiro, Natal, RN, 2015-2016.

Variável

Multivariada OR (IC95%)

P

Gatos da vizinhança entram na casa Não 1 Sim 2,8 (1,1 – 7,2) 0,04 Come salada crua fora de casa Não Sim

1 3,6 (1,4 – 9,4)

0,00

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60

5.2 AVALIAÇÕES CLÍNICAS

5.2.1 Dados de CD4, CD4/CD8 e carga viral dos pacientes HIV/Aids do SAE.

Dos 179 pacientes participantes da pesquisa, 167 tiveram seus prontuários

médicos analisados, visto que 12 (6,7%) deles não foram encontrados nos arquivos

do HGT. Verificou-se que os níveis de linfócitos TCD4 dos pacientes analisados

apresentaram variação entre 25 e 1478 céls/mm³, com média de 580,2 céls/mm³. Foi

observado que 10,6% (19/179) possuíam CD4 < 200 no momento em que foi realizado

a pesquisa, dos quais 84,2% (16/19) apresentaram resultado positivo para IgG anti-T.

gondii (Tabela 10). Entre os pacientes com sorologia positiva para T. gondii, a variação

dos níveis de linfócitos T CD4 foi entre 25 – 1478 céls/mm³ com média de 573,44

céls/mm³.

No presente estudo, a relação CD4/CD8 variou entre 0,01 e 3,32, de modo que

79,3% apresentavam CD4/CD8 < 1, e apenas 14,0% apresentavam CD4/CD8 > 1

(Tabela 10). Em relação à carga viral, 67,0% dos pacientes possuíam níveis

indetectáveis (<40 cópias/mm³), sendo o valor máximo de 3.557.646 cópias/mm³. O

tratamento antirretroviral foi avaliado com base no questionário e confirmados através

de prontuários, apesar da informação não estar descrita em alguns casos. Foi

observado que 70,9% dos pacientes relataram o uso regular de TARV (Tabela 10).

5.2.2 Dados clínicos dos pacientes HIV/SIDA do SAE

De acordo com os prontuários, constatou-se que 11,7% (21/179) dos pacientes

desenvolveram neurotoxoplasmose em determinado momento da vida, dos quais

1,7% (3/179) também apresentaram toxoplasmose ocular de forma associada à

toxoplasmose cerebral. Além disso, foi observado que 3,35% (6/179) apresentaram

histórico clínico para toxoplasmose ocular, e duas (1,11%) pacientes relataram

infecção primária durante a gestação. A partir da análise dos prontuários, também foi

possível observar que em 44,7% (80/179) dos pacientes não havia relato quanto ao

resultado de sorologia para toxoplasmose.

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61

TABELA 10- Frequência de 179 pacientes HIV-positivos atendidos no SAE do HGT

com diagnósticos soronegativos e soropositivos para Toxoplasma gondii,

relacionados aos níveis de CD4+, CD4/CD8, uso da terapia antirretroviral e carga viral,

em Natal, RN, 2015 – 2016.

Variável clínica

Frequência n %

Soropositivo Toxoplasmose n %

Soronegativo Toxoplasmose n %

CD4 < 200 19 10,6 16 8,9 3 1,7 CD4 >200 Não conhecido

148 82,7 12 6,7

122 68,2 12 6,7

26 14,5 - -

CD4/CD8 < 1 142 79,3 117 65,4 25 13,9 CD4/CD8 > 1 Não conhecido Carga viral detectável ( > 40) Sim

25 14,0 12 6,7

47 26,3

21 11,7 12 6,7

39 21,8

4 2,3 - - 8 4,5

Não Não conhecido

120 67,0 12 6,7

99 55,3 12 6,7

21 11,7 - -

Tratamento antirretroviral regular Sim Não

127 70,9 52 29,1

107 59,7 43 24,1

20 11,2 9 5,0

5.2.3 Avaliações sorológicas e clínicas dos pacientes HIV/Aids internados.

No presente estudo, 11 pacientes HIV/Aids internados no HGT (com

diagnóstico presuntivo ou confirmado para neurotoxoplasmose) aceitaram participar

da pesquisa. Conforme as análises sorológicas, foi observado que 10 pacientes

apresentavam anticorpos IgG anti-T. gondii, cuja avidez foi superior a 50% em todos

os casos (Tabela 11), sugerindo fase crônica da infecção. O intervalo para o IR no

ELISA-IgG variou entre 0,52 – 9,07. Em relação à avaliação de anticorpos IgM anti-T.

gondii, 2 pacientes apresentaram resultado positivo, e 3 tiveram seus resultados

inconclusivos, mesmo após repetição. O intervalo para o IR no ELISA-IgM variou

entre 0,36 – 1,33. Além disso, um paciente não foi reagente para nenhuma das duas

classes de anticorpos anti-T.gondii avaliadas nesse estudo (Tabela 11).

Após a análise dos prontuários, foi observado que os níveis de linfócitos TCD4

apresentaram intervalo entre 2 – 507 céls/mm³, com média de 163 céls/mm³. Foi visto

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62

que 63,6% estavam com níveis de CD4< 200. Além disso, observou-se quanto à carga

viral que 72,7% dos pacientes possuíam níveis detectáveis, de modo que o valor

máximo consistiu em 692.943 cópias/mm³, e apenas um paciente apresentava carga

viral indetectável (<40 cópias/mm³) (Tabela 11).

TABELA 11 – Características clínicas e sorológicas dos pacientes HIV/Aids

internados no HGT com suspeita ou confirmação de Neurotoxoplasme, em Natal,

RN, 2015 – 2016.

CD4

(céls/mm³)

Sorologia IgM/IgG

anti-T. gondii

Avidez

IgG anti-T. gondii

Carga viral

(cópias/mm³)

Terapia

antirretroviral

Paciente 01 56 IgM indt/ IgG+ > 50% 692.943 Uso irregular

Paciente 02

Paciente 03

2

49

IgM-/ IgG-

IgM-/ IgG+

-

> 50%

4.098

7.889

Uso irregular

Uso irregular

Paciente 04 507 IgM indt/ IgG+ > 50% 84 Sem uso

Paciente 05

Paciente 06

Paciente 07

Paciente 08

132

44

25

327

IgM-/ IgG+

IgM-/ IgG+

IgM+/ IgG+

IgM-/ IgG+

> 50%

> 50%

> 50%

> 50%

18.178

640

475.819

206.372

Uso irregular

Uso regular

Uso irregular

Uso irregular

Paciente 09 428 IgM indt/ IgG+ > 50% < 40 Uso irregular

Paciente 10

Paciente 11

63

-

IgM-/ IgG+

IgM+/ IgG+

> 50%

> 50%

-

-

Uso irregular

Sem uso

Conforme os prontuários, a maioria dos pacientes fazia uso irregular da terapia

antirretroviral (72,7%), além disso, 2 pacientes (18,2%) não faziam uso da mesma.

Portanto, 90,9% dos pacientes internados participantes da pesquisa não realizavam

tratamento adequado para o controle da carga viral.

5.2.4 Análise clínica de pacientes HIV/Aids com diagnóstico presuntivo ou confirmado

para neurotoxoplasmose.

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63

Foi realizada análise de alguns fatores clínicos a partir dos pacientes internados

(11), bem como pacientes acompanhados no SAE cujo prontuário demonstrou

diagnóstico para neurotoxoplasmose (21). Com relação às manifestações clínicas

mais comuns apresentadas por estes pacientes (n=32), observou-se maior

prevalência de Paresia/Hemiparesia (65,62%), seguida de cefaleia (37,50%) e

alterações da consciência (28,12%) (Tabela 12).

O tratamento específico para toxoplasmose utilizado por esses pacientes

consistiu, em sua maioria, no tratamento convencional sulfadiazina + pirimetamina +

ácido folínico (65,63%) (Tabela 12). No entanto, em alguns casos, foi utilizado

clindamicina + pirimetamina + ácido folínico (18,75%).

O exame de Tomografia Computadorizada de crânio foi realizado somente em

43,74% dos pacientes, de modo que esse exame não foi realizado, ou não foi relatado,

na maioria dos casos (56,26%) (Tabela 12). Entre os pacientes cujo prontuário relatou

este exame de imagem, apenas a metade (21,87%) apresentou achados típicos de

neurotoxoplasmose (Tabela 12). Não foi possível classificar os tipos de lesões

presentes, uma vez que os prontuários descreviam informações incompletas.

TABELA 12 – Características clínicas de todos os pacientes HIV/Aids participantes

da pesquisa que possuem diagnóstico confirmado ou presuntivo para

neurotoxoplasmose, Natal, RN 2015 – 2016.

Variável clínica (n = 32)

Frequência

n %

Manifestações clínicas: Paresia/Hemiparesia Cefaleia Alterações da consciência Alterações visuais Parestesia Convulsão Alterações do equilíbrio Não relatado Alterações da fala

21 65,62 12 37,50 09 28,12 07 21,87 06 18,75 06 18,75 05 15,62 05 15,62 04 12,50

Outros Tipo de Tratamento para neurotoxoplasmose Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico

04 12,50 21 65,63

Clindamicina + Pirimetamina + Ácido folínico 06 18,75

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64

Não relatado 05 15,62

Tomografia Computadorizada de Crânio Realizada Lesão típica de neurotoxoplasmose Sim Não Não realizada/ Não relatada

14 43,74 07 21,87 07 21,87 18 56,26

5.3 ESTUDO RETROSPECTIVO DE INTERNAMENTOS POR

NEUROTOXOPLASMOSE NO HGT.

Os documentos referentes aos internamentos do HGT foram avaliados entre os

anos 2011 e 2015. Foram observados dados constantes no que se refere à

prevalência de internamentos por neurotoxoplasmose em pacientes com Aids ao

longo desses anos. Tais prevalências variaram entre 13,7 e 18,9%. Além disso, foi

observado valores crescentes quanto ao número de internamentos por Aids no HGT

nos anos avaliados.

TABELA 13 – Estudo retrospectivo: número de internamentos de pacientes HIV/Aids

internados por neurotoxoplasmose no Hospital Giselda Trigueiro entre 2011 e 2015,

Natal, RN.

Ano

Total de internamentos

n

Internamentos por Aids

n

Internamentos por NTX/Aids

n % *

% **

2011 2.253 406 77 18,9 3,4 2012 2013 2014 2015

2.012 1.968 1.877 1.879

414 493 515 517

57 13,7 78 15,8 75 14,5 78 15,1

2,8 3,9 4,0 4,1

*Porcentagem dos internamentos por NTX em relação aos internamentos por Aids

** Porcentagem dos internamentos por NTX em relação a todos os casos de internamentos

no HGT.

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65

5.4 ANÁLISES MOLECULARES.

Foram avaliadas 11 amostras de sangue periférico de pacientes HIV/Aids

internados com diagnóstico presuntivo ou confirmado de neurotoxoplasmose. Para

esta análise, utilizou-se o marcador GRA7 na técnica de Nested-PCR. Não foi

observado amplificação do DNA do Toxoplasma gondii em nenhuma das amostras

avaliadas, tanto para o step 1 como para o step 2 (Figura 5).

Figura 5. Resultado molecular a partir de 11 amostras de sangue periférico de

pacientes HIV/Aids internados no HGT, Natal, RN, 2015 – 2016. Eletroforese em gel

de agarose a 2%. PM: marcador de peso molecular de 1Kb (Ludwig); C+: (controle

positivo); C-: (controle negativo).

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66

6 DISCUSSÃO

Pacientes portadores de HIV/Aids consistem em um importante grupo de risco

no que se refere à toxoplasmose. Nesses indivíduos, a toxoplasmose está diretamente

relacionada com os baixos níveis de células TCD4+, as quais são importantes

integrantes da resposta imune celular que, por sua vez, é o principal mecanismo de

defesa contra parasitos intracelulares (ALIBERTI, 2005). Níveis muito baixos de

linfócitos TCD4+ representam um risco elevado de reativação da infecção (em

pacientes soropositivos) ou primoinfecção (em pacientes soronegativos) em

indivíduos portadores de HIV/Aids (KODYM, et al., 2015). A importância das células

TCD4 + durante a infecção é explicada pelos mecanismos efetores induzidos por IFN-

y. Sabe-se que o INF-y produzido é necessário para que os macrófagos produzam

respostam antimicrobianas potentes, uma vez que o INF-y regula a expressão do

óxido nítrico sintase induzível (iNOS), que é extremamente necessário para a inibição

da replicação do Toxoplasma gondii (COHEN et. al., 2013). Nesse sentido, devido ao

comprometimento desse mecanismo imunológico, importante para o controle desse

parasito, a neurotoxoplasmose consiste na lesão cerebral focal mais presente em

pacientes HIV/Aids (WEISS, DUBEY, 2009).

Diante da importância da toxoplasmose, as organizações de saúde pública,

como a Organização Mundial de Saúde, recomendam o levantamento de dados

epidemiológicos referentes à toxoplasmose, em função do seu considerável impacto

para as gestantes, consistindo em uma das infecções oportunistas mais comuns que

acomete imunossuprimidos.

No presente estudo, verificou-se que a soroprevalência da infecção por T.

gondii ocorreu em 83,8% dos pacientes HIV/Aids acompanhados no SAE do HGT,

sendo superior à observada em pacientes imunocompetentes da mesma região

(66,3%) (BARBOSA; HOLANDA; ANDRADE-NETO, 2009). A alta prevalência em

imunossuprimidos também foi relatada em outros estados brasileiros, como Bahia

(77,3%) e Rio Grande do Sul (80%) (NUNES et. al., 2004; XAVIER et. al., 2013). Em

relação a outros países, dados semelhantes foram encontrados na Venezuela (85%),

Uruguai (69,11%), India (67,8%) e Etiópoa (87,4%) (DURAN; MIRAZO; COMBOL,

1997; MEISHERI; MEHTA; PATEL, 1997; MARTINEZ et. al., 2002; WALLE et. al.,

2013). Por outro lado, a prevalência encontrada no presente estudo foi superior à

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observada em países como Malásia (44,8%), Noruega (17,8%) e Japão (5,4%)

(DUNLOP et. al., 1996; NISSAPATORN et. al., 2004; NAITO et. al., 2007). Sabe-se

que a divergência quanto à prevalência da toxoplasmose deve-se a diferentes hábitos

culturais e alimentares em populações. Além disso, as condições

ambientais/climáticas influenciam consideravelmente na prevalência elevada em

países tropicais da América do Sul e na África, por exemplo (DUBEY et. al., 2012).

Foi observado que 29 amostras não apresentaram anticorpos IgG anti-T.gondii.

Tais pacientes soronegativos encontram-se em risco para a primo-infecção e,

portanto, devem ser orientados quanto à não exposição aos diversos fatores de risco

envolvidos na transmissão da toxoplasmose (ROBERT-GANGNEUX; DARDÉ, 2012).

Contudo, nesse estudo, 87,2% dos pacientes acompanhados no SAE do HGT

relataram não ter recebido orientações sobre como prevenir a infecção por T. gondii.

Sobre a detecção de anticorpos IgM, apenas três amostras foram reativas. Não foi

possível acompanhar esses pacientes quanto à soroconversão, porém, tais amostras

podem ter sofrido interferência pela presença de autoanticorpos, como fator

reumatoide, os quais são capazes de alterar ensaios sorológicos, levando à resultados

falso-positivo (LAURENT, et. al., 2015).

Para a toxoplasmose, a determinação de uma fonte de infecção é tecnicamente

difícil devido ao tempo em que a infecção por T. gondii é diagnosticada, de modo que

a fonte original da infecção pode não ser demonstrada (DUBEY et. al., 2012). De

acordo com pesquisas epidemiológicas, os fatores de risco para a infecção

permaneceram conflitantes e/ou indeterminados em 14 a 49% dos casos (ROBERT-

GANGNEUX, DARDÉ, 2012). No Brasil, muitas áreas apresentam um ambiente

altamente prevalente para oocistos, dificultando ainda mais a identificação da fonte de

infecção (DUBEY et. al., 2012). No presente trabalho, verificou-se dois fatores de risco

associados à infecção por T. gondii, ambos relacionados à transmissão por oocistos.

Nas Américas, os surtos recentes de toxoplasmose em humanos têm sido associados

à contaminação do ambiente ou alimentos por oocistos que, por sua vez, devem ser

considerados como potencial fonte de infecção para os humanos (TENTER et. al.,

2000; DUBEY 2012).

No presente estudo, foi observado que o consumo de salada crua fora de casa

consistiu em um importante fator de risco para a infecção por T. gondii. Possivelmente,

esses alimentos estariam contaminados com oocistos liberados nas fezes de gatos, e

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não foram higienizados de forma adequada. Conforme a literatura, a ingestão de

oocistos presentes no ambiente, água ou em alimentos está entre os mais importantes

mecanismos de transmissão da toxoplasmose (TENTER et. al., 2000; DUBEY et. al.,

2012). Na Noruega, um estudo caso-controle observou que comer frutas e vegetais

crus não lavados estava associado a um aumento no risco de infecção primária

durante a gravidez (KAPPERUD et. al., 1996). O mesmo foi observado em trabalho

desenvolvido na China (LIU et. al., 2009).

Outro fator de risco identificado no presente estudo consistiu em gatos da

vizinhança que entram nas casas. Sabe-se que o gato, hospedeiro definitivo, pode

excretar milhões de oocistos, os quais sobrevivem no ambiente até dois anos

dependendo da humidade e temperatura (DUBEY et. al., 2010a). De acordo com a

literatura, a incidência da toxoplasmose em áreas urbanas pode estar relacionada com

a contaminação ambiental com oocistos. Em São Paulo, Meireles e colaboradores

(2004) observaram prevalência de 40% em gatos andarilhos. No presente estudo,

pacientes que relataram que os gatos presentes na região peridomiciliar entravam em

suas casas possuíam maior risco de adquirir toxoplasmose do que aqueles que não

relataram tal comportamento. Isto se deve, possivelmente, à contaminação do

ambiente domiciliar por oocistos eliminados através das fezes desses animais, de

modo que esses pacientes se encontram mais expostos ao parasito. No Rio Grande

do Norte, outros estudos realizados também observaram relação entre o gato e um

maior risco para infecção por T. gondii em humanos (BARBOSA; HOLANDA;

ANDRADE-NETO, 2009; ALOISE, 2016).

Apesar de não ter sido observada nenhuma relação estatisticamente

significativa entre cistos teciduais presentes em carne malcozida, sabe-se que esse é

um importante fator de risco demonstrado por vários estudos epidemiológicos (BARIL

et. al., 1999; COOK et. al., 2000; TENTER et. al., 2000). Verificou-se que 100% dos

indivíduos que relataram comer carne suína malcozida apresentaram positividade

para toxoplasmose. De acordo com a literatura, entre os alimentos provenientes de

animais de produção, porcos são a fonte de carne mais provável de infecção por T.

gondii em muitos países, incluindo o Brasil (SPALDING et. al., 2005; SILVA et. al.,

2010). A alta produção e grande consumo de carne suína, no Brasil, associados ao

fato de que cistos podem permanecer viáveis na musculatura de suínos por até 875

dias, não sendo detectáveis no abate, torna este alimento uma importante via de

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transmissão ao homem (KOSKI, 1990). De um modo geral, em animais produtores de

carne, os cistos teciduais de T. gondii são mais frequentemente observados em

suínos, ovinos e caprinos (TENTER et. al., 2000).

A população avaliada no presente trabalho, em sua maior parte, consistiu em

indivíduos apresentando baixo nível sócio-econômico, uma vez que foi observado que

54,8% possuíam renda familiar até dois salários mínimos, e 49,7% apresentavam

baixo grau de escolaridade. Isto pode ser explicado pelo fato de que pacientes com

maior poder aquisitivo optam por clínicas particulares. Essas características podem

estar associadas com a alta prevalência verificada no presente estudo. Contudo, não

foram encontrados dados estatisticamente significativos em relação às características

sócio-econômicas, apesar de que outros estudos, no Brasil, observaram tal relação

(BAHIA-OLIVEIRA et. al., 2003; BARBOSA; HOLANDA; ANDRADE-NETO, 2009).

Esse fato pode estar relacionado não apenas ao poder aquisitivo propriamente dito,

mas aos desdobramentos disso, no que se refere ao acesso à informação.

O conhecimento sobre as fontes de infecção mais prováveis em determinada

população consiste em um importante subsídio para o desenvolvimento de estratégias

eficazes na prevenção da toxoplasmose em grupos de risco, principalmente, os

pacientes portadores do vírus HIV e gestantes.

Entre os pacientes do SAE analisados, verificou-se uma frequência de 11,7%

para neurotoxoplasmose, sendo similar aos estudos realizados no Rio de Janeiro

(10,4%) (Thuler et. al., 1998) e na Bahia (12,2%) (NUNES et. al. 2004). Por outro lado,

a prevalência de neurotoxoplasmose encontrada no presente estudo foi superior à

observada em alguns países como o México (5,1%), Estados Unidos (2,2%) e

República Checa (1,7%) (DEL RIO-CHIRIBOGA; ORZECHWSKI-RALLO; SANCHEZ-

MEJORADA, 1997; DJAWE et. al., 2015; KODIM et. al., 2015).

Possivelmente, isto se deve a fatores intrínsecos ao parasito, como a

diversidade genotípica dos isolados de T. gondii que, por sua vez, é decorrente da

grande variedade geográfica e diversidade de hospedeiros que esse parasito é capaz

de infectar (BOOTHROYD e GRIGG 2002). Hoje, sabe-se que isolados de regiões

como América Central e, principalmente, América do Sul apresentam alta

porcentagem de genótipos atípicos ou recombinantes que diferem das três linhagens

clonais (tipos I, II e III) comumente encontradas na América do Norte e Europa

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(FERREIRA et. al., 2006; DARDÉ, 2008). Em relação ao Brasil, acredita-se que a

amplitude geográfica e a alta biodiversidade da fauna contribuem para essa grande

variabilidade genética dos isolados regionais de T. gondii (FERREIRA et. al., 2006).

Os vários genótipos diferentes deste parasito estão associados com a infecção grave

em seres humanos na América do Sul. Algumas cepas de T. gondii, geneticamente

distintas, já foram isoladas a partir de pacientes HIV/Aids, no Brasil (FERREIRA et.

al., 2008).

Quanto ao desenvolvimento clínico, pesquisas demonstraram uma maior

gravidade da toxoplasmose na América do Sul quando comparada à Europa e

América do Norte (SIBLEY et. al., 2009; GILBERT, 2008), de modo que o polimorfismo

presente em cepas brasileiras de T.gondii, possivelmente, estaria relacionado com as

diferenças observadas na apresentação clínica da doença (CRISTINA et. al., 1995).

Estudos recentes, a partir de isolados da África, sugeriram uma possível correlação

entre genótipos específicos e o curso clínico da toxoplasmose em imunossuprimidos

(LINDSTROM; SUNDAR; LINDH, 2008; VELMURUGAN; DUBEY; SU, 2008).

Contudo, outros autores acreditam que para esses indivíduos, aspectos

inerentes ao hospedeiro como imunidade e genética, estariam mais relacionados com

a susceptibilidade ou resistência à infecção pelo T. gondii, do que as características

genéticas do parasito (AJZENBERG et. al., 2009). Recentemente, pesquisas

apresentaram forte correlação entre o desenvolvimento da neurotoxoplasmose em

pacientes HIV/Aids e genes do HLA (Human leukocyte antigens) (SORRENTINO e.

tal., 2005; CINTRA et. al., 2009; RODRIGUES et. al., 2016). Além disso, outros fatores

podem estar envolvidos, tais como: inóculo, estágio evolutivo do parasito e,

principalmente, a infecção concomitante com outros agentes patogênicos (WENDTE

et. al., 2011).

No Brasil, apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, a queda da incidência

da neurotoxoplasmose foi inferior à observada em países como a França, por exemplo

(ABGRALL et. al, 2001). Atualmente, essa forma clínica representa a primeira causa

de doença no sistema nervoso central (BAHIA-OLIVEIRA et. al., 2003; VIDAL et. al.,

2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006; OLIVEIRA et al., 2006; PEREIRA-

CHIOCCOLA, 2009), sendo uma doença indicadora de infecção por HIV em 35% dos

pacientes e definidora de Aids em 75% dos casos (VIDAL et al., 2005).

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A toxoplasmose ocular foi relatada em 3,35% dos pacientes, no presente

estudo, além de 1,7% que estava associada à toxoplasmose cerebral. Tal prevalência

foi semelhante à observada em pacientes HIV/Aids de Pernambuco (5,7%)(ALVES;

MAGALHÃES; MATOS, 2010). Sabe-se que a toxoplasmose ocular é uma das mais

importantes infecções oportunistas secundárias em pacientes com Aids (SILVEIRA,

2001), além disso, a retinocoroidite toxoplásmica é reconhecida como a causa mais

comum de uveíte posterior, deixando sequelas graves, incluindo a perda completa da

visão (BONFIOLI; ORÉFICE, 2005). Segundo alguns autores, embora a incidência de

infecções oportunistas tenha reduzido desde a introdução da terapia antirretroviral, a

toxoplasmose ocular continua sendo frequente em pacientes HIV com

neurotoxoplasmose (ZAJDENWEBER; MUCCIOLI; BELFORT, 2005).

Em relação aos níveis de células T CD4+ dos pacientes do SAE, foi constatado

que 84,2% dos pacientes com CD4<200 encontram-se em risco considerável para o

desenvolvimento de neurotoxoplasmose, uma vez que possuem CD4 inferior a 200

céls/mm³ associado à positividade para IgG anti-T.gondii. Além disso, entre os

pacientes que já apresentam histórico clínico para a toxoplasmose cerebral, 19,04%

estão em risco de reincidiva, pois apresentam CD4<200 (média 76,75 céls/mm³),

carga viral detectável, e CD4/CD8<1. De acordo com os respectivos prontuários,

apenas um deles relatou profilaxia secundária para neurotoxoplasmose.

A média de linfócitos T CD4+ observada entre todos os pacientes HIV/Aids do

SAE foi de 580,2 céls/mm³, semelhante a estudo realizado em São Paulo que

encontrou média de 405,1 céls/mm³ (XAVIER et. al. 2013). Apesar do status

imunológico satisfatório observado no presente estudo, deve-se ressaltar que 44,7%

dos pacientes não haviam realizado exame sorológico para toxoplasmose

anteriormente à esta pesquisa, o que implica em um relevante fato, já que é de grande

importância a avaliação sorológica quanto à toxoplasmose em pacientes HIV/Aids,

para que seja determinado aqueles que estão em risco para o desenvolvimento de

neurotoxoplasmose (NISSAPATORN et.al., 2004), e consequentemente, para que

seja introduzido o tratamento profilático, conforme recomendado pelo Ministério da

Saúde (2015).

Este fato é agravado considerando que 29,1% dos pacientes do SAE avaliados

nesse estudo realizavam o tratamento antirretroviral com alguma irregularidade. Em

pesquisa realizada por BRITO e colaboradores (2006), observou-se que apenas

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64,1% dos pacientes HIV/Aids do Rio Grande do Norte não interromperam TARV, e

10,4% não iniciaram o tratamento após primeira prescrição médica, de modo que a

interrupção da terapia estava significativamente relacionada ao uso de drogas, história

de tratamento psiquiátrico, internamento hospitalar, baixo nível de escolaridade, e ter

entre 25 e 34 anos de idade. Além disso, estes autores verificaram que 67% dos casos

com indicação para TARV apresentavam linfócitos TCD4+ abaixo de 200 céls/mm³, o

que sugere diagnóstico e introdução de TARV tardios na população avaliada.

No presente estudo, 79,3% dos pacientes do SAE apresentavam CD4/CD8 <

1. A relação CD4/CD8, normalmente, é apresentada na proporção 2:1, a qual diminui

gradativamente na infecção por HIV, inicialmente pelo aumento de linfócitos T CD8+,

e posteriormente pela redução intensa de linfócitos T CD4+, ocasionando uma

inversão nos valores dessa relação (XAVIER et. al., 2013). Além disso, foi observado

que 26,3% desses pacientes possuíam carga viral detectável, a qual evidencia o risco

de alteração subseqüente nas contagens dos linfócitos, de modo que a elevada

presença de vírus circulantes pode prever uma futura redução no número de células

T CD4+ (BRASIL, 2007c).

Em relação aos pacientes HIV/Aids internados com diagnóstico presuntivo ou

confirmado de neurotoxoplasmose, verificou-se nesse estudo que 90,9% apresentou

sorologia positiva para IgG anti-T. gondii, corroborando com dados da literatura que,

por sua vez, mostram que a maioria desses pacientes apresentam evidência

sorológica da infecção por T. gondii (COLOMBO et. al., 2005; MEIRA et. al., 2008;

NISSAPATORN e SAWANGJAROEN, 2011). Além disso, pesquisas relataram que

em diversos casos, altos níveis desses anticorpos podem ser preditivos para a

ocorrência da toxoplasmose cerebral quando CD4<200, no entanto, o tempo

decorrente entre a elevação dos títulos de anticorpos e o desenvolvimento da

neurotoxoplasmose não está bem definido, uma vez que isto está diretamente

relacionado com aspectos da resposta imune inerentes à cada indivíduo (DEROUIN

et. al.,1996).

Constatou-se também que todos os pacientes HIV/Aids internados por

neurotoxoplasmose e com sorologia positiva (IgG anti-T. gondii) apresentaram

anticorpos com avidez superior a 50%. Isto significa que os casos de toxoplasmose

cerebral avaliados no presente estudo foram, provavelmente, decorrentes de

reativação da infecção latente. Este dado é corroborado com relatos da literatura, que

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mostra que cerca de 95% da encefalite causada por T. gondii deve-se à reativação da

infecção latente em consequência da redução progressiva da imunidade celular,

ocasionando relevantes danos patológicos pela reagudização da doença, na qual

ocorre a ruptura de cistos teciduais e subsequente interconversão de bradizoítos em

taquizoítos (ROBERT-GANGNEUX et. al., 2012; KODYM, et al., 2015).

Além disso, foi observado que apenas 2/11 pacientes internados apresentaram

IgM anti-T. gondii. Contudo, esse resultado não é indicativo de infecção recente, uma

vez que foram observados anticorpos IgG com alta avidez nesses mesmos pacientes.

Pesquisas mostram que anticorpos anti-T.gondii da classe IgM não são habitualmente

detectados em pacientes HIV com neurotoxoplasmose (BORGES e FIGUEIREDO,

2004; BHASKAR, 2005). No entanto, a detecção desses anticorpos em dois pacientes

deve-se, possivelmente, à persistência de IgM que pode ocorrer em alguns casos,

mesmo na fase crônica da infecção (MONTOYA, 2002; KODYM et. al., 2015).

Adicionalmente, constatou-se que um paciente HIV/Aids internado (com

histórico clínico de neurotoxoplasmose) não apresentou positividade para as

avaliações de anticorpos anti-T.gondii das classes IgM e IgG. Este resultado pode ser

explicado pelo alto grau de imunossupressão desse paciente (CD4 = 2 céls/mm³).

Devido à redução gradual da resposta mediada por célula e da resposta humoral,

decorrentes da progressão da infecção por HIV, a produção de anticorpos anti-T.

gondii pode ser baixa em pacientes severamente imunossupridos. Isso explica porque

em diversos estudos, incluindo o presente trabalho, 2-6% dos pacientes com

reativação da infecção por T. gondii são soronegativos (HAPPE et. al., 2002; VIDAL

et. al., 2005; KODYM et. al., 2015). Portanto, esses resultados enfatizam a

necessidade de novas metodologias para o diagnóstico da toxoplasmose em

pacientes HIV/Aids.

Quanto aos linfócitos T CD4+, os pacientes HIV/Aids internados por

neurotoxoplasmose apresentaram média de 163 céls/mm³. Porém, outros estudos

verificaram maior nível de imunossupressão com média igual a 78 céls/mm³ no México

(DEL RIO-CHIRIBOGA et. al., 1997), 75 céls/mm³ na Noruega (DUNLOP et. al., 1996),

e 25 céls/mm³ na Malásia (NISSAPATORN et. al., 2004). Diversas pesquisas

relataram significativa associação entre o desenvolvimento da toxoplasmose cerebral

e níveis de CD4 inferiores a 100 céls/mm³ (NASCIMENTO et. al., 2001;

NISSAPATORN et. al., 2004; ROBERT-GANGNEUX; DARDÉ, 2012). Por outro lado,

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na Índia, um estudo observou média de 283,6 céls/mm³ entre os pacientes com

toxoplasmose cerebral, de modo que os autores acreditam que o risco do

desenvolvimento da neurotoxoplasmose ainda é considerável, mesmo em moderada

imunodeficiência (MEISHERI; MEHTA; PATEL, 1997).

Foi observado que 90,9% dos pacientes internados por neurotoxoplasmose não

realizavam terapia antirretroviral de modo regular, e 72,7% possuíam níveis

detectáveis quanto à carga viral. Sabe-se que o uso de TARV tem sido associado a

benefícios clínicos duráveis e a uma grande redução de doenças oportunistas,

indicando que as defesas do hospedeiro, mais especificamente a resposta imune

mediada por células, aumenta após os primeiros meses de terapia (POWERLY;

LANDAY; LEDERMAN, 1998). Por outro lado, a má adesão pelos pacientes gera

falências na terapêutica, possibilitando a emergência de cepas resistentes do vírus

HIV, além de comprometer o prognóstico do indivíduo que, por sua vez, torna-se mais

suscetível à infecções oportunistas, dentre elas, a toxoplasmose cerebral (RACHID;

SCHECHTER, 2008).

A avaliação de prontuários de todos os pacientes com histórico clínico de

neurotoxoplasmose (11 internados e 21 do SAE) permitiu a observação das

manifestações clínicas mais frequentes: Paresia/Hemiparesia (65,62%), seguida de

cefaleia (37,50%) e alterações da consciência (28,12%). Tais achados corroboram

com outros estudos que observaram semelhante quadro clínico entre os pacientes

acometidos por neurotoxoplasmose (RAGNAUD et. al., 1993; FERRER et. al., 1996;

BOURÉE et. al., 1997). De acordo com a literatura, os déficits motores focais e cefaleia

estão entre os principais sinais clínicos apresentados (PEREIRA-CHIOCCOLA;

VIDAL; SU, 2009).

Não foi possível classificar os tipos de lesões presentes nesses pacientes, uma

vez que os prontuários descreviam informações incompletas a respeito da Tomografia

Computadorizada de crânio. Além disso, este exame não foi realizado, ou não foi

relatado, na maioria dos casos. Portanto, observa-se uma deficiência no que se refere

à realização deste exame no HGT, evidenciando condições precárias quanto ao

serviço de saúde deste hospital. Um estudo realizado recentemente na mesma

unidade de saúde relatou que as neuroinfecções são doenças relevantes no HGT,

responsáveis por importante morbidade. Apesar disso, a falta de estrutura, baixos

recursos financeiros do hospital, bem como o déficit de exames confirmatórios no HGT

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contribuíram para que a maior parte dos casos de neuroinfecções tivessem

diagnóstico etiológico presumido pelos sinais e sintomas clínicos (BAY et. al., 2016).

Nesses casos, a confirmação do diagnóstico ocorre mediante à resposta terapêutica

empiricamente instituída (LUFT et. al., 1993).

Em relação ao tratamento específico para T. gondii realizado pelos 32

pacientes acometidos pela toxoplasmose cerebral, foi observado que 65,63%

realizaram o tratamento convencional, o qual é constituído por sulfadiazina +

pirimetamina + ácido folínico. Estudo recente mostrou que isolados de T. gondii

obtidos de animais de criação utilizados para consumo humano, no Rio Grande do

Norte, apresentaram resistência ao tratamento com sulfadiazina (OLIVEIRA et. al.,

2016). Esses dados são de grande importância, uma vez que a sulfadiazina é o

fármaco de referência no tratamento da toxoplasmose (KAYE, 2011). Desse modo,

estas cepas podem estar envolvidas em complicações clínicas e falhas terapêuticas

observadas no Rio Grande do Norte (MENDES et. al., 2014; OLIVEIRA et. al., 2016).

Outros autores relataram a possível relação entre parasitos resistentes e falhas

terapêuticas em 10% dos casos de toxoplasmose cerebral em pacientes tratados com

sulfadiazina (ASPINALL et. al., 2002).

Além disso, foi observado que 18,75% dos pacientes acometidos por

neurotoxoplasmose utilizaram clindamicina + pirimetamina + ácido folínico como

tratamento para infecção por T. gondii. Esses casos apresentaram farmacodermia em

consequência do tratamento com sulfadiazina. De acordo com a literatura, o

tratamento a longo prazo da neurotoxoplasmose é frequentemente limitado pela não

adesão dos pacientes e, principalmente, pelas reações adversas. Esses fatores,

possivelmente, estão relacionados com os casos de reincidência da toxoplasmose

cerebral (NISSAPATORN et. al., 2004). Outros estudos também relataram significativa

frequência quanto ao desenvolvimento de reações adversas decorrentes do

tratamento com sulfadiazina em pacientes HIV/Aids com neurotoxoplasmose

(FERRER et. al., 1996; BOURÉE et. al., 1997; NISSAPATORN et. al., 2004). Os

fatores mencionados quanto ao tratamento atualmente disponível para a

toxoplasmose, enfatizam a necessidade de novas alternativas terapêuticas.

No presente trabalho, foi realizado um estudo retrospectivo, no qual observou-

se que o número de internamentos de pacientes HIV/Aids internados por

neurotoxoplasmose no HGT, entre 2011 e 2015, manteve-se relativamente constante

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(13,7 – 18,9%). Essas frequências representam um impacto relevante. Recentemente,

um estudo avaliou a frequência de neuroinfecções no HGT, e constatou que a

neurotoxoplasmose foi a mais frequente (50,9%), representando 75% das

neuroinfecções em pacientes HIV/Aids (BAY et. al., 2016). Desse modo, o estudo

retrospectivo no presente trabalho mostra a ausência de intervenções e vigilâncias

que viabilizem um controle eficaz dessa doença em pacientes HIV/Aids do Rio Grande

do Norte.

Em relação às análises moleculares, foram avaliadas 11 amostras de sangue

de pacientes HIV/Aids internados com diagnóstico presuntivo ou confirmado de

neurotoxoplasmose. Não foi observado amplificação de DNA do T. gondii nas

referidas amostras, fato relativamente esperado, pois acredita-se que na maioria dos

casos, a neurotoxoplasmose é resultante de uma reativação de cistos cerebrais

latentes, havendo pouca ou nenhuma disseminação do parasito por via hematogênica

(FRANZEN et. al., 1997; AJZENBERG et. al., 2010). Alguns estudos, utilizando

amostras de sangue, observaram baixa sensibilidade da PCR, variando entre 1,5 e

30% (FRANZEN et. al., 1997; BASTIEN, 2002; CORREIA; MELO; COSTA et. al.,

2010). Esses autores acreditam que o teste de PCR, no sangue, possui valor limitado

quanto ao diagnóstico da neurotoxoplasmose em pacientes HIV/Aids. Contudo, alguns

estudos relataram sensibilidade mais alta para o mesmo teste (PRIYA et. al., 2002;

COLOMBO et. al., 2005; MESQUITA et. al., 2010).

A ausência de padronização quanto aos protocolos de PCR para a

toxoplasmose contribuem para resultados divergentes entre os laboratórios. Diversos

fatores podem explicar essas divergências (BRETAGNE, 2003; VIDAL et. al., 2004).

Porém, um aspecto de grande relevância consiste no tempo decorrente entre a coleta

da amostra e o início do tratamento anti-toxoplásmico. No presente trabalho, todas as

amostras foram coletadas após a introdução do tratamento anti-parasitário, em virtude

da logística da pesquisa no HGT. Acredita-se que este fator influenciou negativamente

nos resultados obtidos para essa avaliação molecular. Outros estudos também

relataram interferência significativa desse aspecto (FRANZEN et. al., 1997; BASTIEN,

2002), de modo que Khalifa e colaboradores (1994) também não observaram

amplificação em nenhuma das amostras de sangue coletadas após tratamento anti-

toxoplásmico.

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De acordo com a literatura, a realização da PCR em amostras de líquor é algo

promissor quanto ao diagnóstico da neurotoxoplasmose em pacientes HIV/Aids

(JOSEPH et. al., 2002; VIDAL et. al., 2004; ALFONSO et. al., 2009;). No entanto, a

punção lombar pode oferecer riscos, principalmente, em pacientes com lesões

expansivas e pressão intracraniana, sendo uma importante limitação relatada por

algumas pesquisas (KODYM et. al., 2015). Este motivo impossibilitou a análise

molecular de líquor no presente estudo, pois a punção lombar é pouco realizada

nesses pacientes no HGT, conforme explicado pelos próprios médicos. Apesar disso,

a avaliação da PCR com o marcador GRA7 é bastante pertinente, uma vez que já foi

demonstrada maior eficácia deste marcador comparado a outros marcadores mais

utilizados na literatura, principalmente, considerando que no Rio Grande do Norte há

circulação de cepas atípicas do T. gondii (COSTA et. al., 2016). Portanto, um novo

desenho experimental torna esta análise molecular uma perspectiva promissora.

Desse modo, a realização deste trabalho permitiu uma caracterização inicial do

perfil da toxoplasmose em pacientes HIV/Aids do Rio Grande do Norte, tratando-se

de um estudo pioneiro na região. Os resultados obtidos contribuem consideravelmente

para a saúde pública a nível municipal e estadual, proporcionando a elaboração de

dados que incentivem a implementação de medidas eficazes para o controle da morbi-

mortalidade associada a essa doença na população avaliada.

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7 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos nesse estudo indicam alta taxa de infecção por T. gondii em

pacientes portadores de HIV/Aids (83,8%), sendo detectadas a neurotoxoplasmose e

a toxoplasmose ocular. Além disso, a presença de gatos e a ingestão de salada crua

foram fatores de risco identificados para a infecção.

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8 PERSPECTIVAS

Realização de palestras no HGT para orientação e atualização dos

profissionais de saúde quanto à toxoplasmose em pacientes HIV/Aids no Rio

Grande do Norte.

Elaboração de medidas de intervenção que viabilizem o conhecimento sobre

os fatores de risco associados à toxoplasmose, tendo como alvo pacientes

vivendo com HIV/Aids no nosso estado.

Novo desenho experimental para avaliação molecular da técnica de PCR

utilizando o marcador GRA7. Tal estudo deverá apresentar maior número de

amostras, bem como, controle eficaz em relação à coleta da amostra no

período de pré-tratamento anti-toxoplásmico. Isso será possível através de uma

maior interação com os médicos do HGT. Além disso, poderão ser avaliadas

amostras de sangue e líquor, de acordo com a rotina do referido hospital.

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ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este é um convite para você participar da pesquisa: “Pesquisa de anticorpos anti-

Toxoplasma gondii em pacientes HIV atendidos no Hospital Giselda Trigueiro em Natal, Rio

Grande do Norte”, que tem como pesquisador responsável a aluna Marianne Garcia de Oliveira

devidamente assistida pelo seu orientador Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto.

Esta pesquisa pretende avaliar a frequência da toxoplasmose em pacientes HIV positivos

atendidos no Hospital Giselda Trigueiro.

O motivo que nos leva a fazer este estudo está relacionado com o fato da toxoplasmose

ser uma das doenças oportunistas mais comuns em pacientes portadores do HIV, causando

sérios danos ao organismo, dentre eles lesões neurológicas. Caso você decida participar, você

deverá responder a um questionário (com duração de 5 minutos) que apresentará questões

gerais e alguns fatores de riscos relacionados à transmissão da toxoplasmose. Além disso, você

será submetido a uma coleta de sangue (5 – 10 mL). Haverá casos específicos em que a médica

Dra. Mônica Bay solicitará coleta de líquor se o paciente apresentar sinais clínicos neurológicos.

Somente se este for o seu caso, você será submetido também a uma punção lombar.

Durante a realização da coleta de sangue a previsão de riscos é mínima, ou seja, o risco que

você corre é semelhante àquele sentido em um exame de rotina. Pode acontecer um desconforto

durante a punção lombar que será minimizado por meio de anestesia e você terá como benefício

uma avaliação para o diagnóstico da Toxoplasmose Cerebral, recebendo posteriormente o

tratamento específico de acordo com o resultado.

Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá direito

a assistência gratuita que será prestada no Hospital Giselda Trigueiro com assistência da Dra.

Mônica Bay.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Marianne

Garcia de Oliveira – (084) 88146570.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da

pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe

identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local

seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será

indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

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Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador

responsável Marianne Garcia de Oliveira.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão

coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para

mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa “Pesquisa de

anticorpos anti-Toxoplasma gondii em pacientes HIV atendidos no Hospital Giselda Trigueiro

em Natal, Rio Grande do Norte”, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em

congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal, / / .

Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo “Pesquisa de anticorpos anti-Toxoplasma

gondii em pacientes HIV atendidos no Hospital Giselda Trigueiro em Natal, Rio Grande do Norte”,

declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos

metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo,

assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei

infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde –

CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, / / .

Assinatura do pesquisador responsável

Impressão datiloscópica do

participante

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ANEXO B – PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

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ANEXO C – QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO E BIOLÓGICO

QUESTIONÁRIO N°________________________________________

IDENTIFICAÇÃO

1. Nome: ________________________________________________________________

2. Idade:_________________________________________________________________

3. Sexo: 1 Feminino ( ) 2 Masculino ( )

4. Cidade:________________________________________________________________

5. Endereço:_____________________________________________________ N°_______

6. Complemento:__________________________________________________________

7. Contato para retorno do resultado do exame:

Telefone:_______________________________________________________________

DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS

8. Grau de escolaridade:

1. ( ) Sem escolaridade/Até 3ᵃ série Fundamental/ até 3ᵃ série do 1° grau (primário

incompleto)

2. ( ) Até 4ᵃ série Fundamental/ até 4ᵃ série do 1° grau (primário completo)

3. ( ) Fundamental completo/ 8ᵃ série completa (1° grau completo)

4. ( ) Médio incompleto/ 2° grau incompleto (3° ano científico incompleto)

5. ( ) Médio completo/ 2° grau completo (3° ano científico completo)

6. ( ) Superior completo ou incompleto

9. Qual a profissão/ocupação?

0. ( ) Agricultor/ Jardineiro

1. ( ) Autônomo

2. ( ) Cozinheiro/ Açougueiro

3. ( ) Empregado de empresa privada

4. ( ) Profissional da saúde

5. ( ) Pedreiro/ Serviços gerais

6. ( ) Do lar (dona de casa)

7. ( ) Doméstica/ Cuidador

8. ( ) Aposentado ou pensionista

9. ( ) Professor

10. ( ) Estudante

11. ( ) Funcionário público

12. ( ) Não tem

99. ( ) Não respondeu

12. Renda familiar por mês:

1. ( ) Até 1 salário mínimo

2. ( ) Entre 1 e 2 salários mínimos

3. ( ) Entre 2 e 3 salários mínimos

4. ( ) Acima de 3 salários mínimos

5. ( ) Não sabe/ Não respondeu

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FATORES DE RISCO

13. Costuma comer saladas cruas/ verduras e legumes crus?

1.( ) Sim 2. ( ) Não

14. Costuma comer saladas cruas fora de casa?

1. ( ) Sim 2.( ) Não 99. ( ) Não se aplica

15. Costuma lavar as mãos antes das refeições?

1.( ) Sim 2. ( ) Não ou as vezes

16. Mexe ou já mexeu com terra de jardim, vaso de flores ou horta?

1.( ) Sim 2. ( ) Não 0.( ) Não lembra

17. Como você mexe/mexia com a terra?

1.( ) Sempre com luvas 99.( ) Não se aplica

2.( ) Sempre sem luvas 0.( ) Não lembra

18. De onde vem a água que consome?

0. ( ) Não lembra/ Não sabe

1. ( ) Não tratada (Torneira)

2. ( ) Água filtrada ou fervida

3. ( ) Água mineral

Você bebeu alguma vez na vida água de:

19. Poço: 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não sabe

20. Lago, rio ou riacho: 1.( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não sabe

21. Caminhão Pipa: 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não sabe

22. Açude: 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não sabe

23. Costuma comer carne crua ou mal passada?

1.( ) Sim 2.( ) Não 0.( ) Não lembra

Preencher o quadro abaixo com o tipo de carne consumida crua ou mal passada:

24. Boi 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0 ( ) Não lembra 99( ) Não aplica

25. Porco 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0 ( ) Não lembra 99( ) Não aplica

26. Bode/ Carneiro 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0 ( ) Não lembra 99( ) Não aplica

27. Galinha 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0 ( ) Não lembra 99( ) Não aplica

28. Já ouviu falar sobre a doença toxoplasmose?

1.( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não lembra

29. Apresentou que tipo de manifestação clínica?

1.( ) Toxoplasmose ocular 2. ( ) Neurotoxoplasmose 3. ( ) Linfoadenopatia

0.( ) Não lembra 99.( ) Não se aplica 4. ( ) Toxo Congênita

5. ( ) Toxo ocular + Toxo Congênita 6. ( ) Toxo ocular + Neurotoxoplasmose

30. Você já recebeu orientações para prevenção da toxoplasmose?

1.( ) Sim 2.( ) Não 0. ( ) Não lembra

31. Tem ou já teve gato?

1.( ) Sim 2.( ) Não 0. ( ) Não lembra

32. Onde o gato fica/ficava?

1.( ) Dentro de casa

2.( ) Dentro e fora de casa 0.( ) Não lembra 99.( ) Não se aplica

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Que tipo de contato teve com o gato?

33. Dormia na cama: 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não lembra 99.( ) NA

34. Dormia no sofá/cadeira: 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não lembra 99.( ) NA

35. Brincava com ele: 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não lembra 99.( ) NA

36. Recolhia as fezes com luvas: 1. ( ) Sim 2.( ) Não 0. ( ) Não lembra 99.( ) NA

37. O gato defecava na rua? 1. ( ) Sim 2.( ) Não 0. ( ) Não lembra 99.( )NA

38. Costuma ver gatos na vizinhança?

1.( ) Sim 2. ( ) Não 0. ( ) Não lembra

39. Os gatos da vizinhança entram na sua casa?

1.( ) Não 2.( ) Sim 0. ( ) Não lembra 99. ( ) Não se aplica

40. Tem cachorro?

1.( ) Sim 2.( ) Não

41. Faz uso regular do tratamento antirretroviral?

1.( ) Sim 2. ( ) Não 99.( ) Não se aplica

Resultado do Teste ELISA: 1. ( ) Positivo 2. ( ) Negativo