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  • Departamento de Engenharia Civil

    Estudo de Materiais Alternativos para Utilizao como Novos Materiais Geotcnicos -

    Aplicabilidade de Fibras Naturais de Sisal como Reforo de Solos

    Aluna: Amanda Fernandes Nogueira Trindade

    Orientadora: Prof Michle Dal To Casagrande, DEC/PUC-Rio

    1. Introduo

    O estudo sistemtico de fibras com finalidade de reforo de matrizes comeou na

    Inglaterra em 1970. No Brasil, o trabalho pioneiro cabe ao Ceped (Centro de Pesquisa e

    Desenvolvimento), de Camaari, Bahia, que iniciou seu trabalho em 1980.

    Agopyan (1991), em seu abrangente trabalho a respeito do emprego de fibras vegetais

    como reforo de matrizes frgeis, relacionou 19 fibras potencialmente teis para a construo

    civil. A partir de propriedades mecnicas (resistncia trao, mdulo de elasticidade e

    alongamento na ruptura), caractersticas fsicas, relao entre comprimento e dimetro,

    possibilidade de cultivo no Brasil, custo e durabilidade no ambiente natural, selecionou algumas

    fibras como as mais adequadas.

    Como um produto natural, as caractersticas das fibras apresentam grande variabilidade,

    com coeficientes de variao freqentemente maiores que 40%. Embora apresentem elevada

    resistncia trao, o mdulo de elasticidade das fibras menor que o das matrizes base de

    cimento (de 20 a 30 GPa) e equivalente ao das matrizes de gesso (de 2 a 4 GPa), o que limita

    sua eficincia como reforo. Assim, as pesquisas no Brasil e no exterior concentram-se nas

    fibras de coco e sisal (Agopyan, 1991), fartamente disponveis a preo relativamente baixo.

    Para o reforo de materiais de construo civil podem ser empregadas fibras de menor

    comprimento, normalmente rejeitadas pelas indstrias de amarra, estofados e tecelagem,

    tradicionais consumidoras destas fibras.

    O sisal a principal fibra dura produzida no mundo, correspondendo a

    aproximadamente 70% da produo comercial de todas as fibras desse tipo. No Brasil, o cultivo

    do sisal se concentra na regio Nordeste, sendo os estados da Bahia, Paraba e Rio Grande do

    Norte os principais produtores, com 93,5, 3,5 e 3,0%, respectivamente, da produo nacional.

    Como planta tropical, o sisal se desenvolve preferencialmente em localidades onde

    prevalecem temperaturas relativamente elevadas durante a maior parte do ano. Ademais, como

    uma planta econmica, requer condies climticas compatveis com o bom desenvolvimento

    e uma alta produtividade. Alm disso, a fibra de sisal apresenta um dos maiores valores de

    mdulo de elasticidade e de resistncia mecnica entre as fibras naturais.

    As fibras vegetais, comparadas s fibras sintticas, so de baixo custo, de fcil obteno,

    fartamente disponveis, mais fceis de manusear, tm boas propriedades mecnicas, no geram

    quantidades excessivas de resduos, empregam tecnologias relativamente simples e requerem

    menos energia no processo de produo, alm de serem de fontes renovveis. Como

    desvantagens apresentam grande variabilidade das propriedades fsicas e mecnicas (cerca de

    40%), susceptibilidade de degradao em ambientes naturais e variaes dimensionais por

    mudanas de teor de umidade e/ou temperatura.

    O melhoramento ou alterao das propriedades mecnicas dos solos reforados com

    fibras depende das caractersticas das mesmas (como resistncia trao, mdulo de

    elasticidade, comprimento, teor e rugosidade), do solo (grau de cimentao, tamanho, forma e

    granulometria das partculas, ndice de vazios, etc.), da tenso de confinamento e do modo de

    carregamento.

  • Departamento de Engenharia Civil

    2. Objetivo

    O principal objetivo dessa pesquisa verificar a possibilidade da utilizao de fibras de

    sisal como elementos de reforo que venham a conferir ao solo melhorias em seus parmetros

    de resistncia, viabilizando sua utilizao imediata.

    Levando em considerao o contexto atual em que se encontra o meio ambiente, devido

    aos impactos causados pelo homem e a partir da necessidade de alternativas sustentveis,

    consiste o interesse no estudo das fibras de sisal, j que so fontes renovveis.

    Sendo assim, ser feita a anlise das respostas das misturas tenso-deformao e

    atravs de ensaios de laboratrio em triaxiais, buscando uma melhor interpretao do

    comportamento mecnico e da durabilidade do solo reforado com fibras de sisal, podendo

    potencializar o uso de misturas solo-fibra em obras de terra.

    3. Reviso Bibliogrfica

    A areia apresenta partculas com dimetro compreendido entre 0,06mm e 2,00mm ainda

    visveis sem dificuldade. Quando se misturam com gua no formam agregados contnuos e ao

    invs disso se separam com facilidade. Segundo a NBR 6502/1995 (item 2.2.23), a areia um

    solo no coesivo e no plstico formado por minerais ou partculas de rochas com dimetros

    compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm, podendo ser classificados em: areia fina (com gros

    de dimetros compreendidos entre 0,06 mm e 0,2 mm), areia mdia (com gros de dimetros

    compreendidos entre 0,20 mm e 0,60 mm) e areia grossa (com gros de dimetros

    compreendidos entre 0,60 mm e 2,0 mm). Em relao ao coeficiente de permeabilidade,

    sendo o ndice de vazios (e) da amostra diretamente proporcional ao coeficiente de

    permeabilidade, ou seja, diminui medida que o solo reduz sua granulometria, possvel

    encontrar na literatura valores tpicos dos solos (Tabela 1).

    Tabela 1: Coeficiente de permeabilidade do solo.

    Atravs dos resultados obtidos do ensaio de SPT, ou seja, atravs do NSPT possvel

    obter alguns parmetros importantes utilizados na engenharia geotcnica. Sendo um maior

    nmero de golpes indicando uma maior compacidade e, de uma forma geral, uma maior

    resistnicia (Tabela 2).

    https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_vazioshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Diretamente_proporcional

  • Departamento de Engenharia Civil

    Tabela 2: Classificao de areias e argilas: NBR-7250

    Desde 1980, o Ceped, localizado em Camaari-BA, estuda os compsitos com fibras

    vegetais por meio do grupo de pesquisadores do Thaba (Programa de Tecnologias de Habitao).

    Foram produzidos corpos-de-prova prismticos com 300 mm de comprimento e seco

    quadrada de 50 mm de lado. A matriz empregada foi de argamassa de cimento e areia, no trao

    de 1:1, em volume, e o fator gua-cimento, de 0,43. Fibras de coco, sisal e piaava, com

    volumes e comprimentos variveis, foram adicionadas manualmente. Apenas os compsitos

    com fibras longas (270 mm) de sisal e piaava apresentaram resistncia mecnica superior da

    matriz sem reforo. Por essa razo, para os compsitos com fibras de sisal, tentaram-se outras

    tcnicas de moldagem, que foram: adensamento em duas camadas, compactao com presso

    variando de 1,9MPa a 3,1MPa, e adensamento em mesa vibratria por at 3 minutos. Pelos

    ensaios mecnicos, a melhor tcnica foi a de compactar com presso de 2,2 MPa, com a qual

    se obteve resistncia de trao na flexo de 6,2 MPa. .

    4. Programa Experimental - Materiais utilizados

    4.1. Areia

    Neste ensaio utilizou-se a areia (Figura 1) proveniente de uma jazida localizada no

    municpio de Itabora RJ, classificada como areia bem graduada (SW) segundo o Sistema

    Unificado de Classificao de Solos (SUCS).

    Figura 1 Areia estudada neste ensaio

  • Departamento de Engenharia Civil

    Os ndices fsicos e ensaios de caracterizao foram determinados e realizados no

    Laboratrio de Geotecnia e Meio Ambiente da Pontifcia Universidade Catlica do Rio de

    Janeiro (PUC-Rio), de forma a obter a curva granulomtrica do solo utilizado (Figura 2 e Tabela

    3).

    Figura 2 Curva granulomtrica da areia

    Tabela 3 ndices fsicos da areia

    4.2. gua

    Utilizou-se gua destilada na operao do equipamento e preparao dos corpos-de-

    prova de areia pura e misturas solo-fibra, exceto nos ensaios de durabilidade, onde ser utilizada

    gua proveniente da rede pblica de abastecimento.

    Densidade dos gros (Gs) 2,58

    Dimetro efetivo D10 0,23 mm

    Dimetro mdio D50 0,60 mm

    Coeficiente de uniformidade (Cu) 3,04

    Coeficiente de curvatura (Cc) 0,89

    ndice de vazios mximo (emax) 0,92

    ndice de vazios mnimo (emin) 0,67

    ndices Fsicos

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    4.3. Fibras de Sisal

    Nessa pesquisa foram utilizada as fibras de sisal (Agave sisalana). Esta fibra derivada

    da folha de uma planta que considerada indgena na Amrica Central e do Sul (Costa, 2013)

    e foram compradas da Associao de Desenvolvimento Sustentvel e Solidrio da Regio

    Sisaleira (APAEB), do municpio de Valente, Bahia. As Figuras 3 e 4 apresentam o esquema

    das fibras de sisal.

    Figura 3 - Estrutura hierrquica de uma fibra de sisal (Melo Filho, 2012).

    Figura 4 Fibras de sisal utilizadas neste trabalho.

  • Departamento de Engenharia Civil

    Foram adotados nesse trabalho os comprimentos de 25 e 50 milmetros no teor de 0.5%

    de fibras, em relao a massa de solo seco.

    Ambas as fibras foram compradas na forma de fardos e em comprimentos de

    aproximadamente de 1,2 m. Devido presena de resduos aderidos na superfcie das fibras

    (graxas e resinas naturais), as fibras sero submetidas a um processo de beneficiamento que

    consistiu de uma lavagem em gua quente (100) e secagem em estufa.

    5. Programa Experimental Ensaios Realizados

    Para o ensaio triaxial, utiliza-se uma prensa da marca Wykeham-Ferrance de capacidade

    de 10 toneladas (Figura 5), cuja velocidade de