estudo do sistema educacional montessori
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Tese de Mestrado de Hildeneide Nunes da Silva. Tesis presentada a La Universidad Autónoma de Asunción como requisito parcial do título de Maestría em Ciencias de La Educación Maestría em Ciencias de La Educación. ESTUDO DO SISTEMA EDUCACIONAL MONTESSORI: A EDUCAÇÃO SENSORIAL COMO PARTE PREPONDERANTE NO PROCESSO DA LINGUAGEM ESCRITA - um estudo de casoTRANSCRIPT
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UNIVERSIDAD AUTÓNOMA DE ASUNCIÓN
FACULTAD DE CIENCIAS HUMANÍSTICAS Y DE LA
COMUNICACIÓN
MAESTRÍA EN CIENCIAS DE LA EDUCACIÓN
ESTUDO DO SISTEMA EDUCACIONAL MONTESSORI: A
EDUCAÇÃO SENSORIAL COMO PARTE PREPONDERANTE NO
PROCESSO DA LINGUAGEM ESCRITA - um estudo de caso
Hildeneide Nunes da Silva
Asunción, Paraguay
2011
Estudo do sistema educacional ...ii
Hildeneide Nunes da Silva
ESTUDO DO SISTEMA EDUCACIONAL MONTESSORI: A
EDUCAÇÃO SENSORIAL COMO PARTE PREPONDERANTE NO
PROCESSO DA LINGUAGEM ESCRITA - um estudo de caso
Tesis presentada a La Universidad Autónoma de Asunción como requisito parcial do título de
Maestría em Ciencias de La Educación.
Orientadora: Prof.ª Dra.Liliam Doussou Romero
Asunción, Paraguay
2011
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Silva H. N. 2010. Estudo do Sistema Educacional Montessori: a
Educação Sensorial como parte preponderante no processo da linguagem escrita
– um estudo de caso / Hildeneide Nunes Silva. 266 páginas.
L. D. R: Lilian Doussou Romero
Disertación acadêmica em Maestría en Ciencias de la Educación -
UAA. 2010.
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Hildeneide Nunes da Silva
ESTUDO DO SISTEMA EDUCACIONAL MONTESSORI: A EDUCAÇÃO
SENSORIAL COMO PARTE PREPONDERANTE NO PROCESSO DA
LINGUAGEM ESCRITA - um estudo de caso
Esta tesis fue evaluada y aprobada para la obtención del título Maestría en la Ciencias
de la Educación por La Universid Autônoma de Asunción – UAA.
_________________________________________________
Prof. Dr. ..................................................................
Universid Autônoma de Asunción
_________________________________________________
Prof. Dr. ..................................................................
Universid Autônoma de Asunción
_________________________________________________
Prof. Dr. ..................................................................
Universid Autônoma de Asunción
Asunción – Paraguay
2011
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Dedico este trabalho em especial a toda minha
Família, Professores e Amigos.
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A composição de uma Tese, apesar de ser um trabalho solitário e individual, é apenas o
período de pôr termo a uma ação com muitos interlocutores: família, docentes, amigos do
coração, colegas de trabalho, revistas, livros, visitas, entrevistas, relatórios de observação,
fotos, imagens, anotações, vídeos... Por fim, todos os conhecimentos pessoais e profissionais
que foram sendo constituídas ao longo dos anos.
Este estudo, como não poderia deixar de ser, é o fruto de uma construção histórica, tendo sido
elaborado em um contexto pessoal e profissional determinado. Contexto no qual após várias
situações de desequilíbrios e acomodações, ocorre o nascimento de um novo aprendizado.
Assim foi a minha metamorfose pessoal, familiar e profissional desde 1998 que me fizeram
crer que não existem outros caminhos a serem percorridos, mas sim o caminho certo a
prosseguir. Apesar de todo esse contexto obscuro, que somente quem viveu ao meu lado
compreende, encontrei em alguns familiares e na instituição em que eu faço parte, o Grupo
Santa Fé; estímulos, solidariedade e apoio para realizar o Curso de Mestrado, em módulos
presenciais, duas vezes ao ano; contando inclusive com incentivos financeiros destas duas
Grandes Instituições (Família e Trabalho).
Agradeço primeiramente a Deus por me favorecer tudo de positivo na minha vida até este
momento;
Aos meus pais, Pedro Monteiro (in memorian) e Maria de Lourdes pelos valores e princípios
oferecidos a mim, durante a construção da minha personalidade; e aos meus irmãos: Regina
Lúcia, Higino Monteiro (in memorian), Ivoneide Nunes e Isoneide Nunes, pela a história de
fraternidade que vivenciamos juntos e por, mesmo depois de crescidos, casados e distantes,
temos a certeza que um pode contar com o outro, seja qual circunstância for;
À José Ribamar A. Duailibe, uma pessoa que sempre me incentivou a estudar; desde o
Ensino Fundamental até o meu Mestrado. Recompensou a minha ausência na vida do nosso
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filho, em suas mais diferentes formas e acima de tudo, sempre mostrou-se disponível como
meu amigo e irmão nas horas difíceis da minha vida.
Ao maior dos amores que já vivi e vivo, meu filho Igino da Silva Duailibe, que me deu a
oportunidade de expressar o melhor amor de uma mulher para com outro ser, o amor
materno. Agradeço-te meu filho de forma especial, pois para alcançar este propósito hoje, foi
necessário por muitas e muitas vezes, abrir mão da tua companhia, do teu crescimento ainda
enquanto ser infantil. Por isto, esta Tese tem um significado muito maior para mim, não
apenas de receber um diploma, mas de te recompensar pela minha ausência durante os teus
primeiros três anos.
Ao meu marido,Glausthon Moura dos Santos, que suportou todas as minhas tensões e me
ajudou com seu companheirismo, cumplicidade, amor, respeito, carinho, dedicação e muita
paciência, finalizar mais esta vitória na minha vida profissional. Hoje este homem se tornou o
pilar que faltava na estabilidade de minha vida como um todo; meu alicerce para a construção
de um futuro firme; de uma VERDADEIRA FAMÍLIA: Glausthon, Igino, eu e nosso (a)
futuro (a) filho (a). Meu Muito Obrigada por tudo.
A Minha nova família que ganhei de presente especificamente a minha mãe/sogra: Francinete
Moura, pai/sogro Edmilson Santos e meus cunhados: Gleithon, Carminha, Glaucia; minha
afilhada Maria Eduarda e os mascotes: Pietra, Glaustolina e Joaninha.
À Família Mussalém: Sr. Miguel (in memorian), Tia Duda, Miguel, Paolo, Felipe e Bruno,
pela oportunidade de crescimento profissional e pessoal, nas mais variadas etapas de vida.
Meu muito obrigada pela paciência, assistência, carinho e atenção. Quero agradecer a Prof.
Marilourdes Mussalém, a quem eu chamo muito carinhosamente de “Tia Duda”, pois me fez
ser apaixonada pelo que eu sou, pelo que eu faço e onde trabalho; mas acima de tudo, por ter
me feito entrar em contato com a vida e obra de Maria Montessori, num momento de tão
grande decepção com meu curso de pedagogia da Universidade Federal do Maranhão em
Estudo do sistema educacional ...viii
1998. À Bruna Bianca, “minha irmãzinha do coração”, minha “amiga” e muitas vezes
também mãe, filha, companheira, cúmplice... “não precisa nem dizer, tudo isso que eu digo...
mas é muito bom saber que eu tenho GRANDES AMIGOS...” (29/06/2009).
Aos professores do Colégio Santa Fé, em especial a Nila, Flávio, Márcio, Aleilma, Lidianne,
Alexsandra, Giovanna, Josira, Kaciana e Helena. E em especial aos meus novos amigos:
Letícia e Genilson que contribuíram muito para minha vida como um todo, dando-me força e
coragem para superar muitos dos meus obstáculos e suprindo minha ausência na
coordenação.
Agradeço tanto ao meu grupo de estudo: Tia Duda, MÃEZONA de todos, Tia Ana, o SUPER
EGO nas horas certas, Ariane, minha amiga especial, a Vera, pelos momentos de
descontração; Zezé, Ioneide, e outros, por todos os trabalhos e discussões em grupo, que me
fizeram crescer; quanto nossa sala do mestrado como um todo, pelos momentos de
cumplicidade, aflição, solidariedade, amizade e união que tivemos que ter para superar tantos
momentos difíceis...
E, por fim mais um anjo que apareceu na minha vida, a minha orientadora Profª. Liliam
Doussou Romero, pela paciência e atenção destinada à finalização da Tese.
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“Eu não inventei um método educacional, eu
simplesmente dei às crianças a chance de
viver”. (Maria Montessori, 1965)
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... vv
LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................... xvi
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... xviii
LISTA DE SIGLAS .......................................................................................................... xix
RESUMO ......................................................................................................................... xx
RESUMEN ........................................................................................................................ xxi
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
1.1 Problema .......................................................................................................... 3
1.2 As variáveis ...................................................................................................... 7
1.3 Objetivo da Investigação .................................................................................. 9
1.3.1 Geral ................................................................................................................. 9
1.3.2 Específicos ....................................................................................................... 9
1.4 Justificativa ...................................................................................................... 9
1.5 Marco Teórico da Pesquisa .............................................................................. 11
1.6 Metodologia ..................................................................................................... 13
1.7 Organização dos Capítulos............................................................................... 15
2 Dr.ª MARIA MONTESSORI ........................................................................ 17
2.1 Sua história de vida .......................................................................................... 19
2.2 A criança e o seu desenvolvimento .................................................................. 25
2.3 A Contemporaneidade do Sistema Montessori ................................................ 30
2.4 Sistema Montessoriano: uma educação direcionada para as necessidades da
criança .............................................................................................................. 33
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2.5 Princípios Fundamentais do Sistema Montessoriano....................................... 38
2.6. Montessori: sua morte e a perpetuação de uma nova educação ....................... 40
3 EDUCAÇÃO DA CRIANÇA: um resgate na história ....................................... 45
3.1 No Mundo ............................................................................................................. 46
3.2 No Brasil ............................................................................................................... 58
4 A ESCOLA MONTESSORIANA ..................................................................... 65
4.1 Os Princípios do Sistema Montessori ................................................................... 66
4.2 Os Pilares da Obra Montessoriana ........................................................................ 75
4.3 O Ambiente Preparado ......................................................................................... 78
4.4 A Mobília Escolar ................................................................................................. 82
4.5 A Liberdade de Desenvolvimento ........................................................................ 84
4.6 A Linha ................................................................................................................. 88
5 O PROFESSOR MONTESSORIANO ............................................................. 93
5.1 O Seu Papel ........................................................................................................... 94
5.2 As Atitudes Montessorianas ................................................................................. 97
5.3 Apresentação dos Materiais .................................................................................. 100
6 AS SALAS AMBIENTES E AS SUAS ÁREAS ............................................... 106
6.1 As Áreas Trabalhadas ........................................................................................... 106
6.1.1 Vida Prática .......................................................................................................... 107
6.1.2 Educação dos Sentidos ou Sensorial ..................................................................... 109
6.1.3 Linguagem ............................................................................................................ 111
6.1.4 Matemática ........................................................................................................... 113
6.1.5 Educação Cósmica ................................................................................................ 115
6.2 Materiais Montessorianos ..................................................................................... 118
7 CLASSIFICAÇÃO DO MATERIAL SENSORIAL ....................................... 123
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7.1 Educação Tátil ...................................................................................................... 123
7.2 Educação Térmica ................................................................................................ 124
7.3 Educação Bárica ................................................................................................... 125
7.4 Educação Visual ................................................................................................... 126
7.5 Educação Auditiva ................................................................................................ 128
7.6 Educação Olfativa e Gustativa .............................................................................. 129
7.7 Educação Estereognóstica .................................................................................... 129
8 MARCO METODOLÓGICO ........................................................................... 131
8.1 Método e tipo de pesquisa .................................................................................... 131
8.2 Problemas e objetivos propostos .......................................................................... 134
8.3 Perguntas da Pesquisa ........................................................................................... 135
8.4 Conceituação e operacionalização das variáveis .................................................. 135
8.5 População e amostra da pesquisa .......................................................................... 137
8.5.1 Ficha Cadastral das professoras ............................................................................ 140
8.5.2 Ficha Cadastral das auxiliares pedagógicas .......................................................... 141
8.5.3 Ficha Cadastral da Coordenadora e Diretora Geral ............................................. 143
8.5.4 Ficha Cadastral das Mães ..................................................................................... 145
8.6 Técnicas de coletas de dados ................................................................................ 147
8.6.1 Instrumentos utilizados para a coleta de dados ..................................................... 147
8.6.1.1 Questionário .......................................................................................................... 147
8.6.1.2 Entrevista .............................................................................................................. 149
8.7 Estudo de caso ...................................................................................................... 151
8.8 Caracterização do local da pesquisa ..................................................................... 153
8.9 Contextualização do local da pesquisa ................................................................. 156
8.10 As Salas Agrupadas .............................................................................................. 162
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8.10.1 A Sala Ambiente de Vida Prática ......................................................................... 162
8.10.2 A Sala Ambiente de Educação Sensorial .............................................................. 164
8.10.3 A Sala Ambiente de Educação Cósmica .............................................................. 165
8.11 Planejamento Curricular ....................................................................................... 166
8.12 Da Educação Infantil para o Ensino Fundamental ............................................... 174
8.13 Procedimento de coleta de dados ......................................................................... 180
8.13.1 Primeira etapa: Estado da Arte ............................................................................. 184
8.13.2 Segunda Etapa: Coleta de Dados .......................................................................... 184
8.14 Procedimento de análise dos dados ..................................................................... 187
9 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS............................................. 191
9.1 Pesquisa com Professoras e Auxiliares ................................................................. 191
9.2 Pesquisa com as mães ........................................................................................... 216
10 CONSIDERAÇOES FINAIS ............................................................................. 219
11 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................... 239
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 241
APÊNDICES ....................................................................................................... 249
Apêndice A - Carta de apresentação e solicitação de participação........................250
Apêndice B - Termo de consentimento Livre e Esclarecido.................................251
Apêndice C - Termo de consentimento de imagens................................................252
Apêndice D – Ficha Cadastral das professoras........................................................253
Apêndice E – Ficha Cadastral das auxiliares pedagógicas....................................254
Apêndice F – Ficha Cadastral da Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil..255
Apêndice H – Ficha Cadastral das Mães................................................................256
Apêndice G – Ficha Cadastral da Diretora Geral do Grupo Santa Fé...................257
Apêndice I – Questionário as professoras..............................................................258
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Apêndice J - Questionário as auxiliares pedagógicas..............................................259
Apêndice L- Questionário as mães dos alunos alfabetizados................................ 260
Apêndice M- Entrevista as professoras...................................................................261
Apêndice N - Entrevista as auxiliares pedagógicas................................................262
Apêndice O – Entrevista com a Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil.....263
Apêndice P - Entrevista da Diretora Geral do Grupo Santa Fé .............................264
Apêndice Q - Roteiro para observações e registros................................................265
Apêndice R – Escala da Contribuição do Sistema Montessoriano das Professoras..266
Apêndice S – Escala da Contribuição do Sistema Montessoriano das Auxiliares.267
Apêndice T – Escala de Saisfação do Sistema Montessoriano das Mães..............268
Apêndice U – Matriz das respostas aos itens do questionário das professoras.....269
Apêndice V – Matriz das respostas aos itens do questionário das auxiliares........270
Apêndice X – Matriz das respostas aos itens do questionário das Mães...............271
ANEXOS .............................................................................................................. 272
Anexos 01: Material de desenvolvimento sensorial..............................................273
Anexos 02: Continuação do Material de desenvolvimento sensorial....................274
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Período do desenvolvimento de acordo com Luciano Mazzetti......... 28
Tabela 02 Lição em três tempos......................................................................... 103
Tabela 03 Conceituação e operacionalização das Variáveis.............................. 136
Tabela 04 População e amostra da pesquisa..................................................... 139
Tabela 05 Ficha cadastral das professoras......................................................... 140
Tabela 06 Ficha cadastral das auxiliares............................................................ 142
Tabela 07 Ficha cadastral das gestoras.............................................................. 143
Tabela 08 Ficha cadastral das mães................................................................... 145
Tabela 09 Análise do questionário aplicado as professoras............................... 234
Tabela 10 Análise do questionário aplicado as auxiliares................................... 235
Tabela 11 Análise do questionário aplicado as mães......................................... 236
Estudo do sistema educacional ...xvi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01-Idade das Professoras ...................................................................................... 141
Gráfico 02- tempo de formação das Professoras ................................................................ 141
Gráfico 03- Idades das Auxiliares Pedagógicas ................................................................. 142
Gráfico 04- Período do curso de pedagogia das Auxiliares
Pedagógicas..................................................................................................... 143
Gráfico 05- Idade das Gestoras.......................................................................................... 144
Gráfico 06- Tempo de Formação das gestoras montessoriano............................................ 144
Gráfico 07- Idade das mães................................................................................................ 146
Gráfico 08- Participação das mães no processo educacional dos seus filhos..................... 146
Gráfico 09- Professoras: A importância do sistema montessoriano.................................... 192
Gráfico 10- Auxiliares: A importância do sistema montessoriano..................................... 193
Gráfico 11- Professoras: práxis pedagógica e o ambiente preparado.................................. 195
Gráfico 12- Auxiliares: práxis pedagógica e o ambiente preparado.................................... 196
Gráfico 13- Professoras: O erro no processo de aprendizagem ......................................... 197
Gráfico 14- Auxiliares: O erro no processo de aprendizagem............................................ 198
Gráfico 15- Professoras: O processo de ensinar e aprender................................................ 199
Gráfico 16- Auxiliares: O processo de ensinar e aprender.................................................. 200
Gráfico 17- Professoras: A forma de conduzir a sala e a formação da criança................... 202
Gráfico 18- Auxiliares: A forma de conduzir a sala e a formação da criança..................... 203
Gráfico 19- Professoras: Opinião sobre a sala de Vida Prática........................................... 205
Gráfico 20- Auxiliares: Opinião sobre a sala de Vida Prática............................................. 206
Gráfico 21- Professoras: Opinião sobre a sala de Educação Cósmica............................... 207
Gráfico 22- Auxiliares: Opinião sobre a sala de Educação Cósmica.................................. 209
Estudo do sistema educacional ...xvii
Gráfico 23- Professoras: Opinião sobre a sala de Educação Sensorial................ 211
Gráfico 24- Auxiliares: Opinião sobre a sala de Educação Sensorial................................ 212
Gráfico 25- Professoras: Educação Sensorial e o processo de alfabetização...................... 213
Gráfico 26- Auxiliares: Educação Sensorial e o processo de alfabetização........................ 214
Gráfico 27- Mães: Método de alfabetização...................................................................... 216
Gráfico 28- Mães: tempo para as habilidades de Letramento............................................ 217
Gráfico 29- Mães: Comprometimento da família no processo educacional..................... 217
Gráfico 30- Mães: Acompanhamento e intercambio das informações.................................218
Gráfico 31- Utilização de Salas Ambientes......................................................................... 218
Gráfico 32- Utilização de Materiais Concretos................................................................... 219
Gráfico 33- participação dos professores e auxiliares no processo de alfabetização 219
Estudo do sistema educacional ...xviii
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Alessandro Montessori e Renilde Stoppani ....................................... 20
Figura 02 Doutora Maria Montessori.................................................................. 21
Figura 03 Casa dei Bambini............................................................................... 22
Figura 04 Indicação ao Nobel ............................................................................ 24
Figura 05 Fases de Crescimento do Ser Humano............................................. 25
Figura 06 Material Sensorial............................................................................... 28
Figura 07 Maria Montessori e seu filho Mário Montessori.................................. 41
Figura 08 Sepulcro de Montessori no Cemitério Católico Romano.................... 42
Figura 09 Promovendo curso para professores................................................. 43
Figura 10 Aprendendo pela ação....................................................................... 70
Figura 11 A criança e a natureza........................................................................ 76
Figura 12 Sala Montessoriana............................................................................ 79
Figura 13 A Linha............................................................................................... 89
Figura 14 Montessori em sala de aula................................................................ 93
Figura 15 Material Sensorial II............................................................................ 119
Figura 16 Sala de Vida Prática........................................................................... 163
Figura 17 Sala de Educação Sensorial.............................................................. 164
Figura 18 Materiais da sala de Educação Cósmica........................................... 166
Figura 19 Formas Metálicas............................................................................... 168
Figura 20 Material Sensorial B........................................................................... 170
Figura 21 Atividade de Educação Cósmica Visita ao Parque Ambiental........... 171
Figura 22 Atividades de Esquema Corporal....................................................... 173
Figura 23 Cantinho da leitura............................................................................. 177
Figura 24 Sala do 1º ano do Fundamental......................................................... 179
Estudo do sistema educacional ...xix
LISTA DE SIGLAS
AMI - Associação Montessoriana Internacional.
CEB- Câmara de Educação Básica
CHA - Conhecimentos, Habilidades e Atitudes
CNE - Conselho Nacional de Educação
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
EPA - Encontro de Pais e Amigos
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
UFMA - Universidade Federal do Maranhão
UNESCO- Organização Das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Estudo do sistema educacional ...xx
RESUMO
Esta pesquisa apresenta como problema da investigação quais são as contribuições da
Educação Sensorial no processo de alfabetização montessoriana, para o desenvolvimento
indireto da linguagem escrita em alunos da educação contemporânea. O objetivo do estudo
foi analisar as contribuições da sala ambiente da Educação Sensorial no processo de
alfabetização montessoriana, identificando as características do ambiente preparado, o
trabalho pedagógico nas salas ambientes, os materiais relacionados à educação sensorial e o
papel do professor na relação do ensino e da aprendizagem no processo da alfabetização
montessoriana. Esta pesquisa se deu de 2006 a 2009 e utilizou-se como referencial teórico
principalmente as obras de Maria Montessori e dos seguidores da filosofia montessoriana,
como por exemplo, Vera Lagôa, Júlio Maran, Edimara de Lima, Talita de Almeida, Ana
Lagôa; Yara Malheiros, Mário Montessori Júnior, Augusta Emma Elga Heder Barbosa do
Amaral, Izaltina de Lourdes Machado, Helena Lubienska de Lenval, Marilourdes Mussalém,
entre outros. Caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, descritiva, não experimental e
quantiqualitativa. A pesquisa se deu por estudo de caso e foram utilizados como sujeitos
participantes alunos da Educação Infantil, 10 mães, 3 professores titulares, 4 auxiliares
pedagógicas, 1 coordenação e 1 direção pedagógica do Colégio Santa Fé Criança, localizada
na Cidade de São Luís no Estado do Maranhão. Adotou-se a técnica de observação direta
extensiva e intensiva sendo os instrumentos utilizados: questionário fechado e entrevista. Os
resultados alcançados evidenciaram: a) O Sistema Montessori favorece o desenvolvimento
integral da criança, principalmente no que tange aos processos que fundamentarão a
habilidade de escrita, leitura, interpretação e cálculo; b) A postura do professor
montessoriano é de mediador do processo ensino-aprendizagem e que o mesmo precisa ter
uma formação científica, uma formação técnica e desenvolvimento espiritual para sua
atuação de guia no ambiente preparado destinado as necessidades específicas das crianças e a
forma do professor conduzir a sala de aula favorece ao aluno a autoeducação, a
responsabilidade, a independência, o respeito e a paz interior; c) O erro é visto como parte da
aprendizagem e é a própria criança que se educa, reorganizando seus pensamentos,
descobrindo o caminho certo, pois os materiais são autocorretivos; d) O ambiente
montessoriano é fundamental entre a estruturação do pensamento da criança, sua evolução
cognitiva e o seu desenvolvimento; e) As salas ambiente desenvolvem a atenção e a
concentração, satisfazendo as necessidades interiores que a criança apresenta e que a
Educação Sensorial proporciona o desenvolvimento, o aprimoramento e o requinte da
coordenação motora indispensável para a ação adequada para a escrita, colaborando com a
estruturação do pensamento e a constituição da inteligência através de uma educação
multisensorial.
Palavras-chaves: Maria Montessori. Sistema Montessori. Educação Sensorial. Materiais
Concretos. Sala Ambiente. Papel do Professor. Educação Infantil.
Estudo do sistema educacional ...xxi
RESUMEN
Esta pesquisa presenta como problema de investigación cuáles son las contribuciones de la
Educación Sensorial en el proceso de alfabetización montessoriana, para el desarrollo
indirecto del lenguaje escrito en alumnos de la educación contemporánea. El objetivo del
estudio fue analizar las contribuciones de la sala ambiente de Educación Sensorial en el
proceso de alfabetización Montessoriana, identificando las características del ambiente
preparado, el trabajo pedagógico en las Salas Ambientes, los materiales relacionados a la
Educación Sensorial y el papel del profesor en la relación de la enseñanza y del aprendizaje
en el proceso de Alfabetización Montessoriana. Esta pesquisa fue realizada entre 2006 y
2009 y se utilizaron principalmente como referencial teórico las obras de María Montessori y
de los seguidores de la filosofía montesoriana, como por ejemplo: vera Lagôa, Júlio Marán,
Edimara de Lima, Talita de Almeida, Ana Lagôa, Yara Malheiros, Mario Montessori Junior,
Augusta Emma, Elga heder Barbosa do Amaral, Izaltina de Lourdes Machado, Helena
Lubienska de Lenval, Marilourdes Mussalém, entre otros. Se caracteriza como una
investigación bibliográfica, empírica y cuanticualitativa. La investigación es un estudio de
caso y como sujetos participaron alumnos de la Educación Infantil, 10 madres, 3 profesores
titulares, 4 auxiliares pedagógicas, 1 coordinadora e 1 directora pedagógica del Colegio Santa
Fé Criança, ubicada en la Ciudad de São Luís en el Estado del Maranhão. Se adoptó la
técnica de observación directa y los instrumentos utilizados fueron: el cuestionario cerrado y
la entrevista. Los resultados alcanzados evidenciaron: a) El Sistema Montessori favorece el
desarrollo integral del niño, principalmente en lo que se refiere a los procesos que
fundamentarán la habilidad de escrita, lectura, interpretación y cálculo; b) La postura del
profesor montessoriano es la de mediador del proceso enseñanza-aprendizaje por lo que
precisa tener una formación científica, una formación técnica y desarrollo espiritual para
actuar como guía en el ambiente preparado destinado a las necesidades específicas de los
niños. La forma del profesor conducir la clase le posibilita al alumno la autoeducación, la
responsabilidad, la independencia, el respeto y la paz interior; c) El error es considerado
como parte del aprendizaje y es el propio niño que se educa, reorganizando sus pensamientos,
descubriendo el camino correcto, pues los materiales son autocorrectivos; d) El ambiente
montessoriano es fundamental entre la estructuración del pensamiento del niño, su evolución
cognitiva y su desarrollo; e) Las salas ambientes desarrollan la atención y la concentración,
satisfaciendo las necesidades interiores que el niño presenta y la Educación Sensorial
proporciona el desarrollo, el perfeccionamiento y el requinte de la coordinación motora
indispensable para la acción adecuada para la escritura, colaborando con la estructuración del
pensamiento y la constitución de la inteligencia a través de una educación multisensorial.
Palabras-claves: María Montessori. Sistema Montessori. Educación Sensorial. Materiales
Concretos. Sala Ambiente. Papel del Profesor. Educación Infantil.
Estudo do sistema educacional ... 1
1. INTRODUÇÃO
A presente pesquisa de mestrado aborda o processo ensino aprendizagem baseado
na Educação Sensorial como preparação indireta para a linguagem escrita no Colégio Santa
Fé Criança. Esta Instituição educacional foi fundada em 1988, pertence à rede privada de São
Luís do Maranhão-Brasil, trabalha com a Filosofia Montessoriana e divide-se em “Santa Fé
Criança” que atende toda a Educação Infantil e “Colégio Santa Fé” que trabalha com todo o
Ensino Fundamental e Ensino Médio.
O Sistema Montessori se fundamenta na liberdade com disciplina; na auto-
educação, no respeito à natureza, ao próximo, e à própria individualidade; garantindo assim
ao educando, a possibilidade de alcançar objetivos respeitando o seu ritmo próprio, sendo
estimulado a descobrir, raciocinar e agir, trabalhar com a sua curiosidade e o seu caráter
investigativo. O trabalho é baseado na evolução natural da criança e efetivado através de
materiais concretos direcionados para a Educação Sensorial, Educação Cósmica, Vida
Prática, Matemática e Linguagem.
O paradigma atual da Educação Infantil foi resultado das inúmeras mudanças
ocorridas no sistema educacional ao decorrer dos séculos, exigindo a substituição geral no
parâmetro educativo tradicional, dando ênfase aos ricos estágios que a criança atravessa e
desenvolve suas potencialidades educacionais. A partir de então, surgi um aumento
significativo na literatura sobre esta vertente; dentre vários autores ressalta-se aqui o nome da
primeira mulher italiana-médica, Maria Montessori, que desenvolveu um estudo pioneiro
voltado às crianças pequenas, pois acreditava que a criança pequena absorve como “esponja”
todos os dados que solicitam e precisam para sua atuação na vida de forma espontânea. Nesta
fase a criança inicia o desenvolvimento, absorvendo o mundo, sempre utilizando os sentidos
e o movimento, para descobrir o entorno, experimentando e desenvolvendo a sua inteligência.
Estudo do sistema educacional ... 2
A doutora-educadora, Maria Montessori, rejeitava as técnicas rigorosas e
freqüentemente desumanas que se utilizavam na educação tradicional da Europa naquela
época. Então, partiu do pressuposto de não moldar as crianças como reproduções dos adultos,
pais e/ou professores; e ofereceu a criança oportunidade de instruir-se, utilizando a liberdade
a partir dos primeiros anos de desenvolvimento com a finalidade de se tornar um adulto com
a capacidade de encontrar soluções aos problemas da vida como um todo.
A preocupação de Maria Montessori não era somente criar uma nova metodologia
de ensino, mas também de ajudar à criança a alcançar o seu potencial como ser humano, num
ambiente preparado, através dos seus sentidos, utilizando a observação científica do
professor. Nas instituições Montessorianas, a educação é cultivada pelo desejo natural de
aprender, sem ajuda dos adultos; e ao educador cabe o papel de mediador entre a criança e o
mundo do conhecimento; propondo desafios, mudanças e/ou novidades. O ambiente
montessoriano não favorece a concorrência entre companheiros, respeitando e valorizando a
conquista de cada criança em seu momento e ritmo apropriado. Segundo Montessori (1965),
a criança pequena é particularmente levada à atividade manual, e o material escolar deve ser
adequado às suas necessidades de aprender através do movimento, porque na verdade é do
movimento que parte o trabalho intelectual.
Neste sistema, a utilização tanto do silêncio, quanto o da mobilidade, são
elementos indispensáveis para o processo educacional dos alunos, pois eles aprendem
mexendo e descobrem o mundo através dos órgãos sensoriais. Montessori acreditava
fielmente que as crianças deveriam ser livres para agir com independência, autonomia e
disciplina; e que a criança normalizada possuí a capacidade de viver em harmonia consigo
própria e com o mundo que a cerca, em prol da paz que a levasse para a construção de um
mundo melhor, com sujeitos mais felizes e em união.
Estudo do sistema educacional ... 3
O erro, para Maria Montessori, era considerado como parte integrante do
processo ensino aprendizagem, portanto, a criança não deveria ser castigada, mas sim
valorizada, pois estaria dando andamento ao seu processo educacional. A proposta da
Educação Montessoriana é inspirada no humanismo integral, defendendo a formação dos
seres humanos como pessoas únicas e inteiramente capacitadas para atuar com dignidade e
inteligência. Os princípios básicos da Pedagogia Montessoriana consistem na
individualidade, na liberdade, na autonomia e no respeito pela criança. Entretanto existem
outros aspectos importantes abordados nesta metodologia como a atenção, concentração, a
autonomia, o respeito pelos outros e por si mesmo, a independência, a capacidade de escolha,
a iniciativa, a autodisciplina e a ordem.
Esta pesquisa abordará a construção que se conduz e reflete o comportamento e a
vida da criança, abarcando as condições que promovem a expansão do desenvolvimento
infantil de forma global, o respeito às diferenças individuais e a importância do conhecimento
em que o educador deve ter em relação às manifestações do pensamento infantil no que tange
para a formação da sua personalidade e sua adaptação social. Os alunos, nesta abordagem
nova de Educação Infantil, são vistos como protagonistas competentes e ativos que possuem
a capacidade de buscar suas realizações através da conversação e interação com outros, nas
salas agrupadas (vida coletiva), na comunidade, e na cultura; tendo o seu professor
desenvolvendo simplesmente o papel de guia.
1.1 O Problema
A Educação Infantil desde o seu surgimento até a nossa atualidade perpassou por
várias fases, desde o caráter assistencialista ao reconhecimento da importância do segmento
para se desenvolver as capacidades e competências da criança. Nesta evolução os papéis do
Estudo do sistema educacional ... 4
aluno, do professor, da aprendizagem e dos materiais expostos na sala de aula, foram
mudados de acordo com as tendências pedagógicas e os seus defensores.
No século XXI percebe-se que a escola reconhece como instrumento facilitador
no processo de ensino-aprendizagem, a utilização de materiais que trabalhem com a
imaginação, a criatividade e as curiosidades da criança; porém estes materiais muitas vezes
foram (e são) confundidos como jogos e brincadeiras dentro da sala de aula, não possuindo
assim a aceitação pela comunidade escolar de imediato.
Entretanto esta dificuldade de aceitação pode ser compreendida através de uma
retrospectiva histórica, pois na Idade Antiga, as crianças compartilhavam das mesmas
brincadeiras dos adultos; onde toda a sociedade participava das brincadeiras e festas, com a
intenção de estreitar os laços afetivos. Esses jogos eram vistos pela sociedade de duas formas:
aos que aceitavam, percebiam-nos como meio de crescimento social; e aos que recriminavam,
associavam-nos aos encantos carnais, ao azar e ao vício.
A linha Humanística do Renascimento percebeu as inúmeras possibilidades
educacionais atribuídas aos jogos e materiais educativos e começaram a utilizá-los. Wajskop
(1995), no seu trabalho sobre o brincar na Educação Infantil, afirma que a partir deste
contexto passa-se a considerar as brincadeiras e jogos como uma forma de preservar a
moralidade dos "miniadultos", proibindo-se os jogos considerados "maus" e aconselhando-se
aqueles considerados "bons". Nesta mesma conjuntura nasce à preocupação com a saúde, a
moral, e o bem comum, elaborando inclusive, de acordo com o desenvolvimento e a idade da
criança, propostas baseadas na utilização do jogo especializado dentro da sala de aula.
Podemos citar como defensores desta idéia: Comênius, Jean J. Rousseau e
Pestalozzi, que colaboraram muito para a valorização da infância, resguardando em seus
pensamentos, fundamentados numa compreensão idealista e protetora da criança, a proposta
de se trabalhar uma educação dos sentidos com a utilização de “brinquedos”; iniciando-se
Estudo do sistema educacional ... 5
assim, uma educação para as crianças pequenas, não as vendo mais como "adultos em
miniatura", e sim; como seres com características particulares, competentes e hábeis.
Outros nomes se destacam na pedagogia quanto ao respeito à figura da criança e a
Educação Sensorial utilizando-se de jogos e materiais didáticos como Fröbel, Montessori e
Decroly, que justificavam a utilização destes recursos com a orientação do professor, pois
favoreciam o desenvolvimento dos aspectos físico, moral e cognitivo do aluno. WAJSKOP
(1999, p. 21) comenta que foram os primeiros pedagogos da educação pré-escolar a romper
com a educação verbal e tradicionalista de sua época. Propuseram uma Educação Sensorial,
baseada na utilização de jogos e materiais didáticos, que deveria traduzir por si a crença em
uma educação natural dos instintos infantis
De acordo com kishimoto mencionado por Santos (1999) no Brasil:
Os jardins de infância froebelianos penetram nas instituições particulares,
como inovação pedagógica, destinadas à elite da época, como forma de
mostrar a modernidade da escola, que oferece um curso semelhante ao
divulgado no então modelar sistema educacional americano.
O movimento conhecido como Escolanovismo deu prosseguimento à concepção
de criança lúdica, Wajskop (1995), garante que Dewey, discípulo deste movimento,
considerava o ato de brincar como uma atuação livre e espontânea onde a criança expressaria
seus interesses, sentimentos e necessidades. No Brasil, o Escolanovismo ganhou força na
década de 20 e estes novos materiais ganharam maior credibilidade dentro do contexto
educacional. Para impulsionar ainda mais a idéia de se utilizar materiais que pudessem
favorecer o desenvolvimento global da criança, a partir da década de 60, a psicologia do
desenvolvimento e a psicanálise deram destaque ao papel da brincadeira na Educação
Infantil, fase esta considerada como período fundamental para o desenvolvimento humano.
Estudo do sistema educacional ... 6
A criança quando inicia a sua vida escolar, ela também começa a interagir com
outros ambientes, que não necessariamente são iguais aos que ela está acostumada, pelo
contrário; ela agora está em contato com ambiente distinto, com ritmos diversos, ações,
relações e objetos desconhecidos. Esta heterogeneidade é um elemento primordial para o
enriquecimento do aluno, pois por meio da interação social, ele se valerá de instrumentos
mediadores, a fim de resolver problemas, buscando as alternativas por suas próprias ações.
Foi com este pensamento que em 1898, Maria Montessori defendeu a tese de que
as crianças com necessidades especiais precisavam menos da medicina e mais de um bom
método pedagógico. Ela acreditava que os médicos tinham que construir processos
educativos para aperfeiçoar a observação cotidiana da criança, estimulando-as com atividades
motoras e sensoriais, e não simplesmente como seres incapazes de produzir e aprender.
Diante destas experiências com os alunos do internato da clínica de psiquiatria da
Universidade de Roma, Montessori constatava que a aplicação de materiais didáticos e
objetos pedagógicos poderiam ser aproveitados na educação convencional, uma vez que deu
certo com alunos considerados especiais, qual seria a razão, motivo ou circunstancia de não
funcionar com os alunos considerados normais? Lagoa, 1981 e Pessotti, 1984, relatam que
Montessori criou o Método fundamentado nos estudos dos pedagogos Edouard Séguin, Ovide
Decroly, Jean Itard e Froebel, e teve como princípio básico o desenvolvimento e a
concentração da criança por meio da atividade, da liberdade e da individualidade.
A educação era conduzida por meio de materiais concretos, jogos, atividades
lúdicas e análises sensoriais; principalmente na faixa etária de crianças de zero a seis anos,
quando a criança responde aos estímulos sensoriais com mais facilidade. No Sistema
Montessoriano, o aluno tem a liberdade de escolher o material utilizado, desenvolver sua
atividade sozinho e, posteriormente, participar socialmente, contribuindo para o ambiente
escolar e compartilhando com o grupo os seus conhecimentos. É de suma importância
Estudo do sistema educacional ... 7
ressaltar que o Sistema Montessori não é somente um método ou um conjunto de técnicas,
mas acima de tudo, uma filosofia de vida, que consiste em exercitar a harmonização do
corpo-espírito-cognitivo-psique e o ecológico das crianças, no decorrer das fases de vida.
Atualmente, o método difundiu-se no mundo todo e, no Brasil, de acordo com a Organização
Montessori do Brasil (OMB) 1 são mais de 137 escolas conveniadas, entretanto sabe-se que
existem mais de cem escolas que ainda não se encontram cadastradas e atendem pelo Brasil,
mais de dez mil alunos. Para Maria Montessori, a base da reforma educativa e social deve ser
construída sobre o estudo científico do homem desconhecido.
Como base na exposição desse cenário o problema principal da presente
pesquisa foi: Quais são as contribuições da Educação Sensorial, no processo de alfabetização
montessoriana, para o desenvolvimento indireto da linguagem escrita em alunos da educação
contemporânea?
E como Hipótese da pesquisa: A Educação Sensorial, no processo de
alfabetização montessoriana, contribui para o desenvolvimento indireto da linguagem escrita
em alunos da educação contemporânea.
1.2 As Variáveis
Diante do problema principal se derivaram as seguintes variáveis: Sistema
Montessori; Papel do professor; Salas Agrupadas; Salas Ambientes; Educação Sensorial.
Segundo Maran (1977), o Sistema Montessori é um processo de educação. E que de acordo
com Montessori, sistema seria uma ajuda para que a personalidade humana conquiste a
independência, seria um meio de libertar a criança de opressões e de preconceitos, seria uma
educação para a normalização. Este mesmo autor resume as funções ou o Papel do professor
1 Entidade representativa do Sistema Montessori no Brasil. É mantida por associados e foi criada em 1992 por
ocasião do Congresso Brasileiro de Educação.
Estudo do sistema educacional ... 8
montessoriano em três pontos, o primeiro é que ele deve sempre preparar o ambiente, o
segundo é se tornar um observador em potencial da criança e por ultimo secundar suas
atividades.
Em se tratando de salas agrupadas a própria teoria vygotskyana mostra que o
processo ensino-aprendizagem e o desenvolvimento estão fortemente relacionados às
condições biológicas e sociais do infante, e que somente através dos intercâmbios com seus
companheiros, ele cresce intelectualmente e se desenvolve.
Assim Vygotsky (1991) defende que o infante através dos intercâmbios e
experiências sociais “põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra
forma seriam impossíveis de acontecer”.
Lima (2005) defende que as “salas-ambientes são espaços destinados para o
aprendizado específico do trabalho de uma determinada área ou áreas afins. Elas são
compostas por diversos materiais didáticos e auto-corretivos, designados para o treino, o
desenvolvimento, o aperfeiçoamento e o refinamento das habilidades da criança de acordo
com sua necessidade e seu ritmo próprio de aprendizado”.
No que tange especialmente a Educação Sensorial Montessori, defendia que esta
deveria anteceder a educação das atividades intelectuais, pois é através dos sentidos que a
criança entra em contato com o mundo exterior.
Almeida (1974) alega que a educação sensorial é o melhor treinamento para os
sentidos, ou seja, para o desenvolvimento sensório- motor- perceptivo, que além de propiciar
um alicerce sólido para a aquisição de conhecimentos intelectuais, afina a sensibilidade
estética e a harmonia do meio ambiente, influindo na organização interior de cada um. Isto
porque Montessori acreditava que o caminho do intelecto passa pelos órgãos dos sentidos,
especialmente pelo tato, e que por meio do toque e do movimento que as crianças descobrem
e interpretam o mundo exterior.
Estudo do sistema educacional ... 9
1.3 Objetivo da Investigação
1.3.1 Geral:
Analisar as contribuições da Educação Sensorial, no processo de Alfabetização
Montessoriana, para o desenvolvimento indireto da linguagem escrita em alunos da educação
contemporânea.
1.3.2 Específicos:
Identificar o Papel do professor montessoriano na relação do ensino e da
aprendizagem no processo da Alfabetização Montessoriana.
Identificar as particularidades das salas agrupadas;
Identificar o trabalho pedagógico nas Salas Ambientes de alfabetização
Montessoriana e os materiais relacionados a cada uma, principalmente a da Educação
sensorial;
Identificar as características do ambiente preparado no processo de
alfabetização montessoriana;
Identificar as contribuições da Educação Sensorial, no processo de
alfabetização montessoriana.
1.4 Justificativa
A elaboração desta pesquisa científica, um dos requisitos para aprovação final do
Mestrado em Ciências da Educação pela Universidad Autónoma de Asunción Facultad de
Humanidades y Ciencias de La Educación, contém uma proposta direcionada a prática
Estudo do sistema educacional ... 10
pedagógica montessoriana com crianças da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino
Fundamental do Colégio Santa Fé Criança no que tange a importância da Educação Sensorial
para a preparação indireta da linguagem escrita.
O objeto da pesquisa aqui proposto situou-se na investigação através de estudo
bibliográfico e observação do trabalho nas salas agrupadas I (alunos de dois a três anos), II
(alunos de quatro a cinco anos) e a sala do 1º ano do Ensino Fundamental (alunos com seis
anos), do turno matutino, principalmente na sala ambiente de Educação Sensorial, durante os
anos de 2006, 2007, 2008 e 2009 onde podemos avaliar a prontidão destas crianças para o
processo da linguagem escrita e a própria alfabetização como um todo.
Quanto à preferência do Método Montessori se deu porque durante a minha
graduação na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), muito superficialmente foi falado
da importância da Dr.ª Maria Montessori e o seu desempenho na área da educação. Anos
mais tarde tive a oportunidade ímpar de trabalhar no Grupo Santa Fé, instituição comandada
pela educadora Marilourdes Maranhão Mussalém, que defende o método a mais de 35 anos
na cidade de São Luís do Maranhão.
Ao lado desta pedagoga pude compreender a filosofia e o Sistema Montessoriano,
me fazendo repensar em todas as outras correntes educacionais já estudadas e difundidas na
história da educação, aguçando a minha curiosidade no Sistema Montessori, no trabalho
desenvolvido nas salas ambientes e especificamente no ambiente de Educação Sensorial; área
que proporciona as crianças desenvolverem e aprimorarem todos os sentidos; mas
principalmente a importância do desenvolvimento tátil muscular para a linguagem escrita.
Entretanto, torna-se imprescindível pesquisar sobre o Sistema Montessoriano,
quem é o professor montessoriano e qual a relação deste professor/observador com o
aluno/pesquisador, qual o nível de conhecimento este professor tem para não desrespeitar o
ritmo do aluno ou do grupo; o que consiste a sala agrupada; o que é uma sala ambiente e
Estudo do sistema educacional ... 11
quais materiais compõe as áreas: Educação Sensorial, Educação Cósmica, Vida Prática,
Matemática e Linguagem com suas respectivas disposições; quais as contribuições da
educação sensorial no processo de alfabetização e acima de tudo, o método Montessori, o
desenvolvimento psicomotor da criança, seus estágios do desenvolvimento e as
manifestações do pensamento infantil, como favorecer um plano de ação individual para
acompanhamento das dificuldades e/ou superações no caminho para a aquisição da
linguagem escrita e da alfabetização.
Esta pesquisa visa contribuir para o estudo da criança, especialmente no que diz
respeito à sua aquisição da linguagem escrita e alfabetização com um todo, utilizando a
Educação Sensorial, vinculada à questão do desenvolvimento, aprimoramento e o requinte da
coordenação motora do aluno, no tocante a sua futura linguagem escrita e seu processo de
alfabetização. A escolha e a delimitação do problema desta pesquisa são oriundas de
inquietações surgidas a partir da trajetória acadêmico-profissional.
1.5 Marco Teórico da Pesquisa
A pesquisa está fundamentada principalmente nas obras de Maria Montessori e os
seus seguidores da filosofia montessoriana, como por exemplo, Vera Lagôa, Júlio Maran,
Edimara de Lima, Talita de Almeida, Ana Lagôa; Yara Malheiros, Mário Montessori Júnior,
Augusta Emma Elga Heder Barbosa do Amaral, Izaltina de Lourdes Machado, Helena
Lubienska de Lenval, Marilourdes Mussalém, entre outros. Mas constam também outros
teóricos da educação mencionados no presente estudo com suas respectivas contribuições.
Montessori se destaca, neste contexto porque inicia suas intervenções com as
crianças especiais, da clínica psiquiátrica na Universidade de Roma onde observou o
Estudo do sistema educacional ... 12
comportamento das crianças, descobrindo as suas reais necessidades e desenvolveu os
materiais específicos para inicio do seu trabalho educacional.
Montessori ensinou a ler e a escrever algumas crianças deficientes, internas na
clínica onde trabalhava, as quais, submetidas a exames em escolas públicas,
alcançaram resultados semelhantes aos obtidos pelas crianças normais
(MONTESSORI, 1965; LAGOA, 1981).
Ao defender o respeito ao ritmo próprio e o amor pela criança, a importância dos
períodos sensíveis, a Mente Absorvente, a necessidade do movimento, o ambiente preparado,
a disciplina, a liberdade, à independência, o novo papel da escola e do professor; Montessori
deu início a sua carreira no campo educacional, criando o Sistema Montessoriano, método e
filosofia que atendia às diferenças individuais do ser infante.
Através de suas constantes observações e registros dos comportamentos das
crianças, começou a surgir o que foi denominado de método montessoriano.
Este método compreende três etapas: 1ª exercícios de Vida Prática; 2ª
exercícios para o desenvolvimento sensorial; e 3ª exercícios para a aquisição
de cultura (MONTESSORI, s.d. LAGOA, 1981).
Um dos principais princípios foi e continua sendo o respeito ao ritmo individual
do aluno, a criança tem a chance de ampliar as suas potencialidades, com liberdade,
autonomia e independência. O aluno aqui é considerado o construtor do seu próprio
conhecimento. E a sala de Educação Sensorial desenvolvida no Sistema Montessori, prepara,
desenvolve, aprimora e requinta todos os sentidos essenciais para o processo de aquisição da
linguagem escrita.
Montessori procurava expor a importância do respeito à fase infantil como um
período ímpar e necessário, que deve ser plenamente vivido; pois a criança era e é um ser
Estudo do sistema educacional ... 13
único, em pleno desenvolvimento, carregado de potencialidades inatas. Desta forma, concebe
a fase infantil como uma etapa natural no processo de desenvolvimento, não sendo
considerada como uma fase negativa que deva se acabar logo, mas sim; experimentado a todo
o momento, independente do contexto e ambiente, isto é, todo e qualquer lugar pode se
transformar num ambiente educacional, basta apenas o educador aproveitar as oportunidades
e desenvolver uma aula com aprendizagem significativa, a partir da curiosidade do seu aluno.
Conforme Montessori (1965), o professor montessoriano precisa observar a
criança, sem realizar nenhuma interferência, apenas quando for solicitado. Nas atitudes do
professor montessoriano, os castigos são eliminados e os elogios são prudentemente
enunciados. Este profissional da educação deve favorecer a criança acessibilidade aos
materiais, necessários para cada fase em que suas crianças se encontram, pois as próprias
crianças pegam, trabalham e depois espontaneamente, os devolvem ao seu lugar de origem.
O trabalho na sala montessoriana é individualizado, respeitando sempre o ritmo
próprio de cada criança. O professor montessoriano registra os comportamentos de seus
alunos individualmente. Não são feitas comparações entre as crianças, independentemente se
elas tenham ou não a mesma idade, mas deve-se comparar a criança com ela mesma, nas suas
diferentes etapas do seu aprendizado, ou seja, observando e registrando o seu crescimento,
independência, curiosidade, observação e sua auto-educação.
1.6 Metodologia
O tipo da pesquisa é considerado como descritiva e não experimental, a
abordagem metodológica utilizada foi o estudo de caso e para a coleta de dados foi
empregada a técnica de observação direta através dos instrumentos como a aplicação de
questionários com professoras, auxiliares pedagógicas e mães e entrevistas com a
Estudo do sistema educacional ... 14
coordenadora pedagógica e a diretora geral do Colégio Santa Fé Criança. O processo técnico
metodológico desta dissertação de mestrado foi definido após a determinação do problema e
a elaboração dos objetivos.
A investigação caracteriza-se como bibliográfica, documental a partir de análise
feita com a Lei de Diretrizes e Base da Educação (9394/96), e quantiqualitativa, tendo a
concepção dos sujeitos participantes como sujeitos sociais, aptos a produzir os conhecimentos
necessários para compreensão de si e do seu entorno. No que se trata ao referencial teórico, o
mesmo não causou dificuldade para encontrar materiais relacionados ao tema, pois existe um
acervo muito grande sobre o Sistema Montessori na Biblioteca Mª Montessori da Faculdade
Santa Fé, paralelamente com as aquisições de livros, documentários e artigos em congressos
realizados em todo o país pela OMB, e acessos a Internet. Entretanto foram encontrados
alguns empecilhos durante a pesquisa como a falta de receptividade por parte de um membro
do corpo docente e a ausência de maior tempo das professoras para a troca de dados,
informações e outras entrevistas.
Mesmo o Colégio Santa Fé Criança oferecendo Encontros de Pais e Amigos na
Escola (EPA), reuniões mensais, informativos sobre as atividades do calendário escolar, etc.,
observou-se que a maioria dos pais coloca seus filhos nas instituições não por conhecerem a
Filosofia ou acreditarem no método trabalhado, mas, pela localização geográfica, valor da
mensalidade, e a lista de material escolar. Porém, não é relevante expor as dificuldades
encontradas deste contexto, e sim, relatar as situações determinantes do trajeto vencido para a
preparação e finalização do trabalho.
Este trabalho utilizou como fonte de análise os discursos de Maria Montessori
sobre a descoberta da criança, assim como pesquisas sobre a Pedagogia Tradicional. Como
parâmetros foram utilizados autores que discutem a educação tais como: Rousseau, Jean
Piaget, Skinner, Dewey. Tanto a OMB (Organização Montessori do Brasil) engrandeceu este
Estudo do sistema educacional ... 15
trabalho, fornecendo subsídios sobre o método em relação à educação infantil, as salas
ambientes, as salas agrupadas, as áreas trabalhadas, o papel do professor, etc. Como também
o Colégio Santa Fé, espaço de observação; uma instituição Montessoriana que trouxe parte da
teoria e prática para minha pesquisa. A pesquisadora deste trabalho científico, pertence ao
mesmo grupo que investiga.
1.7 Organização dos Capítulos
Para a realização da pesquisa primeiramente houve um estudo profundo sobre o
Sistema Montessori, depois verticalizamos a pesquisa para a importância da Educação
Sensorial na preparação indireta para a alfabetização de crianças do segmento da Educação
Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Fé Criança, buscando
inicialmente aprofundar as informações acerca do que se considerava indispensável. Essa
idéia proporcionou leituras sobre a retrospectiva da vida e obra de Maria Montessori e a sua
visão de educação, a história da educação das crianças pequenas, o que seria uma instituição
montessoriana, levando em consideração o ambiente, a mobília, a liberdade de
desenvolvimento e a linha; o papel e as atitudes do professor montessoriano; a importância do
silêncio e a lição em três tempos; as áreas trabalhadas no ambiente escolar como à Vida
Prática, linguagem, matemática, Educação Cósmica, etc.; a importância da Educação
Sensorial e finalizando o trabalho foram elaboradas as considerações finais, apresentando as
observações, analises e resultados que favorecerão a melhoria da qualidade de ensino no
tocante ao desenvolvimento da criança, permitindo inclusive, a construção de um ser mais
independente, autônomo, justo e crítico.
O primeiro capítulo traz o panorama geral do trabalho relatando a história da
educação mundial e o surgimento do Sistema Montessori, sem deixar de enfatizar a
Estudo do sistema educacional ... 16
contribuição de outros teóricos como Decroly, Vygotsky, etc. A escolha desses teóricos se
deu por conta da contemporaneidade deles com Maria Montessori, porém, enfatizamos
principalmente aos princípios, fundamentos e contribuições do Método Montessori para a
educação da criança.
O segundo capítulo discorre-se sobre a retrospectiva da vida e obra da italiana
médica educadora, Maria Montessori, ressaltando a sua visão de educação proporcionada
pelo seu sistema educacional ao desenvolvimento infantil. No terceiro capítulo aborda-se
sobre uma linha do tempo da história educacional das crianças pequenas, da antiguidade até
os dias atuais, numa visão mundial e a nível de Brasil. O quarto capítulo fala especificamente
sobre as características de uma instituição montessoriana: seu ambiente, a mobília, a
liberdade de desenvolvimento e a linha, como e o porquê dela na sala montessoriana.
No quinto capítulo foram abordadas as contribuições da médica educadora em
relação o papel do professor, suas atitudes e seu comportamento observador, a importância do
silêncio e a lição em três tempos. O sexto capítulo apresenta informações sobre as áreas
trabalhadas no ambiente escolar como à Vida Prática, linguagem, matemática, Educação
Cósmica, etc. O sétimo capítulo enfatiza a importância da uma Educação Sensorial na sala
ambiente, com alunos da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental do Colégio
Santa Fé Criança. O oitavo capítulo refere-se ao marco metodológico e o próprio estudo de
caso realizado no Colégio Santa Fé Criança em São Luís do Maranhão/Brasil.
O nono capítulo se traz os resultados das pesquisas realizadas com as professoras,
auxiliares e mães, utilizando gráficos e tabelas. E para finalizar a investigação elaboraram-se
as considerações finais que trará análises das coletas de dados sobre as contribuições do
trabalho com a Educação Sensorial no Sistema Montessoriano para o desenvolvimento da
linguagem escrita e conseqüentemente as recomendações finais.
Estudo do sistema educacional ... 17
2. Dr.ª MARIA MONTESSORI
Raros nomes da história da educação foram tão disseminados fora dos círculos de
especialistas como o da Doutora Maria Montessori. Seu nome é vinculado, com razão, à
Educação Infantil, embora que não sejam muitos os que conhecem intensamente o Sistema
Montessoriano ou a sua instituidora. Montessori foi uma das primeiras mulheres a se graduar
em medicina na Itália, ela também foi precursora no campo educacional ao dar mais destaque
à auto-educação da criança do que ao papel do docente como fonte de informações.
A professora Talita de Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Educação
Montessoriana, diz que Montessori defendia a educação como uma conquista da criança; pois
o ser ao nascer possuía a capacidade de ensinar a si mesmo, se a ele fossem dadas as
condições necessárias. De acordo com uma edição especial da Revista Cláudia (2005) 2
Montessori nasceu em 31 de Agosto de 1870, na cidadezinha de Chiaravalle na região de
Marche, Itália Central, onde apostavam que no máximo Maria Montessori poderia vir ser
professora, carreira apropriada ao “sexo frágil” naquela época. Por sorte sua a mãe não era
uma mulher igual às outras, era uma leitora ávida e defensora dos direitos femininos, “a
signora” 3 Renilde jamais cogitou dar á filha a mesma educação das meninas da época.
Incentivou-a, desde pequena, a ser líder, a ficar á vontade entre adultos e até a não ter medo
de discordar da opinião dos pais. Fez pé firme quando o marido, os parentes e os amigos
discordaram das ambições da adolescente: primeiro, fazer uma escola técnica: depois outro
absurdo, cursar a faculdade de medicina. Foi provavelmente com a mãe que Maria descobriu
2 Trecho retirado da reportagem , Mulheres à frente do seu tempo , Montessori, A Maria que não foi como as
outras. Revista Cláudia, Outubro de 2005 - pág. 221
3 Senhora em italiano.
Estudo do sistema educacional ... 18
que mais tarde seria a linha mestra do método pedagógico que criou, verdadeira revolução no
ensino: a importância de respeitar a individualidade dos alunos.
"É a característica da escola montessoriana criar um ambiente propício para as
crianças, levando considerando inclusive a decoração dos espaços e os
materiais adequados ao desenvolvimento infantil“. É fundamental educar os
sentidos, depois o intelecto, “acreditava Maria, que defendia a tese de que os
pequenos deviam ter a liberdade de escolher o que desejavam trabalhar.
(Revista Cláudia, 2005, p. 221).
Os fundamentos da Filosofia Montessoriana eram baseados na individualidade,
atividade e liberdade da criança, com destaque para a importância do indivíduo como,
respectivamente, sujeito e objeto da educação.
Montessori acreditava numa concepção educacional que se amplia além da
acumulação de informações oferecidas pelas instituições educacionais. A finalidade da escola
é a desenvolvimento holístico da criança, preparando-a para a vida. O Sistema
Montessoriano, formado por uma filosofia e aplicação de um método científico, busca
desenvolver a potencialidade criativa do ser desde o início da sua infância.
2.1 Sua História de Vida
No dia 31 de agosto 1870 nascia em Chiaravalle, província de Ancona (Itália),
Maria Montessori. Filha de Alessandro Montessori (Figura 01), descendente nobre e
conservador, com Renilde Stoppani, descendente de um ilustre sacerdote filósofo-cientista
Antonio Stoppani.
Estudo do sistema educacional ... 19
Alessandro Montessori e sua esposa, conscientes que naquela época, aos 12 anos
as meninas deixavam de estudar pra aprender uma educação voltada para as prendas do lar, o
casamento e a criação dos filhos; decidiram mudar-se para Roma com o objetivo de oferecer
a Maria Montessori uma educação diferenciada, com melhores oportunidades de ensino, para
não ter que favorecer a sua filha apenas as duas alternativas que eram colocadas ao sexo
feminino daquela época: o matrimônio ou o ingresso na profissão de educadora.
Figura 01 - Alessandro Montessori e Renilde Stoppani,
Fonte: http:// www.janavila.tipos.com.br/posts/tag/gressoney
Aos 14 anos (1884), Maria Montessori inicia seu curso secundário mostrando
grande interesse pela área da matemática, finalizando-o em 1887, decidindo ingressar no
curso de engenharia; curso este freqüentado apenas pelos homens até então.
Todavia, Maria Montessori percebeu também que havia nela aptidões na área da
psicologia e da medicina e se tornou a primeira mulher italiana médica, doutorando-se em
1896; durante os dois primeiros anos, a Dr.ª Montessori (Figura 02) trabalhou em hospital
com crianças com deficiências e as suas observações clínicas a levaram a analisar como as
crianças construíam sua aprendizagem e aprendiam a partir do que seu ambiente
proporcionava.
Porém, não podemos deixar de ressaltar a grande influência que Montessori
obteve na sua formação médica, com o contato dos estudos do médico francês Jean Marie
Estudo do sistema educacional ... 20
Gaspard Itard4 e também de Eduardo Séguin
5 que a auxiliaram, organizando melhor o
trabalho na Clínica Psiquiátrica. Montessori (1965) diz que “os trabalhos de Itard são
descrições minuciosas, muito interessantes, das tentativas e experiências levadas a efeito
nesse terreno, e deve-se admitir que representam os primeiros passos no caminho da
pedagogia experimental.”
Figura 02 - Doutora Maria Montessori
Fonte: http:// http://www.ordemlivre.org/node/476
Em 1898, ocorreu o nascimento de Mário Montessori seu único filho, fruto de um
relacionamento com seu colega de trabalho, Dr. Giuseppe Montesano. Mário Montessori
tornou-se um apreciador inusitado de Maria Montessori, porém, só descobriu que ela era sua
mãe após muitos anos, pois fora criado por outra família; por conta da discriminação que
Maria Montessori outrora pudesse passar, porque de acordo com o contexto daquela época a
mulher que fosse mãe solteira era algo muito criticado pela sociedade.
Entretanto, Montessori se mostrara uma mulher formidável para sua época, se
apropriando de suas observações e investigações; começou a difundir pelo mundo, em
4 Médico e psiquiatra francês que ganhou destaque na história da psiquiatria alienista francesa do século XIX,
como responsável pelo tratamento de uma criança retardada encontrada em Aveyron. Descreveu pela primeira
vez a Síndrome de Tourette e especializou-se no órgão de audição e suas doenças. Influenciou Maria Montessori
com suas pesquisas e método para tratar pessoas surdas. 5 Discípulo de Itard, Séguin ocupou-se essencialmente dos problemas do tratamento e ensino das crianças
dementes e atrasadas mentais, sendo as suas obras consideradas como das mais importantes na história da
educação. Exerceu forte influência sobre os estudos de Maria Montessori.
Estudo do sistema educacional ... 21
conferências; as suas idéias sobre os métodos educativos para crianças com deficiência
mental.
Porém, contrariamente à opinião de meus colegas, tive a intuição de que o
problema da educação dos deficientes era mais de ordem pedagógica do que
médica; enquanto nos congressos médicos defendia-se o método-pedagógico
para o tratamento e educação das crianças, eu apresentava no Congresso
Pedagógico de Turim, em 1898, um trabalho defendendo a tese da educação
moral. (MONTESSORI, 1665, p. 27)
As idéias de Montessori foram sendo cada vez mais absorvidas pela sociedade, ao
ponto de receber do Ministro da Instrução, Dr. Guido Baccelli, a incumbência de palestrar em
uma série de conferências sobre a educação das crianças excepcionais, como se fora um
curso; o qual se transformou na Escola Ortofrênica, da qual foi diretora até 1900. Montessori
(1965) dizia que “é mais importante, após ter tido em Londres e em Paris estudando a
educação dos deficientes mentais, dediquei-me eu mesma ao ensino dessas crianças e orientei
as educadoras de crianças excepcionais do nosso Instituto. Trabalhei muito mais do que uma
professora elementar, ensinando as crianças, ininterruptamente, das 8 às 19 horas. Esses dois
anos de prática constituem verdadeiramente, o meu primeiro título em pedagogia.
Durante dois anos, Montessori, trabalhou incansavelmente nesta instituição,
procurando colocar em prática toda a sua filosofia, onde acreditara na educação das crianças
com deficiências; sendo guiada pelo livro de Séguin, e as experiências de Itard, que
favoreceram a Dr.ª, a fabricação de material didático riquíssimo. Montessori, após a
permanência na Escola Ortofrênica, deixou de trabalhar com as crianças que apresentavam
limitações e passou a investir as suas idéias pedagógicas com as crianças consideradas
“normais”. Em 1907, foi criada a primeira escola para crianças pequenas dos três aos sete
anos de idade, foi batizada com o nome “Casa dei Bambini”. Era uma casa com mais ou
Estudo do sistema educacional ... 22
menos cerca de cinqüenta crianças desfavorecidas, de aspecto bruto, introvertido e triste,
quase todos, filhos de analfabetos, pertencentes a um bairro pobre da cidade de Roma,
conhecido de San Lorenzo6, que tinham sido confiadas aos cuidados de Maria Montessori.
Esta nova experiência permitiu o nascimento de uma nova Pedagogia, a
Pedagogia Científica; fundamentada no Método Experimental e amparada por inúmeras
teorias que iriam envolver muitos seguidores. A propagação da Educação Montessoriana foi
ganhando força, favorecendo assim a proliferação de outras instituições denominadas de
“Casa dei Bambini” (Figura 03), inclusive no mesmo ano e nos anos seguintes.
A 7 de abril do mesmo ano, uma segunda “Casa dei Bambini” foi aberta
no mesmo quarteirão San Lorenzo, e a 18 de outubro de 1908,
inaugurava-se uma “Casa dei Bambini” num quarteirão operário de
Milão, sob a direção da senhorita Anna Maccheroni, enquanto que a
Casa do Trabalho, da mesma Sociedade, se encarregava da fabricação do
material educativo que eu planejara. Já em novembro, outra “casa dei
Bambini” era inaugura em Roma, não mais num quarteirão popular, mas
num conjunto burguês moderno; e, rapidamente, inúmeras “Casas dei
Bambini” foram surgindo pelo país afora. (MONTESSORI, 1665 p. 38)
Figura 03 - Casa dei Bambini
Fonte: http://country-meadows-montessori.com/?page_id=167
6 Bairro da periferia de Roma
Estudo do sistema educacional ... 23
Em 1912, Montessori parte para os Estados Unidos, onde participa de conversas
com educadores que estavam interessados no seu método educacional. Neste mesmo ano é
difundida a sua obra: “The Montessori Method”. Em 1917, Montessori recebe uma carta de
Freud:
Fiquei profundamente sensibilizado ao receber sua carta. Como qualquer
pessoa que estuda a psique da criança, eu estou realmente solidário com os
seus esforços que mostram ao mesmo tempo um amor, tanto quanto um
entendimento da pessoa. Minha filha, que é pedagoga analítica, considera-se
uma de suas seguidoras. Fico muito feliz em assinar meu nome depois do seu,
no apelo para a fundação de um pequeno instituto como o planejado pela Sra.
Schaxl. A posição que meu nome pode levantar deverá ser encoberta pelo
brilho que emana do seu. Sinceramente, Freud. (MARAN, 1977, p.13).
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Dr.ª Maria Montessori se
transfere para a Índia, por dois grandes motivos, o primeiro precisava exilar-se, pois suas
opiniões contrapunham-se às de Benito Mussolini, que no período administrava a Itália sob o
regime fascista, e o segundo porque era motivada pelo desafio de educar um povo pobre,
diferente e com uma cultura peculiar desta região; a pedido do grande líder espiritual de
Gandhi; permanecendo neste país por alguns anos, estudando, pesquisando e escrevendo.
Os princípios da filosofia indiana acabaram sendo incorporados à proposta de
Montessori, isto é, a introspecção, a Educação Cósmica, a educação para a paz, o silêncio, a
normalização, a harmonização, o autocontrole e a condição de educar-se; enriquecendo cada
vez mais a Educação Montessoriana.
Posteriormente a guerra, Montessori se estabeleceu na Holanda, onde instituiu a
Association Montessori Internationale (AMI). Sua figura era homenageada em congressos e
encontros por todo o mundo, tanto que em 1948, e em 1949, foi indicada para o prêmio Nobel
Estudo do sistema educacional ... 24
pelo seu trabalho educacional voltado para a paz e acabou sendo convidada para trabalhar na
UNESCO nos Estados Unidos (Figura 04).
Figura 04 - Indicada para o prêmio Nobel
Fonte: http:// www.janavila.tipos.com.br/posts/tag/gressone
Montessori, em 1951, ministrou em Londres o último curso internacional com o
tema "Educação como um apoio ao desenvolvimento natural do psiquismo da criança do
nascimento à universidade".
O Sistema Montessoriano de Educação difundiu-se em todo mundo e no dia 06 de
maio de 1952, em Noordwijk (Holanda), Maria Montessori deixa de existir fisicamente aos
oitenta e dois anos de idade; escolheu ser cremada, sem achar imprescindível que tal ato fosse
feito na Itália, pois se considerava: cidadã do mundo.
Por conta do seu trabalho Maran (1979, p. 137) comenta que sua obra foi fruto do
idealismo, de sacrifício, de esforço permanente a serviço da criança. Sua vida foi reflexo da
pobreza evangélica. A recompensa se situava no nível do espírito: “é sempre tocando os
corações e conquistando as almas que podemos sentir satisfação e alegria: esta é a nossa
verdadeira e única recompensa”. No entanto, a sua proposta pedagógica e os seus ideais,
continuaram através dos seus alunos e discípulos como, por exemplo, Mário Montessori e
Lubienska de Lenval, por todos os continentes até os dias atuais.
Maria Montessori edificou a sua história particular, intelectual e científica
dedicando-se por mais sessenta anos, ao estudo e à investigação da formação do homem;
Estudo do sistema educacional ... 25
construindo a sua vivência com bastante autenticidade, enfrentando a sociedade, a educação e
a política de seu tempo. De maneira concreta e apaixonada; pode-se considerá-la uma
guerreira, pois, no seu caminhar sempre utilizava da sua intuição e ousava idéias elucidadas,
concebendo e experimentando novas alternativas, contestando as tradições e os dogmas,
lançando-se com bravura às novas necessidades e às novas perspectivas da Criança, da
Educação, e do Ser Humano.
2.2 A Criança e o Seu Desenvolvimento
A Dr.ª Montessori baseava-se na teoria de que o ser humano surge sem os
instintos pré-estabelecidos, como os diversos animais, precisando capturar e abstrair as
impressões do local onde se encontra para constituir sua vida espiritual. Sua extensa infância
provém da necessidade de ter mais tempo para formar seu organismo psíquico e espiritual.
Segundo Montessori (1965), o sujeito apresenta manifestações diferentes e necessidades
precisas em cada uma das etapas de crescimento. Desta forma, Montessori defende em sua
teoria três fases muito importantes para o ser humano.
Figura 5 – Fases de Crescimento do Ser Humano
Fonte: Pedagogia Científica, 1965.
FASES DE CRECIMENTO
MENTE ABSORVENTE
IDADE
SERENAADOLESCÊNCIA
Estudo do sistema educacional ... 26
A primeira fase chama-se de “Mente Absorvente”, que corresponde à idade de
zero a seis anos, é caracterizado por um período de muita criação, pois se desenvolve a
individualidade, imprescindível à posterior concepção do ser social. É necessário que o ser
humano tenha um equilíbrio interior para também encontrar, equilíbrio em relação à
sociedade.
“A autora da „Pedagogia Científica‟ enfatizou os „períodos sensíveis‟ da
criança como básico à vida posterior: o período sensível é uma base para
aquisições maravilhosas que mais tarde o homem não mais poderá efetuar”.
(MARAM, 1977 p. 36)
Especialmente os dois primeiros anos, no plano físico, há um amplo
desenvolvimento da criança. O recém-nascido por meio dos seus sentidos percebe o mundo a
sua volta, e retira do ambiente, as impressões que construirão, pouco a pouco, seus intelecto.
Nesta fase, a aquisição da linguagem consente à criança, a compreensão da fala do adulto, da
mesma forma que favorecerá a sua própria fala, exprimindo suas necessidades, tomando-a
menos dependente, e inclusive desenvolvendo também seus pensamentos.
Montessori defende que a criança, a partir dos dois primeiros anos começa,
conscientemente, a captar o mundo através do toque, através das suas mãos. A mão nesta fase
ganha um importante reconhecimento, ela se torna um “instrumento do cérebro”, pois é por
meio da sua utilização que a criança enriquece seu intelecto e desenvolve sua experiência.
Neste direcionamento Montessori (1979, p. 130 -131) defende que as mãos estão
ligadas à vida psíquica afirmando que “o estudo do desenvolvimento psíquico da criança está
intimamente ligado com o estudo do desenvolvimento do movimento da mão. [...] A
apreensão, que era num primeiro período inconsciente, torna-se consciente; e como se vê, no
campo do movimento, é a mão e não o pé que chama a atenção da consciência”
Estudo do sistema educacional ... 27
O período que Montessori refere-se à Mente Absorvente divide-se em duas
etapas: a primeira que vai do nascimento aos três anos e a segundo que vai dos três anos aos
seis. A primeira caracteriza-se por enorme crescimento corporal e desenvolvimento mental.
Os processos neuropsicológicos e cognitivos começam a ser desenvolvidos e aperfeiçoados
através da sua vontade de descobrir, da sua ação curiosa em relação ao seu entorno.
A criança nesta fase conquista o ambiente que a cerca, absorvendo as
impressões do mundo exterior através do seu sistema sensorial. Montessori
define esta fase como Mente Absorvente inconsciente, onde as crianças
podem, através dos seus órgãos dos sentidos, satisfazer suas necessidades
naturais como o apalpar, cheirar, saborear, etc., preparando-as para as futuras
atividades cognitivas acadêmicas. São oferecidos como uma espécie de chave
para abrir uma porta à exploração das coisas exteriores como uma chama que
na escuridão (no estado inculto) não se poderia ver. (MONTESSORI, 1985, p.
203).
A segunda etapa da Mente Absorvente corresponde dos três aos seis anos, é
caracterizado por grandes transformações, pois a criança demonstra interesse muito grande de
crescer, agindo no ambiente de forma consciente para satisfazer suas necessidades
exploratórias.
Montessori (1985) denomina essa etapa de Mente Absorvente consciente, onde a
criança exerce a sua vontade e acaba sendo o seu próprio guia explorando o mundo com suas
mãos, com o objetivo de aperfeiçoar e enriquecer as aquisições já feitas; sendo assim, pode-se
considera esta etapa como um momento de aperfeiçoamento construtivo por meio de
experiências ativas. Não são mais apenas os sentidos, mas a mão que se transforma num
órgão de captação da inteligência.
Estudo do sistema educacional ... 28
A segunda fase é conhecida como a “Idade Serena ou Período do Crescimento”
que corresponde à idade de seis a doze anos. É caracterizado por sinais de mudanças, por
exemplo, seus dentes de leite são trocados e o seu corpo começa a modelar-se. O ser infantil
começa a perder a especialidade do egocentrismo que se iniciou na fase anterior e apresenta-
se aberta ao mundo exterior.
A criança aqui atinge certo equilíbrio para continuar a se desenvolver
harmoniosamente consigo mesmo e com a sociedade, pois já terá ultrapassado os períodos
sensíveis. Nesta fase a criança procurará conhecer o mundo e chegará aos conceitos abstratos
com a ajuda do material sensorial (Figura 06), desenvolvendo assim a faculdade de
raciocínio. Neste momento tomará consciência de grupo e da necessidade do contrato de
convivência/regras.
Tabela 1: Período do desenvolvimento Humano
Fonte: Mazzetti, 2007
PERÍODO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
ESTAÇÕES NÍVEL DE ENSINO SLOGAN MONTESSORIANO
I Educação Infantil Ajuda-me a fazer por mim mesmo
II Ensino Fundamental Ajuda-me a pensar por mim mesmo
III Ensino Médio Ajuda-me a pensar com você
Figura 06 - Material Sensorial
Fonte: http://www.montessori-n-more.com/images/sensorial_2.jpg
Estudo do sistema educacional ... 29
Anteriormente, a professora perfeita era aquela que, não interferindo, deixava
a criança agir. O mesmo procedimento não se aplica agora. Porque a criança
vive duas experiências paralelas, sua existência em casa e a sua existência na
sociedade. Isto é um fato novo. (MONTESSORI, 2006, p. 37).
E por ultimo a fase da “Adolescência ou Período das Transformações” que
corresponde dos doze aos dezoitos anos de idade. É caracterizada por amplas mudanças
físicas que geram transformações psicológicas (hesitações, desânimo, alteração de humor,
dúvidas, queda brusca da capacidade cognitiva).
Esta fase é dividida em puberdade, que corresponde dos doze aos quinze anos, e a
adolescência, que vai dos 15 aos 18 anos. O adolescente necessita ter apreciada a sua
personalidade, sua autoconfiança e sua competência de adaptação à realidade do seu
contorno, pois existe uma precisão muito forte de "viver a sociedade". Apresenta também
nesta fase também o interesse pelo trabalho que está relacionado ao dinheiro e ao desejo de se
tomar independentemente.
Esse período é igualmente crítico do ponto de vista psicológico. É a idade das
dúvidas e das hesitações; emoções violentas, do desânimo; acontece, nesse
momento, uma diminuição das capacidades intelectuais. A dificuldade para se
concentrar nos estudos não se deve a uma falta de vontade: ela constitui uma
das características psicológicas dessa idade. (MONTESSORI, 2006, p.116).
Durante este fase o adolescente dá início à tomada de consciência de que ele é um
ser social e que participa de uma sociedade. Terá aflição dos que passam misérias e começará
a tomar posicionamento, muitas vezes estranho em relação à família e a sociedade como um
todo, pois se imagina responsável pelas coisas que acontece na escola, na família, no seu
bairro, na sociedade em geral pelo fato de não ter revelado as suas verdades, surgindo aqui às
grandes vocações para defender pequenas ou grandes causas.
Estudo do sistema educacional ... 30
Desta forma, Maria Montessori elaborou seu método de educação direcionada
para todas as etapas do desenvolvimento do ser humano, pois se preocupava em atender às
necessidades das crianças em cada momento de suas vidas.
2.3 A Contemporaneidade Do Sistema Montessori
Em julho de 2006, aconteceu em Salvador - Bahia a IV Conferência Latino-
Americana da Organização Montessori do Brasil que trazia como temática geral do congresso
a contemporaneidade do Sistema Montessori. Neste evento houve presença de expositores
estrangeiros, apresentação de ambientes preparados montados especificamente para que os
congressistas observassem a dinâmica de uma sala ambiente montessoriana. Dentre os
palestrantes havia um grande estudioso da obra de Montessori, professor de Pedagogia e
Filosofia da Università degli Studi TRE (Itália), diretor do Centro Internacional Montessori
de Perugia (Itália), escritor e conferencista Internacional, Luciano Mazzetti, que ofereceu
uma nova interpretação aos períodos de desenvolvimento humano, no seu livro “as estações
da vida”, lançado oficialmente em 2007. (Quadro1)
A primeira estação era referente ao segmento da Educação Infantil que se
caracterizava por ser uma fase da imaginação reprodutiva e tinha como slogan montessoriano
“Ajuda-me a fazer por mim mesmo.” A segunda estação refere-se ao segmento do Ensino
Fundamental que se assinalava como a fase da imaginação criativa, onde está disponível uma
porta para a abstração e a entrada da criança no universo da cultura. O montessoriano aqui
defendido era “Ajuda-me a pensar por mim mesmo.”. A terceira estação era direcionada ao
Ensino Médio que proporciona o surgimento do ser social. O slogan relacionado a esta fase é:
“Ajuda-me a pensar com você.” E a quarta e ultima estação direciona-se ao mundo do adulto
Estudo do sistema educacional ... 31
que se caracterizava como a etapa do cuidado, fase da solidariedade e da função paterna. O
slogan pertinente é “Ajuda-me a pensar por você.”
Luciano Mazzetti considerou em seus escritos que o ser humano quando atravessa
de uma estação à outra, este acaba mudando seus olhares, sejam eles a do coração, da mente
ou a do corpo. O professor Mazzetti (2007) considera a vida como uma unidade, e desta
forma ressalta que cada estação deve ser considerada como a ampliação de algo que já tinha
sido iniciada na fase anterior. Diante deste contexto podemos afirmar que a problemática
educacional da criança, num panorama geral, é o não oferecimento de condições que
promovam o desenvolvimento dela, de acordo com cada estágio de vida e nem satisfazendo
as suas necessidades peculiares. É relevante sensibilizar e conscientizar os educadores que a
educação oferecida à criança deve atender às suas necessidades individuais diante do seu
momento adequado.
A Dr.ª Montessori contribuiu de maneira grandiosamente para a ciência da
infância, descobrindo também os consecutivos períodos sensíveis da criança, dentro dos quais
conseguem realizar novas descobertas e aquisições específicas e especiais. O estado sensível
da criança pequena direciona-a a uma estrutura psíquica primitiva que poderá continuar
oculta, trazendo inclusive, conseqüências irreparáveis no desenvolvimento de sua futura
organização psíquica. Maria Montessori fala em sua obra A Criança, das estruturas psíquicas
da criança após ter se fundamentado nos estudos do cientista Hugo de Vries, que achou os
períodos sensíveis em animais.
[...] Foi o sábio holandês Hugo De Vries quem descobriu os períodos sensíveis
nos animais, mas fomos nós nas nossas escolas, na vida das crianças e na
família que caracterizamos estes períodos sensíveis no crescimento infantil e
os utilizamos na educação. (MONTESSORI, 1987, p. 43).
Montessori (1987) define os períodos sensíveis assim:
Estudo do sistema educacional ... 32
Trata-se de sensibilidades especiais que se observam nos seres em
crescimento, isto é, nos estados infantis, e que são passageiras e se limitam à
aquisição dessas características, terminando a sensibilidade com a aquisição
dessa característica. (MONTESSORI, 1987, p. 43).
A médica italiana ressalta que no percurso do desenvolvimento da criança, ela
passa por períodos sensíveis específicos que demonstram as suas potencialidades e
habilidades psicológicas. Estes períodos desaparecem aos poucos e são substituídos por
outro, completamente diferente. É por esta razão que a criança, em algumas das fases de sua
vida, demonstra enorme interesse por determinados objetos ou exercícios, e após algum
tempo esta fixação desaparece de forma natural.
[...] os períodos de sensibilidade ocorrem através de toda a juventude. Este
processo é tão amplo no homem simplesmente porque todos os aspectos de sua
personalidade se formam como resultado de suas próprias experiências ao
interagir com o meio ambiente dentro de uma dada comunidade [...]
(MONTESSORI JÚNIOR, s/d, p. 31).
Na realidade, Maria Montessori através de suas observações, antecipou a teoria
das Janelas de Oportunidades, recentemente, utilizadas pelos neurobiólogos. Conforme a
teoria citada existem períodos em que o cérebro da criança está maduro para adquirir com
maior facilidade certas aprendizagens.
Com o nascimento da neurociência, descobriu-se que os sentidos surgem no
período intra-uterino e que às sensações já ficam registradas na memória do embrião.
Atualmente, a neurociência explica que a experiência adquirida por meio dos estímulos
ambientais é determinante na construção de redes neuronais.
As células nervosas dos primeiros anos de vida são conhecidas como “neurônios
de base” que ficam esperando estímulos para ativar de forma mais intensa suas conexões ou
Estudo do sistema educacional ... 33
sinapses. Desta forma, tornam-se essencial para o processo neuronal da criança, os seus
primeiros anos de vida; pois o ser infantil está aberto para um grande número de conexões
entre suas células nervosas, e a esta fase denominamos de sinaptogênese.
Quanto mais sinapses, maior será a possibilidade dele processar e responder a
novos conhecimentos. Por mais favorável que seja a herança genética da criança, seu cérebro
precisa ser estimulado para ativar as atividades neuronais, principalmente nas importantes
etapas do desenvolvimento cerebral, as quais nomearam de janelas de oportunidades ou
janelas sensíveis.
Quanto mais estímulos forem ofertados ao cérebro da criança pequena, maior será
a sua potencialidade, inclusive nos processos: neurológico, cognitivo, psíquico e emocional.
Montessori defendia que a o processo ensino aprendizagem não é oriundo da transmissão do
adulto, mas de um processo espontâneo e natural do ser humano diante das suas experiências
alcançadas no seu ambiente.
2.4 Sistema Montessoriano: Uma Educação Direcionada para as Necessidades da Criança.
Segundo Maran (1977) o Sistema Montessori é um processo de educação e de
acordo com Montessori seria uma ajuda para que a personalidade humana conquiste a
independência, um meio de libertar a criança de opressões e de preconceitos, uma educação
para a normalização. A Normalização era compreendida por Montessori como a saúde física
e psíquica da criança, pois ela primeiramente precisa se normalizar, para estar apta para o
aprendizado, relacionando o processo ensino aprendizagem com normalização.
Maran ressalta ainda que “assim como o homem doente precisa primeiro sarar
para poder produzir segundo as possibilidades que existem nele por natureza, também é
preciso que a criança, primeiro se normalize, para depois progredir.” Desta forma, no Sistema
Estudo do sistema educacional ... 34
Montessoriano, compreende-se normalização como um processo de atualização das potências
latentes através de um exercício constante de diálogo com o verdadeiro; propiciando a
criança tanto assumir conscientemente o seu trabalho, desenvolvendo seus talentos, atitudes
tranqüilas, harmoniosas e delicadas, quanto ser disciplinada, sabendo seu lugar, ajudando e
respeitando o trabalho do outro.
Maria Montessori teve como objetivo fundamental educar para a vida, isto é,
favorecer a criança condições de desenvolvimento de sua personalidade plena,
de descobertas particulares, de ser professora de si mesma, de assumir seu
crescimento e desabrochamento numa dimensão humana e social; levando-a a
uma harmonia consigo própria, com a vida, com a natureza, com os outros e
com Deus. (MARAN, 1977, P.29).
Maria Montessori se rebelou contra a educação repressiva da sua época que foi
resultado de uma Pedagogia Tradicional, onde a escola tinha como função a preparação
intelectual e moral dos alunos para assumir seu papel na sociedade e os conteúdos eram
consideradas como conhecimentos e valores sociais acumulados através do tempo e
repassados aos alunos como verdades absolutas; estes conhecimentos eram inseridos através
da exposição e demonstração verbal da matéria e / ou por meios de modelos; onde a relação
professor-aluno dava-se pela autoridade do mestre que exigia atitude receptivo-passiva do
aluno.
A Pedagogia Tradicional considerava a aprendizagem como receptiva, mecânica
e não considerava as características próprias de cada idade da criança; entretanto, o Sistema
Montessoriano foi um dos primeiros métodos que tinha como principal enfoque as atividades
motoras e sensoriais da criança.
Estudo do sistema educacional ... 35
Foi ao mesmo tempo, o início do movimento de reforma pedagógica,
assinalado pela aparição dos métodos ativos, hoje admitidos pacificamente,
mas cuja inovação pareceu, nessa altura, revolucionária, e não faltou ser
cruelmente contestada. (MARAN, 1979, p. 149).
Percebendo a necessidade de mudar o do papel da escola, os conteúdos, o método
utilizado, a relação professor-aluno e a aprendizagem, Maria Montessori assume a posição da
criança no que tange os seus direitos.
No Congresso Internacional dedicado à Maria Montessori e o problema da
Educação no mundo moderno, o Papa Paulo IV (1970) comenta que “Maria Montessori teve
a genialidade de tratar a criança, a criança bem pequena, como uma pessoa, como um ser
vivo que tem suas leis de desenvolvimento próprio. Desde então, em vez de lhe imporem
desde o início leis concebidas por adultos, e inadequadas para a criança, ela foi incansável até
que o educador aceitasse, para desempenhar seu papel, de apagar-se, em vez de impor-se, de
estar presente, certamente, mas com toda a discrição, atento às primeiras reações, da criança,
muito mais significativas quando se exprimem num clima de liberdade coletiva e com
autonomia pessoal que Maria Montessori teve o dom de tratar com a criança, a pequenina
criança, como pessoa, como ser vivo que tem suas leis de desenvolvimento próprio”.
Desta forma, Montessori defende uma nova escola, uma escola que deve adequar
às necessidades individuais ao meio social, onde os conteúdos são estabelecidos a partir das
situações vivenciadas pela criança frente aos problemas; através das experiências, pesquisas e
método de solução de problemas. A tia7 é auxiliadora no desenvolvimento livre da criança, e
a aprendizagem é baseada na motivação e na estimulação de problemas. Maran (1979, p.150)
ressalta que para Montessori “a criança é um ser em potencial e nela está presente o artista, o
poeta, o cientista, o técnico, o operário. Ao educador (“tia”), cabe ajudá-la para todo o seu
7 Montessori pedia que se chamasse a professora de tia. (MARAN, 1979 p. 44).
Estudo do sistema educacional ... 36
potencial venha à luz. O Papel da “tia” é de construir o ambiente, ser um elemento
canalizador”.
Diante desta nova perspectiva, o progresso alcançado em poucos anos nos
cuidados e educação das crianças foi tão rápido e surpreendente que pode ser atribuído mais a
um despertar de consciência que a evolução das condições de vida. Para tanto, Montessori
(1965) não se preocupou apenas com o desenvolvimento harmônico da criança, com o
ambiente ou com o material a ser utilizado; ela também verticaliza sua atenção ao educador
no seu livro Pedagogia Científica quando enfatiza que “necessário é que a preparação dos
professores seja simultânea à transformação da escola”.
Maria Montessori não perguntou o que, por que, para que educar, mas deu
diretrizes científicas de como educar, propondo uma metodologia que abrange:
a criança - como pessoa educadora de si mesma; o ambiente - tudo aquilo que
a criança tem ao alcance para o seu crescimento e desenvolvimento; o
educador - ponto de união entre a criança e o ambiente (MARAN, 1977, p.
43).
Para Montessori a educação verdadeira é aquela que leva em conta o ser humano
na sua totalidade, tendo assim, uma visão holística do homem. Este é considerado como um
ser bio-psico-social-espiritual e ambiental, um ser inacabado, sujeito a todas as mutações da
cultura. Neste contexto nasce o Sistema Montessoriano que defende uma filosofia da criança.
Ainda segundo a doutora italiana o Sistema é uma ajuda para que a personalidade
humana conquiste a sua independência; um meio para libertar a criança de opressões e de
preconceitos e uma educação para a normalização, compreendida aqui como saúde física e
psíquica. Entretanto não se pode deixar de ressaltar que não existe criança normalizada, pois
a normalização é um processo.
Estudo do sistema educacional ... 37
Podemos destacar que o objetivo primordial do Sistema Montessoriano é educar
para a vida, pois, ele proporciona a criança condições para o desenvolvimento de sua
personalidade integral e de descobertas particulares; oportuniza a auto-educação, permite a
responsabilidade de assumir seu crescimento e desabrochamento, nas dimensões: social e
humana; encaminhando-a a uma harmonia consigo mesma, com a vida, com a natureza, com
as outras pessoas e com Deus. Maran (1977), em sua obra Montessori: Uma educação para a
vida ressalta uma célebre frase de Montessori que confirma o pensamento acima onde a
mesma diz que “eu não inventei nenhum método de educação, mas, simplesmente, dei a
algumas crianças uma chance para viver”.
Montessori acredita que a criança aprende mexendo-se, e que possui a capacidade
de aprender naturalmente, pois possui uma Mente Absorvente, e é no trabalho com o material
que ela “materializa as abstrações”. Desta forma o Sistema Montessoriano concebe a criança
como a própria educadora de si mesma, pois a criança aprende a assumir o seu trabalho,
aprende a se disciplinar e a se organizar interiormente.
O momento do “Trabalho Pessoal”, por exemplo, é um período em que o
educando pode trabalhar, a partir de sua escolha, com a Disciplina que achar
mais necessária. A monitora poderá orientar, mas caberá a ele a opção. Pata a
monitora vale as palavras de Maria Montessori: para ser eficaz, uma atividade
pedagógica deve consistir em ajudar a criança a avançar no caminho da
independência. (MARAN, 1977, p. 33).
Em seus escritos, a doutora enfatiza que a criança absorve como “esponja” as
informações que requerer e necessita para o seu desempenho na vida diária, pois aprende a
falar, escrever e ler do mesmo modo que o faz ao desenvolver as suas atividades
psicomotoras, como o rastejar, engatinhar, caminhar, correr, etc., ou seja, de forma natural e
espontânea. Montessori idealizou a criança como a “esperança da humanidade”, oferecendo-
Estudo do sistema educacional ... 38
lhe oportunidades de aprender, utilizando a liberdade a partir dos primeiros anos do seu
desenvolvimento; assim ela chegaria à idade adulta com a competência de enfrentar as
dificuldades da vida, incluindo inclusive os piores de todos, como o fim da guerra e a
supremacia da paz.
2.5 Princípios Fundamentais do Sistema Montessoriano
O Sistema Montessoriano é fundamentado nas potencialidades da criança, no
impulso que ela possui para desenvolver-se naturalmente e tornar-se, na fase adulta, em um
ser humano criativo, livre e responsável por meio das suas atitudes espontâneas. A partir
deste contexto foram sendo criados os princípios fundamentais do Sistema Montessoriano: a
individualidade, a liberdade, a autonomia e o respeito pela criança; destacando os aspectos
biológicos, pois, Montessori considera que a vida é desenvolvimento, e que é função do
educador favorecer esse desenvolvimento.
O primeiro princípio, a individualidade, se refere ao respeito pelo ritmo próprio
que cada criança possui; desta forma, o educador deve levar em consideração as diferenças
individuais de sua sala de aula, as variações das estruturas da mente e as manifestações do
pensamento infantil. Montessori defende que se o adulto não respeita a individualidade da
criança, esta não poderá ser considerada livre; nesse sentido, as manifestações ativas da
verdadeira liberdade necessitam ser dirigidas desde muito cedo e a educação deve ser
orientada para a formação da individualidade. E no seu livro Pedagogia Científica: a
descoberta da criança de 1965 comenta que “Nenhum mestre poderá fornecer à criança a
agilidade que ela deverá conquistar mediante a ginástica; é a própria criança que deverá fazer
essa conquista.”
Estudo do sistema educacional ... 39
A liberdade é um dos princípios mais importante e amplo de Maria Montessori;
pois ela defendia que o espírito da criança é formado por estímulos externos, sendo estes
estímulos pré-determinados pela educadora; assim sendo, no contexto da sala de aula, a
criança tem liberdade para agir sobre os objetos sujeitos a sua ação, porém estes objetos ou
materiais, já se encontram numa disposição preestabelecida pela “tia”, favorecendo a criança,
a criação por si própria da disciplina, despertada pelo interesse do trabalho escolar. Contudo,
a liberdade defendida por Montessori não significa um desamparo ao educando dentro da sala
de aula, mas sim a permissão para o desenvolvimento das manifestações espontâneas (as
atividades) das crianças.
Durante toda a minha vida tenho proclamado a necessidade da liberdade de
escolha, da independência de pensamento e da dignidade humana. Todavia,
entendo que a verdadeira liberdade é aquela interior, que não pode ser
ensinada. Não pode nem mesmo ser conquistada. Pode somente ser construída
dentro de si, como parte da personalidade e, se isto acontece, não poderá mais
ser perdida. . (Maria Montessori, New York - 1951) 8
A autonomia acaba sendo proporcionada pelo princípio de liberdade; pois ao
educando deve ser oferecida uma liberdade “organizada” para que ele possa ter a
independência de agir, mexer, descobrir, criar e atuar sobre o ambiente preparado. Assim
sendo, a criança absorve o sentido de organização num ambiente tranqüilo sendo respeitado o
seu tempo necessário de aprendizagem.
Maria Montessori demonstra grande importância à coordenação dos movimentos
e ao controle da ação da criança, isto porque ela credita que a liberdade com responsabilidade
levará a criança a sua autonomia.
8 Citação retirada do site http://www.mariamontessori.com.br/historia.htm no dia 21/07/2006 as 09h45min.
Estudo do sistema educacional ... 40
As mesas as cadeiras, as pequenas poltronas, leves e transportáveis, permitirão
à criança escolher uma posição que lhe agrade; pois ela poderá, por
conseguinte, instalar-se comodamente, sentar-se em seu lugar: isto lhe
constituirá, simultaneamente, um sinal de liberdade e um meio de educação.
(MONTESSORI, 1665, p. 44).
O respeito pela criança acaba sendo o princípio mãe, pois é através dela que se
originam os outros três. O Sistema Montessoriano baseia-se em um amplo respeito pela
personalidade da criança, oferecendo-lhe espaço para se desenvolver em uma independência
biológica, permitindo desta forma, à criança uma grande margem de liberdade que se
constitui no fundamento de uma disciplina verdadeira. Montessori ressalta em seu método
que a interferência desnecessária do educador na atividade da criança acaba se tornando uma
falta de respeito para com a ela, ao seu trabalho de auto-desenvolvimento e auto-educação.
Durante muitos séculos, as crianças foram muito desrespeitadas e até mesmo
sacrificadas no que tange a sentimentos como o amor e o respeito. Infelizmente ainda nos
dias atuais, muitas das nossas crianças vivem sem a atenção e cuidados necessários a sua
faixa etária e ainda assim sofrem de maus tratos dos seus “cuidadores”. A doutora defende o
respeito para com este ser em desenvolvimento, aceitando-o na sua individualidade singular.
Desta forma, interferi na atividade da criança para Montessori é faltar com respeito para com
ela, para com seu trabalho, seu auto-desenvolvimento e sua auto-educação.
2.6 Montessori: sua Morte e a perpetuação de uma nova Educação
Em 1952, o governador de Gana convida Montessori para organizar novas
estruturas educacionais de base e aperfeiçoar pais e professores com vistas à independência
que está muito próxima. Maria Montessori (Figura 07) esquematiza várias palestras no país
Estudo do sistema educacional ... 41
africano, entretanto, seu único filho, Mário Montessori, percebe que estas viagens seriam
exaustivas, primeiro por conta da sua idade, quase 82 anos; e em segundo devido ao clima da
África.
Figura 07 - Maria Montessori e seu filho Mário
Fonte: http://montessoribrasil.org/mario.html
De acordo com o livro Maria Montessori uma história no tempo e no espaço de
uma das representantes da AMI, Talita de Almeida, Montessori argumenta ainda “se há
crianças no mundo que precisam de ajuda, são mesmo aquelas das nações africanas” Durante
um diálogo em sua residência, Mário Montessori tenta providenciar um Atlas, para mostrar a
Montessori à localização exata da África, sua extensão e o percurso que deveriam fazer;
entretanto ao regressar, encontra sua mãe morta, acometida de um colapso súbito.
O corpo físico de Maria Montessori chegava ao fim no dia seis de maio daquele
ano em Noordwijk Zee, na Holanda. Montessori foi enterrada no Cemitério Católico Romano
(Figura 08), e em seu sepulcro foi arquitetado um belo monumento pelos seus amigos e
discípulos, cercado por canteiros de corais cinzas-escuros originários do Oceano Índico. No
seu túmulo lê-se: “lo prego i bambini che possono tutto ad unirsi a me per la construzione
della pace negli uomini e nel mondo” 9.
9 Peço às crianças que todas possam unir-se a mim para a construção da paz nos homens e no
mundo.
Estudo do sistema educacional ... 42
Figura 08 – Sepulcro de Montessori no Cemitério Católico Romano
Fonte: http://montessoribrasil.org/mario.html
Maria Montessori acabara se tornando mais que simplesmente uma educadora,
mas sim, um símbolo da certeza, força, garra e confiança no campo da educação, Montessori
foi e ainda é compreendida em sua essência, principalmente no acreditar da potencialidade do
ser humano e no respeito quase religioso pela individualidade da criança, na importância das
leis eternas inabaláveis, que conduzem o desenvolvimento total e harmônico de sua
competência criadora. Em todas as escolas Montessorianas as crianças e os adolescentes são
atores principais dos três momentos iniciais do plano de desenvolvimento do homem10
.
Perante essa extraordinária trajetória no campo educacional, podemos analisar a
vida de Montessori em duas etapas. A primeira etapa refere-se aos anos preparatórios para o
desenvolvimento de sua missão, onde estudava e desenvolvia atividades em distintos
contextos, como por exemplo, a faculdade de Medicina, o estudo da Filosofia, Antropologia e
principalmente da Pedagogia. Já a segunda etapa compreende-se entre os anos de 1907 e
1952, onde origina a reforma da sua concepção pedagógica.
Em Amsterdã, último local residencial de Montessori funciona atualmente o
escritório da AMI, que guarda muitas das recordações da sua vida profissional, dentre elas
10
O primeiro período do desenvolvimento infantil se estende até a época da mudança da primeira dentição. O
segundo termina com a puberdade, por volta dos doze anos. O terceiro vai da puberdade até os dezoito,
dezenove anos (13)
Estudo do sistema educacional ... 43
registros fotográficos da professora italiana com seus alunos em diferentes ocasiões especiais,
diplomas conferidos em países de todo mundo, fotos autografadas de amigos e vários líderes
mundiais, medalhas, cartas de ex-alunos.
A AMI foi administrada por seu filho Mário Montessori, desde a sua morte.
Mário herdara de sua mãe as habilidades, competências, os princípios e valores que um dia
Montessori mostrou ao mundo, através de suas atitudes e palavras. Mário Montessori era um
homem com personalidade forte, todavia um ser humano bom e gentil, que confiou nos ideais
de sua mãe e completou a obra de sua mãe como sendo a própria história de vida;
acompanhando, todo o percurso que o Sistema Montessori fizera no mundo com seus estudos
e as demais descobertas do Sistema.
Ele também comandou movimentos, cursos seminários, congressos e
conferências; ministrou formações sobre o método e preparou pessoas para a conservação e
divulgação do Sistema dentro de uma verdadeira fidelidade ao pensamento Médica-
Educadora Montessori. Mário Montessori era casado com Ada, e deste relacionamento
surgiram quatro herdeiros: Marilena, Mário Filho, Rolando e Renilde, infelizmente, o filho de
Montessori veio falecer em 1982 em Baarn, na Holanda (Figura 09).
Figura 09 – Promovendo Curso Para Professores
Fonte: http://montessoribrasil.org/mario.html
Contudo, decorrido mais de um século desde o nascimento de Montessori, é
possível perceber que a sua filosofia continua sendo muito disseminada em diversos países do
Estudo do sistema educacional ... 44
mundo, isto por que, a essência do Sistema Montessori tem como ponto de inicial a vida. O
ser humano, enquanto demonstração viva da natureza deve ser guiado no sentido de
construir-se como indivíduo autônomo, produtivo, solidário, criativo e verdadeiramente
humano. Entretanto Montessori enfrentou várias críticas de educadores de todo o mundo, e
nem por isso deixou de defender suas idéias e difundir o seu método.
O mundo com certeza já passou por várias mudanças e novos paradigmas
educacionais desde a morte de Montessori, porém, percebe-se que até hoje na prática de sala
de aula, no desenvolvimento da criança e na sua formação enquanto pessoa, muito do que
Montessori descobriu com as crianças dos cortiços de Roma ainda hoje é utilizado; primeiro
como orientação para os próprios professores montessorianos do mundo todo com a intenção
de conservar e difundir a essência do trabalho, e segundo, como prática pedagógica de vários
professores da educação infantil, os tenha estudado ou não a filosofia e o método Montessori.
Estudo do sistema educacional ... 45
3 A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA: um resgate na história
Ao longo da história, inúmeras opiniões têm permeado a idéia de educação e
assistência às crianças com faixa etária de zero a seis anos de idade; estas opiniões são
embasadas através tanto da idéia e a visão que a sociedade possui da criança quanto à
filosofia empregada para fundamentar os procedimentos pedagógicos. Essencialmente as
instituições infantis passam pela dicotomia entre o cuidar e o educar.
Pode-se perceber esta dicotomia através da idéia tanto de que a escola é a
continuação do lar, numa visão assistencialista de educação, tendo que oferecer inclusive às
crianças os cuidados de higiene e alimentação; quanto pela idéia de que nas instituições
educacionais, as crianças, devem ser preparadas para freqüentar a Educação Básica,
conhecida no Brasil como Educação Infantil; onde são priorizados os exercícios de
treinamento e preparação à alfabetização.
A partir de muitos estudos e reflexões, a visão da sociedade brasileira sobre a
dicotomia acima citada, começou a ser transformada e consolidada pelo artigo 29 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 que se refere à Educação Infantil como a
primeira etapa da educação básica e tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança
até seis anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando assim a ação da família e da comunidade.
A nomenclatura “Educação Infantil” pode ser considerada ainda muito nova no
Brasil, antes a Educação Infantil era subdividida em duas partes chamadas de creche e pré-
escola. As creches tinham um caráter médico-assistencial, isto é, não possuíam preocupações
pedagógicas e deveriam atender as crianças com faixa etária de zero a três anos. Entretanto, a
pré-escola, tinha um caráter pedagógico com o objetivo de educar as crianças e/ou prepará-las
para a alfabetização, e deveriam atender crianças entre quatro e seis anos. Para uma melhor
Estudo do sistema educacional ... 46
compreensão sobre a história da Educação Infantil faz necessário comentar um pouco sobre
seu desenvolvimento a nível mundial e Brasil.
3.1 No Mundo
Entre os séculos, XII e XVII, aconteceram inúmeras transformações sociais,
culturais, políticos e econômicos; e o papel da criança, como conseqüência destas mudanças,
acabara se modificando na sociedade ao longo dos anos. Visto que a criança pequena (de zero
a seis anos) era considerada como um ser substituível (sem valor utilitário) e somente aos sete
era inserida na sociedade adulta, tornando-se útil na economia familiar, realizando as mesmas
tarefas dos seus pais, desempenhando, assim, sua função diante a sociedade.
Ariés (1981) contribui com este contexto dizendo que “a passagem da criança
pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignificante para que tivesse tempo
ou razão de forçar a memória e tocar a sensibilidade.”.
As crianças eram consideradas como adultos em miniatura, isto é, não possuíam
uma vestimenta diferenciada do adulto, não era respeitada a inocência da sua fase, estando
elas a mercê dos exemplos dados da sociedade adulta nas reuniões, festas e danças, onde
falavam assuntos vulgasses, inclusive sobre jogos sexuais, e realizavam brincadeiras
grosseiras; Isto acontecia porque os adultos não acreditavam na diferença de características
entre adultos e crianças e nem tão pouco na existência de uma ingenuidade infantil.
Philippe Ariés traz na sua obra sobre a história social da criança e da família que
“no mundo das fórmulas românticas, e até o fim do século XIII, não existem crianças
caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido.”
Estudo do sistema educacional ... 47
Desta forma, na Idade Antiga a criança pequena não apresentava nenhuma função
social, e nem a sua figura era valorizada. Poucos foram os que abordaram a importância da
criança percebendo-a como ser social.
Platão, filósofo grego, nascido em Atenas, se destacou também entre os
pensadores mais importantes da civilização ocidental, defendendo a educação por meio dos
jogos; Aristóteles, filósofo grego, teve influências significativas na educação e no
desenvolvimento ocidental contemporâneo com seus pensamentos filosóficos e idéias sobre a
humanidade, ele é considerado o criador do pensamento lógico e atribuiu ao período pré-
escolar um papel decisivo na formação da personalidade.
Comênius é considerado o pai da Didática, tendo em vista ter escrito na Didática
Magna, o que, porque e o como ensinar, fazendo uma abrangência de todas as disciplinas e
um dos maiores educadores do século XVII. Ele criou uma teoria humanista e espiritualista
da formação do homem que proporcionou a formulação de propostas pedagógicas ousadas
para sua época direcionada para a educação da criança, como o respeito ao estágio de
desenvolvimento no processo de aprendizagem, a construção do conhecimento através da
experiência, da observação e da ação, uma educação com diálogo, exemplo e ambiente
adequado; a necessidade da interdisciplinaridade, da afetividade do educador e de um
ambiente escolar ventilado, alegre, com um espaço ecológico e livre.
Na Idade Média, a forma de se lidar com a educação da criança era baseada na
Antiguidade, onde o papel dela era definido pelo figura paterna que possuia total controle
sobre a vida do(a) filho(a), inclusive podendo tirar-lhe a vida, caso o rejeitasse.
O sentimento de infância começou a existir a partir do século XVIII quando a
criança começa a ser vista como um ser social de afeto. Sarmento e Pinto (1997), em suas
pesquisas sobre a infância como construção social, defendem a afirmação anterior ao dizer:
“[...] a infância constitui uma realidade que começa a ganhar contornos a partir dos séculos
Estudo do sistema educacional ... 48
XVI e XVII. [...]” As mudanças de sensibilidade que se começa a verificar a partir do
Renascimento tendem a diferir a integração no mundo adulto cada vez para mais tarde, e a
marcar, com fronteiras bem definidas, o tempo da infância, progressivamente ligado ao
conceito de aprendizagem e de escolarização. Importa, no entanto, sublinhar que se tratou de
um movimento extremamente lento, inicialmente bastante circunscrito às classes mais
abastadas.
Ressaltando a idéia da citação supracitada, foi precisamente no século XVIII que
o conceito da infância se modificou devido à instalação de uma valorização e reorganização
dos procedimentos educativos, desencadeando uma inquietação da sociedade em procurar
novos métodos de educar e escolarizar as crianças. Sobre o século XVIII, Luzuriaga (1987)
relata:
Como o século pedagógico por excelência, pois a educação passou a ocupar o
primeiro plano na sociedade e que Rousseau e seu discípulo Pestalozzi foram
as duas maiores figuras da pedagogia e da educação da infância, responsáveis
por este cenário. (1987, p.95)
Nessa época, Rousseau, foi de encontro a todas as opiniões sobre a educação da
criança que prevaleciam até aquele século. Ele defendia as necessidades da criança em cada
idade e as condições de seu desenvolvimento, ressaltando que era necessário conhecer
intensamente, as características da infância, para que a educação da criança “pequena” fosse
melhor.
Desta forma Rousseau ignorava a idéia de que na infância, a teoria e a prática
educacional, deveriam focalizar os interesses do adulto e da vida adulta.
Rousseau, em sua obra Emílio, apresentou uma proposta de educação
conflitante com a conjuntura vigente na época, abordando em sua obra a
necessidade de uma educação física para o corpo infantil, ressaltando inclusive
Estudo do sistema educacional ... 49
as idéias de vários autores que são categóricos em confirmar a importância do
exercício corporal na educação da criança, entre eles estava Locke.
(CERIZARA, 1990, p.76).
As idéias de Rousseau e Locke, no que tange à importância da educação do corpo
infantil, a preocupação com as características destas, e com uma educação que utilizasse
recursos naturais são bem parecidas; porém é necessário destacar que existem pontos
distintos no que se referi à conduta corporal proposta por Locke (educação do gentil-homem),
e a conduta corporal do Emílio, proposta por Rousseau.
Para Rousseau a formação de Emílio passava, também, pela educação do
corpo. Talvez por se basear em Locke, mesmo criticando-o pelo contexto
social semelhante: precárias condições de higiene e alto índice de mortalidade
infantil, Rousseau também sugeriu recomendações quanto à alimentação,
vestuário e exercícios. No entanto, apesar das semelhanças, as justificativas
teóricas para tais recomendações eram distintas. Pois, enquanto Locke
estabelecia as prescrições corporais a partir dos conhecimentos médicos para
atingir a saúde do homem de negócios, Rousseau era contrário às práticas
médicas, pois elas „aviltam a coragem do homem e o levam a desaprender de
morrer‟, já que ele objetivava aproximar o homem do estado de natureza.
(SILVA, 1998, p.63)
Neste contexto, Rousseau, defende o exercício do corpo, dos órgãos e dos
sentidos, compreendendo-os como aspectos que desenvolvidos se transformarão em
instrumentos para a criança construir o seu conhecimento.
Estudo do sistema educacional ... 50
Se quiser cultivar a inteligência de seu aluno, cultive as forças que ela deve
governar. Faça-o exercer continuamente seu corpo; torne-o robusto e sadio
para torná-lo sábio e sensato: que ele trabalhe, aja, corra, grite, esteja sempre
em movimento; que seja homem pelo vigor, e logo o será pela razão
(ROUSSEAU apud CERIZARA, 1990, p. 134).
Cerizara (1990) complementa pronunciando que “a verdadeira razão do homem
não se desenvolve independentemente do corpo; é a boa constituição deste que torna as
operações do espírito fáceis e certas”. Conseqüentemente, para o criador da obra Emílio, a
inteligência humana passa primeiramente pelos sentidos; sendo desta forma, a razão sensitiva
a primeira razão do homem, e esta oferece suporte para a razão intelectual.
Pestalozzi, discípulo de Rousseau, preocupou-se também com a educação da
criança dizendo que a infância não era um simples momento latente, mas sim, um período
promissor, pois creditava que a criança começava a sua aprendizagem desde o nascimento;
desta forma defendia a necessidade de pensar uma Educação Infantil que levasse em conta o
desenvolvimento psíquico da criança. Pestalozzi ressalta a importância da interação de uma
formação intelectual, moral e física na educação da criança como sendo uma necessidade a
ser sanada.
Segundo Incontri11
(1997), a pedagogia de Pestalozzi “está toda centrada para
ação, com isto, a formação corporal ocupa um lugar de destaque em seu método, pois propõe
a percepção, por meio da ação, como base de toda a educação. Para Pestalozzi, a percepção,
no processo educacional, está em primeiro lugar, pois defende que a apreensão inicial da
realidade não ocorre pela palavra, ou seja, o conteúdo deverá preceder a linguagem. A partir
desta tese, Pestalozzi amplia uma proposta de ensino que parte do concreto para o abstrato,
11
Dora Incontri é uma jornalista, escritora brasileira, doutora em educação pela Universidade de São Paulo.
Estudo do sistema educacional ... 51
utilizando-se do material concreto para gerar na criança o sentir objetos, ao invés de ouvir
falar deles.
Diante do contexto acima, Pestalozzi acaba criando uma proposta de educação
que defende à utilização de material concreto, a relevância da institucionalização da educação
na infância e uma formação aos professores, como componentes fundamentais para a
concretização das idéias surgidas.
Nesta nova proposta de educação, aparecem, então, as escolas obrigatórias para
crianças entre cinco e treze anos, e as escolas para a preparação de mestres, pois ninguém
poderia ensinar as crianças sem ter o título correspondente. Entretanto, somente no século
XIX, ocorre o fortalecimento da instituição escolar para crianças.
[...] do século XIX procedem os sistemas nacionais de educação e as grandes
leis da instrução pública de todos os países europeus e americanos. Todos
levam a escola primária aos últimos confins de seus territórios, fazendo-a
universal, gratuita, obrigatória e, na maior parte leiga ou extra confessional.
Pode-se dizer que a educação pública, no grau elementar, fica firmemente
estabelecida, com o acréscimo de dois novos elementos: as escolas da primeira
infância e as escolas normais para a preparação do magistério. .
(LUZURIAGA, 1987, p. 180).
No que se refere ao progresso do processo de desenvolvimento e aprendizagem
infantil, tanto às profundas transformações que a sociedade enfrentou quanto à influência de
descobertas da psicologia e da pedagogia, favoreceram o surgimento das instituições pré-
escolares nos países europeus e americanos conhecidos também por jardins de infância.
As Instituições pré-escolares ou Jardins de Infância foram fundados na Alemanha
por Frederick Froebel na primeira metade do século XIX, vale ressaltar que Froebel foi
influenciado por Pestalozzi, porém acrescentou alguns princípios de educação que eram
Estudo do sistema educacional ... 52
apenas seus, como por exemplo, a necessidade de educar com liberdade para obter o pleno
desenvolvimento.
Na culminância de sua carreira, aos 55 anos, criou Kindengarten; o primeiro
Jardim de Infância, instigado pela firme convicção, de que residia no inicio da vida do
homem, a chave para o sucesso ou fracasso de seu desenvolvimento pleno.
Froebel realizava uma comparação da criança com uma semente; que traz consigo
todo o seu potencial genético de vir a ser uma árvore completa, se a ela for oferecido o
adubado e as condições favoráveis do meio ambiente; para que ela possa de desabrochar, se
tornar madura e de dar frutos saudáveis que perpetuarão sua espécie. Ele também acreditava
que o professor deveria encorajar com afetividade o seu aluno orientando-o para um
desenvolvimento saudável. Nicolau (1997) contribui com seu pensamento que “Froebel foi o
primeiro educador a sistematizar orientações metodológicas sobre o brinquedo, o jogo e o
desenho na educação escolar infantil”.
As “jardineiras”, nome dado as jovens alemãs que foram treinadas segundo as
idéias de Froebel fundaram em suas próprias casas, jardins de infância, para que seus filhos
pudessem ser educados segundo o que elas acreditavam desta forma, os jardins de infância
começavam a se multiplicar pelo mundo. Existiu, entretanto uma grande divergência no
movimento dos jardins de infância, dividindo em dois lados: o lado conservador e o outro
liberal.
A parte conservadora defendia que os princípios criados por Froebel atendiam às
necessidades das crianças de todas as épocas; e a parte liberal acreditava que a base da
filosofia de Froebel deveria sofrer algumas alterações como, por exemplo, à inclusão de
brincadeiras e atividades mais condizentes com o período e a cultura das crianças.
Estudo do sistema educacional ... 53
Segundo Nicolau (1997, p.100):
Froebel foi o primeiro educador a sistematizar orientações metodológicas
sobre o brinquedo, o jogo e o desenho na educação escolar infantil. Seguindo
as idéias de Pestalozzi, este entendia a educação como uma atividade que se
desenvolve num contínuo diálogo entre pensamento e ação e, por isto, propõe
a utilização didático-pedagógica do brinquedo e do jogo.
Na Inglaterra, em 1914 houve a criação das Escolas Maternais por Margareth
Macmillan como alternativa de precaução das doenças infantis. A estas escolas eram
trabalhadas as responsabilidades do cuidado com as crianças, como por exemplo, banhá-las,
vesti-las com roupas limpas, tomar muito ar fresco, etc. Estas escolas funcionavam em
prédios térreos com vidraças grandes e as crianças podiam entrar e sair livremente. Mcmillan
obteve influência de Edward Séguin um educador francês, que pesquisava a Educação
Sensorial de crianças com deficiências.
Porém, o mérito de ter completado um verdadeiro sistema educativo para
crianças deficientes pertence à Édouard Séguin, que foi professor e só mais
tarde médico. Partindo das experiências de Ítard, Séguin aplico-as,
modificando-as e completando o método, em dez anos de experiências
realizadas com crianças retiradas do manicômio e reunidas numa pequena
escola, à rua Pigalle, em Paris. (MONTESSORI, 1965 p. 29)
No fim do século XIX e começo do século XX, aconteceu em várias regiões da
Europa, uma série de experiências na área pedagógica voltadas para a educação da criança.
Dentre elas, destacam-se dois sistemas de grande repercussão; um na Itália, o Sistema
Montessoriano, criado por Maria Montessori e o outro na Bélgica, as propostas pedagógicas
de Decroly.
Estudo do sistema educacional ... 54
Todos os dois sistemas nasceram da observação de crianças com deficiências e
foram sistematizados por educadores com formação médica. Montessori acabou dando ênfase
ao desenvolvimento biológico do crescimento das crianças e a Educação Sensorial, ela
também foi influenciada no seu trabalho destinado a área da educação, por Edward Séguin.
A partir de então, Montessori começou a procurar material que d a educação de
crianças deficientes mentais. Pouca coisa foi encontrada nesta investigação, mas ela
descobriu algo de grande importância: os trabalhos dos médicos franceses Itard e Séguin
publicados respectivamente em 1807 e 1846. No trabalho de Itard foi descrito como ele
desenvolveu o programa educacional com Victor, o menino de Aveyron. Quanto ao trabalho
de Séguin, foi constatado que ele escreveu um programa educacional para deficientes
mentais.
Maria Montessori tentando trabalhar de forma diferente a educação dada na Itália
através da escola tradicional acabou criando em 1907, a Casa dei Bambini (casa das
crianças). Nicolau (1997) diz em sua obra sobre a educação pré-escolar que Montessori
começou o seu trabalho como médica e criou materiais adequados à exploração sensorial,
conforme o objetivo educacional a ser trabalhado justificando que as sensações eram as bases
das funções intelectivas, modificou o mobiliário da sala de aula, adaptando-o ao tamanho das
crianças e a sua escola tinha como princípio básico a liberdade; lembrando que esta
“liberdade” não se relacionava ao sinônimo de abandono, mas sim a permissão do
desenvolvimento das manifestações espontâneas da criança, classificando-a como atividade,
propondo inclusive o respeito à individualidade.
Segundo Rolla e Rolla (1994) a proposta pedagógica de Decroly apresentava
como princípios fundamentais o da globalização e o do interesse. O princípio da globalização
defendia o pensamento da criança como sintético, e não como sendo analítico, isto quer dizer
que a criança entende o todo e não as partes; e em relação ao princípio do interesse da
Estudo do sistema educacional ... 55
criança, Decroly defendia que a criança nasce da necessidade e, com isto, sugeri organizar o
ensino escolar por centros de interesse.
O “Sistema Decroly” era diferenciado pelo objetivo de instalar uma nova escola,
com “centro de interesse” no universo real da criança, ressaltando seus desejos;
compreendendo a partir daí, ser mais significante a criança conhecer primeiramente a si
mesma, para depois, o meio a qual está inserida.
Outra figura importante na história da Educação Infantil foi John Dewey que
ficou reconhecido como o maior colaborador da escola nova e progressista, ao defender que o
conhecimento deve ser trabalhado de maneira experimental, e que o método científico deve
subsidiar o trabalho em sala de aula; assim sendo, acreditava que fazer é a melhor maneira de
aprender. A Médica educadora Maria Montessori, no seu método educacional, sustentado
pela concepção biológica do crescimento e desenvolvimento, dá ênfase ao aspecto biológico
sem, entretanto, esquecer os aspectos, psicológico e social. Montessori se refere ao método
que criou:
Se abolíssemos não só o nome, mas também o conceito comum de método
para substituí-lo por outra indicação; se falássemos de „uma ajuda‟ a fim de
que a personalidade humana pudesse conquistar sua independência, de um
meio par libertá-la das opressões, dos preconceitos antigos sobre a educação‟,
então, tudo se tornaria claro. É a personalidade humana e não um método de
educação que vamos considerar é a defesa da criança, o reconhecimento
científico de sua natureza, a proclamação social de seus direitos que devem
substituir os falhos modos de conceber a educação. (MONTESSORI, 1915, p.
12).
Schmidt (1997) resume a retrospectiva histórica da educação da criança,
relatando que os séculos, XVII e XVIII, foram séculos que descobriram a Educação Infantil;
Estudo do sistema educacional ... 56
o século XIX foi destinado para a produção de saberes na tentativa de explicá-la; entretanto,
foi o século XX, o momento em que realmente ocorreu um intenso movimento internacional
em prol da criança, do seu estudo e da sua educação; sendo este século, portanto, considerado
o século da criança. Montessori (1987) afirma que o progresso alcançado em poucos anos nos
cuidados e educação das crianças foi tão rápido e surpreendente que pode ser atribuído mais a
“um despertar de consciência” que à evolução das condições de vida. Não foi apenas o
progresso devido à higiene infantil, que se desenvolveu em especial na última década do
século passado; mais sim pela personalidade da própria criança que se manifestou sob novos
aspectos, assumindo a mais alta importância.
Num momento posterior à Primeira Guerra Mundial, começaram a surgir diversos
debates e discussões em torno do cuidado, preservação e preparação da infância; contudo o
movimento de valorização e crescimento do atendimento escolar à criança pequena, com
caráter de assistência social devido ao trabalho feminino, se deu realmente após a Segunda
Guerra Mundial.
De acordo com Kramer (1987), esse movimento de valorização e crescimento do
atendimento escolar à criança pequena, despertou o interesse de novas formas de desempenho
com as crianças, porque as mesmas começaram a conviver com circunstâncias que não
faziam parte de seu cotidiano, como por exemplo, a carência dos pais; pois a figura paterna
fora convocada para a guerra e a mãe agora estava suprindo o papel do homem no trabalho.
Desta forma, passar a existir na educação da criança, uma preocupação com as necessidades
emocionais e sociais das mesmas, proporcionando à educação escolar infantil uma ampla
influência das teorias psicanalítica e do desenvolvimento infantil nas orientações
metodológicas das mesmas.
Estudo do sistema educacional ... 57
[...] a psicanálise fortalecia as intensas discussões existentes em torno da maior
ou menor permissividade que deveria existir na educação das crianças,
trazendo à discussão temas tais como frustração, agressão, ansiedade. A
atenção de professores se voltava para as necessidades afetivas da criança e
para o papel que o professor deveria assumir, dos pontos de vista, clínico e
educacional. (KRAMER, 1987, p. 28).
Kramer (1987) continuava seu pensamento dizendo que era difícil determinar se o
ressurgimento da educação pré-escolar tinha como causa ou conseqüência os trabalhos
teóricos de Montessori, Piaget e Vygotsky. Durante os anos 50 crescia concomitantemente o
interesse de estudiosos da aprendizagem pelo conhecimento dos aspetos cognitivos do
desenvolvimento, pela evolução da linguagem, e pela interferência dos primeiros anos de
vida da criança no seu desempenho acadêmico posterior. A preocupação com os métodos de
ensino reapareceria.
Segundo Spodek e Brown (1996), a mudança profunda na educação da criança
aconteceu nos anos 60 devido a uma série de fatos sociais, políticos, econômicos e
ideológicos; como por exemplo, o empenho renovado da sociedade científica sobre o papel
do meio no desenvolvimento humano, constituindo nessa época, pesquisas centradas nos
estudos do pensamento da criança e da influência da linguagem no rendimento escolar.
Como conseqüência destes fatos sociais, políticos, econômicos e ideológicos; na
década de 70, constituíram-se anos promissores, em currículos e programas educativos
voltados para a Educação Infantil; proporcionando inclusive, pesquisas sobre as formas de
fazer e de pensar a educação da pequena infância até os dias atuais.
Estudo do sistema educacional ... 58
3.2 No Brasil
O atendimento às crianças com faixa etária de 0 a 6 anos em instituições
educacionais originou-se a partir das mudanças econômicas e sociais, causadas pelas
revoluções industriais no mundo como um todo. No Brasil, este atendimento se deu porque
neste exato momento histórico, tanto as mulheres, que ora eram deixadas nos seus lares para
cumprirem suas responsabilidades familiares como a criação dos filhos, o cuidado com o
marido e seus deveres domésticos, agora era lançada ao mercado de trabalho; quanto a
pressão dos trabalhadores urbanos, por maiores direitos, sendo um deles a criação de uma
instituição (creche) que pudessem dar aos seus filhos condições de vida melhores. E assim
deu-se início ao atendimento a esta crianças, hoje conhecida como Educação Infantil no
Brasil.
Contudo até 1920, as creches possuíam caráter exclusivamente filantrópico e foi
caracterizado, na história do Brasil, por difícil acessibilidade oriunda dos períodos: colonial e
imperialista.
"Na década de 1920 , passava-se á defesa da democratização do ensino,
educação significava possibilidade de ascensão social e era defendida como
direito de todas as crianças, consideradas como iguais" (KRAMER, 1995,
p.55).
Já em 1930, o Estado procurou buscar incentivo financieiro com órgãos privados,
que concordavam em colaborar com a proteção da infância, e assim sendo inúmeros órgãos
foram criados para dar assistência a criança, como por exemplo, os Ministérios da: Saúde, da
Justiça e o da Educação; dos Negócios Interiores; a Previdência e a Assistência social. Nesta
mesma época nascia a preocupação com a educação física e a própria higiene do infante, pois
Estudo do sistema educacional ... 59
estas eram consideradas como os principais fatores do desenvolvimento do mesmo; tendo
como objetivo principal o confronto à mortalidade infantil.
Ainda na década de 1930, começou-se a criação de creches, jardins de infância e
pré-escolas de uma maneira desorganizada e numa perspectiva sempre emergencial, com o
intuito de resolver os problemas infantis ora criados pela sociedade.
“A iniciativa pioneira da associação Pró-Infancia, dirigida por Pérola Byington
organiza na cidade de São Paulo os Parques Infantis, fundamentado na
recreação, saúde e disciplina social”. (BRITES, 1999, p.53).
Em 1935, são instituidos os Parques Infantis que tinham como lema
educar,assistir- recrear pelo modernista Mário de Andrade responsável pelo Departamento de
Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo. Em 1940 nasce o Departamento Nacional da
Criança, com intuito de ordenar atividades direcionadas à infância, a maternidade e a própria
adolescência, tendo como responsável o Ministério da Saúde. Entre 1950 e 1960, de
acordocom Kramer (1995, p.65) o Departamento Nacional da Criança desenvolveu inúmeros
programas e campanhas, de grande influência médico-higiênica, objetivando o combate à
desnutrição, vacinação e diversos estudos e pesquisas de cunho médico realizadas no Instituto
Fernandes Figueira. Era também fornecido auxílio técnico para a criação, ampliação ou
reformas de obras de proteção materno-infantil do país, basicamente hospitais e
maternidades.
Entretanto no início da década de 1960, o Departamento Nacional da Criança
enfraqueceu e tranferiu algumas de suas responsabilidades para outros departamentos, mas
continuiou com caráter médico-assistencialista, direcionando suas ações na redução da
mortalidade infantil. Em 1970 foi promulgada a lei nº 5.692, de 1971, a qual se refere à
Educação Infantil, como parte à educação nas escolas maternais, jardins de infância e
estabelecimentos equivalentes.
Estudo do sistema educacional ... 60
Em outro artigo, foi recomendado as instituições da rede privada, as quais
possuíssem mães de crianças menores de sete anos que ofertassem atendimento educacional,
auxiliadas pelo poder público. Entretanto esta lei acabou recebendo numerosas críticas,
quanto a sua superficialidade, e dificuldade na realização; pois, não houve em contrapartida
nenhum programa específico para motivar as instituições da rede privada a criação das pré-
escolas. Pode-se perceber que durante a trajetória da Educação Infantil, esta surgiu não com
um objetivo educacional, mas sim com caráter assistencialista á saúde e a preservação da
vida. Segundo Souza (1986) a pré-escola surgiu da urbana e típica sociedade industrial; não
surgiu com fins educativos, mas sim para prestar assistência , e não pode ser comparada com
a história da Educação Infantil, pois esta, sempre esteve presente em todos os sistemas e
períodos educacionais a partir dos gregos.
A partir da década de 1970, foi repensada para diminuir o fracasso escolar que era
altíssimo, e acabou sendo vista como um espaço que compensasse as carências e os déficits
sensório-motores. As concepções educacionais existentes nesta época estavam
fundamentadas no ensino tecnicista de educação, coerentes com os valores e objetivos
políticos da época. Atualmente, as ações provenientes destas práticas pedagógicas da década
de setenta, ainda hoje são vistas nas ações de Educação Infantil, no tocante a simplificação de
conteúdos; trabalhados de forma fechada e distanciada da realidade da nossa criança.
Os materiais pedagógicos foram padronizados, não levando em consideração a
diversidade cultural, social e regional; e por fim; restringindo as alternativas de estratégias e
possibilidades de discussão. Por fim, tanto os conteúdos, quanto as metodologias de ensino,
foram centrados em atividades rígidas, desconsiderando o conhecimento prévio da criança, o
interesse e a participação da mesma na aprendizagem; e como resultado deste contexto houve
a promoção e o reforço, de um fazer e de um pensar mecânico frente à realidade que cercava
a criança.
Estudo do sistema educacional ... 61
Do mesmo modo, as áreas de conhecimento foram configuradas de acordo com as
percepções existentes em cada época. A conquista da linguagem escrita da criança, por
exemplo, era tida como um processo que se iniciava aos sete anos com a sua entrada na
escola. Neste panorama, não cabia a Educação Infantil intervir para tal aquisição, inclusive
em alguns casos era proibido o contato intencional com a escrita. Em seguida, a Educação
Infantil passa a ser vista como uma preparação para a escola, pois através de exercícios
motores gráficos de prontidão, desejava-se iniciar a alfabetização. Ou, em outro ponto de
vista, a “pré-escola” antecipava a alfabetização através do contato progressivo das crianças
com o mundo das letras e seus traçados. Para tanto se utilizavam exercícios motores
corporais, acompanhado da identificação oral das letras e logo em seguida da cópia.
Diante da progressão rígida de ensino, apresentavam-se as crianças
primeiramente as vogais, depois as consoantes, em logo depois as sílabas, chegando assim as
tão importantes palavras. Podemos concluir aqui que a alfabetização era nada mais do que
uma técnica, onde primeiramente era necessário aprender a ler e a escrever, para se fazer uso
da leitura e da escrita; não havendo preocupação com as situações reais do processo de
letramento das crianças, dentro e/ou fora do ambiente escolar. O desenvolvimento da
linguagem oral era compreendido como o resultado de várias repetições e de treinos, pois a
linguagem era vista como um conjunto de palavras que serviam para nomear pessoas, objetos
e ações. Conseqüentemente, para que a linguagem se instaure na criança, a mesma era
submetida ao ensinamento de pequenas listas de palavras, de forma acumulativa, crescendo o
grau de complexidade das mesmas.
A criança desta forma não poderia ser falante da língua, pois era submetida a
situações de silêncio e homogeneidade. O diálogo era quase inexistente entre o mundo
infantil e o discurso do adulto. A simplificação de textos e histórias também é seqüela dessa
Estudo do sistema educacional ... 62
redução da linguagem à reprodução fonética. Na década de 1980, sucede a abertura política e
intensificam-se os movimentos pelos direitos humanos.
Com a Constituição de 1988 houve um aumento de leis que protegiam os
cidadãos e seus direitos, como por exemplo, o direito a educação e o apoio à Educação
Infantil. De acordo com o Art. 208 desta Constituição, as famílias tiveram o direito de creche
garantido, para seus filhos menores de sete anos.
Como consequência, o número de mulheres trabalhadoras aumentou juntamente
com a demanda por creches e pré-escola. E assim ECA de 1990, Lei nº 8.069/1990 no Art. 54
destaca que “É dever do estado assegurar à criança e ao adolescente[...] Parágrafo IV:
Atendimento em creches e pré-escolas as crianças de 0 a 6 anos de Idade.”. Graças a
divulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1996, começaram. Ou seja, a
Educação Infantil é um dever do estado e direito das crianças famílias a existir diretrizes
nacionais específicas para a Educação Infantil. Porém, a mesma continua não sendo
obrigatória, apenas direito das crianças e dever do Estado/Poder Público e das famílias.
A Nova LDB define a Educação Infantil como primeira etapa da educação
básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança, isto é, considerando a
criança nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Desta forma afirma-se que a
partir da década de 90 a Educação Infantil passou por várias modificações, ou seja, não tem
mais o carater assistencialista, mas sim educacional e a mesma foi dividida em creches ou
entidades equivalentes para atendimento com crianças de zero a 3 anos e pré-escola para
crianças de 4 a 6 anos. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, em seu artigo 31, na Educação Infantil, a avaliação far-se-á mediante
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo
para o acesso ao Ensino Fundamental.
Estudo do sistema educacional ... 63
Todos os direitos sociais e fundamentais da criança são agora considerados como
essenciais à mesma; agora a criança é protegida por lei, como um sujeito social de direitos; e
cabe ao Estado (sendo opção da família) o dever de garantir a todos, creches e pré-escolas.
O Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva sanciona a Lei Nº 11.274,
de 6 de fevereiro de 2006, que altera a redação dos artigos: 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, e estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo
sobre a duração de 9 (nove) anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória, não
mais a partir dos 7 (sete) anos, mas sim com 6 (seis) anos de idade. Sendo que os Municípios,
os Estados e o Distrito Federal terão prazo até 2010 para programar a obrigatoriedade no
Ensino Fundamental disposto no art. 3º desta Lei e a abrangência da pré-escola de que trata o
art. 2º desta Lei.
“O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na
escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a
formação básica do cidadão” (BRASIL. Lei Federal nº 11.274 de 06 de
fevereiro de 2006 no seu. Art. 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação).
Desta forma, a Educação Infantil, continua ainda como a primeira etapa da
Educação básica, entretanto ela se dividira de zero a três anos para atendimento em creches e
de quatro a cinco anos em pré-escolas. Entretanto o Método Montessori, primeiramente
testada em crianças de três a seis anos, foi se expandindo e hoje existe desde o atendimento à
mulher gestante, com orientação para o nascimento, até o Ensino Médio. Os grandes núcleos
de educação estão atualmente nos Estados Unidos, Japão, México, e Índia, onde as
instituições montessorianas continuam surgindo. No Brasil o Sistema Montessoriano chegou
ao há mais de quarenta anos, e apresentou uma ampla concentração nas cidades de São Paulo
e do Rio de Janeiro.
Estudo do sistema educacional ... 64
O trabalho de Maria Montessori foi muito difícil e profícuo, decorrente de
experiência e fundamentação científica, sendo edificado dia após dia. Um dos maiores
obstáculos para a implantação do método no Brasil foi à deficiência com que foi tratado. A
história descreve que o Método Montessori teve algumas poderosas barreiras para ser aceito
na sociedade brasileira, um deles, por exemplo, foi Mussolini e o seu fascismo, outro foi
Hitler e a sua proibição na Alemanha por conta do conceito de liberdade que Montessori
transmitia e por ultimo os julgamentos e apreciações de pedagogos famosos.
Atualmente o Sistema Montessori é aceito e aplaudido em aproximadamente
todos os países do mundo, contudo, enfrenta um moderno inimigo, a comercialização.
Diversos professores se empolgam com extrema facilidade, ignorando os princípios básicos
do método, e por sua vez, inventando “instituições educacionais montessorianas”.
Infelizmente estes professores comerciantes, não se preocupam em si se fundamentar e nem
muito menos em procurar pessoas capacitadas para ministrar cursos com a intenção de
conduzir o trabalho sério que se propôs Maria Montessori. Mário Montessori Júnior
inclusive comenta em seu livro Educação para o desenvolvimento humano que nada pior para
uma criança do que uma escola montessoriana mal orientada.
Estudo do sistema educacional ... 65
4 A ESCOLA MONTESSORIANA
A escola montessoriana permite à criança desenvolver o seu próprio
conhecimento. Para a fundadora italiana, Maria Montessori, a criança é talentosa, curiosa e
criativa quando trabalha com algo que lhe interessa e que ela mesma escolhe trabalhar. Para
criança, o ambiente escolar deve ser seu “reino”, onde ela possa desenvolver a sua
autonomia, agindo e arcando com responsabilidade.
Desta forma, o Sistema Montessoriano tem como proposta favorecer a criança o
saber conviver em sociedade, com atitudes maduras, responsáveis e independentes;
auxiliando inclusive as crianças menores, guardando os materiais depois de trabalhar,
deixando limpos os objetos utilizados da sala, respeitando o outro e sendo respeitada.
A liberdade para Montessori está relacionada em primeiro lugar com a
liberdade de movimento. Dar liberdade de movimento significa favorecer as
atividades da criança. Dar a ela espaço possibilidade de movimentos, ambiente
adequado, material de trabalho, de experiências. (MARAN, 1977, p. 111)
Na realidade, a escola montessoriana é um ambiente preparado pelo educador
com uma grande variedade de recursos possíveis, pois Montessori acredita que o aluno
elabora o seu conhecimento através das suas percepções (visual, auditiva, olfativa, gustativa e
tátil); explorando e manuseando os materiais da sala com liberdade, trabalhando em grupo ou
sozinha, sem atrapalhar os outros, tendo zelo pelos objetos do seu ambiente e recolocando o
material trabalhado no seu devido lugar após a finalização do trabalho.
Estudo do sistema educacional ... 66
4.1 Os Princípios do Sistema Montessori
Montessori foi construindo aos poucos o que hoje reconhecemos por Método ou
Sistema Montessoriano. Desde a primeira “Casa dei Bambini12
”, em 1907, seu trabalho
causou tanta surpresa, que acabou revolucionando a pedagogia da época, repercutiu pelo
Itália a fora e, hoje em dia, é muito disseminado em todo o mundo.
Eram crianças chorosas e amedrontadas, tão tímidas que era impossível falar
com elas. Seus rostos eram inexpressivos e os olhares tão perplexos como se
não tivessem visto nada na vida. Eram crianças muito pobres, abandonadas,
que haviam crescido em cortiços escuros e caindo aos pedaços, de bairros
miseráveis, onde não havia nada para estimular a inteligência nem cuidados
[...] Não era preciso ser médico para perceber que elas tinham necessidade
urgente de alimentação, ar livre e sol. (MONTESSORI, 1987, p. 110 -111).
Uma das principais idéias de Montessori sobre a justificativa do seu trabalho era
que o método se construía a partir do que a criança fazia naturalmente, pois acreditava
fielmente que a criança, mais que qualquer outro ser, sabia como devia ser educada. E
atualmente, mesmo as instituições educacionais que não abarcam todas as concepções do
Sistema Montessoriano, não podem negar que o protagonista principal do cenário escolar é a
criança; e que a educação não começa no professor. Esta visão acabara se tornando uma dos
elementos fundamentais no contexto educacional da criança pequena.
No início do século XX, o contexto geral da educação de crianças caracterizava-
se com escolas locais, onde a criança pequena era muito mais treinada do que propriamente
ensinada. O conteúdo era aprendido decorando-o e era repetido pelas crianças como se elas
fossem meramente “papagaios” imitando a fala do professor.
12
Casa da Criança
Estudo do sistema educacional ... 67
O aluno que não aprendia com rapidez era rotulado imediatamente como
preguiçoso. A criança não cabia o direito de se posicionar, pois falar durante a aula era algo
proibido. Os alunos deveriam sentar-se de forma estática e ereta nas suas carteiras, pois não
era permitido que os mesmos se mexessem, a não ser, que o professor, dona da sala de aula e
do conhecimento os autorizassem. Caso um aluno apresentasse interesse por um determinado
assunto, ao ponto de realizar uma pergunta ao professor, este era mandado ficar quieto. As
crianças não possuíam chances de manipular materiais, vivenciar situações problemáticas e
nem muito menos, descobrir conhecimentos novos, por si próprias.
A educação era vista como sendo o professor o centro do processo educacional
e a ele cabia apenas transmitir certa quantidade de conhecimentos, e aos alunos deviriam
memorizar palavra por palavra, tal qual o grande e único mestre da educação os fizera
acreditar. Desta forma, a criança tinha como impressão da escola um local desagradável e
desinteressante. A criança era encaminhada para escola com o objetivo de ser treinada para a
vida adulta; principalmente no tocante ao campo de trabalho. Mas até iniciar a sua vida no
mundo das “tarefas”, a criança deveria permanecer de boca fechada e, acima de tudo, sempre
obediente.
À criança era estabelecido que se auto ajustasse ao modo de viver do adulto, isto
na realidade, acabava indo de encontro com a sua própria natureza durante os seus primeiros
anos de vida. O panorama desta “escola tradicional” não era dado à criança, a importância
merecida ao seu desenvolvimento e suas necessidades específicas, pelo contrário; a
preocupação era somente com o seu futuro como mão de obra barata. Não havia interesse no
contexto do ser infantil, ou melhor especificando, não se interessava pelas fases que a criança
precisaria viver de acordo com sua idade e, por esta razão, não era levada a sério até a
oportunidade de se transformar realmente num adulto.
Estudo do sistema educacional ... 68
Maria Montessori, mesmo não tendo como principal foco de seus interesses
acadêmicos, a pedagogia, começou a observar e pensar sobre o processo de aprendizado da
criança e não se deixou contaminar com nenhuma das práticas pedagógicas oferecidas em sua
época. Seu legado educacional começou com um trabalho com crianças que apresentavam
necessidades especiais. Inclusive, estas crianças eram afastadas da sociedade por que
acreditavam que pessoas com problemas mentais não poderiam ser educadas. Contudo,
Montessori acaba concentrando sua atenção no desafio de que uma educação especial poderia
amenizar a condição dessas crianças; e acabou se baseando nas experiências de Itard e
Séguin.
Para a surpresa de todos os seus colegas de trabalho, Montessori acabou
educando muitos dos seus alunos com necessidades especiais, ao ponto dos mesmos
atingirem inclusive grau de desenvolvimento satisfatório, isto é, aprovação nas avaliações das
escolas públicas.
Eu, porém, sabia que se esses deficientes haviam alcançado os escolares
normais nos exames públicos era, unicamente, por haverem sido conduzidos
por uma via diferente: tinham sido auxiliados no seu desenvolvimento
psíquico, enquanto as crianças normais haviam sido, pelo contrário, sufocadas
e deprimidas. (MONTESSORI, 1965, p.33).
Alguns anos depois, Montessori aceita um convite para instalar, em San Lorenzo,
uma casa de crianças. Era a chance ela esperava para levar a frente seus estudos e pesquisas.
Essa experiência educacional concebeu o resultado de várias tentativas na direção de educar,
com novos métodos, a primeira infância. Montessori alicerçada pelos estudos de Séguin e
Itard, e pré-disposta a trabalhar para uma escola de crianças, acabou determinando como
objetivo principal, utilizar procedência cientifica, para esclarecer como e o porquê que as
crianças conseguiam se auto-educar; e foi assim que seu livro Pedagogia Científica nasceu,
Estudo do sistema educacional ... 69
simplesmente como resultado das observações e tentativas de uma mestra que acreditara no
potencial humano acima de qualquer limitação que ele possa apresentar.
Enquanto a “ciência” se limitasse a “conhecer melhor” as crianças, sem
praticamente livrá-las dos inúmeros males que havia descoberto nas escolas
comuns e nos antigos métodos de educação, não seria legítimo proclamar a
existência de uma Pedagogia Científica. Enquanto os investigadores se
limitassem a ventilar novos problemas, não haveria fundamento para afirmar
que estava surgindo uma “pedagogia científica”, porque é a solução dos
problemas que ela deve aportar, e não só a evidência das dificuldades e dos
perigos, tanto tempo ignorados dos responsáveis pela educação das crianças. A
higiene e a psicologia experimental tinham diagnosticado o mal; isso, porém,
não criou uma nova pedagogia. (MONTESSORI, 1937, p.44).
Montessori esclarece no seu livro “A formação do homem” que o método criado
por ela nada mais é do que simplesmente uma ajuda à personalidade do ser humano para que
ele conquiste sua independência. Desta forma Montessori (1987, p. 12) assegura que é a
personalidade humana e não um método que vamos considerar é a defesa da criança, o
reconhecimento científico de sua natureza, [...] que devem substituir os falhos modos de
conceber a educação”.
A principal idéia do enfoque Montessoriano para o campo educacional é que toda
e qualquer criança trás dentro de si própria, as potencialidades do ser humano como um todo;
basta apenas oportunizar situações as quais ela possa desenvolver ao máximo suas
competências e capacidades física, psíquica, emocional, intelectual, ecológica e espiritual;
sendo respeitados inclusive, o seu ritmo próprio, sua faixa etária e o período em que se
encontra; pois o adulto só oportuniza a criança se transformar em um ser independente se o
mesmo conceder ao ser infantil o “agir por si só” (Figura 10).
Estudo do sistema educacional ... 70
Figura 10 – Aprendendo pela ação
Fonte: http://www.qcms.org/images/000980.jpg
De acordo com Montessori a liberdade era condição imprescindível para o
desenvolvimento do ser humano e por sua vez, para a vida; Montessori não se referia a uma
liberdade social, mas sim, a liberdade na concepção biológica: liberdade de movimentos, de
escolhas entre alternativas aceitáveis dentro da sala ambiente.
Partindo desta visão, a criança pode agir condizente com as suas necessidades
intrínsecas, respeitando o seu ritmo próprio; assim será possibilitada a criança, o surgimento
da manifestação de várias características que nunca haviam aguardado nelas, como por
exemplo, capacidade profunda de concentração, a incansável ação de repetir os exercícios de
livre e espontânea vontade, até a mesma dominar os conceitos pré-dispostos no material e
este não lhe causar mais interesse, o empenho para controlar os seus próprios movimentos, a
necessidade de ordem, colocando tudo no seu devido local onde encontrou. O Sistema
Montessori oferece liberdade à criança na proporção em que esta a ajuda se tornar um ser
independente. Montessori (1939, p.25) afirma que não se trata de abandonar a criança a si
mesma para que ela faça o que quiser, mas de lhe preparar um ambiente onde possa agir
livremente.
Entretanto, Montessori não acredita numa liberdade sem organização de trabalho.
A criança ela deve ser deixada livre, com meios de trabalho ou com alguma ocupação
Estudo do sistema educacional ... 71
específica, porque se não, a mesma sentirá perdida em meio ao seu entorno. Na realidade este
contexto nada mais é do que Maria Montessori chama de ambiente preparado. Este local
especificamente preparado pela professora, antes da chegada dos seus alunos, serve para
atender as limitações, necessidades, e possibilidades do aluno independente do professor ou
adulto em si.
O ambiente preparado conduz a criança à sua própria independência quando este
oferece o espaço, a oportunidade de movimento, a manipulação dos materiais, as vivências de
experimentos, etc. A mestra/guia cabe apenas observar o trabalho, sem interferir e ajudá-la a
praticar por si mesma tudo quanto ela é possível fazer. A interferência só deve se feita
quando realmente a sua orientação se fizer indispensável.
Este contexto fica bem nítido quando os adultos, por mais bem intencionados que
estejam, fazem pelas crianças as atividades que elas mesmas podem fazer sozinha,
principalmente atividades de Vida Prática como a de se vestir, lavar as mãos, a boca, guardar
um brinquedo, dar comida na boca, etc. E quando mais tarde, quando estas crianças ”tão
indefesas” crescem, os adultos continuam cometendo os mesmos erros, considerando-as seres
incapazes de aprender qualquer situação sem a ajuda do mesmo.
Outra propriedade característica da educação social montessoriana é o equilíbrio
da liberdade individual e a necessidade do grupo, pois somente quando cada integrante da
sala tem a consciência da sua auto liberdade, sem discriminação ou preconceitos com os
demais, ajustando o limite do seu livre-arbítrio em favor do bem-estar geral da sala é que
podemos constituir verdadeiramente um grupo.
Quando Montessori comenta sobre liberdade, necessariamente ela está pensando
sobre as conquistas individuais ou coletivas que ocorrem ao longo do desenvolvimento da
criança, isto é, quando a criança aprende a realizar suas próprias escolhas e torna-se
Estudo do sistema educacional ... 72
responsável pelas mesmas; aprendendo a avaliar suas ações e se relacionar com os demais em
prol do bem-estar geral.
A atividade é decorrência do princípio da livre escolha. A criança por mais que
tenha uma liberdade, esta tem que ser de forma planejada e organizada; Montessori dizia que
a criança aprende agindo e para que a mesma assimile o significado de organização,
precisaria viver num ambiente sereno com dificuldades graduais, onde pudesse ser respeitada
na sua totalidade, inclusive no tempo necessário para a aprendizagem. A criança com
“liberdade responsável” pelo meio do trabalho cooperativo se tornará um ser independente e
organizado.
Montessori enfatiza no seu método a imensa importância à coordenação dos
movimentos13
e ao domínio da ação. Desde muito cedo a criança é colocada a realizar
exercícios sistemáticos com materiais apropriados, que tem como finalidade conhecer,
aprender e a dominar o seu próprio corpo, fazendo-a encontrar o caminho da ordem exterior à
ordem interior.
A criança aprende mexendo constantemente no ambiente e a sua aprendizagem
não deve guiá-la, passo a passo ao adulto, porque quem define as diversas atitudes da criança
é a sua própria natureza, de acordo com sua idade, e não o adulto em si. Desta forma,
Montessori acredita que a professora não é o guia da criança na realização de determinadas
atividades, mas sim, a própria criança que elege a atividade de acordo com seu espírito
criador e suas necessidades internas, condizente a sua idade. Montessori não concebe a
possibilidade do desenvolvimento intelectual sem a prática de exercícios, e nem muito
menos, exercícios sem a utilização de material concreto. Neste contexto nasce à necessidade
13
Montessori acreditava que era pelo movimento que a criança organizaria e construiria a sua personalidade.
Sem a possibilidade de mover-se ela não chegaria ao domínio de si. A educação dos movimentos abrange as
atividades de vida prática, os exercícios para a obtenção do equilíbrio, na linha e na lição de silêncio.
Estudo do sistema educacional ... 73
do professor preparar o ambiente, deixando a criança livre para que possa desenvolver-se
com os materiais da sala.
A criança procura na sala ambiente, aquilo que mais desperta a sua curiosidade e
o seu interesse; a partir de então, a mesma começa a trabalhar, exercitando com material
científico as atividades inerentes daquele objeto que favorece de forma espontânea e gradual
o seu desenvolvimento. Desta forma, o ambiente preparado assume de forma parcial o
trabalho que antes correspondia à professora; e quanto mais o professor preparar o ambiente,
tornando-o um local educativo em potencial, maior será a possibilidade da criança se
desenvolver de forma ativa e espontânea.
Em se tratando do Papel do professor montessoriano este é considerado o elo de
união entre o ambiente e a criança. O sistema Montessori possibilita à criança o
desenvolvimento de suas habilidades, competências e potencialidades, levando sempre em
consideração as diferenças individuais, ou seja; cada criança é um ser único, que possui ritmo
próprio de trabalho e necessidades naturais que devem ser respeitadas. Torna-se relevante
também comentar que o Sistema Montessoriano favorece a liberdade com responsabilidade, o
respeito às normas da sociedade, convivência harmônica, respeito pelo outro e o espírito
crítico.
Sobretudo, essa metodologia propicia à criança o “assumir consciente”, sendo
responsável pelo seu corpo, e a movimentação do mesmo, o relacionamento com os demais
integrantes do ambiente e com os objetos ao seu entorno. No entanto é necessário que o
professor observe sempre a sala de aula para poder descobrir e estudar as dificuldades dos
seus alunos, conhecendo inclusive o nível desta dificuldade e a forma de intervir no processo
pedagógico. Deste modo, o professor mediante seu papel de guia do trabalho da criança com
o material, deve inicialmente, colocá-la em contato como o material, para que ela mesma
Estudo do sistema educacional ... 74
possa iniciar o seu manuseio. Este procedimento é observado por Lagôa (1981), da seguinte
maneira:
a) isolar o objeto (deixando sobre a mesa da criança unicamente o material
que vai apresentar); b)apresentá-lo com absoluta exatidão (indicando como ele
deve ser manipulado, realizando, ele mesmo, uma ou duas vezes, o exercício);
c) prevenir o uso incorreto (controlando qualquer displicência, ditada pela má
vontade, face às instruções); d)respeitar a atividade útil (concedendo a criança
o direito de repetir o mesmo exercício pelo tempo que quiser, sem ser
interrompido em suas atividades); e) providenciar para que o trabalho seja
concluído (habituando o aprendiz a, terminar o exercício, devolver o material
ao lugar que lhe compete. (LAGÔA, 1981, p. 57-58).
Montessori defende como princípios de seu sistema a liberdade de escolha,
atividade e a individualidade, enfatizando o conceito da criança como sujeito e objeto do
processo ensino aprendizagem de forma concomitante. Nesse conjunto de relações e
conhecimentos, todos os integrantes e tudo que constitui o ambiente preparado (mobiliário,
materiais, objetos...), compõem uma grande parceria que acaba contribuindo com os
conhecimentos da criança, juntamente com seus valores e ações.
Parte dessa contextualização é vivenciada pelo professor montessoriano que
transforma e desencadeia o desenvolvimento do ser humano, assegurando a elaboração de
situações problemas que promovam aprendizagem de maneira natural e gradativa. É relevante
ao professor o conhecimento das capacidades e competências da sua criança e não
simplesmente atuar de forma autoritária ou arbitrária. Perceber as modalidades de
aprendizagem de cada aluno não se constitui como uma tarefa fácil ao professor, porém se
torna excitante à medida que favorece a variação, priorizando o aprender e se desfazendo do
processo de transmissão aos poucos.
Estudo do sistema educacional ... 75
4.2 Os Pilares da Obra Montessoriana
Montessori, a partir da sua experiência na Casa Dei Bambini, com
aproximadamente cinqüenta crianças carentes, quase na sua totalidade filhas de operários
analfabetos, defendeu o que realmente acreditava sobre educação das crianças, erguendo as
instituições Montessorianas sustentadas pelos seus pilares e princípios do método até hoje.
Montessori deu prioridade à auto-educação como fator conquistado pela própria criança,
propiciando, assim, o crescimento do seu potencial criativo, da sua autonomia,
responsabilidade e da auto-estima, o que faz com que a criança seja a principal protagonista e
a autora verdadeira do seu processo ensino aprendizagem.
O processo de aprendizagem acontece através da atividade gradual e garante-se
pela imediata comprovação dos resultados obtidos, pois a criança apresenta a possibilidade da
auto-correção, podendo refazer cada atividade por tempo indeterminado até que consiga
apreender através de sua própria capacidade.
De acordo com Montessori, a célula geradora do desenvolvimento do ser infantil
está dentro de si mesma e, cabe a escola somente estimulá-la com objetivo de descobrir suas
potencialidades. Maria Montessori apreendia a educação como mero processo instrutivo. Sua
visão de educação não se restringe apenas ao acúmulo de conhecimentos ou informações
acadêmicos. A educação para a vida é baseada no processo de desenvolvimento do ser
humano. A criança montessoriana é preparada ao longo da vida educacional para apresentar
iniciativa própria, pensar sozinha e seguir seus próprios objetivos.
A Educação Cósmica é a categoria que melhor sintetiza a proposta de educação
de um Homem novo para um mundo novo. Montessori compreendeu o ser humano como
estando em relação permanente com os outros seres, sendo estes humanos ou não. Assim,
competiria à educação torná-lo consciente desse aspecto dando-lhe chances de ter contato
Estudo do sistema educacional ... 76
com os outros elementos que constituem o entorno real, ao qual faz parte e está conectado de
forma vital.
Através dessa visão cósmica, percebe-se que os seres, viventes ou não, estão
ligados uns aos outros, pela sua própria existência, prevalecendo uma relação de
interdependência, tanto para a sobrevivência do homem, como para a permanência da própria
vida sobre o planeta Terra, e da Terra para o universo.
Daí surge à importância em abrir os olhos das crianças para consciência ecológica
através do respeito pela natureza e o reconhecimento de cada elemento no mundo,
principalmente o próprio ser humano, que assume posição de destaque e controle na natureza
(Figura 11). Apesar disso, é primordial não encarar a Educação Cósmica como matéria e nem
vinculá-la em especial a uma disciplina. A Educação Cósmica precisa fazer-se presente em
todo o contexto educacional com a finalidade de tornar a criança cuidadosa e consciente do
real.
Figura 11 – A criança e a natureza
Fonte: http://pachinypachan.blogia.com/upload/20070417173228-regar.jpg
No contexto da visão cósmica, Montessori buscava uma educação especial,
composta pelo auxílio para que o ser humano conseguisse reconhecer e desenvolver seus
Estudo do sistema educacional ... 77
potenciais como seres em relação, ampliando-se em suas dimensões, tão extensas quanto o
próprio Cosmos.
Amaral (1980) parodiando Comênius, reproduzia Montessori: deve-se dar o
mundo à criança; o mundo de relações, o mundo dos porquês. Montessori assegurava que a
transição do mundo sensorial e material, aquele designado para a apropriação do ambiente
para o abstrato, ocorre por volta dos seis e sete anos quando nasce a necessidade de abstração,
ou seja, quando nasce o período de aculturação.
A partir desse período, a criança se vê perante um importante desenvolvimento da
consciência, já despertada antes, mas agora está diretamente voltada para o mundo exterior,
procurando saber o porquê dos fenômenos. Neste período a criança perceber-se como parte
do mundo real, compreende e chega à conclusão de que não pode existir sem os outros seres
da natureza.
Tomando essa abordagem como ponto de partida, compreende-se que Montessori
tinha uma grande preocupação em relação à paz no mundo. Ela falava que para existir a união
de todos os homens como verdadeiros irmãos, os mesmos deveriam abolir todas as diferenças
e pré-conceitos existentes até então, e se tornassem seres como “as crianças num jardim de
infância”; pois só assim, libertando a criança que existe dentro do homem e percebendo o
mundo através dos olhos desta criança é que poderíamos conquistar um mundo novo.
Montessori (2004) acreditava que as crianças eram dotadas de poderes, de uma
sensibilidade e de um instinto criador que ainda não foram reconhecidos e nem utilizados. E
para que isto acontecesse, ela precisava de um campo de possibilidades bem mais vasto do
que o que lhe foi oferecido até agora. Montessori através de sua dedicada e atenta observação
sobre o comportamento da criança acabou criando o Sistema Montessoriano. O resultado
dessas observações a levou a três fundamentos básicos: primeiro - a descoberta da criança e
de como acontece o seu aprendizado, segundo - a importância da preparação de um ambiente,
Estudo do sistema educacional ... 78
atividade direcionada, a livre escolha e o material especializado, e em terceiro - a existência
de um educador competente e apropriado de ser o elo entre a criança e o ambiente, guiando a
criança na resolução de exercícios de forma gradual.
4.3 O Ambiente Preparado
Segundo Maran (1977), o ambiente no sentido montessoriano (Figura 12), é tudo
aquilo de que a criança se serve para o seu crescimento, desenvolvimento e auto-
aperfeiçoamento, por sua vez, Maria Montessori acredita que a escola deva ser definida
assim. O ambiente preparado se constitui na adaptação das condições de desenvolvendo
natural (fase ou estágio que a criança possui) com o seu próprio ritmo de aprendizagem,
respeitando acima de tudo a sua individualidade; pois todo o material disposto na sala de aula
é organizado para sua total integração e segurança.
Já vimos como é importante para o desenvolvimento da criança a atividade
prática e o que chamamos de experiências do ambiente. Tudo começa a partir
do momento em que a mente da criança desperta para a realidade e começa a
estabelecer contatos com o exterior. Isto de acordo com cada fase ou estágio.
As experiências do ser frente ao meio levam ao conhecimento. E tais
experiências não só proporcionam o crescimento da mente, como também sua
saúde. (MONTESSORI, 1966, p. 62).
A criança pequena, no interior da sala montessoriana, vai encontrar materiais que
atendam suas necessidades individuais; materiais estes que favorecerão a ordem no recinto;
pois no ambiente preparado existe lugar apropriado para cada material, e todo material
utilizado pela criança deverá retornar para o seu local anteriormente pré-definido. Esta nova
realidade é completamente distinta do que ela está habituada, pois na maioria dos outros
Estudo do sistema educacional ... 79
ambientes ou em todos; a criança pequena é que tem de se adaptar às condições que o
ambiente oferece, e não o ambiente às próprias necessidades da criança. Deste modo o
desenvolvimento da criança será muito mais instantâneo, seguro e tranqüilo se este estiver
sendo vivenciado num ambiente preparado.
O ambiente preparado é delineado para ajudar as crianças a adquirirem um
sentido próprio, um autodomínio de seu ambiente, mediante a bem sucedida
execução e repetição de tarefas aparentemente simples, as quais são não
obstantes, ligadas a expectativas culturais que a criança enfrenta no contexto
do desenvolvimento total (LAGÔA, 1981, p. 32)
Também se referindo à citação acima citada, o ambiente preparado, tem a
finalidade de estabelecer circunstâncias de aprendizagem para que o educando possa
trabalhar, pesquisar, descobrir e conquistar as suas próprias informações; oferecendo então,
oportunidade a criança pequena para que ela construa e reconstrua seu auto-conhecimento.
Figura 12 - Sala Montessoriana
Fonte: http://coloridavida.com/blog/wp-content/uploads/2007/07/montessori.jpg, 2008.
Maria Montessori foi fundadora de um sistema educacional que consistia em
atividades encantadoras apropriadas tanto para trabalhar a memória das crianças quanto
descobrir a vontade pela ordem e pelo trabalho, com iniciativa e liberdade de espírito. Pode-
se perceber que Montessori, foi uma mulher ousada para sua época a partir do momento que
Estudo do sistema educacional ... 80
enxergou que para a Educação Infantil deveria existir uma troca entre a criança, o ambiente e
tudo aquilo que procedesse desta ligação, pois tudo o que a criança alcançasse era fruto da
sua criatividade, liberdade e independência.
Machado (1986) traz uma citação de Montessori em seu livro que diz que a
criança de fato constrói sua personalidade as expressas do ambiente uma vez que assimila,
absorve, ou melhor, faz dele a sua carne mental. A organização do ambiente necessidade de
atenção para que não se deixe faltar no seu interior, animais e plantas; desta forma é criado
um hábito de cuidado e dedicação entre a criança e a natureza; proporcionando o seu próprio
reconhecimento como parte integrante e responsável do ecossistema “Terra”, o qual oferece a
nossa alimentação e sobrevivência.
A sala de aula necessita ser aconchegante, bem iluminada, ventilada e
harmoniosamente tranqüila. É imprescindível que a tonalidade da voz dos educandos e
professores sejam baixos, pois tanto o tom de voz, quanto a locomoção lenta na sala, ajuda a
conservar a tranqüilidade no ambiente, favorecendo maiores e melhores circunstâncias para a
aprendizagem visto que todos os alunos, em pequenos grupos e individualmente, realizam
vários trabalhos ao mesmo tempo; a concentração, o silêncio e a disciplina são primordiais
para não atrapalhar o processo aprendizagem.
Existem características essenciais de um ambiente preparado, uma delas é a de
proteção, pois os perigos devem ser afastados ou quando não, apresentados aos alunos de
forma clara e precisa. Assim, à medida que eles vão compreendendo os limites e as regras,
diante das devidas explicações do professor, eles aprendem a se proteger e se tornarem mais
independentes do ser adulto. A harmonia é outra característica essencial para uma sala
montessoriana, pois um local que favorece a calma, a simplicidade, a tranqüilidade, a beleza
das formas, a ordem desenvolverá no aluno o senso de harmonia e estética. Entretanto
ressaltamos que o ambiente deverá também apresentar simplicidade, preenchido apenas com
Estudo do sistema educacional ... 81
objetos necessários, sem exageros; possibilitando a movimentação das crianças ao encontro
do material desejado.
Todos os objetos do ambiente deverão ser proporcionais a força e ao tamanho da
criança. E à medida que ela supera o material manipulado, este é substituído por outro,
proporcional também a esta nova etapa de crescimento físico e intelectual. Porém, as portas e
as janelas, deverão apresentar-se de forma acessível aos alunos também.Torna-se importante
ressaltar, que a criança ao conhecer e compreender o ambiente a qual se encontra inserida, ela
começa movimentar-se conscientemente e livre. Isto por que, com a ajuda do professor, ela
descobre os limites, percebe as regras, se desenvolve e se auto-corrige.
O Professor, simplesmente informa até onde vai a área livre, aponta para as
tomadas, orientando-o para não ficar em situação de perigo; assim a criança absorve a
advertência de forma construtiva e não simplesmente como uma determinação arbitrária,
refletindo sobre a necessidade das regras e das possibilidades de soluções. Montessori
também defende a preparação do ambiente externo, pois acredita que este deva proporcionar
atividades às crianças interligadas à da sala de aula e do seu cotidiano familiar. Atividades
direcionadas como o cuidar do ambiente, pintura ao ar livre no cavalete, desenho de
observação de natureza, a experiência ao ar livre, pesquisa na horta e/ou jardim; são
necessárias e fazem parte do grupo de exercícios da Vida Prática, de Artes e de Ciências.
As atividades no ambiente externo como, por exemplo, pintura, caixa de areia,
lavar objetos, etc. proporcionam uma melhor concentração nas atividades complexas de
raciocínio lógico na sala de aula.
Segundo Montessori (1665, p.59) além desses objetos-auxiliares que favorecem o
aprendizado das ocupações de “Vida Prática”, há outros muitos (cada vez mais eu me
convenço disso) necessários ao desenvolvimento gradativo da inteligência e aquisição da
cultura: trata-se de sistemas combinados para a educação dos sentidos, para o ensino do
Estudo do sistema educacional ... 82
alfabeto, número, escrita, leitura e aritmética. Denominamos este conjunto de objetos
“material de desenvolvimento”, para distingui-los daqueles que se utilizam nos exercícios de
“Vida Prática”. Maran,(1977) comenta que o ambiente preparado conduz a criança à
disciplina, à organização interna e ao silêncio do criador, isto é; preparar um ambiente é
estabelecer a situação de aprendizagem, é propiciar ao educando um clima de trabalho,
pesquisas, de descobertas e de experiências.
4.4 A Mobília Escolar
Maria Montessori para poder observar e experimentar seu método priorizou no
seu Sistema Educacional a adaptação do ambiente escolar voltado para o mundo infantil com
o intuito de não e não dificultar o processo de aprendizagem das crianças. Desta forma,
acabou criando materiais que convidassem as crianças para a atividade espontânea.
O método de observação há de fundamentar-se sobre uma só base: a liberdade
de expressão que permite às crianças revelar-nos suas qualidades e
necessidade, que permaneceriam ocultas ou recalcadas num ambiente infenso
à atividade espontânea [...] (MONTESSORI, 1665, p. 42).
Montessori determinou a construção de mesinhas, firmes e leves, com dimensões
variadas para facilitar a deslocação caso fosse necessário; a utilização de toalhas na cor
branca e jarros de flores para colocar sobre as mesas; cadeiras pequenas de palha ou madeira
bem bonitas; poltronas em miniaturas, uma pia que atendesse as necessidades de crianças
com a faixa etária de três a quatro anos; sabonete, toalhas e escovas; pequenos armários, com
fechadura e chave, para acomodar os seus próprios pertences; aquário com peixinho, lousas e
quadro pequenos contendo contextos como o da família, da natureza ou de passagens
históricas.
Estudo do sistema educacional ... 83
Mandei construir mesinhas de formas variadas que não balançassem, e tão
leves que duas crianças de quatro anos pudessem facilmente transportá-las;
cadeirinhas, de palha ou de madeira, igualmente bem leves e bonitas e que
fossem uma reprodução, em miniatura, das cadeiras de adultos, mas
proporcionadas às crianças. [...] Também faz parte desta mobília uma pia bem
baixa, acessível às crianças, de três ou quatro anos, guarnecida de tabuinhas
laterais, laváveis, para o sabonete, as escovas e a toalha. Todos estes móveis
devem ser baixos, leves e muito simples. Pequenos armários fechados por
cortinas ou por pequenas portas, cada um com sua chave própria; a fechadura
ao alcance das mãos das crianças, que poderão abrir ou fechar este moveis e
acomodar dentro deles seus pertences. (MONTESSORI, 1965, p. 42)
Pode-se dizer que a mobília escolar referente ao Sistema Montessoriano equivale
à mobília que se encontra numa casa de verdade. Desta forma, a sala de aula na realidade é
uma "casa das crianças", que oferece ao educando a oportunidade de praticar as suas
habilidades e competências, através de uma ampla variedade de situações, proporcionando
assim, que o seu aprendizado se dê de forma prazerosa e significativa.
A possível movimentação das crianças dentro da sala de aula, inicialmente pode
aparentar o juízo de desordem, confusão; porém na realidade esta liberdade oferecida ao
educando proporcionará que ele aprenda a ter domínio de seus movimentos.
Para que se compreenda melhor esta liberdade defendida por Montessori,
primeiramente é importante neste momento que possamos alcançar a concepção de disciplina
dentro da filosofia montessoriana.
Estudo do sistema educacional ... 84
[...] Inicialmente convém dizer que é bem outra a nossa concepção de
disciplina. A disciplina deve também ela, ser ativa. Não é disciplinado o
indivíduo que se conversa artificialmente silencioso e imóvel como paralítico.
Indivíduos assim são aniquilados, não disciplinados [...] (Montessori, 1965,
p.45)
O sentido da palavra „liberdade‟ para a criança pequena,segundo Montessori
(1965 p. 57), não se referi aos atos externos desordenados que as crianças abandonadas a si
mesmas realizariam como evasão de uma atividade qualquer, mas sim, um sentido mais
profundo, trata-se de „libertar‟ a criança de obstáculos que impedem o desenvolvimento
normal de sua vida. Montessori construiu alguns materiais cientificamente preparados para o
desenvolvimento da criança no que tange principalmente a educação dos sentidos. Estes
materiais foram organizados a partir da investigação das necessidades sensório-motoras que a
criança apresenta desde o seu princípio de vida (nascimento) até o seu período adulto.
Podemos expor alguns objetivos destes materiais como, por exemplo, o desenvolvimento da
atividade motora ampla e específica, trabalhar a localização no espaço e no tempo, o
desenvolvimento do tato, paladar, audição e visão.
4.5 A liberdade de desenvolvimento
Segundo a idealizadora do Sistema Montessoriano, o ser infantil ao nascer é
dotado de uma força vital que o conduz, num ambiente apropriado, a um desenvolvimento e
ao amadurecimento. Nesta perspectiva Montessori prioriza a necessidade de liberdade à
criança para que ela possa se auto-educar; livre de pressões. Entretanto os educadores
possuem um papel muito importante, pois a liberdade oferecida às crianças irá favorecer além
da auto-educação a construção de sua personalidade. Lenval (1966) enfatiza o porquê da
Estudo do sistema educacional ... 85
liberdade essencial, indispensável ao homem para mover, agir e pensar segundo o próprio
ritmo individual.
Quando falamos da „liberdade‟ da criança pequena, não nos referimos aos atos
externos desordenados que as crianças abandonadas a si mesmas, realizariam
como evasão de uma atividade qualquer, mas damos a esta palavra „liberdade‟
um sentido profundo: trata-se de „libertar‟ a criança de obstáculos que
impedem o desenvolvimento normal de sua vida. (MARAN apud LENVAL,
1966, p. 65.)
Maria Montessori escolhe um procedimento educacional fundamentado no
controle científico sobre o modo de aprender da criança, que confronta os exageros da
pedagogia moderna, o abandono dos procedimentos mecanicistas, e a idéia de que uma
instituição escolar seria apenas um laboratório de experimentos. Montessori aceita a
experimento organizado, sem ignorar as implicações da espiritualidade e da ação humana,
pois defendia uma compreensão de educação que se estende além do acúmulo de informações
e concebia a escola como um local que favorecesse a formação integral do ser humano como
um todo.
Desta forma, a sua filosofia e seus métodos buscavam desenvolver o potencial
criativo oriundos desde a primeira infância, relacionando-o ao anseio de aprender. Maran
(1977) contribui dizendo que se pode dizer que o objetivo fundamental do sistema é educar
para a vida. Esta educação começa desde o nascimento e não numa fase posterior. Quando a
médica educadora defende o respeito às necessidades e aos interesses de cada criança de
acordo com os estágios de desenvolvimento relacionados às suas faixas etárias, acaba
mostrando que seu método educacional não contraria a natureza humana e, conseqüentemente
era mais eficiente do que os métodos tradicionais. As crianças conduzem o seu próprio
aprendizado e ao educador compete à preparação prévia do ambiente, para acompanhar o
Estudo do sistema educacional ... 86
processo de descoberta do aluno; respeitando o seu ritmo próprio. Preparar o ambiente de é
constituir uma situação de aprendizagem, propiciando ao educando um ambiente de
descobertas e experiências.
Montessori ao lutar pelo respeito às necessidades e aos interesses da criança, de
acordo com os seus estágios de desenvolvimento apropriados às faixas etárias, a educadora
italiana defendia que em método não contradizia a natureza humana e, por isso, era mais
competente do que os tradicionais. No Sistema Montessoriano as crianças conduziriam o
próprio aprendizado e ao educador caberia o papel de acompanhar o processo educacional e
encontrar o modo singular de cada um manifestar as suas potencialidades.
Por conta desta perspectiva desenvolvimentista, a Dr.ª Montessori optou como
prioridade, os anos iniciais do ser infantil; para ela, desde o seu nascimento, a criança é um
ser humano integral; o que contraria o foco da sala de aula tradicional, que era centrada no
professor, na sala montessoriana a criança é a protagonista da cena. E deve ter sido por esta
visão que as escolas que Montessori fundou se chamavam Casa das Crianças (Casa dei
Bambini, em italiano), evidenciando a prevalência do infante e foram nessas "casas" que
foram trabalhadas as suas principais idéias: a educação pelos sentidos e a educação pelo
movimento. Lourenço Filho (1978) expões seu pensamento dizendo que liberdade não
significa abandono. O que deve permitir é o desenvolvimento de manifestações Espontâneas
da criança, ou, em termos práticos, que a liberdade se identifique como atividade. A
preocupação do educador deve ser impedir que a criança confunda, como sucedia na antiga
forma de disciplina, o bem com a imobilidade, o mal com a atividade; porque o objetivo é
disciplinar para a atividade, para o trabalho, para o bem, não para a imobilidade, a
passividade ou a obediência cega.
O Sistema Montessoriano está fundamentado no desenvolvimento psicológico da
criança e por isso prioriza os anos iniciais da vida da criança. Em outras palavras, Montessori
Estudo do sistema educacional ... 87
acreditava que desde o ato de nascer, a criança necessitava de alguns cuidados para favorecer
seu pleno desenvolvimento. Após suas observações, acaba concluindo que as crianças
atravessam estágios, nomeados por ela de "períodos sensíveis". Estes períodos são fases que
apresentam como propriedade, a sensibilidade para a construção de habilidades e são
claramente caracterizados entre si e acontecem com as distintas fases do desenvolvimento
físico.
Montessori também ressalta que as crianças com faixa etária de três a seis anos
estão em uma etapa acelerada no que se refere ao crescimento físico; e seus interesses estão
voltados para o mundo exterior. Neste período elas passam por um momento denominado por
Montessori de “Mente Absorvente”; que oportuniza a criança o desenvolvimento em todas as
suas esferas. O momento "Mente Absorvente" se divide em duas fases: a inconsciente,
considerado o período fecundo da inteligência; e a consciente quando está no período de
verbalização. Em todos os dois períodos, o ambiente preparado é de extraordinária
importância para o desenvolvimento e progresso do intelecto da criança, pois a manipulação
de objetos e o desenvolvimento corporal são primordiais para a concentração, a motricidade,
a atenção, e a linguagem da criança.
Descobriu-se que a criança é dotada de uma mente capaz de absorver e
produzir uma revelação no campo educativo. Compreende-se agora,
facilmente, a razão porque o primeiro período do desenvolvimento humano, no
qual se forma o caráter, é o mais importante. Em nenhuma outra idade da vida
se tem maior necessidade de ajuda inteligente do que nesta (MONTESSORI,
1987, 29).
A pedagogia montessoriana insere-se no movimento das Escolas Novas, uma
oposição aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e os mecanismos
evolutivos do desenvolvimento da criança.
Estudo do sistema educacional ... 88
Neste contexto Montessori ocupa papel de destaque pelas novas técnicas
introduzidas nos jardins de infância e nas primeiras séries do ensino formal. Seus jogos são
atraentes e instrutivos; apesar dessa contribuição da educadora e médica italiana, ela não é a
pioneira exclusiva do movimento, mas uma importante referência deste.
A liberdade de desenvolvimento, tanto falada no Sistema Montessori, no entanto,
se restringe aos objetos pré-estabelecidos, típicos para cada gênero de atividade. Os materiais
criados por Maria Montessori foram o principal ponto do seu trabalho educativo, pois implica
na compreensão dos episódios a partir deles mesmos, tendo como função instigar e
desenvolver, na criança, um impulso particular que se manifesta no trabalho natural e
espontâneo do intelecto.
Os objetos utilizados se constituem de peças sólidas, com diversos tamanhos e
formas, como por exemplo, caixas para abrir, fechar e encaixar; botões para abotoar; série de
cores, de tamanhos, de formas e espessuras distintas, conjuntos de superfícies com texturas
variadas e campainhas de diferentes sons.
4.6 A Linha
Montessori, após observar um grupo de crianças que estava brincando na linha de
um trem; percebeu o esforço, a atenção e o cuidado que as crianças destinavam para se
equilibrarem sobre os trilhos. A linha faz parte do processo de normalização (ato de conduzir
a atenção e comportamento das crianças) de maneira sistemática. Desta forma, a educadora
italiana logo procurou adaptar esta nova estratégia para dentro da ambiente preparado;
portanto; foi traçado no chão da sala de aula, um círculo que ficou conhecido como de linha.
Esta linha deveria ser utilizada pelas crianças, auxiliadas pelo educador, de forma
criativa e alegre, com a intenção que elas pudessem fixar a atenção e dominar seus
Estudo do sistema educacional ... 89
movimentos, fatores estes que iriam favorecer a reflexão, a aprendizagem e o crescimento da
criança.
Maran (1977) enfatiza a importância da linha dizendo que a Dra. Montessori a
fim de disciplinar a atividade do espírito pelo corpo e formar um esquema corporal, idealizou
uma “linha” com a finalidade de ajudar a criança a se organizar interiormente e exercitar a
atenção. A importância da utilização do chão, no Sistema Montessoriano, foi enfatizado a
partir de sua passagem na Índia e seus conhecimentos referentes à atenção, concentração, e
respiração. Através dos seus estudos tanto da neurologia quanto pedagogia, Montessori
relacionou suas pesquisas e sua prática, verificando as influências positivas da posição de
lótus, usada também na Yoga, para promover maior oxigenação cerebral, equilíbrio e como
conseqüência a calma e concentração do aluno.
Figura 13 – A Linha
Fonte: própria, 2007
Aos alunos normalmente apresentam muita energia e trazem consigo uma
necessidade de relação com o chão, andando descalças, pisando na grama, etc. No mundo
presente, os seres humanos estão cada vez mais cercados por borracha, desde o solado do
sapato ao interior do carro e conseqüentemente, longe do meio ambiente. Montessori então
começou a se preocupar com a energia da criança que não estava sendo descarregada e por
Estudo do sistema educacional ... 90
sua vez, gerando tensão, e foi em busca dos fatores que facilitariam o estado de tranqüilidade
e equilíbrio para a rotina saudável da criança e favorável para a aprendizagem.
Na seguinte passagem, Montessori (1972), em seu livro “O Segredo da Criança”
expressa este pensamento: Deixe as crianças serem livres (...) deixe-as tirar os sapatos
quando acharem uma poça d’água (...). Deixe-as sorrir quando o Sol acordá-las de manhã
assim como acorda todas as criaturas vivas que dividem seu dia entre o despertar e o
dormir. (...) Quando as crianças entram em contato com a natureza, revelam sua verdadeira
força.
Montessori defende que a linha ajuda a criança a se organizar internamente
despertando seu processo atencional para a apresentação de noções e elaboração de
conhecimento intercedida pela professora. Na Aula de Linha são apresentadas informações
importantes para cada faixa etária da criança, desde os conhecimentos sobre os animais até
gêneros musicais. Entretanto, a professora no seu planejamento de linha, ao escolher o
conteúdo a ser trabalhado com as crianças, traz sempre para o centro da Linha algum objeto
que esteja relacionado ao tema da aula, isto porque, a criança nesta etapa de
desenvolvimento, encontra-se ainda estruturando seu pensamento e para a construção do seu
raciocínio necessita do concreto para futuramente abstração. A apresentação de linha é
dividida em seis fases, a primeira fase é nomeada de atenção, que possui o objetivo de
chamar a atenção do aluno para a figura do educador, neste momento o professor irá realizar
exercícios motores, visuais e/ou auditivos: Observação dos alunos ao que está no centro da
roda e questionamento da professora sobre os conhecimentos prévios de cada um.
A segunda fase chama-se de andamento, nesta fase a criança andar em cima da
linha, com distintos movimentos do corpo, de acordo com o modelo da professora, como por
exemplo, andar com a mão na cabeça, pisar na ponta dos pés, equilibrar-se com um copo d
Estudo do sistema educacional ... 91
água na mão, etc. O objetivo desta fase é desenvolver a consciência corporal e temporal dos
movimentos.
A terceira fase é conhecida por desconcentração que incide na escolha das
canções pelos próprios alunos; cada aluno escolhe uma melodia favorita para a sala cantar.
Esta fase possui distintos objetivos e pode tanto desenvolver habilidades como a linguagem,
na ampliação do vocabulário; atenção, concentração, memória, autonomia e respeito, pois, as
crianças aprendem a respeitar as pretensões dos outros colegas da sala; quanto oferecer
oportunidades que exteriorize seus sentimentos e se tornem menos inibidos. A próxima fase
é o diálogo que objetiva a construção de conhecimento simbólico para as crianças, pois, o
professor vai unificar os conhecimentos prévios dos alunos com outros conhecimentos sobre
um assunto determinado, estabelecendo novos sentidos para o tema abordado, relacionando-o
com a vida cotidiana.
A quinta fase é o desabrochamento que trabalha com as brincadeiras e apresenta
como objetivo o desenvolvimento da criatividade e da imaginação das crianças. Na maioria
das vezes são narradas histórias ou apresentadas às cenas e/ou personagens. E por ultimo a
fase do relaxamento ou denominada de lição do silêncio, aqui a criança aprende a ficar em
silêncio para interiorizar o que foi levantado e aprendido nas fases anteriores, nesta fase a
criança escuta músicas de relaxamento, o cantar dos passarinhos ou o tumulto dos outros
alunos no pátio.
A fase do relaxamento favorece a calma e a harmonia necessária para o início da
aula, pois todas as crianças encontram-se concentradas e pré-dispostas para processo do
aprender. Sobre esta fase, Lenval (1966) comenta que do equilíbrio dos pés ao equilíbrio do
cérebro, edifica-se um fio que conduz do infinito à plenitude do ser.
Na realidade, Montessori, ao criar as aulas de linha ela oportuniza a criança uma
tomada de consciência dos seus movimentos, do seu corpo, de suas limitações e
Estudo do sistema educacional ... 92
possibilidades. A linha possui como objetivos a expressão coletiva, expressão individual, o
desenvolvimento da coordenação motora, a normalização e a educação muscular.
A utilização desta estratégia no ambiente montessoriano favorece a consciência
do movimento (do corpo como um todo), desenvolvendo assim um processo de auto-
criatividade e conhecimento, onde a criança pode se organizar para estar bem situada nas
mais distintas ocasiões da vida, na construção da sua identidade e no fortalecimento da sua
auto-estima. Desta forma Lenval (1966) defende a educação muscular como uma conquista
sistemática dos nervos e dos músculos: para um treinamento e domínio de si próprio.
Podemos considerar a “linha” como uma disciplina consciente, que oportunizará
ao aluno a capacidade de assumir determinada conduta, ou melhor, comportamento para a
situação vivida; conquistando a sua autonomia espiritual, motora e intelectual em prol da
construção do seu conhecimento.
Estudo do sistema educacional ... 93
5 O PROFESSOR MONTESSORIANO
Montessori faz uma abordagem do professor como o terceiro elemento que serve
de auxílio necessário á união entre a criança exploradora nata do mundo que a cerca e o
ambiente preparado. O professor montessoriano (Figura 14) é o mediador do processo
ensino-aprendizagem, que deve está sempre vigilante para que seus alunos não sejam ou não
se tornem seres passivos e dependentes; pois sua função é ajudar a criança no descobrimento
do seu “eu” e de suas potencialidades.
Figura 14 - Montessori em sala de aula
Fonte: http://www.aprendebrasil.com.br/glossariopedagogico/...
Desta forma, Maran (1977) menciona que “a tarefa do educador é semelhante a
do pastor: conhecer, guiar, proteger”. Entretanto faz-se necessário que o professor busque
sempre conhecimentos que possam subsidiar seu trabalho, inclusive com o apoio da
psicologia, para poder compreender que cada criança é um mundo a parte na sua
individualidade, nas suas necessidades e potencialidades. Este mesmo autor (1977, p. 44) diz
que Maria Montessori não só perguntou o que, por que, para que educar, mas deu diretrizes
científicas de como educar, propondo uma metodologia que abrange a criança como pessoas
e educadora de si mesma; o ambiente, tudo aquilo que a criança tem ao seu alcance para o seu
crescimento e desenvolvimento; e o educador, como ponto de união entre a criança e o
ambiente.
Estudo do sistema educacional ... 94
Na educação montessoriana, a criança possui uma função de destaque no
processo ensino-aprendizagem, por esta razão o professor precisa de muita atenção e ser um
observador em potencial, para analisar o desenvolvimento de sua turma, verificando e
respeitando o ritmo de cada elemento da sala. Para aqueles que apresentarem dificuldade o
professor poderá ajudá-la esclarecendo suas dúvidas, entretanto ajudar aqui não significa
realizar todo o trabalho por ela. A interferência do professor deve ser em momento oportuno,
para não bloquear a descoberta das crianças. Maran (1977) diz “a interferência por parte da
“tia” será feira no momento em que a criança, realmente precisar de sua ajuda. Mas ajudar
não significa “dar o prato pronto”, substituir, bloquear as descobertas da criança”
Sendo assim, a mais importante das atitudes de um professor montessoriano é
proporcionar a união da criança e o ambiente preparado, pois assim a criança sentirá encanto
pelos materiais pedagógicos e especificamente pelo trabalho com esses materiais. Levando
em consideração os princípios da psicologia diferencial, onde toda criança é um mundo a
parte, na sua individualidade, necessidades próprias e ritmo de aprendizagem; o professor
precisa respeitar as diferenças para que não estabeleça um objetivo único para todos da sala e
assim acabe tomando atitudes inconvenientes ou erradas.
Segundo Maran (1977) é necessário observação sistematizada, a fim de detectar
necessidades ou problemas latentes. É mister que o educador tenha uma sólida formação
didática-técnica, dotes peculiares de espírito e de coração, preparação esmerada, prontidão
contínua de renovar-se e adaptar-se.
5.1 O Seu Papel
Maria Montessori sempre fez referência aos professores como "os guias da
criança" e a sua função se distingue consideravelmente do professor tradicional, pois o guia
Estudo do sistema educacional ... 95
dever ser antes de tudo, um grande observador das necessidades e interesses individuais da
criança.
O trabalho da nova mestra é o de um guia. Ela guia ensinando o manuseio do
material, a procura de palavras exatas, orientando cada trabalho; guia ao
impedir qualquer desperdício de energia ou, eventualmente, restabelecendo o
equilíbrio. (MONTESSORI, 1965, p. 154).
A interação do guia, os alunos e o ambiente nos trazem como resultado a
inexistência de duas salas montessorianas idênticas na sua rotina. Cada uma reflete
características individuais de cada guia e de cada grupo de alunos. Alguns professores
utilizam unicamente os materiais projetados pela Dra. Montessori, outros, transformam;
criando materiais novos ou simplesmente adaptam materiais educativos às suas salas
montessorianas.
Para que o professor possa ser um guia verdadeiramente deve primeiramente
conhecer as necessidades cognitivas, biológicas e psicológicas, em cada fase de
desenvolvimento da criança. Deve ser também capaz de orientar dentro do ambiente, o aluno
para a atividade ou o material que se solicita para atingir um desenvolvimento apropriado à
sua idade.
O educador deve atender e respeitar as necessidades da criança, permitir livre
desenvolvimento da atividade numa linha de responsabilidade, favorecer a
liberdade biológica e psicológica da criança, seu crescimento e progresso, e
respeitar as diferenças individuais. (MARAN, 1977, pg. 25).
De acordo com Maran (1977) resume as funções ou o Papel do professor
montessoriano em três pontos, o primeiro é que ele deve sempre preparar o ambiente, o
Estudo do sistema educacional ... 96
segundo é se tornar um observador em potencial da criança e por ultimo secundar suas
atividades.
Uma das grandes contribuições do Sistema Montessoriano é a preocupação sobre
este guia; do seu papel, das suas atitudes e da sua visão no que se refere à criança. Neste
contexto o professor deve ter incutido na sua filosofia, três conceitos básicos do sistema: a
educação como sendo integral, permanente e personalista.
Ao mesmo tempo em que a doutora colocou a criança como o eixo
gravitacional do processo pedagógico, dando ao ambiente muita importância,
preocupou-se amplamente com a preparação do educador. Para que o educador
pudesse ser um elo de união da criança e o ambiente, precisava estar apto com
todo a assumir tal tarefa. O educador precisava respeitar e atender a criança
como pessoa, e logicamente, ele também devia estar num processo de
personalização (MARAN, 1977, p. 44).
O professor também deve possuir outras características como saber ser ativo
(quando o aluno entra em contato com o material pela primeira vez) e passivo (quando esta
apresentação já houver acontecido); deve sempre cultivar o ambiente ordenado e limpo,
despertando no aluno, o sentimento de ordem, silêncio, disciplina durante o trabalho
desenvolvido, motivar nas crianças a auto-disciplina, o sentimento de bondade e a cortesia.
Para Montessori não existe somente uma preocupação com a parte externa do
professor (comportamento, atitudes e características), pelo contrário; primeiramente O
professor deve-se preparar interiormente, realizando um auto-exame e renunciando a tirania
que por outrora tenha sofrido durante o seu desenvolvimento. Assim, Montessori fala que se
deve expelir do coração todos os sentimentos ruins, como o ódio e a ira, sabendo ser humilde
e revestindo-se de sentimentos bons, como a caridade e solidariedade; o professor, a partir
Estudo do sistema educacional ... 97
destas disposições, consideradas como ponto de apoio para o equilíbrio do seu ser, estará com
sua base firme para desenvolver, na sua sala de aula, um excelente com seus alunos.
5.2 Atitudes Montessorianas
O professor para que consiga realizar algo de consistente, de positivo, é
necessário que ele tenha convicção tanto do seu papel enquanto mediador do processo
ensino-aprendizagem, quanto acreditar no potencial que cada criança carrega consigo mesma,
enxergando a riqueza do material humano explorável e com uma capacidade ilimitada, que é
o ser infantil.
As atitudes do professor montessoriano devem convergir na sua totalidade, para o
atendimento das reivindicações da pessoa humana quanto à sua educação e formação. Por
isso é importante que ele pouco fale e de preferência, em voz baixa e tranqüila; que seus
gestos sejam moderados, preciso na apresentação do material e especialmente concentrado
naquilo que está praticando. Sobretudo seguir ao princípio da "não intervenção", quando o
aluno estiver interessado por alguma atividade ou material.
Na utilização dos recursos propostos, a criança se constrói; a conquista uma
segura confiança em si mesma, uma vez que se sente capaz de resolver as
inúmeras situações que se lhe apresentam; chega à consciência de sua
personalidade e de seu valor pessoal. Pela tentativa de acerto, a cada passo,
conhece as suas limitações e busca sozinha ou com o adulto os possíveis meios
de vencê-las. (MACHADO, 1986, p. 30).
O professor montessoriano utiliza duas estratégias para iniciar os alunos numa
atividade determinada: a primeira formar-se um modelo, para que seu comportamento chame
a atenção das crianças para aquilo que esta sendo feito; e a segunda, aconselhar, depois que as
Estudo do sistema educacional ... 98
crianças já viram realizada a atividade, que elas executem uma tarefa similar, porém que
apresente algum desafio. As atitudes primordiais do professor montessoriano na sala de aula
são:
a) Organizar o ambiente e os materiais necessários para sua aula planejada;
b) Conduzir o aluno a se auto-corrigir;
c) Levar a criança a se auto-disciplinar;
d) Fazer com que a criança respeite o trabalho dos seus colegas;
e) Como Montessori mesma mencionou: o Papel do professor montessoriano é o
de criar um traço de união entre a criança, o ambiente e o material, em outras
palavras, servir de intermediário entre a criança, o meio e o material;
f) Informar o manuseio correto do material e o seu método de trabalho;
g) O professor deve ser um guia que para atingir seus objetivos, mesmo que tenha
que se diminuir para que o aluno possa crescer;
h) Consentir que o centro do processo educativo seja a criança;
i) Não se impor, mas sempre utilizar o diálogo para que a criança possa
compreender as regras, limites, situações de perigo, etc.;
j) No que se trata sobre os limites, o professor deve ser claro, seguro e firme,
ajudando no processo de normalização das crianças;
k) E principalmente, quando a criança for capaz de realizar a atividade sozinha,
evitar as “ajudas” desnecessárias.
O professor, no entanto, tem diversas e complicadas incumbências, pois o seu
auxílio não deve ser excluído, mas deve ser sensato, delicado e multiforme. As palavras aqui
não são tão necessárias; o que importa mesmo como professor montessoriano é o seu espírito
de observação que lhe permita aproximar ou se retirar, interferir ou se calar segundo as
necessidades e situações.
Estudo do sistema educacional ... 99
Montessori (1965) defende efetivamente, que quando uma criança se educa por si
mesma, o controle e a correção do erro acham-se implícitos no próprio material, e que nada
mais restara à mestra que apenas observar.
Contudo para que o trabalho do professor possa ser realizado é necessário ele
conheça a si próprio; confie no seu trabalho; não seja uma pessoa, mas sim um grupo, busque
sempre maior aperfeiçoamento, aprofundando seus conhecimentos da filosofia, psicologia e
metodologia montessoriana. Que no seu ambiente de trabalho possa avaliar seu desempenho,
procurando aprimorar, aprofundar, e se corrigir sempre que for necessário; respeitar a criança
de tal forma, que esta consiga interiorizar este valor e favoreça o encontro consigo mesma,
com o outro, com a realidade a sua volta, com a natureza e com Deus; o professor
montessoriano deve ser sempre um observador em potencial, buscando com naturalidade,
amor, simplicidade e doação, a harmonia entre o trabalho físico, moral e intelectual.
Só para o professor observador chega à revelação do ser infantil, em seus
períodos sensíveis de crescimento, em que cada um deles, num ambiente
favorável e reduzidos os obstáculos ao mínimo, revela seus caracteres ocultos,
suas potencialidades maravilhosas e a existência das leis que regem a
construção psíquica. (MACHADO, 1986 p. 29).
Montessori defende um professor que cultive o silêncio interior da sala, silêncio
este, que surge da presença, da liderança com afetividade e se traduz no aluno em amor e
respeito, vale ressaltar que a paz do espírito é oriunda do silêncio concentrado, em outras
palavras, do silêncio interior.
O professor montessoriano, pela relação de respeito com seu aluno, jamais irá
corrigi-lo, em voz alta, e nem muito menos na frente dos seus colegas. Finalmente, o
verdadeiro educador, o professor montessoriano é aquele que sabe doar, respeitar, ajudar,
amar, agradecer, esperar, ouvir, falar e principalmente calar. Segundo Maran (1977) “Educar
Estudo do sistema educacional ... 100
é semear”. Muitos educadores querem ver resultados imediatos, em curto prazo. Às vezes, o
educador não sabe esperar, pois as mudanças no comportamento de seus alunos ocorrem de
forma lenta. Pior que os problemas do educando é a ansiedade do educador. Vale ressaltar
que uma das maiores qualidades do professor montessoriano é a paciência, sendo ele sabedor
que o processo ensino aprendizagem na criança ocorre de forma gradativa, por isto, o
professor deve estar sempre preparado para encorajá-la a superar os obstáculos que possam
surgir em sua caminhada. Sendo assim, Maran (1977) explica que o educador educa através
de atitudes, do que ele é, e não do que fala ou dos conhecimentos que transmite.
Por fim, a preparação do professor para ser montessoriano é essencial e deve ser
feita com muita seriedade, pois caso este profissional não assimile a filosofia montessoriana
para sua vida, este será um forte candidato a causar bloqueios na aprendizagem de seus
alunos, caso não esteja preparado para assumi-los com a devida responsabilidade; pois
atitudes inadequadas deixarão marcas negativas na história de vida dos seus alunos.
5.3 Apresentação dos materiais
Maria Montessori compreende que a tarefa de guiar o trabalho da criança com
material concreto, o professor montessoriano deve levar em consideração dois momentos
distintos. O primeiro é o momento das iniciações, onde a criança dar início ao manuseio dos
materiais. Entretanto é necessário que existam alguns critérios técnicos expostos a seguir:
A primeira técnica é chamada “isolamento do material”, que consiste em colocar
a criança na frente do material que será apresentado. A segunda é a “exatidão na execução”
onde o professor apresenta a forma correta de trabalhar o material à criança. A terceira incide
em “chamar a atenção” da criança, estimulando-a para o trabalho com material. O próximo
passo é a técnica de “prevenir o uso incorreto”, aqui o professor deverá intervir no trabalho,
Estudo do sistema educacional ... 101
pois a manipulação errada do material não proporcionará a criança à auto-educação. Um dos
critérios mais importantes é o “respeito pelo trabalho útil”, isto é, o professor deverá observar
o trabalho da criança e deixá-la repetir o exercício pelo tempo que for necessário para
satisfazer as suas necessidades, sem que haja interrupção. E por ultimo a “conclusão do
trabalho” que corresponde à devolução do material ao seu lugar, contribuindo para que o
ambiente permaneça de forma limpa, harmoniosa e organizada.
O segundo momento é conhecido como o das lições que tem como objetivo
ensinar à criança a terminologia correta. Isso é realizado através da lição em três tempos e é
considerado como um achado didaticamente genial. A lição em três tempos foi concebida
por Séguin para obter da criança deficiente a associação entre a imagem e linguagem. Onde o
primeiro tempo relacionava a percepção sensorial à denominação do material; o segundo
tempo destinava-se ao reconhecimento do material correspondente a sua denominação; e por
ultimo, o terceiro tempo verificava se a criança discriminava o material a partir da
nomenclatura trabalhada.
A educadora italiana analisou as fases de compreensão e reduziu-as à sua
particularidade, constituindo procedimento com uma abordagem positiva, onde tudo o que
era desnecessário (supérfluo) para a compreensão era largado de lado. Assim ela começou a
trabalhar a lição em três tempos em suas salas e percebeu grande avanço no desenvolvimento
de conceitos do aluno.
Para Montessori o primeiro tempo é marcado pela relação da percepção sensorial
ao substantivo pronunciado pelo professor. O professor pronuncia todos os substantivos e
adjetivos indispensáveis, com uma fala clara, pausada e harmoniosa; com o objetivo de não
causar nenhum equívoco nos termos proferidos, mesmos que eles apresentem dificuldades
ortográficas; os termos da oração devem ser proferidos de maneira correta.
Estudo do sistema educacional ... 102
Primeiro tempo: exatidão da palavra e a associação da percepção sensorial
com o nome. A mestra deverá, inicialmente, pronunciar os nomes e os
adjetivos necessários, sem acrescentar mais nada: ela deve pronunciar as
palavras bem separadas umas das outras, com voz bem clara, de maneira que
os sons que compõem a palavra sejam distintamente percebidos pela criança.
(MONTESSORI, 1965, p. 150)
Assim o aluno perceberá os diversos sons que constituem as palavras. O professor
repetirá o que foi falado, porém sem deixar de apresentar muita clareza nesta pronúncia. A
lição a respeito de substantivo deve exclusivamente associar o nome ao objeto ou à abstração
idealizada, isto tudo para na “Mente Absorvente” fique somente o nome e o objeto, deixando
assim, o supérfluo de lado. Como por exemplo, podemos dizer a uma criança que “Isto é um
círculo” e logo em seguida, o professor oferece uma figura que represente o nome outrora
dado, sem maiores detalhes. Montessori (1965) dizia que uma lição será tanto mais perfeita
quanto menos palavras tiver; será mister um cuidado especial em preparar as lições, contar e
escolher as palavras que se hão de proferir.
O segundo tempo é caracterizado pelo ato de reconhecer o objeto correspondente
ao nome pronunciado no primeiro tempo, na realidade é uma comprovação da eficácia do
tempo anterior. Segundo tempo distinção do objeto correspondente ao nome. Ainda se
tratando do seu livro Pedagogia Cientifica, Montessori fala que a mestra deverá sempre obter
uma prova de que sua lição atingiu o objetivo colimado.
A avaliação é feita depois de perpassar alguns segundos em silêncio e realizar o
pedido à criança do objeto, que estará entre outros, cujo nome acabou de ensinar. Baseado
ainda no exemplo do círculo, o professor dirá ao aluno: “qual é o círculo”, caso o aluno não
consiga acertar, não demonstrando nenhum esforço, o professor não deve persistir ou
retificar; nem muito menos retornar a aula colocando ao aluno outro nome ao objeto, por
Estudo do sistema educacional ... 103
exemplo: roda para facilitar a sua compreensão. Sugere-se que esta lição, seja oferecida em
outro instante, da mesma forma anterior, para o aluno, pois se acredita que é possível que
naquela ocasião que foi oferecida a lição não houve clima adequado para as associações
desejadas.
Este segundo tempo é o mais importante; é ele que encerra a verdadeira lição,
a ajuda para a memória e a associação. Quando a mestra constatou que a
criança compreendeu e que ficou interessada, ela repetirá várias vezes às
mesmas perguntas. (MONTESSORI, 1965, p. 151).
Entretanto é no terceiro tempo que podemos verificar se a criança conseguiu
realmente associar e pronunciar corretamente o objeto. Desta vez a pergunta feita é "o que é
isto?", apontando o objeto ou a figura trabalhada desde o primeiro tempo. Se o aluno não
responder a pergunta com segurança, o professor logo em seguida responde de forma clara,
calma e precisa, reproduzindo uma ou duas vezes, o nome dado àquela figura ou objeto;
pedindo a terceira lição novamente.
E para uma melhor confirmação da lição apreendida, o professor pode
complementar perguntando ao aluno se ele pode identificar outros desenhos circulares no
ambiente. Terceiro tempo: lembrar-se do nome correspondente ao objeto. O terceiro tempo
para Montessori é uma verificação rápida das lições feitas precedentemente. Sinteticamente a
lição em três tempos fica assim:
Tabela 02: Lição em três tempos
1o tempo Isto é...
2o tempo Qual é...
3o tempo O que é isto?
Estudo do sistema educacional ... 104
Na prática Montessoriana, as lições que são oferecidas à criança necessitam de
essenciais cuidados de apresentação. Principalmente quando as palavras possuem as
dificuldades ortográficas como, por exemplo, o "rr" e o “ss". Este cuidado é para evitar com
que o aluno se confunda com o significado e a significância da palavra, por exemplo, é
corriqueiro rio (fluxo d‟água) ser pronunciado como riu (ação de rir). Se o Professor não
souber o nome corretamente de um determinado objeto que irá trabalhar, primeiramente
deve-se averiguar no glossário para que não oportunize um ensinamento errôneo.
Também é importante que o professor montessoriano se preocupar em treinar a
pronúncia da palavra corretamente, ainda que isso venha aparentemente, de frente com o
dialeto natural da região. Como também preocupar-se com a pronúncia dos sons finais das
palavras, com o objetivo de que a criança não receba informação errada ou distorcida da
palavra, evitando assim num futuro próximo, que ela fale ou escreva de forma errada, não
deixando espaço entre os termos integrantes de uma frase.
A lição em três tempos foi idealizada por Séguin. Ela é muito eficaz tanto no trato
com as crianças ditas “normais” como com crianças com necessidades especiais. A causa da
sua extraordinária operacionalidade está no seu jeito simples de ser trabalhado, pois não
existi, nesta lição, palavras desnecessárias, e sim palavras com função adequada e objetiva na
frase.
A grande diferença é que os materiais montessorianos não se constituem apenas
num auxílio para a professora ilustrar e enriquecer sua aula, mas eles são os próprios meios
didáticos. A professora faz parte desse cenário e deve ajudar a criança na sua autoconstrução
e deve ter consciência do tempo de cada um, acreditando que ela revelará todas as suas
potencialidades, se lhe forem oferecidos os meios para isso.
Estudo do sistema educacional ... 105
A tarefa da educação se divide entre a mestra e o ambiente. A antiga mestra
„ensinante‟ foi substituída por um conjunto muito mais complexo; quer dizer,
coexistem com a mestra muitos objetos (os meios de desenvolvimento) que
contribuem para a educação da criança. A profunda diferença que existe entre
nosso método e as chamadas „lições de coisas‟ dos métodos antigos reside em
que os „objetos‟ não são uma ajuda para a mestra que há de explicar suas
lições, ou seja, não são „meios didáticos‟. São, em contrapartida, uma ajuda
para a criança que os escolhe, que se apropria deles, os utiliza e se exercita
segundo suas próprias tendências e necessidades e conforme os impulsos que
o objeto desperta. Desta feita, os objetos se convertem em „agentes
estimulantes de sua própria atividade‟. Os objetos, não o ensino da mestra, são
o principal; e, como quem os utiliza é a criança é este o ente ativo, não a
mestra. (MONTESSORI, 1937, p. 176).
Montessori acreditava que o professor pode além de orientar e estimular os
alunos, também poderia ficar atento às escolhas, às possibilidades e às dificuldades de cada
integrante de sua sala de aula, colocando-os num relacionamento direto com o ambiente,
previamente planejamento e preparado; segundo as fases de desenvolvimento infantil nas
áreas cognitiva, afetiva e psicomotora. Sendo assim, tudo ao redor da criança poderá
influenciar para que ela alcance uma educação positiva, permitindo o seu amadurecimento,
sua capacidade de autonomia, relacionamento equilibrado consigo mesma, com o outro e com
o seu entorno.
Desta forma é de suma importância a apresentação da professora em sala de aula,
desde o seu relacionamento com os alunos, sua maneira de olhar, agir e falar, demonstrar
sentimentos e valores. Saber escutar e saber esperar são atitudes que devem ser exercitadas
todos os dias.
Estudo do sistema educacional ... 106
6 AS SALAS AMBIENTES E AS SUAS ÁREAS
O Sistema Montessoriano proporciona um ambiente educacional diferenciado
denominado de salas-ambientes. Estas salas-ambientes são espaços destinados para o
aprendizado específico do trabalho de uma determinada área ou áreas afins. Elas são
compostas por diversos materiais didáticos e auto-corretivos, designados para o treino, o
desenvolvimento, o aperfeiçoamento e o refinamento das habilidades da criança de acordo
com sua necessidade e seu ritmo próprio de aprendizado.
Um dos pontos mais importantes na defesa da sala ambiente é o desenvolvimento
da atenção, concentração e as necessidades interiores que a criança apresenta, no seu relativo
grau de desenvolvimento, possibilitando inclusive, a atividade livre concentrada; pois a
utilização do material esta relacionada intimamente com a liberdade de escolha, que é uma
característica da liberdade-responsável, na qual se exercita a criança.
Desta forma, segundo Lagôa (1981) os materiais colocados no “ambiente
preparado” que mantém a criança em atividade são agrupados com a seguinte classificação:
materiais para as “atividades de Vida Prática”; materiais “sensoriais de desenvolvimento” e
materiais para “aquisição de cultura”, que corresponde às áreas de linguagem, matemática e
Educação Cósmica.
6.1 As áreas trabalhadas
As áreas trabalhadas no Sistema Montessoriano são: Vida Prática, Educação dos
Sentidos ou Sensorial, Linguagem, Matemática e Educação Cósmica.
Estudo do sistema educacional ... 107
6.1.1 Vida Prática
Vida Prática é uma ocasião indispensável ao Sistema Montessoriano, nele pode-
se analisar, realmente, se houve ou não aprendizagem por parte da criança. A área de Vida
Prática é o próprio cotidiano vital da criança, isto é, sua relação como o meio familiar ou
escolar, seu quarto, seus objetos, etc.
Se na mesa de lanche ela, freqüentemente, deixa derramar o suco, é porque sua
movimentação não está boa. Alguma coisa falhou na sua formação. Se, por
outro lado, ela age no cotidiano com segurança, equilíbrio e firmeza, mostrará
que integrou a sua vida, toda a movimentação proposta por Montessori.
(ALMEIDA, 1974, p.7)
Maria Montessori nos sugere um ambiente atenciosamente preparado para que as
crianças extravasassem todas as suas habilidades, competências e emoções; através das
inúmeras situações simples da vida. A área de Vida Prática era considerada a alma do seu
método, pois oferecia à criança a liberdade de manifestar-se naturalmente no ambiente, ao
mesmo tempo em que este ambiente solicitava dela, manobras, muita das vezes complexas,
levando-a a coordenação de gestos contínuos, os quais deveriam ser executados um após o
outro.
Montessori (1965) orienta no seu livro Pedagogia Científica que tudo o que se
ensina deve estar ligado à vida; não se devem suprimir, contudo, dirigindo-os um a um, os
gestos que as crianças aprenderam a realizar e enquadrar na prática da vida. Este
enquadramento oportuno das ações, cada uma em seu próprio lugar é um dos esforços mais
elevados que a criança deverá fazer.
De acordo com o próprio assunto, os exercícios de Vida Prática, se reservam a
preparação da criança para a vida, possibilitando a sua independência e uma maior
Estudo do sistema educacional ... 108
organização interior. Estes exercícios estão divididos em quatro: cuidados pessoais, cuidados
com o ambiente, coordenação dos movimentos e convívio social. Desta forma, muitos
educadores consideram a sala ambiente de Vida Prática com o a mais importante, pois ajuda a
criança a desenvolver a tolerância e a cortesia, a coordenação motora, o controle exato e
refinamento do movimento, concentração, independência, ordem e disciplina.
Deixe as crianças serem livres [...] deixe-as tirar os sapatos quando acharem
uma poça d‟água [...]. Deixe-as sorrir quando o Sol acordá-las de manhã assim
como acorda todas as criaturas vivas que dividem seu dia entre o despertar e o
dormir. [...] Quando as crianças entram em contato com a natureza, revelam
sua verdadeira força. (MONTESSORI, 1965, p. 176).
Quando falamos em sala-ambiente, fazemos referência ao conjunto total de
objetos que a criança escolhe livremente e manuseia-os de acordo com seus impulsos de
atividade. Ao professor, nesta ocasião, cabe encaminhar e auxiliar o trabalho de forma
adequada, alcançando o objetivo especifico, de cada material escolhido. Os exercícios de
Vida Prática colocam o corpo em movimento. São exercícios físicos significativos para o
equilíbrio do sistema nervoso central; melhorando assim, os grandes e pequenos movimentos
necessários para sua vida como um todo.
Dentro deste ponto de vista, podemos afirmar que a Vida Prática é a avaliação
mais eficaz que o professor montessoriano pode efetivar. Esta não é uma
avaliação formal, quantificável, mais tem uma característica que nenhuma
apresenta: nela se faz na vida, ela é a própria vida da criança, em sua
capacidade de integrar-se ao meio. (ALMEIDA, 1974, p.7)
No que tange a mobília deste ambiente, esta será adequada ao tamanho da
criança, para corresponder a sua necessidade de agir com inteligência e locomover-se
Estudo do sistema educacional ... 109
livremente. A criança apresentará, através destes exercícios, controle e destreza de
movimentos úteis dentro e fora do ambiente escolar.
Lagôa (1981, p.37) apresenta um exercício de Vida Prática da seguinte forma:
Assim, por exemplo, para abrir, transpor uma porta, é preciso executar sucessivamente os
gestos seguintes: 1º colocar a mão na maçaneta, 2º girá-la, 3º puxar ou empurrar a porta, 4º
soltar a maçaneta, 5º passar, 6º voltar-se, 7º recolocar a mão na maçaneta, 8º empurrar ou
puxar a porta, 9º apoiar a maçaneta e assegurar-se de que a porta está fechada, 10º soltar
devagar a maçaneta.
Quando a criança sai da Educação Infantil, a sala ambiente de Vida Prática se
transforma em um dos cantos de outra sala ambiente do Ensino Fundamental, desta forma as
tarefas da Vida Prática não são interrompidas porque a criança cresceu; isto porque, a Vida
Prática faz parte das atividades do dia a dia da criança e o ambiente da sala de aula, deverá se
apresentar sempre da maneira mais limpa e ordenada possível. A diferença acontece no grau
de complexidade que se dará de acordo com a faixa etária do aluno.
6.1.2 Educação dos Sentidos ou Sensorial
A Educação Sensorial faz referência do treinamento, aperfeiçoamento e requinte
da visão, audição, tato, olfato e paladar. A finalidade dos exercícios é educar os cinco
sentidos, assim os alunos aprenderão sobre o ambiente e serão capazes de discriminar seus
aspectos mais perspicazes.
Para Maria Montessori, a educação dos sentidos deve preceder a educação das
atividades do intelecto, pois é através dos cinco sentidos que a criança entra em contato com
o mundo a sua volta.
Estudo do sistema educacional ... 110
Segundo Machado (1986) a Educação Sensorial é o melhor treinamento para a
visão, audição, tato, olfato e paladar, ou seja, para o treinamento sensório-motor-perceptivo,
pois favorece um alicerce adequado para a aquisição de conhecimentos do intelecto,
aperfeiçoa a sensibilidade estética e a harmonia do ambiente, implicando inclusive, na
organização interior de cada um. O processo mental se faz, da sensação à imagem ainda
material, por depender das células nervosas, da imagem particular à generalização da idéia
pura.
Toda aprendizagem parte da experiência concreta programada para favorecê-lo
a elaboração de idéias abstratas. Trata-se, portanto, de exercitar a inteligência,
pelas sensações mais simples, para atividades posteriormente mais complexas.
O processo mental se faz, da sensação à imagem ainda material, por depender
das células nervosas, da imagem particular à generalização da idéia pura.
(MACHADO, 1986, p.34)
O professor ao trabalhar com os materiais sensoriais deverá apresentá-los
cientificamente e proporcionará meios para que o aluno trabalhe com respeito, seriedade e de
forma apropriada, ficando claro para o mesmo que estes materiais são de trabalho e não
simplesmente brinquedos. O papel doa professor é de uma constante observação, a ele
compete oferecer, nortear, observar e incentivar o trabalho.
Na prática pedagógica, o primeiro passo para a escrita e a leitura, é a Educação
Sensorial. Os alunos utilizam o seu dedo indicador para “sensorialmente” conhecer a grafia
de cada letra, através das letras de lixa. Isto ajuda a criança reconhecer a forma correta de se
escrever cada letra, ao mesmo tempo em que desenvolve sua coordenação motora e aprende
os sons das letras. Após esta primeira etapa o dedo é substituído pelo lápis para numa etapa
mais avançada, escrever.
Estudo do sistema educacional ... 111
A aprendizagem da escrita e da leitura se alcança na criança de forma natural,
principalmente se ela conviver e trocar experiências com crianças maiores que já possuem
desenvolvida a competência da lectoescrita; este agrupamento propicia na criança menor, um
desejo de ter as mesmas habilidades do colega de sala; e a esta harmonia de relação e troca de
experiência, acaba resultando dentro da sala de aula montessoriana, uma atmosfera de ajuda
mútua que favorece o crescimento de todos.
6.1.3 Linguagem
O Sistema Montessoriano de alfabetização é um processo natural e inteligente. O
aluno aprende por meio de fonemas, e por isto é considerada como uma alfabetização
fonética, satisfazendo aos princípios que dirigem a nossa língua. O processo de alfabetização
inicia-se muito cedo quando a criança entra na escola, nesta hora é proporcionada uma
sistematização das sensações e percepções, captadas por ela através dos seus sentidos durante
a experimentação do meio em que vive.
Uma vez que a criança, no 1º período de seu desenvolvimento, de zero a seis
anos, da Mente Absorvente, manifesta sensibilidades para a percepção
sensorial, para ordem, o pormenor e o movimento, uma preparação remota
para a leitura, escrita e matemática deve aproveitar essas capacidades, contar
com condições propícias para o processo de aprendizagem desencadeie-se
segura e progressivamente. (MACHADO, 1986, p.39)
O Método Montessori é considerado individual, por respeita as diferenças
individuais; e ativo, pois é apresentado ainda na fase da “Mente Absorvente”. Tudo o que a
criança sente, percebe e absorve é transformado em informação. O método aproveita todo e
qualquer estímulo e canaliza-o para um objetivo maior que é a conquista da habilidade de
Estudo do sistema educacional ... 112
escrever, ler e interpretar, e para isto a criança utiliza a memória visual, tátil e muscular,
conjugadas as sensações auditivas.
Na verdade o uso de todos os materiais sensoriais preconizados pela Dr.ª
Maria Montessori para a Educação Infantil favorecem o aprendizagem da
escrita e da leitura. Entretanto, os que são considerados materiais de
preparação remota são: os de educação do senso auditivo, táctil e
estereognóstico. (MACHADO, 1986 p. 40)
Cabe ao professor ter consciência das necessidades de trabalho sensoriais
apropriados, com base nas finalidades propostas para cada um deles, tendo ciência que é
através do movimento leve, preciso e ordenado que a criança atinja com maturidade, a
prontidão para a escrita. Montessori também enfatiza em suas obras a necessidade do
ambiente preparado, pois este convida o aluno para a atividade; então os materiais dispostos
deverão ser atraentes com cores, brilhos e auto-corretivos.
A aquisição da escrita será instantânea, a não ser que a preparação indireta
anterior, aqui representada pelas atividades sensoriais, não tenha sido de desenvolvida de
forma clara, fixando a percepção tátil-muscular, neles associadas; pois este trabalho é
considerado como pré-requisito para o preparo direto à escrita e se dá através do manuseio
dos materiais concretos, que proporcionam o domínio total da coordenação motora fina.
Após a escrita, no método Montessori, acontece o processo de leitura, isto é a
criança é movida a interpretar os sons das letras mecanicamente, para depois compor as
palavras.
Entretanto, conseguir ler a palavra composta, não quer dizer que a criança saiba
ler, pois Montessori admite como leitura, o momento em que a criança decodifica as letras e
capta a idéia transmitida das palavras escritas.
Estudo do sistema educacional ... 113
”Elementos básicos para a escrita e a leitura são de um lado a discriminação
dos sons e de outro lado da forma, posição e lateralidade das letras na palavra,
habilidade muscular, a “explosão” da leitura e a “explosão” da escrita”.
(MACHADO, 1986, p 40).
A leitura é entendida rigorosamente como a comunicação. Por isto é que para a
aprendizagem aconteça de forma significativa, às palavras trabalhadas devem possuir
significado familiar na vida criança. Cabe ao professor ter cuidado na hora de planejar suas
aulas, e relacionar os conteúdos propostos, com a vivência ou currículo oculto da criança.
Segundo Montessori, desde que a criança passar a existir, sua mente é
considerada uma “esponja” e capta do ambiente todas as informações necessárias para suas
necessidades vitais. É o que ela denominou de Mente Absorvente, onde a criança realiza sua
própria construção por meio da absorção do ambiente que a rodeia.
Conclui-se que a leitura acontece não somente pela interpretação dos sinais
gráficos, mas sim quando levam a criança a sentir, entender e interpretar; estabelecendo uma
relação ininterrupta com os elementos textuais, guiados pelos estímulos discriminativos que
esses elementos representam.
6.1.4 Matemática
A educação da matemática também é iniciada através da Educação Sensorial. É
considerado um conceito abstrato que é alcançado através de experiências concretas no
ambiente. O método Montessori tem como objetivo favorecer a compreensão do que a
matemática propaga.
O trabalho iniciou-se através de experiências com o ambiente que proporcionava
posteriormente as deduções das regras, de maneira abstrata. Para trabalhar os números e os
Estudo do sistema educacional ... 114
cálculos na sala de aula, Montessori utilizou a história da matemática, trazendo os primeiros
experimentos egípcios e gregos para que a criança percebesse que a matemática não é
somente uma disciplina que trabalha com números, mas que passa a existir a partir da
necessidade ser humano em construir e materializar seus pensamentos, no tempo e no espaço.
A definição da propriedade, as dificuldade da natureza, e as situações o
problemáticas das trocas culturais e comerciais, levaram o ser humano à matemática. O aluno
deve compreender o passado para assumir o presente; sabendo inclusive que herdou dos
antepassados suas experiências para se tornar responsável pela herança das futuras gerações.
Machado (1986) ressalta que para Maria Montessori a mente humana é também
uma mente matemática, destinada a operar com exatidão, através de atividades tais como
discriminar, mensurar os elementos que encontra, a cada passo na vida.
Mª Montessori explica que a mente do homem é de natureza matemática, pois se
destina para a exatidão, para a medida e para o conforto. E prova disto é a evolução da
humanidade. A criança aos poucos manifesta o quão é o seu potencial lógico, a partir de uma
verdadeira ajuda no seu desenvolvimento matemático. A ajuda sugerida no parágrafo acima
está relacionada com a utilização dos materiais sensoriais, que preparam para a formação
matemática.
Estes materiais são apresentados na etapa de vida conhecida, no Sistema
Montessoriano, como Mente Absorvente, onde o desenvolvimento dos sentidos é prioridade
para as atividades intelectuais superiores. Esta preparação da mente matemática ocorre na
criança de maneira indireta e de forma inconsciente, através de atividades dirigidas.
Machado (1986) faz referência este material utilizado no Sistema Montessoriano
dizendo que é um material que além, de proporcionar a aquisição e aprimoramento de
conhecimentos matemáticos, favorece o desenvolvimento da personalidade, pela maneira e
circunstância que é usado. A criança aprende a atividade espontânea num ambiente
Estudo do sistema educacional ... 115
preparado. Toda a Educação Sensorial que prevê a percepção de forma, tamanho, proporção,
discriminação, mensuração, comparação, favorece a intuição de conceitos, de realidade e de
vocabulário matemático
Após a manipulação dos materiais, a criança alcança suas abstrações necessárias
para a compreensão de futuros conhecimentos na área da matemática, criando sólida estrutura
mental, fundamentada nas conquistas sensoriais concretas.
Segundo Mussalém (2000) a matemática como todas as áreas trabalhadas no
Sistema Montessoriano, ajuda a criança na grande caminhada para a independência, tendo em
vista o desenvolvimento integral e harmônico de sua personalidade, e esta programação deve
ser feita em vista a faixa etária dando margem para que ela intua e sistematize conceitos sobre
diferenças, semelhantes e equivalentes.
6.1.5 Educação Cósmica
Montessori se colocou a construir uma metodologia educacional que consentisse
o desenvolvimento das potencialidades da criança, fundamentada na visão cósmica de
conexão entre os seres vivos e não vivos do mundo, envolvendo os conteúdos de geografia,
ciências e história.
Um dos fundamentos filosóficos que norteiam o sistema é a Educação Cósmica,
grande elo entre o ser humano, a natureza e o conhecimento; que parte do princípio de que
cada ser vivo é componente ativo e essencial para o prosseguimento, a preservação e o bom
funcionamento da sociedade e da natureza.
Machado (1986) diz que toda a natureza criada traz do Criador a marca de
harmonia de forma, de dimensão, de cor, de movimento, e, no homem, de sentimento e de
Estudo do sistema educacional ... 116
inteligência: tudo a convergir para a harmonia da ordem, ou seja, a paz, se os homens
preservassem a justa relação entre si e entre os outros seres da criação.
É importante ressaltar que o aluno no sistema Montessori é conduzido a formar
opiniões, estabelecer possibilidades de decisão e de compromisso e agir pelos seus próprios
valores da justiça, verdade, bem particular e comunitário, estrutura de vida social harmoniosa
com a natureza do ser humano. E para que esta idéia fosse concretizada, Montessori
apresentou um sistema de educação integral que oferece ao aluno uma visão cósmica da sua
realidade a qual vive; ao mesmo tempo em que proporciona a experiência de um ambiente
preparado, com possibilidades e estímulos de atuação adequados; em que o aluno possui a
oportunidade de concretizar a construção do conhecimento, não através de disciplinas, mas
sim, sob um aspecto real e sistêmico, desvendando o mundo em que vive e apreciando o que
tem de harmonioso e belo.
“Na sua visão cósmica da vida é que Maria Montessori via as justificativas
para a solidariedade humana no tempo e no espaço e proponha o que chamava
de Educação Cósmica, síntese de educação para a paz.” (MACHADO, 1986,
p. 53).
Nesse ponto de vista, a Educação Cósmica é considerada um dos pilares do
Sistema Montessori, que sensibiliza o ser humano a reverenciar a natureza e entender a
interdependência entre os elementos do universo, e que a união de todos estes elementos
garantirá à humanidade, uma vida tranqüila e equilibrada. Diante deste pensamento,
Montessori prevê o surgimento de um novo homem para um mundo novo, que participará de
forma consciente e ativa da sociedade, assumindo sua responsabilidade sua historia da
humanidade.
A Educação Cósmica é qualificada por um segundo tipo de conhecimento, o
conhecimento holístico, um conhecimento ecológico. Esta educação visa procurar ajuda das
Estudo do sistema educacional ... 117
emoções e não esperar compreender tudo exclusivamente com o intelecto. E, para que a
criança adquirisse a visão do todo, acompanhando um estudo particularizado das partes e
observando o processo da evolução; durante sua aprendizagem, o estudo da Educação
Cósmica que abrange especificamente os conteúdos de História, Geografia e Ciências, vai
sendo integrado às demais áreas como a Linguagem, Matemática, etc.
Um importante diferencial para o desenvolvimento dos trabalhos e das disciplinas
está relacionado com “As Grandes Lições” que Montessori apresentou no seu estudo
cósmico. Essas lições são assuntos essenciais nos quais se apresentam em forma de narrativas
às crianças que acabam entendendo, a formação do universo, o aparecimento da vida, a
chegada do homem ao planeta, a existência das letras e os números, o aparecimento da vida
na terra para receber o homem e a importância dos primeiros habitantes humanos do planeta.
Todos esses conteúdos são trabalhados de forma integrada com as disciplinas, não havendo
assim, um currículo fixo ou uma matéria específica.
Desta forma, Montessori, demonstra à criança que no caminho da evolução, há
uma relação de cumplicidade até mesmo entre os seres irracionais; e que cada ser da natureza
ao mesmo tempo em que contribui para o meio ambiente e ele encontra-se dependente deste
meio já que precisa manter seus dependentes em ininterrupto desenvolvimento.
Educação Cósmica é a ajuda ao desenvolvimento na liberdade, compreendida
esta como responsabilidade humilde do servidor capaz e consciente para levar
avante o gigantesco plano da evolução, no sentido do sempre ser mais.
(MACHADO, 1986, p. 53)
Maria Montessori, no livro Pedagogia Científica, destaca a importância dos
primeiros anos de vida, principalmente aqueles anos referentes à idade pré-escolar (Educação
Infantil), como a base para o desenvolvimento do potencial humano. Esta fase proporcionará
as conquistadas e as potencialidades que alimentarão o futuro homem que aparecerá na fase
Estudo do sistema educacional ... 118
adulta. Por isso, os grãos lançados nesta fase de desenvolvimento “Mente Absorvente”
correspondente a Educação Infantil proporcionará a formação de seres felizes, conscientes e
harmonizados com o nosso planeta terra.
No ponto de vista teórico-prático, Maria Montessori tenta desenvolver a
personalidade da criança de forma integral, holística, global; pois na criança, cultiva e
resguarda suas qualidades interiores e ensina a liberdade, no campo de atividades
organizadas. Por isso, na época atual, a qual se pretende recriminar a importância de uma
Educação Infantil sadia e inteligente, a visão original do Sistema Montessori, junto com sua
filosofia abre ao campo da pedagogia, modernas e propícias perspectivas na área educacional.
6.2 Materiais Montessorianos
Outra grande contribuição de Maria Montessori foi à educação das crianças
com seus materiais pedagógicos. O Sistema Montessoriano, do seu ponto de vista, obedece às
exigências para o desenvolvimento das potencialidades da criança, desta forma, as etapas de
desenvolvimento nas quais as crianças atravessam são fundamentais para as experiências
montessorianas, pois, se acredita que a Mente Absorvente da criança de zero a seis anos faz
com que o processo ensino aprendizagem seja uma etapa tranqüila de vida da mesma.
Os materiais de desenvolvimento, criado por Maria Montessori, são compostos
por uma série de elementos que possibilitam a criança à percepção da forma, da dimensão, da
qualidade, da cor, do peso, do grau de aspereza, da temperatura, e do som. Segundo
Montessori (1965), esses objetos para o desenvolvimento da inteligência e aquisição da
cultura, são "sistemas combinados para a educação dos sentidos para o ensino do alfabeto,
números, escrita, leitura e aritmética". Esses materiais ficam dispostos de forma planejada,
pois ao professor possui um objetivo a ser alcançado em seu planejamento, em seu ambiente
Estudo do sistema educacional ... 119
preparado. Na veracidade, a finalidade de Montessori era trabalhar com as crianças,
utilizando materiais específicos que propiciassem um fim desejado.
Château (1978), explica que os materiais da casa montessoriana são diligentes,
finamente escolhidos e predispostos para cada sentido e para as formas mais variadas de
atividade motora. A intenção de Montessori, ao adotar materiais sensoriais (Figura 15) como
meio de aprendizagem, foi de garantir o aperfeiçoamento do indivíduo através dos exercícios
de livre escolha. Montessori (1965) escreve que a criança uma vez tornada senhora de seus
atos, mediante um exercício prolongado e repetido, será satisfeita pelo emprego de sua
atividade motora, que aprendeu a utilizar de modo agradável.
A Educação Sensorial consentirá à criança superar a dependência do outro e do
ambiente, confiando em si mesma, favorecendo a sua independência, aprendendo a exercitar
sua inteligência e sua e auto-educação. A criança ao manipular os materiais aprende a
discriminar, comparar e a classificar; esta manipulação possibilita a auto-correção, pois no
momento de trabalho e concentração, a criança movimenta os materiais em busca da forma
correta, e ao perceber falhas ou erros, acaba procurando outros caminhos ou soluções buscar
para se auto-corrigir.
Figura15 - Material Sensorial II
Fonte: http://www.montessori-n-more.com/images/sensorial_1.jpg
Estudo do sistema educacional ... 120
Cada material sensorial possui uma intenção, alguns se referem ao senso tátil,
outros para o senso térmico, senso bárico, senso estereognóstico, senso olfativo e gustativo,
senso auditivo, senso visual e, por fim para o senso cromático. Entretanto todos os materiais
requerem repetição e exercícios, até mesmo porque, Montessori (1965), os utiliza para a
preparação indireta e lingüística para a escrita.
Consideramos como materiais sensoriais, as tábuas de áspero e liso, as lixas de
gradação de aspereza, o jogo de pareamento; as caixas de vários tecidos, o jogo de madeira,
os saquinhos de objetos variados, os jogos de recipientes para sabores e odores de sons,
encaixes sólidos e planos de madeira, barras vermelhas, torre rosa, escada marrom e tabletes
coloridos. Entretanto, consideram-se os mais importantes para a construção do processo
ensino aprendizagem das crianças: as tábuas, lisas e ásperas, os cilindros coloridos, os
encaixes sólidos, os sólidos geométricos, as barras vermelhas, a escada marrom e a torre rosa.
Isto tudo porque através dos cilindros coloridos, podemos encontrar as noções de espessura
(grosso/fino), de comprimento (longo/curto) e de altura (alto/baixo), e de quantidade.
Os encaixes sólidos orientam o exercício da criança, permitindo-lhe o controle do
erro, pois apresentam consigo cavidades que são exclusivas para cada cilindro. Através da
manipulação dos sólidos geométricos à criança possui maior preparo para a compreensão e
raciocínio, especialmente no que diz respeito às noções de matemáticas. A partir do momento
que consegue diferenciar uma pirâmide, que é um sólido geométrico, de um quadrado, figura
geométrica plana, a criança encontra-se pronta para avançar no seu processo ensino
aprendizagem.
Outro material muito importante são as barras vermelhas, que trabalham com
conceitos relacionados às noções de curto, comprido, vertical, horizontal, etc. isto, conceitos
relativos ao comprimento. As escadas marrons são caracterizadas pela cor e pela sua variação
de espessura, conseqüentemente o aluno aprenderá diferenciar as noções de fino e grosso,
Estudo do sistema educacional ... 121
pesado e leve. A tão famosa e cobiçada pelas crianças, torre rosa, pode sugerir a criança a
organização seqüencial, a diferenciação do maior e menor e de diversos volumes. Os
encaixes planos favorecem as crianças o desenvolvimento de conceitos das figuras
juntamente com a identificação das figuras geométricas.
Não se trata de ministrar conhecimentos às crianças, nem dimensões, formas,
cores, por meio de objetos. Nem mesmo é nosso objetivo ensinar as crianças a
servir-se, „sem erros‟, do material que lhe é apresentado nos diversos métodos
de exercícios. [...]. Os objetos tornam-se meio de desenvolvimento.
(MONTESSORI, 1965, p.143).
Entretanto para que a criança realmente realize a auto-educação, o professor
precisa primeiramente, apresentar com pouca ou quase nenhuma palavra, todo e qualquer
material; falando os respectivos nomes e qualidades, como exemplo: os encaixes planos:
"Este é o amarelo". Depois ele fará com que as crianças relacionem os adjetivos com o que
foi mostrado. A criança mostrará com o dedo, respondendo a pergunta do professor.
Exemplo: "Qual é o amarelo?". A criança então assinalará. No último momento a criança
deve saberá corresponder o nome com o material indicado. Exemplo: "Qual é esta?". A
criança deverá responder ou apontar que esta é amarela. Montessori (1965) foi muito sábia ao
defender que uma lição será tanto mais perfeita quanto menos palavras tiver; será mister um
cuidado especial em preparar as lições, contar e escolher as palavras. Que se hão de proferir.
Por esta razão que Montessori (1965), na obra Pedagogia Científica defende que
"a repetição do exercício é então uma necessidade, pois aguçará o espírito de observação da
criança, regulará e orientará sua atenção; conduzida sistematicamente, essa repetição
provocará um raciocínio que se dá conta do erro e o corrige”. Se por um acaso a fase acima
citada não fizer correspondência às expectativas, isto é, se o aluno não conseguir responder; é
imprescindível fazer com que ele tenha maior contato com os materiais sensoriais, repetindo
Estudo do sistema educacional ... 122
exercícios. É de fundamental importância o papel dos professores montessorianos, pois ele
terá que ser objetivo e respeitar as fases de desenvolvimento da criança. Cabe a ele guiá-la no
processo de construção do seu aprendizado. O professor montessoriano primeiramente deve
ser um observador em potencial, para depois repetir, indagar e posteriormente educar.
Para Maran (1977), no Sistema Montessoriano o material utilizado em sala é o
“professor”, através do qual a criança irá aprender. Sendo a educação dos sentidos o meio
encontrado para a aquisição dos desenvolvimentos cognitivo, afetivo e psicomotor, tendo em
vista que este aspecto sensorial e motor irão preceder o desenvolvimento mental da criança.
Segundo o mesmo autor, Montessori defendia que o caminho do conhecimento passa pelas
mãos, pois é através do toque que a criança explora e interpreta o mundo ao seu redor.
Atualmente, nas escolas montessorianas, esses exercícios de reconhecimento de objetos
através do toque, são utilizados fundamentalmente na Educação Infantil, objetivando chamar
a atenção das crianças para as propriedades específicas dos objetos (tamanho, forma, textura,
cor, peso, cheiro, barulho).
Estudo do sistema educacional ... 123
7 A CLASSIFICAÇÃO DO MATERIAL SENSORIAL
Para um maior esclarecimento, tomando como referência a obra de Júlio Maran,
Montessori: Uma Educação para Vida (1977), os materiais sensoriais são classificados de
acordo com objetivos específicos, desta forma encontram-se a educação tátil, educação
térmica, educação barrica, educação visual, educação auditiva, educação gustativa e a
educação estereognóstico.
7.1 Educação Tátil
O sentido do tato encontra-se distribuído por toda a superfície da nossa pele,
porém os exercícios destinados na educação tátil montessoriana serão experimentados
especialmente pelas pontas dos dedos, isto se explica tanto pela exigência das atividades de
Vida Prática, quanto por ser uma necessidade educativa; aos olhos do professor ressalta-se a
importância do trabalho com esta parte do corpo especificamente por conta da preparação
indireta e remota para a escrita.
Maran (1977) confirma a importância da educação tátil dizendo que ela é uma
técnica particularmente útil ao objetivo educativo porque os diversos exercícios da mão
constituem uma preparação indireta e longínqua para a escrita.
Para iniciar o processo o professor orienta os alunos a lavarem bem as mãos,
fazendo-os imergir numa bacia de água morna e por ultimo, enxugando as mesmas. Após este
preparo é ensinado à forma correta de tocar uma superfície, deslizando seus dedos de forma
bem leve sobre a mesma. Esta técnica também é orientando ao aluno que o mesmo esteja com
os olhos fechados, convencendo-o que desta forma ele poderá sentir melhor os objetos e
diferenciá-los como maior propriedade.
Estudo do sistema educacional ... 124
Montessori (1965) destaca que as crianças exercitam verdadeiramente seu sentido
tátil, pois jamais cessam de tocar superfícies lisas e chegam a tornar-se habilíssimas em
discernir as qualidades de lixas.
O material para esta primeira apresentação é uma tábua retangular, pequena,
dividida em dois retângulos iguais, um recoberto com uma cartolina extremamente lisa e o
outro retângulo recoberto com lixa. Aumentando a complexidade do trabalho, uma segunda
tábua é oferecida a criança, muito parecida com a primeira, sendo que esta agora possui tiras
alternadas de papel liso e de tiras de lixas.
A terceira tábua possui tiras alternadas de lixa e papel esmeril, e uma quarta tábua
com texturas bem diferencias que vão desde a cartolina da primeira tábua a papel passento.
Essas tábuas servem para exercitar a mão aos toques mais leves, ensinando-as tanto a
perceber sistematicamente os detalhes e as diversas diferenças, quanto calcular as extensões
que cada material se destina, de acordo com o movimento dos braços.
Maran (1977) denomina estas tábuas como a tábua de áspero-liso, tábua de
áspero-liso alternado, tábua de áspero-liso em graduação e tábua de áspero-liso em
pareamento.
7.2 Educação térmica
Consiste em desenvolver atividades de sensibilidade a diferentes temperaturas.
Para a realização da educação térmica são necessários pequenos recipientes metálicos, com
formas ovóides, hermeticamente fechados, na quantidade de três a cinco pares. Montessori
(1965) trabalha com uma série de substâncias condutoras de calor em proporção diversa, tais
como madeira, feltro, vidro, mármore, ferro, são aproveitadas para outros exercícios
delicados.
Estudo do sistema educacional ... 125
Em cada um dos recipientes coloca-se água quente, numa temperatura constante
de 35º e completa-se com a água fria a 15º gradualmente diversa uma da outra. O objetivo é
que formemos pares de recipientes com temperaturas diversas (muito quente, quente, normal,
frio, gelado), onde o aluno irá conhecer reconhecer, discriminar e identificar qual é o
pareamento correto entre as elas.
7.3 Educação Bárica
São utilizadas pequenas tábuas de madeira retangulares no tamanho de 6 por 8 cm
e de 0,5 cm de espessura feitas de glicina, nogueira e abeto. Os pesos das tábuas diferem
entre si em 6 gramas, isso é um pesa 12, outro 18 e por ultimo 24 gramas.
Devem ser lisas e envernizadas incolormente, de modo a deixar bem visível a
cor natural da madeira. A criança, observando esses tabletes, sabe que eles são
de pesos diferentes; pode, pois, ter uma prévia orientação para a efetivação
desse exercício. (MONTESSORI, 1965, p. 117)
As tábuas são colocadas na mão da criança, pedindo que a mesma faça um
movimento oscilatório de baixo para cima e perceba os diferentes pesos existentes entre eles.
Após o reconhecimento e a identificação dos pesos, a criança irá fazer o pareamento das
tábuas. Também neste exercício, Montessori, sugeri que a criança esteja de olhos fechados e
orienta ao professor que desperte, aguce, desafie o interesse na criança através da sua
imaginação indagando-a se ela pode adivinhar os pares certos.
Estudo do sistema educacional ... 126
7.4 Educação Visual
A Educação visual proporciona a criança a aperfeiçoar a distinção das dimensões
(altura, comprimento, e volume) mediante a simples percepção visual, utilizando materiais
específicos como, por exemplo:
a) Encaixes Sólidos: são formados por quatro blocos maciços de madeira, iguais
na sua forma e dimensão, pintadas com verniz. Em cada bloco existem dez cilindros lisos que
podem ser encaixadas mediante a correspondência perfeita e exclusiva a cada um dos
cilindros.
As crianças de início manipularão somente um dos blocos, isto é, cada uma
das quatro crianças, poderá ao mesmo tempo, ocupar-se com um deles. O
exercício é o mesmo nos quatros encaixes: pousam-se os blocos sobre uma
pequena mesa, tiram-se deles todos os cilindros e misturam-se para, depois,
dar-se ao trabalho de encaixá-los cada um em sua própria cavidade (este é o
exercício básico) (MONTESSORI, 1965, p. 124).
Entretanto é relevante destacar que a diferença entre esses blocos encontra-se que
no primeiro, todos os cilindros têm uma secção igual, mas a altura é diferente. O segundo,
todos possuem a mesma altura, porém a secção circular que decresce regularmente. No
terceiro bloco, os cilindros diminuem em suas três dimensões. E o quarto, os cilindros
diminuem de secção circular, elevando-se ao mesmo tempo, a altura.
b) Os Blocos: são grandes pedaços de madeira envernizadas, com aparência
exterior totalmente distintas uma da outra, classificadas por Montessori em três sistemas;
sistema de barras e comprimentos (barras vermelhas), o sistema dos prismas (escada marrom)
e o sistema de cubos (a torre rosa). As barras vermelhas são constituídas por dez partes, todas
com a mesma secção, pintadas de vermelho e diferenciam-se uma das outras de 10 em 10
Estudo do sistema educacional ... 127
centímetros. A escada marrom parece muito com a atividade anterior. Incide em justapor
sobre um tapete uma série de prismas de cor marrom, todos do mesmo comprimento,
entretanto de secções quadradas diferentes. Estes primas serão dispostos, de forma graduada,
um ao lado do outro. A torre rosa, também composta por 10 partes, todos são cubos e na cor
rosa, tem o objetivo de ser montada de baixo para cima no tapete.
Para Montessori (1965) o sentido da vista, indubitavelmente, as aperfeiçoa com
estes exercícios de encaixes sólidos e blocos: pouco a pouco, a criança começará,
efetivamente, a distinguir as diferenças que antes não conseguia entrever.
A Dr.ª italiana também trabalhou com o material das cores que propiciava o
reconhecimento das cores, conhecida também, de educação do sentido cromático. Na 1ª, 2ª e
3ª caixas de cores têm-se plaquetas de madeira, respectivamente com as cores primárias,
secundárias e terciárias.
O professor senta com a criança e com movimentos leves e coordenados abre a
caixa, colocando todas as plaquetas permutadas; depois pegará uma plaqueta e procurará
outra da mesma cor, fazendo o pareamento ou colocará numa disposição vertical a graduação
das mesmas.
Assim fará com todas as plaquetas até terminar todos os exercícios. Em seguida,
o professor mistura tudo e deixa o aluno refazer sozinho o exercício. Tinham também os
encaixes geométricos que eram formados por encaixes planos das formas geométricas,
oferecendo a cada um, moldura correspondente a sua forma; os contornos exteriores e
interiores da moldura são envernizados da cor de madeira, ao passo que as peças a serem
encaixadas são azuis como o formato da prancha.
Estudo do sistema educacional ... 128
7.5 Educação Auditiva
Utiliza-se o material preparado por Anna Maccheroni, diretora da casa da criança
de Milão, ele é formado por uma série de sininhos fixos a uma régua de madeira, no entanto,
quando acionados por um martelo, emitem treze notas diferentes dispostas em escala.
Também se pode encontrar nas escolas Montessorianas a utilização de séries de assobio de
diapasões ou de caixinha que contêm várias pedras, areias, ou fragmentos de metal.
A Educação auditiva nos conduz a refletir sobre as relações do ser humano com o
meio que o cerca, pois este é o único capaz de produzir ruídos e sons. A audição é, pois, um
sentido que não pode receber percepções senão pelo movimento produzido em seu meio e
captado pelo órgão do ouvido.
Montessori (1965) compreende na sua obra Pedagogia Científica, que a educação
auditiva parte da imobilidade à percepção de ruídos e sons provocados pelo movimento;
parte, pois do silêncio. Um dos objetivos com a educação auditiva é que a criança alcance a
maior acuidade auditiva, esforçando-se e apreciando os menores estímulos. A sua capacidade
sensorial será tanto maior quanto menor for o som ou ruído percebido.
Podemos distinguir os ruídos antes dos sons, começando pelos diferentes
contrastes, para ir até as diferenças imperceptíveis; o timbre diferente de sons
que tem origens diferentes, tais como o som da voz humana e o dos
instrumentos; e, finalmente, a escala dos sons musicais. . (MONTESSORI,
1965, p. 136).
Pares de cilindros (caixas de som), campainhas, xilofone e escala de chapas
metálicas, também são considerados materiais utilizados para a educação auditiva.
Estudo do sistema educacional ... 129
7.6 Educação Olfativa e Gustativa
Não existem materiais específicos para trabalhar o sentido olfativo, estes
materiais podem ser criados, adaptados ou desenvolvidos pelo próprio professor. Sendo que o
mesmo deve conhecer suas crianças para identificar quais são as essências que por ventura
alguma tenha alergia e possa comprometer a saúde da mesma. Porém Maran (1977) sugere
potinhos com diferentes odores de erva e garrafinhas de odores na forma líquida. Entretanto
pode-se utilizar pó de café, essência de flores, vários tipos de chá, pimenta do reino, e muitos
mais, todos os exercícios com olhos vendados para identificá-los.
A educação gustativa não foge a regra da educação olfativa, ressalta-se aqui
também a preocupação com substâncias que podem causar algum mal a criança. Contudo
podemos utilizar vasilhas com diferentes sabores; doce, salgado, azedo, amargo, ácido, etc.
7.7 Educação Estereognóstica
A educação do sentido estereognóstico é uma educação que propicia a impressão
das formas só com a apalpação; isto é, consiste em reconhecer a forma os objetos pelos
sentidos: muscular e tátil, tocando os seus contornos ou apalpando-os, com os olhos fechados.
Segundo Montessori (1965) quando a mão e o braço se movem ao redor do
objeto, é uma nova impressão, a do movimento, que vem somar-se á impressão tátil. Esta
impressão de movimento é atribuída a um sentido especial, chamado muscular, que permite
conservar as impressões numa espécie de “memória muscular”, uma memória de movimentos
já realizados.
Maran (1977) traz em seu livro exemplos de materiais montessorianos que
trabalham com este sentido, são eles: o 1º saquinho de reconhecimento na cor verde, o 2º
Estudo do sistema educacional ... 130
saquinho de reconhecimento na cor vermelha, sólidos geométricos grandes e sólidos
geométricos pequenos. As crianças conhecem, identificam e depois fazem o pareamento.
Todos os materiais sensoriais são proporcionados a criança individualmente, as
palavras nem sempre são sempre necessárias, pois na maioria das vezes será suficiente apenas
o professor demonstrar simplesmente o manuseio do material. Montessori já dizia que uma
lição será mais perfeita quanto menos palavras houver. A forma de apresentar o material é
sempre clara e lenta; o professor deve preocupar-se com análise dos seus gestos, a fim de que
a criança possa perceber sozinha, o movimento e corretamente executá-lo, por todo o período
que queira.
Estudo do sistema educacional ... 131
8 MARCO METODOLÓGICO
Neste capítulo analizar-se-á a metodologia da presente pesquisa, o problema e o
objetivo da mesma. Se conceitualizará as cinco variáveis, (Sistema Montessori; Papel do
professor; Salas Agrupadas; Salas Ambientes; Educação Sensorial), descreve-se a população
selecionada, a amostra, o tipo e o processo de seleção da amostra, os instrumentos utilizados
(questionários e entrevista), o procedimento e análise da coleta de dados.
8.1 Método e tipo de pesquisa.
Para desenvolver este trabalho com maior objetividade, utilizou-se a perspectiva
dialética com a finalidade de chegar aos resultados desejados, expressos nos objetivos da
dissertação. Para esse fim, foram selecionados os tipos de investigação, paradigma ou
enfoque, métodos teóricos, empíricos e estatísticos imprescindíveis, assim como o universo e
a amostra da investigação.
Quanto à pesquisa, objeto deste trabalho, utilizou-se o método hipotético-
dedutivo, já que a mesma foi antecedida de estudos sobre o Sistema Montessoriano e na
bibliografia existente sobre o assunto; realizando posteriormente comparação dessa literatura
com o que foi observado. Lakatos e Marconi (2000) afirmam que o método hipotético-
dedutivo defende o aparecimento, em primeiro lugar, do problema que será testado pela
observação e experimentação.
Tomando-se por base a classificação da pesquisa apresentada por Vergara (1997),
pode-se considerar a pesquisa como do tipo descritiva, pois ela tem como finalidade a
descrição das características de determinada população ou fenômeno, bem como o
estabelecimento de relação entre variáveis e fatos. Andrade (1993) complementa dizendo na
Estudo do sistema educacional ... 132
pesquisa descritiva, “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e
interpretados, sem que o pesquisador interfira neles”.
O modelo de pesquisa escolhido foi não-experimental, que se caracteriza pela
observação e análise dos fenômenos no local onde eles ocorrem, sem a interferência do
pesquisador (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006).
Esta investigação também se caracteriza como um estudo de caso por concentrar-
se na averiguação de uma única organização, pois favorece o estudo de um fenômeno em
profundidade dentro de sua totalidade, permitindo análise processual à medida que eles
incidem dentro das organizações. Vergara (1997) diz que “‟o estudo de caso é o circunscrito a
uma ou poucas unidades, tendo caráter de profundidade e detalhamento, podendo ou não ser
realizado em campo”.
Em relação à abordagem do problema, existem três perspectivas para a
concretização da pesquisa: a pesquisa quantitativa, a pesquisa qualitativa e a
qualiquantitativa. A pesquisa quantitativa favorece a transformação das opiniões e
informações em números, possibilitando a classificação e apreciação, exigindo inclusive o
uso de recursos e de técnicas estatísticas.
Richardson (1989) complementa este pensamento dizendo que “esta modalidade
de pesquisa caracteriza-se pelo emprego da quantificação desde a coleta das informações até
a análise final por meio de técnicas estatísticas, independente de sua complexidade”.
Hübner (1998) informa que “o que define uma pesquisa como sendo quantitativa
ou qualitativa não é o método de coleta, mas sim a forma de tratamento dos dados”. O objeto
desta pesquisa emprega ambos os modelos: quantitativo e o qualitativo, pois foi através do
modelo qualitativo que se descreveu a realidade encontrada no processo de alfabetização
montessoriana que se interpretou os depoimentos dos sujeitos da pesquisa, possibilitando
Estudo do sistema educacional ... 133
análise com maior profundidade. E como já citado nos parágrafos acima, utilizou-se também
o método quantitativo já que, alguns dos dados necessitaram de técnicas estatísticas.
Oliveira, (1999) assegura que esta abordagem é muito utilizada em pesquisas
descritivas onde se procura descobrir e classificar a relação entre variáveis ou em pesquisas
conclusivas, onde se buscam relações de causalidade entre eventos. Contudo, a abordagem
qualitativa tem sido comumente utilizada em pesquisas voltadas para a compreensão do ser
humano em grupos, em áreas como a sociologia, antropologia, psicologia, dentre outros que
participam do núcleo das ciências sociais.
De acordo com Denzin e Lincoln, (2000), a abordagem qualitativa tem tido
diferentes significados ao longo da evolução do pensamento científico, mas se pode dizer,
enquanto definição genérica, que abrange estudos nos quais se localiza o observador no
mundo, constituindo-se, portanto, num enfoque naturalístico e interpretativo da realidade.
Utilizou-se tanto o método dedutivo, a partir da obtenção dos conhecimentos que
foram adquiridos de maneira geral sobre o Sistema Montessoriano, especificamente sobre a
sala ambiente da Educação Sensorial e sua importância sobre o desenvolvimento,
aprimoramento e requinte da linguagem escrita, a evolução escolar dos alunos durante os
anos de pesquisa e a averiguação da prática pedagógica das professoras com respeito ao tema
investigado; quanto o método indutivo, ao estudar a probabilidade de desenvolver a
pesquisa, partindo de bases científicas para depois elaborar as indicações sobre o trabalho, a
ser aplicado nas escolas que ainda não possuem uma tendência pedagógica definida, aos
professores que não conhecem ou possuem informações deturpadas do Sistema
Montessoriano, e por não compreenderem, o descartam da sua prática; aos pais que não tem
formação acadêmica educacional que possa avaliar as orientações escolares de seus filhos; e
como objetivo geral, alcançar todo o público que direta ou indiretamente possa estar
envolvido com o crescimento cognitivo da “criança”.
Estudo do sistema educacional ... 134
Em relação ao tema escolhido, este se deu pela necessidade de contribuir para a
divulgação e valorização do Sistema Montessori, especificamente no trabalho realizado em
sala ambiente da Educação Sensorial com a preparação indireta para a linguagem escrita de
crianças da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental na cidade de São Luís do
Maranhão.
8.2 Problemas e objetivos propostos
A partir do seguinte problema: Quais são as contribuições da Educação Sensorial,
no processo de alfabetização montessoriana, para o desenvolvimento indireto da linguagem
escrita em alunos da educação contemporânea? A presente pesquisa tem como objetivo geral
analisar as contribuições da Educação Sensorial, no processo de Alfabetização
Montessoriana, para o desenvolvimento indireto da linguagem escrita em alunos da educação
contemporânea. E como objetivos específicos:
Identificar o Papel do professor montessoriano na relação do ensino e da
aprendizagem no processo da Alfabetização Montessoriana.
Identificar as particularidades das Salas Agrupadas;
Identificar o trabalho pedagógico nas Salas Ambientes de alfabetização
Montessoriana e os materiais relacionados a cada uma, principalmente a da Educação
sensorial;
Identificar as características do ambiente preparado no processo de alfabetização
montessoriana;
Identificar as contribuições da Educação Sensorial, no processo de alfabetização
montessoriana.
Estudo do sistema educacional ... 135
8.3 Perguntas da Pesquisa
Qual o Papel do professor montessoriano na relação do ensino e da aprendizagem no
processo da Alfabetização Montessoriana?
Quais as particularidades das Salas Agrupadas?
Qual o trabalho pedagógico nas Salas Ambientes de alfabetização Montessoriana e os
materiais relacionados a cada uma, principalmente a da Educação sensorial?
Quais as características do ambiente preparado no processo de alfabetização
montessoriana?
Quais as contribuições da Educação Sensorial, no processo de alfabetização
montessoriana?
8.4 Conceituação e operacionalização das Variáveis
Existem duas formas de definir as variáveis (Buendía,1994): A forma constitutiva
e a forma operativa. A primeira utiliza de palavras que explicam em que consiste o fenômeno
estudado e faz referência à essência do fenômeno. E a segunda dar significado à variável,
especificando as atividades ou operações que precisão ser realizadas para medi-la, ou seja,
refere-se ao campo observável. Na presente pesquisa as varáveis conceitualizando-se
mediante a forma constitutiva.
Sistema Montessori: Sistema de educação que ajuda a personalidade humana
conquistar a independência, um meio de libertar a criança de opressões e de preconceitos, e
uma educação para a normalização (Maran, 1977).
Papel do professor Montessoriano: Sua função deve ser preparar, se tornar um
observador em potencial da criança e secundar suas atividades. (Maran, 1977).
Estudo do sistema educacional ... 136
Salas Agrupadas: Espaços onde a criança através dos intercâmbios com seus
companheiros, cresce intelectualmente e se desenvolve. (Vygotsky, 1991).
Salas Ambientes: Espaços destinados para o aprendizado específico do trabalho
de uma determinada área ou áreas afins. (Lima, 2005).
Educação Sensorial: é o melhor treinamento para os sentidos, ou seja, para o
desenvolvimento sensório- motor- perceptivo, que além de propiciar um alicerce sólido para
a aquisição de conhecimentos intelectuais, afina a sensibilidade estética e a harmonia do meio
ambiente, influindo na organização interior de cada um. (Almeida, 1974).
Tabela 03: Conceituação e operacionalização das Variáveis
Fonte: a pesquisadora.
VARIÁVEIS CONCEITO OPERACIONALIZAÇÃO
Sistema
Montessori
Sistema de educação que ajuda a personalidade
humana conquistar a independência, um meio de
libertar a criança de opressões e de preconceitos, e
uma educação para a normalização (Maran, 1977).
Qual o trabalho pedagógico nas
Salas Ambientes de alfabetização
Montessoriana e os materiais
relacionados a cada uma,
principalmente a da Educação
sensorial?
Papel do professor
Montessoriano
Sua função deve ser preparar, se tornar um
observador em potencial da criança e secundar suas
atividades. (Maran, 1977).
Qual o Papel do professor
montessoriano na relação do ensino
e da aprendizagem no processo da
Alfabetização Montessoriana?
Salas Agrupadas:
Espaços onde a criança através dos intercâmbios
com seus companheiros, cresce intelectualmente e
se desenvolve. (Vygotsky, 1991).
Quais as particularidades das Salas
Agrupadas?
Salas Ambientes:
Espaços destinados para o aprendizado específico
do trabalho de uma determinada área ou áreas afins.
(Lima, 2005).
Quais as características do ambiente
preparado no processo de
alfabetização montessoriana?
Educação
Sensorial:
É o melhor treinamento para os sentidos, ou seja,
para o desenvolvimento sensório- motor-
perceptivo, que além de propiciar um alicerce
sólido para a aquisição de conhecimentos
intelectuais, afina a sensibilidade estética e a
harmonia do meio ambiente, influindo na
organização interior de cada um. (Almeida, 1974).
Quais as contribuições da Educação
Sensorial, no processo de
alfabetização montessoriana?
Estudo do sistema educacional ... 137
8.5 População e Amostra
O acompanhamento desta pesquisa deu-se em três anos e meio no Colégio Santa
Fé Criança com o objetivo de verificar a relação do trabalho da Educação Sensorial e a
preparação indireta da linguagem escrita, de um pequeno grupo de crianças que perpassaram
por toda a Educação Infantil até 1º ano do Ensino Fundamental, no processo de alfabetização
do Sistema Montessoriano. Haja vista que estas crianças eram estimuladas para o
desenvolvimento das habilidades essenciais ao processo de alfabetização, através dos seus
elementos psicomotores que possibilita além do desenvolver, aprimorar e requintar os
sentidos, em prol de um desenvolvimento cognitivo apropriado.
A população da pesquisa de campo foi constituída por 02 professoras da
Educação Infantil que trabalham com as salas agrupadas I e II e 01 professora do 1º ano do
Ensino Fundamental, 01 coordenadora pedagógica, 01 diretora geral do Colégio Santa Fé e
10 mães do 1º ano do Ensino Fundamental.
De acordo com a realidade deste segmento, o universo da pesquisa totaliza 03
professoras, as quais são responsáveis pelas mesmas 06 salas, 03 no turno matutino e 03 no
turno vespertino, como também as auxiliares pedagógicas de cada sala, sendo que a Sala
Agrupada I possui duas auxiliares, desta forma o universo de auxiliares foi igual a 04.
De acordo com Gil (1994) esta pesquisa foi empregada a amostra não
probabilística determinada pelo critério de intencionalidade, sendo formada pelas professoras
e auxiliares do turno matutino, representando 100% do universo de 07 pessoas, divididas da
seguinte maneira: 01 professora da sala agrupada I mais 02 auxiliares pedagógicas, 01
professora da sala agrupada II mais 01 auxiliar e 01 professora do 1º ano do Ensino
Fundamental mais 01 auxiliar pedagógica. É relevante ressaltar que fizeram parte da pesquisa
também à coordenadora da Educação Infantil, diretora geral do Colégio Santa Fé e dez mães
Estudo do sistema educacional ... 138
de alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, no início do 2º semestre de 2009; isto porque
eles poderiam falar sobre o processo educacional de seus filhos, já que estes foram
trabalhados na sala agrupada I, na sala agrupada II e no 1º ano do Ensino Fundamental desta
mesma instituição.
Para selecionar a amostra das professoras e auxiliares utilizaram-se os seguintes
critérios:
Professoras
a) Com mais de 5 anos de experiência no Sistema Montessoriano;
b) Formação continuada na Escola Irmã Catarina em São Paulo;
c) Atuando no processo de alfabetização do Colégio Santa Fé;
d) Ter desenvolvido trabalho nas salas agrupadas da Educação Infantil e do 1º
ano do Ensino Fundamental durante os anos de 2006, 2007, 2008, e 2009 no
turno matutino.
e) Disponibilidade de participação da pesquisa.
Auxiliares Pedagógicas
a) Formanda em pedagogia;
b) Estagiária do curso de pedagogia da Faculdade Santa Fé;
c) Atuando no processo de alfabetização montessoriana até o 1º ano do
Fundamental;
d) Disponibilidade de participação da pesquisa.
Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e Diretora Geral do Grupo Santa Fé
a) Formada em pedagogia;
b) Especialista em Sistema Montessoriano;
Estudo do sistema educacional ... 139
c) Especialista em psicopedagogia;
d) Com mais de 5 anos de experiência no Sistema Montessoriano;
e) Disponibilidade de participação da pesquisa.
Mães
a) Participantes da pesquisa que perpassaram do processo de alfabetização
montessoriana desde 2006 até o ano de 2009.
b) Disponibilidade de participação da pesquisa.
De um universo de seis salas, três foram selecionadas tendo em vista que a
pesquisa só poderia ser realizada em um dos turnos, e o escolhido foi o turno matutino por
maior disponibilidade da investigadora.
Tabela 04: População e Amostra da pesquisa
Fonte: a pesquisadora.
UNIVERSO QUANTIDADE AMOSTRA FREQÜÊNCIA %
Professor 03 03 03 100,0
Auxiliares 08 04 04 50,0
Coordenador 1 1 1 100,0
Diretor 1 1 1 100,0
Mães 15 10 10 66,7
Total 28 19 19 67,9
Com o objetivo de caracterizar os sujeitos da pesquisa elaborou-se uma ficha
cadastral para os mesmos, contando com as seguintes variáveis:
1. Idade;
2. Estado Civil;
3. Sexo;
4. Formação acadêmica;
5. Carga horária.
Estudo do sistema educacional ... 140
Neste estudo tem participado no total dezenove sujeitos, dos quais, três
professoras (100%), quatro auxiliares pedagógicas (50%), uma coordenadora pedagógica da
Educação Infantil (100%), uma diretora geral do Grupo Santa Fé (100%), e dez mães
(66,7%).
8.5.1 Ficha cadastral das professoras
Através da ficha cadastral das professoras recolhemos informações as quais estão
distribuídas na tabela abaixo. Houve a necessidade de se colocar a letra “P” seguida de uma
numeração, a partir da segunda coluna, para identificação dos dados referentes às professoras
envolvidas na pesquisa.
Tabela 05: Ficha cadastral das professoras
Fonte: a pesquisadora.
Professoras P1 P2 P3
Idade 29 30 35
Estado civil Solteira Solteira Solteira
Sexo Feminino Feminino Feminino
Formação Pedagoga Pedagoga Pedagoga
Tipo de instituição Pública Pública Pública
Tempo de formação 6 anos 7 anos 10 anos
Instituição UFMA UFMA UFMA
Tempo de experiência 5 anos 6 anos 9 anos
Pós-graduação Especialista Especialista Especialista
Cursos em andamento - - Neuroeducação
Carga horária 24 h/s 24 h/s 24 h/s
Quanto aos dados obtidos pela ficha cadastral das professoras (Apêndice D.)
pode-se caracterizá-las como pedagogas formadas de uma Instituição de Ensino Pública,
atuantes na área educacional, com pós-graduação em psicopedagogia e são consideradas
Estudo do sistema educacional ... 141
como professoras turno por trabalharem de 24 h/s. Segue abaixo maiores detalhes sobre estes
sujeitos.
Gráfico 01: Idade das professoras
A idade das três professoras (gráfico 01) oscila entre 29 e 35 anos, todas são
solteiras e atuam na mesma instituição educativa da rede particular, Colégio Santa Fé.
Gráfico 02: Tempo de Formação
De acordo com as informações recolhidas, quanto ao tempo de formação das
professoras (gráfico 02) todas possuem mais de cinco anos de formação do curso de
pedagogia da Universidade Federal do Maranhão.
8.5.2. Ficha cadastral das auxiliares pedagógicas
Diante dos dados obtidos na ficha cadastral das auxiliares pedagógicas,
recolhemos informações, as quais estão distribuídas na tabela abaixo. Houve a necessidade de
0
10
20
30
40
P 1 P 2 P 3
29 anos
30 anos
35 anos
0
2
4
6
8
10
12
P 1 P 2 P 3
6 anos
7 anos
10 anos
Estudo do sistema educacional ... 142
se colocar a letra “A” seguida de uma numeração, a partir da segunda coluna, para
identificação dos dados referentes às auxiliares envolvidas na pesquisa.
Tabela 06: Ficha cadastral das auxiliares
Fonte: a pesquisadora.
Auxiliares A1 A2 A3 A1
Idade 24 22 23 21
Estado civil Solteira Solteira Solteira Solteira
Sexo Feminino Feminino Feminino Feminino
Curso em Formação Pedagogia Pedagogia Pedagogia Pedagogia
Período 6º 4º 5º 3º
Tempo de estágio 2 anos 2 anos 2 anos 1 ano e meio
Sala Maternal Jardim I Jardim II 1º ano
Tipo de instituição Particular Particular Particular Particular
Instituição FSF FSF FSF FSF
Carga horária 24 h/s 24 h/s 24 h/s 24 h/s
Quanto aos dados obtidos pela ficha cadastral das auxiliares pedagógicas
(Apêndice E) pode-se caracterizá-las como solteiras, formandas do curso de pedagogia da
Faculdade Santa Fé, atuantes no estágio desta instituição e são consideradas como auxiliares
turno por trabalharem de 24 h/s. Segue abaixo maiores detalhes sobre estes sujeitos.
Gráfico 03: Idade das auxiliares pedagógicas
0
5
10
15
20
25
30
A1 A2 A3 A4
21 anos
22 anos
23anos
24 anos
Estudo do sistema educacional ... 143
A idade das quatro auxiliares pedagógicas (gráfico 03) oscila entre 21 e 24 anos,
todas são solteiras e estagiam na mesma instituição educativa da rede particular, Colégio
Santa Fé, nos seguimentos da Educação Infantil e o 1º ano do Ensino Fundamental.
Gráfico 04: Período do curso de pedagogia
As auxiliares pedagógicas encontram-se entre o 3º e o 6º período do curso de
pedagogia da Faculdade Santa Fé de acordo com os dados obtidos como mostra o gráfico 04
acima.
8.5.3. Ficha Cadastral da Coordenadora da Educação Infantil e da Diretora Geral
A ficha cadastral das gestoras possui as mesmas informações. Desta forma
colocamos na tabela abaixo as informações recolhidas, especificando em cada coluna, os
dados correspondentes de cada sujeito da pesquisa.
Tabela 07: Ficha cadastral das gestoras
Fonte: a pesquisadora.
Gestores Coordenadora
Pedagógica
Diretora Geral
Idade 35 55
Estado civil casada Viúva
Sexo Feminino Feminino
Formação Pedagoga Pedagoga
Nome da Instituição CEUMA CEUMA
Tipo de instituição Particular Particular
0
1
2
3
4
5
6
7
A1 A2 A3 A4
3º Período
4º Período
5º Período
6º Período
Estudo do sistema educacional ... 144
Tempo de formação 12 anos 35 anos
Cursos Montessorianos Irmã Catarina Irmã Catarina
Tempo de experiência no Sistema
Montessori
12 anos 35 anos
Cursos de pós-graduação Psicopedagogia Psicopedagogia
Carga horária 24 h/s 24 h/s
Quanto às informações alcançadas pela ficha cadastral da coordenadora
pedagógica da Educação Infantil e da diretora do Grupo Santa Fé (Apêndices F e G) pode-se
caracterizá-las quanto ao seu estado civil respectivamente, casada e viúva, as duas são
pedagogas oriundas de uma instituição particular conhecido como CEUMA (Centro de
Ensino Unificado do Maranhão). Segue abaixo maiores detalhes sobre estes sujeitos.
Gráfico 05: Idade das Gestoras
As idades da coordenadora pedagógica da Educação Infantil e da diretora do
Grupo Santa Fé são respectivamente 35 e 55 anos. (gráfico 05).
Gráfico 06: Tempo de Formação das gestoras
0
10
20
30
40
50
60
Diretora Coordenadora
Diretora Geral
Coordenadora Pedagógica
0
10
20
30
40
Diretora Coordenadora
Diretora Geral
Coordenadora Pedagógica
Estudo do sistema educacional ... 145
De acordo com as informações recolhidas, quanto ao tempo de formação das
gestoras (gráfico 06) todas possuem mais de cinco anos de formação do curso de pedagogia
pelo Centro de Ensino Unificado do Maranhão e as duas trabalham há 12 anos juntas na
mesma instituição educativa da rede particular, Colégio Santa Fé.
8.5.4. Ficha Cadastral das Mães
Através da ficha cadastral das mães recolhemos informações as quais estão
distribuídas na tabela abaixo. Houve a necessidade de se colocar a letra “M” seguida de uma
numeração, a partir da segunda coluna, para identificação dos dados referentes às mães
envolvidas na pesquisa.
Tabela 08: Ficha cadastral das mães
Fonte: a pesquisadora.
Mães M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10
Idade 26 28 28 30 32 33 35 38 40 40
Estado civil S S C C C D D D C D
Formação SI SI SI SI SI SI SC SC SC SC
Participa das reuniões AV AV S S S N S S S S
Participa do EPA AV AV S AV AV AV AV AV AV S
Participa dos projetos AV AV AV AV AV AV AV AV AV AV
Acompanha a agenda escolar S S S S S S S S S S
Ler sobre Sist. Montessoriano N S N N S S N S S S
Compreende sala ambiente S S S S S S S S S S
Compreende sala agrupada S S S S S S S S S S
Legenda:
SI: Superior Incompleto AV: Às vezes
SC: Superior Completo C: casada
S: Sim St: Solteira
N: Não
Estudo do sistema educacional ... 146
No que se refere aos dados obtidos pela ficha cadastral das mães (Apêndice H.)
pode-se afirmar que 66,7% participaram da pesquisa, pois das 15 mães de 2006, somente 10
permaneceram até 2009.
Gráfico 07: Idade das Mães
A idade das mães (gráfico 07) oscila entre 26 e 40 anos, 20 % (duas mães) são
solteiras, 40% (quatro mães) são casadas e 40% (quatro mães) são divorciadas. 60% (seis
mães) ainda não possuem uma graduação completa e 40% (quatro mães) possuem o seu
Superior Completo.
Gráfico 08: Participação das mães no processo educacional do (a) seu (sua) filho (a)
Quanto a Participação no processo educacional do (a) seu (sua) filho (a) percebe-
se que 20% (duas mães) participam, 10% (uma mãe) não participa e 70% (sete mães) às
vezes. Quanto ao Encontro de pais e Amigo da Escola (EPA) 20% (duas mães) freqüentam e
0
10
20
30
40
50
Idade
M1
M2
M3
M4
M5
M6
M7
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
SIM
NÃO
AS VEZES
Estudo do sistema educacional ... 147
80% (oito mães) às vezes. No que tange aos projetos anuais 100% afirmaram que às vezes
freqüentam devido a contratempos como serviço, faculdade e ocupações domésticas. Quanto
ao acompanhamento da agenda 100% disseram que acompanham e lêem todas as circulares.
No assunto sobre o Sistema Montessoriano 60% (seis mães) procuram ou já
procuraram ler sobre o método porque sentiram necessidade para ajudar na realização das
tarefas em casa e 40% (quatro mães) ainda não tiveram a curiosidade. No que se refere tanto
à existência da sala ambiente e da sala agrupada, 100% (10 mães) foram unânimes em dizer
que sabem da existência e acreditam no objetivo das mesmas.
8.6 Técnicas de coletas de dados
No decorrer do processo investigativo utilizou-se de acordo com Lakatos e
Marconi (2000) a observação direta extensiva (questionário) e intensiva (entrevista).
8.6.1 Instrumentos utilizados para a coleta de dados
Para a coleta de dados aplicou-se os instrumentos: questionários com as
professoras, auxiliares pedagógicas e mães do 1º ano do Ensino Fundamental e entrevistas
com professoras, auxiliares pedagógicas, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e
diretora geral do Grupo Santa Fé.
8.6.1.1 Questionário
Através do questionário pode-se conhecer o que fazem, opinam ou pensam os
sujeitos da pesquisa e, mediante perguntas realizadas por escrito e que podem responder sem
a presença do entrevistador (Colás e Buendía, 1992, p.206).
Estudo do sistema educacional ... 148
O questionário teve como objetivo, na aplicação com as professoras titulares e
auxiliares pedagógicas, identificar as contribuições do Sistema Montessoriano, das salas
ambientes, do trabalho do professor e os benefícios dos materiais concretos. E na aplicação
com as mães, dos alunos que terminaram toda a educação infantil e permaneceram no 1º ano
do Ensino Fundamental do Colégio Santa Fé, identificar o grau de satisfação quanto à
alfabetização do Sistema Montessoriano.
O questionário foi elaborado com perguntas fechadas e afirmativas utilizando a
escala de Likert com nove itens iguais para professoras e auxiliares pedagógicas (Apêndices I
e J) e sete para as mães (Apêndice L).
No caso das professoras e auxiliares pedagógicas são cinco opções desde “Muito
Importante” (5) até “Desnecessário” (1), definindo-as da seguinte forma:
Muito Importante (5);
Importante (4);
Indiferente (3);
Pouco Importante (2);
Desnecessário (1).
Com os seguintes itens:
A importância do Sistema Montessoriano no contexto educacional da criança;
A relação da prática pedagógica e o ambiente preparado
A relação do erro com o processo de aprendizagem na montessoriana;
O ambiente montessoriano no processo ensino aprendizagem;
O Papel do professor montessoriano e a formação da criança;
Importância da sala de Vida Prática;
Importância da sala de Educação Cósmica;
Importância da sala de Educação Sensorial;
Estudo do sistema educacional ... 149
A relação da Educação Sensorial e o processo de alfabetização.
No caso das mães a escala de Likert contou com cinco opções desde “Muito
Satisfeito” (5) até “Insatisfeito” (1), definindo-as da seguinte forma:
Muito Satisfeito (5);
Satisfeito (4);
Indiferente (3);
Pouco Satisfeito (2);
Insatisfeito (1).
Com os seguintes itens:
O método de alfabetização montessoriana;
Tempo de alfabetização montessoriana;
Comprometimento da família;
Inter-relação do Conselho pedagógico com a família;
Utilização das Salas Ambientes;
A relação dos materiais concretos utilizados no desenvolvimento da criança;
Participação das professoras e auxiliares pedagógicas processo de alfabetização
montessoriana.
8.6.1.2 Entrevista
A entrevista adquire inigualável importância no estudo de caso, pois é por meio
desta que o investigador compreende a forma como os sujeitos da pesquisa interpretam as
experiências. Segundo Bogdan e Biklen (1994, p.134), a entrevista é utilizada para recolher
Estudo do sistema educacional ... 150
dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver
intuitivamente uma idéia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo.
Através da entrevista pode-se tanto compreender melhor as opções marcadas no
questionário entregue num momento anterior ás professoras e auxiliares quanto colher
informações da coordenadora pedagógica da Educação Infantil e da diretora geral do Grupo
Santa Fé.
As entrevistas tiveram o objetivo principal de obter maiores informações a
respeito das percepções das participantes em relação aos itens selecionados do questionário,
compondo assim, uma visão mais global do contexto educacional como um todo, mediante o
olhar do conselho pedagógico. A entrevista para professoras e auxiliares pedagógicas
(Apêndices M e N) foi semi-estruturada com nove perguntas, voltadas para os itens do
questionário. A entrevista da coordenadora pedagógica da Educação Infantil (Apêndice O) se
constituiu de apenas uma pergunta e para a diretora geral do Grupo Santa Fé (Apêndice P)
duas perguntas específicas.
No caso das professoras e auxiliares pedagógicas a entrevista foi elaborada
considerando o seguinte roteiro:
Importância do Sistema Montessoriano no contexto educacional da criança
atualmente.
O “ambiente preparado” e a prática pedagógica.
O erro no processo de aprendizagem na montessoriana.
O ambiente montessoriano no processo de ensinar e aprender.
A relação da postura e das atitudes do professor na formação da criança.
As atividades da sala de Vida Prática e o crescimento da criança.
A importância da Educação Cósmica na Educação Infantil.
A sala de Educação Sensorial e seus diferenciais.
Estudo do sistema educacional ... 151
A relação da Educação Sensorial e o processo de alfabetização.
Com a coordenadora pedagógica da Educação Infantil pediu-se que a mesma
falasse mais sobre o agrupamento das crianças, com idades diferentes na mesma sala.
E em relação à diretora geral do Grupo Santa Fé pediu-se que explicasse o porquê
da escolha do Sistema Montessoriano para sua escola e qual seria o diferencial do método de
alfabetização montessoriano em relação a outros.
8.7 Estudo de caso
O estudo de caso foi executado durante três anos e meio, abrangendo o período de
2006 a 2009, composto pela sala agrupada I (alunos com faixa etária de 2 a 3 anos), sala
agrupada II (alunos com faixa etária de 4 a 5 anos) e a sala do 1º ano do Ensino Fundamental
(alunos com faixa etária de 6 anos), do turno matutino, principalmente no ambiente de
Educação Sensorial, do Colégio Santa Fé Criança em 2006, 2007, 2008 e 2009.
Após as observações, questionários, entrevistas e avaliações de desempenho
educacional dos alunos14
, foram ressaltados às devidas considerações sobre a Educação
Sensorial na preparação indireta para a linguagem escrita. Os questionários (escala de Likert)
foram aplicados com professoras, auxiliares e mães responsáveis pelo processo de
alfabetização.
Neste capítulo será tratada a metodologia de trabalho que resultou da pesquisa no
Colégio Santa Fé Criança, que tinha por objetivo compreender quais são as contribuições da
Educação Sensorial, no processo de alfabetização montessoriana, para o desenvolvimento
indireto da linguagem escrita em alunos da educação contemporânea.
14
Atividade realizada no final do Jardim II para o 1º ano do Ensino Fundamental
Estudo do sistema educacional ... 152
A origem desse trabalho está em minha prática como docente, como
coordenadora pedagógica, numa escola da rede privada de São Luís do Maranhão, que adota
como tendência pedagógica o Sistema Montessoriano. Este Sistema é fundamentado nos
princípios da liberdade, autonomia, responsabilidade, o respeito pelas diferenças pessoais e
disciplina. O Sistema Montessoriano enfatiza a utilização da Educação Sensorial, em outras
palavras, a educação através dos sentidos, buscando melhor apreensão do entorno pela
criança.
O Colégio está localizado num bairro de classe média, próximo à região central
da cidade. A comunidade escolar é formada tanto por moradores do bairro, quanto bairros
vizinhos. Geralmente os alunos são oriundos de bairros de classe médio-baixa. Trata-se,
conseqüentemente, de uma instituição educacional que dispõe de amplas instalações e
diversificados recursos didáticos; essas características aliada a filosofia vivenciada na escola,
a faz ser considerada uma potência no campo pedagógico e significativamente diferente das
instituições carentes de espaços e recursos, (não se referindo as escolas públicas somente),
como muitas das escolas particulares, sobrecarregadas de estudantes com salas de aula
pequenas e a utilização de uma educação tradicional.
A necessidade de organizar esta pesquisa tem permitido reunir conhecimentos e
refletir sobre o Sistema Montessori, ressaltando as verdadeiras condições existentes para a
prática dentro de sala de aula, na instituição em que atuo, através da observação e opinião das
pessoas envolvidas com o processo educacional, fixando como objetivos:
a) Identificar o Papel do professor montessoriano relação do ensino e da
aprendizagem no processo da Alfabetização Montessoriana.
b) Identificar as particularidades das Salas Agrupadas;
Estudo do sistema educacional ... 153
c) Identificar o trabalho pedagógico nas Salas Ambientes de alfabetização
Montessoriana e os materiais relacionados a cada uma, principalmente a da
Educação sensorial;
d) Identificar as características do ambiente preparado no processo de
alfabetização montessoriana.
8.8 Caracterização do local da pesquisa
O Colégio “Santa Fé Criança” e o “Colégio Santa Fé”, eram conhecidos
antigamente como Colégio Apoio. Entretanto utilizamos como campo para esta pesquisa o
Colégio Santa Fé Criança por ser esta instituição que trabalha diretamente com a Educação
Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental. Este Colégio foi fundado em janeiro de 1988 e
situava-se nesta época na Avenida Edson Brandão – Cutim – Anil, na cidade de São Luís,
Maranhão – Brasil. Desde sua idealização, foi criada para ser uma instituição montessoriana,
que seguisse o método e, sobretudo a filosofia. Possuía mais ou menos 200 (duzentos) alunos,
distribuídos entre a Educação Infantil e o 5° ano do novo Ensino Fundamental.
O Colégio é uma empresa familiar, que se iniciou com o casal Mussalém, Sr.
Miguel Luiz Leite Mussalém e sua esposa, professora Marilourdes Maranhão Mussalém,
ambos pernambucanos, que vieram para o Maranhão contribuir com a educação no Estado,
proporcionando à comunidade, uma escola que trabalha tanto o método como a filosofia
montessoriana, valorizando as diferenças, buscando o crescimento da criança, respeitando seu
limite e estimulando sua autonomia, pois o Sistema Montessoriano permite à criança
construir seu conhecimento através do próprio ambiente.
É importante ressaltar que o Colégio Santa Fé desde o início de suas atividades,
recebeu em seu corpo discente, alunos com dificuldades de aprendizagem, inclusive àquelas
Estudo do sistema educacional ... 154
onde as patologias comprometiam a parte cognitiva e necessitavam de métodos diferenciados
e adequados para elas.
Em 1991, a escola estende mais um ano, começando assim o 6° ano do Ensino
Fundamental II, pois sentiu necessidade de dar continuidade com os alunos que iniciaram a
escola. Em 1992, consegue comprar o prédio que se tornaria a sede do Colégio Santa Fé, e
em 1995, realiza o sonho do Ensino Médio. Esta instituição permanece até os dias de hoje,
funcionando como Grupo Santa Fé, que engloba o Colégio Santa Fé Criança, o Colégio Santa
Fé, a Faculdade Santa Fé e a Santa Fé Pós- Graduação.
O Colégio Santa Fé, reconhecido pela sociedade maranhense, pelo seu
comprometimento junto às crianças e suas famílias, entende que é necessário e urgente
preparar profissionais para atuarem junto a essas crianças.
A partir dessa conjectura, surge no ano 2001 a Faculdade Santa Fé, com o
objetivo maior de formar apenas profissionais na área da Educação. Inicia suas atividades
com os cursos de Pedagogia e Letras, com o diferencial na região do currículo, que era
composto pelas disciplinas de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), Braile, Dificuldades de
Aprendizagem, Sistema Montessoriano e Educação Especial.
Sentindo necessidade de especialistas, deu início aos cursos de Pós-Graduação
em Psicomotricidade, Educação Especial, Psicopedagogia, Arte-Terapia, Gerontologia e
Gestão e Supervisão Escolar.
Em 2006, surgiu à idéia de unificar forças, com a finalidade de buscar maior
qualidade para alunos, professores e funcionários, sendo criado o Grupo Santa Fé, que
engloba o Colégio Santa Fé Criança, atendendo um público de 2 aos 5 anos, o Santa Fé
Colégio, com a faixa etária de 6 aos 17 anos, a Faculdade com os cursos de Pedagogia,
Letras, História, Geografia e Filosofia, e a Pós-Graduação. Vale ressaltar que esta instituição
atende em todas as modalidades de ensino a pessoa com deficiência.
Estudo do sistema educacional ... 155
O prédio do Colégio Santa Fé, possui sua estrutura dividida em:
01 sala ambiente de Vida Prática para a Educação Infantil;
01 sala ambiente de Sensorial e Matemática para a Educação Infantil;
01 sala ambiente de Linguagem e Educação Cósmica para a Educação Infantil;
01 sala ambiente de Ciências e Línguas para o Ensino Fundamental I;
01 sala ambiente de Linguagem e Artes para o Ensino Fundamental I;
01 sala ambiente de Filosofia e Matemática para o Ensino Fundamental I;
01 sala ambiente de Geografia e História para o Ensino Fundamental I;
01 laboratório de Informática;
01 laboratório Multimeios;
01 sala para 6º ano do Ensino Fundamental;
01 sala para 7º ano do Ensino Fundamental;
01 sala para 8º ano do Ensino Fundamental;
01 sala para 9º ano do Ensino Fundamental;
02 salas para a Sala a Educação Especial;
01 sala para 1º ano do Ensino Médio;
01 sala para 2º ano do Ensino Médio;
01 sala para 3º ano do Ensino Médio;
01 biblioteca;
01 ginásio poliesportivo;
01 central de cópias;
01 coordenação;
01 sala para o Serviço de Orientação Psicológica e Educacional.
Estudo do sistema educacional ... 156
01 ambiente técnico-administrativo, onde funciona a Recepção, CPD, a
Direção Pedagógica, Direção Geral, Direção Administrativa e Financeira, Sala
de professores e Secretaria.
O Colégio possui em seu quadro docente, todos os seus profissionais graduados
na Faculdade Santa Fé. Todos os Coordenadores e professores da Educação Especial,
Educação Infantil e do Ensino Fundamental (até o 5º ano) o são especializados no Sistema
Montessoriano pela Escola Irmã Catarina em São Paulo, em Educação Especial, LIBRAS e
outras especializações pela própria Faculdade Santa Fé, e participam anualmente de
formações continuadas para melhor qualificação de seus profissionais oferecida pela própria
instituição sem ônus nenhum.
8.9 Contextualização do local da pesquisa
A grande missão do Colégio Santa Fé Criança e do Colégio Santa Fé é ser uma
instituição de Educação Infantil ao Ensino Médio que atenda a todos, permitindo a cada aluno
atingir sua dignidade numa formação holística, embasada na educação personalista do
Sistema Montessoriano.
No Colégio Santa Fé Criança todas as atividades são fundamentadas pelos
princípios filosóficos montessorianos. O primeiro deles é a Educação Cósmica que enfatiza a
importante ligação entre o homem, o conhecimento e a natureza – parte do trabalho de
conscientização de que cada um é elemento ativo e fundamental para a continuação,
prevenção e sobrevivência do homem, da natureza e do mundo como um todo.
O segundo princípio concebe a educação como ciência, isto é, a função dos
professores é criar no ambiente, situações problemas as quais despertem a curiosidade dos
alunos e estes se tornem eternos pesquisadores dos seus conhecimentos e descobrimentos
Estudo do sistema educacional ... 157
educacionais. Assim o aluno participa ativamente do seu desenvolvimento educacional e se
torna o sujeito da sua aprendizagem.
O Colégio trabalha com a Educação Cósmica sem atrelá-la a outra disciplina
específica, pelo contrário, a intenção é a construção de uma consciência ecológica urgente
imprescindível nos dias atuais, exigindo da escola e da família uma revisão nos valores que
norteiam o nosso padrão de desenvolvimento. Acredita-se que o aluno trabalhado nesta
perspectiva saberá que, não é o bastante simplesmente separar o lixo de sua casa para reverter
o quadro de desrespeito para com a natureza; mas sim, praticar o consumo sem desperdício,
reutilizar o que for admissível e investir no processo de reciclagem. Estas atitudes com
certeza diminuirá a retirada de matéria-prima retirada da nossa natureza.
O planejamento das atividades diárias possui sempre como um dos objetivos
explicar a necessidade do desenvolvimento sustentável, conscientizando a comunidade
escolar que são finitos os nossos recursos naturais. Neste contexto tornam-se necessárias
atitudes preventivas como solução para não comprometermos as necessidades das futuras
gerações. Para que este trabalho de conscientização ecológica aconteça num ritmo harmônico
é essencial que haja no quadro da escola, professores compromissados e em constante
formação continuada.
O Colégio Santa Fé Criança dispõe um corpo pedagógico competente e
experiente, envolvido com a educação montessoriana e com todo o contexto escolar. A
Educação Infantil e o 1º ano do Ensino Fundamental especificamente possuem professoras
graduadas no curso de pedagogia, especialização no Sistema Montessori, pós-graduação em
psicopedagogia; e mais de 5 anos de trabalho nessa instituição.
Aos sábados, quinzenalmente, o corpo docente se reúne com o conselho
pedagógico da escola para o desenvolvimento do projeto núcleo de conhecimentos. Este
projeto serve para a troca de experiência e momentos de estudos. Os assuntos variam desde as
Estudo do sistema educacional ... 158
questões da própria educação montessoriana, os problemas do cotidiano da sala de aula, e
estudo de dificuldades de aprendizagem de alunos específicos.
O Grupo Santa Fé desenvolveu no ano de 2008 o projeto CHA, que trata sobre os
conhecimentos, habilidades e atitudes de cada função da instituição e participaram para a
montagem da “função ideal” todos os profissionais. Após a construção deste projeto, foram
traçados aos diversos segmentos, formações e orientações necessárias, para que tanto os
funcionários do Colégio Santa Fé Criança, como do Colégio Santa Fé, da Faculdade Santa Fé
e Santa Fé Pós-Graduação assimilassem a mesma filosofia, princípios, valores e postura no
que tange a educação.
É relevante expor no trabalho que desde a portaria, a cantina, a recepção, a
secretaria, a manutenção, o corpo docente, o conselho pedagógico até o conselho gestor;
todos apresentam um clima de empenho, disponibilidade e satisfação.
Os profissionais têm uma apresentação visual harmoniosa, postura constante de
educação em todos os ambientes; ao se encontrarem pelos corredores, rampas e/ou salas,
independente de qual segmento sejam, todos se cumprimentam com respeito e evidenciam
grande prazer em ser integrante dessa instituição, a qual é mais considerada como uma
grande família, a Família Santa Fé.
Outro fator observável é a fidelidade e respeito das mães com o colégio. Estes
têm livre acesso a escola como um todo, da sala de aula dos seus filhos a coordenadora e
diretora pedagógica. Quando o aluno começa a sua vida escolar, o colégio inclusive permite
que o pai permaneça na sala com seu filho durante o período de adaptação com o intuito desta
não ser tão dolorosa para a criança no início da vida escolar. Entretanto é o período de
adaptação acaba sendo também uma oportunidade das mães apreciarem o trabalho oferecido
pelo Sistema Montessori e compartilharem com outros pais os sentimentos deste momento.
Os pais e mães que possuem filhos mais velhos no colégio desempenham um papel admirável
Estudo do sistema educacional ... 159
nessa hora, pois acabam passando segurança aos que estão freqüentando pela primeira vez, a
experiência de iniciar a vida escolar do seu filho.
No cronograma da escola existe a realização do projeto chamado EPA - Encontro
de Pais e Amigos na Escola, que acontece uma vez por bimestre que favorece maior
integração e conhecimento dos pais durante o ano letivo. Neste encontro são trabalhados
temas como, por exemplo: Educar com amor e limite, Desenvolvimento Humano, O que meu
filho precisa? Sistema Montessoriano e as salas agrupadas, Sexualidade, O que fazer com o
adolescente? Distúrbios Emocionais, etc. As palestras são ministradas pelo próprio corpo
docente.
E o terceiro princípio refere-se às salas que são compostas por crianças de
diferentes idades, chamada de salas agrupadas. Esta idéia nasceu a partir da experiência
realizada em San Lorenzo por Montessori, que percebeu na sua trajetória médica, que a
criança precisava de uma nova educação que oferecesse estrutura pedagógica diferente da
convencional aos que não conseguiam alcançar as expectativas médias de aprendizagem.
Desta forma, são reunidas num mesmo ambiente, crianças com idades
aproximadas, com o objetivo que elas se ajudem mutuamente, pois há entre elas, clima
harmonioso e uma comunicação característica da faixa etária, muito difícil de existir entre o
adulto e a criança pequena, pois o vocabulário e os interesses são próximos e não distante do
seu potencial. Os mais amadurecidos transformam-se em educadores dos menores, pois estes
acabam aprendendo com os mais velhos, pelo modelo da imitação.
A composição da sala agrupada permite o trabalho com a diversidade, partindo do
princípio de que não há uma sala homogênea. Mesmo que os alunos possuíssem idades
iguais, todos seriam diferentes no seu processo de desenvolvimento e na própria
aprendizagem. Esta visão é uma das características fundamentais das instituições
montessorianas, pois o trabalho com faixas etárias desiguais permite fluir um
Estudo do sistema educacional ... 160
desenvolvimento natural, onde o ritmo de cada aluno é respeitado e o fracasso escolar não
tem ênfase.
Segundo a pedagoga e gestora do Grupo Santa Fé “na escola não se deve ter
crianças fracassadas, pois há as que não ouvem por conseqüência de uma deficiência
orgânica, outras, entretanto não podem ouvir por deficiência emocional. Algumas não
caminham porque o corpo não favorece, outros não caminham, pois a sua acomodação é
maior. Algumas não enxergam porque sua modalidade sensorial visual é comprometida,
outras não enxergam porque o olhar é penoso. Algumas possuem um aprendizado muito
rápido, outras só aprendem aquilo que a escola acha necessário oferecer, ou porque foram
impedidas por suas vontades próprias. Também há aquelas que não tiveram escolhas ou
porque se acharam sem capacidade e, apenas uma parcela muito pequena não aprendeu
porque seu sistema neurológico encontra-se comprometido”.
Maria Montessori respeitou as fases de desenvolvimento e considerou as
desigualdades naturais da criança. Seu Sistema proporciona um ambiente social similar ao
que ela vive com sua família, com pessoas de idades diferentes. E sobre este contexto Lima 15
comenta que o agrupamento vertical permite a experiência de subgrupos pelo interesse, pelo
nível de desenvolvimento, pela competência e pelo conhecimento já adquirido, permite o
trânsito entre papéis de aprendente e ensinante, diminui a competição e a comparação
estabelecendo o valor de cada um diante da exploração máxima do seu potencial, permite
também o atendimento intensivo daqueles que mais necessitam de mediação do professor.
Em 2007 na sala agrupada II, através da observação aconteceu uma situação bem
interessante que explica a citação acima: uma menina de três anos e meio observava
atentamente a professora fazendo a lição em três tempos a um menino de cinco anos, que
trabalhava com as barras azuis e vermelhas e os numerais de lixa. A professora dizia assim:
15
Diretora da Prima Escola Montessori de São Paulo, Ex-Diretora Científica e Consultiva da OMB e Diretora
da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
Estudo do sistema educacional ... 161
- Este é o seis. Este é o sete.
- Mostra-me o seis. Mostra-me o sete.
- Que número é esse?
- Seis. Respondeu o menino ao passar o dedo no número de lixa seis para depois
o desenhar na caixa de areia.
- Que número é esse?
- Sete, ele respondeu, repetindo o procedimento anterior.
A professora se levantou e o aluno foi fazer o registro dos números trabalhados
no folheto. Enquanto ele escrevia, a menina que o observava se aproximou e disse:
- O que você está trabalhando? Eu também quero trabalhar?
- Você já sabe esse número? Apontou o menino para o algarismo um.
- Sim, mas a professora não fez a lição ainda.
- Então, pegue o tapete, senta aqui do meu lado e vamos trabalhar.
O Menino de cinco anos apresentou primeiramente o material de acordo com os
critérios de apresentação, tal qual o exemplo da professora. Depois ele utilizou a lição em três
tempos e a menina repetiu todo o processo explicado pelo seu colega de sala.
A composição das salas agrupadas é assegurada pela LDB 9394/96, que dar
autonomia para que uma instituição educacional se organize de acordo com seus interesses
pedagógicos, sejam eles em séries ou agrupamentos. Partindo dessas considerações, as
instituições montessorianas fazem do ambiente educacional um laboratório para a vida, onde
o ambiente preparado tem como finalidade proporcionar o desenvolvimento do ser humano
em concordância consigo próprio, com a natureza e com a sociedade geral, favorecendo a
tanto a competência acadêmica quanto a formação de pessoas que saibam buscar melhores
condições de vida. Conforme a diretora geral do Grupo Santa Fé, Marilourdes Mussalém “o
término da barreira das salas em seriação é um fator polêmico no método; pois as salas
Estudo do sistema educacional ... 162
agrupadas permitem o reconhecimento da igualdade de aprender como ponto inicial do
trabalho e quanto às diferenças, estas se constituem como processo e ponto final do
aprendizado. Para tanto é necessário muito estudo, observação, determinação e trabalho”.
8.10 As salas agrupadas
As salas agrupadas fizeram parte da pesquisa e diante das observações, pode-se
dizer que elas possuem espaço físico adequado, pois são amplas, iluminadas e apresentam
condições para a organização de diferentes cantinhos. As salas agrupadas perpassam durante
a semana pelas salas ambientes de Vida Prática, Educação Sensorial e Educação Cósmica.
8.10.1 A sala ambiente de vida prática
A sala específica de para as atividades de Vida Prática, contem mais de trinta
atividades diferentes que favorecem a independência da criança e sua autonomia, tais como
transportar recipientes com água ou objetos (Figura 16), abrir e fechar garrafas, caixas,
cadeados; encher e/ou transpor líquidos variados para copos ou jarras, dobrar papéis e cortar
papéis com distintas texturas, costurar retalhos, bordar seu nome ou desenhos geométricas,
lavar as mãos, roupas ou flanelas utilizadas na aula, banhar bonecas, cuidar das plantas, polir
objeto, praticar o laço nos sapatos ou mesmo fazer o nó, passar roupa, abotoar os botões,
fechar zíper, colchetes e fivelas, cortar trajetos, etc. Encontram-se nesta área, ao mesmo
tempo, estímulos para uma adequada relação social, que inclui as saudações, atitudes de
cortesia (a utilização das palavrinhas mágicas: com licença, por favor, desculpe obrigado,
etc.), aprender a não aborrecer os outros, proporcionar hábitos higiênicos etc.
Estudo do sistema educacional ... 163
Figura 16 - Sala de Vida Prática
Fonte: Santa Fé Colégio, 2008
Nesta sala de Vida Prática possui também um espaço com cama, mesas, cadeiras,
penteadeira e pia – tudo adequado ao tamanho das crianças – destinado à hora do lanche. Esta
ocasião é muito importante, pois aos que já possuem mais autonomia, pegam sua lancheira,
tiram sua merenda, se servem sozinhas e ao finalizar a sua atividade, limpam o ambiente,
conservando tudo em ordem para aqueles que irão lanchar depois.
O sentido de ordem é observado também quando as crianças executam tarefas
como a de lavar suas louças e talheres, enxugar e guardar tudo no local certo. É relevante
ressaltar que o Colégio Santa Fé Criança possui dentre seus projetos o Lanche Saudável que
prioriza a utilização de frutas naturais, sucos, leite, etc., no lugar dos famosos lanches
industrializados. Quando os pais não podem mandar de casa, a cantina da escola oferece um
cardápio adequado a este projeto com bastantes variedades desde bolos e pudins até saladas,
sopas ou frutas.
O lanche é planejado para uma educação alimentar saudável, e permite as
crianças oportunidade de utilizar garfos, facas e colheres e uma vez por mês eles preparam
seu próprio lanche através do projeto Lanche Coletivo, neste dia eles farão todo o processo do
lanche, desde lavar bem as frutas, cortá-las para uma grande e deliciosa salada de frutas ou na
preparação de um bolo, com máscaras, toucas, utilização de batedeira, liquidificador, forno,
etc.
Estudo do sistema educacional ... 164
8.10.2 A sala ambiente de Educação Sensorial
Na sala ambiente de Educação Sensorial (Figura 17) estão dispostos diversos
materiais sensoriais que, nesta dependendo da faixa etária das crianças têm por objetivo,
desenvolver, aprimorar e refinar os sentidos. Os materiais sensoriais abrangem o domínio
afetivo, psicomotor e o cognitivo. Dentre os materiais sensoriais existem alguns que
preparam a criança de forma indireta para a escrita que são os encaixes sólidos, torre rosa,
escada marrom, barras vermelhas, cilindros coloridos que objetivam a educação da visão às
dimensões.
Já os encaixes planos e os triângulos construtores têm como finalidade a educação
da visão às formas. Os materiais de áspero e liso e dos tecidos fornecem informações para a
educação do sentido tátil. As caixas de sons para a educação do sentido auditivo. As tabuas
de bárico destinam-se para a educação do sentido bárico. As caixas de cores para a educação
do sentido cromático. E os sólidos geométricos, saco de reconhecimento e pareamento para a
educação do sentido estereognóstico.
Figura 17 - Sala de Educação Sensorial
Fonte: Santa Fé Colégio, 2007
Entretanto os materiais sensoriais que preparam para linguagem escrita de forma
direta são os encaixes de ferro que trabalham com a fixação das formas, a criatividade, o
desenvolvimento do vocabulário e a percepção visual.
Estudo do sistema educacional ... 165
As letras de lixa que proporcionam a sensação tátil-muscular associado ao
fonema. O quadro mural que fixa os sons e o conhecimento da ordem alfabética. As tabelas
fonéticas que realizam a analise de som, relacionando a figura ao seu correspondente som.
O primeiro, segundo, terceiro alfabetário e o alfabeto móvel favorecem a
composição de palavras, ensinam a acentuação; oportunizam a criança sentir a letra; a
composição de frases; e o desenvolvimento do vocabulário. E por último o Ditado Mudo que
oferece elemento para a formação de palavras e enriquece o vocabulário.
8.10.3. A sala ambiente de Educação Cósmica
A sala de Educação Cósmica16
é composta por nomenclaturas classificadas e
frisas sobre os elementos da natureza – minerais, vegetais, e animais; frisas da formação da
vida, da evolução da Terra, da configuração do sistema solar, etc. Existem também neste
espaço livros com histórias e livros de pesquisa, como manuais, enciclopédias e atlas, globo
terrestre, etc.
O ambiente é ornamentado com mesas, cadeiras e almofadas, para que as crianças
possam ficar relaxadas e entrar para o mundo da imaginação ou, somente, realizar uma
investigação sobre algum assunto do seu interesse.
Esta sala apresenta espaço satisfatório para que as crianças possam trabalhar
individualmente no chão, sobre os tapetes ou na própria mesa. Nesse espaço, as crianças são
livres para realizarem trabalhos individualmente ou com seus colegas.
Por fim, todo o ambiente foi ajustado e constituído de acordo com as
necessidades dos alunos. Tanto as salas como os banheiros apresentam componentes baixos,
para que a criança não precise da ajuda do adulto.
16
Conjunto de materiais criados por Maria Montessori para desenvolver as noções de diversas áreas do
conhecimento como ciências, história e geografia.
Estudo do sistema educacional ... 166
O “mundo das crianças”, que Maria Montessori defendeu, estava diretamente
relacionado ao bem-estar, independência e segurança das crianças. Desde a chegada da
criança à escola, a mesma entra em influência mútua com um ambiente ordenado, saudável e
harmonioso.
Figura 18 – Materiais da sala de Educação Cósmica
Fonte: Santa Fé Colégio, 2006
Os materiais dispostos na sala ambiente (Figura 18) apresentam graduações de
dificuldades e servem para as várias idades das salas agrupadas. Eles são elementos
provocadores de curiosidades e de novos conhecimentos. Mesmo que a criança já tenha
manipulado o material e ainda assim necessite repetir o trabalho, a professora não interrompe
a sua investigação e observa até onde o material está ajudando a criança a assimilar as novas
informações.
8.11 O Planejamento Curricular
O planejamento curricular das salas agrupadas é dinâmico e flexível, sendo as
atividades propostas são de acordo com o estágio de desenvolvimento de cada criança. As
áreas trabalhadas abarcam:
Hábitos de higiene – este trabalho é desenvolvido na sala ambiente de Vida
Prática, através das atividades da rotina da sala agrupada, pois envolve os hábitos e os
Estudo do sistema educacional ... 167
comportamentos que ajudam a conservar a disposição física e o bem-estar da sala como um
todo.
Linguagem – é a conseqüência de uma longa aquisição no momento da ação
infantil, tanto de linguagem oral, corporal e o seu desenvolvimento psicomotor. O
desenvolvimento da linguagem é realizado através dos intercâmbios diários entre os
indivíduos e objetos do ambiente.
Toda a atuação da criança é expressa por meio do seu corpo em movimento e da
sua linguagem no ambiente, conseqüentemente são essenciais para o desenvolvimento
adequado a utilização de atividades da Vida Prática e da linguagem, pois são estas atividades
que, concomitantemente, levam à aquisição psicomotora, sedimentam a riqueza lingüística,
aperfeiçoam os esquemas mentais indispensáveis ao desenvolvimento dos processos
neuropsicognitivos, como a atenção, percepção, memória, pensamento e linguagem.
A realidade de uma sala agrupada favorece ajustamento ao processo educacional
dos alunos pelo professor, através da sua consciência sobre os objetivos, tanto das atividades
propostas como as dos materiais concretos, e o acompanhamento individual de cada aluno.
Esse contexto corresponde a uma seqüência de dificuldades gradativas que levam o aluno ao
encontro de atividades psicomotoras, que favorecerão o desenvolvimento do pensamento e da
linguagem, juntamente com o seu processo de alfabetização no período adequado, auxiliado
pela educação dos seus sentidos. Sendo capaz de articular suas idéias de forma clara e
expressar-se com nitidez ao adulto. No Colégio Santa Fé Criança, a sala agrupada é preparada
com atividades que vão sendo renovadas de acordo com a observação e os registros da
professora, pois ela tem a consciência que a linguagem também se pode considerar como um
período transitório e a ela cabe o papel de estimular as crianças com atividades apropriadas
que proporcionem maior desenvolvimento e expansão da linguagem como um todo.
Estudo do sistema educacional ... 168
A sala agrupada, por ter alunos em idades diversas, acaba se transformando num
local dinâmico, pois cada um ou grupos deles estão atravessando períodos delicados, e
paralelamente ajudando-os mutuamente do seu desenvolvimento. Enquanto alguns se
encontram na etapa de exploração e evolução da linguagem oral, outros já estão sendo
inseridos nos trabalhos direcionados para a linguagem gráfica. É gratificante perceber a
evolução de cada integrante da sala agrupada, pois o conhecimento acontece de uma forma
natural. Quando nos deparamos com alunos que começam a ler pequenas palavras,
percebemos como esse modelo serve de estímulo as outras crianças menores, que ficam
aguçadas em sua curiosidade e olham de forma admirada a leitura e a escrita de seus
amiguinhos.
Os livros montessorianos, que são materiais montessorianos que servem para
desenvolver a linguagem oral e a escrita, as nomenclaturas classificadas, a leitura de histórias,
a caixa de bordados, os quadros fonéticos, o cantinho de poesia, o cantinho de músicas, o
alfabeto móvel, a caixa de comandos, as fichas de recortes e desenhos, as caixinhas de
reconhecimento e pareamento, a caixinha de costuras, as formas metálicas (Figura 19); todos
esses materiais são necessários, para o enriquecimento da linguagem infantil, pois oferece a
criança a possibilidade de memorizar a palavra ao mesmo tempo em que ela relaciona com a
idéia.
Figura 19 - Formas Metálicas
Fonte: Santa Fé Colégio, 2008.
Estudo do sistema educacional ... 169
Matemática - Para o desenvolvimento do pensamento operacional concreto, o
professor deverá oferecer a criança materiais concretos, da sua realidade, para a estruturação
do seu pensamento. Desta forma a criança é capaz de organizar suas idéias seqüencialmente,
decompor em partes, sem perder o conhecimento do todo inicial, e por fim, reverter todo esse
processo.
Nas salas montessorianas, do Colégio Santa Fé Criança tudo o que está disposto
ao aluno tem o objetivo de ajudar à sua constituição interior. Todas as atividades que são
proporcionadas aos alunos têm a finalidade de auxiliar no seu desenvolvimento natural.
Nesse desenvolvimento, cada período é produto da etapa antecedente, ao mesmo tempo em
que prepara para o período posterior.
Na sala agrupada I, as crianças com três anos já trabalham com materiais
especializados que possuem qualidades sensórios-motoras-perceptivas, que possibilitam a
intuição de conceitos matemáticos essenciais relativos à geometria e à aritmética. São
materiais que ajudam no desenvolvimento das múltiplas inteligências da criança, pois
oferecem conhecimentos espaciais, temporais, noções sobre as formas, cores, dimensões,
números e operações.
A iniciação da lógica nas salas agrupadas tem como finalidade uma
transformação da “posição de ensinar” para a “posição de aprender”, exigindo da educadora
uma modificação de atitude e de mentalidade com o objetivo de que o aluno consiga o seu
desenvolver o pensamento lógico e as estruturas mentais. Para isto o material indicado nesta
contextualização é representado pelos blocos lógicos, que também serve de apoio para a
compreensão e composição de conjuntos, pois consiste em noções de ordem, classificação,
união e intersecção.
É importante salientar que as dificuldades de aprendizagem acontecem pela
ausência ou falha de informações conceituais, principalmente aquelas referentes à orientação
Estudo do sistema educacional ... 170
espacial. Entretanto, durante a observação pode-se constatar que na sala tudo é transformado
em situações de aprendizagem, pois a professora aproveita as atividades simples do ambiente,
e oferece a criança conceitos como o de abrir; ao trabalhar com as portas, janelas ou caixas;
de passagem, ao conduzi-las para a entrada ou saída da sala; de limites, ao mostrar que as
paredes são os limites da sala, e que o portão é o limite do colégio, etc.
Essas informações são chamadas noções topológicas e são trabalhadas a partir
dos três anos, relacionando os conceitos acima destacados para uma coordenação
programática seqüencial. As noções topológicas tratam de eventos familiares, como o lado
interno de uma meia ou verso de um espelho.
O material sensorial (Figura 20) prepara a criança também para a mente
matemática, pois a ela consegue comparar e classificar por ordem de grandeza, assimilando e
utilizando conceitos que abarcam idéias comparativas e com linguagem adequada, como, por
exemplo: alto e baixo, em cima e em baixo, pesado e leve, dentro e fora, grande e pequeno,
curto e comprido, grosso e fino, maior e menor, cheio e vazio, etc.
Os alunos mais novos demonstram maior preferência em trabalhar com estes
materiais, principalmente com a torre rosa, os cilindros coloridos, as barras vermelhas, os
encaixes planos, os encaixes sólidos, a escada marrom, entre outros.
Figura 20 - Material Sensorial B
Fonte: http://montessori-n-such.com/images/SensorialCollage.jpg, 2008
Estudo do sistema educacional ... 171
Existem também os materiais reservados às operações concretas destinados aos
conhecimentos da aritmética e da geometria, que proporcionam atividades de raciocínio,
desenvolvimento intelectual, racional e sistemático. Montessori (1934, p. 5-6), afirma que
todos os detalhes acompanham o desenvolvimento psíquico, como se a aritmética fosse um
meio mais prático para um verdadeiro tratamento psicológico da criança, um arsenal
maravilhoso de psicologia experimental. A finalidade desse conjunto de materiais envolve a
iniciação da numeração do 1 a 10 e seus respectivos nomes, aquisição dos conceitos
seqüenciais numéricos, a noção de sucessor e antecessor, a equivalência, as operações
básicas, entre outros.
Ciências, História e Geografia – os materiais que trabalham com estes
conhecimentos permanecem disponíveis aos alunos, ressaltando, no entanto, a coordenação
motora e linguagem sem relacioná-los obrigatoriamente entre si, mas desejando que estes
conhecimentos sejam compreendidos e trabalhados em potencial. O programa consiste em
ampliar as habilidades da criança, explorando necessariamente, o conhecimento sobre a vida,
a descoberta da energia, os reinos da natureza (Figura 21), a natureza e cultura, o passado e o
presente, a formação da Terra, o surgimento dos primeiros seres microscópicos até a
evolução da espécie humana; a pré-história, a identificação do sujeito, a vida da criança, a
família, a moradia, os grupos sociais e datas comemorativas.
Figura 21 – Atividade de Educação Cósmica Visita ao Parque Ambiental
Fonte: Santa Fé Colégio, 2009.
Estudo do sistema educacional ... 172
Montessori defendia que a criança deve ser oferecida as informações da sua
realidade, assim era necessário apresentar e fazê-la compreender o ambiente que a cerca,
nomeando o mundo ao seu entorno, utilizando-se como seu próprio referencial (Esquema
Corporal). Para isto a criança deve conhecer o seu corpo, seu espaço, o ambiente ao seu
redor, as pessoas que estão próximas a ela, o seu bairro, sua escola, sua cidade, seu estado,
seu país, seu mundo, etc.
Atividade Psicomotora é dada por um professor especializado, duas vezes por
semana, com pequenos grupos. A fundamental finalidade é auxiliar no desenvolvimento das
habilidades psicomotoras, exercendo também o trabalho saudável em grupo, acatando o
ritmo, as capacidades e aptidões de cada aluno. Todos os grupos são criteriosamente
acompanhados, conforme o registro individual do professor referente às possibilidades,
evoluções e limitações.
O desenvolvimento das atividades psicomotoras presentes na Educação Infantil e
no 1º ano do Ensino Fundamental se justifica porque engloba o desenvolvimento funcional de
todo o sujeito, sendo este considerado em seus aspectos psicomotores, cognitivos, sociais e
afetivos. É através destes exercícios que a criança abandona a imagem do “ser frágil” da
primeira infância e se modifica para um sujeito livre e autônomo da ajuda alheia. Estes
exercícios motores exercem na vida da criança uma função importantíssima, em várias das
suas primeiras ações intelectuais. Enquanto a criança descobre o entorno que a cerca,
utilizando as suas modalidades sensoriais, acaba percebendo também os meios com os quais
praticará ampla parte das suas relações sociais.
Durante o início da infância, até os seus três anos, a construção da sua
inteligência é unida ao seu desenvolvimento neuromuscular. Mais tarde, ocorre um
rompimento entre a inteligência e sua motricidade, tornando-se independentes. Um
desenvolvimento psicomotor normal favorece a criança transpor dos movimentos grossos aos
Estudo do sistema educacional ... 173
mais refinados e do movimento inconsciente ao movimento consciente. A manipulação dos
materiais montessorianos e a estrutura do ambiente preparado proporcionam as crianças o
desenvolvimento de todos os elementos psicomotores necessários para o processo ensino
aprendizagem, que envolvem o esquema corporal-formação do eu (Figura 22), adquirindo
consciência do seu próprio corpo e das probabilidades de expressar-se por meio dele;
coordenação motora; lateralidade; orientação espacial localizando-se no espaço e situando os
eventos uns em relação aos outros; orientação temporal situando-se no tempo, desenho e
grafismo expressando-se adequadamente no papel; a associação de idéias, análise e síntese,
atenção, percepção, memória, etc.
Figura 22– Atividades de Esquema Corporal
Fonte: Santa Fé Colégio, 2009.
A avaliação das crianças é feita através de registros diários que irão compor no
final de cada bimestre a construção do relatório de evolução pedagógico que será entregue
aos pais nas reuniões de entrega de notas. Neste momento os pais têm a oportunidade de ler o
relatório com a professora, receber o material construído por criança durante este bimestre e
discutir o processo ensino aprendizagem do seu filho, tirando suas angústias e dúvidas no que
se refere ao andamento do trabalho.
Estudo do sistema educacional ... 174
8.12 Da Educação Infantil para o Ensino Fundamental
O rito de passagem da Educação Infantil para o Fundamental é um momento
determinante no desenvolvimento da criança que envolve todos os seus aspectos, desde o
social ao cognitivo, pois é o princípio da educação formal, em outras palavras, é a
conseqüência da aquisição de todas as habilidades essenciais para a alfabetização favorecidas
no período de ação infantil. O principal objetivo do Colégio Santa Fé Criança no Ensino
Fundamental é desenvolver na criança a rotina e o prazer de aprender, dominando inclusive, a
linguagem escrita, a linguagem oral, e os conceitos matemáticos, para melhor interpretação
do real. A sala do 1º ano do Ensino Fundamental se tornou outro objeto de pesquisa e
observações, no início do ano de 2009. O que chamou atenção desta sala foi o fato dela ter
formação horizontal, todos os alunos matriculados possuem seis anos completos, em
conformidade da Lei nº 11.114/2005, que altera o artigo 6º da LDB, estabelecendo que: “é
dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de
idade, no Ensino Fundamental”. Que foi uma alteração originada da Lei nº 9.394/96 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional).
De acordo com o relato da diretora geral, a Organização Montessori do Brasil
(OMB) – expediu um documento ao Ministério da Educação e ao Conselho Nacional de
Educação para que fosse reanalisado o Parecer CNE/CEB nº 24/2005, que respondeu parecer
relativo ao disposto nos artigos 3º, III e IX, e 23 da LDB, sobre as salas agrupadas da
Educação Infantil, de 0 a 3 anos e de 3 a 6 anos e Ensino Fundamental, pois a Secretaria de
Educação Básica do MEC demonstrou-se adverso, a priori, na primeira consulta
especificamente, as salas agrupadas de crianças de 3 a 6 anos por bater de frente com a atual
legislação que ampliou o Ensino Fundamental para nove anos, iniciando-se a partir dos seis
com o 1º ano do Ensino Fundamental.
Estudo do sistema educacional ... 175
A resposta ao parecer formulado pareceu evidente: “é de todo possível às escolas
que adotam o Sistema Montessori de Ensino, ou a qualquer outra escola, organizar o
agrupamento de seus alunos, segundo a idade e manter em qualquer agrupamento alunos de
idades diversas. Nada, de plano normativo, obsta à organização de agrupamentos verticais
por idade, como exemplificado (Educação Infantil – grupos de 0 a 3 e de 3 a 6 anos; Ensino
Fundamental – grupos de 6 a 9, 9 a 12 e 12 a 15 anos).
Pelo contrário, tal tipo de agrupamento é explicitamente previsto na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional conforme o artigo 23, extraído da Lei 9.394, de
20/12/96 que diz “a educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos
semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base
na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre
que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
Diante deste contexto, para não comprometer o ano escolar das crianças à espera
de uma decisão, o Santa Fé Criança e o Colégio Santa Fé preferiu deixar a sala do 1º ano do
Ensino Fundamental afastada do sistema de agrupamentos verticais até conseguir inserir um
currículo correspondente a essa atual estrutura e possa incluir todas as salas no sistema de
agrupamentos, como defende o Sistema Montessori.
Montessori garantia que, psicologicamente, existem mudanças enormes na
personalidade das crianças de seis aos doze anos, pois ela se refere a este período como
específico para a conquista de cultura, assim como, as crianças de três a seis anos estão para a
absorção do ambiente. Segundo Montessori, outro respeitável aspecto referente a esta idade,
fazer referência à educação moral, pois aos seis anos, inicia também uma nova maneira em
lidar com os assuntos sobre o bem e o mal, certo e errado.
As normas adquirem nova importância para a criança, embora muitas delas já as
tenham aplicado, numa etapa anterior, no que se direciona a conduta do outro, e não à sua
Estudo do sistema educacional ... 176
própria. Montessori (2003, p. 12), complementa com seu pensamento dizendo que a criança
não mais será receptiva, absorvendo impressões com facilidade, mas irá querer entender por
si mesma, não se contentando com a aceitação de meros fatos.
Prontamente, da mesma forma que a criança pequena não deve ficar imóvel, para
desenvolver suas habilidades motoras, a criança a partir dos seis anos, estrutura sua mente
através de atividades intelectuais. A necessidade de introduzi-la no mundo das informações,
além do ambiente escolar e familiar é imediata, pois serão através das lições que a criança
terá melhor compreensão do seu habitat, do seu lugar e da sua função nele.
Desta forma a professora informará aos seus alunos a história da criança, das
plantas, dos animais, do planeta da Terra, o surgimento do homem, a invenção da linguagem,
dos números, etc., todas essas informações auxiliam a criança a se direcionar e diminuir a
inquietação natural da idade, podendo assim crescer e realizar suas próprias conquistas.Neste
contexto, a professora da turma do 1º ano organiza a sala de aula com uma grande quantidade
de atividades distintas a fim de atender a necessidade mental de suas crianças e encorajá-las a
encontrar diferentes formas de resolver as situações problemas desenvolvendo com
responsabilidade e justiça moral.
Todas as salas têm um espaço amplo que permite a criança movimentar os
móveis, se necessário, ou trabalhar sobre os tapetes. A existência de estantes que possuem
conhecimentos específicos; desta forma haverá no canto da sala uma estante correspondente
aos conhecimentos de história, com jogos e materiais sobre os continentes, países, regiões,
estados e cidades; calendários, meses do ano, dias das semanas e as horas.
A outra estante com assuntos de geografia que explora o sistema solar, os mapas
político e físico do mundo, as regiões do Brasil, etc., o cantinho da linguagem, onde se
encontram os materiais para a preparação direta e indireta do processo de alfabetização, jogos
referentes às regras gramaticais e fonética; outro cantinho referente à matemática, cheio de
Estudo do sistema educacional ... 177
material que ajudam a criança a construir o número, a contar, o material dourado, as quatro
operações. Neste mesmo local há uma estante de ciências, que apresenta amostras de rochas,
sementes e animais vertebrados e invertebrados; e por ultimo um cantinho de artes onde as
crianças aprendem a bordar, pintar, recortar, fazer dobraduras e tear.
Existe, também, uma estante com livros catalogados que permitem a pesquisa e o
hábito de leitura, conhecido como cantinho da leitura (Figura 23). Este espaço é composto de
livros simples de histórias infantis, revistas, manuais, paradidáticos até enciclopédias. As
crianças podem fazer uso de qualquer um destes materiais e direcionarem-se as almofadas
para que possam estar mais relaxada e com seu processo atencional melhor focado.
Figura 23 – Cantinho da leitura
Fonte: Santa Fé Colégio, 2008.
.
As atividades de Vida Prática, agora, se concentram na hora do recreio, onde as
crianças descem para a área de vivência, arrumam a mesa a qual querem aproveitar o horário,
servem-se sozinhas, e por ultimo limpam e guardam as louças que usaram, deixando o
ambiente em ordem para os outros alunos. Nessa sala, a agenda é feita todos os dias. As
crianças que já possuem a linguagem escrita desenvolvida preenchem a agenda sozinha; em
contrapartida àquelas que ainda encontram-se em processo de alfabetização transcrevem com
a ajuda da professora.
Estudo do sistema educacional ... 178
O planejamento curricular dos conteúdos desta sala, na realidade, é um
prolongamento da sala agrupada II, e tem como grande finalidade seguir as necessidades do
desenvolvimento da criança e da vida de maneira geral, orientando as crianças a
compreenderem que tudo no mundo possui uma ligação, um relacionamento.
Conseqüentemente, não são oferecidas noções independentes umas das outras, pois isso
proporciona confusão ao pensamento da criança. Pelo contrário, as informações oferecidas
devem ser significativas para a vida da criança, onde ela possa fazer ligação do que a escola
oferece como conhecimento e relacionar com seu cotidiano.As crianças que freqüentam,
escolas montessorianas possuem a liberdade de optar qual atividade farão a cada momento,
sendo o material concreto o elo entre as crianças e o currículo, isto quer dizer, os conteúdos
escolhidos para serem trabalhados na sala são inseridos através dos materiais pré-
selecionados pela professora ao preparar o ambiente. Tudo aquilo que está disposto no
ambiente oferece um objetivo específico relacionado ao assunto que a professora irá
trabalhar.
Ao professor cabe cuidar e garantir a aprendizagem de todas as crianças que
convivem nesta sala, planejando junto com a criança o que será trabalhado, sendo
necessariamente o mediador do processo de aprendizagem; instituindo condições
indispensáveis e propícias de exploração e assimilação das informações educacionais ao
crescimento cognitivo do educando. É relevante ressaltar que embora a criança esteja no meio
de toda essa diversidade de conceitos vão sendo formulados, desde a Educação Infantil até a
sala do 1º ano, este novo ambiente é por sua vez um local alfabetizador e de letramento, pois
tudo o que encontramos nele está relacionado tanto com o aprendizado das letras, das
palavras, das frases, como também a utilização da sua competência lingüística como
instrumento de diálogo e de perpetuamento da cultura.
Estudo do sistema educacional ... 179
Figura 24 – Sala do 1º ano do Fundamental
Fonte: Santa Fé Colégio, 2008.
Montessori em seus escritos ressaltou a importância de acontecer paralelamente
dois processos no desenvolvimento da linguagem, ainda que um deva anteceder o outro no
seu princípio como uma etapa de preparação. Refere-se à estrutura para obter a linguagem
gráfica e a utilização da linguagem gráfica como competência lingüística.
Segundo a diretora geral do Grupo Santa Fé, Marilourdes Mussalém, “a criança
alfabetizada é aquela que simplesmente aprende a decodificar os símbolos gráficos e realiza
uma leitura mecânica. Porém a criança letrada não é somente aquele que sabe escrever e
ler, no entanto aquela que utiliza e pratica a linguagem socialmente, respondendo de
maneira adequada às exigências sociais de leitura e de escrita; e desta forma posemos
considerar que a sala montessoriana é considerada um ambiente alfabetizador e de
letramento.”
Todos os materiais apresentam sua identificação por escrito e aproximadamente
quase todos indicam um processo de letramento, onde a criança convive com os mais
distintos recursos que induzem a prática da escrita, leitura e competência lingüística (Figura
24).
Estudo do sistema educacional ... 180
8.13 Procedimento de coleta de dados
Em 1995, ao participar do vestibular referente ao curso de pedagogia da
Universidade Federal do Maranhão, acabara entrando no campo de educação por
determinação de sugestões familiares. Entretanto, o curso de pedagogia não necessariamente
seria o ideal; pelo contrário, os interesses no nível de graduação sempre foram voltados para
parte administrativa de empresas; experiências trazidas pelo legado dos pais e suas
respectivas lojas comerciais.
Entretanto no 2º semestre de formação acadêmica, foi ofertado um convite de
trabalho, por uma empresa que prestava serviços de informática educacional em várias
escolas do Maranhão. Esta empresa favoreceu a entrada e estadia em diferentes instituições
educacionais da rede privada de São Luís, onde cada uma delas defendia uma tendência
pedagógica individualizada, mas que nas entrelinhas não saiam de uma educação
tradicionalista.
Paralelo com esta decepcionante experiência profissional, no campo acadêmico
abria-se uma lacuna enorme entre a teoria e a prática pedagógica; pois nos primeiros períodos
do curso de pedagogia eram direcionados para a possibilidade de mudanças e quebras de
paradigmas no que tange a educação como um todo e infelizmente tudo o que se percebia até
então, nas primeiras experiências profissionais era a convergência de práticas educativas do
modelo tradicional. Nada do que se estudava conseguíamos conciliar com a educação
oferecida, pois todas as instituições, sem exceção, continuavam vendo a criança como agente
passivo do processo ensino aprendizagem, o professor como o protagonista da cena, o
currículo fechado, aprendizagem mecânica, a avaliação quantitativa, provas
descontextualizadas, enfim; uma frustração total para o ser em formação.
Estudo do sistema educacional ... 181
Em 1998, foi divulgado em São Luís, um curso sobre o Sistema Montessoriano,
ministrado pela grande educadora pernambucana, gestora do Colégio Santa Fé, Marilourdes
Mussalém. Esta pedagoga conseguiu sensibilizar os ouvintes, dentre eles alunos dos cursos de
pedagogia das Universidades Federal e Estadual do Maranhão, e professores da rede pública
e privada de São Luís; de tal forma para a performance da prática educacional, que muitas
das frustrações colocadas em discussão principalmente pelos acadêmicos de pedagogia foram
amenizadas e/ou superadas.
A professora especialista no Sistema Montessoriano conseguiu sensibilizar
através das suas palavras e atitudes, todo aquele público que o fizera presente no curso,
favorecendo a todos uma possibilidade de mudança educacional; e que esta, só dependia da
força de vontade de cada educador, procurar maiores conhecimentos no Sistema
Montessoriano, estudando o método e assimilando a filosofia no que diz respeito
principalmente, aos seus valores e princípios. Esta nova concepção de educação era
propagada de forma simples, clara, objetiva e verdadeira, muito diferente das demais escolas
de São Luís que traziam em seus outdoors e propagandas comerciais nada mais do que uma
educação tradicional mascarada.
A partir de então, Maria Montessori e sua filosofia se tornou um objetivo
acadêmico, profissional e pessoal. Conhecer então a única mulher italiana médica-educadora,
que não fora citada na disciplina da história da educação do curso de pedagogia da UFMA.
Para alegria pessoal, o Colégio Santa Fé propôs um estágio remunerado para o
desenvolvimento de um plano de informática educacional correlacionado aos princípios
montessorianos. Desde essa época, até os dias atuais, faço parte desta grande família “Santa
Fé” que proporcionava aos futuros educadores, ainda em formação acadêmicas, se tornarem
profissionais comprometidos e realizados, através da filosofia Montessoriana e do contato
com as crianças com necessidades educativas especiais.
Estudo do sistema educacional ... 182
Mesmo pertencendo a esta instituição até hoje, e ter me submetido a várias
formações continuadas; algumas vertentes ainda precisavam ser estudadas e verificadas
cientificamente para dar evidência ao trabalho realizado nestes onze anos. Então, uma vez
que Montessori deu ênfase à criança, a evolução da criança na a Educação Infantil e o 1º ano
do Ensino Fundamental se tornou o objeto de pesquisa, e ao descobrir qual seguimento
investigar, surgiam assim vários questionamentos sobre o processo educacional das crianças,
chegando inclusive, discutir qual importância real da Educação Sensorial no processo de
aquisição da linguagem escrita.
Durante a pesquisa percebeu-se que o Colégio Santa Fé Criança era a única
escola da rede privada em São Luís/MA a trabalhar a filosofia e o Sistema Montessoriano na
prática, pois outras instituições visitadas percebiam-se muito mais o marketing “de ser
Montessori”, do que trabalhar a educação propriamente dita aliada com a filosofia. Inclusive,
constatou-se que outras escolas “ditas montessorianas” possuíam estrutura fenomenal,
entretanto, os profissionais não haviam assimilados os valores e princípios da educação
personalista de Maria Montessori.
Deve-se salientar que a pesquisa foi iniciada em 2006 na sala agrupada I, em
2007 e 2008 na sala agrupada II e finalizando no ano de 2009 com os 10 alunos que
permaneceram durante toda a educação infantil e passaram para a sala do 1º ano do Ensino
Fundamental do turno matutino. Em 2009, fechamos a pesquisa, tecendo as considerações
sobre estes alunos que permaneceram durante a investigação no 2º Semestre na instituição.
Todos os sujeitos da investigação estiveram envolvidos durante os três e meio anos da
pesquisa.
Os questionários com as professoras e auxiliares foram aplicados no início da
investigação, em 2006. É relevante esclarecer que o Colégio Santa Fé Criança possui na
realidade duas turmas agrupadas que compõem a educação infantil, pois a outra como já
Estudo do sistema educacional ... 183
esclarecida é composta apenas por alunos com idade cronológica de 6 anos de acordo com o
que se estabelece a Lei nº 11.114/2005, que altera o artigo 6º da LDB, estabelecendo o novo
Ensino Fundamental com 9 anos.
Entretanto, a estrutura organizacional das salas agrupadas do Colégio Santa Fé,
diferencia-se um pouco da proposta de Maria Montessori que sugere nas suas obras
agrupamentos de zero até três anos, agrupada I, e acima de três até seis anos, agrupada II;
com exceção das crianças com necessidades educacionais especiais.
No Colégio Santa Fé Criança não se trabalha acompanhando as idades de zero a
três e de três a seis na formação dos agrupamentos, todavia, a filosofia e o método, continuam
conservados. Na Sala Agrupada I se relacionam crianças de um a três, e na agrupada II,
crianças de quatro a cinco anos de idade.
Conforme explica a coordenadora pedagógica da Educação Infantil Bruna Bianca,
o que é levado em consideração para classificação das crianças nas turmas, são as suas
capacidades, segundo ela, “A visão que nós temos do aluno se dá de forma holística,
concebendo o aluno em todos os seus aspectos, sejam eles o social, o emocional, o cognitivo,
o psicológico e psicomotor. O que vai definir o seu agrupamento está relacionado à
observação no que tange aos aspectos ora citados, o seu desempenho, e o nível a qual se
encontra”. Deste modo, independente da turma em que os alunos estejam todos sem restrição
são “educandos e educadores”. Montessori (1965) contribui para o pensamento acima quando
afirma que “as crianças ensinam e aprendem ajudando-se mutuamente nas interações sociais,
como nos trabalhos em grupos, danças, brincadeiras e jogos”.
De acordo com o relato da professora Helena Lavra: “a sala agrupada apresenta
benefícios para todas as crianças que nela se encontram. É admirável perceber no dia-a-dia
as crianças mais velhas se tornando professores das mais novas. E ao ajudar o crescimento
das mais novas, acabam reforçando os conceitos já trabalhados e adquiridos por elas. Além
Estudo do sistema educacional ... 184
do mais, essa interação favorece a prática da empatia, da cooperação e a socialização, o que
as torna mais seguras. Ressalto também que as crianças mais novas aprendem muito mais
rápido porque elas acabam tendo maiores oportunidades para isso, pois trabalham as lições
com a professora, observam e analisam o trabalho das crianças mais velhas e ainda acabam
recebendo auxilio delas se houver necessidade”.
Esse neste clima harmônico e recíproco que imperam as relações nas salas
agrupadas, favorecendo condições de aprendizagem mútua e seguramente, o
desenvolvimento dos alunos em todos os aspectos.
A pesquisa caracteriza-se também como bibliográfica e documental a partir da
análise feita com a Lei de Diretrizes e Bases (LEI 9394/96), livros de autoria da própria
educadora Maria Montessori e livros escritos por seus discípulos. A presente pesquisa
desenvolveu-se principalmente em duas etapas:
8.13.1 Primeira etapa - estado da arte
a) Levantamento bibliográfico sobre a educação montessoriana;
b) Levantamento de material específico como revistas, periódicos, projetos,
congressos do Sistema Montessoriano;
c) Levantamento bibliográfico sobre a Educação Sensorial.
8.13.2 Segunda etapa - coleta dos dados
A coleta de dados iniciou-se no ano de 2006, primeiramente com a observação da
rotina escolar dos alunos da educação infantil, dentro e fora das salas ambientes nos anos de
2006 a 2008.
Estudo do sistema educacional ... 185
Em 2006 foram entregues as 3 professoras e as 4 auxiliares do turno matutino os
questionários. Em março de 2007 foram realizadas as entrevistas com os sujeitos acima
descritos. No mesmo ano realizou-se entrevistas com a coordenadora da Educação Infantil e
diretora pedagógica do Grupo Santa Fé. Todas as entrevistas foram gravadas com
autorização dos sujeitos participantes, com uma duração média de 50 minutos, transcritas
pela pesquisadora e agrupadas por semelhanças e diferenças.
No ano de 2009 foram entregues pessoalmente na 2ª reunião de pais e mestres os
questionários às mães selecionadas das crianças já alfabetizadas durante o primeiro semestre
do mesmo ano.
Ressalta-se que após a elaboração dos questionários, com o objetivo de verificar a
validez e confiabilidade do questionário (Gil, 2007) aplicou-se um estudo piloto no Colégio
Reino Infantil (instituição montessoriana da rede particular) onde participaram 3 professoras,
4 auxiliares e 5 mães. O resultado do estudo piloto mostrou que não precisava realizar
alterações nos itens deste instrumento.
Além das observações nas salas agrupadas, a pesquisadora freqüentou reuniões
com toda a equipe do conselho pedagógico, onde se discutiu sobre assuntos que tivesse como
foco as atividades da pedagogia Montessori, juntamente com os projetos e a possibilidade de
toda a equipe, participar no mês de julho daquele ano (2006), da IV Conferência Latino-
Americana da Organização Montessori do Brasil que aconteceu em Salvador - Bahia e que
trouxe como temática geral do congresso “a contemporaneidade do Sistema Montessori”,
onde de fato concretizou-se a freqüência de vinte integrantes da escola, dentre professores,
auxiliares, coordenações e diretores; inclusive a investigadora.
As primeiras observações realizadas referem-se ao trabalho com os alunos, à
prática montessoriana das professoras e auxiliares pedagógicas da sala agrupada I que
Estudo do sistema educacional ... 186
corresponde à faixa etária de alunos de dois e três anos e tinha como professora titular a
Mayara Setúbal e auxiliares Adaiana Almeida e Carliane Rêgo.
Em 2007 e 2008 foi observada a sala agrupada II que corresponde faixa etária de
alunos de quatro e cinco anos e foi acompanhada pela professora Helena Lavra e auxiliar
Fernanda França, e por fim em 2009, a sala do 1º ano do Ensino Fundamental que
corresponde à faixa etária de alunos de seis anos e tinha como professora Kaciana Rosa e
auxiliar Francilene Pessoa, do turno matutino.
A pesquisa foi feita com as professoras e sua(s) respectiva(s) auxiliar(es) durante
o processo investigativo observacional de acordo com a divisão dos anos e salas acima
citadas. Foram realizadas observ ações sistemáticas durante as manhãs de terças e quintas,
durante todo o horário normal da aula. Inclusive nas atividades do parquinho e trabalho
pessoal. O acesso ao Conselho Pedagógico foi muito fácil. A diretora geral do Grupo Santa
Fé e coordenadora deste segmento mostraram muita receptividade, atenção, carinho, respeito
e afeição pelo trabalho, desde a primeira vez que foi proposta a investigação científica no
local.
Entretanto necessitou-se mais tempo para ser aceita por uma das três professoras
titulares; embora as salas da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental servirem
como campo de estágio observacional para diversas instituições de ensino de São Luís, foi
notório o receio e até afastamento, desta educadora nas primeiras vezes que se precisou entrar
na sala. Diante disso, a pesquisadora precisou conversar várias vezes com a professora. Sendo
que aos poucos foi se deixando esclarecer indiretamente, que a presença da investigadora não
se dava em caráter avaliativo da profissional desta sala agrupada, pelo contrário, a
investigação realizada faria parte do crescimento profissional e pessoal de todos os
envolvidos. Depois deste impasse resolvido, a pesquisa foi realizada de forma mais tranqüila
no ano de 2006.
Estudo do sistema educacional ... 187
A investigação continuava em 2007 e 2008 com a sala agrupada II, e em 2009
com a sala do 1º ano do Ensino Fundamental, mediante os mesmos passos seguidos pela
primeira sala. Os questionários e as entrevistas resultaram em excelentes instrumentos para
compreender a visão dos sujeitos da pesquisa, no tocante à prática pedagógica, as facilidades
e as dificuldades encontradas na Educação Montessoriana, o nível de conhecimento,
envolvimento e dedicação que elas possuem em relação à instituição como um todo, qual é o
papel do mediador dentro do sistema e o objetivo do trabalho sensorial.
8.14 Procedimento de análise dos dados
Os dados coletados dos questionários das professoras, auxiliares pedagógicas e
mães, analisam-se através das respostas individualmente, de forma quantitativa utilizando a
Escala Likert, denominada pela pesquisadora de Escala da Contribuição do Sistema
Montessoriano das: professoras (Apêndice R), e auxiliares (Apêndice S) e Escala de
Satisfação do Sistema Montessoriano das mães (Apêndice T), que determinam o grau de
contribuição ou satisfação dos sujeitos da pesquisa.
No que se refere aos dados coletados nas entrevistas com professoras, auxiliares
pedagógicas, coordenadora pedagógica e diretora geral do Grupo Santa Fé, as respostas
analisam-se individualmente, de forma qualitativa, evitando separações estanques entre a
coleta e a interpretação das informações. Realizou-se uma análise baseada: nas respostas da
entrevista semi-estruturada, na fundamentação teórica; e na experiência pessoal da
pesquisadora, que neste caso é mais evidente por se tratar de uma integrante do corpo
técnico-administrativo da instituição estudada. Por fim, Triviños (1992) ressalta que,
independente da técnica de coleta de dados utilizada, para que os resultados tenham validade
Estudo do sistema educacional ... 188
científica eles devem atender às seguintes condições: coerência, consistência, originalidade e
objetivação.
Após a interpretação dos dados da entrevista, síntese holística do fato pesquisado,
criou-se a oportunidade da pesquisadora defender uma possível interpretação significativa
para o fenômeno em questão. Para tanto se realizou uma triangulação de dados utilizando
outras fontes, reforçando a validade de fidedignidade da pesquisa. Desta forma a análise e
interpretação dos dados serão apresentadas no capítulo nove com auxílios de gráficos,
oriundos das respostas quantificadas dos questionários, e quando possível, de comentários
complementares advindos das entrevistas realizadas.
a) Professoras da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental.
O questionário aplicado a estes sujeitos da pesquisa teve o objetivo de identificar
as contribuições do Sistema Montessoriano, das salas ambientes, do trabalho do professor e
os benefícios dos materiais concretos, etc. E a extensão do questionário consta de nove
afirmações.
A Escala da Contribuição do Sistema Montessoriano foi classificada em:
Contribuição baixa, Contribuição média e Contribuição alta. Como mencionado acima (no
sub-tópico 8.13.2), na pesquisa participaram 3 professoras e por essa razão a classificação da
Escala dar-se-á de a pontuação mínima (3) à pontuação máxima possível de cada questão
(15).
Estabeleceram-se três intervalos de igual tamanho. Para encontrar a média dos
intervalos, subtraiu- se a pontuação máxima da pontuação mínima, dividindo este resultado
por 3 (arredondando-o quando necessário), encontramos assim o valor médio do intervalo =
4.
Estudo do sistema educacional ... 189
Para descobrir as classificações (Contribuição Baixa, Contribuição Média e
Contribuição Alta) e seus respectivos intervalos necessitou-se do somatório da pontuação
mínima com a média do intervalo encontrando a primeira classificação. E para encontrar as
outras classificações, acrescenta-se a este resultado o número 1 (um) mais o valor médio; e
assim por diante. Desta forma, os intervalos são:
Contribuição Baixa: 317
a 718
pontos;
Contribuição Média: 819
a 1220
pontos;
Contribuição Alta: igual ou maior 13 pontos.
Os itens estão constituídos por afirmações que estão relacionados com as
contribuições da educação sensorial, de acordo com a opinião das professoras e uma escala
valorativa que permite ao sujeito da pesquisa exteriorizar sua opinião relacionando-a com
uma das alternativas da escala.
b) Auxiliares Pedagógicas da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental.
O questionário das 4 auxiliares possui as mesmas características das professoras,
desde a quantidade de afirmações, objetivo, qualificação dos itens, a classificação, a forma
que se estabeleceu os intervalos, e a oportunidade de exteriorizar sua opinião relacionando-a
com uma das alternativas da escala.
O que diferencia é que a classificação da Escala dar-se-á de a pontuação mínima
(4) à pontuação máxima possível de cada questão (20) e o valor médio do intervalo = 5; estas
informações desencadeiam outros resultados ao se estabelecer os três intervalos de igual
tamanho. Desta forma, os intervalos são:
Contribuição Baixa: 421
a 922
pontos;
17
Menor valorização. 18
Somatório da menor valorização com a média do intervalo (4). 19
Final do 1º intervalo acrescido do número 1 (um). 20
Soma do início do 2º intervalo mais o valor médio encontrado (4)
Estudo do sistema educacional ... 190
Contribuição Média: 1023
a 1524
pontos;
Contribuição Alta: igual ou maior 16 pontos.
c) Mães do 1º ano do Ensino Fundamental.
A classificação da Escala de satisfação do Sistema Montessoriano das 10 mães foi
classificada em: Satisfação baixa, Satisfação média e Satisfação alta. Esta classificação dar-
se-á entre a pontuação mínima (10) e a pontuação máxima possível (50). Estabeleceram-se
três intervalos de igual tamanho. Para encontrar a média dos intervalos, subtraiu- se a
pontuação máxima da pontuação mínima, dividindo este resultado por 3 (arredondando-o
quando necessário), encontramos assim o valor médio do intervalo = 13.
Para descobrir as classificações (Satisfação Baixa, Satisfação Média e Satisfação
Alta) e seus respectivos intervalos necessitou-se do somatório da pontuação mínima com a
média do intervalo encontrando a primeira classificação. E para encontrar as outras
classificações, acrescenta-se a este resultado o número 1 (um) mais o valor médio; e assim
por diante. Desta forma, os intervalos são:
Satisfação Baixa: 1025
a 2326
pontos;
Satisfação Média: 2427
a 3728
pontos;
Satisfação Alta: igual ou maior 38 pontos.
Os itens estão constituídos por afirmações que estão relacionados com a
identificação do grau de satisfação das mães quanto à alfabetização do Sistema
Montessoriano e relacionados a uma escala valorativa que permite ao sujeito da pesquisa
exteriorizar sua opinião relacionando-a com uma das alternativas da escala.
21
Menor valorização. 22
Somatório da menor valorização com a média do intervalo (5). 23
Final do 1º intervalo acrescido do número 1 (hum). 24
Soma do início do 2º intervalo mais o valor médio encontrado (5) 25
Menor valorização. 26
Somatório da menor valorização com a média do intervalo (13). 27
Final do 1º intervalo acrescido do número 1 (um). 28
Soma do início do 2º intervalo mais o valor médio encontrado (13)
Estudo do sistema educacional ... 191
9 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Descrevem-se abaixo os resultados obtidos através da aplicação dos questionários
(professoras, auxiliares pedagógicas e as mães do 1º ano do fundamental) com suas
respectivas questões (gráficos) e implicações, e das entrevistas (professoras e auxiliares), com
seus comentários complementares quando possível.
9.1 Pesquisa com Professoras e Auxiliares
Considerando que o questionário e o roteiro da entrevista possuem os mesmos
itens, apresenta-se cruzamento (triangulação) dos dados coletados na pesquisa.
É importante ressaltar que todas as informações contidas abaixo estão
localizadas:
APÊNDICE I – Questionário as professoras
APÊNDICE M- Entrevista as professoras
APÊNDICE R – Escala da Contribuição do Sistema Montessoriano das Professoras.
APÊNDICE U – Matriz das respostas aos itens do questionário das professoras
APÊNDICE J - Questionário as auxiliares pedagógicas
APÊNDICE N - Entrevista as auxiliares pedagógicas
APÊNDICE S – Escala da Contribuição do Sistema Montessoriano das Auxiliares.
APÊNDICE V – Matriz das respostas aos itens do questionário das auxiliares
Estudo do sistema educacional ... 192
1) A importância do Sistema Montessoriano no contexto educacional da criança
Gráfico 09: Professoras: A importância do Sistema Montessoriano.
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 15 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Em sua opinião qual a importância do Sistema
Montessoriano no contexto educacional da criança atualmente?) a P1 comentou:
“Para mim, o Sistema Montessoriano é o mais indicado para desenvolver as
habilidades e competências dos alunos desde a alfabetização”.
P2 explicou que “dentre as tendências pedagógicas o Sistema Montessoriano dá
à importância devida ao respeito e ritmo próprio do educando.
P3 contribui expondo “Somente no Sistema Montessoriano a criança é a
educadora de si mesma, tendo inclusive a possibilidade de eleger o seu trabalho, de se
movimentar por conta própria, ser responsável pela sua educação e crescimento,
caminhando para a autonomia e liberdade autodirigida.
Desta forma as respostas das professoras foram unânimes em ressaltar a
importância do Sistema Montessoriano no processo de alfabetização.
100%
0%0%0%0%Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 193
Gráfico 10: Auxiliares: A importância do Sistema Montessoriano
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 18 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Em sua opinião qual a importância do Sistema
Montessoriano no contexto educacional da criança atualmente?) A1 afirma que “o Sistema
Montessoriano é o único sistema que tem como base a formação do indivíduo, a partir de
tarefas especificamente voltada para cada fase da vida e personalidade da criança, todavia
com objetivos complementares e interligados.”
A2 contribui dizendo que “O Sistema de Montessori respeita os planos de
desenvolvimento. E o primeiro deles é a fase de 0 a 6 anos que corresponde toda Educação
Infantil e o 1º ano do Ensino Fundamental. Esta fase é a mais importante para se trabalhar,
pois é onde são lançados os alicerces do indivíduo.
A3 complementa dizendo que “Por isso, é essencial uma preocupação com este
primeiro plano de desenvolvimento, com um ambiente, do ponto de vista físico, bem
estruturado, com os materiais necessários, com professores vigilantes e atenciosos.
Vigilantes no sentido de diagnosticar o tempo certo de oferecer a informação, com a
observação apurada para perceber o período da criança e o que ela sinaliza (necessita). E
atencioso no sentido da afeição e do respeito para com a criança.
75%
25%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 194
Entretanto A4 comente que “para ela todas as escolas tinham o mesmo objetivo
com a Educação Infantil e não importava o método. Todas eram capazes de se desenvolver
independentemente da filosofia, método ou materiais.”
Sobre a importância do Sistema Montessoriano no contexto contemporâneo
educacional da criança, três comentaram que o Sistema Montessoriano era importante porque
propiciava aos alunos da Educação Infantil o desenvolvimento da coordenação motora global
e fina, por meio de atividades específicas, manipulação de materiais concretos,
principalmente os de sensoriais e os de Vida Prática, garantindo apropriado treino para a
destreza dos músculos e a coordenação do movimento. Além de trabalhar a atenção,
concentração, percepção, memória, pensamento e a linguagem.
Entretanto uma das auxiliares não conseguia perceber a importância do sistema
porque todas as escolas com uma educação Infantil tinham as mesmas preocupações e por sua
vez faziam o mesmo trabalho.
Para Montessori o ambiente proporciona qualidades físicas de espaço satisfatório
para que as crianças desenvolvam suas atividades de forma espontânea, sem impedimentos
ou limitações; aprendendo naturalmente independentemente da ação do educador, pois a
mobília e os materiais concretos, adequados em dimensões, aspecto harmonioso e
convidativo, permitem trabalhos individuais ou em pequenos grupos e de ordem interior da
criança, favorecendo-lhes segurança e intimidade com o entorno; deixando surgir o potencial
humano, educando-a para a vida, sem esquecer que ela é a construtora de si mesmo e que o
professor é apenas um mediador que auxilia o seu desenvolvimento. “A criança é um ser em
potencial e nela já está presente o artista, o poeta, o cientista, o técnico, o operário. Ao
educador (tia) cabe ajudá-la para que todo o seu potencial venha à luz”. . (MONTESSORI
apud MARAN, 1979. p. 150).
Estudo do sistema educacional ... 195
2) A relação da prática pedagógica do professor e o ambiente preparado
Gráfico 11: Professoras: A relação da prática pedagógica e o ambiente preparado
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 15 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Este “ambiente preparado” pode ser realmente um
aliado na sua prática? Por quê?) a P1 comentou “a criança interessa-se pelas materiais como
um investigador nato, tendo a chance de escolher atividades, materiais concretos necessários
a sua aprendizagem e atuar por decisão e esforço, sendo agente ativo do seu processo de
desenvolvimento”.
P2 ressalta que “as múltiplas atividades que um ambiente preparado oferece,
proporciona a criança o conhecimento sobre suas próprias possibilidades e limitações,
buscando meios de superá-las sozinha e, sobretudo, com ajuda dos colegas de sal e da
professora”. P3 complementa dizendo que “O Colégio Santa Fé , como um todo, se
constitui de ambientes preparados favorecendo, sem dúvida, o processo de conquista da
independência, uma vez que cada aluno é livre para movimentar-se, para estar à disposição
dos colegas, oferecendo e recebendo ajuda, aprendendo e ensinando.”
Ao perguntar para as professoras sobre a relação do “ambiente preparado” e a sua
prática pedagógica todas as professoras comentaram a importância deste, ao começar a aula;
pois segundo a professora da S.A II o ambiente preparado favorece o desenvolvimento social
100%
0%0%0%0%Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 196
quando a criança apresenta respeito pelos objetos e pela individualidade dos coleguinhas. A
professora da S.A. I, diz que é muito mais fácil dar aulas num ambiente projetado de acordo
com as necessidades dos alunos, pois se tornam sedutores, estimuladores, e convidativos
todas as atividades. E finalizando a professora do 1º ano do Ensino Fundamental afirma que o
ambiente propicia ajustamento interno da criança para seu desenvolvimento.
Gráfico 12: Auxiliares: A relação da prática pedagógica e o ambiente preparado
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 20 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Este “ambiente preparado” pode ser realmente um
aliado na sua prática? Por quê?). A1 afirma que “o ambiente físico e os objetos eram
essenciais para que chamassem a atenção da criança e desenvolvesse sua motricidade. E que
estas atividades resultariam num futuro próximo a concentração e a própria linguagem”.
A2 colabora afirmando que “é no exercício de livre escolha que as crianças
desenvolvem o senso crítico, enfrentando suas diferenças e as dos outros e preparando-se
para admitir responsabilidades pessoais e sociais”
A3 e A4 concordaram com as idéias colocadas acima pelas outras companheiras.
Montessori afirmava que para ter a capacidade de analisar e sentir a criança, ela
teria que no mínimo construir um local a qual ela se sentisse bem e por isso adequou a sala de
100%
0%0%0%0%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 197
aula ao ambiente da criança com a intenção de não inibi-las, inventando materiais de maneira
especial para fazer com que as crianças se sentissem à vontade na escola. Arquitetou
mesinhas de formas alteradas, de pouco peso, e de simples transporte; cadeiras e mesas
individuais. Seu objetivo maior era fazer com que a liberdade consentida às crianças
mostrasse suas qualidades. A movimentação das crianças em sala de aula, a priori, nos
oferece inicialmente, uma imagem de desordem, confusão, no entanto, de fato ela aprenderá a
controlar seus movimentos.
3) A relação do erro com o processo de aprendizagem na montessoriana
Gráfico 13: Professoras: o erro no processo de aprendizagem na montessoriana.
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 15 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Como o erro é considerado no processo de
aprendizagem na montessoriana) a P1 comentou “a criança tem oportunidade de trabalhar
com materiais e estes por si só são auto-corretivos.
P2 complementa dizendo que “a própria criança dá conta quando não consegue
alcançar o objetivo na situação problema. Desta forma desconstrói o que a priori tinha
trabalhado, reorganiza seus pensamento e descobre o caminho certo para tal problema ser
solucionado sozinho”.
100%
0%0%0%0%Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 198
P3 colabora falando que “O erro é compreendido aqui como uma das formas de
tentar acertar, faz parte do processo e é muito importante”
Desta forma percebemos que a criança (individualmente) ao utilizar os materiais
à medida de sua necessidade, tenta trabalhar com a expectativa do acerto, mas como todos os
materiais montessorianos são autocorretivo, o erro acaba sendo considerado dentro do
processo ensino aprendizagem um fato construtivo para suas próprias tentativas.
Gráfico 14: Auxiliares: o erro no processo de aprendizagem na montessoriana.
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 20 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Como o erro é considerado no processo de
aprendizagem na montessoriana). A1 afirma que “o “não acertar” exige da criança um
raciocínio cada vez maior”
A2 colabora afirmando que “a tomada de consciência de que ela não saiu
corretamente no trabalho com os materiais concretos faz ela analisa todas as outras
alternativas de suas ações que não foram tentadas até chegar ao resultado esperado.”
A3 diz “o erro é respeitado como uma fase do processo aprendizagem”.
A4 ressalta que “a criança não tem vergonha de errar, pois esta situação não é
valorizada na sala e nem muito menos ele é castigado por não conseguir de primeira vez.”
100%
0%0%0%0%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 199
O erro dentro do sistema Montessoriano é parte constitutiva da aprendizagem e
do desenvolvimento cognitivo. Tentar impedir de todas as formas que a criança erre, equivale
a interromper o processo de sucessivas aprendizagens.
4) O ambiente montessoriano no processo ensino aprendizagem.
Gráfico 15: Professoras: O ambiente montessoriano e o processo de ensinar e aprender
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 15 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Como se pode afirmar que o ambiente
montessoriano é importante no processo de ensinar e aprender?) a P1 comentou que “os
alunos são introduzidos numa sala de aula com uma enorme variedade de materiais
concretos que dão bases sólidas a todas as aptidões, competências e inteligências humanas”.
P2 declara que “nestes ambientes, os materiais se localizam distribuídos em
distintas áreas, onde os alunos possuem acessibilidade e escolhem a atividade que querem
realizar.”
P3 contribui dizendo que “os materiais foram criados cientificamente, com um
objetivo de aprendizagem específico e estão esquematizados dentro da sala para que a
criança manipule e aprenda sozinha, exigindo de si movimentos conduzidos pela inteligência
para uma finalidade definida”.
100%
0%0%0%0%Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 200
O ambiente preparado refere-se a um espaço cuidadosamente organizado para a
aprendizagem e o crescimento da criança. Este espaço é constituído por duas partes: o
entorno e o material, organizado de uma maneira tal que desenvolvam nas crianças suas
necessidades: sociais, emocionais, intelectuais, de ordem e segurança.
Maran (1977) no que tange ao ambiente preparado afirma que “a Dra. Montessori
comprovou que preparando o meio ambiente dos alunos com os materiais necessários para
seu período de desenvolvimento em todas as áreas possíveis e deixando-lhe escolher seu
material de trabalho, abriria o caminho para um desenvolvimento completo de seu ser.”
Gráfico 16: Auxiliares: O ambiente montessoriano e o processo de ensinar e aprender.
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 16 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Como se pode afirmar que o ambiente
montessoriano é importante no processo de ensinar e aprender?). A1 afirma que “o ambiente
montessoriano constitui um ponto de relação fundamental para a estruturação do
pensamento da criança.”
A2 complementa que “este ambiente serve também para a evolução cognitiva e o
desenvolvimento da criança numa realidade externa, permitindo-lhe desempenhar
gradualmente, em qualquer que seja o aspecto, estágios de maior dificuldade e superação.”
50%
0%
50%
0%0%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 201
A3 e A4 concordam em dizer que “o ambiente em si não proporciona o processo
de ensinar e aprender, mas que tanto a professora quanto os colegas são elementos que
proporcionam para este contexto global aparecer.”
O Sistema Montessoriano além de aceitar a premissa que a educação se realiza
em processo, através dos chamados por Montessori de períodos sensíveis, ou seja, estágios de
desenvolvimento; respeita rigorosamente a progresso continuado da formação humana. Desta
forma, todas as experiências das crianças vividas na Educação Infantil são consideradas como
marco inicial para o desenvolvimento, aprimoramento e o requinte do seu processo psico-
sensório-motor, e o seu avanço nas conquistas, se dão através de atividades planejadas numa
linha evolutiva, com materiais concretos específicos, que proporcionam atividades livres,
conscientes e auto-corretivas. Entretanto para que a criança tenha êxito nas suas conquistas
necessitaria alcançar maturação de suas potencialidades e Montessori ressalta o ambiente
preparado, como ponto principal para a normalização sensorial.
5) O Papel do professor montessoriano e a formação da criança.
Gráfico 17: Professoras: A forma de conduzir a sala e a formação da criança
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 14 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
67%
33%0%0%0%
Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 202
No que se refere à entrevista (Qual é a relação da postura e das atitudes do
professor, ao conduzir a sala, com a formação da criança?) a P1 comentou que “é de suma
importância do papel do professor montessoriano dentro da sala de aula desde a execução
de suas atribuições como preparar suas aulas, deixar o ambiente preparado para o começo
do dia escolar, como o alcance dos objetivos pré-selecionados no seu plano.”
P2 ressalta que “observar o trabalho da criança, sem realizar interferência,
somente quando for solicitado ou perceber que o aluno precisa de ajuda, respeitando a sua
individualidade e seu ritmo próprio faz toda a diferença para não atrapalhar o crescimento
do aluno. P3 primeiro colocou breve retrospectiva sobre a educação tradicional e como eram
desenvolvidos os papéis do aluno e do professor. Depois defendeu a grande importância da
inversão destes papéis na educação montessoriana no processo ensino aprendizagem da
criança.
Montessori (1965) afirma que sempre se referiu às mestras como "Guias" e seu
papel se diferencia consideravelmente da mestra tradicional. E antes de tudo tem deve ser
uma grande observadora dos interesses e necessidades individuais da criança. A interação da
Guia, as crianças e o ambiente dá como resultado que não existam duas salas Montessori
idênticas em sua rotina. Cada uma reflete características individuais de cada guia e de cada
grupo de alunos.
Gráfico 18: Auxiliares: A forma de conduzir a sala e a formação da criança
75%
25% 0%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 203
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 18 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Qual é a relação da postura e das atitudes do
professor, ao conduzir a sala, com a formação da criança?). A1 afirma que “acredita que o
trabalho do professor se dá de forma individualizada, respeitando o ritmo próprio de cada
criança, registrando os comportamentos de seus alunos de maneira particular, numa ficha de
registro onde constarão os avanços e suas dificuldades.”
A2 complementa dizendo que “o professor montessoriano no papel de guia cria
intervenções educativas diante de suas observações e avaliações do contexto da sala.
A3 comenta que “acho muito importante na postura do professor montessoriano
pois ele jamais faz comparações entre os alunos, mesmo que eles apresentem a mesma idade
cronológica, respeitando assim as etapas do seu aprendizado, crescimento, autonomia,
curiosidade, e sua auto-educação”.
A4 discorda das suas colegas dizendo que “existe certa “passividade” durante
as atividades pré-programadas, pois acho que toda criança precisa de um direcionamento
mais rígido”.
A orientação adequada nas atividades escolares não significa somente, ajudar a
criança adquirir conhecimentos para que num futuro, a médio prazo, a mesma possa ingressar
na universidade ou num curso profissionalizante, mas sim, para que a criança crie hábitos e
rotina de estudos que possam favorecer o seu desenvolvimento como um todo, aumentando o
conhecimento de si e do mundo que a cerca, desenvolvendo a capacidade de saber conviver,
no mínimo, com autonomia, independência e segurança em qualquer que seja o ambiente. A
criança, à medida que desenvolve seu espírito pesquisador e este, estimulado pela escola e
Estudo do sistema educacional ... 204
família, acaba favorecendo a criança que ela se torne cada vez mais capaz de aprender o que
lhe fora ensinado e permanecerá sinalizando que quer aprender muito mais, se obtiver
incentivo e valorização das mães e professoras. Por isto é muito importante que todos os
educadores, sejam eles pais ou professores, respeitem a criança nos seus pensamentos e
atitudes, deixando-a realizar seus deveres da melhor forma possível, orientando-a com amor,
tolerância e paciência. Com estas atitudes, os adultos favorecerão para que ela seja uma
estudante profissional, assumindo suas responsabilidades e executando suas próprias tarefas,
de maneira prazerosa e responsável. Funayama apud Marturano (2000) afirma que o impacto
positivo do ambiente familiar sobre o desempenho da criança na escola, depende de dois
fatores: experiências ativas de aprendizagem que promovem competência cognitiva e um
contexto social que oferece autoconfiança e interesse ativo em aprender.
6) Importância da sala de Vida Prática.
Gráfico 19: Professoras: opinião sobre a sala de Vida Prática
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 15 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Como as atividades oferecidas na sala de Vida
Prática podem favorecer o crescimento da criança em seus vários aspectos?) a P1 comentou
100%
0%0%0%0%Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 205
que “a sala de vida prática é um dos ambientes mais importantes para trabalhar com as
crianças pequenas, onde estas adoram permanecer nela também”.
P2 relata que “os exercícios da Vida Prática são compostos de aprendizados do
dia-a-dia da rotina da família da criança, como por exemplo, dobrar roupas, varrer o chão,
consertar objetos, lavar louças, calçar sapatos, se pentear etc., que objetivam adequados
movimentos e a desenvolvimento da coordenação motora.”
P3 completa dizendo que “a criança até parece executar atividades triviais, mas
que envolvem um conjunto de movimentos extraordinários que permitem a criança perceber
e utilizar seu esquema corporal, isto é, a coordenação de suas pernas e pés, ombros, braços,
punhos e especialmente as mãos, que devem ser aprimoradas e requintadas para a
linguagem escrita, como também, a sua mente, ao apresentar interesse e atenção pelos
exercícios que estão sendo desenvolvido na ocasião, o que a auxiliará a ampliar suas
competências mentais para o processo da lectoescrita.”
A sala de Vida prática é considerada por Maran (1977) a parte mais importante
das salas ambientes, pois ajuda a criança a desenvolver a coordenação, concentração,
independência, ordem e disciplina. Abarca os exercícios para a relação social, a tolerância e a
cortesia, o controle perfeito e refinamento do movimento.
Gráfico 20: Auxiliares: Opinião sobre a Vida Prática
50%
0%
50%
0%0%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 206
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 16 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Como as atividades oferecidas na sala de Vida
Prática podem favorecer o crescimento da criança em seus vários aspectos?). A1 afirma que
“Montessori concebia o movimento como uma forma de aprimoramento e requinte, em
outras palavras, o aprimoramento e requinte do movimento é pré-requisito de todas as
conquistas comportamentais”.
A2 considera que “dentre as atividades proporcionadas pelo ambiente
preparado, à efetivação de tarefas da vida diária – chamadas por Montessori de “atividades
de Vida Prática” – constituem-se o começo de uma extensa marcha em direção às atividades
muito complicadas exigidas pela escola, levando o aluno a se transformar num superador de
obstáculos através de sua própria iniciativa”
A3 discorda não enfatiza as atividades de Vida prática comentando “as
atividades de Vida Prática não se estabelecem como o começo de uma longa caminhada em
direção às atividades difíceis exigidas pela escola, mas que existem outras salas que
favorecem um direcionamento maior em atividades complexas estabelecidas no início da
vida escolar”.
A4 diz “Concordo com A3 quando ela fala da maior importância de outras salas
ambientes, como a de educação sensorial em relação à Vida Prática”.
Montessori, (1957, p. 94) contemplava em sua obra que existe um especial
segredo para se atingir o sucesso: é a precisão, a exatidão com que se devem realizar as
ações. E que a apreciação dos movimentos caminha paralelamente à economia de
movimentos, isto é, se a criança não executar nenhum movimento supérfluo seria para
Montessori alcançar o grau de perfeição. Por sua vez, seria uma falha anular a
Estudo do sistema educacional ... 207
experimentação da criança sob a desculpa de que não seriam competentes. Nesta proposta, a
educadora deve sempre proporcionar caminhos, oportunizar a experiências e a execução dos
trabalhos, valorizando suas aquisições, colaborando para o desenvolvimento da sua
autoconfiança.
7) Importância da sala de Educação Cósmica.
Gráfico 21: Professoras: opinião sobre a sala de Educação Cósmica
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 15 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Qual a importância de se trabalhar Educação
Cósmica com crianças tão pequenas?) a P1 comentou que “a sala de Educação Cósmica, faz
alusão à importância às leis estabelecidas na relação entre o meio ambiente e vida e o
homem”.
P2 complementa dizendo que “através da sala de Educação Cósmica o aluno
assimila qual o “trabalho cósmico” de cada ser, suas responsabilidades e implicações para
a perpetuação da vida”.
P3 completa dizendo que “a criança nesse momento, com sua experiência
originária das percepções sensoriais e do importante desenvolvimento da inteligência,
relaciona a história ao ambiente a qual faz parte, e começa a observar os reinos da natureza
100%
0%0%0%0%Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 208
e as distintas formas de vida. Após o relacionamento do conteúdo trabalhado com o seu
entorno, a criança, numa etapa posterior de maior assimilação do conhecimento, começa a
traçar uma linha do tempo e se projeta no percurso desta linha no seu tempo pessoal,
acreditando que o sucedido no tempo passado foi tão recente quanto os dias de atuais.”
Fonseca (2002) ressalta que a Educação Cósmica é caracterizada por um segundo
tipo de conhecimento, é intuitiva, e está alicerçada na experiência da realidade direta, não
intelectual. É holística. É um conhecimento ecológico. É buscar ajuda das emoções da
criatividade e não querer compreender tudo apenas com o intelecto. E, para que durante o
processo de aprendizagem a criança pudesse adquirir esta visão do Todo, seguindo um estudo
detalhado das partes e observando o processo da evolução, é que Dr.ª Maria Montessori
pensou em apresentar este estudo cósmico através de “Grandes Lições Básicas”: O Deus Sem
Mãos; A Linha Negra; A História da Vida; A Linha da Mão; A Chegada do Homem; História
do Alfabeto e A História do Número. Desta forma mostra à criança que no curso da evolução,
há uma relação de cumplicidade inclusive entre os seres irracionais e cada espécie contribui
ao meio do qual depende, a fim de conservar as condições para manter seus dependentes em
contínuo desenvolvimento.
Gráfico 22: Auxiliares: Opinião sobre a Educação Cósmica
75%
25%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 209
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 17 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Qual a importância de se trabalhar Educação
Cósmica com crianças tão pequenas?). A1, acredita que “a sala de Educação Sensorial é
muito importantes quando as professoras contam as histórias sobre cada ser integrante no
planeta e a importância que este tem para a conservação da vida.”
A2 e A3 complementam dizendo “o quanto é mágico esse momento... As crianças
ficam com a atenção direcionada para a tia explicar os fatos, fenômenos e curiosidade desde
a formação da terra até o surgimento do homem e dos animais”
A4 não enfatiza esses conhecimentos da sala de Educação Cósmica dizendo que
“que os conhecimentos mais importantes continuam sendo os desenvolvidos na sala de
Educação Sensorial e todos esses outros conteúdos podem ser trabalhados em outro estágio
da vida da criança pois ela conseguirá absorver também”.
Desde os primeiros seres vivos, os animais unicelulares, a relação do oxigênio e a
vida vegetal especialmente às árvores; o surgimento da água, lagos, mares e oceânicos; enfim
todo o processo vital do planeta, com a finalidade não exclusivamente de manter-se a si
próprio, mas de desempenhar ações específicas na difícil tarefa de permanência da Terra e de
conservação harmônica. 25% acreditam que estas informações poderiam ser inseridas a partir
dos 6 anos quando a criança já possui uma noção de mundo maior.
Montessori, no seu livro Mente Absorvente, pág.12, fala do papel dos educadores
que já trabalharam a Consciência Cósmica dizendo “Nós professores, podemos apenas ajudar
na obra já executada como os servos ajudam o patrão. Tornar-nos-emos então testemunhas do
desenvolvimento do espírito humano; do surgir do Homem Novo, que não será vítima dos
Estudo do sistema educacional ... 210
acontecimentos, mas, graças á sua clareza de visão, poderá tornar-se capaz de dirigir e
plasmar o futuro da sociedade humana”.
E seu filho, Montessori Junior (s/d, p. 69), afirma que a Educação Cósmica
oferece à criança o tipo de ajuda que ativa as novas potencialidades consolidadas neste
primeiro nível de integração, processo que foi dirigido através da preparação indireta de uma
fase anterior. Todas as experiências oferecidas previamente pelo ambiente foram básicas,
tanto para a formação das funções posteriores, quanto como referencial para ajudá-la a
explorar e a orientar-se em seu mundo. Quando a criança atinge este segundo estágio de
maturidade, deve ser-lhe dada uma visão abrangente do mundo; isto é; uma visão do todo o
Universo.
8) Importância da sala de Educação Sensorial.
Gráfico 23: Professoras: opinião sobre a sala de Educação Sensorial
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 15 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Porque trabalhar com a sala de Educação Sensorial?
O que faz ser diferente das demais?) a P1 comentou que “através da sala de Educação
Sensorial e dos materiais disposto nela se é possível trabalhar a criança no seu
100%
0%0%0%0%Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 211
desenvolvimento, aprimoramento e ao refinamento de todas as modalidades sensoriais da
criança: visão, audição, tato, olfato e paladar”.
P2 diz que “a finalidade desses exercícios é educar os sentidos, aprendendo o
respeito ao ambiente e discriminar os seus aspectos mais perspicazes. Essa “educação dos
sentidos” também proporciona a aquisição da linguagem”
P3 complementa “nós sabemos hoje que o cérebro do homem recebe todos os
dias grande quantidade de informações e isso se dá através dos sentidos. É por meio das
modalidades sensoriais que a criança aprende a se mover, equilibrar, relacionar e localizar
no mundo que a cerca e nada é mais fundamental que a escola ofereça condições para que a
criança desenvolva a percepção necessária para adquirir essas informações de forma global
e poder aproveitar delas a melhor e maior conceituação do que estar ao seu entorno.
Trabalhando melhor assim a atenção, percepção, memória (visual, auditiva e cinestésica).
Almeida (1974) afirma que a educação sensorial é o melhor treinamento para os
sentidos, ou seja, para o desenvolvimento sensório- motor- perceptivo, que além de propiciar
um alicerce sólido para a aquisição de conhecimentos intelectuais, afina a sensibilidade
estética e a harmonia do meio ambiente, influindo na organização interior de cada um. Isto
porque Montessori acreditava que o caminho do intelecto passa pelos órgãos dos sentidos,
especialmente pelo tato, e que por meio do toque e do movimento que as crianças descobrem
e interpretam o mundo exterior.
Estudo do sistema educacional ... 212
Gráfico 24: Auxiliares: opinião sobre a sala de Educação Sensorial.
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 20 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Porque trabalhar com a sala de Educação Sensorial?
O que faz ser diferente das demais?). A1 considerada a mais apaixonada pelo “sistema
Montessoriano” diz que “a Sala de Educação Sensorial é muito importante porque é lá que a
criança possui um ambiente de privilégio exclusivo para a exploração e vivências
construtivas, através das atividades de movimento, descoberta, intercâmbio e de
socialização.
A2 complementa que “nesta sala a criança realiza sua própria educação através
da exploração de materiais específicos e se torna essencial para a educação de crianças até
seis anos de idade”. A3 diz “os materiais criados por Montessori tem papel preponderante
nas suas atividades educativo, pois pressupõem a compreensão dos objetos a partir deles
mesmos, tendo como finalidade estimular e desenvolver na criança, uma curiosidade interior
que se manifesta nas atividades espontânea do intelecto”
A4 Conclui “como dito anteriormente de todas as salas ambientes para mim esta
é a mais importante por tudo isso que minhas colegas já falaram...”
100%
0%0%0%0%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 213
9) A relação da Educação Sensorial e o processo de alfabetização.
Gráfico 25: Professoras: Educação Sensorial e o processo de alfabetização.
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
professoras foi igual a 15 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice R) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Faça então a relação da Educação Sensorial e o
processo de alfabetização) a P1 comentou que “não haveria alfabetização se não fosse
oferecido à criança sentir o “mundo ao seu redor” através do relacionamento da memória
tátil-muscular, memória auditiva, memória gustativa e memória visual.”
P2 afirmou que “Montessori trabalhava assim, oferecendo um mesmo conteúdo
através de várias modalidades sensoriais. E que isso facilita muito o processo de
alfabetização, pois cada aluno tem seu próprio estilo de aprendizagem; uns são mais visuais,
outros auditivas e ainda há aqueles que são cinestésicos”.
P3 concluiu dizendo que “Não só a educação sensorial, mas todo o Sistema
Montessoriano prepara a criança durante toda a educação infantil, de forma indireta e
depois direta, para a linguagem escrita, a linguagem oral e a interpretação”
Na prática pedagógica, o primeiro passo para a escrita e a leitura, é a Educação
Sensorial. Os alunos utilizam o seu dedo indicador para “sensorialmente” conhecer a grafia
de cada letra, através das letras de lixa. Isto ajuda a criança reconhecer a forma correta de se
100%
0%0%0%0%Professoras
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 214
escrever cada letra, ao mesmo tempo em que desenvolve sua coordenação motora e aprende
os sons das letras. Após esta primeira etapa o dedo é substituído pelo lápis para numa etapa
mais avançada, escrever.
Gráfico 26: Auxiliares: Educação Sensorial e o processo de alfabetização.
O somatório dos pontos relacionados a este item do questionário segundo as
auxiliares foi igual a 20 pontos. Este valor encontra-se na classificação da Escala da
Contribuição do Sistema Montessoriano (Apêndice S) como nível de contribuição alta.
No que se refere à entrevista (Faça então a relação da Educação Sensorial e o
processo de alfabetização). A1 considerada responde “encontramos ainda se apaixonando
pelo método e é fascinante ver as professoras trabalhando com as crianças, utilizando o
dedo indicador para aceitar sensorialmente as letras e números através da utilização das
letras e numerais de lixa a conhecer os formatos geométricos, educando seus movimentos de
forma graduada para aprender também as informações ora apresentadas de maneira visual
e tátil-muscular, foneticamente. Este trabalho favorece, mais adiante, a substituição do dedo
pelo lápis fluindo a linguagem escrita de maneira natural, espontânea e com boa qualidade
no traçado da grafia.”
Neste exato momento perpetuou um silêncio muito forte entre todas as auxiliares
e inclusive na pesquisadora, pois era impressionante a forte emoção estampada na fala de A1
e que proporcionou um choro simultâneo de felicidade por estarem todas aprendendo um
100%
0%0%0%0%Auxiliares
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 215
trabalho coerente e real dentro da educação brasileira. A2, A3 e A4 não puderam mais
responder e a elas foi perguntado somente se elas concordavam com A1 e balançaram a
cabeça sinalizando que sim.
Outro fator curioso neste processo é que a linguagem oral surge quase que
paralelamente com a escrita, como resultado deste trabalho falado anteriormente, aliado a
convivência e o intercâmbio das experiências com as outras crianças maiores, das salas
agrupadas; pois quem já escreve e ler, cria na criança menor uma vontade de fazê-lo também.
Maran (1979) afirma que a criança é um ser em potencial e nela já está presente o
artista, o poeta, o cientista, o técnico, o operário. Ao educador (tia) cabe ajudá-la para que
todo o seu potencial venha à luz. Para Maria Montessori, quando o aluno é agraciado com
um ambiente favorável a sua criação espontânea, a situações que propiciem o seu
desenvolvimento como um todo, o seu processo de aprendizagem ocorre de maneira mais
natural.
A aprendizagem da escrita e da leitura se alcança na criança de forma natural,
principalmente se ela conviver e trocar experiências com crianças maiores que já possuem
desenvolvida a competência da lectoescrita; este agrupamento propicia na criança menor, um
desejo de ter as mesmas habilidades do colega de sala; e a esta harmonia de relação e troca de
experiência, acaba resultando dentro da sala de aula montessoriana, uma atmosfera de ajuda
mútua que favorece o crescimento de todos.
9.2 Pesquisa com as Mães
Durante a realização da pesquisa surgiu à idéia de também envolver as mães neste
processo investigativo. Para tanto foram escolhidos 10 mães da sala do 1º ano do Ensino
Fundamental de acordo com o critério de seus filhos terem feito toda a Educação Infantil na
Estudo do sistema educacional ... 216
instituição, desde a sala agrupada I, a sala agrupada II e 1º ano do Ensino Fundamental;
permanecendo no 2º semestre deste ano letivo. Os demais alunos foram oriundos de outras
escolas com diversos tipos de métodos.
É importante ressaltar que todas as informações contidas abaixo estão
localizadas:
APÊNDICE L- Questionário as mães dos alunos alfabetizados
APÊNDICE T – Escala de Satisfação do Sistema Montessoriano das Mães.
APÊNDICE X – Matriz das respostas aos itens do questionário das Mães
1. Para as mães, o nível de satisfação é alto quanto ao método de alfabetização
(gráfico 27) utilizado pelo Colégio Santa Fé Criança
Gráfico 27: Método de alfabetização
2. No que tange ao tempo em que seus filhos conseguiram escrever, ler e interpretar
(gráfico 28), o nível de satisfação das mães é alto.
Gráfico 28: Tempo para as habilidades de Letramento
100%
0%0%0%0%Mães
Muito Satisfeito Satisfeito Indiferente Pouco Satisfeito Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 217
3. No item relacionado ao comprometimento da família no processo educacional
(gráfico 29), o nível de satisfação alto.
Gráfico 29: Comprometimento da família no processo educacional.
4. No que se trata ao acompanhamento e intercâmbio das informações (gráfico 30),
o nível de satisfação é alto.
Gráfico 30: Acompanhamento e intercâmbio das informações
70%
30%0%0%0%
Mães
Muito Satisfeito Satisfeito Indiferente Pouco Satisfeito Desnecessário
60%20%
20%Mães
Muito Satisfeita Satisfeita Indiferente Pouco satisfeito Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 218
5. Para as mães, o nível de satisfação é alto quanto à utilização de salas ambientes
(gráfico 31).
Gráfico 31: Utilização de salas ambientes.
6. Referindo-se aos materiais concretos utilizado no desenvolvimento da criança
(gráfico 32) o nível de satisfação das mães é alto
Gráfico 32: Utilização de materiais concretos.
70%
20%10%
Mães
Muito Satisfeita Satisfeita Indiferente Pouco satisfeito Desnecessário
90%
10%Mães
Muito Satisfeito Satisfeito Indiferente Pouco Satisfeito Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 219
7. Para as mães, o nível de satisfação é alto quanto à contribuição das professoras e
auxiliares pedagógicas no processo de alfabetização montessoriana dos filhos (gráfico
33).
Gráfico 33: participação dos professores e auxiliares no processo de alfabetização
montessoriana do meu (minha) filho (a).
70%
20%10%
Mães
Muito Satisfeita Satisfeita Indiferente Pouco satisfeito Desnecessário
80%
10%10%
Mães
Muito Satisfeita Satisfeita Indiferente Pouco satisfeito Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 220
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando todos os dados conseguidos a partir da conclusão do trabalho
investigativo pode-se dizer, indiscutivelmente, que o Sistema Montessori aplicado na
educação infantil em si é um período de preparação para os conhecimentos de uma cultura
essencial para o desenvolvimento integral da criança, principalmente no que tange aos
processos que fundamentarão a habilidade de escrita, leitura, interpretação e cálculo. E que os
conceitos assimilados no trabalho montessoriano se dão de modo muito mais fácil e
espontâneo por conta de todo o trabalho gradual realizado nas salas ambientes, como
conseqüência lógica do período preparatório para a aquisição da lectoescrita.
As observações realizadas durantes os anos de 2006 a 2008 na Educação Infantil
no Colégio Santa Fé Criança e no início de 2009 na sala do 1º ano do Ensino Fundamental do
Colégio Santa Fé proporcionaram, para as dúvidas antes surgidas, maior compreensão sobre o
processo de evolução da criança para aquisição das habilidades necessárias para a
alfabetização.
O Sistema Montessoriano favorece as crianças o desenvolvimento, o
aprimoramento e o requinte da coordenação motora indispensável para a ação adequada para
a escrita; junto com todos os exercícios sensoriais, especificamente aos dos músculos das
mãos e dedos; estes exercícios colaboraram com a estruturação do pensamento e a
constituição da sua inteligência. Esta evolução educacional não se dá de uma oportunidade
para outra, primeiramente é necessário preparar atividades que favoreçam de forma indireta,
o trabalho dos movimentos fundamentais para a prontidão da língua escrita; oferecendo “as
mãos” à manipulação com os materiais sensoriais. Os principais elementos que constituem os
exercícios para a preparação indireta da linguagem escrita são:
Estudo do sistema educacional ... 221
a) Torre rosa, barras vermelhas, escada marrom, cilindros coloridos e os encaixes
sólidos, que possuem como objetivo a educação visual às dimensões;
b) Os triângulos construtores e os encaixes planos com intenção da educação
visual às formas;
c) Os materiais dos tecidos, de áspero e liso com informações para a educação
tátil-muscular;
d) As caixinhas de sons para a educação auditiva, as caixas de cores para a
educação do sentido cromático;
e) As tábuas de bárico que se dedicam para a educação do sentido bárico, isto é, a
percepção do peso,
f) Os sacos de pareamento e reconhecimento e os sólidos geométricos que
trabalham para a educação do sentido estereognóstico, estimulando a percepção
das diferenças existentes entre objetos variados, utilizando apenas a gnosia29
tátil,
isto é, o reconhecimento do objeto através exclusivamente do tato, sem o auxilio
da gnosia visual.
Concomitantemente, após esta primeira preparação sensorial associados com os
exercícios de Vida Prática; a criança necessitará imediatamente trabalhar com os materiais
sensoriais de preparação direta para a linguagem escrita que levará a criança sentir os
contornos das letras do alfabeto com a finalidade de estimular suas mãos para a educação
apropriada do traçado. Esta segunda preparação sensorial é trabalhada através da
manipulação dos seguintes matérias abaixo expostos:
29
Gnosia se refere ao reconhecimento de um objeto por meio de uma modalidade sensorial. A organização
cognitiva está subordinada às capacidades gnósicas. Quando o estímulo é captado por um receptor específico,
localizado no órgão sensorial correspondente, este é interpretado pelo sistema nervoso e no córtex cerebral é
iniciado o processo de reconhecimento configuracional. Esta é a fase perceptiva propriamente dita que é
denominada processo gnósico ou gnosia.
Estudo do sistema educacional ... 222
a) Encaixes de ferro: figuras geométricas de ferro, que deixam traçar o contorno e
completar linearmente seu interior com pintura, exercitando o punho,
coordenando as contrações musculares necessárias para o movimento da escrita;
b) Letras de lixa: trata-se de cartões que possui uma base lisa e sobre eles são
afixadas o formato das letras do alfabeto em papel de lixa;
c) Quadro mural: refere-se a um quadro onde está disposta a ordem alfabética;
d) Tabelas fonéticas: são compostas por cinco pranchas de madeira ou papelão,
com letras idênticas às letras de lixa, em posição vertical. Acompanha esse
material uma caixa com figuras, para que seja feita a análise de som;
e) O primeiro alfabetário: duas caixas com repartições contendo as vogais na cor
vermelha e as consoantes na cor azul, recortadas em madeira ou papelão. Contêm
vários exemplares de cada letra e dos acentos com objetivo de ensinar a formação
de palavras com a acentuação correta;
f) Segundo alfabetário: caixa contendo todo o alfabeto, com letras pintadas em
pequenas placas de madeira ou papelão com o objetivo de favorecer a
composição de novas palavras;
g) Terceiro alfabetário: materiais confeccionados em envelope de feltro com
divisões semelhantes a um cartaz de pregas em cada divisão estão contidos vários
exemplares de cada letra, de um lado, as maiúsculas e do outro as minúsculas e
sua finalidade é a composição de frases;
h) Alfabeto móvel: material de madeira contendo as vogais na cor vermelha e as
consoantes na cor azul com objetivo de associar letras, sons e formação das
primeiras palavras;
i) Ditado mudo: conjunto de placas numeradas gradualmente de acordo com as
dificuldades. Eles observam numa grande caixa com divisões onde, dentro delas
Estudo do sistema educacional ... 223
estão as placas com as figuras. Acompanha este material uma série de cartões
com a palavra correspondente à gravura, para controle de erro. Objetivo dar
elementos para a formação de palavras e enriquecimento do vocabulário.
A habilidade para a leitura, no entanto demanda de um momento maior de
trabalho e de um maior desenvolvimento global da criança, visto que, ela decodifica os sinais
gráficos e procura na voz a perfeita tonalidade de acordo com a palavra que está sendo
pronunciada. Para essa finalidade, a criança é trabalhada desde cedo por meio das atividades
sensoriais, associando a palavra com o material utilizando a lição em três tempos.
Neste contexto, a mente e mãos da criança se preparam e amadurecem desde
muito cedo para a aquisição da linguagem escrita e para os conceitos de graduação, diferença,
semelhança, e de quantidade. As professoras também oferecem outra maneira de preparação
direta trabalhando a pintura com os encaixes de ferro, as atividades de coordenação
visomotora30
, as fichas de movimento31
, as atividades de linguagem oral e análise de sons, e
exercícios psicomotores32
.
Montessori considera que alfabetizar foneticamente é levar a criança associar um
som ao seu respectivo sinal gráfico. Esta é a realidade do Sistema Montessoriano, uma
alfabetização fonética, que avalia o contexto da criança individualmente; para isso a
professora trabalha com uma educação multisensorial, isto é trabalhar uma mesma
informação através de modalidades sensoriais diferentes ao mesmo tempo.
A realização de atividade fonética acontece quando a professora oferece ao aluno
material específico, por exemplo, uma letra de lixa contendo a vogal “e”, a professora
30
Atividades que estimulam o controle óculo-motor. 31
São fichas de palavras classificadas em séries, que trabalham particularidades da gramática (gênero, número,
grau) e têm como ponto central o movimento e a leitura. 32
São atividades motoras, lúdicas, que previnem problemas de aprendizagem, de tônus muscular, de postura, de
lateralidade e de ritmo.
Estudo do sistema educacional ... 224
demonstra a forma correta de emitir o som respectivo daquela letra; as crianças escutam e
começam a utilizar as suas habilidades perceptivas auditivas necessárias para o
reconhecimento e diferenciação do estímulo auditivo, isto é, a atenção, discriminação e
memória auditiva.
Quando as crianças associam o som emitido com o material oferecido pela
professora, acabam utilizando as habilidades perceptivas visuais necessárias para o
reconhecimento e diferenciação do estímulo visual, que por sua vez são a atenção,
discriminação, diferenciação figura-fundo, constância, coordenação visomotora e memória
visual. Depois desta associação existe ainda um terceiro estímulo que é o “sentir e
reproduzir” a informação trabalhada na sala com material. Necessariamente a criança estará
exercitando a sua percepção tátil, isto é, a sua capacidade de se apropriar da forma correta do
objeto utilizando a memória tátil muscular. E a partir de então a criança possui todo um
aparto educacional para iniciar o trabalho de composição das palavras. Para iniciar
alfabetização fonética são necessários os seguintes materiais:
a) Os alfabetos móveis que utilizam as letras do alfabeto em forma de elementos
separados que podem ser movidos, fazendo combinações e formando palavras;
b) Os quadros fonéticos que fazem a correspondência de figuras à letra inicial da
palavra
c) O alfabeto de lixa que favorecem a sensação tátil-muscular associado ao som
alfabético
d) Quadros murais que oferecem componentes para a formação de palavras
e) A lousa pautada, ditados, folhetos coloridos e caderno com pautas coloridas:
Conjunto de materiais criados por Montessori para o início do processo de
alfabetização e letramento.
Estudo do sistema educacional ... 225
A utilização destes materiais leva a criança a trabalhar com sua os seus processos
neuropsicológicos como a atenção, concentração, percepção, memória, pensamento e a
linguagem. A professora segue algumas etapas estabelecidas, primeiro a apresentação dos
sons das vogais orais; o uso dos quadros fonéticos; depois a bandeja de areia para averiguar
se a criança está escrevendo as letras corretamente, em seguida para a lousa pautada, por
conseguinte para os folhetos e os cadernos.
O processo alfabético desenvolvido por Montessori é acompanhado de forma
individual e iniciado naturalmente, sem coação. O método determina por si só que a criança
exija de si mesma, um empenho interior de constituição da inteligência, porque os exercícios
propostos não têm um caráter mecânico, mas sim, de empenho intelectual, levando a criança
a realizar uma organização de idéias e desenvolver o seu próprio ato de pensar. Desta forma
as habilidades de leitura e escrita se constituem como uma conquista pessoal, diante da sua
auto-atividade.
Montessori foi uma mulher com muita sabedoria para sua época que ainda hoje
suas idéias são consideradas na nossa sociedade contemporânea. Este contexto pode ser
comprovado com o surgimento da Neurociência e das novas tecnologias, como os exames
que utilizam a neuroimagem funcional, que explicam detalhadamente como ocorrem o
processo de aquisição da leitura e escrita no cérebro do homem e ainda defendem a
alfabetização fonética como um método inteligente de ensinar a criança a aprender a ler e
escrever de maneira mais fácil, ordenado e lúdico, pois proporciona o fortalecimento do
raciocínio e a inteligência verbal.
Surge também para reafirmar a importância do Sistema Montessoriano a
abordagem de Integração Sensorial. Esta contribuição se desenvolveu em 1970, pela te-
rapeuta ocupacional A. Jean Ayres que se baseou na relação do funcionamento do
sistema nervoso central constituído pelo cérebro, cerebelo e medula espinhal, e a forma do
Estudo do sistema educacional ... 226
recebimento e organização dos estímulos sensoriais procedentes do meio ambiente.
Lagôa, (1981) afirma que “O valor óbvio da educação e da apuração dos sentidos reside no
fato de, alargando o campo da percepção, oferecer uma base sempre mais sólida e rica para o
desenvolvimento da inteligência”.
Airés (1981) defende que o comportamento do ser humano e suas
habilidades motoras são conseqüências da conexão de todos os sistemas, frente a esses
estímulos; utilizando os conhecimentos adquiridos da neurodesenvolvimento e da
neuropsicologia, que explicam a relação entre a habilidade do Sistema Nervoso Central
em captar as informações sensoriais, organizá-las, processá-las e emitir resposta através
do comportamento motor, cognitivo e emocional. Quando o processamento destes
estímulos sensoriais ocorre de maneira harmoniosa, conseqüentemente a aprendizagem
ocorre sem dificuldades, transtornos, ou distúrbios.
Especificamente no 1º semestre de 2009 observou-se na sala do 1º ano do Ensino
Fundamental que além do objetivo da alfabetização e do letramento da criança, também é
trabalhado no som produzido pela criança a avaliação dos vocábulos que ele registra
foneticamente (fonética); o processo estrutural e de formação das palavras (morfologia) e o
emprego das palavras numa oração (sintaxe). Desta forma a criança vai tomando consciência
da imensa extensão do vocabulário que está a sua volta e passa a evidenciar amplo interesse
em se expressar de maneira clara e nítida, graças à utilização dos materiais e das técnicas
montessorianas que despertam a perfeição da estrutura e do vocabulário da nossa língua.
Mussalém ressalta que “o aluno que passou por todo o processo das salas
agrupadas, de uma maneira geral, lá para os seus cinco anos “acorda” para a linguagem
escrita; chegando à sala do 1º ano do Ensino Fundamental com bom nível de alfabetização
aos seis anos de idade. O trabalho desenvolvido com esta criança anteriormente
possibilitará maior compreensão da leitura e melhor uso da linguagem escrita; pois ela
Estudo do sistema educacional ... 227
encontra-se em completo desenvolvimento da habilidade de leitura de mundo, e bom nível de
letramento. Isto tudo porque a criança alfabetizada, já domina a função inferior da
linguagem gráfica e encontra-se instrumentalizada para melhor desenvolver na função
superior dessa linguagem, isto é, o processo de letramento.”
A avaliação de acordo com a professora Kaciana Rosa, professora titular desta
sala, em uma das reuniões de conselho colocou que acontece através dos registros diários
que irão compor ao final de cada bimestre, um relatório pedagógico fundamentado dentro
dos objetivos educacionais de cada área inclusa no currículo montessoriano. Sendo a
professora, responsável em conversar com as mães, de forma individual, expondo
detalhadamente os itens avaliados e os conhecimentos trabalhados.Entretanto uma das
grandes diferenças existentes nas professoras do Colégio Santa Fé criança é que todas foram
graduadas na própria Faculdade Santa Fé que traz um currículo diferenciado para a formação
do profissional de educação. Podemos citar alguns, por exemplo, os conhecimentos
adquiridos sobre as Dificuldades de Aprendizagem, Sistema Montessoriano, Braille,
Educação Especial e Libras.
É interessante ressaltar este diferencial, pois é de conhecimento por todos que
qualquer tarefa que abranja a atividade humana, demanda de uma preparação e formação
apropriada daqueles que estão envolvidos no processo e cumprimento no desempenho de suas
atribuições. Por isso, o Grupo Santa Fé, oferece ao futuro profissional um preparo sólido,
principalmente para os que desejam trabalhar com o segmento da educação infantil, pois sua
grade curricular está voltada para a formação de profissionais preparados para planejar,
educar, avaliar e ser consciente do seu papel na sociedade, assumindo com atuação adequada
a mais nobre função: educar para a vida. Portanto, o professor que escolhe trabalhar com o
Sistema Montessoriano necessita reavaliar conceitos e buscar outras formações específicas,
para saber orientar uma sala onde os alunos não trabalham a mesma coisa ao mesmo tempo;
Estudo do sistema educacional ... 228
não transmitir “conhecimentos”, mas sim conduzir cada aluno para sua auto-aprendizagem,
por meio de sua ação e esforço próprio; tendo como objetivo despertar o potencial da criança.
Neste contexto, o Grupo Santa Fé, favoreceu para o acadêmico de pedagogia
estágio remunerado nas salas de aula do Colégio, onde o mesmo possui algumas atribuições
que são passadas pela coordenadora pedagógica e determinados estudos dirigidos sobre o
Sistema Montessoriano. A parceria da Faculdade e do Colégio resultou no que se chama hoje
de “Plano de Carreira” que visa o crescimento pessoal e profissional do acadêmico, chegando
inclusive, de acordo com seu desempenho e avaliação, a função de professor titular. Lima,
2007 contribui em um das suas obras ressaltando que a observação é o primeiro passo da
reflexão e esta antecede a ação. Observar, refletir e agir – esta é a seqüência do mestre
montessoriano.
Conforme alguns estudiosos é essencial que o professor montessoriano tenha
respectivamente uma formação científica, uma formação técnica e desenvolvimento
espiritual, ou seja, precisa saber Montessori, saber fazer Montessori e saber ser
Montessoriano. É fundamental que ele possua conhecimentos sobre o desenvolvimento
humano, psicologia da aprendizagem, a psicomotricidade da criança, etc. Quanto maior
conhecimento o professor tiver, melhor será a sua atuação como guia na sala de aula. Maria
Montessori (1957) ressalta que se desejássemos resumir a obrigação principal do professor,
na prática, necessitaríamos dizer que ele precisa conhecer os materiais, sua utilização,
instrução de como colocá-lo na sala e de apresentá-lo aos alunos.
“Basta que ela lhes mostre para que servem: depois, pode deixar as crianças
com seu trabalho. Pois o nosso objetivo não é ministrar ensinamentos, mas sim
despertar e desenvolver as forças espirituais e o potencial criativo de cada um”
(Montessori, 1957, p. 101).
Ressaltamos também como parte conclusiva da pesquisa que a composição
organizacional fundamentada na união de crianças de diversas idades em uma mesmo
Estudo do sistema educacional ... 229
ambiente como um modelo da prática pedagógica montessoriana é de extrema importância
para o relacionamento das crianças da educação infantil. Foi possível através da observação,
perceber as vantagens de se trabalhar com a proposta de sala agrupada, pois os alunos com
faixa etária diferentes, mostravam atitudes de solidariedade, de cooperação, de consideração
quanto às possíveis diferenças, e especialmente, se ajudavam reciprocamente no processo de
alfabetização.
Esta pesquisa confirma a precisão e a importância de se considerar a
heterogeneidade nos ambientes educacionais, ou seja, analisar como questão positiva as
diferenças existentes em cada elemento da sala, seja idade ou o nível de capacidade cognitiva,
invalidando de vez o modelo da educação tradicional que exalta a homogeneidade e descarta
as características individuais do ser humano. Entretanto é importante ressaltar que esta
“heterogeneidade” existente na sala agrupada não deve ser interpretada como uma
consagração às relações entre alunos com faixa etária muito diferenciada, pois Montessori faz
referência a idades e capacidades cognitivas aproximadas. A educação montessoriana
trabalhada desde a Educação Infantil favorece benefícios no relacionamento entre as crianças,
pois é precisamente através dessa construção interacional, que as mesmas fazem suas
construções de identidade, valores e comportamentos. Deste modo, um dos resultados
positivos apresentado nesta pesquisa é o funcionamento das salas agrupadas do Sistema
Montessori vivenciado na prática no Colégio Santa Fé.
Durante a efetivação da pesquisa ao longo destes três anos e meio, abrangendo
desde as leituras específicas sobre o método, as observações dirigidas, as entrevistas,
conversas com os sujeitos envolvidas de forma direta com o Sistema Montessoriano, etc.,
resultou numa admiração muito forte pela educadora Montessori; não somente porque criou
um modelo educacional universal, mas sim, pelos seus ideais pedagógicos, sua visão ao ser
infantil, o próprio processo de aprendizagem, a postura do educador diante as necessidades
Estudo do sistema educacional ... 230
infantis, a importância da Educação Sensorial, etc. E se fizéssemos uma comparação entre a
educação de 100 anos atrás com a da sociedade atual, perceberemos que as idéias de
Montessori ainda lutam contra a permanência de paradigmas que desconsideram as
necessidades da criança e a urgência de uma reforma educacional. A vida de Montessori foi
marcada por conquistas sofridas; marcantes por sua ousadia transgressiva para o seu contexto
cultural, científico, social e político da sua época. Entretanto os obstáculos não a impediram
de enfrentar os seus momentos difíceis em prol da educação da criança, dos seus ideais e
valores essenciais.
Foi através do Colégio Santa Fé de São Luís do Maranhão que encontrei o
Método Montessori e foi por meio das observações nas salas agrupadas que percebi como
realmente acontece a auto-educação, e como esta favorece a estimulação à diversidade e a
importância às diferenças. Encontrei nesta instituição uma prática educativa verdadeira, que
combate os antigos modelos tradicionais e entende o conhecimento como um processo
integral que ocorre desde o começo da vida e que exige da pessoa que aprende, do corpo, do
psiquismo e dos processos cognitivos, que se sucedem dentro de um sistema social
preparado, organizado em idéias, pensamento e linguagem.
É bem característico neste ambiente escolar percebermos que a colaboração
ultrapassa a competição, a qualidade é exclusiva em detrimento da quantidade, o ambiente é
na realidade um local acolhedor, baseado numa pedagogia personalista que formar o ser
humano para o viver e conviver com responsabilidades em prol da conservação da sociedade
como um todo.
O objetivo do Colégio Santa Fé centraliza-se na formação de “pessoas”,
conscientes e felizes, através de uma visão holística. Perante as questões consideradas
relevantes no processo observacional, encontramos os princípios vitais do Sistema
Montessoriano que são o ambiente preparado e suas características, o Papel do professor
Estudo do sistema educacional ... 231
montessoriano relação de ensino e aprendizagem, as salas ambientes, o trabalho sensorial e o
respeito à individualidade.
Encontrou-se nas salas da Educação Infantil e na sala do 1º ano do Ensino
Fundamental do Colégio Santa Fé, as respostas de todos os questionamentos relacionadas ao
processo alfabético e a relação deste com a utilização da Educação Sensorial; a influência
direta do ambiente montessoriano com o ensino e aprendizagem, ou seja, encontramos neste
local, crianças independentes ou em processo de independência dos adultos, professoras e
auxiliares pedagógicas que não se limitam em transmitir informações, mas em construir
conhecimentos, ambiente educacional onde os materiais estão ao alcance e dentro das
possibilidades da criança.
Durante as passagens nas salas agrupadas perceberam-se alguns detalhes que são
relevantes expor na pesquisa e como também realizar um relatório de observação sobre os
trabalhos desenvolvidos nestas salas. Na sala agrupada I, referente à faixa etária de 2 a 3
anos, testemunhou-se crianças agindo por conta própria, contudo nem sempre responsáveis
por seus exercícios, desde a disposição e organização dos seus pertences pessoais até o
desenvolvimento e conclusão de um trabalho com material específico, com a ordem,
capacidade e propriedade que se supunha ver na sala montessoriana.
Na maioria das vezes, os alunos pareciam também desorganizados e dependentes.
Conseqüentemente não se conseguia contemplar na sala de agrupamento I, o discurso
defendido por Montessori “liberdade com responsabilidade”. Pelo contrário, a impressão que
se tinha durante os três anos que foi freqüentado a sala agrupada I, era que as crianças ao
invés de trabalhar com o material com um objetivo educacional, acabavam brincando com
estes mesmos materiais, não tendo cuidado e nem respeito para com os mesmos, e a execução
das atividades era uma forma de mostrar para a coordenadora pedagógica e a própria
investigadora desta pesquisa, que as crianças estavam sempre “ocupadas”.
Estudo do sistema educacional ... 232
Entretanto registraram-se algumas observações, como crítica construtiva, para
uma ação a curto e médio prazo com as responsáveis por aquela sala, como também uma
intervenção com as crianças que utilizavam o material com displicência e não foram
normalizadas de acordo com o que oferece o método. Não se conseguia compreender de
imediato o que estava de errado no ambiente ou o que não prendia a atenção das crianças na
sala. Talvez a ausência de materiais e exercícios adequados aos alunos menores, deixando-os
desmotivados e desinteressados.
A única exceção era os dias em que a sala agrupada I estava destinada para a sala
ambiente de Vida Prática. No relatório oferecido a instituição foi colocado como possível
causa desta situação, a ausência de maior diversidade nas atividades direcionadas para as
crianças pequenas, como por exemplo, atividades psicomotoras, educação auditiva e a própria
renovação da rotina daquele grupo específico, isto talvez pudessem deixar as crianças com
maior entusiasmo pela presença de desafios e de novas alternativas. Contudo, as diversas
vezes que se freqüentou a sala agrupada II, a impressão era totalmente diferente da sala
anterior. Os alunos estavam mais atenciosos, concentrados e envolvidos com a sua auto-
educação, assumindo verdadeiramente sua condição de construtores; realizando observações
e estabelecendo suas próprias relações com o ambiente e o material escolhido de acordo com
o seu interesse.
Algumas vezes, a observação não era dada dentro da sala de aula, mas no
ambiente escolar como um todo e pode-se perceber, sem objetivo específico direcionado,
ocasiões em que a professora da sala agrupada II realizava com seus alunos, novos projetos
oriundos da curiosidade ou vontade própria dos alunos; um desses projetos foi o cultivo de
uma horta, que oportunizou ao grupo uma divisão de atribuições para o sucesso deste projeto
e o resultado deste “cuidar com responsabilidade” se transformou numa excelente aula de
Estudo do sistema educacional ... 233
Educação Cósmica, ao ar livre. Depois de algumas semanas, os alunos puderam levar para
casa as hortaliças e explicar para suas mães a importância de se cuidar do meio ambiente.
Na realidade deve-se repensar muito ainda sobre a prática pedagógica e a postura
do professor, principalmente quando este se encontra relacionado com o Sistema
Montessoriano e aos alunos da sociedade atual.
Acredita-se sim que é possível a professora apresentar uma postura vigilante,
mediadora e observante diante da atividade individual da criança, pois desenvolverá um dos
mais importante papeis relacionado à criança; desde preparar o ambiente, observar as
necessidades dos alunos, respeitar o ritmo próprio e as diferenças individuais, conhecer as
fases de desenvolvimento dos seus alunos e, especialmente, o seu período histórico.
Contudo foi muito válida a investigação realizada nesta instituição e
principalmente com o Sistema Montessoriano, pois foi oportunizado um crescimento
profissional muito forte, não simplesmente pelas leituras realizadas para compreender a
educação montessoriana, mas também por ter conhecido o lado profissional de algumas
colegas de trabalho que não fazem parte do segmento correspondente a área de atuação que
desenvolvo dentro desta instituição. Hoje as concebo como verdadeiras educadoras,
preparadas para guiar as atividades educativas, que são compreendidas num contexto muito
maior do que somente o educacional, mas, o cultural, social, econômico e o ambiental.
O mais relevante no processo montessoriano não se restringe a quantidade de
informações que as professoras constroem com as crianças; no entanto, a variedade de
situações proporcionadas que as tornam competentes em aprender sozinhas, trabalhar em
grupo, utilizar o diálogo, apresentar iniciativa e desenvolver comportamentos independentes
da ação do adulto.
Embora hoje, ainda existam equívocos sobre algumas idéias da educação
montessoriana, como por exemplo, de ser um método individualista; de não funcionar nas
Estudo do sistema educacional ... 234
escolas públicas e principalmente o conceito deturpado sobre a liberdade oferecida as
crianças. Este contexto é considerado errôneo, pois é uma interpretação superficial de pessoas
ou profissionais que não tiveram a oportunidade de conhecer a teoria e nem muito menos a
prática de quem sabe fazer Montessori e saber ser Montessoriano.
O Sistema Montessori não é simplesmente um método, mas uma filosofia de vida,
que estimula a criatividade da criança, a utilização da liberdade com responsabilidade,
respeito à diversidade, sentimento de colaboração, e a formação de valores que são essenciais
nos dias atuais. Todavia, é necessário comprometimento de todos os que constituem o cenário
educacional da criança, mantendo ocupada sempre com atividades interessantes e
desafiadoras, adquirindo conhecimentos que lhe permitam superar situações difíceis com
autonomia e responsabilidade social.
Verticalizando o trabalho investigativo para análise dos questionários aplicados,
percebemos que:
Tabela 09: análise do questionário aplicado as professoras
5 4 3 2 1
Professoras Muito
Importante Importante Indiferente
Pouco
Importante Desnecessário
A importância do
Sistema Montessoriano 100%
Prática pedagógica e o
ambiente preparado 100%
O erro no processo de
aprendizagem 100%
O processo de ensinar
e aprender 100%
A forma de conduzir a
sala e a formação da
criança
67% 33%
Opinião sobre a sala de
Vida Prática 100%
Opinião sobre a sala de
Educação Cósmica 100%
Opinião sobre a sala de
Educação Sensorial 100%
A relação da Educação
Sensorial e o processo
de alfabetização.
100%
Estudo do sistema educacional ... 235
As professoras defendem o método como a melhor forma educacional oferecida
ao contexto contemporâneo da criança. E em seus comentários sobre o método sempre se
referenciam como o único que realmente respeita a individualidade, o ritmo e as necessidades
de cada criança. São favoráveis as salas ambientes e enfatizam a importância da Educação
Sensorial no processo de letramento.
Tabela 10: análise do questionário aplicado as auxiliares
5 4 3 2 1
Auxiliares Muito
Importante
Importante Indiferente Pouco
Importante
Desnecessário
A importância do
Sistema
Montessoriano
75% 25%
Prática
pedagógica e o
ambiente
preparado
100%
O erro no
processo de
aprendizagem
100%
O processo de
ensinar e aprender 50% 50%
A forma de
conduzir a sala e a
formação da
criança
75% 25%
Opinião sobre a
sala de Vida
Prática
50% 50%
Opinião sobre a
sala de Educação
Cósmica
75% 25%
Opinião sobre a
sala de Educação
Sensorial
100%
A relação da
Educação
Sensorial e o
processo de
alfabetização.
100%
As auxiliares pedagógicas, em sua maioria concordam com o mesmo pensamento
das professoras, mas encontramos apenas uma auxiliar pedagógica que não internalizou a
importância do Sistema Montessoriano. Entretanto havia uma grande questão que aguçava a
curiosidade e tentei compreender o porquê que esta colaboradora ainda permanecia com esta
Estudo do sistema educacional ... 236
função se não acreditava no que estava exercendo. Alguma semana mais tarde descobriu que
a mesma ainda encontra-se nos primeiros períodos da Faculdade de Pedagogia e associei a
sua avaliação sobre o método a falta de maturidade profissional com a sua iniciação
acadêmica, pois ainda está absorvendo os núcleos comuns do currículo de qualquer curso de
pedagogia.
Acredita-se que ao entrar em contato com as disciplinas especiais, esta auxiliar
tenha uma visão de educação maior e possa compreender os objetivos do Sistema
Montessoriano e/ou até mesmo optar conscientemente qual tendência pedagógica quer seguir
enquanto profissional da educação. Contudo, as 75% das auxiliares já escolheram como o
Sistema Montessoriano como prática educativa, estando elas desenvolvendo um trabalho na
escola particular ou na pública.
Tabela 11: análise do questionário aplicado as mães
5 4 3 2 1
Mães Muito
Satisfeitos Satisfeitos Indiferente
Pouco
Satisfeitos Desnecessário
Método de
alfabetização 100%
Tempo para as
habilidades de
Letramento
70% 30%
Comprometimento
da família no
processo
educacional
60% 20% 20%
Acompanhamento
e intercambio das
informações
70% 20% 10%
Utilização de Salas
Ambientes 90% 10%
Utilização de
Materiais Concretos 70% 20% 10%
contribuição das
professoras e
auxiliares
pedagógicas no
processo de
alfabetização
montessoriana dos
filhos
80% 10% 10%
Estudo do sistema educacional ... 237
Em relação à metodologia, avaliação, forma de trabalho, atividades; as mães não
têm o que reclamar, muito pelo contrário, elogiam muito toda a equipe da escola, desde o
“bom dia” na hora da entrada até a entrega dos seus filhos no momento da saída. Apenas
lamentam não oferecer maior atenção aos seus filhos por conta do trabalho, ou porque não
sabem explicar as atividades de acordo com o método. Mas o sucesso do trabalho evolutivo
dos seus filhos, principalmente no 1º semestre de 2009 se deu pela proposta pedagógica da
escola, o investimento das professoras e principalmente pelas atividades propostas das salas
ambientes e o convívio com crianças de idade semelhantes.
A presente pesquisa possui como convicção de que os alunos da nossa sociedade
moderna requerem uma educação com mais diálogo, atividades exploratórias, exercícios
contextualizados, maior independência, situações menos conteudistas e um currículo menos
rígido, no qual todas as matérias possam se integrar através de um plano interdisciplinar,
considerando as particularidades específicas de cada uma.
Torna-se pertinente, divulgar a Faculdade Santa Fé como exemplo de Instituição
Superior de Ensino, pois tem como missão formar pessoas conscientes capazes de exercer sua
cidadania com responsabilidade social, preparando-as para a inserção e permanência no
mercado de trabalho; trabalhando com os valores da ética, motivação, qualidade no
atendimento, iniciativa, trabalho em equipe, responsabilidade social, compromisso e
empreendedorismo e agregando ao seu currículo, disciplinas especiais e obrigatórias, como
complemento de sua graduação como Dificuldades de Aprendizagem, LIBRAS, Braile,
Educação Especial e Sistema Montessoriano.
Como parte conclusiva deste estudo, acredita-se que a concepção montessoriana
seja merecedora de maior divulgação e valorização no campo educacional, pois o método
trabalha com a integração sensorial como direcionamento para uma aprendizagem mais
Estudo do sistema educacional ... 238
natural e sólida para a criança, também conhece a importância das inteligências múltiplas,
respeita o desenvolvimento psicomotor e cognitivo de cada criança, e oferece valores e
princípios básicos para a constituição de uma sociedade mais humana, menos violenta, em
busca da paz e possuidora de uma consciência cósmica necessária para a conservação da vida
em nosso planeta.
Registra-se que a proposta curricular da educação Montessoriana possua muitas
contribuições para a Educação Infantil brasileira, pois mesmo depois de um século depois,
neste planeta globalizado, que pretende padronizar desde as pessoas até a sociedade como um
todo; Montessori continua sendo a melhor e mais adequada alternativa educacional, pois seus
pressupostos teóricos e a sua metodologia proporcionam condições de exercícios que
preparam o indivíduo para a descoberta da lectoescrita e o letramento, para uma vida
independente, o trabalho coletivo, a integração social o exercício de solidariedade e auxílio.
Finalmente, a obra de Maria Montessori se revigora a cada novo achado
científico, em cada novo colégio que se propõe priorizar a criança e se torna atemporal, pois
se modifica para atender as novas gerações, as novas culturas, e especialmente a nova
criança. Mesmo após cem anos de essência montessoriana no mundo, o seu método
Montessori comprova, que criado para romper a barreira do tempo e promover uma educação
perfeitamente aplicável, diante dos seus pensamentos e conceitos que continuam atuais e
consagráveis até os dias de hoje.
Estudo do sistema educacional ... 239
11 RECOMENDAÇÕES
Acredita-se que a pesquisa pode contribuir com o Colégio Santa Fé através de
uma sugestão para reverter à situação observada e registrada na sala agrupada I, pois a
preocupação aqui exposta, é que esta sala é a base para o sucesso do trabalho das crianças em
outras salas futuras, uma vez o aprendizado destas crianças possa ser comprometido na base,
existe uma grande probabilidade de que elas apresentem dificuldades de aprendizagem no
seu processo escolar.
Um dos pontos a ser trabalhado para a melhora educacional da sala agrupada I é
trabalhar as personagens responsáveis desta sala sobre a diferença de “trabalhar com
material” e “brincar com material”. Brincar com materiais montessorianos não é sinônimo de
sucesso e nem muito menos de aprendizagem significativa, mesmo porque seu uso está
associado à visão que a professora tem a seu respeito e de que forma ela preparou o ambiente
para tal finalidade.
Os materiais da sala, especificamente montessorianos, surgem de acordo com o
planejamento prévio da professora. Entretanto percebeu-se que não há um planejamento
direcionado nesta sala e isto favorece a impressão de desorganização. Nesse sentido, creio
que tais materiais não podem ser apenas uma brincadeira, uma ação lúdica, mas sim, sejam
atuações pensadas, planejadas, estudadas e colocadas com discernimento e intencionalidade
pela professora titular.
Para que os materiais não fiquem apenas como brinquedo ou caracterizado como
uma atividade vazia, faz-se imprescindível a preparação de um projeto, procurando incentivar
maior leitura sobre o Sistema Montessori e o real objetivo de cada material, para que num
futuro próximo estes responsáveis educacionais possam atender as necessidades das crianças.
Ficou muito nítido a falta de relação dos princípios montessorianos nesta sala e torna-se
Estudo do sistema educacional ... 240
necessário intervir na rotina instalada da sala agrupada I. Por isso, diante desta
contextualização, acha-se interessante que a professora e auxiliares desta sala possam, através
dos encontros quinzenais, trabalharem uma maior reflexão de sua prática pedagógica e sua
real atribuição dentro de uma estrutura pedagógica montessoriana. Essa prática pode ser feita
através de leituras dirigidas ou até utilizando exercício de estágio e observações entre elas
próprias. Coloca-se também como sugestão, o rodízio das auxiliares pedagógicas com as
outras professoras mais experientes no método.
Estudo do sistema educacional ... 241
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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São
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Estudo do sistema educacional ... 249
APÊNDICES
Estudo do sistema educacional ... 250
APÊNDICE A - Carta de apresentação e solicitação de participação
São Luís,___de___________ 200_
Eu, Hildeneide Nunes da Silva, mestranda do Mestrado em Ciências da Educação
da Universidade Autônoma de Assunção (UAA), apresento minha proposta de estudo para a
elaboração da Tese, sob a orientação da Prof.ª. Dra. Liliam Doussou Romero. Tal estudo tem
como tema “ESTUDO DO SISTEMA EDUCACIONAL MONTESSORI: a Educação
Sensorial como parte preponderante no processo da linguagem escrita - um estudo de caso”,
cujo objetivo geral é Analisar a contribuição da Educação Sensorial, no processo de
Alfabetização Montessoriana, para o desenvolvimento indireto da linguagem escrita em
alunos da educação contemporânea. Trata-se de uma pesquisa de tipo qualiquantitativa, sendo
que para a coleta de dados será utilizada a técnica de observação direta mediante a aplicação
de questionário e entrevista. Comprometo-me, assim, a seguir a orientação dos preceitos
éticos que dizem respeito à pesquisa envolvendo seres humanos, segundo normatização
196/96 do Conselho Nacional da Saúde. Para isso, serão observados os seguintes cuidados:
Todos os nomes serão mantidos em sigilo e os dados somente serão
divulgados com seu consentimento;
Respeitar a liberdade de escolha em participar da pesquisa, dando-lhe direito
de desistir a qualquer momento;
Utilizar o conteúdo das informações coletadas de maneira sigilosa;
Garantir que os dados serão usados somente para este estudo,
Diante disso, solicito sua preciosa participação nesta pesquisa
Atenciosamente,
Hildeneide Nunes da Silva
Estudo do sistema educacional ... 251
APÊNDICE B - Termo de consentimento Livre e Esclarecido
Eu ____________________________________________________ aceito participar da
pesquisa da mestranda Hildeneide Nunes da Silva, de forma livre e espontânea, observados o
conteúdo informado e o compromisso firmado pelo pesquisador na “Carta de apresentação e
Solicitação de Participação”.
São Luís, ____/_____/2006
_________________________
Sujeito da Pesquisa
Estudo do sistema educacional ... 252
APÊNDICE C - Termo de consentimento de imagens
Eu ____________________________________________________ responsável
pelo (a) menor (a): ________________________________________
Aluno (a) da sala do _________________ do(a) __________________________ do Colégio
Santa Fé, consinto a utilização de imagens do(a) mesmo(a) na pesquisa da mestranda
Hildeneide Nunes da Silva, de forma livre, espontânea e sem ônus futuros. E que a(s)
imagem(ns) bem como dados e resultados obtidos farão parte de acervo para pesquisas e
publicações subseqüentes nas áreas afins.
São Luís, ____/_____/200_
_________________________
Responsável
CPF:
RG:
Estudo do sistema educacional ... 253
APÊNDICE D – Ficha Cadastral das professoras
1- Idade/ano de nascimento:___________________________________________
2- Estado civil: ( ) solteira(o) ( ) casada(o) ( ) outro___________________________
3- Sexo: ( ) feminino ( ) masculino
4- Formação
( ) Nível médio: ( ) Magistério( ) Superior Incompleto ( ) Superior completo
4.1- Tipo de instituição ( ) particular ( ) público
5- Tempo de formação da graduação (e ano de conclusão):___________________
6- Onde finalizou a graduação:___________________________________________
7- Mencione o tempo de experiência profissional no Sistema Montessori, discriminando os
anos em seus determinados seguimentos:_________________
8- Cursos de pós-graduação concluídos:
( ) especialização ( ) mestrado ( ) outros ( ) não fez
Especifique: ____________________________________________
9- Cursos em andamento
( ) sim ( ) não
Especifique:
( ) capacitação docente ( ) especialização ( ) mestrado
( ) capacitação e especialização ( ) outro curso ( ) não fez
14- Carga horária de trabalho semanal:____________________________________
Estudo do sistema educacional ... 254
APÊNDICE E – Ficha Cadastral das auxiliares pedagógicas
1- Idade/ano de nascimento:____________________________________________
2- Estado civil: ( ) solteira(o) ( ) casada(o) ( ) outro__________________________
3- Sexo: ( ) feminino ( ) masculino
4- Nome da Instituição:___________________
5- Nome do curso:___________________
6- Período do curso:___________________
7- Tempo de Estágio:___________________
8- Sala de atuação- Estágio:
( ) maternal da ed. Infantil ( ) jardim I da ed. Infantil
( ) da ed. Infantil Jardim II ( ) 1º ano do Fundamental
9- Carga horária de trabalho semanal:____________________________________
Estudo do sistema educacional ... 255
APÊNDICE F – Ficha Cadastral da Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil
1- Idade/ano de nascimento:___________________________________________
2- Estado civil: ( ) solteira(o) ( ) casada(o) ( ) outro___________________________
3- Sexo: ( ) feminino ( ) masculino
4- Formação:
( ) magistério( ) Superior Incompleto ( ) Superior completo
4.1 - Curso:_________________________
4.2 - Tipo de instituição ( ) particular ( ) público
4.3 - Tempo de formação da graduação (e ano de conclusão):_______________
4.4 – Nome da Instituição:___________________________________________
5 – Cursos Montessorianos realizados e seus respectivos anos:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________
6 - Mencione o tempo de experiência profissional no Sistema Montessori, discriminando os
anos em seus determinados seguimentos:___________________
7 - Cursos de pós-graduação concluídos:
( ) Especialização. Qual?_________________________________
( ) Mestrado. Qual?_________________________________
( ) Doutorado. Qual?_________________________________
( ) Pós-Doutorado. Qual?_________________________________
8- Cursos em andamento
( ) sim ( ) não
8.1 - Especifique:
( ) capacitação docente ( ) especialização ( ) mestrado
( ) capacitação e especialização ( ) outro curso ( ) não fez
9- Carga horária de trabalho semanal:____________________________________
Estudo do sistema educacional ... 256
APÊNDICE G – Ficha Cadastral da Diretora Geral do Grupo Santa Fé
1- Idade/ano de nascimento:___________________________________________
2- Estado civil: ( ) solteira(o) ( ) casada(o) ( ) outro___________________________
3- Sexo: ( ) feminino ( ) masculino
4- Formação:
( ) magistério( ) Superior Incompleto ( ) Superior completo
4.1 - Curso:_________________________
4.2 - Tipo de instituição ( ) particular ( ) público
4.3 - Tempo de formação da graduação (e ano de conclusão):_______________
4.4 – Nome da Instituição:___________________________________________
5 – Cursos Montessorianos realizados e seus respectivos anos:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6 - Mencione o tempo de experiência profissional no Sistema Montessori, discriminando os
anos em seus determinados seguimentos:___________________
7 - Cursos de pós-graduação concluídos:
( ) Especialização. Qual?_________________________________
( ) Mestrado. Qual?_________________________________
( ) Doutorado. Qual?_________________________________
( ) Pós-Doutorado. Qual?_________________________________
8- Cursos em andamento
( ) sim ( ) não
8.1 - Especifique:
( ) capacitação docente ( ) especialização ( ) mestrado
( ) capacitação e especialização ( ) outro curso ( ) não fez
9- Carga horária de trabalho semanal:____________________________________
Estudo do sistema educacional ... 257
APÊNDICE H – Ficha Cadastral das Mães.
1- Idade/ano de nascimento:___________________________________________
2- Estado civil: ( ) solteira(o) ( ) casada(o) ( ) outro___________________________
4- Formação:
( ) Nível médio: ( ) Magistério( ) Superior Incompleto ( ) Superior completo 4.1 -
Curso:_________________________
4.2 - Tipo de instituição ( ) particular ( ) público
5- Participa das reuniões periodicamente ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
6- Participa do EPA ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
7- Participa dos projetos ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
8- Acompanha a agenda escolar ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
9- Ler sobre Sistema Montessoriano ( ) Sim ( ) Não
10- Compreende o que é a sala ambiente ( ) Sim ( ) Não
11- Compreende o que é a sala agrupada ( ) Sim ( ) Não
Estudo do sistema educacional ... 258
APÊNDICE I – Questionário as professoras
UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE ASUNCION
MESTRADO EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO
Estou terminando meu Mestrado em Educação na Universidad Autônoma de Asunción e
para tanto preciso desenvolver uma pesquisa para a Tese. Propus-me a refletir sobre o estudo do
sistema educacional Montessori, mais especificamente a Educação Sensorial como parte
preponderante no processo da linguagem escrita.
O objetivo do questionário é: identificar as contribuições do Sistema Montessoriano, das
sala ambientes, do trabalho do professor e os benefícios dos materiais concretos, etc. Para responder
os itens abaixo leia cuidadosamente o enunciado e selecione só uma das alternativas como mostra o
exemplo abaixo:
QT INDICADORES 5 4 3 2 1
1 A importância do Sistema Montessoriano no contexto
educacional da criança. X
Hildeneide Nunes
Mestranda em Educação
QT INDICADORES 5 4 3 2 1
1 A importância do Sistema Montessoriano no contexto
educacional da criança.
2 A relação da prática pedagógica do professor e o ambiente
preparado.
3 A relação do erro com o processo de aprendizagem na
montessoriana.
4 O ambiente montessoriano no processo ensino
aprendizagem.
5 O Papel do professor montessoriano e a formação da
criança;
6 Importância da sala de Vida Prática.
7 Importância da sala de Educação Cósmica.
8 Importância da sala de Educação Sensorial.
9 A relação da Educação Sensorial e o processo de
alfabetização.
CATEGORIAS
5 4 3 2 1
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 259
APÊNDICE J - Questionário as auxiliares pedagógicas
UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE ASUNCION
MESTRADO EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO
Estou terminando meu Mestrado em Educação na Universidade Autônoma de Asunción e
para tanto preciso desenvolver uma pesquisa para a Tese. Propus-me a refletir sobre o estudo do
sistema educacional Montessori, mais especificamente a Educação Sensorial como parte
preponderante no processo da linguagem escrita.
O objetivo do questionário é: identificar as contribuições do Sistema Montessoriano, das
salas ambientes, do trabalho do professor e os benefícios dos materiais concretos, etc. Para responder
os itens abaixo leia cuidadosamente o enunciado e selecione só uma das alternativas como mostra o
exemplo abaixo:
QT INDICADORES 5 4 3 2 1
1 A importância do Sistema Montessoriano no contexto
educacional da criança. X
Hildeneide Nunes
Mestranda em Educação
QT INDICADORES 5 4 3 2 1
1 A importância do Sistema Montessoriano no contexto
educacional da criança;
2 A relação da prática pedagógica do professor e o ambiente
preparado
3 A relação do erro com o processo de aprendizagem na
montessoriana;
4 O ambiente montessoriano no processo ensino
aprendizagem;
5 O Papel do professor montessoriano e a formação da
criança;
6 Importância da sala de Vida Prática;
7 Importância da sala de Educação Cósmica;
8 Importância da sala de Educação Sensorial;
9 A relação da Educação Sensorial e o processo de
alfabetização.
CATEGORIAS
5 4 3 2 1
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
Estudo do sistema educacional ... 260
APÊNDICE L- Questionário as mães dos alunos alfabetizados
UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE ASUNCION
MESTRADO EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO
Durante os anos de 2006 a 2008 acompanhei indiretamente a evolução de alguns alunos
que permaneceram na instituição até o fim de sua alfabetização no Sistema Montessoriano, dentre
eles, seu (sua) filho (a).
O objetivo do questionário é: identificar o grau de satisfação quanto à alfabetização do
Sistema Montessoriano. Agora em 2009, para a conclusão do meu trabalho científico, gostaria que o
(a) senhor (a) manifestasse sua opinião sobre o trabalho desenvolvido por esta instituição educacional.
Para responder os itens abaixo leia cuidadosamente o enunciado e selecione só uma das alternativas
como mostra o exemplo abaixo:
QT INDICADORES 5 4 3 2 1
1
O método de alfabetização utilizado pelo Santa Fé Criança
respondeu satisfatoriamente as necessidades do seu (sua)
filho (a)?
X
Hildeneide Nunes
Mestranda em Educação
QT INDICADORES 5 4 3 2 1
1 O método de alfabetização utilizado pelo Santa Fé Criança
responde as necessidades do meu (sua) filho (a).
2 Meu (minha) filho (a) conseguiu escrever, ler e interpretar no
tempo previsto para a alfabetização montessoriana
3
Minha atuação enquanto responsável indireto do processo de
alfabetização montessoriana ajuda no percurso do meu
(minha) filho (a).
4
Eu recebo permanentemente das professoras, auxiliares,
coordenadora e diretora, informações sobre o processo de
alfabetização montessoriana do meu (minha) filho (a).
5 A utilização de salas ambientes contribui para processo de
alfabetização montessoriana do meu (minha) filho (a).
6 Os materiais concretos atendem as necessidades de
aprendizagem do (a) filho (a).
7
As professoras e auxiliares pedagógicas contribuem para
processo de alfabetização montessoriana do meu (minha)
filho (a).
CATEGORIAS
5 4 3 2 1
Muito Satisfeito Satisfeito Indiferente Pouco Satisfeito Insatisfeito
Estudo do sistema educacional ... 261
APÊNDICE M- Entrevista as professoras
UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE ASUNCION
MESTRADO EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO
Para maior compreensão do questionário aplicado, necessito que as senhoras
contribuam um pouco mais, comentando sobre algumas dúvidas referentes à análise das
respostas dadas anteriormente. Mais uma vez agradeço a atenção e disponibilidade.
Hildeneide Nunes
Mestranda em Educação
1) Em sua opinião qual a importância do Sistema Montessoriano no contexto
educacional da criança atualmente?
2) Este “ambiente preparado” pode ser realmente um aliado na sua prática? Por?
3) Como o erro é considerado no processo de aprendizagem na montessoriana?
4) Como se pode afirmar que o ambiente montessoriano é importante no processo de
ensinar e aprender?
5) Qual é a relação da postura e das atitudes do professor, ao conduzir a sala, com a
formação da criança?
6) Como as atividades oferecidas na sala de Vida Prática podem favorecer o crescimento
da criança em seus vários aspectos?
7) Qual a importância de se trabalhar Educação Cósmica com crianças tão pequenas?
8) Porque trabalhar com a sala de Educação Sensorial? O que faz ser diferente das
demais?
9) Faça então a relação da Educação Sensorial e o processo de alfabetização?
Estudo do sistema educacional ... 262
APÊNDICE N - Entrevista as auxiliares pedagógicas
UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE ASUNCION
MESTRADO EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO
Para maior compreensão do questionário aplicado, necessito que as senhoras
contribuam um pouco mais, comentando sobre algumas dúvidas referentes à análise das
respostas dadas anteriormente. Mais uma vez agradeço a atenção e disponibilidade.
Hildeneide Nunes
Mestranda em Educação
1) Em sua opinião qual a importância do Sistema Montessoriano no contexto
educacional da criança atualmente?
2) Este “ambiente preparado” pode ser realmente um aliado na sua prática? Por?
3) Como o erro é considerado no processo de aprendizagem na montessoriana?
4) Como se pode afirmar que o ambiente montessoriano é importante no processo de
ensinar e aprender?
5) Qual é a relação da postura e das atitudes do professor, ao conduzir a sala, com a
formação da criança?
6) Como as atividades oferecidas na sala de Vida Prática podem favorecer o crescimento
da criança em seus vários aspectos?
7) Qual a importância de se trabalhar Educação Cósmica com crianças tão pequenas?
8) Porque trabalhar com a sala de Educação Sensorial? O que faz ser diferente das
demais?
9) Faça então a relação da Educação Sensorial e o processo de alfabetização?
Estudo do sistema educacional ... 263
APÊNDICE O – Entrevista com a Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil
UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE ASUNCION
MESTRADO EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO
Para maior compreensão da pesquisa que está sendo realizada nesta instituição,
necessito que a senhora contribua um pouco mais, comentando sobre o agrupamento das
crianças, com idades diferentes na mesma sala?
Hildeneide Nunes
Mestranda em Educação
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Estudo do sistema educacional ... 264
APÊNDICE P - Entrevista da Diretora Geral do Grupo Santa Fé
UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE ASUNCION
MESTRADO EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO
Para maior compreensão da pesquisa que está sendo realizada nesta instituição,
necessito que a senhora contribua um pouco mais, comentando sobre o porquê da escolha do
Sistema Montessoriano para sua escola? E qual seria o diferencial do método de
alfabetização montessoriano em relação a outros?
Hildeneide Nunes
Mestranda em Educação
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Estudo do sistema educacional ... 265
APÊNDICE Q - Roteiro para observações e registros
Registrar a rotina da instituição buscando perceber:
a) Os horários, atividades e locais específicos que as crianças vivenciam;
b) A postura da professora com relação ao horário, espaço, ao tipo trabalho com os
materiais;
c) Como as professoras propõem a vivência das atividades;
d) Observar como as professoras realizam as "atividades";
e) Quais materiais são utilizados e em que sala costuma se desenvolver;
f) O espaço é preparado para observar as situações específicas;
g) Como as crianças agem nas diferentes salas;
h) Qual o ambiente das crianças e das professoras durante as "atividades";
i) As crianças restringem-se ao que é sugerido pelas professoras, ou elas também
propõem?
j) Como é o relacionamento das crianças entre seus colegas da mesma idade e entre as
de idades diferentes;
k) Quais "atividades" são mais privilegiadas;
l) O que é privilegiado neste sistema;
m) Como as professoras observam e registram o trabalho das crianças;
n) O plano, registro, e a avaliação ocorrem na sala de que forma.
Estudo do sistema educacional ... 266
APÊNDICE R – Escala da Contribuição do Sistema Montessoriano das Professoras.
Instrumento: questionário
Objetivo: identificar as contribuições do Sistema Montessoriano, das salas ambientes, do
trabalho do professor e os benefícios dos materiais concretos, etc.
Significação: A pontuação mínima é de 3 e a máxima é 15.
Amostra: Professoras da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental
Extensão: O questionário consta de nove afirmações.
Escalas: para se determinar as contribuições da Educação Sensorial classificou-se em:
Contribuição baixa, Contribuição média e Contribuição alta, Esta classificação dar-se-á entre
a pontuação mínima (3) e a pontuação máxima possível (15). Estabeleceram-se três intervalos
de igual tamanho. Para encontrar a média dos intervalos, subtrai- se a pontuação máxima da
pontuação mínima, divide-se este resultado por 3 (arredondando-o quando necessário) ,
encontramos assim o valor médio do intervalo (4). Para encontrar as pontuações que
classificarão as escalas necessitou-se do somatório da pontuação mínima com a média do
intervalo encontrando a primeira classificação. E para encontrar as outras classificações,
acrescenta -se a este resultado o número 1 (um) mais o valor médio; e assim por diante.
Ex:
Pontuação Máxima: 1 item x 3(sujeitos) x 5 (maior valorização)= 15
Pontuação Mínima: 1 itens x 3(sujeitos) x 1(menor valorização)= 03
Maior Valorização (15) – Menor Valorização(03)= 12
12/3 = 4
Desta forma, os intervalos serão:
Contribuição Baixa: 333
a 734
pontos;
Contribuição Média: 835
a 1236
pontos;
Contribuição Alta: igual ou maior 13 pontos.
Caracterização dos itens: Os itens estão constituídos por afirmações que estão relacionados
com as contribuições do Sistema Montessoriano, de acordo com a opinião das professoras e
uma escala valorativa que permite ao sujeito da pesquisa exteriorizar sua opinião
relacionando-a com uma das alternativas da escala.
Qualificação: A qualificação dos itens realizar-se-á da seguinte maneira:
5 4 3 2 1
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
33
Menor valorização. 34
Somatório da menor valorização com a média do intervalo (5). 35
Final do 1º intervalo acrescido do número 1 (hum). 36
Soma do início do 2º intervalo mais o valor médio encontrado (5)
Estudo do sistema educacional ... 267
APÊNDICE S – Escala da Contribuição do Sistema Montessoriano das Auxiliares.
Instrumento: questionário
Objetivo: identificar as contribuições do Sistema Montessoriano, das salas ambientes, do
trabalho do professor e os benefícios dos materiais concretos, etc.
Significação: A pontuação mínima é de 4 e a máxima é 20.
Amostra: Auxiliares da Educação Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental
Extensão: O questionário consta de nove afirmações.
Escalas: para se determinar as contribuições da Educação Sensorial classificou-se em:
Contribuição baixa, Contribuição média e Contribuição alta, Esta classificação dar-se-á entre
a pontuação mínima (4) e a pontuação máxima possível (20). Estabeleceram-se três intervalos
de igual tamanho. Para encontrar a média dos intervalos, subtrai- se a pontuação máxima da
pontuação mínima, divide-se este resultado por 3 (arredondando-o quando necessário) ,
encontramos assim o valor médio do intervalo (5). Para encontrar as pontuações que
classificarão as escalas necessitou-se do somatório da pontuação mínima com a média do
intervalo encontrando a primeira classificação. E para encontrar as outras classificações,
acrescenta -se a este resultado o número 1 (um) mais o valor médio; e assim por diante.
Ex:
Pontuação Máxima: 1 item x 4(sujeitos) x 5 (maior valorização)= 20
Pontuação Mínima: 1 itens x 4(sujeitos) x 1(menor valorização)= 04
Maior Valorização (20) – Menor Valorização(04)= 16
16/3=5,33 (Arredonda-se para 5).
Desta forma, os intervalos serão:
Contribuição Baixa: 437
a 938
pontos;
Contribuição Média: 1039
a 1540
pontos;
Contribuição Alta: igual ou maior 16 pontos.
Caracterização dos itens: Os itens estão constituídos por afirmações que estão relacionados
com as contribuições do Sistema Montessoriano, de acordo com a opinião das auxiliares e
uma escala valorativa que permite ao sujeito da pesquisa exteriorizar sua opinião
relacionando-a com uma das alternativas da escala.
Qualificação: A qualificação dos itens realizar-se-á da seguinte maneira:
5 4 3 2 1
Muito Importante Importante Indiferente Pouco Importante Desnecessário
37
Menor valorização. 38
Somatório da menor valorização com a média do intervalo (5). 39
Final do 1º intervalo acrescido do número 1 (hum). 40
Soma do início do 2º intervalo mais o valor médio encontrado (5)
Estudo do sistema educacional ... 268
APÊNDICE T – Escala da Satisfação do Sistema Montessoriano das Mães.
Instrumento: questionário
Objetivo: identificar o grau de satisfação quanto à alfabetização do Sistema Montessoriano.
Significação: A pontuação mínima é de 10 e a máxima é 50.
Amostra: Mães do 1º ano do Ensino Fundamental
Extensão: O questionário consta de sete afirmações.
Escalas: para se determinar as contribuições da Educação Sensorial classificou-se em:
Satisfação baixa, Satisfação média e Satisfação alta. Esta classificação dar-se-á entre a
pontuação mínima (10) e a pontuação máxima possível (50). Estabeleceram-se três intervalos
de igual tamanho. Para encontrar a média dos intervalos, subtrai- se a pontuação máxima da
pontuação mínima, divide-se este resultado por 3 (arredondando-o quando necessário) ,
encontramos assim o valor médio do intervalo (13). Para encontrar as pontuações que
classificarão as escalas necessitou-se do somatório da pontuação mínima com a média do
intervalo encontrando a primeira classificação. E para encontrar as outras classificações,
acrescenta -se a este resultado o número 1 (um) mais o valor médio; e assim por diante.
Ex:
Pontuação Máxima: 1 item x 10(sujeitos) x 5 (maior valorização)= 50
Pontuação Mínima: 1 itens x 10(sujeitos) x 1(menor valorização)= 10
Maior Valorização (50) – Menor Valorização(10)= 40
40/3=13,33 (Arredonda-se para 13).
Desta forma, os intervalos serão:
Satisfação Baixa: 1041
a 2342
pontos;
Satisfação Média: 2443
a 3744
pontos;
Satisfação Alta: igual ou maior 38 pontos.
Caracterização dos itens: Os itens estão constituídos por afirmações que estão relacionados
com a satisfação do Sistema Montessoriano, de acordo com a opinião das mães e uma escala
valorativa que permite ao sujeito da pesquisa exteriorizar sua opinião relacionando-a com
uma das alternativas da escala.
Qualificação: A qualificação dos itens realizar-se-á da seguinte maneira:
5 4 3 2 1
Muito Satisfeito Satisfeito Indiferente Pouco Satisfeito Insatisfeito
41
Menor valorização. 42
Somatório da menor valorização com a média do intervalo (13). 43
Final do 1º intervalo acrescido do número 1 (hum). 44
Soma do início do 2º intervalo mais o valor médio encontrado (13)
Estudo do sistema educacional ... 269
APÊNDICE U – Matriz das respostas aos itens do questionário das professoras
Item P1 P2 P3 Total
1ª 5 5 5 15
2ª 5 5 5 15
3ª 5 5 5 15
4ª 5 5 5 15
5ª 5 5 4 14
6ª 5 5 5 15
7ª 5 5 5 15
8ª 5 5 5 15
9ª 5 5 5 15
:
Estudo do sistema educacional ... 270
APÊNDICE V – Matriz das respostas aos itens do questionário das auxiliares
Item P1 P2 P3 P4 Total
1ª 5 5 5 3 18
2ª 5 5 5 5 20
3ª 5 5 5 5 20
4ª 5 5 3 3 16
5ª 5 5 5 3 18
6ª 5 5 3 3 16
7ª 5 5 5 2 17
8ª 5 5 5 5 20
9ª 5 5 5 5 20
Estudo do sistema educacional ... 271
APÊNDICE X – Matriz das respostas aos itens do questionário das Mães
Item M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 Total
1ª 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 50
2ª 5 5 5 5 5 5 5 4 4 4 47
3ª 5 5 5 5 5 5 4 4 3 3 44
4ª 5 5 5 5 5 5 5 4 4 3 46
5ª 5 5 5 5 5 5 5 5 5 3 48
6ª 5 5 5 5 5 5 5 4 4 3 46
7ª 5 5 5 5 5 5 5 5 4 3 47
Estudo do sistema educacional ... 272
ANEXOS
Estudo do sistema educacional ... 273
ANEXOS 01: Material de desenvolvimento sensorial
Escada Marrom Torre Rosa Encaixes de Sólidos
Barras Vermelhas Cilindros Coloridos Sólidos Geométricos
Cx de cores primárias Cx de cores secundárias Cx de cores terciárias
Barras Vermelhas e Azuis Tábuas de Áspero e liso Telaios
„
Encaixes Sólidos Potes de odores Garrafas de Sabores
Estudo do sistema educacional ... 274
ANEXOS 02: Continuação do Material de desenvolvimento sensorial
Encaixes Sólidos Triângulos Construtores Formas Metálicas
Alfabeto Móvel Caixas de fazendas Sininho e Cx De Sons
Letras de Mural
Alfabeto Móvel Minúsculo Alfabeto Móvel Maiúsculo Alfabeto Sensorial