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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO- UERJ CENTRO BIOMÉDICO - FACULDADES DE CIÊNCIAS MÉDICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOPATOLOGIA E CIÊNCIAS CIRÚRGICAS - PG FISIOCIRURGIA ESTUDO ESTEREOLÓGICO E BIOQUÍMICO DAS MARGENS URETRAIS EM PACIENTES SUBMETIDOS A URETROPLASTIA PRIMÁRIA PARA TRATAMENTO DE ESTENOSE DE URETRA BULBAR João Paulo Martins de Carvalho Tese de Mestrado submetida ao Programa de Pós Graduação em Fisiopatologia e Ciências Cirúrgicas, PG FISICOCIRURGIA, UERJ, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre Orientador: Prof. Dr. Luciano Alves Favorito Co-Orientador: Prof. Dr. Waldemar Silva Costa Rio de Janeiro - 2009 -

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO- UERJ

CENTRO BIOMÉDICO - FACULDADES DE CIÊNCIAS MÉDICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOPATOLOGIA

E CIÊNCIAS CIRÚRGICAS - PG FISIOCIRURGIA

ESTUDO ESTEREOLÓGICO E BIOQUÍMICO DAS

MARGENS URETRAIS EM PACIENTES SUBMETIDOS

A URETROPLASTIA PRIMÁRIA PARA

TRATAMENTO DE ESTENOSE DE URETRA BULBAR

João Paulo Martins de Carvalho

Tese de Mestrado submetida ao Programa de

Pós Graduação em Fisiopatologia e Ciências Cirúrgicas,

PG – FISICOCIRURGIA, UERJ, como parte

dos requisitos para obtenção do Título de Mestre

Orientador:

Prof. Dr. Luciano Alves Favorito

Co-Orientador:

Prof. Dr. Waldemar Silva Costa

Rio de Janeiro - 2009 -

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RESUMO

Introdução: O objetivo do presente estudo é realizar uma análise estereológica

das fibras musculares lisas e elásticas e uma análise quantitativa e qualitativa do

colágeno, das margens uretrais proximais (UP) e distais (UD) de pacientes

submetidos a uretroplastia anastomótica para tratamento de estenose bulbar.

Material e Métodos: 12 pacientes portadores de estenose com idade de 14-43

anos, (média de 32 anos), submetidos a uretroplastia com comprimento <2.0 cm.

O segmento estenosado foi ressecado até que um dilatador ≥28 Fr vencesse as

margens uretrais macroscopicamente normais. O controle consistiu de 10 uretras

bulbares provenientes de cadáveres jovens do sexo masculino. Os cortes foram

submetidos às colorações: Tricrômico de Masson - caracterização e

quantificação das fibras musculares lisas. Vermelho de picrosirius -

caracterização de diferentes tipos de colágeno. Resorcina Fuscina de Weigert

com prévia oxidação para caracterização e quantificação das fibras do sistema

elástico. A análise estereológica foi obtida através da grade M 42. Foi realizada

a análise bioquímica do colágeno. A análise estatística foi obtida através dos

testes de ANOVA e pós teste de Bonferroni Confirmou-se os resultados da

qualificação do colágeno através de estudo imunohistoquímico específico para o

colágeno tipo III.

Resultados: A densidade volumétrica (Vv) da musculatura lisa encontrava-se

reduzida na UP (36,83 ± 2,53%; p<0.05) e na UD (58,45 ± 1,15%; p<0.05)

quando comparadas aos controles (60,86 ± 1,43%). As fibras elásticas

encontravam-se aumentadas na UP (24,71 ± 0,74%; p<0.05) e semelhantes aos

controles na UD (17,54 ± 3,05%). A concentração total do colágeno na UP

(46,39 ± 8,20 μg/mg), e UD (47,96 ± 9,42 μg/mg) não diferenciavam-se dos

controles (48,85 ± 6,91 μg/mg). O colágeno tipo III encontrava-se

uniformemente distribuído em todos os segmentos.

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Conclusões: Após uma ressecção criteriosa do segmento estenótico até uma

margem de aproximadamente 28Fr de diâmetro, o tecido macroscopicamente

saudável, especialmente no segmento proximal, pode possuir alterações da

concentração das fibras musculares e fibras elásticas, além de modificações da

estrutura do colágeno, estando livre, porém, de processos fibróticos.

Palavras Chave: uretra, estenose, uretroplastia. matriz extra-celular, musculatura

lisa.

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ABSTRACT

Purpose: We quantified smooth muscle cells (SMC), elastic system fibers and

collagen content in the proximal (PROX) and distal (DIST) urethral edges from

patients submitted to end-to-end bulbar urethroplasty.

Materials and Methods: We analyzed 12 patients submitted to anastomotic

urethroplasty to treat less bulbar strictures less than 2.0 cm in length. After

excision of the fibrotic segment to a 28 Fr urethral caliber, we obtained biopsies

from the spongious tissue of the free edges. Controls were normal bulbar

urethras obtained from autopsies of 10 agematched individuals. The samples

were histologically processed for smooth muscle cells (SMC), elastic system

fibers and collagen. Stereological analysis was performed to determine the

volumetric density (Vv) of each element. Also, a biochemical analysis was

performed to quantify the total collagen content.

Results: Vv of SMC was reduced in PROX (36.83±2.53%; p<0.05) and DIST

(58.45±1.15%; p<0.05) when compared with controls (60.86 ± 1.43%). Elastic

fibers were increased in PROX (24.71±0.74%; p<0.05) and were similar to

controls in DIST(17.54±3.05%). Total collagen concentration in PROX

(46.39±8.20 μg/mg), and DIST(47.96 ± 9.42 μg/mg) did not differ from controls

(48.85±6.91 μg/mg). Type III collagen was similarly present in all samples.

Conclusions: After excision of the stenotic segment to a caliber of 28 Fr, the

exposed and macroscopically normal urethral edges may present altered

amounts of elastic fibers and SMC, but are free from fibrotic tissue.

Key words: urethra, stricture, urethroplasty, extracellular matrix, smooth muscle

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LISTA DE ABREVIATURAS

UP = uretra proximal

UD = uretra distal

CONT = Uretra de Controle

FE = fibras elásticas

µg/mg = micro grama por miligrama

Vv = densidade volumétrica

ML = musculatura lisa

PROX = proximal

DIST = distal

SMC = smooth muscle cell, ie células musculares lisas.

MEC = matriz extra celular

GAG = glicosaminoglicanos

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SUMÁRIO

Resumo...................................................................................................................I

Abstract.................................................................................................................II

1. Introdução....................................................................................................1

2. Objetivo.......................................................................................................9

3. Material e Métodos....................................................................................11

4. Resultados.................................................................................................19

5. Discussão...................................................................................................29

5.1 Colágeno..............................................................................................30

5.2 Fibras Musculares................................................................................34

5.3 Fibras Elásticas ...................................................................................36

6. Conclusões.................................................................................................38

7. Referências Bibliográficas........................................................................41

8. Anexos.......................................................................................................47

8.1 Anexo I - Termo de consentimento informado....................................48

8.2 Anexo II Carta de aprovação do comitê de ética.................................49

8.3 Anexo III Artigo submetido ao Journal of Urology ..........................50

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1. INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

A uretra é o órgão responsável por conduzir a urina proveniente da bexiga

para o meio externo. É constituída basicamente por um conjunto de tecido

colágeno, fibras elásticas e musculares e a matriz extracelular. Organiza-se de

forma tubular estando localizada ventralmente ao pênis.

É dividida em dois segmentos principais, o anterior e o posterior. O anterior

apresenta um comprimento de aproximadamente 15 cm e estende-se do meato

uretral até a uretra bulbar. A uretra posterior é formada pelos segmentos

membranoso e prostático. Possui íntima relação com praticamente todos os

órgãos do aparelho genital masculino compartilhando finalidades reprodutivas e

de excreção urinária (Figura 1), (Gray, 1985), (Campbell’s Urology, 2004).

Figura 1 Corte sagital da pelve masculina com relação topográfica da uretra e seus segmentos. Gray's Anatomy 29ª ed, 1977. Ed. Guanabara Koogan

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É recoberta por um epitélio colunar pseudo-estratificado, que repousa

sobre uma membrana basal, com exceção da fossa navicular onde se torna um

epitélio escamoso estratificado. Estas estruturas são circundadas pelo corpo

esponjoso, que contém tecido conjuntivo, fibras musculares e sinusóides

vasculares (Singh, 1975).

Este corpo esponjoso expande-se na sua porção mais distal, formando a

glande e proximalmente formando o bulbo. Na uretra peniana, o corpo

esponjoso é concêntrico, tornando-se ventralmente excêntrico na uretra bulbar e

dorsalmente excêntrico na uretra glandar (Gray, 1985), (figura 2).

Figura 2. Desenho esquemático da uretra em todo o seu comprimento destacando a relação entre corpo esponjoso e corpos cavernosos. Gray's Anatomy 29a ed, 1977. Ed. Guanabara Koogan

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No segmento posterior a uretra membranosa é o segmento intermediário,

anteriormente ao esfíncter uretral, possuindo apenas 2,0 cm de extensão. A

uretra prostática é o segmento mais posterior, junto ao colo vesical, envolta pela

glândula prostática, possuindo ductos ejaculadores que se abrem em sua luz, no

verumontanum (Figura 2).

A sua vascularização é compartilhada com a do corpo cavernoso e do

pênis. A artéria pudenda interna bifurca-se em dois ramos: a artéria bulbo-uretral

e a dorsal peniana. A artéria bulbo-uretral é responsável pela maior parte do

segmento proximal da uretra até o seu terço médio, sendo no segmento médio

peniano feita pelos ramos bulbares e esponjosos. O segmento mais anterior da

uretra é vascularizado principalmente pelo ramo cavernoso da artéria dorsal

peniana (figura 3).

Figura 3. Desenho esquemático da vascularização peniana e da uretra. Gray's Anatomy, 29a ed, 1977. Ed Guanabara Koogan.

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O segmento mais posterior da uretra masculina guarda relação no seu

desenvolvimento embriológico com o do trígono vesical e da uretra prostática. O

segmento anterior da uretra tem seu desenvolvimento intimamente relacionado

ao falo. O meato uretral não possui tecido de origem embriológica específica,

compartilhando sua origem com a formação da glande. No estágio inicial de seu

desenvolvimento a uretra pendular possui dois primórdios uretrais, denominados

placas uretrais que, inicialmente encontram-se em fundo cego e posteriormente

sofrem sua fusão (Campbell’s Urology, 2003).

A uretra peniana é então formada por duas origens embriológicas

distintas: a fusão das placas uretrais e a inversão do ectoderma glandar,

formando o meato uretral (figura 4).

Figura 4 - Fusão das placas uretrais, na uretra peniana, 10 semanas de gestação, microscopia eletrônica de transmissão. Atlas de Reprodução Humana. Hinghan MA, Kluwer Boston, 1982.

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A estenose uretral é caracterizada por um processo fibrótico, levando à

formação de um tecido de baixa complacência, associada à diminuição do

diâmetro da luz do órgão. Heyns em 2002 e Fenton em 2005 demonstraram

uma correlação negativa entre o diâmetro uretral, escore de sintomas urinários

utilizados pela American Urological Association e o fluxo urinário máximo.

Estas alterações podem levar a um impacto significativo no padrão miccional

dos pacientes com severo comprometimento na sua qualidade de vida

(McAninch et al, 1996).

O tecido conjuntivo é formado principalmente por fibroblastos e matriz

extracelular (MEC), contendo colágeno, fibras elásticas, proteoglicanos e

glicoproteínas. A MEC como um todo e os elementos fibrosos em particular

participam de forma ativa na organização tecidual e na fisiopatologia das

alterações uretrais (Baskin et al, 1996).

As alterações estruturais determinadas pela estenose uretral foram

inicialmente relatadas em um trabalho pioneiro (Singh, 1975), que observou

através da microscopia óptica, um aumento da densidade do colágeno e sua

desorganização. Onde antes era encontrada uma vasta rede de fibras musculares,

foi documentada uma substituição por colágeno denso. Posteriormente os

mesmos autores demonstraram, experimentalmente com estenose induzida, a

proliferação de miofibroblastos e células gigantes, associada a uma alteração no

epitélio que passou de pseudo-estratificado para pavimentoso estratificado

(Scott, 1980). Macroscopicamente estas alterações caracterizam a natureza

fibrótica da estenose. (Figura 5).

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Figura 5- Diferentes graus de progressão da estenose uretral. A- Válvula com obstrução parcial, B- Estenose Anelar, C- Maior Segmento estenosado com progressão da lesão para o tecido esponjoso, D- Maior estreitamento a maior comprometimento do esponjoso, E- Grande estenose com deformidade, F- Estenose extensa com fístula uretral. Campbell's Urology, 8th ed, 2003. Ed. Saunders No tratamento das estenoses na uretra bulbar devemos considerar a sua

localização, extensão e grau de comprometimento do tecido esponjoso e

consequente espongiofibrose (Barbagli et al, 2005). O tratamento endoscópico

através da incisão do tecido fibrótico, com posterior reepitelização, pode ser

uma opção para estenoses curtas com presença de limitado grau de

espongiofibrose como documentado em estudos anteriores (Pensadoro et al,

1996), (Heyns et al, 1998).

Porém, para estenoses curtas, o tratamento cirúrgico deve ser

preferencialmente realizado através de uma uretroplastia anastomótica, com a

completa excisão do tecido fibrótico e posterior anastomose dos cotos uretrais

macroscopicamente saudáveis, justificando-se esta técnica pelos melhores

resultados em longo prazo (Santucci et al, 2002),( Eltahawy et al, 2007), (Figura

6). Esta técnica apresenta limitações quanto à extensão da estenose, tendo

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aplicação geralmente para estenoses menores que 2,0 cm.

Nos casos em que a uretroplastia anastomótica não for indicada, técnicas

de substituição tecidual deverão preferencialmente ser empregadas (Santucci et

al, 2007).

Trabalhos prévios caracterizaram a estrutura da estenose da uretra bulbar

e do tecido fibrótico, porém, raramente as margens da área anastomótica foram

objeto de estudo (Cavalcanti et al, 2007).

Um estudo publicado recentemente (Da Silva et al, 2008) descreveu a

presença de importantes alterações histológicas na área anastomótica de

pacientes submetidos à uretroplastia, sendo analisadas apenas alterações da

qualificação do colágeno e da celularidade das margens anastomóticas.

A partir do estudo das margens uretrais, poderemos avaliar o sucesso das

técnicas de anastomose primária e, diretamente, fornecermos dados para

técnicas de substituição, com base nas informações adquiridas sobre os

componentes uretrais.

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2. OBJETIVO

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2 . OBJETIVO

O objetivo do presente estudo é fazer uma análise estrutural, quantitativa e

qualitativa das margens uretrais proximais e distais de pacientes submetidos à

uretroplastia anastomótica bulbar, através de métodos histoquímicos,

imunohistoquímicos e bioquímicos, comparando-se com um grupo controle.

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3. MATERIAL E

MÉTODOS

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3. MATERIAL E MÉTODOS

No período entre maio de 2006 e agosto de 2007 foram analisadas as

margens anastomóticas de 12 pacientes portadores de estenose de uretra bulbar e

submetidos a uretroplastia término-terminal. A idade variou entre 14 e 43 anos

(média 32; DP ±10,16 anos). Os procedimentos cirúrgicos foram realizados no

Hospital Municipal Souza Aguiar- Rio de Janeiro.

Todo o paciente foi informado verbalmente, de maneira inteligível sobre a

técnica operatória, o ato anestésico, a recuperação e as possíveis complicações

pós-operatórias. Foi oferecido ao paciente um termo de consentimento

informado para o estudo, termo este, escrito de forma igualmente inteligível e de

fácil interpretação para o leigo (Anexo I). Para pacientes analfabetos, o termo foi

lido em companhia de um acompanhante ou familiar. Todos os termos foram

assinados pelo paciente ou seu responsável, médico assistente e testemunha

(funcionário do ambulatório de urologia). O termo ficará sob a guarda do

serviço de urologia por um prazo de 05 (cinco) anos, respeitando os prazos

vigentes das normas de documentação médica brasileira.

Foram excluídos do estudo os pacientes que não assinaram o termo de

consentimento informado, ou na incapacidade destes, seus responsáveis.

Qualquer paciente com contra indicação clínica à cirurgia (radioterapia,

utilização de endoprótese uretral, infecção urinária em atividade e possibilidade

de patologia oncológica em desenvolvimento) foi igualmente excluído.

Todos os pacientes não possuíam qualquer tratamento prévio,

=manipulação uretral ou derivação prévia.

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A técnica operatória baseou-se na ressecção do segmento estenosado sob

a posição de litotomia forçada, com incisão vertical, em alguns casos

estendendo-se ao “V” invertido (Figura 6), (Jordan, 1997), (Mundy, 2005).

Figura 6- Técnica da uretroplastia com abordagem posterior com ressecção primária e anastomose término-terminal para estenose uretral. Campbell's Urology, 8th ed, 2003. Ed Saunders.

Todos os pacientes apresentavam estenoses inferiores a 2,0 cm (estimada

por uretrografia retrógrada e confirmada durante o ato cirúrgico). As estenoses

eram idiopáticas em cinco pacientes, inflamatórias em cinco e de origem

traumática em dois casos. Nenhum dos pacientes apresentava-se com

cistostomia no momento do procedimento cirúrgico. Em todos os casos um

fluxo urinário obstrutivo foi determinado através do estudo de urofluxometria

com fluxo máximo < que 15 ml/s (fluxo máximo médio: 5,3 ml/s).

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A ressecção dos segmentos estenosados foi feita de acordo com as

técnicas já descritas e realizadas pelo mesmo cirurgião. O tecido fibrótico foi

completamente ressecado até que fosse atingido um calibre de 28 Fr

(aproximadamente 9,5 mm), determinado por uma sonda metálica, nas margens

proximais e distais. Era essencial para o procedimento cirúrgico que estas

margens fossem facilmente vencidas pelo dilatador com este calibre e quando

encontrada uma oposição à passagem destes, realizava-se a ressecção circular de

aproximadamente 2 mm, do segmento mais resistente.

Em todos os pacientes estas margens foram interpretadas pelo cirurgião

como macroscopicamente saudáveis e adequadas para a realização da

anastomose. Uma biópsia em cada uma destas extremidades foi realizada de

forma que não houvesse prejuízo para o procedimento cirúrgico.

O grupo controle consistiu de 10 uretras bulbares provenientes de

cadáveres jovens do sexo masculino com média de idade de 29 anos (DP ± 7,13)

cuja causa-mortis não afetou a região pélvica.

Depois de ressecados, os segmentos uretrais eram fixados em formalina

tamponada 10%, pH 7,2 e processados para inclusão em parafina. Foram

obtidos cortes de 5µm de espessura os quais foram submetidos às seguintes

colorações: (a) Tricrômico de Masson para caracterização e quantificação das

fibras musculares lisas, (b) Resorcina Fuscina de Weigert com prévia oxidação

para caracterização e quantificação das fibras do sistema elástico e (c) Vermelho

de Picrosírius para análise qualitativa do colágeno em microscópio de

polarização.

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Foi realizada posteriormente a confirmação dos resultados para a

qualificação do colágeno nos segmentos corados para o Vermelho de Picrosírius

através de método imunohistoquímico específico para o colágeno tipo III

(Abcam ®, anticorpo FH-7 A – 6310 para colágeno tipo III, USA) e para a

confirmação da especificidade da coloração de Weigert com anticorpo anti-

elastina (monoclonal, E 4013, Sigma ®, Saint Louis, Mo, USA). Para as fibras

musculares lisas foi utilizado o método imunohistoquímico com anticorpo

específico alfa actina (Zymed Laboratories, 08-0106 anticorpo pré-diluído).

A quantificação dos elementos teciduais foi feita através do método

estereológico. O parâmetro estereológico utilizado para estimar o conteúdo das

fibras do sistema elástico, colágeno e muscular foi a densidade volumétrica.

(Vv). Foram analisados cinco cortes por segmento e cinco campos por corte.

Foram analisados, portanto, 25 campos de cada segmento (Mandarin-de-

Lacerda, 1995).

A quantificação foi obtida através do sistema teste M42, sobre fotos

digitalizadas. As imagens foram adquiridas em microscópio Olympus BH-2

com uma câmera Sony CCD modelo DXC 151-a, com aumento de 200X para

fibras musculares e 400X para fibras do sistema elástico, seguindo padrões pré

estabelecidos (Mouton, 2002), (Mandarin-de-lacerda 1995), (Gundersen et al,

1988), (figuras 7 e 8).

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Figura 7- Desenho esquemático do sistema M42, indicando a linha proibida (tracejada), o comprimento do segmento de reta(d) e pontos de intersecções contados sobre imagens de estruturas (círculos); estruturas que toquem ou que tangenciem a linha tracejada não são contadas: A- estrutura contada, 1 ponto e 2 intersecções; B- estrutura contada, 1 ponto e 1 intersecção; C- estrutura não contada; D- estrutura contada, 3 pontos e 1 intersecção; E- estrutura contada, 2 pontos e 2 intersecções; F- estrutura não contada (modificado de Mandarim-de-Lacerda, 1995).

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Figura 8- Grade M 42 aplicada sobre fotomicrografia digital de células musculares lisas.

Uretra de controle, demonstrando o método estereológico (Tricrômico de Masson 200X).

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Para a análise bioquímica, as amostras foram fixadas em acetona

refrigerada permanecendo no produto químico por 24 h a 4 graus Celsius logo

após a cirurgia ou autópsia. Posteriormente as amostras foram submetidas a dois

ciclos de 24 h, cada um de 40 ml de solução de clorofórmio/metanol (2:1 v/v) a

temperatura ambiente. O solvente foi então decantado e depois de submetido à

estufa na temperatura de 60 graus Celsius por 30 minutos e foi obtida e pesada

uma amostra de tecido seco e delipidado.

A concentração do colágeno total no tecido uretral foi obtida através de

um estudo calorimétrico com hidroxiprolina. Uma amostra de 5 a 14 mg de

tecido desidratado e delipidado foi hidrolisado em uma solução de 6NHCL por

18 hs a 118 graus Celsius, como descrito previamente por Cabral e

colaboradores em 2003. As amostras foram então encaminhadas para uma

neutralização por hidrolização utilizando-se o método de chloramin T (Bergman

et al, 1963). Os resultados foram expressos em miligramas de hidroxiprolina

por miligrama de tecido seco delipidado.

Os dados foram coletados e analisados através de estatística descritiva de

todos os parâmetros. Os resultados foram apresentados em tabelas e histogramas

de frequências. Os dados estatísticos foram analisados a partir dos programas

Excel 2007 (Microsoft) e Graphpad Prism 7. A variação entre os três grupos era

realizada através de parâmetros quantitativos pelo teste de One Way ANOVA.

Quando diferenças estatisticamente significativas eram observadas,

comparações entre os grupos e os controles eram realizadas com pós teste de

Bonferroni, tanto para o grupo proximal quanto para o distal. Foi considerada

significância estatística um valor de p<0, 05 (Sokal e Rohlf , 1995).

O estudo foi executado após aprovação do comitê de ética médica

da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ANEXO II).

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4. RESULTADOS

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4. RESULTADOS

A análise estereológica mostrou uma diminuição na densidade da

musculatura lisa com valor de 36,83% (± 2,53%) na UP e de 58,44% (± 1,15%)

na UD. Quando comparados os segmentos proximal com o distal houve uma

diminuição percentual da densidade da musculatura lisa de 21,61%. Em todos os

grupos houve significância estatística com p<0,01 (Figuras 9 e 10a, 10b e 10 c

Tabela 1).

Figura 9- Gráfico da densidade volumétrica para musculatura lisa:em controles (Cont), segmento proximal à estenose (UP); musculatura lisa do segmento de uretra distal à estenose (UD). * = p< 0,01 .

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A

B

C

Figura 10- Distribuição das fibras musculares (em vermelho) e colágeno em uretras fragmento de uretra de controle (A), segmento proximal à estenose (B) e segmento distal à estenose (C).Visualiza-se a diminuição acentuada no segmento proximal (estatisticamente significativa) e menos intenso no segmento distal (Tricrômico de Masson, aumento de 200X).

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TABELA 1- Análise Estereológica Dos Diferentes Elementos

Estudados

ML cont: Musculatura lisa do controle, ML UP: musculatura lisa da uretra proximal, ML UD: musculatura lisa da uretra distal, FE cont: fibras elásticas do controle, FE UP: fibras elásticas da uretra proximal, FE UD: fibras elásticas da uretra distal. *=p< 0,01 para as amostras de musculatura lisa quando comparadas ao controle, para fibras elásticas na uretra proximal.

Média (vv) Desvio Padrão (±)

ML cont 60,86 1,43

ML UP 36,83* 2,53

ML UD 58,44* 1,15

FE cont 16,43 0,80

FE UP 24,71* 0,73

FE UD 17,53 3,05

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A quantificação das fibras elásticas mostrou um aumento com valor de

24,71% (± 0,73) na densidade volumétrica na UP quando comparada ao

controle (p<0,01). Na UD houve aumento com valor de 17,83% (± 3,05%) na

densidade volumétrica das fibras elásticas, o que não foi estatisticamente

significativo (p=0,24). Quando comparadas as densidades volumétricas dos

segmentos proximais e distais houve um aumento de 7,28% no primeiro,

havendo significância estatística com um p<0, 01 (Tabela 1, Figura 11 e Figuras

12a, 12b e 12c).

Figura 11- Gráfico da densidade volumétrica de Fibras Elásticas em uretras dos controles (Cont) ; segmento proximal à estenose (UP); segmento distal à estenose (UD). *= p<0,01.

*

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A

B

C

Figura 12- Distribuição das fibras elásticas encontradas em fragmentos de uretras de controle (A). Demonstra-se um acentuado aumento de sua concentração no segmento proximal (B) com significância estatística, distribuição semelhante ao controle na uretra distal (C) (Resorcina Fuccina de Weigert com prévia oxidação, 400X).

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A concentração total do colágeno no controle obteve uma média de 48,85

µg/mg (± 6,91 µg/mg). Nas amostras da uretra proximal de 46,39 µg/mg ( ±

8,20 µg/mg) e na distal de 47,96 µg/mg (± 9,42µg/mg). A análise das amostras

não demonstrou variação estatisticamente significativa. Desta maneira as

amostras proximais e distais dos cotos uretrais possuem valores semelhantes em

relação ao colágeno, encontrando-se livres de tecido fibrótico (Figura 13 e

Tabela 2).

Figura 13- Gráfico de quantificação bioquímica do Colágeno em uretras de controles (Cont); segmento proximal à estenose (UP); segmento distal à estenose (UD). Não houve significância estatística entre as amostras.

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TABELA 2- Análise Bioquímica do Colágeno nos Diferentes Grupos

Estudados

Não houve significância estatística para as amostras, Col cont: colágeno controle, Col UP: colágeno uretra proximal, Col UD: colágeno de uretra distal

Média (µg/mg) Desvio Padrão (+/-)

Col Cont 48,85 6,91

Col UP 46,39 8,20

Col UD 47,96 9,42

Através da coloração do Vermelho de Picrosirius sob luz polarizada, foi

observada uma prevalência de fibras esverdeadas no segmento proximal,

enquanto que no distal uma prevalência de fibras avermelhadas, semelhante à

distribuição do grupo controle (Figuras 14a, 14 b e 14 c). A análise

imunohistoquímica revelou a presença de colágeno tipo III em quantidades

semelhantes para todas as amostras (Figuras 15a, 15 b e 15 c).

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A

B

C

Figura 14- Distribuição qualitativa do colágeno em amostras de tecido uretral de controles (A), demosntrando prevalência da coloração amarelada, segmento proximal à estenose com prevalência da tonalidade esverdeada e do segmento distal (C), com coloração semelhante ao controle (Vermelho de Picrosírius sob luz polarizada, 400X).

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A

B

C

Figura 15 – Imunohistoquímica específica para colágeno tipo III em amostras de uretra de controle (A), segmento proximal à estenose (B) e segmento distal à estenose (C), demonstrando distribuição similar em todos os grupos (Imunohistoquímica, 200X).

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5. DISCUSSÃO

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5.1 Colágeno

Durante uma uretroplastia anastomótica o objetivo do cirurgião é ressecar

todo tecido fibrótico atingindo uma margem com características macroscópicas

semelhantes ao tecido uretral normal. Da mesma forma que se procura atingir

um tecido saudável nas porções proximais e distais da uretrotomia ao se realizar

técnicas de substituição tecidual, uma vez que esta se torna pouco eficaz quando

realizada sobre tecido igualmente patológico (Heinke et al, 2003). Estes

procedimentos minimizarão o risco de falhas (Fenton et al, 2005), diminuindo

assim a freqüência de reintervenções e aumentando o índice de sucesso da

técnica operatória.

Em geral, o volume de tecido ressecado na uretroplastia é calculado pelo

cirurgião durante o ato operatório, baseando-se no aspecto macroscópico deste,

como a elasticidade, a cor da mucosa uretral e o calibre dos cotos (Mundy

2005). Na técnica cirúrgica empregada no presente estudo, onde tratamos

estenoses curtas, realizamos uma ressecção abundante de todo o tecido fibrótico,

até que fosse atingido um calibre de 28 Fr nas margens uretrais proximais e

distais.

Baskin e colaboradores (1993) demonstraram através de estudos

bioquímicos, que o tecido fibrótico da estenose uretral não apresentava

variações no seu conteúdo total de colágeno. No entanto, foi observada uma

alteração da relação entre colágeno III/I, fato que estaria relacionado às

alterações na complacência tecidual.

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Um aumento na concentração global de colágeno foi observado por

Cavalcanti (Cavalcanti et al, 2007), que demonstrou as alterações micro

estruturais encontradas na estenose uretral.

A análise bioquímica destas regiões demonstrou que foi possível uma

completa ressecção do tecido fibrótico, atingindo-se concentrações de colágeno

semelhantes ao grupo controle nos segmentos proximais e distais à estenose. A

utilização de um calibre 28 Fr baseou-se na experiência pessoal do cirurgião e

de observações, muitas vezes não publicadas, realizadas por outros cirurgiões de

cirurgia reconstrutora urológica. Os resultados comprovaram que a técnica

utilizada é satisfatória para a ressecção do tecido fibrosado.

Esses resultados justificam a observação de que a técnica com a excisão

completa da área fibrótica e posterior uretroplastia anastomótica é considerada o

procedimento com melhores resultados em longo prazo (Santucci et al, 2002).

Já ficou bem demonstrada que a mudança da coloração para o esverdeado

no Vermelho de Picrosirius sob luz polarizada indica uma desorganização e/ou

degradação do colágeno. Essa mudança de coloração também pode ocorrer em

fases mais precoces do remodelamento e reparo do tecido conjuntivo, quando a

síntese do colágeno tipo III está aumentada (Briones et al, 2007), (Ushiki, 2002),

(Tsuruga et al, 2008).

De fato, a mudança da coloração para o padrão esverdeado está mais

relacionada a organização ou a disposição dos feixes das fibrilas do colágeno

dentro dos tecidos (Montes e Junqueira, 1991), que ocorrem em fases mais

precoces do remodelamento tecidual, ligadas ao aumento da síntese do colágeno

tipo III (Tsuruga et al, 2008).

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Porém a mudança da coloração não é indicativa absoluta para a presença

do colágeno tipo III.

Para testar estas duas possibilidades aplicadas às nossas amostras,

realizamos um estudo imunohistoquímico dos fragmentos uretrais com anticorpo

específico para o colágeno tipo III. Nossos resultados demonstram que a

intensidade e distribuição para este, são semelhantes nas amostras dos três

grupos.

Os estudos bioquímicos do colágeno indicaram que não havia fibrose nas

margens uretrais. Baseado nesses achados, os resultados da coloração pelo

Picrosírius sob luz polarizada sugerem que a matriz de colágeno na margem

proximal está degradada ou desorganizada, e não com fibrose. Dados estes

consistentes com uma maior pressão hidrostática a qual o segmento proximal a

estenose é submetido.

Deve-se mencionar que estes resultados são contrários a publicação

recente em que, baseando-se apenas na coloração do Vermelho de Picrosirius e

cálculos da relação entre colágeno III e I, concluiu-se que haveria fibrose no

coto proximal à estenose e que o colágeno tipo III estaria aumentado apenas na

margem proximal da uretra (Da Silva et al, 2008).

Apesar de não termos investigado diretamente as células inflamatórias nos

cotos uretrais, o fato do colágeno III não estar modificado nas amostras das

margens, sugere que não haviam reações inflamatórias mais intensas nestes

tecidos. Estes dados também vão contra aos achados de Da Silva e

colaboradores (2008) o que pode ser justificado pela técnica operatória utilizada.

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Por exemplo, após a ressecção do tecido estenótico o critério normalmente

utilizado era a interpretação das margens macroscopicamente saudáveis como

adequada para a anastomose (Mundy, 2005). No entanto, em nossa avaliação

deste tecido, além do aspecto macroscópico, adicionalmente utilizamos a

passagem de um dilatador de 28Fr para a confecção da anastomose.

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5.2 Fibras Musculares

Apesar das observações de concentrações de colágeno normais nos cotos

proximais e distais, outras alterações estruturais na área anastomótica foram

observadas, como a diminuição da densidade volumétrica da musculatura lisa,

mais pronunciada na extremidade proximal.

Em estudo prévio de Cavalcanti em 2004, foi demonstrado que a estenose

de uretra bulbar também está relacionada uma alteração da imunorreatividade da

nNOS (neural óxido nítrico sintetase), mesmo na presença de diminuto grau de

esponjofibrose. Já foi demonstrado no corpo cavernoso que, quando nervos

carreadores de nNOS estão lesados, um processo fibrótico inicia-se associado à

degeneração de músculo liso (Squadrito et al, 1998).

Estas observações foram inicialmente confirmadas por Griffths em 1989,

quando observados os efeitos da contração vesical sobre o tecido estenosado

uretral e suas consequências para a histologia da bexiga, decorrentes de um

processo obstrutivo continuo associado à micção sob alta pressão.

A progressiva obstrução uretral promoveria um processo de isquemia

tecidual resultante da dilatação do segmento proximal da uretra gerando a

apoptose das fibras musculares desta região, guardando analogia com o processo

anteriormente descrito na bexiga urinária (Griffths et al, 1989).

Desta forma, a alteração na concentração de músculo liso poderia ser

considerada o evento primário no processo da formação do tecido fibrótico. Este

evento sugere ser mais marcante na porção proximal a área de estenose,

podendo ser relacionado ao contínuo processo de hidrodistensão observado

nesta área gerando um gradiente de elevada pressão e como consequência

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distensão do tecido proximal por obstrução do fluxo uretral.

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5.3 Fibras Elásticas

Bastos e colaboradores (2004) descreveram a distribuição e concentração

de fibras do sistema elástico na uretra masculina fetal, sendo que a última

aumenta com a idade. O tecido esponjoso é rico em fibras do sistema elástico

distribuindo-se entre suas trabéculas, o que justifica sua grande distensibilidade.

Este aumento linear da concentração das fibras desde a vida fetal até a adulta

tem como objetivo facilitar a acomodação uretral aos processos distensivos.

Observamos um aumento na concentração de fibras elásticas na uretra

proximal, quando comparada ao grupo controle e à uretra distal. Estas

observações também podem ser justificadas pelo mesmo processo de distensão

tecidual, estímulo dos fibroblastos e produção das fibrilas elásticas (Junker et al,

2008). Este consequente aumento do comprimento das fibras elásticas será

refletido como um aumento da densidade volumétrica nas técnicas

estereológicas, como previamente documentado em outros estudos (Cortivo et

al, 1981), (Gosling et al, 1997).

A presença de um aumento da densidade volumétrica das fibras elásticas

na margem proximal se contrapõe à diminuição destas, observada em todo o

tecido esponjoso na estenose , seja na região periuretral ou nas porções mais

periféricas (Gundersen et al, 1988).

Concluindo, a maior concentração das fibras elásticas na margem

proximal foi o dado mais relevante encontrado neste componente. A

proliferação destas é resultante da força de distensão proporcionada pela pressão

hidrostática no segmento proximal da estenose, com o resultante estímulo dos

fibroblastos para a formação de fibrilas (Ushiki, 2002),(Junker et al, 2008).

Sendo este um dado direto do estresse ao qual a margem proximal é submetida,

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enquanto que o distal encontra-se protegido justamente pela estenose. Processo

semelhante ao ocorrido na obstrução infra-vesical.

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6. CONCLUSÕES

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6. CONCLUSÕES

Após uma ressecção criteriosa do segmento estenótico até uma margem

de aproximadamente 28Fr de diâmetro, o tecido macroscopicamente saudável,

especialmente no segmento proximal, pode possuir alterações da concentração

das fibras musculares e fibras elásticas, além de modificações da estrutura do

colágeno, estando livre, porém, de processos fibróticos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos colegas José Guimarães Gomes, Jorge de Medeiros, Bruno

Félix e Helena Pazos pela colaboração na feitura das lâminas, estereologia e

método histoquímico.

Agradeço também aos professores Waldemar Silva Costa, Luiz Eduardo de

Macedo, Luciano Alves Favorito e Francisco Sampaio pela colaboração na

realização da tese e do artigo científico.

À colega Carla Gallo pelo tratamento das imagens para a tese e o artigo.

Agradeço à verba proveniente do CNPQ e FAPERJ, instituições que são

essenciais para o desenvolvimento e fomento da pesquisa no Estado do Rio de

Janeiro.

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7. REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

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Ushiki T: Collagen fibers, reticular fibers and elastic fibers. A comprehensive

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8. ANEXOS

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8.1 ANEXO I – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro Biomédico

Pós Graduação em Fisiopatologia a e Ciências Cirúrgicas

Hospital Municipal Souza Aguiar - Serviço de Urologia

Termo de Consentimento Informado

Título do Projeto: Análise Estrutural dos Segmentos Proximal e Distal da Uretra Bulbar em Adultos

Jovens Portadores de Estenose. Um Estudo Quantitativo.

O sr vai ser submetido a uma cirurgia para o tratamento da estenose de uretra. Normalmente, durante

esta cirurgia, retira-se um fragmento que depois é enviado para exame histopatológico, procedimento de rotina

para o serviço de Anatomia Patológica, para inclusão em estudos de rotina e arquivamento.

Gostaríamos de solicitar ao Sr. que tenha a gentileza de nos autorizar a estudar um fragmento do

material doente que será extraído durante a cirurgia a qual o Sr. será submetido.

Esta extração será feita durante a cirurgia e não implicará em aumento do tempo de cirurgia nem

alterará os resultados operatórios.

Será respeitado o segredo médico e sua identidade não será revelada.

O grupo de médicos e professores que estão fazendo parte deste trabalho estarão à sua disposição no

Serviço de Urologia deste hospital e na Pós Graduação em Fisiopatologia e Ciências Cirúrgicas da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro- Departamento de Anatomia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, à Av 28 de

Setembro, número 77, fundos. Telefone 2587-6499.

Sendo o pesquisador responsável o Dr. João Paulo Martins de Carvalho estará disponível no número

92593619

Os dados e resultados finais serão utilizados somente para esta pesquisa.

Eu, ___________________________________________________________,

(nome completo)

portador da identidade________________________, declaro estar ciente do que foi exposto acima e autorizo a

utilização, para fins científicos, do fragmento de minha uretra que será extraída durante a cirurgia a qual serei

submetido.

Rio de Janeiro, de de 2007.

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8.2 ANEXO II – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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Anexo III- Artigo Submetido ao Journal of Urology