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Pelotas, RS Dezembro, 2010 106 ISSN 1516-8832 Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS Autores Noel Gomes da Cunha Eng. Agrôn., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS Ruy José da Costa Silveira Eng. Agrôn., D. Sc. Prof. UFPel-FAEM, Pelotas, RS, [email protected] Ediney Koester Geólogo, D.Sc. Prof. UFPel, Engenharia Geológica, Pelotas, RS Leondres Duarte de Oliveira Geólogo, MSc. , Porto Alegre, RS, [email protected] José Maria Filippini Alba Bacharel em Química, D.Sc. Geociências Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, [email protected] Fábia Amorim da Costa Geógr. M.Sc. Analista, Embrapa Clima temperado, Pelotas, RS, [email protected] Vinícius Cantarelli Terres Bacharelando em Ecologia UCPel/RS, bolsista Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, viní[email protected] Rodrigo Thiel Lopes Bacharelando em Ecologia UCPel/RS, bolsista Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, [email protected] Lá onde as cabeças loiras margeiam a estrada... Mendes Ribeiro. Resumo A ocupação das terras do norte do Rio Grande do Sul pelos descendentes de europeus e caboclos ocorreu com o grande avanço da pecuária pelos campos nativos do planalto. Nos limites do planalto, a região dissecada pelo rio Uruguai e seus afluentes era coberta por uma floresta densa. Sem muito interesse pelos fazendeiros, a região foi colonizada a partir do início do século passado por colonos descendente de europeus, alemães, italianos e cabo- clos. O município de Ametista do Sul teve sua origem na década de 1940 por ser uma região de difícil acesso. Dada a superfície de seu território totalmente irregular, e na época ter toda essa superfície coberta por uma mata muito fechada, quase intransponível, serviu para vários criminosos, fugitivos se refugiarem ali. Aos poucos foram aparecendo as picadas no meio desta floresta, picadas que a ligariam a vários outros povoados, como Iraì, Planalto, Frederico Westphalen e Rodeio Bonito. Nesta época foram descobertas as pedras preciosas, e com elas começaram a chegar pessoas, garimpeiros, curiosos entre eles alguns alemães. Em meados de 1950 já se instalava um pequeno comércio com muitas famílias vindas das terras velhas, como se chamava a região de Caxias do Sul, para trabalhar a terra muito fértil. Hoje, o município de Ametista do Sul apresenta pequenas propriedades que se fragmentaram ao longo do tempo com uma agricultura de pequenos produtores nas áreas de mata com solos muito férteis, íngremes, com rochas e seus fragmentos. Poucas atividades além dos cultivos de sobrevivência, expandem-se em uma economia que depende, além dos produtos primários das propriedades (cereais, leite, mel, criação de pequenos animais, etc), da extração de pedras preciosas (ágatas e ametistas). A terra como um todo no município está distribuída em formas de relevo distintas. No geral, a dissecação erosiva natural formou os espigões rochosos (29,57 Km², 31,61 %), que são restos de platôs estreitos, íngremes e rochosos (neossolo litólico). Espigões degradados (5,89Km², 6,30%) que compreendem as pequenas superfícies elevadas nas extremidades dos espigões gastos pela erosão, próximas aos afluentes do rio Uruguai (luvissolo crômico). As serras (55,24 Km², 59,05%) são constituídas por superfícies íngremes, de relevo com aspecto muito rochoso, fortemente escarpadas, que se alternam entre restos de espigões rochosos elevados, em completa desagregação, e vales com terras quase planas ou aplaina- das nos platôs e fundos das ravinas, onde situam-se os drenos naturais. (2,84 Km², 3,04 %). Casa rural em Ametista do Sul. Foto: Vinícius Cantarelli Terres

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Page 1: Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS 106 ...€¦ · 2 Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS Introdução A desigualdade social é um problema que

Pelotas, RSDezembro, 2010

106

ISSN 1516-8832

Estudos de Solos do Município de Ametistado Sul, RS

AutoresNoel Gomes da Cunha

Eng. Agrôn., M.Sc., Pesquisador daEmbrapa Clima Temperado, Pelotas, RS

Ruy José da Costa SilveiraEng. Agrôn., D. Sc. Prof.UFPel-FAEM, Pelotas, RS,

[email protected] Koester

Geólogo, D.Sc. Prof.UFPel, Engenharia Geológica, Pelotas, RS

Leondres Duarte de OliveiraGeólogo, MSc. , Porto Alegre, RS,

[email protected]é Maria Filippini Alba

Bacharel em Química, D.Sc. GeociênciasEmbrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,

[email protected]ábia Amorim da CostaGeógr. M.Sc. Analista,

Embrapa Clima temperado, Pelotas, RS,fá[email protected]

Vinícius Cantarelli TerresBacharelando em Ecologia

UCPel/RS, bolsistaEmbrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,

viní[email protected] Thiel Lopes

Bacharelando em EcologiaUCPel/RS, bolsista

Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,[email protected]

Lá onde as cabeças loiras margeiam a estrada... Mendes Ribeiro.

ResumoA ocupação das terras do norte do Rio Grande do Sul pelos descendentes de europeus ecaboclos ocorreu com o grande avanço da pecuária pelos campos nativos do planalto. Noslimites do planalto, a região dissecada pelo rio Uruguai e seus afluentes era coberta por umafloresta densa. Sem muito interesse pelos fazendeiros, a região foi colonizada a partir doinício do século passado por colonos descendente de europeus, alemães, italianos e cabo-clos.

O município de Ametista do Sul teve sua origem na década de 1940 por ser uma região dedifícil acesso. Dada a superfície de seu território totalmente irregular, e na época ter todaessa superfície coberta por uma mata muito fechada, quase intransponível, serviu para várioscriminosos, fugitivos se refugiarem ali. Aos poucos foram aparecendo as picadas no meiodesta floresta, picadas que a ligariam a vários outros povoados, como Iraì, Planalto,Frederico Westphalen e Rodeio Bonito.

Nesta época foram descobertas as pedras preciosas, e com elas começaram a chegarpessoas, garimpeiros, curiosos entre eles alguns alemães. Em meados de 1950 já seinstalava um pequeno comércio com muitas famílias vindas das terras velhas, como sechamava a região de Caxias do Sul, para trabalhar a terra muito fértil.

Hoje, o município de Ametista do Sul apresenta pequenas propriedades que se fragmentaramao longo do tempo com uma agricultura de pequenos produtores nas áreas de mata comsolos muito férteis, íngremes, com rochas e seus fragmentos. Poucas atividades além doscultivos de sobrevivência, expandem-se em uma economia que depende, além dos produtosprimários das propriedades (cereais, leite, mel, criação de pequenos animais, etc), daextração de pedras preciosas (ágatas e ametistas).

A terra como um todo no município está distribuída em formas de relevo distintas. No geral,a dissecação erosiva natural formou os espigões rochosos (29,57 Km², 31,61 %), que sãorestos de platôs estreitos, íngremes e rochosos (neossolo litólico). Espigões degradados(5,89Km², 6,30%) que compreendem as pequenas superfícies elevadas nas extremidadesdos espigões gastos pela erosão, próximas aos afluentes do rio Uruguai (luvissolo crômico).As serras (55,24 Km², 59,05%) são constituídas por superfícies íngremes, de relevo comaspecto muito rochoso, fortemente escarpadas, que se alternam entre restos de espigõesrochosos elevados, em completa desagregação, e vales com terras quase planas ou aplaina-das nos platôs e fundos das ravinas, onde situam-se os drenos naturais. (2,84 Km², 3,04%).

Casa rural em Ametista do Sul. Foto: Vinícius Cantarelli Terres

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IntroduçãoA desigualdade social é um problema que se manifesta aolongo do tempo em todas as sociedades organizadas. Oato de crescer no sentido socioeconômico gera, à medidaque se propagam as diferenças extremas entre os que seapropriam dos bens e os que contemplam ou são afasta-dos dos sistemas produtivos.

Criar parâmetros que se ajustem aos extremos de cresci-mento, com divisões equitativas de riquezas físicas domeio rural, é a base das proposições dos governos.Entretanto, os sistemas ao longo do tempo têm se mostra-do ineficientes nesse controle entre os que muito acumu-lam e os que pouco possuem. São as falhas dos sistemaspolíticos vigentes de organização da sociedade rural.

Com objetivo de amenizar a baixa renda dos pequenosagricultores e as distorções do sistema produtivo rural,devido à distribuição e uso das terras íngremes e commata, que aconteceu no início do século passado (peque-nas áreas de terras – lotes – entregues a produtores ruraispobres), os agricultores e a sociedade estão pleiteandonovas tecnologias, próprias ao uso em uma agriculturamais tecnificada. Inicialmente, com estudos dos solos, osórgãos governamentais e segmentos organizados dasociedade procuram alternativas para dar uma novaperspectiva de uso da terra de forma menos degradante,mais produtiva e mais rentável nessas áreas com relevoíngreme, pertencentes a pequenos produtores.

Com as perspectivas promissoras do agronegócio de supriruma população que cresce desordenadamente, tem-seexpandido o objetivo de aumento da produtividade, àcusta do uso de insumos, muitas vezes em excesso, mastolerado pela sociedade. Isto tem generalizado, mesmo nouso em pequenas propriedades.

Com isso, a Embrapa, os órgãos governamentais e asentidades sociais que procuram alternativas mais econômi-cas para os pequenos produtores, estão desenvolvendoprojetos para o estabelecimento de ações que viabilizem aprodução não contaminada por aditivos químicos; portan-to, com maior valor no mercado.

Essas ações se darão em áreas socioeconômicas homogê-neas, de pequenas propriedades, denominadas “territóri-os”, onde possam ser evidenciadas carências comuns eque abram perspectivas de novas ações, as quais dinami-zem a conjuntura atual sem agravar os problemas erosivosprovocados, que têm sido frequentes nessas terras,consumindo grande parte da mata local, outrora densa.

A Embrapa, nesse contexto, propõe-se, entre outrasatividades, a caraterizar o município de Ametista do Sul emseus aspectos de recursos naturais relacionados aos solos,

geomorfologia, capacidade de uso e aptidão agrícola dasterras.

Na verdade a sociedade procura um conhecimento do usoda terra e sua relação com a vegetação. O caminho naturalda degradação, a história relata, dá-se com a ocupação daterra pelo homem dito civilizado. Inicialmente há uma“remoção” dos nativos, dos animais, da mata e posterior-mente há a degradação dos solos e poluição das águas.Conter essa parte final é um dos objetivos desse estudo desolos.

O município localiza-se na parte norte da bacia hidrográficado rio Uruguai no Rio Grande do Sul e que foi ocupadapor caboclos e italianos vindos da região de Caxias do Sule outros municípios.

Parte das terras íngremes desta região não eram aproveita-das pela pecuária da época, devido à sua mata, que hojeestá em extinção com a generalização da agricultura.

MetodologiaPara compor o uso das informações referentes ao planeja-mento do uso agrícola e o controle ambiental local doEstudo dos Solos de Municípios do Alto Uruguai, RS, queengloba 15 municípios em torno de FredericoWestephalen, estão sendo descritos os solos dos municí-pios individualizados.

No caso são descritas, em nível de reconhecimento,somente as unidades de relevo locais, onde o tempo e aerosão construíram morfologias diferenciadas próprias, masque se repetem alternadamente em toda região. Nessasunidades morfológicas os solos variam dentro deparâmetros determinados em sintonia com a rochabasáltica uniforme e comum a toda região.

Para elaboração do mapeamento dos solos, aptidãoagrícola das terras, capacidade de uso das terras e formasde relevo do município de Ametista do Sul, foram integra-das, cartas topográficas digitais na escala 1:50.000. comnomenclatura MI (Mapa Índice): 2884/2 (Itapiranga),2884/4 (Palmitinhos), 2885/1 (Iraí), 2885/2 (Palmitos),2885/3 (Frederico Westphalen), 2885/4 (Planalto), 2899/2 (Coronel Bicalho), 2900/1 (Jaboticaba), 2900/2(Liberato Salzano).

Após identificadas e delineadas as unidades demapeamento de solos nas cartas, foram digitalizadas asinformações. As unidades de relevo e solos foram inicial-mente desenhadas em cima da base cartográfica daPrimeira Divisão de levantamento, em escala 1:50.000,sendo digitalizadas considerando-se Hasenack e Weber

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(2010). A digitalização foi estruturada no softwareARCGIS, visando:

(a) a elaboração de um produto cartográfico adequado ecompatível com a escala que se propõe;

(b) o gerenciamento de informações espaciais e descritivas;

(c) subsídios para projetos de zoneamento e manejo.

Para a classificação taxonômica dos solos, foi usado oSistema Brasileiro de Classificação dos Solos, Santos et al.(2006), e o Sistema de Classificação Americano – SoilTaxonomy (USA, 1996).

As terras foram classificadas utilizando-se o sistemadenominado Capacidade de Uso das Terras (LEPSCH et al.,1983; ESTADOS UNIDOS, 1951), que se baseia nosfatores limitantes à sua utilização e a seu relacionamentocom a intensidade de uso. Este sistema foi elaborado,primordialmente, para atender ao planejamento de práticasde conservação do solo, prevendo oito classes de capaci-dade de uso, convencionadas pelos algarismos romanosde I a VIII. As classes I, II e III são próprias para culturasanuais, porém os riscos de degradação ou grau de limita-ção ao uso aumentam da classe I a III; a classe IV somentedeve ser utilizada ocasionalmente para culturas anuais,mesmo assim com sérios problemas de conservação. Asclasses V, VI e VII são inadequadas para culturas anuais,mas próprias para culturas permanentes (pastagem oureflorestamento), nas quais os problemas de conservaçãoaumentam da classe V a VII. A classe V é restrita a terrasplanas inundáveis, e a classe VIII é imprópria para qualquertipo de cultivo (anual, pastagem ou reflorestamento). Paradeterminar a capacidade de uso das terras, consideram-seos fatores que possam ser limitantes à produtividade dasculturas ao longo do tempo. Os fatores são identificadospela letra minúscula “e” (limitação por suscetibilidade àerosão), “s” (limitação relativa ao solo), “d” (limitaçãodevida ao excesso de água) e “c” (limitação climática). Ossímbolos gerais são considerados subclasses e têm porobjetivo evidenciar as principais limitações. No caso, nãose considera a subclasse clima como variável para aclassificação. Entretanto, a deficiência de água estádiretamente relacionada a este fator. As glebas de terras demesma classe e subclasse, principalmente quando necessi-tam de tratamentos diferenciados pela constituição dossolos, são denominadas de unidades de produção. Naverdade, essa classificação foi feita para dar condições àimplementação efetiva de sistemas de controle à erosãoque, no início do século passado, estavam destruindo ossolos na América do Norte. Aqui no Brasil, esse sistematem sido usado para fomentar uma ideia de potencialidadeagrícola das terras. Este conceito generalizado parecepróprio, pois à medida que a erosão acelerada passou a ser

quase debelada por práticas conservacionistas de plantiodireto, a diferença de risco imediato que distinguia umaclasse da outra, parece ter se tornado menor.

Assim sendo, cultivar a terra suscetível à erosão aceleradaé possível, mas o conjunto de dificuldades e os efeitosinerentes dos tratos culturais ainda são os mesmos;portanto, as diferenças e graus de dificuldades entreclasses ainda existem. Situar as diferenças e dificuldades ecorrigi-las dentro de uma ordem que efetivamente represen-te os fatores econômicos parece um caminho para umanova taxonomia.

Também está sendo usado o sistema de Aptidão Agrícoladas Terras (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995), que sediferencia do anterior, por procurar atender, emborasubjetivamente, a uma relação custo/benefício favorável.No caso, não foram considerados fatores econômicos.Atende-se a uma realidade compatível com a média daspossibilidades dos agricultores, numa tendência econômicaem longo prazo, sem perder de vista o nível tecnológicoadotado. O sistema consta de seis grupos de aptidãoagrícola de terras. São eles os grupos: 1, 2, 3 (cultivosanuais), 4 (pastagens cultivadas), 5 (pastagem natural esilvicultura) e 6 (inapto ao uso agrícola). Além disso, osistema considera três níveis de manejo: A (primitivo, semtecnologia), B (intermediário, com alguma tecnologia) e C(alto nível tecnológico). Para cada nível de manejo (A, Bou C), a aptidão da terra pode ser “boa” (representada pelaletra maiúscula do respectivo manejo), “regular” (letraminúscula), “restrita” (letra minúscula entre parênteses) e“inapta” (ausência de letras). Para determinar a aptidãoagrícola, consideram-se os seguintes fatores limitantes:fertilidade natural, excesso de água, falta de água,suscetibilidade à erosão e impedimentos à mecanização.Cada um destes fatores é avaliado quanto à intensidade ougrau da limitação, podendo ser nula (N), ligeira (L),moderada (M), forte (F) e muito forte (MF). O grau delimitação mais acentuado define a classe de aptidão emcada nível de manejo. A avaliação do grau de limitação ébaseada na experiência dos executores e em dadosregionais.

Os mapas anexados no final do texto indicam a descriçãogeral da área, solos (classificação taxonômica), formas derelevo, capacidade de uso da terra e aptidão agrícola dasterras.

Todos seguem prioritariamente a ordem proposta nasformas de relevo.

A sequência de atividades desenvolvidas foi:

a) fotointerpretação preliminar para delineamento desuperfícies homogêneas, sob o ponto de vista de tonalida-

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de fotográfica e relevo;

b) percurso da área para analisar a relação entre as superfí-cies homogêneas delineadas, material de origem, vegeta-ção, caraterísticas, distribuição dos solos e coleta de perfisde solos;

c) confecção da legenda preliminar com as formas derelevo das diferentes superfícies;

d) novo percurso da área, para certificar-se dos pontosonde havia dúvidas sobre a geologia e solos;

e) interpretação das análises químicas para caraterizaçãodas unidades;

f) classificação dos solos nos diferentes sistemastaxonômicos: Santos et al., (2006) e no sistemainterpretativo americano (USA, 1996);

g) confecção dos mapas e relatório descritivo.

As análises químicas necessárias, com exceção da determi-nação de carbono orgânico, foram realizadas de acordocom os métodos descritos no Manual de Métodos deAnálises de Solo Embrapa (BRASIL, 1979), considerando:

- pH em água e pH em KCl;

- Ca+² e Mg+², extraídos com KCl 1 M e determinados porespectrofotometria de absorção atômica;

-Na+ e K+, extraídos com HCl 0,05 M+H2SO4 0,025 Me determinados por fotometria de chama;

- P, extraído com HCl 0,05 M+H2SO4 0,025 M e determi-nado por espectrofotômetro;

- H+ + Al+3, extraídos com Ca(OAC)2 1 M pH 7,0,titulados com NaOH 0,0606 M, utilizando-se fenolftaleínacomo indicador;

- Al+3, extraído com KCl 1M, titulado com NaOH 0,025M, utilizando-se azul-bromotimol como indicador;

- A determinação do carbono orgânico no solo, descritapor Tedesco et al. (1985), é caraterizada pela oxidaçãocom dicromato de potássio (K2Cr2O7 1,25 M) em meioácido. A determinação do C orgânico envolve a conversãode todas as formas de C para o dióxido de carbono (CO2)por combustão úmida. O calor é obtido a partir da diluiçãodo ácido sulfúrico (H2SO4 concentrado) em águadeionizada, pelo aquecimento externo. A titulação é feitapor sulfato ferroso (FeSO4 0,25M). A cor da solução, no

início, varia de laranja-amarelado a verde-escuro, mudandopara cinza túrbido antes do ponto final de viragem e,então, muda abruptamente para um vermelho-tijolo, noponto final da titulação.

- Análise granulométrica determinada por dispersão emágua com agente químico (NaOH) e agitação mecânica dealta rotação, sedimentação e determinação de argila pelométodo da pipeta, com areia grossa e areia fina, separadaspor peneiramento, e silte calculado por diferença, nãosendo empregado pré-tratamento para eliminação damatéria orgânica. O teor de argila natural foi determinadoapenas com dispersão em água.

Quanto à espessura, os solos estão sendo considerados:muito rasos (0 – 25 cm), rasos (25 – 50 cm), poucorasos (50 – 75 cm), pouco profundos (75 – 100 cm) eprofundos (> 100 cm).

Os solos foram descritos conforme se inserem nas unida-des de formas de relevo, aqui diferenciadas nas fotosaéreas, mais especificamente por seus aspectos geológi-cos, padrões de drenagem, vegetação, etc.

Assume-se que os solos estão distribuídos neste contextocomo apenas mais um dos componentes. Além disso, asformas de relevo se relacionam intensivamente com o usoagrícola das terras, objetivo preponderante neste trabalho.Os perfis foram coletados em cortes de estradas. Asestradas municipais dão acesso a todas as propriedadesonde a constatação dos solos é feita sem restrições.

Na seção de resultados, a qualificação das caraterísticasdos solos é inserida nas descrições morfológicas dasunidades de relevo. São utilizadas terminologias semelhan-tes que comparam solos regionais com mapas do IBGE(1986) e Brasil, (1973).

Aspectos locaisA caraterização do município, no presente estudo, situa-sena região fisiográfica do Alto Uruguai, RS. A colonizaçãobásica agrícola de Ametista do Sul nesse amplo territóriopartiu dos municípios vizinhos.

Os municípios Iraí e Frederico Westphalen foram ospioneiros na região a se constituírem. Em 1940, refugia-dos e colonos vindos das regiões vizinhas foram ocupan-do as matas com suas roças.

Segundo Nora e Pigozzo (2007), a região, em geral, porseu aspecto desfavorável à criação de gado e área de matavirgem, foi pouco valorizada pelos grandes produtores,que a consideravam desqualificada. Por isso, essesgrandes proprietários venderam-na em pequenos lotes a

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colonos e pequenos agricultores com o objetivo decolonizar essas partes de mata.

A colonização da região partiu basicamente da divisãominifundiária, com algumas diferenças a nível municipal.Nos municípios que se emanciparam mais recentemente,houve uma divisão em lotes, mais organizada, que sugereuma intervenção governamental, mas, de uma forma geral,percebe-se que ocorreu uma organização territorial executa-da pela própria população ao decorrer do tempo.

O crescimento da região se deu graças à boa qualidade dasterras locais férteis para uma agricultura de pequenosprodutores. Outras atividades desempenhadas pelosminifúndiários, como a suinocultura e a produção de leite,destacaram-se nesse contexto, associadas a umdesmatamento intensivo para se estabelecerem roças emum relevo íngreme, com rochas e fragmentos. Entretanto amaior atividade do município é a extração de pedras semi-preciosas (ágata e ametista).

A história construída pelos órgãos oficiais é rica emdetalhes dessa ocupação, no seu aspecto da luta pelasobrevivência dos colonos para arrancar da terra fértil eíngreme o seu sustento e o seu progresso, porém silencio-sa em relação aos povos indígenas que as ocupavam. Háum silêncio histórico, onde eles hoje aparecem ocasional-mente nas estradas oferecendo os restos da sua cultura.Há um sentimento de culpa de saber na sociedade que oprogresso proposto não caminha com eles pela estrada.Estão nômades sem destino e sem ambições a seremalcançadas (Fig.1 e 2).

Fig 1: A terra prometida; sem deserto, calor e gelo. Com água

doce, solo fértil e.... cristais de rocha.

Fig 2: Uma ponte longe demais é um dos caminhos para

Ametista do Sul.

Fotos: Vinícius Cantarelli Terres

Aspectos da vegetaçãoA vegetação atual que cobre o município de Ametista doSul é praticamente toda constituída por uma sucessão deculturas regionais de inverno e verão (milho e poucosoutros cultivos). Praticamente, a terra tem uso contínuonas duas estações. Ou está cultivada ou está sendopreparada para novas culturas. O controle da nova vegeta-ção dita de invasoras de pequeno porte, que tenta serestabelecer, é feito por práticas de roçagem ou pastoreiointensivo utilizando animais disponíveis para leite e traçãode implementos agrícolas.

Para Rambo (1994), a vegetação do Planalto a partir domunicípio de Ijuí em direção ao norte começa com aintensificação da floresta. Inicialmente, com a ocorrência decampos esparsos entre “capões” de mata de composiçãosemelhante à floresta, o que acentua a hipótese de que amata estava progressivamente se estabelecendo nassavanas. Não se consideram os efeitos da presença dohomem e suas ações agrícolas passadas sobre o estabele-cimento dessas savanas.

Ocasionalmente, restam fragmentos isolados de uma matanativa exuberante, preservada apenas em pequenas áreas,nos fundos dos vales íngremes. Normalmente, a maiorparte das raras árvores nativas, de grande porte e de boaqualidade, são encontradas esparsas nos vales, onde osagricultores construíram suas casas em função da disponi-bilidade de água local. Além da sombra e dos contrastesaltimétricos, com as frutíferas introduzidas na região, estasespécies, atualmente pouco comuns, parecem ter, nestanova geração de agricultores, uma garantia de preservaçãomais pelas formas exuberantes do que pelo valor atual.

IBGE (1986) considera que, ainda no início do séculopassado, a área originalmente fazia parte da Floresta

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Estacional Decidual Submontana. Na verdade, em relação àfloresta, só resta a suspeita de que o antropismo, tantocausado pelos imigrantes como pelos índios locais, seja oresponsável pelos indícios iniciais de degradação dosistema florestal.

Atualmente, há o domínio de arbustos de espécies maisresistentes a esse intensivo desmatamento para se estabe-lecer áreas para culturas. Nos vales dos rios, IBGE (1986)considera que os restos da Floresta Estacional DecidualSubmontana sejam contínuos.

O intenso desmatamento da floresta se efetivou com o usoprogressivo das terras para a implementação de cultivos desubsistência, pastagens e serrarias. A ocupação agrícola epecuária progressiva, que foi intensa nos últimos anos,está adaptada principalmente às dificuldades impostas pelorelevo das terras. Atualmente, a quase totalidade das áreasé ocupada por culturas cíclicas. Entretanto, somente oParque Florestal Estadual do Turvo, no município vizinhode Derrubadas, preserva intacto o que restou da exuberan-te floresta, em uma área que cobre 50% do município.

IBGE (1986), analisando o contexto climático local,descreve que durante o ano há dois períodos térmicosdistintos: um, com temperatura média das médias diáriasuperior a 20 ºC, durante os meses de novembro, dezem-bro, janeiro e fevereiro (verão), e outro com temperaturamédia das médias diária inferior a 15 ºC, nos meses dejunho, julho e agosto (inverno). Não foram observadosperíodos de déficit hídrico. O mesmo órgão de pesquisadescreve a estrutura da Floresta Estacional DecidualSubmontana, ora representada por dois estratos arbóreosdistintos: um, emergente, aberto e decíduo, com alturavariando entre 25 e 30 metros, e outro, dominante econtínuo, com altura não superior a 20 metros, formadoprincipalmente por espécies perenifoliadas, além de umestrato de arvoretas. Comenta, ainda que a fisionomiadecidual desta floresta é determinada pelo estrato emergen-te, dominado por leguminosas caducifólias, onde sedestacam a grápia (Apuleia leiocarpa) e o angico(Parapiptadenia rigida). Acentua-se que há umadiversificada florística, com aspectos distintos, em funçãode pequenas variações ambientais determinadas porparâmetros litológicos, geomorfológicos, edáficos eclimáticos.

Descrevendo essa floresta, IBGE (1986) comenta que oselementos arbóreos que constituem o estrato emergente daFloresta Estacional Decidual são de origem tropical,apresentando, portanto, dois períodos fisiológicos distin-tos: um higrófito, de alta transpiração, quando com folhas;e outro xerófito, sem transpiração, quando sem folhas. Ocaráter de estacionamento, pelos efeitos do clima, paraesta região florestal, é determinado pelo período de baixas

temperaturas que, fisiologicamente, exerce sobre asplantas o mesmo efeito da seca.

Para o citado órgão de pesquisa, as variações nos gradien-tes ecológicos fundamentais permitiram a individualizaçãoda formação Submontana, limitada às condiçõesaltimétricas entre 30 e 400 metros. Esta formaçãoSubmontana ocupa formas de relevo que variam desuavemente ondulado a dissecado (superfícies muitorugosas).

De acordo com a mesma fonte, na sua estrutura, estaformação florestal carateriza-se localmente por apresentarum estrato arbóreo emergente, onde predominam grápia(Apuleia leiocarpa), angico (Parapiptadenia rigida), cabriúva(Myrocarpus frondosus), louro (Cordia trichotoma), cedro(Cedrela fissilis), canjerana (Cabralea canjerana), umbu(Phytolacca dioica) e canafístula (Peltophorum dubium); eoutro estrato dominado constituído por guajuvira(Patagonula americana), açoita-cavalo (Luehea divaricata),canela-preta (Nectandra megapotamica), batinga (Eugeniarostrifolia), canela-guaicá (Ocotea puberula), guatambú(Balfourodendron riedelianum) e mata-olho (Pachystromalongifolium); ainda um estrato de arvoretas formados porlaranjeira do mato (Actinostemon concolor), cincho(Sorocea bonplandii) e catinguá (Trichilia claussenii); alémda regeneração de espécies dos estratos superiores.

Nesses possíveis contatos desta floresta com a estepegramíneo lenhosa, IBGE (1986) cita como espécie domi-nante barba-de-bode (Aristida pallens).

Algumas espécies, como timbó (Ateleia glazioviana), aindaocorrem nas bordas das estradas e campos poucoscultivados. Além disso, nas áreas de drenagem, sãoencontradas em meio a capões, taquaruçu (Bambusa trinii),corticeira (Erythrina crista-galli) e algumas espécies dexaxim (Dicksonia sp.).

No início da primeira picada, construída pelos colonos narota para Erval Seco no fim do platô, onde os camposeram limitados pela mata, constatou-se que a taquaruçu(Bambusa trinii), grápia (Apuleia leiocarpa), canela-de-veado (Helietta apiculata), camboatá (Mataybaelaegnoides), canela-loura (Ocotea spixiana), açoita-cavalo(Luehea divaricata), cabriúva (Myrocarpus frondosus),canela-do-brejo (Machaerium glabrum), timbó (Ateleiaglazioviana) e rabo-de-bugio (Dalbergia frutescens)compõem o início do relevo áspero escarpado e rochosocom solos pedregosos e rasos, onde a mata era densa(Fig. 3 e 4).

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7Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

Fig 3: Aspectos da floresta nas áreas de serra onde o desmate

é inicial.

Fig 4: Aspectos da floresta onde a intensidade do desmate é

maior.

Fotos: Vinícius Cantarelli Terres

Aspectos geológicosA caraterização do embasamento geológico regional doplanalto tem sido, de certa forma, aceita de maneira muitogeneralizada como um domínio de basaltos. Entretanto, hánecessidade de uma diferenciação nestas variaçõesrochosas locais, pois a constituição dessas rochas vulcâni-cas semelhantes é muito diversificada nesses estratos(geralmente paralelos horizontais).

Conforme Holz (1999), até o período Jurássico, parte doRS era coberta por um deserto arenoso aplainado, proveni-ente de depósitos fluviais anteriores. O mesmo autoracentua que o planalto e a serra com seus quase milmetros de altitude, existem graças ao vulcanismo defissuras que está relacionado à fragmentação dosupercontinente Pangéia, que começou a ocorrer há 190milhões de anos. Estudos geomorfológicos mais precisosidentificam um intervalo da ordem de 10 milhões de anospara o evento da Bacia do Paraná, com idades entre 138 e

128 Ma (ROISENBERG e VIERO, 2000). Descrevendo oevento, Holz (1999) acentua que o vulcanismo produziulava em quantidade suficiente para cobrir praticamentetodo o deserto de areias que havia na região. Os primeirospulsos de lava eram fracos e duravam pouco tempo. Eramlimitados e geograficamente localizados em apenasalgumas áreas descontínuas. Logo o vento os recobriu deareia. Mas, com o passar do tempo, os pulsos vulcânicosficaram mais frequentes e fortes. A lava brotava emcorridas sucessivas, não deixando tempo para a areiaeólica cobrir a rocha formada. Assim, a paisagem doestado, que era uma planície arenosa e seca, foi novamen-te modificada, e o grande mar de areia desapareceu sobuma sequência muito espessa de rochas basálticas.Acentua-se ainda, que demoraria algumas centenas deanos para resfriar a planície e transformar o último vestígiode lava em basalto. A paisagem sul do Planalto Rio-Grandense se transformou em uma imensa área relativa-mente plana, totalmente constituída de basalto nu, semcobertura de solo nem vegetação. Com o decorrer dotempo, gradativamente os processos de erosão eintemperismo criaram uma camada de solo na superfícierochosa recém formada. Rios e lagos se instalaram nova-mente e transformaram o planalto.

Para o autor, ainda no Jurássico, após com o intensovulcanismo de fissuras, ou concomitante a ele que termi-nou com a existência do deserto, iniciou-se a fragmentaçãodo continente.

Segundo Leinz e Amaral (1975), as lavas vulcânicaspossuem velocidade de acordo com as formas, texturas eestruturas, que dependem da viscosidade. As quantidadese as condições topográficas também exercem influência noque diz respeito ao modelamento superficial do terreno.

As lavas viscosas, via de regra, são aquelas ricas emsílica, de composição química semelhante à das rochasgraníticas, e são denominadas lavas ácidas. Este tipo delava forma derrames curtos, espessos, raras vezesbifurcados, como consequência da alta viscosidade. Afrente e os flancos dos derrames são abruptos. Em casosde viscosidade muito elevada, não se derramam e, sim,formam-se cúpulas de represamento e até extrusões quasesólidas. Consolidam-se rapidamente e não há temposuficiente para a formação de cristais, que exigem aordenação e agrupamentos dos átomos. Forma-se, então,o vidro vulcânico, amorfo. A cor é preta, podendo, àsvezes, ser avermelhada ou leitosa. Este vidro vulcânico sedeve à difusão de bolhas microscópicas de gases, enquan-to que a cor vermelha é consequente da oxidação do ferro.Quando as condições de pressão e de viscosidade sãofavoráveis, há expansão dos gases contidos na lava.Forma-se uma verdadeira espuma que, ao se consolidar, dáorigem à pedra-pomes. Nos vidros, tais gases se encon-

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tram dissolvidos.

As lavas fluídas, por sua vez, são normalmente de consti-tuição básica, ou seja, são pobres em sílica, tendo acomposição química análoga à das rochas basálticas.Possuem grande mobilidade e, durante o derramamento,ajustam-se às irregularidades do terreno. Sendo grande odeclive, a corrida é fina e estreita. O mecanismo domovimento é análogo ao de um líquido. Ele é mais rápidono centro da corrente, diminuindo nas bordas. A consoli-dação se dá tanto pela irradiação térmica da lava para aatmosfera, como pela condução do substrato. A lavatorna-se coberta por uma crosta sólida, cujo aspecto semodifica constantemente, graças ao movimento doderrame. A superfície apresenta-se com aspectos variáveis,dependendo do grau de viscosidade e da quantidade degases contidos. Assim, o derrame pode tomar o aspectode lava em blocos ou lava em corda.

Na lava, em blocos, a superfície é áspera, fendilhada,resultando, no aspecto geral, em fragmentos agudos elascas. As vesículas de gases no seu interior são raras e,quando presentes, são grandes e de formas irregulares. Acor é frequentemente avermelhada, graças à oxidaçãoprovocada pelo ar que percola facilmente pelas fendas dalava. O resfriamento é relativamente rápido e a quantidadede gases é grande, sendo estes os fatores que determinamo tipo de lava. O escape dos gases ou a concentração emgrandes bolhas influem também no aspecto morfológicodeste tipo de lava. A frente constitui-se num amontoadode blocos em movimento. Esta frente é rica em pequenasvesículas resultantes da inclusão dos gases durante aconsolidação.

A lava em corda movimenta-se como uma massa pastosafluída, coberta por uma película consolidada, que seenruga pelo movimento, tomando a forma de cordasperpendiculares à direção do movimento.

Assim sendo, uma lava pode correr sobre um substrato,provocando pouco ou nenhum metamorfismo térmicocomo ocorreu onde o basalto se derramou sobre o arenito(Botucatu, Mesozóico) sem modificá-lo em grande escala(município de Manuel Viana). Tais derrames consecutivosdeterminaram espessuras consideráveis, de várias centenasde metros, em muitos lugares.

Para IBGE (1986), a formação Serra Geral que forma oPlanalto do RS constituiu-se numa sucessão de corridas delavas, de composição predominantemente básica, apresen-tando uma sequência superior identificada como umdomínio relativo de efusivas ácidas. Nas sequênciasbásicas inferiores, regionalmente, é possível a identificaçãode poucos níveis vulcânicos ácidos, que apresentampequenos volumes e restrita continuidade. Diques e corpos

concordantes de diabásio, encaixados em unidadesrochosas mais antigas, e relacionados às efusivas, ocorremocasionalmente na área.

Ainda para IBGE (1986), os drenos, tendo se extravasadodesde o Triássico Superior, desenvolveram-se de modosignificativo durante o Juracretáceo. No geral, considera-secomo agrupando uma espessa sequência de vulcanitos,eminentemente basálticos, podendo conter termos ácidosintercalados, que se tornam mais abundantes no topo dopacote. Estes vulcanitos, ou emissores de lava ácida, estãointimamente relacionados aos processos geodinâmicos queculminaram com a abertura do Atlântico Sul e aconsequente separação continental América do Sul África.Localmente, é nítida uma sequência de derrames deefusivas básicas, com pouca mudança na constituição.Observam-se as ocorrências superficiais esparsas, frequen-tes afloramentos e pequenas deposições de rochas nosvales íngremes e suas bordas, onde há espigões comrochosidade saliente na superfície. A forma do estabeleci-mento dos níveis de basalto, sobre a superfície do arenitoBotucatu e a espessura das camadas de rochas vulcânicas,tem um significado muito grande na constituição dasreservas de água subterrâneas.

IBGE (1986) relata que as camadas de basalto são maisespessas no norte e leste do estado, chegando a 1.000metros. Diminuem para oeste e sul, com espessura de 30a 50 metros em Santa Maria. Em poços perfurados emmunicípios mais ao sul da região Celeiro, tem sido encon-trado o aquífero a profundidades de 180 a 200 metros, noarenito Botucatu. Como regra geral, tais rochas, são poucofissuradas superficialmente, pelos processos de ajustes dascamadas, porque são de idades mais recentes, logo osajustes da crosta foram menos intensivos. As diáclases(fraturas) das rochas ocorrem normalmente nas camadasmais profundas, nas quais o peso dos blocos rochososconduz a ajustes que causam fraturas. Além disso, aextrusão de basalto de natureza alcalina em pequenasespessuras, condicionou um diaclasamento horizontalentre os diversos estratos. Assim sendo, as camadassuperficiais, pouco fraturadas, não são infiltradas pela águadas chuvas em níveis significativos, como ocorre com asrochas graníticas, que chegam à superfície já fissuradas.Localmente, poucos poços exploram águas nas reservas defissuras, com baixo aproveitamento em termos quantitati-vos. Em virtude disto, tais rochas não expõem vertentesnas encostas como os granitos da região sul do estado. Osgranitos expõem vertentes ao longo das encostas mode-lando a ocorrência e natureza da vegetação de acordo coma disponibilidade de umidade localizada. As rochasefusivas básicas somente são boas receptadoras de águaquando são porosas, pela ocorrência de vesículas nosderrames. Mesmo assim, a porosidade só é efetiva quandoas camadas são fendilhadas (diaclasadas), para a união dos

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9Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

macroporos se constituírem em vazios significativos dereservas de água.

Normalmente, em tais configurações rochosas horizontaissólidas, de textura pouco porosa, a água retida estáapenas nas camadas muito argilosas dos solos locais e semove nas encostas, quando há saturação dos horizontesinferiores, através da alta porosidade do material residual.Assim, as bacias depressivas arredondadas (côncavas),que se assemelham, em alguns casos, a pequenas veredas,produto inicial do processo erosivo nesta dissecaçãogradativa e uniforme das encostas, são muito uniformesem todos os aspectos e contêm poucas reservas de água,seguindo um modelo liso de encosta (ocorrem somentenas chapadas conservadas do planalto). Não há nascentesque possibilitem a mudança da vegetação, a não ser meraadaptação às variações e ao clima local (Fig. 5 e 6).

Solo e vegetação apresentam o mesmo modelofisiográfico, em função de uma disponibilidade maisconstante e uniforme de umidade ao longo dos anos.

Fig 5: Área de mineração nas encostas do espigão rochoso

(borda da serra).

Fig 6: Estratos de basalto diversificados nas encostas da serra.

Fotos: Vinícius Cantarelli Terres

Formas de relevoA geomorfologia expressa nos terrenos a constituiçãorochosa e a evolução com que as superfícies residuais erochosas se constituíram ao longo do tempo. Evidenciauma relação direta com os climas que atuaram e atuam aolongo desse modelamento superficial corrosivo, onde omaterial intemperizado (sedimentos) é depositado em áreasadjacentes mais baixas.

Os solos, como produtos das transformações dos resíduosdessas rochas ou da mistura de seus sedimentos, têm asua constituição relacionada diretamente a esses fatores,além dos climas que atuaram durante tempos determinadospara transformações desses resíduos, posições no relevopassado e atual que ocupam e processos bióticos atuantesdurante esses períodos de tempo integral (etapas).

Espigões rochosos (Pi)Esta unidade de relevo compreende as superfícies estreitas,longas e ásperas de nível superior. Estão isoladas eraramente segmentadas longitudinalmente. Constituem, notopo, um arcabouço de relevo com aspecto suave ondula-do a plano. São restos rochosos de antigo planalto em queos processos erosivos removeram intensamente, além dascamadas laterizadas superficiais do solo, quase todo ocomplexo rochoso lateral, deixando apenas um fileteelevado rochoso, muito longo, testemunha de um planaltoanterior. Secciona-se apenas longitudinalmente em sub-bacias hidrográficas muito semelhantes. A partir do iníciodo espigão estão sendo criados vales laterais profundosque buscam um nivelamento com o rio Uruguai.

Os espigões rochosos (Pi) constituem-se em segmentoselevados, perpendiculares aos drenos principais (rioUruguai e afluentes). Algumas cristas similares se estabele-cem como apêndices do eixo principal, com direçõesperpendiculares a afluentes do rio Uruguai. Os solosestabelecidos no topo do seu filete superficial são recen-tes. Não há latossolos nem nitossolos (solos antigos)como nas regiões vizinhas. Os solos que ocorreramposteriormente estão situados onde os resíduoscascalhentos e rochosos recentes das rochas estão menoserodidos.

Estes solos atuais, muito recentes, são constituídos eremovidos sem se tornarem profundos e evoluídosintegralmente em seus resíduos mineralógicos. A drenagemsuperficial, ao lado, construiu vales profundos eencravados, com ravinas de encostas verticais isolando,pouco a pouco, esses espigões antigos. São vales inicial-mente muito estreitos, verticalmente retilíneos e muitosemelhantes. Camadas estratificadas horizontais maisendurecidas de rochas vulcânicas, em alternância commaterial menos resistente, fizeram com que se constituís-

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sem formas de relevo que se removem sem se aplainarem.São predominantes na formação geral.

Como consequência desse modelamento erosivo constantee uniforme, as superfícies mais estreitas e com resíduosmais finos dos topos dos espigões, permanecem em seucontato com a chapada em pequenas dimensões que estãoaplainadas.

No geral, nesses topos planos, os solos são muito rasos epouco evoluídos, com muitas pedras sobre as rochas apoucos centímetros da superfície. As alternâncias rocho-sas, nesse estreito filete de topos planos superiores, dãouma conotação esquelética ao modelamento que hojeexpõe apenas pequenos restos antigos de resíduos finosentre cascalhos rochosos. Formam pequenas superfícieshomogêneas, onde se estabeleceram pequenas roças, quese tornaram antigas, pois não há espaço para prolongá-las.

Concomitante com o processo de remoção de um relevosuave ondulado de resíduos finos, criando-se uma superfí-cie plana, devido à deposição das rochas vulcânicas emestratos planos e paralelos, há o transporte, pela encosta,de camadas superficiais e laterais de resíduos antigos finosque, desagregados, misturam-se com novos cascalhos erochas alternadamente nas encostas dos vales menosinclinados. Nestes locais, há solos mais espessos, poucoprofundos, sem serem denominados litólicos (lépticos),como no geral. Como consequência, algumas caraterísticassão próprias de solos que conservam resíduos maisintemperizados, mas ainda responsáveis pela manutençãode atributos “chernozêmicos”, com cores poucoavermelhadas, mais hidratadas do que nos locais deorigem, como nas pequenas superfícies mais conservadas.

Os resultados analíticos permitem constatar que astendências gerais dos espigões são de predominarem soloscom saturação de bases muito alta, desde as camadas maissuperficiais. Isso ocorre também nas áreas de pequenassuperfícies com maiores espessuras de resíduos. Certamen-te se relacionam também com o maior poder de retenção

do complexo de troca dos resíduos da floresta anterior eda pouca intemperização das argilas. Este fator parececontrariar a drenagem interna vigente, em que a águapercolada, ao atingir a superfície do basalto, fluindo pelaparte inferior do solo em direção às bordas dos drenosnaturais, deveria empobrecer mais intensamente essascamadas internas.

Nesta unidade de relevo, desde o topo até a borda dasencostas laterais, são encontradas, predominantemente,variações de neossolos litólicos e regolíticos com grandesgrupos dos eutróficos e cambissolos háplicos taeutroférricos. Raros nitossolos vermelhos distroférricoslatossolicos são encontrados como restos de uma erosãopassada. (Tabela 1 e 2). No geral esses solos comcaraterísticas intermitentes muito próximas do Achernozêmico (horizonte “mollic”) descrito por Klamt(1969), e dos altos teores de cascalhos da parte inferior(horizonte C), são definidos nos subgrupos como fragmen-tários ou chernossólicos.

Estas terras comportariam alguns cultivos perenes específi-cos e silvicultura, em uma agricultura não tecnificada(classe VII-1se de capacidade de uso das terras). Asituação vigente, que tende a se perpetuar, é a de umaagricultura familiar já estabelecida, onde cultivos perenespouco a pouco poderão ser introduzidos, além doscultivos anuais necessários à sobrevivência das famílias.

No sistema de aptidão agrícola das terras, de RamalhoFilho e Beeck (1995), essas glebas seriam classificadascomo pertencentes ao grupo 2a(b), ou seja, “regular” parapequenos produtores por serem muito férteis (produzem,onde é possível cultivar, boas colheitas sem adiçãosuplementar de nutrientes) e, “restrita” a médios produto-res pelas dificuldades impostas ao uso em lavouras maisamplas (pedras, rochas e declives). No geral, essas terrasférteis não devem responder à adubação para as médiascolheitas de uma agricultura familiar. A água é o fatorlimitante dos cultivos de verão (Fig.7 a 13).

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11Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

Tabela 1. Informações do perfil do solo dos Espigões Rochosos(Pi).

a) Classificação: NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico latossólico; Soil Taxonomy: Rhodic Paleudult. b) Localização:coordenadas planas (UTM – Fuso 21) E= 283642 m – N= 6967307 m. c) Geologia regional: basalto. d) Material deorigem: basaltos máficos. e) Geomorfologia: chapadas. f) Situação do perfil: topo de chapada. g) Declividade: 0,5%. h)Erosão: nas bordas forte. i) Relevo: plano. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: 1%. m) Rochosidade:1%. n) Drenabilidade: excessivamente. o) Vegetação: capoira. p) Descrição do perfil:

(hz) (cm) (solo)

A 0 – 45

Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) seco; vermelho-escuro-acinzentado (10 R 3/4) úmido; franco-argiloso; blocos subangulares e grandes e pequenos, moderada; muito pegajoso, muito plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

Bt1 45 - 110 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco-argiloso; blocos subangulares grandes e pequenos, moderada; muito pegajoso, muito plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

Bt2 110 - 170 Bruno-avermelhado-escuro (10 YR 4/4) úmido e seco; franco-argiloso; blocos subangulares grandes e pequenos, moderada; muito pegajoso, muito plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

Bt3 170 - 210 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco-argiloso; blocos subangulares grandes e pequenos, moderada; muito pegajoso, muito plástico, muito friável, lig. duro.

Fatores Horizontes

A Bt1 Bt2 Bt3 Espessura (cm)

0 – 45 45 – 110 110 – 170 170 – 210

C. orgânico (g kg-1) 11,30 4,10 4,60 2,90 M. O. % 1,95 0,70 0,79 0,50 P (mg kg-1) 0,90 1,00 1,40 1,80 pH (H2O) - 5,27 5,04 5,00 5,01 pH (KCl) - 4,33 4,01 4,05 4,01 Ca (c molc kg-1) 5,65 1,60 1,44 1,53 Mg “ 1,94 0,38 0,24 0,35 K “ 0,09 0,02 0,03 0,03 Na “ 0,03 0,02 0,02 0,02 S “ 7,71 2,02 1,73 1,93 Al “ 0,38 4,25 4,63 7,09 H+Al “ 2,44 3,82 3,90 4,90 T “ 10,15 5,84 6,23 6,83 T(arg.) “ 21 8 9 15 V % 76 35 31 28 Sat. Al “ - - - - Fe (total) “ - - - - Calhaus (g kg-1) - - - - Cascalho “ - 21 9 81 Areia grossa “ 280 180 150 130 Areia fina “ 63 29 35 64 Silte “ 167 77 170 353 Argila “ 490 714 645 453 Argila natural “ 18 6 2 4 Agregação % 61 99 99 99 Silte/argila - 0,34 0,11 0,26 0,78 Textura * - C Cp C C * Texturas : Cp – muito argiloso; C – argila.

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12 Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

Tabela 2. Informações do perfil do solo dos Espigões Rochosos(Pi).

a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário; Soil Taxonomy: Rhodic Moliic Lithic Udarent. b) Localiza-ção: coordenadas planas (UTM – Fuso 21) E= 287263 m – N= 6970254 m. c) Geologia regional: basalto. d) Materialde origem: basaltos máficos. e) Geomorfologia: serras. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 5%. h) Erosão:forte. i) Relevo: forte ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: forte a moderada. l) Pedregosidade: 10%. m) Rochosidade:10%. n) Drenabilidade: excessivamente. o) Vegetação: mata nativa – capoeira. p) Descrição do perfil:

(hz) (cm) (solo)

A1 0 – 35 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) seco; vermelho-escuro-acinzentado (10 R 3/4) úmido; franco; blocos subangulares e pequenos, moderada; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

A2 37 - 75 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco; blocos subangulares e pequenos, moderada; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

C 75 – 150 Vermelho-acinzentado (10 R 4/4) úmido e seco; franco; granular pequena, moderada; muito plástico, muito pegajoso, muito friável, lig. duro.

Tabela 2. Informações do perfil Am-3

Fatores Horizontes

A A2 C Espessura (cm) 0 – 35 35 – 75 75 - 150 C. orgânico (g kg-1) 7,80 19,00 M. O. % 3,28 1,34 P (mg kg-1) 20,90 1,80 pH (H2O) - 6,21 6,67 pH (KCl) - 4,81 4,88 Ca (c molc kg-1) 16,14 7,07 Mg “ 3,16 6,44 K “ 0,11 0,06 Na “ 0,06 0,07 S “ 19,47 13,64 Al “ 0,05 0,06 H+Al “ 1,91 1,38 T “ 21,38 15,02 T(arg.) “ 178 129 V % 91 91 Sat. Al “ - - Fe (total) “ - - Calhaus (g kg-1) - - Cascalho “ - 260 Areia grossa “ 126 137 Areia fina “ 309 282 Silte “ 383 403 Argila “ 120 116 Argila natural “ 38 71 Agregação % 68 39 Silte/argila - 3,19 3,47 Textura * - SL SL * Texturas; LS – areia-franca.

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13Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

Fig 7: Espigões rochosos com solos litólicos na superfície

aplainada.

Fig 8: Restos isolados de “Inselbergs” no meio de um espigão

rochoso.

Fig 9: Sedimentos coluviais isolados em pequenas encosta,

formam solos poucos profundos (cambissolos).

Fig 10: Dois espigões rochosos paralelos. No mais distante,

restos da mata compõem o topo. No mais próximo, campo

sobre rochas.

Fig 11: Fim de um espigão rochoso e começo de sua degrada-

ção natural.

Fig 12: Borda de vale no lado dos espigões com culturas.

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14 Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

Fig 13: O começo do desmate não possui um determinado

local no relevo.

Espigões degradados (Pe)Esta unidade compreende as pequenas superfícies elevadasnas extremidades dos espigões gastos pela erosão,próximas aos afluentes mais caudalosos do rio Uruguai.Compunham o início dos antigos espigões principais.Algumas, conservadas, estão quase ao mesmo nível oupouco abaixo do nível superior do espigão principal.

Segmentam-se a partir do nível rochoso mais antigo (Pi).São as pontas finas, achatadas, mais baixas dos espigões(Pi) que, segmentadas e com rochas vulcânicas maisalcalinas (basaltos), aplainaram-se baixando de nívelaltimétrico e compondo superfícies menos ásperas ou atémesmo pouco convexas. Estão em um processo avançadoe contínuo de desagregação e decomposição. Muitas já sesegmentaram transversalmente, ao acaso, provenientes deespigões mais submetidos à erosão e estão mais aplaina-das (gastas). Outras estão, ainda em fase pós-inicial dedestruição, formando um relevo ondulado, em progressivodesgaste erosivo nas bordas dos restos do planalto.Alguns espigões fragmentados antigos já constituemsuperfícies aplainadas, isoladas do eixo inicial em nívelaltimétrico inferior, geralmente próximas dos afluentesantigos ou do rio Uruguai. O processo erosivo intensoatinge a partir dos topos dos segmentos, inicialmenteabaixando o nível e tornando a superfície estreita abauladacom a remoção dos resíduos, ou somente aplainando assuperfícies e consequentemente, formando nos toposremodelados solos isolados e localizados, recentes, maisprofundos e pouco rochosos. As bordas dos segmentosaplainados são curvas com os solos tornando-segradativamente mais profundos à medida que as encostasse tornam menos íngremes. No encontro do rio Uruguai,estes espigões, em grande parte, já estão com solosmodernos evoluídos (horizontes A, B e C).

Os solos rasos e as áreas rochosas ocorrem por exposiçãode rochas vulcânicas (geralmente dacitos e riodacitos) maisduras (mais ácidas). Estes espigões erodidos e segmenta-dos situam-se nos extremos dos que estão mais conserva-dos e unidos, compondo níveis altimétricos intermediários(abaixo dos 300 metros). Teoricamente, teriam seu inícionos topos desgastados, onde as camadas de basalto maisduras (silicosas) já teriam sido eliminadas pela erosão. Sãosuperfícies em desagregação que irão constituir os valesmais largos, menos íngremes e mais aplainados quando osdeclives se atenuarem, como é natural no rio Uruguai, àmedida que desce para o sul.

As superfícies mais recentes aplainadas comportam solospoucos profundos (um metro ou menos) com característi-cas de chernossolos argilúvicos órticos, muitas vezes semcumprirem as condições exatas de cores escuras para ohorizonte A chernozêmico. Algumas dessas superfíciesestão mais adequadas pelo uso atual aos luvissoloscrômicos órticos chernossólicos, já que as argilas possuemuma alta capacidade de troca. São próprias de superfíciespleistocênicas modeladas e conservadas em constanteaplainamento.

Onde os solos holocênicos são rasos e muito férteis, hásuperfícies transitórias contínuas somente em pequenasdistâncias (<100m). Nessas superfícies se constituemraramente solos profundos residuais que expõemcambissolos háplicos ta eutroférricos lépticos e luvissoloscrômicos órticos chernossólicos. Nesses solos, onde ointemperismo está sob uma hidrólise parcial, formam-seargilas, sem exporem o alumínio trocável e nem removeremsignificativamente as bases trocáveis, como geralmenteocorrem nas superfícies antigas.

Quanto ao uso agrícola, esses espigões aplainados sãocontraditórios. Há superfícies conservadas aplainadas(topo conservado), com encostas íngremes e outras lisas.Estão em um equilíbrio instável, não sendo favoráveis àcultivos anuais. Nessas condições há, atualmente, peque-nas lavouras, que devem ter uso com cultivos perenes nasbordas das encostas. Seriam solos próprios à cultivosesporádicos anuais com um intenso controle da erosãocomo se recomenda na classe VIse de capacidade de usodas terras. No sistema de aptidão agrícola das terras seriamdo grupo 1Ab, ou seja, “boa” para pequenos produtores,“regular” para médios produtores. Todas as terras, nogeral, são muito férteis, sendo que o fósforo deve serincorporado apenas para grandes colheitas. Para atividadesagrícolas comuns de uma agricultura familiar, os níveis denutrientes são satisfatórios. Estão sendo cultivadas há umséculo (Fig. 14 a 16).

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15Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

Fig 14: Espigões degradados com superfícies aplainadas e com

uso intensivo entre fragmentos da mata.

.

Fig 15: Encostas íngremes de serras com vales aplainados que

margeiam o rio da Várzea

Fig 16: Serras entre espigões que se degradam (aplainam-se).

Fotos: Vinícius Cantarelli Terres

Serras (Sr)As serras são constituídas por superfícies íngremes, derelevo com aspecto muito rochoso, fortemente escarpadas,

que se alternam entre restos de espigões rochosos eleva-dos, em completa desagregação, e vales estreitos(ravinas), com seus sulcos fortemente encravados. Assuperfícies íngremes depressivas são formadas porencostas na borda dos platôs, que se distanciam entre siinicialmente pelos processos erosivos. São ravinasprofundas que pouco a pouco se constituem em valesmuito íngremes, onde os processos de desgaste, pelamaior carga hidráulica da água em movimento, estão maisativos. Não há sedimentação coloidal significativa nosvales. Nas encostas em desagregação das rochas, há soloscoluviais, alguns pouco profundos e outros, a maior parte,muito rasos, formados por fragmentos das rochas vulcâni-cas moles, que se misturam nas bordas rochosas comcascalhos, calhaus, pedras e rochas mais endurecidas debasalto, andesitos e riodacitos, à medida que vão rolandopelas íngremes encostas.

Os declives são muito altos (>45%) e muito variáveis,podendo, poucos, formarem bordas mais aplainadas nosopé das encostas. São formas de relevo inclinadas erochosas que compõem a rede de drenagem próxima do rioUruguai, onde aumenta a carga hidráulica dos drenosnaturais. No geral, há poucas e estreitas superfíciesaplainadas no fundo dos vales que foram menos disseca-dos. Nessas ravinas os produtos finos (argilosos) dosprocessos erosivos acelerados são transitórios.

Devido às deposições de camadas de rochas vulcânicasserem estratificadas e com grau de dureza diferenciado,inicialmente os processos erosivos criam contrastes comodegraus na superfície da encosta, à medida que o vale estásendo aberto, separando espigões e rompendo o planalto.No geral, criam-se inicialmente encostas ásperas e rocho-sas, alternadas com outras poucas mais lisas à medida queos cortes vão envelhecendo com depósitos de sedimentos.Saltos bruscos nas corredeiras (lajeados) dos vales sãoefeitos das altas cargas hidráulicas alternadas.

A grande estratificação e fragilidade dos minerais dos veiosde basaltos distintos são parcialmente responsáveis peloforte processo erosivo. As camadas mais endurecidas dasrochas mais silicosas vitrificadas são mais duradouras nassuperfícies dos “lajeados”, formando pequenos saltos. Apartir da borda das encostas dos drenos naturais já háefetivação da construção de solos pouco intemperizados erasos. Os restos de estratos rochosos, com resíduos maisantigos, permanecem ao longo dos percursos dos vales,em uma tendência ao estabelecimento de áreas de depósi-tos cascalhentos (Tabela 3). Nesses locais, os valestendem a se alargar e o fluxo de água a perder sua força.

Quanto ao uso agrícola, essas terras são ocasionalmentecapazes de sustentar pequenos e alternados cultivosperenes, silvicultura ou cultivos de frutas individualizados

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16 Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

até mesmo tropicais devido às condições climáticas. Rarasatividades localizadas podem ser organizadas sem umapreparação prévia de contenção da erosão. Estão sendomuito erodidas pelas culturas anuais que mantêm osustento das famílias. Pertencem à classe VII-2 se dosistema de capacidade de uso das terras (Fig. 17 a 24).Devido à sua alta fertilidade, sustentam uma vegetação decapoeira muito vigorosa.

São terras classificadas como “restrita” para pequenosprodutores, pertencem ao grupo (3(a)(b)) devido à alta

fertilidade. Nelas torna-se possível ocasionalmente estabe-lecer “roças” e boas colheitas “caseiras” são produzidassem fertilizantes. No sistema de Ramalho Filho e Beek(1995), o uso com pastagens cultivadas ou cultivosperenes, localizados onde for possível, seriam a melhoropção. Sustentam atualmente uma agricultura familiar empequenas superfícies localizadas. Não há contenção eficazda erosão nessas terras, a menos que plantas perenessejam estabelecidas, ou sejam usadas as pedras locais emcercas paralelas de proteção a erosão, como é comumonde os declives são muito acentuados.

Tabela 3. Informações do perfil do solo da Serra(Sr). Ametista do Sul, RS, 2010-Am-1.

a) Classificação: NEOSSOLO LÍTICO ; Soil Taxonomy: Rhodic Udarent. b) Localização: coordenadas planas (UTM – Fuso21) E= 0283642 m – N= 6967307 m. c) Geologia regional: basalto. d) Material de origem: basaltos máficos. e)Geomorfologia: serras. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 25%. h) Erosão: não há. i) Relevo: forte ondula-do. j) Suscetibilidade à erosão: forte a moderada. l) Pedregosidade: 21%. m) Rochosidade: 21%. n) Drenabilidade: bemdrenado. o) Vegetação: capoeira. p) Descrição do perfil:

(hz) (cm) (solo)

A 0 – 26 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) seco; vermelho-escuro-acinzentado (10 R 3/4) úmido; franco-arenoso; granular pequena, moderada; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro; transição difusa.

AC 26 – 70 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) úmido e seco; franco-arenoso; granular, moderada; pegajoso, plástico, muito friável, lig. duro.

Tabela 3. Informações do perfil Am-1

Fatores Horizontes

A AC Espessura (cm) 0 – 26 26 – 70 C. orgânico (g kg-1) 6,70 5,70 M. O. % 1,16 0,99 P (mg kg-1) 14,0 1,90 pH (H2O) - 6,90 6,19 pH (KCl) - 5,50 5,51 Ca (c molc kg-1) 10,79 7,90 Mg “ 2,71 1,59 K “ 0,48 0,53 Na “ 0,04 0,04 S “ 14,02 10,06 Al “ 0,00 0,08 H+Al “ 1,50 1,66 T “ 15,52 11,72 T(arg.) “ 184 82 V % 90 86 Sat. Al “ - - Fe (total) “ - - Calhaus (g kg-1) - - Cascalho “ 1 - Areia grossa “ 220 124 Areia fina “ 313 330 Silte “ 446 528 Argila “ 84 143 Argila natural “ 21 18 Agregação % 75 87 Silte/argila - 5,31 3,69 Textura * - SL SiL * Texturas :; SiL – franco-siltoso; SL – franco-arenoso.

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17Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

Fig 17: Topo do espigão já desmatado. As lavouras começa-

ram pelos topos aplainados.

Fig 18: Fim do espigão, começo das lavouras com solos mais

profundos e menos suscetíveis à erosão.

Fig 19: Serra e vales aplainados. A mata dos vales é a

primeira a ser removida.

Fig 20: Serras com moradias nas encostas devido à melhor

condição de obtenção de água.

Fig 21: Serras e espigões rochosos em fase de desmatamento.

Fig 22: Serras que se aplainam. Desmata-se nas encostas.

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18 Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

Fig 23: Serras com baixos declives (encostas suaves).

Fig 24: Serras com ravinas que também são desmatadas.

Fotos: Vinícius Cantarelli Terres

Vales (Va)Os vales são as terras quase planas ou aplainadas dofundos das ravinas, onde situam-se os drenos naturais.Osmais antigos e de encostas suaves, servem como drenosnaturais nas chapadas.

Os vales modernos aplainados são mais amplos, situam-seem áreas sedimentares mais estáveis entre os espigõespróximos ao rio Uruguai e a seus afluentes. São vales àsvezes largos (50 a 60 m), com sedimentação fina eprofunda no planalto, cascalhentas entre espigões e poucoespessa próxima ao rio Uruguai. Esses sedimentos nosvales do planalto dissecado foram depositados pelosprocessos erosivos mais antigos do que os atuais, deixan-do bordas com baixos declives à medida que as chapadaseram corroídas. Estão situados entre as chapadas doplanalto, já parcialmente decompostas pela erosão de nívelsuperior. Podem ser detectados em dimensões suficientesamplas (<10 ha). São superfícies muito diferenciadas dosvales mais íngremes, que são mais estreitos e possuem

escarpas rochosas que se assemelham às serras. Asvariações de altitudes dos vales no planalto restante nasencostas e os cortes na base do relevo das chapadas nãoincidem a mais do que 100 m entre as máximas e míni-mas, no geral. Estão limitadas, no seu aprofundamentogradativo, pelo avanço da dissecação em direção aorestante do planalto.

Nos vales mais antigos, atingidos pela dissecação do rioUruguai, onde o gradiente hídraulico torna-se nulo oureduzido, algumas áreas formam um relevo quase plano nofundo desses vales mais largos, com solos muito profun-dos e as encostas com baixos declives (>20%). Entretan-to, os vales situados no início dos espigões, ou próximosaos rios afluentes e Uruguai, possuem partes planas deáreas sedimentares cascalhentas que pouco perdem essecaráter em alguns locais onde a rocha mais dura podeaflorar constantemente. Sedimentos coluviais alternadoscom cascalhos mais profundos cobrem as rochas nasencostas com menos declives (<10%). À medida que osvales se alargam, as encostas são cobertas por poucapedregosidade coluvial que está alternada com superfíciesde sedimentos finos. Os processos erosivos naturais deremoção são menores, as superfícies são estáveis e hásedimentação holocênica predominante na formação dossolos. Alguns solos nesses vales estão sendo expostoscom sedimentos locais pouco intemperizados e outrosconstruídos sobre sedimentos já intemperizados provenien-tes das encostas vizinhas. Embora a sedimentação sejaenriquecida de compostos ferruginosos oxídicos transpor-tados pelas águas dos lajeados ou sangas que descem dosvales ou encostas, já em aplainamento, a capacidade detroca desses solos é muito alta. São vales em que asbordas dos drenos naturais já estão lisas e as superfíciesapresentam curvaturas suaves, sem rochosidade expostana maior parte.

Todos esses vales largos de rios e lajeados, após oplanalto, estão em locais estáveis. São muito antigos, eestão estabilizados no clima atual. O processo de alarga-mento das encostas (pela destruição dos espigões) é umafunção direta do tempo sobre as outras variáveis que sãofavoráveis a essa condição de estabilidade desses vales.Seguem um comportamento semelhante na evolução dassuas formas em toda a região. Os principais agentes domodelamento dos processos erosivos é a própria constitui-ção geológica uniforme e o clima úmido. Mudanças naconstituição das camadas dos basaltos, principalmente asvariações de deposições básicas, parecem ter somentepequenas alternâncias na constituição dos vales. No geral,constituem-se superfícies lisas com pequenas deposiçõessedimentares e poucas áreas de remoção dos sedimentosnas cheias. O processo erosivo natural torna-se lento naformação das curvaturas das bordas dos vales. As superfí-cies lisas desmatadas atualmente não apresentam proces-

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sos erosivos provocados, criando deslizamentos dequalquer dimensão. A variação progressiva da cargahidráulica intensa, onde os vales são estreitos nas ravinasda serra, atua com maior vigor por tempo determinado.Poucas superfícies se estabilizaram nesses vales estreitos,entretanto a redução do fluxo de água pelo atrito, contribuiem parte na estabilidade dos sedimentos depositados nasembocaduras dos drenos nestes vales. Próximos aosafluentes principais, a sedimentação fina estabilizou-se,formando deposições mais significativas. Nessas superfíci-es, a umidade é mais conservada no solo nos períodossecos.

Na proximidade dos rios, no geral, são vales depressivosprofundos em virtude da grande diferenciação altimétricaentre o planalto no local (500m) e o vale do rio Uruguai.Inicialmente foram muito estreitos. As bordas curvilíneasque retêm sedimentos diferenciam os aplainados dosestreitos mais recentes. Nas encostas que margeiam osvales estreitos os cortes são quase retilíneos, com declivesmuito altos no encontro com o espigão no início dadrenagem natural. Atualmente, há pouca contenção desedimentos no fundo dos vales estreitos, à medida que oslajeados (pequenos riachos) se aproximam do rio Uruguai.São deposições recentes, muito aplainadas, que compor-tam uma agricultura diferenciada. A tendência natural detodo o processo erosivo é destruir as chapadas e aplainaros vales. Nesse processo destrutivo e construtivo, ameteorização das encostas não tem tempo suficiente parauniformizar todos os parâmetros, em termos das variaçõesquímicas e físicas dos solos, como houve em temposantigos nos solos do planalto. Cada perfil torna-se produtode adições ou remoções suplementares. Quanto ao usoagrícola, esses vales possuem as terras melhores paraatividades agrícolas; entretanto, são poucas em relação àárea total. As formas de uso geralmente estão direcionadasà cultivos anuais e de forragem para o gado de leite.

É nessas terras que os agricultores estabelecem a suamoradia e onde há água para as principais atividadesagrícolas e domésticas. São terras da classe IV se decapacidade de uso das terras e grupo 1AB(c) de aptidãoagrícola, ou seja, “boa” para pequenos produtores e“restrita” para uma agricultura desenvolvida, por apresen-tar pequenas glebas muito segmentadas e estreitas.

Formas de relevo e solosO município de Ametista do Sul, assim como os municípi-os vizinhos que compõem a microrregião, está situado naregião do Alto Uruguai sobre rochas efusivas básicasprovenientes de derrames de lava basáltica, compondo,inicialmente, um conjunto de vilarejos, onde a mata nativade uma floresta e o relevo escarpado dominante foram

preponderantes na sua organização social. Estes derramesintermitentes e sucessivos de rochas de natureza alcalinamáfica, supostamente constituíram, pela natureza fluida domagma, um imenso platô regional que evoluiu no tempo.

Os resíduos das rochas foram laterizados superficialmente,desde os períodos Cretáceo e Terciário, em sucessivoseventos climáticos. Ainda podem ser observados osefeitos dos climas passados nos resíduos das rochas quese constituíram em intensa meteorização, desagregação edecomposição, criando, na superfície, uma camada muitoespessa de natureza argilosa caulinítica-oxídica ferruginosavermelha, na qual a velocidade de remoção, pelos proces-sos erosivos naturais, foi menor do que a decomposiçãorochosa.

Localmente, após o estabelecimento do rio Uruguai, oprincipal dreno natural, houve progressivamente a criaçãode um gradiente hidráulico. Devido à fragilidade relativadas rochas efusivas básicas, o planalto sofreu, além daerosão laminar fraca, uma dissecação profunda, intensa eprogressiva na direção sul, que corroeu a sua borda. Hoje,além da erosão laminar acelerada na borda das chapadasrestantes,esse planalto decompõe-se e fragmenta-seconstituindo um relevo escarpado pela ação erosiva dosfluxos de água direcionados aos afluentes do rio Uruguai,principalmente pelos rios do Mel, Várzea e Guarita, quepossuem altos gradientes hidráulicos. A dissecação,inicialmente lenta, devido a alta permeabilidade do profun-do solo antigo, iniciou-se nas chapadas do planalto comleves depressões, que foram drenos das antigas chapadascom cotas máximas atuais de 500 metros.

Essas depressões que vão formar vales aumentam o efeitoerosivo natural na medida em que as sangas e riachos vãoacumulando maiores volumes de água, até chegarem ao rioUruguai. Deve-se considerar que no passado os gradienteshidráulicos foram maiores, já que as cotas do planaltorestante estão em torno dos 600 metros.

Nos climas anteriores ao período Quaternário, o planalto seajustou inicialmente a um sistema de drenos sem valasabertas, com baixos declives nas encostas. Talmodelamento de relevo local ainda se conservou empoucas nascentes das bacias hidrográficas do planalto.

Normalmente, verifica-se neste sistema que a água édrenada, inicialmente, desde os platôs ou chapadas, paraas pequenas e suaves depressões, que estão inseridasgradativamente no relevo (vales depressivos – Va). Estetransporte superficial, interno e lento da água, constituiu eremoveu gradativamente os latossolos antigos da superfí-cie e expôs ao longo de milhares de anos superfíciesmenos meteorizadas inferiores nesse processo erosivonatural moderado.

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Nessas novas superfícies que foram sendo expostas, como volume do solo ainda muito espesso e argiloso, porémmenos meteorizado pelo clima mais brando, constituíram-se superfícies com formações de horizontes transicionais,que muitas vezes possuem pequenos gradientes texturais.Essas superfícies transicionais de chapadas modernas daborda do planalto e sobre o início do espigão estão sendodestruídas progressivamente e intensamente, pelo maiorfluxo de água, desde os climas úmidos passados durante oQuaternário.

Nesse conjunto atual de borda do planalto, fortementedissecado em direção ao rio Uruguai, há localmente poucasformas de relevo antigas, já que as chapadas restantes seremodelaram de forma acelerada a partir do final doTerciário, em um relevo suave ondulado. Nesse período,provavelmente, estabeleceu-se uma nova drenagemregional, ainda em climas úmidos e quentes, em que umrelevo quebrado e áspero foi se tornando dominante. Asformas levemente onduladas que compunham o planalto,com suaves depressões de drenagem, tomaram formasque, embora gradativas, contrastam abruptamente com asuperfície restante. À medida que se intensificou o proces-so erosivo, criaram-se espigões rochosos esqueléticos eravinas, formando um relevo escarpado.

Localmente, na borda do processo erosivo transicional,poucas formas do planalto antigo se constituem, emboracorroídas pela erosão, em superfícies levemente remodela-das. A dissecação intensa, após a perda parcial do mantoargiloso, criou sucessivas formas de relevo que perdemgradativamente a sua caraterização plana anterior, massempre seguindo um modelo geral regressivo de chapadasresiduais (Pa), chapadas modernas (Po) e vales (Va) quequase abruptamente se transformam em um relevo escarpa-do progressivo com espigões rochosos (Pi), espigõesdegradados (Pe), serras (Sr) e vales (Va).

Em Ametista do Sul só existem restos de chapadas (Po) naborda do planalto. São unidades de relevo antecessorasdos espigões (Pi), onde se iniciaram as vias de drenagem.Estes ainda conservam grandes espessuras de solos emraros desses municípios (Tabela 4). No geral essaschapadas e esses solos já não são mais encontradas namaior parte dos municípios locais mais próximos do rioUruguai.

Com o tempo, nessa borda do planalto, inserem-sesucessivas, estreitas e pequenas quedas de água comcortes profundos, caraterizando um relevo escarpado, ondeas faces rochosas são dominantes. Formam-se espigões(Pi) sinuosos aparentemente arcabouços esqueléticos(paleo estruturas rochosas) muito resistentes, que regional-mente conservam os níveis altimétricos superiores poucoabaixo das chapadas.

Foram modelados por climas passados em superfícies quese desgastam até o encontro das rochas e estreitados apoucos metros de largura por duas ravinas laterais queavançam perpendicularmente para o interior das chapadas,cortando esses segmentos do planalto.

As encostas muito íngremes (praticamente verticais emalguns casos) e profundas (>100 m) das ravinas laterais,geralmente muito úmidas durante parte do ano, com águasde drenagem suficientemente erosivas para aprofundar osdrenos naturais nas rochas relativamente moles e removeros resíduos superficiais dos solos, estão cobertas por umavegetação da antiga floresta menos atingida pelodesmatamento atual. Pela persistência ainda dosarcabouços rochosos desses platôs, inicialmente cobertospor resíduos laterizados entre e sobre as superfíciesrochosas, nas regiões vizinhas, acredita-se que os proces-sos climáticos mais antigos tiveram pouca expressãoerosiva se comparados aos atuais.

A contenção do processo erosivo pela floresta foimarcante. As raras voçorocas naturais são administradaspela natureza (clima-mata-rocha-água) em um equilíbrioharmônico, onde, mesmo com o uso intenso da terra, osprocessos erosivos atuais ainda não criaram situaçõesinsustentáveis de conservação. Os “lajeados”, que sãodegraus nessas correntes erosivas, estabelecem-se sobuma cobertura vegetal que não expõe voçorocas.

Nas extremidades dos espigões, essas formas depressivasde vales estreitos no degrau inferior, com sedimentos nasbordas, voltam a se expandir. À medida que esses vales seaplainam e se alargam em direção ao rio Uruguai e afluen-tes, os espigões se desagregam nos seus extremos, juntoao rio Uruguai. Essa desagregação parcial dos espigões(Pi) constrói colinas abauladas pouco arredondadas,formando um relevo ondulado, onde os solos começam ase estabilizar e a constituir uma sequência de horizontesdistintos (Pe).

Esses solos constituídos nesse período holocênico,embora pouco profundos (< 1 m), são poucocascalhentos com superfícies homogêneas.

As argilas possuem alta capacidade de troca, emboraestejam associadas concomitantemente com poucosresíduos oxídicos próprios da decomposição dos basaltos.Geralmente são resíduos siltosos e medianamente argilososcom alta capacidade de retenção dos cátions de cálcio emagnésio, preponderantes no sistema organo-mineral.

As formas de drenagem depressivas dos vales que chegampróximas ao rio Uruguai tornam-se côncavas, com sulcospouco profundos, formas muito aplainadas e deposiçõesde cascalho e seixos. As superfícies úmidas, com a parte

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21Estudos de Solos do Município de Ametista do Sul, RS

superior muito argilosa e, inicialmente, com baixosdeclives, contêm significativamente a velocidade deescorrimento superficial. O processo de transporte daágua, freado parcialmente pela vegetação, raramente retémumidade significativa (hidromorfismo visível no solo)nesses finais de drenos. Entretanto, são as partes maisúmidas nas formas de relevo do local (não há banhados).

Nessas formas do relevo regional, os solos profundosantigos estão situados no resto do planalto. Os solosrasos, rochosos, pedregosos e férteis, estão nas formasmodernas de relevo.

Conforme Costa Lemos (BRASIL ,1973), esses solos dassuperfícies naturalmente erodidas, onde o relevo se tornaescarpado, seriam uma associação das unidades Ciríaco eCharrua. Essas unidades foram caraterizadas conforme osistema taxonômico usado na época como brunizémavermelhado e solos litólicos eutróficos. Somente nassuperfícies ainda aplainadas, na borda do planalto, restari-am resíduos intemperizados com latossolo roxo distrófico.Para Streck et al. (2008), atualizando Costa Lemos(BRASIL, 1973), esses solos das superfícies erodidas edissecadas seriam neossolo regolítico eutrófico,cambissolo háplico eutrófico e luvissolo háplico pálico. Asáreas integrais do platô restante do planalto estariam aindacobertas por latossolo vermelho alumínico férrico.

IBGE (1986) considera que os solos das partes dissecadasde espigões, vales e encostas seriam cambissoloseutróficos, ta gleicos, A chernozêmicos, de texturaargilosa, com glei pouco húmico eutrófico ta, A moderado,textura argilosa.

Sem a capa residual, o basalto se desagrega, criando solosrochosos, cascalhentos e pedregosos, sem uma ordemnatural que se repita a poucos metros. Devido ao aumentodo gradiente hidráulico local, criaram-se, quase quetotalmente, solos incipientes como os neossolos litólicos eregolíticos e cambissolos háplicos (horizontes A que nãocumprem as condições de chernozêmico nem de húmico)com transições difusas e espessas entre os horizontes A eC cascalhentos, nas unidades de relevo dissecadas emgeral.

Na drenagem local em que esse relevo escarpado seencontra atualmente, em sintonia com o clima, a poucaágua, que penetra no solo raso e muito permeável é retidana superfície. Há alta permeabilidade no solo, propiciandouma grande condição de percolação (cascalho no horizonteBiC e C). Os excessos de água rapidamente fluem para asravinas com profundas depressões, através das curtas emuito íngremes encostas. Esse sistema rápido de transpor-te de água possivelmente seja responsável pelo estabeleci-mento e modificações da espessura e cor dos horizontes

superficiais (A), nas regiões mais dissecadas e totalmenteexploradas com culturas ocasionais e pastagens. É de seesperar que o fluxo interno atualmente seja muito maior doque foi com a floresta. A agricultura atual, juntamente coma vegetação herbácea e de gramíneas em capoeiras poucoretém e consome essa água transitória. Nesse sistema emdesagregação permanente, aparentemente a água não semostra como elemento limitante no sistema solo-água-vegetação nativa.

Os solos se recompõem com seus produtos residuais, semque se possa determinar uma participação efetiva decamadas específicas de basalto que se alternam, não sendoconstatada participação de resíduos das chapadas. Naspartes naturalmente erodidas intensivamente (Pe, Pi e Sr)que se remontam até a construção de novos solos,aparentemente houve um processo rápido, na formação deum complexo de troca entre compostos orgânicos, muitosilte e de novas argilas com parcial envolvimento porcompostos ferrosos e ferruginosos. Essa nova conjunturade solos coluviais cascalhentos e siltosos (encostas efundo de vales), solos litólicos (topos de espigão que seconstroem e são erodidos) e solos residuais profundos desedimentos finos (fundo de vale) pouco canalizam umaevolução pedológica, além dos cambissolos no sistemamineral local existente (rochas basálticas). Entretanto, oestabelecimento de chernossolos e luvissolos ocorre emsuperfícies que foram e estão estáveis e com aplainamentosuficiente para conter a erosão natural progressiva. Mesmoassim, a ocorrência destes solos, quando presentes(ocasionais) é intermitente no relevo, que se desagrega porcamadas paralelas, ou seja, somente em espigões muitoaplainados (Pe), em alguns vales estáveis e em perfis quese aprofundam em rochas mais moles do que a capacidadede remoção do processo erosivo, é que estes solos podemocorrer.

No geral, raros argissolos podem ser encontrados, poisnão há superfícies estáveis antigas e úmidas nem transi-ções naturais com interferência de gradientes hidráulicos.Caso ocorram, são essencialmente férteis, pois, tendo altasaturação de bases, poucos seriam ácidos e apresentariamraramente teores de alumínio trocável, como é comum nossolos vizinhos parcialmente laterizados e mais antigos dechapadas em outras partes do platô. Os solos maiscaraterizados pelo gradiente textural situam-se essencial-mente muito próximos dos luvissolos crômicos.

Nessas formas de relevo em desagregação, os cambissolosháplicos e neossolos litólicos compõem as superfíciesmodernas locais. Os grandes grupos se estabelecem entreeutroférricos e eutróficos. Ainda não há parâmetrostaxonômicos específicos estabelecidos para apontarsubgrupos dominantes.

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Deve-se considerar que entre as ordens dos neossoloslitólicos e cambissolos háplicos, há uma ocorrênciaconcomitante com solos próprios de deposições coluviaisrecentes, que apresentam avanços dos fatores dointemperismo. Na taxonomia atual cabe encontrar, nogeral, uma denominação apropriada para os subgruposexpressarem a alta fertilidade superficial, baseada em parteem compostos orgânicos, sobre resíduos oxídicos e a altadisponibilidade temporal de bases trocáveis dos materiaismáficos abundantes.

Nos vales de espigões (ravinas), perfis predominantementerasos, situados em superfícies em desagregação, apresen-tam, em todos os horizontes, o caráter essencialmenteeutrófico, sobre um baixo grau de intemperização, na parteinferior. Alguns com teores de argilas no horizonte Csemelhantes ao horizonte A chernozêmico, foram denomi-nados de cambissolos háplicos. Talvez a subordem de“vermelho” devesse ser criada, já que “háplico” generalizamuito estes solos, de ocorrência pouco comum e diferenci-ada nas rochas basálticas. Provavelmente houve a suposi-ção, no estabelecimento da atual taxonomia, de que solos

com horizontes B incipientes (Bi) não acumulariam teoreselevados de óxidos de ferro não hidratados. Alguns perfismenos intemperizados de exposição em encostas maisrecentes são denominados de eutróficos chernossólicos ousaprolíticos, embora, nesse caso, a denominação maisapropriada devesse ser eutroférricos (Fig. 25 a 29).

Nos vales, a heterogeneidade de solos rasos é comum,com total ocorrência de solos muito férteis. Concomitantecom os cambissolos e neossolos litólicos e regolíticos,alguns perfis, em superfícies estáveis mais antigas,assemelham-se à unidade Ciríaco descrita por Costa Lemos(BRASIL, 1973) como brunizém avermelhado ouchernossolo argilúvico férrico típico e se apresentam maisdesenvolvidos (maior diferenciação textural entre oshorizontes A e B) (Tab. 4). Os solos mais rasos, encontra-dos nas bordas das encostas, pouco menosintemperizados, têm sido denominados de neossoloslitólicos eutróficos chernossólicos, que seriam transiçõesentre as unidades Ciríaco e Charrua conforme propõe CostaLemos (BRASIL ,1973).

Tabela 4. Relação das unidades de relevo com a taxonomia dos solos locais. F. relevo Solos % Solos (ordem a subgrupos) Área(Km²) %

Fig 25: LUVISSOLO CRÔMICO Órtico chernossólico em

espigões degradados.

Fig 26: Camadas de basalto alternadas que se fragmentam em

grânulos formando neossolo ou cambissolo inicialmente

Pi RLe 60 30 10

NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutroférrico léptico NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico latossólico

29,57 31,61

Pe TCo 40 40 20

LUVISSOLO CRÔMICO Órtico chernossólico CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutroférrico léptico NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico léptico

5,89 6,30

Sr RRe 40 40 20

NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico léptico NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutroférrico léptico

55,24 59,05

Va CUe 40 40 20

CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutróférrico léptico NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico léptico CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico saprolítico

2,84 3,04

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Fig 27: NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico latossólico em

superfícies raras em Ametista do Sul no topo de espigão que

foi pouco erodido.

Fig 28: NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico típico sobre camadas

de basalto que se fragmentam em grânulos grosseiros forman-

do estratos poucos profundos.

Fig 29: NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico lítico nas encostas

dos espigões rochosos mais conservadas (menores declives).

Foto: Vinícius Cantarelli Terres

Uso da terraA forma como a terra tem sido utilizada, ao longo dotempo, reflete o uso das gerações passadas. A pecuária, abásica sustentação econômica do passado do Rio Grandedo Sul, não deixou marcas nos solos, pois os cultivos quea acompanhavam eram insignificantes e destinados apenaspara a subsistência, pois a carne era praticamente oalimento básico. Nas terras do Alto Uruguai, as matasformavam uma cobertura densa, onde era preciso usar amadeira inicialmente e, após o estabelecimento de roças,criarem alguns animais. Os agricultores que compravam asterras não tinham a tradição da pecuária regional.

Conforme Esperança do Sul (2000), na década de 1950do século passado, após o período inicial de estabeleci-mento, os colonos começaram a ter excedentes na produ-ção agrícola familiar e o feijão foi o primeiro produtoagrícola comercializado. Potencialmente, outros cultivos deprodução familiar se seguiram. A suinocultura, a partir dosanos 60, direcionou o uso da terra para o cultivo domilho. Retirada do agronegócio regional por aspectoscomuns, como todas as atividades agrícolas que setornaram competitivas nos mercados econômicos (apareci-mento de doenças), praticamente ficou inativa. Entretanto,a soja bruscamente substituiu em grande parte as lavouras,com múltiplos cultivos onde fosse possível cultivá-la.

Hoje essa cultura está indefinida como negócio lucrativopelos entraves econômicos complexos da época atual.

A estrutura econômica e social local, que derrubou afloresta gradativamente para o estabelecimento de ummodelo de agricultura familiar e um uso diversificado daterra está marginalizada por produzir bens de baixosvalores. Nos seus arredores, a agricultura está sendointensivamente estruturada para o processo produtivomecanizado onde há chapadas.

A modificação do sistema anterior pela colonização, ouseja, a ocupação da terra em pequenas glebas, onde aagricultura diversificada é a fonte básica de subsistência,parece um sistema que trouxe poucos ganhos sociais. Apobreza no campo pode ser avaliada pelos problemasconsequentes do uso intensivo, ou seja, a erosão e adependência gradativa de insumos para o controle depragas e doenças e a saturação do pequeno espaço nomercado disponível a seus produtos.

A erosão local não está acompanhada muito de perto. Istoé devido à perda visível da fertilidade à medida que asglebas são degradadas, como é comum nas regiões quesofrem o abandono temporário.

No entanto, o controle quase efetivo do processo erosivo,por técnicas de plantio direto, trouxe uma tranquilidade

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aos agricultores e aos que buscavam soluções, ou seja, apesquisa aliada a um sistema de apoio de órgãos deextensão muito atuantes.

As técnicas agora em vigor, de certa forma, estão estabili-zando as atividades no campo, mesmo com uma degrada-ção física pouco aparente das terras. O aspecto que situouas lavouras de milho, soja e trigo até as áreas de alto risco,contribuíram para o aumento de produção, estando nolimite possível, pela expansão das áreas agrícolas.

O controle dos efeitos erosivos ainda vigentes, que é umabusca contínua da pesquisa, atualmente está muitorelacionado às coberturas vegetais nos intervalos entre asculturas produtivas de grãos.

O manejo com culturas de cobertura objetiva, além deservir de adições de resíduos orgânicos que subsidiam asculturas posteriores, recupera parte das estruturas eporosidade do solo e redução do adensamento dascamadas inferiores, através de sistemas radicularesprofundos (FONTANELI et al.,1997).

Entretanto, nesse município com relevos dissecados, cabeacentuar que ainda não desenvolveu-se uma metodologiade tratamentos para essas terras do planalto. Algumas sãotratadas como se todas fossem produtos de um estágio delaterização ou pré-laterização, processo no qual os solosperdem as bases e, acidificados, expõem elevada acidezcom teores tóxicos de alumínio trocável. No caso, cabeacentuar que isso só pode ocorrer nas chapadas antigas,portanto nas formas de relevo modernas como serras (Sr),vales (Va) e espigões (Pi e Pe), derivadas do basaltoalcalino regional, o uso de calcário tanto corretivo daacidez como componente da adubação torna-sedesnessário. Nas chapadas remodeladas locais dosmunicípios próximos ao rio Uruguai não se observa àocorrência de acidez suficiente para liberar alumínio tóxico.Além disto, os solos são muito ricos em cálcio emagnésio.

A agricultura do futuro nesta região íngreme não seprenderá somente à adição de produtos, como atualmenteestá ocorrendo.

A água deverá ter uso incrementado, sempre que disponí-vel, e sua relação com o solo deverá ser melhor estudada,já que a sua deficiência atual nas culturas de verão émarcante, com perdas anuais variáveis. A água doslageados será veículo de adição de nutrientes e produtosquímicos usados no dia-a-dia do campesino,consequentemente, fonte de contaminação do solo. Outrasassociações de plantas e manejo de culturas, em relação àsposições do relevo, certamente deverão ser analisadas para

novas espécies, quando as modificações da economia setornarem viáveis às culturas próprias à contenção doprocesso erosivo e ao uso transitório das glebas atuaisdegradadas.

Para quantificar as áreas agrícolas diferenciadas e ostratamentos para a manutenção em relação à capacidadeprodutiva, em locais de um Brasil já desenvolvido nosistema agrícola, a classificação de Capacidade de Uso dasTerras apresenta-se como um caminho para o uso posteri-or, e atua ainda mais como uma indicação dapotencialidade de onde e como as terras estão sendousadas, tanto na área do “Território” como nos municípi-os. Assim, constata-se que as variações dos graus delimitações propostas pela integração dos solos (deficiênciade fósforo em algumas áreas) com o

meio (suscetibilidade à erosão), o clima (deficiênciaocasional de água no verão), a espessura do solo e apossibilidade de usar máquinas agrícolas, predispõem asterras a serem situadas em uma ordem decrescente deutilidade agrícola.

Com o objetivo de caraterizar as terras, em municípiosonde há agricultores de distintas classes sociais e astecnologias empregadas na agricultura são, desde primári-as, às mais desenvolvidas, Ramalho Filho e Beek (1978)propuseram o sistema de Aptidão Agrícola das Terras quepode se situar neste contexto. Esse sistema taxonômicoconsidera o agricultor como um elemento componente,onde os seus meios e desenvolvimento agrícola sãoconsiderados.

Similar ao sistema anterior, os grupos propostos de terrase usuários visam qualificar as terras em função dasdeficiências ao uso agrícola. O peso da suscetibilidade àerosão, atenuado de certa forma, torna o sistema menosdiferenciado entre os grupos. Cabe acentuar que essesistema foi proposto, na metade do século passado, paraum Brasil predominantemente subdesenvolvido e comregiões muito diversificadas em termos de práticas agríco-las (Fig.30 a 36).

Neste caso, o sistema proposto prevê três usuários, comdistintos níveis de manejo (primitivo, pouco desenvolvidoe desenvolvido). Quando proposto para uma região muitodesenvolvida, no campo agrícola, como nos municípiosvizinhos de terras aplainadas, os mapas de uso das terraspraticamente se confundem com o sistema de Capacidadede Uso das Terras.

Com isso, as terras podem ser classificadas conforme a(Tabela 5). Cabe salientar que os modelos propostos declassificação não produzem “unidades de classes” essenci-

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almente equivalentes, o que pode levar a que ocorramerros ao se estabelecer equivalência entre unidades decapacidade de uso das terras em locais diferentes.

Tabela 5. Formas de relevo, limitações e classes de aptidão agrícola e capacidade de uso das terras.

Formas de relevo

Capacidade de uso e aptidão

agrícola Limitações

fert prof. -H2O +H2O erosão mec.

Classes

cap.uso apt.agric %

Espigões rochosos (Pi) L MF MF N L MF VII-1 se 2a(b) 31,61

Espigões degradados (Pe) N L / M M N M / F M / F VI se 1Ab 6,30

Serras (Sr) N L M N MF MF VII-2 se 3(a)(b) 59,05

Vales (Va) N N L L / M L L IV se 1AB(c) 3,04

N – nula; L – ligeira; M – moderada; F – forte; MF – muito forte.

Fig 30: Cultivos perenes que sobraram na encosta. As linhas

paralelas entre cultivos moderam a erosão.

Fig 31: Basalto preto com solos rochosos (neossolos litólicos).

Fig 32: Encostas íngremes de espigões rochosos que vão iniciar

a erodir onde há desmate.

Fig 33: Encontro dos vales com os espigões degradados.

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Fig 34: Cultivos nos espigões degradados que levam à erosão.

Não há paredes de contenção nesses declives.

Fig 35: Cultivo de videiras no espigão em aplainamento

Fig 36: cultivo de videiras no vale aplainado.

Foto: Vinícius Cantarelli Terres

ConclusõesO estudo de solos no município de Ametista do Sulsituado na região do Alto Uruguai, na parte norte doPlanalto RS, carateriza partes de um planalto, desenvolvidopor rochas basálticas de natureza alcalina. Estabelecidasem sucessivos estratos, através de fissuras que romperama superfície em períodos do Jurássico e Cretáceo eextravasaram em sucessivas camadas, hoje estão em fasefinal de dissecação pelos processos erosivos naturais.

Estes restos de planalto são constituídos em sequência porbordas de chapadas, serras (ravinas), espigões estreitos,elevados e degradados (600 m), e vales. (Fig.37)

As chapadas lisas do planalto antigo foram removidas,atualmente restos de chapadas são segmentadas parcial-mente por depressões. Nelas, os vales são estreitos econstituem um sistema de drenagem antigo e raso,margeando o início dos espigões. Na borda dos espigões,os processos erosivos no seu conjunto foram muitoatuantes, restando espigões estreitos, dissecados, serrascom cortes profundos ao redor de vales estreitos eprofundos. Essas formas muito dissecadas, no seuconjunto, formam um relevo forte ondulado a escarpado.Os vales entre as formas de relevo são profundos eextremamente semelhantes entre si. Na foz dos afluentesdo rio Uruguai, ou próximo, são aplainados e largos comdeposições sedimentares quaternárias.

A vegetação, outrora de mata, composta pela formaçãoFloresta Estacional Decidual Submontana, está praticamen-te extinta, e as terras foram divididas em pequenas glebasconstituindo lavouras familiares.

As terras estão cobertas por culturas sucessivas anuais deverão e inverno, com predominância de uma agriculturafamiliar. A vegetação nativa possui espécies ocasionaisapenas em algumas propriedades, nas bordas doslageados.

Os solos foram antes denominados litólicos por CostaLemos (BRASIL, 1973), e pouco mais detalhados porIBGE (1986), conforme se distribuíam no relevo. Comdados locais, constata-se que os intensivos processoserosivos naturais corroendo e, posteriormente, desagregan-do as superfícies constituíram solos rasos e muito férteisnas bordas dissecadas, nos espigões (neossolo litólicoeutrófico), em espigões degradados (luvissolo crômicoórtico), nas serras (neossolo litólico eutrófico) e nos vales(cambissolo flúvico ta eutrófico), associados a outrossolos semelhantes.

Quanto ao uso agrícola, o sistema de classificação (capaci-dade de uso das terras), que se propunha a uma ordenaçãodo controle da degradação das terras, na agricultura local

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já estabelecida, tem a finalidade apenas de caraterizar apotencialidade agrícola local das terras. Os vales (classeIV se) com maiores reservas de umidade no período deverão, além de comportarem as moradias dos agricultores,caraterizam terras muito férteis, que têm sido protegidasdos processos erosivos decorrentes do uso intensivo. Osespigões em fase de desagregação comportam pequenas

superfícies com solos muito férteis, que tem sido usadosintensamente. Estes comportam pastagens cultivadas oucultivos anuais ocasionais (classes IV se e VI se). As terrasmais íngremes (serras) e espigões com vales íngremes,embora muito férteis, devem ser usadas parcialmente coma fruticultura e a floresta ainda existente (classe VII se).

Fig 37: Secção transversal do relevo de municípios do Alto Uruguai, RS

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Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa Clima TemperadoEndereço: BR 392, Km 78, Caixa Postal 403 Pelotas, RS - CEP 96010-971Fone: (0xx53)3275-8100Fax: (0xx53) 3275-8221E-mail: www.cpact.embrapa.br [email protected] edição1a impressão (2010) 50 cópias

Presidente: Ariano Martins de Magalhães

Júnior

Secretária- Executiva: Joseane Mary Lopes

Garcia

Membros: Márcia Vizzotto, Ana Paula Schneid

Afonso, Giovani Theisen, Luis Antônio Suita de

Castro, Flávio Luiz Carpena Carvalho, Christiane

Rodrigues Congro Bertoldi, Regina das Graças

Vasconcelos dos Santos, Isabel Helena Vernetti

Azambuja, Beatriz Marti Emygdio.

Supervisor editorial: Antônio Luiz Oliveira HeberlêRevisão de texto: Bárbara Chevallier CosenzaEditoração eletrônica: Camila Peres (estagiária)

Comitê depublicações

Expediente

GOVERNOFEDERAL

Circular

Técnica, 106