estudos do semiárido

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Geografia Estudos do Semiárido Adriano Lima Troleis Ana Cláudia Ventura dos Santos

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Page 1: Estudos do Semiárido

Geografi a

Estudos do Semiárido

Adriano Lima TroleisAna Cláudia Ventura dos Santos

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Estudos do Semiárido

Page 4: Estudos do Semiárido
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Natal – RN, 2011

Geografi a

Adriano Lima TroleisAna Cláudia Ventura dos Santos

Estudos do Semiárido

2ª Edição

Page 6: Estudos do Semiárido

COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOSMarcos Aurélio Felipe

GESTÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAISLuciana Melo de LacerdaRosilene Alves de Paiva

PROJETO GRÁFICOIvana Lima

REVISÃO DE MATERIAISRevisão de Estrutura e LinguagemEugenio Tavares BorgesJanio Gustavo BarbosaJeremias Alves de AraújoJosé Correia Torres NetoKaline Sampaio de AraújoLuciane Almeida Mascarenhas de AndradeThalyta Mabel Nobre Barbosa

Revisão de Língua PortuguesaCamila Maria GomesCristinara Ferreira dos SantosEmanuelle Pereira de Lima DinizJanaina Tomaz CapistranoPriscila Xavier de MacedoRhena Raize Peixoto de Lima

Revisão das Normas da ABNTVerônica Pinheiro da Silva

EDITORAÇÃO DE MATERIAISCriação e edição de imagensAdauto HarleyAnderson Gomes do NascimentoAndrew Anderson Chagas CâmaraCarolina Costa de OliveiraDickson de Oliveira TavaresLeonardo dos Santos FeitozaRoberto Luiz Batista de LimaRommel Figueiredo

DiagramaçãoAna Paula ResendeCarolina Aires MayerDavi Jose di Giacomo KoshiyamaElizabeth da Silva FerreiraIvana LimaJosé Antonio Bezerra JuniorRafael Marques Garcia

Módulo matemáticoJoacy Guilherme de A. F. Filho

IMAGENS UTILIZADASAcervo da UFRNwww.depositphotos.comwww.morguefi le.comwww.sxc.huEncyclopædia Britannica, Inc.

FICHA TÉCNICA

Catalogação da publicação na fonte. Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva.

Governo FederalPresidenta da RepúblicaDilma Vana Rousseff

Vice-Presidente da RepúblicaMichel Miguel Elias Temer Lulia

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRNReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Vice-ReitoraMaria de Fátima Freire Melo Ximenes

Secretaria de Educação a Distância (SEDIS)

Secretária de Educação a DistânciaMaria Carmem Freire Diógenes Rêgo

Secretária Adjunta de Educação a DistânciaEugênia Maria Dantas

© Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – EDUFRN.Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa do Ministério da Educacão – MEC

Troleis, Adriano Lima.

Estudos do Semiárido / Adriano Lima Troleis e Ana Claudia Ventura dos Santos. – 2. ed. – Natal: EDUFRN, 2011.

168 p.: il.

ISBN 978-85-7273-869-9

Acompanha CD-ROM com as aulas interativas de 8 a 12.

Nas aulas 1, 3 e na aula interativa 8 houve colaboração de Marcelo e Silva Monte.

1. Geografi a - Semiárido. 2. Mundo. 3. Brasil. 4. Potiguar. 5. Desertos. I. Santos, Ana Claudia Ventura dos. II. Título.

CDU 911 T846e

Page 7: Estudos do Semiárido

Sumário

Apresentação Institucional 5

Aula 1 Conceitos e espacialização dos fenômenos associados aos Estudos do Semiárido 7

Aula 2 Geografando os espaços áridos e semiáridos do globo terrestre 29

Aula 3 Arenização: fenômeno natural e antrópico 55

Aula 4 A nova delimitação para o semiárido brasileiro 85

Aula 5 Semiárido brasileiro: adversidade ou diversidade? 109

Aula 6 Problemas ambientais do Nordeste: a desertifi cação como forma de análise 135

Aula 7 O semiárido potiguar 161

Aula 8 Desertos no mundo (interativa) 197

Aula 9 Navegando por diferentes espaços semiáridos (interativa) 197

Aula 10 Semiárido no Brasil e no Rio Grande do Norte (interativa) 197

Aula 11 A problemática da desertifi cação (interativa) 197

Aula 12 Arenização no sudoeste do Rio Grande do Sul (interativa) 197

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Apresentação Institucional

A Secretaria de Educação a Distância – SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no âmbito local, das Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação

a Distância – SEED, o Ministério da Educação – MEC e a Universidade Aberta do Brasil – UAB/CAPES. Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição: a primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico, sendo implementados cursos de licenciatura e pós-graduação lato e stricto sensu; a segunda volta-se para a Formação de Gestores Públicos, através da oferta de bacharelados e especializações em Administração Pública e Administração Pública Municipal.

Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD, a Sedis tem disponibilizado um conjunto de meios didáticos e pedagógicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que são elaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto gráfi co para atender às necessidades de um aluno que aprende a distância. O conteúdo é elaborado por profi ssionais qualifi cados e que têm experiência relevante na área, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material impresso é a referência primária para o aluno, sendo indicadas outras mídias, como videoaulas, livros, textos, fi lmes, videoconferências, materiais digitais e interativos e webconferências, que possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem.

Assim, a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram o desafi o de contribuir com a formação desse “capital” humano e incorporou a EaD como moda-lidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais seleto o acesso à graduação e à pós-graduação no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN está presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões, ofertando cursos de graduação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado, interiorizando e tornando o Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o conhecimento uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.

Nesse sentido, este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil.

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SEDIS/UFRN

5

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Conceitos e espacialização dos fenômenos relacionados aos Estudos do Semiárido

1Aula

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1

2

Aula 1 Estudos do Semiárido 9Aula 1 Estudos do Semiárido 9

ApresentaçãoOlá! Seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso curso! A presente disciplina foi organizada em duas etapas:

� a primeira etapa, buscará a articulação entre os conhecimentos construídos nas disciplinas já cursadas e os novos conteúdos trabalhados;

� a segunda que agregará os conhecimentos e possibilitará, através da interatividade, arti-cular e relacionar os conteúdos propostos nesta disciplina.

Pensamos a disciplina Estudos do Semiárido de maneira a proporcionar a você, caro aluno, mais uma possibilidade de desenvolver sua capacidade de associar conhecimento e problematizar a realidade geográfi ca, de áreas áridas e semiáridas do Brasil e de diferentes regiões do globo terrestre. Você verá que através dos conhecimentos agregados nas áreas de climatologia, biogeografi a, geologia, pedologia, organização do espaço, entre outras, é chegada a hora de articular tais aprendizados, buscando relações e aplicações dos fenômenos geográfi cos que refl etem a interconexão da dinâmica natural e social.

A presente aula tem por objetivo apresentar e promover algumas discussões a respeito de alguns conceitos geográfi cos que se relacionam com os estudos do semiárido. Também se propõe localizar espacialmente diferentes áreas no globo terrestre que estejam relacionadas aos conceitos estudados.

Bons estudos!

ObjetivosDefi nir alguns conceitos geográfi cos que se relacionam com os estudos do semiárido. Entre eles: tempo e clima, deserto, desertifi cação, desertização e arenização.

Localizar espacialmente algumas áreas de ocorrência dos fenômenos descritos no globo terrestre.

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Previsão do tempo para Natal-RN

Tempo no Momento

Temperatura: 28 C Pressão: 1010hPaIntensidade do Vento: 22 Km/hUmidade: 74%

Atualizado às 13:53h

Sexta-Feira, 01/10 nascer e pôr do sol:

veja mais dados:

05h06

manhã tarde noite

Sol com algumas nuvens. Não chove.

30 C 0mm0%

ESE16Km/h

81% 63%

23 C

17h15

Direção do Vento: ESECondição: Muitas nuvens

UR

>>

Aula 1 Estudos do Semiárido 11

Tempo é diferente de clima?Desde o início das civilizações, o ser humano vem utilizando os fenômenos meteoroló-

gicos para sobreviver. Isso porque o sol, a chuva, o vento e outros têm uma infl uência direta na produtividade agrícola, no modo de vestir, nas relações sociais e no modo de viver.

Atualmente, é muito comum utilizarmos as previsões meteorológicas na aviação civil e militar, na navegação, enfi m, as utilidades da previsão do tempo adquirem importância até na esfera esportiva, como no caso das corridas automobilísticas, entre outros.

Mas o que diferencia tempo de clima? Veja a Figura 1 a seguir, extraída do site Climatempo do dia 01/10/2010, e vamos tentar

compreender o conceito de tempo e diferenciá-lo de clima.

Figura 1 – Previsão do tempo

Fonte: <http://www.climatempo.com.br/previsao-do-tempo/cidade/334/natal-rn>. Acesso em: 23 dez. 2010.

De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais:

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Aula 1 Estudos do Semiárido12

Tempo é o conjunto de condições atmosféricas e fenômenos meteorológicos que afetam a biosfera e a superfície terrestre em um dado momento e local. Temperatura, chuva, vento, umidade do ar, pressão atmosférica, nebulosidade, etc., formam o conjunto de parâmetros do tempo (CPTEC, 2011, extraído da internet).

Porém, quando assistimos aos telejornais e eles apresentam as previsões do tempo de diversas localidades no Brasil, o termo tempo aparece associado a outros termos como: tempo bom, estável, instável etc. Mas o que seria isso afi nal? Veja algumas diferenças a seguir:

Tempo bom: essa é uma descrição subjetiva. São levadas em consideração as condições do tempo, como a presença de sol, temperatura em torno dos 22°C, pouco vento etc. É importante dizer que essas condições estão associadas ao período do ano e à localização geográfi ca de cada cidade.

Tempo estável: tempo bom; condições de céu claro ou parcialmente nublado.

Tempo instável: mau tempo; condições favoráveis para chuva e ou presença de fortes ventos.

Agora vamos ver se entendemos o conceito de tempo.De acordo com a Figura 1, as condições do tempo na cidade de Natal às 13h53min do

dia 1/10/2010 eram boas, porque o dia apresentou sol com algumas nuvens, nenhuma possi-bilidade de chuva, temperatura variando entre 23°C e 30°C, ventos fracos e moderada umidade relativa do ar. Pode-se concluir que o tempo nesse dia é BOM.

Utilizando o site <http://www.climatempo.com.br/previsao-do-tempo/cidade>, escolha uma cidade de seu interesse de outra região do País (Sul, Centro-Oeste ou Sudeste), analise e caracterize a previsão do tempo.

Use os espaços a seguir para descrever sua conclusão a respeito do que você encontrou.

Page 17: Estudos do Semiárido

Aula 1 Estudos do Semiárido 13

E o clima? “O clima constitui o estado médio e o comportamento estatístico das variá-veis de tempo (temperatura, chuva, vento, etc.) sobre um período, sufi cientemente, longo de uma localidade” (CPTEC, 2011, extraído da internet). Para a compreensão do comportamento atmosférico, é necessária uma longa série de dados meteorológicos e ambientais no decorrer de uma série histórica, que, segundo a Organização Mundial de Meteorologia (WMO), seria de 30 anos.

Porém, caros alunos, cabe também diferenciarmos clima árido de clima seco.

“Clima árido: condição climática de uma determinada região caracterizada pelo fato de que as taxas de evaporação e transpiração são maiores do que a taxa de precipitação” (CLIMA AGORA, 2011, extraído da Internet).

Clima seco: condição climática de uma determinada região, marcada pela au-sência ou baixo índice pluviométrico, por um período prolongado de tempo, que causa um desequilíbrio hidrológico na região.

Hoje, embora séries de dados de 30 anos sejam comuns, nota-se, que ao longo de amostras da série temporal, podem ocorrer variações do valor médio, indicando variabilidade climática. Parte dessas variações encontradas ao longo das dezenas de anos pode ser atri-buída a causas antropogênicas, como desmatamento, queimadas e o somatório de áreas de cultivo agrícola. Por exemplo, os primeiros anos do século XXI têm sido mais quentes que os encontrados anteriormente na segunda metade do século XX (IPCC, 1988).

A partir dessa temática foi criado em 1988, o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) pela Organização Meteoro-lógica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para fornecer informações científi cas, técnicas e socioeconômicas relevantes para o entendimento das mu-danças climáticas do globo terrestre, seus impactos potenciais nos diferentes continentes e opções de adaptação e mitigação das espécies que o habitam. É um órgão intergovernamental aberto para os países membros do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNU-MA) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) (WIKIPÉDIA, 2011a, extraído da internet).

No Brasil, o órgão responsável pela sistematização e publicação da Normal Climatológica, cujos dados agrupam a série temporal de 30 anos, é o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A normal atual corresponde à série de 1960-1990.

Dessa forma, clima e tempo se tratam de conceitos diferentes, porém complementares. Devemos, então, nos apropriar desses conceitos, para podermos mostrar aos nossos futuros alunos a diferença entre eles. Caso tenha dúvidas vá aos fóruns de discussão da disciplina ou vá ao site do CPTEC-INPE <http://www.cptec.inpe.br/>. Lá você encontrará uma vasta bibliografi a para aprofundar esses conceitos.

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2

1

Aula 1 Estudos do Semiárido14

Tabela 1 – Dados coletados de sua cidade

Nº de dias

Dias da semana

Temperatura do ar

Chuva Tipo de nuvem Nebulosidade Visibilidade VentoSensações pessoais

Outras observações

1 º

2 º

3 º

4 º

5 º

6 º

7 º

8 º

9 º

10º

Muito quente

Quente

Ameno

Frio

Muito frio

Ausente

Leve contínua

Pesada contínua

Com trovoadas

Em pancadas

Cirro

Estrato

Cúmulo

Cúmulo-nimbo

Céu claro

Céu parcialmente encoberto

Céu totalmente encoberto

Boa

Regular

Ruim

Calmaria

Fraco

Moderado

Forte

Muito forte

Tempo agradável

Tempo abafado

Raios

Geada

Granizo

A abordagem dos fenômenos naturais em Geografi a, na escola, ainda é meramente des-critiva, classifi catória e pouco cuidadosa. É preciso romper com essa barreira, com práticas que fujam da simples memorização, como por exemplo, a aproximação do conteúdo à realidade do aluno.

A Tabela 1 apresenta diferentes variáveis em relação ao tempo de um determina-do lugar durante 10 dias. Utilizando o site <http://www.climatempo.com.br/previ-sao-do-tempo/cidade>, os conhecimentos adquiridos em disciplinas anteriores do curso de Geografi a e as variáveis que compõem a tabela, acompanhe durante esse período de tempo as variações que ocorrerem em sua cidade e em uma cidade de seu interesse de qualquer local do mundo e marque na tabela.

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Aula 1 Estudos do Semiárido 15

Em seguida, classifi que e posteriormente compare, nos espaços abaixo, as caracterís-ticas médias do tempo em ambas as cidades nesse mesmo período.

a) Características das variações do tempo em sua cidade.

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Aula 1 Estudos do Semiárido16

b) Características das variações do tempo da cidade de seu interesse.

Tabela 2 – Dados coletados da cidade de seu interesse

Nº de dias

Dias da semana

Temperatura do ar

Chuva Tipo de nuvem Nebulosidade Visibilidade VentoSensações pessoais

Outras observações

1 º

2 º

3 º

4 º

5 º

6 º

7 º

8 º

9 º

10º

Muito quente

Quente

Ameno

Frio

Muito frio

Ausente

Leve contínua

Pesada contínua

Com trovoadas

Em pancadas

Cirro

Estrato

Cúmulo

Cúmulo-nimbo

Céu claro

Céu parcialmente encoberto

Céu totalmente encoberto

Boa

Regular

Ruim

Calmaria

Fraco

Moderado

Forte

Muito forte

Tempo agradável

Tempo abafado

Raios

Geada

Granizo

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Aula 1 Estudos do Semiárido 17

c) Compare as variações do tempo em ambas as cidades.

Analise o verso abaixo e extraia dele informações que podem defi nir as características climáticas.

“O sabiá do sertãofaz coisa que me comove:

passa três meses cantandoe sem cantar passa nove,como que se preparando,

pra só cantar quando chove!”

Biu Gomes

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1

Xerófi lasDiz respeito a tipos de

formação vegetal rasteira, arbustos espinhosos, qua-

se sem folhas e cactos.

Aula 1 Estudos do Semiárido18

Desertos, desertifi cação, desertização e arenização

Quando falamos em deserto, tratamos de uma região na qual as precipitações pluviais são quase sempre muito baixas, geralmente variando entre 100 mm e 500 mm anuais. Existem desertos em que a chuva não ocorre há dezenas de anos, como é o caso de algumas partes do Saara, no continente africano, e o deserto do Atacama no continente sul-americano.

A vegetação dos desertos geralmente é ausente ou escassa apresentando uma diver-sidade de espécies bem menor do que as existentes nas grandes fl orestas tropicais como a Amazônica, estudada por você na disciplina de Ecossistemas Brasileiros.

Apresentam como característica básica uma oscilação térmica ampla, em que durante o dia as temperaturas são mais quentes, e à noite ocorre uma queda signifi cativa, podendo variar de aproximadamente 45°C durante o dia a 20°C durante a noite em um período de 24 horas.

Segundo Conti (1997), a baixa precipitação ou sua ausência, a escassez de fl ora, a peque-na diversidade de fauna, a grande variação térmica e sua delimitação espacial indicam essas regiões como de clima árido. Nesses ambientes os solos são geralmente rasos, com defi ciência hídrica e apresentam uma alta concentração de sais. A cobertura vegetal escassa e espaçada, adaptada às condições naturais, caracteriza-se pelo predomínio de espécies xerófi las.

Dessa forma, o deserto apresenta um sistema natural adaptado a essas condições, com características, diversidade e limites espaciais defi nidos e diferentes entre si, como veremos nas aulas a seguir.

Observe o quadro e realize uma pesquisa completando as lacunas em branco, a fi m de descobrir algumas características de cada um dos desertos listados.

Deserto Superfície (km2)

CaracterísticasFísicas

(clima, relevo e hidrografi a)

Amplitude Térmica

Solo predominante

Fauna e fl ora predominantes

Saara

Arábia

Gobi

Kalahari

Mongólia

Namíbia

Atacama

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3

Oceano

Pacífico Oceano Índico

Oceano Glacial Antártico

Oceano Glacial Ártico

Oceano

PacíficoOceano

Atlântico

Aula 1 Estudos do Semiárido 19

Utilizando a Figura 2 a seguir, construa um mapa temático com a localização e as características dos desertos listados no item anterior.

Essa atividade é de fundamental importância você poderá, além de espacializar os de-sertos, estabelecer relações de semelhança e de diferenças entre eles. Para isso, utilize além dos dados coletados na pesquisa, seus conhecimentos adquiridos.

Escreva aqui as características dos desertos listados no quadro do item 1 da Atividade 3.

Figura 2 – Mapa-múndi

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Aula 1 Estudos do Semiárido20

Figura 3 – Desertifi cação

Fonte: <http://www.revistanordeste.com.br/wp-content/uploads/2010/04/PB1.jpg>. Acesso em: 23 dez. 2010.

A Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertifi cação (Unccd) apresentou um relatório sobre o Desenvolvimento Mundial em 2008, em Bonn, na Alemanha.O secretário-executivo do Unccd, Luc Gnacadja, alertou que o fornecimento de alimentos às populações é uma estratégia paliativa e que o problema da deser-tifi cação exige soluções de longo prazo.O encontro em Bonn serviu para defi nir diretrizes nas áreas de auxílio às po-pulações que enfrentam as consequências da desertifi cação, do aumento da produtividade em ecossistemas afetados pela degradação do solo e da imple-mentação de projetos em parceria com instituições nacionais e internacionais.O documento do Unccd alertou que a desertifi cação reduz a produção de ali-mentos e aumenta a emissão de gás carbônico, agravando o problema do aque-cimento global.

Combate à desertifi cação é prioridade, diz ONU

30/10/2008

Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertifi cação alerta que, até 2050, metade das áreas agrícolas cultiváveis no mundo poderão se tornar improdutivas devido à desertifi cação.

Desertifi caçãoAntes de discutirmos o conceito de desertifi cação, leia a notícia abaixo:

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4

Aula 1 Estudos do Semiárido 21

Como você pode perceber, a desertifi cação é tema de discussão internacional e vários órgãos estão preocupados com esse processo, principalmente por afetar a vida de milhares de pessoas, tanto diretamente quanto indiretamente, mas afi nal o que é desertifi cação? Exponha sua ideia de desertifi cação abaixo.

Um relatório do Banco Mundial em 2007 indicou que grande parte dos pe-quenos agricultores no mundo depende da agricultura para sua sobrevivência. Destacou ainda que as secas e a alta no preço dos alimentos têm colocado em risco a vida de milhões de pessoas em função da desnutrição, principalmente no continente africano.

Fonte: Relatório das Nações Unidas para combate à Desertifi cação (2008 modifi cado por TROLEIS; CLÁUDIA, 2010).

Conseguiu responder à questão? Em caso afi rmativo, ótimo. Sentiu-se com difi culdades? Não se preocupe.

Agora estudaremos um pouco mais a respeito da desertifi cação.

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Áreas transicionaisRefere-se às áreas de

transição entre um bioma e outro, apresentando características físicas

presentes nos dois biomas e com grande fragilidade à

degradação.

MicroclimaCorresponde às condições climáticas de uma superfí-

cie realmente pequena.

BaixaModeradaAltaMuito alta

SecoFria

Gelo / GlacialÚmido / não vulnerável

Vulnerabilidade Outras regiões Miller ProjeçãoEscala 1:100.000.000

Quilômetros

Vulnerabilidade à desertificação

N

LO

S

Aula 1 Estudos do Semiárido22

Segundo Conti (1989), a desertifi cação pode ser entendida, preliminarmente, como um conjunto de fenômenos que conduz determinadas áreas a se transformarem em desertos ou a eles se assemelharem. Pode, portanto, resultar de mudanças climáticas determinadas por causas naturais ou pela pressão das atividades humanas sobre ecossistemas frágeis, sendo, nesse caso, as periferias dos desertos (ou áreas transicionais) as de maior risco de degradação generalizada, em virtude de seu precário equilíbrio ambiental.

Dentre os fatores que provocam essas transformações, favorecendo o processo de de-sertifi cação, destaca-se a ação antrópica sobre o meio, resultante do uso inadequado do solo, o que tem ocasionado mudanças no microclima, notadamente, na redução de chuvas e no empobrecimento do solo (CONTI, 1989).

Segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertifi cação, esse fenômeno é “a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas”.

Veja a seguir o mapa da desertifi cação no mundo.

Figura 4 – Mapa mundial da desertifi cação

Fonte: <http://climatelab.org/@api/deki/fi les/644/=Desertifi cation_map.png>. Acesso em: 23 dez. 2010.

Como você pode observar, até no Brasil encontraremos áreas em avançado estágio de de-sertifi cação, mas esse assunto trataremos com mais profundidade em outra aula desta disciplina.

Page 27: Estudos do Semiárido

5

Aula 1 Estudos do Semiárido 23

DesertizaçãoOutro conceito que também merece refl exão, tendo em vista sua aparição quando se

discute o fenômeno da desertifi cação, é o conceito de desertização, sugerido por Rapp (1974). Pode ser entendido como as extensões de paisagens e formas tipicamente desérticas, de áreas que apresentaram uma dinâmica territorial de crescente abandono pela população habitante, reduzindo sua densidade demográfi ca. Sendo assim, a desertização seria um fenômeno de origem socioeconômica e a desertifi cação um processo também ambiental.

De acordo com o conceito trabalhado de desertização propõe-se que você escolha uma cidade do seu estado que possua essas características, tire fotos e a descreva.

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Oceano Atlântico

N

Quilometros

Uruguai

Argentina

ParaguaiSanta Catarina

Rio Grande do Sul

00n

00 60 120 180

1-2021-5051-100101-229

RS: 678Fonte: Andrades F , Clódis de O.; Suertegaray,Dirce.M.A.; Guasselli, Laurindo A.Elaboração: SEPLAG/ASTEC

Número de areais e de focosde arenização em 2005

Aula 1 Estudos do Semiárido24

ArenizaçãoArenização, ou formação de bancos de areia, é o processo de perda de cobertura vegetal

em solos arenosos, em regiões de clima úmido, com regime de chuvas constantes, como o sudoeste do Rio Grande do Sul.

Suertegaray (1994) trata esse tema relacionando-o ao comportamento antrópico. Tendo como área de estudo a região da Campanha Gaúcha/RS, a autora tratou especifi camente do surgimento de enormes areais e campos de dunas, parecidos com os desertos, provenientes de intensa atividade agrícola em região de arenito (Botucatu), o que acabou expondo a rocha matriz, sem que houvesse prejuízos ao regime pluviométrico local. A esse processo a autora denominou de arenização, e classifi cou o fenômeno de “retrabalhamento de depósitos are-níticos pouco ou nada consolidados e promove, nessas áreas, uma difi culdade de fi xação de vegetação devido à constante mobilidade dos sedimentos”. Apesar de esse ser um fenômeno natural, tem se intensifi cado pela ocupação e trabalho da terra de forma desordenada, pela sociedade local (SUETERGARAY, 2000).

Observe a área de ocorrência da arenização no Rio Grande do Sul.

Figura 5 – Áreas de ocorrência de arenização no Rio Grande do Sul

Fonte: Rio Grande do Sul (2002).

Page 29: Estudos do Semiárido

Resumo

Aula 1 Estudos do Semiárido 25

AutoavaliaçãoNesta aula, você refl etiu a respeito de conceitos importantes para o entendimento do

fenômeno semiárido. Visite o site do CPTEC-INPE <http://www.cptec.inpe.br/>.

Pesquise sobre o assunto e destaque alguns pontos importantes dos fenômenos descritos na aula e como eles são apresentados de maneira prática pelo Centro de Previsões de Tempo e Estudos Climáticos.

Nesta aula, foram apresentados alguns conceitos geográfi cos importantes que se relacionam com os estudos do semiárido. Assim, você pôde estudar suas defi nições, características, diferenças e espacialização no globo terrestre. Foram também propostas atividades referentes aos conceitos apresentados, com o objetivo de possibilitar uma refl exão sobre o entendimento do assunto, bem como apresentar possibilidades diversifi cadas de atividades para serem trabalhadas em aulas na educação básica. Nessa direção, você pôde compreender e desconstruir a ideia de uma homogeneidade conceitual a respeito dos fenômenos apresentados.

Page 30: Estudos do Semiárido

Aula 1 Estudos do Semiárido26

ReferênciasBRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. Projeto BRA 93/036: Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertifi cação nos países afetados por seca grave e/ou desertifi cação, particularmente na África. 1993. 78 p.

CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMÁTICOS – CPTEC. Glossário. Verbete: tempo. Disponível em: <http://www.cptec.inpe.br/glossario.shtml#c>. Acesso em: 17 jan. 2011.

CLIMA AGORA. Glossário meteorológico. Verbete clima árido. Disponível em: <http://www.climagora.com.br/inst/climagora_glossario.html>. Acesso em: 11 jan. 2011.

CONTI, J. B. As conseqüências de uma relação confl ituosa Homem x meio: desmatamento e desertifi cação. In: CONTI, J. B. A Geografi a Física e as relações sociedade/natureza no mundo tropical. USP. p. 19-22. São Paulo. 1997.

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RIO GRANDE DO SUL (Estado). Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul. 2. ed. Porto Alegre: SCP, 2002.

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TRILHAS e rumos. Dicas e roteiros. Disponível em: <http://www.trilhaserumos.com.br/dicas_dicasuso_ler.asp?IdDica=62>. Acesso em: 11 jan. 2011.

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Anotações

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Anotações

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Geografando os espaços áridos e semiáridos do globo terrestre

2Aula

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Apresentação

A presente aula irá abordar os principais tipos climáticos atuantes no globo terrestre, descrever suas características e relacionar suas variáveis com o intuito de que haja um entendimento destes e de suas problemáticas inerentes. No enredo da aula, você será

levado a refl etir sobre diferentes lugares, sendo que será dada ênfase aos espaços áridos e semiáridos.

O clima associado a outros elementos (substrato rochoso, relevo, solos, drenagem, fauna e fl ora etc.) poderá compor uma paisagem única e indissociável em determinada porção do espaço (BERTRAND, 1972, p. 2). Assim, é possível o homem planejar atividades no âmbito de cada espaço ocupado, seja ele na cidade ou no campo.

Para corroborar a afi rmativa anteriormente mencionada, Conti e Furlan (2001, p. 87) dizem que o clima “é um dos principais recursos naturais à disposição do homem e foi considerado matéria de interesse comum da humanidade por decisão da ONU em 1989. É um dos principais fatores responsáveis pela repartição dos animais e vegetais sobre o globo.”

Na Aula 6 – Sistemas sinóticos e classifi cação climática de Geografi a Física II, você es-tudou a classifi cação climática de Köppen, que é o sistema de classifi cação global dos tipos climáticos mais utilizado em Geografi a, Climatologia e Ecologia. Nela, você viu também os tipos e subtipos climáticos do globo terrestre. Agora, você verá os fatores que infl uenciam o clima e os principais tipos climáticos do mundo, com ênfase nos espaços áridos e semiáridos.

ObjetivosEntender os fatores que condicionam as variáveis climáti-cas, gerando como resultado os diversos climas da Terra.

Identifi car, caracterizar e analisar os tipos climáticos das principais regiões áridas e semiáridas do globo terrestre.

Problematizar os espaços áridos e semiáridos.

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Os fatores que condicionam as variáveis climáticas

Digamos que você entrará de férias e pretende fazer uma viagem de 15 dias à Bolívia. In-clui em seu roteiro, dentre outros pontos de visitação, o Lago Titicaca, com 3.821m de altitude, e fará um pouco de esqui em Chacaltaya, com 5.421m de altitude. Nessas duas

regiões, além da altitude elevada, as temperaturas são baixas. Considerando que a região em que você vive (Nordeste do Brasil) possui altitudes baixas que variam entre 200 m e 1000 m, e temperaturas que variam aproximadamente entre 19ºC e 32ºC, você terá que melhorar seu con-dicionamento físico, adaptando-se às condições climáticas daquele local para realizar tal viagem.

Ao chegar à Bolívia você conhecerá bolivianos e no fi nal de suas férias os convidará para vir ao Brasil, mais precisamente para Natal/RN. Esse grupo de pessoas sentirá, também, os efeitos da baixa altitude e da temperatura mais elevada.

Após esse período na Bolívia, continuando suas férias, você voltará para Natal/RN – que se localiza aproximadamente a 5º S (baixa latitude) e visitará parentes em Porto Alegre/RS – que se localiza aproximadamente a 30º S (média latitude). No Sul do Brasil, você já sabe que enfrentará temperaturas mais baixas, podendo variar entre 9ºC e 31ºC.

Com esse passeio, podemos constatar que as variáveis meteorológicas e climáticas, estudadas em Geografi a Física II, Aula 3 – Variáveis meteorológicas, sofrem a infl uência de variantes denominados de fatores climáticos. Nos exemplos colocados anteriormente, a va-riável modifi cada é a temperatura e os fatores responsáveis pela modifi cação são a altitude e a latitude. Entretanto, a pressão atmosférica, as precipitações, as massas de ar etc. sofrem mudanças em decorrência dos fatores como latitude, altitude, maritimidade, continentalidade, correntes marinhas, entre outros.

Vejamos agora como alguns desses fatores modifi cam as variáveis meteorológicas que caracterizam o clima de uma região.

Latitude É a distância do Equador a um ponto situado na superfície terrestre. Quanto mais nos

afastarmos do Equador, isto é, quanto maior a latitude, menor a temperatura. Sabemos que a Terra é iluminada pelos raios solares com diferentes inclinações e que o movimento de translação da Terra faz com que a incidência desses raios solares assuma singularidades no Hemisfério Norte e no Sul.

Assim, quando os raios-de-sol incidem num ângulo reto sobre a Terra, numa determinada área, as temperaturas são muito altas. À medida que aumentamos a latitude, os raios solares incidem obliquamente e a quantidade de energia recebida é menor.

Desse modo, o afastamento do Equador, tanto ao Norte quanto ao Sul, expresssa uma menor exposição diária ao sol, que dependendo da época do ano, irá revelar dias maiores ou menores.

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Amplitude térmicaDesigna a diferença entre a temperatura máxima e

a temperatura mínima re-gistada num determinado período de tempo. http://

pt.wikipedia.org/wiki/Amplitude_t%C3%A9rmica.

Acesso em 21/11/10.

Calor específi co da água

É a quantidade de calor necessária para elevar em 1ºC à temperatura de 1g de uma substância. Guia

de Atividades Práticas sobre o Ambiente Marinho.

Tema 6. Entre no clima. <http://www.aoceano.org.

br/ono/material/Tema_6.pdf>. Acesso em

21 nov. 2010.

Aula 2 Estudos do Semiárido34

As amplitudes térmicas aumentam com a latitude, sofrendo pouca oscilação na linha do Equador. Já a pressão atmosférica nas baixas latitudes é menor, posto que o ar se dilata e fi ca mais leve. Nas latitudes maiores, cujo ar é mais denso, a pressão é maior.

Para melhor entendimento do movimento de translação e incidência de raios solares em determinado ponto da Terra, visite o site http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atla-sescolar/apresentacoes/universo.swf e entenda, também, o solstício e o equinócio.

Altitude Outro fator que condiciona as variáveis climáticas é a altitude. Ela é entendida como a

distância entre o nível médio das águas do mar ao ponto da superfície terrestre na vertical. Na faixa entre 0 km e 12 km, aproximadamente, quanto maior for a altitude, menor será a temperatura, sendo que ela diminui cerca de 1ºC em cada 150m que se eleva. Isso ocorre porque o ar se torna rarefeito, e sua concentração é menor, o que reduz a retenção de calor nas camadas mais elevadas da atmosfera.

No que se refere à pressão atmosférica, esta é maior em lugares situados mais próximos do nível do mar, em decorrência do maior volume de ar sobre a superfície terrestre.

Continentalidade e maritimidade Outros dois fatores que condicionam as variáveis climáticas são a continentalidade e a

maritimidade. Ambos são extremamente importantes para regular a temperatura e a precipi-tação nas áreas litorâneas. No interior dos oceanos, o fator que predomina é a maritimidade, já no interior dos continentes o fator que predomina é a continentalidade. Diante desse fato, Thamago (2010) explica:

A proximidade de grandes quantidades de água (mares e oceanos) exerce infl uência na temperatura. A água demora a se aquecer, devido ao seu calor específi co, enquanto os continentes se aquecem rapidamente. Por outro lado, ao contrário dos continentes, a água demora irradiar a energia absorvida. Por isso, o hemisfério Norte tem invernos mais rigorosos e verões mais quentes, devido a quantidade de terras emersas ser maior, ou seja, sofre infl uência da continentalidade (THAMAGO, 2010, extraído da internet).

Já as àreas litorâneas não apresentam amplitudes térmicas signifi cativas, sofrem infl uência dos ventos marinhos úmidos, e apresentam precipitações bem distribuídas ao longo do ano. Já no interior do continente, o aquecimento das rochas e o resfriamento rápido promovem amplitudes térmicas mais elevadas e as precipitações tendem a diminuir, pois os ventos tendem a perder umidade à medida que penetram no interior dos continentes.

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Continentalidade Maritimidade

Áreas Mais

Quentes

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Figura 1 – Continentalidade e maritimidade

Adaptado de: <http://dorareviewschool.pbworks.com/w/page/18104182/Maritimidade-e-Continentalidade>. Acesso em: 18 dez. 2010.

Correntes Marítimas

São massas de água que circulam pelo oceano. Têm suas próprias condições de tempe-ratura e pressão. Têm grande infl uência no clima. As correntes quentes do Brasil deter-minam muita umidade, pois a elas estão associadas massas de ar quente e úmida que provocam grande quantidade de chuva no litoral (CLIMA..., 2009, extraído da internet).

Um bom exemplo de correntes quentes que amenizam oclima da Europa Ociedental é a corrente do Golgfo. Outro bom exemplo de infl uência a ser destacado são correntes frias, como a de Benguela e Humboldt, são responsáveis por infl uenciar regiões desérticas, pois as águas frias proporcionam menor umidade para a atmosfera.

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Complementando o conhecimentoVisite o site da revista Superinteressante <http://super.abril.com.br/superarqui-vo/2000/conteudo_113007.shtml> e leia a matéria “A Europa vai entrar numa fria”, de janeiro de 2000.

Organize um roteiro de viagem do continente em que você vive até outro continente de sua preferência e destaque quais fatores climáticos devem ser levados em consideração. Sugere-se que você passe por praias, regiões elevadas, áreas áridas e/ou desertos.

Utilize o espaço a seguir para descrever sua viagem e destacar os fatores climáticos que infl uenciarão seu estado físico.

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Figura 2 – Climas e correntes marítimas do globo terrestre

Fonte: IBGE (2002).

Os climas da TerraConforme a Figura 2, os padrões climáticos e sua distribuição mundial baseiam-se na clas-

sifi cação de Köppen, modifi cada, cujas variáveis evidenciadas são a temperatura e a precipitação.

A seguir, serão apresentados os principais tipos climáticos atuantes no planeta Terra. É importante destacar que será dada ênfase aos tipos climáticos das principais regiões áridas e semiáridas.

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Clima equatorial O clima equatorial caracteriza-se por apresentar temperaturas elevadas, chuvas abun-

dantes e bem distribuídas ao longo do ano, atingindo índices superiores a 2.000 mm/ano. Segundo o sistema de classifi cação climática de Köppen, ele pertence ao grupo Af. No Brasil, esse clima é infl uenciado pela massa equatorial continental, com chuvas locais de convecção, por meio de evapotranspiração. Para que ocorra a convecção é necessário que a temperatura média local seja elevada em torno de 26ºC e que o ambiente possua uma umidade relativa do ar alta, o que possibilita taxas de evaporação consideráveis.

Clima tropical O clima tropical é o tipo climático encontrado nas regiões intertropicais. Caracteriza-se

por ser úmido e sua temperatura média do ar ser elevada em todos os meses do ano, sendo superior a 18°C. Ele é caracterizado também por não ter estação de inverno e sua precipitação anual ser superior à evapotranspiração, tendo superávit hídrico. De acordo com a classifi cação climática de Köppen-Geiger, os climas tropicais constituem a classe A.

Se você desejar mais informações a respeito, sugere-se consultar a Aula 6 da disciplina Geografi a Física II, p.11.

Climas frios nas regiões tropicais Os climas frios da região tropical correspondem às áreas mais altas. Além da altitude,

essas áreas podem ser infl uenciadas pelas correntes marítimas, quando se localizam perto de áreas litorâneas, e pelas massas de ar. Ao longo do ano essas áreas apresentam um período chuvoso na primavera e verão e uma época de estiagem no outono e inverno. Destacam-se alguns lugares onde predomina o clima tropical de altitude: Serra da Mantiqueira, no Brasil, e as cidades de Colonia Tovar (Venezuela) e Quito (Equador); já o clima alpino é típico das altas montanhas da Cordilheira dos Andes.

Clima subtropical Outro clima a ser caracterizado é o subtropical. Ele geralmente ocorre entre os Trópicos

de Câncer e Capricórnio. Diferente do clima tropical, o subtropical apresenta grandes variações de temperatura ao longo do ano, tendo uma amplitude térmica que varia no mês mais frio entre 0°C e 14ºC e no mês mais quente entre 23ºC e 35ºC.

No Brasil, infl uencia a região sul do estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul e os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apresenta de forma defi nida na maior parte de sua área de infl uência as estações de inverno e verão. Seu índice pluviométrico varia entre 1.000 mm e 2.000 mm anualmente. A chuva geralmente é bem distribuída ao longo das estações.

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Nessas áreas mais ao Sul do Brasil, o clima subtropical é representado pela classifi cação climática de Köppen-Geiger como Cfa ou Cfb.

Clima temperado O clima temperado engloba regiões cujas temperaturas variam regularmente ao longo do

ano, com a média acima de 10°C nos meses mais quentes e entre –3ºC e 18°C, nos meses frios. Portanto, é um clima em que sua temperatura oscila bastante ao longo do ano, marcando as quatro estações de forma bem defi nida, com um verão relativamente quente, um outono com temperaturas gradativamente mais baixas, um inverno bastante frio, e uma primavera com temperaturas gradativamente mais altas com o passar dos dias. A umidade relativa do ar varia de acordo com a localização e condições geográfi cas de cada região, podendo ser maior próxima às áreas litorâneas e menor nas áreas onde a continentalidade predomina.

Os climas temperados podem ser subdivididos em clima temperado mediterrânico (entre as latitudes de 30º e 40º), em subtropical úmido (entre latitudes de 23° e 35°), clima tempe-rado marítimo (entre as latitudes de 45º e 55º), temperado subártico (perto dos polos) e clima temperado continental (mesmo que o clima frio).

Clima mediterrânico O clima mediterrânico é um tipo de clima temperado com estação quente e seca no verão

e um inverno bastante chuvoso e com grande instabilidade. Apresenta uma grande variação de temperatura ao longo do ano, assim como de distribuição pluviométrica, sendo marcado por uma estação seca e outra chuvosa. Abrange a Europa Meridional, o Sudoeste da Austrália, a Califórnia, o Sudoeste da África do Sul e o centro do Chile.

Na Classifi cação climática de Köppen-Geiger é classifi cado como tipo Cs. Os climas mediterrânicos podem ser subdivididos quanto à temperatura em Csa e Csb.

Quanto à infl uência, existem os subtipos: mediterrânico com infl uência continental e mediter-rânico com infl uência oceânica.

Clima frio O clima frio também pode ser conhecido como clima temperado continental. Tem por

característica localizar-se em regiões no interior dos continentes em latitudes superiores a 45º a Norte ou a Sul do Equador. Como sofre infl uência direta dos efeitos da continenta-lidade, caracteriza-se por apresentar uma escassez de chuvas no período do inverno, pois a umidade e a temperatura presentes no continente são insufi cientes para provocar chuva ao longo do ano de forma intensa e bem distribuída. Assim, a distância que o separa das áreas de infl uência marítima são bastante signifi cativas. Outra importante característica é apresentar uma notável amplitude térmica estacional, a qual possibilita verões com tempe-raturas elevadas que contrastam com os invernos muito frios. A temperatura média anual é muito baixa, inferior a 10°C. Ele ocorre na Rússia, Estados Unidos, Canadá, entre outros.

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Aula 2 Estudos do Semiárido40

Clima polar O clima polar (ou clima glacial) apresenta características únicas com temperaturas médias

muito baixas que fi cam em torno de –30ºC. Essa temperatura faz com que fauna e fl ora tenham que se adaptar para se desenvolver de forma limitada. O ser humano, por exemplo, necessita de muitos equipamentos que conferem condições mínimas para sua sobrevivência nos locais onde predomina esse clima, mesmo que suas visitas sejam apenas no período de verão e em expedições com objetivo de pesquisa, como o Proantar (Programa Antártico Brasileiro). Para maiores informações a respeito do programa, consulte o site http://secirm.mar.mil.br/.

O clima polar ocorre nas costas eurasianas do Ártico, na Groenlândia, ao norte do Canadá, no Alasca e na Antártida.

No verão, a temperatura máxima chega a atingir os –10ºC e, no inverno, a temperatura mínima pode alcançar os –50ºC, sendo que na Antártida o inverno é totalmente inóspito, apre-sentando fortes ventos e temperaturas já registradas que podem chegar a –87°C ou até mais baixas no interior do continente, como a registrada –89,2ºC, na Estação Vostok (ex-URSS), em 21 de julho de 1983, sendo também a mínima temperatura ambiente já medida na Terra.

Essas regiões apresentam ventos intensos e fi cam cobertas de neve durante todo o ano, com exceção das faixas litorâneas, onde a vegetação de tundra aparece durante o curtíssimo verão. No inverno, há dias em que o Sol não aparece, e certos dias no verão ele não se põe (mais conhecido como Sol da meia-noite).

Apresenta altas amplitudes térmicas diárias e anuais bastante signifi cativas e seu índice pluviométrico é muito baixo. Quando ocorre, se dá na forma de neve, principalmente no verão.

Clima de montanha O clima de montanha apresenta uma característica única em relação a todos os outros:

pode estar presente em qualquer latitude do planeta Terra, desde que a região que o confi gura esteja a uma altitude bem elevada em relação ao território que o rodeia.

Suas baixas temperaturas são explicadas em função da taxa adiabática do ar, que tende a expandir-se e diminuir a temperatura do local com o aumento da altitude. As pequenas altitudes chegam a 2.000 m, as médias variam até 6.000 m e as elevadas chegam até 8.800 m. Nessas áreas, quanto maior a altitude, menor são as condições de hábitats humanos permanentes, pois as condições mínimas de vida não se estabelecem, havendo falta de comida. Por outro lado, com a presença da neve entre o outono e inverno, é possível instalar estações e pistas de esqui em algumas localidades, como na Cordilheira dos Andes, nos Alpes Suíços e outros.

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Aula 2 Estudos do Semiárido 41

Clima desértico O clima desértico caracteriza -se como quente e seco, apresenta baixa

pluviosidade, com índices pluviométricos iguais ou inferiores a 250 mm anuais (BLAIR, 1942 apud CONTI, 2008). Essas características lhe con-ferem pequenas condições de hábitats humanos permanentes, pois as condições mínimas de vida não se estabelecem, havendo falta de comida e água.

O clima desértico apresenta em suas características duas catego-rias fundamentais. A primeira refere-se à amplitude térmica que mede a variação da temperatura diária mínima, geralmente muito baixa, e da máxima, geralmente muito alta. Essa categoria, por apresentar grandes variações, causa limitações e uma considerável necessidade de adaptação das espécies de fauna e fl ora que habitam nesse ambiente. A segunda refere-se à localização geográfi ca. Um deserto apresenta na área equatorial características diferentes do deserto que se localiza em latitudes médias e altas. Assim, essas duas categorias exercem uma infl uência direta nas características do clima desértico quente ou frio.

Além da escassez pluviométrica, o clima desértico quente apresenta grande amplitude térmica tanto anual quanto diurna. Isto é, por se lo-calizarem em regiões de alta pressão, a insolação durante o dia é muito intensa, o que eleva a temperatura facilmente, chegando a até 50°C em alguns lugares. Durante a noite ocorre o inverso. O calor irradia muito rápido e a temperatura cai drasticamente. Destaca-se como exemplo, o deserto do Saara.

Nas regiões desérticas frias, a temperatura pode fi car abaixo de 0°C a qualquer momento, podendo até nevar. Um bom exemplo é o deserto da Patagônia, no Sul da América do Sul.

O clima desértico ocorre geralmente em latitudes entre 15° e 30º, entretanto, há extrapolação para os 45º (Figura 2), apresenta solo árido e fl ora esparsa e seca.

O clima desértico pode ocorrer tanto em áreas tropicais como em áreas temperadas e até polares: Norte da África (Saara) e Sudoeste da Áfri-ca (Kalahari), Oriente Médio (Neguev), Oeste dos EUA e Norte do México (Sonora), litoral do Chile e do Peru (Atacama), Mongólia (Gobi), Austrália (Gibson), Noroeste da Índia (Thar) e Antártida (Figura 2). O clima desérti-co também pode ser conhecido como clima árido (ALMEIDA; RIGOLIN, 2002, p. 90).

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N

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LO

S

Desertos e áreas sujeitas ao processos de desertificação

1. Colorado2. Atacama3. Kalahari4. Saara5. Líbia6. Núbia7. Síria

8. Rub’al Khali 9. Takla Makan10. Gobi11. Thar12. Grande Deserto Australiano13. Antártida

DesertosÁreas sujeitas a desertificação

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Figura 3 – Localização dos principais desertos e as áreas sujeitas à desertifi cação no globo terrestre

Fonte: <geographicinternational.blogspot.com>. Acesso em: 6 nov. 2010.

Cabe aqui um destaque importante que será abordado na Aula 4 – A nova delimitação para o semiárido brasileiro. Essa aula caracteriza o clima árido e apresenta seu índice de aridez entre 0,05 - 0,20. Esse índice foi estabelecido por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) da ONU, em 1992, que se expressa pelo quociente da divisão entre precipitação média anual dividida pela evapotranspiração potencial (P/PET ratio) (CONTI, 2008).

A Figura 3 localiza os principais desertos e as áreas sujeitas ao processo de desertifi cação no globo terrestre.

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Após preencher o quadro, analise os dados e estabeleça relações de semelhança e diferença entre as cidades escolhidas.

Realize um levantamento das informações solicitadas no quadro abaixo em relação a alguns fatores que condicionam as variáveis climáticas e em relação ao tipo climático de 4 cidades de sua preferência. Importante destacar que as cidades escolhidas devem estar cada uma em um continente diferente da outra.

Cidade País/continente Latitude Altitude Temperatura média no verão

Temperatura Média no Inverno

Fatores que condicionam as

variáveis climáticas

Tipo climático

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O que é um deserto? Defi niçã o, polêmicas e apontamentos

Primeiramente, numa questão como essa a fonte é primordial para podermos nos posicionar. Achamos por bem optar por José Bueno Conti, geógrafo com doutorado em Geografi a Física e livre-docente em desertifi cação em regiões tropicais pela USP. Em um artigo sobre deserti-fi cação é abordado o conceito de deserto, vejam abaixo:

“[...] indica uma região de clima árido, onde a evaporação potencial excede a precipitação média anual, resultando em carência de água e fraco desenvolvimento da biosfera. A precipitação, além de escassa, apresenta alta variabilidade interanual, característica tanto mais acentuada quanto mais baixos forem seus volumes anuais médios. Os solos caracterizam-se por serem rasos, com acentuada defi ciência hídrica e tendência à concentração de sais. A drenagem é intermitente. A cobertura vegetal é esparsa, apresentando predominância de espécies xerófi las e fauna adaptada às condições de escassez de água sendo, nesse sentido, um clímax ecológico. Os processos erosivos são comandados pela ação eólica, pois o trabalho dos ventos se faz sentir, aí, mais intensamente do que nas regiões úmidas.”

Disponível em: <http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/climatologia/article/viewFile/2091/2203>.

Vejam que esse conceito que temos à posição e defendemos como senão o melhor, o que mais satisfaz para Geografi a, pode ir de encontro a outros conceitos. Na web encontramos defi nição de desertos que colocam as regiões polares se enquadrando como deserto.

A revista Nova Escola online, apresenta uma reportagem respondendo a pergunta se exis-tem desertos gelados:“Sim, já que a defi nição de deserto é dada para áreas com baixos índices pluviométricos (até 100 milímetros por ano), independentemente da temperatura. Os gelados estão nas regiões polares da Terra e nas raras localidades com altitude superior a 7 quilômetros, como o Himalaia. Suas temperaturas oscilam entre zero e 70ºC negativos. O maior deserto do mundo, inclusive, não é o do Saara (com 9 milhões de quilômetros quadrados), mas o que está localizado no interior da Antártida e ocupa 80% dos 14 milhões de quilômetros quadrados da região.

Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/geografi a/fundamentos/existem-desertos-gelados-428235.shtml>.

Você já parou para pensar sobre o que é um deserto? Deserto é igual a clima de-sértico? Os desertos são todos quentes? Há desertos frios? Leia o texto abaixo:

CONTI, J. B. O Conceito de Desertifi cação. Climatologia e Estudos da Paisa-gem – CLIMEP, Rio Claro, v. 3, n. 2, jul./ dez. 2008.

Disponível em: <http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/climatologia/article/viewFile/2091/2203>. Acesso em: 11 jan. 2011.

E tente responder a estas e outras questões que virão na sequência.

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Em um artigo escrito por Ricardo Felício, doutor em Climatologia do departamento de Geografi a da Universidade de São Paulo, ele defende que a maioria das classifi cações repousa na quantidade de precipitação e questiona que algumas regiões como Antártico e o Polo Norte recebem pouca precipitação. A seguir apresentamos um trecho do mesmo: “A diferença reside no processo de evapotranspiração. A evapotranspiração é a combinação de perda de água por evaporação atmosférica da água do solo, junto com a perda de água também em forma de vapor, através dos processos vitais das plantas. O potencial de evapotranspiração é, portanto, a quantidade de água que poderia evaporar numa dada região. A cidade de Tucson, no Arizona, recebe uns 300 mm (12 polegadas) anuais de chuva, no entanto, uns 2500 mm, (100 polegadas) de água poderiam evaporar no período de um ano. Em outras palavras, signifi -ca que quase 8 vezes mais água poderia evaporar da região do que normalmente cai. Já as taxas de evapotranspiração em regiões do Alasca são bastante inferiores; então, mesmo recebendo precipitações mínimas, estas regiões específi cas são bem diferentes da defi nição mais simples de um deserto: um lugar onde a evaporação supera o total da precipitação pluviométrica. A principal característica de um deserto é a seca.” Ainda são propostas outras classifi cações de desertos: polares, costeiros e coloca a Antártida como o maior deserto do mundo.

Vamos utilizar agora para essa discussão alguns livros didáticos. Antes de tecermos críti-cas aos livros didáticos, devemos lembrar que quem os escreve, na maioria absoluta das vezes, são grandes pesquisadores. Para Vesentini, desertos:“[...] são áreas de clima árido e que, geralmente, situam-se no interior dos continentes, tanto em baixas latitudes [...] como em médias latitudes [...]” (VESENTINI, 2005, p. 363).Ainda para Vesentini, eles podem ser quentes, distribuídos entre os trópicos, e frios, em regiões de média latitude. Não inclui regiões polares e coloca o Saara como sendo o maior deserto do mundo. O conceito dado por Vesentini assemelha-se ao do constatado em Demétrio Magnoli e Regina Araujo. Já para João Carlos Moreira e Estáquio de Sene desenvolvem-se desertos em regiões polares.

Também foi utilizado um site português sobre educação, em que para eles:“O bioma deserto pode ser defi nido como a soma de todas as áreas áridas e hiperáridas do globo, em termos climatológicos; numa perspectiva biológica, as ecorregiões que contêm plantas e animais adaptados para a sobrevivência em ambientes áridos e, numa análise física, como grandes e contíguas áreas com amplas extensões de solo sem vegetação e fraca cober-tura vegetal. Produzindo um mapa com as áreas abrangidas por estes três critérios obtém-se uma defi nição dos desertos que ocupam quase um quarto da superfície do planeta.”

Disponível em: <http://www.educacao.te.pt/professores/index.jsp?p=167&idDossier=131&idDossierCapitulo=548&idDossierPagina=1030>.

Nesse site também se incluem as regiões polares como sendo desertos.

Como resolver um impasse se um aluno nos perguntar se os polos são considerados desertos?Primeiramente que pese a honestidade e o profi ssionalismo, o correto é fazer esse trajeto proposto aqui e explicar que o conceito de deserto possui extensões variadas. Sugere-se que tal tema seja fundamentado na proposta de José Bueno Conti, que considera desertos somente as áreas onde evapora mais água do que precipita. Esses seriam os desertos de fato, pois

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Aula 2 Estudos do Semiárido46

haveria aridez. E para as regiões polares as chamaríamos de regiões desérticas, por entender-mos que há pouca pluviosidade e vida escassa, deixando claro que elas não satisfazem todos os quesitos para serem desertos.

Fonte: Adaptado de <http://wwwblogdoprofalexandre.blogspot.com/2009/11/o-que-e-um-deserto-defi nicao-polemicas.html>. Acesso em: 11 jan. 2011.

Com base no texto “O que é um deserto? Defi nição, polêmicas e apontamentos” e no texto de Conti (2008), observe a Tabela 1 e responda: qual o seu posicionamen-to em relação à polêmica referente ao Deserto da Antártida? Além da temperatura e precipitação, na defi nição de deserto você incluiria a dinâmica ecológica e uso e ocupação humana?

Tabela 1 – Os dez maiores desertos do mundo.

Deserto Superfície (km2)

1º Deserto da Antártida (Antártida) 14 000 000

2º Deserto do Saara (África) 9 000 000

3° Deserto da Arábia (Ásia) 1 300 000

4° Deserto de Gobi (Ásia) 1 125 000

5° Deserto do Kalahari (África) 580 000

6° Grande Deserto de Areia (Austrália) 414 000

7° Kara kum (Ásia) 350 000

8° Taklamakan Shamo (Ásia) 344 000

9° Deserto do Namibe (África) 310 000

10° Thar (Ásia) 260 000

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto>. Acesso em: 25 set. 2010.

Utilizando a Tabela 1, pesquise sobre as características gerais de cada deser-to, as principais difi culdades enfrentadas pela população que ali vive e quais as possibilidades que eles oferecem a essa população.Você pode consultar em:

<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-desertos/meio-ambiente-desertos.php>; <www.meusestudos.com; <http://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto>; <http://pt.wikipedia.org/wiki/Clima_%C3%A1rido>; <http://www.mundoeducacao.com.br/geografi a/deserto.htm>; <http://www.achetudoe-regiao.com.br/animais/desertos.htm>; entre outras fontes.

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IsoietaLinha que liga os pontos de igual precipitação, para um dado período. (WMO apud DNAEE, 1976). Fonte: <www.portal.santos.sp.gov.br/metrosantos/regiao%20metropolitana/glossario/i.htm>. Acesso em: 4 dez. 2010.

Aula 2 Estudos do Semiárido 47

Clima semiárido O clima semiárido é um tipo de clima caracterizado pelo baixo índice pluviométrico. Na

maior parte do ano não chove e a umidade relativa do ar é muito baixa, apresentando um índice de aridez classifi cado entre 0,21 - 0,50 e uma precipitação média anual que varia entre 300 mm e 800 mm. Geralmente, caracteriza-se por apresentar em uma época do ano chuvas concentradas e um grande período do ano com estiagem.

Conforme pode ser visto na Figura 1, o clima semiárido está bordejando, em sua maioria, as regiões de clima árido, extrapolando as baixas latitudes Norte e Sul. Importante destacar que as áreas semiáridas do globo terrestre estão sujeitas à desertifi cação, como pode ser visto na Figura 2. Encontram-se na América do Norte e América do Sul, Austrália, Ásia e África.

No continente africano, destaca-se a região do Sahel, que corresponde ao Senegal, Mau-ritânia, Mali, Burkina Faso, Níger, Chade, Sudão, Etiópia, Eritreia, Djibouti, Gâmbia e Guiné Bissau, sendo uma zona semiárida de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados situada ao sul do deserto do Saara. Ela compreende uma imensa faixa de transição que apresenta enormes difi culdades de sobrevivência ao ser humano, principalmente devido ao extremo calor e à escassez de água.

No Brasil, o clima semiárido ocorre entre as latitudes aproximadas de 3º e 20º S. Trata-se, portanto, de um enclave no clima tropical. Compreende a região Nordeste, composta pelos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Maranhão, e Sudeste (Minas Gerais - porção setentrional). Corresponde a uma área de 982.563,3 quilômetros quadrados e é a região semiárida mais populosa do mundo, com 20.858.264 habitantes (MI, 2005. p. 32).

O clima semiárido é defi nido pelos sistemas sinóticos apresentados na Aula 6 da disciplina Geografi a Física II. Tais sistemas, ao passarem pela região Nordeste do Brasil, provocam chuvas concentradas, espacialmente em média cerca de 750mm/ano em um pequeno período de tem-po. Por outro lado, apresenta também longos períodos de escassez, difi cultando, dessa forma, o desenvolvimento econômico das regiões que afeta no que diz respeito à agricultura, criação de animais e outros setores que necessitam de chuvas melhor distribuídas ao longo do ano.

Como exemplo de distribuição irregular no espaço, temos: Areia Branca/RN (588mm), Cabaceiras/PB (331mm), Sertão de Canudos/BA (Cocorobó, 457 mm; Formosa, 403 mm; São Saité, 414mm; Salgado do Melão, 413 mm) (CONTI; FURLAN, 2001). Ainda no Rio Grande do Norte, as menores isoietas fi cam abaixo de 400 mm, envolve os municípios de Equa-dor, Parelhas, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos etc. (FELIPE; CARVALHO, 1999, p. 27). Contudo, destacam-se os núcleos de precipitação maior (1000 mm), de maiores altitudes, são eles: Ibiapaba/CE, Areia/PB, Triunfo/PE, Quebrangulo e Água Branca/AL, e encosta oriental da Diamantina/BA.

No que se refere à temperatura, o semiárido brasileiro apresenta elevados índices, cujas médias anuais são da ordem de 26ºC a 28ºC, com ressalva para as porções de maiores altitudes. Estas possuem médias inferiores a 20ºC. As amplitudes térmicas anuais são pouco signifi cativas, variam de 2º a 5ºC. Em virtude da posição geográfi ca, a área sofre com a evapotranspiração que por sua vez determina o défi cit hídrico, provocando secas. Ademais, caracteriza-se como a região semiárida do Brasil com fortes indícios de desertifi cação (Figura 2).

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Aula 2 Estudos do Semiárido48

A fragilidade desses ambientes ocorre devido sua composição de solo apresentar baixa permeabilidade e elevada presença de sais, o que difi culta a formação de aquíferos confi nados e inibe a produtividade agrícola, respectivamente.

A Tabela 2 mostra a distribuição de terras no mundo segundo os diferentes tipos de clima.

Como podemos observar na Tabela 2, do total de 136.224 milhões de km2 de superfície, 61.500 milhões km2 compõem as chamadas terras secas (hiperáridas, áridas,semiáridas e su-búmidas secas). São mais de 45% do total da superfície do planeta. Os climas árido, semiárido e subúmido seco estão presentes em todos os continentes, exceto na Antártida. A hiperaridez está presente nos continentes africano, asiático e americano, com maior percentual (68,7%) concentrado na África. A superfície que compreende o semiárido representa mais de 37% do total das terras secas.

Tabela 2 – Total de Terras em milhares de km2 por tipo de clima.

África Ásia Austrália Europa América do Norte

América do Sul Antártida Total

Hiperárido 6.720 2.770 0 0 30 260 0 9.780

Árido 5.040 6.260 3.030 110 820 450 0 15.710

Semiárido 5.140 6.930 3.090 1.050 4.190 2.650 0 23.050

Subúmido seco 2.690 3.530 510 1.840 2.320 2.070 0 12.960

Total (hiperárido, árido, semiárido e subúmido seco) 19.590 19.490 6.630 3.000 7.360 5.430 0 61.500

Área Total do continente 30.335 43.508 8.923 10.498 25.349 17.611 13.340 136.224

Fonte: Atlas Mundial Times, 1995. Retirado de: <http://www.desertdesmat.hpg.ig.com.br/netscape/deserto/defi nicao_de_aridez.htm>. Acesso em: 11 out. 2010.

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4

Aula 2 Estudos do Semiárido 49

Os dados apresentados na Tabela 2 nos remetem à preocupação mundial em relação ao processo de desertifi cação e os avanços dos desertos. Seguindo essa linha de raciocínio, faça um levantamento das conferências e convenções que tratam da temática, e elabore um texto, no qual você analise os cenários atuais e futuros sobre a problemática discutida (clima, desertifi cação e deserto).

Para isso utilize diferentes fontes de consulta. Dando início a sua análise, consul-te: <http://www.desertdesmat.hpg.ig.com.br/netscape/deserto/defi nicao_de_aridez.htm> Acesso em: 11 out. 2010.

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Resumo

Aula 2 Estudos do Semiárido50

Nesta aula, você entendeu como os fatores condicionam as variáveis climáticas e, em consequência, os climas da Terra. Pôde também conhecer e refletir sobre os espaços áridos e semiáridos do globo terrestre. Desse modo, o conhecimento sobre o clima permite ao homem compreender como se distribuem os animais e vegetais sobre a superfície terrestre, compondo-se paisagens singulares. Logo, o clima possui relevância para o planejamento e desenvolvimento das atividades humanas, notadamente naqueles espaços geográfi cos enfocados por esta disciplina.

AutoavaliaçãoAgora é chegado o momento em que você deverá submeter o que aprendeu a uma

avaliação. Mostre o seu percurso de compreensão realizando a seguinte atividade: Utilizando o Atlas Geográfi co Escolar do IBGE, ou outras fontes de consulta que você dispor, faça uma comparação entre uma área árida e uma área semiárida de seu interesse, no que se refere à dinâmica da natureza (característica da temperatura e precipitação, disponibilidade hídrica, solos, vegetação, recursos minerais etc.) e da sociedade (população, densidade demográfi ca, IDH, acesso à água potável, economia, cultura etc.).

Após coletar, comparar e analisar os dados, você está convidado a construir um texto descrevendo as principais características, semelhanças, diferenças, possibilidades e limita-ções de desenvolvimento humano em cada uma das áreas escolhidas.

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Aula 2 Estudos do Semiárido 51

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Page 56: Estudos do Semiárido

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Anotações

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Page 58: Estudos do Semiárido

Anotações

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Arenização: fenômeno natural e antrópico Arenização: fenômeno natural e antrópico

3Aula

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2

3

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Aula 3 Estudos do Semiárido 57Aula 3 Estudos do Semiárido 57

ApresentaçãoA presente aula apresenta e promove algumas discussões a respeito do conceito e dos

processos que envolvem os espaços caracterizados como áreas de arenização presentes no Sul do Brasil, mais precisamente, no sudoeste do Rio Grande do Sul. Também se propõe loca-lizar espacialmente essas áreas, caracterizá-las e diferenciá-las do conceito de desertifi cação estudado na Aula 1.

ObjetivosLocalizar e caracterizar os lugares de forte presença de areais no Sul do Brasil.

Localizar e caracterizar o sudoeste do Rio Grande do Sul.

Entender o conceito e os fatores que condicionam o pro-cesso de arenização.

Problematizar o espaço dos areais.

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Porto Alegre

ArgentinaSanta Catarina

Rio Grande Rio Grande do Suldo Sul

Rio Grande do Sul

São Borja2,77Km2

Itaqui0,18Km2

Alegrete13,21Km2

Quaraí2,99Km2

Manuel Viana5,48Km2

Rosário do Sul1,21Km2

Cacequi0,14Km2

São Francisco de Assis5,88Km2

Unistalda 0,24Km2

Maçambará 4,62Km2

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0 70 140 Km

Aula 3 Estudos do Semiárido 59

Importante saber para entender Inicialmente, pretende-se localizar espacialmente e caracterizar as áreas de forte presença

de arenização no Brasil. Essas áreas encontram-se no Sul do Brasil, mais precisamente no Rio Grande do Sul, estado que possui uma área de 282.062Km2, o que corresponde a 3,32% do território brasileiro.

Antes de tratarmos da arenização, é importante localizarmos espacialmente essa área e sabermos como ocorreu o processo de ocupação e uso do solo que hoje compreende os areais.

De acordo com a Figura 1, a área de arenização compreende os municípios de São Borja, Rosário do Sul, Maçambará, Unistalda, Alegrete, São Francisco de Assis, Manuel Viana, Itaqui, Cacequi e Quarai, que compõem parte da chamada Campanha Gaúcha, localizada no sudoeste do estado.

Figura 1 – Municípios com presença de areais no sudoeste do Rio Grande do Sul

Fonte: <http://www.geografi aparatodos.com.br/img/infografi cos/avanco_desertifi cacao.jpg>. Acesso em: 25 jan. 2011.

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Aula 3 Estudos do Semiárido60

Uso e ocupação no sudoeste do Rio Grande do Sul

O processo de ocupação no sudoeste do Rio Grande do Sul se iniciou por volta de 1640, através de reduções jesuíticas que tinham o objetivo de formar os primeiros núcleos estáveis no espaço rio-grandense. Naquela época, as atividades econômicas eram voltadas para a criação de gado, venda de erva-mate, extração e venda de couro e leite.

Mais tarde, a partir da década de 1970, parte dessa área passou a ser utilizada também para criação de suínos e aves e para exploração agrícola, através do cultivo de arroz, plantado nas planícies inundáveis da depressão periférica, de milho, trigo e, nas últimas décadas, de soja, plantada nos vales do Planalto Meridional. O aumento da superfície cultivada é considerável em comparação com a superfície pastoril.

Nessa época, como resultado desse novo uso do solo, a evolução de culturas não re-presentou apenas o crescimento da superfície cultivada, mas também o aumento no uso dos tipos de culturas desenvolvidas, e o crescimento nos modos de produção e nos destinos dessa produção, gerando emprego e contribuindo para o desenvolvimento econômico da região. Aliado a essa nova forma de uso, surgiram alguns novos impactos e os problemas já existentes foram agravados. Posteriormente, serão abordados alguns desses impactos e suas possíveis soluções.

Soja Nos últimos anos (2002/2008), o Rio Grande do Sul esteve entre os cinco estados com

maior produção de soja do Brasil. A região sudoeste do estado contribui de forma signifi cativa, com destaque para a cidade de São Borja com uma produção próxima de 50.000 toneladas/ano. A Figura 2 destaca as principais áreas de produção da soja no RS.

Page 65: Estudos do Semiárido

Argentina

Santa Catarina

Produção de soja por município, média 1998-2000

toneladas0 - 10.00010.000 - 50.000

50.000 - 100.000100.000 - 191.600

Brasil: 31.705.247 toneladasRio Grande do Sul: 5.237.840 toneladasFonte: IBGE - Produção Agrícola MunicipalElaboração: SCP/DDRU

Santa RosaSanta Rosa

IjuíIjuí

ErechimErechim

Passo FundoPasso Fundo

Caixias do SulCaixias do Sul

Porto AlegrePorto Alegre

Santa Cruz do SulSanta Cruz do SulSanta MariaSanta Maria

São BorjaSão Borja

UruguaianaUruguaianaAlegreteAlegrete

BagéBagéPelotasPelotas

Rio GrandeRio Grande

Santa Rosa

Ijuí

Erechim

Passo Fundo

Caixias do Sul

Porto Alegre

Santa Cruz do SulSanta Maria

São Borja

UruguaianaAlegrete

BagéPelotas

Rio Grande N

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Aula 3 Estudos do Semiárido 61

Figura 2 – Produção de soja no RSFonte: Rio Grande do Sul (2002).

Arroz O Rio Grande do Sul, hoje, é o maior produtor nacional de arroz. A lavoura desse pro-

duto tem se destacado principalmente pela modernização por que passou nos últimos anos (1995/2005), através da introdução de novas variedades com maior potencial produtivo, ma-nejo, gerenciamento e consequentemente rentabilidade. A região sudoeste do estado foi a que mais contribuiu com a produção, ganhando destaque as cidades de Uruguaiana, Alegrete, São Borja, Rozário e Quaraí com uma produção entre 100.000 toneladas/ano e 300.000 tonela-das/ano. A Figura 3 destaca as principais áreas de produção de arroz no RS.

Page 66: Estudos do Semiárido

Argentina

Santa Catarina

Produção de arroz por município, média 1998-2000

toneladas0 - 10.00010.000 - 100.000

100.000 - 300.000300.000 - 367.376

Brasil: 10.186.791 toneladasRio Grande do Sul: 4.737.318 toneladasFonte: IBGE - Produção Agrícola MunicipalElaboração: SCP/DDRU

Santa RosaSanta Rosa

IjuíIjuí

ErechimErechim

Passo FundoPasso Fundo

Caixias do SulCaixias do Sul

Porto AlegrePorto Alegre

Santa Cruz do SulSanta Cruz do SulSanta MariaSanta Maria

São BorjaSão Borja

UruguaianaUruguaianaAlegreteAlegrete

BagéBagéPelotasPelotas

Rio GrandeRio Grande

Santa Rosa

Ijuí

Erechim

Passo Fundo

Caixias do Sul

Porto Alegre

Santa Cruz do SulSanta Maria

São Borja

UruguaianaAlegrete

BagéPelotas

Rio Grande

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0 70 140 Km

Aula 3 Estudos do Semiárido62 Aula 3 Estudos do Semiárido62

Figura 3 – Produção de arroz no RS

Fonte: Rio Grande do Sul (2002).

Milho Nos últimos anos (1998/2008), o Rio Grande do Sul esteve entre os cinco estados com

maior produção de milho do Brasil. O milho destaca-se nas áreas de pequena propriedade, aparecendo normalmente integrado a atividades criatórias de aves e suínos. A região sudoeste do estado contribui de forma modesta, com destaque para a cidade de Alegrete, que apresenta uma produção próxima de 20.000 toneladas/ano. A Figura 4 destaca as principais áreas de produção de milho no RS.

Page 67: Estudos do Semiárido

Argentina

Santa Catarina

Produção de milho por município, média 1998-2000

toneladas0 - 10.00010.000 - 20.000

20.000 - 50.00050.000 - 61.800

Brasil: 31.387.411 toneladasRio Grande do Sul: 3.837.276 toneladasFonte: IBGE - Produção Agrícola MunicipalElaboração: SCP/DDRU

Santa RosaSanta Rosa

IjuíIjuí

ErechimErechim

Passo FundoPasso Fundo

Caixias do SulCaixias do Sul

Porto AlegrePorto Alegre

Santa Cruz do SulSanta Cruz do SulSanta MariaSanta Maria

São BorjaSão Borja

UruguaianaUruguaianaAlegreteAlegrete

BagéBagéPelotasPelotas

Rio GrandeRio Grande

Santa Rosa

Ijuí

Erechim

Passo Fundo

Caixias do Sul

Porto Alegre

Santa Cruz do SulSanta Maria

São Borja

UruguaianaAlegrete

BagéPelotas

Rio Grande

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0 70 140 Km

Aula 3 Estudos do Semiárido 63

Figura 4 – Produção de milho no RS

Fonte: Rio Grande do Sul (2002).

Trigo A produção de trigo no Rio Grande do Sul teve seu auge na década de 1970, e vem

decrescendo nos últimos anos. O trigo destaca-se nas áreas de pequena propriedade, apa-recendo normalmente no entorno de indústrias de transformação e benefi ciamento. A re-gião sudoeste do estado contribui modestamente, tendo destaque a cidade de São Borja e adjacências, cuja produção varia entre 4.000 toneladas/ano e 24.000 toneladas/ano. A Figura 5 destaca as principais áreas de produção de trigo no RS.

Page 68: Estudos do Semiárido

Argentina

Santa Catarina

Produção de trigo por município, média 1998-2000

toneladas0 - 1.0001.000 - 4.000

4.000 - 10.00010.000 - 24.800

Brasil: 2.152.498 toneladasRio Grande do Sul: 716.186 toneladasFonte: IBGE - Produção Agrícola MunicipalElaboração: SCP/DDRU

Santa RosaSanta Rosa

IjuíIjuí

ErechimErechim

Passo FundoPasso Fundo

Caixias do SulCaixias do Sul

Porto AlegrePorto Alegre

Santa Cruz do SulSanta Cruz do SulSanta MariaSanta Maria

São BorjaSão Borja

UruguaianaUruguaianaAlegreteAlegrete

BagéBagéPelotasPelotas

Rio GrandeRio Grande

Santa Rosa

Ijuí

Erechim

Passo Fundo

Caixias do Sul

Porto Alegre

Santa Cruz do SulSanta Maria

São Borja

UruguaianaAlegrete

BagéPelotas

Rio Grande

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0 70 140 Km

Aula 3 Estudos do Semiárido64

Figura 5 – Produção de trigo no RS

Fonte: Rio Grande do Sul (2002).

Suínos e bovinos A criação de suínos no Rio Grande do Sul em 2002 representou cerca de 15% da criação

nacional, e vem crescendo nos últimos anos. Na região sudoeste do estado tem destaque a cidade de Itaqui com uma criação que varia entre 50.000 cabeças e 66.000 cabeças, o que ainda representa uma modesta contribuição. A Figura 6 destaca as principais áreas de criação de suínos no RS.

Page 69: Estudos do Semiárido

N

O L

S

Ocean

o Atlâ

ntico

0 70 140 Km

Uruguai

Argentina

Paraguai

Efetivo de suínos pormunicípio, média 1998 - 2000

76 - 10.00010.000 - 20.00020.000 - 50.00050.000 - 66.251

Brasil: 30.802.558 cabeçasRio Grande do Sul: 4.109.598 cabeças

cabeças

Dados: IBGE - Produção Pecuária Municipal

Aula 3 Estudos do Semiárido 65

Figura 6 – Criação de Suínos no RS

Adaptado de: Rio Grande do Sul (2002).

No que se refere aos bovinos, a região sudoeste do estado contribuiu de forma signifi -cativa, com destaque para as cidades de Alegrete e Santana do Livramento, com uma criação estimada em torno de 500.000 cabeças. O restante da Campanha Gaúcha apresentou também elevada atividade pastoril, com uma média pouco inferior à descrita nas duas cidades em destaque. Tal atividade destaca-se por manter as tradições locais, além de contribuir de forma signifi cativa com o PIB do RS, através da produção de leite e seus derivados. A Figura 7 destaca as principais áreas de criação de bovinos no RS.

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0 70 140 Km

Uruguai

Argentina

Paraguai

Efetivo de bovinos pormunicípio, média 1998 - 2000

318 - 10.00010.000 - 100.000100.000 - 500.000500.000 - 523.699

Brasil: 165.883.640 cabeçasRio Grande do Sul: 13.669.341 cabeças

cabeças

Dados: IBGE - Produção Pecuária Municipal

Aula 3 Estudos do Semiárido66

Aves A criação de aves no Rio Grande do Sul em 2002 representou cerca de 35% da criação nacio-

nal, e vem crescendo nos últimos anos. A região sudoeste do estado contribuiu de forma modesta com uma criação que varia entre 20.000 cabeças e 200.000 cabeças. Um importante aspecto a ser destacado é o abate de galinhas e sua produção de ovos, que contribuiu de forma signifi cativa para a economia do estado. A Figura 8 destaca as principais áreas de criação de aves no RS.

Figura 7 – Criação de Bovinos no RS

Adaptado de: Rio Grande do Sul (2002).

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N

O L

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0 70 140 Km

Uruguai

Argentina

Paraguai

produção de aves pormunicípio, média 1998 - 2000

507 - 20.00020.000 - 200.000200.000 - 2.000.0002.000.000 - 7.958.072

Brasil: 804.179.336 cabeçasRio Grande do Sul: 111.383.131 cabeças

Dados: IBGE - Produção Pecuária Municipal

cabeças

Aula 3 Estudos do Semiárido 67

Figura 8 – Criação de aves no RSAdaptado de: Rio Grande do Sul (2002).

Após identifi car alguns tipos de uso e o início da ocupação no sudoeste do RS, você pôde perceber que mesmo nas áreas com forte presença de arenização, existe um intenso e diversifi cado uso do solo.

Com o passar dos anos, o intemperismo e esse intenso uso pela pecuária e/ou pela atividade agrícola podem contribuir para a redução da produção e para o surgimento de novos focos de arenização nesse ambiente arenoso, com vegetação pouco desenvolvida e com grande potencial de erosão.

Page 72: Estudos do Semiárido

Aula 3 Estudos do Semiárido68

Desconstruindo mitos sobre a arenização

A polêmica sobre a Campanha Gaúcha ser uma área em desertifi cação ocorreu a partir da década de 1970, em virtude dos trabalhos da época e em decorrência das matérias publi-cadas pela imprensa. Esse processo de empobrecimento do solo era explicado devido à forte presença da pecuária na região, através do superpastoreio, e pela expansão da lavoura agrícola em geral, e especifi camente pelo cultivo da soja, devido sua mecanização nos municípios que compreendem a Campanha Gaúcha.

É importante destacar que no Brasil a maioria dos solos está sofrendo algum tipo de degra-dação decorrente de cultivos intensos e contínuos, queimadas indiscriminadas, desmatamentos, urbanização sem planejamento, assim como, áreas de terra desnudas e abandonadas estão constantemente sofrendo com a ação do vento, dos rios e da chuva, fatores que contribuem para a degradação dos solos. Essa degradação com alto teor de areia processa-se de maneira muito rápida. O chamado processo de arenização, ou seja, a transformação de um solo muito arenoso com uma cobertura vegetal frágil em uma área com areia sem nenhuma, ou quase ne-nhuma cobertura vegetal, pode ocorrer em poucos anos, dependendo da intensidade com que manejos inadequados de agricultura ou pecuária são conduzidos sobre essas áreas. Na região da Campanha Gaúcha esse processo se acentua devido aos solos da região serem altamente arenosos, terem baixa coesão entre partículas, baixa fertilidade natural e uma vegetação rala e esparsa fazendo a região sudoeste gaúcha apresentar altas taxas de erosão hídrica e eólica, deixando esses solos entre os mais suscetíveis à degradação, como pode ser visto na Figura 9.

Figura 9 – Arenização no sudoeste do Rio Grande do Sul (2005)

Fonte: fotos tiradas em trabalhos de campo da disciplina de Geomorfologia da UFRGS.

Uma das formas de direcionar a compreensão a respeito desse processo foi através de pesquisas realizadas por Suertegaray, Verdum e Basso. Os dados coletados, as análises rea-

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1

Aula 3 Estudos do Semiárido 69

lizadas na região e suas publicações ajudaram na construção de um novo conceito, deixando de lado o de desertifi cação.

Após anos de estudo foi criado o conceito de arenização, sendo este utilizado para explicar o processo que ocorre na área da Campanha Gaúcha.

Segundo Suertegaray (1987), o processo de arenização compreende o sudoeste do Rio Grande do Sul, cujo tipo climático é o subtropical úmido, com temperaturas médias anuais em torno de 18ºC e precipitações aproximadas entre 1000 e 1500 mm/ano. A arenização é o retrabalhamento de depósitos areníticos (pouco consolidados) ou arenosos (não con-solidados), que promove, nessas áreas, uma difi culdade de fi xação de vegetação, devido à constante mobilidade dos sedimentos. Portanto, seria inadequado se falar em desertifi cação para essa região do Brasil. Outro termo utilizado para ajudar a explicar esse processo são os areais, entendidos como depósitos arenosos com ausência de cobertura vegetal.

Após termos estudado os conceitos de desertifi cação na Aula 1 – Conceitos e espacializa-ção dos fenômenos relacionados aos Estudos do Semiárido e de arenização, nesta aula, refl ita e responda: Por que o semiárido nordestino não é considerado uma área de arenização?

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1100 1300 1500 1700 1900 2100 2300 mm

Precipitação média anual

2000

2000

1900

1900

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1700

1500

1800

1700

1600

1600

1600

1800

Fonte: SEMC - Atlas Eólico do Rio Grande do Sul 2002

Argentina

Santa Catarina

Uruguai

a

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A arenização no Sul do Brasil Suertegaray (2000) defende que os areais do sudoeste do Rio Grande do Sul são pro-

venientes de processos naturais, tendo em vista que suas pesquisas partem da análise do conceito de desertifi cação e dos processos morfogenéticos. Outra argumentação da autora sobre os areais como processo natural está nos relatos de viajantes que citam a existência desses areais desde 1810, antes da intensifi cação da ocupação da região.

Conforme visto na Aula 1, os conceitos de desertifi cação e arenização se diferem. O primeiro relaciona-se às regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas; o segundo corres-ponde ao tipo climático subtropical úmido, com temperaturas médias anuais em torno de 18ºC e precipitações aproximadas entre 1000 e 1500 mm/ano.

A Figura 10 mostra com detalhes tanto a precipitação média anual quanto a temperatura média anual do estado do Rio Grande do Sul. Ela contribui também para identifi carmos os va-lores de precipitação e temperatura do sudoeste rio-grandense, área onde se situam os areais.

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Argentina

Santa Catarina

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Temperatura média anual

08 10 12 14 16 18 20 22 24 26°C

Fonte: SEMC - Atlas Eólico do Rio Grande do Sul 2002

b

Aula 3 Estudos do Semiárido 71

Figura 10 – Precipitação e temperatura média anual do RSAdaptado de: Rio Grande do Sul (2002).

Dois aspectos a respeito da Figura 10 são fundamentais destacar:

� o primeiro refere-se à variação da precipitação do sudoeste do RS que oscilou entre 1500 mm e 1800 mm anuais, caracterizando a área como úmida;

� o segundo refere-se à variação da temperatura média do sudoeste do RS que oscilou entre 18ºC e 20ºC, caracterizando a área com temperaturas médias.

Através das pesquisas realizadas, dos conceitos estabelecidos e dos dados apresentados pela Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado do Rio Grande do Sul, a área não se constitui, portanto, em uma zona árida ou semiárida, conforme indica o conceito de deser-tifi cação. Assim, é inadequado se falar em desertifi cação para essa região do Brasil. Dessa maneira, adotamos o termo arenização.

Para Suertegaray (2000), a arenização promove uma difi culdade de fi xação de vegetação devido à constante mobilidade dos sedimentos. Essa mobilidade é resultado de uma dinâmi-ca morfogenética em que os processos hídricos superfi ciais, particularmente o escoamento

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2

Áreas de ravinas São pequenos sulcos

formados no solo pela ação da água da chuva

em uma área escassa de vegetação.

Formação de voçorocas São grandes buracos formados

no solo decorrentes das intempéries (chuva) em locais

onde a vegetação é frágil.

Aula 3 Estudos do Semiárido72

concentrado do tipo ravina ou voçoroca expõe, transporta e deposita areia, dando origem à formação de areais que, em contato com o vento, tendem a uma constante remoção. A perda de nutrientes e a mobilização, por sua vez, difi cultam a continuidade da pedogênese e a fi xação da vegetação, resultando em areais. Esse processo pode ser desencadeado por agentes natu-rais ou atividades humanas. No sudoeste do RS ele foi descrito por Suertegaray (1987) como de origem natural podendo ser intensifi cado pela ação humana. Portanto, a arenização é um processo de sequência evolutiva natural, conforme apresentam estudos geomorfológicos, pe-dológicos e hidrológicos realizados por diversos autores (em 1987, 1993, 1994, 1997 e 1998).

Ainda, conforme a autora, assim se explica o processo de arenização: “O processo inicial de formação de areais ocorreria sobre áreas de reduzida biomassa (gramínea), evoluindo para manchas arenosas ou areais propriamente ditos, passando por feições de degradação como áreas de ravinas e de formação de voçorocas. São áreas, portanto, que apresentam aptidão natural para a ocorrência de processos erosivos e cuja gênese estaria associada à formação de ravinas que evoluem para voçorocas e depositam a jusante, leques arenosos que, associados à evolução das próprias voçorocas (erosão remontante), dão origem aos areais, já nesta fase impulsionados, também, pela dinâmica eólica” (SUERTEGARAY, 2000, p. 269).

Esse processo pode ser visto na Figura 11.

Figura 11 – Representação da formação de areais em colinas

Fonte: Suertegaray et al (2001).

Analise a Figura 11 e sugira ações que poderiam, após implantadas, minimizar ou resolver o avanço do processo de erosão na área.

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Aula 3 Estudos do Semiárido 73

A formação dos areais no sudoeste do Rio Grande do Sul

As feições superfi ciais dos areais no sudoeste do Rio Grande do Sul são relativamente jovens se as compararmos com o tempo geológico da Terra, mas sua gênese passou por diferentes períodos e eras geológicas.

A área de ocorrência dos areais tem como substrato o arenito da Formação Botucatu. Sobre essa formação da era mesozóica foram depositadas camadas de arenito não consoli-dadas, originárias dos processos de erosão, transporte e deposição hídrica e eólica durante o período Pleistoceno e Holoceno. Esses processos trouxeram no passado e ainda trazem hoje consequências graves ao ambiente em que atuam, pois modifi cam as características do mesmo.

A ação das águas no escoamento superfi cial provoca erosão lateral e regressiva na calha dos rios, aumentando suas bordas e provocando assoreamento a montante. A jusante, causa depósitos arenosos em forma de leque. Com o passar do tempo, esses leques transformam-se em areais. Outro agente em destaque é o vento, que provoca o espalhamento dos areais em diferentes direções por onde sopra, ampliando assim as áreas de arenização.

A partir da dinâmica hídrica e eólica explicada, têm sido realizados estudos geomorfo-lógicos nas últimas décadas nessas áreas, o que tem contribuído para explicar os diferentes processos que atuam nos areais e para descrever, de forma mais detalhada, as principais feições do relevo, além de compreender a formação dos principais focos de erosão que se iniciam com ravinamentos e formam em um estágio mais avançado o voçorocamento, como pode ser visto na Figura 12.

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Aula 3 Estudos do Semiárido74

Figura 13 – Representação da formação de areais em rampas

Fonte: Suertegaray et al (2001).

Figura 12 – Voçoroca no sudoeste do Rio Grande do Sul

Fonte: fotos tiradas em trabalhos de campo da disciplina de Geomorfologia da UFRGS.

Alguns pesquisadores destacam que a ravina pode também ser resultado do pisoteio do gado e do uso de maquinaria pesada na atividade agrícola, originando sulcos e desencadeando condições de escoamento concentrado.

Segundo Suertegaray (2001), o processo que ocorre nos areais pode ser observado na Figura 13, onde percebe-se a existência de uma vertente com baixa altura e elevada declividade a montante do areal, formando rampas inicialmente e em um estágio mais avançado os morros testemunhos. Um dos motivos que favorece o escoamento das águas e o surgimento de ravinas deve-se aos areais apresentarem uma litologia frágil, não consolidada e bastante diversifi cada.

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Aula 3 Estudos do Semiárido 75

Área dos areais, impactos e possíveis soluções

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o sudoeste do Rio Grande do Sul está classifi cado como uma área de “atenção especial”, não sendo classifi cada como deserto. Essa atenção deve-se à degradação que ocorre na área e está relacionada fundamentalmente à intensa mobilidade dos sedimentos ocasionada pela ação das águas e dos ventos, causan-do também uma redução do potencial biológico. A Tabela 1 indica as áreas e o percentual de areais por município.

Tabela 1 – Quantifi cação dos areais do sudoeste do Rio Grande do Sul por município (1989/2004/2005).

Município Área do município (ha)

Área dos Areais (ha) 1989

Área dos Areais (ha) 2004/2005

(%) de areais por município em 1989

(%) de areais p/ município 2004/2005

Alegrete 772.060 934,67 939,87 0,1211 0,1217

Cacequi 233.307 9,36 18,00 0,0040 0,0077

Itaqui 329.675 23,30 14,48* 0,0071 0,0044*

Maçambará 178.857 276,66 276,12* 0,1547 0,1544*

Manuel Viana 128.738 551,97 561,78 0,4287 0,4364

Quaraí 322.466 230,40 234,09 0,0714 0,0726

Rosário do Sul 437.887 15,39 26,46 0,0035 0,0060

São Borja 380.185 194,94 212,40 0,0513 0,0559

São Francisco de Assis 259.859 765,27 720,72* 0,2945 0,2773

Unistalda 57.601 22,41 23,49 0,0389 0,0408

Total 3.100.635 3024,37 3027,41 0,0975 0,0976

*Refere-se aos municípios que tiveram suas áreas de arenização estabilizadas ou que os areais regrediram entre 1989 e 2005.

Fonte: Andrades, Suertegaray; Guasseli (2006).

Para o conjunto da região, de acordo com o mapeamento feito com imagens de satéli-te, os areais em 2005 representavam algo em torno de 3.027,41 ha. Segundo ANDRADES, Suertegaray e Guasseli (2006), a essas áreas devem ser acrescidos 1.600 ha, denominados focos de arenização. As áreas degradadas, do ponto de vista da arenização, representavam em 2005 0,26% da área total da região sudoeste do Rio Grande do Sul. Estudos afi rmam que essa área tem aumentado ano a ano.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 1, somente os municípios de Itaqui, Maçambará e São Francisco de Assis tiveram suas áreas de arenização estabilizadas ou os seus areais sofreram redução. Isso pode ser explicado devido às ações realizadas nessas áreas de

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Aula 3 Estudos do Semiárido76

forma pontual, com a implantação de fl orestamento como tentativa de recuperação das mesmas. Cabe destacar também que Alegrete, Cacequi, Manuel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, São Borja e Unistalda tiveram um signifi cativo aumento de suas áreas de arenização.

O processo de arenização e suas consequências ambientais na década de 1970 eram explica-dos única e exclusivamente em função do arrendamento das terras para a inserção da agricultura mecanizada, particularmente a cultura da soja, com o objetivo de maior rentabilidade. Hoje, sabe-se que esse processo é natural, mas que a interferência humana através dos diferentes usos do solo tem contribuído de forma signifi cativa para a degradação em geral dos solos do sudoeste do Rio Grande do Sul e especifi camente para o aumento das áreas de arenização.

No que se refere à interferência humana, pode-se destacar a derrubada e a queima de grandes áreas com presença de cobertura vegetal nativa. Além dessa prática equivocada, essas áreas já apresentavam fragilidade na sua composição de solo, por ser raso, e por possuir uma vegetação rasteira, composta predominantemente por arbustos isolados, denominados de cam-pos limpos e sujos. Esses fatores, aliados à inserção de diferentes cultivos em solos sem aptidão agrícola, intensifi caram os processos erosivos em algumas localidades da fronteira sudoeste do Rio Grande do Sul.

Por outro lado, dados provenientes da arqueologia indicam a existência de sítios arqueoló-gicos sob esses areais, reforçando a tese de sua origem ser natural. Segundo Marchiori, a pre-sença e a expansão dos areais no sudoeste do RS são anteriores aos primórdios da colonização e residem na fragilidade natural do ecossistema (MARCHIORI, 1992). Essa fragilidade natural, como explicam Azevedo e Kaminski (1995), deriva da extrema difi culdade do solo local em com-pensar as perturbações impostas pelo meio ambiente, o que pode ser notado pela precariedade na permanência da vegetação, baixa capacidade de fornecimento e retenção de nutrientes e alta susceptibilidade à erosão hídrica e eólica.

Soluções para mitigar alguns impactos nos areais, como a inserção de plantas para a cober-tura do solo através do plantio de árvores de médio e grande porte, aliadas à fertilização química do solo, cobririam o solo dessa região, o que por sua vez, controlaria a erosão e proporcionaria estabilidade a essas áreas degradadas.

O refl orestamento, aliado ao manejo adequado do solo, assim como a inserção de práticas adequadas para o cultivo na área em questão, poderia trazer benefícios importantes de sustenta-bilidade para a região. Entre eles estaria o controle e a redução dos focos de erosão, o aumento da área refl orestada e uma redução signifi cativa das áreas nativas desmatadas.

Essas práticas também poderiam trazer benefícios econômicos para a população local, através do potencial fornecimento de matéria-prima aos setores que dela se utilizam. Um exem-plo de uso seria para indústrias moveleiras e de benefi ciamento de papel e celulose. Esses dois tipos de empresas atuam fortemente no Rio Grande do Sul. Isso geraria empregos diretos e indiretos no campo para uma parcela da população gaúcha que hoje está desempregada e sem perspectivas de melhorar sua renda.

Outro fator a ser destacado é o fato de manter a população local fi xada no campo, no meio rural, incentivando-a a não migrar para a capital Porto Alegre, à procura de emprego, sem uma qualifi cação própria para o mercado de trabalho na cidade.

Para o governo do estado essa ação também seria importante, pois haveria um consequente aumento da arrecadação proveniente do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) etc.

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3

Aula 3 Estudos do Semiárido 77

Segundo dados do Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul (2002), os principais problemas ambientais apresentados na bacia hidrográfi ca do Uruguai, na qual estão inseridas as áreas de arenização são:

� despejo de dejetos domésticos sem tratamento nos cursos d’água;

� despejo de efl uentes agroindustriais oriundos da suinocultura e avicultura;

� manejo inadequado dos resíduos sólidos;

� desmatamento de áreas remanescentes de mata nativa e remoção de camadas de solo;

� erosão e compactação do solo agrícola pela ausência de utilização de práticas de conservação;

� assoreamento dos cursos d’água;

� contaminação dos solos e dos cursos d’água por agrotóxicos e insumos utilizados na agricultura;

� enchentes e estiagens periódicas;

� processo intenso de arenização.

A maioria dos problemas identifi cados caracteriza-se por abranger grandes extensões de terra ao longo da bacia hidrográfi ca do Uruguai e, consequentemente, afeta a qualidade de vida de um grande número de habitantes que ali vivem. Pesquisas que identifi cam tais problemas são de fundamental importância para a defi nição de ações e políticas públicas a serem adotadas pelos governantes, além da defi nição dos usos do solo de forma sustentável com o objetivo de proteger os recursos naturais.

Você tomou conhecimento dos principais problemas ambientais que a bacia do Uruguai possui (nela estão inseridas as áreas de arenização do sudoeste do RS). Destaque quais desses problemas estão presentes na cidade onde você mora. Em seguida, sugira ações e/ou políticas públicas que poderiam ser implementadas para sanar tais problemas.

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Aula 3 Estudos do Semiárido78

Refl etindo a respeito do refl orestamento nos areais do sudoeste do Rio Grande do Sul

Práticas de refl orestamento ocorrem no mundo inteiro. Geralmente elas são realizadas para recuperar áreas que tenham sido degradadas pelo desmatamento, proveniente da venda de madeira, ou pelas queimadas, onde o solo foi utilizado para a agricultura intensiva no passado e hoje se busca a sua recomposição ambiental.

No caso específi co dos areais, os principais fatores que infl uenciam a proliferação das dunas e consequentemente o avanço das áreas de arenização são: a erosão eólica ocasionada pela ação dos ventos; a erosão pluvial ocasionada pela água das chuvas; a pequena composição do solo e o consequente baixo desenvolvimento da vegetação, que não impede a perda de solo através do escoamento superfi cial.

Estudos mostram que uma boa opção para minimizar o problema ambiental que ocorre no sudoeste do Rio Grande do Sul e que poderia auxiliar na economia do lugar, pode estar na plantação de eucalipto, pois essa espécie, além da fácil adaptação ao meio, traria os seguintes benefícios para a área em questão:

� crescimento rápido com baixo custo de manutenção;

� proteção do solo e consequente redução dos processos erosivos;

� menor impacto no ambiente, se comparada com outras espécies exóticas;

� ganho ecológico efetivo através do recobrimento da área problema;

� melhoria na fertilidade do solo pela deposição e acúmulo de matéria orgânica;

� ganho econômico, através da venda de madeira, gerando receita para a população desempregada local.

A possibilidade de ganhos com esse tipo de cultura a médio e longo prazos por parte dos proprietários das terras é um fator de estímulo a sua implementação, dado que as áreas degradadas em sua maioria encontram-se abandonadas e sem a mínima possibilidade de serem inseridas no processo produtivo de qualquer cultura, se nada for feito.

Além disso, se faz necessário o desenvolvimento de culturas paralelas capazes de pro-porcionar rendimentos em um curto espaço de tempo, compensando, assim, o prazo mais longo de retorno da produção de madeira.

É importante destacar que existem muitos pesquisadores que condenam a prática de plantio do eucalipto como forma de solucionar o problema dos areais, assim como afi rmam que existem outras formas de se resolver a problemática do desemprego e da geração de renda das famílias que possuem em suas terras focos de arenização.

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Aula 3 Estudos do Semiárido 79

Após termos estudado a seção Refl etindo a respeito do refl orestamento nos areais do sudoeste do Rio Grande do Sul, busque saber quais os aspectos negativos do plantio do eucalipto e sugira duas formas de promover renda à população que vive nas áreas dos areais do sudoeste do Rio Grande do Sul. Posteriormente, justifi que sua resposta.

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5

Aula 3 Estudos do Semiárido80

Mito ou verdade? Cientistas destacam que as áreas suscetíveis à desertifi cação e que sofrem com o proble-

ma da seca em todo o mundo coincidem do ponto de vista socioeconômico como os maiores bolsões de pobreza dos países do Terceiro Mundo. Afi rmam que essas áreas apresentam baixa produtividade agrícola por possuírem solos com pouca matéria orgânica e sais minerais, e por conta da escassez hídrica superfi cial condicionam a baixa qualidade de vida de seus habitantes. Destacam que a cada ano, as áreas de desertifi cação e arenização vêm aumentando devido ao pastoreio incorreto, uso intensivo e inadequado do solo em áreas de grande fragilidade agrí-cola, além de sua salinização por irrigação e processos indevidos de uso intensivo e manejo inadequado da água disponível.

Com base na seção Mito ou verdade?, analise o que está sendo abordado e escreva o que é mito e o que é verdade. Posteriormente, justifi que sua resposta.

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Resumo

Aula 3 Estudos do Semiárido 81

Nesta aula, você estudou a respeito das características, do conceito e dos processos que envolvem os espaços caracterizados como áreas de arenização presentes no sudoeste do Rio Grande do Sul. Além disso, foi possível localizar espacialmente essas áreas e diferenciá-las das áreas classificadas com o processo de desertifi cação estudado na Aula 1. Foram também problematizadas atividades referentes aos conceitos e ao processo apresentado, com o objetivo de possibilitar uma refl exão sobre o entendimento do assunto, bem como apresentar possibilidades diversifi cadas de atividades para serem trabalhadas em aulas na educação básica. Nessa direção, você pôde compreender os processos e desconstruir mitos a respeito dos fenômenos apresentados.

AutoavaliaçãoNesta aula, você refl etiu a respeito das características e dos processos que en-volvem o sudoeste do estado do Rio Grande do Sul, mais precisamente sobre as áreas de arenização. Pesquise outras áreas no globo terrestre que tenham características semelhantes a do sudoeste do RS e que possam ser classifi cadas como áreas de arenização.

Page 86: Estudos do Semiárido

Aula 3 Estudos do Semiárido82

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Page 87: Estudos do Semiárido

Anotações

Aula 3 Estudos do Semiárido 83

SUERTEGARAY, D. M. A.; GUASSELLI, L. A.; MARTINS, G. Mapeamento e Cálculo de Área dos Areais (SW do RS), Através de Imagens Landsat TM5, Para Fins de Monitoramento. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 7., Curitiba, 1993. Anais… Curitiba, 1993.

SUERTEGARAY, D. M. A.; GUASSELLI, L. A.; WEBER, M. Land Use and Expansion/Retracion of Desertifi ed Areas in the Southwest of Rio Grande do Sul, Brazil. International Archives of Photogrammetry and Remote Sensing, n. 30, p. 159-163, 1994.

Page 88: Estudos do Semiárido

Anotações

Aula 3 Estudos do Semiárido84

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A nova delimitação para o semiárido brasileiro

4Aula

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Aula 4 Estudos do Semiárido 87Aula 4 Estudos do Semiárido 87

ApresentaçãoNesta quarta aula, propomos que você ponha em prática a sua habilidade em compreender

as tentativas de promoção do desenvolvimento do semiárido por meio de sua nova delimitação espacial. Dessa forma, teremos que refl etir a respeito do uso de termos tal como “Polígono das Secas”. Seja bem-vindo a essa refl exão sobre a nova delimitação do semiárido brasileiro!

ObjetivosEntender os critérios da nova delimitação do semiárido brasileiro.

Compreender a nova delimitação do semiárido brasileiro como tentativa do Estado em fomentar, por meio de polí-ticas públicas, o desenvolvimento da região.

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Aula 4 Estudos do Semiárido 89

Delimitar para fomentar o desenvolvimento

Na disciplina de Geografi a do Nordeste, você viu o planejamento e as políticas públicas fomentadas pelo Estado para o desenvolvimento dessa região, em decorrência dela ser “inventada” como uma região problema. Dentro do contexto nacional, a partir da

década de 1950, essa região passa a ser “reinventada” mediante o discurso desenvolvimentista baseado na dinamização da industrialização, no combate à seca e na diminuição das mazelas sociais. Porém, “o Estado, embora calcando suas ações em estratégias planejadas, não con-segue desenvolver plenamente ações que levem à superação das difi culdades enfrentadas pela região” (Aula 6 – Nordeste e o planejamento regional). Dentre as ações de fomento ao desen-volvimento, citamos a criação do Departamento Nacional de Obras Contra Secas (DNOCS), seguida pela criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e a participação de agências de fomento no desenvolvimento da região. Destacamos ainda a participação da Agência de Desenvolvimento do Nordeste (ADENE) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Estes são de nosso especial interesse, posto que é em função da operacionalização deles que o Estado, através do Ministério da Integração Nacional e do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, propôs a redelimitação do semiárido brasileiro.

Vamos entender como ocorreu o processo da nova delimitação?

Em 30 de março de 2004 foi publicada no Diário Ofi cial da União (DOU) a Portaria In-terministerial nº 6, que instituiu um grupo de trabalho, sob a coordenação do Ministério da Integração Nacional, para apresentar estudos e propostas de critérios para redefi nir a Região Semi-árida do Nordeste e Polígono das Secas, para orientar políticas públicas de apoio ao desenvolvimento da região, em particular, do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE. (BRASIL, 2005, extraído da Internet).

O Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) foi composto por técnicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da Integração Nacional (MI), da Agência de Desenvolvimento do Nor-deste (ADENE), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), da Agência Nacio-nal de Águas (ANA), do Instituto de Desenvolvimento do Nordeste de Minas Gerais (IDENE), do Banco do Nordeste (BNB), além de técnicos das seguintes instituições convidadas: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME).

Esse grupo de trabalho elaborou estudos na área em questão e apresentou o relatório fi nal após a realização de várias reuniões para atender ao objetivo proposto pela mencionada Portaria.

Dessa maneira, as propostas foram apresentadas pelos grupos de trabalho, e analisadas pela secretaria de políticas regionais, observando os critérios relacionados no Quadro 1.

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Aula 4 Estudos do Semiárido90

Ressaltamos que os critérios tinham que atender, necessariamente, à proposta mais adequada à operacionalização das políticas públicas mais diretamente ligadas à promoção do desenvolvimento econômico da região semiárida. Ao fi nal, a proposta das unidades geos-sistêmicas recebeu média inferior às demais (1,2). Desse modo, não foi considerada, nesse momento, na nova delimitação do semiárido.

PROPOSTA

C R I T É R I ONOTAMÉDIACompatibilidade

com os objetivosConsistência

técnicaObjetividade Operacionalidade

Viabilidade política

Índice de aridez 3 2 2 2 1 1,8

Fator de risco 3 2 2 2 1 1,8

Unidades geossistêmicas

1 2 1 1 1 1,2

Isoieta de 800 mm 3 2 3 3 3 2,8

Percentual diário de défi cit hídrico

3 2 2 2 1 1,8

Quadro 1 – Avaliação das propostas apresentadas pelos grupos de trabalho, e analisadas pela Secretaria de Políticas Regionais

Níveis de importância: 3 = alta; 2 = média; 1 = baixa; 0 = nula.

Fonte: MI (2005, p. 16).

Esses critérios podem ser entendidos como:

Índice de aridez: está relacionado à quantidade de chuva acumulada no solo e perdida para a atmosfera em dado local em um espaço de tempo.

Défi cit hídrico: ocorre quando há uma perda superior de evapotranspiração em relação à precipitação de um dado local em um espaço de tempo.

Fator de risco: está relacionado ao défi cit hídrico. Quanto maior for o défi cit hídrico, maior será o fator de risco de seca.

Unidades geossistêmicas: estão relacionadas ao conjunto de características ambientais que homogeinizam um dado local. Exemplo: O semiárido nordestino é bastante diversifi cado, o que possibilitou a sua subcompartimentação em sete (7) grandes unidades geossistêmicas, a saber: (1) Depressão Sertaneja; (2) Planaltos Sedimentares; (3) Planalto da Borborema; (4) Planaltos com Coberturas Calcárias; (5) Maciços Serranos Residuais; (6) Chapada Diamantina e Encostas do Planalto Baiano e (7) Tabuleiros Pré-Litorâneos e parte da Planície Costeira. O domínio semiárido fi ca inteiramente superposto por uma província fi togeográfi ca - as caatingas (MI, 2005, p. 10).

Isoieta: é uma linha que une pontos de igual precipitação pluviométrica em determinado espaço temporal.

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Aula 4 Estudos do Semiárido 91

O Grupo de Trabalho Interministerial assim conclui e recomenda:

Considerando-se, de um lado, o resultado da avaliação das propostas apre-sentadas no Grupo de Trabalho e, de outro, a intenção dos Ministérios da In-tegração, do Meio Ambiente e o da Ciência e Tecnologia de ampliar o núme-ro de critérios de delimitação da Região Semi-árida do Nordeste, sugere-se acrescentar, de forma alternativa, ao atual critério da isoieta de 800 mm, os critérios de Índice de Aridez de Thorntwaite, de 1941, (considerando-se semi-árido o município com índice de até 0,50) e Risco de Seca (desde que superior a 60%). Assim, passará a integrar a Região Semi-árida do Nordes-te, o município pertencente à área de atuação da ADENE que atender a pelo menos um dos três critérios.Qualquer que seja o critério escolhido, há de se preservar a restrição de con-tigüidade na delimitação da Região Semi-árida, de forma que, em nenhuma hipótese, se devem admitir disjunções espaciais de municípios contempla-dos, ou áreas de exceção no interior da Região (espaços internos com municí-pios não contemplados).Os municípios devem ser considerados como unidades integrais e indivi-síveis para fi ns da política de desenvolvimento econômico da Região Semi-árida, ou seja: por mera conveniência operacional fi ca inteiramente afastada a hipótese de um município ser parcialmente contemplado na Região Se-miárida, de modo que ou o município está inteiramente dentro ou totalmente fora do Semiárido.Nos casos de criação, desmembramento ou remembramento de municípios, a inclusão ou não na Região Semiárida fi cará obrigatoriamente na depen-dência do resultado da aplicação, pela instituição legalmente encarregada da gestão da política, dos mesmos critérios adotados na delimitação da Região como um todo, não prevalecendo, portanto, o argumento de inclusão automáti-ca por se tratar de município anteriormente incluído. Esse princípio se justifi ca pela necessidade de manter-se a coerência técnica e evitar eventuais distorções que venham a privilegiar ou prejudicar algum município e, ainda, desvirtuar os critérios de delimitação geral da Região.Como a semi-aridez é uma qualidade do clima, fenômeno estrutural por na-tureza, convém considerar, para os cálculos dos indicadores, séries tempo-rais de dados de aproximadamente 30 anos, como recomenda a Organiza-ção Mundial de Climatologia, para se evitar ou, no mínimo, reduzir, no cálculo das médias, possíveis distorções produzidas por eventuais fenômenos mete-orológicos (conjunturais). Por outro lado, como ocorrem mudanças climáti-cas no longo prazo, recomenda-se atualizar o estudo de redelimitação do semi-árido a cada dez anos.

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Aula 4 Estudos do Semiárido92

Recomenda-se, também, não utilizar mais o Polígono das Secas como ins-trumento legal de delimitação de áreas do Nordeste sujeitas às secas, uma vez que após a criação da Região Semi-árida, pela Lei Federal n° 7.827, de 27 de setembro de 1989, a delimitação anterior perdeu o sentido.Sugere-se aos Ministérios da Integração Nacional, do Meio Ambiente e, da Ciência e Tecnologia providências no sentido de recuperar e operacionalizar a rede meteorológica do Nordeste, de forma a garantir a continuidade das séries históricas dos dados, com o grau de confi abilidade requerido pelos estudos climáticos e pela gestão efi caz das políticas públicas para a Região. (MI, 2005, p. 21-22)

Como resultado do trabalho do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para Redelimita-ção do Semiárido Nordestino e do Polígono das Secas, foi publicada a Portaria Interministerial n° 1, de 09 de março de 2005, que atualiza os critérios que delimitam a região semiárida do Nordeste. Em seu artigo 1º aprova a redelimitação dessa região, observando, além do critério estabelecido na Lei n° 7.827, de 27 de setembro de 1989 (isoieta de 800 mm), os demais: índice de aridez e défi cit hídrico.

Como você pode observar, para a nova delimitação (Figura 1) foram utilizados os critérios de classifi cação, a partir de três variáveis climáticas ao invés de uma:

� precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 mm;

� índice de aridez de até 0,5, calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990;

� risco de seca maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 a 1990 (MI, 2005).

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on

ae

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oc it

nâlt

A

Nova Delimitação do Semiárido

45̊ 40̊ 35̊

15̊

10̊

PA

MA

CE

PI

RN

PB

PE

AL

SE

São Luís

Teresina

Fortaleza

Natal

BA

João Pessoa

Recife

Maceió

Aracaju

Salvador

Belo Horizonte

MG

GO

TO

ES

N

W E

S0 100 200Km

Limite dos Estados

Municípios do NOVO Semiárido

Aula 4 Estudos do Semiárido 93Aula 4 Estudos do Semiárido 93

Figura 1 – Nova delimitação do semiárido do Nordeste brasileiro, segundo os novos critérios de classifi cação de Ministério da Integração Nacional

Adaptado de: (MI, 2005).

Page 98: Estudos do Semiárido

Aula 4 Estudos do Semiárido94

Assim, atendeu-se ao objetivo de inserir o maior número possível de municípios para fi ns de fomento ao desenvolvimento da região através do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

Com essa atualização, a área classifi cada ofi cialmente como Polígono das Secas ou Região Semiárida aumentou de 892.309,4 Km2 para 982.563,3 km2 sendo composta atualmente por 1.133 municípios, com uma população de 20.858.264 habitantes. Apresenta uma população ur-bana de 11.747.381 habitantes e uma população rural de 9.085.266 habitantes (MI, 2005. p. 32).

Dessa forma, a Região Semiárida brasileira, representa 11,54% da superfície areal do Brasil e possui 10,86% da população total brasileira, sendo conhecida como uma das regiões semiáridas mais povoadas entre todas as terras secas existentes nos trópicos ou entre os trópicos.

Leia o texto a seguir e analise a Figura 2 para responder a Atividade 1.

No vasto território dos sertões secos, onde imperam climas muito quentes, chuvas escassas, periódicas e irregulares, vivem aproximadamente 23 milhões de brasileiros. Trata-se, sem dúvida, da região semiárida mais povoada do mundo. [...] Para completar o esquema de seu perfi l demográfi co, há que su-blinhar o fato de se tratar da região de mais alta taxa de fertilidade humana das Américas. Uma região geradora e redistribuidora de homens (Figura 2), em face das pressões das secas prolongadas, da pobreza e da miséria. Jean Dresch, grande conhecedor do Saara, ponderava aos seus colegas brasi-leiros, ao ensejo de uma excursão pelos sertões da Paraíba e de Pernambuco, que a existência de gente povoando todos os recantos da região seca era o prin-cipal fator de diferenciação do Nordeste interior em relação às demais regiões áridas ou semiáridas do mundo. Lembrava Dresch que, nos verdadeiros deser-tos, o homem se concentra, sobretudo, nos oásis, sendo obrigado a controlar drasticamente a natalidade devido a uma necessidade vital de sobrevivência das comunidades [...] Por oposição a esse quadro limitante de verdadeiras “ilhotas de humanidade”, no Nordeste brasileiro, o homem está presente um pouco por toda a parte, convivendo com o ambiente seco e tentando garantir a sobrevivência de famí-lias numerosas. Existe gente das grandes fazendas e latifúndios. Nos agrestes predominam diversas pequenas propriedades e fazendolas. Gente morando e labutando com lavouras anuais e pequenos pastos, por entre cercas e cerca-dos de avelozes. Gente pontilhando os setores das colinas e baixos terraços dos sertões secos. Casinhas de trabalhadores rurais na beira dos córregos que secam. Muita gente nos “altos” das serrinhas úmidas, assim como em todos os tipos de “brejos” ou setores “abrejados” das caatingas (AB’SABER, 2003, p. 92-93, grifos nossos).

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1

1

Aula 4 Estudos do Semiárido 95

Figura 2 – A imagem expressa os movimentos migratórios comuns no sertão

Fonte: <http://geografi anovest.blogspot.com/2008/08/imagens-do-serto.html>. Acesso em 4 jan. 2011.

De acordo com o texto de Ab’Saber e a Figura 2, que trata dos movimentos mi-gratórios, relate através da sua vivência e de seus familiares se esse fenômeno ocorreu em sua cidade na década de 1980 e se ainda ocorre no dias atuais.

Page 100: Estudos do Semiárido

2

Aula 4 Estudos do Semiárido96

Utilizando ainda o texto de Ab’Saber, como você justifi ca a presença e permanência de grande parte da população distribuída no semiárido?

Page 101: Estudos do Semiárido

2

Aula 4 Estudos do Semiárido 97

Por que delimitar é preciso?Leia o texto a seguir e responda à Atividade 2.Além dos 1.031 municípios já incorporados, passam a fazer parte do semiárido outros 102

novos municípios enquadrados em pelo menos um dos três critérios utilizados. Com essa atua-lização, a área classifi cada ofi cialmente como semiárido brasileiro aumentou de 892.309,4 km2 para 969.589,4 km2, um acréscimo de 8,66%. Minas Gerais teve o maior número de inclusões na nova lista - dos 40 municípios anteriores, vai para 85, variação de 112,5%. A área do Estado que fazia anteriormente parte da região era de 27,2%, tendo aumentado para 51,7%.

Os 1.133 municípios integrantes do novo semiárido brasileiro se benefi ciarão de bô-nus de adimplência de 25% dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), enquanto no restante da Região Nordeste esse percentual é de 15%. Ainda quanto ao FNE, a Constituição determina que pelo menos 50% dos recursos deste Fundo sejam aplicados no fi nanciamento de atividades produtivas em municípios do semi-árido, o que certamente representa um estímulo à atração de capitais e à geração de emprego na região. Em 2005, o valor aplicado pelo FNE no semi-árido alcançou os R$ 2,5 bilhões. Ademais, produtores rurais benefi ciários do Pronaf do semiárido têm à disposição crédito com juros de 1% ao ano, prazo de pagamento de até 10 anos e três anos de carência.

Desta forma, com a nova delimitação do semi-árido brasileiro, o Ministério da Integração Nacional evidencia seu compromisso com o desenvolvimento desta sub-região, tanto no que se refere à ativação de seu potencial endógeno de crescimento econômico, como no sentido da diminuição das desigualdades interregionais vigentes no país (MI, 2005, p. 5, grifos nossos).

Qual o signifi cado que a redelimitação possui para o desenvolvimento do semiárido brasileiro? E qual a importância do FNE nesse contexto?

Page 102: Estudos do Semiárido

Aula 4 Estudos do Semiárido98

Vamos entender esses critérios? Índice de aridez (IA)

A defi nição de aridez deriva de metodologia desenvolvida por Thornthwaite (1941) e foi posteriormente utilizada pela UNESCO na elaboração do Map of the World Distribution of Arid Regions. Tal critério é de fundamental importância para diferenciar áreas que apresentem ín-dices de precipitação e evapotranspiração diferentes. Importante destacar que esse critério é utilizado no mundo inteiro em pesquisas científi cas. Conforme essa defi nição, o grau de aridez de uma região depende da quantidade de água advinda da chuva (P) e da perda máxima possível de água através da evapotranspiração potencial (ETP), ou seja, a perda máxima possível de água pela evaporação e transpiração.

O índice de aridez (IA), que é defi nido como sendo a razão entre a precipitação e a eva-potranspiração potencial, foi ajustado por Penman (1953) com a fi nalidade de se determinar as diversas classifi cações climáticas das regiões. (MI, 2005, p. 38-39).

O Quadro 2 apresenta a faixa do índice de aridez para diversos climas da terra.

Índice de aridez Classifi cação

IA < 0,05 hiperárido

0,05 < IA < 0,20 árido

0,20 < IA < 0,50 semiárido

0,50 < IA < 0,65 subúmido seco

0,65 < IA < 1,00 subúmido úmido

IA > 1,00 úmido

Quadro 2 – Classifi cação climática com base no índice de aridez

Fonte: MI (2005, p. 39).

Precedendo a atual delimitação (Portaria Interministerial n° 1, 09/03/2005), a Lei n° 7.827 de 27/09/1989 (BRASIL, 1989) regulamenta o artigo 159, alínea c, da Constituição Federal Brasileira de 1988, a qual institui o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). No artigo 5º, inciso IV, regulamenta como semiárido a região inserida na área de atuação da SUDENE, com precipitação pluviométrica média anual igual ou inferior a 800 mm defi nida em portaria daquela autarquia.

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CODEVASF/SRH-MMASecretaria de Recursos Hídricos (SRH).

Semiárido(isoieta 800mm)

Polígono das secas

PI

CERN

PB

PE

AL

SE

BA

MG

ES

MA

190190 95 0

km1:2.000.000

N

W E

S

Aula 4 Estudos do Semiárido 99

Dessa maneira, a SUDENE, traçou, para defi nir a mencionada lei, a isoieta ligando pontos da superfície da terra com precipitações médias anuais de 800 mm, no período de 1961 a 1990 (Figura 3). Köppen considera semiárido o clima com precipitações inferiores a 760 mm (LINS, 2008).

Figura 3 – Delimitação do semiárido do Nordeste brasileiro, segundo critério de classifi cação da SUDENE

Adaptado de: MI (2005, p. 56).

O Grupo de Trabalho CODEVASF/SRH-MMA em sua proposta de redelimitação considerou a delimitação constante na Lei n° 7.827, 27/09/1989, insufi ciente e de aplicação inadequada. Entretanto, é de bom alvitre lembrar que esse critério permanece na nova delimitação, acrescido do índice de aridez e défi cit hídrico. E que para o município se inserir na região de abrangência do FNE, basta preencher um critério, e não os três concomitantemente. Percebemos, ainda, que

Page 104: Estudos do Semiárido

Normais climatológicasSão obtidas através do cálculo das médias de parâmetros meteoro-

lógicos, obedecendo a critérios recomenda-dos pela Organização

Meteorológica Mundial (OMM). Essas médias referem-se a períodos

padronizados de 30 (trinta) anos, sucessivamente, de 1901 a 1930, 1931 a 1960 e 1961 a 1990. Como, no

Brasil, somente a partir de 1910 a atividade de

observação meteorológica passou a ser feita de forma

sistemática, o primeiro período padrão possível de ser calculado foi o de 1931

a 1960. Fonte: <http://www.inmet.gov.br/html/

clima.php>. Acesso em: 20 dez. 2010.

Aula 4 Estudos do Semiárido100

o fator climático possui um peso de extrema relevância para os planos, programas e projetos destinados ao desenvolvimento da região em apreço.

Como vemos, evitar utilizar só o parâmetro precipitação média se tornou consenso en-tre os representantes das instituições que compuseram o GTI. Dessa forma, o Ministério da Integração destaca que

[...] considerar apenas a precipitação como critério de defi nição do semi-árido não refl ete a natureza dos défi cits hídricos de uma área, visto que regiões com índices pluviométri-cos relativamente baixos podem apresentar características de sustentabilidade hídricas satisfatórias. Por exemplo, em muitas regiões da Europa a precipitação anual média está situada na mesma faixa de algumas regiões do Nordeste, por exemplo, em Paris chove em média 660 mm anuais, enquanto que em Berlim chove 520 mm, no entanto essas regiões não são caracterizadas como semi-árido.

As regiões semi-áridas se caracterizam por apresentar um baixo nível de sustentabili-dade hídrica, ou seja, a quantidade de água disponível para ser utilizada é baixa, um dos principais fatores para que esta situação ocorra é a taxa de evaporação da região (MI, 2005, p. 38).

Défi cit hídrico

A expressão défi cit hídrico designa uma situação na qual as precipitações exibem valores inferiores aos da evaporação e a transpiração das plantas. (MI, 2005).

O défi cit hídrico é verifi cado pelo balanço hídrico que poderá ser realizado com dados da normal climatológica para determinada série temporal de dados. Pereira (2003), ao discutir a importância do balanço hídrico, diz que as técnicas desse balanço constituem um meio de resolver importantes problemas hidrológicos teóricos e práticos. Ademais, o autor apresenta diversos objetivos que podem ser atingidos com base na aplicação do balanço hídrico. Des-tacamos alguns:

fazer uma avaliação quantitativa espacial e temporal dos recursos hídricos através de balanços diários, mensais, sazonais ou anuais (acrescentamos a série temporal de trinta anos), para melhor entendimento do comportamento do sistema hidrológico; ser um componente essencial de estratégias de controle racional de recursos hídricos, visto que as condições socioeconômicas e a demanda de água, em uma bacia, normalmente não permanecem estáticas. Desse modo, decisões de controle devem ser baseadas, tanto quanto possível, em um entendimento quantitativo do ciclo hidrológico, em um sistema hidrológico qualquer (lago, reservatório, bacia, aqüífero etc.), a fi m de atender às demandas existentes e preservar o meio ambiente. Adicionalmente, o monitoramento do balanço de água, a longo prazo, fornecerá uma valiosa base de dados estatísticos para um efetivo controle. (PEREIRA, 2003, p. 16-17).

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE/CPTEC utilizou dois critérios téc-nicos em sua proposição para o GTI. O primeiro, já discutido, refere-se aos “Totais anuais de precipitação no período 1960-1990”; o segundo, trata-se da “Frequência de ocorrência de défi cit hídrico no período 1970-1990 usando um modelo de balanço hídrico diário” (MI, 2005, extraído da Internet), chegando ao resultado visto na Figura 4.

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PI

CERN

PB

PE

AL

SE

BA

MG

ES

0 - 20

20 - 40

40 - 60

60 - 80

80 - 100

Percentual de diascom déficit hídrico

Percentual de Dias com Déficit Hídrico no Período 01/10/1970 - 31/12/1990

MA

N

W E

S

190190 95 0

km1:2.000.000

Aula 4 Estudos do Semiárido 101

Figura 4 – Percentual de dias com défi cit hídrico, segundo o INPE/CPTEC

Fonte: MI (2005, p. 73).

Uma das conclusões a que o Grupo de Trabalho do INPE/CPTEC chegou foi que a análise baseada no balanço hídrico indica que as áreas defi nidas como semiárido apresentaram, no período 1970-1990, défi cit hídrico em pelo menos 60% do tempo. Notamos nesse aspecto que o risco de seca oferecido para a região é alto. Desse modo, o critério se torna válido.

A Agência Nacional de Águas (ANA) defi ne as classes de percentagens de risco de seca (Figura 5)

Page 106: Estudos do Semiárido

PI

CERN

PB

PE

AL

SE

BA

MG

ES

MA

190190 95 0

km1:2.000.000

ConvençãoCartográfica

Frequencia de ocorrênciade déficit hídrico

Isoieta de 60%

até 40%

de 40% a 60%

de 60% a 80%

mais de 80%

N

W E

S

Aula 4 Estudos do Semiárido102

Figura 5 – Classes de percentagens de risco de seca

Fonte: MI (2005, p. 77).

Page 107: Estudos do Semiárido

3

Aula 4 Estudos do Semiárido 103

Na sua opinião, os critérios de classifi cação para a nova delimitação (precipitação plu-viométrica, índice de aridez e risco de seca) são os únicos que poderiam ser utilizados para delimitar o semiárido brasileiro? Ou existem outros?

Lembre-se de que essa delimitação determinará a área que receberá verbas através de políticas públicas específi cas para seu desenvolvimento.

Page 108: Estudos do Semiárido

4

Aula 4 Estudos do Semiárido104

Veja como fi cou o quadro de municípios por critério após a nova delimitação

O Quadro 3 apresenta os critérios de entrada dos municípios na nova área de infl uência do semiárido.

Critério de entrada Quantidade de municípios

Precipitação (isoieta de 800 mm) 604

Índice de aridez (até 0,50) 875

Risco de seca (60% ou mais de dias com défi cit hídrico) 1.108

Total da região semiárida 1.133

Quadro 3 – Número de municípios por critério

Com base no Quadro 3, se somarmos o número de municípios, estes aumentarão para 2.587. Como você explica a ampliação tão signifi cativa no número de municípios inseridos na região semiárida?

Page 109: Estudos do Semiárido

Aula 4 Estudos do Semiárido 105

Nesta aula, você pôde entender os critérios da nova delimitação do semiárido brasileiro, bem como compreendeu como essa delimitação se apresenta como mais uma tentativa do Estado em fomentar o desenvolvimento da região, cujo ator institucional está representado pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE, constante na atual Constituição brasileira.

Resumo

AutoavaliaçãoCom a redelimitação do semiárido brasileiro, o Estado mais uma vez tenta fomentar o desenvolvimento dessa região. Como você analisa a incorporação de mais 102 municípios aos já existentes 1.031?

Page 110: Estudos do Semiárido

Aula 4 Estudos do Semiárido106

ReferênciasAB’SABER, A. N. Os domínios da natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

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Anotações

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Anotações

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Semiárido brasileiro:adversidade ou diversidade?

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Apresentação

Você, que possivelmente, nasceu na região Nordeste do Brasil, desde muito jovem ouve falar dos problemas que o homem e a mulher sertanejo/a sofrem pelas constantes se-cas e todos os problemas decorrentes da natureza; viu que sempre a região semiárida,

composta pela maioria dos estados nordestinos, foi alvo de calorosos debates de políticos e cientistas preocupados com o subdesenvolvimento da região e como se buscaria o desenvolvi-mento da mesma. Em determinada década, precisamente, a de 1980, discutia-se: “O Nordeste é viável?”. Para entendermos essa longa discussão sobre o Nordeste semiárido lembramos o que disse João Ferreira Filho: no fi nal do século XIX para início do XX se via na açudagem a solução para todos os problemas. Na década de 1950, pedia-se estradas; na de 1960, argumentava-se que o desenvolvimento só viria com a energia elétrica. Em 1990, a prioridade passa a ser a água doce. Complementamos que nos anos 2000 esta prioridade continua, posto que esta é uma discussão em nível mundial: a disponibilidade de água para as populações humanas. O autor supracitado, coloca que só se atingiria o desenvolvimento sustentado caso o problema de suprimento de água doce da região fosse resolvido. O mesmo afi rma “produzir, importar e reutilizar a água doce que necessitamos é mais do que uma questão de sobrevivência, é mesmo existencial.” (FERREIRA FILHO, 1999, p. 64).

Com base nessa lógica, você verá nesta aula, que o espaço semiárido brasileiro fi cou, ao longo dos séculos, conhecido pelas suas adversidades, no que se refere às condições naturais e seus refl exos sobre a vida dos sertanejos; bem como, poderá constatar que a visão equivocada criada de um espaço sem vida, homogêneo, é desvelada por apresentar um ambiente rico em biodiversidade, com paisagens diversas. Logo, os mitos criados em torno do espaço semiárido brasileiro poderão ser desconstruídos quando ele se apresenta como um espaço de possibili-dades.

ObjetivosDiscutir alguns mitos e verdades sobre o semiárido brasileiro.

Entender que o semiárido brasileiro é um espaço geo-gráfi co singular dentre as regiões semiáridas da Terra, mediante suas características ambientais e humanas.

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ZêniteA expressão Zênite do Sol (ou Solar) designa o mo-mento em que o Sol incide verticalmente sobre um lugar. A latitude em que o Sol atinge o zénite varia ao longo do ano com o movimento de translação da Terra, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio.

Lat

o

Marcha anual da altura zenital do Sol

20

10

0

10

20

N

S

J F M A M J J A S O N D

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Discutindo o espaço geográfi co do semiárido brasileiro: adversidade ou diversidade?

As regiões áridas e semiáridas têm grande importância na história da humanidade. En-tretanto, muitos mitos e preconceitos foram, ao longo dos anos, semeados no imaginário das pessoas no que diz respeito às regiões secas do mundo. Elas são tidas como regiões sem vida, sem biodiversidade, sem produção, sem história e sem cultura.

Cerca de 1/3 de toda a superfície da Terra é ocupada por regiões áridas e semiáridas, mas foram nelas que se deram as primeiras povoações, com a formação de ricos impérios, onde foram feitas grandes descobertas em diversas áreas do conhecimento, tais como Ma-temática, Física, Astronomia e Agricultura (MATALLO JÚNIOR, 2001, p 15). Isso mostra que fatores climáticos não interferem inexoravelmente na formação de uma cultura e mesmo na produção do conhecimento.

Praticamente todos os continentes apresentam zonas áridas em seu território, exceto a Antártida, conforme visto na Aula 2, Tabela 2. Na América do Sul há três exemplos de espaços semiáridos: Guajira (norte da Colômbia e Venezuela), a diagonal seca do Cone Sul (se estende desde a Patagônia até o piemonte dos Andes) e o semiárido brasileiro (composto por oito esta-dos do Nordeste e um do Sudeste). Este último, que abarca mais de 11% do território nacional, caracteriza-se por elevadas médias anuais de temperatura e evaporação, e precipitações mé-dias, concentradas e irregularmente distribuídas no tempo e no espaço (CAVALCANTE, 2010).

Por sua posição geográfi ca, próxima ao Equador, a região Nordeste do Brasil é submetida à forte radiação solar, posto que o Sol atinge o zênite duas vezes ao ano (março e setembro) (Figura 1). A radiação solar pode chegar a 3200 h/ano, equivalendo a 266,6 dias do ano com 12 horas de luz (CONTI; FURLAN, 2001).

Figura 1 – Marcha anual da altura zenital do sol

Fonte: Nimer (1977).

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Imagine que você é um(a) professor(a) de uma turma de Ensino Médio e precisa elaborar uma questão para seus alunos a respeito do texto Discutindo o espaço geográfi co do semiárido brasileiro: adversidade ou diversidade?

Pense e escreva no espaço abaixo a sua problematização a respeito do assunto. Em se-guida, insira no fórum de discussão aberto na página da disciplina. Leia as respostas inseridas e discuta com seus colegas os diferentes pontos de vista.

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Desconstruindo mitos O semiárido brasileiro, apesar da imagem que o apresenta como um lugar sem vida,

vem paulatinamente aparecendo como um ambiente de rica biodiversidade. Segundo estudos recentes, essa região

apresenta a mais diversa dentre as paisagens brasileiras, tanto em relação a geomor-fologia quanto aos tipos de vegetações. Esta diversidade ambiental se refl ete na maior biodiversidade, na taxonomia complicada dos grupos e em padrões biogeográfi cos com-plexos em escalas relativamente pequenas (QUEIROZ; RAPINI; GIULIETTI, 2010, p. 1).

Corroborando com os autores supracitados, Silva et al (2003, p. 9) afi rmam, no que se refere ao maior bioma desse espaço geográfi co, que criaram-se alguns mitos em torno da biodiversidade da caatinga e três deles são os mais abordados. Primeiro, a caatinga é homogênea; segundo, sua biota é pobre em espécies e em endemismo; e, terceiro, ainda está pouco alterada. Ao contrário, ela é heterogênea e inclui pelo menos uma centena de diferentes tipos de paisagens únicas; é mais diversa do que qualquer bioma no mundo que esteja exposto às mesmas condições climáticas e de solo e está entre os biomas brasileiros mais degradados pelo homem. Além da diversidade de recursos naturais, apresenta diver-sidade em sua dinâmica social.

Nesse sentido, vejamos o que dizem Conti e Furlan (2001, p.105-106, grifos nossos):

Essas características climáticas aparecem retratadas no quadro natural pela vegetação xerofítica (a caatinga), pelo escoamento hidrográfi co intermitente e pelos solos pedrego-sos com formas agressivas, como, por exemplo, os campos de inselbergs. O domínio do semiárido não se apresenta, porém, de forma homogênea, exibindo grande diversidade de um ponto para outro.O período da estiagem não é o mesmo em toda a região, em virtude das diferenças da dinâmica. Várias hipóteses têm sido propostas para explicar essa ocorrência de semi-aridez. As primeiras apontavam o relevo como responsável[...]. Trata-se do planalto da Borborema, que constitui uma barreira à trajetória das massas de ar procedentes do Atlântico, mantendo a umidade na sua vertente a barlavento [...]. Tal explicação, todavia, é insufi ciente, não só porque o referido planalto é descontínuo como por apresentar altitudes modestas, raramente ultrapassando 800m, incapaz, portanto, de provocar a existência de tão grande mancha semi-árida a sotavento. [...]. As causas da escassez de precipitação naquele ponto do território brasileiro são multiplas e ainda não inteiramente explicadas.

Isso posto, podemos inferir que a dinâmica da natureza dos domínios territoriais do semiárido brasileiro é bem mais complexa do que se pode imaginar. Frente a todas essas condições está o homem vivendo com seu modo, cultura, saberes e dinâmica social próprios. Ele constrói , transforma, reconstrói, se adapta e sobrevive.

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A imagem criada do sertão e do sertanejo

Por outro lado, o semiárido, como natureza, tem implicações na constituição da paisagem e como o homem nela se insere e se apropria. Provavelmente você nasceu na região Nordeste do Brasil e desde tenra idade ouve falar das agruras do homem nordestino/sertanejo, e não podemos esquecer do homem do norte de Minas Gerais.

O sertanejo enfrenta difi culdades para produzir na agricultura, para criar o gado e, por conseguinte, obter seu sustento.Para personifi car e fazer jus às políticas públicas provenientes de instância fe-deral e repartidas pelas unidades federativas do espaço semiárido, criou-se a imagem do sertão e do sertanejo. A primeira, caracterizada pelo chão esturri-cado, com ausência completa de água, vegetação rala e espinhenta, e o sol a pino. O segundo intimamente relacionado ao primeiro, o homem com a enxada, sua esposa carregando uma lata de água na cabeça com a “rodia”, ao mesmo tempo em que carrega um fi lho na barriga, e uma escadinha de fi lhos arrasta-dos pela mão. Carrega, ainda, aquele fi lho, como é de costume dizer, o que está no “pensamento”. Família confi gurada como sedenta e faminta que se “retira” para a “capitá”, que desde o princípio desperta o comportamento xenófobo das populações das regiões de imigração.

De acordo com o lugar em que você vive, como você vê o sertão e o sertanejo?Use o espaço abaixo para organizar sua resposta e, em seguida, insira no fórum de

discussão na página da disciplina. Leia as respostas inseridas e discuta com seus colegas os diferentes pontos de vista.

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Refl etindo a respeito Conforme Malvezzi (2007), o sertão é representado na religião (resistência religiosa –

Ibiapina, Pe. Cícero e Antônio Conselheiro), literatura (prosa – Graciliano Ramos e verso – João Cabral de Melo Neto), pelo cancioneiro popular (Luís Gonzaga), nas artes plásticas (Portinari). Desse modo, ao passo que se torna dizível, se dá visibilidade e se constrói a imagem de um espaço semiárido homogênio e de impossibilidade de desenvolvimento. Ao mesmo tempo que é real, é ideológico, visto que muitas vezes serve para que se atribua à natureza problemas políticos, sociais e culturais, historicamente construídos.

Vejamos algumas considerações tecidas por Malvezzi (2007), Conti e Furlan (2001):O semiárido brasileiro, dentre os diversos espaços semiáridos do mundo, apesar das

médias abaixo de 800 mm/ano de precipitação, é o mais chuvoso do planeta. Há porções que apresentam elevadas precipitações, como por exemplo Quixeramobim/CE que atinge 1100 mm/ano (CONTI; FURLAN, 2001).

Mesmo com consideráveis índices de precipitações, essa região apresenta um défi cit hídrico, ocasionado pela elevada evaporação anual da ordem de 3000 mm/ano. Ademais, há uma distribuição irregular temporal e espacial das precipitações, fato que caracteriza o semiárido brasileiro como desigual, heterogêneo.

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Ao associar as características descritas na seção Refl etindo a respeito (que trata da precipitação, evaporação, défi cit hídrico e distribuição irregular temporal e espacial das precipitações) e com base na imagem abaixo, discuta:

Como políticas públicas como o programa “Um milhão de cisternas rurais (P1MC)” pode mudar a vida do sertanejo?

O programa “Um milhão de cisternas rurais” é uma iniciativa combinada de organizações da sociedade civil e governos, que propõe construir cisternas de placa para coletar água de chuva como forma de viabilizar o acesso à água para a população rural do semiárido brasileiro.

Fonte: <ecodebate.com.br>. Acesso em: 14 jan. 2011.

Para saber mais:<http://www.geografi a.ffl ch.usp.br/inferior/laboratorios/agraria/Anais%20XI-XENGA/artigos/Pontes_ETM.pdf>; <http://www.mds.gov.br/noticias/programa-um-milhao-de-cisternas-ganha-premio-da-agencia-nacional-de-aguas>. Acesso em: 14 jan. 2011.

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Para ler e refl etir

Agruras da Lata D’águaComposição: Jessier Quirino

E eu que fui enjeitada Só porque era furada. Me botaram um pau na boca, Sabão grudaram no furo, Me obrigaram a levar água Muitas vezes pendurada, Muitas vezes num jumento.

Era aquele sofrimento, As juntas enferrujadas. Fiquei com o fundo comido. Quando pensei que tivesse Minha batalha cumprido, Um remendo me fi zeram: Tome madeira no fundo E tome água e leva água, E tome água e leva água.

Daí nasceu minha mágua: O pau da boca caía, Os beiços não resistiam. Me fi zeram um troca-troca: Lá vem o fundo pra boca, Lá vai o pau para o fundo. Que trocado mais sem graça Na frente de todo mundo. E tome água e leva água E tome água e leva água.

Já quase toda enfadada, Provei lavagem de porco, Ai mexeram de novo: Botaram o pau na beirada. E assim desconchavada, Medi areia e cimento, Carreguei muito concreto Molhado duro e friento, Sofri de peitos aberto, Levei baque dei peitada.

Me amassaram as beiradas, Cortaram minhas entranhas. Lá fui eu assar castanha, Fui por fi m escancarada. Servi de cocho de porco Servi também de latada.

Se a coisa não complica, Talvez eu seja uma bica Pela próxima invernada. E inverno é chuva, é água, E eu encherei outras latas Cumprindo minha jornada.

As possibilidades... Em relação à vegetação, a caatinga se divide em caatinga seca não-arbórea, caatinga seca

arbórea, caatinga arbustiva densa, caatinga de relevo mais elevado e caatinga de chapadão do Moxotó (CONTI; FURLAN, 2001). Complementando a caracterização, Ab’Sáber (1999) nos ensi-na que a vegetação nos meses de escassez hídrica é caducifólia com característica acinzentada. Já nos meses de intensa pluviosidade, a vegetação é esverdeada – com algumas intrusões de

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pleno xerofi tismo, representado por algumas cactáceas como: mandacarus, coroas-de-frade, facheiros, xique-xiques, marmeleiros, mofumbos e juremas.

A caatinga apresenta diversas espécies vegetais que possuem valor de mercado e são extraídas para exportação, outras se destacam pelo valor da madeira, pelos frutos comestíveis e como artigos medicinais, conforme você viu na Aula 8 (Ecossistemas do Cerrado e da Caa-tinga) da disciplina Ecossistemas Brasileiros. Viu também que as espécies representativas da fauna não conseguem sobreviver às secas prolongadas, por isso ela não é muito extensa, e é pouco estudada. Porém, estudos recentes apontam que a caatinga possui signifi cativo número de espécies endêmicas, isto é, que ocorrem nesse ecossistema e que constituem patrimônio biológico de valor inestimável (SAMPAIO et al, 2002 apud BRASIL, 2004). Exemplifi cando a fauna: cobras cascavel, jiboia, jararaca, lagartos, tatus, tamanduás, suçuarana e onça pintada. Destacam-se como maioria os morcegos e roedores, como o mocó. As aves são mais de 400 espécies. Giulietti (2002 apud BRASIL, 2004, p. 34), afi rma que:

Quanto à fl ora, foram registradas até o momento, cerca de 1.000 espécies, estimando-se que haja em torno de 2.000 a 3.000 plantas. Com relação à fauna, essa se apresenta com baixas densidades de indivíduos e poucas espécies endêmicas. Apesar da pequena densi-dade e do pouco endemismo, já foram identifi cadas 17 espécies de anfíbios, 44 de répteis, 695 de aves e 120 de mamíferos, pouco se conhecendo em relação aos invertebrados. Descrições de espécies novas vêm sendo registradas, indicando conhecimento botânico e zoológico bastante precário desse ecossistema que, segundo os pesquisadores, é considerado o menos conhecido e estudado dos ecossistemas brasileiros.

Sobre a importância biológica da Caatinga, vejamos:

A caatinga é pouco estudada, para os pesquisadores é considerado o ecossis-tema menos conhecido e estudado entre os ecossistemas brasileiros. Além da importância biológica, a caatinga apresenta um potencial econômico ain-da pouco valorizado. Em termos forrageiros, apresenta espécies como o pau-ferro, a catingueira verdadeira, a catingueira rasteira, a canafístula, o mororó e o juazeiro que poderiam ser utilizadas como opção alimentar para caprinos, ovinos, bovinos e muares. Entre as espécies com potencialidade frutífera, destacam-se o umbú, o arati-cum, o jatobá, o murici e o licuri e, entre as espécies medicinais, encontram-se a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angi-co, o sabiá, o jericó, entre outras. Este patrimônio brasileiro porém, encontra-se ameaçado. A exploração extrativista realizada de forma errônea pela população local, desde a ocupação do semiárido, tem levado a sua rápida degradação am-biental. Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga já se encontra alterada pelas ações do homem, e somente 0,28% de sua área encontra-se protegida através de unidades de conservação. Portanto, soma-se a ela a condição de ser também o ecossistema menos preservado e um dos mais degradados.

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Como consequência desta degradação, algumas espécies já fi guram na lista das espécies ameaçadas de extinção do IBAMA. Outras, como a aroeira e o um-buzeiro, já se encontram protegidas pela legislação fl orestal de serem usadas como fonte de energia, a fi m de evitar a sua extinção. Quanto à fauna, os felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio (veado catingueiro e capivara), as aves (ararinha azul, pombas de arri-bação) e abelhas nativas fi guram entre os mais atingidos pela caça predatória e destruição do seu habitat natural. Para reverter este processo, estudos da fl ora e fauna da caatinga são necessários. Neste sentido, a Embrapa Semi-Ári-do, UNEB e Diretoria de Desenvolvimento Florestal da Secretaria de Agricultu-ra da Bahia aprovaram o projeto “Plantas da Caatinga ameaçadas de Extinção: estudos preliminares e manejo”, junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), com o objetivo de estudar a fenologia, reprodução e dispersão de al-gumas espécies (aroeira do sertão, quixabeira, imburana de cheiro e baraúna) na Reserva Legal do Projeto Salitre, Juazeiro, Bahia. Este projeto contribuirá com importantes informações sobre a biologia destas plantas e servirá de subsídios para a elaboração do plano de manejo destas espécies na região.

Fonte:<http://www.biobras.org.br/terra/default.asp?secID=62&pag=ImportanciaBiologicaDaCaatinga>. Acesso em: 18 dez. 2010.

Diante desse contexto, Conti e Furlan (2001. p. 175) alertam que a pobreza nordestina não pode ser atribuída à dinâmica ecológica. As caatingas são ricas em espécies frutíferas, muitas plantas produzem fi bras, ceras e óleos vegetais. Porém, a caatinga brasileira tem pequena capacidade de abrigar uma pecuária nos moldes europeus, isto é, a mesma possui algumas limitações ecológicas.

Veja os versos de cordel, do poeta Patativa do Assaré, e liste as espécies (vegetal e animal) que são citadas, bem como analise a relação que é estabelecida entre o sertanejo e a natureza.

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ABC do Nordeste FlageladoPatativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva)

A — Ai, como é duro viver nos Estados do Nordeste quando o nosso Pai Celeste não manda a nuvem chover. É bem triste a gente ver fi ndar o mês de janeiro depois fi ndar fevereiro e março também passar, sem o inverno começar no Nordeste brasileiro.   B — Berra o gado impaciente reclamando o verde pasto, desfi gurado e arrasto, com o olhar de penitente; o fazendeiro, descrente, um jeito não pode dar, o sol ardente a queimar e o vento forte soprando, a gente fi ca pensando que o mundo vai se acabar.   C — Caminhando pelo espaço, como os trapos de um lençol, pras bandas do pôr do sol, as nuvens vão em fracasso: aqui e ali um pedaço vagando... sempre vagando, quem estiver reparando faz logo a comparação de umas pastas de algodão que o vento vai carregando.   D — De manhã, bem de manhã, vem da montanha um agouro de gargalhada e de choro da feia e triste cauã: um bando de ribançã pelo espaço a se perder, pra de fome não morrer, vai atrás de outro lugar,

e ali só há de voltar, um dia, quando chover.

E — Em tudo se vê mudança quem repara vê até que o camaleão que é verde da cor da esperança, com o fl agelo que avança, muda logo de feição. O verde camaleão perde a sua cor bonita fi ca de forma esquisita que causa admiração.   F — Foge o prazer da fl oresta o bonito sabiá, quando fl agelo não há cantando se manifesta. Durante o inverno faz festa gorjeando por esporte, mas não chovendo é sem sorte, fi ca sem graça e calado o cantor mais afamado dos passarinhos do norte.   G — Geme de dor, se aquebranta e dali desaparece, o sabiá só parece que com a seca se encanta. Se outro pássaro canta, o coitado não responde; ele vai não sei pra onde, pois quando o inverno não vem com o desgosto que tem o pobrezinho se esconde.   H — Horroroso, feio e mau de lá de dentro das grotas, manda suas feias notas o tristonho bacurau. Canta o João corta-pau

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o seu poema funério, é muito triste o mistério de uma seca no sertão; a gente tem impressão que o mundo é um cemitério.   I — Ilusão, prazer, amor, a gente sente fugir, tudo parece carpir tristeza, saudade e dor. Nas horas de mais calor, se escuta pra todo lado o toque desafi nado da gaita da seriema acompanhando o cinema no Nordeste fl agelado.   J — Já falei sobre a desgraça dos animais do Nordeste; com a seca vem a peste e a vida fi ca sem graça. Quanto mais dia se passa mais a dor se multiplica; a mata que já foi rica, de tristeza geme e chora. Preciso dizer agora o povo como é que fi ca.   L — Lamento desconsolado o coitado camponês porque tanto esforço fez, mas não lucrou seu roçado. Num banco velho, sentado, olhando o fi lho inocente e a mulher bem paciente, cozinha lá no fogão o derradeiro feijão que ele guardou pra semente.   M — Minha boa companheira, diz ele, vamos embora, e depressa, sem demora vende a sua cartucheira. Vende a faca, a roçadeira, machado, foice e facão;

vende a pobre habitação, galinha, cabra e suíno e viajam sem destino em cima de um caminhão.   N — Naquele duro transporte sai aquela pobre gente, aguentando paciente o rigor da triste sorte. Levando a saudade forte de seu povo e seu lugar, sem um nem outro falar, vão pensando em sua vida, deixando a terra querida, para nunca mais voltar.   O — Outro tem opinião de deixar mãe, deixar pai, porém para o Sul não vai, procura outra direção. Vai bater no Maranhão onde nunca falta inverno; outro com grande consterno deixa o casebre e a mobília e leva a sua família pra construção do governo.   P — Porém lá na construção, o seu viver é grosseiro trabalhando o dia inteiro de picareta na mão. Pra sua manutenção chegando dia marcado em vez do seu ordenado dentro da repartição, recebe triste ração, farinha e feijão furado.   Q — Quem quer ver o sofrimento, quando há seca no sertão, procura uma construção e entra no fornecimento. Pois, dentro dele o alimento que o pobre tem a comer, a barriga pode encher,

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porém falta a substância, e com esta circunstância, começa o povo a morrer.   R — Raquítica, pálida e doente fi ca a pobre criatura e a boca da sepultura vai engolindo o inocente. Meu Jesus!  Meu Pai Clemente, que da humanidade é dono, desça de seu alto trono, da sua corte celeste e venha ver seu Nordeste como ele está no abandono.   S — Sofre o casado e o solteiro sofre o velho, sofre o moço, não tem janta, nem almoço, não tem roupa nem dinheiro. Também sofre o fazendeiro que de rico perde o nome, o desgosto lhe consome, vendo o urubu esfomeado, puxando a pele do gado que morreu de sede e fome.   T — Tudo sofre e não resiste este fardo tão pesado, no Nordeste fl agelado em tudo a tristeza existe. Mas a tristeza mais triste que faz tudo entristecer, é a mãe chorosa, a gemer, lágrimas dos olhos correndo, vendo seu fi lho dizendo: mamãe, eu quero morrer!   U — Um é ver, outro é contar quem for reparar de perto aquele mundo deserto, dá vontade de chorar. Ali só fi ca a teimar o juazeiro copado, o resto é tudo pelado da chapada ao tabuleiro

onde o famoso vaqueiro cantava tangendo o gado.   V — Vivendo em grande maltrato, a abelha zumbindo voa, sem direção, sempre à toa, por causa do desacato. À procura de um regato, de um jardim ou de um pomar sem um momento parar, vagando constantemente, sem encontrar, a inocente, uma fl or para pousar.   X — Xexéu, pássaro que mora na grande árvore copada, vendo a fl oresta arrasada, bate as asas, vai embora. Somente o saguim demora, pulando a fazer careta; na mata tingida e preta, tudo é afl ição e pranto; só por milagre de um santo, se encontra uma borboleta.   Z — Zangado contra o sertão dardeja o sol inclemente, cada dia mais ardente tostando a face do chão. E, mostrando compaixão lá do infi nito estrelado, pura, limpa, sem pecado de noite a lua derrama um banho de luz no drama do Nordeste fl agelado.   Posso dizer que cantei aquilo que observei; tenho certeza que dei aprovada relação. Tudo é tristeza e amargura, indigência e desventura. — Veja, leitor, quanto é dura a seca no meu sertão.

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Fique sabendo.... Orgãos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) foram criados

para “combater” a seca. É sabido, porém, que não se acaba com esse fenômeno natural. Assim, é necessário entender como funciona a dinâmica climática e também as outras variáveis da paisagem, como o substrato rochoso, o relevo, o solo, a vegetação, a fauna, a fl ora e como o homem se apropriou das terras, isto é, como historicamente se constituiu e se constitui para prever um cenário futuro mais favorável para o semiárido.

Um das medidas minimizadoras do problema da distribuição e acesso à água apontada por Malvezzi (2007) é a cisterna de placa para captação de água da chuva para abastecimento humano. Hermeticamente fechadas, elas não permitem a entrada de luz, a evaporação e nem poluição e/ou contaminação. Dessa maneira, se diminui as doenças veiculadas por água con-taminada, diminui a mortalidade infantil e o sofrimento de pessoas com saúde frágil. Ademais, alivia o trabalho das mulheres, visto que a elas são imputadas atividades que trazem como consequências diversos problemas de saúde, como por exemplo, para a coluna.

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- Que discussão é possível estabelecer entre o projeto de cisterna de placas e o parágrafo a seguir?

Com o projeto de cisterna de placas, há outro aspecto a se considerar: estabelece-se maior independência em relação aos políticos, que além de cerceamento de distribuição de terras, colocava amarras naqueles desprovidos de acesso à água. No tocante às amarras políticas, os políticos são hábeis na manipulação das necessidades humanas e exercem o poder sobre três aspectos básicos de controle da população: fome, sede e saúde (MALVEZZI, 2007).

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Você sabia? “Estima-se atualmente, no Nordeste seco, cerca de 70.000 represas de peque-no, médio e grande porte. As represas da região acumulam um potencial de cerca de 37 bilhões de m³. É o maior volume represado em regiões semiáridas do mundo. Apesar disso não há uma política, na região, que garanta o abaste-cimento efi ciente de suas populações”.

Fonte: SUASSUNA, João. Aprendendo a conviver com o semiárido. Disponível em: <http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1239>.

Acesso em: 23 set. 2010.

Mais possibilidades... Mais uma vez, Malvezzi (2007, p. 18) nos alerta quando afi rma que pensar o semiárido a

partir apenas do período seco é cair nas armadilhas da “indústria da seca”. É preciso produzir e estocar, além de garantir condições ainda no período chuvoso. Mais uma vez fi ca patente a necessidade do planejamento e ações efetivas de convivência com as condições ambientais do semiárido.

Outro aspecto destacado pelo autor, é a bastante debatida problemática da concentração fundiária (já vista na Aula 7 – Estrutura fundiária e confl itos sociais no Nordeste – da disciplina Geografi a do Nordeste). O latifúndio tem raízes profundas no Nordeste, desde o litoral, pas-sando pelo agreste até o sertão. O semiárido foi palco de lutas populares que são símbolos para todo o Brasil, principalmente Canudos. Foi no semiárido que se implantaram também as Ligas Camponesas, e é ali que se dá a Articulação do Semi-Árido (ASA), congregando apro-ximadamente oitocentas entidades que levam à frente os projetos “Um milhão de cisternas (P1MC)” e, agora, “Uma terra e duas águas (1+2)”. Deste modo, a proposição é desconstruir o que está posto, isto é, promover a “cultura da previdência, em vez da providência”. Para isso, a fórmula é antiga: mudança subjetiva (educação contextualizada) e mudança objetiva (utilização de novas tecnologias).

O que queremos dizer é que se “vendeu” e ainda se “vende” a imagem do homem do semiárido miserável, desprovido de perspectiva, posto que a natureza assim o faz. Vale a leitura de Elias (2006), a autora trata no capítulo Agronegócio e desigualdades socioespaciais do reco-nhecimento da dinâmica de (re)produção dos espaços agrícolas do semiárido e dos cerrados nordestinos, incorporados à produção agropecuária globalizada, como resultado da dispersão espacial da agricultura científi ca e do agronegócio pelo território brasileiro, difundindo-se em especializações produtivas. Apresenta os processos que a regem e algumas das desigualdes socioespaciais resultantes. A autora afi rma que a região Nordeste se insere na nova dinâmica dos arranjos territoriais produtivos agrícolas inerente ao circuito superior do agronegócio. Estes se articulam com a escala internacional. Tais áreas seriam os pontos luminosos do espaço agrário nordestino. Nestes, o meio técnico-científi co-informacional tem substituído o meio natural e o meio técnico. Isto é, o semiárido não é só miséria. O capital globalizado está presente nessa “aldeia”, nesse “rincão de Nosso Senhor”.

Dentro desse contexto cabe a pergunta: a região semiárida caracteriza-se mais pela ima-gem de adversidades tão facilmente encontradas em reportagens jornalísticas ou em livros

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Leituras complementares

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O material sugerido propõe uma refl exão sobre o semiárido a partir de uma análise da realidade dos sertões e do sertanejo e suas difi culdades frente aos desafi os ambientais naturais presentes nesse contexto.AB’SÁBER, A. N. Dossiê Nordeste Seco. Sertões e sertanejos: uma geografi a humana sofrida. Estud. av. [online], São Paulo, v. 13, n.3 6,  p. 7-59, maio/ago. 1999.

O material sugerido propõe uma refl exão sobre o semiárido a partir de um planejamento e ações efetivas de convivência e sobrevivência utilizando-se de suas condições ambientais.MALVEZZI, R. Semi-árido – uma visão holística. Brasília: Confea, 2007. Disponível em: http://www.confea.org.br/publique/media/Semi-%C3%A1rido.pdf . p. 105-129

Você sabia?Com a crise das atividades do complexo gado/algodão/lavouras alimentares, as comunidades mais bem organizadas puseram em prática iniciativas produtivas baseadas em possibilidades locais. Em algumas regiões da hinterlândia semiári-da ou da Caatinga, as economias começaram a dar prioridade a atividades rela-cionadas aos negócios não agrícolas, tanto em áreas rurais como urbanas. Como exemplo, a produção de redes e artefatos de couro, produção artesanal de ali-mentos (queijo-de-manteiga, queijo-de-coalho, nata, manteiga-de-garrafa, carne-de-sol), espalhando-se por todo o semiárido nordestino; além do destaque para a indústria de confecção de boné, roupas e calçados. Além do aproveitamento das potencialidades do turismo, criando-se pólos de turismo de expressão regional (turismo ecológico, rural, aventura, religioso, cultural e festivo). (BRASIL, 2004).

didáticos ou, na verdade, é uma região de possibilidades? Atualmente acredita-se na segunda hipótese, bem como que as adversidades podem ser superadas através de políticas públicas e investimentos que visem minimizar, antes de tudo, as desigualdades sociais.

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Resumo

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Nesta aula, discutimos o espaço semiárido brasileiro. Você pôde constatar que a discussão sobre a viabilidade de desenvolvimento para esse espaço geo-gráfi co passa pela busca de substituição do “combate à seca” pela “convivência” mediante as suas condições ambientais. Nessa perspectiva, a orientação está pautada na educação e busca de tecnologias alternativas que garantam a disponi-bilidade de água perenemente, além da melhor distribuição de terras (Uma terra e duas águas [1+2]). Desse modo, o mito da adversidade é contraposto pela di-versidade. O reconhecimento da diversidade concernente ao semiárido brasileiro aponta um cenário futuro desejável perante às possibilidades inerentes.

AutoavaliaçãoNo texto Um choque para o semiárido, de Cristovam Buarque, o autor conclui que “o Semiárido precisa de um Choque Social: mudanças concretas e reorientação de recursos, para garantir inclusão e justiça social”.

Coloque-se agora como um gestor que precisa elaborar as políticas públicas para a re-gião ou como um professor cujos alunos perguntaram-lhe quais deveriam ser as prioridades para um plano de mudança da situação do semiárido. Em sua opinião, quais os principais eixos em que o País deveria investir no tocante à minimização dos problemas do semiárido?

O texto Um choque para o Semiárido, está disponível em: <http://www.insa.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=65&Itemid=134&limit=1&limitstart=4>.

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Segundo Arnóbio Cavalcante, pesquisador do Ministério da Ciência e Tecnologia, há dois mitos que estão sendo desmascarados com os novos estudos sobre o semiárido. O primeiro mito é o que relaciona o semiárido a uma ideia de espaço homogêneo, com paisagem monótona e sem diversidade. O segundo mito se re-fere à ideia que se construiu do semiárido como um espaço onde praticamente ninguém (somente o homem sertanejo, “homem forte”) conseguiria sobreviver dadas as adversidades da região.

A partir dos conhecimentos obtidos nas aulas anteriores, faça uma refl exão sobre esses dois mitos, introduzindo argumentos e/ou casos que os desmistifi cam.

Fonte: Tribuna do Norte

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ReferênciasAB’SÁBER, A. N. Dossiê Nordeste Seco. Sertões e sertanejos: uma geografi a humana sofri-da. Estud. av. [online], São Paulo, v. 13, n. 36,  p. 7-59, maio/ago. 1999.

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BUARQUE, Cristovam. Um choque para o Semiárido. Disponível em: <http://www.insa.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=65&Itemid=134&limit=1&limitstart=4>. Acesso em: 19 out. 2010.

CAVALCANTE, Arnóbio de M. B. O semiárido, além dos mitos: do homogêneo ao heterogê-neo, das adversidades às potencialidades, velhas ideias já não explicam essa região brasilei-ra. Terra 3.0, Especial Scientifi c American. Disponível em: <http://www.insa.gov.br/~webdir/semiarido.pdf>. Acesso em: 16 set. 2010.

CONTI, J. B.; FURLAN, S. A. Geoecologia: O Clima, os Solos e a Biota. In: ROSS, J. L. S. (Org). Geografi a do Brasil. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2001. (Didática, 3).

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MALVEZZI, R. Semi-árido: uma visão holística. Brasília: Confea, 2007. Disponível em: <http://www.confea.org.br/publique/media/Semi-%C3%A1rido.pdf>. Acesso em: 15 set. 2010.

MATALLO JÚNIOR, Heitor. Indicadores de desertifi cação: histórico e perspectivas. Brasília: UNESCO, 2001.

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Anotações

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QUEIROZ, Luciano Paganucci de; RAPINI, Alessandro; GIULIETTI, Ana Maria. Rumo ao Amplo Conhecimento da Biodiversidade do Semi-árido Brasileiro (Editorial). Disponível em: <http://www.uefs.br/ppbio/cd/portugues/editorial.htm>. Acesso em: 23 set. 2010.

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SUASSUNA, João. Aprendendo a conviver com o semi-árido. Disponível em: <http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1239>. Acesso em: 23 set. 2010.

WIKIPÉDIA. Seca no Brasil. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Seca_no_Brasil>. Acesso em: 25 set. 2010.

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Anotações

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Problemas ambientais do Nordeste: a desertifi cação como foco de análise

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Apresentação

Esta aula originalmente faz parte da disciplina Geografi a do Nordeste, Aula 12. No decor-rer dessa disciplina você estudou a Região Nordeste a partir de seus aspectos físicos, econômicos e socioculturais, e deve ter observado que no contexto de sua formação ter-

ritorial, atividades econômicas como a agricultura, a pecuária, a indústria extrativo-mineral são desenvolvidas, em alguns casos, desde os primórdios da ocupação desse espaço pelo homem. Entretanto, nos últimos decênios do século XX, tornou-se evidente que alguns processos e ati-vidades humanas desenvolvidos no Nordeste foram responsáveis por uma série de problemas ambientais que afetam a região, dentre os quais se destaca a desertifi cação. Portanto, esta aula terá como eixo de discussão e refl exão os problemas ambientais do Nordeste, enfatizando-se o fenômeno da desertifi cação, tendo em vista a sua inter-relação com outras questões relativas ao meio, a ampla dimensão que assumem os seus impactos negativos, comprometedores da qualidade de vida da população, e a sua extensão territorial.

ObjetivosEntender os nexos que envolvem o problema da desertifi -cação e a relação sociedade-natureza.

Relacionar fatores que provocam a desertifi cação.

Identifi car as principais consequências da desertifi cação.

Caracterizar as áreas susceptíveis à desertifi cação no Brasil.

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Sobre os problemasambientais em geral

O Nordeste brasileiro tem sido afetado por problemas ambientais de variadas tipologias e magnitudes em seus diferentes ecossistemas. Em função da extensão da Caatinga e de sua correlação com o clima semiárido, em que se registra a ocorrência de estiagens cíclicas,

as questões ambientais assumem maior expressão. De forma bastante breve, ressaltamos que impactos ambientais negativos são produzidos, dentre outros fatores/agentes, em decorrência de atividades produtivas (ex.: indústria ceramista, alimentícia, extração mineral, agropecuária etc.), instalação de infraestrutura (ex.: rodovias) e consumo de recursos fl orestais (ex.: extração da lenha para fi ns de produção de energia – doméstica e industrial). Os efeitos desses impactos no meio ambiente assumem diferentes formas de concretização, dos quais ressaltamos a salinização, a erosão e assoreamento e a desertifi cação, que estudaremos mais acuradamente.

No âmbito das análises sobre os problemas ambientais do Nordeste fi ca patente o desafi o que a sociedade regional enfrenta, tendo em vista que parte signifi cativa de sua base produtiva (agropecuária e mineração) é responsável tanto pelos elevados níveis de desmatamento, o que favorece a erosão, o assoreamento dos corpos d’água e a desertifi cação, quanto pela geração de trabalho e renda para a população.

Nesse sentido, torna-se urgente e prioritário buscar alternativas que aniquilem ou mini-mizem os impactos ambientais negativos causados pela exploração econômica dos recursos naturais. A problemática ambiental do Nordeste não se confi gura uma questão apenas regional, pela sua abrangência territorial e populacional assume expressão nacional.

Sobre a desertifi cação em particularVocê já leu sobre desertifi cação? Se a resposta foi positiva, qual a sua percepção sobre

esse problema? Será que estão sendo tomadas medidas visando a sua mitigação? Será que o enfrentamento desse problema é uma responsabilidade somente do governo? Bom, para início de conversa, já temos um signifi cativo elenco de questões que merecem atenção e servirão de base ao desenrolar da última aula da disciplina Geografi a do Nordeste.

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a b

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A relação sociedade-natureza: nas entrelinhas da crise socioambiental

Sabemos que a relação sociedade-natureza, mediada pelo trabalho, tem na cultura e no desenvolvimento tecnológico os elementos que a delineiam. Ao longo do tempo, o homem transitou da fase da coleta, caça e pesca, em que pouco modifi cava a natureza, à fase da explo-ração, em que passou a intervir de forma mais intensa sobre o ambiente, motivado por necessi-dades e interesses. Nessa trajetória, foram construídas visões que remetem à ideia de domínio da natureza pelo homem e a acepção de que a natureza é fonte de recursos naturais, consi-derados ilimitados. Mas, será que essa forma de perceber a natureza procede? Continuemos a leitura!

Na segunda metade do século XX, a difusão do modelo de desenvolvimento capitalista, altamente consumista, propiciou a emergência da chamada crise socioambiental, que colocou em questão o tipo de desenvolvimento presidido pela racionalidade economicista, que se aporta na exploração extenuante do homem e da natureza. Nessa tessitura, adquiriu proeminência a concepção de inter-relação/interdependência entre sociedade e natureza, passando esta a ser vista não apenas como fornecedora de bens, mas também através da sua capacidade de prover serviços e desempenhar funções de suporte à vida.

Figura 1 – Floresta Amazônica: (a) natureza exuberante x (b) natureza degradada

Fonte: (A) <http://planetasustentavel.abril.com.br/imagem/rios_voadores_galeria-horiz06.jpg>; <http://www.portalms.com.br/adm/imagens/%

7B0E4A3D17-ED03-4FFB-A644-203A44A7211C%7D_marcelandia_JF_dorio_AE.jpg>. Acesso em: 19 mar. 2010.

Com base no exposto, esperamos que você tenha compreendido a diferença entre uma e outra visão sobre a natureza. Esse discernimento faz enorme diferença na forma de pensar e agir do homem e de perceber o quadro de degradação ambiental que se alastra pelo mundo. Nesse sentido, não é demais afi rmar que a sociedade atual vivencia um cenário de degradação socioambiental que se revela através de múltiplas feições, dentre as quais a desertifi cação assume expressividade pela crueldade das suas consequências e por se constituir um proble-ma de dimensão planetária. Em função da dimensão desse problema, o elegemos como eixo norteador desta aula.

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Conceituando o fenômeno:afi nal, o que é desertifi cação?

Possivelmente, em aulas anteriores, você já se deparou com o conceito de desertifi cação. Porém, não é demais lembrar que, de acordo com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertifi cação – CCD (MMA, [199-], p. 9), desertifi cação “é a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas, resultantes de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas.” Nessa acepção, a degradação da terra inclui a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e da biodiversidade, signifi cando por fi m, a redução da qualidade de vida das populações afetadas (MMA, 2004, p. 4). Dessa forma, é possível inferir que a desertifi cação é um problema ambiental grave, pois conduz à destruição do potencial produtivo da terra, comprometendo a capacidade de sobrevivência das pessoas nas áreas que são afetadas por esse fenômeno.

Você sabia...

Que o dia 17 de junho é considerado o Dia Mundial de Combate à Desertifi cação e à Seca? Mas, qual a relação entre desertifi cação e seca? Prossiga a leitura e tire suas conclusões!

Estabelecendo nexos:a seca provoca desertifi cação?

Sim ou não? Antes de chegar a conclusões precipitadas, é preciso entender um pouco sobre a dinâmica do clima nas áreas afetadas pela desertifi cação e, a partir daí, relacionar à seca ou estiagem.

Nas Áreas Susceptíveis à Desertifi cação (ASD), ou seja, nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas do planeta, o clima prevalecente se caracteriza pela ausência, escassez e má distribuição das precipitações pluviométricas, no tempo e no espaço. Essas áreas têm entre suas características climáticas a ocorrência da seca, o que produz a associação com a desertifi cação. Entretanto, comparando-se os conceitos, torna-se evidente que são fenômenos distintos, embora relacionados.

A seca remete a uma ocorrência que se verifi ca “naturalmente quando a precipitação registrada é signifi cativamente inferior aos valores normais, provocando um sério desequilíbrio hídrico que afeta negativamente os sistemas de produção dependentes dos recursos da terra” (MMA, [199-], p. 9). Nas zonas áridas e semiáridas registra-se um desequilíbrio entre oferta e demanda de recursos naturais, levando-se em conta o atendimento às necessidades básicas

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de seus habitantes (MMA, 2004, p. 3). Nos períodos de seca esse descompasso aumenta, visto que a pressão sobre os recursos naturais se amplia e a intervenção do homem, em geral, se faz através do uso inadequado do solo, da água e da vegetação. De acordo com Sant’Ana (2003), a seca “não é ‘causa’ de desertifi cação, mas pode atuar como um acelerador dos processos”

Analise objetivamente a relação entre o sistema capitalista e a crise socioambiental que abalou o mundo no fi nal do século XX.

Explique a relação entre desertifi cação e seca.

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Desmistifi cando a origem do fenômeno: qual o papel da ação antrópica?

A ação antrópica tem um papel fundamental na defl agração do processo de desertifi cação. Vamos entender de que forma isso acontece: as variações climáticas e as atividades huma-nas se conjugam, criando um ambiente favorável à instalação do processo de desertifi cação, estabelecendo-se um círculo vicioso de degradação,

onde a erosão causa a diminuição da capacidade de retenção de água pelos solos, que leva à redução de biomassa, com menores aportes de matéria orgânica ao solo; este se torna cada vez menos capaz de reter água, a cobertura vegetal raleia e empobrece, a radiação solar intensa desseca ainda mais o solo e a erosão se acelera, promovendo a aridez (ARAÚJO et al., 2002, p. 11).

Sendo assim, a ação antrópica, pautada em práticas inadequadas de uso dos recursos naturais, tem sido responsável pela aceleração do processo de desertifi cação e pelo agrava-mento de suas consequências.

Revelando a origem do fenômeno: causas da desertifi cação

A compreensão dos fatores e/ou agentes que desencadeiam a desertifi cação pressupõe estabelecer a correlação entre variáveis ambientais e ações humanas. Desta forma, são as re-giões áridas, semiáridas e subúmidas secas, onde a intervenção do homem sobre o ambiente tem se mostrado exaustiva, que evidenciam diferentes níveis de intensidade do fenômeno. As causas mais frequentes da desertifi cação estão vinculadas ao manejo inadequado da água, do solo e da vegetação, que praticado sob determinadas condições ambientais, especialmente climáticas, potencializa e/ou amplia a degradação da terra. De modo geral, o uso inadequado dos recursos ambientais está associado ao desenvolvimento de atividades agrícolas, pecuárias e extrativo-minerais, além de irrigação mal planejada e desmatamento indiscriminado para produção de recursos energéticos e para ceder espaço às atividades e construções humanas.

Em resumo, considerando a defi nição de desertifi cação, tem-se que as razões de sua ocorrência são múltiplas, inter-relacionadas e desencadeadoras de outros problemas socio-ambientais. Entre os fatores que contribuem para a desertifi cação fi guram:

� o desmatamento e as queimadas em áreas destinadas à prática da agricultura e pecuária, o corte da madeira para a construção civil e o corte da lenha para fi ns energéticos, que provocam a degradação da cobertura vegetal e acentuam os processos erosivos, o as-soreamento dos rios e a redução da biodiversidade;

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Figura 2 – Desmatamento e queimada

Fonte: <http://almabranca.com.br/portal/wp-content/uploads/2009/09/desmatamento_01-06.jpg>; <http://conscientizar.fi les.wordpress.com/2009/04/desmatamento1.jpg>; <http://cmapspublic2.ihmc.us/rid=1255137831218_697677215_12642/Queimada_na_Amazonia%5B1%5D.jpg>;

<http://vps.fmvz.usp.br/blogs/guilherme/fi les/2009/12/bovinos-desmatamento.jpg>. Acesso em: 19 mar. 2010.

� a salinização, que decorre, principalmente, do manejo inadequado da irrigação e de defi -ciências no sistema de drenagem, e a erosão causada, pelo desmatamento, pela extração mineral, pela irrigação mal planejada/executada, pela exploração excessiva do solo e plantio inadequado com relação à declividade do terreno, que produzem a degradação do solo;

Figura 3 – Solo degradado

Fonte: <http://azinhalalgarve.fi les.wordpress.com/2009/01/sapal-das-chocas.jpg>. Acesso em: 19 mar. 2010.

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� a poluição das águas provocada pelo despejo de resíduos sólidos derivados de atividades agrícolas e industriais e do precário sistema de saneamento básico, que envolve esgo-tamento sanitário e coleta e disposição fi nal do lixo inadequados; a paulatina redução da pluviosidade, com prolongados períodos de seca, e o desmatamento da mata ciliar que, nesse aspecto, acentua o problema do assoreamento de rios e reservatórios gerando a degradação dos recursos hídricos;

Figura 4 – Poluição da água

Fonte: <http://sos-agua.wdfi les.com/local--fi les/system:join/oooo.JPG>. Acesso em: 19 mar. 2010.

� o conjunto das ações e/ou processos antes mencionados, que repercutem diretamente nas condições ambientais, produz a degradação da biodiversidade, que se revela na dimi-nuição das espécies vegetais e animais, perda da diversidade biológica e da capacidade de regeneração dos ecossistemas.

Nesse sentido, os espaços áridos, semiáridos ou subúmidos secos, ao serem afetados por situações-problemas dessa natureza, tornam-se vulneráveis à desertifi cação.

Importante destacar que os impactos da desertifi cação não se restringem à zona rural, mas também afetam o urbano, tendo em vista que a concentração da população nas cidades enseja uma organização espacial e um modo de vida que geram fortes demandas sobre os recursos naturais.

Continuemos nosso estudo focalizando agora as consequências da desertifi cação, sem perder de vista que essa distinção atende, somente, a necessidade de expor didaticamente o assunto. Na realidade, é difícil distinguir o que é causa ou consequência, visto que os processos socioambientais ocorrem de forma articulada.

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Revelando os efeitos do fenômeno: consequências da desertifi cação

Assim como as causas da desertifi cação são inter-relacionadas e derivadoras de outros problemas, também as consequências assumem esse perfi l. Todavia, um esforço de sistemati-zação permite indicar que as principais consequências da desertifi cação são de natureza:

� Ambiental – representada pelos danos à biodiversidade, que se manifestam através da redu-ção da fl ora e fauna, perda de solos em decorrência da erosão e diminuição da disponibilidade de recursos hídricos, resultado tanto dos fatores climáticos adversos quanto do mau uso dos solos e do declínio de sua capacidade produtiva, que estão associados à baixa umidade e ao manejo inadequado da cobertura vegetal. Nesse ínterim, merece destaque, como um fator que favorece o avanço da desertifi cação, a destruição dos estoques de sementes, resultante da degradação da cobertura vegetal nativa de uma área.

Figura 5 – Erosão e assoreamento de rio

Fonte: <http://www.portalms.com.br/adm/imagens/%7B76C630BE-8974-4C15-8082-5C3CE655CE5D%7D_eros%C3%A3o%20001.jpg>;

<http://www.daee.sp.gov.br/fotos/1856/tietemogi1.jpg>. Acesso em: 19 mar. 2010.

� Social – representada pelo abandono das terras por parte das populações mais pobres, diminuição da qualidade de vida e desestruturação das famílias como unidades produtivas, simultâneo à ocorrência de fl uxos migratórios para as cidades, onde cresce a pobreza, a favelização, a pressão sobre os serviços públicos e o mercado de trabalho, a violência, enfi m, parcela considerável dos problemas socioambientais urbanos.

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Figura 6 – Migração e favelização

Fonte: <http://sergioroizenblit.fi les.wordpress.com/2009/07/trecho-do-livro-os-sertoes-de-euclides-da-cunha-11.jpg>; <http://www.luizprado.com.br/wp-content/images/blogmanacaparu-

amazonas-favela-as-margens-do-solimoes.JPG>. Acesso em: 19 mar. 2010.

� Econômica – representada pela queda na produtividade e produção agrícola; diminuição da renda e do consumo das populações, e difi culdade de manter no mercado, com certa constância, a oferta de produtos agrícolas, principalmente aqueles que apresentam maior dependência das condições climáticas.

� Político-institucional – representada pela perda da capacidade produtiva do território, sobretudo na zona rural, que repercute na arrecadação de impostos e na circulação da renda, ao mesmo tempo em que cria novas demandas para o Poder Público, por vezes, extrapolando sua capacidade de atendimento.

Diante do exposto, é possível inferir que a desertifi cação gera consequências que entre-laçam as diferentes dimensões que conformam a sociedade (ambiental, econômica, social e política) e suas territorializações (rural e urbano). Portanto, não é um problema somente do homem do campo.

A visibilidade desse fenômeno assume nitidez através das terras que, despidas de cober-tura vegetal, fi cam expostas ora ao sol causticante, ora às chuvas torrenciais; da erosão que rasga o solo, deixando à mostra suas entranhas; dos cursos d’água que mudam de feição, assumindo nova coloração e contornos. A paisagem chocante se torna ainda mais agressiva quando se concebe que, embora havendo uma predisposição natural, sua conformação atual foi historicamente lapidada pela ação humana.

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Escolha dois fatores que provocam a desertifi cação, caracterize-os e relacione-os as suas possíveis consequências.

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A desertifi cação no mundo:onde está o problema?

Agora que já estudamos sobre o que é desertifi cação, suas causas e consequências, é importante saber onde esse fenômeno tem se manifestado. Para isso, convidamos você a colocar em prática o que aprendeu sobre leitura cartográfi ca decifrando o mapa que segue.

Figura 7 – Planisfério – Desertifi cação e desmatamento

Fonte: Simielli (2000, p. 17).

Os estudos indicam que a desertifi cação alastrou-se pelo mundo atingindo cerca de 2,6 bilhões de pessoas (42% da população total) e 33% da superfície da Terra (MMA, 2004, p. 4).

Os indicadores sociais das áreas afetadas por esse processo revelam uma expressiva concentração de pobreza e miséria. Entretanto, em vários países do mundo, inclusive desen-volvidos, o problema tem se manifestado. Países da América Latina, Ásia, Europa, África e Oceania (Austrália) possuem áreas onde o homem, através do uso inadequado e/ou intensivo da terra, destruiu os recursos e transformou terras férteis em áreas afetadas pela desertifi cação.

De acordo com a Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertifi cação nos países que sofrem seca grave e/ou desertifi cação, particularmente na África (CCD), o Brasil possui áreas susceptíveis à desertifi cação e o reconhecimento dessa vulnerabilidade tornou o país signatário da convenção.

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A desertifi cação no Brasil:onde está o problema?

O Brasil, pela sua localização geográfi ca na faixa intertropical do planeta, possui grandes extensões territoriais em domínios do clima tropical quente e seco, correspondentes às regiões semiáridas e subúmidas secas.

Tomando como referência os pressupostos da CCD, que se baseiam na classifi cação climática de Thornthwaite (1941), foram identifi cadas as Áreas Susceptíveis à Desertifi cação (ASD) no Brasil (MMA, 2004, p. 30).

Afi nal, onde fi cam essas áreas? Consulte o mapa a seguir (Figura 8) e, antes de prosseguir a leitura, tire suas conclusões.

Figura 8 – ASD localizadas no território brasileiro

Fonte: MMA (2004).

No Brasil, as ASD abrangem os espaços semiáridos e subúmidos secos do Nordeste e alguns trechos do norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Surpreso com a dimen-são? Então, passemos aos números!

De acordo com o PAN Brasil (2004, p. 188), a extensão das ASD nacionais correspon-de a 1.338.076,0 km2 (15,72% do território nacional), abrangendo 11 estados brasileiros e 1.482 municípios (Tabela 1). Segundo o Censo 2000, nas ASD brasileiras a população era de 31.663.671 habitantes (18,65% da população do país), dos quais 19.692.480 residiam em zonas urbanas e 11.971.191 eram moradores rurais, perfazendo uma taxa de urbanização de 62,19%. A densidade demográfi ca era de 23,66 hab./km2.

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Tabela 1 – Área e municípios das ASD por estado do Brasil

Estado Área Territorialdas ASD (km2)

Número de Municípios das ASD

Áreas Semiáridas ÁreasSubúmidas Secas

Áreas doEntorno

Total

Alagoas 11.297,1 33 13 07 53

Bahia 280.652,2 159 107 23 289

Ceará 108.334,8 105 41 38 184

Maranhão 82.484,80 0 01 26 27

Paraíba 46.004,0 150 47 11 208

Pernambuco 78.866,7 90 39 06 135

Piauí 103.595,2 96 48 71 215

Rio G. do Norte 48.945,5 143 12 03 158

Sergipe 4.808,0 06 28 14 48

Minas Gerais 27.933,8 22 61 59 142

Espírito Santo 41.262,30 0 0 23 23

Total 710.437,30 804 397 281 1.482

Fonte: MMA (2004, p. 188-194).

De fato, a abrangência territorial e populacional das ASD brasileiras é bastante expressiva. Em termos regionais, as ASD brasileiras estão concentradas no Nordeste, cuja classifi cação de susceptibilidade à desertifi cação, em função do Índice de Aridez, foi fi rmada conforme exposto na Tabela 2.

Tabela 2 – Classifi cação de Susceptibilidade à Desertifi cação em função do Índice de Aridez na Região Nordeste

Índice de Aridez Susceptibilidade à Desertifi cação

0,05 a 0,20 Muito Alta

0,21 a 0,50 Alta

0,51 a 0,65 Moderada

Fonte: Matallo Jr (2004, p. 33).

No âmbito dos estudos sobre desertifi cação, as áreas de intensa degradação ambiental são consideradas Núcleos de Desertifi cação. Mas, o que caracteriza esses núcleos? Como se formam?

Os núcleos de desertifi cação correspondem a áreas de amplitude variável onde aparecem “manchas aproximadamente circulares” e “a fi sionomia desértica se imprime mais denuncia-dora. No solo todo ou quase todo erodido, onde o horizonte A foi arrastado, ou nunca existiu, a vegetação, mesmo nos períodos de chuva, se recupera muito escassamente ou não se re-cupera” (VASCONCELOS SOBRINHO, 2002, p. 65). São redutos onde a degradação ambiental é maximizada e os efeitos da conjugação de variáveis naturais e humanas se evidenciam de forma clara, deixando transparecer no espaço a deterioração das relações socioambientais.

Os núcleos de desertifi cação apresentam um dinamismo próprio, com tendência de expansão em detrimento de áreas vizinhas, caso se agucem os processos desencadeadores de sua formação.

As primeiras referências sobre a formação de núcleos de desertifi cação no Brasil, mais especifi camente no Nordeste, foram pioneiramente apresentadas por Vasconcelos Sobrinho (1982). O MMA reconhece a existência de quatro núcleos: Gilbués e Monte Alegre (PI), Irau-

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çuba, Sobral e Forquilhas (CE), Cabrobó, Floresta e Belém do São Francisco (PE) e Região do Seridó (RN), envolvendo seis municípios (SAMPAIO et al. 2002, p. 100).

Figura 9 – Áreas Susceptíveis à Desertifi cação no Brasil

Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/_5f8TWVrIi64/SrVUSbBLayI/AAAAAAAAClY/KhtvP88CHqE/s400/mapa+desertifi ca%C3%A7%C3%A3o.jpg>.

Acesso em: 19 mar. 2010.

Os estudos realizados para fi ns de delimitação e caracterização das ASD do Brasil evi-denciam que, em linhas gerais, abrangem áreas correspondentes à superfície da Caatinga, um bioma sui generis típico do Nordeste semiárido, que se caracteriza pelo fenômeno do xerofi -lismo. Nesse recorte em que se delineia o mapa da desertifi cação, a vegetação de Caatinga e o clima Semiárido estão em estreita correlação e fazem parte do enredo histórico da sociedade regional. São os rincões sertanejos, onde vive o povo da seca, mas também de outras tantas características marcantes e particulares, principalmente em termos culturais, que remetem às origens da nação brasileira.

Aproximando-se do fi nal de nossa aula, cabe perguntar: o que está sendo feito no Brasil para enfrentar ou mitigar o problema da desertifi cação? Nos últimos decênios do século XX, além do incentivo à pesquisa, algumas iniciativas políticas, envolvendo a sociedade civil e as instâncias governamentais, foram e continuam sendo importantes. Ao se tornar signatário da CCD, o Governo Federal assumiu o compromisso de elaborar o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN) Brasil, que foi lançado em 2004, na cidade de Caicó-RN, pela então Ministra do Meio Ambiente (MMA), Marina da Silva. Ao publicar o Pan-Brasil, o Governo Federal assumiu a responsabilidade de instigar os Estados afetados pela desertifi cação a elaborarem seus respectivos Programas de Ação Estadual de Combate a Desertifi cação e Mitigação aos Efeitos da Seca (PAE), que se encontram em fase de conclusão.

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Esses documentos estão sendo elaborados com base no conceito de desenvolvimento sustentável e através de uma metodologia de planejamento estratégico e participativo, que conta com a colaboração de representantes do governo e da sociedade civil. Neles, estão sistematizadas as ações que deverão nortear as políticas de combate e mitigação da deser-tifi cação no horizonte de dez anos. Além disso, outras ações, por vezes pontuais como o programa de implantação de cisternas nas comunidades rurais, estão sendo implementadas, ressaltando-se que a atuação das organizações não governamentais tem sido decisiva para a obtenção das conquistas.

Diante do universo de informações, convido você a acessar sites que focalizam o problema da desertifi cação para que fi que por dentro do que está acontecendo no Brasil e no mundo.

Você sabia...

Que no Rio Grande do Norte, onde 97% do território é susceptível à desertifi ca-ção, foi criado o Núcleo de Desenvolvimento Sustentável da Região do Seridó (NUDES)? Saiba mais sobre o NUDES!Em 2004, através de Termo de Cooperação Técnica e Científi ca Nº 004/2004, instrumento que visa implantar estratégias para combater e controlar o pro-cesso de desertifi cação no Estado, a partir da criação de áreas pilotos e ações sincronizadas, foi criado o NUDES.O referido núcleo tem como objetivo realizar ações visando à redução dos pro-blemas ambientais, sociais e econômicos numa área piloto, localizada no muni-cípio de Parelhas, mais especifi camente nas comunidades rurais de Cachoeira, Juazeiro e Antonio da Cobra, inseridas na bacia hidrográfi ca do Rio Cobra, onde a atividade ceramista assumiu grande expressão. Parelhas é um dos seis muni-cípios integrantes do Núcleo de Desertifi cação do Seridó.

Mas, ainda cumpre-nos refl etir sobre uma outra questão: será que os problemas am-bientais, em especial a desertifi cação, são de responsabilidade apenas do governo? O co-nhecimento produzido sobre o tema e as experiências vivenciadas em diferentes regiões do mundo não deixam dúvidas de que somente com o estabelecimento de parcerias entre governo e sociedade é que poderemos enfrentar com êxito as questões ambientais. Todavia, sabe-se que isso requer muito mais do que criação de leis e estabelecimento de fi scalizações e multas. Esse é um processo, antes de tudo educativo, que pressupõe o enfrentamento de situações complexas que implicam em uma revisão das concepções sobre o meio ambiente e a forma de se estabelecer a relação homem x meio.

Nessa perspectiva, insere-se a necessidade de se eleger a condição humana como razão primordial do processo de desenvolvimento, e não a produção econômica; de mudar a men-talidade dos empreendedores e gestores públicos sobre o signifi cado de investimento, posto

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que os custos com o meio ambiente também devem ser considerados como tal; de mudar a mentalidade da sociedade no que se refere a sua forma de pensar e agir em relação ao uso dos recursos naturais e a sua postura de engajamento na defesa da preservação e/ou conservação do ambiente, e de se compreender a natureza como essencial no desempenho de funções de suporte à vida, e não apenas como mera fornecedora de recursos naturais.

Identifi que as áreas susceptíveis à desertifi cação do Brasil, quanto aos seus aspectos político-territoriais, populacionais e ambientais.

Procure no site do MMA o documento Pan-Brasil. Nele você vai encontrar a relação de todos os estados e municípios inseridos nas áreas susceptíveis à desertifi cação do Brasil – área semiárida, área subúmida seca e área do entorno. Com base no documento, responda:

a) Quantos municípios do seu estado estão incluídos nas ASD?

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Resumo

Aula 6 Estudos do Semiárido 155

b) O seu município está incluído nessas áreas? Especialmente, em qual delas?

c) Diante do que você estudou, quais as principais causas e consequências da desertifi cação no seu município?

Nesta aula, você refl etiu sobre os problemas ambientais do Nordeste, prioritariamente sobre a desertifi cação. A análise pautou-se em uma perspectiva que procurou contextualizar historicamente o processo de reconhecimento da desertifi cação como um problema mundial, que está associado à relação sociedade-natureza. Além desses aspectos, procedeu-se a identifi cação das principais causas e consequências desse fenômeno e a caracterização das áreas susceptíveis à desertifi cação existentes no Brasil.

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Aula 6 Estudos do Semiárido156

ReferênciasARAÚJO, Alexandre José R. P. de et. al. Desertifi cação e seca. Recife: Gráfi ca e Editora do Nordeste Ltda, 2002.

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CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Agenda 21: Conferência das nações unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento. 2. ed. Brasília: Senado Federal; Subsecretaria de edições técnicas, 1997.

CORRÊA, Altir. Agenda 21: solo, áreas degradadas, desertifi cação. EMBRAPA, solos. Disponível em: <http://www.cnps.embrapa.br/search/planets/coluna23.html>. Aces-so em: 26 set. 2005.

DESERTIFICAÇÃO no Brasil. Disponível em: <http:www.iica.org.br/d/desertBrasil/indexde-sertbr.htm>. Acesso em 14 jun. 2005.

DUQUE, José Guimarães. O Nordeste e as lavouras xerófi las. Fortaleza: BNB, 1964.

AutoavaliaçãoJustifi que a inclusão do Brasil no mapa da desertifi cação mundial.

Considerando esta aula e que a sua temática está relacionada a aspectos ambientais, sociais e econômicos da região, que se articulam às demais aulas estudadas, elabore um texto sucinto procurando responder as seguintes questões: em qual município, estado e sub-região do Nordeste você mora? Qual o tipo e quais as características do clima desse local? Qual a vegetação predominante e como se apresenta? Qual a geologia e o tipo de relevo dominantes? O seu município é afetado pela seca e/ou pela desertifi cação? Existe alguma política de mitigação dos efeitos da seca ou de combate à desertifi cação que atinge o seu município? Se existe, tem surtido resultados? Ou se não existe, o que você considera importante a ser feito? Após a realização do trabalho, compartilhe e compare sua produção textual com os colegas no Moodle.

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Aula 6 Estudos do Semiárido 157

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Área territorial ofi cial: Resolução n. 5, de 10 de outubro de 2002. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/areaterritorial/resolução.shtm?c=5>. Acesso em: 19 mar. 2005.

______. Censo demográfi co 2000: características da população e dos domicílios. Rio de Janeiro, 2000.

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RN – IDEMA. Diretrizes para política de controle da desertifi cação no Rio Grande do Norte. Natal, 2004.

MEDEIROS, Getson Luís Dantas de. A desertifi cação do semi-árido nordestino: o caso da região do Seridó norte-rio-grandense. Mossoró, 2004.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Convenção das Nações Unidas de combate à desertifi cação nos países afetados por seca grave e/ou desertifi cação, particularmente na África. Brasília, [199-?].

______. Programa de ação nacional de combate à desertifi cação e mitigação dos efeitos da seca – PAN Brasil. Brasília, 2004.

______. Secretaria de Recursos Hídricos. In: CONFERÊNCIA DAS PARTES DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 3., 199-?. Desertifi cação. Brasília: [199-?].

MINISTÉRIO Público do Estado do Rio Grande do Norte. Termo de cooperação técnica e científi ca nº 004/2004. Natal, 17 jun. 2004.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD. Atlas do desen-volvimento humano no Brasil. Disponível em: <http://www. pnud.org.br/atlas>. Acesso em: 23 mar. 2010.

QUEIROZ, Alvamar Costa de. Desertifi cação, causas e conseqüências. In: SEMINÁ-RIO SOBRE DESERTIFICAÇÃO NO SERIDÓ – RN, 1997, Currais Novos/RN. Anais... Currais Novos: 1997, p. 1-9.

SAMPAIO, Everardo V. S. B. et. al. Desertifi cação no Brasil: conceitos, núcleos e tecnolo-gias de recuperação e convivência. Recife: UFPE, 2003.

SANT’ANA, Sílvio. Desertifi cação e mitigação de efeitos da seca: conceitos e documentos fundamentais. Brasília: Fundação Grupo Esquel Brasil, 2003.

_____. Custo social da desertifi cação. Brasília: Fundação Grupo Esquel Brasil, 2003.

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS – SERHID. Bacias hidrográfi cas do Rio Grande do Norte. Disponível em: <http:serhid.rn.gov.br> Aces-so em: 17 maio 2005.

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Anotações

Aula 6 Estudos do Semiárido158

SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. São Paulo: Editora Ática, 2000.

VASCONCELOS SOBRINHO, João de. Desertifi cação no Nordeste do Brasil. Recife: UFPE, 2002.

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Anotações

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Anotações

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O semiárido potiguar

7Aula

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Aula 7 Estudos do Semiárido 163

Apresentação

Nesta aula, temos a oportunidade de fazer uma refl exão sobre o semiárido potiguar. Nele constataremos que está amalgamado, além de outros problemas, o processo de desertifi cação e a busca institucional pelo “combate” à desertifi cação e a “mitigação”

dos efeitos da seca. Você verá algumas características ambientais (aspectos físicos e bióticos), bem como algumas variáveis de sua socioeconomia. Dessa maneira, poderá entender como se constrói e reconstrói esse espaço geográfi co.

ObjetivosLocalizar e delimitar o semiárido potiguar no contexto do semiárido brasileiro.

Identifi car os municípios do estado do Rio Grande do Norte que circunscrevem o semiárido potiguar.

Caracterizar os aspectos ambientais (físicos e bióticos) do semiárido potiguar.

Relacionar alguns aspectos socioeconômicos que carac-terizam o semiárido potiguar.

Nota explicativaEsta aula está pautada nos dados e informações registrados no Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte 2008 (IDEMA, 2008), no Programa de Ação Estadual de Combate à Desertifi cação e Mitiga-ção dos Efeitos da Seca do Rio Grande do Norte – PAE/RN (SEMARH, 2010), dentre outros.

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O semiárido potiguar no contexto do semiárido brasileiro

O estado do Rio Grande do Norte - RN está localizado na região Nordeste do Brasil, circunscrito nas seguintes coordenadas geográfi cas: 4º 49’ 53” e 6º 58’ 57” de lati-tude Sul; 34° 58’ 03” e 38° 36’ 12” de longitude Oeste de Greenwich. Desse modo,

insere-se totalmente na faixa intertropical do globo terrestre, próximo à linha do Equador. Sua área é de 53.077,3 Km2, corresponde a 0,62% da área territorial do Brasil (IDEMA, 2008; SEPLAN; IDEMA, 2002).

O Rio Grande do Norte limita-se ao sul com o estado da Paraíba e a oeste com o estado do Ceará; ao norte e leste com o Oceano Atlântico, conferindo-lhe 410 km de litoral. O estado possui 167 municípios, agrupados em quatro mesorregiões e dezenove microrregiões.

Devido a essa localização geográfi ca, o Rio Grande do Norte assume características em sua paisagem que permite circunscrevê-lo no âmbito da região semiárida brasileira.

Já discutimos e fi zemos refl exões sobre a região semiárida brasileira, assim, nossos estudos sobre o semiárido potiguar não se apresentará de maneira diferente. Entretanto, o estado assume algumas características peculiares à sua posição geográfi ca. Dentre elas, destacamos o tipo climático com dois domínios: clima do tipo As’, tropical chuvoso, e Bs, semiárido. O primeiro tipo está dividido: em clima tropical chuvoso (As’) e clima tropical chuvoso de savana (Aw); já o segundo, é dividido em: clima seco de estepe (BSw’h) e clima seco de estepe (BSs’h), conforme visto na Aula 6 (Sistemas sinóticos e classifi cação climá-tica), da disciplina Geografi a Física II, p.14.

Com base no que vimos na Aula 4 (A nova delimitação para o semiárido brasileiro) de nossa disciplina, é possível fazermos um recorte da área semiárida no estado do Rio Grande do Norte. Por conseguinte, vermos com mais detalhes, nesta aula, a área que abrange o semiárido potiguar, conforme mostra a Figura 1.

Assim, o estado do Rio Grande do Norte possui, atualmente, 147 municípios inseridos na nova delimitação do semiárido brasileiro, com área de 49.589,87 Km2 (MI, 2005, p. 94), correspondendo a 93,4% do território do estado. A população total do semiárido é de 1.765.057 habitantes, constituindo 55,7% da população total do estado, que é de 3.168.133 (IBGE, 2010).

No que se refere ao semiárido brasileiro, o semiárido potiguar ocupa uma área de 5,0% do total daquele. Em termos populacionais, representa 8,5% da população da região semiárida brasileira.

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Figura 1 – Localização e delimitação do semiárido no estado do Rio Grande do Norte (Ver mapa ampliado em - Anexo B)

Adaptado de : Fonte: <http://www.portal.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/idema/anuario/

anteriores/anuario2008/mapas/Politico_Administrativo_2007.png>. Acesso em: 13 jan. 2011.

Municípios do Rio Grande do Norteque compõem o semiárido potiguar

Os municípios do estado do Rio Grande do Norte que circunscrevem o semiárido po-tiguar estão relacionados no Quadro 1. Nele, podemos observar que a nova delimitação do semiárido brasileiro (MI, 2005), contempla a inserção de novos municípios do nosso estado, quais sejam: Brejinho, Lagoa de Pedras, Macaíba, Monte Alegre, Paraná, Passagem, Várzea e Vera Cruz. Nesse sentido, é bom lembrar que vimos na Aula 4 que o objetivo é inserir o maior número possível de municípios para fi ns de fomento ao desenvolvimento da região, pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

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Quadro 1 – Municípios do estado do Rio Grande do Norte que estão inseridos no semiárido potiguar.

1. Acari

2. Açu

3. Afonso Bezerra

4. Água Nova

5. Alexandria

6. Almino Afonso

7. Alto do Rodrigues

8. Angicos

9. Antônio Martins

10. Apodi

11. Areia Branca

12. Augusto Severo

13. Baraúna

14. Barcelona

15. Bento Fernandes

16. Bodó

17. Bom Jesus

18. Brejinho

19. Caiçara do Norte

20. Caiçara doRio do Vento

21. Caicó

22. Campo Redondo

23. Caraúbas

24. Carnaúba dos Dantas

25. Carnaubais

26. Cerro Corá

27. Coronel Ezequiel

28. Coronel João Pessoa

29. Cruzeta

30. Currais Novos

31. Doutor Severiano

32. Encanto

33. Equador

34. Felipe Guerra

35. Fernando Pedroza

36. Florânia

37. Francisco Dantas

38. Frutuoso Gomes

39. Galinhos

40. Governador Dix-Sept Rosado

41. Grossos

42. Guamaré

43. Ielmo Marinho

44. Ipanguaçu

45. Ipueira

46. Itajá

47. Itaú

48. Jaçanã

49. Jandaíra

50. Janduís

51. Januário Cicco(Boa Saúde - atual)

52. Japi

53. Jardim de Angicos

54. Jardim de Piranhas

55. Jardim do Seridó

56. João Câmara

57. João Dias

58. José da Penha

59. Jucurutu

60. Lagoa d’Anta

61. Lagoa de Pedras

62. Lagoa de Velhos

63. Lagoa Nova

64. Lagoa Salgada

65. Lajes

66. Lajes Pintadas

67. Lucrécia

68. Luís Gomes

69. Macaíba

70. Macau

71. Major Sales

72. Marcelino Vieira

73. Martins

74. Messias Targino

75. Monte Alegre

76. Monte das Gameleiras

77. Mossoró

78. Nova Cruz

79. Olho d’Água do Borges

80. Ouro Branco

81. Paraná

82. Paraú

83. Parazinho

84. Parelhas

85. Passa e Fica

86. Passagem

87. Patu

88. Santa Maria

89. Pau dos Ferros

90. Pedra Grande

91. Pedra Preta

92. Pedro Avelino

93. Pendências

94. Pilões

95. Poço Branco

96. Portalegre

97. Porto do Mangue

98. Presidente Juscelino(Serra Caiada - atual)

99. Pureza

100. Rafael Fernandes

101. Rafael Godeiro

102. Riacho da Cruz

103. Riacho de Santana

104. Riachuelo

105. Rodolfo Fernandes

106. Tibau

107. Ruy Barbosa

108. Santa Cruz

109. Santana do Matos

110. Santana do Seridó

111. Santo Antônio

112. São Bento do Norte

113. São Bento do Trairi

114. São Fernando

115. São Francisco do Oeste

116. São João do Sabugi

117. São José do Campestre

118. São José do Seridó

119. São Miguel

120. São Miguel de Touros

121. São Paulo do Potengi

122. São Pedro

123. São Rafael

124. São Tomé

125. São Vicente

126. Senador Elói de Souza

127. Serra de São Bento

128. Serra do Mel

129. Serra Negra do Norte

130. Serrinha

131. Serrinha dos Pintos

132. Severiano Melo

133. Sítio Novo

134. Taboleiro Grande

135. Taipu

136. Tangará

137. Tenente Ananias

138. Tenente Laurentino Cruz

139. Timbaúba dos Batistas

140. Touros

141. Triunfo Potiguar

142. Umarizal

143. Upanema

144. Várzea

145. Venha-Ver

146. Vera Cruz

147. Viçosa

Fonte: MI (2005, p. 91-94).

Page 172: Estudos do Semiárido

1

Aula 7 Estudos do Semiárido168

Imagine que você é professor(a) da educação básica. Partindo desse princípio, utilize os conhecimentos adquiridos nesta aula a respeito da localização e delimitação do semiárido po-tiguar, e da identifi cação dos municípios do estado do Rio Grande do Norte que circunscrevem o semiárido potiguar, atualmente. Com base nisso, elabore duas questões que você aplicaria para seus alunos responderem.

Page 173: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido 169

Aspectos ambientais(físicos e bióticos) do semiárido potiguar

Você estudou o domínio morfoclimático das caatingas na Aula 10 – Domínio das ca-atingas, da disciplina Geografi a Física III, que aborda seus aspectos paisagísticos (clima, hidrografi a, relevo, solos, vegetação e ocupação humana). Nesta aula, você estudará parte desses aspectos sob a ótica do semiárido. Para fi ns de caracterização ambiental do semiárido potiguar, selecionamos os seguintes aspectos físicos e bióticos: o clima, o substrato rochoso (geologia), relevo, solos, hidrografi a e vegetação. Esse conjunto de variáveis ambientais com-põe a paisagem da região, conforme veremos a seguir.

De acordo com o que foi estudado na Aula 6, p. 14, da disciplina Geografi a Física II, o clima da região semiárida potiguar é do tipo BS (seco de estepe – BSw’h – e clima seco de estepe – BSs’h –, ou seja, semiárido, segundo a classifi cação de Köppen). Este predomina no interior e em parte do litoral norte do estado. Apresenta temperaturas variando entre 25ºC a 37ºC, com precipitações irregulares espacial e temporalmente, com médias entre 400 e 600 mm anuais (Figura 2), distribuídas entre os meses de janeiro a abril, caracterizadas como chuvas de verão.

Caracteristicamente, as áreas afetadas por esse tipo climático estão sujeitas às constantes secas, cujos índices de seca variam entre 40 e 100%. A insolação média é de 2.800 horas/ano, com elevada evaporação, o que proporciona défi cit hídrico, afetando a produção agropecuária do estado, cuja população fi ca com a qualidade de vida comprometida (SEMARH, 2010; SEPLAN; IDEMA, 2002; FELIPE; CARVALHO, 1999).

Figura 2 – Distribuição das isoietas no estado do Rio Grande do Norte. Destaque para o semiárido (Ver mapa ampliado em - Anexo B)

Adaptado de: Fonte: Felipe e Carvalho (1999).

Page 174: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido170

Quanto à geologia – substrato rochoso – (Figura 3), a região em apreço é constituída de rochas cristalinas, que representam 60% do estado. Essas rochas afl oram com feições suavemente onduladas a onduladas (inselbergs). As rochas cristalinas e os terrenos antigos datam do Pré-Cambriano, formados por granitos, quartzitos, gnaisses e micaxistos. Em geral, nesses terrenos os solos são rasos e de baixa fertilidade, com aptidão para agricultura de sequeiro (em lugares secos, sem irrigação) e a exploração da pecuária extensiva (SEPLAN; IDEMA, 2002; FELIPE; CARVALHO, 1999).

Não menos importante, recobrindo o substrato cristalino, encontram-se as bacias sedi-mentares Costeira e Potiguar que o bordejam, isto é, no litoral leste predominam os sedimentos conglomeráticos do Grupo Barreiras; no litoral setentrional (porção centro-norte), há a bacia Potiguar com sedimentos fossilíferos. Essas bacias datam do fi nal do Mesozoico a Cenozoico. A bacia Potiguar se destaca no sentido de que nela são encontrados minerais economicamente importantes como petróleo, calcário, argila, diatomita, feldspato e o caulin, entre outros (SEPLAN; IDEMA, 2002; FELIPE; CARVALHO, 1999).

Figura 3 – Esboço geológico no estado do Rio Grande do Norte. Destaque para o semiárido (Ver mapa ampliado em - Anexo B)

Adaptado de: Fonte: Felipe e Carvalho (1999).

O relevo resulta de processos endógenos e exógenos, caracterizando-se, no semiárido potiguar e demais porções do estado (Figura 4), como relevo de Planície Costeira, localizada entre as praias e os Tabuleiros Costeiros, estendendo-se por todo litoral, representadas pelas praias e dunas; os Tabuleiros Costeiros são formados por sedimentos arenosos, localizando-se próximos ao litoral; as Planícies Fluviais, encontradas nos vales das diversas bacias hidrográ-fi cas do estado, são terrenos baixos e planos; a Depressão Sublitorânea, localizada entre os Tabuleiros Costeiros e Planalto da Borborema, caracterizando-se como terrenos rebaixados, assim como a Depressão Sertaneja que apresenta terrenos baixos situados entre o Planalto da Borborema e a Chapada do Apodi; o Planalto da Borborema, constituído pelas rochas Pré-Cambrianas, representa as maiores elevações como inselbergs e picos, estende-se pelo Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas; a Chapada do Apodi é formada por

Inselbergtambém conhecido como

monadnock ou morro testemunho. Formação ro-chosa típica de clima semi-árido, como o do Nordeste

brasileiro, com presença de morros residuais onde

houve colaboração da erosão eólica. 2 – Elevação topográfi ca que se destaca

isoladamente em uma superfície de aplainamento como um relevo residual.

Etmologia: do Alemão: montanha isolada.

Fonte: http://www.dicionario.pro.

br/dicionario/index.php/Inselberg.

Acesso em 15/01/2011.

Page 175: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido 171

terrenos calcários, planos, ligeiramente elevados e a Chapada da Serra Verde, situada entre os Tabuleiros Costeiros e a Depressão Sertaneja, constituída de terrenos planos, ligeiramente elevados (FELIPE; CARVALHO, 1999).

Figura 4 – Esboço do relevo do estado Rio Grande do Norte. Destaque para o relevo do semiárido (Ver mapa ampliado em - Anexo B)

Adaptado de: Fonte: <http://www.portal.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/idema/anuario/anteriores/anuario2008/mapas/Relevo_2007.png>.

Acesso em: 15 jan. 2011.

No tocante aos solos, apresenta variedade bastante signifi cativa, em virtude da diver-sidade litológica, da variação do relevo e da umidade do solo. Os solos da região semiárida potiguar são aqueles que abrangem todo o estado do Rio Grande do Norte, exceto o mangue, conforme foi visto na disciplina Geografi a Física II, Aula 12 (Classifi cação e tipos de solos do Brasil e do estado do Rio Grande do Norte), p.19. Destacam-se os solos Litólicos e Luvissolos (Bruno Não Cálcico), que representam a maioria dos solos do semiárido potiguar. Para saber mais a respeito, consulte o site <http://www.uep.cnps.embrapa.br/solos/index.php?link=rn>, que apresenta os solos do Nordeste, especifi cados por estado e município.

Como se sabe, o solo possui diversas funções para a sociedade humana por seu caráter ambiental, ecológico, social e econômico, constituindo um importante elemento paisagístico, patrimonial e físico para o desenvolvimento de infraestruturas e atividades humanas. Desse modo, o mesmo se apresenta como um recurso fi nito, limitado e não renovável, face às suas taxas de degradação potencialmente rápidas, que têm aumentado nas últimas décadas (pela pressão crescente das atividades humanas) em relação às suas taxas de formação e regeneração extre-mamente lentas. De maneira geral, os processos de degradação do solo constituem um grave problema em nível global, com consequências ambientais, sociais e econômicas relevantes. À medida que a população mundial aumenta, aumenta o uso e ocupação do solo, surgindo daí a necessidade de protegê-lo como recurso vital, posto que é necessário produzir mais alimentos e cada vez se diminui a disponibilidade dos espaços ainda não degradados (CONFAGRI, 2011).

No caso particular do semiárido potiguar, a degradação do solo está relacionada ao pro-cesso de desertifi cação. Conforme o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertifi cação

Page 176: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido172

e Mitigação dos Efeitos da Seca – PAN/Brasil (MMA, 2004) e o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Rio Grande do Norte – PAE/RN (SEMARH, 2010), inserem-se como Áreas Susceptíveis à Desertifi cação – ASD, no estado do Rio Grande do Norte, as que constam na Tabela 1 e Figura 5.

Tabela 1 – Áreas Susceptíveis à Desertifi cação no Rio Grande do Norte, segundo o PAN/Brasil

Estado/ÁreasPOPULAÇÃO ÁREA (Km2)

Urbana Rural Total % Total %

Rio Grande do Norte 2 036 673 740 109 2 776 782 100,00 52 796,791

100,00

ASD 1 981 062 699 285 2 680 347 96,5 51 519,01 97,6

Semiárida 1 041 4841 041 484 521 994521 994 1 563 4781 563 478 56,356,3 48 706,0148 706,01 92,392,3

SubúmidaSeca 104 704 155 586 260 290 9,3 2 396,834 4,5

Do entorno 834 874 21 705 856 579 30,9 416,165 0,8

Fonte: Retirado de PAE/RN (SEMARH, 2010).

É importante ressaltar que o valor da área e da população do semiárido potiguar sofreu um aumento, em virtude da nova delimitação (MI, 2005), com a inserção de novos municípios (49.589,87 Km2), além da nova contagem da população (Censo 2010) pelo IBGE, de 1.765.057 habitantes. Logo, a área subúmida seca diminui para aumentar a semiárida.

Figura 5 – As Áreas Susceptíveis à Desertifi cação - ASD no estado do Rio Grande do Norte (Ver mapa ampliado em - Anexo B)

Fonte: retirado do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Rio Grande do Norte – PAE/RN (SEMAH, 2010, p. 29).

Page 177: Estudos do Semiárido

Ce

ar

á

Pa r a í b a

O c e a n o A t l â nt i c

o

Moderada - 9,6% do EstadoGrave - 38,5% do EstadoDelimitação do SemiáridoPotiguar

Muito grave - 18,9% do EstadoNúcleo de desertificação- 5,39% do Estado

LEGENDA (áreas de ocorrência de desertificacão)

ESCALA

20 40 60Km020

38 W̊ 37̊ W 36 W̊ 35̊ W7 S̊

6 S̊

5̊ S

7 S̊

6 S̊

5̊ S

38 W̊ 37̊ W 36 W̊ 35̊ W N

SÃO

MIG

UEL

DR.

SEVE

RIAN

O

S. FSC.

DO OESTE

FRANCISCODANTAS

UMARIZAL

RIACHO DA CRUZ

RAFA

EL

GODE

IRO

OLHO D’ÁGUADOS BORGES

PATUMARTINS

PORTALEGRE

ENCANTO

RODOLFO

FERNANDES

TABULE

IRO

GRANDE

APODI

SEVERIANO MELO

ITAÚ

CARNAÚBAS

CAMPO GRANDE(AUGUSTO SEVERO)

ESPÍRITO SANTODO OESTE (PARAÚ)

UPANEMA

AÇÚ

MOSSORÓ

BARAÚNAS

TIBAU

GROSSOS AREIA BRANCA

SERRADO MEL CARNAUBAIS

PORTODO MANGUE

MACAU

PENDÊNCIAS

ALTO DORODRIGUES

AFONSO BEZERRA

ANGICOS

PEDROAVELINO

FERNANDO PEDROSA

LAGES

JANDAÍRA

PARAZINHO

PEDRAPRETRA

ITAJÁ

SÃO RAFAEL

SANTANADO MATOS

BODÓ

CERROCORÁ

LAGOANOVA

IPANGUAÇU

GALINHOS

CAIÇ

ARA

DO N

ORTE

S. B

ENTO

DO N

ORTE

PEDR

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ANDE

S. MIGUELDE TOUROS(S. MIGUELDO GOSTOSO)

TOUROS

PUREZA

JOÃOCÂMARA

TAIPU

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EMOZ

CEARÁ MIRÍM

S. GONÇALODO AMARANTE

MACAIBA

VERA CRUZ

MONTEALEGRE

PARNAMIRIM

SÃO JOSÉDE MIPIBU

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RITO

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PASSAGEM

BREJINHOLAGOA

DE PEDRALAGOA

SALGADA

BOMJESUS

BOASAÚDE

SERRACAIADA

SEN. ELOIDE SOUZA

SERRINHA

STO. ANTÔNIO

MON

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AS

ARÊS

PEDROVELHO

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A

SÃO PEDRO

IELMOMARINHO

SÃO

PAUL

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LAGOADE VELHOS

BARCELONA

RUI BARCELONA

RIAC

HUEL

O

CAIÇARA DO

RIO DO VENTO

BENTO FERNANDES

POÇO

BRAN

CO

NATAL

NÍZIAFLORESTA

SEN. GEORGINOAVELINO

TIBAU DO SUL

VILA FLOR

BAIA FORMOSA

RIO

DOFO

GO

GUAM

ARÉ

TRIUNFO POTIGUAR

JUCURUTU

CAICÓ

SÃO JOÃODO SABUGI

JARDIM DEPIRANHAS

SÃO FERNANDO

TIMBAÚBADOS BATISTAS

SERRA NEGRADO NORTE

IPUEIRA

OURO BRANCO

JARDIMDO SERIDÓ

SÃO JOSÉDO SERIDÓ

CURRAISNOVOS

SÃOVICENTE

FLORÂNIA

SANT

ANA

DO S

ERID

Ó

PARELHAS

EQUADOR

CARNAÚBADOS DANTAS

ACARÍJAÇANÃ

SÃOBENTO

DOTRAIRÍ

JAPI

MONTE DASGAMELEIRAS

SANTACRUZ

TANGARÁ

SÃO

JOSÉ

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LAGOAD’ANTA

SERRA D

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S. BEN

TO PASSA E FICA NOVA CRUZ

SÍTIO NOVO

SÃO TOMÉ

LAGESPINTADA

CAMPOREDONDO

CORONELEZEQUIELCRUZETA

FELI

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GOV. DIX-SEPT ROSADO

LUÍS GOMES

MARCELINOVIEIRA

PARANÁTENENTEANANIAS

ALEXANDRIA

PILÕES

SERRINHADOS PINTOS

PAU DOS FERROS

RAFAELFERNANDES

JOÃO DIASANTÔNIO MARTINS

ALMINO AFONSO

MESSIAS

TARGINO

JANDUÍS

VENHA VER ÁGUA

NOVA

BARRA DE MAXARANGUAPE

ÁGUA NOVA

CEL. J

OÃO

PESSOA

JOSÉ

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PENH

A

MAJOR SALES

Aula 7 Estudos do Semiárido 173

Como se pode observar na Tabela 1, as ASD representam 96,5% da população total do RN e ocupa uma área correspondente a 97,6% do território potiguar. Incluída nas ASD, a área semiárida potiguar é aquela que possui maior representatividade, com 56,3% da população total e 92,3% do seu território. Com a atualização dos dados, a nova delimitação passa a re-presentar 65,8% da população das ASD e 96,2% do seu território.

Além disso, o estado do Rio Grande do Norte possui cerca de 57,4% do seu território incluído nas categorias muito grave e grave de ocorrência de desertifi cação, além do núcleo de desertifi cação do Seridó que representa 5,4% (Figura 6), composto pelos municípios de Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Currais Novos, Equador e Parelhas. Assim sendo, os processos de degradação ambiental são de extrema preocupação para os atores que compõem esse espaço geográfi co (SEPLAN; IDEMA, 2002).

Figura 6 – Áreas de ocorrência de desertifi cação no estado do Rio Grande do Norte (Ver mapa ampliado em - Anexo B)

Adaptado de: Fonte: SEPLAN; IDEMA (2002, p. 30).

O PAE/RN priorizou como área de abrangência as ASD que enfrentam situações de des-matamento, assoreamento dos rios, uso exacerbado dos recursos naturais para fi ns econô-micos, perda da capacidade produtiva do solo, impactos negativos à biodiversidade e a falta de investimentos fi nanceiros em planos, programas e projetos de combate à desertifi cação (SEMARH, 2010).

Ressaltamos que a problemática ambiental do Nordeste, tendo como destaque a deser-tifi cação, foi discutida, detalhadamente, na Aula 06 (Problemas ambientais do Nordeste: a desertifi cação como foco de análise) da nossa disciplina.

Quanto à hidrografi a, o estado possui uma rede hidrográfi ca bastante densa, visto que para sua conformação é necessário fazer a associação de processos naturais, dentre eles, o clima, a geologia e o relevo, que apresentam como resultado uma rede fl uvial de regime tem-porário e padrão de drenagem dendrítica, restando a perenização das bacias quando desaguam nos oceanos ou quando estas são perenizadas através de barramentos. A barragem Engenheiro

Page 178: Estudos do Semiárido

RIO

RIO TRAIRI

RIO

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RIO CURIMATAU

POTENGI

03

04

05

0607

08

02

01

15-1 15-2

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16-1

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20 40 60Km020

38 W̊ 37̊ W 36 W̊ 35̊ W7 S̊

6 S̊

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7 S̊

6 S̊

5̊ S

38 W̊ 37̊ W 36 W̊ 35̊ W N

SÃO MIGUEL

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BARRAGEM STA. CRUZDO APODI

CARNAÚBASBARRAGEM UMARI

CAMPO GRANDE(AUGUSTO SEVERO)

ESPÍRITO SANTODO OESTE (PARAÚ)

UPANEMA

PALHEIROS III AÇÚ

MOSSORÓ

BARAÚNAS

AREIA BRANCA

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MACAU

PENDÊNCIAS

ANGICOS

PEDROAVELINO

FERNANDO PEDROSA

LAGES

PEDRA PRETRA

SANTANADO MATOS

BARRAGEM ENGO.ARMANDO RIBEIRO GONÇALVES

BODÓ

LAGOA NOVA

IPANGUAÇU

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TOUROS

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MONTEALEGRE

PARNAMIRIM

SÃO JOSÉ DE MIPIBU

LAGOADE PEDRAS

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SERRACAIADA

SEN. ELOIDE SOUZA

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SÃO PEDRO

IELMOMARINHO

SÃO PAULODO POTENGI

LAGOADE VELHOS

RUI BARCELONA

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JARDIM DE ANGICOS

NATAL

SEN. GEORGINOAVELINO

GUAMARÉ

JUCURUTU

RIO

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CAICÓ

AÇ. PÚBL. SABUGI

BARRAGEMCARNAÚBA

BARRAGEMMINISTRO

JOÃO ALVES

BARRAGEMMARECHAL DUTRA

GARGALHEIRAS

AÇ. PÚBL. ITANS

JARDIM DEPIRANHAS

SÃO FERNANDO

TIMBAÚBADOS BATISTAS

IPUEIRA

JARDIM DO SERIDÓ

SÃO JOSÉDO SERIDÓ

CURRAIS NOVOS

SÃO VICENTE

TEN. LAURENTINOFLORÂNIA

PARELHAS

EQUADOR

ACARÍ

SANTA CRUZ

TANGARÁ

SÃO JOSÉDO CAMPESTRE

LAGOA D’ANTA

PASSA E FICA

SÍTIO NOVO

SÃO TOMÉ

GOV. DIX-SEPT ROSADO

LUÍS GOMES

TENENTEANANIAS

R. PILÕES

PAU DOS FERROS

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RIO PUNAÚ

RIO CEARÁ MIRIM

1 - Apodi/Mossoró2 - Piranhas/Açú3 - Boqueirão4 - Punaú5 - Maxaranguape6 - Ceará-Mirim7 - Doce8 - Potengi9 - Pirangi

14.276,017.498,5

250,5447,9

1.010,22.635,7

387,84.093,0

458,9

ÁREA DEDRENAGEM

(Km2)

BACIAS HIDROGRÁFICAS

10 - Trairi11 - Jacú12 - Catú13 - Curimataú14 - Guajú15 - Faixa Litorânea Norte de escoamento difuso16 - Faixa Litorânea Leste de escoamento difuso

2.867,41.805,5

208,5830,5150,6

5.736,4

649,4

ÁREA DEDRENAGEM

(Km2)

BACIAS HIDROGRÁFICAS

53.306,8TOTAL

0515-2,16-7

Limite de Estado

Rios importantes

Limites das bacias

Açúdes Reservatórios

Delimitação do semiáridoPotiguar

Bacias principais

Bacias secundárias

Sede de municipio

Aula 7 Estudos do Semiárido174

Armando Ribeiro Gonçalves se destaca por ser o maior reservatório de água superfi cial do es-tado, com capacidade máxima de mais de 3,5 bilhões de m3. A barragem, que está no domínio das rochas cristalinas, insere-se na bacia hidrográfi ca do rio Piranhas-Açu, que tem origem no estado da Paraíba e possui como principal afl uente o rio Seridó, tendo sido construída para uso em irrigação de fruticultura, abastecimento de cidades, possuindo, atualmente, tomadas para adutoras como: Central Cabugi, Canal do Pataxó e adutora Mossoró, servindo para reforçar o sistema de abastecimento de água de Mossoró.

As principais bacias hidrográfi cas estão representadas pelo rio Piranhas-Açu, rio Apodi-Mossoró, rio Potengi, rio Ceará-Mirim, rio Trairi, rio Jacu, rio Curimataú e rio Seridó (Figura 7).

É importante observar que a maioria das bacias hidrográfi cas tem suas nascentes na região semiárida, seja no estado da Paraíba, seja no interior do estado do Rio Grande do Norte. De maneira geral, as bacias hidrográfi cas possuem importância socioeconômica e ambien-tal. De modo particular, as bacias hidrográfi cas do Piranhas-Açu e Apodi-Mossoró possuem importância singular no tocante a sua extensão, localização geográfi ca e representatividade econômica, visto que estas impulsionam o desenvolvimento de atividades agrícolas e pecuárias em pleno semiárido (SEMARH, 2010. p. 169).

No que se refere às águas subterrâneas, o domínio fraturado, isto é, o sistema aquífero cristalino representa 56,4% do estado do Rio Grande do Norte. Entretanto, apresenta baixo potencial hídrico, ou seja, a vazão dos poços é insufi ciente para a explotação de água, sem contar com os altos teores de salinidade (SEMARH, 2010, p. 172-173).

Figura 7 – Bacias hidrográfi cas do estado do Rio Grande do Norte (Ver mapa ampliado em - Anexo B)

Adaptado de: Fonte: SEPLAN e IDEMA (2002, p. 26).

Page 179: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido 175

A vegetação (Figura 8) que refl ete a paisagem do semiárido potiguar é basicamente a caatinga (signifi ca mata branca, em tupi), típica do Nordeste brasileiro, abrange 80% do estado, representada por espécies que se adaptam ao clima semiárido, constituída pela Ca-atinga Hipoxerófi la, encontrada em áreas mais úmidas como o agreste e nas serras. Sua fi sionomia constitui-se de espécies herbácea, arbustiva e arbórea; e, a Caatinga Hiperxerófi la, encontrada em áreas quentes e secas (sertão), com fi sionomia esparsa e de pequeno porte. Ambas as formações possuem caráter xerofítico e caducifólia, espinhento e de coloração cinza-esbranquiçada (SEPLAN; IDEMA, 2002; FELIPE; CARVALHO, 1999).

Figura 8 – Aspecto da paisagem do semiárido: solos litólicos, vegetação de caatinga e condição humana

Para relembrar, consulte a Aula 10 (O domínio das caatingas) da disciplina Geografi a Física III, a Aula 8 (Ecossistemas do cerrado e da caatinga) da disciplina Ecossistemas Brasileiros, além das Aulas 2 (Os elementos naturais da paisagem: estrutura geológica, relevo e clima), 3 (Os elementos naturais da paisagem: hidrografi a), 4 (Os elementos naturais da paisagem: vegetação) da disciplina Geografi a do Nordeste e 6 (Problemas ambientais do Nordeste: a desertifi cação como foco de análise) da nossa disciplina.

Confome SEPLAN; IDEMA (2002, p. 17-18), a caatinga

vem sofrendo fortes impactos ao longo do tempo, está sendo destruída em queimadas para dar lugar às áreas de plantação ou pastagem, bem como no aproveitamento da madeira das árvores na construção civil, na produção de carvão e, ainda, para alimentar os fornos das cerâmicas, olarias, caieiras ou padarias. Ao longo do tempo, esse impor-tante bioma, que tem provido grande parte da energia necessária às atividades produ-tivas do Estado e à subsistência das populações locais, vem sofrendo sérios impactos ambientais, resultando em signifi cativa redução de recurso fl orestal, com refl exos a nível socioeconômico. Esses impactos estão associados, principalmente, às queimadas, desmatamentos ao sobrepastoreio e a agricultura em terras não aptas, que podem con-duzir à desertifi cação [...]O desmatamento indiscriminado tem favorecido o fenômeno da desertifi cação, o que demonstra a importância da Caatinga e a consequente necessidade de sua conservação. A importância socioeconômica e ambiental da Caatinga justifi ca programas e ações de governo, em parceria com organizações da sociedade civil, no sentido da utilização sustentável dos seus recursos, imprescindíveis ao desenvolvimento da região. Mesmo contando com situação bastante adversa, a Caatinga ainda é rica fonte

Page 180: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido176

Figura 9 – Lenha empilhada para abastecer as indústrias ceramistas do município de Parelhas/RN

Fonte: PAE/RN (SEMAH, 2010, p. 187). Autoria da foto: Elisângelo Fernandes da Silva (Dezembro/ 2008).

Fonte: <http://teju2010.blogspot.com/2010/12/prefeito-comemora-crescimento.html>. Acesso em: 19 jan. 2011.

de produtos fl orestais. Desde que venha a ser explorada racionalmente, garante-se de forma sustentável esses recursos imprescindíveis à economia da região.

Para corroborar com a afi rmativa, o PAE/RN coloca que a lenha é a maior fonte energética das indústrias do estado do Rio Grande do Norte. Isto representa a retirada da vegetação, bem como sua queima se torna a maior responsável por emissão de gases nocivos à atmosfera (SEMARH, 2010. p. 41) (Figura 9).

Page 181: Estudos do Semiárido

2

Aula 7 Estudos do Semiárido 177

Quais as implicações ambientais que a atividade ceramista pode provocar nos aspectos do clima, solo, relevo, recursos hídricos e vegetação?

Page 182: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido178

Aspectos socioeconômicosdo semiárido potiguar

Componentes sociais

Estudos referentes à população são de fundamental importância, pois apresentam dados quantitativos e qualitativos. Eles servem como subsídio para que governantes tracem planos e estratégias de atuação, além de permitir o desenvolvimento de planejamentos de interesse social. Foram selecionados, para efeito desta aula, os aspectos da população total, da popu-lação rural e urbana, fl uxos migratórios, densidade demográfi ca e Índice de Desenvolvimento Humano, como componentes sociais.

Conforme informação dada anteriormente, a população total do semiárido é de 1.765.057 habitantes, constituindo 55,7% da população total do estado, que é de 3.168.133 (IBGE, 2010).

De acordo com a Tabela 2, a população total do semiárido potiguar apresentou aumento em vinte anos. De 1991 a 2000, o incremento foi de 8,3%, enquanto que de 2000 para 2010, aumentou para 12,2%. A área em estudo, em 2010, apresentou: 50 municípios com até 5.000 habitantes; 47 municípios com 5.001 a 10.000 habitantes; 33 municípios com 10.001 a 20.000 habitantes; 13 municípios com 20.001 a 50.000 habitantes e 4 municípios com mais de 50.001 habitantes, com destaque para o município de Mossoró, que possui 259.886 habitantes.

Tabela 2 – População total do semiárido potiguar 1991-2010

Semiárido potiguar

População total

1991 2000 2010*

1.440.119 1.563.478 1.765.057

* Contagem com os novos municípios inclusos na redelimitação do semiárido.

Fonte: Dados retirados de IBGE.Sinopse preliminar do censo demográfi co – 1991. Rio Grande do Norte.

IBGE. Censo demográfi co 2000: características da população e dos domicílios.

IBGE. Censo demográfi co 2010: população por município. Rio Grande do Norte.

Quanto à dinâmica da população rural (Tabela 3), esta apresentou uma redução da popu-lação de - 7,2% entre 1991 e 2000 e um crescimento entre 2000 e 2010 de 5,8%. A área rural apresentou taxas de ruralização decrescentes da ordem de 38,97% (1991), 33,39% (2000) e 31,33% (2010). Percebe-se com isso o deslocamento rural-urbano da população.

Em relação à dinâmica da população urbana (Tabela 3), entre 1991 e 2010, se apresen-tou em constante crescimento. As taxas de crescimento da população urbana apresentaram 17,1% entre 1991 e 2000, e 15,3% entre 2000 e 2010. Esse crescimento assinala as taxas de urbanização em 1991 de 61,03%, em 2000 de 66,61% e, em 2010, de 68,67%.

Embora os dados apontem para a sobreposição da população urbana, a região semiárida apresenta 32 municípios que possuem sua população rural maior do que a urbana (IBGE, 2010).

Page 183: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido 179

Tabela 3 – População rural e urbana do semiárido potiguar 1991-2010.

Semiárido potiguar

Ano 1991 2000 2010*

População rural 561.267 521.994 552.996

População urbana 878.852 1.041.484 1.212.061

* Contagem com os novos municípios inclusos na redelimitação do semiárido.

Fonte: Dados retirados de IBGE.Sinopse preliminar do censo demográfi co – 1991. Rio Grande do Norte.

IBGE. Censo demográfi co 2000: características da população e dos domicílios.

IBGE. Censo demográfi co 2010: população por município. Rio Grande do Norte.

De acordo com o PAE/RN, na área semiárida foi registrada a menor variação percentual do crescimento da população urbana. Essa dinâmica dos últimos decênios evidenciou pequenos acréscimos e, em alguns casos, redução desse contingente nas pequenas cidades e aumento signifi cativo nas cidades que desempenham a função de centros regionais. Esses aspectos sinalizam para a existência da migração rural-urbana e confi guração de fl uxos migratórios urbano-urbano, envolvendo as pequenas cidades e os centros regionais e essas localidades e a capital do estado. A tendência de migração da zona rural para a cidade ocorre em função das precárias condições de vida no campo, das adversidades, inclusive climáticas, e de questões que envolvem o acesso à terra; da pequena cidade para o centro regional é motivada pelas perspectivas de ampliação das oportunidades de trabalho e melhor formação profi ssional; e das cidades interioranas, de modo geral, para a capital ou seu entorno, por constituírem um polo econômico dinâmico que potencializa as oportunidades de emprego e por ser o local onde se concentra os mais diversifi cados cursos profi ssionalizantes do Estado (SEMARH, 2010, p. 202).

Das 99.734 pessoas que se deslocaram das ASD, em 2000, a área semiárida potiguar contribuiu com 43.007 pessoas que se deslocaram para trabalho ou estudo. Isso representa 43,1% desse contingente, sendo, portanto, uma parcela representativa (SEMAH, 2010).

Das 91.292 pessoas que se deslocaram no e para o RN, a área do Entorno (Extremoz, Natal e Parnamirim) representou 55,7%, a área semiárida representou 38,4% e a subúmida seca 5,9% (SEMAH, 2010).

Quanto à densidade demográfi ca, esta corresponde a média de habitantes por quilôme-tros quadrados, sendo obtida por meio da divisão entre o número de habitantes e a área (km2) de um dado território. Nesse caso, temos atualmente, 49.589,87 km2 de área do semiárido, com uma população total de 1.765.057 habitantes.

A Tabela 4 expressa os dados de densidade demográfi ca dos anos de 1991, 2000 e 2010. Assim, observamos a crescente densidade demográfi ca para o semiárido potiguar. Embora a população do semiárido corresponda a mais de 55% do estado, a extensão do território seja considerável e o crescimento populacional seja positivo, este não possui expressividade. Com isso, a região não é densamente povoada, mesmo ultrapassando os limites nacionais de 22,4 hab./km2, ainda assim fi ca abaixo do índice do estado do Rio Grande do Norte (59,7 hab./km2, com dados populacionais de 2010, IBGE).

Cabe ressaltar que, quando se trata de susceptibilidade à desertifi cação, o PAE/RN alerta que 20 hab./km2 representa um nível crítico para as ASD. Entretanto, o próprio PAE/RN afi r-ma que mesmo esse limite sendo superior, a região sofre, ao longo das décadas, tendência à redução do crescimento vegetativo ou aumento inexpressivo do número de habitantes por município da área estudada (SEMARH, 2010).

Page 184: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido180

Tabela 4 – Densidade demográfi ca do semiárido potiguar 1991-2010

Semiárido potiguar

Densidade demográfi ca (hab./km2)

1991 2000 2010*

29,56 32,10 35,59

* Contagem com os novos municípios inclusos na redelimitação do semiárido.

Fonte: dados retirados de IBGE.Sinopse preliminar do censo demográfi co – 1991. Rio Grande do Norte.

IBGE. Censo demográfi co 2000: características da população e dos domicílios.

IBGE. Censo demográfi co 2010: população por município. Rio Grande do Norte.

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH-M (Tabela 5), composto pela renda, longevi-dade e educação, apresentou índices de baixo a médio nos 140 municípios que constituíam até então o semiárido potiguar. Em 1991, 34 municípios apresentaram IDH baixo, representando 24,29% do total, enquanto que 106 municípios apresentaram IDH médio, constituindo 75,71%.

Em 2000, 100% dos municípios apresentaram IDH médio, com destaque para os municípios de Caicó, Carnaúba dos Dantas, São José do Seridó, Mossoró, São João do Sabugi, Pau dos Ferros e Currais Novos.

Tabela 5 – Índice de Desenvolvimento Humano – IDH-M, por número de município, do semiárido potiguar 1991-2000

Semiárido potiguar Ano

Índice de Desenvolvimento Humano – IDH-M/por nº de município

Baixo(IDH-M até 0,499)

Médio(IDH-M entre 0,500 e 0,799)

Médio (IDH-M entre 0,800 e 1)

1991 34 106 -

2000 - 140 -

Fonte: <http://www.pnud.org.br/atlas/tabelas/index.php>. Acesso em: 19 jan. 2011.

Componentes econômicos

A construção e reconstrução do espaço geográfi co passa pelo uso do solo como parte das atividades humanas e suas consequências recaem sobre ele. Dessa forma, escolhemos o uso do solo para produção agrícola temporária, pecuária, extrativismo vegetal e mineral, na região semiárida potiguar, como componentes econômicos.

A produção agrícola temporária no RN constitui-se pelo cultivo do abacaxi, algodão herbáceo, arroz, batata-doce, cana-de-açúcar, cebola, fava, feijão, fumo, mamona, mandioca, melancia, melão, milho, sorgo granífero e tomate. Em 2006, teve 305.731 ha de área colhida, com produção de 4.509.603 t. O semiárido foi responsável por 241.418 ha de área colhida, com produção de 1.626.546 t. Esses valores nos indicam que o semiárido potiguar possui 78,96% de área colhida e 36,07% da quantidade produzida, com destaque para o feijão, algodão herbáceo, mandioca, melão e milho. Dentre as culturas temporárias, o arroz, a cebola, o fumo e a mamona estão totalmente inseridas na região em apreço (IDEMA, 2008).

No que se refere à produção agrícola permanente, no RN são cultivados o abacate, algodão arbóreo, banana, castanha de caju, coco-da-baía, goiaba, laranja, limão, mamão, manga, maracujá, sisal ou agave e tangerina. Em 2006, o total do estado teve 162.138 ha de área colhida, com produção de 428.599 t. Desse total, o semiárido teve 146.614 ha de área

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Aula 7 Estudos do Semiárido 181

colhida, com produção de 337.974 t, cujos valores representam 90,43% de área colhida e 78,86% da quantidade produzida. O destaque da produção fi cou para a castanha de caju, cujo percentual representativo da produção é de 98,88%. O maior produtor foi o município de Serra do Mel, contribuindo com 10.000 t.

A Tabela 6 apresenta a produção pecuária, expressa pelo efetivo do rebanho do estado do Rio Grande do Norte e semiárido potiguar, em 2006. O semiárido potiguar é responsável por 89,18% na produção de bovinos; 90,46% de suínos; 91,74% de eqüinos; 98,92% de asininos; 93,24% de muares; 97,02% de ovinos e 98,25% de caprinos. É claramente percep-tível a importância que o semiárido assume nesse tipo de produção econômica, mediante o contexto estadual.

Tabela 6 – Efetivo dos rebanhos para o estado do Rio Grande do Norte e semiárido potiguar – 2006

Efetivo dos rebanhos

RNBovinos Suínos Equinos Asininos Muares Ovinos Caprinos

1.027.289 183.319 43.550 57.738 21.894 512.161 407.931

Semiárido 916.179 165.824 39.951 57.112 20.415 496.889 400.804

Fonte: Anuário Estatístico 2008 (IDEMA, 2008); <http://www.idema.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao

/idema/anuario/enviados/anuario_estatistico.asp>. Acesso em: 19 jan. 2011.

No que se refere ao extrativismo vegetal, os dados foram baseados no IDEMA (2008), relativos à produção de carvão vegetal, lenha e madeira em tora. O estado do RN produziu, em 2006, 2.252 t de carvão vegetal, 1.487.209 m3 de lenha e 7.666 m3 de madeira em tora. O semiárido foi responsável pela produção de 2.168 t de carvão vegetal, 1.444.215 m3 de lenha

e 7.666 m3 de madeira em tora. Dessa forma, o semiárido produz 96,27% do carvão vegetal, 97,11% de lenha e 100% de madeira em tora. A extração vegetal serve para ampliar as áreas agrícolas ou para servir de fonte energética para os processos produtivos.

O PAE/RN informa ainda que entre 1990 e 2007 a extração de lenha no semiárido foi de 42.971.254 m3, do total de 45.673.332 m3 para todo o Rio Grande do Norte (SEMAH, 2010. p. 229).

No que se refere ao extrativismo mineral, pelas condições geológicas do semiárido, destaca-se a ocorrência de diversos minerais. Os mais comuns são a scheelita, berilo, cassi-terita, tantalita, ferro, micas, ouro, cobre, columbita, enxofre, barita, coridon e alguns tipos de gemas, tais como água-marinha, turmalina e quartzo, dentre outras.

Ainda destaca-se no semiárido potiguar a explotação de petróleo em terra, além da ex-tração de sal marinho nos municípios do litoral setentrional, como Mossoró, Areia Branca e Macau. Nesse contexto de produção econômica, o estado possui o projeto Polo Gás-Sal.

Para saber mais sobre o projeto Polo Gás-Sal, consulte na biblioteca de seu polo ou em outras: FELIPE, José Lacerda Alves; CARVALHO, José Edilson Alves de. Economia do Rio Grande do Norte: estudo geo-histórico e econômico: Grafset, 2002 e FELIPE, José Lacerda Alves; CARVALHO, José Edilson Alves de. Atlas Escolar do Rio Grande do Norte. João Pessoa: Grafset, 1999.

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3

Resumo

Aula 7 Estudos do Semiárido182

Com base nos dados apresentados para a produção agrícola, pecuária, extrativismo vegetal e mineral, responda: O uso que se faz dos recursos naturais, sejam eles vegetais e/ou minerais, desencadeia os problemas ambientais no semiárido, como por exemplo a deserti-fi cação? Justifi que.

Nesta aula, você estudou o semiárido potiguar. Viu que este corresponde a uma grande parcela do estado do Rio Grande do Norte, e também sua importância ambiental e socioeconômica para o referido estado. Ao mesmo tempo, verifi cou que os usos que são feitos dos recursos ambientais podem ser aceleradores do processo de degradação, culminando com o maior problema enfrentado no semiárido: a desertifi cação.

Page 187: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido 183

AutoavaliaçãoConforme pudemos constatar, os usos que são feitos dos recursos ambientais potencializam a degradação ambiental. No semiárido potiguar, essa degradação contribui com o processo de desertifi cação. Com base na afi rmativa, faça uma análise crítica da necessidade que a sociedade tem em crescer economicamen-te e os possíveis impactos que são gerados por essa necessidade.

ReferênciasCONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS AGRÍCOLAS E DO CRÉDITO AGRÍCOLA DE PORTUGAL – CONFAGRI. Importância do solo e suas funções. Disponível em: <http://www.confagri.pt/Ambiente/AreasTematicas/Solo/TextoSintese/Antecedentes/Pages/default.aspx>. Acesso em: 15 jan. 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Primeiros resultados Censo 2010. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/cen-so2010/populacao_por_municipio_zip.shtm>. Acesso em: 16 jan. 2011.

Page 188: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido184

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE – IDEMA/RN. Anuário Estatístico - 2008. Disponível em: <www.idema.rn.gov.br>. Acesso em: 12 jan. 2011.

FELIPE, J. L. A.; CARVALHO, E. A. Atlas Escolar do Rio Grande do Norte. João Pessoa: Grafset, 1999.

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL – MI. Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional. Grupo de Trabalho Interministerial para Redelimitação do Semiárido Nordestino e do Polígono das Secas. Relatório Final. Disponível em: <http://www.intregacao.gov.br >. Acesso em: 13 set. 2010.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA. Secretaria de Recursos Hídricos. Programa de ação nacional de combate à desertifi cação e mitigação dos efeitos da seca – PAN/brasil. Brasília, 2004.

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH. Programa de Ação Estadual de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Rio Grande do Norte – PAE/RN. Natal, 2010.

SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E DAS FINANÇAS DO RIO GRANDE DO NORTE (SEPLAN). Instituto de Desenvolvimento Econômico e do Meio Ambiente (IDEMA). Perfi l do Estado do Rio Grande do Norte. Natal, 2002. Disponível em: <www.idema.rn.gov.br>. Acesso em: 12 jan. 2011.

Page 189: Estudos do Semiárido

Aula 7 Estudos do Semiárido 185

Anexo AApresentação do material digital

Caro aluno, De acordo com o que foi apresentado na Aula 1 – Conceitos e espacialização dos fenôme-

nos relacionados aos Estudos do Semiárido, a disciplina Estudos do Semiárido foi organizada em duas etapas:

- a primeira etapa buscou a articulação entre os conhecimentos construídos nas discipli-nas já cursadas e os novos conteúdos trabalhados. Essa etapa envolveu as Aulas 1 – Conceitos e espacialização dos fenômenos relacionados aos Estudos do Semiárido; 2 – Geografando os espaços áridos e semiáridos do globo terrestre; 3 – Arenização: fenômeno natural e antrópico; 4 – A nova delimitação para o semiárido brasileiro; 5 – Semiárido brasileiro: adversidade ou diversidade?; 6 – Problemas ambientais do Nordeste: a desertifi cação como foco de análise e a Aula 7 – O semiárido potiguar.

- a segunda etapa, constituída pelas Aulas 8 a 12, agregará os conhecimentos trabalhados das Aulas 1 a 7 e possibilitará, através da interatividade, articular e relacionar os conteúdos propostos nesta disciplina.

Os conteúdos a serem estudados das Aulas 8 a 12, constantes no material interativo, são:A Aula 8 tratará da localização e caracterização de alguns desertos no mundo. Serão

apresentadas as características ambientais, aspectos socioeconômicos, e alguns aspectos culturais dos povos que habitam as áreas desérticas.

As Aulas 9 e 10 abordarão as temáticas do semiárido no mundo, no Brasil e no Rio Gran-de do Norte. Nelas, além de você se localizar espacialmente, poderá delimitar suas áreas de ocorrência. Ao navegar pela plataforma virtual, terá a oportunidade de caracterizar diferentes aspectos ambientais, sociais e econômicos presentes em seu contexto.

A Aula Interativa 11 abordará a problemática da desertifi cação no contexto mundial, bra-sileiro e potiguar. Além de identifi car e caracterizar algumas áreas críticas onde está presente a desertifi cação, serão propostas problematizações que farão você refl etir a respeito de formas alternativas de sobrevivência e desenvolvimento nessas áreas, além de conhecer algumas ações e políticas públicas implementadas nesses locais.

A Aula 12 tratará sobre o processo de arenização no sudoeste do Rio Grande do Sul. Nela você terá a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre os areais existentes no sudoeste do Rio Grande do Sul, interagindo por meio de um acervo fotográfi co. Irá, através dele, refl etir a respeito dos processos naturais e antrópicos e suas consequências que ocorrem somente nessa região do Brasil.

Nas aulas interativas, você poderá navegar, através de um ambiente virtual específi co, utilizando links, imagens, vídeos, músicas, textos e atividades. Acreditamos que essa proposta poderá facilitar e dinamizar o processo de compreensão da disciplina.

Com a possibilidade de dinamização das aulas interativas, é importante que você, aluno, esteja predisposto à resolução das atividades sugeridas, como forma de refl exão e fi xação dos conteúdos estudados.

Bons estudos!

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Anexo B

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Aula 7 Estudos do Semiárido192

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Aula 7 Estudos do Semiárido 193

Anotações

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Caderno de atividadesMaterial interativo

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Aulas

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Caderno de atividades - material interativo 199

Olá, caro aluno!

Aqui, neste Caderno de Atividades, você vai resolver todos os exercícios propostos no material interativo da nossa disciplina, Estudos do Semiárido (Aulas 8 a 12), além da Autoa-valiação. No conteúdo interativo, você vai encontrar essas atividades logo após cada aula e, depois de ter navegado por todos os tópicos, será conduzido à Autoavaliação, quando resolverá exercícios que abordam as cinco aulas (8, 9, 10, 11 e 12). Observe que as questões também estão lá, mas devem ser respondidas aqui, no Caderno de Atividades. Bons estudos!

Apresentação

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Caderno de atividades - material interativo 201

Aula 8:Desertos no mundo

1) Localize geografi camente e caracterize, a seguir, os desertos do Kalahari e Gobi.

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Caderno de atividades - material interativo 202

2) “Como se sabe, o deserto impõe grandes difi culdades para a sobrevivência. No en-tanto, a capacidade transformadora do homem modifi ca realidades adversas como as que se apresentam em um deserto”.

a) Com base na afi rmativa acima, utilize a internet para conhecer os projetos das construções das megacidades do Deserto da Arábia, entre elas, a cidade de King Abdullah. Depois disso, descreva e analise que mudanças poderão ocorrer na economia, na forma de viver, na cultura e em outros aspectos dessa região.

b) Com base nas conclusões do item anterior, você acredita que haverá uma maior distri-buição de renda ou melhoria de qualidade de vida para a população excluída até então nessa região?

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Caderno de atividades - material interativo 203

3) O deserto de Karakum está totalmente inserido no Turcomenistão. Assim, pesquise sobre a localização geográfi ca desse país, sua educação, saúde, cultura, política e economia. Depois, compare esses aspectos, destacando semelhanças e diferenças com o local onde você vive.

4) Após ter estudado o Deserto de Sonora e ter compreendido suas características, imagine como ele seria (aspectos climáticos, fauna e fl ora) se não houvesse qualquer elevação em seu entorno.

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Caderno de atividades - material interativo 204

Anotações

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Caderno de atividades - material interativo 205

Aula 9:Navegando por diferentes

espaços semiáridos

Aspectos da problemática

O desenvolvimento das regiões semiáridas do mundo está associado ao processo histórico de ocupação, das atividades econômicas e da cultura das populações que as habitam. Desse modo, embora o clima e alguns aspectos biofísicos sejam análogos nessas regiões, não podemos dizer que todas apresentam desenvolvimento da sociedade de forma igualitária.

Analise o enunciado acima e responda: podemos traçar semelhanças de desenvolvimento da sociedade entre as regiões semiáridas do Sahel e da Austrália?

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Caderno de atividades - material interativo 206

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Caderno de atividades - material interativo 207

Aula 10:Semiárido no Brasil e

no Rio Grande do Norte

Aspectos da problemática

Conforme já se sabe, a região semiárida brasileira é uma das maiores, mais po-pulosas e também mais úmidas do mundo. Com essas características, ela se destaca mediante as regiões semiáridas do globo terrestre. Entretanto, padece de problemas socioambientais preocupantes, tais como o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH (renda, longevidade e educação), que se apresenta como médio, variando de 0,649 (Alagoas) a 0,773 (Minas Gerais), e o processo de desertifi cação, dentre outros pro-blemas. Como ilustração, o Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil é de 0,699 (73º lugar no ranking mundial).

Quais são as suas percepções frente a essa afi rmação? Como você analisa a ocupação e desenvolvimento da região semiárida brasileira, especialmente dos estados de Alagoas e Minas Gerais, mediante os Índices de Desenvolvimento Humano apresentados?

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Caderno de atividades - material interativo 208

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Aspectos da problemática 2

Seguindo a lógica do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN/Brasil), foi lançado no RN, em abril de 2010, o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Rio Grande do Norte – PAE/RN. O PAE/RN possui como objetivo superior servir como instrumento norteador para a execução de ações de adaptação, de mitigação e de combate à desertifi cação e mitigação dos efeitos da seca no Rio Grande do Norte.

Como você analisa a participação institucional e social (Programa de Ação Nacional de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca – PAN/Brasil e Programa de Ação Estadual de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Rio Grande do Norte – PAE/RN) na efetivação de políticas públicas de enfrentamento às problemáticas seca e desertifi cação?

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Aspectos da problemática 3

Observação:

Para responder aos Aspectos da problemática 2 e 3, consulte a Aula 7 (Semiárido Potiguar) de nossa disciplina, bem como outras fontes:

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH. Programa de Ação Estadual de Combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Rio Grande do Norte – PAE/RN. Natal, 2010.

Programa de Ação Nacional de combate à Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN/Brasil). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sedr_desertif/_arquivos/pan_brasil_portugues.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2011.

A região semiárida potiguar possui forte participação na produção econômica do estado do Rio Grande do Norte. Apresenta migração rural-urbana e confi guração de fl u-xos migratórios urbano-urbano, envolvendo as pequenas cidades e os centros regionais e essas localidades e a capital do Estado. Sua densidade demográfi ca, embora seja baixa, ultrapassa os limites de nível crítico para as Áreas Susceptíveis à Desertifi cação – ASD, e seu Índice de Desenvolvimento Humano – IDH é médio.

Diante deste cenário, os gestores municipais têm a difícil missão de fomentar o desenvolvimento mantendo a população em seu município. Assim sendo, em 2010, um gestor municipal comemorou os dados para o seu município: foi o que mais cresceu na região do Seridó, em termos populacionais. O fato foi relacionado à presença das cerâ-micas e às indústrias de alimentos que geram emprego e renda, além da possibilidade de circulação de dinheiro no comércio e serviços em geral.

No que concerne ao desenvolvimento da sociedade com qualidade de vida, como você analisa o aspecto dual geração de emprego e renda versus impacto ambiental da atividade ceramista no semiárido potiguar?

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Aula 11:A problemática da

desertifi cação

Aspectos da problemática

Conforme o Ministério do Meio Ambiente, por meio dos dados do monitoramento realizado entre 2002 e 2008, o bioma caatinga está sendo destruído, principalmente, pela extração de vegetais típicos. Depois de extraídos, esses vegetais são transformados em lenha e carvão vegetal, constituindo, assim, uma matriz energética tradicional, mas que abastece os polos gesseiro e cerâmico do Nordeste e a siderurgia dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Em adução ao problema, estão as áreas criadas para a pecu-ária bovina, além do carvão em indústrias de pequeno e médio porte e em residências.

Mediante a problemática da desertifi cação no Nordeste e em uma porção do sudeste brasileiro, qual a sua percepção frente à matriz energética tradicional e às fontes alternativas (energias limpas) para minimização dessa problemática?

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Aula 12:Arenização no sudoeste

do Rio Grande do Sul1) Depois que você já identifi cou na Aula 12 os processos e os agentes que atuam no avanço

da arenização, escreva sua percepção a respeito das Figuras 1, 2, 3, 4 e 5. Atenção! As fi guras estão disponíveis no material interativo. Você deve observá-las e, depois, registrar suas impressões aqui.

Figura 1

Figura 2

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Caderno de atividades - material interativo 216

Figura 3

Figura 4

Figura 5

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Caderno de atividades - material interativo 217

Figura 6

Figura 7

2) Agora seu desafi o é propor medidas mitigadoras a partir do processo de arenização verifi -cado nas Figuras 6 e 7. Da mesma forma que na Questão 1, as fi guras estão disponíveis no material interativo. Você deve observá-las e, depois, registrar suas impressões aqui.

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Autoavaliação

1) Identifi que os desertos estudados por você utilizando o globo que está na próxima página. Em cada espaço, insira o nome do deserto correspondente.

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2) Depois de navegar pela Aula 8, você já sabe caracterizar os principais desertos do mundo. Agora, procure diferenciar:

a) Saara e Antártida

b) Atacama e Tabernas

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3) Associe as características a seguir com os respectivos desertos. Atenção! Algumas características não pertencem a nenhum deserto.

1 Deserto mais seco do mundo

2 Possui neve nas montanhas

3 Localiza-se no centro do continente norte-americano

4 Possui monólitos exuberantes

5 Mais povoado do mundo

6 Sofre infl uência da maritimidade

7 As temperaturas podem chegar a -65º C

8 Onde está a “Cidade dourada”

9 Vegetação exuberante na primavera

10 Localiza-se no continente europeu

11 Possui cactos gigantes (saguaro)

12 Há pinguins

13 Deserto mais alto do mundo

14 Possui vastas planícies

15 Localiza-se na Península Arábica

16 Localiza-se na Ásia

17 Possui amplas fl orestas

18 Os nativos são o povo aborígene

19 Criação de ovinos e caprinos

20 Habitat do pica-pau

21 Composto por vários desertos

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4) Faça um levantamento dos problemas socioeconômicos, políticos e ambientais de dois países que possuem clima semiárido. Em seguida, estabeleça comparações entre eles. O que os assemelha? O que os diferencia? Exemplos de países: Irã, China, Estados Unidos, México, Índia, Argentina etc.

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5) Como você analisa as diferentes formas de subsistência do povo sertanejo com suas ini-ciativas socioeconômicas? Como pensar a famosa frase de Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte” diante da realidade?

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6) Dos municípios que fazem parte do núcleo de desertifi cação do Seridó (Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Equador e Parelhas), escolha um e pesquise sobre sua produção eco-nômica e a matriz energética para essa produção. Após a pesquisa, analise a participação do Estado e da sociedade na minimização do processo de desertifi cação local.

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7) Com base nos Aspectos da problemática descritos na Atividade da Aula 11 – A proble-mática da desertifi cação, responda as questões a seguir.

a) Cite duas fontes energéticas limpas que poderão ser dispostas na região citada e justifi que sua resposta.

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b) Cite duas ações, no que se refere aos aspectos ambientais e sociais, que poderiam mitigar os efeitos da desertifi cação na região.

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Anotações

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Page 234: Estudos do Semiárido

Esta edição foi produzida em mês de 2012 no Rio Grande do Norte, pela Secretaria de Educação a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (SEDIS/UFRN). Utilizando-se Helvetica Lt Std Condensed para corpo do texto e Helvetica Lt Std Condensed Black títulos e subtítulos sobre papel offset 90 g/m2.

Impresso na nome da gráfi ca

Foram impressos 1.000 exemplares desta edição.

SEDIS Secretaria de Educação a Distância – UFRN | Campus UniversitárioPraça Cívica | Natal/RN | CEP 59.078-970 | [email protected] | www.sedis.ufrn.br

Page 235: Estudos do Semiárido
Page 236: Estudos do Semiárido

9 788572 738699

ISBN 978-85-7273-869-9