excertos k

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Quando a mente está ativa, pode haver compaixão? O que significa ser compassivo? Não apenas verbalmente, mas ser realmente compassivo? Será a compaixão uma questão de hábito, de pensamento, uma questão da repetição mecânica de ser bondoso, educado, gentil, afetuoso? A mente que está presa na atividade do pensamento com o seu condicionamento, a sua repetição mecânica, pode ser compassiva? Ela pode falar sobre o assunto, pode incentivar a reforma social, ser bondosa com os pobres pagãos, etc.; mas será isso compaixão? Quando o pensamento dá ordens, quando o pensamento está ativo, pode haver algum lugar para a compaixão? A compaixão é ação sem motivo, sem interesse pessoal, sem qualquer sentido de medo, sem qualquer sentido de prazer. The Impossible Question, p 63 A compaixão não é sua nem minha Você pode ser muito esperto nos seus estudos, no seu trabalho, ser capaz de argumentar engenhosamente, razoavelmente, mas isso não é inteligência. A inteligência acompanha o amor e a compaixão, e você não pode deparar-se com essa inteligência como indivíduo. A compaixão não é sua nem minha, tal como o pensamento não é seu nem meu. Quando há inteligência, não existe nenhum eu e tu. E a inteligência não vive no seu coração nem na sua mente. Essa inteligência que é suprema está em todo lugar. É essa inteligência que move a Terra e os céus e as estrelas, porque isso é compaixão. Mind Without Measure, p 97 Isso é compaixão? Como pode ser compassivo se pertence a alguma religião, segue algum guru, acredita em algo, acredita nas escrituras, e por seguinte, apegado a uma conclusão? Quando aceita seu guru, você chegou a uma conclusão, ou quando acredita convictamente em deus ou num salvador, nisto ou naquilo, pode existir compaixão? Você pode trabalhar em assistência social, ajudar os pobres por piedade, por solidariedade, por caridade, mas será tudo isso amor e compaixão? Mind Without Measure, p 97

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Quando a mente est ativa, pode haver compaixo?

O que significa ser compassivo? No apenas verbalmente, mas ser realmente compassivo? Ser a compaixo uma questo de hbito, de pensamento, uma questo da repetio mecnica de ser bondoso, educado, gentil, afetuoso? A mente que est presa na atividade do pensamento com o seu condicionamento, a sua repetio mecnica, pode ser compassiva? Ela pode falar sobre o assunto, pode incentivar a reforma social, ser bondosa com os pobres pagos, etc.; mas ser isso compaixo? Quando o pensamento d ordens, quando o pensamento est ativo, pode haver algum lugar para a compaixo? A compaixo ao sem motivo, sem interesse pessoal, sem qualquer sentido de medo, sem qualquer sentido de prazer.The Impossible Question, p 63A compaixo no sua nem minha

Voc pode ser muito esperto nos seus estudos, no seu trabalho, ser capaz de argumentar engenhosamente, razoavelmente, mas isso no inteligncia. A inteligncia acompanha o amor e a compaixo, e voc no pode deparar-se com essa inteligncia como indivduo. A compaixo no sua nem minha, tal como o pensamento no seu nem meu. Quando h inteligncia, no existe nenhum eu e tu. E a inteligncia no vive no seu corao nem na sua mente. Essa inteligncia que suprema est em todo lugar. essa inteligncia que move a Terra e os cus e as estrelas, porque isso compaixo.Mind Without Measure, p 97Isso compaixo?

Como pode ser compassivo se pertence a alguma religio, segue algum guru, acredita em algo, acredita nas escrituras, e por seguinte, apegado a uma concluso? Quando aceita seu guru, voc chegou a uma concluso, ou quando acredita convictamente em deus ou num salvador, nisto ou naquilo, pode existir compaixo? Voc pode trabalhar em assistncia social, ajudar os pobres por piedade, por solidariedade, por caridade, mas ser tudo isso amor e compaixo?Mind Without Measure, p 97Compaixo por todas as coisas da Terra

totalmente e irrevogavelmente possvel esvaziar todo o sofrimento e, portanto, amar, ter compaixo. Ter compaixo significa ter paixo por todas as coisas, no somente entre duas pessoas, mas por todos os seres humanos, por todas as coisas da Terra, os animais, as rvores, tudo que a Terra contm. Quando tivermos essa compaixo no espoliaremos a Terra como estamos fazendo agora, e no teremos guerras.Talks in Saanen 1974, p 71A compaixo atua atravs da inteligncia

A prpria natureza da inteligncia sensibilidade, e esta sensibilidade amor. Sem esta inteligncia no pode existir compaixo. Compaixo no praticar atos caridosos ou fazer reforma social; ela est livre do sentimento, do romantismo e do entusiasmo emocional. to forte como a morte. como uma grande rocha, imvel no meio da confuso, da infelicidade e da ansiedade. Sem esta compaixo nenhuma cultura ou sociedade nova pode surgir. A compaixo e a inteligncia andam de mos dadas; no esto separadas. A compaixo atua atravs da inteligncia, jamais pode atuar atravs do intelecto. A compaixo a essncia da totalidade da vida.Letters to the Schools vol I, p 90A paixo est livre do eu

A paixo completamente diferente da luxria, do interesse ou do entusiasmo. O interesse em alguma coisa pode ser muito profundo, e pode ser utilizado para obter proveito e poder, mas esse interesse no paixo. O interesse pode ser estimulado por um objeto ou por uma ideia. O interesse autocomplacncia. A paixo est livre do eu. O entusiasmo sempre acerca de algo. A paixo uma chama por si mesma. O entusiasmo pode ser despertado por outro, por algo fora de voc. A paixo a soma da energia que no o resultado de nenhum tipo de estmulo. A paixo est para alm do eu.Letters to the Schools vol I, p 57Paixo sem causa

A paixo algo que muito poucos de ns realmente sentiram. O que podemos ter sentido foi entusiasmo, que ficar preso em um estado emocional acerca de qualquer coisa. A nossa paixo por algo: pela msica, pela pintura, pela literatura, pelo pas, por uma mulher ou homem; sempre o efeito de uma causa. Quando se apaixona por algum, voc fica em um grande estado de emoo, que o efeito dessa causa particular; e do que eu estou a falar de paixo sem causa. ser apaixonado por tudo, no somente por algo, ao passo que a maior parte de ns apaixonado por uma pessoa ou uma coisa especfica. Penso que devemos ver claramente esta distino.No estado de paixo sem causa, h uma intensidade livre de todo o apego; mas quando a paixo tem uma causa, existe apego, e este apego o comeo do sofrimento. The Collected Works vol XIII, p 251Dor e paixoSe voc se mantiver sem um nico movimento do pensamento, com aquilo a que chama de dor, acontece uma transformao naquilo a que chama de dor. Isso torna-se paixo. O significado original de dor paixo. Quando foge dela, voc perde aquela qualidade que advm da dor, que paixo completa, e que totalmente diferente de luxria e desejo. Quando se tem uma compreenso da dor e se permanecer com isso completamente, sem um nico movimento do pensamento, da advm essa estranha chama de paixo. E voc tem que ter paixo, caso contrrio no consegue criar nada.Da paixo advm a compaixo. Compaixo significa paixo por todas as coisas, por todos os seres humanos.Total Freedom, p 309Compaixo significa paixo por todosQual a relao da mente que compreendeu o sofrimento e portanto a terminao do sofrimento? Qual a qualidade da mente que j no receia o final, que a morte? Quando energia no dissipada atravs da fuga, ento essa energia transforma-se na chama da paixo. Compaixo significa paixo por todos. Compaixo paixo por todos.Tradition and Revolution, p 4Concentrao implica distraoEnto, a mente que tem o poder de concentrao, que diz ter completo controle sobre o pensamento, uma mente estpida. Se for assim, ento voc deve encontrar um modo de investigar que no meramente atravs da concentrao. Concentrao implica distrao, no ? A mente assume uma posio e diz que tudo mais distrao. Ela diz que deve pensar sobre aquilo e exclui todo o resto. Agora, para mim, no existe tal coisa como distrao porque no existe posio principal que a mente assume e da diz: Vou busca disto e no daquilo. Assim vamos remover tanto a palavra como o sentimento condenatrio de distrao. Por favor, experimente o que estou dizendo. Remova a palavra distrao no apenas verbalmente, mas emocionalmente, internamente. Ento voc ver o que acontece com sua mente. Para ns, presentemente, existe concentrao e distrao, uma perspectiva concentrada e o desvio. Ento voc percebe que criamos uma dualidade, e, portanto, conflito. Voc gasta sua vida lutando entre o pensamento escolhido e as distraes, e quando consegue uma hora em que est completamente preso por uma ideia, sente que conseguiu alguma coisa. Mas se voc remove esta ideia de distrao de todo, ento descobrir que sua mente est num estado de reao num estado de associao que voc chama de desvio. Isso um fato, e voc removeu o elemento de conflito. Ento voc est livre para lidar com os desvios; voc pode examinar por que a mente se desvia e no meramente tentar interromp-la, control-la. Assim, tendo removido a palavra, o sentimento de estar distrado, o que est agora funcionando uma mente atenta aos desvios, reao.Poona 4th Public Talk 17th September 1958 Collected Works Volume 17O isolado no pode viverO prprio desejo de ter abrigo pelo condicionamento gera mais briga, mais problemas; pois o condicionamento separa, e o separado, o isolado no pode viver. O separado, ao juntar-se a outros separados, no se torna o todo. O separado est sempre isolado, embora possa acumular e juntar, expandir, incluir e identificar-se. O condicionamento destrutivo, desintegrador; mas a mente superficial no pode ver a verdade disto, porque est ativa buscando a verdade. Esta prpria atividade impede a recepo da verdade. Verdade ao, no a atividade do superficial, do que busca, do ambicioso. Verdade o bem, o belo, no a atividade do danarino, do projetista, do tecelo de palavras. a verdade que liberta o superficial, no seu projeto para ser livre. O superficial, a mente no pode libertar a si mesma; ela s pode se mover de um condicionamento para outro, pensando que o outro mais livre. O mais nunca livre, condicionamento, uma extenso do menos. O movimento de tornar-se, do homem que quer se tornar o Buda ou o chefe, a atividade do superficial. Os superficiais tm sempre medo do que eles so; mas o que eles so a verdade. A verdade est na silenciosa observao do que , e a verdade que transforma o que .Commentaries on Living Series I Chapter 76 Exploitation and ActivityFicar consciente do condicionamentoAgora, pode a mente ficar consciente de seu prprio condicionamento e no tentar lutar contra ele? Quando a mente est consciente de que condicionada e no luta contra isto, s ento a mente est livre para dar sua completa ateno a este condicionamento. A dificuldade estar consciente do condicionamento sem a distrao de tentar fazer alguma coisa a respeito dele. Mas se a mente est constantemente consciente do conhecido, isto , dos preconceitos, das suposies, das crenas, dos desejos, do pensamento ilusrio de nossa vida diria, se ela est consciente de tudo isto sem tentar ficar livre, ento essa prpria conscincia traz sua prpria liberdade. Ento talvez seja possvel para a mente ficar realmente imvel, no apenas imvel em certo nvel de conscincia e espantosamente agitada abaixo. Pode haver total imobilidade da mente apenas quando a mente compreende a totalidade do problema do condicionamento, como ela condicionada, o que significa olhar, de vez em quando, cada movimento do pensamento, estar consciente das suposies, crenas, medos. Ento talvez haja uma total imobilidade da mente na qual alguma coisa alm da mente pode surgir.Sydney 5th Public Talk 23rd November, 1955 The Collected WorksConfusoEnto eu, meu, confuso, no que eu perceba que sou confuso, que que me tenham dito que sou confuso, mas um fato: eu, como ser humano, estou num estado de confuso. Certo? Qualquer ao que eu faa vai provocar mais confuso certo? Compreende? Ento estou num estado de total confuso, E toda a luta para domin-la, suprimi-la, desapegar-me dela, tudo isso acabou certo? Ser que est? Veja como difcil para nossas mentes serem precisas nisto, aprender disto, estar livres para ter cio para aprender. Ento o que acontece? Todos os movimentos de fuga chegaram ao fim certo? Se no, no saia da. Fique livre primeiro de todas as fugas, de todas as fugas simblicas, verbais mas fique totalmente com o fato de voc, como ser humano, num estado de confuso certo? Ento o que aconteceu? Somos dois amigos conversando sobre isso, no um grupo de terapia, ou nada desse absurdo, ou anlise psicolgica. No isso. Duas pessoas conversando juntas, dizendo agora chegamos a esse ponto, logicamente, racionalmente, sem emoo, portanto sensatamente. Porque ser sensato a coisa mais difcil. Ento chegamos a esse ponto: que eu sou isso. O que aconteceu com a mente? Certo, podemos continuar daqui?J. Krishnamurti Brockwood Park 3rd Public Talk 6th September 1980Estar ciente sem condenaoNo pense em faz-lo, mas realmente faa-o agora. Isto , esteja ciente das rvores, da palmeira, do cu; oua os corvos crocitarem; veja a luz sobre a folha, a cor do sari, o rosto; ento volte-se para dentro. Voc pode observar, voc pode estar cnscio sem escolha das coisas externas. muito fcil. Mas voltar-se para dentro e estar cnscio sem condenao, sem justificativa, sem comparao mais difcil. Esteja simplesmente ciente do que est acontecendo dentro de voc - suas crenas, seus medos, seus dogmas, suas esperanas, suas frustraes, suas ambies e todo o resto. Ento a manifestao do consciente e do inconsciente comea. Voc no precisa fazer nada.The Collected Works vol XV, p 85O que a conscincia?A conscincia no um compromisso com qualquer coisa. A conscincia uma observao, quer exterior quer interior, em que a direo parou. Voc tem conscincia, mas a coisa de que tem conscincia no est sendo encorajada nem alimentada. A conscincia no concentrao em qualquer coisa. No um ato de vontade que escolhe que vai ter conscincia, e analisa para obter certo resultado. Quando a conscincia deliberadamente focada num objeto em particular, como um conflito, esse o ato da vontade que concentrao. Quando voc se concentra, isto , pe toda sua energia e pensamento dentro das suas fronteiras que escolheram, quer seja ler um livro ou olhar a sua raiva ento, nesta excluso, a coisa sobre a qual voc se concentra reforada, alimentada. Ento aqui temos que perceber a natureza da conscincia: Temos que entender do que estamos falando quando usamos a palavra conscincia.Urgency of Change, TheDesateno e AtenoExistem os estados de desateno e de ateno. Quando voc estiver dando completamente a sua mente, seu corao, seus nervos, tudo o que tem para prestar ateno, ento os velhos hbitos, as respostas mecnicas, no aparecem, o pensamento no se insere nisso. Mas no podemos manter isso todo o tempo, portanto estamos quase sempre num estado de desateno, num estado em que no h uma conscincia atenta sem escolha. O que acontece? H desateno e pouca ateno e estamos tentando fazer uma ponte entre uma e outra. Como pode a minha desateno tornar-se ateno ou, pode a ateno ser completa, todo o tempo?Talks and Dialogues Saanen 1968Concentrao implica em reduzir nossa energiaVoc sabe o que concentrao - desde a infncia ns somos treinados a concentrar-nos. Concentrao reduzir toda nossa energia a um determinado ponto e segur-la neste ponto. Um garoto na escola olha pela janela para os pssaros e as rvores, para o movimento das folhas ou para um esquilo subindo na rvore. E o professor diz: "Voc no est prestando ateno, concentre-se no livro", ou "Escute o que eu estou dizendo".Isso para dar muito mais importncia concentrao do que ateno. Se eu fosse o professor, eu o ajudaria a observar; eu o ajudaria a observar este esquilo por completo; observar o movimento do rabo, como suas garras se movem, tudo. Ento, se ele aprende a observar com ateno, ele prestar ateno ao livro.Questions and Answers, p 43Ateno no concentraoAteno no concentrao. Quando voc se concentra, como a maioria das pessoas tenta fazer - o que acontece quando voc est se concentrando? Voc est se isolando, resistindo, afastando todo pensamento, exceto aquele determinado pensamento, aquela determinada ao. Assim, sua concentrao gera resistncia, e, portanto a concentrao no traz liberdade. Por favor, isto muito simples se voc observar a si mesmo. Mas desde que voc esteja atento, atento a tudo o que est acontecendo com voc, atento sujeira, imundcie da rua, atento ao nibus que est sujo, atento a suas palavras, seus gestos, maneira como voc fala com seu chefe, maneira como voc fala com seus funcionrios, seu superior, seu subalterno, o respeito, a insensibilidade com aqueles que esto abaixo de voc, as palavras, as ideias - se voc estiver atento a tudo isso, no corrigindo, ento nessa ateno voc pode conhecer um tipo diferente de concentrao. Voc estar ento cnscio da paisagem, do barulho das pessoas, pessoas conversando ali no telhado, voc tentando abafa-las, pedindo a elas para no falarem, virando sua cabea; voc estar cnscio das diversas cores, as roupas e mesmo assim a concentrao continua. Esse tipo de concentrao no exclusivo, nela no h esforo. Ao passo que a mera concentrao exige esforo.The Collected Works vol XV, p 321Diferena entre concentrao e atenoH uma diferena entre concentrao e ateno. Concentrao trazer toda sua energia para foc-la em um ponto determinado. Na ateno no existe um ponto de foco. Ns estamos familiarizados com um e no com o outro. Quando voc presta ateno ao seu corpo, o corpo torna-se quieto, o qual tem sua prpria disciplina. Ele est relaxado, mas no indolente e tem a energia da harmonia. Quando existe ateno, no h contradio e, portanto no h conflito. Quando voc ler isto, preste ateno maneira que voc est sentado, maneira que voc est escutando, como voc est recebendo o que a carta est dizendo a voc, como voc est reagindo ao que est sendo dito e porque voc est achando difcil prestar ateno. Voc no est aprendendo como prestar ateno. Se voc estiver aprendendo o como prestar ateno, ento isto se tornar um sistema, que o que o crebro est acostumado, e ento voc faz da ateno algo mecnico e repetitivo, ao passo que a ateno no mecnica ou repetitiva. a maneira de olhar para sua vida inteira sem o centro do interesse prprio.Difference between concentration and attentionSe eu estiver atento, no h formao de imagensComo se pode estar livre das imagens que se tem? Primeiramente, eu preciso descobrir como estas imagens surgem, qual o mecanismo que as cria. Voc pode notar que no momento do relacionamento efetivo, isto , quando voc est falando, quando h argumentos, quando h insultos e brutalidade, se voc no estiver completamente atento nesse momento, ento o mecanismo de formao de uma imagem inicia. Isto , quando a mente no est completamente atenta no momento da ao, ento o mecanismo de formao de imagens colocado em movimento. Quando voc diz algo para mim que eu no gosto - ou que eu gosto - se nesse momento eu no estiver completamente atento, ento o mecanismo inicia. Se eu estiver atento, ciente, ento no haver formao de imagens.The Awakening of Intelligence, p 337Estar ciente da inatenoAteno este ouvir e este ver, e esta ateno no tem limitao, resistncia, ento ela ilimitada. Prestar ateno implica nesta vasta energia que no est fixada a um ponto. Nesta ateno no existe movimento repetitivo; no mecnico. No existe a questo de como manter esta ateno, e quando aprendeu-se a arte do ver e do ouvir, esta ateno pode focar-se em uma pgina, uma palavra. Nisto no h resistncia, que a atividade da concentrao. A inateno no pode ser aprimorada em ateno. Estar ciente da inateno o fim dela: no que ela se torne atenta. O fim no tem continuidade. O passado modificando a si prprio o futuro - uma continuidade do que tem sido - e ns encontramos segurana na continuidade, no no fim. Assim a ateno no tem a qualidade de continuidade. Tudo que continua mecnico. O vir-a-ser mecnico e implica em tempo. A ateno no tem a qualidade de tempo. Tudo isso uma questo tremendamente complicada. preciso adentr-la delicadamente, profundamente.Letters to the Schools vol II, p 31A ateno envolve o ver e o ouvirA ateno envolve o ver e o ouvir. Ns no ouvimos somente com nossos ouvidos, mas ns tambm somos sensveis aos tons, voz, sugesto das palavras, ouvir sem interferncia, captar instantaneamente a profundeza de um som. O som tem um papel extraordinrio em nossas vidas: o som do trovo, uma flauta tocando distncia, o som no ouvido do universo, o som do silncio, o som do prprio corao batendo; o som de um pssaro e o barulho de um homem andando na calada; a cachoeira. O universo est preenchido de som. O som tem seu prprio silncio; todos os seres vivos esto envolvidos neste som do silncio. Estar atento ouvir este silncio e mover-se com ele.Letters to the Schools vol II, p 30Se voc estiver ciente sem escolhaFique simplesmente ciente; isto tudo o que voc tem de fazer, sem condenar, sem forar, sem tentar mudar aquilo do qual voc est ciente. Ento voc ver que como a mar que est subindo. Voc no pode evitar que a mar suba; construa um muro ou faa o que voc quiser, ela vir com tremenda energia. Da mesma forma, se voc estiver ciente sem escolha, o campo todo da conscincia comea a manifestar-se. E enquanto ele for se revelando, voc tem de seguir; e o ato de seguir torna-se extraordinariamente difcil - seguir no sentido de seguir o movimento de todo pensamento, de todo sentimento, de todo desejo secreto. Torna-se difcil no momento em que voc resiste, no momento em que voc diz "isso feio", "isto bom", "isso ruim", "isto eu vou manter", "isso eu no vou manter."The Collected Works vol XV, p 85Que criao?Que criao? No a do pintor ou do poeta ou do homem que faz algo com o mrmore; todas essas so coisas manifestadas. Existe algo que no manifestado? Existe algo que, por que no manifestado, no tem comeo nem fim? Aquilo que manifestado tem um comeo, tem um fim. Ns somos manifestaes. No de um no sei qu divino, somos o resultado de milhares de anos da assim chamada evoluo, crescimento, desenvolvimento, e tambm chegamos a um fim. Aquilo que manifestado sempre pode ser destrudo, mas o que no no tem tempo. Estamos perguntando se existe algo alm de todo o tempo.This Light in Oneself, p 49S a mente que esvaziou-se do conhecido criativaSe voc est ouvindo pela primeira vez a esta afirmao de que deve estar livre do pensamento, voc pode dizer, "Coitado, ele est louco." Mas se voc realmente escutou, no apenas agora mas durante os muitos anos que alguns de vocs talvez tenham lido tudo sobre isso, voc saber que o que est sendo dito tem uma extraordinria vitalidade, uma verdade penetrante. S a mente que esvaziou a si mesma do conhecido criativa. Isso criao. O que ela cria no tem nada a ver com isso. Liberdade do conhecido o estado da mente que est em criao. Como pode a mente que est em criao estar preocupada com ela mesma? Portanto, para compreender este estado de mente, voc tem que conhecer a si mesmo, tem que observar o processo de seu pensar observ-lo, no alter-lo, no mud-lo, mas apenas observ-lo como olha a si mesmo num espelho. Quando h liberdade, voc pode ento usar o conhecimento e ele no destruir a humanidade. Mas quando no h liberdade e voc faz uso do conhecimento, cria misria para todos, esteja voc na Rssia, na Amrica, na China ou em qualquer outro lugar. Chamo essa mente de sria, que est cnscia do conflito do conhecido e no est presa nele, no tenta modific-lo, melhorar o conhecimento; pois nesse caminho no h fim para o sofrimento e a misria.J. Krishnamurti On Freedom The Collected Works Vol. VA criao algo que mais sagradoyNenhuma descrio pode jamais descrever a origem. A origem inominvel; a origem absolutamente silenciosa, no est criando alarde por a, fazendo barulho. A criao algo que mais sagrado, a coisa mais sagrada da vida, e se voc fez da sua vida uma desordem, mude-a. Mude-a hoje, no amanh. Se voc no tem certeza, descubra porque e tenha certeza. Se o seu pensamento no reto, pense direito, logicamente. A menos que tudo esteja preparado, tudo resolvido, voc no pode entrar neste mundo, no mundo da criao.The Last Talks, p100Ns nunca questionamos o problema da dependnciaPor que ns dependemos? Psicologicamente, internamente, dependemos de uma crena, de um sistema, de uma filosofia; pedimos ao outro um modo de conduta; buscamos professores que nos daro um modo de vida que nos levar a alguma esperana, alguma felicidade. Assim, estamos sempre, no estamos, buscando algum tipo de dependncia, segurana? possvel para a mente libertar-se deste sentido de segurana? O que no significa que a mente deve adquirir independncia; isso apenas reao dependncia. Ns no estamos falando de independncia, de liberdade de um estado particular. Se ns pudermos investigar sem a reao de buscar liberdade de um estado particular de dependncia, ento poderemos entrar muito mais profundamente nisto. Ns admitimos a necessidade de dependncia; dizemos que inevitvel. Nunca questionamos o assunto realmente, por que cada um de ns realmente, bem no fundo, demanda segurana, permanncia? Estando em estado de confuso, queremos algum que nos tire dessa confuso. Assim, estamos sempre interessados em como escapar ou evitar o estado em que estamos. No processo de evitar esse estado, somos levados a criar algum tipo de dependncia, que se torna nossa autoridade. Se dependemos do outro para nossa segurana, para nosso bem estar interior surgem dessa dependncia inumerveis problemas, e ento tentamos resolver esses problemas; os problemas de apego. Mas ns nunca questionamos, nunca investigamos o problema da dependncia em si. Talvez se pudermos de fato inteligentemente, com total conscincia investigarmos este problema ento podemos descobrir que a dependncia no absolutamente a questo. Que ela apenas um modo de escapar de um fato mais profundo.The Book of LifeEncare o fato e veja o que aconteceTodos ns tivemos experincias de tremenda solido, onde livros, religio, tudo passou e ficamos tremendamente, interiormente ss, vazios. A maioria de ns no pode encarar esse vazio, essa solido, e fugimos dela. A dependncia uma das coisas para onde corremos, dependemos porque ns no conseguimos ficar ss conosco mesmos. Temos que ter o rdio ou livros ou conversa, o tagarelar incessante sobre uma coisa ou outra, sobre arte e cultura. Assim ns chegamos nesse ponto em que sabemos que existe este extraordinrio sentido de autoisolamento. Podemos ter um emprego muito bom, trabalhar furiosamente, escrever livros, mas interiormente h este tremendo vcuo. Queremos preencher isso e a dependncia um dos meios. Usamos dependncia, diverso, trabalho na igreja, religies, bebida, mulheres, uma dzia de coisas para encher, encobrir isto. Se virmos que absolutamente ftil tentar encobrir isto, completamente ftil, no verbalmente, no com convico e, portanto, concordncia e determinao, mas se virmos o total absurdo disto, ento estamos frente a um fato. No uma questo de como se livrar da dependncia; isso no um fato; isso apenas uma reao a um fato. Por que eu no encaro o fato e vejo o que acontece? Agora surge ento o problema do observador e do observado. O observador diz, Eu sou vazio; no gosto disso e foge disto. O observador diz, Eu sou diferente do vazio. Mas o observador o vazio; no o vazio visto por um observador. O observador o observado. H uma tremenda revoluo no pensar, no sentir, quando isso acontece.J. Krishnamurti, The Book of LifeTornar-se profundamente conscienteA dependncia impulsiona o movimento de indiferena e apego, um constante conflito sem compreenso, sem um alvio. Voc deve se tornar consciente do processo de apego e dependncia, se tornar consciente dele sem condenao, sem julgamento, e ento voc perceber o significado deste conflito de opostos. Se voc se torna profundamente cnscio e conscientemente dirige o pensamento para compreender o completo significado de necessidade, de dependncia, sua mente consciente estar aberta e esclarecida a respeito disto; e ento o subconsciente com seus motivos ocultos, buscas e intenes, se projetar no consciente. Quando isto acontece, voc deve estudar e compreender cada insinuao do subconsciente. Se voc fizer isto muitas vezes, se tornando cnscio das projees do subconsciente depois do consciente ponderar sobre o problema to claramente quanto possvel, ento, mesmo que voc d ateno a outros assuntos, o consciente e o inconsciente resolvero o problema da dependncia, ou em qualquer outro problema. Assim, est estabelecida uma constante conscientizao, que paciente e calmamente provocar integrao; e se sua sade e dieta esto corretas, isto vai gerar de volta integridade de ser.The Book of LifeExiste algum fator mais profundo que nos faz dependerSabemos que dependemos de nossa relao com as pessoas ou de algum ideal ou de um sistema de pensamento. Por qu? De fato, no acho que a dependncia o problema; acho que existe algum fator mais profundo que nos faz depender. E se pudermos elucidar isso, tanto a dependncia como a luta por liberdade tero muito pouca significao; ento todos os problemas que surgem pela dependncia definharo. Ento, qual a questo mais profunda? que a mente abomina, teme a ideia de estar s? E a mente conhece esse estado que ela evita? Enquanto essa solido no de fato compreendida, sentida, penetrada, dissolvida, qualquer palavra que voc queira; enquanto esse sentido de solido permanece, a dependncia inevitvel, e a pessoa nunca pode ser livre; a pessoa nunca pode descobrir por si mesma aquilo que verdadeiro, aquilo que religio.The Book of LifeNo somos destinados a destruir um ao outro nossa terra, no sua ou minha ou dele. Somos destinados a viver nela, nos ajudando, no destruindo um ao outro. Isso no nenhuma tolice romntica mas um fato real. Mas o homem dividiu a terra, esperando assim encontrar no particular felicidade, segurana, uma sensao de conforto permanente. At que uma mudana radical acontea e varramos todas as nacionalidades, todas as ideologias, todas as divises religiosas, e estabeleamos uma relao global psicologicamente primeiro, interiormente antes de organizar o exterior continuaremos com as guerras. Se voc fere os outros, se mata os outros, seja pela raiva ou com o assassinato organizado chamado guerra, voc, que o resto da humanidade, no um ser humano separado lutando com o restante da humanidade, est destruindo a si mesmo. Este o ponto real, o ponto bsico, que voc deve compreender e resolver. At voc se comprometer, se dedicar a erradicar esta diviso nacional, econmica, religiosa, estar perpetuando a guerra, voc responsvel por todas as guerras, nuclear ou tradicional.Krishnamurti to HimselfA vida no conhece divisesNo pense que o que eu digo aplica-se aos jovens e no aos velhos, ou vice-versa. Estou enfatizando isto porque um amigo meu disse outro dia, "Por que voc assumiu este trabalho? Voc to jovem. Ainda devia se apaixonar." Como se a espiritualidade estivesse reservada para os idosos e queles com o p na cova. No momento em que voc divide a vida e pensa em seus objetivos como coisas a se obter eventualmente em algum futuro distante, o doce propsito desta realizao est perdido, pois a eventualidade da vida est no prprio movimento da ao. A vida no conhece a diviso entre jovem e velho.Early Works, circa 1930 Early Works, circa 1930Por que no se deveria usar drogas?Interrogante: Por que no se deveria usar drogas? Voc, aparentemente, contra elas. Seus prprios amigos proeminentes as usaram, escreveram livros sobre elas, encorajaram outros a us-las, e eles experimentaram com grande intensidade a beleza de uma simples flor. Ns tambm as usamos e gostaramos de saber por que voc parece se opor a essas experincias qumicas. Afinal, todo nosso organismo fsico um processo bioqumico, e adicionar a ele uma qumica extra, pode nos dar uma experincia que pode ser uma aproximao do real. Voc mesmo no usou drogas, usou? Ento, como pode, sem experimentar, conden-las? Krishnamurti: No, ns no usamos drogas. Deve a pessoa ficar bbada para saber o que sobriedade? A pessoa deve ficar doente para descobrir o que sade? Como h vrias coisas envolvidas em usar drogas, vamos examinar a questo com cuidado. Qual a necessidade de usar drogas realmente drogas que prometem uma expanso psicodlica da mente, grandes vises e intensidade? Aparentemente a pessoa as usa porque suas prprias percepes esto embotadas. A clareza est obscurecida e a vida da pessoa bastante superficial, medocre, sem sentido; a pessoa as usa para sair dessa mediocridade. Os intelectuais fizeram das drogas um novo modo de viver. A pessoa v mundo afora a discrdia, as compulses neurticas, os conflitos, a dolorosa misria da vida. A pessoa est consciente da agressividade do homem, sua brutalidade, seu completo egosmo, que nenhuma religio, nenhuma lei, nenhuma moralidade social foi capaz de domar. H muita anarquia no homem e tantas capacidades cientficas. Este desequilbrio provoca devastao no mundo. O insupervel espao entre avanada tecnologia e a crueldade do homem est gerando grande caos e misria. Isto bvio. Ento o intelectual, que brincou com vrias teorias vedanta, zen, ideais comunistas e assim por diante no encontrando sada para a situao do homem, est agora se voltando para a droga dourada que vai trazer sensatez dinmica e harmonia. A descoberta desta droga dourada a resposta completa para tudo expectativa do cientista e provavelmente ele vai produzi-la. E os autores e intelectuais vo advog-la para parar com as guerras, como ontem advogavam o comunismo ou fascismo. Mas a mente, com suas extraordinrias capacidades para descobertas cientficas e sua implementao, ainda insignificante, estreita e intolerante, e certamente continuar, no continuar, em sua insignificncia? Voc pode ter uma tremenda e explosiva experincia atravs de uma dessas drogas, mas a agressividade profunda, a bestialidade e sofrimento do homem vo desaparecer? Se essas drogas podem resolver os problemas complexos e intrincados das relaes do homem, ento no h mais nada a dizer, porque ento relao, a demanda da verdade, o fim do sofrimento, so todos um caso muito superficial para ser resolvido com uma pitada da nova droga dourada. Certamente esta uma abordagem falsa, no ? Diz-se que estas drogas conferem uma experincia aproximada da realidade, e assim, do esperana e coragem. Mas a sombra no real; o smbolo nunca o fato. Como se observa mundo afora, o smbolo adorado e no a verdade. Ento no uma afirmativa falsa dizer que o resultado dessas drogas est perto da verdade? Nenhuma dinmica plula dourada vai resolver nossos problemas humanos. Eles s podem ser resolvidos com a realizao de uma revoluo radical na mente e no corao do homem. Isto exige trabalho constante e rduo, ver e ouvir, e assim ficar altamente sensvel. A mais elevada forma de sensibilidade a mais elevada inteligncia, e nenhuma droga inventada pelo homem dar esta inteligncia. Sem essa inteligncia no existe amor; e amor relao. Sem este amor no h equilbrio dinmico no homem. Este amor no pode ser conferido por sacerdotes ou por deuses, por filsofos, ou pela droga dourada.The Only Revolution Europe, Collected Works Volume 13Esforo"No pode uma prtica definida ser adotada para pr um fim nesta deteriorao, nesta ineficincia e preguia da mente?", perguntou o funcionrio do governo. Prtica ou disciplina implicam um incentivo, chegar a um fim; e isto no uma atividade egocntrica? Tornar-se virtuoso um processo de interesse pessoal, levando respeitabilidade. Quando voc cultiva em si mesmo um estado de no-violncia, ainda violento sob um nome diferente. Alm disto tudo, existe um outro fator degenerador: o esforo, em todas as suas formas sutis. Isto no significa que se est advogando a preguia. "Cus, senhor, voc est certamente afastando tudo de ns!" exclamou o funcionrio. "E quando voc tira tudo, o que nos resta? Nada!" Criatividade no um processo de se tornar ou adquirir, mas um estado de ser em que o esforo da busca egocntrica est totalmente ausente. Quando o ego faz um esforo para estar ausente, o ego est presente. Todo o esforo da parte desta coisa complexa chamada mente deve cessar, sem nenhum motivo ou induo. "Isso significa morte, no ?" Morte de tudo que se conhece que o "eu". S quando a totalidade da mente est quieta, que o criativo, o inominvel, surge. "O que voc quer dizer com mente?", perguntou o artista. O consciente assim como o inconsciente; os recessos ocultos do corao assim como os pedacinhos educados.J. Krishnamurti Commentaries On Living Series IIICompreendendo a inrcia.Ns temos vivido por muitos anos, muitas geraes, muitos milhares de anos; contudo no descobrimos a energia que transformar os caminhos de nosso viver, os caminhos de nosso pensar, sentir. E gostaria, se me permitem, de investigar esta questo, porque, me parece, disso que precisamos um tipo diferente de energia, uma paixo que no simples estimulao, que no depende, que no alimentada pelo pensamento. E, para chegar nesta energia, temos que compreender a inrcia compreender no como chegar nesta energia, mas compreender a inrcia que est to latente em ns todos. Quero dizer com inrcia sem o inerente poder de agir inerente em si mesmo. Existe, se a pessoa observa dentro dela mesma toda uma rea de profunda inrcia. No quero dizer indolncia, preguia, que uma coisa totalmente diferente. Voc pode ser fisicamente preguioso, mas pode no estar inerte. Voc pode estar cansado, com preguia, sem vontade isso inteiramente diferente. Voc pode se impor ao, forar-se a no ser preguioso, no ser indolente. Pode se disciplinar a acordar cedo, a fazer certas coisas regularmente, seguir certas prticas e assim por diante. Mas no disso que estamos falando.Madras 5th Public Talk 5th January 1966Qual o papel da emoo na vida?Como surgem as emoes? Muito simples. Elas surgem atravs de estmulo, atravs dos nervos. Voc me espeta com um alfinete, eu pulo, voc me elogia e eu fico deliciado, voc me insulta e eu no gosto. Atravs de nossos sentidos as emoes surgem, e a maioria de ns funciona atravs de nossa emoo de prazer, obviamente senhor. Voc gosta de ser reconhecido como hindu. Assim pertence a um grupo, a uma comunidade, a uma tradio, embora antiga, e voc gosta disso, com o Gita, o Upanishads e as antigas tradies montanha acima. E o muulmano gosta da dele e assim por diante. Nossas emoes surgiram pelo estmulo, pelo meio ambiente, e assim por diante. bastante bvio. Qual o papel da emoo na vida? Emoo vida? Compreende? Prazer amor? Desejo amor? Se emoo amor, existe alguma coisa que muda o tempo todo. Certo? Voc conhece tudo isso?Portanto, a pessoa tem que perceber que emoes, sentimento, entusiasmo, o sentimento de ser bom, e tudo isso, nada tem a ver com afeio verdadeira, compaixo. Todo sentimento, emoes tm a ver com pensamento e, portanto, levam a prazer e dor. O amor no tem dor, nem sofrimento, porque ele no resultado de prazer ou desejo.J. Krishnamurti, The Book of LifeEnergia para investigarAfinal, para descobrir qualquer coisa voc deve ter energia, e voc precisa de grande energia para investigar alguma coisa totalmente nova. E para ter essa energia, voc deve ter ouvido o antigo padro de vida, no condenando nem aprovando. Voc deve t-lo ouvido completamente significando que voc o compreendeu, voc compreendeu a futilidade de viver desse modo. Quando voc ouviu a futilidade disto, j est fora disto. Ento voc sentiu no intelectualmente, mas profundamente a inutilidade de viver assim e escutou completamente, totalmente; da voc tem a energia para investigar. Se no tem a energia, voc no pode investigar. Ou seja, quando voc nega aquilo que gerou esta misria, este conflito que ns passamos essa negao, a prpria negao disso ao positiva.Talks by Krishnamurti In India 1966 (Authentic Report) Madras-Bombay-New DelhiPor que no devo fugir de mim mesmo?Pergunta: Por que no devo fugir de mim mesmo? No tenho nada de que me orgulhar, e por me identificar com minha esposa, que muito melhor que eu, fujo de mim mesmo. Krishnamurti: Naturalmente, a grande maioria foge de si mesmo. Fugindo de si mesmo, voc se tornou dependente. A dependncia fica mais forte, fugas mais essenciais, em proporo ao medo de o que . A esposa, o livro, o rdio, se tornam extraordinariamente importantes, as fugas tm toda significao, o maior valor. Uso minha esposa como meio de fugir de mim mesmo, assim me apego a ela. Tenho que possu-la, no posso perd-la; e ela gosta de ser possuda pois tambm est me usando. Existe necessidade comum de fugir, e nos usamos mutuamente. Este uso chamado amor. Voc no gosta do que voc , e assim foge de si mesmo, do que .Commentaries on Living Series I Chapter 75 Fear and Escape anterior|prximo Voc j tentou ficar sozinho?Voc j tentou ficar sozinho? Quando tentar, sentir quo extraordinariamente difcil e quo extraordinariamente inteligentes devemos ser para ficarmos sozinhos, porque a mente no nos deixar ficarmos ss. A mente fica inquieta, se ocupa com fugas, ento o que fazemos? Estamos tentando preencher esse extraordinrio vcuo com o conhecido. Descobrimos como ser ativos, como ser sociais, sabemos como estudar, como ligar o rdio. Estamos preenchendo aquela coisa que no conhecemos com as coisas que conhecemos. Tentamos preencher aquele vazio com vrios tipos de conhecimento, relao ou coisas. No isso? Esse nosso processo, essa nossa existncia. Ora, quando voc percebe o que est fazendo, ainda pensa que pode preencher esse vcuo? Voc tentou todos os meios de preencher este vcuo de solido. Teve sucesso em preench-lo? Voc tentou filmes e no teve sucesso e, ento, vai atrs de seus gurus e seus livros ou se torna muito ativo socialmente. Voc obteve sucesso em preench-lo ou simplesmente o disfarou? Se simplesmente o disfarou, ele ainda est l, portanto, voltar. Se voc capaz de fugir completamente dele ento est trancado num hospcio ou se tornou muito, muito embotado. isso que est acontecendo no mundo.First and Last Freedom, The

No existe evoluo psicolgica.Ento a pessoa pode perguntar: o tempo pode ser inimigo do homem, psicologicamente. No existe evoluo psicolgica. Se voc e o orador so o resultado de quarenta mil anos ou mais, e chegamos a este peculiar estado em que estamos, d-me outros quarenta mil anos que mudarei? Voc compreende a pergunta? Parece to absurdo, sem sentido. Ou seja, eu sou violento; atravs do tempo, atravs da evoluo, eu ficarei sem qualquer violncia. E se eu eventualmente vou ser no-violento, o fim da violncia, nesse meio tempo eu sou violento.Collected Works, New York 1st Public Talk 9th April 1983Olhando para o mundo juntosDesde o incio devemos ter muito claro que no esto lhe dizendo o que fazer, ou o que pensar. J estamos bastante programados. Mas nesta palestra, e na palestra de amanh, devemos pensar juntos, olhar para o mundo como ele , o que est realmente acontecendo, juntos, sem nenhuma tendncia, sem nenhum preconceito, olhar para o mundo que o homem criou; cada ser humano mundo afora criou esta sociedade. Esta sociedade corrupta, imoral, e sempre teve guerras. Desde tempos imemoriais eles tiveram guerras. Eles costumavam matar com flecha, agora voc pode destruir geraes inteiras, e milhes de pessoas. Isto chamado progresso, evoluo.Krishnamurti San Francisco 1st Public Talk 30th April 1983

Por que criamos o tempo psicolgico?Talvez o homem tenha desenvolvido esta ideia de evoluo vendo um pequeno arbusto virar uma rvore imensa, o beb um homem, o desenvolvimento de um msculo, esse msculo fraco, mas praticando e exercitando ele fica forte. Assim, esta ideia de evoluo, crescer, psicologicamente o pensamento incorporou dizendo, Eu preciso de tempo para me tornar alguma coisa. No sei se voc est acompanhando isto. No eu, voc est vendo a si mesmo. Isso um fato? Ns o aceitamos. Vivemos assim. Estamos acostumados com isto. nosso hbito: Eu no posso fazer isto, psicologicamente, Amanh trabalharei nisto. Tentarei, o que significa que voc desenvolveu uma dualidade: Eu sou isto, mas serei aquilo, certo? Eu estou com raiva, mas vou super-la, ou seja, a sementinha crescendo numa enorme rvore, o beb virando homem, o animalzinho que no tem fora para andar, correr, levar tempo. Assim, essa mesma observao entrou no campo psicolgico e l ns dizemos que nasceremos, nos tornaremos. assim? Compreende? Isto , existe tempo fsico e ns cultivamos o tempo psicolgico. Ora, por que criamos o tempo psicolgico?J. Krishnamurti Saanen 7th Public Talk 23rd July 1978Voc acredita em evoluo?Interrogante: Voc acredita em evoluo? Voc muitas vezes disse que a compreenso imediata, o ato de aprender instantneo; onde a evoluo tem um papel nisto? Voc est negando a evoluo? Krishnamurti: Seria tolice no seria? negar a evoluo. Existe o carro de boi e o avio a jato, isso evoluo. H uma evoluo do primata at o chamado homem. H evoluo do no conhecido para o conhecido. Evoluo implica tempo; mas psicologicamente, internamente, existe evoluo? Voc est acompanhando a questo? Externamente pode-se ver como a arquitetura avanou da choa primitiva para o edifcio moderno, a mecnica da carroa para o motor, o avio a jato, ir lua e todo o resto que existe, obviamente no h dvida se estas coisas evoluram ou no. Mas existe evoluo interiormente de fato? Voc acredita nisso, pensa nisso, no ? Mas isto existe? Voc diz existe ou no existe. Simplesmente afirmar a coisa mais tola, mas descobrir o comeo da sabedoria. Agora, psicologicamente, existe evoluo? Ou seja, eu digo, Eu me tornarei uma coisa ou Eu no me tornarei uma coisa; o tornar-se ou no tornar-se envolve tempo no ? Eu devo ser menos raivoso depois de amanh, Eu devo ser mais gentil e menos agressivo, mais til, no ser egosta, tudo isso implica tempo Eu sou isto e Eu devo ser aquilo. Digo que devo evoluir psicologicamente mas existe tal evoluo? Eu serei diferente no tempo de um ano? Sendo violento hoje, toda a minha estrutura violenta, toda minha criao, minha educao, as influncias sociais e as presses culturais criaram em mim violncia; eu tambm herdei a violncia do animal, os direitos territoriais e os direitos sexuais e assim por diante esta violncia evoluir para a no-violncia? Voc, por favor, me dir? Pode a violncia se tornar no-violncia? Pode a violncia se tornar amor?Talks with American Students Chapter 12 New School for Social Research New York anterior |prximo Se voc no d nome a esse sentimentoQuando voc observa um sentimento, esse sentimento chega a um fim. Mas mesmo que o sentimento chegue a um fim, se houver um observador, um espectador, um censor, um pensador que permanece separado do sentimento, ento existe ainda uma contradio. Assim muito importante compreender como olhamos para o sentimento. Tome, por exemplo, um sentimento muito comum: cime. Todos ns sabemos o que ser ciumento. Ora, como voc olha para seu cime? Quando voc olha para esse sentimento, voc o observador do cime como alguma coisa separada de voc mesmo. Voc tenta mudar o cime, modific-lo, e tenta explicar por que voc est justificando ser ciumento, e por a vai. Assim existe um ser, um censor, uma entidade apartada do cime que o observa. Num momento o cime pode desaparecer, mas ele volta novamente, e ele volta porque voc no v realmente aquele cime como parte de voc. O que estou dizendo que no momento em que voc d um nome, uma marca para aquele sentimento, voc o colocou na moldura do velho, e o velho o observador, a entidade separada que feita de palavras, ideias, opinies sobre o que certo e o que errado. Mas se voc no nomeia esse sentimento o que exige tremenda ateno, muita compreenso imediata ento descobrir que no existe observador, nem pensador, nem centro de onde voc est julgando, e que voc no diferente do sentimento. No existe voc que o sente.J. Krishnamurti, The Book of Life

O bem no o oposto do mal.O bem no o oposto do mal. Ele nunca foi tocado por aquilo que mal, embora esteja rodeado por ele. O mal no pode ferir o bem, mas o bem pode parecer fazer o mal e assim o mal fica mais sagaz, mais ardiloso. Ele pode ser cultivado, aguado, expansivamente violento; ele nasce dentro do movimento do tempo, nutrido e habilmente usado. Mas o bem no est no tempo; ele no pode de modo algum ser nutrido ou cultivado pelo pensamento; sua ao no visvel; ele no tem causa e, por isso, no tem efeito. O mal no pode se tornar bem porque aquilo que bem no produto do pensamento, est alm do pensamento, como a beleza. A coisa que o pensamento produz, o pensamento pode desfazer, mas no o bem; como no est no tempo, o bem no tem lugar determinado. Onde o bem est, existe ordem, no a ordem da autoridade, de prmio e castigo; esta ordem essencial, pois de outro modo a sociedade se destruiria e o homem se tornaria mau, assassino, corrupto e degenerado. Pois o homem a sociedade; eles so inseparveis. A lei do bem eterna, imutvel e duradoura. A estabilidade sua natureza e, assim, ele totalmente seguro. No existe outra segurana.Krishnamurti Journal Ojai 14th April 1975Sim, ns vivemos em hbitos, o que faremos?Enquanto a mente no for sensvel, no alerta e gil, ela no capaz de viver com a realidade da vida, que to fluida, to constantemente passando por mudanas. Psicologicamente, internamente, nos recusamos a seguir o movimento da vida porque nossas razes so profundas no hbito e na tradio, na obedincia ao que nos foi dito, na aceitao. E me parece que muito importante compreender isto e sair disto, porque no vejo como o homem pode continuar a viver sem amor. Sem amor estamos destruindo uns aos outros, estamos vivendo em fragmentos, um fragmento agredindo o outro, um revoltado com o outro; e o hbito, em qualquer forma, inevitavelmente vai gerar medo. Se me permite sugerir, por favor, no aceite simplesmente e diga Sim, ns vivemos em hbitos, o que posso fazer?, mas antes fique ciente deles, fique cnscio deles, esteja vivo para os hbitos que tem, esteja ciente no s dos hbitos fsicos, como fumar, comer carne, beber, que so todos hbitos, mas tambm dos hbitos profundamente enraizados na psique, que aceita, que acredita, que espera e tem desesperos, agonias, sofrimentos. Se pudssemos juntos entrar neste problema do hbito e tambm do medo e talvez assim chegar ao fim do sofrimento, ento pode haver uma possibilidade de um amor que ns nunca conhecemos, uma alegria que est alm do toque do prazer.Talks and Dialogues Saanen, July, 1968No existe amor em seus coraesA maioria das pessoas infeliz; e elas so infelizes porque no existe amor em seus coraes. O amor nascer em seu corao quando no houver barreira entre voc e o outro, quando voc encontrar e observar as pessoas sem julg-las, quando voc simplesmente vir o barco no rio e apreciar a beleza dele. No deixe seus preconceitos sombrearem sua observao das coisas como elas so; apenas observe, e voc descobrir que a partir desta simples observao, a partir desta conscincia das rvores, dos pssaros, das pessoas caminhando, trabalhando, sorrindo, alguma coisa acontece dentro de voc. Sem esta coisa extraordinria acontecer a voc, sem o nascer do amor em seu corao, a vida tem muito pequeno significado; e por isso que to importante que o educador possa ser educado para ajudar voc a compreender o significado de todas estas coisas.This Matter of CultureO que significa honestidade?O que significa honestidade? Pode haver honestidade isto , insight claro, ver as coisas como elas so se existe um princpio, um ideal, uma frmula nobre? Pode a pessoa ser direta quando existe confuso? Pode haver beleza se existe um padro do que belo ou direito? Quando existe esta diviso entre o que e o que deveria ser, pode haver honestidade ou apenas uma edificante e respeitvel desonestidade? Ns somos criados entre os dois entre o que realmente e o que pode ser. No intervalo entre estes dois o intervalo de tempo e espao est toda nossa educao, nossa moralidade, nosso empenho. Mantemos um olhar distrado sobre um e outro, um olhar de medo e um olhar de esperana. E pode haver honestidade, sinceridade, neste estado, que a sociedade chama educao? Quando dizemos que somos desonestos, essencialmente queremos dizer que existe uma comparao entre o que dissemos e o que . A pessoa falou algo que no queria dizer, talvez para dar segurana passageira ou porque estava nervosa, encabulada ou tmida para dizer uma coisa que realmente . Assim, a apreenso nervosa e o medo nos tornam desonestos. Quando estamos em busca do sucesso, devemos ser um tanto desonestos, bajular o outro, sermos espertos, enganadores, para alcanar nossa meta. Ou a pessoa pode ter ganho autoridade ou uma posio que quer defender. Ento toda resistncia, toda defesa, uma forma de desonestidade. Ser honesto significa no ter iluses sobre si mesmo e nem semente de iluso que so desejo e prazer.The Only Revolution Europe Part 13IdentificaoNo outro dia algum disse que ele era um Krishnamurtiano embora tivesse vez ou outra pertencido a outro grupo. Enquanto dizia isso, ele estava completamente inconsciente das implicaes desta identificao. Ele no era de modo algum uma pessoa tola; era lido, culto e todo o resto. Nem era sentimental ou romntico sobre o assunto; ao contrrio, era claro e definido. Por que ele se tornou um Krishnamurtiano? Ele seguiu outros, pertenceu a muitos grupos tediosos e organizaes, e no final, encontrou-se identificado com esta pessoa particular. Do que ele disse, parecia que a jornada havia acabado. Ele deu uma parada e esse foi o fim do assunto; ele escolheu, e nada poderia abal-lo. Ele poderia agora se estabelecer confortavelmente e seguir avidamente tudo o que foi dito e que iria ser dito.Commentaries on Living Series I, IdentificationIdentificaoOutro dia, caminhando ao longo de uma isolada alameda arborizada, longe do barulho, da brutalidade e da vulgaridade da civilizao, distante de tudo que foi construdo pelo homem, havia uma sensao de grande quietude envolvendo todas as coisas serena, distante e cheia do som da terra. Enquanto voc caminhava calmamente, sem perturbar as coisas da terra sua volta, os arbustos, as rvores, os grilos e os pssaros, de repente, depois de uma curva estavam duas pequenas criaturas discutindo uma com a outra, brigando a seu modo diminuto. Uma tentava afastar a outra. A outra era a intrusa, tentando entrar na pequena toca da primeira, e o proprietrio a afastava. No caso, o proprietrio ganhou e o outro foi embora. Novamente havia quietude, uma sensao de profunda solido. E quando voc olhou para cima, o caminho chegava alto nas montanhas, a cachoeira murmurava suavemente ao lado do caminho; havia grande beleza e infinita dignidade, no a dignidade adquirida pelo homem que parece to ftil e arrogante. A pequena criatura identificou-se com sua casa, como ns seres humanos fazemos. Estamos sempre tentando nos identificar com nossa raa, nossa cultura, com aquelas coisas nas quais acreditamos, com alguma figura mstica, ou algum salvador, algum tipo de super autoridade. Identificar-se com alguma coisa parece estar na natureza do homem. Provavelmente herdamos este sentimento daquele pequeno animal.Krishnamurti to Himself Ojai California Tuesday 10th March, 1983O anseio por identificaoA pessoa fica se perguntando por que este anseio, desejo, por identificao existe. Pode-se compreender a identificao com as prprias necessidades fsicas as coisas necessrias, roupas, alimento, abrigo e assim por diante. Mas interiormente, dentro da pele por assim dizer, tentamos nos identificar com o passado, com a tradio, com alguma imagem romntica fantasiosa, um smbolo muito apreciado. E certamente nesta identificao existe um sentido de segurana, proteo, um sentido de ser possudo e de possuir. Isto d grande conforto. A pessoa sente conforto, segurana em qualquer forma de iluso. E o homem aparentemente precisa de muitas iluses. Na distncia havia o piado de uma coruja e a resposta vinda do outro lado do vale. madrugada ainda. O rudo do dia no comeou e tudo est quieto. H alguma coisa estranha e sagrada onde o sol nasce. H uma prece, um canto alvorada, quele estranha luz calma. Nessa manh cedo, a luz estava reduzida, no havia brisa e toda a vegetao, as rvores, os arbustos, estavam quietos, parados, esperando. Esperando o sol nascer. E talvez o sol no surgisse por meia hora ou mais, e a alvorada lentamente cobria a terra com uma estranha quietude. Gradualmente, lentamente, a montanha mais alta ficava brilhante e o sol a tocava, dourado, claro, e a neve era pura, intocada pela luz do dia. Conforme voc subiu, deixando os caminhos da pequena vila para trs, o rudo da terra, os grilos, as cordonizes e outros pssaros comearam sua cano matinal, seu canto, sua rica adorao do dia. E conforme o sol nasceu voc era parte daquela luz e deixou para trs tudo que o pensamento acumulou. Voc esqueceu completamente de si mesmo. A psique estava vazia de suas lutas e dores. E conforme caminhava e subia, no havia sentido de separao, nem mesmo o sentido de ser um ser humano.Krishnamurti to Himself Ojai California Tuesday 10th March, 1983Como pode haver amor real?A imagem que voc tem de uma pessoa, a imagem que tem dos polticos, do primeiro-ministro, seu deus, sua esposa, seus filhos para essa imagem que estamos olhando. E essa imagem foi criada atravs de sua relao, ou atravs de seus medos, ou atravs de suas esperanas. O prazer sexual e outros que voc teve com sua esposa ou seu marido a raiva, o elogio, o conforto e todas as coisas que sua vida em famlia proporciona criou uma imagem sobre eles. Com essa imagem voc olha. Do mesmo modo, sua esposa ou marido tem uma imagem sobre voc. Assim, a relao entre voc e sua esposa ou marido, entre voc e o poltico, realmente a relao entre estas duas imagens. Certo? Isso um fato. Como podem duas imagens, que so resultado de pensamento, de prazer e assim por diante, terem algum afeto ou amor?Assim, a relao entre dois indivduos, muito prximos ou muito distantes, uma relao de imagens, smbolos, memrias. E nisso, como pode haver verdadeiro amor?J. Krishnamurti, The Book of LifePor que somos influenciados?Por que somos influenciados? Na poltica, como voc sabe, o trabalho do poltico nos influenciar; e todo livro, todo professor, todo guru quanto mais poderoso, quanto mais eloquente, mais ns gostamos impe seu pensamento, seu modo de vida, sua maneira de se conduzir sobre ns. Ento a vida uma batalha de ideias, uma batalha de influncias, e sua mente o campo de batalha. O poltico quer sua mente; o guru quer sua mente; o santo diz, faa isto e no aquilo, e ele tambm quer sua mente; e toda tradio, toda forma de hbito ou costume influencia, molda, guia, controla sua mente. Penso que isso totalmente bvio. Seria absurdo neg-lo. O fato esse.J. Krishnamurti Poona 5th Public Talk 21st September 1958Isto possvel apenas pelo insightEstvamos falando outro dia em Nova Iorque, e havia um homem, um mdico, creio que ele era muito conceituado. Ele disse, todas estas questes esto certas, senhor, mas o ponto fundamental se as clulas do crebro, que foram condicionadas, podem realmente produzir uma mutao nelas mesmas. Ento a coisa toda simples. Compreende? Eu disse, isto possvel apenas pelo insight. E ns examinamos isto, como examinamos agora. Voc sabe, ningum quer escutar isto em sua inteireza, eles escutam parcialmente concordam no sentido, acompanham a uma certa distncia, e param a. Se o homem realmente diz, eu devo ter paz no mundo, portanto devo viver pacificamente ento h paz no mundo. Mas ele no quer viver em paz, ele faz tudo em oposio a isso sua ambio, sua arrogncia, seus pequeninos medos e tudo isso. Ento ns reduzimos a vastido de tudo isto a algumas pequeninas reaes. Voc percebe isso, Pupul? E assim, vivemos vidas to pequenas. Quero dizer que isso se aplica ao mais elevado e ao mais baixo.J. Krishnamurti Brockwood Park 2nd Conversation With Pupul Jayakar 1983O que impede o insight surpreendentemente belo e interessante como o pensamento est ausente quando voc tem um insight. O pensamento no consegue ter um insight. Somente quando a mente no est funcionando mecanicamente na estrutura do pensamento que voc tem um insight. Tendo tido um insight, o pensamento tira uma concluso desse insight. E ento o pensamento age, e o pensamento mecnico. Tenho portanto de descobrir se ter um insight de mim, o que significa do mundo, e no tirar uma concluso dele, possvel. Se eu tirar uma concluso, eu ajo sobre uma ideia, sobre uma imagem, sobre um smbolo, que a estrutura do pensamento, e portanto estou constantemente me impedindo de ter um insight, de entender as coisas como elas so.On Mind and Thought, p 34Insight que ocasiona uma mutao nas clulas cerebraisO insight no uma questo de memria, de conhecimento e tempo, os quais so todos pensamento. Eu diria ento que insight a ausncia total de todo o movimento do pensamento como tempo e lembrana. H portanto percepo direta. como se eu estivesse indo para o Norte nos ltimos dez mil anos, e meu crebro estivesse acostumado a ir para o Norte, e algum chega e diz que isso no me levar a nenhum lugar, que eu devo ir para o Leste. Quando dou meia-volta e vou para o Leste as clulas cerebrais mudaram. Porque eu tive um insight de que o Norte no leva a lugar nenhum.Vou explicar de outra maneira. O movimento total do pensamento, que limitado, est agindo agora em toda a parte do mundo. a ao mais importante, ns somos conduzidos pelo pensamento. Mas o pensamento no solucionar nenhum de nossos problemas, exceto os tecnolgicos. Se eu vir isso, eu parei de ir para o Norte. Eu penso que com o trmino de uma certa direo, o trmino de um movimento que tem acontecido durante milhares de anos, h nesse momento um insight que ocasiona uma mudana, uma mutao, na clula cerebral.Questioning Krishnamurti, p 165O primeiro passo o ltimo passo... O primeiro passo o ltimo passo. O primeiro passo perceber, perceber o que voc est pensando, perceber sua ambio, perceber sua ansiedade, sua solido, seu desespero, esta extraordinria sensao de dor, perceb-la, sem qualquer condenao, justificao, sem desejar que fosse diferente. Somente perceb-la, como ela . Quando voc a percebe como , h ento um tipo de ao totalmente diferente acontecendo, e essa ao a ao final. Certo? Isto , quando voc percebe algo como sendo falso ou como sendo verdadeiro, essa percepo a ao final, que o passo final. Agora oua isso. Eu percebo a falsidade de seguir algum, a instruo de outro - Krishna, Buda, Cristo, no importa quem seja. Vejo que existe a percepo da verdade que seguir algum absolutamente falso. Porque sua razo, sua lgica e tudo mais mostram quo absurdo seguir algum. Agora essa percepo o passo final, e quando voc tiver percebido, voc abandona isso, esquece-o, porque no minuto seguinte voc tem de perceber novamente, o que de novo o passo final.Krishnamurti in India 1970-71, p 50A mente que est vazia de todo o seu passadoVoc deve ento fazer esta pergunta, questionar-se, se sua mente pode estar vazia de todo o seu passado e apesar disso reter o conhecimento tecnolgico, seu conhecimento sobre engenharia, seu conhecimento lingustico, a memria de tudo isso, e contudo funcionar a partir de uma mente que est completamente vazia. O esvaziamento dessa mente acontece naturalmente, docemente sem convite, quando voc entende a si prprio, quando voc entende o que voc . O que voc a memria, um feixe de memrias, experincias, pensamentos. Quando voc entender isso, olhe para isso, observe isso; e quando voc o observar, veja nessa observao que no h dualidade entre o observador e o observado; ento, quando voc vir isso, ver que sua mente pode ficar completamente vazia, atenta, e nessa ateno voc pode agir completamente, sem qualquer fragmentao.Krishnamurti in India 1970-71, p 56 anterior |prximo Na verdade no existe tal coisa como aquilo a que chamamos carmaA causa e o efeito no so duas coisas diferentes. O efeito de hoje ser a causa de amanh. No h nenhuma causa, isolada, que produza um efeito; esto interligados. No existe tal coisa como a lei de causa e efeito, o que significa que na verdade no existe tal coisa como aquilo a que chamamos carma. Para ns, carma significa um resultado com uma causa anterior, mas no intervalo entre o efeito e a causa existiu tempo. Nesse tempo houve uma enorme quantidade de mudana e portanto o efeito nunca o mesmo. E o efeito vai produzir outra causa que jamais ser simplesmente o resultado do efeito. No diga, Eu no acredito no carma; no essa de toda a questo. Carma significa, muito simplesmente, a ao e o resultado, com a sua causa adicional. Semeie uma semente de manga e ela certamente vai produzir uma mangueira mas a mente humana no assim. A mente humana susceptvel de transformao no interior de si prpria, de compreenso imediata, que um afastar-se da causa, sempre.The Collected Works vol XI, p 90

MeditationMeditao, junto com essa calma e deserta estrada, chegou como a chuva suave sobre as montanhas; chegou fcil e naturalmente como a noite que surgia. No havia esforo de qualquer tipo e nem controle com suas concentraes e distraes; no havia ordem nem busca; nem negao ou aceitao nem qualquer continuidade da memria na meditao. O crebro estava consciente de seu meio mas reconhecendo sem reagir. Estava muito calmo e as palavras haviam findado com o pensamento. Havia aquela estranha energia, chame-a de qualquer nome, no importa, profundamente ativa sem objetivo ou propsito; era criao, sem a tela ou o mrmore, e destrutiva; no era coisa do crebro humano, de expresso e decadncia. No era abordvel, classificada e analisada, e o pensamento e o sentimento no eram instrumentos de sua compreenso. Estava completamente sem relao com qualquer coisa e totalmente sozinha em sua vastido e imensido. E caminhando ao longo daquela estrada sombreada, havia o xtase do impossvel, no da aquisio, de conseguir, sucesso e todas as demandas imaturas e reaes, mas a solido do impossvel. O possvel mecnico e o impossvel pode ser imaginado, tentado e talvez alcanado, o que afinal o torna mecnico. Mas o xtase no tem causa nem razo. Simplesmente est ali, no como uma experincia mas como fato, no para ser aceito ou rejeitado, para se argumentar sobre ele e dissec-lo. No uma coisa para ser procurada pois no h caminho para ele. Tudo tem que morrer para ele estar, morte, destruio que amor. Um trabalhador pobre e exausto, com roupas sujas e gastas, voltava para casa com sua vaca esqulida.Krishnamurti s Notebook Part 6 Madras 3rd Public Talk 29th December 1979Liberdade ordemLiberdade ordem jamais desordem e temos de ter liberdade, completamente, tanto exteriormente como interiormente; sem liberdade no existe clareza; sem liberdade voc no consegue amar; sem liberdade no se consegue encontrar a verdade; sem liberdade no se consegue ir para alm da limitao da mente. Voc tem de ter liberdade, e tem que exigi-la com todo o seu ser. Quando assim a exigir, descobrir por si mesmo o que a ordem e ordem no seguir um padro, um plano; no o resultado do hbito.Sem liberdade s existe a desordem.Meeting Life, pp 132-33

Uma vida religiosa implica uma vida na qual h harmonia completa na sua atuao quotidianaEnto, qual a causa bsica desta corrupo, esta degenerao, esta hipocrisia, a vida no-religiosa? Todas as suas coisas, todas as guirlandas e tudo o que colocam sua volta no vida religiosa. Certo? Voc est seguindo algum. Desculpem-me, porque esto todos sentados minha frente, no posso fazer nada. No ria senhor, demasiado srio. Esta no uma vida religiosa. Uma vida religiosa implica uma vida em que h harmonia completa nas suas aes quotidianas, na sua vida quotidiana. Vamos aprofundar isto se tivermos tempo mais adiante. Mas todos os tempos, todos os gurus, todo o circo que acontece em nome da religio, no tem verdadeiramente qualquer significado. Se quiserem discutir isto vamos faz-lo. Mas aps a discusso, esto dispostos a colocar tudo isso de lado? Ou voc diz que essa a sua opinio, a minha opinio diferente no estamos discutindo opinies. Queremos descobrir a verdade da matria e para descobrir a verdade da matria, temos que ter um espelho que no distorce as suas reaes, um espelho que lhe diz a verdade do que voc e que assim no lhe deixa escapar, isto , enfrentar exatamente o que voc , e a partir da mover-se, mudar, causar radicalmente uma transformao. Mas se passamos o tempo a evitar, evitar, evitar, ento nunca nos enfrentamos a ns prprios.Krishnamurti at Rajghat

O silncio da intelignciaEnto na meditao no h controlador, no h atividade da vontade, que o desejo. Ento o crebro, todo o movimento do crebro sem contar com a sua prpria atividade, que tem o seu prprio ritmo, fica completamente quieto, silencioso. No o silncio cultivado pelo pensamento. o silncio da inteligncia, silncio da inteligncia suprema. Nesse silncio aquilo que no tem nome vem, o inominvel . O que sagrado, imvel, no tocado pelo pensamento, pelo empenho, pelo esforo. a via da inteligncia que a via da compaixo. Ento o que sagrado eterno. Isso meditao. Uma vida assim uma vida religiosa. Nisso h grande beleza.

Mind Without Measure

Religio a cessao do euCompartilhamos isso juntos? Porque sua vida, no a minha vida. sua vida de dor, de tragdia, de confuso, culpa, recompensa, punio. Tudo isso sua vida. Se vocs so srios tentaram desemaranhar tudo isso. Leram algum livro, ou seguiram um professor, ou escutaram algum, mas o problema permanece. Estes problemas existiro enquanto a mente humana se mover dentro do campo da atividade do eu; essa atividade do eu tem de criar cada vez mais e mais problemas. Quando voc observar, quando voc se tornar extraordinariamente consciente desta atividade do eu, ento a mente se torna extraordinariamente tranquila, sensata,saudvel, sagrada. E a partir deste silncio nossa vida na atividade diria transformada.

Religio a cessao do "eu" e a ao nascida desse silncio. Essa vida uma vida sagrada cheia de significado.

This Light in Oneself, p 77

Negao completa ao completaO pensamento a entidade que divide e atravs do pensamento, que atravs da anlise, voc espera chegar a um estado em que no existe absolutamente diviso; voc no pode faz-lo, isto s pode acontecer quando a prpria mente v e compreende todo este processo, e fica ento completamente quieta. Essa palavra compreender muito importante; uma descrio no traz compreenso, nem descobre a causa de alguma coisa. Ento o que traz compreenso? O que compreender? Voc j reparou quando sua mente est calmamente ouvindo no argumentando, julgando, criticando, avaliando, comparando, mas apenas escutando, ento nesse estado a mente est silenciosa e s ento a compreenso surge. Existe esta diviso dentro de ns, esta eterna contradio e ns devemos simplesmente estar cnscios dela, e no tentar fazer alguma coisa a respeito, porque o que quer que faamos causa esta diviso. Assim, completa negao completa ao.

Talks with American Students, Chapter 7 2nd Talk at Claremont College California 10th November, 1968

Agir sem a ideia o caminho do amorO pensamento ser sempre limitado pelo pensador que condicionado. O pensador sempre condicionado e nunca est livre. Se o pensamento ocorre,imediatamente a ideia acompanha. A ideia a fim de atuar est destinada a criar mais confuso. Sabendo de tudo isto, possvel agir sem a ideia? Sim. Este o caminho do amor. O amor no uma ideia; no uma sensao; no uma memria; no um sentimento de transferncia, um artifcio de autoproteo. S podemos estar cnscios do caminho do amor quando compreendemos todo o processo da ideia. Ora, possvel abandonar os outros caminhos e conhecer o caminho do amor, que a nica redeno? Nenhum outro caminho, poltico ou religioso, resolver o problema. Isto no uma teoria que voc tem que ponderar e adotar em sua vida; deve ser real......Quando voc ama, existe ideia? No aceite isto; apenas olhe, examine, entre nisto profundamente porque todo outro caminho ns tentamos, e no h resposta para a misria. Os polticos podem promet-la. As chamadas organizaes religiosas podem prometer felicidade futura, mas ns no a temos agora e o futuro relativamente sem importncia quando estou faminto. Ns tentamos todos os outros caminhos; s podemos conhecer o caminho do amor se conhecermos o caminho da ideia e abandonarmos a ideia, o que agir.

J. Krishnamurti, The Book of Life

Ao sem ideaoA ideia o resultado do processo de pensamento, o processo de pensamento a resposta da memria, e a memria sempre condicionada. A memria est sempre no passado,e essa memria ganha vida no presente por um desafio. A memria no tem vida em si; ela ganha vida no presente quando confrontada por um desafio. E toda memria, adormecida ou ativa, condicionada, no ? Portanto tem que haver uma abordagem totalmente diferente. Voc tem que descobrir por si mesmo, internamente, se voc est agindo sob uma ideia, e se pode haver ao sem ideao.

J. Krishnamurti, The Book of Life

A ideologia impede a aoO mundo est sempre prximo da catstrofe. Mas parece estar mais prximo agora. Vendo esta catstrofe que se aproxima, muitos de ns se abrigam numa ideia. Pensamos que esta catstrofe, esta crise, pode ser resolvida com uma ideologia. A ideologia sempre um impedimento para a relao direta, o que impede a ao. Ns queremos paz apenas como uma ideia, mas no como uma realidade. Queremos paz no nvel verbal que simplesmente o nvel do pensamento, embora orgulhosamente o chamemos de nvel intelectual. Mas a palavra paz no paz. A paz s pode existir quando a confuso que voc e o outro fazem cessar. Ns estamos apegados ao mundo das ideias e no paz. Buscamos novos padres sociais e polticos e no paz, estamos preocupados com a reconciliao de efeitos e no em pr de lado a causa da guerra. Esta busca trar apenas respostas condicionadas pelo passado. Este condicionamento o que chamamos conhecimento, experincia; e os novos fatos que mudam so traduzidos, interpretados de acordo com este conhecimento. Assim, existe conflito entre o que e a experincia do que houve. O passado,que conhecimento, deve estar sempre em conflito com o fato, que est sempre no presente. Assim, isto no resolver o problema, mas perpetuar as condies que criaram o problema.

J. Krishnamurti, The Book of Life

As ideias limitam a ao?Podem as ideias produzir ao, ou ideias simplesmente moldam o pensamento e, portanto, limitam a ao? Quando a ao forada por uma ideia, a ao no pode nunca liberar o homem. extraordinariamente importante para ns entendermos este ponto. Se uma ideia modela a ao, ento a ao no pode nunca trazer a soluo para nossas misrias porque, antes de ela ser posta em ao, temos que primeiro descobrir como surge a ideia.

J. Krishnamurti, The Book of Life

Ao sem ideiaO que voc quer dizer com ideia? Certamente ideia um processo do pensamento, no ? Ideia um processo de mentalizao, de pensar; e pensar sempre uma reao, seja do consciente ou do inconsciente. Pensar um processo de verbalizao que resultado da memria. Pensar um processo de tempo. Assim, quando a ao se baseia no processo de pensar, tal ao ser inevitavelmente condicionada, isolada. Ideia deve se opor a ideia; a ideia deve ser dominada pela ideia. H, ento, um intervalo entre ao e ideia. O que estamos tentando descobrir se possvel a ao ser sem ideia. Ns vemos como a ideia separa as pessoas. Como eu j mostrei, conhecimento e crena so essencialmente qualidades separativas. As crenas nunca unem pessoas, elas sempre separam pessoas. Quando a ao se baseia na crena, ou numa ideia, ou num ideal, tal ao inevitavelmente ser isoladora, fragmentada. possvel agir sem o processo do pensamento; pensamento sendo um processo de tempo, um processo de clculo, um processo de autoproteo, um processo de crena, negao, condenao, justificao? Certamente deve ter ocorrido a voc, como ocorreu a mim, se a ao possvel sem a ideia.

J. Krishnamurti, The Book of Life

anterior | prximo Ideias no so verdadeApenas quando a mente est livre da ideia pode haver experimentar. Ideias no so a verdade, e a verdade algo que deve ser experimentado diretamente, de momento a momento. No uma experincia que voc quer, o que apenas sensao. S quando a pessoa pode ir alm do fardo das ideias que o eu, que a mente que tem uma continuidade parcial ou completa, s quando a pessoa pode ir alm disso, quando o pensamento est em completo silncio, h o estado de experimentar. A a pessoa pode saber o que verdade.

J. Krishnamurti, The Book of LifeIdeias no so verdadeApenas quando a mente est livre da ideia pode haver experimentar. Ideias no so a verdade, e a verdade algo que deve ser experimentado diretamente, de momento a momento. No uma experincia que voc quer, o que apenas sensao. S quando a pessoa pode ir alm do fardo das ideias que o eu, que a mente que tem uma continuidade parcial ou completa, s quando a pessoa pode ir alm disso, quando o pensamento est em completo silncio, h o estado de experimentar. A a pessoa pode saber o que verdade.

J. Krishnamurti, The Book of Life

Movimento criativoAo este movimento que ele mesmo pensamento e emoo, como expliquei. Esta ao a relao entre o indivduo e a sociedade. conduta, cooperao de trabalho, que chamamos de realizao. Ou seja, quando a mente est funcionando sem buscar o auge, uma meta, e, portanto, pensando criativamente, esse pensar ao, que a relao entre o indivduo e a sociedade. Agora, se este movimento de pensamento claro, simples, direto, espontneo, profundo, ento no existe conflito no indivduo contra a sociedade, porque a ao ento a prpria expresso deste movimento vivo, criativo.

Talks and Answers to Questions by Krishnamurti Ojai Camp 3 1934

S a mente inocente pode ser espontneaInterrogante: Ao espontnea ao correta?

Krishnamurti: Voc sabe como difcil ser realmente espontneo? Quando somos muito condicionados pela sociedade, quando vivemos pela memria, pelo passado, como possvel sermos espontneos? Certamente, fazer alguma coisa espontaneamente agir sem motivo, sem calcular, sem nenhum sentimento de interesse prprio, ao no egocntrica. Voc simplesmente faz a partir da totalidade de seu ser. Mas ser realmente espontneo requer despir-se completamente do passado. S a mente inocente pode ser espontnea.

Saanen 9th Public Talk 25th July 1963 Collected Works

Sensaes momentneas do o sentimento de estar sendo felizPor que estamos buscando a felicidade? Por que esse incessante esforo para ser feliz, para ser alegre, para ser alguma coisa? Por que existe essa procura, esse imenso esforo feito para encontrar? Se pudssemos entender isso e mergulhar nisso completamente, talvez pudssemos saber o que a felicidade sem a procurarmos, porque, em ltima anlise, a felicidade um subproduto, de importncia secundria. No um fim em si mesma; no tem nenhum significado se for um fim em si mesma. O que significa ser feliz? O homem que toma uma bebida est feliz. O homem que lana uma bomba sobre um grande nmero de pessoas sente-se orgulhoso e diz que est feliz ou que Deus est com ele. Sensaes momentneas, que desaparecem, do essa sensao de estar feliz. Certamente h alguma outra qualidade que seja essencial para a felicidade. A felicidade no um fim, no mais do que a virtude. A virtude no um fim em si mesma, ela proporciona liberdade, e nessa liberdade h a descoberta. Portanto, a virtude essencial. Com efeito, uma pessoa no virtuosa est escravizada, em desordem, deslocada, perdida, confusa, entretanto, tratar a virtude como um fim em si mesma ou a felicidade como um fim em si mesma tem muito pouco significado. Portanto, felicidade no um fim.

The Collected Works vol V, pp 328-329

Encontrar a felicidade de um lugar de descansoNossa vida uma sucesso de demandas por conforto, por segurana, por posio, por plenitude, por felicidade, por reconhecimento, e tambm temos raros momentos de desejo de descobrir o que a verdade, o que Deus. Portanto, Deus ou a verdade tornam-se sinnimos de nossa satisfao. Ns queremos ser gratificados, portanto, a verdade torna-se o fim de toda busca, de todo empenho, e Deus transforma-se no ltimo lugar de descanso. Movemo-nos de um padro a outro, de uma gaiola a outra, de uma filosofia ou sociedade para outra, esperando encontrar felicidade, no apenas a felicidade no relacionamento com as pessoas, mas, tambm, a felicidade de um lugar de descanso onde a mente jamais ser perturbada, onde a mente deixar de ser torturada pelo seu prprio descontentamento. Podemos colocar isso em palavras diferentes, podemos usar diferentes jarges filosficos, mas isso o que todos queremos um lugar onde a mente possa descansar, onde a mente no seja torturada por suas prprias atividades, onde no haja sofrimento nenhum

The Collected Works vol VIII, p 328

Recapturando a experincia de ontemVejam, senhores, vocs observam um pr do sol encantador, uma bela rvore num campo, e logo que olham alegram-se completamente, inteiramente, no entanto retornam a isso com o desejo de deleitar-se de novo. O que acontece quando voltam com o desejo de alegrar-se novamente? No h alegria nenhuma, porque a memria do pr do sol de ontem que est agora fazendo vocs voltarem, que os est impelindo, incitando-os a alegrarem-se. Ontem no havia memria alguma, s uma apreciao espontnea, uma resposta direta, no entanto hoje esto desejosos de recobrar a experincia de ontem, ou seja, a memria est interferindo entre vocs e o pr do sol. Portanto, no h nenhuma alegria, nenhum esplendor, nenhuma plenitude de beleza. Novamente, vocs tm um amigo que lhes disse alguma coisa ontem, um insulto ou uma cortesia, vocs retm essa memria, e com essa memria vocs encontram seu amigo hoje. Realmente no encontram seu amigo carregam a memria de ontem, que intervm; assim, continuamos cercando a ns prprios e as nossas aes com memria, portanto, no h nenhuma inovao, nenhum frescor. Essa a razo pela qual a memria torna a vida cansada, enfadonha e vazia.

The Collected Works vol V, p 119

A memria destri essa alegriaQuando vocs veem uma coisa bonita, a alegria instantnea; veem um pr do sol e h uma imediata reao de alegria. Essa alegria, momentos mais tarde, torna-se uma memria. Essa memria da alegria uma coisa viva? A memria de um pr do sol uma coisa viva? No, uma coisa morta. Portanto, com essa impresso morta de um pr do sol, por meio dela, querem encontrar alegria. Memria no alegria; apenas a lembrana de algo que criou a alegria. Memria em si mesma no alegria. H alegria, a reao imediata beleza de uma rvore, ento vem a memria e destri essa alegria. Portanto, se existe uma constante percepo de beleza sem o acmulo de memrias, haver ento a possibilidade da permanncia da alegria.

The Collected Works vol VII, p 100

Alegria diferente de prazerQuando vocs observam uma nuvem ou uma folha, um prazer olhar. A beleza de qualquer coisa um prazer, mas carreg-lo at o dia seguinte, ento a dor comea. Vocs podem evocar o prazer, pensar nele, sustent-lo, foment-lo, busc-lo, persegui-lo, possu-lo, mas no com alegria nem com xtase, e isso acontece naturalmente, facilmente, sem qualquer chamamento, esse xtase, quando compreendem o medo e o prazer.

Talks and Dialogues Sydney 1970, p 44

De fato no temos amorSabe, de fato no temos amor essa uma coisa terrvel de se perceber. De fato no temos amor; temos sentimento; temos emocionalismo, sensualidade, sexualidade, temos lembranas de alguma coisa que pensamos que era amor. Mas de fato, brutalmente, no temos amor. Porque ter amor significa no ter violncia, nem medo, nem competio, nem ambio. Se voc teve amor, nunca dir, "Esta minha famlia." Voc pode ter uma famlia e lhe dar o melhor que pode; mas ela no ser "sua famlia" que est em oposio ao mundo. Se voc ama, se existe amor, existe paz. Se voc amasse, educaria seu filho no para ser nacionalista, no para ter apenas uma profisso tcnica e tratar apenas de seus pequenos assuntos; voc no teria nacionalidade. No haveria divises de religio, se voc amasse. Mas como essas coisas de fato existem no teoricamente, mas brutalmente este mundo hediondo, mostra que voc no tem amor. Mesmo o amor da me por seu filho no amor. Se a me realmente amasse seu filho, voc acha que o mundo seria assim? Ela cuidaria que ele tivesse o alimento correto, a educao correta, que fosse sensvel, que apreciasse a beleza, que no fosse ambicioso, ganancioso, invejoso. Ento a me, conquanto ela possa pensar que ama seu filho, no ama. Ento no temos esse amor.

The Collected Works, Vol. XV Varanasi 5th Public Talk 28th November 1964

No h perda de energia em estar amandoI: possvel um homem e uma mulher viverem juntos, ter sexo e filhos, sem toda a confuso, amargura e conflito inerentes a tal relao? possvel haver liberdade em ambos os lados? No quero dizer com liberdade que o marido ou a esposa deveriam ter constantemente casos com outras pessoas. As pessoas em geral ficam juntas e casam por que se apaixonam, e nisso existe desejo, escolha, prazer, possessividade e tremendo esforo. A prpria natureza deste estado apaixonado est desde o incio cheia das sementes do conflito.

Krishnamurti: isso? Precisa ser? Duvido muito disso. Voc no pode se apaixonar e no ter uma relao possessiva? Amo algum e ela me ama e nos casamos isso tudo perfeitamente honesto e simples, no h absolutamente conflito nisso. (Quando digo que nos casamos, quero dizer apenas que decidimos viver juntos no se prenda em palavras.) A pessoa no pode ter isso sem a outra coisa, sem a cauda por assim dizer, necessariamente em seguida? No podem duas pessoas estar amando e ambas serem to inteligentes e to sensveis que exista liberdade e ausncia de um centro que trabalha para o conflito? O conflito no est no sentimento de amar. O sentimento de estar amando totalmente sem conflito. No h perda de energia em estar amando. A perda de energia est na cauda, em tudo que vem em seguida cime, possessividade, suspeita, dvida, o medo de perder aquele amor, a demando constante por reafirmao e segurana. Certamente deve ser possvel funcionar numa relao sexual com algum que voc ama sem o pesadelo que em geral se segue. Claro que possvel.

Krishnamurti Foudation Trust Bulletin 3, 1969 Krishnamurti Foudation Trust Bulletin 4, 1969

Olhe e seja simplesCertamente, desde que voc consumiu-se na poltica, seu problema no apenas escapar da sociedade, mas voltar totalmente vida, amar e ser simples. Sem amor, faa o que puder, voc nunca conhecer a ao total que sozinha pode salvar o homem. Isso verdade, senhor: ns no amamos, no somos realmente simples. Por que? Porque voc est preocupado com reformas, com deveres, com respeitabilidade, com vir a ser algo, em passar para o outro lado. Em nome de outro, est preocupado com voc mesmo; est preso em sua prpria concha. Voc pensa que o centro desta bela terra. Nunca se detm para olhar uma rvore, uma flor, o rio correndo; e se por acaso olhar, seus olhos esto cheios com as coisas da mente, e no com beleza e amor. Novamente, isso verdade; mas o que a pessoa pode fazer? Olhe e seja simples.

J. Krishnamurti Commentaries on Living Series III

Quando as coisas da mente no enchem seu coraoQuando as coisas da mente no enchem seu corao, ento existe amor; e s o amor pode transformar a loucura e a insanidade atuais no mundo nunca sistemas, nunca teorias, nem da esquerda nem da direita. Voc s ama realmente quando no possui, quando no invejoso, no vido, quando respeitoso, quando tem misericrdia e compaixo, quando tem considerao por sua mulher, seus filhos, seu vizinho, seus infelizes empregados.

No se pode pensar sobre o amor, o amor no pode ser cultivado, o amor no pode ser praticado. A prtica do amor, a prtica da fraternidade, ainda est dentro do campo da mente, portanto, no amor. Quando tudo isso tiver cessado, ento o amor surgir, e voc saber o que amar.

The First and Last Freedom, p 234

O amor no um sentimentoObviamente, amor no sentimento. Ser sentimental, ser emocional, no amar, porque sentimentalismo e emoo so meras sensaes. Uma pessoa religiosa que chore por Jesus ou Krishna, por seu guru ou alguma outra pessoa, apenas sentimental, emotiva. Ela est se entregando sensao, que um processo de pensamento, e o pensamento no amor. O pensamento resulta da sensao; por isso uma pessoa sentimental, emotiva, no capaz de conhecer o amor. No somos emotivos e sentimentais? Sentimentalismo, emocionalismo somente uma forma de autoexpanso. Ser cheio de emoo no amor, obviamente, porque a pessoa sentimental pode ser cruel quando seus sentimentos no so correspondidos, quando seus sentimentos no podem escoar. A pessoa emotiva pode ser motivada para odiar, para guerrear, para praticar genocdio. O homem sentimental, que verte lgrimas por sua religio, certamente no tem amor.

The First and Last Freedom, pp 232-233

O perdo amor?O perdo amor? Quais as implicaes do perdo? Voc me insulta e eu fico ressentido, guardo na memria; ento, por obrigao ou por arrependimento, eu digo: Eu te perdoo. Primeiro eu retenho, e depois eu rejeito. O que significa isso? Continuo sendo a figura central; sou eu que estou perdoando algum. Enquanto houver a atitude de perdoar, eu sou a parte importante, e no o homem que supostamente me insultou. Assim, quando acumulo ressentimento e depois nego esse ressentimento, coisa que vocs chamam de perdo, isso no amor. O homem que ama, obviamente no tem inimigos e indiferente a todas essas coisas. Solidariedade, perdo, relao de possessividade, cime e medo nada disso amor. Essas coisas so coisas da mente, no verdade?

The First and Last Freedom, p 233

Sem amor, sua vida diria no tem sentidoNeste mundo rido e despedaado, no existe amor porque o prazer e o desejo desempenham os papeis preponderantes, no entanto, sem amor a vida diria no tem sentido. E voc no pode ter amor se no houver beleza. A beleza no algo que voc veja no uma rvore bonita, um quadro bonito, um belo edifcio ou uma bela mulher. S h beleza quando seu corao e sua mente sabem o que amor. Sem amor e sem esse senso de beleza, no h virtude, e voc sabe muito bem que, faa o que fizer melhore a sociedade, alimente os pobres voc s estar criando mais maldade, pois, sem amor, s h feiura e pobreza em seu corao e em sua mente. Mas, havendo amor e beleza, faa o que fizer, ser certo, ser apropriado. Se voc sabe amar, ento pode fazer o que quiser, pois isso resolver todos os outros problemas.

Freedom from the Known, p 86

Negando o que no amorO que o amor? No estamos discutindo teorias sobre o que o amor deveria ser. Estamos observando o que chamamos de amor: Amo a minha mulher. No sei o que que voc ama; e duvido que voc ame algo. Sabe o que significa amar? Ser que o amor prazer? O amor cime? Um homem ambicioso capaz de amar? ele pode dormir com a mulher, gerar alguns filhos. E um homem que esteja lutando para se tornar importante na poltica, ou no mundo dos negcios, ou no mundo da religio (onde deseja se tornar um santo, deseja ser sem desejo), tudo isso faz parte da ambio, da agresso, do desejo. O homem competitivo capaz de amar? E vocs todos so competitivos, no verdade? melhor emprego, melhor posio, melhor casa, ideias mais nobres, imagens mais perfeitas de si mesmos; vocs conhecem bem as situaes por que passam. Isso amor? Voc capaz de amar ao passar por toda essa tirania, quando pode dominar sua mulher ou seu marido, ou os seus filhos? Quando voc est buscando o poder, h possibilidade de amar?

Portanto, na negao do que no amor, existe amor. Entendem senhores? Precisam negar tudo que no seja amor, o que significa no ter ambio, no ser competitivo, no ser agressivo, no ser violento nem na fala, nem em ato, nem em pensamento. Quando voc nega o que no amor, ento sabe o que amor.

Mind in Meditation, pp 10-11

Sem amor, no possvel ser ticoNa realidade, voc no tem amor. Voc tem prazer, tem sensao, tem apegos sexuais, tais como a famlia, a esposa, o marido, o apego a uma nao. Mas prazer no amor. E o amor no algo divino ou profano: no h diviso. O amor significa algo a cuidar: cuidar de uma rvore, do seu vizinho, do seu filho providenciar educao correta para o seu filho, e no s coloc-lo numa escola e sumir, a educao correta, e no apenas educao tecnolgica, e providenciar pa