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FAÇA COM QUE ELES GOSTEM! REFLETINDO E PESQUISANDO SOBRE A PRÓPRIA PRÁTICA.

Adinei Corrêa Pires Frizzo1

RESUMO

Este artigo é o resultado de um projeto desenvolvido através do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE, por meio do qual foi pesquisada a aprendizagem prazerosa da Língua Estrangeira Moderna versus fatores geradores de desinteresse. Busquei neste trabalho as formas de pesquisa etnográfica e de pesquisa ação; a primeira por estar em contato direto vivendo dia a dia com os alunos, sujeitos do estudo, e o segundo por criar propostas de atividades, almejando mudanças significativas no processo de aprendizagem. Para realização desse projeto tive como base os estudos de Kumaravadivelu (1994), não centrando o ensino na escolha de um ou mais métodos, mas buscando conhecer novas metodologias e também valorizando e teorizando a própria prática. Outro autor estudado foi Brown (2000-2001), ressaltando a importância de alguns fatores da valorização humana, como por exemplo a afetividade, auto-estima, ansiedade, entre outros, que influenciam grandemente no processo de aquisição de um novo idioma. O projeto foi desenvolvido em duas turmas de 7º série, tendo atividades, temas e propostas escolhidos pelos próprios alunos, antes da realização do projeto e durante o processo de implementação, conforme a necessidade real dos mesmos.

Palavras-Chave: ensino de LEM, prazer, criticidade, realidade, motivação.

ABSTRACT

This article is the result of a project developed by the Educational Development Program PDE, which was researched the enjoyable learning of Modern Foreign Language versus factors that cause lack of interest. I Sought in this paper forms of ethnographic research and Action Research, first to be in direct contact with the daily life of the students, and second to create proposals for activities, aiming to significant changes in the learning process. For achievement of this project I have been based on the studies of Kumaravadivelu (1994) not focusing on the teaching on the choice of one or more methods, but getting to know new methodologies and also adding value to the own practice and theorizing it. Another author who has been studied is Brown (2000-2001), highlighting the importance of some factors of human enhancement, such as affection, self esteem, anxiety, among others, which greatly influence the process of acquiring a new language. The project was developed in two groups of 7th grade, with the activities, issues and proposals chosen by the students themselves, prior to and during the project implementation process as the real need of the students. Key words : teaching of LEM, pleasure, criticality, reality, motivation.

1 Adinei Corrêa Pires Frizzo. Formada em Letras Português –Inglês (1994) pela Universidade Vale do Rio

Doce- MG. Especializada em Língua Inglesa. Professora de LEM no Colégio Zilah dos Santos Batista, Ensino

Fundamental e Médio. Professora PDE 2010. E-mail: [email protected].

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INTRODUÇÃO

Desde que comecei a lecionar, algumas perguntas e desejos invadiam

minha mente o tempo todo: Como fazer com que os alunos aprendessem o

idioma que estava ensinando e gostassem do que estavam aprendendo? Como

as aulas poderiam ser significativas e marcantes? É possível que isso seja uma

realidade? Mas como alcançar tudo isto? Acreditava que deveria existir alguma

maneira, um método perfeito, e então comecei minha busca por algo que já

estivesse pronto, acabado, que eu apenas aplicasse e colhesse os resultados que

tanto almejava. Porém, dia-a-dia se confirmava o que eu temia: que essa fórmula

mágica, ninguém tinha inventado ainda! Não encontrava técnicas, métodos, ou

estratégias de outros, que me orientassem no ensino de LEM em meio a

problemas da realidade dos meus alunos, e também em meio a outros fatores que

infelizmente são comuns no cotidiano escolar, como falta de interesse, muitas

vezes advindos de questões sociais não resolvidas como pobreza, violência,

drogas, falta de estrutura familiar, etc. Mas percebia que o que os alunos pediam,

gostavam, ou seja, o que tinha significado para eles, bem como nos momentos

em que fluía a aprendizagem, eram os momentos em que eu fugia dos métodos

tradicionais, fugia das unidades didáticas dos livros.

As particularidades dos alunos, as realidades em que vivem, suas

dificuldades, diferenças, sonhos, fazem nascer um método apropriado, com

técnicas e estratégias específicas que facilitam sua aprendizagem. Realmente,

lidar com todas essas questões não é um processo tão fácil assim, uma vez que

ainda se soma o agravante do número exagerado de alunos em sala e da

pequena quantidade de aulas previstas pela grade curricular, como também

interfere a falta de tempo para pesquisa, criação e preparo de materiais e aulas,

sem dúvida torna-se árduo alcançar um bom nível de aprendizado e de forma

agradável.

Dentro dessa realidade é que trabalhamos, e mesmo em meio às

dificuldades cotidianas, não há como desistir, mas seguir em frente e através da

prática diária e ouvindo sempre os alunos, deixando-os participar do processo da

sua própria aprendizagem, começo a ver nascer metodologias inovadoras,

criadas de acordo com a realidade e necessidade advindas do contexto efetivo do

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universo escolar e das práticas e experiências nele vivenciadas. É óbvio salientar

que nesta caminhada, há acertos e erros, alegrias e frustrações, mas, apesar dos

pontos negativos, ainda prefiro atuar com o real, o que desperta o interesse dos

alunos, pois dessa maneira os pontos positivos são mais destacados, e a

aprendizagem tem fluído com mais eficácia, sendo que os alunos estão

envolvidos e são participantes da aprendizagem e não apenas expectadores e

receptores de conteúdos.

Partindo deste princípio, tenho buscado ouvi-los com frequência, valorizar

suas ideias, sugestões, em um trabalho conjunto vislumbrando novas

possibilidades, despertando o desejo por expectativas que até então estavam

esquecidas, e também cativando-os, por meio da afetividade e de outros fatores

de valorização humana, que além de serem importantes para qualquer um de nós

como pessoa, sem dúvida também contribuem e facilitam o processo de ensino e

aprendizagem de LEM.

REFERENCIAL TEÓRICO

O estudo de idiomas é, sem dúvida, de fundamental importância para

qualquer pessoa, em qualquer área, em todos os momentos. É correto afirmar

que alguém que domina mais de um idioma tem a chance de conseguir melhores

conquistas no mercado de trabalho, nos estudos, na comunicação em geral,

podendo entender melhor o mundo e consequentemente expressar suas idéias,

necessidades, vontades, etc. A partir de então, a busca pelo aprendizado de

novas línguas sempre foi alvo de muitos. Para os professores, a procura do

conhecimento de métodos diferentes, inovadores, os constantes estudos para

entender o mecanismo da aquisição da linguagem para facilitar o aprendizado e

ter sucesso nas suas aulas, tem sido, incansavelmente, o foco de pesquisa e

estudos de muitos mestres que almejam um ensino de qualidade. De acordo com

Prabhu (1990, p.172) “não há um melhor método e o que realmente importa é a

necessidade do professor em lidar com alguns conceitos pessoais de como seu

ensino leva ao desejo de aprender.” Como educadores, devemos estar

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informados sobre todas as possibilidades disponíveis para aperfeiçoar a

aprendizagem dos alunos. Por termos diferentes realidades com muitos alunos, é

necessário sempre questionar: “Por que estou fazendo esta ou aquela atividade”?

Podemos fazer tudo para ajudar o aprendizado dos alunos, desde que saibamos

o porquê de estarmos fazendo nossas práticas pedagógicas.

Segundo Prabhu (1990, p. 174) “O inimigo de um bom ensino não é um

mau método, mas o exagero da rotina.” “Estar aberto para mudanças”. Realmente

sabemos que essas citações são reais na nossa prática pedagógica, e que se

cairmos no marasmo da “mesmice”, estamos sujeitos ao fracasso.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica LEM do

Paraná (2008), devemos buscar não somente ensinar a língua estrangeira alvo,

mas também despertar em nossos alunos a criticidade e o conhecimento da

diversidade cultural. Com o passar do tempo, muitos métodos de ensino foram

estudados e colocados em prática, bem como vários materiais didáticos

desenvolvidos para facilitar o ensino de línguas. Porém, os professores enfrentam

realidades diversas, nas quais se torna praticamente inviável adotar este ou

aquele método como único e ideal, pois a cada dia enfrentamos novas situações,

que tornam nosso trabalho cada vez mais desafiador. Porém, os desafios nos

instigam a avançar, a conquistar, a descobrir novas maneiras. Ensinar crianças e

adolescentes nos dias atuais chega a ser uma grande aventura, mas, de fato,

torná-los participantes dessa aventura pode ser a resposta que muitas vezes

procuramos. Isto pode motivá-los, pode tornar a nova língua que está sendo

adquirida prazerosa de aprender.

Quando se fala em motivação, sabe-se que esta é imprescindível para a

aprendizagem de uma língua estrangeira. A motivação extrínseca e a intrínseca

também são citadas por Brown (2000), que podem de formas diversas contribuir

para a aprendizagem. A motivação extrínseca conduz muitos a aprender um novo

idioma com objetivos externos diversos, como ganhar prêmios, dinheiro, passar

em provas ou exames de proficiência, aprimorar currículo, entre outros. Já a

motivação intrínseca está no próprio aluno, segundo Brown (2000, p.77),

Se é dado aos alunos na sala de aula a oportunidade de “fazer” da linguagem sua própria razão pessoal de alcançar competência e autonomia, esses alunos terão melhores chances de sucesso do que se

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eles se tornarem dependentes de premiações externas para sua motivação. (Tradução nossa)

Sentir prazer no que está aprendendo, sem dúvida levará o aluno a ir

além do que está sendo ensinado, fará com que ele busque ainda mais

conhecimento, a aula será o elemento motivador para apontar o caminho que ele

mesmo irá trilhar. Mas, para tanto, sua participação, envolvimento, mostrando seu

desempenho por meios diversos, que os próprios alunos podem ajudar a indicar,

pois são detentores de muitos conhecimentos prévios, tecnológicos, e de

experiências que se forem valorizadas e utilizadas nas aulas podem despertar

neles estímulo, valorização da sua auto-estima e consequentemente motivação

em aprender. Segundo Paulo Freire (1996, p.34) “Por que não estabelecer uma

necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a

experiência social que eles tem como indivíduos?” Percebe-se assim que, quando

somos envolvidos, ouvidos, e valorizados, naturalmente teremos mais facilidade,

vontade de continuar a conhecer, descobrir o que está por vir, isto não foge a

regra dos alunos, pois desta forma parece ser bem mais interessante do que

apenas ser um recebedor de informações, fato que o tornará motivado apenas

extrinsecamente, fazendo-o apenas um caçador de notas, sem aquisição de

aprendizagem significativa.

Brown (2000, p.142-143) também considera fatores específicos da

personalidade humana, e como eles estão relacionados com a aquisição de um

segundo idioma, tais como auto-estima, inibição, tomada de riscos, ansiedade,

motivação, empatia, extroversão, introversão. Para ele, o domínio afetivo é difícil

de descrever cientificamente, porém, um estudo cuidadoso e sistemático do papel

da personalidade na aquisição de uma segunda língua já tem levado a uma

melhor compreensão do processo de aprendizagem da linguagem e ao

aprimoramento do ensino.

Para o autor, a ação pedagógica atrelada à compreensão afetiva pode

ajudar a se obter uma aprendizagem mais efetiva. Professores podem influenciar

positivamente, tanto na aprendizagem da língua quanto no bem-estar emocional,

quando é dada atenção e é trabalhada a auto-estima do aluno.

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Outro fator de extrema importância é o cuidado com a inibição Segundo

Brown, aqueles que tem baixa auto-estima mantêm um muro de inibição para se

proteger, não conseguindo se expor muitas vezes por medo de cometer erros.

Nesse caso, quando o aluno não se dispõe a falar, a não ser que esteja

totalmente seguro de que está correto, nunca irá se comunicar efetivamente.

Para Brown (2000), qualquer um que aprenda uma língua estrangeira

precisa estar ciente de que durante a aprendizagem da língua os erros fazem

parte do processo. Desenvolver segurança ao lidar com questões difíceis, sentir

que são capazes de praticar o novo idioma, podem levar o aluno a assumir riscos

de ousar usar a língua em qualquer situação, mesmo cometendo erros. Enfim, ter

um bom e amplo entendimento do domínio afetivo, durante o processo de

aprendizagem da língua estrangeira pode ser um desafio; porém, o cuidado e a

valorização dos aspectos afetivos podem contribuir significativamente no ensino

aprendizagem, ajudando os alunos a superarem dificuldades, estimulando

sentimentos que facilitarão a aquisição do novo idioma. Para Brown (2000, p.

168), cabe aos professores e pesquisadores continuarem a identificar fatores da

personalidade que são significantes para o conhecimento de uma segunda língua,

e continuar a descobrir meios efetivos para incluir estas descobertas na prática

pedagógica.

O ensino de línguas é de fato ativo e não estático, podendo variar e ser

adaptado de acordo com a realidade e necessidade dos alunos. Portanto, não

cabe a este ser engessado a uma única maneira, método ou estratégia de ensino,

ditado por outros que escrevem sem vivenciar as necessidades de cada região,

sem levar em consideração as especificidades locais e até pessoais que são

observadas, avaliadas e valorizadas pelos professores em suas salas de aula.

Nessa perspectiva, Kumaravadivelu (1994) estabeleceu o que é chamado

de Pós-Método Para ele, em termos práticos, o pós-método capacita os

professores a gerar uma aula orientada para práticas inovadoras. Significa a

autonomia do professor, reconhece o potencial do professor não somente para o

ensino, mas também promove a habilidade do professor em desenvolver uma

abordagem reflexiva, analisando e avaliando sua própria prática. Na verdade, o

professor, quando passa a refletir sobre sua atuação diária, certamente se

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apoiará em embasamentos teóricos que o ajudarão a compreender sua ação de

ensino, identifique falhas, acertos, aprimore suas atividades alcançando um nível

cada vez mais satisfatório de aprendizagem efetiva. Ou seja, essa liberdade para

agir não significa fazer qualquer atividade por fazer, sem base teórica. Mas, ao

contrário, mostra um professor pesquisador de sua própria prática, autocrítico e

seguro do que faz, desenvolvendo sua ação pedagógica de acordo com as

necessidades e interesses locais, gerando desta maneira um ensino eficaz,

eficiente e também prazeroso.

IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA

O envolvimento dos alunos no processo de aprendizagem fez parte da

implementação do projeto objeto deste artigo antes mesmo da sua aplicação,

quando os próprios alunos puderam expor suas sugestões, críticas, intenções e

expectativas com relação às aulas de língua estrangeira moderna. A conversa

com os sujeitos da ação foi fundamental para o desenvolvimento do projeto, uma

vez que o próprio tema em estudo focaliza, o interesse dos alunos em aprender

com mais facilidade aquilo que lhes é relevante, e de maneira agradável.

Alunos da 7º série, hoje denominado 8º ano, conversaram sobre o dia-a-

dia das aulas de inglês e responderam a um questionário que objetivava fazer um

levantamento sobre o que os alunos gostavam nas aulas de LEM, tipos de

atividades que eles se sentiam motivados a participar, e também aquelas que não

despertavam o interesse. O questionário ainda dava a oportunidade para que os

alunos pudessem contribuir com idéias e sugestões. O questionário não

apresentava a necessidade de identificação, para que os alunos pudessem se

sentir completamente tranquilos para a exposição de suas idéias. Foram

aplicados 154 questionários, que traziam as seguintes perguntas:

- Você gosta das aulas de inglês? Sim ( ) Não ( )

- Por quê?

- De que forma as aulas de inglês podem ajudá-lo futuramente?

- Como é que você estuda?

- A sua família participa dos seus estudos? De que forma?

- Quais atividades ou situações que você mais gostou durante as aulas de inglês desde a 5° série?

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- No seu ponto de vista como deveriam ser as aulas de inglês?

Após a análise desse rico material, pude pensar e repensar

não somente sobre as atividades para a implementação do projeto, mas também

sobre minha própria prática pedagógica.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica LEM

(Paraná, 2008, p. 62),

Recomenda-se que seja dada, aos alunos, a oportunidade para participar das escolhas das temáticas dos textos, uma vez que um dos objetivos é justamente possibilitar formas de participação que permitam o estabelecimento de relações entre ações individuais e coletivas. Por meio dessa experiência, os alunos poderão compreender a vinculação entre auto interesse e interesse do grupo. Além disso esta iniciativa poderá levar a escolhas de conteúdos mais significativos, porque resultam da participação de todos.

Com vistas a construir as unidades que se constituiriam a base da

implementação do projeto, foram planejadas três unidades tendo como premissa

as contribuições dos alunos. As unidades são as seguintes:

Unidade 1: My Picture Dictionary

Nessa unidade, os alunos tiveram acesso a um vídeo (disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=AbOcsfl5Bks&NR=1), mostrando a importância

do conhecimento da língua inglesa. Por meio das atividade, os alunos foram

descobrindo e valorizando o conhecimento que eles já possuem da língua

estrangeira por meio das aulas, filmes, jogos, produtos que são comprados

diariamente, Internet, entre outros. Um fato muito importante que cabe aqui

destacar foi o uso do projetor multimídia na sala de aula, sendo que para os

alunos o uso dessa tecnologia surtiu um efeito muito positivo. Durante essa

atividade, os alunos ficaram surpresos quando criaram uma lista de vocabulário

em língua inglesa, visto que não tinham conhecimento do vocabulário farto que

possuíam previamente, e isso serviu como um ótimo estímulo para a continuidade

do trabalho. Quando chegou a vez da confecção do Dicionário Ilustrado, a

segunda atividade dessa unidade, eles já estavam se sentindo familiarizados e

seguros para desempenhar a atividade. Mostrar para eles modelos de dicionários

também foi um fator importante, pois muitos se motivaram a fazer melhor do que

foi apresentado, e realmente conseguiram.

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Duas surpresas aconteceram no decorrer dessa atividade: a primeira foi o

pedido dos alunos para após a avaliação dos dicionários, que estes fossem

entregues para amigos da própria sala ou de salas vizinhas como uma

recordação. A outra foi o desafio de participar de uma Feira de Ciências, para

mostrar o trabalho dos alunos, no caso a exposição dos dicionários, e também

levar os visitantes da Feira a conhecer como eles perceberam que usam a língua

inglesa no cotidiano, e a importância de conhecer o idioma. Os alunos receberam

os visitantes em língua estrangeira, serviram “hot dog”, mostraram os dicionários,

decoraram toda a sala com palavras em inglês do uso diário, entregaram

lembranças, participaram ativamente.

Unidade 2 – Drugs, I’m out!

Infelizmente convivemos com a triste realidade das drogas no dia-a-dia

escolar, e esse tema foi escolhido pelos alunos. Para dar início a esta unidade, os

alunos assistiram a três vídeos curtos em LEM, que discorriam sobre o tema das

drogas, mostrando por exemplo que a vida para quem usa drogas é mais curta,

estes vídeos desencadearam reflexões, debates, e roda de conversas, onde eles

puderam expor opiniões, e até fazer desabafos, também foram orientados não

somente pelo professor, como também pelos próprios colegas.

Após os vídeos, os alunos interpretaram uma narrativa em LEM, criada

pela professora sobre um ex-viciado, logo após, fizeram comentários sobre o que

entenderam e opinaram sobre o assunto. Encerradas as atividades de

interpretação sobre a narrativa os alunos tiveram a oportunidade de assistir ao

filme “profissão de Risco” que é uma narrativa em LEM, na qual mostra a história

real de um traficante de drogas, onde é enfatizado, as terríveis conseqüências

tanto de quem usa, como de quem vende drogas. Este filme foi escolhido por

trazer uma mensagem muito forte mostrando os malefícios das drogas. Essa

atividade foi desenvolvida no contra turno, com direito a pipoca, suco, em um

ambiente agradável e descontraído. O filme abordou inúmeras situações que

foram discutidas em sala de aula. Após o debate, os alunos também foram

encorajados a escrever uma narrativa em LEM sobre drogas, porém muitos

sentiram dificuldades, então a atividade foi adaptada, e os alunos escreveram

tudo o que sabiam sobre eles, se apresentaram, escreveram o que gostavam, não

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gostavam, o que faziam ou não regularmente, e terminavam com uma frase

mostrando repúdio ao uso de drogas. E para encerrar esta unidade, foi

apresentada para a escola uma exposição de murais que os alunos fizeram em

equipe, usando frases em LEM, manchetes de revistas, jornais, imagens,

alertando, aconselhando, levando os colegas a refletirem, e até mudarem de

atitude diante deste mal.

Unidade 3 – Let’s play Learning English!

Diversão traz descontração, alegria, e pode favorecer no processo de

aprendizagem. Os alunos pediram e sugeriram que atividades como gincanas,

brincadeiras ao ar livre, atividades diferentes fizessem parte das aulas, sendo que

o propósito da criação dessas atividades no ensino foi o de atender aos anseios

manifestos pelos alunos durante o preenchimento dos questionários aplicados no

início do projeto. Muitos alunos manifestaram em suas respostas os seguintes

posicionamentos:

“As aulas devem ser mais divertidas!” “Gostaria que às vezes, as aulas fossem fora da sala da aula, com brincadeiras.” “Aulas mais divertidas e legais, assim é mais fácil aprender inglês!” “Gostaria de aprender de forma diferente!” “Aprender brincando!” “Gincanas, jogos, maratonas, etc.” (Opiniões providas pelos alunos, por meio do questionário inicial. Fonte: a autora, 2012).

É claro que o ensino de idiomas não é apenas para diversão, porém

podemos lançar mão dessas atividades diferenciadas no ensino, visto que elas

fazem parte dos anseios dos alunos como uma ferramenta para atingir um grau

de aprendizagem positivo e de forma agradável.

Ao final da implementação pedagógica, os alunos fizeram uma avaliação

do projeto, pois eu queria ter um colher um posicionamento dos alunos, como

sujeitos principais de toda ação pedagógica, após a implantação do projeto.

Abaixo apresento uma compilação dos comentários, críticas e sugestões dos

alunos envolvidos no projeto:

“Amei fazer o trabalho sobre as drogas, e sobre o dicionário!” Gostaria de ter mais diversões e mais projetos. Assim tenho mais vontade de vir para escola!”

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“Eu gostei muito das aulas de inglês, principalmente do trabalho sobre as drogas, do filme, não quero que mude nada, quero que seja igual a este ano.” “Tudo foi fácil de aprender e divertido!” “Eu gostei de fazer o dicionário porque eu pude escrever coisas que eu sei.” “Eu quero mais aulas fora da sala e mais aulas de inglês!” “Foi legal, me motivou bastante!” “Com aulas legais nós aprendemos mais!” “Fazer o dicionário de inglês para a feira de ciências foi o máximo “Gostaria de ter mais aulas de inglês com bingo, brincadeiras, etc.” (Opiniões providas pelos alunos, por meio do questionário final. Fonte: a autora, 2012).

Acredito que aproximadamente 80% alunos participaram de todas as

atividades de forma além do esperado, visto que em todos os momentos eles

superaram as expectativas, inclusive melhorando o comportamento em sala de

aula. Também percebi que muitos alunos começaram a se destacar com sua

participação, a partir do momento em que foram se sentindo à vontade com as

atividades e com o sucesso de suas tarefas compridas.

Outro fator que foi marcante para o desenvolvimento desse projeto foi a

participação dos professores da rede pública de ensino do Estado do Paraná, no

Grupo de Trabalho em Rede ou GTR. Durante três meses, quinze extraordinárias

professoras de inglês e espanhol de diferentes cidades estiveram comigo

trocando experiências, ajudando com dicas e orientações. Pude ter o privilégio de

ter quinze profissionais do ensino de idiomas como companheiras, atentas a cada

passo da implementação, colaborando com sugestões, perguntas, comentários, e

muito apoio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho veio como resposta, em primeiro lugar, às minhas

indagações como professora de LEM, pois tive a oportunidade de refletir e me

tornar uma pesquisadora da minha própria prática pedagógica, percebendo

muitas falhas, mas também acertos. Conhecer a teoria me fez poder compreender

melhor a forma de ensinar e aprender, estar aberta para mudanças, para a

aprendizagem e uso de novas tecnologias para facilitar o ensino, e principalmente

descobrir mais formas de tornar o ensino ainda mais encantador, obtendo

melhores resultados de aprendizagem.

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Todas as atividades desenvolvidas foram baseadas em sugestões dos

próprios alunos, como já foi mencionado anteriormente. São atividades simples,

que podem ser aplicadas, adaptadas, conforme a realidade de cada um. Cabe

salientar que mesmo durante a aplicação do projeto, muitas adaptações foram

feitas, pois lidamos com pessoas, que possuem vontades, às vezes estão tristes,

possuem problemas, diferenças, dificuldades, portanto, nessa hora, ou seja, na

hora da aula, é impossível ter uma receita pronta, tratando todos iguais quando

eles são diferentes, e eu acredito que estas diferenças é que tornam nossas aulas

desafiadoras, encantadoras, inesquecíveis!

REFERÊNCIAS

SEED. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Estrangeira Moderna . Paraná, 2008.

BROWN, H. D. Teaching by Principles: and interactive approach to language pedagogy . 2ed. San Francisco: State University, 2001.

___________. Principles of Language Learning and Teaching . 4ed. U.S.A: Pearson Education U.S.A, 2000.

KUMARAVADIVELU, B. The Postmethod Condition: (E)merging strategies for second/foreign language teaching. In: TESOL Quarterly . Vol. 28, p.27-48,1994.

KUMARAVADIVELU Methods: Changing Tracks, Challenging Trends. In: TESOL Quarterly . Vol. 40, No.1, 2006.

Prabhu, N. S. There is no best method – why? TESOL Quarterly , Vol. 24, No.2 (SUMMER,1990), p.161-176.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à práti ca educativa. São Paulo: Paz e Terra, 15º Ed., 1996.

KRASHEN, Stephen D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. U.S.A, 2009. Disponível em http://www.sdkrashen.com/Principles_and_Practice/index.html. Acesso em set 2010.

Vídeo “Pé na rua.” Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=AbOcsfl5Bks&NR=1. Acesso em 20 de julho de 2011.

Vídeos curtos: http://www.youtube.com/watch?v=ioiiiemPK7A&feature=related> acesso em 25 de junho de 2011.

http://www.youtube.com/watch?v=ZpvCSCDTKHA&feature=related> acesso em 25 de junho de 2011.

http://www.youtube.com/watch?v=hDZPdhShzgw> acesso em 25 de junho de 2011.

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