faÇa com que eles gostem! refletindo e pesquisando … · 2014. 4. 22. · a dia com os alunos,...
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FAÇA COM QUE ELES GOSTEM! REFLETINDO E PESQUISANDO SOBRE A PRÓPRIA PRÁTICA.
Adinei Corrêa Pires Frizzo1
RESUMO
Este artigo é o resultado de um projeto desenvolvido através do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE, por meio do qual foi pesquisada a aprendizagem prazerosa da Língua Estrangeira Moderna versus fatores geradores de desinteresse. Busquei neste trabalho as formas de pesquisa etnográfica e de pesquisa ação; a primeira por estar em contato direto vivendo dia a dia com os alunos, sujeitos do estudo, e o segundo por criar propostas de atividades, almejando mudanças significativas no processo de aprendizagem. Para realização desse projeto tive como base os estudos de Kumaravadivelu (1994), não centrando o ensino na escolha de um ou mais métodos, mas buscando conhecer novas metodologias e também valorizando e teorizando a própria prática. Outro autor estudado foi Brown (2000-2001), ressaltando a importância de alguns fatores da valorização humana, como por exemplo a afetividade, auto-estima, ansiedade, entre outros, que influenciam grandemente no processo de aquisição de um novo idioma. O projeto foi desenvolvido em duas turmas de 7º série, tendo atividades, temas e propostas escolhidos pelos próprios alunos, antes da realização do projeto e durante o processo de implementação, conforme a necessidade real dos mesmos.
Palavras-Chave: ensino de LEM, prazer, criticidade, realidade, motivação.
ABSTRACT
This article is the result of a project developed by the Educational Development Program PDE, which was researched the enjoyable learning of Modern Foreign Language versus factors that cause lack of interest. I Sought in this paper forms of ethnographic research and Action Research, first to be in direct contact with the daily life of the students, and second to create proposals for activities, aiming to significant changes in the learning process. For achievement of this project I have been based on the studies of Kumaravadivelu (1994) not focusing on the teaching on the choice of one or more methods, but getting to know new methodologies and also adding value to the own practice and theorizing it. Another author who has been studied is Brown (2000-2001), highlighting the importance of some factors of human enhancement, such as affection, self esteem, anxiety, among others, which greatly influence the process of acquiring a new language. The project was developed in two groups of 7th grade, with the activities, issues and proposals chosen by the students themselves, prior to and during the project implementation process as the real need of the students. Key words : teaching of LEM, pleasure, criticality, reality, motivation.
1 Adinei Corrêa Pires Frizzo. Formada em Letras Português –Inglês (1994) pela Universidade Vale do Rio
Doce- MG. Especializada em Língua Inglesa. Professora de LEM no Colégio Zilah dos Santos Batista, Ensino
Fundamental e Médio. Professora PDE 2010. E-mail: [email protected].
INTRODUÇÃO
Desde que comecei a lecionar, algumas perguntas e desejos invadiam
minha mente o tempo todo: Como fazer com que os alunos aprendessem o
idioma que estava ensinando e gostassem do que estavam aprendendo? Como
as aulas poderiam ser significativas e marcantes? É possível que isso seja uma
realidade? Mas como alcançar tudo isto? Acreditava que deveria existir alguma
maneira, um método perfeito, e então comecei minha busca por algo que já
estivesse pronto, acabado, que eu apenas aplicasse e colhesse os resultados que
tanto almejava. Porém, dia-a-dia se confirmava o que eu temia: que essa fórmula
mágica, ninguém tinha inventado ainda! Não encontrava técnicas, métodos, ou
estratégias de outros, que me orientassem no ensino de LEM em meio a
problemas da realidade dos meus alunos, e também em meio a outros fatores que
infelizmente são comuns no cotidiano escolar, como falta de interesse, muitas
vezes advindos de questões sociais não resolvidas como pobreza, violência,
drogas, falta de estrutura familiar, etc. Mas percebia que o que os alunos pediam,
gostavam, ou seja, o que tinha significado para eles, bem como nos momentos
em que fluía a aprendizagem, eram os momentos em que eu fugia dos métodos
tradicionais, fugia das unidades didáticas dos livros.
As particularidades dos alunos, as realidades em que vivem, suas
dificuldades, diferenças, sonhos, fazem nascer um método apropriado, com
técnicas e estratégias específicas que facilitam sua aprendizagem. Realmente,
lidar com todas essas questões não é um processo tão fácil assim, uma vez que
ainda se soma o agravante do número exagerado de alunos em sala e da
pequena quantidade de aulas previstas pela grade curricular, como também
interfere a falta de tempo para pesquisa, criação e preparo de materiais e aulas,
sem dúvida torna-se árduo alcançar um bom nível de aprendizado e de forma
agradável.
Dentro dessa realidade é que trabalhamos, e mesmo em meio às
dificuldades cotidianas, não há como desistir, mas seguir em frente e através da
prática diária e ouvindo sempre os alunos, deixando-os participar do processo da
sua própria aprendizagem, começo a ver nascer metodologias inovadoras,
criadas de acordo com a realidade e necessidade advindas do contexto efetivo do
universo escolar e das práticas e experiências nele vivenciadas. É óbvio salientar
que nesta caminhada, há acertos e erros, alegrias e frustrações, mas, apesar dos
pontos negativos, ainda prefiro atuar com o real, o que desperta o interesse dos
alunos, pois dessa maneira os pontos positivos são mais destacados, e a
aprendizagem tem fluído com mais eficácia, sendo que os alunos estão
envolvidos e são participantes da aprendizagem e não apenas expectadores e
receptores de conteúdos.
Partindo deste princípio, tenho buscado ouvi-los com frequência, valorizar
suas ideias, sugestões, em um trabalho conjunto vislumbrando novas
possibilidades, despertando o desejo por expectativas que até então estavam
esquecidas, e também cativando-os, por meio da afetividade e de outros fatores
de valorização humana, que além de serem importantes para qualquer um de nós
como pessoa, sem dúvida também contribuem e facilitam o processo de ensino e
aprendizagem de LEM.
REFERENCIAL TEÓRICO
O estudo de idiomas é, sem dúvida, de fundamental importância para
qualquer pessoa, em qualquer área, em todos os momentos. É correto afirmar
que alguém que domina mais de um idioma tem a chance de conseguir melhores
conquistas no mercado de trabalho, nos estudos, na comunicação em geral,
podendo entender melhor o mundo e consequentemente expressar suas idéias,
necessidades, vontades, etc. A partir de então, a busca pelo aprendizado de
novas línguas sempre foi alvo de muitos. Para os professores, a procura do
conhecimento de métodos diferentes, inovadores, os constantes estudos para
entender o mecanismo da aquisição da linguagem para facilitar o aprendizado e
ter sucesso nas suas aulas, tem sido, incansavelmente, o foco de pesquisa e
estudos de muitos mestres que almejam um ensino de qualidade. De acordo com
Prabhu (1990, p.172) “não há um melhor método e o que realmente importa é a
necessidade do professor em lidar com alguns conceitos pessoais de como seu
ensino leva ao desejo de aprender.” Como educadores, devemos estar
informados sobre todas as possibilidades disponíveis para aperfeiçoar a
aprendizagem dos alunos. Por termos diferentes realidades com muitos alunos, é
necessário sempre questionar: “Por que estou fazendo esta ou aquela atividade”?
Podemos fazer tudo para ajudar o aprendizado dos alunos, desde que saibamos
o porquê de estarmos fazendo nossas práticas pedagógicas.
Segundo Prabhu (1990, p. 174) “O inimigo de um bom ensino não é um
mau método, mas o exagero da rotina.” “Estar aberto para mudanças”. Realmente
sabemos que essas citações são reais na nossa prática pedagógica, e que se
cairmos no marasmo da “mesmice”, estamos sujeitos ao fracasso.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica LEM do
Paraná (2008), devemos buscar não somente ensinar a língua estrangeira alvo,
mas também despertar em nossos alunos a criticidade e o conhecimento da
diversidade cultural. Com o passar do tempo, muitos métodos de ensino foram
estudados e colocados em prática, bem como vários materiais didáticos
desenvolvidos para facilitar o ensino de línguas. Porém, os professores enfrentam
realidades diversas, nas quais se torna praticamente inviável adotar este ou
aquele método como único e ideal, pois a cada dia enfrentamos novas situações,
que tornam nosso trabalho cada vez mais desafiador. Porém, os desafios nos
instigam a avançar, a conquistar, a descobrir novas maneiras. Ensinar crianças e
adolescentes nos dias atuais chega a ser uma grande aventura, mas, de fato,
torná-los participantes dessa aventura pode ser a resposta que muitas vezes
procuramos. Isto pode motivá-los, pode tornar a nova língua que está sendo
adquirida prazerosa de aprender.
Quando se fala em motivação, sabe-se que esta é imprescindível para a
aprendizagem de uma língua estrangeira. A motivação extrínseca e a intrínseca
também são citadas por Brown (2000), que podem de formas diversas contribuir
para a aprendizagem. A motivação extrínseca conduz muitos a aprender um novo
idioma com objetivos externos diversos, como ganhar prêmios, dinheiro, passar
em provas ou exames de proficiência, aprimorar currículo, entre outros. Já a
motivação intrínseca está no próprio aluno, segundo Brown (2000, p.77),
Se é dado aos alunos na sala de aula a oportunidade de “fazer” da linguagem sua própria razão pessoal de alcançar competência e autonomia, esses alunos terão melhores chances de sucesso do que se
eles se tornarem dependentes de premiações externas para sua motivação. (Tradução nossa)
Sentir prazer no que está aprendendo, sem dúvida levará o aluno a ir
além do que está sendo ensinado, fará com que ele busque ainda mais
conhecimento, a aula será o elemento motivador para apontar o caminho que ele
mesmo irá trilhar. Mas, para tanto, sua participação, envolvimento, mostrando seu
desempenho por meios diversos, que os próprios alunos podem ajudar a indicar,
pois são detentores de muitos conhecimentos prévios, tecnológicos, e de
experiências que se forem valorizadas e utilizadas nas aulas podem despertar
neles estímulo, valorização da sua auto-estima e consequentemente motivação
em aprender. Segundo Paulo Freire (1996, p.34) “Por que não estabelecer uma
necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a
experiência social que eles tem como indivíduos?” Percebe-se assim que, quando
somos envolvidos, ouvidos, e valorizados, naturalmente teremos mais facilidade,
vontade de continuar a conhecer, descobrir o que está por vir, isto não foge a
regra dos alunos, pois desta forma parece ser bem mais interessante do que
apenas ser um recebedor de informações, fato que o tornará motivado apenas
extrinsecamente, fazendo-o apenas um caçador de notas, sem aquisição de
aprendizagem significativa.
Brown (2000, p.142-143) também considera fatores específicos da
personalidade humana, e como eles estão relacionados com a aquisição de um
segundo idioma, tais como auto-estima, inibição, tomada de riscos, ansiedade,
motivação, empatia, extroversão, introversão. Para ele, o domínio afetivo é difícil
de descrever cientificamente, porém, um estudo cuidadoso e sistemático do papel
da personalidade na aquisição de uma segunda língua já tem levado a uma
melhor compreensão do processo de aprendizagem da linguagem e ao
aprimoramento do ensino.
Para o autor, a ação pedagógica atrelada à compreensão afetiva pode
ajudar a se obter uma aprendizagem mais efetiva. Professores podem influenciar
positivamente, tanto na aprendizagem da língua quanto no bem-estar emocional,
quando é dada atenção e é trabalhada a auto-estima do aluno.
Outro fator de extrema importância é o cuidado com a inibição Segundo
Brown, aqueles que tem baixa auto-estima mantêm um muro de inibição para se
proteger, não conseguindo se expor muitas vezes por medo de cometer erros.
Nesse caso, quando o aluno não se dispõe a falar, a não ser que esteja
totalmente seguro de que está correto, nunca irá se comunicar efetivamente.
Para Brown (2000), qualquer um que aprenda uma língua estrangeira
precisa estar ciente de que durante a aprendizagem da língua os erros fazem
parte do processo. Desenvolver segurança ao lidar com questões difíceis, sentir
que são capazes de praticar o novo idioma, podem levar o aluno a assumir riscos
de ousar usar a língua em qualquer situação, mesmo cometendo erros. Enfim, ter
um bom e amplo entendimento do domínio afetivo, durante o processo de
aprendizagem da língua estrangeira pode ser um desafio; porém, o cuidado e a
valorização dos aspectos afetivos podem contribuir significativamente no ensino
aprendizagem, ajudando os alunos a superarem dificuldades, estimulando
sentimentos que facilitarão a aquisição do novo idioma. Para Brown (2000, p.
168), cabe aos professores e pesquisadores continuarem a identificar fatores da
personalidade que são significantes para o conhecimento de uma segunda língua,
e continuar a descobrir meios efetivos para incluir estas descobertas na prática
pedagógica.
O ensino de línguas é de fato ativo e não estático, podendo variar e ser
adaptado de acordo com a realidade e necessidade dos alunos. Portanto, não
cabe a este ser engessado a uma única maneira, método ou estratégia de ensino,
ditado por outros que escrevem sem vivenciar as necessidades de cada região,
sem levar em consideração as especificidades locais e até pessoais que são
observadas, avaliadas e valorizadas pelos professores em suas salas de aula.
Nessa perspectiva, Kumaravadivelu (1994) estabeleceu o que é chamado
de Pós-Método Para ele, em termos práticos, o pós-método capacita os
professores a gerar uma aula orientada para práticas inovadoras. Significa a
autonomia do professor, reconhece o potencial do professor não somente para o
ensino, mas também promove a habilidade do professor em desenvolver uma
abordagem reflexiva, analisando e avaliando sua própria prática. Na verdade, o
professor, quando passa a refletir sobre sua atuação diária, certamente se
apoiará em embasamentos teóricos que o ajudarão a compreender sua ação de
ensino, identifique falhas, acertos, aprimore suas atividades alcançando um nível
cada vez mais satisfatório de aprendizagem efetiva. Ou seja, essa liberdade para
agir não significa fazer qualquer atividade por fazer, sem base teórica. Mas, ao
contrário, mostra um professor pesquisador de sua própria prática, autocrítico e
seguro do que faz, desenvolvendo sua ação pedagógica de acordo com as
necessidades e interesses locais, gerando desta maneira um ensino eficaz,
eficiente e também prazeroso.
IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA
O envolvimento dos alunos no processo de aprendizagem fez parte da
implementação do projeto objeto deste artigo antes mesmo da sua aplicação,
quando os próprios alunos puderam expor suas sugestões, críticas, intenções e
expectativas com relação às aulas de língua estrangeira moderna. A conversa
com os sujeitos da ação foi fundamental para o desenvolvimento do projeto, uma
vez que o próprio tema em estudo focaliza, o interesse dos alunos em aprender
com mais facilidade aquilo que lhes é relevante, e de maneira agradável.
Alunos da 7º série, hoje denominado 8º ano, conversaram sobre o dia-a-
dia das aulas de inglês e responderam a um questionário que objetivava fazer um
levantamento sobre o que os alunos gostavam nas aulas de LEM, tipos de
atividades que eles se sentiam motivados a participar, e também aquelas que não
despertavam o interesse. O questionário ainda dava a oportunidade para que os
alunos pudessem contribuir com idéias e sugestões. O questionário não
apresentava a necessidade de identificação, para que os alunos pudessem se
sentir completamente tranquilos para a exposição de suas idéias. Foram
aplicados 154 questionários, que traziam as seguintes perguntas:
- Você gosta das aulas de inglês? Sim ( ) Não ( )
- Por quê?
- De que forma as aulas de inglês podem ajudá-lo futuramente?
- Como é que você estuda?
- A sua família participa dos seus estudos? De que forma?
- Quais atividades ou situações que você mais gostou durante as aulas de inglês desde a 5° série?
- No seu ponto de vista como deveriam ser as aulas de inglês?
Após a análise desse rico material, pude pensar e repensar
não somente sobre as atividades para a implementação do projeto, mas também
sobre minha própria prática pedagógica.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica LEM
(Paraná, 2008, p. 62),
Recomenda-se que seja dada, aos alunos, a oportunidade para participar das escolhas das temáticas dos textos, uma vez que um dos objetivos é justamente possibilitar formas de participação que permitam o estabelecimento de relações entre ações individuais e coletivas. Por meio dessa experiência, os alunos poderão compreender a vinculação entre auto interesse e interesse do grupo. Além disso esta iniciativa poderá levar a escolhas de conteúdos mais significativos, porque resultam da participação de todos.
Com vistas a construir as unidades que se constituiriam a base da
implementação do projeto, foram planejadas três unidades tendo como premissa
as contribuições dos alunos. As unidades são as seguintes:
Unidade 1: My Picture Dictionary
Nessa unidade, os alunos tiveram acesso a um vídeo (disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=AbOcsfl5Bks&NR=1), mostrando a importância
do conhecimento da língua inglesa. Por meio das atividade, os alunos foram
descobrindo e valorizando o conhecimento que eles já possuem da língua
estrangeira por meio das aulas, filmes, jogos, produtos que são comprados
diariamente, Internet, entre outros. Um fato muito importante que cabe aqui
destacar foi o uso do projetor multimídia na sala de aula, sendo que para os
alunos o uso dessa tecnologia surtiu um efeito muito positivo. Durante essa
atividade, os alunos ficaram surpresos quando criaram uma lista de vocabulário
em língua inglesa, visto que não tinham conhecimento do vocabulário farto que
possuíam previamente, e isso serviu como um ótimo estímulo para a continuidade
do trabalho. Quando chegou a vez da confecção do Dicionário Ilustrado, a
segunda atividade dessa unidade, eles já estavam se sentindo familiarizados e
seguros para desempenhar a atividade. Mostrar para eles modelos de dicionários
também foi um fator importante, pois muitos se motivaram a fazer melhor do que
foi apresentado, e realmente conseguiram.
Duas surpresas aconteceram no decorrer dessa atividade: a primeira foi o
pedido dos alunos para após a avaliação dos dicionários, que estes fossem
entregues para amigos da própria sala ou de salas vizinhas como uma
recordação. A outra foi o desafio de participar de uma Feira de Ciências, para
mostrar o trabalho dos alunos, no caso a exposição dos dicionários, e também
levar os visitantes da Feira a conhecer como eles perceberam que usam a língua
inglesa no cotidiano, e a importância de conhecer o idioma. Os alunos receberam
os visitantes em língua estrangeira, serviram “hot dog”, mostraram os dicionários,
decoraram toda a sala com palavras em inglês do uso diário, entregaram
lembranças, participaram ativamente.
Unidade 2 – Drugs, I’m out!
Infelizmente convivemos com a triste realidade das drogas no dia-a-dia
escolar, e esse tema foi escolhido pelos alunos. Para dar início a esta unidade, os
alunos assistiram a três vídeos curtos em LEM, que discorriam sobre o tema das
drogas, mostrando por exemplo que a vida para quem usa drogas é mais curta,
estes vídeos desencadearam reflexões, debates, e roda de conversas, onde eles
puderam expor opiniões, e até fazer desabafos, também foram orientados não
somente pelo professor, como também pelos próprios colegas.
Após os vídeos, os alunos interpretaram uma narrativa em LEM, criada
pela professora sobre um ex-viciado, logo após, fizeram comentários sobre o que
entenderam e opinaram sobre o assunto. Encerradas as atividades de
interpretação sobre a narrativa os alunos tiveram a oportunidade de assistir ao
filme “profissão de Risco” que é uma narrativa em LEM, na qual mostra a história
real de um traficante de drogas, onde é enfatizado, as terríveis conseqüências
tanto de quem usa, como de quem vende drogas. Este filme foi escolhido por
trazer uma mensagem muito forte mostrando os malefícios das drogas. Essa
atividade foi desenvolvida no contra turno, com direito a pipoca, suco, em um
ambiente agradável e descontraído. O filme abordou inúmeras situações que
foram discutidas em sala de aula. Após o debate, os alunos também foram
encorajados a escrever uma narrativa em LEM sobre drogas, porém muitos
sentiram dificuldades, então a atividade foi adaptada, e os alunos escreveram
tudo o que sabiam sobre eles, se apresentaram, escreveram o que gostavam, não
gostavam, o que faziam ou não regularmente, e terminavam com uma frase
mostrando repúdio ao uso de drogas. E para encerrar esta unidade, foi
apresentada para a escola uma exposição de murais que os alunos fizeram em
equipe, usando frases em LEM, manchetes de revistas, jornais, imagens,
alertando, aconselhando, levando os colegas a refletirem, e até mudarem de
atitude diante deste mal.
Unidade 3 – Let’s play Learning English!
Diversão traz descontração, alegria, e pode favorecer no processo de
aprendizagem. Os alunos pediram e sugeriram que atividades como gincanas,
brincadeiras ao ar livre, atividades diferentes fizessem parte das aulas, sendo que
o propósito da criação dessas atividades no ensino foi o de atender aos anseios
manifestos pelos alunos durante o preenchimento dos questionários aplicados no
início do projeto. Muitos alunos manifestaram em suas respostas os seguintes
posicionamentos:
“As aulas devem ser mais divertidas!” “Gostaria que às vezes, as aulas fossem fora da sala da aula, com brincadeiras.” “Aulas mais divertidas e legais, assim é mais fácil aprender inglês!” “Gostaria de aprender de forma diferente!” “Aprender brincando!” “Gincanas, jogos, maratonas, etc.” (Opiniões providas pelos alunos, por meio do questionário inicial. Fonte: a autora, 2012).
É claro que o ensino de idiomas não é apenas para diversão, porém
podemos lançar mão dessas atividades diferenciadas no ensino, visto que elas
fazem parte dos anseios dos alunos como uma ferramenta para atingir um grau
de aprendizagem positivo e de forma agradável.
Ao final da implementação pedagógica, os alunos fizeram uma avaliação
do projeto, pois eu queria ter um colher um posicionamento dos alunos, como
sujeitos principais de toda ação pedagógica, após a implantação do projeto.
Abaixo apresento uma compilação dos comentários, críticas e sugestões dos
alunos envolvidos no projeto:
“Amei fazer o trabalho sobre as drogas, e sobre o dicionário!” Gostaria de ter mais diversões e mais projetos. Assim tenho mais vontade de vir para escola!”
“Eu gostei muito das aulas de inglês, principalmente do trabalho sobre as drogas, do filme, não quero que mude nada, quero que seja igual a este ano.” “Tudo foi fácil de aprender e divertido!” “Eu gostei de fazer o dicionário porque eu pude escrever coisas que eu sei.” “Eu quero mais aulas fora da sala e mais aulas de inglês!” “Foi legal, me motivou bastante!” “Com aulas legais nós aprendemos mais!” “Fazer o dicionário de inglês para a feira de ciências foi o máximo “Gostaria de ter mais aulas de inglês com bingo, brincadeiras, etc.” (Opiniões providas pelos alunos, por meio do questionário final. Fonte: a autora, 2012).
Acredito que aproximadamente 80% alunos participaram de todas as
atividades de forma além do esperado, visto que em todos os momentos eles
superaram as expectativas, inclusive melhorando o comportamento em sala de
aula. Também percebi que muitos alunos começaram a se destacar com sua
participação, a partir do momento em que foram se sentindo à vontade com as
atividades e com o sucesso de suas tarefas compridas.
Outro fator que foi marcante para o desenvolvimento desse projeto foi a
participação dos professores da rede pública de ensino do Estado do Paraná, no
Grupo de Trabalho em Rede ou GTR. Durante três meses, quinze extraordinárias
professoras de inglês e espanhol de diferentes cidades estiveram comigo
trocando experiências, ajudando com dicas e orientações. Pude ter o privilégio de
ter quinze profissionais do ensino de idiomas como companheiras, atentas a cada
passo da implementação, colaborando com sugestões, perguntas, comentários, e
muito apoio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho veio como resposta, em primeiro lugar, às minhas
indagações como professora de LEM, pois tive a oportunidade de refletir e me
tornar uma pesquisadora da minha própria prática pedagógica, percebendo
muitas falhas, mas também acertos. Conhecer a teoria me fez poder compreender
melhor a forma de ensinar e aprender, estar aberta para mudanças, para a
aprendizagem e uso de novas tecnologias para facilitar o ensino, e principalmente
descobrir mais formas de tornar o ensino ainda mais encantador, obtendo
melhores resultados de aprendizagem.
Todas as atividades desenvolvidas foram baseadas em sugestões dos
próprios alunos, como já foi mencionado anteriormente. São atividades simples,
que podem ser aplicadas, adaptadas, conforme a realidade de cada um. Cabe
salientar que mesmo durante a aplicação do projeto, muitas adaptações foram
feitas, pois lidamos com pessoas, que possuem vontades, às vezes estão tristes,
possuem problemas, diferenças, dificuldades, portanto, nessa hora, ou seja, na
hora da aula, é impossível ter uma receita pronta, tratando todos iguais quando
eles são diferentes, e eu acredito que estas diferenças é que tornam nossas aulas
desafiadoras, encantadoras, inesquecíveis!
REFERÊNCIAS
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Vídeos curtos: http://www.youtube.com/watch?v=ioiiiemPK7A&feature=related> acesso em 25 de junho de 2011.
http://www.youtube.com/watch?v=ZpvCSCDTKHA&feature=related> acesso em 25 de junho de 2011.
http://www.youtube.com/watch?v=hDZPdhShzgw> acesso em 25 de junho de 2011.