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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO EM ENFERMAGEM FABIANA MARIA DE ALMEIDA JULGAMENTO CLÍNICO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO RISCO DE QUEDAS DE IDOSOS HOSPITALIZADOS CUIABÁ 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

MESTRADO EM ENFERMAGEM

FABIANA MARIA DE ALMEIDA

JULGAMENTO CLÍNICO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE

AVALIAÇÃO DO RISCO DE QUEDAS DE IDOSOS

HOSPITALIZADOS

CUIABÁ

2014

FABIANA MARIA DE ALMEIDA

JULGAMENTO CLÍNICO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE

AVALIAÇÃO DO RISCO DE QUEDAS DE IDOSOS HOSPITALIZADOS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Enfermagem, da

UFMT, como requisito para obtenção do

título de mestre em Enfermagem – Área

de concentração: Enfermagem e o

cuidado à saúde regional.

Orientador(a): Profª Drª Rosemeiry

Capriata de Souza Azevedo.

Cuiabá

2014

Autorizo a reprodução parcial ou total deste trabalho, por meio de qualquer fonte

convencional ou eletrônica, para fins de estudo e de pesquisa, desde que a fonte seja

citada.

Catalogação da publicação do serviço de documentação da Faculdade de Enfermagem da

Universidade Federal de Mato Grosso.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao Criador, que me oportunizou a vida e me permitiu chegar ao final

desta jornada.

À minha família, estímulo maior para todos os meus esforços e conquistas. Em especial, à

minha mãe – minha fortaleza.

Também aos meus avós maternos, Ema e Orestes João Filippin, por uma infância rica em amor

e ternura que, anos mais tarde, estas lembranças tornaram-se principal motivo da minha

preferência pela turma da 3ª idade!

À Profª Solange Pires Salomé de Souza, por me auxiliar em minhas escolhas pessoais,

principalmente pela opção acadêmica.

AGRADECIMENTOS

Meu eterno agradecimento a Deus, nosso criador, pela oportunidade de autoconhecimento, de

evoluir no plano terrestre, germinar novas virtudes em meu coração e, me despir de vaidades e

orgulho durante esta jornada. Muito obrigada por oportunizar a aquisição de novos

conhecimentos e que por meio destes, me faço um ser humano melhor. Nesse sentido, estendo

estes agradecimentos ao meu anjo de guarda, fiel amigo, e a toda espiritualidade amiga que se

fez presente neste período e em todos os anos de minha vida!

Agradeço a minha família! À minha mãe Odete, meu irmão Lairton e minha irmã Taciana,

por me apoiar de muitas maneiras no alcance de todos os meus desejos e na resolução de meus

anseios, desde o dia que sai de casa para estudar até agora. Vocês são a rocha firme em minha

vida. A certeza do amor filial e fraternal. A segurança de um porto seguro.

Minhas palavras são pouco para demonstrar minha gratidão!

Que Deus me permita retribuir tudo o que recebo de vocês!

Minha mãe, minha ‘mamis’, minha grande amiga e companheira. Muito obrigada por ser

minha referência em força e superação, ser minha mãe-mulher de fibra. Minha rocha, minha

fortaleza, minha cúmplice. A você, meu eterno amor e simpatia para vidas e vidas!

Aos meus sobrinhos, Nathália, Erick, Henrique, Benjamin e Arthur, meu carinhoso

agradecimento por deixar a minha vida mais doce, mais cheia de descobertas, carinho e amor.

Vocês me ensinaram que criança no colo é a Paz materializada!

Aos meus primos, Paulo e Sonia, pela presença amiga e solidária nos telefonemas, nas orações

e nas dificuldades enfrentadas! Muito obrigada, meus queridos, mais uma vez!

À todos os meus familiares, que dedicaram atenção e orações, que me trouxeram luz e

abraços!

À minha dinda, Judite Zóia, pelo imenso amor que nutre meu coração!

Um agradecimento especial a família Weis – Odyr, Margani e Bruna – por todos estes anos

de amizade, cumplicidade e acolhimento! Tio Odyr, obrigada por todo carinho, pelas

gentilezas e caronas, pelos deliciosos almoços e ótima companhia! Obrigada por me incluir em

sua vida com o mesmo zelo que tem por suas filhas! Mar, obrigada pelas inúmeras discussões

filosóficas e ouvidos cativos! Bruna, obrigada por ter me aturado tantos dias em sua casa!

Rsrs! É mais que isso...

Aos amigos que me acompanham desde a graduação, no mestrado e queridos vizinhos... muito

obrigada por todo incentivo, pelas boas conversas, pela paciência com minhas oscilações de

humor, pela compreensão de minha ausência e afastamento neste período de mestrado, pelas

risadas e histórias gostosas, pelo apoio nos momentos difíceis.

Dos muitos amigos que cabem em minha vida e nestes agradecimentos, quero destacar

carinhosamente Aurea M. Silva, Mona Lisa R. Carrijo, Valberto Costa, Natália Salomé,

Mariana R. Cardoso, Fernanda M. Azevedo Buse, Eduardo Pretto Freitas, Kelly e Karina

kachniasz, Luana Costa, Maria Eugênia M. Correa, Daniele C. Fecchio e Géssica Ronfim!

Muito obrigada pela mão estendida quando eu mais precisei. Vocês tem me ensinado, ainda

mais, quão grande e valorosa é a amizade. Cabe aqui também agradecer a Elen Petean, Rayssa

B. Arantes e Daniela O. Carmo pelo carinho e atenção durante esse percurso que realizamos

juntas.

Meus mais sinceros agradecimentos a minha orientadora, Profª Rosemeiry Capriata de Souza

Azevedo, por ter me orientado no mestrado, por não ter desistido de mim em momentos

difíceis. Pela generosidade de transmitir seu conhecimento e sua experiência em pesquisa.

Muito obrigada a Profª Annelita Almeida Oliveira Reinners , carinhosamente chamada por

mim de coorientadora. Seu envolvimento foi fundamental para a realização de minha

dissertação e no meu desenvolvimento pessoal como futura docente. Muito obrigada por cada

discussão teórica e pelos horários e locais diferenciados de trabalho!

Meiry e Anne, obrigada por todas as lições que aprendi com vocês. Lições de vida, de ensino e

de pesquisa. Coisas que levo para toda minha vida! Muito obrigada pelos espinhos e pelas

flores que inteligentemente colocaram em meu caminho! Hoje sou muito melhor do que

quando ingressei no programa de Mestrado e a todo esse crescimento é creditado a vocês!

Muito, muito, muito, muito obrigada!

Meus agradecimentos aos colegas de mestrado pelas ricas discussões em sala de aula, pelos

desabafos e trocas, pelas novas amizades que fiz! Meu abraço carinhoso a Isabele Torquato,

Leonara Gunther e Maria Claudia Bispo. Que satisfação tê-las conhecido e partilhado

diferentes experiências neste caminhar! Nesse sentido, estendo carinhoso e já saudoso

agradecimento às minhas companheiras de grupo de pesquisa (GEEPI), Camila Recanello,

Hellen Cristina de A. Abreu e Debora Regina O. Moura Abreu.

Também agradeço a todas as professoras das disciplinas cursadas, pela dedicação e

contribuições generosas em minha formação!

Não poderia deixar de mencionar minha gratidão a equipe de trabalho da Secretária da

Faculdade de Enfermagem (FAEn) e da Secretaria do Programa de Mestrado. Em especial ao

Rodrigo Santiago e a Patrícia de M. M. e Souza Santana, pela atenção, paciência e disposição

em ajudar!!

Às professoras que participaram do meu Exame de qualificação e Defesa da dissertação -

Profª Drª Rosa Bottosso, Profª Mara Regina Ribeiro e Profª Drª Diná de Almeida Lopes

Monteiro da Cruz, pelas valiosas contribuições!!!

À CAPES, pelo apoio financiamento.

Aos meus queridos velhinhos (sem qualquer estigma com a palavra). Feliz motivação para este

estudo!

Por fim, meu agradecimento mais que especial à pessoa que me impulsionou a chegar até aqui

e hoje receber o Título de Mestre em Enfermagem – minha querida profª Solange Pires Salomé

de Souza!

Ainda na graduação já me imaginava um dia escrevendo estas palavras e dedicando este

trabalho a você. Nossa convivência durante minha graduação foi um presente de Deus para

mim, pois nela você, como excepcional educadora, me propôs voos altos e me garantiu ‘plainar’

para ter alguma experiência de como era voar. Três anos como sua PIBIC e um TCC que

escolhi a dedo tudo o que desejei pesquisar. Que oportunidade, quanto crescimento! De

menina simples e cheia de sonhos, aprendi contigo a fazer planos e torna-los reais. Foi assim,

por meio deste olhar amigo, que optei pela carreira acadêmica.

Muito obrigada pela paciência, dedicação e carinho em todos estes anos! Por ter inclusive

cuidado de minha saúde na ausência de minha família.

Quero dizer que todos os dias que me acolheu e me ensinou com alegria e bom humor seja no

campo de estágio, em sua casa, nos plantões na pediatria ou nas vésperas dos meus prazos

valeram a pena! Eu aprendi muito contigo, talvez não tenha a dimensão do quanto... Tudo isso

reflete sobre minhas escolhas como docente recém-chegada ao meio... É maravilhoso ter

aprendido por meio do bom exemplo, de boas práticas, com ternura e ética. É... eu aprendi

muito sobre moral e ética profissional nos seus plantões, no dia-a-dia, em nossas reuniões. O

que hoje me possibilita dizer que me sinto pronta para a docência e a voos mais altos! Muito

obrigada!

Enfim, meu sincero agradecimento a todos, citados aqui e outros mais em meu pensamento,

que contribuíram para meu progresso pessoal!

“Quem é rico em sonhos não envelhece nunca. Pode até ser que morra de repente.

Mas morrerá em pleno voo...”.

(Rubem Alves)

RESUMO

ALMEIDA, F. Julgamento clínico do enfermeiro no processo de avaliação do risco de

quedas de idosos, 2014. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Curso de Pós-Graduação

em Enfermagem, UFMT, Cuiabá. 90p.

Este trabalho teve por objetivo descrever o julgamento clínico realizado pelo enfermeiro no

processo de avaliação do risco de quedas de idosos durante o período de internação. Trata-se

de estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa desenvolvido em hospitais do

município de Cuiabá-MT conveniados ao Sistema Único de Saúde. Fizeram parte da pesquisa

18 enfermeiros lotados nas clinicas médicas e cirúrgicas de três hospitais. Os dados foram

coletados no período de abril a agosto de 2013, por meio de entrevista semiestruturada. A

análise dos dados foi realizada por meio da análise de conteúdo, especificamente, a análise

temática de Bardin (2010), com base no modelo de julgamento clínico proposto por Tanner

(2006). Os relatos dos participantes revelam que a coleta de dados é mais frequente na

admissão do paciente. Eles utilizam conversas e observação como formas de coletar dados,

sem o uso de instrumentos ou roteiros. A etapa de reconhecimento do julgamento clínico tem

início no primeiro contato dos enfermeiros com os pacientes na admissão, na passagem de

plantão e/ou nas visitas. Na fase de análise e interpretação dos dados, os enfermeiros

identificam indícios para o risco de quedas dos pacientes, fazem inferências e emitem parecer.

Não foi possível identificar a validação das inferências, nem reconhecer os padrões de

raciocínio intuitivo e narrativo da etapa de interpretação do julgamento clínico. Concluiu-se

que o julgamento clínico para avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados é

incompleto e limitado, podendo gerar pareceres inconsistentes e imprecisos. Isso porque o

processo de avaliação é realizado de maneira superficial, assistemática, não focalizada, sem a

utilização de instrumentos específicos e do pouco conhecimento científico agregado ao

conhecimento adquirido na prática dos participantes.

Palavras–chaves: Acidentes por queda. Saúde do idoso. Hospitais. Julgamento.

RESUMEN

ALMEIDA, F. El juicio clínico del enfermero en el proceso de evaluación el riesgo de caídas

en ancianos, 2014. Tesis (Maestría en Enfermería) -. Curso de Postgrado en Enfermería,

UFMT, Cuiabá. 90p.

Este estudio tuvo como objetivo describir el juicio clínico realizado por el enfermero en el

proceso de evaluar el riesgo de caídas en ancianos durante el periodo de hospitalización. Se

trata de un estudio exploratorio, descriptivo, de enfoque cualitativo desarrollado en los

hospitales en la ciudad de Cuiabá-MT conveniados al Sistema Único de Salud. Hicieron parte

de la entrevista 18 enfermeras que trabajan en las clínicas médicas y quirúrgicas de tres

hospitales. Los datos fueron recogidos entre abril y agosto de 2013, a través de entrevista

semi-estructurada. El análisis de datos se realizó por medio de análisis de contenido,

específicamente, el análisis temático de Bardin (2010), basado en el modelo de juicio clínico

propuesto por Tanner (2006). Los relatos de los participantes muestran que la recogida de

datos es más frecuente durante el ingreso del paciente. Ellos utilizaron conversaciones y la

observación como instrumentos de recogida de datos, sin el uso de herramientas o scripts. La

etapa de reconocimiento del juicio clínico se inicia en el primer contacto de los enfermeros en

el momento de ingreso del paciente, en el cambio de turno y/o visitas. En la etapa de análisis e

interpretación de los datos, los enfermeros identifican evidencias sobre el riesgo de caídas de

los pacientes, hacen inferencias y emiten el parecer. No fue posible identificar a la validación

de las inferencias, ni reconocer los patrones de raciocinio intuitivo y narrativo de la etapa de

interpretación del juicio clínico. Se concluyó que el juicio clínico para evaluar el riesgo de

caídas en ancianos hospitalizados es incompleto y limitado, pues puede producir opiniones

inconsistentes e inexactas. Esto porque el proceso de evaluación es realizado de manera

superficial, asistemática, no focalizada, sin la utilización de instrumentos específicos y el poco

conocimiento científico añadido a los conocimientos adquiridos en la práctica de los

participantes.

Palabras clave: caída accidental. Salud de las personas mayores. Hospitales. Juicio.

ABSTRACT

ALMEIDA, F. Clinical judgment of the nurse in the assessing process on the risks of

elderly falls, 2014. Dissertation (Nursing Master degree) – Post-Graduation Course in

Nursing, UFMT, Cuiabá. 90p.

This study aimed to describe the clinical judgment of the nurses in the assessing process on

the risk of falls in elderly patients during hospitalization. It is an exploratory, descriptive, of

qualitative approach developed in hospitals in the municipality of Cuiabá-MT under the

Unified Health System. The participants were 18 nurses in medical and surgical clinics of

three hospitals. The data were collected between April-August 2013, through semi-structured

interview. The data analysis was performed by content analysis, specifically the thematic

analysis of Bardin (2010), based on the clinical judgment model proposed by Tanner (2006).

The participants show that data collection is more frequent in the patient hospitalization. They

use conversations and observation as a way to collect the data, without the use of tools or

guides. The recognition step of the clinical judgment begins at the first contact of nurses with

patients being hispoitalized, during shift change and/or visits. At the stage of analysis and data

interpretation, nurses identify evidence for the risk of falls among patients, make inferences

and give an opinion. It was unable to identify the validation of inferences or to recognize the

patterns of intuitive reasoning and narrative interpretation of the clinical judgment stage. It

was concluded that the clinical judgment to assess the risk of falls in elderly hospitalized is

incomplete and limited, producing inconsistent and inaccurate opinions. This is because the

assessment process is carried out systematically and superficially, not focused, without the

use of specific instruments and little scientific knowledge to the acquired knowledge in the

participants practice.

Keywords: Accidents falls. Elderly health. Hospitals. Judgment.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Modelo do Julgamento Clínico............................................................ 27

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AVD Atividades de Vida Diária

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

DATASUS Banco de Dados do Sistema Único de Saúde

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICN International Council Of Nurses

ILPI Instituição de Longa Permanência para idosos

JC Julgamento clínico

OMS Organização Mundial de Saúde

SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem

SUS Sistema Único de Saúde

WHO World Health Organization

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 18

2 OBJETIVO ................................................................................................................... 24

3 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 25

3.1 O Julgamento clínico na Enfermagem ............................................................... 25

3.1.1 Etapas do Julgamento clínico ......................................................................... 25

3.1.2 Fatores que influenciam o Julgamento clínico .............................................. 27

3.2 O processo de avaliação na enfermagem ............................................................ 28

3.2.1 Coleta de dados ................................................................................................. 29

3.2.2 Análise e Interpretação dos dados colhidos ................................................... 30

3.3 Avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados ...................................... 31

3.3.1 Fatores intrínsecos ............................................................................................ 33

3.3.2 Fatores extrínsecos ........................................................................................... 35

4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 36

4.1 Tipo do estudo ........................................................................................................ 36

4.2 Local do estudo ...................................................................................................... 36

4.3 Participantes do estudo ......................................................................................... 36

4.4 Instrumentos de trabalho e teste piloto ............................................................... 37

4.5 Entrada em campo e coleta de dados ................................................................... 37

4.6 Organização e análise dos dados .......................................................................... 37

4.7 Aspectos éticos ....................................................................................................... 38

5 RESULTADOS............................................................................................................. 39

5.1 Caracterização dos participantes da pesquisa .................................................... 39

5.2 O processo de avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados .............. 39

5.2.1 A fase de coleta de dados .................................................................................. 39

5.2.2 A fase de análise e interpretação de dados ..................................................... 47

6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 51

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 53

ANEXOS 61

ANEXO A – Termo de aprovação no Comitê de Ética....................................... 62

APÊNDICES ................................................................................................................ 65

APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados................................................ 66

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................... 67

APÊNDICE C – Agrupamento 1 ......................................................................... 68

APÊNDICE D – Agrupamento 2 ......................................................................... 77

APÊNDICE E – Agrupamento 3 .......................................................................... 83

APÊNDICE F- Agrupamento 4 ............................................................................ 84

18

1. INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a população idosa está entre o

grupo etário de maior crescimento no mundo (WHO, 2011). A estimativa é de que em 2025

haja 1,2 bilhões de indivíduos com 60 anos e mais, e aproximadamente dois bilhões em 2050,

80% deste contingente vivendo em países emergentes (BRASIL, 2010).

No Brasil, atualmente, existem 20,6 milhões de idosos, o que representa 10,8% da

população brasileira. Em Mato Grosso e Cuiabá esse percentual atinge, respectivamente, 7,9%

e 8,1% de idosos da população geral (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA, 2010). Projeções estatísticas mostram que o país terá cerca de 38 milhões de

pessoas com 60 anos ou mais até 2050, ocupando o sexto lugar entre os países com maior

contingente de idosos (BRASIL, 2010).

O envelhecimento acarreta no indivíduo inúmeras mudanças fisiológicas,

morfológicas e psicoemocionais que necessariamente não implicam que a pessoa seja doente

ou incapaz. Há idosos que, mesmo com idade avançada ou com enfermidade subjacente,

preservam sua qualidade de vida e saúde. Entretanto, há uma parcela dessa população com

maior vulnerabilidade, podendo ser acometida por doenças crônicas e outros agravos

debilitantes.

Entre esses agravos, as causas externas (acidentes e violências) tem sido motivo de

preocupação para a sociedade e governos, pela sua incidência cada vez mais crescente. A

OMS aponta que a queda está entre as quinze principais causas de morte de idosos por causas

externas, com parcela significativa para idosos de 80 anos ou mais (WHO, 2010). No Brasil,

entre 2000 e 2010, elas foram a sexta causa de morte das pessoas com 60 anos e mais

(BRASIL, 2011).

Dentre as causas externas que acometem os idosos, os acidentes por quedas

representam um grave problema para esse grupo e estão associadas a elevados índices de

morbimortalidade. Pesquisa realizada em diversas cidades de 23 estados brasileiros, no ano de

2009, encontrou prevalência de quedas entre pessoas com 60 anos e mais igual a 27,6%

(SIQUEIRA et al., 2011).

Em relação à mortalidade, em 2009, esses agravos foram responsáveis por cerca de

5.671 óbitos de pessoas com idade acima de 60 anos e destacaram-se como a primeira causa

de morte desse grupo (BRASIL, 2011). Em 2010, das 39,1% das internações hospitalares da

população brasileira em geral, as quedas contribuíram significativamente para a morbidade

hospitalar de idosos (BRASIL, 2011).

19

O impacto das quedas nos gastos públicos tem sido grande. O custo médio da

internação hospitalar por quedas nos EUA em 2008 foi de 14.000 dólares, em alguns casos

atingiu até 170.000 dólares (SIRACUSE et al., 2012). No Canadá, no mesmo ano, o gasto

médio foi de 11.408 dólares e o custo médio total daqueles que permaneceram internados no

hospital foi de 29.363 dólares (WOOLCOTT et al., 2012). No Brasil, dados do DATASUS

mostram que 110.477.168,14 reais foram gastos com internações por quedas de pessoas acima

de 60 anos em 2011, com custo médio total de 1.300,82 reais por internação (BRASIL, 2012).

As quedas de idosos possuem etiologia multifatorial (GAMA; CONESA, 2008), tendo

como contribuintes fatores biológicos relacionados às condições de saúde do indivíduo com o

avanço da idade; fatores comportamentais, os quais se referem às atitudes e estilo de vida e,

fatores ambientais que se relacionam a infraestrutura dos locais transitados como má

iluminação e piso escorregadio. Quanto maior a interação destes fatores, mais elevada é a

exposição ao risco de cair e de sofrer ferimentos (WHO, 2007).

As quedas podem ocorrer em diversos locais como domicílios, espaços públicos e

instituições. A influência dos fatores ambientais no risco de quedas é maior quando associado

à mobilidade e ao estado funcional do idoso (BRASIL, 2007).

No que se refere às instituições hospitalares, embora sejam ambientes cuja finalidade é

o restabelecimento da saúde do paciente idoso, podem comprometer sua segurança na medida

em que apresentam fatores de risco para quedas. Esse evento encontra-se na categoria de

incidentes mais comuns em idosos hospitalizados (JOHAL; BOULTON; MORAN, 2009;

ALMEIDA; ABREU; MENDES, 2010), podendo inclusive levar à morte. Foram encontrados

índices de mortalidade de 6 a 9% de idosos que caíram no hospital após 30 dias da alta

hospitalar (JOHAL; BOULTON; MORAN, 2009; LAKATOS et al., 2009).

Estudos apontam significativa frequência de lesões relacionadas a quedas de idosos

hospitalizados. No Japão, estudo prospectivo realizado com 2.973 pacientes nos anos de 2006

a 2008 mostrou que cerca de 23% das pessoas com 60 anos e mais que caíram no hospital

sofreram algum tipo de lesão (TANAKA et al., 2012). Lakatos e colaboradores (2009)

constataram que 60% dos pacientes que caíram não puderam retornar em seguida às suas

casas, permanecendo hospitalizados devido às injúrias sofridas decorrentes da queda.

Spoelstra, Given e Given (2012), em revisão de literatura, verificaram que em média

28% dos idosos que caíram, apresentaram ferimentos leves como escoriações, hematomas e

contusões, 11,4% sofreram ferimentos graves de tecidos moles, 5% tiveram fraturas, e 2%

traumatismo craniano. Idosos que sofreram fratura de quadril devido a quedas no hospital

apresentaram aumento da mortalidade de quase 50% no primeiro ano após a queda. Esses

20

pacientes tornaram-se mais frágeis que aqueles que sofreram fratura na comunidade (JOHAL;

BOULTON; MORAN, 2009).

É importante considerar que esses danos podem permanecer após a alta hospitalar e

contribuir significativamente para o desenvolvimento de depressão, isolamento social,

mudanças nos hábitos de vida, sensação de impotência, bem como o medo de cair novamente.

(JOHAL; BOULTON; MORAN, 2009; BRASIL, 2010).

Além disso, esse tipo de queda afeta igualmente a família do idoso na medida em que

implica na permanência de um acompanhante por maior período de internação do que o

proposto na admissão. Do mesmo modo, pode requerer mudanças no domicílio, rearranjos

familiares e o auxílio parcial ou total na execução das atividades de vida diária (WHO, 2007;

JOHAL; BOULTON; MORAN, 2009).

Para as instituições hospitalares, as quedas de pacientes idosos elevam os custos

econômicos (HILL; VU; WALSH, 2007), pois geram o prolongamento do período de

internação, exigem o uso de tecnologias adicionais e podem sobrecarregar o trabalho dos

profissionais (TANAKA et al., 2012). Roudsari e colaboradores (2005) estimaram que o

custo médio durante a internação para tratar as injúrias decorrentes de uma queda nos EUA é

de 17.500 dólares. Em consequência, eleva-se o ônus econômico e social causado pelas

quedas nos hospitais, repercutindo significativamente na sociedade e governos (GAMA;

CONESA; FERREIRA, 2008; MAIA et al., 2011; SIRACUSE et al., 2012; WOOLCOTT et

al., 2012).

No Brasil, os gastos relacionados às quedas de idosos hospitalizados não são bem

relatados e documentados. Ainda assim, no ano 2011, dos casos notificados nas instituições

públicas de saúde, 486 idosos caíram do leito durante o período de internação, custando ao

Ministério da Saúde o valor médio da internação de 1.315,02 reais (BRASIL, 2012).

Por se tratar de uma ameaça real para a segurança do paciente, as quedas representam

um problema também para os trabalhadores da instituição hospitalar. Por isso, a prevenção de

quedas de idosos se constitui como um importante e urgente desafio para gestores, chefes de

departamento e funcionários de instituições hospitalares.

Tzeng e colaboradores (2011) afirmam que programas de prevenção de quedas são

universalmente multidisciplinares e devem ter abordagens multifatoriais. Neste sentido, a

enfermagem tem papel central e preponderante. A prevenção do risco de quedas do idoso

hospitalizado realizada pela enfermagem é importante e decisiva, pois aumenta a

probabilidade desse evento não ocorrer ou, se ocorrer, que os danos sejam mínimos.

21

De acordo com Costa e colaboradores (2011), essa é uma das principais

responsabilidades conferidas ao enfermeiro e pode ser executada por meio de um conjunto

integrado de ações. A primeira delas é a avaliação dos pacientes quanto ao risco de quedas

durante o processo de assistência de enfermagem ao idoso. Essa avaliação pode ser realizada

por meio de instrumentos que podem aumentar sua capacidade em antecipar a queda e até

impedir sua ocorrência.

Várias escalas foram desenvolvidas nos últimos anos para melhorar a eficácia do

enfermeiro em avaliar o paciente idoso em risco de quedas, algumas delas validadas e

adaptadas para outras situações, cenários e pacientes (OLIVER et al.; 2004; HAINES et al.,

2007; SCOTT et al., 2007; CHAPMAN; BACHAND; HYRKA, 2011). A utilidade desses

instrumentos tem sido reportada na literatura e é crescente seu uso na prática dos enfermeiros.

Entre os mais conhecidos e submetidos a várias validações em diferentes contextos e

pacientes estão a Escala de Pontuação de Morse e o STRATIFY Score (HAINES et al., 2007;

SCOTT et al., 2007).

Todavia, estudiosos tem destacado a importância do julgamento clínico (JC) do

enfermeiro como um requisito igualmente fundamental para a prevenção de quedas de idosos

hospitalizados (SCHWENDIMANN; GEEST; MILISEN, 2006; HAINES et al., 2007;

CHAPMAN; BACHAND; HYRKA, 2011; MILISEN et al., 2012).

De acordo com Tanner (2006), JC é a interpretação sobre as necessidades em saúde de

um paciente, bem como a decisão sobre as intervenções consideradas adequadas ao paciente

pelo enfermeiro. Possui quatro etapas: reconhecimento, interpretação, resposta e reflexão.

O JC confere ao enfermeiro a oportunidade de detectar não somente os fatores de risco

para quedas presentes nos ambientes hospitalares, como também os idosos que podem cair

pela presença de fatores intrínsecos. De acordo com Milisen e colaboradores (2012), o JC na

prevenção de quedas, além de ser uma tecnologia de baixo custo, é um processo menos

demorado e pode ser tão preciso sozinho quanto à utilização conjunta a instrumentos na

triagem de pacientes.

Estudos que investigaram apenas a aplicação do JC nos últimos anos tem sido

produzidos por diversos profissionais da área da saúde como enfermeiros, médicos,

psicólogos e fisioterapeutas. Entre as áreas com maior produção de pesquisas sobre o JC,

destacam-se a Medicina e a Enfermagem. Na última década, são numerosos os estudos

voltados à avaliação do uso do JC no âmbito da prática médica, como na avaliação de casos

clínicos, solicitação de exames, etc (NEJATI et al., 2012; VASKO et al., 2012). Outros

estudos procuraram comparar sua eficácia em relação a escalas de avaliação diagnóstica, bem

22

como discutir o papel e os limites do JC na prática assistencial (SWENEY et al., 2012;

TOMBA; FAVA, 2012; FAVA, 2013). Além disso, há estudos sobre o JC frente a questões

éticas na relação médico-paciente, principalmente nas especialidades de neurologia,

psiquiatria e cirurgia (STURMAN; PARKER; VAN DRIEL, 2012; WOODS, 2013).

Na Enfermagem, os estudos sobre o JC concentram-se na verificação de precisão e/ou

confiabilidade do JC do enfermeiro frente às avaliações de riscos como quedas, suicídios e

eventos adversos (MILISEN et al., 2012; BASHFORD; SHAFFER; YOUNG, 2012); o uso de

estratégias para ensinar o JC durante a graduação em enfermagem (GERDEMAN; LUX;

JACKO, 2012); e outros estudos propuseram-se a discutir o papel e a influência do JC do

enfermeiro a partir de situações simuladas (YANG; THOMPSON; BLAND, 2012;

JOHNSON et al., 2012; KANTAR; ALEXANDER, 2012).

Estudiosos consideram que o JC do enfermeiro na prevenção de quedas é decisivo e

apontam para a necessidade de desenvolvimento de novos estudos que investiguem de que

forma pode ser potencializado com ou sem o uso de instrumentos específicos.

Pesquisadores como Lovallo e cols. (2010) se propuseram a investigar a eficácia de

duas ferramentas de avaliação de risco para quedas (Conley Escala e Hendrich Modelo de

Risco), utilizando-as simultaneamente com a mesma amostra de pacientes adultos internados

em um hospital da Itália, no período de outubro de 2007 a janeiro de 2008. Barker e cols.

(2011) realizaram um estudo para comparar a precisão da previsão de quedas de duas

ferramentas, o STRATIFY Score e uma versão modificada do STRATIFY Score, elaborada

pela equipe do Hospital Northern e, para determinar a concordância entre avaliadores de cada

ferramenta. Envolvendo 263 pacientes de um hospital da Austrália em 2008.

Outros pesquisadores aprofundaram na perspectiva do JC, como Milisen e cols. (2012)

que realizaram estudo multicêntrico prospectivo em seis hospitais da Bélgica no ano de 2004,

com o objetivo de avaliar o valor do JC dos enfermeiros na previsão de quedas na internação

hospitalar de 2439 pacientes adultos internados. Meyer e cols. (2009) realizaram um estudo a

fim de comparar o uso de instrumento padronizado de avaliação de risco de quedas com JC

dos enfermeiros e o JC sozinho durante o ano de 2006, em um hospital de ensino de Novo

Hamburgo, Alemanha, com 788 pacientes.

Entretanto, a produção de pesquisas sobre o JC do enfermeiro na prevenção de quedas

de idosos ainda é tímida. Myers e Nikoletti (2003) compararam o uso de instrumentos com o

JC de enfermeiros na predição de quedas de pacientes idosos em um hospital da Austrália.

Outro estudo, realizado também nesse país, comparou a capacidade do JC de enfermeiros

preverem quedas de pacientes internados em vários tipos de clínicas com e sem o uso do

23

STRATIFY Score (WEBSTER et al., 2010). Vassalo e colaboradores (2008) procuraram

testar a acurácia dos instrumentos Downton Index e STRATIFY Score e do JC de enfermeiros

na avaliação do risco de quedas em uma unidade de reabilitação geriátrica no hospital dos

EUA.

Considerando que o JC é intrínseco a atividade laboral do enfermeiro e que é requisito

fundamental na prevenção do risco de quedas de idosos hospitalizados, este estudo pretende

investigar o JC dos enfermeiros na avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados.

Acredita-se que a compreensão sobre o JC e os recursos utilizados pelos enfermeiros

para realiza-lo poderá contribuir para aprimorar as habilidades dos enfermeiros quanto ao

exercício de avaliar o risco de quedas. Além disso, a avaliação do risco de quedas de idosos

precisa e consistente tem maior capacidade de prever a queda e, consequentemente, interferir

positivamente na manutenção do estado de saúde do idoso e na redução de índices

expressivos de mortalidade por esta causa.

24

2. OBJETIVO

Descrever o julgamento clínico do enfermeiro no processo de avaliação do risco de quedas de

idosos durante o período de internação.

25

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. O julgamento clínico na enfermagem

Nas últimas décadas, alguns autores tem estudado o JC (BENNER; TANNER;

CHELSA, 1995; LUNNEY, 2004; POTTER; PERRY, 2005; THOMPSON; DOWLING,

2012; LUNNEY, 2013), dos quais Christine A. Tanner criou um modelo teórico para o

julgamento do enfermeiro (TANNER, 2006). Segundo a autora, JC significa,

Uma interpretação ou conclusão sobre as necessidades, as preocupações ou os

problemas de saúde do paciente, e/ou a decisão de agir (ou não), usar ou modificar

abordagens padrão, ou improvisar novas abordagens consideradas adequadas a partir

da resposta do paciente (TANNER, 2006, p.204).

O JC é intrínseco à prática clínica do enfermeiro, contudo teve maior visibilidade

depois que o processo de enfermagem passou a ser constituído por cinco partes – coleta de

dados, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação (AMERICAN NURSES

ASSOCIATION, 2010; LUNNEY, 2013). Esta inclusão veio cobrir uma lacuna que existia

entre a coleta de dados e a avaliação, quanto à interpretação e o sentido atribuído aos dados

coletados para o seguimento das etapas de todo o processo.

Para Roza (2011), o JC é uma importante ferramenta que garante melhoria na prática

assistencial, com base no conhecimento, no pensamento crítico e na tomada de decisão

alicerçada em evidências científicas, a partir da avaliação de dados subjetivos e objetivos do

paciente, família e comunidade. É um processo extremamente complexo, decisivo em

situações clínicas indeterminadas e ambíguas (TANNER, 2006).

Seu uso pelos enfermeiros tem permitido pessoas idosas melhorar, manter ou

recuperar sua saúde, lidar com problemas de saúde e alcançar a melhor qualidade de vida,

independentemente da sua doença ou deficiência, até a morte (ROYAL COLLEGE OF

NURSING, 2003).

3.1.1. Etapas do julgamento clínico

No modelo proposto por Tanner (2006) o JC de enfermagem possui quatro etapas

interligadas (Figura 1):

A. Reconhecimento – etapa que corresponde à apreensão inicial do enfermeiro sobre a

situação em questão. Começa no momento que ele estabelece contato direto com o

paciente e mentalmente supõe o problema de enfermagem apresentado pelo indivíduo

(expectativas), esteja ele explícito ou não, a partir de várias informações coletadas

26

sobre a pessoa e o ambiente. Diversos fatores influenciam nesta etapa como o

conhecimento advindo da formação do enfermeiro, sua experiência profissional, sobre

o paciente e seus padrões de resposta, assim como de pacientes com problemas

semelhantes. Igualmente atuam nesta etapa os valores pessoais e profissionais do

enfermeiro, a cultura, as normas e a complexidade do cuidado desenvolvido na

instituição.

B. Interpretação – etapa na qual o enfermeiro dá significado às informações coletadas,

utilizando padrões de raciocínio analítico, intuitivo e narrativo, emite um parecer e

decide quais intervenções de enfermagem lançará mão no atendimento ao problema do

paciente, podendo, inclusive escolher não agir imediatamente. O raciocínio analítico

prevê uma análise objetiva da situação a partir da coleta de dados que são organizados

em categorias e interpretados de acordo com padrões e situações gerais. No raciocínio

narrativo o enfermeiro analisa os dados colhidos considerando experiências

particulares “narradas” pelo paciente e pessoas (grifo nosso) envolvidas em uma

situação específica, seus motivos, expectativas, preocupações etc (MATTINGLY,

1991). Já no raciocínio intuitivo o enfermeiro procura captar o que está acontecendo,

trazendo um entendimento ‘imediato’ da situação que possibilita a tomada de decisão

sem o recurso do processo analítico consciente (SILVA; BALDIN; NASCIMENTO,

2003, p.7).

C. Resposta – etapa em que o enfermeiro realiza a ação que, na etapa anterior,

considerou como sendo a mais adequada para resolver o problema do paciente.

D. Reflexão – corresponde à etapa na qual o enfermeiro reflete sobre as respostas do

paciente à intervenção utilizada para resolver o problema (reflexão em ação). Além

disso, reflete sobre o aprendizado adquirido na experiência de julgar e intervir

(reflexão sobre a ação). Esta etapa requer do enfermeiro o conhecimento e a

habilidade de conectar a intervenção escolhida aos resultados esperados.

27

Figura 1: Modelo do Julgamento Clínico.

Fonte: TANNER, C.A. Thinking Like a Nurse: A Research-Based Model of Clinical Judgment in Nursing.

Journal of Nursing Education, v. 45, n. 6, p. 208, jun/2006.

Neste estudo, nosso foco será nas duas primeiras etapas do JC, ou seja,

reconhecimento e interpretação.

3.1.2. Fatores que influenciam o julgamento clínico

Julgamentos clínicos são diretamente influenciados pela bagagem de conhecimento

teórico e prático que o enfermeiro tem sobre os pacientes, a situação clínica avaliada, bem

como pela organização de assistência e cuidados da instituição.

Dessa forma, um bom julgamento clínico demanda do enfermeiro, por exemplo,

conhecimento sobre o padrão típico de respostas dos pacientes e o perfil de pacientes

internados. Exige que ele tenha conhecimento dos problemas de saúde mais comuns da

clientela assistida e os problemas de enfermagem decorrentes deles. Igualmente, que conheça

os programas de assistência da instituição, rotinas de atendimento, uso de protocolos entre

outros.

Segundo Tanner (2006), para que o enfermeiro saiba fazer bons julgamentos clínicos é

necessário que tenha habilidade para reconhecer evidências de uma situação, dar significado a

elas e responder de forma adequada ao problema encontrado. O desenvolvimento dessa

Contexto

Conhecimento/

experiência

Relacionamento

Expectativas

Apreensão

inicial

Padrões de

raciocínio

Analítico

Intuitivo

Narrativo

Ação

Resultados

Reflexão em

ação

Reflexão sobre a ação e

aprendizagem clínica

Reflexão

Reconhecimento Interpretação Resposta

28

habilidade se dá a partir do domínio de três competências – intelectual, interpessoal e técnica,

e ainda com a prática da reflexão (LUNNEY, 2004).

De acordo com Lunney (2004; 2013), no campo da competência intelectual o

enfermeiro precisa desenvolver as habilidades cognitivas como de análise, aplicação de

padrões, discernimento, busca de informações, raciocínio crítico, previsão e transformação do

conhecimento. Além disso, desenvolver hábitos mentais tais como a confiança, a perspectiva

contextual, a criatividade, a flexibilidade, a inquisição, a integridade intelectual, a intuição, a

compreensão, a perseverança e a reflexão permitem a existência e o aprimoramento das

habilidades cognitivas.

Para as competências interpessoais é preciso que o enfermeiro desenvolva habilidades

de comunicação como saber ouvir, demonstrar aceitação quanto aos valores, crenças e

práticas de saúde do paciente e de familiares, adequar a linguagem à cultura do paciente,

oferecer informações de saúde, bem como dominar o exercício do silêncio e de pausas

(LUNNEY, 2013).

Por sua vez, para que o enfermeiro adquira as competências técnicas ele precisa

desenvolver habilidade em coletar dados sobre o paciente e seu estado de saúde de maneira

completa e/ou focalizada (LUNNEY, 2013).

Essas habilidades são adquiridas e aprimoradas por meio de educação continuada, do

consumo de pesquisas e bibliografia especializada, assim como por meio da prática e o

esforço pessoal (POTTER; PERRY, 2005; TANNER, 2006; LUNNEY, 2004; LUNNEY,

2013).

3.2. O processo de avaliação na enfermagem

Avaliar é uma atividade inerente ao ser humano, associada a qualquer decisão do

cotidiano. De acordo com HOUAISS (2009, p. 227), avaliar significa estabelecer o valor,

ajuizar, ter ideia de e, estimar. A OMS (1957) define em termos gerais, avaliação como um

processo que determina qualitativa e quantitativamente, mediante métodos apropriados, o

valor de uma coisa ou acontecimento.

Zanei e colaboradores (2003, p. 112) conceituam avaliação como uma atividade

metodológica e processual de interpretação e julgamento de dados qualitativos e

quantitativos para a atribuição de valor, fundamentada em padrões e critérios

predeterminados.

29

A depender do contexto, a avaliação na enfermagem pode ser empregada com

diferentes objetivos. Por exemplo, ela é utilizada na avaliação de serviços (FELDMAN;

CUNHA; D’INNOCENZO, 2013), na qualidade da assistência de enfermagem e em

processos de acreditação hospitalar (CUNHA; FELDMAN, 2005; MATTIAS et al., 2009), no

ensino e aprendizagem de enfermagem (TEIXEIRA et al., 2011; VASCONCELOS;

BACKES; GUE, 2011; SANTOS; LEITE, 2010; ALVES et al., 2012), na avaliação de

intervenções terapêuticas e implementação de programas e protocolos clínicos

(GONÇALVES et al., 2009; SCHWARTZ et al., 2009) e no processo de enfermagem

(REPPETTO; SOUZA, 2005; FERNÁNDEZ-SOLA, 2012; TAVARES et al., 2013).

Neste último, ela é utilizada inicialmente para determinar os diagnósticos de

enfermagem e no final para julgar se os resultados esperados dos cuidados foram obtidos

(GONÇALVES et al., 2009; ROGENSKI; KURCGANT, 2012).

Neste estudo, o foco será no processo de avaliação inicial, no qual o enfermeiro

determina o risco de quedas dos idosos hospitalizados.

Em todo processo de avaliação o enfermeiro deve seguir determinadas fases

interligadas e dependentes. Primeiro, a coleta de dados, depois a análise e a interpretação dos

dados colhidos e, por fim, a emissão de um parecer. Em todas essas fases o enfermeiro utiliza

o JC.

3.2.1. Coleta de dados

Fase que consiste no levantamento de informações sobre o paciente e a família feita de

forma sistemática, utilizando critérios e padrões para o alcance de resultados (ZANEI et al.,

2003; CARPENITO-MOYET, 2007). Segundo Lunney (2013), a coleta de dados de

enfermagem consiste em extrair dados subjetivos e objetivos de indivíduos, família ou

comunidade, obtidos por meio do levantamento da história de saúde do paciente e da

realização do exame físico.

Durante a coleta dos dados o enfermeiro precisa acessar uma diversidade de

conhecimentos tanto disciplinares como interdisciplinares. Quanto mais abrangente for o

conhecimento teórico e prático do enfermeiro, maior é a sua competência técnica para extrair

os dados (LUNNEY, 2004; 2013).

Nesse sentido, a autora reforça que o enfermeiro pode não dominar completamente o

conteúdo, no entanto, ele deve saber onde e como acessar esses conhecimentos, bem como

fazer uso de estratégias que possibilitem o acesso. Um destes recursos pode ser a adoção de

um instrumento na prática clínica.

30

O instrumento tem a capacidade de potencializar o trabalho e o raciocínio do

enfermeiro, à medida que lhe é assegurado a continuidade da coleta sem perdas de dados,

corrobora para a documentação precisa e permite que ele trabalhe sua memória com eficiência

(ZANEI et al., 2003; LUNNEY, 2004).

Na enfermagem existem dois tipos de coleta de dados: a completa e a focalizada

(CARPENITO-MOYET, 2007; LUNNEY, 2013). A primeira é aquela típica de um contato

inicial (CARPENITO-MOYET, 2006), aplicada na admissão do paciente e tem o objetivo

estabelecer uma base de dados sobre suas necessidades de saúde, padrões de doença,

experiências relacionadas, práticas de saúde, metas, valores, expectativas, atividades de vida

diária, redes de apoio, potenciais, limitações e recursos (POTTER; PERRY, 2005).

Na coleta de dados focalizada o enfermeiro tem a intenção de confirmar uma hipótese

diagnóstica e, neste sentido, concentra-se em organizar/estruturar um roteiro com questão

específicas do problema a ser investigado, a fim de proporcionar uma sequência lógica de

dados que oriente seu JC (LUNNEY, 2004; CARPENITO-MOYET, 2007; LUNNEY, 2013).

Segundo Carpenito-Moyet (2011), a coleta de dados focalizada se difere da coleta

ampla no sentido em que as questões feitas pelo enfermeiro não são direcionadas a todos os

pacientes, caracterizando uma coleta de dados específicos a partir de um recorte das respostas

do paciente e/ou família, ou ainda na mudança do estado clínico do paciente.

Os autores afirmam que é de suma importância ter em mente uma estrutura de coleta

de dados que seja abrangente o suficiente para originar dados que permitam o JC adequado e

a geração de uma conclusão diagnóstica (LUNNEY, 2004; CARPENITO-MOYET, 2007;

CARPENITO-MOYET, 2011; LUNNEY, 2013).

3.2.2. Análise e interpretação dos dados colhidos

A análise e interpretação dos dados é o acesso mental às habilidades interacionais,

intelectuais e técnicas do enfermeiro que foram desenvolvidas ao longo de sua experiência

profissional. Inicia-se por meio de um processo ativo de pensamento, no qual o enfermeiro

busca explicações plausíveis para os indícios encontrados, utilizando os conhecimentos

teóricos e práticos que tem (LUNNEY, 2013).

Nesta fase, o enfermeiro realiza passos que, embora sejam sequenciais podem se

estabelecer simultaneamente, primeiro identificando a existência de indicadores, indícios ou

evidências nos dados coletados sobre o paciente, por meio do reconhecimento e comparação

31

de padrões normais de saúde. Depois, fazendo inferências sobre a resposta do paciente,

validando-as e, por fim, emitindo o parecer (POTTER; PERRY, 2005; LUNNEY, 2013).

Nesta perspectiva, quanto mais abrangente for o conhecimento teórico e prático do

enfermeiro, maior é a sua capacidade de analisar e interpretar corretamente (LUNNEY, 2013).

Em algumas situações da prática clínica, o enfermeiro pode reconhecer imediatamente um

padrão, interpretar e responder intuitiva e tacitamente. Tanner (2006) justifica que isso se

deve a construção de um raciocínio clínico fundamentado no conhecimento teórico, prático e

uso da intuição.

3.3. Avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados

A avaliação clínica é uma parte essencial da prática de cuidar do enfermeiro. É

imprescindível tanto na redução do risco de idosos caírem quanto nas taxas de quedas nos

hospitais.

Vários estudiosos têm refletido (POTTER; PERRY, 2005; CARPENITO-MOYET,

2006; LUNNEY, 2011) que o uso de uma abordagem sistemática no processo avaliativo

conduzido pelo enfermeiro garante maior exatidão quanto aos resultados da avaliação

(diagnóstico).

Nesse sentido, o uso de instrumentos de avaliação pode auxiliar no alcance desta

exatidão no reconhecimento de padrões, além de potencializar a avaliação do enfermeiro ao

permitir que este faça melhor emprego de sua memória e correlações nos processos mentais.

No caso da avaliação do risco de quedas de idosos, o uso do instrumento pode permitir ao

enfermeiro aumentar sua capacidade em antecipar a queda e até impedir sua ocorrência.

A literatura refere que é crescente o uso de instrumentos que auxiliam o enfermeiro na

avaliação clínica do problema de saúde em questão. Ao longo das últimas décadas, vários

instrumentos de avaliação do risco de quedas foram desenvolvidos e submetidos a validação

em diferentes contextos, cenários e pacientes (OLIVER et al., 2004; HAINES et al., 2007;

SCOTT et al., 2007; CHAPMAN; BACHAND; HYRKA, 2011). No caso da avaliação do

risco de quedas de idosos hospitalizados, no entanto, não há instrumento de avaliação

considerado adequado para esses pacientes (OLIVER et al., 2004; LOVALLO et al., 2010).

A Morse Fall Scale, o Downton Index e o STRATIFY Score são os instrumentos de

avaliação do risco de quedas mais conhecidos na comunidade hospitalar e, igualmente

submetidos a um maior número de processos de validação (OLIVER et al., 2004; HAINES et

al., 2007).

32

Morse Fall Scale, conhecida no Brasil como Escala de Morse, é composta por seis

parâmetros que resultam numa pontuação que varia de 0 a 125 pontos. Para definir a

pontuação, são analisados os seguintes aspectos: antecedentes de queda (anterior ou nos

últimos três meses), diagnóstico secundário, apoio para deambular, administração de terapia

intravenosa, condições da marcha e do estado mental. De acordo com a pontuação obtida é

definido o grau de risco do paciente: sem risco (0-24 pontos), baixo risco (25-50 pontos) e

alto risco (superior a 50 pontos) (SCHWENDIMANN; GEEST; MILISEN, 2006).

A Escala de Morse é o instrumento mais utilizado no Brasil por livre tradução, com

recente tradução autorizada para a versão na língua portuguesa por Urbanetto e colaboradores

(2013). Seus parâmetros serviram de referência para o Ministério da Saúde/Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (ANVISA) na criação do protocolo de prevenção de quedas do

Programa Nacional da Segurança do Paciente (BRASIL, 2013).

Dowton Index é conhecido como Escala de risco de quedas de Dowtow. Este

instrumento avalia antecedentes de quedas, uso de medicamentos (sedativos, diuréticos,

hipotensores, antiparkinsonianos, antidepressivos, entre outros), déficits sensoriais

(deficiência visual, deficiência mental), anormalidades nos membros (ex.: hemiparesia),

estado mental e qualidade da marcha (necessidade de auxílio ou não). Cada aspecto presente

dentro dos itens avaliados equivale a um ponto, encontrando-se em risco o paciente que

atingir 30 pontos (MACHADO et al., 2009).

St. Thomas Risk Assessment Tool in the Falling Elderly conhecido como STRATIFY

Score é um instrumento com cinco itens que investiga histórico de queda – antes e depois de

admitido o paciente, estado mental, deficiência visual, uso frequente do banheiro e mobilidade

(capacidade de se transferir do leito a cadeira e andar). Duas ou mais pontuações são

consideradas de alto risco (OLIVER, 2008).

Em revisão sistemática, Haines e colaboradores (2007) referem que entre as pesquisas

analisadas em seu estudo, a escala de risco de quedas de Dowton apresentou potencialmente

maior precisão para a previsão de quedas intra-hospitalares. A escala de Morse e o

STRATIFY score ofereceram precisão moderada na previsão de quedas de pacientes

hospitalizados. Entretanto, os autores ponderam que estes resultados se devem ao fato de que

a escala de risco de quedas de Dowton foi menos submetida a validações que os outros dois

instrumentos e que eles podem oferecer maior ou menor precisão em grupos específicos de

pacientes. Como, por exemplo, na avaliação do risco de quedas de pacientes idosos em

unidades de clínica médica (PAPAIOANNOU et al., 2004) e geriátricas (OLIVER et al.,

1997) ambos os instrumentos tiveram melhores resultados.

33

Quanto aos processos de validação, as clínicas médicas, cirúrgicas e de reabilitação

geriátrica foram os locais que mais aplicaram estes instrumentos para a avaliação do risco de

quedas de pacientes adultos e idosos (MILISEN et al., 2012).

No Brasil, o uso de instrumentos de avaliação do risco de quedas foi introduzido à

medida que as intuições hospitalares passaram a se preocupar com a segurança do paciente e a

qualidade da assistência, muitos envolvidos em processos de acreditação hospitalar

(HAMMERSCHIMIDT; SANTOS, 2012).

Com o intuito de orientar as instituições hospitalares e contribuir para a sistematização

da assistência, a ANVISA lançou em 01 de abril de 2013 o Programa Nacional da Segurança

do Paciente (PNSP). Este programa conta com seis Protocolos Básicos de Segurança do

Paciente, entre eles o Protocolo de Prevenção de Quedas.

Este protocolo pode se comportar como uma ferramenta para a avaliação do risco de

idosos hospitalizados, pois, embora não seja específico para este grupo etário, traz os fatores

de risco comuns ao adulto e idoso. Além disso, instituiu como primeira medida de intervenção

para a prevenção da queda a avaliação de risco (BRASIL, 2013).

O Protocolo de Prevenção de Quedas preconiza que a avaliação de risco de quedas

seja feita na admissão do paciente, com reavaliações diariamente. Recomenda, ainda, que as

instituições adotem escalas/instrumentos que melhor se adaptem à realidade de cada setor

hospitalar (BRASIL, 2013).

Na avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados a coleta de dados do

enfermeiro deverá ser focalizada. Nesta coleta, o foco será o levantamento dos fatores de risco

que concorrem para a queda do paciente idoso na unidade.

Os fatores de risco podem ser agrupados de diversas maneiras. Dounges, Moorhouse e

Muvi (2009) os agruparam de acordo com sua natureza (pessoal, fisiológica, cognitiva,

ambiental, entre outros). Entretanto, a classificação comumente utilizada na literatura, divide

os fatores em intrínsecos – relacionados ao paciente e, extrínsecos – relacionados ao ambiente

(BRASIL, 2007; GAMA; CONESA, 2008; VIEIRA; FREUND-HERITAGE; COSTA, 2011;

SPOELSTRA; GIVEN; GIVEN, 2012; TANAKA et al., 2012).

3.3.1. Fatores intrínsecos

Estudos têm mostrado que o avanço da idade, principalmente em pessoas acima de 65

anos; ser do sexo masculino (KERZMAN et al., 2004; CHEN et al., 2009; MAMUN; LIM,

2009; SHUTO et al., 2010; LAGUNA-PARRAS et al., 2011) e, ter história pregressa de

34

quedas (CHEN et al, 2009) são os fatores de risco intrínsecos (demográficos) que expressam

maior risco de quedas para idosos (BRASIL, 2007).

Outros estudos evidenciam fatores ligados a condição de saúde do idoso como

mobilidade reduzida, problemas/alterações de marcha e coordenação motora, e deficiência

física (CHURCH et al., 2009), bem como fraqueza nos membros inferiores e

frequência/urgência urinária (OLIVER et al., 2004; CHEN et al., 2010).

Declínio visual, auditivo e do funcionamento músculo-esquelético, distúrbios

vestibulares e proprioceptivos (ALMEIDA; ABREU; MENDES, 2010; CAMPBELL;

MATTHEWS, 2010) são fatores também relacionados com a presença de uma variedade de

doenças agudas e crônicas (WONG et al., 2011), como a diabetes (COSTA et al., 2011) e que

potencializam o risco do idoso cair.

Equilíbrio prejudicado, déficits cognitivos e do estado mental (deficiência mental,

desorientação, confusão, agitação, incapacidade de compreensão, deterioração da memória)

são considerados por Oliver e cols. (2004) e outros autores como fatores de risco consistentes

durante a avaliação (COSTA et al., 2011; LAGUNA-PARRAS et al., 2011; TANAKA et al.,

2012).

O uso de medicamentos que agem sobre o sistema nervoso central é considerado como

potencial fator de risco (CORREA et al., 2012). Shuto e colaboradores (2010) consideram a

classe dos hipnóticos como ‘gatilho’ desencadeador de outros fatores de risco decorrentes de

efeitos adversos deste medicamento. Entre as classe de medicamentos mais citados pela

literatura estão os hipnóticos, anti-hipertensivos, antiparkinsonianos, ansiolíticos,

anticonvulsivantes e tranquilizantes (CHEN et al., 2009; MAMUN; LIM, 2009; SHUTO et

al., 2010; VIERA; FREND-HERITAGE; COSTA, 2011).

Almeida, Abreu e Mendes (2010) apontam que o uso de fármacos podem gerar

consequências como a diminuição das funções motoras, fraqueza, tontura, hipotensão,

confusão e sonolência, que substancialmente influenciam no aumento do risco de quedas de

pacientes hospitalizados.

Nesse sentido, Kerzman e colaboradores (2004), em revisão de literatura, apontam que

as causas de quedas no ambiente hospitalar estavam associadas a tonturas, fraqueza, perda de

equilíbrio, escorregamento, confusão, amnésia, ausência de grades no leito, e ainda, causas

não declaradas ou desconhecidas. O estudo de Laguna-Parras e cols. (2011) referiu que a

maioria das quedas foi por razões funcionais e/ou motoras como alteração de marcha e

tontura, seguida de imobilização prolongada, bem como comprometimento cognitivo e

desorientação.

35

3.3.2. Fatores extrínsecos

Os fatores extrínsecos relacionados ao ambiente hospitalar incluem má iluminação,

piso escorregadio e falta de corrimão (LAGUNA-PARRAS et al., 2011), mobiliários e

espaços inadequados, existência de obstáculos no caminho, ausência ou auxílio técnico

inadequado durante a locomoção (ALMEIDA; ABREU; MENDES, 2010).

As circunstâncias mais frequentes para a ocorrência de quedas se relacionam ao

paciente levantar-se para sair do leito, levantar-se do vaso sanitário e caminhar e/ou

permanecer em pé na enfermaria (KERZMAN et al., 2004).

Estudo realizado por Abreu e cols. (2012) apontou que as quedas ocorreram em maior

número, respectivamente, na enfermaria, no corredor e no banheiro. Dados semelhantes foram

encontrados por Correa e cols. (2012) que identificaram também que 56.3% das quedas

ocorreram da própria altura.

As causas de quedas mais comuns relacionadas ao ambiente hospitalar se refere à

utilização de dispositivos como andador e cadeira de rodas, inclusive no acesso ao box do

chuveiro e vaso sanitário; piso escorregadio ou com dejetos, equipamentos de terapia

intravenosa como suportes de soro, bombas de infusão e equipos (CHURCH et al., 2011).

Embora não classificada como fator intrínseco ou extrínseco, a presença do

acompanhante tem sido considerada como um fator de proteção. Estudo realizado na China

que teve por objetivo determinar os fatores de risco de idosos internados apontou que a

presença de um membro da família pode reduzir significativamente o número de quedas

(CHEN et al., 2009).

36

4. METODOLOGIA

4.1. Tipo de Estudo

Estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa. Consideramos que esta

abordagem é adequada para o alcance do objetivo proposto, pois as pesquisas qualitativas não

somente buscam descrever, como explicar o fenômeno, podendo revelar padrões e processos

relacionados ao fenômeno estudado (MINAYO, 2010; POLIT et al., 2011).

4.2. Local de estudo

O estudo foi realizado em hospitais na cidade de Cuiabá, capital do Estado de Mato

Grosso, localizada na Região Centro-Oeste do Brasil. A cidade possuiu uma população de

551.350 habitantes (em 2010), sendo que 8,1% são idosos (IBGE, 2010).

Cuiabá possui uma rede hospitalar com 24 hospitais. Destes, três são públicos e 21

privados. Entre os privados, quatro são filantrópicos e dez conveniados ao Sistema Único de

Saúde. (CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE, 2012).

Foram eleitos para participar deste estudo hospitais conveniados ao Sistema Único de

Saúde (SUS), localizados no município de Cuiabá-MT. A partir dos dados do CNES (2012)

foram selecionadas cinco instituições que tinham maior demanda de atendimento de idosos

em situações médicas e cirúrgicas. A escolha destes estabelecimentos se justifica por se

tratarem de serviços que tem maior aporte e capacidade para atender pessoas idosas. O projeto

foi apresentado às cinco instituições, entretanto, apenas três declararam-se favoráveis à

realização da pesquisa, sendo estas: hospital público de ensino, hospital filantrópico e de

ensino, e hospital público.

4.3. Participantes do Estudo

Foram elegíveis para este estudo todos os enfermeiros assistenciais lotados nos

hospitais selecionados para a pesquisa, responsáveis por uma unidade de internação

especializada em atendimento de adultos em situações clínicas médicas e cirúrgicas,

perfazendo um total de 33 enfermeiros no período da pesquisa.

À medida que os dados nas entrevistas começaram a se repetir e que se chegou a

compreensão do julgamento clínico dos enfermeiros, optou-se pela interrupção da coleta de

dados, embasando-se no critério de saturação de dados. Para Polit (2004, p. 237) critério de

saturação dos dados é um princípio orientador na amostragem da pesquisa qualitativa, no

37

qual a coleta de dados se encerra no momento em que não é obtida nenhuma informação

nova e é atingida a redundância. Ao final, 18 enfermeiros participaram do estudo.

4.4. Instrumento de trabalho e teste piloto

Para realização da pesquisa foi elaborado um instrumento dividido em duas partes. A

primeira, com dados referentes à identificação do enfermeiro, formação e experiência

profissional. A segunda parte continha questões norteadoras com o objetivo de conhecer o

processo de avaliação do enfermeiro para o risco de quedas de idosos hospitalizados

(Apêndice A).

Em fevereiro de 2013 foi realizado o teste piloto com quatro voluntários que não

faziam parte da população deste estudo. Com o teste, ajustes nas perguntas norteadoras foram

realizados no sentido de melhorar a compreensão do enfermeiro.

4.5. Entrada em campo e coleta de dados

Antes de iniciar a coleta de dados, foi realizada uma visita prévia a Diretoria Clínica

e/ou de Enfermagem comunicando oficialmente o início da coleta de dados em cada

instituição participante. Neste contato foi solicitada a escala de serviço dos enfermeiros

lotados nas clínicas médica e cirúrgica. Com a relação de nomes em mãos e mediante ao

cumprimento das exigências de cada hospital, foram realizadas visitas aos enfermeiros em seu

local de atuação, estabelecendo um primeiro contato e o convite para participar da pesquisa.

Conforme a aceitação do(a) enfermeiro(a), e na medida em que atendiam os critérios de

inclusão, os encontros foram agendados segundo a disponibilidade de tempo do participante.

A coleta de dados se deu por meio de entrevista semi-estruturada, utilizando o

instrumento previamente elaborado e testado para o estudo. Os dados foram coletados no

período de março a agosto de 2013, em local escolhido pelos enfermeiros dentro de sua

instituição, durante seu turno de trabalho.

4.6. Organização e análise dos dados

A análise dos dados foi realizada por meio da técnica de análise de conteúdo,

especificamente, a análise temática (BARDIN, 2010). Análise de conteúdo é definida como

Um conjunto de técnica de análise das comunicações visando obter por

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens

indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos

38

relativos às condições de produção/recepção destas mensagens (BARDIN, 2010, p.

44).

A análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem a

comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição pode significar alguma coisa para o

objetivo analítico escolhido (BARDIN, 2010, p. 131). Em outras palavras, a análise temática

procura isolar temas de um texto e extrair as partes aproveitáveis, de acordo com o problema

pesquisado, permitindo sua comparação com outros textos escolhidos da mesma forma.

Seguindo os passos preconizados pela técnica, primeiramente foi conduzida a pré-

análise por meio de leituras flutuantes das transcrições das entrevistas em sua totalidade. Na

sequência, foi realizada a codificação das unidades de registro, considerando o objetivo do

estudo. Em seguida, foram realizados agrupamentos dos códigos a partir de temas pré-

definidos. Em cada tema selecionado foram inseridos pequenos trechos das entrevistas que

expressavam o conjunto de significados contidos nas várias unidades de análise. Finalmente,

foi feita a interpretação dos resultados por meio da qual se estabeleceu uma compreensão

mais aprofundada do conteúdo das mensagens apresentadas.

Depois de concluídas estas etapas, os resultados foram discutidos e interpretados com

base no referencial teórico produzido sobre o assunto.

4.7. Aspectos éticos

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado com parecer de nº

206.962/CEP-HUJM/13.

Os enfermeiros foram convidados a participar da pesquisa, sendo orientados quanto

aos objetivos e finalidade do estudo. A participação foi voluntária, com assinatura do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B).

39

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Caracterização dos participantes da pesquisa

Participaram da pesquisa 15 enfermeiras e três enfermeiros, cuja média de idade era de

34 anos (26 a 53 anos). Em relação à formação profissional, 12 deles graduaram-se em

instituições privadas e seis em públicas. A maioria concluiu o curso entre os anos de 2003 e

2012. Um dos enfermeiros possui título de mestre e outros 13, pós-graduação lato sensu nas

áreas de saúde pública, urgência e emergência, enfermagem do trabalho, cardiologia, terapia

intensiva no adulto, pediatria, centro cirúrgico, auditoria em serviços de saúde e gestão do

trabalho. Os participantes possuem em média 6,5 anos de experiência profissional. Na área

hospitalar, a experiência mínima é de dois meses e a máxima é de 15 anos.

Cinco enfermeiros atuam no hospital público de ensino, seis no hospital filantrópico e

de ensino, e sete no hospital público. Destes, oito trabalham na clínica cirúrgica e dez na

clínica médica. Nove enfermeiros trabalham no período diurno e nove no período noturno.

Tanto nestes hospitais como em empregos anteriores a maioria dos enfermeiros reportou ter

atuado em unidades de atendimento de adultos como nas unidades médica, cirúrgica, de

terapia intensiva do adulto, box de emergência, pronto atendimento, ortopedia e unidade

coronariana.

5.2. O processo de avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados feito pelo

enfermeiro

Na análise dos relatos dos participantes identificou-se que o processo de avaliação do

risco de quedas de idosos hospitalizados realizado pelos enfermeiros ocorre conforme a

primeira etapa do processo de enfermagem. Assim, eles coletam dados, depois os analisam e

interpretam e, por fim, emitem um parecer.

5.2.1. A fase de coleta de dados

A coleta de dados é mais frequente na admissão do paciente, mas ocorre também na

passagem de plantão e/ou nas visitas aos pacientes nas enfermarias.

A gente descobre [os riscos] na hora que faz a admissão do paciente. (E01).

Normalmente é na admissão e na troca de plantão (E04).

Então, não é só no início do plantão, e se tiver alguma alteração a gente avalia (E05).

40

(...) [eu passo pelos pacientes] durante a visita. Toda vez que eu pego o plantão eu

vou a todos os leitos olhando de um por um (E16).

A admissão do paciente na clínica foi considerada pelos enfermeiros como o momento

mais adequado para se avaliar o risco de quedas dos idosos.

Então, essas coisas [coleta de dados] se a gente não faz a admissão do paciente, se a

gente não for conversar lá, a gente não fica sabendo. Só fica sabendo quando ele cai.

(...) porque assim você evita muitas coisas. Porque o primeiro contato que você tem

com o paciente é no momento da internação. Se você perde este contato, no

momento da admissão, você perdeu a chance [de avaliar os riscos]. Porque a

próxima vez que você vai ter contato ou é na passagem de plantão em que alguém

vai te passar alguma coisa ou é no retorno do centro cirúrgico (E01).

Nos relatos, os enfermeiros dizem que a coleta de dados para a avaliação do risco de

quedas dos idosos não é realizada habitualmente nem em profundidade. Eles alegam que o

volume de trabalho é grande, o tempo que dispõem é curto e ainda, que devido às rotinas da

instituição também se afastam das atividades assistenciais diretas ao paciente.

Como aqui a rotina é muito... O fluxo é muito grande, a gente não faz esta rotina [de

avaliação do risco de quedas]. Não tem, na verdade, esta rotina por causa do tempo.

Por isso quando eu falo a gente avalia, mas avalia bem superficialmente (E14).

(...) se eu deixasse de fazer algumas funções que não são minhas – a função de

secretário, de ir buscar carrinho de medicação na farmácia, ir atrás de receitinha que

a medicina não deixou, procurar plantonista atrás de receita, digitar a medicação,

buscar paciente no centro cirúrgico – se eu deixasse de fazer estas atividades que

não são minhas eu teria mais tempo para me dedicar para os pacientes no geral e

para o idoso. E poderia estar avaliando melhor, poderia ter uma prescrição melhor e

poderia acompanhar melhor este idoso (E10).

Porque nossa visita não pode ser... Infelizmente, em vista da rotatividade que nós

temos a gente não pode, digamos, dar ao luxo de ficar com o paciente e aprofundar

mais e observar. É uma visita assim teoricamente rápida (E07).

Os enfermeiros utilizam conversas e observação como formas de coletar dados, sem

utilização de instrumentos ou roteiros, com pacientes e acompanhantes. Também buscam

dados por meio da troca de informações com a equipe de recepção do hospital que realiza a

admissão dos pacientes e com os colegas enfermeiros.

A gente observa, vê como é que é o paciente (E01).

(...) no horário da visita eu procuro conversar com eles [os pacientes] e depois

procuro conversar com os acompanhantes que geralmente ficam nos corredores

(E07).

41

Porque antes do paciente subir e de eu admitir ele, eles ligam e falam pra mim: “oh,

a central regulou o paciente tal”. E aí eu já pergunto: “como está este paciente, como

é o quadro clínico deste paciente?” (E09).

(...) se ele internou durante o dia, eu tento tirar essas informações com minha colega.

Mas mesmo assim eu faço minha avaliação depois que ele está no leito (E10).

Por meio da observação os enfermeiros colhem alguns dados relacionados à condição

clínica do paciente, como alterações do estado mental, mobilidade, presença de lesões e

deficiências, uso de próteses e/ou dispositivos, tipo de calçado e vestimenta.

A gente avalia também o sapato que ele usa e a [sua] vestimenta. (...) (E04).

Se tem alguma dependência, alguma deficiência, algum problema. Se faz uso de

algum auxiliar pra deambular como andador, muletas. Se tem prótese (E10)

Eu observo como é que está a deambulação dele porque às vezes diz que está

sentindo tontura, uma avaliação geral. Eu observo o estado de lucidez, se está tendo

alguma dificuldade, tudo (E12).

Os fatores de risco para quedas dos idosos provenientes do ambiente não são dados

coletados sistematicamente pelos enfermeiros. Eles fazem referência à estrutura física da

instituição como problemas do local que trabalham e que podem contribuir para as quedas.

O banheiro deveria ser mais espaçoso para uma pessoa idosa (...) Porque não tem

aquele banheiro que tem aquele corrimão do lado para ele se segurar, não tem aquele

piso antiderrapante (E02).

A estrutura física da instituição favorece muito a queda do paciente, principalmente

os pisos. As paredes não tem aquele rebote para eles se apoiarem, não tem andadores

(E07).

Acho que, assim, muitas vezes a estrutura do hospital não favorece muito [a

prevenção de quedas de pacientes idosos]. Num piso que desliza, dá uma

escorregada e cai (E09).

Fatores de risco são na grande maioria a falta do acompanhante. O número [de

pessoas] da equipe (E16).

Estudo desenvolvido com enfermeiros de unidades especiais de cuidado a pessoas

idosas com demência encontrou que os que tinham mais anos de experiência profissional

eram significativamente mais cientes das condições ambientais como fatores de risco para

quedas que os menos experientes. Os autores concluíram que a atenção aos fatores de risco

ambientais aumenta mais com os anos de experiência que com o nível educacional dos

enfermeiros (STRUKNES et al., 2011).

Além disso, é reconhecido pela literatura que um ambiente inseguro eleva

consideravelmente a ocorrência de quedas. Nesse sentido, os relatos desta pesquisa sobre

42

presença intermitente de fatores extrínsecos para o risco de quedas revelam uma realidade

preocupante vivida por pacientes e trabalhadores nas instituições pesquisadas. Dos vários

estudos realizados nesta última década que identificam as causas das quedas de pacientes

hospitalizados, destaca-se o estudo de Laguna-Parra e cols. (2011). Realizado em 2010, com o

objetivo de analisar a incidência de quedas, o perfil dos pacientes caidores e identificar as

possíveis causas e efeitos da queda, referiu que as causas relacionadas ao ambiente foram

responsáveis por quase 20% dos incidentes e, que a maioria destas quedas estava relacionada

ao uso do corrimão, seguido por iluminação inadequada e piso escorregadio.

Além disso, sabe-se que quanto maior a interação entre fatores de riscos de quedas,

maior é a probabilidade de o evento ocorrer (WHO, 2010). Constituindo-se como

preocupação para enfermeiros e gestores identificar e prevenir os fatores extrínsecos, como

primeira medida de prevenção de quedas no hospital (EDWARDS, 2011; TZENG et al.,

2011).

A coleta de dados ocorre também por meio das conversas os participantes relatam que

obtém dados junto ao paciente e/ou acompanhantes que se relacionam com a condição clínica

do idoso (presença de doenças, de sinais e sintomas, alterações do estado mental, capacidade

para realizar as atividades de vida diária (AVD), rotina do idoso quando está em casa, uso de

medicamentos, acuidade visual, etc).

(...) Acima de 60 anos de idade, se é diabético, hipertenso, se tem uma lesão no

corpo. Se ele tem condições de levantar sozinho, de ir ao banheiro; quais os

medicamentos que ele está tomando, se ele vai desenvolver tontura, fraqueza,

fraqueza de membros inferiores; se tem edema; se tem alguma lesão, tipo lesão

óssea ou lesão muscular (E02).

É o nível de consciência do paciente. Se ele está agitado ou não, é a agitação

psicomotora, a idade dele, e a mobilidade (E05).

Como que ele é, se ele gosta de caminhar (...) se na casa dele ele usa ou não alguma

coisa, algum material, se tem dificuldade, se caminha bem devagar ou se caminha

mais rápido. (...) Às vezes tem uns que faz fisioterapia, a gente pergunta se faz

(E04).

Do exposto acima, percebe-se que a coleta de dados realizada pelos enfermeiros para

avaliar o risco de quedas se dá de maneira assistemática, não focalizada, sem a utilização de

instrumentos específicos (escalas).

No Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) por meio da Resolução n.º

272/2002 estabeleceu a obrigatoriedade da implantação da Sistematização da Assistência de

Enfermagem (SAE) em todas as instituições de saúde. Em 2009, a SAE se tornou obrigatória

em todos os ambientes em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem (COFEN, 2009).

43

A adoção da SAE, portanto, seria importante para o enfermeiro no processo de avaliação do

risco de quedas dos idosos, auxiliando-o a pensar e agir de forma crítica frente às

necessidades do paciente.

As implicações da falta de sistematização são inúmeras e prejudiciais à qualidade da

assistência de enfermagem e à segurança do paciente (ANDRADE; VIEIRA, 2005). Isso leva

o enfermeiro a coletar dados de forma não intencional, aleatória, superficial e diferente para

cada paciente. Sua ausência pode gerar a perda e/ou a insuficiência de dados e coleta de

informações desnecessárias ao processo de avaliação do risco de quedas (LUNNEY, 2013). E

por isso dificulta o estabelecimento de planos de cuidados que atendam às reais necessidades

de saúde dos pacientes idosos e a elaboração de protocolos de prevenção do risco de quedas

(INTERNATIONAL COUNCIL OF NURSES, 2007).

Por outro lado, o uso de um roteiro ou instrumento pode auxiliar o enfermeiro na

identificação de indícios sobre o risco de quedas de pacientes idosos de forma objetiva e com

maior possibilidade de precisão (CARPENITO-MOYET, 2006). Nesse sentido, existem

vários instrumentos para a avaliação do risco de quedas de pacientes hospitalizados. Os mais

submetidos a processos de validação são a Morse Fall Scale, o Index Dowton e STRATIFY

Score (HAINES et al., 2007).

Os autores referem que as pesquisas não são unânimes em apontar um instrumento

com acurácia elevada na previsão de quedas de pacientes. Alguns estudos realizados com a

população idosa apontaram que a Morse Fall Scale e o STRATIFY Score obtiveram bons

resultados na previsão de quedas de pacientes internados em clínicas médicas e geriátricas

(OLIVER et al., 1997; PAPAIOANNOU et al., 2004).

Os diferentes resultados encontrados na literatura se devem ao fato de que os

instrumentos detêm especificidades que geram diferentes resultados quando utilizados em

diferentes ambientes, além disso, não preveem a identificação de fatores ambientais. Apesar

dessas limitações, eles são capazes nortear a avaliação do risco de quedas de pacientes

hospitalizados, favorecendo o raciocínio diagnóstico dos enfermeiros e o registro das

informações.

Oliver, Healey e Haines (2010) consideram que a adoção de instrumentos para avaliar

e prever o risco de quedas em pacientes nos hospitais é importante para enfermeiros e

gestores. Contudo, alertam que os enfermeiros devem usá-los de forma crítica,

compreendendo suas limitações e qualificar seu conhecimento sobre os fatores de risco

modificáveis e não modificáveis. Para os autores, essa é a combinação que permite reduzir o

risco de quedas nas instituições hospitalares.

44

Na última década, alguns estudos se propuseram a investigar o julgamento clínico (JC)

do enfermeiro e o uso de instrumentos na avaliação do risco de quedas de idosos. Estudo

realizado no Reino Unido com 200 idosos hospitalizados em alas de reabilitação geriátrica

identificou que o JC dos enfermeiros obteve 78% de precisão preditiva mais elevada que

quando aplicados os instrumentos Downton e STRATIFY Score (VASSALO et al., 2008).

Webster e colaboradores (2010) compararam o JC sozinho e com o uso do STRATIFY Score

em 788 idosos internados em um hospital de ensino da Austrália, em 2007, e apontaram que o

JC com uso do STRATIFY Score conseguiu identificar mais pacientes que posteriormente

sofreram quedas do que o somente o JC dos enfermeiros.

Outros estudos realizados com a população idosa residente em Instituições de Longa

Permanência para Idosos (ILPI), com objetivos semelhantes às pesquisas anteriores,

concluíram que não houve diferenças significativas entre o JC sozinho dos enfermeiros e com

o uso de instrumentos de avaliação do risco de quedas como Downton (MEYER et al., 2005)

e STRATIFY Score (MEYER et al., 2009).

Resultados como estes possibilitam refletir que a adoção de instrumentos padronizados

na prática de enfermagem é um recurso em potencial e que pode assumir um papel decisivo

na organização do trabalho de enfermagem e no registro de informações tanto no prontuário

do paciente como no setor de qualidade das instituições hospitalares.

No entanto, cabe ressaltar que este recurso é dependente do desenvolvimento de um

JC preciso do enfermeiro. Na avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados é

fundamental que o enfermeiro tenha conhecimento teórico e prático sobre o risco de quedas

deste grupo etário e que aprimore as relações estabelecidas entre os dados que coleta do

paciente e do ambiente.

Nesse sentido, para bons julgamentos clínicos, é necessário que o enfermeiro

desenvolva continuadamente a habilidade de reconhecer evidências de risco de quedas, dar

significado a elas e responder de forma adequada ao grau de risco encontrado. Para isso, cabe

a ele reconhecer e aprimorar suas habilidades cognitivas, seus hábitos mentais e sua

comunicação com o paciente. Além disso, fazer da reflexão de suas práticas um hábito, afim

de o enfermeiro identificar seus avanços e suas necessidades.

Considerando o JC, nesta primeira etapa da avaliação do risco de quedas dos idosos

realizada pelos enfermeiros, ou seja, a coleta de dados,foi possível apreender que a etapa de

reconhecimento começa no primeiro contato deles com os pacientes na admissão, na

passagem de plantão e/ou nas visitas.

45

Dos relatos depreende-se que essa etapa do JC é influenciada mais pelo

conhecimento empírico do que do científico. Esse conhecimento empírico advém da sua

vivência conversando com pacientes, familiares ou presenciando quedas de idosos.

É no dia a dia que você adquire conhecimento. Admitindo paciente idoso, no dia a

dia do serviço, presenciando muitas quedas, muito acidente dentro de hospital,

inclusive tem paciente que até morre de queda no hospital. Então, [a queda]

influencia de maneira positiva, você fica mais atenta (E05).

É quando alguns pacientes internam e comentam sobre o risco [de quedas]. Eu tenho

um paciente idoso que teve uma queda, ele caiu no banheiro do hospital durante seu

pós-operatório e isso foi assim um alerta. Já tive relatos de paciente que não

chegaram a cair, mas relataram que foram ao banheiro e ao voltar sentiram uma

fraqueza na perna e deram aquela escorregadinha (E08).

(...) o paciente quando leva uma queda, que já aconteceu, aí você fica esperta. Queda

é muito perigoso e com esses pacientes o risco é muito grande. Pacientes com

próteses também, já tive paciente com prótese de joelho que levou uma queda (E09).

Dos relatos percebe-se também que o conhecimento científico dos enfermeiros

participantes sobre idosos e quedas esteve ausente ou abordado superficialmente durante sua

formação. Além disso, como profissionais não tiveram capacitação nem consumiram

literatura sobre a temática.

Não. [Não tive na graduação. Aprendi] só na vivência. Não tenho tido nada que

trouxesse isso [o conhecimento] prá gente (E02).

A saúde do idoso pra mim eu conheci na experiência profissional, porque assim na

faculdade a gente vê de forma muito superficial na saúde do adulto. De uma forma

bem parcial mesmo. No dia a dia nas clínicas médica e cirúrgica a gente vai

adquirindo conhecimentos e pelo próprio estudo mesmo (E07).

Olha, a gente nunca teve uma educação continuada falando disso [sobre o risco de

quedas]. Então, assim, foi aprendendo no meu dia a dia, na minha prática. Porque se

eu te falasse que eu leio muito artigo, eu estaria mentindo. Eu não sou muito de ler

artigos científicos (E08).

Risco de quedas, assim, só no diagnóstico nosso, de enfermagem. Ele só foi

informado, por causa do NANDA que tem o diagnóstico do risco de quedas. [Mas]

passado mesmo não. Não foi abordado profundamente [durante a graduação] (E09).

A ausência ou insuficiência do conhecimento científico dos participantes também

ficou evidente quando relataram que desconhecem qualquer instrumento de avaliação do risco

de quedas ou quando se equivocam quanto à sua aplicação, entendendo como equipamentos,

programas de computador e comunicação enfermeiro-paciente.

De instrumento eu não tenho conhecimento mesmo (E 09).

Não conheço. Nunca vi (E 13).

46

Acho que não [é necessário o uso de um instrumento para avaliar o risco de quedas]

porque seria um instrumento a mais que muitas vezes o hospital estaria comprando

para continuar ali no canto sem uso (E 01).

Um instrumento que eu acho importante é o relacionamento enfermeiro-paciente (E

03).

Do que foi apresentado até aqui, pode-se inferir que a coleta de dados para a avaliação

do risco de quedas que os enfermeiros participantes deste estudo fazem é incompleta. Isso no

sentido de não permitir a obtenção de toda a informação relevante sobre o risco de quedas do

idoso. Se por exemplo, o enfermeiro questionasse “Tenho todas as informações necessárias

para concluir se o idoso está sob o risco de quedas e qual o grau desse risco?”, neste caso, os

enfermeiros não teriam todas essas informações.

A partir do momento em que os dados são coletados apenas por meio de conversas e

observação não sistemáticas, os enfermeiros perdem dados importantes para a precisão da

avaliação do risco de quedas dos idosos hospitalizados. A etapa de reconhecimento da

situação, portanto, é limitada e o JC sofre as consequências dessa limitação, gerando

impressões incompletas e/ou equivocadas.

Segundo Gordon (2004), é importante entender que as informações clínicas sobre o

paciente e sua situação são adquiridas na interação entre o enfermeiro e ele, e que a qualidade

dessa interação afeta a informação obtida, consequentemente, o julgamento realizado. Neste

sentido, uma coleta de dados sistematizada melhoraria a qualidade dessa interação. Isso

porque amplia a visão do enfermeiro sobre o paciente e sua situação, proporciona maior

clareza dos problemas de enfermagem que ele apresenta, auxilia na determinação precisa dos

diagnósticos de enfermagem, consequentemente no estabelecimento do plano de cuidados e

seu acompanhamento (LIMA et al., 2006).

Vários estudiosos valorizam a experiência do enfermeiro e a tem como decisiva no seu

JC (POTTER; PERRY, 2005; TANNER, 2006; LASATER, 2011). Isso pode ser considerado

na análise que se faz do conhecimento que os enfermeiros deste estudo possuem. Seu tempo

de experiência profissional na área hospitalar foi, em média, 6,5 anos.

Entretanto, bons julgamentos são desenvolvidos quando ao conhecimento do empírico

é agregado o consumo de literatura especializada, reflexão da prática, desenvolvimento de

programas de prevenção do risco de quedas e educação continuada. Também quando há um

esforço pessoal do enfermeiro para desenvolver hábitos mentais e habilidades cognitivas

(POTTER; PERRY, 2005; TANNER, 2006; LUNNEY, 2013; THOMPSON; DOWLING,

2012).

47

Essas habilidades vêm com o tempo. Estudiosos do JC referem que o seu

desenvolvimento ocorre gradativamente tendo início na graduação, aprimorando-se com o

avanço da experiência. Como habilidade a ser adquirida, é esperado que o enfermeiro com

três anos de prática profissional tenha um JC competente quanto à capacidade de prever e

atender necessidades de saúde do paciente (BENNER, 1982; LASATER, 2009; LASATER,

2011).

Levando isso em consideração, infere-se que a coleta de dados para a avaliação do

risco de quedas que os enfermeiros deste estudo fazem é inconsistente, de pouca

profundidade. Na medida em que há pouco conhecimento científico agregado ao

conhecimento adquirido em sua prática, o enfermeiro deixa de fazer inferências significativas

e relevantes sobre os achados. Por exemplo, ao colher informações relacionadas ao estado

mental do idoso apenas considerando seu conhecimento sem considerar o que já foi produzido

cientificamente sobre estado mental das pessoas idosas (formas de medir, padrões de

referência), pode chegar a conclusões equivocadas.

5.2.2. A fase de análise e interpretação de dados

A análise e interpretação dos dados do processo de avaliação do risco de quedas de

idosos realizado pelo enfermeiro no hospital é a fase subsequente à coleta de dados. Nela, o

enfermeiro realiza passos denominados de identificação dos indícios, inferências, validação

das inferências e emissão de um parecer. Embora sejam sequenciais, esses passos podem se

estabelecer simultaneamente na mente do enfermeiro.

Neste estudo foi percebido, na fase de análise e interpretação dos dados do processo

de avaliação do risco de quedas feita pelos enfermeiros, que são realizados os passos de

identificação dos indícios ou fatores de risco de quedas dos pacientes, geração das inferências

e emissão do parecer. A validação das inferências não foi identificada.

Se ele tem mais de 60 anos, a gente já vê que ele é idoso, então pela própria questão

de ser idoso e de ter um sistema imunológico baixo, dificuldade para deambular,

dificuldade cognitiva. (...) porque mesmo que seja um idoso saudável que não tenha

risco de queda dependendo do medicamento na hora que ele for levantar o risco dele

ter tontura, o risco de cair é muito grande (E02).

Também tem o suporte de soroterapia (...) e isso pode dificultar a locomoção dele. Mesmo assim o paciente desce da cama com o soro na mão e isso pode dificultar a

locomoção dele (E06).

48

Iluminação inadequada. Muitas vezes queima a lâmpada e eles não têm como trocar

essa lâmpada de noite, então o paciente entra no banheiro no escuro, sai no escuro.

Então, isso aí, potencializa em muito o fator do risco de queda do paciente (E01).

Considerando o JC, nesta segunda fase da avaliação, foi possível apreender que a

etapa de interpretação existe na identificação de indícios e nos estabelecimentos das

suposições diagnósticas. Entretanto, considerando que esses enfermeiros realizam a coleta de

dados assistematicamente, e que no JC deles há predomínio do conhecimento do senso

comum, infere-se que suas inferências e suposições também são inconsistentes.

A falta de sistematização pode levar à perda de indícios significativos para a análise e

o conhecimento científico insuficiente acarreta relações frágeis entre os indícios.

Na etapa de interpretação do JC é esperada do enfermeiro a análise detalhada dos

elementos observados na etapa de reconhecimento e a afirmação de relações entre os dados

envolve a combinação de conhecimentos teóricos e práticos (PHANEUF, 2008). Isso levará o

enfermeiro a produzir pareceres precisos com maior acurácia para a predição do risco de

quedas (TANNER, 2006).

O conhecimento científico insuficiente também prejudica a análise e interpretação de

situações de maior complexidade (THOMPSON et al., 2004). Ao realizarem suas inferências

apenas com predomínio do conhecimento do senso comum, os enfermeiros não conseguem

trazer para a análise elementos teóricos que os subsidiariam na correta e completa avaliação

do risco de quedas dos idosos assistidos.

Estudos têm revelado resultados de prejuízo à qualidade da assistência causado pelo

conhecimento incipiente dos profissionais de enfermagem tanto para avaliar quanto para

determinar ações de cuidado. Magalhães e colaboradores (2011) verificaram que os

enfermeiros tinham dificuldade para identificar, quantificar e tratar a dor em pacientes com

trauma devido ao conhecimento insuficiente e que com treinamento, o conhecimento sobre a

avaliação e tratamento da dor aumentou significativamente. Geurden e cols. (2014) avaliaram

a documentação de enfermagem sobre o estado nutricional de pacientes e concluíram que a

documentação era pobre provavelmente pelo conhecimento insuficiente dos enfermeiros.

Como mencionado anteriormente, não se encontrou relatos que descrevem a validação

das inferências pelos enfermeiros. Segundo Gordon (2004), a validação se dá de duas formas

– clarificação e verificação. Na primeira, o enfermeiro busca tornar mais claro suas

percepções e entendimentos que tem sobre as informações coletadas. Por exemplo, o

enfermeiro pode perguntar ao paciente o que ele quis dizer com “Estou confuso”. Já a

verificação significa checar informações ambíguas. Por exemplo, o enfermeiro, buscando

49

verificar se a sua impressão está correta, pode dizer à idosa que referiu não mais limpar a

casa: “Eu penso que a Sra. consegue limpar a casa, embora não mais realize esta atividade.

Estou certa?”.

Considerando a importância da validação dos dados na avaliação do risco de quedas

dos idosos a fim de que ela seja a mais exata possível, sua ausência também pode gerar

pareceres imprecisos e, consequentemente, comprometer o plano de cuidados.

Dos relatos dos enfermeiros pesquisados não foi possível reconhecer os padrões de

raciocínio intuitivo e narrativo da etapa de interpretação do modelo de JC proposto por

Tanner (2006), constituindo-se como uma limitação deste estudo. No entanto, identificou-se o

raciocínio analítico, principalmente quando eles emitem o parecer, momento do processo de

avaliação no qual o enfermeiro estabelece o risco de queda do idoso hospitalizado. Observou-

se que eles chegam a emitir mentalmente esse parecer.

Paciente que não dorme muito e rola muito na cama. Então você já avalia que

provavelmente pode ser que também caia da cama de noite. Pode ter o risco de

queda, né? (E01).

Você põe lá [no leito] e ele está confuso, toda hora está levantando, escorrega e cai.

(...) mas nesse divã se ele virar ele tomba. Então, está correndo o risco de cair (E15).

(...) porque ele pode querer levantar da cama sozinho; só que ele está debilitado e aí

tem uma queda (E17).

De acordo com Gordon (2004), na avaliação da saúde do paciente o enfermeiro busca

chegar a um julgamento correto e confiável. A fim de alcançar essa meta, é requerido do

enfermeiro o refinamento das suas impressões do senso comum por meio raciocínio crítico,

obtido com conhecimento do senso comum (experenciado) e científico, assim como com o

desenvolvimento de habilidades cognitivas.

Considerando todo o processo de avaliação dos enfermeiros deste estudo que foi

descrito aqui, a ausência de sistematização, a insuficiência de conhecimento científico

agregado, e ainda o que se observou do JC aplicado que não articula todos os elementos

necessários a um julgamento confiável, pode-se novamente inferir que há inconsistência no

parecer emitido pelos participantes.

A principal consequência de pareceres sem consistência é a elaboração de planos de

cuidados igualmente inconsistentes, insuficientes para prevenir o risco de quedas dos idosos e

reduzir os danos quando elas acontecem.

Neste estudo, o parecer dos enfermeiros de que o paciente idoso está em risco de cair é

transmitido por meio de orientação verbal aos membros da equipe, pacientes e familiares ou

às vezes é registrado no prontuário na forma de anotação de enfermagem.

50

Eu repasso [o parecer] fazendo orientação com o paciente e com os funcionários.

Nós ainda não temos condições de anotar (E06).

Quando dá, (...) eu coloco no campo das anotações que [o paciente] é idoso.

Principalmente coloco no campo das intercorrências que foi orientado (E07).

Eu transmito aos membros da equipe. E quando o idoso é lúcido e está com

acompanhante, eu oriento o acompanhante e o paciente também (E08).

[Eu repasso] para minha equipe (...). Tudo aquilo que é importante, relevante, eu

passo para a colega. Além disso, tem a orientação verbal a pacientes e

acompanhantes. E para as demais equipes como o laboratório, os acadêmicos e

limpeza nós temos que fazer esta orientação verbal (E10).

No estudo de Struknes e cols. (2011), os enfermeiros que cuidavam de idosos nas

unidades especiais costumavam discutir as quedas dos pacientes, mas somente 60% deles

registravam o risco de quedas nos planos de cuidados.

A transmissão oral das informações sobre o paciente dificulta o planejamento das

ações da equipe de enfermagem. E o registro pouco frequente, na forma de anotação é

inadequado, considerando que legalmente é exigido do enfermeiro o registro do diagnóstico

de enfermagem (COFEN, 2009). De outro modo, a ausência do registro não corrobora para

boas práticas de enfermagem e contribui para a invisibilidade da assistência de enfermagem

(ICN, 2007).

Segundo Struknes e cols. (2011), a ausência de documentação pode ser a causa de uma

equipe desatenta, consequentemente negligente, que falha no planejamento de cuidados

apropriados para evitar a queda antes que ela aconteça.

51

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na análise da utilização do julgamento clínico dos enfermeiros deste estudo no

processo de avaliação do risco de quedas de idosos durante o período de hospitalização

concluiu-se que seu uso é incompleto e limitado, podendo gerar pareceres inconsistentes e

imprecisos.

Isso porque o processo de avaliação é realizado de maneira superficial, assistemática,

não focalizada, sem a utilização de instrumentos específicos. Também porque há pouco

conhecimento científico agregado ao conhecimento adquirido na prática dos enfermeiros

pesquisados.

Este estudo apresenta como limitação o fato de o JC dos enfermeiros pesquisados ter

sido analisado apenas por meio de seus relatos e nenhuma medida foi aplicada. Neste sentido,

alguns aspectos do JC podem não ter aparecido, consequentemente não explorados.

Entretanto, os achados foram relevantes e apontam para importantes implicações ao paciente,

familiares, enfermeiro e às instituições hospitalares.

Os pacientes tem sua segurança comprometida com maior probabilidade de sofrerem

quedas que trarão consequências a eles durante a hospitalização e após a alta hospitalar. Tais

consequências também poderão repercutir na dinâmica familiar, requerendo adaptação dos

familiares do idoso a novos rearranjos familiares, auxílio parcial ou total na execução das

atividades de vida diária do idoso, aumento das despesas, reajuste financeiro, entre outros.

Para os enfermeiros, esses resultados mostram a insuficiência do potencial e da

confiabilidade do JC na avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados. Da maneira

como o JC é realizado prejudica a capacidade de o enfermeiro prevenir as quedas e reduzir

sua ocorrência por meio de intervenções apropriadas. Consequentemente, traz prejuízo à

qualidade do cuidado prestado ao paciente e ainda, desqualificação e desvalorização da

profissão de enfermagem.

A maior probabilidade de quedas de idosos trazem novas demandas de saúde dos

idosos caidores que elevam os custos e aumentam a carga de trabalho para as equipe de

profissionais nos hospitais. Nesse sentido, a qualidade da assistência também fica prejudicada,

comprometendo a imagem social da instituição, bem como a desqualificando para processos

de acreditação hospitalar. Em última instância todas as consequências descritas até aqui geram

um ônus econômico e social que recai sobre a sociedade e os governos.

Diante do exposto, a integração de boas práticas para melhorar o cuidado deve ser um

compromisso tanto pessoal quanto coletivo da enfermagem com a finalidade de fornecer o

52

melhor cuidado a cada paciente. Tanto o enfermeiro quanto a equipe de enfermeiros, bem

como a gestão de enfermagem podem implementar formas de melhorar o cuidado com vistas

a prevenir e reduzir as quedas dos idosos nos hospitais.

Cabe ressaltar que o desenvolvimento do JC do enfermeiro não está somente na

formação de um escopo teórico sobre as situações clínicas que envolvem seu cotidiano de

trabalho. Ele é fundamentado também no treinamento, até tornar-se uma habilidade. Nesse

sentido, o enfermeiro ao treinar a observação criteriosa do paciente, do ambiente e analisar

criticamente os dados coletados está aprimorando a etapa de reconhecimento de seu

julgamento. O desenvolvimento de habilidades sensoriais e cognitivas e a prática da reflexão

sobre o próprio pensar são estratégias facilitadoras desse processo.

Utilizar evidências clínicas na prática clínica também pode auxiliar o enfermeiro a

identificar e graduar o risco de quedas de idosos durante a avaliação, trazendo consistência

científica às ações de enfermagem. Outro importante recurso é a adoção de instrumentos

específicos e validados para avaliar o risco de quedas. Seu uso possibilita ao enfermeiro a

identificação de fatores de risco de quedas de pacientes de forma objetiva e com maior

possibilidade de precisão, além de contribuir para a sistematização do cuidado de

enfermagem.

Cabe às instituições hospitalares e seus gestores proporcionarem meios para que os

enfermeiros desenvolvam práticas mais científicas por meio de ações de educação continuada

com treinamentos e capacitações que promovam o desenvolvimento de habilidades

intelectuais de pensamento, raciocínio, reflexão e crítica.

Também há necessidade de melhorar o processo de formação dos enfermeiros no

sentido de promover aos acadêmicos de enfermagem maior contato com a temática do

julgamento clínico, por meio de discussões teóricas, situações clínicas (simuladas ou não) e

outras estratégias que favoreçam o desenvolvimento do JC como uma habilidade.

Para isso, considerando a estrutura dos cursos de graduação em enfermagem no Brasil,

é oportuna a revisão da grade dos currículos escolares, no intuito de promover a inserção

efetiva de treinamento de hábitos mentais e habilidades cognitivas e da prática do JC durante

os estágios curriculares.

Iniciativas nesse sentido poderão tornar o enfermeiro competente para tomar decisões

em diversas situações de maneira mais assertiva. A articulação entre conhecimento teórico,

experiência profissional e uso da intuição é o que compõe o JC de enfermeiros.

53

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61

ANEXOS

62

63

64

65

APÊNDICES

66

(Apêndice A)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM – NÍVEL MESTRADO

GRUPO DE ESTUDOS DO ENVELHECIMENTO E DA PESSOA IDOSA (GEEPI)

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Projeto: Julgamento clínico do enfermeiro no processo de avaliação do risco de quedas de

idosos

Mestranda: Fabiana Maria de Almeida

Orientadora: Profª Dra. Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo

1. Entrevista nº.: 2. Identificação na pesquisa (participante):

3. Nome do participante:

4. Sexo:

Feminino Masculino 5.Idade:

__________anos

6. Naturalidade: _______________________________________

7. Graduação:

Universidade Pública

Universidade Privada

8. Ano de Conclusão: _________________

12. Clínica (de atuação):

Cirúrgica Médica

13. Capacitação em Geriatria/Gerontologia:

Não Sim

14. Experiência profissional - assistência: ________anos

9. Pós-Graduação: Não Sim

Em curso

Concluída Hospitalar até 1 ano 2 a 4 anos

5 anos 10 anos ou mais 10. Tipo: Lato Sensu Residência Mestrado

11. Área:

_______________________________________________

Atenção Básica

ILPI

Home care

até 1 ano 2 a 4 anos

5 anos 10 anos ou mais

Outros

15. Experiências anteriores:

Clínica médica

Clínica cirúrgica

Bloco cirúrgico

Clínica médica

UTI infantil/neo

Cl. pediátrica

Cl. Ginecologia e Obstetrícia

UTI infantil/neo

Box de emergência

Gerenciamento/ Coord. serviços

Box de emergência

Outros _______________________

PERGUNTAS NORTEADORAS

1) No seu trabalho, no seu dia a dia, você costuma avaliar o risco de quedas de idosos?

2) Como?

Quais elementos/fatores você considera em sua avaliação?

Além destes elementos (ligados ao paciente), na sua avaliação do risco de quedas de idosos

hospitalizados você considera outros fatores?

(explorar conhecimento, vivência, experiência, raciocínio)

3) Quando você avalia o risco de quedas de idosos?

4) Em sua opinião quais as pessoas envolvidas na prevenção do risco de quedas de idosos hospitalizados?

(explorar equipe, instituição, outros profissionais...)

5) Fale-me sobre a utilização de instrumentos voltados para a avaliação do risco de quedas de idosos

hospitalizados.

6) O que você considera que contribui para a prevenção do risco de quedas de idosos hospitalizados?

67

(Apêndice B)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM – NÍVEL MESTRADO

GRUPO DE PESQUISA DO ENVELHECIMENTO E DA PESSOA IDOSA

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, da pesquisa

“Julgamento clínico do enfermeiro no processo de avaliação do risco de quedas de

idosos”.

O objetivo deste estudo é descrever o julgamento clínico realizado pelo enfermeiro no

processo de avaliação do risco de quedas de idosos durante o período de internação.

Sua participação nesta pesquisa consistirá em ser entrevistado(a) sobre o tema da

pesquisa, respondendo oralmente as perguntas propostas pela pesquisadora e

permitindo que suas declarações sejam gravadas, pois suas falas serão usadas para

analisar a pesquisa. Antes de iniciar as perguntas, será feito um teste com o gravador

digital para que o(a) entrevistado(a) possa entender sobre o funcionamento do mesmo.

Não há riscos relacionados com sua participação na pesquisa, pois sua participação é

anônima e você poderá desistir a qualquer momento, sem prejuízos ou punição. Não há

benefícios diretos para você, no entanto, os dados coletados nas entrevistas poderão contribuir

para o planejamento de ações voltadas a prevenção de quedas de idosos hospitalizados.

Os dados referentes à sua pessoa serão confidenciais e garantimos o sigilo dos mesmos

durante toda pesquisa, inclusive na divulgação da mesma. Os dados coletados a partir das

entrevistas não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação, pois no momento

de transcrição das entrevistas feita pela pesquisadora principal o participante e sua respectiva

entrevista serão identificados cada qual por um código.

Você receberá uma cópia desse termo o qual tem os dados da pesquisadora

responsável, para que você possa localizá-lo a qualquer tempo. Seu nome é Fabiana Maria de

Almeida, residente na Rua Projetada A, 137, apto 07, Jardim Petrópolis, Cuiabá-MT, CEP:

78070-015, celular (TIM): (65) 8131-7581, telefone (65) 3358-3166, email:

[email protected].

Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Júlio Müller-UFMT- pelo telefone (65) 3615- 8254, com a Prof. Shirley F.

Pereira (coordenadora).

Considerando os dados acima, CONFIRMO que fui informado por escrito e

verbalmente dos objetivos desta pesquisa.

Eu (nome do participante)............................................................................................................,

Idade:..........Sexo:...............Naturalidade:...................................RG Nº:..........................declaro

que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e

CONCORDO em participar.

Assinatura do participante ___________________________________________________

Assinatura da pesquisadora __________________________________________________

68

(Apêndice C)

AGRUPAMENTO 1

DESCRIÇÃO DA COLETA DE DADOS

ENT QUANDO COMO O QUE QUEM POR QUE

1

A gente descobre [os riscos] na hora que faz a

admissão do paciente.

A gente observa, vê como é que é o

paciente.

Por isso tem que fazer a entrevista antes

(...).

ENTREVISTA - Idade, (...) história de

vida. Às vezes, o paciente é daquele

acostumado a levantar de noite. Não dorme

direito (...) algumas manias que o paciente

tem. (...) Alguma outra condição física do

paciente que impossibilite deambular

direito.

OBSERVAÇÃO - Piso escorregadio,

banheiros inadequados - não tem aquelas as

alças na parede para que ele possa se

segurar. As camas que não fecham, elas

não travam as rodinhas. Então, muitas

vezes a cama escapa, foge do paciente. É...

[são] esses fatores... líquidos no chão,

muitas vezes outro paciente é quem

derruba e facilita ainda mais a queda.

(...) o banheiro fica muito tempo molhado

porque não tem, por exemplo, um rodo

para ele puxar depois que ele toma banho.

Por que acha que tem que ser na

admissão:

Então, essas coisas se a gente não faz a

admissão do paciente, se a gente não for

conversar lá, a gente não fica sabendo. Só

fica sabendo quando ele cai. (...) porque

assim você evita muitas coisas, sabendo

na entrevista.

Se você deixa passar o momento da

internação, você perde (...) muita coisa e

não tem o tempo hábil de voltar naquele

paciente de novo pra saber mais coisas

dele.

Porque o primeiro contato que você tem

com o paciente é no momento da

internação. Se você perde este contato, no

momento da admissão, você perdeu a

chance [de avaliar os riscos]. Porque a

próxima vez que você vai ter contato ou é

na passagem de plantão em que alguém vai

te passar alguma coisa ou é no retorno do

centro cirúrgico.

2

A gente ao receber o plantão já faz a avaliação

de todos os pacientes. A gente já chega e faz

esta avaliação do risco de quedas de todos os

pacientes.

Quando o paciente chega na clínica para

internar a gente faz o nosso histórico. É feito

na admissão do paciente.

OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA? - A

gente avalia se ele deambula, se ele

necessita uma cama com ou sem grade,

tipo de calçado, banheiro, piso.

O tipo de medicamento dele, se ele vem

sentido fraqueza, se ele vem sentindo

tontura (...). Acima de 60 anos de idade, se

é diabético, hipertenso, se tem uma lesão

no corpo.

ENTREVISTA - Lá [no histórico de

enfermagem] a gente coloca se ele é

acamado, se ele deambula, se ele tem

alguma dificuldade física, alguma

dificuldade para andar, alguma dificuldade

de se locomover do leito até o banheiro, se

precisa de ajuda.

Se ele tem condições de levantar sozinho,

de ir ao banheiro; se ele tem... Quais os

A gente faz avaliação de todo paciente e do

ambiente onde ele está também, se tem

risco pra ele, se não tem risco para ele.

Todos os pacientes, que forem acamados, a

gente avalia diariamente.

Por que investiga o tipo de medicamento

que o paciente faz uso e possíveis efeitos

colaterais?

(...) porque mesmo que seja um idoso

saudável que não tenha risco de queda

dependendo do medicamento na hora que

ele for levantar o risco dele ter tontura, o

risco de cair é muito grande.

Por que investiga a presença de lesões no

corpo e de dificuldades de mobilidade?

(...) porque isso também dificulta a

deambulação dos próprios pacientes

internados.

Por que investiga fatores extrínsecos

como iluminação inadequada e

vazamentos na enfermaria?

Porque a maioria dos idosos que interna

69

medicamentos que ele está tomando, se ele

vai desenvolver tontura, fraqueza, fraqueza

de membros inferiores; se tem edema; se

tem alguma lesão, tipo lesão óssea ou lesão

muscular.

OBSERVAÇÃO? - E a outra é que a gente

avalia também o ambiente: se o piso está

molhado, se paciente sempre tá com o

chinelo, se dá pra ele descer da cama. A

gente avalia o piso também, se o chuveiro

não fica ligado, se não há vazamento na

enfermaria... Tudo isso é que a gente faz na

nossa avaliação, assim. Também a

iluminação.

aqui, né, tem dificuldade visual, e além

de ter dificuldade visual eles tem

dificuldade de audição.

3

4

É na admissão.

Normalmente é na admissão e na troca de

plantão.

No momento em que eu recebo o plantão.

ADMISSÃO - A gente pega os dados, no

histórico, e aí vai fazer a admissão dele,

fazer a avaliação dele. Daí o enfermeiro se

vê que tem risco de queda já põe.

VISITA - Primeiramente a gente vê, passa

nos quartos e vai olhando os pacientes,

leito por leito. Aí a gente vai vendo quem é

o idoso e qual é o risco dele de queda.

(...) aí quando eu vou entrar nos leitos, a

gente passa a visita pra conversar com

todos os pacientes. Aí você vai

conversando, você vai vendo os pacientes.

Aí você faz a avaliação, conversa com ele e

pergunta pro acompanhante que está

[presente].

PASSAGEM DE PLANTÃO - Então, a

gente pergunta o diagnóstico [para a

enfermeira na passagem de plantão], e

também tem na admissão [refere-se aos

dados colhidos no histórico de

enfermagem]. E ela passa a informação

para gente: ‘tem risco de queda, é idoso,

tem acompanhante, não tem acompanhante,

tá confuso, não tá’. Aí depois, você vai

falar, vai conversar com ele e faz sua

avaliação também.

(...) a própria enfermeira da manhã ou da

tarde quando você recebe o plantão, na

passagem de plantão, já te informa. Aí

você já vai naquele paciente específico pra

estar avaliando também. Aí você já

conversa com a equipe depois, que já sabe

e assim a gente vai indo.

OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA - Se a

mobilidade dele está boa, se ele tá bem

conscientemente, se ele tem acompanhante

ou não. Aí a gente vai avaliando. Se ele

tem, se ele é obeso, se ele é mais magrinho,

a gente vê como tá a avaliação física deste

paciente.

OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA -

Primeiramente a mobilidade dele, a idade,

se ele tem o autocuidado em casa.. A gente

avalia a parte, é... como fala? Mental. Tipo,

se ele tá, se ele já veio confuso, se não

veio. Avalia também as patologias, se ele

tem em casa esse quadro de riscos de

quedas. A gente avalia também o sapato

que ele usa e a [sua] vestimenta. (...)

quando ele tem e já usa o andador.

ENTREVISTA - (pergunta ao

acompanhante): Como que ele é, se ele

gosta de caminhar, se faz caminhada. Se é

todo dia, se não faz, se na casa dele ele usa

alguma coisa, algum material ou se ele não

usa, se tem dificuldade, se caminha bem

devagar ou se caminha mais rápido. (...) Às

vezes tem uns que faz fisioterapia, a gente

pergunta se faz. [converso sobre] como o

paciente é na casa dele, como é a rotina

dele.

OBSERVAÇÃO - No banheiro a gente

não tem aqueles pisos antiderrapantes, não

tem aquelas identificações [luminosas].

Por que acha que tem que ser na

admissão:

[Porque] não é todo dia que a gente vai ver

esses pacientes.

Por que acha que tem que entrevistar a

família:

Que a gente tem que está conversando com

a família pra saber como ele é em casa.

Por que investiga a presença [e o estágio]

de patologias?

(...) porque tem patologia que a pessoa

acaba perdendo a memória

gradativamente, então, como isso ele pode

ter risco de queda.

70

E aí também nem sempre é esta pessoa (...)

que está todo dia com ele [na enfermaria],

então a gente também conversa com o

acompanhante que tá do lado dele nesse

dia. Converso com, quem está quando o

admite e quem o acompanha

5

Se eu pego um plantão, avalio o paciente (...).

Então, não é só no início do plantão, e se tiver

alguma alteração a gente avalia.

(...) então isso tudo a gente avalia na hora que

faz a admissão (...)

(...) então a primeira coisa que eu faço

quando eu chego, eu passo olho todo

mundo, vejo se não tem ninguém confuso:

“O senhor consegue andar senhor José, é

idoso, quantos anos o senhor tem? O

senhor consegue andar seu José? O senhor

está com alguém? Está sozinho? Já foi no

banheiro? Consegue ir no banheiro? O

senhor tem dificuldade de andar?” Tá

consciente, vê o nível de consciência dele,

se ele não tem agitação nem nada (...).

OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA - É o

nível de consciência do paciente. Se ele

está agitado ou não, é a agitação

psicomotora, a idade dele, e a mobilidade.

A gente faz, avalia mais é isso.

OBSERVAÇÃO - Ah, você tem que olhar

piso, se a cama tem grade ou se não tem,

isso tudo a gente vê.

Mas eu vejo que ele está com

acompanhante, ele está com confusão

mental, ele consegue ir ao banheiro, assim,

com dificuldade, mas com ajuda ele vai.

OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA E

(EXAME FISICO?) A gente vê mesmo,

igual eu estou te falando, o nível de

consciência, agitação psicomotora,

mobilidade dele, como ele é pra andar ou

não, se ele tem alguma deficiência física ou

não. A idade, o grau de nutrição dele, se ele

tá desnutrido ou não. O quadro clínico em

geral, se ele tá debilitado, caquético, se ele

não tá se alimentando bem. Então, a gente

avalia mais isso aí.

se ele enxerga direito, se ele tem

dificuldade de locomoção ou não.

(...) eu não faço [avaliação] com todos os

pacientes. Eu só estou te falando: a gente

faz [avaliação] no caso todos os pacientes?

Não. Eu observo o quê? Esses pacientes

que são idosos, que estão em confusão

mental, e que têm dificuldade de se

movimentar. Então esses aí a gente sempre

avalia.

Eu sempre olho assim, avaliar todo mundo

não, mas esses que apresentam esse tipo de

situação que eu estou te falando, a gente

sempre observa.

6

Quando passo visita nas enfermarias é quando

eu faço esta avaliação. E também nas

admissões de pacientes que chegam no

período noturno.

Depois que eu recebo o plantão. Uma hora,

uma hora e meia após que eu faço essa

avaliação.

Acho que tem que ser observado [os riscos]

em todo plantão cada paciente.

OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA? - O

que eu avalio primeiro é a fraqueza

muscular dele; paciente em pós-operatório

de cirurgia sob efeito de anestesia, isso

representa um risco não só para o idoso

como para qualquer outro paciente;

dificuldade visual pode ser considerado

risco de queda; Paciente que usa, por

exemplo, ortis. Aumenta muito o risco de

quedas. É Basicamente isso.

OBSERVAÇÃO - A gente observa a

altura da cama, se tem apoio para o

paciente poder descer como aquelas

escadinhas, se elas estão funcionando para

o paciente poder descer. Também tem o

suporte de soroterapia (...) e isso pode

dificultar a locomoção dele.

Geralmente, a necessidade [de avaliação]

vem do paciente. O paciente idoso tem

necessidade de avaliação, o paciente que

tenha dificuldade de locomoção, que tenha

alguma deficiência tanto a visual como a

musculo-esquelética, com fraqueza

muscular.

Por que disse que não realizava a

avaliação com todos os pacientes?

Aqui no hospital, nós utilizamos o

referencial da Wanda Horta, das

necessidades humanas básicas. Então, ia

seguir por isso. Só que infelizmente

agora no hospital está acontecendo uma

certa crise por déficit de funcionários e

isso não está acontecendo.

Eu vou ser bem sincero com você, eu não

tenho nenhum instrumento para estar

avaliando este risco. Eu iria ter que buscar

no Nanda, ter que pesquisa, estudar para

relacionar com a assistência.

7 Esta avaliação eu faço mediante a visita que

eu passo nos quartos depois que eu recebo o

plantão.

Geralmente a gente já vê durante a

conversa que é um idoso, que tem risco de

quedas (...).

OBSERVAÇÃO - Geralmente, em idoso

eu vejo o nível de consciência, se está

agitado, confuso ou orientado.

(...) Ultimamente o hospital não

Por que avalia o risco de quedas de

idosos?

Primeiro por ser idoso, [que pode ter o

estado mental alterado]. É o fato principal

71

(...) às vezes a gente tem um contato maior

com os acompanhantes, então, no horário

da visita eu procuro conversar com eles [os

pacientes] e depois procuro conversar com

os acompanhantes que geralmente ficam

nos corredores.

disponibiliza os andadores. As camas não

são gradeadas, por muitas vezes são altas.

Mesmo que tenha a escadinha, é um fator

de risco muito grande ao descer da cama.

Os banheiros daqui, todos tem rampa [para

o acesso]. Este desnivelamento para o

idoso, principalmente quando ele sobe ou

desce, é um motivo [para a queda].

ENTREVISTA : [converso com os

acompanhantes] Aí eles falam: “olha, tá

meio confuso, meio agitado”. Os próprios

acompanhantes relatam pra gente que eles

tem frequência de cair: “olha, com tontura,

às vezes, ela cai”.

que eu avalio pra ver se ele tem um risco

de queda.

Por que avalia somente determinados

fatores de risco no paciente?

Porque nossa visita não pode ser...

Infelizmente, em vista da rotatividade que

nós temos a gente não pode digamos dar ao

luxo de ficar com o paciente aprofundar

mais e observar. É uma visita assim

teoricamente rápida. Esses são os dados

que eu consigo colher, o nível de

consciência. É mais isso mesmo.

8 Diariamente, toda vez que eu recebo o

plantão. É uma visita assim teoricamente

rápida.

Então, a gente pergunta para o

acompanhante e até mesmo para o idoso:

qual a doença?

Quando eu recebo o plantão, logo vou para

as enfermarias para conhecer cada paciente

e me apresentar para eles e ver como todos

estão.

ENTREVISTA/OBSERVAÇÃO: Eu

avalio também a condição do idoso: se é

um idoso lúcido, se eu tenho um idoso com

mobilidade, se consegue se mover sozinho.

É mais isso: a lucidez, a mobilidade e

histórico, patologias.

OBSERVAÇÃO - Então, eu reparo se os

leitos têm grades e infelizmente a estrutura

do hospital não contribui, (...) raramente

[tem].

Assim, [eu observo] tem uma rapa de

acesso ao banheiro dentro das enfermarias,

se tem piso adequado ou não. O Banheiro,

como é? Tem aquelas manivelas de apoio?

Tem cadeira de banho para mobilizar o

paciente? Como estão suas condições?

Então, tudo isso eu avalio, inclusive

cadeira que fica dentro do quarto para o

paciente poder sentar. A gente avalia a

condição dessa cadeira que também pode

se tornar um risco. Esses fatores no geral

eu avalio sim.

9 Geralmente [quando] eu recebo ou o paciente

de pós-operatório ou que irá fazer cirurgia

ainda, eu já avalio qual é o quadro.

Na admissão.

Quadro de paciente sonolento? Está

respondendo por ele? Se está sentado? Se

tem acompanhante?

Eu já avalio no momento que você está

conversando com os pacientes, você já vai

percebendo aquele paciente que pode estar

em risco de queda.

No momento em que interna você já

observa.

Eu vejo o diagnóstico na frente, quando

recebo o paciente.

Antes do paciente [vir] eu já fico esperta.

Porque antes do paciente subir e de eu

admitir ele, eles ligam e falam pra mim:

OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA - (...) se

é um paciente que vem de cadeira de rodas,

então, você já se pergunta por que ele está

de cadeiras de rodas? Porque tem paciente

que consegue vir andando, mas se veio de

cadeira de rodas na hora de passar para o

leito você já vai observar qual é a

dificuldade dele, se ele está deambulando,

se está com dificuldade pra deambular e

qual é o quadro, o diagnóstico. Entendeu?!

Então, em cima disso eu já avalio.

Por que costuma avaliar o risco de quedas

de idosos?

Porque o hospital não está oferecendo

aquele suporte. Não tem muito onde o

paciente se segurar.

72

‘oh, a central regulou o paciente tal’ e aí eu

já pergunto: ‘como está este paciente, como

é o quadro clínico deste paciente?’

10

A avaliação começa desde que o idoso vem

pra mim, para internar. Se eu vou admitir no

meu horário.

Se o paciente vai internar no meu horário, é a

hora que ele chega. Porque sou quem vai

receber o paciente.

Externamente eu olho muito a questão

física.

Mas se ele está na clínica, se ele internou

durante o dia, eu tento tirar essas

informações com minha colega. Mas

mesmo assim eu faço minha avaliação

depois que ele está no leito.

ENTREVISTA/OBSERVAÇÃO -

Quando ele chega, eu já procuro verificar a

idade, o nível de consciência, se ele tem

alguma deficiência, se ele está

acompanhado ou se não está acompanhado,

se ele faz uso de alguma medicação. Já

começa por ali a avaliação.

Se tem alguma dependência, alguma

deficiência, algum problema. Se faz usos

de algum auxiliar pra deambular como

andador, muletas. Se tem prótese.

Porque realiza uma avalia determinados

fatores de risco?

Porque nós estamos na clínica com 38

leitos aqui, uma enfermeira e cinco

técnicos por período. A clínica é muito

grande e é só um enfermeiro por período.

Também é sobrecarregado para o

enfermeiro. Acaba fazendo funções de

secretário de unidade. Ele está

sobrecarregado. A nossa clínica tem um

fluxo grande, então, com isso também

prejudica a assistência do enfermeiro.

Então, o enfermeiro às vezes acaba

comprometendo a sistematização da

assistência de enfermagem. Acaba

deixando de estar fazendo sua

prescrição, de estar evoluindo o

paciente, porque ele está sobrecarregado

com outras atividades. Então, o

enfermeiro tem que fazer a atividade

própria dele. Acompanhar todos os

pacientes, a evolução, saber o que está

acontecendo com este paciente, os

procedimentos que ele irá fazer ou o que já

fez. Então, eu acho que o enfermeiro

acaba fazendo muita coisa e desvia da

atenção ao paciente. (motivos para não

realizar avaliação paciente)

11 Quando a gente chega. É no início do plantão.

A gente tem um censo que a gente passa todos

os dias, em todos os pacientes.

Geralmente, a gente costuma perguntar as

principais queixas, se está tendo alguma

dificuldade.

OBSERVAÇÃO (ENTREVISTA?) - a

dificuldade de deambulação. Acho que o

fato de assim ele subir e descer da cama, a

gente também fica avaliando. É mais isso

só.

A gente avalia mais aqueles que são mais

debilitados, que tem dificuldade pra sair da

cama e para levantar.

12 Quando eu chego no plantão, a primeira coisa

que eu faço é passar a visita nos quartos, ...

Quando eu vou receber o paciente da sala

vermelha, eu converso com o enfermeiro

de lá para saber como esse paciente está.

OBSERVAÇÃO - Primeiro eu identifico o

leito, porque as nossas camas não são todas

que tem grades.

ENTREVISTA - E a questão da família,

porque às vezes você tem paciente que a

gente recebe da sala vermelha ou da UTI e

lá não fica acompanhante.

OBSERVAÇÃO - Eu observo como é que

está a deambulação dele porque às vezes

diz que está sentindo tontura, uma

avaliação geral. Eu observo o estado de

lucidez, se está tendo alguma dificuldade,

tudo.

As camas não são adequadas que nem eu te

falei. É... aí vem outros fatores que são, às

vezes, derrama alguma coisa no quarto até

a gente conseguir o pessoal da limpeza.

Por que acha que tem que ser na visita

aos pacientes depois do plantão:

porque nem sempre tem todas as

anotações.

Porque avalia determinados fatores de

risco?

Porque que nem eu te falei, aqui hoje esta

calmo. Mas assim… eu estou com paciente

que a maioria são cardíacos. Então, tipo

assim, eu saio do quarto, tem outro já que

eu tenho que descer [para outro setor] e

tudo isso impede.

73

Tudo isso contribui [para o risco].

13

A partir do momento em que ele entra aqui na

minha clínica, só.

É na hora da admissão.

A partir do momento em que o paciente

chega,

OBSERVAÇÃO - (...) automaticamente

eu já olho a necessidade dele física, da

ambientação dele na clínica, tudo.

Dificuldade no andar, dificuldade...

E no ambiente eu diria que o piso aqui não

é adequado, não é um piso antiderrapante,

então, é um piso bem escorregadio. Ao

descer da cama, o paciente também tem

uma dificuldade porque aquelas escadinhas

elas escorregam, por conta do piso. O

banheiro não tem corrimão, não tem lugar

para se apoiar. Então, eu vejo esse tipo de

risco nesse sentido.

Por que colhe aquele dado:

Porque na verdade pessoas idosas

normalmente são bem debilitadas, né? O

risco é maior de queda. Tem mais

dificuldade de que uma pessoa que não

seja idosa.

14 Mas, assim, é feito uma avaliação quando

você vai pegar o paciente. Quando a gente tem

o primeiro contato.

Só que é aquela avaliação bem superficial.

(...) eu vou mais pelas reclamações dos

próprios pacientes. Tipo assim, se o

paciente está ali quietinho, se não sente

dor, não tem... não fala nada, a gente dá

uma passada bem rápida.

(OBSERVAÇÃO?) O estado clínico do

paciente. E basicamente é só isso. É bem

superficial mesmo.

Por que não faz a avaliação:

Como aqui a rotina é muito, o fluxo é

muito grande, a gente não faz esta rotina.

Não tem, na verdade, esta rotina. Esse

hábito de fazer [avaliação do risco de

quedas], por causa, em função do tempo.

(...) Não é má vontade. (...) Eu vejo que é

muito tumultuado, é muita coisa pra ser

feita, entendeu?! Então, às vezes, a gente

acaba pecando nisso aí. Por isso quando eu

falo a gente avalia, mas avalia bem

superficialmente.

15 Quando eu chego aqui que eu pego o plantão,

eu faço a vistoria em todos os quartos.

Eu já faço a visita (...)

(...) pego uma prancheta e papel e já saio

passando de paciente por paciente. Vendo

que tipo de cirurgia que ele teve, como que

ele está. E aí, eu já identifico que paciente

é, se é idoso, se não é.

(...) aí você senta, conversa e tudo que você

pergunta ele responde.

Então, eu pego e saio olhando tudinho pra

ver como é que está.

(ENTREVISTA/OBSERVAÇÃO??)

Geralmente muitos idosos chegam assim

confusos, agitados. Então, isso contribui

[para o risco]. E muitas vezes vêm sem

acompanhante, então, o risco é maior.

Porque o pessoal da enfermagem é pouco,

né?!

16

(...) durante a visita. Toda vez que eu pego o

plantão eu vou a todos os leitos olhando de

um por um. Então, nesse momento que dá pra

eu estar verificando.

Eu tenho um primeiro contato com eles.

Geralmente, eu passo uma visita durante o

plantão e vou verificando o paciente que

deu entrada, o paciente que está aqui mais

tempo, se o paciente está entrando – como

que ele está, verificando a patologia e tudo

mais.

OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA -

Paciente idoso, vamos avaliar o risco de...

vamos avaliar! Paciente está em sonda

nasoenteral, se não está. Se alimentou? Se

não, eu ofereço alimento para ele. Ai entra

a importância do acompanhante. Entra o

acompanhante também. Se alimentou ou

não. Se está com sonda vesical, se não está.

Se está conseguindo eliminar diurese.

Entendeu?! Se está totalmente acamado, se

não está. Mas assim você já faz aquela

primeira avaliação. E o principal foco é

avaliar o paciente que está sozinho em uma

cama – quais os riscos que ele corre de

cair?

17 Na admissão. E quando eu passo a visita no

quarto, quando eu chego. (...) geralmente é

depois da passagem de plantão.

Eu olho o estado do paciente. Se é um paciente consciente, se é agitado.

74

18 Geralmente, quando ele sobe pra mim, é

admitido na clínica.

ENTREVISTA/OBSERVAÇÃO?? (...)

eu avalio se ele consegue andar, se ele

precisa ou não de acompanhante.

ENTREVISTA/OBSERVAÇÃO?

Primeiro a partir da idade dele,

identificando a capacidade que ele tem de

mobilidade, a capacidade de consciência –

se está preservada ou não. Vigor físico – se

ele tem, se consegue se locomover sozinho

ou se tem dificuldade ou não tem. (...) eu

avalio a situação dele no âmbito extra-

hospitalar.

S

I

N

T

E

S

E

A maioria dos enfermeiros relata que faz a

avaliação do risco de quedas dos idosos

hospitalizados na admissão do paciente, na

passagem de plantão e/ou na visita após a

passagem de plantão; após procedimentos

(pós operatório).

Um enfermeiro disse que também faz quando

o paciente tem alguma alteração (que tipo?)

Alguns enfermeiros disseram que não fazem a

avaliação do risco de quedas (E05, E06, E13,

E14, E15).

A maioria dos enfermeiros utiliza a

observação e a entrevista como métodos de

coleta de dados na realização da avaliação

do risco de quedas de idosos em sua

unidade Também se faz por meio da troca

de informações com o colega enfermeiro

durante a passagem de plantão e a recepção

do hospital (setor que recebe informações

antes do paciente ser admitido na

instituição).

Em alguns relatos, não ficou clara a

maneira de como realizam a avaliação do

risco de quedas de idosos hospitalizados

(E02, E13, E14, E18). Nestas entrevistas, a

categoria ‘O quê avalia’ traz informações

que deixam implícitos os métodos de

coleta.

COMO

OBSERVAÇÃO – como é o paciente,

idade (vendo quem é idoso), presença de

acompanhante, estado do paciente –

confusão, estado físico.

ENTREVISTA – o idoso (principais

queixas e dificuldades)

TROCA DE INFORMAÇÃO - na

passagem de plantão, antes da admissão –

central de regulação, com o enfo onde o

idoso está, em conversa com acompanhante

na hora da visita

AVALIAÇÃO SUPERFICIAL

A maioria dos enfermeiros costuma

investigar prioritariamente fatores

intrínsecos ligados a mobilidade e estado

mental do paciente.

Na busca por indícios, investigam por meio

da observação do paciente fatores de risco

relativos a condição clínica como

alterações do estado mental, mobilidade

(dificuldades, qualidade da marcha, etc),

presença de lesões, deficiências e sua

capacidade de realizar as AVD que possam

prejudicar ou impedir sua locomoção,

tornando-se situações de risco para queda,

presença de próteses e ou outros

dispositivos, tipo de calçado e vestimenta.

Por meio de entrevista, o enfermeiro

investiga a presença de fatores intrínsecos

relacionados a queda de idosos realizando

diálogos tanto com pacientes como

acompanhantes.

Em entrevista com o paciente, os

enfermeiros costumam investigar a

condição clínica do paciente no que diz

respeito a presença de deficiência física;

aspectos da mobilidade; uso de próteses,

órtis e dispositivos; alterações do estado

mental (confusão e agitação); evolução de

patologias; presença de sintomas como

tontura, perda do equilíbrio, fraqueza e

edema; presença de lesões cutâneas,

musculares ou ósseas; estado nutricional;

acuidade visual; pós-operatório sob efeito

de anestesia, e uso de sondas.

Com o acompanhante, os enfermeiros

costumam interrogar sobre a presença de

patologias e outros sintomas como a perda

do equilíbrio, estado mental, histórico de

quedas, mobilidade (qualidade da marcha,

dificuldades, uso de dispositivos) e a rotina

do idoso quando está em casa.

Quanto ao ambiente, majoritariamente, são

observados os fatores de risco como piso

molhado/escorregadio, inadequações do

Alguns enfermeiros declararam que

realizam a avaliação do risco de quedas

com maior frequência em pacientes idosos

que apresentam determinadas

características tais como serem acamados

(E02), fraqueza muscular (E06), algum tipo

de deficiência física (E06), dificuldades de

locomoção (E05, E06) e estado mental

alterado (E05).

QUEM AVALIA

O PACIENTE - todos os acamados, com

alteração física e mental

Alguns enfermeiros durante a entrevista

justificaram a finalidade de algumas ações

frente à realização da avaliação do risco de

quedas de idosos hospitalizados.

Alguns (E01, E04, E12) explicaram porque

acreditam que determinado momento do

turno de trabalho é mais viável/adequado à

realização da avaliação. Todos estes

demonstraram que optam por concentrar a

avaliação em apenas um determinado

momento do plantão em função da

rotina da unidade: na admissão

(E02,E04) ou na visita às enfermarias

(E12).

Assim como estes, outros enfermeiros

(E07, E10, E12) afirmam que a

organização da unidade influencia na

coleta de dados de apenas determinados

fatores de risco. No caso, de E14, o

enfermeiro tem como base a mesma

justificativa para não realizar a avaliação.

Quando observado neste quadro os fatores

de risco apontados por estes quatro

participantes fica explicito que a avaliação

do risco de quedas de idosos realizada por

eles se configura em uma avaliação rasa,

superficial e assistemática, pois não há

uma sequencia e nem grau de

importância às informações que

deveriam ser coletadas.

Outros enfermeiros (E02, E04, 13)

justificaram o porquê coletam

determinados aspectos, considerados por

eles como fatores de risco. Este movimento

reflete que existe uma reflexão feita pelos

enfermeiros sobre a necessidade de se

coletar e priorizar dados na avaliação do

risco de quedas. No entanto, a falta de

sistematização desta coleta torna-a

fragmentada/frágil, não nos permitindo

perceber se os enfermeiros tem em mente

quais dados devem obrigatoriamente ser

colhidos para avaliar o risco de queda do

75

leito como altura elevada, sem grades de

proteção e problemas para travam as

camas, mobília com condições ruins para

uso como escadas com ferrugem e

pontiagudas, ausência de andadores e

cadeiras de banho, desnivelamento do piso

(rampa), presença de suportes de

soroterapia. No banheiro, foram

observados a ausência de identificações

luminosas, de alças de segurança,

vazamentos.

A maioria dos fatores de risco extrínsecos

apontados pelos participantes se configura

como inadequação/irregularidade na

estrutura física das unidades. Entretanto,

não são todas as entrevistas que deixam

claro que o enfermeiro observa os fatores

extrínsecos mediante a admissão/contato

com paciente, ou seja, considerando suas

observações do ambiente hospitalar na

avaliação do risco de quedas do paciente

idoso.

Alguns enfermeiros avaliam a ausência do

acompanhante como um fator de risco para

quedas (E08, E10, E12, E15, E16).

O QUE...

Fatores intrínsecos – condições do

paciente

Fatores extrínsecos – estrutura física

Realização de procedimentos (cirurgia)

Uso de próteses/órteses, equipamentos

(bomba de infusão, dispositivo para

terapia intravenosa)

paciente idoso.

NOTAS REFLEXIVAS

1 Alguns enfermeiros (E05, E06, E13) dizem que não fazem a avaliação, mas ao longo da entrevista foi possível verificar que, de alguma forma eles fazem a avaliação.

Há dois casos negativos (E14 e E15) para a realização da avaliação, ou seja, não realizam a avaliação do risco de quedas devido a rotina da unidade.

Ao cruzar estas informações com o perfil dos participantes da pesquisa, estes enfermeiros que declararam não realizar a avaliação trabalham no período noturno, com exceção de E13 que trabalha no período vespertino.

2

Quando – Considerando os momentos descritos pelos enfermeiros para a realização da avaliação do risco de queda de idosos hospitalizados em suas unidades (admissão e passagem de plantão), pergunto: a avaliação é mecanizada?

Ocorre quando obedecendo a rotina da unidade?

Se isso estiver correto, significa que existe uma grande falha no processo avaliativo do enfermeiro. Porque essa limitação de dados e coletas não focalizadas implica em julgamentos clínicos pouco assertivos e/ou equivocados, com baixa

capacidade de prever a queda de pacientes idosos.

3 O que – não está claro em que momento os fatores de risco extrínsecos são coletados. A princípio, parece-me estar dentro da coleta ampla, pois a maioria das entrevistas o enfermeiro faz este levantamento baseando-se em um paciente

qualquer de sua unidade. Isso parece estar relacionado a ausência de sistematização da coleta de dados, da utilização de instrumentos.

4 O que avalia – A maioria dos enfermeiros, ao coletar os dados, faz inferências sobre o risco de queda do paciente associando a presença de fatores extrínsecos a intrínsecos. No entanto, em algumas situações as associações são isoladas.

Ou seja, algumas associações são percebidas e outras não. O que pode indicar e reforçar a ideia de que a coleta de dados é assistemática, fragilizando a dectecção de evidências e a realização de inferências corretas.

Além disso, nem todas as associações estão de acordo com a literatura sobre fatores de risco para quedas de idosos hospitalizados.

5

Quem avalia – E05 elegeu critérios para designar os pacientes que serão avaliados – mobilidade e estado mental prejudicados. Aponta também que é por meio da observação do paciente que consegue extrair os elementos que compõem

seus critérios, que quando percebidos empiricamente determinam que este paciente seja submetido a novas avaliações com mais frequência.

O que me parece é que a enfermeira realiza a avaliação do risco de quedas ao entrar em contato com o paciente e consequentemente, aplica estes critérios (condições de mobilidade e de estado mental) para condicionar a frequência de

novas avaliações. Nesse sentido, questiono como ela confirma o prejuízo cognitivo e como aponta alguma alteração no estado mental sem uso de escalas e instrumentos? Este aspecto me faz lembrar das falas em que os enfermeiros

apontam que adquiriram o conhecimento pertinente a avaliação do risco de quedas de idosos a partir da prática clínica, ou seja, no convívio com pacientes idosos, vivência de uma queda de um paciente.

Parece é que a enfermeira faz uso da intuição em conjunto com sua experiência prática e avalia o estado mental do paciente de maneira assistemática e empírica. Isso implica em dados imprecisos e consequentemente julgamento clínicos

76

pouco assertivos e com baixa capacidade de avaliar o risco de queda de um paciente.

6 Na ausência de uma coleta sistematizada e focalizada, o enfermeiro tanto pode perder dados como coletar dados que não sejam determinantes na avaliação do risco de quedas, o que prejudica a etapa de análise e interpretação de dados,

que, por conseguinte afeta a validação dos dados.

NOTAS TEÓRICAS

1

Como avalia – os relatos da E08 revelam um aspecto importante do processo avaliativo do risco de quedas do enfermeiro. Ao afirmar que realiza a visita às enfermarias para ‘CONHECER, SE APRESENTAR e VER como estão’ realiza

passos importantes da coleta de dados. CONHECER – trata-se do primeiro contato com o paciente, descrito por TANNER (2006) e Lunney (2013) como um momento chave para o enfermeiro reconhecer padrões de respostas a partir do

conhecimento apreendido na memória e iniciar sua coleta de dados. SE APRESENTAR – pode significar preocupação/necessidade de se aproximar do paciente, movimento que torna-se decisivo para a coleta completa de dados e que

estes dados sejam precisos (LUNNEY, 2013).

E por fim, ou simultaneamente, o enfermeiro afirma que irá ‘VER como estão os pacientes’ – considerando que na situação está implícito no diálogo do enfermeiro e paciente, pressupõe-se que desempenhe a coleta de dados por meio da

observação e entrevista.

2 Como avalia - Na E09 parece que o julgamento clínico da enfermeira no qual determina o risco de quedas se dá mediante a percepção da presença de fatores de riscos, por meio da observação e entrevista. O que está de acordo com a

literatura (TANNER, 2006; CARPENITO-MOYET, 2006). No entanto, a coleta de dados é feita de forma assistemática, o que pode comprometer a própria coleta com a perda de dados e a falta de foco para o objetivo da avaliação.

3

Como – Em vários relatos parece que a escolha dos métodos de coleta de dados (observação, entrevista e troca de informações) é influenciada pela rotina (admissão, passagem de plantão e visita) do enfermeiro na unidade, rotina esta

retratada pelos momentos em que realiza a avaliação. Ou seja, o ‘como avalia’ parece estar intimamente associado ao ‘quando avalia’.

Se considerarmos a existência desta influência, questiono-me se o processo de avaliação do risco de quedas de idosos hospitalizados feito pelo enfermeiro pode ser ‘mecanizado’ em decorrência dos hábitos do enfermeiro enquanto

assistência ou obedecendo à organização da rotina na unidade?

A literatura prevê que a avaliação do risco de quedas é determinada por uma coleta focalizada, na qual tem seus dados validados por evidências científicas e pelo paciente e família. Ambas as etapas podem ocorrer simultaneamente e,

tanto a coleta como a análise destes dados se durante todo o período de assistência ao paciente. Diversos autores (POTTER; PERRY, 2005; CARPENITO-MOYET, 2006; LUNNEY, 2013) apontam que o momento para se realizar a

avaliação e subsequentes avaliações é quando o enfermeiro está em contato com o paciente e o ambiente no qual ele se encontra.

No entanto, os relatos parecem apontar que a avaliação feita pelos enfermeiros ocorre em situações em que institucionalmente/legalmente é exigido do enfermeiro a sua presença frente ao paciente, ou seja, parece que o enfermeiro

trabalha com o mínimo das inúmeras possibilidades para avaliação do risco de queda do paciente.

4 Os dados demonstram que os enfermeiros coletam dados inerentes ao risco de quedas de pacientes idosos. No entanto, os enfermeiros não observam e entrevistam o paciente e o acompanhante de forma sistemática. Embora, o conteúdo

apontado pelos enfermeiros é importante na avaliação do risco que o paciente idoso tem para cair, ele se revela inconsistente, desigual entre os enfermeiros, aleatório.

Por não ser uma avaliação sistemática, o enfermeiro pode perder elementos importantes tanto na coleta como na análise e interpretação dos dados. Ou seja, a garantia de uma sequência lógica e de consistência de dados durante a coleta de

dados somente ocorre por meio de uma avaliação sistemática. Esta pode produzir dados com maior precisão (LUNNEY, 2004; POTTER; PERRY, 2005; CARPENITO-MOYET, 2007).

5

Na avaliação realizada pelos participantes desta pesquisa, estes investigaram dados referentes ao estado mental do paciente idoso por meio de observação e entrevista assistemáticas. Nesse sentido, a precisão e a exatidão destes dados são

de baixa acuraria, podendo não garantir um padrão para comparação porque sua coleta, análise e interpretação fundamentam-se na experiência clínica e intuição dos enfermeiros. Ao passo que em uma avaliação sistemática são utilizados

instrumentos que favorecem o conhecimento e intuição do enfermeiro e que, principalmente, garantem um dado de qualidade à sua avaliação. Como exemplo de instrumentos, temos a Escala de Glasgow e o Mini Exame do Estado

Mental.

Quanto à falta de adoção de instrumentos para verificação e acurácia dos dados em outras situações, podemos citar que dados como equilíbrio, qualidade da marcha, acuidade visual e auditiva que foram verificados pelos enfermeiros

intuitivamente e com poucos dados, o que pode gerar inferências de baixa precisão.

Todos estes exemplos demonstram uma fragilidade expressiva no processo de avaliação do risco de quedas, uma vez que o julgamento clínico dos enfermeiros está fadado a imprecisões e/ou a equívocos que comprometem a previsão do

risco de cair e de quedas de pacientes idosos.

6

JC:

Outro aspecto que chama atenção com relação à construção do JC é o conhecimento que os enfermeiros possuem sobre os fatores de risco de quedas de idosos hospitalizados. A maioria dos dados apontados por eles está contida na

literatura, entretanto, as entrevistas apontam que a identificação destes fatores não é uniforme/padrão. Uns relacionam vários fatores, outros nem tanto.

A meu ver, essa realidade revela primeiramente que os enfermeiros estão em fase de desenvolver o seu JC e que ainda não consolidaram um conhecimento sobre o risco de quedas que ajuíze JC mais precisos. Em segunda instância, essa

diferença de conteúdos entre os enfermeiros contrapõe o que se espera na profissão, sendo ela de caráter científico e única. Como afirma Tzeng e colaboradores (2011): “considerando que a Enfermagem é uma profissão única, padrões de

cuidados de qualidade profissional, como por exemplo habilidades e julgamento clínico devem ser universais”.

77

(Apêndice D)

AGRUPAMENTO 2

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

ENT IDENTIFICAÇÃO DE INDÍCIOS

INFERÊNCIAS SOBRE

PACIENTE

(suspeita diagnóstica)

VALIDAÇÃO

EMISSÃO PARECER

(atitude de registrar/comunicar o risco

de quedas do paciente)

Obs.

1

a) Você fala bem assim: bom, a cama é alta.

b) Paciente que não dorme muito e rola muito na

cama.

c) A falta das barras de segurança dentro do

banheiro

d) Então, muitas vezes ele até levanta, mas de repente,

e) Então, muitas vezes um paciente toma banho e na

hora que o outro vai entrar

f) Iluminação inadequada. Muitas vezes queima a

lâmpada e eles não têm como trocar essa lâmpada de

noite, então o paciente entra no banheiro no escuro, sai

no escuro.

O banheiro fica muito tempo molhado porque não tem

instrumentos para o paciente, por exemplo, depois que

ele toma banho não tem um rodo para ele puxar, não

tem.

__________

Eu creio que por ser uma instituição hospitalar o piso

teria que ser totalmente antiderrapante, mas os

pisos não são antiderrapantes. Os nossos pisos são

os mais comuns possíveis, pois eles compram por

preço. Eles não compram por qualidade, né.

a) Então tem que ter alguém ali porque

senão o paciente vai cai à noite.

b) Então você já avalia que provavelmente

pode ser que também caia da cama de noite.

Pode ter o risco de queda, né?

c) também facilita essa queda.

d) ele perde o equilíbrio e cai, e vai ao

chão.

e) o piso já é escorregadio e se está

molhado, facilita ainda mais a queda.

f) Então, isso aí, potencializa em muito o

fator do risco de queda do paciente.

- Veja bem, nós fazemos isso na prescrição do

enfermeiro. Nós prescrevemos. Deixamos isso escrito

na papeleta da enfermagem que o paciente tem o

provável risco de queda por n dificuldades

relacionadas. Então a gente relaciona as coisas que

tem aquele paciente para o risco de queda.

Fatores de risco apontados

Ambiente: leito alto; ausência de

barras de apoio no banheiro; piso

molhado no banheiro, iluminação

inadequada.

Paciente: hábitos e qualidade do

sono, perda de equilíbrio.

Refere que realiza o registro da

avaliação do risco quedas quanto aos

fatores intrínsecos.

2

E às vezes, por ele não enxergar direito ele pega

meio bate as pernas nas beiradas da cama, na cadeira,

na cabeceira da cama, no bidêzinho que fica ali do

lado pra colocar os pertences dele.

Se ele tem mais de 60 anos, a gente já vê que ele é

idoso, então pela própria questão de ser idoso, e de ter

um sistema imunológico baixo, dificuldade para

deambular, dificuldade cognitiva (...).

Acontece que eles tentam levantar sozinho,

e quando eles tentam levantar sozinho é aí

que acontece o acidente.

(...) porque mesmo que seja um idoso

saudável que não tenha risco de queda

dependendo do medicamento na hora que

ele for levantar o risco dele ter tontura, o

risco de cair é muito grande.

- - Fatores de risco intrínsecos

(comprometimento visual, funcional,

cognitivo, imunológico) – considera

em sua análise o processo natural do

envelhecimento.

Fatores extrínsecos (medicação)

3

a) (...) se é um idoso que não tem a família presente,

aí já é agitado, não vai colaborar em algumas coisas,

ele não vai pedir ajuda e se é um primo distante, um

irmão, uma cunhada que vem cuidar dele, ele não vai

pedir ajuda.

b) Quando a família não tem paciência, porque tipo

assim, até no ambiente hospitalar tem aquele paciente

que se sente contrariado.

a) Então o risco de queda é muito maior.

b) Isso eu falo porque isso contribui em

muito para aumentar o risco de queda.

Contribui muito, porque assim se ele se

sente contrariado a todo momento ele não

vai aceitar ajuda de ninguém ou vai tentar

fazer alguma coisa que ele acha que ele

consegue e isso vai acabar resultando em

uma queda.

- - Relaciona que o comportamento do

idoso frente ao relacionamento

paciente-família/acompanhante

quando negativo/conflituoso pode ser

um risco de queda.

Não existe nada descrito na

literatura sobre isso. Afirmação

baseada no empirismo?!

4 não tem aquelas identificações [luminosas], que o

idoso acaba tendo uma dificuldade visual.

a) às vezes eles não querem aceitar este

cuidado, e aí acaba tendo um risco de ter

- - Relaciona fatores intrínsecos (ex:

mobilidade prejudicada,

78

a) A maioria dos idosos tem que ir com acompanhante

no banheiro. Se ele não tiver o acompanhante ou

naquele momento o acompanhante não está do lado

dele e ele resolve ir no banheiro, porque tem alguns

idosos que não pedem ajuda, porque é da patologia

[ou] é [próprio] deles,

b) (...) quando ele tem e já usa o andador, a gente

avalia que ele tem uma mobilidade prejudicada,

_________________

(...) nossas enfermarias não são preparadas para

receber pacientes idosos. Se você for ao banheiro não

vai ter aquele corrimão tanto no banheiro como na

entrada. Não vai ter piso antiderrapante. Não são

todos nossos leitos que tem grade, olha, se a gente

for contar tem dois, três, no máximo quatro, com

grades, né.

Às vezes, não tem uma escadinha, uma escada

própria. Porque, às vezes, só a escada já é difícil para

o paciente levantar e você imagina com o idoso, né.

Às vezes não tem um andador, pra na hora de

descer (do leito) está ajudando ele. Não tem uma

cama, um leito adequado. Às vezes não tem um

colchão adequado, é, o que dificulta ainda mais pra

gente. Fora a falta de capacitação da própria

equipe.

O corrimão tanto na parte do toalete onde ele usa

quanto na parte do banheiro (refere-se ao Box –

chuveiro) também não tem.

uma queda.

b) então, é risco de queda maior.

comprometimento visual) com

fatores extrínsecos (ex: uso de

dispositivos, má iluminação).

Relaciona que o comportamento do

idoso (quando não aceita auxílio)

pode ser risco para quedas.

Reflete sobre a forte presença de

fatores de risco extrínsecos

relacionados a falta de estrutura

física. Cita também que a falta de

capacitação da equipe como um

indício para o risco de quedas –

interessante!

5 a) ver se ele ta enxergando direito, se ele ouve direito,

b) A gente vê que o paciente que é mais idoso, que

tem dificuldade de andar e pular, que está agitado

a) porque muitas vezes tem paciente que

cai, porque ele não enxerga direito.

b) tem mais risco pra queda.

- - Relaciona fatores intrínsecos próprios

do processo de envelhecimento.

6

(...) dificuldade visual pode ser considerado risco de

queda;

Também tem o suporte de soroterapia (...) e isso

pode dificultar a locomoção dele. Mesmo assim o

paciente desce da cama com o soro na mão e isso

pode dificultar a locomoção dele.

a) (...) paciente em pós-operatório de cirurgia sob

efeito de anestesia,

b) Paciente que usa, por exemplo, órteses.

Mas, assim, o risco de quedas sempre será

para aquele paciente com dificuldade de

deambulação, ser idoso, pós-cirurgia

cardíaca.

a) isso representa um risco não só para o

idoso como para qualquer outro paciente;

b) Aumenta muito o risco de quedas.

- Eu a repasso fazendo orientação com o paciente e com

os funcionários. Nós ainda não temos condições de

anotar.

Estabelece que o risco de quedas está

relacionado a fatores intrínsecos,

extrínsecos e a determinado perfil de

paciente.

Não realiza registro da avaliação.

7

a) Principalmente estrutura física dos pisos, as paredes

não tem aquele rebote para eles se apoiarem, não tem

andadores.

b) As camas não são gradeadas, por muitas vezes

são altas.

c) Os banheiros daqui, todos tem rampa [para o

acesso].

a) A estrutura física da instituição favorece

muito a queda do paciente.

b) Mesmo que tenha a escadinha, é um

fator de risco muito grande ao descer da

cama.

c) Este desnivelamento para o idoso,

principalmente quando ele sobe ou desce,

é um motivo [para a queda].

- (...) aqui no hospital não tem tanto essa prática

devido a déficit de [pessoal] na assistência de

enfermagem, tanto de enfermeiros como de técnicos.

Porém, assim, quando dá eu relato através da SAE,

porque não tem instrumento específico para o idoso.

Eu coloco no campo das nas orientações que é idoso,

nos relatórios. Principalmente coloco no campo das

intercorrências que foi orientado.

Evidencia o risco de quedas a partir

de fatores extrínsecos relacionados a

inadequações da estrutura do

hospital.

8 a) Então, eu reparo se os leitos têm grades

A gente avalia a condição dessa cadeira [que fica

a) e, infelizmente a estrutura do hospital

não contribui.

- Eu transmito aos membros da equipe. Geralmente, eu

tento falar com os profissionais da minha equipe.

Eu oriento pessoalmente cada membro da minha

Relaciona fatores extrínsecos com

intrínsecos e estabelece suas

inferências sobre o risco de quedas de

79

dentro da enfermaria] que também pode se tornar um

risco.

Tem idoso que ele não coopera para o tratamento dele.

Ele não vê a sua barreira naquele momento. (...) Tem

idoso que é teimoso.

Para os que se movimentam, o risco de

quedas [deles] seria tentar levantar e

andar pela enfermaria sozinhos. Aí numa

dessa, de repente, tem uma fraqueza e cai.

Então, o que [representa risco de quedas é o

idoso que] deambula sem o auxílio de um

acompanhante e as camas sem grades

para os senhores acamados.

equipe. E quando o idoso é lúcido e está com

acompanhante, eu oriento o acompanhante e o paciente

também: ‘o senhor está com ela. Quem é ela? Então,

ao ir ao banheiro, a senhora o acompanha.

acordo com situações do cotidiano

na internação.

Refere que o comportamento do

idoso pode ser um indício para um

risco de quedas.

9

E paciente de cardiologia normalmente tem aquela

dor pré-cordial, fica ansioso, desesperado, sente falta

de ar e quer até sair correndo (...).

Muitas vezes tem uns [pacientes] que são tão teimosos

que você fala e eles viram as costas e tentam

levantar. Aí a hora que o piso não colabora, tentam

levantar e pode escorregar.

Pouco funcionário. Número de funcionário reduzido,

porque geralmente o técnico fica com oito [pacientes],

entendeu?! Aí se você tem três [pacientes] com risco

de quedas, como ela vai fazer pra dar uma

assistência de qualidade pra esses três pacientes se

ele está com oito?! Entendeu?! A dificuldade também

é essa. Porque a gente tenta de todo jeito, mas é

complicado.

uma pessoa abandonada (...) tem mais risco porque ela

fica mais tempo sozinha.

_____________________

Acho que, assim, muitas vezes a estrutura do hospital

não favorece muito [a prevenção de quedas de

pacientes idosos]. Num piso que desliza, dá uma

escorregada e cai. Muitas vezes tem uns [pacientes]

que são tão teimosos que você fala e eles viram as

costas e tentam levantar. Aí a hora que o piso não

colabora, tentam levantar e pode escorregar.

Queda é muito perigoso e com esses

pacientes [de neurologia e de

cardiologia], o risco é muito grande.

Pacientes com próteses também (...).

- - Reflete sobre fatores extrínsecos

relacionados à estrutura inadequada.

CHAMA ATENÇÃO: Relaciona

como indícios de risco de quedas o

número reduzido da enfermagem

nos plantões.

Relata um perfil para o paciente que

se encontra em risco de quedas, que

está de acordo com o perfil de

internação em sua unidade.

10

Nós temos leitos que são leitos muito antigos, que eu

considero muito altos. Nós temos leitos antigos em

que a própria grade é um risco porque ele pode bater e

se ferir. Nós temos as escadinhas que são usadas por

eles que também são escadas antigas, se não tiver

cuidado e orientação, ele pode se ferir também nestas

escadas. (...) algumas também cortam. A lateral dela é

meio pontiaguda. É de um modelo bem antigo que se

bater, o idoso tem a pele muito sensível. Então,

encostou já está ferindo. (...) E os nossos banheiros

não são adequados para um idoso. Ainda falta o piso.

O piso tem que ser diferente, tem que estar

emborrachado, tem que ter mais proteção na parte

do chuveiro, tem que ter mais partes pra segurar.

Então, falta esse tipo de coisa também.

Os nossos funcionários, o número ainda não é o

ideal. Porque mesmo que ele tenha acompanhante, não

é responsabilidade total do acompanhante. É da equipe

de enfermagem.

Então, tanto o leito quanto a grade e a

escadinha oferecem esse risco pra ele

(devido suas condições).

- Para minha equipe. Eu procuro falar para todos. Não

só para o técnico que está cuidando desse idoso,

porque este técnico sai pra jantar e vai para o repouso.

Então, toda equipe tem que estar sabendo o que está

acontecendo com aquele paciente. Na passagem de

plantão também. Tudo aquilo que é importante,

relevante, eu passo para a colega.

Então, para a equipe de enfermagem eu tenho a

prescrição de enfermagem e mesmo assim tem a

orientação verbal sobre alguns casos. E para as demais

equipes como o laboratório, os acadêmicos e limpeza

nós temos que fazer esta orientação oral. Verbal. Tem

que ser pessoalmente, chamar e informar. Não

somente informar, mas orientar. E os acompanhantes,

familiares e demais pacientes isso é feito também

verbalmente.

Realiza longa reflexão sobre a

presença de fatores de risco de

quedas devido às inadequações da

estrutura física do hospital.

Como essa reflexão influencia a

avaliação do risco de quedas?

Ex. 1: informações retidas na

memória que são evocadas?

Ex. 2: Banaliza-se a avaliação devia

às inúmeras regularidades, como se a

avaliação do enfermeiro não pudesse

impedir a queda?

Não realiza registro da avaliação.

80

A própria enfermaria não tem aquelas proteções na

parede para o idoso andar com mais segurança.

E é um hospital escola, nós temos muitos alunos de

vários cursos. Então, os alunos muitas vezes pela

ausência do professor pode estar levando o

paciente a algum risco. Às vezes na boa intenção de

querer ajudar, mas pode se tornar um risco se ele não

estiver orientado.

Ou o idoso, às vezes, nem tem condições de sair, não é

pra ele sair do leito. Às vezes, tem uma fratura e ele

não tem muito conhecimento. O idoso por si tem uma

certa teimosia de querer fazer. Ele acha que ele pode.

11

Aí é eu como eu te falei, geralmente o paciente que

tem dificuldade de descer, subir da cama (...)

- - - Aponta indícios para o risco de

quedas quanto a mobilidade

prejudicada, mas não verbalizou suas

inferências. Isso não significa que

não as faça. É provável que seja de

forma tácita.

12

As camas não são adequadas que nem eu te falei. É...

aí vem outros fatores que são, às vezes, derrama

alguma coisa no quarto até a gente conseguir o pessoal

da limpeza. Tudo isso contribui.

____________

Os banheiros não tem suporte. Eles não tem aquele

suporte. O chuveiro do local do vaso não tem uma

divisão e aí o que acontece? O paciente vai tomar

banho e nem sempre as meninas [da limpeza] vem

pra secar. Nem tem como também. Dai o banheiro

fica molhado e o paciente vai ao banheiro, tudo isso

contribui [para a queda], sem falar de que quando

chove também molha.

[é necessário] a cama com grade e o

acompanhante, por que mesmo com grade

se não tiver uma pessoa do lado ele pode

cair.

- - Reflete sobre a existência de fatores

extrínsecos, relatando algumas

inadequações na estrutura. E deixa a

entender a necessidade de vigília para

o paciente idoso no leito (Confusão?

Padrão de sono e repouso alterado?

Perda de equilíbrio?).

13

a) Por ele ser idoso. b) Ao descer da cama, o paciente também tem uma

dificuldade porque aquelas escadinhas escorregam

por conta do piso. O banheiro não tem corrimão, não

tem lugar para se apoiar.

c) O piso não poderia ser tão liso da forma que é. As

portas não poderiam ser tão estreitas.

a) Porque na verdade pessoas idosas

normalmente são bem debilitados, né? O

risco é maior de queda.

b) Então, eu vejo esse tipo de risco nesse

sentido.

- - Nestas falas, o participante analisa a

relação entre os fatores intrínsecos

(advindos do processo de

senescência) e os fatores extrínsecos

(relacionados a ausência ou

inadequação da estrutura hospitalar).

14

a) Assim, visualizando de forma ampla, tudo se torna

um risco, né? Se aquele paciente, principalmente

idoso, for ficar sozinho,

_____________

O idoso não vai encontrar uma barra de apoio ou

para ele sentar ou para ele tomar banho.

Aqui nós temos muitas escadas que muitas vezes não

é sinalizada. (...) E ali também falta o corrimão.

a) ele corre acho que 100% de risco de que

pode acontecer alguma coisa com ele. (...)É

mais porque a gente não tem estrutura,

na verdade.

- - O enfermeiro justifica que o paciente

está permanentemente em risco

devido às condições da estrutura

física do hospital.

15

a) Então, muitos pacientes idosos vêm muito

confusos, eles querem levantar de noite pra urinar.

Às vezes quer tomar uma água. E às vezes eles nem

percebem que estão com sonda, tentam levantar.

b) Lá era de divã (se referindo a mobília que o

paciente era acomodado, que não era leito tradicional).

Então, o idoso tinha que ficar só de barriga pra cima,

não podia nem se movimentar para os lados porque

a) Geralmente muitos idosos chegam assim

confusos, agitados. Então, isso contribui. E

muitas vezes vêm sem acompanhante,

então, o risco é maior. Porque o pessoal da

enfermagem é pouco, né?! O paciente sem

acompanhante corre risco.

b) Então, o paciente às vezes corre risco,

né?! Você põe lá [no leito] e ele está

- - Nestas falas se destaca que hábitos e

necessidades do paciente idoso

somadas ao processo de

envelhecimento são vistos como

fatores de risco para quedas na

ausência de supervisão da

enfermagem. Considera ainda, fatores

extrínsecos relativos a inadequações

81

corre o risco de cair e alto, né?

o idoso come qualquer tipo de comida e já está com

diarreia. Dá muita diarreia aqui. Acho que isso

aumento o risco de queda desse idoso.

_____________________

(...) o banheiro não é apropriado para pessoas

idosas. Não tem aquela proteção. O piso também

não é adequado

o banheiro é muito pequeno, é estreito.

não tem escadinha para ele descer e a cama é alta.

Então, acho que isso é muito risco.

Então, não tem proteção [no banheiro] pra você

colocar o idoso, é o maior custo colocar o idoso. Eu já

levei idoso no banheiro, é a maior dificuldade pra você

colocar o idoso nesses banheiros. Não tem onde

segurar.

confuso, toda hora está levantando,

escorrega e cai. (...) mas nesse divã se ele

virar ele tomba. Então, está correndo o

risco de cair.

E o próprio quarto, às vezes, não tem

escadinha para ele descer e a cama é alta.

Então, acho que isso é muito risco.

Então, aqui paciente quer levantar e está

confuso, nem percebe e vai ao chão o

suporte, caiu.

da estrutura física.

16

Fatores de risco são na grande maioria a falta do

acompanhante. O número [de pessoas] da equipe.

[Porque] Acaba ficando um técnico para dois quartos.

________________

Esse é o nosso maior problema, porque nem sempre

tem a cama com grade. Então, muitas vezes você

acaba fazendo contenção no paciente para evitar a

queda.

As camas sem grades, porque esse é o

maior risco.

- - Nestas falas fica evidente que o

enfermeiro relaciona o risco de

quedas do idoso a ausência de

supervisão/auxilio ao paciente tanto

de acompanhante como equipe de

enfermagem.

17

Porque a muleta pode escorregar no banheiro. A

cadeira de rodas ele pode levantar, né?! A cadeira de

banho também, porque geralmente o banheiro está

molhado também. Porque cada hora entra um no

banheiro. É risco, né?!

Porque ele pode querer levantar da cama

sozinho, só que ele está debilitado e aí tem

uma queda.

- -

18

A gente não tem um piso que não vai deslizar.

_____________

a gente não tem um piso adequado que não se

deslize. A gente não tem corrimão para que ele possa

encostar.

(...) porque nem todas as camas oferecem grade.

Então, assim a gente fica muito a mercê de falta de

material também. A gente não tem um banheiro

adaptado para que eles tenham para onde segurar,

aqui não existe!

Se for um idoso que não tem condições,

que não tem um padrão físico adequado,

preservado, ele fica totalmente a mercê

[para cair].

E como a gente sabe, o fluxo é alto, o

quantitativo é baixo, e acaba ficando em

déficit a assistência para o idoso,

infelizmente.

- - A inferência do enfermeiro indica que

o risco de quedas de idosos é

relativamente alto. Justifica que isso

se deve ao número reduzido de

funcionários. Considerando que estas

considerações passam pela reflexão

sobre as inadequações da estrutura

física que se constituem como fatores

extrínsecos para a queda de idosos.

82

S

I

N

T

E

S

E

A fala dos enfermeiros revela identificação de

fatores intrínsecos e extrínsecos. Alguns destes fatores são levantados pelos enfermeiros por

uma relação de causa e efeito. Por exemplo: a

cama é alta, então há risco. São situações do cotidiano da clínica relacionadas com o

comportamento e com o próprio processo de

senescência do idoso, interpretando-os como fatores de risco. Já outros fatores surgem de

breves reflexões sobre a presença do risco de

quedas no cotidiano da unidade destes enfermeiros, principalmente relacionando

fatores extrínsecos.

Além de fatores extrínsecos relacionados às

inadequações da estrutura física, relacionam o

número reduzido de funcionários (considerado

não ideal para a demanda), acadêmicos no cuidado ao paciente sem a presença do

professor e, o comportamento “desfavorável”

do idoso na prevenção do risco de quedas. Em algumas entrevistas não foi possível

perceber como o enfermeiro realiza a

identificação de indícios de fatores de risco para quedas de idosos (E03, E05, E12, E13,

E14, E18). Isso não significa que a busca por

indícios foi ausente, uma vez que os enfermeiros conseguem relacionar fatores de

risco coletados no agrupamento 1.

Os relatos demonstram que os

enfermeiros elaboram conclusões sobre a presença do risco de quedas

em pacientes idosos de acordo com a

vivência de casos semelhantes, o perfil de pacientes internados e o

conhecimento que possuem sobre

fatores de risco. Alguns enfermeiros realizaram

associações entre dados com base no

empirismo e produzem julgamentos equivocados sobre o risco de quedas

do paciente, como no caso de E03,

E15 e E16. Estabelecem que o

acompanhante do paciente idoso

possa ser um fator de risco de quedas,

ora por sua presença sem afinidade com o paciente, ora por sua ausência

na vigilância do paciente.

Não foram encontrados

relatos que descrevem como os enfermeiros

validam os dados colhidos.

Os enfermeiros não descrevem situações em

que recorrem à literatura

especializada, ao paciente e a família ou mesmo a

outros profissionais para se

certificar de sua hipótese diagnóstica para o risco de

quedas.

Não foram encontrados relatos que revelam o

conteúdo de um parecer sobre o risco de quedas entre os enfermeiros. Entretanto, considerando

o contexto descrito pelos enfermeiros durante a

realização da entrevista, compreendeu-se que para o enfermeiro uma das formas de se emitir

seu parecer é por meio do registro no

prontuário, relatando que o paciente encontra-se em risco de quedas e que precisa de cuidados

ou pela transmissão de informações para a

equipe e paciente. A transmissão de forma oral do parecer quanto

à avaliação do risco de quedas de pacientes

idosos ocorre com frequência entre a passagem

de plantão e o inicio de outro.

NOTAS REFLEXIVAS

Apesar de haver a identificação de indícios quanto ao risco de quedas de idosos hospitalizados, constata-se uma insuficiência de dados sendo analisados e posteriormente interpretados. Uma explicação para isso está relacionada ao fato da avaliação não ser sistemática. Dessa forma, sabe-se que a coleta de dados não segue uma listagem ou mesmo um registro, o que acarreta no risco do enfermeiro esquecer dados no momento em

que está analisando-os, principalmente durante a identificação de indícios do risco de quedas. Nesse sentido, a coleta e a análise dos dados tornam-se insuficientes, da mesma forma é a informação advinda deste julgamento. Uma vez que não há registro da avaliação, a informação além de insuficiente pode tanto ser perdida como subutilizada (sendo transmitida de forma oral), contrariando a lógica da assistência de enfermagem

que se dá por meio da continuidade do cuidado.

83

(Apêndice E)

AGRUPAMENTO 3 CATG.

SUB.

CATG. ENTREV. FALA OBSERVAÇÂO

US

O D

E I

NS

TR

UM

ET

OS

DE

AV

AL

IAÇ

ÃO

EQ

UÍV

OC

O

E 01

Acho que não [é necessário o uso de um instrumento para avaliar o risco de quedas] porque seria um instrumento a mais

que muitas das vezes o hospital estaria comprando, pra continuar ali no canto sem uso.

Quanto ao uso de instrumentos de avaliação

do risco de quedas de idosos, os

participantes da pesquisa referiram que não

conhecem algum instrumento, assim como

sua aplicação. Ainda, quanto ao

desconhecimento dos instrumentos, alguns

enfermeiros ao serem questionados

equivocaram-se, relacionando os

instrumentos a outros tipos de tecnologias

como equipamentos, programas de

computador e comuncação enfermeiro-

paciente. Afirmam que não há instrumentos

deste gênero em suas instituições

correspondentes, destacando que um único

relato identifica a sistematização da

assistência de enfermagem (SAE) como

único recurso para a avaliação e registro do

risco de quedas de idosos hospitalizados.

E 03 Um instrumento que eu acho importante é o relacionamento enfermeiro-paciente. A

US

ÊN

CIA

DE

IN

ST

RU

ME

NT

OS

E 04 No momento não. A gente desconhece aqui.

E 01 Não tem.

E 05 Aqui não tem nenhum.

E 06 (Gesticula com a cabeça sinal negativo) Aqui não.

E 07 Olha, atualmente nós não temos nenhum aqui.

E 08 Não tem. Não tem. Aqui no hospital nós não temos nenhum instrumento de avaliação do risco de quedas. É mais isso

que eu te falei de avaliação diária.

E 11 Aqui não existe.

E 12 (a entrevistada faz sinal de negativo com a cabeça e permanece em silêncio)

E 14 Nem tem ferramentas também para poder implantar, para poder assistência devida a esses pacientes.

E 17 (faz sinal negativo com a cabeça, sem responder oralmente).

DE

SC

ON

HE

CIM

EN

TO

E 01 (Quando perguntado se conhecia um instrumento, respondeu não verbalmente – gesticulando sinal negativo com a

cabeça).

E 09 De instrumento eu não tenho conhecimento mesmo.

E 13 Não conheço. Nunca vi.

E 16 Não conheço.

DE

SIN

TE

RE

S

SE

E 14 Já ouvi falar na época de faculdade. Pra ser sincero, a gente aqui nem usa.

SA

E

E 10

A nossa forma de avaliar é só através da nossa sistematização. É a única forma real de que nós temos. Não conheço

outra. Não tem outra forma de avaliar no hospital.

84

(Apêndice F)

AGRUPAMENTO 4

INFLUÊNCIAS SOBRE A 1ª ETAPA DO JC - RECONHECIMENTO

ENT CONHECIMENTO

ADVINDO DA

FORMAÇÃO

EXPERIÊNCIA

PROFISSIONAL

CONHECIMENTO

SOBRE O PACIENTE E

SEUS PADRÕES DE

RESPOSTAS

VALORES

PESSOAIS/CULTURAIS

VALORES

PROFISSIONAIS

NORMAS E ROTINAS

INSTITUICIONAIS

1

- Olha, bem sincero, acho que não.

Acho que não [é necessário um

instrumento] porque seria um

instrumento a mais que muitas

vezes o hospital estaria comprando,

pra continuar ali no canto sem uso.

E 07 Porque muitas vezes o

idoso já vem fraturado (...)

E 10 [Ouvi muitas] histórias

de pacientes que vieram do hospital

X e lá ele caiu. Então, ele caiu lá e

porque ficava na maca, ai ele caiu

porque o pessoal do hospital Y não

cuidava, ahh, ele caiu porque não

tinha acompanhante.

Porque a gente já teve história de

paciente que veio de outro hospital

e que ele estava internado por causa

de um problema no joelho e acabou

tendo uma fratura de quadril, uma

fratura de fêmur.

E 05 (...) tem muito acidente

dentro do hospital (...)

E 08 Eu tenho mesmo um

paciente idoso que teve uma queda.

Ele caiu no banheiro do hospital

durante seu pós-operatório (...).

E 09 Aconteceu [um] caso

de acompanhante em um minuto ir

ao banheiro e o paciente levar uma

queda (...) Pacientes com próteses

também, já tive paciente com

prótese de joelho que levou uma

queda.

E 15 (...) a gente já teve

muitas quedas de idoso, já teve

bastante (...)

Já teve caso de receber assim um

paciente no meu plantão anterior.

(...) a equipe recebeu ele Da sala

vermelha sem acompanhante. Bem

idoso. e aí o paciente levantou do

leito, aqui na médica, saiu e foi

descer a escada. Porque não tinha

ninguém, eram duas horas da

manhã.

E 17 Um desses que caiu, o

dia que ele caiu não chegou de bater

a cabeça. Ele apoiou o braço e

conseguiu segurar. Não quebrou

Então, o enfermeiro tem que deixar

a equipe fazer aquele serviço de

formiguinha, de pequenas

orientações todos os dias. Chegar na

clinica e falar: ‘tal paciente tá com

risco, pode cair, né?! Presta

atenção. Olha ele’.

De acordo com a lei, paciente acima

de 60 anos e menor que 18 tem

direito ao acompanhante. Apesar de

que muita das vezes os familiares

não querem ficar com os pacientes

Aí a gente tem que ser um

pouquinho meio duro, às vezes até

meio grosso, né. E dizer para o

acompanhante que se não ficar

ninguém de paciente, nós vamos

damos alta para o paciente e ele vai

embora, né.

Então o acompanhante ele tem que

ficar realmente ali do lado do

paciente. E se o paciente for muito

agitado, aí nós procuramos meios

de contenção física.

Já que não temos cama com grade

em todas as enfermarias.

Solicitamos o acompanhante e

procuramos colocar pelo menos este

idoso numa da, da, das laterais da

cama encostada na parede, né.

Eu creio que por ser uma instituição

hospitalar, né, o piso teria que ser

totalmente antiderrapante, mas os

pisos não são antiderrapantes. Os

nossos pisos são os mais comuns

possíveis, pois eles compram por

preço, né. Eles não compram por

qualidade.

É sempre na internação (referindo-

se ao processo de admissão do

paciente). É o momento que você

tem. Se você deixa passar o

momento da internação, você

perde... você deixa passar muita

coisa e você não tem o tempo

hábil de voltar naquele paciente

de novo, pra saber mais coisas dele

85

nada também. A única coisa que ele

escorregou (...).

E 03 Ele vai [ficar só] ali na

cama, imóvel, ele vai debilitar ainda

mais.

E 05 (...) inclusive até morte

de paciente. Tem paciente que até

morre de queda no hospital.

E 09 (...) ir a óbito.

E 09 (...) ir para UTI e não

conseguir sair (...). Este paciente

teve que refazer tudo (referiu-se a

nova cirurgia que o paciente foi

submetido depois de sofrer uma

queda que comprometeu uma

cirurgia no joelho).

Está até no isolamento porque

adquiriu uma bactéria.

Tem que ter avaliação com o

psicólogo.

2

Olha, a gente teve, assim, algumas

coisas que norteiam para o risco de

quedas em idosos, alguns cuidados.

Mas eles são vários. Eles não trazem

quais atitudes tomar a cada caso,

entendeu?! Eles não trazem a

importância do acompanhante, a

importância de orientar o

acompanhante que se o paciente

levantar chamar a gente, a

importância do piso estar seco, do

ambiente não estar muito gelado e

nem muito quente. Tem tudo isso.

De como ir ao banheiro, se este

precisa de andador, precisa de

cadeira...

Só na vivência. Não tenho tido

nada que trouxesse isso [o

conhecimento] pra gente, isso foi

no dia-a-dia: nas internações com o

paciente, na clínica, no que acontece

com os próprios pacientes idosos.

Devido aos fatos acontecidos, é

através dos fatos acontecidos é que a

gente vai buscar solução.

- - - O banheiro deveria ser mais

espaçoso para uma pessoa idosa,

porque se ele for tomar banho de

cadeira, que ele queria trazer de

casa, ele pode, mas aqui não tem

um banheiro apropriado para

idosos. Porque não tem aquele

banheiro que tem aquele corrimão

do lado para ele se segurar, não tem

aquele piso antiderrapante.

... então, se capacitasse todo mundo

que está a volta desse paciente

idoso com o risco de queda, as

vezes, diminuiria bastante o índice

de risco de queda em pacientes, né.

Que criassem um protocolo para

cuidar de idosos, idosos com o risco

de quedas. Porque este protocolo

86

iria nortear, delimitar quais são os

cuidados essenciais. Se a gente

tivesse um protocolo na clínica, a

gente não ficaria assim: será que ele

tem risco de queda, será que não

tem? A gente seguiria um protocolo

para todos os pacientes idosos que

tivessem risco de quedas de como

cuidar, de como orientar a família,

entendeu?! Um ambiente adequado

para idosos também evitaria muito

estas quedas.

3

- Isso influencia [para aumentar o

risco de quedas]. Porque se é uma

equipe desunida e que não trabalha

junta a assistência desse paciente

não vai ser legal. Por quê? Porque

eu como enfermeira vou traçar um

cuidado pra ele e que pra mim vai

ser importante e pro meu paciente

também, só que pra alguém da

minha equipe não vai ver com tanta

importância e não fará estes

cuidados direitinho como está lá.

Porque depois da queda ele vai

debilitar e o serviço vai ficar muito

mais complicado, tanto para nós

quanto para ele.

- Porque a palavra cuidador é uma

palavra muito distante, é uma, uma

pessoa muito distante do paciente.

Mas já... Assim, ele não vai ver

como cuidador, ele já vai ver como

‘ah, eu vou deixar... Eu vou aceitar

o cuidado da minha filha, da minha

esposa, é com carinho’. Já, nós, da

área hospitalar ele já vai ver assim

porque vai ter que aceitar, penso eu.

Porque ele tem que aceitar, porque a

gente tá ali pra fazer este trabalho.

no ambiente hospitalar tem aquele

paciente que se sente contrariado.

Isso eu falo porque isso contribui

em muito para aumentar o risco de

queda. Contribui muito, porque

assim se ele se sente contrariado a

todo momento ele não vai aceitar

ajuda de ninguém ou vai tentar

fazer alguma coisa que ele acha que

ele consegue e isso vai acabar

resultando em uma queda.

Principalmente se ele é um agitado,

um idoso agitado já tá despertando

o olhar desse acompanhante: ‘olha,

seu pai ou sua mãe, ele

principalmente a noite é bastante

agitado, então, se você for dormir

você fica um pouquinho mais,

assim, mais disperso, mais desperto

com ele porque, de repente, ele

pode cair da cama ou vai no

banheiro e não querer ajuda e cair.

Entendeu?! Sempre tá de olho.

Porque se a família cuida direitinho,

ele não vai cair.

-

4

Não, primeiramente a gente adquiri

na faculdade. (...) a faculdade onde

eu estudei a gente tinha a saúde do

idoso.

A gente adquiri sempre na prática.

A partir disso a gente também

adquiri na prática e também adquiri

estudando. A gente também busca

outros conhecimentos, lendo artigos,

né.

- - - Aqui no hospital a gente ainda não

teve [uma capacitação voltada ao

risco de quedas de idosos.

Primeiramente acho que [precisa

de] capacitação da equipe toda. Pra

gente estar tendo um olhar diferente

para o idoso. Porque com o idoso o

olhar tem que ser diferente do olhar

dado aos outros pacientes. (...)

então, pra mim seria a capacitação

de toda a equipe e a adequação de

todos os leitos.

5

- É no dia a dia que você vê. [Adquiri

conhecimento] admitindo paciente

idoso, no dia a dia do serviço,

presenciando muitas quedas, muito

acidente dentro de hospital,

inclusive paciente até com morte,

tem paciente que até morre de queda

- Acho que é quem detecta se tem

risco de cair ou não, e se cair aí

também a culpa é da enfermagem.

Então, eu acho que todo

profissional que tá envolvido no

cuidado do paciente pode fazer uma

avaliação e dizer ‘olha...’ ou

- -

87

no hospital.

[A queda] influencia de maneira

positiva, você fica mais atenta.

Porque você não quer que aconteça

nada de mal com o paciente.

perceber e falar pra enfermagem.

Mas quem trabalha mais esta

situação é a enfermagem, porque

está em contato com o paciente.

6

Acredito que a gente sai preparado

da faculdade. A gente se sente

inseguro, mas o conhecimento básico

tem que ter.

Mas assim, a gente tenta relacionar

teoria com a prática aqui.

Eu vou ser bem sincero com você,

eu não tenho nenhum instrumento

para estar avaliando este risco. Eu

iria ter que buscar no Nanda, ter que

pesquisa, estudar para relacionar

com a assistência.

o risco de quedas na clínica médica

voltado para o idoso é mais

complicado neste setor porque eu

tenho paciente idoso tanto de clínica

médica como de cardiologia.

- - -

7

- Olha, a saúde do idoso pra mim eu

conheci na experiência profissional,

porque assim na faculdade a gente

vê de forma muito superficial na

saúde do adulto. De uma forma bem

parcial mesmo. No dia-a-dia nas

clínicas médica e cirúrgica a gente

vai adquirindo conhecimentos e pelo

próprio estudo mesmo. Eu

geralmente dou uma estudada para

ver alguns casos de pacientes idosos

para poder oferecer uma assistência

melhor, por isso.

- - - Tem que haver uma estrutura

diferente: as camas devem ser mais

baixas, as paredes tem que ter os

apoiadores, o chão deve ser

antiderrapante. Infelizmente não é a

realidade que temos hoje.

8

- Desde quando eu me formei só

trabalho aqui. Acho que algo meu

mesmo, algo profissional meu que

vem do meu estudo. Artigos, uma

revista que você lê, ou até mesmo

relato de pessoas que você conhece

que sofreram uma queda. Aí alguns

pacientes mesmo que internam e

falam. Comentam sobre o risco. Eu

tenho mesmo um paciente idoso que

ele teve um queda, ele caiu no

banheiro do hospital durante seu

pós-operatório e isso foi assim um

alerta.

Já teve relatos de paciente que não

chegaram a cair, mas que relata que

foram ao banheiro e que ao voltar

sentiram uma fraqueza na perna e

deram aquela escorregadinha. Não

chegaram cair direto no chão, mas

deram aquela escorregadinha.

Então, assim, foi aprendendo no

meu dia-a-dia, na minha prática.

Porque se eu te falasse que eu leio

- - - Olha, a gente nunca teve uma

educação continuada falando disso.

Porque eu costumo falar bem assim

que na área de saúde todo mundo

pensa assim ‘ah gente, ela aprendeu

isso. Ela sabe disso’. Não reforça,

entendeu?! Só que o nosso trabalho

é esse, é reforçar. É a mesma coisa

de um chefe que não cobra, que não

sabe a sua função, porque pensa que

ele tem que exercer. Eu penso que

não. Não que fosse só isso, mas

uma das contribuições da instituição

é isso.

88

muito artigo, eu estaria mentindo.

Eu não sou muito de ler artigos

científicos. Quando eu estava na

faculdade lia mais, mas também não

-me aprofundei tanto (risos). Isso,

experiência profissional mesmo.

Porque aí eu fui adquirindo contato

com esses pacientes, não só com

idoso, mas em todas as clínicas. E a

gente vai observando o que pode

melhorar no cuidado desses

pacientes.

Quando eu fui enfermeira da clínica

cirúrgica, na área de ortopedia, eu

tive vivência [no cuidado] de idosos

que tiveram fraturas decorrentes de

quedas. Eles falam assim: ‘ah, cai

em casa’. Eu tive poucos idosos,

pouco relatos de idosos que caíram

no hospital. Mas a maioria fora de

casa. Aí a gente vai vendo o relato

deles, também fui ao congresso de

ortopedia.

Mas eu aprendi na prática hospitalar

mesmo, aqui.

9

- Porque é muito difícil [para o]

paciente quando leva uma queda,

que já aconteceu. Aí você fica

esperta. Queda é muito perigoso e

com esses pacientes o risco é muito

grande. Pacientes com próteses

também, já tive paciente com

prótese de joelho que levou uma

queda. Levou uma queda que

simplesmente abriu [o sítio

cirúrgico]. Ele estava no banheiro e

quando a acompanhante foi pegar o

sabonete com a outra menina, ele

simplesmente desesperou e foi

levantar [sozinho].

É na experiência porque você vê só

através da patologia, do diagnóstico

do paciente você já procuro saber.

A experiência é a convivência

daquilo que você está passando no

dia-a-dia que você vai adquirindo.

Geralmente eu recebo ou o paciente

de pós-operatório ou que irá fazer

cirurgia ainda e eu já avalio qual é o

quadro. Quadro de paciente

sonolento? Está respondendo por

ele? Se está sentado? Se tem

acompanhante?

Se eu recebo o paciente e ele está

com risco, vejo que tipo de

assistência para aquele paciente

para evitar a queda, aquele risco

de queda. Para que ele tenha alta

e fosse para sua casa e não

aconteceu nada. Então, o que eu

utilizei naquele paciente, a hora

que eu vejo um com quadro igual

aquele paciente, eu já tento

passar pra pessoa ‘que não pode

por isso e isso e isso’. Então, você

já vai ficando esperto e já vai

utilizando pra outro paciente.

Muitas vezes eles ouvem muito

mais o acompanhante, que é da

família, do que a gente. Porque as

vezes ele ficam revoltados, acham

que a gente é que não quer que eles

[deambulem]. Mas o

acompanhante conversa

conversar, passa a mão na cabeça,

tem aquele toque e vai indo. Ele

acalma. Aí já diminuiu o risco de

queda. Aí não tem como. Nem

precisa nem conter o paciente,

porque só da família estar ali ele já

acalma. Por isso que é importante o

acompanhante.

Como eu te falei eu não sei muito

de idoso, mas eu procuro me

informar, entendeu?! Se eu vejo

uma patologia diagnóstica eu já

procuro ver a sequela ver e quais os

riscos que pode ter para aquele

paciente.

- Não é assim só [a responsabilidade]

da enfermagem. Indiretamente,

assim eles poderiam dar uma

estrutura melhor e a gente poderia

dar uma assistência melhor. Porque

nem sempre tem como dar uma

assistência melhor.

Mais capacitação, entendeu?! É

[ter] informações sobre idosos,

sobre risco de quedas de idosos.

Porque eu mesma tenho porque eu

procuro ver e avaliar. Eu não tenho

este recurso de capacitação, esses

negócios. É muito difícil. Eu

mesmo só participei de um curso

assim, só.

10

Olha, assim, a base de tudo foi na

minha graduação, né? Eu aprendi,

vamos dizer assim, o começo. (...) O

risco de quedas a gente aprendeu na

universidade. Se falou disso, embora

assim pincelado

E depois quando eu vim para a

clínica, que eu encontrei essa

clientela, esse usuário, eu entendi

que eu precisava estudar mais. Até

pra entender e pra prestar uma

assistência melhor. Aí eu busquei o

conhecimento. Fui atrás e participei

Então, a queda me fez voltar pra

essa clientela, ter o olhar

diferenciado, entender o que estava

acontecendo com ela, não permitir

que acontecesse aqui. Ainda mais

vindo de um idoso.

Então, ou seja, isso prejudica a vida

(...) em primeiro lugar, eu penso

assim que todos os profissionais

tem que estar bem informados, ter

conhecimento da fisiologia e da

anatomia do idoso. Porque no idoso

muda tudo, tanto na anatomia

quanto na fisiologia. Primeira coisa

A segunda coisa é a clínica estar

preparada para isso, para receber o

idoso. Tem que estar preparada.

Você não pode colocar o idoso em

qualquer lugar. Então, aquilo que às

vezes uma pessoa [adulta] suporta,

o idoso não vai suportar para

89

de alguns cursos. Li alguns

conteúdos sobre idoso. Foi assim

que eu busquei.

Mas eu aprendi mesmo aqui. Por

quê? Porque aqui, na nossa clínica,

tem bastante idosos e assim, muitos

diferenciados – com muita história,

muita coisa diferente de um idoso do

outro. Então, exigiu de mim que eu

procurasse entender isso. Procurasse

o conhecimento. Embora eu perceba

que eu preciso muito mais.

do idoso. A internação que seria de

um período pequeno tornou-se uma

internação longa e ele teve que

passar não só por um, mas por dois

ou mais hospitais. Então, piorou o

quadro do idoso.

é entender isso.

Tudo mundo tem que estar

conhecendo a história dele também.

Desde seu histórico, patologias,

porque ele veio pra cá, qual é o

tratamento dele e quais os cuidados

tem que ser feitos.

E o profissional também, que seja

compreensivo. Porque não adianta

nada eu ter o conhecimento

científico e não saber aplicar.

Porque eu sei muito bem que o

idoso com uma certa idade pode ter

uma alteração do nível de

consciência, mas eu não sei acolher,

não sei... Eu não respeito a

necessidade dele. Não tenho

paciência com ele. Então, isso não

vai ajudar.

E também tem que ter a prescrição

de enfermagem, porque são os

técnicos, é a enfermagem que está a

maior parte do tempo com esse

idoso. A equipe que mais fica com

o idoso é a equipe de enfermagem.

internar. O leito dele tem que estar

pronto

Eu falei do leito, do leito adequado.

A enfermaria tem que estar

adequada, oferecendo o que o idoso

precisa. O piso deve estar adequado

para ele. Ter apoio.

eu falei dos leitos que poderia ser

melhor, a gente ter cadeiras

diferentes. Porque o idoso que não

está acamado ele levanta, vai

deambular, ele pode sentar numa

cadeira. Então, a cadeira que o

hospital oferece é uma cadeira de

fio para o acompanhante. Se ele

está com acompanhante, o

acompanhante estará usando a

cadeira e ele vai pra onde? Ele não

tem um espaço dentro da

enfermaria e ir pra uma salinha

fazer alguma atividade pra

descontrair, ter um lazer.

11

- Na realidade eu acho que é no

cotidiano mesmo. No dia-a-dia,

assim, de ver. Que as pessoas... que,

às vezes, o paciente cobra de você,

né?

- - - Porque aqui quase não tem leito

com grade e tem que ficar

procurando. Uma cama mais baixa

também, que pode estar facilitando

ele subir e descer da cama com

mais facilidade.

12 - - - -

- -

13

[consequências da queda são]

fratura, TCE, traumas.

o piso contribui para a queda, é que

devia ser um piso antiderrapante.

As camas, na verdade, deveriam ser

todas com grades. Deveria haver

uma padronização da altura. Os

banheiros deveriam ter corrimão.

(...) Porque não tem nada pra

prevenir [a queda].

14 - - - - - -

15

Teoricamente já foi estudado. Eu

acho que na época da faculdade.

Ah, então, aqui eu já trabalhei na

[clínica] médica. Trabalhei aqui na

observação que a gente recebia

muito paciente idoso.

Mas na prática é o que a gente vê

muito, isso e outras coisas que de

repente não estou nem lembrando.

Já teve paciente que caiu, ficou com

a testa toda roxa, toda machucada.

Quando eu recebi ele estava todo

roxo, o rosto, o braço machucado.

E aí [com a queda], ele que entrou

com um problema e sai com outro.

Isso dai é serio! A gente já teve

vários pacientes que tiveram

fraturas. Caiu e teve fratura.

16 E no dia-a-dia aqui também. Vendo

as necessidades.

Mas o principal [dano ao paciente

causado pela queda] acho que seria

- - -

90

o TCE.

17

Eu peguei um material da

universidade mesmo referente a

idoso [durante a graduação]. Eu lia

isso aí (...).

(...) e no próprio ambiente de

trabalho (...) na prática. (...) [o idoso

caiu e] a gente já desceu com esse

paciente para examinar, fez raio x,

mas não teve fratura, não teve nada.

18 - - - - - -