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Faculdade de Ciências Departamento de Química Licenciatura em Química Normalização e Controle de Qualidade Revisão Bibliográfica – Conceitos de Normalização e Qualidade Docentes: Prof. Doutor Eng. António Matos Eng. Rogério Muxlhanga Discente: Achimo, Ivan Avelino A. Cavel, Mouzinho Jacinto Júnior, Inácio Filipe Lihango, Narcêncio Vasco Mandlate, Vivaldo João Tembe Manhiça, Titosse Roldão José Ndima, Helio Lucas Ngovene, Neasse Carla Filipe Jaime Rungo, Juselda da Flora

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Page 1: Faculdade de Ciências

Faculdade de Ciências

Departamento de Química

Licenciatura em Química

Normalização e Controle de Qualidade

Revisão Bibliográfica – Conceitos de Normalização e

Qualidade

Docentes: Prof. Doutor Eng. António Matos Eng. Rogério Muxlhanga

Discente: Achimo, Ivan Avelino A. Cavel, Mouzinho Jacinto Júnior, Inácio Filipe Lihango, Narcêncio Vasco Mandlate, Vivaldo João Tembe Manhiça, Titosse Roldão José Ndima, Helio Lucas Ngovene, Neasse Carla Filipe Jaime Rungo, Juselda da Flora

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Maputo, 04 de Setembro de 2014

ÍndiceResumo................................................................................................3

1 Introdução.........................................................................................4

Objectivos............................................................................................6

Geral :..........................................................................................6

Específicos:..................................................................................6

Métodos e materiais..........................................................................6

História e evolução da qualidade......................................................7

Historia e evolução da normalização................................................8

Conceito de qualidade.......................................................................9

Conceito de normalização...............................................................10

Normas Relacionadas à Qualidade.................................................11

Norma ISO 9001.............................................................................12

Normas Moçambicanas de qualidade.............................................14

Relação entre normalização e qualidade........................................15

Conclusões e Recomendações...........................................................16

Referencias Bibliográficas.................................................................17

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 2

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Resumo

Tendo por objectivo revelar o entendimento de alguns autores

quanto ao significado dos fenómenos qualidade e normalização,

inicialmente resgatou-se a história e os principais conceitos, tanto de

qualidade, quanto de normalização. Na sequência, apresentou-se a

pesquisa realizada, que utilizou o método fenomenográfico apoiado

por livros, paginas web e manuais de estudo. Após a realização das

análises de conteúdo, concluiu-se que não há um conceito de

qualidade predominante, sendo que o conceito de qualidade não é

estático, ele varia de pessoa para pessoa, os conceitos mais

presentes qualidade como valor; qualidade como conformação de

especificações; qualidade como conformação a requisitos prévios;

qualidade como ajustamento do produto/serviço para o usuário;

qualidade como redução de perdas; qualidade como atendimento

e/ou superação das expectativas dos consumidores. Estes achados

auxiliam as organizações a compreenderem o que os novos

profissionais do mercado entendem por qualidade, facilitando assim

as decisões das empresas, quando estas focam a qualidade como um

diferencial competitivo.

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 3

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

1 Introdução

Definir qualidade é um exercício desafiador. Segundo Gomes (2004),

a qualidade é fácil de reconhecer, mas é difícil definir. De acordo

com Reeves e Bednar (1994), não existe uma definição global e

diferentes definições de qualidade surgem em diferentes

circunstâncias, tornando-o um fenómeno complexo.

Sendo um assunto fundamental para o crescimento das

organizações, a qualidade, tanto em produtos quanto em serviços,

mostra-se um tema altamente importante, afinal vive-se em uma

época de alta concorrência, e a qualidade revela-se como um dos

principais diferenciais competitivos das empresas da actualidade.

Mas afinal, o que é qualidade? Qualidade pode ser definida de

diversas formas: Qualidade como valor; Qualidade como

conformação de especificações; Qualidade como conformação a

requisitos prévios; Qualidade como ajustamento do produto/serviço

para o usuário; Qualidade como redução de perdas; Qualidade como

atendimento e/ou superação das expectativas dos consumidores

(REEVES; BEDNAR, 1994).

Qual definição é a mais correcta? Esta pergunta ainda está por ser

respondida. O fato é que a qualidade é considerada universalmente

como algo que afecta a vida das organizações e a vida de cada

indivíduo de uma forma positiva (GOMES, 2004). Desta forma,

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

reveste-se de importância a compreensão deste fenómeno ainda

muito vago e sujeito a diversas interpretações, pois representa hoje

um importante instrumento de gestão empresarial em um mercado

competitivo e turbulento (PIOVEZAN; CARPINETTI, 1998).

2. Conceitos de Qualidade

Segundo Avelino (2005), no livro de Joseph M. Juran, “A History of

Managing for Quality”, publicado em 1995, o autor fez um resgate

histórico da qualidade. Identificou a aplicação dos conceitos de

qualidade na China, no Egipto, na Grécia, em Roma, na

Escandinávia, entre outros. Portanto, qualidade não é novidade,

muito menos moda. É sim um conceito milenar sempre presente na

história da humanidade.

Mas foi somente no século 20 que a qualidade passou a ser

efectivamente foco das organizações. Com o crescimento do

consumo e do mercado, as empresas viram-se obrigadas a tratarem o

assunto qualidade com mais cuidado (OAKLAND, 1994). Surgiram

então os principais nomes na área de qualidade, destacados por

Avelino (2005): George Box, W. Eduards Deming, John Dewey,

Frederick Herzberg, Kaoru Ishikawa, Joseph M. Juran, Kurt Lewin,

Lawrence D. Miles, Alex Osborne, Walter Shewhart, Genichi

Taguchi, Frederick W. Taylor, J. Edgar Thomson, entre outros.

Dentre os citados, alguns se tornaram mais populares e,

consequentemente, influenciaram significativamente a história da

qualidade: W. Eduards Deming, Philip Crosby, Joseph M. Juran,

Kaoru Ishikawa, e Genichi Taguchi são alguns deles.

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Objectivos

Geral:

Estudar os conceitos de qualidade e normalização

Específicos:

Caracterizar os conceitos de qualidade;

Falar de normas Moçambicanas e internacionais;

Distinguir relação existente entre normalização e qualidade.

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Métodos e materiais

Para a realização do presente trabalho recorreu-se aos seguintes

materiais: livros, páginas da internet e manuais de estudo.

História e evolução da qualidade

Qualidade é um conceito que incorporamos intuitivamente ao nosso

dia-a-dia. Está associado sempre ao melhor, ao mais caro, ao mais

duradouro.

Podemos definir o que é Qualidade, mas o que está mais fácil de

compreendermos é a falta de qualidade. Todos sabemos os prejuízos

que nos causam os erros, os defeitos, a inconsistência de

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

informações, as entregas de mercadorias com atraso, a baixa

motivação para o trabalho, o tempo perdido, o aumento de preços, a

redução nas vendas, o enceramento de fábricas, a inflação, o

desemprego, etc. Podemos dizer que a Qualidade é uma aspiração

natural do ser humano.

A Qualidade é inerente ao produto ou serviço. Mais recentemente

este conceito foi reavaliado e colocado sobre um outro enfoque. A

Qualidade passou a significar o atendimento a uma necessidade de

quem utiliza o produto ou serviço. O produto passa a ser de

qualidade se ele atender àquilo que se espera dele.

Qualidade é uma expressão muito difundida actualmente no mundo.

Para uma unificação conceitual, vejamos algumas expressões

utilizadas para designar o termo Qualidade:

“ Qualidade vai em conformidade com os requisitos” ( Philip B.

Crosby)

“ Qualidade é aptidão ao uso” ( J.M. Juran)

“ Qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de vista

do cliente” (Deming)

“Qualidade é o desenvolvimento, projecto, produção e assistência de

um produto ou serviço que seja mais económico e o mais útil,

proporcionando satisfação ao consumidor” ( Ishikawa K.)

Nos primordios da evolução, o homem decobriu a primeira

ferramenta a partir daí começaram os problemas, a ferramenta não

era confiável. Diante disso o homem procurou materiais melhores e

passou a utilizar a pedra neste instante ele descobriu a qualidade. a

tarefa da produção ficou sob a incumbencia dos artesãos, esses

artesãos tinham o controle completo do processo, desde a escolha da

matéria prima até a venda do produto. Esta situação foi mantida até

o final do século XVIII e início do século XIX e foi quando então

ocorreu um significativo avanço nas relações de trabalho.

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Page 9: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Em toda a europa começaram a surgir fabricas de tecidos que

mudaram a face do mundo, os trabalhadores eram forçados a

trabalhar até 16 horas por dia em condições sub-humanas de

trabalho, todo trabalho ainda era verificado por quem fazia o mesmo,

na virada do século XVIII henry ford introduziu um novo conceito de

produção, a linha de montagem. Esse novo conceito obrigou a

criação da figura do inspetor de qualidade, onde cada um faz o sua

parte sem se preocupar com a qualidade do todo, este sistema de

produção perdurou até a década de 60.

Foi quando o mundo se viu as voltas com os tigres asiaticos, em

particular o japão que introduziu uma visão particular sobre os

conceitos de qualidade.

Historia e evolução da normalização

O conceito de normalização é tão antigo quanto a história da

civilização. A primeira necessidade foi a da comunicação oral. Foi

necessário que os homens das cavernas padronizassem determinados

sons, associando-os a objectos ou acções. A vida em grupo também

requereu a padronização de comportamentos sociais. Esse sentimento

acompanhou a evolução da civilização. Para que o comércio funcionasse

foi necessário estabelecer um padrão de valor. Começaram a cunhar as

primeiras moedas em metais nobres como o ouro e a prata. Para que

essas trocas funcionassem começaram a ser padronizadas as medidas

de peso e comprimento.

À medida que a civilização evoluía, essa necessidade aumentava. No

antigo Egipto, a construção das pirâmides envolveu um grande

movimento de blocos de pedras vindos de diferentes regiões. Para que

as construções fossem bem construídas era necessário que os blocos

tivessem dimensões padronizadas. Essas acções incipientes não tiveram

grande modificação até o início da Revolução Industrial. Com o

surgimento da máquina a vapor, os aspectos de medição passaram a ser

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

importantes. Surgiu a necessidade de se estabelecer tolerâncias para as

medições. A diversidade de critérios para medições fez surgir a

necessidade de padronização. Surgiram então o metro, o quilograma,

etc. Um dos benefícios da Revolução Francesa foi a adopção do sistema

métrico decimal.

A Segunda Guerra Mundial foi quem provocou um impulso nessa

actividade. Os Estados Unidos, devido ao ataque japonês a Pearl

Harbour, viram-se envolvidos num esforço de guerra para o qual eles

não haviam se preparado. De repente tiveram que adaptar suas

indústrias, especialmente as mecânicas e metalúrgicas, para produzir

canhões, aviões, navios, fuzis, etc. Como eles tinham que trabalhar

contra o tempo, as actividades de fabricação foram divididas entre as

diversas empresas que tinham maior afinidade com a produção daquele

item específico. As peças passaram a ser produzidas em locais distantes

geograficamente e enviadas para um local onde era feita a montagem

dos armamentos. Para que isso funcionasse foi necessário que se

investisse em padronização de medidas e tolerâncias para que as

diversas peças se encaixassem entre si.

Conceito de qualidade

A qualidade pode ser definida como a capacidade que tem

determinado serviço de atingir seus objectivos, atendendo aos

requisitos do cliente ou, conforme Juran (1993), “qualidade é

adequação ao uso”. Para Shiseru Mizuno, “Um produto não precisa

necessariamente ter a melhor qualidade possível: o único requisito é

que o produto satisfaça as exigências do cliente para seu uso”.

Também é de Mizuno a afirmação de que “A qualidade de um

produto compreende todas suas características, não apenas suas

qualidades técnicas”. De qualquer modo, a qualidade está sempre

associada ao atendimento do interesse do cliente, de modo a elevar o

seu grau de satisfação com o produto ou serviço.

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Os diversos autores considerados “clássicos” convergem em

caracterizar como características intrínsecas ao conceito de

qualidade: (a) o facto de que as características do produto devem ir

ao encontro às necessidades dos clientes (Juran e Gryna, 1991); (b)

deve-se obter uma homogeneidade nos produtos oferecidos, a partir

dos métodos de controlo de processos (Deming, 1990); (c) deve

existir conformidade entre os requisitos de projecto e o produto

fornecido, ou seja, conformidade entre execução e características.

(Miguel, 2001).

Garvin (1988) deu uma importante contribuição ao conceito

de qualidade ao sistematizar as chamadas “dimensões” desse

conceito: as suas características (atributos básicos e especificações

técnicas que definem as características básicas dos produtos),

desempenho (características operacionais básicas), confiabilidade

(entendida como a probabilidade do produto cumprir com seus

requisitos de desempenho em condições operacionais definidas e em

um tempo especificado), conformidade (grau de concordância com as

especificações), durabilidade (entendida como uma medida da vida

útil do produto), estética (entendida como a reacção inicial positiva

ou não quanto ao produto), qualidade observada (percepção

subjectiva do cliente com relação ao produto) e atendimento ao

cliente.

A qualidade também está associada à redução de desperdícios

e erros e, portanto, a custos. Se o preço de um produto ou serviço é

inadequado, mesmo que se trate de insumo de alta qualidade, pode

gerar insatisfação no cliente. Outras características de interesse do

cliente também são relevantes: ausência de defeitos, falhas e perdas,

adequação ao uso, condições de armazenagem, confiabilidade,

orientação e treinamento adequados e eficiência no atendimento,

que implica em receber o serviço ou produto no prazo fixado e na

quantidade correcta.

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 11

Page 12: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Conceito de normalização

Normalização é um sistema que organiza as actividades de

criação e utilização de regras que irão contribuir para o crescimento

económico e social. A normalização é também o método que aborda,

ordenadamente, determinada actividade, estabelecendo, com a

participação de todos os interessados, regras que ajustem os

interesses colectivos e promovam a padronização e a optimização da

sociedade.

As normas, documentos que instituem as regras e directrizes

de padronização, são estabelecidas por consenso, em uma

comunidade técnica ou não. Aprovadas por uma entidade

reconhecida, esta passa a fornecê-las, para uso comum e repetitivo,

visando à obtenção de elevado nível de ordenação em determinado

contexto. As normas, portanto, são também documentos técnicos que

fixam padrões reguladores, com o objectivo de garantir a qualidade

de produtos industriais, a racionalização da produção, o transporte e

o consumo de bens, a segurança das pessoas e a uniformidade dos

meios de expressão e comunicação.

São objectivos da normalização:

Reduzir os procedimentos de fabricação e os tipos de

produtos e sistematizar as actividades produtivas, trazendo,

em consequência, a redução de serviços e seus custos

indirectos, em benefício do consumidor.

Favorecer a troca de informação entre fornecedores e

clientes, garantindo a confiabilidade em suas relações.

Possibilitar a aferição da qualidade de produtos e serviços,

garantindo a protecção do consumidor.

Reduzir a diversidade de regulamentos instituídos pelos

diversos países para produtos e serviços, contribuindo para

a suspensão das barreiras comerciais.

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Conceito de Qualidade e Normalização 2014

A normalização favorece o desempenho das empresas, ao

estimular a competitividade nos mercados e a conscientização dos

consumidores, que passam a exigir produtos certificados. Assim,

cresce cada vez mais o número de itens com certificação instituída

compulsoriamente. A normalização, em cada comunidade, pode ser

praticada segundo vários níveis: normas de empresas ou de

associações e normas regionais, nacionais e internacionais.

Em 1947 foi criada a Internacional Standardization Organization - ISO

(Organização Mundial para Normalização). Essa entidade foi formada

pelos órgãos de normalização de cada país. Tem como objectivo

principal buscar uma padronização de processos e produtos a nível

mundial.

De acordo com a definição da ISO, a Normalização é a actividade

conducente à obtenção de soluções para problemas de carácter

repetitivo, essencialmente no âmbito da ciência, da técnica e da

economia, com vista à realização do grau óptimo de organização num

dado domínio.

A Normalização busca a definição, a unificação e a simplificação, de

forma racional, quer dos produtos acabados, quer dos elementos que se

empregam para produzi-los, através do estabelecimento de documentos

chamados Normas.

Normas Relacionadas à Qualidade

As normas relacionadas à qualidade originam-se basicamente

de duas áreas: programas de confiabilidade em armamentos

militares e programas de segurança de instalações e equipamentos

nucleares. Nos anos 50, quando se iniciou a chamada “Guerra Fria”,

a qualidade dos equipamentos bélicos no Ocidente ainda deixava

muito a desejar.

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 13

Page 14: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

As indústrias bélicas, mais preocupadas com o volume da

produção do que com a qualidade dos equipamentos e serviços, não

tinham suficiente confiabilidade para dar segurança aos militares,

que questionavam a capacidade dessas empresas para produzir

armamentos sem ameaçar sua integridade.

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América,

reconhecendo os benefícios produzidos pelo programa de gestão que

revolucionou e tornou competitiva a indústria japonesa, instituiu no

final da década de 50 os Requisitos de Programa de Garantia de

Qualidade, passando a exigir dos fornecedores o rigoroso

cumprimento das normas.

Ao mesmo tempo, os países que trabalhavam com artefactos

nucleares começaram a desenvolver e adoptar normas que

garantissem a segurança das instalações. Com o agravamento da

Guerra Fria, nos anos 60, a OTAN – Organização do Tratado do

Atlântico Norte produziu e impôs a seus fornecedores um conjunto

de normas destinadas a garantir a confiabilidade e eficiência dos

equipamentos que adquiria.

Essas normas receberam o nome de AQAP (Allied Quality

Assurance Procedures – Procedimentos de Garantia de Qualidade da

OTAN). Mais tarde, observando as vantagens advindas da aplicação

das normas da AQAP, o governo inglês recomendou que os

procedimentos fossem estendidos a todos os sectores industriais.

No final da década de 70, o BSI - British Standard Institute estabeleceu as normas BS 5750, uma evolução dos procedimentos AQAP, e na mesma época foi criado o ISO TC 176 (Technical Committee da ISO para a qualidade). Em 1987, a ISO formalizou a série de normas 9.000, a partir das normas BS 5750.

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Page 15: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Norma ISO 9001

Na moderna sociedade industrializada, a crescente busca de

qualidade de vida tornou as certificações ISO cada vez mais

cobiçadas em todas as cadeias produtivas, e, independentemente do

país em que é concedida, a confiança na certificação é o factor

fundamental.

Por isso mesmo, são rigorosos os critérios impostos aos

organismos acreditadores e certificadores e cuidadosas as directrizes

estabelecidas entre as partes, para assegurar a visibilidade do

processo de certificação, a uniformidade na avaliação dos sistemas

de gestão da qualidade e a eficiência da rede de certificadores.

Hoje, as normas ISO mais conhecidas mundialmente são as da

série 9.000, que se converteram em referência internacional em

programas de qualidade, e já existem mais de 560 mil organizações

certificadas segundo os requisitos desta norma. Uma das razões

dessa sólida reputação mundial é o fato de o sistema ser genérico e

aplicável a qualquer organização, grande ou pequena, tanto da área

da produção quanto de serviços ou mesmo do sector público.

A primeira norma ISO da série 9000 foi lançada na década de

80, exactamente quando começou a se caracterizar o movimento de

globalização da economia, e estabeleceu uma cadeia de requisitos

que permitiu às organizações a adopção de um único programa de

gestão da qualidade. Até então, clientes, sectores e países

estabeleciam diferentes sistemas de qualidade, obrigando as

organizações a implantarem diversos programas, se quisessem

atender à demanda de diferentes clientes.

Publicada em 1986, essa norma sofreu sua primeira revisão

em 1994, para dar ênfase a requisitos específicos da gestão da

qualidade. E, ao final do ano 2000, com modificações substanciais em

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 15

Page 16: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

relação às anteriores e foco na qualidade da gestão, foi editada nova

versão, conhecida como ISO 9001:2000.

A versão 2000, além de contemplar toda a organização, dá

ênfase à gestão institucional e incorpora exigências como a gestão

de recursos humanos, as expectativas e os níveis de satisfação do

cliente e os resultados institucionais.

A versão de 1994 valorizava requisitos como a calibração de

instrumentos, a elaboração e rastreabilidade de documentos e outras

exigências que geravam elevado volume de dados e papéis. Além

disso, continha uma série de três normas, com requisitos

relacionados a aspectos distintos da organização. Já a versão 2000

reúne todos os requisitos em uma única norma.

Outras características da versão 2000 que merecem destaque:

Estabelece apenas seis requisitos específicos de

procedimentos necessariamente documentados: controle de

documentos, controle de registos, auditoria interna,

controle de produtos não conforme, acção correctiva e

acção preventiva (a versão de 1994 abrangia 17 requisitos).

Contempla o princípio da retroalimentação do ciclo PDCA,

estimulando a comunicação e retroalimentação com o

cliente. Os processos críticos para a realização do produto

devem ser identificados. (PAULA e MELHADO, 2005)

É compatível com outros sistemas de gestão e, em especial

com os requisitos relacionados à gestão ambiental,

estabelecidos pela ISO 14000.

Pode ser aplicada a qualquer tipo de organização

empresarial, pública, do terceiro sector e outras.

Estabelece o conceito de que a qualidade é obtida através

das pessoas.

Pode ser aplicada ao conjunto ou a sectores da organização.

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 16

Page 17: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Valoriza o atendimento, concedendo-lhe os mesmos créditos

dados à qualidade dos processos, serviços e produtos.

Dá ênfase à melhoria contínua, à satisfação do cliente e aos

indicadores de desempenho.

O objectivo básico da ISO 9001:2000 é gerar a confiança de

que o fornecedor está em condições de entregar, de forma

consistente, bens ou serviços que atendam às expectativas do cliente

e estejam de acordo com as especificações aplicáveis a cada caso. A

era da qualidade colocou o cliente como um actor de grande poder

nos processos e produção, sendo que ele torna-se responsável pela

manutenção (ou extensão) da empresa no mercado (BRANCO, 2004).

Em termos conceituais, a norma ISO 9001 na sua versão de

2000 aproxima-se mais, quando comparada às suas versões

anteriores, dos sistemas de gestão da qualidade baseados no

conceito de qualidade total (CURTIN UNIVERSITY, 2000). Com

efeito, na versão de 2000 da norma são consideradas exigências

normativas que garantam que o foco do sistema de gestão,

particularmente na realização do produto, esteja colocado na

satisfação das necessidades dos clientes e stakeholders. Além disso,

a norma prioresa o conceito de melhoria contínua, tido como um dos

pilares dos sistemas de gestão da qualidade. Por outro lado, vale

ressaltar que o conceito de Gestão pela Qualidade Total é mais

amplo que o conceito de garantia da qualidade preconizado pela ISO

9001: entre outros aspectos, a norma concentra sua atenção nas

actividades e processos mais directamente relacionados com o

sistema de desenvolvimento de produtos e produção, enquanto o

Total Quality Management pode se configurar como um sistema de

gestão mais amplo (CURTIN UNIVERSITY, 2000.)

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 17

Page 18: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Normas Moçambicanas de qualidade

Em Moçambique apenas 100 das 519 normas internacionais de

certificação de qualidade de produtos e serviços é que estão a ser

cumpridas por empresas moçambicanas de diferentes sectores de

actividade produtiva, segundo fonte governamental moçambicana.

Os maiores cumpridores destas normas são os megas projectos,

enquanto a maior parte das empresas de pequena e média

dimensões ainda não aderiu às mesmas, segundo Alfredo Sitoe,

director do Instituto Nacional de Normalização e Qualidade

(INNOQ), realçando que elas foram adoptadas por esta instituição

para permitir uma maior competitividade de produtos moçambicanos

no mercado mundial.

Relação entre normalização e qualidade

Sendo a normalização um sistema utilizado pela empresa em relação

ao controle e asseguramento da qualidade, ou seja a forma de

manter os índices de qualidade dentro do objectivo proposto. Na

prática, a Normalização está presente na fabricação dos produtos, na

transferência de tecnologia, na melhoria da qualidade de vida

através de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do

meio ambiente. Existem basicamente dois tipos de normas:

- Normas para produtos – Define a especificação do produto e testes

a serem realizados para garantir a qualidade do produto fabricado.

- Norma para Gestão da Qualidade – Define o sistema de Gestão da

Qualidade a ser seguido por uma empresa. As normas de Gestão da

qualidade são passíveis de “certificação”, ou seja, a empresa que

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 18

Page 19: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

quiser implantar esse tipo de norma deverá passar por uma auditoria

de verificação o qual irá emitir um certificado de qualidade.

Conclusões e RecomendaçõesO assunto qualidade vem mostrando ao longo dos tempos ser um

fenómeno complexo e subjectivo, sujeito a diversas interpretações.

Por outro lado, a qualidade tem mostrado ser fundamental para o

desempenho das organizações do mercado, e muito do sucesso

destas organizações passa pelo entendimento do que seja qualidade

por parte de seus profissionais. Desta forma, compreender o que os

novos profissionais do mercado entendem por qualidade facilita as

decisões das empresas, quando estas focam a qualidade como um

diferencial competitivo. Por causa das exigências dos clientes a

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 19

Page 20: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

qualidade torna-se dinâmica, isto é, para que os produtores dominem

a sua concorrência no mercado eles precisam de satisfazer as

necessidades dos clientes. A medida que a qualidade muda, as

normas de controlo da mesma também mudam. A normalização de

produtos e serviços, juntamente com o controlo de qualidade tem

grande importância tanto na qualidade final dos produtos quanto na

segurança que a normalização e o controle de qualidade

proporcionam, sendo essenciais e indispensáveis para a produção em

grande ou pequena escala. Sendo assim concluiu-se tambem que é

uma actividade que estabelece um conjunto de práticas e normas

destinadas à utilização comum e repetitiva por todas as empresas,

visando otimizar um dado contexto.

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 20

Page 21: Faculdade de Ciências

Conceito de Qualidade e Normalização 2014

Referencias Bibliográficas

1) NP EN 45020. 2001 − Normalização e actividades

correlacionadas. Vocabulário geral (Guia ISO/IEC 2:1996).

Correspondência: EN 45020:1998 IDT. Deve ser registado que

está já publicado o Guia ISO/IEC 2:2004.

2) ISO Online. Communication centre: The ISO Café [Em linha].

Disponível em

WWW:<URL:http://www.iso.org/iso/en/commcentre/isocafe/ind

ex.html.

3) ISO Online. About ISO: Introduction. How ISO standards

benefit society [Em linha]. Disponível em

WWW:<URL:http://www.iso.org/iso/en/aboutiso/introduction/in

dex.html#six.

Grupo 1: Conceito de Qualidade e Normalização Página 21