faculdade de filosofia, ciÊncias e letras de alegre

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FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE CURSO DE FARMÁCIA MAGNO BELONE DA CUNHA PEELING QUÍMICO: PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS PARA A RENOVAÇÃO CELULAR ALEGRE 2014

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Page 1: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

1

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

CURSO DE FARMÁCIA

MAGNO BELONE DA CUNHA

PEELING QUÍMICO: PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS

PARA A RENOVAÇÃO CELULAR

ALEGRE

2014

Page 2: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

2

MAGNO BELONE DA CUNHA

PEELING QUÍMICO: PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS

PARA A RENOVAÇÃO CELULAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Farmácia. Orientador: Professor: Gilberto Aparecido Saldanha

ALEGRE

2014

Page 3: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

3

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE.

AUTARQUIA MUNICIPAL Rua Belo Amorim, 100 - Centro – Alegre/ES – CEP: 29500-000 – Telefax: (028) 3552-1412

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

MAGNO BELONE DA CUNHA

PEELING QUÍMICO: PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS

PARA RENOVAÇÃO CELULAR

Monografia apresentada ao Curso de Farmácia da Faculdade Filosofia, Ciências e

Letras de Alegre, como requisito básico para obtenção do título de Bacharel em

Farmácia.

Área de concentração: Farmacologia.

Aprovada em _______de ________________de 2014

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. Esp. Gilberto Aparecido Saldanha

(Orientador)

_______________________________________________

Profª. Esp. Ludmilla Garcia de Oliveira

( Examinadora)

_______________________________________________

Prof. Ms. Renata Abdalla Pires da Rocha

(Examinadora)

Page 4: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

4

AGRADECIMENTO

Á Deus que sempre mostrou o caminho certo para seguir meus sonhos e concretizar

meus ideais, me dando força e sabedoria para seguir neste caminho.

Aos meus pais que me criou e que me acompanhou nesta caminhada,

transformando meus sonhos em realidade, me dando condições de caminhar por si

só em busca de novas realizações, sempre me apoiando, mesmo de longe, torcendo

para que minha caminhada tivesse sucesso.

Aos meus coordenadores, professores, mestres e doutores, pelos momentos de

dedicação, força, incentivos e disponibilidade de tempo com o intuito ampliar meus

conhecimentos, além da compreensão pelas minhas limitações.

Page 5: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

5

RESUMO

O envelhecimento da pele é um processo pelo qual todas as pessoas passam

durante a vida, e que preocupa muitos indivíduos, que buscam a ajuda especializada

do médico para minimizar seus sinais, existe um maior ou menor grau de

envelhecimento para cada indivíduo, sendo este diferenciado pelo estilo de vida de

cada um.

Um dos principais recursos utilizados para deter o envelhecimento da pele ou

melhorar a qualidade da pele são os tratamentos utilizados pelos médicos e

definidos por peeling químicos, onde se usam produtos químicos como ácido

glicólico, retinóico, tricloroacético e o fenol, entre outros que proporcionam a

esfoliação cutânea e posterior renovação celular. Dependendo da concentração e do

valor de pH em que são empregados nas formulações, desencadeiam o peeling

superficial, médio e profundo.

O emprego desses produtos resulta no processo de renovação celular intenso,

normalizando a pigmentação da pele, atenuando marcas e minimizando as rugas,

logo, essas formulações devem se utilizadas cuidadosamente e seguindo as

técnicas recomendadas, bem como o paciente monitorado que se obtenha a máxima

eficácia do peeling, sem grandes efeitos colaterais. O conhecimento das vantagens

e desvantagens dos peelings, faz com que sejam utilizados de maneira segura e

criteriosa, com acompanhamento médico devido, evitando suas toxicidades e

possíveis complicações pós-peeling, assim, os benefícios dos peelings serão

apreciados e sentidos pelos pacientes.

Este trabalho tem como objetivo demonstrar como age o Peeling Químico na pele

humana, enfocando seu mecanismo de ação, bem como enfatizando quais são os

princípios ativos e os veículos utilizados nas formulações farmacêuticas dos

peelings.

Palavras-chave: abrasão química; envelhecimento da pele; renovação celular;

peeling químico; fenol.

Page 6: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

6

ABSTRACT

Skin aging is a process by which all people are in life, and that worries many , who

seek the aid of a specialized physician to minimize its signs , there is a greater or

lesser degree of aging for each individual, which is different the lifestyle of each.

One of the key features used to stop the aging of the skin or improving skin quality

are used for medical treatments and defined by chemical peeling, chemicals which

are used as glycolic acid, retinoic acid, trichloroacetic and phenol, among others

which provide skin exfoliation and cell renewal later . Depending on the concentration

and pH value they are used in the formulations , peelings may be superficial , middle

and deep .

The use of such substances results in high cell renewal process , normalizing the

skin pigmentation marks and alleviating wrinkles while minimizing thus such

formulations must be carefully and used following the recommended practices and

the patient monitored to obtain maximum efficiency the peeling, no major side

effects. Knowing the advantages and disadvantages of the peelings , causes them to

be used safely and judiciously , with due medical care, avoiding their toxicity and

possible post-peeling complications , so the benefits of peels will be appreciated and

felt by patients.

This paper aims to demonstrate how the acts Chemical Peel in human skin , focusing

on its mechanism of action , as well as emphasizing what are the active ingredients

and the vehicles used in the pharmaceutical formulations of the peelings .

Keywords: chemical etching ; skin aging ; cell renewal ; chemical peel ; phenol.

Page 7: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................ 9

1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................... 11

2 PELE: PROTEÇÃO DO ORGANISMO, AGRESSÕES E

ENVELHECIMENTO ...................................................................

12

2.1 CITOLOGIA E HISTOLOGIA DA PELE ...................................... 12

2.2 AS CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PELE .............................. 14

2.4 O ENVELHECIMENTO CUTÂNEO ............................................ 16

3 METODOLOGIA .......................................................................... 19

4 PEELING QUÍMICO: RESURFACING QUÍMICO,

QUIMIOESFOLIAÇÃO OU QUIMIOCIRURGIA..........................

20

4.1 HISTÓRIA E AÇÃO DOS PEELINGS QUÍMICOS ......................

20

4.1.1 Mecanismo de Ação dos Peelings Químicos .......................... 20

5 PEELING QUÍMICO: UMA VISÃO GERAL ................................ 22

5.1 O QUE É O PEELING QUÍMICO? ............................................... 22

5.2 COMO AGEM OS PEELINGS QUÍMICOS .................................. 22

5.3 QUAIS OS TIPOS DE PELE QUE MELHOR RESPONDEM

AOS PEELINGS QUÍMICOS? .....................................................

23

5.4 COMO SÃO CLASSIFICADOS OS PEELINGS QUÍMICOS? ..... 24

5.4.1 Peeling Superficial ..................................................................... 24

5.4.2 Peeling Médio ............................................................................. 24

5.4.3 Peeling Profundo ....................................................................... 25

5.5 QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES DOS PEELINGS QUÍMICOS? ... 26

5.6 QUAIS SÃO AS CONTRA-INDICAÇÕES DOS PEELINGS

QUÍMICOS E QUAIS COMPLICAÇÕES ELES PODEM

OCASIONAR? .............................................................................

26

5.6.1 Contra-Indicações ..................................................................... 27

5.6.2 Complicações ............................................................................ 27

5.7 QUAL A FINALIDADE DE SE REALIZAR UM PREPARO DA

PELE OU PRÉ – PEELING? .......................................................

27

5.7.1 Desengorduramento da pele .................................................... 28

Page 8: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

8

5.7.2 Escolha do Agente Esfoliante ................................................. 28

5.7.2.1 Tretinoína ..................................................................................... 28

5.7.2.2 Ácido Salicílico ............................................................................. 29

5.7.2.3 Alfa-HIdroxiácido ......................................................................... 29

5.8 VEÍCULOS ATUALMENTE UTILIZADOS NAS

PREPARAÇÕES DOS PEELINGS QUÍMICOS ..........................

29

5.8.1 Gel ............................................................................................... 30

5.8.2 Gel – Creme ................................................................................ 30

5.8.3 Creme ou Loção Cremosa ........................................................ 31

5.8.4 Sabonete Gel Transparente ou Cremoso ................................ 31

5.9

QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS ATIVOS UTILIZADOS

SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DOS PEELINGS

QUÍMICOS?.................................................................................

32

5.9.1 Peeling Superficial .................................................................... 32

5.9.2 Peeling Médio ............................................................................ 32

5.9.3 Peeling Profundo ...................................................................... 32

5.9.4 Peeling Muito Profundo ............................................................ 33

6 OS DIFERENTES TIPOS DE PEELINGS QUÍMICOS ............... 33

6.1 PEELING QUÍMICO DE ALFA-HIDROXIÁCIDO ......................... 34

6.1.1 Peeling Químico de Ácido Glicólico ........................................ 35

6.2 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO TRICLOROACÉTICO (TCA) .... 36

6.3 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO SALICÍLICO ............................. 36

6.4 PEELING QUÍMICO DE RESORCINA ........................................ 36

6.5 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO RETINÓICO ............................. 37

6.6 PEELING QUÍMICO DE FENOL ................................................. 37

7 CONCLUSÃO .............................................................................. 40

REFERÊNCIAS ........................................................................... 41

Page 9: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

9

1 INTRODUÇÃO

Todo fármaco é definido como um agente que será utilizado no diagnóstico,

mitigação, tratamento, cura e prevenção de algumas doenças humanas, bem como

para fins estéticos. Segundo, Ansel, Popovich e Allen (2000), uma das qualidades

mais importantes dos fármacos é a diversidade de ações e efeitos sobre o

organismo.

Assim, a busca pela saúde e estética sempre foi o grande objetivo do homem desde

a antigüidade na Grécia Antiga, sempre associando o nome saúde a higiene, uma

vez que a palavra higiene deriva de Higieria, a Deusa da saúde (GARCIA et al.,

2006).

Desta forma, este novo hábito de saúde foi se disseminado pelas culturas, passando

pela era Imperial, Idade Média, Revolução Francesa, chegando até a Revolução

Industrial, gerando um crescente progresso na indústria farmacêutica e cosmética,

levando ao desenvolvimento de uma série de ativos destinados a higiene, saúde,

bem estar e beleza da pele.

O aspecto da pele é cada vez mais importante para um maior número de pessoas,

uma vez que sua função principal é a proteção do organismo contra ameaças físicas

externas, pois se trata do maior órgão do corpo humano. Juntamente com a

melhoria das condições de saúde, a população vem buscando um aumento na

expectativa de vida, culminando com o envelhecimento populacional, o que passou

a exigir maiores cuidados para atenuar e prevenir alguns dos processos de

envelhecimento da pele, motivando desta forma as indústrias farmacêuticas a

investigarem e desenvolverem produtos voltados a melhoria da qualidade da pele,

bem como para amenizar os efeitos da idade, devido excessivas exposições solares,

traumas e doenças (GARCIA et al., 2006).

Devido à pele estar em constante contato com o meio externo, esta sujeita a

variados tipos de agressões físicas e químicas conhecida como manchas, que

normalmente gera deformidades a mesma, logo, são alterações na coloração da

pele que podem aparecer em qualquer idade a apresentar diferentes tonalidades.

Page 10: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

10

Essas manchas podem ser causadas por diversos fatores como alterações na

produção da pigmentação da pele, infecções, distúrbios hormonais, alterações

vasculares, tumores, exposição ao sol, marcas de acne, entre outras (NOGUEIRA, A

PELE, 2008).

O rejuvenescimento da pele, segundo O que é o peeling (2008), é um processo que

preocupa muitas pessoas. As técnicas de rejuvenescimento vêm a cada dia sendo

aperfeiçoadas, não apenas pelos avanços tecnológicos, mas também pela

preocupação da população com sua saúde, aparência física e longevidade. As

modificações que ocorrem na pele devido ao envelhecimento intrínseco, levam ao

ressecamento, rugas e diminuição da espessura da pele, devido à redução da

velocidade da renovação celular.

Um dos recursos utilizados para melhorar a qualidade da pele são os peelings

químicos, também chamados de resurfacing químico, quimioesfoliação ou

quimiocirúrgia, que consiste na aplicação de agentes cáusticos a pele, produzindo a

destruição controlada da epiderme ou reepitalização. Dependendo da concentração

e valor do pH desses agentes cáusticos quando empregados nas formulações,

podem desencadear funções de peeling superficial, médio ou profundo. Os peelings

são capazes de corrigir marcas, manchas, alterações de envelhecimento, bem como

outras alterações da pele (BORGES, F, S.O QUE É O PEELING, 2008).

Page 11: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

11

1.1 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho irá abordar sucintamente a evolução dos peelings químicos,

descrevendo sua função nos tratamentos de doenças da pele, bem como seu uso

para fins estéticos, enfatizando os mecanismos de ação e as formas farmacêuticas

empregadas para sua aplicação, bem como, os veículos utilizados para os peelings.

Buscando desta maneira, conhecer de forma abrangente, o que é o

rejuvenescimento da pele e a sua ajuda para quem quer minimizar os efeitos do

tempo sobre a pele.

Page 12: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

12

2 PELE: PROTEÇÃO DO ORGANISMO, AGRESSÕES E ENVELHECIMENTO

2.1 CITOLOGIA E HISTOLOGIA DA PELE

A pele, segundo Sampaio e Rivitti (2000), juntamente com as estruturas anexas, tais

como os pêlos, as unhas e as glândulas, formam o sistema tegumentar que reveste

todo o organismo, sendo por isso familiar a todas as pessoas. Assiste se a uma

crescente preocupação com os cuidados a ter com a pele, por questões estéticas.

A pele tem a função principal de atuar como barreira protetora do organismo contra as agressões do meio externo; além de possuir também importante papel na auto-estima, nas relações sociais e na qualidade de vida do ser humano. Possuindo uma aparência jovial, saudável e bonita, nos sentimos mais confiantes e seguros para enfrentar a vida cotidiana e também sermos melhor aceitos por toda a sociedade (SCOTTI,2003 p8).

Não obstante, de acordo com Spencer (1991), o Sistema Tegumentar assume uma

importância vital para o organismo, na medida em que interfere em numerosos

processos orgânicos. A pele é considerada o maior órgão do corpo humano,

constituindo a sua estrutura de revestimento, cuja principal função é a proteção

contra vários fatores nocivos ao organismo. A sua perda, mesmo que parcial, pode

representar incompatibilidade coma vida.

Dangelo (1988) elucida que a pele humana é formada por três camadas, a

epiderme, a derme e a hipoderme onde se encontra o tecido adiposo. É o órgão

mais pesado de todo o organismo humano, com peso de aproximadamente 4,5 kg e

também o mais extenso, podendo atingir mais de 2m em uma pessoa adulta. Sua

espessura varia de ½ a 3 mm. Sendo mais espessa nas superfícies dorsais e

extensoras do corpo do que nas ventrais e flexoras. È mais delgada na infância e na

velhice.

Page 13: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

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Figura 01 - Esquema de um Corte da Pele ( NOGUEIRA, A PELE 2008).

Vivier et al. (2000), esclarece que a epiderme é uma camada com profundidade

diferente conforme a região do corpo. É constituída por um epitélio estratificado

pavimentoso (células escamosas em várias camadas). A célula principal é o

queratinócito (ou ceratinócito) que produz a queratina. Existem também ninhos de

melanócitos (produtores de melanina, um pigmento castanho que absorve os raios

ultravioletas), e células imunitárias, principalmente células de Langerhans, gigantes

e com prolongamentos membranares. A epiderme apresenta várias camadas. A

origem da multiplicação celular é a camada basal. Todas as outras são constituídas

com células cada vez mais diferenciadas que com o crescimento basal vão ficando

cada vez mais periféricas, acabando por descamar e cair. A junção entre a epiderme

e a derme tem forma de papilas, que dão maior superfície de contato com a derme e

maior resistência ao atrito.

De acordo com Spence (1991), a derme é um tecido conjuntivo de sustentação da

epiderme.

É constituído por (fibrilas de colágeno e elastina com numerosos fibrócitos que

fabricam estas proteínas e sustentam o tecido). Tem duas camadas, a camada

papilar de contato com a epiderme e a camada reticular mais densa. É na derme

que se localizam os vasos sanguíneos e linfáticos que vascularizam a epiderme e

também os nervos e os órgãos sensoriais a eles associados.

Spencer (1991) elucida que a pele é um órgão muito mais complexo do que

aparenta. A sua função principal é a proteção do organismo das ameaças externas

Page 14: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

14

físicas. No entanto ela tem também funções imunitárias, é o principal órgão da

regulação do calor. Tem também funções nervosas, constituindo o sentido do tato e

metabólicas, como a produção de vitamina D.

De acordo com Kede e Sabatovich (2003), são muitas as funções da pele e dentre

elas pode-se destacar a base dos receptores sensoriais, localização do sentido do

tato; fonte organizadora e processadora de informações; mediadora de sensações;

barreira entre o organismo e o meio ambiente; fonte imunológica de hormônios para

a diferenciação de células protetoras; proteção contra os efeitos da radiação,

traumas mecânicos e elétricos; barreira contra materiais tóxicos e organismos

estranhos; regulação da pressão e do fluxo sanguíneo e linfático e, regulação da

temperatura.

2.2 AS CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PELE

Segundo Kede e Sabatovich (2003), a pele é praticamente idêntica em todos os

Grupos étnicos humanos. Nos indivíduos de pele escura, os melanócitos produzem

mais melanina que naqueles de pele clara, mas o seu número é semelhante.

Tabela 01 - Diferenças entre a pele negra e a pele branca

PELE NEGRA PELE BRANCA

Pigmentação Melanossomas individualmente dispersos

Melanossomas em grupo

DEME(dose eritematógena mínima)

13-15 min. (alterações insignificantes na epiderme e na derme)

2-3 min. (alterações significativas na epiderme e na derme)

Destruição do sistema imune por radiação UV

Susceptível Susceptível

Distribuição de glândulas sudoríparas

Mais glândulas mistas apócrino-exócrinas

Menos glândulas mistas apócrino-exócrinas

Incidência de acne grave

Menor Maior

Resposta à irritação Predomínio de hiperpigmentação

Predomínio de eritema

Espessura do estrato córneo

6,5 micra 7,2 micra

Camadas do estrato córneo

22 17

Permeação cutânea Depende do produto Depende do produto

Propriedades de Menores Maiores

Page 15: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

15

impermeabilidade à água

Reatividade dos vasos sanguíneos

Menor Maior

Susceptibilidade a ardência e prurido

Possivelmente menor Maior

Fonte: KEDE; SABATOVICH, 2003. De acordo com Franco (2002), a cor da pele é determinada pela presença de alguns

pigmentos, dos quais o mais importante é a melanina, pigmento escuro produzido

pelos melanócitos, que migram na epiderme e transferem o pigmento às células da

camada germinativa. O outro pigmento, o caroteno ou pró-vitamina A, é encontrado

em grande quantidade na cenoura. Não há grande diferença no número de

melanócitos encontrados na pele das várias raças humanas. A pigmentação da pele

é a proteção principal do organismo contra a ação da radiação ultravioleta, decorre

de um estímulo nos melanócitos que produzem a melanina.

Segundo Mauad Jr et al. (2001), o papel da melanina na determinação da cor da

pele pode ser observado de acordo com a facilidade ou dificuldade de visualização

de estruturas mais profundas, como as veias.

Franco (2002) elucida que os indivíduos de pele escura têm apreciável quantidade

de melanina em todas as camadas da epiderme (o acúmulo de melanina escurece a

pele filtrando os raios ultravioletas). O escurecimento da pele por exposição à luz

solar ocorre inicialmente devido ao fenômeno biofísico que leva a um escurecimento

rápido de parte de melanina preexistente; numa segunda etapa, pela aceleração dos

processos de biossíntese da melanina.

Segundo Kede e Sabatovich (2003), a aparência da pele, depende de uma série de

fatores: idade, sexo, clima, alimentação e estado de saúde do indivíduo. A

classificação em pele seca, gordurosa, mista e outras se fazem de acordo com o tipo

e a quantidade das secreções encontradas em sua superfície. Dá-se o nome de

endérmica à pele cuja superfície se apresenta fina, lisa, flexível, lubrificada e

suficientemente umedecida, devido ao equilíbrio de suas secreções. É encontrada

principalmente nas crianças. Já a pele com predomínio de secreção gordurosa

apresenta um aspecto de untuosidade e brilho característicos, a chamada pele

gordurosa. A pele seca existe quando há acentuada insuficiência de secreção

sebácea. Às vezes, a pele torna-se seca em virtude de mudanças qualitativas da

secreção gordurosa, com concentração alterada de lipídeos hidrófilos. Ao invés de

Page 16: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

16

ser lisa e lustrosa, a pele torna-se opaca, áspera e com fina descamação, comum

em ruivos e brancos. Pele desidratada é outro tipo de pele seca. Caso a secreção

sebácea seja adequada, a secura da pele se deve a um grau de embebimento

aquoso inferior ao normal. Quando há um aumento relativo de embebimento aquoso,

tem-se a pele hidratada.

Ainda de acordo com mesmos autores, em situações patológicas com o

hipertireoidismo, o hiperfuncionamento das supra-renais, geralmente ocorrem

estados de hidratação excessiva da pele. A coexistência de seborréia na parte

central do rosto (testa, nariz e queixo), e de cor escura nas partes laterais, dá origem

à chamada pele mista.

Por ser o órgão mais evidente do organismo, a pele é frequentemente o sinalizador primário do envelhecimento. A aparência da pele pode determinar conclusões a respeito da idade cronológica e refletir a saúde de um indivíduo. Condições, mesmo subclínicas, que determinem prejuízo à saúde, irão comprometer de forma direta a saúde da pele e acelerar o envelhecimento (KEDE, SABATOVICH, 2003p12).

A pele é, portanto, o mais sensível dos órgãos do corpo humano. È o primeiro meio

de comunicação e o mais eficiente protetor, sendo aí localizada a primeira e última

linha de defesa. Scotti (2003) esclarece que a exposição ao sol é um agente

desencadeador do envelhecimento, principalmente na pele exposta.

2.4 O ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

Envelhecer é um processo natural que ocorre desde que nascemos, porém fica mais

evidente após a terceira idade. A “qualidade do envelhecimento está relacionada

diretamente com o ritmo de vida à qual o organismo foi submetido” (GUIRRO et al,

2002).

No envelhecimento extrínseco [...] os raios ultravioleta (UVA, UVB e UVC) provocam danos estruturais à pele, alterando a pigmentação cutânea, provocando enrugamento, causando envelhecimento precoce e também formandos radicais livres reativos. Até o momento, os raios UVA e UVB são os mais preocupantes em cuidados cosmetológicos, devido à sua incidência na superfície terrestre (SCOTTI, 2003, pg 11).

Page 17: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

17

No processo do envelhecimento, podemos encontrar tanto causas genéticas,

hormonais e de estilo de vida, entrando neste conjunto fatores ambientais, tais como

luz do sol, patologias dermatológicas, dietas alimentares, vícios de bebida e tabaco,

entre outros, contribuindo desta forma para uma modificação desfavorável da pele,

dando a ela um aspecto de envelhecimento, com ressecamento, flacidez, rugas e

afinamento de espessura (CORRÊA, 2010).

De acordo com Kede e Sabatovich (2003), o envelhecimento constitui o conjunto de

modificações fisiológicas irreversíveis e inevitáveis acompanhadas de uma mudança

do nível de homeostasia. Podem-se considerar dois tipos de envelhecimento

distintos: o envelhecimento intrínseco, verdadeiro ou cronológico, que é o que

ocorrem naturalmente com o passar do tempo de vida e, o envelhecimento

extrínseco ou fotoenvelhecimento que surge nas áreas expostas ao sol, devido ao

efeito repetitivo da ação dos raios ultravioleta, as modificações surgem a longo prazo

e se superpõe ao envelhecimento intrínseco, a pele mostra-se precocemente

alterada. O envelhecimento intrínseco pode ser distinguido do envelhecimento

extrínseco de acordo com o conjunto de características apresentadas pelo tecido

cutâneo envelhecido. As principais diferenças entre o envelhecimento intrínseco e

extrínseco estão demonstradas na Tabela 02.

Tabela 02 - Comparação entre o envelhecimento intrínseco e o extrínseco.

CARACTERÍSTICAS INTRÍNSECO EXTRÍNSECO

Aparência Fina, pálida, perda de

elasticidade e firmeza.

Nodular, duro,

manchado, enrugado

profundamente.

Superfície Manutenção global de

padrões geométricos

normais.

Notadamente alterada e

alterada pigmentação.

Epiderme viável Mais fina que o normal. Hipertrofia no começo,

atrofia em fase final.

Densidades Abaixo do normal. Maior que o normal.

Taxa proliferativa Modesta. Marcada.

Queratinócitos basais Irregularidade celular Heterogenicidade.

Page 18: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

18

Queratinização Inalterada Inadequada

Extrato córneo Densidade normal. Compacto.

Junção dermo-

epidérmica

Lâmina basal média. Lâmina basal extensa.

Elastina da derme Elastogenese por elastose Elastogenese, seguido

por acumulativas

degenerações densas

em fibras.

Lexema Pequena participação nas

fibras elásticas

Aumento de participação

nas fibras elásticas.

Colágeno Pequena mudança em

tamanho e organização

das fibras

Mudança maior no

tamanho das fibras

Microvasculatura Normal Anormal

Células inflamatórias Nenhuma evidência Perivenular e infiltração

de linfócitos

Fonte: SCOTTI, 2003.

As modificações da pele que ocorrem pelo envelhecimento intrínseco levam ao

ressecamento, flacidez, alterações vasculares, rugas e diminuição da espessura da

pele, já o extrínseco se dá devido a exposição ao sol, ou “fotoenvelhecimento”, este

por sua vez conduz a degeneração das fibras elásticas e colágenas, leva o

aparecimento de manchas pigmentadas e a ocorrência de lesões pré-malignas ou

malignas. A radiação UV propicia a formação dos radicais livres, com isso, eleva o

número de lesões oxidativas não reparadas, alterando assim o metabolismo, e se

tornando responsáveis pelo envelhecimento precoce, elevando assim o

aparecimento de câncer cutâneo (VELASCO, 2004).

O envelhecimento cutâneo pode ser dividido em dois tipos, o natural que traz

alterações como diminuição da espessura da pele, perda da elasticidade,

aparecimento de rugas, atrofia óssea, perda do tônus muscular, flacidez,

aparecimento de verrugas, e o envelhecimento actínico que causa a formação de

Page 19: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

19

melasma, degeneração acentuada das fibras elásticas e colágeno, deixando a pele

com aspecto de laranja (CUCÉ, 2001).

3 METODOLOGIA

Parar o desenvolvimento deste trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico

em livros, artigos científicos, apostilas e sites eletrônicos, que contenham

informações atualizadas sobre o tema peeling químico, utilizando referência

eletrônica de sites de entidades sérias e reconhecidas que falam sobre o assunto

aqui abordado, entre outros que irão auxiliar no entendimento do tema exposto.

Page 20: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

20

4 PEELING QUÍMICO: RESURFACING QUÍMICO, QUIMIOESFOLIAÇÃO OU

QUIMIOCIRURGIA

4.1 HISTÓRIA E AÇÃO DOS PEELINGS QUÍMICOS

Segundo, Garcia et al. (2006), os primeiros relatos de substâncias químicas

empregadas no tratamento de cicatrizes, foram realizados no ano de 1903, por dois

cientistas, Machee e Kerp, porém, somente no ano de 1941, é que se deu a primeira

documentação dessas substâncias destinadas a promover a descamação da pele,

por Eller e Wolf. Assim, no ano de 1961 Bacher e Gordon deram início a chamada

“era dos peelings químicos”, a partir de então, novas substâncias foram pesquisadas

e utilizadas com essa finalidade,bem como o desenvolvimento de técnicas físicas de

abrasão cutânea como os lixamentos manuais (lixas de água) chegando até os

peelings de cristal de alumínio da década de 1990, culminando com a abrasão

cutânea a laser (“resurfacing”).

O peeling químico também chamado de resurfacing químico, quimioesfoliação ou

quimiocirurgia, consiste na aplicação de um ou mais agentes cáusticos na pele,

promovendo a destruição controlada da epiderme e sua reepitelialização, visando

acelerar o processo de esfoliação cutânea, promovendo a renovação celular. Desta

forma propicia o melhoramento da aparência da pele danificada por fatores

intrínsecos e extrínsecos e também por cicatrizes, dando a ele uma aparência jovial

e renovada (VELASCO, 2004).

4.1.1 Mecanismo de Ação dos Peelings Químicos

Assim como já pré-estabelecido, a função do peeling químico é promover a

esfoliação ou remoção das camadas da pele, dependendo do seu objetivo, sempre

de modo controlado, a fim de promover uma regeneração dos tecidos epidérmicos e

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21

dérmicos, promovendo uma melhoria clínica da pele manchada ou envelhecida

(GARCIA, 2006).

Desta forma, como explica Cucé (2001), o peeling promove alterações na pele por

estimulação do crescimento epidérmico, induzido pela remoção do estrato córneo;

destruição de camadas específicas da pele danificada, cuja reparação produz um

novo tecido e, por fim, por indução de reação inflamatória tecidual profunda, quando

os agentes utilizados produzem necrose. A ativação dos mediadores inflamatórios

são capazes de estimular a produção de colágeno.

Desta maneira, Preparações Cosméticas... (2000), nos diz que, baseando-se nos

três princípios citados anteriormente, para que os ativos farmacológicos possam

realizar suas ações, deve-se levar em conta que os mesmos tratando-se de

produtos químicos, podem sofrer influências que ajudem ou prejudiquem o produto

final do peeling. Seguem abaixo essas influências:

Influência da Solubilidade: quanto maior a solubilidade do princípio ativo em água,

maior será a sua atividade, e conseqüentemente maior a probabilidade de causar

irritação na pele;

Influência da Concentração: quanto maior a concentração do princípio ativo na

formulação, mais profundo será o seu efeito sobre a pele, da mesma forma, que em

menores concentrações exercerá efeitos superficiais sobre a pele;

Influência do pH: é a constante que mais influência sobre a atividade dos peeling,

pois, quanto mais neutro for o peeling (pH 7,0), menor será sua atividade esfoliante.

Para que se obtenha uma ação desejada, deve-se manter os pHs dos produtos

entre 3,0 e 4,0;

Influência do Veículo: o veículo escolhido possui a capacidade de comprometer a

preparação, no sentido de que pode diminuir a irritabilidade sobre a pele, melhorar a

absorção do produto e controlar o tempo de liberação do ativo;

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22

5 PEELING QUÍMICO: UMA VISÃO GERAL

5.1 O QUE É O PEELING QUÍMICO?

O termo peeling é originado do verbo inglês “to peel”, que significa descamar,

esfolar, desprender. Também é conhecido como quimioesfoliação, quimiocirurgia ou

dermopeeling. Seu objetivo principal é promover a esfoliação ou remoção das

camadas da pele, sempre de modo controlado, com a finalidade de obter uma

renovação dos tecidos epidérmicos e dérmicos e uma neossíntese das fibras

colágenas e elásticas. São procedimentos capazes de corrigir as marcas, manchas,

alterações causadas pelo envelhecimento cutâneo, melhorando a aparência e a

qualidade da pele, através da destruição química das células epidérmicas. O peeling

cutâneo proporciona uma melhora formidável da pele, utilizando para isso, vários

agentes químicos diferentes em variadas concentrações e veículos, podendo utilizar-

se de uma ou mais substâncias químicas numa mesma formulação (GARCIA et al.,

2006).

5.2 COMO AGEM OS PEELINGS QUÍMICOS?

Partindo-se da estrutura física da pele, a mesma é formada por duas camadas

principais, a epiderme e a derme. A epiderme é subdividida em cinco camadas mais

finas, extratos corneum, lucidum, granulosum, spinosum e basal, e a derme em duas

camadas mais espessas a papilar e reticular. Separando estas cinco camadas,

temos o que chamamos de membrana basal, que é responsável pela regeneração

da pele, (BORGES, F, S.O QUE É O PEELING 2008). A membrana basal se

continua com os anexos da pele, e é responsável pela regeneração da pele após

uma seção de peeling. Desta forma, o peeling químico age remove algumas

camadas da pele, e ao mesmo tempo, promovendo a regeneração celular através da

ativação da membrana basal.

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Figura 02 - Epiderme e derme separadas pela membrana basal (BORGES,F.S.O QUE É O PEELING 2008).

5.3 QUAIS OS TIPOS DE PELE QUE MELHOR RESPONDEM AOS PEELINGS

QUÍMICOS?

Segundo ..... As diferentes formas de Peeling podem beneficiar quase todos os

tipos de pele, mas o seguinte guia pode ajudar:

Tipo I - Sem rugas, tipicamente com menos de 35 anos, necessita pouca

maquiagem.

Tipo II - Rugas apenas aparecem quando há movimentação na face (por exemplo,

ao sorrir), tipicamente entre 25/35 anos, cor amarelada e com sinais de dano solar

precoce.

Tipo III - Rugas mesmo com a face em repouso, especialmente ao redor dos olhos,

boca e testa, com idade entre 30/65 anos, descoloração, e aparecimento de

pequenos vasos sangüíneos.

Tipo IV - Severo envelhecimento, com muitas e profundas rugas.

Os pacientes com peles tipo II e III são os que mais se beneficiam dos Peelings

médio e superficial, (TEIXEIRA, C, M. PEELING QUÍMICO 2008).

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24

5.4 COMO SÃO CLASSIFICADOS OS PEELINGS QUÍMICOS?

Os peelings podem ser classificados de acordo com a região da pele a qual atingir, e

pela concentração de ácido que penetra na mesma.

5.4.1 Peeling Superficial

Age em nível de epiderme, corrigindo alterações superficiais da pele, como acne,

envelhecimento leve, melasma e rugas finas, utiliza-se como substância ativa os

alfa-hidroxiácidos (AHAs), beta-hidroxiácidos (ácido salicílico), ácido tricloroacético

(TCA), resorcinol, ácido azelaico, solução de Jessner, dióxido de carbono sólido e

tretinoína (CUCÉ, 2001).

Segundo, DEFFERARI, R.Peeling (2008), as descamações devem ser repetidas,

para que alcancem melhores resultados. Essas descamações superficiais das

camadas da pele ativam os mecanismos biológicos que estimulam a renovação e

crescimento celular, o que deixará a aparência da pele mais saudável e bonita.

Dependendo da concentração e tempo de permanência do ativo na pele, acarretará

no aumento da espessura da epiderme e no aumento da produção das fibras

colágenas. Este peeling é indicado para o tratamento de manchas superficiais, poros

dilatados, rugas superficiais, textura áspera, hiperpigmentação mais claras, melasma

epidérmica, acne vulgar e rosácea.

5.4.2 Peeling Médio

Apresenta uma ação mais profunda, junto à derme, retirando lesões um pouco mais

profundas. Sendo indicado para rugas, hiperpigmentação (manchas escuras, mais

acentuadas), pele fotoenvelhecida (com excesso de exposição solar) e cicatrizes,

(PEELING..., 2008).

Utiliza como substâncias ativas combinações de TCA com dióxido de carbono, TCA

com solução de Jessner, TCA com ácido glicólico ou TCA e resorcina (CUCÉ, 2001).

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25

5.4.3 Peeling Profundo

Sua ação se da nas camadas mais profundas da derme, a derma reticular, agindo

sobre as lesões mais profundas como rugas, flacidez, manchas, cicatrizes,

discromias actínicas, melasmas, lentigos, bem como atenuação de sulcos. É

definido, como sendo o peeling mais profundo o qual já se consegue atingir. Utiliza-

se como substâncias ativas o TCA a 50% e Fenol.

É estabelecido como um peeling extremamente agressivo, sendo indicado para as

peles que necessitam de renovação celular da camada mais profunda da derme,

como as peles muito envelhecidas. Neste peeling, se ocorrer lesões na camada

basal, devido sua ação, podem ocorre cicatrizes, (DEFERRARI, R. PEELING 2008).

Figura 03 - Ação do peeling profundo (BORGES, F, S.O QUE É O PEELING 2008).

Tabela 3 - Níveis dos Peelings, camadas dérmicas atingidas e problemas tratáveis.

Nível do Peeling Camadas atingidas Problemas Tratáveis

Nível 1

Peeling Muito Superficial

Camadas Superiores da Epiderme

manchas muito superficiais, aspereza, pele sem brilho, pele descamativa , pele

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"seca", peles "cansadas" e "maltratadas"

Nível 2

Peeling Superficial

Epiderme manchas superficiais, aspereza, rugosidades finas, acne ativa,

Nível 3

Peeling Médio

Epiderme , Derme papilar e camada superficial da derme reticular

Rugas, manchas, cicatrizes de acne , sulcos,

Nível 4

Peeling Profundo

Epiderme , Derme reticular Envelhecimento total da pele, cicatrizes de Acne muito profundas

(BORGES, F.S.O QUE É O PEELING 2008).

5.5 QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES DOS PEELINGS QUÍMICOS?

São indicados para fotoenvelhecimento cutâneo em peles apresentando rugas finas

leves e moderadas; ceratoses seborréicas, acnéicas e liquenóides; discromias,

efélides; lentiligos; melasmas epidérmicos e dérmicos; pigmentação pós-

inflamatórias. Também é indicado para cicatrizes superficiais como em pós-traumas,

pós-cirurgias e pós-acne. Por fim, adjuvante no tratamento da acne vulgar e de

Rosácea (GARCIA et al., 2006).

5.6 QUAIS SÃO AS CONTRA-INDICAÇÕES DOS PEELINGS QUÍMICOS E QUAIS

COMPLICAÇÕES ELES PODEM OCASIONAR?

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5.6.1 Contra-Indicações

Os peelings químicos são contra-indicados nos casos de gravidez, devido falta de

estudos quanto à segurança. Antecedentes de cicatrizes hipertróficas e queloides

deve-se evitar peelings médios e profundos. Pacientes em uso de isotretinoína

devem aguardar ao menos um ano após o término da medicação, já que esta causa

reepitelização da pele. Radioterapia promove redução da reepitelização.

Procedimento cirúrgicos prévios aguardar no mínimo três meses para realização do

peeling (laser e eletrólise). Pessoas com lesões ativas de acne, herpes, processos

inflamatórios ativos, verrugas planas, dermatite seborréica e atópica, rosácea,

doenças imunossupressoras não devem ser submetidos à essa modalidade de

peeling (GARCIA et al., 2006).

5.6.2 Complicações

Alteração de pigmentação, alteração de cicatrização, alteração de textura são

algumas das complicações geradas pelos peelings químicos, podendo ocorrer

infecção, choque tóxico, edema de laringe, mília, eritema persistente, atrofia

cutânea, hipersensibilidade ao frio, arritmias cardíacas e, por fim, alterações

hepáticas (GARCIA et al., 2006).

5.7 QUAL A FINALIDADE DE SE REALIZAR UM PREPARO DA PELE OU PRÉ-

PEELING?

A finalidade do preparo da pele antes de cada peeling químico, ressaltando o

peeling superficial, é obter uma absorção uniforme do principio ativo utilizado em

cada preparação, e com isso reduzir os riscos de hiperpigmentação da mesma, bem

como estimular sua recuperação mais rápida, (GARCIA et al., 2006).

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Segundo, O que é o Peeling..., (2008), a pele dependerá de um preparo proporcional

a profundidade da agressão que irá sofrer, para isso utiliza-se cremes ou outras

formas farmacêuticas que gerem um acondicionamento da pele para que esta não

apresente manchas no pós-peeling, e para que cicatrize com mais facilidade. Esta

fase de preparo varia de 4 (quatro) a 8 (oito) semanas, dependendo da profundidade

de ação de cada peeling.

5.7.1 Desengorduramento da Pele

A limpeza da pele é fundamental para a remoção das suas impurezas, como sebo,

resíduos de maquiagem e detritos celulares, e também auxiliar na absorção

homogênea dos ácidos pela mesma. Assim, segundo Garcia et al. (2006). Pode ser

limpa com sabão e água, álcool a 70%, ácido salicílico a 10%, solução de Jessner

(resorcina a 14%, ácido salicílico a 14%, ácido lático a 14% em etanol 100ml), licor

Hoffmam (água e álcool em partes) e também acetona.

5.7.2 Escolha do Agente Esfoliante

5.7.2.1 Tretinoína

É usada no pré e pós-peelings, iniciada em concentrações que variam de 1%

progredindo até 8%. Apresenta uma coloração amarelada que deverá ficar em

contato com a pele de 4 (quatro) a 6 (seis) horas, e então removida com água

corrente. Sua descamação ocorrerá entre 2 a 3 dias, podendo permanecer ate o 7º

dia. Apresentam vantagens devido sua ausência de sensações de ardência e

uniformidade de aplicação, devido sua coloração ser facilmente notada na pele

(GARCIA et al., 2006).

Page 29: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

29

5.7.2.2 Ácido Salicílico

É um betahidroxiácido, utilizado em concentrações que variam de 20 a 35%,

ocasionando uma esfoliação que ocorrerá entre 3 a 5 dias aos a aplicação. As

aplicações devem ocorrer semanalmente em pequenas áreas, apresentando leve

ardor e um branqueamento na área, devido a cristalização do ácido (GARCIA et al.,

2006).

5.7.2.3 Alfa-Hidroxiácido

Segundo Garcia et al. (2006), os alfa-hidroxiácidos são ácidos carboxílicos

encontrados em alguns alimentos, naturais ou sintetizados. Entre eles temos:

- Ácido Glicólico 30-70%;

- Ácido Lático;

- Ácido Cítrico;

- Ácido Málico;

- Ácido Mandélico 30-50%;

- Ácido Pirúvico.

5.8 VEÍCULOS ATUALMENTE UTILIZADOS NAS PREPARAÇÕES DOS

PEELINGS QUÍMICOS

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30

5.8.1 Gel

Segundo, Ansel, Popovich e Allen (2000), os géis ou magmas, são definidos como

um sistema sólido, que é constituído por dispersões de pequenas partículas

inorgânicas ou por grandes moléculas orgânicas envolvidas por um líquido,

responsável por formar um excipiente transparente ou translúcido. São veículos

indicados para tratamentos farmacológicos e/ou cosméticos em peles oleosas e

acnéicas.

Os géis são utilizados como veículo de preparações para renovação celular, pois

este atende alguns requisitos. Primeiro, é adequado para incorporação de soluções

líquidas, não deixando que a preparação escorra para áreas indesejadas. Segundo,

a compatibilidade dos agentes gelificantes com os diferentes ativos, depende de

fatores como: carga iônica, pH ácidos extremos, meio oxidante e redutor, fazendo

com que o espessante mude para cada ativo. Assim, os géis que possuem os

polímeros derivados da celulose, são considerados os mais versáteis,

(PREPARAÇÕES COSMÉTICAS..., 2000, p9).

5.8.2 Gel – Creme

Segundo, Ferreira (2000), os géis-creme são considerados emulsões, que

apresentam uma alta porcentagem de água na sua composição, e uma baixa

concentração de óleo. Possuem um agente estabilizador coloidal hidrófilo e um

agente doador de consistência.

O gel-creme pode ser obtido, pela mistura, em proporções adequadas, de um gel e

uma emulsão tradicional. Com o objetivo de obter uma preparação que não

apresente as propriedades indesejadas de um gel, e garantir ao mesmo tempo a

redução da sensação oleosa de uma emulsão, sempre avaliando a compatibilidade

deste veículo como o ativo empregado, uma vez que este sistema gel-creme

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31

apresenta uma menor estabilidade do que o sistema gel ou creme em separado,

(PREPARAÇÕES COSMÉTICAS 2000).

5.8.3 Creme ou Loção Cremosa

O creme ou loção cremosa é definido como loções líquidas ou semi-sólidas do tipo

óleo em água ou água em óleo. São considerados veículos cosméticos-

farmacêuticos, extremamente apreciados para incorporação de vários tipos de

ativos. Em sua prática, os médicos e pacientes preferem os cremes as pomadas,

devido sua facilidade de aplicação, e nos casos dos cremes tipo emulsão óleo em

água, por sua praticidade de remoção da pele (ANSEL, POPOVICH e ALLEN,

2000).

Devido sua característica particular de possuir uma maior penetração nos tecidos da

pele, atingindo camadas mais profundas, os cremes ou loções líquidas são

altamente utilizados para a incorporação de ativos com ação esfoliante e

despigmentante, usados na renovação celular e esfoliamento da pele, garantindo

desta forma, que esses ativos atinjam camadas mais profundas da epiderme,

(PREPARAÇÕES COSMÉTICAS 2000).

5.8.4 Sabonete Gel Transparente ou Cremoso

Segundo, Preparações Cosméticas (2000), os sabonetes gel transparente ou

cremoso, são considerados uns dos veículos mais adequados para a incorporação e

agentes esfoliantes, permitindo de forma combinada com os tensoativos, uma ação

de limpeza mais profunda. Sua principal característica deve ser a suavidade, de

modo a não irritar a pele que esta sobre ação de um agente abrasivo.

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5.9 QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS ATIVOS UTILIZADOS SEGUNDO A

CLASSIFICAÇÃO DOS PEELING QUÍMICOS

5.9.1 Peeling Superficial

- Ácidos glicólicos ou lácticos 40-50% (1 a 2 minutos);

- Ácido retinóico 2-5%;

- Ácido tricloroacético 10-25% (1 camada);

- Resorcina 20-30% (5 a 10 minutos);

- Solução de Jessner (1 a 2 camadas) (PREPARAÇÕES COSMÉTICAS...,

2000).

5.9.2 Peeling Médio

- Ácidos glicólicos ou lácticos 40-70% (2 a 20 minutos);

- Ácido tricloroacético 10-30% (1 camada);

- Resorcina 40-50% (30 a 60 minutos);

- Solução de Jessner (4 a 10 camadas) (PREPARAÇÕES COSMÉTICAS...,

2000).

5.9.3 Peeling Profundo

- Ácidos glicólicos ou lácticos 70% (3 a 30 minutos);

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- Ácido tricloroacético 30-50%;

- Ácido tricloroacético 35% + Solução de Jessner;

- Ácido Pirúvico;

- Solução de Jessner + Ácido glicólico 40-70%;

- Fenol 88% sem oclusão (PREPARAÇÕES COSMÉTICAS 2000).

5.9.4 Peeling Muito Profundo

- Fenol 88% com oclusão;

- Solução de Baker-Gordon (PREPARAÇÕES COSMÉTICAS 2000).

6 OS DIFERENTES TIPOS DE PEELINGS QUÍMICOS

No mercado cosmético de hoje, existem variados tipos de peelings, estes serão

utilizados conforme o tipo de pele, sua oleosidade, grau de envelhecimento, foto

tipo, resultado esperado, entre outros (TEIXEIRA, C.M.PEELING QUÍMICO 2008).

Assim, uma ampla gama de substâncias químicas são atualmente utilizadas nas

formulações dos peelings químicos. Entre elas podemos citar os alfa-hidroxiácidos

(Ácido Glicólico), beta-hidroxiácidos, derivados fenólicos e retinóides, bem como o

ácido salicílico, resorcinol e ácido láctico, todas são substâncias empregadas em

formulações esfoliantes para a execução de peeling químico com o objetivo principal

de se obter uma lesão controlada na pele (RAMOS et al., 2005).

Page 34: FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE

34

6.1 PEELING QUÍMICO DE ALFA-HIDROXIÁCIDO

O termo alfa-hidroxiácido foi introduzido no mercado dermatológico no ano de 1974,

sendo utilizado para o tratamento tópico de ictiose. Atualmente, muitos produtos

tópicos que estão no mercado contêm um ou mais alfa-hidroxiácidos como

componentes primários da formulação. Os alfa-hidroxiácidos, são ácidos de

natureza, logo, quando utilizados nas formulações, as mesmas necessitam ser

neutralizadas para que alcancem uma faixa de pH entre 3 e 5, com objetivo de se

aproximar ao pH da superfície da pele que varia de 4,2 a 5,6 pois, acredita-se que a

eficácia tópica da formulação esta diretamente relacionada ao seu pH desejado,

(YU; SCOTT, 1996).

A eficácia tópica de uma formulação que contém um alfa-hidroxiácido, depende de

dois fatores principais: a concentração biodisponível, que é a fração da droga não

alterada que chega a circulação sistêmica, e o veículo utilizado. O veículo é muito

importante na eficácia tópica de um alfa-hidroxiácido, tanto para uso cosmético

como para indicações dermatológicas. Alguns alfa-hidroxiácidos como: ácido

glicólico, ácido lático, ácido tartárico, ácido málico e ácido cítrico, são altamente

solúveis em água, cremes e ou loções feitos de emulsões óleo-em-água, outros são

mais solúveis em lipídios, que é o caso do ácido mandélico e ácido benzílico, que

são altamente solúveis em ungüentos ou em emulsões tipo água-em-óleo (YU;

SCOTT, 1996).

Os alfa-hidroxiácidos são responsáveis pela retenção de água da epiderme,

acelerando desta forma o processo de renovação celular, para que isso ocorra, o pH

da formulação deve estabilizar-se em torno de 3,8 e utilizar concentrações de 10%.

Pertencem a este grupo o ácido glicólico, ácido cítrico, ácido lático, ácido mandélico

e ácido tartárico. Desta forma, temos que:

- Ácido Málico: extraído da maça;

- Ácido Tartárico: extraído da uva;

- Ácido Lático: extraído do leite azedo, por meio de fermentação bacteriana,

responsável por promover a hidratação da pele. Em altas concentrações promove a

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35

esfoliação e renovação da pele, sempre mantendo seu pH de estabilidade de 3,5 a

4,5 com máxima concentração de 10%;

- Ácido mandélico: obtido pela hidrólise do extrato de amêndoas amargas. Segundo

estudos, o ácido mandélico é útil para tratar acne inflamatória não-cística e

rejuvenescer e pele foto envelhecida, além de utilizada no pré peeling e na

prevenção de infecções por bactérias no pós peeling.

6.1.1 Peeling Químico de Ácido Glicólico

O Ácido Glicólico é um alfa-hidroxiácido encontrado em alimentos naturais, como a

cana-de-açúcar, apresenta boa absorção em diferentes camadas da pele, além de

agir como um solvente para a matriz intercorneócita reduzindo a excessiva

queratinização. É um peeling suave que atua promovendo o afinamento do extrato

córneo, que é útil na renovação da epiderme e redução visível das linhas faciais.

Deve ser aplicado localmente para estimular a renovação celular, e também atuar

como clareador hidrofílico, que aumenta a hidratação e elasticidade da pele. O

aumento da elasticidade da pele se deve a estimulação direta na produção de

colágeno, elastina e mucopolissacarídeos nas camadas mais profundas da pele. O

peeling de ácido glicólico é utilizado no tratamento da pele facial lesada por acne,

ictiose, melasma, verrugas, entre outros problemas (HENRIQUES et al.,2007).

Segundo, Peeling Químico..., (2008), o ácido glicólico nos permite a realização de

peelings superficiais, médios e profundos, dependendo apenas da sua concentração

e tempo de exposição do agente a pele. O peeling superficial é realizado com o

correspondente de 30 a 50% da quantidade final da formulação, o peeling médio

utiliza o correspondente de 50 a 70%, e o peeling profundo utiliza-se concentrações

maiores que 70% da formulação. É extraído da cana de açúcar, apresentando

concentração em torno de 5 a 10%, e seu pH varia de 3,8 onde realiza uma leve

esfoliação, a pH 6,0 promove uma excelente hidratação, assim, quanto maior o ph,

menor é a capacidade de renovação celular.

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36

6.2 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO TRICLOROACÉTICO (TCA)

Segundo, Ferreira (2000), o ácido tricloroacético é um pó cristalino, altamente

solúvel em água. Quando utilizado para fins de rejuvenescimento são excelente no

tratamento de pele acnéicas danificadas, bem como para cicatrizações e rugas

profundas. É um ativo amplamente utilizado para peeling químicos de profundidade

superficial e média, com concentrações variando de 10 a 75% em soluções

aquosas.

É um peeling amplamente utilizado pelos médicos, devido sua ausência de

toxicidade sistêmica, sendo solicitados nas formulações cuja concentração varia

entre 10 a 80% (GASTON-MARICOURT, 1997).

6.3 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO SALICÍLICO

O ácido salicílico é um beta-hidroxiácido, que foi sintetizado quimicamente em 1860

e tem sido utilizado extensamente no tratamento dermatológico como agente

ceratolítico, para tratamento de acne. Trata-se de um pó branco solúvel em álcool, e

levemente solúvel em água. Sua ação ceratolítica se da pela sua capacidade de

solubilização das proteínas da superfície celular, resultando na descamação dos

resíduos ceratolíticos da pele. Deve ser utilizado em concentrações de 3,0 a 6,0%,

pois acima desta concentração pode ser destrutivo para a pele (GARCIA et al,

2006).

6.4 PEELING QUÍMICO DE RESORCINA

É um agente cáustico do grupo dos fenóis, utilizado como agente esfoliante na forma

de pasta em concentrações que variam de 10 a 70%, ou associados a outras

substâncias como na solução de Jessner. É indicada para tratamento da acne,

alteração de coloração da pele (discromias) e peles rugosas, hiperpigmentação pós-

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37

inflamatória, pode ser utilizada em peles mais escuras, com tendência a

hiperpigmentação (TEXEIRA, C.MPEELINGS QUÍMICOS 2008).

6.5 PEELING QUÍMICO DE ÁCIDO RETINÓICO

Também denominado de Vitamina A ácida, seu uso é justificado por promover a

compactação da camada córnea, espessamento epidérmico e aumentar a síntese

do colágeno. Responsável por estimula os queratinócitos, por melhorar a distribuição

dos melanócitos e por produzir uma normalização epidérmica; elimina os

queratinócitos atípicos e impede a formação de queratoses, sendo indicado para o

tratamento do fotoenvelhecimento, portanto atua em patologias onde há

hiperqueratinização e é também associado a agentes despigmentantes nos

tratamentos de hipertrofias,também é muito utilizado no tratamento da acne por ter

ação comedolítica e esfoliante. É largamente utilizado no pré peeling químico e a

laser, como preventivo da hiperpigmentação pós-inflamatória

(TEIXEIRA,C.M.PEELINGS QUÍMICOS 2008).

O ácido retinóico pode ser utilizado no rosto, mãos, colo, pescoço, dorso e braços,

além de está disponível em várias concentrações 0,01% a 0,1% em cremes ou gel

para uso pelo próprio paciente e em concentrações mais elevadas (1 a 5%) para uso

em consultório, sob supervisão médica.

6.6 PEELING QUÍMICO DE FENOL

O Fenol ou Ácido Carbólico é derivado do coaltar, apresenta-se fisicamente como

cristais em forma de agulhas, variando de incolor a rosado, com um odor

característico. Quando aquecido torna-se líquido e quando exposto ao ar e a luz

apresenta uma coloração escura. O Fenol é um agente químico que produz efeitos

bacteriostáticos quando esta em apresentações com concentrações mínimas de 1%,

e acima desta concentração apresenta ação bactericida. Atua como anestésico local

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nas terminações nervosas e produz a coagulação das proteínas. Como composto

químico, é solúvel em óleos e gorduras, podendo ser removido facilmente da pele

através do uso de glicerina, óleos vegetais ou álcool etílico a 50% (VELASCO et al.,

2004).

Segundo Velasco et al. (2004), o Fenol na concentração de 88% penetra a derme

reticular superior e é queratocoagulante, impedindo sua penetração nas camadas

mais profundas. Desta forma, quanto mais concentrado o fenol estiver, maior a

coagulação da queratina, menor sua penetração e menor sua toxicidade. Sua

aplicação a pele induz uma ação de queimadura química, que ao longo do tempo

resulta no rejuvenescimento da pele, se aplicada por um período de tempo maior

ocasiona a penetração na derme superior, resultando na formação de uma camada

de colágeno estratificado. A regeneração da pele inicia-se 48 horas após a

aplicação. Ressalta-se que o peeling de fenol é utilizado para os seguintes casos:

clareamento da pele, rugas, hiperpigmentação ou pigmentação heterogênea,

tratamento de acne, cicatrizes, lentigos actínicos e queratoses solares e seborréicas.

Assim, a formulação mais conhecida e utilizada que possui em sua composição o

fenol é a de Baker-Gordon (1962), onde o fenol utilizado é diluído em concentrações

que variam de 45 a 55%.

Tabela 4 Fórmula de Baker-Gordon

Componentes % P/P

Fenol a 88% 3

Água desmineralizada 2

Óleo de cróton 3

Sabão líquido 8 Fonte: VELASCO, 2004.

Segundo Velasco (2004), o óleo de cróton, na fórmula é o componente que eleva a

capacidade do fenol de coagular a queratina da pele, atuando como promotor da

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penetração cutânea elevando a vascularização do local. É altamente tóxico à pele,

causando edema e eritema.

Na formulação, o sabão líquido, devido à presença do tensoativo (detergente), atua

como veículo reduzindo a tensão superficial da gordura presente na pele

removendo-a, desta forma, facilita a penetração do fenol na pele ajudando a

promover um peeling mais homogêneo (Corrêa, 2010). A água é o veículo utilizado

para alcançar a concentração desejada do fenol na formulação, sem ela à

concentração descontrolada do fenol poderiam causar reações indesejadas à pele,

proporcionais a sua concentração.

O fenol na concentração de 88% tem a capacidade de penetrar na derme reticular

superior e é queratocoagulante, o que impede sua penetração a níveis mais

profundos. Assim, o fenol diluído na formulação atua como agente queratolítico,

rompendo as pontes de enxofre da queratina e penetrando mais profundamente.

Assim, quanto mais concentrado o fenol na formulação, maior a coagulação da

queratina e menor a sua penetração (VELASCO, 2004).

Quando aplicado à pele, segundo Corrêa (2010), o fenol induz uma queimadura

química, que ao longo do tempo resulta no rejuvenescimento da pele. Sua aplicação

por um período maior ocasiona a penetração na derme superior, resultando na

formação de uma nova camada de colágeno, a regeneração inicia–se 48 horas após

a aplicação da formulação e se completa no intervalo de 10 dias.

O peeling de Fenol é recomendado nos seguintes casos: clareamento da pele,

rugas, hiperpigmentação ou pigmentação heterogênea, tratamento de acne,

cicatrizes, lentigos actínicos, queratoses solares e seborréicas.

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7 CONCLUSÃO

O aspecto da pele é cada vez mais importante para um maior número de pessoas, e

a indústria farmacêutica se concentra bastante nisso, trazendo ao mercado todos os

dias produtos e tratamentos cosméticos cada vez mais avançados voltados para a

melhoria e rejuvenescimento da pele.

Baseado no fato da população estar mais preocupada com a saúde da pele os

peelings se tornaram um tratamento muito bem aceito, desde que aplicados com

profissionais aptos para tal.

Desta forma, peelings nada mais são do que preparações utilizadas para esfoliar e

descamar a pele. Tem como objetivo a remoção das camadas da pele de modo

controlado com finalidade de obter uma renovação dos tecidos epidérmicos e

dérmicos, sendo que para cada peeling existe um tipo de indicação.

Assim, o peeling de fenol em especial resulta no rejuvenescimento intenso, devido à

ação do fármaco veiculado na fórmula que penetra e permeia profundamente a pele,

o que leva a um dano mais profundo seguido de um processo de regeneração com

características peculiares e de longa duração.

Desta forma, apesar das vantagens de todos os peelings químicos conhecidos, eles

devem ser utilizados de maneira segura e criteriosa com acompanhamento médico

devido suas toxicidades e possíveis complicações pós-peeling, assim, os benefícios

dos peelings serão apreciados e sentidos pelos pacientes, sendo métodos eficazes

utilizados no combate ao envelhecimento.

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