farmácia portuguesa, 214

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Farmácia Portuguesa, 214

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  • 3FUTURO DUARTESANTOS

    :E sta edio da Revista Farmcia Portuguesa especialmente dirigida ao futuro. O nosso tema central o 12. Congresso das Farmcias A Inovar Consigo. Na melhor tradio dos far-macuticos de oficina, chegou outra vez a hora de enfren-tarmos os problemas do presente, com um debate franco e aprofundado, e encontrarmos as melhores respostas colectivas.

    Nunca vivemos de costas voltadas para Portugal. Por isso, vamos debater as solues para a rede de farmcias, mas tambm a sustentabilidade do SNS e o futuro da Sa-de Pblica. O desafio lanado pela ARS do Centro s farm-cias, de deteco precoce e combate ao risco evitvel de diabetes, o justo objecto da reportagem Farmcias Reais e ser apresentado com mais detalhe no Congresso.

    Nunca nos isolmos do mundo. Por isso, convidmos para o nosso congresso representantes dos melhores sis-temas de sade, bem como peritos de referncia de outras reas. Nesta edio, analisamos vrios modelos internacio-nais de contratualizao de servios farmacuticos e apre-sentamos o pensamento de Philip Evans sobre o impacto econmico da Internet.

    Nunca fomos desatentos ao que nos rodeia. Convid-mos para oradores no nosso congresso personalidades com prestgio e obra feita noutras reas, como Francisco Pinto Balsemo e Antnio Rendas, que o entrevistado principal desta edio.

    Nunca deixmos de estudar, com profundidade, os fe-nmenos em que estamos inseridos. No Simpsio Cientfico Farmcias: Rede de Inovao e Evidncia no SNS vamos conhecer investigaes de referncia e escrutinar sem reservas o nosso prprio trabalho neste domnio.

    Nunca deixmos de ousar solues inovadoras concre-tas. Na reportagem Negcios em Portugus conhecemos diversos casos de sucesso. Vamos receber, com entu-siasmo, os protagonistas nas sesses paralelas do nosso congresso. Ns sentimos admirao e cumplicidade por quem tem esprito empreendedor, aposta em Portugal e olha para o mundo como uma oportunidade.

    Finalmente, aproveitmos o facto de o congresso se realizar em Lisboa para desafiar a colega Maria da Luz Se-queira a protagonizar a rubrica Farmacutica Convida. No tnhamos melhor escolha. Guiados por ela, temos a certeza de que vamos aproveitar o tempo livre com as melhores experincias. Os padres de servio da Farmcia da Luz, de que directora tcnica, e o seu percurso irrepreensvel na estrutura associativa e na Direco da ANF deram-nos o privilgio de conhecer a sabedoria, o entusiasmo, o instinto solidrio e o esprito sempre livre de Maria da Luz Sequeira.

    Tenho a honra de lhe suceder como director da Revista Farmcia Portuguesa.

    Obrigado, Senhora Directora! Deixa-nos uma revista que, honestamente, no parece

    possvel melhorar.

    EDITORIAL

    T

    IAG

    O M

    AC

    HA

    DO

  • PRONTURIO4

    36:

    44:

    Propriedade

    Director Duarte Santos

    Director Executivo Carlos Enes

    Editora Executiva Carina Machado

    Editor de Fotografia Pedro Loureiro

    Responsvel de Marketing Karine Ramos

    Redaco Nuno EstevesPedro VeigaRita LeaSnia Balasteiro

    Publicidade Filipe RebeloNuno GomesJos [email protected] | 213 400 706

    Direco de Arte e Paginao Ideias com Peso

    Projecto Editorial Departamento de Comunicao da Associao Nacional das Farmcias

    Projecto Grfico Ideias com Peso

    Capa Fotografia DTTSP

    Periodicidade: BimestralTiragem: 8.000 exemplares

    Impresso e acabamento RPO Produo grfica, Lda.

    Distribuio Alloga Cabra Figa, Rio de Mouro

    Distribuio gratuita aos scios da ANF

    Depsito Legal n. 3278/83Isento de registo na ERC ao abrigo do artigo 9. da Lei de Imprensa n. 2/99, de 13 de Janeiro FARMCIA PORTUGUESA uma publicao da Associao Nacional das FarmciasRua Marechal Saldanha, 11249-069 Lisboa Esta revista escrita de acordo com a antiga ortografia.

    Todos os direitos reservados.

    20:

  • 528:

    FARMCIAS REAIS

    VAMOS TRAVAR A DIABETES

    6

    TECNOLOGIA

    A CONSPIRAO DOS CONSUMIDORES

    28

    NEGCIOS

    SUCESSO: COMO ELES L CHEGARAM

    36

    12.o CONGRESSO DAS FARMCIAS

    PROGRAMA56ENTRE NS

    URGNCIA62

    FARMACUTICA CONVIDA

    LISBOA VOA, VOA!40Maria da Luz Sequeira

    Paulo Cleto Duarte

    MAR/ABR 2016 : 214

    30:

    NOVAS APP ANF30Toda a Farmcia no seu bolso

    MUNDO

    EM BUSCA DO NOVO CONTRATO SOCIAL

    18

    20ENTREVISTA

    Antnio Rendas

    O ARADO DO SENHOR REITOR

    LUS

    SIL

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    CA

    MP

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  • FARMCIAS REAIS6

    A ARS do Centro chamou as farmcias a um projecto de

    avaliao do risco de diabetes tipo 2. Um quarto dos sete mil

    utentes testados revelaram risco elevado de vir a sofrer

    da doena. O resultado levou muitos ao mdico e a mudar de

    vida. Reportagem em trs das 225 farmcias participantes.

    TEXTOS: SNIA BALASTEIRO E RITA LEAFOTOGRAFIAS: CU GUARDA E JOO PEDRO MARNOTO

    VAMOS TRAVAR

    A DIABETES

  • 7Saiba +

    Sesso Paralela

    NO DIABETES UM DESAFIO S FARMCIASSBADO: 11H30 E 14H30

    Carla Soares, directora tcnica e responsvel pela implementao do estudo na Farmcia Molelos

  • FARMCIAS REAIS8

    Capela Daniel, coordenador para a diabetes na regio do Pinhal

    :C apela Daniel, mdico de famlia h 30 anos na Tbua, sempre teve uma relao privilegiada com os profissionais das farmcias da zona. Mas acredita que o estudo-pi-loto sobre a diabetes, realizado em Novembro por 225 farmcias da zona Centro, um passo fundamental para fomentar sinergias de esforos e a aproximao entre mdicos e farma-cuticos, em benefcio do utente. Afinal, Estamos todos no mesmo barco!, nota.

    Realizada em parceria entre a Administrao Regional de Sade (ARS) do Centro, a Associao Na-cional das Farmcias e a Faculdade de Farmcia da Universidade de Coimbra, a Avaliao do Risco de Diabetes Tipo 2 permitiu perceber junto de 24% dos 7.007 inquiridos nas farmcias um risco alto ou muito alto de desenvolver diabetes na pr-xima dcada.

    A dimenso da doena tremen-da e comporta um peso substancial para o Servio Nacional de Sade, atingindo 1% do PIB. A cada sete se-gundos, uma pessoa morre devido diabetes. Da que este rastreio seja fundamental para a sua preven-o, sublinha Capela Daniel, coor-denador para a diabetes na regio do Pinhal.

    A preveno desta epidemia necessita de todos os intervenien-tes, sustenta, por seu lado, Mar-garida Bastos, coordenadora do grupo do Programa Nacional para a Diabetes do Centro Hospitalar e Universitrio de Coimbra (CHUC) e uma das principais precursoras des-ta iniciativa.

    Para chegar populao, foram ainda envolvidas outras entidades, como os ACES do Baixo Mondego e Pinhal Interior, a Cmara Municipal de Coimbra, a Escola Superior de

  • 9Educao, a Escola Superior de Enfermagem, a Escola Superior de Tecnologias da Sade, entre outras.

    No que diz respeito aco, as medidas so funda-mentalmente educacionais, com vista modificao de comportamentos. Promove-se, principalmente, uma alimentao equilibrada, a prtica de exerccio adaptado a cada pessoa e a correco de outros factores de risco, como, por exemplo, a hipertenso arterial e o excesso de peso, enumera Margarida Bastos.

    Aos 46 anos, Rosa Silva, utente da Farmcia Molelos, perto de Tondela, foi uma das pessoas que beneficiou do rastreio, iniciado a 14 de Novembro, Dia Mundial da Dia-betes, e que terminou duas semanas depois, a 28. Mu-dei de vida, conta. Desde que descobriu que tem risco moderado de desenvolver diabetes, passou a praticar natao, ioga e a fazer caminhadas todos os dias. Era muito preguiosa, nunca tinha feito qualquer exerccio. Mas percebi que era altura de comear.

    Rosa ilustra bem a realidade desta regio do pas. Atravs do estudo, concluiu-se que mais de metade dos utentes avaliados no pratica qualquer actividade fsica diria.

    A mdia de idades dos rastreados de 60 anos e a maioria do sexo feminino. Outro dado importante que o estudo revelou foi que 43% dos inquiridos tem, pelo menos, um familiar a quem j foi diagnosticado diabetes.

    Durante o rastreio, houve uma grande adeso da populao, o que demonstra a apetncia pela informao em sade, destaca Margarida Bastos, mostrando preo-cupao com o aumento deste problema. Constatmos que na regio Centro temos um nmero muito elevado de pessoas em risco de desenvolver diabetes tipo 2.

    Um risco que tambm est associado alimenta-o tpica da zona, como conta Alda Pacheco, directora tcnica da Farmcia Santos, em Ponte de Vagos, Aveiro. Aqui as pessoas ainda gostam de pratos bem tempera-dos, com muito sal. Comem muito noite, gostam de uma boa pinguinha [risos] e muitas ainda tm animais, inge-rindo por isso mais gorduras.

    Levar a mudanas na alimentao precisamente uma das maiores dificuldades que encontram os profis-sionais de sade para prevenir esta doena. Temos de investir em sade. Mas as pessoas resistem a mudar h-bitos de vida, lamenta Capela Daniel.

    E no apenas nesta regio. A verdade que, segun-do dados do Observatrio da Diabetes, de 2015, cerca de 1.3 milhes de pessoas sofrem com esta doena em Por-tugal. Destes, 5,7%, ou seja, 443 mil pessoas no sabem sequer que a tm, alerta Hlder Ferreira da ARS Centro,

    mdico de famlia e coordenador do Programa da Diabe-tes. Esta uma doena silenciosa e, por isso, as pessoas no ligam. Quando sentem os efeitos, j esto numa situa-o complicada. Fala-se muito em diabetes, mas no se sabe que mata, porque no se ouve dizer Olha, morreu de diabetes. Na verdade, morre-se das complicaes ou de doenas agravadas pela diabetes.

    Hlder Ferreira foi responsvel pela organizao de vrias aces de formao por toda a regio, com a participao de diversos mdicos, enfermeiros e farma-cuticos. Foram duas semanas muito importantes para discutir a diabetes e esclarecer dvidas, refere o res-ponsvel. Permitiram juntar os diferentes profissionais de sade e acabaram com alguns preconceitos. Temos de chegar aos locais sem informao. Para melhorar a sade das pessoas importante o estreitamento das relaes entre todos os profissionais.

    Para este mdico, no esclarecimento das popula-es que as farmcias tm um papel preponderante, especialmente nas localidades mais pequenas. Alm disso, sublinha a importncia das farmcias na gesto da medicao. H grandes confuses na admi-nistrao de medicamentos, em especial na populao mais idosa.

    Hlder Ferreira foi responsvel pela organizao de vrias aces de formao por toda a regio

  • FARMCIAS REAIS10

    IDENTIFICAO PRECOCE DE INDIVDUOS COM RISCO DE DIABETES TIPO 2, PREVENO DA DIABETES E PROMOO DA SADE

    NOVEMBRO MS DA DIABETES

    DOS UTENTES AVALIADOS DEMONSTROU UM RISCO ELEVADO OU MUITO ELEVADO DE TER DIABETES NOS PRXIMOS DEZ ANOS

    24%

    93%DOS UTENTES AVALIADOS AFIRMOU SER SEGUIDO NO CENTRO DE SADE

    51%

    4 3%

    DOS UTENTES AVALIADOS AFIRMOU NO PRATICAR QUALQUER ACTIVIDADE FSICA DIRIA

    DOS UTENTES AVALIADOS TEM, PELO MENOS, UM FAMILIAR PRXIMO A QUEM J FOI DIAGNOSTICADO DIABETES

    Interveno efectuada na regio Centro

    Farmcias participantes (com envio de dados)

    Utentes avaliados

    Mdia de idades

    Maioria dos utentes do sexo feminino

    225

    7.007

    60 ANOS

    66%

    DE 14 A 28 DE NOVEMBRO DE 2015

    DADOS: CEFAR

  • 11

    FARMCIA MOLELOS

    PEDRA DA VISTA

    : uma farmcia fami-liar, onde quem en-tra conhecido pelo nome. Situada numa freguesia rural, perto de Tondela, a Farm-cia Molelos parte integrante do dia-a-dia da populao. Mesmo de quem no consegue visit-la, pois se Maom no vai mon-tanha que um dos servios mais acarinhados a entrega ao domiclio. Trs dias por semana, h uma farmacutica que leva os medicamentos aos lugares mais recnditos das serras circundan-tes, prestando um servio social essencial.

    Teresa Alves, 52 anos, uma das utentes que visitam a far-mcia com frequncia. Soube do projecto de preveno da dia-betes numa dessas visitas e no hesitou. Os resultados dos testes que fez no foram satisfatrios: tem um risco moderado de desenvolver diabetes, sendo que faz par-te de uma famlia com uma prevalncia da doena bas-tante superior mdia. Do lado da minha me, todos so diabticos, conta, revelando que decidiu, por isso, mudar de vida. Passei a fazer caminhadas, bicicleta, hidroginstica.

    Alm do exerccio fsico, evita doces e procura fazer uma alimentao equilibrada. E continua a procurar a Farmcia Molelos para avaliar a situao.

    DAR VISIBILIDADE AOS CONTRIBUTOS DO SECTOR

    A FARMCIA SEMPRE APOSTOU EM SERVIOS COMO O ACONSELHAMENTO, A ENTREGA DE MEDICAMENTOS AO DOMICLIO E A AVALIAO DE PARMETROS BIOQUMICOS DE SADE

    Teresa Alves participou no estudo na Farmcia Molelos e decidiu, perante os resultados, comear a fazer caminhadas

  • FARMCIAS REAIS12

    Situada em ambiente rural, na Pedra da Vista, a far-mcia sempre apostou em servios como o aconselha-mento, a entrega de medicamentos ao domiclio e a ava-liao de parmetros bioqumicos de sade. Da que os seus utentes tenham aderido sem reservas a participar no estudo. Em apenas uma semana, a Molelos realizou 300 inquritos. Destes, apenas 17,3% apresentaram um risco baixo de desenvolver diabetes, comenta, alarmada, a directora tcnica da farmcia, Carla Soares, notando que cerca de 22% teve mesmo de ser encaminhados para o mdico de famlia para passar a ser acompanhado, de forma a prevenir o desenvolvimento de complicaes associadas diabetes, como a retinopatia diabtica ou o p diabtico.

    Muitos utentes alteraram os seus estilos de vida por causa dos resultados que obtiveram, congratula-se Car-la Soares, sempre de sorriso aberto. Fala com a confian-a e a tranquilidade que s tm as pessoas que fazem exactamente aquilo que nasceram para fazer, cumprindo o seu desgnio.

    Outro resultado positivo que a farmacutica antev o incio de uma articulao estreita entre farma-cuticos e os restantes profissionais de sade. Esta relao, explica, uma mais-valia para todos, sobre-tudo para o utente. Todos temos a ganhar com uma maior proximidade e com mais comunicao.

    Acredito que a Farmcia, e o papel que desempenha, pela maior proximidade com as pessoas, deve ser mais aproveitada pelo Servio Nacional de Sade, defende a farmacutica. At porque, existindo j este trabalho nas farmcias do pas, muitas vezes no quantificado. Com um estudo desta dimenso, que poderia ser realizado no futuro por todo o pas, os resultados tornam o nosso con-tributo na promoo da sade mais visvel. Poder, assim ser mais valorizado pelos decisores polticos, espera.

    Quando foi abordada pela ANF sobre o seu interesse em participar no estudo sobre a diabetes, em parceria com a Administrao Regional de Sade do Centro, Carla Soares no hesitou. Sempre gostei de desafios, explica. E pareceu-me uma iniciativa interessante e importan-te para a preveno da diabetes. A doena no pra de ganhar terreno, com cada vez mais casos detectados em Portugal. E muitas pessoas desconhecem que a tm.

    Rosa Silva, por exemplo, ainda no desenvolveu diabe-tes. Mas, aos 46 anos j sabe que tem um risco moderado de vir a ter a doena na prxima dcada. Por isso, passou a fazer exerccio dirio assim que soube dos seus resultados. Alm da natao, do ioga e das caminhadas, tambm faz corridas quando desafiada pelas colegas.

    As mudanas que comeou a fazer no seu estilo de vida diminuram bastante o risco de vir a ter diabetes. Objectivo cumprido.

    Rosa Silva, que nunca tinha praticado nenhum desporto, percebeu que estava na altura de dizer adeus ao sedentarismo

  • 13

    FARMCIA ALVA

    CJA

    O PODER DE ESCOLHER

    :H momentos em que sabemos que chegou a hora de mudar de vida. Para Zulmira Mar-ques, com ar saudvel aos 57 anos, esse momento aconteceu em Novembro, numa visita sua far-mcia de sempre, a Alva, em Cja, perto de Coimbra.

    Nesse dia respondeu a um inqurito cujos resultados indicaram um risco um bocadinho alto de desenvolver diabetes. Era preciso escolher um caminho, pelo que esco-lheu um diferente enquanto ainda estava nas suas mos. Mudou os seus hbitos dirios e agora caminho muito. Adoro caminhar, conta, de sorriso aberto.

    O exerccio fsico no foi a nica mudana que introdu-ziu na sua vida. No como fritos, evito os doces. E como mais hortalias, enumera Zulmira, que confessa que j estava desconfiada da possibilidade de vir a desenvolver diabetes, devido ao facto de a sua me ter tido a doena. Tenho predisposio gentica, por isso necessrio ir acompanhando.

    Zulmira uma das mais de 400 pessoas que aceitaram participar no inqurito sobre diabetes realizado na Farm-cia Alva durante duas semanas do ms de Novembro do ano passado. Com uma forte interveno na comunidade em que se insere, esta foi a farmcia da zona Centro com maior adeso ao estudo.

    Para Paula Dinis, directora tcnica, fundamental que exista uma colaborao

    estreita entre todos os profissionais de sade

  • FARMCIAS REAIS14

    Este trabalho foi integrado no dia-a-dia da farm-cia, explica a responsvel, Paula Dinis, que impulsionou o projecto e as iniciativas para o divulgar localmente. Formmos e motivmos a equipa e, para conseguir che-gar populao, alm da montra alusiva iniciativa, demos formao nas escolas do concelho sobre a preveno da doena e entregmos bales, que simbolizam todos uni-dos pela diabetes, para tornar o tema mais visvel, refere a farmacutica.

    Alm disso, a propsito do Dia Mundial da Diabetes, os profissionais explicaram s crianas quais os cuidados para evitar a doena e ter uma vida mais saudvel. Quan-do chegam a casa, elas falam com os pais e podem ter uma influncia muito positiva, espera Paula Dinis.

    Com uma populao-alvo idosa, com mais propenso para desenvolver a doena (a idade um factor de risco), chamar a ateno para a patologia e permitir que se ini-cie o tratamento numa fase mais precoce poupa vidas e

    diminui os custos do Servio Nacional de Sade causados pela diabetes, considera a responsvel. Paula Dinis acre-dita, por isso, que este tipo de projectos ajuda a reconhe-cer a interveno da Farmcia na prestao de cuidados de sade primrios.

    Somos uma porta aberta para a comunidade. As pes-soas, antes de qualquer outra coisa, vm aqui quando tm um problema de sade, explica a farmacutica.

    A proximidade no se restringe aos utentes. Na Cja sempre existiu uma boa relao entre os profissionais da farmcia e os outros profissionais de sade. Por isso, mais uma vez, sempre que os resultados do estudo apontaram para a existncia de um risco alto ou muito alto de ter dia-betes (em mais de 20% das situaes), os utentes foram encaminhados para o seu mdico de famlia.

    fundamental que exista uma colaborao estreita entre todos os profissionais que tm a sade dos utentes nas suas mos, conclui Paula Dinis.

    Zulmira Marques foi uma das mais de 400 pessoas que aceitaram participar no inqurito sobre diabetes na Farmcia Alva

  • 15

    FARMCIA SANTOS PONTE DE VAGOS

    :E st situada na rua principal de Ponte de Vagos, Aveiro, mas encontra-se tambm no caminho mais directo para o corao das pessoas. Vo l regularmente, muitas vezes s para conversar. Esta-mos numa localidade pequena. Confiam muito em ns e pedem-nos conselhos. s vezes, vm apenas para falar um pouco, em especial as pessoas mais idosas, conta Alda Pacheco, directora tcnica da Farmcia Santos. De vez em quando, trazem-nos presentes, alimentos das suas quintas, por exemplo, e at peluches.

    Talvez seja por isso que quando faz aces de esclare-cimento, rastreios ou outras actividades dedicadas sa-de, a populao de Ponte de Vagos facilmente participa, o que fez com que a Farmcia Santos fosse uma das que mais indivduos rastreou no mbito da iniciativa contra a diabetes, em Novembro ltimo.

    MAIORIA NO TINHA NOO DA GRAVIDADE DA DIABETES

    A maioria no tinha noo da gravidade da doena, diz, por sua vez, a farmacutica adjunta, Adlia Leito, su-blinhando assim a importncia deste rastreio. Muitos fica-ram surpreendidos ao saber, por exemplo, que tendo a ten-so arterial elevada, tm mais propenso para a doena.

    Dar a conhecer a diabetes, as suas causas e consequn-cias, assim como estimular hbitos alimentares saudveis e a prtica de desporto adaptvel a cada pessoa foram as principais medidas que a equipa na farmcia implementou ao longo das duas semanas que durou a iniciativa. Mas no acabou a. Diariamente, fazemos as medies mais im-portantes a vrios utentes e esclarecemos dvidas.

    Por isso, no perodo que durou o rastreio da diabetes, toda a gente queria fazer. At vieram pessoas que j es-to medicadas reclamar: Tambm queremos fazer o tes-te, lembra Alda Pacheco, rindo.

    Adlia Leito, farmacutica adjunta, diz que o sucesso da iniciativa na farmcia se deve ao trabalho intenso que feito para estreitar laos com os utentes

  • FARMCIAS REAIS16

    Este o resultado de um trabalho intenso, com muito esforo e dedicao, para estreitar as relaes com os nos-sos utentes, justifica Adlia Leito.

    Prova disso mesmo so os casos de Susana Cunha e Lus Marques, que, apesar de no pertencerem ao universo dos 7.007 utentes que participaram na iniciativa contra a dia-betes na regio Centro do pas, tambm quiseram ser ras-treados. Ambos tm antecedentes familiares e estilos de vida que justificam o resultado que obtiveram: risco mode-rado de desenvolver a doena nos prximos dez anos.

    Sou completamente viciada em acar, admite Susana Cunha, psicloga de 42 anos. Todos os dias comia bolos e chocolates. Cheguei a levantar-me durante a noite para comer uma colher de acar. Agora, tem de cumprir risca os conselhos que recebeu na farmcia. S tenho um dia em que posso abusar dos doces. o meu dia do

    pecado, conta, rindo. Ao mesmo tempo, comeou a peda-lar na bicicleta fixa que tem em casa. Comecei por fazer trs quilmetros e ontem atingi os dez, revela, orgulhosa.

    O motivo que orienta Susana Cunha surgiu de repente: Na farmcia vo sempre contando coisas que acontecem e, um dia, deu-me o clique: se calhar pode acontecer-me.

    Um clique semelhante ao que Lus Marques, comer-ciante de 44 anos, sentiu no dia em que se colocou em cima de uma balana e viu aparecer trs dgitos. Recorreu nutricionista que d consultas na farmcia e, desde ento, tem sido sempre a emagrecer. Antes bebia paletes de Coca-Cola e, hoje, nem uma. Como mais legumes e fruta.

    Certo que, muitas vezes, as pessoas preferem ir farmcia do que ao mdico, sublinha Adlia Leito e, por isso, defende: preciso manter uma relao muito pr-xima entre todos, para benefcio do utente.

    Susana Cunha: Sou viciada em acar

    Alda Pacheco, directora tcnica, e Adlia Leito, farmacutica adjunta

    Lus Marques: Antes bebia paletes de

    Coca-Cola, hoje, nem uma

  • 17

    Uma relao nicadesde o primeiro dia

    C

    M

    Y

    CM

    MY

    CY

    CMY

    K

    AF_farmacias-portuguesas_210x285mm_anuncio_gama_produtos_nutriben_2016_002.pdf 1 25/02/16 11:47

  • MUNDO18

    TEXTO: PEDRO VEIGA

    EM BUSCA DO NOVO CONTRATO SOCIAL

    :A s farmcias podem ser um instrumento central na maximizao de ganhos em sade para a populao. Para isso, essen-cial o desenvolvimento de um novo contrato social que garanta benefcios para todos: poupana para o Estado, maior sustentabilidade para o sector das farmcias e mais e melhores cuidados de sade para o utente.

    Farmcias so compensadas:

    As farmcias so remuneradas com base nos cus-tos operacionais e no investimento que efectuam. Para tal, foi desenvolvido um quadro normativo que define as condies para a contratualizao a dois nveis: nacional e local. A sustentabilidade da parceria entre farmcias e o NHS garantida atravs da reviso das bases legais de financia-mento a cada cinco anos.

    INGLATERRA E PAS DE GALES

    MEDICAMENTO PRESTAO DE SERVIO PARTILHA DE GANHOS

    Com um valor fixo por cada embalagem dispensada

    Com um valor mensal, de acordo com escales de facturao/ receitas/ embalagem

    Por fazer monitorizao teraputica

    Por fazer reviso teraputica

    Por dar apoio a subpopulaes especiais

    Pelo incentivo dispensa de genricos

    Pela promoo do uso racional dos medicamentos

    Por disponibilizar um programa de troca de seringas

    Por disponibilizar um programa de substituio de opiceos

  • 19

    Farmcias so compensadas:

    Farmcias so compensadas:

    A remunerao definida a partir de uma conveno esta-belecida entre as farmcias e o sistema de sade, e que define a prestao de servios na dispensa de medicamen-tos, seguimento farmacoteraputico dos doentes, incenti-vos aos genricos e programas de Sade Pblica. O modelo contratual est em vigor desde 2009, com actualizaes tarifrias anuais. O impacto deste modelo foi avaliado antes e depois da sua implementao.

    As farmcias so remuneradas com base num conjunto de estudos e anlises econmicas. A remunerao est pre-vista no acordo entre as farmcias e o sistema de sade, que determina a prestao e contratualizao de servios na rea da dispensa, seguimento farmacoteraputico dos doentes, incentivos substituio genrica e programas de Sade Pblica. O acordo alvo de reviso de cinco em cinco anos.

    SUA

    AUSTRLIA

    MEDICAMENTO PRESTAO DE SERVIO PARTILHA DE GANHOS

    Com um valor fixo por cada embalagem dispensada

    Por fazer monitorizao teraputica

    Por fazer reviso teraputica

    Pelo incentivo dispensa de genricos

    Por disponibilizar um programa de substituio de opiceos

    MEDICAMENTO PRESTAO DE SERVIO PARTILHA DE GANHOS

    Com um valor fixo por cada embalagem dispensada

    Por fazer monitorizao teraputica

    Por fazer reviso teraputica Por dar apoio a subpopulaes

    especiais

    Pelo acesso e monitorizao da inovao teraputica

    Pelo incentivo dispensa de genricos

    Por disponibilizar um programa de substituio de opiceos

    Saiba +

    Sesso Plenria

    INOVAR NA CONTRATUALIZAO

    SBADO: 16H30

  • ENTREVISTA20

    O ARADO DO

    SENHOR REITOR ANTNIO RENDAS

    mdico de formao, investigador por vocao e reitor por deciso.

    Antnio Rendas lidera os destinos da Universidade Nova de Lisboa desde 2007. Explica o mandato com uma

    metfora agrcola. Ele arou o terreno para que o conhecimento possa

    continuar a ser semeado no futuro.

    ENTREVISTA: PEDRO VEIGAFOTOGRAFIAS: PEDRO LOUREIRO

  • 21

    Saiba +Antnio Rendas participa na Sesso Plenria

    INOVAR NOS SISTEMAS DE SADESEXTA-FEIRA: 9H30

  • ENTREVISTA22

    REVISTA FARMCIA PORTUGUESA: Ganhou mais visibilidade como Reitor da Universidade Nova de Lisboa e presidente do Conselho de Rei-tores das Universidades Mdicas, mas nem toda a gente sabe que estudou Medicina. Ser mdico foi sempre a sua vontade?

    ANTNIO RENDAS: quase um lugar-comum: sou filho de um mdico e isso teve sobre mim enorme influncia. Mas devo ser dos poucos filhos de mdico que no escolheram a mesma especia-lidade do pai era urologista.

    RFP: Interessavam-lhe outras reas?AR: Sim, a minha rea de estudo era as doen-as respiratrias. Contudo, a minha vocao foi sempre mista, entre a Medicina e a Investigao. Entrei na faculdade em 1966, numa altura em que se comeava a dar grandes passos na investigao biomdica. Fascinavam-me os modelos de Watson e Crick do ADN, o cdigo gentico, as aplicaes da Biologia Medicina Por isso, embora queren-do ser mdico, e tendo percorrido esse caminho, tive sempre a preocupao da Medicina ligada investigao biomdica. Quando acabei o curso, em 1972, metade dos co-legas escolheu fazer o na altura chamado estgio da prtica clnica, em Santa Maria, outra metade, na qual me inclu por considerar que tinha neces-sidade de treino clnico, foi para os hospitais civis. Entretanto, candidatei-me a uma bolsa da Funda-o Gulbenkian, ganhei, e fui para Londres fazer investigao em circulao pulmonar. Mas repare: no fui para um instituto de investigao, fui para o Royal Brompton, que era o hospital das doenas do trax. Estive l seis anos.

    RFP: Encontra uma realidade completamente di-ferente no Reino Unido.

    AR: Sem dvida. Dou-lhe um exemplo disso, muito evidente: na equipa, em Londres, era eu a pessoa que falava com os doentes no sentido de obter o seu consentimento informado. Acontece que esta figura, em Portugal, no existia! C, ns praticva-mos os mais variados actos mdicos nos doentes sem necessidade do seu consentimento. A Medicina portuguesa era j muito boa, mas do ponto de vista das tcnicas, da relao mdico--doente e da tica, estava, de facto, muito atrasada.

    OU ALGUM QUE ARRUMA AS COISAS. OU SEJA, A MINHA PREOCUPAO NO NO SENTIDO DA CRISTALIZAO, MAS DE CHEGAR AOS STIOS, ENCONTRAR A ORDEM DAS COISAS, REFORAR A ORGANIZAO DAS INSTITUIES E PROJECT-LAS PARA O FUTURO

    S

    RFP: Do seu currculo faz ainda parte uma passagem pelos Estados Unidos da Amrica.

    AR: Sim. Doutorei-me bastante cedo e tive a enorme sorte de estar no Departamento de Patologia Experi-mental do Brompton quando a minha supervisora foi convidada a ir para Harvard, dado que metade da equi-pa seguiu com ela. Eu no tinha feito planos para ir para os Estados Unidos, mas fui. Foi um privilgio.

    RFP: Regressa a Portugal no ano seguinte, Facul-dade de Cincias Mdicas, mas interrompe a carreira docente para dirigir o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).

    AR: Sim, e logo eu que tinha dito, partida, que no iria mudar de rea! Mas havia ali um desafio muito importante, que passava pela integrao do IHMT na Universidade, pelo que durante trs anos praticamen-te s fiz isso. Veja: o Instituto vinha de um passado recente de per-tena ao Ministrio do Ultramar, as pessoas estavam muito desanimadas, sem um rumo definido Costu-mo dizer que ajudei a que aquilo que no acabasse.

  • 23

    Hoje, felizmente, est integrado na Nova e uma grande instituio de investigao ligada aos pases tropicais. Entretanto, voltei faculdade e julgo que a partir da as coisas foram acontecendo naturalmente, at chegar a director.

    RFP: Que tipo de director foi?AR: Eu sou algum que arruma as coisas. Ou seja, a mi-nha preocupao no no sentido da cristalizao, mas de chegar aos stios, encontrar a ordem das coisas, re-forar a organizao das instituies e project-las para o futuro. muito isso.

    RFP: E a investigao, onde que se encaixou? AR: No se pode fazer tudo ao mesmo tempo, no ? A disponibilidade que tinha para dedicar minha prpria investigao foi ficando, infelizmente, cada vez mais curta. Mas ainda mantive a parte do ensino e fui douto-rando sempre outras pessoas.

    Uma coisa que aprendi desde sempre com os meus pais foi que temos de estabelecer prioridades. A pessoa tem que ser muito boa naquilo que faz, e quando no o , deve ter a seriedade para dizer a si mesma: no posso ser bom em tudo. Eu acho que a formao cientfica uma cultura. Eu adquiri essa cultura quando me doutorei, quando fiz in-vestigao e quando, com 30 anos, submetia projectos, por exemplo aos National Institutes of Health (NIH). Po-dia ter seguido esse caminho, mas escolhi outro e fi-lo conscientemente, no tenho regrets. Mas a cultura ficou e uso-a muito na parte da gesto, disciplina em que no tenho, feliz ou infelizmente, nenhuma formao.

    RFP: Essa escolha tr-lo Universidade Nova de Lisboa. Que avaliao faz destes nove anos como reitor?

    AR: Julgo que a Nova est a seguir o seu caminho. Quando olho para os resultados dos ltimos dois anos, s posso ficar satisfeito: a Nova ficou em pri-meiro lugar no concurso nacional de acesso [ao En-sino Superior], a universidade portuguesa que est mais bem colocada no ranking de Leiden, somos a nica que est no QS com menos de 50 anos [ranking que avalia universidades com menos de meio sculo de existncia].

    RFP: L fora no falta reconhecimento.AR: Sim, sim, a Nova bastante internacional. Gostava que fosse ainda mais, que tivesse mais alunos do pri-meiro ciclo, mas isso vai demorar algum tempo. Agora, do ponto de vista do reconhecimento, ns somos das universidades mais internacionais. Mas muitas so, muitas so! Aquelas que so competitivas conseguem fazer isso!

    RFP: O percurso desafiante?AR: O percurso devia ter outro enquadramen-to. No gosto nada de dizer que dependemos de um Governo, acho que as pessoas devem ser au-tnomas. Em Frana h uma coisa que se chama o Campus France, em Inglaterra h o British Council... Ns, em Portugal, no temos nenhuma organizao do gnero. Estamos a confrontar-nos com parceiros que andam nisto h muito mais tempo e que tm recur-sos incomparavelmente superiores aos nossos. Agora, o que muito gratificante essas universidades nos aceitarem como parceiros. No como dependentes, mas como pares.

  • ENTREVISTA24

    MA COISA QUE APRENDI DESDE SEMPRE COM OS MEUS PAIS FOI QUE TEMOS DE ESTABELECER PRIORIDADES. A PESSOA TEM QUE SER MUITO BOA NAQUILO QUE FAZ, E QUANDO NO O , DEVE TER A SERIEDADE PARA DIZER A SI MESMA: NO POSSO SER BOM EM TUDO

    U

    RFP: Seria mais fcil crescer se se tivesse avanado com a criao de um consrcio das universidades de Lisboa?

    AR: Eu olho para o caso do Norte e vejo ali uma coi-sa inteligentssima, que foi a criao da UNorte para a mobilizao de recursos, juntando as Universidades do Porto, do Minho e de Trs-os-Montes e Alto Douro. Mas as grandes capitais tm sempre esse drama. Madrid, por exemplo, tem o mesmo problema. E a situao em Lisboa complexa por uma outra ra-zo, que ultrapassa as universidades: que ns no temos acesso a fundos estruturais. Estamos fora da zona de convergncia. Ora, algum vai ter que cha-mar a ateno de quem distribui os fundos que em Lisboa se concentra uma grande parte dos servios. Isto como os carros: podemos saber conduzir, mas se no houver gasolina no automvel vai ser muito difcil chegar aos stios.

    RFP: Sente que o actual momento poltico, com um novo Governo, pode potenciar essas sinergias?

    AR: Sou muito ambicioso em relao ao novo minis-tro. Sou amigo dele, acho que uma pessoa muito competente, tenho imensas expectativas em relao quilo que ele possa vir a fazer e julgo que ele est no bom caminho. Acho que, em relao Cincia e ao Ensino Superior, a situao muito favorvel.

  • 25

    RFP: No ficaram feridas susceptibilidades no processo de fuso da Universidade de Lisboa com a Universidade Tcnica?

    AR: A Nova tem o seu caminho. Ns estamos no processo de passagem a fundao. Espero, no final deste ano, apresentar ao Governo esse documento. Vamos ser, juntamente com o ISCTE, a nica uni-versidade na zona de Lisboa que fundacional e espero aproveitar isso para que a Nova possa at ser uma boa aliada, se a questo se puser. Agora, se importante que haja colaborao em Lisboa? No tenho qualquer dvida. Disso eu no tenho qual-quer dvida e espero que, mais tarde ou mais cedo, isso possa vir a acontecer.

    RFP: O seu mandato termina em 2017. Sente que deixa um legado?

    AR: Acho que no h legados. H uma construo. Relaciono sempre a imagem do arado a quem est nestes lugares pbli-cos, porque o arado rasga a ter-ra onde outros, que vm depois, podem plantar batatas, couves, ervilhas o que entenderem. O que muito importante que haja um rumo. Nesse sentido, penso que ajudei a Universida-de Nova a recentrar o seu rumo como instituio internacional, competitiva, diversificada. Conto-lhe s um pequeno epi-sdio para ilustrar. Uma das coi-sas em que me empenhei muito foi na construo de um grande laboratrio de investigao bio-mdica, no Campo de Santana. Levou muitos anos a conseguir, foi uma histria complexa. Mas quando os jovens investigado-res que l estavam me vieram perguntar se eu ia escrever His-tria, eu disse-lhes: no, quem vai escrever Histria so vocs, fazendo boa investigao, nos prximos 20 anos. Eu acho que isso: o legado vai ver-se com o tempo.

    ELACIONO SEMPRE A IMAGEM DO ARADO

    A QUEM EST NESTES LUGARES PBLICOS, PORQUE O ARADO RASGA A TERRA ONDE OUTROS, QUE VM DEPOIS, PODEM PLANTAR. O QUE MUITO IMPORTANTE QUE HA JA UM RUMO

    R

  • ENTREVISTA26

    TEMOS UMA MEDICINA BASEADA

    NA EMINNCIA

    Antnio Rendas tem, sobre a Sade, a viso pragmtica de um homem habituado a estar na raiz das coisas: o ensino. RFP fala sobre a qualidade da formao mdica, os desafios da multidisciplinaridade e o papel das farmcias.

    RPF: A formao de mdicos em Portugal tudo aquilo que pode e deve ser?

    AR: Eu tenho uma atitude muito pragmtica em rela-o formao mdica: sou um adepto dos contedos. A formao mdica basal tem de ter muita qualidade, tem que ser dada num ambiente cientfico, tem que ser muito tutorial, focada no contacto com a pessoa. Deve ser uma formao em que a responsabilidade partilhada com o aluno desde o primeiro ano. Esse o meu conceito da formao bsica, a chamada gradua-o. A formao clnica deve ser muito orientada para as especialidades e deve ter muito a ver com a prtica.

    RFP: Sublinhou a importncia da prtica como m-todo de aprendizagem. Sendo a realidade multidis-ciplinar, que lugar v para essa multidisciplinaridade na formao?

    AR: A partir do momento em que somos responsveis pelos cuidados de algum, qualquer que seja o nosso estatuto profissional mdico, enfermeiro, farmacu-tico, tcnico, todos devemos estar orientados para trabalhar em conjunto. E isso como a Cincia: ou se aprende cedo a fazer bem ou depois mais difcil. A comunicao entre profissionais uma coisa que obe-dece a regras de rigor e isso deve ser ensinado nas escolas mdicas, e no tenho a certeza que seja. Pos-so estar a cometer uma injustia terrvel, mas come-ando na prescrio, passando pela relao entre os profissionais, acho que h a um caminho que deve ser feito e no me parece que seja com conferncias ou tutoriais. Faz-se na prtica.

    Agora, ter professores de Farmacologia e Teraputica que nunca viram um doente nem prescreveram um re-mdio para mim impensvel. E acho que isto muito simples de perceber por qualquer cidado: eu no gosta-ria de ser tratado por algum que me passa uma receita mas nunca viu um doente. to simples como isso! O ensino mdico deve ter uma forte componente m-dica, ou seja, os mdicos devem ensinar os jovens a ser mdicos. Repare: se tiver um aqurio com uns peixinhos grandes, com algas, com conchas, e puser l uns peixi-nhos pequeninos, quem vai ensinar os peixinhos peque-ninos a nadar so os peixinhos grandes, no vo ser nem as algas nem as conchas nem a areia. E isso muito im-portante numa escola mdica.

    RFP: Mesmo assim, frequente ouvi-lo elogiar a qua-lidade dos mdicos portugueses.

    AR: Quem torna a Medicina portuguesa internacional so os nossos mdicos que vo ao estrangeiro e, do ponto de vista institucional, acho que era importante que as organizaes mdicas e de sade portuguesas tivessem mais impacto l fora. Por exemplo, na Organi-zao Mundial da Sade: acho que a nossa voz menos ouvida pelas instituies e mais ouvida pelas persona-lidades, e eu sou adepto do balano entre uma coisa e outra. Alis, eu digo sempre, um pouco a brincar, que ns ainda no temos uma Medicina baseada na evidn-cia, temos uma Medicina baseada na eminncia ou nas eminncias! Mas isto para dizer que as instituies em Portugal podiam ter um peso maior na formao das pessoas.

  • 27

    PARTIR DO MOMENTO EM QUE SOMOS RESPONSVEIS PELOS CUIDADOS

    DE ALGUM, QUALQUER QUE SEJA O NOSSO ESTATUTO PROFISSIONAL MDICO, ENFERMEIRO, FARMACUTICO, TCNICO, TODOS DEVEMOS ESTAR ORIENTADOS PARA TRABALHAR EM CONJUNTO

    A

    RFP: A relao entre os vrios profissionais da rea da sade farmacuticos, mdicos, enfermeiros , actualmente, uma relao saudvel?

    AR: No conheo o suficiente das relaes institu-cionais. Nos ltimos anos tenho tido menos contacto com a Ordem [dos Mdicos]. Mas o que vou lendo nos jornais faz-me pensar que h um caminho a percor-rer para que as pessoas se possam articular mais no sentido da defesa do doente e no tanto na defesa dos seus interesses. Contudo, julgo que a situao me-lhorou, porque me lembro que havia relaes muito complexas, de subalternidade. Acho que isso mudou e melhorou.

    RFP: Como que v a possibilidade de as farmcias poderem vir a aumentar o leque de servios que dis-ponibilizam aos utentes?

    AR: Mas que servios?

    RFP: Relacionados com a adeso teraputica, preveno de doenas...

    AR: Sou um grande adepto do Servio Nacional de Sade. O que eu penso que a Direco-Geral da Sade tem um papel muito importante nessa rea e acho que tem que haver uma articulao da prestao de servios de medicina preventiva, e at de medici-na curativa, de acordo com o acesso. Porque uma das coisas complexas em Portugal continua a ser, tal como acontece com outras reas, as pessoas que esto em localizaes remotas. Essas poderiam levar a que houvesse partilha de responsabilidades. No entanto, isso teria que ser muito bem acautelado, at na defesa das instituies que tomam essas iniciativas.

  • TECNOLOGIA 28

    As redes sociais degradaram o poder das empresas para controlarem a imagem dos seus produtos. Quem o diz Philip Evans, que traz a Lisboa o anncio da morte do consumidor passivo de outros tempos.

    A CONSPIRAO DOS CONSUMIDORES

    TEXTO: SNIA BALASTEIROILUSTRAO: MANTRASTE

    :Q uem cria a imagem de um produto so os consumidores. Para serem competitivas, as empresas tm de incorporar os valores dos clientes. Hoje em dia, so eles quem partilha a informao, transmitindo-a nas redes sociais. Cabe s empresas influen-ciar a escolha da informao por parte dos consumidores e o tom em que a partilham.

    Philip Evans, consultor guru do Boston Consulting Group, estar em Lisboa, no 12. Congresso das Farmcias, para fa-lar sobre a forma como o desenvolvimento tecnolgico nesta terceira dcada da economia da Internet est a impactar a relao das empresas com os seus clientes e consumidores finais, impondo um redesenho estratgico radical.

    A estratgia empresarial sempre se baseou em ideias pr-concebidas sobre tecnologia, mas essas concepes es-to a mudar dramaticamente, defende. Aps uma dcada em que a Internet explodiu e mudou completamente a forma como a informao armazenada, se multiplica e partilha-da, entrmos numa outra fase, em que a Internet deixou de ser um nome para ser um verbo.

    Estranho? Philip Evans d um um exemplo concreto: a Wikipdia. A Wikipdia veio desestabilizar o mundo da distribuio de enciclopdias. Mudou radicalmente a for-ma como a informao disponibilizada aos utilizadores e mais: so os prprios utilizadores que a produzem. Enten-da-se, pois, por verbo: aco.

    DIR

    EIT

    OS

    RE

    SER

    VA

    DO

    S

    Saiba +

    Philip Evans participa na Sesso PlenriaINOVAR NA RELAO COM O CONSUMIDORSEXTA-FEIRA: 16H30

  • 29

    No verbo Internet, os conceitos gerados pelos utiliza-dores e as redes sociais tornaram-se um fenmeno e co-lapsaram as duas teorias fundadoras da estratgia empre-sarial dos autnticos gurus do Marketing Bruce Henderson e Michael Porter.

    Henderson tinha uma ideia napolenica, de uma mas-sa concentrada que esmagaria os concorrentes, impli-cando o conceito de retornos crescentes, segundo o qual quanto maior a experincia adquirida num processo, maior o ganho. Porter veio, mais tarde, trazer a ideia da cadeia de valor o conjunto das actividades desempenhadas por uma organizao, desde as relaes com os fornecedores e ciclos de produo e de venda at fase da distribuio final, apontando que h vrios componentes da estrat-gia das organizaes em cada uma delas. Uma empresa pode ter vantagens numas reas e desvantagens noutras, advogou Porter, que percebeu que o que mantm um ne-gcio so os custos transaccionais e so eles tambm que definem os limites.

    Retome-se o exemplo da Wikipdia para se entender como as duas ideias sobre as quais foi erigida toda a gide da estratgia empresarial colapsaram: Afinal, muitos mi-lhes de utilizadores podiam fazer um trabalho to bom e certamente mais barato. Ou seja, um elo da cadeia de valor estava a ficar fragmentado, medida que os indivduos se estavam a substituir s organizaes.

    Na segunda dcada da economia da Internet percebeu--se que h menos necessidade de haver integrao ver-tical e que as cadeias de valor podem ser quebradas. Um concorrente pode usar a sua vantagem num elo da cadeia para desestabilizar ou atacar outro.

    Chegados terceira dcada da economia tecnolgica, o que a distingue? A resposta, argumenta Philip Evans, est no armazenamento da informao. O armazenamento de dados explodiu de 2000 a 2007, e o digital substituiu, em grande medida, o analgico. Esses dados tm um endereo IP, esto ligados a um servidor, mas podem ser acedidos de qualquer ponto: esto na Internet. Os padres das ligaes entre servidores so um oceano de mudana. Uma mudan-a profunda na Economia.

    O genoma d-nos um exemplo do potencial proporcio-nado por este armazenamento. A primeira sequenciao do genoma humano, de James Watson, foi o culminar do Projecto Genoma Humano. Foram precisos 200 milhes de dlares e dez anos de trabalho. Desde ento, os custos de mapeamento de um gene caram drasticamente at aos mil dlares, prevendo-se que cheguem aos 100 dlares. um fenmeno!. Hoje j possvel encontrar padres, continua Evans. Se for ao mdico com uma constipao,

    a primeira coisa que se faz mapear o gene. J no se est a partir de um gene abstracto, mas do seu gene em particu-lar. Pense no que isto significa quando combinamos dados mdicos com dados de medicamentos, com dados de um indivduo! Pense quando pudermos ligar todos estes dados e ver padres que no conseguamos ver antes! Isso levar a uma verdadeira revoluo na Medicina.

    Mas, a questo permanece: como que essa partilha colossal entre bases de dados compatvel com os modelos de negcio actuais? A este propsito, Evans assinala que a tecnologia est a levar a escala da actividade das institui-es alm das suas prprias fronteiras, s quais estvamos acostumados. A integrao vertical est a evoluir para uma estrutura horizontal.

    Num futuro que j hoje, conclui Evans, as empresas tm de saber coordenar competitividade com cooperao.

    Fonte: Ted Talk BCG San Francisco (EUA) How Data Will Transform Business

  • TECNOLOGIA30

    NOVAS APPS ANF

    Novas aplicaes para telemvel permitem maior controlo na gesto do negcio e aproximam, ainda mais, farmcias e utentes.

    TODA A FARMCIA NO SEU BOLSO

    TEXTO: RITA LEA

    :S o trs aplicaes acabadinhas de sair e que possibilitam, atravs de um smartphone ou de um tablet, ter maior controlo na gesto da far-mcia, estar sempre actualizado com a informao essen-cial prtica diria e estreitar os laos com os utentes. Trs apps muito diferentes, com objectivos especficos, mas com um ponto em comum: facilitar a vida das farm-cias e de todas as pessoas que nelas confiam.

    Saiba +Sesso ParalelaCOMRCIO ELECTRNICO MODA OU FUTURO?SBADO: 11H30 E 14H30

  • 31

    :L anada em Fevereiro, a app Farmcias Portugue-sas uma plataforma de comrcio electrnico orientada para toda a populao e que nasceu com o intuito de colocar as farmcias onde os seus clientes j esto: no online. A afirmao de Hugo Maia, respon-svel da Unidade de Suporte ao Desenvolvimento do Neg-cio das Farmcias, da ANF, que descreve as funcionalidades desta aplicao, explicando que a mesma foi desenhada para permitir a reserva de produtos de sade atravs da Internet que depois podem ser recolhidos ao balco ou entregues ao domiclio, para identificar as farmcias de ser-vio, alertar para a toma de medicamentos, entre outras.

    Para j, diz, os nmeros mostram que estamos no ca-minho certo: desde o lanamento oficial, a 15 de Fevereiro, temos tido uma mdia de 350 encomendas por semana. Contas feitas, so 960 as farmcias que j receberam enco-mendas electrnicas, o que representa cerca de metade do universo das farmcias que esto aptas a funcionar nesta plataforma.

    Num sector onde as relaes interpessoais representam um factor crtico de sucesso, importa sublinhar que o ob-jectivo desta aplicao no afastar as pessoas do espao fsico, conforme refere Miguel Lana, Chief Information Officer da ANF, que refora que a ideia permitir que os utentes interajam com a sua farmcia mesmo quando no tm possibilidade de l ir. No fundo, fazer com que, cada vez mais, a farmcia ande no bolso ou nas malas das pessoas.

    At ao momento, foram j feitos mais de 22 mil down-loads desta app que, segundo Pedro Ferreira, director da ANF, tem uma outra faceta que importa ter em conta: uma ferramenta fundamental para posicionar o farma-cutico quase como um personal health coach. No futuro, os utilizadores podero vir a receber alertas atravs desta app para a necessidade de renovao de determinado medi-camento que possa estar a acabar ou ver premiados os seus hbitos de vida mais saudveis, por exemplo.

    Contudo, nas palavras de Hugo Maia, o fim o mesmo: Encontrar novas formas de dinamizar o negcio das far-mcias. este o outcome final que se espera com esta revo-luo tecnolgica do sector.

    APP FARMCIAS PORTUGUESAS

    FOTOGRAFIA: LUS SILVA CAMPOS

  • TECNOLOGIA32

    :Q uase em simultneo foi lanada a app Sifarma.Safety, que permite ao propriet-rio da farmcia acompanhar o seu neg-cio a qualquer hora e em qualquer lugar.

    Conforme nota Miguel Lana, esta uma ferramenta de gesto da farmcia em matrias ainda pouco explora-das. O Sifarma.Gest, que j um poderoso instrumento de gesto, possibilita ao proprietrio a definio de estrat-gias para o futuro perante os acontecimentos actuais da farmcia. O Sifarma.Safety vai mais longe: permite moni-torizar o desenvolvimento dessas mesmas estratgias.

    Por isso, os desafios so elevados. Agora j possvel dar instruces aos colaboradores, personalizar alertas e receber no telemvel actualizaes permanentes dos indi-cadores que o utilizador considere mais importantes, mas a ideia ir mais longe Queremos imbuir a app de inteli-gncia. certo que j damos alertas e fornecemos indica-dores-base da actividade da farmcia, mas vamos traba-lhar, agora, para que estes alertas sejam verdadeiramente significativos para o seu gestor.

    APP SIFARMA.SAFETY

  • AF_FarmciasPortuguesas210x285mmp.pdf 1 10/04/15 15:44

  • FAA COMPRAS NA SUAFARMCIA, AGORA ONLINE.

    FARMACIASPORTUGUESAS.PT

    Disponvel em:

    Disponvel naDISPONVEL NO

    Windows StoreDisponvel no

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    Loja

    Sade A a Z

    Dados de Sade

    Carto Sada

    Alerta de Medicamentos

    reaPessoal

    LocalizarFarmcias

    Entrega ao domiclio

    ANF APP_Revista Farm Portu_21x28.5cm_Hr.pdf 1 16/02/16 12:15

  • 35

    :, das trs, a mais recente. A app do ANFOnline foi disponibilizada no dia 1 de Maro e permite aceder aos contedos clssicos do portal em qualquer lugar: circulares, newsletters, comunicados, vdeos, notcias ANF e notcias de imprensa.

    As funcionalidades desta aplicao permitem encurtar a distncia entre as farmcias e a ANF, mas tambm entre elas prprias, na medida em que a informao se torna mais aces-svel e estandardizada entre os scios, quer se encontrem no interior do pas, no litoral ou nas ilhas.

    de notar que esta uma aplicao reservada apenas aos utilizadores do ANFOnline previamente autorizados.

    O 12 CONGRESSO DAS FARMCIAS tambm tem uma app. Descarregue-a e fique a conhecer melhor o programa e os oradores; use-a para lhes colocar ques-tes durante as sesses e receber notificaes e alertas do que est a acontecer.

    APP DO CONGRESSO

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  • NEGCIOS36

    A Farfetch, empresa que distribui online peas de roupa de luxo de

    400 boutiques em 186 pases e est avaliada em mil milhes de euros; a Ten to Ten, que distribui

    em pequenos supermercados de proximidade produtos

    alimentares portugueses de excelncia; A Padaria Portuguesa

    que revolucionou a forma como iniciamos o dia. Estes

    so exemplos de Negcios em Portugus que vm ao Congresso

    das Farmcias partilhar a sua frmula para chegar ao sucesso.

    TEXTO: SNIA BALASTEIRO

    SUCESSOCOMO ELES

    L CHEGARAM Saiba +

    Sesso Paralela

    NEGCIOS EM PORTUGUS

    SEXTA-FEIRA: 11H30 E 14H30

  • 37

    FARFETCH : um negcio portugus avaliado em mil milhes de dlares. O segredo? Com uma organizao matricial a casa-me em Guimares, a Far-

    fetch, empresa que serve de ponte entre peas de roupa de alta-costura de 400 boutiques de todo o mundo e o cliente final, atravs de uma plataforma online, aposta for-temente em programao, desenvolvimento de software e gesto de stocks.

    Desde 2008, ano em que foi lanada no mercado, a empresa de distribuio de moda de luxo est a cres-cer mais de 100% ao ano. S em 2015 facturou cerca de 450 milhes de euros. O objectivo tornar-se, dentro de dois anos, lder mundial no comrcio online de lojas de designers.

    Com escritrios abertos em Londres e Portugal em Guimares e Lea do Balio, perto de Matosinhos, onde est a base de operaes a Farfetch tem j espaos em sete pases, garantindo uma audincia global.

    Alm de Portugal e Inglaterra, est representada na China, no Japo, na Rssia, no Brasil e nos Estados Unidos, pas lder de compras online dos produtos da empresa. Estes escritrios permitem vendas para 186 pases.

    Aos EUA, segue-se o Reino Unido, Hong Kong, Aus-trlia, Alemanha, Repblica da Coreia, Brasil, Federao Russa, Frana e China como principais mercados dos 120 mil produtos de 1990 marcas disponibilizadas no site.

    A EMPRESA DOS MIL MILHES

    FOTOGRAFIA: PAULO SOARES

  • NEGCIOS38

    Para se ter ideia do potencial de crescimento da empresa, s em Portugal trabalham 512 pessoas das 1.100 que emprega em todo o mundo. E as perspectivas so mais do que anima-doras: no final do ano, a empresa ter aumentado o nmero de colaboradores para mais de 700 no pas, absorvendo o conhecimento que sai das nossas universidades.

    Estruturada entre servios de desenvolvimento da plataforma, servios financeiros e gestores de contas das lojas associadas, bem como uma parte do servio ao clien-te, todos em Lea do Balio, parte do segredo da Farfetch reside no investimento no bem-estar das pessoas que aqui trabalham, com uma mdia de idades de 30 anos.

    Alm do ambiente descontrado na empresa, onde se vem mesas de pingue-pongue, sofs em espaos comuns para reunies informais, e o escorrega que serve de alter-nativa s escadas que ligam os dois andares do enorme open space, diariamente a Farftech oferece aos colabora-dores o pequeno-almoo e sopa. s teras e sextas, ofere-ce tambm almoos temticos.

    E, num esprito de melhoria contnua, tem vrios pila-res que lhe servem de base de crescimento: Be human, Think global, Be brilliant, Be revolutionary e, em bom portugus, Todos juntos.

  • 39

    ARTE DO SEGREDO

    DA FARFETCH RESIDE NO INVESTIMENTO NO BEM-ESTAR DAS PESSOAS QUE AQUI TRABALHAM, COM UMA MDIA DE IDADES DE 30 ANOS

    :P

  • NEGCIOS40

    TEN TO

    TEN A LOJA DO

    BAIRRO

    FOTOGRAFIA: SARA MATOS

  • 41

    :A proximidade um dos segredos do sucesso da Ten to Ten, empresa de distribuio alimentar que espera ter, at ao final de 2016, nove lojas estrategicamente abertas em bairros lisboetas.

    Desde que abriu o primeiro supermercado em Telhei-ras, Lisboa, em Setembro de 2009, foram inaugurados mais dois em apenas seis meses: um no Alto dos Moinhos, Lisboa, outro em Cascais. A filosofia idntica em todos: apostar em produtos nacionais de pequenos produtores e apostar na proximidade, conceito este que foi muito inspirado nas farmcias, conforme confessam os scios Pedro e Beatriz Capaz. Quisemos ser a loja do dia-a-dia, estar presentes nos bairros, diz Pedro.

    O desafio era grande, continua. Quando a Ten to Ten surgiu, o comrcio tradicional estava a definhar, sem capacidade de inovao e de gesto. No havia peque-nas cadeias de distribuio alimentar. Se acreditssemos que era possvel mudar isso, introduzindo um conceito

    com inovao, com produtos que as pessoas pretendem, a preos acessveis, alterando hbitos e levando as pes-soas a economizar, comprando apenas os produtos que utilizam e gerindo, assim, melhor o seu oramento, tera-mos sucesso. Tm.

    Poupe na hora, ganhe no tempo o lema das lojas Ten to Ten, cujo nome remete para o horrio de abertura: das 10h da manh s 10h da noite sete dias por semana. Estes factores, juntamente com a valorizao dos produtos nacionais e o acesso a pequenos produtores sem escala, mas com vontade para colocar os seus produtos nas gran-des superfcies, granjearam, logo desde o incio, uma boa adeso nos bairros em que a Ten to Ten est presente.

    O objectivo agora solidificar o que foi conseguido. Quanto aos clientes, podem esperar ter frescos real-mente frescos a carne e o peixe por exemplo, so sem-pre do dia, e todos os produtos lderes de mercado. Mas se quiser uma coisa diferente, ns tambm temos, as-segura Pedro Capaz.

    A PROXIMIDADE UM DOS SEGREDOS DO SUCESSO DA TEN TO TEN

  • NEGCIOS42

    A PADARIA PORTUGUESAUM VELHO CONCEITO REVOLUCIONADO

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    Nuno Carvalho, assentes numa oferta de binmio qua-lidade/preo acima da mdia. Em termos concretos, foi gerada uma nova cadeia de valor, que arranca no fabri-co prprio de pes e bolos no qual se especializaram, e onde se inclui a famosa massa brioche e termina na venda nas lojas da marca, todas com uma identidade pr-pria mas simultaneamente comum.

    A meta dA Padaria Portuguesa agora chegar s 40 lojas at ao final de 2016. No falta muito: hoje so 39 lojas, mais de 700 colaboradores. Recebe, todos os dias, mais de 25 mil clientes e uma das principais empresas no mercado da restaurao. Compra diariamente um mi-lho e meio de quilos de laranja, 750 mil quilos de farinha e 150 mil quilos de acar. um dos maiores clientes da reputada Delta e contribui, diariamente, com toneladas de comida para instituies de solidariedade social.

    O palmars tambm impressionante: venceu j o Pr-mio Mercrio para o Melhor Comrcio, foi o Entrepeneur of the Year, da Ernst&Young, PME de excelncia e Superbrands of the Year 2015.

    Em 2016, os dois primos esperam ter um volume de negcios de 26,4 milhes de euros.

    :T udo comeou em 2009, quando dois pri-mos, Nuno Carvalho, dono de uma carreira slida no grupo Jernimo Martins, e Jos Diogo Quintela, um dos quatro Gatos Fedorentos, junta-ram a ideia, e o dinheiro, para criar um novo conceito de padaria que levasse a uma tambm nova forma de come-ar o dia. Eis o tpico exemplo de um velho conceito revo-lucionado, materializado, pela primeira vez, em Novem-bro de 2010, na Avenida Joo XXI, em Lisboa. Dois anos depois eram j dez as lojas abertas nmero que dobrou no ano seguinte, s na capital uma nova fbrica e mais de 90 colaboradores.

    Nuno, que teve a ideia e se apresenta como padeiro, explica que, ao mesmo tempo que no existia em Por-tugal uma viso organizada para este sector da restau-rao, a oferta no ia ao encontro das expectativas dos consumidores de hoje. Da que, quando caminhava por uma rua de Lisboa e viu uma carrinha de distribuio de po, tenha tido a ideia de criar esta padaria de bairro com marca prpria, como a define desde o incio.

    Trabalhamos com o objectivo de desenvolver rela-es de proximidade com os consumidores, sublinha

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  • FARMACUTICA CONVIDA44

  • 45

    Maria da Luz Sequeira passeia pela Baixa, entra no elctrico 28 e sobe a um helicptero para mostrar como boa a vida de Lisboa.LISBOA

    VOA, TEXTO: CARLOS ENESFOTOGRAFIAS: PEDRO LOUREIRO

    VOA!

  • FARMACUTICA CONVIDA46

    :N o vai h quinhentos anos, o frade Antnio Ribeiro cansou-se de viver em clausura no Convento de S. Francisco, de vora. Ele j no viu trs irmos franciscanos transformar a camarata onde dormiam na famosa Capela dos Ossos. Meteu ps e mulas ao caminho, cruzou o Tejo de barcaa e s assentou depois de trepar a colina de Santa Catarina, zona fidalga abraada pela muralha fernandina. Nunca despiu o hbito clerical nem aliviou a corda cintura. Comeou foi a cus-pir fininho em voz alta, fadista. Jos Cardoso Pires, com preciso de relojoeiro, chamava cuspir fininho ao linguajar desafiador dos lisboetas mais tpicos. Frei Antnio foi pre-cursor dessa arte travessa de afiar a lngua: fazia versos satricos e recitava ao ar livre, imitava vozes e figures, gozava com costumes e grandezas. No lhe deu para as mulheres, s para uns tragos de vinho na taberna de um tal Gaspar Dias. No se sabe ao certo qual deles dava pela alcunha:

    Canta para a, Chiado.Parece que respondiam ambos. E foi assim que um

    taberneiro e um agitador de rimas deram nome ao bairro fino. O terramoto de 1755 e o incndio de 1988 facilitaram a transio geracional do espao urbano.

    MARIA DA LUZ NASCEU EM ALBUFEIRA.SEM OFENSA PARA OS ALFACINHAS DE GEMA, LISBOA NO SERIA NADA DO QUE SEM OS PORTUGUESES DE TODAS AS REGIES.

    As tragdias, afinal, foram colossais dores de parto. Per-mitiram ao Chiado renascer consoante as pocas. Por exemplo, agora: Lisboa vive ocupada por uma nuvem per-manente de turistas, no podia conservar no corao um bairro de tertlias. O Chiado passou a ser uma praa do mundo.

    As grandes marcas multinacionais, de luxo ou consumo massificado, abriram portas nos antigos armazns recons-trudos, assim como por toda a Baixa. Os escritores levan-taram-se das mesas. A fora do comrcio, que ergue e des-tri coisas belas, empurrou-os para todo o lado: livrarias, numerosos alfarrabistas, clubes como o Ea de Queiroz e o Grmio Literrio. Os justamente alcandorados a vultos literrios levaram um banho de bronze dos vindouros: Ea abraa uma musa num jardim de palmeiras, Pessoa pensa em nada na esplanada dA Brazileira e Cames controla tudo a 12 metros de altura. No meio deles, noutro pedestal de pedra, Antnio Ribeiro, o tal poeta satrico. Puseram--lhe porta uma sada do metropolitano, mas a maioria tropea nele sem o ver, quanto mais ouvir.

    Algum viu por a o Chiado?A taberna do Gaspar tambm se perdeu no tempo, mas

    por aqui ainda h o restaurante certo para cada visitante.

  • 47

    Porta sim, porta no, o vizinho Bairro Alto chama para a mesa. Arroz de lnguas de bacalhau no Fidalgo, pastis de massa tenra no Sinal Vermelho, lampreia no 1. de Maio, tudo almoos de chorar por mais. Para jantares inesque-cveis, o Duplex. Fica no Cais do Sodr, local especializado em cocktails de criaturas do lado errado da noite com ju-ventude em festa, de copo na mo pelas ruas.

    Maria da Luz Sequeira militante fervorosa do comr-cio tradicional. No pe os ps em grandes superfcies ou cadeias de supermercado. Antes frequenta mercearias, lojas de frutos secos, ch e cafs de balo. Tambm a fascinam as casas com tradio em adereos exclusivos. Na Rua do Carmo, entrmos na Ulisses, a ltima luvaria nacional. Fabrico artesanal, a rimar com as melhores peles. Ao balco, Carlos Carvalho recebe com ar de riso.

    Vem c toda a gente de bom gosto.Luvas to belas no calam crises. A metfora tambm

    serve, medida, a chapelaria Azevedo Ruas. No Rossio desde 1886, h cinco geraes na mesma famlia. Vendeu cocos e cartolas a milhares de cavalheiros. Ainda hoje for-nece chapus de senhora quando o Governo toma posse ou h casamentos de revista. esquina da chapelaria, paragem obrigatria:

    Trs com elas, pago eu.A ginjinha! Ginginha a Ginginha do Rossio. A nossa

    anfitri saboreia o copinho e o passeio. Sem pressa, a coleccionar destinos. A tarde vai dar Confeitaria Nacio-nal, a mais antiga de Lisboa. Doces e chocolates de fabrico caseiro. Dispostos em frascos de vidro e elegantes tabu-leiros parecem peas delicadas de ourivesaria. A maior tentao da farmacutica o bolo-rei. Fundada em 1829, a Nacional fornecia a Casa Real por alvar de D. Lus I e gosto de D. Maria Pia. Sempre houve em Lisboa mulheres a preferir o que bom.

    ISBOA VIVE OCUPADA POR UMA NUVEM

    DE TURISTAS, NO PODIA CONSERVAR NO CORAO UM BAIRRO DE TERTLIAS. AGORA O CHIADO UMA PRAA DO MUNDO

    :L

  • FARMACUTICA CONVIDA48

    ANTNIO RIBEIRO, O CHIADO

    CASA DO ALENTEJO

    CONFEITARIA NACIONAL

  • :L isboa, tal como existe, um pri-vilgio nosso. Um dia, j se sabe, vir outra vez abaixo para renas-cer das cinzas. Milhares de edifcios da capi-tal foram construdos ou reabilitados sem o cuidado de os preparar para o regresso, certo mas sem hora marcada, do grande terramoto. No miradouro da Graa, pregados a um muro, os versos de Sophia de Mello Breyner gritam paisagem.

    Lisboa cruelmente construda

    S responde beleza. A luz do Sol revela a absurda beleza de uma cidade que um arco--ris de monumentos, vaidades, cores, jardins e casas podres.

    Lisboa com seu nome de ser e de no-serCom seus meandros de espanto insnia e lataE seu secreto rebrilhar de coisa de teatro

    Ali perto, outro miradouro. Da Senhora do Monte a vista cresce para Norte. Cresce tambm o estonteante mosaico de estilos. O vento semeou-os no espao urbano, sem padro nem regra. O olhar viaja no tempo aos repeles, pra e arranca nas pocas como as carreiras do elctrico. O 28 vai cheio de turis-tas, carteiristas e alguns lisboetas, Graa abaixo, Chiado acima. s teras e sbados, muitos apeiam-se na Feira da Ladra, uma orgia do comrcio a cu aberto. Maanetas de porta, azulejos, discos, roupas, farrapos, rdios de todas as pocas, peas e cacos, esplios de lata e de museu. O 28 suspende a marcha em frente da Igreja de S. Vicente de Fora e v-se logo o rebulio. S duas paragens depois o guarda-freios grita, para praticar lnguas.

    Castelo, castle, chteau.Est escondido na colina, precisa de aviso. Da Cerca

    Moura ou do Miradouro de Santa Luzia o que se v o rio. Um vai e vem de barcos cacilheiros e paquetes de cruzei-ro descomunais atracados em Santa Apolnia. O mrtir S. Vicente entrou em Lisboa deitado numa barca, mas aqui est bem de p maior do que toda a gente. Corvos j raro, mas pousam nele muitas pombas de Lisboa. O pa-droeiro abenoa a descida, por escadas e ladeiras, a Alfa-ma e Mouraria. Becos, vielas, cheiros a tudo, preges e escaramuas, caa ao turista e casas de verdadeiro fado vadio, como a Tasca do Chico ou a Mesa de Frades.

    Quem segue viagem senta-se nos lugares que ficaram livres. Vem a a Igreja de Santo Antnio, a tal dos casamen-tos, depois a S e a paragem na baixa pombalina. O arco da Rua Augusta abriu ao pblico, com vista para a Praa do Comrcio. Este culto das varandas e miradouros sintoma da grande doena colectiva: a obsesso de meter Lisboa inteira olhos adentro.

    Digo o nome da cidade - Digo para ver.

    No 28, a obsesso no d azo a fugas. Quem sai na Baixa pode fugir ao arco e subir a p em sentido contrrio. Dez minu-tos e novo convite, para ver a paisagem do avesso. Um ascen-sor, a que os lisboetas chamam elevador da Glria, leva-nos ao Miradouro de S. Pedro de Alcntara. Aqui, colina da Graa e Costa do Castelo so os vizinhos da frente. Seguir viagem a terceira opo, at sede da ANF. No d para fechar os olhos. Mesmo em frente fica o Miradouro de Santa Catarina. O Tejo deslumbrante parece distncia de um mergulho.

  • FARMACUTICA CONVIDA50

    PALCIO FRONTEIRA, na freguesia de S. Domingos de Benfica, uma das mais notveis heranas do perodo renascentista. S a azulejaria e os jardins deslumbrantes justificam a visita. A Fundao das Casas de Fronteira e Alorna promove visitas guiadas de segunda a sbado.

    IGREJA DE S. VICENTE DE FORA ARCO DA RUA AUGUSTA

  • 51

    O PITUParamos para almoar? H vrias opes econmicas no Largo da Graa. O Pitu destaca-se na cozinha portuguesa. O Restaurante Via Graa, na Rua Damasceno Monteiro, boa opo para quem procura um ambiente mais requintado. A sala de refeies tem vista de miradouro.

    EXPERIMENTAR LISBOAO aluguer de casas de curta durao est na moda. Famlias e grupos de amigos podem experimentar mesmo como viver em Lisboa. Cozinhar pode ser uma experincia surpreendente. Em mercados e peixarias de bairro fcil encontrar peixe fresco do dia, como se estivesse em Matosinhos ou Sesimbra.

    BOTEQUIMNo Botequim, volta de

    um piano, da poesia e da personalidade de Natlia

    Correia, reuniram-se os mais importantes

    protagonistas da cultura e da poltica portuguesas

    ps-25 de Abril. Tem biblioteca, boas tostas

    e petiscos, vinhos e gins.

  • FARMACUTICA CONVIDA52

    MUNDO DE AVENTURAS

    :E ste um assunto srio, considerao de todos os pais: a primeira viagem a Lisboa pode tornar-se uma das melhores memrias da infncia. A capital um mundo de aventuras, permanentemente ao servio das crianas e crescidos que no perderam a alegria e o sonho.

    O Jardim Zoolgico e Planetrio, desde sempre, e o Oceanrio, desde a EXPO98, so experincias obrigat-rias. Lisboa tem muitas outras. Desde logo, o Museu da Farmcia e a maioria dos museus oferecem programas educativos. Os parques e as viagens de barco at Caci-lhas, Trafaria ou Porto Brando so bons programas de fim-de-semana em famlia. Lisboa revela-se inteira numa viagem pelo rio. O autocarro anfbio HIPPOtrip uma exce-lente opo para quem tem crianas.

    A excitao do momento so as viagens de helicpte-ro a partir de Algs, promovidas pela Lisbon Helicopters. Recomendamos a Rota Real, viagem de meia hora at Sin-tra. Sobrevoa os palcios de Queluz, da Pena e da Vila. Para grupos de amigos, bem divertido sobrevoar o Cristo Rei para ir comer sushi a um restaurante premiado da margem sul e regressar de helicptero.

    A Lisbon Helicopters oferece preos promocionais aos inscritos no 12. Congresso das Farmcias. Pode fazer o voo ANF, de 12 minutos, sobre a Torre de Belm, Padro dos Descobrimentos, Mosteiro dos Jernimos, Ponte 25 de Abril e Cristo Rei, por 199 euros. Para iniciados, um baptismo do ar sobre a foz do Tejo. Aproximadamente 5 minutos de exaltao, por 99 euros.

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    A FARMACUTICA DA LUZ

    :M aria da Luz Sequeira filha de me alentejana e pai algarvio. Ela prpria nasceu em Albufeira. Sem ofensa para os alfacinhas de gema, Lisboa no seria nada do que sem os portugueses de todas as regies. O parto aconteceu de sbito, na casa de famlia. Os mdi-cos s tinham programado o internamento da parturiente para dali a dois dias. Teve pressa de nascer e nunca mais reprimiu o carcter decidido.

    Entrou na estrutura associativa como delegada de zona. Soldado raso, gosta de recordar, que disparava rajadas de opinies nas assembleias-gerais. Quando Joo Cordeiro a convidou para integrar a Direco da ANF, ps como con-dio ser efectiva, no tem feitio de suplente. E deixou-lhe um aviso: Se julgas que me vais calar, fica a saber que em vez de levares comigo duas vezes por ano, ters de me ou-vir todos os dias. Esteve 17 anos na Direco, 14 dos quais como vice-presidente. Como directora, impulsionou uma renovao profunda na Revista Farmcia Portuguesa.

    A farmacutica que convida chegou a Lisboa para fazer o antigo 6. ano do Liceu. Vivia na Avenida de Roma com uma irm mais velha, aos cuidados da parteira improvisa-da que assistiu a me no parto. Entrou em Medicina. Para grande alegria da me, no gostou do curso e mudou para Farmcia. Adquiriu a Farmcia da Luz em 1981. A Direco--Geral dos Assuntos Farmacuticos ainda implicou, queria que o nome fosse Farmcia Luz, simplesmente. Tempo per-dido pela burocracia. O meu nome Maria da Luz. Para quem a conhece, quanto basta.

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    LISBON HELICOPTERSPreos especiais para inscritos no 12.o Congresso das Farmcias.Heliporto de AlgsReservas: 213 011 794 / 917 225 995www.lisbonhelicopters.com

    PAL CIO FRONTEIR A Fundao das Casas de Fronteira e AlornaInformaes e marcaes de visitas de grupo: 217 782 023www.fronteira-alorna.pt

    DUPLE X RESTAUR ANTE E BARRua Nova do Carvalho, 58, LisboaT. 915 162 808www.duplexrb.pt

    RESTAUR ANTE F IDALGORua da Barroca, 27 Bairro AltoT: 213 422 900www.restaurantefidalgo.com

    MUSEU DA MSICAEstao do Metropolitano Alto dos MoinhosRua Joo de Freitas BrancoT. 21 771 09 90 - 8www.museudamusica.pt

    MUSEU DA FARMCIARua Marechal Saldanha, 1www.museudafarmacia.pt

    JARDIM ZOOLGICO DE L ISBOAPraa Marechal Humberto Delgado, Sete Rioswww.zoo.pt

    FARMCIA DA LUZEstrada da Luz, 128 A T: 217 210 990

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  • Priso de ventre?Da natureza vem a resposta.

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  • PROGRAMA 56

    FARMCIAS: REDE DE INOVAO E EVIDNCIA NO SNS

    SIMPSIO CIENTFICO

    PROGRAMA PROVISRIO

    14 ABRIL

    RECEPO E ENTREGA DE DOCUMENTAO

    ABERTURA20 anos de Evidncia na Rede de Farmcias Portuguesas. Que Caminhos para o Futuro? Suzete Costa Centro de Estudos e Avaliao em Sade

    CONFERNCIA DE ABERTURA The Economic Value of Public Health Interventions Helen Weatherly Senior Research Fellow, Centre for Health Economics, University of York

    Contributo das Farmcias para a Eficincia do Sistema de Sade MODERADOR: Dennis Helling Univ. Colorado Skaggs School of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences

    Understanding and appraising the New Medicines Service in the NHS in England Lukasz Tanajewski Division of Social Research in Medicines and Health, School of Pharmacy, University of Nottingham

    Projecto-Piloto USFarmcia: primeiros passos Jos Lus Biscaia USF S. Julio Suzete Costa Centro de Estudos e Avaliao em Sade

    CAF E VISITA AOS PSTERES

    Abertura Oficial da Expofarma

    Contributo das Farmcias para a Evidncia Observacional em Contexto RealMODERADOR: Ana Paula Martins Bastonria da Ordem dos Farmacuticos Hubert Leufkens Utrecht University, Faculty of Science, Utrecht Institute for Pharmaceutical Sciences

    Rede de gerao de evidncia na Holanda Irene Bezemer PHARMO Institute for Drug Outcomes Research, Utrecht

    Modelo Observacional de Monitorizao IntensivaCarla Torre Centro de Estudos e Avaliao em Sade

    08H30

    09H00

    10H00

    11H10

    11H15

    11H40

  • 57

    COMISSO CIENTFICAPRESIDENTE: Margarida Caramona FFUCAntnio Vaz Carneiro FML-CEMBECarlos Afonso FFUPPedro Pita Barros FE-UNLSofia Oliveira Martins FFULAna Miranda Consultora CEFARRute Horta Departamento de Servios Farmacuticos da ANF Slvia Rodrigues Direco da ANFSuzete Costa CEFAR

    Comunicaes Orais Breves I MODERADOR: Ana Miranda Consultora de Farmacoepidemiologia do CEFAR

    ALMOO E VISITA AOS PSTERES

    Avaliao de Intervenes em Sade Pblica nas Farmcias MODERADOR: Antnio Vaz Carneiro Centro de Estudos de Medicina Baseados na Evidncia

    Economic Evaluation of Pharmacy Services: 20 years in reviewDaniel Touchette Center for Pharmacoeconomic Research, College of Pharmacy, University of Illinois at Chicago

    Community Pharmacy and Public Health: literature review of effectiveness and cost-effectiveness Claire Anderson Division of Social Research in Medicines and Health, School of Pharmacy, University of Nottingham

    COMENTADOR Lus Lapo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), Universidade Nova de Lisboa

    Comunicaes Orais Breves IIMODERADOR: Ana Miranda Consultora de Farmacoepidemiologia do CEFAR

    CAF E VISITA AOS PSTERES

    Conferncia de Encerramento: Uma Viso do Futuro Francisco Batel Marques Associao para a Investigao Biomdica e Inovao em Luz e Imagem

    Expofarma Networking Wine & Cheese

    12H10

    14H30

    12H30

    15H40

    16H10

    16H40

    19H00

  • PROGRAMA 58

    A INOVAR CONSIGO 15 ABRILSEXTA-FEIRA

    SESSO DE ABERTURA Adalberto Campos Fernandes, Ministro da Sade Ana Paula Martins, Bastonria da Ordem dos Farmacuticos Paulo Cleto Duarte, Presidente da ANF

    PLENRIOInovar nos Sistemas de SadeMODERADOR: Nuno Vasco Lopes, Direco da ANF

    CONFERENCISTA: Elias Mossialos, Director of the London School of Economics Antnio Rendas, Reitor da Universidade Nova de Lisboa

    CAF E VISITA AOS PSTERES

    SESSES PARALELAS

    Como fazer com que os seus clientes se sintam especiais?

    KAIZEN - Hoje melhor do que ontem, amanh melhor do que hoje!

    Negcios em Portugus

    Pharmaceutical Bites

    ALMOO E VISITA AOS PSTERES

    SESSES PARALELAS

    Como fazer com que os seus clientes se sintam especiais?

    KAIZEN - Hoje melhor do que ontem, amanh melhor do que hoje!

    Negcios em Portugus

    Pharmaceutical Bites

    CAF E VISITA AOS PSTERES

    PLENRIOInovar na Relao com o ConsumidorMODERADOR: Pedro Ferreira, Direco da ANF

    CONFERENCISTA:

    Philip Evans, BCG Francisco Pinto Balsemo, Impresa

    Fim dos Trabalhos

    Expofarma Networking Wine & Cheese

    Evento Prmios Expofarma

    09H00 14H30

    16H30

    09H30

    11H00

    16H00

    13H00

    11H30

    18H00

    19H00

    21H00

    12.O CONGRESSO DAS FARMCIAS

    VER PG. 28

    VER PG. 20

    PROGRAMA PROVISRIO

  • 59

    16 ABRILSBADO

    09H00 14H30

    16H30

    11H00

    16H00

    13H00

    11H30

    18H00

    19H00

    PLENRIOInovar nas Tecnologias de SadeMODERADOR: Ana Cristina Gaspar, Direco da ANF

    CONFERENCISTA: Kenneth Kaitin, Centro de Investigao Novas TeraputicasHenrique Luz Rodrigues, Presidente do InfarmedAntnio Vaz Carneiro, CEMBE

    CAF E VISITA AOS PSTERES

    SESSES PARALELAS

    Comrcio Electrnico - Moda ou Futuro?

    Encontre o personal trainer para a sua farmcia

    Inovar na colaborao em cuidados de sade

    A Diferenciao das farmcias na abordagem aos MNSRM

    No Diabetes! um desafio s farmcias

    ALMOO E VISITA AOS PSTERES

    SESSES PARALELAS

    Comrcio Electrnico - Moda ou Futuro?

    Encontre o personal trainer para a sua farmcia

    Inovar na colaborao em cuidados de sade

    A Diferenciao das farmcias na abordagem aos MNSRM

    No Diabetes! um desafio s farmcias

    CAF E VISITA AOS PSTERES

    PLENRIOInovar na Contratualizao

    MODERADOR:Pedro Santos Guerreiro, Jornal Expresso Dennis Helling, Univ. Colorado Skaggs School of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences

    O exemplo da Austrlia George Tambassis, Presidente do Pharmacy Guild of Australia

    O exemplo do Reino Unido Rajesh Patel, Direco da National Pharmacy Association

    CONFERENCISTA: Miguel Gouveia, Universidade Catlica Portuguesa

    Prmios Melhor Pster Fim dos Trabalhos

    Expofarma Networking Wine & Cheese

    VER PG. 18

  • PROGRAMA 60

    COMO FAZER COM QUE OS SEUS CLIENTES SE SINTAM ESPECIAIS?

    KAIZEN - HOJE MELHOR DO QUE ONTEM, AMANH MELHOR DO QUE HOJE!

    NEGCIOS EM PORTUGUS

    PHARMACEUTICAL BITES

    Nesta sesso sero apresentados exemplos prticos de processos e solues de activao de dados de clientes, em diferentes sectores de actividade, reconhe-cendo algumas das boas prticas que so implementadas nos programas de fi-delizao nos seus diferentes formatos.

    SENIOR LOYALTY ADVISOR OF VON ARAL/BP: MANUEL WERNER; HEAD OF KEY ACCOUNT MANAGEMENT RETAIL AT PAYBACK: ULRICH KIENDL; BRAND ACTIVATION PHARMA JOHNSON & JOHNSON: DANIELA ROTGER; GLOBAL PRODUCT OWNER CAMPAIGN PLATFORM PAYBACK: LISA SCHMITZ; EMNOS: DANIEL VIEIRA.

    A melhoria da eficincia operacional fundamental para o desenvolvimen-to de qualquer negcio. Nesta sesso sero apresentados exemplos prticos de aplicaes da metodologia KAIZEN na farmcia, assim como em outros ramos de actividade, com realce para os seus outputs. Dismistificao face a outras metodologias da qualidade.

    KAIZEN INSTITUTE: ANTNIO COSTA; FARMCIA LUCIANO E MATOS: HELENA AMADO.

    A crise afectou de sobremaneira os negcios em Portugal. Conhea nesta sesso testemunhos, na primeira pessoa, do sucesso que a criatividade lusa pode atin-gir, inspirada em valores comuns aos das farmcias.

    H3: ALBANO HOMEM DE MELO; TEN TO TEN: PEDRO CAPAZ; A PADARIA PORTUGUESA: NUNO CARVALHO; BANCO CTT: JOO MELLO FRANCO; FARFETCH: MARIANA ASCENO; PORTO RCCUA VINHOS: PAULO MENESES OSRIO.

    A sesso Pharmaceutical Bites pretende dar a conhecer o que de novo est a ser desenvolvido ao nvel da teraputica, dispositivos mdicos ou produtos de sade e bem-estar, e os seus impactos na amplitude da aco que caracteriza o acto farmacutico.

    BLUEPHARMA: CLUDIA SILVA; LINEHEALTH: LOURENO OLIVEIRA; ABBVIE; BIOSURFIT: DANIEL NEVES

    SESSES PARALELAS15 ABRIL

    :1

    :2

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    VER PG.

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    COMRCIO ELECTRNICO MODA OU FUTURO?

    ENCONTRE O PERSONAL TRAINER PARA A SUA FARMCIA

    INOVAR NA COLABORAO EM CUIDADOS DE SADE

    A DIFERENCIAO DAS FARMCIAS NA ABORDAGEM AOS MNSRM

    NO DIABETES! UM DESAFIO S FARMCIAS

    Nesta sesso sero apresentados exemplos prticos de portais online na rea do medicamento, assim como a experincia adquirida na implementao dos seus modelos de negcio.

    KARMA E FARMCIAS PORTUGUESAS: RUI CORREIA NUNES; IDC: GABRIEL COIMBRA; LA REDOUTE: PAULO PINTO; GLINTT: JOO ARAJO

    A optimizao de processos nas reas Operacional, Econmico-Financeira, Re-cursos Humanos e Marketing so fundamentais para alavancar o seu negcio. H uma soluo para passar da teoria prtica... aceita o desafio?

    FARMCIA RAINHA; FARMCIA LISBOA

    Transformao dos cuidados de sade primrios para cuidados de sade de qualidade, centrados no cidado e com uma nova gerao de equipas multi-profissionais. Que modelo colaborativo entre as farmcias e as USF faz sentido desenvolver e implementar?

    DIRECO USF-AN: JOO RODRIGUES; FARMCIA SADE: ANABELA MASCARENHAS; SERVIOS FARMACUTICOS ANF: RUTE HORTA

    A categoria de MNSRM de dispensa exclusiva em farmcia recente no pa-norama da classificao de medicamentos quanto dispensa. Importa assim perspectivar a sua evoluo e o desafio estratgico que representa para o rela-cionamento da farmcia com os utentes e com a prpria indstria farmacutica. Quais os medicamentos classificados neste mbito em outros pases? Haver oportunidade para alargar a lista de medicamentos desta categoria e a interven-o das farmcias no nosso pas?

    FORMIFARMA: JOS ARANDA DA SILVA; MEDINFAR: JOO ALMEIDA LOPES; FARMCIA DO ALTINHO: HENRIQUE SANTOS

    Mais de 1 milho de portugueses tem diabetes e, destes, cerca de metade des-conhece ter a doena, que progride silenciosamente at surgirem as primeiras complicaes. Perante a dimenso deste problema e a necessidade de se encon-trar abordagens integradas em toda a sociedade num esforo de preveno e identificao de indivduos em risco, quais as oportunidades para uma inter-veno articulada e sinrgica entre farmcias e os cuidados de sade primrios? O que podemos aprender com as iniciativas locais?

    PROGRAMA GULBENKIAN INOVAR EM SADE: JORGE SOARES; FARMCIA ALVA: MARIA DE LURDES DA SILVA SANTOS E PAULA DINIS

    16 ABRIL

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    VER PG.

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  • ENTRE NS62

    :O ministro da sade, numa importante en-trevista ao jornal Expresso, reconheceu que muitas farmcias esto em grandes dificuldades. Nos ltimos anos, temos alertado sistema-ticamente para esta realidade. Milhares de associados sentiram-na na pele, de forma angustiante ou mesmo at ao desespero final.

    muito importante que o problema das farmcias seja reconhecido, sem sofismas, pelo mais alto respons-vel da governao da Sade.

    O mais recente levantamento, publicado pela ANF em Maro, revela a existncia de 549 farmcias em situa-o de insolvncia ou de penhora. O fenmeno cresceu 127,8% em apenas trs anos. Estamos perante uma gra-ve disfuno estrutural de natureza econmica. Temos, agora, 18,7% das farmcias ameaadas. Uma em cada cinco farmcias dos portugueses est em risco.

    Outro facto relevante que o mais alto responsvel da poltica de Sade assume plena conscincia do valor econmico e social em perigo. As farmcias so a maior e melhor distribuda rede de servios de sade. Mais de 70% da populao tem uma farmcia a menos de dez mi-nutos de casa. Uma recente sondagem da Universidade Catlica revelou que a farmcia o servio de sade mais procurado aos primeiros sintomas de doena quotidia-nos, com ndices de satisfao superiores a 90 por cento.

    As farmcias portuguesas j antes da crise pratica-vam as margens de comercializao mais baixas da Euro-pa, apenas a par da Romnia. Mas oferecem um servio alinhado pelos melhores padres mundiais de qualidade, com trs farmacuticos por farmcia, rotinados na actua-lizao cientfica ao longo da carreira. A rede de farmcias tambm investiu, sempre frente do tempo, nos melhores instrumentos tecnolgicos e informticos dedicados se-gurana e qualidade da dispensa de medicamentos.

    URGNCIA

    Adalberto Campos Fernandes mostra empenho em passar das palavras aos actos e na materializao de uma soluo at ao final de Abril. O ministro defende um modelo que, salvaguardando a estabilidade oramen-tal, crie mecanismos para que as farmcias no fiquem to dependentes da margem e tenham outros lucros relacionados com a prestao de servios, ou at com o aviamento de receitas mdicas.

    Todos sabemos que a soluo do grave problema das farmcias se tornou dramaticamente urgente.

    Se falhssemos agora, a qualidade do servio farma-cutico sofreria perdas irreparveis.

    Deve entusiasmar-nos, como sempre aconteceu, a possibilidade que se abre de os farmacuticos contribu-rem para mais um salto organizativo no SNS. As farm-cias esto preparadas para serem parceiras do SNS, na Sade Pblica e na programao estrutural de poupan-as oramentais, como acontece nos melhores sistemas de sade do Mundo.

    Chegou a hora de agir.

    AS FARMCIAS ESTO PREPARADAS PARA SEREM PARCEIRAS DO SNS

    PAULO CLETO DUARTE

    PAULO NETO