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Boletim do que por cá se faz. FAZENDO Edição nº 11 | Quinzenal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Quinta-feira Agenda Cultural Faialense 19 Fevereiro 2009 A paisagem é bonita, não é? Tome conta dela.

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Agenda Cultural Faialense Comunitário, não lucrativo e independente.

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Boletim do que por cá se faz.

FAZENDOEdição nº 11 | Quinzenal

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Quinta-feiraAgenda Cultural Faialense

19 Fevereiro 2009

A paisagem é bonita, não é? Tome conta dela.

#2 COISAS... compostasFICHA TÉCNICA

FAZENDOIsento de registo na ERC ao

abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2.

DIRECÇÃO GERALJácome Armas

DIRECÇÃO EDITORIALPedro Lucas

COORDENADORES TEMÁTICOS

Catarina AzevedoLuís MenezesLuís Pereira

Pedro GasparRicardo Serrão

Rosa Dart

COLABORADORESAlbino

Ana CorreiaAndreia Braga Rodrigues

Aurora RibeiroEcoteca do Faial

Fausto AndréFernando Menezes

Ilídia QuadradoJorge Costa Pereira

Tomás Silva

GRAFISMO E PAGINAÇÃOVera Goulart

[email protected]

FOTOGRAFIA CAPAAntónio Viana

PROPRIEDADEAssociação Cultural Fazendo

SEDERua Rogério Gonçalves, nº18,

9900-Horta

PERIODICIDADEQuinzenal

Tiragem_400

IMPRESSÃOGráfica O Telegrafo, De Maria

M.C. Rosa

[email protected]

http://fazendofazendo.blogspot.com

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

O Núcleo Cultural da Horta (NCH) foi fundado a 20 de Março de 1954. Os seus Estatutos inici-ais foram aprovados por despacho ministerial de 24 de Março de 1955. Os actuais datam de 2007 e, ambos atribuem ao Núcleo a competência de: «a) Promover ou patrocinar estudos históri-cos, etnográficos, linguísticos e científicos, relativos aos Açores, em geral, e, em especial, à ilha do Faial; b) Promover a publica-ção ou divulgação de trabalhos culturais, de reconhecido valor; c) Publicar com regularidade o seu “Boletim”; d) Promover ou patrocinar outras manifestações culturais, compatíveis com a ac-tividade do NCH».Surgido na sequência da criação do Instituto Histórico da Ilha Terceira (1942) e do Instituto Cultural de Ponta Delgada (1943), o NCH foi a resposta institucional local às necessidades e exigências da sociedade faialense de meados do século passado na área da pro-moção e do desenvolvimento cul-tural.Com o 25 de Abril de 1974, com a democratização cultural que o acompanhou, com o surgimento do Governo Regional dos Açores e dos seus departamentos na área da cultura que promovem activi-dades próprias, com a progres-siva intervenção das autarquias locais na organização de eventos

culturais, com a fundação e con-solidação da Universidade dos Açores, com tudo isso, o espaço de intervenção e o papel do NCH foi reduzido e teve de ser repen-sado.Actualmente o NCH tem pro-curado desenvolver, na medida das suas possibilidades, a sua acção direccionada em três fr-entes: de um lado, dando priori-dade à publicação regular daquele que é, desde a sua fundação, o seu ‘rosto’: o Boletim do NCH. Por outro lado, apostando no desenvolvimento de projectos de cooperação, envolvendo a Câmara Municipal e outras insti-tuições culturais locais em parce-rias que têm permitido, por exem-plo, concretizar iniciativas com a relevância do Colóquio «O Faial e a Periferia Açoriana nos Séculos XV a XX». Finalmente, o Núcleo tem procurado desenvolver uma política editorial que concilia a publicação de fontes e estudos considerados importantes para o conhecimento do nosso passado colectivo com a edição de obras destinadas à divulgação cultural e de autores locais.Neste contexto, o NCH tem vindo a procurar afirmar um lugar no conjunto da promoção cultural no Faial: um lugar que não é o do er-uditismo elitista, nem o da cultura popular, antes, sim, um espaço híbrido, movente, dinâmico, que

se situa entre a erudição e a inves-tigação universitárias e a ligação à comunidade concreta que serve e à dimensão popular que uma di-vulgação cultural actuante exige.Por outro lado, tem sido o seu de-safio quotidiano encontrar finan-ciamento regular e suficiente para a concretização dos seus projec-tos. Inserido numa comunidade com cerca de 15.000 habitantes, com um tecido empresarial de poder limitado e na sua maioria sem disponibilidades para inve-stir em actividades culturais, di-ficilmente o NCH consegue que-brar a dependência financeira dos apoios oficiais. Daí a importân-cia determinante e crescente que os apoios oficiais possuem na viabilização das actividades do NCH.Por isso, urge que os departamen-tos governamentais olhem para os institutos culturais açorianos como parceiros privilegiados e capazes de assumir directamente algumas vertentes da intervenção cultural nos Açores. Nessa me-dida, a actual política de apoios oficiais necessita ser repensada e reformulada de modo a permitir que os financiamentos viabilizem de facto as iniciativas e não sejam habitualmente um apoio mitigado e insuficiente.

Jorge Costa Pereira

Cronicazinhas... OBAMAMOMENTO INSPIRADOR

Perante 2 milhões de pessoas em Washington D.C. e muitos milhões em todo o mundo, tomou posse no dia 20 de Janeiro o 44º Presidente dos E.U.A., Barack Obama.Pelas suas próprias palavras e por tudo o que se tem dito, uma nova era se abriu para a história da América e, espera-se, para o resto do planeta.Em perto de vinte minutos, Obama sintetizou os seus propósitos tendo referido a crise económica e financeira, a guerra e a paz, os direitos humanos, o respeito pela Constituição, a energia e o ambiente e o papel do seu país nas relações internacionais.Disse Obama que, “o mundo mudou e que nós te-mos de mudar com ele”.São assim grandes os desafios e enormes as expec-tativas, embora todos saibamos que um homem sozinho, por mais capacidade e carisma que tenha, não pode mudar tudo.Creio contudo que esta eleição constitui um mo-mento inspirador para a humanidade.Nesta nossa vida e no meio de tanta desgraça, de guerras, de fome, de crises várias, de fraudes e cor-rupção e de tantos outros flagelos, são momentos como este e homens como Obama que nos inspiram e nos fazem acreditar que nem tudo está perdido e que vale a pena continuar a lutar por valores.Gandi, Luther King e Mandela são exemplo de personalidades que inspiram as nossas vidas e en-riquecem o nosso quotidiano.Que os Deuses te ajudem Barack Obama e que te julguem pelo teu carácter e não pela cor da pele, como sonhou Martin Luther King.

Fernando Menezes

PS- Pela net chega-me esta frase:“Se eu soubesse que a América seria governada por um de nós, jamais teria mudado de cor. “ (Michael Jackson)

NOME: Kirsten JakobsenIDADE: 39ORIGEM: Hamburgo, AlemanhaDATA DE CHEGADA: 2000PROFISSÃO:antes trabalhava no Serviço Diplomático, agora na Funda-ção Rebikoff-Niggeler, onde faz de tudo um pouco, desde administração a mergulho.CASA: própria

Porque veio?O meu marido já estava cá desde 1989, nós con-hecemo-nos em Lisboa, depois vim cá e gostei das ilhas, do trabalho e de todo este projecto de explorar o fundo do mar.Também gostava do meu trabalho anterior, mas de quatro em quatro anos mudava-se de sítio... e aqui é um privilégio viver tão perto do mar, da água azul.

Porque ficou?Decidimos continuar juntos neste projecto do submarino e este é um sítio óptimo para este tipo

de trabalho: documentar o mar profundo (mergul-hamos até 500 metros de profundidade!) E depois aqui há muita qualidade de vida. Nós temos uma filha de 8 anos e para uma criança é um sítio pací-fico, seguro, junto à natureza, para ela crescer! Talvez haja coisas que faltam aqui... mas...

O quê, por exemplo?

Pois pensando bem... acho que não falta nada! Bom, para nós a família está longe, as viagens são morosas... isso sim, é um pouco difícil...

Até quando?Nunca se sabe, a vida é cheia de surpresas. Mas por agora não temos planos de sair daqui. A nos-sa filha está na escola... Gosta de cá estar, é a terra dela.

O que há no Faial que não há em mais lado nenhum? Não sei... Cagarros? Também há cagarros nas Canárias... Eu gosto cada vez mais de viver numa ilha pequena, e numa sociedade pequena, porque não se perde tempo em trânsito e durante o dia há mais contactos pessoais, mesmo que não sejam muito profundos... gosto de viver numa sociedade pouco anónima.

Costuma ir à Alemanha?Sim. Uma ou duas vezes por ano vamos à Ale-manha. Tenho os meus pais lá, e acho importante a minha filha manter o contacto com os avós, os tios, os primos... toda a família. E manter o con-tacto com as duas culturas!

Aurora Ribeirohttp://ilhascook.no.sapo.pt

Chegadas, Arrivals, Arrivées...

O Núcleo cultural da Horta na cultura do Faial

Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCAOs irmãos Dardenne estão de volta com um filme que nos convida à reflexão

“Depois de lutar tudo o resto na vida tornava-se menos importante. Podia-se lidar com tudo. Começavamos todos a ver as coisas de ma-neira diferente. Onde quer que fôssemos olhavámos e medíamos bem as coisas. Sentia dó pelos tipos do ginásio, a tentarem parecer como o Calvin Klein ou o Tommy Hilfiger lhes disseram para ser.O clube de combate não tinha a ver com vencer ou perder. Não tin-ha a ver com palavras. A gritaria histérica estava nas línguas como numa igreja Pentecostal. Quando a luta acabava, nada se resolvia. Mas nada importava. No final, sentíamo-nos todos a salvo.”

Jack vivia agora com Tyler. Na mesma mansão decadente, cheia de infiltrações, enorme, sem electricidade e envolta em manuscritos a apodrecer. Depois da primeira luta. Outras pessoas juntavam-se. Homens normais de fato e gravata que encontravam naquele com-bate na rua uma forma de se reencontrarem a eles próprios sem hipocrisias, sem falsas medidas. Quando um homem luta contra um outro não com a cabeça, ou palavras inteligentes, mas com o seu corpo, com a sua vida, ele apresenta a sua verdade para além do medo e sofre as consequências disso: dor e libertação. A luta leal entre desconhecidos: uma face possível em contraposição a uma sociedade hipocritamente pacifista. Temos visto outras na reali-dade: como por exemplo, a proliferação de estados psicóticos que levam ao suicidio e ao homícidio ou genocídio.

Há uma conversa entre Jack e Tyler que vai tocar o cerne da questão:Tyler: “Se pudesses lutar contra qualquer pessoa contra quem lu-tarias?”

Jack: “O meu patrão.”Tyler: “A sério?”Jack: “Sim, porquê? Com quem lutarias tu?”Tyler: “Com o meu pai. O meu pai nunca andou na universidade. Então era muito importante que eu fosse. Então licenciei-me. Telefonei-lhe e disse: Pai, e agora? Ele disse: Arranja um emprego. Aos 25 anos, telefono outra vez: Pai, e agora? Ele disse: Não sei. Casa-te.”Jack (recordando): “Não nos podemos casar. Sou um rapaz de 30 anos.”Tyler: “Somos um geração de homens criados por mulheres. Per-gunto-me: será outra mulher mesmo a solução que preciso?”

Uma crónica sobre este filme falava do facto de ser muito apreciado pelos homens e pouco pelas mulheres. Uma mulher dizia que era a sedução do apelo ao guerreiro oculto nos homens que os entu-siasmava e um colega homem retorquiu que a sociedade estava feminizada. Creio que ambos têm razão do ponto de vista negativo. Pelo outro lado, vejo que todos os homens são guerreiros e todas as mulheres feiticeiras (*).

Neste filme há uma feiticeira. Marla. Vive como quem pode mor-rer a cada instante. O seu processo autodestrutivo não é através de violência externa como Jack, mas interna. Vagueia pelas ruas fumando e sem rumo. Ela telefona então para Jack depois de engo-lir um frasco inteiro de Xanax. Jack não quer ouvir. Mas Tyler sim. Tyler envolve-se com Marla. Jack fica sem saber porquê chateado. Tyler diz-lhe a frase chave para a esquizofrenia de Jack: “Não con-tes sobre mim, a ela.”Depois de uma conversa com Jack, Marla vai-se embora da casa. E temos o plano mais bonito do filme: Marla de costas enquadrada por uma porta com a luz do sol lá fora.

De volta ao clube de combate. Tyler começa agora a dar peque-nas missões para os “sócios” do clube. A primeira é: começar uma luta com um estranho na rua e perder propositadamente. Não era fácil:”A maior parte das pessoas normais, faz tudo o que pode para evitar uma luta”. Depois foi evoluindo para pequenos actos de pseudo-vandalismo como colar cartazes com estranhas mensagens

ambientalistas ou reunir dezenas de pombos para cagarem por cima dos BMWs de executivos. Este homens acabaram por mudar-se todos para mansão de Jack e Tyler para preparem a destruição sem vítimas humanas dos prédios das empresas bancárias de cartão de crédito. Objectivo: contas a zero para todos.

“Vejo no clube de combate os homens mais fortes e espertos de sempre. Vejo todo este potencial. E vejo-o desperdiçado. Toda uma geração a trabalhar em gasolineiras. A servir à mesa. Escravos de colarinho branco e gravata. A publicidade impige carros e tra-pos. Empregos que detestamos para comprarmos merdas que não precisamos. Somos os filhos do meio da História. Sem objectivos nem lugar. Nenhuma guerra ou depressão. A nossa grande guerra é espiritual. A nossa grande depressão é as nossas vidas.”

Jack e Tyler são a mesma pessoa. Tyler é um alter ego que Jack criou para si mesmo como personificação dos ideais que não conseguia tranpôr para a sua própria vida. É o seu guru interno. É o arquétipo masculino que o permite superar-se a si mesmo. Ele ensina-o a não fugir da dor e da morte, ensina-o a render-se: “Só após perder-mos tudo é que ficamos livres para fazer algo”. Jack criou a sua própria esquizofrenia. E no final percebe-o por causa da feiticeira. Marla, ausente e presente, ela é o outro que na dúvida e compaixão vai dar-lhe a chave da sua existência. Quando Jack pergunta sobre ele mesmo, sobre o que ela viu, ele passa a saber quem é. Marla é a única que pode funcionar como um espelho verdadeiro para Jack. Tyler foi uma ficção necessária, mas que encontra o seu limite. Jack percisa de tornar-se uno, consciente de todo o seu ser. Guru Ty-ler tem de ser morto. E assim é. Quando Marla chega ao topo do arranha-céus ela não sabe se ama Jack. Mas podem assistir juntos de mãos dadas a queda irónica de um império.

Fausto André

(*) na esquizofrenia da sociedade moderna o guerreiro feminizou-se e é um falso pacifista descorporalizado e cheio de medo de tudo e a feiticeira masculinizou-se e é uma falsa bem-intencionalizada descorporalizada e cheia de medo de si mesma. Uma conhecida norueguesa sintetizou a coisa dizendo: “Man are selfish bastards and women are manipulative bitches” – os homens são os bastardos egoístas e as mulheres cabras manipuladoras

Clube de Combate: Esquizofrenia e Amor (parte II)

O filme conquistou o prémio de melhor argumento na última edição do Festival de Cannes, e estreou em Lisboa no final do ano passado. O SILÊNCIO DE LORNA é uma produção de 2008 e conta com o argumento e a realização de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne.Trata-se de uma história de grande potencial dramático e realista – o ilícito da venda da nacionalidade da U.E. a troco de um casamento forjado com uma albanesa que, após um matrimónio, também ele falso, adquire a nacionalidade belga.A película é actual e fala-nos de um tema recorrente na Europa dos nossos dias, a imigração. Os irmãos Dardenne criam um ambiente mudo e dorido, levando

o espectador a uma viagem que não dura apenas o tempo da projecção. Os nossos neurónios continuam activos até muito tempo depois da sessão.Arta Dobroshi, uma actriz albanesa, veterana no teatro, dá vida à personagem contida e passiva de Lorna. Por seu lado, Jérémie Renier é o desesperado Claudy e o triste casal acaba por conquistar quem assiste ao filme.Os Dardenne são uma espécie de

praticantes de um Cinema que se destaca por um interesse constante em observar as personagens de uma forma naturalista (quase neo-realista).Depois de realizarem duas obras magníficas (O Filho, de 2002, e A Criança, de 2005), os manos Dardenne voltam a mostrar uma atenção aos detalhes, com uma mise-en-scène cuidadosa que transforma o espectador numa espécie de voyeur.O SILÊNCIO DE LORNA, fascina sobretudo, pela sua abordagem narrativa realista. Uma longa-metragem, que lembra em alguns aspectos, os filmes anteriores dos irmãos belgas, por isso, recomenda-se o seu visionamento.

Luís Pereira

Já foi visto...

“Cristovão Colombo”Uma película de Manoel de Oliveira

Cinema Português, porque não? Manoel de Oliveira? Sim. Mas é longo? Não. Este tem 75 minutos, e é uma “ficção documental” so-bre o nosso presente. “Cristóvão Colombo - O Enigma”, um “filme

tese ou de tese”. A tese, nos seus traços fundamentais… Cristóvão Colombo, o descobridor da América, não era genovês mas português, alentejano de Cuba. O filme baseia-se num livro do casal Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge Silva. É uma película que seduz, abordando os mistérios do amor. No elenco, claro está, Manoel de Oliveira, Ricardo Trepa, Léonor Baldaque e Luís Miguel Sintra. A película foi estreada na bienal de Veneza fora de com-petição, e foi considerada, no entender da crítica independente, “o filme mais significativo da mostra”. Um filme para ser visto na Horta, no final de Março. O Mestre Oliveira, nunca é demais recordar, já fez 100 anos, e é actualmente o realizador mais velho do mundo. Com mais de 30 filmes, con-tinua a sua brilhante actividade cinematográfica, pois essa é a sua maneira de se manter jovem.

L.P.

À VISTA

#4 COMICHÃO NO OUVIDO Música

Já foi ouvido...

SEVENTH TREEGoldfrapp 2009

Depois de um fulgurante iní-cio pela via do retro/ electro, e movendo-se depois para o campo do electro-pop e do glam, Goldfrapp regressou à evocação dos ambientes sonoros de Felt Mountain, most-rando mais uma vez a sua facilidade para criação de esté-ticas de composição simples e belas, através do novo álbum “Seventh Tree”. “Caravan Girl” é o tema mais promissor, essencialmente devido à força do seu refrão, a remeter-nos mentalmente para um dramático pôr-do-sol, quem sabe, no Vulcão dos Capelinhos. Este novíssimo trabalho vale es-sencialmente pelas atmosferas que a voz e instrumentação despertam ao nosso ouvido, e que expressamos em mundos imaginários construídos na nossa caixa das ideias. É bom que experimentem.

F.

AS MÃOS (COMPILA-ÇÃO)António Pinho Vargas 1998

António Pinho Vargas. Com-positor e músico completo e multifacetado, dos músicos mais importantes e respeita-dos da cena contemporânea

actual. Nascido em 1951 em Vila Nova de Gaia, a música de António Pinho Vargas viajou do jazz (com Zanarp, Abralas e outros) à exploração da música erudita contem-porânea. Há mesmo quem lhe chame o pai do jazz português. Pelo meio ainda, uma aventura pelo rock, consubstanciada sobretudo

na sua passagem pela Banda Sonora de Rui Veloso. Em “As Mãos, O Melhor de António Pinho Vargas”, compilação organizada pelo próprio e por Jorge Mourinha, o motivo de prazer é o Jazz. São onze temas dos seus seis álbuns anteriores (”Outros Lugares” - 1983, “Cores e Aromas” - 1985, “As Folhas Novas Mudam de Cor” - 1987, “Os Jogos do Mundo” - 1989, “Selos e Borboletas” - 1991, “A Luz e a Escuridão” - 1996), momentos onde se expressam de-finitivamente os dotes de grande compositor. Músicas como “Tom Waits”, “A Dança dos Pássaros” e “Vilas Morenas”, são já espólio da música portuguesa, e este disco uma excelente síntese do uni-verso “jazzístico” do músico, sendo uma peça fundamental para iniciação ao conhecimento da sua obra. .

F.

Os Sons da ImaginaçãoÀ DESCOBERTA

EVERYTHING THAT HAPPENSDavid Byrne & Brian Eno 2008

David Byrne é o mítico cria-dor dos Talking Heads há cerca de 30 anos atrás. Brian Eno é um compositor britânico famoso pelos sintetizadores, tendo trabalhado com Roxy Music, David Bowie, o próprio David Byrne, U2 e James. No final de 2008, David Byrne e Brian Eno lançaram o fresquíssimo “Everything That Hap-pens Will Happen Today”, na segunda parceria entre os dois músicos. O estilo “folk /electrónico/ gospel” de Eno amplifica o génio musical de Byrne, e o resultado é muito interessante, cheio de novas e simples texturas traduzidas pelas guitarras acústicas e brilhantes em contraste com os modernos sons de sintetizador. A mensagem é espiritual sem ser religiosa, e o conceito musical é heterogéneo nos estilos por onde viajam, mas ao mesmo tempo bastante coe-so e equilibrado. Quase 30 anos depois de “My Life In The Bush of Ghosts”, os dois músicos fazem uma nova colabo-ração neste disco, e preparam-se para uma tournée 2009 que promete, pois irá girar em torno do novo disco mas terá sempre presente a aura dos Talking Heads e um pouco do percurso de Brian Eno.

F.

Concluiu-se no fim-de-semana passado a oficina de construção de instrumentos musicais no Teatro Faialense, orientada pelo músico Carlos Guerreiro. Ao longo de 15 supersónicos dias, puderam-se aprender e desenvolver as mais variadas técnicas construtivas, utili-zando materiais reciclados ou orgânicos, tais como cana de bambu, rolhas de cortiça, corda, plástico, tubo de ferro, restos de madeira, tubo VD, cordas velhas de aço, peles, radiografias, etc. Quanto ao universo sonoro, viajou-se pelos aerofones, lamelofones, cor-dofones, idiofones e membranofones, tendo o resultado superado as expectativas no que respeita ao interesse manifestado pelos for-mandos, nos quais me incluo. Apesar de na sua essência, os instru-mentos construídos serem relativamente simples, o conhecimento adquirido permitir-nos-á construir quase tudo dentro do expectro dos instrumentos musicais, sendo o limite a inspiração e o tempo disponível. Pode-se concluir que foi uma experiência muito impor-tante para as pessoas envolvidas, tendo aberto portas para a criação e exploração de sonoridades alternativas, à semelhença do que já tinha acontecido com o workshop de Ableton Live, que em Janeiro abriu a agenda de oficinas 2009 do Teatro Faialense. Um bem haja a todos os participantes, e em especial ao Carlos Guerreiro pelo conhecimento e amizade que nos transmitiu nesta sua (re) pas-sagem pelo Faial. Nesta fase, prepara-se um pequeno vídeo para apresentar à comunidade, e que expressa um pouco do que foi esta oficina e do resultado final em termos de instrumentos produzidos e o respectivo som. As oficinas seguem já em Março com teatro, numa parceria entre o Teatro Faialense e o Teatro de Giz.

Fausto

O som inconfundível do chorinho vai andar à solta! A Roda de Choro de Lisboa convida toda a gente para um pézinho de dança ao som de músicas como “Carioquinha”, “Assanhado” ou “André de Sapato Novo”. A música condiz com os bailes do Rio de Janeiro do início do século XX, e a indumentária dos virtuosos músicos apre-senta rigor, do sapato preto ao panamá branco, como nas fotos monocromáticas da época. O som, esse, não é a preto-e-branco. Envolve-nos com o colorido das composições de Pixinguinha, Jacob do Bandolim ou Waldyr Azevedo, onde o scottish, a polka e a valsa se misturam com o ritmo nativo numa mistura explosiva e alegre. Sexta Feira, pelas 23.30, no Teatro Faialense.

F.

Roda de Choro de Lisboa: Baile do Teatro Faialense

Pub

Arquitectura e Artes Plásticas PVC

Michael BibersteinQuem esteve atento ao Faial Filmes Fest teve a oportunidade de se cruzar com o trabalho de Michael Biberstein, se por acaso viu “O meu amigo Mike ao trabalho’, de Fernando Lopes. O artista nasceu em Solothurn, na Suiça, em 1948. Veio para Portugal nos anos ’70, para Sintra inicialmente, mas deixou-se apaixonar pelo Alto Alentejo onde vive e trabalha actual-mente.A pintura de Michael Biberstein assume um carácter muito próprio e quase metafísico, pela abordagem conseguida sobre a paisagem. Não a representando de uma forma absolutamente

realista, o artista parece conseguir atingir a sensação de sub-lime que se apodera da ligação estabelecida entre um observa-dor e uma paisagem que o toca interiormente. Com influências várias, que vão desde o romantismo alemão à pintura tradi-cional chinesa, passando pelo minimalismo norte-americano e por enquadramentos que poderiam ter vindo da Land Art, Mi-chael Biberstein produz obras de grande dimensão e de uma interioridade capaz de absorver o espectador, de corpo e alma, por um longo momento.

.Ana Correia

Já foi exposto...

As Podinhas Públicas que por cá se vão Fazendo Deixam imaginar as Árvores que poderíamos AdmirarPorque é de ar admirado que permaneço ao admirar o ar de tais árvores podadas.Perdão, esclareço, o tema que abordo neste artigo é esse mesmo - “Talvez Podar “ – a partir de um passeio pelos passeios e vias que circundam a nossa ilha do Faial “…sem sabor tropical…” nas palavras de um dos temas dos Bandarra. Esta referência ao “sabor” parece-me pertinente, porque o artigo será escrito em tom sério e humorístico, procurando por um lado compreender as razões para as árvores nos serem apresentadas com tal figurino e por outro, lançar ideias para, sendo que assim é, o podermos aceitar, e quem sabe rir de tal tristeza, num contínuo caminho de sermos tão bem adaptadinhos que nada nos incomoda, que nada nos importuna, nada nos admira, nada nos estimula, etc e tal, e mais o facto desta generalidade correr o rico de todas as generalidades não serem ge-niais, pelo menos para aqueles que nelas não se revêem, a essas peço que compreendam o sentido que tais generalidades também têm. Cá por mimdou por mim tantas vezes adaptadinho!Assim, “sabor” antevê, para os mais atentos, aquilo que não temos ou não sentimos, digamos, a antropologia de ser tropical obser-vada através das árvores, desculpem, através das podas que, não simplesmente, LHES dão, mas, LHE DAMOS. Porque, com sa-bor, penso ser necessária sombra, e a música do vento que acaricia as folhas que batem palmas à sua passagem e tantas vezes, ou em vezes de boa sorte, à nossa paragem debaixo da copa que nos serve de cúpula ou cópula! Mas não, aqui, na nossa paisagem urbanizada pelas árvores autóc-tones e por outras que um de nós um dia trouxe e plantou, reorga-nizando e criando um novo espaço, não existe tempo para dar lugar a copas e sem elas, não existem outros tempos.Mas pronto!Descanso,Dou-vos Descanso…………………… Continuo,Recordo a conversa sobre este tema que tive com a Paula Lourinho, A importância das árvores, particularmente, as de grande porte, como é o caso dos Plátanos e dos Metrosideros (árvores que ilus-tram este artigo) na saudável tentativa de evitar maiores danos à nossa incorrigível capacidade de poluir e de respirar mau ar. As folhas sujam, é verdade!!, lixo orgânico, que antes de o ser, são órgãos sensíveis que produzem o que designamos por Fotossín-tese, que, sem explicações geniais, e recorrendo à generalidade, se designa por captação de CO2 (o nosso e natural poluente mais-querido e caro Dióxido de Carbono) libertando, ou melhor dizen-do, porque temos o síndroma do trabalho!, fabricando O2 (o nosso mais querido e caro ingrediente de vida). Para além disto, Aproveitem que esta parece será a parte séria do artigo! As podas

(escuta, escuta, quando escrevo esta palavra sou abalado pela ten-tação, ai meu deus!!) a que assistimos através do que resta das ár-vores, fazem perceber o esforço destas para nos oferecer, de novo, folhas, também sensores, responsáveis pela alimentação da própria árvore, também, barreira sonora a nós tão preciosa nesta nossa espécie motorizada contemporânea (eu próprio berrrrumm ber-rrrumm, lá vou eu na minha motinha!) e também, manta protectora dos troncos aos fungos e doenças que podem surgir quando ex-postas aos níveis de humidade, aos nossos, lembram-se?, sentem?, reumatismo, pois!!, será que as árvores também sofrem disso?Claroooo, talvez seja esta uma investigação pioneira neste e no nosso além mundo, este tipo de poda (ai, ai) .., Esperem Volto jáVou correr a perguntar aos meus queridos amigos cientistas (e queridas, está bem!) se isto é mesmo assim!!!Denuncio-vos agora a lógica deste artigo surgir nesta rúbrica de “ar-quitectura e artes plásticas” e não no espaço “ciência e ambiente”. A memoria retratada já tem direito a aniversário, porque todos os anos assisto e assistimos ao mesmo, a esta “talvez poda” que nos oferece as imagens que podem observar – e com atenção notamos que existe uma analogia entre a árvore (plátano) e um menir, ou, um conjunto de árvores (metrosideros) no estádio do Fayal Sport e um grupo de cheerleaders ou meninas dos pompons!, e outras analogias com certeza poderemos encontrar, enviem-nos.Isto é importante, o mais importante direi, porque sim, é o segredo artístico – paisagístico que evidencia uma arte e uma técnica com escala de “arte urbana”, fenómeno que pensava quase não existir na nossa paisagem, salvo uma ou outra instalação escultórica na ci-dade, e alguns bustos que pontuam, contudo de rara aparição nos restantes povoados de freguesia da ilha.Pois meus senhores e minhas senhoras, para além da forte apetên-cia e virilidade que os nossos homens jardineiros demonstram com as motosserras nas mãos orientados para a que pensávamos “talvez poda” (ai, ai!) há que unir a luminosidade da ideia e da procura de uma animação escultórica e de rua capaz de transformar a nossa maior visão romântica de uma árvore! Aliás, estou mesmo agora, mesmo, a ver Buda a meditar, naquele que foi o dia da sua iluminação, por debaixo de um dos nossos

plátanos ou metrosideros talvez podados!, desculpem-me, mas uma outra imagem possível se me esbarra à frente da mente, Cristo passeando, meditando e reunindo os seus apóstolos no monte e na sombra das oliveiras, perdão, metrosideros talvez podados.Será numa outra ocasião e com a vossa ajuda, se estiverem di-sponíveis, que continuarei por esta via de possibilidades. Mas em jeito de primeiro oásis - porque não é conclusão, antes um momento para ir beber um copo, que o deserto aperta quando temos e não queremos cuidar cuidadosamente (permitam o eufem-ismo) do nosso jardim, sem medo das sombras das copas, do sol nas cúpulas ou da paixão das cópulas - apelo:- ou, a um novo encontro para aprender a ler uma árvore e a podá-la com toda a técnica, ciência e arte que deve estar presente – houve uma oficina de aprendizagem e troca de conhecimentos e experiên-cias no ramo da poda em 2003 organizada pela Câmara Municipal em parceria com os Serviços Regionais.- ou, a uma nova visão iluminada para o sentido desta “talvez poda”, para a qual se deve organizar uma oficina de escultura ou até mobiliário urbano, sendo que, como matéria prima temos, nem

mais nem menos, as nossas queridas árvores que de amputadas sem futuro para nós passarão a cartão postal depois de esculpidas e tra-balhadas para nosso plástico prazer.Só temos a ganhar:- Antropologicamente damos um passo em frente na evolução da acção da nossa espécie, o que faz todo o sentido nesta data de celebração dos 150 anos da publicação da “Origem das Espécies” de Darwin.- Fisionomicamente não abandonamos o retrato musculado e viril do grupo de homens com as suas motosserras.- Filosoficamente abrimos caminho a outras e novas formas de pen-sar a relação entre árvore, vida, saúde, recreio… através deste novo conceito de poda.- Socialmente, ao criarmos este novo caminho de pensar e agir, não descurando o desgaste físico, vislumbramos maiores carinhos den-tro das famílias e consequentemente entre famílias. - Etc e tal e Haja Saúde Bem Humorada e Vontade de Mudar – visto está que por vezes, Algumas Coisas se Perdem, Algumas Coisas se Criam e Algumas Coisas se Transformam. (Fim da primeira divagação, apelo às vossas e espero o cruzamento das nossas!)

nota: para um alargado conhecimento do tema retratado, façam o favor de procurar no google, escrevendo em lugar próprio “podar plátanos”, agradecemos o vosso interesse e investigação.

Albino

(Untitled Double Landscape - 1999)

(Meninas dos Pompons)

(O Menir da Ribeirinha)

# 6 - ENDOS, - ANDOS, - INDOS Literatura

O gueto de Varsóvia é, antes do mais, uma imagem: um rapazinho de braços levantados e com a estrela de David cozida no casaco, um ar de estupefacção colado à cara, como se carregasse em si toda a dor do mundo. O Holocausto traduzido sem palavras, num simples olhar.O gueto de Varsóvia é também o espaço inicial do romance de Martin Gray, num périplo autobi-ográfico que o leva do gueto até ao campo da morte de Treblinka e daí para uma caça aos nazis.Refugiado nos Estados Unidos e depois em França, a vida inflige-lhe novo sofrimento quando perde a mulher e os filhos.Relato sobre o horror nazi e as suas consequências, Em Nome de Todos os Meus é também um hino à capacidade de superação e de resistência que existe em cada um de nós e um requisito pelos heróis anónimos.

C.A.

Edgar Allan Poe, duzentos anos depois

À CONQUISTA

Mãe, não tenho nada para ler...

Matilde

Talvez nunca tenhas ouvido falar de Roald Dahl mas de certeza que já ouviste falar dos heróis que ele inventou, em particular do Charlie e da fantástica fábrica de chocolate do Sr. Willie Wonka . Charlie viveu outra aventura mas talvez preferias descobrir Matilde, uma menina de cinco anos muito inteligente, tão inteligente que sabe mais do que qualquer adulto. Infeliz-mente, Matilde, que está numa escola horrorosa, tem uns

pais detestáveis que odeiam livros e que a acham muito estranha. Para saberes mais lê o livro e descobre todas as partidas que Matilde é capaz de inventar…(Uma palavrinha aos pais: Roald Dahl é um autor que escreve livros infantis mas todos eles são um retrato fiel do que pode correr mal na vida de um filho, uma boa razão para também lerem Matilde).

C.A.

Nascido há duzentos anos, em Boston, Edgar Al-lan Poe tornou-se conhecido por ser considerado um dos pais do género policial americano e pelo inesquecível “O Corvo”, poema (cujas melhores traduções devemos a Fernan-do Pessoa e Machado de Assis) que deu vida a uma série de mi-tos frequentemente adoptados pelo género televisivo, e que, na sua visão da morte se aprox-ima de “O Rei dos Olmos “ de Goethe. Poe tem fascinado ge-rações pelo universo sombrio e gótico que criou, tanto em Os Crimes da Rua Morgue como em A Carta Roubada ou na sua obra poética. O seu detective, C. Auguste Dupin, inspirou aliás outros escritores famosos (como Conan Doyle e o seu Sherlock Holmes) pois diver-tia-se a pô-lo em situações que lhe permitiam exercer os seus talentos dedutivos. Duzentos anos depois, as suas obras, que se base-iam na criação de um clima de terror psicológico e estão povoadas de personagens que oscilam entre a loucura e uma lucidez quase doentia, continuam

a deixar adivinhar os tormentos de um autor que viu a sua vida marcada pela perda dos que lhe eram queridos e pelo alcoolismo. É aliás a sua conturbada vida, associada aos temas tenebrosos que sempre o

habitaram, que alimenta grande parte das manifestações dos fãs do autor, que sempre se exac-erbam na altura das comemora-ções da sua morte. Contudo, a obra de Poe é muito mais que este roman-tismo negro que é a sua faceta mais conhecida, foi também um teorizador e acreditava que a lit-eratura deveria produzir obras que não deixassem adivinhar o trabalho que tinham exigido (um pouco como Fernando Pessoa, quando declara que se acercou de uma mesa para escrever, de uma assentada só, todo “O Guardador de Reban-hos” quando, na realidade este

foi visto e revisto inúmeras vezes) nem o sentido imediato da obra, como se quisesse impor ao leitor um esforço para descobrir os significados ocultos.

Catarina Azevedo

Já foi lido...Os Maiasde Eça de Queirós

Obra ora amada ora odiada por sucessivas gerações de estudantes, Os Maias é um romance que traduz a visão acutilante de um autor oriundo da Geração de 70 que nos apresenta uma radiografia perfeita da alta socie-dade lisboeta da 2ª metade do século XIX. Interligada com a história de três gerações da família Maia surge a crónica de costumes – autêntico desfile de figuras do meio social lisboeta que retratam de forma crítica a

situação decadente do país a nível político, cultural e social. De facto, assistimos à caricatura do país através de uma linguagem e um estilo dificilmente ultrapassados.

Ilídia Quadrado

Em Nome de Todos os Meusde Martin Gray

Pub

Biscoitos!

Ciência e Ambiente APAGA A LUZ

À descoberta dos jardins submersos dos Açores

Todos nós utilizamos diversos equipamentos eléc-tricos e electrónicos no nosso dia-a-dia. Quando em fim de vida útil, transformam-se em resíduos de equi-pamentos eléctricos e electrónicos (REEE) e, como tal, devem ter um tratamento específico, pois contêm substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente.Segundo a alínea b) do artigo 3º do Decreto-Lei nº 230/2004, de 10 de Dezembro, que estabelece o regime jurídico a que fica sujeita a gestão dos re-síduos de equipamentos eléctricos e electrónicos, “ os REEE são todos os equipamentos eléctricos e electrónicos que constituam um resíduo, inclu-indo todos os componentes, subconjuntos e ma-teriais consumíveis que fazem parte integrante do equipamento, no momento em este é descartado”. Em Portugal, existem dois sistemas integrados de gestão de REEE, cujas entidades gestoras são a AM-B3E – Associação Portuguesa de Gestão de Resíduos Equipamentos Eléctricos e Electrónicos e a ERP Portugal – Associação Portuguesa de R.E.E.E. Com o alargamento destes Sistemas Integrados de Gestão de REEE aos Açores, os detentores de REEE particu-lares passam a poder entregar este tipo de resíduos nos centros de recepção, gratuitamente, e com a garantia

de que os mesmos terão um destino final adequado. A recepção, armazenamento e expedição dos REEE produzidos no Arquipélago estão a cargo da empresa Varela & Cª, Lda e, no caso de São Miguel também da Associação de Municípios e da Rádio Popular, na Terceira da Resiaçores e Rádio Popular. Existindo contentores específicos para a recolha de REEE, denominados Pontos Electrão, nas instalações dos bombeiros voluntários da Ribeira Grande, Ponta Del-gada e Praia da Vitória. Na Ilha do Faial o centro de recepção situa-se nas instalações da empresa Farias, Lda., o detentor de REEE deverá entrega-lo directa-mente neste local, para o esclarecimento de dúvidas poderá ligar para o 808 205 500. No caso de se tratar de resíduos sólidos volumosos, vulgarmente conheci-dos por “monstros domésticos”, a Câmara Municipal assegura o serviço de transporte até às instalações do centro de recolha, para tal apenas necessita de entrar em contacto com a Autarquia ou Junta de Freguesia.Para obter mais informações e esclarecimentos sobre o Sistema de Gestão de REEE consulte as páginas da Internet: www.amb3e.pt e www.erp-portugal.pt.

Dina Dowling/Ecoteca do Faial

Resíduos e Equipamentos Eléctricose Electrónicos - Que destino?

Substitua os detergentes habituais por detergentes ecológicos caseiros:Para a limpeza da sua casa opte por produtos de limpeza simples e naturais, apresentamos algumas receitas caseiras:

•Na limpeza de vidros e espelhos utilize uma solução de vinagre ou limão misturados com um pouco de água;•Para o forno do fogão deverá misturar bicarbonato de sódio, sal e água quente, passar com uma esponja, e remover com um pano;•Para a casa de banho misture duas chávenas de vinagre com um pouco de bicarbonato de sódio e aplique directamente na sanita, deixe actuar de um dia para o outro;•Para remover odores e cheiros desagradáveis utilize uma solução de ervas aromáticas com sumo de limão em vez dos comerciais ambientadores.Estas receitas simples são uma alternativa, ecológica e muito mais económica porque evitam a compra de produtos que causam impacte na nossa saúde e ambiente.

Dina Downling/Ecoteca do Faial

AQUELA DICA

A recente aplicação de novos instrumentos de mapeamento acústico e de submersíveis à ex-ploração e ao estudo dos fundos oceânicos, rev-elou uma grande abundância de ecossistemas de corais em inúmeras regiões do Atlântico, Mediterrâneo, Pacífico e Índico. Estes organ-ismos designam-se vulgarmente por corais de águas frias, diferindo das espécies tropicais por não possuírem dinoflagelados simbiontes.A diversidade de corais no mar profundo dos Açores é elevada, tendo sido registadas, até à data, 120 espécies. Estes animais ocorrem nas encostas submersas das várias ilhas do arqui-pélago, nas vertentes dos montes submarinos e nas fontes hidrotermais, sendo os habitats preferenciais predominantemente de substrato rochoso e com elevada exposição às correntes oceânicas. As gorgónias são as espécies predominantes destacando-se quer pela sua abundância quer pelo seu tamanho, podendo algumas colónias atingir os 2 metros de altura e 1,5 metros de largura (exs: Callogorgia verticillata, Paraca-lyptrophora josephinae). É vulgar confundir-se estes animais com algas, dada a sua estrutura ramificada e suportada por um único eixo. A frágil gorgónia branca Viminella flagellum também é muito abundante e assemelha-se a um chicote comprido, ligeiramente enrolado na extremidade.Lophelia pertusa, Madrepora oculata e Sole-nosmilia variabilis, corais duros que formam recifes de beleza e valor ecológico inestimáveis, também existem nos Açores. Enquanto que na

Noruega podemos ob-servar estes recifes a 50 metros de profun-didade, aqui na região encontram-se a pro-fundidades bem supe-riores (a partir dos 800 - 1000 metros).Os corais pretos tam-bém são muitos co-muns na região e tanto podem ser encontra-dos à profundidade de um mergulho com escafandro autónomo (Antipathella wollastoni) como podem apenas ser observados com o auxílio de submersíveis a centenas de metros de profundidade (Leio-pathes spp). Em 2006 foi descoberta uma extensa área de corais no monte submarino Condor de Terra (SW da Ilha do Faial) entre os 200 e 300 met-ros. Uma verdadeira floresta submersa escon-dida há centenas de anos! Para além da fauna rica em corais, onde as gorgónias V. flagellum e Dentomuricea sp. predominavam, foram tam-bém observados outros animais como polvos, peixes boca-negra, caranguejo-da-fundura e esponjas coloridas.Na expedição em que participei realizada pelo IFREMER/DOP à fonte hidrotermal Rain-bow, em 2007, observaram-se mais uma vez corais a 3000 metros de profundidade. As imagens captadas com entusiasmo pela tripula-ção do submersível NAUTILE vieram revelar a

presença de corais pretos e gorgónias, algumas das quais novas para a ciência. O Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores tem desen-volvido diversas iniciativas relacionadas com a temática dos corais de águas frias com o ob-jectivo de conhecer melhor estes ecossistemas e desenvolver esforços conjuntos para a sua conservação.Destacam-se as acções de sensibilização para a protecção destes ecossistemas realizadas junto do público infantil e juvenil, a criação de uma base de dados sobre ocorrências de corais nos Açores associada a uma colecção de referên-cia dos espécimes registados, workshops de identificação e a colaboração com diversas en-tidades governamentais, institutos internacio-nais de investigação, universidades, ONG´s e entidades ligadas à actividade pesqueira.

Andreia Braga Henriques/DOP

São dois dias para se dedicar ao seu próprio corpo. Para aprender algo mais sobre si e adquirir algumas ferramentas para corrigir a sua postura, agilizar os seu ossos, tonificar os seus músculos e melhorar o seu sistema respiratório e sanguíneo. A verdadeira base eficaz de prevenção da doença e consolidação de um bem-estar contínuo é uma boa alimentação conjunta a um corpo direito, activo e cor-rectamente exercitado. E nós somos antes de mais o nosso corpo.O primeiro passo está no trabalho de alinhamento da coluna vertebral – algo que as antigas disciplinas ori-entais tão bem compreenderam. O qigong funciona através de séries de movimentações específicas que ajudam a desbloquear os canais do corpo entupidos de gorduras, toxinas e bloqueios ósseos e musculares e promovem o controlo da respiração e a acalmia da mente. O taijiquan também tem os mesmos efeitos, se bem que é uma disciplina mais recente (do século XIII) que nasceu como arte marcial.São dois dias para se dedicar ao seu corpo. Das 9h00 ao 12h00 e das 14h00 às 18h00 do sábado, dia 28 de Fevereiro e do domingo, 1 de Março. Os dois dias são 50 euros e um dia, 25 e tem como número mínimo de inscrições 15 pessoas. Começa na sexta, dia 27, com uma pequena sessão de apresentação aberta a quem queira experimentar às 18h00 na Fábrica da Baleia com o professor José Carlos Santos.

Fausto André

Oficina de qigonge taijquan

#8 FAZENDUS AgendaDurante a Época Lectiva 08/09

Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela MoraisAtelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos.Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos.Teatro Faialense

Até 25 de Fevereiro Exposição de Paints de Aurora Ribeiro e

Tomás SilvaBar do Teatro

Até 28 de Fevereiro Exposição: “Centenário do Fayal Sport Club”

Sala Polivalente da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

Exposição de Escultura/Pintura: “O Avolumar do Habi-tat” de Volker SchnuttgenBiblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

Até 30 de Março

Exposição de Fotografia: “Visões Subterrâneas” de Jorge GóisMuseu da Horta

Até 31 de Março Exposição de arte de pública de Volker Schnuttgen

Praça Infante D. Henrique

19 de Fevereiro Workshop: “Pobreza e Inclusão: Perspectivas do Tra-

balho em Rede” com o Prof. Laborinho LúcioBiblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 9h30

Desfile de Carnaval: “Para Além das Estrelas”Ruas do Centro da Cidade, 10h00

Abertura da Exposição: “Metereologia para Piano” de Manuel José d’Olivares

Sociedade Amor da Pátria,20h45(até dia 8 de Março)

Concerto de piano por Miran Devetak no âmbito do evento “Metereologia para Piano”Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 21h30

20 de Fevereiro Baile de Carnaval com concerto

por Roda de Choro de Lisboa (pág.4)Cineteatro Faialense, 23h30

24 de Fevereiro

Cinema: “Antes que o Diabo Saiba que Morreste”Realização de Sidney Lumet. Argumento de Kelly Masterson. Elenco: Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Marisa Tomei, Amy Ryan, Albert Finney. País de Origem: EUA. Ano de Produção: 2007. Género: Resumo: Andy (Philip Seymour Hoffman) é um viciado em drogas cuja carreira

de executivo se está a desmoronar. Para se livrar da falên-cia, convence o irmão Hank (Ethan Hawke), também um desajustado, a assaltar a joalharia dos pais. O plano parece fácil, pois eles conhecem bem o funcionamento do lugar. No dia da acção, os dois esperavam encontrar a loja vazia. Mas a mãe aparece de surpresa na hora do roubo e acaba morta acidentalmente. O pai de Andy e Hank jura vingar-se a qualquer custo dos culpados, sem saber que está à caça de seus próprios filhos. Agora os dois irmãos precisarão lidar com as repercussões do seu trágico plano.Cineteatro Faialense, 21h30

27 de Fevereiro Cinema: “Australia”

Austrália, final dos anos 30. Lady Sarah Ashley é uma ari-trocata inglesa que viaja para o inóspito e selvagem conti-nente. Aí, alia-se com alguma relutância a um homem rude,

um vaqueiro, para tentar salvar a terra que herdou. Com este homem, Sarah terá de percorrer centenas de quilómet-ros para vender duas mil cabeças de gado, através de uma terra simultâneamente magnífica e impiedosa, inesque-civelmente bela. Uma viajem que transformará para sempre estes dois seres, que em tudo pareciam opostos.Cineteatro Faialense, 21h30(repete dias 28 e 1 Março)

3 de Março Cinema: “As Tartarugas Tam-

bém Voam”Realização de Bahman Ghobadi. Argumento de Kelly Masterson. Elenco: Soran Ebrahim, Avaz Latif, Saddam Hossein Feysal. País de Origem: Irão, França, Iraque. Ano de Produção: 2004. Género: Drama. Resumo: Numa aldeia do Curdistão iraquiano, na fronteira entre o Irão e a Turquia, os seus habitantes procuram

desesperadamente uma antena parabólica para se manter-em actualizados em relação à iminente invasão americana do Iraque… Chegado de uma outra aldeia, com a irmã mais nova e o filho dela, um rapaz mutilado tem um pressenti-mento: a guerra está cada vez mais perto…Cineteatro Faialense, 21h30

5 de Março Acção de Formação: “A Leitura para Pais e Filhos” com

Andreia Brites e Sérgio LetriaEsta actividade, desenrola-se em 2 fases: uma acção de sen-sibilização junto dos pais e outra conjunta para pais e fil-hos – a socialização da leitura. Os objectivos principais da acção junto dos pais prendem-se com: sensibilização para a importância da leitura; desenvolvimento de estratégias de mediação (motivação das crianças, acompanhamento da leitura); adaptação de estratégias às características de cada jovem leitor; critérios na escolha de livros infantis e juvenis. Na segunda acção, já em conjunto com as crianças abordar-se-ão temas como as experiências sociais em torno do objecto livro e da leitura, cumplicidades e experiências afectivas entre pais e filhos e o conhecimento mútuo através do livro.Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 19h30-22h30(continua no dia 6)

Gatafunhos e Mata Borrões

Tomás Silvahttp://ilhascook.no.sapo.pt