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Boletim do que por cá se faz. FAZENDO Edição nº 19 | Quinzenal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Quinta-feira Agenda Cultural Faialense 11 Junho 2009 Açores Lindos. Açores Limpos.

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Agenda Cultural Faialense Comunitário, não lucrativo e independente.

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Page 1: FAZENDO 19

Boletim do que por cá se faz.

FAZENDO

Edição nº 19 | Quinzenal

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Quinta-feiraAgenda Cultural Faialense

11 Junho 2009

Açores Lindos. Açores Limpos.

Page 2: FAZENDO 19

#2 COISAS... compostasFICHA TÉCNICA

FAZENDOIsento de registo na ERC ao

abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2.

DIRECÇÃO GERALJácome Armas

DIRECÇÃO EDITORIALPedro Lucas

COORDENADORES TEMÁTICOS

Catarina AzevedoLuís MenezesLuís Pereira

Pedro GasparRicardo Serrão

Rosa Dart

COLABORADORESAna Correia

Anabela MoraisAurora Ribeiro

DanielEcoteca do Faial/Oma

Ilídia QuadradoMargarida Alfacinha

Rui A. PereiraTeatro “O Dragoeiro”

Tomás Silva

GRAFISMO E PAGINAÇÃOVera Goulart

[email protected]

LOCAL DE PAGINAÇÃOAçores e Dinamarca

ILUSTRAÇÃO CAPAFlorimundo Soares

PROPRIEDADEAssociação Cultural Fazendo

SEDERua Rogério Gonçalves, nº18,

9900-Horta

PERIODICIDADEQuinzenal

Tiragem_400

IMPRESSÃOGráfica O Telegrafo, De Maria

M.C. Rosa

[email protected]

http://fazendofazendo.blogspot.com

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Os Encontros de Porto Pim têm vindo gradualmente a tornar-se uma referência a nível cultural e ambien-tal na Ilha do Faial. Esta iniciativa surgiu de uma parceria entre a Direção Regional do Ambiente e a Direção Regional da Cul-tura aquando da abertura do Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim com vista a divulgar e dinamizar este espaço. Assim, através da realização de diversos eventos ligados à arte, à ciência e à sensibilização ambiental, deu-se uma nova vida a uma das mais be-las zonas da ilha do Faial.A VII edição dos Encontros de Porto Pim teve inicio no dia 3 de Junho com a inauguração da exposição dos trabalhos do Projecto Maresias que contou com a presença do contador de histórias Filipe Lopes. Este projecto foi uma iniciativa da CMH que, em colaboração com o OMA e com a Ecoteca, visou a realização de acções de sensibilização ambiental

junto das Escolas Básicas da ilha do Faial. Às escolas foi-lhes propôsta uma visita ao Museu da Fábrica da Baleia e a realização de trabalhos relacionados com a temática do mar e da baleação. O resultado destes trabalhos está exposto até dia 27 de Junho na sala do CIMV3000 no Centro do Mar. Nesse mesmo dia à noite foi também inaugurada a exposição de fotografia 30 Imagens para Neruda de Roberto Santandreu. Durante a inauguração da ex-posição teve lugar um recital de poesia onde foram declamados poemas do poeta Chileno por Pedro Solá e Maria do Céu Brito. Esta exposição apresenta 30 fotografias de grande formato a preto e branco que decoram as paredes da Sala dos Óleos do Cen-tro do Mar e estará patente ao público até dia 27 de Junho. (mais informações sobre esta exposição no artigo de Rui Pereira)Entretanto teve ainda lugar um debate sobre o Mar e as Pescas nos Açores e a Mini Maratona do Ambi-ente, entre o Varadouro e os Capelinhos, que con-tou com várias dezenas de participantes.O Cinema está também presente nos Encontros de Porto Pim ’09, com 3 dias dedicados ao Cine’Eco - Festival de Cinema e Vídeo da Serra da Estrela, Seia. Em exibição estarão 4 documentários premiados no CineEco 2008, numa mostra do que melhor se faz no campo do cinema e do audiovisual de temática ambiental. Nos dias 10, 11 e 12 de Junho, decorrerão às 21:00 as sessões com entrada gratuita, no espaço do Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim, no Monte da Guia. No dia 12 será projectado também um documentário dedicado ao publico juvenil, com sessões às 10 e às 14 horas.Hoje – Quinta Feira dia 11, tem lugar no Bar do Te-

atro pelas 21:00 a tertulia “O Mar na Poesia de Ruy Belo”.Dia 19 de Maio a música e a dança animam a Baía de Porto Pim. Às 19 horas terá inicio uma performance de Ballet na praia realizada pelos alunos do Con-servatório da Horta, junto ao Centro do Mar. Mais tarde, pelas 23:00, a festa está a cargo dos Bandarra que garantem animação pela noite dentro na rampa da Fábrica da Baleia.Dia 20 pelas 21:30 as portas do Museu da Fábrica da Baleia serão abertas a diversas artes performativas e plásticas. O espaço que em tempos foi o local de trabalho de dezenas de homens e onde o barulho das máquinas era insurdecedor, é o mesmo que agora, e com as mesmas máquinas, diversos artistas irão partilharar e onde se irão inspirar para criar e impro-visar em conjunto.Entre os dias 22 e 25 decorrerá um workshop de pin-tura “Pintar o Céu” com Margarida Alfacinha.No dia 27, a sessão de encerramento dos Encontros de Porto Pim ’09 terá lugar no Centro do Mar e contará com uma actuação da Filarmónica Unanime Praiense.

Pedro Monteiro/Oma

Encontros de Porto Pim ‘09

NOME: Christèle SeptierIDADE: 26ORIGEM: Versailles, FrançaDATA DE CHEGADA: Setembro de 2008PROFISSÃO: aqui no Faial sou mãe, antes da gravidez era estudante, tenho licenciatura em ciências políticasCASA: alugada

Porque veio?Porque o Eduardo, o meu marido, foi con-tratado para a equipa de andebol do Sporting da Horta. Não conhecíamos os Açores antes, tivemos que buscar na internet para ver onde é que ficava. Já tinha ouvido falar, por causa do Pauleta, mas não sabia mais nada sobre os Açores.

Como imaginava a Horta, antes de chegar?Esperava algo muito mais pequeno, com me-nos coisas. Imaginava que fosse mais isolado. Afinal temos o Pico e S. Jorge aqui muito perto.

Do que é que gosta mais aqui?A paisagem... Não sei bem... Há dias em que gosto da tranquilidade e outros dias em que não gosto. Antes de vir para cá vivi 3 anos no centro de Paris... é muito diferente. Para o Alessio, nos-so filho (9meses) foi bom estar aqui, ir à praia... Este ritmo daqui é bom para um bebé.

E do que gosta menos? Da lentidão. É tudo lento. Aqui tenho que espe-rar por tudo. O tempo é mais parado. Em Paris há um metro a cada 3 minutos, está sempre tudo a acontecer.

Quais são as maiores diferenças entre o Faial e a França?Uma coisa estranha aqui é que as lojas fecham ao sábado. Nunca tinha visto isso. Em França e em Itália é o dia de maior movimento, as pessoas saem para a rua, fazem compras, vão aos bares, cafés e esplanadas durante todo o dia.

E há alguma semelhança?O queijo... Como francesa que sou, gosto muito

de queijo e quando vou para outro país tenho sempre medo de não encontrar bom queijo. Na Argentina não há queijo nenhum. Aqui fiquei muito contente porque há muita variedade e são todos bons.

Até quando?Até dia 17 deste mês. O contrato do Eduardo chegou ao fim e vou para Itália, com o meu filho, ter com ele, que está neste momento a jogar na Selecção Italiana nos Jogos Mediterrânicos.

Gostavas de voltar cá?Sim, muito. Gostava de conhecer outras ilhas. Só conheço o Faial e o Pico. Tivemos algumas férias, mas aproveitámos para ir à Argentina porque os pais do Eduardo nunca tinham visto o neto.

Aurora Ribeirohttp://ilhascook.no.sapo.pt

Chegadas, Arrivals, Arrivées...

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Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCA

Pub

À VISTA

Teatro “O Dragoeiro” – A Carta ao Pai

A Companhia Teatral O Dragoeiro apresenta, no próximo dia 20 de Junho, no Fórum Multi-Artes a ter lugar no Centro do Mar, a peça “A Carta ao Pai” de Franz Kafka. “A Carta ao Pai” é um documento de crueza, um estado de espírito no qual Kafka se encontrava mergulhado: tristeza, angústia, desespero. Publicado em 1919, este texto, para além do puro acto de criação, surge como um discurso de desobediência: ao Pai e à Lei divina e, como tal, com a noção do pecado e da sexualidade descritos com minúcia e detalhe psicológico. É o testemunho de uma solidão interior, a distância insuperável que liga um filho ao seu pai.O Dragoeiro Companhia Teatral foi fundada em 2006 (como décima ilha) e desde logo se propôs se a ser um conjunto reconhecido pelas suas múlti-plas conotações artísticas. Um dos objectivos da Companhia, é estimular a apetência e o gosto pela “real” fruição teatral entre a população residente na sua diversidade. Com sede na Madalena do Pico, a actuação do Dragoeiro na região tem como objectivo a manutenção de uma equipa base, de um con-junto especializado, metódico, capaz de conquistar um espaço digno para o teatro profissional, segurar espectáculos em repertórios, equipa artística e técnica estáveis e simultaneamente, formar repercussões registadas sobre as suas criações. Procuram apresentar projectos que privilegiam uma aborda-gem contemporânea e uma pesquisa estética, optando por textos originais e adaptações de textos não convencionais para teatro.

Teatro “ O Dragoeiro”

VASCO GRANJA, JOÃO BÉNARD DA COSTA E ARMANDO DE MEDEIROS

O Carteiro de Pablo NerudaMichael Radford 1994

Não são todos os bons filmes que são bem suce-didos na bilheteira. “O Carteiro de Pablo Neru-

da” foi um caso à parte. Um filme de visão obrigatório, que revi numa destas noites de insónia. O cinema italiano tem uma coisa fantástica, com simplicidade, sem grandes cus-tos de produção, sem efeitos especiais, tem a particulari-dade de tocar a alma do espectador. Uma divertida comédia romântica que toca todos os corações! Mário é um carteiro desastrado que está loucamente apaixonado pela mulher mais bonita da cidade... mas demasiado tímido para lhe dizer o que sente por ela. Mas quando um poeta mundial-mente famoso - Pablo Neruda (cujo o seu primeiro editor era dos Açores e Corvino, mas isto é uma historia que só o Zeca Medeiros sabe contar) - inesperadamente muda-se para a cidade, Mário ganha inspiração. Com a ajuda de Neruda, este humilde carteiro, de coração nobre, encontra as palavras certas para conquistar o coração da sua querida! Um tributo ao amor. Uma delícia de filme.

L.P.

Já foi visto...

Era muito novo quando tive o primeiro contacto com o cinema. Considero que neste capítulo fui bafejado pela sorte. Já na escola primária, o cinema ia ter connosco à sala de aulas, que então se transformava numa verdadeira sala de cinema, via-mos filmes ani-mados e documentários no formato de 16mm, sempre com aquele ruído, por vezes incómodo que vinha da rua, proveniente de um pequeno gerador eléctrico, pois nessa altura, a energia eléctrica publica não chegava às escolas do ensino básico. Nesse tempo, havia quem entendesse que a escola era apenas para estudar e não para estes “luxos”. Fascistas! O Que nos safava era o nosso amigo e professor Laurindo Gomes. O Professor lavrador, o nosso Che Guevara de infância e o nosso pedagogo. Cria-se aos pouco o gosto pelo cinema. As minhas portas abriam-se ao mundo e a outras dimensões. Mais tarde, esta minha in-controlável ligação, à sétima arte, ganha novo alento, através do cinema ambulante do Sector de Cinema do INATEL, do Cinema Ambulante do Senhor Manuel Soares, já em 35mm, das palavras de

Armando de Medeiros, no início da RTP-Açores, dos programas de Vasco Granja, das animações que chegavam do leste europeu, do Cineclube de Angra do Heroísmo, onde comecei a contactar com os clássicos, dos textos de João Bénard da Costa, dos filmes da Cinemateca, do Nimas, do Quarteto, do Monumental e por aí acima, até à criação do Cineclube da Horta.Aprendi que o cinema é a fábrica da magia por excelência. O cin-ema é um lugar onde a realidade e o sonho se entrelaçam, como em mais nenhum outro espaço real fora da paixão. A magia não en-contra terreno mais fértil em nenhum outro meio narrativo senão no cinema, onde as imagens aliadas à música, criam as estruturas essenciais para que o tempo e o espaço se fundam no sonho. O cinema é uma porta para outros mundos. O Cinema é arte, é vida, é morte e pode ser até tudo o que quisermos que seja. Viva o cinema, o bom cinema, claro está. A natureza tem as suas próprias regras. Enquanto o tempo passa sorrateiramente, ao revés da nossa vontade, as pessoas vão inevi-tavelmente partindo, prevalecendo no entanto, o resultado de uma vida, o mistério da busca, da entrega, da paixão e do amor pelas coisas verdadeiramente importantes. Recentemente, e num curto espaço de tempo, vi partir três pessoas que muito me deram a sa-ber, sobre estas coisas do cinema. Curvo-me perante a memória de Vasco Granja, Bénard da Costa e do Prof. Armando de Medeiros. É assim a vida. O ser humano parte, fica a memória, que se salve a obra, seja ela qual for.

Vasco Granja, deu um contributo fundamental na divulgação do Cinema de Animação. Activista e dinamizador do Movimento Cineclubista Português, foi dirigente e fundador do Cineclube Imagem, na década de 50. Morreu na madrugada do passado dia 4 de Maio, em Cascais. Tinha 83 anos.João Bénard da Costa, do qual eu não morria de amores – era o di-tador da cinemateca – mas era a pessoa que melhor escrevia neste país sobre cinema. Escrevia admiravelmente sobre cinema como ninguém. Até houve quem lhe chamasse o senhor cinema. Partiu no passado dia 21 de Maio, tinha 74 anos. Armando de Medeiros, humanista, professor, argumentista e ci-néfilo, largamente conhecido cá nas ilhas, foi pioneiro da RTP/Açores, onde comentava os filmes no início da televisão regional, sempre de cigarro aceso e algumas vezes deliciosamente alcooliza-do, dava-nos verdadeiras lições sobre esta maravilha que é o cin-ema. Foi comovedor recorda-lo em imagens, recentemente trans-mitidas pela RTP. O Professor Armando, morreu no passado dia 7 de Junho. Tinha 71 anos.A estas três figuras, a minha profunda homenagem. A minha gratidão por tudo o que me deram. Vocês estavam lá! Obrigado pelas influências, e pelo resto… Viva o Cinema! .

Luís Pereira

O CINEMA CHORA

Férias no Teatro

Decorre no Teatro Faialense, mais uma oficina de ex-pressão Dramática. Esta oficina tem como objectivo: A iniciação ao jogo Teatral através da acção física e criação conjunta de pequenas histórias.Tema:O palco como um labirinto -um espaço de pura teatrali-dade. Onde nascem histórias do encontro do corpo com os objectos.Planificação:O jogo. Criação por improvisações de pequenas histórias.O corpo no espaço. Consciência e ritmo. Relação com os objectos.Criação do nosso “espaço de jogo”, labirinto, tabuleiro onde vamos apresentar as histórias. Apresenta-ção pública.Público-alvo / horáriosGrupo 1-dos 6 aos 9 anos (das 10h30 às 12h30)Grupo 2- dos 10 aos 14 anos (das 14h às 16h)Duração: 6 a 17 de Julho (excluindo os fins de semana)Coordenação: Letícia LiesenfeldMarcações: tmv 961176129 ou 292292016/17

Anabela Morais

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#4 COMICHÃO NO OUVIDO MúsicaRock’n’Roll Station

Dub Echoes(DVD) 2009

Realizado por um brasileiro e lançado pela londrina Soul Jazz Records este documen-tário é um objecto indispen-sável para qualquer aprecia-dor de dub, em particular, e de reggae em geral. Filmado em Kingston, Londres, Nova Iorque, Washington, Los Angeles, São Paulo e Rio de Janeiro, inclui dezenas de entrevistas com músicos, produtores, DJ’s, engenheir-os de som e historiadores,

entre os quais Bunny Lee, Lee “Scratch” Perry ou U-Roy.“Dub Echoes” traça a história deste género musical desde a sua génese na música Jamaicana da década de 50 até aos dias de hoje, projectando os seus ecos no futuro. Os soundystems de reggae, os principais in-tervenientes, os avanços tecnológicos (alguns deles levados a cabo por esses mesmos intereveninentes), o contexto social e a guerra civil na Jamaica, a forte emigração para Inglaterra e Nova Iorque na década de 70 e sobretudo a forma como o dub está na origem, e continua a influ-enciar, toda a música moderna é analisado ao longo de 1h15 de filme. De notar ainda os pormenores de edição de imagem e som que tornam este documentário uma autêntica delícia..

P.L.

À VISTA

Já foi ouvido...

A dupla João Guincho e Paulo Franco dos Dapunksportif apre-sentou o projecto de versões Rock’n’Roll Station no passado dia 6 de Junho no Bar do Teatro e voltam a estar no dia 12 no Clube Naval de S. Roque do Pico. Iniciados em 2004 e oriundos de Peniche os Dapunksportif contam já com 2 discos de originais – “Ready!Set!Go!” (2006) e “Electro Tube Riot” (2008) – do mel-hor rock feito em terras lusas. Vão estar a 28 de Agosto na Semana dos Baleeiros nas Lages do Pico e nós falamos um pouco com eles sobre estes projectos.

Fazendo - Como surgem os Dapunksportif?João - Os Dapunksportif surgem depois de decidirmos colocar em standby um projecto que tÍnhamos, os Pigs in Mud, com o qual tinhamos gravado um EP – Soundblaster - e um álbum – Naturally Stoned – para a editora Música Alternativa. Quando parámos eu e o Paulo contínuámos a fazer jams e a gravar na sala de ensaios até que conhecemos o Marco Jung, nosso produtor. Fomos lá ao estú-dio e começámos logo a desenvolver umas músicas. A sinergia foi muito boa e daí fizemos um EP – Overdrive – que não lançámos, apenas distribuímos por pessoas ligadas ao meio musical. Recebe-

mos de imediato boas críticas. Entretanto ganhámos um concurso distrital dos Xutos & Pontapés para fazermos as primeiras partes da digressão “Três Desejos”.F - Quais são as vossas influências musicais mais marcantes?J - Epá… uma panóplia de bandas do Rock’n’Roll. Muito punk – Ramones, Dead Kennedys… A New Wave of British Heavy Metal (movimento musical do final da década de 70). Rockalhada…F - O “Rock’n’roll” é um género musical ou um modo de vida?Paulo – É ambas… “O Rock’n’Roll é a salvação do tédio e duma existência vulgar.”F - Rock’n’Roll Station?J - A Rock’n’Roll Station surge naquele hiato quando parámos com Pigs In Mud, enquanto estávamos a fazer algumas músicas e a fazer jams.P - O nome é tirado da música “Rock’n’Roll” dos Velvet Un-derground que costumávamos tocar numa banda de bares que tínhamos e em que fazíamos versões. É um projecto paralelo aos originais em que parece que se exorcisa as músicas que um gajo tem dentro da cabeça. É bom tocar músicas de outras bandas, dar-lhes novas roupagens. Ás vezes há temas que nem dás muita aten-ção até os começares a tocar. A própria letra, tens que a perceber para lhe dares valor. È mais uma forma de tocarmos músicas que nós gostamos.F - Como vêem o panorama actual da música portuguesa?P - Ao nível de edições tem sido uma coisa incrível nos últimos tem-pos. Acho que houve um chamado ‘boom’ ao nível de produções, de DJ’s, de bandas, cantautores, e em todos os géneros músicais. A internet também permite isso. Hoje não precisas de lançar um disco num suporte físico. Podes simplesmente fazer a música, pô-la no teu site e depois divulgá-la. J – Inclusivamente há um grande boom de bandas de rock em por-tuguês.F - Para uma banda relativamente recente é possível viver da músi-ca em Portugal?P – Não é possível. A indústria não gera assim tanta riqueza e a

que é criada é muito centralizada em algumas bandas e artistas. Das bandas da nossa faixa etária que conseguem viver só da música podes ter os Da Weasel, que já têm uma série de anos, os Blasted Mechanism…J – Acredito que possa ser possível viver de música em Portugal mas não numa franja alternativa, tem que ser no mainstream, tem que chegar a mais pessoas. Os Deolinda são uma banda nova mas já conseguem abranger um número de pessoas muito maior.F - Os Dapunksportif já têm algumas passagens pelos Açores. Como vêem a aceitação à nova música por cá?J – Nós sempre que viemos cá tivemos uma boa aceitação. O pes-soal adere bastante. Vamos passar por cá novamente no dia 28 de Agosto, na Semana dos Baleeiros.P – As pessoas aqui estão bastante receptivas. Não se passa assim muita coisa e quando se passa são quase sempre as mesmas caras. Quando aparece algo de novo ficam sedentos para saber como é ou como não é. Ainda ontem à conta disso engatei uma bióloga aqui dos Açores, ia ver o gajo dos Cool Hipnoise mas ele não veio… (risos)F - Sucessor para a “Electro Tube Riot” e outros planos para o futuro?J – Já temos bastantes músicas iniciadas.P – Em vez de termos um “Banco de Esperma” temos um “Banco de Malhas”. Agora com as novas tecnologias em qualquer sítio fazes um tema e gravas. Depois agrupamos, ouvimos e vemos qual é a potencialidade das músicas. A ideia é ter um novo trabalho no primeiro trimestre de 2010.J – Ainda estamos a tentar gravar alguns vídeoclips do “Electro Tube Riot” para ver se conseguimos mostrar mais um pouco do que temos feito só que estas coisas demoram sempre algum tem-po..

Pedro Lucas /Dani Fox

RamonesRamones 1976

“Hey Ho, Let’s Go” é o grito de abertura do disco de estreia dos Ramones (e muito provavelmente do movimento o punk) e uma frase sobeja-mente conhecida por qualquer apreciador de rock que se preze.

Com 14 canções rápidas (o tema mais longo não a chega a dois minutos e meio), simples (a maioria tem três acord-es) e bastantes fortes, os padrinhos do punk dão o mote para um movimento que viria a influenciar uma multidão de artistas posteriores. Formados no início de 1974 em Nova Iorque, os Ra-mones, ao contrário do que se pensa, não tinham nen-huma relação de parentesco entre si e retiraram o nome do pseudónimo utilizado por Paul McCartney na era pré-Beatles - Paul Ramon. Em agosto de 74 tocam pela

primeira vez no CBGB’s, repetindo o mesmo espectáculo mais 77 vezes durante esse ano e começando a chamar a atenção do meio musical pela primeira vez: o concerto tinha uma duração aproximada de 17 minutos.O som dos Ramones era caracterizado pela redução aos elementos mais básicos, despojado de qualquer artificio mais “decorativo”, e insuflado de velocidade, força e re-frões bem orelhudos. As influências vinham directamente do início do rock’n’roll (pré-60’s), do surf rock e algum pop. “Ramones” não foi propriamente uma estreia de sucesso e só após alguns concertos fora de Nova Iorque, nomeada-mente em Londres onde se encontram com os Sex Pistols e The Clash, é que começam a granjear alguma fama. Do alinhamento deste disco fazem parte “I Wanna Be your Boyfriend”, “Beat on the Brat e “Judy is a Punk” e o hino “Blietzkrieg Bop”.

P.L.

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Arquitectura e Artes Plásticas PVC

Rui Chafes

Fotografia de Roberto Santandreu Claridade – 30 imagens para Neruda

Mais um escultor a integrar o rol de artistas aqui apresenta-dos, Rui Chafes é um contemporâneo. Nasceu em 1966 e licenciou-se em Escultura na ESBAL, em 1989. Entusiasti-camente interessado pela cultura alemã, seguiu para Dussel-dorf, onde ingressou na Kunstakademie, frequentando a classe de Gerhard Merz até 1992. Inicialmente, as peças do autor compunham-se de materiais como o plástico, a madeira ou até as canas, banhando-as de-pois em luz e cor. Apesar da aparente diferença daquilo que faz agora, os pressupostos já se encontravam definidos: ob-jectos delimitados, dotados de uma leveza invulgar e de um organicismo que os colocam tão próximo da natureza, des-materializados por vezes e intimamente relacionados com o espaço envolvente. Agarrado a estes alicerces, a partir de ’89 Rui Chafes volta-se inteiramente para o ferro pintado. Conferindo ao seu tra-balho um carácter admiravelmente versátil, o artista concebe com a mesma mestria peças para um chão, para um tecto, para as paredes, para serem integradas no interior de um monu-mento religioso ou num exterior florestal. Com uma particu-lar capacidade para denominar as suas obras e exposições (como, por exemplo, ‘Amo-te: O Teu Cabelo Murcha na Min-ha Mão (Entre Este Mundo e o Outro Não Tenham Nem Um Pensamento a Mais)’, ‘A Vocação do Medo’ ou ‘Não Quando os Outros Olham’), Rui Chafes consegue com o seu trabalho levar o espectador ao seu mundo nostálgico e reflexivo, mer-gulhado em Romantismo alemão, cultura clássica e contem-poraneidade pura.

Ana Correia

À PROCURA

Percursos de Florimundo Soares

Percursos da nossa vida. Deambulações, vivências e experiên-cias passadas que nos fazem recordar os nossos bons dias. Sítios por onde passamos e que nos marcaram com os seus contrastes e formas. Nomes de ruas, de lugares, de pessoas e de expressões locais, que nos transmitem sensações de algo já vivido e de uma constante procura do nosso interior. Esse espaço vazio, meio tosco, esvanecido com o passar dos tem-pos, ora cheio de gente, ou por vezes paisagem desolada, inabi-tada.É um conjunto de pinturas e de desenhos realizadas na minha pas-sagem pela cidade de Lisboa, aquando do estudo em Artes Visuais e que diariamente foram fazendo parte de mim, da minha vivência

nestas paragens. Do meu percurso diário para a faculdade, desde a rua da Escola Politécnica ao miradouro de S. Pedro Alcântara, como de outros espaços que posteriormente fui registando com formas e cores que se fundam na dialéctica da aproximação e/ou afastamento das pinturas em relação ao Eu, criando um todo co-erente e de certa forma também de ilusão.

Florimundo Soares (extracto do catálogo da exposição)

Nota BiográficaNasceu em 1976 na freguesia da Ribeira das Tainhas, do concelho de Vila Franca do Campo, São Miguel.Licenciou-se em Artes Plásticas - Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em 2002.No ano de 2000, participou no concurso de Fotografia “Foto Trade – Retrato de Pessoas e Animais”. No mesmo ano, elaborou o Cartaz “Arte(S)”, da IV Exposição de Artes Plásticas, dos Estudantes das Residências da Universidade de Lisboa. Em 2001, participou na II Feira de Actividades Económicas e nos Ateliers da Academia das Expressões na Semana da Juventude de Vila Franca do Campo.Desde 2003 tem vindo a leccionar nas escolas da região Autóno-ma dos Açores, na área das Artes Visuais. Actualmente, lecciona Educação Visual, na escola Secundária Manuel de Arriaga, na Ilha do Faial – Horta.

Obra fotográfica do autor chileno Roberto Santandreu, “Clari-dade - 30 imagens para Neruda”, encontra-se em exposição, na Sala dos Óleos do Centro do Mar, até ao dia 30 de Junho. O trabalho que nos é apresentado naquele espaço, a preto e branco, gera um conjunto de emoções sensoriais extraordi-nariamente apelativas. Objectos de uso do dia-a-dia, os frutos, os animais, o corpo, o nosso corpo, e um carrinho de linhas que rola e rebola com a sua linha na “Oda al hilo” e que nos diz Así es el hilo del la poesia. Roberto Santandreu no conjunto desta proposta expositiva dá-nos o seu mote, o mote de Pablo Neruda, e o mote para nós descobrirmos a capacidade crítica do olhar e do contemplar, que passa muito seguramente pela olhar as coisas aparente-mente simples da vida – respeitando-as na memória e reinterpretando-as, ampliando os seus significados. Claridade 30 ima-gens de Neruda capta o visível e o invisível da natureza poética; e o próprio processo de gravação mecânico fotográfico reporta-nos para o que é iluminado: a imagem, por meios químicos digitais, é impressa no pa-pel – suporte sensível à exposição lumino-sa. A fotografia é em si mesma “Claridade”, porque é uma forma de representação que “desenha com a luz”. Por outro lado, é ad-mirável, podermos vir a reconhecer, fazer pontes, entre muitas daquelas imagens fo-tografadas com o próprio meio envolvente circundante. O facto do Centro do Mar receber este trabalho parece querer celebrar a obra do poeta. A vivência fortíssima, deste mesmo lugar, com o mar, ali tão perto, reporta-nos para o refúgio onde Nerúda viveu os seus últimos dias: junto à praia, cercado por um muro de madeira onde o cidadão comum deixava gravado o grito de protesto e revolta contra a ditadura. Roberto Santandreu, com o seu ol-har, na “Oda a la poesia” dá-nos a ver, por uma fresta, o topo da casa com o símbolo de Neruda: o peixe no centro do mundo. Esta exposição ao ser proposta pela Vereadora da Cultura da

Câmara Municipal da Horta - Drª Maria do Céu Brito ao Mu-seu Cento do Mar, que tão bem a acarinhou, dá-nos a perceber que esta não poderia estar tão bem apreendida. As paredes negras de pedra Vulcânica que enquadram estas imagens, tam-bém elas reproduzidas a negro e branco, iluminadas por uma luz geral agradável, intensificam o recorte da imagem que nos é dada a conhecer. O mundo aquático está muito presente. Ainda

nesta exposição podemos ver um vídeo animado com imagens de Roberto San-tandreu e em som de fundo escutamos a palavra dita pelo poeta Pablo Neruda e a voz de Victor Jara.Parece-me oportuno recordar o golpe militar de 11 de Setembro de 1973, encabeçado pelo ditador Augusto Pi-nochet, que derrubou barbaramente o governo eleito da Unidade Popu-lar presidido por Salvador Allende, grande amigo do poeta; e a este tempo trágico da História do Chile ligamos, Roberto Santandreu um dos chilenos que se viu forçado ao exílio e que hoje, felizmente, temos a satisfação e honra de aqui abraçar. Este autor tem uma importante e vasta obra fotográfica e, melhor que ninguém soube chamar a si como mote o poeta e suas Odes. Ner-uda é, sem dúvida, aquele que melhor traduz o sentimento dos homens livres; mas o Fotógrafo retém as memórias, os espaços, e tempos vividos de então.

Com efeito, Santandreu parece querer escrever a claridade das suas imagens que são também, em si mesmo, o próprio texto de Neruda – a palavra escrita impregnada no papel do fotogra-fado como se fosse o próprio cunho do poeta?Uma Exposição a ver, e a não perder..

Rui A. Pereira(Director Artístico do Museu Jorge Vieira)

“Olha um burro no céu. Donde é que ele apareceu?Aos pinotes, que mosca lhe mordeu?Vamos tirar-lhe o chapéu, chamar-lhe meu ou teu,porque o burro anda no céu.” Alface, em “O burro que anda no céu”

“Pintar o céu” é um workshop elaborado em torno de um livro do escritor Alface. Este fala-nos de um burro e das suas aventu-ras passadas na praia, no céu e no mar mas também de peripé-cias relacionadas com os animais que figuram na história. O imaginário desta história contém elementos da vida das cri-anças, como o mar e a natureza que têm aqui uma abordagem fantástica, remetendo para aquela capacidade tão inata nas cri-anças que é sonhar. O fundo do mar e os seus segredos, as cambalhotas na praia e um burro que acende as estrelas do céu, tudo será vivido e re-constituído através do contacto com os materiais, como tintas, pincéis, papéis, lápis e a sua expressividade.A ideia deste workshop é entrar no universo da literatura infan-til, criando um diálogo entre a Pintura e a Literatura, de uma forma lúdica. Quando se diz pintar o céu, propõe-se que pintemos os nos-sos sonhos, os nossos desejos, expressando os limites da nossa imaginação.Ou será esta ilimitada?

Margarida Alfacinha

Pintar o Céu(Workshop de Pintura para crianças)

Rui Chafes - “What shall I do when you are not here?”

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#6 -ENDOS -ANDOS -INDOS LiteraturaO Faial e os Portugueses de Thomas Wentworth

Mãe, não tenho nada para ler...

À CONQUISTA

Não Morrerei em Buenos Airesde Herman Melville

Afonso de Melo é um nome que associamos sobretudo ao jornal-ismo desportivo – já que colaborou com “ A Bola” e o “Jogo” – mais do que à poesia.No entanto, Não Morrerei em Buenos Aires – apesar de não ser o seu primeiro livro de poesia - desvenda-nos uma outra faceta deste homem do futebol. Em poemas que nos permitem atravessar meio mundo (do reino de Tule a Hanói, passando por tantos outros lu-gares que nos habitam o imaginário), o autor aproxima-se de es-truturas que não deixam de lembrar o modernismo e o futurismo (reminiscências de Álvaro de Campos?)Num tom coloquial remete-nos para o quotidiano (“Entro em casa:/penduro a vida lá de fora no cabide da parede/e esfrego no

capacho as solas dos sapatos/que ainda trazem agarradas conversas sem interesse”) e para o inevitável questionamento sobre a vida (como em “Carta deixada escrita de antemão para o caso de não conseguir evitar suicidar-me de um dia para o outro”), num monólogo partilhado em que quase parece estar sen-tado ao nosso lado.

C.A.

Já foi lido...

Neste romance de grande intensi-dade, a autora apresenta-nos a pro-cura de um homem pelo seu próprio caminho, longe da pobreza da sua infância. Inserido numa comuni-dade latina, o “gringo” Gregory Reeves conta-nos, na primeira pessoa, os sentimentos de mar-ginalização social e de racismo,

intercalados com os contrastes entre pobres e ricos, com a paixão da actividade política e a busca incessante do amor. O narrador conta-nos toda a sua experiência de vida desde que percorria os EUA num camião que traduzia a filosofia da re-ligião de que seu pai era pastor – a religião do Plano Infinito. Isabel Allende proporciona-nos uma visão panorâmica da so-ciedade norte-americana da 2ª metade do século XX.

Ilídia Quadrado

O Plano Infinitode Isabel Allende

Não foi uma razão feliz (a doen-ça da mulher) a que trouxe Hig-ginson ao Faial mas isso não o impediu de apreciar e observar minuciosamente o que o rodea-va nem de se deixar encantar pelo que via.O Faial que nos mostra é, evi-dentemente, diferente do Fa-ial que conhecemos hoje, um Faial desprovido de carros e modernidade, onde a pobreza facilmente se espelha aos olhos de todos. Mas, por detrás das diferenças inerentes ao tempo,

é um mesmo Faial que se descobre, um Faial de belezas estrondo-sas, até nas tempestades que o assolam, mas, simultaneamente mar-cado por uma certa indolência das gentes.Muitos não gostarão da forma como são retratados os ilhéus, apesar de se salientar a sua delicadeza e cortesia ou a preocupação com a limpeza das roupas, mas convém lembrarmo-nos que quando Hig-ginson aqui chegou, vindo de uma grande cidade americana, tudo lhe devia realmente parecer pobre e desmazelado quando compara-do com a sua realidade quotidiana.Contudo, esta colectânea é sobretudo importante porque nos per-mite ver um outro Faial, um Faial em que cada palmo de terra estava cultivado (bem longe do panorama actual) e com vinte cinco mil ha-bitantes, onde a influência dos Dabney se exercia com um paternal-

ismo caridoso, onde o Pico ainda era uma extensão (económica e de lazer) do Faial.Em cada momento transparece a sua admiração pela beleza paisagís-tica mais do que pelas pessoas mas também um interesso certo pela língua e pela História de Portugal que o leva a debruçar-se sobre a fundação da nação, o seu apogeu, debruçando-se sobre as figuras de Vasco da Gama e de Afonso de Albuquerque, e a sua decadência, demorando-se no entusiasmo por Camões e pela sua obra (vibrante homenagem ao génio português de Os Lusíadas, esquecido por ser o bardo de uma língua menos conhecida) ou pelo Marquês de Pom-bal (“Nenhum estadista europeu contemporâneo fez coisas mais admiráveis”) que compara a Cromwell.Admirador da literatura portuguesa, é sobretudo um gigantesco ad-mirador da língua (criticando aliás duramente os portugueses por a desprezarem) a que faz elogios permanentes.A colectânea, agora editada pelo Núcleo Cultural da Horta, é antes do mais uma forma de conhecermos melhor Thomas W. Higgin-son, um americano que se destacou não só como abolicionista mas também como um defensor dos direitos dos escravos libertos, das mulheres e de outras minorias. Além disso, foi também um dos cor-respondentes de Emily Dickinson e, após a morte desta, trabalhou com afinco para que a sua obra se tornasse conhecida.

Catarina Azevedo

Cinco Tempos, Quatro Intervalosde Ana Saldanha

De certeza que, como acontece com a Dulce, já te aconteceu estar na aula a sonhar acordado em vez de prestares atenção à aula. E claro que quando al-guma coisa te aflige ainda é pior porque ninguém se consegue com centrar quando está preocupado.Se isto já te aconteceu de certeza que vais querer conhecer a Dulce, uma ra-pariga que está no 5º ano e a quem tudo parece correr mal.

Uma palavrinha aos pais – Este livro não é só a história da Dulce, é uma forma de abordar temas complicados (apesar de comuns na adolescência): o ter de

lidar com o divórcio, os problemas com o pesa e com a imagem, a incompreensão dos adultos, a cruel-dade com todos os que destoam da norma.

C.A.Pub

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Ciência e Ambiente APAGA A LUZ

A EXPLORAÇÃO MINERAL NO MAR PROFUNDO

A extracção de petróleo e de gás do subsolo marinho são importantes e complexas actividades económicas e comerciais, há longo tempo estabelecidas e que por isso hoje têm regras bem constituídas que têm em vista avaliar e minimizar impactos negativos nos ambientes e ecossistemas da zona de influência da exploração. Em contraste a exploração mineral encontra-se ainda numa fase inicial e, em muitos casos, experimental e de prospecção da viabilidade. No entanto espera-se que cresça o interesse e a viabilidade da exploração mineira do mar profundo num futuro muito próximo.Uma das potenciais actividades de exploração mineral de que mais se fala e que mais interesse económico parece despertar está relacionada como os nódulos de manganês. Estes nódulos encontram-se a grande pro-fundidade sobre o solo marinho. Todos os nódulos contêm um nucelo composto de um material central que pode ser espinha de peixe, dente de tubarão, es-pinho de ouriço, fragmento de rocha vulcânica. As cro-stas e os nódulos de manganês estão entre os depósi-tos minerais de mais lenta formação: de 1 a 20mm em cada milhão de anos. A espessura de uma crosta varia entre menos de 1mm até 240mm (comummente entre 20 e 40mm de espessura). Os nódulos são compos-tos polimetálicos onde se incluem o níquel, o cobalto, o manganês, o cobre, para além da presença de ouro,

prata, titânio e zinco. As quantidades de níquel, cobalto e manganês nos depósitos oceânicos de nódulos devem exceder as das reservas terrestres.O impacto na vida bentónica dos fundos marinhos de actividades mineiras como a exploração de nódulo de manganês tem sido objecto de vários estudos na se-quência de centenas de cruzeiros de prospecção lidera-dos por consórcios internacionais. Outro recurso potencial do oceano profundo é o hidra-to de metano. Os hidratos de metano têm o aspecto de gelo e ocorrem nos fundos de diversos mares e oceanos. Têm origem em moléculas de metano libertadas durante a digestão de matéria orgânica por parte de bactérias. O metano fica aprisionado em cristais de água que acabam por formar os hidratos. Os cristais de hidrato de metano que podem distribuir-se por centenas de metros abaixo do solo marinho. Para além do seu grande potencial como combustível primário, os hidratos de metano, no seu conjunto, albergam habitats bacterianos únicos. Sabe-se que 60% das bactérias que vivem na Terra es-tão em sedimentos no subsolo marinho. Calcula-se que o volume de gás nos reservatórios mundiais de hidratos de metano exceda o volume das reservas terrestres.As crostas de sulfuretos polimetálicos ocorrem nos centros de separação das dorsais médias oceânicas. Formam-se aí chaminés de depósitos minerais que são trazidos ao nível do solo marinho pela água que tendo penetrado no subsolo se misturou com diversos minerais e ressurge à novamente ao nível do solo ex-tremamente aquecida. Estas crostas podem conter os mesmos metais nobres que referimos para as crostas de manganês. Ao mesmo tempo estes sítios albergam comunidades quimossintéticas de grande interesse bio-tecnológico. Há diversas identificadas na ZEE dos Açores e fundos marinhos adjacentes.Uma coisa é certa, a extracção mineral irá crescer de importância no futuro atingindo interesse comercial. A extracção de petróleo e gás a níveis mais profundo no subsolo marinho terá grande procura num futuro muito próximo. Esperam-se novas soluções tecnológicas para a exploração. Por isso vão ser também necessários mais estudos sobre o impacto nos organismos e habitats, quer dos ambientes bentónicos, quer pelágicos.Está comprovada a existência de 3000 vezes mais metano no mar profundo do que em qualquer outra parte da Terra. A extracção é inevitável como substi-tuto dos combustíveis fósseis. Contudo o metano tem implicações significativas no clima. As principais preo-cupações ambientais relacionadas com a sua explora-ção estarão focalizadas neste aspecto. Para além disso a extracção de metano terá efeitos nas comunidades microbiológicas e bacterianas que vivem nestes ambi-entes. Desconhece-se, e é difícil de prever a relevância e extensão deste impacto.

Ricardo Serrão Santos/DOP &UAç

Cozinhe de forma eficiente!Sabia que cerca de 5% da energia consumida numa casa é gasta a cozinhar? Por favor tenha em atenção os seguintes aspectos:

- Certifique-se que as chamas do seu fogão estão uniformes e azuis, se verificar que apresentam uma cor amarela ou alaranjada, poderá existir obstrução nas passagens do ar ou de gás. Mantenha os bicos do fogão sempre limpos;- Cozinhe numa boca adequada ao tamanho da panela, evitando que a chama ultra-passe os limites do recipiente;- Utilize preferencialmente uma panela de pressão ou a vapor de vários andares, cozem os alimentos em menos tempo;- Mantenha a tampa na panela enquanto cozinha, por forma, a evitar que o calor se evapore; - Desligue a boca do fogão alguns minutos antes do previsto, pois o calor acumu-lado encarregar-se-á de terminar a confecção dos alimentos.

Dina Downling/Ecoteca do Faial

AQUELA DICA

NaturezaPara os deuses as coisas são mais coisas.

Não mais longe eles vêem, mas mais claroNa certa Natureza

E a contornada vida...Não no vago que mal vêem

Orla misteriosamente os seres,Mas nos detalhes claros

Estão seus olhos.A Natureza é só uma superfície.Na sua superfície ela é profunda

E tudo contém muitoSe os olhos bem olharem.

Aprende, pois, tu, das cristãs angústias,Ó traidor à multíplice presença

Dos deuses, a não teresVéus nos olhos nem na alma.

Ricardo Reis(Odes de Ricardo Reis)Figura - Visão artística da chaminés hidrotermais e fauna associada ao largo

dos Açores. Desenho de Les Gallagher (fishpics & ImagDOP) para o CIMV.

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#8 FAZENDUS AgendaDurante a Época Lectiva 08/09

Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela MoraisAtelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos.Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos.Teatro Faialense

Até 15 de Junho Exposição de Pintura: “Relativismo no Pensamento

Contemporâneo” por Francisco Legatheaux-PiscoSala de Exposições Temporárias do Museu da Horta

Até 27 de Junho Exposição de Pintura: “SignsGamesMessages” de Ken

DonaldBiblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

Até 30 de Junho Exposição de Artes Plásticas: “Banco de Artistas” por

vários artistas locaisIgreja de São Francisco

Exposição de Fotografia: “Claridade - 30 Imagens para Neruda” por Roberto SantandreuCentro do Mar (pág. 5)

Até 17 de Julho Exposição de Pintura:

“Percursos” por Florimun-do SoaresSala Polivalente da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça (pág. 5)

11 de Junho Atelier de Promoção da Leitura “Oceanos por Desco-

brir” por Ana Rita BragaCIMV 3000 – Centro do Mar, 10h30-12h00 e 14h30-16h00 (até dia 12)

13 de Junho Fórum: “Cuidar dos Jardins, cuidar de si”

Auditório do Jardim Botânico, 14h30

19 de Junho VII Encontros de Porto Pim: “Ballet na Praia”

Praia de Porto Pim, 19h00

Cinema: “Louca por Compras”Teatro Faialense, 21h30 (repete dias 20 e 21)

Concerto: BandarraCentro do Mar, 23h00

20 de Junho Fórum Multi-Artes

21h00 Exposição por Al Zei (escultura); música por Al-exandra Boga (viola da terra e guitarra clássica); Pintura; Poesia;22h00 Teatro “Carta ao Pai” de Franz Kafka pela Com-panhia Teatral O DragoeiroCentro do Mar

21 de Junho Conferência: “Desenvolvimento Económico e Justiça

Social, a responsabilidade dos políticos” pelo Prof. Dr. Roque AmaroPequeno Auditório do Teatro Faialense, 21h30

21 de Junho Workshop de Pintura: “Pintar o Céu” por Margarida

Alfacinha (para crianças dos 6 aos 12 anos)Sala Patrão Manuel – Centro do Mar, 17h30 (até dia 25)(pág. 5)

Gatafunhos e Mata Borrões

Tomás Silvahttp://ilhascook.no.sapo.pt

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