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1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola de Música Licenciatura em Música ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO MUSICAL: uma abordagem construtivista com o uso do Youtube Edu Charles Eduardo Silva de Macedo Natal/RN Dez/2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Escola de Música Licenciatura em Música

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO MUSICAL: uma abordagem construtivista com o uso do Youtube Edu

Charles Eduardo Silva de Macedo

Natal/RN Dez/2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Escola de Música Licenciatura em Música

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO MUSICAL: uma abordagem construtivista com o uso do Youtube Edu

Monografia entregue a Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Música.

Orientador: Prof. Ms. Edibergon Varela Bezerra

Natal/RN Dez/2018

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Catalogação da Publicação na Fonte

Biblioteca Setorial da Escola de Música “Pe. Jaime Diniz”

M141a Macedo, Charles Eduardo Silva de Análise da utilização de tecnologia na educação musical: uma

abordagem construtivista com o uso do Youtube Edu / Charles

Eduardo Silva de Macedo. – Natal, 2018. 36 f.: il.; 30 cm.

Orientador: Edibergon Varela Bezerra.

Monografia (graduação) – Escola de Música, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, 2018.

1. Educação musical – Monografia. 2. Música e tecnologia –

Monografia. 3. Youtube Edu – Recursos educacionais – Monografia.

I. Bezerra, Edibergon Varela. II. Título. RN/BS/EMUFRN CDU 78:37

Elaborada por: Elizabeth Sachi Kanzaki – CRB-15/Insc. 293

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Charles Eduardo Silva de Macedo

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO MUSICAL: uma abordagem construtivista com o uso do Youtube Edu

Monografia apresentada a Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Música.

Orientador: Prof. Ms. Edibergon Varela Bezerra Natal,

_______de________________de_______

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. Me. Edibergon Varela Bezerra

UFRN

_______________________________________________

Prof. Dr. Vilson Zattera

UFRN

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RESUMO

O presente trabalho monográfico, tem por objetivo apresentar o Youtube, uma

ferramenta conhecida e utilizada no mundo todo e que hoje expande seu campo de

atuação, deixando de ser um mero servidor de armazenamento de vídeos e ofertando

outros serviços relevantes que vêm sendo utilizados como uma forma de redemocratizar

o ensino e diminuindo as limitações geográficas. Como metodologia, foi utilizado

pesquisa bibliográfica referente ao assunto versando sobre o surgimento da internet e

seu desenvolvimento ao logo dos anos, bem como as tecnologias, em sentido amplo,

que compõem e auxiliam o ensino da música nas escolas, às práticas pedagógicas, além

da análise de alguns dispositivos legais como a LDB e os PCN. A pesquisa trouxe

questionamentos relevantes no campo de ensino na modalidade EAD, sendo a música

objeto principal na discussão, dando outra perspectiva ao assunto ainda pouco

explorado.

Palavras-chave: Educação musical. Youtube. Tecnologias.

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ABSTRATIC

The present work, aims to introduce youtube, a tool known and used worldwide and now

expands its field of action, from being a mere server for storing videos and offering other

relevant services that are being used as a re-democratize education and reduce

geographical limitations. As a methodology, a bibliographical research was used

regarding the subject of the emergence of the internet and its development to the years,

as well as the technologies, in a broad sense, that compose and assist the teaching of

music in schools, pedagogical practices, besides analysis of some legal devices such as

LDB and PCNs. The research brought relevant questions in the field of teaching in the

modality EAD, being the main object of the discussion, giving another perspective to the

subject still little explored. With this, it is hoped that the subject will be propagated and

that the teaching of music follow paths of which follow the other disciplines, making it an

integral part of this list of discussions.

Keywords: Music Education, Youtube, Technologies, Teaching.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Página inicial do Youtube em 2005, ano de criação. .……………………..….. 25

Figura 01 página inicial do canal “vestibulândia”, no Youtube.………………………... 30

Figura 01 página inicial do canal “Física Total”, no Youtube.……………………….… 31

Figura 01 Youtube Creator.………………………………..…………………………….. 32

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ABEM - Associação Brasileira de Educação Musical

BNCC - Base Nacional Comum Curricular

EAD - Ensino à Distância

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC - Ministério da Educação

PC - Personal Computer

PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais

TI - Tecnologia da Informação

TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação

WWW - World Wide Web

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10

2. TECNOLOGIAS ..................................................................................................................... 12

3. A INSERÇÃO DA TECNOLOGIA NA ESCOLA .............................................................. 17

3.1 Perspectivas Atuais para a Educação Musical .......................................................... 19

4. FERRAMENTAS INTEGRALIZADORAS PARA USO NO ENSINO DE MÚSICA .... 22

4.1 A plataforma Youtube Edu como recurso educacional ............................................ 25

4.2 Aplicação do Youtube Edu na Educação Musical ..................................................... 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 34

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 36

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1. INTRODUÇÃO

Educação é um tema relevante e gera preocupação em profissionais e

estudiosos de todo o mundo e de diversas áreas do conhecimento. Além da necessidade

de capacitação para os profissionais, vemos que os avanços tecnológicos têm mudado

a forma de nos relacionar com as informações, relação essa que afeta diretamente o

desenvolvimento da educação.

O crescimento no uso de ferramentas tecnológicas na educação é comum e sua

popularização relaciona-se, diretamente, com a abertura de espaço para a adoção de

outras tecnologias1 que podem ter uso pedagógico, como celulares, computadores,

tablets, jogos etc. Em razão dos avanços científicos integração com modalidades

democráticas de ensino, surge a demanda pela formação continuada dos educadores,

que visa adaptá-los a essas mudanças.

Segundo pesquisa do IBGE2, dos 116 milhões de pessoas que acessaram a

internet no Brasil, 76,4% usaram para assistir a vídeos, inclusive filmes e séries. Incluem-

se ainda, usuários do Youtube e serviços de Streaming, como o Netflix.

Neste cenário, repleto de oportunidade mas ainda permeado de dúvidas

recorrentes é que inserimos o Youtube Edu, plataforma de vídeos educacionais da

empresa Google em parceria com a fundação Lemann, que vem suprir a necessidade,

no âmbito escola, de conhecer, entender, saber como funciona e colocar em prática a

integração das diversas tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) a favor da

educação.

Nesse contexto, será apresentada a nova plataforma Youtube Edu, como

recurso estratégico de ensino e apoio ao professor de música que vem compor o quadro

de ferramentas de fácil acesso e manuseio voltados para a educação. Contudo, devido

1 Leia-se "Tecnologias" em sentido amplo, abrangendo softwares e dispositivos físicos. 2 A informação é do suplemento de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da

Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, realizado em 2016. Disponível em: < https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html?=&t=o-que-e>.

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à recente criação da referida plataforma, ainda não são encontradas referencias em

quantidades significativas, que nos ajude a compreender com profundidade o assunto.

A análise sobre a utilização de novas tecnologias no ensino da educação musical

no ensino básico, enquanto ferramentas de apoio ao professor de música, foi base em

que assentou o presente trabalho. A partir da necessidade de discussão sobre o tema,

surgiu a ideia de realizar uma proposta, em contexto de sala de aula, pretendendo-se

com ele alcançar algumas respostas que em um futuro próximo, poderão, didaticamente,

auxiliar na adaptação e reformulação de práticas pedagógicas, além da compreensão e

receptividade dos alunos em relação a novas ferramentas de fácil acesso, disponível no

mundo digital.

Em particular, objetiva-se, também, além de conhecer, entender os impactos e

influências das novas tecnologias com a possibilidade de uso nas aulas de educação

musical e orientar tanto novos, quanto experientes educadores, na utilização como

complemento de suas aulas, bem como os recursos tecnológicos empregados na

educação, ampliando sua familiaridade aos meios digitais seja em blogs, redes sociais,

sites ou wikis, visando uma otimização das aulas com o ganho de tempo quer seja na

ampliação do assunto, quer seja em sua contextualização.

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2. TECNOLOGIAS

O termo tecnologia, de origem grega, é formado por tekne (arte, técnica ou ofício)

e por logos (conjunto de saberes). É utilizado para definir os conhecimentos que

permitem fabricar objetos e modificar o meio ambiente, com vista a satisfazer as

necessidades humanas.

O computador teve seu surgimento na década de 1940 e revolucionou o mundo

tornando-se indispensável no cotidiano da sociedade. Mesmo não utilizando-o

diretamente, ainda sim utiliza um computador, interage ainda que de forma indireta com

algum outro recurso digital. Comumente chamadas de TIC – tecnologia da informação e

comunicação da era digital – tiveram sua expansão entre as décadas de 1980 e 1990

mudando assim, os conceitos tradicionais no comércio e na indústria até mesmo em

atividades rotineiras, mudando a sociedade e seus costumes.

Convém destacar que, embora erradamente, é usada a palavra tecnologia como

sinônimo de tecnologias da informação, que são aquelas que permitem o tratamento e a

difusão de informação por meios artificiais e que incluem tudo o que esteja relacionado

com os computadores.

De acordo com o Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, Tecnologia é a

ciência cuja finalidade é a aplicação para fins industriais e comerciais. Freitas (2005)

define tecnologia como sendo o “conhecimento de relações causa-efeito contido nas

máquinas e equipamentos utilizados para realizar um serviço ou fabricar um produto”.

Não sendo, portanto, o conjunto físico de produtos, assim como afirma o referido autor,

“para um usuário leigo da palavra, tecnologia significa o conjunto particular de

dispositivos, máquinas e outros aparelhos empregados para a obtenção de um

resultado”.

Já para Fleury (1990, p.146), uma abordagem muito diferente enxerga a

tecnologia como um pacote de informações organizadas de diversos tipos, provenientes

de várias fontes e obtidos através de diversos métodos, utilizado na produção de bens.

Nessa perspectiva, a tecnologia é pensada de maneira a otimizar os processos

produtivos de bens dirigidos ao consumidor, principalmente em âmbito industrial, o qual

direciona a produção. Essa visão macro da tecnologia, está também presente em

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diversos outros setores da sociedade, tais como: instituto de pesquisas, órgãos estatais

de ensino e pesquisa em desenvolvimento entre outros. Essa tradição não se concentra

em criticar a relação mais ampla existente entre tecnologia e sociedade – como ocorre

nas filosofias críticas e nas abordagens éticas ao fenômeno tecnológico.

A difusão das tecnologias no mundo moderno, demanda diversos estudos e

discussões causando divergência na doutrina especializada no que concerne seu

assentamento conceitual.

A obra “O conceito de tecnologia” (apresentado por Álvaro Vieira Pinto ***(qual

ano?) no primeiro volume sobre esse tema), aborda um homem dentro de seu processo

de hominização3, sob dois aspectos fundamentais: a aquisição, pela nossa espécie, da

capacidade de projetar, e a conformação de um ser social, condição necessária para que

se possa produzir o que foi projetado.

É sobre essa vertente, em especial “a conformação de um ser social”, que é

pautada a discussão e análise dos efeitos e utilização de tecnologias na educação seus

impactos no processo de transformação escolar em favor da sociedade.

2.1 O cenário: educação e tecnologia

Percebemos diversas mudanças no processo de ensino-aprendizagem, a

medida em que a sociedade passa por transformações em campos, que afetam

diretamente a educação, tais como política, sociedade, economia, cultura entre outros.

Essas mudanças alteram o paradigma da educação e fundamentam-se no

desenvolvimento científico e tecnológico que levam a sociedade a repensar seus

costumes. Como afirma Souza (2008, p. 8), “crianças e jovens crescem convivendo

naturalmente com as mídias Ipods, CD-player, TV e computadores- e que estas

representam componentes importantes de duas vidas: a busca de identidade e a

socialização”.

3 Evolução física e intelectual do homem desde a sua

fase primitiva até o estágio de desenvolvimento atual. Hominização in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora,

2003-2018. [Conslt. 2018-06-29 15:54:07]. Disponível na Internet: <https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/hominização.>

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Vive-se a era da informação, onde o conhecimento se constrói relacionando-se

de maneira rápida gerando caminhos a conectar uma sociedade. A sociedade da

informação se estabelece pela potencialização de inovação no ambiente com o

direcionamento na inclusão e integração de exigências às demandas mundiais. As TIC

estabeleceram formas de interpretação distanciadas das sociais e culturais, levando a

um mau entendimento. Gohn (2007, p. 162) comenta que a explosão de informações

disponíveis nas diversas plataformas “acelerou os processos de comunicação e

interligou o planeta com uma malha de redes eletrônicas, gerando consequências para

quase todas as áreas do conhecimento”.

A escola, diante desse novo cenário, necessita incontestavelmente de propostas

de inclusão digital e social para que uma efetiva educação, pautada em conceitos atuais

e furos no intuito de formar e educar cidadão de maneira integral.

O ato de educar, seguindo as transformações sociais, constitui-se através de

intercambio do educador com o aluno desenvolvido através de suas vivencias em um

processo dinâmico. É uma relação dialógica, onde os homens se educam através de sua

realidade social em conjunto com a educação formal.

A construção do conhecimento possibilita ao educandos tornar-se agentes ativos

do processo de transformação da sociedade na atual transição entre séculos e com isso,

passar a construir perspectivas e formas diversas de pensar por meio de uma integração

de saberes. As tecnologias digitais estão sendo bastante utilizadas na educação e na

educação musical (GOHN, 2009) de forma síncrona e assíncrona, ambas em diversos

contextos e situações.

Em suas mais novas concepções, a educação tem como principal característica

o respeito a identidade do aluno e suas experiências vividas fora e dentro da escola,

sendo participante ativo no processo de construção do conhecimento. Não é mais

admitido as formas de estrutura verticalizada onde o professor é tido como detentor do

conhecimento.

O educador do cenário atual é o facilitador do processo e mediador das

discussões.

De acordo com Freire (1996, p.16):

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Educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da história e onde a questão da identidade cultural tanto em sua dimensão individual, como em relação à classe dos educandos, é essencial à prática pedagógica proposta. A pedagogia da autonomia proporciona a capacidade aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a ser.

Sendo assim, a escola é participante direto na construção da cidadania e de uma

sociedade igualitária, sendo elemento no processo de transformação. O ambiente

escolar é projetado para proporcionar a construção do conhecimento e sua

democratização. O conhecimento produz liberdade e afasta os diversos tipos de

alienação. A democratização com acesso ao conhecimento, a fim de gerar possibilidades

de conhecimento ao ser humano de desenvolver um pensamento crítico.

Atualmente, um dos principais objetivos da escola é fornecer os conhecimentos

necessários estabelecido previamente em dispositivos legais como na recentemente

aprovada Base Nacional Comum Curricular – documento de caráter normativo que define

o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais – sendo definidos como

importantes para o desenvolvimento integral como seres humanos para a ampliação das

capacidades de reflexão e criatividade.

Através do pensamento crítico desenvolvemos competências e habilidades. A

educação abrange aspectos objetivos e subjetivos em comunhão com as novas

tecnologias e possibilidades. O sentido dado na elaboração das temáticas estão

relacionados ao interesse e contribuições sociais, além de econômica dos indivíduos.

Nisso, a importância na discussão para eliminar distancias ente teoria e prática, a fim de

potencializar o conhecimento.

Com uma visão democrática de educação, firma-se a utilização das novas

tecnologias em ambientes educacionais na busca pela participação de um maior número

de pessoas na construção de novos conhecimentos.

Como forma de ampliação das possibilidades e democratização do

conhecimento, ocorreu uma forte demanda no uso da Educação à Distância. Essa

modalidade de ensino tornou-se a nova e atual maneira de ensinar e popularizar

informações em seus aspectos mais generalistas.

A exigência da educação continuada é determinada pelos avanços científicos-

tecnológicos e de vêm pontuando novas maneiras de convivência social e

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comportamentos para o mercado de trabalho. No mundo cada vez mais globalizado,

temos diversas e diferentes profissões e para conquista-las, exige-se formação e

capacidade analítica para diferenciar as situações e detectar problemas, tomando

iniciativas que potencialize a criatividade e a necessidade permanente de atualizações.

O EAD, é uma importante ferramenta que proporciona a democratização da

educação e de um sistema de educação que diminui distancias e proporciona acesso

para aqueles que são impossibilitados por razões profissionais, geográficas e/ou sociais.

Através dos meios tecnológicos é disponibilizada uma grande quantidade de

recursos pedagógicos que favorecem o aprendizado com diversas vantagens para os

estudantes. É evidente o poder de ensino–aprendizagem que o computador e as

tecnologias proporcionam. O EAD busca preservar as propriedades de uma educação

de qualidade fora dos padrões convencionais.

Nesse cenário, o papel do professor é apresentar e colaborar com a proposta de

compreensão da dinâmica atual, superações e dificuldades no domínio e aceso das

tecnologias, com o objetivo de produzir conhecimento. O educador agi como o facilitador

das informações pela interação das necessidades coletivas dos educandos para a

construção do ser.

As relações e ferramentas pedagógicas na construção dos ideais filosóficos e

sociais envolvem apropriação de conteúdo na busca por novidades e descobertas,

organização de diálogos e troca de ideias com possíveis opiniões contrárias inerentes às

discussões do grupo. A compreensão das tecnologias é fator determinante para o

aperfeiçoamento das aulas, gerando oportunidades de redescobrir a natureza essencial

da educação no processo de desenvolvimento humano e social.

As TIC promoveram uma revolução na sociedade atual com a popularização dos

meios de acesso do indivíduo com grupos maiores que seu ciclo social. A educação

mediada por tecnologias vem romper barreiras geográficas e sociais, sem perder

qualidade ou distanciar-se dos objetivos pedagógicos gerando momento de

oportunidade educacionais e construção de conhecimento.

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3. A INSERÇÃO DA TECNOLOGIA NA ESCOLA

A educação formal é um processo que leva o indivíduo a aprender e desenvolver

o pensamento crítico integralizando todas as dimensões da vida, levando-o a participar,

criar, inovar e pensar.

Freire (2005), por sua vez, coloca que ensinar é um fator decisivo para

construção da humanidade, depende do diálogo entre quem ensina e de quem aprende

Vygotsky (1989) afirma que, o processo de ensino aprendizagem acontece com a

interação entre professor e aluno, com aluno e aluno, e de ambos com a sociedade,

ocorrendo uma reciprocidade aonde o ensino impulsiona a aprendizagem.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela, para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. (BRANDÃO, 2007, p. 07)

Para Libâneo (1990), a escola é um espaço de educação formal exatamente

porque a aquisição de saberes é planejada e direcionada para resultar os interesses que

organizam a sociedade e surge da necessidade de reforçar um modelo a ser seguido.

A sociedade está em transformação permanente e junto a ela, a escola se molda

em relação a essas mudanças modernizando-se para acompanhar e enfrentar os novos

desafios, adaptando-se aos efeitos da globalização e, obviamente, ao uso e manipulação

de tecnologias. Assim, é inegável a necessidade de transformação e participação da

escola.

A todo tempo, nos deparamos com as mudanças nos hábitos de leitura e escrita

provocados pela utilização cada vez maior dos recursos digitais. Tais recursos fazem

parte do cotidiano das pessoas à ponto de modificar seus costumes, sendo tendencioso

que esse fenômeno venha a aumentar, de maneira progressiva, a forma de educar.

Toda essa mudança social afeta a escola e a educação sente seus efeitos de

ampliação desses mecanismos como exemplo, temos o aumento do ensino EAD,

modalidade de ensino tida como alternativa levada a ascensão pela evolução

tecnológica.

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Contudo, percebemos que a informatização nas escolas tem objetivos

específicos e vêm aumentando a produção e incorporação de instrumentos

multididáticos por parte da escola - ainda que seja lento e tenha encontrado uma gama

de dificuldades na sua implementação - criando novas perspectivas em suas atividades.

Tal implementação, em aspectos mais amplos, pode tornar a relação com a

escola mais satisfatória, gerando benefícios como a celeridade em determinadas

atividades, bem como diretamente no ensino.

Atualmente, é cada vez mais comum e necessário uma cultura que insira as

ferramentas tecnológicas disponíveis em todos os contextos da educação, tanto na parte

teórica quanto na prática. Não há consenso sobre o assunto e muitos estudiosos ainda

não encontram relações diretas entre o uso da tecnologia e o melhor aprendizado. Mas,

observadores acreditam que, se a internet juntamente com os dispositivos móveis –

aplicativos e plataformas on-line – forem utilizadas com planejamento a fim de

complementar o trabalho do professor e estimular os alunos com objetivos claros que

podem ter impactos positivos, não apenas no desempenho das notas, mas também no

desenvolvimento de habilidades.

Contudo, estruturar um trabalho que realize planos de ação ousado de grandes

dimensões é algo que presume o duvidoso de tais práticas, somado a resistência que

ainda existe é algo desafiador. Assim, acredita-se que os ***recurso podem contribuir no

processo de ensino, possibilitando ao educador usufruir de uma maior gama de

informações que auxiliem no conhecimento dos recursos disponíveis. Assim, para

concretizar o uso das TIC, como ferramentas pedagógicas, é necessário investimento na

formação continuada dos educadores.

A tecnologia apresenta-se como uma ferramenta positiva, uma das

preocupações, como já dito, é a forma como as informações e todos os recursos são

utilizados e interpretados na escola. Se por um lado é impossível ignorar a importância

da tecnologia na vida dos, por outro o uso em sala de aula ainda gera debates entre

educadores e acadêmicos.

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3.1 Perspectivas Atuais para a Educação Musical Primeiramente, há consenso de que o desenvolvimento de uma nação está

diretamente condicionado à qualidade de sua educação. Assim, pode-se dizer que, em

termos gerais, as perspectivas ainda são otimistas.

No Brasil a relevância do conhecimento musical na formação do cidadão é

referendada atualmente pela LDB/96, MEC e PCNs, tanto no aspecto dos conteúdos da

linguagem musical quanto das interações interdisciplinares. Esses documentos ratificam

pesquisas que integram o ensino de música com a informática, fundamentados na

interdisciplinaridade, contextualização, desenvolvimento de competências. (PCN-Arte I,

1997, p. 51, 81; PCN-Arte Ensino Médio, 1998, p. 6-8) e na utilização didático pedagógico

do computador e de seus periféricos.

Até o ano de 2008 não havia educação musical nos quadros do projeto

pedagógico instituído pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1996. A Lei nº

11.769/2008 alterou o Art. 26 da LDB (Lei nº 9.394/96), inserindo neste artigo um sexto

parágrafo. Assim, a redação do artigo 26 e o novo § 6º traz a seguinte redação, conforme

a nova disposição referida, que dialoga diretamente com o § 2º do mesmo artigo:

“Art. 26º. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. (...) § 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (...) § 6º A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º deste artigo.”

Em conformidade com a referida lei, a redação apresentada pela lei nº 12.287/10

dispõe que “o ensino de arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá

componente curricular obrigatório nos diversos níveis da Educação Básica de forma a

promover o desenvolvimento cultural dos alunos.

Atualmente, está em vigor a lei nº 13.278, de maio de 2016, que alterou o §6 do

art. 26 da lei nº 9.394/96 (LDB), trazendo a seguinte redação: "§ 6º As artes visuais, a

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dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular

de que trata o § 2º deste artigo."

Pela primeira vez, o Brasil tem um documento normativo que explicita os direitos

de aprendizagem de todos os alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.

Homologada em dezembro de 2017 pelo Ministério da Educação, a BNCC apresenta

importantes avanços para a equidade e a qualidade da educação.

A LDB fez transformações em todos níveis de ensino integralizando o ensino das

Artes como componente obrigatório à grade curricular da Educação Básica, mas apesar

das referidas mudanças legais, ainda nos com problemas relacionados à aplicação dos

currículos em sala de aula, formação continuada dos professores e a preocupação com

a formação dos novos. Dentre os maiores questionamentos feitos em torno do tema,

estão os assuntos referentes a qual modelo de escola e de educação são mais eficientes

para nossos tempos marcados pela globalização e pela era da informação. Assim, as

perspectivas para ensino da música acompanham, de acordo com as demais disciplinas,

os avanços tecnológicos e as mudanças de hábitos da população.

O ensino da música ainda é considerado precário no processo de educação

escolar, apesar de diversos pesquisadores e alunos enfatizarem em seus trabalhos

acadêmicos sobre a importância da música na formação do aluno. A falta de respeito ao

ensino da música como parte integrante do currículo escolar, se dá ao fato da

incorporação no fazer pedagógico ainda não ter sido efetiva, além das universidades

manterem o modelo de conservatório europeu em sua maior parte.

A educação musical brasileira ainda se apresenta vinculada a paradigmas de

tradição europeias, mais especificamente nos cursos de bacharelado, onde a se mantém

o modelo dos conservatórios europeus. Essa abordagem implica em considerarmos que

toda prática musical traz implicitamente a aprendizagem dessa prática e que, assim,

algumas modalidades de educação musical ocorrem em diversos contextos, envolvendo

grupos diversos grupos sociais e culturais. (ARROYO, 2015, p.18). Teca Alencar de Brito defende a ideia de que a formação da criança deve romper

com a padronização da educação musical como mero conhecimento.

As crianças são continuamente capturadas pelo modelo musical tradicional, orienta-se para a precisão das alturas e durações, para

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o tempo pulsado e cronometrado, para as formas musicais estabilizadas e estabelecidas que caracterizam os gêneros e estilos musicais que prevalecem no espaço da comunicação: em casa, na escola, na mídia. (Brito, 2009: 28)

A música como atividade artísticas e cultural, refletida na realidade em que o

aluno está inserido, carregando valores presentes em seu meio. A educação musical não

deve ser meramente transmissora, até porque vai além de conhecimentos meramente

decorados bem como partir do conhecimento do educando. A imposição de estilo musical

nas aulas de música remete ao processo de ensino da antiga igreja católica. Assim, como

Solon, et al. (2015, p.03) afirmam:

A música de concerto d tradição ocidental ou a música popular brasileira, não podem ser lecionadas sem a devida contextualização. Impor a música de concerto tradição ocidental remete ao processo dos jesuítas, sempre lembrados nos trabalhos acadêmicos da área como primeira experiência de educação musical no Brasil.” (SOLON, et al. 2015).

Transmitir uma educação musical significativa, exige do educador uma

consciente necessidade de contextualizar os conteúdos do processo de ensino em busca

de metodologias que se ajustem às mudanças de uma sociedade em constante

desenvolvimento (KOELLREUTTER, 1985). Para isso, além de atualizar recursos às

emergentes inovações, deve procurar adequação as estruturas visando o

desenvolvimento e a consequente redução de gastos.

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4. FERRAMENTAS INTEGRALIZADORAS PARA USO NO ENSINO DE MÚSICA

Os atuais recursos tecnológicos trazem diversas utilidades e benefícios para a

sociedade, desde atividades rotineiras ou avanços nas pesquisas das variadas áreas de

estudo. Na educação, o papel empregado pelas tecnologias ainda gera controvérsias

quanto aos seus aspetos sociais e pedagógico. O uso desordenado de dispositivos

móveis em sala de aula gera fortes prejuízos, atrasando o andamento do plano de aula

do professor e diminuindo os níveis de aproveitamento dos alunos, isso faz com que

coloquemos em xeque a inserção dos recursos tecnológicos em sala.

Se pensarmos em uma educação voltada para a atualização e modernização,

temos que pensar, também, na necessidade de estímulos do aluno para que seu

aprendizado contribua para o seu desenvolvimento pessoal e para a consolidação da

cidadania. O uso da internet pode ser um meio de promover esses aspectos, tendo em

vista que tais ferramentas estão cada dia mais presentes em nossas vidas.

O uso de tecnologias em sala de aula com aparelhos de TV, DVD,

retroprojetores, laptops e computadores para auxiliar na apresentação de slides

(finalidade mais comum), já não são novidades. Tendo em vista os investimentos na

educação brasileira, esses materiais são as opções de inovação tecnológica em sala de

aula, tirando o professor da lousa e dando um novo clima nas aulas.

. No entanto, esses materiais passaram a ser fortemente utilizados gerando uma

necessidade o uso, uma obrigação e hoje já são tidos como obrigatórios em sala de aula.

Há frequentes afirmações de que o professor vem perdendo seu lugar numa

sociedade informatizada. Entretanto, por mais sofisticados e eficiente que sejam, as

novas tecnologias não substituem a imagem do professor, na verdade, reafirma sua

presença e importância sua função específica de orientar, mediar e avaliar o processo

de aquisição do conhecimento. (LIBÂNEO, 200, p. 67). Hoje nos deparamos com inúmeros softwares direcionado para o ensino,

conhecidos como "tecnologias educacionais", é a forma mais popular de se inserir

tecnologia às aulas. Entende-se por tecnologia educacional o conjunto de técnicas, e

métodos digitais e demais recursos usados como ferramentas de apoio aplicadas ao

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ensino, com a possibilidade de atuar de forma metódica, entre outras atividades das mais

diversas possíveis.

Na música, fazemos uso diversos programas de computador com um fim

específico: criar música. Não só criar, mas manipular o som, escrever, sintetizar, gravar

etc. Dentre os softwares mais utilizados no ensino da música, tempos grupos distintos

identificados por Fritsh (2003), quais sejam:

● Software para acompanhamento – É o tipo de software semelhantes aos teclados

de acompanhamento automático, quando são executadas notas em um

instrumento MIDI, permitindo ao usuário realizar composições, arranjos e auto

acompanhamento.

● Software para edição de partitura – É aquele que serve para editar e imprimir

partituras, bem como incluir notas usando o mouse ou diretamente de uma

execução em instrumento MIDI. Permitindo, ainda, importar arquivos gerados por

outros programas. Geralmente possuem bastante flexibilidade permitindo

escolher tipos de pautas, símbolos musicais, oferecendo recursos para edição de

letras na música.

● Software para a gravação de áudio – Grava múltiplas e simultâneas trilhas de

áudio digitalizado. Estes aplicativos facilitam as atualidades de composição já que

permitem a gravação de um instrumento como base em um canal e em seguida

os demais em outras trilhas, ouvindo o instrumento base já gravado. Assim com

todos os dados sonoros armazenados na memória do computador, temos

inúmeras possibilidades de manipular o som digitalmente para obter resultados

desejados, como a edição de algumas características do som, equalização,

afinação e compressão de tempo.

● Software para instrução musical – São programas utilizados para o estudo de

teoria e percepção ou, como auxílio no aprendizado de um instrumento. Eles

foram desenvolvidos exclusivamente para o músico que deseja utilizar o

computador para aprender sobre determinada área da música. Nesta categoria

de Softwares estão inclusos os CD-ROM’s multimídia e Web sites sobre história

da música e biografia de compositores.

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● Software para sequenciamento musical – Permite a gravação, execução e adição

de músicas no formato MIDI, e armazenada pelo software, podendo assim, ser

editada. A música criada no sequenciador também pode ser exportada para outros

programas em formato MIDI. É possível importar músicas de outros softwares

para editá-las.

● Software para síntese sonora – São gerados sons (timbres) por meio de amostras

sonoras armazenadas ou por alguns processos de síntese digital. Alguns

programas sintetizadores podem tocar os sons em tempo real, por meio de

comando de notas MIDI executadas por um sequenciador ou por uma pessoa

tocando um instrumento.

Com isso, fica bem claro a possibilidade de suporte tecnológico na área musical

que é bem diversificada, possibilitando uma aprendizagem prazerosa, instigante e de

acesso facilitado ao aluno, já que vivemos numa era digital. O estudo por meio da

utilização de softwares acaba sendo um grande trunfo no processo de ensino-

aprendizagem.

Essas atividades têm uma necessidade em particular que são os laboratórios,

recurso esse que não é tão comum de encontrarmos em escolas públicas, dessa forma,

uso torna-se demasiado e pouco usual no âmbito escolar. Também devemos levar em

consideração o teor de especificidade que tais softwares proporcionam, podendo ser

utilizado, subsidiariamente, na educação básica. Porém, a educação musical tem

finalidades diferentes do ensino musical em caráter específico como, performance,

regência, composição; sendo o ensino generalista. Em contrapartida, temos softwares e

plataformas na WEB, que nos proporciona os recursos ideais para a educação, em

especial os desenvolvidos para dispositivos móveis.

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4.1 A plataforma Youtube Edu como recurso educacional

O Youtube é uma plataforma de compartilhamento de vídeo com sede em San

Bruno, Califórnia. O serviço foi criado em 2005, sendo comprado posteriormente pela

empresa Google, em 2006. A revista norte americana Time4 (edição de 13 de novembro

de 2006) elegeu o Youtube a melhor invenção do ano por, entre outros motivos, “criar

uma nova forma para milhões de pessoas se entreterem, se educarem e chocarem de

uma maneira nunca vista antes”.

No início dos anos 2000, os recursos para se colocar vídeos disponíveis na

internet eram raros, o Youtube tornou possível a qualquer usuário a postar seus vídeos

na internet gerando milhões de acessos em pouco tempo, tornando o compartilhamento

de vídeos uma das mais importantes culturas da internet.

Figura 01: Página inicial do Youtube em 2005, ano de criação. Fonte:

https://tecnoblog.net/54635/youtube-ganha-nova-pagina-inicial-agora-sim-com-foco-no-usuario/ Acessado em: 10 de outubro de 2018 às 16:12.

4 Disponível em: <http://time.com/search/?q=Edicao%202013%20youtube>

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No início, o Youtube apresentava-se como um armazenador de vídeos do

usuário, sugerindo o compartilhamento de produções pessoais como principal finalidade.

Atualmente, o slogan é “broadcast yourself”, ou seja, “’ transmita-se”, apresentando a

reformulação do conceito de plataforma de armazenamento para ferramenta de

expressão pessoal.

O Youtube tem a proposta de ser uma ferramenta voltada para o usuário comum,

mas de nada impediu que diversos tipos de participantes fizessem uso diverso.

Motivados pela visibilidade e facilidade de acesso, a plataforma passou a ser utilizada

para quase todo tipo de divulgação, tais como: marketing digital, propagandas comerciais

e políticas, programas de televisão etc. A classificação dos vídeos é dada por categorias,

como de animação e desenhos, comédia, entretenimento, filmes e séries, máquinas,

jogos, música, notícias, animais, lugares, esportes.

Assim, cada participante molda coletivamente o site como um sistema dinâmico

que, através de sua popularidade, torna-se uma forma de cultura participativa. Burgess

e Green (2009), observam que o Youtube é como um sistema cultural intermediário,

representando uma quebra com os modelos já existentes, consagrando um novo

ambiente midiático, dos quais novos tipos de ferramentas geram relações entre mídia

alternativa e mídia comercial em massa.

“Do ponto de vista da audiência, é uma plataforma que fornece acesso à cultura ou plataforma que permite aos seus consumidores atuar como produtores. Essa amplitude é a fonte da diversidade e alcance do Youtube, assim como a causa de muitos choques entre o controle top-down e a emergência bottom-up que produz política” (BURGESS e GREEN, 2009, p. 32)

Nesse sentido, o fenômeno do Youtube provoca vários questionamentos e fortes

reflexões, sendo para nós os mais relevantes: qual o papel do professor nessa nova era

tendo em vista que o site é oferecido para qualquer usuário, sem necessitar da figura do

mediador; outra sobre como os alunos irão lidar com informações em estado bruto, capaz

de introduzir equívocos e destruir aspectos positivos.

De acordo com Burgess e Green (2009), o pânico seria “os sintomas do

desconforto e a incerteza que cercam o campo de atuação da mídia e a autoridade moral,

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provocados pelo uso em massa das novas tecnologias de mídia para publicação

autônomo” revelando-se que a crescente popularização do site e a sua apropriação por

diversas instituições, transforma a visão da comunicação. Se antes o Youtube era um

meio de “expressar a liberdade individual”, agora é um meio de comunicação em massa.

Tratando o Youtube como um fenômeno de cultura participativa.

Apesar de não ser recente, a cultura participativa tem passado por um processo

de intensificação sem precedentes a partir das possibilidades criadas com as novas

tecnologias, dando origem a ideia de uma vertente à plataforma.

O que antes era feito de forma autônoma, hoje o processo dar-se-á por meio de

triagem e acompanhamento de pessoal especializado para se obter um recurso confiável

que atenda sua finalidade. Assim, foi criado o Youtube Edu, abreviatura de educação,

surgiu em 2013 a partir de uma parceria entre o Google e a Fundação Lemann5. Com a

iniciativa, o Brasil tornou-se o segundo país a receber o projeto de um canal exclusivo

de conteúdo educativo no YouTube, o primeiro foi Estados Unidos. Inicialmente, foram

selecionados 8.000 vídeos de professores brasileiros, já reconhecidos na plataforma e

com canal próprio, e o Youtube Edu foi dividido por disciplinas, como biologia,

matemática, língua portuguesa, física, química, com foco no ensino médio. A plataforma

agrega vídeos educativos, feitos para auxiliar alunos e também servir como material extra

para professores.

Os vídeos publicados no Youtube Edu – diferentemente da forma convencional

– passam por uma curadoria constituída por uma comissão de professores que avaliam

a veracidade das informações e a qualidade das aulas. Esse minucioso trabalho baseia-

se em uma avaliação de conteúdo, a fim de evitar erros de graves que acarretem

prejuízos na compreensão dos conceitos trabalhados.

A utilização de vídeo aula utilizando a plataforma Youtube não é recente, essa

prática vem sendo utilizadas há vários anos e, em sua maioria, tiveram início através de

ideais inusitadas. Após a popularização de canais como Vestibulândia, Biologia Total,

5 A fundação Lemann é uma organização sem fins lucrativos que atua em parceria com

Governos e entidades da sociedade civil, de maneira inclusiva, visando educação pública de qualidade

para todos e apoiando pessoas e organizações que direcionam suas atividades a ajudar o país.

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manual do mundo entre outros, diversos outros professores participam hoje como

youtubers6 criando uma imensa rede de ensino informal, que visa o auxílio nas aulas

para os alunos.

Contudo, essa prática gera indagações por parte de professores e

pesquisadores, no tocante às práticas pedagógicas com utilização de tecnologias da

informação tendo em vista a visão pragmática que as mesmas possuem em relação ao

uso desordenado pelos alunos que, muitas vezes geram prejuízos tanto individual quanto

ao grupo. Além disso, têm-se, também, a ideia de substituição do professor em atividade

convencional em conflito com os professores administradores de vídeo aula

compartilhada pela referida plataforma, o que já foi fortemente defendido pela empresa

Google em sentido contrário; A plataforma Youtube Edu não veio para substituir o

professor, mas, sim, complementar as aulas e auxiliar os alunos que tem a oportunidade

de sanar dúvidas cujo tempo de aula não foi o suficiente para tal.

O Youtube Edu rompe barreiras geográficas democratizando o ensino, em

especial pra aqueles cujo ensino é precário ou até mesmo inacessível, onde o aluno

administra os assuntos em que se sinta mais prejudicado e aprofundando aqueles em

que o professor não dispõe de tempo hábil para detalhar.

Nossa época é marcada pela acelerada era da informação, onde “crianças com

sete anos, têm mais conhecimento que os imperadores tinham no auge da antiga

Roma.”7 A frase ressalta o quanto a sociedade vem evoluindo com o passar dos anos

gerando preocupação por parte de diversos profissionais em relação as consequências

dessa evolução, bem como seus efeitos.

No entanto, não se trata apenas de agregar mais uma ferramenta às aulas,

devendo o professor reformular seu trabalho além, claro, de desenvolver habilidades no

manuseio e na compreensão do suporte que essa ferramenta pode propiciar. Logo, o

professor deve estar familiarizado com as técnicas áudio visual – nos casos em que o

6 Termo que designa pessoas que criam e gerenciam vídeos e canais na plataforma

Youtube. 7 Palavras do psiquiatra e escritor Augusto Cury, em sua página oficial no Facebook.

<https://www.facebook.com/augustocury.autor/posts/queridos-amigos-atualmente-uma-crian%C3%A7a-de-7-anos-de-idade-tem-mais-informa%C3%A7%C3%A3o-qu/872021802869484/> Acesso em: 23/10/2018, às 17:35.

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professor queira criar seu próprio canal – saber escolher os vídeos mais adequados para

que contextualize diretamente com suas aulas etc.

4.2 Aplicação do Youtube Edu na Educação Musical

A educação musical no Brasil foi fortemente influenciada por métodos de

musicalização elaborados por educadores de todas as partes do mundo, recebendo

grande impulso na segunda metade do século XX pelo compositor Heitor Villa-Lobos,

com o canto orfeônico. (FONTERRADA, 2003).

Outro compositor que impulsionou à educação musical brasileira foi Joachim

Koellreutter. Segundo Fonterrada ele “trouxe ideia frescas, que refletiam a nova postura

diante da arte contemporânea e abriu um campo voltado à pesquisa e à

experimentação.” Ainda de acordo com Fonterrada (2003), podemos citar, dentre outros

métodos Zoltán Kodaly, Émile-Jaques Dalcroze, Carl Orff e Shinichi Suzuki, onde cada

qual desenvolveu determinado aspecto da educação musical tais como: prática vocal e

instrumental, movimento corporal e habilidade de escuta, ensino baseado em ritmos,

movimento e improvisação; capacidade de aprender música tal qual se aprende a própria

língua.

Nos últimos anos, a educação musical vem passando por diversas mudanças

desde seus conceitos básicos até sua aplicabilidade na educação básica. Diversos

pesquisadores e alunos vêm apresentando em suas pesquisas a importância da música

nas escolas, com isso a música vem retomado seu lugar de direito nas salas de aula e

currículos do ensino básico por todo o Brasil. Com isso, nos deparamos com outras

dificuldades tais como: o quê, quando e como ensinar?

Assim:

“No momento em que defendemos que o ensino de música deve fazer parte da educação formal (escolar) do indivíduo, precisamos não só definir o que será ensinado (mapeamento de conteúdos e objetivos), mas também criar mecanismos para verificar se nossos objetivos estão sendo alcançados. Caso contrário o ensino de música pode tornar-se uma sequência de atividades sem finalidade educativa.” (HENTSCHKE, 1994, p. 45)

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Tomado como base tais mudanças, inclusive a expansão e popularização dos

sistemas informatizados e o acesso facilitado a internet, temos vividos cada vez mais

conectados o que de certa forma nos ajuda com tarefa diárias ou nos prejudica com o

uso desordenado. Atualmente, o uso do Youtube por parte de professores do mundo

inteiro vem aumentando exponencialmente. Não é raro nos depararmos com tutoriais

que nos mostram atividades das mais variadas possíveis, aulas produtivas que nos tiram

dúvidas que não conseguiríamos entender apenas com livros, inclusive, aulas de como

tocar um instrumento, claro.

Com isso, tivemos as grandes “sacadas” de alguns profissionais na área de

educação que, descontentes com sua área de atuação, desenvolveram formar de

ensinar sem a necessidade de um vínculo institucional. Geralmente desmotivados pela

falta de valorização, tais profissionais resolveram inovar e criaram canais no Youtube

voltados para o ensino-aprendizagem de suas respectivas áreas de atuação. Entre eles

podemos destacar o canal Vestibulândia, do Professor Nerckie, que mesmo com site

próprio continua a manter seu canal no Youtube, contando hoje com mais de 800 mil

inscritos e seus vídeos possuem mais de 700 milhões de visualizações, sendo um dos

pioneiros. Seu canal envolve, precipuamente, matemática, mas também aborda

assuntos de física e química todos voltados para o ENEM e Vestibulares.

Figura 02: página inicial do canal “vestibulândia”, no Youtube. Fonte:<https://www.youtube.com/channel/UCkD_O6F2yt97117PhrBxqYA Acessado em: 20 de outubro de 2018 às 11:38.

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Outro professor em destaque é o Ivys Urquiza que desenvolve, junto ao

professor Nerckie e outros, o trabalho de embaixador da plataforma Youtube Edu no

Brasil. O professor Ivys tal qual o professor Nerckie, foi fortemente desmotivado a dar

aulas pelos mesmos motivos que a classe de educadores sofre no Brasil, desvalorização,

baixa remuneração e, em alguns caso, periculosidade de acesso ao local de trabalho.

Um fato curioso sobre o Ivys Urquiza é que sua formação inicial é de engenheiro, mas

viu na sala de aula sua verdadeira vocação. Hoje, seu canal conta com mais de 300 mil

inscritos e suas aulas já foram assistidas por milhões de pessoas.

Figura 03: página inicial do canal “Física Total”, no Youtube. Fonte:< https://www.youtube.com/channel/UChcAczGVMrjZ7cCTgpVYXRQ > Acessado em: 20 de outubro de 2018 às 11:38.

Se analisarmos as disciplinas catalogadas na página inicial do Youtube Edu,

vemos uma gama significativa de professores que aderiram à prática e elaboram seus

vídeos periodicamente, mesmo que suas disciplinas não sejam ofertadas no currículo da

educação básica ou o é de forma facultativa, com a disciplina de Filosofia.

Levando em consideração os exemplos expostos a cima, vemos que Youtube

Edu é mais que uma plataforma, tornando-a uma importante ferramenta de

democratização do ensino. Em sua página inicial, podemos notar que não há qualquer

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forma de tendencionismo em destacar vídeos A ou B, vemos vídeos com 300 mil

acessos, bem como com 5 visualizações.

O Youtube disponibiliza uma área intitulada de Youtube Creator, onde é ofertado

todo o apoio necessário para que o interessado em criar seu próprio canal seja orienta

para tal. No entanto, ainda não foram registrados interesses dos professor da Arte e suas

Linguagens, em ofertar vídeos sobre as respectivas disciplinas, o que nos leva a crer

que há, ainda, falta de incentivo para que os professores de músicas, em especial, passei

a utilizar a ferramenta.

Figura 04: Youtube Creator. Fonte:<https://creatoracademy.youtube.com/page/welcome?utm_source=YouTube&utm_medium=YT%20Main&utm_campaign=YT%20Appsn > Acessado em: 29 de outubro de 2018 às 11:10.

Dentre as possibilidades de uso, poderíamos citar: Aulas de contextualização

histórica, para que o professor pudesse enfatizar um determinado assunto em questão

sem a necessidade de prolongar a discursão, uma vez que os alunos teriam tempo de

assistir aos vídeos de casa; Aulas de notação musical, como uma introdução à escrita;

exercícios de leitura rítmica; A ideia de criar uma apresentação com os alunos e

disponibilizá-la no Youtube, para que seja compartilhada e assistida por outras pessoas.

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Afinal, as possibilidades são imensas e seu campo de atuação é maior ainda.

Com isso, o ensino da educação musical seria fortemente difundido e poderíamos

reeducar a sociedade sobre sua importância, o que de fato é ensinado e desmembrar a

ideia de que estudar música é executar um determinado instrumento, que vamos além

disso.

Na educação, em especial, sentimos essa necessidade quando analisamos os

métodos, práticas e currículos empregados no ensino desde os anos iniciais ao ensino

superior e vemos que muitas coisas ainda permanecem tal qual o século passado:

carteiras dispostas em fileiras, salas numerosas; professor de pé, em frente a lousa,

pedindo atenção; crianças e adolescentes inquietos; falta de interesse dentre outros.

Assim, ao falarmos em mudanças, logo vemos professores e gestores resistindo a tais

propostas muitas vezes engessados nesse padrão de ensino, estagnados, passado de

geração em geração e que tornou-se perfil do ensino brasileiro que, mesmo com as

importantes alterações legislativas ao longo dos anos, poucas mudanças são vistas no

dia a dia.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando os dispositivos legais quanto a forma e padrões de aula seguidos

pelos professores do ensino básico, vemos que muito a se fazer pela educação não

carece de regulamentação jurídica, mas sim de iniciativa proveniente do próprio

professor. O ensino de música ainda é tido como facultativo e sua relevância é

questionado por muitos, mesmo tendo amparo legal para sua inserção nos currículos da

educação básica, muitos gestores desconhece tal medida. A música tem duas

expectativas por parte da sociedades ou é tida como entretenimento das aulas de artes

ou ainda como um estudo profissionalizante, restrito para aqueles que desejam tornar-

se músicos profissionais, interpretes.

Esse perfil que a música carrega, são sequelas históricas que perduram no

tempo e geram atrasos significativos no avanço do ensino, e o professor, por sua vez, é

um dos principais agentes responsáveis por tais mudanças. Os tempo são outros, claro,

mas permanecer com a empatia de que a música não tem a mesma importância das

outras disciplinas presentes nos vestibulares e no ENEM, faz com que o ensino de

música fique estagnado mantendo sempre a mesma perspectiva.

Aderir a um sistema informatizado ou uma plataforma on-line são meios de se

reaver o sentido de aprender música, sabendo que a nossa era é marcada pela

informatização, com outra perspectiva que não a de interprete. Além disso, o ensino de

música, por ter um currículo baseado em diretrizes subjetivas, não tem uma forma

codificada de cronograma – o que ensinar e quando ensinar – que leva aos professores

a usarem de sua criatividade na elaboração da atividades que acha ser mais relevante

naquele momento.

O que se propõe com esse trabalho, é, na verdade, apresentar uma ferramenta

de fácil acesso e manuseio que tem uma diversificada forma de emprego para a

educação básica. Além de mostrar aos professores de música, graduandos ou

graduados, que a plataforma YouTube mudou, expandiu seu campo de atuação e

seguindo como inspiração dos professores que hoje são referência em aulas pelo

YouTube, possamos também fazer nossa parte com a música, tornando-a elemento

essencial nos currículos do ensino básico e isso só será possível com a popularização

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do ensino de música e sua descaracterização mencionada anteriormente, de que é

restrito aos que têm intenção de tornar-se músicos profissionais.

Bem, com isso, podemos nos fazer valer de ensino democrático e amplo, sendo

o professor o responsável pela forma de manipular e compartilhar as informações e a

extensão de seu uso. A plataforma é ampla, de fácil acesso, com orientações específicas

e os alunos têm intimidade com ela, tornando-a mais atrativa e, de certa forma, uma fonte

de renda.

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