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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Título: O estudo das fábulas como auxílio à aquisição da linguagem
Autor Roque Gonçalves Moreira Costa
Disciplina Língua Portuguesa
Escola de Implementação do
Projeto e sua Localização
Escola Estadual Cecília Meireles
Município da Escola Nova Prata do Iguaçu - Pr
Núcleo Regional da Educação Dois Vizinhos
Professor Orientador Ms. Antonio Marcio Ataide
Instituição de Ensino Superior UNIOESTE
Relação Interdisciplinar
Resumo
O projeto de intervenção pedagógica ―O Estudo das fábulas como auxílio à aquisição da linguagem‖ tem como objetivo explorar as narrativas das fábulas como instrumento de aprendizagem. Para isso, serão estudadas algumas fábulas e por meio delas serão discutidos a moral de cada história, como a solidariedade, a injustiça social, a vaidade, a ganância, o espírito de vingança, o autoritarismo. Serão analisados também o contexto de época, as ideias contidas nas mesmas e a aplicabilidade dessas ideias nos dias atuais. Os alunos reproduzirão, de maneira criativa, o ambiente e a situação vivida nas narrativas, pois esse trabalho permitirá ao aluno discutir as fábulas, bem como o ensinamento moral reavaliando as fábulas tradicionais. Espera-se tornar a leitura um mecanismo de treino mental, pois este é o melhor meio de contrabalançar os instrumentos de persuasão e manipulação do subconsciente, fortalecendo o poder imaginário, desenvolvendo as capacidades críticas e de leitura, contribuindo para transformá-la num prazeroso hábito permanente. Após conhecer várias fábulas, o educador construirá estratégias com os alunos para elaboração de um livro com histórias próprias. Para finalizar o trabalho de intervenção será realizada uma exposição das novas fábulas, numa ―tarde de autógrafos‖.
Palavras Chave Estudo. Fábulas. Estratégia. Aprendizagem.
Formato do material Didático Unidade Didática
Público Alvo 7º ano do Ensino Fundamental
Apresentação
Constantemente, nos deparamos na escola com adolescentes e jovens
que apresentam os chamados ―problemas de aprendizagem‖, particularmente
na aquisição da escrita. De fato, esses educandos não são os únicos a
apresentar tais dificuldades. Os estudantes que estão diante de nós não estão
sozinhos – encontramos inúmeros discentes que não encontram sucesso em
seu aprendizado. Por vezes, esses alunos passam anos frequentando a
escola, até que desistem e vão para o mercado de trabalho, onde não terão
uma formação aprimorada e que, por consequência, rendas e uma posição
social insatisfatórias.
Existem diversas razões para o fracasso escolar e as dificuldades que
surgem no processo de ensino e aprendizagem. Resta-nos, então, o desafio de
buscar mais elementos para que possamos nos posicionar diante dos casos
presentes em nossas salas de aula, em nossas escolas. Estudos indicam a
necessidade de que busquemos conhecer e respeitar as diferenças culturais e
lingüísticas apresentadas por nossos alunos e exercitar a nossa compreensão
sobre as implicações dessas diferenças nas produções orais e escritas dos
adolescentes e jovens dentro da escola.
Mas, de que modo podemos pensar a relação entre a escola e a vida?
Como a escola, as atividades e os conteúdos que ali são trabalhados dialogam
com a vida do estudante? O que quer dizer essa frase tão usual em escolas e
em propostas pedagógicas: ―ensinar partindo da realidade social dos alunos‖?
Significaria partir da vida dos alunos? Do que os alunos sabem, gostam, têm
medo e de como sentem o mundo? E como essas vivências, experiências e
sentimentos aparecem nas salas de aula?
Chegamos a uma questão importante: percebe-se como a fala das
pessoas nos dá elementos para conhecê-las, saber seu estado de espírito, seu
temperamento, suas origens sociais. O sotaque, o tom de voz, determinadas
palavras usadas, as diversas maneiras de se expressar, as referências, e
tantas outras marcas, deixam entrever aspectos das pessoas que, muitas
vezes, elas não se dão conta de que estão sendo observadas e evidenciadas.
E as falas dos nossos alunos, o que expressam? As falas deles, como
as nossas, expressam a vida que vivem, o que sabem, seus valores,
sentimentos e desejos, como a fala de qualquer um de nós. Os alunos trazem
para a escola seus conhecimentos, isto é, os conteúdos de suas vidas, o que
suas vidas contêm. E qual é a função da escola? A função da escola deve ser
a de proporcionar situações em que os alunos ampliem e aprofundem o sentido
da vida, ampliando e aprofundando conteúdos que lhes permitam compreender
a realidade de diversas maneiras.
Para ampliar e aprofundar o sentido da vida de nossos alunos,partindo
de suas realidades precisamos ouvi-los, instigá-los a falar,a conversar e a
discutir. Nessas conversas e discussões, vamos conhecendo os alunos, suas
histórias e conhecimentos, e eles também vão se conhecendo e nos
conhecendo.
Problematizando os casos que contam as histórias (nas fábulas),os
temas que surgem e levando-os a se interessar por outras realidades,por
outros temas, por outras questões e respostas,vamos indicando que o mundo é
grande, que a vida das pessoas são diferentes,que há modos diferentes de
resolver um mesmo problema; que podemos também dar explicações diversas
sobre um mesmo fato,dependendo de que lugar falamos.
Considerando que os alunos da escola Cecília Meireles apresentam
dificuldade na escrita e pouco interesse à leitura, surgiu a idéia de se trabalhar
com o gênero textual fábula, por ser uma leitura de fácil compreensão dos
alunos.
A partir desse estudo, utilizando-se de narrativas das fábulas, poder-se-á
oferecer ao educando uma oportunidade de aprimorar os seus conhecimentos,
exercitando-o na aquisição de linguagens.
UNIDADE DIDÁTICA
Oficina 01 – Conhecendo o Gênero Fábula
Objetivos: Levar o aluno a conhecer o gênero textual fábula.
Atividades:
Em um primeiro momento, os alunos serão recepcionados com uma
dinâmica, na qual será feito um círculo e, com uma caixinha surpresa
contendo atividades como dar um abraço no colega, dar cinco pulos,
contar uma história entre outros, passar essa caixinha de mão em mão
e, quando a música parar, o aluno tirará dela um bilhete com a atividade
e a realizará para os demais colegas.
Após essa dinâmica os alunos serão instigados a contar o que sabem
sobre as fábulas e quais delas eles conhecem.
Em seguida o professor contará a fábula ―A raposa e as uvas‖; depois
será explicado que toda fábula tem uma moral e as características dela,
então os alunos serão instigados a relatar aos colegas como cada um
agiria em relação à fábula contada.
Depois eles poderão representar por meio de um desenho outra moral
para essa história, que será utilizado no segundo momento.
Duração da atividade: 02 h/a
Material Utilizado: Fábula, Lápis preto, caderno, borracha e lápis de cores.
Oficina 02 – Comparação entre fábulas
Objetivos: Por meio da comparação, levar o aluno a considerar diversas
fábulas e seus ensinamentos morais – o que podem nos ensinar.
Atividades:
Para incentivar a leitura, os alunos serão divididos em cinco grupos, os
quais receberão uma fábula cada um; os alunos vão ler, interpretar
oralmente e em seguida cada grupo fará uma leitura dramatizada para
os demais. Aquela que for considerada a melhor das dramatizações será
apresentada para os demais alunos no dia do ―festival escolar‖.
Após a leitura, os grupos deverão contar sobre sua fábula e a moral que
ela traz, comentando-as.
Duração da atividade: 04 h/a
Material Utilizado: Fábulas impressas.
Oficina 03 – Mudando a moral da fábula
Objetivos: Através do senso crítico já formado nos alunos por meio das
intervenções feitas pelo professor, eles criarão uma nova moral para a história.
Atividades:
Novamente o professor divide a turma em grupos podendo trocar os
alunos para que os grupos não se repitam. Em seguida serão
distribuídas para os alunos as fábulas: ―Pau de dois bicos‖, ― A galinha
dos ovos de ouro‖, ‖A garça velha‖, ―O leão e o ratinho‖, ―O orgulhoso‖,
―O egoísmo da onça‖ e ―O imitador dos animais‖.
Após a leitura o grupo deverá reescrever uma nova moral para esta
fábula.
Em seguida a nova moral de cada grupo deverá ser apresentada para a
turma.
Para finalizar a aula o professor deverá solicitar que cada aluno traga de
casa uma história que seus pais ou avós contaram de antigamente;.
Duração da atividade: 04 h/a
Material Utilizado: Fábulas impressas.
Oficina 04 – Transformando histórias em fábulas
Objetivo: estimular o raciocínio e a criatividade do aluno na formulação de
uma fábula.
Atividades:
Em um primeiro momento o professor organiza toda a turma em
círculo; em seguida começarão a contar os contos que eles
trouxeram de casa. Após todos contarem suas histórias o professor e
a turma devem escolher as cinco melhores histórias.
Depois serão formados cinco grupos e as histórias serão distribuídas
aleatoriamente e cada grupo transformará esta história em fábula
com uma boa moral de história.
Após o término das composições as novas fábulas serão
apresentadas para a turma.
Em seguida elas serão passadas a limpo e o grupo deverá fazer uma
ilustração de sua fábula, este material ficará guardado para a
composição do livrinho de fábulas.
Duração da atividade: 08 h/a
Material Utilizado: Fábulas dos alunos, lápis preto, borracha, papel sulfite, lápis
de cores.
Oficina 05 - Trabalhando a fábula do Lobo Traficante
Objetivo: Explorar a gramática, interpretação textual, as palavras de duplo
sentido, sinônimos e o debate.
Atividades:
Será apresentada para a turma a ―Fábula do lobo traficante‖ e todos
deverão fazer uma leitura silenciosa.
O professor em seguida pode dividir a fábula em duas partes e os
alunos deverão apontar o que aconteceu e qual a lição que a história
traz.
Em seguida o professor fará inferências quanto ao tema da fábula,
situando as personagens no contexto atual de nossa sociedade.
Depois será feita uma atividade para que os alunos identifiquem as
características do Lobo e do Cordeiro e após serão respondidas
algumas questões de interpretação textual.
Duração da atividade: 04 h/a
Material Utilizado: Fábulas, lápis preto, caderno e borracha.
Oficina 06 – Trabalhando a Fábula através do Filme “Rio”
Objetivo: Com a exibição do filme ―Rio‖, incentivar os alunos a formarem uma
fábula sobre o tema.
Atividades:
Em um primeiro momento o professor deve contextualizar os alunos
sobre o filme;
Em seguida, passar o filme inteiro para eles.
Discutir sobre o filme com os alunos, abordando os pontos mais
importantes;
Em seguida, solicitar que façam uma fábula sobre os assuntos que o
filme trouxe, depois fazer as correções para que passem a limpo.
Duração da atividade: 08 h/a
Material Utilizado: Filme, lápis, borracha, caderno dos alunos.
Oficina 07 – Exposição das Novas Fábulas
Esta é a última etapa do projeto, nesta aula o professor juntamente
com os alunos juntarão todas as fábulas e formarão um livrinho de
fábulas de autoria da turma.
Após a impressão do livrinho, o Professor organizará uma tarde de
autógrafos, para amostras e incentivar novos escritores.
Duração da atividade: 04 h/a
Material Utilizado:
- As novas fábulas elaboradas – para amostra; ―comes e bebes‖...
Orientações para o Professor:
Oficina 01
Professor, esta primeira oficina é somente para informar e localizar os
alunos com relação ao gênero que será trabalhado, se você achar melhor
conte mais fábulas conhecidas por eles.
Neste site pode-se encontrar todas as Fábulas de Esopo traduzidas para
o português (de Portugal); se quiser, pode adaptar a linguagem para os
seus alunos: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/infantil/esopo.html
Oficina 02
As fábulas a ser trabalhadas serão: “A coruja e a águia”; “O Reformador
do Mundo”; “O Velho, o menino e a mulinha”; “A menina do Leite”; “O
sabiá e o Urubu”.
Neste momento também o professor com suas “interferência” deverá
ser um facilitador, um mediador do debate entre os alunos. É claro que
o professor, a pessoa mais experiente em sala, percebe, sabe antes do
que se trata, por isso é importante que o conhecimento resulte de uma
construção coletiva entre os alunos (sempre auxiliados pelo professor)
e não algo dado “pronto” pelo docente.
Oficina 03
Neste momento, os alunos farão outra história com outra moral, o
professor deve orientar os alunos para que todos participem do final
da história, e devem relacionar o final com algum fato do cotidiano,
neste momento o professor trabalha a correção gramatical, bem como
a coesão e a coerência nos textos.
Oficina 04
Professor, esta atividade deverá ser bem organizada para não
tumultuar a aula, deve-se, então, cobrar efetivamente que os alunos
tragam mesmo uma história de casa.
Acredita-se que esta atividade não será muito trabalhosa, pois
desde o início das oficinas os alunos estavam em contato com
diversas fábulas.
Professor, acredita-se que esta atividade não será muito
trabalhosa, pois desde o início das oficinas os alunos estavam
em contato com diversas fábulas.
Oficina 05
Professor, neste momento pode ser feito um debate sobre as
drogas e as consequências que elas trazem para quem usa, para
sua família e para a sociedade.
Oficina 06
O filme tem duração de 96 minutos, ter cuidado para eles não
cansarem e não perderem o interesse pelo filme. Sugiro que se
passe o filme em duas etapas. Esse é o momento de ver se
realmente seu trabalho deu resultado. Boa Sorte!
Exemplos de questionamentos no estudo das fábulas escolhidas: O que diferencia a fábula de outros textos;
* Você considera que a história que acabamos de ouvir realmente trata-se de
uma fábula? Por quê?
* Podemos identificar no título do texto alguma característica que compõe a
fábula?
* Partindo do título o que podemos imaginar que encontraremos no texto?
* De que ele vai tratar?
* O título nos fornece pistas que indiquem tratar-se mesmo de uma fábula?
Quais?
* Qual é o assunto da fábula?
* Em que local ocorre a fábula e quem participa dela?
* Quando acontecem os fatos?
* É possível determinar com exatidão quando aconteceu a história? Por quê?
* Como a fábula se inicia? Existe semelhança com outras histórias que você já
ouviu? Quais?
* (com um texto que não traz o ensinamento moral): É comum encontrarmos
nas fábulas uma moral para a história. No texto em questão a moral foi omitida.
Cite uma possível moral para esta fábula.
* Há marcas de temporalidade no título? Como se apresenta? Causa algum
efeito? Qual(is)?
* Quem conta a história? O discurso está em primeira ou terceira pessoa?
* Observação se o discurso é direto ou indireto.
* Que sinal marca as falas dos personagens?
Oficina 07
Este é o momento de pedir a colaboração da comunidade, para a
impressão dos livrinhos, converse com alunos sobre o que fazer para
arrecadar fundos para impressão do mesmo, com certeza eles trarão a
solução. Boa Sorte!
* Que palavras no texto representam os sons emitidos pelos animais que
aparecem na fábula?
* O acontecimento da fábula ocorreu num cenário? Envolveu pessoas?
Animais?
* O que as personagens (animais) representam? Qual é o objetivo do autor, ao
usar animais na fábula?
* Qual o tema, a problemática apresentada na fábula lida?
* Qual provérbio fechou a narrativa? O que ensina? Como se aplicaria em
nossos dias?
* Composição do enunciado e uso dos recursos: pontuação, travessões,dois
pontos, aspas e sua função neste e em outros contextos;
* Identificação do narrador, personagens e outros elementos da narrativa.
Alguns tópicos que poderão ajudar o aluno a preencher um roteiro para
elaboração da nova fábula:
> Pensar e escrever qual será o conteúdo e o tipo de problema que será
focalizado na fábula que criará;
> Deixar clara qual é a sua intenção, ao propor a fábula ―X‖;
> Levantar quantas,quais e como serão as personagens propostas;
> Que moral da história resumirá a intenção da fábula proposta;
> Criar um narrador que conte o(s) acontecimento(s) como se tivesse visto a(s)
cena(s) que aconteceram na história;
> Reler, relembrar as características do enunciado fabular estudadas;
> Reunir as informações e conhecimentos construídos e redigirá o primeiro
rascunho, com poucos parágrafos, observando os sinais de pontuação, bem
como criando os diálogos e marcando as falas das personagens com aspas ou
parágrafos e travessões;
> Lembrar que a resolução do problema proposto deverá estar de acordo com
a intenção e com a moral da história;
> Lembrar que a moral da história deverá estar articulada de modo explicativo
ou por intermédio de um provérbio (pode-se inclusive, pesquisar provérbios na
bíblia ou citar provérbios populares);
> Criar um título para sua produção;
> Fazer uma revisão, uma leitura da sua produção escrita;
> Como produtor, conferir se a sua produção está ou não bem elaborada.
“Roteiro de avaliação” das novas fábulas para ser seguido pelos alunos,
coletivamente, para facilitar o trabalho pedagógico:
As personagens da história são típicas de uma fábula?
O tempo da história é indeterminado como nas fábulas?
Na situação criada, as atitudes das personagens podem ser comparadas com
atitudes humanas?
A resolução está combinando com a sua intenção e com a moral da história?
A moral da história combina com a fábula e com a sua intenção?
Você reuniu várias informações em poucas orações, usando sinais de
pontuação?
Não há repetição da palavra e para unir as informações?
O narrador conta o que aconteceu como se tivesse visto a cena?
As falas das personagens aparecem sinalizadas com aspas ou parágrafo e
travessão?
Não há repetição de palavras para indicar as personagens?
Dinâmica Caixinha Surpresa
Pegue uma caixa retangular com tampa e faça um embrulho de
presente bem bonito, depois escreva atividades que favoreçam o
entrosamento entre os alunos como: dar um abraço no colega, dar cinco
pulos, contar uma história, contar uma piada.
Depois organize a turma em círculo e coloque tocar uma música, em
seguida a caixinha irá passar de mão em mão até para a música,depois o
aluno que estiver com a caixa na mão pega uma papelzinho de dentro da
caixa e realiza a atividade para os demais colegas. Em seguida toca a
música e continua até que todos estivessem feito a atividade.
Fábulas
A raposa e as uvas
Era uma vez uma raposa que andava na mata à procura de qualquer
coisa para comer, mas não conseguia encontrar nada para matar a fome. As
tocas estavam vazias, porque era a época da caça e os animais da mata
tinham fugido com medo dos caçadores.
Cansada de procurar em vão e cheia de fome, a raposa passou
debaixo de uma videira com muitos cachos de uvas maduras. Quando
pensou que ia finalmente deliciar-se com tão saborosos bagos roxos e
brilhantes, a raposa verificou que não conseguia chegar aos cachos, porque
estavam muito altos.Arreliada e despeitada disse:- Estão verdes! Não
prestam! Só os cães os podem comer!... Mal tinha dado alguns passos,
sentiu um ruído. Pensou ser um bago que tinha caído e voltou depressa o
focinho, na esperança de o comer. Mas que desilusão! Em vez de um bago
era uma folha.
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/22275702/Interpretacao-a-raposa-e-as-uvas> Acesso em 05/12/2012.
Pau de Dois Bicos Um macaco abestalhado passou certa vez no ninho da galinha e ali queria
morar. A galinha, ao regressar o encontrou:
_ Macaco miserável! como entra em minha casa sabendo que odeio a
família dos ratos?
_ Achas então que sou um rato?
_ Respondeu o intruso. Não tenho asas e não vôo como tu? Rato eu? é
boa!...
A galinha não sabia discutir e vencida de tais argumentos, poupou-lhe a
pele. Três dias depois o macaco planta-se no casebre da onça do mato. A
onça entra dá com ele e chia de cólera.
_ Miserável bicho! Pois tens o topete de invadir minha toca, sabendo que
detesto aves?
_ E quem te disse que sou ave? _ Retruca o cínico. Sou muito bom bicho de
pelo, como tu não vês?
_ Mas voas!...
_ Vôo de mentira, por fingimento.
_ Mas não tem asas!
_ Asas? Que tolice! o que faz as asas são as penas e quem já viu penas em
macacos? Sou animal de pêlo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. A
onça embasbacou e o macaco conseguiu retirar-se dalí são e salvo.
O segredo de certos, homens está nesta política do macaco. É vermelho?
Tome vermelho. É branco? Viva o branco!
Disponível em: <http://osabordotexto-2.blogspot.com.br/2010_10_01_archive.html> Acesso em 05/12/2012
A GALINHA DOS OVOS DE OURO
Um certo casal foi a uma granja e comprou uma galinha.
Aparentemente era uma galinha como outra qualquer. Tinha bico, penas,
pés e um jeito de bobalhona.
Na manhã seguinte, quando a mulher foi ao galinheiro para recolher
os ovos, levou um susto enorme. Em frente aos seus olhos, no meio do
ninho, havia um ovo muito diferente, era um ovo de ouro!
A mulher pegou o ovo com a mão direita, cheirou-o, lambeu-o,
examinou-o detalhadamente e não teve mais duvida, era mesmo um ovo de
ouro verdadeiro.
Saiu correndo e foi acordar o marido para contar-lhe a novidade.
- Querido, acorde. Olhe o que eu encontrei no ninho da galinha que
compramos ontem.
O marido acordou, olhou o ovo dourado, pegou, mediu, lambeu,
pesou e, finalmente, soltou um grito:
- Mulher, isso é ouro puro! Estamos ricos!
Diante do fato, a mulher foi logo dizendo:
- Se estamos ricos com um único ovo, imagine como ficaremos com o resto
de ovos que essa galinha traz na barriga. Vamos logo abrir seu corpo para
pegarmos logo essa fortuna.
O marido, cego de ambição, não perdeu tempo. Correu até a cozinha,
pegou uma faca e decepou a cabeça da galinha.
Ao abrir o corpo, qual não foi sua decepção, dentro dela só havia o
que há dentro de todas as galinhas: tripas, coração, moela, rins e sangue.
O ovo de ouro foi logo gasto e os dois continuaram pobres e
passaram o resto da vida se acusando:
- Continuamos pobres por sua culpa.
- Não, a culpa é sua que não teve paciência.
- Minha não, foi sua.
Moral da história: O excesso de ambição, leva à precipitação e, quem
tudo quer tudo perde.
Disponível em: < http://asfabulasdeesopo.blogspot.com.br/2011/01/galinha-dos-ovos-de-ouro.html> Acesso em 05/12/2012.
A garça velha
MONTEIRO LOBATO
Certa garça nascera, crescera e sempre vivera á margem duma lagoa
de águas turvas, muito rica em peixe. Mas o tempo corria e ela envelhecia.
Seus músculos cada vez mais emperrados, os olhos cansados - com que
dificuldade ela pescava!
- Estou mal de sorte, e se não topo com um bom viveiro de peixes em
águas bem límpidas, certamente que morrerei de fome. Já se foi o tempo
feliz em que meus olhos penetrantes zombavam do turvo desta lagoa...
E de pé por pé nó, o longo bico pendurado, pôs-se a matutar naquilo até que
lhe ocorreu uma ideia.
- Caranguejo, venha cá- disse ela a um caranguejo que tomava sol à porta
do seu barraco.
-Às ordens.Que deseja?
- Avisar a você duma coisa muito séria. A nossa lagoa está condenada. O
dono das terras anda a convidar os vizinhos para assistirem ao seu
esvaziamento e o ajudarem apanhar a peixaria toda. Veja que desgraça!
Não vai escapar nem um miserável guaru.
O caranguejo arrepiou-se com a má notícia. Entrou na água e foi contá-la
aos peixes.
Grandes rebuliço. Graúdos e pequeninos, todos começaram a pererecar às
tontas sem saberem como agir. E vieram para a beira d’água.
- Senhora dona do bico longo, dê-nos um conselho, por favor, que nos livre
da grande calamidade.
- Um conselho? e a matreira fingiu refletir. Depois respondeu. Só vejo um
caminho. É mudarem-se todos para o poço da Pedra Branca.
-Mudar-se como, se não há ligação entre a lagoa e o poço?
- Isso é o de menos. Cá estou eu para resolver a dificuldade. Transporto a
peixaria inteira no meu bico.
Não havendo outro remédio, aceitaram os peixes aquele alvitre - e a garça
os mudou a todos para o tal poço, que era um tanque de pedra, pequenino,
de águas sempre límpidas e onde ela sossegadamente poderia pescá-los
até o fim da vida.
Ninguém acredite em conselho de inimigo.
LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo: Globo, 2011.
O leão e o ratinho
MONTEIRO LOBATO
Ao sair do buraco viu-se um ratinho entre as patas de um leão.
Estacou, de pelos em pé, paralisado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez
mal nenhum.
– Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.
Dias depois o leão caiu numa rede. Urrou desesperadamente,
debateu-se, mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava.
Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.
– Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as
cordas. Num instante conseguiu romper uma das malhas. E como a rede
era das tais que rompida a primeira malha as outras se afrouxam, pode o
leão deslindar-se e fugir.
Mais vale paciência pequenina do que arrancos de leão.
Disponível em < http://peregrinacultural.wordpress.com/2012/03/12/o-leao-e-o-ratinho-fabula-texto-de-monteiro-lobato/> Acesso em 05/12/2012.
O orgulhoso
Monteiro Lobato
Era um jequitibá enorme, o mais importante da floresta. Mas
orgulhoso e gabola. Fazia pouco das árvores menores e ria-se com
desprezo das plantinhas humildes. Vendo a seus pés uma tabua disse:
— Que triste vida levas, tão pequenina, sempre à beira d’água,
vivendo entre saracuras e rãs… Qualquer ventinho te dobra. Um tisio que
pouse em tua haste já te verga que nem bodoque. Que diferença entre
nós!A minha copada chega às nuvens e as minhas folhas tapam o sol.
Quando ronca a tempestade, rio-me dos ventos e divirto-me cá do alto a ver
os teus apuros.
— Muito obrigada! Respondeu a tabua ironicamente. Mas fique
sabendo que não me queixo e cá à beira d’água vou vivendo como posso.
Se o vento me dobra, em compensação não me quebra e, cessado o
temporal, ergo-me direitinha como antes. Você, entretanto…
— Eu, que?
— Você jequitibá tem resistido aos vendavais de até aqui; mas
resistirá sempre? Não revirará um dia de pernas para o ar?
— Rio-me dos ventos como rio-me de ti, murmurou com ar de
desprezo a orgulhosa árvore.
Meses depois, na estação das chuvas, sobreveio certa noite uma
tremenda tempestade. Raios coriscavam um atrás do outro e o ribombo dos
trovões estremecia a terra. O vento infernal foi destruindo tudo quanto se
opunha à sua passagem.
A tabua, apavorada, fechou os olhos e curvou-se rente ao chão. E
ficou assim encolhidinha até que o furor dos elementos se acalmasse e uma
fresca manhã de céu limpo sucedesse aquela noite de horrores. Ergueu,
então, a haste flexível e pode ver os estragos da tormenta. Inúmeras
árvores por terra, despedaçadas, e entre as vítimas o jequitibá orgulhoso,
com a raizana colossal à mostra.
LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo: Globo, 2011.
O egoísmo da onça
Ao voltar da caça, com uma veadinha nos dentes, a onça encontrou sua
toca vazia. Desesperada, esgoelou-se em urros de encher de espanto a
floresta.Uma anta veio indagar do que havia.
____Mataram-me as filhas! – gemeu a onça. Infames caçadores cometeram
o maior dos crimes: mataram-me as filhas...
Diz a anta:
____Não vejo motivo para tamanho barulho... Fizeram-te uma vez o que
fazes todos os dias. Não andas sempre a comer os filhos dos outros? Inda
agora não mataste a filha da veada?
A onça arregalou os olhos, como que espantada da estupidez da anta.
____Ó grosseira criatura! Queres então comparar os filhos dos outros com
os meus? E equiparar a minha dor à dor dos outros?
Um macaco, que do alto do seu galho assistia à cena, meteu o bedelho na
conversa.
____Amiga onça, é sempre assim: Pimenta na boca dos outros não
arde...
Disponível em: <http://www.abbra.com.br/filoso55.htm>
A FÁBULA DO LOBO TRAFICANTE
A sociedade dos cordeiros condenou aquele lobo a 20 anos de prisão.
Era terrível o seu crime: tráfico de entorpecentes. Por sua causa, milhares
de cordeirinhos destruíram suas vidas. O lobo era o inimigo público n.º 1.
Vinte anos depois, apesar desse e de outros lobos-traficantes terem
sido presos, a sociedade dos cordeiros estava mergulhada no vício. Era um
problema de segurança nacional. Talvez por isso, um repórter resolveu
entrevistar aquele lobo, à saída da penitenciária. Estaria ele arrependido?
Teria consciência do que provocara? Sentia-se injustiçado?
Afinal, a sociedade dos cordeiros cumprira, rigorosamente, a Lei. Só
que alguma coisa estava errada. Lobos-traficantes eram presos todos os
dias, enquanto aumentava o consumo de tóxico. Qual a opinião de um lobo
que pagou 20 anos por um dos piores crimes contra a humanidade?
- Você quer mesmo saber? – foi logo falando o lobo. – O problema
não se restringe a mim, nem aos que me seguiram nessa profissão. Eu
cometi parte do crime, reconheço, comercializando um produto proibido .
- E quem cometeu a outra parte? – indagou o repórter, ele próprio
irritado com a desfaçatez do lobo.
- Ora, a sociedade dos cordeiros! – afirmou o lobo. – Acaso fui eu que
provoquei a corrida ao tóxico? Como seria possível eu me tornar um
traficante, se não houvesse procura do meu produto?
―Isso faz sentido‖, pensou o repórter. E arriscou uma outra pergunta: -
Como a sociedade dos cordeiros poderia ter evitado tudo isso?
- Ora, pergunte a ela, respondeu o lobo. – Mas dificilmente a
sociedade dos cordeiros concordará que tem parte dessa culpa. Para isso,
seria necessário que cada cordeiro, em particular, meditasse sobre sua
própria vida e o que considera melhor para o seu rebanho. Mas você sabe
que meditar, refletir, ponderar e se auto-analisar é muito difícil, quando há
tantos lobos à disposição para assumir todas as culpas.
Quando a entrevista com o lobo-traficante foi publicada, a sociedade
dos cordeiros reagiu: os lobos são criminosos irrecuperáveis, cínicos,
arrogantes e diversionistas. Para eles, só mesmo a Pena de Morte.
PRATES, 1984.
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