fichamento_la dinamica de los pequenos grupos

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ANZIEU, Didier; MARTIN, Jacques-Yves. La dinâmica de los pequeños grupos. 7. Ed.; tradução: Sofia Vidaurrazaga Zimmerman; Madrid: Editora Biblioteca Nueva, 1997. 287 páginas Primeira edição em 1997 Título original: La dynamique dês groupes restreints Os homens pensam facilmente segundo a oposição indivíduo-sociedade; não pensam naturalmente em termos de grupo, ainda que sua vida e suas atividades se desenvolvam freqüentemente em cenários de aglomerações restritas (p. 13). Ideia central Nó (gruppo) + redondo (kruppa) >>> COESÃO + CÍRCULO (igualdade) (p. 14). No grupo se projeta tanto o inconsciente social como o inconsciente individual (p. 17). O nascimento de um grupo deriva da tensão entre um perigo comum e um objetivo comum (p. 40). Premissas O grupo pequeno representa uma fase intermediária, uma alternativa de interação entre a vida íntima e a vida social, que pode servir de regulador dos vínculos e das distâncias entre o indivíduo e a sociedade (p. 7). Contexto/Histórico 1944 criada a ciência dinâmica de grupo por Kurt Lewin, psicólogo experimentalista alemão que viveu 15 anos nos EUA (p. 18). Nasce da reflexão sobre as razões psicológicas da ascensão do nazismo e do fascismo. No início da ciência dinâmica do grupo, especialmente no que diz respeito aos grupos pequenos (fim da II Guerra Mundial e início da guerra fria) os americanos a viam como a união de um tema sociológico e religioso, ou seja, um antídoto à massificação social e a herança Quaker de apropriação da verdade através da coletividade (p. 19). A URSS e demais países comunistas suspeitavam que a DG era uma ciência capitalista que se prestava à libertação de regimes comunistas (p. 20). 1953 muitas pesquisas sobre DG já eram publicados nos EUA e UK. 1968 a DG é “descoberta” pelos franceses (p. 8). França Segundo Fourier (1772-1837) o equilíbrio do organismo social, a harmonia universal, depende do atendimento das paixões humanas. Quando há desarmonia é porque há repressões em uma educação moral errônea. As paixões humanas buscam atender a uma de 12 tendências (p. 35): - 5 delas são individuais e dizem respeito ao atendimento dos prazeres sentidos (tato, olfato, paladar, audição, visão); - As outras 7 são sociais: - 4 delas se referem ao desejo de estabelecer vínculos afetivos (animistas, ambição, amor e paternidade). - As 3 restantes referem-se a busca de acordo com os demais (espírito de partido, necessidade de mudança de parceiro ou de trabalho, o entusiasmo irracional).

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Fichamento do livro La Dinamica de los Pequeños Grupos

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Page 1: Fichamento_La dinamica de los pequenos grupos

ANZIEU, Didier; MARTIN, Jacques-Yves. La dinâmica de los pequeños grupos. 7. Ed.; tradução: Sofia Vidaurrazaga Zimmerman; Madrid: Editora Biblioteca Nueva, 1997.

287 páginasPrimeira edição em 1997Título original: La dynamique dês groupes restreints

Os homens pensam facilmente segundo a oposição indivíduo-sociedade; não pensam naturalmente em termos de grupo, ainda que sua vida e suas atividades se desenvolvam freqüentemente em cenários de aglomerações restritas

(p. 13).

Ideia centralNó (gruppo) + redondo (kruppa) >>> COESÃO + CÍRCULO (igualdade) (p. 14).No grupo se projeta tanto o inconsciente social como o inconsciente individual (p. 17).O nascimento de um grupo deriva da tensão entre um perigo comum e um objetivo comum (p. 40).

PremissasO grupo pequeno representa uma fase intermediária, uma alternativa de interação entre a vida íntima e a vida social, que pode servir de regulador dos vínculos e das distâncias entre o indivíduo e a sociedade (p. 7).

Contexto/Histórico1944 criada a ciência dinâmica de grupo por Kurt Lewin, psicólogo experimentalista alemão que viveu 15 anos nos EUA (p. 18). Nasce da reflexão sobre as razões psicológicas da ascensão do nazismo e do fascismo. No início da ciência dinâmica do grupo, especialmente no que diz respeito aos grupos pequenos (fim da II Guerra Mundial e início da guerra fria) os americanos a viam como a união de um tema sociológico e religioso, ou seja, um antídoto à massificação social e a herança Quaker de apropriação da verdade através da coletividade (p. 19). A URSS e demais países comunistas suspeitavam que a DG era uma ciência capitalista que se prestava à libertação de regimes comunistas (p. 20).1953 muitas pesquisas sobre DG já eram publicados nos EUA e UK.1968 a DG é “descoberta” pelos franceses (p. 8).

FrançaSegundo Fourier (1772-1837) o equilíbrio do organismo social, a harmonia universal, depende do atendimento das paixões humanas. Quando há desarmonia é porque há repressões em uma educação moral errônea. As paixões humanas buscam atender a uma de 12 tendências (p. 35):- 5 delas são individuais e dizem respeito ao atendimento dos prazeres sentidos (tato, olfato, paladar, audição, visão);- As outras 7 são sociais:

- 4 delas se referem ao desejo de estabelecer vínculos afetivos (animistas, ambição, amor e paternidade).- As 3 restantes referem-se a busca de acordo com os demais (espírito de partido, necessidade de mudança de parceiro ou de trabalho, o entusiasmo irracional).

Fourier propõe o falanstério como experimento grupal (p. 36), que chegou a ser aplicado sem sucesso nos EUA a partir de 1840 (p. 37).Durkheim (1912) define os grupos como mais que a soma de seus membros, mas uma totalidade; lança a hipótese de uma consciência coletiva (p. 37).Sartre em seus livros LÉtre El Le Neant (1943) e Crítique de la raison dialectique (1960) trata das relações do ser humano com outros seres humanos, o homem frente ao grupo e a história coletiva, com base em relações dialéticas com a natureza (p. 38). Para Sartre há três passos para a passagem de um agrupamento para um grupo (p. 39): passagem do interesse em comum para o interesse comum; passagem das comunicações indiretas para as comunicação diretas (com feedback); existência de grupos que tenham interesses opostos e que implicitamente tornem necessário a luta contra eles [inimigo comum]. Grupos em fusão vivem três experiências (p. 40): de solidariedade, de pertencimento e do outro como um regulador de minha ação na ação comum. Uma vez formado, o grupo toma duas medidas de coação para sobreviver (p. 40 e 41): persegue membros suspeitos de desejarem retirar-se da ação comum; determina regras de conduta, trabalho e decisão. A inércia leva o grupo de volta à condição de agrupamento, a reorganização dinâmica mantém o grupo formado.

Alemanha

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Segundo Tönnies e Smalenbach há três categorias de grupos (p. 42 e 43): gemeinshaft – comunidade de vida, agrupamentos de parentesco e lugar; gesellshaft – comunidade de interesse, forma de associação voluntária, com contrato tácito ou explícito, tem a finalidade de promover intercâmbio; e bund (Smalenbach) é uma aliança à qual o indivíduo adere apaixonadamente para perseguir fins comuns fortemente valorizados e idealizados; apresenta características de sociedade secreta.

EUAOs Quakers têm estrutura de grupo sem hierarquia que evocava os princípios do início do cristianismo (p.43), foram a base das relações de grupo na formação da sociedade americana. Alexis de Tocqueville, estudioso francês, descreveu a importância da vida em grupo na sociedade americana em seu livro De La démocratie en Amerique (1835-40), no qual descreve a tendência deste povo a formar os mais diversos tipos de associações. Mais tarde, através da filosofia social, inicia-se uma estruturação científica da compreensão dos grupos, Mead (1925) trata do papel da relação com o próximo na formação da personalidade humana, e Cooley (1935) investigou a função do grupo primário na socialização dos instintos individuais (p. 44). Trasher (1927) analisou grupos de jovens delinqüentes (p. 45); White (1943) pesquisa diversas turmas, não necessariamente delinqüentes, na condição de observador participante (p.46); Mayo (professor de filosofia australiano que desenvolveu carreira nos EUA) analisa as relações humanas nas indústrias em diversos estudos de caso ligados à qualidade do ambiente de trabalho (p. 46 e 47). Em 1935 Sherif dá início a experimentos em laboratório de grupos artificiais (p. 51).

Definições/conceituações

4 Ramos de desenvolvimento da disciplina dinâmica dos grupos a partir de Kurt Lewin (p. 7): Foco nas investigações a partir dos princípios condutistas e cognoscivistas. Grupo psicológico e campo de forças (Kurt Lewin). Psicodrama e sociometria (Moreno). Psicanálise.

Grupos (p. 13): primeira aparição da palavra na frança em 1668, em 1969 Molière faz uso desta palavra em um de seus poemas no qual defende a obra de um amigo arquiteto. Do italiano groppo ou gruppo (significava nó originalmente, no alemão kruppa = massa redonda), tem origem na terminologia das belas artes que designava vários indivíduos representados numa pintura ou escultura, por extensão na aplicação cotidiana, passa a designar a reunião de elementos (seres ou objetos); na metade do sec XVIII grupo passa a designar uma reunião de pessoas, simultâneamente surge a palavra em inglês (grupo) e alemão (gruppe). As línguas antigas não possuíam uma denominação para designar uma associação de pessoas em número restrito com objetivos comuns.

Contestações epistemológicas do termo (na forma de preconceitos):De ordem psicológica e psicoanalítica (p. 14 e 15): na maior parte das pessoas inexiste a noção de grupo, o que há são as relações interindividuais, as relações sociais são desdobramento do caráter dos indivíduos, os fenômenos específicos de grupo são desconhecidos, o que há são as condições psicológicas individuais. Essa contestação explica-se pelo temor de repensar a própria situação em um novo marco referencial que cada grupo estabelece e na dificuldade em geral do ser humano descentralizar-se (narcisismo segundo Freud), ou seja, o temor pela perda da individualidade e autonomia e crença na manipulação como mecanismo inerente aos grupos. “A resistência epistemológica ao conceito de grupo procede da resistência do homem contemporâneo à vida em grupo”.De ordem sociológica (p. 16 e 17): considera que o grupo é um fato dado na condição de vida humana em sociedade. Por ser inerente compõe o que seja o indivíduo, sem que este faça uma distinção clara do que sejam os grupos, pois se funde neles. Esse totalitarismo grupal “proíbe” o distanciamento de membros ou introdução de estranhos para estudar o grupo. Outra resistência diz respeito à relação das grandes organizações com os grupos pequenos: “Para a sociedade global, o grupo pequeno é uma força a seu serviço, mas que pode voltar-se contra ela. Daí a desconfiança da maior parte das civilizações aos grupos pequenos espontâneos”.

Segundo a tradição anarquista, o grupo autorregula-se e autogera-se, todos os membros são iguais e igualmente aptos para todas as tarefas e têm o mesmo peso. O coletivo é o meio para realizar os desejos sobre os quais os membros estão de acordo; as delegações concedidas pelos membros a um de seus integrantes são provisórias; os especialistas são eleitos e destituídos pela coletividade e estão a seu serviço. Tais princípios surgem tanto da democracia direta como da utopia social. A adoção de grupos auto-administrados nas organizações sociais podem gerar um efeito de mudança capaz de desagregar a própria organização, “o grupo pequeno já não é uma técnica de mudança controlada, mas sim um explosivo revolucinário” (p. 20).

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Em outro sentido, há ainda a constituição dos grupos em torno de um chefe escolhido que, segundo Freud, representa o ideal de eu comum, num paralelo com a religação com Deus (p. 21).Um grupo se constitui com no mínimo 3 indivíduos, mínimo necessário para que ocorram coalizões mais ou menos duradouras, com 4 indivíduos começa a se manifestar os fenômenos de grupo (p. 20 e 30).Utiliza-se o termo grupo para designar classes ou categorias (aplicação comum do termo na sociologia, por exemplo); seria desejável a palavra grupo fosse utilizada para designar os conjuntos de pessoas reunidas ou que podem querer reunir-se; são 5 as categorias fundamentais dos grupos:

1. A multidão (p. 20 a 22): agrupamento num mesmo local sem o propósito explícito de reunião, cada indivíduo pretende satisfazer uma motivação individual, é solitária, leva a um estado psicológico próprio:

a. Passividade das pessoas reunidas em relação ao que não representa satisfação imediata de sua motivação individual.

b. Ausência ou baixo nível de contatos sociais e relações humanas.c. Contágio emocional e propagação de agitação.d. Estimulação latente devido à presença massiva dos demais, que pode desencadear ações

coletivas passageiras e paroxísticas, caracterizadas pela violência ou entusiasmo, ou que pode induzir a uma apatia coletiva impermeável a intervenções.

Nessa definição de multidão não se considera as manifestações preparadas. Wesley distingue as multidões convencionais das multidões espontâneas (reunidas por incidente, com reações imprevisíveis e facilmente perigosas, nas quais não há dirigentes, organização nem regras), a parte das multidões organizadas (p. 21).Recomenda-se empregar o termo multidão para toda reunião espontânea ou convencional de grande número de pessoas; já o termo massa sugere-se para os fenômenos de psicologia coletiva relativos a um número ainda maior de pessoas que não estão nem podem estar fisicamente reunidas (moda, opinião pública, etc) (p. 22). [um flash mob é tornar multidão uma massa unidas por um objetivo comum].

2. A turma ou galera (p. 22 a ...): os indivíduos se reúnem voluntariamente pelo prazer de estar juntos em função de suas semelhanças. Nos animais é chamado de interatração, nos animais é a busca nos pares da mesma forma de pensar e sentir que se tem, e sobre os quais nem sempre se tem consciência a respeito. As turmas mais conhecidas são aquelas de crianças e adolescentes (p. 22):

O prazer de estar numa turma [de adolescentes] é conseqüência da supressão ou suspensão da exigência de adaptar-se, e do custo de uma tensão psíquica penosa, a um universo adulto ou social e suas regras de pensamento e conduta. A copresencia com outras personalidades homólogas a si mesmo [...] permite abandonar-se a si mesmo sem coação nem remorso e justifica ser como se é. Além disso, a turma provê a seus membros, que de outra forma estariam privados, a segurança e a sustentação afetiva, ou seja, um substituto do amor. As crianças desamparadas ou abandonadas, as personalidades inafectivas ou débeis ou amorais (crianças ou adultos), os indivíduos separados dos vínculos sentimentais e familiares, os que saem de comunidades com uma forte disciplina nas quais suas necessidades afetivas não são satisfeitas (pensionistas, soldados, marinheiros), constituem naturalmente as turmas. No adulto socialmente adaptado, a turma [...] autoriza atividades que estão no limite das regras morais e sociais: o jogo, a bebida, o flerte, a licença erótica, o escândalo na via pública, o envilecimiento, a destruição de objetos, o mancillamiento de alguns valores (patrióticos, religiosos, etc).

O objetivo das turmas não é a realização de atividades em comum, mas sim estar junto por serem parecidos; têm um número mais limitado que a multidão e são efêmeras; se duradoura torna-se um grupo primário assumindo características deste (p. 23). Assim como ocorre com os animais, em turmas ocorrem mudanças de características na postura, aparência, linguagem, dentre outros, buscando parecer-se uns com os outros [mimetização].

3. O agrupamento: pessoas reunidas periodicamente em número pequeno, médio ou grande, com uma relativa permanência de seus objetivos nos intervalos entre as reuniões. Os membros de um agrupamento têm um interesse comum, e são conscientes deste interesse, a responsabilidade para alcance desses interesses é cedida a um representante, dirigente ou acontecimentos; a não ser por esse interesse comum, os membros não possuem vínculos nem contato (ex.: associações) (p. 24).

4. O grupo primário: afirma valores comuns, privilegia a lealdade e solidariedade, define papeis, define objetivos diferentes da complacência coletiva (p. 23). Possui número pequeno de membros, de maneira a ter-se a percepção individualizada de cada um dos demais e ser percebido reciprocamente; realização ativa de fins comuns com certa permanência, assumidos como objetivos do grupo e valorizados por este; relações afetivas que podem ser intensas entre os membros – simpatias, antipatias – e constituir subgrupo de afinidades; interdependência dos membro e

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sentimentos de solidariedade, união moral fora das reuniões e atuações em comum; diferenciação das funções entre os membros; constituição de normas, crenças, sinais e ritos próprios ao grupo, linguajem e códigos [ex.: piada interna] (p. 25 e 26). Nesses grupos ocorrem condutas de manutenção (conservação; grupos comemorativos) e progressão (transformação; grupos de ação) as relações entre os membros, da organização interna, do escopo físico-social da sua finalidade (p. 25). Segundo a definição de grupos primários do sociólogo americano C. H. Cooley (p. 26):

Por grupos primários, entendo aqueles caracterizados por uma associação e uma cooperação íntimas e cara a cara... O resultado desta associação íntima é, do ponto de vista psicológico, uma certa fusão das individualidades em um todo comum, de forma que a vida comum e a finalidade do grupo se convertem na vida e na finalidade de cada um... a forma mais simples para descrever esta totalidade é dizer que é um nós; isto implica a espécie de simpatia e de identificação mútua da qual nós é a expressão natural. Cada um vive com o sentimento desse todo e encontra nesse sentimento os fins principais que se fixam sua vontade... Os grupos primários são primários no sentido que aportam ao indivíduo sua experiência mais primitiva e a mais completa da unidade social; são também [primários] no sentido em que não são tão mutáveis no mesmo grau em que são das relações mais elaboradas, portanto formam uma fonte relativamente permanente de onde o restante emana sempre... Assim esses grupos são as fontes de vida não apenas para o indivíduo mas também para as instituições sociais.

Os grupos pequenos favorecem a formação de grupos primários (p. 27).5. O grupo secundário ou organização: caracterizado por relações frias, racionais, contratuais (p. 26 e

27), é um sistema social que funciona segundo as instituições (jurídicas, econômicas, políticas) em um segmento específico da realidade social (p. 27).

Caso particular, o grupo amplo: reunião de 25 a 50 pessoas na qual se fala livremente de um tema ou problema comum, a falta de identificação mútua, ser alvo de olhares e a falta de controle sobre o que é dito e sobre os olhares levam a uma ameaça a identidade pessoal, e a conseqüente busca de vínculos (p. 27).

Características conforme número de pessoas (p. 30):- 3 a 5 pessoas: grupos pequenos, geralmente não estruturados, atividades espontâneas e informais do tipo conversação.- 6 a 13 pessoas: ainda grupo pequeno, possui um objetivo que permitem aos participantes relações explícitas entre eles e percepções recíprocas, dedicados a reuniões e discussões.

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- 14 a 24 pessoas: grupos estendidos, tipo comissões de trabalho, grupos pedagógicos que utilizam métodos ativos, são difíceis de conduzir devido à tendência à subdivisão.- 25 a 50 pessoas: grupos amplos, em geral dedicados à transmissão de conhecimento, a negociações sociais (convenções, acordos coletivos), a informação recíproca. Pode-se aplicar técnicas para manejar a tendência à subdivisão (tais como Phillips 66 ou Painel modificado).- Acima de 50 pessoas: assembléias que necessitam de uma estrutura permanente (oficinas, comissões) e regulamentação interna que organizam procedimentos.

Angústias primitivas (p. 15): os estudos psicoanalíticos dos grupos colocaram em evidência as angústias primitivas (angústia perseguidora, angústia depressiva, angústia de fracionamento do corpo, angústia ante o desejo de uma fusão simbiótica no grupo, aniquilamento para a personalidade individual).

Representações sociais do grupo: “fatos psíquicos coletivos que impregnam o pensamento, orientam a ação e mantêm a ensoñación sobre os grupos” (p. 18), podem ser veiculadas através do folclore, literatura, religião, ciência ou técnicas.

Metáforas que apóiam as teorias científicas dos grupos: 1. Biológica: o grupo como organismo vivo, analogia da moral coletiva com a interdependência dos tecidos e órgãos; 2. Mecânica: o grupo como máquina escravizante, analogia da autogestão social com o feedback cibernético. (p. 18).

Dinâmica de grupo, segundo Kurt Lewin, as condutas humanas são a resultante não apenas de forças psicológicas individuais, mas também de forças próprias do grupo ao qual o indivíduo pertence (p. 18). As ações de grupo se distinguem das ações psíquicas individuais, pois emergem da pluralidade de um conglomerado de indivíduos (p. 20).

Indivíduo anômico: segundo Durkheim, é aquele que está fora de um grupo, out-group, é mais frágil que o indivíduo integrado em uma comunidade (p. 37).

Teorias (capítulo III)

A sociometria segundo MorenoMoreno inventa o psicodrama em Viena, 1923 (p. 53), e mais tarde a técnica sociométrica, segundo a qual (p. 54):

Os seres humanos estão vinculados, uns aos outros, por três relações possíveis: simpatia, antipatia ou indiferença. As relações podem ser medidas a partir de um questionário no qual cada membro de um grupo indica a que, no grupo, eleje ou rechaça como companheiro. A análise das respostas permite estabelecer uma espécie de radiografia dos vínculos socioafetivos no interior do grupo.[...] A moral e como consequência os resultados de um grupo, de uma dotación, de uma equipe de trabalho dependem do predomínio das relações de simpatia entre os membros e de sua relação com o líder.

Por fim Moreno une o psicodrama e a técnica sociométrica na proposta do sociodrama, no qual os representantes de uma comunidade em conflito representam a forma como vivem as situações que são fontes de conflito (p. 54).

A Dinâmica dos grupos segundo Kurt LewinPsicólogo da Escola de Berlim que emigrou para os EUA, transpôs para o estudo da personalidade humana e dos grupos os princípios da Gestaltheorie, ou psicologia da forma, demonstrando que a percepção e o hábito se manifestam não nos elementos, mas nas estruturas das organizações/reorganizações das sensações e lembranças (p. 54). Essa estrutura é dinâmica, um sistema de forças em equilíbrio, quando este se rompe ocorre uma tensão no indivíduo, que passa a comportar-se visando restabelecer algum equilíbrio. Segundo Lewin são três as formas de tensão (p. 55): aquelas advindas de uma tarefa interrompida (efeito Zeigarnik); aquela resultante da frustração e que leva a agressão ou retração; aquela resultante do fracasso ou dos êxitos durante a realização de uma tarefa repetitiva e que modifica a atitude dinâmica frente a essa tarefa (ex.: nível de aspiración aumenta devido à confiança em função do êxito ou para compensar a decepção do fracasso).Lewin propõe os conceitos de espaço de vida, de locomoção do indivíduo através deste espaço, de distância psicológica entre pessoas e objetos de um campo [relacionar com proxêmica] e de barreiras que se interpõem entre os elementos de um campo (p. 55). Em seus experimentos observa que o autocratismo no grupo induz dois tipos de reação: a obediência passiva (resistência pela inércia) ou a agressividade abrupta; no clima democrático pode haver a presença de agressividade, mas esta é descarregada pouco a pouco; num clima laisser-faire a agressividade eleva-se também devido às frustrações da não realização de tarefas (p. 56). Ou seja “a frustração leva a reações agressivas,

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mas estas adquirem matizes específicas segundo os climas grupais” que por sua vez dependem do estilo de ordem (p. 57). As hipóteses de Lewin são as seguintes (p. 57):

O grupo é um todo no qual as propriedades são diferentes da soma das partes; o grupo e seu entorno constituem um campo social dinâmico, no qual os elementos principais são os subgrupos, os membros os canais de comunicação e as barreiras. Modificando-se um elemento privilegiado, pode-se modificar a estrutura do conjunto.

Lewin considera o grupo uma realidade sui generis e um sistema interdependente, que não pode ser reduzida aos indivíduos que o compõem. Em relação à mudanças sociais, os trabalhos de Lewin indicam que um grupo resiste à mudança quando está num equilíbrio das suas forças internas, o que ele denomina de estado quase estacionário (p. 57). Uma maneira de descristalizar as forças internas e buscar um novo ponto de equilíbrio é promover discussões não diretivas que pouco a pouco ajudem o próprio grupo a implantar uma crise interna e buscar um novo ponto de equilíbrio. A conformidade com o grupo é um dos elementos da resistência interna à mudança: é necessário reorientar esta força a serviço da mudança (p. 59).

A aproximação não diretiva segundo RogersRogers tem um approach diferente de Lewin, ele considera que todo saber preestabelecido sobre o grupo é prejudicial (por isso não formula teorias ou hipóteses), o facilitador deve ser não diretivo em suas ações no grupo (utilizar nada mais que técnicas de incitação e compreensão, p. 60) e estar atento à especificidade deste, orienta propiciando a verbalização de coisas sentidas em profundidade. Rogers não é afeito a abstrações, interpretações, exercícios não verbais ou corporais (p. 59).

As teorias cognitivasDedicada a desvendar o funcionamento da “caixa preta” entre o estímulo e a resposta, buscando analisar a imagem mental e a linguagem, necessariamente experimentalista. O psiquismo traduz a imagem em linguagem, e a linguagem em imagem, de onde surge uma teoria comportamental dos sentidos (p. 60). Festinger formula a teoria da dissonância cognitiva: mecanismo do pensamento para amenizar a sensação de incoerência interna (p. 61).

A crítica aos pressupostos experimentalistas: Serge MoscoviciElementos conceituais para a análise da influência social: normalização – conformidade – inovação; os pressupostos expermentalistas tradicionais de estudo dos grupos apóiam-se num tripé: necessidade de controle social, exigência de conformidade e busca sistemática de consenso; deste tripé se desdobram as seguintes proposições (p. 66):

1. Em grupo, a influência social é desigualmente repartida e exercida de forma unilateral.2. A influência social tem como função manter e reforçar o controle social.3. As relações de dependência determinam a direção e importância da influência social exercida em

grupo.4. As formas que tomam os processos de influência são determinadas por estados de incerteza e a

necessidade de reduzir a incerteza.5. O consenso, que enfoca o intercâmbio de influência, se fundamenta na norma de objetividade.6. Todos os processos de influência são considerados a partir do ângulo do conformismo.

A partir destas considerações S. Moscovici parte para reflexões sobre uma concepção genética da influência social, de onde destaca três elementos: a importância do conflito como fator de evolução social, assim como a inovação e a ressonância social; daí surgem 6 novas proposições (p. 67):

1. Cada membro do grupo, independente de seu ranking, é uma fonte e receptor potencial de influência.

2. A mudança social, assim como o controle social, constitui um objetivo de influência.3. Os processos de influência estão diretamente vinculados com a produção e com a reabsorção dos

conflitos.4. Quando um indivíduo ou um subgrupo influenciam um grupo, o principal fator de sucesso é o

estilo de comportamento.5. O processo de influência é determinado pelas normas de objetividade, as normas de preferência

e as normas de originalidade.6. As modalidades de influência incluem, além da conformidade, a normalização e a inovação.

Segundo S. Moscovici, poder e influência são dois conceitos diferentes e a mudança deve ser considerada como uma finalidade do grupo, no qual indivíduos e subgrupos têm caráter ativo (p. 67). Moscovici diferencia a abordagem da influência social conforme o modelo funcionalista e o modelo genético (p. 68):

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A perspectiva psicanalíticaSegundo Freud, não matar o totem (substituto do pai), não se casar com os pais (tabu do incesto), são a transposição social do complexo de Édipo (p. 68): “a morte do pai fundador é um trabalho psíquico interno que todo grupo tem que efetuar em um plano simbólico (e algumas vezes no plano real) para ascender a sua própria soberania e converter-se em seu próprio legislador”.Segundo Freud, os principais subsistemas psíquicos derivam das identificações e das projeções: o superego (regras e proibições) é o resultado da interiorização das relações com autoridades (pais e filhos); o ideal de ego (valores pessoais) é o resultado das interiorizações das relações de estima entre pais e filhos. Em grandes organizações ocorrem dois tipos complementares de identificação: num primeiro tipo o chefe está interiorizado, sua imagem é substituída pelo ideal de ego de cada um, esse ideal de ego comum assegura a unidade desta coletividade; num segundo tipo de identificação, se estabelecem redes de identificação mútua entre os membros, que asseguram a coesão. Este segundo tipo de identificação mantém baixo o nível de agressividade intragrupo, já o primeiro tipo, em algum momento pode converter-se de imagem de herói a de perseguidor, e mobilizar a agressividade, ficando a unidade ameaçada a não ser que se recorra ao sacrifício interno do chefe ou de um substituto (p. 71 e 72).

[...] se a organização fundada sobre uma autoridade de tipo paternal tem receio de uma fonte de instabilidade, que é o ressentimento contra aquele que o condenam por sua severidade, por sua crueldade ou simplesmente por seu poder, a organização fraternal é minada pelo retorno das rivalidades, pela supervivencia dos amores próprios e pelos desejos de domínios, e pela fragilidade das tendências sociais, nascidas mais tardiamente no indivíduo. (p. 72).

Bion, a partir de suas aplicações psicoanalíticas ao estudo de grupos de veteranos em readaptação pós-guerra elabora dois enunciados (p. 75 e 76): 1. O comportamento de um grupo de realiza em dois níveis – o da tarefa comum (racional e consciente) e das emoções comuns (afetivo e fantasmático); 2. Os indivíduos reunidos em um grupo se combinam instantaneamente e de forma involuntária para atuar segundo os estados afetivos denominados de pressupostos básicos (dependência, agressão-fuga, acoplamento em subgrupos ou duplas)

Métodos

Estudo dos grupos naturaisEntende-se por grupos naturais aqueles que se formam a partir das atividades sociais (sala de aula, fábrica, escritório, etc), sendo o pesquisador um observador participante (se fazendo aceitar pelo grupo ou como parte dele desde seu início), podendo atuar conforme uma de duas abordagens, sociométrica ou da observação participante (p. 83 a 85): Na abordagem sociométrica o grupo sabe que um de seus membros é pesquisador. Essa abordagem possui duas dificuldades – o grupo modifica suas condutas habituais devido a reações perseguidoras ou depressivas; o pesquisador tem a árdua tarefa de assumir dupla função (observador e parte do grupo) que pode se transformar num jogo duplo. Na abordagem da observação participante o grupo não sabe da presença de um pesquisador em seu meio.São 4 os níveis de explicação possíveis mediante estudos de grupos naturais ( in loco ou em laboratório) em psicologia social (p. 89): 1. Processos intra individuais; 2. As dinâmicas interindividuais mas intra situacionais; 3. Os efeitos das posições sociais em uma interação e; 4. A intervenção de crenças gerais.

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A análise da interaçãoMétodo nem clínico nem experimental que pode ser aplicado tanto a grupos naturais quanto experimentais. Esse tipo de método aplica-se apenas em reuniões-discussão e analisa os fenômenos da comunicação, ou seja, focaliza o comportamento observável, sem fazer inferências sobre os motivos por detrás destas condutas. A análise das interações inclui a relação do número de unidades de comunicação emitidas por indivíduo em direção a cada um dos demais e em direção ao grupo em geral. Os resultados são registrados em uma tabela de dupla entrada com número de linhas igual ao número de membros e número de colunas igual ao de membros e mais uma para o grupo. Denominada estrutura de Bales ou estrutura centralizada, a classificação é de acordo com o número de emissões direcionadas a um determinado membro ou ao grupo ou emissões recebidas. O status mais elevado do grupo é do indivíduo que emite ou recebe mais comunicações (p. 89). A partir desse método Bales propôs 12 categorias para a observação das interações em um grupo (p. 90):

Este método é questionado por limitar as variáveis de observação e potencialmente desviar a atenção do observador para aspectos secundários em relação à dinâmica de interação que pode estar acontecendo no grupo.

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O recurso aos grupos artificiaisA partir de Kurt Lewin os experimentos com grupos artificiais focalizaram os fenômenos típicos de grupos (influência, coesão, normas, tensão, atração), uma tarefa capaz de motivar o grupo é proposta, mas não tem importância em si, é o pretexto para estudar os fenômenos de grupo. A experimentação segue um esquema hipotético-dedutivo no qual se deduz que uma modificação na variável independente exercerá uma determinada conseqüência sobre a variável dependente, por exemplo, a modificação do estilo de ordem afeta a taxa de agressividade (p. 92 e 93).Dentre os grupos artificiais vale ressaltar o método denominado T-Group (abreviação de basic skills training group) ou grupo de diagnóstico, que conta com as seguintes variáveis (p. 97 e 98): ausência de vínculos anteriores. Diversidade, entre 8 e 12 participantes, obrigação de intercâmbios verbais e liberdade completa desses intercâmbios, número relativamente elevado de reuniões consecutivas (pelo menos 10).O T-group caracteriza-se (p. 100):

1. Pela carência de poder (autoridade), o que permite observar todas as formas de liderança (autocrática, democrática, laisser-faire), estilos de líder, momentos cruciais do mandato (tomada, afirmação, ruína), problemas de legitimidade e usurpação, consentimento, obediência, rivalidade, resistência passiva e rebelião aberta, as representações imaginárias suscitadas pelo exercício da autoridade e a ambivalência das atitude que resultam dessas representações.

2. Pela presença de vasta gama de dificuldades de comunicação, resultantes do egocentrismo, das ambigüidades semânticas e da retórica; provoca nos participantes ações para a definição de uma linguagem comum (feedback, marcos referenciais, léxico, coadaptação de estilos).

3. Do ponto de vista da afinidade, atualiza as razões das simpatias e antipatias, sua dependência e efeitos sobre o clima, a moral a solidariedade e o trabalho de grupo.

Parte 2...

Simões, Ana [email protected]