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Finanças Pessoais Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente, Equipe Cursos 24 Horas

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FFiinnaannççaass PPeessssooaaiiss

Módulo I

Parabéns por participar de um curso dos

Cursos 24 Horas.

Você está investindo no seu futuro!

Esperamos que este seja o começo de um

grande sucesso em sua carreira.

Desejamos boa sorte e bom estudo!

Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site

www.Cursos24Horas.com.br

Atenciosamente,

Equipe Cursos 24 Horas

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Sumário

Introdução...................................................................................................................3

Unidade 1 – Abordagem Inicial..................................................................................5

1.1 – Princípios de finanças pessoais ...................................................................6

1.2 – Consequências da falta do planejamento financeiro pessoal ............................ 10

1.3 – Comportamento financeiro do brasileiro ......................................................... 13

1.4 – O valor do dinheiro......................................................................................... 15

1.5 – Fatores que influenciam o consumidor no momento da compra ...................... 23

1.6 – Compra a prazo e compra à vista .................................................................... 30

Unidade 2 – Planejamento Financeiro Pessoal ........................................................ 39

2.1 – Conceito de planejamento financeiro pessoal.................................................. 40

2.2 – Autoconhecimento: aprendendo como analisar os gastos mais recorrentes e

como eliminar os gastos supérfluos ......................................................................... 43

2.3 – Como elaborar um orçamento......................................................................... 47

2.4 – Como fazer o controle financeiro dos gastos ................................................... 56

2.5 – Planejamento e manutenção de um fundo de emergência ................................ 60

Encerramento do Módulo I: ..................................................................................... 62

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Introdução

Atualmente vivemos em um mundo que se preocupa cada vez mais com o

dinheiro. Por esse motivo, para muitas pessoas, o cuidado com as finanças pessoais

pode parecer uma supervalorização do dinheiro em detrimento dos outros aspectos da

vida.

Mas pensar assim é um erro, pois é inegável a importância do dinheiro na vida de

qualquer pessoa. Cuidar das finanças pessoais significa, antes de tudo, planejar o que se

fará com os recursos ganhos, para que, assim, o dinheiro possa disponibilizar apenas

bons momentos e não se torne uma preocupação.

Neste curso, veremos como cuidar das próprias finanças. Nosso objetivo aqui é

que o aluno passe por uma reeducação financeira, pois como esta matéria não é

ensinada nas escolas, muitos acabam tendo problemas para lidar com o dinheiro por

pura falta de informação.

Além disso, por meio dos instrumentos que receberá durante o curso, você será

capaz de identificar quais são os objetivos que pretende alcançar na sua vida, e o que

pode fazer para alcançá-los.

Começaremos vendo os princípios básicos em finanças pessoais, assim como a

forma como fomos culturalmente educados no sentido de tomar decisões para gastar o

dinheiro que ganhamos.

Veremos também como é possível traçar metas de vida, priorizando as mais

importantes, e como realizar um planejamento financeiro pessoal e familiar para que

isso seja possível.

Serão apresentadas opções de investimento para que você possa escolher a que se

encaixa mais adequadamente no seu perfil, a fim de que os recursos poupados possam

render mais do que se estivessem aplicados em uma poupança, por exemplo.

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Por fim, veremos como as pessoas acabam contraindo dívidas, assim como saídas

para essa situação que tira o sono de muitos brasileiros.

Estude com atenção e dedicação para que você possa tornar a vida financeira uma

produtora de boas coisas em sua vida e não motivo de preocupação.

Bons estudos!

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Unidade 1 – Abordagem Inicial

Olá aluno!

Na primeira unidade do seu curso, você começará aprendendo os conceitos

fundamentais em finanças pessoais: o que são, por que praticar e como descobrir suas

motivações para tal.

Também veremos quais são as consequências da falta de planejamento financeiro

pessoal e por que ele é tão importante na vida de todos, independentemente da renda.

Em seguida, serão apresentadas considerações sobre o comportamento financeiro

do brasileiro, para que você possa entender como nós somos educados a consumir e

investir, e também para que você comece a compreender o seu próprio comportamento

em questões de planejamento financeiro.

Será visto também como o dinheiro se valoriza no tempo e apresentaremos

algumas considerações sobre questões que nos aparecem diariamente, como poupar ou

consumir, e se devemos comprar à vista ou a prazo.

Bons estudos.

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1.1 – Princípios de finanças pessoais

Muitas pessoas pensam que a administração das finanças pessoais, que se baseia

na educação financeira, é um assunto voltado exclusivamente para quem tem muito

dinheiro e quer cuidar dele. Outros veem as pessoas que se preocupam com as finanças

pessoais como apegadas aos valores materiais, que colocam o dinheiro acima de outras

preocupações.

Mas quem pensa dessa forma está enganado e o descontrole das finanças pessoais

pode gerar muitos problemas para o indivíduo, que acaba se estressando e diminuindo

sua própria qualidade de vida. Cuidar das finanças pessoais significa, em primeiro lugar,

ser capaz de planejar e utilizar o dinheiro ganho com trabalho árduo para que ele não

seja motivo de preocupação.

Sabendo planejar e gastar, aquele que administra bem suas finanças pessoais é

capaz de ter um cotidiano livre de preocupações com dívidas, além de estar mais

próximo da conquista de seus sonhos e objetivos: como comprar uma casa, ter um carro,

ou ir a qualquer lugar que a pessoa determinar.

Veremos, durante todo o curso, como fazer uma reeducação financeira para que

você possa ser um bom gerente das suas finanças. Esse não é um tema visto nas escolas

e muitas vezes nossos pais não são hábeis em nos ensinar o valor do dinheiro e, por isso,

podemos ter muita dificuldade em planejar e gastar bem os recursos que possuímos.

Algumas pessoas não precisam se preocupar com suas finanças pessoais, ou

porque nasceram ricas ou porque ganharam dinheiro em jogos como a loteria. Mas para

todas as outras pessoas a administração das finanças pessoais e a reeducação financeira

são o primeiro passo para a realização de seus sonhos.

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Para começar a pensar

sobre as suas finanças, a

primeira pergunta que você

deve se fazer é: qual é o meu

objetivo?

Pense sobre isso com

cuidado. Muitas pessoas

respondem coisas genéricas

como “uma casa”, “independência financeira” ou “uma casa maior”. Para começar

melhor esta reflexão, faça uma lista das coisas que acha importante e/ou das que

gostaria de ter, como por exemplo:

- uma casa maior

- independência financeira

- casa própria

- economizar para o fundo de emergência

- comprar um carro

- reformar a casa

- viajar

Agora estabeleça a prioridade entre esses objetivos. Economizar para o fundo de

emergência é mais importante do que comprar o carro, por exemplo? A partir disso,

estabeleça a meta mais relevante e ela será a primeira que deve ser alcançada.

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Reflita também se o seu objetivo

não está em conflito com outro objetivo.

Por exemplo, se você quiser

independência financeira e também

quiser um carro, esses dois objetivos são

incompatíveis. Pense no que você quer

primeiro e trate este como sua única meta

e, depois que alcançá-la, persiga a

próxima.

Agora, defina melhor esse objetivo de vida. Você quer comprar uma casa? Ou um

apartamento? Onde quer morar? Qual é o valor do imóvel que você quer? Em quanto

tempo você pretende conquistar este objetivo?

A partir desta reflexão inicial você já começa a ter alguns parâmetros sobre o seu

objetivo. Você já definiu o que quer e em quanto tempo vai alcançar o objetivo.

O fator tempo é importante porque é ele que vai garantir que a sua aplicação

financeira gere lucros o suficiente para que você alcance a meta traçada.

Depois que tiver esses critérios estabelecidos, você deverá escolher a melhor

aplicação financeira compatível com o valor que quer ter e com o tempo que deseja que

isso demore. Adiante no curso veremos as melhores aplicações nas quais você poderá

investir.

Despesas fixas e variáveis

O primeiro passo para pensar em suas finanças pessoais é identificar quais são as

categorias das suas despesas: fixas ou variáveis.

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Despesas fixas são aquelas que temos todos os meses e que são consequência da

aquisição de bens ou serviços que devem ser mantidos periodicamente. Entre as

despesas fixas, podemos citar:

- Prestações (de casa, carro, produtos parcelados).

- Impostos (IPTU, IPVA, Imposto de Renda).

- Contas de telefone, internet banda larga, televisão a cabo, água, luz.

- Empregada doméstica.

- Mensalidades (escola e condomínio, por exemplo).

Já as despesas variáveis, em contraposição às despesas fixas, mudam de mês a

mês, como por exemplo:

- Refeições fora de casa.

- Compras no supermercado.

- Gastos com entretenimento (cinema, teatro, passeios).

- Presentes

- Pequenos gastos supérfluos do dia a dia, como aquele cafezinho depois do

almoço.

É no grupo de despesas variáveis que devemos prestar atenção quando pensamos

no ajuste das finanças pessoais, pois esse grupo pode apresentar gastos maiores do que

imaginamos.

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Se você toma um café todos os dias depois do almoço e esse café custa R$ 2,00,

pode não parecer um gasto muito relevante e muitas pessoas sequer o colocam na

planilha de planejamento orçamentário. Mas pense que em um ano, o gasto será de:

R$ 2,00 x 20 (dias úteis no mês) x 12 (meses no

ano) = R$ 480,00

Isso significa que você gasta quase R$ 500,00

por ano apenas com um cafezinho! Se pretende

ajustar as suas contas às suas possibilidades de

pagamento, é bom começar por cortar estes

pequenos gastos supérfluos, pois o cafezinho não é o único pequeno gasto que fazemos.

Pense que, se todos os dias você gastar R$ 6,00 nesses pequenos consumos, no final do

ano terá gastado R$ 1.440,00, ou seja, praticamente um salário, apenas nesses pequenos

gastos. No final das contas, o cafezinho pesa muito no orçamento!

1.2 – Consequências da falta do planejamento financeiro pessoal

Para fazer o planejamento financeiro pessoal, vamos aprender as noções básicas

sobre a educação financeira e orçamento. Mas por que isso é importante?

Pessoas que não possuem noções básicas sobre educação financeira e

planejamento podem ter problemas sérios para administrar seus próprios recursos. É

comum, por exemplo, uma pessoa preferir pagar a parcela mínima da fatura do cartão de

crédito para não sacar recursos da poupança.

Perceba que, com um conhecimento mínimo de educação financeira, percebe-se

que esse erro prejudica muito o indivíduo:

- a poupança é o investimento menos rentável dentre todos os outros

investimentos com o mesmo grau de risco.

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- os juros rotativos do cartão de crédito, por sua vez, estão entre os mais altos do

mercado financeiro.

- dessas duas informações concluímos que a opção por manter o dinheiro na

poupança vai prejudicar quem faz a escolha citada, pois o rendimento da poupança é

muitíssimo menor do que os juros que serão cobrados no mês seguinte pelo cartão de

crédito.

Os consumidores que optam por uma decisão dessas demonstram que não estão

financeiramente bem instruídos, uma vez que estão investindo em uma aplicação

(poupança) que remunera uma das menores taxas de juros do mercado ao mesmo tempo

em que estão pegando dinheiro emprestado (no cartão de crédito) a uma das maiores

taxas de juros do mercado.

E as consequências não são apenas entrar no vermelho, mas a extensão do

problema para além da vida econômica do indivíduo, pois frequentemente os problemas

financeiros acabam atingindo outras esferas da vida social.

Segundo Sousa e Torralvo, comportamentos agressivos e até pessimistas podem

estar associados a problemas financeiros, pois quem deve no cartão de crédito ou a um

banco nem sempre encara situações familiares ou profissionais da mesma maneira que

uma pessoa sem dívidas e que tenha acabado de comprar um pacote de viagem após ter

se esforçado para economizar dinheiro e atingir esse objetivo sem precisar se endividar.

É inegável que aquele que possui uma vida financeira mais estável e dentro de

suas possibilidades acaba tendo um cotidiano mais calmo e sem as preocupações

decorrentes dos problemas com dinheiro.

Assim, podemos perceber como o planejamento das finanças pessoais e a

educação financeira são essenciais para que tenhamos uma boa qualidade de vida e

possamos conquistar os objetivos que nos propomos.

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Além disso, a falta de conhecimentos sobre esses itens acaba levando a pessoa a

gastar mais dinheiro. Na medida em que ganhamos mais tendemos a gastar mais. Ou

seja, o dinheiro que ganhamos a mais acaba sendo direcionado para aquisição de um

bem ou a contração de um serviço que implicará gastos frequentes, sendo que esses

custos não existiam anteriormente.

Por exemplo, um indivíduo é promovido no trabalho e decide comprar um carro,

sendo que as parcelas do automóvel serão pagas com a diferença em seu novo salário

comparado com o anterior. Mas será que ele terá como sustentar todos os custos do

carro? Veja todos os custos anuais decorrentes de um automóvel:

- IPVA

- Licenciamento

- Seguro obrigatório (DPVAT)

- Eventuais multas

- Combustível

- Custo de manutenção (que inclui revisões e quebras eventuais no carro)

Para fazer as contas de quanto custa um carro

mensalmente, procure levantar os gastos acima de um

carro popular e divida os custos por 12 meses. Faça a

avaliação do impacto mensal desse carro no seu

orçamento total.

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Para a maioria das pessoas, o impacto da aquisição de um automóvel é

incompatível com os recursos recebidos pelo trabalho. Não estamos dizendo que todos

devem abrir mão do conforto de ter um carro, mas sim que aqueles que optarem por

adquirir um devem fazer isso depois de planejar cuidadosamente o impacto mensal do

carro no orçamento pessoal ou familiar.

1.3 – Comportamento financeiro do brasileiro

Ao mesmo tempo em que percebemos que há uma lacuna em relação à educação

financeira e ao planejamento financeiro pessoal do brasileiro, há uma prática econômica

de curto prazo e voltada ao consumo.

Segundo Sousa e Torralvo, 82% do orçamento médio de uma família brasileira é

destinado ao consumo, ou seja, à compra de bens e/ou serviços. Esse padrão supera os

90% para famílias com renda mensal de até R$ 1.200,00 (o que corresponde ao

rendimento de mais de 50% da população) e se mantém acima dos 70% nas famílias

mais ricas.

Os dados estão em uma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) entre os anos de 2002 e 2003, chamada Pesquisa de Orçamentos

Familiares (POF).

Essa pesquisa também indica como os brasileiros tendem a fazer uso dos recursos

ganhos de forma consumista: enquanto uma família destina pouco mais de 3% do

orçamento para gastos com educação, são destinados mensalmente, em média, 10,59%

dos rendimentos familiares com gastos com o automóvel, incluindo as despesas totais

(combustível, manutenção, compra de veículos próprios etc.).

Podemos dizer que o caráter consumista do brasileiro, aliado à sua visão em curto

prazo das finanças, é um componente cultural que norteia o modo como o indivíduo

gasta o seu dinheiro.

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Desta forma entendemos por que, em média, uma família gasta 0,29% do seu

orçamento mensal com previdência privada, por exemplo. Para estabelecer um paralelo,

são gastos em média 0,57% da renda familiar mensalmente com cigarros, e 0,52% para

despesas com cabeleireiro.

Em relação aos investimentos, o brasileiro aparece com um comportamento

bastante conservador. A opção mais procurada pelos investidores ainda é a caderneta de

poupança, que em 2006 tinha o montante de R$ 188 bilhões, sendo responsável por

60% dos investimentos totais no país.

Além deste montante, cerca de 20% dos depósitos estão em fundos de

investimento que acompanham a variação dos Certificados de Depósitos Interbancários

(CDI), que são considerados muito conservadores e com baixo risco, assim como a

caderneta de poupança.

Esses dados, fornecidos pela

Associação Nacional dos Bancos de

Investimento (Anbid) em 2007, nos

mostram que a mentalidade do

brasileiro em relação à vida

financeira é voltada para o consumo

e com uma visão de curto prazo.

Além disso, há uma baixa

proporção de pessoas no país

preocupadas em guardar dinheiro

para satisfazer desejos futuros, assim como poucos preocupados com o investimento em

uma previdência privada.

Da mesma maneira, quando o brasileiro decide investir, ele o faz de forma

conservadora, procurando sempre fugir dos riscos associados aos investimentos mais

rentáveis.

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Essa característica cultural do povo brasileiro pode ser atribuída, em parte, à

recente história econômica do país, com elevado nível de inflação, quando era preferível

consumir a poupar, pois o dinheiro se desvalorizava com velocidade, por exemplo.

Mas esse não é mais o cenário atual do país, uma vez que a inflação está sob

controle há mais de uma década e o Brasil vive um regime democrático há mais de 20

anos. Ainda que pareça muito tempo, esse tempo ainda não foi suficiente para mudar a

cultura financeira do país, o que provavelmente acontecerá quando a educação

financeira for mais difundida entre a população.

Estamos afirmando isso para que você seja capaz de analisar o quanto do seu

próprio comportamento em relação ao dinheiro é afetado por impulsos e

conservadorismos relacionados à cultura em que está inserido.

Através da educação financeira e do balanceamento das finanças pessoais você

será capaz de tirar melhor proveito da estabilidade política e econômica do país, assim

como obter maior satisfação pessoal e melhor qualidade de vida.

1.4 – O valor do dinheiro

Conforme vimos, a cultura do consumo e do conservadorismo é majoritária entre

os brasileiros. Aqui vamos mostrar por que é importante poupar dinheiro e como o

trabalho de hoje pode se converter em mais recursos acumulados para a conquista dos

objetivos propostos pela própria pessoa.

Quando deixamos de consumir algo no presente estamos fazendo um sacrifício

com a perspectiva de que, algum dia, poderemos aplicar esse dinheiro na conquista de

um sonho, ou seja, das metas que já traçamos.

Para que isso aconteça é preciso que esse valor poupado no presente seja investido

para que ele não perca seu poder de compra e, ao contrário, se valorize e se multiplique.

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A fim de ilustrar como a poupança pode valorizar o dinheiro frente ao preço de

um produto no presente. Abaixo vamos ver um exemplo citado em Sousa e Torralvo (p.

42). Apenas lembrando que os valores citados abaixo são meramente ilustrativos.

“Digamos que o valor não consumido de R$ 200,00 – poupança feita por um

trabalhador no mês de dezembro logo após ter recebido seu abono de Natal – fosse

suficiente para adquirir uma bicicleta nova, pagando-a à vista. No entanto, esse

trabalhador fez as contas e preferiu adiar essa compra por seis meses, imaginando que

até o final de junho do ano seguinte lhe seria possível adquirir a mesma bicicleta e

mais uma batedeira de bolo para sua esposa com o ganho que o investimento

produzisse nesse período.

Com a ajuda de um amigo, identificou três possíveis cenários para os seis meses

seguintes:

a) O preço de bicicleta poderá manter-se inalterado e a aplicação terá a

possibilidade de render 1,5% ao mês1.

b) O preço da bicicleta poderá subir para R$ 210,00 e a aplicação terá a

possibilidade de render 2,5% ao mês.

c) O preço da bicicleta poderá subir para R$ 250,00 e a aplicação poderá render

3,5% ao mês.

Feitas as contas, constatou que, na ocorrência da circunstancia “a”, o resultado

da sua decisão lhe renderia 9,34% até o final de junho, ou seja, 1,5% ao mês durante

seis meses:

{[ 1 + 0,015 ] 6 - 1} = [1,015] 6 -1 = 0,0934 = 9,34%

1 Os valores de rendimento têm a ver com o valor da inflação por período. (N.E.)

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Em termos monetários, chegaria ao final de junho com R$ 218,68, representados

por seus R$ 200,00 poupados inicialmente mais o rendimento de R$ 18,68 resultante de

9,34% x 200,00.

Como nesse cenário a bicicleta não teve aumento de preço, esse poupador

poderia adquirir a bicicleta à vista, no final do mês de junho, e lhe sobrariam R$ 18,68;

mesmo que não fossem suficientes para comprar a batedeira de bolo, já seria um bom

começo proporcionado pela aplicação da sua poupança ao longo dos seis meses.

- Rendimento da aplicação financeira: 0,0934 x R$ 200,00 = R$ 18,68

- Aumento do preço da bicicleta: R$ 200,00 – R$ 200,00 = R$ 0,00

- Vantagem líquida: R$ 18,68 – R$ 0,00 = 18,68

Desenvolvendo raciocínio similar com relação à circunstância “b”, o resultado

da decisão renderia a esse poupador 15,97% até o final de junho, ou seja, 2,5% ao mês

durante seis meses:

{[ 1 + 0,025 ] 6 - 1} = [1,025] 6 -1 = 0,15969 = 15,97%

Em termos monetários, a situação seria ainda melhor do que a representada no

cenário anterior, mesmo com o preço da bicicleta tendo subido para R$ 210,00. Essa

superioridade se deve ao fato de os recursos financeiros poupados e aplicados terem

rendido R$ 31,94 no período em que o preço da bicicleta subiu somente R$ 10,00, ou

5% no período de seis meses.

- Rendimento da aplicação financeira: 0,15969 x R$ 200,00 = R$ 31,94

- Aumento do preço da bicicleta: R$ 210,00 – R$ 200,00 = R$ 10,00

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- Vantagem líquida: R$ 31,94 – R$ 10,00 = 21,94

Nessas condições, a pessoa em questão poderia adquirir a bicicleta à vista, no

final de junho, e ainda lhe sobrariam R$ 21,94, quantia provavelmente um pouco mais

próxima do valor de compra da batedeira de bolo desejada pela esposa.

Finalmente, no cenário “c”, em que se estabeleceu a hipótese de o preço da

bicicleta subir para R$ 250,00 e a aplicação financeira render 3,5% ao mês. Nessas

circunstâncias, o rendimento da importância poupada e aplicada ao longo dos seis

meses seria expressivamente superior, mas a vantagem líquida para o poupador seria

inferior à apresentada nas duas circunstancias anteriores. Veja as razões:

- Rendimento da aplicação financeira: 0,2293 x R$ 200,00 = R$ 45,86

- Aumento do preço da bicicleta: R$ 250,00 – R$ 200,00 = R$ 50,00

- Vantagem líquida (negativa): R$ 45,86 – R$ 50,00 = - R$ 4,14

Portanto, em que pese ter havido maior rendimento da importância aplicada ao

longo dos seis meses de aplicação, o poupador não se deu uma bicicleta de presente de

Natal nem teve condições de comprá-la seis meses mais tarde, quando o preço da

bicicleta já estaria em R$ 250,00 e ele disporia de

somente R$ 245,86. Isso significa que o dinheiro

ganha valor, mas também perde valor ao longo do

tempo; tudo depende do que é feito com ele.2”

Quando dizemos que uma quantia de dinheiro ganhou

valor, isso significa que ela obteve, ao longo de

determinado período, maior poder de compra de bens

e serviços do que possuía quando foi investida

anteriormente. Esse crescimento no poder de compra

2 Aqui o autor se refere ao tipo de investimento que é feito com o dinheiro. Mais adianta será visto os tipos de investimentos que podem ser feitos e os riscos que cada um possui.

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vem do fato de que o dinheiro foi investido e gerou mais capital, além de ter poupado o

seu gasto em um consumo supérfluo no passado.

Para que o dinheiro poupado não perca o valor, ou seja, para que seu poder de

compra se mantenha e se expanda – o objetivo final do ato de investir dinheiro – o

primeiro critério a ser adotado é que a porcentagem de rendimento da aplicação seja

superior ao nível da inflação no período, conforme as situações “a” e “b” que foram

apresentadas.

O dinheiro perde valor no caso exemplificado pela situação “c”, onde o dinheiro

investido perdeu a capacidade de compra que possuía no momento em que foi aplicado.

Isso significa o empobrecimento decorrente da inflação do país frente a uma

aplicação inadequada, ou seja, com rendimento abaixo do índice de inflação do período.

Assim concluímos a primeira premissa da educação financeira: se há algum

dinheiro a ser recebido, ele deve estar em mãos o quanto antes, pois quanto mais tempo

com ele, mais ele poderá render ao possuidor em algum investimento. O princípio

básico é que qualquer quantidade de dinheiro recebida no presente vale mais do que a

mesma quantidade que poderá ser recebida no futuro.

A segunda premissa vem em consequência da primeira, mas com o raciocínio

inverso: se há algum dinheiro a ser gasto necessariamente, isto deverá ser feito o mais

tardiamente possível – uma vez que quanto mais tempo o dinheiro estiver em mãos,

mais ele produzirá.

Em outras palavras, se fizermos um pagamento no futuro, esse dinheiro vale mais

do que se fosse destinado ao mesmo pagamento no presente.

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Poupar ou consumir?

Esse é um dilema enfrentado por muitas pessoas em seu cotidiano: poupar

dinheiro agora para ter no futuro ou consumir agora para não perder o valor de compra

do dinheiro?

É fato que existem alguns itens de consumo como alimentação, saúde, educação e

vestuário, por exemplo, que devem ser priorizados quando pensamos em nossos gastos.

Mas conforme vimos, acabamos gastando muito em coisas que não são realmente

necessárias (lembra-se do peso daquele cafezinho depois do almoço?).

Outro fato é que vivemos em uma cultura que privilegia e incentiva o consumo

desenfreado, por isso, muitas restrições podem parecer um grande sacrifício. Mas

algumas comodidades podem ser substituídas em prol de um objetivo a ser alcançado

para uma economia no presente, como a troca do carro por um transporte mais barato,

por exemplo.

Quando uma pessoa compra um carro parcelado, por exemplo, o preço inicial de

R$ 30 mil pode chegar a mais de R$ 45 mil no final do financiamento durante o período

de três anos. Isso significa o pagamento de 50% a mais pelo produto, em troca de ter o

bem no momento em que se deseja.

Se uma pessoa investisse o valor mensal da parcela desse financiamento, seria

possível que ela comprasse o carro por R$ 30 mil à vista no período de 23 meses, ou

seja, quase um ano a menos do que o tempo total do financiamento, mas para isso teria

que esperar mais para usufruir do automóvel.

Isso nos leva a concluir que a decisão de gastar ou poupar está relacionada com

uma decisão intertemporal. Quem compra tem que escolher entre a opção de ter o bem

no presente e pagar a mais por ele ou a poupança no presente e usufruir o bem no

futuro.

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Por um lado, a antecipação do consumo tem um custo, ao mesmo tempo em que

esperar para comprar tem um benefício, ainda que se tenha que esperar em longo prazo

para possuir aquilo que se quer. Mas, em geral, como no caso apresentado, os benefícios

de fazer um planejamento em longo prazo são maiores do que a opção do

endividamento no presente.

Isso vale para quem quer ter uma poupança, deseja comprar um automóvel ou um

imóvel, ou qualquer outro plano que requeira o sacrifício no presente para uma

satisfação no futuro: quanto mais tempo o seu dinheiro ficar investido, maior será a

recompensa.

Muitos fatores podem levar o poupador a desistir no meio do caminho e aqui

temos o terceiro lema

fundamental da educação

financeira: quem quer poupar

precisa de disciplina e

determinação para tal.

Em um primeiro momento é

simples o raciocínio de que

reservar uma determinada quantia

por mês levará a uma

aposentadoria tranquila no futuro

ou à possibilidade de aquisição de

um imóvel, por exemplo. Mas isso

é parecido com o início de um

regime após comermos uma boa

refeição ou quando uma pessoa

decide parar de fumar após o último cigarro do dia.

No dia seguinte, o processo de querer comer mais ou de ter vontade de fumar

voltará mais forte, assim como quando recebemos o salário e queremos gastar. O

importante nesse momento é que se tenha em mente que o seu objetivo futuro é mais

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importante do que os desejos do presente, como uma geladeira nova, uma roupa de

marca ou uma ida não necessária ao cabeleireiro.

Ainda que isso signifique a alteração de muitas dinâmicas no seu cotidiano e no

de sua família, tenha em vista que essa condição é necessária para a realização daquilo a

que você mesmo se propôs. Caso ocorram conflitos com os dependentes, procure

conversar com eles – veremos mais detalhadamente esse tópico adiante no curso.

A disciplina financeira e a regularidade do comportamento são atitudes que

tendem a ser bem recompensadas no futuro. Desta forma, quando freamos os impulsos

de lazer e de consumo supérfluos – ou seja, quando aprendemos a dizer “não” para nós

mesmos – estamos trabalhando para construir um futuro melhor para nós e para aqueles

que dependem de nós.

Mas, no final das contas, qual é a melhor decisão, poupar ou consumir?

Mais do que uma

decisão simples em

relação ao consumo

imediato, a escolha

entre poupar ou

consumir deve se referir

a uma constituição de

novos hábitos

financeiros, o que uma hora o levará a antecipar o consumo – pagando os juros para isso

– e em outro momento irá fazer com que você poupe a quantia para que ela seja

aplicada. De acordo com Sousa e Torralvo:

“O importante é a manutenção da saúde financeira e do bem-estar em que ambas

as decisões (antecipar ou postergar) sejam permanentemente presentes, uma vez que

não é de se esperar uma antecipação completa nem uma postergação sem fim.” (p. 49)

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1.5 – Fatores que influenciam o consumidor no momento da compra

O suprimento das necessidades humanas é uma necessidade, podemos dizer,

biológica, algo que o ser humano não pode escapar. Desde o início da organização das

sociedades como as conhecemos hoje foi necessário ao homem encontrar um meio para

satisfazer essa necessidade.

No começo, os homens trocavam produtos através do escambo, uma forma de

comércio onde não existia dinheiro para ser trocado, mas um produto era trocado por

outro. Com o desenvolvimento da sociedade e a crescente complexidade do comércio,

tornou-se necessário um objeto que representasse uma quantia correspondente a uma

determinada quantidade de produto – daí o surgimento do dinheiro.

A partir desse momento o

homem passou a comprar os

produtos essenciais à sua

sobrevivência. Com o passar do

tempo, o consumo continuou a ser

associado à satisfação das

necessidades associadas a produtos

e serviços que não se relacionam

com

a sobrevivência do corpo. Estes

produtos são da esfera de lazer,

higiene, educação, saúde, vestuário

e habitação, por exemplo.

Os produtos destinados ao consumo, sejam eles essenciais à sobrevivência ou não,

possuem função, forma e significado. Sua função está diretamente relacionada ao tipo

de necessidade à qual se destina o produto. A função de um automóvel, por exemplo, é

a locomoção, assim como a função de um telefone celular é a comunicação.

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Da mesma forma, todos os produtos possuem uma forma: um sabonete para

banho pode ser sólido ou líquido, um automóvel pode ter vários tipos de design

diferentes (cor, tamanho, formato etc.).

Mas podemos dizer que o aspecto mais relevante dos produtos é o significado

atribuído a ele pelo consumidor: o indivíduo pode adquirir um carro de luxo porque ele

significa, para este, uma ascensão no status social.

Pelo mesmo motivo, em muitos lugares do mundo, alguns segmentos sociais não

ingerem determinados tipos de alimento, pois isso é condicionado pela religião e pela

cultura como, por exemplo, algumas castas na Índia, que não ingerem carne.

Ainda que existam muitos produtos disponíveis no mercado, cada qual com seus

benefícios associados, nem sempre é possível comprar tudo aquilo que o consumidor

acha necessário.

Essa incapacidade de satisfazer as necessidades se dá pelo fato de que os recursos

não são infinitos e a grande maioria das pessoas não dispõe dos recursos necessários

para adquirir tudo o que julga que precisa.

Por esse motivo se torna claro que todos os consumidores precisam tomar

decisões o tempo todo, para que priorizem a aquisição de um produto no lugar de outro.

Todos nós tomamos essas decisões diariamente quando decidimos o que comer ou

o que vestir antes de sairmos de casa para trabalhar. A tomada de decisões também está

relacionada com hábitos de consumo, desde a compra de uma bala até a aquisição de um

carro, ou imóvel ou de objetos de maior valor.

O processo de decisão possui vários graus de complexidade e de hierarquia, afinal

não gastamos o mesmo tempo decidindo o que comer no almoço do que gastamos ao

decidir de compraremos determinado imóvel, por exemplo.

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Por isso, em função de uma série de fatores, como a disponibilidade de recursos,

de tempo, e de aspectos da cultura em que estamos inseridos, o tempo e a complexidade

das decisões tomadas variam de acordo com a quantidade de opções disponíveis quando

vamos tomar a decisão em questão.

Dessa forma, conforme proposto por Sousa e Torralvo, apresentamos uma

hierarquia da tomada de decisões de acordo com a complexidade das mesmas:

Alto

Médio

Baixo

Tempo, motivação, importância daaquisição e valor que será gasto com ela.

Para ilustrar a complexidade das decisões, vamos ver o exemplo de Marcos, um

engenheiro.

Marcos, casado, descobre que ele e a esposa terão outro filho, o que lhe traz a

necessidade de comprar uma casa maior. O casal então começa a procurar nos

classificados de anúncios da cidade em que mora um apartamento de três quartos que

esteja de acordo com as capacidades financeiras dos ganhos de ambos.

Além disso, Marcos deseja morar em uma região com boas escolas para que possa

matricular seus dois filhos, além de procurar um lugar seguro em relação a assaltos.

Marcos e sua esposa visitam três apartamentos no final de semana para que

possam avaliar qual escolher e acabam gostando de um em uma região mais cara da

cidade, mas que atende aos critérios que ambos estabeleceram.

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Além do local onde ficará a futura residência, Marcos e a esposa também

avaliaram outros fatores relacionados ao imóvel, como:

- condomínio

- presença de área de lazer para os filhos

- condições do imóvel, ou seja, estado de conservação da construção, eventuais

problemas da estrutura do prédio, etc.

Depois da análise previamente descrita, Marcos passa a etapa da avaliação

financeira. Qual será a melhor opção: pagar o apartamento à vista ou fazer um

financiamento? Se optar pelo financiamento, qual será o melhor meio de fazê-lo. Qual

instituição financeira oferece os juros mais baixos?

De acordo com o nosso exemplo, quando pensamos em fazer uma aquisição de

um produto de alto valor, são levantadas várias questões e analisados muitos fatores

para que a decisão possa ser tomada.

É preciso que isso seja feito, pois, caso não

consideremos todas as variáveis no processo de

escolha, podemos ter consequências indesejadas.

Se Marcos e a esposa não avaliarem o estado de

conservação do imóvel, por exemplo, é possível

que depois da aquisição, eles precisem reformar o

apartamento, um custo não planejado, que pode

dificultar a mudança da família ou ainda colocar

no vermelho as contas do engenheiro.

Quando compramos uma caneta, por exemplo, não paramos muito para pensar

sobre as variáveis relacionadas a esta aquisição, pois se ela deixar de funcionar em

pouco tempo, por exemplo, poderemos jogá-la fora e comprar outra.

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Desta forma, comprar uma caneta está relacionado a uma compra de baixa

complexidade, pois gastamos menos tempo e dinheiro com ela, do que no caso de

comprar um apartamento, decisão que consome mais tempo e recursos.

Em geral compras de baixo grau de complexidade estão relacionadas a compras

repetidas ou baseadas em hábitos de rotinas.

As compras de médio grau de complexidade são aquelas em que se exige uma

quantidade mínima de informações sobre o produto, mas esse levantamento de

informações é feito de maneira superficial e a decisão tende a ser tomada rapidamente.

Isso acontece quando escolhemos um filme para assistir ou quando decidimos em que

lugar jantaremos em um dia de lazer, por exemplo.

Assim como existe um determinado grau de complexidade em relação à decisão

de comprar um item ou não, escolher também está relacionado a variáveis individuais,

influências ambientais e aspectos psicológicos do consumidor.

As diferenças individuais correspondem às motivações, atitudes e à personalidade

de quem compra. Um consumidor não motivado a adquirir um produto dificilmente irá

fazê-lo, da mesma forma que não o faria caso não tivesse dinheiro pra isso.

Da mesma forma a percepção do consumidor em relação ao nível de preços do

produto também influenciará sua decisão em comprar ou não. Se ele quiser adquirir um

computador com determinadas configurações, e perceber que o preço caiu nos seis

últimos meses, provavelmente esperará para comprá-lo depois que o seu custo tiver

diminuído mais.

Aspectos exteriores ao comprador também o influenciam na tomada de decisão. É

esperado que o comportamento de uma pessoa se altere de acordo com determinada

situação, quando ele se sente pressionado a realizar uma compra, por exemplo. Essa é a

chamada pressão ambiental.

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Quando adquirimos um produto, em razão da pressão de um colega de trabalho ou

de um parente, estamos sofrendo a pressão ambiental e é muito comum que essas

aquisições acabem trazendo arrependimentos. Isso se dá porque essas tomadas de

decisões acabam sendo precipitadas e os fatores que deveriam ser levados em conta

geralmente são deixados de lado.

Em outros casos é possível que o consumidor seja influenciado pelos mais

diversos instrumentos de marketing, como por propagandas, folhetos e por meios que

são não visíveis, como música ambiente e, ainda que imperceptíveis, alguns aromas

especialmente elaborados para incentivar o consumo.

A influência ambiental ainda pode se manifestar de outras formas, como

conselhos de amigos e familiares, classe social e cultura. Esta, por meio de seus valores,

tende a contribuir na atribuição de maior ou menor grau de reflexão sobre os critérios

utilizados para a avaliação da decisão de comprar ou não.

Além dos fatores ambientais e

individuais, a tomada de decisão também é

afetada pelo modo como o estimulo é recebido,

interpretado e armazenado na memória do

consumidor. Quando estamos expostos a uma

grande quantidade de informações, por

exemplo, não conseguimos nos lembrar de

todas elas e apenas parte daquelas que

recebemos acabarão influenciando a compra do

produto.

Se um consumidor adquire um bem ou serviço que não correspondeu às suas

expectativas, da próxima vez que ele for fazer a compra provavelmente escolherá outra

marca. Assim, podemos ver que existe um aprendizado no ato da compra, processo pelo

qual a experiência leva à mudanças no conhecimento, nas atitudes e nos

comportamentos, o que acaba influenciando a tomada de decisões.

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Influências na tomada de decisões

Diferenças pessoais Ambientais Psicológicos

Pressão Pressão Aspectos emocionais

Atitudes Instrumentos de marketing Processamento de

informações

Hábitos Conselho/opinião de outros Reflexão

Personalidade Recursos não visíveis Análise pós-compra

Quantidade disponível

de recursos para

aquisição

Recursos imperceptíveis

Expectativa sobre a

trajetória dos preços

Aspectos sociais

Necessidades

emergenciais

Aspectos culturais

Fonte: Aprenda a administrar seu próprio dinheiro. Sousa e Torralvo.

Freando os impulsos na hora da compra

Conhecer os motivos que nos levam a comprar pode nos ajudar, enquanto

consumidores, a aprimorar o processo de tomada de decisão no momento em que

compramos um bem ou um serviço.

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É importante que o comprador consiga identificar com clareza quais são os

principais fatores de influência na tomada de decisão e, ao mesmo tempo, aumente a

procura a respeito das informações sobre o produto.

Isso dá ferramentas ao consumidor para que aja de forma mais autônoma frente às

pressões de marketing e ambientais de forma geral, evitando as compras por impulso e

outras atitudes que podem comprometer sua vida financeira.

Quando você gasta mais tempo para decidir, levantando alternativas e

informações relativas ao que irá adquirir, ao mesmo está reduzindo o caráter impulsivo

da compra, o que beneficia diretamente suas finanças pessoais.

Um consumidor capaz de identificar os fatores que influem sobre suas decisões,

como os aspectos individuais, ambientais e psicológicos, quando percebe as influências

e pondera mais na tomada de suas decisões, torna-se um consumidor mais maduro,

capaz de refrear os impulsos e ser um bom administrador de suas finanças pessoais.

1.6 – Compra a prazo e compra à vista

Como decidir entre fazer uma compra a prazo ou à vista?

Para muitos consumidores, a decisão é simples, sendo que sempre que desejam

comprar algo que custa mais do que podem pagar à vista, acabam optando pela compra

a prazo. Mas será que essa é sempre a melhor opção?

Quando fazemos uma compra a prazo é muito difícil que identifiquemos os juros

que estão embutidos nos preços desta aquisição. Na maioria das vezes a vantagem de

adiar o pagamento do preço do produto é uma desvantagem para o consumidor, uma vez

que os juros que serão pagos na parcela acabam aumentando – e muito – o preço final

do produto.

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Veja o exemplo abaixo:

“O pedreiro Vicente precisava concluir a reforma da sua residência. Então, fez a

cotação de alguns materiais de construção e concluiu que os itens de maior peso na

reforma seriam os blocos de cimento. Encontrou o milhar desses itens com preços

variando entre R$ 650,00 na cidade de Bom Jesus dos Perdões e R$ 850,00 na cidade

de Atibaia, observando-se a mesma proporção nos demais materiais da lista.

O dilema do pedreiro Vicente é que em

Atibaia os blocos e outros produtos –

orçados, ao todo, em R$ 1,250,00 – podem ser

pagos em cinco parcelas mensais iguais, sem

acréscimo, vencendo a primeira na data da

compra. Já em Bom Jesus dos Perdões o

pagamento teria de ser todo à vista. Feitas as

contas, Vicente concluiu que R$ 250,00 [R$1.250 ÷ 5 = R$ 250,00] por mês caberiam

em seu orçamento e partiu para o que entendia ser a melhor opção, alegando não ter

encontrado ninguém mais que oferecesse tais facilidades sem juros.

Veja o engano em que caiu esse pedreiro. Tomando a diferença de preços dos

blocos de concreto em que pagaria 31% a mais:

{[(R$850,00 ÷ R$650,00) – 1] x 100} = 31%

O total da compra poderia sair por R$ 862,50:

[(1-0,31) x R$ 1.250,00 = R$ 862,50]

Colocado em termos de taxa de juros, Vicente pagará o equivalente a 2,96% ao

mês por sua decisão. Se tivesse adiado a compra e guardado R$ 250,00 por mês,

estaria em condições de realizá-la à vista dali a pouco mais de dois meses.”

Fonte: Aprenda a administrar seu próprio dinheiro. Sousa e Torralvo.

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Quando escolhemos pagar a prazo, estamos adquirindo uma obrigação financeira

no futuro, o que exige que tenhamos disciplina para guardar aquele dinheiro até a data

do pagamento.

Isso significa que é preciso guardar o dinheiro da parcela até quitá-las, sem gastar

em outros desejos eventuais que possam surgir no período em que este valor está em

nossas mãos.

Para decidir se comprar à prazo podemos pensar no esquema a seguir:

O produto ou serviço a seradquirido é realmente umanecessidade ou um desejo?

Necessidade

Desejo

Não comprarPosso adiar esta

aquisição?Sim

Não

O pagamento a prazo évantajoso (considerando os

juros e o valor final dobem ou serviço)?

Comprar a vistaNão

Sim

Conseguirei guardar ovalor das parcelas todos osmeses até que elas estejam

quitadas?

Não

Comprar a prazo

Conforme afirmamos, muitos consumidores compram à prazo apenas porque não

possuem recursos suficientes para pagar à vista no momento em que vão realizar a

compra.

A melhor recomendação é que, neste momento, ele avalie criteriosamente a

necessidade do item que quer adquirir, para evitar que realize uma compra compulsiva e

comprometa o seu orçamento.

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Assim ele verá o quão é necessária a compra a ponto de valer a pena o pagamento

dos juros pela compra a prazo.

Se o consumidor ponderou e decidiu que a aquisição a prazo é vantajosa, o

segundo passo é a avaliação de como ele poderá levantar os recursos necessários para

pagar a menor taxa de juros possível.

Isso significa que quem compra à prazo deve antes fazer uma pesquisa sobre a

taxa de juros praticada por mais de uma loja ou instituição financeira antes de fazer a

compra propriamente dita.

Esta é a etapa mais importante, uma vez que existem várias linhas de

financiamento presentes no mercado, conforme você poderá perceber na tabela abaixo:

Comparativo de linhas de financiamento (ano de 2007)

Taxa de juros Linha de

financiamento

Taxa de juros

mensal Em 1 ano Em 2 anos

Compra de

veículo

2,29% 31,20% 72,13%

Crédito pessoal 3,63% 53,4% 135,32%

Cheque especial 7,6% 140,8% 479,85%

Cartão de

crédito

10,3% 224,27% 951,51%

Disponível em http://www.bcb.gov.br/?ECOIMPOM

Caso o consumidor escolha pela compra a prazo, um ou dois pontos percentuais

de diferença entre uma ou outra taxa de juros não fará grande diferença no valor final

caso o número de parcelas seja pequeno.

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Mas caso o número de parcelas for

grande, como no caso de uma compra de

imóvel ou carro, que em geral demoram

mais do que 12 meses, qualquer ponto

percentual significa uma grande quantia a

mais despendida na aquisição do bem.

Digamos que, em 2007, você decidiu adquirir um bem por meio do crédito em

cheque especial em vez de fazê-lo pelo crédito pessoal. A cada mês você teria pagado

3,97 pontos percentuais a mais por ter tomado essa decisão.

No final de um ano, a diferença seria de 87,4 pontos percentuais (140,8% - 53,4%

= 87,4 pp), ou seja, você teria pagado quase o dobro do valor no financiamento em

cheque especial apenas porque decidiu por esta linha de financiamento em vez do

crédito pessoal!

Isso significa que se você financiasse R$100,00 no crédito pessoal, e pagasse em

12 meses, sua dívida seria de R$153,40, mas se o fizesse no cheque especial, o valor

seria de R$240,85, ou seja, por uma diferença percentual mensal de 3,97 o dinheiro que

você gastaria a mais seria R$87,45!

Para fazer o cálculo das prestações de uma parcela, é importante que você saiba

calcular juros compostos, pois é assim que é feito o cálculo quando contratamos uma

linha de crédito.

Os juros podem ser de dois tipos: simples e compostos. Quando colocamos o

dinheiro para render em uma aplicação de juros simples, isso significa que a taxa de

juros é calculada sobre o valor inicial que você aplicou.

Por exemplo, se colocou R$1.000,00 em uma aplicação de juros simples por 12

meses, a taxa de juros irá incidir sobre o valor de R$ 1.000,00 durante os 12 meses.

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Se esta aplicação render 1% ao mês, a cada mês os juros renderão:

0,01 x R$1.000,00 = R$10,00

Portanto, no final dos 12 meses, sua aplicação terá rendido:

12 x R$10,00 = R$120,00

Ou seja, em uma aplicação de juros simples você teria o valor final de R$1.120,00

no final de um ano de investimento.

Já o cálculo de juros compostos é feito de uma forma um pouco diferente.

Enquanto nos juros simples a taxa incide apenas sobre o valor inicial aplicado, no

cálculo de juros compostos o lucro do rendimento de juros entra no cálculo do mês

seguinte.

Digamos que você investiu aqueles R$ 1.000,00 em uma aplicação de juros

compostos durante 12 meses com rendimento de 1% ao mês. O cálculo seria feito da

seguinte forma:

Mês 1: 0,01 x R$1.000,00 = R$10,00

Valor da aplicação no mês 1: R$1.010,00

Mês 2: 0,01 x R$ 1.010,00 = R$10,10

Valor da aplicação no mês 2 = R$1.020,10

Mês 3: 0,01 x R$1.020,10 = R$10,20

Valor da aplicação no mês 3 = R$1.030,30

E assim por diante.

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Enquanto na aplicação de juros

simples o dinheiro rende R$ 10,00 todos

os meses, na aplicação de juros

compostos o dinheiro rende todos os

meses mais.

Como podemos fazer aplicações

em muitos meses, com taxas de juros e

valores quebrados, temos uma forma

para calcular os juros compostos:

M = C x (1 + i)n

Onde:

M = montante final, ou seja, o valor final da aplicação (valor inicial aplicado +

rendimento dos juros).

C = capital inicial investido, no nosso caso, R$1.000,00.

i = taxa de juros (em percentual).

n = tempo de investimento. Se a taxa de juros for ao ano, o tempo deverá ser

calculado em anos, mas se ela for ao mês, coloque os juros mensais.

Vamos aplicar esta fórmula ao nosso exemplo.

M = 1.000 x (1 + 1%)12

M = 1.000 x ( 1 + 0,01) 12

M = 1.000 x 1,0112

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M = 1.000 x 1,126825

M = 1.126,83

Ou seja, enquanto com juros simples você teria tido o rendimento de R$ 120,00,

no final de um ano de aplicação, com os juros compostos você tem R$ 126,83 de lucro.

Pode não parecer muita diferença, mas com um maior capital investido e com mais

tempo, a diferença pode ser bem grande.

Agora que já aprendemos como calcular os juros compostos, vamos voltar aos

nossos casos de linhas de financiamento. Tanto o cheque especial, o crédito pessoal e o

cartão de crédito são calculados de acordo com as regras dos juros compostos – daí a

importância de você conhecer como é feita essa conta.

Veja a seguir uma tabela que mostra o impacto de um empréstimo de R$ 100,00

nas diferentes modalidades mostradas anteriormente:

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Total devido após o número de meses Meses

Cheque

especial

Crédito pessoal Cartão de crédito

1 R$107,60 R$103,63 R$110,30

2 R$115,78 R$107,39 R$121,66

3 R$124,58 R$111,29 R$134,19

4 R$134,04 R$115,33 R$148,01

5 R$144,23 R$119,52 R$163,26

6 R$155,19 R$123,85 R$180,07

7 R$166,99 R$128,35 R$198,62

8 R$179,68 R$133,01 R$219,08

9 R$193,33 R$137,84 R$241,65

10 R$208,03 R$142,84 R$266,54

11 R$223,84 R$148,03 R$293,99

12 R$240,85 R$153,40 R$324,27

24 R$580,09 R$235,32 R$1.051,51

36 R$1.397,15 R$360,98 R$3.409,72

Isso nos mostra a importância de verificar qual é a taxa de juros cobrada pela linha

de crédito que o consumidor visa adquirir. Sempre pesquise as opções possíveis,

lembrando sempre que devemos avaliar outras possibilidades antes de comprar à prazo,

pois essa decisão implica em uma dívida em longo prazo que, se não for quitada, pode

gerar graves problemas à nossa saúde financeira.

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Unidade 2 – Planejamento Financeiro Pessoal

Olá aluno,

Nesta unidade veremos o que é o planejamento financeiro pessoal, seus conceitos

e sua importância para aqueles que querem ter uma vida financeira equilibrada.

Vamos mostrar a você como fazer uma autoanálise da sua vida financeira, ou seja,

da forma como faz seus gastos, aprendendo a identificar o que é supérfluo e pode ser

eliminado.

Em seguida serão apresentadas as etapas de como elaborar um orçamento

financeiro pessoal, quais são os erros mais recorrentes na elaboração deste e alguns

mecanismos que podem ser utilizados na contenção dos gastos.

Enfim, mostraremos como é feito o planejamento e a manutenção de um fundo de

emergência, que visa proteger você e sua família de situações imprevistas que podem

colocar qualquer pessoa com as contas em vermelho.

Bons estudos!

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2.1 – Conceito de planejamento financeiro pessoal

Quando pensamos em planejamento financeiro, a princípio pode parecer algo

complexo, realizado apenas por grandes empresas. Quando pensamos em planejamento

financeiro pessoal, à primeira vista pode-se pensar em algo voltado apenas para quem

tem muito dinheiro para administrar.

Mas, conforme foi visto, a falta de planejamento pode levar um indivíduo que faz

um empréstimo pequeno – como no exemplo sobre juros – a pagar muito mais dinheiro

do que deveria.

O planejamento financeiro pessoal é um procedimento simples, amplamente

utilizado para os mais diversos fins, cujo objetivo principal é organizar a vida financeira

de uma pessoa. Assim, ela poderá administrar melhor o que ganha, a fim de poupar e

atingir seus objetivos na vida.

O planejamento, em si, é um processo que envolve tomada de decisões no

presente que se refletirão no futuro, a médio e longo prazo. Quando uma pessoa planeja

suas férias de fim de ano está visando um objetivo futuro para poder desfrutar melhor

dele.

Para realizar o seu

planejamento financeiro pessoal é

recomendado que sejam seguidos

cinco passos:

1) Defina os seus objetivos.

Ter um objetivo é a principal

motivação das pessoas para elaborar um planejamento financeiro. Já vimos no curso

como delimitar os objetivos e fazer uma hierarquia entre eles, definindo qual é a meta

principal.

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2) Verifique como você pode atingir os objetivos. Nesse momento é verificado

como você poderá atingir o objetivo. Se quer viajar, como será feita essa viagem? O que

precisa para viajar? Quando isso será feito? Qual o roteiro a ser seguido?

3) Levante os recursos necessários para atingir os objetivos. Agora é a hora de

pensar em maneiras de conseguir os recursos que você precisa para atingir o objetivo.

Se for viajar, como levantar o dinheiro necessário, como reservar tempo para a viagem –

conciliar suas férias com as da sua família, por exemplo. Lembre-se de usar a

criatividade na hora do levantamento dos recursos financeiros necessários.

4) Coloque o planejamento em prática. Determine o que você precisa fazer para

colocar o planejamento em prática e determine as etapas para que isso aconteça em

ordem. Se vai viajar, por exemplo, primeiro deverá ligar para a agência de viagens,

depois reservar hotel, contratar guias locais para excursões etc.

5) Controle a realização do planejamento para ver se está indo tudo

conforme o planejado. Tendo realizado as quatro fases anteriores é importante que

você se mantenha constantemente atento para verificar se os planos realmente estão

sendo colocados em prática.

Por exemplo, ver se o planejamento está conseguindo ser seguido todos os meses,

se o dinheiro destinado para essa viagem realmente está sendo poupado mensalmente. É

como se você estivesse fazendo um controle da execução do planejamento financeiro

pessoal, a fim de não ter surpresas desagradáveis no momento de conquistar seu

objetivo.

Para que seu planejamento financeiro pessoal tenha resultados concretos, a ação

mais importante que deve ser tomada é a manutenção da disciplina em relação à vida

financeira.

Ou seja, o planejamento financeiro pessoal é o estabelecimento de uma estratégia

que tem por fim último alcançar os objetivos propostos e acumular recursos que

formarão um patrimônio pessoal.

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Para que isso seja possível é necessário que a vida financeira da esfera doméstica

esteja equilibrada, ou seja, que os recursos que entram sejam superiores aos gastos. Isso

possibilitará a formação de uma poupança. Lembre-se: mais importante que guardar

muito é guardar sempre, sem falta.

Mas quais são as recompensas trazidas por um planejamento financeiro pessoal?

Afinal, para poupar, temos que fazer muitos sacrifícios no presente e por isso é

importante termos em mente quais são os frutos que colheremos em longo prazo, o que

incentivará a colocar esse planejamento em prática. Veja algumas delas:

1) Aprendizado da disciplina financeira

Por meio da aquisição de uma cultura financeira que nos imponha disciplina, as

decisões sobre gastar ou poupar, à vista ou a prazo, se tornarão mais simples, pois se

aprende quais são os meios para conquistar nossos objetivos na vida.

2) Melhoria do processo de tomada de decisões

No início pode parecer difícil tomar a decisão certa, conforme os parâmetros que

vimos durante o curso, mas com a prática do planejamento financeiro pessoal, esse

processo tende a se tornar cada vez mais simples, o que impede compras por impulso e

desperdício de dinheiro.

3) Uso racional do dinheiro

Com o planejamento financeiro pessoal, aprendemos como direcionar nosso

dinheiro para aquilo que é realmente necessário e que colabora com nosso crescimento

pessoal.

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4) Prevenção contra situações inesperadas

Através da formação de

poupança ou de uma reserva para

emergência, na eventualidade de

uma crise financeira no país ou um

problema familiar, você não estará

despreparado para atravessar este

período com preocupações

financeiras.

5) Satisfação e melhoria da qualidade de vida

Quando conquistamos um objetivo importante para nós através do nosso próprio

esforço temos um sentimento de satisfação pela conquista de algo importante,

conquistado por nossos próprios méritos.

Além disso, a comum preocupação, quando chega o final do mês ou o começo do

ano, sobre como pagar as contas e os impostos desaparece, pois quem realiza o

planejamento financeiro pessoal já tem uma estratégia para que não falte dinheiro nesses

momentos. Portanto, quem planeja consegue aproveitar melhor sua vida, pois possui

menos preocupações e angústias relacionadas ao dinheiro.

2.2 – Autoconhecimento: aprendendo como analisar os gastos mais

recorrentes e como eliminar os gastos supérfluos

O objetivo aqui é que você pare e faça uma reflexão a respeito dos gastos mais

recorrentes que tem e que pesam mais no seu orçamento, para que você possa diminuir

os custos para guardar dinheiro ou para sair do vermelho.

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Podemos reduzir os custos diminuindo a frequência com que compramos bens ou

serviços que encarecem o orçamento, diminuindo os custos dos gastos variáveis e

cortando gastos fixos que não são essenciais.

Em primeiro lugar, pense na motivação que tem para diminuir os custos. Ela pode

ser uma ou mais das razões a seguir:

- Eliminar dívidas.

- Guardar dinheiro para adquirir uma casa própria, para educação dos filhos, para

manutenção de um fundo de segurança, para aposentadoria, para comprar um carro,

entre outros.

Em seguida, elabore um orçamento. Veremos a seguir como fazer um orçamento

detalhadamente, mas neste momento comece a listar todas as suas despesas. Não se

esqueça de incluir gastos diários pequenos, pois, conforme vimos, eles acabam tendo

um grande impacto no orçamento.

É importante que, se você

sustenta uma família, todos

coloquem as despesas diárias dentro

do orçamento pois, caso contrário,

uma grande vazão do dinheiro

estará passando despercebida.

Com os itens listados, procure

diferenciar aqueles que são necessários e os que são supérfluos. Se você está com as

contas no vermelho, recomendamos que corte em absoluto os gastos não essenciais para

sua sobrevivência e de sua família adotando medidas como:

- Cortar o cafezinho depois do almoço.

- Comer mais em casa do que em restaurantes ou lanchonetes.

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- Evitar gastos com lanches entre as refeições diárias (você pode trazer um lanche

de casa ao invés de comer na rua, por exemplo).

- Não dar gorjetas ou esmolas.

- Cortar locações de DVDs, por exemplo, que mal consegue assistir e se esquece

de devolver no prazo, pagando diárias em dobro.

- Evitar compras de supérfluos como CDs, roupas de marca, itens de decoração da

casa que não são necessários para sua manutenção.

- Evitar idas ao salão de beleza em exagero.

Agora passe aos itens

necessários dentro das despesas.

Muitos deles podem ser reduzidos

através de medidas de controle

simples, como:

- Redução do consumo de

energia elétrica e de água/esgoto,

através de banhos mais curtos.

- Redução do uso de

eletroeletrônicos.

- Comprar produtos mais baratos e em menor quantidade no supermercado.

- Reduzir o uso do telefone (tanto o fixo como o celular).

- Se tiver a prestação de um carro de luxo, por exemplo, e as contas estiverem no

vermelho, é recomendável que se troque o carro caro por um mais simples, abatendo o

custo mensal das parcelas – o mesmo vale para prestações de casa ou apartamento.

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- Se os custos com telefonia celular estiverem consumindo grande parte do

orçamento, reduza o valor do plano dos aparelhos ou contrate um serviço pré-pago, pois

assim será mais fácil planejar o quanto você gastará mensalmente com esse item.

- Avalie a importância de determinados custos fixos como assinatura de jornais,

televisão a cabo e internet banda larga. Às vezes essas comodidades têm um custo muito

superior àquele que você pode realmente bancar.

Muitas vezes os problemas financeiros ou a aparente impossibilidade de guardar

dinheiro para atingir um objetivo vêm do fato de que o provedor da família ou aquele

que se sustenta quer manter um estilo de vida incompatível com seus ganhos.

É importante que todos nós façamos essa autoanálise para ver se estamos vivendo

realmente de acordo com aquilo que podemos pagar. Se esse for o seu caso, é

importante que ponha na balança os objetivos que pretende alcançar para você mesmo

e/ou para sua família e a relevância de manter alguns gastos que poderiam ser cortados,

como prestações de um carro de luxo ou televisão a cabo.

Para auxiliá-lo nesta reflexão, sugerimos três perguntas para que você autoavalie a

necessidade dos gastos que mantêm:

- Esse item de despesa é realmente necessário?

- Se o item é necessário, tenho meios para diminuir o impacto dela no orçamento?

- Esse gasto foi planejado ou foi resultado de um impulso?

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2.3 – Como elaborar um orçamento

O orçamento é a ferramenta principal para o planejamento financeiro pessoal. Sua

função é a listagem dos itens que

entram e saem em um determinado

período, de preferência todos os

meses.

Podemos dizer que as maiores

vantagens de elaborar e manter um

orçamento são:

- ele permite que você controle sua situação financeira.

- ajuda a visualização dos gastos.

- faz com que você veja os itens supérfluos e o impacto dessas compras no

orçamento mensal.

- permite a locação de gastos de forma racional.

O orçamento deve conter todas as entradas e saídas de recursos, assim como as

metas propostas para cada um deles, o que facilitará o cumprimento dos objetivos

propostos.

A elaboração de um orçamento doméstico contém três etapas, conforme

mostraremos a seguir.

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ETAPA 1 – IDENTIFIQUE OS RECURSOS QUE ENTRAM NA RENDA

FAMILIAR

A primeira etapa é a identificação dos recursos que compõem a renda de uma

pessoa ou de uma família, ou seja, deverão ser analisados todos os recursos financeiros

– as entradas – que farão

parte do orçamento.

As entradas podem

ser compostas de um ou

mais elementos, como

renda, resgate de

investimentos e

empréstimos.

a) Renda

A renda pode ser composta por um ou mais dos fatores descritos abaixo:

- Salário

- Aluguel

- Juros (vindos de uma aplicação financeira)

- Pró-labore (“salário” dos empresários e sócios de empresas)

- Dividendos (divisão anual de lucros entre sócios e acionistas de uma empresa)

b) Resgate de investimentos

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É a retirada de algum dinheiro investido, podendo ser uma venda de ações, venda

de um imóvel, entre outros.

c) Empréstimos

ETAPA 2 – IDENTIFIQUE AS DESPESAS E PLANEJE GUARDAR UM

VALOR PARA GASTOS INESPERADOS

Agora você deverá identificar quais são as despesas fixas e variáveis que

compõem o seu orçamento.

As despesas fixas podem ser:

- Moradia (aluguel, condomínio, luz, água, gás, manutenção, IPTU, empregada

doméstica).

- Automóvel.

- Comunicações (celular, internet, telefone fixo).

- Alimentação (tudo que for comprado no supermercado, alimentação fora de

casa).

- Educação (mensalidade da escola dos filhos ou da própria faculdade, gastos com

material escolar etc.).

- Gastos médicos.

- Pagamentos de empréstimos.

As despesas variáveis, por sua vez, podem ser compostas por:

- Esporte.

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- Lazer.

- Higiene e bem estar (cabeleireiro, academia, atividades que visem o aumento do

bem-estar).

- Vestuário.

Depois de identificar quais são as

despesas fixas e variáveis, chegou o

momento de você prever uma quantia a

ser reservada para uma ocasião

inesperada, como uma batida de carro,

um gasto médico etc.

Esse valor é chamado de reserva de emergência e é uma espécie de poupança que

você irá formar para se prevenir grandes dívidas por causa de situações emergenciais.

Adiante no curso veremos mais detalhadamente os critérios para formação da reserva de

emergência.

ETAPA 3 – PONHA SUA PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA EM

NÚMEROS E TORNE SEU PLANEJAMENTO UMA REALIDADE

Neste momento serão estabelecidos os objetivos contidos no orçamento. Eles

podem ser objetivos de consumo ou financeiros.

As metas de consumo são aquelas relacionadas à aquisição de um bem ou serviço,

como uma viagem, um automóvel ou uma casa, por exemplo. Os valores deverão estar

na rubrica “diversos” dentro do orçamento.

Os objetivos financeiros são aqueles em que se quer guardar certa quantia de

dinheiro, seja para formar uma poupança, seja para educação dos filhos, através do

investimento desse dinheiro.

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Agora é hora de colocar o planejamento no papel. Mostramos abaixo um modelo

para facilitar a sua visualização do orçamento.

Detalhamento/Mês M1 M2 ... M12 Total dos

12 meses

A) Recebimentos

Salários

Aluguéis

Juros

Pró-labore

Outros

Total de

recebimentos [A]

B) Pagamentos

Moradia

Automóvel

Comunicação

Alimentação

Educação

Gastos médicos

Pagamento de

juros e

empréstimos

Outros gastos

fixos

Total de

pagamentos fixos

[B1]

Esporte

Lazer

Higiene e bem

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estar

Vestuário

Outros gastos

variáveis

Total pagamentos

variáveis [B2]

Total pagamentos

[B = B1 + B2]

Orçamento líquido

[C = A – B]

Empréstimos [D]

Desaplicação [E]

Aplicações [F]

Saldo inicial de

aplicação [G]

Saldo final de

aplicação

[H = F + G - E]

O orçamento líquido deve ser o primeiro parâmetro a ser considerado na fase

inicial de elaboração do orçamento familiar, pois ele irá indicar o quanto você pode

reservar para a poupança.

Isso significa que todos os meses o saldo positivo C deverá ser investido em uma

poupança. Por esse motivo você deverá pensar no sentido de deixar a diferença entre A

e B o maior possível, e sempre positiva.

Se o orçamento líquido for negativo, isso indica que a pessoa está gastando mais

do que recebendo. Para equilibrar as contas, naquele período deve ser feito um

desinvestimento (resgatar um valor aplicado, por exemplo) ou fazer um empréstimo

para pagar as obrigações.

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Caso ocorra constantemente um valor negativo para o orçamento líquido, a pessoa

perderá a perspectiva de formação de uma reserva e para que isso acabe deverá esforçar-

se novamente para aumentar aquilo que recebe e/ou cortar os gastos.

Para a pessoa que pretende fazer do planejamento financeiro pessoal um meio

para conquistar seus objetivos de vida estabelecidos, a linha mais importante do

orçamento é a de “saldo final de aplicação” ou linha H.

Para que o processo de capitalização tenha sucesso é desejável que a cada mês a

linha H possua um valor superior ao valor do mês imediatamente anterior. Isso garantirá

a prosperidade dos seus investimentos.

Caso contrário, ou seja, da linha H mostrar valores constantemente decrescentes,

isso significa que o indivíduo está consumindo as suas reservas. Isso pode acontecer em

um momento excepcional em que ele esteja passando por uma emergência ou já esteja

desfrutando das reservas.

Se esse não for o caso, esteja atento para o que está consumindo as reservas de seu

orçamento e procure diminuir ou cortar esses gastos.

Enfim, a cada mês terminado, você deverá colocar mais um mês no final do

orçamento, para que o planejamento seja sempre de doze meses.

Erros recorrentes no momento da elaboração do orçamento financeiro pessoal

Muitas pessoas chegam a elaborar o orçamento financeiro pessoal, anotam todas

as despesas em um bloquinho de papel, não gastam mais do que ganham e ainda assim

não possuem um orçamento organizado.

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O que pode estar acontecendo

com essas pessoas? Confira abaixo os

erros mais comuns no momento de

elaborar o orçamento e veja se não

está cometendo algum desses

“pecados capitais” do planejamento

financeiro pessoal.

- Elaborar o orçamento sem considerar as dívidas. Segundo a professora de

Finanças do Insper, o Instituto de Ensino e Pesquisa, quem tem dívidas deve

primeiramente eliminá-las por completo. Se esse é seu caso, procure negociar o

parcelamento da dívida, ou fazer um empréstimo mais barato para pagar o mais caro.

- Não colocar os gastos reais na planilha de planejamento financeiro. Se você

apenas programou um valor a ser gasto, mas não coloca na planilha o que foi gasto de

fato, não tem como saber se o planejado foi o realizado.

Importante: coloque todos os gastos, desde aquela compra para o mês inteiro no

mercado ao cafezinho depois do almoço (lembra como um cafezinho pode pesar no seu

orçamento?). Veremos mais detalhes de como fazer o controle financeiro adiante no

curso.

- Esquecer-se de colocar os gastos reais na planilha. Muitas pessoas começam a

fazer o orçamento financeiro pessoal, mas vão se esquecendo periodicamente de colocar

os gastos reais na planilha e de continuar fazendo o planejamento para os meses

seguintes.

Isso levará o seu planejamento financeiro pessoal ao declínio e seus esforços para

economizar dinheiro serão inúteis. Sempre termine o que começar, apesar de exigir

dedicação, é altamente recompensador no momento em que conquistar seus objetivos.

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- Não dividir o orçamento de acordo com o grupo de despesas. Muitas vezes as

pessoas apenas somam todos os gastos do mês, sem identificar a sua categoria, o que

torna impossível saber para onde o dinheiro está indo, ou seja, se é para uma

necessidade ou para um desejo ou um supérfluo.

Identifique ao máximo possível os detalhes e o grupo ao qual pertencem as

despesas para que seja possível saber o que pode ser reduzido e/ou cortado do

orçamento. Por exemplo, no item “lazer” você somou R$ 100,00: identifique as

situações em que você gastou esse dinheiro, pois isso facilita a identificação daquilo que

pode ser cortado e reduzido.

- Não prever reserva. Um dos erros mais comuns, quando se faz o orçamento

financeiro apenas para ganhar o mesmo do que aquilo que se gasta. Este é um erro, pois

quem faz isso está mais vulnerável às dificuldades financeiras sérias em um período de

crise econômica no país, ou de instabilidade financeira pessoal (perda de emprego,

doença que o impeça de trabalhar, etc.).

- Não saber identificar o que se ganha. Algumas pessoas colocam no item

“salário” o que recebem como salário bruto, ou seja, o valor sem os descontos de

impostos e encargos. Muitas vezes esses descontos podem ser grandes, de acordo com a

renda da pessoa, o que acaba fazendo uma grande diferença nas contas finais.

Algumas pessoas consideram o limite do cartão de crédito e do cheque especial

como parte integrante da renda. Esse é um erro imperdoável para quem pretende realizar

um planejamento financeiro, pois esses são mecanismos que devem ser utilizados

apenas em casos emergenciais, sendo que o pagamento deles deve ser considerado antes

de contrair a dívida.

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2.4 – Como fazer o controle financeiro dos gastos

Para que as finanças pessoais sejam efetivas e para que a pessoa possa ter controle

da vida financeira, não basta fazer o orçamento e o planejamento, mas realizar também

o controle do que está sendo gasto.

Ao final de cada mês, deve haver a comparação entre o que foi planejado e o que

foi efetivado, ou seja, entre os recebimentos, pagamentos, poupança e nível de

investimentos.

A partir dessa confrontação entre os números, o planejamento financeiro pessoal

deve ser repensado para que cada vez mais sobrem recursos para a poupança.

Para fazer o controle financeiro, recomendamos que você utilize a tabela que será

mostrada a seguir. Ela contém os mesmos dados detalhados que a de planejamento

financeiro, com a diferença que ela permite fazer a comparação entre o que foi previsto

e o que foi planejado.

VARIAÇÃO Detalhamento/Mês Previsto

a

Realizado

b $ = b - a Porcentagem

[(b÷a) – 1%] x 100

A) Recebimentos

Salários

Aluguéis

Juros

Pró-labore

Outros

Total de

recebimentos [A]

B) Pagamentos

Moradia

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Automóvel

Comunicação

Alimentação

Educação

Gastos médicos

Pagamento de

juros e

empréstimos

Outros gastos

fixos

Total de

pagamentos fixos

[B1]

Esporte

Lazer

Higiene e bem

estar

Vestuário

Outros gastos

variáveis

Total pagamentos

variáveis [B2]

Total pagamentos

[B = B1 + B2]

Orçamento líquido

[C = A – B]

Empréstimos [D]

Desaplicação [E]

Aplicações [F]

Saldo inicial de

aplicação [G]

Saldo final de

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aplicação

[H = F + G - E]

Essa tabela mostra como as decisões podem ser tomadas. É importante que seja

feita a comparação na variação de todos os itens da tabela e não apenas na soma final

dos mesmos.

Para fazer as comparações entre os itens é importante que se tenha em mente três

ações para que possa se fazer a análise efetiva do orçamento:

- identificar onde os valores variam, ou seja, onde há a diferença entre o planejado

e o efetivo, e por que ocorreu essa diferença.

- traduzir as variações em informações, a partir das expectativas do momento

econômico em que o país se encontra.

- tomar as decisões que necessitam ser tomadas para o equilíbrio do orçamento e,

se necessário, rever todo o planejamento financeiro para corrigir desequilíbrios.

Por fim, vamos apresentar alguns conselhos para que você pratique o

planejamento financeiro pessoal e o controle do mesmo da melhor forma possível, o que

facilitará o alcance das metas planejadas:

1) Diferencie as despesas fixas das variáveis.

2) Sempre procure controlar rigidamente os gastos das despesas fixas. Isso é

importante porque as despesas fixas são mais difíceis de serem eliminadas do

orçamento, portanto, quem pretende guardar dinheiro deve procurar meios de reduzi-las

em alguns itens, como, por exemplo, baixando o consumo de energia elétrica,

comprando produtos mais baratos no supermercado, etc.

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3) Identifique as despesas variáveis e elimine as supérfluas. Não é necessário

reduzir a zero as despesas variáveis, mesmo porque neste grupo estão gastos como

higiene e lazer, sem os quais ninguém pode ter uma boa qualidade de vida.

Mas fique atento a esses gastos, pois as despesas variáveis muitas vezes

consomem grande parte do orçamento mensal e a chave para economizar dinheiro está

exatamente na redução e/ou eliminação dos gastos gerados por esse grupo.

4) Estabeleça objetivos possíveis. Quando fixamos metas muito difíceis de serem

atingidas, com o passar do tempo, percebendo que é muito difícil consegui-las,

acabamos nos sentindo desestimulados e desistimos do controle das finanças pessoais.

Pense que você só pode dar um passo de cada vez: estabeleça metas realizáveis e,

depois que conquistá-las, passe a metas maiores.

5) Reveja periodicamente o planejamento financeiro pessoal (não se esqueça

de colocar os pequenos gastos na planilha).

6) Controle o cumprimento das metas antes e durante o mês.

7) Pague-se primeiro. Este é um método muito

citado na bibliografia sobre finanças pessoais, pois se

trata de reservar antes o dinheiro para poupança e depois

usar o que sobra para os gastos previstos.

Quando tiramos o dinheiro que será poupado para

depois distribuir o que sobrou, não corremos o risco de

acabar gastando o dinheiro em algo que não era

realmente necessário.

8) Invista corretamente. Adiante no curso conheceremos os investimentos

possíveis de serem realizados e que farão com que seu dinheiro cresça e não fique

simplesmente parado na poupança.

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2.5 – Planejamento e manutenção de um fundo de emergência

Antes de investir o dinheiro que está conseguindo economizar no orçamento para

conseguir os objetivos traçados é importante fazer um fundo de emergência. Mas,

afinal, por que os especialistas recomendam que isso seja feito? Por que não partir

diretamente para o investimento?

O fundo de emergência é

importante particularmente nos

casos de quem tem dependentes

que contam exclusivamente com

os recursos do mantenedor, pois

podem surgir muitos imprevistos

que deixem a vida financeira de

uma família abalada, como por

exemplo:

- desemprego.

- falecimento do mantenedor da família.

- falecimento de um dos membros da família.

- doença súbita do mantenedor, que o impeça de trabalhar.

- batida de carro.

- outros eventos inesperados, como quando acontece algo dentro da casa que não

esperávamos, como um incêndio ou danos em geral.

O mais recomendável é que, ao verificar o quanto se gasta por mês, você planeje

um fundo de emergência capaz de suportar um determinado período sem os

recebimentos atuais.

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Por exemplo, se quiser planejar um fundo de emergência para seis meses e você e

seus dependentes (se houver) gastam R$ 1.500,00 por mês, você deverá colocar R$

9.000,00 em uma aplicação segura e na qual o dinheiro possa ser retirado na hora que

for preciso.

Para determinar este período, pense no que pode acontecer no seu caso e que

exigirá a utilização do fundo de emergência. Caso perca o emprego, por exemplo, sua

profissão tem um mercado de trabalho amplo ou restrito? Projete quanto tempo ficaria

desempregado e reserve dinheiro para esse período.

Se você tiver uma profissão com ampla procura pelo mercado de trabalho,

precisará criar um fundo para poucos meses, mas, caso contrário, é bom reservar mais

dinheiro, pois a possibilidade de ficar bastante tempo sem trabalhar é maior.

Caso prefira manter um fundo de emergência paralelamente a um investimento,

você também pode optar por esse meio, mas procure equilibrar os investimentos entre

as duas modalidades.

Assim como qualquer outro investimento é importante fazer o depósito de

dinheiro regularmente, sem esquecer nenhum mês.

Outra recomendação altamente importante é que não seja retirado dinheiro desse

fundo, mas sim de outras aplicações em situações pontuais e emergenciais, pois esse

fundo só deverá ser utilizado em casos graves, conforme vimos acima.

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Encerramento do Módulo I:

Parabéns por ter chegado até aqui!

Esperamos que você tenha conseguido assimilar os conteúdos propostos nesta

apostila e refletir sobre os seus gastos.

No próximo módulo, vamos ver como funciona o cartão de crédito, o que são dívidas e

onde podemos investir o nosso dinheiro.

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por dois módulos. Ao final você receberá seu certificado de conclusão do curso.

Nunca se esqueça, continue suas leituras. Elas continuarão ajudando você a

escrever melhor. Para a leitura, não há limites!

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