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  • 5/10/2018 Finley - ..

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    F llN DA C;.h .O lJ NI VE RS ID ,\D E D E n RA Siu AReitor

    Lauro MorhyViceRcirol'Timothy tV 'bn in Mu lho ll and

    EDITORA UN t VERS IDA f) E DE BR.;siLl,\Diretor

    A le xa nd re L im aCONSELHO ED1TORl.,\L

    Pres identeEma nu c! A rm ij oA le xa nd re L i1 11 J1 .Alvllro T:1I'IIII) 'D. Al'),{l1l D nt l' Ig nu R o dr ig ue s, D o ur im u: ' N lI nc ~ d e Mour n .

    Emnnuel A rn ujo , E ur id ic e C ar va 'h o d e S~rtlil1l1n Ferro , Lucio 1 3 en c oi lo R e no Salomon.M u rc c ! A ug u st e D a rd c nn e, S >, I, ,' ., P ic h er , Vilma d e M e nd o nc a Figue iredo c V o ln e i Garrafa

    E qu ip e l ec ni c. 1; A ut on L u ga ri nh o ( Su pc rv is ao edi tor ial ) :Mnuro Cnixera dc Deus c Yana Pal nn kof ( Pre pn ra cso de o ri gi na i s) : F a rimn Rejanc de

    M e ce sc s. M a ur o C aix eta d e D eu s. S on jn C av al ca rn i e Y a na P al an ko f tR cv i; ,u ): F a t i r n oR eja ne de M eneses . M auro C Ji:w J de D ells e Son ja C av nlc an f (indice): M lr ia m d e F ra nc a

    Moreira (Editora~ao elerronica): Andre Lur s C~S{HRamos (Capn) e Elmano RodriguesPinheiro (Supcrvisilo gdlkn).

    Copyri;l/1l1!;J 1981 by Oxford Uoivcrsiry PressTftulo rigll1~I' Tilt, Icsacy (> J Greece, a I}t'''' apnraiso!lmprcsso 110 BrasilDlreitos exclusivos r~HJesra etli,Jo:EDITORA UNIYERSTDADEDE BRASILl."'-SC S Q,O~ B low C N~ 7 8 Ed , OK 2~ anda r70300-500 Brasflia OFFax : (06]) 2255611Todos 0,' dil'Cil{l~ rcsei-v.ulus NClhllinn P:11'I,~'HOlvlERO E A EPOPErAl .2E/ ~CAPiTULO 4A POESTA URICA E DE QUIROS GI: : 'NEROS, 111CAP[TUL05o TEATRO,ff43J

    Olegt44Significado, 147Classificaciio de generos, 1~8Mistura de gencros. 152Tragedia, 154Sirnplicidade, 155A s u nid ad es , 1 58V e rc s si rn il ha nc a , 1 6 0V ers o e pro se, 16 1 "o coro, 162A m ils lc a, 1 63L in gu ag em , 1 65Enredos,166Justica, 167O s d euses e 0 h om em , 1 70P er so na ge ns e a~ ao , 1 T 2

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    30 M. L Finley

    que se co nv enc iono u aceita r co mo 0 fim d a Anlig1,.liJa~e). A per-l1lanencia du lfngua grega e i rrelevante, Antes de mars nada, assignificados das palnvras podem modificar -se radica lrnente. 0 cargod e st rategos, a ind a c ornum na G rec ia ro rna na , n~ (J se a ss erneiha astrategic d as poleis do s ecu lo V a . C. mais d o qu e o s b aro na to s c iaIne>lnlerra d o secu lo V aqueles da M agna Ca rta . Em segundo lugar ,durrtnte lim longo espaco de tempo, 0 legado foi transmitido emla rir n d e e para escri to res lat inos. M esmo apo s 0 reflorescimento do .G rec ia , no . R eria sc enc a, a s a uto res rornanos c ontinua ra m a d esta -c a r -s e na c ro n ic a - ba s ta c ita r Ov fd io e a mitolcgia gregn .

    A d ifus ao d e id eia s e instltu ico es - 0 legado e lim a fo rma d ed ifusao , mais no tempo do que no espa co - jamais se cons titui 0ato mecanico de copiar meramente por arnor a copia, Legado irn-plica valores. E sernpre selet ivo, isto e , existe t a rn b e rn r e je ii fao ,ausencia de Iegado, e tambern infinita adaptacfio, modificacao,d is to l'< ;8o . G ra nd e pa rte d es te livre ccnsiste d e urn rela te d .e ta istrans fonna9o es e rejeic ces , A estru tu ra ins tituc io na l e soc ia l daciv i li zayao europeia mod iicou-se fundamentalmente, nao 56 umu,po rern v ar ia s v ezes , no s m ais d e d ois m il ano s d eco rr i,d os . de~de af im da Helade c la s sic a , N ao ho uv e, po rtanto , lega do instituc iona lem q ua lq ue r senti do s ig nif ic ativ e, e m qu e pese a s oca s io na~ s eim itei ten ta r iv as d e reg red ir no tem po e rnesm o fa ls a s a leg acoes ,m ais co muns, d e rem ota auto r id ad e quanta a institu ico es e m ud an-c a s i n s ti tu c i on a is ,A R ev o lu ca o Francesa, conforme re m s ido o bserv ad o comco rnpreens ive l exag ero , d esfra ld ou a lternad arnente a b andeira c iaR epllb lic a R amona e a d o Imperio Romano , N ao fo i, e c la re , n emurna coisa nem outra, 0 que ccnstitui excelente exernplo do usa (OLld o ab use) .ideo lcg ico do pa s sad o pa ra f ins a tua is , Houv e entretan -to , um leg ad o cultural s ub sta nc ia l, a ute ntic o - 0 que e . UIl1 Ingar-CQ I 11 U I1 1 - , e a co rnp lex id ad e d e ad apta - lo a urna s er ie d e d if er en -t es amb ie n te s e ta lvez 0 rna i s inte re ss an te e m ais d if ic il d e to do s 0aspec tos .

    Capitulo 1

    Polit ica

    lvl. I . FinleyE m A te ua s, e xplic av a 0 s of is tu P ro uig ora s, " qu an do objeto

    d e su a del iberacao implicu s abedo r i a p o lf ti ca , ( .. ,. ) eles o uv ern acad a ho rnern , po rque supcern que to do s dev em participar destav ir tn de : d o c o ntr ar io , na n p od er ia m e x is 'li I' poleis' (Platao, Proui-goras, 322E-323A).E ur fp ed es e xp en de u a m e sm a o pin ia o em s ua o br a A s su pli-conies (H. , 4 38-4 1) . e sc rita no s anos 420.: c itando a s pa lav ra s d oarauto na reuniao d a Assemb leia - "Que homem rem urn ba mc ons elh o a o fe re ce r a c i dade (pol is) e deseja t or na - lo c o nh ec id o ?"- co rnento u Teseu: " Is so e lib er da de . Q ue m d es eja e i lu st re ; q uemn ao d es eja c ala -s e, P ar a a c i dade , q ue p od er ia s er m elh or ?"

    O s ju lga mento s de P ro tr ig ora s e d e Euripedes s6 fc ram po ss i-veis em v ir tude de uma i ll o va r; 1i o g r eg a fund am enta l: a polflica.Govern o e o ut ra c oi sa : loeb, o cied ad e, qua lquer que s eja s ua COlT1-p le xi da d e, r eq ue r dispositivos para fixar no rrna s e faze-las o b ed .c id as , p ar a desernpenhar fuucoes c cmu ni tr ir ia s, m i li ta re s e c iv is es olu cio na r d is pu ta s, T od a s oc ie da de r eq ue r t a r n b e r n J S~1ll9:10 d ed ispo sitiv os e d e no rma s, b ern c omo 1 1 1 1 1 a noc iio d e jus tica . O s g re-g o s , po rem , ado ts ram L ima d cisao rad ic a l e d upla . L oca liz a ram aIonte d a auto ridad e na polis, n a p ro pria c om un id ad e, e d ec id ira m-se pela po litica d a d iscussao ab er ta , ev entua lrnente pela vo tac aopa r meio d a conragern d o m imero de cab eca s , Is so e polftica, e c.

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    ~I'II i~~t

    M. I. Finley a l eg ad o c ia Gnkia

    II !I 'f

    A nu" e Ilio : pa ra a pro sper ida de d o pov o , me cha rna ram pelon om e d e H am ur ab i, v ene rd ve l pr fn cip e tem en te a D eu s. a f imd e fa zer s ur gir n o. T err a n j us tic a, d es tru ir 0 m al e a s pe rv ers os ,e vita r q ue o s f or te s oprimarn a s f ra ca s ,

    A S 610n d e A renas . ao co rura r io , co ub e a ta refa d e co dif ic ac aopor meio d e acord o rmituo e nt re a s p ar te s l lt ig a nte s: na o invocavan em in sp ira ca o o u rt v ela ca o d iv in a, nem " s a ngue real".

    Essa ins is tenc ia no c aniter secula r d a v id a publ ica parec e ne-g li ge nc ia r a r el ig io s id a de ubfqua des g rego s . R av ia a lta res pa r to d apa rte; nenhurn a te pub lic o (e po uc os a to s p riv ad os series ) era rea li-z ad o sern um sac riffc io inic ia l: 0 juramento er a 0 e nd os so h ab itu alem aco rd os pub lico s: o s d euses c ram consultad o s po r meio d e ora-cu lo s e d e o utro s modes, e pan ilhav am as v ito ria s ; a rea lizaeao d efes tiv als relig io so s irnpo rta ntes era d e respo nsa bilid ad e d o E sta do ,b ern c om o 0 c as tig o p ela i r reverencia e a b la sfem ia . Entretan to,nern no per fo do c la ss ic o nern no helenic o essa pondera v el quanti-d ad e de a tiv id ad es r itua is c o lid ia , no rma l ou serlarnente, co m asdec i sces polfricas, Oll d ela s d i 'e rg ia .

    Pod ia - se a dia r um a ba ta lha d uran te a lg uns d ins ' um a co nd ena -~ ii.o po r c ulpa d e ir rev erenc iu ta lv ez prejud ic asse a pro fis suo d ealguern, mas niio se.conhece C:1:;O em que 0 oniculo tie Delfos, perexem plo , d ec id iss e a respeiio d o curse d e a tiv id ad es d e lim Estarlo(0 qu e e d if er er ue d e e xp li ca r r et ro s pe c ti vam e nt e urn f ru ca ss o) . N oteste helenfs tic o po s terio r a A lexand re, ta lv ez d e mod o a ind a mais ig nif ic ativ e, o s reis d o Egiro e d a Sir ia tornararn-se d eu se s, s en dosua d iv ind ade ressa lta d a em cuho s , ou em suns 1 11 o ed a s, e o ca sio -n alm en te em s eu s c og no rn es (E piff in io , a R ev ela cfio d e D eu s), m assuns le is e ed ito s era rn in vn ria v elm en te p ro rn ul ga d os em. no me d oshomens, e nao des deuses. e j amai s se c o ns id e ra v a s ac ri le gi o su nt ran sgres s ao .o m esmo o co rr ia no s tr ib un als : a s te ste mu nh as c on tin uu va m ndepa r so b ju ramenta . m as es te se tc rna ra urna cer imonia, na a aprova formal d e antigarnente (Homero , Iliada, 23 . 5815) . A go raera necess a r ia persuad ir juizes e jurad os : a am eaca d e que 0 per j r i -r io pro v o ca r ia a ira d o s d e u se s ja na o convencia, Como , poi s , defi -n ir e d ete rm in er justica e injustica? Esse , obviarnente, 0 p rob l emac ontid o na lite ra tura g reg a , n ao s6 no . a rc a ica c omo na c la s sic a , em a is a g ud a me nt e entre a s 1'i1650f05, a cornecar pelos sof i s tas . M asta l fate constitufa t ambem ur n problema no s negoc ios p ra tic os , n aoem term os a bstra to s a ll g e ra is , mas na s dec i soes d o d in -a -d in d ea ss er nb le ia s, m ag is tr ad os e tr ib un als . U ITIa v ez q ue Ia lta a . religiiiog r e g a , de s d e 0 p as sa do rn ais rem ota que podemos invest igar , 0co rnponente c ia rev elac iio - o s o niculo s e outras fo rm as d e co rnu-

    lI

    d ra ma s e a h is to rio gr afia grega d o seculo V r ev e lu rn ale q ue p on toa politica chegou a dorninar a cultura grega.E obvio, discutia-se politica nas soc i edades vizinhas e rnaisan tig a s , no s c frcu lo s d a s c o rtes des reis d o Eg ito , d n A ss fria e daPers ia , o u - em nivels men o s elev ad o s - na s co rtes d o s sa t rapaspersas enos c lr cu lo s d os " he ro is ' homericos. Ta is d is cu ss oes n fioc o ns titu la rn p olf ric a, e ntr cta nto , per nao serern a berta s nern obri-gatorias. a rei Oll sat rapa recebia couselhos, mas nuo era Iorcado ad ar- lhes a tenc ao , nern rneS1110 a so lic ita - lo s, O s que tinham ac essoa eles planejavarn, t r a rnavarn e, po r vezes, con sp i r avam, a u rn deI lles i rnporern decisoes, proced i ruen to denorninado "governo desala de espera", de preferencia a "governo de sala de aud ienc ia " ,o m es mo s e a plic a no s tira no s g reg os , c uja ex is ten cia s e c on stitu ia ,po rta nto , neg ac fio d a ideia d e pol is, e em cujo s reg imes a p o li ti c adeixava de existir.

    D ev e- se r ec on he ce r q L 1 e hcuv e ta rnb ern a lg um as co munid ad esp olitic as p rir nitiv as n iio -g re gn s. p elo menos entre a s f en fc io s e osetruscos.N iio d eixa de se r v erd ad eira , po rem , a a f irm ativ a d e que, efeti-v ar ne nte , a s gregos . inv enta ra m" a po lf tic a. N a [raclic;~o ocidental,a h is to ri a p olu ic a sernpre se iniciou com o s g reg os , a que e s imbo -liz ad o pela pro pria pa lav ra " po ljtic a " cuja ra il se enco ntra na pa -I av r a pol is. A lern d isso , em nerihum a o utra so cied ad e do OrienteProximo a cultura era tao po litiza da quanta entre o s g reg os.

    T am po uc o q ua lq ue r s oc ied ad e an ter ior secularizou 0 governo ,em todos o s seus a spec to s jd eo lo g ico s e praticos, como a g reg a .N ad a ma is pede se r re tirad o . po r exemplo , d o C6 d ig a d e Hamu-rabi, D o ex te ns o p re firn bu lo c on sta , n o p ara gra fo inicial:

    t,

    f!1 :IlI

    A n l! : .leus s up re mo ti n mitclogia nssfr io-babilonica. (N.T.), . 1 11 1,1 11 1 f l\ " 11 1 11 11 d , " , II'IIW. tI, ' /' 1 ( , i. 1 I~I I' )

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    34 Ivl. 1, Finley

    nicacao com poderes so brena tu ra i era rn ligados a atos especificos,nao a principios - ou ate. m esmo cIo que se pode ch amar a "quase-rev ela ca o' d e urn H arnura bi, 0 ho mern tinha d e rec orrer II s i p r6 -p r io e a seus a nc estra is (tra dic ao e co s tum e) pa ra a s respos ta s . E rnmemento s d iffc eis ta lv ez o s g reg os se tenharn v olta do pa ra ur n" legis lador" , a run d e codi ficar as soluc;5es corretas , mas essa deci-s ao n ao a dv inh a d a r eg ra d a a uto co nf ia nc a humana,

    Para que ta l sociedade func io na s se e nao d esm oro na sse, ern .essencinl 1.:1.111 ample couseuso, U l1 l :J . 1 1 0< , :; 1 0 de cornunidade e umaautentica d ispo sic ao po r parte de seus m ernb ro s para v iv erem co n-fo rme certa s reg ra s trad ic io na is , a ceita rern a s dec isoes d as au to r i-dades Iegftirnas , s6 fazerem rnodifi cncoes mediant e ample deb ale eposterior consenso; nurna palavra, aceitarern 0 "poder da lei" Uiofreqilentemente proclarnado pelos escritores gregos, Per conse-guin te, 0 p ro ce ss o r es ulto u tanto em no va s reg ras q un nto , s im ul ta -neamente, em s ua sa nc ao ; e, como ja f oi d ito antes, a isso se cham apolitica. Adernais em urn rnundo de profundae desigualdadesmeSl110 entre os membro s d a co rnunid ad e (b a stante a fa stad os da -queles que, c omo os escravos, errun toralmente discrirninades), decomunidades diruinuta , t:111(0 em terrnos d e terriiorio quanto depo pula cao , a s questoes eram relativarnente c la ra s e obvias en-quanto os confl iios erarn f reql ienternente agudos.

    A pnlavra grega para.3 exptessao "conflito politico" em stasis,termo basranie estrunho, C0l11 urn a g ar na d e conotacocs que va r i avadesde 0 quo tid iano "co nflito en tre pa rtes" (pa ra u tiliza r uma ana -cronica frase modern a) ate guerra civil declarada, 0 que marca 0Iracasso final do cousenso e 0 abandono da poli tica. Guerras civi s,co m os co nsequentes d erramam ento s d e sangue, exilio s e des loca -mentes de propr iedades, erarn freqiientes nas class icas cidades-Estado, com algumas nouiveis e ccecoes, como Arenas e Esparta,Elas forarn motive de rnuita preocupacao entre os grandes escrito-res po litico s sob rev iv entes - Tuc fd id es, Pla tno e Arist6teles- e,desta maneira, tendernos a julgar a situa9aC? de fo rma equivocada ..U nica rnente em Utopia po de haver urna soc ied ade sem qua lquerd issensao a respei to de questces imporra rues; em uma so cied adepolfrica, 0 " co nf lito e ntr e partes" e essencial it co ntinu id ad e d e suaexistencia e ao S e l l b ern- es ta r, e e ta o errado encara r d e fo rma pejo -ra tiv a to do s a s exern plo s n as p ol e is g re ga s q ua nto 0 s er ia d e ne g ri ra p olu ic a p ar rid a ri a c o nt empo ra ne a.

    E c ornpreensf el g ue 110535 p rin cip als [o nte s se concentremno stasis constitucional, O LI seja , no c on flito en tre oligarquia e de-mocrac i a , 0 mats irnportante eslirnulo a g uerra c iv il d e c ar at er t ot al.N o enta nto , ela s ta rnb em oferecem s ufic ien tes exem plo s d e stasisentre faccoes ol igarqu icas , le rnbrando-nos de qlle polfiica na o er aalga restrito a dernocracias . As oligarquias tamhem acei tavarn 0poder da lei e ta rnbern Illes Ia llav a uma auto rid ade de snncao ; ;X . -terna: por tanro , const i tu fnm-sc, igualrnente, em s oc ie da de s po lf ti-cas. Os tipos de participantes e deinslrl1lllent.os de atividadesp o lf ti ca s d if er ia r n, Inns nao 0 pu pel s ub ja ce nr e r epr es en ta do p elapolftica.

    Hoje , 0 d ireito de 'la ta e arnplamente r ec onh ec id o c om o 0m ais essenc ia l d os priv ileg io s (e lim

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    f"t. 1 . Finley o lc ga do d a Grecia6 '

    a eXI :ao . r ep re se nt at i v a s" ,I Tanto em Arenas c omo em outrasdernoc, .cias, quando cada cidadao se tornava membra, excetoalguns, exclufdos em virtude de transgressces pe .soais especificas,o " governo pelo po vo " eventua lrnente ad quir ia co no ta ca o liter a lja rn ais a tin gid a a nte s, o u d es de en ta o, u a h isto ria o cid en ta l.

    E ntr eta nto , pesso a a lg um a, n em mesrno 0 ma is " rad ica l" d e-mocrara, dese ja ria destru ir a t rad ic iona l "cornunidade" dos cida-d a o s , urn fechad o c onjunto d e fam f1ias cu jc s mernb ro s suced i amuns aos outros na orde ira sequencia da s geracbes, Conforrne 0costume grego, os "atenienses" (jamais "Arenas") declaravarng ue rr a a os " es pa rt an os '' (nao a "Espar t a" ) , Se na o se tr ata s se d e urnateniense nato, apenas par ate formal do co rpo soberanose pod iaadmitir alguern como mernbro da comunidade. Nao s6 as rnulheres ,criancns e escravos cram exclufdos, 0 que nao surpreend e, m astarnbem os escravos Iibertos (diferentemente da pratica rom ann) auos homens livres que migravam de OLMOS Estados gregos all dornundo "bdrbaro", au l11eSI1lO seus filhos, nascidos e criados emcidades que os classificavam cornoestrangeiros.

    No perfo do c las s ic o , a 'S c oncesso es d e c id a d ania a pes ca s d e[o ra era m ra ra s e s ern pre res ulta va m d e a to s a u c irc un sta nc ia s ex-cepcionais, Aristoteles, escrevendo no fim do periodo classico,o bs er vo u q ue lim a p olftic a rnais g enero sa co nsri tufa . em fas es deg ra v e esc assez d e m fio -d e-o b ra , med id a prov iso ria a b and on ad a taologo terrninasse a cri se (A polttica, 1278a26-34). Cabe acrescentarqu e as derno cra cia s, ao qu e p ar ec e, e ra rn p ar tl cu la rm en te c io sa squanto a cidadan ia .

    Ern termos politicos, a comunidade exercia poder total, poremnos lirnites i rnpos tos pelo "poder da lei", 0 que significa que, perrnais que existisse esseeniendimento, e em raziio de determinados

    \ [ -[ ;1 c on I'l ls iio em a lg um as o bra s r no dc rn as so br c esse aSS l Il1 !O . q ua nd o c ha mn m nB i l l e > . A tc nien se (C on se lh o) , p or e xe mp lo , UI11 c or po r epr es en ta tiv e. N eu hu macornunidade ta o c om plex n q ua nto A ren as p od er ia [ un ci un nr sc m delegar multodo t ra ba lh o d id rio do governo e d a :Jdmjnislra~::io a ind iv fd uo s o u a pequc no sgr1.1pos, A v erd ad ci ra q l1 cs t1 \o c st: ! n o p od er E I1 1 u rn u d em oc ra cia represeruativa,o " co ntro le" p op ula r fic a r es tr ito a e sc olh a d e f un cio na rio s e d e lim n a ss er nb le ialeg is lativa , seguid a pelo direito d e rejeite-lo s em clei~ :L o sub seqtienle, N um adcmocracia d irera, n fio li n s implesrnente urn controle ind ireto, mas urnn sobera-n ia p o pu la r imediata. A diferenca sed facilmenre observada na d ec isu o d e d ec ln -\'nr gucrI';l.

    tab us no que co ncerne a c ulro e a relaqo es sexuais, 0 c o rp o s o oe ra -no era inc ond ic lo na lm eute Ii vre quanta as dec isoes que to 11 1 uva,Em cerra s a reas au fac etas U O cornportarnerno humane, ele no r-m alm ente n ao in te.feria , m as arenas per n ao 0 c lese ja r , OLl pe r na opensa r em faze- lo . 0 ind iv iduo na o po ssuia d irei [a s na tura ls d einterd ita r urn a te d o E stad o, nern d ir eito s in alie na veis er am c on ce-d id o s ou sanc ionado s po r um a a uto rid ad e r na io r. N do exisria auto -tidade maier.De modo ideal naturalrnente, uma participacj lo to ta l 110 pro-cesso decisorio significava todo 0 direito a influir nas decisces,nao s6 pelo pronunc iamento , no co rpo so bera no , m as tambempelo veto, quer se tratasse de uma oligarquia ou de uma dernocra-cia. E, a in da s ob 0 p on to d e v is ta id ea l, u m d ir eito to ta l s ig nif ic a-v a igua ld a d e c om cad a urn des OLltl'OS rnernb ro s e a prerrcgativade falar livrernenre. As assembleias de cidad1.ios gregos na o ser es tr ing ia rn a d er no cra cia s: j6 sa o menclonadas n os p oe ma s ho-mericos, mas nelas, as pessoas comuns erarn meres ouvintes; emCreta e Esparta, segundo Aristoteles (A politico, 12'72a 10-12).,ela s se Iirnita v am a vo ta r propo s lco es que Ihes ernrn apresentadaspel o s antig os e pelas autoridades. Na forma fina l , porern, d a d e-rno c rac ia a teniense e po ss iv e lm en te d e outr as dernocracias gre-g a s , ca d a c id a d a o p resente tinha . em princ ip ia a d ire ito d e red ig irau de ernend ar pro jeio s , d e pronunciar-se a fav or all contra asrequeri rnentos apresentadcs per ou tro s . Is so es tnv a implicuo nopreg1.iodo arauto: 'Quem tern bom conselho a dar a polis e desejat o rn a - Io c o n he c id o ? '

    N a pra tic a, a s co isas ernrn dife rentes . A Assemble ia arenienseno rm al m ente se reunia 11l1m an f i te a t ro natura l, na ce lina denorni-nad a Pnyx," e e s ur pr een den te q ue . e m sernelhante a ju nta mc nto , a oar livre, de milhares de 11011ens, gLle n a o dispunha de modern osdisposi t ivos a mp lif ic ad or es , f req Ue nte me nte c om urna pauta qued ev ia ser cumprida em L im rinico d ia , a c id ad ao co mum d esejasseau ousasse ped ir a pa la v ra e fo sse ouv id o , se fizesse is so . N ITa eprecise que nos obriguernos a crer no inc rfv el: a ev id encia litera riae eplgra fica nao deixa diivida de que as pronunciamentos e a realfo rm ula ca o d e pol fr icas e d e p ro po sic oes c on stitu fa m u rn monopc-

    \

    L ug ar , n n A ren as C lis .ic n, o nd e c r.un re un id as a s ,\SSClllblt:i;lS do pOI'O. (N.E,)

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    38 1 v I . L Finley o leg ad o d a G rec ia

    J

    lio do g ue pod erno s chamar "pequena classe po litic o" , a queles emque.m Tuc fd id es pensa ra (8 , 1 .1) ao rec la rna r q ue, con f i rmado 0d e sa s tr e s ic il ia n o, 0 novo "se v oltn ra c ontra o s o ra do res piib lic os(rlrctores) que haviam fuvorecido a expedicao, como se eles pro-p r io s t iv e ss e rn vo t ado a f av or d elu ".'

    Po rtanto , qua lquer av alinc ilo cia po lftic u nn polis r eq ue r c uid n-d o se equilfb r io entre id ea l e rea lid a de, en tre id eo lcg ia e pratica,N ao co nstitui g rande d esva utagem que s6 se po ssa ten t ar fa ze- Io noque concerne a A rena s , an te a s co nd ic oes d e nos so s ind fc io s , u rnavez que Atenas era :.1 quin ta-essencia da p c J f i s polftica. 0 que sesegue, seaplica. pois, especff icn e unicamente a Arenas. embora 0mesmo se possa presumlr a proposito das outras democracias, soba spec to s im po rtantes , m as nao so b { ad os.

    A res trica o rnn is ev id ente par a a ting ir-se esse ideal, com suaenfase 1 1 < ' 1 igualdade, advinha da ponderave: des igualdade entre a smernbros da populacao de c idndaos . Basta l imita r as dife rencas ar iqueza. Sern rneios nern tempo pa ra o b ter ed ucacao ad equad a , au! :11':1 manter cs pa d rc es du- , financns, d3S r elac oes exterio res e . d eoutro s a s sunto s d e in teresse p ub lic o, d if ic ilm ente se p od eria espe-ra r que urn c ida dao se pro nunc ia sse e Jes se ouvido po r o ca s iao d asdel iberacoes. Ele poderia, mesmo, considerar excessivamente cus-to so e luc omodo f req lie 11al' com regula r id a d e us reunio es d a A s-sembleia , quarenta d ias po r ano , duran te 0 an o [ oc to , em p a rt ic u la rs e se tra ta s se de urn campones que v ives se nus a ld eia s ma is a fa sia -d a s da Atiea. 1s so e ra taO e vid en te , q ue f or am a d ota d as p ro v id en cia s,princlpaljnenie nas decadas do meio do secL110 V, pa ra igua la r a scidadaos de modo artificial. Os c ar go s p ub lic o s, em sua qua se to -talidade, inclusive os dos quinhentos membros do Conselho, eramescolhidos ao acaso e exercidos em rodfzio, de maneira a nao s6 ostornar acessiveis ao povo, mas t ambem a assegurar a dissern inacaod e experienc ia direta no s neg6 cio s esraduais d o d ia -a -d ia a urnap ro po rc ao n ota v elr ne nte g rande d o c o rpo d e c idad ao s . Fo i a ind aintroduzido 0 princ ip ia de que o s ho rnens que prestassern servicesno s co rpo s ad mini: tra tiv o e jud ic ia l d everiam set' reco mpensad osCOIll urn pequeno subsidic diario.

    Paradoxalrnente, 0 comparecimento a s reunioes d a A s scm b le iaconst i tu la 0 ultimo do s dev eres a serern pages com Dill subsfdiod ia rio , no in fc io d o s ec ulo IV , d epo is d a d erro ta d os T rin ta T ira no s.P erm an ec e c o nt ro v cr so qual Sl:Ii" :t media c i a I r c q il enc ia . Escav:Ic;:5csa rqueo log ic as rev ela ram que, no secu lo V , a Pnyx na o poderia COIl-te r rna is de 6 mil homen s e que fo rum rea liz ad as ampliacoes no se -cu lo IV , send o a c ap ac id ad e ta lv ez d up lic ad a p er vol ta d e 33 0 a . C.- sug es tso p laus fv el foi a d e que a fixac jio de pag a rnento pelafrequencia requeria luis rnod if ic a co es, e d e que, no secu lo IV , 0ru im ero d e 6 m il era no rm al, a urnenra nd o ern reunif ies d estina da s aitens importan tes dos negocios pliblicos.3

    Quanta a se dever cons; lerar a lta au b aixa a frequencia reg ularde 15% a 20% d os h om en s q ua lif ic ad os , e a ss unto s ub je tiv o, q uenoo poderia SCI' resolvidc satisfatoriamente. Ma i s objetivo ser ia ill-dagar: ate que ponto e representa tiva es a amos i r a de 15% a 20%?Im pos sfv el respo nde r d e aco rd o co m as in dfc io s d e q ue d is po ruo s,e rn bo ra r ep et id as t en ta ti va s tenharn s id o r ea li za d as 110 se n lido d eu ma e sth na tiv a a p ar tir d e o ca sio na is o bs er va co es n as Io nte s.

    E ineg av el que, em determinadas o c a si oe s , i nc v it av c lm c nt eambo s o s seto res d a populncilo - 0 mais r ico e 0 mais po b re -t ivera rn r ep re se nr ac ao in fe rio r a a de qu ad a, p or 1 1 1 0 t i v os m ilita res; aprim elra , po r exem plo , em 4 62 a , C ., qua nd o Cfrno n co ntra to u 11 aju-d a d e 4 m il ho plita s pa ra a jud a r Espana a d om ina r a rev o lta ilo taem Messenia; a ullima, em 41], quand o a freta a ten iense esta vaanco rad a em Sames . Po d e-se supo r que a ause rrc ia d e 4 m il ho pli-ta s fav oreceu o s av anc es d em oc ra tico s in ic iad os po r E fia ltes : sernd iiv id a , a a us en cia de m ilha res d e thetes fo i v ita l pa ra 0 g olp e o li-garquico de 411.

    Igualmente, niio cab e d uv ida d e que os po litic o s em a tiv id ad ec on sid era va m a im po rtftn cia d e ta is flL ltL lu 90 es d e comparecimento,incluindo-as em seus cdlculos uiticos. Em g ra nd e p ar te , esse aspectoess enc ia l d a poliuca a ren iense - 0 pla neja mento , a organizayao ea mano b ra que oc o rr iam scm c ess a r - nao c ons ta d a s fa illes d epesquisa disponfveis, onde mio seencontra coisa alguma cornpara-

    J Esta e uma c ifrn muito l11:1i()1 ' do que ;IS que apresentam os relates modcruos: Cl'lsigo LIS amiliscs detalll:tdas du s c\' iJ~/lci;lS ap res enta das p er M . H. Ha nsen, ern"How many A th en ia n s a tt en d ed lile Ecclcsi~?", Greek. ROII/(lli. a nd BVZ(llIIilT(Jstudies. XVI[ (1976). pp. 115!2'4. -~ A . ob serv ac ao d e Tuc ld id cs c xp5 e m ord azrnc nte II q nesuto d a responsabi l idadepolit ica, 8 qua l dcvcrnos reroruur postcriormente.

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    !IiII lO ' Iv!. l. Finley o I cg :' do da G r cc inve l ~lS ca rta s d e C icero . A atenc iio c oncerura -se !lOS deb a tes no .A ssem bleia , resurnid os pa r Tuc id id es , r id icula riza do s par A ris to -fanes e Platf io, au exempllficados nos discursos que nos ficararn deDernostenes e Esqu ines. Eles certameuie er::I111importuntes, bernmais do que o s a tua is d eb a tes pa rlamenra res . E certamente tam-bern, as llderes politicos na o comete riam a loucura de arr iscar suah ab i l id ad e p olitic a e su as c ar reir as a pe na s e rn s ell poder d e oratoria.

    o jogo politico era IUrD. Os pronunciamentos de Esquines eDemostenes, niio importa quae al terados tenhnrn side antes de suapub licac ao , co ns tituern um a o rienta cao rna is segura para 0 estiloaspero desse jogo do que a austera versao de Tucldides (" re la tada"pOI' tnteiro em seu proprio idioma). Eles nos informant c omo aspoliticos falavam em publico e qu e argurnentos desenvolv iam,mas, infe lizmente, pouco revelam alern de alusoes a proposito daa tiv id ad e po lftic a d ia ria fo ra d a s reuni6 es d a A ssernb leia e do Con-s elh o o u em n eg oc ia co es d ip lo rn atic as . A u nlen p ro va c oric reta d eapuracao de votos , par exernplo, encontra-se em urn lo te d e acha-do s arqueologicos casuals, no bairro dos oleiros: rnais de 11 milos t r aco s do seculo V a. c...co m inscricoes de nomes. Tratava-se deind icac ces d e votaca o em ceramica utiliza d a em um case de o s tra -c ismo , pro ced imento pelo qua l d eterm inad a figura po lftica eraenviaca no exflio por dez anos, se urn rnfnirno de 6 mil votes fosserec o lhid o . N essa co lec ao , a lguns homens sa o c itad os em rnuito sdos ostracos: 0 nome de Ternfs toc les enccntra-se ern mais de tre-zentos, obviarnente gravados por ur n pequeno mimero de maos,Em outras pa lav ras , o s tra co s era rn prepa rado s d e antem ao emg rande quanti d ad e e d istr ib uid o s , numa fo rma elernenta r d e veta -s :ao . Hav ia fa lta d e d ispo s itiv o s fonna is pa ra ta is atividades, da squa is a d is tr ib uica o de o s tra co s cons titui apena s urn pequenoexernplo . N a verd ad e. nao exi tiam partid o s po litic o s, s imples -mente po r fa lta d o ind ispensav el pa tro c inio . 0 sistema. g overna -menta l nfio propo rc ionav a em prego s , pois n50 hav ia c a rg o seletiv os nern b uro crac ia a dm inistra tiv e: a ec ono mia o f ere c ia pa rcaso po rtunid ad es para c ontra to s piib lico s, m ono po lies , a uto riza co esou subvencces . Em vez d is so , os po litico s tinham de conta r compareruesccs e. co m pequeno s g rupo s info rm ais ou c lr cu lo s s o ci ai s,id eruificad os na Iing uagem da epo ca COIllO "as de Fulano ou Sicra-no " (ou "do lad e d e F ula no Oll Sic rano " ) , fra se que se reperia nfio

    so n o c on te xte p ar tic ula r C0l110 no po litico . em o lig arqulas e d em o-c ra cia s." A te rm in olo gia re flete 0 ca ra ter pessca l e fluid o d es ag ru-pamento s , que, ;1~O ob stante. eram efic azes e, na v erd ad e ,es senc ia is , a d esp cito d e s ua n atu re za in fo rm al e tr al1 silO ri,l.

    As duas palavras gregas comuns para urn gruro desse tipo sa ohetaireia e synomosia, a lgum as vezes transpo s ia s pa ra 0 inglesco m 0 p alid o te rr no club, qu e .ern pelo rnenos 0 merito d e r e ss a lt a rsell aspecto soc ia l , como :-IScxprcssocs gregas, Nfio se trntava deo rg an iz ac oes p olf tic as, n em 1 1 : t essencia ncrn nil o rig em (exceto noque c oncem e ao s g rupo s co nspirad ores que surg ira m c om a fina lid a-d e d e p rep ar ar 0 golpe ollgarquico de 411) . Com freqiienc ia - sena osempre - era rn clubes de janta r de homens qu e haviam f e it o j u nt o sseu primeiro serv ice milita r , a o s 18 e 19 ano s d e id ad e, A a filiaca o aesses c lub es era restrita , per d efiuic fio , a metade rnais r ica do po -pula cao , aqueles que es tav arn sujeiros ao s deveres da infanrariacomo o s hoplita s , a r ne sr na c ar na d a social q ue. m on op oliz ou a lid e-r an ca p olitic a e p ar te d a n tiv id ad e p olltic a p ro fls sio na l 0.0 lo ngo d ahisto ria de Arenas. A mudanca de lid eranc a o co rrid a dura nte aGuerra do Peloponeso operou-se dentre desse limitado clrculo:"novas politicos", c omo Clecn, odiados e escarnecidos pelos dra-maturgo s e pel o s filo so fo s : e ram ta o r ic es quanta o s m ernb ro s datrad ic io na l a risto crac ia d es pro prieta ries d e terra s, co rn quem COl11-petiam no campo da auto rid ad e po lftica , sern j am a is s ub st it uf -l oscompletamente. Njio se tem no rlc ia d e urn 56 p o lf ti co i rn po n an teoriundo de LUl l background de pobreza, Tampouco exisriam clubsdesse tipo cujo s rnem bro s fo ssern d a c la sse b aixa .

    N ao e fac il a v a lia r a d ispos ir ; :ao da m assa po pulac io na l pa raconfia r a po lftic a a tiva a L im pequeno mlmero de c idnd a o s maisricos, apoiados pOl' seus amigos e associados da classe alta. Ernpa rtic u la r, s er ia pr ec is e resisti r a ten tacao d e ceder a apatia politicspopular. Entao, c omo agora, a politica e ra u ti l a rnaioria d a s p es so a s,e na o a urn interesse 011 a uma finnlid a d e em si, Po r urn lad e, 11 .ragarelice e as piadas polfticns eram apreciadas po r to do s, co nsti-tuindo a po lftica a ssunto perm anente d e converses: pa r c utro , a

    . , U I l lU boa illlslTa~ao de Tebus C d:ltb pclo trabulho hisuuico a no ni rn o c o nh cc id ocomo H e tl eu ic a O . ty rl ry n i li a , cup. j 2, IHJIlli! pa ss ag em na q'I~ 1 0 a ur or tle~I~C,1clnrumcnte ainscparabilidade entre " po lf tic a e as prco cupacces pessonis d asclasses peluicas.

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    i;

    M . 1. F in le y o l eg ~ ci o c ia Greciaardua ta refa , quase que de tempo integ ra l, d e Io rmular pol f t icas esugerir sua aceita cao pela maquina govemamental e ra d eix ad a a.c arg o d e p eq uen o mirnero de homens , que na o so p os su fa rn c on he -c imento e dispunham de tempo , ma s tamb ern g oza varn de co nfian-ca de va s to s segm ento s d a rna s sa de c id ad iio s.

    U rn d os desa f io s prag ma tico s do sis tem a e ate que po nte hav iac on tin ui da de d e p olf tic a pOI' urn pencdo 111:1.is ongo . E tudes sob rea his to r ia do imperio a ten iense. no secu lo V , bern com o d a Segun-c ia L iga A teniense e d a co rnp lexa Iu ta com Filipe d a M acedo nia , noseculo IV , rev elam a no ta vel rea liaac ao a teniense nesse d esa fio .

    Houve d esaco rdo s e fra c a sso s - que so c iedade nao a s teve? -ma s fo ra rn so brepu jado s pa r um a h a b i t busca de o bjetiv os m aisalIOS, d urante longo s perio do . 0 fum de o s historiadoresmodernosaprovarem tais politicas, ou as desaprcvarern , seguindo H orienta-qa o d e a nrig os c rfricos , e i r relevan te para 0 a s sunto d e gue trata,como i rre levanie e a hab itua l co nd enacao do s "dem agcg os ''."Quante ao s i s tema areniense de governo" , escreveu urn panfletistao lig .ir qu ic o n o f i n a l d o s ec ulo V ( Ps .- Xe no fo nte , A Constituicdo deArenas, 3 ,1 ) , "nao gosio d e le . E n tr e ta n to , j 6 . . que eles reso lvera rnt ransforrnar-se numa dernocrncia, parece-rne que estiio preservandohem a dernocracia".A coru inu idad e d a po litic a irnp lic a ma is do que lideranca C

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    'I~I,. t i .

    M. L Fin/ey

    quis ta ro rnana fez ca ir 0 pallo sob re a cena . E las enUTI a excecao,po rem , e so friam constun te pres sao d os reis . Embo ra it palavrapolis co ntinua sse a ser us ada reg ula rm ente po r tod a a pa rte, H reall-d ad e aprox imou-se muito ma is d e "c id ad e" , no sen tid o estr ito , doque de poiis, no s ign i f icado c la ss ic o. A s c id a d es t or na r ar n- se maio-res no perfo do helenis tic o, e sell n iim ero aurnentou g ra ca s a nov asIund ac fies no s territo ries o cid en ta is c onquista do s per A lexa nd re:A le xa nd ria e A ntic qu ia sa o o s p r in c ip a ls exernplos.N essa s c id ad es , exis tin a ind a a a pa renc ia d e c ontinua a tiv id ad epolft ica: lutava-se vivamente pelos cargos pi lb licos; havia desacor -dos a proposito de polfticas e disseusoes faccionar ias . Na maioriad as c id ades , po rem - naquela s situad a s em territories gove rn adosp ar m c na rc a se -> , 0 lerna d a po htic a red uzia -s e a uma vag a ima-g em . O s neg 6c io s po litic os e m ilita res fo ra m- lhes c om pleta menteretirad o s, e os reis intervinharn e m a ss un to s puramenre internes,quando lhes conv inha. No fina l d o seculo TV a. c. , po r exemploAntlg ono I d a 1aced6liia o rdenou a fusfio de duns c id ades d a A siaMenor , Teas e Lebedos, e es ta belec eu c om detalhes nao apenas oste rr no s, m as ta mb er n 0 reg im e leg al d e ' sa f L ls a o.5N ao surpreend e que, em m uita s c id ad es, a s c a rgo s m unic ipa lspas sa s sem n ser lig ado s ao cu lto e ao s jo g os , sub stituind o os a r-con tes e as strategoi, p o st a s polfticos e rni l i tares d a ela ssic a c id a-de -Es i ado . Paradoxalmente , ' a pa la v ra " dem oc ra cia " ad quir ius en ti do r a di ca un en te novo, bern como certo pr es tlg io - entre osg re go s h ele nis tic o s, s ig nif ic av u "republica" entre 0 g reg os sobir np er ad o re s r or na no s, p od ia ate ser usad a pa ra express a r elo gio aoimperador au tocr a i a :

    a po ia va rn e m b ur oc ra cia s, lenomeno 110VO n a h i~ l6 ria g rc ga : P: ll :1 ' "elab oracao d e pclnicas, apoiuv am-se em co nselho s d e " amigos ' c.como ultimo reCL lI . SO,no propr io d ireito ilirnitnd o d e to rnar deci-sees . E ra 0 governo de antecamara . A "opiniao publica" , sem duv i ..d a, m an if es ta va -s e, p ore m jn rn ai s po r mei o d e d is cu ss ii o a b er ta sobreo passado pais para isso, 110 m em en to , fa lta va m trib un als . A politicadesaparecera; na o ha via leg ad o d o. c id ad e-E sta dc co mo o rg an ism op olf tic o, n o mundo g r eg o p a s-A le x an d re .

    Tampouco ho uve t al l eg a d o em p er to d os poster lores cia histti-r ia , Isso quer d izer que a lo ng a e compJexa histo ria do leg ad o cu l-tu ral da G re cia e ra p re cis ar ne nte a qu ela ; nao s e f az ia a co m pa nh arde urn legado institucional. Esparto p ro po rc io na e xe mp lo s sufici-entes: entre a s m uito s adrni radores de Espana ao lo ngo d os secu-lo s, e mats recentemente na A le rn an ha n az is ra , nlio podem serencontrad o s sequel' traces da id eia de t0111ar' p or m od ele 01.1 imitara s i ns ti tu ic o es e s pa r ta n as , 130 di v ersus d os " va lo res ' a u d a " ind ole"espartanos , 0 mesrno e v crdad eiro no que concerne a A tenns, comurna excecao de po nca importfinc ia , ernbora interessante, il qualvo l tarernos e m b re ve .A polftica, como tal, const itui U!TIa f o rma de cornportamentopub lico que po d e existir em Iruimeras soc i edades radicalmenied iferentes. A nocao de "legado " s6 e s ig nif ic ativ e n o q ue r es pe ir a ~lestrutura nil qual a polflic~l s e d e se nv o lv e , ! l a O a polltica em si. Empr iucfpio . e poss ivel iomnr p e r e r np r es ti m o urna maquinn de go -verne ou Lim sis tema leg al. no to do Oll e m p ar te , c on fo rm e ocorreua rnplam ente na America L atina . Nao e d iftc il c ornpreend er queco isa a lguma scquer r er no ta m en te c o rn p ar av e l jamuls fo i i entadac om a s in stituic oe s g l'e gu~ , a te nie ns es OLl e s pa r ta n as d e rn o cn ir ic a sa u o lig arqu ic as (erub ora ela s flzes sem liv rernerue ernprestim osrmituos) ,

    As explicacces o rig ina rn-se , em g rande parte, dh 'e ta rn cnte dofate de que a po lf tic a g rega pressupunha co munidad es pequena s,s ituad as fa ce a fa ce; i odas a s s ua s p rinc ipa ls ins titu ic ce s era rnb a sead a s nisso e n 1 1 0 po dia m ser tra ns ferid as para un idade s terri-t or ia is m a io re s. Nes(,1S ultirna s, c er tu fo rm a d e represenracno er ninevitav el, no case d a necessidad e de tomadas d e d ec isc es b asen-d as em deb a te e aco rdo . Pa r sua vez , a representacao r eq ue ri a d if e-ren tes mecan ismo s d a s fo rmas d e polis g reg a (apesa r d e a s vel/H) 'r otu lo s te re m s id o rnantidos, po r v ezes) , e Ulll r ela cio na m en to d i[ '-

    Ull1U democ rac ia comum. d a terra fo i cria d a , so b um tinic o ho -rnern, 0 melhor, soberano e dir lgente, e r od os s e r eu ner n, c om on um c en tr o c fv ic o comurn, pa ra que c ad a lim rec eb a 0 q ue lh e ed ev id o ( Ae lio A ri st id es , A ROllin, 60).

    O s m ona rc as helen tstic os , a o c ontra rio d es r ira no s g reg o ante-r io re s, p ro c ur ar ar n institucionalizar e legitimar sua pos ic ao , masn:io erarn m onarca s " co ns tituc io na is" . Ins tituc io na lrnente eles se

    S C . B . W e ll es . RUY(I( correspondence i/I t h Hel len i st ic /Iaiat! (N ew H uv cn .C o nn ., 1 9 34 ). 11213-4.

    '.

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    4G 1 - - 1 . l. Finley o I cg :J do d a G t" cc i~ren te, embo ra d efin ido , en tre a s mernb ro s do co rpo de: c idadao s e a"classe polftica ativa".N ad a d is so , e c law, se aplica a Roma republicana , que fo ralim a c id ad e- Es iad o em su a origem e mantev e a f icyao d e c o n st it u iru r n a c i da d e -E s ta d o depots de se to rna r c onc reta rnen te tim grandeEstado territorial. Desnecessdrio seria a rgumen ta r no sentid o deque a Roma repub lic ana era urna s oc ie da de inte ir am ente po lftic a:apcnas 110S pseocupa ~ ,p I 'CSC l1t ; :11l l a : 'I tl sene ia de um legado gregoquanto ao lado in stitu clo na l. a ss um e d iv erso do impucto t i n . f loso-f ia po lf tic a g rega . A respecriva cronolcgia lanca LIma adve rt enc i aimedia ta : 0 inte res se ro mano em escrito res e teo ris ta s g reg os nao eencon trado mul to anterio rmente no ana 200 a. c. , cerca de ums ec ulo d ep ois d o c ola ps o d a c la ss ic a polis g rega , n e rn , i gu a lr ne n te ,m uito d epo is d e se ins taura r 0 sis tem a in stituc io na l ro ma no , E ssefat o, par si, niio afasta a possibilidade da influencia grega na Rornap ri rn it iv a : n ii o e necessririo que o s homcns se voliern pa ra o s liv ro sa f irn d e aprender c om s eu s v iz inh os .

    Embor a possum o s ig no rar c om o ev id ente ficC;50 a referenc ia aS610n, po r exemplo , [eitu pelo s .ib io D ionisio d e Hulic a rna sso ,esc rev end o na epo c a d e Augus to , a urn senado r do eculo V a . C.(AmigLlid(l(/cs rontanas, 5, 65. I ) .. as comunidades gregas ja existiarnno su l da Italia quand o Roma (lind a ufio era ma is que uma to scaa ld eia s ob dominio e tr us co . U rna possivel Conte de conhec imento eem pr es tim o e sta va , pcrtanto, 3 mao . Devemos julg ar seg und o a sp ro p ri us i ns ti tu ic c es : na o h