fisiologia do exercicio_2007

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Page 1: Fisiologia do Exercicio_2007

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volume 06 - número 01 • Jan/Dez 2007 www.at lant icaedi tora.com.br

R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

F I S I O L O G I ADO E X E R C Í C I OÓrgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y

ISSN 16778510

TREINAMENTO• Influência do alongamento

no rendimento de força

• Treinamento físico de jogadores de futsal na categoria sub-20

• Treinamento com pesos de uma série vs. séries múltiplas em mulheres

• Prática mental combinada ao treinamento de força

ESPORTE• Atletas competitivas de handebol

OBESIDADE• Obesidade e hábitos alimentares

em escolares

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Editorial

Exercício físico e interdisciplinaridade, Pedro Paulo da Silva Soares ........................................................................... 3

Artigos Originais

Comparação entre o uso da bicicleta ergométrica e caminhada no teste de seis minutos, Marcus Vinicius Grecco, Charles Ricardo Morgan, Eduardo Yoshio Nakano ...................................... 4

A influência do alongamento no rendimento do treinamento de força, Fábio Luís Botelho de Arruda, Leandro Bittar de Faria, Vagner da Silva, Gilmar Weber Senna, Roberto Simão, Alex Souto Maior ............................................................................................... 8

Análise da creatina quinase versus escalas de percepção subjetiva de dor para monitoramento do tempo de recuperação em idosos fisicamente ativos, Cláudio Lauria Christovam, Márcia Baptista Veiga, Francisco Navarro ........................................................................ 13

Relação entre obesidade e hábitos de vida em escolares da rede pública e privada da cidade de Santa Rosa – RS, Warley Gomes de Carvalho, Telmo Tomasi, Ricardo Silva Dable, Francisco Luciano Pontes Junior, Marcos Doederlein Polito ............................................................................................................................................ 22

Efeito da vibração mecânica nos resultados de testes de 1RM no exercício supino horizontal em adultos treinados, Rafael T. Teixeira, Natasha A. Lama, João Pedro S. W. Castro, Walace D. Monteiro ............................................................................................................. 27

Comparação de valores de testes de força externa máxima do quadríceps femoral, Ricardo Barreto Teixeira, Révisson Esteves da Silva, Mônica de Oliveira Melo, Marcelo La Torre, Éverton Vogt, Cláudia Tarragô Candotti ......................................................................................... 33

Adolescentes atletas competitivas femininas de handebol: um estudo de caracterização, Alessandra Graton, Ana Beatriz Santos Guiesser, Mariana de Moraes Escardin, Nathalie Puppin Tardivo, Renata Furlan Viebig............................................................. 38

Impacto do treinamento físico periodizado sobre a aptidão física em jogadores de futsal masculino na categoria sub-20, Narciso Luiz Andrade, Luís Paulo Gomes Mascarenhas, Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha .............................................................................. 43

Prática mental combinada ao treinamento de força como perspectiva de aumento da força máxima em homens treinados, Sergio Eduardo de Carvalho Machado, José Eduardo Lattari Rayol Prati, Mauro Cesar Gurgel de Alencar Carvalho ................................................................................................................... 49

Efeito do treinamento com pesos de uma série versus séries múltiplas sobre a força muscular em mulheres acima de 40 anos, Humberto Daiuto Petry, Carla Cristiane da Silva, Fábio Lera Orsatti, Nailza Maestá, Roberto Carlos Burini ..................................................... 53

Normas de publicação ...................................................................................................................................... 58

Eventos .................................................................................................................................................................... 60

Índicevolume 6 número 1 - janeiro/dezembro 2007

R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

F I S I O L O G I ADO E X E R C Í C I OÓrgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 20072

© ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyri-ght, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante.

Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, Nutrição Brasil e MN-Metabólica.

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Editora AssistenteGuillermina Arias

Editoração e arteCristiana Ribas

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Redação e administraçãoTodo o material a ser publicado deve

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Sociedade Brasileira de Fisiologia do ExercícioCorpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares,

Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu

R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

F I S I O L O G I ADO E X E R C Í C I OÓrgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y

Editor ChefePaulo de Tarso Veras Farinatti

Editor AssociadoPedro Paulo da Silva Soares

Conselho Editorial

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Dartagnan Pinto Guedes (PR)Emerson Silami Garcia (MG)

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Gerência de vendas e assinaturasDjalma Peçanha

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3Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007

Editorial

Exercício físico e interdisciplinaridade

Pedro Paulo da Silva Soares

Editor Associado, Diretor Executivo da RBFEx

A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx) apresenta mais um número de sua tiragem, mostrando que retomamos a periodicidade da revista que era aguardada com ansiedade por todos. Isso se deve principalmente ao interesse dos colegas em submeter seus trabalhos para RBFEx, garantindo material de qualidade e relevância na área. Nossa revista se apresenta como uma interessante opção para a divulgação da produção científi ca de pes-quisadores nas diversas áreas que compõem a fi siologia do exercício. Neste número os leitores encontrarão trabalhos apresentando as diversas possibilidades que nossa área abri-ga. São estudos básicos e aplicados, de grupos de pesquisa das mais diversas partes do país.

Durante os últimos anos observamos uma crescente interdisciplinaridade nos trabalhos publicados, o que refl ete uma tendência robusta de integração das diversas áreas do conhecimento tendo como eixo principal à fi siologia do exercício. O estudo da fi siologia do exercício tem recebido contribuições importantes tanto das áreas básicas, como a bioquímica, quanto das áreas exatas, através do desenvol-vimento e emprego de métodos estatísticos, mas também da engenharia e física no desenvolvimento de sistemas de registro e análise de sinais biológicos antes, durante e após o exercício. Diversos pesquisadores encontram no exercício físico uma poderosa ferramenta de investigação de mecanismos fi siológicos de controle.

Portanto, esperamos mais e mais contribuições agre-gando trabalhos da célula ao ser humano. Que representem artigos em linhas de pesquisa como genética e a biologia celular, experimentação animal, que envolvam processos fi -siopatológicos e contribuam para o conhecimento de como a fi siologia do exercício pode ter seu papel na hipertensão, obesidade, diabetes, na reabilitação cardíaca, desempenho esportivo, promoção da saúde e muito mais. Queremos estimular também a presença mais constante de trabalhos nas áreas gerais da fi siologia básica como neurofi siologia, fi siologia renal, endócrina, digestiva, cardiovascular e res-piratória aplicadas ao exercício. Em breve, pretendemos ter sessões de debate de idéias e opiniões, números temáticos com chamadas específi cas tanto para artigos originais quanto para os de revisão.

Contamos com a contribuição dos colegas enviando seus trabalhos para a RBFEx e também enviando suas críticas e sugestões. Uma vez garantida a periodicidade da revista, trataremos agora de aperfeiçoar o processo de submissão e revisão por pares visando agilizar estas etapas preservando a qualidade da revista. Trabalhamos também no sentido de aumentar o número de artigos e, futuramen-te, esperamos ter números especiais com temas atuais e relevantes. É com muito otimismo que os convido a leitura de mais um número da RBFEx e ao engajamento nesse projeto que é de todos nós. Saudações e boa leitura!

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Artigo original

Comparação entre o uso da bicicleta ergométrica e caminhada no teste de seis minutos

Comparison between the ergonomic bike and the 6 minutes walking test

Marcus Vinicius Grecco*, Charles Ricardo Morgan**, Eduardo Yoshio Nakano***

*Educador físico e fi sioterapeuta, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, **Fisioterapeuta, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, ***Faculdade de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo e Professor da Universidade de Brasília do Departamento de Matemática e Estatística

ResumoDez alunos da academia do Clube Atlético Monte Líbano,

jovens, saudáveis, do sexo feminino, com idade média de 22 anos (± 1,13), peso 54 kg (± 6,15) e altura 160 cm (± 5,42) foram submetidos ao tradicional teste de caminhada de seis minutos e a bicicleta ergométrica sem carga, também por seis minutos, com a fi nalidade de comparar os dois testes. Observamos que os dois testes promoveram alterações na freqüência cardíaca (FC), respiratória (FR), pressão arterial média (PAM), e na saturação de oxigênio (Sat O2), mostrando-se estatisticamente semelhantes, porém para que o indivíduo consiga atingir tais alterações na bicicleta ergométrica, ele deve ser muito mais incentivado que na caminhada e os indivíduos na bicicleta referiram fadiga na musculatura da coxa, especialmente em quadríceps. A caminhada mostrou ser um método mais simples, embora necessite de maior espaço físico para sua aplicação. Palavras-chave: teste de exercício, fadiga, alterações fisiológicas.

AbstractTen female young normal subjects, from Atlético Monte Líbano

Fitness Club, with mean age 22 years old (± 1,13), weight 54 kg (± 6,15) and height 160 cm (± 5,42), performed the traditional six minutes walking test and the ergonomic bike test without weight for 6 minutes, aiming at comparing the two tests. It was observed that both tests induced alterations in heart rate (HR), respiratory rate (RR), mean arterial blood pressure (MAP) and in oxygen satu-ration (SaO2), showing that they are statistically similar, although it is necessary more stimulus for the subject to reach this alterations in the cycle ergonomic test. Th ey referred fatigue in tight muscles, especially quadriceps. Th e walking test showed to be a more common test, although it is necessary ample room to be performed. Key-words: exercice testing, fatigue, physiological alterations.

Recebido em 17 de outubro de 2007; aceito em 15 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: Marcus Vinicius Grecco, Rua Ribeiro de Barros, 81/31, 05027-020 São Paulo SP, E-mail: [email protected]

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Introdução

O homem sempre se preocupou em arranjar formas de avaliar a aptidão física dos indivíduos. Desde a década de 1960 já se testava outras maneiras de avaliar a aptidão dos indivíduos, uma vez que os testes existentes requeriam grandes aparatos e exclusividade no indivíduo testado. Cooper mostrou que era possível realizar um teste de qualidade economizando tempo, abrangendo um grande número de indivíduos, de forma simples e econômica, com um tipo de atividade já conhecida, a corrida [1,2].

McGavin [3] adaptou o teste original de 12 minutos descrito por Cooper para a caminhada. Seus pacientes eram instruídos a percorrer a máxima distância possível em 12 minutos em uma área livre [1,3-5]. A partir deste teste, alguns autores compararam a efi cácia do teste em tempos menores, dois e seis minutos verifi cando também a efi cácia [2,6,7].

Levando-se em conta que o teste da caminhada exige espaço apropriado, por menor que seja para sua realização, pensou-se na adaptação do teste da caminhada de seis minutos para uma bicicleta ergométrica, já que esta exigiria um local menor para a aplicação do teste. Padronizaremos o não uso de carga, a fi m de que qualquer bicicleta possa ser utilizada na aplicação do teste, desde uma mais moderna como a que nós utilizamos até uma mais simples.

Este trabalho tem como objetivo, portanto, a comparação do teste da caminhada de seis minutos com o teste modifi cado na bicicleta ergométrica.

Material e métodos

Dez alunos da academia do Clube Atlético Monte Líbano (CAML), do sexo feminino, estudantes, com idade média de 22 anos (± 1,13), peso 54 kg (± 6,15 ) e altura 160 cm (± 5,42 ) realizaram os testes na sala de musculação, com 40 metros de comprimento, localizada no 2ª andar do prédio da academia do CAML.

Utilizamos oxímetro de pulso CMS-50D, estetoscópio, esfi gmomanômetro de coluna de mercúrio Walgreens, bici-cleta ergométrica Lifecycle 8500, cronômetro, fi ta adesiva, e faixa de crepe.

Inicialmente, a cada teste mediram-se os parâmetros fi siológicos do indivíduo que estavam sentados e relaxados. No dedo indicador da mão direita era colocado o dedal do oxímetro de pulso; a frequência cardíaca (FC) e a saturação de O2 eram, então, indicada no visor do aparelho. A pressão arterial (PA) era medida sempre no braço esquerdo com o antebraço sobre o apoio do esfi gmomanômetro. A mensuração da freqüência respiratória (FR) era feita através da contagem das inspirações durante 30 segundos. Para estas medidas estiveram presentes um educador físico e um fi sioterapeuta para a análise dos dados

Caminhada: delimitou-se uma distância de 40 metros com fi ta crepe, explicou-se aos indivíduos que deveriam andar o mais rapidamente possível, sem correr, por seis minutos, durante os quais o indivíduo era incentivado a ir mais rapidamente. Marcou-se quanto o indivíduo percorreu, e calculou-se a velocidade média atingida. Após o término, o indivíduo sentava-se e suas FR, FC, PA e saturação de oxigênio eram medidas como no repouso, novamente após dois e quatro minutos repetiram-se as medidas, e a PAM era então calculada.

Bicicleta: foi zerada a quilometragem e a carga da bicicleta, os pés dos indivíduos eram colocados nas tiras de segurança contidas nos pedais a fi m de proporcionar mais segurança. Explicou-se que deveriam pedalar o mais rápido possível, por seis minutos, durante os quais eram incentivados a atingir a máxima velocidade. Verifi cou-se a distância percorrida pelo indivíduo, e calculou-se a velocidade média atingida. Após o término com o indivíduo, ainda na bicicleta, suas FR, FC, PA e saturação de oxigênio eram medidas como no repouso, e novamente após dois e quatro minutos as medidas eram repetidas e a PAM era então calculada.

Os resultados obtidos para cada indivíduo foram colo-cados em tabela e suas médias transformadas em gráfi cos, sendo analisadas estatisticamente através do teste t-Student, utilizando um nível de signifi cância de 5%.

Resultados

Observamos, no Gráfi co I, que a FR na caminhada ini-ciou-se com 16 respirações por minuto (rpm), tendo após os seis minutos um incremento de 36%. Após dois minutos de recuperação, a FR decresceu 24%. E ainda, após mais dois minutos - quatro após o término do teste- houve um decrés-cimo de 10,5%. Já na bicicleta, iniciou-se com 17 rpm, e, após seis minutos pedalando, houve um incremento de 37%; após dois minutos de recuperação, houve um decréscimo de 22%; e após mais dois minutos - quatro após o término do teste-, decresceu mais 19%.

Gráfi co I - Alterações ocorridas na freqüência respiratória.

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Quanto a FC, Gráfi co II, iniciou-se na caminhada com 85 batimentos por minuto (bpm), havendo após o teste um aumento de 39%. Após a recuperação de dois minutos, houve um decréscimo de 18,6%. E após mais dois minutos, diminuiu 7,02%. Na bicicleta, observou-se que FC iniciou-se com 82 bpm, havendo após o teste um aumento de 46% na bicicleta. Após a recuperação de dois minutos, houve um decréscimo de 19,7%. E após mais dois minutos, decresceu em 15%.

Gráfi co II - Alterações ocorridas na freqüência cardíaca entre os grupos.

Gráfi co IV - Alterações ocorridas na saturação arterial de oxigê-nio.

A pressão arterial média, Gráfi co III, teve início na cami-nhada com 90, acrescendo 6,25% após os seis minutos de teste. Após dois minutos, estes valores caíram em 3,12% e 5,30% nos dois minutos seguintes. Na bicicleta a PAM tam-bém iniciou com 90, acrescendo 3,22% após os seis minutos de teste. Após dois minutos, estes valores caíram em 4,30%; e 1,11% após mais dois minutos.

Gráfi co III - Alterações ocorridas na pressão arterial média.

PAM = Pressão Diastólica + 1/3 (Pressão Sistólica - Pressão diastólica)

Quanto à saturação de oxigênio, Gráfi co IV, iniciou-se em 98 na caminhada, havendo uma queda de 2,04% após o teste. Depois do repouso de 2 minutos, os valores subiram 2,04% e permaneceu assim nos dois minutos subseqüentes. Com relação ao teste na bicicleta, a saturação de oxigênio iniciou-se também em 98, havendo uma queda de 1,02% após o teste. Depois do repouso de 2 minutos, os valores permaneceram iguais, e nos dois outros minutos subseqüentes.

A distância percorrida na caminhada foi em média 470 metros, enquanto que na bicicleta foi de 4400 metros.

Portanto, observamos que os dois testes não apresentaram diferenças estatisticamente signifi cantes (p > 0,05), ambos conseguiram alterar os parâmetros observados.

Discussão

Observamos que não existem diferenças estatísticas entre os dois testes, quando testados em indivíduos jovens, normais e bem motivados. Ambos conseguem alterar de forma seme-lhante às freqüências respiratória e cardíaca, a pressão arterial média e a saturação de oxigênio. Além disso, a praticidade da bicicleta ergométrica permite que o indivíduo tenha seus parâmetros medidos ainda sobre a bicicleta, já que permanece com a porção superior do corpo praticamente imóvel [8].

O ato de pedalar imprime carga direta sobre o músculo quadríceps, podendo até levá-lo a fadiga, após e mesmo durante o teste, quando todos os sujeitos referiram dor em região de quadríceps, o que em alguns casos limitou um melhor desempenho, e o incentivo também parece ser um fator de muita relevância. O desempenho depende muito da motivação do sujeito e esta está intimamente relacionada com o incentivo dado pelo educador físico, se o número de rotações cair o consumo de oxigênio também diminuirá, alterando o resultado [7-10].

A caminhada proposta como teste de rotina para ver a capacidade física, em indivíduos saudáveis, que, segundo Butland et al. [2], é indicada até mesmo para pacientes com incapacidades severas e o teste realizado em ambiente hospi-talar, teve sua validade confi rmada. Conforme McGavin et al. [3], o teste realmente não requer aparato e pode ser aplicado em uma grande quantidade de pessoas saudáveis, até mesmo com doenças com certo grau de severidade; o processo da caminhada é familiar a todos, e permite que o indivíduo ajuste o passo durante o teste, parando se necessário. Notamos também que alguns fatores como a motivação, a resistência cardiovascular, a função respiratória e neuromuscular e a endurance, interferem no teste [2,3-5,11].

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Na caminhada notamos certo grau de fadiga muscular em tibial anterior, mas em geral os indivíduos testados referiam mais cansaço físico que muscular, o inverso do que ocorrera na bicicleta.

A caminhada parece ser um método mais seguro e conhe-cido apesar da necessidade de maior espaço físico para sua aplicação, espaço este não totalmente inviável, pois o teste pode ser aplicado até em ambiente hospitalar [2,6,7,11].

Quanto às alterações fi siológicas ocorridas durante o teste, a literatura refere-se principalmente ao VO2, a CVF, ao volume expiratório e ao VEF1, correlacionando-os com a distância percorrida [10,12].

Neste trabalho, com sujeitos normais, pudemos observar aumentos semelhantes tanto na bicicleta quanto na caminha-da, da FR, FC, e PAM logo após o teste e uma diminuição nos minutos subseqüentes, ajustes estes previstos na literatura já que no exercício há maior gasto metabólico necessitando mais oxigênio, exigindo respostas dos sistemas cardiovascular e respiratório. Com relação à saturação, observamos que as alterações foram pequenas, o que também era previsto, já que o organismo se reajusta rapidamente a fi m de não com-prometer a oxigenação tecidual. Alterações como aumentos na acidez, temperatura, concentração de dióxido de carbono alteram a estrutura molecular da hemoglobina, reduzindo sua efi cácia em fi xar o oxigênio. Como no exercício estes fatores são acentuados, a liberação de oxigênio para os tecidos é facilitada [12].

As distâncias percorridas na bicicleta e na caminhada não são cabíveis de comparação, já que a bicicleta permite que o indivíduo percorra um percurso maior com menor esforço, também não podemos compará-las com a literatura, uma vez que os indivíduos são bem heterogênios. O objetivo do cálculo da distância está em comparar, posteriormente a um treinamento, o rendimento do indivíduo com sua perfor-mance anterior, já que a literatura não refere um padrão de referência para tais testes.

Conclusão

Acreditamos que a caminhada seja o método mais indicado para a avaliação de indivíduos normais ou até mesmo com alguma doença de base. A caminhada não precisa de nenhum material oneroso para ser feito, é um movimento natural para o ser humano, não provoca tanta fadiga no quadríceps e pode ser feito em um ambiente que ofereça o mínimo espaço para uma caminhada.

Referências

1. Cooper KH. A means of assessing maximal oxygen intake. JAMA 1968;203(3):135-8.

2. Butland RJA, Pang J, Goss ER, Woodcock AA, Geddes DM. Two, six, and twelve minute walking tests in respiratory disease. Br Med J (Clin Res Ed) 1982;284(6329):1607-8.

3. McGavin CR, Gupta SP, McHardy GJ. Twelve minute walking test for assessing disability en chronic bronchitis. Br Med J 1976;1(6013):822-3.

4. McGavin CR, Artvinli M, Naoe H, McHardy GJR. Dyspinoea, disability, and distance walked: comparison of estimates of exer-cise performance in respiratory disease. Br Med J 1978;2:241-3.

5. Wasserman K, Hansen JE, Sue DY, Stringer WW, Whipp BJ. Principle of exercise testing and interpretation. Philadelphia: Lea & Febiger; 1987.

6. Dekhuyzen PN, Kaptein AA, Dekker FW, Wagenaar JP, Janssen PJ. Twelve-minute walking test in a group of Dutch patients with chronic obstructive pulmonary diseases: relationship with functional capacity. Eur J Respir Dis 1986;69: 259-64.

7. Knox AJ, Morrison JF, Muers MF. Reproducibility of walking test results in chronic obstructive airways disease. Th orax 1988;43:388-92 .

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Artigo original

A influência do alongamento no rendimento do treinamento de força

The influence of the stretching exercise in the strength training performance

Fábio Luís Botelho de Arruda*, Leandro Bittar de Faria*, Vagner da Silva*, Gilmar Weber Senna*, Roberto Simão**, Alex Souto Maior***

*Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Musculação e Treinamento de Força da Universidade Gama Filho (CEPAC), **Escola de Educação Física e Desportos - Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD/UFRJ), ***Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Musculação e Treinamento de Força da Universidade Gama Filho, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Bioengenharia - Universidade do Vale do Paraíba

ResumoO objetivo do estudo foi verifi car o teste de 10 repetições

máximas (10RM) no exercício supino reto na máquina utili-zando diferentes tipos de aquecimento. Foram selecionados 22 indivíduos do sexo masculino e divididos em dois grupos, grupo com aquecimento prévio de alongamento (GA) (n = 11), e grupo aquecimento específi co (GE) (n = 11). Os indivíduos da amostra foram submetidos ao teste de 10RM em dois dias. No primeiro dia, realizou-se o teste de 10RM igualmente para ambos os grupos, seguindo o modelo tradicional do teste. No segundo dia, o GE realizou o teste de 10RM com aquecimento de duas séries com 15 repetições a 55% da carga de 10RM. O GA antecedeu o teste de 10RM com o aquecimento através de exercícios de alongamentos pelo método estático, com duas séries de 20 segundos de duração para cada posição, após atingir o limiar de dor. Foi mantido um intervalo de 20 segundos de uma série para outra. Concluímos que não existem diferenças estatisticamente signifi cativas através do teste t-Student (p > 0,05), no desempenho do teste de 10RM no exercício supino reto através do aquecimento específi co, o mesmo não sendo observado quando o teste de 10RM foi precedido por exercícios de alongamento (p < 0,002). Palavras-chave: aquecimento específico, flexibilidade, teste de 10RM.

AbstractTh e aim of the study was to verify the test of 10 maximum re-

petitions (10RM) in the straight chest press exercise in the machine being used diff erent types of warm up. Twenty two individuals of male gender were selected and divided into two groups: group with previous warm up exercises of stretching exercises (GF) (n = 11), and group of specifi c warm ups (GS) (n = 11). Th e individuals of the sample were submitted to the 10RM test, in two days. On the fi rst day, the 10RM test was performed equally for both groups, following the traditional model of the test. On the second day, the GS group carried out the 10RM test with stretching two diff erent stretches with 15 repetitions of 55% of the 10RM load. Th e GF preceded the test of 10RM with the stretching through exercises of stretching for the static method, with two series of 20 seconds of duration for each position, after reaching the pain threshold. It was kept an interval of 20 seconds between series. We conclude that there was no signifi cant diff erence through the test t-Student (p > 0.05), during the performance of the 10RM test in the straight chest press exercise through the specifi c warm up, the same was not observed when the 10RM test was preceded by exercises of stretching (p < 0.002).Key-words: specific warm up, flexibility, 10RM test.

Artigo recebido em 30 de agosto de 2006; aceito em 15 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: E-mail: [email protected]

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Introdução

Nas ações musculares percebemos o envolvimento de diferentes valências físicas, tais como a fl exibilidade e a força muscular, que são de importância imprescindível para o aumento da efi ciência do movimento [1,2]. O aumento da fl exibilidade está intimamente relacionado com a maior facilidade para a execução de ações cotidianas representadas na qualidade de vida e saúde [3]. Assim, a redução da fl exi-bilidade pode prejudicar o desempenho atlético aumentando também a possibilidade de lesões, pois, com o encurtamento músculo-tendíneo as fi bras musculares poderiam se romper em um maior esforço com movimentos amplos [4]. Entre os métodos utilizados para o treinamento da fl exibilidade (TF), o movimento estático parece ser o mais comumente utilizado pela facilidade e segurança na sua aplicação [5]. Porém os componentes metodológicos, entre eles o volume e a intensidade do TF, são questionáveis quando pensamos na infl uência deste treinamento na força muscular. Segundo Simão et al. [6], a força e a potência muscular são valências relevantes na qualidade de vida e a prescrição de exercícios que facilitem seu aprimoramento em indivíduos sadios, mesmo para aqueles que apresentam necessidades específi -cas, parece ser de grande validade para a saúde e qualidade de vida.

Atualmente, o número crescente de pesquisas na área da força deslumbra diferentes populações com objetivos variados, levando a busca pela melhor periodização para a otimização de seus resultados [7]. Segundo Gomes e Francis-con [8], a insufi ciência de amplitude articular pode limitar o desenvolvimento de contrações voluntárias máximas au-mentando, assim, o gasto energético e tornando mais difícil o trabalho a ser realizado. Os exercícios de alongamento podem manter ou aumentar a fl exibilidade, sendo assim aplicados para prevenir encurtamentos teciduais e otimi-zando o desempenho muscular, o qual contribui também para o treinamento da força e potência muscular [5]. O TF realizado antes dos exercícios resistidos (ER) pode estar associado ao aquecimento pré-treinamento, à prevenção de lesões, à melhora do fl uxo sangüíneo e melhor resposta das propriedades elásticas do tecido muscular e conjuntivo, porém tais colocações não se encontram completamente elucidadas [9].

Vários estudos na literatura abordam a infl uência negativa do TF quando relacionado com os ER, porém, o volume e a intensidade dos alongamentos parecem não ser homogêneos e seus resultados também podem variar, conseqüentemente, prejudicando a confi abilidade no ato da prescrição.

Desta forma, com base nessa discussão, o presente estudo tem por objetivo verifi car a infl uência aguda de exercícios de alongamento estático previamente aos ER.

Materiais e métodos

A amostra foi composta por 22 indivíduos do sexo mas-culino, divididos em dois grupos: grupo de aquecimento específi co (GE) (n = 11) e o grupo de aquecimento com alongamento (GA) (n = 11). Os indivíduos apresentavam idades entre 20 e 30 anos, peso médio de 75 ± 15 kg e estatura de 180 ± 12 cm. A amostra era familiarizada há mais de seis meses com o treinamento de força exercitando-se pelo menos três vezes por semana. Eles apresentavam prévio conhecimento sobre as técnicas de execução do exercício selecionado.

Para melhor objetivar os resultados da amostra, foram utilizados os seguintes critérios de exclusão para os indivíduos participantes do estudo: a) portadores de cardiopatia; b) porta-dores de lesões articulares nos últimos seis meses; c) portadores de contratura muscular nos últimos seis meses; d) submissão a cirurgias articulares nos últimos 12 meses; e) portadores de instabilidade acentuada nos joelhos e tornozelos; f ) portadores de hérnia discal; g) portadores de formas severas de doenças articulares degenerativas. Antes da coleta de dados todos res-ponderam negativamente aos itens do questionário Par-Q e validaram sua participação voluntária assinando o termo de consentimento conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para experimentos com humanos, após a aprovação do comitê de ética da instituição.

A coleta de dados foi composta por duas visitas não con-secutivas: 1º dia - todos os indivíduos realizaram o teste de 10 repetições máximas (10RM) seguindo o protocolo tradicional, sem aquecimento prévio, utilizando o incremento de cargas no teste como o próprio aquecimento; 2º dia - ocorreu 48 horas após a primeira visita, em que foi realizado o re-teste de 10RM no GE com o aquecimento específi co (duas séries de 15 repetições com 55% de 10RM) no exercício de supino reto na máquina. No GA (alongamento + força), o re-teste 10RM foi precedido de quatro exercícios de alongamento, que foram aplicados nos músculos peitorais, deltóides e tríceps. Utilizou-se o método estático para o TF, com duas séries de 20 segundos de duração para cada posição, após atingir o limiar de dor. Foi mantido um intervalo de 20 segundos de uma série para outra.

O teste de 10RM foi utilizado para a avaliação da força muscular como medida não invasiva e critério padrão de refe-rência, a fi m de objetivar a carga máxima para a realização do protocolo de treinamento no exercício supino reto na máquina Technogym@. A utilização deste aparelho no teste de supino reto facilitou o controle da angulação de 90º do cotovelo na execução, em função da trava que limitava o movimento garantindo a amplitude padrão para todos os indivíduos.

Os valores das cargas máximas no teste de 10RM foram obtidos ao longo de duas até cinco tentativas, quando o ava-liado não conseguia mais realizar o movimento completo de

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forma correta. Desse modo, validou-se como carga máxima a que foi obtida na última execução. A cada nova tentativa realizava-se adição de incrementos progressivos de acordo com as cargas disponíveis do equipamento, sendo dado um intervalo de três a cinco minutos entre cada tentativa.

Objetivando reduzir a margem de erro, durante a rea-lização do teste, foram adotadas as seguintes estratégias: 1) instruções padronizadas foram oferecidas antes do teste, de modo que o avaliado estivesse ciente de toda a rotina que envolve a coleta de dados; 2) o avaliado foi instruído sobre a técnica de execução do exercício; 3) o avaliador estava atento quanto à posição adotada pelo praticante no momento da medida. Pequenas variações no posicionamento das articula-ções envolvidas na ação poderiam recrutar outros músculos, distanciando do foco específi co da pesquisa, possibilitando interpretações errôneas dos escores obtidos; 4) para maior veracidade do teste, os indivíduos não tiveram conhecimento da carga de resistência durante a avaliação. Foi solicitado aos indivíduos a manterem as mesmas atividades físicas diárias, contanto que não exercitassem os grupos musculares envol-vidos no teste.

Para a análise estatística foi utilizado o teste t-Student, a fi m de comparar as cargas máximas obtidas no teste de 10RM após os dois tipos de protocolos no aquecimento (p < 0,05).

Resultados

O GA apresentou valores signifi cativamente reduzidos (p < 0,002) em relação ao pré-teste (10RM), demonstrando que parece acontecer uma diminuição no número de repeti-ções máximas quando utilizado anteriormente o TF com o volume e a intensidade supracitada. Na fi gura 1 é relatado o comportamento do número de repetições máximas realizadas pelos indivíduos do GA, e na fi gura 2 observa-se o resultado do GE.

Figura 1 - Média e desvio-padrão do grupo GA. Pré–teste de 10RM sem fl exibilidade; Pós-teste 10RM com fl exibilidade. # = p < 0,002.

Figura 2 - Média e desvio-padrão do grupo GE. Pré e pós-teste 10RM.

Discussão

O objetivo deste estudo foi observar as respostas agudas de dois protocolos de aquecimento previamente ao teste de 10RM, sendo que um grupo utilizou o aquecimento especí-fi co, e o outro o aquecimento através de exercícios de alon-gamento. E como observado nos resultados, o efeito do TF se mostrou negativo em relação ao teste de força, pois, houve um decréscimo no número de repetições máximas.

Nossos resultados se assemelham ao estudo de Tricoli e Paulo [1], em que foi observada uma diminuição no resultado do teste de uma repetição máxima (1RM) para o exercício de extensão e fl exão de joelho após realização de exercícios de alongamento estático. O tempo total de alongamento foi de aproximadamente 20 minutos com a execução de seis movi-mentos para membros inferiores. Os resultados mostraram um decréscimo médio de 13,8% na determinação da carga obtida no grupo com alongamento em relação ao grupo sem alongamento. Seguindo esta linha, Fowles et al. [10] identifi caram redução na capacidade de desenvolver força voluntária máxima dos fl exores plantares, após 33 minutos de alongamentos, e ainda concluiu que este efeito perdura por aproximadamente 1 hora.

Behm et al. [11] verifi caram que regimes prolongados de alongamentos passivos estáticos podem inibir a contração voluntária máxima na ativação do músculo extensor do joelho. O tempo total de alongamento neste estudo era de aproxima-damente 20 minutos de duração. No estudo de Kokkonen et al. [12] que utilizaram também TF com duração total de 20 minutos. Foi verifi cada nos resultados a diminuição da capa-cidade máxima de força no teste de 1RM em até 7,3% para os músculos fl exores do joelho. Este declínio foi mais acentuado quando se verifi cou a resposta do músculo extensor do joelho (-8,1%). Em relação à velocidade de execução e tempo de TF, Nelson et al. [13] utilizaram exercícios de extensão dos joelhos em cinco velocidades diferentes no aparelho isocinético e o tempo total do TF foi aproximadamente 15 minutos prévio ao teste. Concluíram que existe uma redução de 7,2% na

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capacidade de desenvolver força em velocidades reduzidas. Em relação aos estudos supracitados, todos se diferenciaram do nosso estudo em relação ao tempo total de TF, que foi de aproximadamente 5 minutos, demonstrando, assim, que mesmo com pequenos volumes de TF podem interferir nega-tivamente na capacidade de se desenvolver força máxima.

Entretanto, contrapondo os estudos supracitados, Simão et al. [14] verifi caram que pequenos regimes de alongamentos visando o aquecimento podem não acarretar diminuições signifi cativas na capacidade de produzir força máxima. Os exercícios utilizados no experimento foram de extensão e fl exão dos joelhos na máquina e protocolo do TF foi cerca de 10 segundos para cada movimento em seis exercícios diferentes (adaptados do fl exiteste). Contudo, este estudo ressalta que o alongamento comparado com o aquecimento específi co não apresenta signifi cativa capacidade de redução no deslocamento de carga.

Outro estudo que não verifi cou o comprometimento de forma signifi cativa na capacidade máxima gerar força através do método Facilitação Neuro-Proprioceptiva (FNP) para o teste de 1RM foi o de Simão et al. [15] que comparou dois tipos de protocolos para aquecimento, o específi co e o FNP. Nesse estudo concluiu-se que não existem diferenças estatis-ticamente signifi cativas no desempenho do teste de 1RM no exercício supino reto, com diferentes tipos de aquecimento aplicados. A partir disto, analisou-se que tanto no aquecimen-to específi co como no alongamento através do método FNP, a carga máxima manteve-se a mesma em ambos os testes. Se não ocorre redução de desempenho no teste de 1RM, sugere-se que o teste seja realizado conforme o objetivo, métodos e adaptação do sujeito. Os nossos achados contrapõem o estudo supracitado, talvez devido a utilizarmos o teste de 10RM e também pelo volume total do aquecimento através do alongamento ser maior.

Achour [4] comenta que não se poderia demonstrar o potencial de força se o músculo não conseguir uma am-plitude de movimento adequado, mas cita, também, que o alongamento estático antes dos exercícios de velocidade poderia interferir de maneira negativa, pois, as mensagens motoras poderiam ser transmitidas lentamente, por causa de deformações dos componentes plásticos musculares. Muito tempo de alongamento possibilita o relaxamento das fi bras musculares e ocasiona redução no tônus muscular e ativação do sistema parassimpático [16].

Outros estudos também especulam os mecanismos fi -siológicos que possivelmente causam este efeito, um destes apresenta que o decréscimo na ativação das unidades motoras pode ser o responsável pela queda na capacidade da força máxima após exercícios de alongamento [10]. Outros estu-dos mostraram que o método estático de TF com tempo de duração entre 15 a 30 segundos por grupamento muscular está relacionado com a redução da ação do recrutamento das unidades motoras [17-19]. Essa perspectiva também é indi-cada por Behm et al. [11] que verifi cou a redução na ativação

do músculo em até 2,8% com verifi cação por eletromiografi a. Entretanto, parece não existir um consenso na literatura sobre o tempo ideal de alongamento para que não ocorra a redução da força muscular [20].

No estudo de Wilson et al. [21] é relatado que um sistema músculo-tendão mais maleável passaria por um rápido período de diminuição de comprimento, com ausência de sobrecarga, até que os componentes elásticos do sistema fossem ajustados o sufi ciente para a transmissão da força, colocando o compo-nente contrátil numa posição menos favorável em termos de produção de força nas curvas de força-comprimento e força-velocidade. Entretanto, Kokkonen et al. [12] observaram que o Órgão Tendinoso de Golgi gera uma inibição autogênica ou refl exa nos músculos alongados e seus sinergistas. Assim, é acionado, o receptor de dor nos músculos e tendão articular. Um outro fator que gera a diminuição do tempo de contração é a inibição do potencial de ação.

A análise do estudo feito, através da resposta aguda, corre-lacionou diminuição no número de repetições, que mostrou ser signifi cativa. Se observarmos, através do efeito crônico, o problema poderia ser mais relevante, ou seja, concordando que um programa de treinamento pode estar dividido em até quatro exercícios, com três a quatro séries. Para um de-terminado grupo muscular, poder-se-ia prever um défi cit de repetições, e, se analisarmos que esse grupo muscular será trabalhado, pelo menos, duas vezes por semana, somando-se oito vezes por mês, observaremos, assim, um défi cit maior ainda de repetições, o que poderia fazer uma grande dife-rença e signifi cância no objetivo a ser alcançado no fi nal do programa de treinamento.

É claro que somente estamos hipotetizando os resultados, o que não seria totalmente correto, pois, o nosso estudo foi feito com apenas um grupo muscular, e que, talvez, essa diferença encontrada no estudo, não viria a prejudicar todo o programa de treinamento. Abriria-se, assim, a necessidade de um estudo com os demais grupos musculares na intenção de novas respostas para a busca de uma melhor prescrição de um programa de treinamento e otimização dos resultados a serem alcançados.

Conclusão

De acordo com os resultados obtidos no estudo, podemos concluir que exercícios de alongamento estáticos, executados antes do teste de 10RM, na máquina de supino reto, provo-cam queda no número de repetições máximas. Por ocasionar essa diminuição, sugere-se que os exercícios de alongamento estático sejam dispensados, quando posteriormente a atividade envolvida venha requerer grande produção de força, como por exemplo, em um teste de força máximo. Deve-se, também, observar qual o objetivo que se está buscando ao realizar o alongamento. Contudo, é observada a perda de força ou aumento da possibilidade de lesões durante o levantamento de peso máximo, quando precedido de exercícios de alonga-

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mento para desenvolver a fl exibilidade [16]. Sugere-se que mais estudos devem ser encaminhados para satisfazer as varias possibilidades metodológicas tanto para o treinamento de for-ça como para o treino da fl exibilidade e, ainda, em diferentes áreas musculares, tentando, assim, responder as lacunas que ainda permanecem na literatura científi ca.

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Artigo original

Análise da creatina quinase versus escalas de percepção subjetiva de dor para monitoramento do tempo de recuperação em idosos fisicamente ativosCreatine kinase analysis versus rating of perceived exertion scale to

determine time of recuperation in physically active elderly

Cláudio Lauria Christovam*, Márcia Baptista Veiga*, Francisco Navarro**

*Curso de pós-graduação de musculação e condicionamento físico, Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, **Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU

ResumoO objetivo deste estudo foi analisar os níveis de creatina qui-

nase versus escala de percepção de dor, para determinar o tempo de recuperação de um programa proposto para idosos. A amostra foi composta por 7 mulheres, faixa etária de 58,57 ± 11,72 (anos). Os exercícios foram constituídos por 4 séries de 12-6 reps. 60 a 90% (1RM) para os exercícios: press reto, press ombro, leg press 45º, cadeira extensora. As amostras sangüíneas foram coletadas, antes, após 24, 48, 72, e 96 h. Os resultados demonstram que o pico de dor relatado na escala não é coerente como o pico de dor apresentado pela creatina quinase. Comparando o período de 24 versus 48 horas, houve uma resposta similar entre a concentração de creatine quinase (724,4 ± 281,8 / 703,0 ± 113,6, queda de 3%) e a percepção da dor (4,57 / 4,14, queda de 9%). Entretanto, no pós-exercício versus 24 horas, observamos um aumento da concen-tração de creatine quinase (218,3 ± 39,0 / 724,4 ± 281,8, alta de 232%) e uma diminuição da percepção da dor (6,14 / 4,57 queda de 26%). Nas 48 versus 72 horas, o grupo continuou exibindo queda da creatine quinase (703,0 ± 113,6 / 550,9 ± 229,8 queda de 22%) e da percepção da dor (4,14 / 1,5 queda de 64%). Con-tudo, no pós-exercício versus 48 horas a recuperação é semelhante entre os 2 parâmetros. Sendo assim, após 72 horas, observa-se um aumento, porém não signifi cativo, da creatine quinase em relação à percepção da dor. A recuperação foi total em 96 horas, tanto na análise da creatina quinase como na escala de dor. Assim, podemos assumir que a escala de dor pode ser efetiva para monitorar o tempo de recuperação em idosos ativos. Palavras-chave: envelhecimento, creatina quinase, exercícios com pesos.

AbstractTh e aim of this study was to analyze the rates of creatine kinase

versus perceived exertion scale to determine the time of recuperation of a program proposed to elderly people. Sample was composed by 7 women, age group 58.57 ± 11.72 (years). Th e exercises were divided in 4 sets of 12-6 reps. 60 to 90% 1RM for the exercises: bench press, shoulder press, leg press 45°, and knee extension. Blood samples were collected, before, after, 24, 48, 72, and 96 hours. Th e results showed that the peak pain reported in the scales is not coherent as the peak of pain showed by the creatine kinase. When the period of 24 versus 48 hours were compared, it was noticed a similar response between the concentration of creatine kinase (724.4 ± 281.8 to 703.0 ± 113.6, a decrease of 3%) and pain perception (4,57 to 4,14, a decrease of 9%). However, in the post-exercise period versus 24 hours period, was observed an increasing of creatine kinase (218.3 ± 39.0 / 724.4 ± 281.8, an increase of 232%) and a decreasing of pain perception (6.14 / 4.57 a decrease of 26%). In the 48 versus 72 hours, the group still showed a decrease of dreatine kinase (703.0 ± 113.6/ 550,9 ± 229,8, decrease of 22%) and pain perception (4.14 / 1.5, a decrease of 64%). However, in the post-exercise period versus 48 hours, the graphics exhibited a similar recuperation with the period previously mentioned. 72 hours after we can see an in-crease, but not so signifi cant, of creatine kinase compared to pain perception. Th e recuperation was complete in 96 hours, both in the creatine kinase analysis and pain scale. According to it, we can assume that the pain scale can be eff ective to follow up the recovery time in elderly people.Key-words: elderly, creatine kinase, weight exercises.

Recebido 18 de outubro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: Cláudio Lauria Christovam, Rua Rui de Moraes Apocalipse, 326/124 Bl 11, 02842-260 São Paulo SP, Tel: (11) 3921-7956, E-mail: [email protected]

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 200714

Introdução

É consenso na literatura que a prática da atividade física em idosos parece contribuir para prevenir ou minimizar as alterações provocadas pelo envelhecimento possibilitando ao idoso manter uma melhor qualidade de vida. Segundo dados do Censo 2000 [1], o crescimento absoluto e relativo da po-pulação idosa é um fenômeno mundial. Dados do instituto indicam que, em 1950, o número de idosos no mundo era de 204 milhões, quase cinco décadas depois, em 1998, este número alcançava 579 milhões de pessoas. Estima-se que em 2050 este número possa chegar a 1.900 milhões de pessoas. Seguindo as projeções, o número de idosos com 100 anos ou mais aumentará 15 vezes, de aproximadamente 145 000 pes-soas em 1999 para 2,2 milhões em 2050. No Brasil, a popu-lação idosa de 60 anos ou mais era de 14.536.029 de pessoas, contra 10.722.705 em 1991 [1]. Neste período, o número de idosos aumentou para quase 4 milhões de pessoas.

Gráfi co 1 - População residente de 60 anos ou mais de idade, por grupos de idade - Brasil - 1991/2000.

Entretanto, com relação ao sexo, este aumento é bastante diferenciado entre homens e mulheres idosas, sendo bem maior o número de mulheres. De acordo com o censo, as mulheres idosas, em 1991, correspondiam a 54% da popula-ção, passando para 55,1% em 2000. Tal diferença é explicada pelos diferenciais de expectativa de vida entre os sexos, haja vista que, em média, as mulheres vivem oito anos mais que os homens.

Contudo, este aumento na expectativa de vida pode ter pouca signifi cância, a menos que esteja associado a uma ex-pectativa de vida ativa e funcional [2,3]. Porém, observa-se também que o processo de envelhecimento é acompanhado de uma série de alterações fi siológicas e funcionais como: • Alterações antropométricas - diminuição da estatura [4,5],

com o transcorrer dos anos, alterações na composição cor-poral [6]. Segundo Okuma [7], estas alterações provocam um incremento do peso corporal, que está associado a um aumento de doenças crônico-degenerativas como: hiper-tensão, obesidade, doenças coronarianas, dislipidemias, diabetes mellitus tipo 2.

• Alterações cardiovasculares - redução na relação entre capilares e fi bras musculares, diminuição na elasticidade e distensibilidade das artérias e principais vasos sangüíneos, conseqüentemente há um aumento da pressão sangüínea durante o esforço e no repouso, diminuição da potência aeróbica (VO2max) que, em média, declina 1% ao ano (10% por década) [5,8-10].

• Alterações articulares - diminuição do tecido colágeno, componente primário que forma os ligamentos e tendões, tornando-o rígido e reduzindo a capacidade de elasticidade [7,11-13].

• Alterações ósseas - diminuição da densidade mineral óssea em ambos os sexos, menor pico de massa óssea em mu-lheres, ocasionando assim o surgimento da osteoporose [14-16].

• Alterações musculares - com perda progressiva de unidades motoras tipo II, redução na velocidade de condução nervo-sa [17] e diminuição da massa corporal magra (sarcopenia) [6], devido à redução no número e tamanho das fi bras musculares [18-20], diminuição da produção de força e velocidade contrátil [21,22], e capacidade de geração de po-tência com a idade [23] e, o mais importante, diminuição na quantidade de exercícios físicos [3, 12,13,16, 24-29].

Porém, tenta-se cada vez mais procurar soluções para tentar minimizar e até evitar estas alterações ocasionadas pelo processo de envelhecimento. Desta forma, alguns autores [2,3,6,12, 13,19] ressaltam que a atividade física regular mantém os níveis de aptidão física desta população, diminuindo a taxa de morta-lidade e morbidade. De acordo com Nóbrega [9], a capacidade de adaptação ao exercício no idoso, ou seja, a treinabilidade não difere da capacidade de um indivíduo jovem-adulto. Contudo, verifi ca-se, nos últimos anos, um crescente aumento de evidên-cias científi cas mostrando que a atividade física sistematizada,

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Fontes: Censo demográfico 1991: resultado do universo: micro dados.

Rio de Janeiro: IBGE, 2002.21

CD-ROM; IBGE, Censo Demográfico 2000.

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mais precisamente exercícios contra-resistidos, pode produzir inúmeros benefícios mesmo em idosos.

O profi ssional da área de Educação Física deve ter conhe-cimento das características da população que irá trabalhar, para prescrever de forma adequada o programa de exercício físico para esta população, respeitando um dos princípios do treinamento, que é a individualidade biológica dos seus alunos. Para Weineck e Monteiro [30,31], a prescrição e o controle do programa de exercício baseiam-se na relação entre a intensidade do esforço aplicado, duração e período de recuperação.

Dentre os indicadores fi siológicos mais utilizados por profi ssionais de Educação Física, para o monitoramento e controle da intensidade do esforço, estão a freqüência cardíaca e a percepção subjetiva de esforço, sendo o último o mais aplicado em exercícios contra-resistidos [35-39], respeitando, assim, o período de recuperação adequado para que ocorra a adaptação biopositiva (super-compensação) e aumento da capacidade física geral.

Alguns estudos recentes [32,33] têm utilizado marcadores bioquímicos para detectar danos na estrutura muscular como, por exemplo, aumento no número circulante de leucócitos e citosinas, níveis elevados de fator-α de necrose tumoral (TNF-α), interleucina–6 (IL-6), IL-6 mRNA, contagem plasmática de granulócitos, aumento na concentração san-güínea de creatina quinase (CK), proteína C reativa (PCR), ou aumento na concentração de prostaglandina (PGE2). Dentre as citadas, a creatina kinase (CK) é considerada um dos melhores indicadores de lesão da célula muscular, uma vez que esta substância é encontrada no tecido muscular esquelético e cardíaco [10].

Devemos considerando as necessidades e difi culdades de-correntes destes métodos, que nem sempre podemos realizar, para monitoramento e controle do programa de exercício, devido ao seu alto custo, difi culdade na coleta de dados, sendo inacessível para a grande maioria destes profi ssionais. Observa-se, nos últimos anos, o surgimento de alguns tra-balhos na literatura [34-39], sugerindo o uso da Escala de Percepção Subjetiva de Dor e Esforço para monitoramento da intensidade do esforço na musculação, criada por Borg & Dahlstron no fi nal da década de 50. Considerando a Percepção Subjetiva de Dor e Esforço um indicador para a obtenção do grau de esforço físico, ela se torna um método confi ável, efi ciente e importante para predizer o grau de esforço que o indivíduo está realizando em determinada atividade física, sendo um indicador útil, na prescrição e monitoramento da atividade física com baixo custo, fácil aplicabilidade, pouco conhecimento específi co e facilidade na rapidez da coleta de dados. No entanto, o presente estudo assumirá a hipótese de analisar o comportamento de um método bioquímico direto [creatina quinase (CK)], versus um método indireto [escala de percepção subjetiva de dor e esforço] como forma de predizer o tempo de recuperação adequado em idosos fi sicamente ativos.

Objetivo

Este estudo tem como objetivo verifi car a validade de um método bioquímico direto utilizado para detectar danos na estrutura muscular (CK), versus um método indireto (Escala de Percepção Subjetiva de Dor e Esforço), para a determina-ção do tempo de recuperação do programa de treinamento proposto para idosos fi sicamente ativos.

Justificativa

Este trabalho foi motivado pela observação de que a prática da atividade física no idoso parece contribuir para a prevenção e aumento da expectativa de vida, e que grande porcentagem de pessoas idosas possui alguma difi culdade em realizar atividades do cotidiano, decorrente das altera-ções fi siológicas ocorridas com o passar dos anos, levando à incapacidade em realizar as atividades mais específi cas da vida diária. Nesta população, o treinamento contra-resistido, mais especifi camente o treinamento de força, tem um papel fundamental para a melhora da capacidade física geral, sendo uma das principais variáveis da aptidão física relacionada com a saúde, segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM). Espera-se com o presente estudo contribuir com a área de Educação Física, por considerar de fundamental importância que o professor tenha parâme-tros válidos, confi áveis, efi cientes e de fácil aplicabilidade na prescrição e controle da intensidade do esforço, para o monitoramento e predição do grau de esforço físico que este idoso está realizando em determinada atividade física, respeitando, assim, o período adequado de recuperação e evitando a adaptação bionegativa. Este período destinado à recuperação é muito prolongado, não havendo melhora da aptidão física ou o período de recuperação é insufi ciente, ocorrendo o supertreinamento. É tema, portanto, de im-portante aplicação para futuros profi ssionais interessados em realizar trabalhos voltados para esta população.

Material e método

Os critérios utilizados para selecionar a amostra foram: ser saudável, ou seja, não apresentar nenhum tipo de limitação neuromotora ou doença crônico-degenerativa como, por exemplo, doença cardíaca, diabetes mellitus insulino-depen-dente, hipertensão arterial, osteoporose entre outras condi-ções crônicas. Todas as voluntárias assinaram um termo de Consentimento Livre e Esclarecido para utilização dos dados levantados durante o estudo. As normas a serem seguidas pela pesquisa foram aprovadas pelo Comitê de Ética institucional. Todas foram informadas dos objetivos deste estudo assim como os benefícios e possíveis riscos da pesquisa à saúde e que poderiam desistir a qualquer momento do experimento.

A amostra foi constituída por 07 mulheres idosas saudá-veis e fi sicamente ativas, com faixa etária de 47 a 73 anos,

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matriculadas no Instituto Márcia Veiga, residentes no bairro de Santana, estado de São Paulo.

Os equipamentos utilizados para a obtenção de dados foram: balança marca Welmy, modelo 110 nº 62085, ano de fabricação 2003, peso mínimo 2 kg, peso máximo 150 kg (com precisão de 100 gr). Fita métrica modelo Sanny, campo de uso 2 m, resolução em milímetros, tolerância ± 0,10 mm em 1 m. Estadiômetro modelo Sanny, campo de uso de 0,80 até 2,20 m, resolução em milímetros, tolerância: ± 2 mm em 2,20 m afi xado à parede. Adipômetro científi co marca Cescorf precisão de 0,1 mm, dimensões 286 mm x 165 mm, peso 290 gr, para a determinação da espessura do tecido subcutâneo das seguintes dobras: peitoral, bíceps, tríceps, axilar média, supra- ilíaca, abdômen, subescapular, coxa, panturrilha.

As características do grupo eram: idade 58,57 ± 11,72 anos; altura 154,91 ± 3,68 cm; peso 59,64 ± 5,85 kg; índice de massa corporal 25,03 ± 3,10 (IMC kg/m2); (%) de gordura 31,05% ± 0,032.

As medidas de 1RM foram conduzidas usando o equipa-mento de máquinas de alavancas convergentes da Gervasports fi tness equipment. Máquina de alavanca press reto 1RM 32 ± 3,83 kg; máquina de alavanca press ombro 1RM 24 ± 3,44 kg; cadeira extensora disco convergentes 1RM 40 ± 6,45 kg; leg press 45º disco convergentes 1RM 121 ± 28,93 kg. Sendo as mesmas máquinas usadas para a intervenção do treinamento.

A amostra foi composta de indivíduos ativos, sendo adotado como critério de treinamento os indivíduos que estivessem praticando treinamento resistido por pelo menos duas (2) vezes por semana por um período de seis (6) meses sem interrupção.

O grupo foi instruído a não participar de nenhum outro tipo de exercício físico intenso prévio à coleta por 24 horas, e nas próximas 96 horas após o teste. Segundo Picarelli et al. [40], cada integrante recebeu uma lista com as seguintes recomendações: não ingerir cafeína, nicotina, álcool, anfo-tericina B, ampicilina, anticoagulantes, aspirina, colchicina, captopril, ácido aminocapróico, clofi brato, codeína, dexa-metasona, digoxina, furosemida, glutetimida, guanetidina, halotano, heroína, imipramina, carbonato de lítio, lovastatina, lidocaína, meperidina, morfi na, propranolol, fenobarbital e succinilcolina por no mínimo 24 horas antes do teste, e inje-ções intramusculares até uma hora antes da coleta podendo elevar os níveis de CPK.

Não alterarem seus hábitos cotidianos, durante a realiza-ção do estudo. Todos os integrantes do grupo realizaram o protocolo de treinamento no mesmo período do dia, ou seja, das 8:00 às 9:00 horas da manhã e as amostras sangüíneas foram coletadas em cinco (5) dias, ou seja, uma antes e uma após o esforço, e 24 horas, 48 horas 72 horas e 96 horas depois, o horário da coleta foi defi nido entre 9:00 e 10:00 horas da manhã.

Protocolo de treinamento

O protocolo de exercícios foi constituído de um progra-ma agudo de exercícios com pesos livres, com duração de 60 minutos, no qual o grupo realizou exercícios de contrações isotônicas (excêntricas/concêntricas) constituídos da técnica de regressão de repetições, ou seja, quatro (4) séries de 12, 10, 8 e 6 repetições com uma sobrecarga equivalente a 60, 70, 80 e 90% 1RM para os exercícios: press reto, press ombro, leg press 45º, cadeira extensora com repouso passivo de 120 segundos interséries.

Antes da sessão o grupo realizou, como forma de aqueci-mento, exercícios de alongamento para os grupos musculares específi cos e, imediatamente após, 1 série de 10 repetições com intensidade de 40% 1RM. Foi recomendado ao grupo que realizasse a inspiração antes de realizar o movimento; a expiração durante a fase positiva do movimento e novamente a inspiração ao retornar o peso à posição inicial, evitando com isto a manobra de Valsalva.

O teste de 1RM foi empregado como medida não invasiva de força muscular, sendo constituído de exercícios de alonga-mento específi cos para os grupos musculares envolvidos. Após alongamento, foi realizada uma série de 10 repetições a 40% de 1RM para os respectivos grupos musculares como forma de aquecimento. Em seguida ao teste iniciado, foi aumentada gradativamente a sobrecarga, nunca superior a 10%, até que os indivíduos conseguissem alcançar uma repetição com o máximo de peso possível. Também foi respeitado um período mínimo de recuperação de 3 a 5 minutos entre as tentativas, mas o número de tentativas para alcançar 1RM não poderia ultrapassar 3 a 5 tentativas.

Resultados

O Gráfi co 1-A lista, separadamente, os resultados do desvio padrão, obtidos através da concentração plasmática de creatina quinase e os Gráfi cos 1-B e 1-E listam os dados das escalas de percepção subjetiva de dor e esforço, do grupo experimental, através do percentual de diminuição entre os períodos. As correlações (r) neste período variaram entre 0,56 a 0,96.

Em especial, ao analisarmos o gráfi co da concentração plasmática de creatina quinase com os gráfi cos das escalas de percepção subjetiva de dor e esforço percebemos que o maior pico de dor relatado pelo grupo experimental no Gráfi co 1-A foi 24 horas após o exercício. Diferente do pico de dor, relatado pelo grupo apresentado nos Gráfi cos 1-B e 1-E que foi logo após o exercício. Contudo, isto é explicado pelas alterações decorrentes do processo de envelhecimento [8,25,41]; fadiga muscular localizada [42] e o mecanismo de retro-alimentação positiva feedback-feedforward [43].

No entanto, ao analisarmos somente o período de 24 ver-sus 48 horas notamos que os Gráfi cos 1-A e 1-B apresentaram resultados signifi cativamente similares de recuperação: Gráfi co

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1-A (724,4 ± 281,8 / 703,0 ± 113,6, queda de 3%), Gráfi co 1-B (média da PSD 4,57 / 4,14, queda de 9%). Notamos que o Gráfi co 1-E foi o único a relatar um percentual diferente de recuperação (média da PSE 5,14 / 5,86, alta de 14%) em relação aos demais gráfi cos no mesmo período de tempo.

Por outro lado, analisando o período de 48 versus 72 horas, o grupo experimental apresentou uma recuperação mais acentuada. Sendo esta, exposta pelo Gráfi co 1-A (703,0 ± 113,6 / 550,9 ± 229,8, queda de 22%); Gráfi co 1-B (média da PSD 4,14 / 1,5, queda de 64%); e Gráfi co 1-E, (média da PSE 5,86 / 2,00, queda de 66%). Já ao analisarmos o período de 72 horas, observamos um ligeiro aumento, porém não signifi cativo da concentração plasmática de creatina quinase de (550,9 ± 229,8 / 580,2 ± 275,1, alta de 5%). Para Toft [44] este aumento pode estar relacionado com mecanismos de reparo prejudicados para o dano muscular induzido pelo exercício, já que o processo de envelhecimento apresenta também níveis aumentados de marcadores bioquímicos de lesão muscular em repouso.

Gráfi co 1-A - Concentração plasmática de creatina quinase (CK) apresentada pelo grupo vs. diminuição entre períodos. Barra azul atividade plasmática da creatina quinase. Barra vermelha percentual de diminuição entre os períodos.

Gráfi co 1-E - Média da PSE apresentada pelo grupo vs. diminuição entre período. Conforme a escala de percepção de esforço (OMNI - Resistance Exercise Scale) Robertson et al. [36]. Barra amarela atividade da escala de percepção de esforço. Barra azul percentual de diminuição entre os períodos.

Gráfi co 1-B - Média da PSD relatada pelo grupo vs. diminuição entre período. Conforme a escala de percepção de dor (category-ratio-CR10) de Borg [34]. Barra vermelha atividade da escala de percepção de dor. Barra azul percentual de diminuição entre os períodos.

Desta forma, ao observarmos as correlações (r) neste pe-ríodo, elas variaram entre 0,75 a 0,96. Como já era esperado que neste período o valor de (r) tivesse uma correlação maior, comparado com o período anterior.

Contudo, ao examinarmos o percentual de diminuição tempo dependente no gráfi co 2-A versus os gráfi cos 2-B e 2-E, verifi camos que o gráfi co 2-A relata um aumento no pós-exercício versus 24 horas de (218,3 ± 39,0/724,4 ± 281,8, alta de 232%), sendo divergente dos dados apre-sentados nos demais gráfi cos que mostram uma tendência à recuperação do grupo experimental. Gráfi co 2-B (média da PSD 6,14/4,57, queda de 26%), gráfi co 2-E, (média da PSE 7,00/5,14, queda de 27%). Nota-se um dado relevante entre os gráfi cos 2-B e 2-E que apresentam um percentual de queda similar.

No entanto, ao examinarmos os valores do pós-exer-cício versus 48 horas, os gráficos apresentaram diferen-tes percentuais de queda, onde o grupo experimental apresentou no gráfico 2-A (218,3 ± 39,0/703,0 ± 113,6, queda de 222%), gráfico 2-B (média da PSD 6,14/4,14, queda de 33%), gráfico 2-E (média da PSE 7,00/5,86, queda de 16%).

Entretanto, após as 48 horas, alguns gráfi cos relatam um comportamento semelhante de recuperação, onde o gráfi co 2-A apresenta (218,3 ± 39,0/550,9 ± 229,8, queda de 152%), gráfi co 2-B (média da PSD 6,14/1,5, queda de 76%), gráfi co 2-E, (média da PSE 7,00/2,00, queda de 71%). Mostrando com isto uma total recuperação do grupo experimental através das escalas testadas, de 100% após 96 horas. Das análises feitas direta e indiretamente, observamos que houve uma tendência à recuperação do grupo em todas as escalas testadas.

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Gráfi co 2-A - Concentração plasmática de creatina quinase (CK) apresentada pelo grupo vs. diminuição tempo dependente. Barra azul atividade plasmática da creatina quinase. Barra vermelha percentual de diminuição tempo dependente.

Gráfi co 2-B - Média da PSD relatada pelo grupo vs. diminuição tempo dependente, conforme a escala de percepção de dor (category-ratio-CR10) de Borg [34]. Barra vermelha atividade da escala de percepção de dor. Barra azul percentual de diminuição tempo dependente.

Gráfi co 2-E - Média da PSE apresentada pelo grupo vs. diminuição tempo dependente, conforme a escala de percepção de esforço (OMNI - Resistance Exercise Scale) Robertson et al. [36]. Barra amarela atividade da escala de percepção de esforço. Barra azul percentual de diminuição tempo dependente.

Discussão

Os resultados deste estudo demonstram que o maior pico de dor relatado pelo grupo experimental, através da análise da escala de percepção de dor, não é coerente como o pico de dor relatado pela escala da creatina quinase (CK). Entretanto, é importante notar que houve uma recuperação do grupo experimental tanto na escala de dor e esforço testada como na análise da creatina quinase (CK).

Baseado nas informações citadas acima, observa-se que o processo de envelhecimento é acompanhado por uma série de declínios ao longo dos anos, e que estes declínios ocorrem em todos os indivíduos, porém nem todas as variáveis declinam em um mesmo ritmo.

Conforme relatado por Heath, Nóbrega e McArdle [8,9,41], à medida que envelhecemos há um menor fl uxo sangüíneo aos músculos ativos e uma redução na relação entre capilares e fi bras musculares, o qual limita o trans-porte de oxigênio e nutrientes aos músculos em atividade, causando um aumento da resistência vascular periférica. Sherphar [25] acrescenta que a diminuição no transporte de oxigênio pode não preencher a demanda muscular durante um trabalho muscular: “Se a oferta de oxigênio é insufi ciente para preencher a demanda metabólica, o tra-balho deverá ser realizado anaerobicamente e o indivíduo entrará em fadiga”.

Podemos verifi car em estudo realizado por Frontera et al. [20] uma diferença entre as fi bras, onde as fi bras do tipo II sofrem alterações na área de secção transversa e as fi bras do tipo I sofrem uma redução na capilarização, comprometendo, assim, a resistência do músculo. Sabe-se que as fi bras do tipo I têm uma elevada relação capilar/fi bra muscular quando comparadas com as fi bras do tipo II.

Com isto, podemos supor que mesmo o grupo experi-mental sendo recreacionalmente treinado, associado às alte-rações decorrente do processo de envelhecimento, possa ter confundido o pico de dor relatado, logo após o treinamento, com a fadiga muscular localizada ou dor muscular aguda do treinamento, que pode ter sido causada por: depleção das reservas de ATP-CP, depleção das reservas de glicogênio muscular pelo acúmulo de ácido lático, infl uência dos íons de cálcio ou hipóxia tecidual (falta de oxigenação da musculatura) e não a dor muscular crônica do treinamento, ou seja, a dor muscular tardia.

A hipótese da fadiga muscular localizada é confi rmada por Pincivero et al. [42] que ressalta que a infl uência da fadiga muscular pode fornecer um escore maior do esforço percebido em dado nível de força com contrações musculares mais prolongadas. Natal et al. [45] confi rmam este dado, pois, segundo os autores, a fadiga pode alterar o bom funciona-mento muscular.

Uma outra hipótese a ser considerada seria o mecanismo de retro-alimentação positiva feedback-feedforward proposto por Cafarelli [43]. Segundo o autor, uma cópia do comando

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gerado no córtex motor é transmitido simultaneamente do córtex somatosensório fornecendo uma origem central do esforço percebido. Entretanto, a infl uência da fadiga muscular pode ter fornecido uma falha no nervo motor na junção neuromuscular, onde este pode apresentar um escore signifi cativamente maior de esforço percebido.

Com relação a este dado, sabemos também que o processo de envelhecimento é acompanhado por alterações no processo neurogênico. Segundo Lexel et al. [17], após os 60 anos, os músculos passam por um processo contínuo de desnervação e reinervação devido a uma redução no funcionamento das unidades motoras e perda de neurônios motores alfa da me-dula espinhal.

No entanto, a literatura apresenta poucos estudos com relação aos mecanismos de reparo muscular e envelhecimento. Dos estudos analisados na literatura consultada, nota-se que não foram encontradas diferenças signifi cativas em resposta ao aumento no número de leucócitos e citosinas circulantes em idosos e jovens, isto é, constatado através de um estudo realizado por Toft [44], em 10 indivíduos jovens e 10 indiví-duos idosos, fi sicamente ativos, com idade média de 24 e 69 anos respectivamente, que foram submetidos a um protocolo de treinamento excêntrico de 60 min em ciclo ergômetro. Foram obtidas amostras sangüíneas de IL-6, TNF-α, sTNF-R1, IL-1ra, TGF-b1 e creatina quinase (CK), imediatamente após o exercício e a cada hora seguindo 4 horas e 1, 2 e 5 dias após o exercício. Das amostras realizadas pelo estudo, somente analisamos a creatina quinase (CK). O estudo mostrou um aumento da creatina quinase (CK) para ambos os grupos, chegando a um pico 5 dias após o exercício, entretanto o aumento mais pronunciado foi nos jovens.

Por outro lado, Stupka et al. [32] estudaram os efeitos do exercício excêntrico em 8 homens e 8 mulheres utilizando exercícios de leg press e extensão de joelho unilateral. As amostras sangüíneas foram coletadas pré-exercício 24, 48 horas e 6 dias após o treinamento e uma biópsia muscular no músculo vasto lateral da perna exercício versus controle após 48 horas para avaliar o dano muscular. Os marcadores bio-químicos utilizados neste estudo foram contagem plasmática de granulócitos pré e 48 horas após o exercício e atividade da creatina quinase (CK). Os autores constataram que a conta-gem plasmática de granulócitos aumentou para os homens, e não mudou para as mulheres em 48 após o exercício. A atividade da creatina quinase (CK) aumentou para ambos os grupos em 48 horas e 6 dias, porém as mulheres apresentaram valores mais baixos comparados com os homens. Não houve diferenças signifi cativas na área de desordem nos danos mio-fi brilares focal e extensivo entre os grupos através da biópsia muscular. Com base nestes dados, os autores destacaram que esta resposta apresentada pelas mulheres poderia estar relacionada com as propriedades antioxidantes do hormônio 17b-estradiol.

Baseado nas informações citadas acima, nota-se que o pico de creatina quinase (CK) apresentado nos estudos de Toft [44]

foi 5 dias após o exercício, e no trabalho de Stupka et al. [32] foi 6 dias após o exercício. Divergente do pico alcançado no presente estudo que ocorreu 24 horas após o exercício. Além disso, Toft [44] cita, em seu estudo, que a idade pode estar associada com mecanismos de reparo prejudicados para o dano muscular induzido pelo exercício; que o processo de envelhecimento apresenta níveis aumentados de marcadores bioquímicos de lesão muscular aumentados em repouso como, por exemplo, IL-6, TNF e sTNF-R1, concentração de neutrófi los mais alta e que as células mononucleares nos idosos têm uma capacidade prejudicada em produzir citosinas pró-infl amatórias.

Em contrapartida, observa-se que o exercício intenso comparado ao exercício moderado induz a um aumento nos níveis de citocina e interleucina, e não apenas estes marca-dores bioquímicos. Segundo Pedersen [46], as concentrações de TNF-α, Il-6, IL-1 e IL-1ra aumentam em resposta ao exercício vigoroso. Desta forma, o autor menciona que o treinamento regular promove uma resistência às infecções do aparelho respiratório superior. De acordo com a teoria imune é esperado que o exercício moderado aumente a resistência às infecções, ao passo que o exercício vigoroso está ligado ao aumento de infecções de vias aéreas superiores, enfraqueci-mento do sistema imune e infl amação aumentada.

Conclusão

Concluímos que houve uma tendência à recuperação do grupo tanto na análise da creatina quinase (CK) como nas respectivas escalas testadas. Assim, podemos assumir que as escalas testadas podem ser usadas como uma ferramenta válida para prescrever o tempo de recuperação em idosos fi sicamente ativos.

Consideramos de vital importância, a participação de ido-sos em programas regulares de atividade física, principalmente em exercícios com peso, reduzindo, assim, a progressão de doenças crônico-degenerativas evitando o sedentarismo.

Entretanto, de acordo com a teoria imune, é esperado que os exercícios realizados, de forma moderada, aumentem não só a resistência às infecções do aparelho respiratório superior, mas tentem minimizar e até evitar estas alterações ocasionadas pelo processo de envelhecimento.

Referências

1. IBGE. Perfi l dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil. Resultados do universo do Censo Demográfi co 2000. Rio de Janeiro: IBGE; 2000.

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Artigo original

Relação entre obesidade e hábitos de vida em escolares da rede pública e privada da cidade

de Santa Rosa - RS Relationship between students life habits and obesity in public and

private schools of Santa Rosa - RS

Warley Gomes de Carvalho*, Telmo Tomasi*, Ricardo Silva Dable*, Francisco Luciano Pontes Junior**, Marcos Doederlein Polito***

*Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho, ** Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho, UNIFMU, ***Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho, Universidade Estadual de Londrina – De-partamento de Educação Física

ResumoO objetivo do presente estudo foi relacionar os hábitos de vida

de escolares com a obesidade. Participaram 314 adolescentes e pré-adolescentes, com idades entre 10 e 17 anos, sendo 156 do sexo feminino e 158 do sexo masculino, matriculados no ensino funda-mental em escolares de quatro escolas de Santa Rosa (RS) sendo duas da rede pública e duas da rede privada. A pesquisa utilizou como instrumentos a medida do índice de massa corporal (IMC) e um questionário estruturado sobre hábitos de vida. Para a realização dos cálculos estatísticos, foi utilizado o teste qui-quadrado, para testar a distribuição de freqüências. Do total de alunos, 231 (73,6%) foram classifi cados como tendo IMC normal e 83 (26,4%) como tendo IMC apresentando sobrepeso. Não foi encontrada diferença estatisticamente signifi cante entre as escolas em relação a ver TV (p = 0,37), lazer fora de casa (p = 0,46) e IMC (p = 0,14). Por outro lado, encontrou-se diferença estatisticamente signifi cante entre as escolas no tempo destinado ao videogame (p = 0,02) e à prática de atividades físicas sistematizadas (p = 0,01), sendo maior nas escoladas da rede privada. Considerada isoladamente, a prática de atividades físicas pelos alunos das escolas particulares não é um fator sufi ciente de controle do sobrepeso ou da obesidade.Palavras-chave: sobrepeso, atividade física, sedentarismo.

AbstractTh e purpose of the present study was to relate students life habits

to obesity. Th e sample was composed by 314 adolescents and pre-adolescents, 10 to 17 years old, with 156 females and 158 males, enrolled on elementary education in four schools in Santa Rosa, RS – two public and two private schools. Research methods included the use of Body Mass Index (BMI) and a structured questionnaire about life habits. Chi-square test was used to check frequencies distribution. Over the whole sample, 231 students (73.6%) showed normal values of BMI and 83 (26.4%) showed a BMI classifi cation of overweight. Th ere were no statistical diff erences between schools in regard to TV viewing (p = 0.37), outside home leisure (p = 0.46) and BMI (p = 0.14). On the other hand, there were signifi cant diff erences between schools when comparing time dedicated to videogame (p = 0.02) and to systematic physical activities (p = 0.01), with private school showing higher scores. Considered separately, physical activity practice carried out by private school students is not a suffi cient controle parameter of overweight or obesity.Key-words: overweight, physical activity, sedentary.

Recebido em 20 de setembro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2007.Endereço para correspondência: Warley Gomes de Carvalho, Rua das Petúnias, 227, Ouro Verde 98900-000 Santa Rosa RS, E-mail: [email protected]

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Introdução

Atualmente, o número de crianças e adolescentes obesos aumentou consideravelmente. Nos Estados Unidos, por exemplo, ocorreu um aumento signifi cativo do peso corpo-ral das crianças principalmente após os anos 80 [1,2]. Esse dado é preocupante, pois é sabido que a maioria dos jovens obesos tende a permanecer assim na fase adulta [3,4]. Estudos da Haward Growth evidenciaram que 52% dos indivíduos que apresentavam excesso de peso, quando adolescentes, permaneceram neste estado 55 anos após o estudo [5,6]. Além disso, evidências apontam que 60% das crianças com sobrepeso têm ao menos um fator de risco adicional para doenças cardiovasculares e mais de 20% têm dois ou mais fatores de risco [7].

No Brasil, comparando os dados do Estudo Nacional da Defesa Familiar, realizado em 1974-75, com os dados de Pesquisas sobre Padrões de Vida, realizadas em 1996-97, somente nas regiões sudeste e nordeste verifi cou-se um aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1% para 13,9% em crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos [8]. Outros dados referentes às crianças brasileiras, levantados, em 1989, pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição e pelo Programa Nacional de Saúde e Nutrição, apontam que cerca de um milhão e meio de crianças são obe-sas, com mais prevalência nas meninas e nas áreas de maior desenvolvimento [9].

A obesidade em crianças e adultos não decorre somente em função da ingestão excessiva de nutrientes, mas também pelo decréscimo na atividade física [7,9]. Um estudo verifi cou um aumento no índice de massa corporal (IMC) em meninas e meninos que destinavam muito tempo à televisão e ao vi-deogame, além de não possuírem o hábito regular de praticar atividades físicas [10]. Dessa forma, o lazer sedentário pode ser relevante para aumentar as chances de obesidade infantil. No entanto, ainda é preciso mais investimento da pesquisa nos fatores que podem ser intervenientes na obesidade de crianças e jovens, principalmente quanto se verifi ca a relação com o esforço físico.

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo verifi -car os escolares da rede pública e privada da cidade de Santa Rosa, relacionando os hábitos de vida com a obesidade.

Materiais e métodos

A amostra do estudo constou de 314 adolescentes e pré-adolescentes com idades entre 10 e 17 anos, de ambos os sexos, matriculados no ensino fundamental de quatro escolas da cidade de Santa Rosa (RS), sendo duas da rede pública e duas da rede privada (Tabela I).

Tabela I - Distribuição da amostra.Escola pública

Escola privada

Total

Masculino 73 (42,7%) 85 (59,4%) 158 (49,7%)Feminino 98 (57,3%) 58 (40,6%) 156 (50,3%)Total 171 (54,5%) 143 (45,5%)

A escolha das escolas deu-se de forma aleatória. Foram selecionados, nas escolas, alunos que freqüentavam o ensino fundamental e tinham idades entre 10 e 17 anos. O pesqui-sador visitou todas as turmas selecionadas, para explicar os objetivos e procedimentos da pesquisa. Em seguida, entregou aos alunos termo de autorização para assinatura do responsá-vel, permitindo sua participação na pesquisa.

Inicialmente, foi entregue um questionário sobre hábitos de vida, validado pelo Projeto Desporto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O questionário foi composto por questões de múltipla escolha, divididas em 5 categorias: indicadores sócio-econômicos, indicadores de hábitos de vida, indicadores da cultura esportiva, indicadores de atividades culturais e indicadores de prática esportiva sistematizada. Na presente pesquisa, foram utilizados apenas os dados referentes aos indicadores de hábitos de vida, de cultura esportiva e prática esportiva sistematizada.

No dia seguinte, após a entrega dos questionários, foram realizadas as medidas de peso e altura, através de uma balança com estadiômetro (Welmy®, Brasil) com precisão de 1 g e 1 cm, respectivamente. Todas as medidas foram feitas com os adolescentes descalços e com o mínimo de roupa possível. A aferição da altura deu-se com os mesmos em posição anatô-mica, com calcanhares unidos, e cabeça erguida. A pesagem e medição dos adolescentes foram realizadas pelo próprio pesquisador. Para classifi cação do IMC, foram criadas três categorias: peso normal, sobrepeso e obesidade, utilizando para classifi cação o IMC por idade [11].

Para análise dos questionários foram criadas as seguin-tes categorias: lazer doméstico, lazer fora de casa e prática sistematizada de exercícios (PSE). Dentro da categoria lazer doméstico, foi criada uma subcategoria, dividindo-a em assistir TV e jogar videogame. Para quantifi car os valores foi criada uma escala de 1 a 3 na categoria lazer doméstico, onde 1 correspondia a resposta Nunca, 2 a resposta Muito Pouco e 3 a resposta Muitas Vezes; a categoria lazer fora de casa, foi divida em Ativo e Pouco Ativo e a categoria PSE foi dividida em Praticante e Não Praticante.

Para a realização dos cálculos estatísticos, foi utilizado o teste qui-quadrado, para testar a distribuição de freqüências em relação ao tipo de escola e presença de obesidade em relação ao sexo, idade, peso, altura, IMC, prática de ativida-des físicas de lazer, atividades físicas sistematizadas e tempo destinado à TV e ao videogame. O valor do IMC entre as escolas e o sexo foi analisado pela ANOVA de duas entradas. Os dados foram considerados estatisticamente signifi cantes para p < 0,05.

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Resultados

Na Tabela II, observam-se os valores e a classifi cação do IMC dos alunos das escolas públicas e particulares. Não fo-ram identifi cadas diferenças entre os valores do IMC quando comparadas as escolas e os sexos.

Tabela II - Classifi cação do IMC da amostra das escolas públicas e particulares.Escolas Sexo Sujeitos IMC

normalIMC so-brepeso

Públicas Feminino 98 74 24Masculino 73 46 27

Particulares Feminino 58 50 8Masculino 85 61 24

Total 314 231 83IMC: índice de massa corporal

A Tabela III mostra as respostas dos adolescentes das escolas públicas e particulares em relação às variáveis. Para isso, foram comparadas as respostas dos adolescentes de ambas as escolas com as variáveis: lazer doméstico (ver TV, jogar videogame), lazer fora de casa, PSE e IMC. Não foi encontrada diferença estatisticamen-te signifi cante entre as escolas em relação a ver TV, lazer fora de casa e IMC. Encontrou-se diferença estatisticamente signifi cante entre as escolas, no que diz respeito à quantidade de vezes em que os alunos jogam videogame e a PSE, sendo que, em ambas, há predomínio dos alunos das escolas particulares.

Tabela III - Respostas dos adolescentes das escolas públicas e parti-culares versus as variáveis estudadas.Variáveis comparadas DF Valor* pEscolas X ver TV 2 1,9819 0,3712Escolas x jogar videogame 2 7,7158 0,0211Escolas x lazer fora de casa 2 210,2625 0,4554Escolas x PSE 1 6,6032 0,0102Escolas x IMC 1 2,2209 0,1362

*Valor teste Qui-quadrado

PSE: prática sistematizada de exercícios; IMC: índice de massa corporal;

DF: desvio de freqüência.

A Tabela IV apresenta as diferenças entre os sexos em rela-ção às variáveis, sendo as respostas analisadas separadamente por rede de ensino. Analisou-se dentro das escolas, a relação do sexo com as variáveis já citadas. Nas escolas públicas não se verifi cou diferença estatisticamente signifi cante entre as respostas de ambos os sexos nas variáveis ver TV, PSE e IMC. As variáveis jogar videogame e lazer fora de casa são muito mais praticadas pelo sexo masculino. Nas escolas particulares houve diferença estatisticamente signifi cativa, nas variáveis jo-gar videogame, PSE com maior freqüência no sexo masculino, e IMC com valores mais altos também nesse sexo. Não foi encontrada diferença estatisticamente signifi cante em relação às demais variáveis nas escolas particulares.

Tabela IV - Comparação entre os sexos e as variáveis estudadas em relação às escolas.Variáveis compara-das

Escolas Públicas Escolas ParticularesDF Valor* p DF Valor* p

Sexo x ver TV

2 0,8371 0,6580 2 1,7100 0,4253

Sexo x jogar vídeo-game

2 17,5888 0,0002 2 31,5023 0,0001

Sexo x lazer fora de casa

1 6,4990 0,0108 1 0,2089 0,6476

Sexo x PSE 1 1,7009 0,1922 1 6,0537 0,0139Sexo x IMC 1 3,1216 0,0773 1 4,1398 0,0419

*Valor Teste Qui-quadrado

PSE: prática sistematizada de exercícios; IMC: índice de massa corporal;

DF: desvio de freqüência.

Na Tabela V é possível visualizar as respostas dos indivíduos de cada sexo separadamente, comparando a rede de ensino a qual pertencem em relação às variáveis estudadas. Para verifi car diferenças nas respostas de cada sexo entre as escolas, comparou-se as respostas do sexo masculino e feminino separadamente, em relação às variáveis, dentro de cada escola. No sexo feminino, não se encontrou diferença estatisticamente signifi cante nas respostas entre as escolas. Já no sexo masculino, houve diferença signifi cativa estatisticamente em relação às variáveis uso de videogame e PSE, com predomínio dos meninos das escolas particulares, e lazer fora de casa, com predomínio dos meninos das escolas públicas. Não se encontrou diferença signifi cante nas respostas relacionadas às demais variáveis.

Tabela V - Comparação entre os sexos das escolas públicas e parti-culares em relação às variáveis estudadas.Variáveis compara-das

Sexo feminino Sexo masculino DF Valor* p DF Valor* p

Escolas X ver TV

2 1,9807 0,3714 1 0,4000 0,5271

Escolas x jogar ví-deo-game

2 0,2684 0,8744 2 6,1654 0,0458

Escolas x lazer fora de casa

2 101,7678 0,4507 2 117,3306 0,0281

Escolas x PSE

1 0,7726 0,3794 1 5,0172 0,0251

Escolas x IMC

1 2,5569 0,1098 1 1,3758 0,2408

*Valor Teste Qui-quadrado

PSE: prática sistematizada de exercícios; IMC: índice de massa corporal;

DF: desvio de freqüência.

Já a Tabela IV mostra o resultado do cruzamento do IMC com as variáveis ver TV, uso de videogame, lazer fora

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de casa e PSE. Não foi visualizada diferença estatisticamente signifi cante em nenhum destes cruzamentos.

Tabela VI - Comparação do IMC em relação às variáveis estu-dadas. Variáveis comparadas DF Valor* pIMC X ver TV 2 2,2634 0,3225IMC x jogar vídeo-game 2 1,5398 0,4631IMC x lazer fora de casa 1 3,4092 3,4092IMC x PSE 1 1,0085 0,3153

*Valor Teste Qui-quadrado

PSE: prática sistematizada de exercícios; IMC: índice de massa corporal;

DF: desvio de freqüência.

Discussão

Os resultados encontrados no presente estudo corroboram os resultados de outras pesquisas feitas em outras regiões do país. Os valores referentes ao número de crianças com sobre-peso foram semelhantes ao estudo de Balaban e Silva [12], em que a prevalência de sobrepeso observada entre alunos da mesma faixa etária em Recife foi de 26,2%, o que concorda com o valor encontrado nesse estudo (26,4%).

Quando foram comparadas as respostas dos adolescentes de ambas as escolas foram encontradas diferenças signifi cativas no tempo destinado a jogar videogame e a PSE, ambos com predomínio dos alunos das escolas particulares. Tal fato pode se dar devido ao maior poder aquisitivo desses alunos, que possibilita um maior acesso a jogos eletrônicos e a um maior número de atividades físicas, que podem ser oferecidas pelas próprias escolas particulares. O fato de muitos estudantes destinarem grande parte de seu tempo a jogar videogame é preocupante, pois estudos realizados por Berkey et al. [10] mostram que o tempo gasto em assistir TV e jogar videogame contribui para uma diminuição dos gastos calóricos diários. No entanto, é possível que o fato de estes mesmos estudantes realizarem uma PSE maior que os seus pares das escolas pú-blicas equilibre o gasto calórico dos mesmos, tanto que não houve diferença estatisticamente signifi cante entre o IMC.

No presente estudo, observou-se que nas escolas públicas não foi encontrada diferença signifi cativa entre os sexos no tempo destinado a ver TV. Porém, ao analisar os dados, obser-va-se que nas escolas públicas 65,5% dos estudantes assistiam televisão por um razoável período de tempo. Estudo realizado por Faith et al. [13] mostrou que o tempo gasto assistindo televisão está relacionado com a prevalência de obesidade. Tal estudo mostrou que as crianças que assistem menos de 1 h diária de televisão possuem 10% de chance de se tornarem obesas, enquanto que o hábito de assistir TV por 3, 4 ou mais de 5 h diárias está associado a uma prevalência de obesidade de 25%, 27% e 35% respectivamente. Dietz e Gortmaker [14] também demonstraram uma relação casual entre TV e obesidade em adolescentes de 12-17 anos. Segundo esses autores, a prevalência de obesidade aumenta cerca de 2% a

cada hora adicional destinada à TV. Gortmaker et al. [15] demonstraram correlação entre o tempo gasto assistindo TV e obesidade, sugerindo que o risco de sobrepeso aumenta 4,6 vezes em adolescentes de 10-15 anos que assistem mais de 5 h/dia, comparados aos que assistem por até 2 h/dia. Ross [16] também encontrou correlação entre o tempo destinado a ver televisão e obesidade. Esse autor comenta que crianças entre 8-16 anos que assistem 4 h ou mais de televisão por dia tiveram um índice mais elevado de IMC em relação às que assistiam menos de 2 h/dia.

No presente estudo, nas escolas públicas, foi encontrada diferença signifi cativa quanto ao tempo destinado a jogar videogame em relação aos sexos, sendo que os estudantes do sexo masculino passam maior tempo realizando essa atividade. Foi verifi cado que 15,2% jogavam muito videogame, sendo 65,4% do sexo masculino. Esse fato pode se dar devido ao maior interesse pelos alunos do sexo masculino por jogos ele-trônicos. Quanto ao lazer fora de casa, também foi encontrada diferença signifi cativa, sendo mais prevalente nos meninos. Berkey et al. [10], em estudo longitudinal, realizado nos Es-tados Unidos, com aproximadamente dez mil adolescentes, também verifi caram que as meninas possuíam hábitos menos ativos que os meninos.

Nas escolas particulares, houve diferença signifi cante nas variáveis jogar videogame, PSE e IMC, com maior ocorrência no sexo masculino. Esses dados vão ao encontro dos achados de Giugliano e Carneiro [9]. Tais autores constataram que 63,8% dos meninos mostraram praticar mais exercícios, contra 43,5% das meninas. No presente estudo, a maior prevalência de sobrepeso, no sexo masculino, concorda com a pesquisa realizada por Silva e Malina [17]. Nesse experimento, meninos também apresentaram maior índice de sobrepeso que as meninas. Segundo os autores, a maior prevalência de sobrepeso entre estudantes do sexo masculino do ensino particular, pode estar relacionado com um maior acesso à alimentação, refl exo de poder aquisitivo mais alto desses es-tudantes. Contudo, a menor prevalência de sobrepeso entre as estudantes do sexo feminino das escolas particulares poderia ser explicada pela utilização de dietas de emagrecimento, relativamente comum nesta faixa etária, embora não tenha sido motivo de análise no presente estudo.

Em nossos resultados, o predomínio de sobrepeso entre os estudantes do sexo masculino das escolas particulares pode estar ligado ao tempo destinado a jogar videogame. Porém, a dúvida em relação a tal afi rmação ainda persiste, pois os estudantes também possuíram PSE maior que seus pares do sexo feminino.

Quando comparamos as respostas separadamente entre as escolas de cada sexo, não foram encontradas diferenças signifi -cantes entre as respostas do sexo feminino, nem nos valores de IMC. Esse último dado vai contra os resultados encontrados no estudo de Farias Junior e Lopes [18], em que o índice de sobrepeso foi maior nas estudantes que pertenciam a escolas públicas. No entanto, embora não tenha sido encontrada

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diferença signifi cante no presente estudo, observou-se que 13,9% das estudantes das escolas particulares apresentam sobrepeso, contra 24,5% das escolas públicas.

Entre as escolas, o uso de vídeo game e a PSE podem estar relacionados ao maior poder aquisitivo dos alunos das escolas particulares, e ao fato de as escolas particulares oferecerem um maior número de atividades voltadas à prática de exercícios, respectivamente. Já na variável lazer fora de casa, também houve uma diferença estatisticamente signifi cante, sendo os meninos das escolas públicas os que possuem uma forma mais ativa nessa categoria. Provavelmente, o fato de os alunos das escolas públicas possuírem uma forma mais ativa de lazer fora de casa origina-se na falta de oportunidade em freqüentar clubes e o baixo número de atividades proporcionadas pelas escolas públicas.

Quando houve o cruzamento do IMC com as demais variáveis, não foram encontrados valores signifi cativos. Este resultado mostra o quão difícil é estabelecer uma metodologia que torne possível relacionar a obesidade com os hábitos de vida, embora haja um consenso comum entre pesquisadores desta área no que diz respeito à existência dessa relação. Em-bora não tenha sido comprovada relação nesta pesquisa, isso não exclui alguns casos, no qual os hábitos de vida aparentam ser os responsáveis pela ocorrência de sobrepeso e obesidade. Este resultado sugere que a obesidade e o sobrepeso são uma soma de fatores que se correlacionam e, por esse motivo, são necessários estudos mais aprofundados que abordem todos esses fatores. No entanto, algumas limitações merecem desta-ques, como a ausência de controle sobre o hábito alimentar.

Conclusão

Os resultados obtidos indicaram que a prática de ativida-des físicas pelos alunos das escolas particulares não afetou seus níveis de sobrepeso ou obesidade. Essas condições parecem decorrer de um somatório de fatores que se correlacionam. Por isso, são necessários estudos mais aprofundados que os abordem em conjunto. No entanto, algumas variáveis potencialmente intervenientes merecem destaque, como a infl uência dos hábitos alimentares, que devem ser objeto de controle para delimitação dos efeitos da prática de atividades físicas no perfi l antropométrico dos escolares.

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Artigo original

Efeito da vibração mecânica nos resultados de testes de 1RM no exercício supino horizontal

em adultos treinadosEffect of mechanical vibration on the results of 1RM tests performed

on bench press by trained adults

Rafael T. Teixeira*, Natasha A. Lama*, João Pedro S. W. Castro**, Walace D. Monteiro***

*Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), **Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), Escola de Educação Física e Desportos – Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD-UFRJ), ***Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), Programa de Pós-graduação em Ciências da Atividade Física, Univer-sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)

ResumoA possibilidade do uso da vibração como intervenção em exer-

cícios é uma idéia relativamente recente. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do emprego da estimulação mecânica vibratória (EMV) no resultado do teste de 1RM no exercício su-pino horizontal em indivíduos treinados. Participaram do estudo 14 homens com idades entre 20 e 30 anos (25,5 ± 2,6 anos), ex-perientes no treinamento de força a pelo menos um ano. Antes do início do protocolo experimental os voluntários foram submetidos a um período de familiarização ao teste de 1RM. A coleta de dados foi realizada em quatro dias não consecutivos, nos quais dois dias destinaram-se a condução dos testes com vibração e dois aos testes sem vibração. A ordem de entrada dos sujeitos nos procedimentos foi alternada. A EMV foi realizada em uma plataforma vibratória durante um período de 20 segundos. Os parâmetros de vibração utilizados foram: 40 Hz de freqüência e 4-6 mm de amplitude. Em cada dia de teste realizaram-se três tentativas para verifi car a carga máxima obtida para 1RM. O maior valor apontado para cada pro-

cedimento foi usado para efeito de comparação das cargas obtidas com e sem vibração. A análise dos resultados foi feita através do teste t, adotando-se um nível de signifi cância de p < 0,05. Os resul-tados indicaram diferenças signifi cativas para os valores das cargas obtidas nos testes de 1RM precedidos da EMV (127,6 ± 15,3 kg e 130,5 ± 15,4 kg com EMV). No entanto, o signifi cado real dessa diferença deve ser analisado com cautela, uma vez que o delta a ela associado não ultrapassou o erro técnico da medida. Em conclusão, ao menos no tempo, freqüência e amplitude observados, o emprego da vibração pode afetar positivamente nos resultados dos testes de 1RM no exercício supino horizontal em indivíduos experientes no treinamento de força. Em virtude das limitações impostas pela pouca variação da carga de 1RM, que no presente estudo permaneceu nos limites do erro da medida, novos estudos são necessários para ratifi cação desses resultados.Palavras-chaves: vibração mecânica, teste de 1RM, avaliação da força.

Recebido em 5 de dezembro de 2006; aceito em 12 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: Walace Monteiro, Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), Rua São Francisco Xavier, 524, 8º andar, Sala 8133, Bloco F, Maracanã, 20599-900 Rio de Janeiro RJ, E-mail: [email protected]

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Introdução

A possibilidade do uso da estimulação mecânica vibra-tória (EMV) como intervenção em exercícios é uma idéia relativamente recente. Essa forma de intervenção vem sendo aplicada a atletas e não atletas, como proposta de se obter ganhos de força [1,2], potência [3,4], fl exibilidade [5,6], equilíbrio [7,8]. Além disso, a literatura tem demonstrado resultados promissores quanto à aplicação da EMV em idosos para aumentar a força, melhorar as habilidades funcionais e até mesmo aumentar a densidade mineral óssea [9].

Estudos conduzidos por Armstrong et al. [10] já demons-travam aumentos na força de preensão manual quando a vibração era aplicada em homens saudáveis. Posteriormente, Bongiovanni e Hagbarth [11] aplicaram a vibração sobre os músculos e os tendões que fazem a dorsofl exão do tor-nozelo, encontrando aumentos na força de contração em esforços moderados. Mais recentemente, Roelants et al. [12] aplicaram, em uma amostra homogênea de 48 estudantes femininas destreinadas, exercícios de vibração que duraram até 20 minutos por sessão, obtendo ganhos signifi cativos na força isométrica de pernas. Dados interessantes também foram reportados pelo mesmo grupo de pesquisadores que verifi caram aumento signifi cativo na ativação dos músculos da coxa durante o treinamento sob vibração mecânica, através de eletromiografi a de superfície [12].

Em adição aos aumentos na força, outros benefícios tam-bém têm sido constatados mediante o emprego da vibração. Por exemplo, ganhos na densidade mineral óssea foram observados por Verschueren et al. [9]. Esses pesquisadores compararam os efeitos do treinamento de vibração com o treinamento contra-resistência convencional, verifi cando ganhos signifi cativos na densidade óssea do quadril em mu-lheres pós-menopáusicas a favor do treinamento aplicado com auxílio da vibração. Resultados positivos também foram observados nos ganhos de equilíbrio e fl exibilidade mediante aplicação do treinamento com vibração [7,13].

Apesar dos efeitos da vibração terem sido estudados em diversos contextos, até o presente momento, não foram investigados seus efeitos nos resultados dos testes específi cos

de força. É possível que as cargas obtidas em testes de uma ou mais repetições máximas sejam afetadas pela aplicação da vibração. Em caso positivo, a vibração mecânica poderia ser usada para potencializar o desempenho agudo na força em atividades que requeiram dado número de repetições máxi-mas. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do emprego da EMV no resultado do teste de 1RM no exercício supino horizontal em homens treinados.

Materiais e métodos

Amostra

Participaram do estudo 14 homens com idade entre 20 e 30 anos (idade = 25,5 ± 2,6 anos, massa corporal = 73,6 ± 9,5 kg, estatura = 173,5 ± 8,1 cm). Todos tinham experiência em treinamento de força por pelo menos um ano. Praticavam atividade física no mínimo três vezes por semana. Antes da coleta de dados, os voluntários respon-deram o questionário PAR-Q, anamnese direcionada à identifi cação das atividades físicas realizadas e assinaram um termo de consentimento pós-informado, conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foram excluídos do estudo os indivíduos que apresentassem pro-blemas ósteomioarticulares que pudessem infl uenciar na realização dos exercícios propostos.

Protocolo experimental

O teste de 1RM foi realizado no exercício supino hori-zontal no aparelho Smith (Cybex® Strength System). Antes de cada teste, foram realizadas três séries de aquecimento no supino horizontal: 15 repetições a 20% da RM estimada no período de aplicação do estudo piloto, 8 repetições a 50% e 3 repetições a 70%, sem intervalos entre as séries. (Adaptado de Weir, Wagner, Housh [14]). No estudo piloto os indi-víduos foram submetidos a um período de familiarização ao teste de 1RM 1-2 semanas antes do início do protocolo experimental. Após o aquecimento, foi dado intervalo de

Abstract Th e possibility of using vibration as an exercise intervention is

a relatively recent idea. Th e purpose of the study was to evaluate the eff ect of the use of vibration based on results of 1RM tests performed on bench press by trained men. Fourteen subjects (25.5 ± 2,6 years-old) engaged in strength training for at least one year participated the study. Data was assessed in four diff erent days and two procedures were used: 1) tests preceded by vibration; 2) tests not preceded by vibration. Th e order of entrance of the individuals was alternated. Th e duration of the mechanical vibration stimulus was 20 seconds. Th e other parameters of vibration were 40 Hz of frequency and 4-6 mm of amplitude. Th e mechanical vibratory sti-mulation (MVS) was associated with the arm’s fl exion movement.

Previous to the tests, the subjects executed 3 series of warm-up on the bench press. Th ree attempts were allowed to obtain the maximal workload. A 3 minutes interval was fi xed between the attempts. Th e highest value in both procedures was adapted to compare the 1RM with and without vibration, by means of the t-test (p < 0, 05). Th e results showed signifi cant diff erences for the tests without and with vibration, respectively (127,6 ± 15,3 e 130,5 ± 15,42). In conclusion, the use of vibration may aff ect positively the results of 1RM tests performed on the bench press by trained subjects. Future studies should investigate the infl uen-ce of vibration on results of 1RM tests in diff erent samples and muscular groups.Key-words: mechanical vibration, 1RM test, assessment of strength.

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um minuto e meio antes do início do teste. Três tentativas foram estabelecidas como o número máximo para obtenção da carga [15]. Todos os pesos utilizados no estudo foram previamente aferidos em balança de precisão (Filizola ® - Personal). Os intervalos entre as tentativas do teste de 1RM foram fi xados em 3 minutos.

Visando reduzir a margem de erro no teste de 1RM, foram adotadas as estratégias descritas por Monteiro et al. [16]. Ins-truções padronizadas foram fornecidas antes do teste, de modo que o avaliado estivesse ciente de toda a rotina que envolvia a coleta de dados. Os avaliadores motivaram os participantes através de estímulos verbais ao longo de todo o teste.

Foram defi nidas as seguintes etapas de execução do exer-cício: posição inicial e desenvolvimento, esta última compre-endendo as fases excêntrica e concêntrica da contração. Essas etapas são descritas a seguir: a) posição inicial: em decúbito dorsal, com os braços elevados e paralelos em extensão com-pleta dos cotovelos e sustentando a barra com afastamento da pegada lateralmente a linha dos ombros, tronco em 90 graus com o braço, joelhos e quadris semifl exionados, com os pés sobre o apoio no próprio aparelho; b) desenvolvimento, fase excêntrica: descer com a barra até uma angulação de 90° entre braço e antebraço; fase concêntrica: realizou-se a extensão completa dos cotovelos e fl exão horizontal dos ombros.

Cada teste de 1RM foi realizado com 48 horas de inter-valo, totalizando 4 dias de coleta. Nesses dias foram adotados dois procedimentos: 1) testes com vibração; 2) testes sem vibração. A ordem de entrada dos sujeitos no primeiro pro-cedimento de teste foi alternada. O maior valor apontado em cada procedimento foi usado para efeito de comparação das cargas obtidas com e sem vibração. Em caso de diferenças maiores que 5% entre os testes, os sujeitos deveriam realizar um novo teste [16]. Para evitar interferências nos resultados obtidos, não foi permitida a realização de exercícios de força para musculatura motora primária envolvida no supino ho-rizontal nos intervalos entre os testes de RM.

Estimulação mecânica vibratória

O estímulo de vibração mecânica foi realizado na plata-forma vibratória Power Plate – Next Generation (Power Plate ®) durante 20 segundos. Os parâmetros de vibração utilizados foram: 40 Hz de freqüência e amplitude de 4-6 mm. A EMV foi associada ao movimento de fl exão de braços.

A posição inicial para execução do exercício na plataforma foi em decúbito ventral, com as mãos apoiadas na plataforma paralelamente, tendo um afastamento lateral a partir da linha dos ombros, cotovelos estendidos, quadris fl exionados (90º entre tronco e coxa), joelhos fl exionados (90º entre coxa e perna) apoiados em um step; (Figura 1). Os indivíduos foram estimulados a realizar fl exões dos cotovelos até 90º (Figura 2) e retornar à posição inicial nos 20 segundos de EMV. O teste de RM foi realizado 1 minuto após o EMV.

Figura 1 - Posição inicial da execução do exercício na platafor-ma.

Figura 2 - Desenvolvimento da execução do exercício na plata-forma.

Tratamento estatístico

Para determinar o erro técnico da medida de 1RM na amostra, adotou-se a equação proposta por Hopkins [17]. Para verifi car as diferenças nas cargas dos testes de 1RM nos procedimentos investigados, foi aplicado o teste t pareado, tendo sido adotado um nível de signifi cância de 5%. Todos os cálculos foram realizados através do programa Graphpad Prizma® (New York, EUA).

Resultados

O erro técnico da medida, determinado nas situações com e sem vibração mecânica, foi de 2 kg. A Figura 3 ilustra os dados referentes aos valores das cargas obtidas nos testes de 1RM. Como se constata, os valores exibidos após a exposição à vibração foram signifi cativamente diferentes daqueles obtidos sem vibração, mas a variação entre eles situou-se dentro dos limites do erro da medida.

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Figura 3 - Valores referentes à média e erro padrão da medida de 1RM obtidos com e sem o emprego da EMV.

minutos de exposição à vibração seriam sufi cientes para induzir a fadiga. No que diz respeito à aplicação de testes de 1RM, esse tempo seria inviável, tornando o procedimento pouco prático e demorado, além das possibilidades de fadiga serem aumentadas, interferindo negativamente nos resultados dos testes.

Por outro lado, uma curta exposição à vibração seria capaz de aumentar o subseqüente esforço de contração voluntária. Por exemplo, Torvinen et al. [7] avaliaram o desempenho muscular de 16 indivíduos destreinados, após submetê-los a quatro minutos de estímulo de vibração. Os autores ve-rifi caram um aumento signifi cativo (p = 0,02) na força de extensão isométrica de membros inferiores. O mesmo não ocorreu quando os indivíduos receberam um falso estímu-lo vibratório. Considerando que não existem estudos que apontaram o tempo ótimo de exposição à vibração sem que seja instalada a fadiga, optou-se por utilizar um tempo de aplicação do estímulo vibratório de 20 segundos. Contudo, não se sabe até que ponto outros tempos de estímulo pode-riam repercutir positiva ou negativamente nos resultados dos testes de 1RM. Uma estratégia para estudos futuros do efeito da vibração em testes ou no treinamento de força reside na investigação de diferentes tempos de aplicação do estímulo nos resultados. Nesse sentido, parece-nos interessante investigar a infl uência de tempos de aplicação do estímulo a partir de 20 segundos.

Outro aspecto a ser discutido diz respeito ao tempo de in-tervalo entre a aplicação do estímulo e o início do teste. Alguns investigadores destacam que os benefícios obtidos mediante aplicação da vibração podem desaparecer após um período longo de intervalo [7]. No presente estudo, para eliminar o possível efeito da redução das respostas neurofi siológicas da vibração, optou-se por realizar o teste de 1RM imediatamente após a aplicação do estímulo vibratório.

Os parâmetros vibracionais de freqüência e amplitude também podem infl uenciar nos resultados obtidos com o TVM. Segundo a literatura, essa faixa pode variar de 15 a 44 Hz para freqüência e de 3 a 10 mm para a amplitude [19]. Nesse estudo optou-se por usar uma freqüência de 40 Hz e uma amplitude de 4 a 6 mm, dentro da faixa citada.

Os resultados do presente estudo indicaram um aumen-to agudo signifi cativo na carga avaliada pelo teste de 1RM, quando precedido da EMV. No entanto, o signifi cado real dessa diferença deve ser analisado com cautela, uma vez que o delta a ela associado não ultrapassou o erro técnico da medida. Em outras palavras, o fato de haver diferença estatística não signifi ca que a EMV aumentou realmente a carga máxima dos sujeitos, se a hipótese de erro de medida é levada em conta. De qualquer forma, nota-se que, dos 14 indivíduos investigados, apenas um obteve diminuição do resultado no teste de 1RM, quando precedido de EMV. Dois indivíduos não apresentaram diferenças nos resultados, enquanto os demais obtiveram aumentos nas cargas do teste, variando numa faixa de 2 a 8 kg.

* diferença significativa (p < 0,05)

Discussão

Antes de iniciar a discussão dos dados obtidos no presente estudo, cabe destacar uma limitação que pode ter infl uenciado nos resultados. O teste de 1RM não foi realizado várias vezes para identifi car a maior carga obtida no exercício estudado. Desta forma, não se pode ter certeza que os valores obtidos não seriam maiores, ou mesmo mais reprodutíveis, caso novas tentativas fossem aplicadas. Apesar disso, nas duas tentativas conduzidas para obter a carga para 1RM com e sem EMV, não foram verifi cadas diferenças superiores a 5%. Na maior parte dos indivíduos estudados, inclusive, a carga foi a mesma, ou não variou em mais de 2% nos diferentes tentativas para obter 1RM nos testes. Apesar de alguns autores preconizarem que os testes de força devam ser aplicados por ao menos três vezes para serem identifi cadas a reprodutibilidade das cargas [15], tal aspecto pode variar bastante. Por exemplo, aspectos como a familiaridade do movimento, o grau de complexidade do exercício executado, o grupo muscular envolvido e o nível de treinamento do praticante podem afetar a reprodutibili-dade dos testes de força. No presente estudo, os indivíduos tinham experiência no treinamento de força de pelo menos um ano, assim como familiaridade prévia no exercício esco-lhido. Talvez, por isso, os resultados do teste e reteste tenham sido próximos.

Para organizar a discussão dos resultados optou-se por dividir o texto a seguir em duas vertentes. A primeira justifi ca as variáveis de vibração empregadas no estudo, enquanto a segunda discute os resultados propriamente obtidos. Quanto ao tempo de aplicação do estímulo vibratório, a literatura destaca que uma longa exposição à vibração pode reduzir a capacidade de geração de força do músculo [18]. Nesse estudo, os autores verifi caram que aproximadamente cinco

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Esses dados sugerem que a aplicação do estímulo vi-bratório pode vir a ser uma estratégia útil para maximizar os resultados obtidos em testes de força. É possível, ainda, que as informações obtidas no presente estudo possam ser extrapoladas para situações de treinamento: já que houve infl uência do emprego da EMV nos resultados dos testes de 1RM, em situações envolvendo várias repetições, como em uma sessão habitual de treinamento, o mesmo pode ocorrer. Estudos adicionais são necessários para confi rmar essa possibilidade.

Embora não existam informações consistentes sobre os mecanismos fi siológicos responsáveis pelo aumento agudo da força muscular depois da EMV, acredita-se que possam estar relacionados a um aumento no sincronismo de unidades mo-toras, ou ainda, com um aumento da sensibilidade do refl exo de estiramento. Além disso, a vibração parece inibir a ativação dos músculos antagonistas através de neurônios inibitórios Ia [19]. Estudos mais recentes têm demonstrado que a vibração produz uma maior coativação agonista-antagonista tanto durante [20,21] quanto depois de aplicada [22].

É também importante considerar a infl uência da estimula-ção vibratória no comando motor central, particularmente nas unidades motoras mais rápidas [23], para o que concorreria uma intensifi cação do estado excitatório da área somatosen-sória. Essa excitação, somada a um aumento do refl exo de estiramento, obtidos com o TVM, poderiam gerar maiores níveis de força [19]. Apesar de existirem hipóteses sobre os possíveis mecanismos que atuariam no aumento da força me-diante a aplicação da EMV, estudos futuros ainda devem ser conduzidos para aprofundar o conhecimento atual. Contudo, os dados do presente estudo apontam para uma promissora aplicação da vibração mecânica no treinamento de força.

Em função dos dados obtidos e dentro das limitações que nortearam o estudo, foi possível concluir que ao menos no tempo, freqüência e amplitude observados, o emprego da vibração pode afetar positivamente nos resultados dos testes de 1RM no exercício supino horizontal em indiví-duos experientes no treinamento de força. Em virtude das limitações impostas pela pouca variação da carga de 1RM, que no presente estudo permaneceu nos limites do erro da medida, novos estudos são necessários para ratifi cação desses resultados. Além disso, seriam desejáveis investigações para verifi car a infl uência da vibração mecânica nos resultados de testes de força muscular envolvendo metodologias de apli-cação e exercícios diversos, assim como diferentes formas de manifestações da força em populações variadas.

Conclusão

Apesar dos dados do presente estudo serem iniciais, nossos resultados apontam para um possível efeito positivo do emprego da EMV sobre o desempenho dos testes de força. Caso isso realmente seja confi rmado, é possível que a EMV possa ser aplicada em sessões habituais de treinamento

contra-resistência como forma de potencializar os resultados dos intervalos entre séries. Como essas sessões geralmente envolvem a realização de repetições máximas, a utilização da EMV durante a recuperação entre as séries de exercícios poderia se constituir em uma estratégia útil para maximizar as cargas suportadas nas séries seguintes. Esta é uma lacuna que merece ser investigada pelo seu potencial prático de aplicação no treinamento.

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Artigo original

Comparação de valores de testes de força externa máxima do quadríceps femoral

Correlation of values from tests of maximal external forces of quadriceps femoral

Ricardo Barreto Teixeira*, Révisson Esteves da Silva**, Mônica de Oliveira Melo***, Marcelo La Torre***, Éverton Vogt****, Cláudia Tarragô Candotti*****

*Graduado Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, **Graduado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, ***Mestrando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - URFGS, ****Graduando na Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, *****Professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Resumo O objetivo deste estudo foi comparar os valores de força máxima

obtidos com os testes de Contração Voluntária Máxima Isométrica (CVMI) e de Uma Repetição Máxima (1RM) com os valores de força máxima preditos pelo teste de Carga por Repetições Máximas (CRM) durante o movimento de extensão de joelho. Dez indivíduos do sexo masculino realizaram os testes CVMI, 1RM e CRM uma única vez. Os valores de força foram submetidos a uma análise de variância Oneway para verifi car as diferenças entre os testes. Os resultados demonstraram que não existe diferença signifi cativa (p = 0,273) entre os valores de força, sugerindo que o teste de CRM é adequado para estimar a força máxima externa do quadríceps femoral, podendo substituir os testes de 1RM e de CVMI, em situações em que estes não são apropriados, como por exemplo, nos protocolos de fadiga muscular localizada em indivíduos com dor muscular. Palavras-chave: força, predição, quadríceps femoral, testes máximos.

AbstractTh e purpose of this study was to compare the maximal force

values obtained during the Maximal Voluntary Isometric Contrac-tion (MVIC) and single Maximal Repetition (1MR) tests and the maximal forces predicted by the Maximal Repetition Loads (MRL) test for the knee extension movement. Ten males performed the aforementioned tests. One-way ANOVA was used to compare the maximal force values obtained with the three tests. Th e fi ndings show that there was no signifi cant diff erence (p = 0.273) between the force values, suggesting that the MRL test is suitable for estimating the maximal external force obtained during the contraction of the femoris quadriceps, and, as such it can be used in situations where the 1MR and MVIC tests are inappropriate.Key-words: force, prediction, femoris quadriceps, maximal tests.

Recebido em 31 de agosto de 2007; aceito em 18 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: Cláudia Tarragô Candotti, Rua Fernando Osório, 1887, 91720-330 Porto Alegre RS, Tel: (51) 3019-3493, E-mail: [email protected]

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 200734

Introdução

Diagnósticos de dor lombar estão sendo realizados a par-tir de protocolos de fadiga muscular localizada, monitorando o comportamento neuromuscular dos músculos extensores lombares [1]. Nestes protocolos de fadiga, os indivíduos são submetidos a contrações isométricas sustentadas em diferentes níveis de intensidades, determinados a partir dos valores obtidos durante uma contração voluntária máxima isométrica (CVMI). Entretanto, alguns estudos já têm refe-renciado que utilizar a CVMI como ponto de referência na execução destes protocolos de fadiga pode não ser uma boa opção, uma vez que a performance neste tipo de teste está relacionada à prática anterior do mesmo, bem como com a motivação para alcançar seu esforço máximo [2]. Outro obstáculo ao se utilizar a CVM como ponto de referência para execução de protocolo de fadiga está na questão da avaliação de indivíduos com dor muscular. Nestes casos, mais raramente do que em pessoas sem dor, a CVM real é alcançada. A possível explicação para isto reside no fato de que indivíduos com dor tendem a não realizar o seu máximo de esforço como uma maneira de proteção da dor [3,4]. Estudos têm mostrado que indivíduos sem dor chegam a realizar em média 30% mais força do que indivíduos com dor lombar [3].

Nesse sentido, pensa-se que se ao invés de submeter os indivíduos com dor a um teste máximo, (CVMI) para obter o percentual de força para a contração isométrica no protocolo de fadiga, um teste com carga submáxima fosse utilizado, os valores de força obtidos de sua predição fi ca-riam mais próximos da real capacidade destes indivíduos. No âmbito do treinamento físico, mais especifi camente na musculação, o teste de repetição máxima (1RM) corresponde à carga máxima mobilizada pelo indivíduo. Em situações em que os indivíduos não devem ser submetidos a este tes-te máximo, por exemplo, indivíduos idosos ou iniciantes no treinamento, um teste de carga por repetição máxima (CRM) tem sido proposto [5,6]. Desse modo, a carga má-xima que um indivíduo poderia executar, durante o teste de 1RM, passa a ser obtida utilizando tabelas de predição que demonstram a evolução da relação entre volume (repetição) e intensidade (carga). O resultado desta predição levará a intensidade referente a 1RM.

Considerando que se o resultado de força máxima, predi-to por este teste CRM, não seja diferente signifi cativamente do valor de força obtido em uma CVMI, especula-se que os testes CRM poderiam ser utilizados para mensurar os valores de força que serviriam de referência nos protocolos de fadiga muscular localizada. Se esta especulação for verdadeira, a ava-liação neuromuscular de indivíduos, principalmente aqueles que apresentam dores no segmento mobilizado, poderá ser benefi ciada e seu diagnóstico apresentará maior precisão. Com a intenção de subsidiar conhecimentos básicos sobre a utilização do teste de carga por repetição máxima para

predizer valores máximos de força, este estudo foi conduzi-do com o objetivo de comparar os valores de força máxima obtidos durante os testes de Contração Voluntária Máxima Isométrica (CVMI) e de Uma Repetição Máxima (1RM) com os valores de força máxima preditos pelo teste de Carga por Repetições Máximas (CRM) durante o movimento de extensão de joelho.

Material e métodos

Amostra

A amostra foi intencional, composta por 10 indivíduos, do sexo masculino, ativos fi sicamente. As médias e desvios padrão da idade, massa corporal e estatura foram 23,6 ± 2,3 anos; 76,3 ± 10,5 kg; 177,8 ± 6,9 cm, respectivamente. Todos os indivíduos assinaram um termo de consentimento para a participação no estudo e receberam informações dos procedimentos de avaliação, bem como de que poderiam deixar de participar da pesquisa em qualquer momento, se assim desejassem.

Procedimentos de aquisição dos dados

Todos os indivíduos foram submetidos a três protocolos de avaliação: 1) CRM; 2) 1RM e 3) CVMI. Todos os testes foram conduzidos por um único avaliador, em um único dia.

Teste CRM: Consistiu na realização de um número máxi-mo de repetições com uma carga submáxima, determinada subjetivamente, a partir da experiência do avaliador, para musculatura do quadríceps femoral direito. O indivíduo não poderia ultrapassar quinze repetições. Caso isto ocorresse, após um intervalo de cinco minutos, outra carga submáxima era determinada e o teste repetido. Para a realização deste teste, o indivíduo foi posicionado sentado na cadeira extensora (Sculptor), tendo suas coxas, quadril e tronco (abaixo da região axilar) presos à cadeira com faixas de velcro, visando estabilizar sua postura, mantendo 110° de fl exão do tronco com a articulação coxo-femoral. O indivíduo permanecia com os braços cruzados à frente do peito (Figura 1).

Para controlar a velocidade de execução do movimento, um ritmo sonoro foi fornecido ao indivíduo, mediante fone de ouvido, sendo a velocidade correspondente a 720/s, ou seja, o tempo total de uma repetição era de aproximadamente 2,5 segundos.

Teste de 1RM: Consistiu na realização de uma única repe-tição com uma carga máxima determinada subjetivamente, também pela experiência do avaliador, para a musculatura do quadríceps femoral direito. Caso o indivíduo conseguis-se realizar mais que uma repetição, o teste era suspenso e após um intervalo de cinco minutos, outra carga máxima era determinada e o teste repetido. Para a realização deste teste, a fi xação do indivíduo foi a mesma do teste CRM (Figura 1).

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Figura 1 - Posicionamento do indivíduo durante a realização dos testes de CRM e 1 RM na cadeira extensora.

Procedimentos de análise

Considerando que a coluna de pesos da cadeira extensora fornece a carga externa de trabalho e que o objetivo deste estudo era comparar valores de força externa realizada pelos extensores do joelho, utilizou-se a técnica do modelo de segmentos articulados para a obtenção dos valores de força máxima obtida durante o teste de 1RM. A Figura 3 apresenta um diagrama de corpo livre da cadeira extensora, a partir do qual, utilizando o modelo de segmento articulado, calculou-se a força externa máxima durante a extensão do joelho no teste de 1RM.

Figura 3 - Diagrama de corpo livre da cadeira extensora

Teste de CVMI: Consistiu na realização de apenas uma contração voluntária isométrica máxima do quadríceps femo-ral direito, com duração de sete segundos. Para a realização deste teste o indivíduo foi posicionado sentado em um banco com as costas apoiadas, joelhos fl etidos a 900, tendo suas co-xas presas ao banco com faixas de velcro, visando estabilizar sua postura (Figura 2). Seu tornozelo direito foi preso a uma cinta de couro, na qual estava acoplada uma célula de carga, que por sua vez, estava presa a um suporte fi xo, limitando o movimento de extensão do joelho. Era então solicitado que os indivíduos realizassem a tentativa de extensão do joelho, realizando a maior força isométrica possível.

Figura 2 - a) Posicionamento do indivíduo durante a realização do teste de CVMI e b) posicionamento da célula de carga.

Para a aquisição dos sinais de força durante a CVMI, foi utilizada uma célula de carga de 1000N (EMG System do Brasil Ltda, São José dos Campos), conectada a um compu-tador Pentium 200 MHz com 64 Mb RAM, dotado de um conversor A/D (EMG System do Brasil Ltda, São José dos Campos). A aquisição dos sinais de força foi realizada com o software AqDados (Lynx Tecnologia Eletrônica Ltda, São Paulo). A taxa de amostragem foi de 500 Hz. Foi registrado o maior valor de força obtido na CVMI de cada indivíduo.

A d1⊥ corresponde à distância entre o eixo da roldana as-

simétrica até a linha de ação da força de resistência oferecida pelo aparelho (Fa) que passa pela roldana simétrica. A d2

⊥ corresponde à distancia entre o eixo da roldana assimétrica até a linha de ação da força realizada pelo indivíduo (FM), localizada no ponto de contato do tornozelo com o aparelho. A d1

⊥ era fi xa e corresponde a 26 cm e a d2⊥ variava conforme

o comprimento da perna do indivíduo, determinada pela regulagem do aparelho.

De posse da d1⊥ e da carga fornecida pelo aparelho,

calculou-se o torque do aparelho (Ta). A partir da equação de equilíbrio dos torques, onde o somatório do torque do aparelho (da cadeira extensora) e do torque extensor (dos músculos extensores do joelho) é igual a zero (equação 1) e conhecendo-se a d2

⊥ calculou-se a força máxima (FM) exercida pelo indivíduo durante o teste de 1RM (equação 2).

ea TT = (equação 1)

⊥=2dTFM a (equação 2)

onde:

=aT torque do aparelho (kgfcm)

=eT torque extensor (kgfcm)=FM força realizada pelo indivíduo (kgf )

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Os resultados demonstraram que qualquer um dos três testes pode ser utilizado para determinação da força máxima, mesmo que o teste de CVMI tenha apresentado valores de for-ça 5,5% menores que os testes de 1RM e CRM. Inicialmente, esta diferença poderia indicar uma interferência negativa na performance em testes de fadiga, uma vez que o parâmetro mais comumente utilizado para estabelecer o percentual da contração durante o protocolo de fadiga muscular localizada é oriundo de testes de CVMI [7]. No entanto, como indivíduos com dor muscular tendem a fazer 30% menos força em testes de CVMI [3,4], entende-se que o teste de CRM, com uma diferença de 5,5%, ainda corresponda a uma alternativa viável para substituir o teste de CVMI.

Contudo, entende-se que a substituição do procedimento de CVMI pelo CRM em indivíduos com dor deve ser vista com cautela, uma vez que o presente estudo foi conduzido com indivíduos sem relato de dor muscular. Assim, alguma ressalva deve ser feita a proposta de que através do teste de CRM pode-se chegar a um valor de força máxima razoável, em se tratando de indivíduos com dor.

Os menores valores de força máxima externa, obtidos no teste de CVMI em relação aos testes de 1RM (diferença média de 2,7 kgf ), são contraditórios à literatura, uma vez que contrações isométricas máximas tendem a gerar forças sempre maiores que as contrações dinâmicas máximas, pois uma força máxima somente pode ser desenvolvida se a carga e a capacidade de contração do músculo estiverem em equilí-brio [8]. Especula-se que estes resultados estejam relacionados com a variação do grau de inclinação do tronco nas posturas testadas. Nos testes dinâmicos os indivíduos mantinham 110° de fl exão do tronco com a articulação coxo-femoral, enquanto que nos testes da CVMI, o tronco estava restrito a 90° de fl exão. Esta diferença, nas posturas pode ter acarretado uma desvantagem fi siológica no momento da execução do teste da CVMI já que em 90° de fl exão de tronco, o reto femoral se encontra menos estirado do que em 110°, com menor pos-sibilidade de desenvolver sua máxima força, provavelmente devido a menor contribuição da energia armazenada nos componentes elásticos [9].

Outro fator bastante importante, que pode ter interferido na diferença entre CVMI e o teste de 1RM, é a familiarização com o próprio procedimento do teste, visto que os indivíduos que participaram do estudo já possuíam algum tipo de expe-riência com protocolos dinâmicos e praticamente nenhum contato com a realização da CVMI e seus aparatos. Um estudo com pré-púberes salienta a familiarização do teste de 1RM como fator que infl uenciaria diretamente no resultado do protocolo [10]. Assim, provavelmente o mesmo possa ser afi rmado para protocolos isométricos.

Quanto ao teste de CRM, considera-se que a equação de predição utilizada no presente estudo mostrou-se adequada, pois os valores fornecidos por esta equação não diferiram signifi cativamente dos valores da 1RM. Nesse sentido, su-gere-se a utilização da predição para grupos de pessoas que

=⊥2d distância perpendicular entre o eixo da roldana

assimétrica até a linha de ação da FM (cm)Os valores de força máxima externa predita, obtidos no

teste de CRM, também corrigidos pelas equações 1 e 2, foram obtidos por uma equação de predição (equação 3), amplamente referenciada na literatura [7].

%%100IFMFmp ⋅= (equação 3)

onde:

=Fmp força máxima externa predita (kgf )=FM força realizada pelo indivíduo (kgf )

=%I porcentagem de intensidade, classifi cada conforme o número de repetições executadas pelo indivíduo

O processamento dos sinais de força obtidos no teste de CVMI foi realizado utilizando-se o software AqAnalysis (Lynx Tecnologia Eletrônica Ltda, São Paulo). Foram analisados os três segundos centrais dos sete segundos registrados no teste de CVMI, sendo realizada a média da força neste período de três segundos.

Tratamento estatístico

Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS 10.0. Inicialmente foi verifi cada e confi rmada a equivalência das variâncias (teste de Levene) e normalidade dos dados (Shapiro-Wilk). Os valores de força externa máxima, obtidos nos testes de 1RM e CVMI e os valores de força externa máxima predita, obtida no teste de CRM, foram submetidos a uma análise de variância de um fator e ao teste post hoc de Bonferroni, que possibilitou identifi car as diferenças entre eles. O nível de signifi cância adotado foi 0,01.

Resultados e discussão

A Tabela I apresenta os valores médios da força externa máxima mensurada, nos testes de 1RM e CVMI e predita no teste de CRM. Os resultados demonstraram que não houve diferença signifi cativa (p = 0,273) entre os valores de força externa máxima obtidos nos três testes.

Tabela I - Valores médios, máximos, mínimos e desvio padrão (dp) da força externa máxima (kgf ) obtida nos testes 1RM, CVMI e CRM.Testes Média dp Máximos Mínimos1RM 51,1 4,9 60,4 43,9CVMI 48,4 8,8 63,8 40,0CRM 51,0 5,4 59,0 42,2

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não apresentam as condições ideais para a realização de uma CVM, seja isométrica ou dinâmica, mesmo que a predição não apresente um resultado tão exato quanto a estimação de cargas menores pela 1RM [6].

Em suma, os resultados sugerem que indivíduos saudáveis, sem dor muscular no quadríceps femoral ou na articulação do joelho, independentemente do protocolo a que sejam submetidos (1RM, CVMI, CRM) tendem a apresentar re-sultados de força máxima externa semelhante. No entanto, conhecendo-se as diversas variáveis que infl uenciam nos testes dinâmicos como velocidade do movimento, ângulo articular e condições ambientais [10], entende-se que mais estudos devem ser realizados para possibilitar maior compreensão dos valores máximos de força em situações dinâmicas.

Não obstante, os presentes resultados estimulam o uso do teste CRM como referencial de força em protocolos de fadiga muscular localizada, substituindo os testes de CVMI, principalmente em condições não dolorosas.

Conclusão

Os resultados deste estudo, nas condições experimentais utilizadas, demonstraram que não existe diferença signifi ca-tiva para os valores de força externa máxima, realizada pelo quadríceps femoral, entre os testes de CVMI, 1RM e CRM. Além disto, os resultados permitem inferir que seria possível utilizar o teste de CRM como um parâmetro de referência no lugar CVMI, em estudos de fadiga muscular localizada. No entanto, entende-se necessário a realização de novos estudos que, além de preocuparem-se com a questão da familiarização dos testes, envolvam uma maior quantidade de indivíduos e outros grupamentos musculares.

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Artigo original

Adolescentes atletas competitivas femininas de handebol: um estudo de caracterizaçãoCompetitive adolescents’ female athletes of handball:

a characterization study

Alessandra Graton*, Ana Beatriz Santos Guiesser*, Mariana de Moraes Escardin*, Nathalie Puppin Tardivo*, Renata Furlan Viebig**

*Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo, **Nutricionista, Doutoranda em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina da USP, Docente do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Universitário São Camilo

ResumoIntrodução: Jovens atletas, praticantes de handebol, que possuam

hábitos alimentares inadequados podem ter prejuízos no desem-penho atlético e aumentar os riscos de lesões. Objetivo: Analisar padrões alimentares e características pessoais de adolescentes do gênero feminino, atletas competitivas de handebol de um clube de campo de São Bernardo do Campo, São Paulo. Material e mé-todos: Trata-se de um estudo transversal, no qual participaram 109 atletas competitivas de handebol feminino, com idade entre 10 e 19 anos, que realizam treinamento no clube MESC. A avaliação nutricional foi realizada através da aplicação de anamnese alimentar e questionário de freqüência alimentar. Os dados foram transcritos para uma base de dados do programa MS Excel® e foram analisados segundo distribuições percentuais e medidas de variância. Resultados: As atletas estudadas apresentavam idade média de 14,5 anos (DP = 2,3). A avaliação dietética mostrou que a maioria das jogadoras realizava somente 3 refeições diárias. O questionário de freqüência alimentar mostrou que os alimentos mais consumidos diariamente foram o arroz (67,9%) e o feijão (29,4%) e os menos consumidos, foram as massas (1,8%) e cereal matinal (1,8%) Conclusão: A prática alimentar das atletas adolescentes, necessita de modifi cações a fi m de um melhor desempenho no esporte e na manutenção da saúde.Palavras-chave: atletas femininas, adolescentes, comportamento alimentar.

AbstractIntroduction: Young women, handball players, with inadequate

feeding habits may have decreasing athletic performance and incre-asing risks of injuries and infections. Objective: To analyze standard feeding habits and personal characteristics of female adolescents, competitive handball players, of a club in São Bernardo do Campo, São Paulo. Material and methods: 109 competitive handball players, between 10 and 19 years, trained at Club MESC, participated of this transversal study. Nutritional assessment was carried out through the application of a dietary anamnese and a food frequency questionnaire. Data were transferred to MS Excel® database and were analyzed according to percentage distributions and measures of variance. Results: Th e athletes average age was 14.5 years (DP = 2.3). Th e dietary evaluation showed that most athletes usually ate only 3 meals daily. Th e food frequency questionnaire showed that athletes daily food consumption was rice (67,9%) and beans (29,4%) and past consumption dropped to 1.8% and morning cereals to 1.8%. Conclusion: Dietary intake by adolescent athletes needs to change in order to obtain better results in handball and promote health maintenance.Key-words: female athletes, adolescents, feeding behavior.

Recebido em 10 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: Nathalie Puppin Tardivo, Rua Siqueira Campos, 347, 09810-460 São Bernardo do Campo SP, Tel: (11) 41097209, Email: [email protected]

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Introdução

O Handebol é uma modalidade esportiva cuja origem remonta da Alemanha, onde era praticado por estudantes nas escolas, já na década de 1890 [1]. Após a I Guerra Mundial, imigrantes alemães vieram para o Brasil trazendo sua cultura, tradição folclórica e as atividades recreativas e esportivas por eles praticadas, dentre as quais o então Handebol de Campo. O Handebol de Salão somente foi ofi cializado no Brasil em 1954, quando a Federação Paulista de Handebol instituiu o I Torneio Aberto de Handebol [2].

Essa modalidade esteve presente pela primeira vez nas Olimpíadas de Munique, em 1972. A competição envolvia dezesseis times masculinos, sendo que os times femininos ini-ciaram sua história olímpica em Montreal, Canadá, no ano de 1976, quando seis times participaram da competição [2].

O Handebol é um esporte que envolve uma combinação de movimentos constantes durante o jogo como: paradas bruscas, viradas, saltos, arremessos. Dessa forma, pode ser considerado um esporte intermitente, pois o jogador usa na maior parte do tempo os sistemas de obtenção de energia ATP-CP e glicólise anaeróbia para manter o funcionamento muscular, e somente 20% da energia provém do sistema glicólise aeróbio [1].

A prática de exercícios físicos, como o Handebol, é aconselhável para crianças e adolescentes. Por outro lado, os períodos da infância e adolescência são muito importantes do ponto de vista nutricional, pois nessas fases há grande desenvolvimento e crescimento dos indivíduos. Há maior demanda de substâncias nutritivas, interferindo na inges-tão alimentar e aumentando as necessidades de nutrientes específi cos. A inadequação da alimentação frente à prática esportiva pode retardar o crescimento e o processo de matu-ração sexual [3,4].

Assim, quando crianças e adolescentes praticam atividade física regularmente em nível competitivo, há a necessidade de um maior cuidado com a alimentação a fi m de suprir todas as necessidades energéticas e nutricionais que estão aumentadas devido ao esporte [3].

No entanto, alguns aspectos devem ser considerados, especialmente no caso da população fi sicamente ativa do gê-nero feminino. Atletas femininas podem desenvolver padrões alimentares anormais, que normalmente são associados com disfunção menstrual e a subseqüente diminuição da densidade mineral óssea [5].

Desordens alimentares podem resultar em conseqüências adversas à saúde, com o risco da morbimortalidade e a mor-talidade aumentar conforme a severidade do comportamento aumenta [5].

A má nutrição destas atletas a longo prazo pode colabo-rar na manifestação de sérias desordens, como: osteopenia, anemias e síndromes de defi ciência de vitaminas, minerais, aminoácidos essenciais, e elementos traço [6].

No caso de jovens atletas mulheres, hábitos alimentares inadequados e comportamentos característicos das desordens

alimentares podem danifi car o desempenho atlético e aumen-tar os riscos de lesões e infecções [5,7,8].

O presente estudo teve por objetivo analisar os padrões alimentares de adolescentes do gênero feminino, atletas competitivas de Handebol, de um clube do município de São Bernardo do Campo, São Paulo.

Material e métodos

Trata-se de um estudo transversal, no qual participaram 109 atletas competitivas de Handebol feminino, com idade entre 10 e 19 anos, que realizam treinamento no Clube de Campo Movimento de Expansão Católica (MESC), localiza-do no Município de São Bernardo do Campo – São Paulo.

Estas atletas eram subdivididas conforme a faixa etária em 5 categorias, sendo: Mirim (n = 20); Infantil (n = 25); Cadete (n = 42); Juvenil (n = 13); Júnior (n = 9).

Todas as jovens foram convidadas a participar do presente estudo, sendo que os termos de Consentimento Livre e Es-clarecido foram encaminhados aos seus pais ou responsáveis para que as autorizassem a participar do estudo. Após a devo-lução do Termo de Consentimento foi procedida a avaliação nutricional das atletas, que constituiu da aplicação de uma anamnese nutricional.

A anamnese aplicada consistia de 8 partes: 1) características pessoais: foram coletadas variáveis como:

nome, idade, data de nascimento, local de moradia, tele-fone para contato;

2) dados sócio-econômicos e culturais: escolaridade, se a escola era particular ou pública, com quem morava, qual a ocu-pação dos responsáveis, se fazia algum outro curso;

3) práticas da atividade física: tempo de prática, categoria, motivo da prática, existência de algum fato que impedisse a prática do exercício;

4) imagem corporal: satisfação corporal e se não o que gostaria de alterar;

5) menstruação: a idade da primeira menstruação, se o ciclo era regular, a duração e freqüência do mesmo;

6) consumo de suplementos: se utilizava e qual o tipo, quanti-dade, freqüência, fi nalidade e satisfação;

7) hábitos alimentares: o número de refeições diárias, quais eram essas refeições, quais delas eram realizadas em casa, e o que era consumido no período em que estavam em treinamento no clube.

8) questionário de freqüência alimentar: composto por 21 itens e 6 opções de resposta para quantifi car a freqüência dos alimentos descritos, as quais variavam de uma vez por dia até nunca. Os dados foram transcritos para uma base de dados com

o auxílio do Programa MS Excel e foram analisados segundo percentuais e medidas de variância.

O presente estudo faz parte de um projeto de pesquisa maior, intitulado “Avaliação Nutricional de Desportistas e Atletas de Clubes e Academias da Região Metropolitana de São

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Paulo”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – COEP do Centro Universitário São Camilo, sob o número 047/05.

Resultados

Caracterização da amostra

As atletas estudadas apresentavam idade média de 14,5 anos (DP = 2,3), que praticavam handebol entre 2 a 5 anos (44,0%) e treinavam em média três horas por dia, com fre-qüência de três vezes por semana.

Das 109 atletas, 50 cursavam o Ensino Fundamental (45,9%), 48 cursavam o Ensino Médio (44,0%), 3 possuíam o Ensino Médio completo (2,8%), 1 possuía Curso Técnico completo (0,9%) e 7 cursavam o Ensino Superior (6,4%). A maioria das atletas estudava em instituições particulares (60,6%).

As atletas, em sua maioria, praticavam o esporte visando a competição (53,2%) (Gráfi co 1).

Gráfi co 1 - Motivos para a prática do Handebol citados pelas atletas. São Bernardo de Campo, 2007.

Da totalidade das atletas estudadas, 20 (18,4%) não mens-truavam, sendo que dentre as que menstruavam (66,1%), a idade média da menarca ocorreu entre os 11 e 12 anos, representando 66,05% da amostra total. Apresentavam irre-gularidades menstruais 44% das atletas.

Relacionando-se a idade das atletas com a satisfação com sua imagem corporal, observou-se que as adolescentes com idade entre 12 e 13 anos (58,3%) apresentaram-se mais sa-tisfeitas em relação às outras atletas (Tabela I).

Tabela I - Análise da satisfação corporal segundo estágio de vida das atletas adolescentes de Handebol. São Bernardo do Campo, 2007.

Estágio de vidaSatisfação com a imagem corporalSIM NÃOn % n %

10 e 11 anos (n = 19) 9 47,7 10 52,612 e 13 anos (n = 24) 14 58,3 10 41,714 e 15 anos (n = 43) 21 48,8 22 51,216 e 17 anos (n = 12) 5 41,7 7 58,318 e 19 anos (n = 11) 3 27,3 8 72,7Total (n = 109) 52 47,7 57 52,3

Nenhuma atleta referiu fazer uso de algum tipo de su-plemento alimentar ou medicamento durante o período do estudo.

Avaliação dietética

A avaliação dietética foi realizada através da anamnese alimentar e questionário de freqüência alimentar.

Em relação ao número de refeições diárias realizadas pe-las atletas, observa-se que a maioria das meninas realizava 3 refeições por dia (43,1%) (Gráfi co 2).

Observou-se que a refeição mais realizada pelas atletas de handebol foi o almoço (88,2%) e que a combinação de refeições mais referida foi desjejum, almoço e jantar (32%), sendo estas realizadas em casa pela maioria das atletas.

Gráfi co 3 - Número de refeições diárias realizadas pelas atletas. São Bernardo do Campo, 2007.

O Gráfi co 2 apresenta os motivos de impedimento da prática do exercício, relatados pelas atletas estudadas. Ob-serva-se que 5,5% já sofreram episódios de desmaios durante o período do treino e 7,3% manifestaram fraqueza. Porém, 78% nunca precisaram interromper a prática do exercício por nenhum dos motivos citados.

Gráfi co 2 - Resultados dos motivos relacionados ao impedimento da prática do exercício. São Bernardo do Campo, 2007.

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menstruais, quando comparadas a atletas que começam a treinar após a menarca ter ocorrido [5].

O modelo de beleza imposto pela sociedade atual corres-ponde a um corpo magro sem, contudo, considerar aspectos relacionados com a saúde e as diferentes constituições físicas da população [9].

No presente estudo, observou-se que 52,3% das atletas não estavam satisfeitas com a imagem corporal. Este resultado também foi verifi cado no estudo de Vilela et al. [10], que avaliou a satisfação da imagem corporal em alunos de Minas Gerais, onde verifi cou que 59% estavam insatisfeitos, sendo que 51% queriam ser mais magros, com predominância do sexo feminino.

Segundo Viebig et al. [11], em um estudo realizado com ginastas rítmicas adolescentes, 53,8% relataram que estavam satisfeitas com seu corpo, 7,7% estavam bastante satisfeitas, 15,4% não estavam muito satisfeitas e 23,1% não estavam satisfeitas, resultados opostos ao do presente estudo.

Em relação à alimentação das atletas adolescentes de Handebol, constatou-se que a maioria delas realizava 3 refeições diárias, o equivalente a 43,1%. Cardoso et al. [12], através de um estudo com jovens atletas masculinos de basquetebol, relataram que 70% da população estudada realizavam de 2 a 4 refeições diárias e apenas 30% realiza-vam de 4 a 6 refeições diárias; resultados semelhantes ao do presente estudo.

Outros resultados equivalentes foram encontrados no estudo de Ribeiro e Soares [13], feito com nadadores, no qual mais de 50% das atletas estudadas realizavam diariamente quatro refeições: desjejum, almoço, lanche e jantar. A ceia foi a refeição menos referenciada pela população estudada.

No presente estudo, a ceia também foi a refeição menos mencionada, sendo a combinação de desjejum, almoço e jantar as refeições mais realizadas pelas atletas.

Quando questionadas sobre os alimentos consumidos no clube, antes ou após os treinos, as atletas relataram preferência pelo consumo de salgados de lanchonete (pão de queijo, pão de batata, coxinha) (22,0%) e suco natural (12,8%).

A partir do questionário de freqüência alimentar, esti-mou-se o consumo de alguns itens alimentares da população estudada. Dentre os alimentos mais consumidos diariamente referidos pelas atletas, destacaram-se o arroz (67,9%) e o feijão (29,4%) (Gráfi co 3).

Os alimentos menos consumidos diariamente foram: batata (0,9%), massas (1,8%), cereal matinal (1,8%), ovo (3,7%) e frituras (3,67%) (Gráfi co 3). Nenhuma atleta relatou consumir fast-food diariamente.

Observou-se também que, dentre os líquidos avaliados, o consumo de água (95,4%) teve maior destaque em relação ao de refrigerantes (12,8%).

Discussão

Em geral, as atletas do presente estudo eram estudantes, com idade média de 14,5 anos e praticavam o esporte entre 2 e 5 anos, por motivo de competição.

Dentre as atletas que menstruavam, a idade média de menarca foi 11,5 anos (DP = 1,1), representando 66,1% da amostra total. Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Oliveira et al. [9], no qual a idade da menarca de atletas de diferentes modalidades, entre elas o Handebol, foi de 12,2 (DP = 1,1). Nos Estados Unidos, a média de idade em que ocorre a menarca é de 12,8 anos e no Brasil é de 12,2 anos [4].

Disfunções menstruais são mais comuns em meninas atletas do que em meninas sedentárias. Atletas que começam a treinar antes da menarca ocorrer podem ter a experiência menstrual atrasada e aumentar a incidência de disfunções

Gráfi co 4 - Freqüência de consumo diário de alguns itens alimentares pelas atletas de Handebol. São Bernardo do Campo, 2007.

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No estudo de Camiña e Kazapi [14], apenas 6,5% dos atletas de voleibol estudados relataram realizar 6 refeições diárias. Valores inferiores foram encontrados no presente estudo (3,7%).

Segundo Kazapi e Tramonte [15], as necessidades ener-géticas devem fi car distribuídas em 6 refeições diárias para que sejam evitados jejuns prolongados ou o estômago “muito cheio”, situações que difi cultam o treinamento.

A respeito da distribuição das refeições em relação aos treinamentos, Camiña e Kazapi [14] mostram que 90,4% dos entrevistados alimentavam-se antes dos exercícios; 85,1% não se alimentavam durante o exercício e que 95,7% se ali-mentavam após os treinamentos.

No presente estudo, quando questionadas sobre quais alimentos eram consumidos no clube antes e/ou após os treinos, dentre as 19 opções de combinações de alimentos, os salgados de lanchonete foram a predominante, com 22,0% da preferência das atletas.

Analisando-se a freqüência alimentar diária do nosso estu-do, notou-se, no geral, um baixo consumo de batata (0,9%), massas e cereal matinal (1,8%) e um alto consumo de arroz branco (67,9%), feijão (29,4%) e frutas (25,7%).

No estudo de Silva et al. [16], realizado com adolescentes jogadores de basquete, resultados semelhantes foram encon-trados, como baixo consumo de fast-food (19,4%) e o alto consumo de frutas (51,6%).

Com relação ao consumo de líquidos, a água apresentou-se com 95,41% da preferência das atletas como hidratante no exercício.

Conclusão

Pode-se concluir, por meio do presente estudo, que as atletas femininas de Handebol permaneciam por períodos longos sem se alimentar, devido à maioria delas realizarem apenas 3 refeições diárias.

As práticas alimentares das atletas adolescentes necessitam de modifi cações qualitativas e quantitativas, a fi m de pro-mover um melhor desempenho no esporte e a manutenção da saúde.

É importante que um estudo posterior seja realizado com esta população para a análise quantitativa da dieta e determi-nação do estado nutricional das atletas.

Referências

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2. Confederação Brasileira de Handebol – CBHB [online]. [citado 2007 Fev 1]. Disponível em: URL: http://www.brasilhandebol.com.br.

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11. Viebig RF, Takara CH, Lopes DA, Francisco TF. Estudo an-tropométrico de ginastas rítmicas adolescentes. Revista Digital EFDeportes 2006;11(9).

12. Cardoso CM, Rodrigues MP, Silva MB, Viebig RF. Hábitos alimentares de crianças e adolescentes integrantes de uma escola de basquete em um clube esportivo na zona Norte de São Paulo. Nutrição Profi ssional 2005;3:52-54.

13. Ribeiro BG, Soares EA. Avaliação do estado nutricional de atletas de ginástica olímpica do Rio de Janeiro e São Paulo. Rev Nutr 2002;15(2):181-191.

14. Camiña SM, Kazapi IAM. Avaliação do perfi l nutricional e conhecimentos de nutrição de atletas de voleibol. Nutrição em Pauta 2004;12(69):20-24.

15. Kazapi IAM, Tramonte VLCG. Nutrição do atleta. Florianó-polis: UFSC; 2003.

16. Silva MB, Barqueto JRO, Guida GC, Viebig RF. Características nutricionais de uma equipe masculina competitiva de jogadores de basquete adolescentes. Ação & Movimento 2005;2(3):137-44.

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Artigo original

Impacto do treinamento físico periodizado sobre a aptidão física em jogadores de futsal masculino

na categoria sub-20 Impact of periodized physical training on physical fitness in under-20

male futsal players

Narciso Luiz Andrade*, Luís Paulo Gomes Mascarenhas**, Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha***

*Educação Física, UNC de Caçador SC, técnico da seleção de futsal sub 20, Prefeitura Municipal de Caçador SC, **Fisiologia da Performance pela UFPR, Universidade do Contestado de União da Vitória SC, ***Especialista em Fisiologia do Exercício pela UFPR, Universidade do Contestado de Caçador SC

ResumoO objetivo da pesquisa foi avaliar o impacto do treinamento

físico periodizado sobre a aptidão física em atletas de futsal na cate-goria sub-20 da cidade de Caçador - SC. Nove atletas (17,11 ± 0,78 anos) foram escolhidos para o estudo e submetidos a um programa de treinamento físico periodizado. As médias antropométricas e dos indicadores da composição corporal foram obtidas somente no período pós-teste, demonstrando os resultados no percentual de gordura (13,18%), massa magra (53,46 kg), massa gorda (8,53 kg). O teste “t” pareado revelou diferença estatisticamente signifi -cativa (p < 0,05) nas variáveis VO2máx (31,94%), potência (2,67%), resistência muscular localizada do abdominal (23,14%) e fl exão de braço (32,14%). A fl exibilidade não sofreu mudança signifi cativa do período pré para o pós-experimento (p > 0,05). Os achados sugerem que o treinamento periodizado tem efeito signifi cativo na aptidão física de atletas de futsal, mas em contrapartida, a fl exibilidade não se alterou, principalmente, devido ao trabalho não-específi co realizado para melhorar os níveis de fl exibilidade dos atletas.Palavras-chave: aptidão física, treinamento periodizado, futsal.

AbstractTh e aim of the research was to evaluate the impact of a periodized

physical training schedule on Under-20 (U-20) futsal athletes phy-sical fi tness, from Caçador city, Santa Catarina State. Nine athletes (17.11 ± 0.78 years) chosen to participate in the study underwent a periodized program of physical training. Anthropometric avera-ges and body composition indexes were obtained only in post-test opportunity, showing the following results: body fat - 13.18%, lean mass - 53,46 kg, fat mass - 8,53 kg. Results revealed signifi cant sta-tistically diff erence (p < 0.05) in VO2máx. (31.94%), power (2.67%), abdominal localized muscular resistance (23.14%) and push-ups (32.14%), from pre- to post-tests. Flexibility showed similar results from pre- to post tests (p > 0.05). Th ese fi ndings suggest that perio-dized training has signifi cant eff ect upon physical fi tness of futsal athletes. On the other hand, fl exibility was not improved, mainly due to the lack of specifi city of the work carried out, in regard to this variable, with the athletes.Key-words: physical fitness, periodized training, futsal.

Recebido em 12 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha, Av. Santa Catarina, 581, 89500-000 Caçador SC, E-mail: [email protected]

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Introdução

O futsal é uma das modalidades esportivas mais rápidas e que exige força, potência, velocidade, resistência e fl exibilida-de de seus praticantes. A cada ano esta modalidade torna-se cada vez mais competitiva e é de fundamental importância desenvolver as valências físicas para aumentar o rendimento individual e coletivo dos atletas.

Como o futebol, o futsal é uma modalidade desportiva caracterizada por esforços intermitentes, de extensão variada e de periodicidade aleatória [1]. Devido à especifi cidade do esporte, o programa de treinamento exige esforços de grande intensidade e curta duração, reações e ações rápidas aos mais diferentes estímulos e métodos de treinamento específi cos para alcançar os resultados desejados.

Na literatura há uma importante diferenciação na aptidão física. De acordo com Caspersen et al. [2], a aptidão física possui elementos relacionados à saúde e ao desempenho. A interação entre os componentes de aptidão física relacionado à saúde e atividade física está voltada para as capacidades de resistência cardiorespiratória, força, resistência muscular, fl exibilidade e composição corporal. A aptidão relacionada ao desempenho, sendo que cada esporte tem exigências específi cas, compreende a velocidade, potência, agilidade, equilíbrio, coordenação e tempo de reação, sendo estes com-ponentes importantes para a performance motora dos atletas de futsal [3-5].

A avaliação da aptidão física é um estudo minucioso do esporte específi co e extremamente importante para elaborar programas de treinamento que desenvolvam toda a capacidade dos atletas, diagnosticando variáveis determinantes para a modalidade, bem como para cada atleta de acordo com sua função [6,7]. A determinação de padrões referenciais de atletas em geral e, posteriormente, padrões específi cos, representará um aspecto importante no processo de desenvolvimento da aptidão física [8].

O crescente desenvolvimento da “ciência” do esporte pro-porciona a cada dia novos métodos e maneiras de treinamento físico, técnico, tático e psicológico [9]. Cada capacidade ou aptidão física deve ser aprimorada ao máximo para que ocorra o desenvolvimento do rendimento dos atletas, sempre buscando de forma positiva melhorar a habilidade e proteger contra possíveis lesões.

Para organizar, estruturar e desenvolver a condição física de qualquer atleta exige-se, no mínimo, um bom conhecimento dos fundamentos metodológicos referentes à teoria do treina-mento esportivo, e é desta forma que o treinamento esportivo recebe destaque. O planejamento e organização das cargas (intensidade, freqüência e duração) bem como os períodos de recuperação são alguns dos elementos do treinamento que devem contribuir para o aperfeiçoamento das capacidades físicas [10]. No caso do futsal, devido a sua complexidade e particularidades, o processo de estruturação do treinamento se faz necessário.

Desta forma, o presente estudo analisou o impacto do treinamento físico periodizado sobre a aptidão física de joga-dores de futsal masculino na categoria sub-20 do município de Caçador no estado de Santa Catarina.

Materiais e métodos

População e amostra

Participaram do presente estudo 9 jogadores de futsal, do sexo masculino, com idade entre 16 a 18 anos da categoria sub-20 do município de Caçador. Após tomar ciência dos objetivos do estudo e de seus possíveis benefícios e riscos, os sujeitos concordaram e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para a realização da pesquisa. Nenhum dos participantes fez a utilização de medicamentos ou substâncias farmacológicas nos meses de intervenção, nem apresentou problemas de saúde ou contusão que poderia excluí-lo do estudo.

Antropometria e composição corporal

A massa corporal foi obtida por meio de uma balança Fili-zola, com precisão de 100 g e todos os atletas foram avaliados descalços, vestindo apenas um calção e camiseta. A estatura foi medida através de um estadiômetro com a cabeça ereta observando-se o plano de Frankfurt e com tornozelos unidos na posição anatômica. A composição corporal foi avaliada pela técnica de espessura do tecido celular subcutâneo, foram tomadas em cada ponto 4 medidas, em seqüência rotacional, do lado direito do corpo, sendo registrado o valor mediano. As seguintes dobras cutâneas foram aferidas: subescapular, abdômen, tríceps e axilar média. Para a equação de predição do percentual de gordura (%GC), foi utilizada a equação [11].

Todas as medidas foram avaliadas por apenas um ava-liador, com um adipômetro cientifi co Cescorf, com pressão constante de 10 g/mm2 na superfície de contato e precisão de 0,1 mm. O coefi ciente teste-reteste excedeu 0,95 para cada um dos pontos anatômicos com erro de medida de, no máximo ± 1,0 mm.

Avaliação da aptidão física

Adotou-se os testes propostos por Pitanga [12] para determinar a aptidão física dos atletas, e foram realizados na seqüência abaixo descritas:1. Teste de Corrida de 2400 m (cooper) para avaliar o VO2máx

– o teste foi realizado na Pista Olímpica de atletismo do município de Caçador e antes do teste os atletas foram familiarizados com a pista andando sobre a mesma. Após a familiarização os atletas fi zeram o aquecimento e alon-gamento, iniciando o teste, que consistiu em percorrer a maior distância possível no tempo de 12 minutos e ao fi nal do teste registrou-se a distância percorrida em metros. Para

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calcular o VO2máx utilizou-se à equação de Cooper [13].2. Teste de Força Explosiva de Membros Inferiores (salto

horizontal) – realizou-se o teste na quadra esportiva da Universidade do Contestado (UNC) utilizando uma trena e uma linha traçada no solo. Os atletas colocaram-se imediatamente atrás da linha, com os pés paralelos, ligeiramente afastados, joelhos semifl exionados, tronco ligeiramente projetado à frente e logo após o sinal os atle-tas saltaram a maior distância possível. Foram realizadas duas tentativas, registrando-se em centímetros, com uma decimal, a partir da linha traçada no solo até o calcanhar mais próximo desta, o melhor resultado.

3. Teste de Flexibilidade (sentar e alcançar) – o teste foi realizado com o Banco de Wells e antes do teste os atletas realizaram um aquecimento e alongamento individual. Foram avaliados descalços, de frente para a base do banco, com as pernas estendidas e unidas, sem fl exionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço. Cada atleta realizou duas tentativas e o resultado foi medido a partir da posição mais longínqua que o aluno pode alcançar na escala com as pontas dos dedos, registrando o melhor resultado entre as duas execuções com anotação em uma casa decimal.

4. Teste de Força-Resistência (abdominal) – os atletas posi-cionaram-se em decúbito dorsal como os joelhos fl exio-nados a 90 graus e com os braços cruzados sobre o tórax, ao sinal os atletas iniciaram os movimentos de fl exão do tronco até tocar com os cotovelos nas coxas, retornando a posição inicial. O resultado foi expresso pelo número de movimentos completos em 1 minuto.

5. Teste de Força-Resistência (fl exão de braços) – os atletas realizaram o teste no piso do centro esportivo da UNC, na posição em decúbito ventral, com as mãos e pontas dos dedos apoiados no solo, fl exionando e estendendo os braços, mantendo o alinhamento do tronco e das pernas. O resultado foi obtido pelo número máximo de repetições completas dos atletas.

Programa de treinamento

O programa de treinamento teve a duração de 16 semanas e foi dividido em 16 microciclos e 4 mesociclos. Os mesociclos estão descritos da seguinte forma:

1º Mesociclo - 1 a 4 semanas – Período de preparação geral. Princípio de adaptação e método de duração de volume e intensidade crescente;

2º Mesociclo - 5 a 8 semanas - Período de preparação específi ca, com o princípio de multilateralidade e método de duração com volume e intensidade crescente provocando uma adaptação fi siológica e melhorando as capacidades físicas dos atletas;

3º Mesociclo - 9 a 12 semanas - Período de preparação específi ca. Princípio da sobrecarga, método de duração inter-valado e repetição, com o objetivo de aumentar a capacidade física e psíquica do atleta;

4º Mesociclo - 13 a 16 semanas - Período de auto-rendi-mento. Princípio da continuidade com o método de duração com o aumento do volume e intensidade.

Unidade de treino 1º MesocicloSeg Ter Qua Qui Sex Sab Dom

1 Avaliação Física Avaliação Física Aeróbio Força Técnico Repouso Repouso2 Aeróbio Técnico Força Técnico Aeróbio Repouso Repouso3 Aeróbio Força Técnico Aeróbio Força Repouso Repouso4 Velocidade Aeróbio Técnico Força Aeróbio Repouso Repouso

Unidade de treino 2º MesocicloSeg Ter Qua Qui Sex Sab Dom

5 Força Aeróbio Técnico Velocidade Aeróbio Repouso Repouso6 Força Velocidade Técnico Aeróbio Velocidade Repouso Repouso7 Aeróbio Força Técnico Aeróbio Força Repouso Repouso8 Velocidade Aeróbio Força Técnico Força Repouso Repouso

Unidade de treino 3º MesocicloSeg Ter Qua Qui Sex Sab Dom

9 Aeróbio Técnico-TáticoManutenção Força

Técnico e Tático Aeróbio Repouso Repouso

10 Aeróbio Técnico e TáticoManutenção Força

Técnico e Tático Aeróbio Repouso Repouso

11 Aeróbio Técnico e TáticoManutenção Força

Técnico e Tático Aeróbio Repouso Repouso

12 Avaliação 2 Avaliação 2 Técnico e táticoManutenção força

Técnico e Tático Repouso Repouso

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Discussão

Os resultados obtidos neste estudo demonstraram que o treinamento físico periodizado melhorou a aptidão física dos jogadores de futsal, resultados estes que são muito parecidos com outros estudos encontrados na literatura [9,14,15], to-davia, a fl exibilidade não se alterou, possivelmente pela falta de treinamento específi co dos atletas.

Cyrino et al. [15] avaliaram o efeito de 24 semanas de treinamento de futsal sobre a composição corporal e desem-penho motor em atletas juvenis (16,87 ± 0,83 anos). Os resultados revelaram somente mudança nos indicadores da potência muscular/força (impulsão horizontal) e agilidade (shuttle run) e na massa magra dos atletas, resultado parecido encontrado nesta pesquisa na variável potência, todavia, os resultados diferiram para resistência muscular localizada do abdominal.

Outro estudo realizado por Helgerud et al. [14] avaliou as respostas fi siológicas de 8 semanas de treinamento aeróbio (método intervalado) em 19 jogadores de futebol júnior (18 ± 0,8 anos), sobre o VO2máx., limiar anaeróbio (LA), sprint e economia da corrida. O estudo apresentou diferenças estatísticas entre pré e pós-teste para as variáveis de VO2máx., LA, economia de corrida e no sprint. Da mesma forma que o presente estudo encontrou diferenças signifi cativas após a intervenção para o VO2máx.

Pontes et al. pesquisaram a resposta de 16 semanas de treinamento em futebolistas (29 a 48 anos), 3 sessões semanais em dias alternados, com 60 minutos de duração. O programa de treinamento foi composto de exercícios aeróbios (corridas e trotes), exercícios anaeróbios (saltos, chute com bolas, corridas rápidas de 50 a 100 mt) e exer-cícios de fl exibilidade (alongamentos ativos e passivos, 10 a 30 segundos). Encontrando resultado signifi cativo entre o período pré para o pós-experimento apenas no teste de fl exibilidade (30,1 cm para 33 cm). Este achado difere do

Unidade de treino 4º MesocicloSeg Ter Qua Qui Sex Sab Dom

13 Avaliação Física Avaliação Física Força Técnico Técnico e tático Repouso Repouso14 Técnico Técnico Força Técnico Técnico e tático Repouso Repouso15 Técnico Técnico Força Técnico Amistoso Repouso Repouso16 Técnico Técnico Força Técnico Técnico Repouso Repouso

Análise estatística

Para a caracterização da amostra, a análise descritiva (média, desvio padrão) foi utilizada, aplicou-se o teste de normalidade em todas as variáveis e para as mudanças que ocorreram nos períodos pré e pós-experimento, o teste “t” de Student para amostras pareadas foi empregado. O nível de signifi cância adotado para todas as comparações foi de p < 0,05, todos os dados foram conduzidos pelo programa SPSS 10.0.

Resultados

A análise descritiva do perfi l antropométrico dos indica-dores da composição corporal são apresentados na Tabela I somente no período pós-treinamento como caracterização da amostra.

Tabela I - Perfi l antropométrico dos indicadores da composição corporal no período pós-teste dos jogadores de futsal.

Média Desvio PadrãoIdade (anos) 17,11 ± 0,78Altura (mt) 1,70 ± 3,68Peso (kg) 62,83 ± 7,39Massa magra (kg) 53,46 ± 4,06Massa gorda (kg) 8,53 ± 5,41Gordura (%) 13,18 ± 7,39

A Tabela II apresenta as modifi cações ocorridas entre os períodos pré e pós-treinamento expressas em valores percen-tuais (Δ%). Os resultados obtidos demonstraram diferença signifi cativa do período pré para o pós-treinamento, ocorren-do um aumento no VO2máx., potência, resistência muscular localizada abdominal e fl exão de braço, entretanto na variável fl exibilidade não houve diferença signifi cativa entre os dois momentos da avaliação.

Tabela II - Comportamento da aptidão física dos jogadores de futsal masculino do período pré para o pós-treinamento.Pré-teste Pós-teste ∆% T P

VO2máx** (ml/kg:min.) 37,89 ± 4,60 49,44 ± 4,83 31,94 ± 19,64 -5,941 0,000

Potência** (mt) 2,11 ± 0,17 2,16 ± 0,17 2,67 ± 1,87 -4,336 0,002

Abdominal** (rml) 40,00 ± 7,31 49,33 ± 11,47 23,14 ± 17,91 -4,063 0,004

Flexão de braço** (rml) 22,44 ± 8,58 29,66 ± 12,30 32,14 ± 30 -3,517 0,008

Flexibilidade (cm) 29,55 ± 5,83 30,12 ± 6,60 1,55 ± 3,77 -1,563 0,157**Efeito significativo do período pré para o pós-treinamento (p < 0,05).

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obtido nesta pesquisa, uma vez que a fl exibilidade não apresentou resultado signifi cativo, porém, esta diferença pode ser em decorrência da amostra do estudo de Pontes et al. [9] não ser de atletas.

Se compararmos o resultado da fl exibilidade e ab-dominal desta pesquisa com o estudo de Guedes et al. [16] que avaliou o crescimento e desempenho motor de crianças e adolescentes de 7 a 17 anos e de ambos os sexos da cidade de Londrina (PR), podemos considerar que há diferenças somente nos resultados do teste de abdominal. Na fl exibilidade, a média dos adolescentes não atletas foi de 29,20 cm e na variável abdominal 37,48 repetições, em contrapartida a média da fl exibilidade deste experimento com adolescentes atletas foi de 29,55 cm no início do teste e após teste de 30,12 cm e na variável abdominal de 40,00 para 49,33 repetições, portanto, podemos enfatizar que os níveis de fl exibilidade não foram diferentes entre os adolescentes atletas e não atletas.

O percentual de gordura (13,18%) encontrado nesta pesquisa, no período pós-experimento, foi relativamente diferente com relação ao estudo de Tenroller [17], que pesquisou a influência do treinamento físico, durante 3 meses, em 18 atletas juvenis masculino de futsal (17 a 19 anos) da ULBRA, obtendo os resultados de 12% na gordura corporal no pós-teste. Não existem dados na literatura que possam padronizar os níveis ótimos de percentual de gordura para atletas de futsal masculino ou feminino, sendo assim, estes valores encontrados em ambas as pesquisas podem variar de acordo com o fenótipo de cada atleta.

Com o intuito de avançar os conhecimentos sobre o futsal e treinamento físico periodizado específi co para cada modalidade esportiva, e para que estudos subseqüentes utilizem as informações expressas aqui, as limitações pre-cisam ser apontadas. No presente estudo, uma limitação apresentada foi o fato de não se ter utilizado um método específi co para desenvolver a fl exibilidade, já que na litera-tura esta variável tem importância fundamental na melhora do rendimento, e também a utilização de mais de um teste para a avaliação, pois não se dispõem de um teste que pro-porcione valores representativos dos níveis de fl exibilidade geral sugerindo assim futuras pesquisas que englobem a avaliação e o treinamento específi co da fl exibilidade. Ou-tra limitação importante foi a não obtenção dos valores da composição corporal no período pré-experimento, pois o treinamento físico tem uma infl uência sobre esta variável, desta forma estudos devem ser feitos para determinar padrões de referência aos atletas tanto masculino quanto feminino da modalidade de futsal. A determinação de referências e testes específi cos para a modalidade de futsal nos conduzirá a elaborar métodos e metodologias de treinamento para o aperfeiçoamento e desempenho máximo, tanto individual quanto coletivo dos atletas.

Conclusão

A utilização das variáveis fi siológicas tem obtido merecido destaque no que diz respeito ao aprimoramento e desenvolvi-mento da performance dos atletas dentre os mais diferentes tipos de esporte, apesar de considerarmos que os determinan-tes do desempenho esportivo são complexos e envolvem uma série de fatores bioquímicos, fi siológicos, genéticos, anátomo-morfológicos e psicológicos. Os resultados obtidos demons-traram no período pré para o pós-treinamento, ocorrendo um aumento no VO2máx (31,94%), potência (2,67%), resistência muscular localizada do abdominal (23,14%), resistência muscular localizada na fl exão de braço (32,14%). Na fl exibi-lidade não houve diferença signifi cativa entre os períodos de treinamento, fato este ocorrido principalmente devido a não utilização durante as sessões de treinamento periodizado um método específi co para desenvolver a fl exibilidade.

Estes resultados permitem propor que modelos sistemati-zados podem ser aplicados em larga escala na preparação física de atletas com idade até 20 anos, voltados para a melhoria da aptidão física destes, resultando, possivelmente, em maior efi ciência nos jogos. Portanto, concluímos que o treinamento físico e periodizado melhora a aptidão física de atletas de futsal na categoria sub-20.

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Artigo original

Prática mental combinada ao treinamento de força como perspectiva de aumento da força

máxima em homens treinadosMental practice combined to the strength training as a perspective

for increasing maximum strength in trained males

Sergio Eduardo de Carvalho Machado*, José Eduardo Lattari Rayol Prati**, Mauro Cesar Gurgel de Alencar Carvalho***

*Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora – IPUB/UFRJ, Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH – UCB, **Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH – UCB,***Laboratório de Méto-dos Computacionais em Engenharia – LAMCE- COPPE- UFRJ, Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH – UCB, Colégio Pedro II – UESC I – ADCPII

ResumoO objetivo do estudo foi verifi car se através do uso da prática

mental combinada ao treinamento de força seria possível alcançar um aumento na performance de força muscular máxima em indi-víduos treinados em um período de 4 semanas. Foram selecionados 28 sujeitos saudáveis, do sexo masculino, divididos em 2 grupos de 14, na faixa etária de 18 a 30 anos, mínimo de 6 meses de trei-namento com pelo menos 3 sessões semanais, e sem histórico de lesão osteomioarticular. Ambos os grupos foram submetidos a um teste de 1RM, 3 vezes na semana, com um intervalo de 48 h entre os testes, sendo realizada uma média dos testes. O grupo 1 realizou treinamento de força e o grupo 2 realizou prática mental combina-da ao treinamento de força, ambos 3 vezes por semana, durante 4 semanas. Os resultados revelaram uma diferença signifi cativa entre os grupos, sendo p < 0,05, favorecendo o grupo que realizou prática mental combinada ao treinamento de força. Conclui-se que a prática mental parece ser uma ótima técnica adicional ao treinamento de força, que poderia ser utilizada por atletas visando o aumento de performance.Palavras-chave: prática mental, força, 1RM.

AbstractTh e aim of this study was to verify if 4 weeks of mental practice

allied to strength training would be eff ective in promoting an in-crease in maximum strength. Twenty-eight healthful male subjects, 18 to 30 years old, were selected and separated into 2 groups of 14. Th ey should have a minimum of 6 months of training, performing at least 3 sessions per week and without osteomioarticular injury. Both groups underwent a test of 1RM, 3 times a week, with 48 h interval between tests, with an average of tests being carried out. Group 1 accomplished a strength training protocol and Group 2 strength training plus mental practice. Both groups trained 3 times per week, during 4 weeks. Results indicated a signifi cant diff erence between groups (p < 0.05), with Group 2 showing better performance than Group 1. Th is observation suggests that mental practice seems to be an excellent additional technique to be used with strength training in order to provide extra gains in strength performance.Key-words: mental practice, strength, 1RM.

Recebido em 12 de setembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: Sergio Eduardo de Carvalho Machado, Rua Professor Sabóia Ribeiro, 69/104, 22430-130 Rio de Janeiro RJ, Tel: (21) 9638 2492, E-mail: [email protected]

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Introdução

Estudos sugerem que o uso da prática mental possibilitaria melhorar a força muscular sem a realização de uma contração muscular signifi cativa [1,2]. A prática mental é defi nida como a repetição de um movimento imaginado, realizada diversas vezes com a intenção de promover aprendizagem ou aperfeiço-amento de uma habilidade motora, visto que a imaginação de um movimento corresponde a um estado dinâmico durante a representação de uma ação específi ca reativada internamente a memória de trabalho na ausência de qualquer movimento [3]. Numerosos estudos mostraram [3-6] que a prática mental é uma técnica efi caz de treinamento para realçar o desempenho de habilidades motoras, quando usados em combinação com a prática física e mesmo quando usados isoladamente. Diversas pesquisas vêm examinando a efi cácia da prática mental para a aquisição de habilidades motoras. Entretanto, o mesmo não ocorre em relação ao efeito da prática mental no desempenho de força muscular.

Ganhos em força isométrica têm sido observados após a utilização da prática mental. Por exemplo, Cornwall et al. [7] relataram que a realização da prática mental, através da imaginação de contrações dos músculos do quadríceps, levou a um aumento signifi cativo na força isométrica igual-mente ao encontrado em voluntários do grupo controle. Similarmente, Yue and Cole [1] relataram ganhos em força isométrica após a realização de prática mental. Eles encon-traram que, após 4 semanas de treinamento, os grupos que realizaram prática física, mental, e o controle aumentaram a força do músculo abdutor do quinto dedo em 30%, 22%, e 3.7%, respectivamente. Sendo sugerido que os ganhos observados, após a prática mental, poderiam ser atribuídos a mudanças neurais devido a níveis de planejamento e pro-gramação motora.

Portanto, o presente estudo tem como objetivo verifi car se através da combinação da prática mental ao treinamento de força, seria possível alcançar um aumento na perfor-mance de força muscular máxima em indivíduos treinados em um período de 4 semanas. O estudo releva-se devido à carência de pesquisas investigando os efeitos da combi-nação do método prática mental com o treinamento de força, contribuindo dessa maneira com novas informações sobre o assunto.

Materiais e métodos

Amostra

Foram selecionados 28 sujeitos saudáveis, sexo mas-culino, na faixa etária de 18 a 30 anos. Todos os sujeitos analisados eram praticantes de treinamento de força, com um lastro mínimo de 6 meses de treinamento, com prática regular de pelo menos 3 vezes por semana e sem nenhum histórico de lesão osteomioarticular. Foi realizada uma se-

leção aleatória, na qual os sujeitos foram divididos em dois grupos experimentais de 14 indivíduos. O grupo 1 (G1), que realizou somente o treinamento de força e o grupo 2 (G2), que realizou o treinamento mental combinado ao treino de força.

Foi apresentado aos referidos sujeitos, um termo de con-sentimento sobre a pesquisa a ser realizada, tendo sido este documento devidamente assinado por todos os envolvidos neste estudo.

O presente estudo atendeu as Normas para a Realização de Pesquisa em Seres Humanos, Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996.

Procedimentos quanto ao teste

Foi realizado um teste de 1RM no supino, sendo este precedido por uma série de aquecimento (10 repetições). Os testes de 1RM foram realizados num total de 3 vezes na se-mana, com um intervalo de 48 h entre os testes. Foram então utilizados os valores obtidos nos pré e pós-testes. Tendo sido avaliados pelo mesmo avaliador.

Procedimentos quanto ao treinamento

Os treinamentos de força e de prática mental foram reali-zados três vezes por semana, durante quatro semanas.

Treinamento de força

Para o treinamento de força, foi utilizado um protocolo de 3 séries de 4 a 5RM, com 3 minutos de intervalo entre as séries com carga predita a 90% de 1RM, objetivando o de-senvolvimento da força máxima de cada sujeito [8]. A partir do 7º treinamento eram acrescidos 5% do total da carga.

Treinamento de prática mental

Para o treinamento de prática mental combinada ao treinamento de força, os indivíduos deveriam realizar uma simulação mental do movimento do exercício supino reto (90˚). Tal simulação mental consistiu na visualização do movimento sendo realizado por si mesmo [9]. O protocolo de prática mental deveria ser realizado antes de cada série do protocolo de treinamento de força.

Análise estatística

A análise de dados foi realizada através de estatística des-critiva, na qual se incluiu a relação de media e desvio padrão das diferenças de ganhos obtidos pelos grupos. Além disto, foi realizado um teste t pareado sobre os valores médios dos grupos, e um Teste t de Student para amostras independentes sobre os ganhos percentuais individuais, tendo como nível de signifi cância (p ≤ 0,05).

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Resultados

Através da análise de dados comparando-se os valores médios, verifi cou-se que o G2 foi superior ao G1.

Em relação aos grupos, tanto o treinamento de força aplicado no G1, quanto o treinamento de força associado

ao treinamento mental aplicado no G2 geraram melhoras signifi cativas. Tais resultados puderam ser observados quando foi aplicado o teste t pareado, comparando os resultados dos pré-testes com os resultados dos pós-testes em cada um dos grupos, conforme mostra a Tabela I.

Tabela I - Teste t pareado para o G1 e G2.Testes Pré-teste 1RM G1 Pós-Teste 1RM G1 Pré-teste 1RM G2 Pós-Teste 1RM G2Média (kg) 86,4 ± 17,20 91,1 ± 17,84 87,1 ± 21,56 95,2 ± 22,27Variância 296,11 318,53 464,90 496,18t estatístico -10,669 -15,06 p 0,00000008 0,000000001

Coube verifi car se o treinamento de força associado à prática mental apresentou ganhos percentuais superiores ao treinamento de força por si só. Os percentuais de ganho usado para cada um dos indivíduos foram calculados aplicando a seguinte fórmula: % de ganho = ((teste x 100) / pré-teste) – 100. Portanto, optou-se pelo teste t de Student para amostras independentes presumindo variâncias equivalentes. Através do teste t de Student verifi cou-se que a diferença encontra-da nas médias dos ganhos percentuais foi signifi cativa (p = 0,0001), inferindo que o treinamento de força associado ao treinamento mental promove aumentos signifi cativamente maiores na força muscular do que o treinamento de força sozinho, conforme mostra a Tabela II.

Tabela II - Teste t para amostras independentes presumindo vari-âncias equivalentes. Ganhos % G1 Ganhos % G2Média 5,4 9,6Variância 3,50 8,89t estatístico -4,50

p 0,0001

Discussão

O objetivo do presente estudo teve como objetivo verifi car se através do uso da prática mental associado ao treinamento de força, seria possível alcançar um aumento na performance de força muscular máxima em indivíduos treinados em um período de 4 semanas.

Nossos resultados mostraram uma superioridade do grupo que realizou a prática mental combinada ao treinamento de força em relação ao que somente realizou o treinamento de força, apresentando um nível maior de produção de força. Interessante são os resultados de Inge et al. [9], indicando que o efeito do treinamento de prática mental no aumento da produção de força não se dá devido a aspectos motivacionais não específi cos do treinamento. Os resultados encontrados por Tod e Iredale [10] indicam que a prática mental poderia melhorar o desempenho durante a realização de exercícios de força em sujeitos treinados. Semelhantes são os achados

de Brody et al. [11], os quais indicam que a prática mental poderia conduzir a mudanças no recrutamento de unidades motoras, na sincronização e/ou na freqüência de disparo. Portanto, a prática mental provocaria mudanças na atividade do Sistema Nervoso Central através de um forte comando cen-tral. Tal comando recrutaria unidades motoras que de alguma maneira estariam inativas e/ou levaria as unidades motoras já ativas a uma intensidade mais elevada (freqüência de disparo), conduzindo a uma maior ativação muscular. Com o mesmo raciocínio, Ranganathan et al. [12] sugeriram que a prática mental permite ao cérebro gerar fortes sinais transmitidos ao músculo, aumentando o nível de ativação, conseqüentemente levando a um aumento de força.

Estudos prévios [13-15] mostraram uma relação propor-cional entre a magnitude do sinal cerebral para o músculo e a força muscular voluntária em jovens saudáveis, indicando que um ótimo nível de força é uma conseqüência de uma forte atividade cerebral. Tais achados corroboram com os re-sultados de Dettmers et al. [16] os quais reportaram uma alta correlação entre o fl uxo sanguíneo cerebral regional verifi cado por tomografi a por emissão de positrons (TEP) e níveis de força voluntária em várias áreas motoras corticais. Da mesma maneira, Dai et al. [17] utilizando ressonância magnética funcional reportaram que em áreas motoras corticais houve uma correlação positiva entre o sinal da ressonância e os níveis de força. O aumento no fl uxo sanguíneo cerebral regional e do sinal da ressonância magnética funcional refl ete um aumento na atividade sináptica. Portanto, um elevado sinal da ressonância magnética funcional e um aumento do fl uxo sanguíneo cerebral regional em altos níveis de produção de força, indicariam uma ótima atividade neural, sugerindo um recrutamento maior de neurônios e/ou um disparo em taxas mais elevadas de neurônios já ativos [18].

Conclusão

Certamente, o que parece ter ocorrido, no presente estudo, foram aumentos no padrão de ativação muscular provenientes de uma forte ativação em regiões motoras corticais no grupo que realizou prática mental combinada ao treinamento de for-

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ça. Tais resultados indicam que essa ativação de áreas motoras do córtex seja uma possível base para o aumento da produção de força. Portanto, a prática mental parece ser uma ótima técnica adicional ao treinamento de força, que poderia ser utilizada por atletas, visando o aumento de performance.

Sugere-se que sejam realizadas novas investigações para verifi car tais mecanismos. Portanto, equipamentos como a Eletromiografi a (EMG) e a Eletroencefalografi a quantitativo (EEGq) seriam ótimas ferramentas para tais investigações, além da utilização de protocolos com maior tempo de apli-cação da prática mental.

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Artigo original

Efeito do treinamento com pesos de uma série versus séries múltiplas sobre a força muscular

em mulheres acima de 40 anosEffects of one vs. multiple sets weight training upon

muscular strength gain in women aged over 40

Humberto Daiuto Petry*, Carla Cristiane da Silva*, Fábio Lera Orsatti**, Nailza Maestá***, Roberto Carlos Burini****

*Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri), Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina Botu-catu UNESP, ** Professor de Educação Física, Pós-graduando no Setor de Climatério e Menopausa, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina UNESP Botucatu (SP), **Nutricionista, Pós-graduando no Setor de Climatério e Menopau-sa, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina UNESP Botucatu (SP), ****Professor Titular, Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição, CeMENutri, Depto. de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu

ResumoA literatura apresenta dados confl itantes sobre o número de

séries necessárias para um programa de treinamento que objetiva o aumento da força e massa muscular para indivíduos idosos. Com o objetivo de investigar a diferença entre os efeitos de treinamentos de série única e séries múltiplas, foram estudados dois grupos. GS1 e GS2 foram compostos por 7 indivíduos do sexo feminino em cada grupo com idade de 57 ± 11 e 50 ± 9 anos, índice de massa corporal de 26 ± 2 e 23 ± 3,8 kg/m2 e massa magra de 45,1 ± 6,5 e 42,3 ± 3,5 kg, respectivamente. O GS1 realizou 1 série entre 60-80% de 1RM e o GS2 realizou 3 séries entre 60-80% de 1RM para os grupamentos musculares e seus respectivos exercícios, peito (supino), coxa (mesa extensora) e bíceps (rosca direta), por oito semanas. Os resultados não deferiram entre os grupos (p > 0,05), porém mostraram aumento signifi cativo (p < 0,05) na força muscular, quando comparado pré e pós treinamento (Δ = 5,9 ± 2 e 7,7 ± 2,3; 2 ± 1,6 e 3,2 ± 1,1; 6,3 ± 2 e 7,2 ± 3; para GS1 e GS2 e grupo musculares coxa, bíceps e peito, respectivamente). A força muscular foi corrigida pela massa magra, respondendo de forma semelhante ao da força muscular (Δ = 0,13 ± 0,05 e 0,17 ± 0,01; 0,04 ± 0,03 e 0,07 ± 0,03; 0,14 ± 0,06 e 0,16 ± 0,06; para GS1 e GS2 e grupo musculares coxa, bíceps e peito, respectivamente). Assim, o propósito do programa série única é manter e desenvolver uma quantidade de força muscular para contribuir com a saúde e não otimizar ao máximo a força muscular. Palavras-chave: treinamento com pesos, séries múltiplas, série única, mulheres.

AbstractLiterature is not consensual about the appropriate number of

sets of strength exercises designed for elderly people aiming strength gains and muscle hypertrophy. With the purpose to investigate the diff erence among training eff ects of single and multiple sets, two groups of 7 women, GS1 and GS2, aging 57 ± 11 and 50 ± 9 years, body mass index 26 ± 2 kg/m2 and 23 ± 4 kg/m2 and fat free mass 45.1 ± 6.5 kg and 42.3 ± 3.5 kg, respectively, were studied. During 8 weeks they trained chest muscles (bench press), anterior thigh (leg extension) and biceps (arm curl). Exercise intensity was established at 60-80% of one-RM, and GS1 performed one set while GS2 performed three sets of exercises, during each training session. Results showed no diff erence between groups, but both of them had a signifi cant increase in muscular strength comparing pre- vs. post-tests (Δ = 5.9 ± 2.0 and 7.7 ± 2.3; 2.0 ± 1.6 and 3.2 ± 1.1; 6.3 ± 2.0 and 7.2 ± 3.0, for anterior thigh, biceps and chest - GS1 and GS2, respectively). Th e same behavior was observed when analyzing the ratio muscle strength/fat free mass (Δ = 0.13 ± 0.05 and 0.17 ± 0.01; 0.04 ± 0.03 and 0.07 ± 0.03; 0.14 ± 0.06 and 0.16 ± 0.06; for anterior thigh, biceps and chest - GS1 and GS2, respectively). It was concluded that a single set of resistance exercises is suffi cient to maintain muscle strength and to develop muscle hypertrophy in healthy elderly women. Key-words: elderly women, weigth training, multiple set, single set.

Recebido em 10 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.Endereço para correspondência: Roberto Carlos Burini, Rua Distrito de Rubião Júnior, s/n-UNESP-FM Botucatu, 18618-970 Botucatu SP, Tel: (14) 3811-6128, E-mail: [email protected]

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Introdução

A expectativa de vida vem aumentando nos últimos anos, proporcionando crescimento acentuado da população mais velha, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em de-senvolvimento. O Brasil começou a mostrar o envelhecimento populacional no fi nal do século passado. Os sensos demo-gráfi cos realizados entre os anos de 1950 e 1991 indicaram crescimento de 180% na população geral, enquanto que o número de indivíduos com idades iguais ou superiores há 65 anos aumentou cerca de 460% [1].

Com a sobrevida cada vez maior, existe preocupação em proporcionar qualidade de vida, na perspectiva primária da conservação da saúde. Em função das atribulações e dos com-promissos do dia-a-dia o estilo de vida sedentário tem-se po-tencializado entre a população idosa. Uma das conseqüências deste estilo de vida assumida, associado ao envelhecimento, gera, particularmente, redução na força e massa muscular, caracterizando um quadro de sarcopenia [2,3].

A sarcopenia pode avançar até o momento em que o indiví-duo fi ca impossibilitado de realizar as atividades comuns da vida diária, como as tarefas domésticas, levantar-se de uma cadeira, da cama ou até mesmo ir ao banheiro a tempo [3-5].

A força muscular é fator importante da capacidade física funcional de indivíduos idosos. Por conseqüência da insta-bilidade muscular e articular ocorre um aumento no risco de quedas e fraturas, particularmente as de quadril [6]. Sendo esta uma das causas mais importantes de lesões em pessoas idosas, o que constitui grande fator de morbidade e mortalidade [7], representando um grave problema de saúde pública.

O treinamento com pesos é considerado uma intervenção promissora para reverter a perda da força e massa muscular. Durante a última década, fi caram comprovados os benefícios do treinamento com pesos para idosos. Em 1990, Fiatarone et al. [8] demonstraram que mesmo o indivíduo com mais de 80 anos pode alcançar um ganho de força em período de 2 meses, sendo confi rmado por outros autores [2,5,9,10].

No entanto, a literatura apresenta dados confl itantes sobre o número de séries necessárias para um programa de treina-mento que objetiva o aumento da força e massa muscular em pessoas mais velhas.

Apesar das recomendações preconizarem 1 série [11,12], os trabalhos publicados utilizaram 3 séries [5,8-10,13] para o desenvolvimento da massa e força muscular.

Isso acontece em função da escassez de pesquisas es-pecífi cas e confusão na literatura sobre a prescrição mais adequada. Exemplos bem claros são as variações e limitações nas metodologias, como o número de repetições, tempo do estudo, grupos musculares utilizados, tipos de exercícios, ações musculares, idade e sexo dos indivíduos.

Portanto, o objetivo deste estudo foi determinar o efeito do volume de treinamento (1 série x 3 séries), dentro de um protocolo de exercícios com pesos sobre a força muscular de mulheres acima de 40 anos.

Materiais e métodos

Indivíduos

Fizeram parte deste estudo 14 indivíduos do sexo femi-nino, com idade de 53 ± 8 anos, residentes no município de Botucatu. Os quais fazem parte de um projeto de extensão universitária da Faculdade de Medicina de Botucatu-SP UNESP, mexa-se pró-saúde. Todos os participantes da amostra estavam afastados de programas de exercício de força super-visionados por um período de 12 meses.

Critérios de inclusão

Todos os indivíduos foram voluntários (assinaram um ter-mo de consentimento livre e esclarecido) informando-os sobre os procedimentos do programa, eram ligados a A. A. Pro-Fit (Associação dos Adeptos do Exercício Físico e da Nutrição para Promoção do Desempenho Atlético e da Saúde) e parti-cipantes do programa multiprofi ssional (médico, nutricional, laboratorial e de educação física) de extensão universitária de exercícios físicos supervisionados, conduzido pelo Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri) da Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu.

Critérios de exclusão

Os indivíduos foram excluídos do estudo quando no momento da avaliação médica e sangüínea apresentavam quadro de insufi ciência cardíaca grave, coronariana, respira-tória, renal, hepática, doenças neurológicas ou ortopédicas incapacitantes, diabetes, hipertensão grave. Indivíduos que não freqüentaram o programa de exercício, por no mínimo 3 vezes na semana, também foram excluídos do estudo.

Antes de iniciar o protocolo de exercícios, todos os indi-víduos deste estudo foram submetidos à avaliação antropo-métrica e da força muscular.

Avaliação antropométrica

O peso foi calculado por balança antropométrica com pre-cisão de 0,1 kg e a estatura foi mensurada por estadiômentro preso à parede com precisão de 0,1 m. A massa corporal magra foi avaliada utilizando aparelho de Impedância Bioelétrica (BIA) seguindo algumas recomendações.

O exame foi realizado em jejum, após noite de sono, e os indivíduos foram orientados a ingerirem líquidos no dia anterior ao teste de (BIA); não realizarem exercício físico ou sauna nas 8 horas que antecederam a avaliação de (BIA); não ingerirem bebida alcoólica, café e/ou diuréticos nas 12 horas antes do exame.

Os valores da resistência e da reatância foram utilizados em equações específi cas de acordo com o sexo e faixa etária. Desta forma, optamos pelas equações de Segal et al. [14],

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que levam em consideração o índice de massa corporal, peso, idade e sexo.

Protocolo de avaliação da força máxima (1RM)

Os indivíduos participaram de 3 sessões que antecederam

o treinamento em dias alternados com intuito de familiariza-ção com o equipamento e as técnicas de exercícios.

O protocolo de avaliação da força máxima contemplou 3 grupamentos musculares, sendo um grupo muscular pequeno (bíceps) e dois grandes, um de membro inferior (quadríceps) e um superior (peitoral). O protocolo do teste começou com

um aquecimento entre 5-10 repetições entre 40-60% de 1RM estimada aleatoriamente pelo professor de educação física. Após o aquecimento foi efetuado um período de repouso de 1 minuto e relaxamento da musculatura envolvida. Em seguida foram realizadas 3-5 repetições entre 60-80% de 1RM estimada aleatoriamente pelo professor de Educação Física. A partir de então, o peso foi aumentado consideravelmente e o indivíduo foi estimulado a vencer a resistência executando o movimento. Quando o peso era superestimado e o indivíduo incapaz de realizar o movimento, este repousava de 3-5 minutos antes da próxima ten-tativa com nova carga. O procedimento foi realizado até encontrar a carga equivalente a 1RM, variando entre 3-5 tentativas. A

carga adotada como peso máximo, foi o último movimento completo realizado pelo indivíduo [15].

Protocolo de treinamento

O programa de treinamento teve duração de 8 semanas e foi realizado três vezes por semana em dias alternados, com duração aproximada de 40 a 60 minutos para GS1 (grupo com série única) e GS2 (grupo com séries múltiplas), res-pectivamente.

O GS1 foi submetido ao TCP (treinamento com peso), que envolveu exercícios dinâmicos, executando 1 série de 8-12 repetições entre 70-80% de 1RM até a fadiga tanto para membros superiores como inferiores. O GS2 foi submetido ao TCP, com exercícios dinâmicos, executando 3 séries com 12-10-8 repetições até a fadiga com carga progressiva entre 70-75-80% de 1RM, respectivamente.

Para os grupos musculares maiores (peito, costas e coxa) foram realizados 2 exercícios e para os menores (bíceps e trí-ceps) 1 exercício. Os indivíduos executaram primeiramente os exercícios para grandes grupos musculares e depois para os demais. Os exercícios foram realizados na seguinte ordem: leg press, extensão dos joelhos, fl exão dos joelhos, supino, peck deck, remada, puxada alta, tríceps pulley e rosca direta. Quando os indivíduos conseguiam realizar, com facilidade, algumas repetições a mais que as estipuladas anteriormente, era adicionada nova carga, sufi ciente para o número de repe-tições voltar ao nível inicial, a qual variava entre 2-5%.

A respiração era controlada, de forma que os indivíduos expiravam durante a ação concêntrica e inspiravam na ação excêntrica do exercício, com intuito de evitar apnéia. Foi estipulado intervalo de 1 minuto e 30 segundos a 2 minutos de descanso entre séries e exercícios. Durante as sessões de treinamento, os indivíduos foram orientados a realizarem a ação excêntrica em 2 e a ação concêntrica em 1.

Análise estatística

Os resultados obtidos no início e fi m do estudo foram agrupados em valores de média e desvio-padrão. O teste t de

Student para amostras dependentes foi utilizado para com-parar a força e massa magra no pré e pós-treinamento e para comparação entre os grupos utilizou-se análise de variância para medidas repetidas (ANOVA), sendo adotado como nível de signifi cância p < 0,05.

Resultados

Os resultados da Tabela I mostram o efeito de 2 meses de TCP na massa corporal magra em GS1 e GS2. No GS1 não houve diferença na massa magra antes e depois do treinamen-to. Já em GS2 houve uma diferença signifi cativa (p < 0,05) na massa corporal magra após 2 meses de TCP.

Tabela I - Características da amostra.GS1 GS2

Nº. indivíduos 7 7Idade (anos) 57 ± 11 50 ± 9Peso (kg) 64,8 ± 9,6 57,3 ± 7,9IMC (kg/m2) 26 ± ,2 23 ± 3,8MM (kg)M0 45,1 ± 6,5 42,3 ± 3,5M2 45,2 ± 6,1 43 ± 3,7*M2/M0 0,1 ± 0,8 0,7 ± 4

* =p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses

de TCP)

** =p < 0,05 - comparação entre GS1 (grupo série única) e GS2

(grupo 3 séries)

IMC = Índice de massa corporal

MM = Massa magra

A Tabela II mostra o efeito de dois meses de treinamento contra resistência na força muscular em três tipos de exercícios, mesa extensora (ME), supino (S) e rosca direta (RD). Em ambos os exercícios, tanto em GS1 (grupo 1 série) quanto em GS2 (grupo 3 séries), tiveram aumento signifi cativo (p < 0,05) na força muscular, após 2 meses de TCP. Esses resultados quando comparados entre G1 e G2 não tiveram diferenças signifi cativas no pré e pós-treino em ambos os exercícios (Tabela II).

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Tabela II - Efeito de dois meses do treinamento com pesos (TCP) sobre a força muscular em diferentes músculos.Força GS1 GS2Mesa Extensora (kg)M0 23,6 ± 7,5 22,9 ± 2,7M2 29,4 ± 8* 30,6 ± 1*M2/M0 5,9 ± 2 7,7 ± 2,3Rosca direta (kg)M0 15,3 ± 3,3 17,9 ± 2,9M2 17,3 ± 4,2* 21,1 ± 2,3*M2/M0 2 ± 1,6 3,2 ± 1,1Supino (kg)M0 28,6 ± 11,1 32,9 ± 8,6M2 34,9 ± 9,8* 40,1 ± 8,6*M2/M0 6,3 ± 2 7,2 ± 3

*= p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses

de TCP)

**= p < 0,05 - comparação entre GS1 (grupo série única) e GS2

(grupo 3 séries)

M0 = Momento inicial, M2 = momento final GS1 = grupo série única,

GS2 = grupo séries múltiplas.

A força muscular (kg) foi corrigida pela massa corporal magra (MM), (kg/MM) e em ambos os exercícios tiveram aumento signifi cativo (p < 0,05) após 2 meses de treinamento (Tabela III).

Tabela III - Efeito de dois meses do treinamento com pesos (tcp) sobre a força muscular corrigida pela massa magra em diferentes músculos.Força/MM GS1 GS2ME/MMM0 0,52 ±0,12 0,54 ± 0,06M2 0,64 ± 0,11* 0,72 ± 0,07*M2/M0 0,13 ± 0,05 0,17 ± 0,1RD/MMM0 0,34 ± 0,04 0,42 ± 0,05M2 0,38 ± 0,05* 0,49 ± 0,04*M2/M0 0,04 ± 0,03 0,07 ± 0,03S/MMM0 0,63 ± 0,2 0,78 ± 0,21M2 0,77 ± 0,18* 0,94 ± 0,21*M2/M0 0,14 ± 0,06 0,16 ± 0,06

* = p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses

de TCP)

** = p <0,05 - comparação entre GS1 (grupo série única) e GS2

(grupo 3 séries)

M0 = Momento inicial, M2 = momento final GS1= grupo série única,

GS2 = grupo séries múltiplas, ME = Mesa Extensora, RD= Rosca

Direta, S= Supino.

MM = Massa magra.

A força muscular corrigida, quando comparada entre os grupos GS1 e GS2 não apresentam diferença signifi cativa (p

< 0,05) nos exercícios ME e S tanto no pré-treino quanto no pós-treino.

Discussão

Durante 8 semanas de treinamento com pesos investi-gou-se o efeito de 2 diferentes volumes de treinamento em mulheres acima de 40 anos, sobre a força e massa musculares. Os grupos seguiram os treinamentos progressivos similares em cargas e repetições, porém diferentes em volumes (1 série x 3 séries).

Todos os grupos aumentaram a força signifi cativamente em ambos os membros inferiores e superiores e nos grupos musculares pequenos e grandes (tabela II) Vários estudos mostram que indivíduos de ambos os sexos e de idades dife-rentes aumentam a força muscular com o treinamento com pesos [5,8,13,16,17]. No entanto, muitos destes utilizam poucos exercícios e músculos. Adicionalmente, os estudos não realizam um rígido controle, comparando série única com séries múltiplas, treinamento até a fadiga comparado com treinamento sem atingir a fadiga, diferentes repetições e intensidades. Em 1962, Berger relatou que o treinamento com pesos, de três séries ou mais, produziriam um efeito maior na força muscular comparado com série única em indivíduos jovens [18]. Mais recentemente, Carpinelli e Otto [18] e Carpinelli [19], em revisões de estudos que comparavam série única com series múltiplas, indicaram que poucos destes mostraram superioridade no aumento da força realizados com séries múltiplas.

Nossos resultados mostraram que série única foi efetiva tanto quanto séries múltiplas, realizadas três vezes por semana até a fadiga, sobre a força muscular localizada. Isso foi seme-lhante tanto para membros superiores como para membros inferiores em grupos musculares pequenos e grandes (tabela II)

A força muscular aumentou para GS1 e GS2, 25% e 33,6%, 13% e 17,9% e 22% e 22% em mesa extensora, rosca direta e supino, respectivamente.

A força muscular está diretamente relacionada à massa muscular, com isso corrigimos esta com a primeira. Os resultados não diferenciaram entre o GS1 comparado com GS2 na força muscular localizada. Esses resultados são seme-lhantes aos de Starkey et al. [20] quando compararam a força muscular entre séries únicas x séries múltiplas corrigida pela força muscular.

A perda da massa muscular está associada a um decrés-cimo na força voluntária, com um declínio de 10-15% por década, a partir dos 50 anos de idade [21]. Em 1994, Young & Skelton [22] sugeriram uma perda na força muscular de ≅1,5% por ano e uma perda de ≅3,5% por ano na potência muscular, entre 65-84 anos. A diminuição da massa e força muscular estão significativamente e independentemente associadas com a diminuição funcional e inabilidade física principalmente em mulheres idosas [23]. O protocolo GS1

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aumentou a força muscular 25% na mesa extensora, 13% para rosca direta e 22% para o supino, os quais são iguais ou relativamente maiores que a redução estimada (10-15%) em uma década. Portanto, os benefícios à saúde associados com o desenvolvimento ou manutenção da aptidão muscular pelo TCP (GS1) são positivos quando observados do perspectivo envelhecer.

Figura 1 - Comparação entre a redução da força muscular por década e o efeito de dois meses de treinamento com pesos (TCP).

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Conclusão

Esses dados suportam a conclusão que TCP realizado com 1 série é similar ao realizado com 3 séries. Isso tem impor-tante implicação prática, pois realizar uma única série, em vez de três, torna o exercício mais efetivo em menor tempo. Essa informação é importante do ponto de vista clínico, pois overtraining pode ser danoso para os pacientes ou idosos saudáveis que desejam melhorar a força muscular e não têm tempo para se exercitar.

O propósito desse tipo de programa é manter e desenvolver uma signifi cante quantidade de força muscular para contribuir com a saúde e não otimizar ao máximo a força muscular.

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 200758

Normas de publicação Fisiologia do Exercício

A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científi cos das áreas relacionadas à atividade física. Os artigos publicados na Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições.A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especifi cações que são detalhadas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2007 (o texto completo dos requisitos está disponivel, em inglês, no site de Atlântica Editora em pdf ).Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fi ca entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notifi cado ao autor.O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modifi cações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científi co, limitando-se unicamente ao estilo literário.

1. EditorialTrabalhos escritos por sugestão do Comitê Científi co, ou por um de seus membros.Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografi a não deve conter mais que dez referências.

2. Artigos originaisSão trabalhos resultantes de pesquisa científi ca apresentando dados originais de descobertas com relação a aspectos experimentais ou observacionais, e inclui análise descritiva e/ou inferências de dados próprios. Sua estrutura é a convencional que traz os seguintes itens: Introdução, Material e métodos, Resultados, Discussão e Conclusão.Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc.Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/Word.Figuras: Considerar no máximo 8 fi guras, digitalizadas (formato .tif ou .gif ) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel, etc.Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográfi cas.

Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científi co, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto.

3. RevisãoSerão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas à atividade física, que têm por objeto resumir, analisar, avaliar ou sintetizar trabalhos de investigação já publicados em revistas científi cas. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Atualização ou divulgaçãoSão trabalhos que relatam informações geralmente atuais sobre tema de interesse dos profi ssionais de Educação Física (novas técnicas, legislação, etc) e que têm características distintas de um artigo de revisão.

5. Relato ou estudo de casoSão artigo de dados descritivos de um ou mais casos explorando um método ou problema através de exemplo. Apresenta as características do indivíduo estudado, com indicação de sexo, idade e pode ser realizado em humano ou animal.

6. Comunicação breveEsta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor.Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc.Tabelas e fi guras: No máximo quatro tabelas em Excel e fi guras digitalizadas (formato .tif ou .gif ) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etcBibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográfi cas.

7. ResumosNesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científi co, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas.

8. CorrespondênciaEsta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista.Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta.Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especifi cações anteriores, bibliografi a incluída, sem tabelas ou fi guras.

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PREPARAÇÃO DO ORIGINAL

1. Normas gerais1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc.1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma.1.3 Numere as fi guras em arábico, e envie de acordo com as especifi cações anteriores.As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com resolução de qualidade gráfi ca (300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif.1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografi a. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identifi car com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor.

2. Página de apresentaçãoA primeira página do artigo apresentará as seguintes informações:- Título em português, inglês e espanhol.- Nome completo dos autores, com a qualifi cação curricular e

títulos acadêmicos.- Local de trabalho dos autores.- Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o

respectivo endereço, telefone e E-mail.- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para

paginação.- As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe,

aparelhos, etc.

3. AutoriaTodas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o sufi ciente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo.O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação defi nitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifi ca a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é sufi ciente.Os Editores podem solicitar justifi cativa para a inclusão de autores durante o processo de revisão do manuscrito, especialmente se o total de autores exceder seis.

4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words)Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para

os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol.O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações:- Objetivos do estudo.- Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia,

análise).- Descobertas principais do estudo (dados concretos e

estatísticos).- Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior

novidade.Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra no endereço Internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do possível, é melhor usar os descritores existentes.

5. AgradecimentosOs agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio fi nanceiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no fi nal do artigo, antes as referências, em uma secção especial.

6. ReferênciasAs referências bibliográfi cas devem seguir o estilo Vancouver defi nido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográfi cas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas:

Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e fi nal, ponto.Exemplo:1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e fi nal, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al.Exemplo:Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.

Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para:Guillermina Arias - Atlantica EditoraRua da Lapa, 180/1103 - Lapa - 20241-080 Rio de Janeiro RJTel: (21) 2221 4164 - E-mail: [email protected]

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Calendário de eventos

Maio1 a 3 de maioII Congresso Internacional de Biodinâmica da UNESPRio Claro, SPInformações: http://www.rc.unesp.br/1 a 3 de maioII Congresso Brasileiro de HidroterapiaSão Paulo, SPInformações: http://www.congressodehidroterapia.com/1 a 4 de maio18ª Convenção Internacional Fitness BrasilSantos, SPInformações: http://www.fitnessbrasil.com.br1 a 4 de maio44º ENAFPoço de Caldas, MGInformações: www.enaf.com.br8 de maioJornada “História do Esporte: da Antiguidade aos dias de hoje”Rio de Janeiro, RJInformações: http://www.lazer.eefd.ufrj.br/sport/jornada/13 a 16 de maioI Colóquio Nacional sobre EsporteLondrina, PRInformações: http://www2.uel.br/eventos/cne/22 a 24 de maio12º Congresso Paulista de Educação FísicaJundiaí, SPInformações: http://www.editorafontoura.com.br/congresso22 a 24 de maioII Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e ExercícioLondrina, PRInformações: http://www.gepemene.com.br/conbramene22 a 24 de maioXIII Encontro Paranaense, VIII Congresso Brasileiro e II Convenção Brasil/Latino-América de Psicoterapias CorporaisCuritiba, PRInformações: http://www.centroreichiano.com.br/22 a 25 de maioJOPEF 2008Curitiba, PRInformações: http://www.korppus.com.br/22 a 25 de maioBahia Fitness Porto [email protected]

Junho6 a 8 de junho4º Meeting Treinamento de ForçaSão Paulo, SPInformações: http://www.fitnessbrasil.com.br18 a 19 de junhoFórum de História do EsporteRio de Janeiro, RJInformações: http://www.lazer.eefd.ufrj.br/sport/forum/home.html

22 a 25 de junhoVII Seminário de Pesquisa em Educação da Região SulPesquisa na Educação e Inserção SocialItajaí, SCInformações: http://www.univali.br/anpedsul24 a 26 de junhoV Congresso ACADMarina da Glória, Rio de JaneiroInformações: Tel: (21) 2493-0101, [email protected]

Julho1 a 4 de julhoIV Congresso Brasileiro de Comportamento MotorSão Paulo, SPInformações: http://www.eefe.usp.br/cbcm/7 a 11 de julhoVIII Jornada do HISTEDBRSociedade, Estado e EducaçãoSão Carlos, SPInformações: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/10 a 22 de julho5º Encontro Internacional de Esporte e Atividade FísicaSão Paulo, SPInformações: http://www.phorte.com.br/encontro

Setembro4 a 6 de setembro9th IHRSA - Fitness Brasil - Latin American Conference & Trade ShowSão Paulo, SPInformações: http://www.fitnessbrasil.com.br17 a 20 de setembroXII Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Lingua PortuguesaCiências do Desporto e Educação Física: Paz, Direitos Humanos e Inclusão SocialPorto Alegre, RSInformações: http://www.esef.ufrgs.br/xiipalops

Outubro9 a 11 de outubroXXXI Simpósio Internacional de Ciência do Esporte“Da teoria à prática: do fitness ao alto rendimento”São Paulo, SPInformações: http://www.celafiscs.org.br10 a 12 de outubro8ª Convenção Norte-Nordeste Fitness BrasilSalvador, BAInformações: http://www.fitnessbrasil.com.br

Novembro9 a 12 de novembroV Congresso Brasileiro de História da EducaçãoAracajú, SEInformações: http://www.sbhe.org.br

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